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TRAJETÓRIAS SOCIAIS DE ALUNOS EGRESSOS DO COLÉGIO CATARINENSE (1951-1960) Norberto Dallabrida Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) E-mail: [email protected] Juliana Topanotti dos Santos de Mello Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) E-mail: [email protected] Palavras-chave: trajetórias sociais, egressos, ensino secundário. O intuito deste trabalho é investigar as trajetórias sociais de alunos egressos do ensino secundário do Colégio Catarinense entre 1951 e 1960. Administrado por padres jesuítas, o Colégio Catarinense ofereceu, desde a sua fundação, em 1906, uma escolarização secundária que visava preparar seus alunos para a inserção nos cursos de nível superior. Para tanto plasmava uma cultura escolar que proporcionasse a aquisição de saberes e a interiorização de condutas que permanecessem no percurso universitário e na vida profissional de seus alunos. Consolidou-se como um educandário de caráter privado e dirigido para adolescentes do sexo masculino oriundos das classes privilegiadas. E, até meados da década de 1960, além de admitir alunos externos, ele funcionava também em regime de internato, recebendo estudantes de outras cidades catarinenses, bem como de outros estados da federação brasileira. Para analisar as trajetórias sociais dos alunos egressos do Colégio Catarinense, é imprescindível compreender a sua cultura escolar católica de corte jesuítico. Cultura escolar é pensada a partir do conceito de Julia (2001, p.10), como “um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de práticas que permitem a transmissão desses

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TRAJETRIAS SOCIAIS DE ALUNOS EGRESSOS DO COLGIO CATARINENSE (1951-1960)

Norberto Dallabrida

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

E-mail: [email protected]

Juliana Topanotti dos Santos de Mello

Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC)

E-mail: [email protected]

Palavras-chave: trajetrias sociais, egressos, ensino secundrio.

O intuito deste trabalho investigar as trajetrias sociais de alunos egressos do ensino secundrio do Colgio Catarinense entre 1951 e 1960. Administrado por padres jesutas, o Colgio Catarinense ofereceu, desde a sua fundao, em 1906, uma escolarizao secundria que visava preparar seus alunos para a insero nos cursos de nvel superior. Para tanto plasmava uma cultura escolar que proporcionasse a aquisio de saberes e a interiorizao de condutas que permanecessem no percurso universitrio e na vida profissional de seus alunos. Consolidou-se como um educandrio de carter privado e dirigido para adolescentes do sexo masculino oriundos das classes privilegiadas. E, at meados da dcada de 1960, alm de admitir alunos externos, ele funcionava tambm em regime de internato, recebendo estudantes de outras cidades catarinenses, bem como de outros estados da federao brasileira.

Para analisar as trajetrias sociais dos alunos egressos do Colgio Catarinense, imprescindvel compreender a sua cultura escolar catlica de corte jesutico. Cultura escolar pensada a partir do conceito de Julia (2001, p.10), como um conjunto de normas que definem conhecimentos a ensinar e condutas a inculcar, e um conjunto de prticas que permitem a transmisso desses conhecimentos e a incorporao desses comportamentos. O conjunto de normatizaes (cultura escolar prescrita) seleciona saberes que sero ensinados e comportamentos/habilidades que sero incorporados aos/s estudantes. Os conhecimentos e as condutas definidos pelos textos normativos so transmitidos aos estudantes atravs das prticas escolares (cultura escolar posta em ao), que envolve principalmente a ao do corpo docente da instituio escolar, que faz a mediao entre o que est colocado nos textos normativos e o que ensinado nas salas de aula. No Colgio Catarinense, a cultura escolar prescrita em nvel nacional era ressignificada pelo seu corpo docente formado por padres jesutas e por alguns professores leigos, que lhe davam um sentido catlico-jesutico e burgus.

No perodo focalizado neste trabalho, a cultura escolar do Colgio Catarinense era prescrita em nvel nacional pela Lei Orgnica do Ensino Secundrio, Decreto-Lei N 4.244, de 9 de abril de 1942, pensada e colocada em prtica pelo Ministro da Educao e Sade Gustavo Capanema (BRASIL, 2009). Esta legislao que regia o Ensino Secundrio no Brasil chamada de Reforma Capanema tinha um vis humanista e propedutico, em que os contedos e comportamentos prescritos objetivavam proporcionar uma preparao dos estudantes para o acesso ao ensino superior. Tratava-se de uma educao de carter geral, que contribusse com a construo de individualidades condutoras, contextualizada na perspectiva autoritria do Estado Novo. Assim, a Lei Orgnica preconizava conhecimentos tidos como os mais valorizados pela sociedade (humanidades e cincias) e comportamentos condizentes com a formao dos futuros lderes da nao.

