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Para a construção de um Plano Educativo do Concelho de Almada de prevenção e redução do insucesso escolar nos primeiros anos de escolaridade 1 De que falamos quando falamos de insucesso escolar Das necessidades de resposta A prevenção: construir um projeto pessoal de leitor Os menos de 6 anos Dar significado às práticas escolares Os primeiros anos do Ensino Básico Adolescentes em risco Formar para a vida ativa e para a cidadania (re) alfabetizar Potencialidades para uma estratégia no Concelho de Almada A comunidade Educativa; A literacia nas atividades promovidas pela CMA; Instituições na comunidade; Associativismo; Voluntariado: seniores e jovens; Instituições de Ensino Superior em Almada Vetores para uma estratégia no Concelho de Almada OBJETIVOS; Abordagem territorial;

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Para a construção de um Plano Educativo do

Concelho de Almada

de prevenção e redução do insucesso escolar

nos primeiros anos de escolaridade

De: Lucília Salgado

([email protected])

1

De que falamos quando falamos de insucesso escolar

Das necessidades de resposta

A prevenção: construir um projeto pessoal de leitor

Os menos de 6 anos

Dar significado às práticas escolares

Os primeiros anos do Ensino Básico

Adolescentes em riscoFormar para a vida ativa e para a cidadania

(re) alfabetizar

Potencialidades para uma estratégia no Concelho de Almada

A comunidade Educativa; A l iteracia nas atividades promovidas pela CMA; Instituições na comunidade;

Associativismo; Voluntariado: seniores e jovens; Instituições de Ensino Superior em Almada

Vetores para uma estratégia no Concelho de Almada

OBJETIVOS; Abordagem territorial; Envolvimento da comunidade educativa: escolar, da CMA, dos

serviços públicos, associativa; voluntária (seniores e jovens).

Organização de uma estratégia no Concelho de Almada

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Se não é fúria a razão

Se toda a gente quiser,

Um dia hás-de aprender!

Haja o que houver!

José Afonso

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Caraterísticas sociológicas do insucesso escolar

Fenómeno

Massivo Seletivo Precoce Cumulativo

Ana Benavente

Para a construção de um Plano Educativo do

Concelho de Almada

de prevenção e redução do insucesso escolar nos primeiros anos de escolaridade de

A conferência de Lisboa (2000) anunciou aquilo que os estudiosos vinham evidenciando: o desenvolvimento social e, sobretudo económico, depende do nível educativo dos cidadãos, sobretudo dos seus conhecimentos, salientando que se trata de saberes de todo o tipo e não apenas dos habitualmente referentes ao mundo do trabalho. Ignorar ou

recusar esta constatação seria aumentar a exclusão social expressa através do desemprego e, sabemo-lo melhor agora, do insucesso escolar com as consequências que acarreta em termos de desenvolvimento pessoal e social e de cidadania. Participar na sociedade atual, ser um cidadão ativo usando adequadamente os seus direitos, implica domínio e acesso ao conhecimento socialmente produzido, à sua manipulação, à sua produção.

A constatação de cidadãos, às vezes com 10 anos de escolaridade, não conseguirem extrair o sentido de um texto escrito necessário ao seu quotidiano (competência literacia) assim como as elevadas taxas de insucesso escolar em países com a escolaridade obrigatória1 revelou a dificuldade dos sistemas educativos conseguirem responder, por si só, à diversidade dos problemas sociais que se concentram na escola. A necessidade do recurso a outras instituições, a outros atores sociais é correntemente expresso por escolas para poderem reduzir o problema do insucesso escolar.

De que falamos quando falamos de insucesso escolar Ana Benavente, já nos anos 80, falava de um fenómeno massivo: calcula-se que, em Portugal, cerca de 60% das crianças reprove pelo menos um ano durante os 9 da escolaridade básica com as consequências de toda a ordem que o problema acarreta, sobretudo de desmotivação, na maior parte dos casos.

O fenómeno revelou-se seletivo porque são crianças dos meios sociais mais baixos na escala social que são afetadas por este problema. Crianças dos meios ditos populares. De facto, hoje podemos ir mais longe e precisar que são originários dos meios de baixas qualificações escolares.2

1 Referimo-nos sobretudo a Portugal onde a escolaridade obrigatória decretada apenas conseguiu criar condições para todas as crianças frequentarem a escola do 1º ciclo apenas em 1975. 2 Não nos referimos às crianças portadoras de deficiência uma vez que outras variáveis se inscrevem no seu diagnóstico e são apoiadas por técnicos com formação especial para o efeito.

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Meireu considera necessário distinguir se o aluno se encontra

Em dificuldadeQuando não compreende algo que uma explicação resolva.

Em insucesso Quando não tem “bases”. Como acontece com os baixos níveis de literacia

Em exclusãoQuando evidencia outros problemas de natureza social ou familiar que necessitaria de apoio dito social.

Portugal é sem dúvida o país da União Europeia com mais baixas qualificações escolares. Deve-se, sobretudo, ao facto de só em 1975 termos criado condições para ter todas as crianças a frequentar o 1º ciclo do Ensino Básico. Passaram apenas 40 anos. Como consequência, muitas famílias, apesar de terem desenvolvido muitas competências ao longo da vida, não perceberam o interesse da escola para os seus filhos, nos nossos dias e têm, muitas vezes para eles, projetos irrealistas ou que não passam pela escolarização. O envolvimento na escola dos filhos é fraco e não permite a motivação e o acompanhamento emocional que a escola exige. Por outro lado estas famílias não utilizam a leitura e a escrita no seu quotidiano o que dificulta a sua aprendizagem pelas crianças.

O insucesso escolar é ainda um fenómeno precoce. Acontece nos primeiros anos de escolaridade3. Embora as taxas de retenção andem à volta de 10% no 2º ano de escolaridade tal fator deve-se, muitas vezes, a razões administrativas porque sabemos que cerca de 60% das crianças entra no 2º ciclo com um nível de literacia que não lhes permite enfrentar uma escolaridade com sucesso. A Esta situação de morbilidade acaba por arrasta-se durante toda a escolaridade básica até chegar a reprovação.4

É também um fenómeno cumulativo. Quem repete tem tendência a repetir. Sobretudo porque não é feito um diagnóstico efetivo das razões de reprovação das crianças. No 2º ciclo seria fácil verificar, muitas vezes, que o não estudo e a dificuldade de responder a testes, até de matemática, provem do facto de não entenderem o que está escrito.

