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HISTÓRIA - A P O S T I L A D E - PROFª. EMELINE PALOSI

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HISTÓRIA- A P O S T I L A D E -

P R O F ª . E M E L I N E P A L O S I

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HISTÓRIA GERAL1. GRÉCIA ANTIGA

A história grega pode ser dividida em 5 períodos: Pré-Homérico (Sec. XX - XII a.C.), Homérico (Sec. XII - VIII a.C.), Arcaico (Sec. VIII - VI a.C.), Clássico (Sec. V - IV a.C.) e Helenístico (Sec. III - II a.C.). Os gregos se instalaram na região sudeste da Europa, entre os mares Egeu e Jônio, principalmente na península Balcânica.

Os períodos Pré-Homérico e Homérico foram nomeados desta forma em referência a Homero, autor das obras “Ilíada” e “Odisséia”. Estas obras foram cruciais para a compreensão da ocupação e da colonização da região e para o a vinculação cultural entre os povos gregos.

Os primeiros movimentos de ocupação do território são do período Pré-Homérico. Aqueus, jônios e eólis chegaram à península Balcânica por volta de 2.000 a.C.. Os dórios chegaram à região em torno de 1.200 a.C. e conseguiram dominar a região, isso fez com que outros povos migrassem para outras regiões do litoral grego e da Ásia Menor. O evento ficou conhecido como primeira diáspora grega.

Após a diáspora, durante o período Homérico, os gregos seguiram para a região balcânica e se organizaram em genos. Sob a liderança do “pater”, os genos eram pequenas unidades produtivas formadas por grandes grupos familiares e se baseavam na propriedade coletiva da terra. Quando os genos deixaram de suprir as demandas da população, um novo movimento de migração ocorreu. Este movimento ficou conhecido como segunda diáspora grega e atingiu a península Itálica e o mar Negro.

Com a crise, os paters passaram a distribuir as terras comunais e a desigualdade da posse da propriedade privada faz surgir uma nova classe social: os aristocratas. No mesmo período temos o nascimento das primeiras cidades-estados gregas. Esta transição marca o inicio do período Arcaico.

Ao contrário de outros povos, os gregos não formaram uma unidade político-administrativa, uma das principais características desta civilização é o fato de ela se organizar em pólis (cidades-estados) com modelos administrativos próprios. A ligação entre os gregos era baseada no compartilhamento de diversos aspectos culturais comuns, que facilitaram o estabelecimento de relações de diversos tipos. As cidades-estados que mais se destacaram foram Atenas e Esparta.

Atenas possuía poucas terras férteis, o que favoreceu o desenvolvimento do comércio e a tornou uma cidade multicultural e favoreceu atividades intelectuais. Atenas passou por diversas formas de governo e a que mais se destacou foi a democracia. O sistema democrático ateniense era baseado na participação daqueles que eram considerados cidadãos e ocorria na ágora, uma praça pública onde eram discutidos os assuntos relativos à polis. Somente homens, filhos de atenienses, livres e maiores de idade eram considerados cidadãos e tinham direito a participação política.

Esparta, por sua vez, estava em uma região de terras férteis e priorizou a agricultura em detrimento ao comércio. O governo era oligárquico, controlado por um grupo restrito e a sociedade espartana era altamente militarizada, aos 08 anos todos os meninos saudáveis começavam a receber treinamento militar.

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Durante o período Clássico o sistema de cidades-estados se consolidou e o a democracia de desenvolveu em Atenas. Neste período também temos um grande conflito: as Guerras Médicas (499 – 449 a.C.), que foram travadas para barrar a expansão persa e levaram à organização da Liga de Delos. A Liga se organizou sob a administração Ateniense, contou com união de diversas cidades-estados gregas e sua vitória expandiu o poder e a influência ateniense. O crescimento do poder ateniense levou ao aumento das disputas entre as pólis e Esparta fundou e passou a liderar a Liga do Peloponeso.

Entre 431 e 404 a.C., as disputas entre as cidades-estados cresceram e Esparta declara guerra a Atenas e a todos seus aliados. O conflito ficou conhecido como a Guerra do Peloponeso e marcou o inicio da queda da civilização grega, pois facilitou a ação de povos invasores.

A Grécia foi conquistada por Filipe II, rei da Macedônia. O filho de Filipe, Alexandre - o Grande, foi aluno de Aristóteles e ajudou a difundir a cultura grega por todas as áreas sob seu domínio e facilitou a fusão entre a cultura grega e a cultura oriental. Este movimento ficou conhecido como Helenismo.

2. PERÍODO MEDIEVALA queda do Império Romano do Ocidente foi determinante para a formação da sociedade

feudal, por tanto, vamos observar os processos que envolveram a transição de um período para o outro. Primeiro, é importante compreender que o Império Romano passou por uma crise severa durante o século III, o que dificultou a administração, defesa e a sustentação de sua grande extensão territorial. A primeira tentativa de resolução foi a tetrarquia, uma divisão do império em quatro partes com capitais e imperadores próprios, porém, o sistema demonstrou-se ineficaz e a crise se agravou. Em 395 d.C., Teodósio propôs a divisão do Império Romano em duas partes: Ocidental e Oriental, que foi aplicada e obteve relativo êxito.

Além da crise financeira e de abastecimento, o Império Romano também teve que lidar com as invasões dos povos bárbaros, que são povos que receberam esse nome dos romanos por ter uma cultura diferente da greco-romana. Aos poucos, vários povos começaram a invadir os territórios romanos mais distantes da capital e o Império Romano do Ocidente começou a

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ruir, tendo como ultimo golpe a tomada de Roma em 476 d.C.. O Império Romano do Oriente sobreviveu até 1453, também conhecido como Império Bizantino.

As relações entre romanos e bárbaros ocorreram de diversas formas, variando entre intercâmbios pacíficos e conflitos armados de região para região. Os constantes conflitos e invasões levaram a um agravamento da crise econômica e de abastecimento. Amedrontada, a população das cidades viu no campo um refúgio, uma alternativa de subsistência. Este êxodo urbano levou à formação do sistema feudal, que vigorou em diversas regiões da Europa a partir do século IX.

O feudalismo viveu seu auge durante a Alta Idade Média (séc. IX ao XI) e tem como características centralização política, social e econômica em torno dos feudos e da influência dos senhores feudais, o resultado desta interiorização foi o declínio das cidades e do comércio. As relações feudais eram baseadas na criação de vínculos de lealdade e de dependência entre suseranos (grandes proprietários de terras) e vassalos (membros da nobreza) a partir da doação de terras. A produção dos feudos era baseada no trabalho servil e na produção de subsistência.

A sociedade era dividida em três grupos: Nobres, Clero e Servos. O período feudal é marcado pela forte presença do catolicismo, assim, cada feudo possuía representantes do clero, que eram responsáveis por garantir a manutenção da fé católica e rezar por todos. Os nobres eram a família do senhor feudal e a camada mais abastada de seus amigos, eles organizavam a defesa do território quando necessário. Os servos eram a maior parte dos habitantes e eram responsáveis pelo plantio e todos os afazeres ligados à manutenção do feudo.

A Baixa Idade Média (séc. XI ao XV) marcou o declínio do sistema feudal e a ascensão das cidades. O crescimento populacional, as péssimas condições de vida e a exploração dos servos nos feudos, geraram uma série de revoltas camponesas.

Entre os séculos XI e XIII ocorreram as Cruzadas, expedições militar de cunho religioso que tinha como objetivo recuperar o domínio cristão sobre Jerusalém. Os caminhos dos cruzados ajudaram a restabelecer o domínio sobre algumas regiões e na criação de novas rotas comerciais.

Com as péssimas condições de vida, a população passou a retornar para as antigas cidades e criar novos centros urbanos. Conforme as cidades ascenderam, o comércio voltou a ganhar propulsão enquanto os feudos passaram a perder espaço. No campo político, o poder do senhor feudal começou a declinar e dar espaço para a ascensão dos estados nacionais e da monarquia absolutista.

3. ABSOLUTISMOA ascensão do feudalismo representou uma descentralização política, gerando uma divisão

territorial. Essa divisão fez com que a influência da nobreza ascendesse e a figura do rei fosse enfraquecida. Com o declínio do feudalismo e a recuperação da influencia das cidades, uma nova camada social tornou-se financeiramente influente: a burguesia. Para este grupo, o poder e a influencia feudal representava um fator limitador para sua ascensão, assim, a burguesia passou a investir financeiramente no fortalecimento da influência e do poder absolutista.

A Idade Moderna se inicia com a queda do Império Bizantino em 1453 e tem como principal marca a formação do Estado Moderno. Portugal inicia seu processo ainda no séc. XIV e no século seguinte países como Espanha, França e Inglaterra também passaram pela consolidação de suas monarquias e levaram tempos diferentes até a finalização do processo.

