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Agravo Interno Cv Nº 1.0000.15.091344-0/001 Fl. 1/27 Número Verificador: 1000015091344000120151657191 <CABBCAADDABACCBCADBABCACBCCBABAADBCAADDADAAAD> EMENTA: AGRAVO INTERNO - DECISÃO PROFERIDA EM SEDE DE MANDADO DE SEGURANÇA QUE INDEFERIU O PEDIDO LIMINAR - GREVE INSURREIÇÃO CONTRA O CORTE DO PONTO PELOS DIAS PARADOS - RECURSO NÃO PROVIDO “IN CASU”. A concessão liminar do mandado de segurança pressupõe a relevância da fundamentação ("fumus boni iuris") e a constatação de que a manutenção do ato impugnado poderá resultar na própria ineficácia da medida ("periculum in mora"), nos termos do art. 7º, III, da Lei nº. 12.016/2009. Não se aferindo a presença dos requisitos para a medida liminar, para fins de que se abstenha de descontar os dias paralisados da remuneração dos servidores grevistas, deve ser mantida a decisão que indeferiu a tutela de urgência, máxime se não havendo prestação do trabalho também não pode haver contraprestação pecuniária. V.V.P. EMENTA: AGRAVO INTERNO MANDADO SEGURANÇA COLETIVO GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO DIAS DE PARALISAÇÃO DESCONTO - PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DEMOCRÁTICOS - ABERTURA DO DIÁLOGO COMPENSAÇÃO PELOS DIAS FALTANTES POSSIBILIDADE PARCIAL PROVIMENTO. 1. A Constituição Federal de 1988 consagrou os Princípios Democráticos de Direito, sendo supedâneo a priorização do diálogo, entre os litigantes, os servidores e a sociedade em geral. 2- A ausência ao trabalho em decorrência do movimento paredista, que deve ser confrontado com os princípios da supremacia do interesse público e da continuidade dos serviços públicos, deve ser compensada mediante reposição pelos dias faltantes. 3 Parcial provimento ao agravo interno. AGRAVO INTERNO CV Nº 1.0000.15.091344-0/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - AGRAVANTE(S): SINDICATO DOS SERVIDORES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERA - AGRAVADO(A)(S): PROCURADOR- GERAL DE JUSTIÇA A C Ó R D Ã O

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Agravo Interno Cv Nº 1.0000.15.091344-0/001

Fl. 1/27

Número Verificador: 1000015091344000120151657191

<CABBCAADDABACCBCADBABCACBCCBABAADBCAADDADAAAD>

EMENTA: AGRAVO INTERNO - DECISÃO PROFERIDA EM SEDE

DE MANDADO DE SEGURANÇA QUE INDEFERIU O PEDIDO

LIMINAR - GREVE – INSURREIÇÃO CONTRA O CORTE DO PONTO

PELOS DIAS PARADOS - RECURSO NÃO PROVIDO “IN CASU”. A

concessão liminar do mandado de segurança pressupõe a

relevância da fundamentação ("fumus boni iuris") e a constatação

de que a manutenção do ato impugnado poderá resultar na

própria ineficácia da medida ("periculum in mora"), nos termos do

art. 7º, III, da Lei nº. 12.016/2009. Não se aferindo a presença dos

requisitos para a medida liminar, para fins de que se abstenha de

descontar os dias paralisados da remuneração dos servidores

grevistas, deve ser mantida a decisão que indeferiu a tutela de

urgência, máxime se não havendo prestação do trabalho também

não pode haver contraprestação pecuniária.

V.V.P.

EMENTA: AGRAVO INTERNO – MANDADO SEGURANÇA

COLETIVO – GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO

MINISTÉRIO PÚBLICO – DIAS DE PARALISAÇÃO – DESCONTO -

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DEMOCRÁTICOS - ABERTURA

DO DIÁLOGO – COMPENSAÇÃO PELOS DIAS FALTANTES –

POSSIBILIDADE – PARCIAL PROVIMENTO. 1. A Constituição

Federal de 1988 consagrou os Princípios Democráticos de Direito,

sendo supedâneo a priorização do diálogo, entre os litigantes, os

servidores e a sociedade em geral. 2- A ausência ao trabalho em

decorrência do movimento paredista, que deve ser confrontado

com os princípios da supremacia do interesse público e da

continuidade dos serviços públicos, deve ser compensada

mediante reposição pelos dias faltantes. 3 – Parcial provimento ao

agravo interno.

AGRAVO INTERNO CV Nº 1.0000.15.091344-0/001 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - AGRAVANTE(S): SINDICATO

DOS SERVIDORES DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERA - AGRAVADO(A)(S): PROCURADOR-

GERAL DE JUSTIÇA

A C Ó R D Ã O

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Número Verificador: 1000015091344000120151657191

Vistos etc., acorda, em Turma, a Turma Especializada da 1ª

Câmara Unif. Jurisp. Cível do Tribunal de Justiça do Estado de Minas

Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em NEGAR

PROVIMENTO AO RECURSO, POR MAIORIA.

DES. BELIZÁRIO DE LACERDA

RELATOR.

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DES. BELIZÁRIO DE LACERDA (RELATOR)

V O T O

Cuida-se de Agravo Regimental interposto contra a r. decisão

que indeferiu o pedido de liminar ao entendimento de que não restou

suficientemente demonstrada a relevância do fundamento jurídico do

pedido, apta a ensejar o deferimento da medida liminar.

Em suas razões o agravante pugna pela reconsideração da

decisão ou pelo provimento do agravo, para que seja deferida a

medida liminar requerida a fim de que seja expedida ordem judicial

para que a autoridade coatora se abstenha de descontar os dias

paralisados da remuneração dos servidores grevistas, podendo ser

exigida a apresentação do ponto paralelo, demonstrando assim, a

adesão ao movimento; alternativamente, requer que seja expedida

ordem judicial para que a autoridade coatora se abstenha de descontar

os dias paralisados da remuneração dos servidores grevistas antes de

negociar a compensação dos dias paralisados, ou por decisão judicial,

nos termos do art. 7º da Lei 7.783.

