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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA APOIANDO A TOMADA DE DECISÃO NA DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS SETORIAIS. ESTUDO DE CASO: SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ SIDARTA RUTHES DE LIMA Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Tecnologia. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento Co-orientadora: Dra. Marilia de Souza CURITIBA 2007

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA

A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA APOIANDO A TOMADA DE DECISÃO NA

DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS SETORIAIS.

ESTUDO DE CASO: SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ

SIDARTA RUTHES DE LIMA

Dissertação apresentada como requisito parcial para a

obtenção do grau de Mestre em Tecnologia. Programa

de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade

Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento

Co-orientadora: Dra. Marilia de Souza

CURITIBA

2007

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SIDARTA RUTHES DE LIMA

A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA APOIANDO A TOMADA DE DECISÃO NA

DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS E ESTRATÉGIAS SETORIAIS.

ESTUDO DE CASO: SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ

Dissertação apresentada como requisito parcial para a

obtenção do grau de Mestre em Tecnologia. Programa

de Pós-Graduação em Tecnologia, Universidade

Tecnológica Federal do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento

Co-orientadora: Dra. Marilia de Souza

CURITIBA

2007

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Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da UTFPR – Campus Curitiba

L732p Lima, Sidarta Ruthes de A Prospectiva estratégica apoiando a tomada de decisão na definição de

po-líticas e estratégias setoriais. Estudo de caso : setor têxtil e confecção do esta-do do Paraná. Curitiba. UTFPR, 2007

XV, 261 f. : il. ; 30 cm Orientador: Prof. Dr. Décio Estevão do Nascimento Dissertação (Mestrado) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia. Curitiba, 2007 Bibliografia: f. 219-236 1. Indústria têxtil. 2. Confecção. 3. Desenvolvimento regional. 4. Economia

Industrial. I. Nascimento. Décio Estevão, orient. II. Universidade Tecnológi-ca Federal do Paraná. Programa de Pós-Graduação em Tecnologia. III. Título.

CDD: 338.47677

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ii

Dedico este trabalho e a experiência

adquirida a todos aqueles que acreditaram

em mim, mas, principalmente, a Ieda Lima,

cujo incentivo fomentou a concretização deste

momento importante na minha vida.

Dedico, também, a minha esposa, Francielle

Topolski, que me deu muita força em todos os

momentos...

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iii

AGRADECIMENTOS

Antes de tudo, agradeço a Deus.

Certamente estes parágrafos não irão atender a todas as pessoas que

fizeram parte dessa importante fase da minha vida. Portanto, desde já peço

desculpas àquelas que não estão presentes entre essas palavras, mas elas podem

estar certas que fazem parte do meu pensamento e da minha gratidão.

Reverencio o Professor Dr. Décio Estevão do Nascimento pela sua dedicação

e pela orientação deste trabalho e, por meio dele, eu me reporto a toda comunidade

da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) pelo apoio incondicional.

Agradeço a Dra. Marilia de Souza pela orientação desta pesquisa e pelos

momentos de aprendizado. Agradeço, também, ao Sr. Carlos Sergio Asinelli pela

oportunidade de trabalhar o tema dessa dissertação no âmbito do Observatório

SENAI e, por ele, gostaria de reconhecer o apoio da Federação das Indústrias do

Estado do Paraná (FIEP) a esta pesquisa.

A todos os colegas de trabalho gostaria de externar minha satisfação de

poder conviver com eles durante a realização deste estudo.

Agradeço aos especialistas do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná

que contribuíram para a concretização dos resultados alcançados neste trabalho.

Agradeço aos pesquisadores e professores da banca examinadora pela

atenção e contribuição dedicadas a este estudo.

Gostaria de deixar registrado, também, o meu reconhecimento à minha

família, pois acredito que sem o apoio deles seria muito difícil vencer esse desafio.

E, por último, e nem por isso menos importante, agradeço a minha esposa pelo

carinho, amor e compreensão.

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iv

É por causa da falta de antecipação de ontem

que o presente está cheio de questões por

resolver, ontem insignificantes, mas hoje a

necessitar de resolução urgente...

GODET, Michel

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v

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................................................................................viii

LISTA DE QUADROS.................................................................................................x

LISTA DE TABELAS .................................................................................................xi

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...................................................................xii

RESUMO..................................................................................................................xiv

ABSTRACT...............................................................................................................xv

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................16

1.1 PROBLEMÁTICA..............................................................................................19

1.2 OBJETIVO GERAL...........................................................................................20

1.2.1 Objetivos Específicos ..................................................................................20

1.3 HIPÓTESES .....................................................................................................21

1.4 O MÉTODO ......................................................................................................22

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO..................................................................22

2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL E AS AGLOMERAÇÕES INDUSTRIAIS ...24

2.1 DISTRITO INDUSTRIAL...................................................................................30

2.2 PÓLO INDUSTRIAL .........................................................................................30

2.3 COMPLEXO INDUSTRIAL ...............................................................................31

2.4 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL......................................................................31

2.5 CLUSTER INDUSTRIAL...................................................................................32

2.6 SISTEMA PRODUTIVO E INOVATIVO LOCAL ...............................................34

2.7 REDE DE EMPRESA .......................................................................................35

3 ESTUDOS SOBRE O FUTURO E A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA .............37

3.1 O LEQUE DOS FUTUROS POSSÍVEIS...........................................................40

3.2 A “CAIXA DE FERRAMENTAS” DE MICHEL GODET .....................................42

3.2.1 Oficina de Prospectiva Estratégica..............................................................44

3.2.2 Análise Estrutural Multivariada....................................................................46

3.2.3 Análise do Jogo de Atores ..........................................................................58

3.2.4 Cenários: Possibilidades e Incertezas.........................................................63

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vi

3.2.5 Da Prospectiva à Estratégica ......................................................................71

4 TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO ....76

4.1 ASPECTOS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICOS...................................................78

4.1.1 Têxteis Técnicos e Estruturantes ................................................................78

4.1.2 Têxteis e Roupas Inteligentes .....................................................................80

4.1.3 Têxteis e Fibras Multifuncionais ..................................................................85

4.1.4 Tecnologias de Informação e Comunicação e o Setor Têxtil e Confecção .91

4.1.5 Ciência, Tecnologia e o Meio-Ambiente......................................................95

4.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS.................................................................98

4.2.1 Economia, Política e Comércio Internacional............................................101

4.2.2 A Globalização e a Integração Social........................................................106

4.2.3 A Sociedade do Conhecimento.................................................................108

4.2.4 A Flexibilização da Produção e as Relações de Trabalho ........................110

4.2.5 Demografia: O Envelhecimento da Sociedade..........................................115

4.2.6 A Mulher na Sociedade .............................................................................117

4.2.7 A Visão da Educação na Sociedade .........................................................119

4.2.8 A Sociedade e o Meio Ambiente ...............................................................120

4.3 TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS: UMA SÍNTESE...................................125

5 ASPECTOS METODOLÓGICOS.....................................................................127

5.1 MÉTODO DE PESQUISA...............................................................................127

5.2 Delimitação da Pesquisa ................................................................................129

5.3 A Pesquisa Descritiva: passo a passo............................................................129

5.3.1 A Primeira Fase.........................................................................................130

5.3.2 A Segunda Fase........................................................................................131

5.3.3 A Terceira Fase.........................................................................................132 5.3.3.1 Levantamento das Variáveis do Sistema ..............................................132 5.3.3.2 Identificação das Variáveis “em jogo”....................................................133 5.3.3.3 Identificação e Priorização das Variáveis-chave ...................................135

6 SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO PARANÁ: UM ESTUDO DE CASO .....137

6.1 PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO BRASIL ...................138

6.1.1 Setor Têxtil e Confecção no Brasil (Divisões 17 e 18) ..............................138

6.1.2 Setor Têxtil no Brasil (Divisão 17) .............................................................143

6.1.3 Setor de Confecção no Brasil (Divisão 18)................................................144

6.2 PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ .................146

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vii

6.2.1 Setor Têxtil e Confecção no Paraná (Divisões 17 e 18)............................146

6.2.2 Setor Têxtil no Paraná (Divisão 17)...........................................................154

6.2.3 Setor de Confecção no Paraná (Divisão 18) .............................................162

6.3 PESQUISA NO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ ...................169

6.3.1 Especialistas .............................................................................................170

6.3.2 Grupos de Pesquisa..................................................................................173

6.3.3 Instituições de Pesquisa............................................................................175

6.4 O “ARCO” TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE......................................177

6.5 O MÉTODO MICMAC©: ANÁLISES E DISCUSSÕES....................................178

6.6 A LEITURA DO PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA .......................180

6.7 AS RELAÇÕES DIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS .......................................184

6.7.1 As Variáveis Influentes..............................................................................186

6.7.2 As Variáveis Dependentes ........................................................................188

6.8 AS RELAÇÕES INDIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS....................................192

6.9 MOBILIDADE DAS RELAÇÕES DIRETAS E INDIRETAS.............................199

6.10 AS VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA.........................................................203

6.11 O PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL.................209

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................213

7.1 A CONTRIBUIÇÃO DA PROSPECTIVA ESTRATÉGICA ..............................216

7.2 LIMITAÇÕES DA ABORDAGEM....................................................................216

7.3 RECOMENDAÇÕES ......................................................................................217

REFERÊNCIAS.......................................................................................................219

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viii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 – ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO......................................................22 FIGURA 2 – CONCENTRAÇÃO DE INDÚSTRIAS NO BRASIL...............................27 FIGURA 3 – EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS DO FUTURO.........................................38 FIGURA 4 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COM BASE EM CENÁRIOS.........41 FIGURA 5 – DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE QUESTÕES POR VARIÁVEL....47 FIGURA 6 – DIAGRAMA DE INFLUÊNCIA VERSUS DEPENDÊNCIA ...................48 FIGURA 7 – SITUAÇÕES DE RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS ................................49 FIGURA 8 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS NOS SISTEMAS ....................51 FIGURA 9 – ELEVAÇÃO DA MATRIZ À POTÊNCIA 2.............................................51 FIGURA 10 – MATRIZ DE ANÁLISE ESTRUTURAL................................................52 FIGURA 11 – MATRIZ ELEVADA AO QUADRADO .................................................53 FIGURA 12 – SISTEMA ESTÁVEL E INSTÁVEL .....................................................54 FIGURA 13 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DAS VARIÁVEIS...........................56 FIGURA 14 – MODELO DE DIAGRAMA DE CONVERGÊNCIAS ............................60 FIGURA 15 – CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PELA ANÁLISE MORFOLÓGICA...66 FIGURA 16 – PLACAS DE CONCRETO ESTRUTURADAS COM TÊXTIL..............79 FIGURA 17 – PLACA E CABO FLEXÍVEL................................................................82 FIGURA 18 – TECIDOS QUE NÃO ABSORVEM ÁGUA E ÓLEO............................89 FIGURA 19 – PARTICIPAÇÃO NA EXPORTAÇÃO MUNDIAL ..............................104 FIGURA 20 – PARTICIPAÇÃO NA IMPORTAÇÃO MUNDIAL ...............................105 FIGURA 21 – DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO .....................125 FIGURA 22 – DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO ...................................126 FIGURA 23 – ESTRUTURA DA PESQUISA...........................................................130 FIGURA 24 – ESTRUTURA METODOLÓGICA DO MAPEAMENTO .....................137 FIGURA 25 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO.........138 FIGURA 26 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO .........................139 FIGURA 27 – ESTABELECIMENTOS E EMPREGOS NAS DIVISÕES 17 E 18 ....140 FIGURA 28 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO BRASIL.................................140 FIGURA 29 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO .......141 FIGURA 30 – EXPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO....................................141 FIGURA 31 – IMPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO.....................................142 FIGURA 32 – EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES (NCM 52) ..143 FIGURA 33 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL....................................143 FIGURA 34 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL ....................................................144 FIGURA 35 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO ...................145 FIGURA 36 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO....................................145 FIGURA 37 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS NO ESTADO........................146 FIGURA 38 – MAPA DOS ESTABELECIMENTOS DO ESTADO...........................147 FIGURA 39 – REPRESENTATIVIDADE DO EMPREGO NO ESTADO..................148 FIGURA 40 – MAPA DO EMPREGO NO ESTADO ................................................149 FIGURA 41 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO ESTADO...............................150 FIGURA 42 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO .......151 FIGURA 43 – EXPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO ......................................151 FIGURA 44 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES.............................152 FIGURA 45 – IMPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO.......................................153 FIGURA 46 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES .............................153

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ix

FIGURA 47 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL NO PR .......................154 FIGURA 48 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL NO PR ........................................156 FIGURA 49 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 17)..........................................................158 FIGURA 50 – GÊNERO (DIVISÃO 17) ...................................................................159 FIGURA 51 – GÊNERO NA MESORREGIÃO NORTE CENTRAL .........................159 FIGURA 52 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 17).............................................160 FIGURA 53 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE TÊXTIL ..............160 FIGURA 54 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 17) .........................161 FIGURA 55 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES DO PARANÁ .......162 FIGURA 56 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES DO PARANÁ.......162 FIGURA 57 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR.......163 FIGURA 58 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR .......................164 FIGURA 59 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 18)...........................................................166 FIGURA 60 – GÊNERO (DIVISÃO 18) ...................................................................166 FIGURA 61 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 18).............................................167 FIGURA 62 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE CONFECÇÃO ...167 FIGURA 63 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 18) .........................168 FIGURA 64 – REPRESENTAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES.......169 FIGURA 65 – ESTRATÉGIA DE PESQUISA UTILIZADA NA BASE LATTES........170 FIGURA 66 – MAPA DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ ....................................172 FIGURA 67 – MAPA DOS GRUPOS DE PESQUISA NO PARANÁ .......................176 FIGURA 68 – ARCO TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE..............................177 FIGURA 69 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA .....................180 FIGURA 70 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA ...................................181 FIGURA 71 – GRÁFICO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA .................186 FIGURA 72 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (INFLUENTES) ...........187 FIGURA 73 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (DEPENDENTES) ......189 FIGURA 74 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS ............................................189 FIGURA 75 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA INDIRETA..................193 FIGURA 76 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS INDIRETAS.................................194 FIGURA 77 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 1................................................195 FIGURA 78 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 2................................................196 FIGURA 79 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 3................................................197 FIGURA 80 – INFLUÊNCIA DIRETA NA CULTURA EMPRESARIAL ....................198 FIGURA 81 – CLASSIFICAÇÃO POR INFLUÊNCIA: DIRETA / INDIRETA............199 FIGURA 82 – CLASSIFICAÇÃO POR DEPENDÊNCIA: DIRETA / INDIRETA .......200 FIGURA 83 – PLANO DE DESLOCAMENTO DAS VARIÁVEIS.............................201 FIGURA 84 – VARIÁVEL MOTRIZ: EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO......................205 FIGURA 85 – EMPREGO E AS VARIÁVEIS-CHAVE .............................................206 FIGURA 86 – PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL ........211

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x

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 – LEITURAS POSSÍVEIS DAS VARIÁVEIS..........................................56 QUADRO 2 – PROPRIEDADES MULTIFUNCIONAIS..............................................88 QUADRO 3 – MODELO DE MATRIZ MICMAC© UTILIZADA NA PESQUISA .......136 QUADRO 4 – MATRIZ DE INFLUÊNCIA DIRETA (MID) ........................................179 QUADRO 5 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DE TÉNIÈRE-BUCHOT ..............202 QUADRO 6 – VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA ..................................................204 QUADRO 7 – RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS-CHAVE E TENDÊNCIAS...............207

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xi

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – INDICADORES MACROECONÔMICOS DO BRASIL........................103 TABELA 2 – PROJEÇÃO DO PIB DE PAÍSES EMERGENTES .............................103 TABELA 3 – VARIÁVEIS COLOCADAS "EM JOGO" .............................................134 TABELA 4 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18) ..148 TABELA 5 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18) ...................150 TABELA 6 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17)...........154 TABELA 7 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17...................155 TABELA 8 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17) ...........................156 TABELA 9 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17 ...................................157 TABELA 10 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18)........163 TABELA 11 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18.................164 TABELA 12 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18) .........................165 TABELA 13 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18 .................................165 TABELA 14 – LOCALIZAÇÃO DOS ESPECIALISTAS ...........................................171 TABELA 15 – TITULAÇÃO DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ ..........................172 TABELA 16 – DISTRIBUIÇÃO REGIONAL POR TITULAÇÃO ...............................173 TABELA 17 – GRUPOS DE PESQUISA.................................................................173 TABELA 18 – GRUPOS DE PESQUISA POR MESORREGIÃO ............................174 TABELA 19 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS GRUPOS DE PESQUISA...................174 TABELA 20 – INSTITUIÇÕES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (IPD) ......175 TABELA 21 – LOCALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE P&D ................................175 TABELA 22 – INDICADOR DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA .............185 TABELA 23 – ESTABILIDADE DA MATRIZ MID ....................................................192

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xii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

2D - Duas Dimensões 3D - Três Dimensões AADLT - Advancement and Dissemination of Leapfrog Technology ACV - Análise do Ciclo de Vida AITEX - Instituto Tecnológico Textil ALCA - Área de Livre Comércio das Américas ALICE - Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior APL - Arranjo Produtivo Local CAD - Computer Aided Design CAM - Computer Aided Manufacturing CAQ - Computer Aided Quality CAT - Computer Aided Test CE - Comunidade Européia CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe CGEE - Centro de Gestão e Estudos Estratégicos CIM - Computer Integrated Manufacturing CNAE - Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNAM - Conservatoire National des Arts et Métiers CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CONCLA - Comissão Nacional de Classificação DHI - Die Hohensteiner Institute DNA - Ácido Desoxirribonucléico e-COMMERCE - Comércio Eletrônico EDI - Electronic Data Interchange EPI - Equipamento de Proteção Individual ERP - Enterprise Resource Planning e-TÊXTIL - Têxtil Eletrônico e-TSCM - e-Textile Supply Chain Management EUA - Estados Unidos da América EURATEX - The European Apparel and Textile Organisation FIEP - Federação das Indústrias do Estado do Paraná GPS - Global Positioning System IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IEL/NC - Instituto Euvaldo Lodi / Núcleo Central IHB - Institut fur Hygiene und Biotechnologie IPARDES - Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social IPD - Instituições de Pesquisa e Desenvolvimento IST - Instituto Superior Técnico ITA - Institut fur Textiltechnik Aachen IWTO - International Wool Textile Organisation LCD - Liquid Crystal Display LCD/TFD - Liquid Crystal Display / Thin Film Transistor LIPSOR - Laboratoire d’Investigation en Prospective Stratégie et Organisation MACTOR - Méthode Acteurs, Objectifs, Rapports de Force MAO - Matriz Atores versus Objetivos

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xiii

MCT - Ministério de Ciência e Tecnologia MDIC - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MERCOSUL - Mercado Comum do Sul MICMAC - Matrice d'Impacts Croisés Multiplication Appliqués à un Classement MID - Matriz de Influências Diretas MIDI - Matriz de Influências Diretas e Indiretas MII - Matriz de Influências Indiretas MIT - Massachusetts Institute of Technology MORPHOL - L’Analyse Morphologique MP3 - MPEG-1/2 Audio Layer 3 MTE - Ministério do Trabalho e Emprego MULTIPOL - Méthode Multicritère et Politique NAFTA - North America Free Trade Agreement NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul OCDE - Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico OLED - Organic Light Emitting Diode OPT - Outward Processing Trade P&D - Pesquisa & Desenvolvimento P&D&I - Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação PI - Propriedade Industrial PIB - Produto Interno Bruto PPS - Produktionplanung und –Steuerung PUC-PR - Pontifícia Universidade Católica do Paraná RAIS - Relação Anual de Informação Social REDESIST - Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais RFID - Radio Frequency Identification SEBRAE - Serviço Nacional de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SECEX - Secretaria do Comércio Exterior SEMA - Secretaria de Estado de Meio Ambiente SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SEPL - Secretaria de Estado do Planejamento e Coordenação Geral SINDITÊXTIL - Sindicato da Indústria Têxtil do Estado de São Paulo SMIC-PROB-EXPERT - Matrices d’Impacts Croisés Probabilistes TIC - Tecnologia de Informação e Comunicação TITV - Textilforschungs Institut Thuringen-Vogtland UE - European Union UEL - Universidade Estadual de Londrina UEM - Universidade Estadual de Maringá UEPG - Universidade Estadual de Ponta Grossa UFPR - Universidade Federal do Paraná UP-SKILLS - Upgrading Graduate Strategic Skills USB - Universal Serial Bus UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná UTP - Universidade Tuiuti do Paraná UV - Ultravioleta VP - Variação Percentual

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RESUMO

O objetivo desta pesquisa é elaborar uma abordagem de Prospectiva Estratégica de apoio à tomada de decisão, que contribua, de forma estruturada, para a formulação de políticas e estratégias setoriais. Esta é uma pesquisa de caráter descritivo e de natureza aplicada. A abordagem utilizada é tanto quantitativa quanto qualitativa. O método está baseado no estudo de caso do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Este estudo foi realizado a partir da utilização de dados primários, coletados junto aos especialistas do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná, como, também, dados secundários extraídos da Internet, documentos públicos (bases de dados RAIS, ALICE WEB, Plataforma Lattes, Plataformas Tecnológicas), e pesquisa bibliográfica. Os dados primários foram obtidos das seguintes técnicas: (i) entrevista semi-estruturada; (ii) ponderação da matriz de variáveis; e, (iii) observação assistemática in loco (dinâmica do Painel de Especialistas). Pode-se destacar três resultados significativos nesta pesquisa: primeiramente, com o mapeamento dos indicadores do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná pôde-se obter um diagnóstico estruturado sobre o atual panorama da indústria. O segundo resultado refere-se ao levantamento das tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas, em nível mundial, que poderão impactar o setor e modificar a sua estrutura. E, por último, destaca-se o estudo que possibilitou a identificação das variáveis-chave que influenciam o setor, com o mapeamento das suas respectivas inter-relações. Esses três estudos contemplam o processo prospectivo desenvolvido nesta pesquisa. O resultado demonstrou que a Prospectiva Estratégica fornece um aparato bastante significativo para a formulação de políticas e estratégias setoriais, como também, para aglomerações industriais setoriais. Com o advento da globalização, as mudanças e os impactos que a dinâmica do desenvolvimento científico e tecnológico mundial gera na sociedade, fazem com que os sistemas produtivos sejam afetados constantemente por essas alterações. Este fato embasa a necessidade de utilização de ferramentas e abordagens que possibilitem a estruturação do sistema industrial ou setorial para a tomada de decisão condizente com o diagnóstico atual e as tendências mundiais que possam influenciar o sistema local. Palavras-chave: Desenvolvimento Regional; Economia Regional; Mudança Tecnológica; Organização Industrial e Estudos Industriais; Economia Industrial.

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ABSTRACT

This research aims to elaborate a Strategic Prospective approach to support the decision making process, which contributes, in a structured way, to the formulation of sectorial politics and strategies. This is a descriptive research and of applied nature. The approach used is both qualitative and quantitative. The method is based on the case study of the Textile and Clothing Sector of the state of Paraná. This study has been accomplished through the use of primary data, collected from specialists of the Textile and Clothing Sector of the state of Paraná, as well as secondary data captured from the Internet, public documents (RAIS data base, ALICE WEB, Lattes data-base, Technological platforms), and bibliographical research. The primary data have been attained through the following techniques: (i) semi-structured interview; (ii) careful consideration of the matrix of variables; and (iii) in loco non-systematic observing (dynamic of the Panel of Specialists). We can highlight three relevant results in this research: first, we can obtain a structured diagnosis about the current panorama through the mapping of the indicators of the Textile and Clothing Sector of the state of Paraná; the second result refers to the survey of the scientific-technological and socioeconomic tendencies in the world, which can impact the sector e modify the its structure. Last, we point out the study that made possible the identification of the key-variables which influence the sector, and the mapping of their inter-relations. These three studies embrace the prospective process developed in this research. The result has demonstrated that the Strategic Prospective supplies an expressive pomp for the formulation of sectorial politics and strategies, as well as for setorials industrial heap. Because of the globalization, the changes and impacts that the world-wide technological and scientific development dynamic produces on the society constantly makes that these alterations affect the productive systems. This fact supports the necessity of use of tools and approaches which make possible the structuring of the industrial or setorial system for the decision-making consonant to the current diagnosis and the world-wide tendencies which can influence our local system. Key-words: Regional Development; Regional Economy; technological change; Industrial Organization and Industrial studies; Industrial Economy.

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1 INTRODUÇÃO

Em tempos de intensas transformações, identificar as variáveis que impactam

uma indústria é fundamental no contexto sistêmico que permeia os negócios. Todas

as indústrias sofrem algum tipo de impacto com as oscilações de mercado, do

comportamento da sociedade e dos avanços da tecnologia. Na década de 90, por

exemplo, a Indústria Têxtil brasileira passou por problemas significativos devido ao

impacto de diversas variáveis inter-relacionadas, como a abertura do mercado

interno, a forte concorrência asiática, a defasagem tecnológica e a inserção de

novos produtos (têxteis sintéticos e artificiais) no mercado nacional.

De acordo com Passos (1999), a abertura econômica ocorrida no Brasil em

meados dos anos 90 fez mobilizar, na época, inovações na gestão como fonte de

competitividade, o que de fato proporcionou alguns resultados concretos de aumento

da produtividade. No entanto, estes procedimentos podem ser classificados como

estratégia defensiva, onde o objetivo é obter redução de custos no curto prazo.

Estes tipos de estratégias não induzem e não estimulam as empresas à criação de atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológicos, o que, nas condições atuais de mercados cada vez mais globalizados, apenas garante uma sobrevida a estas empresas, até que outras empresas do mesmo ramo, portadoras de instrumentos e programas de capacitação tecnológica, nacionais ou estrangeiras, tomem seus mercados ou adquiram seu controle acionário. (PASSOS, 1999, p, 363).

Falta para o empresariado nacional, neste contexto, uma postura pró-ativa

frente às transformações. Antes de uma mudança concretizar-se, por mais simples

que seja, revela, ao longo de sua maturação, vários sinais que poderiam ser

captados previamente, e que poderiam ser utilizados na formulação de ações e

estratégias no sentido de maximizar os benefícios e minimizar o seu impacto

negativo (RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006).

Porém, ainda têm-se muitos casos de omissão sobre esse tema.

Recentemente, o Setor de Calçados brasileiro passou por profundas transformações

devido ao impacto de diversas variáveis externas, como a mudança do câmbio e a

forte concorrência asiática, principalmente, pela ação de empresas chinesas nos

mercados tradicionais atendidos, até então, pela indústria brasileira. Os resultados

dessas transformações causaram diversas conseqüências na região do Vale dos

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Sinos, no Rio Grande do Sul. Em 2005, foram demitidos cerca de 18 mil

trabalhadores e fechadas diversas fábricas (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA..., 2005;

SINDICATO MERCOSUL, 2006). Outro exemplo é o fato ocorrido em 2006 que diz

respeito a uma lei que foi sancionada em Brasília, a qual proibiu a utilização de

materiais promocionais em campanhas políticas. Esse episódio teve um reflexo

direto no Arranjo Produtivo Local de bonés de Apucarana, no Paraná. Uma variável

política que afetou toda uma região (CÂMARA..., 2005; VALOR ECONÔMICO,

2006).

Saber lidar com as mudanças pode ser considerada uma tarefa difícil e que

precisa ser trabalhada de maneira introspectiva, pois acredita-se que, primeiro, cada

indivíduo ou organização precisa trabalhar e se preparar internamente para

possíveis alterações do statu quo1 para, depois, aceitar e promover as mudanças

necessárias e que muitas vezes são inevitáveis (SENGE, 1999).

É difícil quebrar velhos paradigmas ou aceitar novos padrões e modelos,

apesar de tal fato ser considerado, muitas vezes, determinante para a perpetuação

de muitas organizações. Muitos estudos evidenciam tal fato e demonstram que

muitas empresas sucumbiram aos seus próprios ideais, ao tentar resistir a certas

mudanças significativas e vitais para a sua sobrevivência (SENGE, 1999).

Mudanças e transformações estiveram presentes na sociedade ao longo de

sua evolução. Elas sempre existiram e continuarão a causar diversos tipos de

impactos. Porém, o que se percebe nos últimos anos, é o fato de que a velocidade

com que ocorrem essas mudanças está aumentando constantemente (CASTELLS,

2005). Em outras palavras, hoje as mudanças ocorrem em espaços de tempo

reduzidos, onde, por exemplo, novas tecnologias são desenvolvidas e acabam

rompendo formas até então onipresentes, causando rupturas socioeconômicas e

tecnológicas; mudanças ou novas regras e legislações são constituídas e acabam

resultando em modificações significativas na economia; e até mesmo mudanças

climáticas irão, certamente, modificar os costumes e comportamentos dos indivíduos

(RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006).

1 Statu quo: expressão latina (in statu quo ante) que designa o estado atual das coisas, seja em que ...momento for.

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A mudança está estreitamente ligada à inovação e ao avanço da ciência e

tecnologia. Para Drucker (1975), as empresas terão que se tornar cada vez mais

capazes de se organizarem para a inovação e o monitoramento da tecnologia, bem

como realizar um acompanhamento dos impactos sociais e econômicos. Os

trabalhos de Porter (1989) corroboram essa idéia e o autor salienta, ainda, que seria

importante prever a trajetória da evolução tecnológica, pois, dessa forma, as

empresas antecipariam-se às mudanças e, conseqüentemente, tornariam-se mais

competitivas no mercado.

Além disso, a característica sistêmica das mudanças faz com que estas

fiquem ainda mais complexas e de difícil compreensão, principalmente, na medida

em que as interações vão aumentando e os reflexos dos impactos ficam vinculados

a quantidades maiores de atores e variáveis (CASTELLS, 2005).

Segundo Drucker (2001), o desafio em termos de gestão e administração

para o século XXI está relacionado com o modo como as organizações lidam com as

mudanças. O autor afirma que não é possível gerenciar as mudanças, mas sim

somente estar à sua frente. A empresa precisa ser uma “líder de mudança”, e, para

isso, os líderes devem tratá-la como oportunidades, buscando encontrar boas

mudanças dentro e fora da organização. Nesse sentido, é possível verificar quatro

requisitos básicos para uma empresa ser uma líder de mudança, a saber: (i)

políticas para criar o futuro; (ii) métodos sistemáticos para buscar e prever

mudanças; (iii) maneiras de introduzir mudanças (dentro e fora da organização); e,

(iv) políticas para equilibrar mudanças e continuidade. Drucker (2001) acrescenta

ainda que a política de inovação precisa estar relacionada com a política de criar

mudanças. Sem o relacionamento dessas políticas nenhuma organização pode

esperar ser uma inovadora de sucesso.

No entanto, nas organizações é possível observar, simultaneamente, duas

forças contrárias quanto ao processo de mudança: (i) o desejo de mudar; e, (ii) o

desejo de continuar o statu quo. No centro de tudo isso pode surgir o conflito: de um

lado pessoas aptas a mudarem, e no outro, indivíduos receosos e intransigentes

(MARRAS, 2002).

É nesse sentido que a cultura organizacional ganha grande destaque, uma

vez que é preciso entendê-la para poder promover processos de mudanças e de

inovação. De acordo com Silva e Zanelli (2004, p. 439), “quanto mais consistente for

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a cultura, mais difícil será a mudança em direções opostas aos seus valores, uma

vez que ela funciona como um anteparo que afasta a organização de tais

inovações”. A cultura não pode ser alterada de maneira arbitrária por meio de

anúncios de mudanças, mas sim mediante incentivos relacionados aos pontos fortes

e, conseqüentemente, ao atrofiamento dos pontos fracos.

Tais mudanças se efetivam a partir de alterações legítimas nas atitudes dos dirigentes e pela interiorização de novas formas de conceber os processos e rotinas organizacionais. Nesse ponto, os dirigentes devem agir de acordo com o que professam, de modo a estimular que os demais participantes da comunidade organizacional confiram credibilidade à realidade social em mudança. (SILVA; ZANELLI, 2004, p. 441).

A cultura não pode ser analisada de maneira individual, pois existe toda uma

cadeia de interação entre organizações e indivíduos, e em vários níveis. A cultura

deve ser tratada de maneira integrada, considerando a interação simultânea entre os

diferentes níveis, por exemplo, do grupo, da organização e da cultura local (CHAO,

2004 apud SILVA; ZANELLI, 2004).

Acredita-se que é nesse sentido que o desenvolvimento regional deve ser

fomentado, ou seja, no objetivo de trabalhar a cultura empresarial para que toda

uma indústria forme a base propulsora de um processo de inovação, que se

dissemine por toda a região, e que tenha o desenvolvimento sustentável como a

grande meta a ser atingida. A indústria tem um papel fundamental no

desenvolvimento regional sustentável, e é pelas pessoas que esse processo deve

ser promovido e impulsionado (RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006).

1.1 PROBLEMÁTICA

É importante que se faça o monitoramento das variáveis que impactam a

indústria-chave local, pois qualquer mudança significativa na cadeia produtiva ou no

setor, pode acarretar sérios problemas e comprometer a busca pelo

desenvolvimento regional sustentável (RUTHES; DO NASCIMENTO, 2006).

Como mencionado na introdução deste trabalho, é difícil identificar e mapear

as variáveis que impactam uma organização, o que torna ainda mais complexo

estender essa tarefa a toda uma indústria. Em termos setoriais, existem muitos

atores agindo ao longo da cadeia de produção que, juntos, formam uma rede de

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relacionamento. Esses atores possuem, de forma concomitante, um poder de

influência e dependência entre si, com pesos e graus de interação diferentes. Sem

contar com os reflexos, oriundos das variáveis internas e externas à indústria, que

impactam direta e indiretamente no comportamento desses atores. Nesse sentido,

toda a indústria pode ser considerada um sistema complexo, com entrada,

processamento e saída, e com muitas variáveis incidindo sobre ela.

Tendo como fundo a explanação desenvolvida anteriormente, tem-se como

problema de pesquisa a seguinte indagação:

COMO A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA PODE SUBSIDIAR

A TOMADA DE DECISÃO NA DEFINIÇÃO DE POLÍTICAS E

ESTRATÉGIAS VOLTADAS AO SETOR TÊXTIL E

CONFECÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ?

Compreender como o sistema funciona, portanto, pode contribuir para uma

tomada de decisão mais fundamentada, além de facilitar o entendimento do

processo de mudança e inovação na indústria e nas organizações. A Prospectiva

Estratégica é uma abordagem metodológica que pode possibilitar uma visão mais

detalhada sobre o comportamento do sistema empresarial. Essa abordagem utiliza-

se de diversas ferramentas que podem ser utilizadas como apoio à tomada de

decisão, como por exemplo, a identificação e priorização das variáveis que possam

impactar o sistema, ou mesmo para a obtenção do mapa de poder e força entre os

atores do sistema investigado.

1.2 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral desta pesquisa é propor um processo de apoio à tomada de

decisão para a definição de políticas e estratégias para o Setor Têxtil e Confecção

do Estado do Paraná.

1.2.1 Objetivos Específicos

Para o atendimento do objetivo principal, esta pesquisa comporta os

seguintes objetivos específicos:

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• Realizar uma revisão de literatura sobre Desenvolvimento Regional e as Aglomerações Industriais, bem como sobre a Prospectiva Estratégica;

• Levantar, em nível mundial, as tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas que possam impactar o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná;

• Mapear o Setor Têxtil e Confecção no Brasil e no Estado do Paraná com relação aos indicadores de emprego e trabalho, de comércio internacional e de competência em pesquisa;

• Priorizar as variáveis relevantes para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná (definição do sistema de variáveis);

• Identificar as variáveis-chave para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná;

• Analisar as inter-relações entre as variáveis do sistema e deduzir sua contribuição para a tomada de decisão; e,

• Estruturar uma proposta de Prospectiva Estratégica para apoiar à tomada de decisão setorial.

1.3 HIPÓTESES

As hipóteses que se pretende verificar nesta pesquisa estão embasadas na

premissa de que a complexidade sistêmica da cadeia produtiva precisa ser, pelo

menos, estruturada de maneira lógica para apoiar a tomada de decisão. Nesse

sentido, as hipóteses a serem consideradas nesta investigação podem ser assim

apresentadas:

• HIPÓTESE 1

A Prospectiva Estratégica pode auxiliar na tomada de decisão em um

contexto complexo caracterizado pela dificuldade de obtenção de leitura

coerente das inter-relações das variáveis que compõem e impactam o

Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná.

• HIPÓTESE 2

A Prospectiva Estratégica é uma abordagem que permite identificar

tendências e mudanças que poderão impactar a indústria e aglomerações

industriais.

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1.4 O MÉTODO

Esta é uma pesquisa de caráter descritivo e de natureza aplicada. A

abordagem utilizada é tanto quantitativa quanto qualitativa. O método está baseado

no estudo de caso do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná.

1.5 ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Além dessa introdução, capítulo 1, este trabalho está estruturado em sete

capítulos (ver Figura 1). Na seqüência, capítulo 2, encontra-se abordado o tema

desenvolvimento regional e as aglomerações industriais, pois acredita-se que a

Prospectiva Estratégica possa contribuir para questões de ordem setorial voltadas

ao desenvolvimento regional, bem como para as aglomerações industriais setoriais.

Em seguida, capítulo 3, tem-se estruturado o capítulo referente aos estudos sobre o

futuro e a Prospectiva Estratégica, no qual procurou-se conceituar e apresentar as

principais ferramentas utilizadas em estudos dessa natureza.

FIGURA 1 – ESTRUTURAÇÃO DO TRABALHO

Fonte: O autor.

Dando continuidade, no capítulo 4 foram identificadas as principais tendências

e convergências científico-tecnológicas e socioeconômicas para o Setor Têxtil e

Confecção, no qual procurou-se, de forma simplificada, extrapolar algumas

mudanças previstas para o setor. Os aspectos metodológicos que permearam e

direcionaram esta pesquisa estão apresentados no capítulo 5. No capítulo seguinte,

capítulo 6, apresenta-se o estudo de caso sobre o Setor Têxtil e Confecção do

Estado do Paraná, onde procurou-se identificar alguns indicadores que pudessem

posicionar a indústria paranaense em relação ao país e relacionar algumas

Capítulo 1 Capítulo 2 Capítulo 3 Capítulo 4

Capítulo 5 Capítulo 6 Capítulo 7

Introdução

Desenvolvimento Regional e as Aglomerações

Industriais

Setor Têxtil e Confecção do Paraná: Um Estudo de Caso

Aspectos

Metodológicos

Estudos sobre o Futuro e a Prospectiva Estratégica

Tendências e Convergências do

Setor Têxtil e Confecção

Considerações

Finais

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características do setor no Paraná. Neste capítulo encontram-se, também, a análise

e as discussões referentes ao método MICMAC© desenvolvido neste estudo. Por

último, no capítulo 7 são apresentadas as considerações finais, onde procurou-se

responder aos objetivos e às hipóteses previamente levantadas na introdução desse

trabalho, capítulo 1. Além disso, encontra-se no final deste documento os elementos

pós textuais como Referências (página 219), Apêndices (página 237), e Anexos

(página 257).

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2 DESENVOLVIMENTO REGIONAL E AS AGLOMERAÇÕES INDUSTRIAIS

A dinâmica da economia e da tecnologia dos sistemas produtivos regionais

motivaram estudiosos de diversas áreas do conhecimento, tais como a economia, a

sociologia e a geografia. Este fato gerou como resultado inúmeras nomenclaturas e

definições para caracterizar aglomerações empresariais com proximidade geográfica

(LEMOS, 2003). Além disso, essas definições variam de autor para autor, e

dependem muito do tipo de enfoque e do objeto em análise. Para este estudo

adotou-se a definição de Lastres e Cassiolato (2003, p. 07), cujo conceito pode ser

assim descrito:

O termo aglomeração – produtiva, científica, tecnológica e/ou inovativa – tem como aspecto central a proximidade territorial de agentes econômicos, políticos e sociais. Geralmente, essas aglomerações envolvem algum tipo de especialização produtiva da região em que se localizam.

Nesse contexto, existem diversas tipologias e abordagens relacionadas às

aglomerações industriais. Suzigan (2001) apresenta pelo menos cinco abordagens

expressivas para analisar tais aglomerações: (i) “Nova Geografia Econômica” de

Paul Krugman; (ii) “Economia de Empresas”, com destaque para Michel Porter; (iii)

“Economia Regional”, liderada por Allen Scott; (iv) “Economia da Inovação”, cujo

expoente é David Audrestch; e, (v) “Pequenas Empresas / Distritos Industriais”, com

destaque para as contribuições de Hubert Schmitz.

As abordagens de Krugman e Porter são semelhantes, principalmente no

sentido de tratar as aglomerações industriais como resultado natural das forças de

mercado, o que assume o pressuposto de que não há muito que fazer em relação às

medidas gerais de políticas. Por outro lado, as abordagens de Scott, Audrestch e

Schmitz ressaltam o apoio do setor público, por meio de medidas específicas de

políticas e do fomento à cooperação entre os atores (SUZIGAN, 2001).

A questão da proximidade entre as empresas é um fator que caracteriza as

aglomerações industriais. Por conseguinte, o “local” torna-se um objeto de estudo

muito importante, devido às diversas tentativas de revelar as características do seu

relacionamento com o desenvolvimento e a competitividade da região. Nesse

sentido, Oliveira (2004, p.55) destaca que:

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A recente importância e a especialização assumida pelo espaço denominado “local” pode parecer o paradoxo da globalização. Enquanto global remete à idéia de inexistências de limites e fronteiras, local denota espaço fisicamente reconhecido que pode significar desde um bairro até uma nação.

Muitos pesquisadores afirmam que os conceitos de local e de espaço são

muito mais amplos que os limites físicos de determinados aglomerados industriais.

Acredita-se que os limites do local não são somente geográficos, mas devem ser

determinados, por exemplo, no âmbito econômico, político e social, o que de fato

inclui toda a dinâmica e inter-relações que existem nesse contexto (ALBAGLI, 1999;

LÓPEZ; LUGONES, 1999; CARON, 2004 apud OLIVEIRA, 2004; PEIXOTO, 2005).

O espaço tem um papel privilegiado na medida em que ele cristaliza os momentos anteriores, e é o lugar de encontro entre o passado e o futuro, mediante as relações sociais do presente que nele se realizam. (PEIXOTO, 2005, p. 23).

Outro ponto importante, que vem sendo debatido e pesquisado, diz respeito à

identificação das regiões que possuem aglomerações industriais e vocação para

determinadas atividades econômicas. Existem vários estudos que priorizam o

desenvolvimento de metodologias de identificação e análise de aglomerações

industriais como, por exemplo, os estudos de Britto, (2000); Suzigan, (2001); Puga,

(2003); Suzigan et al., (2003a) e (2003b); Szpak e Cunha, (2003); Santana e

Santana, (2004); Ruiz e Domingues, (2005); Santana, Santana e Filgueiras, (2005).

As técnicas utilizadas são variadas e vão desde a análise de bases de dados, como

a RAIS e os coeficientes de GINI2, até a pesquisa in loco, por meio de questionário

estruturado.

Além disso, existe no Brasil uma rede de pesquisa interdisciplinar,

denominada REDE DE PESQUISA EM SISTEMAS E ARRANJOS PRODUTIVOS E

INOVATIVOS LOCAIS – REDESIST, que trabalha com o tema aglomerações

industriais, cuja coordenação está sendo desenvolvida pelos pesquisadores José

Eduardo Cassiolato e Helena Maria Martins Lastres. Os trabalhos da REDESIST

estão sendo orientados no sentido de desenvolver indicadores e tipologias que

permitam tirar algumas conclusões sobre fatores recorrentes, que propiciam ou

2 O Coeficiente de Gini é uma medida de desigualdade desenvolvida pelo estatístico italiano Corrado ...Gini.

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dificultam o processo de aprendizado, capacitação e inovação. No entanto, somente

com a utilização dos indicadores não é possível captar todos os aspectos

importantes para uma análise profunda de aglomerações industriais (LASTRES;

CASSIOLATO, 2004).

Segundo Dominguez e Ruiz (2006), um estudo realizado no Brasil para

mapear a organização territorial da indústria brasileira identificou quinze

aglomerações espaciais no país, formadas por apenas 254 municípios. A

distribuição geográfica dessas aglomerações é restrita às Regiões Sul e Sudeste,

sendo que essas quinze aglomerações concentram 75% do produto industrial do

país e quase o total do produto das empresas inovadoras, exportadoras e intensivas

em escala. Este fato demonstra a importância das aglomerações industriais para o

país. Na Figura 2, p. 27, pode-se observar a distribuição das firmas industriais com

mais de 30 empregados no Brasil no ano 2000.

O espaço econômico brasileiro é um caso heterogêneo: o Brasil já apresenta amplas regiões com fortes conexões regionais, particularmente no Sul e Sudeste, mas existem ainda um conjunto desconexo de ilhas e enclaves3 industriais com limitados efeitos transbordamentos. (RUIZ; DOMINGUES, 2005, p. 01) .

De acordo com um estudo realizado por Lemos et al. (2003), a configuração

regional brasileira revela que não houve mudança estrutural, entre 1980 e 1991, do

padrão do desenvolvimento regional brasileiro4, uma vez que os autores

identificaram que os grandes contornos geográficos da economia brasileira

continuavam semelhantes.

As fronteiras do aglomerado industrial não são estáticas; elas se encontram

em constante evolução. Este fato é devido, principalmente, ao surgimento de novas

empresas e setores, ao encolhimento ou declínio dos setores estabelecidos e ao

desenvolvimento e à transformação das instituições locais. A causa dessa

mobilidade das fronteiras dos aglomerados pode ser explicada, por exemplo, pela

mudança na legislação e nos regulamentos, ou pela evolução da tecnologia e dos

mercados, o que pode disseminar novos setores, criar novos elos ou alterar os

mercados atendidos (PORTER, 1999).

3 Enclaves = áreas no entorno de aglomerações industriais locais isoladas no território. 4 Dados baseados no censo de 1991 do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

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27

FIGURA 2 – CONCENTRAÇÃO DE INDÚSTRIAS NO BRASIL

Fonte: DOMINGUES; RUIZ, (2006, p. 43).

Ainda nesse sentido, Lastres et al. (1999) destacam que o caráter localizado

do desenvolvimento econômico e sua relação com a inovação é uma questão muito

recente e que pode ser observada com mais intensidade na literatura especializada

a partir dos anos 80. A atenção ficou maior no que se refere ao caráter localizado da

inovação e do conhecimento quando se constataram grandes assimetrias

relacionadas à distribuição espacial da capacidade de geração e de difusão de

inovações. De acordo com Dosi et al. (1994) apud López e Lugones (1999), as

capacidades de inovação e aprendizado estão fortemente inseridas ou aprofundadas

na estrutura social, institucional e produtiva de cada região.

Atrelado a tudo isso, é, de certa forma, consenso entre a maioria dos

pesquisadores e estudiosos a premissa da impossibilidade de criação de

aglomerações por forças externas ou por imposição, já que, geralmente, as

aglomerações industriais desenvolvem-se espontaneamente. O surgimento desse

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modelo industrial depende muito da vocação local, além da presença de economias

externas e de condições regionais favoráveis. É por isso que não é possível

desenvolver políticas de criação de aglomerações empresariais (SUZIGAN, 2001).

As aglomerações industriais variam em tamanho, amplitude e estágio de

desenvolvimento. Algumas delas são constituídas de empresas de pequeno e médio

porte, outras envolvem organizações de grande e pequeno porte. Algumas

aglomerações giram em torno de pesquisas universitárias, enquanto outras não

apresentam ligações significativas com essas instituições. Essas e outras distinções

refletem as diferenças estruturais entre as aglomerações. “Os aglomerados mais

desenvolvidos apresentam bases de fornecedores mais profundas e especializadas,

um aparato mais amplo de setores correlatos e instituições de apoio mais

abrangentes”. (PORTER, 1999, p. 216).

Em se tratando de competição, as empresas nos aglomerados podem ser

influenciadas de três maneiras: (i) pelo aumento da produtividade; (ii) pelo

fortalecimento da capacidade de inovação; e, (iii) pelo estímulo à formação de novas

empresas, que reforçam o processo de inovação e ampliam o aglomerado como um

todo. Além disso, os índices de produtividade nos aglomerados são beneficiados

pelo ao acesso a fatores como: (i) insumos e pessoal especializado; (ii) informação;

(iii) complementaridade entre as atividades; (iv) instituições e bens públicos; e, (v)

incentivo e mensuração do desempenho (PORTER, 1999).

As vantagens da aglomeração empresarial têm auxiliado, principalmente,

pequenas e médias empresas a vencerem barreiras ao crescimento. O arranjo

dessas organizações pode fomentar a produção eficaz e a comercialização de

produtos em mercados distantes, tanto em nível nacional quanto em nível

internacional (CASSIOLATO; LASTRES, 2001).

O modelo de aglomeração industrial também gera oportunidades para outros

setores, como é o caso das indústrias correlatas e de apoio que são fomentadas na

região. Segundo Garcia (2003), as aglomerações industriais são capazes de atrair

setores e segmentos industriais e de serviços ligados à atividade principal, o que de

fato contribui para o incremento da competitividade local, para o processo de

inovação e aperfeiçoamento dos produtos e para o aprendizado coletivo.

Quanto à inovação, os benefícios para as empresas que fazem parte de

aglomerados industriais, em comparação com as organizações em localizações

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isoladas, são importantes e, até certo ponto, mais expressivos (PORTER, 1999;

CASSIOLATO; LASTRES, 2001). As empresas dentro de um aglomerado industrial

percebem de maneira mais rápida as necessidades dos compradores, além de

terem maior facilidade de discernimento das tendências dos clientes. A flexibilidade

e a capacidade de atuação para agir com rapidez quando despertadas para um

insight é maior nas empresas localizadas nos aglomerados, principalmente pela

existência de articulações mais fortes (PORTER, 1999).

Para Boisier (1996), o desenvolvimento regional está submetido ao resultado

da interação de dois notáveis processos que estão, atualmente, presentes em todos

os países: (i) o processo de abertura externa (movido pela globalização); e, (ii) o

processo de abertura interna (impulsionado pela força da descentralização).

Segundo o autor, o processo de abertura externa é essencialmente econômico,

enquanto que o processo de abertura interna é político.

Pode-se mesmo dizer que é crescente a percepção da inconciliabilidade entre o objetivo de tornar-se competitivo e a manutenção de estruturas decisórias centralizadas. Essa constatação permite prever uma ampla e progressiva demanda por descentralização, o que inclui, evidentemente, a descentralização política/territorial, que fará aumentar a importância do remanejo territorial. (BOISIER, 1996, p. 112).

Segundo Boisier (1996), o desenvolvimento de um território organizado

depende da existência e da articulação de seis elementos: (i) atores; (ii) instituições;

(iii) cultura; (iv) procedimentos; (v) recursos; e, (vi) entorno. Normalmente esses

elementos estão presentes em qualquer território organizado.

Esses elementos interagem de um modo denso ou difuso, de forma aleatória ou então de uma forma inteligente e estruturada. O desenvolvimento resultará apenas de uma interação densa e inteligentemente articulada, mediante um projeto coletivo ou um projeto político regional. Do contrário, não se terá senão uma caixa preta, cujo conteúdo e funcionamento se desconhece. (BOISIER, 1996, p. 133).

Em algumas regiões prevalece uma cultura competitiva e individualista, capaz

de gerar crescimento, porém sem condições de promover o desenvolvimento mais

duradouro. Por outro lado, existem regiões em que a cultura da cooperação e da

solidariedade é mais intensa, o que gera mais eqüidade sem crescimento. Portanto,

o importante é combinar ambos os padrões para que seja possível obter, em uma

mesma região, a capacidade de cooperação e de competição (BOISIER, 1996).

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Se o jogo da competição é uma atividade complexa que se desenvolve de acordo com regras também complexas, não se pode pretender ganhar mediante sistemas simples. (...) Pode-se observar que a complexidade territorial é também um requisito para uma junção adequada de qualquer território ao comércio internacional. (BOISIER, 1996, p. 120).

O modelo em que a cooperação e a concorrência se encontrem combinadas

em um mesmo território se assemelha muito com algumas teorias sobre

aglomerações industriais. A seguir serão apresentadas algumas estratégias de

ações de desenvolvimento regional por meio da aglomeração industrial. Estas

estratégias muitas vezes foram desenvolvidas de forma arbitrária (políticas públicas),

como também, em muitos casos são padrões que foram observados a partir do

surgimento espontâneo e vocacional de determinadas regiões.

2.1 DISTRITO INDUSTRIAL

Foi o inglês Alfred Marshall o primeiro estudioso a desenvolver o conceito de

distrito industrial. Tal definição é conseqüência do padrão de produção que existia na

Inglaterra no século XIX, onde a característica básica que levou Marshall a chegar a

essa conclusão era a concentração de pequenas empresas de manufatura

aglomeradas na periferia dos centros produtores (GARCIA, 2002; ALBAGLI; BRITO,

2003; LASTRES; CASSIOLATO, 2003; CAMPOS, 2006; SONAGLIO; MARION

FILHO, 2006).

As características básicas dos modelos clássicos de distritos industriais, caracterizados a partir da análise original de Marshall, indicam em vários casos: alto grau de especialização e forte divisão de trabalho; acesso à mão-de-obra qualificada; existência de fornecedores locais de insumos e bens intermediários; sistemas de comercialização e de troca de informações entre os agentes. (LASTRES; CASSIOLATO, 2003, p. 13).

2.2 PÓLO INDUSTRIAL

Segundo Haddad (2002), foram os pesquisadores franceses François Perroux

e Jacques Boudeville, em meados dos anos 50, que criaram os primeiros conceitos

de pólo e desenvolvimento regional polarizado. Pólos são formados por

aglomerações de indústrias motrizes no desenvolvimento econômico de regiões e

localidades, capazes de induzirem transformações na sua área de influência (efeitos

de arrasto).

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Um pólo de desenvolvimento está associado, geralmente, a um grande projeto de investimento geograficamente localizado e que mantém fortes vínculos com suas áreas de influência política, econômica e institucional. (HADDAD, 2002, p. 02).

2.3 COMPLEXO INDUSTRIAL

De acordo com Isard (1998) apud Haddad (2002), complexo industrial pode

ser definido como um conjunto de atividades que ocorrem em um determinado local

e pertencem a um grupo ou subsistema de atividades sujeitas a importantes inter-

relações de produção, comercialização e tecnologia.

Segundo Haddad (2002), a partir da década de 60, muitos países latino-

americanos incorporaram em suas estratégias de promoção industrial, para regiões

periféricas, a proposta de complexos industriais. Estas medidas foram concebidas

como forma de superar desníveis espaciais de desenvolvimento nesses países.

Como exemplos desse modelo industrial no Brasil, pode-se citar o complexo

petroquímico de Camaçari, na Bahia, e o complexo químico-metalúrgico do Rio

Grande do Norte.

2.4 ARRANJO PRODUTIVO LOCAL

De acordo com Lemos (2003), arranjos produtivos locais (APL) podem ser

definidos como qualquer forma de aglomerações produtivas territoriais, onde a

dinâmica e o desempenho não apresentam elementos suficientes de interação.

Outra definição muita utilizada e aceita no âmbito acadêmico é a de Lastres e

Cassiolato (2003, p. 03-04):

Arranjos produtivos locais são aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais - com foco em um conjunto específico de atividades econômicas - que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas - que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros - e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras organizações públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento.

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Para Haddad (2002), no Brasil os arranjos produtivos locais, na sua maioria,

podem ser considerados não-avançados ou não clusterizados, com características

que podem ser assim enumeradas: (i) configuram uma concentração geográfica; (ii)

possuem elevado grau de especialização setorial; (iii) são grupos de micro e

pequenas empresas, sem a presença da grande empresa-âncora; (v) apresentam

baixo nível de eficiência coletiva baseada em economias externas e em ação

conjunta; e, (vi) possuem coesão e intensidade na divisão de trabalho, a qual é

relativamente limitada entre as empresas.

A abordagem dos Arranjos Produtivos Locais (APLs) tem sido adotada como referencial teórico para identificar e tratar aglomerações industriais especializadas presentes em regiões que alcançaram desenvolvimento diferenciado em termos de crescimento de renda e geração de emprego. Cresce o reconhecimento de que a atuação junto aos arranjos produtivos locais é uma via possível para a política pública, na medida em que ações de apoio concorram para ampliar a eficiência coletiva dessas aglomerações. (BESEN; DELGADO, 2005, p. 161).

Um estudo desenvolvido pelo INSTITUTO PARANAENSE DE

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – IPARDES em conjunto com a

SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL –

SEPL identificou a existência de 114 aglomerações produtivas industriais no Estado

do Paraná, cujas características apontam para potenciais arranjos produtivos locais.

Dentre essas aglomerações, foram priorizadas 22 para realização de estudos mais

avançados e específicos, para que seja possível estruturar políticas públicas de

apoio ao desenvolvimento dos APLs (BESEN; DELGADO, 2005).

2.5 CLUSTER INDUSTRIAL

Cluster industrial pode ser definido como concentração geográfica e setorial

de empresas que, por sua vez, geram externalidades produtivas e tecnológicas, cuja

característica básica está no desenvolvimento empresarial dinâmico (PORTER,

1986; BRITTO, 2000). “O conceito de cluster busca investigar atividades produtivas

e inovativas de forma integrada à questão do espaço e das vantagens de

proximidade”. (BRITTO, 2000, p. 06). Segundo Lastres e Cassiolato (2003), o termo

clusters é de tradição anglo-americana, onde inicialmente era empregado para

definir aglomerados territoriais de empresas com atividades similares. Porém, ao

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longo do seu desenvolvimento o conceito ganhou nuanças e interpretações.

Atualmente, uma das definições mais aceitas sobre clusters é de Hubert Schmitz:

Hubert Schmitz, definiu clusters como concentrações geográficas e setoriais de empresas e introduziu a noção de eficiência coletiva que descreve os ganhos competitivos associados à interação entre empresas em nível local, além de outras vantagens derivadas da aglomeração. (LASTRES; CASSIOLATO, 2003, p. 10).

Na definição de Amato Neto (2000), cluster é a concentração setorial e

geográfica de empresas que produzem produtos similares. Entretanto, somente a

concentração setorial e geográfica não garante os benefícios para essas empresas,

pois é necessário um conjunto de fatores facilitadores para gerar os benefícios que

um cluster pode proporcionar. Nesse sentido, Casarotto Filho e Pires (2001) afirmam

que o cluster desenvolve-se sobre a vocação regional e pode conter empresas

produtoras de produtos finais, serviços e fornecedores, além de incluir associações

de suporte (privadas e públicas).

Para Britto (2000), a análise setorial tradicional não indica uma série de

fenômenos importantes na dinâmica industrial. Por outro lado, o recorte regional

permite analisar as particularidades e características específicas do local.

A análise dos clusters industriais integra-se à análises que privilegiam um recorte “meso-econômico” da dinâmica industrial, as quais ressaltam o papel desempenhado por “sub-sistemas” estruturados na modulação daquela dinâmica. (BANDT, 1989 apud BRITTO, 2000, p. 07).

Para buscar caracterizar um cluster é preciso identificar alguns aspectos

essenciais ao conceito desse tipo de aglomeração como, por exemplo: (i) a presença

de economias externas locais relacionadas ao tamanho de mercado; (ii) a

concentração de mão-de-obra especializada; (iii) os spill-overs5 tecnológicos; (iv) a

interação entre as empresas por meio da integração de produção, comércio e

distribuição; (v) a cooperação no marketing, promoção de exportações, suprimento

de insumos essenciais, atividades de Pesquisa e Desenvolvimento - P&D; (vi) o

efetivo apoio de instituições locais; (vii) a formação de lideranças privadas e públicas

locais; e, (viii) a formação de identidade política, social ou cultural no sentido de

5 Spill-overs tecnológicos: “vazamento” de conhecimento tecnológico (microteoria da ramificação).

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subsidiar comportamentos de confiança e compartilhamento de informações entre

empresas (SUZIGAN, 2001).

Porém, para Cassiolato e Lastres (2000), o conceito de cluster baseado em

setor não consegue identificar as situações onde a fronteira dos setores industriais

encontram-se em mutação. Para os autores, as aglomerações industriais são

sistemas dinâmicos, o que de fato torna complexo o entendimento pela abordagem

tradicional de clusters. Os sistemas industriais são mais amplos e em contínua

mutação e precisam ser trabalhados sob uma perspectiva dinâmica. Já para Haddad

(2002), o cluster é um sistema produtivo local, cujo agrupamento de empresas é de

certa forma avançado, maduro e com alto nível de coesão e coordenação entre os

agentes, o que de fato possibilita ganhos de externalidades para as empresas, por

meio da cooperação e aprendizado tecnológico e comercial. O autor cita o

reconhecido “Distrito Industrial Italiano”, abordado em diversas literaturas

especializadas, como exemplo de sistema produtivo local que se caracteriza como

um cluster maduro ou sistema local de inovação. Neste caso italiano, o sistema

produtivo está estruturado com base em micro e pequenas empresas com

relacionamento de cooperação horizontal sem, no entanto, contar com a presença

de grandes organizações como âncora.

