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1 MISSIONÁRIOS IMIGRANTES NO MUNDO VIRTUAL Valencia, 4 de maio de 2013 Caríssimos Confrades, Deo gratias! Endereço esta carta de Valencia, na Espanha, onde estou para orientar um retiro espiritual da Família Orionita sobre os passos dos nossos dois mártires, Padre Ricardo Gil e Antonio Arrué que serão beatificados em Tarragona, no dia 13 de outubro próximo. É o meu pessoal ato de devoção aos nossos Mártires espanhóis e à Espanha orionita, já que não poderei estar presente em Tarragona para a cerimônia de beatificação. Com o tema “Vida cristã, vida de martírio” refleti, nos três dias de retiro, sobre as opções pessoais necessárias para manter e alimentar a “paixão” da fé e da missão, das quais os dois Mártires orionitas foram admiráveis exemplos. Trouxe comigo algumas folhas com as anotações desta Carta circular e pensava na grande distância entre o contexto social do povo espanhol dos primeiros anos de 1900, no qual foram testemunhas os nossos dois Mártires, e o contexto da nossa gente e dos jovens de hoje que frequentam as praças virtuais e navegam no mar da internet. Existia a necessidade da luz do Evangelho e da caridade cristã, naquele tempo. E existe a necessidade de testemunhas e de apóstolos, hoje, nas estradas do mundo virtual percorridas cotidianamente por milhões e bilhões de pessoas. Confio à intercessão de Padre Riccardo e do postulante Antonio esta carta, pedindo e oferecendo ao Senhor um pouco da paixão deles pelas almas, paixão tal que é necessária para navegar, como apóstolos, na internet. Também eu sou um imigrante no mundo virtual criado pelos modernos meios de comunicação informática. Conheço somente algumas poucas palavras e as regras essenciais suficientes para comunicar e mover-me nestas novas vias da comunicação. Mas o tema é importante, muito influente sobre a vida

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MISSIONÁRIOS IMIGRANTESNO MUNDO VIRTUAL

Valencia, 4 de maio de 2013Caríssimos Confrades,

Deo gratias! Endereço esta carta de Valencia, na Espanha, onde estou para orientar um retiro

espiritual da Família Orionita sobre os passos dos nossos dois mártires, Padre Ricardo Gil e Antonio Arrué que serão beatificados em Tarragona, no dia 13 de outubro próximo. É o meu pessoal ato de devoção aos nossos Mártires espanhóis e à Espanha orionita, já que não poderei estar presente em Tarragona para a cerimônia de beatificação. Com o tema “Vida cristã, vida de martírio” refleti, nos três dias de retiro, sobre as opções pessoais necessárias para manter e alimentar a “paixão” da fé e da missão, das quais os dois Mártires orionitas foram admiráveis exemplos.

Trouxe comigo algumas folhas com as anotações desta Carta circular e pensava na grande distância entre o contexto social do povo espanhol dos primeiros anos de 1900, no qual foram testemunhas os nossos dois Mártires, e o contexto da nossa gente e dos jovens de hoje que frequentam as praças virtuais e navegam no mar da internet. Existia a necessidade da luz do Evangelho e da caridade cristã, naquele tempo. E existe a necessidade de testemunhas e de apóstolos, hoje, nas estradas do mundo virtual percorridas cotidianamente por milhões e bilhões de pessoas. Confio à intercessão de Padre Riccardo e do postulante Antonio esta carta, pedindo e oferecendo ao Senhor um pouco da paixão deles pelas almas, paixão tal que é necessária para navegar, como apóstolos, na internet.

Também eu sou um imigrante no mundo virtual criado pelos modernos meios de comunicação informática. Conheço somente algumas poucas palavras e as regras essenciais suficientes para comunicar e mover-me nestas novas vias da comunicação. Mas o tema é importante, muito influente sobre a vida religiosa e sobre o seu apostolado.1 É um mundo novo no qual todos devemos habitar e do qual devemos aprender a linguagem, os valores e os problemas para ser protagonistas de humanidade, de espiritualidade e de evangelização. Devemos olhar para este mundo com interesse.

Já há 50 anos atrás, o documento do Concílio Vaticano II Inter mirifica (4 de dezembro de 1963), dedicado aos meios de comunicação social, afirmava que “Entre as maravilhosas invenções da técnica que, principalmente nos nossos dias, o engenho humano extraiu, com a ajuda de Deus, das coisas criadas, a santa Igreja acolhe e fomenta aquelas que dizem respeito, antes de mais nada, ao espírito humano, e abriram novos caminhos para comunicar facilmente notícias, ideias e ensinamentos”.

COMUNICAÇÃO, DIÁLOGO, RELACIONAMENTO, COMUNHÃO.A comunicação é instrumento de diálogo. O diálogo é condição para o

relacionamento. O relacionamento é substancia da comunhão. Basta citar esta sequência para dizer que tudo aquilo que diz respeito à comunicação diz respeito à pessoa humana, 1 Um pouco todas as Congregações estão enfrentando este tema. Tratou-se desse assunto também nos vários grupos de estudo das Assembleias dos Superiores gerais.

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diz respeito à nossa vida de religiosos, no âmbito espiritual, comunitário e apostólico. Devemos, portanto, interessar-nos seriamente pela comunicação. Não surpreende por isso que dedique ao tema uma Circular.

Antes de entrarmos um pouco nos novos fenômenos da comunicação, é útil dar uma olhada nas atitudes comunicativas de Jesus. E também naquelas de Dom Orione.

Olhamos para Jesus comunicadorO Filho de Deus assumiu a natureza humana, o Verbo se fez carne, Palavra viva e

eficaz. Jesus é comunicação, é relacionamento. Não é qualquer um que diz palavras sublimes sobre Deus. Nem mesmo é apenas Aquele que traz uma mensagem de Deus. Ele mesmo, no seu ser, é a Palavra de Deus, é a mensagem encarnada. Ele não somente revela e comunica Deus. Ele é ao mesmo tempo comunicador, conteúdo, meio, mensagem, receptor da comunicação. Na sua comunicação Jesus realiza, anuncia, escuta, dialoga, discute, silencia. É atencioso e se adapta aos respectivos contextos sociais e aos seus interlocutores.

Ao pensar nas grandes transformações ocorridas nas modalidades da comunicação, deve-se recordar que, na vida vivida e partilhada, existem já todos os elementos do processo comunicativo. Portanto, todos somos constituídos comunicadores.

Em seguida, reflitamos que para colocar-se em comunicação com os seus interlocutores “Cristo Jesus, existindo em forma divina, não se apegou ao ser igual a Deus, mas despojou-se, assumindo a forma de escravo e tornando-se semelhante ao ser humano” (Fil 2, 6-7); se encarnou, se contextualizou, assumindo a linguagem do seu ambiente histórico-social.

