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UnisulVirtualPalhoça, 2016

Universidade do Sul de Santa Catarina

Trabalho Social com Grupos

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Créditos

Universidade do Sul de Santa Catarina – UnisulReitorSebastião Salésio HerdtVice-ReitorMauri Luiz Heerdt

Pró-Reitor de Ensino, de Pesquisa e de ExtensãoMauri Luiz HeerdtPró-Reitor de Desenvolvimento InstitucionalLuciano Rodrigues MarcelinoPró-Reitor de Operações e Serviços AcadêmicosValter Alves Schmitz Neto

Diretor do Campus Universitário de TubarãoHeitor Wensing JúniorDiretor do Campus Universitário da Grande FlorianópolisHércules Nunes de AraújoDiretor do Campus Universitário UnisulVirtualFabiano Ceretta

Campus Universitário UnisulVirtual

DiretorFabiano Ceretta

Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Ciências Sociais, Direito, Negócios e ServiçosAmanda Pizzolo (coordenadora)

Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Educação, Humanidades e ArtesFelipe Felisbino (coordenador)

Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Produção, Construção e AgroindústriaAnelise Leal Vieira Cubas (coordenadora)

Unidade de Articulação Acadêmica (UnA) – Saúde e Bem-estar SocialAureo dos Santos (coordenador)

Gerente de Operações e Serviços Acadêmicos Moacir HeerdtGerente de Ensino, Pesquisa e ExtensãoRoberto IunskovskiGerente de Desenho, Desenvolvimento e Produção de Recursos Didáticos Márcia LochGerente de Prospecção Mercadológica Eliza Bianchini Dallanhol

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Livro didático

UnisulVirtualPalhoça, 2016

Designer instrucionalCarmelita Schulze

Trabalho Social com Grupos

Darlene de Moraes Silveira Karina Melo Vieira

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Livro Didático

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul

Copyright © UnisulVirtual 2016

Professores conteudistasDarlene de Moraes Silveira Karina Melo Vieira

Designer instrucionalCarmelita Schulze

Projeto gráfico e capaEquipe UnisulVirtual

Diagramador(a)Pedro Teixeira

Revisor(a)Diane Dal Mago

ISBN978-85-7817-980-9

e-ISBN978-85-7817-981-6

Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição.

S59Silveira, Darlene de MoraesTrabalho social com grupos : livro didático / Darlene de Moraes Silveira, Karina Melo Vieira ; design instrucional Carmelita Schulze. – Palhoça : UnisulVirtual, 2016.62 p. : il. ; 28 cm.

Inclui bibliografia.ISBN 978-85-7817-980-9e-ISBN 978-85-7817-981-6

1. Serviço social de grupo. 2. Sociabilidade. I. Melo, Karina. II. Schulze, Carmelita. III. Título.

CDD (21. ed.) 361.4

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Sumário

Introdução | 7

Capítulo 1O Serviço Social com grupos | 9

Capítulo 2A constituição do ser social e a formação de grupos | 27

Capítulo 3Grupos e a sociabilidade | 43

Considerações Finais | 55

Referências | 57

Sobre as Professoras Conteudistas | 61

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Introdução

Este livro didático foi elaborado para a Unidade de aprendizagem Trabalho social com grupos. Os conteúdos tratam da articulação do Serviço Social com grupos como parte dos instrumentais técnico-operativos da intervenção profissional.

A história do Serviço Social com grupos compreende os fundamentos histórico-críticos e os aspectos técnico-operativos nos processos e na dinâmica grupal adotados no Brasil diante da perspectiva socioeducativa. Esses fundamentos precisam ser estudos pelo Serviço Social porque deles depende uma correta compreensão e trabalho com grupos.

É relevante destacar que a história do Serviço Social com grupos é permeada pela dimensão ético política e técnico-operativa do trabalho com grupos. Assim, não podemos deixar de ter em mente e seguir essas dimensões quando trabalhamos com grupos. Logo, o trabalho do/a assistente social com grupos deve estimular/oportunizar espaços para fluir as habilidades e a criatividade dos participantes do grupo com o propósito de contribuir para a evolução mesmo, tanto no sentido de desenvolvimento dos indivíduos como do grupo como um todo.

Assim, esse livro didático percorre o estudo das teorias sobre grupos, a experiência humana e os fundamentos teóricos sobre processos grupais com abordagens sobre a concepção e a formação dos grupos, a classificação dos grupos e a dinâmica de funcionamento dos grupos: interna e externa.

Tratamos de temas que inserem o trabalho social com grupos na direção do ser social e a sociabilidade reconhecendo-o como instrumento histórico social na relação entre homem e mundo, que se constitui gênese da socialização. Pois, parte-se da compreensão de que home/mulher como ser social, histórico carregado da dinâmica da sociedade, do seu tempo e está em permanente transformação. Esta concepção remete ao caráter participativo, que deve ser valorizado e estimulado no trabalho social com grupos.

Cada grupo é singular na escolha e desempenho das atividades projetadas por si próprio e, portanto, não existe um modelo padronizado para sua condução. O profissional é o responsável por facilitar e assessorar o grupo no nível teórico-metodológico e técnico – operativo. Cabe cumprir um rol de etapas inerentes à formação de um grupo de trabalho a fim de facilitar a evolução do grupo.

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Diante de tudo isso temos que este livro didático cumpre o propósito de oportunizar estudos e reflexões para aprimorar o conhecimento sobre o trabalho social com grupos e as contribuições possíveis da categoria dos assistentes sociais para a formação e o desenvolvimento de grupos sociais..

Desejo bons estudos e sucesso a todos(as)!

Profª Darlene de Moraes Silveira.

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Capítulo 1

O Serviço Social com gruposDarlene de Moraes Silveira

Seção 1A história do Serviço Social com gruposO Serviço Social chega ao Brasil na década de 1930, com a primeira escola criada em São Paulo, em 1936, seguida da escola do Rio de Janeiro, em 1937. O surgimento e o desenvolvimento do Serviço Social no Brasil tem sua gênese relacionada à negação dos antagonismos oriundos do capitalismo, presentes no acelerado processo de industrialização mundial.

As práticas sociais revestiam-se de ações humanizantes e tinham o sentido da minimização desses antagonismos. Práticas contraditórias do Serviço Social, assim, considerado “tradicional”, negando os conflitos existentes e atuando sem as percepções sócio-históricas de tais condições, realizando processos de adaptação, orientação e administrando conflitos mediante “certas técnicas de ajuda”.

Para a compreensão do que se qualifica como “Serviço Social tradicional”, recorre-se a José Paulo Netto (2005, p. 6), pois o autor apresenta-o sumariamente como:

prática empirista, reiterativa, paliativa e burocratizada, orientada por uma ética liberal burguesa, que, de um ponto de vista claramente funcionalista, visava enfrentar as incidências psicossociais da ‘questão social’ sobre indivíduos e grupos, sempre pressuposta a ordenação capitalista da vida social como um dado factual ineliminável.

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Capítulo 1

Com abordagens marcadas pelo atendimento individualizado, as orientações voltavam-se para as adaptações dos sujeitos às condições impostas pela sociedade capitalista. Diante do avanço da questão social, frutos das relações sociais contraditórias, de exploração e de dominação, ampliam-se também as demandas para o Serviço Social. Como forma de responder paliativamente a essas demandas, o Serviço Social brasileiro adota o trabalho com grupos já em vigência, nos países da Europa e da América do Norte, como resposta imediata aos dramas e consequências da II Guerra mundial e, assim, influenciando o Serviço Social da América Latina.

Ao apontar o início da abordagem com grupos no Serviço Social brasileiro, Faleiros (1985, p. 23), descreve as características destes grupos:

A partir de 1945, o Serviço Social enfatizou o trabalho com grupos, geralmente grupos recreativos e de lazer. Na sociedade norte-americana, a finalidade destes grupos era de “democratizar” os seus membros, proposição ao nazismo, e resolver problemas pessoais de seus membro. Segundo Konopka, os grupos de Serviço Social tinham a finalidade de possibilitar a internalização dos valores da sociedade norte-americana, por meio da interação. Mais tarde os grupos, em Serviço Social, foram utilizados com fins terapêuticos, no sentido de melhor adaptação do homem ao seu meio.

Na década de 1960, o Serviço Social no Brasil apresentava três métodos, quais sejam: atendimento de caso, grupo e desenvolvimento de comunidade. O atendimento de caso tratava de atender o indivíduo em busca de uma solução imediata para as situações e dificuldades do cotidiano, como desemprego, fome, moradia, entre outros.

Sobre o Serviço Social com grupos, Faleiros (1985, p. 24) escreve que:

Os grupos em Serviço Social são considerados como um conjunto de pessoas em integração, por intermédio dos quais se busca ‘harmonizar os interesses’, chegar ao consenso, à compreensão, a objetivos comuns, dentro do sistema. Estes objetivos são avaliados segundo princípios eternos e valores imutáveis, como a dignidade do homem e o bem-estar ideal.

O desenvolvimento de comunidade emerge no Serviço Social como uma resposta modernizadora com o propósito de trabalho com a população, tendo a planificação como a solução para o subdesenvolvimento. Inicialmente, as ações ocultavam as contradições inerentes ao avanço do sistema capitalista e de urbanização.

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Trabalho Social com Grupos

Esses métodos reduziam as potencialidades da ação profissional, mascaravam os fundamentos da sociedade com base capitalista e as contradições a ela inerentes. Transformavam o Serviço Social em ações fragmentárias e de especializações (assistente social de ‘caso’, ou de

‘grupo’ ou de ‘comunidade’), desconectando instrumentais e técnicas da visão de totalidade e de leitura de contexto social.

No caso do trabalho com grupos, como escreve Moreira (2013, p. 52):

A influência positivista esteve nas reflexões dos profissionais de Serviço Social sobre o tema em pauta durante a década de 1970 e mesmo em meados da década seguinte. O trabalho dos agentes de Serviço Social tinha como fim sempre o indivíduo, independentemente das ações profissionais realizadas. O viés da ajuda circundava notadamente a lógica do trabalho dos então chamados ‘assistentes sociais de grupo’. Mas não uma ‘ajuda’ nos moldes iniciais da nossa profissão, marcada por ações persuasivas e coercitivas. Tais ações deram lugar a umaajuda menos autoritária, mas ainda norteadas por vieses conservadores.

Nas décadas seguintes, o Serviço Social brasileiro mergulha em revisões de ordem teórica e metodológica, ética e política. As reflexões e necessárias revisões envolviam a fragmentação da ação profissional, que se vinculava à leitura recortada da realidade social e repercutiam em ações segmentadas.

Processos interventivos que Iamamoto (1998, p. 55) destaca como “as abordagens unilaterais, antes acentuadas, acabaram por provocar um relativo afastamento entre o Serviço Social e a própria realidade social, o que explica a reiterada proclamação da urgência de um estreitamento de vínculos entre ambos”.

As rupturas, no caso do Serviço Social, envolvem os estigmas e práticas repressivas/assistencialistas e as construções - por meio de concepções e práticas libertadoras (com suas especificidades). Os pontos norteadores dos novos sujeitos sociais correspondem a projeções políticas imbuídas de expectativas de democratização da relação entre Estado e sociedade rumo à construção de uma ‘nova ordem societária’.

As revisões no Serviço Social não significaram o abandono dos diferentes instrumentais de trabalho, entre eles o atendimento individual, o trabalho com grupos e de organização comunitária/social. Paulatinamente, a ação profissional passou a considerar amplo acervo técnico-operativo, porém, com a exigência de sintonia deste com a realidade social em suas demandas e necessidades sociais.

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Capítulo 1

A relação do assistente social com o trabalho com grupos vem perpassando a história do Serviço Social no Brasil, como escreve Moreira (2013, p. 11), pois:

O trabalho com grupos é uma prática inerente à cultura profissional do assistente social e está presente no trabalho de campo desde seus primórdios. Mesmo após todas as mudanças pelas quais o Serviço Social brasileiro experimentou - em especial com o Movimento de Reconceituação - este instrumento permanece ocupando um importante lugar no arsenal técnico-operativo de seus profissionais. Muitas são as formas de se explorar a dimensão político-pedagógica do assistente social durante um trabalho grupal.

O trabalho com grupos em Serviço Social também foi ressignificado. Deixou de ser um “método” que colocava uma espécie de especialização, tornando o/a

“assistente social de grupo”, passando a ser mais um importante instrumento no processo de intervenção profissional.

