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Volume 4
Capítulo 13
2
Capítulo 14
16
Capítulo 15
28
Capítulo 16
46
capí
tulo
A Região Sudeste é a mais povoada e urbanizada
do país. É também a mais industrializada e a que apre-
senta elevados índices econômicos. Suas paisagens
são diversificadas e muitas delas foram intensamente
transformadas pelas atividades humanas. Observe a
imagem acima. De que modo as paisagens naturais e
seus elementos podem ser afetados pelo crescimento
das cidades? Que outros tipos de paisagens existem
nessa região? Será que esse tipo de paisagem caracte-
riza toda a Região Sudeste?
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Características físicas
de paisagens naturais
da Região Sudeste
Desastres ambientais
na Região Sudeste:
ação humana ou
processo natural?
Vista aérea da cidade do Rio de Janeiro, 2019
©Shutterstock/Yu-jas
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Geografia
Paisagens naturais: características físicas
No relevo da Região Sudeste, predominam os planaltos, com nascentes de importantes
rios, como a do São Francisco e a do Paraná, e outros que cortam áreas intensamente urbani-
zadas e industrializadas, como o Paraíba do Sul e o Tietê. A vegetação também é rica e variada.
No entanto, com o tempo, as paisagens naturais dessa região sofreram inúmeras interferên-
cias em razão do povoamento e do desenvolvimento de atividades econômicas, as quais pro-
moveram sua intensa transformação.
Relevo
O relevo da Região Sudeste apresenta a média de altitude mais elevada do país. De acor-
do com suas características, ele pode ser agrupado em unidades, conforme pode ser obser-
vado no mapa a seguir.
Identificar o conjunto das paisagens naturais da Região Sudeste, comparando-as e estabelecendo relações entre relevo, hidrografia, vegetação original e clima.
Reconhecer as transformações e os impactos que as ações humanas causam no espaço natural da Região Sudeste.
Fonte: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo: Edusp, 2005. p. 53. Adaptação.
Região Sudeste: unidades de relevo
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Planaltos
Os Planaltos e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste ocupam a maior parte da Região
Sudeste. Seus topos arredondados lembram verdadeiros mares de morros, os quais foram
formados pela erosão de montanhas antigas, do Período Pré-Cambriano.
Com base no mapa, responda às seguintes questões:
1 Que unidade de relevo predomina na Região Sudeste? Que cor a indica? Que tipo de rocha predomina nessa formação?
2 Em que área da Região Sudeste se localizam as planícies? Que cor as indica? Que tipo de rocha predomina nesse relevo?
3 As depressões estão presentes em quais estados da Região Sudeste?
Nessa unidade de relevo, também se situa uma área de planalto popularmente conhecida
como Serra do Espinhaço, que se estende das proximidades de Belo Horizonte (MG) até o
Vale do Rio São Francisco, no centro-oeste da Bahia.
Período Pré-Cambriano: período mais antigo da história geológica da Terra, ocorrido entre 4,6 bilhões e 542 milhões de anos atrás.
Era Cenozoica: era atual da história geológica da Terra. Começou há 65,5 milhões de anos, período em que, entre outros acontecimentos, se formaram as grandes cadeias de montanhas e as rochas sedimentares recentes.
Serra do Mar
Depressão do Rio Paraíba do SulSerra da Mantiqueira/Itatiaia
Depressão do Rio Paraíba do Sul
Fonte: IBGE. Atlas nacional do Brasil Milton Santos. Rio de Janeiro, 2010. Adaptação.i Ad ã
As escarpas acentuadas da Serra do Mar e da Serra da Mantiqueira
foram produzidas pelos falhamentos ocorridos na costa do Sudeste há
milhões de anos, na Era Cenozoica.
Os falhamentos produziram ainda
vales profundos, denominados
fossas tectônicas, como o atual Vale do Rio Paraíba do Sul, localizado entre essas duas serras.
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Geografia
Esse planalto é composto de rochas cristalinas antigas, que são mais propensas à
formação de minerais metálicos, por isso nelas estão localizadas as principais reservas
minerais da Região Sudeste, destacando-se as de ferro e manganês. Na Serra do Espinhaço,
localiza-se o Quadrilátero Ferrífero, uma rica área mineral de Minas Gerais, responsável por
impulsionar parte da economia da região desde o Brasil Colonial.
O ponto mais elevado da Região Sudeste também se localiza nesse planalto. É o Pico
da Bandeira, com 2 891 metros de altitude, situado na Serra do Caparaó, na divisa entre os
estados de Minas Gerais e Espírito Santo.
Os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná são formados de
rochas vulcânicas, que se originaram de um derrame de lava ocorrido
na Era Mesozoica e de rochas sedimentares, como o arenito. Em
sua constituição, destaca-se o basalto, cuja decomposição originou
o solo de terra roxa, que facilitou o desenvolvimento da cultura
cafeeira no estado de São Paulo.
Várias estâncias hidrominerais, também chamadas de estâncias
termais ou termas, são resultantes dessa antiga atividade vulcânica,
que ainda se manifesta na forma de aquecimento de camadas
profundas de rochas e de lençóis de água subterrâneos. Por isso, as
águas que afloram nessas áreas têm temperatura mais elevada. A
Região Sudeste apresenta muitas estâncias hidrominerais, que são
nacionalmente conhecidas.
Era Mesozoica: era que se estendeu de 251 milhões a 65,5 milhões de anos atrás. Nessa era, entre outros acontecimentos, houve a formação das rochas sedimentares de idade intermediária e dos lençóis de petróleo.
Para ser considerado uma
estância hidromineral, um
município deve ter fonte de água
mineral legalizada pelo governo
e apresentar balneário público,
que permita o uso terapêutico
das águas. A maior parte das
estâncias hidrominerais da
Região Sudeste está localizada
nos estados de São Paulo (Águas
de Lindoia, Atibaia e Serra
Negra) e Minas Gerais (Caxambu,
São Lourenço e Poços de Caldas).
Você já esteve em uma
estância hidromineral? Onde?
Conte aos colegas e professor
como foi sua experiência.
Os Planaltos e Serras de Goiás-Minas são constituídos de rochas
cristalinas, como a formação da Serra da Canastra. Nessas rochas, é
possível detectar resíduos do relevo original e outras informações
geológicas sobre a região. Uma das mais surpreendentes é a que
levou à descoberta de que o estado de Minas Gerais já foi coberto
pelo mar.
Caxambu, MG, 2019. Trata-se de uma das maiores estâncias hidrominerais do mundo,
com fontes de água mineral concentradas no Parque das Águas Lysandro Guimarães, tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas
Gerais.
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Depressões
A Depressão Sertaneja e do São Francisco situa-se no estado de Minas Gerais e estende-
-se pelos estados da Região Nordeste, ao longo do curso do Rio São Francisco. A Depressão
da Borda Leste da Bacia do Paraná resultou da erosão dos planaltos sedimentares durante a
Era Cenozoica, quando o clima terrestre alternava períodos de seca e de umidade excessiva.
As altitudes dessa depressão nas proximidades da Bacia do Paraná variam de 600 a 700
metros e são mais elevadas perto das escarpas da frente de cuestas. Isso acontece porque,
nessa área, há rochas basálticas, que são mais resistentes à erosão.
Planícies
As planícies litorâneas são formações bastante estreitas e planas no Brasil. Na Região
Sudeste, elas chegam a desaparecer em certos pontos, dando lugar às escarpas da Serra do
Mar. A formação das planícies ocorreu pelo acúmulo de sedimentos depositados há dezenas
de milhões de anos, os quais foram transportados pelas águas do mar ou dos rios que de-
sembocam no oceano, gerando as praias e as restingas.
Nessa região, também existem planícies de rios, que são menores que as planícies lito-
râneas, como as dos rios Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro; Doce, no Espírito Santo; e Ribeira
do Iguape, em São Paulo.
Em algumas áreas litorâneas da Região Sudeste, o prolongamento do relevo acidentado
até o oceano faz surgir falésias, muito comuns no sul do estado do Rio de Janeiro e no norte
do estado de São Paulo.
As altitudes das formas do re-
levo podem ser representadas em
um mapa hipsométrico, que mostra
a elevação de um terreno. Nesse
mapa, as cores utilizadas apresen-
tam certa equivalência com a eleva-
ção do terreno. Assim, cores frias,
como verde, geralmente represen-
tam baixa altitude, e cores quentes,
como laranja e os tons de marrom,
representam altitude elevada.
Os estudos hipsométricos possi-
bilitam conhecer o relevo de uma re-
gião de forma mais aprofundada e au-
xiliam na identificação de processos
erosivos, de áreas de inundação, en-
tre outros. Observe, no mapa ao lado,
a hipsometria da Região Sudeste.Fonte: IBGE. Atlas nacional do Brasil Milton Santos. Rio de Janeiro, 2010. p. 76. Adaptação.
Região Sudeste: hipsometria
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Geografia
Com base no mapa, responda às questões a seguir.
1 Quais são as principais serras da Região Sudeste?
2 Em que faixas de altitudes as serras do Sudeste estão situadas? Que cores as representam?
3 Que cor indica as áreas menos elevadas (de 0 a 200 metros) da Região Sudeste? Onde elas se localizam?
4 Qual é o ponto mais elevado da Região Sudeste? Onde ele está localizado?
Hidrografia
Em razão do relevo, a Região Sudeste é considerada um grande centro dispersor de
águas fluviais, as quais se dirigem para outras regiões do país. Observe, no mapa a seguir, as
cinco regiões hidrográficas situadas na região. Em seguida, conheça os principais aspectos
de cada uma delas.
Fontes: AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Divisões hidrográficas do Brasil. Disponível em: <https://www.ana.gov.br/panorama-das-aguas/divisoes-hidrograficas>. Acesso em 30 ago. 2019. Adaptação.; AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA. Atlas de energia elétrica do Brasil. Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/aplicacoes/atlas/pdf/04-Energia_Hidraulica(2).pdf>. Acesso em: 30 ago. 2019. Adaptação.
Região Sudeste: regiões hidrográficas
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Região Hidrográfica do Paraná
Existem importantes rios na Região Hidrográfica do Paraná, que apresenta clima predo-
minantemente tropical. Esses rios, como Paraná, Paranapanema, Tietê e Grande, atravessam
áreas de grande expressão econômica.
O aproveitamento das águas dos rios da Região Sudeste está ligado, principalmente,
à geração de energia elétrica e à navegação fluvial. Entre as principais usinas hidrelétricas
neles instaladas, destacam-se as de Jupiá (que faz parte do Complexo Hidrelétrico de Urubu-
pungá), no Rio Paraná; de Furnas, no Rio Grande; Barra Bonita, Promissão e Ibitinga, no Rio
Tietê; e Três Marias, no Rio São Francisco.
Alguns rios dessa região são parcialmente navegáveis, como Tietê, Grande e Paraná. Em
muitas áreas desses rios, foram construídas eclusas, por meio das quais são superados os
trechos mais encachoeirados.
Além da geração de energia elétrica e da navegação, as águas dos rios da Região Sudes-
te servem para o abastecimento de centenas de cidades e para a irrigação da agricultura. A
conservação desses rios é importante, contudo, há vários anos, o lançamento de esgotos
domésticos e resíduos industriais, ocorrido em grande parte dos rios citados, tem compro-
metido o uso de suas águas para o abastecimento humano.
Região Hidrográfica do São Francisco
O São Francisco é o principal rio dessa região hidrográfica, sendo fundamental para o país
em virtude do volume de água transportado em regiões semiáridas. Ele nasce na Serra da Canas-
tra, em Minas Gerais, e atravessa o estado no sentido sul-norte, chegando à Região Nordeste.
Para regularizar o nível das águas do Rio São Francisco e permitir a produção de energia
elétrica, foi construída a Represa de Três Marias. Algumas áreas do entorno desse rio são
utilizadas para o aproveitamento agrícola, com produção de grãos, frutas, etc.
Região Hidrográfica Atlântico Sudeste
Nessa região, destacam-se os rios Doce, Paraíba do Sul e Ribeira do Iguape. O Rio Doce
nasce nas terras altas de Minas Gerais e segue para o Oceano Atlântico, atravessando o es-
tado do Espírito Santo. Em Minas Gerais, ele percorre áreas de intensa exploração mineral,
onde estão localizadas várias indústrias siderúrgicas. Em 2015, um acidente na barragem de
Fundão, em Mariana (MG), liberou milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro,
que desaguaram no Rio Doce. Além de deixar 19 mortos e destruir casas, o acidente contami-
nou a água desse rio e afluentes com metais (como zinco, cobalto, níquel e chumbo), soterrou
nascentes, destruiu a vegetação e causou a morte de milhares de peixes e outros animais.
Estima-se que a recuperação total do Rio Doce demore décadas.
Rio Doce poluído com a lama que vazou da barragem de
Fundão em 2015, Governador Valadares, Minas Gerais, 2016
Os rejeitos de minério são as sobras do processo
de separação de determinado minério de outros
materiais sem valor comercial (areia, água e outros
minérios). Esses rejeitos precisam ser descartados
em algum lugar, geralmente em barragens, que
consistem na construção de barreiras artificiais,
como a de Fundão, que se rompeu em Mariana.
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Geografia
Região Hidrográfica Atlântico Leste
O destaque dessa região hidrográfica é o Rio Jequitinhonha, que nasce no nordeste de
Minas Gerais. Em razão do relevo, os rios são desnivelados e, por isso, pouco navegáveis. A ati-
vidade pesqueira é a de subsistência familiar, praticada por populações ribeirinhas.
O lançamento de esgotos domésticos nas áreas litorâneas, que são as mais populosas,
causa perdas ambientais e restringe o uso da água desses rios para abastecimento das cida-
des. Os despejos das usinas alcooleiras, de fertilizantes e de agrotóxicos também prejudi-
cam a qualidade de suas águas.
O Rio Paraíba do Sul drena uma área industrial de máxima importância. É usado para
abastecer a numerosa população da região e as indústrias, das quais também recebe os resí-
duos produzidos. Em virtude disso, apresenta níveis de poluição bastante elevados.
O Rio Ribeira de Iguape nasce no Paraná, na Região Sul, e percorre o estado de São Paulo
até desaguar no Oceano Atlântico. Drena áreas produtoras de chá e banana.
Escolha a alternativa que corresponde às afirmações a seguir.
a) Forma de relevo predominante na Região Sudeste.
( ) planície ( ) planalto
b) Região hidrográfica que se destaca na produção de energia hidráulica e também como hidrovia, por meio de um sistema de eclusas.
( ) do Paraná ( ) do São Francisco
c) Forma de relevo comum nos Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná.