“Pela Encarnação fez-se semelhante àqueles que haviam de receber a sua mensagem; mensagem que comunicava com a palavra e com a vida. Não falava como que ‘de fora’, mas ‘de dentro’, a partir do Seu povo”.2

A comunicação de Jesus consistiu numa vida nova compreensível. Isto está na base da nossa capacidade e possibilidade de comunicar hoje: viver uma vida religiosa compreensível. Isto se realiza quando vivemos efetivamente a vida religiosa e quando somos efetivamente encarnados em nosso habitat cultural para sermos compreensíveis.

Alguma inspiração em Dom OrioneAs condições comunicativas de Jesus, acima recordadas, nós as encontramos também

em Dom Orione. Foi um santo, um verdadeiro homem de Deus, com uma alta carga comunicativa, seja pela vida bonita de Deus, que ele vivia, seja pela capacidade de encarnação cotidiana para o qual o impulsionava a charitas-paixão pelas “Almas”, pelo bem do próximo.

Para evitar certos mal entendidos intimistas da vida religiosa, o nosso Fundador insistia muito na formação: "Devemos ser santos, mas fazer-nos tais santos que a nossa santidade não pertença somente ao culto dos fiéis, nem esteja somente na Igreja, mas transcenda e semeie na sociedade tanto esplendor de luz, tanta vida de amor a Deus e aos homens que seja, mais que os santos da Igreja, os santos do povo e da saúde social".3

Ser “santo” é a substancia do comunicar, é a vida, é o conteúdo. Sem conteúdo não se comunica nada, a ninguém. “Evitem as palavras: palavras nós temos demais”,4 seja aquelas lançadas do púlpito e seja aquelas lançadas na internet.

Ser “santos do povo e da saúde social” é a nossa condição para comunicar. Isto exige atenção ao destinatário e primeiramente significa encarnação, estilo, linguagem popular, atualizada. "São novos os tempos? Lancemo-nos à sua conquista com ardente e intenso espírito de apostolado. Não hesitemos: lancemo-nos às novas formas, aos novos métodos de 2 É muito bonito o n.11 da Instrução Pastoral Communio et Progressio que descreve Jesus comunicador. 3 In cammino con Don Orione, p.325.4 Scritti 61, 114.

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ação religiosa e social, com fé firme, mas com critérios e espírito largo. Todas as boas iniciativas sejam em veste moderna, sob a condição de semear e arar Jesus Cristo na sociedade".5

Dito isto com referência a Dom Orione, pode-se depois tentar descrever a grandeza e a genialidade de Dom Orione “comunicador”: foi escritor vivaz e eficaz, conversador apaixonante, pregador envolvente; foi um convicto utilizador dos meios de comunicação, fundou revistas e tipografias, falou na rádio, constituiu uma sala de imprensa em 1938, idealizou as primeiras universidades populares, e outros semelhantes capítulos de vida. Sobre isto já se disse e se escreveu muito.

Nós, hoje, podemos e devemos viver a mesma paixão apostólica comunicando com os novos e potentes meios informáticos.

Nos tempos de Dom Orione, o único grande meio de comunicação de massa era a imprensa. “A imprensa está entre as primeiras forças, e não deve ser deixada de lado, mas urge valermo-nos dela com finalidades altas e santas”.6 Esta era a sua atitude.

É sabido que instituiu uma “assessoria de imprensa” já em 1938. “Apostolado da imprensa em benefício do povo é o que sonhei há tantos anos, um apostolado da imprensa para os pequenos, para os humildes, para as massas dos camponeses, dos operários, a obra da boa imprensa para os trabalhadores, para a salvação do povo. A imprensa é uma grande força: é o grande orador que fala durante o dia, que fala à noite, que fala nas cidade e fala nas vilas, até o alto dos montes e os vales não ficam esquecidos. Onde não chega a imprensa? (…) Quanto bem faz a imprensa, quando está em boas mãos, quando é colocada a serviço de Deus, da Igreja, da Pátria! Pode a nossa Congregação desinteressar-se de tal força? Não somos obrigados a valer-nos dela pro aris et focis [n.t.: por cada altar da fé e por cada família]? Com a imprensa popular levaremos Cristo ao povo e o povo a Cristo”.7

É um apóstolo que fala assim e não um mero venerador de novidades e de instrumentos modernos. Substituamos, no texto acima, a palavra “imprensa” pela palavra “internet” e o texto de Dom Orione, de 1938, vale para nós em 2013. Ele nos sugere um tipo de comportamento perante os novos e populares8 instrumentos de comunicação informática.

Na mesma carta tem ainda um outro critério muito válido e atual: Dom Orione pede para ser “Firmes e sólidos nos princípios da Fé e a tudo o que é doutrina da Igreja, mantendo o respeito à regra: in necessariis unitas, in dubiis libertas, in omnibus charitas [n.t.: unidade no que é necessário, liberdade naquilo que é duvidoso e caridade em todas as coisas]! Corretos e transparentes sempre, distantes do estilo artificial e dos modos antiquados que produzem mofo". É um claro convite à adaptação e à modernização na ortodoxia e na ortopráxis.

ENTRAMOS NUMA NOVA ÉPOCAInternet (a rede das redes) é o emblema da nova comunicação. Internet superou os

limites do espaço e do tempo. Enquanto pelo telefone passa somente a voz, na internet se estabelece um relacionamento “ao vivo”, não fisicamente mas de modo virtual. A novidade desta nova época é a convergência digital: um único instrumento é

5 Scritti, 79. 300. “No bem, se não se é um pouco originais, se está sempre ali meio parado, se apodrece, se mofa... A novidade é um meio para fazer o bem porque chama a atenção, faz com que outros se interessem pelas iniciativas de bem…”; Parola del 17.4.1938.6 Carta a Pe. Domenico Sparpaglione de 15.2.1938; Scritti 33, 19.7 Carta aos sacerdotes chamados para constituir uma “Pequena Assessoria de Imprensa” de 22.2.1938; Lettere II, p. 527-533.8 Ibidem, p.85.

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contemporaneamente jornal, TV, rádio, máquina de escrever, biblioteca, impressora, torno mecânico, bisturi, etc.

Internet é um lugar, uma linguagem, um modo de ser, uma cultura. Através da rede, centenas de milhões de usuários trocam cotidianamente todo tipo de mensagens, acessam documentos, participam de grupos telemáticos, se encontram através de conferencias eletrônicas, discutem todo tipo de argumento. Cada vez mais a internet se torna um espaço para as relações pessoais, de grupo, institucionais.