As transformações ocorridas no Serviço Social a partir das décadas de 1970 e 1980, com a inspiração da teoria social marxista e a forte influência dos ensinamentos de Paulo Freire e a educação popular, trouxeram novas perspectivas para o trabalho com grupos em Serviço Social.

Já na década de 1990, o Serviço Social com grupos é parte integrante da Lei nº 8.662/1993, que dispõe sobre a profissão de Assistente Social e dá outras providências, com o seguinte texto:

Artigo 4º.Constituem competências do Assistente Social:(...)III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população;V - orientar indivíduos e grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos;(...)

No mundo contemporâneo, o Serviço Social é chamado a contribuir no enfrentamento à questão social, preparando-se para tanto. Os novos rumos ético-políticos, teórico-metodológicos e técnico-operativos (dentre estes o trabalho com grupos) sintetizam o alinhamento da profissão com a realidade social. A permanente sintonia e qualificação profissional são exigências da realidade social.

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Sobre este aspecto, Iamamoto (1998, p. 49) escreve que:

Exige-se um profissional qualificado, que reforce e amplie a sua competência crítica; não só executivo, mas que pensa, analisa, pesquisa e decifra a realidade. Alimentado por uma atitude investigativa, o exercício profissional cotidiano tem ampliadas as possibilidades de vislumbrar novas alternativas de trabalha neste momento de profundas alterações na vida em sociedade. O novo perfil que se busca construir é de um profissional afinado com a análise dos processos sociais, tanto em suas dimensões macroscópicas quanto em suas manifestações cotidianas; um profissional criativo e inventivo, capaz de entender o tempo presente, os homens presentes, a vida presente e nela atuar, contribuindo, também, par moldar os rumos de sua história.

Enfim, o/a assistente social tem o desafio cotidiano de acionar diferentes instrumentais de trabalhado, entre eles o trabalho com grupos, alinhando-se às demandas da realidade social devidamente integrado com os sujeitos (indivíduos e grupos), com os quais interage profissionalmente.

São desafios do Serviço Social brasileiro que devem alinhar-se com os princípios fundamentais do Código de Ética, pois é a partir deles que ocorre a constituição das orientações para a ação profissional, no sentido que reflete Marilda Iamamoto (2001, p. 78):

Os princípios constantes no Código de Ética são focos que vão iluminando os caminhos a serem trilhados, a partir de alguns compromissos fundamentais acordados e assumidos coletivamente pela categoria. Então ele não pode ser um documento que se ‘guarda na gaveta’: é necessário dar-lhe vida por meio dos sujeitos que, internalizando seu conteúdo, expressam-no por ações que vão tecendo o novo projeto profissional no espaço ocupacional cotidiano.

Essa sintonia profissional exige a permanente formação e/ou qualificação, fundamentando o caráter crítico reflexivo e a proposição das ações que envolvem a intervenção do/a assistente social, como determina o Código de ética profissional do/a assistente social (1993), entre seus princípios fundamentais: compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional.

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Capítulo 1

Seção 2Os grupos e as ações socioeducativasÉ na sociedade moderna que o/a homem/mulher aparece como ser histórico. Sociedade em que mais se desenvolve o ser social e, contraditoriamente, onde há maior alienação.

O homem/mulher compreendidos como ser social são sujeitos da história, capazes de autodeterminar-se, de criar suas próprias leis, de ser universal, consciente, pertencente ao gênero humano.

Como bem sinalizou Torres (1985, p. 11): “os grupos existem para satisfazer as diversas necessidades que os seres humanos possuem e que não poderiam resolver sozinhos”.

A sociedade é o conjunto das relações entre homens e mulheres. Seres históricos, construtores da história.

Os apontamentos de Marx remetem ao pensamento do/a homem/mulher como sujeito da história e consciente, pertencente ao gênero humano. Em ‘A ideologia alemã’, apresenta-se a percepção de que:

a produção das ideias, representações, da consciência está a princípio diretamente entrelaçada com a atividade material e o intercâmbio material dos homens, linguagem da vida real [...] os homens são os produtores das suas representações, idéias, etc. [...[ a consciência nunca pode ser outra coisa senão o ser consciente, e o ser dos homens é o seu processo real de vida.( Marx 1981, p. 29).

O pensamento com bases históricas e materialistas reporta à reprodução do ser social, que se faz por meio do próprio homem/mulher. Assim, tudo o que diz respeito ao homem deve ser analisado aqui historicamente, a partir da percepção do real. Tudo o que se quiser investigar está pautado na história, sem recorrer ao transcendente.

O/a homem/mulher estão carregados da dinâmica da sociedade, do seu tempo e apreendendo seus fenômenos. Ser histórico não é apenas saber que os fenômenos e suas determinações existem, mas constitui também ir à gênese desses fenômenos – determinações fundantes. Para além do acompanhamento da constituição histórica dos fenômenos, é preciso identificar sua processualidade.

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Trabalho Social com Grupos

Para Marx, o ser social se desenvolve de forma progressiva, distanciando-se, no entanto, da concepção linear e evolutiva, é parte da riqueza humana, que é critério para se pensar a ética e o pleno desenvolvimento de todas as potencialidades e capacidades do ser humano, como a sociabilidade, e a liberdade. O ser humano é genérico e universal. Também envolve a consciência, os desejos (subjetividade) e o conhecimento.

Assim, a liberdade é valor e capacidade. A liberdade se torna valor mediante a capacidade dos homens de se conscientizarem da sua capacidade. Capacidade de realizar escolhas entre alternativas viávei,s com o propósito de responder suas necessidades. A liberdade está intrinsecamente vinculada à capacidade de escolha, não há escolha sem as alternativas, e somente se tem alternativas se o homem/mulher constituí-las. A liberdade é condição ontológica da existência do/a homem/mulher - ser social. E é sobre essa liberdade que o Código de Ética profissional do/a Assistente Social concebe ao prever entre seus princípios fundamentais ao contemplar “reconhecimento autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais”.

Ao se referir sobre a libertação, Marx & Engels (1981, p. 32) expõem “[...] que não é possível conseguir uma libertação real a não ser no mundo real e com meios reais [...] a libertação é um acto histórico, não um acto do pensamento, e é efetuada por realções históricas [...]”.

A sociabilidade corresponde à compreensão de que o/a homem/mulher é um ser que existe em relação a outros homens/mulheres. É um ser que ao mesmo tempo é produto e produtor de suas condições históricas na relação social com outros homens/mulheres.

A consciência, ainda na visão de Marx (1981, p. 30): “Não é a consciência que determina a vida, é a vida que determina a consciência”. O autor ressalta ainda que “a consciência é, pois, logo desde o começo, um produto social, e continuará a sê-lo enquanto existirem homens” (1981, p. 39).

Ao compreendermos o grupo como espaço de vivências, de aprendizagens coletivas, o homem/mulher nele inseridos tem a oportunidade de socializar experiências e ensinar/aprender reciprocamente.

O grupo, na abordagem deste texto, torna-se a expressão da percepção do ser social na sua totalidade, envolvendo a razão, as aprendizagens, a emoção e suas vivências cotidianas. Isso perpassado por procedimentos, fundamentos teórico-metodológicos que orientam ações técnico-operativas carregadas da dimensão lúdica do encontro com os indivíduos que passam a compor o grupo, interagindo com a perspectiva educativa.

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Capítulo 1

Retomando a dimensão educativa do trabalho com grupo, importa saber que ela pode ocorrer no sentido ampliado como: as reuniões, encontros, assembleias, encontro com uma família, entre outros.

O encontro entre os indivíduos de forma sistemática, mediante objetivos compartilhados, gerando interações sociais, é um fértil campo para desencadear experiências educativas.

Transformar os encontros do cotidiano em espaços de experiências educativas é o desafio colocado ao Serviço Social na relação com grupos. Passam a ter esse caráter quando os indivíduos assumem sua condição de sujeitos, apropriando-se da realidade e paulatinamente interferindo nela.

Seguindo nesse viés, encontramos apoio em Paulo Freire (1985, p. 30), ao destacar que:

Quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e com seu trabalho pode criar um mundo próprio.

Considerando o aporte teórico-metodológico do Serviço Social, o trabalho com grupos envolve a atividade continuada de trocas entre seus componentes e a difusão de conhecimento, de forma a contribuir para um processo educativo a partir das experiências e do conhecimento dos sujeitos.

O processo educativo na organização de grupos é perpassado pelo caráter democrático e participativo, proporcionando novas percepções da realidade e das formas como nos relacionamos com ela. Paulo Freire (1985, p. 86) ressalta que assim “nos tornamos capazes de intervir na realidade, tarefa incomparavelmente mais complexa e geradora de novos saberes do que simplesmente a de nos adaptar a ela”.

O que realmente importa ao pensarmos sobre o Serviço Social com grupos é valorizar o encontro do grupo como espaço educativo, onde os indivíduos passam a ter a oportunidade de novas experiências e novas relações em sociedade. É um espaço que envolve a ressignificação dos valores e percepções do mundo. O grupo é também espaço de prazer, pois todo o processo educativo, de aprendizagens para a vida social, também se configura, ou, assim deve ser, de forma prazerosa, contemplando, desse modo, todas as dimensões do humano. Reafirmamos, com Rubem Alves, que “só aprendemos aquelas coisas que nos dão prazer e é a partir da sua vivência que surgem a disciplina e a vontade de aprender”.

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Trabalho Social com Grupos

Assim, chamamos a atenção para o desenvolvimento de atividades perpassadas pela dimensão lúdica, gerando as condições adequadas para o harmonioso funcionamento do grupo. Ao oportunizar a integração grupal, o relaxamento, a confiança mútua entre os componente do grupo cria-se um ambiente acolhedor, que possibilitará a socialização das vivências, os novos aprendizados, as trocas e as mudanças necessárias para a concretização dos acessos (às políticas de direitos) e da humanização do/a homem/mulher.

Ao assistente social que trabalha com grupos, segue-se a perspectiva de Freire (1996, p. 81) ao escrever que:

Como educador preciso ir ‘lendo’ cada vez melhor a leitura do mundo que os grupos populares com quem trabalho fazem de seu contexto imediato e do maior de que o seu é parte. O que quero dizer é o seguinte: não posso de maneira alguma, nas minhas relações político-pedagógicas com os grupos populares, desconsiderar seu saber de experiência feito. Sua explicação do mundo de que faz parte a compreensão de sua própria presença no mundo. E isso tudo tem vem explicitado ou sugerido ou escondido no que chamo ‘leitura do mundo’ que precede sempre a ‘leitura da palavra’.

Essa perspectiva auxilia a reduzir resistências e na superação das inseguranças nas relações entre os componentes do grupo. Cabe ao Serviço Social o fomento à condição autônoma do/a homem/mulher, na mesma direção do pensamento de Freire (1996, p. 59) “o respeito à autonomia e à dignidade de cada um é imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns aos outros”.

Ao dispor de técnicas e dinâmicas de grupo, é possível potencializar a qualidade das relações entre os indivíduos, o encontro do indivíduos consigo mesmo e a profusão de novos conhecimentos.

Nesse sentido, a abordagem de Freire (1996, p. 69) converge com essa perspectiva, ao abordar que:

Mulheres e homens, somos únicos seres que, social e historicamente, nos tornamos capazes de apreender. Por isso, somos os únicos em quem aprender é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito.

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Capítulo 1

O desenvolvimento de grupos, como instrumentos em Serviço Social, é mediado por técnicas que deve oportunizar processos de conscientização e de autonomia aos sujeitos que dele fazem parte. A atenção do/a assistente social é para o alinhamento ao projeto ético político profissional em sintonia com as demandas e interesses do grupo. Nesse sentido, o trabalho com grupos não se restringirá ao grupo isolando-o do contexto territorial e social. Tal qual prevê os fundamentos do Serviço Social, a dimensão da totalidade e a dialeticidade das relações sociais devem perpassar o trabalho social.

O trabalho social dirige-se, portanto, à possibilidade de os sujeitos se descobrirem como tal, assim como o reconhecimento de sua identidade social e valores, construindo vivências novas e refletindo sobre as experiências.

Essa não é tarefa de fácil execução, pois a sociedade com seu traços capitalistas tem suas marcas na competição, no individualismo e no descompromisso de uns pelos outros. Contrariando essa perspectiva, o trabalho social com grupos oportuniza o ‘encontro’ e a dimensão do ser eminentemente ‘social’.

