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A EDITORA FORENSE se responsabiliza pelos vcios do produto no que concerne sua edio (impresso e apresentao afim de possibilitar ao consumidor bem manuse-lo e l-lo). Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidadepor eventuais danos ou perdas a pessoa ou bens, decorrentes do uso da presente obra.Todos os direitos reservados. Nos termos da Lei que resguarda os direitos autorais, proibida a reproduo total ou parcialde qualquer forma ou por qualquer meio, eletrnico ou mecnico, inclusive atravs de processos xerogrficos, fotocpia egravao, sem permisso por escrito do autor e do editor.

Impresso no Brasil Printed in Brazil

Direitos exclusivos para o Brasil na lngua portuguesaCopyright 2017 byEDITORA FORENSE LTDA.Uma editora integrante do GEN | Grupo Editorial NacionalRua Conselheiro Nbias, 1384 Campos Elseos 01203-904 So Paulo SPTel.: (11) 5080-0770 / (21) [email protected] / www.grupogen.com.br

O titular cuja obra seja fraudulentamente reproduzida, divulgada ou de qualquer forma utilizada poder requerer a apreensodos exemplares reproduzidos ou a suspenso da divulgao, sem prejuzo da indenizao cabvel (art. 102 da Lei n. 9.610,de 19.02.1998).Quem vender, expuser venda, ocultar, adquirir, distribuir, tiver em depsito ou utilizar obra ou fonograma reproduzidoscom fraude, com a finalidade de vender, obter ganho, vantagem, proveito, lucro direto ou indireto, para si ou para outrem,ser solidariamente responsvel com o contrafator, nos termos dos artigos precedentes, respondendo como contrafatores oimportador e o distribuidor em caso de reproduo no exterior (art. 104 da Lei n. 9.610/98).

Capa: Danilo Oliveira

Produo Digital: Equiretech

Fechamento desta edio: 03.01.2017

CIP Brasil. Catalogao na fonte.Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ.

C35mTartuce, Flvio

Manual de direito do consumidor : direito material e processual / Flvio Tartuce, Daniel Amorim Assumpo Neves. 6.ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense; So Paulo: MTODO, 2017.

Inclui bibliografiaISBN: 978-85-309-7450-3

1. Brasil. [Cdigo de Defesa do Consumidor (1990)]. 2. Defesa do consumidor - Brasil. I. Neves, Daniel AmorimAssumpo. II. Ttulo.

11-6847. CDU: 34:366.1(81)

mailto:[email protected]://www.grupogen.com.br/

A Carlos Cesar Danese Silva, meu pai.

10.10.194612.10.2011

Despedida

Na vida, h algumas poucas certezas e uma delas, sem dvida, o fato da despedida, em que ou simplesmente partiremos ouapenas nos despediremos E o que dizer neste momento, em que toda palavra soa insuficiente, todo consolo impotente e toda

tentativa de discurso menos importante que o conforto de um abrao?No h sensao melhor na hora da tristeza do que a segurana da amizade, o beijo de quem se ama e o carinho da

solidariedade, pois quem parte no sente ou sente menos do que quem fica Dor mesmo s cicatriza com o blsamo do tempono correr da vida

(Rodolfo Pamplona Filho)

Flvio Tartuce

Na vida voc pode ter duas espcies de irmo: aquele dado por seus paise aquele que voc elege como tal e que te acolhe durante sua existncia.

Tenho sorte de ter um irmo de sangue e um irmo de vida.Cada qual, com suas diferentes caractersticas,

so pessoas fundamentais para mim,pelo que s tenho a agradecer.

Este livro em homenagem aos meus irmosCarlinhos e Flvio Tartuce.

Daniel

NOTA DOS AUTORES

Em 2017, este Manual de Direito do Consumidor chega sua 6 edio e, como sempre, intenso foi o trabalho de atualizaoda obra.

Para esta nova verso foram includos os principais julgamentos do Superior Tribunal de Justia prolatados no ano de 2016,especialmente aqueles publicados nos seus Informativos de Jurisprudncia, tanto em relao ao Direito Material quanto ao DireitoProcessual.

Tambm inclumos as principais ementas que constam da ferramenta Jurisprudncia em Teses, do mesmo Tribunal daCidadania, destacando-se a Edio n. 59, que trata do cadastro de inadimplentes. As teses esto acompanhadas das correspondentesanlises crticas, como comum nesta obra.

Alm da atualizao jurisprudencial, o livro traz novas reflexes doutrinrias dos autores, inclusive sobre temascontemporneos e a respeito do Novo Cdigo de Processo Civil. Compartilhamos, ainda, algumas de nossas experincias prticasdo ltimo ano, mesmo que implicitamente.

Esperamos que, na linha das edies anteriores, o livro seja bem recebido pelo mercado editorial jurdico e que continueservindo de instrumento para a correta efetivao do Direito do Consumidor no Brasil, por professores, alunos, advogados,promotores e julgadores.

Bons estudos, o que sempre desejamos!

So Paulo, dezembro de 2016.

Os autores

APRESENTAO

Quando os autores da presente obra se conheceram nas Arcadas do Largo de So Francisco, nos idos de 1994 nopensavam que iriam se tornar professores e autores de obras jurdicas. Por uma daquelas graciosas surpresas da vida, os caminhosde ambos se cruzaram e seguiram em paralelo, tanto no aspecto pessoal quanto no profissional. Mergulhados profundamente navida acadmica, c esto eles, assinando, a quatro mos, este livro sobre o impactante tema do Direito do Consumidor, em umaviso interdisciplinar (material e processual).

Nesses quase 20 anos de convivncia, os autores estiveram juntos nos principais momentos de suas vidas profissionais,lecionando nos mesmos cursos preparatrios para as carreiras jurdicas, escolas de ps-graduao, entidades de classe, seminriose congressos jurdicos. Apesar de alguns desencontros, de diferentes caminhos trilhados, a vida sempre se encarregou de uni-losnovamente. No aspecto pessoal, a fiel amizade perdura, desde os tempos frente da Associao Atltica XI de Agosto.

Para comemorar todo esse tempo de rara amizade, nada melhor do que a construo de uma obra em conjunto, unindo aexperincia de ambos na seara consumerista, um dos ramos jurdicos de maior incidncia na contemporaneidade.

O presente livro procura analisar os principais conceitos e construes que fazem parte da Lei 8.078, de 11 de setembro de1990, nos aspectos materiais e processuais. A sua organizao segue justamente a diviso metodolgica constante naquela lei.

Desse modo, o Captulo 1 procura situar o Cdigo de Defesa do Consumidor no ordenamento jurdico nacional, a fim dedelimitar a sua forma de incidncia, com amparo especial na festejada tese do dilogo das fontes. Em continuidade, o Captulo 2do livro aborda os princpios estruturantes da matria, retirados dos arts. 4. e 6. da Lei 8.078/1990, em uma viso terica eprtica. No Captulo 3, so estudados os elementos da relao jurdica de consumo (elementos subjetivos e objetivos), tendo comoparmetros estruturais os arts. 2. e 3. do CDC, sem prejuzo de outros comandos, caso dos seus arts. 17 e 29, que tratam doconceito de consumidor por equiparao ou bystander. O Captulo 4 traz como cerne de estudo a responsabilidade civil dosfornecedores de produtos e prestadores de servios, um dos temas mais importantes do Direito do Consumidor na atualidade,matria tratada entre os arts. 8. a 27 do CDC. O Captulo 5 tem por objeto a proteo contratual dos consumidores, constante dosarts. 46 ao 54, seo que traz as regras fundamentais para a realidade negocial contempornea consumerista. Tendo por objetotambm as prticas comerciais, assim como o tpico anterior, o Captulo 6 aborda a proteo dos consumidores quanto oferta e publicidade (arts. 30 a 38). No Captulo 7, igualmente com relao s prticas comerciais, verifica-se o estudo das prticasabusivas, tendo como parmetro os arts. 30 a 42 da Lei Consumerista. O importante e atual tema dos cadastros de consumidores a matria do Captulo 8, com anlise da natureza dos cadastros positivos e negativos (arts. 43 e 44 do CDC), luz da melhordoutrina e da atual jurisprudncia nacional. O Captulo 9 trata de aspectos materiais da desconsiderao da personalidade jurdica.Esses nove primeiros captulos foram desenvolvidos pelo coautor Flvio Tartuce.

O Captulo 10 analisa questes da defesa individual do consumidor em juzo, com abordagem bem prxima do dia a dia doprofissional da rea jurdica. O Captulo 11 aborda a tutela coletiva do consumidor em juzo, de forma tcnica e profunda. OCaptulo 12 trata da desconsiderao da personalidade jurdica em aspectos processuais. No Captulo 13, intitulado Ordem Pblicae Tutela Processual do Consumidor, faz-se uma anlise indita a respeito da matria, to cara aos processualistas. Para finalizar, oCaptulo 14 apresenta consideraes sobre o habeas data. Estes cinco ltimos captulos foram escritos pelo coautor DanielAmorim Assumpo Neves.

Esclarea-se que a obra tem a identificao seccionada dos autores na parte superior das pginas, diante de algunsdistanciamentos ideolgicos dos escritores, como comum entre os civilistas e processualistas quando da abordagem do Direito do

Consumidor. Nessa alteridade, alis, acreditam os autores, est presente a grande contribuio do livro para a cincia jurdica.Todos os dispositivos do Cdigo do Consumidor importantes seara material e processual so devidamente comentados,

acompanhados de posicionamentos doutrinrios e jurisprudenciais recentes, bem como da anlise de exemplos prticos, retiradosdas experincias dos autores, seja na advocacia, na atuao consultiva ou na docncia.

O livro direcionado a todo o pblico jurdico: magistrados, promotores de justia, procuradores, advogados, estudantes degraduao e ps-graduao, e aqueles que se preparam para os concursos pblicos e as provas das carreiras jurdicas. Diante daclareza de linguagem e da forma de exposio dos temas, este trabalho tambm indicado para leigos, que tm interesse emconhecer o Direito do Consumidor nacional.

Para a prtica, h interessantes digresses, inclusive com a anlise de decises dos Juizados Especiais Cveis, em que muitosadvogados iniciam suas carreiras caso dos presentes autores , especialmente lidando com a matria deste livro.

Espera-se que a presente obra seja bem recebida pelo pblico jurdico nacional, a exemplo de outras dos autores. Cumpredestacar que este livro tem um toque especial, pois foi construdo sobre o alicerce da amizade e do companheirismo, nascidos naGloriosa Faculdade de Direito do Largo de So Francisco.

Saudaes acadmicas!

So Paulo, outubro de 2011.

Os autores

1.

1.1.

1.2.

1.3.

1.4.

2.

2.1.

2.2.

2.3.

2.4.

2.5.

2.6.

2.7.

2.8.

2.9.

3.

3.1.

3.2.

3.2.1.

3.2.2.

3.3.

3.3.1.

3.3.2.