Uma estatística de 2011 da União Internacional das Telecomunicações diz que a internet é usada por 13,5% da população na África, por 26,2% na Ásia, por 61,3% na Europa (na Itália, são 41 sobre 60 milhões de habitantes), por 35,6% no Oriente Médio, por 78,6% na América do Norte, por 39,5% na América Latina e Caribe, por 67,5% na Oceania e Austrália. São dados que devem ser atualizados continuamente porque o uso da internet está continuamente em expansão: no decênio 2000-2010 houve um incremento de 528,1%.9

Os jovens são aqueles que, na maioria, estão envolvidos pelo fenômeno da comunicação virtual. Os adolescentes usam internet tanto em casa (89%) quanto na escola (77%), sejam do sexo masculino (75%) ou feminino (69%), de ambiente urbano (75%), suburbano (73%) ou rural (65%).10 Considerando somente a Itália, uma recente pesquisa da Eurispes,11 revelou que 85,6% dos adolescentes italianos tem um perfil em facebook; a utilização da internet ocorre para 32,2% por uma ou duas horas por dia, para 37,7% das duas às quatro horas, enquanto 13,3% supera as quatro horas.

As aplicações dos sistemas informáticos se estenderem por todos os campos da atividade humana. Por exemplo, as escolas de qualquer tipo e grau, incluindo as escolas elementares e maternas, usam e formam para o uso dos meios informáticos. Na reabilitação dos portadores de deficiência e nos tempos livres dos idosos se faz sempre mais uso de ambientes informatizados. Noviços e clérigos chattam o tweettam ou falam na internet sempre mais. Também na Congregação, tantos usam os meios informáticos todos os dias e por mais horas.

Os dados e a experiência nos dizem que estamos diante de um fenômeno novo e global que agora influencia a modalidade da comunicação e deste modo as relações. Entramos na era da comunicação e da cultura digital. Irreversivelmente. Isto toca profundamente também a vida comum e a missão da vida religiosa, criando novas possibilidades e também novos problemas e tensões.

OS MODELOS COMUNICATIVOSPara compreender a mudança de comunicação ocorrida com o advento dos meios

informáticos é útil recordar simplesmente a evolução dos modelos comunicativos.13

Primeiro modelo: comunicação dialógica presencial. É o modelo de comunicação face a face, o mais natural e imediato. Neste tipo de

comunicação, os participantes estão presentes de modo direto um ao outro e compartilham 9 A comunicação com meios digitais está em rápida expansão global, porque os instrumentos são úteis, de fácil uso, econômicos nos custos. Passou-se dos mass media aos personal media, de pequenas dimensões, de baixo custo, de largo uso (notebook, ipad, celulares, smartphone, etc.).10 Dados de 2007 da Pearson Education, Inc.11 Relatório Nacional Eurispes 2011 sobre "Jovens em situação de risco pela dependência da Internet e Social Network", Roma 2011.13 Para ilustrar alguns elementos essenciais sirvo-me do esquema da conferencia de Joana Puntel na Assembleia dos Superiores gerais de maio de 2012, com o título “Vita religiosa na cultura mediática”, e dos seus livros: Cultura Midiática e Igreja: uma nova ambiência (2006); Comunicação: diálogo dos saberes na cultura midiática (2011).

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um ambiente espaço-temporal comum; a interação acontece num contexto de co-presença. A comunicação face a face é tipicamente dialógica: um dos dois indivíduos fala com o outro (ou com os outros) e a pessoa à qual se dirige pode responder (pelo menos em linha de princípio), e deste modo o diálogo segue adiante.

Ainda mais, na comunicação dialógica presencial, as palavras podem ser completadas por gestos, expressões faciais, variações de tom, etc.

O aspecto mais importante deste modelo comunicacional é a ampla possibilidade de interação e de partilha entre as pessoas. Este modelo dialógico foi e é fundamental para o desenvolvimento de todo o pensamento humano.

Apesar da consolidação de outros novos modelos de comunicação, o modelo dialógico presencial é fundamental e decisivo. Os outros modelos tentam de alguma forma simulá-lo e tem sempre presente os seus elementos.

Segundo modelo: comunicação de massa.Realiza-se através de meios como o livro, o jornal, o cinema, o rádio, a televisão,

etc. Desenvolveu-se através da imprensa (Gutemberg, 1450) e através dos meios audiovisuais há cerca de um século (o primeiro filme em 1901). Desenvolveu um papel sempre mais relevante e, ainda hoje, é a principal referência de comunicação na sociedade atual.

Neste modelo, a comunicação é mediada pela técnica; é altamente monológica com a ausência do diálogo. A relação é um → muitos. A comunicação de massa influenciou muito a sociedade contemporânea. Permitiu a superação de fronteiras geográficas e culturais, transformou a comunicação num grande mercado, influiu sobre mentalidade e costumes.

A comunicação de massa é produzida num número de centros sempre mais reduzidos e difundida de modo nacional e mundial, depende da vontade dos seus produtores e, em particular, dos interesses econômicos.

Terceiro modelo: comunicação dialógica não presencial.Nasceu por último. Tornou-se possível e popular nos últimos 40 anos com o

advento dos instrumentos informáticos e digitais. Tem, portanto, uma história muito breve. O advento deste tipo de comunicação não somente se coloca ao lado dos dois modelos precedentes, mas influi sobre eles e reestrutura toda a comunicação.

A característica essencial deste novo modelo de comunicação é a possibilidade da relação dialógica (seja um → muitos que muitos → muitos) também sem a presença física no mesmo tempo e espaço. É chamada de comunicação virtual. Deve-se observar que a comunicação virtual é menos completa do que a presencial e menos extensa do que a de massa.

O ciberespaço é a dimensão social no qual se realiza este novo modelo de comunicação, através de chats, e-mails, teleconferências, grupos de discussão, redes sociais, etc. Cibercultura ou cultura virtual são os nomes dados à cultura contemporânea marcada pelo uso destes novos instrumentos informáticos. Usarei de preferência o termo cultura virtual.14 “Tal cultura nasce, ainda antes do que dos conteúdos, do próprio fato que existem novos modos de comunicar com técnicas e linguagens inéditas”.15

DEVEMOS IMIGRAR PARA AS NOVAS CULTURAS

14 A cultura digital ou cibercultura ou cultura virtual surgiu a partir dos anos ’70, com a difusão da microinformática e com o surgimento das redes. É além disso a cultura do telefone celular, dos computadores, das redes (internet), dos micro aparelhos digitais que funcionam a partir do processo eletrônico digital.15 João Paulo II, Carta Apostólica de 24 de janeiro de 2005, Il Rapido Sviluppo, n.3.

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De modos diversos todos entramos na cultura virtual que oferece novas possibilidades ordinárias e amplamente utilizadas de relações virtuais e de socialização virtual.

No passado, o emigrante ou o missionário embarcava no navio ou no avião e, no país onde chegava, encontrava uma nova cultura a ser assumida, na qual ambientar-se. Hoje, acontece que nós permanecemos parados em nosso lugar e muda o mundo e a cultura que nos circunda. Devemos imigrar, em qualquer lugar estejamos, e devemos nos ambientar.

