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DIREITO CIVIL VII – DIREITO DAS SUCESSÕES Código Civil Lei nº 10.406, de 10-01-2002 Prof. Antônio José Resende 1 SUCESSÃO LEGÍTIMA E ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA CC/2002, arts. 1.829 a 1.856; 1.790; 1.814 a 1.818 Introdução O objetivo deste texto é explicitar o conteúdo da norma civil referente à sucessão legítima. Trata-se das pessoas legitimadas a suceder nos bens do falecido (sucessão causa mortis), bem como a distribuição dos herdeiros em classes preferenciais e a concorrência que há entre eles para suceder. A distribuição dos herdeiros em ordem de preferência sucessória é fundada em relações da família e de sangue, isto é, de parentesco. Para as pessoas casadas ou conviventes, a sucessão hereditária depende também da verificação do regime de bens adotado no casamento, ou da constituição da união estável. 1 Mestre em Filosofia pela UFMG (1999), Advogado e Professor na PUC-GOIAS, FANAP e ISC.

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DIREITO CIVIL VII – DIREITO DAS SUCESSÕES

Código CivilLei nº 10.406, de 10-01-2002

Prof. Antônio José Resende1

SUCESSÃO LEGÍTIMA E ORDEM DA VOCAÇÃO HEREDITÁRIA

CC/2002, arts. 1.829 a 1.856; 1.790; 1.814 a 1.818

Introdução

O objetivo deste texto é explicitar o conteúdo da norma civil referente à sucessão legítima.

Trata-se das pessoas legitimadas a suceder nos bens do falecido (sucessão causa mortis), bem como a distribuição dos herdeiros em classes preferenciais e a concorrência que há entre eles para suceder.

A distribuição dos herdeiros em ordem de preferência sucessória é fundada em relações da família e de sangue, isto é, de parentesco.

Para as pessoas casadas ou conviventes, a sucessão hereditária depende também da verificação do regime de bens adotado no casamento, ou da constituição da união estável.

O presente estudo é uma síntese, com finalidade didática, e não abrange toda a profundidade do conteúdo investigado. Para isto, sugere-se bibliografia sobre o tema ao final.

Trata-se dos Caps. I a III, do Título II, Da Sucessão Legítima, Livro V, do Código de Direito Civil de 2002 (Lei nº 10.406/2002).

Base legal para estudo e aplicação da matéria:

arts. 1.784 a 1.790, CC/2002 (Título I – Da Sucessão em geral, Capítulo I – Disposições gerais);

1 Mestre em Filosofia pela UFMG (1999), Advogado e Professor na PUC-GOIAS, FANAP e ISC.

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arts. 1.829 a 1.844, CC/2002 (Título II – Sucessão legítima, Capítulo I – Da Ordem da vocação hereditária);

arts. 1.845 a 1.856, CC/2002 (Capítulo II – Dos Herdeiros necessários). CPC, arts. 982 a 1.062 (Livro IV, Título I, Capítulo IX – Do Inventário e da

Partilha).

1. Noções fundamentais sobre sucessão hereditária

A sucessão hereditária – causa mortis, pode ser: legítima, testamentária e legatária.

A sucessão legítima ou ab intestato ocorre em caso de inexistência, invalidade ou caducidade de testamento e, também, em relação aos bens nele não compreendidos. Lembre-se que o testamento tem que ser realizado em conformidade com a previsão legal da sucessão legítima (CC, art. 1.845 e 1.846; 1.857, § 1º).

São herdeiros legítimos, isto é, aqueles previstos na lei para receberem herança do falecido: descendentes, ascendentes, cônjuge, companheiro (a) e parentes colaterais até o 4º grau.

A sucessão testamentária e legatária

A ordem de vocação hereditária constitui uma relação preferencial, decorrente de lei, das pessoas que são chamadas a suceder o falecido. Em outros termos, é a distribuição dos herdeiros em classes preferenciais, quanto às pessoas que são chamadas preferencialmente para suceder nos bens do falecido, fundada em relações de família e de sangue.

O chamamento dos herdeiros para a sucessão na herança deixada pelo falecido é feito por classes, sendo que a mais próxima exclui a mais remota. Por isso, diz-se que tal ordem é preferencial (art. 1.836, § 1º, CC).

Os herdeiros podem ser legítimos, testamentários, legatários, ou por codicilo.

Os herdeiros legítimos (art. 1.829, CC/2002), aqueles previstos em lei, abrangem:

1) os herdeiros necessários (art. 1.845, CC/2002) que são: descendentes (filhos, netos, bisnetos...), ascendentes (pai/mãe, avô/avó, bisavô/bisavó...) e o cônjuge;

Obs.: A reserva da metade da herança em caso de doação ou testamento feito pelo titular do patrimônio, somente existe para os herdeiros legítimos necessários (art. 1.845 e art. 1.789, ambos do CC/2002). Portanto, a metade (50%) da herança constitui a legítima, isto é, a parte reservada, de pleno direito, aos herdeiros necessários do de cujus.

2) os colaterais (até o 4º Grau, conforme art. 1.592, CC/2002);

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3) a companheira ou o companheiro (art. 1.790, CC/2002).

Conforme previsto no art. 1.829, CC/2002, a sucessão defere-se na seguinte ordem: I – aos descendentes, II – aos ascendentes, III – ao cônjuge sobrevivente, IV – aos colaterais (até 4º grau: irmãos, tios, sobrinhos).

A companheira ou o companheiro sobrevivente participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, conforme previsão do art. 1.790, CC/2002.

Caso a herança seja declarada jacente, e finalmente vacante, isto é, quando não há herdeiros do falecido, prevê o art. 1.822 e art. 1.844, CC, e art. 1.142 e s., do CPC, que esta passará aos Municípios, Distrito Federal ou União.

Portanto, esta é a ordem para os herdeiros receberem os bens deixados pelo falecido. Sendo que, se existem herdeiros de uma classe excluem os das demais, ou seja, os mais próximos excluem os mais remotos.

Esta regra aplica-se inclusive aos descendentes, salvo o direito de representação (art. 1.833, CC/2002), isto é, quando o pai falece e o seu filho também tinha falecido antes dele, se este tem filhos, os seus filhos herdam do avô representando o pai falecido (pré-morto).