SUMRIO

1. ParteDIREITO MATERIAL

Flvio Tartuce

O CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUA POSIO NO ORDENAMENTO JURDICO BRASILEIRO

Primeiras palavras sobre o Cdigo de Defesa do Consumidor. O CDC e a ps-modernidade jurdica

O Cdigo de Defesa do Consumidor como norma principiolgica. Sua posio hierrquica

O Cdigo de Defesa do Consumidor e a teoria do dilogo das fontes

O contedo do Cdigo de Defesa do Consumidor e a organizao da presente obra

PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Primeiras palavras sobre os princpios jurdicos

Princpio do protecionismo do consumidor (art. 1 da Lei 8.078/1990)

Princpio da vulnerabilidade do consumidor (art. 4, inc. I, da Lei 8.078/1990)

Princpio da hipossuficincia do consumidor (art. 6, inc. VIII, da Lei 8.078/1990)

Princpio da boa-f objetiva (art. 4, inc. III, da Lei 8.078/1990)

Princpio da transparncia ou da confiana (arts. 4, caput, e 6, inc. III, da Lei 8.078/1990). A tutela da informao

Princpio da funo social do contrato

Princpio da equivalncia negocial (art. 6, inc. II, da Lei 8.078/1990)

Princpio da reparao integral dos danos (art. 6, inc. VI, da Lei 8.078/1990). Os danos reparveis nas relaes deconsumo

ELEMENTOS DA RELAO JURDICA DE CONSUMO

A estrutura da relao jurdica de consumo. Viso geral

Os elementos subjetivos da relao de consumo

O fornecedor de produtos e o prestador de servios. O conceito de fornecedor equiparado

O consumidor. Teorias existentes. O consumidor equiparado ou bystander

Elementos objetivos da relao de consumo

Produto

Servio

3.4.

3.4.1.

3.4.2.

3.4.3.

3.4.4.

3.4.5.

3.4.6.

3.4.7.

3.4.8.

4.

4.1.

4.2.

4.2.1.

4.2.2.

4.2.3.

4.2.4.

4.2.5.

4.3.

4.4.

4.4.1.

4.4.2.

4.4.3.

4.4.4.

4.4.5.

4.5.

4.6.

4.7.

5.

5.1.

5.2.

5.3.

5.4.

5.4.1.

5.4.2.

5.4.3.

Exemplos de outras relaes jurdicas contemporneas e o seu enquadramento como relaes de consumo

O contrato de transporte e a incidncia do Cdigo do Consumidor

Os servios pblicos e o Cdigo de Defesa do Consumidor

O condomnio edilcio e o Cdigo de Defesa do Consumidor

A incidncia do Cdigo do Consumidor para os contratos de locao urbana

A Lei 8.078/1990 e a previdncia privada complementar

Prestao de servios educacionais como servio de consumo

As atividades notariais e registrais e a Lei 8.078/1990

As relaes entre advogados e clientes e o Cdigo de Defesa do Consumidor

RESPONSABILIDADE CIVIL PELO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

A unificao da responsabilidade civil pelo Cdigo de Defesa do Consumidor. A responsabilidade civil objetiva esolidria como regra do Cdigo do Consumidor (risco-proveito). A responsabilidade subjetiva dos profissionaisliberais como exceo

Anlise dos casos especficos de responsabilidade civil pelo Cdigo de Defesa do Consumidor

As quatro hipteses tratadas pela Lei 8.078/1990 em relao ao produto e ao servio. Vcio versus fato (defeito).Panorama geral e a questo da solidariedade

Responsabilidade civil pelo vcio do produto

Responsabilidade civil pelo fato do produto ou defeito

Responsabilidade civil pelo vcio do servio

Responsabilidade civil pelo fato do servio ou defeito

O consumidor equiparado e a responsabilidade civil. Aprofundamentos quanto ao tema e confrontaes em relaoao art. 931 do Cdigo Civil

Excludentes de responsabilidade civil pelo Cdigo de Defesa do Consumidor

As excludentes da no colocao do produto no mercado e da ausncia de defeito

A excludente da culpa ou fato exclusivo de terceiro

A excludente da culpa ou fato exclusivo do prprio consumidor

O enquadramento do caso fortuito e da fora maior como excludentes da responsabilidade civil consumerista

Os riscos do desenvolvimento como excludentes de responsabilidade pelo Cdigo de Defesa do Consumidor

O fato concorrente do consumidor como atenuante da responsabilidade civil dos fornecedores e prestadores

A responsabilidade civil pelo cigarro e o Cdigo de Defesa do Consumidor

A responsabilidade civil pelo Cdigo de Defesa do Consumidor e o recall

A PROTEO CONTRATUAL PELO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

O conceito contemporneo ou ps-moderno de contrato e o Direito do Consumidor. Os contratos coligados e oscontratos cativos de longa durao

A reviso contratual por fato superveniente no Cdigo de Defesa do Consumidor

A funo social do contrato e a no vinculao das clusulas desconhecidas e incompreensveis (art. 46 do CDC). Ainterpretao mais favorvel ao consumidor (art. 47 do CDC)

A fora vinculativa dos escritos e a boa-f objetiva nos contratos de consumo (art. 48 da Lei 8.078/1990). A aplicaodos conceitos parcelares da boa-f objetiva

Supressio e surrectio

Tu quoque

Exceptio doli

5.4.4.

5.4.5.

5.5.

5.6.

5.7.

5.7.1.

5.7.2.

5.7.3.

5.7.4.

5.7.5.

5.7.6.

5.7.7.

5.7.8.

5.7.9.

5.7.10.

5.7.11.

5.7.12.

5.7.13.

5.7.14.

5.7.15.

5.8.

5.9.

6.

6.1.

6.2.

6.3.

6.4.

6.5.

6.5.1.

6.5.2.

6.5.3.

6.6.

Venire contra factum proprium

Duty to mitigate the loss

O direito de arrependimento nos contratos de consumo (art. 49 da Lei 8.078/1990)

A garantia contratual do art. 50 da Lei 8.078/1990

As clusulas abusivas no Cdigo de Defesa do Consumidor. Anlise do rol exemplificativo do art. 51 da Lei 8.078/1990e suas decorrncias

Clusulas que impossibilitem, exonerem ou atenuem a responsabilidade do fornecedor por vcios de qualquernatureza dos produtos e servios ou impliquem renncia ou disposio de direitos (art. 51, inc. I, do CDC)

Clusulas que subtraiam ao consumidor a opo de reembolso da quantia j paga (art. 51, inc. II, do CDC)

Clusulas que transfiram responsabilidades a terceiros (art. 51, inc. III, do CDC)

Clusulas que estabeleam obrigaes consideradas inquas, abusivas, que coloquem o consumidor emdesvantagem exagerada, ou que sejam incompatveis com a boa-f ou a equidade (art. 51, inc. IV, do CDC)

Clusulas que estabeleam inverso do nus da prova em prejuzo do consumidor (art. 51, inc. VI, do CDC)

Clusulas que determinem a utilizao compulsria de arbitragem (art. 51, inc. VII, do CDC)

Clusulas que imponham representante para concluir ou realizar outro negcio jurdico pelo consumidor (art.51, inc. VIII, do CDC)

Clusulas que deixem ao fornecedor a opo de concluir ou no o contrato, embora obrigando o consumidor(art. 51, inc. IX, do CDC)

Clusulas que permitam ao fornecedor, direta ou indiretamente, variao do preo de maneira unilateral (art.51, inc. X, do CDC)

Clusulas que autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que igual direito sejaconferido ao consumidor (art. 51, inc. XI, do CDC)

Clusulas que obriguem o consumidor a ressarcir os custos de cobrana de sua obrigao, sem que igualdireito lhe seja conferido contra o fornecedor (art. 51, inc. XII, do CDC)

Clusulas que autorizem o fornecedor a modificar unilateralmente o contedo ou a qualidade do contrato,aps sua celebrao (art. 51, inc. XIII, do CDC)

Clusulas que infrinjam ou possibilitem a violao de normas ambientais (art. 51, inc. XIV, do CDC)

Clusulas que estejam em desacordo com o sistema de proteo ao consumidor (art. 51, inc. XV, do CDC)

Clusulas que possibilitem a renncia do direito de indenizao por benfeitorias necessrias (art. 51, inc. XVI,do CDC)

Os contratos de fornecimento de crdito na Lei 8.078/1990 (art. 52) e o problema do superendividamento doconsumidor. A nulidade absoluta da clusula de decaimento (art. 53)

O tratamento dos contratos de adeso pelo art. 54 do Cdigo de Defesa do Consumidor

A PROTEO QUANTO OFERTA E PUBLICIDADE NO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR

Panorama geral sobre a tutela da informao e o Cdigo de Defesa do Consumidor

A fora vinculativa da oferta no art. 30 da Lei 8.078/1990

O contedo da oferta e a manuteno de sua integralidade

A responsabilidade civil objetiva e solidria decorrente da oferta

A publicidade no Cdigo de Defesa do Consumidor. Princpios informadores. Publicidades vedadas ou ilcitas

A vedao da publicidade mascarada, clandestina, simulada ou dissimulada (art. 36 do CDC)

A vedao da publicidade enganosa (art. 37, 1, do CDC)

A vedao da publicidade abusiva (art. 37, 2, do CDC)

O nus da prova da veracidade da informao publicitria

7.

7.1.

7.2.

7.2.1.

7.2.2.

7.2.3.

7.2.4.

7.2.5.

7.2.6.

7.2.7.

7.2.8.

7.2.9.

7.2.10.

7.2.11.

7.2.12.

7.3.

7.4.

7.5.

8.

8.1.

8.2.

8.2.1.

8.2.2.

8.2.3.

8.2.4.

8.2.5.

8.3.

O ABUSO DE DIREITO CONSUMERISTA. AS PRTICAS ABUSIVAS VEDADAS PELA LEI 8.078/1990 E SUASCONSEQUNCIAS PRTICAS

Algumas palavras sobre o abuso de direito

Estudo das prticas abusivas enumeradas pelo art. 39 do CDC

Condicionar o fornecimento de produto ou de servio ao fornecimento de outro produto ou servio, bemcomo, sem justa causa, a limites quantitativos (art. 39, inc. I, do CDC)

Recusar atendimento s demandas dos consumidores, na exata medida de suas disponibilidades de estoque,e, ainda, de conformidade com os usos e costumes (art. 39, inc. II, do CDC)

Enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitao prvia, qualquer produto, ou fornecer qualquer servio (art.39, inc. III, do CDC)

Prevalecer-se da fraqueza ou ignorncia do consumidor, tendo em vista a sua idade, sade e condio social,para vender-lhe produto ou servio (art. 39, inc. IV, do CDC)

Exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva (art. 39, inc. V, do CDC)

Executar servios sem a prvia elaborao de oramento e autorizao expressa do consumidor, ressalvadas asdecorrentes de prticas anteriores entre as partes (art. 39, inc. VI, do CDC)

Repassar informao depreciativa referente a ato praticado pelo consumidor no exerccio de seus direitos (art.39, inc. VII, do CDC)

Colocar, no mercado de consumo, qualquer produto ou servio em desacordo com as normas expedidas pelosrgos oficiais competentes ou, se normas especficas no existirem, pela Associao Brasileira de NormasTcnicas (ABNT) ou outra entidade credenciada pelo Conselho Nacional de Metrologia, Normalizao eQualidade Industrial CONMETRO (art. 39, inc. VIII, do CDC)

Recusar a venda de bens ou a prestao de servios, diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediantepronto pagamento, ressalvados os casos de intermediao regulados em leis especiais (art. 39, inc. IX, doCDC)

Elevar sem justa causa o preo de produtos ou servios (art. 39, inc. X, do CDC)

Aplicar frmula ou ndice de reajuste diverso do legal ou contratualmente estabelecido (art. 39, inc. XIII, doCDC)

Deixar de estipular prazo para o cumprimento de sua obrigao ou deixar a fixao de seu termo inicial a seuexclusivo critrio (art. 39, inc. XII, do CDC)

A necessidade de respeito ao tabelamento oficial, sob pena de caracterizao do abuso de direito (art. 41 do CDC)

O abuso de direito na cobrana de dvidas (art. 42, caput, do CDC). O problema do corte de servio essencial. Anecessidade de prestao de informaes na cobrana (art. 42-A do CDC)

A repetio de indbito no caso de cobrana abusiva (art. 42, pargrafo nico, do CDC)

BANCO DE DADOS E CADASTRO DE CONSUMIDORES

A natureza jurdica dos bancos de dados e cadastros e sua importante aplicabilidade social. Diferenas entre ascategorias

O contedo dos arts. 43 e 44 do Cdigo de Defesa do Consumidor e seus efeitos. A interpretao jurisprudencial

A inscrio ou registro do nome dos consumidores

A retificao ou correo dos dados

O cancelamento da inscrio

A reparao dos danos nos casos de inscrio indevida do nome do devedor. Crtica Smula 385 do STJ.Prazo para se pleitear a reparao

O cadastro de fornecedores e prestadores e o alcance do art. 44 da Lei 8.078/1990

O cadastro positivo. Breve anlise da Lei 12.414, de 9 de junho de 2011

9.

