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RECUPERABILIDADE DE ATIVOS
Micheli Augusta Aparecida Piccini1Aírton Pedroso de Morais2
RESUMONeste estudo pressupõe-se que a redução, apurada pelo Teste de Recuperabilidade, teste conhecido internacionalmente como Impairment Test, ao ser mensurado, pela avaliação ao valor de mercado, e contabilizada poderá impactar nos indicadores de desempenho e promover distintas perspectivas aos diferentes usuários da contabilidade. Diante deste contexto, este estudo tem como objetivo analisar o impacto que este teste pode causar nas Demonstrações Contábeis. No Brasil, esse procedimento é normatizado pelo CPC 01 denominado “Redução ao valor Recuperável de Ativos”, instituído em 07/11/2007, pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pela deliberação 527/07. Ainda que a Lei nº. 11.638/07 traz a inserção do Impairment e a extinção da reavaliação de ativos, há a possibilidade da reavaliação apurada se tornar um fator conjuntural e indicar a necessidade do teste de Impairment, o que torna premente entender os efeitos da reavaliação de ativos no Brasil e sua relação com este novo instituto.
Palavras-chave: Teste de Recuperabilidade. Impairment Test. Recuperação de Ativos. Redução ao valor Recuperável. CPC 01.
1 INTRODUÇÃO
Diante da inconstância do cenário econômico, financeiro e social, o Teste de
Recuperabilidade tem como proposta uma averiguação contínua da veracidade das
informações contidas nos valores dos ativos de um exercício social para outro.
O pronunciamento do CPC 01(R1) tem por objetivo estabelecer
procedimentos que a entidade deve aplicar para assegurar que seus ativos estejam
registrados contabilmente por valores que não excedam seus valores de
recuperação. O Pronunciamento Técnico também especifica quando a entidade
deve reverter um ajuste para perdas por desvalorização e estabelece as divulgações
requeridas.
1 Especialista em Ensino da Matemática pelas Faculdades Reunidas de Palmas Paraná – FACIPAL; Acadêmica do 7º período do curso de Ciências Contábeis da Faculdade La Salle de Lucas do Rio Verde (2015). E-mail: [email protected] Mestre em Engenharia de Produção pela UFSM (2006); Professor da Graduação da Faculdade La Salle; Professor orientador do Artigo (2015). E-mail: [email protected].
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Um ativo deve ser submetido ao Teste de Recuperabilidade sempre que
houver alguma indicação de que seu valor sofreu desvalorização (salvo no caso de
ágio ou ativos intangíveis sem vida útil definida). Tais indicadores podem ser de
fontes internas ou externas.
Estes indicadores podem ser significativamente afetados pela aplicação ou
não de algumas normas contábeis, que modificam a forma de avaliação, cálculo e
contabilização de valores patrimoniais e de resultado. Isso pode ocorrer, por
exemplo, com o Impairment Test que trata da Redução ao Valor Recuperável de
Ativos, norma esta que será o objeto deste estudo. No Brasil o problema era a falta
de norma sobre este instituto até a resolução da Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), da emissão do pronunciamento técnico CPC-01 pelo Comitê de
Pronunciamentos Contábeis (CPC) e depois a Lei nº 11.638/07 que introduziu a
normatização e obrigatoriedade para as sociedades de grande porte. No âmbito
internacional a sistemática do Impairment Test já está estabelecida pelo Financial
Accouting Standards Board (FASB) nos Estados Unidos e pelo Financial Accouting
Standards Board (IASB) com as International Accounting Standard (IAS) e as
International Financial Reporting Standard (IFRS), que são Normas Internacionais de
Contabilidade.