Essa legislao reorganizava o ensino secundrio brasileiro em dois ciclos, mas modificou para quatro anos o primeiro ciclo, nomeando-o de curso ginasial, e trs anos para o segundo ciclo, chamado de colegial, separando-o em dois cursos: clssico (voltado para as humanidades clssicas e modernas) e cientfico (voltado para os estudos cientficos). Havia diferenas entre o clssico e o cientfico, mas estas no eram muito acentuadas. As disciplinas nestes dois cursos eram praticamente as mesmas, diferiam apenas quanto carga horria e, alm disso, somente no curso clssico eram ministradas as disciplinas Latim e Grego e somente no curso cientfico era oferecida a disciplina de Desenho (ROMANELLI, 1996, p.156-9).

Adaptando-se rapidamente Reforma Capanema, a partir de 1943, o Colgio Catarinense passou a oferecer o ensino secundrio completo, ou seja, o curso ginasial e os cursos cientfico e clssico. No entanto, no recorte temporal deste trabalho, o curso cientfico foi ministrado de forma regular e com turmas numerosas, enquanto o curso clssico formou somente duas turmas em 1955 e 1957, ambas com dois alunos. Houve predominncia absoluta do curso cientfico, que, segundo Dallabrida (2010, p.5-6), deve-se tradio de estudos cientficos existente nesta instituio de ensino devido ao seu corpo docente ser composto em sua maioria por padres catlicos, que possuam um slido histrico nos estudos cientficos. Para tanto, o educandrio dos padres jesutas de Florianpolis dispunha de laboratrios de Fsica e de Qumica, que possuam equipamentos modernos, importados da Alemanha e que auxiliavam nas aulas prticas, indo alm das exposies feitas pelos professores em sala de aula. A consolidao do Curso Cientfico no Colgio Catarinense estava ligada trajetria escolar em nvel superior pretendida pelos seus alunos, que aspiravam ingressar nos cursos superiores de elite. A preferncia pelo Curso Cientfico colocava-se em nvel nacional, pois, em meados da dcada de 1950, mais de 85% dos estudantes brasileiros do ciclo colegial optavam por esse curso (SOUZA, 2008, p.205).

Recortamos o perodo entre 1951 e 1960 porque consideramos que ele permite analisar, de forma efetiva, as trajetrias sociais dos alunos egressos, que atualmente esto aposentados ou em fim de carreira. Na data-limite inicial, pela primeira vez em Florianpolis, havia egressos/as de um estabelecimento de ensino secundrio de carter pblico e gratuito, o Colgio Estadual Dias Velho, o que permite o cotejo entre as trajetrias de ex-alunos de colgios privado e pblico. No incio da dcada de 1960 ocorreram fatos significativos, que reconfigurariam o subcampo do ensino secundrio brasileiro e catarinense. Em Florianpolis, em 1960, foi criada a Universidade Federal de Santa Catarina, que provocou um crescimento exponencial no ensino superior catarinense, com desdobramentos no ensino secundrio. No ano seguinte foi promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, que criou o ensino mdio, incorporando o antigo ensino secundrio e os cursos tcnicos e normal.

O presente trabalho procura compreender as trajetrias sociais dos alunos egressos do Colgio Catarinense, considerando as suas origens sociais, os seus percursos escolares, especialmente em nvel secundrio e superior, e suas carreiras profissionais. As origens sociais so investigadas a partir das condies scio-econmico-culturais das famlias de ex-alunos, levando em conta o conceito de frao de classe social. Os percursos escolares so analisados desde a educao infantil at a escolarizao em nvel de ps-graduao, constando os locais onde cursaram as diversas etapas de ensino, os cursos e instituies de ensino superior que foram escolhidos. As carreiras profissionais desenvolvidas pelos egressos do Colgio Catarinense so estudadas com o intuito de apreender os caminhos que foram percorridos no setor pblico ou privado, intentando detalhar aspectos especficos no interior dos diferentes campos profissionais. Compreender as trajetrias sociais dos ex-alunos do Colgio Catarinense , portanto, acompanhar os espaos sociais pelos quais eles transitaram ao longo de suas vidas.