CONHEÇO DO RECURSO posto que satisfeitos seus

pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade.

Analisando detidamente os autos, entendo não assistir razão ao

agravante, como restou consignado na decisão recorrida e mantida por

seus próprios fundamentos, “in verbis”:

“Nos termos do art. 7º, inciso III, da Lei

nº12.016/09, a concessão de medida liminar em

mandado de segurança pressupõe a satisfação

cumulativa de dois requisitos, quais sejam a

relevância do fundamento jurídico do pedido e o

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Número Verificador: 1000015091344000120151657191

risco de lesão irreparável ao direito do impetrante

caso reconhecido apenas no desfecho do

processo.

Sobre o tema, esclarece EDUARDO SODRÉ:

São pressupostos para concessão do pedido liminar o fundado receio de dano e a plausibilidade do direito alegado; em outras palavras, exige-se periculum in mora e fumus boni iuris. Uma vez verificados tais requisitos, a ordem deve ser prontamente concedida, haja vista que corresponde a direito processual da impetrante e a não a mera liberalidade do julgador. Frise-se, ainda, que a exigência de caução não é da essência da concessão da liminar, haja vista que dificulta o acesso do cidadão sem recursos ao Poder Judiciário. Temos, em síntese, que, excepcionalmente, pode ser exigida pelo magistrado a contracautela, isto nas hipóteses em que, cumulativamente, haja risco de dano grave e irreparável para a administração pública e, ainda, as circunstâncias do caso concreto levem o julgador a crer que, sem a caução, há real probabilidade deste prejuízo não ser, ao final, reparado pelo impetrante. (Ações Constitucionais, 5ª ed., Salvador: Ed. Podivm, 2011, Organizador: Fredie Didier Jr., pág. 138)

Elucida HELY LOPES MEIRELLES, dissertando

sobre a medida liminar na ação mandamental:

“A medida liminar não é concedida como antecipação dos efeitos da sentença final, é procedimento acautelador do possível direito do impetrante justificado pela iminência de dano irreversível (...) se mantido o ato coator até a apreciação definitiva da causa. Por isso mesmo, não importa prejulgamento (...). Preserva, apenas, o impetrante de lesão irreparável, sustando provisoriamente os efeitos do ato impugnado.” (Mandado de Segurança, 28º ed., São Paulo: Malheiros, pág. 80)

E ainda CASSIO SCARPINELLA BUENO,

comentando a Lei nº 12.016/2009:

“O inciso III do art. 7º da nova lei, repetindo o que

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constava do inciso II do art. 7º da Lei n. 1.533/1951, prevê a viabilidade de o magistrado conceder liminar em favor do impetrante, 'quando houver fundamento relevante e do ato impugnado puder resultar a ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida'. 'Fundamento relevante' faz as vezes do que, no âmbito do processo cautelar, é descrito pela expressão fumus boni iuris e do que, no âmbito do 'dever-poder geral de antecipação', é descrito pela expressão 'prova inequívoca da verossimilhança da alegação'. Todas essas expressões a par da peculiaridade procedimental do mandado de segurança, devem ser entendidas como significativas de que, para a concessão da liminar,o impetrante deverá convencer o magistrado de que é portador de melhores razões que a parte contrária; que o ato coator é, ao que tudo indica, realmente abusivo ou ilegal. Isto é tanto mais importante em mandado de segurança porque a petição inicial, com os seus respectivos documentos de instrução, é a oportunidade única que o impetrante tem para convencer o magistrado, ressalvadas situações excepcionais como a que vem expressa no §1º do art. 6º da nova Lei (v. n. o, supra), de que é merecedor da tutela jurisdicional. A 'ineficácia da medida, caso seja finalmente deferida', é expressão que deve ser entendida da mesma forma que a consagrada expressão latina periculum in mora, perigo na demora da prestação jurisdicional. No mandado de segurança, dado o seu comando constitucional de perseguir in natura a tutela do direito ameaçado ou violado por ato abusivo ou ilegal, é tanto maior a ineficácia da medida na exata proporção em que o tempo de seu procedimento posto que bastante enxuto, não tenha condições de assegurar o proferimento de sentença apta a tutela suficiente e adequadamente o direito tal qual venha a reconhecer.” (A Nova Lei do Mandado de Segurança, São Paulo: Saraiva, págs. 40/41)

Em juízo de probabilidade, próprio das tutelas de

urgência, tenho que não restou suficientemente

demonstrada a relevância do fundamento jurídico

do pedido, apta a ensejar o deferimento da

medida liminar.

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Número Verificador: 1000015091344000120151657191

Do perfunctório exame do caderno processual

observa-se que a pretensão trazida na exordial

aparentemente confronta com a jurisprudência

dominante acerca da matéria, que tem admitido

a realização de descontos nos vencimentos dos

servidores grevistas, salvo nas hipóteses de

movimento paredista provocado por atraso no

pagamento ou outras situações excepcionais que

justifiquem o afastamento da premissa da

suspensão do contrato de trabalho, as quais não

antevejo no caso dos autos, eis que os motivos

que ensejaram a greve se relacionam à

implementação da revisão-geral anual do

exercício de 2015, extensão do auxílio-saúde aos

servidores e o retorno da jornada diária de 06

horas.