10.

10.1.

10.2.

10.2.1.

10.2.2.

10.2.3.

10.2.3.1.

10.2.3.2.

10.2.3.3.

10.2.3.4.

10.2.3.5.

10.3.

10.3.1.

10.3.2.

10.3.2.1.

10.3.2.2.

10.3.3.

10.3.3.1.

10.3.3.2.

10.3.3.3.

10.3.3.4.

10.3.3.5.

10.3.3.6.

10.3.3.7.

10.4.

10.4.1.

10.4.2.

10.4.3.

10.4.3.1.

10.4.4.

10.5.

10.5.1.

10.5.2.

10.5.2.1.

A DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA NO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (ART. 28 DA LEI8.078/1990). ASPECTOS MATERIAIS

2. parteDIREITO PROCESSUAL

Daniel Amorim Assumpo Neves

TUTELA INDIVIDUAL DO CONSUMIDOR EM JUZO

Introduo

Meios de soluo dos conflitos

Introduo

Jurisdio

Equivalentes jurisdicionais

Autotutela

Autocomposio

Mediao

Conciliao e mediao no Novo CPC

Arbitragem

Tutela especfica das obrigaes de fazer e no fazer

Introduo

Tutela jurisdicional

Tutela jurisdicional especfica

Tutela inibitria

Procedimento previsto pelo art. 84 do CDC

Introduo

Obteno de tutela especfica ou determinao de providncias que assegurem o resultadoprtico equivalente ao do adimplemento

Converso em perdas e danos

Tutela de urgncia

Tutela da evidncia

Atipicidade dos meios executivos

Multa

Competncia

Introduo

Competncia da Justia

Competncia territorial

Clusula de eleio de foro

Competncia do juzo

Intervenes de terceiros

Introduo

Denunciao da lide

Vedao legal

10.5.2.2.

10.5.3.

10.5.3.1.

10.5.3.2.

10.5.3.3.

10.5.3.4.

10.6.

10.7.

10.7.1.

10.7.2.

10.7.3.

10.7.3.1.

10.7.3.2.

10.7.3.3.

10.7.4.

10.7.5.

11.

11.1.

11.1.1.

11.1.2.

11.1.3.

11.1.4.

11.2.

11.2.1.

11.2.2.

11.2.3.

11.2.4.

11.2.5.

11.2.6.

11.2.7.

11.3.

11.3.1.

11.3.2.

11.3.3.

11.4.

11.4.1.

11.4.2.

11.4.3.

11.4.4.

11.4.5.

11.4.5.1.

Fundamentos da vedao legal

Chamamento ao processo

Introduo

Espcie atpica de chamamento ao processo

Ao diretamente proposta contra a seguradora

Vedao de integrao do Instituto de Resseguros do Brasil

Litisconsrcio alternativo e o Cdigo de Defesa do Consumidor

Inverso do nus da prova

nus da prova

Regras de distribuio do nus da prova

Inverso do nus da prova

Inverso convencional

Inverso legal

Inverso judicial

Momento de inverso do nus da prova

Inverso da prova e inverso do adiantamento de custas processuais

TUTELA COLETIVA DO CONSUMIDOR EM JUZO

Introduo

Tutela jurisdicional coletiva

Origem da tutela jurisdicional coletiva

Microssistema coletivo

Marcos legislativos

Espcies de direitos protegidos pela tutela coletiva

Introduo

Direitos ou interesses?

Direito difuso

Direito coletivo

Direitos individuais homogneos

Identidades e diferenas entre os direitos coletivos lato sensu

Direitos individuais indisponveis

Competncia na tutela coletiva

Competncia absoluta: funcional ou territorial?

Competncia absoluta do foro

Dano local, regional e nacional

Legitimidade

Espcies de legitimidade

Cidado

Ministrio Pblico

Pessoas jurdicas da Administrao Pblica

Associao

Introduo

11.4.5.2.

11.4.5.3.

11.4.5.4.

11.4.6.

11.5.

11.5.1.

11.5.2.

11.5.3.

11.5.3.1.

11.5.3.2.

11.5.3.3.

11.5.3.4.

11.5.3.5.

11.5.4.

11.5.5.

11.6.

11.6.1.

11.6.2.

11.6.3.

11.6.4.

11.7.

11.7.1.

11.7.2.

11.7.3.

11.8.

11.8.1.

11.8.2.

11.8.3.

11.8.4.

11.8.5.

11.8.6.

11.8.7.

11.8.8.

11.9.

11.9.1.

11.9.1.1.

11.9.1.2.

11.9.2.

11.9.3.

11.9.4.

11.9.4.1.

11.9.4.2.

Constituio h pelo menos um ano

Pertinncia temtica

Representao adequada (adequacy of representantion)

Defensoria Pblica

Relao entre a ao coletiva e a individual

Introduo

Litispendncia

Conexo e continncia

Conceito

Insuficincia do conceito legal de conexo

Vantagens e desvantagens da reunio dos processos

Obrigatoriedade ou facultatividade na reunio de processos em razo da conexo

Especificamente na relao entre ao coletiva e individual

Suspenso do processo individual

Extino do mandado de segurana individual

Coisa julgada

Introduo

Coisa julgada secundum eventum probationis

Coisa julgada secundum eventum litis

Limitao territorial da coisa julgada

Gratuidade

Introduo

Iseno de adiantamento

Condenao em verbas de sucumbncia

Liquidao de sentena

Conceito de liquidez e obrigaes liquidveis

Natureza jurdica da liquidao

Legitimidade ativa

Competncia

Espcies de liquidao de sentena

Direito difuso e coletivo

Direito individual homogneo

Liquidao individual das sentenas de direito difuso e coletivo

Execuo

Processo de execuo e cumprimento de sentena

Execuo por sub-rogao e indireta

Prescrio

Legitimidade ativa

Direitos difusos e coletivos

Direitos individuais homogneos

Introduo

Execuo por fluid recovery

11.9.4.3.

11.9.5.

12.

12.1.

12.2.

12.3.

12.3.1.

12.3.2.

12.3.3.

12.3.4.

12.3.5.

12.3.6.

12.4.

13.

13.1.

13.2.

13.3.

13.4.

14.

14.1.

14.2.

14.3.

14.3.1.

14.3.2.

14.3.3.

14.3.4.

14.4.

14.4.1.

14.4.2.

14.4.2.1.

14.4.2.2.

14.5.

14.6.

14.6.1.

14.6.2.

14.7.

14.8.

Legitimidade

Regime jurdico das despesas e custas processuais

ASPECTOS PROCESSUAIS DA DESCONSIDERAO DA PERSONALIDADE JURDICA NO CDIGO DE DEFESA DOCONSUMIDOR

Introduo

Responsabilidade patrimonial secundria

Forma procedimental da desconsiderao da personalidade jurdica

Introduo

Momento

Procedimento

Forma de defesa do scio (ou da sociedade na desconsiderao inversa)

Recorribilidade

Fraude execuo

Desconsiderao da personalidade jurdica de ofcio

ORDEM PBLICA E TUTELA PROCESSUAL DO CONSUMIDOR

Matrias de defesa

Precluso temporal

Precluso consumativa

Objees e natureza de ordem pblica das normas consumeristas

HABEAS DATA E DIREITO DO CONSUMIDOR

Introduo

Direito informao e habeas data

Hipteses de cabimento

Introduo

Direito informao

Direito retificao de dados

Anotao sobre dado verdadeiro

Fase administrativa

Interesse de agir

Procedimento

Fase pr-processual

Fase processual

Liminar

Legitimidade

Legitimidade ativa

Legitimidade passiva

Competncia

Recursos

BIBLIOGRAFIA

1.1.

O CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E SUAPOSIO NO ORDENAMENTO JURDICO

BRASILEIRO

Sumrio: 1.1. Primeiras palavras sobre o Cdigo de Defesa do Consumidor. O CDC e a ps-modernidade jurdica 1.2. O Cdigo de Defesa do Consumidor como norma principiolgica. Sua posio hierrquica 1.3. O Cdigo deDefesa do Consumidor e a teoria do dilogo das fontes 1.4. O contedo do Cdigo de Defesa do Consumidor e aorganizao da presente obra.

PRIMEIRAS PALAVRAS SOBRE O CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. OCDC E A PS-MODERNIDADE JURDICA

O Cdigo Brasileiro de Defesa do Consumidor, conhecido e denominado pelas iniciais CDC, foi institudo pela Lei8.078/1990, constituindo uma tpica norma de proteo de vulnerveis. Por determinao da ordem constante do art. 48 dasDisposies Finais e Transitrias da Constituio Federal de 1988, de elaborao de um Cdigo do Consumidor no prazo de centoe vinte dias, formou-se uma comisso para a elaborao de um anteprojeto de lei, composta por Ada Pellegrini Grinover(coordenadora), Daniel Roberto Fink, Jos Geraldo Brito Filomeno, Kazuo Watanabe e Zelmo Denari. Tambm houve uma intensacolaborao de Antonio Herman de Vasconcellos e Benjamin, Eliana Cceres, Marcelo Gomes Sodr, Maringela Sarrubo, NelsonNery Jr. e Rgis Rodrigues Bonvicino.1

Como norma vigente, o nosso Cdigo de Defesa do Consumidor situa-se na especialidade, segunda parte da isonomiaconstitucional, retirada do art. 5, caput, da CF/1988. Ademais, o contedo do Cdigo Consumerista demonstra tratar-se de umanorma adaptada realidade contempornea da ps-modernidade jurdica. A expresso ps-modernidade utilizada para simbolizaro rompimento dos paradigmas construdos ao longo da modernidade, quebra ocorrida ao final do sculo XX. Mais precisamente,parece correto dizer que o ano de 1968 um bom parmetro para se apontar o incio desse perodo, diante de protestos emovimentos em prol da liberdade e de outros valores sociais que eclodiram em todo o mundo.2 Em tais reivindicaes pode serencontrada a origem de leis contemporneas com preocupao social, caso do Cdigo Brasileiro de Defesa do Consumidor.