Para analisar essas trajetrias sociais usamos os conceitos de capital cultural, capital social e capital simblico elaborados por Pierre Bourdieu para compreender as desigualdades sociais e escolares no mundo contemporneo. Procurando compreender os trajetos escolares e profissionais de diferentes fraes de classe social, este socilogo francs ultrapassou a concepo economicista, constatando que o capital econmico muitas vezes desdobrava-se em capital cultural, social e simblico. Essa viso polimorfa do capital nos permite perceber as estratgias de reconverso de capital econmico em outros tipos de capital no processo de insero escolar e scio-profissional. O capital cultural, para Bourdieu (2007b, p.71-79) consiste na transmisso, feita pela famlia e posteriormente (e em menor grau) pela escola, de conhecimentos e vivncias pertinentes cultura legtima a cultura da alta burguesia. Este capital, segundo Bourdieu existe sob trs formas: incorporado (estado este que demanda tempo e que precisa acontecer sob um processo de inculcao e assimilao), objetivado (em forma de bens culturais) e institucionalizado (atestado por meio de certificados e ttulos conseguidos atravs da escolarizao formal) (NOGUEIRA e CATANI, 2007, p.9-10). O capital simblico confere a uma pessoa prestgio dentro de um determinado grupo social ou na sociedade em geral (NOGUEIRA e NOGUEIRA, 2006, p.51). Bourdieu constata que, visando maximizar o rendimento dos capitais econmico e cultural, os indivduos ou grupos sociais podem mobilizar relaes socialmente teis, que ele chama de capital social. Aps ter realizado investigaes antropolgicas e sociolgicas com diversos grupos sociais e procurando a sntese, Bourdieu (2007a, p.67) afirma:

O capital social o conjunto de recursos atuais ou potenciais que esto ligados posse de uma rede durvel de relaes mais ou menos institucionalizadas de interconhecimento e de inter-reconhecimento ou, em outros termos, vinculao a um grupo, como conjunto de agentes que no somente so dotados de propriedades comuns (passveis de serem percebidas pelo observador, pelos outros ou por eles mesmos), mas tambm so unidos por ligaes permanentes e teis.

O estudo das trajetrias sociais dos alunos egressos do colgio dos jesutas apia-se, sob o ponto de vista emprico, nos relatrios anuais do Colgio Catarinense, em notcias de jornais de circulao local e estadual e, especialmente, nos dados de um questionrio respondido pelos ex-alunos. No perodo de 1951 a 1960, duzentos e vinte e quatro jovens concluram o ensino secundrio no Colgio Catarinense. Este trabalho reflete sobre as trajetrias sociais de 43 ex-alunos que concluram o ensino secundrio nesse recorte temporal e que responderam o questionrio. Assim, estudamos as trajetrias sociais de alunos egressos, procurando verificar o poder da origem social privilegiada no acesso e no percurso no ensino secundrio numa escola de elite e na vida scio-profissional. Por outro lado, constatamos a presena de alguns alunos provenientes de classes populares no Colgio Catarinense, na condio de bolsistas, que, com muito esforo e renncia, conseguiram ingressar no ensino superior e ter profisses exitosas.

As origens scio-familiares

Pelo fato de ser privado, o ensino secundrio oferecido pelo Colgio Catarinense, na dcada de 1950, era destinado a adolescentes e jovens do sexo masculino, geralmente oriundos das camadas privilegiadas da sociedade, mas com algumas excees representadas pelos alunos bolsistas, provenientes das parcelas mais desprovidas do conjunto social. Os jovens que iriam ocupar as funes na elite dirigente adquiriam grande volume de capital cultural incorporado, que era lapidado pelo capital cultural institucionalizado, adquirido sob a forma de diplomas escolares. Por meio da transmisso de conhecimentos e a inculcao de condutas elitistas, o ensino secundrio contribua decisivamente para habilitar e preparar para o ingresso dos estudantes secundaristas no ensino superior.

Sobre a escolarizao dos pais dos ex-alunos do Colgio Catarinense na dcada 1951-1960, constata-se que a maioria deles possua mais anos de escolarizao alm do curso primrio. Dentre os 43 questionrios analisados, 15 indicam que os pais possuam como escolarizao mxima o curso primrio (completo ou incompleto) e 28 continuaram o percurso escolar depois dos anos iniciais de escolarizao, sendo que trs formaram-se no Curso Normal, dez concluram o ensino secundrio, trs fizeram o ensino tcnico e doze obtiveram o diploma universitrio. Para a poca em questo, os anos 40 e 50 do sculo XX, podemos considerar que os pais desses alunos, de uma forma geral, possuam uma escolarizao bem acima da mdia da populao brasileira e catarinense, pois, segundo o censo demogrfico nacional, 50,6% dos brasileiros eram analfabetos (BRASIL, 2011, p.7).

As profisses dos pais dos alunos egressos eram muito variadas como se pode constatar na Tabela 1. A mais frequente delas era a de comerciante, tanto em Florianpolis como em cidades do interior do Estado de Santa Catarina, sendo indicada por dez alunos egressos. O funcionalismo pblico tambm foi citado com mais frequncia, totalizando sete pais de alunos, sendo cinco em nvel estadual e dois na espera federal. Essas carreiras no setor pblico eram exercidas na capital catarinense. A terceira profisso mais citada foi a de engenheiro, tendo quatro respostas; e a quarta eram as de bancrio e de advogado, tendo duas respostas cada. As demais no se repetiram. Dentre os egressos que responderam ao questionrio, trs no declaram a profisso dos pais, alguns devido ao fato do pai j ter falecido na dcada de 1950.