Neste sentido vejam-se as seguintes ementas de

acórdão do Supremo Tribunal Federal e do

Superior Tribunal de Justiça, respectivamente:

AGRAVOS REGIMENTAIS NO AGRAVO DE INTRUMENTO. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DIREITO DE GREVE. MI 708/DF. DESCONTO REMUNERATÓRIO DOS DIAS DE PARALISAÇÃO. POSSIBILIDADE. PRECEDENTE. AGRAVO REGIMENTAL IMPROVIDO. I - Inexiste direito à restituição dos valores descontados decorrentes dos dias de paralisação. Precedente. MI 708/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes. II - Não merece reparos a parte dispositiva da decisão agravada a qual isentou o Estado do Rio de Janeiro de restituir os descontos relativos ao período de paralisação. (AgR no AI nº 824.949, rel. Min. Ricardo Lewandowski, DJe 6/9/2011)

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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO. ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GREVE: POSSIBILIDADE DE DESCONTO REMUNERATÓRIO DOS DIAS DE PARALISAÇÃO. PRECEDENTE. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA PROVIMENTO. - (AgR no RE nº 399338, rel. Min. Cármen Lúcia, DJe 24/2/2011) ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GREVE. DESCONTO DOS DIAS NÃO TRABALHADOS. POSSIBILIDADE. 1. É entendimento consolidado no âmbito do STJ que é legítimo o ato da Administração que promove o desconto dos dias não trabalhados pelos servidores públicos participantes de movimento grevista, diante da suspensão do contrato de trabalho, nos termos da Lei 8.112/1990, salvo a existência de acordo entre as partes para que haja compensação dos dias paralisados. 2. Na hipótese dos autos, o Tribunal de origem deixou claro que, embora exista acordo extrajudicial firmado pelas partes, este somente fez menção à criação de benefícios e vantagens pleiteados pelo Sindicado demandado. 3. Assim como no setor privado, o movimento de greve acarreta a suspensão do vínculo funcional, e a consequente desobrigação do pagamento da remuneração, conforme dispõe o art. 7º da Lei 7.783/89, aplicável, no que couber, ao setor público, de acordo com precedentes do STF e STJ. Precedentes. - (AgRg no REsp 1390467/RN, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, DJe 25/09/2013). ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GREVE. DESCONTO DOS DIAS NÃO TRABALHADOS. POSSIBILIDADE. VIOLAÇÃO AOS ARTS. 535 E 557 DO CPC. NÃO OCORRÊNCIA Como antes afirmado, a jurisprudência das Turmas que compõem a 1ª Seção é uníssona no sentido de que, ainda que reconhecida a legalidade da greve, podem ser descontados dos vencimentos dos servidores públicos os dias não trabalhados, tendo em conta a suspensão do contrato de trabalho. - (AgRg no REsp 1273802/RS, Rel. Ministro SÉRGIO KUKINA, PRIMEIRA TURMA, DJe 02/08/2013).”

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A concessão liminar do mandado de segurança pressupõe a

relevância da fundamentação ("fumus boni iuris") e a constatação de

que a manutenção do ato impugnado poderá resultar na própria

ineficácia da medida ("periculum in mora"), nos termos do art. 7º, III, da

Lei nº. 12.016/2009.

Não se aferindo a presença dos requisitos para a medida

liminar, para fins de que se abstenha de descontar os dias paralisados

da remuneração dos servidores grevistas, deve ser mantida a decisão

que indeferiu a tutela de urgência.

Em tais termos, NEGO PROVIMENTO AO RECURSO.

DESA. TERESA CRISTINA DA CUNHA PEIXOTO

Sem a limitação de maiores reflexões sobre o tema, por ora

acompanho o Relator, data vênia, e ainda que a questão em debate

se encontre sob a égide do c. Supremo Tribunal Federal não me

parece adequado que, em se tratando de movimento paredista no

serviço público, em que as regras relativas as peculiaridades atinentes

a sua própria natureza ainda não estão definidas, que possa o

servidor receber sem a contraprestação devida, não me parecendo,

outrossim, relevante nesse momento a questão atinente a ilegalidade

ou não da greve.

Com tais considerações, acompanho o Relator e nego

provimento ao recurso.

DESA. ALBERGARIA COSTA

Conforme relatado, o agravo foi interposto contra o indeferimento do pedido de liminar no mandado de segurança impetrado pelo Sindicato dos Servidores do Ministério Público do Estado de Minas Gerais, em defesa do direito líquido e certo dos servidores substituídos de

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não sofrerem desconto em seus vencimentos pelos dias não trabalhados, em razão da adesão à greve deflagrada em novembro de 2015, após deliberação em assembléia e atendimento dos requisitos legais.

Acerca do assunto, sabe-se que o Supremo Tribunal

Federal, quando do julgamento dos Mandados de Injunção n.º 670, 708 e 712 reconheceu, por unanimidade, a indevida omissão legislativa acerca da regulamentação da greve pelos servidores públicos, o que violaria o exercício de direito fundamental para qualquer sociedade democrática e assegurado pela Constituição Federal Brasileira de 1988.

Naquela ocasião, a maioria dos integrantes do Pleno

decidiu pela aplicação ao setor público, no que couber, da Lei de Greve vigente para o setor privado (Lei nº 7.783/89), segundo a qual “a participação em greve suspende o contrato de trabalho” (art. 7º).

Por esta razão, firmou-se o entendimento de que “como

regra geral, portanto, os salários dos dias de paralisação não deverão ser pagos, salvo no caso em que a greve tenha sido provocada justamente por atraso no pagamento aos servidores públicos civis, ou por outras situações excepcionais que justifiquem o afastamento da premissa da suspensão do contrato de trabalho”.

Releva notar, todavia, que referido dispositivo legal que

regulamenta a greve no setor privado, se por um lado considera suspenso o contrato de trabalho, por outro, impõe a regulação das relações obrigacionais, as quais devem “ser regidas pelo acordo, convenção, laudo

arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho (art. 7º da Lei n.º 7.783/1989, in

fine)”. Trata-se de questão relevante a ser considerada, pois os

servidores públicos não contam com o instrumento do dissídio coletivo, tampouco com a possibilidade de intervenção da Justiça para mediar o conflito após o término do movimento paredista, oportunidade em que os empregados e empregadores do setor privado buscam uma composição justa mediante concessões mútuas. Por outras palavras, reconhecida a legalidade e não abusividade da greve, aos empregados é conferida a chance de evitar os descontos salariais através da compensação dos dias paralisados, fundamentais para sua subsistência e de todo seu núcleo familiar, mediante composição com os empregadores ou, ainda, através da intervenção da Justiça do Trabalho.

Tal garantia não ocorre com os servidores públicos que,

ao aderirem à paralisação como última via de reivindicação dos pretensos direitos diante do Estado e deflagrada após frustradas as negociações, mesmo que tenha sido exercida de forma legítima, correm o risco de

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arcarem, sozinhos, com os ônus da intransigência, ao passo que inexiste a obrigatoriedade de dissídio coletivo após o término do movimento.

