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1 À Fundação Agrisus, Jataí, 09 de novembro de 2019. SEGUNDO RELATÓRIO PARCIAL Projeto Agrisus: 2508/18 EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NA SOJA EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO Interessado: Prof. Dr. Claudio Hideo Martins da Costa Instituição: Universidade Federal de Goiás-Regional Jataí BR 364, km 195, no 3800 CEP 75801-615 Tel.: (64) 3606-8242 E-mail: [email protected] Local da Pesquisa: Jataí-GO. Valor financiado: R$ 10.500,00 -------------------------------------------- INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA A sustentabilidade dos sistemas de produção sob plantio direto, especialmente nas regiões tropicais, preconiza a produção e manutenção da cobertura vegetal sobre a superfície do solo de forma constante. Porém, em regiões tropicais, com inverno seco e verão quente e chuvoso restringem o cultivo de culturas anuais na entressafra, e aceleram a decomposição da cobertura vegetal do solo (PACHECO et al., 2011a, 2011b). Nesse contexto climático, as características mais relevantes das plantas de cobertura do solo são a quantidade e a resistência da fitomassa produzida (LEITE et al., 2010), assim como a sua habilidade na ciclagem de nutrientes, principalmente, para os lixiviados em profundidade ou os pouco solúveis. Outro aspecto interessante é que os nutrientes sejam liberados dos resíduos de forma gradativa, para a cultura subsequente (CRUSCIOL et al., 2008). Na maioria dos solos de cerrado, mesmo tendo predominância da palhada constituída por gramíneas, a decomposição é acelerada em função das altas temperaturas e índice pluviométrico, de forma que a manutenção da cobertura vegetal sob o solo por um longo tempo torna-se uma atividade

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À Fundação Agrisus,

Jataí, 09 de novembro de 2019.

SEGUNDO RELATÓRIO PARCIAL

Projeto Agrisus: 2508/18

EFICIÊNCIA DA ADUBAÇÃO FOSFATADA NA SOJA EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO

Interessado: Prof. Dr. Claudio Hideo Martins da Costa

Instituição: Universidade Federal de Goiás-Regional Jataí

BR 364, km 195, no 3800

CEP 75801-615

Tel.: (64) 3606-8242

E-mail: [email protected]

Local da Pesquisa: Jataí-GO.

Valor financiado: R$ 10.500,00

--------------------------------------------

INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

A sustentabilidade dos sistemas de produção sob plantio direto, especialmente nas regiões

tropicais, preconiza a produção e manutenção da cobertura vegetal sobre a superfície do solo de forma

constante. Porém, em regiões tropicais, com inverno seco e verão quente e chuvoso restringem o

cultivo de culturas anuais na entressafra, e aceleram a decomposição da cobertura vegetal do solo

(PACHECO et al., 2011a, 2011b). Nesse contexto climático, as características mais relevantes das

plantas de cobertura do solo são a quantidade e a resistência da fitomassa produzida (LEITE et al.,

2010), assim como a sua habilidade na ciclagem de nutrientes, principalmente, para os lixiviados em

profundidade ou os pouco solúveis. Outro aspecto interessante é que os nutrientes sejam liberados

dos resíduos de forma gradativa, para a cultura subsequente (CRUSCIOL et al., 2008).

Na maioria dos solos de cerrado, mesmo tendo predominância da palhada constituída por

gramíneas, a decomposição é acelerada em função das altas temperaturas e índice pluviométrico, de

forma que a manutenção da cobertura vegetal sob o solo por um longo tempo torna-se uma atividade

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bastante complexa, sendo necessário conhecimento e experiência prática de quem adota a semeadura

direta (ALVARENGA et al., 2001).

Dentre as espécies utilizadas nos sistemas de produção o milho (Zea mays) e o milheto

(Pennisetum glaucum (L.) R. Brown) se destacam no Brasil Central, o primeiro pela possibilidade de

produção de grãos na segunda safra e o milheto por ser uma gramínea tropical relativamente tolerante

à seca, possuir elevada produção de fitomassa e habilidade de reciclar nutrientes, reduzindo os riscos

de lixiviação (CRUSCIOL e SORATTO, 2007; LEITE et al., 2010). Recentemente houve aumento

na semeadura de espécies forrageiras, como a braquiária (Urochloa ruziziensis), nas regiões

produtoras de grãos devido a adoção de novas áreas no sistema de integração lavoura-pecuária. Este

sistema promove benefícios mútuos para lavoura e pecuária, como a redução na incidência de plantas

daninhas e quebra no ciclo de pragas e doenças, resultando em incremento de produtividade (VILELA

et al., 2011).