Tabela 01 Profisses de pais de egressos

do Colgio Catarinense (1951-1960)

PROFISSO DO PAI

QUANTIDADE

Comerciante

10

Funcionrio Pblico Estadual

5

Engenheiro

4

Funcionrio Pblico Federal

2

Bancrio

2

Advogado

2

Construtor de Serrarias

1

Delegado

1

Topgrafo

1

Juiz de Direito

1

Funcionrio de Empresa de Navegao

1

Carpinteiro

1

Aposentado

1

Agente Companhia de Seguro

1

Desembargador

1

Rdio-Telegrafista

1

Escrivo

1

Comercirio

1

Dentista-Prtico

1

Mdico

1

Aougueiro

1

No declarou

3

Total

43

Fonte: Questionrios respondidos por alunos egressos do

Colgio Catarinense.

Em relao ao ensino formal das mes dos alunos egressos percebe-se que mesmo que elas tinham uma escolarizao superior mdia da populao brasileira e catarinense, em comparao escolarizao dos pais, suas trajetrias escolares foram mais curtas, sendo que o curso normal aparece como o diploma mais recorrente entre elas. Essa situao indica as limitaes de gnero impostas s mulheres no que se referia educao formal nas dcadas de 40 e 50 do sculo XX. Os dados obtidos atravs dos questionrios revelam que 16 mes cursaram o primrio, 15 concluram o Curso Normal, oito completaram o ensino secundrio e apenas trs obtiveram um diploma universitrio. Um aluno egresso no declarou a escolaridade de sua me.

As profisses maternas citadas foram mais homogneas que as profisses dos pais, como se pode verificar na Tabela 2. A profisso da me mais citada, por 18 egressos, dona-de-casa, que indica a ocupao com atividades de cuidados com o lar. seguida pela profisso de professora, exercida por quatro delas, dentre as 15 que concluram o curso normal. Costureira e ajudante no comrcio foram citadas duas vezes cada uma e um egresso declarou que sua me exerceu a funo de pequena empresria numa olaria. Um outro dado importante que aparece o fato de que 11 egressos no declararam a profisso de suas mes, alguns porque elas j haviam falecido na dcada de 1950.

Tabela 02 Profisso de mes de egressos

do Colgio Catarinense (1951-1960)

PROFISSO DA ME

QUANTIDADE

Do Lar

18

Professora

4

Costureira

2

Ajudante de Comrcio

2

Pequena Empresria

1

Dentista

1

Funcionria Pblica Federal

1

Funcionria Pblica Estadual

1

Assessora Frrica

1

Cabelereira

1

No declarou

11

Total

43

Fonte: Questionrios respondidos por alunos egressos do

Colgio Catarinense.

A classe social foi aferida segundo a prpria declarao dos egressos, dentre quatro possibilidades (rica, mdia alta, mdia baixa e pobre) que eles deveriam escolher para indicar a situao familiar das famlias deles nas dcadas de 1940 e 1950. importante ressaltar que o Colgio Catarinense, considerado como uma instituio voltada ao atendimento das elites, no teve, nesta pesquisa, nenhum egresso que se autodenominou rico, sendo que a maior parte classificou-se como classe mdia baixa (21 egressos) e classe mdia alta (20 egressos). Dois egressos assinalaram que, na dcada de 1950, as condies econmicas de suas famlias condiziam com a classe social pobre. Essa constatao deve-se ao fato de a capital catarinense no ser uma metrpole com uma significativa regio industrializada. O Estado de Santa Catarina , historicamente, marcado pela descentralizao urbana, de forma que, em cada regio h uma cidade-plo, que, aps a Reforma Capanema, passou a ter um colgio que oferecia ensino secundrio completo. Desta forma, na dcada de 1950, o Colgio Catarinense atraia sobremaneira alunos pertencentes s classes mdias, com destaque para filhos de comerciantes e funcionrios pblicos estaduais e federais de alto e mdio escalo. Por outro lado, a partir de 1947, o Colgio Estadual Dias Velho, estabelecimento de ensino pblico, gratuito e coeducativo, passou a oferecer o curso ginasial e, dois anos depois, os cursos cientfico e clssico. Os adolescentes homens cujos pais tinham muita dificuldade para pagar o colgio dos jesutas e/ou desejavam ter ensino laico, passaram a ter uma opo para cursar o ensino secundrio completo.

At a Reforma Capanema, o Colgio Catarinense era o nico educandrio que oferecia ensino secundrio completo, o que lhe conferia prestgio e atraa uma clientela mais elitizada (DALLABRIDA, 2007). Nos anos 50 do sculo XX, quando se verifica maior oferecimento do ensino secundrio em Santa Catarina, o Colgio Catarinense passou ter mais uma clientela regional, mas continuava a ter distino entre o conjunto dos colgios catarinenses. Ademais, passou a ter um nmero maior de alunos bolsistas, indicados pelo Governo de Santa Catarina, geralmente oriundos de classes remediadas ou populares.