2. Sucessão dos descendentes

Aberta a sucessão, são primeiramente chamados a suceder os descendentes do falecido. A classe dos descendentes é a primeira a ser chamada à sucessão.

A lei privilegia a classe dos descendentes colocando-os em primeiro plano no rol dos herdeiros sucessíveis. O fundamento para este fato é a continuidade da vida humana e a vontade presumida do autor da herança.

Em geral, contemplam-se todos os descendentes (filhos, netos, bisnetos), porém os de grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo os chamados a suceder por direito de representação (art. 1.833, CC). Por exemplo, com o falecimento do pai, os filhos são seus herdeiros (herdam por cabeça). Mas, se houver um filho pré-morto ao pai falecido, os filhos dele (netos) herdarão por representação (por estirpe).

Assim, em primeiro lugar são chamados os filhos do falecido (sucedem por cabeça e por direito próprio), recebendo cada um uma quota (quinhão) igual da herança, porque se acham à mesma distância do pai como parentes em linha reta.

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3. Concorrência do cônjuge com os descendentes – análise do art. 1.829, CC/2002

Dois fatores são verificados para definir o direito de concorrência do cônjuge com os descendentes na herança deixada pelo falecido.

O primeiro fator é o regime de bens adotado no casamento, em relação ao qual a lei atribui ou nega a qualidade de concorrente ao cônjuge sobrevivente.

O outro fator diz respeito à natureza da descendência, para definir a extensão do direito sucessório do cônjuge supérstite, quando concorre com os descendentes.

Por exemplo, se são filhos comuns do casal (bilaterais), ou se são filhos exclusivos do falecido (unilateral).

3.1 – Hipóteses previstas no art. 1.829, I, do Código Civil, para concorrência do cônjuge com herdeiros descendentes:

a) Na comunhão universal de bens o cônjuge sobrevivente não herda, somente recebe sua meação (art. 1.829, I, CC).

b) Na separação obrigatória de bens (legal) o cônjuge supérstite também não herda (art. 1.829, I c/c art. 1.641, CC). Ver Súmula 377, do STF, que apresenta a seguinte interpretação: “No regime da separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento”. Há meação do cônjuge sobrevivente, mas não há herança, ou seja, o cônjuge sobrevivente não concorre com os descendentes.

Observe-se que no art. 1.829, I, CC/2002, o legislador não fez menção aos regimes de separação total de bens convencional e o da participação final nos aquestos, por isso, se não foram incluídos nas exceções, nestes regimes o cônjuge sobrevivente concorre com os descendentes.

Portanto, nos regimes de separação total de bens convencional, aquele escolhido livremente pelos nubentes, e no regime da participação final nos aquestos, há concorrência do cônjuge sobrevivente com os herdeiros descendentes, isto é, com os filhos do casal.

Se forem filhos somente do cônjuge falecido, ao cônjuge sobrevivente não tem a reserva da quarta parte prevista no art. 1.832, do Código Civil.

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c) Quanto ao cônjuge casado no regime da comunhão parcial de bens, no tocante ao seu direito de concorrência com os herdeiros (art. 1.829, I, CC), há diversidade de interpretações doutrinárias e jurisprudenciais. Veja-se explanação sobre as concepções acerca da matéria.

Há quatro concepções ou correntes no atual direito civilista pátrio sobre a partilha dos bens e as regras de concorrência entre as pessoas chamadas a suceder no patrimônio do falecido.

Estas interpretações da aplicação do art. 1.829, do Código Civil, dispõem-se, regra geral, da seguinte forma:

PRIMEIRA CORRENTE:

Para a primeira corrente, prevista no Enunciado n. 270, do CJF/STJ – Conselho de Justiça Federal, da III Jornada de Direito Civil (2004), na comunhão parcial de bens (art. 1.829, I, CC), o cônjuge sobrevivente só concorre com os descendentes nos bens particulares do falecido, ou seja, aqueles bens que não entram na meação. Veja-se no quadro abaixo. Esta é a interpretação adotada tradicionalmente desde a vigência do Código Civil de 2002.

Regimes: Meação: Cônjuge herda bens particulares (BP)?

Cônjuge herda bens comuns (BC)?

Comunhão universal Sim Não Não

Comunhão parcial Sim Sim, em concurso com os descendentes

Não

Separação obrigatória

Não definido Não Não

Separação convencional

Não, em princípio Sim, em concurso com os descendentes

Não há, em princípio, bens comuns.

Exemplo 1:

Cláudia é casada em comunhão parcial de bens com Roberto. Antes de casar com Cláudia, Roberto possuía um apartamento, um terreno e uma moto. Cláudia possuía um carro. Na constância do casamento adquiriram uma casa e um terreno. Tiveram dois filhos, Joaquim e Larissa. Com o falecimento de Roberto, Cláudia receberá a sua meação constituída por 50% do valor da casa e 50% do valor do terreno adquirido na constância do casamento. Cláudia também concorrerá com os herdeiros, recebendo um terço do valor do apartamento, do terreno e da moto, pertencentes a Roberto a título de bens particulares. Os herdeiros receberão 25% cada da meação de Roberto, e também receberão 1/3 cada um nos bens particulares do pai falecido.

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A partilha dos bens na sucessão ficará da seguinte forma:

1. Casa: 50% para Cláudia, 25% para Joaquim e 25% para Larissa.2. Terreno, adquirido na constância do casamento: 50% para Cláudia, 25% para Joaquim e 25% para Larissa.3. Apartamento (bem particular de Roberto, o de cujus): 1/3 para Cláudia (cônjuge sobrevivente), 1/3 para o herdeiro Joaquim e 1/3 para a herdeira Larissa.4. Terreno, adquirido por Roberto antes do casamento: 1/3 para Cláudia (cônjuge sobrevivente), 1/3 para o herdeiro Joaquim e 1/3 para a herdeira Larissa.5. Moto: 1/3 para Cláudia (cônjuge sobrevivente), 1/3 para o herdeiro Joaquim e 1/3 para a herdeira Larissa.