As demonstrações contábeis consolidadas do exercício de 2010 foram as
primeiras que as empresas brasileiras de capital aberto obrigatoriamente publicaram
de acordo com o padrão IFRS. Enquanto que as demonstrações individuais
obedeceram a um conjunto completo de normas, correlacionadas às do IASB,
emitidas pelo CPC. Verificou-se, pois, uma necessidade de melhoria no nível de
discussão sobre o assunto a fim de atender plenamente os requisitos de divulgação
da IAS 36 e do CPC 01 (R1). As empresas brasileiras de capital aberto devem,
obrigatoriamente, apresentar suas demonstrações contábeis consolidadas no
padrão IFRS. Já as demonstrações individuais serão preparadas em conformidade
com os Pronunciamentos Técnicos emitidos pelo CPC, e aprovados pela CVM, que
estão em consonância com as normas internacionais editadas pelo IASB.
As Leis n° 11.638/07 e 11.941/09 alteraram a legislação societária no que
concerne à apresentação das demonstrações contábeis, visando à convergência às
normas internacionais de contabilidade. Essa convergência, embora trabalhosa em
um primeiro momento, irá facilitar o trabalho das companhias brasileiras e até
mesmo reduzir os custos no futuro. Isso porque, uma vez harmonizadas as
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informações contábeis, não haverá mais a necessidade de se refazer as
demonstrações para os mercados internacionais.
Com a convergência, foi introduzido na contabilidade brasileira o Teste de
Recuperabilidade de Ativos ou Impairment Test, cujo objetivo é verificar se os ativos
reconhecidos nas demonstrações contábeis não estão evidenciados a um valor
superior aos benefícios que irão proporcionar à entidade. O Teste de
Recuperabilidade de ativos é o tema deste trabalho, de título "Teste de
Recuperabilidade de Ativos: análise da conformidade com os requisitos de
divulgação da IAS 36 e do CPC 01 (R1)". O Pronunciamento Técnico CPC 01 –
Redução ao Valor Recuperável de Ativos, emitido pelo CPC em 14 de setembro de
2007 e aprovado pela CVM, através da Resolução 527 de 1º de novembro de 2007,
regulamentou o Impairment Test no Brasil, sendo a sua aplicação obrigatória para os
exercícios encerrados a partir de 31 de dezembro de 2008. Como o IASB realiza
constantes revisões de suas normas, o CPC editou, em 6 de agosto de 2010, o CPC
01 (R1), aprovado pela Deliberação CVM 639, de 7 de outubro de 2010, que veio
substituir o CPC 01 para os exercícios findos a partir de dezembro de 2010. A norma
foi também transformada na NBC T 19.10.
Redução ao Valor Recuperável de Ativos, aprovada pela Resolução CFC nº
1.292/10. O CPC 01 (R1) tem correlação com a IAS 36 – Impairment of Assets em
sua versão que inclui as emendas publicadas até 31 de dezembro de 2009, ou seja,
a que deve ser aplicada às demonstrações do exercício de 2010. Diante desse
cenário de desafios para contabilidade nacional, foi realizado um estudo do teste de
Recuperabilidade de ativos a fim de investigar e apontar eventuais problemas na
evidenciação e divulgação das informações requeridas pela IAS 36 e pelo CPC 01
(R1) nas demonstrações contábeis das empresas brasileiras de capital aberto
registradas na CVM. O objetivo desta pesquisa foi analisar se as companhias
abertas do Brasil têm atendido aos requisitos de divulgação constantes na IAS 36 e
no CPC 01 (R1) e constatar como a contabilidade pode mensurar o valor econômico
de ativos, verificando a possível redução no valor recuperável dos seus ativos de
longa duração para ajustar seu Balanço Patrimonial, mostrando e mensurando a
perda de capacidade de recuperação do valor contábil de um ativo de longa
duração, assegurando que os ativos não estejam registrados contabilmente por um
valor superior ao seu valor recuperável.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Normas Brasileiras
Nas normas brasileiras, de acordo com o item B63 da Deliberação CVM Nº
580/09 o Goodwil não é mais amortizado, mas testado anualmente para a redução
de seu valor recuperável – Impairment Test. Com base no pronunciamento técnico
CPC 01, ao discorrer sobre o valor recuperável de ativos, insere o conceito de
unidade geradora de caixa, que seria o menor grupo identificável de ativos que gera
as entradas de caixa. Além disso, considera dois outros conceitos que são o de valor
em uso e o de valor líquido.