O uso da consorciação ou a introdução de mais de uma cultura nas áreas produtivas estabelece

nova dinâmica a respeito da utilização de água, luz e nutrientes, e deve ser considerada para obter

bons resultados produtivos (KLUTHCOUSKI e OLIVEIRA, 2012; MARCELO et al., 2012;

SORATTO et al., 2012). Nesse contexto, a ciclagem de nutrientes da palhada dessas culturas, através

da decomposição e liberação de seus nutrientes, torna-se relevante tópico de estudo para dar

assistência no manejo adequado da adubação, fazendo com que essa contribuição possa ser estimada

no cálculo da dose de fertilizante a ser aplicada (CARVALHO, 2000; AMADO et al., 2002; SANTOS

et al., 2008), resultando numa melhor racionalização do uso de insumos com menor custo de produção

e risco de perdas, gerando uma consequente diminuição no desequilíbrio ambiental.

Portanto, torna-se indispensável o cultivo de plantas de cobertura no período de entressafra

para produção de palhada, em áreas de produção de grãos, já que a maioria dos produtores de soja no

Brasil, especialmente nos solos de cerrado, fazem uso do sistema de plantio direto. Esta expansão

nestes solos cerrado, caracteristicamente apresentam baixa fertilidade do solo, ocorreu devido a

elevada demanda por alimentos e rações para atendar a demanda mundial. Estes solos de cerrado

nativo apresentam baixos valores de pH e elevados teores de Al3+ e Mn2+, baixos teores de macro e

micronutrientes e, portanto, sendo necessário a suplementação químicos ou orgânicos para tornar

esses solos adequados para a produção agrícola (MEDINA, 1993; OBERSON et al., 1999). Neste

contexto, o fósforo é um dos nutrientes que devem ser adicionados em altas taxas. Isto ocorre, pois,

estes solos são altamente intemperizados e possuem alto teor de argila, que contém grande quantidade

de óxidos e hidróxidos de Fe e Al; consequentemente, os solos do Cerrado apresentam uma adsorção

de P substancial, sendo uma grande parte do fertilizante aplicado fortemente sorvido e torna-se

indisponível para as plantas cultivadas (PAVINATO et al., 2010).

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Sendo assim, através da escolha adequada dessas plantas de cobertura no sistema plantio

direto, além de promover os benefícios supracitados, também podem promover maior disponibilidade

de P, podendo incrementar o P disponível para as culturas sucessoras (OLIVEIRA et al., 2005;

RAMOS et al., 2010). Isto ocorre, devido algumas espécies de plantas poderem afetar a solubilidade

do P, particularmente o P não-lábil, através da exsudação de ácidos orgânicos, como demonstrado

por Pavinato et al. (2008) que observaram aumento significante de ácidos orgânicos das espécies de

cobertura na solubilização do P do solo. A espécies do gênero Urochloa conseguem disponibilizar o

P moderadamente solúvel presente nos óxidos de Al-P e goetita-P por exsudarem ácidos orgânicos

na rizosfera (MERLIN et al., 2015). Diversas espécies possuem mecanismos específicos para

mobilizar fósforo do solo e aumentar sua disponibilidade para as espécies subsequentes (HORST;

KAMH, 2004).

Apesar de muitos benefícios do sistema de plantio direto serem bem conhecidos e difundidos,

ainda há carência de informações sobre os efeitos do cultivo de plantas de cobertura nas dinâmica do

P no perfil do solo, o que poderia contribuir no desenvolvimento de manejos mais adequados da

adubação fosfatada. Dessa forma, adotar manejo que contribua para redução da capacidade do solo

em fixar fósforo aplicado via fertilizante, como a rotação de culturas, notadamente os sistemas que

inserem espécies do gênero Urochloa, pode disponibilizar fósforo a cultura subsequente, sendo uma

alternativa para melhorar a ciclagem de nutrientes e o aproveitamento do nutriente aplicado nos solos

sob condições tropicais. O trabalho tem como objetivo avaliar a influência da adubação fosfatada nos

sistemas de produções nas culturas estudadas, bem como seus efeitos na fertilidade do solo.