( ) falésias ( ) cuestas
d) O Rio Doce, bastante impactado pela atividade mineradora, é um dos destaques dessa região hidrográfica.
( ) do Atlântico Leste ( ) do Atlântico Sudeste
e) Os mares de morros, que têm essa forma em razão da ação do intemperismo, são característicos dessa porção de relevo do Sudeste.
( ) Planaltos e Serras de Goiás-Minas
( ) Planaltos e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste
f) As planícies litorâneas são muito estreitas em certos pontos da Região Sudeste, exceto nesse
estado.
( ) Espírito Santo ( ) São Paulo
g) Localização do Quadrilátero Ferrífero, uma rica área mineral de Minas Gerais.
( ) Serra da Canastra ( ) Serra do Espinhaço
h) Esse rio, onde está localizada a Represa de Três Marias, nasce em Minas Gerais e atravessa esse
estado no sentido sul-norte.
( ) Jequitinhonha ( ) São Francisco
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Clima
A maior parte da Região Sudeste está localizada na Zona Tropical. Isso explica as tem-
peraturas elevadas e a intensa evaporação da água dos rios e do Oceano Atlântico, que oca-
siona grande umidade do ar. Essa umidade provoca chuvas fortes sempre que a região é
atingida por frentes frias.
O norte de Minas Gerais está mais próximo da Linha do Equador, o que eleva as tempe-
raturas nessa região. No entanto, conforme a latitude aumenta em direção ao sul, as tempe-
raturas ficam mais baixas.
Na Região Sudeste, o relevo é o fator que mais influi nas diferenças de temperatura e na
quantidade de chuvas. Nas áreas litorâneas, de altitudes mais baixas, as temperaturas são
mais altas. Já as áreas de altitudes mais elevadas apresentam temperaturas mais amenas,
podendo até registrar temperaturas negativas no inverno.
Com relação ao regime de chuvas, o relevo da Serra do Mar forma uma barreira que difi-
culta a passagem dos ventos marítimos carregados de umidade. Ao tentar ultrapassar essa
barreira, esses ventos se resfriam e dão origem às chuvas orográficas.
Durante a maior parte do ano, a Região Sudeste fica sob a ação da massa de ar tropical
atlântica, que apresenta temperaturas elevadas e forte umidade. Às vezes, no entanto, ocor-
rem frentes frias.
Observe, no mapa a seguir, a diversidade climática da Região Sudeste.
Região Sudeste: principais tipos de clima
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Fonte: CONTI, José B.; FURLAN, Sueli A. Geoecologia: o clima, os solos e a biota. In: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. São Paulo: Edusp, 2005. Adaptação.
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Geografia
Tropical de altitude
Esse clima é próprio das áreas mais elevadas, como nas regiões serranas dos estados de
São Paulo (Campos do Jordão), Minas Gerais (Poços de Caldas) e Rio de Janeiro (Nova Friburgo).
Caracteriza-se por apresentar temperaturas mais baixas que os demais climas tropicais, princi-
palmente no inverno, quando podem ocorrer geadas. As médias térmicas anuais ficam entre
18 e 22 °C, e as chuvas, mais concentradas no verão, não ultrapassam 1 500 milímetros por ano.
Subtropical
Ocorre no sudeste do estado de São Paulo e apresenta temperaturas baixas, com média
anual inferior a 21 °C. As chuvas são menos intensas que as do clima tropical, porém bem
distribuídas durante o ano, variando entre 1 200 e 2 000 milímetros. É o clima que mais sofre
influência da massa polar atlântica, que atinge a Região Sudeste principalmente no inverno,
provocando chuvas e queda de temperatura.
Tropical continental
Predomina no oeste e no norte do estado de São Paulo, e em boa parte do oeste e do
centro-norte de Minas Gerais. Nessas áreas, as temperaturas são elevadas, as médias men-
sais variam entre 20 e 28 °C e há duas estações bem definidas: uma chuvosa, que correspon-
de ao verão, e outra seca, que corresponde ao inverno.
Esse tipo climático também abrange quase todo o litoral da Região Sudeste, apresen-
tando variações nessas áreas. As temperaturas são elevadas, com médias mensais que os-
cilam entre 20 e 24 °C, e há intensa pluviosidade – mais de 1 500 milímetros por ano. Sofre
ainda influência das massas de ar oceânicas, particularmente da massa tropical atlânti-
ca, responsáveis pelas chuvas orográficas, que podem chegar a mais de 2 000 milímetros
anuais.
Já no extremo norte e no nordeste de Minas Gerais, mais precisamente nos vales dos
rios São Francisco e Jequitinhonha, o clima tropical adquire características de transição para
a semiaridez do Sertão Nordestino. As temperaturas são elevadas, geralmente superiores a
25 °C; e as chuvas, irregulares e escassas, inferiores a 700 milímetros por ano.
Vegetação original
A cobertura vegetal da Região Sudeste é bastante diferente daquela que existia antes
da ocupação dos portugueses. De todas as regiões brasileiras, a vegetação dessa região
foi a mais alterada, em função da intensa atividade econômica e da densa ocupação do
território.
Antes da presença portuguesa, essa região era coberta de paisagens vegetais bastante
diversificadas em razão da variedade climática e de solos. Atualmente, restam poucas áreas
de vegetação original.
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Observe as principais formações vegetais originais da Região Sudeste e suas características.
Região Sudeste: vegetação original
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Fonte: IBGE. Atlas nacional digital. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. Adaptação.
Cerrado: formação arbustiva típica de clima tropical, que se caracteriza por apresentar uma estação seca e outra chuvosa. Ocorre em trechos do interior de São Paulo e em grandes extensões de Minas Gerais, onde o clima apresenta características continentais. O Cerrado tem sido devastado em Minas Gerais para a obtenção de carvão vegetal.
Paisagem de Cerrado na Serra da Canastra, Capitólio, Minas
Gerais 2017
Floresta de Araucárias: encontrada em áreas de altitude geralmente mais elevada, caracteriza-se pelo predomínio das araucárias na paisagem, que podem ocorrer isoladamente ou em áreas florestais. Sua presença é mais marcante nas paisagens da Região Sul do país, conforme você estudará mais adiante.
Floresta de Araucárias no Parque Nacional de Aparados da Serra em Cambará do Sul, Rio Grande do Sul, 2018
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Geografia
Floresta tropical: densa e rica em biodiversidade, originalmente recobre as encostas litorâneas dos Planaltos e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste e áreas do interior do estado de São Paulo. Nas encostas das serras do Mar e da Mantiqueira, onde a pluviosidade é mais elevada, essa floresta é denominada Mata Atlântica. Quase toda a floresta tropical foi desmatada para a prática agrícola, mineração e construção de cidades. Atualmente, há poucos remanescentes dessa vegetação, que, infelizmente, continua sendo desmatada.
Remanescente de Mata Atlântica no Parque Estadual Carlos Botelho em São Miguel Arcanjo, São Paulo, 2019
Principais motivos para a preservação da Mata Atlântica:
• regula o fluxo dos mananciais hídricos;
• mantém a fertilidade do solo da região;
• oferece paisagens de belezas cênicas;
• controla o equilíbrio climático;
• protege escarpas e encostas das serras;
• é fonte de alimentos e plantas medicinais;
• oferece lazer, ecoturismo, geração de renda e qualidade de vida.
Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE FLORESTAS. Disponível em: <https://bit.ly/2lEu5JR>. Acesso em: 4 set. 2019.
Caatinga: presente nas áreas de clima tropical e semiárido do norte e nordeste de Minas Gerais, principalmente nos vales dos rios São Francisco e Jequitinhonha, onde as chuvas são escassas e irregulares.
Vegetação litorânea: é formada de manguezais
e vegetação de dunas e restingas. Sua área de ocorrência, a Zona Costeira, já foi bastante ocupada e alterada pela ação humana. Extensas áreas de
manguezais da Região Sudeste foram aterradas para a construção de imóveis e, em muitos pontos, há o problema da poluição das águas. Essas alterações afetam o ecossistema costeiro, de extrema importância para a reprodução e a manutenção da
vida marinha.
Vegetação em área de manguezal no Bairro da Liberdade
em Rio das Ostras, Rio de Janeiro, 2018
Vegetação de caatinga no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu em Januária, Minas Gerais, 2019
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Desastres ambientais na Região Sudeste: ação humana ou processo natural?
O desenvolvimento das cidades ocorre com a utilização do espaço natural e de seus
recursos. No caso da Região Sudeste, a mais populosa, povoada e urbanizada do país, isso se
torna bastante evidente.
No entanto, o crescimento das cidades não é acompanhado de serviços públicos bási-
cos e infraestrutura, e isso agrava ainda mais os impactos humanos na natureza. Assim, nas
zonas urbanizadas da Região Sudeste e do Brasil em geral, é possível observar: a ocupação
de áreas impróprias, em encostas e margens dos rios; a deposição inadequada de resíduos
sólidos; o despejo de esgoto nos cursos de água; a extinção da vegetação original; e toda
sorte de degradação da natureza.
Muitas vezes, esses impactos resultam em tragédias, como a que ocorreu na região ser-
rana do Rio de Janeiro em 2011, uma das maiores ocorridas no Brasil, quando deslizamentos
e inundações causaram cerca de 800 mortes e muitos prejuízos materiais. O clima e o relevo
foram considerados os grandes responsáveis pela tragédia, mas o modo de ocupação irregu-
lar da área também contribuiu imensamente para que ela acontecesse.
Identificar áreas de risco de enchente e deslizamento é importante para que sejam de-
senvolvidas políticas públicas adequadas a esses lugares, reduzindo riscos de tragédias am-
bientais. A Região Sudeste é a que apresenta o maior número de pessoas vivendo em áreas
de risco, como é possível observar no quadro a seguir.
Região População em área de risco (2010)
Sudeste 4 266 301
Nordeste 2 952 628
Sul 703 368
Norte 340 204
Centro-Oeste 7 616
Fonte: IBGE. População em áreas de risco no Brasil. Rio de Janeiro, 2018, p. 37. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/apps/populacaoareasderisco/>. Acesso em: 2 set. 2019.
O mapa da página seguinte mostra a distribuição espacial
dos municípios brasileiros monitorados pelo Centro Nacional
de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden)
em relação às áreas de risco de desastres naturais, como desli-
zamentos e enchentes. Na sua opinião, por que a maior parte
dos municípios monitorados está concentrada na costa leste do
país?
O Cemaden tem como missão
realizar o monitoramento das
ameaças naturais em áreas de
riscos em municípios brasileiros
suscetíveis à ocorrência de
desastres naturais, além de
realizar pesquisas e inovações
tecnológicas que possam
contribuir para a melhoria
de seu sistema de alerta
antecipado, com o objetivo
final de reduzir o número
de vítimas fatais e prejuízos
materiais em todo o país.
CEMADEN. Missão. Disponível em: <http://www.cemaden.gov.br/missao-do-cemaden/>. Acesso em: 5 set. 2019.
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Geografia
Brasil: municípios monitorados em relação às áreas de riscoM
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Fonte: IBGE. População em áreas de risco no Brasil. Rio de Janeiro, 2018. p. 37. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/apps/populacaoareasderisco/>. Acesso em: 2 set. 2019. Adaptação.
1 Que relação existe entre o regime de chuvas e o relevo da Serra do Mar? Explique como esse pro-cesso acontece.
2 Analise os processos associados à formação geológica das serras do Mar e da Mantiqueira e de suas características de mares de morros.
3 Qual é a importância dos manguezais? Qual é o estado de conservação dos manguezais na Região Sudeste?
4 Observe o mapa seguinte e descreva qual é a relação entre o relevo e a diferença de temperatura média das cidades de Campos do Jordão e Santa Bárbara d’Oeste, ambas em São Paulo.
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Estado de São Paulo: localização dos municípios de Campos de Jordão e Santa Bárbara d’Oeste
Ma
rilu
de
So
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Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. Adaptação.
1 639 m
14,5 ºC
567 m20,4 ºC
15
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Região Sudeste: economia, ocupação do espaço e população
14©Acervo Digital/Biblioteca Nacional
A Região Sudeste concentra importantes indústrias e um
espaço agrário que se caracteriza, sobretudo, pelo emprego de
tecnologia. Outra característica dessa região é a oferta de ser-
viços e comércio diversificados. Essa região é importante para
o país há muito tempo, com o desenvolvimento de atividades
econômicas desde o Brasil Colonial.
Observe a imagem acima, que mostra o embarque de café
para exportação no Porto de Santos, em São Paulo, e a chega-
da de imigrantes, e responda: Como as atividades econômicas
influenciam a organização e a ocupação do espaço geográfico?
Você sabe como a produção de café, a infraestrutura de trans-
portes e os imigrantes influenciaram o espaço da Região Sudes-
te? Converse sobre isso com o professor e os colegas.
Economia e ocupação
do espaço
População e aspectos
demográficos
o que vocêvai conhecer
VAPOR Avon atracado às docas. [ca. 1909]. 1 cartão-postal, colotipia, p&b, 9 cm × 14 cm. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon1472776/icon1472776.html>. Acesso em: 9 set. 2019.
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16
Geografia
Neste capítulo, são apre-
sentadas as principais formas de
utilização do espaço, as caracterís-
ticas da população e a diversidade
econômica da Região Sudeste, que
é formada por quatro estados: São
Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo
e Minas Gerais. Observe o quadro
abaixo, que traz alguns dados sobre
essa região. Utilize-o como refe-
rência para compreender melhor a
Região Sudeste e comparar suas in-
formações com as de outras regiões
do Brasil.
Compreender o modo como as atividades econômicas da Região Sudeste influenciaram a organi-zação de seu território.
Entender os condicionantes do desenvolvimento industrial e econômico do Sudeste.
Reconhecer as principais ativida-des que caracterizam o espaço econômico da região.
Conhecer as principais caracte-rísticas populacionais e demo-gráficas do Sudeste.
objetivos do capítulo
REGIÃO SUDESTE
Área¹ 924 608,854 km²
Número de municípios (2017)¹ 1 668
População (2018)¹ 85 853 294 habitantes
(92,9% urbana)
Densidade demográfica (2018)¹ 92,8 hab./km²
Crescimento demográfico (2010)¹ 1,05%
Mortalidade infantil (2016)² 10,4 por mil nascidos vivos
Analfabetismo (2017)³ 3,5%
55,2%
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018.
Adaptação.