Os conceitos são os seguintes:
-Valor recuperável de um ativo ou uma unidade geradora de caixa é o maior
valor entre o valor líquido de venda de um ativo e seu valor em uso.
-Valor em uso é o valor presente de fluxos de caixa futuros estimados, que
devem resultar do uso de um ativo ou de uma unidade geradora de caixa.
-Valor líquido de venda é o valor a ser obtido pela venda de um ativo ou de
uma unidade geradora de caixa em transações em bases comutativas, entre partes
conhecedoras e interessadas, menos as despesas estimadas de venda.
A legislação estabelece que a empresa deva testar, no mínimo anualmente, a
redução ao valor recuperável de um ativo. Este teste de redução ao valor
recuperável poderá ser executado a qualquer momento no período de um ano,
desde que seja executado todo ano, no mesmo período e sempre que houver uma
indicação de que a unidade possa estar desvalorizada, ao comparar o valor contábil
da unidade incluindo o Goodwil, com o valor recuperável da unidade.
Caso o valor recuperável da unidade ultrapassar seu valor contábil, a unidade
e o Goodwil alocado àquela unidade deverão ser considerados como não estando
desvalorizados.
No entanto, se o valor contábil de uma unidade ultrapassar seu valor
recuperável, a entidade deverá reconhecer a perda por desvalorização com seu
valor recuperável.
Nesse sentido segundo o item 5 da Deliberação CVM nº 527/07, considera-se
valor recuperável de uma unidade geradora de caixa o maior valor entre o valor
líquido de venda (valor de venda menos valor estimado das despesas de vendas) de
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um ativo e o seu valor em uso (valor presente dos fluxos de caixa futuros
esperados).
A alocação da perda por desvalorização, de acordo com o item 99 da
Deliberação CVM nº 527/07, deve ser inicialmente, registrada contra o Goodwil até o
valor recuperável do mesmo e o valor excedente, se houver, contra os demais ativos
da unidade geradora (em uma base pro rata), a mesma que seja possível identificar
os ativos individualmente.
Portanto nessa hipótese, o registro contábil da perda com desvalorização da
unidade geradora de caixa será registrado inteiramente contra o Goodwil.
Caso o valor da perda por desvalorização supere o valor recuperável do
Goodwil, o valor excedente deve ser registrado contra os ativos desvalorizados ou
contra os demais ativos da unidade geradora de caixa quando não for possível
estimar o valor recuperável individualmente dos ativos.
2.2 Normas Internacionais
Nas normas internacionais, de acordo com a IAS 36, da mesma forma que
nas brasileiras, o Impairment Test consiste no cálculo do valor recuperável de cada
unidade geradora de caixa. Se o valor recuperável da unidade geradora de caixa for
menor que o seu valor contábil uma perda com Impairment deve ser reconhecida.
Além disso, o crédito deve ser registrado contra o Goodwil até o valor do
mesmo e o valor excedente, se houver, contra os demais ativos da unidade
geradora de caixa em uma base pro rata, a menos que seja possível identificar os
ativos individualmente.
Caso o valor da perda por Impairment supere o valor do Goodwil, o valor
excedente deve ser registrado contra os demais ativos (pro rata).
2.2.1 Mensurações do valor recuperável segundo o IASC
Ao determinar os princípios que devem reger a mensuração do valor
recuperável, o IASC considerou como primeiro passo o que uma empresa fará para
descobrir que um ativo apresenta problemas de recuperação. O IASC concluiu que
nesses casos a empresa manterá o ativo ou o alienará. A decisão de uma empresa
racional é em essência, uma decisão de investimento com base nos fluxos de caixa
líquidos estimados que se espere do ativo.
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2.3 A Redução do Valor Recuperável dos Ativos (Impairment Test)
Impairment é uma palavra em inglês que significa deterioração em sua
tradução literal. Tecnicamente trata-se da redução do valor recuperável de um bem
ativo. O impairment na prática é a mensuração dos ativos que geram benefícios
presentes e futuros.