2.6 SISTEMA PRODUTIVO E INOVATIVO LOCAL

Os APLs, quando verificadas a efetividade de ações de construção e reforço

de processos de aprendizagem, cooperação e inovação, podem ser considerados

em transição para o denominado “sistema produtivo e inovativo local”. Para que isso

seja possível, é importante desenvolver a articulação entre os atores envolvidos,

bem como utilizar ferramentas e instrumentos adequados (LEMOS, 2003).

Para Lastres e Cassiolato (2003, p. 04),

sistemas produtivos e inovativos locais são aqueles arranjos produtivos em que interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação e aprendizagem, com potencial de gerar o incremento da capacidade inovativa endógena, da competitividade e do desenvolvimento local.

Partindo do pressuposto de que as aglomerações industriais são sistemas

dinâmicos, complexos e em contínua mutação, Cassiolato e Lastres (2003)

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acreditam que para entender essa dinâmica faz-se necessário conhecer em

profundidade suas especificidades, seu peso e papel dentro das cadeias produtivas

e setores dos quais fazem parte, bem como o conhecimento mais detalhado das

economias regionais e internacionais. O desenvolvimento local é condicionado e

subordinado a forças endógenas e exógenas que impactam no sistema produtivo, o

que de fato demonstra a importância de uma abordagem sistêmica na análise.

Nesse contexto, Vargas (2002) corrobora com o pressuposto de que é

importante desenvolver uma abordagem sistêmica para analisar os arranjos

produtivos locais. O autor conclui, em sua tese, que o aprendizado tecnológico e a

capacitação produtiva e inovativa não podem ser explicados exclusivamente por

fatores internos às firmas ou aos setores. As formas de interação entre os atores

também contribuem para o aprendizado e a capacidade de gerar inovações.

2.7 REDE DE EMPRESA

De acordo com Cassiolato e Szapiro (2003), o que se observa quanto às

redes, é a existência de aglomerações de micro e pequenas empresas que possam

desempenhar o papel de coordenação das atividades econômicas e tecnológicas,

sem, no entanto, possuir grandes empresas concorrentes no local.

Rede de empresas refere-se a arranjos inter-organizacionais baseados em vínculos sistemáticos formal ou informal de empresas autônomas. Essas redes nascem através da consolidação de vínculos sistemáticos entre firmas, os quais assumem diversas formas: aquisição de partes de capital, alianças estratégicas, externalização de funções da empresa, etc. Estas redes podem estar relacionadas a diferentes elos de uma determinada cadeia produtiva (conformando redes de fornecedor-produtor-usuário), bem como estarem vinculadas a diferentes dimensões espaciais. (LASTRES; CASSIOLATO, 2003, p. 22).

Quando não existem formas locais de governança, pode-se dizer que a

governança é típica de redes. Neste caso, as redes podem ser classificadas da

seguinte forma: (i) micro e pequenas empresas locais que surgiram a partir de

instituições científico-tecnológicas de excelência, resultando em aglomerações de

empresas de base tecnológica em torno da especialização científica e técnica; (ii)

aglomerações de micro e pequenas empresas estruturadas em torno de setores

industriais como, por exemplo, calçados e vestuário; e, (iii) governança em rede do

tipo hierárquica, onde grandes empresas funcionam como âncoras na economia da

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região, gerando diversos provedores de serviços e fornecedores (CASSIOLATO;

SZAPIRO, 2003).

As redes industriais têm contribuído de forma significativa para a melhor

eficiência e eficácia do processo inovativo. Novos produtos, por exemplo, têm sido

desenvolvidos a partir da integração de diferentes tecnologias, como, também, a

flexibilidade, a interdisciplinaridade e a geração de idéias vêm sendo trabalhas com

mais veemência a partir da formação de redes. Outro ponto importante é a crescente

colaboração com centros produtores de conhecimento pelas empresas industriais

(CASSIOLATO; LASTRES, 2001; CASTELLS, 2005).

Scatolin et al. (2002) investigaram a relação da formação de arranjos

produtivos locais com a dinâmica do comércio internacional. Ao analisarem os

fatores que favorecem ou limitam uma participação mais intensa das pequenas e

médias empresas nos setores mais dinâmicos da economia internacional

observaram que:

(...) as pequenas e médias empresas poderiam tornar-se jogadoras mais ativas no contexto da globalização, se inseridas num contexto de formação de redes voltadas à difusão do conhecimento e de políticas industriais de apoio à tecnologia e à exportação. A formação de arranjos inovativos permitiria elevar a capacidade das pequenas empresas a superar os obstáculos ao crescimento e à competição em mercados distantes. (SCATOLIN, et al., 2002, p. 12).

No próximo capítulo encontra-se um breve relato sobre os conceitos e as

teorias acerca dos estudos relacionados ao futuro, bem como as principais

características a respeito da Prospectiva Estratégica e das ferramentas utilizadas

nesse processo.

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3 ESTUDOS SOBRE O FUTURO E A PROSPECTIVA ESTRATÉGICA

Os estudos estruturados sobre o futuro, de certa forma, são recentes nas

organizações, porém não é de hoje que o homem tenta prever o porvir. Atualmente,

é cada vez mais comum evidenciar pesquisas e reflexões sobre técnicas de previsão

e prospecção. É um tema que está sendo muito discutido no âmbito acadêmico e

empresarial e que vem sendo aprimorado constantemente.

Para Güell (2004), as incertezas do porvir vêm preocupando o homem a

centenas de anos. Deste fato, acarretaram, até então, buscas constantes por

métodos e ferramentas que tentassem desvendar ou elucidar o futuro de maneira

mais clara e coerente. Porém, o que se percebe no atual contexto contemporâneo, é

o aumento significativo da complexidade e da turbulência no qual a sociedade atual

está vivendo, fato este que dificulta ainda mais os estudos dessa natureza.

Ao assumir o pressuposto que o futuro não pode ser controlado, mas a

sociedade pode influenciá-lo, o homem buscou, então, desenvolver e testar diversas

metodologias para explorar, criar e provar, sistematicamente, pelo menos duas

visões de futuro: a possível e a desejável (GLENN, 2004, p. 08).

As técnicas e metodologias tiveram um grande impulso em meados de 1950,

onde os métodos e investigações começaram a ficar mais complexos e estruturados,

como também ficaram mais populares no mundo acadêmico e empresarial. A Figura

3, p. 38, demonstra a evolução desses estudos a partir dos anos 50 com a indicação

dos principais autores e atores envolvidos.

A Prospectiva Estratégica foi desenvolvida pelo francês Michel Godet (2001),

pesquisador do LABORATOIRE D’INVESTIGATION EM PROSPECTIVE,

STRATÉGIE ET ORGANISATION – LIPSOR6, que está ligado ao

CONSERVATOIRE NATIONAL DES ARTS ET MÉTIERS – CNAM7 de Paris

(França). Godet criou e organizou uma série de ferramentas que servem como base

para o desenvolvimento de estudos prospectivos estratégicos. Algumas dessas

ferramentas foram convertidas em softwares para facilitar a organização e a rapidez

na geração das informações, mas nem por isso deixou de ser complexa, pois a

maior problemática dos estudos dessa natureza está configurada na dificuldade de

6 LIPSOR: Laboratório de Investigação em Prospectiva, Estratégia e Organização. 7 CNAM: Conservatório Nacional de Artes e Ofícios.

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estruturar o sistema investigado, bem como na qualidade dos dados de entrada.

(GODET, 2001).

FIGURA 3 – EVOLUÇÃO DOS ESTUDOS DO FUTURO

Fonte: BARBIERI, (1993) apud GÜELL, (2004). Nota: MITI – Ministry of Industry and Technology (Ministério da Indústria e Tecnologia do Japão).

Existem estudos prospectivos que não têm um caráter estratégico bem

definido, como também o oposto é verdadeiro. Existem análises estratégicas que

são realizadas sem considerar algum tipo de investigação aprofundada em

prospectiva, ou até mesmo são omissas a esse tipo de estudo. Portanto, a

expressão Prospectiva Estratégica é utilizada para estudos de prospectiva que

tenham objetivos e ações estratégicas (GODET, 2000).

Nesse contexto, a prospectiva pode ser definida como um instrumento que

possibilita a organização e estruturação dos desafios futuros (GODET, 2003).

Quando esses desafios são traduzidos em planejamento e em ações voltadas ao

aproveitamento das oportunidades, bem como ao bloqueio e amenização das

ameaças, concretiza-se, então, a principal característica que Godet preconiza na

definição de Prospectiva Estratégica, a de aliar o resultado da prospectiva à

formulação de estratégias e ações.

Godet (2001) destaca que a falta de antecipação e de uma cultura de

planejamento de longo prazo fazem com que as organizações tenham sérios

problemas de decisão no seu cotidiano:

É por falta da antecipação de ontem que o presente está cheio de questões por resolver, ontem insignificantes mas hoje a necessitar de resolução

Observatórios de Prospectiva Tecnológica e Setorial

Programas de Prospecção do MITI

Prospectiva BERGER, MASSÉ e GODET

Previsão Global FORRESTER e MEADOWS

Previsão Sociológica McHALE, TOFFLER e FULLER

Previsão Tecnológica KAHN, HELMER e DADDARIO

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urgente, mesmo que se sacrifique o desenvolvimento de longo prazo à adoção de soluções ilusórias e de efeitos imediatos. (GODET, 2000, p. 18).

Nesse sentido, é possível classificar as atitudes dos homens face ao futuro

em quatro tipos: (i) passivo, que sofre a mudança; (ii) reativo, que aguarda os

acontecimentos para tomar alguma ação; (iii) pré-ativo, que se prepara para as

mudanças; e, (iv) pró-ativo, que atua no sentido de incitar as mudanças desejadas.

Mas isso não impossibilita a sobreposição dessas atitudes, vai depender do

momento e da situação que a organização está passando, por exemplo, no contexto

de crise, é normal que a reatividade sobrepõe a todo o resto (GODET, 2001;

COBOS, 2006).

É por causa da necessidade de construir atitudes face ao futuro, que se faz

necessário aliar à Prospectiva a formulação de Estratégias e, conseqüentemente, o

desenvolvimento de ações voltadas a alcançar os objetivos previamente

identificados como promissor nos estudos sobre o porvir (GODET, 2001).

A Prospecção e a Estratégia são, geralmente, indissociáveis, pois “a ação

sem finalidade não tem sentido e a antecipação suscita a ação”. (GODET, 2000, p.

11-12). Porém, para efeito de análise, convém separar a Prospectiva da Estratégia.

A Prospectiva se refere ao tempo da antecipação, ou seja, às mudanças possíveis e

desejáveis. Já a Estratégia está ligada ao tempo da preparação da ação, na

elaboração e avaliação das alternativas estratégicas possíveis para a organização

se preparar para as mudanças esperadas, pré-atividade, e provocar as mudanças

desejáveis, pró-atividade (GODET, 2000).

Para trabalhar com a dicotomia entre a exploração do futuro (Prospectiva) e a

preparação da ação (Estratégia), Godet (2001) sugere à formulação de cinco

questões fundamentais: (i) “O que pode acontecer no futuro?”; (ii) “O que posso

fazer?”; (iii) “O que vou fazer?”; (iv) “Como vou fazer?”; e, antes de tudo, uma

questão prévia e essencial, que freqüentemente é negligenciada pelos gestores e

empresas, se refere ao regresso às fontes sobre as raízes de competências da

organização (suas forças e suas fraquezas), e que pode ser traduzida da seguinte

forma: (v) “Quem sou eu?” (GODET, 2000).

A Prospectiva, na sua essência, ocupa-se apenas da questão “O que pode

acontecer?”. Ela adquire o formato estratégico quando a organização se interroga

sobre “O que posso fazer?”. Uma vez tratadas e evidenciadas estas duas questões,

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a Estratégia é desenvolvida com duas outras questões: “O que vou fazer?” e “Como

vou fazer?”. É desta forma que a sobreposição acontece entre a Prospectiva e a

Estratégia (GODET, 2000).

3.1 O LEQUE DOS FUTUROS POSSÍVEIS

O mundo real é muito complexo para que se possa desvendar o seu eventual

determinismo oculto. E mesmo que este fato fosse possível, a incerteza, inerente a

todas as variáveis, principalmente, as sociais, manteria sempre em aberto a

possibilidade de vários futuros (GODET, 2000; GORDON, 2004).

Para explorar as múltiplas possibilidades, Godet (2004) defende a construção

de cenários8 para elucidar a organização face aos contextos e conjunturas possíveis

no futuro. As múltiplas incertezas relacionadas ao ambiente geral, sobretudo àquelas

de longo prazo, demonstram a importância da construção de cenários para iluminar

a escolha das opções estratégicas e assegurar a perenidade do desenvolvimento

(GODET, 2003).

A incerteza do futuro pode ser apreciada a partir do conjunto de cenários que repartem entre si o campo dos prováveis. Em princípio, quanto maior for o número de cenários maior será a incerteza. Mas será maior apenas em princípios, porque é necessário ter também em conta as diferenças de conteúdo entre os cenários: os mais prováveis podem ser muito próximos ou muito contrastados. (GODET, 2000, p. 17).

Faz-se importante, entretanto, uma ressalva: os cenários possíveis não são

igualmente prováveis ou desejáveis. Não é porque o estudo prospectivo apontou

para um futuro ou cenários desejáveis que se deve formular estratégias em função

dessa visão pró-ativa. É importante também ser pré-ativo e preparar-se para as

mudanças que foram identificadas como prováveis. Além disso, deve-se evitar uma

confusão muito comum em estudos prospectivos: a de não distinguir cenários do

ambiente geral das estratégias dos atores. É importante separar a fase exploratória

– identificação dos desafios do futuro, da fase normativa – definição das escolhas

estratégicas (GODET, 2000; COATES, 2004; GLENN, 2004; GORDON, 2004).

8 O termo cenários foi introduzido em prospectiva e no planejamento estratégico pelos pesquisadores ...Herman Kahn e Anthony J. Wiener no ano de 1967, quando publicaram o livro “O ano 2000”. Fonte: ...GODET, (2004).

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41

A metodologia integrada da Prospectiva Estratégica de Godet (2001) procura

conjugar os cenários da Prospectiva com as Árvores de Competências da análise

estratégica. O objetivo desta metodologia é propor orientações e ações estratégicas

estruturadas nas competências da empresa ou do objeto em estudo, sempre em

função dos cenários previamente elaborados do ambiente em questão. As etapas da

metodologia integrada pode ser observada na Figura 4.

FIGURA 4 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO COM BASE EM CENÁRIOS

Fonte: GODET, (2000, p. 29).

Variáveis-chave internas e externas

Retrospectiva Análise estrutural

3

Diagnóstico da empresaÁrvore de competências

Análise estratégica

2

Dinâmica da empresa na sua envolvente Retrospectiva

Jogos de atores Campos de batalha

Desafios estratégicos

4

Cenários da envolvente Tendências pesadas

Rupturas Ameaças e oportunidades

Avaliação dos riscos

5

Da identidade ao projeto Opções estratégicas

Ações possíveis (valorização, inovação)

6

Avaliação das opções estratégicas Análise multicritérios em futuro incerto

7

Do projeto às escolhas pelo Comitê de Direção

8

Plano de ação e implementação Formulação de objetivos

Coordenação e acompanhamento Vigilância estratégica

9

O problema proposto e sistema Oficinas de Prospectiva Estratégica

1

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42

Portanto, particularidade à parte, a Prospectiva Estratégica utiliza os estudos

relacionados com a antecipação ao serviço da ação, por meio de uma metodologia

integrada do planejamento estratégico com base em cenários. A finalidade principal

desta metodologia é a de propor orientações e ações estratégicas apoiadas nas

competências da organização e em função dos cenários do seu ambiente geral

(GODET, 2000).

É nesse sentido que Godet (2000) defende a utilização da Prospectiva

Estratégica, pois em um mundo altamente mutável, cujas forças da mudança vêm

subverter os fatores de inércia e dos hábitos, um esforço acrescido de prospectiva

(tecnológica, econômica e social) é exigido à empresa (ou ao objeto em estudo) para

poder adquirir flexibilidade estratégica, isto é, para poder reagir com flexibilidade e

sem perder o rumo.

As etapas da Prospectiva Estratégica, descritas na Figura 4, p. 41, serão

abordadas de forma mais detalhada na seqüência deste capítulo.

3.2 A “CAIXA DE FERRAMENTAS” DE MICHEL GODET

Godet (2000) não inventou os instrumentos que compõem a “caixa de

ferramentas9” da Prospectiva Estratégica. A grande contribuição de Godet foi

agrupar e organizar ferramentas que eram utilizadas de maneira dispersa em

estudos sobre o futuro ou que eram aplicadas em outras áreas do conhecimento e

que poderiam ser aproveitadas na prospecção. “Se esquecemos a herança

acumulada, privamo-nos de instrumentos importantes e perdemos muito tempo (...)

é necessário manter a memória dos métodos para melhor os enriquecer” (GODET,

2000, p. 24).

A utilização dos instrumentos de Prospectiva Estratégica procura apreciar de

maneira mais objetiva possível às realidades com suas múltiplas incógnitas. A

“Caixa de Ferramentas” de Godet pode ser utilizada em função dos tipos de

problemas que se pretende elucidar. As escolhas metodológicas podem ser assim

descritas: (i) iniciar e simular o processo da Prospectiva Estratégica (nivelamento e

definição da estratégia de pesquisa prospectiva); (ii) identificar as variáveis-chave do

9 Caixa de Ferramentas é o termo criado por Michel Godet para descrever o conjunto de métodos e ...ferramentas utilizadas no processo de Prospectiva Estratégica. Algumas dessas ferramentas foram ...convertidas em softwares para facilitar o processo.

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sistema investigado; (iii) analisar jogos de atores; (iv) investigar o campo dos

possíveis e reduzir as incertezas; (v) elaborar o diagnóstico da organização face à

sua envolvente; e, (vi) identificar e avaliar as escolhas e as opções estratégicas. É

importante lembrar que esses instrumentos não garantem a criação / ação, e muito

menos são únicos e excepcionais. Existem outros instrumentos e ferramentas

igualmente eficientes que podem ser utilizadas em estudos prospectivos (ARCADE

et al., 2004; GODET, 2004).

As ferramentas empregadas em prospecção devem ser utilizadas conforme a

natureza do problema a ser investigado, levando em consideração os fatores

intrínsecos a ele. Godet (2000) destaca que é possível utilizar as ferramentas de

forma combinatória, ou seja, conforme a necessidade da organização e o objeto em

estudo, bem como é admissível inovar na aplicação desses instrumentos, com novas

técnicas e ferramentas.

Cada um dos instrumentos é operacional, mas o seu encadeamento lógico na abordagem seqüencial raramente foi seguido na totalidade. Felizmente, como em qualquer caixa de ferramentas, é possível utilizar cada uma delas de forma modular. (GODET, 2000, p. 30).

Godet (2000) parte do pressuposto da inexistência de dados e de estatísticas

sobre o futuro, o julgamento pessoal e subjetivo é, muitas vezes, o único meio de

obter informações do porvir. Na medida em que um especialista representa a opinião

de um grupo de atores, o seu ponto de vista pode conter muitas informações que

devem ser consideradas no desenvolvimento de prognósticos. Godet (2001) acredita

que não existe oposição entre intuição e razão, mas sim complementaridade. Esse é

um ponto importante da Prospectiva Estratégica, pois é onde o método procura

traduzir os dados qualitativos em dados quantitativos, o que também reforça a sua

própria credibilidade: “para permanecer uma indisciplina10 intelectual, fecunda e

credível, a Prospectiva tem necessidade de rigor”. (GODET, 2000, p. 04).

Portanto, a Prospectiva Estratégica está baseada na opinião de especialistas

por meio de uma reflexão coletiva. Existem alguns pontos importantes para o

sucesso do resultado, mas se fosse preciso indicar o principal ponto, sem dúvida, ele

10 Michel Godet afirma que é necessária uma indisciplina intelectual na Prospectiva Estratégica, pois ...se trata de um processo imaginário, de desconstrução dos modelos mentais estabelecidos até o ...momento que, conseqüentemente, se reverte num ato de liberdade de escolha frente ao futuro.

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seria relacionado com a qualidade dos dados de entrada, ou seja, do resultado da

capacidade e expressão da visão dos atores envolvidos. A Prospectiva Estratégica

“procura estimular a imaginação, reduzir as incoerências, criar uma linguagem

comum, estruturar a reflexão coletiva e permitir a apropriação”. (GODET, 2000, p.

24).

A “Caixa de Ferramentas” é composta por uma série de instrumentos que se

complementam e que podem ser utilizados de forma combinatória. Na seqüência

deste capítulo serão apresentados, de forma sucinta, os principais instrumentos

utilizados na Prospectiva Estratégica, tais como: (i) Oficina de Prospectiva

Estratégica; (ii) Matriz de Impactos Cruzados – MICMAC©; (iii) Jogos de Atores –

MACTOR©; (iv) Análise Morfológica – MORPHOL©; (v) SMIC-PROB-EXPERT©; (vi)

MULTIPOL©; (vii) Cenários.

É importante destacar que foi dedicada uma análise mais detalhada para as

ferramentas que foram utilizadas na presente pesquisa. Além disso, outro ponto que

merece esclarecimento se refere à ordem de apresentação e execução das

ferramentas. Essa ordem ou seqüência vai depender de diversos fatores como, por

exemplo, o tempo e os recursos (financeiros, pessoal e infra-estrutura) disponíveis,

mas, principalmente, o objetivo da pesquisa, ou seja, o problema no qual se

propõem a responder.

3.2.1 Oficina de Prospectiva Estratégica

A Oficina de Prospectiva Estratégica, ou como denominado por Godet (2001),

Atelier de Prospective Stratégique, é um instrumento simples e apropriado para

situações que tenham como obstáculo a falta de tempo suficiente para a elaboração

de um estudo mais abrangente onde, hipoteticamente, poderia se valer da utilização

das demais ferramentas prospectivas. Este tipo de instrumento vem sendo

empregado com mais veemência nas atividades de prospecção desde os anos 80

(GODET, 2001).

Além disso, a Oficina de Prospectiva Estratégica é indicada para os casos

onde é necessária uma reflexão sobre a natureza do problema a ser investigado,

sobre a maneira de o abordar, sobre as respostas que se podem obter e sobre o

modo de operacionalizar o processo. Enfim, a Oficina pode ser utilizada como

planejamento do estudo prospectivo que se pretende realizar. “É inútil perder tempo

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com falsos problemas e, além disso, um problema bem colocado é meio caminho

andado para a sua resolução”. (GODET, 2000, p. 41). Portanto, para os casos onde

o problema já está adequadamente determinado, a Oficina pode ser suprimida do

processo de Prospectiva Estratégica.

Porém, Godet (2000) sugere que, independente da metodologia a ser

utilizada, é sempre útil promover a realização de uma Oficina de Prospectiva para os

casos onde é necessário instigar a reflexão coletiva sobre a prospecção e sobre os

conceitos dos instrumentos utilizados na sua execução. Assim, a Oficina assume a

função de nivelamento de informações e conhecimentos nas questões relacionadas

com a Prospectiva Estratégica.

Nas Oficinas de Prospectiva, o problema a ser investigado é explicitado de

maneira a esgotá-lo. Deste modo, é possível identificar e hierarquizar coletivamente

os principais desafios referentes ao futuro, tanto uma análise interna quanto externa

à organização. A partir deste exercício, os participantes estão aptos a esclarecer

prioridades, objetivos, calendário e método para o decorrer do estudo reflexivo

(GODET, 2000; ARCADE et al., 2004).

A Oficina é desenvolvida em dois momentos: o primeiro se refere a uma

reflexão prospectiva e o segundo é destinado às estratégias – ações voltadas para o

futuro almejado no estudo prospectivo.

No primeiro momento, a Oficina é desenvolvida da seguinte forma:

inicialmente é fomentada uma reflexão coletiva sobre prospecção e sobre a

capacitação dos instrumentos utilizados para este fim. A reflexão coletiva é realizada

com base em três sub-temas que podem ser assim resumidos: (i) antecipação e o

controle da mudança; (ii) caça as “idéias recebidas” sobre a empresa e as suas

atividades; e, (iii) árvores de competências (passado, presente e futuro).

A Árvore de Competência é uma analogia que ajuda os atores à diagnosticar

a organização no seu ambiente, por meio da estruturação das competências do

passado, do presente e futuro. As suas raízes, por exemplo, representam os

saberes, habilidades e competências técnicas; o seu tronco representa o processo

produtivo e operacional; os seus ramos indicam os mercados; e, os seus frutos

podem ser considerados os produtos da empresa (GODET; DURANCE, 2006).

No segundo momento, são organizadas Oficinas de Estratégia, com duração

que varia de duas a quatro horas, onde são abordados os desafios referentes aos

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futuros cogitados, cujo resultado foi levantado no primeiro momento ou na Oficina de

Prospectiva (GODET, 2000).

Estas Oficinas, independente do tema, são sempre organizadas obedecendo

dois princípios: (i) permitir liberdade de expressão a todos os interlocutores – tempo

de reflexão individual em silêncio e coleta das idéias por escrito; e, (ii) canalizar e

aproveitar a produção intelectual dos participantes (técnicas de brainstorming). Além

disso, não existe um número padrão de participantes, podendo variar de dez a cem

pessoas, mas pelo menos uma exigência é importante ser respeitada, que todos

tenham experiência em comum (GODET, 2000).

3.2.2 Análise Estrutural Multivariada

A análise estrutural é uma ferramenta de estruturação de idéias. Esta análise

possibilita descrever um sistema com a ajuda de uma matriz, onde é feita a relação

de todos os seus elementos constitutivos. Desta forma, o método permite evidenciar

as principais variáveis que impactam e que podem influenciar na evolução do

sistema (GODET; DURANCE, 2006).

A análise estrutural deve ser realizada por um grupo de atores e especialistas,

sem, no entanto, excluir a intervenção de consultores externos. As etapas do método

de análise estrutural são: (i) recenseamento das variáveis; (ii) descrição das relações

entre variáveis; e, (iii) identificação das variáveis-chave. O método pode ser utilizado

somente como ajuda à reflexão e a tomada de decisão, ou integrado em uma gestão

prospectiva mais completa como, por exemplo, cenários (GODET, 2000; ARCADE et

al., 2004).

A etapa de recenseamento das variáveis tem como objetivo listar de forma

exaustiva as variáveis possíveis para o sistema estudado. O ideal é não excluir

nenhuma variável, por mais irrelevante que possa parecer. Para isto, a técnica de

brainstorming aplicada em conjunto com as Oficinas de Prospectiva, se mostra uma

ferramenta adequada para realizar tal levantamento. É importante levantar diferentes

pontos de vista, tais como político, econômico, tecnológico (ARCADE et al., 2004;

GODET, 2004).

Segundo Godet (2000), é interessante realizar, também, entrevistas com

representantes de atores do sistema investigado. A lista deve compreender variáveis

internas e externas ao sistema. Essa lista não deve ultrapassar de 70 a 80 variáveis,

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pois o número de questões ficaria muito extensa (para 70 variáveis ter-se-ia,

aproximadamente, 5.000 questões), este fenômeno pode ser observado na

expressão matemática da Figura 5. Caso o levantamento das variáveis ultrapasse o

número ideal, é aconselhável agrupar variáveis que tenham certa semelhança.

FIGURA 5 – DETERMINAÇÃO DO NÚMERO DE QUESTÕES POR VARIÁVEL

Fonte: Adaptado de GODET, (2000, p. 84).

A segunda etapa compreende a descrição das relações entre as variáveis.

Em uma visão sistemática, uma variável só existe mediante as relações que mantém

com outras variáveis. Por meio da matriz de análise estrutural é possível identificar

as relações entre as variáveis do sistema (GODET, 2000).

De acordo com Godet (2000), a inserção de dados na matriz de análise

estrutural é realizada por um grupo de, aproximadamente, dez pessoas, cuja

participação e duração fica em torno de dois ou três dias de trabalho

(recenseamento e preenchimento), dependendo do número de variáveis

trabalhadas. O preenchimento é qualitativo, e segue a seguinte lógica: para cada par

de variáveis, colocam-se as seguintes questões: “existe uma relação de influência

direta entre a variável (i) e a variável (j)?” Se a resposta for negativa, atribui-se uma

notação 0 (zero); ao contrário, se existir uma relação de influência, a resposta segue

os seguintes critérios: (i) fraca = 1; (ii) média = 2; (iii) forte = 3; ou, potencial = 4.

Por fim, na terceira etapa são identificadas as variáveis-chave pelo método da

Matriz de Impactos Cruzados (MIC) e das Multiplicações Aplicadas a uma

Classificação (MAC) – MICMAC©. Consiste em evidenciar as variáveis essenciais à

evolução do sistema. Primeiro é desenvolvida uma relação direta entre as variáveis

para depois realizar uma classificação indireta. A classificação indireta é obtida pela

elevação da matriz à potência, e permite confirmar a importância de certas variáveis

que, em virtude das suas ações indiretas, possuem um papel significativo no sistema

(GODET, 2004). O resultado deste tipo de análise (influência e dependência entre

variáveis) pode ser representado conforme o diagrama da Figura 6.

)1( −×= nnqLegenda: q = Número de questões n = Número de variáveis

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FIGURA 6 – DIAGRAMA DE INFLUÊNCIA VERSUS DEPENDÊNCIA

Fonte: GODET, (2004, p. 155).

Segundo Godet (2004), o diagrama de influência e dependência traz como

resultado o agrupamento e classificação das variáveis investigadas e pode ser assim

caracterizado: (i) setor 1: variáveis muito influentes e pouco dependentes – são as

variáveis explicativas que condicionam o resto do sistema; (ii) setor 2: variáveis ao

mesmo tempo muito influentes e muito dependentes – são variáveis de natureza

instável, qualquer ação sobre estas variáveis terá repercussões sobre as outras e

um efeito regresso para elas mesmas, geralmente neste setor encontram-se os

desafios do sistema; (iii) setor 3: variáveis pouco influentes e muito dependentes –

são variáveis de resultados cuja evolução explica-se pelas variáveis dos setores 1 e

2; e, (iv) setor 4: variáveis pouco influentes e pouco dependentes – estas variáveis

constituem tendências ou fatores relativamente desligados do sistema com o qual

têm apenas poucas ligações; devido ao seu desenvolvimento relativamente

autônomo, não constituem causas determinantes do futuro, podendo ser excluída do

sistema estudado; e, (v) setor 5: variáveis razoavelmente influentes e/ou

dependentes - estas variáveis (denominadas pelo Godet de variáveis de pelotão) a

priori não podem indicar nada pois são variáveis que se encontram em uma

localização intermediária e pouco definida.

Em uma visão sistemática do mundo, uma variável existe apenas pelas suas

relações com outras variáveis. Portanto, para constituir a lista das variáveis

determinantes para o futuro, previamente é importante realizar entrevistas internas e

Dependência

Influência

dependência média

influência média

variáveis de entrada

variáveis de interdependência

variáveis excluídas

variáveis de resultado

variáveis de “pelotão”

1 2

4 3

5

“em jogo”

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externas ao objeto em estudo, por exemplo, variáveis internas e externas à empresa,

ao setor ou ao território que se deseja prospectar (ARCADE et al., 2004; GODET,

2004).

O cálculo matricial funciona da seguinte forma: quando aij = 1, a variável (i)

age diretamente sobre a variável (j), caso contrário, aij = 0. Segundo Godet (2004), é

importante compreender as relações que possam existir entre duas variáveis. Essa

compreensão deve obedecer a três questões preliminares:

• Será que existe influência direta da variável (i) sobre a variável (j), ou

quem sabe a relação é preferencialmente de (j) em direção a (i)?

[Situação (a) da Figura 7].

• Será que existe influência de (i) sobre (j), ou não existe

colinearidade, uma vez que uma terceira variável (k) age sobre (i) e

(j)? [Situação (b) da Figura 7].

• A relação de (i) à (j) é direta, ou passa por intermédio de uma outra

variável (r) da lista? [Situação (c) da Figura 7].

FIGURA 7 – SITUAÇÕES DE RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS

Fonte: GODET, (2004, p. 145).

Pode-se introduzir certa dinâmica na análise estrutural e testar a sensibilidade

dos resultados em função da intensidade das relações observadas. Para isto, é

interessante que o preenchimento da matriz seja realizado de duas maneiras: (i)

pelas linhas, notando a influência de cada variável sobre todas as outras; e, (ii) pelas

colunas, notando quais são as variáveis que influenciam cada variável em particular.

A utilização dos dois métodos só é possível quando existe tempo suficiente para

comparar os resultados, sobrepondo às duas inserções de dados e analisando as

diferenças e erros cometidos (GODET, 2004).

(a)

i j ?

r

i j (c)

k

i j (b)

?

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50

O preenchimento da matriz é uma boa ocasião de diálogo. A troca e a

reflexão que suscita ajudam a criar uma linguagem comum no grupo de prospectiva.

A experiência mostra que as reflexões livres, que se libertam durante a discussão

coletiva, merecem ser consignadas em uma espécie de pensamento inteligente. Na

medida em que o trabalho (análise das variáveis e preenchimento) avança, a

reflexão começa atingir um ritmo mais rápido e mais fácil. Debates e dúvidas irão

existir, e em qualquer momento é possível marcar pontos de interrogação para

retornar posteriormente (GODET, 2004).

Após ter concretizado a lista de variáveis, é possível reduzir a complexidade

do sistema por meio da identificação das variáveis significativas e que mereçam um

estudo mais aprofundado. As variáveis que pertencem ao subsistema externo são,

freqüentemente, mais influentes e mais explicativas (as principais causas

determinantes do sistema); por outro lado, as variáveis que são mais sensíveis à

evolução do sistema são geralmente as variáveis internas. As variáveis que não

parecem influenciar o sistema poderão ser negligenciadas. Portanto, o MICMAC©

tem a finalidade de localizar as variáveis mais influentes e dependentes (variáveis-

chave), por meio do desenvolvimento de uma classificação direta e indireta (GODET,

2001; GOMÉZ; DYNER, 2003; GODET, 2004).

O simples exame da matriz permite identificar quais são as variáveis que têm

maior ação direta, mas não é suficiente para detectar as variáveis indiretas e que

possuem influência significativa sobre o problema estudado. Por exemplo, existem

as relações indiretas entre variáveis, cuja característica é de cadeias de influência e

anéis de retroação (feedback). Em uma matriz podem existir dezenas de variáveis

com milhões de interações sob a forma de cadeias e anéis de retroação, conforme

demonstrado na Figura 8, p. 51 (GODET, 2004).

Pelo exemplo da Figura 8, p. 51, pode-se observar que o sistema de variáveis

decompõe-se em dois subsistemas S1 e S2, que seriam independentes se não

fossem vinculados por meio das variáveis (a), (b), (c). Em termos de efeitos diretos:

(a) é muito dependente do subsistema S1; (c) domina o subsistema S2; A análise

em termos de efeitos diretos leva a negligenciar a variável (b) que, no entanto,

representa um elemento essencial da estrutura do sistema dado, cuja significância

está contida no ponto de passagem relacional entre os dois subsistemas S1 e S2

(GODET, 2004).

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51

FIGURA 8 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS NOS SISTEMAS

Fonte: GODET, (2004, p. 151).

A multiplicação matricial aplicado à matriz estrutural (MICMAC©) permite

estudar os impactos pelos caminhos e os anéis de retroação, cuja finalidade é

hierarquizar as variáveis da seguinte forma: (i) por ordem de influência, tendo em

conta o número de caminhos e anéis de comprimento 1, 2,..., n que sai de cada

variável; e, (ii) por ordem de dependência, tendo em conta os caminhos e os anéis

de comprimento 1, 2,...,n que chega sobre cada variável. O método MICMAC© se

apóia sobre as propriedades clássicas das matrizes boleanas, ou seja, se a variável

(i) influencia diretamente a variável (k), e se (k) influencia diretamente a variável (j),

pode-se então concluir que, qualquer mudança que afetar a variável (i) pode refletir

sobre a variável (j). Portanto, há uma relação indireta entre (i) e (j) (GODET, 2004).

Mediante uma analise preliminar das variáveis e suas ações diretas, é

possível obter uma série de informações: a soma da linha representa o número de

vezes onde a variável (i) tem uma ação sobre o sistema. Este número constitui um

indicador de influência da variável (i). Do mesmo modo, a soma da coluna (j)

representa o número de vezes onde (j) sofreu a influência das outras variáveis, e

constitui um indicador de dependência da variável (j). Desta forma, obtém-se para

cada variável um indicador de influência e um indicador de dependência, permitindo

classificar as variáveis de acordo com estes dois critérios. Por outro lado, existem na

matriz de análise estrutural numerosas relações indiretas do tipo (i)→ (j) que se torna

de entendimento complexo se for analisado ou observado em uma simples

verificação direta. O objetivo de multiplicar a matriz (A) ao quadrado destaca as

relações de ordem 2 entre (i) e (j). Este fato pode ser expresso matematicamente

conforme a equação exposta na Figura 9, p. 51 (GODET, 2004).

FIGURA 9 – ELEVAÇÃO DA MATRIZ À POTÊNCIA 2

Fonte: GODET, (2004, p. 152).

( )22ijaAAA =×=

com, ∑ ×=k kjikij aaa 112

S1

S2 a b c

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52

Segundo Godet (2004), quando a2ij não é nula, este fato é indicativo de que

existe pelo menos uma variável k agindo de forma indireta (a1ik x a1

kj = 1), ou seja, há

pelo menos uma variável intermediária (k) que faz o elo entre as variáveis (i) e (j).

Nesse sentido, se a variável (i) age sobre (k), então a1ik = 1; e, quando a variável (k)

age sobre a variável (j), neste caso a1kj = 1.

Do mesmo modo, ao calcular a matriz A3, A4,..., An, obtém-se os números de

caminhos de influência (ou de anéis de retroação) de ordem 3, 4,..., n.

Conseqüentemente, é possível deduzir que, a cada interação, uma nova hierarquia

das variáveis é estabelecida e classificada conforme a função do número de ações

indiretas (influências) que são exercidas sobre as demais variáveis. Constata-se que

a partir de certa potência (em geral, a potência 4 ou 5), a hierarquia permanece

estável. É esta hierarquia que constitui a classificação MICMAC© (GODET, 2004).

Quando a soma da linha (Sj anij) é elevada para a variável (i), (anij sendo um elemento da matriz elevada à potência n), significa que existe um grande número de caminhos de comprimento (n) com base na variável (i), como também a variável (i) exerce um grande número de influências sobre as outras variáveis do sistema. A classificação indireta MICMAC© permite, por conseguinte, classificar as variáveis em função da influência que exercem (ou que sofrem), tendo em conta o conjunto da rede de relações descrita pela matriz de análise estrutural. (GODET, 2004, p. 152).

Por exemplo, considerando um sistema que é descrito por três variáveis (A, B

e C), e supondo que elas agem entre si, umas sobre as outras, conforme os dados

representados matematicamente na matriz (M) da Figura 10, p. 52. Os elementos da

diagonal sempre são zero, pois não se considera a influência de uma variável sobre

ela própria. Por outro lado, nas influências indiretas são considerados os efeitos de

uma variável sobre ela mesma, e os efeitos dessa influência passam

necessariamente por meio de outra variável, ver Figura 11, p. 53 (GODET, 2004).

FIGURA 10 – MATRIZ DE ANÁLISE ESTRUTURAL

Fonte: GODET, (2004, p.153).

A CB

2 1 1

2

1

1Soma dos elementos

de cada linha

Soma dos elementos de cada coluna

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

⎛=

001101010

CBA

M

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53

Na Figura 11 a matriz (M) foi multiplicada por ela mesma (potência dois), o

número um na primeira linha, primeira coluna, é um indicativo de que existe um

circuito de comprimento dois que vai de A em A (ver situação A da Figura 11). Nesse

mesmo sentido, o número um na segunda linha, primeira coluna, significa que existe

um caminho de comprimento dois para ir de B em A, conforme situação B da Figura

11 (GODET, 2004).

FIGURA 11 – MATRIZ ELEVADA AO QUADRADO

Fonte: Adaptado de GODET, (2004, p.153).

Portanto, as sucessivas multiplicações matriciais fornecem informações

importantes sobre o comportamento do sistema investigado, pelo qual ficaria difícil a

observação e compreensão de todas as suas relações (influências e dependências

indiretas). Além de realizar um exame da matriz para localizar as variáveis que têm

maior número de rotas diretas com o sistema, convém detectar as variáveis

"ocultas", ou seja, àquelas que, tendo em conta as rotas indiretas e os anéis de

retroação (feedback), aparecem também como muito importantes. Nesse sentido, as

variáveis são classificadas de acordo com o número e a intensidade das relações de

influência e dependência (GODET, 2004).

Segundo Godet (2004) o método MICMAC© realiza três classificações: (i)

direta; (ii) indireta; e, (iii) potencial. A classificação direta é o resultado do jogo a

curto e médio prazo das relações, cujo horizonte corresponde, freqüentemente, a

menos de uma década. A classificação indireta com seus efeitos em cadeia toma

necessariamente tempo e retorna a um horizonte mais afastado de médio e longo

prazo (dez a quinze anos). E, por último, a classificação potencial é aquela que vai

mais adiante que a classificação indireta. Naturalmente, muitos dos resultados

A C B

2 2 1

2

1

2

⎟⎟⎟

⎜⎜⎜

⎛=

010011101

2

CBA

M

A

B

C

A BSituação A

Situação B

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54

obtidos por estas classificações fazem apenas confirmar as primeiras intuições,

podendo gerar mais algumas reflexões complementares (GODET, 2004).

É possível analisar, também, o diagrama influência-dependência sob a

perspectiva da sua estabilidade. Um fraco número de variáveis de retransmissão

confere ao sistema uma relativa estabilidade em termos de dinâmica. Por outro lado,

em um sistema instável cada variável possui um comportamento influente e

dependente, qualquer ação sobre uma delas reflete sobre o conjunto e em regresso

sobre ela própria, este fato pode ser percebido mediante a nuvem de pontos em

redor da diagonal principal, conforme representado na Figura 12. A vantagem de um

sistema estável é introduzir uma dicotomia entre variáveis influentes, sobre as quais

é possível agir ou não, bem como nas variáveis de resultados que dependem dos

precedentes (GODET, 2004).

FIGURA 12 – SISTEMA ESTÁVEL E INSTÁVEL

Fonte: Adaptado de GODET, (2004, p. 156).

Segundo Godet (2004), no sistema instável as variáveis se distribuem ao

redor da primeira bissetriz do diagrama influência-dependência direta (nesta fase da

análise as relações indiretas ainda não são evidenciadas pelo MICMAC©). A leitura

atenta deste plano é a ocasião de múltiplos comentários e reflexões no grupo de

trabalho. Assim, é possível analisar o papel muito influente desempenhado por

variáveis pouco dependentes.

As variáveis do quadrante superior direito são a priori as variáveis-chave

(desafios) do sistema. É comum encontrar, entre essas variáveis, assuntos

importantes e polêmicos. Um dos principais interesses da construção do diagrama

Dependência

Influência

Sistema relativamente estável

Dependência

Influência

Sistema instável

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55

influência-dependência é a possibilidade de verificar se o que pretende-se explicar

aparece efetivamente como dependente e se o que considera-se a priori como

explicativo aparece como influente.

O método MICMAC© permite posicionar as variáveis no diagrama influência-

dependência e identificar as variáveis indiretas e potencial, dando às relações

potenciais uma intensidade forte (valor 3), a fim de contrastar ao máximo os

resultados. A comparação das classificações (diretas, indiretas e potenciais), obtidas

por simples projeção sobre os eixos dos planos, permite a investigação das causas

determinantes do fenômeno estudado e dos seus parâmetros mais sensíveis

(GODET, 2004; GODET; DURANCE, 2006).

O exame dos efeitos diretos e indiretos das variáveis externas em relação as

variáveis internas permite hierarquizar as variáveis externas em função do seu

impacto direto e indireto nas variáveis internas, bem como uma hierarquia das

variáveis internas em função da sua sensibilidade à evolução do ambiente geral.

Esta categorização entre as variáveis é interessante para a seqüência da reflexão

prospectiva, porque indica os temas a escolher como prioritários e mostra o papel-

chave desempenhado por certas variáveis isoladas (GODET, 2004).

A comparação das classificações (diretas, indiretas e potenciais) permite

certamente confirmar a importância de certas variáveis, mas conduz igualmente a

descobrir que outras variáveis, que se pensavam a priori pouco importantes,

desempenham, devido às ações indiretas, um papel preponderante, e que seria um

erro grave negligenciá-las durante a análise explicativa (GODET, 2004).

Para interpretar as variáveis próximas da origem (pouco influentes e pouco

dependentes) e que, no entanto, foram citadas assim como as outras, é preciso

trabalhá-las como temas de comunicação e de reflexão muito em longo prazo.

Geralmente são elementos mais afastados dos reais desafios da análise. A

influência (legitimidade) se apóia sobre o passado, a dependência (julgamento)

sempre é exposta em relação ao futuro, conforme demonstrado no exemplo da

Figura 13 (TÉNIÈRE-BUCHOT, 1989 apud GODET, 2004).

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56

FIGURA 13 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DAS VARIÁVEIS

Fonte: TÉNIÈRE-BUCHOT, (1989) apud GODET, (2004, p. 167).

No Quadro 1 está exposto um resumo das diferentes leituras que se pode

fazer para as variáveis contidas nas extremidades do diagrama influência-

dependência que está exibido na Figura 13 (TÉNIÈRE-BUCHOT, 1989 apud

GODET, 2004).

QUADRO 1 – LEITURAS POSSÍVEIS DAS VARIÁVEIS

Situação 1 Situação 2 Situação 3 Situação 4 Influência elevada

Dependência elevada

Próximos da origem

Distante da primeira bissetriz

Entrada Saída Sem importância Retransmissões

Hipóteses Resultados objetivos Discursos Desafios

Forças Fraquezas Falso problema Ameaças Oportunidades

Passado Futuro Momento Presente

Legitimidade Julgamento Comunicação Ação

Fonte: TÉNIÈRE-BUCHOT, (1989) apud GODET, (2004, p. 168).

Não há uma leitura única dos resultados do MICMAC©. É interessante que o

grupo que está trabalhando com a ferramenta crie suas próprias convicções e

interpretações quanto aos resultados do sistema. “O interesse prioritário da análise

estrutural é estimular a reflexão no interior do grupo e levá-lo a refletir em aspectos

não intuitivos do comportamento de um sistema”. (GODET, 2000, p. 86). Além disso,

Futuro

Passado

Dependência

Influência

Julgamento Saída Objetivos Fraqueza

Momento Comunicação

Legitimidade Entrada Hipóteses Forças

0

Presente Ação Importância

1

Situação

3

Situação

4

Situação

2

Situação

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57

a análise estrutural não pretende descrever com precisão o funcionamento do

sistema, mas antes destacar os grandes traços da sua organização (GODET, 2004).

Mesmo que a análise estrutural aponte que 80% dos resultados assim obtidos

confirmam a primeira intuição, sendo considerados evidentes, isto pode gerar a

tentação de concluir que esta análise não era necessária. Do mesmo modo, é difícil

aceitar os 10% ou 20% de resultados dos quais o caráter contra-intuitivo evidencia, a

ponto de interrogar o grupo de trabalho e de não introduzir obliqüidades na sua

reflexão prospectiva. É importante dar crédito aos resultados contra-intuitivos

(GODET, 2004).

Quanto aos limites relacionados ao método de análise estrutural (MICMAC©),

sem dúvida, o caráter subjetivo é o mais expressivo. Esta subjetividade pode ser

observada na elaboração da lista de variáveis (1a etapa do método MICMAC©), bem

como nas relações entre essas variáveis (2a etapa). Uma matriz nunca é a realidade,

mas um meio para olhar para ela, uma espécie de “fotografia” do sistema. Da

mesma maneira que a fotografia, a análise estrutural mostra as coisas que traduzem

uma parte da realidade, mas revela também o talento do fotógrafo e a qualidade do

seu equipamento, uma analogia referente à importância da condução do estudo e da

qualidade dos dados de entrada (GODET, 2004).

Além disso, é importante evitar a total sub-contratação da análise estrutural,

pois o investimento de qualquer reflexão prospectiva deve ser feito na mente

daqueles que terão de tomar as decisões amanhã. Também é importante evitar

partilhar o preenchimento da matriz de análise estrutural, pois pode afetar os

resultados, perdendo o sentido, “dado que a análise estrutural é um instrumento de

estruturação coletiva das idéias”. (GODET, 2000, p. 87).

Tendo o conhecimento dos limites da análise estrutural evocados acima,

convém ressaltar os resultados obtidos e as suas contribuições essenciais. O

método representa, em primeiro lugar, um instrumento de estruturação das idéias e

reflexão sistemática sobre um problema. A obrigação de se colocar várias questões

conduz a certas interrogações e a descobrir variáveis que nunca teriam sido

consideradas. A matriz de análise estrutural desempenha, por conseguinte, o papel

de uma matriz de descoberta e permite criar uma linguagem comum em um grupo

de reflexão prospectiva. Ao estabelecer uma hierarquia das variáveis em função da

sua influência e a sua dependência, as principais causas determinantes do

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fenômeno estudado podem ser identificadas de um modo mais claro (GODET,

2004).

Além disso, a análise estrutural permite levantar as variáveis-chave que

devem ser consideradas na orientação do método de jogos de atores bem como no

método dos cenários. A análise estrutural consiste em localizar quais são os atores

que podem estar, de certa forma, influenciando as variáveis-chave, considerando o

seu jogo passado, presente e futuro, e que devem ser estudados com cuidado.

3.2.3 Análise do Jogo de Atores

O método da análise do jogo de atores11 (MACTOR©) desenvolve uma

avaliação das relações de força que possam existir entre esses agentes, com a

investigação das divergências e convergências relativas aos desafios e objetivos

associados. Este método fornece uma base para a tomada de decisão relacionada,

principalmente, com as políticas de alianças e gestão de conflitos (GODET, 2000).

Ao assumir o pressuposto que o futuro nunca é totalmente determinado, os

atores do sistema investigado dispõem de múltiplos graus de liberdade que vão

exercer por meio de ações estratégicas pré-concebidas para alcançar os objetivos

que fixaram para si, com a finalidade de realizar o seu projeto (GODET, 2000).

A análise do jogo de atores trata-se de uma etapa fundamental para a

construção da base de reflexão que permitirá elaborar cenários: sem uma análise

fina dos jogos de atores, os cenários perderiam pertinência e coerência. Por outro

lado, lamenta-se a ausência de instrumentos que permitem analisar o jogo de atores.

É muito importante que essa análise seja precedida de uma análise estrutural

(MICMAC©) para identificar as variáveis-chave e colocar em pauta as boas questões

O jogo de atores contribuem para a identificação das questões-chave da análise

prospectiva e, conseqüentemente, para a recomendação de estratégias (GODET,

2004; GODET; DURANCE, 2006).

O método MACTOR© pode se desenvolvido em sete fases: (i) construção do

quadro das "estratégias dos atores"; (ii) identificação dos desafios estratégicos e dos

objetivos associados; (iii) posicionamento dos atores em função dos objetivos e

identificação das convergências e divergências; (iv) hierarquização para cada ator

11 O método de análise do jogo de atores possui um software que foi desenvolvido por Michel Godet, ....denominado MACTOR©.

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59

das suas prioridades de objetivos; (v) avaliação das relações de força dos atores; (vi)

integração das relações de força na análise das convergências e divergências entre

atores; e, (vii) formulação das recomendações estratégicas e das questões-chave

para o futuro (GODET, 2000; ARCADE et al., 2004).

A construção do quadro das estratégias de atores (primeira fase) é

desenvolvida com base nos atores que comandam ou influenciam as variáveis-

chave obtidas da análise estrutural (MICMAC©). É por intermédio do jogo desses

atores que é possível esclarecer a evolução das variáveis influentes do sistema. O

número adequado de atores para desenvolver o jogo situa-se entre dez e vinte.

Nesta fase, as informações recolhidas sobre os atores podem ser assim resumidas:

(i) finalidades; (ii) objetivos; (iii) projetos em desenvolvimento e em maturação; (iv)

motivações; (v) constrangimentos e meios de ação interno; (vi) comportamento

estratégico no passado; e, (vii) meios de ação que cada ator dispõe em relação aos

outros para desenvolverem seus projetos (GODET, 2000).

Segundo Godet (2000), a análise da matriz que relaciona os atores em função

dos objetivos permite identificar a atitude de cada ator em relação a cada objetivo. A

investigação das alianças e dos conflitos possíveis indica exatamente o número e os

objetivos nos quais os atores, dois a dois, estão em convergência ou em

divergência.

Os diagramas de convergência e divergência, a exemplo da Figura 14, p. 60,

permitem visualizar grupos de atores que possuem convergência de interesses, bem

como o grau de liberdade aparente, a identificação dos atores potenciais mais

ameaçados, e, a analise da estabilidade do sistema. Os diagramas de convergência

e divergência devem ser complementados com um estudo hierárquico dos objetivos

de cada ator, pois assim permite avaliar a intensidade do seu posicionamento por

meio de uma escala específica. É importante considerar a hierarquia dos objetivos

para aproximar o modelo da realidade (GODET, 2000; GODET; DURANCE, 2006).

Para avaliar as relações de força entre os atores do sistema, Godet (2004)

indica a construção da matriz das influências diretas a partir do quadro estratégico

dos atores. O software MACTOR© calcula as relações diretas e indiretas do sistema,

como também desenvolve um gráfico de influência-dependência dos atores.

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60

FIGURA 14 – MODELO DE DIAGRAMA DE CONVERGÊNCIAS

Fonte: Adaptado de GODET, (2004, p. 188).

Godet (2004) faz uma ressalva quanto à condução do jogo. É muito

importante classificar os atores de maneira adequada, considerando a classe ao

qual pertencem. Por exemplo: é necessário considerar as empresas de determinado

setor como só um ator ou subdividi-las em função de uma tipologia específica

(dimensão, natureza jurídica, nacionalidade, etc). Do mesmo modo, o Estado é

geralmente um ator polimórfico (sujeito a variar de formas): existem vários níveis de

atuação (municipal, estadual e nacional), como também funções distintas (GODET,

2004).

Após a definição e classificação dos atores, é importante identificar as

estratégias dos mesmos e posicioná-las segundo os seus respectivos objetivos.

Godet denomina essa etapa como “Quadro das Estratégias dos Atores”. O quadro

deve ser configurado da seguinte forma: na diagonal são inseridos os conteúdos

referentes à finalidade e aos objetivos do ator em questão; os demais

compartimentos são destinados aos meios de ação dos quais dispõe cada ator sobre

cada um dos outros para fazer conduzir o seu projeto (ARCADE et al., 2004;

GODET, 2004).

No Quadro das Estratégias dos Atores, a diagonal principal é formada pela

identidade de cada ator, ou seja, a sua finalidade, os objetivos, os meios de ação, os

problemas e demais aspectos relevantes. Em contrapartida, o resto da matriz é

preenchido de acordo com a ação de cada ator sobre os demais. Esta é uma parte

complexa pois a coleta de informação estratégica muitas vezes não é explícita

(GODET, 2004).

O preenchimento do quadro é objeto de uma discussão coletiva, onde são

postas conjuntamente todas as informações reunidas sobre cada ator e as suas

relações com os outros. Estas informações sobre o jogo de atores podem ser

A5

A2

A3+2

+2

+4

A1

A6

A4

+1

+1

+2 +1

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61

coletadas ou completadas por ocasião de entrevistas junto de especialistas e

representantes de cada grupo de atores. No entanto, geralmente é difícil pedir a um

ator que revele a sua própria estratégia bem como suas forças e fraquezas. É muito

mais fácil fazer o ator falar sobre os demais (GODET, 2004).

Uma leitura coletiva do Quadro das Estratégias dos Atores destaca os

desafios dos mesmos e, conseqüentemente, possibilita a identificação dos objetivos

convergentes ou divergentes (alianças ou conflitos). Cada um destes desafios

formam o que Godet denomina de “campo de batalha”, e pode ser decomposto sob

a forma de um ou de vários objetivos específicos. As convergências e divergências

entre atores variam de um objetivo ao outro (GODET, 2004).

As relações entre atores sobre cada objetivo podem ser apresentadas sob a

forma de uma representação gráfica das posições. Naturalmente, para compreender

o jogo estratégico global, é necessário construir todas as representações gráficas de

convergências e divergências de objetivos. A comparação visual das representações

gráficas de convergências e de divergências é fácil, mas existe um inconveniente: é

necessária a construção de uma representação para cada objetivo. Uma

representação “Matricial Atores versus Objetivos” (MAO) permite resumir em um

único quadro o conjunto destas representações gráficas (GODET, 2004).

É importante destacar que dois atores podem ter opiniões convergentes para

determinados objetivos e divergentes com outros, esse tipo de resultado é muito

interessante no que diz respeito à tradução dos interesses de cada ator, pois

possibilita traçar estratégias focadas para cada caso. (GODET 2004).

Porém, segundo Godet (2004), as representações gráficas de convergências

e divergências de objetivos entre atores são bastante elementares. Para refinar os

dados e aproximar o modelo da realidade, convém hierarquizar os objetivos para

cada ator. O método MACTOR© realiza tal abordagem pela obtenção da hierarquia

das prioridades de objetivos, ou seja, identificam-se os valores das posições de cada

ator (ponderação) em relação aos objetivos colocados em jogo. Para isto, a partir da

matriz das posições simples 1MAO, avalia-se a intensidade do posicionamento de

cada ator utilizando uma escala de zero a quatro.

Portanto, para cada par de atores são identificados os pontos em comum e

calculados a convergência ponderada entre eles. A vantagem desta nova matriz de

convergência está na capacidade de identificação do grau de convergência entre os

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62

atores, pois a ponderação permite demonstrar o quão importante é a convergência

de opiniões (qualitativamente) e não simplesmente levantar quantitativamente o

número de posições comuns. Além de se obter as opiniões dos atores relacionadas

aos objetivos (em jogo), o método da ponderação permite refinar os dados e

aproximá-los com o que realmente ocorre no sistema investigado (GODET, 2004).

Mas os jogos de alianças e de conflitos possíveis não dependem somente das

hierarquias de objetivos, mas também da capacidade de um ator de impor as suas

prioridades aos demais. Para determinar as capacidades em jogo, Godet (2004)

indica uma avaliação das relações de força dos atores. Para isso, é importante

desenvolver as matrizes de influências diretas (MID) e a matriz das influências

diretas e indiretas (MIDI). Desta forma é possível aprimorar a definição da escolha

tática das alianças e dos conflitos que poderão surgir. A matriz MID fornece algumas

informações interessantes sobre o jogo de influência e dependência entre os atores.

A simples conferência das somas de influências (em linha) e dependência (em

coluna) refletem o posicionamento de cada ator no jogo. Porém, a análise da relação

de força não se limita à simples apreciação dos meios de ações diretas: um ator

pode agir sobre outro por meio de um terceiro (influência indireta). Convém, por

conseguinte, examinar a matriz (MIDI) das influências diretas e indiretas (de ordem

dois) para obter este tipo de relação (GODET, 2004).

O procedimento de cálculo da matriz MIDI conserva a escala da intensidade

das influências. Este procedimento apresenta, contudo, a vantagem de não

subestimar o peso de atores que teriam fortes influências diretas e baixas influências

indiretas. A estrutura das influências diretas e indiretas determinada na matriz MIDI

pode ser resumida em um diagrama de influência-dependência, muito semelhante

com o que ocorre com as variáveis na análise estrutural (MICMAC©). Uma vez

identificados o grau de influência de cada ator do sistema e, desta forma,

determinado os pesos que cada um têm na relação de força global, é possível,

contudo, alocar os pesos, na mesma intensidade e origem, nos objetivos que cada

ator influencia. Em outras palavras, caso um ator qualquer pese duas vezes mais

que um outro na relação de força global, teria implicitamente que dar um peso duplo

sobre o(s) objetivo(s) ligado(s) a ele (GODET, 2004).

Por último, nesta conclusiva etapa da análise dos jogos de atores, convém

identificar as principais perguntas-chave para o futuro. As evoluções das alianças e

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dos conflitos entre atores podem assim ser identificadas e formuladas sob a forma

de hipóteses. Estas perguntas referem-se a tendências, acontecimentos incertos ou

rupturas. A seqüência do método dos cenários consiste precisamente em reduzir a

incerteza que pesa sobre as perguntas-chave do futuro (GODET, 2004).

As simulações e recomendações estratégicas inspiradas pela reflexão

coletiva sobre os jogos de atores, graças ao procedimento MACTOR©, são múltiplas

e diferentes de um ator ao outro. Para casos complexos, é recomendável decompor

a dificuldade, por meio de estudos para cada grandes desafios ou para cada grupo

de atores específicos. Esta utilização modular do método MACTOR© supõe um

esforço coerente na reunião das informações no final (GODET, 2004).

Os principais limites do método residem no seu caráter estático e na sua

utilização em curto prazo. Se simulações permitem evidenciar a evolução do

comportamento estratégico dos atores, a ausência de informações sobre os seus

comportamentos futuros a médio e longo prazo pode constituir uma ligação fraca em

uma utilização prospectiva deste método. (GODET, 2004).

Como recomendação, Godet (2004) indica que seria interessante realizar,

após a realização do método MACTOR©, um estudo da sucessão, no tempo, das

realizações dos objetivos e as suas articulações em função da evolução das

posições dos atores, o que permitiria conferir ao método um caráter dinâmico. Por

fim, Godet (2004, p. 207) ressalta que a utilização do método requer algumas

precauções: “tudo depende da qualidade dos dados de entrada, bem como da

capacidade de escolher os resultados mais relevantes”.