Das necessidades de resposta

A prevenção: construir um projeto pessoal de leitor

Os menos de 6 anos

Este quadro mostra-nos a prevenção como a necessidade mais importante a responder no combate ao insucesso escolar. O facto de se tratar de um fenómeno precoce impele a que a que a sua prevenção seja também precoce. Antes mesmo da entrada para a escola a criança

3 Uma das áreas mais importantes é a literacia emergente: a descoberta da literacia pela criança em idade pré-escolar. A criança, nesta idade, deverá i)criar a necessidade e a vontade de ler, ii) deverá descobrir a funcionalidade da leitura e da escrita (onde se lê, como se lê, para que se lê – e escreve –) e iii) ir também descobrindo como se organiza a escrita, como se escreve (forma silábica) o que os autores chamaram as conceptualizações sobre leitura e escrita. Esta fase é fundamental para a criação de um bom leitor, condição essencial para a aprendizagem da leitura necessária ao sucesso de toda a escolaridade.4 De acordo com o relatório do Haut Conseil de l’Éducation, em França, 2007, 40% das crianças que entrava no 2º ciclo do Ensino Básico “não lia, lia lentamente, lia com dificuldade, não entendia o que lia” o que lhes dificultava uma escolaridade com sucesso. Em França entra-se no 2º ciclo no 6º ano de escolaridade (e não no 5º como em Portugal) e todas as crianças tiveram pelo menos um ano de educação pré-escolar. Ligando ao número de reprovações no 2º ciclo do EB poderemos aventar que cerca de 60% das crianças portuguesas entra no 2º ciclo sem as competências de leitura que lhes permita enfrentar uma escolaridade com sucesso. http://www.hce.education.fr/gallery_files/site/21/40.pdf

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desenvolverá a literacia emergente em atividades em que entre funcionalmente a leitura e a escrita, em interação com adultos para si significativos.5

Na creche6 as crianças aprenderão a gostar do livro e a utiliza-lo funcionalmente de modo a que venha a ser o seu brinquedo preferido.

Nos Jardins-de-Infância , e de acordo com as Orientações curriculares : para a educação pré-escolar, nas Atividades de Animação e Apoio à Família, nas Bibliotecas e noutras instituições da comunidade, as crianças7, antes de iniciarem a escolarização, para além de desenvolverem componentes lexicais e semânticas a nível oral, deverão criar a)a necessidade e a vontade de ler, b) desenvolver representações sobre a funcionalidade da leitura e da escrita e c) desenvolver concetualizações sobre a leitura e a escrita. Construir um projeto pessoal de leitor.

Também seria importante que os pais de baixas qualificações escolares fossem ajudados a criar um projeto de escolarização para os seus filhos8 e apoiados no desenvolvimento da literacia familiar9.

O envolvimento dos pais de baixas qualificações escolares em atividades expressas de Educação de Adultos desenvolve as competências referidas na sua vida familiar com os seus filhos.

Como este tipo de pais não frequenta habitualmente as atividades das Associações de Pais é necessário encontra-los nos seus contextos informais. Seriam atores a envolver, com este objetivo, os técnicos de saúde, sobretudo da consulta de planeamento familiar; os técnicos dos serviços sociais que prestam apoio às famílias; os técnicos e animadores de associações locais em que a população participe; os técnicos de serviço de cuidados à primeira infância (creches e amas) onde as crianças estão integradas.

Dar significado às práticas escolares

Os primeiros anos do Ensino Básico

Quando as crianças não têm oportunidade de construir o seu projeto pessoal de leitor, na maior parte das escolas10, deparam-se com dificuldades desde o primeiro dia de aulas. As letras nos manuais escolares aparecem-lhes sem significado. O “pa, pe, pi, po, pu “ não faz qualquer eco no

5 Como acontece com as crianças oriundas de meios sociais e famílias onde se lê e escreve correntemente.6E nas amas quando existem. 7 Também em atividades de voluntariado poderiam ainda ser envolvidos em práticas com intencionalidade de literacia os seniores e os jovens.8 Para reconhecerem a importância da escolarização na sociedade atual, compreenderem melhor as regras, o funcionamento e os códigos dos contextos escolares e a sentirem-se mais à vontade no diálogo com os filhos, com os seus professores e com a escola. Até para perceberem as dificuldades dos filhos na escola atual. 9 O ambiente de Literacia vivenciado na família pode ser determinante no desenvolvimento das competências e hábitos de leitura e escrita das crianças. Estas competências podem ser desenvolvidas em atividades conjuntas quer com um cariz lúdico, utilitário ou de ensino: realizando práticas de leitura e escrita com o filho; mostrando satisfação e prazer na leitura e escrita, mostrando às crianças os adultos como modelos; criando na família ambientes de literacia; desenvolvendo hábitos de leitura de histórias; criando práticas lúdicas de literacia familiar, práticas de literacia familiar no dia e práticas de literacia familiar ligadas às aprendizagens escolares.10 Felizmente existem já muitas escolas do 1º CEB com práticas inovadoras de iniciação à leitura e à escrita. Referimos, sobretudo, às que partem dos conhecimentos prévios das crianças e com elas interagem ou que acabam por desenvolver com eles o seu projeto pessoal de leitor à medida que vão descobrindo a leitura, aprendendo a ler (Margarida Alves Martins & Margarida Castro Neves, Descobrindo a linguagem escrita). De uma forma organizada, referimos os professores do Movimento da Escola Moderna que completa este ano já 50 anos em Portugal.

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seu universo cognitivo. Apenas ligados aos manuais e sem qualquer representação sobre a funcionalidade da leitura e da escrita e sem terem tipo oportunidade de desenvolver concetualizações neste domínio, dificilmente conseguem ir procedendo às tarefas cognitivas que a leitura e a escrita implicam. Estas crianças começam a sentir-se perdidas, por vezes infelizes11.

Trata-se de lhes oferecer atividades onde a leitura e a escrita entre com significado. Digamos que as crianças vão ter de realizar algo que querem, que lhes interessa, que têm como objetivo e, para o conseguirem terão de utilizar a leitura ou a escrita. Ter acesso a uma história que está escrita, construir algo (até uma receita de cozinha) recorrendo a instruções escritas…

Trata-se de realizar projetos com estas crianças, que lhes interessem efetivamente, utilizando a leitura e a escrita, por ser mesmo necessário fazê-lo. Envolvendo cada criança nessa atividade real.