O Absolutismo, também conhecido como Antigo Regime, se manteve dividido socialmente com pouca mobilidade social. Em uma ponta tínhamos o rei, a nobreza e o clero gozando de privilégios sociais, do outro lado o restante da sociedade: burgueses, artesãos, trabalhadores

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urbanos e camponeses. Ao longo do tempo, vários filósofos, teólogos, políticos e outros pensadores passaram a

formular teorias para aconselhar os monarcas e/ou justificar o absolutismo. Entre os autores destacam-se:

• Nicolau Maquiavel: Filósofo e político de Florença, autor de “O Príncipe”, obra onde teorizou quais seriam as principais características de um bom monarca;

• Jean Bodin: Jurista que argumentou que o rei deveria o ser soberano da nação e mantenedor da ordem pública. Para tanto, as leis na deveriam se aplicar ao monarca.

• Jacques Bossuet: Teórico do direito divino, argumentava que o rei era enviado por Deus, assim, o monarca não deveria ser questionado, pois seu comportamento seria determinado por Deus como um reflexo direto do comportamento do povo.

• Thomas Hobbes: Filosofo moderno, defensor da tese do contrato social. Segundo ele, é perigoso para o homem viver em natureza, então, para evitar a autodestruição, o homem abre mão de sua liberdade natural para viver em sociedade, estabelecendo um contrato em favor de um soberano que, em troca, garante a ordem.

4. RENASCIMENTOO movimento renascentista é um dos marcos da transição entre a Idade Média e a Idade

Moderna, ocorreu entre os séculos XIV e XVI e combinou características medievais com a busca por inovação. Uma das principais características deste movimento é a valorização da Antiguidade Clássica, principalmente a cultura greco-romana. Objetivos do movimento: desenvolvimento cultural e artístico, desenvolvimento científico, antropocentrismo, racionalismo

5. EXPANSÃO MARÍTIMAA mudança do feudalismo para o absolutismo também significou uma mudança na base

econômica européia, ou seja, na mudança da agricultura de subsistência para comércio. Neste sentido, o primeiro sistema comercial estabelecido foi o mercantilismo que era baseado em: intervenção estatal, metalismo, balança comercial favorável, protecionismo, colonialismo e monopólios.

Para as monarquias nacionais, seu sucesso estava ligado à quantidade de metais preciosos que possuíam, assim, a escassez destes metais foi a mola propulsora para que os europeus se lançassem aos mares em busca de metais preciosos. No século XIV, Portugal e Espanha foram os primeiros países a começar a expansão em busca de rotas alternativas de comercio com o Oriente, pois a rotas utilizadas até então foram dominadas por outros povos. A busca por rotas alternativas para o oriente trouxe espanhóis e portugueses às terras americanas, até então desconhecidas para os europeus.

6. REFORMA PROTESTANTE E CONTRARREFORMAA reforma protestante foi um movimento religioso que aconteceu na Europa durante o

século XVI, motivada por ações políticas e religiosas. O movimento foi liderado por Martinho Lutero, um monge alemão que escreveu 95 teses onde criticava a postura da Igreja Católica, o Papa e a venda de indulgencias. Em 1517, Lutero fixou suas teses na porta da Catedral de Wittenberg e entregou uma cópia à igreja.

As teses repercutiram em vários países da Europa e no ano seguinte Lutero foi acusado

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de heresia e chamado a Roma, porém, não acatou a ordem papal e manteve sua posição. Em 1520, uma Bula Papal determinou que Lutero se retratasse ou seria excomungado, a Bula foi queimada em praça pública e como resposta ao clero.

O resultado deste conflito foi o surgimento da igreja protestante ou igreja reformada. A primeira das religiões protestantes foi o Luteranismo que se baseou nas teses e nos artigos de Lutero e abriu precedentes para o surgimento de outras religiões protestantes. Os ideais da reforma protestante chegaram a França e a Holanda, lá João Calvino criou a tese da predestinação e deu origem ao Calvinismo. Segundo a tese, Deus escolhia as pessoas que deveriam ser salvas, independente dos fieis, o sucesso seria reflexo desta predestinação. Na Inglaterra, o rei Henrique VIII criou a religião Anglicana e a Inglaterra tornou-se oficialmente uma nação protestante.

A resposta da igreja católica foi um movimento chamado Contrarreforma, que teve como objetivo combater as propostas de Lutero e o crescimento da Reforma Protestante. O movimento foi convocado pelo Papa Paulo III, a reunião foi chamada de Concílio de Trento e foi dividida em três períodos 1545-1548, 1551-1552 e 1562-1563. O concílio resultou em vários decretos que tinham como objetivo reafirmar a fé cristã e os dogmas do catolicismo.

8. ILUMINISMOO Iluminismo foi um movimento filosófico e intelectual que aconteceu na Europa e teve seu

desenvolvimento máximo durante o século XVIII, que ficou conhecido como “Século das Luzes”. O ideal iluminista era baseado na busca pela razão e influenciou a política, o comportamento social e a economia. Os iluministas pregavam o antropocentrismo, ou seja, o homem como centro do universo, a valorização do livre pensamento, da natureza e a busca das informações por meio da ciência, em detrimento das justificativas religiosas. Neste sentido, os iluministas também criticavam as monarquias e a utilização de justificativas religiosas para governar.

9. REVOLUÇÃO INDÚSTRIALNo século XVIII, a Inglaterra havia se tornado uma grande potência econômica devido ao seu

forte domínio marítimo, o que foi viabilizado por uma grande expansão comercial. A Europa já havia passado por sua revolução cientifica e as primeiras inovações tecnológicas começaram a aparecer em 1769, com a invenção da máquina a vapor.

Além de passar por um momento próspero financeiramente, a Inglaterra passou pelos cercamentos, onde grandes propriedades rurais foram cercadas para a criação de ovelhas, o que fez com que vários camponeses perdessem o emprego e gerou o êxodo rural para as cidades. Assim, as cidades inglesas passaram a ter abundancia de mão-de-obra.

A combinação entre a abundância de capital, excesso de mão-de-obra e inovação tecnológica tornou a Inglaterra um solo fértil para o surgimento da Revolução Industrial. A grande novidade foi o tear a vapor, capaz de produzir grandes quantidades de tecido, o que aumentou a competitividade do país no mercado internacional.

O desenvolvimento industrial, as cidades cresceram desordenadamente e a população começou a viver sob condições precárias de trabalho, saúde, higiene e alimentação. Este panorama criou um novo ator político: o movimento operário. Os trabalhadores passaram a se organizar e reivindicar melhores condições de trabalho e de remuneração.

Em meados do século XIX, a Revolução Industrial chegou a novos países como França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Estados Unidos e Japão.

10. I GUERRA MUNDIALO fim do século XIX e inicio do século XX tem como característica o neocolonialismo,

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ou seja, o avanço das grandes potências européias sobre os territórios da África e da Ásia sob a justificativa de levar o “progresso” aos países destes continentes, com interesse no fornecimento de matéria primas e no mercado consumidor. A disputa por territórios chegou também ao território Europeu. A região dos Bálcãs tornou-se objeto de disputas entre a Alemanha, a Rússia, o Império Austro-húngaro e vários povos que moravam na região.

Mesmo com as disputas imperialistas, a Europa passava por um grande período de desenvolvimento cientifico e artístico. Havia um relativo período de paz, conhecido com a “paz armada”, pois, mesmo que não houvesse conflitos vigentes, os países investiam em armamentos e desenvolvimento de tecnologias militares.

Apesar do período de prosperidade, ainda pairava sob a Europa o revanchismo ligado a conflitos anteriores. Aguardando um possível conflito, várias nações procuraram firmar alianças de apoio mútuo, assim a Alemanha, a Itália e o Império Austro-húngaro formaram a Tríplice Aliança em 1882 e a Inglaterra, a França e a Rússia formaram a Tríplice Entente em 1907.

As relações entre os países europeus tornaram-se mais tensas e as potências estavam a beira de um confronto até que, no dia 28 de junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do império Austro-húngaro, foi assassinado em Saravejo. O assassinato provou uma série de reações internacionais, acionou as alianças e desencadeou o conflito militar.

O conflito armado foi dividido em duas fases. O primeiro período foi chamado de guerra do movimento e durou o ano de 1914. Este período foi de avanço rápido, principalmente por causa das inovações tecnológicas militares. A segunda parte do conflito ficou conhecida como guerra de trincheiras e foi caracterizada pelo avanço lento devido ao uso de trincheiras de proteção nas frentes de batalha.

A Tríplice Entente conseguiu impor vitórias que levaram ao isolamento alemão. Além disso, alguns fatos ajudaram a encaminhar o fim da guerra: 1. A Itália passou a apoiar a Tríplice Entente em 1915, após acordos ligados a conquista de territórios; 2. Os EUA entraram na guerra em 1917 em busca de vantagens econômicas; 3. Saída da Rússia da guerra devido ao inicio da Revolução Russa.