Nesse contexto, insta ainda salientar que compete ao

chefe do Executivo a iniciativa do processo legislativo que implique aumento de despesas dos servidores públicos, e por isso o servidor público da administração direta, autárquica ou fundacional encontra obstáculos para o reconhecimento das convenções e acordos coletivos previstos no art. 7º, XXVI, da CR/88.

Exatamente em razão do princípio da legalidade e da

reserva do orçamento é que a negociação coletiva, com repercussão financeira, no âmbito do serviço público, não tem a mesma força e autonomia vista no setor privado. Ela ocorre através de um protocolo de intenções, que poderá ensejar um projeto de lei a ser encaminhado ao Poder Legislativo, onde será submetido a processo legislativo e, caso aprovado naquela Casa, retornará para sanção do chefe do Executivo.

E da mesma forma que a negociação coletiva não se

qualifica como um acordo coletivo formal – apenas uma lei poderá regular e implementar as reivindicações dos servidores – inexiste obrigatoriedade de regulação das relações obrigacionais suspensas pela greve por “acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça do Trabalho”.

A despeito da definição, pela Suprema Corte, acerca da

utilização, por analogia, da Lei de Greve do setor privado, a atividade jurisdicional deve transcender a aplicação do texto da lei e preferir os mecanismos de interpretação de que resulte eficiente a providência legal, àqueles que a torne sem efeito ou inútil ao exercício de um direito.

Nesse sentido, embora a corrente jurisprudencial

majoritária seguida pelo eminente Desembargador Relator seja no sentido de que a deflagração do movimento grevista no serviço público suspende o

vínculo funcional e, por conseguinte, desobriga o Poder Público do pagamento referente aos dias não trabalhados, na realidade, esta interpretação viola flagrantemente o exercício do direito de greve, ao passo que intimida a adesão e enfraquece o movimento.

Alerta Carlos Maximiliano que “deve o Direito ser

interpretado inteligentemente: não de modo que a ordem legal envolva um absurdo, prescreva inconveniências, vá ter a conclusões inconsistentes ou impossíveis” (Hermenêutica e Aplicação do Direito. 10ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1998. P. 166).

Exemplo disso é a aplicação analógica de parte da norma

regulamentadora do direito de greve no setor privado disposta no art. 7º da Lei n.º 7.783/1989. Afinal, a ausência de regulação das relações

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obrigacionais por “acordo, convenção, laudo arbitral ou decisão da Justiça” – não prevista no setor público – não garante a efetividade do direito à paralisação porque não salvaguarda a integridade da verba alimentar do servidor grevista.

É fundamental a existência de instrumentos institucionais

capazes de dirimir sobre as relações obrigacionais após o fim da paralisação, de forma imparcial, pois o que ocorre, na prática, é a total submissão do servidor ao interesse e conveniência da Administração em ter compensados os dias parados. Nesse contexto, o corte na folha de pagamento dos seus servidores torna a decisão pela adesão a um movimento legítimo grevista uma opção econômica do servidor de renúncia de sua verba alimentar, colocando em risco sua própria subsistência.

Obviamente, tal realidade ofende o direito fundamental de

greve, intrinsecamente ligado ao estado democrático de direito, e não pode ser tolerada pelo Poder Judiciário simplesmente em razão da ausência de regulamentação legislativa sobre a matéria, ou mesmo porque a aplicação analógica da Lei n.º 7.783/1989 não garante o pleno exercício de greve no setor público.

Sabe-se que para a utilização da interpretação analógica

é preciso que as situações analisadas guardem “identidade de razão jurídica”. É o que ensina Miguel Reale:

“A analogia atende ao princípio de que o Direito é um sistema de fins. Pelo processo analógico, estendemos a um caso não previsto aquilo que o legislador previu para outro semelhante, em igualdade de razões. Se o sistema do Direito é um todo que obedece a certas finalidades fundamentais, é de se pressupor que, havendo identidade de razão jurídica, haja identidade de disposição nos casos análogos (...)” (destaques apostos) (Lições Preliminares de Direito, 25ed. p. 298).

Não há como se exigir da classe funcional,

reconhecidamente mais vulnerável nas negociações coletivas com o Estado, a posterior reposição das horas não trabalhadas se esta não for estabelecida pela própria Administração. Tampouco poderia ser admitida a sanção ao servidor público, em contramão do disposto na Súmula n.º 316 do STF segundo a qual “a simples adesão à greve não constitui falta grave”.

Exatamente por isso é que o Substitutivo ao Projeto de Lei

n.º 4.497/2001, que pretendeu a regulamentação da greve dos servidores públicos, não dispôs acerca da possibilidade do desconto nos vencimentos

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dos servidores grevistas, mas sim, sobre a obrigatória reposição das horas não trabalhadas, conforme cronograma estabelecido pela Administração:

“Art. 10. Os dias de greve serão contados como de efetivo exercício para todos os efeitos, inclusive remuneratórios, desde que, após o encerramento da greve, sejam repostas as horas não trabalhadas, de acordo com cronograma estabelecido pela Administração, com a participação da entidade sindical ou da comissão de negociação a que se refere o §2º do art. 3º”.

Igual previsão de compensação da jornada com caráter

obrigatório extrai-se do Projeto de Lei n.º 6.032/2002, segundo o qual, declarada a legalidade da greve, será garantido o pagamento da remuneração:

“Art. 3º - Será suspenso de ofício, pela autoridade competente, o pagamento da remuneração do servidor em greve, relativamente aos dias não trabalhados. §1º - Declarada a legalidade da greve, será restabelecido o pagamento da remuneração, com efeitos retroativos à data de sua suspensão, ficando o servidor obrigado a repor os dias não trabalhados, mediante jornada diária acrescida de duas horas.”

Não se pode olvidar que o deferimento do mandado de

injunção pelo Supremo Tribunal Federal levou à aplicação, no que couber, da Lei de Greve aplicada ao setor privado. Os votos vencidos limitavam a decisão à categoria representada pelo sindicato impetrante e estabeleciam condições específicas para o exercício de suas respectivas paralisações.