Viver na cultura virtual não é uma hipótese futurista ou do mundo da ficção científica. Não, é já atualidade. É o mundo que se desenvolveu com os novos instrumentos eletrônicos. Basta perceber como se move com estes instrumentos um sobrinho de 8 anos e como isso influi sobre a sua vida cotidiana, sobre as famílias, a escola. Cada vez mais religiosos, na Congregação, comunicamos de uma parte a outra do mundo com e-mails, nós no vemos e conversamos por Skype, entramos nos círculos de facebook, de tweet e similares.

A rede não é somente house (estrutura), é home (ambiente relacional). É parte integrante da vida pessoal e social. A rede não é somente um outro, externo à vida; é condição, modo de viver. Não somente se usa a rede, mas se vive em rede. É inadequada a oposição entre real e virtual. A oposição é mais entre físico e virtual. Uma conversa, a visita a um museu, um pagamento bancário ou uma operação cirúrgica realizadas virtualmente, ou seja em virtude dos meios informáticos, são reais e tem consequências reais.

Hoje, entramos na “cultura virtual” como, há milênios atrás, entrou-se na cultura alfabética e, séculos atrás, na cultura de massa. Muitos, naquele momento, ficaram analfabetos. Também hoje, muitos podem permanecer analfabetos da nova linguagem digital, mas o mundo de qualquer forma fala e vive na cultura virtual. Todos estamos profundamente envolvidos nisso.

Como religiosos, nós estamos neste mundo. E somos chamados a estar nele como “sal e fermento da terra”, como “testemunhas” e “anunciadores” da vida nova em Cristo. Por condição e por vocação, estamos imersos e em diálogo no mundo contemporâneo que hoje se apresenta com este novo modo digital de ser e de comunicar.

Joana Puntel, uma Irmã paulina brasileira especialista de comunicação, na sua reflexão sobre “Vida religiosa na cultura mediática” na Assembleia dos Superiores gerais do ano passado, dizia que no mundo – e nas Congregações religiosas – existem três categorias de pessoas:

os nativos digitais (digital natives): aqueles que nasceram na cultura digital, que tem aproximadamente menos de 25 anos;

os imigrados digitais (digital immigrants): aqueles que chegaram depois das novas tecnologias de comunicação conseguindo, mais ou menos, se ambientarem nelas;

os analfabetos digitais (digital analfabetics): aqueles que, por várias razões, não aprenderam as novas linguagens informáticas e se sentem estrangeiros no novo mundo nascido a partir da comunicação digital.

Descobrir-nos “analfabetos digitais” ou somente “imigrantes digitais”, que gaguejam apenas alguma palavra indispensável, pode causar desconforto, rejeição, sentimento de alienação, desânimo, mas pode ativar curiosidade e desejo de aprender.

UM AMBITO NOVO DE FORMAÇÃODepois de ter considerado que entramos todos num mundo de comunicação virtual

que modifica e expande a comunicação real entre as pessoas, nos perguntamos: como

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estabelecer uma integração frutuosa da dinâmica virtual em nossas relações? Como servir-nos bem dos meios informáticos nos relacionamentos?

Muitos solicitam dos superiores indicações e também preceitos disciplinares para regular o uso destes meios de comunicação, porque são preocupantes evidentes e frequentes consequências negativas: desde a simples perda de tempo até a formas de dependência e de distúrbio relacional (próximo com os distantes e distante com os próximos).16 São elencados deslizes no campo da castidade (consumo pornográfico, relações afetivas na internet…),17 da pobreza (despesas não autorizadas, gestão de contas escondidas…), da obediência (dependência dos outros e não dos superiores, desinteresse comunitário, comunidades virtuais alternativas…).

No Conselho geral, várias vezes se refletiu sobre esta exigência de orientação e o fruto foi a Nota sobre o uso dos Mass Media do Vigário geral, Pe. Achille Morabito, na perspectiva da formação inicial e permanente.18

Recordo que perguntei à já mencionada Ir. Joana Puntel se existia uma pedagogia, ou pelo menos algum esboço compartilhado de regras comportamentais-disciplinares sobre o uso dos meios informáticos. Respondeu que, pela própria natureza da comunicação digital, é praticamente impossível estabelecer regras disciplinares externas, comuns, eficazes e controláveis. As regras são indispensáveis, porém podem nascer somente da autodisciplina e, portanto, da formação pessoal no uso dos novos potentes meios para crescer e não para “enfraquecer” a própria personalidade.

Caros confrades, convidar à formação e ao uso positivo não ingênuo dos meios de comunicação virtual é a finalidade desta Circular. É um convite a refletir em vista de um caminho educativo que é novo para todos nós. A maioria se regula (e alguém se desregula) como pode. Estão surgindo também confrades competentes e experiências comunicativas positivas.19

O dito popular "dize-me com quem andas e eu te direi quem és" recorda-nos o quanto os nossos relacionamentos sejam determinantes na formação da personalidade

16 A ciberdependência (dependência da internet) é um problema já bem descrito e relevado estatisticamente. As pessoas que são afetadas por este mal são caracterizados por um desejo compulsivo de passar a maior parte do seu tempo na rede. É uma droga, não diversa do álcool ou da cocaína e, como no caso das substancias citadas, serve ao indivíduo para fugir à realidade. O emprego exagerado de Internet comporta a manifestação de distúrbios psicológicos, que às vezes chegam a verdadeiras e próprias desordens psíquicas. 17 Na vida cotidiana, as relações interpessoais comportam sempre dificuldade e também conflitos; na internet e nas redes sociais, de fato, as relações são organizadas entre semelhantes, selecionados por afinidade, e as diferenças de caráter ou as dificuldades interpessoais são “obscurecidas” pela distância, pelo anonimato: existe o risco de perder a alteridade, a tensão, o conflito, a integração, o progresso comunitário. A afinidade relacional pode se tornar íntima e também de natureza sexual. Um religioso e psicólogo, Giuseppe Crea, dedicou um artigo à Vida religiosa e dependência sexual na internet, “Vita consacrata”, 2004/2, p.171-182.18 Em Atti e comunicazioni, 62 (2008), p. 327-332. As Normas falam dos meios de comunicação social nos nn. 8, 76, 92, 105. O Itinerário Formativo Orionita, no capítulo “Formação humana”, trata “Sobre o uso dos meios de comunicação social”, n. 62-65.19 Algumas páginas de Congregação são bem feitas; www.donorione.org tornou-se uma pequena praça que recebe, a cada dia, a visita de mais de 1.000 pessoas, das quais uma boa metade são confrades, que desejam ter notícias da família orionita; existem páginas que, além de material espiritual e pastoral, oferecem a possibilidade de colóquio; o Centro Provincial das Vocações do Brasil Sul faz promoção e acompanhamento vocacional via internet; quantas vezes pude estar presente em reuniões e congressos falando em linha direta vídeo/voz de um lado a outro do mundo orionita; das nossas obras de Lindleya (Polônia), Claypole e Cordoba (Argentina), de Itapipoca (Brasil) e outras, são transmitidas a Missa e programas religiosos “ao vivo” pela internet; temos algumas páginas de formação profissional on line; acontecem já reuniões de secretariado em videoconferência. São muitos os serviços que estão utilizando esse recurso. Existe uma página polonesa (não orionita) - pogotowieduchowe ou seja, emergência espiritual – onde aparece o mapa com a lâmpada verde acesa dos sacerdotes que tem o telefone aceso e que pode ser chamado para exprimir os próprios problemas e necessidades.