Seção 3A dimensão ético-política e técnico-operativa do trabalho com gruposAo pensarmos o Serviço Social com grupos, partimos da compreensão de grupo como um conjunto de pessoas que interagem conjuntamente e compartilham os mesmos objetivos. A ação conjunta reflete o aspecto relacional entre as pessoas que compõem o grupo.

Para avançarmos nas definições de grupo, recorremos a Wefort citandoPichon-Riviere eLewin.

A abordagem trazida por Wefort (1994, p. 16) lembra a concepção de Pichon-Riviere, ao tratar de grupo:

Quando um conjunto de pessoas movidas por necessidades semelhantes se reúnem em torno de uma tarefa específica. No cumprimento de desenvolvimento das tarefas, deixam de ser um amontoado de indivíduos, para cada um assumir-se enquanto participante de um grupo com um objetivo mútuo.

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Trabalho Social com Grupos

Para Lewin (1989, p. 48) a formação de um grupo emerge:

A partir do momento que temos três ou mais pessoas se comunicando e trocando informações podemos dizer que elas estão se movimentando, aprendendo, e se há uma interação há a dinâmica. Portanto, para o autor, a dinâmica de um grupo é o seu movimento.

São abordagens que convergem na percepção de que o grupo passa a existir a partir do encontro de pessoas e quando essas apresentam interesses e/ou objetivos comuns num movimento que acompanha a vida em sociedade.

O Serviço Social associa-se a essa percepção, sintonizando o agrupamento de pessoas, suas características e interesses individuais, alinhadas ao propósito coletivo (construção de objetivos de grupo) com a realidade social.

É a compreensão de que um grupo é uma totalidade dinâmica (não é abstrato), autônoma e compõe um determinado contexto social. Deve ser compreendido em razão desse contexto e das ideologias que o cercam (do nível conceitual, cultural, simbólico e de expectativas expressas pelo grupo).

É importante destacar o que escreve Moreira (2013, p. 47):

Compactuamos com a concepção gramsciana de que cultura e política são elementos indissociáveis. A cultura de determinados grupos sociais é, portanto, a base fundante do direcionamento político que estes empenham em suas ideias e ações. Os arcabouços culturais dos segmentos apresentam-se no terreno da prática como resultantes das variadas formas de inserção às quais esses grupos foram submetidos e se postaram no curso dos processos sócio-históricos.

O trabalho com grupos exige o ordenamento dos aspectos ético-político, teórico-metodológico e técnico-operativos da profissão. Exige ações planejadas, acompanhadas e com avaliação sistemática, em busca do desenvolvimento de habilidades, de flexibilidade pedagógica e de dinamismo para o reconhecimento do desenvolvimento do processo grupal.

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Capítulo 1

Ao tratar do Serviço Social com grupos, MIOTO (2009, p. 507-508)) escreve que:

A formação de grupos é altamente recomendável porque permite, por meio da reunião de diferentes sujeitos, a realização do processo educativo de forma coletiva. Tanto nas reuniões como nos encontros individuais (entrevistas), que são s instrumentos utilizados para a abordagem dos sujeitos, o desenvolvimento do processo educativo se faz com a utilização de inúmeros recursos. Esses incorporam técnicas de dinâmica de grupo, recursos audiovisuais, técnicas de reconhecimento do território, entre outras (...) todo o seu percurso necessita de planejamento e avaliação sistemática.

Independentemente dos recursos educativos para a interação com o grupo, o planejamento das ações, definindo o caminho educativo com os sujeitos do grupo, é fundamental para o processo interventivo do/a assistente social.

E o planejamento é parte singular da ação profissional, tal qual escreve BAPTISTA (2000; p. 13) sobre a abordagem do planejamento social:”na perspectiva lógico-racional, refere-se ao processo permanente e metódico de abordagem racional e científica de questões que se colocam no mundo social [...] supõe ação contínua sobre um conjunto dinâmico de situações em um determinado momento histórico”. Para a autora, “ a dimensão política do planejamento decorre do fato de que ele é um processo contínuo de tomada de decisões, inscritas nas relações de poder, o que caracteriza ou envolve a função política” (Baptista, 2000; p. 17).

Ao apresentar uma definição de planejamento social, Baptista (2000, p. 14), focaliza-o como uma “ferramenta para pensar e agir dentro de uma sistemática analítica própria, estudando as situações, prevendo seus limites e suas possibilidades, propondo-se objetivos, definindo-se estratégias”.

A abordagem sobre o planejamento social remete-nos inicialmente à perspectiva de mudança social, pois mais do que a organização técnica das ações está contida a melhoria ou consecução das ações desejadas e compartilhadas com os sujeitos, componentes de grupos, envolvidos com a ação profissional.

O Serviço Social desenvolve o processo de trabalho na perspectiva de mudança social, porém, a mudança só se efetiva quando emerge do próprio grupo.

O trabalho com grupos exige a compreensão diagnóstica do sujeito indivíduo e do grupo, para além das questões imediatas ou emergentes. Trata-se de conhecer a realidade de cada indivíduo e da trajetória de formação do grupo. Tem o propósito de subsidiar o/a assistente social em busca de proposições as quais serão a base do diálogo com o grupo.

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Trabalho Social com Grupos

O conhecimento do grupo e da realidade que o envolve é um processo cumulativo, dinâmico e de participação coletiva permeada por aproximações sucessivas. O diagnóstico deve articular as informações diretamente vinculadas aos componentes do grupo, ao contexto territorial e determinações macroeconômicas e sociopolíticas.

O Serviço Social com grupos envolve a definição de finalidades, de atribuições e de papéis a partir da realidade de cada grupo. O trabalho com grupos não se inscreve em modelos pré-concebidos.

Ressaltamos o que escreve Mioto (2009, p.):

É importante assinalar que as ações socioeducativas se constituem como processos que se constroem e se reconstroem continuamente, não existindo modelos pré-definidos. Porém, para desenvolvê-las, é necessário estabelecer um alto grau de coerência entre a direção teórico-metodológica e ético-política e a definição dos objetivos e dos procedimentos operativos.

Esse passa a ser um desafio constante para o/a assistente social, a compreensão de permanente reflexão sobre a realidade de cada grupo, assim como de cada movimento do grupo nos diferentes tempos de formação dele.

A atribuição fundamental do profissional de Serviço Social é o de ser um facilitador para o grupo. Essa atribuição é compartilhada com os integrantes do grupo.

Partindo dessa percepção, recorre-se a Martinelli (1998, p. 149) ao abordar que o/a assistente social deve:

Saber estabelecer uma nova relação com a profissão tendo presente que quem produz a prática são os sujeitos sociais dela participantes - agentes institucionais e usuários - e quem a legitima são exatamente esses usuários e não os mandantes e/ou contratantes da prática.

O/a assistente social atua nas lutas sociais em defesa da consolidação e ampliação dos direitos sociais e da cidadania, e a agenda de trabalho com grupos deve ser perpassada por essa percepção, prescrita pelo Código de ética profissional do/a assistente social (1993), cujo conteúdo nesse viés é aqui destacado em parte: “defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras”.

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Capítulo 1

Entende-se a cidadania como algo que deve ser conquistado e não apresentado aos sujeitos. A cidadania não se encontra garantida pelos direitos básicos, mas sim pela apropriação de si mesmo enquanto sujeitos de direitos, que tem nas mãos a responsabilidade de fazer história.

Há uma dimensão educativa na ação profissional do/a assistente social, como escreve Martinelli (1998, p. 147) ao conceber a prática educativa:

Toda a prática social concebida na perspectiva que estamos anunciando é verdadeiramente uma prática educativa: é a expressão concreta da possibilidade de trabalharmos com os sujeitos sociais na construção de seu real, de seu viver histórico. É uma prática que se despoja da visão assimétrica dos sujeitos com os quais trabalha e que se posiciona diante deles como cidadãos, como construtores de suas próprias vidas. É, portanto, prática do encontro, da possibilidade do diálogo, da construção partilhada.

Nessa direção, encaminha-se o trabalho do/a assistente social com grupos, buscando promover ações fundamentadas no aporte teórico-metodológico e ético-político do Serviço Social, fortalecendo a cidadania e a possibilidade de emancipação dos sujeitos.

Nas palavras de Freire (1985, p. 30), “quando o homem compreende sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e com seu trabalho pode criar um mundo próprio”.

Ao prever o trabalho social com grupos, faz-se necessário retomar o pensamento de Iamamoto (1998, p. 24) sobre o objetivo do Serviço Social nos seguintes termos:

Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência que trabalham os assistentes sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade, [...]... a questão social, cujas múltiplas expressões são o objeto de trabalho cotidiano do assistente social.

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Trabalho Social com Grupos

Um dos desafios na prática profissional é de separar, na prática, a elaboração de planos de intervenção da relação com o sujeito indivíduo e o grupo, assim como com o contexto comunitário ou organizacional. Na prática, significa que os indivíduos devem participar de todo o processo de planejamento das ações nas mais variadas dimensões da vida social e de políticas sociais, tais como: a educação, a saúde, assistência social, a política ambiental, trabalhando com grupos de idosos, de crianças, de gestantes, pessoas se preparando para a aposentadoria, grupos de famílias, de mulheres, entre outros.

A construção da identidade de cada grupo vai delimitar o acervo temático e a agenda de trabalho. Cabe ao assistente social desenvolver debates e atividades sobre temas inerentes ao cotidiano do grupo de forma acolhedora e afetiva, sem perder a perspectiva fundante do Serviço Social e a intencionalidade política no processo de planejamento das ações. Trata-se de contemplar de forma coletiva as questões que envolvem o cotidiana dos indivíduos, porém, sem subtrair a atenção individualizada.

Sobre este tema envolvendo o trabalho do/a assistente social com grupo, Moreira (2013, p. 110) concebe que “o trabalho com grupos aparece assim com o intento de deslocar para o âmbito da coletivização questões que são comumente individualizadas”.

O/a assistente social e os componentes do grupo estão numa relação dialógica, onde todos têm a possibilidade de expor-se à mudança em meio ao caminho percorrido de interação entre o profissional e os sujeitos do trabalho social (componentes do grupo).

Ratificando essa perspectiva, retoma-se o pensamento de Moreira (2013, p. 117) ao escrever que:

Ao profissional comprometido com os processos pedagógicos de caráter emancipatório cabe a tarefa permanente de dialogar, que por sua vez implica na disposição de falar e ouvir, de dar voz e vez, em uma reflexão individual e grupal, possibilitando a elaoração e o fortalecimento de culturas centradas em valores solidários e coletivos. É justamente a incidência no campo do conhecimento, dos valores, dos comportamentos, ou seja, no campo da cultura, que se alargam as possibilidades para o assistente social colocar-se na função de um intelectual capaz de possibilitar ao usuário a percepção de contradições que se apresentam na realidade devidamente fetichizada por influência da ação da ideologia.

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Capítulo 1

As informações devem circular, ocorrer as trocas, possibilitando a descoberta de significados comuns. Essa é a atitude que considera o grupo com efetiva capacidade de, com a devida orientação, construir as alternativas para a superação das dificuldades e/ou caminhar rumo a novas oportunidades e conquistas.

Tal desafio colocado aos assistentes sociais exige buscas teóricas, aprofundadas e incorporadas às observações e práticas, conforme Freire (1985, p. 11): “pensar a prática é, por isso, o melhor caminho para pensar certo”. As ações envolvem estudo e qualificação permanente dos profissionais, refletindo sobre os limites, possibilidades e desafios do contexto socioeconômico-cultural que envolve cada componente do grupo e o movimento do mesmo.

O profissional de Serviço Social deve estar atento para o desenvolvimento de habilidades, como a comunicação, a criatividade envolvendo técnicas e dinâmicas de grupo.

Para Iamamoto (1998, p. 20), cabe ao assistentes sociais a função propositiva, assim expressa pela autora:

Um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente é desenvolver a capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergente no cotidiano. Enfim, ser um profissional propositivo e não só executivo.

As mediações que surgem no acompanhamento aos grupos são direcionadas para a transformaçãoda relação do/a homem/mulher com a natureza. A consciência se amplia, a criatividade aflora, voltando para o/a homem/mulher a compreensão de que ele/ela pode transformar a natureza, que possui capacidade para tal.

Os contatos e orientações com o grupo devem ocorrer com base na compreensão de liberdade e pela postura democrática, sem com isso escorregar em práticas espontaneístas.

Nesse sentido, o/a assistente social envolve-se no processo educativo tal qual preconiza Freire (1985, p. 35) ao se referir que o educador quando “democrático, no processo, na prática educativa, vai substituir a indução pela colaboração crítica e consciente do educando”.