Do voto vencido proferido pelo eminente Ministro Ricardo

Lewandowski extrai-se exatamente a preocupação no sentido de que “não há, no setor público, os instrumentos adequados, os canais institucionais para essas tratativas. Portanto, se adotarmos esta lei de greve do setor privado para o setor público, a greve ficaria, em tese, inviabilizada. Porque, no primeiro momento de tratativas, de negociação, por falta absoluta de canais institucionais, ela não se viabilizaria”.

O voto vencedor, proferido pelo eminente Ministro Gilmar

Mendes, no entanto, não ignorou tais situações indesejadas levantadas no voto divergente, tanto que ponderou que a analogia deveria ser aplicada pelo Poder Judiciário com “eventuais adaptações”, ou seja, sempre preservando o livre exercício da reivindicação de uma classe funcional

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Agravo Interno Cv Nº 1.0000.15.091344-0/001

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Número Verificador: 1000015091344000120151657191

diante do Poder Público. Tais temperamentos foram, inclusive, ressaltados na ementa:

“6.4. Considerados os parâmetros acima delineados, a par da competência para o dissídio de greve em si, no

qual se discuta a abusividade, ou não, da greve, os

referidos tribunais, nos âmbitos de sua jurisdição,

serão competentes para decidir acerca do mérito do

pagamento, ou não, dos dias de paralisação em

consonância com a excepcionalidade de que esse

juízo se reveste. Nesse contexto, nos termos do art. 7o da Lei no 7.783/1989, a deflagração da greve, em princípio, corresponde à suspensão do contrato de

trabalho. Como regra geral, portanto, os salários dos

dias de paralisação não deverão ser pagos, salvo no

caso em que a greve tenha sido provocada justamente por atraso no pagamento aos servidores públicos civis, ou por outras situações excepcionais que justifiquem o afastamento da premissa da suspensão do contrato de trabalho (art. 7.º da Lei n.º 7.783/1989, in fine)”.

Desta forma, considerada a greve abusiva, inexiste

direito à prestação remuneratória, sendo devidos os descontos dos

vencimentos daqueles que aderiram ao movimento ilegítimo. Caso o

contrário, os salários não poderão ser descontados. Tal premissa é a única forma de viabilizar a solução pela compensação dos dias não trabalhados, que não se sujeitaria à conveniência do Poder Público.

Ressalto que, exatamente em razão das dificuldades

encontradas, na prática, pelos movimentos grevistas dos servidores públicos, mesmo anos após a respeitável solução dada pelo Supremo Tribunal Federal, a questão acerca do corte do pagamento dos vencimentos continua enfrentando polêmica nos diversos Tribunais do país e naquela própria Suprema Corte.

A exemplo disso, registro o julgamento do Recurso

Extraordinário n.º 693.456, no qual o Supremo Tribunal Federal discute a constitucionalidade do desconto nos vencimentos dos servidores públicos em razão dos dias não trabalhados por adesão à greve, interrompido em 02/09/2015 pelo pedido de vista do eminente Ministro Roberto Barroso, após a divergência apresentada pelo não menos eminente Ministro Edson Fachin, o qual defendeu a impossibilidade dos descontos.

A matéria aborda interesse juridicamente relevante, e não

pode ser tratada de forma generalizada, sem os imprescindíveis temperamentos.

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Número Verificador: 1000015091344000120151657191

Feitas essas considerações, observo que o presente mandado de segurança foi impetrado contra o lançamento de falta aos sindicalizados grevistas, em manifesta intimidação e sanção à adesão ao movimento.

Ora, se apenas pode haver o desconto no pagamento dos

servidores se a greve é considerada abusiva, ou se os servidores não concordem em compensar os dias não trabalhados, não se pode admitir

que os descontos ocorram durante o movimento, através do lançamento dos dias faltosos. Trata-se de prova nítida de violação à própria Súmula n.º 316 do STF, de ofensa ao movimento civilizatório da classe funcional contra o Estado.

Dentre as funções precípuas do Estado Social e

Democrático, a atividade administrativa se propõe à realização dos direitos fundamentais, e deve se portar como um instrumento intervencionista de promoção do desenvolvimento econômico e social. Isso porque sua atuação se legitima na medida em que busca a concretização dos valores fundamentais. Nosso Estado Democrático de Direito não mais admite soluções de força, repressão e autoridade.

Admitir legítimo um ato intimidatório, ofensivo, lesivo ao

direito de greve, é prestigiar um Estado totalitário que, ao eleger a supremacia de um valor, acaba por justificar o massacre da ordem pública, da segurança jurídica, dos próprios direitos fundamentais.

Rogando venia ao eminente Relator, tenho que a

concessão da segurança, in casu, é imperiosa, por defender a impossibilidade de desconto sobre os vencimentos do servidor em greve – salvo quando declarada abusiva – não podendo o desconto ocorrer antes do fim do movimento grevista, sob a forma de faltas, evidenciando o caráter sancionatório àqueles substituídos aderentes.

Com tais considerações, ouso DIVERGIR do eminente

Relator para DAR PROVIMENTO ao agravo e DEFERIR a medida liminar vindicada, a fim de impedir o desconto dos vencimentos dos servidores substituídos aderentes à greve, resguardando a possibilidade de compensação pelas horas não trabalhadas.

É como voto.

DES. AFRÂNIO VILELA

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Número Verificador: 1000015091344000120151657191

Senhor relator, Senhores Desembargadores, senhoras e

senhores presentes,

Meus respeitos aos servidores e ao seu direito de reivindicação.

É possível e constitucional fazer greve.

A situação dos autos tem que ser analisada sob dois ângulos: o

direito constitucional de greve, e sua repercussão; e os deveres do

Administrador público, nos termos do artigo 37, da CR/88.

A situação dos autos mostra que não houve acordo sobre o

tema, corte de ponto, na esfera administrativa; também não há, ainda,

definição sobre o caráter do movimento grevista.

É fato que diversos julgamentos mandam cortar os dias não

trabalhados. Há outros divergentes.