Impairment é o instrumento utilizado para adequar o ativo a sua real capacidade de retorno econômico. O impairment é aplicado em ativos fixos (ativo imobilizado), ativos de vida útil indefinida (goodwill), ativos disponíveis para venda, investimentos em operações descontinuadas (SILVA et al., 2006, p.1).
É uma das alterações da Lei nº 11.638/07 que através da CPC 01 define a
metodologia a ser aplicada para verificar se a companhia possui ativos de longo
prazo que estejam contabilizados por um valor que possam ser recuperados por uso
ou por venda.
O objetivo do Impairment Test é verificar se há na empresa a existência de
ativos desvalorizados, considerando que um ativo está desvalorizado quando seu
valor contábil excede seu valor recuperável. Como definição, valor recuperável é o
maior valor entre o valor líquido de venda e o valor em uso.
Segundo Coelho (2010, p. 30) as empresas devem se certificar de que os
valores de registro de seus ativos e passivos na contabilidade continuam retratando
a realidade. Elas devem realizar o Impairment Test.
Sob esta mesma perspectiva Coelho afirma que o objetivo do Impairment Test
ou valor recuperável é assegurar a propriedade dos valores de ativos evidenciados
nos relatórios contábeis. Em outras palavras, objetiva impedir que um ativo esteja
contabilizado por um valor superior àquele possível de ser recuperado, caso a
empresa queira dele se desfazer.
Sempre que um valor recuperável de um ativo for inferior ao seu valor
contábil, uma perda deverá ser reconhecida por essa desvalorização. Se o ativo não
tiver passado por um processo de reavaliação, a perda irá diretamente para o
resultado do período.
No caso dos ativos que passaram por um processo de reavaliação, a baixa
deverá ser feita na própria conta reserva de avaliação. Baixar-se-á os ativos contra a
reserva de avaliação, e também a provisão para o imposto de renda diferido,
registrada como passivo de curto ou de longo prazo.
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Sempre que se registrar uma perda por desvalorização, deve-se rever as
bases utilizadas para o registro das despesas de depreciação e consequentemente,
os seus novos prazos de vida útil.
O teste de recuperabilidade se tornou obrigatório a partir de 31.12.2008 e
deve ser aplicado no mínimo a cada fim de exercício social. O resultado do teste
será contabilizado somente se o valor recuperável for inferior ao valor que está
contabilizado. Caso o valor seja superior ao que está contabilizado, o ativo
permanece registrado pelo seu valor original.
Deve ser aplicado quando houver decisão de interromper as atividades
normais das operações da empresa e quando comprovado que não poderão
produzir resultados suficientes para recuperação desse valor.
Os principais indicadores de recuperabilidade são a obsolescência,
reestruturação ou venda parcial de um ativo e performance econômica pior do que a
esperada. Portanto, havendo algum desses indícios o teste de recuperabilidade
deve ser aplicado imediatamente a fim de estimar o valor recuperável da sua perda.
O teste de recuperabilidade pode ser realizado pelo valor líquido de venda ou
pelo seu valor em uso, indicado pelo valor presente de fluxos de caixa futuro
estimados.
Mourad (2010, p. 62) afirma que:
O Impairment é testado, comparando-se o valor de recuperação com o seu valor contábil para a apuração do valor de perda. Em geral, existe uma premissa de que o fluxo de caixa estimado não pode superar o prazo de cinco anos, a não ser que a entidade possua fortes argumentos para utilizar um prazo maior.
Para comprovar o resultado do teste de recuperabilidade é necessário que
haja a documentação sobre a os procedimentos adotados para a realização do
teste, como o laudo fornecido por empresa especializada ou mesmo que realizado
internamente.
Comprovada a perda por documentos idôneos sobre a existência de ativo
desvalorizado deverá mensurar o valor recuperável e contabilizar a diferença da
perda em conta ‘Ajuste ao Valor Recuperável’, que é uma despesa que deverá ser
contabilizada no resultado do exercício.