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humana. Vale também para as relações virtuais. Influenciam na formação, na espiritualidade, na vida comunitária, no apostolado.

Bento XVI afrontou o tema do uso das redes sociais na sua Mensagem “Verdade, anúncio e autenticidade de vida na era digital” por ocasião da 45ª Jornada Mundial das Comunicações Sociais de 2011. O Papa evidenciou a positividade de tal instrumento que é “sinal de uma busca autentica de encontro pessoal com o outro conduzindo a novas formas de relações interpessoais".20 Reconheceu no uso das redes sociais uma via para responder à exigência profunda de comunhão, de participação ainda que na diversidade de lugares e de realidade de vida. É incalculável o material de foto, mensagens, informações e documentos de todos os tipos que cotidianamente, sobretudo as novas gerações compartilham entre elas e entre as diversas partes do mundo não obstante a distância geográfica. Existem sempre mais motivos para exultar pelas novas possibilidades comunicativas. Quando não prevalecem sobretudo as razões econômico-comerciais, a rede informática facilita um grande fluxo de conhecimento e de relações que podem fazer crescer a comunhão da família humana.

O Santo Padre, na mesma mensagem, faz presente também alguns riscos humanos na relação virtual: é possível encontrar interlocutores virtuais injustos e desonestos; existe o risco de refugiar-se numa espécie de mundo paralelo;21 pode-se atenuar a consciência e o compromisso para com o “próximo”.

Zygmunt Bauman,22 pensador polonês, grande observador crítico da sociedade moderna, alertou sobre algumas consequências produzidas nas relações humanas pela excessiva frequentação de relações virtuais. Observou que a relação virtual permite a cada pessoa de comunicar permanecendo estranha uma a outra, somente colocando continuamente uma máscara, sem envolver a própria pessoa, sem provocar uma interação real entre pessoas. E afirma que esta atitude comunicativa “volúvel como uma borboleta” acaba sendo aplicada também na vida cotidiana pela qual “um ambiente social vale se coloca as pessoas em condições de estar presente no lugar sem serem instigadas, pressionadas ou induzidas a tirar as máscaras, e ‘deixar-se ir’, expressar-se e confessar seus sentimentos íntimos e exibir seus pensamentos, sonhos e temores".23

Em outras palavras, na internet com um click se faz o logout (saída) e se interrompe o link (ligação). Este tipo de comportamento pode contaminar também as relações da vida real: se não me agrada, deixo; se me cansa, troco. Neste modo, porém, o próprio eu fica frágil e só; não existe progresso, crescimento humano. Não existe pertença e fidelidade. Chega-se, afirma ainda Bauman, a “uma comunicação feita de pura e simples afinidade que por força de tal motivo não é problemática, não exige nenhum esforço ou vigilância genuinamente ordenada".24

Isto acontece, por exemplo, quando alguém comunica muitíssimo em internet ou pelo celular com quem lhe é simpático e depois, em casa, nem mesmo saúda ou na mesa não tem nada a dizer. Em síntese, existe o risco concreto que o espaço dado às relações 20 Bento XVI, Mensagem “Verdade, anúncio e autenticidade de vida na era digital” pela 45ª Jornada Mundial das Comunicações Sociais, Cidade do Vaticano 2011.21 A esse respeito é significativo o fenômeno Second Life, um mundo virtual ao qual se acede mediante um programa gratuito que permite aos usuários, representados pela própria imagem (avatar), de interagir uns com os outros. Os residentes podem explorar, socializar, encontrar outros residentes e administrar atividades de grupo ou individuais, criar parcerias, casar-se, realizar projetos, comprar terrenos, construir, trabalhar e teletransportar-se no passado e viajar através das ilhas e das terras que formam o mundo virtual, cujos dados digitais estão arquivados e à disposição. Existem milhões de pessoas conectadas que vivem a sua Second Life. Cfr o artigo publicado em La Civiltà Cattolica, de Antonio Spadaro: «Second Life»: il desiderio di un’«altra vita», 2007/III, p. 266-278.22 Consideramos aqui as obras de Zygmunt Bauman, La modernità liquida, Editori Laterza, Bari, 2009 e La Società individualizzata, Il Mulino, Bologna 2010.23Zygmunt Bauman, La modernità liquida, Laterza, Bari 2009, p.105.24Idem, p.110.

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virtuais leve a satisfazer a própria necessidade de relações deixando poucas energias para as relações interpessoais reais, mais exigentes e mais humanizadoras.

UM DECÁLOGO DE ORIENTAÇÕES

É a tentativa de dar início a uma pedagogia de vida no mundo virtual, mediante algumas orientações práticas e praticáveis.

1. Valorize a comunicação informática.25 Conheça os novos meios de comunicação para poder dominá-los. Eles “estão «entre as coisas maravilhosas» - «inter mirifica» - que Deus colocou à nossa disposição para descobrir, usar, fazer conhecer a verdade, também a verdade sobre a nossa dignidade e sobre nosso destino de filhos seus, herdeiros do seu Reino eterno”.26 É preciso ser conhecedores dos problemas humanos ligados à comunicação virtual para preveni-los ou, pelo menos, para pedir ajuda. E não basta o uso e o consumo mas é preciso ambientar-nos no novo mundo virtual em que vivemos. Por isto será útil participar de iniciativas específicas de formação para a vida pessoal e apostólica no mundo virtual. “Os cristãos devem ter em conta a cultura mediática em que vivem” para “integrar a mensagem salvadora na ‘nova cultura’ que os potentes instrumentos da comunicação criam e amplificam”.27 A tal fim é preciso uma “vasta obra formativa para fazer com que os meios de comunicação sejam conhecidos e usados de modo consciente e apropriado”.28 De fato, “sem uma adequada formação corre-se o risco que os meios de comunicação, ao invés de estar a serviço das pessoas, as dominem e condicionem de maneira determinante”. “Formem-se os religiosos ao uso disciplinado e crítico dos meios de comunicação - diz a nossa Norma 76 – a fim de criar uma visão e um juízo amadurecido sobre a realidade e as necessidades do mundo moderno em que vivemos e poder assim lançar nele os valores evangélicos.”