Há informação nos autos de que houve tentativa de acordo para

cortar parte dos dias não trabalhados e compensar outra.

A regra imperativa para a administração pública, em geral, é o

de pagar/remunerar o servidor que compareça ao trabalho. A exceção

virá quando, sob movimento grevista houver acordo, na forma da lei,

ou que venha a declaração da legalidade.

Neste sentido, ainda não houve definição sobre a legitimidade

do ato ou não. Acredito que isso realmente não foi discutido pelo

Supremo Tribunal Federal, como dito da Tribuna.

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Número Verificador: 1000015091344000120151657191

Assim, apenas depois de que, ao final, este órgão pondere

sobre a possível legalidade do movimento, não venha o desconto.

Não estou dizendo que não haverá o corte; e sim que o corte

venha depois de ultimado este processo, e a decisão defina sobre o

que é ou não legitimo.

Definindo pela ilegalidade da greve e do movimento, advirá o

corte. Caso contrário, se a decisão vier em contrário, ou seja, pela

legalidade, não haverá o corte.

Porém, não é o momento de definir sobre o não corte de ponto,

por força da regra de greve, pois ainda não se definiu sobre a

legalidade da greve. O direito e o dever a serem aplicados pela lei de

greve serão definidos apenas depois do julgamento final a ser feito por

este órgão.

É sim, o de definir e entender que neste momento o que deve

ser observado é o principio da legalidade que impõe ao Administrador

público o não pagamento do valor ao servidor que não comparece ao

trabalho, independentemente de ser paradista ou não.

No final, se houver deliberação deste órgão no sentido de que o

movimento fora legitimo, a situação será revertida, e o dia não

remunerado será reintroduzido como direito dos servidores.

Não é situação a ser definida para este momento, sobre o direito

de greve, e sim pela mera condução dos serviços administrativos,

como seria aplicável a qualquer servidor que faltasse o serviço, mesmo

que não fosse sindicalizado.

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Então, por enquanto, o que deve prevalecer e a regra do direito

administrativo.

Por isso, acompanho o relator, com esses fundamentos.

DESA. SANDRA FONSECA

Com a devida vênia do e. Desembargador Relator, apresento

parcial divergência de seu voto, pelas razões que passo a expor:

Para a concessão de medida liminar em mandado de segurança, é

necessária a presença do fumus boni iuris e do periculum in mora.

A Constituição Federal de 1988 consagrou os Princípios

Democráticos de Direito, sendo supedâneo a priorização do diálogo,

entre os litigantes, os servidores e a sociedade em geral.

Nesse diapasão, a Carta Maior reconheceu ao servidor público o

direito de greve, estabelecendo a necessidade de lei que o

regulamentasse:

Art. 37. (...) VII – o direito de greve será exercido nos

termos e nos limites definidos em lei específica;

Desde a edição do texto constitucional, entretanto, não cuidou o

legislador de integrar o dispositivo constitucional, de maneira que até

os dias atuais persiste a lacuna normativa no que toca à forma de

exercício do direito de greve no serviço público.

Nessa linha, a princípio, em face da inexistência de norma

infraconstitucional que tenha tratado do dispositivo mencionado, o

Supremo Tribunal Federal, no emblemático julgamento dos Mandados

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de Injunção nº. 670/ES, 708/DF e 712/PA, declarou a mora legislativa

na edição de texto legal que desse concreção ao dispositivo

constitucional e, ato contínuo, estabeleceu a possibilidade de o

exercício do direito à greve no serviço público ser feito segundo as

diretrizes da Lei nº. 7.783/89:

MANDADO DE INJUNÇÃO. ART. 5º, LXXI DA

CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. CONCESSÃO DE

EFETIVIDADE À NORMA VEICULADA PELO

ARTIGO 37, INCISO VII, DA CONSTITUIÇÃO DO

BRASIL. LEGITIMIDADE ATIVA DE ENTIDADE

SINDICAL. GREVE DOS TRABALHADORES EM

GERAL [ART. 9º DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL].

APLICAÇÃO DA LEI FEDERAL N. 7.783/89 À

GREVE NO SERVIÇO PÚBLICO ATÉ QUE

SOBREVENHA LEI REGULAMENTADORA.

PARÂMETROS CONCERNENTES AO EXERCÍCIO

DO DIREITO DE GREVE PELOS SERVIDORES

PÚBLICOS DEFINIDOS POR ESTA CORTE.

CONTINUIDADE DO SERVIÇO PÚBLICO. GREVE

NO SERVIÇO PÚBLICO. ALTERAÇÃO DE

ENTENDIMENTO ANTERIOR QUANTO À

SUBSTÂNCIA DO MANDADO DE INJUNÇÃO.

PREVALÊNCIA DO INTERESSE SOCIAL.

INSUBSSISTÊNCIA DO ARGUMENTO SEGUNDO O

QUAL DAR-SE-IA OFENSA À INDEPENDÊNCIA E

HARMONIA ENTRE OS PODERES [ART. 2º DA

CONSTITUIÇÃO DO BRASIL] E À SEPARAÇÃO

DOS PODERES [art. 60, § 4º, III, DA CONSTITUIÇÃO

DO BRASIL]. INCUMBE AO PODER JUDICIÁRIO

PRODUZIR A NORMA SUFICIENTE PARA TORNAR

VIÁVEL O EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE

DOS SERVIDORES PÚBLICOS, CONSAGRADO NO

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ARTIGO 37, VII, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL. 1.

O acesso de entidades de classe à via do mandado

de injunção coletivo é processualmente admissível,

desde que legalmente constituídas e em

funcionamento há pelo menos um ano. 2. A

Constituição do Brasil reconhece expressamente

possam os servidores públicos civis exercer o direito

de greve --- artigo 37, inciso VII. A Lei n. 7.783/89

dispõe sobre o exercício do direito de greve dos

trabalhadores em geral, afirmado pelo artigo 9º da

Constituição do Brasil. Ato normativo de início

inaplicável aos servidores públicos civis. 3. O preceito

veiculado pelo artigo 37, inciso VII, da CB/88 exige a

edição de ato normativo que integre sua eficácia.