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MATERIAL E MÉTODOS

Localização e caracterização climática da área experimental

O experimento está instalado na Fazenda Escola da Universidade Federal de Goiás - Regional

Jataí - Campus Jatobá, localizada no município de Jataí (GO), tendo como coordenadas geográficas

17° 53’ S e 52°43’ W, com 670 m de altitude. O solo da área é denominado Latossolo Vermelho

distroférrico (Embrapa, 2018) de textura muito argilosa, cujas características químicas são

apresentadas na Tabela 1.

. Tabela 1. Caracterização química do solo (0-20 cm de profundidade) da área experimental antes da

instalação do experimento. Jataí, GO, 2017.

Características Químicas*

pH M.O. Presina K Ca Mg V

(CaCl2) (g kg-1) (mg dm-3) (cmolc dm-3) (%)

5,1 36 14,1 2,1 2,76 1,02 40,96

De acordo com a classificação de Köeppen, o clima da região é do tipo Aw, tropical de savana

com chuva no verão e seca no inverno. Os dados diários referentes à precipitação pluvial às

temperaturas máxima e mínima durante a condução do experimento serão coletados na Estação

Meteorológica de Observação de Superfície Automática localizada na Universidade Federal de

Goiás-Regional Jataí, pertencente ao Instituto Nacional de Meteorologia.

Delineamento experimental e tratamentos

O delineamento experimental utilizado será de blocos casualizados em esquema de parcela

subdivididas, com 4 repetições. A parcelas serão constituídas por 4 sistemas de produção (1-

milho/soja; 2- braquiária/soja; 3- milho consorciado com braquiária/soja; 4- milheto/soja). As

subparcelas serão constituídas por 3 níveis de adubação fosfatada na cultura da soja [80, 60 e 40 kg

de P2O5 ha-1, que inicialmente corresponde a 100, 75 e 50% em função da dose recomendada para a

cultura (Sousa e Lobato, (2004)]. Cada subparcela terá dimensão de 22,5 m2 (4,5 x 5,0 m).

Condução do experimento

As espécies foram semeadas em março de 2018, sendo o milheto, milho e o monocultivo de

braquiária no espaçamento de 0,45 m entre linhas, e o milho consorciado com a braquiária no

espaçamento 0,45 m entre linhas com a braquiária semeada na entrelinha do milho. Para o milho foi

utilizado 3 sementes por metro (solteiro e consorciado), no milheto a variedade ADR300 na densidade

20 kg ha-1 de sementes, e na braquiária (Urochloa ruziziensis) 8 kg ha-1 de sementes de valor cultural

de 90%. Na semeadura das culturas antecessoras foram utilizadas, apenas nos tratamentos que

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continham a cultura do milho, as quantidades de 30 kg ha-1 de N, 80 kg ha-1 de K2O e as doses de

fósforo seguiram o mesmo padrão para a cultura da soja (50, 75 e 100% da dose recomenda para o

milho segunda safra), e uma cobertura de 70 kg ha-1 de N.

Figura 1. Sistema Milho/Soja após dessecação e momento anterior ao plantio da soja em

2018.

Figura 2. Sistema Milheto/Soja após dessecação e momento anterior ao plantio da soja em

2018.

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Figura 3. Sistema Braquiária/Soja após dessecação e momento anterior ao plantio da soja em

2018.

Figura 4. Sistema Milho+Braquiária/Soja após dessecação e momento anterior ao plantio da

soja em 2018.

A semeadura da soja foi realizada no dia 17/10/2018, no espaçamento de 0,45 m, com

distribuição de 20 sementes por metro, utilizando a cultivar SYN 1163 RR. Na adubação de

semeadura foram distribuídos 80 kg ha-1 de K2O na forma de cloreto de potássio, e o fósforo foi

aplicado respeitando os tratamentos pré-estabelecidos.

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Figura 5. Emergência da soja nos diferentes sistemas de produção.

Na safrinha de 2019 as espécies foram semeadas em março, mantendo os mesmos

tratamentos citados anteriormente (Figuras 6, 7, 8 e 9). Para o milho foi utilizado o híbrido

B2433PWU na quantidade de 2,7 sementes por metro (solteiro e consorciado), no milheto a variedade

ADR300 na densidade 20 kg ha-1 de sementes, e na braquiária (Urochloa ruziziensis) 8 kg ha-1 de

sementes de valor cultural de 90%. Na semeadura das culturas antecessoras foram utilizadas, apenas

nos tratamentos que continham a cultura do milho, as quantidades de 30 kg ha-1 de N, 80 kg ha-1 de

K2O e as doses de fósforo seguiram o mesmo padrão para a cultura da soja (50, 75 e 100% da dose

recomenda para o milho segunda safra), e uma cobertura de 70 kg ha-1 de N.