De acordo com os ensinamentos de Eduardo Bianca Bittar, a ps-modernidade significa o estado reflexivo da sociedade anteas suas prprias mazelas, capaz de gerar um revisionismo completo de seu modus actuandi et faciendi, especialmente considerada acondio de superao do modelo moderno de organizao da vida e da sociedade. Nem s de superao se entende viver a ps-modernidade, pois o revisionismo crtico importa em praticar a escavao dos erros do passado para a preparao de novascondies de vida. A ps-modernidade menos um estado de coisas, exatamente porque ela uma condio processante de umamadurecimento social, poltico, econmico e cultural, que haver de alargar-se por muitas dcadas at a sua consolidao. Ela noencerra a modernidade, pois, em verdade, inaugura sua mescla com os restos da modernidade.3 Nota-se que a ps-modernidaderepresenta uma superao parcial, e no total, da modernidade, at porque a palavra moderno faz parte da construomorfolgica do termo. Em verdade, preciso rever conceitos, e no romper com eles totalmente. As antigas categorias soremodeladas, refeitas, mantendo-se, muitas vezes, a sua base estrutural. Isso, sem dvida, vem ocorrendo com o Direito, a partir de

um novo dimensionamento de antigas construes. A ps-modernidade pode figurar como uma revisitao das premissas da razopura, por meio da anlise da realidade de conceitos que foram negados pela razo anterior, pela modernidade quadrada. Essa aconcluso de Hilton Ferreira Japiassu, merecendo destaque os seus dizeres:

Diria que a chamada ps-modernidade aparece como uma espcie de Renascimento dos ideais banidos e cassados por nossamodernidade racionalizadora. Esta modernidade teria terminado a partir do momento em que no podemos mais falar da histriacomo algo de unitrio e quando morre o mito do Progresso. a emergncia desses ideais que seria responsvel por toda uma ondade comportamentos e de atitudes irracionais e desencantados em relao poltica e pelo crescimento do ceticismo face aos valoresfundamentais da modernidade. Estaramos dando Adeus modernidade, Razo (Feyerabend)? Quem acredita ainda que todo real racional e todo racional real (Hegel)? Que esperana podemos depositar no projeto da Razo emancipada, quando sabemos queorientou-se para a instrumentalidade e a simples produtividade? Que projeto de felicidade pessoal pode proporcionar-nos um mundocrescentemente racionalizado, calculador e burocratizado, que coloca no centro de tudo o econmico, entendido apenas como ofinanceiro submetido ao jogo cego do mercado? Como pode o homem ser feliz no interior da lgica do sistema, onde s tem valor oque funciona segundo previses, onde seus desejos, suas paixes, necessidades e aspiraes passam a ser racionalmenteadministrados e manipulados pela lgica da eficcia econmica que o reduz ao papel de simples consumidor?4

No contexto da presente obra, nota-se que o Cdigo Brasileiro de Defesa do Consumidor constitui uma tpica norma ps-moderna, no sentido de rever conceitos antigos do Direito Privado, tais como o contrato, a responsabilidade civil e a prescrio.

O fenmeno ps-moderno, com enfoque jurdico, pode ser identificado por vrios fatores. O primeiro a ser citado aglobalizao, a ideia de unidade mundial, de um modelo geral para as cincias e para o comportamento das pessoas. Fala-se hojeem linguagem global, em economia globalizada, em mercado uno, em doenas e epidemias mundiais e at em um Direitounificado. Quanto ao modo de agir, o ocidente se aproxima do oriente, e vice-versa. A China consome o hambrguer norte-americano, e os Estados Unidos consomem o macarro chins. Alguns se alimentam de macarro com hambrguer, fundindo ooriente ao ocidente, at de forma inconsciente, em especial nos pases em desenvolvimento. No caso do CDC brasileiro, talpreocupao pode ser notada pela abertura constante do seu art. 7, que admite a aplicao de fontes do Direito Comparado, casodos tratados e convenes internacionais, in verbis: Os direitos previstos neste Cdigo no excluem outros decorrentes de tratadosou convenes internacionais de que o Brasil seja signatrio, da legislao interna ordinria, de regulamentos expedidos pelasautoridades administrativas competentes, bem como dos que derivem dos princpios gerais do direito, analogia, costumes eequidade.

A par dessa unidade mundial, como afirma Erik Jayme, os Estados no seriam mais os centros do poder e da proteo dapessoa humana, cedendo espao, em larga margem, aos mercados. Nesse sentido, as regras de concorrncia acabariam pordeterminar a vida e o comportamento dos seres humanos.5 De toda sorte, como prega o prprio doutrinador em outro texto, aodiscorrer sobre a realidade do Direito Internacional Privado, preciso que os Estados busquem, em sua integrao, para umacrescente unificao do Direito, a conservao da identidade cultural das pessoas, para proteger e garantir a sua personalidadeindividual.6 Em suma, segundo Erik Jayme, o Direito Internacional Privado deve levar em considerao, baseado em critrios deproximidade, as diferenas culturais incorporadas aos respectivos ordenamentos jurdicos, prestando-se a se tornar tambm umdireito fundamental ligado personalidade dos cidados.7 Nesse contexto, surge a proteo dos direitos dos consumidores, fazendoum cabo de guerra contra a excessiva proteo mercadolgica.

Como outro ponto de reflexo a ser destacado a respeito da ps-modernidade jurdica, h a abundncia dos gneros e espcies:abundncia de sujeitos e de direitos, excesso de fatores que influenciam as relaes jurdicas e ecloso sucessiva de leis, entreoutros. Relativamente s leis, a realidade de um Big Bang Legislativo, na qual se verifica uma exploso de normas jurdicas,como afirma Ricardo Luis Lorenzetti.8 No caso brasileiro, convive-se com mais de 40 mil leis, a deixar o aplicador do Direitodesnorteado a respeito de sua incidncia no tipo (fattispecie). Mesmo em relao aos consumidores, em muitas situaes, h umasituao de dvida sobre qual norma jurdica deve incidir no caso concreto.

No que concerne aos sujeitos ps-modernos, reconhece-se um pluralismo, o que intensificado pela valorizao dos direitoshumanos e das liberdades. Inmeras so as preocupaes legais em se tutelar os vulnerveis, a fim de se valorizar a pessoa humana,nos termos do que consta do art. 1, III, da Constituio Federal: consumidores, trabalhadores, mulheres sob violncia, crianas eadolescentes, jovens, idosos, indgenas, deficientes fsicos, negros. Alm de proteger sujeitos, as normas tendem a tutelar valoresque so colocados disposio da pessoa para a sua sadia qualidade de vida, como o caso do meio ambiente, do Bem Ambiental.A par dessa realidade, Claudia Lima Marques ensina:

Segundo Erik Jayme, as caractersticas da cultura ps-moderna no direito seriam o pluralismo, a comunicao, a narrao, o queJayme denomina le retour des sentiments, sendo o Leitmotiv da ps-modernidade a valorizao dos direitos humanos. Para Jayme,o direito como parte da cultura dos povos muda com a crise da ps-modernidade. O pluralismo manifesta-se na multiplicidade defontes legislativas a regular o mesmo fato, com a descodificao ou a imploso dos sistemas genricos normativos

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(Zersplieterung), manifesta-se no pluralismo de sujeitos a proteger, por vezes difusos, como o grupo de consumidores ou os que sebeneficiam da proteo do meio ambiente, na pluralidade de agentes ativos de uma mesma relao, como os fornecedores que seorganizam em cadeia e em relaes extremamente despersonalizadas. Pluralismo tambm na filosofia aceita atualmente, onde odilogo que legitima o consenso, onde os valores e princpios tm sempre uma dupla funo, o double coding, e onde os valoresso muitas vezes antinmicos. Pluralismo nos direitos assegurados, nos direitos diferena e ao tratamento diferenciado aosprivilgios dos espaos de excelncia.9

Em certo sentido, como decorrncia do pluralismo, h uma abundncia de proteo legislativa na ps-modernidade, a gerarsituaes de coliso entre esses direitos, conflitos estes que acabam por ser resolvidos a partir da interpretao da NormaConstitucional, repouso comum da principiologia dessa tutela fundamental. A demonstrar os efeitos prticos dessa preocupao detutela, por exemplo, utilizando-se de um smbolo cotidiano, ao ir ao banco, comum a percepo de que a nica fila que anda adaqueles que tm algum tipo de prioridade. Eis outra amostragem do fenmeno ps-moderno, uma vez que a exceo se tornaregra, e vice-versa. Como no poderia ser diferente, a questo da tutela de vulnerveis e de proteo de conceitos que lhe soparcelares repercute na anlise do problema jurdico contemporneo.

Na realidade ps-moderna h o duplo sentido das coisas (double sense). Nesse contexto, o certo pode ser o errado, e o erradopode ser o certo; o bem pode ser o mal, e o mal pode ser o bem; o alto pode ser baixo, e o baixo pode ser alto; o belo pode ser ofeio, e o feio pode ser o belo; a verdade pode ser uma mentira, e a mentira pode ser uma verdade; o jurdico pode ser antijurdico, eo antijurdico pode ser o jurdico; a direita pode ser a esquerda, e o inverso pode ser igualmente vlido. Essas variaes chocamaquela viso maniquesta que impera no Direito, particularmente a de que sempre haver um vitorioso e um derrotado nasdemandas judiciais. Na realidade, aquele que se julga o vitorioso pode ser o maior derrotado.

Algumas produes cinematogrficas da atualidade servem para demonstrar essa configurao do double sense, como o casode Guerra nas Estrelas (Star Wars), talvez o maior fenmeno cinematogrfico da ps-modernidade. Anote-se que tal paralelo foitraado por Claudia Lima Marques, em aula ministrada no curso de ps-graduao lato sensu em Direito Contratual da EscolaPaulista de Direito, em So Paulo, no dia 12 de maio de 2008. O tema da aula foi A teoria do dilogo das fontes e o DireitoContratual.

Naquela ocasio, a jurista relacionou a evoluo do Direito srie Guerra nas Estrelas (Star Wars), escrita por George Lucasem 1977. O primeiro episdio denominado A Ameaa Fantasma (1999); o segundo, O Ataque dos Clones (2002); o terceiro, AVingana dos Sith (2005); o quarto, Uma Nova Esperana (1977); o quinto, O Imprio Contra-Ataca (1980); o sexto, o Retorno deJedi (1983) e o stimo o Despertar da Fora (2015). O penltimo episdio, em que um filho que representa o bem (LukeSkywalker) acaba por lutar contra o prprio pai, que representa o mal (Darth Vader, a verso malfica de Anakin Skywalker), seriaa culminncia da ps-modernidade, representando o duplo sentido das coisas e a falta de definio de posies (bem x mal). Aofinal, o prprio smbolo do mal (Darth Vader) quem mata o Imperador, gerando a vitria do bem contra o mal. A srie continua,sendo possveis novas reflexes no futuro.