Exemplo 2:

Roberto e Cláudia casaram-se em comunhão parcial de bens. Ambos não possuíam bens antes do casamento, bem como não receberam bens em herança ou doação. Tiveram dois filhos, Joaquim e Larissa. Na constância do casamento adquiriram uma casa, residência da família. Com a morte de Roberto, não havendo bens particulares do falecido, Cláudia receberá somente a sua meação referente ao valor da casa (50%). Os outros 50% do valor da casa, ficarão 25% para o herdeiro Joaquim e 25% para Larissa. Neste caso, não há concorrência do cônjuge sobrevivente (supérstite) com os herdeiros, na herança deixada pelo de cujus.

SEGUNDA CORRENTE:

Na comunhão parcial de bens (art. 1.829, I, CC), o cônjuge concorre quanto ao total da herança, se houver bens particulares do falecido. Caso não haja bens particulares do falecido, ocorre somente a meação, e não há, neste caso, concorrência do cônjuge sobrevivente com os herdeiros.

Esta concepção é defendida por Francisco Cahali, Guilherme Calmon Nogueira da Gama, Inácio de Carvalho Neto, Maria Helena Diniz e Mário Roberto Carvalho de Faria, segundo explica Flávio Tartuce, em Direito Civil: Direito das Sucessões, vol. 6, 2014: 176. Mais conhecida como tese da doutrinadora Maria Helena Diniz. Dispõe-se a sucessão hereditária, conforme quadro apresentado a seguir.

Regimes: Meação: Cônjuge herda bens particulares (BP)?

Cônjuge herda bens comuns (BC)?

Comunhão universal Sim Não Não

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Comunhão parcial Sim Sim, em concurso com os descendentes

Sim, em concurso com os descendentes

Separação obrigatória

Não definido Não Não

Separação convencional

Não, em princípio Sim, em concurso com os descendentes

Sim, se os houver, em concurso com os descendentes.

Exemplo 1:

Francisco e Clara casaram-se em regime de comunhão parcial de bens. Francisco ao casar já possuía uma casa no valor de R$ 320.000,00. Durante o casamento com Clara adquiriram um apartamento no valor de R$ 280.000,00. O casal tem dois filhos bilaterais, Ronaldo e Clarisse. Com a morte de Francisco (art. 1.929, I, CC), Clara receberá a sua meação, ou seja, 50% do valor do apartamento, que corresponde a R$ 140.000,00. E concorrerá com os herdeiros recebendo 1/3 da meação de Francisco no valor do apartamento e 1/3 no valor da casa, que era bem particular de Francisco, concorrendo com os herdeiros.

A partilha dos bens seguirá a seguinte disposição:

1. Apartamento: Clara ficará com a sua meação que corresponde a 50% do valor do apartamento. Os outros 50% do valor do apartamento será dividido entre Clara, Ronaldo e Clarisse, sendo 1/3 para cada um deles.

2. Casa: Clara receberá 1/3, Ronaldo ficará com 1/3 e Clarisse 1/3.

Neste caso, o cônjuge sobrevivente concorre com os herdeiros na totalidade da herança do falecido. Para esta concepção dos juristas acima elencados, isto ocorre porque há bens particulares do falecido, conforme prevê o art. 1.829, I, in fine, CC.

Exemplo 2:

Francisco e Clara são casados em regime de comunhão parcial de bens. Francisco não possuía bens particulares, isto é, ao casar não possuía bens, e não adquiriu bens por herança ou doação. Clara ao casar possuía um carro. Na constância do casamento adquiriram uma casa e um carro. Tem dois filhos: Ronaldo e Clarisse. Com o falecimento de Francisco, a partilha dos bens na sucessão ficará da seguinte forma:

1. Casa: 50% para Clara; 25% para Ronaldo e 25% para Clarisse.

2. Carro: 50% para Clara; 25% para Ronaldo e 25% para Clarisse.

Neste caso, para esta segunda corrente, o cônjuge sobrevivente não concorre com os herdeiros quando não há bens particulares do falecido.

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TERCEIRA CORRENTE:

A condição para o cônjuge concorrer com os descendentes, na comunhão parcial de bens, é a inexistência de bens particulares do falecido (Maria Berenice Dias). Caso não haja bens particulares do falecido, o cônjuge sobrevivente concorre com os descendentes na herança deixada pelo de cujus.

Para Berenice Dias, a concorrência somente se refere aos bens comuns, conforme interpretação do inciso I, do art. 1.829, do CC/2002. Mas, o cônjuge sobrevivente só concorre com os herdeiros se o falecido não deixou bens particulares.

Exemplo 1:

Sansão e Dalila realizaram casamento adotando o regime da comunhão parcial de bens. Sansão faleceu e não deixou bens particulares. Na constância do casamento, os cônjuges compraram um apartamento, um carro e um sítio para lazer da família. Da relação conjugal nasceram dois filhos, Rebeca e Venceslau. Sansão faleceu em 30 de agosto de 2014. Ao fazer o inventário, a partilha dos bens será procedida da seguinte forma:

1. Apartamento: 50% serão de Dalila, valor que corresponde à sua meação; os outros 50%, que corresponde à parte de Sansão, Dalila receberá 1/3, Rebeca 1/3 e Venceslau 1/3.

2. Sítio: 50% serão de Dalila, valor que corresponde à sua meação; os outros 50%, Dalila receberá 1/3, Rebeca 1/3 e Venceslau 1/3.

3. Carro: 50% serão de Dalila, valor que corresponde à sua meação; os outros 50%, Dalila receberá 1/3, Rebeca 1/3 e Venceslau 1/3.

Veja-se que neste caso o cônjuge sobrevivente concorre com os herdeiros em relação aos bens comuns do casal.