Fontes:1IBGE. Brasil em números. Rio de Janeiro, 2018. v. 26. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/2/bn_2018_v26.pdf>. Acesso em: 9 set. 2019.2IBGE. Tabela 3834: taxa de mortalidade infantil. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/3834>. Acesso em: 9 set. 2019.3IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: educação 2017. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101576_informativo.pdf>. Acesso em: 9 set. 2019.4IBGE. Contas regionais do Brasil: 2012. Disponível em:<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv89103.pdf>. Acesso em: 9 set. 2019.
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Região Sudeste: político
17
Economia e ocupação do espaço
O modo como a Região Sudeste foi ocupada resulta das diferentes atividades econômi-
cas desenvolvidas nessa região e do seu processo histórico. O primeiro povoado do Brasil,
por exemplo, foi fundado ainda no século XVI, na Capitania de São Vicente, que ocupava
parte do atual território de São Paulo e do Rio de Janeiro. Posteriormente, a mineração, o
cultivo do café e a industrialização impulsionaram ainda mais a ocupação da região, dando a
ela um papel de destaque econômico nacional que perdura até hoje.
A importância do café na produção do espaço
O café foi cultivado primeiramente no Vale do Rio Paraíba do Sul, no estado do Rio de
Janeiro, no início do século XIX. Mais tarde, o cultivo se estendeu para Minas Gerais, Espírito
Santo e, sobretudo, São Paulo. Nessa época, quase toda a produção cafeeira era destinada à
exportação, que, inicialmente, era realizada no Porto do Rio de Janeiro, o que proporcionou
grande desenvolvimento à cidade.
Do litoral do Rio de Janeiro, o café passou a ser cultivado também nas encostas das ser-
ras do Mar e da Mantiqueira, o que ocasionou o desmatamento da área e, posteriormente,
a erosão dos solos. Nesse período, quase não se usavam técnicas de combate à erosão. Com
poucos anos de cultivo, as terras eram abandonadas e outras plantações se iniciavam em
novas terras. Portanto, o processo de desmatamento e erosão dos solos se repetia.
Por volta de 1850, o café já era cultivado no interior do estado de São Paulo, que apre-
senta relevo mais plano e, por isso, menos sujeito à erosão. À medida que o mercado consu-
midor internacional se expandia, novas áreas do interior desse estado eram ocupadas pelos
cafezais, em um movimento conhecido como marcha do café. No fim do século XIX, a cafei-
cultura já ocupava quase todo o oeste paulista. Nessa área, além do relevo favorável, havia
os solos de terra roxa, considerados os mais propícios para o cultivo do café.
Para permitir o escoamento da produção até os portos de embarque, foram construídas
diversas ferrovias – conhecidas como ferrovias do café –, principalmente por companhias
inglesas. As ferrovias do café tiveram papel
fundamental no povoamento de São Paulo,
pois favoreceram o surgimento de muitas ci-
dades ao longo de seu percurso. Como resul-
tado da produção e da exportação do café, o
Porto de Santos tornou-se o mais movimen-
tado do Brasil. A cidade de São Paulo, por
sua vez, teve um rápido crescimento econô-
mico, com a instalação de vários bancos e es-
critórios de exportação e importação.
A instalação de indústrias depende de vá-
rios fatores: capital, mão de obra, transpor-
te e mercado consumidor, matérias-primas
e energia. Na Região Sudeste, nas primeiras
décadas do século XX, o cultivo do café pro-
piciou condições para que esses fatores se
CALIXTO, Benedito. Fazenda de café do Vale do Paraíba. 1 óleo sobre tela, color., 70 cm × 102 cm. Museu Paulista da Universidade de São Paulo.
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reunissem em algumas de suas áreas. Assim, o Sudeste se tornou a região mais industrializa-
da do Brasil até os dias atuais.
Por volta de 1880, para produzir mercadorias que os ricos agricultores de café tinham
que importar da Europa, a industrialização já se iniciava em São Paulo.
Contudo, a industrialização se intensificou principalmente nas primeiras décadas do sé-
culo XX, depois de duas crises importantes do mercado mundial: a Primeira Guerra Mundial
(1914-1918) e a Crise de 29, quando muitos cafeicultores faliram por causa do declínio das
exportações, sobretudo para os Estados Unidos. Os que haviam iniciado a diversificação de
suas atividades econômicas, no entanto, puderam investir mais diretamente nas indústrias.
Muitos trabalhadores das lavouras de café encontraram emprego nas fábricas, inclusive
os imigrantes, principalmente italianos. Além disso, migrantes de outras regiões do país fo-
ram atraídos para São Paulo pelas oportunidades de trabalho na indústria.
Por isso, a industrialização também está relacionada ao grande crescimento demográ-
fico e à urbanização da Região Sudeste. No início do século XX, São Paulo já era a segunda
cidade mais populosa do Brasil, com 3,7 milhões de habitantes, superada apenas pelo Rio de
Janeiro, que, na época, era a capital do país.
Os primeiros núcleos industriais situaram-se na capital e no interior do estado de São
Paulo, nas proximidades do eixo ferroviário da Estrada de Ferro Central do Brasil e também
junto à Estrada de Ferro Sorocabana. Além das ferrovias do café, a partir de 1950, foram
construídas modernas rodovias que interligavam o Sudeste às demais regiões do país, possi-
bilitando a ampliação do mercado consumidor dos produtos industriais.
Indústrias
A partir de 1950, começaram a se instalar no Brasil grandes indústrias multinacionais
automobilísticas, químicas, de máquinas e equipamentos e de outros setores.
Em grande parte, o avanço industrial do país se deve à presença de indústrias multina-
cionais, que contribuíram para que as exportações brasileiras se expandissem para além dos
produtos primários. Essas empresas instalaram-se principalmente nos grandes centros urba-
nos da Região Sudeste, que reuniam condições favoráveis.
Atualmente, a Região Sudeste apresenta um parque industrial moderno e diversificado e
elevados índices de produtividade. A concentração e a diversificação industrial ocorrem primei-
ramente na capital paulista e seus arredores; depois, no Rio de Janeiro. Na Região Metropo-
litana de Belo Horizonte, há também muitas indústrias, tanto na capital como nos municípios
de Betim e Contagem. Os setores de maior destaque são o metalúrgico, o mecânico e o têxtil.
Distrito industrial em Betim, Região Metropolitana de
Belo Horizonte, Minas Gerais, 2015
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Nos últimos anos, muitas indústrias vêm se deslocando para outros centros urbanos do
interior da Região Sudeste e também do país, onde recebem diferentes incentivos, como
isenção de impostos e doação de terrenos. Esse fenômeno, conhecido como desconcentra-
ção industrial, tem ocasionado redução no ritmo de crescimento de muitas metrópoles.
A indústria, porém, não é a atividade com maior participação na economia do Sudeste.
O setor terciário representa mais de 50% do PIB dos estados da região, em razão de uma in-
tensa e diversificada atividade comercial, que é interligada aos mercados nacional e mundial,
além de contar com uma avançada rede de serviços bancários, médico-hospitalares e educa-
cionais. Em várias áreas dessa região, a atividade turística também é significativa.
A rede de transportes, sobretudo a rodoviária, é a mais extensa se comparada à do
restante do país. A ampliação dessa rede ocorreu a partir da instalação de multinacionais
automobilísticas, na década de 1950. Para atender às necessidades de produção dessas
multinacionais, o governo brasileiro investiu na construção de rodovias, abandonando os
investimentos no sistema ferroviário.
As atividades humanas sempre provocam algum tipo de impacto no ambiente. Pesquise os problemas ambientais causados pela industrialização na Região Sudeste. Encontre notícias sobre problemas ambientais causados direta ou indiretamente por indústrias, como poluição de corpos hídricos e da atmosfera, geração de resíduos e desmatamento. Em dia combinado, com a orientação do professor, traga o resultado de sua pesquisa e discuta com os colegas sobre a importância da industrialização e sobre o modo como os impactos relacionados a essa atividade podem ser reduzidos.
pesquisa
Matérias-primas minerais e fontes de energia
Observe o mapa a seguir, que mostra os principais recursos minerais do Sudeste.
A Região Sudeste é rica
em matérias-primas minerais,
encontradas prin cipalmente
no estado de Minas Gerais.
São destaques: ferro, manga-
nês (usado na fabricação do
aço), alumínio (bauxita), ní-
quel, zinco, chumbo e fósforo
(usado na fabricação de fer-
tilizantes). Em Minas Gerais,
também há ouro, diamantes
e outras pedras preciosas.
Região Sudeste: recursos minerais
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Fonte: IBGE. Atlas nacional do Brasil Milton Santos. Rio de Janeiro, 2010. p. 64. Adaptação.
20
Geografia
Nesse estado, situa-se ainda o Quadrilátero Ferrífero, cujas reservas de minério de ferro
representam 70% do total nacional. A maior parte da produção é exportada, mas o ferro
extraído é utilizado também para abastecer as siderúrgicas mineiras, cariocas e paulistas. Do
Porto de Tubarão, no Espírito Santo, a produção de ferro dessa região é exportada, principal-
mente para Estados Unidos, Europa, China e Japão.
A Região Sudeste também produz sal marinho e petróleo. O sal marinho é extraído no litoral
de Cabo Frio, no estado do Rio de Janeiro, que é o segundo maior produtor brasileiro desse mine-
ral, superado apenas pelo Rio Grande do Norte. O maior produtor nacional de petróleo é o estado
do Rio de Janeiro, especialmente nas reservas da Bacia de Campos, que se estende do norte do
estado do Rio de Janeiro ao sul do Espírito Santo. Atualmente, São Paulo e Espírito Santo vêm
disputando o posto de segundo maior produtor, conforme mostra o gráfico ao lado. No Sudes-
te, também está localizada grande parte das
reservas de pré-sal do país, descobertas em
2007. São Paulo vem apresentando aumento
na produção de petróleo em razão da explora-
ção dessas reservas.
A geração de energia tam-
bém é expressiva na Região
Sudeste. Grande parte da energia hidrelétrica
produzida no Brasil é gerada nessa região. Isso
ocorre porque a maioria de seus rios é de pla-
nalto, portanto apresentam grande potencial
hidráulico. A Região Hidrográfica do Paraná
tem o maior potencial e aproveitamento hidre-
létrico da região.
No passado, a região mineral e metalúrgica de Minas Gerais estava inscrita em uma figura semelhante a um quadrilátero.
Com a ampliação das atividades extrativas minerais, essa configuração espacial deixou de existir, no entanto a
denominação Quadrilátero Ferrífero ainda permanece.
Região Sudeste: vegetação original
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Fontes: THÉRY, Hervé; MELLO, Neli A. de. Atlas do Brasil: disparidades e dinâmicas do território. São Paulo: Edusp, 2008. p. 72.; IBGE. Atlas nacional digital do Brasil. Rio de Janeiro, 2010. p. 64. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/apps/atlas_nacional/>. Acesso em: 3 set. 2019.; CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS DO QUADRILÁTERO FERRÍFERO 2050. Disponível em: <https://sites.ufop.br/qfe2050>. Acesso em: 3 set. 2019. Adaptação.
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2008
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167,9
2017
814,1
148,5
161,3
2018
Rio de Janeiro Espírito Santo São Paulo
Fonte: SEADE. Petróleo e gás. Disponível em: <http://visualizesp.seade.gov.br/petroleo-e-gas/>. Acesso em: 13 set. 2019.
Brasil: produção de petróleo (bilhões de barris)
21
Por causa do desenvolvimento econô-
mico, a Região Sudeste demanda intenso
uso de energia e exploração de recursos
minerais. Entretanto, essas atividades, es-
pecialmente quando desenvolvidas em lar-
ga escala, geram diversos impactos ambien-
tais: alteração da paisagem; contaminação
do solo e dos recursos hídricos; e poluição
da atmosfera.
Agricultura
Embora a Região Sudeste seja a mais industrializada e urbanizada do Brasil, as atividades
agrícolas, caracterizadas por grande produtividade e mecanização, sempre tiveram grande
importância para sua economia.
São Paulo é o estado que tem agricultura mais moderna, com grande parte dos produtos
(cana-de-açúcar, laranja, algodão, amendoim, café, entre outros) destinada à indústria. Isso
explica a forte ligação entre a cidade e o campo, ou seja, a produção agropecuária é voltada
para as necessidades da indústria.
A cana-de-açúcar, por exemplo, é cultivada intensamente em grandes propriedades,
para atender à demanda das agroindústrias, principalmente as usinas de álcool e açúcar, que
utilizam essa matéria-prima na produção de etanol. A laranja é outro produto processado
nas indústrias de suco para atender às demandas nacional e internacional.
Nos demais estados da Região Sudeste, há áreas agrícolas de grande destaque:
sul de Minas Gerais – policultura, com destaque para a produção de café, cana-de-açúcar
e milho;
Zona da Mata mineira – área de grandes plantações de café
que, somadas com as do Triângulo Mineiro, tornam o esta-
do de Minas Gerais grande produtor nacional de café, par-
ticipando com quase a metade do total nacional;
Espírito Santo – entre outros cultivos, o café é o destaque,
e sua produção ocupa a segunda posição nacional.
No Rio de Janeiro, a agricultura tem papel secundário na
composição da economia, no entanto destacam-se a produção
de cana-de-açúcar e frutas, como laranja e banana.
Na Região Sudeste, além das grandes propriedades de mo-
nocultura, há pequenas e médias propriedades rurais com pro-
dução agrícola diversificada. Essas propriedades produzem gê-
neros que abastecem o mercado interno, como milho, feijão,
batata e hortaliças.
É uma das 10 regiões de
planejamento adotada pelo
estado de Minas Gerais, formada
por 35 municípios, com destaque
para Uberaba e Uberlândia.
Localizada entre os rios Grande
e Paranaíba, essa região é
historicamente uma importante
rota comercial entre as regiões
Sudeste e Centro-Oeste.
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No ano 2000, problemas em uma tubulação de petróleo liberou grande quantidade de óleo combustível na Baía
severos impactos socioambientais, pois poluiu praias e manguezais, causou a perda da biodiversidade e afetou o modo de vida dos pescadores e moradores da região.
Imagem aérea de canavial e mata remanescente de Cerrado às
margens do Rio Piracicaba, Santa
Maria da Serra, São Paulo, 2019
22
Geografia
Pecuária
Na Região Sudeste, dois aspectos do setor pecuário destacam-se: os numerosos reba-
nhos e a qualidade do gado, especialmente o bovino e o suíno. As espécies são selecionadas,
o gado é vacinado, e a produtividade é elevada, caracterizando uma pecuária intensiva. Em
2017, cerca de 17,4% do rebanho bovino nacional estava concentrado nessa região, sendo
Minas Gerais um dos principais polos criadores do país.