Caso ocorra o fato de um ativo ter sido desvalorizado em um período, mas
volte a gerar benefícios econômicos conforme previsão original, seu valor contábil
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poderá ser ajustado para cima até o limite do custo de aquisição inicialmente
contabilizado.
A filosofia que justifica a aplicação do teste é antiga na contabilidade e é
aplicada para todos os ativos. No Brasil até a vigência da Lei nº 11.638/07 sua
aplicação ocorria através da provisão para créditos de liquidação duvidosa, provisão
para perda por obsolescência, bem como a aplicação da regra ‘custo ou mercado,
dos dois, o menor’.
A aprovação do CPC 01 resultou em uma normatização específica para a
aplicação dos testes de recuperabilidade, porém, os ativos que não estão no escopo
da norma CPC 01 possuem regulamentação específica para sua devida mensuração
e avaliação da sua capacidade de gerar benefícios econômicos futuros.
Para os usuários das informações contábeis o teste de recuperabilidade dos
ativos proporciona a consistência das informações contábeis no que se refere a
recuperação do valor investido, ou seja, a garantia de que no momento da
divulgação das informações os valores estão registrados no mínimo pelo valor que
possa ser recuperado por uso ou por venda.
Da mesma forma que um ativo pode sofrer desvalorização, aqueles ativos
que já tiveram seus valores reduzidos poderão ter indicações de que perdas
registradas anteriormente possam se reverter ou diminuir. O ágio (Goodwill) por
expectativa de resultado futuro terá tratamento diferenciado. Isso significa que uma
perda registrada anteriormente, ou parte dela, poderá ser revertida, exceto no caso
do ágio, cujas perdas não podem ser revertidas.
O CPC 01 cita fontes internas e externas que poderão indicar essa reversão.
Como fontes internas, são citados: gastos incorridos no sentido de melhorar o
desempenho de um ativo analisado; relatórios indicando que o ativo que passou
pelo Impairment Test ou Teste de Recuperabilidade, apresentam resultados
melhores do que aqueles que foram previstos.
Como fontes externas, o aumento do valor de mercado do ativo, as mudanças
no ambiente tecnológico e as mudanças das taxas de juros de mercado que possam
alterar as taxas de desconto utilizadas são indicações dessa nova “reavaliação”.
Aqui também devem ser revistas as bases utilizadas para o registro das
despesas de depreciação e o prazo de vida útil. Outro detalhe importante nessa
reversão é que o aumento no valor contábil do ativo não deverá ultrapassar o valor
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contábil que seria obtido já líquido da depreciação, se a desvalorização não tivesse
sido registrada.
Qualquer aumento acima do que foi dito anteriormente poderá ser
considerado como uma reavaliação e isso não é mais permitido pela legislação.
Quando a reversão se referir a uma unidade geradora de caixa, o valor a ser
revertido deverá ser distribuído de forma proporcional ao valor contábil dos diversos
ativos que compõem essa unidade.
2.4 Valor Recuperável do Bem
O valor recuperável de um bem pode ser determinado de duas formas:
a) pelo valor líquido de venda que é o valor justo de venda (valor acertado)
diminuído dos custos da transação (despesas de cartório, de transporte, de
montagem ou desmontagem etc.).
b) pelo valor líquido de uso que é determinado pelo valor presente líquido de
fluxo de caixa que será gerado pelo uso do bem nas atividades ou na produção.
Deve ser feita uma prospecção futura de receitas e deduzir os custos relacionados
às receitas que serão geradas.
Um ativo deve ser submetido ao Impairment Test ou Teste de
Recuperabilidade sempre que houver alguma indicação de que seu valor sofreu
desvalorização. Tais desvalorizações podem ser de fontes internas ou externas.