Exemplo 2:

Sansão e Dalila realizaram casamento adotando o regime da comunhão parcial de bens. Sansão faleceu e deixou como bens particulares 60 hectares de terra recebidos de herança do seu pai, e uma casa que havia comprado antes do seu casamento com Dalila. Na constância do casamento, os cônjuges compraram um apartamento, um carro e um sítio para lazer da família. Da relação conjugal nasceram dois filhos, Rebeca e Venceslau. Sansão faleceu em 30 de agosto de 2014. Ao fazer o inventário, a partilha dos bens será procedida da seguinte forma:

1. Apartamento: 50% de Dalila, que corresponde à sua meação; 25% da herdeira Rebeca e 25% do herdeiro Venceslau.

2. Sítio: 50% de Dalila, que corresponde à sua meação; 25% da herdeira Rebeca e 25% do herdeiro Venceslau.

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3. Carro: 50% de Dalila, que corresponde à sua meação; 25% da herdeira Rebeca e 25% do herdeiro Venceslau.

4. Imóvel rural (60 hectares): 50% da herdeira Rebeca e 50% do herdeiro Venceslau.

5. Casa: 50% da herdeira Rebeca e 50% do herdeiro Venceslau.

Para Maria Berenice Dias, como afirmado acima, quando há bens particulares do falecido o cônjuge sobrevivente não concorre com os herdeiros. Vale dizer que, para esta interpretação, a inexistência de bens particulares do falecido torna o cônjuge concorrente (Exemplo 1).

Ao contrário, a existência de bens particulares do falecido afasta o direito de concorrência do cônjuge sobrevivente (Exemplo 2).

Portanto, se há bens particulares do falecido, o cônjuge sobrevivente não herda. Quando não há bens particulares do falecido, o cônjuge sobrevivente herda, concorrendo com os herdeiros, quanto ao patrimônio comum do casal.

QUARTA CORRENTE:

As dificuldades de interpretação do inciso I, art. 1.829, do Código Civil de 2002, tem gerado várias controvérsias doutrinárias. Recentemente o STJ emitiu Acórdão criando nova disciplina sobre a partilha de bens na sucessão e concorrência do cônjuge sobrevivente com os herdeiros.

Estas decisões do STJ, que não configuram propriamente uma corrente doutrinária, mesmo porque ainda não há respaldo na doutrina para esta tese, foi apresentada em julgamento do REsp 1-117.563/SP, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j. 17.12.2009, DJe 06.04.2010 e REsp 1.377.084/MG, 3ª Turma, Rel. Min. Nancy Andrighi, j., 08.10.2013, DJe 15.10.2013, e diz, quanto a interpretação do art. 1.829, I, CC, que no regime de comunhão parcial de bens, o cônjuge concorre sempre, mas somente quanto aos bens comuns do casal.

Portanto, nos bens particulares deixados pelo falecido, o cônjuge sobrevivente não concorre, pois se isto fosse admitido estaria contrariando a vontade do falecido, manifestada ao escolher o regime da comunhão parcial de bens, em acordo realizado pelos nubentes quando da escolha do regime de bens adotado no casamento.

Exemplo 1:

Sara e Abraão são casados no regime da comunhão parcial de bens. Abraão ao casar com Sara era proprietário de um apartamento no valor de R$ 120.000,00 e uma sala comercial no valor de R$ 140.000,00, e recebeu de seu pai falecido em herança um lote no Condomínio Felicidade com valor de R$ 90.000,00. Na constância do casamento adquiriram uma casa no Condomínio Brisas do Vento, no valor de R$ 320.000,00 e dois automóveis, um de R$ 42.000,00 e outro de R$ 66.000,00. Desta relação conjugal nasceram dois filhos, Vinicius e Nicole. Abraão faleceu em 06.09.2014, em um trágico acidente de carro.

Pergunta-se, como deverá ser procedida à partilha dos bens, conforme recente decisão do STJ quanto à interpretação do inciso I, do art. 1.829, do Código Civil de 2002?

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Plano de Partilha dos Bens:

1. Casa no Condomínio Brisas do Vento. Valor R$ 240.000,00. 50% para Sara, sua meação, no valor de R$ 120.000,00; dos 50% do valor do referido imóvel, herança deixada pelo de cujus, caberá 1/3 para Sara, cônjuge sobrevivente, que receberá R$ 40.000,00; 1/3 para Vinicius e 1/3 para Nicole, ambos com valores de R$ 40.000,00.

2. Automóvel no valor de R$ 42.000,00. 50% para Sara, meação, com valor de R$ 21.000,00; dos outros 50%, 1/3 para Sara, 1/3 para Vinicius e 1/3 para Nicole, todos com valor de R$ 7.000,00.

3. Automóvel no valor de R$ 66.000,00, sendo 50% para Sara, R$ 33.000,00; dos 50% correspondentes ao valor da herança, Sara receberá 1/3, Vinicius 1/3 e Nicole 1/3, todos com valor de R$ 11.000,00.

4. Apartamento no valor de R$ 120.000,00, que deverá ser partilhado entre os herdeiros. Vinicius receberá 50%, no valor de R$ 60.000,00 e Nicole 50%, no valor de R$ 60.000,00.

5. Imóvel sala comercial, no valor de R$ 140.000,00, sendo 50% para Vinicius e 50% para Nicole, cada um receberá R$ 70.000,00.

6. Imóvel, sendo um lote no Condomínio Felicidade no valor de R$ 90.000,00. Para Vinicius caberá 50% e a Nicole 50%, cada um receberá o valor de R$ 45.000,00.

Exemplo 2:

Sara e Abraão são casados há doze anos no regime da comunhão parcial de bens. Ambos os cônjuges não possuíam bens antes de se casarem. Na constância do casamento adquiriram uma casa no Condomínio Brisas do Vento, no valor de R$ 320.000,00 e dois automóveis, um de R$ 42.000,00 e outro de R$ 66.000,00. Desta relação conjugal nasceram dois filhos, Vinicius e Nicole. Abraão faleceu em 06.09.2014, em um trágico acidente de carro.

Pergunta-se, como deverá ser procedida à partilha dos bens, conforme recente decisão do STJ quanto à interpretação do inciso I, do art. 1.829, do Código Civil de 2002?

Plano de Partilha dos Bens:

1. Casa no Condomínio Brisas do Vento. Valor R$ 240.000,00. 50% para Sara, sua meação, no valor de R$ 120.000,00; dos 50% do valor do referido imóvel, herança deixada pelo de cujus, caberá 1/3 para Sara, cônjuge sobrevivente, que receberá R$ 40.000,00; 1/3 para Vinicius e 1/3 para Nicole, ambos com valores de R$ 40.000,00.