O Sudeste é o maior produtor nacional de leite de vaca, destinado ao consumo direto da
população, às indústrias de laticínios e a outras agroindústrias da região. Em Minas Gerais,
o gado leiteiro é criado especialmente no sul do estado e na Zona da Mata mineira, onde se
destacam os laticínios. Já a criação de bovinos de corte ocorre principalmente no Triângulo
Mineiro e no norte do estado.
No estado de São Paulo, o gado concentra-se na área norte-ocidental, que, durante o in-
verno, recebe o gado vindo do Mato Grosso do Sul para a engorda, e no Vale do Rio Paraíba,
tradicional área de criação de gado leiteiro.
A Região Sudeste concentra ainda o segundo maior rebanho suíno do país e ocupa a
segunda posição na criação de aves, na qual São Paulo aparece como o segundo maior pro-
dutor nacional. No conjunto da região, essa atividade é desenvolvida de modo intensivo,
visando à comercialização com frigoríficos.
Assim como outras atividades econômicas, a agricultura e a pecuária também provocam
a degradação ambiental. A expansão dessas atividades é responsável por desmatamentos.
Além disso, elas provocam erosão, assoreamento de rios e contaminação de solo e corpos
hídricos com agrotóxicos.
atividades
1 Explique a relação entre a produção cafeeira e o desenvolvimento da industrialização na Região Sudeste.
2 Leia as afirmações seguintes sobre a Região Sudeste e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas. Depois, reescreva as afirmações falsas, tornando-as verdadeiras.
a) ( ) Entre todas as regiões brasileiras, a vegetação do Sudeste foi a mais preservada em fun-
ção das atividades econômicas e da ocupação do território.
b) ( ) As ferrovias do café tiveram papel fundamental no povoamento de São Paulo, pois favore-ceram o surgimento de muitas cidades ao longo de seu percurso.
c) ( ) O setor terciário da Região Sudeste é tão importante quanto as demais atividades, pois
apresenta intensa e diversificada atividade comercial, interligada ao mercado nacional e mundial, além de uma avançada rede de serviços.
23
População e aspectos demográficos
De acordo com dados do último Censo Demográfico (2010), a Região Sudeste é a mais
populosa do país, representando 40% da população nacional. Um dos fatores que contri-
buíram para o crescimento demográfico dessa região foi a imigração ocorrida no início do
século XX, principalmente a de europeus e asiáticos, como os japoneses.
A partir da década de 1950, a migração interna ganhou destaque, isto é, foi intensa a
chegada ao Sudeste de pessoas de outras regiões do país, sobretudo do Nordeste. A urba-
nização começou a acentuar-se em razão da industrialização e da concentração econômica,
que atraíram migrantes de todas as partes do país, e da modernização do campo, que ex-
pulsou grandes contingentes de trabalhadores rurais para as cidades, também em razão da
modernização do campo e da má distribuição de terras.
A maioria desses migrantes saiu de sua região de origem em busca de melhores condi-
ções de vida, concentrando-se em São Paulo e no Rio de Janeiro, contudo nem todos conse-
guiram atingir seus objetivos. Como muitos deles não tinham nenhum tipo de especializa-
ção, recebiam baixos salários ou simplesmente não conseguiam emprego fixo.
Atualmente, o crescimento da população da Região Sudeste não é tão intenso quanto
foi há algumas décadas. Os migrantes têm se dirigido mais para as regiões Norte e Centro-
-Oeste do país, as quais oferecem novas possibilidades econômicas. Além disso, muitos nor-
destinos que vieram para o Sudeste estão retornando ao Nordeste, onde as condições de
vida melhoraram significativamente nos últimos anos.
A maior parte da população do Sudeste vive nas cidades, entre as quais estão as duas
mais populosas do Brasil: São Paulo e Rio de Janeiro. O Sudeste também é a região mais po-
voada do Brasil, com aproximadamente 87 habitantes por quilômetro quadrado (2010). Essa
densidade demográfica é elevada se comparada à do Brasil, que é de 22,4 habitantes por
quilômetro quadrado (2010). No entanto, a população do Sudeste não se distribui de forma
regular no território.
As duas maiores regiões metropolitanas do país – São Paulo e Rio de Janeiro – também
se localizam no Sudeste. O grande desenvolvimento econômico e a intensa ocupação do
espaço, aliados à pequena distância que separa essas duas regiões, facilitam a interligação
entre elas. A faixa territorial que as une pode representar o embrião de uma futura megaló-
pole, ou seja, o resultado da conurbação de mais de uma região metropolitana.
d) ( ) Em Minas Gerais, situa-se o Triângulo Mineiro, uma das maiores reservas de minério de ferro do mundo.
e) ( ) O setor pecuário da Região Sudeste destaca-se principalmente pelos numerosos rebanhos e pela qualidade do gado, em especial o bovino e o suíno.
f) ( ) O cultivo do café nas encostas das serras do Mar e da Mantiqueira foi responsável pela redução das paisagens vegetais e erosão dos solos.
g) ( ) A geração de energia é expressiva na Região Sudeste. Isso ocorre porque os rios da região, por serem de planície, apresentam grande potencial hidráulico.
24
Geografia
Fonte: PNUD. Desenvolvimento humano nas macrorregiões brasileiras. Brasília: PNUD/IPEA/FJP, 2016. Disponível em: <https://www.undp.org/content/dam/brazil/docs/IDH/undp-br-macrorregioesbrasileiras-2016.pdf>. Acesso: 12 set. 2019.
Região Sudeste: municípios com muito baixo e baixo desenvolvimento humano
Nos últimos anos, o desenvolvimento da Região Sudeste vem se traduzindo também na melhoria do Índice de Desenvolvimento Humano. Em 1991,
98,5% dos municípios da região se situavam nafaixa de muito baixo e baixo desenvolvimentohumano. Já em 2010, apenas 4,4% dos municípios continuavam nessas faixas. Nos aspectos relacionados à longevidade e à educação, todos os estados dessa
região estão acima da média brasileira.
A mão de obra de escravizados africanos e de
seus descendentes foi fundamental para caracte-
rizar a Região Sudeste como o espaço econômico
mais importante do país. Hoje em dia, muitos de
seus descendentes vivem em territórios remanes-
centes de quilombos. No mapa da página 1 do ma-
terial de apoio, é possível identificar os territó-
rios das comunidades quilombolas existentes no
Brasil. Após a análise das informações presentes
no mapa, realize as atividades a seguir.
olhar geográfico
O estado onde você vive tem territórios remanescentes de comunidades quilombolas? Caso existam, pesquise mais sobre elas. Em seguida, escolha uma dessas comunidades e responda às questões a seguir.
a) Onde ela se localiza?
b) Como é o cotidiano das pessoas que vivem nessa comunidade? Seu modo de vida é semelhante ao seu?
c) Descreva a organização espacial dessa comunidade: Ela se situa no meio urbano ou rural? Como são as moradias? Há energia elétrica, ruas asfaltadas e saneamento? Quais são as semelhanças e as diferenças em relação ao lugar onde você vive?
d) Por que é importante preservar essa comunidade?
Vista aérea do Quilombo Maria Romana, Cabo Frio, Rio de Janeiro, 2017
Essas áreas caracterizam-se pela grande concentração de cidades e indústrias. Abrigam o
maior parque industrial da América Latina, que é composto de indústrias dos mais diferentes
tipos, desde as de bens de consumo até as de alta tecnologia. Há também a presença de impor-
tantes vias de integração, como a Rodovia Presidente Dutra.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
98,50%
1991
4,40%
2010
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25
No período entre os censos, os quais ocorrem geralmente de 10 em 10 anos, é fundamental que a população do país continue
sendo atualizada. Isso ocorre por meio do cálculo da população estimada, que é projetada pelo IBGE, servindo de base para
a implementação de políticas públicas, para a distribuição de receitas entre estados e municípios e para estudos em geral.
Região Sudeste: crescimento da população – 1900-2019* (em milhões de habitantes)
a) Quanto cresceu a população da Região Sudeste entre 1900 e 2019?
b) Cite duas causas do crescimento populacional da Região Sudeste no período que vai do início a meados do século XX.
c) Qual é a população atual da Região Sudeste? Em valores absolutos, quanto ela cresceu em rela-ção ao ano de 2010? E em porcentagem?
1 Elabore uma lista com os principais gêneros agropecuários produzidos em São Paulo, na Zona da Mata mineira, no sul de Minas Gerais e no Espírito Santo.
2 Descreva as condições de vida de muitos migrantes que se estabeleceram na Região Sudeste, prin-cipalmente a partir da década de 1950.
3 Observe o gráfico a seguir e responda às questões propostas.
o que já conquistei
7,8
13,6
18,3
31
52,6
72,3
80,3
88,3
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
1900 1920 1940 1960 1980 2000 2010 2019
* população estimada
Fontes: IBGE. Tabela 1286: população e distribuição da população pelas grandes regiões e unidades da federação nos censos demográficos. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/1286>. Acesso em: 12 set. 2019.; IBGE. Cidades. Disponível em: <https://cidades.ibge.gov.br/>. Acesso em: 12 set. 2019.
26
Geografia
Fonte: INPE. Catálogo de imagens CBERS/Landsat. Disponível em: <http://www.dgi.inpe.br/CDSR/>. Acesso em: 26 jan. 2020. Adaptação.
Região Sudeste: eixo Rio-São Paulo
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a) Que regiões metropolitanas aparecem na imagem de satélite?
b) O que é conurbação? Em relação a esse fenômeno, o que poderá ocorrer na faixa territorial que une as duas regiões metropolitanas que aparecem na imagem?
c) Quais são as principais características dessa faixa territorial da Região Sudeste?
4 Quais são os fatores responsáveis pela intensa urbanização ocorrida na Região Sudeste a partir da década de 1950?
5 Observe a imagem de satélite e responda às questões.
27
capí
tulo
A Região Sul é a menos extensa do país e a terceira mais
populosa. Em razão de suas características naturais, entre ou-
tros aspectos, ela difere das demais regiões do Brasil. Obser-
ve a imagem acima, que mostra uma família conduzindo uma
boiada em sua propriedade. Que aspectos físicos, econômi-
cos e culturais podem ser observados nessa paisagem? Que
outras características da Região Sul você conhece e que não
estão representadas nessa imagem?
Região Sul 15
Aspectos naturais
População e ocupação
do espaço
Economia
o que vocêvai conhecer
Família conduzindo gado, Santa Maria, Rio Grande do Sul, 2018
©Pulsar Imagens/Gerson Gerloff
28
Geografia
Conhecer as características das paisagens naturais da Região Sul, percebendo as alterações decorrentes das atividades humanas.
Entender o modo como os aspectos naturais do Sul influenciaram a sua ocupação e as atividades econômicas desenvolvidas.
Conhecer os momentos e aspectos distintos da ocupação da Região Sul.
Compreender a configuração atual da Região Sul com base em suas principais características econômicas e populacionais.
objetivos do capítulo
A Região Sul é formada por três estados: Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Apesar de ser a
menor região do Brasil, ela apresenta grande impor-
tância econômica e cultural para o país. O quadro abai-
xo mostra alguns dados sobre ela. Observe os dados
e consulte-os sempre que necessário, comparando-os
com os das outras regiões do Brasil, para ter uma visão
geral dessa porção do país.
Região Sul: político
REGIÃO SUL
Área¹ 576 783,781 km²
Número de municípios (2017)¹ 1 191
População (2018)¹ 29 975 984 habitantes
(85% urbana)
Densidade demográfica (2018)¹ 51,97 hab./km²
Crescimento demográfico (2010)¹ 0,87%
Mortalidade infantil (2016)² 9,4 por mil nascidos vivos
Analfabetismo (2017)³ 3,5%
16,2%
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018.
Adaptação.
Fontes:1IBGE. Brasil em números. Rio de Janeiro, 2018. v. 26. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/periodicos/2/bn_2018_v26.pdf>. Acesso em: 9 set. 2019.2IBGE. Tabela 3834: taxa de mortalidade infantil. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/tabela/3834>. Acesso em: 9 set. 2019.3IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: educação 2017. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101576_informativo.pdf>. Acesso em: 9 set. 2019.4IBGE. Contas regionais do Brasil: 2012. Disponível em:<https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv89103.pdf>. Acesso em: 9 set. 2019.
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29
Aspectos naturais
Nas paisagens da Região Sul, predomina o relevo de planalto, originalmente coberto
com vegetação de Campos Sulinos e Floresta de Araucárias. Os Campos Sulinos constituem
pastos naturais para o gado, o que favorece a pecuária, atividade de importância histórica
na ocupação da região. Há também farta presença de rios, muitos deles aproveitados para a
produção de energia elétrica.
Relevo
Em geral, os rios deságuam
no mar. Na Região Sul, entretan-
to, alguns rios nascem perto do
oceano e correm para o interior.
Isso acontece porque a altitude
diminui no sentido leste-oeste.
Essa é uma das características
do relevo do Sul, que apresenta
grande variedade de formas, re-
sultantes da dinâmica tectônica
no passado geológico, além da
diversidade de rochas e da ação
climática. Na Região Sul, planal-
tos, depressões e planícies estão
agrupados em seis unidades de
relevo.
Região Sul: unidades de relevo
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leitura cartográfica
Com base no mapa, responda às questões a seguir.
1 Que número indica os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná? Que tipo de rocha está presente nessa unidade de relevo?
2 A Laguna dos Patos e a Lagoa Mirim fazem parte de que unidade de relevo da Região Sul? No mapa, que número a indica?
Fonte: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia do Brasil. 5. ed. São Paulo:
Edusp, 2005. p. 53. Adaptação.
30
Geografia
Planaltos
Os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná
constituem a maior parte da Região Sul, ocupando
mais de 50% de seu território. Esses planaltos ori-
ginaram-se de terrenos sedimentares e são com-
postos principalmente de arenito (rochas menos
resistentes) e de rochas vulcânicas (mais resisten-
tes). Por estarem dispostas em camadas alterna-
das e apresentarem diferentes resistências, essas
rochas permitiram que os rios, em seu trabalho
de erosão, cavassem muitos vales profundos e es-
treitos, os chamados cânions, como o Cânion do
Itaimbezinho.
Nessa unidade de relevo, o basalto é a prin-
cipal rocha vulcânica. Ele é responsável pela ori-
gem da terra roxa, muito comum no Paraná, no
oeste de Santa Catarina e no noroeste do Rio Grande do Sul.