A semeadura da soja foi realizada no dia 08/11/2018, no espaçamento de 0,45 m, com

distribuição de 20 sementes por metro. Na adubação de semeadura foram distribuídos 80 kg ha-1 de

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K2O na forma de cloreto de potássio, e o fósforo foi aplicado respeitando os tratamentos pré-

estabelecidos.

Figura 6. Sistema Milho/Soja após plantio da soja na safra 2019/2020.

Figura 7. Sistema Braquiária/Soja após plantio da soja na safra 2019/2020.

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Figura 8. Sistema Milho+Braquiária/Soja após plantio da soja na safra 2019/2020.

Figura 9. Sistema Milheto/Soja após plantio da soja na safra 2019/2020.

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Amostragens e avaliações realizadas

Foram coletadas amostras do resto cultural de cada parcela utilizando um quadro, com 0,25

m² de área interna. As coletas foram realizadas no dia 13/10/2018 e 25/10/2019 no período de

semeadura da soja, realizada de forma manual com auxílio de tesoura de poda, retirando-se toda

palhada superficial contida na área do quadro em duas amostras simples constituindo uma amostra

composta por parcela. Os pontos de coleta das amostras foram realizados de forma aleatória na área

útil da parcela, sendo aleatória a escolha dos pontos de coleta. Os resíduos passaram por uma pré-

limpeza, por meio de peneiras, para redução da quantidade de solo aderido. Foram secas em estufas

com ventilação forçada de ar a 60° até atingirem peso constante de massa de matéria seca. Para a

pesagem, foi utilizada uma balança de precisão, posteriormente os dados foram extrapolados para kg

ha-1.

Na cultura da soja na safra 2018/19 foram coletadas 10 plantas por parcela e avaliados os

seguintes componentes biométricos e produtivos:

– População de plantas: Em R1 foi feita a contagem das plantas em duas linhas de 2 m na área útil

das parcelas.

– Altura de plantas: Foi obtida medindo o comprimento do colo até o ápice da planta.

– Diâmetro de colmo: Foi obtido medindo o diâmetro na região do colo da planta.

– Inserção da primeira vagem: Foi obtida medindo o comprimento a nível do solo até a primeira

vagem da planta.

– Número médio de vagens por planta: Foi obtido através da relação número total de vagens /

número total de plantas.

– Número médio de grãos por vagem: Foi obtido através da relação número total de grãos / número

total de vagens.

– Massa média de 1000 grãos: Foi obtido através da coleta ao acaso e pesagem de 8 amostras de

100 grãos por parcela.

– Produtividade de grãos: As plantas da área útil de cada parcela foram coletadas e secas a pleno

sol. Após a secagem, as mesmas foram submetidas a trilhagem mecânica, os grãos pesados e os dados

transformados em kg ha-1 e corrigidas a base úmida a 13%.

Amostragens e avaliações a serem realizadas

Análises químicas e física do solo

Após a última colheita da soja, entre os meses de março a abril de 2020, serão coletadas

amostras de solo, em quinze pontos de cada subparcela, para determinar as características químicas

do solo (pH, Matéria Orgânica, H+Al, P, K, Ca, Mg, V% e Al+3) seguindo metodologia proposta por

Raij et al. (2001), nas camadas de 0,00 – 0,05m, 0,05 – 0,10m e 0,10 – 0,20m. Também serão

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realizadas amostragens para as seguintes avaliações físicas: porosidade total, análise de estabilidade

de agregados e resistência do solo a penetração.

Análise estatística

Os dados obtidos de massa seca e dos componentes produtivos da soja foram submetidos

a análise de variância utilizando-se o esquema de parcelas subdivididas. As médias foram comparadas

pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Para as análises, foi utilizado o programa Sisvar

4.2 (Ferreira, 2008).

RESULTADOS

Neste segundo relatório parcial não há resultados novos a serem apresentados, visto que,

plantamos recentemente a cultura da soja referente a safra 2019/2020. Gostaríamos de enfatizar que

todas as atividades programadas estão dentro do cronograma pré-estabelecido no projeto. Abaixo

seguem os resultados já apresentados no relatório anterior.

