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Um manifesto pelo fim do dogmatismo: o pluralismo em Economia

Maísa Goulart (UNICAMP)1

Ramón García-Fernández (UFABC)2

José Ricardo Fucidji (UNICAMP)3

ResumoO presente artigo aborda o pluralismo nas abordagens em Economia com o objetivo de compreender os benefícios dessa abordagem quando empregada na análise econômica. Para tal, os ternos pluralismo e pluralidade são definidos, a partir da perspectiva de Mäki e Fernandez. Em seguida, aborda-se o conceito de falibilismo, pelo qual entende-se que não existe verdade irrefutável do conhecimento, inviabilizando o uso único de uma teoria no campo econômico. Buscando as origens do termo pluralismo nessa ciência, encontramos um proto-pluralismo em Neville Keynes no final do século XIX. Por fim, são apresentados autores que defendem a adoção de determinados critérios que evitam a confusão entre pluralismo e anarquismo metodológico. A partir dessas considerações, conclui-se enfatizando que o pluralismo contribui para o desenvolvimento da ciência econômica, uma vez que permite o uso de teorias e métodos que tenham mais a contribuir com o problema investigado.

Palavras-Chave: Ciências Sociais Aplicadas; Metodologia da Ciência Econômica; Pluralismo

AbstractThis article discusses pluralism of approaches in economics with the aim of understanding the benefits of this approach when used in economic analysis. For this, the suits pluralism and plurality are defined, from the perspective of Mäki and Fernandez. Next, the concept of fallibilism is approached, by which it is understood that there is no irrefutable truth of knowledge, making possible the single use of a theory in the economic field. Searching for the origins of the term pluralism in this science, we find a proto-pluralism in Neville Keynes at the end of the nineteenth century. Finally, authors are presented who defend the adoption of certain criteria that avoid the confusion between pluralism and methodological anarchism. From these considerations, we conclude by emphasizing that pluralism contributes to the development of economic science, since it allows the use of theories and methods that contribute more to the problem investigated.

Keywords: Applied Social Sciences; Methodology of Economic Science; Pluralism

Área 1: Metodologia e História do Pensamento Econômico

Classificação JEL: B30; B41

1 Doutoranda no programa de pós-graduação em Ciência Econômica do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas2 Professor titular da Universidade Federal do ABC, atua nos programas de pós-graduação em Ciências Humanas e Sociais e em Economia dessa universidade. 3 Professor Doutor I do programa de pós-graduação em Ciência Econômica do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas.

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1. INTRODUÇÃO

Como contraponto ao dogmatismo instaurado na ciência econômica, alguns autores seguem questionando o predomínio do mainstream, com o objetivo de abrir espaço para as discussões geralmente heterodoxas, ao mesmo tempo em que promovem debates que questionam a forma com que o ensino e as pesquisas em economia se organizam. Esses questionamentos, quase sempre, têm um viés pluralista como pano de fundo, em busca do reestabelecimento da conexão entre a teoria e a realidade, tal que a ortodoxia ceda espaço às correntes excluídas, admitindo não apenas um espaço marginalizado para a heterodoxia, mas sim que seja possível alcançar o objetivo final de atingir o que se chama de “pluralismo das abordagens em economia”.

É difícil conceituar pluralismo em economia, mas em linhas gerais ele diz respeito à aceitação de que os fatos econômicos, por sua complexidade e interligação com fatores históricos, políticos, sociais, institucionais e ideológicos (e isso para não falar em questões comportamentais/psicológicas ou mesmo culturais e antropológicas dos agentes econômicos) devem ser tratados sob diferentes perspectivas analíticas, ganhando em variedade e profundidade de compreensão.

Para que a noção geral do conceito de pluralismo não fique descontextualizada, Bianchi (1992) apresenta uma definição para o termo: “Quando se fala em pluralismo, entende-se uma doutrina que é, por sua própria natureza, avessa ao totalitarismo e ao dogmatismo dos modelos únicos” (BIANCHI, 1992, p.139).

A ideia geral é uma busca por posições teóricas que sejam mais representativas da realidade (tanto da comunidade acadêmica, quanto do objeto estudado), que seja crítica à defesa de uma única corrente de pensamento econômico como o mainstream, e por isso, de forma geral o objetivo dos pesquisadores que defendem o pluralismo das abordagens em economia não deve ser visto apenas como uma crítica em busca da compreensão de uma ciência econômica menos dogmática, mas também como recuperação da economia com um caráter social, cujas competências dialogam com outras ciências humanas, tais como sociologia, psicologia e filosofia, numa abordagem interdisciplinar. Diante do exposto, formula-se a questão que define a problemática deste trabalho: quais são os benefícios do pluralismo aplicado à análise econômica?

Com o objetivo de contribuir para as abordagens pluralistas em economia e o melhor relacionamento dessa ciência com as “tribos de origem comum”, recuperando o sentido proposto por Axel Leijonhufvud (1973)4 o objetivo deste artigo é, por meio da análise bibliográfica, apresentar os

4 Um texto clássico em economia cuja ironia sobressai por meio de uma crítica à desconexão da economia com as ciências sociais, ditas como ‘tribos de origem comum’. O texto também apresenta críticas à convivência na “tribo dos Econs” de suas “castas” (macro, micro, econometria, etc.) mostrando o quanto é difícil o relacionamento entre os próprios economistas e, por fim, também assume uma postura crítica e contrária à aceitação da teoria neoclássica como mainstream em economia, considerando a utilização excessiva das técnicas matemáticas e o dogmatismo inerente ao processo, que acaba por excluir ou marginalizar as outras correntes teóricas em economia.

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benefícios de considerar o pluralismo como uma abordagem apropriada para a economia.

Para tanto, (1) o artigo inicia-se com a discussão sobre os conceitos de pluralismo e pluralidade, diferenciados nos trabalhos de Mäki (1997) e Fernandez (2011). (2) apresenta-se também o debate em torno da questão lógica que envolve o pluralismo, elucidando o conceito de falibilismo, que aponta a impossibilidade lógica de atingir a verdade por meio de apenas uma teoria e, portanto, levando-nos a considerar que a coexistência de múltiplas teorias é uma alternativa benéfica também por razões lógicas. (3) uma recuperação histórica do desenvolvimento do conceito de pluralismo foi realizada e remonta aos escritos de Neville Keynes, ao final do século XIX, o que ficou conhecido como proto-pluralismo ou falácia do método exclusivo. (4) o artigo também lança mão dos trabalhos de Caldwell (1982), Longino (1992), Hands (2001), Davis (2007) e Bianchi (2010) ao discutir a adoção de critérios para separar o que pode ser considerado como científico ou como pseudociência dentro do contexto do pluralismo e defende, em consonância com esses autores, que apesar de ser necessário definir parâmetros sobre quais teorias são aceitáveis para a ciência econômica, não há como definir critérios que sejam válidos para todas as ocasiões e, portanto, o diálogo crítico passa a ser entendido como a melhor alternativa para resolver este conflito.