A Alemanha encontrava-se militarmente isolada e passava por uma série de manifestações internas contra a manutenção da guerra. Em 1918, o país se rendeu, o Kaiser Guilherme II fugiu e o Segundo Reich (Segundo Império Alemão) foi substituído pela República de Weimer. Em 1919, os alemães foram obrigados a assinar o Tratado de Versalhes, onde reconheciam a culpa pela guerra e assumiam as sanções impostas pelos demais países. Destaca-se que o fim da Primeira Guerra Mundial marcou uma nova configuração geopolítica, pois também foi o fim dos impérios Alemão, Russo, Austro-húngaro e Otomano.

11. II GUERRA MUNDIALPara alguns historiadores, a Segunda Guerra Mundial é a sequência dos eventos da Primeira

guerra mundial. É importante ter em mente que as nações européias saíram destruídas da Primeira Guerra Mundial e a situação da Alemanha estava especialmente pior devido as sanções impostas pelo Tratado de Versalhes. Com a crise financeira de 1929, a situação econômica piorou nos países capitalistas e deixou vários países na miséria.

Os conflitos não resolvidos da Primeira Guerra Mundial, associados ao forte revanchismo que surgiu das sanções impostas pelo tratado de Versalhes, facilitaram a ação de grupos nacionalistas europeus. O período entre guerras vai de 1918 a 1939 e é marcado pela ascensão de regimes totalitários na Europa, entre eles, destacam-se o nazismo da Alemanha e o fascismo na Itália. Estes regimes totalitários se organizaram em torno lideres carismáticos que acabaram

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com as oposições e ganhou apoio nomeando inimigos internos e externos como forma de unificação da população.

Outra característica do período entre guerras é a adoção da política de apaziguamento pelas democracias liberais, o objetivo desta política era evitar um novo conflito. Assim, Inglaterra e França acabaram cedendo para algumas demandas Alemãs, acreditando que algumas concessões fariam a Alemanha evitar problemas.

A política nazista era baseada no arianismo, teoria que sustentava que os alemães “puros” eram arianos e possuíam características que faziam deles uma “raça superior” e que povos como judeus e ciganos eram de “raças inferiores”, pois havia muita “mistura” na composição destes grupos. O partido nazista alemão baseava sua política na crença da superioridade ariana e no ideal da conquista de um espaço vital para o desenvolvimento dos povos germânicos. Este “espaço vital” seria composto pelas terras com recursos suficientes para propiciar o desenvolvimento da população.

A expansão alemã começou com a anexação da Áustria, em 1938. Em seguida, Hitler reivindicou o território dos Sudetos, que pertencia a Tchecoslováquia. Para evitar um conflito, França e Inglaterra reconheceram o pedido alemão e autorizaram a ocupação do território. Em 1938 os alemães ocuparam os Sudetos e em 1939 tomaram todo o território da Tchecoslováquia.

Temendo uma invasão, a Polônia fez um acordo de proteção com a Inglaterra. A Alemanha estabeleceu acordo de cooperação com a Itália e um acordo de não agressão mutua com a União Soviética (URSS). No dia 1º de setembro de 1939, a Alemanha invadiu a Polônia e dois dias depois, França e Inglaterra declarou guerra.

O inicio do conflito foi marcado pela superioridade alemã. A estratégia alemã era a da guerra relâmpago (blietzkrieg): os aviões bombardeavam a cidade alvo e logo em seguida as tropas ocupavam o território rapidamente. Em menos de um ano os nazistas ocupara a Polônia, Dinamarca, Noruega, Bélgica, Holanda e a maior parte da França e o único país que resistiu foi a Inglaterra.

Sem avanços na Inglaterra, em julho de 1941, Hitler decide invadir a URSS e quebrar o pacto de não agressão mútua. Apesar de conquistar algumas vitórias, a resistência do Exército Vermelho se mostrou eficaz e conseguiu barrar o avanço do exército nazista.

Os EUA ainda estavam fora da guerra, mas se preocupavam com o expansionismo japonês e as ameaças à suas zonas de influência no Oceano Pacífico. Em dezembro de 1941, os japoneses atacaram a base de Pearl Harbor da marinha estadunidense. A opinião púbica dos EUA passou a apoiar a entrada na guerra.

Neste momento, os dois grandes blocos estavam formados: Aliados: Inglaterra, Estados Unidos, União Soviética e França; Eixo: Alemanha, Japão e Itália. A guerra se encaminhou para o fim com o avanço das tropas soviéticas em direção a Berlim e o avanço das tropas estadunidenses e inglesas no norte da África. Em 1943 a Itália é invadia e Mussolini é preso. Em 6 de junho de 1944, evento conhecido como dia D, as forças aliadas marcharam sobre a França e recuperando a região do controle nazista. Em abril de 1945, o Exército Vermelho chega a Berlim. As tropas nazistas resistiram até 8 de maio, quando Berlim se rende e Hitler cometeu suicídio.

A última frente de batalha ativa foi a do Pacífico. Para encerrar o conflito e demonstrar seu poderio armamentista, os EUA lançaram duas bombas atômicas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, nos dia 06 e 09 de agosto de 1945. Devastado após as bombas atômicas, o Japão se rendeu no dia 15 de agosto de 1945, pondo fim na guerra.

Alguns resultados da Segunda Guerra Mundial são: 1. A criação da Organização das Nações Unidas (ONU), com objetivo de mediar conflitos internacionais e defender os direitos humanos; 2. Independência das ultimas colônias na África e na Ásia; 3. Polarização do mundo em torno

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de duas grandes potências: EUA e URSS.

HISTÓRIA DO BRASIL1. CHEGADA DOS PORTUGUESES

Quando os portugueses chegaram ao litoral brasileiro se encontraram com a população local, o contato foi marcado pela oposição na figura dos dois povos. De acordo com a FUNAI, em 1500 o território brasileiro contava cerca de 3 milhões de indígenas, de diversas etnias.

As etnias que habitavam o Brasil possuíam diferentes níveis de desenvolvimento em sua relação a sua fixação a terra, religião, organização social, caça, pesca e agricultura. Destaca-se que cada etnia possui características culturais diferentes, por tanto, cada etnia reagiu de modo diferente ao elemento colonizador.

O contato inicial entre os portugueses e as etnias do litoral bahiano foram inicialmente pacíficas e baseadas em escambo, ou seja, na troca de um produto pelo outro sem uso de moeda. O estabelecimento de portugueses no Brasil, levou ao contato com etnias de outras regiões e ao estabelecimento de outros tipodes de relações, inclusive de confrontos.

Os povos indigenas foram os primeiros a serem escravizados no Brasil e foram explorados durante o início do período colonial. A mudança da escravização dos povos indigenas para a escravização dos povos africanos começa a ser incentivada por Mem de Sá, terceio gorvenador geral (1558 - 1572).

2. O AÇÚCAR O açúcar era um artigo de luxo que os portugueses já possuíam experiência em produzir

desde o fim do século XV, em suas colônias nas ilhas de Açores, São Tomé, Cabo Verde e Madeira. O êxito das capitanias de Pernambuco e São Vicente provou que o Brasil possuía clima e solo propícios o cultivo da cana-de-açúcar, principalmente no nordeste Brasileiro.

Uma vantagem da popularização do plantio de cana-de-açúcar em relação à exploração do pau-brasil é a organização permanente do solo, ou seja, a produção de açúcar gerou um povoamento efetivo do litoral para o interior do território do nordeste brasileiro.

Para iniciar o plantio na colônia do Brasil, os portugueses fizeram uma associação com comerciantes holandeses que faziam o financiamento da produção em troca do direito de realizar o transporte, refino e distribuição do açúcar português. Assim, a produção do plantio de açúcar no Brasil teve financiamento holandês durante o século XVI e financiamento interno no século XVII.

Quando se fala em açúcar no Brasil é importante lembrar que a sociedade era patriarcal, rural e sem mobilidade social e que a forma de produção adotada no período colonial, o Plantation. Esta forma de produção era se constituía por um tripé: 1. Monocultura: plantio de um único gênero; 2. Latifúndio: grande extensão de terras; 3. Mão de obra escravizada.

3. BRASIL HOLANDÊSDe 1580 a 1640 Portugal e Espanha tiveram o mesmo monarca, esse período ficou conhecido

como União Ibérica. Até 1581, a Holanda foi uma colônia espanhola e quando o país conquistou sua independência, o rei Filipe II de Espanha (Filipe I de Portugal) decretou embargo ao país em todo seu reino. Isso fez com que a Holanda perdesse as relações com o açúcar brasileiro. Em resposta, a Holanda criou a Companhia das índias Ocidentais, com objetivo de ocupar um território no Brasil.

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Houve duas tentativas holandesas de ocupação em território brasileiro, a primeira foi em maio de 1624, os holandeses ficaram por um ano em Salvador e foram expulsos. Em fevereiro de 1630, os holandeses retornaram e chegaram a Pernambuco, onde conseguiram se fixar por 24 anos e expandiram seu domínio.