Reclama-se, para fins de plena incidência do preceito,

atuação legislativa que dê concreção ao comando

positivado no texto da Constituição. 4.

Reconhecimento, por esta Corte, em diversas

oportunidades, de omissão do Congresso Nacional no

que respeita ao dever, que lhe incumbe, de dar

concreção ao preceito constitucional. Precedentes. 5.

Diante de mora legislativa, cumpre ao Supremo

Tribunal Federal decidir no sentido de suprir omissão

dessa ordem. Esta Corte não se presta, quando se

trate da apreciação de mandados de injunção, a emitir

decisões desnutridas de eficácia. 6. A greve, poder de

fato, é a arma mais eficaz de que dispõem os

trabalhadores visando à conquista de melhores

condições de vida. Sua auto-aplicabilidade é

inquestionável; trata-se de direito fundamental de

caráter instrumental. 7. A Constituição, ao dispor

sobre os trabalhadores em geral, não prevê limitação

do direito de greve: a eles compete decidir sobre a

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oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que

devam por meio dela defender. Por isso a lei não

pode restringi-lo, senão protegê-lo, sendo

constitucionalmente admissíveis todos os tipos de

greve. 8. Na relação estatutária do emprego público

não se manifesta tensão entre trabalho e capital, tal

como se realiza no campo da exploração da atividade

econômica pelos particulares. Neste, o exercício do

poder de fato, a greve, coloca em risco os interesses

egoísticos do sujeito detentor de capital --- indivíduo

ou empresa --- que, em face dela, suporta, em tese,

potencial ou efetivamente redução de sua capacidade

de acumulação de capital. Verifica-se, então,

oposição direta entre os interesses dos trabalhadores

e os interesses dos capitalistas. Como a greve pode

conduzir à diminuição de ganhos do titular de capital,

os trabalhadores podem em tese vir a obter, efetiva

ou potencialmente, algumas vantagens mercê do seu

exercício. O mesmo não se dá na relação estatutária,

no âmbito da qual, em tese, aos interesses dos

trabalhadores não correspondem, antagonicamente,

interesses individuais, senão o interesse social. A

greve no serviço público não compromete,

diretamente, interesses egoísticos do detentor de

capital, mas sim os interesses dos cidadãos que

necessitam da prestação do serviço público. 9. A

norma veiculada pelo artigo 37, VII, da Constituição

do Brasil reclama regulamentação, a fim de que seja

adequadamente assegurada a coesão social. 10. A

regulamentação do exercício do direito de greve pelos

servidores públicos há de ser peculiar, mesmo porque

"serviços ou atividades essenciais" e "necessidades

inadiáveis da coletividade" não se superpõem a

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Número Verificador: 1000015091344000120151657191

"serviços públicos"; e vice-versa. 11. Daí porque não

deve ser aplicado ao exercício do direito de greve no

âmbito da Administração tão-somente o disposto na

Lei n. 7.783/89. A esta Corte impõe-se traçar os

parâmetros atinentes a esse exercício. 12. O que

deve ser regulado, na hipótese dos autos, é a

coerência entre o exercício do direito de greve pelo

servidor público e as condições necessárias à coesão

e interdependência social, que a prestação

continuada dos serviços públicos assegura. 13. O

argumento de que a Corte estaria então a legislar --- o

que se afiguraria inconcebível, por ferir a

independência e harmonia entre os poderes [art. 2º da

Constituição do Brasil] e a separação dos poderes

[art. 60, § 4º, III] --- é insubsistente. 14. O Poder

Judiciário está vinculado pelo dever-poder de, no

mandado de injunção, formular supletivamente a

norma regulamentadora de que carece o

ordenamento jurídico. 15. No mandado de injunção o

Poder Judiciário não define norma de decisão, mas

enuncia o texto normativo que faltava para, no caso,

tornar viável o exercício do direito de greve dos

servidores públicos. 16. Mandado de injunção julgado

procedente, para remover o obstáculo decorrente da

omissão legislativa e, supletivamente, tornar viável o

exercício do direito consagrado no artigo 37, VII, da

Constituição do Brasil. (STF – MI 712/PA – Rel. Min.

Eros Grau – Publicação: 20/10/2008).

Nessa esteira, para que o direito de greve possa ser exercido,

sem que este implique necessariamente na privação material dos

servidores e seus dependentes, deve-se afastar os descontos dos dias

não trabalhados. Nesse sentido, o Superior Tribunal de Justiça, em

recente precedente oriundo de sua 1ª Seção, assim decidiu:

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Número Verificador: 1000015091344000120151657191

AGRAVO REGIMENTAL EM MEDIDA CAUTELAR

PREPARATÓRIA. DISSÍDIO DE GREVE.

DESCONTO DOS DIAS PARADOS.

1. Esta Corte de Justiça tem admitido o deferimento

de medida cautelar preparatória em se evidenciando a

satisfação cumulativa dos requisitos de perigo de

lesão grave e de difícil reparação ao direito da parte e

de relevância da alegação, que devem ser afirmados

na espécie.

2. O direito de greve, também deferido ao servidor

público, ainda hoje se ressente de lei que discipline o

seu exercício, a determinar que o Excelso Supremo

Tribunal Federal suprisse a mora legislativa,

estabelecendo regras de competência e do processo

de dissídio de greve, adotando solução normativa

com vistas à efetiva concreção do preceito

constitucional.

3. Não se ajusta ao regramento do Supremo Tribunal

Federal o obrigatório corte do pagamento dos

servidores em greve, muito ao contrário,

estabelecendo a Corte Suprema competir aos

Tribunais decidir acerca de tanto.

4. Enquanto não instituído e implementado Fundo

para o custeio dos movimentos grevistas, o corte do

pagamento significa suprimir o sustento do servidor e

da sua família, o que constitui situação excepcional

que justifica o afastamento da premissa da suspensão

do contrato de trabalho, prevista no artigo 7º da Lei nº

7.783/89.