Segundo FIPECAFI (2010) alguns exemplos de fontes internas são:
Indicações da necessidade da aplicação do teste de recuperabilidade a
determinados ativos observados dentro da própria empresa;
Apresentação de dano físico ou evidência de obsolescência (pode ser visto
dentro da empresa);
Indicação de mudanças significativas que já ocorreram ou que têm grande
probabilidade de ocorrer, que já afetaram ou afetarão a utilização de um ativo
(aqui deve ser incluída até a possibilidade de descontinuidade de uma
operação);
Relatos internos indicando que o desempenho econômico financeiro de um
determinado ativo está comprometido.
Exemplos de fontes externas que indiquem a necessidade da aplicação do
teste de recuperabilidade:
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Indicações sensíveis de modificações do valor de mercado de um ativo (pode
ser observado através do próprio mercado que essa é uma fonte externa);
Mudanças significativas, por exemplo, no ambiente tecnológico, e com
indicações de que isso causará um efeito negativo para a entidade, como o
aparecimento de algum concorrente com algum tipo de equipamento
tecnicamente mais avançado;
Aumento das taxas de juros praticadas no mercado, com consequente
alteração na taxa de desconto utilizada para o cálculo do valor em uso (o
aumento da taxa de desconto significa diminuição dos fluxos de caixa
descontados, portanto, redução do valor recuperável do ativo).
3 METODOLOGIA
Este estudo apresentou como característica o método de abordagem
dedutivo, baseando-se nos dados coletados através de busca bibliográfica e
documental correspondente ao estudo em livros, artigos acadêmicos, revistas e
arquivos digitais relevantes sobre Impairment Test.
De acordo com Vergara (2004, p. 46), uma pesquisa deve ser caracterizada a
partir de dois critérios básicos: quanto aos fins e quanto aos meios. Quanto aos fins,
uma pesquisa pode ser exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada
ou intervencionista. A pesquisa exploratória é realizada em áreas em que há pouco
conhecimento acumulado e sistematizado. Enquanto a descritiva
[...] expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. (VERGARA, 2004, p. 47).
Dessa forma, o objetivo do presente trabalho é exploratório e descritivo,
porque além de buscar constatar algo, sendo observadas e descritas informações
constantes das demonstrações contábeis e notas explicativas das entidades
analisadas, trata-se de um estudo sobre temática ainda incipiente no Brasil.
Os métodos de abordagem e procedimentos adotados para o
desenvolvimento deste artigo se deu por meio de pesquisa exploratória e
documental, sendo realizada desta forma uma pesquisa qualitativa e descritiva.
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A classificação da pesquisa utilizou como método o exploratório descritivo de
natureza qualitativa.
Em relação a classificação da pesquisa com base nos objetivos e aos
procedimentos técnicos, optou-se pela pesquisa bibliográfica e documental, pois
para a elaboração de qualquer estudo é necessário pesquisar em obras publicadas
para que o pesquisador possa fundamentar a sua argumentação.
Embora existam várias formas de contextualizar a pesquisa bibliográfica e
documental, o direcionamento é o mesmo, ou seja, tem por objetivo fundamentar os
argumentos do pesquisador acerca de determinado assunto.
Por fim, de acordo com Vergara (2004, p.61), todo método tem tanto
possibilidades quanto limitações. A metodologia escolhida para esta pesquisa
apresenta a limitação quanto à omissão e à inadequação das informações
divulgadas nas demonstrações contábeis analisadas, seja nas demonstrações
propriamente ditas seja nas notas explicativas.
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Determinação do Valor Recuperável do Bem
O valor recuperável de um bem pelo valor líquido de venda é o valor justo de
venda (valor acertado) diminuído dos custos da transação (despesas de cartório, de
transporte, de montagem ou desmontagem etc.).
Quadro 1- Determinação do valor recuperável do bem
Descrição do Bem Preço de Venda % Custo da Venda %
Valor Líquido de
Venda%
Máquina Agrícola 120.000,00 100 20.000,00 17 100.000,00 83Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Como podemos observar no Quadro 1, a determinação do valor recuperável
do bem analisado apresentou como recuperabilidade o percentual de 83%, pois 17%
do valor do bem foi consumido para a efetivação da venda .O valor recuperável de
um ativo é o maior valor entre o valor líquido de vendas de um ativo ou de uma
unidade geradora de caixa e o seu valor em uso. Se existir valor de uso ou líquido
de venda maior que o valor contábil , não haverá desvalorização a ser reconhecida.