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Trabalho Social com Grupos

Sobre esse aspecto, Martinelli (1998, p. 149) destaca que:

É indispensável que o profissional tenha claro que em toda a prática há um espaço de criatividade a ser explorado, há vias de transformação a serem acionadas. Nenhuma prática é um bloco monolítico, impenetrável, sempre há caminhos críticos, vias de superação a serem trilhadas, porém a verdade é que só são encontrados por quem os procura pacientemente, por quem os constrói corajosamente.

O processo de trabalho do Serviço Social envolve a identificação e o acionamento das habilidades pessoais e do grupo. Retoma-se a dimensão crítica, criativa e de iniciativa do/a assistente social, com base nos fundamentos da profissão.

O trabalho com grupos é direcionado de forma a estimular/oportunizar espaços para fluir as habilidades e a criatividade dos componentes do grupo, com o propósito de contribuir para a evolução do grupo, tanto no sentido de desenvolvimento dos indivíduos como do grupo, como parte de um determinado território.

O processo de trabalho deve contemplar não só as relações intragrupo, mas também intergrupos, articulando as demandas dos grupos com as demais necessidades territoriais e de contexto social, na direção do acesso a serviços e políticas de atenção direta ao grupo.

Os avanços advindos da ampliação do acessos dos componentes do grupo aos serviços, programas e projetos sociais materializam novos patamares de dignidade na convivência social, como prescreve o Código de ética profissional do/a assistente social (1993) em um de seus princípios: “posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática”.

Princípios ético-políticos que balizam a os/as assistentes sociais, pois coadunam com o ético-político profissional, que está imerso no movimento dialético, envolvendo o contexto societário em suas dimensões econômica, política e culturais, sinalizando alternativas às necessidades sociais.

A participação dos usuários no grupo, influindo e compondo o poder decisório sobre os rumos de desenvolvimento do grupo, reflete intencionalidade política e se expressa na defesa da democracia, assim como na gestão democrática do grupo. Tal posicionamento remete ao posicionamento em favor da equidade e da justiça social, pois não se pode conceber uma sociedade democrática sem que se estenda o acesso aos bens e serviços e à noção de interesse público.

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Capítulo 1

Para Vieira (2004, p. 134), a “sociedade democrática é aquela na qual ocorre real participação de todos os indivíduos nos mecanismos de controle de decisões, havendo, portanto, real participação deles nos rendimentos de produção”.

A democracia aproxima-se inevitavelmente do entendimento de justiça social, e equidade de acesso, participação, usufruto e produção dos bens e serviços gerados na sociedade. Nesse sentido, Chauí (1997, p. 194) considera que “a questão democrática implica, pois, criar condições para que o cidadão seja soberano e interfira realmente nas decisões sociais e econômicas através dos órgãos de decisão política”.

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Capítulo 2

A constituição do ser social e a formação de gruposDarlene de Moraes Silveira e Karina Melo Vieira

Seção 1O ser social e a concepção de gruposNeste capítulo, vamos compreender as teorias sobre grupos, com base em fundamentos teóricos sobre processos grupais. É importante ressaltar que o adequado trabalho com grupos é parte integrante dos instrumentais técnico-operativos do Serviço Social, oportunizando vivências sociais.

Parte-se da compreensão de que homem/mulher é ser social, pois é na sociedade moderna que o/a homem/mulher aparece como ser histórico. Tudo o que diz respeito ao homem deve ser analisado aqui historicamente, a partir da percepção do real. Tudo o que se quiser investigar está pautado na história, sem recorrer ao transcendente.

O/a homem/mulher estão carregados da dinâmica da sociedade, do seu tempo e apreendendo seus fenômenos. Ser histórico não é apenas saber que os fenômenos e suas determinações existem, mas envolve ir à gênese desses fenômenos – determinações fundantes. Para além do acompanhamento da constituição histórica dos fenômenos, é preciso identificar sua processualidade.

O ser social está em permanente transformação, porém, com algumas características que perduram historicamente, tais como a socialização e a transformação da natureza. Ao considerar a sociabilidade, compreendemos que o homem/mulher é um ser que existe em relação a outros homens/mulheres. É um ser que ao mesmo tempo é produto e produtor de suas condições históricas na relação social com outros homens/mulheres nas diferentes esferas da vida social.

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Capítulo 2

Para Miranda (1999, p. 45):

A constituição do indivíduo é um processo contínuo e contraditório que deve ser apreendido, ao mesmo tempo, numa perspectiva de ruptura/continuidade e de igualdade/diferença. Nesse sentido, somos e não somos os mesmos que éramos há anos e somos iguais e diferentes de nós e dos outros. Não se trata de um processo linear, sem contradições e nem tampouco significa que o indivíduo seja um ser diferente a cada dia. Ao contrário, à medida que vai se constituindo, o homem mantém uma estabilidade em seu modo de ser e, ao mesmo tempo, rompe com outros modos de ser. Ele vai assumindo características que o identificam e o distinguem das outras pessoas. (...) Assim, o indivíduo vai se constituindo, sendo constituído, se criando e sendo criado como igual e diferente de si e dos outros indivíduos a cada dia. Sua identidade se constitui exatamente no reconhecimento dessa igualdade e diferença com relação aos outros. Desenvolvimento é, portanto, um conceito relativo a um processo complexo de Criações, rupturas e continuidades que se operam em condições muito especiais.

A relação entre homem e mundo é desenvolvida na produção de ideias, com ligação na atividade material e na linguagem da vida real. A representação, o pensamento, a consciência são resultados das produções dos seres humanos.

Os apontamentos de Marx (1981, p. 29) remetem ao pensamento do/a homem/mulher como sujeito da história, capaz de autodeterminar-se, criar suas próprias leis, ser universal, consciente, pertencente ao gênero humano. Em ‘A ideologia alemã’, apresenta a percepção de que:

a produção das ideias, representações, da consciência está a princípio diretamente entrelaçada com a atividade material e o intercâmbio material dos homens, linguagem da vida real [...] os homens são os produtores das suas representações, ideias, etc. [...[ a consciência nunca pode ser outra coisa senão o ser consciente, e o ser dos homens é o seu processo real de vida. (Marx, 1981, p. 29)

O pensamento com bases históricas e materialistas reporta à reprodução do ser social, que se faz por meio do próprio homem/mulher. Assim, tudo o que diz respeito ao homem deve ser analisado aqui, historicamente, a partir da percepção do real. Tudo o que se quiser investigar está pautado na história sem recorrer ao transcendente.

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Nossa consciência é o desenvolvimento de nosso ser em decorrência dos fatores que envolvem a vida em sociedade. Quando desenvolvemos nossas produções materiais temos a transformação de nosso pensamento, o desenvolvimento de nossas atividades e a construção de nossa consciência.

Isso impõe ao profissional do Serviço Social uma atitude crítica, com competência teórico-metodológica, técnico-operativa e ético-política. Um profissional em sintonia com a perspectiva de reforma progressiva, compreendendo-a a partir da compreensão de homem, como sujeito histórico, tal qual aborda Marx (1981, p. 22) “[...] como indivíduos reais, sua ação e suas condições materiais de vida, tanto as que encontraram como as que produziram pela sua própria ação”.

Trata-se de pensar o/a homem/mulher a partir da compreensão exposta por GRAMSCI (CC 10, Vol. I, p. 405/6), pois:

Concebe o homem como um conjunto das relações sociais (...) o homem é também o conjunto das suas condições de vida, pode-se medir quantitativamente a diferença entre o passado e o presente, já que é possível medir a medida em que o homem domina a natureza e o acaso. A possibilidade não é a realidade, mas é, também ela, uma realidade: que o homem possa ou não possa fazer determinada coisa, isto tem importância na avaliação daquilo que realmente se faz.

O ser social é, portanto, produto e produtor das relações sociais em que se insere, seja no nível para inserção nos diferentes grupos sociais (família, esporte, associação, trabalho etc.).

Esse aspecto da vida do/a homem/mulher e sua condição de sujeito histórico está intrinsecamente relacionado à inserção em grupos sociais, presentes ao longo do desenvolvimento humano/social.

Inicialmente, compreendemos o grupo como um conjunto de diferentes indivíduos cujas relações têm por base papéis interligados de inter-relações sociais, que realizam uma interação padronizada, tendo como resultado diversos grupos sociais, como por exemplo, grupo de alunos, membros de uma instituição, grupo de trabalho, de idosos, de adolescentes e assim por diante.

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Capítulo 2

Maria Lúcia Rodrigues destaca que o grupo é “como uma realidade sui-generis, irredutível aos indivíduos que o compõem e também irredutível aos seus objetivos ou suas características”. (1978, p. 36) Ou seja, para essa autora, o grupo é mais que as somas das suas partes, pois produz uma sinergia capaz de produzir mais que as somas das suas partes isoladas.

O grupo é um sistema cuja interdependência entre seus membros dá-se em função de um objetivo comum. O exterior - mais especificamente, seu objetivo – interagem com as relações internas do grupo: outros objetivos, normas, divisão de papéis, entre outros. O grupo é um sistema social e apresenta três conceitos básicos: sentimento, atividade e interação. A relação deles entre si é caracterizada no sistema como processo de formação do grupo, sendo os diferentes papéis e normas o modo de regular as inter-relações e a dinâmica de funcionamento do grupo.

Ao refletirmos sobre esse aspecto, cabe o pensamento de Rodrigues (1978, p. 36):

O grupo é um todo cujas propriedades são diferentes da soma das partes que o compõem; o grupo e o seu meio constituem um campo social dinâmico cujos principais elementos são: os subgrupos, os membros, os canais de comunicação, as barreiras. Quando se modifica um elemento importante do campo, a estrutura do conjunto pode se modificar.

Cabe ressaltar que não existe um quadro de referência conceitual único para a compreensão dos grupos, além da produção do Serviço Social, recorre-se aos estudos realizados pela sociologia, psicologia, pedagogia e antropologia.

Interação socialEsse termo é utilizado no resultado de transformações de atitudes e condutas dos participantes do grupo. A base para sua realização é a comunicação, que pode ser descrita em verbal ou não verbal. Existindo a troca de informações e construção de objetivos em comum.

A própria essência da comunicação interpessoal é compreendida como um processo social complexo, por meio de sentimentos, atitudes e informações.

A comunicação pautada na propagação é uma mensagem para outras pessoas, consiste na troca de pensamentos e sentimentos. Pode existir ou não a intenção de influenciar os demais. Cabe ao receptor avaliar os sentidos claros e ocultos para providenciar adequadamente uma resposta à mensagem recebida.

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Trabalho Social com Grupos

Quando cada membro compartilha alguma informação ou atitude com os demais, não existe a recusa da participação por recear retaliação ou falta de descrição. O serviço social deve trabalhar para que esse compartilhamento ocorra. E é desejável que o enfoque da comunicação esteja no grupo como um todo, decorrendo de uma verdadeira participação no processo ao apresentar experiências e adesões emocionais, por exemplo. Dessa forma, são formadas as redes de relações sociais entre os participantes. Esses se comunicam de acordo com sua aceitação ou não, bem como se dedicam para diversas atividades. O resultado é o desenvolvimento de relacionamentos, por meio de valores que se estabelecem ou modificam, cujos conflitos precisam ser superados para manter a coesão no grupo.

FinalidadeComo já dito aqui anteriormente, cada grupo é delimitado por objetivos. Seus integrantes só se unem quando possuem interesses que consideram que a união entre eles seja capaz de ser alcançada. Pode ser resumida como “um desígnio, fim ou interação fundamental; objetivo ou meta, em geral se refere a um específico que é instrumento à finalidade” (Northen, Ellen. p. 31)

É possível citar como exemplo a família. Ela apresenta finalidades específicas, estabelecidas como expectativas da própria sociedade: cuidado das crianças, manutenção de valores, normas e hábitos culturais. Além disso, cada família apresenta formas peculiares de comunicação e um conjunto de regras e metas para a vida familiar.

Cabe ressaltar que o conceito de finalidade é dinâmico, os desejos dos participantes, bem como suas necessidades, são inerentes à interação do grupo e resulta na transformação/ resultado/ finalidade.

Todos que fazem parte do grupo possuem seus interesses e demandas, reconhecidas ou não, manifestadas ou não, porém, evidenciadas pelo simples fato de fazer parte de um conjunto, nesse caso, o próprio grupo.