Nesses planaltos, as altitudes diminuem no sentido leste-
-oeste, ou seja, do litoral para o interior. A leste, no limite com as
depressões periféricas, eles apresentam altitudes mais elevadas,
entre 1 100 e 1 250 metros, onde se localizam a Serra Geral (em
Santa Catarina e no nordeste do Rio Grande do Sul) e a Serra da Es-
perança (no Paraná). Já a oeste, nas proximidades do Rio Paraná,
as altitudes desses planaltos não ultrapassam 300 metros.
Os Planaltos e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste ocupam a par-
te leste da Região Sul, nos estados do Paraná e de Santa Catarina. À
medida que os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná se aproxi-
mam do litoral, eles se estreitam até desaparecerem. Nos Planaltos
e Serras do Atlântico-Leste-Sudeste, destacam-se a Serra do Mar e
os planaltos cristalinos.
A Serra do Mar estende-se do Rio de Janeiro até o sul do litoral
catarinense, passando por São Paulo. No Paraná, ela é denominada
Cânion do Itaimbezinho, localizado no Parque Nacional de Aparados da Serra, Cambará do Sul, Rio Grande do Sul, 2019
Os imigrantes italianos, quando
vieram trabalhar nas lavouras
de café, chamaram esse solo
avermelhado, em razão do ferro
presente em sua composição,
de terra rossa, que significa
vermelho em português. Os
brasileiros entenderam essa
palavra como roxa e passaram
a denominar assim esse tipo
de solo. Trata-se de um solo
fértil, rico em matéria orgânica,
sendo, por isso, um dos mais
valorizados do Brasil, onde se
plantam grãos, cana-de-açúcar
e café. Pode apresentar riscos
de erosão quando localizado
em relevos ondulados.
3 Qual é a maior unidade de relevo da Região Sul? Que estados ela abrange?
4 O relevo do Rio Grande do Sul apresenta algumas peculiaridades em relação ao dos estados do Paraná e Santa Catarina? Quais são elas?
©Pulsar Imagens/Gerson Gerloff
31
Serra da Graciosa e situa-se bem próximo à costa, ora restringindo sua largura, ora impedin-
do a existência de planícies litorâneas. Nessa área, estão as maiores altitudes da Região Sul,
com destaque para o Pico Paraná, com 1 877 metros de altitude.
Na vertente oeste da Serra da Graciosa, na região de Piraquara, próximo a Curitiba, lo-
calizam-se as nascentes do Rio Iguaçu. Esse rio não corre para o mar, mas para o interior do
continente, em direção ao Rio Paraná, no município de Foz do Iguaçu.
O Planalto Sul-Rio-Grandense é formado por terrenos cristalinos antigos e situa-se no
sudeste do Rio Grande do Sul. Esse planalto sofreu intenso trabalho erosivo e, por essa ra-
zão, suas formas são arredondadas e suas altitudes não ultrapassam 450 metros.
Depressões
A Depressão da Borda Leste da Bacia do Paraná limita-se, a leste, com os Planaltos e Serras
do Atlântico-Leste-Sudeste e, a oeste, com os Planaltos e Chapadas da Bacia do Paraná.
No estado do Paraná, na área dessa unidade de relevo, encontra-se o Parque Estadual de
Vila Velha, situado no município de Ponta Grossa. Suas formações rochosas são constituídas
de arenito e já foram bastante modificadas por agentes erosivos, como o vento e, principal-
mente, a água das chuvas.
Os monumentos geológicos encontrados em Vila Velha são constituídos por uma rocha deno-minada arenito, o Arenito Vila Velha [...]. A formação destes arenitos remonta há 300 milhões de anos no Período Carbonífero, quando a América do Sul ainda estava ligada à África, à Antártida, à Oceania e à Índia, formando um grande continente chamado de Gondwana. Nesta época, a região onde se localiza Vila Velha estava mais próxima ao Polo Sul e a temperatura média na Terra era muito baixa, período que corresponde a uma das grandes eras glaciais do passado terrestre [...].
[...] A paisagem era muito diferente da atual, dominada pela presença de geleiras, rios e lagos glaciais, compondo um ambiente denominado de flúvio-glacial.
As geleiras, ao se movimentarem para áreas mais baixas do terreno durante a sua fase de avanço, agregavam em sua massa sedi-mentos e fragmentos rochosos que encontra-vam pelo caminho. Durante a fase de recuo, devido ao derretimento do gelo, este material que se encontrava no corpo das geleiras era abandonado, formando depósitos sedimenta-res denominados de morenas. Rios e enxurra-das, originados pelo próprio derretimento do gelo, lavaram estes sedimentos transportan-do e depositando as areias que formaram o Arenito Vila Velha em lagos glaciais.
curiosidade?
Formações areníticas do Parque Estadual de Vila Velha, Ponta
Grossa, Paraná, 2019
INSTITUTO DE TERRAS, CARTOGRAFIA E GEOLOGIA DO PARANÁ. Parque Estadual Vila Velha. Disponível em: <http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=14>. Acesso em: 17 set. 2019.
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32
Geografia
Nas terras catarinenses, essa depressão periférica é formada por rochas sedimentares
que contêm as maiores reservas de carvão mineral do Brasil.
No Rio Grande do Sul, a maior e mais notável parte da Depressão Periférica Sul-Rio-Granden-
se alonga-se de leste para oeste. Apresenta altitude máxima de 200 metros e é banhada pelos
rios Jacuí e Ibicuí. As vastas planícies fluviais são utilizadas principalmente para o cultivo de arroz.
A parte oeste dessa depressão está localizada na Campanha Gaúcha, região originalmen-
te recoberta por campos, onde começou a atividade pecuária, um dos fatores mais importan-
tes para o povoamento da Região Sul. Na parte leste dessa depressão, ocorre um exemplo
de foz em delta interiorizado, de tipo lacustre. Trata-se da foz do Rio Jacuí, que lança suas
águas no Lago Guaíba.
Planícies
Existe apenas uma planície na Região Sul: a Planície da Laguna dos Patos e da Lagoa Mi-
rim. Essa formação apresenta uma área homogênea e plana, onde há muitas lagoas, lagunas
e restingas. Sua origem está relacionada à deposição de sedimentos marinhos e continen-
tais, presentes em todo o litoral do Rio Grande do Sul.
Hidrografia
Os estados da Região Sul estão localizados em quatro regiões hidrográficas. A Serra do
Mar é um divisor das águas dessa região. De modo geral, os rios que nascem do lado oeste
desse relevo correm para o interior, e os que nascem do lado leste, para o Oceano Atlântico.
Região Hidrográfica do Paraná
O território do estado do Paraná está situado, em grande parte, na Região Hidrográfica
do Paraná. O destaque dessa região é o Rio Paraná, que separa as terras desse estado das
terras do Mato Grosso do Sul e do Paraguai. Os principais afluentes do Paraná são os rios
Paranapanema, que forma uma divisa natural entre os estados de São Paulo e Paraná, Ivaí,
Piquiri e Iguaçu, onde se encontram as Cataratas do Iguaçu. Conhecidas internacionalmente,
essas cataratas, que constituem uma divisa natural do Paraná com a Argentina e o Paraguai,
atraem muitos turistas para a região.
O potencial hidrelétrico do Rio Paraná
também é aproveitado por uma das maiores
hidrelétricas do mundo: a Itaipu Binacional,
construída pelo Brasil e Paraguai, que gera
cerca de 15% de toda a energia elétrica con-
sumida no país. Depois de receber as águas
do Rio Paraguai, em território argentino, o
Rio Paraná torna-se totalmente navegável,
sendo, na Região Sul, um dos mais aprovei-
tados economicamente.
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Cataratas do Iguaçu, na fronteira do Brasil com a Argentina, 2019. Essa formação faz parte do Parque Nacional do
Iguaçu, considerado Patrimônio Natural da Humanidade
pela Unesco.
33
Região Hidrográfica do Uruguai
As áreas dessa região hidrográfica estão sob influência do clima subtropical, com chuvas
bem distribuídas ao longo do ano. Por isso, o potencial hidrelétrico é grande nessa região,
com destaque para as usinas de Passo Fundo, Machadinho e Itá.
Destaca-se o Rio Uruguai, que separa os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina,
e que também é divisa natural entre o Brasil e a Argentina. No Rio Grande do Sul, alguns
trechos desse rio são navegáveis, e seus afluentes são pouco extensos, destacando-se o Ijuí,
o Ibicuí e o Quaraí, o qual forma uma divisa natural entre o Rio Grande do Sul e o Uruguai.
Regiões Hidrográficas Atlântico Sul e Atlântico Sudeste
Na Região Hidrográfica Atlântico Sul, destacam-se os rios Camaquã, Capivari, Itajaí e
Jacuí. O potencial hidráulico do Rio Jacuí é aproveitado pelas usinas hidrelétricas instaladas
em seu alto curso, e sua parte final é usada para navegação. O Rio Jacuí, o Lago Guaíba e a
Laguna dos Patos constituem importante hidrovia.
A Região Hidrográfica Atlântico Sudeste ocupa 5,2% do estado do Paraná. Nessa região, que
apresenta remanescentes de floresta tropical, destaca-se o Rio Ribeira de Iguape.
leitura cartográfica
No mapa seguinte, pinte as regiões hidrográficas da Região Sul e as legendas correspondentes.
Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. Divisões hidrográficas do Brasil. Disponível em: <https://www.ana.gov.br/panorama-das-aguas/divisoes-hidrograficas>. Acesso em 18 set. 2019. Adaptação.
Região Sul: regiões hidrográficas
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34
Geografia
Climas
A Região Sul localiza-se quase inteiramente em latitudes médias, isto é, na Zona
Temperada. Com a inclinação do eixo de rotação da Terra, a incidência de energia solar sobre
sua superfície varia dependendo do lugar. Assim, quanto mais afastado do Equador, maior
será a inclinação dos raios solares, o que reduz a quantidade de luz e calor recebidos. Por
isso, a Região Sul apresenta as temperaturas médias anuais mais baixas do país, geralmente
inferiores a 20 °C.
Durante boa parte do ano, a Região Sul fica sob o domínio da massa de ar tropical atlântica,
que, em geral, traz temperaturas elevadas e forte umidade. No inverno, porém, a região sofre
influência das massas de ar polar, vindas do sul do continente americano. Por isso, a amplitude
térmica – diferença entre as temperaturas médias máximas de verão e as médias mínimas de
inverno – costuma ser bastante
acentuada. Em Porto Alegre,
por exemplo, a temperatura
média mínima, em junho, é de
11 °C; e a máxima, em janeiro, é
de 30 °C, uma amplitude térmica
de quase 20 °C.
Observe, no mapa ao lado,
os principais tipos de clima da
Região Sul.
Subtropical
Esse tipo climático domina a Região Sul, exceto o norte do Paraná. As temperaturas
médias anuais ficam perto dos 20 °C, com invernos frios e chuvas distribuídas mais ou menos
regularmente, variando de 1 200 a 2 000 milímetros por ano.
No inverno, as temperaturas caem bastante, chegando a ocorrer geadas e precipitação
de neve em locais de altitudes mais elevadas, como nas cidades de São Joaquim e Lajes, em
Santa Catarina, e Vacaria e Bom Jesus, no Rio Grande do Sul.
Em algumas áreas, os verões são mais quentes e, em outras, mais brandos, caracterizando
dois subtipos climáticos. O clima subtropical com verões quentes geralmente ocorre nas
áreas de altitudes mais baixas. Nesse caso, a temperatura média mensal do mês mais quente
é superior a 22 °C. Nas áreas mais elevadas, ocorre o clima subtropical, com verões brandos.
Nesse caso, a média mensal no mês mais quente costuma ser inferior a 22 °C, chegando a
menos de 10 °C no inverno.
Fonte: CONTI, José B.; FURLAN, Sueli A. Geoecologia: o clima,
os solos e a biota. In: ROSS, Jurandyr L. S. (Org.). Geografia
do Brasil. São Paulo: Edusp, 2005. Adaptação.
Região Sul: principais tipos de clima
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35
Tropical de altitude
É o clima da área situada nas proximidades do Trópico de Capricórnio. Ocorre no norte
do estado do Paraná, onde o verão é chuvoso e quente, e o inverno é seco, com baixas
temperaturas.
Vegetação original
A maior parte do território da Região Sul apresenta boas condições de umidade, com
chuvas regulares durante o ano. Essa característica está associada à formação de florestas.
Já as formações campestres estão associadas a pouca pluviosidade e topografia mais suave.
Com o tempo, a vegetação original da Região Sul foi bastante alterada pela ocupação
humana. No mapa seguinte, é possível observar a vegetação original que a caracterizava. A
Floresta de Araucárias, ou Mata dos Pinhais, destacava-se na região.
Floresta de Araucárias: é
típica das áreas mais ele-
vadas e com temperaturas
mais baixas, predominan-
do o pinheiro-do-paraná
(ou araucária). Na mesma
área, podem ocorrer for-
mações florestais de tipo
tropical, com a presença
de árvores como a imbuia
e a erva-mate nativa. Da
araucária extrai-se o pinho,
madeira muito usada na
construção civil – os imi-
grantes que se fixaram na
região construíram suas
casas com ela e geravam
energia com sua queima.
Dela também se obtém a
matéria-prima para a indústria de celulose e para a produção de papel e papelão. Com
a exploração, quase toda a Floresta de Araucárias foi derrubada, restando cerca de 1%
de sua área original, o que a coloca em risco de extinção. É importante preservá-la por
diversos motivos, naturais, econômicos ou culturais.
Essa vegetação constitui-se símbolo do Paraná e está associada ao nome Curitiba (do tupi,
Ku’ri: pinheiro; tuba: muito), capital desse estado, e ao município de Araucária, pertencente
à Região Metropolitana de Curitiba. Além disso, está presente em bandeiras e brasões de
cidades como Ponta Grossa (PR) e Caçador (SC). Nos últimos anos, algumas áreas devastadas
têm sido reflorestadas.
Floresta tropical: vegetação típica dos vales dos rios Paraná e Uruguai e do norte do Paraná,
onde foi substituída por extensas plantações de café e soja. A Serra do Mar era inteira-
mente recoberta por uma vegetação densa, típica de áreas chuvosas e com temperaturas
Região Sul: vegetação original
Fonte: IBGE. Atlas nacional digital. 8. ed. Rio de Janeiro, 2018. Adaptação.M
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36
Geografia
elevadas, formando a Mata Atlântica. Atualmente, grande par-
te dessa vegetação não existe mais, devastada pela prática
agrícola e para a construção de cidades, pois se encontra nas
áreas mais densamente povoadas da Região Sul.