Desta forma, pode-se constatar que no colgio dos padres jesutas de Florianpolis na dcada 1951-1960, havia um grande grupo de alunos oriundos de grupos sociais privilegiados, cujos pais tinham profisses de relevo, e um pequeno grupo de estudantes de origens sociais empobrecidas. As profisses das mes revelam a diviso burguesa tradicional, em que geralmente o pai era o provedor da famlia e a me atuava no espao privado, com exceo especialmente do magistrio primrio.

Os percursos escolares e as carreiras profissionais

Dos 43 egressos que participaram da pesquisa, 19 eram florianopolitanos, 21 nasceram no interior do Estado de Santa Catarina, 2 eram de outro estado da federao brasileira e um era estrangeiro. Acompanhando os percursos de escolarizao desses ex-alunos, podemos constatar que esta mudana de residncia para a capital aconteceu em momentos diferentes da trajetria de cada um deles. Alguns se mudaram ainda na infncia e cursaram o ensino primrio na capital catarinense, para outros a mudana aconteceu na adolescncia, durante o curso ginasial, e alguns s vieram a residir em Florianpolis para realizar os estudos colegiais. O tempo vivido no interior e o tempo vivido na capital catarinense podem influenciar na trajetria destes sujeitos, alterando suas experincias e o capital social acumulado ao longo dos anos.

O jardim de infncia foi freqentado por 11 egressos do Colgio Catarinense, um nmero bem expressivo, sendo que, na dcada de 1940, poucas instituies ofereciam este servio educacional especialmente aquelas de carter confessional. Segundo os questionrios respondidos, em relao ao ensino primrio, 23 alunos egressos fizeram-no no interior do Estado de Santa Catarina, 16 em Florianpolis, um em outro estado da federao brasileira e trs no declararam onde realizaram esse nvel de escolarizao. A grande maioria do ex-alunos do Colgio Catarinense freqentou grupos escolares e poucos deles tiveram passagem por escolas isoladas, mesmo no interior do Estado de Santa Catarina. Os grupos escolares, escolas modernas e graduadas de ensino primrio, foram implantados em Santa Catarina a partir de 1911, com a chamada Reforma Orestes Guimares, sendo que, nas dcadas de 1940 e 1950, estavam presentes nos municpios catarinenses, mesmo aqueles de configurao camponesa.

Em relao ao ensino secundrio, constata-se que, entre os 43 alunos egressos que responderam o questionrio, 31 alunos fizeram o curso ginasial primeiro ciclo do ensino secundrio totalmente no Colgio Catarinense e 12 deles o fizeram completamente ou parcialmente em outra cidade (catarinense ou de outro estado da federao brasileira). O nmero de alunos que cursou o ginsio na capital catarinense , portanto, quase o dobro de alunos que realizou o ensino primrio no interior de Santa Catarina. No tocante ao colegial ou o segundo ciclo do ensino secundrio, 40 ex-alunos fizeram-no integralmente nos cursos cientfico ou clssico do Colgio Catarinense, sendo que apenas trs deles realizaram-no parcialmente nesse estabelecimento de ensino. Nota-se que h uma aproximao da capital de Santa Catarina na medida em que necessrio prosseguir nos estudos. Muitos egressos bolsistas oriundos do interior do Estado de Santa Catarina cursaram apenas o segundo ciclo no Colgio Catarinense. Deve-se considerar que o curso ginasial estava muito mais disseminado no interior do territrio catarinense, tanto na rede privada como no sistema pblico de ensino, do que os cursos cientfico e clssico, praticamente restritos s cidades-plo das diferentes regies catarinenses.

Dos 43 egressos que responderam o questionrio, 14 ex-alunos eram bolsistas, um nmero bastante expressivo. A grande maioria das bolsas de estudos era concedida pelo Governo Estadual, mas outras entidades tambm foram apontadas como beneficiadoras desses recursos financeiros como a Legio da Boa Vontade e prefeituras municipais. Observa-se que o bom desempenho escolar do aluno em seu curso primrio e, especialmente, o capital social dos pais tinham relevncia no momento de conseguir uma bolsa de estudos no Colgio Catarinense. O capital social dos pais representava sobretudo relaes estreitas com caciques polticos e/ou ligaes com especialistas do campo educacional.

Em relao residncia durante o perodo do colegial, a grande maioria dos egressos participantes da pesquisa morava com os pais (27 ex-alunos), 13 eram alunos internos (residiam no prprio colgio) e trs moravam em penses no centro da cidade. Dos egressos que residiam com os pais, 23 moravam com suas famlias no centro de Florianpolis e apenas quatro eram provenientes de outros bairros dessa cidade. A urbanizao do ensino coloca-se a partir destes dados, pois o colgio tambm se localizava no centro de Florianpolis e poucos alunos que residiam em seus entornos tinham acesso a sua educao.