2. Cultive a interioridade para não ter uma identidade frágil e superficial. A nova cultura apresenta uma visão fragmentada da realidade. A realidade e a verdade se encontram imersas no mar de tantas visões e verdades apresentadas como absolutas. A verdade é substituída pela opinião. A oferta indistinta de tudo e do seu contrário está ao alcance de um click. Os valores e os fatos de uma pessoa ou de uma instituição estão colocados em confronto com outros milhares, às vezes contraditórios. À página da Igreja se colocam ao lado muitíssimas páginas de igrejas, de religiões, de seitas e de “fábulas mundanas” (1Tm 4,7) e “artificiosamente inventadas” (2Pt 1,16). O relativismo é uma fácil consequência desta cultura e, com ela, a fraqueza de identidade pessoal. A comunicação virtual pode favorecer a superficialidade. Reserve para você tempos de silencio e de reflexão para fazer emergir a dimensão interior e transcendente da sua pessoa. A comunicação virtual é imediata e rápida nas mensagens. Coloque no seu projeto pessoal tempos (aparentemente) in-úteis ao fazer e ao dizer e úteis à contemplação e ao discernimento. A comunicação virtual oferece informações e opiniões de todos os tipos, todas num mesmo plano, contando mais com o efeito da impressão do que com a reflexão e análise sobre a realidade. Para vermos de modo

25 O Documento de Aparecida, da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e Caribi (2007)

dedica o n.486 a “Conhecer e valorizar esta nova cultura da comunicação” oferecendo indicações práticas.26 João Paulo II, Carta Apostólica de 24 de janeiro de 2005, O rápido desenvolvimento, 14.27 O rápido desenvolvimento, n.2 e 8.28 Ibidem, 11.

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claro, integra sempre os conhecimentos virtuais com a sua experiência pessoal, das pessoas e dos fatos.

3. Seja explorador e não nômade. O nomadismo é uma atitude típica que se desenvolve no mundo virtual. Na rede se navega, se explora, se está sempre em movimento entre uma página e outra, de um mundo para o outro. É bonito e pode se tornar um problema. O nomadismo da rede pode se tornar também um estilo de vida: se passa com facilidade de uma experiência para outra, de uma adesão a outra. Seja explorador que tem uma própria identidade (casa, afetos, projetos) e não um nômade que tem somente a si mesmo, aqui e agora. O nomadismo leva à indiferença, à solidão, ao abuso, à prevaricação.

4. Comunique o que sabe. Nós comunicamos sobretudo aquilo que somos. Pode-se então ser grandes usuários e especialistas da comunicação virtual, mas transmitir a própria mediocridade e mesquinhez ou então a honestidade e a vida bonita. Na internet existem muitas páginas e blogs de Congregação. Neles, estamos comunicando o nosso estilo de vida e os nossos “amores”. Estamos comunicando a opção radical por Deus e pelo Senhor Jesus? Exprimimos a fraternidade comunitária, a opção pelos pobres e desamparados, a confiança na Divina Providência e a esperança, a beleza da caridade? No mundo virtual não basta comunicar o Evangelho e o carisma como se fosse uma ideologia, como uma máscara, um look, um avatar.29 O nosso atrativo (client appeal) também virtual está no testemunho de “seguir Cristo mais de perto” e de “conduzir os pequenos, os pobres, o povo à Igreja e ao Papa, para Instaurare omnia in Christo, mediante as obras de caridade”. Então, ser bons religiosos orionitas na vida é, de um ponto de vista comunicativo, muito mais importante do que todas as páginas web, rádio, televisões ou jornais que podemos ter, porque de fato comunicamos o que somos. Somente se o testemunho de vida é autentico, a comunicação mediática pode suscitar fascínio para com o Senhor (evangelização) e para com a vida orionita (vocação).

5. Eduque a sua vontade para o bem. As redes sociais (social network) tornaram possível a interatividade aberta, contemporaneamente e em lugares, além dos muros da casa da comunidade e da obra. Na internet, podemos ir onde quisermos e com quem desejarmos.30 Não é preciso pedir permissão e nem mesmo avisar. Não existe o superior ou o confrade que pergunta “onde você vai?”, “o que você fez?”. Não existe outro controle senão o da própria responsabilidade pessoal. Por isso, ilumina a razão e educa a vontade para o bem desde a formação inicial, e depois permanentemente, porque no mundo dos meios pessoais você tem a possibilidade de fazer o que quiser. Também o mal. Tenha consciência que o virtual não é fictício, falso... mas as tuas ações e relações virtuais são humanamente e moralmente relevantes.

6. Administre e ordene o tempo. Notamos que, estatisticamente, está aumentando o tempo ocupado pelos jovens e adultos com os meios informáticos. Também por nós religiosos. Consequentemente, uma outra orientação diz respeito à gestão do tempo da própria vida. O recente Capítulo geral menciona “o uso impróprio dos celulares,

29 O avatar é uma imagem escolhida para representar a própria identidade nas comunidades virtuais, lugares de agregação, discussão, ou de jogo on-line. O termo foi popularizado por um filme de grande sucesso.30 Conservo na memória a cena vivaz e simpática dos 6 noviços de Velletri e do Padre Mestre na sala de informática de Villa Borgia. Aproximei-me algumas vezes: cada um no computador, fones de ouvido microfone, alguém falava em italiano, outro em espanhol, até em romeno, alguém num tom sério e confidencial, alguém brincando em alta voz, um falando com a família, outros com os amigos... Não era uma recreação no pátio (que um tempo acontecia!) mas me encontrava no meio de uma praça mediática mundial.

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computadores, TV” ente os “elementos de distúrbio e de compensação da relação fraterna” (n.37). Os horários e os compromissos comunitários podem ser anulados: de fato, você pode telefonar, chatar, navegar enquanto você está na mesa de refeições, ou no trabalho, na cama ou... até na igreja. É impossível dar regras iguais para todos, mas é indispensável que, pessoal e comunitariamente, se estabeleçam as prioridades e se administre o tempo colocando ordem e projeto na própria vida.31 O tempo é vida. Na gestão do tempo manifestemos quem somos e que estilo de vida vivemos.

7. Seja pessoa transparente. Ser pessoa significa dizer e manifestar a própria identidade individual, cristã, religiosa e orionita. Nas relações virtuais é possível prescindir e também esconder a própria identidade pessoal. Na internet e nas redes sociais, evite o passo falso e fatal de cultivar relações no próprio anonimato e dos outros, o uso de máscaras e de avatar substitutivos: todo contato aconteça a partir do reconhecimento de um rosto e de uma identidade pessoal. São nefastas as consequências de uma second life (outra vida, outra personalidade) virtual que duplica e desintegra a personalidade. Ser pessoa transparente no mundo virtual significa depois – tomo as palavras de Bento XVI - "testemunhar com coerência o próprio perfil digital e no modo de comunicar, escolhas, preferencias, juízos que estão em profunda coerência com o Evangelho, também quando dele não se fala de forma explícita".32 Não devemos ser hipócritas ou exibicionistas em nossas páginas pessoais, blogs, e-mails, videoconferências, nem mesmo com finalidade de bem: “o vosso comunicar seja ‘sim sim’ e ‘não não’ ” (Mt 5,37).