Como estratégia de ocupação na segunda invasão, os holandeses buscaram uma aproximação dos luso-brasileiros, pois o apoio da população local dificultaria uma contramedida do governo geral para expulsa-los. Outro fator que facilitou a fixação dos holandeses foi o descontentamento dos senhores locais com a União Ibérica.

Em 1637, Mauricio de Nassau chega a Pernambuco e governa como regente do estado até 1644, fazendo uma excelente administração. As principais realizações de Nassau foram: 1. A concessão de crédito aos senhores de engenho para investimento em cana-de-açúcar; 2. Investimento na infra-estrutura da cidade de Recife, a transformando em um grande centro urbano; 3. Concessão de liberdade religiosa entre brasileiros e holandeses.

Nassau foi demitido em 1644, então, os holandeses aumentaram os impostos, começaram a cobrar as dívidas dos empréstimos concedidos aos senhores e se tornaram mais intransigentes em relação às praticas religiosas, o que gerou um descontentamento massivo na região. Além disso, a coroa portuguesa estava separada da coroa Espanhola desde 1640 e demonstrou interesse em retomar a região que estava sob o domínio holandês.

A expulsão efetiva foi iniciada em 1645 com a eclosão da Insurreição Pernambucana (1645-1654) que foi um movimento de caráter popular e teve o apoio de Portugal. As principais batalhas foram as de Monte Taboca (1646) e Guararapes (1648) e os principais lideres foram: André Vidal de Negreiros, João Fernandes Vieira (senhor de engenho), Felipe Camarão (índio) e Henrique Dias (negro).

4. InconFIDÊNCIA MINEIRA (1789)Aconteceu na capitania de Minas Gerais e foi causada pela alta carga de impostos cobrados

pela coroa sobre a exploração das minas de ouro. Foi uma conjuração de caráter elitista, ou seja, a maioria membros pertencia a elite mineira. Os inconfidentes tiveram influências do movimento iluminista e da independência dos EUA (1776). Os objetivos do movimento eram: a independência da Capitania de Minas Gerais, a adoção de moeda própria, a livre circulação de diamantes, a industrialização da região e a criação de universidades.

Com o declínio da produção de ouro no final do século XVIII, a coroa determinou uma grande cobrança dos impostos atrasados e o confisco dos bens para a cobertura das dívidas. Esta forma de cobrança ficou conhecida como a derrama e ela acelerou os preparativos da revolta, pois a intendência ofereceu perdão tributário a quem denunciasse revoltosos.

Com a oferta da de perdão, Joaquim Silvério dos Reis denunciou o movimento e entregou o Alferes Joaquim José da Silva Xavier como líder do movimento. Ele foi executado em 21/04/1792 com pena de enforcamento em praça pública e após sua morte teve o corpo esquartejado e espalhado pelos caminhos de Minas Gerais para servir de exemplo. Os demais inconfidentes foram exilados.

5. A CORTE NO BRASILNa primeira década do século XIX havia uma guerra entre a França do imperador Napoleão

Bonaparte e a Grã-Bretanha do Rei George III. Napoleão possuía planos de combate ao absolutismo na Europa e o exercito francês possuía grande força no em terra, porém, não foi capaz de transpor o mar e fazer frente à esquadra Inglesa. Sem poder acessar o território inglês, Napoleão tentou derrotar a Inglaterra financeiramente e impôs o Bloqueio Continental em novembro de 1806.

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Através do Bloqueio Continental, Napoleão proibiu que os países da Europa fizessem comércio com a Inglaterra sob pena de invasão do território. Portugal resistiu ao ultimato e seguiu fazendo comercio com os ingleses. No segundo semestre de 1807, Napoleão cumpriu suas ameaças e marchou pela península Ibérica, passou pelo território espanhol e chegou a Portugal em novembro de 1807. Prevendo uma invasão francesa, o Príncipe regente D. João de Portugal firmou um acordo com a Inglaterra em 22 de outubro de 1807 para garantir a viagem da corte portuguesa em segurança para sua colônia da América e em troca Portugal abriria os portos da colônia para comércio com a Inglaterra. Assim, as tropas inglesas se instalaram na Ilha da Madeira e em 29 de novembro de 1807 a Família real embarcou para o Brasil em uma frota de 15 navios. A esquadra que saiu de Portugal e os navios que traziam a família real chegaram a Salvador em 22 de janeiro de 1808.

Conforme o acordo firmado com a Inglaterra, o príncipe regente estabeleceu livre comércio para colônia brasileira e o fim do monopólio Português. Para regulamentar a abertura dos portos, o príncipe regente estabeleceu as taxas alfandegárias específicas de 15% para produtos ingleses, 16% para produtos portugueses e 24% para produtos de outras nações.

Além da abertura dos portos, a vinda da família real trouxe outras implicações para a colônia brasileira. D. João criou novos impostos, desapropriou as melhores casas do Rio de Janeiro para abrigar os nobres que o acompanharam, concedeu a permissão para a instalação de fábricas no Brasil, aumentou a imprensa, criou a primeira escola superior do Brasil e invadiu a Guiana Francesa em resposta à invasão francesa á Portugal. Além disso, o príncipe regente criou o Banco do Brasil, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a Biblioteca Nacional e financiou a vinda da Missão Artística Francesa para o Brasil.

Napoleão foi derrotado em 1814 e em 1815 foi convocado o congresso de Viena com objetivo de restaurar a antiga ordem na Europa e devolver o trono às monarquias depostas por Napoleão. O congresso estabeleceu que a monarquia deveria estar em uma sede reconhecida do seu reino para assumir seus direitos. No caso especifico de Portugal, o problema foi que a única sede reconhecida da monarquia portuguesa era Lisboa e a coroa não tinha a intenção de retornar.

Para resolver este problema, o príncipe regente decidiu elevar o Brasil à condição de Reino em 16 de dezembro de 1815, passando a categoria de Reino Unido de Portuga, Brasil e Algarves. Com a morte de D. Maria I em 1817, o príncipe D. João foi coroado D. João VI, rei de Portugal, Brasil e Algarves. A permanência da corte no Brasil levou a eclosão da Revolução Liberal do Porto (1820), em Portugal, e aos eventos que culminaram no processo de Independência do Brasil.

6. LEIS ABOLICIONISTAS LEI FEIJÓ - ‘Lei para inglês ver’ (7 de novembro de 1831). – Lei regencial criada para atender

as demandas do governo inglês pelo fim da escravização. Determinava que todos os escravos, que entrassem no território ou portos do Brasil, vindos de fora, ficavam livres. O Problema é que esta lei não foi fiscalizada e, na prática, apenas desviou o tráfico dos portos principais para portos adjacentes.

LEI EUSÉBIO DE QUEIRÓS (4 de setembro de 1850). - A lei proibia o tráfico negreiro transportado da África até as Colônias e estabelecia a liberdade para todos que chegassem aos portos brasileiros em condição de escravidão.

LEI DO VENTRE LIVRE (28 de setembro de 1871). – A lei previa que os filhos de mulher

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escrava que nascessem no Império a partir de então, seriam considerados de condição livre. Porém, a lei também previa que quando um filho de mãe escravizada nascia, ele deveria ficar com a mãe e o senhor dela até os 8 anos. Após os 8 anos, o senhor da mãe poderia escolher um dos dois destinos para ele: continuar com a criança até os 21 anos dela ou a criança era enviada para os cuidados do Governo até atingir os 21 anos. Em ambos os casos, os responsáveis pela criança poderiam explorar sua mão-de-obra para pagar os custos de sua criação.

LEI DOS SEXAGENÁRIOS (OU LEI SARAIVA-COTEGIPE) (28 de setembro de 1885). - A lei estabelecia que os escravos com 60 anos ou mais eram livres. Porém, como esses escravizados eram submetidos a trabalhos exaustivos, punições físicas e em péssimas condições de vida, dificilmente eles conseguiam atingir essa idade.

LEI ÁUREA (13 de maio de 1888). – A lei declarou extinta a escravidão no Brasil. A abolição da escravidão tornou os ex-escravos iguais perante a lei, mas isso não significou tratamento social igualitário. Após a abolição os libertos foram abandonados à própria sorte, pois o governo brasileiro não adotou nenhuma política pública para fornecer suporte esta parcela da população.

Sem acesso a terra, sem indenização por tempo de trabalho forçado, geralmente analfabetos e vítimas de todo tipo de preconceitos, muitos ex-escravos tiveram que permanecer nas fazendas em que eram explorados ou aceitar subempregos para sobreviver. Vale lembrar que o Brasil foi o último país do continente a acabar com a prática da escravidão.