A natureza do grupo é determinada pela compatibilidade entre as pessoas, que pode resultar em desenvolvimento do mesmo ou não. É necessária a preocupação com o afeto, aproximações e conflitos entre os membros de um grupo, o que compreende os laços emocionais entre eles.

Segundo Rodrigues (1978, p. 52): “muitos autores vêm enfatizando a importância da afetividade na vida dos grupos, principalmente quando se trata de coesão, atitudes, interação e liderança”.

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Capítulo 2

A comunicação é responsável por manifestações relacionadas ao afeto de um membro pelo outro. E é importante lembrar que os sentimentos são retratados de maneira verbal ou não verbal, que podem ser resumidos em: amor, afeição, repulsa, raiva e indiferença.

A comunicação não verbal é resumida em ações e gestos, sendo o meio mais importante para expressar emoções. Ela é utilizada na maioria das vezes para expressar emoções e a percepção das mesmas pode se dar por meio dos olhos, tato, não só por meio dos nossos ouvidos. A postura do corpo, a expressão facial, o silêncio, os movimentos de aproximação ou de repulsa são algumas das maneiras de expressar os sentimentos entre as pessoas.

Ressaltamos que as respostas às emoções são os meios pelos quais uma pessoa procura satisfazer suas necessidades de relacionamento com o outro. Assim, se alguém sempre responde de modo negativo às situações, deve-se verificar quais os estímulos vinculados, responsáveis, inteira ou em parte, por essa resposta. Fato é que os indivíduos possuem necessidades emocionais. As necessidades emocionais interpessoais podem ser resumidas como: inclusão, controle e afeição. Logo, aos interesses de um grupo estarem vinculando-se com as necessidades é relevante para manter a coesão entre seus integrantes.

No entanto, cada indivíduo é único no que diz respeito às relações significativas com o outro, e seus desejos, cujo conjunto é sempre único. Pode-se até compartilhar parte deles com esse ou aquele grupo, parte com outro grupo, mas o conjunto deles é único, pertence ao indivíduo.

Por meio da capacidade de reação favorável ou não é que temos a relação humana. Uma atitude é, naturalmente, algo ambivalente. Os relacionamentos humanos são caracterizados por laços relacionais de aproximação e de conflitos entre os indivíduos, como amor, empatia, cordialidade, considerados como

“natureza associativa”, o que resulta na união das pessoas, mas também por “laços” negativos (ódio, raiva, hostilidade).

Cada indivíduo é único, porém, apresenta semelhanças com o outro por meio de diversas formas. As ligações entre os indivíduos decorrem de conexões como nacionalidade, idade, sexo, religião, entre outros. Além disso, a semelhança e diferença nos objetivos e aspirações dos membros.

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Sobre este tema os estudos de Rodrigues (1978, p. 53) nos orientam a pensar que:

É próprio da atitude racional, procurar apreender e compreender, em contrapartida às atitudes afetivas, derivadas de impulsos primitivos. Dessas duas forças resulta uma tensão que será tão mais dolorosa aos sujeitos do grupo, pois que não sabem contra que forças estão lutando e são a origem de emoções irreprimíveis. O fim a essa tensão só se dá pela elucidação e interpretação dos processos afetivos subjacentes que os sujeitos devem, progressivamente aprender a identificar e a tolerar.

Ou seja, desde o primeiro momento, em qualquer grupo, cria-se um elo entre seus membros. Ao compartilhar os sentimentos e atitudes pessoais, temos como resultado uma solidariedade entre os membros do grupo. Nesse caso, o elo é uma defesa objetiva contra a angústia.

O conflito é considerado um grande agente de mudança. O impacto pode ser construtor e/ou destruidor para o indivíduo ou grupo em geral. Porém, também pode ser considerado como força construtiva nas relações. É o componente inerente aos grupos, necessário, para o processo de mudança nesses ambientes.

O conflito está ligado a emoções e impulsos contraditórios e incompatíveis presentes no íntimo de uma pessoa em relação a outras do grupo, mas não consiste no conflito. Para que possa ocorrer, é preciso que ações vinculadas a essas emoções, impulsos e conflitos ocorram e de modo a provocar as reações do grupo.

É possível que o conflito resulte numa maior compreensão dos objetivos do grupo e no fortalecimento de laços entre os seus membros. Nesse caso, é denominado conflito social e serve como instrumento para as próprias transformações do grupo.

A coesão do grupo é como a força da união dos membros do grupo uns com os outros, ou seja, a atração entre os integrantes do grupo. Quanto mais coeso for o grupo, maior é a influência dos seus membros entre si, resultando mais facilmente em mudanças de atitudes e/ou condutas. Podem ocorrer discordâncias, porém, as soluções para os problemas são encontradas mais rapidamente. Ou seja, a coesão também é o resultado do processo de interação existente dentro do grupo.

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Capítulo 2

A mudança em um grupo nada mais é que um processo contínuo e dinâmico, necessária para movimentar o grupo nos mais diversos estágios de seu desenvolvimento como um todo.

Cada grupo apresenta um conjunto de singularidades, suas próprias características. Além das fases e estágio pelos quais passa, abriga mudanças em seus integrantes sem resultar obrigatoriamente em uma nova fase ou estágio do desenvolvimento do grupo.

Seção 2A classificação dos gruposUm indivíduo é membro de mais de um grupo social que contribui para a importância de seu bem-estar. É estando dentro deles que as pessoas se integram na sociedade e satisfazem suas necessidades, que muitas vezes não conseguem resolver sozinhos.

Observe uma criança. Com o passar do tempo ela cresce e vai sendo inclusa em outros grupos. Ou seja, “o homem vive em grupos desde o nascimento até a morte”, conforme as palavras de Zélia Torres. (1983, p. 11)

É a relação social a responsável por nos tornar humanos. Inicialmente, temos necessidades biológicas, porém, qualquer pessoa necessita sentir identificação, pertencer a um grupo e, assim, relacionar-se e passar a ter relações sociais.

A necessidade de pertencer a um grupo não está ligada apenas à idade infantil ou vínculo familiar, primeira experiência grupal dos indivíduos. O resultado é um indivíduo com coragem para correr novos desafios. Relacionamentos podem ser profundos ou superficiais, porém, ambos são importantes para a construção do indivíduo.

Grupo primárioSão grupos sociais em que os indivíduos possuem como características básicas o fato de se conhecerem melhor; laços afetivos mais íntimos; grupos menores; informais; contatos diretos; convivência maior e as necessidades afetivas mais vivenciadas.

Ou seja, neste grupo, como escreve Torres (1985, p. 13) “o indivíduo se sente mais à vontade e onde não somente recebe como dá mais amor. O principal grupo primário é a família, responsável pela formação que permite ao indivíduo viver bem em uma determinada sociedade”.

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Trabalho Social com Grupos

Ainda refletindo sobre o grupo primário, Torres (1985, p. 13) expõe:

É o grupo que lhe dá origem e consequentemente aquele do qual ele depende mais e com quem afetivamente tem mais compromisso. É através dele que a pessoa consegue se colocar mais segura e espontânea no mundo, porque é nela que aprende a estabelecer os contatos afetivos mais intensos e significativos, também chamados de contatos simpáticos.

Portanto, o grupo primário tem uma grande influência na formação social dos indivíduos, mas não consegue atender suas necessidades integrais. E é com a evolução do ser humano, da vida em sociedade, que outras funções foram repassadas a outros grupos além daquele que compõe a família.

Grupos secundáriosOs grupos secundários são maiores que os primários e sua existência é necessária para que haja a integração entre os indivíduos para além da família. Por isso, suas características estão baseadas em relacionamentos com curta ou longa duração, alguns com relações mais indiretas e o conhecimento entre os indivíduos pode ser menor, assim como o envolvimento afetivo também é menor.

Alguns exemplos de grupos secundários: grupos de trabalho, de prática esportiva, associações, grupos de idosos, de mulheres, de adolescentes, entre outros.

O tema liderança perpassa a existência dos conteúdos e existência dos grupos. A liderança compreendida como a capacidade de influenciar pessoas para se atingir um objetivo previsto por quem exerce a liderança. O meio utilizado para exercê-la é a comunicação, que pode ser verbal e não verbal. Existe em vários grupos sociais.

Liderança também pode ser resumida como uma arte, que seria a de comandar pessoas mediante a influência de forma positiva nos comportamentos dessas, ocasionando a atração delas para atingir o fim almejado pela liderança.

É possível que seu surgimento seja de forma natural, neste caso, alguém se destaca como líder. Nesse caso, temos a liderança informal. Porém, caso haja a eleição de um líder por intermédio de uma organização e se inicia um cargo de autoridade, trata-se da liderança formal.

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Capítulo 2

Ao escrever sobre a liderança nos grupos, Torres (1985, p 37) escreve que:

Pode ser realizada por um ou mais membros, só existe dentro do grupo e é exercida sempre em função de uma situação do grupo. Assim sendo, concluímos que: - líderes são os elementos que mais influenciam as atividades e atitudes do grupo, e facilitam a realização das finalidades e objetivos destes grupos.

Os líderes – membros que exercem notável influência – surgem muito cedo na vida do grupo. À medida que este se torna maior, precisa aumentar o número de líderes. A liderança social continua ainda sendo estudada, mas já não se aceita mais a ideia de que ‘os líderes nascem feitos’, ou de que possuem características superiores de personalidade”. (TORRES, 1985, p. 37)

A liderança é uma habilidade que pode ser apreendida, pois se trata do estudo da influência de uma pessoa sobre as outras, como exercício da autoridade ou do autoritarismo (o que não se recomenda nas relações em sociedade).

Quando a comunicação é realizada somente pelo líder e ele controla a interação entre seus membros, dificulta a interação, consequentemente, o pleno desenvolvimento democrático do grupo.

Podem ocorrer situações em que o líder exerce um papel autoritário, quando:

• Cria barreiras à comunicação;

• Usa pessoas a seu serviço;

• Utiliza sua influência em seu próprio benefício;

• Não tem necessidade de se submeter à fiscalização;

• Afasta-se do grupo;

• Elimina a oposição, pois não aceita e não sabe lidar com conflitos;

• Planeja sozinho o trabalho para o grupo;

• Não cultiva a união dos participantes do grupo.

Caso o líder respeite as escolhas de papéis de seus integrantes, o poder de escolha desses em relação à função que cada um vai exercer no grupo, além de permitir divergências de ideias, de modo a surgir uma melhor solução para as demandas do grupo, também facilita que essa seja aceita por esses integranes, além, de, é claro, ser bem aceito como líder. Afinal, ele (o líder) é considerado como um membro do grupo e não como um indivíduo hierarquicamente superior no grupo.

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Assim se exerce uma liderança participativa. Ela é mais realizadora na vida do grupo que as demais e pode ser resumida como algo em que o líder:

• Participa do grupo que lidera e está sempre no meio dele;

• É tido por seus seguidores como “o melhor do grupo”, em virtude de suas habilidades;

• Aceita ideias diferentes e exerce o planejamento juntocom todo o grupo;

• Estimula a lealdade de seu grupo.

Para um grupo ser eficiente, a liderança deve ser compartilhada, assim todos os integrantes do grupo possuem sua responsabilidade de trabalho e assumem suas realizações. Quanto maior a participação de todos os envolvidos, quanto mais democrática as relações, maior a circulação das lideranças no grupo. Afinal, o objetivo primordial é a realização dos objetivos do grupo em sintonia com o processo de desenvolvimento humano e social dos sujeitos que o integram.

A constituição de regras de relações e normas podem ser resumidas como ações comuns de um grupo e esperadas para serem realizadas por ele. Também podem ser resumidas como padrões, sistemas de valores ou linhas de referências comportamentais. Trata-se de um quadro de referência físico, social e moral, capaz de classificar “um homem ou ação preferível a outro, num determinado conjunto de circunstâncias. As normas têm grande influência no comportamento do indivíduo”, segundo Klein (1982, p. 89-90)

É importante ressaltar que “as normas são adquiridas por meio das interações das pessoas. São aprendidas.” (KLEIN, 1982, p. 90)

A primeira experiência quanto a normas está vinculada à família, pois esse é o primeiro grupo a que pertencemos. Ao nascer em um determinado grupo estamos condicionados a satisfazer nossos próprios desejos mediante o respeito àss normas desse grupo. É necessário obter apoio ou agradar os outros para atingir nossos objetivos, pois dependemos também da colaboração do outro para tal.