São estas atividades e projetos que se propõe que sejam realizados nos mais diversos contextos. Existem hoje muitos projetos nas comunidades mas onde se faz a economia da leitura e da escrita dizendo, generosamente, que as crianças não gostam de ler. Há outros projetos de leitura mas não envolvem muitas destas crianças. O animador regula-se por uma ou outra criança mais ativa não se apercebendo que algumas das outras não estão a seguir. Muitas vezes dizem que se portam mal e não entendem que a desmotivação se deve a não conseguirem acompanhar o que se passa. O que se pretende é modificar este estado de coisas, fazendo os interventores socais neste domínio ganharem consciência do défice de literacia da maior parte das nossas crianças ajudando-as a inserir-se no mundo escrito.12

Adolescentes em risco

De acordo com os nossos cálculos, cerca de 60% das crianças entra no 2º ciclo sem as competências mínimas para aguentar uma escolaridade com sucesso. Estas crianças deverão ter uma resposta não se podendo partir do princípio que aprenderam no 1º ciclo. Os resultados das provas aferidas foram mostrando que quase metade das crianças terminava o 1º ciclo com nível negativo nestas provas. Mais. Estudos específicos demonstram que as crianças que não têm os níveis A e B nessas provas13 (cerca de 75% de resultados certos) reprovam pelo menos um ano até ao 9º devido, maioritariamente, a não terem o nível de literacia necessário – não percebem os

11 Fernanda Leopoldina Viana, da Universidade do Minho diz que estas crianças lhe começam a aparecer na consulta passando a desenhar a figura humana sem pernas. Repare-se que estas crianças foram, até então, normais nas suas famílias e comunidades aprendendo tudo sem dificuldade. Surge-lhes agora uma situação em que não sabem como proceder, não entendem. Digamos que estão perante uma oferta educativa que lhes é inadequada. Existe um gap entre o que sabem e o que querem agora que aprendam. Digamos que é esse gap que se procura eliminar nas intervenções que nos propomos fazer fora do contexto escolar. 12 Existem algumas atividades/mini projetos já testados neste domínio e outros que podem ser inventados em cada contexto. Por exemplo: Ciência e Literacia: propõe-se às crianças a realização de uma atividade experimental – o que lhes agrada muito – mas, para tal, terão de preencher uma requisição para ir buscar os materiais e ingredientes de que necessitam, deverão ler o protocolo da experiência para a realizar, deverão escrever um pequeno relatório (muito simples) para depois exporem aos outros o que aconteceu no seu grupo. Música e Literacia: as crianças farão a recolha gravada de uma canção junto de um familiar ou de alguém da comunidade. O animador escreve à frente das crianças o texto que vai sendo ouvido passo a passo – muitas crianças ficam então a saber que o escrito provem do oral! – vão reparando, com as rimas, que o que se ouve se escreve sempre da mesma maneira (consciência fonológica) e, por fim aprendem a cantar a canção como tinha previsto o animador musical. Decoram então globalmente algumas palavras, o que é fundamental para a leitura fluente. Como se pode ver trata-se de introduzir intencionalidade pedagógica de literacia em muitas atividades que já se realizam. 13 O nível C destas provas, que é considerado positivo, não chega ainda para definir o nível de literacia necessário.

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manuais para estudar, não entendem os testes para responder… E muito raramente as escolas têm consciência deste diagnóstico e propõem atividades que ajudem a recuperar este défice.

Formar para a vida ativa e para a cidadania

Algumas destas crianças, com níveis insuficientes de literacia, já possuidoras dos rudimentos técnicos da escrita, desenvolverão a literacia inseridas em projetos que as interessem verdadeiramente. A pedagogia de projeto implica que a criança saiba perfeitamente o que quer resolver e organize etapas para lá chegar. Aprenda a antever – condição prévia da gestão! Irá então gerir a sua atividade e a aprendizagem necessária para ser capaz de resolver o seu problema – atingir o seu objetivo. Esta metodologia, em adolescentes, responde ainda ao objetivo de formação para a vida ativa e para a cidadania.14

(re) alfabetizar

Outras crianças encontram-se num nível de literacia ainda mais baixo. As técnicas da leitura passaram-lhes mesmo ao lado. A estas crianças, hoje adolescentes (ou quase) não poderá repetir-se o que já foi feito uma vez que se verificou não ter funcionado. Acompanhando o trabalho de projeto, será necessário desenvolver os objetivos da literacia emergente – criação da necessidade e da vontade de ler, desenvolvimento da funcionalidade e das concetualizações da leitura e da escrita – adaptada à sua idade e, para a alfabetização propriamente dita, utilizar o método Paulo Freire de educação de adultos. Aprender a ler através de palavras que tenham, para cada um, significado real.

14 Constitui também uma formação para o mundo do trabalho (e para a cidadania) antecipando a formação profissionalizante e respondendo à tão propagada formação para o empreendedorismo. Aprender a fazer um projeto pessoal parece ser hoje condição necessária para a resolução de problemas pessoais e sociais. O desenvolvimento da Literacia apareceria inserido nesta perspetiva transdisciplinar.

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Potencialidades para uma estratégia no Concelho de Almada

Propõe-se uma estratégia de intervenção que permita às crianças e jovens de Almada adquirir uma formação que lhes permita desenvolver-se enquanto cidadãos participativos e conseguir enfrentar uma escolaridade com sucesso.

Deste modo, a nossa preocupação será de: evitar a entrada em insucesso escolar (prevenção), de dar significado às práticas escolares durante o processo de aprendizagem e, conseguir uma nova oportunidade para as crianças e adolescentes que tiveram dificuldades em inserir-se no processo escolar (baixos níveis de literacia à entrada no 2º CEB).

Embora em estreita colaboração com a Escola, as atividades a desenvolver situam-se fora dos contextos escolares, em quadros comunitários. O seu impacto far-se-á sentir através da resolução de problemas que dificultariam as aprendizagens das crianças, dentro e fora da sala de aula.

Serão também objetivo de intervenção os pais15, mães e familiares destas crianças de modo a mobilizá-los para o seu envolvimento no processo de escolarização dos filhos e apoiá-los no desenvolvimento da Literacia Familiar.16

O apelo ao apoio de instituições exteriores à escola, não se confina a decisões de teor apenas de carater administrativo mas sim de intervenção junto das crianças e jovens e respetivas famílias. Estas instituições comunitárias serão o principal recurso neste processo.