3.2.4 Cenários: Possibilidades e Incertezas

O cenário, como resultado de um estudo prospectivo, não é a realidade

futura, mas uma maneira de representá-la. Tem o objetivo de iluminar a ação

presente com foco nos futuros possíveis e desejáveis, ou seja, construir

representações dos futuros possíveis e os caminhos que conduz a esses cenários.

“Cenário é um conjunto formado pela descrição de uma situação futura e do

encaminhamento dos acontecimentos que permitem passar da situação de origem a

essa situação futura”. (GODET; DURANCE, 2006, p. 38).

Cenário não é sinônimo de prospecção. Cenário possui fundamentos

científicos frágeis. Este fato foi evidenciado por Godet devido, principalmente, ao

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64

fraco embasamento e a falta de cuidado na definição e combinação de hipóteses

observados em estudos do futuro, o que compromete a realização de pesquisas

prospectivas fidedignas. “É necessário colocar as boas questões e formular as

verdadeiras hipóteses-chave para o futuro, bem como apreciar a coerência e a

verossimilhança das combinações possíveis”. (GODET, 2000, p. 37).

Os objetivos do método dos cenários são as seguintes: (i) detectar quais são

os pontos a serem investigados (variáveis-chave), ou seja, realizar uma análise

explicativa global mais exaustiva possível das variáveis que caracterizam o sistema

estudado; (ii) determinar, a partir das variáveis-chave, os atores fundamentais, as

suas estratégias, os meios dos quais dispõem para conduzir os seus projetos; e, (iii)

descrever, sob forma de cenários, a evolução do sistema estudado, tendo em vista

às evoluções mais prováveis das variáveis-chave e do comportamento dos atores, a

partir de jogos de hipóteses (GODET, 2001).

Segundo Godet e Durance (2006), o método de cenários pode ser

desenvolvido em três fases. A primeira consiste em construir um conjunto de

representações do sistema organizacional atual e sua envolvente, ou seja,

representar a expressão de um sistema de elementos dinâmicos ligados uns aos

outros e articulados com o ambiente externo. É conveniente delimitar o sistema e

sua envolvente; determinar as variáveis essenciais; e, analisar as estratégias dos

atores.

A etapa seguinte (segunda fase) tem como objetivo demarcar os futuros

possíveis mediante uma lista de hipóteses que traduzam as tendências ou rupturas

no sistema. A análise morfológica pode ser utilizada para decompor o sistema

estudado no sentido de combinar as dimensões previamente levantadas (GODET,

2004; MARCIAL; GRUMBACH, 2005). Em seguida, são utilizados métodos periciais

para reduzir a incerteza e estimar probabilidades das combinações ou das diferentes

envolventes-chave para o futuro.

Na terceira fase os cenários ainda estão no estado embrionário. É necessário

descrever o encaminhamento que leva a situação atual às imagens finais, ou seja,

elaboração e condução de previsões por cenários.

Para operacionalizar o método de cenários, tal como foi apresentado, é

necessário tempo e equipe capacitada para tal empreitada. Geralmente, o método

demanda de doze a dezoito meses de trabalho, a fim de explorar os cenários na

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tentativa de esgotar suas hipótese. É sempre aconselhável acrescentar ainda um

ano suplementar para difusão e valorização dos resultados. Em muitas

organizações, os prazos para finalizar os relatórios são curtos, podendo chegar, em

alguns casos, até algumas semanas. Não é o ideal, mas “é preferível iluminar as

decisões a tomá-las às escuras”. (GODET, 2000, p. 40).

Um estudo prospectivo requer planejamento, por isso algumas perguntas

devem ser feitas com antecedência para não ocasionar nenhum problema posterior,

como por exemplo: (i) o que se pode fazer nos prazos estabelecidos e com os meios

disponíveis?; (ii) como realizar o estudo prospectivo de maneira que os resultados

sejam credíveis e úteis para os destinatários?; e, (iii) quais ferramentas e método

que podem ser utilizados? (GODET, 2004).

Os cenários podem ser classificados em dois grandes grupos: (i) exploratórios

– o futuro é uma conseqüência das tendências passadas e presentes; e, (ii)

normativos (antecipação) – concebidos de forma retro-projetiva a partir de imagens

alternativas do futuro, tanto desejado quanto temido (COATES, 2004; GLENN, 2004;

GODET, 2004; GORDON, 2004). Além disso, é possível distinguir cenários pela

seguinte classificação: (i) cenários possíveis; (ii) cenários realizáveis; e, (iii) cenários

desejáveis. Estes cenários podem ser qualificados de acordo com a sua natureza ou

a sua probabilidade, por exemplo, cenários tendenciais, cenários de referência,

cenários de contraste ou cenários de antecipação (GODET, 2004).

O cenário tendencial é, em princípio, o que corresponde à extrapolação das

tendências. Freqüentemente, o cenário mais provável não corresponde

necessariamente a uma extrapolação pura e simples das tendências, pois existem

as rupturas das tendências atuais. Por outro lado, a extrapolação das tendências

pode conduzir a uma situação muito contrastada em relação ao presente. Tendo em

conta certa confusão de classificação, propõe-se denominar de cenário de

referência, o cenário mais provável que seja tendencial ou não (GODET, 2004).

Um cenário contrastado é a exploração de um tema extremo, determinação a

priori de uma situação futura, o qual corresponde a uma tentativa de antecipação,

imaginativa e normativa. Enquanto que o cenário tendencial corresponde a uma

tentativa exploratória de uma evolução. No cenário contrastado, fixa-se uma situação

futura, em geral muito contrastada em relação ao presente, e interroga-se no sentido

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contrário (cenário de evolução), ou seja, descreve-se os possíveis caminhos para

alcançar a situação futura (COATES, 2004; GODET, 2004).

O cone das possibilidades de Godet (2004) define o campo onde podem ser

desenvolvidos os cenários mais prováveis. É entre os cenários realizáveis, cuja

probabilidade é não nula, que se encontra os cenários contrastados (pouco

prováveis). Quanto aos cenários desejáveis, encontra-se em algum lugar no “campo

dos possíveis” e não são todos necessariamente realizáveis.

A construção de cenários fica mais fácil quando utilizada a análise

morfológica. A análise morfológica parte do pressuposto que um sistema pode ser

decomposto em várias partes (componentes), onde para cada um destes

componentes é possível atribuir hipóteses (configurações). Uma possível

combinação de hipóteses representa um cenário. Esta definição da análise

morfológica (para construção de cenário) pode ser melhor compreendida conforme a

observação da Figura 15 (ARCADE et al., 2004; GODET, 2004).

FIGURA 15 – CONSTRUÇÃO DE CENÁRIOS PELA ANÁLISE MORFOLÓGICA

Fonte: GODET, (2000, p. 33).

A análise morfológica não foi desenvolvida para estudos prospectivos. Na

verdade, essa técnica não estava sendo muito utilizada nos meios acadêmicos e

empresariais, mas foi nos finais dos anos 80 que a Prospectiva redescobriu esta

ferramenta, tornando-se muito utilizada atualmente (GODET, 2000). Curiosamente,

a análise morfológica tem sido pouco utilizada em previsão tecnológica e bastante

em prospectiva econômica ou setorial. No entanto, é muito útil na construção de

cenários, por exemplo, em um sistema global que pode ser decomposto em

dimensões ou componentes demográficos, econômicos, técnicos, sociais ou

Respostas verossímeis para cada uma das questões-chave

(configurações)

1 2 3 4 ?

1 2 3 ?

1 2 3 ?

Cenário X(1,2,2,1)

Cenário Y(2,2,3,2)

Cenário Z(3,4,3,3)

...

1 2 3 ?

Questões-chave

Cenários

Questão 2

Questão 3

Questão 4

Questão 1

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organizacionais, onde é admissível atribuir para cada um destes componentes

diversos estados possíveis (hipóteses ou configurações).

Na lógica do método dos cenários, a análise morfológica não é uma etapa

indispensável, contudo, por meio de sua utilização é possível desenvolver cenários

mais completos e estruturados. A qualidade dos cenários desenvolvidos se deve,

também, da escolha de boas questões-chave e hipóteses associadas. Essas

questões e hipóteses precisam obedecer alguns critérios, ou seja, precisam ser

pertinentes, coerentes, verossímeis e transparentes. Sem esses critérios, os

cenários podem perder em credibilidade e segurança. É por isso que Godet (2004)

sugere a utilização da análise estrutural e da análise dos jogos de atores como

ferramentas de subsídios à construção de cenários, pois ambos são estudos

complexos e que garantem uma certa base para essa etapa.

Com a determinação das variáveis-chave e das relações do jogo de atores

(identificação das questões-chave), tem-se, agora, uma boa base de informação e

de reflexão que vai ajudar na elaboração dos cenários. As variáveis-chave da

análise estrutural e as perguntas-chave do jogo dos atores são agrupadas em

componente e subsistemas. A sua combinação vai ser objeto da análise morfológica

(GODET, 2004).

Além disso, é possível combinar a análise morfológica com a análise

probabilística (método SMIC-PROB-EXPERT©). Deste modo, é possível concentrar-

se nas combinações mais prováveis dos jogos de hipóteses, um dos principais

objetivos do SMIC-PROB-EXPERT©, que ainda será abordado com mais detalhes.

Portanto, a análise morfológica é um instrumento que pode ser complementado com

outras ferramentas para ser mais estruturada e aproximar-se da realidade (GODET,

2004). O princípio do método morfológico é extremamente simples, trata-se de

decompor o sistema em subsistemas. Esta decomposição deve ser, também,

independente e possível de atender a totalidade do sistema estudado, ou seja,

atender o campo dos possíveis ou denominado, também, como "espaço

morfológico" (GODET, 2004). No entanto, é possível privilegiar as combinações que

pareçam mais interessantes, principalmente quando se têm alguns critérios e

limitações a considerar, como por exemplo, o custo de desenvolvimento, a

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segurança, a viabilidade, etc. “O espaço morfológico defini com precisão o leque12

dos futuros possíveis”. (GODET, 2000, p. 33).

O espaço morfológico pode ficar muito complexo quando temos para cada

subsistema, por exemplo, quatro ou cinco hipóteses prováveis. Em um sistema

formado por três subsistemas, onde cada um possui quatro, cinco e três hipóteses

respectivamente, existem 60 possibilidades, fato este que demonstra a

complexidade de estudos dessa natureza.

Segundo Godet (2004), o espaço morfológico define com muita exatidão o

leque dos futuros possíveis. Porém, a escolha das componentes é particularmente

delicada e necessita de uma reflexão exaustiva. Multiplicando as componentes

(questões-chave) e as configurações (hipóteses), aumenta-se muito rapidamente o

sistema a ponto de a sua análise tornar-se rapidamente impossível. No entanto, um

número restrito de componentes ocasionará um empobrecimento do sistema. Além

disso, é necessário também priorizar a independência das componentes (questões-

chave) e não confundir estes últimos com configurações (hipóteses / respostas).

Outro ponto importante é o levantamento das soluções possíveis. É muito

importante não omitir nenhuma componente ou configuração essencial para o futuro,

pois corre o risco de ignorar aspectos importantes que fazem parte do “campo dos

possíveis”. Entretanto, após o levantamento de todas as possibilidades de soluções,

a redução do espaço morfológico se faz necessária, devido, principalmente, ao fato

da impossibilidade da mente humana de identificar todas as soluções possíveis

procedentes de uma análise combinatória tão complexa. Nesta etapa, é importante,

por conseguinte, determinar alguns critérios que, ao mesmo tempo, eliminem as

componentes secundárias por meio da identificação das questões-chave para o

sistema, sem, no entanto, comprometer a qualidade das componentes do

subsistema remanescente.

A seguir são apresentadas algumas etapas para reduzir o campo das

possibilidades: (i) identificar os critérios de escolhas (econômico, técnico, tático, etc.)

que permitirão avaliar e selecionar as melhores soluções no conjunto dos possíveis

do espaço morfológico; (ii) classificar as componentes em função dos critérios,

eventualmente, ponderados de acordo com a política adotada; (iii) reduzir,

12 Analogia que Michel Godet faz sobre o número de possibilidades que podem ser identificadas para ...o futuro de determinada questão (possibilidades de futuro em forma de leque).

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inicialmente, a exploração do espaço morfológico às questões-chave assim

determinadas; e, (iv) excluir as questões secundárias, devido à sua

incompatibilidade intrínseca (impossibilidade de configurações), ou tendo em conta

certos critérios, por exemplo: custo e competitividade (GODET, 2004).

Godet (2004) destaca que as instruções apresentadas acima estão integradas

em parte no software MORPHOL©. No entanto, sua aplicação requer duas situações

importantes e imprescindíveis: (i) a análise morfológica impõe uma reflexão

estruturada sobre as componentes e as hipóteses (configurações) que serão

consideradas no estudo, com a utilização de um levantamento exaustivo do “campo

dos possíveis”; e, (ii) a análise combinatória não deve ocasionar uma certa “miopia”

ou “ilusão”, com conseqüências de falsa exaustividade do sistema, também não

deve paralisar a reflexão. É preciso exaurir as possibilidades para, em um segundo

momento, fazer a redução do espaço morfológico.

Quando as possibilidades são muitas o nível de complexidade é maior. Neste

caso, decompor o sistema global em subsistemas fica mais simples, por exemplo,

subsistemas geopolíticos, econômicos, sociais e setoriais. Cada um dos

subsistemas são objetos de análises morfológicas parciais que permitem

encadeamento, ajustamento e recomposição da construção de cenários globais, ou

seja, após a realização da análise morfológica para cada subsistema eles são

agrupados novamente para a análise global, já reduzido e muito mais simples

(BASSALER, 2000 apud GODET, 2004).

Os cenários parciais tornam-se hipóteses (respostas) compostas para os

cenários globais. Esta é uma técnica interessante para lidar com um complexo

espaço morfológico, com muitas questões pertinentes e que precisam ser

trabalhadas e não simplesmente descartadas. O espaço morfológico define

exatamente o “leque dos futuros possíveis”. Segundo Godet (2004), os cenários

devem ser construídos em consenso e, de certa forma, em uma espécie de

coerência coletiva. No entanto, convém destacar que este fato não garante a

verossimilhança em relação ao conjunto das possibilidades (cenários possíveis). O

sucesso vai depender do tempo e da qualidade do grupo de especialistas.

Porém, nada impede que o método SMIC-PROB-EXPERT© seja desenvolvido

por meio de um questionário via postal. A principal contribuição do método deve

estar baseada na capacidade de probabilizar os cenários, ou seja, identificar as

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combinações de hipóteses, as probabilidades simples destas hipóteses e as

probabilidades condicionais, cruzadas dois a dois (GODET, 2004).

A construção de cenários por um grupo de peritos é desenvolvida a partir de

um número limitado de variáveis estruturantes sobre as quais se criam hipóteses. A

partir deste ponto, são desenvolvidas probabilidades subjetivas de hipóteses

(método SMIC-PROB-EXPERT©) junto aos peritos, para retificar as suas

incoerências e indicar uma ordem de grandeza capaz de identificar os cenários

ainda não evidenciados e/ou reforçar os cenários que aparecem com probabilidade

elevada. O método SMIC-PROB-EXPERT© revela estas obliqüidades coletivas que

possivelmente poderiam permanecer ocultas (GODET, 2004).

A fim de verificar quais são os cenários mais prováveis, os peritos do grupo

de trabalho exprimem coletivamente, por intermédio de um voto, uma série de

estimativas sobre as configurações possíveis de cada componente (questão-chave).

Como resultado tem-se uma probabilidade simples para cada uma das

configurações (GODET, 2004).

Uma distribuição das probabilidades simples é efetuada para cada um dos

componentes da análise morfológica. Com estas probabilidades simples definidas,

parte-se para a identificação das combinações mais prováveis em relação às

hipóteses das demais componentes do sistema investigado. Em outras palavras,

uma vez determinado às probabilidades simples de cada hipótese, são realizadas

combinações de hipóteses, ou seja, a probabilidade composta (GODET, 2004).

Entre os métodos de impactos cruzados, o método SMIC-PROB-EXPERT©

apresenta a vantagem de ser uma aplicação bastante simples, pouco dispendiosa e

rápida para atingir resultados que, em geral, são facilmente interpretáveis. O papel

do método SMIC-PROB-EXPERT© resume-se essencialmente em delimitar os

futuros mais prováveis que serão objeto do método dos cenários. Não é demasiado

lembrar que este método requer, por conseguinte, um trabalho de informação e de

reflexão exaustivo a fim de selecionar as hipóteses essenciais. Nesse sentido,

ressalta-se a importância da análise estrutural e a compreensão dos jogos de atores

para identificar as variáveis-chave e formular as hipóteses que serão as bases para

a construção dos cenários. O princípio do método SMIC-PROB-EXPERT© consiste

em corrigir as opiniões brutas expressas pelos peritos de maneira a obter resultados

coerentes às propriedades clássicas sobre probabilidades. O método SMIC-PROB-

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EXPERT© considera o fato de existir uma opinião global não expressa, mas implícita,

que faz o elo do conjunto das respostas às perguntas colocadas para os peritos

(GODET, 2004).

Para alcançar a coerência exigida nas relações entre hipóteses e cenários é

preciso levantar as imagens possíveis para o sistema. É tendo em conta esta

informação sobre as probabilidades dos cenários, por grupo de peritos, e por média,

que se escolhe um ou vários cenários de referência (cenários freqüentemente

citados e com uma forte média de probabilidades) e cenários contrastados

(freqüentemente caracterizados pela sua probabilidade média mais fraca). Uma vez

determinadas as imagens finais, o objeto da construção dos cenários consiste então

em descrever de maneira coerente os diferentes andamentos que existe (situação

atual), tendo em conta os mecanismos de evoluções e os comportamentos de atores

analisados anteriormente no jogo de atores (GODET, 2004).

Quanto aos limites do método método SMIC-PROB-EXPERT©, pode-se

destacar três como mais importantes: (i) aplicação limitada (máximo seis hipóteses);

(ii) função objetivo e a multiplicidade das soluções (além de poder ser arbitrária, essa

função pode ter infinitas soluções); e, (iii) problema da agregação das respostas de

vários peritos, ou seja, trabalhar com a média pode ocultar ou desviar os resultados

(GODET, 2004).

Assim termina a apresentação do método dos cenários de acordo com uma

lógica que vai dos problemas (identificar boas questões, analisar os jogos de atores,

reduzir a incerteza) aos instrumentos para abordá-lo. Porém, a Prospectiva

Estratégica não se limita à abordagem dos cenários. É preciso determinar

estratégias. Por isso, a próxima etapa deve ser desenvolvida com a finalidade de

identificar e avaliar as opções estratégicas. No qual, também é possível associar

alguns instrumentos como, por exemplo, o método multicritérios.

3.2.5 Da Prospectiva à Estratégica

Esta é uma etapa bastante crítica, pois existem muitos estudos do futuro que

não conseguem transpor esta fase: dos cenários à estratégia, da visão à ação. Ao

tomar como verdadeira a premissa de que o futuro pode ser determinado e

construído (pró-atividade), então pode-se deduzir que esta fase é fundamental para

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o sucesso das projeções realizadas até então no desenvolvimento dos estudos

prospectivos (GODET, 2000).

Portanto, com os cenários definidos e levando em consideração as políticas

organizacionais existentes, a próxima fase é avaliar as conseqüências das

orientações já tomadas e, por meio de métodos multicritérios, deduzir as ações

estratégicas que necessitam serem desenvolvidas para aproveitar as oportunidades

e bloquear ou amenizar as ameaças das mudanças esperadas. É a fase de

fechamento e elaboração do plano estratégico (GODET, 2001).

Para escolher as ações e projetos estratégicos, Godet (2004) sugere a

utilização do método da “Árvore de Pertinência”. Essa ferramenta permite apoiar as

atividades de mapeamento das opções estratégicas que são compatíveis tanto com

a identidade da organização (objeto em estudo) quanto, também, com os cenários

mais prováveis (GODET; DURANCE, 2006).

O método da Árvore de Pertinência é bastante simples, trata-se de buscar as

relações que possam existir entre os níveis hierárquicos de um problema qualquer,

desde o mais elevado (nível superior) para o mais elementar (nível inferior).

(GODET, 2000). É uma maneira simples de decompor o problema em várias partes

para facilitar sua compreensão (reducionismo).

Segundo Godet (2004), existem duas fases que precisam ser desenvolvidas

no método da Árvore de Pertinência: (i) a construção da árvore de pertinência com

distinção entre as finalidades (nível superior: políticas, missões e objetivos) e os

meios (níveis inferiores: subsistemas e ações elementares); e, (ii) a notação da

representação gráfica e a agregação de resultados – cujo objetivo é medir a

contribuição de cada ação para o sistema como um todo.

A escolha dos objetivos e das ações deve ser feita após uma análise

preliminar do sistema estudado. Para isso, pode-se utilizar duas abordagens: (i)

ascendente – que parte das ações levantadas, analisa seus efeitos e estuda os

objetivos que sofrem influência destes efeitos; e, (ii) descendente – que, a partir de

uma lista de objetivos finais explicativos, identifica e analisa os meios de ação que

permitem atingir as variáveis capazes de influenciar tais objetivos (GODET, 2000).

Segundo Godet (2000) este método (Árvore de Pertinência) permite

evidenciar as redundâncias do sistema, descobrir novas idéias, explicar as opções

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escolhidas, melhorar a coerência e, finalmente, estruturar os objetivos e os meios. É

nesse sentido que sua contribuição pode embasar o planejamento estratégico.

Além da Árvore de Pertinência, Godet (2000) sugere a utilização do método13

MULTIPOL© nesta etapa de planejamento estratégico. Para Godet (2004), é possível

utilizar o método MULTIPOL© para trabalhar as questões relacionadas ao problema

de decisão (critérios múltiplos). Seu princípio básico está na avaliação de ações por

médias ponderadas. A complexidade da decisão sobre um conjunto de ações pode

ser enquadrada no âmbito de uma das seguintes problemáticas: (i) decidir em prol

ou das melhores ações (escolhas); (ii) definir uma partição das ações (triagem); e,

(iii) determinar uma classificação das ações (arranjo).

De acordo com Godet (2004), o procedimento utilizado no MULTIPOL©

permite responder às três problemáticas descritas acima. Fato este devido à

determinação de um sistema comparativo entre as ações não deixando de

considerar os diferentes contextos do estudo: as políticas organizacionais e do

entorno do objeto em estudo, bem como os cenários esperados (já previamente

identificados). É importante lembrar que um projeto pode ser considerado uma ação.

O MULTIPOL© trabalha as fases clássicas de uma abordagem de decisão por

multicritérios: (i) o recenseamento das ações possíveis; (ii) a análise das

conseqüências; (iii) a elaboração de critérios; (iv) a avaliação das ações; (v) a

definição de políticas; e, (vi) a classificação das ações. Mas apesar de sua aparência

complexa, o MULTIPOL© é, de certa forma, muito simples, além de permitir

flexibilidade na sua utilização (GODET; DURANCE, 2006).

Assim como nos demais métodos de decisão por multicritérios, o MULTIPOL©

também precisa trabalhar em uma escala de avaliação. A ação é avaliada em

relação a cada critério em uma escala simples de notação, podendo variar conforme

o método. No julgamento sobre as ações são considerados os diferentes contextos

ligados ao objetivo do estudo. Este jogo de pesos (ponderação) relacionado aos

critérios pode corresponder aos diferentes sistemas de valores da decisão dos

atores, bem como às opções estratégicas ou ainda aos cenários múltiplos. Na

prática, os especialistas distribuem um determinado peso sobre o conjunto dos

critérios para cada política (GODET, 2004).

13 Godet desenvolveu um software para sistematizar as informações do método MULTIPOL©, também ....denominado MULTIPOL©.

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Uma vez identificadas e definidas o conjunto de políticas que serão

consideradas no sistema e realizado o jogo de pesos de critérios, parte-se para a

classificação das ações de acordo com as políticas e os critérios pré-estabelecidos.

Porém, em uma escolha multicriterial é indispensável colocar as seguintes questões:

qual é a eficácia da classificação? Em outras palavras, a classificação obtida de

acordo com uma política (jogo de pesos de critérios) é a mesma para as demais

políticas? Geralmente, as classificações variam de uma política para outra, o que

convém, por conseguinte, determinar a sua sensibilidade a fim de reduzir os riscos

do processo de decisão (GODET, 2004).

O software MULTIPOL© gera, também, gráficos a partir dos quadros de

resultados. São instrumentos que facilitam a leitura do perfil das classificações de

acordo com as diferentes políticas. A decisão sobre qual(s) ação(s) adotar depende

das políticas em jogo. As políticas são mais ou menos adaptadas aos cenários mais

prováveis ao ambiente futuro, assim sendo, a próxima etapa do método MULTIPOL©

é classificar as políticas de acordo com os cenários (GODET, 2004).

Nessa etapa do método MULTIPOL©, tudo se passa como se as políticas

fossem "ações" que precisam ser classificas de acordo com "políticas" que são de

fato cenários. Desta forma, o jogo assume o mesmo procedimento descrito até

então, mas com uma diferença importante, agora os cenários foram considerados no

modelo de decisão, e fazem parte do processo de análise estratégica. A partir desta

abordagem, as ações e políticas foram confrontadas com a probabilidade de

realização dos cenários, fechando o elo que faltava para considerar as visões no

planejamento estratégico (GODET, 2004).

Para finalizar e fechar a “Caixa de Ferramentas”, Godet (2004) destaca que

todas as ferramentas apresentadas até agora, como por exemplo, o MULTIPOL©,

devem ser abordadas como se fossem “alavancas” para se chegar à pertinência, a

coerência, a verossimilhança e a transparência das análises. Muitas outras

ferramentas poderão ser utilizadas em estudos dessa natureza, o que importa, sim,

é o rigor do método para que a qualidade dos resultados do estudo seja credível.

No próximo capítulo encontra-se o estudo sobre as tendências e

convergências para o setor escolhido da análise, o Setor Têxtil e Confecção. No

estudo são abordadas as mudanças possíveis no âmbito científico e tecnológico,

bem como nos aspectos sociais, econômicos, e demais fatores sistêmicos que

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podem impactar o setor. São projeções que podem causar diferentes tipos de

impacto, desde mudanças radicais no sistema, como simplesmente, alterações

fracas, mas que pode surtir efeitos de longo prazo na cadeia produtiva têxtil-

confecção. Muitas destas tendências podem não se confirmar. Entretanto, a grande

contribuição deste tipo de estudo é trabalhar e, se possível, exaurir as possibilidades

e o rumo que a indústria e o setor poderão tomar no futuro.

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4 TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO

Existem muitos fatores que influenciam uma indústria e que impactam,

negativa ou positivamente, na sua cadeia produtiva ou na sua estrutura como um

todo. A evolução tecnológica, as mudanças da sociedade, bem como a dinâmica da

economia são alguns exemplos de fatores que, de certa forma, podem ser

considerados orgânicos, ou seja, possuem comportamentos que variam e que

passam por um processo de constantes mutações e oscilações.

Nesse contexto, muitos estudos, nas mais diversas áreas e com diferentes

objetivos, são desenvolvidos com o intuito de procurar identificar as tendências que

podem impactar no statu quo. O Setor Têxtil e Confecção, por exemplo, possui

estudos e pesquisas avançadas sobre tecnologias que serão utilizadas no futuro,

bem como aquelas que, apesar de existirem em outras áreas, podem ser aplicadas

no setor.

Na Europa, por exemplo, existe um grupo de atores ligados ao Setor Têxtil e

Confecção, denominado THE EUROPEAN APPAREL AND TEXTILE

ORGANISATION – EURATEX, que publicou um relatório em dezembro de 2004,

onde apresenta o resultado do desenvolvimento do estudo sobre as tendências para

2020. Esse grupo engloba atores de diversas áreas, como academia, instituições de

pesquisa, indústria, governo e entidades empresariais, e está organizado como uma

plataforma de tecnologia. O trabalho destes atores está sendo executado de acordo

com as diretrizes gerais para funcionamento das plataformas de tecnologia da

Comissão Européia. O objetivo dessa plataforma é desenvolver e executar as visões

de longo prazo que foram identificadas para a indústria têxtil e confecção Européia,

bem como implementar uma agenda estratégica para a pesquisa no sentido de

melhorar a inovação, o potencial competitivo global e o crescimento deste importante

setor industrial daquele continente.

Este estudo Europeu identificou três principais tendências para o Setor Têxtil

e Confecção, bem como as possíveis mudanças e inovações que acompanham tais

visões. Essas tendências são: (i) mudança da produção de commodities para

especialidade de produtos, com flexibilização dos processos tecnológicos ao longo

da cadeia de valor (fibra-têxtil-confecção); (ii) novas aplicações na utilização dos

têxteis em outras áreas industriais e humanas; e, (iii) mudança da produção em

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massa para a massificação do consumo personalizado, com o desenvolvimento de

uma indústria voltada a customização e a personalização dos produtos têxteis, com

aplicação de conceitos de inteligência da produção, logística, distribuição e serviços

(THE EUROPEAN..., 2004; LIBEERT, 2004; WALTER, 2006).

A primeira tendência do estudo Europeu está ligada à inovação de fibras com

especialidades particulares, fibras-compostas, novos materiais com aplicações da

biotecnologia e nanotecnologia, tecidos funcionais, bem como têxteis com princípios

sustentáveis, que permitem a reciclagem e que respeitem o meio-ambiente. A

segunda tendência procura desenvolver novas aplicações que melhorem o

desempenho humano, o aprimoramento de novas aplicações industriais, bem como

a concepção de têxteis e roupas inteligentes. E, por último, a terceira tendência está

relacionada com a customização da produção por meio de novos projetos e

processos integrados, onde os produtos são desenvolvidos especialmente para o

cliente, de acordo com suas medidas corpóreas e seu desejo de material, de cores e

de estampas (THE EUROPEAN..., 2004).

Outro estudo da plataforma EURATEX, publicado em junho de 2006, afirma

que poderão surgir novas áreas e, conseqüentemente, fazer emergir novas

oportunidades de mercado para o Setor Têxtil e Confecção caso essas tendências

se confirmem. O estudo aponta soluções para a mobilidade, o cuidado da saúde, a

segurança, a energia e a eficiência de recursos. A competitividade, no futuro, vai

permear os aspectos da produtividade, da qualidade, da flexibilidade, e, do time-to-

market. A atratividade do consumidor final vai ser determinada, também, por

produtos imaginativos, que proporcionem emoção, ao mesmo tempo em que são

produzidos de forma personalizada, com diversidade de opções, conforto e

segurança (THE EUROPEAN..., 2006).

Este e outros estudos serão tratados de forma mais detalhada e abrangente

na seqüência deste capítulo, que, por sua vez, está estruturado em dois grandes

temas: (i) aspectos científico-tecnológicos; e, (ii) aspectos socioeconômicos. No

primeiro, são abordadas as tendências científicas e tecnológicas para o setor Têxtil e

Confecção. No segundo tema, são abordadas de forma sucinta as principais

mudanças socioeconômicas que poderão impactar o futuro da sociedade e,

conseqüentemente, da indústria Têxtil e Confecção. Em ambos os temas, foram

utilizados como fonte de dados e informações diversos estudos da Europa, Ásia e

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EUA, bem como de revistas internacionais especializadas, portais corporativos,

observatórios tecnológicos, institutos de pesquisa, teses, dissertações, etc.

4.1 ASPECTOS CIENTÍFICO-TECNOLÓGICOS

O levantamento das tendências científico-tecnológicas está estruturado da

seguinte forma: (i) têxteis técnicos e estruturantes; (ii) têxteis e roupas inteligentes;

(iii) têxteis e fibras multifuncionais; (iv) tecnologias de informação e comunicação

(TICs); e, (v) ciência, tecnologia e meio-ambiente. O objetivo desta seção não é

esgotar as possibilidades de tendências para o futuro científico e tecnológico, mas

sim traçar algumas direções possíveis, que em muitos casos já estão se

confirmando ou ainda estão em fase de pesquisa, testes e convergência. Algumas

tendências são mais fortes, outras ainda são aspirações, porém, todas podem

impactar a indústria Têxtil e Confecção em algum momento, grau e profundidade.

4.1.1 Têxteis Técnicos e Estruturantes

A aplicação dos têxteis está se ampliando cada vez mais nos segmentos

industriais (Têxteis Técnicos). Existe uma tendência cada vez maior para a utilização

dos têxteis como material estruturante. Há muitas pesquisas nesta área, o que gera

inovações importantes que estão aumentando as possibilidades de aplicações dos

têxteis em outras áreas industriais. O têxtil estruturante vem sendo empregado como

material substituto em diversas áreas tradicionais da indústria, mas se destaca

principalmente na construção civil.

Tanto o tubo de concreto quanto outros materiais para a construção civil estão

sendo desenvolvidos e testados na Europa. O INSTITUT FÜR TEXTILTECHNIK

AACHEN – ITA (Instituto de Tecnologia Têxtil de Aachen, na Alemanha) – vem

realizando diversas pesquisas na área têxtil, entre elas no segmento de têxteis

estruturados. Na Figura 16, p. 79, pode-se observar o experimento de uma aplicação

do material têxtil estruturado para construção de lajes e placas de concreto.

O estudo realizado pela plataforma têxtil da Europa (EURATEX) aponta as

principais áreas e funções nas quais o têxtil estruturante vem sendo aplicado: (i)

telhado têxtil – muito leve e resistente; (ii) concreto têxtil-reforçado; (iii) fibras e

têxteis como elementos na construção de cabos; (iv) têxteis utilizados como sistema

de proteção da erosão e de corredeiras; (v) reforço têxtil para diques e outros

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sistemas de gerenciamento d’água; (vi) fibre-based light – têxtil condutor e

canalizador flexível e durável; (vii) consoles artificiais; e, (viii) plataformas flutuantes.

FIGURA 16 – PLACAS DE CONCRETO ESTRUTURADAS COM TÊXTIL

Fonte: STOCKMANN, (2002, p. 91 e 153).

Existem, também, aplicações de têxteis estruturantes na área de transporte

como, por exemplo: (i) cordas, cabos e redes para balões, pára-quedas e barcos à

vela; (ii) fibras e compostos têxteis utilizados nas asas de aviões e na produção de

componentes estruturantes para barcos; (iii) objetos infláveis para naves e satélites

espaciais; (iv) reservatórios, recipientes e sacos flexíveis para transporte de gases,

líquidos e sólidos como, também, para o modal rodoviário, ferroviário, aéreo ou

marítimo. O aumento da utilização dos têxteis estruturantes nos veículos e

equipamentos de transporte faz com que o consumo de energia seja menor, devido

ao peso reduzido desses meios de transporte. Este fato contribui com o meio

ambiente, com a redução dos custos de logística e, conseqüentemente, com o

consumo consciente (THE EUROPEAN..., 2006).

Os têxteis utilizados na construção civil para conter aterros, erosão, diques,

terraplanagem são conhecidos como Geotêxteis e, quando aplicados no tratamento

de impacto ambiental ou mesmo para proteção do meio ambiente, esses têxteis são

denominados de Eco-Têxteis. O mercado de Geotêxteis e de Eco-Têxteis pode ser

considerado pequeno se comparado com o mercado geral dos Têxteis Técnicos, já

que representou cerca de 1% em 2000. Porém, as estimativas de crescimento são

favoráveis, podendo representar em 2010, aproximadamente, 1,8% do consumo dos

Têxteis Técnicos, ou um aumento de 100 mil toneladas desse tipo de produto

(INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003g).

Existem, também, placas de concreto com têxtil estruturante que são

utilizadas para montar canais artificiais de escoamento d’água. O têxtil estruturante

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permite substituir o ferro e o aço nas armações de concreto, com vantagens

significativas na produtividade de tais placas, sem, no entanto, comprometer a

qualidade do produto final. Além do mais, este tipo de placa facilita o transporte e o

processo de instalação, sendo mais leve (STOCKMANN, 2002).

Os têxteis estruturantes trazem consigo a abertura de várias oportunidades de

mercado como, por exemplo, o planejamento, o desenvolvimento e a construção de

máquinas e equipamentos necessários ao suprimento desse nicho de mercado, bem

como a necessidade de concepção de novos métodos e técnicas de fabricação.

4.1.2 Têxteis e Roupas Inteligentes

Os materiais têxteis com propriedades multifuncionais e inteligentes

constituem-se em outra importante tendência em termos de tecnologia para o futuro.

Os esforços em pesquisas relacionadas ao desenvolvimento desses produtos se

intensificaram com o aumento da rigidez regulatória nas questões de segurança e de

conforto dos têxteis. O programa EUROPEAN FP6, por exemplo, é um mecanismo

de financiamento da pesquisa na Europa, cuja atuação é bastante significativa na

área de novos materiais e têxteis inteligentes. A plataforma EURATEX também

possui ações expressivas nesta área (LIBEERT, 2004).

O avanço dos têxteis inteligentes se deve, principalmente, pela absorção do

conhecimento de diversas áreas científicas e tecnológicas. Esta é uma realidade que

não faz parte somente desse setor industrial. Muitos outros segmentos se

beneficiam com o progresso do conhecimento científico. Os avanços na

biotecnologia, na nanotecnologia e na eletroeletrônica, por exemplo, são

extremamente significativos para o Setor Têxtil e Confecção.

A eletroeletrônica e a nanotecnologia estão contribuindo com importantes

inovações na área têxtil voltada à saúde. Existem têxteis e roupas capazes de

monitorar diversas variáveis fundamentais para a manutenção da saúde dos

indivíduos (BARTELS, 2005; BELLY; PIROTTE; CATRYSSE, 2005). Estudos nesta

área podem revolucionar o tratamento e o acompanhamento médico em muitas

enfermidades. Paradiso e Wolter (2005) acreditam que o monitoramento remoto e

contínuo pelos têxteis e vestimentas de múltiplas funções fisiológicas somente é

possível se os sistemas de controle de saúde forem combinados com os avanços

das telecomunicações, micro-eletrônica e ciência dos materiais.

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81

O envelhecimento da população e os problemas da sociedade industrial

(doenças crônicas) acarretam, conseqüentemente, o aumento constante e

significativo dos custos do sistema público de saúde no mundo. Este fato faz com

que as vestimentas voltadas à saúde ganhem espaços notórios no âmbito científico,

podendo ser consideradas como uma tendência forte e que já está sendo

investigada nos principais centros de pesquisa do mundo. Pesquisadores da área

acreditam que os têxteis médicos podem melhorar a qualidade de vida da

população, aumentar a velocidade de recuperação do paciente e, até mesmo,

fornecer novas opções de tratamento (THE EUROPEAN..., 2006).

Alguns projetos que estão sendo desenvolvidos permitem a combinação de

têxteis inteligentes com componentes eletrônicos miniaturizados. Os tecidos são

desenvolvidos com circuitos eletrônicos flexíveis para substituir as placas de circuito

rígidas. Segundo Locher e Tröster (2005), os têxteis com estas características

permitem distribuir a funcionalidade do sensoriamento por todo o corpo sem perder o

conforto da vestimenta.

Segundo Strese, Kaminorz e John (2005), os têxteis inteligentes relacionados

à eletrônica e aos microsistemas integrados podem ser classificados em quatro

níveis: (i) soluções eletroeletrônicas adaptadas à roupa (celulares, MP3, etc); (ii)

componentes eletrônicos e/ou microsistemas integrados em roupas ou têxteis com

módulos conectáveis (condutores têxteis); (iii) roupas ou têxteis com funções

integradas diretamente nas fibras têxteis (displays entrelaçados nas fibras); e, (iv)

fibra com blocos de construção microeletrônicos integrados como transistores,

diodos ou circuitos integrados (esse último tópico ainda é uma visão, mas já faz

parte de planejamentos em pesquisa e desenvolvimento na Europa).

Um grande número de institutos alemães de pesquisa têxtil, em conjunto, com

pesquisadores e empresários do setor, realizaram vários encontros para identificar

os mercados potenciais para o têxtil inteligente. As áreas que foram elencadas como

prioritárias são: (i) geração e fornecimento de energia – interconexões de células

solares e materiais têxteis; (ii) tecnologia de sensor/atuador; (iii) fibras têxteis

luminescentes ou condutoras elétricas; (iv) encapsulamento e tecnologias de

integração de sistemas; e, (v) tecnologias de polímeros (STRESE; KAMINORZ;

JOHN, 2005).

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Alguns produtos já estão no mercado como, por exemplo, uma jaqueta com

células solares integradas para dispositivos USB, da empresa SCOTTeVEST, e

jaquetas com telefones celulares e MP3 player da LEVIS / PHILIPS e INFINEON /

ROSNER (STRESE; KAMINORZ; JOHN, 2005).

De acordo com Strese, Kaminorz e John (2005), a tecnologia de placa de

circuitos flexíveis permite integrar têxteis inteligentes com sistemas eletrônicos (ver

Figura 17). Para trabalhar com a interface homem-dispositivo, existem muitas

pesquisas na área de comutadores, sensores, almofadas de toque, microfones ou

reconhecimento de grafia, auto-falantes miniaturizados e displays ópticos rígidos e

flexíveis (LCD14; LCD/TFT15 e OLED16).

FIGURA 17 – PLACA E CABO FLEXÍVEL

Fonte: FRAUNHOFER IZM MUNICH, apud STRESE; KAMINORZ; JOHN, (2005, p. 07-08).

Outros produtos ainda estão em fase de projeto e pesquisa, como as

vestimentas com tecnologia de monitoramento biomédico da WEARABLE

COMPUTING e ETH ZURICH, além de placas eletrônicas têxteis, cabos têxteis,

teclado têxtil e comutadores ou têxteis brilhantes do TEXTILFORSCHUNGS

INSTITUT THÜRINGEN-VOGTLAND – TITV (Instituto de Pesquisa Têxtil de

Thüringen-Vogtland) (NORSTEBO, 2004; STRESE; KAMINORZ; JOHN, 2005;

LOCHER; TRÖSTER, 2005; GIMPEL et al., 2005; KALLMAYER et al., 2005).

Existem, também, têxteis integrados com dispositivos de controle de

posicionamento do tipo GPS (Global Positioning System – Sistema de

Posicionamento Global), cuja função é permitir a localização do usuário em qualquer

lugar do planeta. Essa tecnologia abre novas possibilidades de aplicações como, por

14 Liquid Crystal Display (Display de Cristal Líquido). 15 Liquid Crystal Display / Thin Film Transistor (Display de Cristal Líquido com Matriz Ativa). 16 Organic Light Emitting Diode (Diodo Orgânico Emissor de Luz).

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exemplo: (i) vestimentas esportivas para ajudar na localização em caso de resgate

(esquiadores e montanhistas); (ii) uniformes militares; e, (iii) roupas que monitoram a

saúde do usuário, o que facilita a localização do paciente em casos extremos

(INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004e).

Além disso, de acordo com o estudo da plataforma EURATEX, existem

roupas com sensores que detectam mudanças bruscas no ambiente ou identificam a

presença de substâncias nocivas à saúde. Essa é uma tendência significativa para o

segmento de uniformes e vestimentas especiais para o trabalho, especialmente, os

insalubres e perigosos como, por exemplo, a profissão de bombeiro, serviço militar e

indústrias químicas. Existem, também, pesquisas que estão priorizando o

desenvolvimento de roupas que geram e acumulam energia, por meio de fotocélulas

e componentes eletrônicos (THE EUROPEAN..., 2006).

Para que a tecnologia eletroeletrônica aplicada a vestimentas não fique

inviável economicamente, os cientistas estão desenvolvendo produtos modulares, ou

seja, os componentes mais baratos, por exemplo, placas, cabos têxteis, circuitos,

antenas de comunicação têxtil e teclados são agregados aos tecidos de forma fixa,

enquanto que os componentes mais caros, como por exemplo memória e bateria,

podem ser retirados e utilizados em outras roupas com as mesmas características.

Além disso, essa técnica permite retirar componentes que não podem ser lavados.

Outro ponto importante é a questão do conforto, pois estatísticas apontam

que este requisito é a principal propriedade que os consumidores buscam em uma

roupa. Portanto, as confecções inteligentes precisam ser, antes de tudo,

confortáveis, ou seja, ser tão agradáveis no vestir quanto a roupa normal (não

inteligente). Caso contrário, o potencial de mercado dessas vestimentas pode ficar

comprometido, ou mesmo reduzido aos nichos (BARTELS, 2005; DUNNE;

ASHDOWN; SMYTH, 2005).

Segundo Gimpel et al. (2005), a utilização da tecnologia RFID (Radio

Frequency Identification – Identificação por Rádio Freqüência) também é uma

tendência forte na indústria têxtil. Alguns pesquisadores já estão trabalhando na

tentativa de acoplar essa tecnologia a um transponder17 e utilizá-la nas etiquetas dos

17 Transponder: dispositivo de comunicação eletrônico que recebe, amplifica e retransmite um sinal ....em uma freqüência diferente. Transponder é a abreviação de transmitter-responder.

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têxteis e das vestimentas. Os benefícios são vários e entre eles destaca-se o avanço

no campo da logística, com a rastreabilidade do produto. A antena têxtil é tecida na

própria etiqueta, assim como chips de silício finos, os quais são flexíveis, resistentes

a cargas mecânicas e podem ser encapsulados. O encapsulamento permite a

lavagem desses produtos. Além disso, segundo o INSTITUTO TECNOLÓGICO

TEXTIL – AITEX (2002b), da Espanha, é preciso atender a todas as normas que

regulam e padronizam as etiquetas dos produtos têxteis e confeccionados. Esse é

um requisito muito importante que pode variar de país para país e que no futuro

tende a ser ainda mais rigoroso.

Os têxteis brilhantes e luminescentes também estão sendo pesquisados e

aprimorados. As inovações relacionadas aos fios condutores contribuíram com os

avanços dos têxteis luminosos. No entanto, as propriedades desejadas para uma

vestimenta como, por exemplo, a suavidade e a durabilidade ainda não são ideais.

Porém, as pesquisas continuam a serem promovidas nessa área. Por exemplo, com

a ajuda dos diodos emissores de luz, outra fonte de energia luminosa foi

desenvolvida – os tecidos condutores estruturados (GIMPEL et al., 2005).

Exemplos de têxteis luminescentes são: (i) fio luminescente desenvolvido por

CABRERO (2006), que lhe valeu o Prêmio World Wool Award (WWA 2006),

promovido pela INTERNATIONAL WOOL TEXTILE ORGANISATION – IWTO; e, (ii)

a vestimenta desenvolvida pelo instituto alemão TITV, com aplicação da tecnologia

OLED.

Muitas das inovações em eletroeletrônica são resultados de pesquisas no

campo da nanotecnologia. Segundo Qian e Hinestroza (2004), a nanotecnologia é

uma ciência interdisciplinar que está revolucionando o desenvolvimento não só da

eletroeletrônica, mas também de áreas como a ciência dos materiais, a mecânica, a

química, a ótica, a medicina, bem como os setores de energia, têxtil e aeroespacial.

Nos últimos anos, as pesquisas em nanotecnologia estão crescendo de forma

significativa no mundo. No ano de 2004 os principais países desenvolvidos e alguns

em desenvolvimento, como China, Índia e Coréia do Sul, investiram mais de US$ 75

bilhões em pesquisa e desenvolvimento de nanotecnologias (SINDICATO DA

INDÚSTRIA TÊXTIL..., 2005). A projeção para 2015 é que os negócios

internacionais envolvendo a nanotecnologia superem um trilhão de dólares

(SINDICATO DA INDÚSTRIA TÊXTIL..., 2005; KARDILE, 2005; ZOMIGNAN, 2006).

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No caso específico da indústria têxtil, atualmente a nanotecnologia representa

um mercado mundial de onze bilhões de dólares. As projeções para 2012 apontam

que esse mercado pode chegar a dez vezes esse montante, ou seja,

aproximadamente 110 bilhões de dólares (BUSINESS WIRE, 2006 apud MELO,

2006; ZOMIGNAN, 2006). Além disso, Hebert (2006) acredita que a projeção para

2012, relacionada com a competição internacional em nanotecnologia, prevê que

países como China, Coréia do Sul, Taiwan e Índia cresçam de forma muito

expressiva no cenário global.

A China, por exemplo, já é o segundo país que mais publica resultados

científicos em nanotecnologia no mundo, atrás, somente, dos EUA (HEBERT, 2006).

Para Choi, Powell e Cassill (2005), é importante que políticas de governo sejam

desenvolvidas para garantir investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento no Setor

Têxtil e Confecção. O Governo de Hong Kong, por exemplo, possui uma política

bastante consistente para o setor, cujas ações estão voltadas para três áreas

estratégicas: (i) novos materiais (nanotecnologia); (ii) tecnologia de design (Design

Funcional); e, (iii) tecnologia de prototipagem (CAD18 e CAM19).

4.1.3 Têxteis e Fibras Multifuncionais

Como abordado anteriormente, uma verdadeira revolução na concepção de

têxteis está sendo promovida pelos constantes avanços e descobertas no campo da

nanotecnologia e da biotecnologia. Além das descobertas e inovações já

apresentadas, profissionais dos principais centros de pesquisa estão criando,

também, novas fibras com características multifuncionais. De acordo com o estudo

da EURATEX, as áreas que estão sendo priorizadas para dar suporte às inovações

relacionadas às fibras são a química, a física e a tecnologia (THE EUROPEAN...,

2006).

Pesquisas na área de biotecnologia são realizadas para dar suporte ao

desenvolvimento de têxteis para o segmento médico / hospitalar. Na Alemanha, por

exemplo, o Dr. Dirk Höfer, pesquisador e chefe do INSTITUT FÜR HYGIENE UND

BIOTECHNOLOGIE – IHB (Instituto para Higiene e Biotecnologia), entidade ligada à

DIE HOHENSTEINER INSTITUTE – DHI (O Instituto Hohensteiner), trabalha com a

18 CAD = Computer Aided Design (desenho assistido por computador). 19 CAM = Computer Aided Manufacturing (produção assistida / controlada por computador).

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aplicação da biotecnologia na área de têxteis higiênicos e têxteis para hospitais e

uso médico. (DIE..., 2006). Em Portugal, também existe uma iniciativa de aplicação

da biotecnologia na concepção de fibras e poliésteres para a prática médica.

(INSTITUTO SUPERIOR..., 2005). Em 2000, o mercado dos têxteis para saúde

representou mais de 1,5 bilhões de toneladas em todo o mundo. A projeção de

consumo é de incremento anual de 4%, podendo alcançar, em 2010,

aproximadamente 2,3 bilhões de toneladas de Têxteis Técnicos para uso na

medicina (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003g).

Outras tendências relacionadas com a aplicação da biotecnologia ao Setor

Têxtil podem ser observadas por meio da análise das prioridades que a plataforma

EURATEX está fomentando para o setor, como por exemplo: (i) novas fibras

baseadas na fermentação e demais bio-processos; (ii) fibras bio-compostas e bio-

resinas – totalmente biodegradáveis; (iii) bio-polímeros e biomassa; (iv)

desenvolvimento de enzimas aplicadas ao setor; (v) tecnologia de bio-processos

aplicados à sustentabilidade – produção mais limpa; (vi) resíduos têxteis aplicados

como fonte de biomassa; e, (vii) melhoria na produção de fibras naturais.

A nanotecnologia está contribuindo muito para a inovação na área de fibras. É

um campo de pesquisa que já está sendo muito pesquisado e que, certamente, irá

revolucionar o Setor Têxtil e Confecção. Processos têxteis químicos estão sendo

desenvolvidos como, por exemplo, nanoemulsões de partículas químicas e

nanocápsulas de substratos, que podem criar fibras de alta performance. Os

avanços nessa área são sem precedentes, principalmente quando consideradas as

novas funcionalidades que os tecidos adquirem com tal tecnologia como, por

exemplo, as propriedades anti-manchas, hidrofílicas, anti-estáticas, bem como

roupas que não amassam e não encolhem (QIAN; HINESTROZA, 2004).

No futuro, as pesquisas com nanotecnologia aplicada aos têxteis terão dois

focos principais: (i) investigações que promovam o desenvolvimento de novas

funções para os materiais têxteis; e, (ii) pesquisas no campo de têxteis inteligentes.

Nesse contexto, as principais funções que serão trabalhadas pelos cientistas são: (i)

armazenamento de energia solar (fotocélulas); (ii) aquisição e transferência de

informação (sensores); (iii) proteção e detecção múltipla e sofisticada; (iv) cuidado

com a saúde e funções de cicatrização; e, (v) auto-limpante e auto-reparador (QIAN;

HINESTROZA, 2004).

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Segundo o estudo da plataforma EURATEX de 2006, a roupa multifuncional

vem sendo desenvolvida no sentido de ser uma segunda pele humana, ou seja, no

intuito de incorporar características como de proteção, de troca de energia e de

matéria com o ambiente (gases, líquido, etc). As pesquisas na área têxtil vêm se

desenvolvendo no sentido de agregar ao conceito de moda e de conforto funções

que melhorem a vida e o trabalho das pessoas (THE EUROPEAN..., 2006).

Existem, por exemplo, pesquisas da GEORGIA INSTITUTE OF

TECHNOLOGY20 na área de têxteis e de roupas inteligentes para proteção e

segurança pessoal. Esses estudos priorizam o bem estar do indivíduo nos mais

diferentes ambientes insalubres que existem no meio industrial, militar e científico

como, por exemplo, equipamentos de proteção individual para serem utilizados em

áreas com ações químicas, mecânicas, biológicas e nucleares, inclusive em caso de

guerra e terrorismo (DAANEN, 2005; PARK; JAYARAMAN, 2005; KIEKENS, 2005).

Algumas tendências tecnológicas identificadas no estudo de projeção de

futuro do Setor Têxtil e Confecção da EURATEX podem ser observadas no Quadro

2, p. 88. Esse quadro traz algumas aplicações dos materiais têxteis multifuncionais

elencados pela plataforma. Muitas dessas tecnologias já estão bastante avançadas,

principalmente nos Estados Unidos, Europa, Japão, China e Coréia do Sul, com

aplicação da nano e biotecnologia aos têxteis.

A invenção do nanoscópio permitiu um grande avanço nas investigações dos

materiais em escala nano21. Os cientistas estão pesquisando comportamentos de

certos materiais na natureza e replicando sua estrutura e composição em

laboratório. A intenção deste tipo de pesquisa é tentar alcançar características

semelhantes àquelas encontradas in natura, cuja aplicabilidade ainda não existe ou

não é viável com a tecnologia convencional (BOCZKOWSKA; LEONOWICZ, 2006;

XIN, 2006).

Segundo Xin (2006), os têxteis que não molham, por exemplo, são resultados

de estudos da superfície de plantas que possuem essa propriedade sem, no entanto,

perder a característica de maleabilidade, a qual é fundamental nos tecidos. A

20 Instituto de Tecnologia da Geórgia (EUA). 21 Nano é uma palavra grega que significa “anão”. A escala nanométrica corresponde a 10-9 parte do ....metro (bilionésima parte do metro).

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propriedade dos materiais de não absorver a água é conhecida como Lotus-Effect®

ou Efeito Lótus.

QUADRO 2 – PROPRIEDADES MULTIFUNCIONAIS

Funcionalidade Aplicação

Anti-mancha e não molha Toalha de mesa, cortinas, móveis, automóveis, ônibus, trem, avião;

Retardador de chamas e de propagação de incêndios

Interiores de residências e estabelecimentos comerciais e dos sistemas de transporte;

Resistência à abrasão Tapetes, todos os tipos de assentos têxteis;

Comportamento anti-estático Estofamentos, assentos de cadeiras e etc;

Comportamento antibacteriano Roupa de cama, têxteis médicos;

Proteção ultra-violeta Telhados, barracas, toldos, persianas, cortinas;

Repelente de insetos Barracas, redes;

Absorção do odor Roupa de cama, móveis, automóveis, ônibus, trem, avião;

Fonte: THE EUROPEAN..., (2006, p. 15).

Na Figura 18, p. 89, pode-se verificar exemplos de tecidos que não absorvem

água devido à incorporação da propriedade do Efeito Lótus, bem como a imagem

nanoscópica desses materiais (XIN, 2006). Além disso, a figura traz, também, o

exemplo de uma camisa que não absorve óleo (MARCHESE, 2006). Esse é um

mercado bastante promissor para os próximos anos, onde os avanços mais

significativos estão se concretizando na Ásia, Europa e EUA (HERBOLD, 2005;

TEXTOR; SCHRÖTER; SCHOLLMEYER, 2006; MARCHESE, 2006; XIN, 2006).

Outro exemplo de tecnologia que está sendo aprimorada a partir de pesquisas

com materiais encontrados na natureza são as cores nanoestruturadas (HERBOLD,

2005; MECHEELS, 2005; XIN, 2006). Cientistas estão desenvolvendo pesquisas em

escala nano com borboletas para descobrir como são estruturadas as cores desses

insetos e, conseqüentemente, procuram formas de desenvolvimento de têxteis

coloridos sem, no entanto, utilizar o processo de tintura convencional. Segundo a

plataforma EURATEX, existem, também, pesquisas na área têxtil que investigam a

propriedade de mudança de cor e imitação da luz (THE EUROPEAN..., 2006).

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FIGURA 18 – TECIDOS QUE NÃO ABSORVEM ÁGUA E ÓLEO

Fonte: XIN, (2006, p. 21) e MARCHESE, (2006, p. 31).

Um ponto importante que merece esclarecimento diz respeito à área médica.

É importante destacar que a vestimenta inteligente voltada à saúde não está

baseada somente na tecnologia eletroeletrônica, como foi tratada anteriormente.

Existem têxteis modificados na sua estrutura (fibras), pelo uso de nanotecnologias,

que permitem chegar a resultados expressivos na sua composição e propriedades

funcionais sem, no entanto, possuir dispositivos eletrônicos. Além disso, existem,

também, têxteis com propriedade fungicida que são desenvolvidos com tecnologia

de microencapsulamento e que já são utilizados na medicina.

A tecnologia de microencapsulamento aplicada aos têxteis é desenvolvida a

partir da utilização de micropartículas para recobrir um princípio ativo. Esse princípio

ativo pode ser líquido, sólido ou gasoso, e será responsável pelos efeitos esperados,

ou seja, pode ser um fungicida, um perfume, um hidratante, etc. O método de

fabricação de microcápsulas pode ser químico, físico ou físico-químico. O

microencapsulamento têxtil libera o princípio ativo de forma controlada, ou seja, de

maneira contínua e progressiva, conforme o uso da vestimenta. A liberação de

cosméticos e perfumes, proteção UV22, anti-fungos e anti-ácaros se realiza pela ação

da temperatura, da umidade e do atrito (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004b).

Com o advento da nanotecnologia, as técnicas de encapsulamento atingiram

a escala nanoscópica. Agora, com apenas 60 átomos de carbono é possível

desenvolver as Nanoballs, ou seja, um conjunto nanoscópico de átomos de carbono

capaz de armazenar átomos, moléculas, medicamentos e outros compostos

moleculares. As Nanoballs são tão pequenas que podem ser introduzidas em

núcleos celulares. Os Nanotubos de Carbono também são uma inovação nessa área

22 UV = Ultravioleta

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que pode ser utilizada para encapsular moléculas e partículas (MECHEELS, 2005;

NAIK, 2005; MARCHESE, 2006).

Porém, os nanotubos possuem outras propriedades interessantes para o

Setor Têxtil e Confecção: (i) possuem ligações tão fortes quanto às dos diamantes;

(ii) são flexíveis e podem ser trançados como tecido; (iii) podem ser condutores ou

não de eletricidade; (iv) ignoram condições extremas de calor ou de frio; e, (v) são

100.000 vezes mais finos que um fio de cabelo (MARCHESE, 2006).

Têxteis perfumados com tecnologia de nanoencapsulamento já são uma

realidade, e muitas organizações já estão com pesquisas na área e até com

produtos no mercado, como por exemplo, a empresa QUEST INTERNATIONAL, que

está investindo em fragrâncias nanoencapsuladas com aplicação em sabão em pó

(SANDERSON, 2006). Existem, também, tecidos que controlam a temperatura

corpórea (regulação térmica) por meio da tecnologia do micro e

nanoencapsulamento (HERBOLD, 2005).

Outro exemplo interessante de aplicação da nanotecnologia aos têxteis vem

do Japão. Segundo Tsukioka (2006), uma empresa japonesa (GOLDWIN) fabricante

de roupas esportivas desenvolveu tecidos anti-pólen (Pollen Shield) com base na

nanotecnologia. A meta dessa organização é agregar essa inovação aos produtos

da linha esportiva. Outra empresa japonesa que também utiliza a nanotecnologia na

exploração de fibras com propriedade anti-pólen é a MIYUKI KEORI, a qual busca o

diferencial competitivo com a produção de ternos e de trajes sociais com essa

tecnologia (THE JAPAN TIMES, 2005).

O aumento constante da poluição está ocasionando problemas ambientais

como, por exemplo, o aquecimento global, a destruição da camada de ozônio, as

chuvas ácidas, etc. Este fato está direcionando alguns pesquisadores do Setor Têxtil

e Confecção para o desenvolvimento de produtos com propriedades que amenizem

problemas como, por exemplo, a exposição excessiva da pele aos raios UV. Muitas

pesquisas vêm sendo realizadas nessa área, desde a concepção de novos produtos

como também testes do fator de proteção desses têxteis (INSTITUTO

TECNOLÓGICO..., 2003d; NAIK, 2005; TEXTOR; SCHRÖTER; SCHOLLMEYER,

2006). No caso da nanotecnologia, de acordo com Simões (2006), estão sendo

desenvolvidas partículas de dióxido de titânio com 30nm para aplicação como filtro

solar em têxteis. Essas partículas têm alto poder de absorção dos raios UV.