Estando dentro de um grupo, é necessário respeitar todos os seus membros. Do contrário, instala-se o conflito e, com isso, os atritos e a possibilidade de deixar de pertencer ao mesmo. Logo, nos amoldamos aos demais do grupo para ser respeitado e evitar assim qualquer tipo de pressão interna e também de certas pressões externas ao grupo.

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Capítulo 2

Uma norma pode ser resumida como uma ideia na mente dos membros dos grupos, caracterizando a forma de aceitação do que o outro deve fazer, assim como nós em diversas situações. Para Klein (1982, p. 90), “ao traçar o desenvolvimento das normas, veremos que ao se firmarem elas afetam o comportamento dos membros do grupo como se fossem variáveis independentes deste”.

O indivíduo possui seu comportamento governado pelas normas de seu grupo, pois as experiências do indivíduo sofrem influência das ações anteriores do mesmo tipo dos membros do grupo. À medida que tal semelhança é percebida, mais relevante é considerada a norma e a expectativa é que ele se comporte de acordo com elas.

Assim, as normas podem ser construídas e reconstruídas e fazer circular as relações sociais democráticas, ou não, a depender da formação social das lideranças e dos participantes do grupo.

Klein (1982, p. 102) vai sinalizar que “a presença física do grupo não é uma condição necessária para a conformidade às normas do grupo. O indivíduo conforma-se às pressões do grupo que atuaram sobre ele no passado. Numa situação de competição, o indivíduo percebe mais agudamente a presença do outro”.

É importante ressaltar que quando não houver um grupo cujas normas possuam importância em situações pouco familiares, o comportamento em relação a essas será determinado pelas referências culturais. Ao contrário, as normas culturais são desprezadas quando existe um grande apego às normas do grupo.

E por fim, “a luta pelo sucesso pode ser ditada pela necessidade de pertencer”, palavras de Klein (1982, p. 102). Nesse caso, a avaliação do sucesso pelo indivíduo de suas ações é o resultado das reações dos integrantes do grupo, aprovando-as, tornando-o assim o indivíduo parte do grupo.

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Seção 3A dinâmica e o funcionamento dos gruposA dinâmica em grupo foi identificada em meados de 1930 nos Estados Unidos. Sua criação, segundo Torres (1978, p. 21 -22), é “o resultado de muitos estudos por anos e em diversas profissões. É usada por profissionais diversos: assistentes sociais, administradores de empresas, educadores”.

A realização de dinâmicas em grupos é concebida por Torres (1978, p. 22) como “o estudo teórico-prático das relações sociais dos indivíduos em grupos”. Os objetivos das dinâmicas em grupos são: facilitar a compreensão de fenômenos sociais ou comportamentos e ensinar por meio da vivência.

O propósito inicial para a realização de dinâmicas e da atuação do assistente social em grupos é oportunizar a participação dos sujeitos e envolver o indivíduo dentro de um grupo. É uma relação entre seus interesses e participações de decisões, apesar de ser possível que sua opinião seja diferente da maioria do grupo. Quanto maior a participação de um grupo, maior a possibilidade de democratizar as suas relações.

É necessário que os objetivos e atividades do grupo sejam avaliados continuamente para verificar se estão consistentes com os interesses e demandas de seus integrantes. E também é importante relembrar que os objetivos do grupo mudam de acordo com o processo de evolução de seu desenvolvimento.

Internamente, o grupo possui as características de seus participantes, respeitando as particulares entre eles. A dinâmica interna do grupo é a soma daquelas manifestações da individualidade (singularidade) e de sua condição de ser genérico e capaz de convergir como força resultante da interação dos indivíduos do grupo.

Assim, cada integrante do grupo deve ser selecionado e orientado quanto aos métodos a serem adotados para que o resultado seja a transformação das forças num comportamento ativo.

O estado de espírito do grupo é conhecido como atmosfera, que pode ser resumido como o seu modo de sentir ou agir. Seu funcionamento está interligado com questões como intimidade, participação, influência do grupo para o comportamento do indivíduo (que pode ser medo, comportamento suspeito, amistoso, autoritário e/ou democrático).

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Capítulo 2

Já os padrões de um grupo são os níveis de execução considerados aceitáveis pelo próprio grupo. As deliberações acontecem pelos membros que, mesmo que ocorra uma situação de frustração, devem entender que os padrões precisam ser coerentemente seguidos de acordo com o grupo.

A identidade de um grupo refere-se inicialmente às afinidades, aspectos que aproximam seus integrantes, o laço, a união dentro de um grupo. As afinidades comuns fazem-nos entender que há uma consciência entre os indivíduos de que esses compartilham os mesmos objetivos.

O comportamento do indivíduo no interior do grupo é realizado por meio da interação e sentimento de identidade versus a falta de intimidade e separação pessoal. Lembrando que há a distinção de identidade emocional e racional.

A heterogeneidade é a presença da diferença de cada membro em relação aos demais, também é referente a idade ou padrões de moralidade, essa também conhecida como juízo de valores, para seus membros. A homogeneidade está interligada aos interesses ou situações pessoais dos membros que servem mutuamente para o grupo.

A avaliação do grupo é a força interna que influencia a produtividade dele, mediante a contribuição e o acompanhamento profissional do assistente social e a identificação das percepções e do sentimento de pertencimento do indivíduo ao grupo. Destaca-se a avaliação pessoal do próprio papel e a posição social dentro do grupo e do grupo como um todo.

A dinâmica e as forças externas são percebidas como os valores e expectativas da comunidade/sociedade, valores institucionais e dos grupos sociais diretamente vinculados ao grupo.

A comunidade cria expectativas a respeito dos vários grupos, visto que tradicionalmente o reflexo da interação de seus membros pode ser vinculado ao fato de seus indivíduos serem ou não membros de outros grupos ou grupos filiais.

A comunidade é formada por relações sociais e territoriais que permeiam a formação dos indivíduos em seu desenvolvimento humano e na formulação de objetivos e posições sociais do indivíduo e do grupo. É importante destacar a possibilidade de dois ou mais grupos competirem por uma posição social, isso por meio de forças comunitárias.

A vinculação dos membros de um grupo a outros grupos decorre de avaliações sobre a importância relativa dos objetivos grupais, considerando seus objetivos pessoais, ou seja, seu sistema de valores.

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O tempo e a energia dedicados por um indivíduo a um grupo ou são relativos: à sua avaliação de como o grupo tem satisfeito seus desejos em comparação a outros grupos que participa; ou, a outras situações que poderiam fazer com o tempo que usa ao participar do grupo.

Logo, a procura do indivíduo é maior por grupos em que seus desejos básicos possam ser mais facilmente satisfeitos, o que inclui a correspondência de seus valores pessoais com os valores vigentes nesse grupo.

As forças restritivas ocorrem quando o grupo sente que não pode adotar as medidas desejadas. Já as forças expansivas cedem a pressão de aceitar novos ou amplos conceitos de seus objetivos. Ocorre que ambas as forças afetam o funcionamento do grupo, impulsionando seus movimentos e transformações.

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Capítulo 3

Grupos e a sociabilidadeDarlene de Moraes Silveira e Karina Melo Vieira

Seção 1O ser social e participação em gruposEste capítulo visa a demonstrar como alinhar os fundamentos teóricos com as dimensões da prática social com grupos. Por isso, a importância da compreensão do real significado do grupo, sua etapa de construção e a possibilidade de transformação do sujeito por meio da participação no grupo.

Cada indivíduo traz seu próprio conhecimento, porém, o contato com os demais é necessário para o exercício do pensamento, com base no construtivismo. Porém, como nos expressar diante de nossas diferenças com os demais e fazer isso em grupo?

A participação em grupos exige a pré-disposição para dividirmos nossas experiências ou expectativas com os demais participantes do grupo, é um encontro de sujeitos com histórias de vida e vivências diferenciadas, é a prática do encontro. O encontro consigo mesmo e com os demais, o encontro da vida em sociedade. É perpassado pelo dividir, ensinar, expor, tudo levado em conta o sujeito, o afeto, a cognição, o meio social e a sensibilidade, pois cada informação no grupo está alinhada com a formação do indivíduo que faz parte dele. Portanto, o vínculo entre os participantes do grupo é de importância singular para o direcionamento democrático e coletivo das suas ações.

Como estudamos anteriormente, todos estamos inseridos em grupos e a participação e o grau de envolvimento em cada grupo que nos vinculamos define os níveis de sociabilidade e de convivência social, seja no meio familiar, escolar, profissional, de lazer, entre outros. Dentro deles somos confrontados permanentemente diante de nossas percepções de homem/mundo, preferências, crenças, também diante das expectativas de vida e de sociedade.

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Capítulo 3

Como já abordado, os conflitos são uma constante nos grupos, provocando tensões, debates que envolvem, por vezes, os objetivos e meios para atingir esses objetivos, para chegar a resultados que sejam compartilhados e aceitos por todos. Para isso, é necessário que o grupo seja fixo, encontros devem ser pautados com planejamentos, registros, documentando as experiências de todos e os movimentos do grupo, focando as aproximações e distanciamentos (conflitos) de quereres.

É no registro que encontramos a memória do grupo, suas dificuldades, suas dinâmicas, seus avanços e isso pode ser resgatado e exposto ao grupo para auxiliar na solução dos conflitos.

Lembrando que grupo é o conjunto de pessoas com necessidades e interesses similares, reunidas em torno de uma tarefa específica. Durante o desenvolvimento, cada indivíduo assume-se como participante, possui um objetivo, exercita sua fala, expõe sua opinião e sentimentos.

Também pratica o silêncio e expressa suas diferenças, vivencia as relações em sociedade, cada indivíduo se coloca no grupo com que tem disponível para a experiência dessas relações. É assim que temos a construção dele, conhecido como grupo interno por Pichon-Riviére. Segundo Madalena Freire Weffort (1994, p. 18 e 19):

A identidade do sujeito é um produto das relações com os outros. Neste sentido, todo indivíduo está povoado de outros grupos internos da sua história. Assim como também povoado de pessoas que o acompanham em sua solidão, em momentos de dúvidas e conflitos, dor e prazer. Desta maneira, estamos sempre acompanhados por um grupo de pessoas que vivem conosco permanentemente. Em termos gerais, a influência deste grupo interno permanece inconsciente. Algumas vezes só no esquecimento (pré-consciente) e não nos damos conta que estamos repetindo, reproduzindo estilos, papéis, que têm a vir com vínculos arcaicos, onde outros personagens jogam por nós.

Ser individual (singular) é também ser um reflexo do outro, de estar com o outro (é também ser genérico), pois todos os integrantes dos grupos que participamos formam nossas marcas, ou seja, há presença dos outros em nós.

A estrutura dos grupos é formada pelo depositado (ou depositário) e pelo depositante. O depositado é algo que o grupo ou o indivíduo que participa do grupo não pode assumir no conjunto e transfere para alguém do grupo, que aceita e permite, de acordo com suas características pessoais. O depositário é aquele que recebe nossos

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“depósitos”, esse alguém do grupo mencionado na frase anterior. E há o depositante, quando, enquanto grupo, alinhamos conteúdos colocando-os para fora de nós.

Para facilitar o entendimento desse termos, destacamos as seguintes palavras de Weffort: “A debilidade familiar é depositada num de seus membros, que assume ‘o doente’, ‘o frágil’, a quem se cuida, se vigia por perto. Dessa maneira, a família controla a sua ansiedade. Diante deste ‘membro doente’, os demais se sentirão sadios ou fortes’”(...., p.19). Muitas vezes, livramo-nos de nossos aspectos desagradáveis por intermédio da projeção, colocando no outro apenas o que nos incomoda; afinal, não admitimos que tais características também fazem parte de nós.

Grupos são constituídos por cinco papéis, conforme denominados por Pichon-Riviére (apud Weffort, 1994, p. 24):

a) Líder de mudança: responsável por se encarregar das tarefas, através de enfretamento de conflitos e busca de soluções. Arrisca-se diante do novo.

b) Bode expiatório: É aquele que assume a culpa do grupo. Livra os demais de qualquer ansiedade ou mal-estar.

c) Porta-voz: é responsável por dar voz aos sentimentos, verbalizar diante das situações de conflito no grupo.

d) Líder de resistência: é o contrário do líder de mudança. “Puxa” a si e os outros para trás, interfere nos avanços, “tranca” os progressos e até sabota tarefas.

e) Representantes do silêncio ou silenciosos: são aqueles que calam, nos representam quando nosso desejo é permanecer sem fala mas não podemos.

É importante ressaltar que líder de mudança e líder de resistência não podem existir um sem o outro. Ambos são necessários para manutenção do equilíbrio.