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Um contrato de compra e venda, realizado por partes independentes,
representa a melhor evidência de um valor de venda. Devem ser reduzidas, desse
valor, as despesas necessárias para a realização da venda, excluindo-se os
impostos sobre o lucro e as despesas financeiras.
Outra fonte dessa informação é o próprio mercado onde o ativo é negociado.
Mas, quando não existem contratos de compra e venda e mercado ativo para
negociação do tipo de ativo que está sendo avaliado, uma alternativa é verificar e
comparar operações que tenham sido realizadas e possam se assemelhar aos
ativos objetos da avaliação.
Uma vez estabelecido o valor de venda, dele devem ser deduzidos todos os
valores de vendas que possam ser diretamente atribuídos à operação. Por exemplo:
despesas legais, despesas de remoção, despesas com impostos e taxas incidentes
diretamente à operação e outras que afetem diretamente a operação e sem as quais
tal operação não se realizaria.
O CPC cita que as despesas com demissão de pessoas ligadas à redução de
um ativo, ou à redução de um negócio, não devem ser incluídas como despesas de
vendas. Outro exemplo é quando existe a figura do ARO, sigla em inglês que
significa uma obrigação assumida como retirada de serviço de ativos de longo prazo.
Enquanto que o valor líquido de uso é determinado pelo valor presente líquido
de fluxo de caixa que será gerado pelo uso do bem nas atividades ou na produção.
Deve ser feita uma prospecção futura de receitas e deduzir os custos relacionados
às receitas que serão geradas, como observamos no Quadro 2.
O Fluxo de Caixa Futuro Líquido é obtido pela operação de Receita de
Produção Esperada diminuindo-se o Custo de Produção Esperada.
Quadro 2- Determinação do valor líquido de uso do bem
Descrição do BemReceita de Produção Esperada
%Custo de Produção Esperada
%Fluxo de
Caixa Futuro Líquido
%
Prensa Pneumática 180.000,00 100
100.000,00 56 80.000,00 44
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Nota-se que no Quadro 2, quando analisamos a importância do Custo de
Produção Esperada, este reflete 56% dos custos para a determinação do valor
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líquido de uso e por consequência 44% representa o valor do bem para o Fluxo de
Caixa Futuro Líquido.
Basicamente, o recurso a ser utilizado na fixação do valor em uso de um ativo
é a demonstração dos fluxos de caixa, que deverá ser devidamente descontada a
seu valor presente.
Em se tratando de conhecimento, deve-se levar em consideração a estimativa
dos fluxos de caixa esperados para o ativo com previsões que devem ser lastreadas
em bases razoáveis e compatíveis com o que o mundo externo pode revelar. A
fixação da taxa de juro a ser utilizada para estabelecer o valor do dinheiro no tempo
bem como o grau de incerteza na avaliação da realização do ativo e o reflexo de
uma crise do setor que a empresa atua.
Com base na Recuperabilidade de Ativos, as projeções de fluxos de caixa
não devem ser estimados para períodos superiores a cinco anos, e não devem ser
restritos a entrada de dinheiro. As saídas deverão ser projetadas e estarão
baseadas nos valores necessários para a manutenção do ativo.
Os ativos intangíveis com vida útil indefinida também devem passar pelo teste
de recuperabilidade. O teste deverá ser realizado, no mínimo, uma vez por ano e
poderá ser efetuado a qualquer momento, inclusive fora da data do balanço, mas
sempre repetido na mesma época do ano. Ou seja, uma empresa pode ter seu
exercício social encerrado em dezembro, mas fazer o teste de recuperabilidade de
seus intangíveis em junho.