Ato contnuo, a realidade ps-moderna marcada pela hipercomplexidade. De acordo com Antnio Junqueira de Azevedo, oprprio direito um sistema complexo de segunda ordem.10 Na contemporaneidade, os prosaicos exemplos de negcios e atosjurdicos entre Tcio, Caio e Mvio, comuns nas aulas de Direito Romano e de Direito Civil do passado (ou at do presente), noconseguem resolver os casos de maior complexidade, particularmente aqueles relativos a colises entre direitos consideradosfundamentais, prprios da pessoa humana. Ademais, muitas situaes envolvendo os contratos de consumo superam aquela antigavisualizao. A ttulo de ilustrao, imagine-se que um consumidor brasileiro compra um produto americano acessando seucomputador no Brasil, estando o provedor da empresa vendedora localizado na Nova Zelndia. Pergunta-se: quais as leis aplicadasna espcie? Sem se pretender ingressar no mrito da questo, o exemplo demonstra quo complexas podem ser as simples relaesde consumo.

Por fim, demonstrando o caos contemporneo, Ricardo Luis Lorenzetti fala em era da desordem, que, em sntese, pode seridentificada pelos seguintes aspectos: a) enfraquecimento das fronteiras entre as esferas do pblico e do privado; b) pluralidade dasfontes, seja no Direito Pblico ou no Direito Privado; c) proliferao de conceitos jurdicos indeterminados; d) existncia de umsistema aberto, sendo possvel uma extensa variao de julgamentos; e) grande abertura para o intrprete estabelecer e reconstruir asua coerncia; f) mudanas constantes de posies, inclusive legislativas; g) necessidade de adequao das fontes umas s outras;h) exigncia de pautas mnimas de correo para a interpretao jurdica.11 Como no poderia ser diferente, o Cdigo de Defesa doConsumidor enquadra-se perfeitamente em tal realidade ps-moderna. Primeiro, por trazer como contedo questes de DireitoPrivado e de Direito Pblico. Segundo, por encerrar vrios conceitos indeterminados, como o de boa-f. Terceiro, por representaruma norma aberta, perfeitamente afeita a dilogos interdisciplinares, como se ver (dilogo das fontes). Quarto, por encerrar apauta mnima de proteo dos consumidores.

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1.2.

123

45

O CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR COMO NORMA PRINCIPIOLGICA.SUA POSIO HIERRQUICA

O Cdigo de Defesa do Consumidor norma que tem relao direta com a terceira gerao, era ou dimenso de direitos.12Nesse contexto, comum relacionar as trs primeiras geraes, eras ou dimenses com os princpios da Revoluo Francesa.Pontue-se que a referida diviso das geraes de direitos foi idealizada pelo jurista tcheco Karel Vasak, em 1979, em exposiofeita em aula inaugural no Instituto Internacional dos Direitos Humanos, em Estrasburgo, Frana.

Os direitos de primeira gerao ou dimenso so aqueles relacionados com o princpio da liberdade. Os de segunda gerao oudimenso, com o princpio da igualdade. Os direitos de terceira gerao ou dimenso so relativos ao princpio da fraternidade. Naverdade, o Cdigo de Defesa do Consumidor tem relao com todas as trs dimenses. Todavia, melhor enquadr-lo na terceiradimenso, j que a Lei Consumerista visa pacificao social, na tentativa de equilibrar a dspar relao existente entrefornecedores e prestadores.

Na atualidade, j se fala em outras duas outras geraes ou dimenses de direitos. A quarta dimenso estaria sincronizada coma proteo do patrimnio gentico (DNA), com a intimidade biolgica. Por fim, a quinta dimenso seria aquela relativa ao mundodigital ou ciberntico, com o Direito Eletrnico ou Digital. No se ignore que a relao de consumo tambm pode enquadrar asduas ltimas dimenses. Vejamos, de forma detalhada:

Gerao: Princpio da Liberdade.Gerao: Princpio da Igualdade.Gerao: Princpio da Fraternidade (pacificao social). Aqui melhor se enquadraria o Cdigo de Defesa doConsumidor.Gerao: Proteo do patrimnio gentico.Gerao: Proteo de direitos no mundo digital.

Pois bem, o Cdigo de Defesa do Consumidor tido pela doutrina como uma norma principiolgica, diante da proteoconstitucional dos consumidores, que consta, especialmente, do art. 5, XXXII, da Constituio Federal de 1988, ao enunciar queo Estado promover, na forma da lei, a defesa do consumidor. A propsito dessa questo, precisas so as lies de Luiz AntonioRizzatto Nunes:

A Lei n. 8.078 norma de ordem pblica e de interesse social, geral e principiolgica, o que significa dizer que prevalente sobretodas as demais normas especiais anteriores que com ela colidirem. As normas gerais principiolgicas, pelos motivos queapresentamos no incio deste trabalho ao demonstrar o valor superior dos princpios, tm prevalncia sobre as normas gerais eespeciais anteriores.13

Destaque-se que, do mesmo modo, a respeito do carter de norma principiolgica, opinam Nelson Nery Jr. e Rosa Maria deAndrade Nery, expondo pela prevalncia contnua do Cdigo Consumerista sobre as demais normas, eis que as leis especiaissetorizadas (v.g., seguros, bancos, calados, transportes, servios, automveis, alimentos etc.) devem disciplinar suas respectivasmatrias em consonncia e em obedincia aos princpios fundamentais do CDC.14

Diante de tais premissas, pode-se dizer que o Cdigo de Defesa do Consumidor tem eficcia supralegal, ou seja, est em umponto hierrquico intermedirio entre a Constituio Federal de 1988 e as leis ordinrias. Para tal deduo jurdica, pode serutilizada a simbologia do sistema piramidal, atribuda a Hans Kelsen.15 Vejamos:

Como exemplo dessa concluso, pode ser citado o problema relativo Conveno de Varsvia e Conveno de Montreal,

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tratados internacionais dos quais o Brasil signatrio e que preveem tarifao de indenizao no transporte areo internacional, noscasos de cancelamento e atraso de voos, bem como de extravio de bagagem. Deve ficar claro que tais tratados internacionais noso convenes de direitos humanos, no tendo a fora de emendas Constituio, como consta do art. 5, 3, da ConstituioFederal, na redao dada pela Emenda Constitucional 45/2004.

Ora, tais convenes internacionais colidem com o princpio da reparao integral dos danos, retirado do art. 6, VI, da Lei8.078/1990, que reconhece como direito bsico do consumidor a efetiva reparao dos danos patrimoniais e morais, individuais,coletivos e difusos, afastando qualquer possibilidade de tabelamento ou tarifao de indenizao em desfavor dos consumidores.Diante da citada posio intermediria ou supralegal do Cdigo de Defesa do Consumidor, a norma consumerista deve prevalecersobre as citadas fontes internacionais.

Em complemento, para a efetiva incidncia do CDC ao transporte areo, merece destaque a argumentao desenvolvida porMarco Fbio Morsello, no sentido de que a norma consumerista sempre deve prevalecer, por seu carter mais especial, tendo o queele denomina como segmentao horizontal. De outra forma, sustenta que a matria consumerista agrupada pela funo e nopelo objeto.16

Ademais, no se pode esquecer que as fontes do Direito Internacional Pblico, caso das citadas convenes, no podem entrarem conflito com as normas internas de ordem pblica, como o caso do Cdigo Consumerista. Nessa linha, preceitua o art. 17 daLei de Introduo s Normas do Direito Brasileiro que As leis, atos e sentenas de outro pas, bem como quaisquer declaraes devontade, no tero eficcia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pblica e os bons costumes.

A prevalncia do Cdigo de Defesa do Consumidor sobre a Conveno de Varsvia vem sendo aplicada h tempos pelosTribunais Superiores. De incio, vejamos deciso do Supremo Tribunal Federal, de maro de 2009:

Recurso extraordinrio. Danos morais decorrentes de atraso ocorrido em voo internacional. Aplicao do Cdigo de Defesa doConsumidor. Matria infraconstitucional. No conhecimento. 1. O princpio da defesa do consumidor se aplica a todo o captuloconstitucional da atividade econmica. 2. Afastam-se as normas especiais do Cdigo Brasileiro da Aeronutica e da Conveno deVarsvia quando implicarem retrocesso social ou vilipndio aos direitos assegurados pelo Cdigo de Defesa do Consumidor. 3. Nocabe discutir, na instncia extraordinria, sobre a correta aplicao do Cdigo de Defesa do Consumidor ou sobre a incidncia, nocaso concreto, de especficas normas de consumo veiculadas em legislao especial sobre o transporte areo internacional. Ofensaindireta Constituio da Repblica. 4. Recurso no conhecido (STF RE 351.750-3/RJ Primeira Turma Rel. Min. CarlosBritto j. 17.03.2009 DJe 25.09.2009, p. 69).

No tem sido diferente a concluso do Superior Tribunal de Justia, em inmeros julgados. Por todos, entre os mais recentes:

Processual civil. Embargos de declarao no agravo regimental no agravo de instrumento. Seguro. Ao regressiva.Responsabilidade civil. Indenizao. Clculo. Conveno de Varsvia. Inaplicabilidade. Cdigo de Defesa do Consumidor.Incidncia. Multa. Pargrafo nico, art. 538 do CPC. Embargos rejeitados (STJ EDcl-AgRg-Ag 804.618/SP Quarta Turma Rel. Min. Aldir Guimares Passarinho Junior j. 14.12.2010 DJe 17.12.2010).

Agravo regimental no agravo de instrumento. Transporte areo internacional. Extravio de bagagem. Cdigo de Defesa doConsumidor. Prevalncia. Conveno de Varsvia. Quantum indenizatrio. Reduo. Impossibilidade. Dissdio no configurado. 1.A jurisprudncia dominante desta Corte Superior se orienta no sentido de prevalncia das normas do CDC, em detrimento dasnormas insertas na Conveno de Varsvia, aos casos de extravio de bagagem, em transporte areo internacional. 2. No queconcerne caracterizao do dissenso pretoriano para reduo do quantum indenizatrio, impende ressaltar que as circunstnciasque levam o Tribunal de origem a fixar o valor da indenizao por danos morais so de carter personalssimo e levam em contaquestes subjetivas, o que dificulta ou mesmo impossibilita a comparao, de forma objetiva, para efeito de configurao dadivergncia, com outras decises assemelhadas. 3. Agravo regimental a que se nega provimento (STJ AgRg-Ag 1.278.321/SP Terceira Turma Rel. Des. Conv. Vasco Della Giustina j. 18.11.2010 DJe 25.11.2010).

Agravo regimental. Recurso especial. Extravio de bagagem. Indenizao ampla. Cdigo de Defesa do Consumidor. 1. firme ajurisprudncia desta Corte no sentido de que, aps a edio do Cdigo de Defesa do Consumidor, no mais prevalece a tarifaoprevista na Conveno de Varsvia. Incidncia do princpio da ampla reparao. Precedentes. 2. Agravo regimental desprovido(STJ AgRg-REsp 262.687/SP Quarta Turma Rel. Min. Fernando Gonalves j. 15.12.2009 DJe 22.02.2010).

Por todos os argumentos expostos, a concluso deve ser a mesma em casos envolvendo a mais recente Conveno deMontreal, que, do mesmo modo, limita a indenizao no transporte areo internacional, na linha da tese desenvolvida pelomagistrado e jurista Marco Fbio Morsello, outrora citada. Essa, alis, j vem sendo a concluso dos nossos Tribunais, at opresente momento:

Agravo regimental no agravo de instrumento. Transporte areo internacional. Atraso de voo. Cdigo de Defesa do Consumidor.Convenes internacionais. Responsabilidade objetiva. Riscos inerentes atividade. Fundamento inatacado. Smula 283 do STF.