2. Automóvel no valor de R$ 42.000,00. 50% para Sara, meação, com valor de R$ 21.000,00; dos outros 50%, 1/3 para Sara, 1/3 para Vinicius e 1/3 para Nicole, todos com valor de R$ 7.000,00.

3. Automóvel no valor de R$ 66.000,00, sendo 50% para Sara, R$ 33.000,00; dos 50% correspondentes ao valor da herança, Sara receberá 1/3, Vinicius 1/3 e Nicole 1/3, todos com valor de R$ 11.000,00.

Observação: Para a interpretação do STJ quanto ao inciso I, do art. 1.829, CC/2002, no aplicável ao regime da comunhão parcial de bens, independente de

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existirem ou não bens particulares do falecido, o cônjuge sobrevivente concorre na herança com os herdeiros, mas somente nos bens do patrimônio comum do casal. Os bens particulares deixados pelo falecido são partilhados somente com os herdeiros.

Em síntese, pode-se afirmar que as regras de concorrência quanto ao regime de bens adotado no casamento segue a seguinte ordem:

Regimes em que o cônjuge sobrevivente (supérstite) herda em concorrência:

Regime da comunhão parcial de bens, se houver bens particulares do falecido. Obs.: Ver divergência das “4 correntes”.

Regime da participação final nos aquestos. Regime da separação convencional de bens, decorrente de pacto

antenupcial. A jurisprudência tem admitido a comunicação dos aquestos no regime da separação convencional de bens, quando tenham resultado do esforço comum dos cônjuges.

Regimes em que o cônjuge sobrevivente não herda em concorrência:

Regime da comunhão parcial de bens, não havendo bens particulares do falecido.

Regime da comunhão universal de bens. Regime da separação legal ou obrigatória de bens. Obs.: Ver divergência da

Súmula 377, STF.

3.2 – Reserva da quarta parte (25%) da herança ao cônjuge sobrevivente – art. 1.832, CC/2002

O art. 1.832, do Código Civil, prevê que:

Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota parte ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.

Se o cônjuge concorrer com um, dois ou três filhos, não há porque considerar a reserva da quarta parte, uma vez que ele já estará recebendo ½, 1/3, ou ¼.

Se concorrer com quatro filhos ou mais, neste caso há reserva da quarta parte ao cônjuge sobrevivente.

Decorrem desta previsão legal as seguintes regras, em síntese:

1ª – Se concorrer com apenas 1 (um) descendente, o cônjuge recebe a metade (50%) da herança do falecido;

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2ª – Se o cônjuge concorrer com 2 (dois) descendentes, todos herdam o valor de 1/3 dos bens deixados pelo de cujus;

3ª – Se o cônjuge concorrer com 3 (três) descendentes, todos herdam ¼ (25%) cada um;

4ª – Se o cônjuge concorrer com 4 (quatro) ou mais descendentes, ao cônjuge é reservada a quarta parte (25%) da herança deixada pelo falecido, e cada herdeiro receberá uma quota igual nos 75% do patrimônio do espólio (isto é, do patrimônio deixado pelo falecido aos seus herdeiros).

5ª – Quando o cônjuge concorre com descendentes exclusivos do autor da herança, ou seja, somente filhos do falecido (unilaterais), não há reserva da quarta parte (25%), recebe quinhão igual ao dos herdeiros descendentes.

6ª – Quando o cônjuge concorre com filiação híbrida, ou seja, com filhos de ambos (bilaterais) e filhos exclusivos do falecido, neste caso, o cônjuge tem reserva da quarta parte (25%) somente quanto ao valor dos bens referentes aos filhos comuns do casal. Quanto à concorrência com filhos exclusivos do falecido não há reserva da quarta parte, portanto, o cônjuge recebe quinhão igual aos dos descendentes.

3.3 – Se um ou alguns dos descendentes do falecido são pré-mortos, os filhos do pré-morto (netos) recebem por representação (art. 1.835 e 1.832, CC)

Aquele que recebe por representação, por ser filho do herdeiro falecido, pré-morto ao autor da herança, diz-se que herda por estirpe, e não por cabeça (direito próprio).

Exemplo:

João tem dois filhos. Ronaldo, que tem dois filhos e Mariana, que possui um filho. Quando João faleceu, o seu primeiro filho, Ronaldo, já havia falecido (pré-morto). Os filhos de Ronaldo recebem a herança de João (avô) representando o pai falecido antes do titular da herança. Desta forma, Mariana recebe 50% da herança, e os filhos de Ronaldo recebem 25% cada, correspondentes aos 50% do pai já falecido (Ronaldo).

3.4 – Se todos os descendentes de uma classe são pré-mortos ao falecido, os da classe seguinte herdam por cabeça (direito próprio), e não por representação

Ver arts. 1.840 (renúncia da herança) e 1.811, ambos do CC/2002.

Exemplo:

João têm 3 filhos (F1, F2 e F3): Carlos Eduardo, João Vitor e Marielle. Carlos Eduardo tem dois filhos (N1 e N2); João Vitor tem 1 filho (N3); e Marielle tem três filhos (N4, N5 e N6). Quando João morreu, titular do patrimônio, seus três filhos eram pré-mortos. Neste caso, os filhos de seus filhos, isto é, seus netos (N1, N2, N3, N4, N5 e N6), herdarão por cabeça, e não por representação. Cada herdeiro receberá 1/6 do patrimônio do falecido.

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4. Concorrência do cônjuge com os ascendentes (art. 1.929, II, CC)

a) Não havendo descendentes, herdam os ascendentes, em concorrência com o cônjuge.

ATENÇÃO: Para esta hipótese, independentemente do regime de bens, sempre haverá concorrência do cônjuge com os herdeiros.

Ver os seguintes artigos: art. 1.837, CC; art. 1.836, § 1º, CC.

É importante ressaltar, que o chamamento para a sucessão segue uma ordem preferencial e é feito por classes, sendo que a mais próxima exclui a mais remota (art. 1.836, § 1º, CC).