7. REPÚBLICA CAFÉ COM LEITE OU REPÚBLICA DAS OLIGARQUIAS (1894 – 1930)

A política do café com leite foi um acordo firmado entre as oligarquias estaduais e o governo federal durante a República Velha para que os presidentes da República fossem escolhidos entre os políticos de São Paulo e Minas Gerais. Os estados de São Paulo e Minas Gerais possuíam mais de um terço da população brasileira e formavam os maiores colégios eleitorais do país.

O sistema que garantia essa alternância ficou conhecido como política dos governadores foi uma organização político não oficial, idealizada e colocada em prática pelo presidente Campos Sales (1898 – 1902) e consistia na troca de favores políticos entre o presidente da República e os governadores dos estados. De acordo com esta política, o presidente da República não interferia nas questões estaduais e, em troca, os governadores davam apoio político ao executivo federal. Dois elementos eram fundamentais para evitar qualquer falha no sistema: o Coronelismo e Comissão de Verificação.

Como funcionava na prática a política dos governadores?

• PRESIDENTE - Não interferia na vida política dos estados. O governo federal fazia vistas grossas à corrupção, ilegalidades de todo tipo e má administração que muitas vezes faziam parte de muitos governos estaduais.

• GOVERNADORES - Não faziam oposição ao governo federal, instruíam os congressistas de sua base a votarem favoravelmente aos projetos do executivo. Os governadores usavam todos os recursos (legais e ilegais) para eleger deputados e senadores que iriam dar apoio e sustentação política ao presidente da República. Os governadores, ao apoiarem os coronéis em seus poderes locais ganhavam em troco a eleição do candidato escolhido por eles, perfazendo uma troca de favores completa.

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• CORONEL - Eram os grandes proprietários de terra ou os comerciantes enriquecidos que exerciam seu poder sobre a grande camada da população composta de trabalhadores carentes e analfabetos. Utilizavam o voto de cabresto, pois o voto não era secreto e não era livre. O coronel exercia o completo controle do curral eleitoral e seu autoritarismo estava ligado ao uso da violência, causando medo nos trabalhadores ou a preocupação de perderem suas fontes de sustento. Os coronéis exerciam o seu poder e faziam seus acordos com os governadores em troco de mais poder e prestígio.

A Comissão de Verificação era uma ferramenta extra que analisava todos os candidatos eleitos fazendo uma triagem fraudulenta de todos aqueles que eram indesejáveis. Se de algum modo um candidato de oposição fosse eleito, essa comissão tinha seus meios para vetar sua posse. Assim, o presidente tinha total apoio nas bancadas do Congresso, uma vez que o Governo Federal respeitava as decisões dos partidos dominantes de cada estado e estes permitiam o poder do coronel em suas regiões. Esta comissão era chefiada por um político de confiança do presidente da República e seus integrantes eram congressistas que apoiavam o governo federal.

8. O CAFÉ O Café chegou ao Brasil na segunda década do século XVIII e as no século XIX se espalhou

pelas fazendas de São Paulo e do Rio de Janeiro. O produto abasteceu o mercado externo (principalmente EUA e Europa) e o mercado interno. A queda nas exportações de algodão, açúcar e cacau impulsionaram a adoção do plantio de café e a maior parte do ciclo do café ocorreu na economia brasileira entre os anos de 1800 e 1930. O Vale do Paraíba predominou por muito tempo no comando da produção cafeeira não por acaso. A região possuía excelentes condições climáticas com chuvas regulares, além de uma ótima geografia para cultivo.

O plantio de café levou à concentração do poder político e econômico na região sudeste e ao aumento do desenvolvimento industrial e urbano. Além disso, a imigração européia forneceu muita mão-de-obra para as lavouras de café e indústrias do sudeste. A cafeicultura também gerou a construção de ferrovias para escoar a produção de café do interior de São Paulo para o porto de Santos.

Com a queda da bolsa de Nova York em 1929, as exportações de café caíram mais da metade entre 1929 e 1932. O preço do produto despencou um terço em 1931 e a entrada de capital estrangeiro cessou quase por completo em 1932. Como nossa economia estava baseada na exportação de café, o país entrou em uma severa crise econômica.

Para manter o equilíbrio financeiro, o estado agiu de forma disciplinadora através da manutenção do controle de Oferta x Demanda. Vargas criou o Conselho Nacional do Café (CNC) em 1931 e o substituiu pelo Departamento Nacional do Café (DNC) em 1933. De 1931 a 1934 a tentativa de regular o café contou com cerca de 80 milhões de sacas de café queimadas ou jogadas ao mar.

9. ERA VARGASO primeiro período presidencial de Getúlio Dornelles Vargas foi composto por três fases:

Governo Provisório (03.Nov.1930 a 20.Jul.1934); Governo Constitucional (20.Jul.1934 a 10.Nov.1937) e Estado Novo (10.Nov.1937 a 29.Nov.1945). O período conhecido como Estado Novo foi um período ditatorial e teve inicio com um golpe baseado em uma ameaça comunista que não existia, o instrumento deste golpe foi o “Plano Cohen”.

O Plano Cohen foi um documento revelado pelo governo brasileiro que continha um suposto

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plano para a tomada do poder pelos comunistas. No dia 30 de setembro de 1937, o general Góes Monteiro chefe do Estado-Maior do Exército brasileiro, noticiou, através do programa radiofônico Hora do Brasil, a descoberta de um plano cujo objetivo era derrubar o presidente Getúlio Vargas.

Segundo o general, o Plano Cohen tinha sido arquitetado, em conjunto, pelo Partido Comunista Brasileiro e por organizações comunistas internacionais. O plano, supostamente apreendido pelas Forças Armadas, anunciava uma nova insurreição armada, semelhante à Intentona de 1935. A teórica invasão comunista previa: a agitação de operários e estudantes; a liberdade de presos políticos; o incêndio de casas e prédios públicos; manifestações populares que terminariam em saques e depredações; a eliminação de autoridades civis e militares que se opusessem à tomada do poder.

Como a autenticidade do documento apresentado como prova do plano comunista não foi questionada, no dia seguinte ao pronunciamento do general Góes Monteiro e diante da "ameaça vermelha", Getúlio Vargas solicitou ao Congresso Nacional a decretação do Estado de Guerra, concedido naquele mesmo 1º de outubro. Em seguida, usando dos poderes que esse instrumento lhe atribuía, deu início a uma intensa perseguição aos comunistas e também a opositores políticos.

No dia 10 de novembro, a ditadura do Estado Novo foi implantada. Algumas semanas depois, com o apoio de várias lideranças nacionais, com as quais havia se aliado desde a revelação do Plano Cohen, Getúlio autorizou o Exército a cercar o Congresso Nacional, no Rio de Janeiro. À noite, em pronunciamento ao país, o presidente anunciou a outorga da nova Constituição. Começava, assim, o período da Era Vargas, conhecido como Estado Novo, que terminaria apenas em 1945, com o afastamento de Vargas da presidência.

A Constituição de 1937 foi apelidada de “polaca”, pois, tal como a Constituição Polonesa de 1921, a Constituição Brasileira também não passou por uma Assembléia Constituinte e foi outorgada pelo chefe do Executivo, tendo ainda um texto que dava a esse chefe muitos dispositivos para influenciar completamente toda a composição do governo.

A Constituição de 1937 dava respaldo legal para o regime autoritário do Estado Novo e era um retrocesso, se comparada à anterior, em termos de democracia e direitos humanos. Vargas concedeu total liberdade de ação à Polícia Especial e criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) com as funções de fazer a propaganda do governo e censurar os meios de comunicação. O novo sistema de governo também eliminou o direito de greve, reintroduziu a pena de morte e estabeleceu que os estados recebessem interventores nomeados pelo presidente. A Justiça Eleitoral e os partidos políticos foram extintos. Vale lembrar que os crimes e as perseguições a quem se opôs a essa forma de governo continuaram até o fim do regime e, quando este chegou ao fim, as atrocidades cometidas ficaram impunes.

O Decreto-Lei nº 5. 452, de 1º de maio de 1943, ficou conhecido como Consolidação Das Leis Trabalhistas (CLT) e regulamentou as relações trabalhistas, tanto do trabalho urbano quanto do rural. Desde sua publicação já sofreu várias alterações, visando adaptar o texto às nuances da modernidade. Apesar disso, ela continua sendo o principal instrumento para regulamentar as relações de trabalho e proteger os trabalhadores.

As leis trabalhistas outorgadas por Vargas atenderam a demandas muito antigas das classes trabalhadoras e trouxeram para Vargas muita popularidade. Seus principais assuntos são: registro do trabalhador/carteira de trabalho; jornada de trabalho; período de descanso; férias; medicina do trabalho; categorias especiais de trabalhadores; proteção do trabalho da mulher; contratos individuais de trabalho; organização sindical; convenções coletivas; fiscalização; justiça do trabalho e processo trabalhista.