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1.3.

Quantum indenizatrio. Reduo. Impossibilidade. Dissdio no configurado. 1. A jurisprudncia dominante desta Corte Superior seorienta no sentido de prevalncia das normas do CDC, em detrimento das Convenes Internacionais, como a Conveno deMontreal, precedida pela Conveno de Varsvia, aos casos de atraso de voo, em transporte areo internacional. 2. O Tribunal deorigem fundamentou sua deciso na responsabilidade objetiva da empresa area, tendo em vista que os riscos so inerentes prpriaatividade desenvolvida, no podendo ser reconhecido o caso fortuito como causa excludente da responsabilizao. Tais argumentos,porm, no foram atacados pela agravante, o que atrai, por analogia, a incidncia da Smula 283 do STF. 3. No que concerne caracterizao do dissenso pretoriano para reduo do quantum indenizatrio, impende ressaltar que as circunstncias que levam oTribunal de origem a fixar o valor da indenizao por danos morais so de carter personalssimo e levam em conta questessubjetivas, o que dificulta ou mesmo impossibilita a comparao, de forma objetiva, para efeito de configurao da divergncia, comoutras decises assemelhadas. 4. Agravo regimental a que se nega provimento (STJ AgRg no Ag 1.343.941/RJ Terceira Turma Rel. Des. Conv. Vasco Della Giustina j. 18.11.2010 DJe 25.11.2010).

Ao de indenizao. Extravio de bagagem. Relao regida pelo CDC. Danos materiais e morais. Cabimento. Quantum. O extraviode bagagem enseja indenizao por danos morais e pelo valor gasto na aquisio de roupas e objetos de uso pessoal. Deve aindenizao por danos materiais em casos de extravio de bagagem, em viagens internacionais, equivaler a todo o prejuzo sofrido,devendo ser integral, ampla, no tarifada, no se aplicando o Pacto de Varsvia, nem a Conveno de Montreal, mas o Cdigo deDefesa do Consumidor. evidente o dano moral do viajante que perde sua bagagem, sofrendo constrangimentos, angstias eaflies. O quantum da indenizao por danos morais deve ser fixado com prudente arbtrio, para que no haja enriquecimento custa do empobrecimento alheio, mas tambm para que o valor no seja irrisrio (TJMG Apelao cvel 7886810-67.2007.8.13.0024, Belo Horizonte Nona Cmara Cvel Rel. Des. Pedro Bernardes j. 25.01.2011 DJEMG 07.02.2011).

Responsabilidade civil. Danos materiais e morais. Transporte areo internacional. Pacote turstico referente a reservas de hotel epassagem area, saindo de So Paulo com destino a Miami, com conexo em Atlanta. Atraso e perda de voo de conexo por culpada companhia area r. O autor e sua famlia tiveram que dormir no aeroporto e voltar ao Brasil com recursos prprios. Ausncia deamparo material. Aplicabilidade do CDC e no aplicabilidade da Conveno de Montreal. Presentes os pressupostos indenizao.Danos materiais comprovados. Danos morais corretamente fixados. Devido o quantum arbitrado. Adequao Sentena de parcialprocedncia confirmada. Ratificao do julgado. Hiptese em que, estando a r. sentena suficientemente motivada, houve a anlisecorreta dos fundamentos de fato e de direito apresentados pelas partes, dando-se causa o deslinde justo e necessrio Aplicabilidade do art. 252, do RI do TJSP. Sentena mantida. Recurso no provido (TJSP Apelao cvel 0281135-07.2010.8.26.0000 Acrdo n. 4852799, So Paulo Trigsima Oitava Cmara de Direito Privado Rel. Des. Spencer AlmeidaFerreira j. 24.11.2010 DJESP 11.01.2011).

De qualquer modo, cabe ressaltar que a questo a respeito das Convenes de Varsvia e de Montreal ainda pende dejulgamento definitivo pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, havendo votos pela sua prevalncia sobre a Lei 8.078/1990(Recurso Extraordinrio n. 636.331 e Recurso Extraordinrio no Agravo 766.618). O presente autor espera que a tese de superaodo CDC por estes tratados no prevalea, o que representaria enorme retrocesso quanto tutela dos consumidores.

Tambm a ilustrar a concepo do Cdigo de Defesa do Consumidor como norma principiolgica, merece destaque recentearesto do Superior Tribunal de Justia que fez incidir a Lei 8.078/1990 a uma relao jurdica entre duas emissoras de televiso,tendo uma prestado ao pblico informaes inverdicas sobre o desempenho da outra, perante o IBOPE. Conforme a ementa, odireito consumerista pode ser utilizado como norma principiolgica mesmo que inexista relao de consumo entre as parteslitigantes porque as disposies do CDC veiculam clusulas criadas para proteger o consumidor de prticas abusivas e desleais dofornecedor de servios, inclusive as que probem a propaganda enganosa (STJ REsp 1.552.550/SP Terceira Turma Rel. Min.Moura Ribeiro j. 01.03.2016 DJe 22.04.2016). Nos termos do voto do Ministro Relator, o relacionamento entre as emissorasde televiso e os telespectadores caracteriza uma relao de consumo na medida em que elas prestam um servio pblicoconcedido e se beneficiam com a audincia, auferindo renda. Portanto, a emissora se submete aos princpios ditados pelo CDC quetem por objetivo a transparncia e harmonia das relaes de consumo (CDC, art. 4), do qual decorre o direito do consumidor deproteo contra a publicidade enganosa (CDC, art. 6). Ao final, uma emissora foi condenada a indenizar a outra em R$500.000,00, a ttulo de danos morais.

Visualizada a posio do CDC no ordenamento jurdico nacional, bem como as concrees prticas desse posicionamento,vejamos o estudo da aclamada teoria do dilogo das fontes.

O CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E A TEORIA DO DILOGO DASFONTES

Tema fundamental para a compreenso do campo de incidncia do Cdigo de Defesa do Consumidor refere-se sua interaoem relao s demais leis, notadamente em relao ao vigente Cdigo Civil.

Como notrio, prevalecia, na vigncia do Cdigo Civil de 1916, a ideia de que o Cdigo de Defesa do Consumidor

constituiria um microssistema jurdico autoaplicvel e autossuficiente, totalmente isolado das demais normas.17 Assim, naquelaoutrora vigente realidade, havendo uma relao de consumo, seria aplicado o Cdigo de Defesa do Consumidor e no o CdigoCivil. Por outra via, presente uma relao civil, incidiria o Cdigo Civil e no o CDC. Assim era ensinada a disciplina de Direitodo Consumidor na dcada de noventa e na primeira dcada do sculo XXI.

Porm, essa concepo foi superada com o surgimento do Cdigo Civil de 2002 e da teoria do dilogo das fontes. Tal tese foidesenvolvida na Alemanha por Erik Jayme, professor da Universidade de Heidelberg, e trazida ao Brasil pela notvel Claudia LimaMarques, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. A essncia da teoria de que as normas jurdicas no se excluem supostamente porque pertencentes a ramos jurdicos distintos , mas se complementam. No Brasil, a principal incidncia da teoriase d justamente na interao entre o CDC e o CC/2002, em matrias como a responsabilidade civil e o Direito Contratual. Doponto de vista legal, a tese est baseada no art. 7 do CDC, que adota um modelo aberto de interao legislativa. Repise-se que, deacordo com tal comando, os direitos previstos no CDC no excluem outros decorrentes de tratados ou convenes internacionais deque o Brasil seja signatrio, da legislao interna ordinria, de regulamentos expedidos pelas autoridades administrativascompetentes, bem como dos que derivem dos princpios gerais do direito, analogia, costumes e equidade. Nesse contexto, possvel que a norma mais favorvel ao consumidor esteja fora da prpria Lei Consumerista, podendo o intrprete fazer a opopor esse preceito especfico.

Uma das principais justificativas que podem surgir para a incidncia refere-se sua funcionalidade. cedio que vivemos ummomento de exploso de leis, um Big Bang legislativo, como simbolizou Ricardo Lorenzetti. O mundo ps-moderno eglobalizado, complexo e abundante por natureza, convive com uma quantidade enorme de normas jurdicas, a deixar o aplicador doDireito at desnorteado. Repise-se a convivncia com a era da desordem, conforme expe o mesmo Lorenzetti.18 O dilogo dasfontes serve como leme nessa tempestade de complexidade.

Desse modo, diante do pluralismo ps-moderno, com inmeras fontes legais, surge a necessidade de coordenao entre as leisque fazem parte do mesmo ordenamento jurdico.19 A expresso feliz justamente pela adequao realidade social da ps-modernidade. Ao justificar o dilogo das fontes, esclarece Claudia Lima Marques que A bela expresso de Erik Jayme, hojeconsagrada no Brasil, alerta-nos de que os tempos ps-modernos no mais permitem esse tipo de clareza ou monossoluo. Asoluo sistemtica ps-moderna, em um momento posterior descodificao, tpica e microrrecodificao, procura umaeficincia no s hierrquica, mas funcional do sistema plural e complexo de nosso direito contemporneo, deve ser mais fluida,mais flexvel, tratar diferentemente os diferentes, a permitir maior mobilidade e fineza de distino. Nestes tempos, a superao deparadigmas substituda pela convivncia dos paradigmas.20

Como ensina a prpria jurista, h um dilogo diante de influncias recprocas, com a possibilidade de aplicao concomitantedas duas normas ao mesmo tempo e ao mesmo caso, de forma complementar ou subsidiria. H, assim, uma soluo que flexvele aberta, de interpenetrao ou de busca, no sistema, da norma que seja mais favorvel ao vulnervel.21 Ainda, como afirma adoutrinadora em outra obra, O uso da expresso do mestre dilogo das fontes uma tentativa de expressar a necessidade de umaaplicao coerente das leis de direito privado, coexistentes no sistema. a denominada coerncia derivada ou restaurada(cohrence drive ou restaure), que, em um momento posterior descodificao, tpica e microrrecodificao, procura umaeficincia no s hierrquica, mas funcional do sistema plural e complexo de nosso direito contemporneo, a evitar a antinomia, aincompatibilidade ou a no coerncia.22

A possibilitar tal interao no que concerne s relaes obrigacionais, sabe-se que houve uma aproximao principiolgicaentre o CDC e o CC/2002 no que tange aos contratos. Essa aproximao principiolgica se deu pelos princpios sociaiscontratuais, que j estavam presentes na Lei Consumerista e foram transpostos para a codificao privada, quais sejam osprincpios da autonomia privada, da boa-f objetiva e da funo social dos contratos. Nesse sentido e no campo doutrinrio, na IIIJornada de Direito Civil, evento promovido pelo Conselho da Justia Federal e pelo Superior Tribunal de Justia no ano de 2002,aprovou-se o Enunciado n. 167, in verbis: Com o advento do Cdigo Civil de 2002, houve forte aproximao principiolgicaentre esse Cdigo e o Cdigo de Defesa do Consumidor, no que respeita regulao contratual, uma vez que ambos soincorporadores de uma nova teoria geral dos contratos.

Por isso, os defensores dos consumidores, como o presente autor, no devem temer o Cdigo Civil de 2002, como temiam oCdigo Civil de 1916, norma essencialmente individualista e egostica. Como o Cdigo Civil de 2002 pode servir tambm para atutela efetiva dos consumidores, como se ver, supera-se, ento, no que tange aos contratos, a ideia de que o Cdigo Consumeristaseria um microssistema jurdico, totalmente isolado do Cdigo Civil de 2002.