Por isto, se houver pais vivos, excluem da sucessão os avós do falecido. Caso os pais do falecido já estejam mortos, quando da sua morte, herdarão os seus avós. Se os avós também já forem mortos, herdarão os seus bisavós.

Exemplo 1:

João e Maria são casados há dez anos, mas não tem filhos. Somente o pai de João é vivo. Sua mãe já falecera há seis anos. Com a morte de João, Maria, cônjuge sobrevivente, receberá 50% dos bens, sua meação, mais 25% da herança deixada pelo esposo falecido, concorrendo com o ascendente de João, seu pai, que receberá 25% da herança.

Exemplo 2:

João e Maria são casados há dez anos, mas não tem filhos. Os pais de João são vivos. Com o falecimento de João, Maria, cônjuge sobrevivente, receberá a sua meação (50%), mais 1/3 da herança deixada pelo esposo falecido, concorrendo com os ascendentes de João. Os pais de João receberá 1/3 cada. Receberão, portanto, da seguinte forma: Maria receberá 50% (meação) + 1/3 da herança; Pai de João receberá 1/3; e a mãe 1/3.

b) Hipótese do art. 1.836, §2º, CC – inexistindo ascendentes em 1º grau (pais), são convocados os avós (2º grau). Neste caso, a herança será dividia metade para a linha paterna e metade para a linha materna.

Exemplo 1:

João faleceu e não tinha filhos. Seus pais também eram falecidos. Seus avós paternos e seus avós maternos receberão ¼ cada um, do montante da herança.

Exemplo 2:

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João faleceu e não tinha filhos. Seus pais também eram falecidos. Seus avós paternos estavam vivos. Na linha materna, somente sua avó estava viva. Portanto, seu avô e sua avó da linha paterna, receberão ¼ cada um; e sua avó materna receberá 50% da herança. Pois, nesta hipótese, os ascendentes da linha paterna recebem 50%, e os da materna 50%.

5. Cônjuge como único sucessor (art. 1.829, III, c/c art. 1.838, CC)

Inexistindo herdeiros descendentes e ascendentes, “será deferida a sucessão por inteiro ao cônjuge sobrevivente” (art. 1.838, CC).

O cônjuge participa da ordem da vocação hereditária em 3º lugar (1.829, III, CC).

Como é herdeiro necessário, tem garantida a legítima (CC, art. 1.845).

Se inexistirem herdeiros descendentes e ascendentes, recebe a herança por direito próprio.

Lembre-se que o cônjuge tem direito real de habitação (art. 1.831, CC).

6. Sucessão dos colaterais (art. 1.839 a 1.843, CC)

Os parentes colaterais, sejam eles naturais ou civis, dispõem-se da seguinte forma:

2º grau = irmãos;

3º grau = sobrinhos e tios;

4º grau = sobrinhos-netos, tios-avós, e primos.

Regras para sucessão de colaterais:

1ª) A condição para que colateral seja herdeiro é a inexistência de descendentes, ascendentes e cônjuge do falecido.

2ª) Entre os colaterais, os mais próximos excluem os mais remotos, salvo direito de representação concedido exclusivamente aos filhos de irmãos (sobrinhos), já falecidos (pré-morto) (art. 1.840, CC). Ver acima 2.4, do item 2.

Em outros termos, na sucessão por parente colateral, só há uma hipótese de representação. Diz respeito à de irmão do falecido pelo respectivo filho (CC, art. 1.840, in fine, e art. 1.853, CC).

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Assim, se o morto tinha dois irmãos, mas apenas um deles ainda estava vivo na abertura da sucessão, o outro será representado por sua descendência, isto é, pelos sobrinhos do autor da herança.

Nos demais casos, todos os colaterais herdam exercendo direito próprio, isto é, por cabeça e não por estirpe. Por exemplo, se os herdeiros do falecido são um primo e dois sobrinhos-netos, cada um deles terá direito a um terço da herança, independentemente das linhas a que pertencem, ou de quem sejam seus pais ou avós.

3ª) Figuram em quarto lugar na ordem da vocação hereditária. Serão chamados a suceder se não houver cônjuge sobrevivente (CC, art. 1.839).

4ª) Se houver companheiro, concorrerão com ele, cabendo àquele um terço da herança (CC, art. 1.790, III).

5ª) São herdeiros legítimos, mas não são necessários (art. 1.829, IV, CC). Por isso, a eles não é reservada parte da herança.

Concorrência dos irmãos enquanto herdeiros colaterais. Observar as regras dos arts. 1.841 e 1.842, CC:

Concorrendo apenas irmãos bilaterais, estes receberão em partes iguais. Concorrendo irmãos bilaterais e irmãos colaterais, os colaterais receberão a

metade do que aqueles receberem. Concorrendo somente irmãos colaterais receberão partes iguais.

Concorrência dos sobrinhos. Os sobrinhos serão herdeiros se morrer alguém sem cônjuge, descendente, ascendente ou irmãos. Ver CC, art. 1.843:

Se os pais deles eram todos irmãos bilaterais ou unilaterais do falecido, a cada sobrinho será destinada uma porção igual da herança.

Mas se, entre os pais dos herdeiros, havia irmãos bilaterais e unilaterais do falecido, os sobrinhos filhos dos unilaterais herdarão a metade da quota atribuída aos sobrinhos descendentes dos bilaterais (CC, art. 1.843, §§ 1º a 3º).

Os tios do falecido só são chamados a sucedê-lo quando não houver sobrinhos (CC, art. 1.843, in fine).

7. Sucessão do companheiro/companheira

O art. 1.790, do Código Civil, prevê que a companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:

“I – se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho;

II – se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles;

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III – se concorrer com outros parentes sucessíveis, terá direito a um terço da herança;

IV – não havendo parentes sucessíveis, terá direito à totalidade da herança.”

O tratamento dado ao companheiro pelo Código Civil de 2002 é flagrantemente discriminatório.

Na ordem da vocação hereditária, o cônjuge é herdeiro necessário (CC, art. 1.845) e figura em terceiro lugar (CC, art. 1.829, III), enquanto o companheiro, embora herdeiro legítimo, está em último lugar, depois dos parentes colaterais de quarto grau (CC, art. 1.790, IV).