Este diálogo, entretanto, pressupõe a coexistência de correntes teóricas diferentes e de uma postura que não seja dogmática, por parte dos pesquisadores. (5) neste contexto, Fernandez (2011) mostra o pluralismo, em termos teóricos, como um conceito normativo, mas na prática, como a postura ética que deve ser assumida pelos pesquisadores da área de economia, especialmente ao considerar as singularidades desta ciência. (6) por fim, os trabalhos de Sheila Dow (2004) e Edward Fullbrook (2008) são recuperados como forma de responder às principais críticas recebidas pela abordagem pluralista e então, apresentar as razões pelas quais o pluralismo deve ser reconhecido como uma abordagem benéfica para o desenvolvimento da economia enquanto ciência social aplicada, posição compartilhada pelos autores deste artigo.

2. PLURALISMO DAS ABORDAGENS EM ECONOMIA

Maki (1997) e Fernandez (2011) iluminam os debates sobre pluralismo quando apresentam a importância de diferenciar, conceitualmente, o pluralismo da pluralidade. E a diferença entre essas concepções sugere que pode haver pluralidade sem pluralismo: o que parece ser um cenário próximo do que a ciência econômica atravessa.

O conceito de pluralismo, acima elucidado, é complexo e muito debatido, o de pluralidade, no entanto, é bem intuitivo: é um conceito descritivo que expressa a existência de múltiplas e distintas opiniões. O pluralismo, em contrapartida, é um conceito normativo - como deveria ser o comportamento da economia. A pluralidade descreve a existência de várias posições sobre as mesmas questões, enquanto que o pluralismo aponta que a coexistência de diversas posições teóricas, cuja postura baseia-se no debate crítico, são características desejáveis no meio científico (MAKI, 1997). Então, o pluralismo, enquanto conceito valorativo, afirma e defende que a existência de pluralidade é algo benéfico para o desenvolvimento científico (FERNANDEZ, 2011).

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É necessário, ainda, explicitar que há tipos diferentes de pluralidade: i) de interpretação; ii) de método e; iii) de teoria. A pluralidade de interpretação refere-se ao fato de que as condições sociais, culturais, políticas, psicológicas etc. dos indivíduos alteram a forma como um fato é interpretado, isto é, o mesmo acontecimento pode ser interpretado de formas diferentes. A pluralidade de métodos, por sua vez, considera que pode haver métodos diferentes para chegar ao mesmo resultado, o que, junto com a pluralidade de interpretação, dá abertura para a pluralidade de teorias (FERNANDEZ, 2011).

Agora: considerando a economia como um espaço de pluralidade, de diversidade de teorias e métodos, é importante ressaltar que esse não parece ser um fenômeno exclusivo desta ciência e, mesmo válido também para as ciências naturais, é nas ciências sociais que a pluralidade é central. Isso não quer dizer que as ciências sociais não são objetivas, mas sim que a pluralidade está associada ao fato de serem construídas por seres humanos, como sugere Fernandez (2011):

Temos limitações cognitivas, o mundo é complexo, temos origens e interesses diferentes, temos histórias diferentes. Essa é uma boa série de motivos para pensar que deve mesmo haver uma pluralidade. (...) Na economia, em particular, essa é uma constatação: há diferentes visões, portanto, há pluralidade teórica e metodológica. E sabemos disso porque há escolhas que podem ser feitas nesse campo. Mas a pergunta permanece: isso é bom ou ruim? Devemos defender o pluralismo? (p.4).

O pluralismo parte do pressuposto do entendimento de que há uma inconsistência lógica que envolve a aceitação de uma teoria como representativa da verdade, relacionado ao falibilismo:

Na epistemologia contemporânea o pluralismo é uma consequência inevitável em quase todas as correntes de pensamento. Esse conceito supõe outro prévio, o de falibilismo. Basicamente nos vemos obrigados a aceitar o pluralismo de teorias e métodos a partir da constatação de que a verdade não se obtém ou de que não é possível provar os enunciados mais interessantes das teorias, as leis científicas (SCARANO, 2005, p.2)5.

O conceito foi apresentado por Marin (2008) ao pontuar que “por falibilismo se entende que não existe certeza do conhecimento ou verdade, pois todo conhecimento é conjectural e, por abordagem crítica, ele [Popper] quer demonstrar o que justamente foi denominado de racionalismo crítico” (p.82).

O conceito de falibilismo trabalhado nas obras de Popper6 e a associação do mesmo com o ideal pluralista extrapola a questão lógica tal que 5 Trecho originalmente em espanhol: “En la epistemología contemporánea el pluralismo es una consecuencia inevitable en casi todas las corrientes de pensamiento. Este concepto supone otro previo, el de falibilismo. Basicamente nos vemos obligados a aceptar el pluralismo de teorías y de métodos a partir de la constatación que la verdad no se obtiene o no se puede probar acerca de los enunciados más interesantes de los cuales constan las teorías, las leyes científicas.”

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acentua a necessidade de debate e diálogo para o desenvolvimento científico, como expõem Schorn e Falkenbach (2010):

O falibilismo é um processo dedutivo de verificação, chave metodológica para a abertura do conhecimento e da produção científica à crítica; com ele, a objetividade científica está firmada na disposição a exercer e aceitar crítica e, por esse caminho, perseguir a verdade. Essa forma de racionalidade distingue ciência e não-ciência pela atitude crítica no aprendizado com a experiência (SCHORN e FALKENBACH, 2010, p.39).

O problema lógico que envolve o falibilismo tem relação com a impossibilidade de supor que um evento seja contínuo e válido para ocasiões variadas e em situações futuras. No entanto, não se presta a uma defesa em prol do abandono da racionalidade devido à impossibilidade de ‘ter certeza’: muito pelo contrário, a postura7 valoriza o debate e diálogo críticos como forma de não abandonar as raízes racionais, inerentes ao processo de desenvolvimento científico:

Não é possível conseguir alcançar a verdade na ciência, em suma podemos presumir a verdade de um enunciado. A ciência continua sendo o conhecimento mais forte que possuímos, mas não significa que podemos provar a verdade de algum dos seus enunciados. Em consequência, a ciência é falível, todos os nossos enunciados são hipóteses. (…) Há, no entanto, uma razão poderosa – ainda que muito simples – para essa limitação: não há experiência sobre o futuro e os enunciados universais – os básicos, de onde a ciência parte – nunca podem ser comprovados (SCARANO, 2005, p.3)8.