Com o final da 2ª Guerra Mundial (1945) e a derrota das nações fascistas, a opinião pública

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começou a contestar o regime ditatorial varguista. Intelectuais, artistas, profissionais liberais e grande parcela do povo queriam a volta da democracia ao país. A pressão para a renúncia de Vargas aumentava a cada dia. No dia 29 de outubro de 1945, um movimento militar, liderado por generais, depôs do poder Getúlio Vargas.

Entre os meses de março e maio no estado de São Paulo surgiram as primeiras manifestações de oposição da destituição de Getúlio Vargas, o movimento chamava-se panela vazia. E também no mês de maio, os trabalhadores urbanos e simpatizantes do populismo varguista com a mesma reivindicação do movimento panela vazia, saíram às ruas para protestar. Com palavras de ordem, faixas e cartazes milhões de pessoas gritavam “Queremos Getúlio”, por essa razão o movimento ficou conhecido como Queremismo. A grande contradição deste movimento é que os manifestantes queriam a restituição do regime democrático, porém, também queriam que Vargas concorresse como presidente.

10. PRESIDENTE JUSCELINO KUBITSCHEK (1955-1960) Foi um presidente de caráter desenvolvimentista e nacionalista, que defendia o

desenvolvimento acelerado da Indústria e buscou atrair o capital estrangeiro para o país. Outro destaque do governo JK foi seu plano de desenvolvimento, que ficou conhecido como 50 anos em 5. Tratava-se de um projeto de desenvolvimento nacional com trinta e uma metas, a trigésima primeira meta era a construção de Brasília e a transferência da capital federal para lá. O Plano de Metas pretendeu atuar em cinco setores da economia nacional e estabeleceu várias metas para cada um deles, esses setores foram: energia, transportes, indústrias de base, alimentação e educação.

Esses três primeiros setores mencionados receberam 93% dos recursos, e educação e alimentação contaram apenas com 7% dos investimentos. O resultado mais significativo do Plano de Metas foi o crescimento em 100% na indústria de base nacional. E a utilização de capital estrangeiro para fomentar o Plano de Metas gerou desequilíbrio monetário no país. O controle estrangeiro sobre a economia brasileira era preponderante nas indústrias automobilísticas, de cigarros, farmacêutica e mecânica. Em pouco tempo, as multinacionais começaram a remeter grandes remessas de lucros (muitas vezes superiores aos investimentos por elas realizados) para seus países de origem. Esse tipo de procedimento era ilegal, mas as multinacionais burlavam as próprias leis locais.

Por um lado o Plano de Metas alcançou os resultados esperados, por outro, foi responsável pela consolidação de um capitalismo extremamente dependente que sofreu muitas críticas e acirrou o debate em torno da política desenvolvimentista. Os investimentos na indústria de base resultaram na criação da Usiminas, da Cosipa, das hidrelétricas de Três Marias e de Furnas. Além disso, JK criou novos portos e construiu cerca de 20mil km de estradas.

11. O GOLPE MILITAR Apesar de ter ocorrido no ano de 1964, o golpe passou a ser desenhado desde as primeiras

medidas de João Goulart, conhecido como Jango. O cenário de sua posse em 07 de setembro de 1961 já era conturbado: desestabilidade política, inflação, esgotamento do ciclo de investimentos do governo Juscelino Kubitschek, grande desigualdade social e intensas movimentações em torno da questão agrária. Diante desse cenário e de acordo com suas tendências políticas, declaradamente de esquerda, Jango apostou nas Reformas de Base para enfrentar os desafios lançados a seu governo.

Diante desse abismo entre os grupos de direita e de esquerda, o golpe começou a ser elaborado pelos grupos conservadores e pelas Forças Armadas em diálogo com os Estados Unidos da América através da CIA (Central Intelligence Agency) pensando nas eleições de

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1962 para o Congresso Nacional e para o governo dos estados da União.Com inflação anual na casa de 79,9%, um crescimento econômico tímido (1,5%) o Brasil

passou a sofrer restrições dos credores internacionais. Nesse contexto, os EUA passaram a financiar o golpe através da eleição dos governos dos estados de São Paulo, Guanabara (atual Rio de Janeiro) e Minas Gerais.

Frente às pressões sofridas nos meses que se seguiram, Jango articulou o Comício da Central do Brasil. Ocorrido em uma sexta-feira, 13 de março de 1964, o evento esteve cercado de simbologias que o ligavam a figura de Getúlio Vargas. A partir desse clima de desconfianças e alardes, foi organizada a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, preparada pelo IPES (Instituto de Pesquisa e Estudos Sociais) sob a figura da União Cívica Feminina com o apoio de setores de direita. A Marcha reuniu cerca de 500 mil pessoas na Praça da República, na capital paulista, em protesto

Ainda faltava a unificação das forças militares em favor do golpe, o que foi provocado pelas atitudes tomadas por Jango em relação aos marinheiros que participaram da Revolta dos Marinheiros, realizada em 25 de março. Ao anistiar os revoltosos e passar por cima das autoridades militares responsáveis, Jango deu o último elemento necessário à realização do golpe de 1964: o apoio das Forças Armadas contra seu governo e suas pretensões, classificadas como comunistas.

Os EUA já estavam a postos para colocar em prática a Operação Brother Sam e, em 31 de março de 1964, o pontapé foi dado pelos mineiros, sob a liderança do general Olympio Mourão Filho, que marchou com suas tropas de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro e iniciou o processo de deposição do presidente João Goulart com o apoio dos EUA e das Forças Armadas. O Golpe foi concluído na madrugada de 02 de abril de 1964, quando o Congresso, em sessão secreta realizada de madrugada, declarou a Presidência da República vaga.

12. DITADURA MILITAR (1964 – 1985) Com retirada de Jango, a linha sucessória fez de Ranieri Mazili, até então presidente da

câmara, o novo presidente da república. O comando militar, por meio do presidente da Câmara, decretou o Ato Institucional Nº 1 (AI-1) que conferia ao congresso o poder de eleger o presidente provisório da República, cujo mandato duraria 18 meses. Assim, no dia 11 de abril de 1964 o Marechal Castelo Branco foi eleito Presidente da República com 361 votos da UDN e do PSB.

O governo Castelo Branco decretou uma série de Atos Institucionais que aumentavam o poder e o controle do executivo:

• AI-2 (27/07/65) - Deu ao presidente o poder de realizar cassações, decretar estado de sítio, efetuar intervenções nos estados e municípios e decretar recesso no Congresso Nacional. O AI-2 também alterou o formato das eleições para presidente e vice, tornando-as indiretas com voto nominal e aberto. Foi limitada a livre manifestação de pensamento e foram extintos todos os partidos e criados dois: ARENA – Aliança Renovadora Nacional (Situação) e o MDB – Movimento Democrático Brasileiro (Oposição).

• AI-3 (05/02/66) - Estendeu a eleição indireta e com voto nominal para governadores e vices, permitiu a nomeação dos prefeitos das cidades consideradas de “segurança nacional”, incluindo as capitais de estados. O direito de nomear os prefeitos foi concedido aos governadores.

• AI-4 (24/01/1967) - Esta constituição foi promulgada pelo congresso e aumentou a centralização do poder o poder do executivo, diminuiu a participação popular, diminuiu

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o poder do estado, manteve as eleições indiretas dos AIs anteriores, proibiu greves no serviço público e em “atividades essenciais” e criou o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço).

A partir de 1967, a população começou a se posicionar e se opor cada vez mais ao autoritarismo do governo militar. Após várias manifestações públicas de diferentes frentes da sociedade brasileira, o governo reagiu através da publicação do Ato Institucional Nº5 (AI-5).

Assinado pelo presidente Marechal Arthur Costa e Silva, o AI-5 (13/12/1968) estabeleceu: o fechamento do legislativo (Câmara e Senado); a suspensão do Habeas Corpus, dos direitos políticos e das garantias constitucionais individuais; deu plenos poderes ao executivo para intervir nos estados e municípios, demitir e aposentar funcionários públicos e cassar políticos e líderes sindicais; impôs censura drástica aos meios de comunicação; deu ao presidente o poder de decretar estado de sítio sem passar pelo Congresso; determinou o julgamento de presos políticos por tribunais militares.

O congresso foi fechado no dia do decreto do AI-5 e permaneceu em recesso até 30/10/1969. No dia 29/08/1969 o presidente sofreu um derrame e organizou-se uma junta militar que baixou um Ato Institucional que impediu Pedro Aleixo (vice) de tomar posse. Assim, o General Emílio Garrastazu Médici foi eleito em 1969 para ocupar a presidência.

Em 1970 o Exercito criou o Departamento de Operações Internas (DOI) e o Centro de Operações de Defesa Interna (CODI). Os órgãos foram responsáveis pela tortura, desaparecimento e morte de milhares de pessoas.

O governo Médici também foi um período de intensas propagandas de nacionalismo ufanista, ou seja, campanhas do governo de exaltação do nacional. Estas campanhas foram caracterizadas pela utilização de slogans e propaganda da construção de obras faraônicas. Entre os slogans mais propagados estavam: “Este é um país que vai pra frente”, “Brasil, ame-o ou deixe-o”, “Ninguém segura este país”, “Pra frente Brasil” e “Até 1964 o Brasil era o país do futuro: agora o futuro chegou”.