O companheiro/companheira não é herdeiro necessário.

Assim, o companheiro pode ser afastado da sucessão, via testamento, enquanto o cônjuge não pode, porque é herdeiro necessário.

Outra postura discriminatória contra o companheiro, é que ele só faz jus à totalidade da herança se não existir nenhum parente sucessível.

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SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

3 – SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA

3.1 – Testamento: capacidade, formas

3.2 – Disposições Testamentárias

3.2.1 – Redução

3.3 – Legados

3.3.1 – Classificação

3.3.2 – Caducidade, Extinção, Modificação

3.3.3 – Alienação, Evicção

3.4 – Direito de Acrescer entre Herdeiros e Legatários

3.5 – Substituições

Previsão legal: art. 1.947 a 1.960, CC.

Conceito: Substituição é a indicação de certa pessoa para recolher a herança, ou legado, se o nomeado faltar, ou alguém consecutivamente a ele.

Pode faltar o beneficiário em casos de:

Premoriência. Exclusão por indignidade ou por falta de legitimação. Quando há renúncia. Não implemento da condição imposta pelo testador.

Espécies de substituições:

a) Substituição vulgar

A substituição vulgar pode ser:

Simples (ou singular) – quando há um só substituto.

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Coletiva (ou plural) – quando há mais de um substituto. Recíproca – quando são nomeados dois ou mais beneficiários, estabelecendo

o testador que reciprocamente se substituem (art. 1.948, CC).

b) Substituição fideicomissária

Na substituição fideicomissária, o testador estabelece que, na morte do primeiro testamentário (fiduciário), os bens não serão destinados aos respectivos sucessores, mas sim a outra pessoa (fideicomissário).

Limitação: O art. 1.952, CC, estabelece que a referida estipulação somente é permitida “em favor dos não concebidos ao tempo da morte do testador”. Limita, desse modo, a instituição do fideicomisso somente em benefício da prole eventual. Se ao tempo da morte do testador já houver nascido o fideicomissário, adquirirá este a propriedade dos bens fideicomitidos, convertendo-se o direito do fiduciário (parág. único).

Partes que compõem o fideicomisso:

O fideicomitente = testador; O fiduciário ou gravado, em geral, pessoa de confiança do testador, chamado

a suceder em primeiro lugar para cuidar do patrimônio deixado; O fideicomissário, último destinatário da herança, ou legado. Aquele que

ficará com a herança definitivamente.

Espécies de fideicomisso:

Fideicomisso vitalício, em que a substituição ocorre com a morte do fiduciário;

Fideicomisso a termo, quando ocorre no momento prefixado pelo testador; Fideicomisso condicional, se depender do implemento de condição

resolutiva.

Direitos e deveres do fiduciário – ver art. 1.953, CC.

Direitos e deveres do fideicomissário – ver Art. 1.593, parág. único, art. 1.596, art. 1.597, art. 1.955 e art. 1.954, todos do CC.

Caducidade do fideicomisso:

Se faltar o fideicomissário, por morrer depois do testador, mas antes do fiduciário, ou antes de realizar-se a condição resolutória do direito deste último, pela renúncia da herança ou legado, se não houver prejuízo para terceiros, ou pela exclusão por indignidade ou falta de legitimação.

Se faltar a coisa, em caso de perecimento, sem culpa do fiduciário. Subsistirá, no entanto, sobre o remanescente, se parcial o perecimento.

Nulidade do fideicomisso: São nulos os fideicomissos instituídos sobre a legítima, bem como os que ultrapassam o segundo grau (CC, art. 1.959).

3.6 – Revogação e Rompimento do Testamento

3.6.1 – Revogação (art. 1.969 a 1.972, CC)

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a) Noção:

O testamento é um ato personalíssimo e pode ser alterado, no todo ou em parte, a qualquer momento, pelo testador.

Nula é a cláusula pela qual o declare irrevogável, pois a liberdade de testar é de ordem pública.

Exceção: Apenas o reconhecimento de paternidade feito em testamento é insuscetível revogação (CC, art. 1.609, III).

b) Forma de revogação:

O testamento pode ser revogado pelo mesmo modo e forma como pode ser feito (art. 1.969, CC).

c) Espécies:

Quanto à sua extensão:

Total = quando retira a inteira eficácia do testamento; Parcial = quando atinge somente algumas cláusulas, permanecendo

incólumes as demais (CC, art. 1.970 e parág. único).

Quanto à forma:

Expressa = a que resulta de declaração inequívoca do testador manifestada em novo testamento.

Tácita = quando o testador não declara que revoga o anterior, mas há incompatibilidade entre as disposições deste e as do novo testamento;

Em caso de dilaceração ou abertura do testamento cerrado, pelo testador, ou por outrem, com o seu consentimento (CC, art. 1.972).

3.6.2 – Rompimento do testamento

a) Noção e base legal

Base legal: art. 1.973 a 1.975, CC.

Rompe-se o testamento, desconstituindo-se seus efeitos, quando sobrevém ao testador descendência ou se existiam herdeiros necessários que ele desconhecia (art. 1.973, CC).

A norma civil considera como base legal para o rompimento do testamento a presunção de que o testador não teria disposto de seus bens em testamento se soubesse da existência de algum herdeiro necessário.

b) Hipóteses legais:

a do de cujus que, ao testar, não tinha nenhum descendente e posteriormente vem a tê-lo, havido do casamento ou não;

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a do de cujus que, ao testar, ignorava a concepção e existência de um filho, ou imaginava, enganadamente, que um seu descendente houvesse morrido;

a do de cujus que, ao testar, ignorava a existência de outros herdeiros necessários, tais como ascendentes e cônjuge (CC, art. 1.974).

3.7 – Testamenteiro

A matéria é tratada nos arts. 1.976 a 1. 1990, CC.

a) Conceito:

Testamenteiro é a pessoa que executa o testamento. A lei faculta ao testador encarregar pessoa de sua confiança para cumprir as disposições de sua última vontade.