6 Embora a questão do falibilismo não seja tema central deste trabalho, é importante mencionar a pesquisa de Charles Sanders Pierce sobre a questão do falibilismo. Haack (2002) sugere que “há uma espantosa semelhança entre Popper e Pierce, principalmente se considerarmos que Popper desconhecia quase que completamente o trabalho de Pierce. A noção de ciência dos autores apresenta muitas similaridades, sobretudo na ênfase à sua falibilidade, que se contrapõe à crença tradicional de ciência como conhecimento universal e necessário”. Todavia, Santos (2006), em sua tese doutoral, dedicada a encontrar e discorrer sobre os pontos de inflexão e semelhanças entre os dois autores, explícita que a falibilidade da ciência, para Popper “deve-se a nossa impossibilidade de estabelecer a verdade de uma teoria por verificação. Assim, trabalha-se com hipóteses que podem ser falsas e busca-se o seu falseamento”. Ou seja, cada vez que um erro é descoberto, aproxima-se da verdade que é, deveras, inatingível. Em contrapartida, para Pierce “se por um lado, deve-se à nossa impossibilidade de esgotar o conteúdo significativo de um signo, cujo interprete final é sempre projetado para adiante por outro, deve-se ao próprio caráter de indeterminação do objeto (acaso)”. Num mundo em que a generalidade cresce e se complexifica, nunca poderemos abarcar o seu todo (SANTOS, 2006, p. 112). Neste tópico, os autores agradecem aos comentários do professor Manuel Ramon Souza Luz, que estimularam esta reflexão.7Para mais detalhes, ver Popper (1993) [1934]: A Lógica da Pesquisa Científica e Marin e Fernández (2004): A Filosofia de Karl Popper: As diferentes interpretações dos metodólogos da Ciência Econômica.8 Trecho original em espanhol: ‘La verdad no se puede conseguir en la ciencia, a lo sumo podemos presumir la verdad de un enunciado. La ciencia continúa siendo el conocimiento más firme que poseemos pero no significa que podamos probar la verdad de alguno de sus enunciados. En consecuencia, La ciencia es falible, todos nuestros enunciados son hipótesis. El falibilismo se basa en El rechazo de toda capacidad u operación cognoscitiva por la cual se pretenda obtener La verdad de los principios os enunciados universales, a la manera

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A discussão sobre a possibilidade de compreender o pluralismo como uma abordagem apropriada para o ensino e a pesquisa em economia não é nova: iniciou-se há muito tempo e, mesmo que em alguns momentos tenha sido deixada de lado, nunca deixou de fazer parte dos debates entre os economistas, como sugere Borba (2013):

Em 1891, John Neville Keynes publicou “The scope and method of Political Economy”, lançando um novo feixe de luz sobre a polêmica travada à época entre a economia clássica inglesa, de cunho positivista e a escola histórica alemã, de caráter metodológico indutivista. Ao propor o pluralismo enquanto abordagem metodológica para o estudo da economia, N. Keynes visava precaver a investigação científica do que chamou “falácia do método exclusivo” (BORBA, 2013, p.11)

Com isso, explicita-se o caráter pioneiro de Neville Keynes que tentava posicionar o empenho do conhecimento científico na economia acima das rixas existentes entre os diferentes programas de pesquisa.

N. Keynes foi o precursor da ideia do pluralismo em um contexto em que havia uma disputa por espaço dentro da ciência econômica, conhecida como batalha dos métodos9, entre a escola clássica inglesa e a escola histórica alemã. É evidente que essa disputa associa-se a um debate ainda mais antigo e inconclusivo relativo à questão da dedução versus o indutivismo em ciências. Foi nesse contexto que N. Keynes iniciou a reflexão sobre a dúvida em torno da aparente necessidade de eleger uma única posição, concluindo que as duas poderiam coexistir; em soma:

Se a pura indução é inadequada, a pura dedução é igualmente inadequada. O erro de colocar esses métodos em oposição mútua, como se o emprego de qualquer um deles excluísse o emprego do outro, é infelizmente muito comum. (N. KEYNES, 1917, p.172).

A partir dessa afirmação, que é uma dentre as muitas de N. Keynes sobre a temática, é razoável pensar que haja alguma inclinação em defesa da coexistência de teorias – ou metateorias –, como sinônimo de avanço científico. Sua proposta ficou conhecida na literatura como ‘falácia do método exclusivo’

aristotélica o kantiana. Hay, además, una razón poderosa aunque muy simple para esta limitación: no hay experiência del futuro, y los enunciados universales -los básicos mediante los cuales la ciencia predice- nunca podrán comprobarse.”9 De origem alemã, Methodenstreit, traduz-se como batalha dos métodos. Como esclarecimento acerca da teoria por trás da batalha dos métodos, Bianchi (1992, p. 136) coloca: “de um lado, coloca a economia clássica inglesa, na tradição de Smith-Ricardo-Mill-Senior-Cairnes-Bagehot, que encontraria em 1890, nos Principles de Marshall, um tratado antológico. O método preconizado pelos ingleses definia-se como positivo, abstrato e dedutivo, ou seja, a construção teórica assentava-se em princípios a priori. (...) De outro lado, colocava-se a escola histórica alemã, crítica e contestatória em relação ao domínio inglês, a que N. Keynes se refere às vezes como “escola nova”. Seus adeptos propunham um método fortemente assentado no raciocínio indutivo, bastante influenciado pela história e com enfoque interdisciplinar. Acrescenta-se, ainda que não é possível esquecer que o T. Lawson (1997) sugere um método alternativo a esses dois, o retrodutivo, o que implica em uma ontologia alternativa acerca do objeto social. Além disso, temos a sugestão de T. Veblen (1898) de um método abdutivo, alternativo à indução (dados sem teoria) e à dedução (teoria sem empiria).