O governo Médici também inaugurou grandes obras como a ponte Presidente Costa e Silva (Ponte Rio - Niterói), a Hidrelétrica de Itaipu, a Rodovia Transamazônica e a Usina de Ilha Solteira. O problema é que a construção destas obras foi feia a custo de grandes empréstimos internacionais. A entrada deste dinheiro elevou o PIB brasileiro em 10% e ficou conhecido como “o milagre econômico”. A questão é que o crescimento econômico não interferiu na vida da população, pois a riqueza não foi dividida. Houve a concentração de riqueza que aumentou muito a pobreza das classes trabalhadoras.

Os Governos do General Ernesto Geisel e do General João Baptista Figueiredo foram marcados por um lento processo de retorno de reabertura política e diversas medidas autoritárias. As últimas medidas para chegar a reabertura política foram encaminhadas no Governo Figueiredo e a mais controversa é a Lei da anistia que foi assinada em 28 de agosto de 1979 e beneficiou mais de 4mil pessoas entre presos políticos e exilados penalizados pela ditadura, porém, ela foi estendida também aos torturadores e até aos responsáveis por fraudes eleitorais. Foi durante o Governo Figueiredo também que o pluripartidarismo foi retomado.

O Governo Militar chegou ao fim nas eleições de 1985, onde ambos os candidatos eram civis. Aliança Democrática: PMDB + dissidentes do PDS lançaram Tancredo Neves, tendo como vice José Sarney e o PDS lançou Paulo Salim Maluf. No dia 15/01/1985 o colégio eleitoral deu vitória ao Tancredo Neves com 480 votos contra 180 votos de Paulo Maluf. Com exceção do PCB, que ainda estava na clandestinidade, as demais forças de esquerda, lideradas pelo PT, não aceitaram participar de eleições indiretas.

Este período foi marcado pela perseguição às organizações de oposição ao regime militar,

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estes grupos sofreram violências como prisão arbitrária, tortura, desaparecimentos. O país viveu uma grave situação política, embora a maior parte da população não tenha percebido, pois o chamado “milagre econômico” mascarou com a ilusão de prosperidade. Durante o período militar, acentuou-se a internacionalização da economia, o aumento da dependência econômica em relação ao capital estrangeiro e houve o crescimento da dívida externa. A população passou por um empobrecimento devido a alta inflação e o achatamento salarial. Na transição governamental, o presidente civil recebeu índices elevados de: analfabetismo, mortalidade infantil, subnutrição e evasão escolar.

Em 2011 a presidente Dilma Rousseff criou a Comissão Nacional da Verdade por meio da lei 12.528, com o objetivo de “apurar graves violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988”. Instituída em maio de 2012, quase trinta anos depois do fim da ditadura militar, veio investigar os crimes de agentes do Estado contra cidadãos que lutaram contra a repressão.

Resultado de uma longa luta de familiares e grupos de defesa dos direitos humanos, tinha um prazo de dois anos para os trabalhos, que foi estendido para dois anos e meio. Em sua formação original, contou com sete membros: Cláudio Fonteles, Gilson Dipp, José Carlos Dias, José Paulo Cavalcanti Filho, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro e Rosa Maria Cardoso da Cunha, além de 14 assessores e uma vasta equipe de pesquisadores.

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EXERCÍCIOS

01. (ENEM 2018)A poetisa Emilia Freitas subiu a um palanque, nervosa, pedindo desculpas por não possuir títulos nem conhecimentos, mas orgulhosa ofereceu a sua pena que "sem ser hábil, é, em compensação, guiada pelo poder da vontade". Maria Tomásia pronunciava orações que levantavam os ouvintes. A escritora Francisca Clotilde arrebatava, declamando seus poemas. Aquelas "angélicas senhoras", "heroínas da caridade", levantavam dinheiro para comprar liberdades e usavam de seu entusiasmo a fim de convencer os donos de escravos a fazerem alforrias gratuitamente.MIRANCIA, A. Disponível em: www.opovoonline.com.br. Acesso em: 10 jun 2015.

As práticas culturais narradas remetem, historicamente, ao movimento:a) Feministab) Sufragistac) Socialistad) Republicanoe) Abolicionista

02. (ENEM 2018)A rebelião luso-brasileira em Pernambuco começou a ser urdida em 1644 e explodiu em 13 de junho de 1645 , dia de Santo Antônio. Uma das primeiras medidas de João Fernandes foi decretar nulas as dividas que os rebeldes tinham com os holandeses. Houve grande adesão da “nobreza da terra”, entusiasmada com esta proclamação heroica.VANFAS, R. Guerra declarada e paz fingida na restauração portuguesa. Tempo, n. 27, 2009.

O desencadeamento dessa revolta na América portuguesa seiscentista foi o resultado do(a)a) Fraqueza bélica dos protestantes batavos.b) Comércio transatlântico da África ocidental.c) Auxílio financeiro dos negociantes flamengos.d) Diplomacia internacional dos Estados ibéricos.e) Interesse econômico dos senhores de engenho.

03. (Enem 2018)

TEXTO IPrograma do Partido Social Democrático (PSD)

Capitais estrangeirosÉ indispensável manter clima propício à entrada de capitais estrangeiros. A manutenção desse clima recomenda a adoção de normas disciplinadoras dos investimentos e suas rendas, visando reter no país a maior parcela possível dos lucros auferidos.

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TEXTO IIPrograma da União Democrática Nacional (UDN)

O capitalApelar para o capital estrangeiro, necessário para os empreendimentos da reconstrução nacional e, sobretudo, para o aproveitamento das nossas reservas inexploradas, dando-lhe um tratamento

equitativo e liberdade para a saída dos juros.CHACON, V. História dos partidos brasileiros: discurso e práxis dos seus programas. Brasília: UnB, 1981

(adaptado).

Considerando as décadas de 1950 e 1960 no Brasil, os trechos dos programas do PSD e UDN convergiam na defesa daa) autonomia de atuação das multinacionais.b) descentralização da cobrança tributária.c) flexibilização das reservas cambiais.d) liberdade de remessa de ganhos.e) captação de recursos do exterior.

04. (ENEM 2017)TEXTO IDocumentos do século XVI algumas vezes se referem aos habitantes indígenas como “os brasis”, ou “gente brasília” e, ocasionalmente no século XVII, o termo “brasileiro” era a eles aplicado, mas as referências ao status econômico e jurídico desses eram muito mais populares. Assim, os termos “negro da terra” e “índios” eram utilizados com mais frequência do que qualquer outro.SCHWARTZ, S. B. Gente da terra braziliense da nação. Pensando o Brasil: a construção de um povo. In: MOTA, C. G.

(Org.).Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-2000). São Paulo: Senac, 2000 (adaptado).

TEXTO IIÍndio é um conceito construído no processo de conquista da América pelos europeus. Desinteressados pela diversidade cultural, imbuídos de forte preconceito para com o outro, o indivíduo de outras culturas, espanhóis, portugueses, franceses e anglo-saxões terminaram por denominar da mesma forma povos tão díspares quanto os tupinambás e os astecas. SILVA, K. V.; SILVA, M. H. Dicionário de conceitos históricos. São Paulo: Contexto, 2005.

Ao comparar os textos, as formas de designação dos grupos nativos pelos europeus, durante o período analisado, são reveladoras daa) concepção idealizada do território, entendido como geograficamente indiferenciado.b) percepção corrente de uma ancestralidade comum às populações ameríndias.c) compreensão etnocêntrica acerca das populações dos territórios conquistados.d) transposição direta das categorias originadas no imaginário medieval.e) visão utópica configurada a partir de fantasias de riqueza.

05. (ENEM 2017)A regulação das relações de trabalho compõe uma estrutura complexa, em que cada elemento se ajusta aos demais. A Justiça do Trabalho é apenas uma das peças dessa

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vasta engrenagem. A presença de representantes classistas na composição dos órgãos da Justiça do Trabalho é também resultante da montagem dessa característica. Instituída pela Constituição de 1934, a Justiça do Trabalho só vicejou no ambiente político do Estado Novo instaurado em 1937ROMITA, A. S. Justiça do Trabalho: produto do Estado Novo. In: PANDOLFI, D. (Org.).Repensando o Estado Novo. Rio de Janeiro: Editora

FGV, 1999.