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Outra inovação importante na área de nanotecnologia refere-se ao

desenvolvimento das membranas porosas com moléculas poliméricas que matam

bactérias sem causar nenhum problema à pele (HERBOLD, 2005; MECHEELS,

2005; MIRANDA, 2006). Nos Estados Unidos, por exemplo, uma empresa que

trabalha com nanotecnologia (GREENYARN) desenvolveu uma fibra com

nanopartículas de bambu com propriedade biocida e que inibe o odor. Atualmente

vários produtos estão sendo manufaturados com essa fibra (Eco-fabric) como, por

exemplo, meias e máscaras faciais (NANO TSUNAMI, 2005 e UNIVERSIDADE DO

ESTADO DE SÃO PAULO, 2006).

As Nanopartículas de Prata, por exemplo, são utilizadas nos têxteis para

produzir a característica auto-limpante. Pesquisadores da Universidade de Clemson,

nos Estados Unidos, afirmam que o tecido pode sujar como qualquer outro, porém,

com a utilização da película com nanopartículas de prata (self-cleaning) a roupa

possui a propriedade de não sujar tão facilmente quanto as vestimentas

convencionais (SAMPSON, 2004).

Outro importante avanço da ciência é a concepção de fibras que mudam de

cor. Os pesquisadores do departamento de ciências dos materiais do

MASSACHUSETTS INSTITUTE OF TECHNOLOGY – MIT (EUA), por exemplo,

desenvolveram uma fibra que combina o plástico com o vidro para adquirir

características de mudança de cor (CUNNINGHAM, 2002; THOMAS, 2006).

4.1.4 Tecnologias de Informação e Comunicação e o Setor Têxtil e Confecção

Para Abd-Ellatif (2004), o aumento da concorrência internacional fez com que

as empresas intensificassem a busca pela redução de custos e despesas, o que é

imprescindível para a manutenção da vantagem competitiva no mercado. Nesse

sentido, segundo a plataforma EURATEX, a necessidade de cooperação e formação

de redes e aglomerações industriais como vantagem competitiva está exigindo que

os atores envolvidos na cadeia produtiva busquem o uso inovativo das Tecnologias

de Informação e Comunicação – TICs para dar suporte ao desenvolvimento desse

modelo de negócio (THE EUROPEAN..., 2006).

Aliadas a tudo isso, muitas indústrias do Setor Têxtil e Confecção estão

procurando se inserir na tecnologia da Computer Integrated Manufacturing – CIM

(Produção Integrada por Computador). A tecnologia CIM é a combinação de várias

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ferramentas de informática que, juntas, integram toda a cadeia do processo de

produção, desde a matéria-prima até as questões de logística e distribuição (ABD-

ELLATIF, 2004). Como suporte à integração é utilizada a tecnologia de comunicação

RFID para transmissão de dados, cuja tendência é bastante significativa tanto para o

Setor Têxtil e Confecção quanto também para os demais segmentos industriais

(GIMPEL et al., 2005).

A principal contribuição da tecnologia CIM está pautada na redução de custos

e despesas, pois essa ferramenta integra todo o sistema fabril com agilidade,

rapidez, produtividade e qualidade nos produtos, processos e informações. As

ferramentas mais utilizadas no CIM podem ser assim elencadas: (i) CAD – desenho

assistido por computador; (ii) CAM – produção controlada por computador; (iii) PPS23

– planejamento da produção e operações por computador; (iv) ERP (Enterprise

Resource Planning) – planejamento dos recursos empresariais por computador; (iv)

CAQ – controle da qualidade controlado por computador; e, (v) CAT – testes e

ensaios assistidos por computador (ABD-ELLATIF, 2004).

A competitividade no mercado têxtil e de confeccionados não está fazendo

emergir as tecnologias TICs somente pela busca constante pela redução de custos.

Muitas empresas estão se apoiando nela para se diferenciarem no mercado como,

por exemplo, o atendimento personalizado e customizado dos desejos e

necessidades dos clientes. A tecnologia da customização associada à diversidade

cultural é um fator que está criando uma indústria Têxtil e Confecção cada vez mais

flexível e preparada para atender às necessidades individuais do consumidor

(ADVANCEMENT..., 2005; THE EUROPEAN..., 2006). Para Dahlman e Frischtak

(2005), a indústria, de um modo geral, está passando por uma transformação

significativa, onde a produção estática dá lugar aos processos de produção flexível.

No Setor Têxtil e Confecção, a questão da flexibilidade da produção tende a

ser ainda mais relevante, devido, principalmente, aos diferentes apelos visuais e

estéticos que são priorizados para atender diferentes segmentos e nichos de

mercado (percepções e sentidos humanos). Os projetos na área Têxtil e Confecção

tendem à flexibilidade e à customização dos produtos e serviços. A previsão é

atender mercados cada vez mais segmentados e específicos. As tecnologias e

23 PPS = Produktionplanung und –Steuerung (alemão).

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sistemas de informação e os sistemas de apoio à produção estão sendo utilizados

para dar base e sustentação a essa tendência de flexibilização na indústria Têxtil e

Confecção. Sistemas 2D e 3D, por exemplo, estão proporcionando uma nova

interface entre indústria e consumidor, com aplicações específicas para nichos e

segmentos de mercado (ASHDOWN, et al., 2004; LOKER, et al., 2004; OH; YOON;

HAWLEY, 2004; CHOI; POWELL; CASSILL, 2005; LOKER; ASHDOWN;

SCHOENFELDER, 2005; NAM, et al., 2005; ADVANCEMENT..., 2006; THE

EUROPEAN..., 2006; SHIN; ISTOOK, 2006).

A aplicação 3D associada à tecnologia Scan Data (cópia de dados) também é

utilizada no mapeamento antropométrico24 da população, com o desenvolvimento da

tecnologia Body Scan Data (cópia de dados corpóreos), onde é possível identificar

as dimensões corpóreas por meio de estudos gráficos e estatísticos. Muitas

pesquisas estão sendo realizadas nessa área, principalmente a partir do avanço

significativo da tecnologia 3D assistida por computador (ASHDOWN, et al., 2004;

DEVARAJAN; ISTOOK, 2004; LOKER, et al., 2004; SIMMONS; ISTOOK;

DEVARAJAN, 2004a; SIMMONS; ISTOOK; DEVARAJAN, 2004b; LOKER;

ASHDOWN; SCHOENFELDER, 2005; THE EUROPEAN..., 2006).

No futuro, os dados corpóreos coletados por meio da tecnologia Body Scan

Data serão disponibilizados para cada indivíduo em cartões com chips. Esses

cartões são conhecidos como Smart Card e podem armazenar todas as informações

sobre as dimensões corpóreas para posteriormente serem resgatadas e utilizadas

no processo de fabricação personalizada como, por exemplo, em shoppings virtuais

(e-Commerce). Na Europa, o Smart Card está sendo desenvolvido no âmbito do

Projeto E-TAILOR (WALTER, 2002).

Existem também projetos de automação aplicados ao setor Têxtil e

Confecção que estão sendo desenvolvidos na Europa, EUA e Ásia. A tecnologia

CAD 3D/Scan Data gera os dados e informações necessárias para alimentar o

programa CAM, que por sua vez, acionam robôs e máquinas automáticas para

executar processos produtivos. Essa é uma tendência que gera oportunidades de

desenvolvimento de máquinas e equipamentos com tecnologia CAD / CAM integrada

(CHOI; POWELL, 2005; THE EUROPEAN..., 2006).

24 Antropometria = processo ou técnica de mensuração do corpo humano ou de suas várias partes.

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Na Europa, por exemplo, a Comunidade Européia está financiando o projeto

denominado LEAPFROG IP (Integrated Project), cujo objetivo é desenvolver

sistemas de integração para a indústria Têxtil e Confecção da Europa. Esse projeto

tem ações de pesquisa na área de customização da produção, logística e cadeia de

produção integrada, prototipagem rápida, automação e robótica. O projeto

LEAPFROG é coordenado pela plataforma EURATEX (ADVANCEMENT…, 2005).

Os estudos já realizados sobre a produção flexível e customizada no Setor

Têxtil e Confecção demonstraram que este conceito pode ser adotado por

fabricantes e por varejistas de diferentes tipos e tamanhos. A tendência desse

modelo de produção é reduzir o risco e os custos dos estoques, bem como agregar

valor aos produtos e trabalhar com margens médias mais elevadas, sem contar a

questão da satisfação e lealdade do cliente que pode aumentar (THE EUROPEAN...,

2006).

Outra tecnologia que está sendo aplicada ao Setor Têxtil é a imagem digital.

Na área de gestão da qualidade, por exemplo, pesquisas estão adequando a

tecnologia ótica para análise de imagens na Indústria Têxtil para identificar defeitos

de fabricação (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2002d; ADVANCEMENT..., 2005). No

processo de impressão digital, por exemplo, pesquisadores americanos estão

desenvolvendo essa tecnologia para melhorar o processo de criação de design,

como também para melhorar a eficiência e a produtividade da impressão

(TREADAWAY, 2004; KENKARE; MAY-PLUMLEE, 2005; MAY-PLUMLEE; BAE,

2005). Na Europa também existem pesquisas nessa área (INSTITUTO

TECNOLÓGICO..., 2003e; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004a; LIBBERT, 2004;

ADVANCEMENT..., 2005).

A tecnologia de impressão digital, associada com tecnologias 2D, 3D e RFID,

está gerando oportunidades na área de e-Commerce. A customização está sendo

desenvolvida a tal ponto que o consumidor pode criar seu próprio modelo de

vestimenta sem, no entanto, estar presente fisicamente em uma loja ou fábrica de

confecção, usando interfaces via website (OH; YOON; HAWLEY, 2004; SCARLAT;

DĂNILĂ; VERGA, 2004; SHEN; HAWLEY; DICKERSON, 2004; BAE; MAY-

PLUMLEE, 2005; CAMPBELL; PARSONS, 2005).

O design tem um papel importante no desenvolvimento de produto na

indústria Têxtil e Confecção do futuro, devido, principalmente, à exigência dos

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clientes por produtos funcionais, confortáveis e esteticamente agradáveis. Além

disso, a tendência é que a tecnologia e a gestão avancem no sentido de reduzir o

tempo e o custo da concepção da idéia à introdução do produto no mercado, como

por exemplo, a aplicação mais intensa da modelagem 3D, simulação digital e

realidade virtual. O desenvolvimento de redes de especialistas que trabalham

integrados na concepção da idéia de produto também será fomentado com maior

intensidade, como também, a questão de desenvolvimento de produto será

protegida com maior veemência pela Propriedade Intelectual25 (THE EUROPEAN...,

2006).

Tecnologias de integração entre fornecedores, produtores e clientes

(distribuidores) serão cada vez mais utilizadas na indústria Têxtil e Confecção, o que

permite a transferência de dados de maneira rápida, segura e integrada. Tecnologia

como sistemas de EDI26 serão utilizadas para interligar o processo de gestão da

cadeia entre fornecedores – produtores – clientes (MINISTÉRIO DO

DESENVOLVIMENTO...; INSTITUTO EUVALDO..., 2005). De acordo com HWANG

(2005), estudos específicos estão sendo realizados para efetivar a implementação

de sistemas de gestão da cadeia de suprimento têxtil, denominado Sistema e-TSCM

ou e-Textile Supply Chain Management. O objetivo é construir um modelo ideal de

rede de colaboração para cadeia industrial têxtil para melhorar a competitividade do

setor.

4.1.5 Ciência, Tecnologia e o Meio-Ambiente

Atualmente, 40% das fibras produzidas no mundo são renováveis (algodão,

lã, linho, seda, etc) e 60% são fibras não-renováveis (poliéster, polipropileno,

poliamida, acrílica). Devido a sua propriedade renovável, as fibras naturais são as

mais indicadas quando consideradas as questões ambientais. Porém, sua produção

possui limitações com relação à quantidade de terras agrícolas com as

características adequadas para o plantio como, por exemplo, solo e clima. A fibra

25 A Propriedade Intelectual é um sistema desenvolvido para garantir a exclusividade resultante da ....atividade intelectual nos campos industriais (patentes, marcas, desenhos, programas de ....computador e transferência de tecnologias), científicos (artigos, projetos, teses, dissertações), ....literários (livros, poesias) e artísticos (quadros, esculturas). Portanto, a Propriedade Intelectual é ....um conjunto de direitos que incidem sobre as criações do intelecto humano (MALAGRICI, 2005). 26 EDI = Electronic Data Interchange (inglês). Termo utilizado em português como: Intercâmbio .....Eletrônico de Dados.

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sintética também possui restrições na sua produção, principalmente, devido a sua

condição de material não-renovável oriundo do combustível fóssil. O fato deste

material ser finito, ou seja, não renovável, agregado ao aumento global no consumo

de produtos derivados do petróleo (combustíveis, plásticos) faz com que as fibras

sintéticas produzidas com esse tipo de material fiquem cada vez mais caras e

inviáveis (THE EUROPEAN..., 2006).

De acordo com o estudo da plataforma EURATEX, o avanço da biotecnologia

vem contribuindo de forma significativa para o desenvolvimento de fibras têxteis. As

tendências mais promissoras de inovação no que se refere ao uso coerente das

fibras não-renováveis e ao uso mais eficiente no campo dos materiais renováveis

podem ser assim elencadas: (i) desenvolvimento de especialidades de fibras e

variações de fibras; (ii) melhoria do processo e uso de fibras naturais que se

adaptam às condições de plantio; e, (iii) pesquisas com relação à produção de fibras

artificiais a partir de biomassas renováveis (THE EUROPEAN..., 2006). Além dessas

tendências elencadas acima, segundo o IST (2005), a biotecnologia será utilizada

para rastrear matérias-primas (DNA) para servir de base a certificações e medidas

anti-fraude, bem como na melhoria da qualidade do produto (identificação de

impurezas).

Ainda nesse sentido, a biotecnologia contribuirá na questão ambiental com o

desenvolvimento de enzimas capazes de aproveitar os produtos químicos e até

substituir processos com alto grau de impacto ambiental (INSTITUTO SUPERIOR...,

2005; THE EUROPEAN..., 2006). Serão desenvolvidas unidades de escala reduzida

e de baixo custo para tratamento e reaproveitamento da água na indústria têxtil (THE

EUROPEAN..., 2006).

A cadeia têxtil-confecção causa um impacto expressivo no meio-ambiente.

Sua produção requer o uso intensivo de energia, produtos químicos e água. A

tintura, por exemplo, é uma das etapas do processo de produção têxtil que mais

gera resíduos industriais, como também, consome um volume considerável de água

(THE EUROPEAN..., 2002; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004c; THE

EUROPEAN..., 2006). Atualmente, a sustentabilidade nos processos de produção é

considerada tão importante quanto a necessidade de aumentar a qualidade e

produtividade (THE EUROPEAN..., 2006).

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Além do mais, é cada vez maior o número de leis e regras ambientais que são

desenvolvidas e impostas às organizações. As legislações ambientais são

mecanismos utilizados pelos órgãos competentes para regulamentar a conduta e as

ações relativas à produção de têxteis e confeccionados, com o objetivo de reduzir o

impacto ambiental. As exigências ambientais que devem ser obedecidas pela

indústria vão direcionar as bases comerciais no futuro. É muito provável que

barreiras à exportação sejam cada vez mais orientadas às questões relacionadas à

proteção do meio ambiente, ou seja, serão exigidos atestados de cumprimento à

legislação, regulação e respeito ao meio-ambiente para que as empresas

comercializem seus produtos em mercados externos (THE EUROPEAN..., 2006).

Nesse contexto, no futuro as indústrias têxteis terão que reduzir e otimizar a

utilização de água e de produtos químicos para se manterem aceitas e competitivas

no mercado (SPACE2TEX, 2005; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003c;

INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004d; ADVANCEMENT..., 2005; INSTITUTO

TECNOLÓGICO..., 2005; THE EUROPEAN..., 2006; ROOSEN, 2006). Será focada,

também, a concepção de processos integrados e otimizados para o uso consciente

dos recursos de entrada (THE EUROPEAN..., 2006).

A tecnologia do Plasma aplicado à indústria Têxtil está fornecendo uma nova

perspectiva para o processo de tintura e para o tratamento hidrofóbico e de

polimerização. Para o meio ambiente, os benefícios são expressivos, principalmente,

no que se refere ao consumo de água, produtos químicos e energia (INSTITUTO

TECNOLÓGICO..., 2003b, INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004f). De acordo com

um documento publicado pelo INSTITUTO TECNOLÓGICO TEXTIL (2003b), a

tecnologia do Plasma possui algumas vantagens, tais como: (i) não requerer o

emprego de água; (ii) exigir uma pequena quantidade de produtos químicos; (iii) não

gerar resíduos; e, (iv) oferecer elevados rendimentos energéticos.

Além disso, estudos sobre o impacto das emissões atmosféricas da indústria

Têxtil vem sendo realizados para atender exigências dos órgãos competentes como,

por exemplo, a Diretiva 1999/13/CE da Comunidade Européia, que regula a limitação

das emissões de compostos orgânicos voláteis da indústria, entre elas a têxtil

(INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2002c). A tendência é que as questões

relacionadas aos impactos ambientais fiquem cada vez mais rígidas, sendo este um

fator de competitividade da indústria no futuro. Em outras palavras, ou as empresas

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procuram se adequar à proposta de modelo de desenvolvimento sustentável, ou

correm o risco de terem sua atuação limitada ao mercado local (INSTITUTO

TECNOLÓGICO..., 2004d).

Os sistemas de produção serão cada vez mais sofisticados e livres de falhas,

o que reduzirá significativamente os resíduos e desperdícios (INSTITUTO

TECNOLÓGICO..., 2004d; THE EUROPEAN..., 2006). Outrossim, a utilização de

técnicas de 3D será cada vez mais intensificada na indústria de confecção, o que

otimizará as etapas de corte e costura e reduzirá o desperdício (THE EUROPEAN...,

2006). Pesquisas estão sendo realizadas com o objetivo de aproveitar os resíduos

têxteis para outros setores industriais (INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003a;

INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004d).

As empresas serão cada vez mais questionadas quanto ao impacto de seus

produtos no meio-ambiente, não somente pelos órgãos competentes, mas também

pelos consumidores e o público em geral. Como conseqüência, a Análise do Ciclo de

Vida (ACV) do produto, a Gestão da Qualidade, a Gestão Ambiental e as TICs serão

ferramentas e tecnologias essenciais para quantificar o impacto e promover

melhorias contínuas no processo de produção da Indústria Têxtil e Confecção

(INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2004d; THE EUROPEAN..., 2006).

Novos mecanismos de controle da cadeia produtiva deverão surgir para

gerenciar com mais eficiência e eficácia a qualidade e o desenvolvimento

sustentável da produção Têxtil e Confecção. Os sistemas de gestão do

conhecimento e sistemas de informação são duas prioridades identificadas como

tópicos transversais para a cadeia produtiva têxtil na Europa. As certificações e

testes de confiança também deverão ser fortalecidos para embasar as mudanças

necessárias para a cadeia de produção (THE EUROPEAN..., 2006).

4.2 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS

A ORGANIZAÇÃO DE COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO – OCDE realizou, em 2000, um fórum para identificar tendências de

futuro sobre o tema “o homem, a natureza e a tecnologia: sociedades sustentáveis

do século XXI”. Abordaram-se, alternadamente, os aspectos essenciais da atividade

humana que são a tecnologia, a economia, a sociedade e o governo. O objetivo do

estudo está relacionado ao comportamento possível das variáveis-chave e à análise

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das diferentes hipóteses de evolução, a fim de destacar as principais conseqüências

e os meios de ação possíveis.

A primeira etapa do estudo prospectivo da OCDE gerou uma imagem global

detalhada da evolução, em longo prazo, dos indicadores sociais tradicionais, mas,

também, outros indicadores menos clássicos foram analisados, como as mudanças

e as estruturas em matéria de rendimentos, população, riqueza, estatuto social,

saúde e identidade cultural. A segunda etapa foi destinada à identificação das

conseqüências eventuais da interação entre a sociedade e as mudanças que

deverão provocar dois fenômenos interdependentes: em primeiro lugar, a

consolidação da sociedade e da economia baseada no conhecimento e, em seguida,

uma integração mundial e regional muito mais completa, principalmente no que se

refere aos mercados, aos produtos, aos serviços, aos capitais, às tecnologias e à

mão-de-obra. A terceira etapa do estudo destaca as sinergias e as

incompatibilidades nas políticas efetuadas, notadamente as contracorrentes

culturais, as quais poderiam manifestar-se quando as instâncias de decisão tentarem

explorar todas as possibilidades da dinâmica tecnológica, econômica e social do

século XXI (ORGANISATION..., 2001b).

De acordo com o estudo sobre a sociedade do século XXI da OCDE, as

esperanças de prosperidade e bem-estar dependerão, provavelmente, da maneira

pela qual será possível capitalizar sobre a diversidade social, principalmente no

sentido de incentivar o dinamismo no campo tecnológico, econômico e social. As

diferenças de status social serão determinadas, no futuro, possivelmente por fatores

muito afastados das categorias tradicionais de renda, de profissão e de

nacionalidade. Outros valores de status poderão surgir, como por exemplo, o

conhecimento e a articulação (formador de rede). A sociedade do futuro será

marcada pela maior intensidade das diversidades sociais

(ORGANISATION...,2001b).

Nesse sentido, existe uma tendência de transformações simultâneas e

profundas na sociedade, que induzem a mais diversidade e interdependência: (i) a

uniformidade e a submissão natural da civilização de massa tenderá a fraquejar

frente à singularidade e à criatividade de uma economia e de uma sociedade

baseada no conhecimento; (ii) ao planejamento centralizado e rígido, exercido por

elites isoladas, sucederão mercados flexíveis, abertos e enquadrados por regras; (iii)

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as estruturas de natureza agrícola serão empurradas pela urbanização industrial; e,

(iv) um mundo relativamente fragmentado, composto de sociedades e regiões

autônomas, dará lugar a um planeta cuja integração passará por uma rede densa e

indispensável de relações de interdependência. Nesse contexto, as escolhas

estratégicas serão determinantes e permitirão reduzir ou minimizar possíveis atritos

e incentivar as sinergias potenciais (ORGANISATION..., 2001b).

Para Stevens, Miller e Michalski (2001), as conseqüências da mudança social

no século XXI são múltiplas e profundas e se devem, principalmente, à intensificação

da difusão das tecnologias da informação, do desenvolvimento da economia do

conhecimento, da globalização dos mercados, e, das inovações radicais no domínio

da gestão. O mundo está passando por quatro tipos de transição neste início de

século XXI. Estas transições contribuem para um período muito mais complexo e

variado, cujas principais alterações podem ser assim enumeradas: (i) a passagem

de uma sociedade essencialmente rural e agrícola para uma sociedade de mercado

industrializada; (ii) o abandono de uma economia planificada estatal para uma

economia de mercado controlada por interesses privados; (iii) a substituição de um

sistema de produção padronizado e em grande escala por um sistema de fabricação

por demanda, descentralizado e baseado no conhecimento; e, (iv) a passagem da

autarquia completa à integração mundial.

Durante as primeiras décadas do século XXI, cada uma destas

transformações apontadas pela OCDE irá gerar profundas perturbações sociais,

principalmente quando os indivíduos tiverem que renunciar, por exemplo, a seus

antigos modos de subsistência, suas habilidades duramente adquiridas, suas

expectativas profissionais, seus projetos familiares, seus valores e instituições

tradicionais e, freqüentemente, aos lugares onde a sua família viveu durante

gerações. Os impulsos desta mudança social provêm, em grande parte, dos

esforços realizados para tirar partido das perspectivas tecnológicas e econômicas

promissoras. Uma conjunção favorável destas mudanças tecnológicas, econômicas

e sociais pode criar um círculo virtuoso que desencadeie uma prosperidade maior e

melhores perspectivas de bem-estar. Por outro lado, o século passado mostrou-nos

que estas interações podem ser nefastas e ter conseqüências terrivelmente

destrutivas (STEVENS; MILLER; MICHALSKI, 2001).

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101

Na seqüência deste capítulo, serão abordados alguns temas que se acredita

serem pertinentes quanto ao futuro socioeconômico mundial, e que podem

representar algum tipo de impacto na indústria Têxtil e Confecção, mesmo que

incipiente. Não é pretensão aqui tentar esgotar as tendências sobre o tema, mas sim

expor de forma simples e abrangente as projeções e perspectivas evidenciadas em

pesquisas realizadas e apontadas em estudos em nível mundial. Os temas

abordados a seguir são: (i) a economia, a política e o comércio internacional; (ii) a

globalização e a interação social; (iii) a sociedade do conhecimento; (iv) a

flexibilização da produção e as relações de trabalho; (v) a demografia – o

envelhecimento da sociedade; (vi) a mulher na sociedade; (vii) a visão da educação

na sociedade; (viii) a sociedade e o meio ambiente; e, (ix) alguns fatores pertinentes

e transversais que não foram abordados nos tópicos anteriores.

4.2.1 Economia, Política e Comércio Internacional

A OCDE trabalha com a possibilidade de um período sustentado por taxas de

crescimento acima da média e pela criação de riqueza devido à afluência

excepcional de três jogos de mudanças poderosos: (i) o desenvolvimento da

economia do conhecimento; (ii) a integração global muito mais profunda; e, (iii) a

transformação do relacionamento homem-ambiente, com a humanidade integrada

de maneira harmoniosa ao meio ambiente. Nesse contexto, a integração dos povos

pode ser considerada o eixo propulsor de todas essas transformações, pois é por

seu intermédio que o conhecimento pode ser difundido e a conscientização

ambiental pode ser orientada (ORGANISATION...,2001a).

Em termos econômicos, nos últimos anos a intensificação na integração do

comércio internacional contribuiu para a emersão de acordos bilaterais e para a

concretização de blocos econômicos como MERCADO COMUM DO SUL –

MERCOSUL, NORTH AMERICA FREE TRADE AGREEMENT – NAFTA (Tratado

Norte-Americano de Livre Comércio) e UNIÃO EUROPÉIA – UE. A ÁREA DE LIVRE

COMÉRCIO DAS AMÉRICAS – ALCA é uma idéia que surgiu em 1994 e está sendo

fomentada pelo Governo dos Estados Unidos. O objetivo da ALCA é eliminar as

barreiras alfandegárias entre os países americanos (exceto Cuba). De acordo com o

CONGRESSO NACIONAL DO BRASIL, a intenção dos idealizadores da ALCA é de

que a sua implementação total esteja concluída até 2012. Porém, a mesma enfrenta

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102

oposição para sua efetividade dos próprios parlamentares dos Estados Unidos, que

defendem interesses locais, bem como dos países do Continente Americano, que se

sentem ameaçados e frágeis pela proposta de abertura comercial. Se implantada, a

ALCA poderá transformar-se em um dos maiores blocos comerciais do mundo,

superando inclusive a União Européia. O Produto Interno Bruto (PIB) da ALCA será

de, aproximadamente, 12.600 trilhões de dólares (dois trilhões a mais que a UE), e

sua população alcançará os 825,3 milhões de habitantes, mais que o dobro da

registrada na União Européia.

Se for fato que os negócios entre blocos econômicos crescem, então pode-se

caracterizar como uma tendência a formação e inserção de blocos no comércio

internacional. Ficar de fora de um bloco econômico é, de certa forma, viver isolado

do mundo comercial, principalmente com o advento da economia mundial

globalizada. Esses blocos são criados com a finalidade de facilitar o comércio entre

os países membros, por exemplo, mediante a redução ou isenção de impostos ou de

tarifas alfandegárias e da busca de soluções em comum acordo para problemas

comerciais. No entanto, existem muitos entraves e conflitos de interesse que tornam

as negociações nesses blocos muito acirradas. Muitas críticas, por exemplo, podem

ser observadas com relação às imposições exigidas pelos Estados Unidos à ALCA.

Encontrar um equilíbrio entre os diferentes interesses dos países membros será uma

tarefa bastante complexa (THORSTENSEN, 2001; GURGEL; BITENCOURT;

TEIXEIRA, 2002; LAPLANE, 2004; KUME; PIANI, 2005).

Quanto ao crescimento da economia brasileira, segundo o estudo da OCDE

de 2006, apresentado pelo economista chefe Jean-Philippe Cotis, o Brasil apresenta

uma tendência de crescimento medíocre do PIB no período de 2006 a 2008. Porém,

existe uma convergência de redução da inflação neste mesmo período, conforme a

Tabela 1, p. 103, (ORGANISATION...,2006). Além do PIB e da inflação, a tabela

traz, também, indicadores da balança fiscal brasileira para o período projetado no

estudo (COTIS, 2006).

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103

TABELA 1 – INDICADORES MACROECONÔMICOS DO BRASIL Indicadores Macroeconômicos para o Brasil

2005 2006 2007 2008Crescimento Real do PIB 2,3 3,1 3,8 4,0Inflação 5,7 3,0 3,8 3,6Balança Fiscal (% do PIB) -3,1 -2,5 -1,5 -1,0Balança Fiscal Primária (% do PIB) 4,8 4,3 4,3 4,3Balança das Operações Correntes 1,8 1,6 0,9 0,4Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006). Nota: Os dados relativos ao PIB e a inflação são percentagens de variação em relação ao período precedente. A inflação refere-se ao índice de preços ao consumidor no fim de cada ano (IPCA). Segundo a OCDE, os números referentes a 2005 são de fonte nacional. Os indicadores referentes ao período de 2006-2008 são relativos às estimativas e previsões da OCDE.

Ao comparar o crescimento do PIB do Brasil com outros países emergentes,

como China, Índia e Rússia (ver Tabela 2), pode-se perceber que o crescimento do

PIB nacional é realmente medíocre, como destaca o estudo da OCDE. A China, um

dos principais concorrentes do Brasil na indústria Têxtil e Confecção, apresenta

resultados muito expressivos no estudo de tendência em relação ao PIB, com

aproximadamente 10% de taxa de crescimento no período de 2005 a 2008. A Índia e

a Rússia também possuem taxas de crescimento do PIB mais significativas. Além

desses dados, no Anexo A, p. 257, encontra-se a projeção para o período de 2006-

2008 e a evolução histórica do PIB dos países membros da OCDE.

TABELA 2 – PROJEÇÃO DO PIB DE PAÍSES EMERGENTES Países Emergentes: Crescimento Real do PIB

2005 2006 2007 2008Brasil 2,3 3,1 3,8 4,0China 10,2 10,6 10,3 10,7Índia 8,5 8,0 7,5 7,0Rússia 6,4 6,8 6,0 5,5Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006). Nota: Os dados relativos ao PIB são percentagens de variação em relação ao período precedente.

A COMISSÃO ECONÔMICA PARA A AMÉRICA LATINA E O CARIBE –

CEPAL, sob a tutela da UNIÃO EUROPÉIA, projeta, para 2006 e 2007, as projeções

das taxas de consumo e de PIB setorial do Brasil para 2006 e 2007. O estudo prevê

crescimento nas taxas do PIB setorial, com maior destaque para o setor de comércio

(5,4% em 2007) e de produção de bens (4,0% em 2007). A taxa de crescimento do

setor de serviços se mantém parcialmente estagnada, com uma média de 2,8%

entre 2005 e 2007. Além disso, a taxa de consumo encontra-se em ascensão, com

projeção de 3,5% de crescimento em 2007. O estudo aponta, também, os dados de

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104

exportação e importação do Brasil: respectivamente, 9,1% e 8,1% de taxa de

crescimento. Convém comparar essa projeção (CEPAL) com o estudo realizado pela

OCDE (ver Anexo B e C, p. 258-259), o que de fato demonstra a posição brasileira

em relação aos países membros da OCDE.

Em termos de dimensão do comércio internacional, os países membros da

OCDE representam a maior parte das exportações mundiais, cerca de 65%, porém a

projeção é de declínio para o período de 2006-2008. A representação mundial da

América Latina nas exportações é de cerca de 3,0%, sendo que em 1992 esse

indicador era de 2,6%. Os países asiáticos não membros da OCDE27, isso inclui a

China, estão em plena ascensão na participação mundial nas exportações:

representavam cerca de 12% em 1992 e atualmente esse indicador está girando em

torno de 20%. A Figura 19 esboça o panorama mundial das exportações, e os dados

completos podem ser verificados no Anexo D, p. 260.

FIGURA 19 – PARTICIPAÇÃO NA EXPORTAÇÃO MUNDIAL

Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006).

Quanto às importações, os países membros da OCDE representam,

atualmente, cerca de 70% do mercado mundial, e a projeção de sua participação é

de declínio para o período de 2006-2008. Já na América Latina, esse indicador gira

em torno de 2,7%, e a projeção é de estagnação. A participação nas importações

mundiais dos países asiáticos não membros da OCDE está em torno de 18%, com

projeção de crescimento. As curvas de projeção para cada caso podem ser

observadas na Figura 20, p. 105, e os dados completos estão no Anexo D, p. 260.

27 O Japão e a Coréia do Sul são os países asiáticos membros da ORGANISATION DE .....COOPÉRATION ET DE DÉVELOPPEMENT – OCDE.

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105

FIGURA 20 – PARTICIPAÇÃO NA IMPORTAÇÃO MUNDIAL

Fonte: O autor a partir de dados da ORGANISATION..., (2006).

A decomposição geográfica do comércio internacional mostra que regiões

como a América Latina possuem taxas de crescimento do comércio muito instáveis,

com várias oscilações, e com projeção de declínio para o período de 2006-2008.

Além disso, das regiões analisadas, a América Latina é que menos contribui para o

crescimento mundial, conforme tabela do Anexo E, p. 261.

Outro ponto importante de convergência é a digitalização muito mais

acentuada da moeda. De um modo geral, esse fato afeta toda a sociedade. Do

ponto de vista estratégico, a aplicação dos sistemas de pagamento eletrônicos

instantâneos aplicáveis a toda a economia é considerada como um elemento

indispensável. Porém, ainda é insuficientemente desenvolvido do ponto de vista da

infra-estrutura necessária para o potencial estimado para o comércio eletrônico

(ORGANISATION..., 2002).

A Internet, como rede das redes, proporciona um mercado largamente aberto,

onde a concorrência, os progressos técnicos e a diversidade de utilizações podem

se intensificar e fornecer as bases para o amplo desenvolvimento do comércio com

dinheiro eletrônico (ORGANISATION..., 2002).

Devido ao fenômeno da globalização e, conseqüentemente, à tendência de

produzir e comercializar em nível internacional, o dinheiro eletrônico ganha grande

destaque na efetividade destas negociações (MILLER; MICHALSKI; STEVENS,

2002). Possibilidades para o setor de moda podem ser desenvolvidas pelo comércio

eletrônico e concretizadas pela transação eletrônica, como, por exemplo, o acesso a

desenhos de estilistas, métodos de cortes e fabricação via Internet (desenvolvimento

da Propriedade Intelectual), bem como roupas personalizadas com a junção de

tecnologias 3D, Body Scan Data, Smart Card e Portal Corporativo.

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106

4.2.2 A Globalização e a Integração Social

O fenômeno da migração é um ponto polêmico e que certamente impacta no

mercado de trabalho, na economia e na sociedade. Além disso, esse fenômeno

proporciona conseqüências como, por exemplo, conflitos internos, guerras,

diferenças de níveis salariais, etc. O número de imigrantes na população de muitos

países desenvolvidos está crescendo, o que de fato pode gerar diversas implicações

na sociedade. Estima-se que uma em cada 35 pessoas no mundo seja um imigrante

internacional (ORGANISATION..., 2004a).

De acordo com Stevens, Miller e Michalski (2001), as populações migram à

procura de melhores condições de existência, e o caráter cosmopolita da maior parte

das grandes cidades e regiões econômicas contribui fortemente para a continuação

da integração mundial. Estas trocas, conjugadas à “desestruturação” do tecido social

que acompanha as transformações internas profundas dos países, favorecem ainda

mais o processo de integração.

Nesse contexto, com o advento da imigração, grandes desafios podem ser

enumerados para a indústria Têxtil e Confecção: como atender mercados cada vez

mais diversificados? Como se posicionar no mercado multiétnico e com várias

culturas? Será que o modelo de indústria de hoje terá condições de sobreviver em

um mercado multifacetado, plurissegmentado e multidimensional? A hipótese de um

futuro com maior movimentação social gera, como conseqüência, sociedades

heterogêneas em países com maior percentual de imigrantes, cujo reflexo pode

afetar diretamente os padrões de consumo dos produtos têxteis e confeccionados. A

questão da imigração contribui no embasamento à tendência de flexibilização da

produção (personalizada e customizada) e à utilização das TICs como ferramentas

de apoio para este modelo de manufatura.

Além disso, não se pode negligenciar os riscos de um agravamento dos

conflitos que resultam de uma eventual polarização, fenômeno que acompanha

freqüentemente o abandono da antiga ordem social e o aparecimento de uma nova

(STEVENS; MILLER; MICHALSKI, 2001). Contudo, é provável que a globalização

seja, ao mesmo tempo, causa e conseqüência de diferenças sociais, o que gera

grandes preocupações. Dois problemas podem ser levantados por este fato: (i) o

mundo não possui mecanismos que permitem que os vencedores da mudança

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107

(agentes da globalização) assegurem uma compensação aos perdedores; e, (ii) sem

as infra-estruturas necessárias para impedir a exclusão, há grandes riscos de que a

heterogeneidade social da globalização conduza a uma fragmentação e a uma

polarização, o que pode desestabilizar a sociedade no futuro (ORGANISATION...,

2001b).

O estudo da OCDE aponta, também, que muitos progressos tecnológicos,

como a informática e os transportes, vão reduzir ainda mais as distâncias e as

transações mundiais diretas de produtos materiais e imateriais e de atividades

remuneradoras e não-remuneradoras. As trocas científicas contribuem, também,

para alargar a rede de conexões mundiais (STEVENS; MILLER; MICHALSKI, 2001).

A comunicação via Internet é um fenômeno social recente demais para que seja

possível tirar conclusões sobre o seu significado social (CASTELLS, 2005).

Em qualquer sociedade, os indivíduos têm necessidade de certos

mecanismos para se organizarem e se comprometerem. Nesse sentido, o

associativismo está crescendo de forma significativa em todo o mundo. Numerosos

países já possuem, em seu tecido organizacional, diversas instituições

independentes (organizações não-governamentais) voltadas, principalmente, para

questões relacionadas aos serviços sociais, ensino e saúde. Na Bélgica e na Áustria,

por exemplo, cerca de 50% dos serviços sociais são assegurados pelos setores

associativos. Existe uma tendência de valorização do papel das organizações

sociais e de identificação de novas necessidades e novos modelos de organização,

em detrimento ao Estado e às instituições de mercado. Apesar de certos organismos

caritativos tradicionais estarem declinando, outros aparecem e compensam este

fenômeno, principalmente pelo número crescente de organizações no domínio da

saúde, de pequenas empresas, de associações de bairro e de empresários sociais

(MULGAN, 2001).

Quanto aos aspectos culturais, pode-se considerar que a diversidade da

sociedade irá permear as mudanças que são apresentadas em projeções e

tendências. Certos elementos fazem realmente temer que o mundo entre em uma

era de intolerância, conflitos culturais e perda das identidades tradicionais. Todas as

manifestações indicam que os próximos 20 anos sejam sinônimos de fragmentação,

divisão e desconfiança recíproca. Entretanto, segundo a OCDE, algumas dúvidas

podem ser emitidas sobre a teoria pessimista que prevê um agravamento dos

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108

conflitos e das incompreensões. Atualmente, dispõe-se de um volume muito maior

de dados que evidenciam que sociedades cosmopolitas e diversificadas podem ser

estáveis (ORGANISATION...,2001b). Existem vários casos que demonstram que

cidades e regiões com sociedade diversificada podem ser lugares onde as pessoas

saibam conviver com as diferenças e, inclusive, agregar novas culturas no seu dia-a-

dia. Estas considerações ajudam a demonstrar que as sociedades podem opor-se à

discriminação e às desigualdades, sem estar a suscitar reações racistas, e que

podem realizar a integração (MULGAN, 2001).

A coesão de uma sociedade não requer que todos os seus membros

compartilhem os mesmos valores. Porém, um mínimo de valores deve certamente

ser comum, em especial, o respeito aos procedimentos e às regulamentações.

Portanto, as sociedades terão que prosperar em um ambiente com numerosos

sistemas de crenças diferentes. Além disso, será importante ensinar e fazer

respeitar os princípios de integração e de tolerância. As culturas são complexas e

dinâmicas e não fechadas sobre elas mesmas (MULGAN, 2001).

4.2.3 A Sociedade do Conhecimento

A tendência na economia mundial é intensificar a valorização das pessoas. O

capital humano será cada vez mais importante para as empresas, independente de

tamanho e estrutura societária. A sociedade apoiará iniciativas de investimento

pessoal, atribuindo ao indivíduo mais liberdade e confiança para desenvolver o seu

potencial. Para sobreviver, os atores econômicos darão mais importância ao

desenvolvimento humano permanente. Com isto, as famílias investirão mais na

educação das suas crianças e durante muito mais tempo. A taxa de pessoas que

cursaram o ensino superior está aumentando no mundo inteiro. Essas são algumas

das tendências abarcadas pelo conceito do capitalismo social28 (ORGANISATION...,

2001b).

Para a OCDE, a globalização incentiva as pessoas a deslocarem-se no

mundo e, o que é mais importante, oferece numerosas vias pelas quais o

conhecimento e os valores podem ser comunicados de um lugar a outro.

Compreender o mundo no qual se vive e como poderia desenvolver-se é um desafio.

28 O conceito de "capitalismo social" associa o social e o econômico partindo do princípio que as .....bases das sociedades ricas são subordinadas ao progresso social e ao progresso econômico.

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Mas uma era de mudança deveria também ser uma era de esperança e de

oportunidades. A renovação econômica e o progresso humano devem ser

promovidos a todos, tendo em conta o poder da diversidade humana. O capitalismo

social não produzirá um sistema uniforme, mas um "patrimônio genético" de formas

sociais, adaptáveis à evolução das circunstâncias, às aspirações humanas e às

realidades econômicas (BLOOM, 2001).

A produtividade e o crescimento serão permeados pela geração de

conhecimentos, estendidos a todas as esferas da atividade econômica, mediante o

processamento da informação. A intensidade da economia vai mudar da produção

de bens para a prestação de serviços. A oferta de empregos vai ser norteada pelo

setor de serviços. Além disso, a nova economia aponta para o aumento da

importância das profissões com grande conteúdo de informação e conhecimentos,

constituindo o cerne da nova estrutura social (CASTELLS, 2005).

Além disso, existe uma transição entre recursos naturais e o conhecimento

como fonte de riqueza. A tendência aponta uma queda na média dos preços

mundiais dos recursos naturais, e a abundância desses recursos não será mais

considerada como uma fonte importante de vantagem competitiva. Em contrapartida,

o valor do conhecimento está em pleno crescimento. O capital físico, por exemplo,

está em plena desvalorização se comparado com o capital intelectual. O

conhecimento é uma forma de capital fundamentalmente diferente, abundante,

rentável e pode desenvolver-se de maneira pouco dispendiosa (ORGANISATION...,

2001b).

Nesse contexto, as questões que envolvem a Propriedade Intelectual serão

cada vez mais debatidas e cercadas de leis e regras no sentido de proteger o

conhecimento e de fazer dele um instrumento de geração de riqueza. Com a

economia do conhecimento, o interesse pela Propriedade Intelectual tende a

aumentar em todo o mundo. De acordo com Suster (2005), no Brasil, os

empresários e gestores, na sua maioria, não têm o costume de pesquisar as bases

de patentes, marcas e desenhos. Por outro lado, nos países desenvolvidos existe

um interesse muito grande pelas informações contidas nessas bases de dados.

A “era do conhecimento e de informação”, de um modo geral, está formando

uma sociedade mais crítica e exigente. Esse fato pode ser considerado um desafio

futuro para as organizações, porque será mais difícil atender aos desejos, anseios e

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necessidades dessa sociedade, pois o seu poder de reflexão e discernimento

tornará esse processo muito complexo. Além disso, as pessoas estão inovando cada

vez mais e assumindo riscos “controláveis”. No setor Têxtil e Confecção, por

exemplo, a percepção de valor pelos consumidores está pautada nas propriedades

estéticas e de conforto. A apelação está estritamente ligada aos sentidos humanos.

Nesse contexto, a inovação possui um papel expressivo na indústria Têxtil e

Confecção. A criatividade é um fator muito importante no processo de inovação,

principalmente em um setor onde é preciso mudar constantemente para atender às

oscilações e diferenças de percepções dos consumidores. Fatores culturais, étnicos,

geográficos e demográficos precisam ser considerados nesse processo. Um

exemplo disto são as roupas para idosos, com objetivo de melhorar a qualidade de

vida desses indivíduos e, cujo mercado cresce a cada dia com o envelhecimento da

população mundial (THE EUROPEAN..., 2006).

A tendência de inovação na área de confecção está pautada, também, em

pesquisas que tenham como foco a melhoria da performance humana. Com isto,

existe uma oportunidade significativa atrelada às ferramentas de simulação da

interação entre o produto e o usuário, bem como pesquisas na área de propriedades

do conforto (gestão do calor, umidade, deformação mecânica no movimento) e, na

área de propriedades funcionais, liberação de medicamentos e perfumes,

monitoramento da saúde, etc (THE EUROPEAN..., 2006; WALTER, 2006). O ser

humano tende a buscar a diferenciação: ele não quer ser igual à massa, quer ser

único. Nesse sentido, as organizações do setor Têxtil e Confecção terão grandes

desafios para atender a esse desejo – flexibilização e inovação personalizada.

4.2.4 A Flexibilização da Produção e as Relações de Trabalho

As estruturas industriais fordistas, tendo como precursor o modelo de

produção desenvolvido por Frederick Wisnlow Taylor (taylorismo), que dominaram

as economias ocidentais durante uma grande parte deste século, de um modo geral,

estão sendo substituídas por novos modelos de organização da produção e do

trabalho (MULGAN, 2001; ZARIFIAN, 2001; CASTELLS, 2005). O estudo da OCDE

aponta a economia do conhecimento como um fator importante que está

contribuindo para a concepção de um novo modelo de produção menos rígido. Com

este novo modelo, as organizações adotam comportamentos mais flexíveis e suas

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estruturas e alianças podem ser feitas e desfeitas de maneira muito mais simples e

barata que as anteriores (MULGAN, 2001).

Na nova economia, o que prevalece em relação ao trabalho é a capacidade

de articulação e desenvolvimento de redes de colaboração, as quais constituem-se

em elementos-chave para a produção de conhecimentos, de bens e de serviços no

futuro. O trabalho vai ser permeado pela competência e pelo conhecimento das

pessoas. É nesse sentido que as minorias estão encontrando cada vez mais

abertura no mercado de trabalho, quando superam preconceitos e barreiras por meio

de competência e conhecimento (MULGAN, 2001).

Nesse contexto, o INSTITUTE FOR THE FUTURE de 2005 aponta algumas

tendências relacionadas as tecnologias digitais emergentes que irão contribuir para a

formação de arranjos sociais cooperativos. Uma série de novas mudanças

transformará a maneira como as sociedades trabalham para resolver problemas e

gerar riquezas (SAVERI; RHEINGOLD; VIAN, 2005).

Segundo a OCDE, a cada ano, em média, 10% dos empregos desaparecem.

Desta instabilidade libertam-se, no entanto, várias tendências em longo prazo: (i) a

crescente importância dos fatores de produção cognitivos em detrimento da mão-de-

obra não qualificada, o declínio da agricultura e das indústrias primárias persistentes,

e, o crescimento das disparidades de rendimentos dentro das profissões e no

conjunto da economia; (ii) o declínio do emprego no setor de transformação (ainda

que seja expressiva a sua parte no PIB); (iii) a progressão dos novos setores de

serviços – dos quais um grande número apresenta ainda um nível de sofisticação

tecnológico relativamente baixo; (iv) o desenvolvimento contínuo das profissões

liberais; (v) o crescimento da educação e, conseqüentemente, a existência de

mercados de exclusividade para os especialistas de elevado nível; (vi) o feminismo

da mão-de-obra, devido ao declínio dos empregos que exigem força física, e a

progressão do número e do status das mulheres que exercem uma atividade; (vii) o

crescimento dos empregos de elevado tecnicismo no domínio dos softwares e dos

sistemas; (viii) o crescimento dos empregos de caráter social dentro do domínio da

saúde e da educação; (ix) o envelhecimento da população ativa (com o alongamento

da preparação à vida ativa); (x) o abandono progressivo dos salários fixos frente às

remunerações por desempenho, à participação nos benefícios, etc; (xi) o

aparecimento de métodos de seleção mais sofisticados, que acrescentam critérios

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112

genéticos ao perfil psicológico, etc; e, (xii) o desenvolvimento de modelos de

emprego que colocam a tônica sobre o espírito de empresa e a capacidade

individual mais do que sobre a fidelidade e a conformidade (ORGANISATION...,

2001b).

Para Castells (2005), a evolução do emprego nos países mais ricos revela

alguns aspectos básicos, os quais parecem ser características das sociedades

informacionais: (i) eliminação gradual do emprego rural; (ii) declínio estável do

emprego industrial tradicional; (iii) aumento dos serviços relacionados à produção e

dos serviços sociais; (iv) crescente diversificação das atividades do setor de serviços

como fontes de emprego; (v) rápida elevação do emprego para profissionais

especializados e técnicos; (vi) formação de um proletariado “de escritório”; (vii)

relativa estabilidade de uma parcela substancial do emprego no comércio varejista;

(viii) crescimento simultâneo dos níveis superior e inferior da estrutura ocupacional;

e, (ix) valorização relativa da estrutura ocupacional ao longo do tempo, com

crescente participação das profissões que demandam mais qualificações.

O desemprego deverá ser combatido por medidas como: (i) manutenção do

crescimento em um contexto de estabilidade econômica; (ii) ambiente regulamentar

pouco vinculativo que favorece a criação de empresas e de empregos; (iii) nível

elevado de investimento nas instituições ativas do mercado de trabalho para ajudar

os indivíduos a encontrar um emprego, a reciclar-se e a adaptar-se; (iv) adoção de

medidas fiscais que incitam o trabalho; (v) desenvolvimento de dispositivos que

levam os indivíduos a aceitarem o trabalho em vez de permanecerem dependentes

do Estado por longos períodos; (vi) criação de sistemas modernos de

emparelhamento entre oferta e demanda de emprego com o auxílio da Internet,

centrais de chamada e agências especializadas; e, (vii) inovação na criação de

empregos. É importante destacar que estas medidas não devem ser desenvolvidas

no sentido de garantir o emprego permanente, mas sim no intuito de garantir certa

segurança por meio da empregabilidade, ou seja, de modo a dar apoio para as

pessoas que perderam o emprego, fornecendo possibilidades razoáveis de retomar

rapidamente o trabalho (MULGAN, 2001).

Além disso, existe uma tendência que vem se confirmando a cada dia, que se

refere ao comportamento das pessoas no sentido de procurarem mais qualidade de

vida. Este fato, por sua vez, está fazendo com que muitas pessoas busquem um

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113

equilíbrio entre a vida profissional e a vida privada. Em muitos casos é possível

verificar que empregadores já estão procurando a negociação nas questões de

tempo de trabalho, existindo uma convergência de flexibilização com relação a este

tema. Em alguns países já foram adotadas jornadas de trabalho de 35 horas e se

discute, atualmente, a redução da semana de trabalho para três ou quatro dias.

Além disso, as organizações estão investindo cada vez mais no ambiente de

trabalho, pois se acredita que a qualidade do trabalho está estreitamente relacionada

com a qualidade do seu entorno (MULGAN, 2001; ORGANISATION..., 2001b).

Todos estes fatos podem gerar novos empregos diretos (redução da jornada de

trabalho) e indiretos (desenvolvimento da indústria do lazer e do entretenimento).

Um desafio apontado pela OCDE, que por sua vez é bastante pertinente para

o modelo da economia do conhecimento, é a questão do aprendizado contínuo ou

aprendizagem para a vida (ORGANISATION..., 2001b). De acordo com Mulgan

(2001), cerca de 80% das tecnologias ficam obsoletas no intervalo de dez anos.

Adicionado a este contexto, aproximadamente 80% da população ativa têm

conhecimentos que datam de mais de dez anos. Portanto, será um desafio essencial

para o próximo século o incentivo e a experimentação intensiva de novas formas de

estímulo para os indivíduos buscarem constantemente a atualização e o auto-

aprendizado. No decorrer do século XXI, este fato será uma questão sine qua non

para se colocar de forma competitiva no mercado de trabalho.

No futuro, serão exigidas certas competências que hoje, de um modo geral,

não costumam fazer parte dos requisitos de seleção. Trata-se aqui, das

competências cognitivas (inteligência emocional), tradicionalmente observadas no

comportamento das mulheres, tais como: (i) trabalho em equipe; (ii) colaboração e

apoio interpessoal; (iii) gestão de conflito; e, (iv) intuição. Corroborando com este

fato, a tendência de automação das tarefas rotineiras está se confirmando em

praticamente todas as esferas organizacionais e, portanto, as competências

interpessoais e a inteligência emocional adquirem mais importância e relevância no

mercado de trabalho. Para um grande número de homens este fato tornou-se um

problema essencial, o que levanta perguntas quanto à capacidade dos sistemas

educativos de fomentar tais aptidões sociais (GOLEMAN, 1995; COOPER; SAWAF,

1997; GOLEMAN, 1999; MULGAN, 2001).

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114

Enquanto, no passado, as etapas da vida eram relativamente previsíveis (a

infância, a educação, o trabalho, o casamento, a família), hoje, esse processo é

muito mais complexo. A cada ano que passa, as estatísticas demonstram que o

tempo de educação dos jovens está aumentando constantemente, o que aumenta,

também, a sua permanência com os pais, refletindo no trabalho, no casamento e na

concepção de sua própria família. Estima-se que até a metade do próximo século a

educação passará a ser em tempo integral (ORGANISATION..., 2001b).

Outro ponto importante é a segurança no trabalho. Atualmente, a segurança é

uma questão muito discutida e o impacto causado pela sua falta ou carência reflete-

se diretamente no trabalho. Pode-se perceber, ao longo dos últimos anos, que houve

muitas modificações com relação a esse tema, principalmente no comportamento

das pessoas, nos programas de segurança, na gestão da produção das empresas e

no aumento e acirramento de regras e legislações. De acordo com o estudo da

plataforma EURATEX, a quantidade de normas e legislações que são debatidas e

implementadas referentes à segurança é cada vez maior. Por conseguinte, abrem-se

muitas oportunidades para a indústria no campo dos têxteis e confeccionados

aplicados à segurança no trabalho, por exemplo, os EPIs – Equipamentos de

Proteção Individual (THE EUROPEAN..., 2006).

Segundo Totterdedill et al. (2002), em 2002 foi publicado um estudo sobre as

tendências globais do setor Têxtil e Confecção para 2008, com base no projeto UP-

UPGRADING GRADUATE STRATEGIC SKILLS – SKILLS, cuja implementação se

deu no âmbito do programa LEONARDO DA VINCI, da UNIÃO EUROPÉIA. De

acordo com o estudo, para amenizar problemas de custos da mão-de-obra e

aumentar a competitividade do setor Têxtil e Confecção em países desenvolvidos,

serão intensificados, por algumas empresas e órgãos de fomento, ações de

Comércio de Processamento Externo ou Outward Processing Trade (OPT). Trata-se

da exportação de tecidos para confecção em países com baixos custos de mão-de-

obra, onde as tarifas são apenas aplicadas sobre o serviço de produção, e não sobre

os custos das matérias-primas provindas dos países desenvolvidos (quando da sua

re-importação). Este fato pode resultar em desemprego desse tipo de trabalho nos

países desenvolvidos, fazendo com que esses indivíduos procurem se adequar a

outras atividades menos intensivas em mão-de-obra.

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115

As antigas formas de governança nos setores públicos e privados estão se

mostrando cada vez mais ineficazes. Novos tipos de governança serão

desenvolvidos, os quais envolverão uma escala muito maior de atores ativos. As

estruturas organizacionais ficarão mais simples e horizontais. A hierarquia nas

organizações do século XXI será determinada pelos valores intangíveis e pela

competência pessoal. As pessoas terão mais liberdade e a criatividade e as

inovações serão cada vez mais requisitadas nessa hierarquia. A capacidade de

tomar decisões será muito importante no modelo de organização do futuro. A

liberdade organizacional e criativa, entretanto, tem precondições muito exigentes. No

futuro, a governança será estruturada em ambientes que assegurem níveis elevados

de transparência, de responsabilidade e de integridade, com um compromisso

comum aos valores democráticos, aos direitos humanos e à igualdade de

oportunidade. Será cada vez mais comum a participação dos níveis inferiores da

escala hierárquica nas decisões e orientações estratégicas das organizações

públicas e privadas. As organizações ficarão mais descentralizadas e horizontais,

substituindo o modelo de decisão centralizado (top-down) e hierárquico (piramidal).

O diálogo prevalecerá em detrimento ao autoritarismo (ORGANISATION..., 2001a).

4.2.5 Demografia: O Envelhecimento da Sociedade

O mundo está passando por uma transição demográfica, com sucessivas

reduções nas taxas de fecundidade e mortalidade, cuja origem se deve,

principalmente, às melhorias significativas das condições de saúde, que estão

associadas ao rápido progresso econômico e tecnológico. Existe uma tendência de

aumento da expectativa de vida, porém em diferentes proporções entre países ricos

e pobres. A demografia é um instrumento de previsão potente que permite, por

exemplo, prever o envelhecimento progressivo da população mundial, processo que

representará um desafio capital para os próximos cinqüenta anos. Um número

desproporcionado destas pessoas idosas será de mulheres, devido ao fato de que

as mulheres vivem mais do que os homens. Haverá tensões entre as regiões

desenvolvidas e as regiões em desenvolvimento, já que as condições demográficas

divergirão a ponto de dar aos ricos e aos pobres a impressão de viverem em

mundos diferentes. A desigualdade dos resultados também parece aumentar, o que

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116

representa uma séria ameaça para um sistema econômico mundial que parece tirar

a sua força principal da igualdade de oportunidades (ORGANISATION..., 2001b).

O fato do envelhecimento da população mundial pode representar

oportunidades para todas as indústrias. No caso do setor Têxtil e Confecção, o

aumento do envelhecimento da sociedade pode fazer emergir novas oportunidades

de produtos e de posicionamento no mercado, com segmentação e nichos

apropriados às necessidades e desejos de um público exigente e experiente, o que

remete ao pressuposto da qualidade e funcionalidade dos produtos e serviços, bem

como ao relativo e considerável poder de compra.

Serão desenvolvidas ações que visem alterar a maneira como a sociedade

percebe as pessoas idosas, e a imagem que estas têm delas mesmas (mutação

cultural). O mercado dos consumidores idosos tomará cada vez mais amplitude. As

pessoas idosas têm, em muitos casos, competências ultrapassadas e podem ser

lentas na adaptação a novas tecnologias. Portanto, o futuro será marcado por ações

que visam promover a formação ao longo de toda a vida, canalizada em prol de uma

população de idade mais avançada, mas, também, com políticas aplicadas às

demais faixas etárias (ORGANISATION..., 2001b). Segundo Mulgan (2001), será

necessário incentivar e mobilizar as pessoas idosas, conduzindo-as no sentido de

atualizá-las.

O aumento do envelhecimento da população trará conseqüências

significativas no plano político, como por exemplo, o aumento das despesas públicas

de saúde e de previdência (ORGANISATION..., 2001b). Para o setor Têxtil e

Confecção, este fato abre oportunidades interessantes no desenvolvimento de

vestimentas funcionais para a saúde, principalmente aquelas com o emprego da

nanotecnologia (tecidos com encapsulamento de medicamentos) e da

eletroeletrônica (têxteis para monitoramento da saúde). São oportunidades que têm

como base a saúde pública preventiva, o que de fato reduz os gastos com a saúde

pública convencional, que inclusive estão aumentando constantemente em todo o

mundo, segundo dados da OCDE (ORGANISATION..., 2001b).

Os economistas atribuem o comportamento da curva de mortalidade a uma

escolha econômica racional: as crianças representam custos diretos (alimentos,

vestuários, etc), assim como custos indiretos (custos de oportunidade). Todos os

custos aumentam à medida que o trabalho é exercido fora do domicílio, que os

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117

níveis de instrução progridem e que as pressões sobre o tempo aumentam. Como

conseqüência, as crianças custam mais e a solução ótima consiste, por conseguinte,

em concentrar os recursos em um número menor de crianças. No dilema entre

quantidade e qualidade, prioriza-se a qualidade (ORGANISATION..., 2001b).