Campos: são formados, principalmente, por gramíneas, mas
podem ser entremeados por capões de mata, matas ciliares e
banhados. Há dois tipos na Região Sul: campos limpos, também
chamados de pradarias, dominam a paisagem da Campanha
Gaúcha, recobrindo as coxilhas (suaves ondulações do terreno)
e constituem-se excelentes pastagens naturais para o gado; os
campos de planalto, chamados de campos sujos pela presença
de arbustos, também são bons para a pecuária, embora sua
qualidade seja inferior à dos campos limpos. A utilização in-
adequada dos campos na agropecuária, nas regiões de so-
los naturalmente arenosos, pode desencadear o processo de
arenização do solo.
Os Campos localizam-se principalmente no sul e sudoeste do Rio
Grande do Sul, no centro-sul de Santa Catarina e no Paraná, região
de Ponta Grossa e Curitiba. No Rio Grande do Sul, eles englobam
o bioma Pampas, que apresenta flora e fauna características e
grande biodiversidade, com 3 000 espécies de plantas e 500 de
aves. A expansão das monoculturas e das pastagens, porém, vem
resultando na degradação e descaracterização desse bioma.
Vegetação litorânea: variada e adaptada ao ambiente carac-
terístico de salinidade do litoral, formada principalmente por
mangues e restingas.
É um processo natural de
formação de bancos de areia
que ocorre especialmente no
sudoeste do Rio Grande do
Sul, agravado pela retirada de
cobertura vegetal em solos
arenosos, em regiões de clima
úmido e relevo ondulado. Nesses
terrenos, a erosão gerada
pela água da chuva forma
voçorocas, que se alargam e,
com a ação do vento, formam
imensos areais. Esse fenômeno
é intensificado com o pisoteio
do gado e o manejo inadequado
do solo na agricultura.
bioma: segundo o IBGE, é um conjunto de espécies animais e vegetais que vivem em formações vegetais vizinhas, em um território que apresenta condições geográficas e climáticas similares e história compartilhada de mudanças ambientais, o que resulta em uma diversidade biológica própria.
leitura cartográfica
Com base nos mapas Região Sul: principais tipos de clima, da página 35, e Região Sul: vegetação original, da página 36, e nos estudos do capítulo, responda às questões propostas.
1 Que cor indica a localização da Floresta de Araucárias? Que tipo climático é próprio dessa paisagem vegetal?
2 Em quais porções do estado do Rio Grande do Sul predominam os campos? Que cor os representa? Que tipo climático e que bioma se associam a essa vegetação?
3 Que tipo de vegetação ocorre na área onde atua o clima tropical de altitude? Quais elementos atmosféricos interferem nas suas características?
37
atividades
Nas lacunas, escreva as palavras que completam corretamente as afirmações sobre os aspectos naturais da Região Sul.
a) O Trópico de é o paralelo que passa ao norte da Região Sul.
b) Os Planaltos e Chapadas da Bacia do ocupam a maior parte do território da Região Sul.
c) Na Serra do , estão as maiores altitudes do Sul, como o Pico Paraná, com 1 877 metros de altitude.
d) As depressões do Sul são formadas por rochas .
e) O relevo de planície ocorre em uma estreita faixa próxima ao .
f) O Rio Paraná se destaca por seu potencial econômico, especialmente por abrigar a Usina de , uma das maiores hidrelétricas do mundo.
g) A Região Hidrográfica do se destaca por seu potencial hidrelétrico.
h) Na Região Sul, predomina o clima .
i) A Região Sul sofre a influência de massas de ar vindas do sul do continente.
j) A floresta tropical e a Floresta de foram intensamente devas-tadas pela ação humana.
k) Nos campos sulinos, encontra-se o bioma denominado .
l) A pode ocorrer nos solos arenosos dos campos sulinos, quan-do degradados pela erosão e pela atividade pastoril.
População e ocupação do espaço
Na ocupação da Região Sul, houve dois momentos bem distintos. No Brasil Colonial, os
primeiros habitantes instalaram-se na região tendo por base a pecuária. Depois, no século
XIX e início do século XX, a chegada de um grande número de imigrantes europeus deu à
região algumas de suas características mais marcantes.
Conquista e povoamento
No início da colonização brasileira, o Sul era uma região muito distante do centro de
interesse dos portugueses, que estavam mais preocupados com as terras tropicais produ-
toras de cana-de-açúcar.
Em 1648, foi fundado o primeiro núcleo importante de povoamento na região, a vila
de Paranaguá, no atual estado do Paraná. Isso só aconteceu depois da descoberta de ouro
no litoral desse estado. Teve início assim a ocupação da área litorânea, como tentativa de
garantir a posse das minas que viessem a ser encontradas.
Em seguida, foram fundadas as vilas de São Francisco do Sul e Laguna, no atual estado de
Santa Catarina, e a Colônia do Sacramento, no Uruguai, que, no período em questão, era terri-
tório espanhol. Mais tarde, em 1693, foi fundada a cidade de Curitiba, atual capital do Paraná.
38
Geografia
Até o fim do século XVI, o interior da Re-
gião Sul era ocupado apenas por populações in-
dígenas. Os primeiros estrangeiros a chegarem
a essa área foram os jesuítas espanhóis. Seu ob-
jetivo era catequizar os indígenas e, para isso,
fundaram missões no oeste paranaense e na
porção centro-ocidental do Rio Grande do Sul.
Atualmente, essa região é chamada de Sete Po-
vos das Missões: São Lourenço, São Borja, São
Nicolau, São Luís Gonzaga, São João Batista,
São Miguel e Santo Ângelo.
O povoamento da Região Sul sofreu ainda
forte influência dos bandeirantes paulistas.
Com o objetivo de capturar os indígenas para
vendê-los como escravizados, esses desbra-
vadores invadiram, saquearam e destruíram muitas missões. Em seus avanços, os paulistas
abriram caminhos e fundaram pequenos povoados.
A pecuária foi essencial no povoamento da Região Sul. No Brasil Colonial, o Rio Grande
do Sul foi o maior exportador de couro. O aproveitamento da carne, no entanto, não era
possível, porque as regiões de consumo estavam muito distantes.
Por isso, nos primeiros tempos, somente o couro era utilizado. A carne bovina só passou a
ser aproveitada no fim do século XVIII, com a indústria do charque. Esse produto era vendido
para os estados do Rio de Janeiro, da Bahia, onde era usado na alimentação dos africanos escra-
vizados, e de Minas Gerais, onde havia um grande mercado consumidor por causa da mineração.
Os equinos e os muares (mulas) também foram importantes para a ocupação do Rio
Grande do Sul. As mulas eram vendidas para as áreas de exploração de ouro, onde eram uti-
lizadas como animais de carga.
O crescimento da pecuária e o desenvolvimento da indústria do charque estimularam a
vinda de africanos e descendentes, que constituíram a mão de obra essencial para a fabri-
cação do charque. A vinda deles significou a introdução de um novo grupo étnico na região,
principalmente no Rio Grande do Sul, e também em áreas de trajeto dos tropeiros, que con-
duziam o gado desse estado para outras regiões, especialmente do Sudeste.
Atualmente, existem muitos descendentes de africanos estabelecidos no Rio Grande do
Sul e em algumas áreas do Paraná e de Santa Catarina. Muitos deles vivem em comunidades
quilombolas espalhadas na região.
Colônias de imigrantes
Para estender e consolidar a ocupação de uma área de pouco destaque econômico e
próxima ao Uruguai e à Argentina, o governo imperial do Brasil estimulou a colonização es-
trangeira, concedendo lotes de terras às famílias. Nessas áreas, os imigrantes europeus in-
troduziram a policultura e a criação de animais, além de trazerem uma nova matriz cultural,
cujas raízes ainda permanecem como traço marcante da região.
São Miguel das Missões, Rio Grande do Sul, 2019. As ruínas da Igreja de São Miguel, tombada pela Unesco como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade, fazem parte do Sítio Arqueológico de São Miguel Arcanjo.
©Pulsar Imagens/Gerson Gerloff
39
Os alemães foram os primeiros a chegar. São Leopoldo (RS), núcleo inicial da colonização
alemã em terras gaúchas, surgiu em 1824 e progrediu rapidamente, tendo como base as
atividades agrícola e industrial, pois muitos dos colonos alemães eram artesãos em sua terra
de origem.
A colonização alemã estendeu-se dos vales da Serra Geral aos arredores do Planalto Sul-
-Rio-Grandense. Em Santa Catarina, os alemães foram os responsáveis pelo povoamento do
Vale do Rio Itajaí.
Blumenau, SC, é um exemplo de cidade fundada e colonizadapor imigrantes alemães, no século XIX. Na foto à esquerda, um
aspecto da cidade nesse período, com edificações construídasno estilo alemão. À direita, vista de Blumenau, centro
econômico da região do Vale do Rio Itajaí, 2018.
SCHEIDEMANTEL, Bernardo. Colônia Blumenau, sede, lado ocidental da seca da Alameda. [ca. 1880]. 1 fotografia, p&b, 16,2 cm × 21,8 cm. Disponível em: <http://acervo.bndigital.bn.br/sophia/index.asp?codigo_sophia=42096>. Acesso em: 19 set. 2019.
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No fim do século XIX, começaram a chegar à região imigrantes de outras nacionalidades,
como italianos, eslavos (poloneses, ucranianos, russos, entre outros) e japoneses. Os italia-
nos concentraram-se na região serrana do Rio Grande do Sul, onde se dedicaram, principal-
mente, ao cultivo da uva e à fabricação de vinho. Já os eslavos estabeleceram-se, em maior
número, em colônias no Paraná.
O norte do Paraná apresenta fortes marcas da cultura nipônica, pois os japoneses tra-
balhavam na lavoura cafeeira dessa região. A partir da década de 1920, os gaúchos descen-
dentes de imigrantes vieram para o oeste paranaense em busca de novas terras, pois suas
propriedades foram divididas entre sucessivas gerações.
À medida que recebia imigrantes e sua população aumentava, o Sul ia se incorporando
ao espaço geográfico brasileiro. Em virtude da sua forma de ocupação, há muita influência
dos imigrantes europeus na Região Sul, tanto no espaço regional quanto na cultura. Isso
pode ser notado nos hábitos e costumes, na alimentação e no modo de falar.
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40
Geografia
Pesquisem informações sobre danças, músicas, festas, comidas típicas, arquitetura, hábitos e costumes que particularizam a Região Sul e a participação dos principais grupos de imigrantes em sua formação socioespacial. Embora não sejam imigrantes, incluam a contribuição dos gaúchos, pela influência cultural e econômica em grande parte da região. O termo “gaúcho”, nesse caso, refere-se não àqueles que nascem no Rio Grande do Sul, mas, sim, à cultura tradicional dos moradores dos Pampas, cuja origem histórica se remete ao início da colonização. Seu modo de vida peculiar nos campos forjou uma cultura própria, derivada de seu caráter mestiço, oriundo da cultura ibérica, indígena e africana. Cada grupo poderá ficar responsável por um desses aspectos. Em dia agendado, compartilhem as informações obtidas com a turma.
pesquisa
Aspectos demográficos
A Região Sul é a terceira mais populosa do país – a primeira é o Sudeste, e a segunda, o
Nordeste. As maiores densidades demográficas são registradas nas regiões metropolitanas,
onde os serviços, o comércio e a indústria absorvem muita mão de obra. Vale destacar que
mais de 85% da população dessa região vive nas cidades.
As menores densidades demográficas estão no extremo sul do Rio Grande do Sul, na
Campanha Gaúcha, pois, tradicionalmente, essa região é uma área de criação de gado em
grandes extensões de terra, que necessita de pouca mão de obra; e de lavoura de arroz, que
é totalmente mecanizada.
No fim da década de 1980, os fluxos migratórios do Sul em direção às outras regiões
do Brasil foram significativos. Para o Centro-Oeste e o Norte, seguiram sulistas que foram
trabalhar nas áreas de fronteira agrícola e adquirir terras mais baratas que no Sul; para o
Sudeste, dirigiram-se os que pretendiam trabalhar especialmente nas indústrias.
Desde o início da década de 1990, os fluxos migratórios de sulistas para outras regiões
do país reduziram-se, crescendo apenas a migração interestadual. No período de 2000 a 2010,
apesar da elevada população absoluta, a região manteve praticamente a mesma participação
relativa no total nacional (14,4%). Isso ocorreu principalmente em razão do declínio da taxa de
fecundidade, do esgotamento da fronteira agropecuária e da modernização agrícola, que redu-
ziu a agricultura de subsistência e, consequentemente, a necessidade de mão de obra.
Assim como nas regiões Sudeste e Nordeste, a porção leste dos estados concentra a
maior parte da população.
A Região Sul tem destaque nacional em importantes indicadores sociais, assim como o
Sudeste e, em alguns casos, o Centro-Oeste. Ela apresenta baixos coeficientes de mortali-
dade infantil e elevados índices de alfabe-
tização. Entretanto, assim como as demais
regiões do Brasil, apresenta inúmeras de-
sigualdades sociais, mostrando que ainda
são necessários grandes investimentos go-
vernamentais em saúde e educação.
Moradias em área de risco de deslizamento na periferia de Curitiba, Paraná, 2013
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41
Observe, nos gráficos, alguns indicadores so-ciais que retratam a realidade da Região Sul. Depois, responda às questões a seguir.
1 Qual das regiões brasileiras apresenta es-perança de vida mais elevada? Quanto anos a mais um habitante dessa região viverá em relação a um da Região Nordeste?
2 Em quais regiões brasileiras os adultos estu-daram, em média, mais de nove anos?
3 Qual dos gráficos mostra a desigualdade de renda entre os ricos e pobres das regiões bra-sileiras? Escreva um texto analisando o caso da Região Sul.
olhar geográfico
72,2
73,1
77,5
77,8
75,1
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Esperança de vida ao nascer: 2016 (em anos)
Fonte: IBGE. Tabela 3825: esperança de vida ao nascer, por sexo. Disponível em: <https://sidra.ibge.gov.br/Tabela/3825>. Acesso em: 19 set. 2019.
8,6
7,7
9,9
9,4
9,5
0
2
4
6
8
10
12
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
Média de anos de estudo dos adultos de 25 anos ou mais: 2017 (em anos)
Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: educação 2017. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101576_informativo.pdf>. Acesso em: 16 set. 2019.
154
138
349
404
336
2 735
2 772
5 409
4 505
4 870
0
500
1 000
1 500
2 000
2 500
3 000
3 500
4 000
4 500
5 000
5 500
6 000
Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste
20% mais pobres 20% mais ricos
Rendimento médio mensal familiar per capita dos 20% mais pobres e dos 20% mais ricos: 2016 (em reais)
Fonte: IBGE. Síntese de indicadores sociais: 2017 ‒ tabela 2.10. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9221-sintese-de-indicadores-sociais.html?edicao=18830&t=resultados>. Acesso em: 19 set. 2019.