Para saber se o porta-voz está desenvolvendo seu papel, é necessário, segundo Weffort (1994, p. 22), “observar como o conteúdo expressado chega, que ressonâncias provoca no grupo. Caso não provoque nenhuma sintonia com o grupo, não será uma situação emergente do grupo (movimento de horizontalidade), mas sim, um produto de sua história pessoal (movimento de verticalidade)”.

Para diagnosticar toda essa situação, é necessário observar a construção do grupo, seu movimento, papéis de seus integrantes, conteúdos de suas projeções e a superação da estagnação de papéis no grupo que inviabilizam o alcance de seus objetivos é realizada por meio de mobilidade da transferência da coordenação para os demais e o rompimentos de papéis.

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Capítulo 3

Isso significa a percepção de que um grupo não é um amontoado de indivíduos. Existem papéis precisos, papéis estereotipados, é o resultado da formação cultural, da história do grupo e de seus indivíduos, suas visões pessoais no suceder da história do grupo.

Em um grupo, cada encontro é imprevisível, cada novidade é uma surpresa, surgem aspectos desconhecidos, novos desafios, um novo compromisso com a história. Também há conflitos, decorrentes da relação de mudanças de seus membros e suas histórias. Cada encontro é inédito, sempre há algo novo.

Movimentos de formação de gruposA construção de um grupo é realizada por meio das suas atividades, rotina e constância da presença e participação dos indivíduos que o integram. Sua organização é feita por meio de encaminhamentos, intervenções, pelas diferenças de cada participante. É com os enfrentamentos, o empoderamento, na construção de vínculos e, principalmente, na cumplicidade que se consegue avançar rumo ao seu objetivo.

Ao refletir sobre este aspecto, Weffort (1994, p. 23) destaca:

Um grupo se constrói no trabalho árduo de reflexão de cada participante e do educador. No exercício disciplinado de instrumentos metodológicos, educa-se o prazer de se estar vivendo, conhecendo, sonhando, brigando, gostando, comendo, bebendo, imaginando, criando; e aprendendo juntos, num grupo.

O grupo reúne diferentes emoções, contraditórias às vezes, permeado pela ansiedade, instiga nossa curiosidade, crítica, causa dúvida e inseguranças diante das definições individuais e sociais. A vida em grupo é resumida numa mistura de sentimentos, de percepções, muitas vezes vinculadas à ausência de uma resposta pronta e definidora de ações, que esperamos do “coordenador” ou do “educador”. É dessa forma que vamos explorar o mundo interno e externo, construir nossa fala ou praticar o silêncio, com o objetivo de nos conhecermos mais para agir melhor.

Ocorre também frustrações diante das decisões coletivas que não contemplam os interesses individuais imediatos. É necessário romper com a acomodação mediante a participação, acompanhando a coordenação do grupo que não é hierárquica. É assim que aprendemos a vivenciar a condição de sujeito e novas aprendizagens.

A vida em grupo é desafiadora, além de exigir muito trabalho, porque oportuniza muitas vivências por vezes tumultuadas pelo acúmulo de temas. Também, porque exige diversos processos de adaptação para tratar desses temas no grupo, o

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que, por sua vez, pode movimentar com “a zona de conforto”, de estabilidade de parte dos indivíduos que participam do grupo. Somente o interesse em experimentar, confrontar o que está estagnado permite construir um grupo que tenha movimento rumo à sociabilidade e a aprendizagens. O que significa dizer que envolve trabalho constante, para os participantes do grupo e para os profissionais (entre eles o/a assistente social) que atuam junto aos grupos. Deve circular a criatividade, atenção aos movimentos dos indivíduos (sua singularidade) e seu envolvimento com o grupo, a articulação das forças e habilidades do grupo com os seus quereres (interesses e demandas sempre renovados). O grupo deve ser constantemente instigado a construir respostas às demandas cotidianas sem se imobilizar diante dos desafios.

Pode-se afirmar que a vida em grupos é perpassada por três movimentos, que são interligados entre si. Inicialmente, temos a homogeneidade, pois o grupo é um organismo simbiótico. A busca para a participação de um indivíduo num grupo ocorre a partir de suas semelhanças com os integrantes dele. Depois temos as diferenças, que são acrescidas de ansiedade e de insegurança diante do desconhecido. Por fim, temos as divergências, que são resolvidas entre os participantes, com a mediação dos profissionais/educadores no caminho do diálogo instituído, nunca da imposição.

Sobre este tema, Weffort (1994, p. 28) elucida:

Na concepção autoritária e espontaneísta, o educador termina por cristalizar esse primeiro movimento. O autoritário não trabalhando o enfrentamento das diferenças, divergências, termina por decretar o único válido a ser seguido. O espontaneísta, quando não se assume enquanto modelo, não exercia a desigualdade, a assimetria da relação do educador (autoridade) e educando. Não coordenando o conflito com as diferenças, não oferece superação desse primeiro movimento.

Nesse primeiro período, destaca-se a importância da localização espacial e seu referencial pedagógico-metodológico, como a rotina, tarefas e funções de cada indivíduo no grupo. O desafio é instigar o conflito e não camuflá-lo, reunir as aproximações e construir caminhos possíveis de diálogo entre os diferentes e suas diferenças, possibilitando a instrumentalização do desconhecido.

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Capítulo 3

Torna-se importante destacar o que escreve Weffort (1994, p. 29):

Grupos onde os movimentos de ataque e fuga no processo de aprendizagem, encontra-se exarcebado, é delicado negar o mito, com o risco de não oferecer o espaço, chão necessário onde o educando sinta-se apoiado, seguro para confrontar-se com o novo, com a própria ignorância. O mito nos grupos, muitas vezes cumpre o papel de mediador para a estrutura do conhecimento e conquista da autonomia. Momento delicado para o educador. Saber diferenciar o que é seu e o que é do mito. O que é necessário aceitar é desde o lugar em que se está e o que trabalhar para a humanização, queda do mito, no segundo movimento.

Quando não há o enfrentamento dos conflitos gerados pelas diferenças, são criados mecanismos de sonegação, de negação da existência destes, falseando a realidade. Assim, o grupo se divide, há o fracionamento em pequenos grupos. O resultado é o reducionismo das relações, causando o enfraquecimento do grupo e a fragilizações de possíveis vínculos.

Mediante as diferenças é possível conhecer-se melhor, afirmar a própria identidade. Esse processo auxilia na individualização de cada membro. Eis aqui a descoberta do ser social e seu universo de interesses e demandas. É possível a intervenção mediante interação ou conflito pelo outro. E destaca-se a questão: quem sou neste caso? Que grupo é esse? Ou seja, nós somos o grupo. É por meio do conflito que descobrimos que eu faço parte de nós, o grupo.

Nesse momento, as mediações educativas e de orientações profissionais são de fundamental importância, pois lhe cabe manter-se atento, expor e abordar os conflitos, considerando a peculiaridades e as diferenças de vivência histórica do sujeito/indivíduo e desenvolver o que pertence a cada um.

Segundo Weffort, (1994, p.30), “para isso o educador conta com o instrumental fundamental que é a sua reflexão (sobre prática e teoria), juntamente com a avaliação e planejamento da sua ação cotidiana”.

O terceiro movimento é destacado pela diferença do movimento anterior: o distanciamento entre o “eu” e o “outro”, mas juntos fazemos parte de um grupo, apesar das nossas diferenças, vivemos juntos. A diferença é uma ligação entre os indivíduos, de trocas e de aprendizagens, também perpassado pelos conflitos. O processo é de autonomia, convivemos com a realidade por meio da incorporação das diferenças e limites do outro.

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Seção 2Dinâmicas grupais: vivências e aprendizagensAs técnicas e dinâmicas de grupo são utilizadas para movimentar o grupo de forma lúdica, integrativa e de aproximação entre seus participantes. As dinâmicas oportunizam fazer circular discussões temáticas, estimular a participação, repassar informações, clarificar situações e também obter avaliações sistemáticas do desenvolvimento do grupo. É a possibilidade de experimentar outras ferramentas educativas, com caráter participativo e, por vezes, lúdico, para as abordagens temáticas de interesse do grupo, tornam mais flexíveis e principalmente promovem o diálogo.

O empreendimento de dinâmicas grupais possibilita ao profissional de Serviço Social (assim como os demais que realizam atividades com grupos) uma relação com o grupo, por meio de um conjunto de técnicas, para contribuir e facilitar a aprendizagem e resultar em caminhos percorridos e a percorrer para a obtenção dos resultados desejáveis para o grupo.

Nesse sentido, Rodrigues (1978, p. 70-71) aponta que:

O uso de técnicas pode mais rapidamente criar uma atmosfera grupal propícia a facilitar mudanças. Da mesma forma acredita-se que as técnicas podem apressar no grupo o ritmo de clarificação e consciência das mudanças, o treino de novas atitudes especialmente referentes ao comportamento grupal (cooperação, participação, decisão e controle democrático).

As técnicas devem ser utilizadas corretamente e dentro de um ambiente social e relacional pactuado com o grupo, pois assim possuem o poder de motivar e impulsionar os indivíduos, estimulando os elementos da dinâmica interna e externa e acionando o grupo na direção de seus objetivos.

Ainda nesse sentido, recorre-se a Moreira (2015, p. 119), que escreve:

O que queremos dizer é que para o assistente social desenvolva sua atividade laborativa em consonância com práticas pedagógicas compromissadas com a emancipação humana, o agende de Serviço Social precisa ter necessariamente consciência deste compromisso e ter claro para si o porquê daquela sua ação. Ação esta que não pode ser pensada descolada do processo de trabalho institucional, mas sim compreendida a partir deste.

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Capítulo 3

É importante ressaltar que as técnicas são apenas ferramentas utilizadas pelos profissionais/educadores, mas a responsabilidade na utilização delas decorre de seu correto emprego com o grupo, cuidando para não ocorrer dinâmicas inadequadas ao perfil dessas pessoas, assim como distorções por parte do grupo no uso das dinâmicas.

Dessa forma, o emprego adequado de dinâmicas de grupo converge com o pensamento de Moreira (2015, p. 125):

A sinalização das contradições expressas pelos integrantes dos grupos, comumente nítidas ao olhar do monitor comprometido com uma educação distinta da tradicional, devem ser trabalhadas de modo que oportunize ao sujeito perceber o quão desconexo é aquele modo de pensar. A dimensão pedagógica que o grupo oferece permite que, em vez de ensinar, através de uma simples transferência de conhecimentos, o monitor atue na perspectiva da ampliação da visão de mundo dos seus componentes, nunca desconsiderando o conhecimento acumulado deles próprios.

Quando necessário o emprego, as técnicas devem ser utilizadas de forma variada, de acordo com as etapas do processo de desenvolvimento grupal e segundo os objetivos pretendidos pelo grupo.

Segundo Rodrigues (1978, p. 72,) correlacionando a atuação profissional com grupos:

O monitor que se utiliza de técnicas como instrumentos para levar o grupo a alcançar os objetivos propostos deve levar em consideração os seguintesx aspectos:

- Que os indivíduos que compõem o grupo devem ser compreendidos em seus interesses, impulsos, aptidões, bloqueios e frustrações, pois constituem-se na matéria-prima com o que se deve trabalhar. Quanto maior for o conhecimento do monitor sobre o comportamento grupal, mais apto estará para bem escolher as técnicas adequadas;

- Deverá ter o conhecimento detalhado do rol de técnicas, a fim de criar um clima propício à participação eficiente dos membros do grupo e principalmente deve saber criar técnicas adequadas ao grupo com quem trabalha;

- Deverá planejar o trabalho grupal, ou seja, estabelecer suas finalidades de modo preciso, prever as etapas do desenvolvimento do tema e escolher os meios que levam a maior participação e satisfação das necessidades expressas pelos membros do grupo;

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Trabalho Social com Grupos

- Ter bem claro que a técnica não é um fim em si mesma mas um meio para se chegar aos objetivos;

- Conhecer as técnicas, o momento adequado para a sua aplicação e os resultados que delas podem advir. Para tanto, o monitor deve ter conhecimentos básicos, capacidade de interpretar a situação grupal e suficiente imaginação e iniciativa para aplicá-las.

Cabe sinalizar que, alguns setores da sociedade, como instituições públicas e privadas, por vezes , temem a realização do trabalho com grupos.