A criação da referida instituição estatal na conjuntura histórica abordada teve por objetivoa) legitimar os protestos fabrisb) ordenar os conflitos laboraisc) oficializar os sindicatos pluraisd) assegurar os princípios liberaise) unificar os salários profissionais

06. (Enem 2015)O que implica o sistema da pólis é uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos do poder. A palavra constitui o debate contraditório, a discussão, a argumentação e a polêmica. Torna-se a regra do jogo intelectual, assim como do jogo político.VERNANT, J.P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Bertrand, 1992

Na configuração politica da democracia grega em especial a ateniense, a ágora tinha por funçãoa) agregar os cidadãos em torno de reis que governavam em prol da cidade.b) permitir aos homens livres o acesso às decisões do Estado expostas por seus magistrados.c) constituir o lugar onde o corpo de cidadãos se reunia para deliberar sobre as questões da comunidade.d) reunir os exércitos para decidir em assembleias fechadas os rumos a serem tomados em caso de guerra.e) congregar a comunidade para eleger representantes com direito a pronunciar-se em assembleias.

07. (Enem 2015)TEXTO IEm todo o país a lei de 13 de maio de 1888 libertou poucos negros em relação à população de cor. A maioria já havia conquista a alforria antes de 1888, por meio de estratégias possíveis. No entanto, a importância histórica da lei de 1888 não pode ser mensurada apenas em termos numéricos. O impacto que a extinção da escravidão causou numa sociedade constituída a partir da legitimidade da propriedade sobre a pessoa não cabe em cifras.ALBUQUERQUE, W. O jogo da dissimulação: Abolição e cidadania negra no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 2009

(adaptado).

TEXTO IINos anos imediatamente anteriores à Abolição, a população livre do Rio de Janeiro se tornou mais numerosa e diversificada. Os escravos, bem menos numerosos que antes, e com os africanos mais aculturados, certamente não se distinguiam muito facilmente dos libertos e dos pretos e pardos livres habitantes da cidade. Também já não é razoável presumir que uma pessoa de

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cor seja provavelmente cativa, pois os negros libertos e livres poderiam ser encontrados em toda parte.CHALHOUB, S. Visões da liberdade: uma história das últimas décadas da escravidão na Corte. São Paulo: Cia. das

Letras, 1990 (adaptado).

Sobre o fim da escravidão no Brasil, o elemento destacado no Texto I que complementa os argumentos apresentadosno Texto II é o(a)a) variedade das estratégias de resistência dos cativos.b) controle jurídico exercido pelos proprietários.c) inovação social representada pela lei.d) ineficácia prática de libertação.e) significado político da Abolição.

08. (Enem 2015)A casa de Deus, que acreditam una, está, portanto, dividida em três: uns oram, outros combatem, outros, enfim, trabalham. Essas três partes que coexistem não suportam ser separadas; os serviços prestados por uma são a condição das obras das outras duas; cada uma por sua vez encarrega-se de aliviar o conjunto... Assim a lei pode triunfar e o mundo gozar da paz.ALDALBERON DE LAON, In: SPINOSA, F. Antologia de textos históricos medievais. Lisboa: sá da Costa, 1981.

A ideologia apresentada por Aldalberon de Laon foi produzida durante a Idade Média. Um objetivo de tal ideologia e um processo que a ela se opôs estão indicados, respectivamente, em:a) Justificar a dominação estamental / revoltas camponesas.b) Subverter a hierarquia social / centralização monárquica.c) Impedir a igualdade jurídica / revoluções burguesas.d) Controlar a exploração econômica / unificação monetária.e) Questionar a ordem divina / Reforma Católica.

09. (Enem 2015)

Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início dos anos de 1850, pouco mais de uma década após o Golpe da Maioridade. Considerando o contexto histórico em que foram produzidas e os elementos simbólicos destacados, essas imagens representavam uma) jovem imaturo que agiria de forma irresponsável.b) imperador adulto que governaria segundo as leis.

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c) líder guerreiro que comandaria as vitórias militaresd) soberano religioso que acataria a autoridade papal.e) monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo.

10. (Enem 2015)

Calendários são fontes históricas importantes, na medida em que expressam a concepção de tempo das sociedades. Essas imagens compõem um calendário medieval (1460-1475) e cada uma delas representa um mês de janeiro a dezembro. Com base na análise do calendário, apreende-se uma concepção de tempo a) cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retornob) humanista, identificada pelo controle das horas da atividade por parte do trabalhadorc) escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o trabalho.d) natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo com as estações do ano.e) romântica, definida por uma visão bucólica da sociedade

11. (Enem 2015)

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No período de 1964 a 1985, a estratégia do Regime Militar abordada na charge foi caracterizada pela a) priorização da segurança nacional.b) captação de financiamentos financeiros c) execução de cortes nos gastos públicosd) nacionalização de empresas multinacionais.e) promoção de políticas de distribuição de renda.

12. (Enem 2015)A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e dessa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso, nem medida.GÂNDAVO, P. M. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que vulgarmente chamamos Brasil: Rio de Janeiro:

Zahar, 2004 (adaptado)

A observação do cronista português Pero de Magalhães de Gândavo, em 1576, a ausência das letras F, l e R na língua mencionada, demonstra a a) simplicidade da organização social das tribos brasileirasb) dominação portuguesa imposta aos índios no início da colonização.c) superioridade da sociedade européia em relação à sociedade indígenad) incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos portugueses.e) dificuldade experimental pelos portugueses no aprendizado da língua nativa.

13. (Enem 2014)

A transferência da corte trouxe para a América portuguesa a família real e o governo da Metrópole. Trouxe também, e sobretudo, boa parte do aparato administrativo português. Personalidades diversas e funcionários régios continuaram embarcando para o Brasil atrás da corte, dos seus empregos e dos seus parentes após o ano de 1808.NOVAIS, F. A.; ALENCASTRO, L. F. (Org.). História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.

Os fatos apresentados se relacionam ao processo de independência da América portuguesa por terema) incentivado o clamor popular por liberdade.b) enfraquecido o pacto de dominação metropolitana.c) motivado as revoltas escravas contra a elite colonial.d) obtido o apoio do grupo constitucionalista português.e) provocado os movimentos separatistas das províncias.

14. (Enem 2014)O problema central a ser resolvido pelo Novo Regime era a organização de outro pacto de poder que pudesse substituir o arranjo imperial com grau suficiente de estabilidade. O próprio presidente Campos Sales resumiu claramente seu objetivo: “É de lá, dos estados, que se governa a República, por cima das multidões que tumultuam agitadas nas ruas da capital da União. A política dos estados é a política nacional”.(CARVALHO, J. M. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987 (adaptado).

Nessa citação, o presidente do Brasil no período expressa uma estratégia política no sentido de

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a) governar com a adesão popular.b) atrair o apoio das oligarquias regionais.c) conferir maior autonomia às prefeituras.d) democratizar o poder do governo central.e) ampliar a influência da capital no cenário nacional.

15. (Enem 2014)TEXTO lO presidente do jornal de maior circulação do país destacava também os avanços econômicos obtidos naqueles vinte anos, mas, ao justificar sua adesão aos militares em 1964, deixava clara sua crença de que a intervenção fora imprescindível para a manutenção da democracia.Disponível em: http://oglobo.globo.com. Acesso em: 1 set. 2013 (adaptado).

TEXTO IINada pode ser colocado em compensação à perda das liberdades individuais. Não existe nada de bom quando se aceita uma solução autoritária.FICO, C. A educação e o golpe de 1964. Disponível em: www.brasilrecente.com. Acesso em: 4 abr. 2014 (adaptado).

Embora enfatizem a defesa da democracia, as visões do movimento político-militar de 1964 divergem ao focarem, respectivamente:a) Razões de Estado – Soberania popular.b) Ordenação da Nação – Prerrogativas religiosas.c) Imposição das Forças Armadas – Deveres sociais.d) Normatização do Poder Judiciário – Regras morais.e) Contestação do sistema de governo – Tradições culturais.

GABARITO

QUESTÃO RESPOSTA QUESTÃO RESPOSTA

1 E 9 B

2 E 10 D

3 E 11 B

4 C 12 D

5 B 13 B

6 C 14 B

7 E 15 A

8 A

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRAICK, P. R.; MOTA, M. B. História: das cavernas ao terceiro milênio. Volume único. 3 ed. São Paulo: Moderna, 2007.

BRASIL. Portal da Legislação: Legislação histórica. Disponível em: <http://www4.planalto.gov.br/legislacao/legislacao-historica> Acesso em: jun.2018.

FAUSTO, B. História do Brasil. 2ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1995. Disponível em: <https://nossahistorianet.files.wordpress.com/2015/02/historia-do-brasil-boris-fausto.pdf> Acesso em: jun.2018.

INEP – INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA. ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio 2014 – Caderno Rosa. Ministério da Educação. Disponível Em: <http://download.inep.gov.br/educacao_basica/enem/provas/2014/CAD_ENEM_2014_DIA_1_04_ROSA.pdf> Acesso em agosto de 2019.

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PELLEGRINI, M. C.; DIAS, A. M.; GRINBERG, K.. Coleção Novo olhar História: ensino médio – manual do professor. 2 ed. v.1, 2 e 3. São Paulo: FTD, 2013.