Na dcada 1951-1960, as possibilidades de insero no ensino superior na capital catarinense eram bem restritas, havia poucos cursos, as faculdades existentes eram privadas e as condies de ensino eram precrias. Segundo Rodrigues (2010, p.18), no incio dos anos 1950, em Florianpolis, havia somente as faculdade de Direito, Cincias Econmicas e Odontologia, Farmcia e Bioqumica, mas nesse dcada foram criadas as faculdades Filosofia, Cincias e Letras (1955), Medicina (1957) e Servio Social (1958). O campo do ensino superior ainda era tmido, apenas com algumas faculdades isoladas, priorizando cursos de baixo custo de implantao e de manuteno. Em vista deste panorama, muitas famlias, priorizando a continuidade dos estudos de seus filhos, proporcionavam que estes fossem estudar em outras capitais brasileiras, principalmente em Curitiba, Porto Alegre e Rio de Janeiro.

As expectativas sociais e familiares voltadas para os adolescentes e jovens do sexo masculino geralmente eram feitas de modo que estes escolhessem um curso que possusse status social e que trouxesse retorno financeiro e prestgio, visto que cabia aos homens o sustento familiar. Assim sendo, os cursos de Medicina, Engenharia e Direito apareciam como principais opes a serem consideradas pelos estudantes brasileiros (BARROSO e MELLO, 1977, p.49). Grosso modo, essa realidade colocava-se entre os ex-alunos do Colgio Catarinense, como se pode perceber na Tabela 3. O Curso de Direito lidera a opo dos alunos egressos, que geralmente realizavam esse bacharelado na Faculdade de Direito de Florianpolis. Em segundo lugar coloca-se o Curso de Medicina, que no era feito na capital catarinense, mas especialmente em Porto Alegre, Curitiba, So Paulo e Rio de Janeiro, e tinha muito prestgio social. Em segundo plano aparecem os cursos de Odontologia, que podia ser feito em Florianpolis, e de Engenharia, realizado somente em outros estados da federao brasileira. Por fim, havia um conjunto de cursos superiores com menos status social, que foram pouco escolhidos, indicando grande pulverizao.

Tabela 3 Curso Superior dos egressos

do Colgio Catarinense (1951-1960)

Curso

Florianpolis

Outra cidade

Total

Direito

13

1

14

Medicina

0

12

12

Odontologia

5

1

6

Engenharia

1

3

4

Farmcia

2

0

2

Cincias Econmicas

0

1

1

Administrao

1

0

1

Qumica

1

0

1

Letras Anglo-germnicas

0

1

1

Letras Neo-latinas

1

0

1

Fsica

0

1

1

Histria Natural

0

1

1

Cincias Contbeis

1

0

1

Total

25

21

46

Fonte: Questionrios respondidos por alunos egressos do

Colgio Catarinense.

importante considerar que, segundo a Tabela 3, todos os 43 ex-alunos do Colgio Catarinense fizeram curso superior, sendo que trs deles concluram dois cursos de graduao. Isso indica a importncia que o ensino secundrio do Colgio Catarinense tinha nos anos 1950, que praticamente viabilizava o acesso ao ensino superior. Naquele momento histrico, o corte era realizado sobremaneira pelo exame de admisso, prova que selecionava os candidatos ao curso ginasial primeiro ciclo do ensino secundrio.

Ademais, o vestibular para o ingresso nos cursos superiores era realizado integral ou parcialmente de forma oral. Alm de possuir uma formao consistente em relao aos contedos solicitados nas provas, o candidato deveria se expressar de forma segura e fluente. Para esta preparao, os dirigentes do Colgio Catarinense organizavam as associaes estudantis, onde os alunos eram estimulados a discursar em pblico, lapidando a prtica da oratria e da expresso oral. Uma destas associaes era o Clube de Oratria Vieira, fundado em 1947 (SOUZA, 2005, p.181), destinado aos alunos internos, que visava o desenvolvimento da fala em pblico e da desenvoltura para discursar em diferentes ocasies. O exerccio de oratria indica a apropriao masculina da cultura escolar prescrita, pois, alm da preparao para o vestibular, ele se convertia num ensaio sistemtico para as profisses de comando que exigiam esprito de boa oratria e desenvoltura em pblico.

Muitos alunos egressos, alm de concluir ao menos um curso de graduao, tambm freqentaram cursos de ps-graduao. Entre os 43 ex-alunos que responderam o questionrio, 22 concluram curso de especializao, oito de mestrado e sete de doutorado, sendo que trs deles realizaram estgio de ps-doutorado. A maioria dos cursos de ps-graduao foi realizada na Universidade Federal de Santa Catarina. Apenas 14 ex-alunos no continuaram sua trajetria escolar depois do curso de graduao. A verticalizao da escolarizao alm do curso de graduao, nos anos 50 e 60 do sculo XX, indica uma formao de quadros da elite intelectual, especialmente aquela representada pela ps-graduao stricto sensu.