A transição demográfica conduz, inevitavelmente, para um cenário de

mudanças econômicas e sociais fundamentais, mas a natureza destas mudanças

depende da velocidade e a amplitude da transição, bem como das decisões tomadas

para todos os níveis da sociedade. Algumas modificações na sociedade podem ser

observadas nos seguintes aspectos: (i) sobre as zonas de povoamento (aumento da

urbanização); (ii) sobre o modo de vida (a família menor vive diferente da família

maior); (iii) sobre as aspirações (melhores condições de saúde, segurança e

oportunidades, devido ao aumento dos níveis de educação); (iv) sobre as mulheres

(aumento dos níveis de educação e oportunidades); e, (v) sobre o trabalho (à

medida que a população aumenta, o equilíbrio do setor econômico evolui). Nesse

sentido, a importância da agricultura como fonte de emprego dobra inevitavelmente,

enquanto que a indústria transformadora e os serviços ocupam um lugar dominante

no futuro (ORGANISATION..., 2001b).

Por fim, outro fato emergente que pode afetar a indústria Têxtil e Confecção é

a questão da crescente obesidade média da população, principalmente nos países

ricos, onde as taxas de gordura são bastante significativas. De acordo com estudos

realizados pelo INSTITUTE FOR THE FUTURE, nas próximas décadas a obesidade

influenciará os negócios e a saúde. No mundo dos negócios, existe um potencial de

ruptura de mercados existentes e criação de novos, devido às mudanças de

preferências dos consumidores (SANSTAD, 2006). A indústria terá que se adequar a

essas tendências para poder atender de maneira eficaz mercados diferenciados e

segmentados. A obesidade pode gerar várias oportunidades em nichos específicos

de mercados de vestuário, como também, pela associação de tecnologias que

permitam a flexibilização da produção para atender de forma personalizada

consumidores com características particulares.

4.2.6 A Mulher na Sociedade

Os direitos adquiridos pela mulher desencadearam diversas mudanças na

sociedade. Percebe-se que as alterações ocorridas afetam desde a concepção da

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família tradicional até as questões de trabalho e educação. A mulher está mais livre,

possui voz ativa na sociedade e faz parte das mudanças que já ocorreram e que

ainda estão em fase de transformação na sociedade mundial. Existem muitos

estudos que apontam perspectivas e tendências relacionadas ao comportamento

contemporâneo da mulher.

De acordo com o estudo da OCDE para o século XXI, a busca de instrução e

conhecimento pelas mulheres tem contribuído para a redução das taxas de

fecundidade, bem como atraem mais mulheres para o mundo do trabalho

remunerado. Nesse sentido, a evolução do mercado de trabalho valoriza níveis de

instrução mais elevados, o que se reflete na melhoria da condução das mudanças

econômicas. O número de empresas chefiadas por mulheres está crescendo a cada

dia, bem como sua participação no mercado de trabalho formal e autônomo.

Globalmente, as mulheres representam entre 1/4 e 1/3 dos chefes de empresa

(ORGANISATION..., 2001b). Para Mulgan (2001), a redução da dimensão das

famílias liberou as mulheres do trabalho de mãe. Com mais tempo, elas estão

procurando se instruírem para ficarem aptas a entrar no mercado do trabalho.

Com os níveis de rendimentos crescentes, as mulheres estão exigindo com

mais facilidade o divórcio e a guarda dos filhos (BLOOM, 2001; ORGANISATION...,

2001b). Segundo Bloom (2001), o feminismo provocou, de forma direta e indireta,

uma profunda mudança mental na sociedade, cujo reflexo está destruindo os

fundamentos do patriarcado, provavelmente de maneira irreversível.

A desintegração da família também tem conseqüências para as crianças. É

uma das causas da pobreza, dos maus resultados escolares e da perda de

segurança, manifestada dramaticamente por maior vulnerabilidade das crianças às

violências sexuais e urbanas. Além de trabalhar no mercado, a mulher cuida das

atribuições do lar, o que, de fato, causa maiores níveis de estresse e reduz o tempo

para dedicar-se aos filhos. Portanto, caso seja impossível a concepção da "família

tradicional" no futuro, é preciso desenvolver um processo de renovação social para

reinventar a família e responder às necessidades das crianças, das mulheres e dos

homens (BLOOM, 2001; ORGANISATION..., 2001b).

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119

4.2.7 A Visão da Educação na Sociedade

Como conseqüência desta nova concepção de família (“família moderna”) e

das mudanças no mercado de trabalho, no futuro as crianças irão permanecer muito

mais tempo na escola e no seio das famílias, o que ocasiona, como decorrência

natural, casamentos mais tardios e atraso para entrar no mercado de trabalho. Além

disso, as famílias serão menores, devido ao custo que uma criança gera, desde o

seu nascimento até a sua formação completa para as novas necessidades do

mercado – economia do conhecimento (ORGANISATION..., 2001b). As sociedades

estão reconhecendo, com o passar do tempo, o papel vital do investimento na

infância e seus efeitos, em longo prazo, sobre a empregabilidade, a estabilidade nas

relações e a delinqüência (MULGAN, 2001).

De acordo com as tendências apontadas pela OCDE, os componentes

fundamentais da aprendizagem como, por exemplo, as capacidades de leitura, de

escrita, de cálculo e de informática, serão condições necessárias, mas não

suficientes, para o sucesso social e econômico. Além disso, a atuação dos pais na

aprendizagem pode ser tão importante quanto a das instituições formais. A nova

economia exige indivíduos com novas aptidões, como capacidades de acesso à

informação, de investigação e de reflexão holística. As crianças deverão não

somente adquirir competências formais, mas também habilidades de tomada de

decisões e de assumir responsabilidades, cujas capacidades se adquirem mais pela

prática do que pelos métodos pedagógicos formais.

O meio profissional e as situações da vida diária exigem, além das

qualificações formais oferecidas pelo ensino superior, competências como a

inteligência emocional e a capacidade de trabalhar em equipe. A inovação é

incentivada por sistemas de aprendizagem relativamente abertos e diversificados,

que permitem acesso fácil aos novos tipos de estabelecimentos escolares e de

ensino superior e garantem uma série contínua entre a educação complementar e o

ensino superior. A necessidade de uma atualização contínua das competências

exige a capacidade de aprendizagem ao longo de toda a vida. A educação e a

aprendizagem vão cada vez mais serem desenvolvidas fora dos estabelecimentos

de ensino: no local de trabalho, no domicílio, nas bibliotecas e via Internet. O ensino

virtual continuará a se expandir em todo o mundo (MULGAN, 2001).

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120

Atualmente é interessante observar que a educação secundária parece mais

estreitamente correlacionada ao crescimento econômico do que a educação

primária. Já no futuro, provavelmente a educação superior terá correlação mais

estreita com o desenvolvimento econômico. É nesse sentido que, hoje, os países

desenvolvidos estão dando mais importância à educação superior nos seus

indicadores, ela será a sustentação da sociedade do conhecimento. A educação

secundária será prioridade para as economias industrializadas, e a educação

primária será base para as sociedades agrárias (ORGANISATION..., 2001b).

4.2.8 A Sociedade e o Meio Ambiente

É cada vez maior o número de países, de organizações e de indivíduos que

estão buscando direções estratégicas fundamentadas nas questões de proteção do

meio-ambiente. De acordo com a OCDE, a extensão da poluição e os riscos

associados devem ser avaliados rigorosamente, para que seja possível evitar efeitos

multiplicadores de novos riscos que a primazia atribuída a um deles pode provocar

(ORGANISATION..., 1999).

O relatório da OCDE de 1999 aponta que o aquecimento do planeta poderá

ser o problema ambiental mais difícil e complexo para solucionar no século XXI.

Várias iniciativas de debates já foram desenvolvidas, como a Eco-Rio 1992 e o

Protocolo de Kyoto, mas as conseqüências da poluição continuam a assolar o

planeta Terra, principalmente nas grandes cidades, com o efeito estufa e o aumento

das emissões de gases. As atividades que consomem energia são responsáveis

pela maior parte desses problemas ambientais e os principais geradores são os

países desenvolvidos (LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999).

Em longo prazo será necessário fixar um teto para as emissões de gases

para evitar uma mudança grave do clima. Para isto, será necessária uma ruptura em

relação à evolução econômica e energética atual. O grande problema envolvendo

essa questão está em encontrar um equilíbrio ótimo entre o crescimento econômico

e a redução da poluição. As políticas públicas terão um papel importante na

conscientização de produtores e consumidores, fazendo com que sejam incitados a

começar uma transição para um futuro com menor emissão de gases (LAHIDJI;

MICHALSKI; STEVENS, 1999).

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121

Nos próximos anos, medidas serão intensificadas e implementadas no sentido

de buscar a redução das emissões de gases, por exemplo, a rotulagem e etiquetas

ecológicas; a inovação e a difusão de tecnologias que possam melhorar a eficácia

energética; e, a melhoria da informação para os consumidores sobre a utilização da

energia dentro das organizações (LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999). As

empresas terão que buscar desenvolver processos produtivos limpos sem, no

entanto, comprometer a sua competitividade, ou seja, ser sustentável no seu

conceito mais amplo – econômico, social e ambiental.

O programa de ação voltada ao meio-ambiente da União Européia, cujas

propostas devem entrar em vigor até 2010, tem como meta fomentar as empresas a

buscarem a redução do impacto ambiental. Existe uma tendência de expansão do

mercado dos produtos verdes, que conduzirá ao aumento da inovação desses

produtos e a maiores oportunidades de emprego. O programa prevê investimentos

em informação aos consumidores, apoio à pesquisa e ao desenvolvimento

tecnológico, criação de bons exemplos de empresas e imposição de taxas pela

utilização dos recursos naturais. O objetivo é reduzir, até 2010, a quantidade de

resíduos destinados à eliminação final em cerca de 20% em relação aos níveis de

2000 e em cerca de 50% até 2050 (EUROPEAN UNION, 2001).

Além disso, o programa para o meio-ambiente da União Européia, no

horizonte de 2010, prevê as seguintes ações: (i) identificação das substâncias

perigosas e atribuição aos produtores à responsabilidade pela recolha, tratamento e

reciclagem desses resíduos; (ii) incentivo aos consumidores a selecionarem os

produtos e serviços com menor impacto; (iii) desenvolvimento e promoção de

estratégias, em escala européia, para a reciclagem dos resíduos, com objetivo de

acompanhamento que permita comparar os progressos realizados; (iv) promoção

dos mercados de materiais reciclados; (v) desenvolvimento de ações específicas, no

âmbito de uma política de produtos integrados, para promover a concepção da idéia

de ecologia em produtos e processos (exemplo disso é a promoção da concepção

inteligente de produtos, que reduza o impacto ambiental desde o seu

desenvolvimento até o fim do seu ciclo de vida). A União Européia buscará a

garantia de que os causadores dos danos ao ambiente sejam responsabilizados

pelas suas ações e que se evitem fatos mais graves. O princípio do “poluidor-

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122

pagador” será cobrado, o que significa que a responsabilidade financeira deve recair

sobre a parte causadora da poluição (EUROPEAN UNION, 2001).

É importante destacar o impacto que essas medidas podem causar na

indústria Têxtil e Confecção brasileira, principalmente nas empresas exportadoras,

cuja produção de produtos e serviços deverão se adequar às exigências impostas

pelos países que compõem a União Européia. Este fato concretizado pode ser

caracterizado como uma barreira técnica ambiental. A rastreabilidade dos produtos

será outra medida importante na indústria, pois com a conscientização do

consumidor nas questões ambientais, essa tecnologia poderá ser requisitada para a

exportação, o que de fato excluirá muitas organizações que não se adequarem. A

responsabilidade pelo recolhimento dos produtos também poderá ser um entrave às

exportações. Políticas e projetos terão que ser desenvolvidos para atender a esse

requisito – a reciclagem. No entanto, algumas medidas abrem oportunidades para o

desenvolvimento de estratégias de diferenciação de produtos reciclados brasileiros.

A União Européia pretende buscar a transparência e a divulgação

generalizada das informações, com o objetivo de incentivar o público para que

pressione, na obtenção de respostas rápidas, as empresas que não possuem um

processo de produção e produtos limpos ou verdes, o que as coloca em evidência

pelo fato de desrespeitar o meio-ambiente. Indicadores e demonstrativos de

desempenho serão utilizados com mais veemência pelos órgãos competentes e pela

opinião pública em geral, o que permitirá a avaliação dos processos e produtos. As

compras e aquisições realizadas pelos organismos públicos (cerca de 14% do

mercado da União Européia), deverão ser efetivadas de acordo com editais com

critérios ambientais como, por exemplo, produtos verdes. O setor financeiro também

terá suas atividades verdes, mediante de políticas de empréstimo e investimento que

exigirão das empresas relatórios financeiros que evidenciem projetos de

responsabilidade ambiental. Portanto, no futuro, as transações comerciais deverão

ser efetivadas com o atendimento a vários critérios que hoje não são aplicados com

tanta intensidade, como incluir as questões ambientais em todos os aspectos das

relações externas da União Européia, e garantir a aplicação das convenções

internacionais sobre o ambiente (EUROPEAN UNION, 2001).

A busca por fontes energéticas é uma questão que sempre preocupou o

homem moderno. A OCDE aponta que nos países em desenvolvimento, o consumo

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123

de energia aumentará de maneira substancial, conseqüência da melhoria do nível de

vida, do crescimento demográfico e da urbanização rápida. Os países desenvolvidos

também serão responsáveis por boa parte do consumo de energia produzida no

planeta, porém pode ser observada certa saturação neste setor (ORGANISATION...,

1999).

Para a OCDE, até 2020 os combustíveis fósseis continuarão a ocupar um

lugar predominante no consumo de energia. O consumo de petróleo será

determinado pelas necessidades para os transportes e para desempenhar um papel

de combustível "bouclage", ou seja, para preencher a brecha quando as outras

formas de energia não forem disponíveis em quantidades suficientes. A utilização de

gás aumentará rapidamente, porque será o combustível privilegiado para o

aquecimento, para os métodos de transformação e para a produção de eletricidade.

O consumo de carvão crescerá também, porém mais lentamente e nas regiões onde

o gás será inacessível ou mais dispendioso que o carvão. As principais fontes de

energia não fóssil (fissão nuclear, hidroeletricidade, biomassa) ainda não serão

relevantes no total dos abastecimentos. A energia nuclear e a energia hidráulica

defrontam-se com diversas dificuldades para obter a aceitação do público e, é por

isso que qualquer expansão importante relacionada com esses métodos deverá

obedecer a decisões deliberadas dos poderes públicos (ORGANISATION..., 1999;

LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999). Existe uma grande preocupação com

acidentes com usinas nucleares e menor com as usinas hidroelétricas. Ambas

sofrem bastante críticas quanto aos aspectos ambientais, principalmente pela

geração de resíduos radioativos das usinas nucleares e pelo impacto ambiental

ocasionado pelos reservatórios de água das usinas hidroelétricas. Um estudo da

EUROPEAN UNION – EU (2001) sobre as tendências para 2010 sobre a poluição e

o meio-ambiente aponta para o crescente desenvolvimento de energias renováveis a

partir da energia eólica e solar. Trata-se de um campo bastante promissor e que

possui programas de incentivo na Europa.

Além do aumento da população mundial, o envelhecimento da população

causará impactos ao meio ambiente, pois os efeitos sobre o consumo de energia

serão agravados. O envelhecimento da sociedade pode gerar novos

comportamentos, como o aumento do tempo que esses indivíduos passam nas suas

residências, o que resulta em um maior consumo de energia por dispositivos

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124

elétricos, porém, substituindo-se, parcialmente a energia destinada aos transportes

(ORGANISATION..., 1999; LAHIDJI; MICHALSKI; STEVENS, 1999).

A sociedade está muito mais exigente, também, com relação à segurança dos

produtos que consomem. A cada dia que passa, por exemplo, os consumidores

querem saber mais sobre temas como: (i) a procedência dos produtos; (ii) o material

e o processo utilizado na sua fabricação; (ii) as conseqüências e indicações de uso

do produto; (iv) a responsabilidade da empresa com relação aos aspectos sociais e

ao meio ambiente; e, (v) a segurança de usabilidade do produto. Atualmente, a

segurança é uma questão muito discutida e o impacto causado pela sua falta ou

carência reflete-se diretamente na sociedade. Pode-se perceber, ao longo dos

últimos anos, mudanças no comportamento das pessoas que foram oriundas desse

fenômeno. Na indústria têxtil, por exemplo, a quantidade de normas e legislações

que são debatidas e implementadas referentes à segurança é cada vez maior. Por

conseguinte, muitos estudos e testes estão sendo desenvolvidos para determinar os

padrões de segurança e os métodos de aplicação, comercialização e fiscalização

(INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2002a; INSTITUTO TECNOLÓGICO..., 2003f). O

estudo da plataforma EURATEX revela que o setor industrial têxtil precisa

proporcionar um ambiente seguro e confortável para as pessoas, o que influencia na

decisão de compra (THE EUROPEAN..., 2006).

Alguns estudos apontam, também, os riscos emergentes no século XXI, como

doenças, epidemias, desastres naturais, novas tecnologias e o terrorismo

(ORGANISATION..., 2003). A população mundial vai se confrontar sempre com o

"risco", porém, hoje os riscos estão em uma escala muito maior e significativa de

valores. Existe uma preocupação cada vez maior na sociedade com relação às

ameaças ao ambiente, à propriedade, à saúde e à vida própria. Nesse sentido,

normas são instituídas, legislações são impostas e cuidados com a segurança serão

cada vez maiores no século XXI (ORGANISATION..., 2003; ORGANISATION...,

2004b). Algumas pesquisas na área têxtil estão sendo desenvolvidas para o

segmento militar, para EPIs e para equipes de combate ao terrorismo e acidentes

químicos e biológicos.

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125

4.3 TENDÊNCIAS E CONVERGÊNCIAS: UMA SÍNTESE

De forma resumida, pode-se inferir que tanto as tendências científico-

tecnológicas quanto as socioeconômicas estão sendo desenvolvidas em bases

multidisciplinares. As tendências apontadas em muitos estudos e pesquisas

possuem inter-relações significativas com diversas áreas do conhecimento, cujo

resultado é fruto da interação dos atores envolvidos nesse processo, conforme pode

ser observado na Figura 21.

FIGURA 21 – DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO-TECNOLÓGICO

Fonte: O autor.

Ainda na Figura 21, pode-se observar que algumas áreas sustentam os

pilares de mudanças para o Setor Têxtil e Confecção, cujo resultado aponta para a

consolidação dos Têxteis e Confecções Inteligentes na indústria. Este fato pode ser

percebido nas pesquisas e iniciativas desenvolvidas na Europa, EUA e Ásia. Quatro

grandes pilares ou eixos de desenvolvimento no Setor Têxtil e Confecção estão

emergindo com base nessa capacidade de cooperação multidisciplinar: (i) têxteis

Multidisciplinariedade

BiotecnologiaBiotecnologiaCiência dosCiência dos

MateriaisMateriaisNanotecnologiaNanotecnologia TelecomunicaçãoTelecomunicação

EletroeletrônicaEletroeletrônica

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Têxteis e Confecções Inteligentes

Sustentabilidade para Competitividade

MultidisciplinariedadeMultidisciplinariedade

BiotecnologiaBiotecnologiaCiência dosCiência dos

MateriaisMateriaisNanotecnologiaNanotecnologia TelecomunicaçãoTelecomunicação

EletroeletrônicaEletroeletrônica

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Têxteis e Confecções Inteligentes

Sustentabilidade para Competitividade

Têxteis e Confecções Inteligentes

Sustentabilidade para Competitividade

Sustentabilidade para Competitividade

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126

multifuncionais; (ii) e-têxteis; (iii) novos modelos de produção – empresa em rede; e,

(iv) têxteis ecológicos.

A Figura 22 sintetiza as tendências socioeconômicas analisadas nos estudos

e pesquisas em nível mundial, cujas bases também estão sendo desenvolvidas de

forma multidisciplinar e corroboram para a consolidação de quatro grandes pilares:

(i) a sociedade do conhecimento; (ii) sociedade flexível e democrática; (iii)

globalização e integração; e, (iv) o homem e o meio ambiente.

FIGURA 22 – DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO

Fonte: O autor.

Partindo do pressuposto de que o futuro é múltiplo e indeterminado, pode-se

afirmar, então, que as tendências apontadas neste capítulo poderão impactar a

indústria Têxtil e Confecção de diferentes maneiras e proporções. O importante do

levantamento das tendências e convergências para o setor é identificar as

oportunidades e ameaças que podem impactar a indústria e fornecer subsídios para

o desenvolvimento de um planejamento estratégico que leve em conta as

possibilidades de futuro para o setor.

Multidisciplinariedade

O H

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O M

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Sustentabilidade para Competitividade

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MultidisciplinariedadeMultidisciplinariedade

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Sustentabilidade para Competitividade

Sustentabilidade para Competitividade

DemografiaDemografiaDireitoDireito Capital SocialCapital Social

EconomiaEconomiaEducaçãoEducaçãoPolíticaPolítica OrganizaçãoOrganização

TrabalhoTrabalho

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127

5 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Este capítulo apresenta a fundamentação metodológica utilizada nesta

pesquisa, cuja estrutura está composta da seguinte forma: inicia-se com a

apresentação das hipóteses de pesquisa; na seqüência, encontram-se os aspectos

metodológicos, com sua classificação, tipologia e técnicas utilizadas; em seguida,

apresenta-se a delimitação de pesquisa; e, por último, a descrição dos passos nela

realizados.

5.1 MÉTODO DE PESQUISA

Esta pesquisa pode ser classificada como sendo uma pesquisa descritiva, na

qual busca-se identificar a contribuição da Prospectiva Estratégica para a tomada de

decisão voltada ao desenvolvimento de políticas e estratégias setoriais. Segundo

Cervo e Bervian (2002), na pesquisa descritiva procura-se observar, registrar,

analisar e correlacionar fatos ou fenômenos sem manipulá-los, trabalhando sobre

dados ou fatos obtidos da própria realidade.

Este tipo de pesquisa pode assumir diversos formatos. Para este trabalho, em

especial, foi utilizado o Estudo de Caso, no qual o objeto em investigação é o Setor

Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. De acordo com Cervo e Bervian (2002, p.

67), o estudo de caso “é a pesquisa sobre um determinado indivíduo, família, grupo

ou comunidade que seja representativo do seu universo”.

Este estudo pode ser considerado, também, uma pesquisa aplicada, pois tem

como característica a busca por soluções concretas para problemas de fins práticos

e reais (CERVO; BERVIAN, 2002). Para Marconi e Lakatos (2002, p. 20), a pesquisa

aplicada “caracteriza-se por seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam

aplicados ou utilizados, imediatamente, na solução de problemas que ocorrem na

realidade”.

Este estudo foi realizado com a utilização de dados primários, coletados junto

a especialistas29 do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná, como, também,

dados secundários extraídos da Internet, documentos públicos (bases de dados:

29 Especialistas, nesta pesquisa, são profissionais com conhecimento e/ou trabalhos no setor em .....investigação, cuja contribuição possa ser de grande valia para o estudo. Exemplos de .....especialistas: empresários, acadêmicos, pesquisadores e gestores.

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128

Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, Sistema de Análise das Informações

de Comércio Exterior – ALICE (Via Internet), Plataforma Lattes, Plataformas

Tecnológicas) e pesquisa bibliográfica. Os dados primários foram obtidos mediante

as seguintes técnicas: (i) entrevista semi-estruturada; (ii) ponderação da matriz de

variáveis; e, (iii) observação assistemática30 in loco (dinâmica do Painel de

Especialistas). A utilização de múltiplas fontes de pesquisa, segundo YIN (2001),

constitui o principal recurso de que se vale o estudo de caso para conferir

significância a seus resultados. Os dados primários foram coletados em fevereiro de

2007.

Para Güell (2004), o painel tem como objetivo realizar entrevistas em

profundidade com especialistas, para que sejam expostas informações, dados e

opiniões sobre temas pré-estabelecidos. Este método é apropriado para prever

acontecimentos futuros em temas de certa complexidade. Portanto, painel pode ser

definido da seguinte forma:

É um tipo de entrevista que se realiza por meio de uma reunião onde se conversa informalmente, levando os assuntos desejados, mas de forma coerente, lógica e organizada. Deve ser preparado um roteiro antecipadamente, onde constem as perguntas que, inclusive, podem ser repetidas com enfoques diferentes. (SANTOS, 2003, p. 232).

Para a seleção dos especialistas foi utilizada uma amostra não-probabilística

intencional. Segundo Marconi e Lakatos (2002), este tipo de técnica de amostragem

não faz uso de formas aleatórias de seleção, o que impossibilita a aplicação de

fórmulas estatísticas.

No tratamento dos dados utilizaram-se as seguintes técnicas: (i) seleção

(exame minucioso e crítico dos dados); (ii) codificação (classificação); e, (iii)

tabulação (planilhas eletrônicas e software MICMAC©). Para a análise dos dados

utilizaram-se as técnicas de cruzamento de variáveis, interpretação e explicação.

Desta forma, tentou-se partir de dados puros para a construção de informações.

Além disso, as técnicas de indução e dedução nortearam de forma implícita

essa pesquisa. De acordo com Cervo e Bervian (2002), a indução e dedução são

processos que se complementam e que são utilizados para demonstrar a verdade

30 Técnica de observação não estruturada, também denominada espontânea e informal: consiste em ....recolher e registrar os fatos da realidade sem a utilização de meios técnicos especiais ou de ....perguntas diretas (MARCONI e LAKATOS, 2002).

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129

das proposições submetidas à análise. Por isso, a indução reforça-se pelos

argumentos dedutivos. Pela indução científica pode ser possível chegar à conclusão

de alguns casos observados a partir da espécie que os compreende e da lei geral

que os rege. Já a técnica da dedução consiste em construir estruturas lógicas por

meio do relacionamento entre antecedentes e conseqüentes, entre premissas e

conclusões.

5.2 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

Para responder ao problema apresentado na seção 1.1 “Problemática”

(página 19) foi utilizado como base um setor industrial relevante para o Estado do

Paraná31. Portanto, a delimitação desta pesquisa foi concebida tendo como foco o

Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná.

Entretanto, o método utilizado requer algumas extrapolações nessa

delimitação, principalmente, no levantamento dos indicadores do setor, onde

procurou-se realizar uma comparação entre os principais dados do Estado do

Paraná e os demais Estados da Federação. Além disso, foi extrapolado, também, o

estudo sobre as tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas para o setor,

pois trata-se de temas que não poderiam ser desenvolvidos de forma introspectiva.

São temas de ordem mundial, e o impacto de suas mudanças, certamente, afetará o

setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná e do Brasil.

5.3 A PESQUISA DESCRITIVA: PASSO A PASSO

A abordagem utilizada nesta pesquisa foi baseada e estruturada na

Prospectiva Estratégica. Após a definição do problema, objetivos e delimitação da

pesquisa (setor industrial e sua localização), foram desenvolvidos três estudos com

fases temporais distintas: (i) Passado: diagnóstico e mapeamento do Setor Têxtil e

Confecção no Brasil e no Estado do Paraná; (ii) Futuro: levantamento das

tendências e convergências científico-tecnológicas e socioeconômicas relacionadas

ao Setor Têxtil e Confecção; (iii) Presente: aplicação do método MICMAC© (Matriz

31 Segundo o estudo “Setores Portadores de Futuro”, realizado pelo Observatório de Prospecção e ....Difusão de Tecnologias do Senai/PR, sob a tutela da FIEP – Federação das Indústrias do Estado ....do Paraná, o Setor Têxtil e Confecção foi apontado como um setor promissor para o Estado do ....Paraná.

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130

de Impactos Cruzados e Multiplicações Aplicadas a uma Classificação) para

identificar as variáveis-chave do Setor Têxtil e Confecção. Um esquema simplificado

da estrutura do método utilizado nesta pesquisa pode ser observado na Figura 23.

FIGURA 23 – ESTRUTURA DA PESQUISA

Fonte: O autor.

5.3.1 A Primeira Fase

A primeira fase da pesquisa foi destinada ao mapeamento das tendências que

poderão impactar o Setor Têxtil e Confecção (revisão de literatura). O estudo foi

estruturado em dois grandes eixos: (i) tendências científico-tecnológicas; e, (ii)

tendências socioeconômicas. O primeiro eixo foi voltado às tendências relacionadas

aos materiais, às aplicações industriais, às tecnologias e aos processos produtivos

relacionados ao setor. No segundo eixo foram identificadas diversas tendências

sociais e econômicas que poderão impactar o setor e a sociedade de um modo

geral. Nesta etapa o estudo foi mais abrangente: procurou-se trazer dados e

informações que poderão refletir no comportamento da sociedade, no mercado, na

economia, no perfil do consumidor.

Estudo Histórico do Setor Têxtil e Confecção

Empresas & Empregados

Exportação & Importação

Competências & IES

PASSADO

Estudo de Tendências

do Setor Têxtil e

Confecção

Científico-Tecnológico

SocioeconômicoFUTURO

PRESENTE

Estudo MICMAC©

para o Setor Têxtil e

Confecção

Levantamento das variáveis do sistema

Identificação das variáveis “em jogo” Identificação e priorização das variáveis-chave

Definição do Problema, Objetivos e Delimitação

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131

Os dados utilizados nesta fase do estudo foram coletados de diversas fontes,

principalmente, da Europa, dos EUA, do Japão, da Coréia do Sul e da China.

Convém destacar as fontes mais significativas (por tipologia), tais como: (i)

plataformas de tecnologias; (ii) institutos de pesquisa; (iii) universidades; (iv)

observatórios tecnológicos; (v) órgãos governamentais; (vi) empresas privadas; (vii)

portais eletrônicos; (viii) teses, dissertações e artigos científicos; (ix) congressos e

conferências; (x) jornais e revistas técnicas e científicas; e, (xi) demais fontes

bibliográficas e documentais.

5.3.2 A Segunda Fase

A segunda fase deste estudo teve como objetivo o diagnóstico e o

mapeamento do Setor Têxtil e Confecção no Brasil e no Estado do Paraná.

Procurou-se obter a evolução histórica de certos dados que acredita-se serem

pertinentes para o setor. Para isto, foram utilizadas as seguintes bases de dados:

• RAIS: base de dados do MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO –

MTE. Nesta base procurou-se identificar dados do setor relacionados ao

número de estabelecimentos industriais, número de empregos, tamanho

das empresas, gênero e grau de instrução dos trabalhadores, etc. Os

dados correspondem ao período de 2001 a 2005.

• ALICE: base de dados de responsabilidade da SECRETARIA DO

COMÉRCIO EXTERIOR – SECEX vinculada ao MINISTÉRIO DO

DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – MDIC. Os

dados coletados nesta base foram utilizados para identificar os produtos

exportados e importados pelo Brasil e pelo Estado do Paraná, bem como o

volume de comércio exterior e a evolução da balança comercial do Setor

Têxtil e Confecção. Nesta fase do estudo foram utilizados dados históricos

referentes ao período de 1996 a 2005.

• PLATAFORMA LATTES (Base de dados de currículos e instituições das

áreas de ciência e tecnologia): sistema de responsabilidade do

CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO CIENTÍFICO E

TECNOLÓGICO – CNPq. Nesta base foram identificados os especialistas e

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132

grupos de pesquisa que possuem trabalhos vinculados ao Setor Têxtil e

Confecção do Estado do Paraná. Além disso, foram mapeadas as

INSTITUIÇÕES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO – IPD às quais

estão vinculados os grupos de pesquisa. Os dados foram coletados em

dezembro de 2006.

5.3.3 A Terceira Fase

Na última fase da pesquisa, realizou-se a aplicação do método de Matriz de

Impactos Cruzados e Multiplicações Aplicadas a uma Classificação – MICMAC© com

foco no Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. A sua aplicação foi

desenvolvida na seguinte ordem: inicialmente foi realizado o levantamento das

variáveis do sistema; na seqüência foram identificadas as variáveis colocadas “em

jogo” no método MICMAC©; e, por último, foi realizado o preenchimento da matriz

MICMAC© para obter a identificação e priorização das variáveis-chave do sistema.

Cada uma dessas etapas será descrita a seguir.

5.3.3.1 Levantamento das Variáveis do Sistema

Esta etapa do processo MICMAC© está relacionada a uma extrapolação das

possíveis variáveis que podem impactar o sistema investigado, no caso, o sistema

compreendido pelo Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Foram

levantadas, da forma mais abrangente possível, as variáveis que poderiam impactar

o setor sem, no entanto, tentar obter de imediato uma classificação ou priorização.

Em outras palavras, foram levantadas as variáveis sem considerar, no momento, o

seu grau de importância ou de relevância para o sistema.

O levantamento das variáveis foi realizado com base no estudo de tendências

para o Setor Têxtil e Confecção (Primeira Fase) e no estudo de mapeamento de

indicadores (Segunda Fase). Além disso, foram utilizados os resultados dos estudos

desenvolvidos no âmbito do “WORKSHOP DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO

PARANÁ” como base para o levantamento das variáveis. Este evento foi realizado

em agosto de 2006 e teve como principais organizadores, importantes atores

envolvidos com a cadeia têxtil e de confecção, como por exemplo, a FEDERAÇÃO

DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO PARANÁ – FIEP, o SERVIÇO BRASILEIRO

DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE, a SECRETARIA DE

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133

ESTADO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO GERAL – SEPL, alguns

representantes de sindicatos e associações do setor e alguns empresários.

Procurou-se utilizar as informações desse estudo porque acredita-se que o mesmo

fornece uma visão bastante crítica e pertinente sobre o setor no Estado.

5.3.3.2 Identificação das Variáveis “em jogo”

Nesta etapa, foram identificadas as variáveis colocadas “em jogo”. As

variáveis escolhidas para serem ponderadas no processo de preenchimento da

Matriz de Impactos Cruzados foram determinadas com o auxílio de dois

pesquisadores com renomada competência no tema32.

Os pesquisadores foram escolhidos por meio da classificação obtida no

sistema de busca por competência do Portal Inovação, instrumento de pesquisa

desenvolvido sob a demanda do MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA –

MCT, o qual esta vinculado à base de dados da Plataforma Lattes (CNPq). A

escolha dos pesquisadores obedeceu aos seguintes critérios: (i) ser pesquisador

com trabalhos relacionados ao Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná; (ii)

estar vinculado a uma instituição do Estado; (iii) apresentar uma colocação

significativa na busca boleana, realizada na base de dados da Plataforma Lattes; e,

(iv) estar vinculado à uma instituição e com trabalhos realizados nas regiões de

maior concentração de indústrias do setor. O estudo histórico do Setor Têxtil e

Confecção do Estado do Paraná, realizado na primeira fase desta pesquisa,

contribuiu para determinar os critérios.

Foi desenvolvida uma dinâmica com cerca de oito horas de trabalho com

esses pesquisadores, na qual primeiramente foram apresentadas as tendências

científico-tecnológicas e socioeconômicas para o Setor Têxtil e Confecção (estudo

realizado na primeira fase desta pesquisa). Logo após, foi apresentado o objetivo do

dia, onde esses pesquisadores tiveram que identificar, dentre uma grande

quantidade de dados e informações, cerca de quinze variáveis33 que foram utilizadas

no método MICMAC©. O critério de escolha das variáveis foi baseado na sua

32 Os especialistas foram contratados pelo SENAI-PR para contribuir na definição das variáveis .....colocadas “em jogo” pelo método MICMAC©. A definição dessas variáveis foi realizada em .....fevereiro de 2006 no município de Londrina. 33 Foi determinado esse número de variáveis devido à grande quantidade de cruzamentos que é .....preciso fazer no método MICMAC©, o que dificultaria a coleta de dados (ver Figura 5, p. 47). O .....universo aproximado estava fixado em 70 variáveis.

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134

relevância para o setor, tendo como base as tendências apresentadas previamente.

Buscou-se selecionar as variáveis que poderiam impactar de maneira significativa o

setor.

Após a identificação das variáveis, foi realizada uma análise comparativa com

os resultados dos estudos desenvolvidos no âmbito do “WORKSHOP DO SETOR

TÊXTIL E CONFECÇÃO DO PARANÁ”, ou seja, procurou-se comparar os

resultados para verificar a verossimilhança das variáveis escolhidas pelos dois

pesquisadores. Na análise comparativa entre os dois estudos foram identificadas

muitas variáveis congruentes, o que validou o levantamento realizado pelos

pesquisadores. No entanto, foram identificadas algumas lacunas que foram

preenchidas com a inclusão de algumas variáveis que acreditou-se serem

importantes para o Setor Têxtil e Confecção do Paraná. No final, identificaram-se

dezesseis variáveis para serem utilizadas no processo de preenchimento da matriz

MICMAC©, uma a mais que a perspectiva inicial. Todas as variáveis utilizadas e suas

respectivas descrições podem ser observadas no Apêndice A, p. 237. As dezesseis

variáveis que compõem o sistema a ser investigado podem ser observadas na

Tabela 3.

TABELA 3 – VARIÁVEIS COLOCADAS "EM JOGO"

Nº VARIÁVEL VARIÁVEL (abreviatura)

01 Sociedade Soc02 Economia, Política e Comércio Mundial EcoPolCEx03 Dinâmica do Mercado DinMerc04 Políticas Públicas PolPub05 Tecnologia e Novos Materiais TecNovMat06 Meio Ambiente MeioAmbi07 Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva CoopCadPro08 Investimento & Financiamento InvFin09 Emprego Emp10 Educação & Capacitação EduCap11 Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação P&D&I12 Propriedade Industrial PropInd13 Cultura Empresarial CultEmp14 Marketing, Prospecção e Tendências MktPTend15 Design Des16 Produção, Qualidade e Produtividade ProdQualPr

Fonte: O autor.

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135

5.3.3.3 Identificação e Priorização das Variáveis-chave

Nesta etapa da pesquisa, foi realizada uma dinâmica para o preenchimento

da matriz MICMAC© com especialistas do Setor Têxtil e Confecção, ou seja,

procurou-se reunir pesquisadores, empresários e gestores com conhecimento sobre

o setor no Estado do Paraná. O método escolhido foi Painel de Especialistas34.

No Painel de Especialistas foram apresentadas as tendências científico-

tecnológicas e socioeconômicas para posicionar os participantes sobre as mudanças

que poderão afetar o setor em um futuro próximo. Na seqüência, foi apresentada a

dinâmica de preenchimento da matriz MICMAC© e a respectiva coleta de dados.

Foram reservadas seis horas para todo o processo do Painel de Especialistas,

sendo, duas horas para apresentação das tendências e quatro horas para o

preenchimento da matriz MICMAC©.

A coleta de dados foi conduzida no sentido de procurar questionar, para cada

variável, a sua influência direta sobre as demais variáveis do sistema. Para isso, foi

realizada a seguinte pergunta para o grupo de especialistas: “Existe uma relação de

influência direta entre a variável (i) e a variável (j)?” Os especialistas responderam à

pergunta acima para todas as variáveis, de forma concomitante e obedecendo aos

seguintes critérios: (i) não existe influência = 0; (ii) influência fraca = 1; (iii) influência

média = 2; (iv) influência forte = 3; e, (v) influência potencial = P, “Não existe agora,

mas poderá influenciar no futuro”. (GODET, 2004, p.84).

O preenchimento da matriz MICMAC© foi desenvolvido por linha. Por

exemplo, foi ponderada a influência direta da variável número 1 (sociedade) sobre

todas as demais variáveis em coluna do sistema. Desta forma, a coleta seguiu a

seguinte ordem de preenchimento das células da matriz: I12; I13; I14; I15; I16; I17; I18; I19;

I110; I111; I112; I113; I114; I115; e, I116 e assim sucessivamente até finalizar todas as linhas

da matriz, onde tem-se Iij, para I = Influência direta; i = variável-linha; e, j = variável-

coluna. No Quadro 3, p. 136, está exposta a matriz resumida utilizada nesta

pesquisa.

34 Painel de Especialistas organizado pelo SENAI-PR e realizado em fevereiro de 2006 em Maringá.

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136

QUADRO 3 – MODELO DE MATRIZ MICMAC© UTILIZADA NA PESQUISA 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Soci

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Prod

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e

Variáveis

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 1 Soc 1 X 2 EcoPolCEx 2 X 3 DinMerc 3 X 4 PolPub 4 X 5 TecNovMat 5 X 6 MeioAmbi 6 X 7 CoopCadPro 7 X 8 InvFin 8 X 9 Emp 9 X

10 EduCap 10 X 11 P&D&I 11 X 12 PropInd 12 X 13 CultEmp 13 X 14 MktPTend 14 X 15 Des 15 X 16 ProdQualPr 16 X

Fonte: O autor.

Não existe influência direta de uma variável sobre ela mesma, o que

inviabiliza o preenchimento na célula I11. Este fato pode ser observado no modelo da

matriz MICMAC© utilizado nesta pesquisa e que está exposto no Quadro 3, (formato

resumido) e no Apêndice B, p. 239 (formato completo), no qual existe uma diagonal

onde não há nenhuma ponderação.

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137

6 SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO DO PARANÁ: UM ESTUDO DE CASO

Neste estudo foram utilizados dados do MINISTÉRIO DO TRABALHO E

EMPREGO (RELAÇÃO ANUAL DE INFORMAÇÕES SOCIAIS – RAIS) para levantar

as informações sobre número de estabelecimentos, empregos e demais variáveis

correlatas do setor Têxtil e Confecção. Os dados utilizados correspondem ao

período de 2001 a 2005. Além disso, a pesquisa foi realizada com base na

Classificação Nacional de Atividades Econômicas – CNAE do IBGE35. Foram

utilizadas as divisões 17 e 18 e seus respectivos grupos e classes da CNAE 1.0 (ver

Apêndice C, p. 240). A divisão 17 refere-se ao setor de “Fabricação de Produtos

Têxteis” e a divisão 18 está relacionada ao setor de “Confecção de Artigos do

Vestuário e Acessórios”. Para efeito de simplificação e padronização, a divisão 17

refere-se ao “Setor Têxtil” e a divisão 18 ao “Setor de Confecção”. Portanto, o “Setor

Têxtil e Confecção“ refere-se à consolidação dos dados das divisões 17 e 18.

O mapeamento do Setor Têxtil e do Setor de Confecção no Estado do Paraná

foi desenvolvido em dois níveis: o primeiro refere-se à posição paranaense em

relação ao Brasil e o segundo refere-se exclusivamente ao Paraná, onde foi

priorizado um maior aprofundamento nas peculiaridades do setor no Estado. A

Figura 24 é uma representação de como foi estruturado o mapeamento, além de

demonstrar de forma gráfica os tópicos abordados nessa etapa do estudo.

FIGURA 24 – ESTRUTURA METODOLÓGICA DO MAPEAMENTO

Fonte: O autor.

35 IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

Nível Brasil Nível Paraná Grupo 17.1 Grupo 17.2 Grupo 17.3 Grupo 17.4 Grupo 17.5 Grupo 17.6 Grupo 17.7

Grupo 18.1 Grupo 18.2

Setor Têxtil e Confecção

(Divisão 17 e 18)

Setor Têxtil e Confecção

(Divisão 17 e 18)

Setor de Confecção (Divisão 18)

Setor Têxtil (Divisão 17)

Setor de Confecção (Divisão 18)

Setor Têxtil (Divisão 17)

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138

6.1 PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO BRASIL

O estudo em nível nacional foi estruturado da seguinte forma: inicialmente

foram organizados os dados e a respectiva análise referente ao Setor Têxtil e

Confecção como um todo (divisões 17 e 18 da CNAE 1.0). Logo em seguida, a

pesquisa foi estrutura para poder analisar isoladamente cada divisão, pois acredita-

se que desta forma é possível verificar a contribuição de cada uma delas.

6.1.1 Setor Têxtil e Confecção no Brasil (Divisões 17 e 18)

Apesar da indústria Têxtil e Confecção estar presente em todos os Estados

brasileiros, existe uma certa concentração no número de estabelecimentos no Brasil,

ou seja, a maior parte das empresas do setor estão localizadas em poucos Estados

brasileiros. A Figura 25 apresenta os Estados mais representativos.

FIGURA 25 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

É possível verificar na Figura 25 a ampla superioridade do Estado de São

Paulo em relação aos demais Estados brasileiros, com aproximadamente 16.000

estabelecimentos em 2005. O Estado do Paraná possui aproximadamente 9% das

empresas industriais do Setor Têxtil e Confecção do Brasil. Juntos, os cinco Estados

de maior representatividade possuem, aproximadamente, 72% das indústrias do

setor.

Dos Estados mais representativos, o Rio Grande do Sul é o que possui a

menor taxa de crescimento no número de estabelecimentos. Em 2001, ele possuía

3.258 indústrias e, ao longo desses cinco anos, passou para 3.341, apresentando

cerca de 2,55% de aumento. Por outro lado, o Estado do Paraná possui a maior taxa

de crescimento entre os Estados de maior representatividade, com

aproximadamente 23,20% de aumento no número de estabelecimentos no período

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139

analisado (2001-2005). Esses dados, como também os dados de todos os Estados

brasileiros, podem ser observados na tabela exposta no Apêndice D, p. 241.

Quanto aos empregos do Setor Têxtil e Confecção, pode-se verificar na

Figura 26 que 74% dos vínculos ativos do setor está concentrado em cinco Estados.

Comparando os resultados com a Figura 25, p. 138, percebe-se que a única

alteração na classificação dos Estados mais significativos é a inserção do Estado do

Rio de Janeiro no lugar do Rio Grande do Sul.

FIGURA 26 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

O Estado do Paraná apresenta, no período analisado (2001-2005), a maior

variação positiva no número de empregos entre os Estados mais expressivos, com

aproximadamente, 35,23% de crescimento. O Estado do Rio de Janeiro, apesar de

possuir a quinta representatividade em número de empregos no setor, não

apresenta crescimento expressivo nesse período, com somente 5,64% de aumento.

Em todo o País, houve um aumento de 18,23% no número de empregos no Setor

Têxtil e Confecção, conforme a tabela do Apêndice E, p. 242.

Quando comparados ambos os setores, Têxtil (divisão 17) e Confecção

(divisão 18), é possível verificar que o Setor de Confecção possui o maior número de

estabelecimentos, cerca de 40.000 em média (ver Figura 27, p. 140). Além disso, o

Setor de Confecção possui uma curva de crescimento no número de

estabelecimentos mais acentuada do que o Setor Têxtil. A dificuldade do negócio é

um fator que contribui para este comportamento, visto que é mais fácil criar novas

indústrias de confecções do que indústrias têxteis, principalmente porque a

tecnologia, o capital e o conhecimento são fatores relevantes para cada situação e

possuem pesos distintos. A variação do emprego para cada setor pode ser

observada, também, na Figura 27, p. 140. A divisão 17 (Setor Têxtil) possui, nos

cinco anos analisados, uma certa estabilidade no seu comportamento, com leve

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140

crescimento no emprego. Por outro lado, a divisão 18 (Setor de Confecção) possui

uma curva de crescimento mais acentuada.

FIGURA 27 – ESTABELECIMENTOS E EMPREGOS NAS DIVISÕES 17 E 18

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

Com relação às exportações e importações do Setor Têxtil e Confecção,

pode-se perceber na Figura 28 que, após a crise da década de 90, as importações

(em dólares) foram superadas pelas exportações somente em 2001. A partir deste

ano, o país exportou mais do que importou com o Setor Têxtil e Confecção. Ainda

nessa figura, é possível verificar que a crise36 do setor nos anos 90 estendeu-se até

o final da referida década.

FIGURA 28 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO BRASIL

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Na Figura 29, p. 141, é possível observar dados da balança comercial do

Setor Têxtil e Confecção. Pode-se verificar, nesta figura, que o crescimento das

exportações nos anos de 2003 a 2005 é bastante expressivo, fato este que

contribuiu para o aumento da balança comercial nesses referidos anos, mesmo com

o avanço das importações no mesmo período.

36 Muitos autores afirmam que o principal fator que culminou com a crise do setor têxtil e confecção no ....Brasil na década de 90 foi o fato da inserção de produtos asiáticos no mercado nacional.

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141

FIGURA 29 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

A Figura 30 traz o panorama das exportações brasileiras classificadas

segundo a NCM37. Foram utilizados os capítulos 50 a 63, ou seja, os capítulos que

compõem a Seção XI da NCM, onde estão classificados os produtos têxteis e

derivados (“Matérias têxteis e suas obras”). No Apêndice F, p. 243, consta uma lista

detalhada sobre os produtos que compõem cada capítulo.

FIGURA 30 – EXPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Pode-se verificar na Figura 30 que os produtos mais expressivos são aqueles

contidos na NCM 52 (Algodão) e NCM 6338 (Outros artefatos têxteis confeccionados;

sortidos; artefatos de matérias têxteis; calçados; chapéus e artefatos de uso

semelhante; e, trapos), com destaque para a NCM 52, onde houve um crescimento

considerável nas exportações a partir de 2002.

Por outro lado, os indicadores das importações do Brasil podem ser

verificados na Figura 31, p. 142. Nos últimos anos, as importações mais

37 NCM: Nomenclatura Comum do Mercosul; O Brasil, a Argentina, o Paraguai e o Uruguai adotam, ....desde janeiro de 1995, a NCM (Fonte: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006a). 38 A NCM 63 contém o setor de calçados, portanto, sua representatividade deve ser desconsiderada, ....visto que este é um setor bastante expressivo no Brasil e que pode distorcer os dados.

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142

significativas estão relacionadas, respectivamente, com os produtos contidos na

NCM 54 (Filamentos sintéticos ou artificiais), NCM 55 (Fibras sintéticas ou artificiais,

descontínuas), 52 NCM (Algodão) e NCM 62 (Vestuário e seus acessórios, exceto

malha). Além disso, duas análises devem ser contempladas: a primeira refere-se à

dependência brasileira aos produtos da NCM 54, sempre com níveis elevados de

importação nos anos analisados; e, a segunda refere-se à NCM 52, que no período

teve suas importações reduzidas abruptamente. O país, ao mesmo tempo em que

reduziu as importações dos produtos NCM 52, passou a exportá-los em níveis

elevados, fato que pode ser observado na análise das Figura 31 e Figura 30, p. 141.

FIGURA 31 – IMPORTAÇÕES POR TIPO DE PRODUTO

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Ainda com relação à NCM 52 (Algodão), pode-se observar, na Figura 32, p.

143, que a projeção das exportações e importações favoreceram uma mudança

significativa na balança comercial dos produtos contidos nesta classificação. Foi em

meados do ano 2001 que a balança comercial destes produtos começou a ficar

positiva. Desde então as exportações superam as importações, favorecendo tal

indicador. Em 2005, por exemplo, as exportações chegaram ao seu auge

concomitantemente com a redução das importações destes produtos, favorecendo

ainda mais a balança comercial.

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143

FIGURA 32 – EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES (NCM 52)

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Todos os dados referentes à exportação e à importação do setor têxtil e

derivados estão disponíveis no final deste documento, mais precisamente nos

Apêndice G e H, p. 244-245.

6.1.2 Setor Têxtil no Brasil (Divisão 17)

O setor têxtil do Brasil possui cerca de 10.700 estabelecimentos. Deste total,

aproximadamente 33% estão localizados no Estado de São Paulo. O Paraná

aparece entre os cincos Estados de maior representatividade no número de

estabelecimentos, com 704 indústrias. Os Estados mais expressivos, bem como as

suas respectivas representatividades podem ser observadas na Figura 33.

FIGURA 33 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

Quanto ao crescimento do número de estabelecimentos no período de 2001 a

2005, os dados apresentam o Estado de Santa Catarina com o melhor indicador,

com cerca de 20% de aumento no número de indústrias no período analisado. O Rio

Grande do Sul (quarto Estado de maior representatividade em 2005) aparece com

esse indicador negativo, ou seja, houve um decréscimo no número de indústrias do

Setor Têxtil nesse período. Os dados completos podem ser verificados no Apêndice

I, p. 246.

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144

Quanto ao censo do emprego no Setor Têxtil, São Paulo possui a hegemonia

neste quesito, com 37% dos vínculos ativos do setor (ver Figura 34). O Estado do

Ceará aparece como o quarto Estado mais representativo no número de empregos,

com 5% dos vínculos ativos do setor. Minas Gerais, apesar de possuir o segundo

maior número de estabelecimentos, não possui tal posição no número de empregos.

É de Santa Catarina a segunda maior geração de empregos do Setor Têxtil.

FIGURA 34 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

Entre os Estados mais representativos no número de empregos no setor têxtil,

merecem destaque o Estado de Minas Gerais, com crescimento de 10,84% no

período analisado (2001-2005), e o Estado de São Paulo, com 10,74% de aumento

no número de vínculos ativos. É importante destacar que São Paulo possui uma

base de empregos maior, com cerca de 100 mil postos de trabalho contra 50 mil

empregos em Minas Gerais, o que faz o seu percentual ser mais significativo.

Por outro lado, o Estado do Paraná regrediu no número de empregos entre

2001 a 2005, com uma redução dos vínculos ativos no período em 1,66%. Além

disso, pode-se verificar que essa redução vem sendo gradativa ao longo dos anos

analisados. A evolução dos empregos do Setor Têxtil de todos os Estados brasileiros

e o Distrito Federal podem ser observados no Apêndice J, p. 247.

6.1.3 Setor de Confecção no Brasil (Divisão 18)

No setor de confecção do Brasil, a posição do Estado de São Paulo não é

muito diferente do que foi apresentado até então. O número de estabelecimentos de

São Paulo representa, aproximadamente, 29% das indústrias do Setor de Confecção

do país. Os Estados de Minas Gerais e Santa Catarina também aparecem nas

mesmas posições e com representatividades semelhantes em comparação com o

Setor Têxtil (ver Figura 35, p. 145).

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145

FIGURA 35 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

Quando analisada a variação no número de estabelecimentos no período de

2001 a 2005, verifica-se que entre os Estados mais representativos, o Paraná é

aquele que mais se destaca, com aproximadamente 25,62% de aumento no período

analisado. Logo em seguida aparecem os Estados de Santa Catarina e São Paulo,

com cerca de 18% e 10% respectivamente. Os dados desses e dos demais Estados

da Federação estão disponíveis no Apêndice K, p. 248.

Os empregos do Setor de Confecção são muito mais representativos se

comparados com os do Setor Têxtil. Este fato pode ser explicado pela grande

quantidade de mão-de-obra necessária nas confecções brasileiras e ao constante

aumento no nível de automação do parque fabril têxtil nacional, como observados

nos estudos de Gorini e Siqueira, (2002).

No Estado de São Paulo estão localizados cerca de 27% dos vínculos ativos

do Setor de Confecção. O Paraná aparece na quarta colocação com,

aproximadamente, 11% dos empregos. Os cincos Estados mais significativos no

número de empregos do Setor de Confecção podem ser observados na Figura 36.

FIGURA 36 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

Entre os Estados mais representativos no número de empregos, o Paraná é

aquele que obteve o maior crescimento relativo ao período analisado, com cerca de

48% de aumento entre 2001 e 2005. Somente o Estado do Rio de Janeiro obteve um

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146

crescimento baixo. Os demais obtiveram aumentos significativos, como por exemplo,

São Paulo (22,59%), Santa Catarina (26,50%), e, Minas Gerais (31,25%). Estes

dados, como também, os dados dos demais Estados brasileiros, podem ser

verificados no Apêndice L, p. 249.

6.2 PANORAMA DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ

Nesta etapa do mapeamento, foram analisados os dados da RAIS

(MISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO) para o Paraná, com objetivo de verificar

o número de estabelecimentos, empregos e dados correlatos, bem como os dados

do sistema ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E

COMÉRCIO EXTERIOR), para obter informações sobre importação e exportação, e

a base de dados Lattes (CONSELHO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO

CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO), para identificar a estrutura de pesquisa no Estado.

6.2.1 Setor Têxtil e Confecção no Paraná (Divisões 17 e 18)

O número de estabelecimentos do Setor Têxtil e Confecção (divisões 17 e 18

da CNAE 1.0) no Estado do Paraná foi classificado segundo a Mesorregião

correspondente. Pode-se verificar, na Figura 37, que a Mesorregião Norte Central

detém a maior parte do número de indústrias do Setor Têxtil e Confecção do Estado

do Paraná, com cerca de 42% do total (dados de 2005). Em seguida, aparece a

Mesorregião Noroeste com, aproximadamente, 20% dos estabelecimentos. A

Mesorregião Metropolitana de Curitiba detém 13% das indústrias do setor.

FIGURA 37 – NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS NO ESTADO

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

A Figura 38, p. 147, traz o mapa dos estabelecimentos do Setor Têxtil e

Confecção do Estado do Paraná. É possível verificar no mapa que existe uma região

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147

com pouca participação no setor Têxtil e Confecção: as Mesorregiões Centro Sul,

Sudeste e Centro-Oriental. Por outro lado, as regiões norte e oeste do Estado

possuem uma concentração maior de estabelecimentos.

FIGURA 38 – MAPA DOS ESTABELECIMENTOS DO ESTADO

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

Nesse contexto, ao analisar a projeção do número de estabelecimentos no

período de 2001 a 2005 (ver Figura 37, p. 146), pode-se verificar que a Mesorregião

Metropolitana de Curitiba possui crescimento de certa forma linear, diferentemente

do que ocorre com as Mesorregiões Norte Central e Noroeste, que possuem curvas

de crescimento mais acentuadas. Esse comportamento no crescimento pode ser

observado, também, na Tabela 4, p. 148, com a análise da variação do período.

A Mesorregião Sudeste, por exemplo, obteve durante o período analisado

uma redução no número de estabelecimentos do Setor Têxtil e Confecção (ver

Tabela 4, p. 148). Nesse estágio do mapeamento não é possível a identificação do

setor (Setor Têxtil ou Confecção) realmente responsável por tal redução. Isto vai ser

possível quando for realizado o levantamento dos setores separadamente, conforme

citado no início deste capítulo.

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148

TABELA 4 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18)

Período Nº Mesorregiões 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 Norte Central 1.465 1.548 1.598 1.748 1.866 27,372 Noroeste 703 745 786 878 904 28,593 Metropolitana de Curitiba 537 555 582 604 582 8,384 Oeste 331 349 381 394 408 23,265 Sudoeste 195 196 203 203 217 11,286 Centro Ocidental 126 128 133 148 153 21,437 Norte Pioneiro 113 130 142 160 170 50,448 Centro Oriental 81 80 90 77 81 0,009 Sudeste 72 77 68 70 67 -6,9410 Centro-Sul 37 43 54 61 61 64,86Total 3.660 3.851 4.037 4.343 4.509 23,20Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

Os empregos do Setor Têxtil e Confecção e sua distribuição no Estado do

Paraná podem ser verificados na Figura 39. Percebe-se que na Mesorregião Norte

Central estão localizados cerca de 42% dos empregos do setor no Estado. A

Mesorregião Metropolitana de Curitiba, apesar de aparecer na terceira posição em

número de estabelecimentos (ver também Figura 37, p. 146), detém a quinta

posição em relação aos empregos gerados no setor, com aproximadamente 8% de

representatividade.

FIGURA 39 – REPRESENTATIVIDADE DO EMPREGO NO ESTADO

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

O mapa do emprego (Setor Têxtil e Confecção) do Estado do Paraná pode

ser observado na Figura 40, p. 149. Pode-se, novamente, observar regiões com

baixa contribuição no número de empregos no Setor Têxtil e Confecção:

Mesorregiões Sudeste, Centro-Sul e Centro-Oriental. Essas regiões são as mesmas

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149

verificadas anteriormente quanto ao número de estabelecimentos (ver Figura 38, p.

147).

FIGURA 40 – MAPA DO EMPREGO NO ESTADO

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

Na Tabela 5, p. 150, estão todos os dados referentes ao número de

empregos do setor Têxtil e Confecção. Os dados estão classificados por

mesorregião paranaense. Pode-se verificar que a Mesorregião Noroeste possui, no

período analisado, crescimento significativo no número de empregos no Setor Têxtil

e Confecção, com cerca de 63% de aumento.

Por outro lado, a Mesorregião Sudeste, devido à redução no número de

estabelecimentos do setor na região (ver também Tabela 4, p. 148), obteve uma

redução de vínculos ativos em 18,98%. Em 2001, a Mesorregião Metropolitana de

Curitiba possuía a terceira posição no Estado. Como seu crescimento não foi

expressivo, acabou sendo superada, a partir de 2004, pelo desenvolvimento do setor

nas Mesorregiões Oeste e Sudoeste.

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150

TABELA 5 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17 E 18)

Período Nº Mesorregiões 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 Norte Central 22.377 25.554 25.155 28.577 29.387 31,332 Noroeste 8.095 9.076 9.961 12.023 13.192 62,963 Metropolitana de Curitiba 4.941 5.369 5.575 5.703 5.468 10,674 Oeste 4.081 4.619 5.330 6.139 5.960 46,045 Sudoeste 3.890 4.452 4.805 5.741 5.618 44,426 Norte Pioneiro 3.526 3.849 3.999 4.339 4.556 29,217 Centro Ocidental 2.150 2.033 1.925 2.477 2.440 13,498 Centro Oriental 1.286 1.336 1.443 1.365 1.362 5,919 Centro-Sul 325 474 606 778 688 111,6910 Sudeste 274 219 299 284 222 -18,98Total 50.945 56.981 59.098 67.426 68.893 35,23Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

Com relação às exportações e importações realizadas pelo Paraná, pode-se

verificar na Figura 41 que a balança comercial do Setor Têxtil e Confecção do

Estado somente ficou positiva, nos últimos dez anos, em 2003, quando superou em,

aproximadamente, quatro milhões de dólares (U$ 66 milhões de produtos

exportados contra U$ 62 milhões em importação). Desde então essa diferença vem

aumentando gradativamente, sendo que em 2005 a balança comercial obteve como

resultado um superávit de, aproximadamente, U$ 49 milhões.