Simbologicamente, pode-se dizer que, pela teoria do dilogo das fontes, supera-se a interpretao insular do Direito, segundoa qual cada ramo do conhecimento jurdico representaria uma ilha (smbolo criado por Jos Fernando Simo). O Direito passa a servisualizado, assim, como um sistema solar (interpretao sistemtica e planetria), em que os planetas so os Cdigos, os satlitesso os estatutos prprios (caso do CDC) e o Sol a Constituio Federal, irradiando seus raios solares seus princpios por todo

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a)

b)

c)

o sistema (figura de Ricardo Luis Lorenzetti). Vejamos tais visualizaes, de forma esquematizada:

Deve ficar claro, contudo, e de antemo, que, apesar do termo Cdigo, o CDC no tem um papel central no Direito Privado,como tem o Cdigo Civil Brasileiro. Isso porque os conceitos fundamentais privados constam da codificao privada, e no da LeiConsumerista. A ttulo de exemplo, o CDC trata da prescrio e da decadncia, dos contratos de consumo e da responsabilidadecivil consumerista. Todavia, os conceitos estruturantes de tais institutos constam do Cdigo Civil de 2002, como se ver napresente obra.

Pois bem, Claudia Lima Marques demonstra trs dilogos possveis a partir da teoria exposta:23

Havendo aplicao simultnea das duas leis, se uma lei servir de base conceitual para a outra, estar presente odilogo sistemtico de coerncia. Exemplo: os conceitos dos contratos de espcie podem ser retirados do CdigoCivil, mesmo sendo o contrato de consumo, caso de uma compra e venda (art. 481 do CC).Se o caso for de aplicao coordenada de duas leis, uma norma pode completar a outra, de forma direta (dilogo decomplementaridade) ou indireta (dilogo de subsidiariedade). O exemplo tpico ocorre com os contratos de consumoque tambm so de adeso. Em relao s clusulas abusivas, pode ser invocada a proteo dos consumidoresconstante do art. 51 do CDC e, ainda, a proteo dos aderentes constante do art. 424 do CC.Os dilogos de influncias recprocas sistemticas esto presentes quando os conceitos estruturais de umadeterminada lei sofrem influncias da outra. Assim, o conceito de consumidor pode sofrer influncias do prprioCdigo Civil. Como afirma a prpria Claudia Lima Marques, a influncia do sistema especial no geral e do geralno especial, um dilogo de doubl sens (dilogo de coordenao e adaptao sistemtica).

Analisadas tais premissas fundamentais, interessante trazer colao, com os devidos comentrios, alguns julgadosnacionais que aplicaram a teoria do dilogo das fontes, propondo uma interao entre o Cdigo Civil de 2002 e o Cdigo deDefesa do Consumidor. De imediato, da recente jurisprudncia do Superior Tribunal de Justia, colaciona-se a seguinte ementa:

Ao civil pblica. Contrato de arrendamento mercantil leasing. Clusula de seguro. Abusividade. Inocorrncia. 1. No se podeinterpretar o Cdigo de Defesa do Consumidor de modo a tornar qualquer encargo contratual atribudo ao consumidor comoabusivo, sem observar que as relaes contratuais se estabelecem, igualmente, atravs de regras de direito civil. 2. O CDC noexclui a principiologia dos contratos de direito civil. Entre as normas consumeristas e as regras gerais dos contratos, insertas noCdigo Civil e legislao extravagante, deve haver complementao e no excluso. o que a doutrina chama de Dilogo dasFontes. 3. Ante a natureza do contrato de arrendamento mercantil ou leasing, em que pese a empresa arrendante figurar comoproprietria do bem, o arrendatrio possui o dever de conservar o bem arrendado, para que ao final da avena, exercendo o seudireito, prorrogue o contrato, compre ou devolva o bem. 4. A clusula que obriga o arrendatrio a contratar seguro em nome daarrendante no abusiva, pois aquele possui dever de conservao do bem, usufruindo da coisa como se dono fosse, suportando, emrazo disso, riscos e encargos inerentes a sua obrigao. O seguro, nessas circunstncias, garantia para o cumprimento da avena,protegendo o patrimnio do arrendante, bem como o indivduo de infortnios. 5. Rejeita-se, contudo, a venda casada, podendo oseguro ser realizado em qualquer seguradora de livre escolha do interessado 6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa

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extenso, provido (STJ REsp 1.060.515/DF Quarta Turma Rel. Des. Conv. Honildo Amaral de Mello Castro j. 04.05.2010 DJe 24.05.2010).

Ainda no plano do STJ, anote-se que aquela jurisprudncia superior j debateu, com base no dilogo das fontes, a incidnciaou no do prazo geral de prescrio do Cdigo Civil na situao envolvendo o tabagismo, por ser o prazo maior mais favorvel aoconsumidor. Destaque-se que o tema ainda ser aprofundado na presente obra. No presente momento, colaciona-se apenas aementa do julgado, pela meno expressa teoria:

Consumidor e civil. Art. 7 do CDC. Aplicao da lei mais favorvel. Dilogo de fontes. Relativizao do princpio daespecialidade. Responsabilidade civil. Tabagismo. Relao de consumo. Ao indenizatria. Prescrio. Prazo. O mandamentoconstitucional de proteo do consumidor deve ser cumprido por todo o sistema jurdico, em dilogo de fontes, e no somente porintermdio do CDC. Assim, e nos termos do art. 7 do CDC, sempre que uma lei garantir algum direito para o consumidor, elapoder se somar ao microssistema do CDC, incorporando-se na tutela especial e tendo a mesma preferncia no trato da relao deconsumo. Diante disso, conclui-se pela inaplicabilidade do prazo prescricional do art. 27 do CDC hiptese dos autos, devendoincidir a prescrio vintenria do art. 177 do CC/1916, por ser mais favorvel ao consumidor. Recente deciso da 2 Seo, porm,pacificou o entendimento quanto incidncia na espcie do prazo prescricional de 5 anos previsto no art. 27 do CDC, que deveprevalecer, com a ressalva do entendimento pessoal da Relatora. Recursos especiais providos (STJ REsp 1009591/RS TerceiraTurma Rel. Min. Nancy Andrighi , j. 13.04.2010 DJe 23.08.2010).

Tambm parece representar aplicao da teoria do dilogo das fontes a recente Smula n. 547 do STJ, de outubro de 2015,segundo a qual Nas aes em que se pleiteia o ressarcimento dos valores pagos a ttulo de participao financeira do consumidorno custeio de construo de rede eltrica, o prazo prescricional de vinte anos na vigncia do Cdigo Civil de 1916. Na vignciado Cdigo Civil de 2002, o prazo de cinco anos se houver previso contratual de ressarcimento e de trs anos na ausncia declusula nesse sentido, observada a regra de transio disciplinada em seu art. 2.028. Trata-se de incidncia dessa teoria, pelo fatode se buscar a aplicao de prazos que esto previstos no Cdigo Civil, pela ausncia de norma especfica no CDC.

Em suma, como se retira de aresto do Tribunal da Cidadania, do ano de 2015, com preciso, o Direito deve ser compreendido,em metfora s cincias da natureza, como um sistema de vasos comunicantes, ou de dilogo das fontes (Erik Jayme), que permitaa sua interpretao de forma holstica. Deve-se buscar, sempre, evitar antinomias, ofensivas que so aos princpios da isonomia eda segurana jurdica, bem como ao prprio ideal humano de Justia (STJ AgRg no REsp 1.483.780/PE Primeira Turma Rel. Min. Napoleo Nunes Maia Filho, j. 23.06.2015, DJe 05.08.2015).

Da mesma maneira, concretizando a teoria e limitando os juros cobrados em carto de crdito, deciso do Tribunal de Justiada Bahia, entre tantas ementas que se repetem:

Consumidor. Carto de crdito. Juros abusivos. Cdigo de Defesa do Consumidor. Juros: estipulao usurria pecuniria ou real.Trata-se de crime previsto na Lei 1.521/1951, art. 4. Limitao prevista na Lei 4.595/1964 e nas normas do Conselho MonetrioNacional, regulao vigorante, ainda que depois da revogao do art. 192 da CF/1988, pela Emenda Constitucional 40, de 2003.Manuteno da razoabilidade e limitao de prtica de juros pelo art. 161 do CTN combinando com 406 e 591 do CC/2002. Aclusula geral da boa-f est presente tanto no Cdigo de Defesa do Consumidor (arts. 4, III, e 51, IV, e 1, do CDC) como noCdigo Civil de 2002 (arts. 113, 187 e 422, do CC/2002), que devem atuar em dilogo (dilogo das fontes, na expresso de ErikJayme) e sob a luz da Constituio e dos direitos fundamentais para proteger os direitos dos consumidores (art. 7 do CDC).Relembre-se, aqui, portanto, o Enunciado de n. 25 da Jornada de Direito Civil, organizada pelo STJ em 2002, que afirma: aclusula geral contida no art. 422 do novo Cdigo Civil impe ao juiz interpretar e, quando necessrio, suprir e corrigir o contratosegundo a boa-f objetiva, entendida como exigncia de comportamento legal dos contratantes. Recurso improcedente (TJBA Recurso 0204106-62.2007.805.0001-1 Segunda Turma Recursal Rel. Juza Nicia Olga Andrade de Souza Dantas DJBA25.01.2010).

Do Tribunal do Rio Grande do Norte, da mesma maneira tentando uma aproximao conceitual entre os dois Cdigos,colaciona-se:

Civil. CDC. Processo Civil. Apelao cvel. Juzo de admissibilidade positivo. Ao de indenizao por danos morais. Contrato depromessa de compra e venda de imvel. Notificao cartorria. Cobrana indevida. Prestao de servios. Relao de consumoconfigurada. Incidncia do Cdigo Civil. Dilogo das fontes. Responsabilidade objetiva. Vcio de qualidade. Dano moral.configurado. Dano honra. Abalo sade. Quantum indenizatrio excessivo. Reduo. Minorao da condenao em honorriosadvocatcios. Recurso conhecido e provido em parte (TJRN Acrdo 2009.010644-0, Natal Terceira Cmara Cvel Rel. JuzaConv. Maria Neize de Andrade Fernandes DJRN 03.12.2009, p. 39).

Tratando da coexistncia entre as leis, enunciado fundamental da teoria do dilogo das fontes, destaque-se deciso do Tribunaldo Rio Grande do Sul:

1.4.

Embargos de declarao. Ensino particular. Desnecessidade de debater todos os argumentos das partes. Aplicao do Cdigo deDefesa do Consumidor. Dilogo das fontes. 1. Formada a convico pelo julgador que j encontrou motivao suficiente paraalicerar sua deciso, e fundamentada nesse sentido, consideram-se afastadas teses, normas ou argumentos porventura esgrimidosem sentidos diversos. 2. Em matria de consumidor vige um mtodo de superao das antinomias chamado de dilogo das fontes,segundo o qual o diploma consumerista coexiste com as demais fontes de direito como o Cdigo Civil e Leis esparsas. Embargosdesacolhidos (TJRS Embargos de Declarao 70027747146, Caxias do Sul Sexta Cmara Cvel Rel. Des. Lige PuricelliPires j. 18.12.2008 DOERS 05.02.2009, p. 43).