Aps a concluso da escolarizao ou em alguns poucos casos de forma concomitante, os egressos inseriram-se no mercado de trabalho. Na maior parte das vezes, construram suas carreiras profissionais nas reas condizentes com sua formao. Alguns ex-alunos desenvolveram funes profissionais que no estavam propriamente ligadas sua formao em nvel superior. As profisses exercidas foram muito variadas. Muitos seguiram carreiras no funcionalismo pblico, trabalhando em reas tcnicas e administrativas.

No servio pblico, 20 egressos inseriram-se na esfera federal, dentro das mais diversas reas (mdica, odontolgica, jurdica, de engenharia, administrativa, bancria, educacional, entre outras). Estas carreiras profissionais desenvolvidas dentro de diferentes cargos federais foram realizadas em Florianpolis, em outras cidades de Santa Catarina e tambm em outros estados da federao brasileira (Paran, Rio Grande do Sul, So Paulo e Rio de Janeiro), geralmente nas cidades onde estes egressos concluram seus cursos de graduao.

Entre os egressos que responderam o questionrio, dez ingressaram no funcionalismo pblico estadual. Quase a totalidade destes funcionrios estaduais desempenhou suas atividades para o Estado de Santa Catarina e apenas um era vinculado profissionalmente ao Estado do Rio de Janeiro. Assim como as carreiras nos rgos federais, as que foram desenvolvidas na esfera estadual foram longas e perpassaram vrios cargos e funes. Ao longo dos anos os egressos foram conquistando posies ascendentes, sendo que 20 deles relataram exercer funes de chefia e lideranas dentro de suas trajetrias profissionais no servio pblico.

A carreira universitria foi escolhida por 14 egressos que responderam ao questionrio, sendo realizada em instituies de ensino superior nos estados de Santa Catarina, Paran, Rio de Janeiro e So Paulo e, no caso de um egresso, lecionou em universidade dos Estados Unidos da Amrica. A atividade docente geralmente foi desenvolvida paralelamente a outras funes tanto no servio pblico como em ocupaes do setor privado. Em dois casos avtrajetria profissional foi desenvolvida exclusivamente em uma universidade. Um dos egressos, Ernani Bayer, ocupou cargos de destaque na administrao universitria, como Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, bem como em rgos na rea da educao em nvel federal, sendo assessor de Ministro da Educao e Cultura e membro e vice-presidente do Conselho Federal de Educao (BAYER, 2009, p.7).

Vrios ex-alunos do Colgio Catarinense atuaram como profissionais liberais. Mdicos, dentistas e advogados conciliavam a atividade no servio pblico com consultrios e escritrios privados. Dois farmacuticos tambm tiveram comrcio de remdios, sendo responsveis tcnicos de suas prprias farmcias. Trs egressos desenvolveram a carreira militar, um no Exrcito, um na Marinha e outro na Polcia Militar.

As carreiras polticas tambm foram exercidas por alguns egressos. Os cargos de cunho poltico foram ocupados por sete ex-alunos participantes da pesquisa, que desenvolveram funes em cargos eletivos como prefeito, vice-prefeito e vereador, bem como em cargos de confiana, como assessores e secretrios. Em nenhuma situao relatada nos questionrios dos egressos que participaram desta pesquisa o exerccio de atividades ligadas ao setor poltico apareceu isoladamente, pois sempre desempenhavam funes polticas em meio a outras ocupaes profissionais, sendo eles dentro dos setores privados, pblicos ou como profissionais liberais.

No perodo recortado para esta pesquisa os alunos cursavam o ensino secundrio visando a continuidade dos estudos. A grande clivagem estava entre o ensino primrio e o secundrio, sendo que o exame de admisso era o responsvel por separar aqueles que iriam realizar o percurso escolar atravs do ginsio e do colegial e aqueles que seguiram para os cursos tcnicos ou mesmo os que encerrariam seu percurso escolar com o curso primrio. Ter um diploma do ensino secundrio era ter capital cultural e simblico que abria as portas dos cursos superiores, pois a preparao obtida nos ginsios e colgios proporcionava que a continuidade na escolarizao fosse muito provvel.