A comunidade educativa Assim, o principal parceiro será a Escola (incluindo o Jardim-de-infância) que, em articulação com as autarquias (Câmara Municipal e Juntas de Freguesia) providenciarão na harmonia das respostas a problemas específicos. Assim, as instituições participarão na intervenção junto de crianças, adolescentes e pais mediante regras específicas e em respeito pelo funcionamento de cada parceiro.

As lideranças intermédias dos agrupamentos de escolas terão igualmente como objetivo a melhoria da qualidade educativa dos educandos das suas escolas e empenhar-se-ão na construção do seu sucesso escolar e no apoio às medidas planificadas com as instituições comunitárias.Os Diretores de Turma e os Coordenadores de Departamento seriam convidados a formar comissões para pensar estratégias de envolvimento dos alunos e respetivas famílias no

15 Sabendo que maioritariamente são os rapazes que têm insucesso escolar devido ao corpo docente ser essencialmente feminino e serem mães e avós que se ocupam da escolaridade dos filhos torna-se necessário dar particular atenção ao envolvimento dos pais (homens) e outros familiares do sexo masculino. 16 Quando referirmos o envolvimento de jovens nestes processos temos também o objetivo de os formar, neste sentido, enquanto futuros pais e mães.

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sucesso escolar e no interesse pelas aprendizagens. Seriam o elo de articulação entre a escola e a comunidade, centrados no conhecimento de cada aluno.

Os Centros de Formação das Associações de Escolas terão um papel fundamental neste processo. Muito do conhecimento produzido nos últimos anos sobre estratégias para o sucesso escolar ainda não chegou aos professores permanecendo encerrado nos centros de investigação. A atualização dos professores e técnicos da maior parte das escolas torna-se necessária para modificar a situação de insucesso. Interessa acreditar que com o apoio da comunidade a situação massiva de insucesso escolar pode deixar de ser um fatalismo. Os professores necessitam sentir-se apoiados pela comunidade nesse domínio17. A produção de material de formação que permitisse ir multiplicando as atividades, a criação de workshops sobre assuntos específicos que facilitassem o sucesso das crianças, a participação em sites e blogs que dinamizassem o debate, a colocação de dúvidas, as trocas de experiências… seriam estratégias formativas para aprofundar o conhecimento neste domínio no interior do Concelho.

As Atividades de Animação e Apoio à Família e as Atividades de Enriquecimento Curricular serão parceiros privilegiados neste processo. Os animadores destas atividades serão formados e apoiados para o desenvolvimento da literacia emergente e da atribuição de significado às práticas escolares no quadro das suas atividades (música, desporto…) ou em projetos específicos a desenvolver com as crianças.No local onde se realizam as atividades deveriam ser criados contextos de literacia com a leitura e escrita a apelarem à atenção das crianças. O grupo de animadores de AAAF e o grupo de AEC formariam uma comissão de trabalho onde trocariam informação sobre as atividades que desenvolvem e os projetos que têm em ação e sobre o modo como vão resolvendo os problemas que surgem a cada criança. Fariam ainda a interface com as instituições da comunidade e os respetivos pais e mães das crianças em risco.

As Associações de Pais serão apoiadas para desenvolver atividades de promoção do sucesso escolar junto dos Encarregados de Educação e familiares dando atenção particular aos que têm filhos que correm o risco de insucesso. A rede de Associações de Pais existente no Concelho de Almada será, neste processo, um recurso fundamental. Poderá mesmo constituir o eixo central deste programa.

17 É corrente ouvir dizer-se “A Escola não pode fazer tudo sozinha”. Esta será a oportunidade de encontrar outros recursos mais direcionados pedagogicamente.

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A trilogia dos Contos na Mata dos Medos, promovida pela Câmara Municipal de Almada e distribuída por todas as escolas do primeiro ciclo, é um exemplo de como a autarquia pode potenciar a preservação dos espaços naturais, ainda que estes não sejam da competência municipal.A Festa Verde, o Carnaval

das Escolas, as Marchas Populares, o Parlamento dos Pequenos Deputados da Agenda 21 da Criança ou ainda as iniciativas da Mostra Internacional de Artes para o Pequeno Público (Sementes) são exemplos do trabalho que pode ser desenvolvido com e para os mais jovens munícipes.

CENTROS DE SAÚDE

Consultas de planeamento familiar, saúde materna, saúde infantil, atendimento de jovens e adolescentes, atendimento social, nutrição, psicologia, atendimento a diabéticos, vacinação, serviços de enfermagem, serviços de atendimento complementar, gabinete do utente.

A literacia nas atividades promovidas pela Câmara Municipal de Almada 18

A política municipal da Câmara Municipal de Almada, enquanto Cidade Educadora dedica já, uma atenção especial às crianças, expressa no seu plano de atividades.

O objetivo seria de garantir que todas, melhor, que cada criança, frequentasse pelo menos uma dessas atividades sendo seguida pelo respetivo animador.

Os animadores destas atividades receberiam formação prévia para promover o envolvimento de cada criança, tanto quanto possível, de acordo com os seus interesses próprios.

As Bibliotecas Municipais seriam apoiadas especialmente para desenvolverem atividades de literacia e de literacia emergente com as crianças e respetivas famílias fazendo um esforço para conseguirem chegar aos meios de mais baixas qualificações escolares.

Os parques infantis e outros espaços públicos para crianças seriam dotados de informações escritas com que as crianças tivessem de interagir. Outras atividades para crianças poderiam ser mais intencionalizados nos vários objetivos de aquisição da competência literacia.

As atividades festivas pontuais poderiam ser oportunidade para construir projetos com as crianças, desenvolvendo a literacia e outras aprendizagens.

Instituições na comunidade

Outras instituições comunitárias que contatam com os pais ou/e com as crianças serão chamadas a contribuir com uma participação mais direcionada.

Os Centro se Saúde do Concelho promovem já um importante papel educativo junto da

18 Nesta e nas páginas seguintes, os quadros escritos a verde foram retirados da página da Câmara Municipal de Almada em Julho de 2016.

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Almada tem procurado construir uma rede de ação social articulada que permita apoiar de forma mais eficaz os sectores da população mais fragilizados.