Por fim, sem prejuzo de inmeros outros julgados que utilizaram a teoria do dilogo das fontes, merecem relevo os seguintesacrdos do Tribunal de So Paulo, do mesmo modo buscando uma complementaridade entre o CC/2002 e o CDC:

Civil. Compromisso de compra e venda de imvel. Transao. Carta de crdito. Relao de consumo. Lei 8.078/1990. Dilogo dasfontes. Abusividade das condies consignadas em carta de crdito. Validade do instrumento quanto ao reconhecimento de dvida.Processual civil. Honorrios. Princpio da sucumbncia e da causalidade. Arbitramento em conformidade com o disposto no art. 20, 3 do CPC. Recurso desprovido (TJSP Apelao com Reviso 293.227.4/4 Acrdo 3233316, So Paulo Segunda Cmarade Direito Privado Rel. Des. Boris Padron Kauffmann j. 09.09.2008 DJESP 01.10.2008).

Responsabilidade civil. Defeito em construo. Contrato de empreitada mista. Responsabilidade objetiva do empreiteiro. Anliseconjunta do CC e CDC. Dilogo das fontes. Sentena mantida. Recurso improvido (TJSP Apelao com reviso 281.083.4/3 Acrdo 3196517, Bauru Oitava Cmara de Direito Privado Rel. Des. Caetano Lagrasta j. 21.08.2008, DJESP 09.09.2008).

Responsabilidade civil por vcios de construo. Desconformidade entre o projeto e a obra. Paredes de espessura inferior sconstantes do projeto, que provocam alteraes acsticas e de temperatura nas unidades autnomas. Responsabilidade daincorporadora e construtora pela correta execuo do empreendimento. Vinculao da incorporadora e construtora execuo dasbenfeitorias prometidas, que integram o preo. Desvalorizao do empreendimento. Indenizao pelos vcios de construo e pelasdesconformidades com o projeto original e a oferta aos adquirentes das unidades. Inocorrncia de prescrio ou decadncia dapretenso ou direito indenizao. Incidncia do prazo prescricional de solidez da obra do Cdigo Civil. Dilogo das fontes com oCdigo de Defesa do Consumidor. Ao procedente. Recurso improvido (TJSP Apelao cvel 407.157.4/8 Acrdo 2635077,Piracicaba Quarta Cmara de Direito Privado Rel. Des. Francisco Loureiro j. 29.05.2008 DJESP 20.06.2008).

Superadas essas ilustraes, deve ficar bem claro que a teoria do dilogo das fontes realidade inafastvel do Direito doConsumidor no Brasil. Sendo assim, tal premissa terica, por diversas vezes, ser utilizada como linha de argumentao napresente obra. De toda sorte, cumpre destacar que a teoria do dilogo das fontes surge para substituir e superar os critriosclssicos de soluo das antinomias jurdicas (hierrquico, da especialidade e cronolgico). Realmente, esse ser o seu papel nofuturo. No momento, ainda possvel conciliar os clssicos critrios com a aclamada tese.

O CONTEDO DO CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E A ORGANIZAODA PRESENTE OBRA

Este livro procura analisar os principais conceitos e construes que constam da Lei 8.078, de 11 de setembro de 1990,conhecido como Cdigo de Defesa do Consumidor em seus aspectos materiais e processuais. A sua organizao segue justamente adiviso metodolgica constante naquela lei.

Desse modo, superada a presente introduo, o Captulo 2 desta obra aborda os princpios estruturantes do Cdigo Brasileirode Direito do Consumidor, retirados dos arts. 4 e 6 da Lei 8.078/1990.

Em continuidade, no Captulo 3 so estudados os elementos da relao jurdica de consumo (elementos subjetivos e objetivos),tendo como parmetros estruturais os arts. 2 e 3 do CDC, sem prejuzo de outros comandos, caso dos seus arts. 17 e 29, quetratam do conceito do consumidor por equiparao ou bystander.

No Captulo 4, o cerne do estudo a responsabilidade civil dos fornecedores de produtos e prestadores de servios, um dostemas mais importantes do Direito do Consumidor na atualidade, matria tratada entre os arts. 8 a 27.

O Captulo 5 tem por objeto a proteo contratual dos consumidores, constante dos arts. 46 a 54, captulo que tambm trazregras fundamentais para a realidade contempornea consumerista.

Tendo por objeto tambm as prticas comerciais, assim como o tpico anterior, o Captulo 6 aborda a proteo dosconsumidores quanto oferta e publicidade, com enfoque terico e prtico (arts. 30 a 38).

No Captulo 7, ainda com relao s prticas comerciais, verifica-se o estudo das prticas abusivas, tendo como parmetro osarts. 30 a 42-A da Lei Consumerista.

O importante e atual tema dos cadastros de consumidores a matria do Captulo 8 deste livro, com anlise da natureza dos

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cadastros positivos e negativos (arts. 43 e 44 do CDC), luz da melhor doutrina e da atual jurisprudncia. O Captulo 9 trata deaspectos materiais da desconsiderao da personalidade jurdica tratada pelo CDC.

Esses nove primeiros captulos foram desenvolvidos pelo presente autor.O Captulo 10 analisa questes da defesa individual do consumidor em juzo. O Captulo 11 aborda a tutela coletiva do

consumidor. O Captulo 12 trata de aspectos processuais relativos desconsiderao da personalidade jurdica. No Captulo 13, otema a Ordem Pblica e o Direito do Consumidor. Por fim, o Captulo 14 encerra o tema do habeas data na tica do CDC. Oscinco ltimos captulos foram escritos pelo coautor Daniel Amorim Assumpo Neves, estando devidamente atualizados frente aoNovo Cdigo de Processo Civil.

Vejamos, ento, todos esses institutos, de forma sucessiva e aprofundada.

1 Conforme se extrai da obra Cdigo de Defesa do Consumidor. Comentado pelos autores do Anteprojeto, de autoria de Ada PellegriniGrinover e outros (8. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 2004. p. 1).

BITTAR, Eduardo C. B. O direito na ps-modernidade. Rio de Janeiro: Forense Universitria, 2005. p. 97-100.

BITTAR, Eduardo C. B. O direito na ps-modernidade, cit., p. 108.

JAPIASSU, Hilton Ferreira. A crise da razo no ocidente. Disponvel em: . Acesso em: 17 mar. 2009.

JAYME, Erik. O direito internacional privado do novo milnio: a proteo da pessoa humana em face da globalizao. Trad. Claudia LimaMarques e Ndia de Arajo. In: Marques, Claudia Lima; Arajo, Ndia de (Coord.). O novo direito internacional. Estudos emhomenagem a Erik Jayme. Rio de Janeiro: Renovar, 2005. p. 4.

JAYME, Erik. Il diritto internazionale privato estense. Revista di Diritto Internazionale Privato e Processuale. Estrato. Diretta da Fausto Pocar,Tullio Treves, Sergio M. Carbone, Andrea Giardina, Riccardo Luzzatto, Franco Mosconi, Padova: Cedam, ano XXXII, n. 1,Gennaio/Marzo 1996. p. 18.

JAYME, Erik. Il diritto internazionale privato estense, cit., p. 18.

Ver: LORENZETTI, Ricardo Luis. Fundamentos do direito privado. Trad. Vera Maria Jacob Fradera. So Paulo: RT, 1998. p. 44; LORENZETTI,Ricardo Luis. Teoria da deciso judicial. Fundamentos de direito. Trad. Bruno Miragem. Notas e reviso da traduo Claudia LimaMarques. So Paulo: RT, 2009. p. 43.

MARQUES, Claudia Lima. Comentrios ao Cdigo de Defesa do Consumidor. So Paulo: RT, 2004. p. 26, nota n. 3. Trata-se da introduo obra coletiva escrita em coautoria com Antonio Herman de V. Benjamin e Bruno Miragem, em que a doutrinadora expe a teoria dodilogo das fontes.

AZEVEDO, Antonio Junqueira de. Parecer. O direito como sistema complexo e de 2 ordem; sua autonomia. Ato nulo e ato ilcito.Diferena de esprito entre responsabilidade civil e penal. Necessidade de prejuzo para haver direito a indenizao naresponsabilidade civil. Estudos e pareceres de direito privado. So Paulo: Saraiva, 2004. p. 26-27.

LORENZETTI, Ricardo Luis. Teoria da deciso judicial. Fundamentos de direito, cit., p. 359-360.

Sobre o tema: BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. So Paulo: Campus, 2004.

RIZZATTO NUNES, Luiz Antonio. Comentrios ao Cdigo de Defesa do Consumidor. 3. ed. So Paulo: Saraiva, 2007. p. 91.

NERY JR., Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Cdigo Civil Anotado. 2. ed. So Paulo: RT, 2003. p. 906.

KELSEN, Hans. Teoria pura do Direito. 8. ed. So Paulo: Martins Fontes, 2009.

MORSELLO, Marco Fbio. Responsabilidade civil no transporte areo. So Paulo: Atlas, 2006. p. 419.

Nesse sentido, por exemplo: RIZZATTO NUNES, Luiz Antonio. Comentrios ao Cdigo de Defesa do Consumidor, cit., p. 93-94.

Todos os referenciais tericos do jurista argentino constam em: LORENZETTI, Ricardo Luis. Teoria da deciso judicial, cit.

MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antonio Herman; MIRAGEM, Bruno. Comentrios ao Cdigo de Defesa do Consumidor. 2. ed. SoPaulo: RT, 2005. p. 26.

MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antonio Herman; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de direito do consumidor. So Paulo: RT, 2008.p. 89.

MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antonio Herman; MIRAGEM, Bruno. Comentrios ao Cdigo de Defesa do Consumidor, cit., p. 29.

MARQUES, Claudia Lima. Manual de direito do consumidor, cit., p. 87.

MARQUES, Claudia Lima; BENJAMIN, Antonio Herman; BESSA, Leonardo Roscoe. Manual de Direito do Consumidor, cit., p. 91.

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2.1.

PRINCPIOS FUNDAMENTAIS DO CDIGO DEDEFESA DO CONSUMIDOR

Sumrio: 2.1. Primeiras palavras sobre os princpios jurdicos 2.2. Princpio do protecionismo do consumidor(art. 1 da Lei 8.078/1990) 2.3. Princpio da vulnerabilidade do consumidor (art. 4, inc. I, da Lei 8.078/1990) 2.4.Princpio da hipossuficincia do consumidor (art. 6, inc. VIII, da Lei 8.078/1990) 2.5. Princpio da boa-f objetiva(art. 4, inc. III, da Lei 8.078/1990) 2.6. Princpio da transparncia ou da confiana (arts. 4, caput, e 6, inc. III, daLei 8.078/1990). A tutela da informao 2.7. Princpio da funo social do contrato 2.8. Princpio daequivalncia negocial (art. 6, inc. II, da Lei 8.078/1990) 2.9. Princpio da reparao integral dos danos (art. 6, inc.VI, da Lei 8.078/1990). Os danos reparveis nas relaes de consumo.

PRIMEIRAS PALAVRAS SOBRE OS PRINCPIOS JURDICOSO estudo dos princpios consagrados pelo Cdigo de Defesa do Consumidor um dos pontos de partida para a compreenso

do sistema adotado pela Le