Os cursos mais procurados pelos alunos egressos eram aqueles que trouxessem um maior retorno social e financeiro, visto que, como homens, eram os responsveis pelo sustento das famlias que viriam a constituir. A expectativa das famlias e da instituio escolar era que seguissem no ensino superior, inserindo-se nas carreiras mais prestigiosas. Assim mdicos, advogados e engenheiros construram suas carreiras nas diversas esferas profissionais, sendo funcionrios pblicos, empregados de empresas privadas e muitas vezes, de modo concomitante, eram profissionais liberais. Os alunos que cursaram outras graduaes, de menos prestgio, igualmente se inseriram no servio pblico, em empresas privadas e em profisses liberais. Nestes caminhos muitas vezes exerceram lideranas dentro de pequenos grupos institucionais ou mesmo em cargos polticos.

Consideraes Finais

No recorte temporal do presente trabalho, o projeto educativo do Colgio Catarinense era preparar adolescentes do sexo masculino para formar quadros de elite. Para tanto os padres jesutas proporcionavam aos seus alunos a transmisso de saberes e a inculcao de condutas burguesas e catlicas que os habilitasse e preparasse efetivamente para o ingresso no ensino superior e para o desempenho de trajetrias profissionais de relevo. Em boa medida esse projeto educacional materializou-se nas trajetrias escolares dos seus alunos egressos, pois todos os que responderam pesquisa concluram ao menos um curso superior e muitos cursaram ps-graduaes, sendo que a maioria teve carreiras profissionais exitosas. Deve-se sublinhar que, na dcada de 1950, o ensino secundrio e superior no Brasil e em Santa Catarina ainda era um nvel de escolarizao muito restrito no conjunto da populao.

As pesquisas sociolgicas desenvolvidas nas ltimas dcadas na educao ressaltam a relevncia do capital cultural dos pais no xito da escolarizao de seus filhos. Na pesquisa aqui apresentada, os dados sobre a escolarizao dos pais e das mes demostram que as famlias dos ex-alunos possuam um capital cultural institucionalizado ou escolar acima da mdia da populao. Esse capital cultural concorria para os percursos escolares verticalizados dos alunos egressos do Colgio Catarinense na dcada 1951-1960. Desta forma, boa parte desses ex-alunos tiveram uma trajetria escolar mais longa que seus pais e mes, superando os horizontes escolares e profissionais de seus progenitores.

Na dcada de 1950, a escolarizao secundria era eminentemente urbana, pois apenas nas cidades maiores havia a oferta dos ciclos ginasial e colegial, que habilitava e viabilizava o acesso aos cursos universitrios sem nenhuma restrio. No caso de Santa Catarina apenas a sua capital e algumas poucas cidades com contigentes populacionais e econmicos mais proeminentes possuam colgios que ofereciam o ensino secundrio completo. Isso fica evidenciado nos dados que demonstram que, ao avanar na escolarizao, muitos nascidos em cidades do interior foram se dirigindo para Florianpolis.

Em relao ao ensino superior, a capital catarinense no conseguia suprir as expectativas dos rapazes desejosos de seguir cursos superiores que preparavam para profisses de relevo, como Medicina e Engenharia. Para isso, os que possuam condies financeiras para tal, dirigiam-se para as cidades de maior porte como Rio de Janeiro, So Paulo, Curitiba e Porto Alegre, com o intuito de ingressar em universidades que possuam os cursos superiores que almejados pelos grupos sociais abastados. As profisses com mais prestgio social foram as mais procuradas. Mdicos, dentistas, engenheiros e diversos profissionais da rea jurdica desenvolveram suas carreiras profissionais no setor pblico e na iniciativa privada, sendo que na maioria das vezes eles atuavam tambm como profissionais liberais. O acmulo de vnculos profissionais e cargos alcanados fez parte dos caminhos profissionais de muitos egressos.

A docncia no ensino superior era um destes vnculos com o setor pblico. Com a fundao da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), no incio da dcada de 1960, vrios egressos do colgio dos jesutas passaram a lecionar em cursos superiores. A existncia de duas universidades pblicas em Florianpolis proporcionou um crescimento significativo no mercado de trabalho qualificado em Santa Catarina. Tambm houve casos de alunos egressos do Colgio Catarinense que foram docentes e pesquisadores em outras universidades dentro e fora do pas.

A educao de elite dedica-se preparao de lderes que saibam chefiar grupos de pessoas, departamentos e projetos. No Colgio Catarinene, essas habilidades eram lapidadas nas associaes estudantis que eram colocadas disposio dos estudantes. A caracterstica da liderana tambm fez parte de boa parte da carreira profissional dos egressos pesquisados. Ao longo dos anos ocuparam diversas posies de comando, inclusive em cargos polticos.

Diversas so as marcas da cultura escolar jesutica e de elite posta em marcha no Colgio Catarinense na dcada de 1950 que perpassaram as trajetrias sociais de seus alunos egressos. A educao fsica, intelectual e moral vislumbrada e constantemente buscada pelos dirigentes e professores, juntamente com a formao familiar, constituram as bases onde os egressos puderam construir as suas trajetrias sociais.

Referncias

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