Moreira (2015, p. 125-126) ressalta que:

Ao profissional comprometido com os processos pedagógicos de caráter emancipatório cabe a tarefa permanente de dialogar, que por sua vez implica na disposição de falar e ouvir, de dar vez e voz, em uma reflexão individual e grupal, possibilitando a elaboração e o fortalecimento de culturas centradas em valores mais solidários e coletivos. É justamente a incidência no campo do conhecimento, dos valores, dos comportamentos, ou seja, no campo da cultura, que se alargam as possibilidades para o assistente social colocar-se na função de um intelectual capaz de possibilitar ao usuário a percepção de contradições que se apresentam na realidade devidamente fetichizadas por influência da ação da ideologia.

Mesmo diante dos desafios cotidianos, o profissional deve atuar com base nos princípios e ética profissional, sem submeter-se a qualquer tipo de norma ou hierarquia que interfiram em seu trabalho.

Como bem enfatiza Moreira (2015, p. 128):

A contraditoriedade sinalizada diz respeito à própria natureza da profissão de Serviço Social, seja qual for o campo sócio-ocupacional em que o seu profissional esteja inserido. O conflito entre objetivos institucionais e objetivos profissionais só existe (ou fica mais latente) quando o assistente social tem como preocupação pautar seu exercício em elementos éticos-políticos vinculados ao projeto hegemônico da profissional.

A utilização de dinâmicas de grupo, por meio de técnicas próprias para formá-lo, exige constante pesquisa junto a outras áreas do conhecimento (educação, psicologia, antropologia, entre outros).

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Capítulo 3

Entretanto, é importante que os elementos presentes nas dinâmicas tenham a interface com o Serviço Social. A seguir, destacamos alguns tipos de dinâmicas de grupos:

a. Dinâmica do Jogo da Velha: o objetivo é trabalhar de forma lúdica com o grupo para resgatar assuntos já discutidos anteriormente. A metodologia é baseada no desenho de um jogo da velha, em que a turma será dividida ao meio e cada quadrado será uma pergunta que deverá ser realizada para apenas um dos grupos. Caso acerte a resposta, é dado o “X” para o grupo que acertou, caso contrário, o

“X” irá para o outro grupo.

b. Dinâmica com os responsáveis: conhecer a visão dos participantes em situações como “a escola de ontem e hoje” ou “o modelo de viver de ontem e hoje”, dividir com uma linha uma folha de papel ou lousa, de um lado deve constar “gosto” e do outro

“não gosto”. A importância é discutir e observar a importância da participação de todos.

c. Dinâmica de apresentação: conhecida como “Quem sou eu?”, dedica-se um espaço de fala para os participantes, onde devem informar alguns dados como nome, idade, habilidades e objetivos. Utiliza-se o espaço para aprimorar a reflexão sobre as qualidades e características de cada um.

d. Dinâmica da cooperação: Destacar a importância do trabalho construído em comunidade, na coletividade. Dobram-se diversas vezes uma folha de papel e tenta-se rasgá-la, completamente dobrada. Como é muito difícil realizar o objetivo, deve ser anunciado que unidos somos mais forte.

e. Dinâmicas de identidade e valores: fazer com que todos reflitam sobre os aspectos mais importantes de suas vidas. A expressão é realizada por meio da fala ou escrita, dividida com todos os participantes. Inicialmente, devem pensar em todas as coisas mais importantes da sua vida atual e em seguida pensar no que tinha importância durante sua infância, por exemplo. Dividir a turma em pequenos grupos e levá-los a trocar experiências sobre seus entendimentos, sendo que todos devem voltar para o grande grupo e dividir suas percepções. O grande resultado é que todas percebam suas mudanças de pensamentos e transformações pessoais.

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Trabalho Social com Grupos

Destaca-se que a importância das dinâmicas em grupo é permitir a ponderação sobre a visão dos indivíduos de mundo, permitir que todos reflitam sobre suas habilidades, suas potencialidades e a relação com o mundo profissional, possibilitar a discussão e sua importância para a busca da importância do trabalho coletivo e da união.

Existem dinâmicas que são atividades conhecidas pelo forte apelo de arte e cultura mediante atividades lúdicas e que são utilizadas com sucesso em objetivos educacionais ou terapêuticos (portanto, aplicadas por outros profissionais que não o assistente social.). Tal utilização é considerada tradicional no trabalho com grupo de crianças, adolescentes, de jovens, mais recentemente muito presente com grupos de idosos. Em se tratando dos diferentes profissionais, o objetivo pode ser a educação, socialização ou até mesmo terapia.

A criação de um novo grupo está associada aos interesses canalizados dos participantes em torno de um objetivo comum, ou seja, são mediatizados (por atuação profissional, no caso, do assistente social) pela orientação ao desenvolvimento das relações interpessoais, pautadas em vivências e experiências percebidas solidariamente. Os participantes apreendem e/ou transformam atitudes, comportamentos e habilidades individualmente, e coletivamente constroem regras e formas de convivência, formatando o desenvolvimento do grupo.

No dizer de Rodrigues (1978, p. 73), o grupo explora “afetivamente ações e relações, condições básicas na aprendizagem. De outro lado, a atividade ou projeto possibilita a emergência de novas formas de expressão pessoal e grupal”. Nesse ponto, temos relações interpessoais mais congruentes e espontâneas.

Ainda segundo o pensamento da autora (1978, p. 70 – 71),

o uso de técnicas pode mais rapidamente criar uma atmosfera grupal propícia a facilitar mudanças. Da mesma forma acredita-se que as técnicas podem apressar no grupo o ritmo de clarificação e consciência das mudanças, o treino de novas atitudes especialmente as referentes ao comportamento grupal (cooperação, participação, decisão e controle democrático).

As aprendizagens, decorrentes das vivências, é a única que pode realmente transformar a vida do participante em grupo. As mudanças são notadas na solução dos problemas, maior capacidade em observação, crítica e empatia, além da sensibilidade e tolerância nos processos do grupo.

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Capítulo 3

É importante destacar que mudanças individuais e/ou grupais podem abranger diversos níveis de aprendizagem: cognitivo, emocional, atitudinal, comportamental e no nível das relações interpessoais.

A projeção das ações é a base da organização do grupo, a realização depende unicamente do grau de homogeneidade ou heterogeneidade de seus participantes. A atividade e formação inicial do grupo pode ser proposta pela instituição pública ou privada, a partir de diagnóstico sobre os interesses e necessidades de seu público. Porém, após a organização do grupo, a importância da atividade ou projeto decorre da adesão dos participantes no processo de planejamento e execução.

Cada grupo é singular na escolha e desempenho das atividades projetadas pelo grupo e não existe um modelo padronizado de condução. O profissional é o responsável por facilitar e assessorar o grupo no nível teórico-metodológico e técnico – operativo. Cabe cumprir um rol de etapas inerentes à formação de um grupo de trabalho, tais como grupos de idosos, de mulheres, de famílias, de adolescentes, entre outros:

• Escolha da atividade/tema/ conteúdos que motivam o encontro do grupo;

• Objetivos da atividade;

• Definição de tarefas;

• Definição de estruturas;

• Definição de metas;

• Definição de tempo de encontro;

• Definição de custos;

• Execução;

• Avaliação.

A projeção das ações deve contemplar objetivos com base na dinâmica relacional entre os participantes do grupo, potencial participativo (com a motivação para tal), aprendizagens de comportamentos e habilidades pessoais e grupais.

A projeção de atividades de socialização tem como base o desenvolvimento da participação social e satisfação das necessidades socioterritoriais, como no caso de mutirões campanhas de cunho solidário e grupos de lazer.

Mesmo colocado de forma separadas neste texto, resguardando suas distinções, o profissional de Serviço Social deve manter a perspectiva de articulação entre os objetivos e projeções, pois esses são integrados, dessa forma, os resultados do grupo são decorrentes da natureza socializante e educativa.

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Considerações Finais

Nossos estudos sobre grupos nos levam à compreensão destes como espaço de vivências, de aprendizagens coletivas. Pois, o home/mulher nele inseridos tem a oportunidade de socializar experiências e ensinar/aprender reciprocamente.

Este livro didático buscou estudar a formação dos grupos partindo da percepção do ser social na sua totalidade, envolvendo, portanto, a razão, as aprendizagens, a emoção e suas vivências cotidianas. Vimos que essa percepção e respeito a ela na prática do serviço social envolve procedimentos, fundamentos teórico-metodológicos que orientam ações técnico-operativas carregadas da dimensão lúdica do encontro com os indivíduos que passam a compor o grupo, interagindo com a perspectiva educativa.

O desafio é a superação de percepções e práticas fragmentárias com grupos. Estas devem ser substituídas por práticas que considerem a articulação entre os diferentes grupos sociais que compõe a cena contemporânea (em permanente transformação).

Assim, o/a assistente social tem o desafio cotidiano de acionar diferentes instrumentais de trabalhado, dentre eles o trabalho com grupos, e alinhar-se às demandas da realidade social integrado-se com os sujeitos (indivíduos e grupos) com os quais interage profissionalmente.

Esta sintonia profissional com a realidade social exige a permanente formação e/ou qualificação do assistente social para manter o caráter crítico reflexivo e respeitar a proposição de suas ações que envolvem sua intervenção conforme o que determina o Código de ética profissional do/a assistente social (1993).

Assim, a projeção das ações do assistente social deve considerar a dinâmica relacional entre os participantes do grupo, o potencial participativo (com a motivação para tal) e as aprendizagens de comportamentos e habilidades pessoais e grupais.

Esse livro didático buscou, portanto, demonstrar o porquê da existência de grupos e como isso pode ser considerado pelo assistente social a fim deste realizar intervenções em grupos que contribuam a para o exercício da autonomia dos seus participantes.

Desejo sucesso na continuidade dos estudos.

Profª Darlene de Moraes Silveira.

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Sobre as Professoras Conteudistas

Darlene de Moraes SilveiraGraduada em Serviço Social (UCPel/RS); Mestre em Educação e Cultura (UDESC/SC); Mestre em Serviço Social (PUC/SP); Doutora em Serviço Social (PUC/SP). Tem experiência em docência nos Cursos de Serviços Social da ULBRA/RS, UNISINOS/RS, UFSC/SC e UNISUL/SC. Coordenadora da Equipe de Consultoria do Projeto Integrado Morar Bem I – Programa Habitar Brasil – Banco Interamericano de desenvolvimento/BID – Prefeitura Municipal de São José-SC (2004 – 2007). Desde 1995, é professora da UNISUL, onde participou da implantação do Curso de Serviço Social no Campus Grande Florianópolis, exercendo a coordenação do curso de 1998 a 2004. Coordena o Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Políticas Sociais e Demandas Familiares, também, é Coordenadora do Curso de Pós-Graduação em Gestão da Política de Assistência Social - UNISUL. Tutora do PRÓPET Saúde/UNISUL/Ministério da Saúde/ Ministério da Educação/Prefeitura Municipal de Florianópolis e Prefeitura Municipal de Palhoça; Coordenadora do Projeto de Extensão Defesa dos Direitos da Criança, do Adolescente e de Famílias. Autora dos Livros: Direitos da Criança e do Adolescente: prevenção da violência e da exclusão social. UnisulVirtual, Palhoça, 2006, coautoria com Giovani de Paula; A Lei Orgânica de Assistência Social e a Política Nacional de Assistência Social, UnisulVirtual, Palhoça, 2012; 92 Pessoa Idosa, Constituição, Política Nacional do idoso e lei 10.741/2003, UnisulVirtual, coautoria com Kátia Ribeiro Freitas, 2013; estes últimos direcionados ao curso de Especialização em Interesses Difusos e Coletivos da Criança, do Adolescente, da Pessoa Idosa e da Pessoa com Deficiência. Coordenação pedagógica do CapacitaSUAS – Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Secretaria Estadual de Assistência Social, Trabalho e Habitação, com a execução da UNISUL. Assessora técnica da Veras Editora e Centro de Estudos – São Paulo. Conferencista e palestrante nas áreas dos direitos de crianças e de adolescentes, da pessoa idosa e de assistência social. Pesquisadora, consultora e assessora em gestão de políticas públicas, gestão de programas e de projetos sociais, metodologias do trabalho social com famílias.

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Karina Melo VieiraGraduada em Direito pela Universidade do Vale do Itajaí, especialista em Políticas Sociais e Demandas Familiares pela Universidade do Sul de Santa Catarina e pós-graduanda em Direito Penal e Processo Penal pela Escola do Ministério Público. Atualmente dedica-se à pesquisa como professora conteudista no ramo do Direito e Serviço Social e é voluntária em diversas organizações não governamentais nacionais e internacionais.

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