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ou como ‘proto-pluralismo’. Nota-se que as ideias e aplicações do pluralismo de N. Keynes foram muito trabalhadas por outros autores depois de suas colocações, especialmente porque a concepção trazida por ele deixou muitas questões em aberto, como elenca Borba (2013):

Denominamos a solução de (N.) Keynes como proto-pluralismo exatamente por tratar-se de uma primeira tentativa. Embora não seja uma instância desenvolvida do pluralismo, deixando lacunas enquanto sua performance frente às críticas oriundas da aplicação prática e dos próprios critérios para a avaliação dos diferentes métodos escolhidos para a condução da investigação sobre a situação problema, já estão presentes em sua proposta questões de cunho metametodológico, ou mais especificamente, da sustentação das premissas do que viria a ser o “moderno” pluralismo. (BORBA, 2013, p. 32).

Acrescenta-se, também, que os debates metodológicos da ciência econômica iniciaram-se ainda antes. Blaug (1993, p.16) e N. Keynes (1917, p.12) os atribuem, inicialmente, a Nassau W. Senior e John Stuart Mill, ou seja, desde as primeiras sistematizações dos escritos econômicos. Entretanto, é possível acrescentar a ideia da concepção de pluralismo nas abordagens em economia desde então, como ao notar a primeira noção do termo nos escritos de Neville Keynes (1917).

A partir das lacunas deixadas por N. Keynes a respeito do pluralismo, outros autores como Bruce Caldwell e Sheila Dow trabalharam sobre as implicações deste conceito, em especial para que a crítica sobre a falta de critério (muito comum) tivesse seus fundamentos refutados.

A proposta preliminar – proto-pluralismo antecedeu uma refinação realizada por Caldwell (1982), conhecido como o economista precursor do pluralismo devido a sua publicação “Beyond Positivism: Economic Methodology in the Twentieth Century”, sugerindo o que é conhecido como “pluralismo crítico”, proposição que recupera as ideias do racionalismo crítico preconizado por Popper, com o objetivo de esquivar-se da eventual anarquia que poderia ser decorrente do pluralismo, antes dito como metodológico. Para tanto, de acordo com Caldwell (1990, p.104): “Não é uma posição completamente desenvolvida, mas tampouco é tão vago que não pode ser articulado”.10 De modo resumido, a preocupação de Caldwell centrava-se em estipular parâmetros para que o pluralismo não fosse confundido com o anarquismo metodológico, ou, de modo similar, que não pudesse ser mal interpretado ou entendido como uma ideia que dá espaço para propostas que não respeitem as regras decorrentes da racionalidade, com uma ausência absoluta de critérios capazes de separar o joio do trigo, a boa ciência da ciência ruim. Cavalieri (2009, p.9) ressaltou que: “o pluralismo crítico não pretende ser uma filosofia da ciência. O pluralismo crítico é, antes de tudo, uma posição de economista”. Cavalieri (2008, p.5) compilou os critérios estabelecidos por Caldwell com o objetivo de prover uma orientação do que é aceitável/desejável:

(1) A busca de um critério universal de apreciação e escolha de teorias é desaconselhada; (2) Ênfase no

10 Trecho originalmente em inglês: “it is not a full-fledged position, but neither is it so vague that it cannot be articulated”.

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trabalho crítico: a tarefa do metodólogo é mostrar os pontos fortes e os fracos de um determinado programa de pesquisa; (3) Ao fazer a reconstrução racional de um programa de pesquisa, o metodólogo deve preocupar-se em mostrá-lo na sua forma mais forte; (4) Na formulação de críticas a um determinado programa de pesquisa, devem ser levados em conta os problemas para os quais o programa procura respostas. Um programa pode ser considerado adequado para alguns problemas e não para outros. E em adição a isso, e até mais importante, a crítica interna deve ser privilegiada. Ela permite uma conversação mais focada entre os possíveis debatedores. Mais ainda, a crítica interna apresenta a vantagem de que, se bem sucedida, possivelmente, provocaria maior reflexão por parte dos proponentes de um programa, [...]; (5) O pluralismo deve valorizar a novidade. Aos programas nascentes deve ser dado um período de desenvolvimento, no qual ele não é severamente criticado. O processo de crítica deve ser levado a cabo quando o programa está suficientemente estabelecido (CAVALIERI, 2008, p.5).

Assim, entende-se que Caldwell elencou pontos para evitar uma desorientação referente às regras e que, em linhas gerais, preocupou-se com a imprescindibilidade de dar espaço ao “novo” dentro da Economia, o desejo de que existam críticas livres de dogmas e, conforme a sugestão de Bianchi (1992, p.140), “diminuir a incomensurabilidade entre teorias e promover o diálogo entre diferentes programas de pesquisa”. Em outras palavras, a ideia de dar espaço à novidade dentro da Economia está ligada à atenção que não é comumente dispendida às teorias novas com metodologias alternativas e possivelmente antagônicas.

A questão da busca por estabelecer critérios de demarcação foi abordada por Davis (2007) e Bianchi (2010), entre outros. Neste sentido, pontua-se que a busca ávida por critérios que diferenciem a boa da má ciência não pode ser uma obsessão dos cientistas/metodólogos, especialmente ao considerar a ciência econômica, como já foi:

(...) a busca de um conjunto único de regras metodológicas, capaz de diferenciar definitivamente a boa da má ciência econômica, revelou-se um empreendimento frustrado. Concordo assim inteiramente com Hands (2001), quando este afirma que não há um “kit metodologia” na prateleira, pronto para ser utilizado pelo pesquisador. Gostemos ou não, essa versão de uma metodologia baseada em regras fixas e de aceitação universal, qualquer que seja seu conteúdo específico, não se coloca mais como meta para o estudioso. Depois de uma temporada em que bebeu avidamente nas fontes da metodologia científica, ao eleger como figuras centrais de sua demanda de resposta autores como Karl Popper, Thomas Kuhn e Imre Lákatos, o metodólogo da economia concluiu que era vã a tentativa de encontrar um algoritmo capaz de definir padrões absolutos e iluminar a escolha da melhor teoria (BIANCHI, 2010, p.2-3).

Caldwell evidencia, em defesa do pluralismo crítico, que a coexistência de teorias e métodos diferentes é benéfica para o desenvolvimento da ciência.

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Em consonância, o desejo de que existam críticas não dogmáticas é condição sinequa non para a proliferação de novas teorias. Bianchi (1992, p.140) observou que “ele privilegia a crítica interna como a mais efetiva, preferindo-a a crítica externa. A primeira é considerada cabível e oportuna em todos os momentos da ciência, posto que o dogmatismo é uma atitude anticientífica por excelência”. Deste modo o diálogo entre economistas de programas de pesquisa científica distintos seria incentivado de forma que traria grande contribuição ao desenvolvimento da ciência. Ainda, no que se refere à incomensurabilidade de teorias11 - conceito proveniente dos escritos de T. Kuhn - considera-se que (tomando como dado a promoção da novidade e o diálogo entre programas diferentes) haveria maior compatibilidade entre teorias.