(…) Atualmente existem mais de 60 instituições de apoio a áreas tão diferentes como a infância…

A personalidade colectiva de Almada foi marcada pelo movimento associativo, que representa uma das mais fortes tradições populares e

surge como resposta dos habitantes do concelho às carências sentidas na época da industrialização.

população a que nos dirigimos de forma privilegiada. Trata-se de inserir nos protocolos educativos com os utentes a preocupação de explicação, informal, sobre a

A importância de ter, para os filhos, um projeto de vida que passe pela escolarização. Muitos destes pais, de baixo nível de escolarização, não atribuem ainda muita importância à escola e não sabem ou não se sentem capazes para se envolver na escolarização dos filhos. Torna-se necessário serem ajudados para facilitar o desenvolvimento da saúde mental dos filhos.

Ajudar as mães e os pais na literacia familiar é fundamental para que os filhos possam aprender a ler19. Dizer aos pais que não só poderiam ler histórias ao deitar, como ler o que está escrito nas embalagens de uso doméstico. A importância de conversar com os filhos, desde bebé nem sempre é consciente em todos os pais e mães.

Os serviços de Ação Social do Concelho constituem uma rede que permite chegar a muitas famílias de baixos níveis de escolarização. São estas famílias quem, por necessidades diversas, mais recorre aos serviços de ação social. Sensibilizadas para a forma como intervir na prevenção do insucesso escolar serão um parceiro privilegiado.

No quadro do Conselho Local de Ação Social de Almada (CLASA). A Câmara pretende com este órgão dinamizar a Rede Social consistindo um fórum de articulação entre as várias entidades que atuam localmente nesta área. Esta Rede poderá tornar-se num centro privilegiado para chegar às famílias que se pretendem atingir com este programa.

A informação acima referida encontrará nesta rede uma via de educação não formal na relação com este grupo da população.

Associativismo

O Associativismo é, sem dúvida, o mais importante recurso para a participação da população no Concelho de Almada uma vez que estas associações são frequentadas por pessoas dos mais diversos meios sociais, com objetivos diversos.

Algumas associações acabaram por se tornar IPSS por se ter organizado, à partida, para dar resposta às necessidades educativas da população.

19 Este caderno de fichas poderá precisar mais esta ideia:Salgado, Lucília (coord.) (2011). Necessidades e potencialidades em Educação de adultos: Material de formação. http://biblioteca.esec.pt/Opac/Pages/Search/Results.aspx?SearchText=(TIT=Necessidades%20e%20potencialidades%20em%20educa%c3%a7%c3%a3o%20de%20adultos%)%20&Profile=Default&DataBase=10200_GLOBAL

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Actualmente existem mais de 500 instituições, formais e não formais, das quais mais de uma dezena são centenárias, que fazem de Almada a capital do associativismo.

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Outra vertente do associativismo era a formação: na quase ausência de rede de ensino primário, as colectividades de instrução e recreio

organizavam aulas diurnas e nocturnas, desempenhando um importante papel na alfabetização da população.

Desde sempre a educação foi preocupação destas associações. Na sua denominação encontramos amiúde o termos Academia, de Instrução, de Educação.

Outras Associações revelam igualmente preocupações educativas ou expressamente culturais: associações de artes, de música, de espetáculo, desportivas que contam nas suas atividades crianças, jovens ou famílias.

Outras têm na sua base etnias ou pessoas de regiões de origem diversas. Existem ainda associações de caráter religioso. Conhecendo, à partida a motivação dos seus participantes poderão ser envolvidos em

projetos de literacia.20 Idem para associações protetoras de animais, ecológicas, de solidariedade.

Para além das antigas Associações referidas existem ainda no Concelho associações novas, com interesses mais atuais que se foram formando nos últimos anos. As ligadas às novas tecnologias que poderão interessar principalmente alguns rapazes, por exemplo. Também as que se consideram ONG de vocação mais global poderão mobilizar pessoas com estes objetivos.

Voluntariado: seniores e jovens

Dois tipos de pessoas do Concelho podem ainda constituir-se como recurso enriquecendo, ao mesmo tempo, a educogenia do Concelho: os seniores e os jovens.

Os seniores

Sabemos que, em meios mais esclarecidos, a população idosa deixou de ser considerada um problema para ser reconhecida como uma mais-valia, como recurso com que se apresenta na sociedade do conhecimento.

Organizados em torno de universidades ou associações expressamente seniores, ou em atividades de outras associações, muitas pessoas, reformadas, algumas com elevados níveis educativos, estarão interessadas e disponíveis para se envolver em formação e atividades com crianças de meios de baixas qualificações escolares.

Os saberes que transportam da vida que viveram e o envolvimento que revelam ao procurar adquirir novos conhecimentos, fazem deste grupo da população um recurso fundamental para acompanhar grupos de crianças desde a creche até ao início da escolaridade básica. Algumas experiências revelaram-se já com bastante interesse através de colocarem seniores a contar ou ler histórias aos mais pequenos. No entanto, será possível ir mais longe pedindo-lhes para utilizarem outros suportes de leitura com por exemplo, ajudar a ler instruções ou textos úteis na internet. Também algumas crianças poderiam ser diretamente apoiadas na iniciação informal à leitura e à escrita.

20 Os países nórdicos conseguiram as suas elevadas taxas de alfabetização, no início do século XX, através da aprendizagem da leitura, lendo diretamente a Bíblia.

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Estas pessoas constituiriam ainda um grupo difusor privilegiado, nos seus contextos de socialização, porque informalmente falariam da importância da escolarização nos nossos dias, do apoio que as crianças necessitam e da importância da leitura e da escrita na nossa sociedade.21

 Os jovens

Dando continuidade e aprofundando as inúmeras atividades com jovens que a Câmara Municipal de Almada apoia, promove, reconhece e financia poderia agora organizar parcerias com alguns grupos que poderiam ser mobilizados para a realização de atividades com estas crianças, após terem recibo formação sobre a forma como proceder e terem conhecido a origem dos problemas.

A mais parte das crianças recebem de bom grado apoio de jovens, com pouco mais anos de idade, em atividades que lhes interesse realizar.

Estes jovens, além da formação para a vida ativa e para a cidadania que adquiririam pelo facto de se envolveram nestas atividades solidárias, enriqueciam-se dando, também eles, maior significado às aprendizagens escolares. Seria também uma formação importante enquanto futuros pais uma vez que aprenderiam como se deve proceder no envolvimento para a escolarização dos filhos futuros.