FIGURA 41 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO NO ESTADO

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Os dados sobre a balança comercial (saldo), bem como o período de déficit e

superávit podem ser verificados na Figura 42, p. 151. Nota-se que 1996, 1997 e

2002 foram os anos de pior desempenho do Setor Têxtil e Confecção no Estado do

Paraná. Os dados completos das importações e exportações do Paraná podem ser

observados no final deste documento, mais precisamente no Apêndice M, p. 250, e

no Apêndice N, p. 251.

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151

FIGURA 42 – BALANÇA COMERCIAL DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

A Figura 43 fornece um panorama mais detalhado das exportações por

família de produtos, ou seja, segundo a classificação da NCM – Nomenclatura

Comum do Mercosul. Essa classificação pode ser observada com mais detalhes no

Apêndice D, p. 241. Pode-se verificar que no Estado do Paraná as exportações dos

produtos contidos na NCM 50 (Seda) vem sendo reduzidas ao longo do período

analisado. Em 1996, as exportações dos produtos contidos na NCM 50

representavam cerca de 73% do total do Estado; em 2005 essa representatividade

caiu para 22%.

FIGURA 43 – EXPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Em outro sentido, as exportações referentes à NCM 56 (Pastas, feltros e

falsos tecidos; fios especiais; cordéis, cordas e cabos; e, artigos de cordoaria)

obtiveram um crescimento acentuado a partir de 2002, com fechamento em 2005

em, aproximadamente, U$ 48 milhões, representando mais de 50% das exportações

do Setor Têxtil e Confecção no Estado.

A Figura 44, p. 152, traz um comparativo entre a representatividade dos

últimos dez anos de exportações e as exportações de 2005. Pode-se verificar que os

produtos contidos na NCM 56 (Pastas; feltros e falsos tecidos; fios especiais;

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152

cordéis, cordas e cabos; e, artigos de cordoaria) representou, em 2005,

aproximadamente, 49% da matriz de exportação do Setor Têxtil e Confecção, ou

seja, quase a metade do que o país exporta no setor é representado por esses

produtos.

FIGURA 44 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Ainda na Figura 44, quando analisada a média do período de 1996 a 2005,

percebe-se que os produtos classificados na NCM 50 (Seda) são os mais

significativos na exportação, com cerca de 48% do faturamento.

No caso das importações, até o final dos anos 90 houve uma significativa

redução na comercialização dos produtos contidos na NCM 52 (Algodão) e na NCM

55 (Fibras sintéticas ou artificiais, descontínuas), conforme Figura 45, p. 153. Em

1996, as importações de produtos da NCM 52, por exemplo, representavam cerca

de 65% do total; em 2005 fechou em apenas 2,3% do montante. Por outro lado, a

partir de 1999 houve um crescimento considerável no volume de importações de

produtos contidos na NCM 54 (Filamentos sintéticos ou artificiais), atingindo o pico

em 2002, com U$ 63 milhões. De 2002 a 2005, as importações desses produtos

(NCM 54) vem sendo reduzidas substancialmente, chegando a U$ 13 milhões no

último ano analisado.

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153

FIGURA 45 – IMPORTAÇÃO POR TIPO DE PRODUTO

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

A média das importações nos últimos dez anos para todos os produtos da

matriz do Setor Têxtil e Confecção está exposta na Figura 46, bem como a

representatividade das importações do último ano analisado (2005). Pode-se

verificar que, no Brasil, a importação dos produtos contidos na NCM 54 é

significativa. Além disso, na média são importados cerca de 28% de produtos

derivados da NCM 52, porém eles foram reduzidos gradativamente durante os

últimos anos, sendo que a importação em 2005 representa, aproximadamente, 2%

do montante em dólares.

FIGURA 46 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Na seqüência do mapeamento estão os resultados da análise individual de

cada setor, ou seja, em primeiro lugar tem-se o estudo do Setor Têxtil no Paraná

(divisão 17). Em seguida, apresentam-se os resultados para o Setor de Confecção

(divisão 18). Pretende-se, com esta abordagem, obter mais detalhes sobre cada

setor, com a identificação das peculiaridades de cada divisão da CNAE 1.0.

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154

6.2.2 Setor Têxtil no Paraná (Divisão 17)

Quando analisado somente o Setor Têxtil, pode-se verificar, na Figura 47, que

a Mesorregião Norte Central continua com uma expressiva representação no

número de estabelecimentos do setor, com cerca de 34% do Estado. A Mesorregião

Metropolitana de Curitiba aparece como a segunda mais expressiva, com

aproximadamente 21% dos estabelecimentos industriais do setor. Porém, nos

últimos anos sua participação vem caindo.

FIGURA 47 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL NO PR

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

A Tabela 6 traz dados referentes ao número de estabelecimentos das

mesorregiões do Estado do Paraná. Pode-se verificar que, no período analisado

(2001 a 2005), a Mesorregião Norte Central obteve cerca de 28% de aumento no

número de estabelecimentos industriais do Setor Têxtil.

TABELA 6 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17)

Período Nº Mesorregiões 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 Norte Central 194 207 204 226 248 27,842 Metropolitana de Curitiba 137 138 164 157 145 5,843 Oeste 75 63 68 70 74 -1,334 Noroeste 55 51 51 57 67 21,825 Sudeste 46 51 45 42 45 -2,176 Norte Pioneiro 38 37 40 40 34 -10,537 Sudoeste 35 26 25 25 26 -25,718 Centro Ocidental 23 23 23 29 32 39,139 Centro Oriental 23 24 28 23 23 0,0010 Centro-Sul 5 9 9 8 10 100,00Total 631 629 657 677 704 11,57Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

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155

Ainda na Tabela 6, p. 154, percebe-se que a mesorregião Metropolitana de

Curitiba aparece com 145 empresas, em 2005, que correspondem a,

aproximadamente, 20% dos estabelecimentos do Estado, e um crescimento de

5,84% no período. Além disso, é possível observar que muitas mesorregiões

obtiveram redução no número de indústrias. A mesorregião Centro Oriental obteve

oscilações nesse período, mas continuou, ao final de 2005, com o mesmo número

de estabelecimentos industriais.

A Tabela 7 fornece um panorama mais detalhado sobre o número de

estabelecimentos da divisão 17 da CNAE 1.0 (Setor Têxtil), estratificado por grupos

que compõem a matriz de produtos dessa divisão. A divisão 17 é composta por 7

grupos e os dados da tabela são da competência de 2005. Pode-se verificar, na

Tabela 7, que o Grupo 176 da CNAE 1.0 (Fabricação de artefatos têxteis a partir de

tecidos, exclusive vestuário) é o mais representativo quanto ao número de

estabelecimentos, com 288 empresas nesse segmento, que representam cerca de

32% do total do setor. A região mais representativa no Grupo 176 é a Mesorregião

Norte Central, com 95 empresas. Outro segmento do Setor Têxtil relevante no

Estado é o Grupo 177 (Fabricação de tecidos e artigos de malha), com 167

estabelecimentos. A nomenclatura dos grupos da divisão 17 e 18 da CNAE 1.0 está

no Apêndice C, p. 240.

TABELA 7 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17

Estabelecimentos Classificados por Grupos

Mesorregiões

Gru

po 1

71

Gru

po 1

72

Gru

po 1

73

Gru

po 1

74

Gru

po 1

75

Gru

po 1

76

Gru

po 1

77

Total

Norte Central 11 26 9 41 39 95 27 248Metropolitana de Curitiba 1 7 4 17 16 57 43 145Oeste 1 3 1 10 6 33 20 74Noroeste 6 5 2 6 27 17 4 67Sudeste 0 0 0 0 0 4 41 45Norte Pioneiro 10 9 2 3 3 3 4 34Centro Ocidental 12 2 1 5 4 5 3 32Sudoeste 1 0 0 4 4 4 13 26Centro Oriental 0 2 1 2 2 7 9 23Centro-Sul 0 0 2 2 0 3 3 10Total 42 54 22 90 101 228 167 704Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).

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156

Quanto ao número de vínculos ativos, pode-se observar, na Figura 48, que a

Mesorregião Norte Central continua bem destacada, com 37% dos empregos do

setor no Estado. No entanto, convém destacar, também, a posição da Mesorregião

Norte Pioneiro, com 12% dos empregos do Setor Têxtil do Paraná, apesar de deter

somente 5% das indústrias do setor, ou seja, 34 empresas (ver também Tabela 6, p.

154).

FIGURA 48 – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL NO PR

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

A variação do número de empregos pode ser evidenciada na Tabela 8.

Observa-se que em muitas mesorregiões houve redução na mão-de-obra. Estas

reduções ocasionaram um impacto direto no resultado geral do Estado, ou seja, no

Paraná houve uma redução no número de empregos no Setor Têxtil em 1,66% (a

redução está exposta na última linha da tabela).

TABELA 8 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 17)

Período Nº Mesorregiões 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 Norte Central 5.128 5.250 4.588 5.155 4.850 -5,422 Metropolitana de Curitiba 2.267 2.292 2.353 2.391 2.396 5,693 Norte Pioneiro 1.868 1.802 2.010 1.808 1.577 -15,584 Oeste 1.090 1.113 1.148 1.203 1.001 -8,175 Centro Oriental 1.066 1.107 1.057 1.086 1.054 -1,136 Noroeste 715 629 655 764 972 35,947 Centro Ocidental 619 435 419 541 539 -12,928 Sudeste 189 148 171 176 128 -32,289 Sudoeste 148 232 310 311 326 120,2710 Centro-Sul 17 29 25 30 47 176,47Total 13.107 13.037 12.736 13.465 12.890 -1,66Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

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157

A Mesorregião Norte Central, com sua redução de 5,42%, foi uma das que

mais obtiveram redução no número de empregos, com a diminuição de 278 postos

de trabalho no período de 2001 a 2005 (ver Tabela 8, p. 156). Cabe ressaltar o fato

de que esta mesorregião obteve um crescimento de, aproximadamente, 28% no

número de estabelecimentos industriais (ver também Tabela 6, p. 154). Nesse

contexto, uma das causas que podem estar contribuindo com essa redução de

empregos é o advento da automação industrial, conforme abordado no trabalho de

Gorini e Siqueira (2002).

Na Tabela 9 pode-se verificar a distribuição dos empregos nos grupos que

compõem a Divisão 17 (Setor Têxtil). Como mencionado, anteriormente, a divisão 17

é composta por sete grupos e os dados da tabela são da competência de 2005.

TABELA 9 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 17

Empregos Classificados por Grupos

Mesorregiões

Gru

po 1

71

Gru

po 1

72

Gru

po 1

73

Gru

po 1

74

Gru

po 1

75

Gru

po 1

76

Gru

po 1

77

Total

Norte Central 204 1.846 129 803 615 929 324 4.850Metropolitana de Curitiba 8 212 346 594 224 653 359 2.396Norte Pioneiro 22 1.431 10 37 43 6 28 1.577Centro Oriental 0 549 1 327 5 106 66 1.054Oeste 2 451 1 116 20 252 159 1.001Noroeste 77 71 58 41 478 236 11 972Centro Ocidental 113 232 7 18 71 46 52 539Sudoeste 0 0 0 60 43 157 66 326Sudeste 0 0 0 0 0 7 121 128Centro-Sul 0 0 24 1 0 9 13 47Total 426 4.792 576 1.997 1.499 2.401 1.199 12.890Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).

Nota-se, na Tabela 9, que o Grupo 172 (Fiação), apesar de não ser tão

significativo no número de estabelecimentos (ver Tabela 7, p. 155), é o mais

representativo no quesito empregos, com 4.792 vínculos ativos em 2005 ou cerca de

37% do total do setor no Estado do Paraná. Outro grupo em situação semelhante é

o Grupo 174 (fabricação de artefatos têxteis incluindo tecelagem), com 90 indústrias

que empregam 1.997 pessoas. O Grupo 176 (Fabricação de artefatos têxteis a partir

de tecidos, exclusive vestuário), que aparece com o maior número de

estabelecimentos, emprega 2.401 indivíduos. Nos Apêndice O e P, p. 252-253,

contêm os dados completos do setor Têxtil no Paraná por município.

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158

A Figura 49 traz um panorama da faixa etária dos indivíduos que trabalham

no Setor Têxtil paranaense, tanto do período do 2001 a 2005, quanto a

representatividade do último ano analisado (2005). Pode-se verificar que os

indivíduos que estão na faixa dos 18 aos 24 anos representam, aproximadamente,

29% da mão-de-obra do setor; em seguida aparecem os indivíduos da faixa de 30

aos 39 anos, com cerca de 28%. Porém, no período analisado, estas duas faixas

etárias aparecem com leve declínio em número de indivíduos. Ao passo que, as

faixas etárias de 40 aos 49 e de 50 aos 64 anos aparecem com leve crescimento

nesse período. Este fato pode estar relacionado com a busca e a manutenção da

mão-de-obra experiente e, não somente, com a recomposição (rejuvenescimento)

dos recursos humanos. Além disso, a demografia mundial aponta para o

envelhecimento da população.

FIGURA 49 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 17)

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

Quanto a questão de gênero, a Figura 50, p. 159, traz o panorama do Setor

Têxtil no Estado do Paraná. Pode-se observar que, no período analisado, as

mulheres eram em maior número que os homens. Entretanto, no último ano do

período essa situação se inverteu. Além disso, é possível observar que a distribuição

de homens e mulheres por Mesorregião possui comportamento bastante variado.

Existem mesorregiões com predominância de mão-de-obra masculina, como por

exemplo, as mesorregiões Noroeste, Centro Oriental e Metropolitana de Curitiba. Por

outro lado, há mesorregiões com predominância de mão-de-obra feminina, tais como

as mesorregiões Oeste e Norte Pioneiro.

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159

FIGURA 50 – GÊNERO (DIVISÃO 17)

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

A Mesorregião Norte Central possui um certo equilíbrio na questão de gênero

da mão-de-obra, inclusive nas oscilações (dispensas e contratações) durante o

período analisado (ver Figura 51).

FIGURA 51 – GÊNERO NA MESORREGIÃO NORTE CENTRAL

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

Quanto ao grau de instrução, pode-se verificar, na Figura 52, p. 160, que os

indivíduos com 2º grau completo representam cerca de 30%, seguidos das pessoas

com 8ª série completa (20%), 2º grau incompleto (17%), e, 8ª série incompleta

(17%). Todos esses dados são referentes a 2005. Porém, quando observadas as

projeções de cada grau de instrução no período analisado, pode-se verificar que o

setor está procurando pessoas mais qualificadas ou exigindo da sua própria mão-de-

obra essa qualificação. Este fato pode ser evidenciado com as constantes reduções

no número de indivíduos com até 8ª série completa, e, por outro lado, o aumento

significativo no número pessoas com 2º grau completo e, menos expressivo, mas

com crescimento constante, na mão-de-obra de nível superior completo e

incompleto.

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160

FIGURA 52 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 17)

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

Na Figura 53 pode-se observar as projeções das importações e exportações

do Setor Têxtil do Estado do Paraná. Esse setor passou por um longo período com

resultados negativos na balança comercial. Somente em 2003 o Paraná conseguiu

exportar mais do que importar e, a partir desse ano, as exportações aumentaram

significativamente ao mesmo tempo em que as importações foram reduzidas.

Conseqüentemente, o resultado da balança comercial foi bastante expressivo no

último ano analisado, com um superávit de cerca de 57 milhões de dólares em 2005.

FIGURA 53 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE TÊXTIL

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Na Figura 54, p. 161, encontram-se as projeções das importações e

exportações dos produtos que compõem, na sua maioria, a divisão 17 da CNAE 1.0.

O período analisado corresponde os anos de 1996 a 2005. É importante ressaltar

que a base de dados ALICE não trabalha com a classificação CNAE. Portanto,

procurou-se identificar os grupos de produtos correspondentes a essa classificação

para poder-se realizar uma análise específica do Setor Têxtil, e outra do Setor de

Confecção.

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161

FIGURA 54 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 17)

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Pode-se observar, na Figura 54, que as importações dos produtos

correspondentes à NCM 52 (Algodão) foram reduzidas gradativamente ao longo do

período analisado. Em contrapartida, nos últimos anos desse período, os produtos

contidos na NCM 54 (Filamentos sintéticos ou artificiais) foram os mais importados

no Estado do Paraná, tendo seu pico (em dólares) em 2002. Por outro lado, as

exportações mais significativas no Paraná correspondem, respectivamente, aos

produtos da NCM 56 e 50 (ver Apêndice D, p. 241). A NCM 50 (Seda) possui uma

curva de tendência negativa, ou seja, está em processo de redução no período

analisado, ao passo que a NCM 56 (Pastas, feltros e falsos tecidos; fios especiais;

cordéis, cordas e cabos; e, artigos de cordoaria) está em ascensão.

A Figura 55, p. 162, fornece a representatividade das exportações

correspondentes ao Setor Têxtil do Estado do Paraná. Nela se encontram dois

gráficos: um referente à média de exportações do período analisado (1996 – 2005) e

classificado por grupos de produtos da NCM; e, outro correspondente ao último ano

analisado (2005). Na análise conjunta dos dois gráficos, pode-se observar uma certa

inversão nas proporções das exportações em duas categorias de produtos, a NCM

56 e a NCM 50. Em 2005, o Estado exportou mais produtos da NCM 56 (53%), cuja

média do período nos remete a 25% desses produtos. No sentido contrário, os

produtos da NCM 50 representaram, em 2005, 24% das exportações daquele ano, e

a média do período corresponde a 52%.

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162

FIGURA 55 – REPRESENTATIVIDADE DAS IMPORTAÇÕES DO PARANÁ

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Quanto às importações do Estado do Paraná, pode-se verificar, na Figura 56,

que o principal grupo de produtos importados são correspondentes à NCM 54 (33%

na média do período analisado e 43% no último ano). Os produtos da NCM 52 eram

bastante representativos, porém ao longo desse período o Estado do Paraná reduziu

as importações desses produtos e passou a exportá-los em maior volume.

FIGURA 56 – REPRESENTATIVIDADE DAS EXPORTAÇÕES DO PARANÁ

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

No Apêndice M, p. 250, e no Apêndice N, p. 251, estão localizados,

respectivamente, os dados referentes às exportações e importação do Paraná.

Todos esses dados se referem ao Setor Têxtil e Confecção e correspondem ao

período de 1996 a 2005.

6.2.3 Setor de Confecção no Paraná (Divisão 18)

No Setor de Confecção, a representatividade da Mesorregião Norte Central

fica ainda mais forte. Com cerca de 42% do número de estabelecimentos em 2005,

a região vem obtendo acréscimos gradativos ao longo do período analisado. Outra

região de destaque é a Mesorregião Noroeste, com aproximadamente 22% dos

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163

estabelecimentos do setor no Estado. Estes e os demais dados de todas as

mesorregiões podem ser visualizados na Figura 57.

FIGURA 57 – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

A Mesorregião Sudeste obteve redução no número de estabelecimentos do

Setor de Confecção no período analisado, com cerca de 15%. Além desta, a

Mesorregião Centro Oriental teve variação nominal nula no período, ou seja, obteve

aumentos e reduções no período, mas acabou ficando com o mesmo número de

empresas do início do período analisado. As demais obtiveram aumentos

significativos no número de indústrias de confecção (ver Tabela 10). Em todo o

Estado houve aumento de 25,62% no número de empresas desse setor.

TABELA 10 – ESTABELECIMENTOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18)

Período Nº Mesorregiões 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 Norte Central 1.271 1.341 1.394 1.522 1.618 27,302 Noroeste 648 694 735 821 837 29,173 Metropolitana de Curitiba 400 417 418 447 437 9,254 Oeste 256 286 313 324 334 30,475 Sudoeste 160 170 178 178 191 19,386 Centro Ocidental 103 105 110 119 121 17,487 Norte Pioneiro 75 93 102 120 136 81,338 Centro Oriental 58 56 62 54 58 0,009 Centro-Sul 32 34 45 53 51 59,3810 Sudeste 26 26 23 28 22 -15,38Total 3.029 3.222 3.380 3.666 3.805 25,62Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

Pode-se verificar, na Tabela 11, p. 164, nesta tabela, que o Grupo 181 é o

mais representativo quanto ao número de estabelecimentos do Setor de Confecção,

com 3.414 empresas que correspondem, aproximadamente, a 90% do total no

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164

Estado do Paraná. Outro dado que pode ser extraído desta tabela é referente ao

posicionamento de cada mesorregião em relação aos grupos da CNAE. A

Mesorregião Norte Central, por exemplo, se destaca das demais com 1.355

empresas no Grupo 181 e 263 no Grupo 182.

TABELA 11 – ESTABELECIMENTOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18

Estabelecimentos Classificados por Grupos Mesorregiões Grupo 181 Grupo 182

Total

Norte Central 1.355 263 1.618Noroeste 813 24 837Metropolitana de Curitiba 389 48 437Oeste 311 23 334Sudoeste 181 10 191Norte Pioneiro 126 10 136Centro Ocidental 112 9 121Centro Oriental 56 2 58Centro-Sul 49 2 51Sudeste 22 0 22Total 3.414 391 3.805Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).

Com relação aos vínculos ativos do Setor de Confecção, pode-se verificar, na

Figura 58, que as curvas das Mesorregiões Norte Central e Noroeste demonstram

um crescimento acentuado no número de empregos. A Mesorregião Norte Central

possui, aproximadamente, 45% dos empregos do Setor de Confecção.

FIGURA 58 – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO DO PR

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

Em todo o Paraná houve um crescimento de, aproximadamente, 48% no

número de empregos do Setor de Confecção (ver Tabela 12, p. 165). As

mesorregiões que mais contribuíram para esse resultado foram a Norte Central e a

Noroeste, ambas agregaram cerca de 12.000 pessoas nesse período.

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165

TABELA 12 – EMPREGOS POR MESORREGIÃO (DIVISÃO 18)

Período Nº Mesorregiões 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 Norte Central 17.249 20.304 20.567 23.422 24.537 42,252 Noroeste 7.380 8.447 9.306 11.259 12.220 65,583 Sudoeste 3.742 4.220 4.495 5.430 5.292 41,424 Oeste 2.991 3.506 4.182 4.936 4.959 65,805 Metropolitana de Curitiba 2.674 3.077 3.222 3.312 3.072 14,886 Norte Pioneiro 1.658 2.047 1.989 2.531 2.979 79,677 Centro Ocidental 1.531 1.598 1.506 1.936 1.901 24,178 Centro-Sul 308 445 581 748 641 108,129 Centro Oriental 220 229 386 279 308 40,0010 Sudeste 85 71 128 108 94 10,59Total 37.838 43.944 46.362 53.961 56.003 48,01Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

O presente estudo engloba, também, um levantamento sobre os grupos que

compõem a divisão 18 da CNAE 1.0 (Setor de Confecção) na questão do emprego.

Os dados completos podem ser observados na Tabela 13. Pode-se notar que a

maior parte dos vínculos ativos do Setor de Confecção no Estado do Paraná está

concentrado no Grupo 181 (Confecção de artigos do vestuário), com 49.241

empregos, que representam, aproximadamente, 88% do total. Desses empregos do

Grupo 181, a Mesorregião Norte Central detém 19.786 vínculos ativos e a

Mesorregião Noroeste possui 11.693 empregos neste setor. Nos Apêndice Q e R, p.

254-255, estão os dados completos do setor de Confecção do Estado por município.

TABELA 13 – EMPREGOS POR GRUPOS DA DIVISÃO 18

Empregos Classificados por Grupos Mesorregiões Grupo 181 Grupo 182

Total

Norte Central 19.786 4.751 24.537Noroeste 11.693 527 12.220Sudoeste 5.191 101 5.292Oeste 4.657 302 4.959Metropolitana de Curitiba 2.177 895 3.072Norte Pioneiro 2.897 82 2.979Centro Ocidental 1.834 67 1.901Centro-Sul 640 1 641Centro Oriental 272 36 308Sudeste 94 0 94Total 49.241 6.762 56.003Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).

Quanto à divisão etária da mão-de-obra do Setor de Confecção, pode-se

verificar, na Figura 59, p. 166, que o setor possui curvas de tendências crescentes

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166

em todas as faixas de idade. Destaque maior pode ser dado à faixa que vai dos 18

aos 24 anos, com cerca de 33% dos vínculos ativos em 2005. É importante

destacar, também, que a faixa que vai de 50 aos 64 anos de idade também possui

crescimento e representa 5% do total dos empregos do Setor de Confecção.

FIGURA 59 – FAIXA ETÁRIA (DIVISÃO 18)

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

A distribuição por gênero dos empregos do Setor de Confecção está exposta

na Figura 60. Pode-se perceber que as mulheres detêm a maioria dos empregos.

Além disso, no período analisado, os empregos relativos às mulheres formam uma

curva mais significativa em termos de crescimento.

FIGURA 60 – GÊNERO (DIVISÃO 18)

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

A Figura 60 fornece, também, o panorama dos empregos e gênero, em 2005,

sob o ponto de vista das mesorregiões do Estado do Paraná. Pode-se verificar que

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167

em todas as mesorregiões há predominância do gênero feminino. Fato este que

corrobora com as tendências apresentadas por Bloom (2001) e Mulgan (2001).

A Figura 61 fornece um panorama do grau de instrução da mão-de-obra do

Setor de Confecção do Estado do Paraná. Destaque deve ser dado para a

representatividade dos indivíduos com 2º grau completo, cujo percentual relativo

chega a, aproximadamente, 33%, e cuja curva de crescimento resultou, em cinco

anos, na ascensão da quarta colocação em termos de representatividade para a

mais significativa do setor. Este fato vai ao encontro às previsões da OCDE, no qual

afirma que as empresas buscarão incentivar e capacitar seus colaboradores

(ORGANISATION...,2001b).

FIGURA 61 – GRAU DE INSTRUÇÃO (DIVISÃO 18)

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., 2006).

As projeções das importações e exportações referentes ao Setor de

Confecção podem ser visualizadas na Figura 62. Pode-se observar que somente em

um único ano do período analisado o Estado do Paraná exportou mais do que

importou. Foi em 2003, quando as exportações superaram as importações em cerca

de três milhões de dólares. Nos demais anos, as importações foram muito mais

significativas, o que afetou a balança comercial do setor.

FIGURA 62 – IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DO SETOR DE CONFECÇÃO

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

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168

Os gráficos da Figura 63 fornecem a visão das importações e exportações do

Setor de Confecção do Paraná. Os produtos são classificados segundo a NCM e

foram identificados aqueles grupos que se aproximassem da classificação da CNAE.

Pode-se observar que os produtos classificados na NCM 62 (Vestuário e seus

acessórios, exceto de malha) representam o maior volume em dólares de

importação no Paraná. No caso das exportações, os produtos da NCM 6339 eram os

mais exportados até 2002, quando acabaram sendo superados pelos produtos da

NCM 61 (Vestuário e seus acessórios, de malha), que tiveram pico significativo em

2003.

FIGURA 63 – IMPORTAÇÕES E EXPORTAÇÕES (DIVISÃO 18)

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

Na Figura 64, p. 169, estão expostas as representatividades das exportações

e importações do Estado do Paraná. Os gráficos foram desenvolvidos segundo a

média do período analisado (1996 – 2005) e de acordo com o resultado do último

ano da referida análise (2005). Nota-se que, nas importações, a proporção relativa à

média do período é bastante semelhante ao resultado do último ano da análise. No

caso das exportações, houve uma redução na representatividade dos produtos da

NCM 61 e aumento da NCM 62.

39 Como na NCM 63 está contido o setor de calçados, sua representatividade deve ser ......desconsiderada, visto que este é um setor bastante expressivo no Brasil e que pode distorcer os ......dados do Setor Têxtil e Confecção.

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169

FIGURA 64 – REPRESENTAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES E IMPORTAÇÕES

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

A seguir encontra-se o levantamento dos especialistas relacionados ao Setor

Têxtil e Confecção, os grupos de Pesquisa do Estado que possuem produção nesta

área, e, as Instituições de Pesquisa e Desenvolvimento.

6.3 PESQUISA NO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO NO PARANÁ

Para mapear os especialistas e os grupos de pesquisa nas áreas têxtil e

confecção do Estado do Paraná foi realizada uma investigação na base de dados da

Plataforma Lattes (CNPq), por meio da utilização dos recursos de pesquisa do Portal

Inovação. O Portal é um instrumento do MINISTÉRIO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

– MCT, cuja realização foi efetivada por meio da parceria entre o CENTRO DE

GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS – CGEE e o INSTITUTO STELA.

A investigação foi realizada pelo método da pesquisa boleana, por meio da

utilização de palavras-chave referentes ao setor têxtil e setor de confecção. Existe

uma dificuldade em analisar os dados oriundos desse tipo de pesquisa, pois são

capturados todos os currículos e grupos de pesquisa do Lattes que contenham a

palavra-chave pesquisada. Portanto, muitos currículos podem não fornecer ou não

condizer com a expectativa ou objeto de pesquisa em questão, como por exemplo,

currículos que possuem as palavras-chave pesquisadas, independentemente do

grau de relacionamento com o tema, ou mesmo pelo duplo significado que as

palavras possam ter, como a palavra “moda” que pode significar moda no sentido de

se vestir e moda como parâmetro estatístico.

Para evitar tais problemas, foi adotada uma estratégia de pesquisa que

fornecesse somente currículos de especialistas e grupos de pesquisa que tivessem

trabalhos na área, ou na pior das hipóteses, dados consolidados com uma margem

de erro reduzida. Portanto, primeiramente foram pesquisadas as seguintes palavras-

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170

chave: (i) vestuário; (ii) têxtil; (iii) confecção; e, (iv) moda. Em seguida, foram

realizados cruzamentos para amenizar tal deficiência do sistema. A estratégia de

pesquisa adotada pode ser observada conforme a representação da Figura 65. A

área hachurada indica os especialistas e grupos de pesquisa que têm mais

probabilidade de produzirem pesquisas e conhecimento na área têxtil e confecção.

FIGURA 65 – ESTRATÉGIA DE PESQUISA UTILIZADA NA BASE LATTES

Fonte: O autor.

Nos próximos tópicos serão apresentados os dados referentes aos

especialistas e grupos de pesquisa identificados no Paraná, resultado do

cruzamento adotado na estratégia de investigação, conforme Figura 65.

6.3.1 Especialistas

Os especialistas foram elencados conforme sua localização geográfica. Os

dados completos referentes ao Estado do Paraná podem ser observados na Tabela

14, p. 171,. De acordo com os dados desta tabela, o município de Londrina aparece

em destaque com 18 especialistas ou 25,71% dos pesquisadores com trabalhos na

área têxtil e confecção do Estado do Paraná. Em seguida aparecem as cidades de

Curitiba e Maringá, com quatorze especialistas cada uma, que representam em cada

cidade 20% dos pesquisadores do Estado. Nesses três municípios citados

anteriormente estão localizados aproximadamente 66% dos especialistas na área

têxtil e confecção do Estado do Paraná. Os demais pesquisadores estão distribuídos

V = Vestuário T = Têxtil C = Confecção M = Moda

Legenda

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171

em doze municípios do Estado. Ainda foram identificados três especialistas que não

se encaixaram no perfil pesquisado.

TABELA 14 – LOCALIZAÇÃO DOS ESPECIALISTAS Município Especialistas (E) Representatividade (R)Londrina 18 25,71%Curitiba 14 20,00%Maringá 14 20,00%Ponta Grossa 5 7,14%Dois Vizinhos 3 4,29%Toledo 3 4,29%Cianorte 2 2,86%Outros Municípios com apenas 1 especialista 8 11,42%Não Fornecido / Não se aplica 3 4,29%Total no Estado do Paraná 70 100,00%Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).

Porém, em termos regionais, foram agrupados os resultados individuais de

cada município em suas respectivas mesorregiões. A mesorregião Norte Central se

destaca, com aproximadamente 48% dos especialistas que possuem trabalhos na

área têxtil e confecção ou 34 pesquisadores. Em seguida aparece a mesorregião

Metropolitana de Curitiba, com quatorze pesquisadores que representam 20% dos

especialistas do Paraná.

Tem-se, na Figura 66, p. 172, o mapa do Estado do Paraná com a distribuição

dos especialistas conforme a sua mesorregião. Percebe-se que a estratégia de

pesquisa adotada não identificou nenhum especialista nas mesorregiões Norte

Pioneiro e Centro-Sul. Além disso, as mesorregiões Sudeste e Centro Ocidental

aparecem com apenas um e dois pesquisadores, respectivamente, demonstrando

que há uma certa concentração de especialistas em determinadas regiões do

Estado, como por exemplo, nas mesorregiões Norte Central e Metropolitana de

Curitiba. Como registro, é importante salientar que não foi possível identificar a

localização de três pesquisadores.

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172

FIGURA 66 – MAPA DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ

Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).

Quanto à formação dos especialistas identificados na pesquisa, pode-se

verificar, na Tabela 15, que dos 70 pesquisadores, aproximadamente 34% possuem

a titulação de doutor. Em nível de mestrado, há 25 especialistas que representam

35,71%. Entretanto, houve um caso onde não foi possível identificar a titulação do

especialista.

TABELA 15 – TITULAÇÃO DOS ESPECIALISTAS NO PARANÁ Titulação Máxima Especialistas RepresentatividadeDoutores 24 34,29%Mestres 25 35,71%Especialistas 14 20,00%Graduados 6 8,57%Não Fornecido / Não se aplica 1 1,43%Total no Estado do Paraná 70 100,00%Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).

A Tabela 16, p. 173, traz os dados da formação dos especialistas

classificados conforme a localização geográfica do pesquisador. Pode-se verificar

que a mesorregião Norte Central possui, pelo menos em termos de título,

qualificação bastante superior às demais regiões do Estado do Paraná. Dos 34

especialistas que trabalham na região, doze são doutores, quinze são mestres e seis

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173

são especialistas. Além disso, o especialista o qual não foi possível identificar a

titulação pertence à mesorregião Norte Central.

TABELA 16 – DISTRIBUIÇÃO REGIONAL POR TITULAÇÃO Formação Mesorregião DR MSC ESP GR NF/NA Total

Norte Central 12 15 6 0 1 34Metropolitana de Curitiba 6 4 2 2 0 14Centro-Oriental 4 0 1 0 0 5Sudoeste 0 1 2 2 0 5Noroeste 0 1 1 1 0 3Oeste 1 1 1 0 0 3Centro-Ocidental 0 1 1 0 0 2Sudeste 1 0 0 0 0 1Centro-Sul 0 0 0 0 0 0Norte Pioneiro 0 0 0 0 0 0NF/NA - - - - - 3Total no Estado do Paraná 24 23 14 5 1 70Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006). Legenda: DR: Doutores; MSC: Mestres; ESP: Especialistas; GR: Graduados; NF: Não Fornece.

6.3.2 Grupos de Pesquisa

Os grupos de pesquisa que possuem trabalhos na área têxtil estão

localizados em apenas quatro municípios, como pode ser observado na Tabela 17.

Em todo o Estado há 17 grupos que foram identificados pelo cruzamento realizado

por meio da estratégia de pesquisa. A cidade de Ponta Grossa possui a maior

representatividade, com oito grupos de pesquisa, o que corresponde,

aproximadamente, 47% do total. Os municípios de Curitiba e Maringá aparecem logo

em seguida, com quatro e três grupos, respectivamente.

TABELA 17 – GRUPOS DE PESQUISA Município Grupos de Pesquisa RepresentatividadePonta Grossa 8 47,06%Curitiba 4 23,53%Maringá 3 17,65%Londrina 2 11,76%Total no Estado do Paraná 17 100,00%Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).

Quando classificados os grupos de pesquisa por região do Paraná, pode-se

perceber, na Tabela 18, p. 174, que a mesorregião Centro-Oriental se destaca das

demais com oito grupos ou 47,06% da representatividade no Estado. Este fato é

devido à contribuição do município de Ponta Grossa. Por outro lado, existem sete

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174

mesorregiões que não possuem grupos de pesquisa. São elas: Centro-Ocidental,

Centro sul, Noroeste, Norte Pioneiro, Oeste, Sudeste e Sudoeste.

TABELA 18 – GRUPOS DE PESQUISA POR MESORREGIÃO Mesorregião Grupos de Pesquisa RepresentatividadeCentro-Oriental 8 47,06%Norte Central 5 29,41%Metropolitana de Curitiba 4 23,53%Centro-Ocidental 0 0,00%Centro-Sul 0 0,00%Noroeste 0 0,00%Norte Pioneiro 0 0,00%Oeste 0 0,00%Sudeste 0 0,00%Sudoeste 0 0,00%Total no Estado do Paraná 17 100,00%Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).

A mesorregião Norte Central, que vinha se destacando até então nos

indicadores deste estudo, principalmente no número de empresas, empregos e

especialistas, aparece, neste quesito, com apenas cinco grupos de pesquisa ou

aproximadamente 30% do total dos grupos do Estado do Paraná. Em seguida

aparece a mesorregião Metropolitana de Curitiba, com quatro grupos de pesquisa.

Em todo o Estado foram identificados 17 grupos de pesquisa que possuem trabalhos

na área Têxtil e Confecção (ver Tabela 18).

A Tabela 19 traz as áreas nos quais os grupos de pesquisa atuam. Pode-se

verificar que há oito grupos de pesquisa que pertencem à área de engenharia de

produção (sete no município de Ponta Grossa – UTFPR e um na cidade de Maringá

– UEM). A área de engenharia de produção corresponde a 47,06% dos grupos de

pesquisa no Estado. Os demais grupos são das áreas de administração, desenho

industrial, economia, antropologia e comunicação.

TABELA 19 – ÁREAS DE ATUAÇÃO DOS GRUPOS DE PESQUISA Área de P&D Grupos de Pesquisa RepresentatividadeEngenharia de Produção 8 47,06%Administração 3 17,65%Desenho Industrial 2 11,76%Economia 2 11,76%Antropologia 1 5,88%Comunicação 1 5,88%Total no Estado do Paraná 17 100,00%Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).

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175

6.3.3 Instituições de Pesquisa

Na Tabela 20 estão elencadas as instituições as quais os grupos de pesquisa

estão filiados. Destaque deve ser dado para a Universidade Tecnológica Federal do

Paraná – UTFPR, com oito grupos no Estado do Paraná. A Universidade Estadual

de Maringá – UEM e a Universidade Estadual de Londrina – UEL aparecem com três

e dois grupos de pesquisa, respectivamente. Dentre as universidades que possuem

grupos de pesquisa, duas delas são organizações de responsabilidade do Governo

Federal (UTFPR e UFPR), três são instituições do Governo do Estado (UEM, UEL e

UEPG), e duas são particulares (PUC-PR e UTP).

TABELA 20 – INSTITUIÇÕES DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO (IPD) IPD Grupos de Pesquisa RepresentatividadeUTFPR 8 47,06%UEM 3 17,65%UEL 2 11,76%PUC-PR 1 5,88%UEPG 1 5,88%UFPR 1 5,88%UTP 1 5,88%Total no Estado do Paraná 17 100,00%Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).

Devido às instituições de ensino e pesquisa possuírem diversas sedes no

Estado, foi realizado um cruzamento dos grupos de pesquisa em relação à sua

localização, conforme dados da Tabela 21. Percebe-se que há somente uma

instituição que possui grupos de pesquisa em mais de uma sede, a UTFPR, com

sete grupos em Ponta Grossa (engenharia de produção) e um em Curitiba

(antropologia).

TABELA 21 – LOCALIZAÇÃO DAS INSTITUIÇÕES DE P&D IPD Município Grupos de Pesquisa RepresentatividadeUTFPR Ponta Grossa 7 41,18%UEM Maringá 3 17,65%UEL Londrina 2 11,76%PUC-PR Curitiba 1 5,88%UEPG Ponta Grossa 1 5,88%UFPR Curitiba 1 5,88%UTFPR Curitiba 1 5,88%UTP Curitiba 1 5,88%Total no Estado do Paraná 17 100,00%Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).

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176

A Figura 67 apresenta um mapa da distribuição dos grupos de pesquisa e das

instituições as quais eles estão filiados. A mesorregião Centro-Oriental, mais

precisamente a cidade de Ponta Grossa, possui a Universidade Tecnológica Federal

do Paraná (UTFPR), com sete grupos de pesquisa, e a Universidade Estadual de

Ponta Grossa (UEPG), com um grupo. A mesorregião Metropolitana de Curitiba é

onde os grupos estão mais dispersos, ou seja, apenas um grupo em cada instituição

– Universidade Federal do Paraná (UFPR), Universidade Tecnológica Federal do

Paraná (UTFPR), Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e

Universidade Tuiuti do Paraná (UTP).

FIGURA 67 – MAPA DOS GRUPOS DE PESQUISA NO PARANÁ

Fonte: O autor a partir de dados da Plataforma Lattes (MINISTÉRIO DE CIÊNCIA..., 2006).

Outro dado importante se refere a distribuição da pesquisa e da competência

técnica do Setor Têxtil e Confecção no Estado do Paraná. Nesse sentido, existe uma

rota que vai desde a mesorregião Metropolitana de Curitiba, passa pela Centro-

Oriental e termina na mesorregião Norte-Central. Nessa “Rota Tecnológica” ou

“Corredor da Pesquisa Têxtil e Confecção” estão todos os grupos de pesquisas que

possuem trabalhos na área, com aproximadamente 75% dos especialistas do Estado

do Paraná. Este fato pode ser observado na Figura 67.

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177

6.4 O “ARCO” TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE

O Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná está, de certa forma,

concentrado nas seguintes mesorregiões: (i) Norte-Central; (ii) Noroeste; (iii) Oeste;

e, (iv) Sudoeste. Essas mesorregiões possuem os indicadores mais expressivos do

Estado, com aproximadamente 75% dos estabelecimentos e empregos do setor,

como pode ser observado na Figura 68.

FIGURA 68 – ARCO TÊXTIL E CONFECÇÃO PARANAENSE

Fonte: O autor.

O Corredor Têxtil e Confecção demonstra que as instituições de ensino e

pesquisa relacionadas ao setor não coincidem com as regiões de concentração de

indústrias do Estado do Paraná (Arco Têxtil e Confecção). No entanto, a única área

em comum entre o Corredor e o Arco Têxtil e Confecção é a Mesorregião Norte

Central, justamente aquela que mais se destaca no Estado, com cerca de 43% dos

empregos e indústrias do setor. Este fato corrobora com a teoria de desenvolvimento

regional de Boisier (1996), a qual afirma que a promoção do desenvolvimento

regional organizado se faz, também, pela interação das instituições e dos atores

envolvidos no processo.

≈ 75% 1

2

3

1) Norte-Central2) Noroeste 3) Oeste 4) Sudoeste

Legenda

4

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178

Além disso, é na região do “Arco Têxtil e Confecção” que estão localizados os

seguintes Arranjos Produtivos Locais – APLs: (i) APL de confecção de Cianorte; (ii)

APL de confecção de Maringá; (iii) APL de confecção de Londrina (mais

embrionário); (iv) APL de bonés de Apucarana; (v) APL de moda bebê de Terra

Roxa; (vi) APL de moda social masculina da região Sudeste. Outro APL importante

do Estado que, porém, não está localizado nas mesorregiões descritas

anteriormente, é o APL de malhas de Imbituva (mesorregião Sudeste).

Percebe-se, também, que o “Arco Têxtil e Confecção” encontra-se localizado

em uma área de intensa concentração industrial, segundo os estudos de Domingues

e Ruiz (2006). Este fato pode ser resgatado no capítulo dois, mais precisamente na

ilustração do mapa do Brasil exposto na Figura 2, p. 27.

Na seqüência deste capítulo, encontra-se o estudo realizado pelo método

Matriz de Impactos Cruzados e Multiplicação Aplicada a uma Classificação –

MICMAC©, o qual propõe-se a identificar as variáveis-chave para o Setor Têxtil e

Confecção do Estado do Paraná. Mais informações sobre os procedimentos

metodológicos desta etapa podem ser resgatadas no capítulo cinco (Aspectos

Metodológicos), mais precisamente no tópico 5.3.3, p. 132.

6.5 O MÉTODO MICMAC©: ANÁLISES E DISCUSSÕES

Em fevereiro de 2007, no município de Maringá, foi realizada a dinâmica para

a obtenção dos dados de entrada para o método MICMAC©. O Quadro 4, p. 179,

traz a Matriz de Influência Direta – MID, a qual foi desenvolvida com o apoio do

grupo de especialistas40. Nesse quadro estão todas as dezesseis variáveis que

foram colocadas “em jogo” com as respectivas ponderações utilizadas no processo

de interação entre as variáveis.

40 Perfil dos especialistas: gestores, pesquisadores, empresários do Estado do Paraná que podem ....contribuir com o Setor Têxtil e Confecção.

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179

QUADRO 4 – MATRIZ DE INFLUÊNCIA DIRETA (MID)

1 : Soc2 : EcoPolCEx3 : DinM

erc4 : PolPub5 : TecNovM

at6 : M

eioAm

bi7 : CoopCadPro8 : InvFin9 : Em

p10 : EduCap11 : P&D&I12 : PropInd13 : CultEm

p14 : M

ktPTend15 : Des16 : ProdQ

ualPr

1 : Soc2 : EcoPolCEx3 : DinMerc4 : PolPub5 : TecNovMat6 : MeioAmbi7 : CoopCadPro8 : InvFin9 : Emp10 : EduCap11 : P&D&I12 : PropInd13 : CultEmp14 : MktPTend15 : Des16 : ProdQualPr

0 2 3 3 2 3 2 1 3 1 1 0 1 2 2 23 0 3 2 3 1 2 1 3 1 1 1 1 1 1 22 2 0 2 3 1 2 1 3 1 1 1 2 2 2 32 2 3 0 1 1 2 2 3 2 1 1 1 1 0 12 2 2 1 0 2 1 2 3 3 3 2 2 2 2 32 2 1 2 2 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11 2 2 2 2 2 0 2 2 2 2 1 2 2 1 32 2 2 1 3 2 2 0 3 2 2 1 1 1 1 33 2 2 2 1 1 2 2 0 3 1 1 2 2 1 33 2 2 3 3 3 2 2 3 0 3 2 3 2 2 32 2 2 1 3 2 1 2 3 3 0 3 2 2 3 31 2 2 1 2 1 1 1 1 2 2 0 1 2 2 22 2 2 2 2 2 3 2 2 3 2 2 0 2 2 32 2 2 1 2 1 1 2 2 2 3 2 1 0 2 21 1 2 1 3 2 1 1 2 2 3 3 2 3 0 32 2 2 2 3 2 2 2 3 3 3 2 2 3 3 0

© LIPSO

R-EPITA-M

ICM

AC

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

A matriz MID permite colocar as variáveis em um plano de influência e

dependência para posicioná-las segundo o grau de motricidade que elas exercem no

sistema41 investigado. O referido plano pode ser observado na Figura 69.

41 O sistema tratado nesta pesquisa refere-se às dezesseis variáveis colocadas “em jogo” no método ....MICMAC, as quais possuem relação com o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná.

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180

FIGURA 69 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

Na seqüência encontra-se a análise do plano de influência e dependência

extraído do software MICMAC©, com a explicação do posicionamento das variáveis e

suas interpretações.

6.6 A LEITURA DO PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA

A primeira análise que se pode fazer com base neste plano deve ser realizada

por meio da classificação dos quadrantes segundo o grau de influência e

dependência entre as variáveis. Desta forma, podem ser desenvolvidas leituras mais

detalhadas dos grupos de variáveis que possuem comportamentos semelhantes no

sistema. A classificação proposta pode ser verificada no plano da Figura 70, p. 181.

Com a determinação da classificação, a primeira etapa é eliminar as variáveis

pouco importantes para o sistema. Neste ponto, em especial, é importante uma

ressalva: o método MICMAC© busca priorizar as variáveis, portanto, o fato de excluir

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181

algumas variáveis não significa que elas não sejam importantes para o sistema. No

momento que essas variáveis são colocadas “em jogo”, parte-se da premissa de que

todas elas são significativas para o setor Têxtil e Confecção, porém o método ajuda

a identificar as variáveis-chave, que serão primeiro trabalhadas.

FIGURA 70 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

Nesse sentido, o método MICMAC© apontou três variáveis a serem excluídas

do sistema, localizadas no quadrante 4, a saber: (i) meio-ambiente; (ii) políticas

públicas; e, (iii) propriedade industrial. Do ponto de vista estratégico e considerando

a dinâmica empresarial, pode-se observar certa pertinência na exclusão destas

variáveis. As empresas não têm domínio sobre as “políticas públicas” e sobre o

“meio ambiente”. Essas variáveis dependem mais do coletivo do que de uma ação

isolada. Parte-se da premissa de que os esforços devem ser canalizados para as

variáveis as quais as empresas têm maior domínio.

Variáveis de Entrada

Variáveis de Interdependência

Variáveis de Resultado

Variáveis Excluídas

Variáveis de Pelotão

1 2

34

5

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182

Para priorização pode-se excluir a variável meio ambiente, apesar de a

mesma ter sido apontada como uma tendência forte para o futuro em diversos

estudos prospectivos (ORGANISATION..., 1999; INSTITUTO SUPERIOR..., 2005;

INSTITUTO TECNOLÓGICO, 2004c; THE EUROPEAN..., 2006; ROOSEN, 2006).

Este fato faz desta uma variável que precisa ser revista em um futuro próximo.

O posicionamento da variável “políticas públicas” no quadrante de exclusão

(quadrante 4 da Figura 70, p. 181) pode ser explicado pela descrença dos

empresários e gestores com relação à efetividade dessas políticas no Brasil. Uma

possível reflexão que se pode extrair deste fato é a de que as empresas do setor

Têxtil e Confecção não podem esperar que políticas dessa natureza resolvam ou

revertam a atual conjuntura42 na qual se encontra o setor no Brasil. No Painel de

Especialistas percebeu-se a existência de um certo consenso de que é preciso

desenvolver ações de dentro para fora do setor, e não ficar esperando que políticas

públicas resolvam a atual crise. Depende mais da postura de cada ator e do seu

poder de articulação do que de decisões vindas de cima.

Com relação à variável “propriedade industrial”, ela foi descartada porque

ainda não existe um sistema efetivo de pesquisa e desenvolvimento no Setor Têxtil e

Confecção no Estado do Paraná, cujo resultado gere inovações passíveis de

proteção do direito da propriedade industrial, o que de fato torna impertinente essa

variável no momento.

Após a exclusão das variáveis descritas anteriormente, para efeito de análise

são colocadas em espera um grupo de variáveis que possuem uma posição um

pouco ambígua no sistema, localizadas no quadrante 5 da Figura 70, p. 181. A

leitura dessas variáveis requer um pouco mais de análise, principalmente quando

identificados os comportamentos indiretos de cada uma no sistema. Essas variáveis

são denominadas de “variáveis de pelotão”, e podem ser assim enumeradas: (i)

investimento e financiamento; (ii) design; (iii) cooperação e organização da cadeia

produtiva; (iv) marketing, prospecção e tendências; (v) economia, política e comércio

mundial; e, (vi) sociedade.

42 Muitos pesquisadores e empresários afirmam que o setor têxtil e de confecção estão passando por ....dificuldades devido à concorrência asiática. Existe uma defasagem tecnológica muito grande, o que ....gera uma redução na capacidade competitiva das empresas paranaenses.

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183

Na seqüência, as “variáveis de entrada” são aquelas que possuem um

comportamento muito influente e pouco dependente no sistema (ver quadrante 1 da

Figura 70, p. 181). São variáveis que influenciam muito as demais, principalmente,

aquelas variáveis localizadas no quadrante de resultado. Além disso, as variáveis de

entrada não são muito influenciadas pelas demais variáveis do sistema. No jogo de

influência, essas variáveis possuem comportamento menos dependente do que as

demais. As variáveis que foram posicionadas no quadrante 1 e que assumem tais

características são: (i) cultura empresarial; e, (ii) pesquisa, desenvolvimento e

inovação (P&D&I).

Dentre as duas variáveis que compõem o quadrante 1 (Figura 70, p. 181), a

“cultura empresarial” é menos dependente do sistema do que a variável “P&D&I”.

Porém, ambas são variáveis mais independentes, explicativas e que condicionam o

resto do sistema. Por exemplo, qualquer ação que for desenvolvida no âmbito da

cultura empresarial pode influenciar ou desencadear outras ações ou conseqüências

nas demais variáveis do sistema, tanto positivas quanto negativamente. A mesma

análise pode ser estendida para a variável P&D&I. Por exemplo, se for preciso

desenvolver melhorias nas variáveis “tecnologia e novos materiais” e “produção,

qualidade e produtividade”, será necessário, também, desenvolver ações em P&D&I.

Mais adiante serão analisadas graficamente as relações diretas e indiretas entre

variáveis, com seus respectivos graus de ponderação, o que facilitará a leitura e a

identificação de como elas se relacionam.

Seguindo a análise do plano de influência e dependência, no quadrante 2 da

Figura 70, p. 181, também denominado como quadrante das variáveis de

interdependência ou “de ligação”, estão localizadas as variáveis que são,

concomitantemente, muito influentes e muito dependentes do sistema, por isso

possuem comportamentos instáveis. Assim, qualquer ação sobre elas terá

repercussão sobre as demais variáveis do sistema e um efeito regresso para elas

mesmas. Elas são chamadas, também, de variáveis “de ligação” porque, em muitos

casos, é nesse quadrante que se encontram as variáveis que fazem a ponte entre as

variáveis de entrada (muito influentes) e as variáveis de resultado (muito

dependentes). É nesse quadrante que encontram-se os desafios do sistema. As

variáveis interdependentes são: (i) educação e capacitação; (ii) produção, qualidade

e produtividade; e, (iii) tecnologia e novos materiais.

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184

Em outras palavras, o método MICMAC© aponta que os desafios do sistema

investigado (Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná) estão relacionados

fortemente com a variável “educação e capacitação” e, um pouco menos, mas nem

por isso menos significativo, com as variáveis “produção, qualidade e produtividade”

e “tecnologia e novos materiais”.

Por último, o plano de influência e dependência aponta duas variáveis, a

“dinâmica do mercado” e o “emprego”, como sendo variáveis de resultado (ver

quadrante 3 da Figura 70, p. 181). Geralmente, a evolução destas variáveis (de

resultado) pode ser explicada pelo comportamento das variáveis dos quadrantes 1 e

2. Por exemplo, mudanças nas variáveis do quadrante 1 (cultura empresarial; e,

P&D&I) podem refletir e influenciar as variáveis interdependentes (educação e

capacitação; produção, qualidade e produtividade; e, tecnologia e novos materiais)

que, conseqüentemente, afetarão o desempenho das variáveis de resultado

(dinâmica do mercado; e, emprego). O método MICMAC© parte do pressuposto de

que o âmbito empresarial é sistêmico, complexo e com sucessivas interações. É

nesse sentido que o método ganha em praticidade, quando atribui-se a ele a

capacidade de análise de um sistema relativamente complexo.

6.7 AS RELAÇÕES DIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS

Na Tabela 22, p. 185, encontram-se todos os indicadores de influência e

dependência entre as variáveis analisadas para o setor. Destaque para as

extremidades, como a variável “educação e capacitação”, com indicador de

influência igual a 38, sendo a variável que mais influencia as demais. Em outras

palavras, qualquer modificação no seu interior afetará as outras variáveis do

sistema. Por outro lado, a variável “meio ambiente” é aquela que menos influencia o

sistema e, concomitantemente, possui uma dependência baixa do mesmo.

Ainda na Tabela 22, p. 185, a variável menos dependente é a “propriedade

industrial” (23), ou seja, ela não depende das demais para existir. No lado oposto, as

variáveis “emprego” e “produção, qualidade e produtividade” são as que mais

dependem das demais (37 cada uma), ou seja, qualquer ação desenvolvida nas

outras variáveis do sistema influenciará essas duas variáveis. Porém, a variável

“produção, qualidade e produtividade” possui, também, uma forte influência (36), o

que faz dela uma variável de interdependência.

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185

TABELA 22 – INDICADOR DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA

N° Variável Indicador de Influência

Indicador de Dependência

01 Sociedade 28 3002 Economia, Política e Comércio Mundial 26 2903 Dinâmica do Mercado 28 3204 Políticas Públicas 23 2605 Tecnologia e Novos Materiais 32 3506 Meio Ambiente 19 2607 Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva 28 2508 Investimento & Financiamento 28 2409 Emprego 28 3710 Educação & Capacitação 38 3111 Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação 34 2912 Propriedade Industrial 23 2313 Cultura Empresarial 33 2414 Marketing, Prospecção e Tendências 27 2815 Design 30 2516 Produção, Qualidade e Produtividade 36 37Total 461 461

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

O gráfico da Figura 71 fornece um esboço mais detalhado do grau de

influência e dependência entre as variáveis. Nele é possível verificar as variáveis

mais influentes e aquelas mais dependentes das demais. Além disso, é possível

observar o grau de complexidade do sistema, cujo problema está centrado em

apenas dezesseis variáveis que se inter-relacionam umas com as outras de maneira

sistêmica. A linha que representa a influência entre as variáveis possuem cores e

espessuras diferentes conforme a intensidade de interação entre as variáveis, a

saber: (i) influência muito fraca (linha preta tracejada); (ii) influência fraca (linha preta

contínua); (iii) influência média (linha azul fina); (iv) influência relativamente

importante (linha azul grossa); e, (v) influência muito importante (linha vermelha).

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186

FIGURA 71 – GRÁFICO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA DIRETA

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

Foram colocadas somente dezesseis variáveis “em jogo” pelo método

MICMAC©. Para essas dezesseis variáveis os respondentes do Painel de

Especialistas tiveram que responder a 240 questões, o que de fato torna o processo

de coleta de dados bastante trabalhoso e lento.

6.7.1 As Variáveis Influentes

É possível extrair algumas análises do gráfico acima (Figura 71) ao associá-lo

com a matriz MID (Quadro 4, p. 179). O resultado está exposto na Figura 72, p. 187,

a qual apresenta as variáveis com o maior número de influência significativa no

sistema, bem como a identificação de quais são as variáveis que sofrem o maior

impacto das possíveis modificações na estrutura do sistema.

Influência muito fraca; Influência fraca; Influência média; Influência relativamente importante; e, Influência muito importante.

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187

FIGURA 72 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (INFLUENTES)

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

A variável “educação e capacitação” possui uma influência forte nas seguintes

variáveis: (i) sociedade; (ii) políticas públicas; (iii) tecnologia e novos materiais; (iv)

meio ambiente; (v) emprego; (vi) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (vii) cultura

empresarial; e, (viii) produção, qualidade e produtividade. Portanto, qualquer

modificação estrutural na variável “educação e capacitação”, com foco no setor Têxtil

e Confecção, poderá influenciar diretamente as variáveis acima enumeradas. O

mesmo raciocínio construído para a variável “educação e capacitação” pode ser

desenvolvido para todas as demais variáveis aqui analisadas.

A variável “produção, qualidade e produtividade” influencia significativamente

as seguintes variáveis: (i) tecnologia e novos materiais; (ii) emprego; (iii) educação e

capacitação; (iv) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (v) marketing, prospecção e

tendências; e, (vi) design. Nessa correlação não há nenhuma surpresa, pois são

temas que possuem estreita relação entre si.

A variável “cultura empresarial” influencia fortemente as variáveis: (i)

cooperação e organização da cadeia produtiva; (ii) educação e capacitação; e, (iii)

Influência muito fraca; Influência fraca; Influência média; Influência relativamente importante; e, Influência muito importante.

Influência

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188

produção, qualidade e produtividade. Porém, a “cultura empresarial” influencia de

maneira relativamente significativa outras variáveis importantes no sistema, como

por exemplo, “pesquisa, desenvolvimento e inovação”; “tecnologias e novos

materiais”; e, “design”.

“Tecnologia e novos materiais” é outra variável importante e que influencia

fortemente as seguintes variáveis do sistema: (i) emprego; (ii) educação e

capacitação; (iii) pesquisa, desenvolvimento e inovação; e, (iv) produção, qualidade

e produtividade. O impacto dessa variável no emprego do setor é muito pertinente,

pois se trata de novas tecnologias e novos materiais que estão sendo aplicados com

sucesso pelos principais concorrentes mundiais, como China, Índia, Coréia do Sul,

Japão, Europa e EUA (debatido no capítulo 4 sobre tendências do setor). Este fato

pode influenciar de maneira negativa no Estado do Paraná e no Brasil, caso

nenhuma ação efetiva com relação ao desenvolvimento de novas tecnologias e

novos materiais ou mesmo relacionada à melhoria da capacitação setorial seja

implementada, tanto por parte do empresário quanto dos colaboradores. As outras

variáveis influenciadas pela “tecnologia e novos materiais” são bastante evidentes,

pois trata-se de temas correlatos.

A variável “tecnologia, desenvolvimento e inovação” influencia fortemente as

variáveis: (i) tecnologia e novos materiais; (ii) emprego; (iii) educação e capacitação;

(iv) propriedade industrial; (v) design; e, (vi) produção, qualidade e produtividade.

Nessa relação apontada acima, também merece destaque o impacto das possíveis

mudanças na “tecnologia, desenvolvimento e inovação” no emprego do setor Têxtil e

Confecção, tanto positiva quanto negativamente.

6.7.2 As Variáveis Dependentes

Até o momento foram analisadas as variáveis mais influentes do sistema, no

entanto, é importante buscar entender as relações de dependência entre elas para

poder identificar aquelas que sofrerão mais com as possíveis oscilações das

variáveis. A Figura 73 traz o gráfico de influência e dependência que foi gerado pelo

método MICMAC©, no qual foram circundadas (em amarelo) as variáveis mais

dependentes do sistema investigado.