Longino (1992) explicita a importância de críticas engajadas, pertinentes ao objeto de estudo, reconhecendo a pluralidade inerente à economia e a relevância do diálogo na promoção do pluralismo tal que elenca quatro critérios que deveriam nortear – em termos normativos – a atitude dos cientistas com relação ao diálogo crítico:

1) existem caminhos reconhecidos para a crítica da evidência, dos métodos e dos pressupostos do raciocínio;2) a comunidade como um todo responde a tais críticas;3) existem padrões compartilhados que os críticos podem invocar;4) a autoridade intelectual é compartilhada igualmente entre profissionais qualificados.12

No que se refere à crítica e ao diálogo, considerando os princípios de uma comunidade epistêmica ideal, sugerido por Longino (1992) e Hands (2001) acrescenta que se trata de critérios explicitamente normativos, mas que diferem das proposições individualistas e/ou positivistas, apresentando-os como “critérios normativos sociais” porque fazem referência ao comportamento social dos cientistas e não da conduta individual de cada um deles. Estes critérios não buscam a desconstrução do relativismo e também não são propostos como sociologia descritiva da ciência, no mesmo sentido da proposição do pluralismo das abordagens em economia, de acordo com De Paula et al:

Não se trata, portanto, de propor um “vale tudo” metodológico, mas de reconhecer a inexistência de um metacritério inequívoco para a escolha de teorias e compreender que, a exemplo do mundo econômico sobre o qual nos debruçamos, a empresa científica (e metodológica) é uma construção social, uma prática atravessada por interesses e valores diversos. (...) na medida em que uma consciência esclarecida sobre os limites da razão e da ciência há que ser solidaria de

11 Este conceito foi tratado por Tossato (2012, p.493) “incomensurabilidade pode significar, no limite, a impossibilidade radical de decisão sobre qual teoria é a mais adequada para um determinado ramo científico, pois a incomensurabilidade em suas diversas formas implica que não há possibilidade de escolha entre teorias. Assim, teorias distintas pertencem ou a mundos diferentes ou são expressas em termos intraduzíveis de uma teoria para outra teoria distinta, ou ambas as coisas”.12Texto originalmente em inglês: 1) there are recognized avenues for the criticism of evidence, of methods and of assumptions of reasoning; 2) the community as a whole responds to such criticism; 3) there exist shared standars that critics can invoke; 4) intellectual authority is shared equally among qualifies practitioners.

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uma pratica cientifica apoiada na tolerância e no pluralismo (DE PAULA ET AL, 2003, p.591).

Tratam-se de critérios socialmente normativos, que apresentam uma forma de organização da ciência que promove melhores condições para o aumento do conhecimento científico (HANDS, 2001, p.297):

A chave cognitiva para a organização social da ciência reside na sua capacidade de promover críticas efetivas e para que tais críticas sejam efetivas na promoção da objetividade ou do conhecimento, do que a visão mundial de uma classe privilegiada, as comunidades devem conceder a igualdade de autoridade intelectual a todos participantes qualificados ao diálogo (...). A diversidade é necessária, mas, através da organização social apropriada, essa diversidade promove a objetividade, não o caos ou o relativismo. As quatro normas fornecem os condicionamentos de críticas efetivas, assegurando que as teorias e hipóteses aceitas na comunidade não incorporarão os vieses idiossincráticos (heurísticos ou sociais) de um subgrupo individual (HANDS, 2001, p.268).13

Sheila Dow também debruçou-se sobre a temática, oferecendo uma vasta e qualificada produção sobre o pluralismo das abordagens em economia, enfaticamente preocupada com a impossibilidade lógica de se atingir a verdade por meio de uma teoria científica, tal que em seus desenvolvimentos da teoria macroeconômica busca englobar e reconstruir argumentos das mais diversas escolas do pensamento econômico, compreendendo que são enfoques complementares e, assumindo como postura ética a noção de aceitação frente às teorias incomensuráveis, mesmo que o faça em tom mais próximo da teoria keynesiana e em crítica ao mainstream. Em consonância com o discurso, Scarano (2005), pontua de modo mais específico os tópicos principais da metodologia proposta por Dow:

A partir do nosso ponto de vista, há dois argumentos principais. O primeiro, seu pluralismo só é compatível com uma maneira filosófica de entender a realidade, como sistemas abertos. Deixa de fora, portanto, a maioria das teorias científicas que já existiram até agora. Parece um pluralismo estreito demais e ligado a uma filosofia específica. O segundo argumento contra sua maneira de entender o pluralismo é o papel excessivo que desempenha a filosofia aderida. (…) Em Dow, a economia termina assemelhando-se mais a filosofia do que como a maneira usual de entender uma disciplina científica (SCARANO, 2005, p. 12).14

13Texto originalmente em inglês: “The cognitive key to the social organization of science lies in its ability to foster effective criticism, and for such criticism to be effective in promoting objectivity or knowledge rathar than the world view of a privileged class, inquiting communities must grant equality of intellectual authority to all qualified participants in the dialogue, ideally as many as are avaiable. Diversity is necessary, but throught the proper social organization this diversity promotes objectivity not chaos or relativism. The four norms provide the conditiions of effective criticism, their satisfaction assures that the theories and hypotheses accepted in the community will not incorporate the idiosyncratic biases (heuristic or social) of an individual subgroup.”14 Trecho original em espanhol: “Desde nuestro punto de vista hay dos argumentos principales. El primero, su pluralismo solo es compatible con una manera filosófica de entender la realidad,

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Em linhas gerais, é importante reiterar que a prática do pluralismo parece muito relacionada a um compromisso ético por parte dos economistas e à reformulação do modo de pensar da comunidade científica em prol de um posicionamento mais aberto, menos dogmático, com amplo acesso às novas teorias e fomentando a existência/criação de novos programas de pesquisa. É importante considerar que, dada à realidade complexa da economia, cada teoria é capaz de lançar luz sobre um extrato da realidade, mas tratá-la com inteireza, compreendendo sua multiplicidade de teorias, como elenca Denis (2013):