   

Instituições de Ensino Superior em Almada

Tratando-se de uma preocupação com a educação no seu território, direcionada para um problema específico – o sucesso escolar das crianças dos seus meios mais desfavorecidos – seria de mobilizar as instituições mais vocacionadas

Para inserirem nos seus currículos os conhecimentos mais direcionados neste domínio, para se envolverem em ações de formação contínua, para enviarem estagiários a participar neste domínio, para convidar os seus estudantes a envolverem-se como voluntários.

Poderiam ainda envolver-se em projetos de investigação-ação e de participação na monitoragem do programa.22 Os seus alunos de Mestrado poderiam estudar e construir modelos de intervenção a partir de experiências com sucesso.

21 Por ter recebido formação, poderia ainda deixar de ser, com vantagem, um grupo crítico contra “os pais que não apoiam os filhos na escola” para, numa atitude compreensiva, entenderem que poderão, de algum modo, superar as “falhas” que existam nesses meios sociais. 22 A Escola Superior de Educação de Setúbal poderia vir a ser um parceiro privilegiado neste domínio uma vez que forma professores, educadores de infância e animadores socioculturais.

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Almada é o 2º maior polo universitário da Área Metropolitana de Lisboa, constituída por 7 instituições onde estão inscritos cerca de 12 mil alunos

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Artigo 74.º

Ensino1. Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.

Constituição da

A defesa de um sistema educativo público, universal, gratuito, inclusivo e de qualidade continuará a situar-se no centro da atividade do Município, assumindo a contínua integração da comunidade educativa na vida local.

Continuaremos a apoiar projetos de aprendizagem ao longo da vida, e outros projetos que constituam oportunidades formativas e de certificação no domínio da

Vetores para uma estratégia no Concelho de Almada

A preocupação de responder à população mais desfavorecida faz parte das preocupações da Câmara Municipal de Almada. Assim o desenvolvimento de competências nos seus munícipes que lhes permitam um bem-estar integral e participativo insere-se nesse compromisso expresso no seu Plano de 2016.

Sendo, como vimos, o insucesso escolar, nos nossos dias, fator de exclusão social e sofrimento pessoal o desafio para o seu empenho na resolução deste problema social será aceite com a preocupação centrada nas crianças, adolescentes e respetivas famílias.

Por essa razão não se apresentará um plano de atividades enquanto oferta indiferenciada a toda a população do Concelho mas, mais uma vez, se dará prioridade à população mais desfavorecida, na sociedade do conhecimento, a que sofre devido às baixas qualificações escolares: pais e filhos.

Assim, embora exista a preocupação do desenvolvimento integral da pessoa enquanto direito de cidadania, este programa focar-se-á na diminuição do insucesso escolar procurando, de forma decisiva, na sua prevenção.

Trata-se, assim, de um programa em parceria com a instituição escolar e com as instituições comunitárias, tendo como mira principal a criança enquanto pessoa e as respetivas famílias. Em síntese, a sua centração será no aluno e não nas atividades ou nas instituições enquanto objetivos, devendo ser um programa orientado e monitorizado para cada uma das crianças e famílias de um determinado território23.

Deste modo, este programa procurará :

23 Não se trata de seguir as terminologias de territórios específicos já existentes (exemplo TEIP). Mas sim de definir os territórios de maior incidência de dificuldade de articulação escolar mobilizando as instituições locais.

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(…)

As Opções do Plano e o Orçamento da Câmara Municipal de Almada para o exercício de 2016 que agora se apresentam, dão continuidade ao compromisso assumido com os almadenses e as almadenses no sentido do desenvolvimento e criação de condições para a elevação permanente do seu bem-estar e qualidade de vida.

O propósito que anima e determina as grandes opções para 2016 configura o objetivo de colocar os recursos, o saber e a capacidade de intervenção concreta do Município ao serviço de um permanente combate às dificuldades mais sentidas por toda a população, com particular atenção para os mais carenciados.

(…)

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OBJETIVOS

a) Evitar a criação de situações de insucesso através de uma intervenção direcionada para as crianças e respetivas famílias com menos de 6 anos (antes da entrada para o 1º CEB).

b) Apoiar as crianças, famílias e instituições comunitárias na procura e/ou direcionamento de atividade que envolvam cada criança e deem significado às atividades escolares.

c) Apoiar as crianças e adolescentes que entraram no 2º CEB sem o nível de literacia e interesse pelas aprendizagens que lhes permita uma escolaridade com sucesso, permitindo-lhes desenvolver as competências necessárias.

d) Apoiar os pais24, as mães e/outros familiares ou pessoas significativas quer no seu envolvimento na escolarização do filho, quer no desenvolvimento da literacia familiar nos contextos domésticos.

Abordagem territorial

De acordo com as potencialidades acima identificadas propõe-se, como ponto de partida,25 uma abordagem de tipo territorial.

Uma intervenção diferenciada no Concelho tendo em conta as suas necessidades e as suas potencialidades. Sabemos que existem zonas altamente carenciadas mas que não apresentam elevadas taxas de insucesso escolar. Temos no entanto, outras, apesar de não terem índices de pobreza elevados, necessitam de uma intervenção bem direcionada. Embora haja escolas que, devido à sua situação social não apresentam taxas elevadas de insucesso teremos que ter em conta os casos de insucesso que aí existem. Para além das estatísticas, cada pessoa é um cidadão e tem direito a ter uma atenção especial. A constituição bem delimitada de territórios, identificando claramente necessidades e potencialidades, é condição prévia para se poder fazer o direcionamento das intervenções e respetiva monitorização. Às equipas que constituem estes territórios será pedido a elaboração de um projeto que, respondendo às componentes identificadas, poderá ser objeto de apoio específico. Uma das componentes será a monitorização dos casos.

Envolvimento da comunidade educativa (escolar)

1. Embora com preocupação permanente fixada na sala de aula, a intervenção a partir da Câmara centra-se nas crianças facilitando, através do apoio à criação de condições de sucesso, as suas aprendizagens propostas pela escola. Tal não implica uma relação

24 O maior insucesso escolar dos rapazes tem na sua origem a ausência de homens, sobretudo do pai, neste processo de pré escolarização e início da escolaridade. Apenas mulheres existem ligadas à escola na formação da sua identidade. Torna-se necessário inverter esta situação, quer envolvendo o pai desde a idade da creche, quer admitindo técnicos masculinos neste processo (acautelando as oportunidades por género). 25 Este programa terá de ser considerado e refeito de acordo com o entendimento dos seus atores e, por essa razão, negociado passo a passo.