42
Geografia
Economia
A Região Sul apresenta grandes extensões de solos férteis e pastagens, condições cli-
máticas relativamente favoráveis e emprego de tecnologias modernas. Juntos, esses fatores
têm contribuído para o aumento da produtividade agrícola e da pecuária na região.
É a segunda região do país em valor e volume de produção industrial. A distribuição das
indústrias é bastante diversificada. De modo geral, elas se estabelecem em áreas produtoras
de matérias-primas. Destacam-se as indústrias têxteis, de laticínios, frigoríficos e a agroin-
dústria beneficiadora de grãos, vinícolas, entre outras.
Agricultura e pecuária
A partir de meados da década de 1940 até o ano de 1975, o norte do Paraná foi a prin-
cipal zona cafeeira do país. Nesse ano, ocorreu uma forte geada que destruiu seus cafezais.
Além disso, quando a soja passou a ser mais valorizada no mercado internacional, grandes
áreas tradicionalmente cafeeiras foram substituídas pelo novo cultivo. Atualmente, o norte
do Paraná é uma região policultora.
Da década de 1970 em diante, o cultivo e a expansão da soja transformaram a região do
centro-oeste paranaense e catarinense e do noroeste gaúcho: as propriedades ampliaram-se,
concentrando uma série de pequenas propriedades, os minifúndios. Como o número de em-
pregos foi reduzido, essas regiões também passaram a apresentar o fenômeno da emigração.
A maçã, um produto característico de clima subtropical, é produzida principalmente em
Vacaria (RS) e Fraiburgo (SC). O cultivo da uva, utilizada principalmente na produção de vi-
nho, destaca-se no nordeste do Rio Grande do Sul. A produção de arroz e de soja e a criação
de ovinos sobressaem-se na região da Campanha Gaúcha.
Na região central do Rio Grande do Sul, a pecuária é a atividade econômica mais im-
portante, embora também sejam cultivados arroz, soja e fumo. Santa Catarina é o segundo
maior produtor de arroz, além de produzir fumo, feijão e trigo.
Nos últimos anos, o número de pastos plantados no Sul aumentou, a alimentação do
gado foi melhorada e teve início o cruzamento de espécies europeias com gado zebu. Tudo
isso permitiu que a região mantivesse sua produção de carne e começasse a produzir tam-
bém para exportação.
Além disso, houve a introdução de inovações tecnológicas em toda a Região Sul. Essa
modernização possibilitou que a atividade de criação de suínos e aves fosse cada vez mais
especializada e integrada aos frigoríficos.
O espaço agropecuário do Sul apresenta um grande número de pequenas propriedades,
nas quais predomina o trabalho familiar.
Muitas dessas propriedades se unem em sistema de cooperativa para processar os pro-
dutos, agregando valor e incrementando a renda do pequeno agricultor, que, assim, tem
encontrado incentivo para permanecer no campo.
43
Indústrias
O Rio Grande do Sul representa cerca de 35% do valor da produção industrial da re-
gião. Muitas indústrias estão concentradas na Região Metropolitana de Porto Alegre, que é
a maior do sul do país, com mais de 4 milhões de habitantes. As atividades industriais dessa
região, consideradas as mais importantes fora da Região Sudeste, estão diretamente vincu-
ladas à produção agropecuária: têxtil, de vestuário, de calçados e de produtos alimentares.
São importantes também as indústrias química, petroquímica, siderúrgica e automobilística.
Caxias do Sul, localizada no nordeste do Rio Grande do Sul, cresceu com as vinícolas e
abriga um importante parque industrial diversificado, em que se destacam, entre outras, as
indústrias química e de material de transporte, como a de carrocerias de ônibus.
O PIB industrial do Paraná é o maior da região (2016), com destaque para o grande de-
senvolvimento da Região Metropolitana de Curitiba, a segunda maior do Sul. Essa região
metropolitana, bem como o norte do Paraná, beneficiou-se da proximidade geográfica com
a Região Sudeste e da densa rede de transportes e comunicações. Além de indústrias auto-
mobilísticas multinacionais, há concentração de indústrias alimentícias, vinculadas à intensa
atividade agropecuária paranaense, assim como de empresas dos setores madeireiro, quími-
co e de material elétrico.
Em 2016, Santa Catarina foi o sexto estado do país em valor da produção industrial.
A Região Metropolitana do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, é uma das mais importantes
áreas industriais do Sul. Destacam-se os municípios de Blumenau e Brusque, que são gran-
des centros de indústrias têxteis e de confecção, e Joinville, com indústrias diversificadas.
No litoral sul de Santa Catarina, a atividade econômica mais importante é a extração do
carvão mineral, o qual é utilizado nas usinas termelétricas e também transportado pelo Por-
to de Imbituba até as siderúrgicas da Região Sudeste. A oferta de energia elétrica contribui
imensamente para o desenvolvimento industrial da Região Sul.
O Porto de Paranaguá é o mais movimentado da região e um dos mais importantes do
Brasil. É de fundamental importância para a movimentação de cargas, principalmente com
os países vizinhos – Uruguai, Argentina e Paraguai.
1 Por que as águas do Rio Iguaçu não correm em direção ao Oceano Atlântico, como acontece com
muitos rios de grande porte no Brasil?
o que já conquistei
44
Geografia
2 Qual foi o papel dos bandeirantes paulistas no povoamento da Região Sul?
3 Descreva os aspectos da atividade pecuária que contribuíram para o desenvolvimento da Região Sul a partir do fim do século XVIII.
4 Que fatores têm contribuído para a elevada produtividade agrícola na Região Sul?
5 Sobre a industrialização da Região Sul, complete as afirmações usando as palavras do quadro.
PORTO ALEGRE SANTA CATARINA JOINVILLE CURITIBA
a) Além das capitais, Caxias do Sul, Blumenau, Brusque e se destacam no cenário econômico por apresentarem indústrias diversificadas.
b) O litoral sul de destaca-se pela extração do carvão mi-neral, cuja utilização nas termelétricas contribui para o desenvolvimento industrial.
c) A Região Metropolitana de beneficiou-se da proximidade com a Região Sudeste e concentra indústrias dos setores automobilístico, alimentício, entre outras.
d) Muitas das indústrias estabelecidas na Região Metropolitana de ,
a maior da Região Sul, estão associadas à produção agropecuária.
45
capí
tulo Brasil: um país
de desigualdades 16
O Brasil é marcado por grandes desigualdades, tanto físi-
cas quanto econômicas e sociais. Elas são resultado não só das
formas de ocupação do território brasileiro ao longo da histó-
ria, mas também dos projetos políticos que estiveram por trás
de sua construção. Dados anuais comprovam que, embora a
desigualdade social esteja diminuindo no Brasil, ela ainda está
longe de padrões aceitáveis. Observe a charge acima. O que
ela quer dizer? A situação que ela retrata ainda pode ser con-
siderada atual? Por quê? Converse sobre esse assunto com o
professor e os colegas.
Contrastes do Brasil
Indicadores
socioeconômicos
do Brasil
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ANGELI. Folha de S.Paulo, 6 jun. 1999. Opinião, Caderno 1, p. 2.
46
Geografia
Contrastes do Brasil
Como estudamos anteriormente, o Brasil apresenta contrastes marcantes em seus as-
pectos físicos. Enquanto as chuvas são abundantes no norte do país, há áreas secas no nor-
deste, faz frio no sul nos meses de inverno, e o calor é praticamente constante no norte e no
nordeste. O relevo é plano em alguns lugares e bastante irregular em outros.
A distribuição irregular da população brasileira no território também representa outro
contraste, pois grande parte dela vive em áreas relativamente próximas ao litoral e nas cidades.
As formas de produção também são desiguais: há desde agricultura tradicional até la-
vouras modernas, em que máquinas sofisticadas fazem grande parte do trabalho. Existem
ainda extensas e pequenas propriedades rurais, áreas intensamente urbanizadas e industria-
lizadas e outras relativamente pouco modificadas pela ação humana.
Entretanto, um dos contrastes que mais chama a atenção no Brasil é a grande desigual-
dade social. Parte da população brasileira não tem condições de vida adequadas, embora as
estatísticas indiquem que essas condições melhoraram significativamente se comparadas
às de décadas anteriores, provando que a desigualdade social é um problema que pode ser
enfrentado.
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
Como saber se um país oferece boas condições de vida para sua população? Pensando
nessa pergunta, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) elaborou
um indicador com o objetivo de avaliar as condições de vida de um país: o Índice de Desen-
volvimento Humano (IDH). Para essa entidade, o desenvolvimento
humano necessita de três condições: uma vida longa e saudável,
acesso ao conhecimento e um padrão de vida que garanta as ne-
cessidades básicas. Esse índice é calculado com base nos dados so-
bre saúde, educação e renda de um país. O IDH é divulgado anual-
mente no Relatório do Desenvolvimento Humano.
Conhecer os contrastes do Brasil e sua relação com as desigualdades existentes no país.
Identificar os indicadores socioeconômicos mais relevantes para a com-preensão geral da realidade brasileira.
Reconhecer que os indicadores socioeconômicos podem refletir a situa-ção do país em relação ao seu nível de desenvolvimento.
objetivos do capítulo
Pnud: órgão da Organização das Nações Unidas (ONU) que
tem como objetivo favorecer o desenvolvimento dos países, erradicando a pobreza e reduzindo
a desigualdade.
47
Para efetuar o cálculo de IDH, o Pnud utiliza os indicadores relacionados a seguir.
RNB pc: Renda Nacional Bruta per capita é o índice que mede a renda total do país, incluindo os recursos enviados ou recebidos do exterior, como lucros de multinacionais, empréstimos realizados com bancos e organismos internacionais e remessas enviadas e recebidas por imigrantes.
expectativa de vida: tempo médio de vida dos habitantes de um país, expresso em anos. É também chamada de esperança de vida, pois significa o tempo provável entre o nascimento e a morte de uma pessoa.
anos médios de escolaridade: número médio de anos de educação recebidos durante a vida, por pessoas a partir de 25 anos.
anos esperados de escolaridade: número total de anos de escolaridade que uma criança, na idade de iniciar a vida escolar, pode esperar receber durante a vida.
Fonte: UNDP. Human Development Index (HDI). Disponível em: <http://hdr.undp.org/en/content/human-development-index-hdi>. Acesso em: 30 nov. 2019.
IDH
Saúde
Renda
Educação
Anos esperados
de escolaridade
Expectativa de vida
RNB pc
Anos médios de
escolaridade
Composição do IDH
Países com IDH menor que 0,555 apresentam baixo desenvolvimento humano; índices en-
tre 0,555 e 0,699 correspondem a países com médio desenvolvimento humano; índices de 0,7
a 0,799 se referem a países com alto desenvolvimento humano; e países com IDH superior a
0,800 têm desenvolvimento humano considerado muito alto.
Aplicando-se a metodologia de cálculo, o Brasil apresentou um IDH de 0,759, ficando na
79.ª posição entre os 189 países que compuseram o relatório do Pnud, referente ao ano de
2017. O Brasil encaixou-se na categoria dos países com alto desenvolvimento humano. Tal
classificação se deve, principalmente, ao aumento do rendimento nacional e aos indicadores
de saúde e educação. Outros índices, porém, estão longe do ideal para se considerar o Brasil
um país sem grandes desigualdades sociais.
Indicadores socioeconômicos no Brasil
Indicadores socioeconômicos são dados que refletem a realidade social e econômica de de-
terminado recorte espacial (país, região, estado). Sua análise permite compreender as condições
da população que vive em determinado território. Com base nisso, é possível diagnosticar os se-
tores que necessitam de mais atenção e cuidados por parte do governo, a fim de melhorar as con-
dições de vida da população. A seguir, vamos conhecer alguns indicadores para compreendermos,
de modo geral, a situação do país em relação ao seu nível de desenvolvimento socioeconômico.
O índice varia de 0 a 1, sendo 1 a nota mais alta, que corresponde ao mais elevado
desenvolvimento humano.
48
Geografia
Expectativa de vida
BRASIL: EVOLUÇÃO DA EXPECTATIVA DE VIDA
Ano Expectativa de vida ao nascer
1940 45,5
1960 52,5
1980 62,5
2000 69,8
2017 76,0
Como é possível observar na ta-
bela, a expectativa de vida no Bra-
sil tem aumentado nas últimas dé-
cadas, o que reflete uma melhoria
das condições gerais de saúde e sa-
neamento básico no país. Em razão
disso, verifica-se uma tendência de
envelhecimento da população bra-
sileira, ou seja, vem aumentando a
proporção de idosos – pessoas com
60 anos ou mais.Fonte: IBGE. Tábua completa de mortalidade para o Brasil: 2017 – breve análise da evolução da mortalidade no Brasil. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101628.pdf>. Acesso em: 30 nov. 2019.
Pirâmide etária brasileira
A pirâmide etária, ou pirâmide de idades, é um gráfico que mostra a estrutura da popula-
ção de um país, dividida em colunas, por gênero (masculino e feminino), e em barras, por ida-
de (normalmente em períodos de quatro anos). Cada barra da pirâmide aponta, portanto, o
número de pessoas (em números absolutos ou em porcentagem) dentro de uma faixa etária
dividida por sexo. Essa pirâmide é composta de três diferentes partes: base, corpo e ápice.
Interpretar e comparar pirâmides etárias pode nos mostrar muito sobre a evolução de
uma população. As informações presentes em uma pirâmide etária permitem conhecer o ní-
vel de desenvolvimento socioeconômico de um país. Com isso, elas podem orientar os gover-
nantes a elaborar políticas públicas para suprir as necessidades da população. Geralmente,
o formato típico de uma pirâmide (base mais larga que o topo) caracteriza países formados
por populações mais jovens em sua maioria, com baixo índice de desenvolvimento humano
(IDH), elevadas taxas de natalidade e baixa expectativa de vida.
Observe a pirâmide etária brasileira.
Brasil: distribuição da população por sexo e idade – 2018 (em %)
Fonte: IBGE. Projeções da população do Brasil e unidades da federação por sexo e idade: 2010-2060. Disponível em: <https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao/9109-projecao-da-populacao.html?=&t=resultados>. Acesso em: 23 set. 2019.
3,7% 3,6%
4,0% 3,9%
4,6% 4,4%
Base: proporção de crianças e jovens
na população (de 0 a 19 anos).
Em 2018, era de 29,2% da população.
Corpo: proporção de
adultos na população
(de 20 a 59 anos).