Os resultados de produção de matéria seca das culturas, bem como a quantidade

remanescente até o início do florescimento pleno da cultura da soja estão contidos na Tabela 2. Não

houve interação significativa entre sistemas e doses para nenhuma das variáveis analisadas. Apenas

houve efeito significativo dos sistemas para a quantidade de palhada acumulada no momento da

semeadura da soja, para altura de plantas e altura de inserção da primeira vagem da cultura da soja.

A quantidade de palha remanescente no momento da semeadura da soja foi maior no sistema que

continha a braquiária solteira, atingindo cerca de 7693 kg ha-1, frente os demais sistemas que não

ultrapassaram os 6000 kg ha-1.

Tabela 2. Probabilidade de F e médias dos sistemas e doses de fósforo para quantidade de palhada

no momento da semeadura da cultura da soja, altura de plantas, altura de inserção da primeira vagem

e diâmetro de haste. Jataí, GO, 2019.

Variável Quantidade de

palha

Altura de

plantas

Altura de inserção

da 1ª vagem

da 1ª vagem

Diâmetro

Probabilidade de F

Sistemas (S) 0,007* 0,001 0,001 0,124

Doses P (P) 0,444 0,459 0,200 0,282

S x P 0,999 0,478 0,842 0,649

CVS (%) 21,71 5,61 13,48 6,20

CVP (%) 13,60 6,80 11,28 8,45

Sistemas -------------------------- (cm) ----------------------

----- Braquiária 7693 a** 78,7 b 9,4 a 0,684

Milheto 5573 b 85,4 a 7,0 b 0,719

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Milho 5373 b 76,6 b 6,8 b 0,683

Milho + Braquiária 5813 b 74,2 b 7,6 b 0,675

Doses de P --------------------------- (cm) ---------------------

------ 50% 5937 80,1 7,4 0,708

75% 6087 78,2 8,0 0,686

100% 6315 77,9 7,7 0,675

*p<0,05 é significativo a 5% de probabilidade. **letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey

a 5% de probabilidade.

Para o componente biométrico altura de plantas observou-se que a cultura da soja

apresentou maior média na palhada de milheto em relação aos outros tratamentos. Enquanto que

altura de inserção de primeira vagem foi notória a diferença para a palha de braquiária, apresentando

uma discrepância aos demais tratamentos (Tabela 2).

Quanto aos componentes produtivos, na análise de variância não foi observada interação

significativa entre os fatores Sistemas e Doses de P (Tabela 2). Quanto aos fatores analisados

isoladamente, não foi observado nenhuma alteração nas doses de P, enquanto que para os sistemas

apenas foi observado efeito no número grãos por vagem e na produtividade de grãos (Tabela 3).

Tabela 3. Probabilidade de F e médias dos sistemas e doses de fósforo para população de plantas,

vagens por planta, grãos por vagem, massa de mil grãos e produtividade de grãos de soja. Jataí, GO,

2019.

Variável População

de plantas

Vagens

por

planta

Grãos por

vagem

Massa

de

1000

grãos

Produtividade

de grãos

Probabilidade de F

Sistemas (S) 0,432* 0,993 0,037 0,499 0,050

Doses P (P) 0,858 0,418 0,672 0,157 0,186

S x P 0,605 0,834 0,952 0,292 0,116

CVS (%) 6,75 17,04 1,46 8,23 6,74

CVP (%) 6,78 14,21 2,07 7,29 6,73

Sistemas pl ha-1 (no) (no) (g) (kg ha-1)

Braquiária 233333 71,5 2,10 ab** 161,1 4788 ab

Milheto 239814 71,9 2,12 ab 156,3 4672 b

Milho 243055 71,9 2,09 b 153,8 4672 b

Milho + Braquiária 243518 72,9 2,14 a 160,4 5047 a

Doses de P pl ha-1 (no) (no) (g) (kg ha-1)

50% 238194 72,7 2,11 153,9 4751

75% 241319 74,1 2,12 157,7 4917

100% 240277 69,4 2,11 162,1 4714

*p<0,05 é significativo a 5% de probabilidade. **letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey

a 5% de probabilidade.

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O número de grãos por vagens foi maior no sistema milho + braquiária como culturas

antecessoras (Tabela 3). Esse foi um dos fatores que refletiu na maior produtividade de grãos no

sistemas de milho + braquiária (5047 kg ha-1), seguido da braquiária (4788 kg ha-1), milho e milheto

(4672 kg ha-1).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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(Dissertação de Mestrado)

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Prof. Dr. Claudio Hideo Martins da Costa

COORDENADOR 09/11/2019