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estreita com os conteúdos programáticos. Antes terá uma relação com as competências de base que a criança precisa de adquirir/desenvolver para acompanhar as aprendizagens escolares.

As relações serão então, de parceria entre as várias instituições e parceiros em presença no território. Cada escola, cada professor ou educador, cada instituição ou ator em presença não poderá ser obrigado a desempenhar as funções executando tarefas que não decida. O sistema a criar é de apoio e as convergências conseguidas terão apenas como referência o interesse que cada um considere ser o melhor para a criança.

Portadoras de modos de transmissão, apreensão e partilha de saberes específicos, as parcerias que se esperam com as comunidades procuram oferecer às crianças uma “pedagogia” mais próxima do seu meio cultural de origem, familiar. A relação com a escola procura criar um “diálogo” que facilite as aprendizagens das crianças sobretudo nas idades mais precoces.

As trocas de conhecimentos acerca de cada criança parecem ser o ponto fundamental.

Os Diretores de Turma (incluindo o 1º CEB e a Ed. Pré-escolar) e os Coordenadores de Departamento serão informados, em processos de diálogo, da abordagem que a comunidade considera útil fazer com estas crianças e respetivas famílias.

2. As Escolas Profissionais serão envolvidas neste processo uma vez que muitos dos seus alunos transportam escolaridades com insucesso e revelam baixas competências de literacia para continuar uma escolaridade ou inserção na vida ativa com sucesso. A motivação destes jovens para a aprendizagem é ainda importante porque terá uma importância junto de irmãos, outros familiares, e comunidades em que se inserem.

3. Os Centros de Formação das Associações de Escola serão chamados a ter um papel fundamental neste sistema de troca de saberes sobretudo de informação sobre os quadros teóricos que hoje têm dado mais pertinentes contributos sobre as aprendizagens iniciais destas crianças.

Um papel fundamental, terão ainda na realização de sessões de apresentação e partilha das chamadas boas práticas, na criação de contextos de trocas de informação e aprofundamento sobre modos facilitadores de aprendizagem. Ser-lhes-á igualmente proposto a utilização de meios online enquanto processos de formação e ao reconhecimento de atividades de aprofundamento – tertúlias, workshops – para melhorar os projetos pedagógicos.

4. As Associações de Pais, organizados em rede, serão os principais parceiros neste processo sendo chamados a participar a dois níveis:a) Na coordenação dos animadores das AAAF e das AEC, contextos privilegiados de

interação com os professores titulares, para, adequando os seus tempos de trabalho às necessidades específicas de aquisição de competências destas crianças, utilizarem

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metodologias mais específicas de contextos de lazer26. Estes animadores serão os profissionais da comunidade a desenvolver a intervenção mais adequada neste processo. Deverão ser formados e selecionados com estes objetivos. Terão de ter e produzir materiais adequados neste domínio em: i) realização da componente específica (música, desporto…), ii) literacia emergente (AAAF) e dar significado a práticas escolares (AEC) através da realização de projetos e iii) intervenção comunitária para articularem com os outros atores, parceiros do território.

b) Na organização de atividades com Pais, Mães e outros familiares significativos para as crianças de acordo com as indicações já existentes para trabalho com os encarregados de educação neste domínio: i) desenvolvimento da autoeficácia na educação dos filhos, ii) envolvimento direcionado na escolarização dos filhos e iii) desenvolvimento da literacia familiar. Também a este nível será necessária a interação e com as várias entidades e atores comunitários.

Envolvimento da comunidade educativa (da CMA)

5. As Bibliotecas Municipais e os parques infantis e outros espaços públicos destinados a crianças e adolescentes são contextos privilegiados para desenvolver a literacia emergente e dar significado às práticas escolares. Também nas atividades promovidas pela Câmara Municipal de Almada, se pode dar origem à realização de projetos (produções ou realizações) onde a leitura e a escrita seja utilizada funcionalmente.

Envolvimento da comunidade educativa (serviços públicos)

6. Os Centro se Saúde do Concelho serão convidados a alargar a sua participação educativa através do bem-estar proporcionado na família (conceito de saúde da OMS) apoiando as famílias de baixas qualificações escolares a perceber a importância da escola no futuro dos filhos e a ajudá-las no envolvimento com a escola, os professores e até entender os processos e normas escolares. Idem ajudá-los na relação com os filhos propondo-lhes conversarem, ler uma história ao deitar, em suma ajudá-los a desenvolver a literacia familiar.

7. Idem os serviços de Ação Social. Os conselhos em relação à escolarização dos filhos e ao desenvolvimento da literacia familiar parecem ter campo de diálogos ricos nos momentos informais que se desenvolvem com os pais destas crianças. Em articulação com a Escola e outros serviços do território podem ser estudados e direcionados sistemas de apoio específicos à ajuda à resolução de problemas de cada caso27 sobretudo para os

26 De facto, a oferta das atividades após as aulas, processam-se no que seriam tempos de lazer das crianças. Segundo Dumazedier procura-se, com o lazer, atingir 3 objetivos que os brasileiros chamaram dos 3 D: Descanso, Diversão e Desenvolvimento. A criança aprenderá (desenvolvimento) de forma descansada (sem stress) e divertida, agradável, sem se aperceber. Trata-se de, em contextos de educação informal, se introduzir intencionalidade pedagógica específica a “brincadeiras” das crianças. 27 Por vezes as argumentações dos pais não estarão corretas mas terão de procurar-se respostas que permitam o apoio efetivo à criança no objetivo que se propõe atingir.

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considerados “alunos em exclusão”.28 Caso existam no território atividades estruturadas de Educação de Adultos estes serviços apoiariam estas famílias a conseguir a sua frequência. Verificámos que a frequência de atividades de educação de adultos por um dos progenitores constitui contexto muito positivo para o desenvolvimento da escolarização dos filhos.

8. Os Centros de Educação de Adultos serão informados do envolvimento da comunidade nos seus objetivos e convidados a formar os seus atores na perspetiva da educação de pais de baixas qualificações escolar para uma maior adequação do seu papel parental na escolarização dos filhos e na literacia familiar.

9. Outros serviços públicos poderão ser chamados a participar se a sua intervenção for considerada necessário e/ou se assim o desejarem.