Intangíveis diferentes podem ser testados em diferentes datas, mas estas
deverão ser sempre respeitadas nas avaliações seguintes. Por exemplo: pode-se ter
três tipos de intangíveis diferentes, um sendo avaliado em fevereiro, outro em maio e
outro em setembro, e a data do balanço é dezembro. Estes intangíveis deverão
sempre ser avaliados nas mesmas datas nos anos seguintes.
Os intangíveis reconhecidos durante o período deverão ser submetidos ao
teste de recuperabilidade antes do final do exercício contábil. Um intangível
adquirido num ano deverá ser testado no próprio ano.
Em relação à relevância, se houver evidências claras de que as modificações,
por exemplo, de mercado, não afetarão os valores dos ativos, tal teste poderá ser
deixado de lado e não precisará ser efetuado. O próprio CPC dá um exemplo e cita
que as significativas alterações nas taxas de juros em curto prazo não poderão ter
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correspondência nas taxas de juros utilizadas para ativos de longo prazo ou com a
vida útil mais longa.
A desvalorização de um ativo pode indicar a necessidade de revisão dos
critérios de depreciação, de amortização e do valor residual, além da vida útil
econômica prevista para esse ativo ou para a unidade geradora de caixa.
4.2 Divulgação Contábil do Teste de Recuperabilidade
A divulgação das informações relativas à recuperabilidade dos ativos deve ser
a mais completa e transparente possível. Deverá conter o valor das perdas e
reversões incluídas no resultado; o valor das perdas e reversões contabilizadas
contra a reserva de reavaliação e as justificativas indicando as circunstâncias das
perdas ou as reversões realizadas.
Deve ainda ser informada a forma de cálculo do valor recuperável; o valor de
uso ou o valor líquido de venda; as taxas de descontos utilizadas; o valor contábil
alocado a uma unidade ou a um grupo de unidades; o valor contábil dos ativos
intangíveis que tenham vida útil indefinida, etc.
A aplicação do pronunciamento CPC 01 não deve ser feita com efeitos
retroativos. Isso significa que não devem ser feitos ajustes do balanço de abertura.
A partir da primeira adoção da norma, seus efeitos, ou seja, da aplicação do
Impairment Test ou Teste de Recuperabilidade, serão reconhecidos diretamente no
resultado ou como reserva de reavaliação (quando houver reavaliação previamente
registrada).
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante da instabilidade econômica e financeira do mercado no cenário atual,
com oscilações de preços e indexadores podendo ser extremamente variadas,
mesmo utilizando o critério de valor justo para o registro de ativos e passivos,
rapidamente eles podem ficar deslocados da realidade.
A informação tem sido considerada o principal insumo para a obtenção de um
conhecimento maior acerca das decisões que devem ser tomadas no âmbito das
organizações. Isto implica a disponibilização de informações úteis e confiáveis aos
gestores sobre os eventos empresariais.
As informações sobre os eventos patrimoniais, particularmente, são
transmitidas aos usuários na forma de relatórios. Os múltiplos usuários requerem
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uma Contabilidade adequada para evidenciar e mensurar os elementos que
compõem o patrimônio da empresa, particularizando nesta pesquisa os conceitos e
objetivos do Impairment Test apresentados, apontam que sua adoção é um fator que
trará os valores dos ativos mais próximos da realidade e, portanto, mais próximo da
essência da empresa.
Existe um conjunto de questões que poderiam ser dirimidas caso os usuários
das informações contábeis dispusessem de informações sobre recuperabilidade ou
não dos ativos de uma organização. Não que isso represente uma garantia de
retorno dos seus investimentos, mas seria uma informação de grande utilidade para
o tomador de decisões.
Ou ainda, permitiria conhecer o momento em que os bens de longa duração
estão perdendo capacidade de gerar benefícios para a companhia, o que poderia
servir como um “sinal de alerta” para decisões a respeito de se modificar alguma
política de investimento ou mesmo recorrer a uma mudança de objetivos e
estratégias.
REFERÊNCIAS
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