8. Busque a experiência além da informação. Perde-se tanto tempo e recursos para a comunicação de todos os tipos e, mais ainda, naquela de tipo informático. O que é comunicado frequentemente não é recebido; o que se recebe às vezes não se torna reflexão fecunda; aquilo sobre o qual se reflete com frequência não se torna vida. Como quebrar esta corrente de infrutuosidade que desencoraja a comunicação? Pe. Pascual Chavez, reitor maior dos Salesianos, escrevendo sobre as “novas fronteiras da comunicação social”, recordou o dito popular “não se faz omelete sem quebrar ovos”.33 A riqueza nutritiva de um omelete está incluída dentro do ovo. É evidente que se se deixa inquebrável o ovo, ele nunca se tornará um alimento delicioso e nutritivo; pelo contrário, antes ou depois, se apodrece, o seu conteúdo se torna desagradável e é jogado fora. O ovo é a vida concreta, é a experiência real. Pela quebra da casca da comunicação é preciso fazer sair a experiência de vida. A bondade do omelete – seja elaborada com uma página de internet, uma pregação, uma lição de catecismo, um documento do Capítulo ou a Circular do Geral -, depende sempre da bondade da experiência da qual provém. É preciso porém quebrar a casca, ir para o que está dentro, com a reflexão e o confronto para fazer sair dele o conteúdo. Não basta o olhar ou um juízo superficial para transformar a informação em nutrimento.

9. Integre o contato virtual com o contato direto e físico. Certamente o mundo virtual não é paralelo mas é parte da realidade cotidiana. E será assim cada vez mais.34 É parte do tecido da existência. É parte, não é tudo. É uma oportunidade nova e potente

31 A única regra comum de Congregação que sinto o dever de recordar é aquela de deixar o mundo virtual fora do próprio quarto, reservado à intimidade pessoal, ao silencio e ao repouso. As motivações que levaram a proibir a televisão no próprio quarto são as mesmas, e hoje mais urgentes, que devem excluir o uso dos meios de comunicação informáticos do quarto. 32 Bento XVI, “Verdade, anúncio e autenticidade de vida na era digital”, cit.33 Trata-se da Circular “Com a coragem de Dom Bosco nas novas fronteiras da comunicação social” de 24 de junho de 2005; Atti del Consiglio Generale n.390.34 Mais uma vez refiro-me a Bento XVI, “Verdade, anúncio e autenticidade de vida na era digital”.

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de informação e de diálogo para reforçar as relações. Integre porém as relações virtuais nas relações diretas e físicas com as pessoas e a natureza.35 Bento XVI convida a autodisciplina e ao equilíbrio porque "é importante recordar sempre que o contato virtual não pode e não deve substituir o contato humano direto com as pessoas em todos os níveis da nossa vida".36 Os meios de comunicação se tornam uma tentação quando nos distraem dos relacionamentos cotidianos, de casa, daqueles que nos foram dados pela Providencia e pela obediência, oferecendo-nos aqueles virtuais; não aqueles que exigem sacrifício mas aqueles que dão prazer; não aqueles conjugais (de comunidade e de apostolado) mas aqueles que escolhemos nós, mais atraentes, menos exigentes, que podemos afastar quando queremos com um simples click ou colocando o endereço no cestinho de lixo ou entre os spam. Não aconteça que alguém dedique mais tempo à comunidade de facebook, ou similares, que à própria comunidade. Devemos estar atentos em colocar hierarquia e prioridades em nossas relações para evitar distorções e cairmos numa má nutrição relacional.37

10. “Lancem as redes” (Jo 21, 6)38 ou, para dizer com Dom Orione, “Façamos o sinal da cruz e lancemo-nos no fogo dos tempos novos” do mundo virtual. A rede virtual é um novo âmbito de vida e de apostolado, “diz respeito a nós”. Não deve ser demonizada.39 Certamente devemos conhecer os problemas, respeitar os riscos, mas com Dom Orione devemos ter uma atitude “apostolicamente confiante”, “nem presuntuosos nem cordeirinhos”,40 mas “com critérios e espírito largo. Todas as boas iniciativas sejam em veste moderna, sob a condição de semear e arar Jesus Cristo na sociedade”.41 Papa Bento XVI, que não usava nem mesmo a máquina de escrever, impulsionou a entrar no mundo digital para “introduzir na cultura deste novo ambiente comunicativo

35 Neste sentido é útil a leitura de Jonah Lynch, Il profumo dei limoni. Tecnologia e rapporti umani nell’era di Facebook, Lindau, Torino, 2011. “O que tem a ver os limões com a tecnologia?”, pergunta o autor. “Um limão colhido na árvores com a casca áspera. Se você raspa um pouquinho o limão sai um óleo perfumado e improvisamente a superfície se torna lisa. E depois tem aquele suco ácido, tão bom sobre uma costelinha de porco, nos drinks e no chá quente! Tato, olfato, gosto. Três dos cinco sentidos não podem ser transmitidos através da tecnologia. Três quintos da realidade, 60%. Este livro é um convite a fazer caso disso”.36 Mensagem “Verdade, anúncio e autenticidade de vida na era digital”, cit.37 Sobre isto eu já escrevi na Circular “Il Signore sa che ci siamo”: Atti e comunicazioni 2010, n.233, p.235-248.38 Jo 21, 6; a rede virtual é um novo âmbito de apostolado. 39 Pode valer como exemplo a atitude de Dom Orione perante o avançar da “época da democracia” que, no início do séc. XX, trouxe estragos, fechamentos e temores, também num certo âmbito do mundo católico, levado a demonizar o fenômeno como algo proveniente das forças do mal. Dom Orione, em 1905, escreve: "A democracia avança com novas necessidades e novos perigos. Não tenhamos medo, porém, mas sejamos, por caridade, gente de fé ampla e de novos horizontes, se desejarmos ser as pessoas do nosso tempo: a democracia avança, é preciso acolhe-la com amizade, encaminhá-la para o seu fim, cristianizá-la nas suas fontes, que são a juventude"; Nos Passos de Dom Orione, p. 217. Algo assim não deveríamos fazer na época da cibercultura e do mundo virtual?40 Dom Orione definia melhor esta expressão dizendo “não quero gente fraca; pequena de cabeça e de coração, destituída de uma sã, moderna, necessária e boa iniciativa, privada da necessária coragem!”. Veja-se também Nos passos de Dom Orione, a reflexão sobre as características da nossa caridade apostólica: bem preparados culturalmente, audácia e caráter empreendedor, criatividade e disponibilidade para a ação, laboriosidade, inteligência e modernidade nos meios e nos métodos, p.175-185. 41 Reconhecemos imediatamente a marca de Dom Orione nestas expressões; Scritti 79, 300. Falando do uso de jornais e rádio, Dom Orione escrevia, em 21 de agosto de 1935, de Buenos Aires: "Vejam, que se pode e se deve ser moderníssimos sem ser modernistas. E assim devemos ser: valer-nos de todas as descobertas da ciência para difundir a palavra de Deus e o bem", Scritti 18, 133. Evidentemente, este não é um encorajamento à vaidade e ao desperdício nas compras dos meios informáticos induzidos pelo comércio. É sempre o motivo apostólico que deve guiar as nossas opções dos instrumentos.