Envolvimento da comunidade educativa (associativa)

10. As associações existentes no Concelho seriam igualmente informadas do apelo ao seu envolvimento no processo em curso e, das suas especificidades, podendo apresentar projetos (monitorizáveis) em que, ao desenvolver as suas atividades, acrescentavam intencionalidade pedagógica com os objetivos apresentados neste programa de combate ao insucesso escolar e de desenvolvimento educativo das populações mais desfavorecidas. Seriam sobretudo chamadas a participar nas organizações territoriais com este efeito, envolvendo-se com as suas propostas específicas.

Envolvimento Voluntário de seniores e jovens

11. Quer através de associações, quer através de gestos voluntários, os seniores e jovens serão chamados a participar nos vários contextos de intervenção sobretudo nos próprios bairros. Especialmente os jovens podem participar em projetos de voluntariado (dito, por vezes, empreendedorismo) social enriquecendo outros contextos referidos ou com projetos propostos pela CMA diretamente com este objetivo, como, por exemplo, projetos de natureza internacional em que a Câmara está envolvida.

28 Apesar de serem “alunos em exclusão” são também, na maior parte dos casos, “alunos em insucesso”. Assim, a resposta terá de seguir nos dois sentidos: resolução dos problemas de exclusão e, tal como aos outros, resolução dos problemas de insucesso.

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Organização de uma estratégia no Concelho de Almada

Pretenderia criar-se uma estrutura leve que permitisse localmente, cada comunidade, criar a organização que lhe parecesse mais adequada, de acordo com as especificidades locais.

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Estas especificidades podem decorrer desde o modo como a escola já interage com a comunidade até ao dinamismo já emprestado pela comunidade em projetos educativos mais ou menos direcionados.

Poderia passar por:

1. Delimitação de territórios assinalando os que se consideram prioritários, médios e de intervenção pontual.29

2. Organização, em cada território, de uma estrutura que teria:

crianças como objetivo prioritário e famílias como objetivo complementar.

organização da Rede de Associações de Pais para a) enquadramento dos animadores de AAAF e AEC e b) realização de atividades com pais. 30

esta organização terá uma relação estreita com os serviços respetivos das escolas.

envolverá os serviços públicos que queiram participar .

3. Os serviços específicos da CMA serão chamados a participar intencionalizando os seus programas e envolvendo-se na rede local quando necessário.

4. As associações, incluindo de seniores e juvenis, serão chamadas a apresentar projetos com os objetivos referidos neste programa incluindo sempre a monitorização de casos. 31

Organização de suporte do programa no Concelho de Almada

29 Estes territórios de intervenção mais pontual nunca terão menos de 20% de casos insucesso ou em risco de. Caso as comunidades se organizem neste sentido deverão se igualmente apoiados. Cada criança é um caso prioritário. 30 Os animadores destas atividades serão os técnicos que, devidamente enquadrados, irão intervir localmente. 31 As Associações, neste campo, desenvolverão atividades de Educação não-formal – consiste em imprimir intencionalidade educativa com este objetivo nas suas atividade e, portanto, monitorizáveis – e de Educação informal – consiste em criar atividades que são contextos educativos, que sabemos que serão ricas, para todos, com os objetivos deste programa, embora não sejam facilmente monitorizáveis em termos de competências adquiridas.

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O cumprimento deste programa obrigaria a uma organização que, sobretudo, não lhe permitisse fugir dos objetivos precisos, identificados como específicos à construção do sucesso escolar e educativo das crianças de Almada.

Assim, num primeiro tempo seria ainda necessário precisar o diagnóstico no sentido de conseguir direcionar melhor e avaliar a intervenção.

Pela complexidade do problema e, pela visão que imprime às representações sociais correntes sobre o fenómeno insucesso escolar, o principal eixo seria a informação e formação das componentes teóricas aqui expressas ilustradas com estudos de casos, que consideramos fundamentadoras para um envolvimento da comunidade com a escola na procura do sucesso educativo para todas as crianças, sobretudo na aquisição/desenvolvimento das competências consideradas necessárias para uma escolaridade e cidadania com sucesso.

Num primeiro ano a organização da retaguarda de intervenção, devidamente formada e estruturada, que permitisse a sua multiplicação nos anos seguintes seria o principal vetor da implementação. Ter uma comunidade formada e organizada seria constituir um contexto educativo privilegiado, participativo, na resolução futura deste problema.

Sendo Almada uma Cidade Educadora estaria deste modo a transformá-la num espaço de Formação participativo, onde muitos se constituiriam como formadores, sabendo atuar, de modo direcionado, como tal, enriquecendo a educação difusa, a educogenia do território. 32

Este programa exige a criação de um sistema de monitoragem33 que permita, em cada território, em cada intervenção, para cada criança, perceber os efeitos da formação, qual o sucesso da intervenção.

Exige ainda um registo sobre o modo como foi conseguido, para, num processo de investigação-ação, irmos construindo metodologias específicas para a resolução de cada tipo de caso/contexto. No primeiro ano de intervenção poderão já ser estudados os sucessos conseguidos em alguns casos.

Assim, seria acompanhado de produção de materiais que permitissem a sua difusão e que a formação chegasse a cada vez mais atores sociais.

Nesse sentido, seria necessário criar suportes dinâmicos online que difundissem resultados e formas de intervenção, aprofundassem ideias, respondessem a problemas, reconhecessem sucessos, enriquecessem o processo.

Seria ainda necessário identificar obstáculos que fosse necessário remover para conseguir criar mais condições de sucesso. Muito deles poderão mesmo ter a ver com a administração do

32 Pierre Furter recusa os termos de informal e não-formal porque considera que a riqueza da educação não se deve regular pela escola. Diz que é necessário constituir Espaços de Formação onde aconteça a educação difusa. Diz que a nossa função é de enriquecer a educogenia dos espaços de formação onde nos inserimos. É o que se propõe neste programa que é chamado a mobilizar a comunidade para a resolução dum problema que, eventualmente, pelas suas origens sociais, se reconhece agora que não pode a escola sozinha resolver. 33 Este processo terá alguma dificuldade uma vez que, em muitas escolas, alguns técnicos de educação não o fazem regularmente. A avaliação é, muitas vezes feita, pelo nº de atividades que realiza ou pelo nº de pessoas que consegue mobilizar e não pela verificação das competências que os seus destinatários específicos, conseguem adquirir/desenvolver.

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sistema educativo. Este programa comprometia-se a comunicar aos responsáveis, no sentido de ajudara criar facilitadores ao sucesso escolar e educativo de todos.

Lucília Salgado

5 de Agosto de 2016.34

[email protected]

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34 Com o apoio de Carolina Cardoso [email protected]

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