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189

FIGURA 73 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS DIRETAS (DEPENDENTES)

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

Pode-se perceber, com a análise conjunta dos gráficos da Figura 72 e da

Figura 73 que existem variáveis que possuem ao mesmo tempo comportamento

influente e dependente no sistema. Esse fato pode ser melhor observado na Figura

74, na qual procurou-se posicionar as variáveis com relação à capacidade de

influenciar e de ser influenciada (dependência).

FIGURA 74 – COMPORTAMENTO DAS VARIÁVEIS

Fonte: O autor.

Influência muito fraca; Influência fraca; Influência média; Influência relativamente importante; e, Influência muito importante.

Dependência

EduCap

ProdQualPr DinMerc Emp TecNovMat P&D&I

CultEmp

INFLUÊNCIA DEPENDÊNCIA

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190

Quando tem-se variáveis que assumem, ao mesmo tempo, posicionamentos

influentes e dependentes, é indicativo de que o sistema é instável43. Este fato não

inviabiliza este estudo, pelo contrário, demonstra que é preciso investigar com mais

detalhe esse sistema, pois trata-se de variáveis significativas, com comportamentos

expressivos no sistema, e que merecem reflexões detalhadas. Em casos de

sistemas estáveis, existe claramente uma divisão entre as variáveis influentes e

dependentes, o que os tornam mais simples e facilita a análise.

Nesse contexto, pode-se identificar duas variáveis com maior dependência do

sistema, respectivamente, “dinâmica do mercado” e “emprego”. No entanto, tem-se

mais três variáveis com menor grau de significância em termos de dependência do

sistema, mas que ainda assim merecem ser mencionadas, a saber: (i) produção,

qualidade e produtividade; (ii) tecnologia e novos materiais; e, (iii) educação e

capacitação. Essas três últimas variáveis possuem características de concomitância

no sistema, ou seja, são ao mesmo tempo dependentes e influentes. Por exemplo, a

variável “educação e capacitação” é mais influente do que dependente no sistema,

porém sua dependência é importante, pois se trata de uma variável significativa para

o setor e sua dependência está relacionada com variáveis influentes do sistema,

aquelas localizadas nos quadrantes um e dois do plano de influencia e dependência.

Portanto, para evitar o descarte dessa variável e a negligência de informações

importantes para o setor, preferiu-se considerá-la como uma variável de vigilância

(“em espera”).

As relações fortes de dependência da variável “emprego” podem ser assim

enumeradas: (i) sociedade; (ii) economia, política e comércio mundial; (iii) dinâmica

do mercado; (iv) políticas públicas; (v) tecnologia e novos materiais; (vi) investimento

e financiamento; (vii) educação e capacitação; (viii) pesquisa, desenvolvimento e

inovação; e, (ix) produção, qualidade e produtividade. Pode-se perceber que, das

quinze interações de dependência fortes que a variável “emprego” poderia ter, nove

delas foram confirmadas, o que faz dela uma variável de resultado, ou seja, qualquer

impacto negativo ou positivo no sistema de variáveis poderá refletir no emprego do

Setor Têxtil e Confecção.

A variável “produção, qualidade e produtividade” possui dependência forte

das seguintes variáveis: (i) dinâmica do mercado; (ii) tecnologia e novos materiais; 43 A leitura de sistemas estáveis pode ser verificada na teoria apresentada na Figura 12, p. 54.

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191

(iii) cooperação e organização da cadeia produtiva; (iv) investimento e

financiamento; (v) emprego; (vi) educação e capacitação; (vii) pesquisa,

desenvolvimento e inovação; (viii) cultura empresarial; e, (ix) design. A variável

“produção, qualidade e produtividade” também possui dependência forte de nove

variáveis do sistema, como evidenciado anteriormente com a variável “emprego”. É

importante destacar que grande parte das variáveis que impactam fortemente a

“produção, qualidade e produtividade” podem ser trabalhadas de forma efetiva e com

ações pontuais demandadas pelo setor Têxtil e Confecção, pois se tratam de

variáveis internas, que possuem uma dimensão menor (micro-variáveis), por

exemplo, ações que visem melhorias em design, educação e capacitação, o

emprego de novas tecnologias e novos materiais no processo de produção, etc.

A variável “tecnologia e novos materiais” possui dependência forte ou é

influenciada pelas seguintes variáveis: (i) economia, política e comércio mundial; (ii)

dinâmica do mercado; (iii) investimento e financiamento; (iv) educação e

capacitação; (v) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (vi) design; e, (vii) produção,

qualidade e produtividade. Nota-se que algumas variáveis apontadas acima

possuem um escopo mais macro, o que torna mais difícil influenciá-las e fomentá-las

para que ações sejam desenvolvidas sob o controle e o atendimento das

necessidade do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. Em outras palavras,

são macro-variáveis que impactam na variável “tecnologia e novos materiais” de

modo que não existe controle, por exemplo, sobre a variável “economia, política e

comércio mundial”. Por outro lado, dentre as variáveis que influenciam fortemente a

variável “tecnologia e novos materiais”, existem micro-variáveis que podem ser

trabalhadas no sentido de influenciá-la positivamente, como por exemplo,

investimento e financiamento, com desenvolvimento de ações voltadas ao fomento

de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovações voltadas a novas tecnologias

e novos materiais para o setor, como, também, as variáveis “educação e

capacitação”, “design” e “produção, qualidade e produtividade”.

A variável “dinâmica do mercado” possui dependência forte das seguintes

variáveis: (i) sociedade; (ii) economia, política e comércio mundial; e, (iii) políticas

públicas. Pode-se perceber que as dependências fortes da variável “dinâmica do

mercado” são basicamente macro-variáveis, de difícil controle e ação. Além disso, a

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192

“dinâmica do mercado” possui uma dependência relativamente importante das

demais variáveis do sistema, exceto a variável “meio ambiente”.

E, por último, a variável “educação e capacitação” possui dependência forte

das seguintes variáveis do sistema investigado: (i) tecnologia e novos materiais; (ii)

emprego; (iii) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (iv) cultura empresarial; e, (v)

produção, qualidade e produtividade. É interessante evidenciar a relação de

dependência forte que a variável “educação e capacitação” tem com a “cultura

empresarial”.

6.8 AS RELAÇÕES INDIRETAS ENTRE AS VARIÁVEIS

Identificar as relações diretas entre duas ou mais variáveis não se apresenta

como elemento complexo. No entanto, as relações indiretas que possam existir entre

elas começam a ficar mais complexas à medida que as interações vão se

estendendo ao longo da cadeia de influência e dependência.

Essas interações formam uma rede de relações, com vias, fluxos, nós e

retroação. Porém, o método MICMAC© permite evidenciar essas relações e extrair

delas algumas informações importantes para a tomada de decisão. Para encontrar

as relações indiretas, são realizadas multiplicações sucessivas da matriz MID, do

tipo MIDn, até que a mesma entre em um processo de estabilidade. No caso

investigado, a estabilidade foi atingida com duas multiplicações sucessivas,

conforme apresentado na Tabela 23.

TABELA 23 – ESTABILIDADE DA MATRIZ MID

Interação (multiplicações) Influência Dependência1 86% 94%2 100% 100%

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

Após a estabilização da Matriz MII, pode-se extrair dela o plano de influência

e dependência indireta, conforme exposto na Figura 75, p. 193. Observa-se, nesse

plano, que não houve modificações significativas se comparado com o plano de

influência e dependência direta. Este fato é uma característica de sistemas instáveis,

nos quais as relações indiretas não ficam evidenciadas de forma clara e expressiva

no plano, porém elas existem e devem ser consideradas.

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193

FIGURA 75 – PLANO DE INFLUÊNCIA E DEPENDÊNCIA INDIRETA

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

Para resolver o problema de identificação das relações indiretas, é preciso

analisar o gráfico de influência e dependência (ver gráfico exposto na Figura 76, p.

194) em conjunto com a matriz MII (ver matriz exposta no Apêndice S, p. 256).

Desta forma, fica mais simples a obtenção da classificação do comportamento

indireto das variáveis analisadas.

A influência indireta mais significativa do sistema refere-se à variável

“educação e capacitação”. Além de possuir uma influência direta forte no sistema,

essa variável possui um desempenho indireto expressivo nas demais variáveis. Em

outras palavras, ações desenvolvidas no âmbito da educação e capacitação voltadas

ao Setor Têxtil e Confecção poderão desencadear, indiretamente, mudanças nas

demais variáveis. Dentre as variáveis mais influenciadas indiretamente pela

“educação e capacitação”, destaque deve ser dado às variáveis “produção,

qualidade e produtividade” e “emprego”.

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194

FIGURA 76 – PRIORIZAÇÃO DAS VARIÁVEIS INDIRETAS

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

Os reflexos diretos da ação da variável “educação e capacitação” no emprego

do Setor Têxtil e Confecção são mais evidentes, pois a lógica remete ao pressuposto

de que uma melhor qualificação da mão-de-obra, por exemplo, poderá melhorar a

colocação desses trabalhadores no mercado. Porém, as relações indiretas também

fomentam essa situação, já que as ações em educação e capacitação poderão

resultar em: (i) mais pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor; (ii) novas

aplicações tecnológicas e no uso de novos materiais; (iii) mais capacitação para as

lideranças empresariais, o que impacta na variável cultura empresarial; e, (iv)

melhorias no desempenho da produção, qualidade e produtividade das indústrias do

setor. As variáveis mais significativas que impactam indiretamente, por meio da

“educação e capacitação”, na variável “emprego” podem ser assim enumeradas: (i)

produção, qualidade e produtividade; (ii) tecnologia e novos materiais; (iii) cultura

empresarial; (iv) pesquisa, desenvolvimento e inovação; e, (v) design. Um esquema

das relações indiretas discutidas anteriormente está representado na Figura 77.

Influência muito fraca; Influência fraca; Influência média; Influência relativamente importante; e, Influência muito importante.

Dependência

Influência

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195

FIGURA 77 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 1

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

A mesma lógica pode ser desenvolvida para a relação indireta que existe

entre as variáveis “educação e capacitação” e “produção, qualidade e produtividade”.

Nesse sentido, a variável “educação e capacitação” influencia indiretamente a

“produção, qualidade e produtividade” com ações e reflexos nas seguintes variáveis:

(i) pesquisa, desenvolvimento e inovação; (ii) cultura empresarial; (iii) tecnologia e

novos materiais; e, (iv) design. A representação dessas relações indiretas descritas

anteriormente está exposta na Figura 78, p. 196.

InfluênciaDireta

InfluênciaIndireta

Legenda

Emprego

Tecnologia e Novos Materiais

Cultura Empresarial

Pesquisa, Desenvolvimento

e Inovação

Design

Produção, Qualidade e

Produtividade

Educação &

Capacitação

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196

FIGURA 78 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 2

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

E, por último, percebe-se, na Figura 79, p. 197, que a variável “educação e

capacitação” influencia indiretamente a variável ‘tecnologia e novos materiais” por

meio da “pesquisa, desenvolvimento e inovação”, “cultura empresarial” e

“produtividade, qualidade e produtividade”. A cadeia de relacionamento é bastante

lógica, pois não existe o desenvolvimento de tecnologia e novos materiais sem

pesquisa e inovação, cuja a origem tem sua base em um sistema de educação e

capacitação bem fundamentado. Além disso, a educação e capacitação permite

desenvolver na mente do empresariado (cultura empresarial) a evidência de certas

tendências que apontam para a necessidade e, conseqüentemente, a inserção de

novas tecnologias e novos materiais na indústria paranaense.

Pesquisa, Desenvolvimento

e Inovação

Cultura Empresarial

Tecnologia e Novos Materiais

Design

Educação &

Capacitação

Produção, Qualidade e

Produtividade

InfluênciaDireta

InfluênciaIndireta

Legenda

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197

FIGURA 79 – RELAÇÃO INDIRETA: SITUAÇÃO 3

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

A questão do desenvolvimento de uma cultura empresarial pró-ativa, que seja

consciente da dinâmica do mercado, que saiba assumir riscos controlados, e com

coragem para inovar e mudar o statu quo quando necessário é, de certa forma, um

debate antigo e polêmico que sempre teve grande repercussão. Existem muitos

discursos sobre essa temática que apontam a dificuldade do empresariado brasileiro

em lidar com questões como pesquisa, tecnologia, inovação, exportação, qualidade,

design.

Nesse contexto, o estudo das variáveis que impactam a “cultura empresarial”

destaca a importância da “educação e capacitação” como variável propulsora para o

desenvolvimento de uma cultura pró-ativa dos empresários do Setor Têxtil e

Confecção. O estudo desenvolvido pelo método MICMAC© apresenta a “educação e

capacitação” como a variável que mais influencia a “cultura empresarial”, tanto direta

quanto indiretamente. O gráfico da Figura 80, p. 198, confirma essa afirmação e

apresenta as relações das variáveis mais representativas do sistema com a “cultura

empresarial”. Pode-se notar que a única variável que influencia diretamente essa

variável é a “educação e capacitação”.

Assumindo o pressuposto de que a promoção do desenvolvimento regional

organizado se deve também à questão cultural, como observado por Boisier (1996),

percebe-se, nos resultados desta pesquisa, que a Cultura Empresarial possui um

papel importante no Setor Têxtil e Confecção do Paraná, pois é uma variável-chave

Pesquisa, Desenvolvimento

e Inovação

Cultura Empresarial

Produção, Qualidade e

Produtividade

Educação &

Capacitação

Tecnologia e Novos Materiais

InfluênciaDireta

InfluênciaIndireta

Legenda

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198

e que possui forte relação com a variável Educação e Capacitação. Em outras

palavras, é pela Educação e Capacitação dos empresários do setor que é possível

direcionar a Cultura Empresarial no sentido de aproveitar as oportunidades

vislumbradas nos estudos de tendências, o que de fato poderá contribuir para a

promoção do desenvolvimento regional organizado, indicado por Boisier (1996).

FIGURA 80 – INFLUÊNCIA DIRETA NA CULTURA EMPRESARIAL

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

Além disso, a variável “educação e capacitação” sofre o impacto indireto dela

mesma, ou seja, no momento que ela influencia outras variáveis e, deste fato

surgem mudanças e modificações no sistema, a variável “educação e capacitação”

tende a se adequar a essas mudanças. Por exemplo, ela pode impactar no

desenvolvimento de pesquisas e inovações que poderão gerar conhecimento,

tecnologia e novos materiais que, por sua vez, poderão ser utilizados como base de

informações que serão desenvolvidas e aplicadas em sistemas de educação e

capacitação de empresários e colaboradores do Setor Têxtil e Confecção, em um

processo de retroação.

Influência muito fraca; Influência fraca; Influência média; Influência relativamente importante; e, Influência muito importante.

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199

6.9 MOBILIDADE DAS RELAÇÕES DIRETAS E INDIRETAS

O método MICMAC© também fornece informações sobre a mobilidade das

variáveis considerando suas respectivas classificações de influência direta e indireta,

ou seja, ele identifica as alterações de posicionamento entre o sistema de variáveis

formado pela matriz MID (Matriz Influência Direta) e o sistema constituído pela

matriz MII (Matriz de Influência Indireta). Na Figura 81 apresenta-se a classificação

das variáveis por grau de influência no sistema. Pode-se observar que a variável

“sociedade” é a sétima variável com mais influência direta. No entanto, seu

posicionamento cai bastante quando identificados os cruzamentos indiretos,

passando, então, para a 12ª posição.

FIGURA 81 – CLASSIFICAÇÃO POR INFLUÊNCIA: DIRETA / INDIRETA

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

No sentido contrário, as variáveis “emprego” e “investimento e financiamento”

são aquelas que tiveram o melhor desempenho de posicionamento, passando,

respectivamente, de 11º para 7º lugar e de 10º para 8º lugar. Os dados completos

relativos à mobilidade das variáveis podem ser observados na Figura 81. A

vantagem desse tipo de análise é, por exemplo, a possibilidade de verificação do

posicionamento e importância das variáveis, para evitar que sejam eliminadas

aquelas que, a priori, apresentam, na classificação direta, um posicionamento

mediano ou baixo, mas que indiretamente é significativo para o sistema. No sistema

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200

investigado, a variável “investimento e financiamento” possui uma posição baixa nas

relações diretas, porém mediana quando analisadas às influências indiretas, o que

faz dela uma variável que no mínimo deve ser monitorada.

A mesma análise realizada acima pode ser desenvolvida para as relações de

dependência entre as variáveis. A Figura 82 contém a classificação por dependência

direta e indireta entre as variáveis. A variável discutida anteriormente (“investimento

e financiamento”) apresenta, segundo esta análise, uma dependência menor do

sistema quando cruzados o posicionamento direto e indireto. Este fato demonstra

que além de ser, de certa forma, influente no sistema, não depende dele para existir

e influenciar as demais variáveis.

FIGURA 82 – CLASSIFICAÇÃO POR DEPENDÊNCIA: DIRETA / INDIRETA

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

A partir dessas constatações, é possível construir um plano de influência e

dependência com os deslocamentos diretos / indiretos das variáveis. A Figura 83, p.

201, contém esse plano com os respectivos deslocamentos. Pode-se observar que a

variável “sociedade”, comentada anteriormente, desloca-se para o quadrante de

resultado, o que significa que alterações nas variáveis do sistema, principalmente

aquelas contidas nos quadrantes de entrada (independente) e de ligação

(interdependente), causarão impactos nessa variável. Este fato é bastante lógico,

pois trata-se de uma variável de resultado e que possui comportamento semelhante

à variável “emprego”, cujo posicionamento também se encontra nesse quadrante.

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201

A variável “investimento e financiamento”, também comentada anteriormente,

apresenta uma tendência de se afirmar como variável de entrada (independente),

principalmente por ser pouco dependente. Esse mesmo comportamento é observado

pela variável “design”, porém, sua dependência do sistema aparece como mediana.

FIGURA 83 – PLANO DE DESLOCAMENTO DAS VARIÁVEIS

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

Tendo como base o plano de influência e dependência da Figura 70, p. 181, e

o plano de deslocamento das variáveis apresentada na Figura 83, pode-se realizar a

leitura das variáveis segundo a interpretação de Ténière-Buchot44, cujos resultados

estão expostos no Quadro 5, p. 202, com suas respectivas explicações e

significados para os grupos de variáveis do sistema. Esse pesquisador parte do

pressuposto de que cada região do plano de influência e dependência possui

44 O modelo de interpretação das variáveis desenvolvido pelo francês Ténière-Buchot (1989) e citado ....por Michel Godet (2004) está apresentado na Figura 13, p. 56, e no Quadro 1, p. 56.

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202

conceitos intrínsecos, no qual as variáveis possam ser classificadas segundo alguns

critérios pré-definidos. Procurou-se categorizar as variáveis segundo a classificação

de influência direta. Porém, as variáveis de “pelotão”, cujo significado ainda é

confuso, foram dispostas segundo a tendência de deslocamento direto / indireto.

QUADRO 5 – MODELO DE INTERPRETAÇÃO DE TÉNIÈRE-BUCHOT Situação 1 Situação 2 Situação 3 Situação 4 Influência Elevada

Dependência Elevada

Próximo da Origem

Distante da Primeira Bissetriz

Entrada Saída Sem importância Retransmissões

Hipóteses Resultados, Objetivos Discursos Desafios

Forças Fraquezas Falso problema Ameaças, Oportunidades

Passado Futuro Momento Presente Inte

rpre

taçõ

es

Téni

ère-

Buc

hot

Legitimidade Julgamento Comunicação Ação

Variáveis com posicionamento definido segundo sua influência direta

Cultura Empresarial; P&D&I; Design;

Emprego; Dinâmica de Mercado;

Meio Ambiente; Propriedade Industrial;

Políticas Públicas;

Educação e Capacitação;

Produção, Qualidade e Produtividade;

Tecnologia e Novos Materiais;

Variáveis com posicionamento indefinido (“Em espera” – “Pelotão”)

Variá

veis

do

Sist

ema

Inve

stig

ado

Seto

r Têx

til e

Con

fecç

ão

Investimento e Financiamento;

Cooperação e Organização da Cadeia de Produção;

Economia, Política e Comércio Mundial;

Sociedade; Marketing, Prospecção e Tendências;

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

Para Ténière-Buchot, o posicionamento das variáveis no plano de

influência/dependência pode revelar algumas interpretações “padrões”, conforme

demonstrado no Quadro 5. Por exemplo, a variável “Políticas Públicas” é classificada

como um “falso problema”, o que pode ser explicado pelo descrédito desse tipo de

ação no âmbito empresarial.

Além disso, a variável “políticas públicas” pode ser classificada como uma

variável de “discurso”, “comunicação” e “momento”, o que de fato pode ser

observado pela grande quantidade de retórica que permeia esse tema no Brasil,

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203

onde as promessas são intensas e os debates acalorados, cujos resultados, em

muitos casos, não são satisfatórios e efetivos. Portanto, o desenvolvimento dessas

políticas no Brasil a faz tornar uma variável “sem importância” para o sistema

investigado, ou seja, no caso da necessidade de focar algumas ações, “Políticas

Públicas” não seria a solução recomendada.

A variável “Educação e Capacitação”, segundo o modelo de interpretação de

Ténière-Buchot, possui características de retransmissão, ou seja, ações das demais

variáveis poderão por intermédio dela, influenciar o sistema de variáveis. Esse é um

comportamento típico das variáveis distantes da primeira bissetriz (situação 4). Além

disso, essas variáveis podem ser interpretadas como sendo os desafios do sistema,

ou seja, é onde residem as oportunidades e ameaças que poderão impactar no

conjunto de variáveis analisadas. A “Educação e Capacitação” é uma variável de

ação, cujo resultado poderá desencadear diversas outras ações no sistema, por isso

pode ser classificada como uma variável de “Retransmissão”.

6.10 AS VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA

Muitas variáveis influenciam umas às outras, o que pode ser explicado pelo

comportamento sistêmico que existe entre elas. O sistema de variáveis pode ser

composto por vários subsistemas interligados, muitas vezes, de maneira indireta e

com comportamentos de retroação (feedback). O Quadro 6, p. 204, contém as

variáveis-chave do sistema investigado (Setor Têxtil e Confecção), com suas

respectivas classificações tipológicas e as variáveis que elas influenciam fortemente,

direta e indiretamente. A identificação das variáveis-chave foi definida com base no

posicionamento das mesmas no quadrante de entrada (variáveis independentes ou

explicativas) e no quadrante de interdependência (variáveis de ligação).

Dentre as variáveis-chave, algumas possuem relações significativas no

sistema e, além disso, possuem ligações fortes com as demais variáveis-chave

identificadas pelo método MICMAC©. Nesse contexto, a variável que pode ser

considerada o eixo de motricidade do sistema é a “educação e capacitação”, com

fortes ligações do tipo anéis de retroação45 (feedback) com as demais variáveis-

45 Na Figura 8, p. 51, é possível observar o esquema demonstrativo sobre anéis de retroação.

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204

chave do sistema, que por sua vez, já são consideradas significativas. Um esquema

que demonstra essas relações pode ser observado na Figura 84.

QUADRO 6 – VARIÁVEIS-CHAVE DO SISTEMA

Tipo de Variável Variável-chave Variáveis Influenciadas Fortemente pela

Variável-chave

Independente ou Explicativa

Cultura Empresarial

Cooperação e organização da cadeia produtiva; Educação e capacitação; e, Produção, qualidade e produtividade.

Independente ou Explicativa

Pesquisa, Desenvolvimento

e Inovação

Design; Educação e capacitação; Emprego; Produção, qualidade e produtividade Propriedade industrial; e, Tecnologia e novos materiais.

Interdependente ou de Ligação “Desafios do

Sistema”

Educação e

Capacitação

Cultura empresarial; Emprego; Meio ambiente; Pesquisa, desenvolvimento e inovação; Políticas públicas; Produção, qualidade e produtividade. Sociedade; Tecnologia e novos materiais; e, Design.

Interdependente ou de Ligação “Desafios do

Sistema”

Produção, Qualidade e

Produtividade

Design. Educação e capacitação; Emprego; Marketing, prospecção e tendências; Pesquisa, desenvolvimento e inovação; e, Tecnologia e novos materiais.

Interdependente ou de Ligação “Desafios do

Sistema”

Tecnologia e Novos materiais

Educação e capacitação; Emprego; Pesquisa, desenvolvimento e inovação; e, Produção, qualidade e produtividade.

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

Em outras palavras, ações desenvolvidas para a área de educação e

capacitação do Setor Têxtil e Confecção poderão desencadear várias outras ações

nas demais variáveis-chave do sistema, como por exemplo, modificação na estrutura

da cultura empresarial do setor (programas de educação e capacitação voltados à

liderança empresarial), ou melhorias na produção, qualidade e produtividade

(programas de educação e capacitação voltados aos colaboradores).

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205

FIGURA 84 – VARIÁVEL MOTRIZ: EDUCAÇÃO E CAPACITAÇÃO

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

A retroação funciona da seguinte forma: as ações promovidas em educação e

capacitação, por exemplo, poderão desencadear novas demandas por parte das

variáveis “cultura empresarial” e “produção, qualidade e produtividade”, ou seja,

essas duas variáveis poderão exigir do subsistema de educação e capacitação

novas demandas para o setor, como a necessidade de pesquisa, desenvolvimento e

inovação, o que de fato influenciaria a variável “educação e capacitação”. Esse

processo tende a ficar mais complexo à medida que se colocam mais variáveis na

análise. Daí a importância de priorizá-las e entender as suas inter-relações para que

seja possível focar as ações, o que pode facilitar a tomada de decisão e evitar a

pulverização de recursos e o desperdício de tempo.

O impacto das variáveis-chave no sistema pode ser positivo ou negativo para

o Setor Têxtil e Confecção. O grande desafio é desenvolver ações que bloqueiem o

impacto negativo de possíveis mudanças e oscilações de certas variáveis, bem

como trabalhar arduamente para desenvolver projetos que possam ser

implementados no sentido de fomentar e incentivar a sustentabilidade do Setor Têxtil

e Confecção do Estado do Paraná. As variáveis-chave agem sobre as variáveis de

resultado, cujo papel é de termômetro ou de indicador, pois fornecem informações

importantes sobre como a indústria está se comportando ou reagindo no sistema. No

caso estudado, a variável de resultado é o “emprego”, a qual sofre direta e

indiretamente, de forma positiva ou negativa, os reflexos oriundos das ações

desenvolvidas ou negligenciadas pelo setor. A Figura 85, p. 206, traz um esboço das

variáveis-chave que mais impactam na variável de resultado (emprego).

PESQUISA, DESENVOLVIMENTO

E INOVAÇÃO

PRODUÇÃO, QUALIDADE E

PRODUTIVIDADE

TECNOLOGIA E NOVOS

MATERIAIS

CULTURA EMPRESARIAL

EDUCAÇÃO &

CAPACITAÇÃO

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206

FIGURA 85 – EMPREGO E AS VARIÁVEIS-CHAVE

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

É importante ressaltar que existe uma tendência significativa relacionada à

inserção de novas tecnologias e novos materiais no Setor Têxtil e Confecção,

voltados para um mercado consumidor cada vez mais exigente e heterogêneo, que

por sua vez tende a estar embasado em sistemas reguladores cada vez mais

complexos. Nesse contexto, é preciso considerar as variáveis que mais influenciam

o sistema e identificar os atores que possam ser articulados no sentido de promover

a sustentabilidade do setor. As tendências existem, são múltiplas e muitas vezes

inviáveis para o atual modelo de gestão do setor. É preciso mudar toda uma cultura

da cadeia empresarial para tentar encontrar uma direção competitiva para a

indústria.

No Quadro 7, p. 207, encontram-se exemplos de tendências que podem estar

relacionadas às variáveis-chave identificadas pelo método MICMAC©. Uma vez

realizado o mapeamento das tendências para o Setor Têxtil e Confecção, bem como

a identificação das variáveis-chave do sistema, pode-se formular estratégias e

planos de ação focados ao atendimento dessas tendências, ou mesmo ao bloqueio

de possíveis forças ou ameaças que poderão afetar a indústria.

EMPREGO

PESQUISA, DESENVOLVIMENTO

E INOVAÇÃO

EDUCAÇÃO E

CAPACITAÇÃO

TECNOLOGIA E NOVOS

MATERIAIS

PRODUÇÃO, QUALIDADE E

PRODUTIVIDADE

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207

QUADRO 7 – RELAÇÃO ENTRE VARIÁVEIS-CHAVE E TENDÊNCIAS

Variável-chave Variáveis Influenciadas

fortemente pela variável-chave

Tendências e convergências que podem estar relacionadas

às variáveis-chave

Cultura Empresarial

Cooperação e organização da cadeia produtiva;

Educação e capacitação; e, Produção, qualidade e

produtividade.

Educação Continuada Sociedade do Conhecimento (pesquisa,

ciência e tecnologia) TICs Gestão Flexível e Descentralizada Rede de Empresas Ciclo de Vida do Produto Gestão Integrada (Prototipagem Rápida,

3D, CAD, CAM, Automação, Robótica, Supply Chain Management e e-Commerce)

Pesquisa, Desenvolvimento

e Inovação

Design; Educação e capacitação; Emprego; Produção, qualidade e

produtividade Propriedade industrial; e, Tecnologia e novos materiais.

Smart Cards TICs Novos Materiais Gestão Integrada (Prototipagem Rápida,

3D, CAD, CAM, Automação, Robótica, Supply Chain Management e e-Commerce)

E-Têxteis Têxteis e Fibras Multifuncionais Novas Aplicações Industriais – Propriedade

Industrial

Educação e

Capacitação

Cultura empresarial; Emprego; Meio ambiente; Pesquisa, desenvolvimento e

inovação; Políticas públicas; Produção, qualidade e

produtividade. Sociedade; Tecnologia e novos materiais;

e, Design.

Educação Continuada Sociedade do Conhecimento (pesquisa,

ciência e tecnologia) Têxteis e Fibras Multifuncionais TICs Gestão Flexível e Descentralizada Terceirização Estrutura Familiar Mercado de Trabalho e a Empregabilidade Inteligência Emocional Ciclo de Vida do Produto Responsabilidade Social e Meio Ambiente

Produção, Qualidade e

Produtividade

Design. Educação e capacitação; Emprego; Marketing, prospecção e

tendências; Pesquisa, desenvolvimento e

inovação; e, Tecnologia e novos materiais.

Gestão Integrada (Prototipagem Rápida, 3D, CAD, CAM, Automação, Robótica, Supply Chain Management e e-Commerce)

TICs Gestão Flexível e Descentralizada Mercado de Trabalho e a Empregabilidade E-Têxteis Têxteis e Fibras Multifuncionais

Tecnologia e Novos materiais

Educação e capacitação; Emprego; Pesquisa, desenvolvimento e

inovação; e, Produção, qualidade e

produtividade.

Sociedade do Conhecimento (pesquisa, ciência e tecnologia)

E-Têxteis Têxteis e Fibras Multifuncionais TICs Gestão Integrada (Prototipagem Rápida,

3D, CAD, CAM, Automação, Robótica, Supply Chain Management e e-Commerce)

Fonte: O autor.

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208

Algumas tendências poderão ser trabalhadas de forma introspectiva pelo

Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná. É possível desenvolver projetos

focados nas variáveis-chave no sentido de fomentar ações voltadas ao

aproveitamento das oportunidades emergentes relacionadas às tendências em nível

mundial. Desta forma, o setor poderá antecipar-se às mudanças que poderão

ocorrer, ou até desenvolver uma postura pró-ativa frente a essas possíveis

transformações, tornando-se protagonista no desenvolvimento tecnológico e

mercadológico.

O exercício intelectual desenvolvido nesta etapa não tem como objetivo

identificar se existe uma relação de influência entre tendências e variáveis-chave. A

identificação das variáveis-chave permitirá, com base no estudo de tendências e nos

indicadores históricos do setor, posicionar o setor frente às mudanças que poderão

impactar a indústria. Em outras palavras, pretende-se, nesta etapa, identificar quais

seriam as tendências que o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná poderia

aproveitar para orientar o desenvolvimento de esforços pontuais, tendo como base

as relações entre as variáveis do sistema e o histórico do setor.

Por exemplo, como a “Cultura Empresarial” (variável-chave) influencia de

forma significativa o sistema, pode-se desenvolver ações voltadas à conscientização

dos empresários do setor com relação à importância das TICs e da Gestão

Integrada (Prototipagem Rápida, 3D, CAD, CAM, Automação, Robótica, Supply

Chain Management e e-Commerce), tecnologias que foram apontadas em diversos

estudos e que foram apresentadas como tendência.

Além disso, essa ação pode desencadear outras demandas para o setor

como, por exemplo, a necessidade de educação e capacitação para os

colaboradores da cadeia industrial, pois a adoção dessas tecnologias precisa ser

desenvolvida com uma base sólida de profissionais com conhecimento de prática. O

estudo de tendências aponta para o crescimento do nível educacional,

principalmente pela característica contínua e pela inserção de novas tecnologias no

processo de aprendizagem (Internet, ensino virtual, TICs).

Outro exemplo é a tendência de descentralização das organizações, cada vez

mais enxutas e mais flexíveis, o que de fato somente será desenvolvido com atitudes

que venham de cima para baixo na hierarquia organizacional, ou seja, com a

mudança da mentalidade dos empresários e gestores. Pode-se resgatar o

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209

posicionamento de Boisier (1996), o qual afirma que o desenvolvimento regional está

submetido ao resultado da interação de dois notáveis processos: (i) o processo de

abertura externa (movido pela globalização); e, (ii) o processo de abertura interna

(impulsionado pela força da descentralização).

O posicionamento da indústria deve ser desenvolvido tendo como base,

também, os indicadores históricos do Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná.

Como mencionado anteriormente, o setor é concentrado no que denominou-se de

“Arco Têxtil e Confecção do Estado do Paraná”. Essa é uma informação importante

pois deve ser considerada na formulação de estratégias para o setor. Além disso, é

importante considerar as especificidades locais da indústria, pois nesse “Arco”

existem APLs bem diferentes entre si, com características distintas de produto,

produção e comercialização, cuja estratégia deve ser desenvolvida em consonância

a essas peculiaridades. Nesse sentido, as tendências levantadas nesse estudo

podem ser aproveitadas de maneira bastante diversificada entre os APLs do Estado

do Paraná, como, também, podem impactá-los de diversas formas.

O mesmo raciocínio pode ser desenvolvido para a “Rota Tecnológica” ou

“Corredor da Pesquisa Têxtil e Confecção do Estado do Paraná”. O mapeamento

dos especialistas e dos atores responsáveis pela pesquisa no Estado pode contribuir

para a formulação de ações voltadas ao desenvolvimento de novos materiais, o que

inclui os têxteis e fibras multifuncionais, as TICs e novas aplicações industriais para

o setor. Além disso, esses atores podem contribuir para o desenvolvimento de

capacitações e treinamentos específicos para as vocações regionais.

Outra contribuição da Prospectiva Estratégica refere-se ao amadurecimento

que ocorre nos APLs quando os atores trabalham juntos para construir alternativas

de futuro para essas aglomerações. Este fato torna-se importante na medida em que

for considerada a afirmação de Lastres e Cassiolato (2003), de que os vínculos entre

os atores envolvidos com a atividade econômica dos APLs são incipientes.

6.11 O PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL

A Prospectiva Estratégica é composta por várias ferramentas que podem ser

utilizadas em uma seqüência ou de forma isolada, apenas com a utilização daquelas

ferramentas mais pertinentes para cada caso. É importante desenvolver um

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210

processo de prospectiva coerente com os recursos disponíveis, o pessoal qualificado

e o tempo necessário para obtenção dos primeiros resultados.

Para o processo de Prospectiva Estratégica desenvolvido neste trabalho,

aconselha-se incrementar o método MACTOR©, o qual permitiria a identificação dos

atores significativos para o sistema investigado, a estruturação das estratégias de

cada um, e o mapeamento das relações de força e poder entre eles. A contribuição

deste método nesse tipo de estudo esta relacionada à possibilidade de identificação

de futuros parceiros, bem como à estruturação do modo de articulação necessário

para a obtenção dessas parcerias46.

Desta forma, a proposta do processo de Prospectiva Estratégica Setorial

desenvolvida neste trabalho pode ser complementada com a realização do método

MACTOR©, cujo resultado também serviria de base para a definição de estratégias e

políticas setoriais, e para a concepção do planejamento estratégico.

Seria muito interessante se a Prospectiva Estratégica fosse desenvolvida

como um processo cíclico e contínuo, principalmente devido à velocidade das

transformações dos negócios e à dinâmica das inter-relações entre variáveis, atores

e sistemas. O processo de Prospectiva Estratégica contribui para que os resultados

acompanhem continuamente as tendências relacionadas com o setor, bem como

para proporcionar subsídios para a identificação de oportunidades almejadas e para

bloquear ou amenizar as ameaças possíveis vislumbradas no processo.

Além disso, o resultado de um trabalho de Prospectiva Estratégica pode

desencadear novas necessidades de estudos, devido à capacidade de focar e entrar

cada vez mais a fundo no cerne do problema. Em outras palavras, é possível que o

resultado final aponte para algumas variáveis importantes que, por sua vez, podem

impulsionar novos estudos prospectivos.

Portanto, o processo de Prospectiva Estratégica proposto nesta pesquisa

contempla, além das etapas trabalhadas neste estudo, a possibilidade de

incrementá-lo com a ferramenta MACTOR© e, principalmente, com a possibilidade

de tratá-lo como um processo contínuo.

46 O Processo de Prospectiva proposto neste estudo teve origem nas ações desenvolvidas neste .....estudo mas, principalmente, nos momentos de reflexão nos cursos realizados no SENAI-PR em .....Prospectiva Estratégica, ministrados pelos professores François Bourse e Nathalie Bassaler do .....Laboratoire d’Investigation en Prospective, Stratégie et Organisation (LIPSOR) do Conservatoire .....National des Arts et Métiers (CNAM) - Paris/França.

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211

As etapas do processo de Prospectiva Estratégica Setorial proposto podem

ser observadas na Figura 86. Inicia-se (etapa 1) com a definição do problema se

propõe a responder, os objetivos e metas que deverão ser atingidas, e a delimitação

da pesquisa (definição dos atores envolvidos, abrangência que se pretende atingir,

região no qual o setor ou aglomeração industrial se concentra). Com esta etapa

definida, parte-se para o estudo sobre os indicadores históricos e atuais do setor ou

do tema em investigação (etapa 2), cujo resultado fornece um esboço da situação.

Na etapa 3, procura-se identificar e mapear as tendências relacionadas ao setor,

sem, no entanto, esquecer do alinhamento com o problema de pesquisa. De posse

dos resultados atingidos até esse momento, parte-se para o desenvolvimento do

método MICMAC© (etapa 4), com o levantamento do sistema e a classificação das

variáveis-chave e de suas respectivas inter-relações.

FIGURA 86 – PROCESSO DE PROSPECTIVA ESTRATÉGICA SETORIAL

Fonte: O autor.

O próximo passo do processo (etapa 5) é destinado à identificação dos atores

que agem direta e indiretamente nas variáveis-chave do sistema (previamente

classificadas no MICMAC©) e, com base nesse levantamento, parte-se para a

Definição do Problema, Objetivos e Delimitação

Análise Estrutural Método

MICMAC©

Levantamento Histórico e

Diagnóstico da Situação Atual

Identificação e Mapeamento das

Tendências e Convergência

Análise dos Atores Método

MACTOR©

Definição de Estratégias e

Políticas: Planejamento

1

2

3

4

5

6

CICLO CONTÍNUO DA PROSPECTIVA ESTRATÉGICA

SETORIAL

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212

realização do método MACTOR© para verificar as estratégias e o jogo de força e

poder entre esses atores. Tendo como base todos os sub-resultados atingidos até

esse momento, o último passo desse processo é destinado à definição de

estratégias e políticas setoriais, bem como à estruturação do planejamento

necessário para a execução dessas estratégias. O planejamento pode desencadear

novas necessidades que, por sua vez, poderão, como em um processo de

retroalimentação, iniciar um novo estudo.

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213

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A tomada de decisão é um processo difícil que requer muita responsabilidade,

principalmente em ambientes complexos. Quando o interesse é apenas unilateral,

essa dificuldade tende a ser amenizada como, por exemplo, no âmbito de uma única

organização. Quando existem vários interesses concomitantes, como em nível

setorial ou mesmo em aglomerações industriais, com muitos atores envolvidos no

processo, essa tarefa torna-se muito mais complexa.

Para tomar uma decisão fundamentada, é importante a identificação e o

mapeamento do sistema de variáveis setoriais. Porém, existe muita dificuldade de

entendimento do sistema de variáveis que compõem e impactam o setor industrial.

Obter o conhecimento de como o sistema funciona, segundo o poder de influência

das variáveis e suas inter-relações, pode subsidiar tomadas de decisão mais

embasadas e coerentes com a realidade do setor. Desta forma, é possível

desenvolver políticas e estratégias mais realistas, condizentes com as dificuldades

do setor e com vistas a atender às oportunidades vislumbradas.

O mapeamento do sistema de variáveis que influenciam uma determinada

indústria ou setor torna-se ainda mais importante com a competição cada vez mais

acirrada e a complexidade do mercado. O mundo é sistêmico e qualquer ação que

cause mudanças, pode desencadear diversas outras ações que refletirão no

sistema. Com a globalização esse fenômeno pode ficar ainda mais intenso.

Para evitar que políticas e estratégias setoriais sejam desenvolvidas de forma

empírica, com pouca ou nenhuma fundamentação teórica, é muito importante a

utilização de ferramentas e abordagens metodológicas que possam estruturar o

sistema a ser investigado (setor industrial). Esta é uma lacuna que incentivou essa

pesquisa, a qual buscou na Prospectiva Estratégica uma possível solução para o

desenvolvimento de políticas e estratégias setoriais precisas e embasadas na

realidade do sistema industrial.

Portanto, o objetivo da pesquisa foi desenvolver uma abordagem de

Prospectiva Estratégica capaz de preencher essa lacuna, o que foi possível pela

execução e pelo atendimento dos objetivos específicos que foram traçados, a saber:

(i) mapear o Setor Têxtil e Confecção no Brasil e no Estado do Paraná (o que

permitiu obter-se uma visão do posicionamento do setor no país, além de suas

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214

principais características e indicadores); (ii) levantar, em nível mundial, algumas

tendências científico-tecnológicas e socioeconômicas que possam impactar o Setor

Têxtil e Confecção do Estado do Paraná (objetivo específico que fornece uma visão

de futuro sobre as principais tendências encontradas e apontadas nos diversos

meios de divulgação científica relacionados com o setor); (iii) priorizar as variáveis

relevantes para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná (o que foi

executado com o auxílio de dois pesquisadores do setor, cujo resultado simplificou o

sistema de variáveis que posteriormente foi validado, ponderado e analisado); e, (iv)

identificar as variáveis-chave para o Setor Têxtil e Confecção do Estado do Paraná

(objetivo específico que fornece um dos principais resultados desse estudo, o que

permite formatar uma radiografia das relações entre as variáveis relevantes para o

setor e o impacto delas no sistema investigado, principalmente no sentido de utilizá-

las como subsídio para tomada de decisão).

A escolha da abordagem de Prospectiva Estratégica gerou duas hipóteses, as

quais procurou-se comprovar ou denegar. A primeira delas foi estabelecida da

seguinte forma: “A Prospectiva Estratégica pode auxiliar na tomada de decisão em

um contexto complexo caracterizado pela dificuldade de obtenção de leitura

coerente das inter-relações das variáveis que compõem e impactam o Setor Têxtil e

Confecção do Estado do Paraná”.

A Prospectiva Estratégica permite uma visão mais estruturada do sistema

investigado e facilita na priorização das variáveis, o que de fato pode ser

considerado um dos principais benefícios do processo proposto. Esse processo

permite uma tomada de decisão estratégica com base no diagnóstico setorial e no

estudo sobre as tendências que poderão impactar o setor, ou seja, utiliza-se dos

resultados desses estudos para priorizar as variáveis do sistema, o que de fato

contribui para uma tomada de decisão baseada, também, nas tendências de futuro e

na estrutura atual do setor. Trata-se de um processo abrangente e generalista,

quando necessário, e específico e particular, quando o que se precisa é uma tomada

de decisão mais pontual e com resultados mais previsíveis.

Pode-se verificar que a abordagem proposta permitiu evidenciar as variáveis-

chave do sistema, aquelas cujas ações desencadearão reflexos em todas as demais

variáveis investigadas. O fato de identificar as relações de influência e dependência

entre as variáveis do sistema e, conseqüentemente, as relações diretas e indiretas

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215

que possam existir entre elas, pode gerar informações privilegiadas quanto à

alocação de recursos e esforços sobre determinados temas setoriais que

repercutirão em todo o sistema.

Este fato permite focar os recursos necessários para responder a

determinados problemas sem, no entanto, pulverizá-los na tentativa de buscar uma

solução para um problema mal mapeado. Além disso, a identificação de como

funcionam as inter-relações entre as variáveis permite priorizá-las segundo o seu

poder de influência no sistema, o que facilita a decisão sobre ações prioritárias para

o setor. Existe, também, a possibilidade de vislumbrar as conseqüências dessas

ações, por meio do mapeamento do efeito direto e indireto entre as variáveis, ou

seja, para buscar um resultado específico em determinadas variáveis, basta verificar

as suas relações de dependência.

A segunda hipótese trabalhada nesta pesquisa afirma que “a Prospectiva

Estratégica é uma abordagem que permite identificar tendências e mudanças que

poderão impactar a indústria e aglomerações industriais”.

Essa última hipótese é uma das maiores vantagens que a abordagem

Prospectiva Estratégica pode proporcionar no interior do grupo de atores. Tanto os

participantes do planejamento do estudo (responsáveis pela pesquisa), quanto,

provavelmente, os atores envolvidos no processo de levantamento de dados

(especialistas do setor), poderão dispor de momentos de reflexão frente às

possibilidades de futuro. O fato de parar e refletir sobre a posição do setor em

relação às tendências previamente levantadas, cujo resultado serviu de base para tal

abordagem, pode proporcionar momentos de vislumbre de oportunidades e de

futuras ameaças. Portanto, esse tipo de reflexão (pensar o futuro) é importante e

enriquece o processo de desenvolvimento de políticas e estratégias setoriais ou

industriais, como também, permite vislumbrar as tendências para as aglomerações

industriais baseadas em um único setor. Nesse sentido, a Prospectiva Estratégica

pode ser considerada uma ferramenta fundamental no planejamento estratégico.

A maior contribuição do processo proposto nesta pesquisa está relacionada

com a questão de custo-benefício que o produto deste trabalho pode proporcionar

para os atores envolvidos na cadeia do setor investigado. Estudos dessa natureza

podem contribuir para um processo de sinergia e disseminação de um cultura mais

propícia a inovação, pois o princípio básico da Prospectiva Estratégica está

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216

relacionado a preparação para o porvir e, para isto, o processo proposto permite

entender melhor como o setor se encontra frente às tendências previamente

identificadas, como, também, posicionar-se em relação ao sistema de variáveis e ao

sistema de atores que impactam no setor.

7.1 A CONTRIBUIÇÃO DA PROSPECTIVA ESTRATÉGICA

A principal vantagem que um estudo de Prospectiva Estratégica pode

proporcionar está relacionada com a possibilidade de instigar os atores do setor à

reflexão sobre o futuro. Somente por vislumbrar algumas tendências importantes

relacionadas com o setor analisado é possível gerar várias mudanças de

comportamento por parte dos empresários e gestores. Esse tipo de estudo pode

incentivar, portanto, mudanças de atitudes dos atores envolvidos.

Nesse sentido, uma postura pró-ativa dos agentes envolvidos com setor pode

ser fomentada por meio da reflexão obtida com o estudo de Prospecção Estratégica.

O empresariado brasileiro precisa incitar as mudanças ao invés de somente reagir

às adversidades do mercado, com o intuito de criar e desenvolver as tendências no

ambiente. Esse tipo de atitude pode fomentar inovações importantes para o setor.

7.2 LIMITAÇÕES DA ABORDAGEM

Quanto às limitações da abordagem, pode-se destacar que a mais

significativa é a dependência da qualidade dos dados de entrada. A Prospectiva

Estratégica, no formato desenvolvido por Godet (2004), está muito bem embasada

estatisticamente. No entanto, como essa abordagem precisa de dados qualitativos

para poder, em um segundo momento, quantificar as relações de influência entre as

variáveis do sistema, a qualidade do resultado dependerá da qualidade dos dados

entradas (dados iniciais). Nesse contexto, a qualificação, o nível de conhecimento e

a capacidade de contribuição dos especialistas influenciam diretamente no resultado

do estudo.

Existem outras limitações que não estão relacionadas com o método da

abordagem, mas sim com a operacionalização da metodologia. Em primeiro lugar,

destaca-se a complexidade de reunir todos os especialistas para participar de um

Painel, pois é muito difícil obter a adesão de todos os atores escolhidos. Outro ponto

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217

importante são os recursos necessários para a implementação de estudos dessa

natureza, pois geralmente é preciso apoio logístico para os participantes do Painel e

estrutura física (local adequado para este tipo de evento), o que de fato pode

inviabilizar a operacionalização para alguns casos, ou mesmo interferir na escolha

dos especialistas ideais para o estudo (escolher especialistas por critério de

localidade em detrimento da competência).

7.3 RECOMENDAÇÕES

A Prospectiva Estratégica não se limita à abordagem desenvolvida nesta

pesquisa. Existem outras ferramentas que compõem a “caixa de ferramentas” de

Godet (2004), mentor da abordagem, que podem ser utilizadas para estruturar o

planejamento estratégico setorial. Uma das possibilidades de continuação deste

estudo é atrelar ao resultado do MICMAC©, a possibilidade de executar a ferramenta

MACTOR© para identificar as relações de força entre os atores.

A ferramenta MICMAC© permite identificar e priorizar as variáveis-chave do

sistema investigado. Uma vez entendidas as relações de influência entre as

variáveis do sistema, é possível procurar relacionar os atores que estão

estreitamente correlacionados com tais variáveis. Existem atores que exercem

impactos significativos no sistema, devido ao seu poder de influenciar as variáveis-

chave. São esses atores que deverão fazer parte do estudo MACTOR©, o qual

identificará as estratégias de cada um e a relação de força que possa existir entre

eles. Esse tipo de estudo permite desenvolver estratégias de articulação para

resolver problemas pontuais relacionados com determinados temas e variáveis.

Outras ferramentas e abordagens interessantes que poderiam contribuir no

processo de reflexão estratégica setorial são: (i) Technological Foresight

(desenvolvimento de visões que permitem identificar os avanços tecnológicos

futuros); (ii) Forecasting (previsão com base em informações históricas, modelagem

de tendências e análise de projeções futuras periódicas); (iii) Roadmaping

(desenvolvimento de mapas e rotas tecnológicas); (iv) Assessment (monitoramento e

acompanhamento sistemático e contínuo da evolução dos fatos e eventos

portadores de mudanças); (v) MORPHOL© (análise morfológica para definição de

cenários); (vi) SMIC-PROB-EXPERT© (probabilização de cenários); e, (vii)

MULTIPOL© (jogos de políticas e estratégias). Essas ferramentas também poderão

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218

contribuir no desenvolvimento do planejamento estratégico setorial, bem como na

fundamentação da tomada de decisão.

A aplicação da Prospectiva Estratégica poderá proporcionar momentos de

intensos debates e reflexões acerca das oportunidades e ameaças vislumbradas no

futuro. Portanto, é importante desenvolver esse tipo de reflexão nos demais setores

industriais. Sugere-se que estudos dessa natureza sejam desenvolvidos com o

intuito de construir coletivamente uma estratégia fundamentada nas questões

pertinentes ao futuro do setor.

O planejamento estratégico setorial precisa ser desenvolvido com o pleno

entendimento das questões sistêmicas que afetam o setor. É muito importante

entender o processo de inovação e de transformação dos negócios. Nesse contexto,

acredita-se que as empresas que não procurarem entender o fenômeno da mudança

como oportunidade terão sérios problemas de posicionamento no mercado, pois

trata-se de sistemas altamente mutantes e que podem modificar drasticamente o

mercado.

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APÊNDICE A – DESCRIÇÃO DAS VARIÁVEIS

Nº VARIÁVEL DESCRIÇÃO

01 Sociedade (Soc)

Migração; Envelhecimento populacional; Relacionamento humano; Famílias diferentes; Guerra; Terrorismo; Desigualdades;

02

Economia, Política e Comércio Mundial

(EcoPolCEx)

Concorrência asiática; Fortalecimento dos blocos econômicos; Crescimento do PIB mundial; Organização Mundial do Comércio (OMC); Subsídios, dumping; Tarifas alfandegárias e barreiras; Acesso a mercados;

03 Dinâmica do

Mercado (DinMerc)

Antes o cenário era estático, as mensagens compreensíveis e as decodificações previsíveis. Hoje, é complexo, policêntrico, dinâmico, fluído e mutante. Tem inovação veloz e aspectos globais e locais.

04 Políticas Públicas (PolPub)

Ações e diretrizes públicas relacionadas a temas como economia, sociedade, educação, investimento, ciência, tecnologia e inovação, comércio exterior, financiamento, impostos, tarifas alfandegárias, etc.

05 Tecnologia e

Novos Materiais (TecNovMat)

Tecnologias emergentes (Tecnologias de Informação e Comunicação, nanotecnologia, biotecnologia, etc);

Máquinas e equipamentos; Novos materiais, matérias-primas e processos; e-Commerce

06 Meio

Ambiente (MeioAmbi)

Equilíbrio social – econômico – ambiental; Reciclagem; Rastreabilidade; Ciclo de vida do produto; Conscientização; Legislação; Custo ambiental; Água e energia; Barreiras ambientais;

07

Cooperação e Organização da

Cadeia Produtiva (CoopCadPro)

Integração da cadeia de produção; Organização; Logística; Cultura de cooperação; Arranjos produtivos locais (APLs); Parcerias estratégicas; Alianças estratégicas; Joint venture; Central de compras; Parceria em pesquisa & desenvolvimento; Consórcio de exportação; Feiras e promoções;

08 Investimento & Financiamento

(InvFin)

Acesso a financiamentos; Linhas de financiamento; Burocracia; Crédito; Critérios; Projeto;

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238

Nº VARIÁVEL DESCRIÇÃO

09 Emprego (Emp)

Desemprego; Oportunidade; Seleção; Empregabilidade;

10 Educação & Capacitação

(EduCap)

Economia do conhecimento; Educação sistêmica; Cognição; Capacitação e treinamento; Educação continuada; Auto-aprendizado; Aprendizagem pela pesquisa; Competência técnica;

11

Pesquisa & Desenvolvimento

& Inovação (P&D&I)

Pesquisa e desenvolvimento de produtos têxteis e de confecção; Inovação: produto, processo e organizacional; Centro de pesquisas; Universidades; Laboratórios;

12 Propriedade

Industrial (PropInd)

Patentes; Desenhos industriais; Marcas; Contratos de transferência de tecnologia; Processo de concessão da propriedade industrial; Pirataria; Legislação da propriedade industrial;

13 Cultura

Empresarial (CultEmp)

Aceitar e induzir mudanças (pró-atividade); Inovação; Cooperação e diálogo; Planejamento e gestão; Confiança; Reciprocidade; Relacionamento com a academia (universidades e centros de pesquisa);

14

Marketing, Prospecção e Tendências (MktPTend)

Planos de marketing; Estudos de prospecção de mercado e de tecnologias; Estudos de tendência; Criação de tendências; Feiras e exposições;

15 Design (Des)

Design in...e made in.. Critérios sócio-éticos ambientais; Design como processo; Cultura da inovação; Criatividade; Ciclo de Vida do Produto; Cultura local; Aspectos interculturais; Design “Paraná”;

16

Produção, Qualidade e

Produtividade (ProdQualPr)

Novos modelos de gestão; Integração da produção; Qualidade e produtividade; Tecnologia de produção; Processos; Logística;

Fonte: O autor.

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239

APÊNDICE B – MODELO DE MATRIZ MICMAC© UTILIZADA NA PESQUISA

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16

Soci

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Variáveis

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 1 Sociedade 1 X 2 Economia, Política e Comércio Mundial 2 X 3 Dinâmica do Mercado 3 X 4 Políticas Públicas 4 X 5 Tecnologia e Novos Materiais 5 X 6 Meio Ambiente 6 X 7 Cooperação e Organização da Cadeia Produtiva 7 X 8 Investimento & Financiamento 8 X 9 Emprego 9 X

10 Educação & Capacitação 10 X 11 Pesquisa & Desenvolvimento & Inovação 11 X 12 Propriedade Industrial 12 X 13 Cultura Empresarial 13 X 14 Marketing, Prospecção e Tendências 14 X 15 Design 15 X 16 Produção, Qualidade e Produtividade 16 X

Fonte: O autor.

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240

APÊNDICE C – GRUPOS DAS DIVISÕES 17 E 18 DA CNAE 1.0

CNAE 1.0 Descrição do Grupo

Grupo 17.1 Beneficiamento de fibras têxteis naturais;

Grupo 17.2 Fiação;

Grupo 17.3 Tecelagem - inclusive fiação e tecelagem.

Grupo 17.4 Fabricação de artefatos têxteis incluindo tecelagem;

Grupo 17.5 Acabamentos em fios, tecidos e artigos têxteis, por terceiros;

Grupo 17.6 Fabricação de artefatos têxteis a partir de tecidos (exclusive vestuário) - e de outros artigos têxteis;

Divisão 17 (Setor Têxtil)

Grupo 17.7 Fabricação de tecidos e artigos de malha;

Grupo 18.1 Confecção de artigos do vestuário; Divisão 18 (Setor de

Confecção) Grupo 18.2 Fabricação de acessórios do vestuário e de segurança profissional;

Fonte: O autor a partir de dados do INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - CONCLA/CNAE, (2006).

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241

APÊNDICE D – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO

Nº de estabelecimentos por período (ano) Nº Estados 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 São Paulo 14.439 14.718 14.694 15.097 15.693 8,682 Minas Gerais 6.982 7.211 7.263 7.360 7.592 8,743 Santa Catarina 5.773 6.119 6.274 6.444 6.850 18,664 Paraná 3.660 3.851 4.037 4.343 4.509 23,205 Rio Grande do Sul 3.258 3.280 3.232 3.316 3.341 2,556 Rio de Janeiro 3.158 3.205 3.172 3.191 3.235 2,447 Goiás 2.202 2.338 2.408 2.543 2.649 20,308 Ceará 1.920 2.093 2.214 2.273 2.387 24,329 Pernambuco 1.040 1.122 1.221 1.345 1.518 45,9610 Espírito Santo 1.036 1.040 1.087 1.113 1.126 8,6911 Bahia 1.009 1.042 1.079 1.151 1.194 18,3312 Rio Grande do Norte 440 468 473 472 479 8,8613 Paraíba 366 372 346 346 339 -7,3814 Piauí 238 267 280 292 284 19,3315 Mato Grosso 219 228 254 277 283 29,2216 Mato Grosso do Sul 168 187 213 220 219 30,3617 Distrito Federal 168 197 204 213 213 26,7918 Sergipe 135 143 162 171 181 34,0719 Pará 130 140 142 162 161 23,8520 Maranhão 112 124 137 144 144 28,5721 Alagoas 89 97 105 103 109 22,4722 Rondônia 83 98 103 113 119 43,3723 Tocantins 55 60 58 54 66 20,0024 Amazonas 52 67 68 70 70 34,6225 Acre 17 15 12 17 12 -29,4126 Roraima 11 9 8 9 10 -9,0927 Amapá 11 9 12 16 18 63,64Total 9.974 46.771 48.500 49.258 50.855 12,89Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

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242

APÊNDICE E – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL E CONFECÇÃO

Nº de empregos por período (ano) Nº Estados 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 São Paulo 221.474 226.902 227.442 248.792 259.310 17,082 Santa Catarina 110.350 113.398 114.778 124.059 131.130 18,833 Minas Gerais 85.911 91.072 89.406 100.048 105.526 22,834 Paraná 50.945 56.981 59.098 67.426 68.893 35,235 Rio de Janeiro 49.980 50.878 49.381 50.587 52.799 5,646 Ceará 46.827 45.857 46.076 49.874 52.397 11,897 Rio Grande do Sul 26.247 25.321 25.765 27.848 27.375 4,308 Goiás 18.628 19.579 19.934 22.016 22.451 20,529 Rio Grande do Norte 18.298 22.055 17.479 19.869 20.712 13,1910 Pernambuco 15.870 15.660 14.761 15.899 18.265 15,0911 Bahia 13.942 14.768 14.784 15.794 16.405 17,6712 Espírito Santo 13.551 14.411 14.762 16.632 17.107 26,2413 Paraíba 10.871 11.444 10.782 11.499 11.976 10,1614 Sergipe 5.525 5.529 5.819 5.708 6.588 19,2415 Piauí 3.990 4.173 3.983 3.500 3.371 -15,5116 Pará 2.113 2.537 2.689 2.870 3.319 57,0817 Mato Grosso do Sul 1.994 2.687 3.474 4.151 4.807 141,0718 Alagoas 1.847 1.836 1.509 1.521 1.624 -12,0719 Mato Grosso 1.570 1.790 1.921 2.278 2.239 42,6120 Amazonas 1.302 1.427 1.581 1.781 2.193 68,4321 Distrito Federal 737 802 844 893 834 13,1622 Maranhão 688 857 931 1.022 1.157 68,1723 Rondônia 507 600 685 741 806 58,9724 Tocantins 263 321 329 332 386 46,7725 Acre 86 86 57 83 78 -9,3026 Amapá 46 45 60 72 83 80,4327 Roraima 25 45 20 27 22 -12,00Total 703.587 731.061 728.350 795.322 831.853 18,23Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

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243

APÊNDICE F – SEÇÃO XI DA NOMENCLATURA COMUM DO MERCOSUL (NCM)

SEÇÃO XI – MATÉRIAS TÊXTEIS E SUAS OBRAS Capítulos Descrição do Capítulo

NCM 50 Seda;

NCM 51 Lã e pêlos finos ou grosseiros; e, fios e tecidos de crina;

NCM 52 Algodão;

NCM 53 Outras fibras têxteis vegetais; e, fios de papel e tecido de fios de papel;

NCM 54 Filamentos sintéticos ou artificiais;

NCM 55 Fibras sintéticas ou artificiais, descontínuas;

NCM 56 Pastas ("ouates"), feltros e falsos tecidos; fios especiais; cordéis, cordas e cabos; e, artigos de cordoaria;

NCM 57 Tapetes e outros revestimentos para pavimentos, de matérias têxteis;

NCM 58 Tecidos especiais; tecidos tufados; rendas; tapeçarias; passamanarias; bordados;

NCM 59 Tecidos impregnados, revestidos, recobertos ou estratificados; artigos para usos técnicos de matérias têxteis;

NCM 60 Tecidos de malha;

NCM 61 Vestuário e seus acessórios, de malha;

NCM 62 Vestuário e seus acessórios, exceto de malha;

NCM 63 Outros artefatos têxteis confeccionados; sortidos; artefatos de matérias têxteis, calçados, chapéus e artefatos de uso semelhante, usados; trapos;

Fonte: O autor a partir de dados do MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006a).