Para ilustrar: assim como a família de pensamento dos neoclássicos (...) há uma constelação de escolas heterodoxas, incluindo pós-keynesianos, marxistas, austríacos, institucionalistas (...). Minha sugestão de sistema de classificação talvez (na verdade certamente) pode não ser um consenso, mas o fato básico que interessa aqui é indiscutível. Há muitas economias: muitas ciências, muitas práticas, muitas visões e paradigmas econômicos – esse é um simples fato que nós temos que reconhecer e lidar com ele (DENIS, 2013, p.91).15

Permitir, especialmente, aos estudantes de graduação em economia, um ensino amplo e constituído por abordagens variadas é o primeiro passo para que o pluralismo torne-se realidade: mostrar o leque variado relacionado à ciência econômica de forma não dogmática, concedendo a possibilidade de compreensão do todo aos futuros economistas. O maior acesso à compreensão resulta, de acordo com a ótica pluralista, da composição que várias análises permitem quando consideradas juntas, de forma complementar ou, às vezes, antagônicas, mas sempre por meio de um debate mais enriquecedor e dinâmico, promovendo a proliferação de teorias e contribuindo para uma caminhada oposta ao que sugere o dogmatismo.

Ainda, no que se refere ao ensino que considere os ideais pluralistas para a economia, Fullbrook (2003, p.55-56) elenca cinco critérios necessários:

1. A vida econômica é complexa, e alguns elementos são mais fáceis de compreender que outros. Ninguém pode saber tudo sobre bilhões de ações e transações que constituem isso. Então,

2. Qualquer investigação sobre isso tem que selecionar quais atividades pretende investigar, o quão longe e qual direção traçar suas causas e as

como sistemas abiertos. Deja afuera, por lo tanto, la mayoría de las teorías científicas que han existido hasta este momento. Parece un pluralismo demasiado estrecho y ligado a una filosofía específica. El segundo argumento contra su manera de entender el pluralismo es el excesivo papel que desempeña la filosofía la que adhiere. Los metodólogos han terminado por aceptar el papel de la filosofía en la generación y desarrollo de teorías científicas”.15 Trecho original eminglês: “To illustrate: as well as the neoclassical family of schools of thought – including neoclassical Keynesians, monetarists, new Keynesians, new classical and real business cycle theorists, new institutionalists, new economic geographers and analytical Marxists – there is a constellation of heterodox schools, including Post Keynesians, Marxians, Austrians, institutionalists, Georgists, Associative economists, feminists and critical realists, as well as Muslim, Christian and Buddhist economists, in so far as they regard their religion as informing their economics. My suggested system of classification may (in fact certainly does) lack consensus, but the basic fact of interest here is indisputable. There are many economics: many sciences, many practices, many visions and paradigms of economics – that is simply a fact that we have to recognise and to deal with”.

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condições necessárias e como alcançá-las: qual linguagem, identidades, categorias, coletivos e simplificações para empregar e assim vai. A finalidade que você espera dar ao conhecimento – ou se é dirigido por curiosidade, os aspectos do assunto que lhe interessam – deve se juntar com as considerações técnicas no momento de moldar suas seleções. Essa é outra forma de dizer que os valores e propósitos sociais podem moldar as pesquisas. Pelo menos alguns desses valores e propósitos podem ser controversos (porque não há sociedades perfeitamente unânimes). Então,

3. Suas descobertas são tão controversas quanto os valores e propostas que incorporam à pesquisa. Isso não implica que eles devem ser falsos, ou que conclusões diferentes sobre assuntos similares devem, necessariamente, contradizer uma à outra. (…) As contradições só se estabelecem se uma das partes (os neoclássicos, nesse caso) insistem que a deles é a única análise verdadeira ou a única política viável e que os outros devem estar enganados (pode haver também, obviamente, qualquer quantidade de mentiras, argumentos irrelevantes, pouca praticidade ou engodo deliberado em estudos feitos por investigadores menos competentes). Segue-se,

4. Que as democracias que valorizam a liberdade de pensamento e de expressão e o acesso ao governo para expressar interesses e opiniões conflitantes devem encorajar a discordância e amplitude em sua educação econômica. E

5. Nas democracias que dão status de especialista aos seus cientistas sociais, há relações críticas entre o interesse próprio e a perícia desinteressada, tanto entre os grupos como nas mentes individuais. É importante que essas relações sejam reconhecidas e compreendidas a ponto de serem estudadas no processo de formação dos economistas.16

Assim, também em consonância com as proposições cunhadas por Caldwell, é possível resguardar o direito de supor e defender que o pluralismo

16 Extrato proveniente do livro “The crises in Economics – The post-autistic economic movement: the frist 600 days”, cujo organizador é Edward Fullbrook e o capítulo de autoria de Hugh Stretton (University of Adelaide, Australia). O trecho foi base para a formulação desta versão em português dos tópicos levantados.

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não pode ser comparado a qualquer tipo de anarquismo metodológico17, nem reflete uma postura do tipo meramente relativista:

Pluralismo não significa que “vale tudo”. Anarquismo metodológico significa a tirania dos fortes e os mais fortes geralmente estão no poder. Assim, apesar das aparências, o preceito de “vale tudo” é, em última instância, conservador. Em contraste, a política de pluralismo acadêmico constitui um desafio implacável, tanto para a ortodoxia quanto para a heterodoxia. Devemos reconhecer o valor imenso e duradouro do pluralismo dentro da disciplina sem abandonar a precisão e o rigor em nosso próprio trabalho (FULLBROOK, 2008, p.146).18

O que se propõe é uma atitude, ou uma postura ética, mais aberta e crítica, fazendo disso um hábito enriquecedor, promovendo o diálogo e os critérios racionais, tal qual sugerido por Fernandez (2011, p.150), tal postura levaria “ao surgimento de uma ciência econômica melhor e mais útil do que a que existe hoje.” Acredita-se que é imprescindível pensar numa posição mais plural como central para o enriquecimento da ciência econômica. Scarano (2005) elucida, também nesse ponto, a postura de Sheila Dow:

Cada escola de pensamento terá uma maneira específica de avaliar as teorias compatíveis com sua visão de mundo. Portanto, as diferenças entre os critérios para avaliar teorias não podem ser resolvidas. No entanto, Dow sustenta que a ausência de um único conjunto de critérios de avaliação de teorias não impede a discussão de teorias alternativas e, em alguma medida, até comparações entre elas (SCARANO, 2005 p.5).19