Em 2018, era de 57,3%
da população.
Ápice: proporção de idosos
na população (+ de 60 anos).
Em 2018, era de 13,4%
da população.
4,5% 4,4%
4,5% 4,5%
4,4% 4,5%
4,0% 4,2%
3,5% 3,7%
3,3% 3,5%
3,0% 3,2%
2,5% 2,8%
2,0% 2,3%
1,6% 1,8%
1,2% 1,4%
0,9% 1,1%
0,6% 0,8%
0,4% 0,5%
0,2% 0,3%
0,1%
0,1%
0,0%
0,0%
0-4
5-9
10-14
15-19
20-24
25-29
30-34
35-39
40-44
45-49
50-54
55-59
60-64
65-69
70-74
75-79
80-84
85-89
90+
0,0%
0,0%
MulheresHomens
49
atividades
Para entender melhor as características da atual pirâmide etária brasileira, complete as lacunas das afirmações seguintes usando as palavras do quadro.
elevado jovens aposentadoria adultos reduzida
escolas idosos empregos largo crianças
a) A base larga mostra grande quantidade de e
na população brasileira. Isso demonstra que o Brasil ainda
tem um crescimento vegetativo se comparado a outros países, apesar de as taxas de natalidade e mortalidade estarem decaindo nos últimos anos. Crianças e jovens precisam estudar e, por isso, é necessário investir na construção de creches,
e universidades. Compete também ao governo promover campanhas educativas para alertar os jovens sobre os riscos em relação às drogas e à gravidez na adolescência, bem como programas direcionados às crianças que vivem em situação de risco.
b) O corpo alargado revela a maior participação de na população do país, os quais compõem parte da População Economicamente Ativa (PEA). Por isso, é necessário gerar
e promover melhorias de suas condições de vida, investindo em saúde, habitação, saneamento básico, etc. As contribuições obtidas dos salários dos trabalhadores da PEA geram recursos para sustentar o pagamento de aposentadorias e pensões a outros brasileiros.
c) O ápice estreito mostra uma participação relativamente pequena de
na população do país. A expectativa de vida do brasileiro, ainda que tenha aumentado nas últi-
mas décadas, é comparada à dos países mais ricos, que apresentam
o ápice de suas pirâmides etárias mais que o nacional. Os idosos brasi-
leiros enfrentam problemas como baixa e atendimento à saúde precário, além de muitos deles serem vítimas de maus-tratos, muitas vezes ocasionados pela própria família. Para essa po-pulação, é necessário investir em saúde e melhorias nas aposentadorias. O Estatuto do Idoso, conjunto de leis criado em 2003, busca assegurar aos
idosos o direito de ter uma vida mais digna, porém é preciso intensificar a fiscalização para que ele seja respeitado.
População Economicamente Ativa (PEA): pessoas de 14 a 60 anos que, em princípio, estão aptas e dispostas a exercer uma atividade econômica remunerada, compondo a mão de obra de diferentes setores da economia.
O formato da pirâmide etária brasileira é característico de países em fase de transição
demográfica, isto é, desaceleração do crescimento vegetativo em razão da redução da nata-
lidade e do aumento da expectativa de vida. Estudos apontam que essa tendência na dinâmi-
ca demográfica do Brasil deve persistir por algum tempo, provocando mudanças no formato
atual da pirâmide etária. Com isso, ela se aproximará mais do formato das pirâmides dos
países ricos (grande proporção de idosos e adultos, e menor de crianças e jovens). Nesses
países, o crescimento natural tem sido negativo, resultando em uma pirâmide etária de base
mais estreita que a porção representada pela população adulta.
50
Geografia
Com a diminuição das taxas de mortalidade e a melhoria na saúde e nos serviços médicos
e hospitalares, haverá o aumento da proporção de idosos e adultos na população brasileira.
Já a crescente queda na taxa de crescimento natural reduzirá a quantidade proporcional de
crianças e jovens.
Observe, na projeção seguinte, como tende a ser o formato da pirâmide etária brasileira
em 2050.
Brasil: distribuição da população por sexo e idade – 2050 (em %)
Fonte: IBGE. Projeção da população do Brasil por sexo e idade: 1980-2050. Revisão 2008. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2008/projecao.pdf>. Acesso em: 7 jan. 2014.
Compare a pirâmide etária de 2018 com a da projeção para 2050 e responda às questões.
1 De acordo com a projeção do IBGE, qual será o formato da base da pirâmide etária brasileira em 2050? Em que ela se diferencia da base da pirâmide de 2018? O que essa mudança representará na dinâmica demográfica do país?
2 Em 2050, qual parte da pirâmide será bem maior do que era em 2018? Por que isso acontecerá?
3 Em 2018, qual grupo etário apresentava maior proporção na população brasileira? Essa característi-ca também estará presente na pirâmide de 2050?
4 No Brasil, havia mais homens ou mulheres em 2018? E como será essa distribuição em 2050?
olhar geográfico
Base
Corpo
Ápice
2,43%
2,51%
2,60%
2,71%
2,84%
2,98%
3,06%
3,04%
3,06%
3,25%
3,53%
3,46%
3,43%
3,30%
2,85%
2,26%
1,77%
1,21%
1,07%
0-4
5-9
10-14
15-19
20-24
25-29
30-34
35-39
40-44
45-49
50-54
55-59
60-64
65-69
70-74
75-79
80-84
85-89
90+
MulheresHomens2,55%
2,63%
2,72%
2,83%
2,96%
3,09%
3,15%
3,10%
3,09%
3,24%
3,45%
3,27%
3,15%
2,88%
2,35%
1,73%
1,23%
0,74%
0,49%
51
Saúde
É possível saber se a saúde da população apresenta um nível satisfatório por meio da
taxa de mortalidade infantil, um dos indicadores mais importantes para essa análise. Essa
taxa revela quantas crianças morreram no primeiro ano de vida em um grupo de mil nascidas
vivas. Em geral, é indicada pelo índice “por mil” (‰).
No Brasil, as principais causas de morte de crianças com menos de um ano são as doenças
infecciosas e deficiências nutricionais. Esses fatores estão diretamente ligados à desigualda-
de econômica, que impossibilita a muitas pessoas ter condições adequadas de saneamento
e alimentação.
Na década de 1940, a mortalidade infantil no Brasil era de 163‰ (lê-se 163 por mil), ou
seja, de cada mil crianças nascidas vivas, 163 morriam antes de completar 1 ano. Em 1991,
esse índice caiu para, aproximadamente, 45‰. Esses dados resultaram de investimentos
públicos em políticas de saúde, saneamento, alimentação e nutrição.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2016, esse índice
havia diminuído para cerca de 13,3‰. Apesar da melhora, o resultado brasileiro ainda está
longe do verificado em países desenvolvidos, onde as taxas de mortalidade infantil ficam em
torno de cinco óbitos para cada mil nascidos vivos.
As condições de saúde da população também podem ser analisadas pelo percentual de
crianças desnutridas de até cinco anos. No entanto, mesmo com programas governamentais e
o trabalho de organizações não governamentais (ONG), que visam ao combate mais efetivo da
fome e da insegurança alimentar, a desnutrição infantil ainda aflige parte das crianças brasileiras.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), apesar de o Brasil apresentar que-
da da desnutrição nas últimas décadas, ainda há desigualdades observadas, principalmente em
relação às regiões geográficas, às condições de renda e aos grupos populacionais.
Escolaridade
Um fator fundamental para o desenvolvimento de um país é o nível de escolaridade
de sua população. Esse nível influencia diretamente a capacitação profissional do indivíduo,
principalmente diante do desenvolvimento tecnológico e da competitividade do mercado de
trabalho no mundo atual. O baixo nível de escolaridade de uma população está estreitamen-
te ligado à precariedade das condições de trabalho de um adulto e a rendimentos menores.
No Brasil, houve uma redução significativa do número de anal-
fabetos em relação ao início da década de 1990, quando 16 de cada
100 brasileiros acima de 15 anos não sabiam ler e/ou escrever. Da-
dos mais recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (2018) apontaram que 7% da população brasileira não é
alfabetizada. Na Argentina, apenas 0,9% da população não é alfa-
betizada; no Uruguai, 1,4%; e, no Paraguai, há 5,3% de analfabetos.
Muitas crianças não frequentam a escola porque precisam trabalhar. Estima--se que existam cerca de 2 milhões de crianças e adolescentes entre 5 e 17anos em situação de trabalho infantil, exercendo atividades proibidas pela
legislação. Na imagem, jovem em trabalho informal em Oeiras, PI, 2019.
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52
Geografia
Você sabe o que é analfabetismo funcional? Uma pessoa é considerada analfabeta
funcional quando sabe ler e escrever, mas de maneira limitada. Muitas vezes, essas pes-
soas têm dificuldades de interpretar textos, de se expressar e fazer contas básicas, o que
prejudica seu desenvolvimento pessoal e profissional. No Brasil, estima-se que 3 em cada
10 pessoas entre 15 e 64 anos sejam analfabetas funcionais.
curiosidade?
Concentração de renda
A renda da população é outro importante fator que sinaliza o desenvolvimento de um
país. Ela indica a capacidade que uma pessoa tem, por exemplo, de gastar em alimentos, rou-
pas, transportes e lazer, o que traz conforto e bem-estar para ela e seus familiares.
Para o país, é importante que toda a população tenha renda suficiente, pois, assim, é
capaz de adquirir bens e serviços. Isso faz a economia aquecer, gerando maior arrecadação
de impostos, que podem ser investidos na prestação de serviços públicos e na construção de
obras de interesse coletivo, como estradas, metrôs, redes de esgoto, etc.
O Brasil está entre os países mais desiguais do mundo no que se refere à distribuição
de renda, isto é, grande parte da riqueza produzida no país concentra-se nas mãos de um
pequeno número de pessoas.
A figura abaixo apresenta os dados sobre a concentração de renda no Brasil. Observe-a
e responda às questões.
olhar geográfico
Brasil: concentração de renda – 2017
Os 10% das pessoas recebem 0,7% do e os 10% recebem 43,3% do
A do 1% dos é de R$ 27.213,00, ou seja, 36,1 vezes maior que a
, que é de R$ 754,00.da metade da população dos
Os 50% das pessoas
para atingir a dos 10% dos .
precisariam trabalhar durante 3 anos seguidos, sem gastar nada,
mais pobres
mais ricos
renda média mensal
total de rendimento domiciliar do paísper capita
Fonte: IBGE. PNAD Contínua: rendimento de todas as fontes – 2017. Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/media/com_mediaibge/arquivos/acfb1a9112a9eceedc4ea612d5aaf848.pdf>. Acesso em: 21 set. 2019.
53
1 Troque os símbolos pelas palavras correspondentes e escreva o texto completo nas linhas.
2 Qual é a participação da população mais pobre no total de rendimento domiciliar per capita do país? E a participação da população mais rica?
3 O que esses dados revelam sobre a concentração de renda no Brasil?
4 Na sua opinião, quais são os problemas que uma grande desigualdade de renda pode ocasionar para o país?
A desigualdade de renda no país também ocorre entre parcelas distintas da sociedade,
como entre homens e mulheres e entre brancos e negros. Por exemplo, embora as mulheres
sejam mais escolarizadas que os homens em geral, o rendimento médio delas corresponde
a aproximadamente 75% do rendimento masculino. No Brasil, a desigualdade entre homens
e mulheres não fica somente na esfera dos rendimentos. Na página 2 do material de apoio,
você poderá consultar diversas tabelas com dados que mostram a distância a ser percorrida
até que homens e mulheres desfrutem dos mesmos direitos e oportunidades.
1 Qual é a importância da análise das informações de uma pirâmide etária?
o que já conquistei
54
Geografia
2 Para avaliar se a saúde de um país tem nível satisfatório, qual é o indicador mais importante? Analise esse indicador no Brasil.
3 Observe o gráfico com a evolução da expectativa, ou esperança, de vida do brasileiro. Em seguida, responda às questões.
Brasil: evolução da expectativa de vida – 1940-2017 (em anos)
Fonte: IBGE. Tábua completa de mortalidade para o Brasil: 2017 – breve análise da evolução da mortalidade no Brasil. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101628.pdf>. Acesso em: 21 set. 2019.
a) De acordo com o gráfico, qual era a expectativa de vida dos brasileiros em 1940? E em 2017?
b) Em quanto aumentou a expectativa de vida dos brasileiros de 1940 a 2017?
c) Nas últimas décadas, que fatores foram responsáveis pelo aumento da expectativa de vida dos brasileiros?
4 Por que o nível de escolaridade da população é fundamental para o desenvolvimento de um país?
Qual é o atual panorama do Brasil nesse aspecto?
45,5
48
52,5
57,5
62,5
66,9
69,8
73,9
76
40
45
50
55
60
65
70
75
80
1940 1950 1960 1970 1980 1990 2000 2010 2017
Ano
55
5 As características socioeconômicas de um país também podem ser representadas por meio de ma-pas. Observe os mapas e realize a atividade proposta.
Descreva as informações mostradas em cada mapa. O que os mapas demonstram em relação às
desigualdades existentes no Brasil? Com base nos estudos de Geografia realizados neste ano, procure explicar as causas dessas diferenças regionais.
Brasil: alfabetização – 2015
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. IBGE: Rio de Janeiro, 2018. p. 118. Adaptação.
Iva
n R
od
rig
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Brasil: rendimento médio mensal domiciliar – 2015
Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. IBGE: Rio de Janeiro, 2018. p. 121. Adaptação
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Brasil: estradas pavimentadas (2017)
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n R
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o L
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na
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Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. IBGE: Rio de Janeiro, 2018. p. 140. Adaptação.
Brasil: Produto Interno Bruto (2015)
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od
rig
o L
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na
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Fonte: IBGE. Atlas geográfico escolar. 8. ed. IBGE: Rio de Janeiro, 2018. p. 138. Adaptação.
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Material de Apoio7°. ano – Volume 4
Geografia
Capítulo 14 – Página 25 – Olhar geográfico
Brasil: territórios das comunidades quilombolas – 2013
Fonte: ANJOS, Rafael S. A. dos. Brasil: localização aproximada dos territórios das comunidades quilombolas – cadastro projeto GEOAFRO 2013. Disponível em: <http://ideageobaobasciga.unb.br:8080/geonetwork/srv/por/catalog.search;jsessionid=8A3269A42D030A663E792D6C71EA7BB0#/metadata/3d968507-6b40-4525-b125-e71b70895357>. Acesso em: 11 set. 2019. Adaptação.
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Capítulo 16 – Página 54 – Indicadores sociais das mulheres
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