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244

APÊNDICE G – EXPORTAÇÕES DO BRASIL NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS

Exportações do Brasil - Setor Têxtil e Derivados (U$) NCM 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total NCM

50 89.981.550 77.868.440 63.856.367 48.480.285 50.655.321 41.528.255 33.933.995 31.624.502 35.512.828 33.547.228 506.988.771 51 48.427.362 44.331.460 30.922.932 20.611.612 22.208.295 24.430.545 20.084.315 25.634.370 21.039.176 21.676.983 279.367.050 52 280.863.533 247.006.113 228.754.698 191.524.848 262.886.501 409.981.883 298.029.211 532.649.293 752.899.177 779.121.359 3.983.716.616 53 29.800.253 30.788.175 24.959.788 16.899.921 22.269.725 16.831.661 19.999.163 33.671.314 40.042.698 47.548.218 282.810.916 54 86.452.479 78.766.505 66.182.282 51.316.969 65.665.519 57.085.597 68.436.671 98.213.670 106.974.137 124.370.613 803.464.442 55 65.564.885 60.536.004 53.598.720 55.263.943 62.862.712 46.913.425 49.362.509 101.293.516 123.625.022 125.228.267 744.249.003 56 101.047.824 142.798.697 111.670.509 96.046.419 95.462.099 69.623.761 49.102.662 77.426.244 106.242.912 134.997.895 984.419.022 57 16.992.927 22.806.183 24.534.491 18.415.842 20.312.390 21.842.549 16.594.393 21.301.206 20.413.968 22.174.857 205.388.806 58 35.158.630 57.567.602 34.111.919 19.726.052 18.400.793 19.300.431 15.543.474 23.641.420 33.633.158 33.541.508 290.624.987 59 47.950.565 36.090.939 38.552.683 35.544.324 37.189.813 34.772.864 31.497.787 47.953.733 66.906.194 85.288.538 461.747.440 60 14.461.719 22.361.309 24.570.055 20.853.006 30.277.557 27.753.784 26.921.249 39.440.973 53.179.213 52.169.307 311.988.172 61 117.524.979 101.117.528 96.388.344 104.021.422 183.529.214 167.289.218 111.977.620 173.755.704 197.419.451 194.514.337 1.447.537.817 62 114.524.562 98.477.538 81.811.245 57.154.548 90.399.382 106.232.006 91.547.079 115.416.116 142.967.139 142.244.418 1.040.774.033 63 242.857.056 246.499.122 232.943.513 215.071.024 259.951.457 262.511.063 267.978.529 334.258.917 378.579.728 405.430.374 2.846.080.783

Total 1.291.608.324 1.267.015.615 1.112.857.546 950.930.215 1.222.070.778 1.306.097.042 1.101.008.657 1.656.280.978 2.079.434.801 2.201.853.902 14.189.157.858

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

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245

APÊNDICE H – IMPORTAÇÕES DO BRASIL NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS

Importações do Brasil – Setor Têxtil e Derivados (U$) NCM 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total NCM

50 3.812.733 3.809.265 5.926.544 3.055.886 4.277.642 4.168.711 2.280.378 2.627.978 3.494.268 6.680.762 40.134.167 51 23.107.989 33.856.872 41.274.580 19.926.929 21.423.194 16.135.020 7.670.092 9.398.389 11.872.888 16.903.353 201.569.306 52 988.308.099 866.650.144 1.010.796.289 402.516.025 366.584.613 125.981.634 86.188.116 151.149.268 193.154.911 96.408.044 4.287.737.143 53 34.252.685 32.134.412 32.524.361 16.557.927 10.927.067 8.156.364 6.077.815 9.685.316 9.095.301 6.978.499 166.389.747 54 422.597.824 414.391.016 779.185.870 390.823.511 559.531.786 514.796.984 500.947.438 465.626.102 617.293.686 568.082.896 5.233.277.113 55 175.291.140 210.362.523 338.430.016 140.807.106 169.682.337 127.771.706 97.091.373 104.368.167 171.724.237 251.305.087 1.786.833.692 56 90.924.298 95.787.123 147.060.493 64.598.782 79.317.034 73.511.486 61.369.173 55.750.089 63.194.718 83.732.063 815.245.259 57 29.030.724 33.236.938 53.180.861 23.166.419 23.709.831 20.228.717 13.736.110 12.228.633 12.527.706 15.345.140 236.391.079 58 48.808.725 53.890.171 107.782.562 43.047.325 30.442.102 22.283.609 17.867.310 18.222.644 25.072.116 48.655.884 416.072.448 59 98.871.762 111.791.296 218.260.047 104.870.910 108.398.377 101.326.372 96.464.159 107.707.462 126.671.894 134.627.445 1.208.989.724 60 56.934.291 78.096.313 89.407.426 44.898.779 62.871.049 39.790.356 15.906.861 8.829.077 16.242.858 29.489.035 442.466.045 61 91.041.063 130.363.707 152.149.535 52.280.085 48.303.649 59.198.188 41.150.462 38.749.274 52.030.728 72.606.327 737.873.018 62 210.411.351 236.569.847 309.841.074 107.897.095 92.558.016 94.803.087 68.526.231 61.368.986 96.220.280 154.562.061 1.432.758.028 63 48.840.984 49.336.464 79.529.919 28.496.960 28.569.058 24.659.869 18.177.019 16.038.236 24.375.977 32.578.148 350.602.634

Total 2.322.233.668 2.350.276.091 3.365.349.577 1.442.943.739 1.606.595.755 1.232.812.103 1.033.452.537 1.061.749.621 1.422.971.568 1.517.954.744 17.356.339.403

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

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246

APÊNDICE I – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL

Nº de estabelecimentos por período (ano) Nº Estados 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 São Paulo 3.401 3.444 3.386 3.428 3.511 3,232 Minas Gerais 1.858 1.936 1.912 1.935 1.981 6,623 Santa Catarina 1.268 1.317 1.344 1.406 1.522 20,034 Rio Grande do Sul 1.010 1.013 1.010 1.001 989 -2,085 Paraná 631 629 657 677 704 11,576 Rio de Janeiro 336 318 318 328 332 -1,197 Ceará 245 263 271 244 272 11,028 Pernambuco 196 185 196 206 212 8,169 Bahia 182 198 209 215 239 31,3210 Rio Grande do Norte 156 152 146 135 142 -8,9711 Goiás 153 171 183 181 184 20,2612 Paraíba 113 107 104 100 111 -1,7713 Mato Grosso 93 98 110 111 112 20,4314 Espírito Santo 78 81 94 102 103 32,0515 Sergipe 48 48 54 61 62 29,1716 Pará 40 33 29 35 39 -2,5017 Maranhão 29 26 29 23 29 0,0018 Piauí 29 33 33 32 30 3,4519 Mato Grosso do Sul 28 38 45 48 48 71,4320 Alagoas 22 20 19 22 24 9,0921 Amazonas 15 18 18 18 19 26,6722 Distrito Federal 15 19 18 26 26 73,3323 Rondônia 12 18 18 15 23 91,6724 Acre 7 5 3 7 4 -42,8625 Tocantins 5 9 7 8 12 140,0026 Amapá 3 2 3 5 4 33,3327 Roraima 1 1 1 1 1 0,00Total 9.974 10.182 10.217 10.370 10.735 7,63Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

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247

APÊNDICE J – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL

Nº de empregos por período (ano) Nº Estados 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 São Paulo 102.866 105.240 104.317 111.073 113.910 10,742 Santa Catarina 50.194 49.654 49.390 52.744 55.034 9,643 Minas Gerais 35.442 36.944 34.839 38.539 39.283 10,844 Ceará 16.150 16.043 14.837 15.417 16.419 1,675 Paraná 13.107 13.037 12.736 13.465 12.890 -1,666 Rio Grande do Sul 12.180 11.506 11.219 11.855 10.984 -9,827 Rio Grande do Norte 10.007 9.585 7.230 9.743 9.961 -0,468 Rio de Janeiro 9.941 10.445 11.227 11.078 11.354 14,219 Paraíba 7.658 8.321 7.989 8.556 8.926 16,5610 Bahia 6.595 7.388 7.631 7.980 8.071 22,3811 Pernambuco 5.743 4.949 4.133 4.022 5.219 -9,1212 Sergipe 3.963 3.884 3.866 3.478 4.410 11,2813 Goiás 1.905 1.827 1.997 2.209 2.318 21,6814 Alagoas 1.467 1.441 1.047 1.138 1.225 -16,5015 Pará 1.443 1.731 1.932 2.013 2.384 65,2116 Espírito Santo 1.100 1.260 1.323 1.697 1.949 77,1817 Mato Grosso 852 994 1.017 1.161 1.054 23,7118 Amazonas 765 801 946 1.024 1.018 33,0719 Mato Grosso do Sul 488 857 1.300 1.715 1.962 302,0520 Maranhão 286 388 434 281 338 18,1821 Piauí 135 158 150 149 149 10,3722 Distrito Federal 51 67 60 95 74 45,1023 Acre 41 32 9 18 15 -63,4124 Rondônia 33 73 108 87 121 266,6725 Tocantins 28 38 79 46 57 103,5726 Amapá 7 5 9 11 8 14,2927 Roraima 2 28 1 1 3 50,00Total 282.449 286.696 279.826 299.595 309.136 9,45Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

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248

APÊNDICE K – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO

Nº de estabelecimentos por período (ano) Nº Estados 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 São Paulo 11.038 11.274 11.308 11.669 12.182 10,362 Minas Gerais 5.124 5.275 5.351 5.425 5.611 9,503 Santa Catarina 4.505 4.802 4.930 5.038 5.328 18,274 Paraná 3.029 3.222 3.380 3.666 3.805 25,625 Rio de Janeiro 2.822 2.887 2.854 2.863 2.903 2,876 Rio Grande do Sul 2.248 2.267 2.222 2.315 2.352 4,637 Goiás 2.049 2.167 2.225 2.362 2.465 20,308 Ceará 1.675 1.830 1.943 2.029 2.115 26,279 Espírito Santo 958 959 993 1.011 1.023 6,7810 Pernambuco 844 937 1.025 1.139 1.306 54,7411 Bahia 827 844 870 936 955 15,4812 Rio Grande do Norte 284 316 327 337 337 18,6613 Paraíba 253 265 242 246 228 -9,8814 Piauí 209 234 247 260 254 21,5315 Distrito Federal 153 178 186 187 187 22,2216 Mato Grosso do Sul 140 149 168 172 171 22,1417 Mato Grosso 126 130 144 166 171 35,7118 Pará 90 107 113 127 122 35,5619 Sergipe 87 95 108 110 119 36,7820 Maranhão 83 98 108 121 115 38,5521 Rondônia 71 80 85 98 96 35,2122 Alagoas 67 77 86 81 85 26,8723 Tocantins 50 51 51 46 54 8,0024 Amazonas 37 49 50 52 51 37,8425 Acre 10 10 9 10 8 -20,0026 Roraima 10 8 7 8 9 -10,0027 Amapá 8 7 9 11 14 75,00Total 36.797 38.318 39.041 40.485 42.066 14,32Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

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249

APÊNDICE L – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO

Nº de empregos por período (ano) Nº Estados 2001 2002 2003 2004 2005

vp (%)

1 São Paulo 118.608 121.662 123.125 137.719 145.400 22,592 Santa Catarina 60.156 63.744 65.388 71.315 76.096 26,503 Minas Gerais 50.469 54.128 54.567 61.509 66.243 31,254 Rio de Janeiro 40.039 40.433 38.154 39.509 41.445 3,515 Paraná 37.838 43.944 46.362 53.961 56.003 48,016 Ceará 30.677 29.814 31.239 34.457 35.978 17,287 Goiás 16.723 17.752 17.937 19.807 20.133 20,398 Rio Grande do Sul 14.067 13.815 14.546 15.993 16.391 16,529 Espírito Santo 12.451 13.151 13.439 14.935 15.158 21,7410 Pernambuco 10.127 10.711 10.628 11.877 13.046 28,8211 Rio Grande do Norte 8.291 12.470 10.249 10.126 10.751 29,6712 Bahia 7.347 7.380 7.153 7.814 8.334 13,4313 Piauí 3.855 4.015 3.833 3.351 3.222 -16,4214 Paraíba 3.213 3.123 2.793 2.943 3.050 -5,0715 Sergipe 1.562 1.645 1.953 2.230 2.178 39,4416 Mato Grosso do Sul 1.506 1.830 2.174 2.436 2.845 88,9117 Mato Grosso 718 796 904 1.117 1.185 65,0418 Distrito Federal 686 735 784 798 760 10,7919 Pará 670 806 757 857 935 39,5520 Amazonas 537 626 635 757 1.175 118,8121 Rondônia 474 527 577 654 685 44,5122 Maranhão 402 469 497 741 819 103,7323 Alagoas 380 395 462 383 399 5,0024 Tocantins 235 283 250 286 329 40,0025 Acre 45 54 48 65 63 40,0026 Amapá 39 40 51 61 75 92,3127 Roraima 23 17 19 26 19 -17,39Total 421.138 444.365 448.524 495.727 522.717 24,12Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006). Legenda: vp = variação percentual entre 2001 e 2005.

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250

APÊNDICE M – EXPORTAÇÕES DO ESTADO DO PARANÁ NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS

Exportações Paranaenses - Setor Têxtil e Derivados (U$) NCM 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total NCM

50 56.187.004 43.213.322 42.418.977 25.468.054 28.396.575 24.417.164 22.061.281 20.632.745 26.352.039 20.824.629 309.971.790 51 88.970 80.046 0 1 0 0 91 0 0 0 169.108 52 4.669.598 5.523.585 4.685.667 3.660.335 2.889.651 11.048.123 5.291.737 9.364.380 10.796.391 6.482.138 64.411.605 53 1.172.020 1.999.645 372.543 353.111 429.492 428.393 525.094 557.301 615.192 567.866 7.020.657 54 3.002.591 2.942.703 3.241.661 2.440.052 4.170.192 2.741.587 3.125.496 3.009.016 3.853.759 5.561.898 34.088.955 55 41.655 85.443 12.267 3.257 88.721 60.500 0 79.273 11.985 1.428.258 1.811.359 56 7.653.106 12.589.513 6.964.305 8.859.827 6.559.698 5.378.940 6.710.928 15.977.733 32.926.672 48.073.715 151.694.437 57 1 1.113 28.022 2.846 400.760 2.095.991 656.094 2.142.724 2.716.672 1.631.176 9.675.399 58 591.563 900.304 1.070.674 654.604 731.903 505.136 319.642 449.603 486.204 784.780 6.494.413 59 317.646 249.308 369.021 331.132 582.685 1.836.343 1.894.943 2.095.405 2.126.977 2.370.391 12.173.851 60 0 12.243 0 251 38.499 18.373 20.741 48.714 129.707 777.895 1.046.423 61 999.539 1.326.444 1.065.966 903.360 924.828 679.659 765.106 7.836.807 5.621.517 1.587.745 21.710.971 62 600.425 675.756 594.956 794.945 1.098.677 1.159.943 1.025.875 2.505.794 2.591.584 2.614.727 13.662.682 63 1.837.219 1.995.510 2.958.030 2.164.794 2.158.928 1.808.921 1.182.456 1.258.754 1.971.295 2.513.651 19.849.558

Total 77.161.337 71.594.935 63.782.089 45.636.569 48.470.609 52.179.073 43.579.484 65.958.249 90.199.994 95.218.869 653.781.208

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

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251

APÊNDICE N – IMPORTAÇÕES DO ESTADO DO PARANÁ NO SETOR TÊXTIL E DERIVADOS

Importações Paranaenses - Setor Têxtil e Derivados (U$) NCM 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 Total NCM

50 108.225 712.122 112.646 974.507 623.553 333.629 127.775 19.709 0 17.753 3.029.919 51 188.189 395.006 205.062 650.018 486.947 492.570 10.255 7.257 14.876 164.041 2.614.221 52 85.945.888 72.535.924 30.317.611 14.840.854 9.670.969 3.552.929 2.838.681 3.194.792 2.732.923 1.079.346 226.709.917 53 189.926 1.022.995 614.417 79.700 66.683 36.161 20 0 9.849 84.910 2.104.661 54 1.771.770 1.835.071 3.320.017 8.015.587 22.007.005 44.374.147 63.947.105 37.822.575 35.026.902 13.534.126 231.654.305 55 20.926.141 17.182.228 16.212.116 3.383.090 4.841.468 3.905.023 3.528.799 1.227.096 1.622.995 2.518.756 75.347.712 56 677.920 1.608.230 2.232.230 2.958.301 1.932.410 2.715.595 2.240.707 1.441.498 1.783.302 2.348.799 19.938.992 57 2.818.640 3.125.013 3.052.891 2.481.310 4.150.156 4.216.051 761.492 568.200 562.585 735.607 22.471.945 58 900.169 1.310.574 1.094.343 1.190.216 1.551.546 1.314.881 1.838.176 1.342.099 1.905.168 1.652.521 14.099.693 59 6.744.521 5.174.072 5.138.562 10.564.433 10.110.392 9.133.056 7.748.071 7.080.159 9.018.594 9.395.125 80.106.985 60 865.631 816.510 1.228.983 1.296.540 5.282.845 3.241.724 2.472.211 355.491 460.288 557.119 16.577.342 61 4.021.579 5.690.826 6.703.389 3.725.336 1.406.471 2.302.429 3.475.794 2.979.189 4.639.550 4.876.612 39.821.175 62 5.916.032 9.347.944 8.176.202 5.086.241 5.830.468 5.086.511 6.011.615 5.370.602 12.169.531 8.294.053 71.289.199 63 2.117.925 824.076 1.623.070 1.952.890 1.992.956 1.119.702 1.336.756 730.189 2.185.125 898.777 14.781.466

Total 133.192.556 121.580.591 80.031.539 57.199.023 69.953.869 81.824.408 96.337.457 62.138.856 72.131.688 46.157.545 820.547.532

Fonte: O autor a partir de dados da base ALICE (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO..., 2006b).

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252

APÊNDICE O – ESTABELECIMENTOS DO SETOR TÊXTIL POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)

Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos)

Nº Municípios

ZER

O

ATE

4

DE

5 A

9

DE

10 A

19

DE

20 A

49

DE

50 A

99

DE

100

A 2

49

DE

250

A 4

99

DE

500

A 9

99

1000

OU

MA

IS

Total

1 Curitiba 8 40 20 9 10 1 0 2 0 0 90 2 Apucarana 4 24 10 12 4 2 1 1 0 0 58 3 Londrina 9 23 10 4 2 3 2 2 0 0 55 4 Maringá 5 23 7 9 3 2 2 0 1 0 52 5 Imbituva 9 17 7 1 0 0 0 0 0 0 34 6 Cianorte 2 13 2 3 3 3 0 0 0 0 26 7 Cascavel 0 12 3 2 3 0 0 0 0 0 20 8 São Jose dos Pinhais 3 6 3 4 1 1 0 0 0 0 18 9 Ponta Grossa 1 5 3 3 2 1 0 1 1 0 17 10 Umuarama 4 4 2 2 1 1 0 0 0 0 14 11 Arapongas 2 4 2 2 1 0 0 0 0 0 11 12 Campo Largo 3 5 1 1 0 1 0 0 0 0 11 13 Sarandi 2 5 1 2 0 0 0 0 0 0 10 14 Cambé 0 3 2 1 2 1 0 0 0 0 9 15 Goioerê 0 4 1 2 0 1 1 0 0 0 9 16 Terra Roxa 1 2 1 1 4 0 0 0 0 0 9 17 Toledo 1 4 2 0 0 0 0 1 0 0 8 18 Medianeira 1 3 1 2 0 0 0 0 0 0 7 19 Rolândia 0 2 3 1 1 0 0 0 0 0 7 20 Ubiratã 1 5 1 0 0 0 0 0 0 0 7 21 Demais Municípios 33 91 41 33 18 6 6 3 1 0 232 Total 89 295 123 94 55 23 12 10 3 0 704

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).

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253

APÊNDICE P – EMPREGOS DO SETOR TÊXTIL POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)

Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos)

Nº Municípios

ZER

O

ATE

4

DE

5 A

9

DE

10 A

19

DE

20 A

49

DE

50 A

99

DE

100

A 2

49

DE

250

A 4

99

DE

500

A 9

99

1000

OU

MA

IS

Total

1 Londrina 0 45 71 63 94 180 272 723 0 0 1.448 2 Curitiba 0 90 134 115 339 69 0 625 0 0 1.372 3 Maringá 0 58 48 132 111 139 283 0 564 0 1.335 4 Ponta Grossa 0 12 17 38 41 64 0 323 520 0 1.015 5 Apucarana 0 50 75 173 150 165 100 260 0 0 973 6 Cornélio Procópio 0 0 0 0 0 0 0 0 645 0 645 7 Toledo 0 13 14 0 0 0 0 441 0 0 468 8 Andirá 0 2 0 17 0 0 0 412 0 0 431 9 Cianorte 0 31 13 45 69 245 0 0 0 0 403 10 Assaí 0 5 5 12 0 0 0 344 0 0 366 11 Goioerê 0 12 6 23 0 64 230 0 0 0 335 12 Mandaguari 0 1 0 30 0 0 0 251 0 0 282 13 Cascavel 0 22 23 24 97 0 0 0 0 0 166 14 Terra Roxa 0 5 9 12 139 0 0 0 0 0 165 15 Pinhais 0 2 14 19 0 0 127 0 0 0 162 16 Araucária 0 0 0 48 0 0 111 0 0 0 159 17 Pérola 0 0 0 0 0 0 159 0 0 0 159 18 São José dos Pinhais 0 9 19 48 26 57 0 0 0 0 159 19 Cambé 0 8 10 10 71 51 0 0 0 0 150 20 Quatro Barras 0 0 0 0 0 0 142 0 0 0 142 21 Demais Municípios 0 263 370 520 670 522 210 0 0 0 2.555 Total 0 628 828 1.329 1.807 1.556 1.634 3.379 1.729 0 12.890

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).

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254

APÊNDICE Q – ESTABELECIMENTOS DO SETOR DE CONFECÇÃO POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)

Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos)

Nº Municípios

ZER

O

ATE

4

DE

5 A

9

DE

10 A

19

DE

20 A

49

DE

50 A

99

DE

100

A 2

49

DE

250

A 4

99

DE

500

A 9

99

1000

OU

MA

IS

Total

1 Maringá 100 238 64 40 50 15 8 2 0 0 517 2 Cianorte 73 227 58 39 32 14 3 0 0 0 446 3 Curitiba 34 182 71 34 14 2 0 0 0 0 337 4 Apucarana 29 104 59 55 42 26 5 0 1 0 321 5 Londrina 27 112 45 25 24 5 8 2 1 0 249 6 Umuarama 5 30 7 10 13 4 4 0 0 0 73 7 Cascavel 5 28 10 9 7 3 1 0 0 0 63 8 Altônia 7 8 8 14 14 5 3 0 0 0 59 9 Toledo 5 20 11 10 6 2 0 1 0 0 55 10 Cambé 6 15 12 6 8 1 4 0 0 0 52 11 Sarandi 9 21 3 5 4 2 1 0 0 0 45 12 Paranavaí 3 25 10 3 2 1 0 0 0 0 44 13 Astorga 2 9 7 7 10 3 0 0 0 0 38 14 Mandaguari 6 21 3 7 1 0 0 0 0 0 38 15 Francisco Beltrão 0 16 3 8 3 4 1 0 0 0 35 16 Pérola 5 9 0 7 8 3 2 0 0 0 34 17 Santo Antônio do Sudoeste 3 11 5 4 6 4 1 0 0 0 34 18 Jandaia do Sul 6 6 9 7 5 0 0 0 0 0 33 19 Terra Boa 5 9 3 0 9 5 2 0 0 0 33 20 Campo Mourão 1 18 6 4 2 0 1 0 0 0 32 21 Demais Municípios 133 464 182 171 204 83 25 4 0 1 1.267 Total 464 1.573 576 465 464 182 69 9 2 1 3.805

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).

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255

APÊNDICE R – EMPREGOS DO SETOR DE CONFECÇÃO POR MUNICÍPIOS (20 MAIS EXPRESSIVOS)

Tamanho do Estabelecimento (número de vínculos ativos)

Nº Municípios

ZER

O

ATE

4

DE

5 A

9

DE

10 A

19

DE

20 A

49

DE

50 A

99

DE

100

A 2

49

DE

250

A 4

99

DE

500

A 9

99

1000

OU

MA

IS

Total

1 Apucarana 0 219 392 757 1.330 1.874 738 0 896 0 6.206 2 Maringá 0 469 411 520 1.559 1.037 1.089 532 0 0 5.617 3 Londrina 0 253 304 364 646 388 1.213 750 643 0 4.561 4 Cianorte 0 476 390 553 962 969 355 0 0 0 3.705 5 Curitiba 0 374 464 467 365 122 0 0 0 0 1.792 6 Altônia 0 17 56 213 434 420 461 0 0 0 1.601 7 Ampére 0 4 13 0 26 72 334 0 0 1.027 1.476 8 Umuarama 0 63 46 129 386 257 516 0 0 0 1.397 9 Terra Boa 0 22 19 0 326 375 337 0 0 0 1.079 10 Cambé 0 38 81 73 282 58 451 0 0 0 983 11 Toledo 0 46 78 120 216 119 0 292 0 0 871 12 Cascavel 0 51 67 125 217 204 182 0 0 0 846 13 Pérola 0 22 0 87 282 184 249 0 0 0 824 14 Siqueira Campos 0 10 5 25 88 158 218 307 0 0 811 15 Terra Roxa 0 12 52 101 84 105 418 0 0 0 772 16 Francisco Beltrão 0 45 19 110 98 260 232 0 0 0 764 17 Santo Antônio do Sudoeste 0 19 34 56 181 281 178 0 0 0 749 18 Astorga 0 20 42 96 297 187 0 0 0 0 642 19 Dois Vizinhos 0 7 14 24 72 0 0 441 0 0 558 20 Japurá 0 8 29 97 127 137 148 0 0 0 546 21 Demais Municípios 0 1.108 1.287 2.463 6.616 5.246 2.969 514 0 0 20.203 Total 0 3.283 3.803 6.380 14.594 12.453 10.088 2.836 1.539 1.027 56.003

Fonte: O autor a partir de dados da base RAIS (MINISTÉRIO DO TRABALHO..., (2006).

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256

APÊNDICE S – MATRIZ DE INFLUÊNCIAS INDIRETAS (MII)

Variável

1 :

Soc

2 :

EcoP

olC

Ex

3 :

Din

Mer

c

4 :

PolP

ub

5 :

TecN

ovM

at

6 :

Mei

oAm

bi

7 :

Coo

pCad

Pro

8 :

InvF

in

9 :

Emp

10

: Edu

Cap

11

: P&

D&

I

12

: Pro

pInd

13

: Cul

tEm

p

14

: Mkt

PTen

d

15

: Des

16

: Pro

dQua

lPr

1 : Soc 1498 1432 1579 1319 1699 1311 1256 1204 1837 1537 1429 1125 1215 1401 1282 1810 2 : EcoPolCEx 1463 1364 1505 1257 1648 1231 1203 1159 1752 1470 1376 1105 1168 1333 1206 1723 3 : DinMerc 1579 1497 1619 1372 1800 1348 1301 1252 1913 1584 1483 1192 1283 1455 1331 1894 4 : PolPub 1275 1214 1344 1106 1429 1098 1063 1035 1563 1322 1224 974 1032 1195 1065 1510 5 : TecNovMat 1796 1716 1884 1557 2017 1549 1484 1451 2196 1855 1732 1371 1463 1682 1511 2165 6 : MeioAmbi 1064 1007 1083 924 1194 896 874 846 1270 1078 995 797 864 984 888 1268 7 : CoopCadPro 1562 1493 1642 1372 1770 1359 1293 1258 1903 1605 1494 1185 1282 1471 1317 1902 8 : InvFin 1581 1502 1652 1367 1791 1357 1317 1264 1921 1615 1509 1203 1272 1464 1319 1897 9 : Emp 1598 1511 1645 1363 1767 1338 1302 1279 1906 1647 1490 1209 1292 1476 1317 1915 10 : EduCap 2083 1958 2143 1809 2351 1777 1709 1653 2513 2086 1980 1567 1697 1922 1735 2489 11 : P&D&I 1895 1805 1974 1637 2145 1626 1560 1530 2313 1950 1790 1455 1538 1760 1609 2271 12 : PropInd 1315 1260 1373 1141 1477 1129 1090 1059 1584 1367 1254 998 1067 1235 1115 1585 13 : CultEmp 1844 1744 1906 1585 2060 1564 1526 1474 2222 1894 1736 1400 1479 1704 1547 2204 14 : MktPTend 1534 1457 1587 1328 1714 1304 1264 1235 1844 1574 1473 1166 1241 1425 1287 1827 15 : Des 1685 1589 1766 1466 1927 1462 1396 1341 2054 1715 1615 1294 1375 1580 1407 2038 16 : ProdQualPr 1992 1894 2066 1736 2259 1707 1656 1594 2421 2044 1896 1506 1614 1865 1698 2362

Fonte: O autor com apoio do software MICMAC©.

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ANEXO A – PIB DOS PAÍSES MEMBROS DA OCDE

PIB em volume - Poucentages de variation par rapport à l'année précédente Quatrième trimestre Pays Moyenne

1982-92 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 20082006 2007 2008

Australie 3,0 4,0 5,0 4,0 4,0 3,8 5,2 4,4 3,4 2,4 3,9 3,3 3,3 2,9 2,6 3,0 3,4 2,8 2,7 3,9 Autriche 2,6 0,4 2,4 2,6 2,6 2,2 3,7 3,7 2,8 0,6 0,5 0,8 2,3 2,6 3,2 2,5 2,4 3,1 2,3 2,6 Belgique 2,3 -1,0 3,2 2,4 1,1 3,5 1,7 3,3 3,9 0,7 1,4 1,0 2,7 1,5 2,9 2,3 2,1 2,9 2,1 2,0 Canada 2,6 2,3 4,8 2,8 1,6 4,2 4,1 5,5 5,2 1,8 2,9 1,8 3,3 2,9 2,8 2,7 3,1 2,5 3,0 3,2 République tchèque .. .. 2,6 5,9 4,2 -0,7 -0,8 1,3 3,7 2,5 1,9 3,6 4,2 6,1 6,2 4,8 4,6 5,3 4,7 4,6 Danemark 2,1 -0,1 5,5 3,1 2,8 3,2 2,2 2,6 3,5 0,7 0,5 0,7 1,9 3,0 3,5 2,6 1,6 3,6 2,2 1,4 Finlande 1,6 -1,0 3,6 4,0 3,6 6,1 5,2 3,9 5,3 2,5 1,6 1,9 3,3 3,0 5,0 2,8 2,7 3,9 3,4 2,4 France 2,3 -0,8 1,5 1,8 1,0 2,1 3,3 3,0 4,0 1,8 1,1 1,1 2,0 1,2 2,1 2,2 2,3 2,2 2,4 2,3 Allemagne 3,0 -0,8 2,7 2,0 1,0 1,9 1,8 1,9 3,5 1,4 0,0 -0,2 0,8 1,1 2,6 1,8 2,1 3,0 1,5 2,3 Grèce 1,3 -1,6 2,0 2,1 2,4 3,6 3,4 3,4 4,5 5,1 3,8 4,8 4,7 3,7 4,0 3,8 3,8 3,9 4,4 4,2 Hongrie .. .. 2,9 1,5 1,3 4,6 4,9 4,2 5,2 4,1 4,3 4,1 4,9 4,2 4,0 2,2 3,0 3,4 1,9 3,7 Islande 1,7 1,3 3,6 0,1 4,8 4,9 5,8 4,0 4,4 3,6 -0,3 2,7 7,7 7,5 3,6 1,0 2,5 4,3 0,1 3,8 Irlande 3,6 2,7 5,8 9,6 8,3 11,7 8,6 10,7 9,2 5,9 6,0 4,3 4,3 5,5 5,1 5,1 4,5 5,0 4,5 4,5 Italie 2,5 -0,9 2,3 2,9 0,6 2,0 1,3 1,9 3,8 1,7 0,3 0,1 0,9 0,1 1,8 1,4 1,6 2,2 1,2 1,8 Japon 3,8 0,2 1,1 1,9 2,6 1,4 -1,8 -0,2 2,9 0,4 0,1 1,8 2,3 2,7 2,8 2,0 2,0 2,2 2,1 1,9 Corée 8,9 6,1 8,5 9,2 7,0 4,7 -6,9 9,5 8,5 3,8 7,0 3,1 4,7 4,0 5,0 4,4 4,6 3,9 4,8 4,5 Luxembourg 6,0 4,2 3,8 1,4 1,9 5,9 6,5 8,4 8,4 2,5 3,8 1,3 3,6 4,0 5,2 4,3 4,0 .. .. .. Mexique 1,9 1,9 4,5 -6,2 5,1 6,8 4,9 3,9 6,6 -0,2 0,8 1,4 4,2 3,0 4,7 3,6 3,7 4,3 3,8 3,6 Pays-Bas 2,8 0,7 2,9 3,0 3,0 3,8 4,3 4,0 3,5 1,4 0,1 0,3 2,0 1,5 3,0 3,1 3,0 3,4 2,7 3,5 Nouvelle-Zélande 1,5 4,7 6,2 4,2 3,4 3,0 0,7 4,7 3,8 2,5 4,7 3,7 4,2 2,1 1,5 1,3 2,0 1,4 1,7 2,1 Norvège 3,0 2,7 5,3 4,4 5,3 5,2 2,6 2,1 2,8 2,7 1,1 1,1 3,1 2,3 2,4 3,2 2,7 2,9 3,0 2,6 Pologne .. .. 5,3 7,0 6,2 7,1 5,0 4,5 4,2 1,1 1,4 3,8 5,3 3,5 5,1 5,1 4,8 .. .. .. Portugal 3,4 -2,0 1,0 4,3 3,6 4,2 4,8 3,9 3,9 2,0 0,8 -1,1 1,2 0,4 1,3 1,5 1,7 1,4 1,9 1,5 République slovaque .. .. 6,2 5,8 8,0 5,7 3,7 0,3 0,7 3,2 4,1 4,2 5,4 6,0 8,2 8,0 5,7 9,3 6,2 5,9 Espagne 3,2 -1,0 2,4 2,8 2,4 3,9 4,5 4,7 5,0 3,6 2,7 3,0 3,2 3,5 3,7 3,3 3,1 3,7 3,2 3,0 Suède 1,9 -2,0 3,8 4,1 1,4 2,5 3,6 4,3 4,4 1,2 2,0 1,8 3,3 2,7 4,3 3,6 2,9 4,2 3,7 2,3 Suisse 2,1 -0,2 1,1 0,4 0,5 1,9 2,8 1,3 3,6 1,0 0,3 -0,2 2,3 1,9 3,0 2,2 2,0 .. .. .. Turquie 5,1 8,0 -5,5 7,2 7,0 7,5 3,1 -4,7 7,4 -7,5 7,9 5,8 8,9 7,4 6,1 5,3 6,3 .. .. .. Royaume-Uni 2,5 2,3 4,3 2,9 2,8 3,0 3,3 3,0 3,8 2,4 2,1 2,7 3,3 1,9 2,6 2,6 2,8 2,7 2,6 2,9 États-Unis 3,5 2,7 4,0 2,5 3,7 4,5 4,2 4,4 3,7 0,8 1,6 2,5 3,9 3,2 3,3 2,4 2,7 3,0 2,6 2,7 Zone euro 2,7 -0,7 2,4 2,4 1,4 2,6 2,7 2,9 3,9 1,9 0,9 0,8 1,7 1,5 2,6 2,2 2,3 2,9 2,2 2,5 Total de l'OCDE 3,3 1,5 3,3 2,5 3,0 3,6 2,7 3,3 4,0 1,2 1,6 2,0 3,2 2,7 3,2 2,5 2,7 3,0 2,7 2,7 Note: La mise en place des nouveaux systèmes de comptes nationaux SCN93 et SEC95 a progressé à un rythme inégal selon les pays membres de l’OCDE, et ce pour les variables et la période couverte. En conséquence, plusieurs séries nationales contiennent des ruptures. De plus, certains pays utilisent des indices de prix en chaîne afin de calculer le PIB réel et les composantes des dépenses. Voir le ta-bleau «Systèmes de comptabilité nationale et années de base» au début de l’annexe statistique ainsi que Perspectives économiques de l’OCDE: Sources et méthodes, (http://www.oecd.org/eco/sources-and-methods). Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, no 80.

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258

ANEXO B – EXPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS DOS PAÍSES MEMBROS DA OCDE

Volume des exportations de biens et services - Sur la base des comptes nationaux, pourcentages de variation par rapport à l'année précédente

Pays 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Australie 2,9 8,4 13,2 5,5 8,2 9,2 5,0 10,6 11,5 0,0 5,2 10,8 2,3 0,1 -2,3 4,1 2,1 2,7 4,4 8,8 Autriche 9,7 7,6 4,0 1,3 -1,5 5,3 5,9 4,7 11,8 8,4 6,2 10,5 7,1 3,7 2,6 9,5 6,9 7,5 6,8 7,4 Belgique 8,2 4,6 3,1 3,7 -0,4 8,3 5,0 2,9 6,0 5,9 5,1 8,7 0,8 0,8 2,9 5,7 3,3 3,1 4,3 5,0 Canada 1,0 4,7 1,8 7,2 10,8 12,7 8,5 5,6 8,3 9,1 10,7 8,9 -3,0 1,2 -2,4 5,2 2,1 1,3 1,7 3,6 République tchèque .. .. .. .. .. 0,2 16,7 5,7 8,3 10,4 4,9 18,0 10,9 1,9 7,2 20,6 10,7 11,9 10,8 11,6 Danemark 4,7 6,7 6,5 0,5 1,0 8,4 3,2 4,2 4,9 4,1 11,6 12,7 3,1 4,1 -1,2 2,7 8,4 12,3 7,0 6,1 Finlande 2,6 2,0 -7,3 9,7 16,6 13,3 8,2 5,9 14,1 9,5 11,3 16,4 2,6 2,8 -1,7 7,8 7,2 11,3 8,1 7,1 France (1) 10,6 4,6 5,7 5,4 -0,3 7,9 7,8 2,8 12,5 7,7 4,0 12,9 2,7 1,3 -1,1 3,3 3,2 7,7 5,7 6,3 Allemagne 10,7 12,4 11,1 -2,0 -4,8 8,1 6,6 6,2 11,8 7,5 5,6 14,1 6,8 4,3 2,3 8,8 7,1 10,4 6,2 7,3 Grèce 2,0 -3,5 4,1 10,0 -2,6 7,4 3,0 3,5 20,0 5,3 18,1 14,1 -1,0 -7,7 1,0 11,7 2,9 5,4 4,8 6,7 Hongrie .. .. .. .. .. 13,7 36,4 12,1 22,3 17,6 12,2 22,0 8,1 3,9 6,2 15,7 11,6 14,3 10,5 9,5 Islande 2,9 0,0 -5,9 -2,0 6,5 9,3 -2,3 9,9 5,6 2,5 3,9 4,3 7,4 3,8 1,6 8,4 7,1 -0,3 12,5 11,8 Irlande 10,3 8,7 5,7 13,9 9,7 15,1 20,0 12,5 17,6 23,1 15,5 20,2 8,8 4,6 0,4 7,3 3,9 5,0 6,0 6,0 Italie 9,2 6,3 -2,1 6,0 8,9 10,2 12,7 -0,3 3,9 0,7 -1,8 9,6 0,3 -4,0 -2,2 2,5 0,7 5,1 3,5 4,4 Japon 9,3 6,7 4,1 3,9 -0,1 3,6 4,3 6,2 11,3 -2,4 1,5 12,2 -6,7 7,6 9,0 13,9 7,0 10,4 7,2 6,9 Corée -4,0 4,5 11,1 12,2 12,2 16,3 24,4 12,2 21,6 12,7 14,6 19,1 -2,7 13,3 15,6 19,6 8,5 12,9 11,0 12,1 Luxembourg 12,6 5,6 9,2 2,7 4,8 7,7 4,6 2,3 11,4 11,2 14,2 12,6 4,5 2,1 3,5 10,1 8,0 15,0 9,1 8,3 Mexique 5,7 5,3 5,1 5,0 8,1 17,8 30,2 18,2 10,7 12,2 12,3 16,3 -3,6 1,4 2,7 11,6 6,9 11,1 5,0 6,0 Pays-Bas 7,5 5,6 5,6 1,8 4,8 9,7 8,8 4,6 8,8 7,4 5,1 11,3 1,6 0,9 1,5 8,0 5,5 8,3 7,3 6,7 Nouvelle-Zélande -1,0 4,8 10,6 3,8 4,8 9,9 3,8 3,8 3,9 1,5 7,9 7,0 3,4 6,3 2,6 5,4 -0,5 2,4 6,6 8,1 Norvège 11,0 8,6 6,1 4,7 3,2 8,4 4,9 10,2 7,7 0,6 2,8 4,0 5,0 -0,8 0,2 0,6 0,7 1,8 3,4 3,8 Pologne .. .. .. .. .. 13,1 22,9 12,0 12,2 14,4 -2,5 23,2 3,1 4,8 14,2 14,0 8,0 15,5 9,5 10,1 Portugal 12,2 9,5 1,2 3,2 -3,3 8,4 8,8 5,7 6,1 8,5 3,0 8,4 1,8 1,5 3,7 4,5 0,9 8,3 5,0 5,7 République slovaque .. .. .. .. .. 14,8 4,5 0,5 10,0 16,4 12,2 8,9 6,8 4,7 15,9 7,9 13,8 17,1 14,9 9,6 Espagne 1,4 4,7 8,3 7,5 7,8 16,7 9,4 10,3 15,0 8,0 7,5 10,2 4,2 2,0 3,7 4,1 1,5 6,5 5,2 5,2 Suède 3,2 1,8 -1,9 2,2 8,3 13,8 11,4 4,5 13,2 8,5 7,7 11,3 0,8 0,9 4,4 10,7 6,6 7,9 7,8 7,5 Suisse 6,1 2,8 -1,3 3,1 1,3 1,9 0,5 3,6 11,1 3,9 6,5 12,2 0,2 -0,7 -0,4 8,4 6,4 8,4 6,0 6,2 Turquie -0,3 2,6 3,7 11,0 7,7 15,2 8,0 22,0 19,1 12,0 -7,0 19,2 7,4 11,1 16,0 12,5 8,5 6,6 8,3 10,2 Royaume-Uni 4,5 5,5 -0,1 4,4 4,4 9,2 9,5 8,9 8,2 3,0 3,8 9,1 2,9 1,0 1,7 4,9 7,1 12,8 5,6 9,1 États-Unis (1) 11,5 9,0 6,6 6,9 3,2 8,7 10,1 8,4 11,9 2,4 4,3 8,7 -5,4 -2,3 1,3 9,2 6,8 8,5 6,3 6,9 Total OCDE 7,9 6,9 4,8 4,4 2,9 8,9 9,1 6,6 10,8 5,1 5,3 11,5 0,1 1,8 2,6 8,4 5,7 8,7 6,3 7,1 Note: Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional comme la somme des volumes exprimés en dollars constants de 2000. (1). Les données de volume de certains composants utilisent des indices de prix hédonistes. Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, no 80.

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259

ANEXO C – IMPORTAÇÕES DE BENS E SERVIÇOS DOS PAÍSES MEMBROS DA OCDE

Volume des importations de biens et services - Sur la base des comptes nationaux, pourcentages de variation par rapport à l'année précédente

Pays 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Australie 20,6 -4,0 -2,4 7,1 4,2 14,2 8,1 8,2 10,3 6,5 8,8 7,5 -4,3 11,1 10,4 15,1 8,2 5,8 6,0 8,0 Autriche 9,4 7,3 4,8 2,1 2,9 3,5 5,0 4,3 7,4 5,7 5,4 9,6 5,1 0,8 4,3 8,3 6,1 5,9 6,6 7,0 Belgique 9,7 4,9 2,9 4,1 -0,4 7,3 4,7 2,1 5,3 7,1 4,4 9,2 -0,1 0,2 2,8 6,2 4,1 3,0 4,8 5,4 Canada 5,9 2,0 2,5 4,7 7,4 8,0 5,7 5,1 14,2 5,1 7,8 8,1 -5,1 1,7 4,5 8,2 7,1 5,8 3,7 4,0 République tchèque .. .. .. .. .. 7,8 21,2 12,2 6,7 8,3 4,5 17,4 12,5 4,9 8,0 17,8 5,0 11,4 11,1 11,6 Danemark 5,0 2,3 3,6 0,1 -1,1 12,8 7,4 3,3 9,5 8,5 3,5 13,0 1,9 7,5 -1,7 6,4 11,8 16,9 7,9 8,0 Finlande 9,1 -0,7 -13,4 0,4 1,6 12,9 7,6 6,4 11,6 8,2 3,6 16,4 1,0 2,5 3,3 7,4 12,3 8,3 8,6 7,3 France (1) 8,2 4,6 2,3 1,0 -3,7 8,8 6,4 2,2 7,6 10,8 5,8 15,1 2,2 1,6 1,5 6,0 6,4 8,8 6,7 6,6 Allemagne 9,0 11,8 10,9 1,7 -4,6 8,3 6,8 3,7 8,3 9,0 8,3 10,7 1,5 -1,4 5,3 6,2 6,7 10,0 5,3 7,6 Grèce 10,5 8,4 5,8 1,1 0,6 1,5 8,9 7,0 14,2 9,2 15,0 15,1 -5,2 -1,4 4,5 9,3 -1,2 7,3 5,7 6,8 Hongrie .. .. .. .. .. 8,8 15,1 9,4 23,1 23,8 13,3 20,2 5,3 6,8 9,3 14,1 6,8 10,5 7,7 7,2 Islande -10,3 1,0 5,3 -6,0 -7,5 3,8 3,6 16,5 8,0 23,4 4,4 8,6 -9,1 -2,6 10,8 14,4 28,9 5,2 -4,1 -1,0 Irlande 13,5 5,1 2,4 8,2 7,5 15,5 16,4 12,5 16,7 27,6 12,4 21,6 7,2 2,5 -1,4 8,6 6,5 5,4 7,3 6,8 Italie 9,4 9,0 2,2 5,9 -11,5 8,5 9,6 -1,9 9,2 8,1 2,9 6,4 -0,3 -0,5 1,0 1,9 1,8 3,4 3,7 5,8 Japon 16,9 7,8 -1,1 -0,7 -1,4 7,9 13,3 13,1 0,7 -6,7 3,7 8,5 0,9 0,9 3,9 8,5 6,2 5,3 3,1 4,4 Corée 17,5 13,8 18,6 5,4 6,0 21,3 23,0 14,3 3,5 -21,8 27,8 20,1 -4,2 15,2 10,1 13,9 6,9 12,7 10,6 11,8 Luxembourg 9,1 5,0 9,1 -3,1 5,2 6,7 4,2 4,9 12,6 11,8 14,8 10,5 6,0 1,0 5,5 10,3 9,3 12,7 9,4 8,5 Mexique 18,0 19,7 15,2 19,6 1,9 21,3 -15,0 22,9 22,7 16,6 14,1 21,5 -1,6 1,5 0,7 11,6 8,7 12,2 6,3 7,2 Pays-Bas 7,7 3,8 4,9 1,5 0,3 9,4 10,5 4,4 9,5 8,5 5,8 10,5 2,2 0,3 1,8 6,4 5,1 8,3 6,8 4,9 Nouvelle-Zélande 14,4 3,6 -5,2 8,3 5,4 13,1 8,7 7,6 2,1 1,3 12,1 -0,4 2,0 9,6 8,6 16,4 6,2 -3,0 3,8 6,3 Norvège 2,2 2,5 0,5 1,6 4,9 5,8 5,7 8,8 12,4 8,5 -1,8 2,7 0,9 0,7 1,1 8,9 7,4 7,9 4,9 4,3 Pologne .. .. .. .. .. 11,3 24,2 28,0 21,4 18,6 1,0 15,5 -5,3 2,7 9,3 15,2 4,7 14,8 9,8 9,6 Portugal 5,9 14,5 7,2 10,7 -3,3 8,8 7,4 5,2 9,8 14,2 8,6 5,3 0,9 -0,7 -0,4 6,8 1,8 3,2 3,7 5,2 République slovaque .. .. .. .. .. -4,7 11,6 17,3 10,2 16,5 0,4 8,2 13,5 4,6 7,6 8,8 16,6 15,7 11,9 9,2 Espagne 17,7 9,6 10,3 6,8 -5,2 11,4 11,1 8,8 13,3 14,8 13,7 10,8 4,5 3,7 6,2 9,6 7,0 8,3 6,6 6,6 Suède 7,7 0,7 -4,9 1,5 -2,2 12,3 7,4 3,9 11,9 11,3 4,9 11,4 -2,6 -1,9 5,1 6,8 6,6 7,6 8,2 7,8 Suisse 5,8 3,2 -1,9 -3,8 -0,1 7,7 4,3 3,2 8,3 7,5 4,3 9,6 3,2 -2,6 1,0 7,4 5,3 8,8 6,1 6,1 Turquie 6,9 33,0 -5,2 10,9 35,8 -21,9 29,6 20,5 22,4 2,3 -3,7 25,4 -24,8 15,8 27,1 24,7 11,5 9,0 8,3 9,2 Royaume-Uni 7,4 0,5 -4,5 6,8 3,3 5,8 5,6 9,8 9,8 9,2 7,9 9,0 4,8 4,8 2,0 6,6 6,5 12,1 5,2 8,3 États-Unis (1) 4,4 3,6 -0,6 6,9 8,7 11,9 8,0 8,7 13,6 11,6 11,5 13,1 -2,7 3,4 4,1 10,8 6,1 6,3 4,1 5,4 Total OCDE 8,8 5,9 2,4 4,1 1,2 9,5 8,2 7,4 9,9 7,4 8,3 11,8 -0,2 2,4 4,0 8,8 6,3 8,0 5,5 6,5 Note: Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional comme la somme des volumes exprimés en dollars constants de 2000. (1). Les données de volume de certains composants utilisent des indices de prix hédonistes. Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, no 80.

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260

ANEXO D – PARTICIPAÇÃO NO COMÉRCIO INTERNACIONAL

Parts dans les exportations et importations mondiales - Pourcentages, total des biens et services en valeur, statistiques douanières

Pays 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

A. Exportations

Canada 3,4 3,6 3,6 3,5 3,5 3,6 3,7 4,0 4,2 4,1 3,8 3,5 3,4 3,4 3,2 2,9 2,8 France 6,3 5,7 5,6 5,7 5,5 5,3 5,7 5,4 4,8 5,0 4,9 5,0 4,7 4,3 4,2 4,1 4,0 Allemagne 10,6 9,4 9,3 9,6 9,1 8,6 9,2 8,8 8,0 8,7 9,1 9,4 9,3 8,9 8,8 8,8 8,6 Italie 4,9 4,6 4,5 4,6 4,7 4,4 4,5 4,1 3,8 4,0 3,9 4,0 3,9 3,6 3,5 3,4 3,3 Japon 8,0 8,4 8,1 7,6 6,8 6,7 6,2 6,4 6,5 5,7 5,6 5,5 5,4 5,1 4,8 4,7 4,6 Royaume-Uni 5,4 5,2 5,2 5,1 5,3 5,5 5,6 5,5 5,1 5,2 5,2 5,0 4,9 4,6 4,6 4,6 4,6 États-Unis 13,6 13,8 13,5 12,8 13,0 13,8 14,0 14,0 13,9 13,5 12,5 11,2 10,4 10,2 10,0 9,9 9,7 Autres pays de l'OCDE 24,4 24,4 24,7 25,7 25,7 25,1 26,3 26,2 25,5 26,2 26,5 27,1 27,1 26,4 26,0 26,1 25,9 Total OCDE 76,7 75,0 74,7 74,5 73,6 73,0 75,1 74,5 71,9 72,2 71,5 70,6 69,0 66,5 65,2 64,6 63,6 Total Non-OCDE Asie 12,4 13,7 14,5 14,9 15,3 15,8 14,8 15,2 16,3 16,0 16,8 17,1 17,8 18,7 19,1 20,1 21,1 Pays d'Amérique latine 2,6 2,8 2,8 2,8 2,8 3,0 2,9 2,8 2,9 2,9 2,7 2,7 2,8 3,1 3,2 3,2 3,1 Autres pays non-OCDE (1) 8,3 8,5 7,9 7,8 8,3 8,2 7,2 7,6 8,9 8,9 8,9 9,6 10,3 11,6 12,4 12,1 12,2 Total pays non membres de l'OCDE 23,3 25,0 25,3 25,5 26,4 27,0 24,9 25,5 28,1 27,8 28,5 29,4 31,0 33,5 34,8 35,4 36,4

B. Importations

Canada 3,4 3,6 3,5 3,2 3,2 3,5 3,6 3,7 3,7 3,5 3,4 3,2 3,0 3,0 3,0 2,8 2,7 France 6,3 5,5 5,5 5,4 5,2 4,8 5,2 5,0 4,7 4,7 4,7 4,8 4,7 4,5 4,4 4,4 4,3 Allemagne 10,8 9,5 9,4 9,5 8,9 8,4 8,8 8,7 8,0 8,1 7,9 8,4 8,1 7,8 7,8 7,7 7,5 Italie 5,0 3,9 3,9 4,0 3,8 3,8 4,0 3,8 3,6 3,8 3,8 3,9 3,8 3,7 3,6 3,5 3,5 Japon 6,2 6,4 6,4 6,5 6,6 6,1 5,2 5,4 5,6 5,3 4,9 4,8 4,7 4,6 4,5 4,3 4,1 Royaume-Uni 5,7 5,4 5,4 5,2 5,4 5,6 5,9 5,9 5,5 5,6 5,8 5,6 5,4 5,3 5,4 5,3 5,3 États-Unis 14,3 15,3 15,5 14,5 14,7 15,6 16,6 17,8 18,7 18,3 17,9 16,6 16,0 15,9 15,5 14,7 14,2 Autres pays de l'OCDE 24,4 23,9 24,2 24,7 25,0 24,5 25,4 25,4 24,8 24,9 25,3 26,1 26,1 25,7 25,7 25,8 25,5 Total OCDE 76,0 73,6 73,9 73,2 72,9 72,3 74,6 75,7 74,6 74,3 73,8 73,4 71,8 70,6 69,8 68,5 67,1 Total Non-OCDE Asie 12,3 14,1 14,9 15,5 15,7 15,8 13,8 14,0 15,2 14,8 15,5 15,8 17,0 17,5 17,6 18,3 19,3 Pays d'Amérique latine 2,5 2,9 3,0 3,1 3,1 3,5 3,6 3,0 2,9 3,0 2,5 2,3 2,3 2,5 2,7 2,7 2,7 Autres pays non-OCDE (1) 9,2 9,4 8,2 8,1 8,3 8,4 8,0 7,3 7,2 7,9 8,3 8,6 8,9 9,4 9,9 10,4 10,9 Total pays non membres de l'OCDE 24,0 26,4 26,1 26,8 27,1 27,7 25,4 24,3 25,4 25,7 26,2 26,6 28,2 29,4 30,2 31,5 32,9

Note : Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional. (1). Les données des Pays d'Europe Centrale et Orientale avant 1995 sont des estimations de l'OCDE. Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, no 80.

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261

ANEXO E – CRESCIMENTO DE COMÉRCIO INTERNACIONAL NO MUNDO

Décomposition géographique du commerce mondial - Moyenne des volumes d'importation et d'exportation

Pays 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

A. Croissance du commerce par régions principales

ALENA (1) 7,2 6,5 11,1 8,3 8,9 12,8 7,9 8,9 11,5 -3,8 1,1 2,4 9,7 6,2 7,1 4,7 5,7

OCDE Europe 3,1 0,0 8,4 8,2 5,2 9,9 8,1 5,7 11,5 2,7 1,5 2,6 7,0 5,7 8,8 6,2 7,0

OCDE Asie & Pacifique (2) 3,3 1,6 8,6 11,0 10,3 7,5 -3,9 7,1 12,3 -2,9 7,1 8,1 12,8 6,8 9,0 7,1 8,1

Total de l'OCDE 4,2 2,0 9,2 8,7 7,0 10,4 6,3 6,8 11,6 -0,1 2,1 3,3 8,6 6,0 8,3 5,9 6,8

Pays non-membres d'Asie 13,6 14,0 14,9 13,9 8,9 9,9 -4,4 7,6 17,0 -2,3 11,2 13,0 18,0 12,4 12,7 11,9 12,2

Pays d'Amérique latine 14,5 15,4 10,0 11,9 5,9 13,7 7,2 -4,8 6,7 2,8 -4,5 4,5 14,0 12,3 10,1 7,7 5,7

Autres pays non membres de l'OCDE (3) -4,2 7,0 0,0 1,4 5,6 6,1 0,0 5,1 9,7 5,8 5,6 8,5 12,5 9,3 12,7 12,2 12,1

Total des pays non membres de l'OCDE (3) 5,9 11,4 8,7 9,3 7,5 9,1 -1,7 5,3 13,5 0,7 7,7 10,8 16,0 11,5 12,4 11,6 11,6

Monde 4,7 4,6 9,1 8,9 7,2 10,0 4,0 6,4 12,1 0,1 3,6 5,4 10,8 7,7 9,6 7,7 8,4

B. Contribution à la croissance du commerce mondial par régions principales

ALENA (1) 1,4 1,3 2,2 1,7 1,8 2,7 1,7 2,0 2,6 -0,8 0,2 0,5 2,0 1,3 1,4 0,9 1,1

OCDE Europe 1,3 0,0 3,4 3,3 2,1 3,9 3,2 2,3 4,7 1,1 0,6 1,1 2,8 2,2 3,3 2,3 2,6

OCDE Asie & Pacifique (2) 0,4 0,2 0,9 1,1 1,1 0,8 -0,4 0,7 1,2 -0,3 0,7 0,8 1,3 0,7 0,9 0,7 0,8

Total de l'OCDE 3,1 1,5 6,6 6,2 5,0 7,4 4,5 5,0 8,6 0,0 1,6 2,4 6,1 4,2 5,7 4,0 4,5

Pays non-membres d'Asie 1,7 1,9 2,2 2,1 1,4 1,6 -0,7 1,1 2,6 -0,4 1,7 2,1 3,2 2,3 2,5 2,4 2,6

Pays d'Amérique latine 0,4 0,4 0,3 0,4 0,2 0,4 0,2 -0,2 0,2 0,1 -0,1 0,1 0,4 0,3 0,3 0,2 0,2

Autres pays non membres de l'OCDE (3) -0,5 0,7 0,0 0,1 0,5 0,5 0,0 0,4 0,8 0,5 0,5 0,7 1,1 0,8 1,2 1,1 1,2

Total des pays non membres de l'OCDE (3) 1,6 3,1 2,5 2,6 2,1 2,6 -0,5 1,4 3,6 0,2 2,1 3,0 4,7 3,5 4,0 3,8 3,9

Monde 4,7 4,6 9,1 8,9 7,2 10,0 4,0 6,4 12,1 0,1 3,6 5,4 10,8 7,7 9,6 7,7 8,4

Note: Les aggrégats régionaux sont calculés à l'inclusion du commerce intra-régional comme la somme des volumes exprimés en dollars constants de 2000. (1). Canada, Mexique et États-Unis. (2). Australie, Japon, Corée et Nouvelle-Zélande. (3). Les données des Pays d'Europe Centrale et Orientale avant 1996 sont des estimations de l'OCDE. Source : Base de données des Perspectives économiques de l'OCDE, no 80.

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