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e informático os valores sobre os quais se apoia a nossa vida. Nos primeiros tempos da Igreja, os Apóstolos e os seus discípulos levaram a Boa Nova de Jesus para o mundo grego romano: como então a evangelização para ser frutuosa exigiu uma atenta compreensão da cultura e dos costumes daqueles povos pagãos no intento de tocar as suas mentes e os seus corações, assim agora o anúncio de Cristo no mundo das novas tecnologias pressupõe um profundo conhecimento deles para chegar a uma adequada utilização”.42 O que podemos fazer como Orionitas, pessoal e institucionalmente, para ser “faróis de fé e de civilização”, para comunicar o Evangelho e a experiência da nossa vida orionita mediante as novas linguagens? Ocorrerá ambientar-nos no novo mundo virtual no qual vivemos. Todo missionário aprende a língua do lugar para o qual vai, porque é condição indispensável para a sua missão. O uso da comunicação virtual é necessário para a nossa missão no mundo virtual em que vivemos. Diversamente, nos sentiremos tímidos e medrosos, fora de lugar e fora de época. Considero que se deva encaminhar alguma iniciativa de confronto e de formação entre religiosos e leigos orionitas que estão utilizando os instrumentos informáticos como forma de apostolado.43

Caros Confrades, concluo convidando a todos para ser missionários imigrantes no mundo virtual, onde missionários é substantivo e imigrantes é adjetivo. Para dizer que se um é missionário verdadeiramente, sabe enfrentar o desafio de fazer-se imigrante pelo Evangelho. Pe. Marabotto na Polônia, Pe. Zanocchi na Argentina, Pe. Pattarello no Brasil, Pe. Genovese no Chile, Pe. Mugnai na Costa do Marfim, Pe. Piccoli nas Filipinas, e tantos outros, são hoje recordados como grandes missionários e fizeram tanto bem ainda que jamais tenham falado bem a nova língua e tiveram dificuldade de inculturação.

Isto vale também para nós. O principal motivo pelo qual entramos na rede e imigramos no mundo virtual deve ser o zelo missionário e não a diversão ou o passatempo ou, pior ainda, o ócio. Dom Orione, 100 anos atrás, não mandou os seus religiosos para fazer um cruzeiro turístico no Brasil, primeiro, e depois em outros países, mas os impulsionou a um árduo empreendimento missionário. E empreendimento missionário foi, cujos os frutos permanecem hoje. Recordemos que o êxito dos missionários é medido pela vocações nativas suscitadas. Assim o êxito nosso de religiosos maduros, imigrantes no mundo virtual, é medido pela paixão missionária que transmitimos aos nativos virtuais.

Sinto e quase vejo, depois de um breve passeio pelas estradas da web, as palavras de Dom Orione pronunciadas no Chaco argentino, referidas agora ao mundo virtual e a quanto aí se encontram: “Aqui, a maior parte dos jovens são filhos naturais… multos devem ser batizados; a corrupção dos costumes é assustadora. Aqui estão os protestantes, os hebreus, os mercadores que se enriquecem dos bem terrenos e que por causa da riqueza aqui estão, e não estará o sacerdote para as almas?”.44

CONCLUINDO

O quadrimestre janeiro – abril apenas terminado foi caracterizado pela mudança na Cátedra de Pedro, em Roma, entre o Papa Bento XVI e Papa Francisco. Quantos pensamentos, quantos sentimentos foram expressos. Quero agradecer ainda a cada um: creio que todos nós tivemos uma ulterior confirmação de que é o Senhor Jesus, mediante o

42 Mensagem “Verdade, anúncio e autenticidade de vida na era digital”, cit.43 A Norma 92 recorda que “Para ser apóstolos tornam-se necessárias preparação e contínua atualização quer nos princípios quer nos métodos e meios” e que “o sábio uso dos meios de comunicação social pode oferecer grandes vantagens”.44 Scritti 50, 25.

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Espírito Santo, que guia e conduz a sua Igreja. Agora nos conformamos em pensamentos, desejos, estilos e ensinamentos ao Papa Francisco.

Para as rotineiras notícias de família encaminho todos à leitura do Panorama orionita e convido, mais uma vez, a visitar o site www.donorione.org que pode ser lido também recorrendo ao tradutor instantâneo (também isto existe) nas diversas línguas.

Aqui recomendo ainda às orações de todos os sufrágios pelos caríssimos Confrades Pe. Edgard De Jesus Florentino e Pe. Fioravante Agostini, que o Senhor chamou para si nestes últimos quatro meses, e sobre os quais temos mais notícias no Necrológio destes mesmos Atti.

Duas pessoas defuntas, tão beneméritas também pela colaboração prestada às nossas casas, são Maria Discipula Crucis e Inezia Da Dores Santos, consagrada do ISO de Ouro Branco (Brasil).

Entre os parentes, faleceram os pais de Pe. Krzysztof Wojtynia e de Pe. Jean Baptiste Komi Dzankani; as mães de Pe. Jerzy Pawlowski, do Diác. Cristiano Castellaro e de Frei Geraldo (Rogelino Oliveira Brito); o irmão de Pe. Luciano Degan, de Don Andrea Scaglia, de P. Juan Sinforiano Pereira Lopez e do Cl. Márcio Alexandre Calais de Jesús, e enfim a irmã de Dom Giovanni D’Ercole.

Confiamos à bondade do Senhor todos os nossos Amigos, Benfeitores, Ex-alunos defuntos que contribuíram para o bem da Pequena Obra.

Um pensamento e uma oração especial também por todos os nossos doentes e anciãos: Nossa Senhora e São Luís Orione obtenham para eles a graça de aceitar e de oferecer os seus problemas a Jesus, para depois com Ele participar à alegria sem fim.

Do irmão e pai em Cristo e em Dom Orione,

Pe. Flávio Peloso, PODP superior geral