17 Feyerabend, proponente do ‘anarquismo metodológico’, inicia sua argumentação com uma crítica à racionalidade preterida por Popper: "E como regras e padrões são usualmente tomados como constituintes da 'racionalidade', infiro que episódios famosos na ciência, admirados por cientistas, filósofos do mesmo modo que por pessoas comuns, não foram 'racionais', não ocorreram de uma maneira 'racional', a 'razão' não foi a força motora por detrás dos mesmos e eles não foram julgados 'racionalmente'" (Feyerabend, 1978, p.14). A partir dessa crítica, Feyerabend assenta a defesa ao anarquismo metodológico, o mais distante possível de todos os critérios que carregam a racionalidade científica consigo: “O conhecimento (...) não é um gradual aproximar-se da verdade. É, antes, um oceano de alternativas mutuamente incompatíveis (e, talvez, até mesmo incomensuráveis), onde cada teoria singular, cada conto de fadas, cada mito que seja parte do todo força as demais partes a manterem articulação maior, fazendo com que todas concorram, através desse processo de competição, para o desenvolvimento de nossa consciência. Nada é jamais definitivo, nenhuma forma de ver pode ser omitida de uma explicação abrangente”. É parte dos objetivos dessa pesquisa diferenciar a proposta do pluralismo das abordagens em economia da proposta do anarquismo metodológico de Feyarabend justamente porque o pluralismo não se propõe distante da racionalidade.18 Trecho originalmente em inglês: “Pluralism does not mean that ‘anything goes’. Methodological anarchism means the tyranny of the strong, and the strongest are those currently in power. Hence, despite anarchistic appearances, the precept of ‘anything goes’ is ultimately conservative. In contrast, the policy of academic pluralism provides a relentless challenge to orthodoxy and heterodoxy alike. We have to recognize the immense and enduring value of pluralism within the discipline without abandoning precision and rigour in our own work”. 19 Trecho originalmente em espanhol: “Cada escuela de pensamiento tendrá una manera específica de evaluar las teorías compatibles con su visión del mundo. Por lo tanto, las

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Tal postura é ainda mais rica se considerar-se que esse escopo vai além de uma ciência social aplicada em particular, como a economia: há espaço para o pluralismo em mais áreas do conhecimento humano, como proposto por Fernandez (2011, p.147):

Em realidade, a superioridade do pluralismo como atitude metodológica não é uma particularidade da economia. Em princípio, poderíamos pensar que a única atitude compatível com a defesa de uma sociedade democrática é permitir que diferentes vozes se manifestem, o que valeria para a ciência como conjunto e para cada uma de suas disciplinas em particular. Por isso, se não temos respostas 100% garantidas, o importante é deixar que todo mundo fale.

Em tempo, é importante sintetizar as principais críticas direcionadas ao pluralismo das abordagens:

i. o pluralismo ocasiona uma anarquia metodológica;ii. o pluralismo não consegue distinguir as boas teorias das ruins;iii. o pluralismo não consegue se estabelecer e por isso não passa de

uma “posição interina”.

Entende-se que estas críticas foram discutidas ao longo do texto, todavia, evidencia-se, por fim, confrontando as duas primeiras observações que, conforme a proposição de Caldwell, reiterada por Bianchi (1992), Scarano (2005), Fullbrook (2008) e Fernandez (2011) o pluralismo não pode ser entendido como uma proposição que abre mão dos critérios racionais, de modo que está muito distante de uma interpretação que se encaixa nos pressupostos de uma anarquia metodológica e, ainda, devido a esta mesma racionalidade, a proposta parece ser suficientemente estruturada para estabelecer critérios de demarcação capazes de diferenciar teorias científicas do que é considerado como pseudociência.

Entretanto, a última crítica é a mais curiosa dentre as supracitadas. Posto que o pluralismo das abordagens em economia deve ser entendido como uma postura ética (FERNANDEZ, 2011) tomada pelos pesquisadores e, portanto, se a proposta pode ser interpretada como uma posição interina é, justamente, porque esta postura seria adotada de acordo com a conveniência de cada pesquisador e não como uma postura ética, que compreende os benefícios dos debates críticos, o papel das críticas internas para o desenvolvimento desta ciência e, tampouco, a importância de diálogo com as tribos de origem comum.

Em linhas gerais, é importante reiterar que a prática do pluralismo parece muito relacionada a um compromisso ético por parte dos economistas e à reformulação do modo de pensar da comunidade científica em prol de um posicionamento mais aberto, menos dogmático, com amplo acesso às novas teorias e fecundo em novos programas de pesquisa.

diferencias de los criterios para evaluar teorías no pueden resolverse. Sin embargo, Dow sostiene que la ausencia de un único conjunto de criterios de evaluación de teorías no impide la discusión de teorías alternativas y, en alguna medida, hasta comparaciones entre ellas. Su divisa será reconocer la visión del mundo subyacente en un punto de vista y animar al debate sobre los méritos relativos de sus respectivas posiciones metodológicas.”

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Em tempo, evidencia-se que a literatura sobre o pluralismo das abordagens em economia tem, ainda, muitas lacunas, tal qual dito por Davis (2007):

O pluralismo como visão de interação profissional em pesquisa e pedagogia adquiriu um acompanhamento crescente na economia, em primeiro lugar entre os economistas heterodoxos, mas também agora também entre os principais economistas associados às novas abordagens de pesquisa no campo. Ao mesmo tempo, o debate e a discussão sobre a natureza do pluralismo na economia ainda parecem estar em um estágio inicial, com muitas questões importantes ainda não abordadas (DAVIS, 2007, p.1).

Conclui-se evidenciando a postura dos autores em favor das abordagens pluralistas, para além da aceitação do pluralismo nos momentos em que este se apresenta como conveniente, mas considerando os problemas lógicos envolvidos na aceitação de uma única teoria como representativa da verdade, a complexidade intrínseca às ciências sociais aplicadas – e especialmente no que concerne à economia -, entendendo a proposta como postura ética, cujos pressupostos básicos devem ser buscados e vigiados a todo tempo.

A posição dos autores citados ao longo desta seção é a mesma comungada pelo presente trabalho: em favor de uma ciência econômica que considere a abordagem pluralista, não obstante as possíveis críticas sobre o pluralismo, cujos benefícios, em termos de capacidade de entendimento dos fenômenos econômicos, superam toda e qualquer eventual crítica.

Entretanto, é prudente elucidar que o pluralismo das abordagens em economia recebeu, em diversos momentos, críticas severas que devem ser citadas.