Pode nomear, em testamento ou codicilo (CC, art. 1.883), um ou mais testamenteiros, conjuntos ou separados (art. 1.976, CC).

Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execução testamentária compete a um dos cônjuges, e, em falta destes, ao herdeiro nomeado pelo juiz (art. 1.984, CC).

b) Capacidade para ser nomeado:

Qualquer pessoa idônea e capaz, exceto pessoa jurídica, pois é ato personalíssimo (art. 1.985, CC).

c) Espécies:

instituído: o nomeado pelo testador; dativo: o nomeado pelo juiz (CPC, art. 1.127); universal: aquele a quem se confere a posse e a administração da herança ou

parte dela, art. 1.977, CC; particular: é o que não desfruta desses direitos.

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4 – INVENTÁRIO E PARTILHA

(CC, art. 1.991 a 2.027)

Inventário e partilha são procedimentos subsequentes à abertura da sucessão, por meio dos quais se identificam os bens do acervo e os sucessores, liquida-se a herança e, em seguida, distribuem-se os bens entre os herdeiros, e pagam-se os legados.

O inventário é uma forma processual ou administrativa dos bens do falecido passarem para os seus sucessores (herdeiros, legatários etc.). A partilha é forma processual legal de se definir os limites da herança (quinhão) que caberá a cada um dos herdeiros e legatários. O formal de partilha é o documento final que detalha o quinhão que deverá receber cada herdeiro, conforme previsão da norma civil.

4.1 – Administração provisória da herança

A administração da herança, antes do compromisso do inventariante, incumbe, sucessivamente, conforme prevê o art. 1.797, CC:

I – ao cônjuge ou companheiro; II – ao herdeiro que estiver na posse do bem, e ao mais velho, se mais de um for possuidor; III – ao testamenteiro; IV – a quem o juiz nomear, se faltarem as pessoas indicadas anteriormente, ou se forem removidas do cargo.

Ver art. 985, do CPC.

4.2 – Registro do testamento

O art. 1.979, CC, prevê que “o testamenteiro nomeado, ou qualquer parte interessada, pode requerer, assim como o juiz pode ordenar, de ofício, ao detentor do testamento, que o leve a registro”.

4.3 – Inventário

a) Conceito: Inventário é um meio processual ou administrativa, realizado para descrever a avaliar os bens do falecido, que possibilita a posterior divisão do acervo entre os herdeiros.

b) Partes interessadas ou legitimidade para requerer o inventário: CPC, art. 987 e 988 – cônjuge, herdeiros, credores, adm. Pública; companheiro ou companheira; art. 989, CPC – juiz de ofício.

c) Juízo competente: o foro competente para processar o inventário é o do último domicílio do morto (art. 96, CPC e art. 1.785, CC).

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d) Prazo: CPC, art. 983 – 60 dias a contar da abertura da sucessão; ultimando-se nos 12 (doze) meses subsequentes.

e) Abertura (art. 987, CPC).

f) Dos sonegados (art. 1.992 a 1.996, CC).

g) Procedimento:

1 – Pedido de abertura (art. 987, parág. único, do CPC). Apresentar certidão de óbito do autor da herança.

2 – Nomeação do inventariante (art. 990, CPC).

3 – Compromisso do inventariante. Prazo: 20 dias. (art. 990, parág. único, CPC e art. 501, CPC).

4 – Primeiras declarações. Prazo: 20 dias.

5 – Individualização do de cujus e dos herdeiros.

6 – Individualização dos bens; que deverão ser descrito o ativo e o passivo.

7 – Citação dos interessados (oficial de justiça, edital).

8 – Fase das impugnações. Prazo: 10 dias. Art. 1.000, CPC.

9 – Avaliação dos bens.

10 – Manifestação sobre o laudo. Prazo: 10 dias.

11 – Últimas declarações.

12 – Da colação (art. 2.002 a 2012, CC). A finalidade da colação é igualar a legítima. Só o cônjuge sobrevivente e o descendente tem obrigação de colacionar. Se o marido fez doação para a mulher, é considerado antecipação da legítima. Doação para filhos tem que colacionar. Tendo dois filhos e um neto. Os filhos são descendentes de 1º grau e o neto de 2º grau. Se em vida fez doação ao neto, esta doação não será trazida à colação. Se ultrapassar os 50% da parte disponível, terá que haver redução.

13 – Cálculo do imposto (ITCD).

14 – Recolhimento das custas e impostos.

15 – Pagamento das dívidas (art. 1.997 a 2.001, CC; art. 1.017 a 1.021, CPC).

16 – Partilha.

h) Sobrepartilha (art. 2.022, CC).

4.4 – Espécies de Inventário:

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a) Inventário judicial pelo rito tradicional (arts. 982 a 1.030 do CPC). O inventário constitui processo judicial de caráter contencioso.

b) Inventário judicial pelo rito do arrolamento sumário – previsto no art. 1.031 do CPC, sendo cabível quando todos os interessados forem maiores e capazes, abrangendo bens de quaisquer valores.

c) Inventário judicial pelo rito do arrolamento comum – regulamentado no art. 1.036 do CPC, sendo cabível quando os bens do espólio forem de valor igual ou menor que 2.000 OTN.

d) Inventário extrajudicial ou por via administrativa – previsto no art. 982 do CPC, inserido pela Lei n. 11.441, de 4-1-2007, atualizada com a Lei n. 11.965/2009. Realiza-se por meio de “escritura pública, a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário”.

Referências

Coelho, Fábio Ulhoa. Curso de direito civil, família, sucessões. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.

DIAS, Maria Berenice. Manual das Sucessões. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito das sucessões. 28.ed. São Paulo: Saraiva, 2014. v.6.

FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson. Direito Civil. 6. ed. Salvador: Juspodivm, 2014. v. 6.

GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: direito das sucessões. 8. ed. São Paulo: Saraiva.

NADER, Paulo. Curso de direito civil: direito das sucessões. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013. v. 6.

RIZZARDO, Arnaldo. Direito das sucessões. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2013.

RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito das sucessões. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2007. v. 7.

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TARTUCE, Flávio. Direito civil, vol. 6: direito das sucessões. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2014.

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