Além da questão do anarquismo metodológico, uma das principais críticas consiste na noção de pluralismo como uma posição interina na economia, ou seja: a adoção do pluralismo somente em momentos de transição entre paradigmas ou, nos termos kuhnianos, de crise científica. Davis (2008) explicita que, apesar de prescrever o pluralismo das abordagens, para economia, sua análise deve considerar a história do pensamento econômico e, portanto, evidencia que, em termos descritivos, a tendência é que a dicotomia entre ortodoxia e heterodoxia permaneça, mesmo que o que conhecemos atualmente como ortodoxia mude, ou seja, o pluralismo continuaria em uma posição interina.

Todavia, assume-se neste trabalho que a questão do pluralismo como posição interina deve ser tratada ao considerar o pluralismo como uma postura ética a ser adotada pelos pesquisadores, bem como à medida que a noção sobre os benefícios que o pluralismo possibilita ao desenvolvimento de uma ciência complexa como a econômica tornam-se difundidos – difusão essa que esse trabalho visa, claramente, contribuir.

Outra crítica consiste na dificuldade de estabelecer um critério de demarcação, nos termos popperianos, sob a adoção do pluralismo, isto é: como definir e ajuizar as teorias; como separá-las entre ciência e pseudociência – o que esbarra na discussão sobre o anarquismo/relativismo metodológico e engloba a discussão sobre o debate crítico, que seria capaz de promover a crítica interna e ajuizar as teorias por meio do diálogo entre os

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pesquisadores. Mas está ainda mais relacionada à postura dos pesquisadores de abrirem-se ao diálogo e ao debate com os adeptos de outras abordagens teóricas para ajuizar as teorias. De novo: nos termos de Fernandez (2011): o pluralismo deve ser entendido como uma postura ética a ser assumida pelos pesquisadores da área.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em face à crise vivida pela ciência econômica no período que sucedeu a crise financeira e econômica de 2008, e levando em conta as reflexões e críticas apresentadas no decorrer dos últimos anos por economistas, sociólogos e filósofos a respeito das limitações do fazer ciência em Economia, este trabalho buscou contribuir com a análise e a defesa do pluralismo das abordagens em economia.

Além disso, buscou-se realizar uma crítica metodológica ao dogmatismo representado pela mainstream para mostrar a importância da coexistência de diversas correntes teóricas para o desenvolvimento da ciência econômica e, portanto, apresentar e defender, em termos teóricos, o pluralismo das abordagens em economia. Por isso o foco da segunda esteve sobre a questão do pluralismo das abordagens na ciência econômica.

As discussões inicialmente recuperam Maki (1997) e Fernandez (2011) para sustentar o argumento central deste texto: o pluralismo precisa ser diferenciado da simples pluralidade para ser compreendido como uma postura ética, a ser assumida pelos pesquisadores da área, deixando claro que a pluralidade é um conceito descritivo, visto como condição necessária ao pluralismo, enquanto conceito normativo.

O pluralismo também tem um fundamento na lógica. O falibilismo nega a aceitação de uma única teoria como representativa da verdade (Dow 2004, Scarano 2005, Marin 2008 e Marin e Fernandez 2008), posto que não há uma verdade irrefutável, absoluta, no processo de conhecimento científico.

As origens do termo pluralismo remontam a Neville Keynes (1891) que lançou a ideia da falácia do método exclusivo ou, nos termos de Borba (2013), “proto-pluralismo”, no contexto da batalha dos métodos entre os marginalistas e os historicistas ingleses, que tinha como pano de fundo a discussão entre o método indutivo ou dedutivo. Neste sentido, Neville Keynes (1891) aponta para a possibilidade de coexistência de análises distintas, considerando a prática como benéfica para o desenvolvimento científico da economia.

Caldwell (1982) trata diretamente sobre a importância de elencar critérios objetivos para a definição do que é científico e do que pode ser considerado como pseudociência no contexto do pluralismo das abordagens em economia, buscando esquivar-se da crítica que coloca o pluralismo – que entende a existência de teorias diversas para análise dos fenômenos econômicos – como relativismo (ou anarquismo metodológico) vinculado ao pluralismo das abordagens em economia, tomando como base, justamente, a dificuldade de separar “o joio do trigo” no contexto em que a pluralidade é condição de existência para o pluralismo.

Neste sentido, Longino (1992) e Hands (2001) demonstram que a existência desses critérios deve ser vista no âmbito social da ciência e que se referem a critérios socialmente normativos, que apresentam uma forma de organização da ciência que promove melhores condições para o aumento do conhecimento científico. Seguindo a mesma linha de raciocínio, Bianchi (2010)

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aponta na mesma direção ao apontar a inexistência de um “kit de metodologia”, nos termos da autora, sempre a postos na prateleira dos estudiosos da área para decidir o que é e o que não é científico.

Com base nessa discussão, compreende-se a importância do diálogo e do debate crítico entre os pesquisadores para decidir o que é científico e o que é pseudocientífico e, portanto, a postura ética do pesquisador reconhecendo os benefícios do pluralismo das abordagens em economia é imprescindível para que este debate crítico ocorra de forma salutar, livre de dogmas, no mesmo sentido que foi proposto por Fernandez (2011).

Por fim, Fullbrook (2003; 2008), um dos principais autores que defendem o pluralismo das abordagens em economia na atualidade, recupera argumentos importantes para que o pluralismo das abordagens em economia seja entendido como uma atitude que promove o desenvolvimento desta ciência, reconhecendo sua complexidade e especificidades enquanto ciência social aplicada.

A partir dessas considerações, conclui-se enfatizando que o pluralismo agrega ao desenvolvimento da ciência econômica uma vez que permite o uso de teorias e métodos que tenham mais a contribuir com o problema investigado.

Apesar das possíveis críticas ao pluralismo – e claro, deficiências teóricas e práticas – os autores esperam ter deixado claro que os benefícios, em termos de capacidade de entendimento dos fenômenos econômicos, superam toda e qualquer eventual crítica.

Mais ainda: dado o estágio atual, de profunda crítica ao mainstream econômico no após-crise de 2007/2008, a Ciência Econômica precisa abrir-se para o novo momento, que é reclamado e defendido pelos autores supracitados, especialmente na segunda seção, que se propõem a realizar um estudo epistemológico crítico do fazer científico em economia. Neste contexto, enfatiza-se o pluralismo como uma postura ética a ser assumida pelos economistas, dispondo-se ao diálogo e ao debate, justamente por reconhecer que a complexidade do objeto da Economia exige mais do que uma visão teórica exclusiva.

Assim, com base na análise da literatura pertinente, conclui-se enfatizando a importância de considerar o pluralismo como uma abordagem adequada às especificidades da ciência econômica.

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