5. Agravo regimental improvido.

(AgRg na MC 16774/DF, Rel. Ministro HAMILTON

CARVALHIDO, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em

23/06/2010, DJe 25/06/2010)

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Trago à baila trecho do voto do Ministro Relator, que bem

delineia a problemática:

É pacífico o entendimento de que se cuida de verba

alimentar o vencimento do servidor, tanto quanto que

o direito de greve não pode deixar de ser titularizado

também pelos servidores públicos, não havendo

como pretender, tal qual faz o Poder Público, que o

corte dos vencimentos, data venia, seja obrigatório,

sem que se fale em retaliação, punição, represália ou

modo direto de reduzir a um nada esse legítimo direito

consagrado na Constituição da República.

O corte de vencimentos, na espécie, significa suprimir

o sustento do servidor e da sua família, porque - e o

Poder Público não o ignora – inexiste previsão e,

portanto, disciplina legal para a formação do Fundo

para o custeio do movimento, tanto quanto

contribuição específica a ser paga pelo servidor, de

modo a lhe assegurar tal direito social, enquanto não

instituído e efetivamente implementado o Fundo, (...)

Uma tal situação de ausência de Fundo, por omissão

do Estado, não apenas equivale, é mais intensa do

que o próprio atraso no pagamento aos servidores

públicos civis, constituindo situação excepcional que

efetivamente justifica o afastamento da premissa da

suspensão do contrato de trabalho, prevista no artigo

7º da Lei nº 7.783/1989.

Lado outro, entendo que a violação a direitos fundamentais dos

trabalhadores pode, conforme a hipótese, ser fundamento suficiente

para que não sejam efetuados os descontos.

Poder-se-ia considerar, in casu, a aplicação da chamada “teoria

do mínimo existencial”, sob um duplo aspecto. Deve-se assegurar aos

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servidores públicos uma mínima existência do direito à greve, o que

somente será realizável na prática se ao servidor for possibilitado um

complexo mínimo que assegure sua subsistência e de sua família.

A problemática do exercício do direito de greve exige a busca de

um equilíbrio, em busca da conciliação. Desse modo, o aplicado do

direito terá que se valer de princípios constitucionais que guiarão a

interpretação e a solução das controvérsias, mormente a razoabilidade

e proporcionalidade.

Realmente, a ausência ao trabalho, em decorrência do

movimento paredista, que deve ser confrontado com os princípios da

supremacia do interesse público e da continuidade dos serviços

públicos para que as necessidades da coletividade sejam efetivamente

garantidas, ocasionou prejuízos à autoridade coatora, contudo os

próprios impetrantes já se anteciparam no sentido de realizar a

compensação pelos dias faltantes, medida essa que deve ser deferida.

Dessa forma, entendo que o perigo de dano de difícil reparação

está presente, ante o caráter alimentar da remuneração dos grevistas,

tanto com relação aos servidores quanto aos seus familiares, bem como da

ameaça de desconto dos dias não trabalhados resta devidamente

evidenciada, diante dos documentos de fls. 42/43.

Com tais considerações, portanto, renovando o pedido de

respeitosa vênia ao e. Relator, e DOU PARCIAL PROVIMENTO AO

AGRAVO INTERNO para conceder a parcialmente a liminar, para que

não seja realizado desconto dos vencimentos dos servidores

substituídos aderentes à greve, mediante a compensação pelas horas

não trabalhadas,a critério da administração pública

É como voto.

DES. MOREIRA DINIZ

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Situações como a destes autos merecem e só permitem solução

mais simples do que a posta em discussão de temas absolutamente

irrelevantes, ante constatação clara e inequívoca de que se está

lidando com dinheiro público.

A partir dessa constatação é inevitável a conclusão de que o que

se afirma ser “desconto” de dias não trabalhados em razão de

movimento grevista não envolve punição, mas simples aplicação do

princípio da legalidade, insculpido na Constituição Federal.

Ao contrário do que aqui ví afirmado, o corte de ponto não

caracteriza punição ou medida intimidatória.

E nem de desconto se trata.

Desconto se dá quando determinado valor é devido, mas por

situação intercorrente há de se decotar algum valor, como, por

exemplo, quando há adiantamento (vale), ou dedução de contribuição

previdenciária (por exemplo).

A apuração de dias não trabalhados não envolve desconto,

repito, mas simples constatação de ausência de prestação laboral.

Quando a folha de pagamento é confeccionada, apura-se o

número de dias trabalhados e, aplicada a devida proporcionalidade, é

lançado na folha o crédito.

Trabalho de 30 dias, crédito integral.

Trabalho, por exemplo, por 20 dias, o crédito é do valor

correspondente a 20 dias trabalhados.

Trata-se de não pagar quando não há trabalho prestado.

Não se reconhece que são devidos trinta dias.

O “contrato de trabalho” prevê o pagamento, ao final de cada

mês prestado, pelo trabalho efetivamente prestado.

O valor dos vencimentos que se diz devido não verdade não o é.

Há previsão contratual de pagamento; desde que o contrato seja

integralmente cumprido.

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Agravo Interno Cv Nº 1.0000.15.091344-0/001

Fl. 26/27

Número Verificador: 1000015091344000120151657191

O vencimento mensal que se afirma ser direito do servidor é

mera previsão, cuja concretização, repito, depende da apuração do

grau de cumprimento do contrato.

Isso porque não me parece razoável, e muito menos possível

que quem não trabalhe receba contra-prestação através de

pagamento.

Ou seja, quem não trabalha não tem direito a se ver

remunerado.

E não se diga que o “processo de greve” ainda está em

andamento, porque, vencido o mês, o administrador só tem duas

alternativas: ou paga, ou “corta” o ponto.

Se pagar, e em se tratando de verba de natureza alimentar, não

há como obter a restituição.

Se não pagar, e se vier, no futuro, reconhecimento do direito ao

recebimento de valores correspondentes àqueles dias não trabalhados,

o servidor terá direito ao recebimento retroativo.

E convêm ressaltar que à espécie não se aplica a súmula 316,

porque a mesma trata de falta grave, ou seja, de sanção: o que não é o

caso.

Reforço o que já afirmei: não pagar dias não trabalhados não é

punição. É aplicação de raciocínio óbvio e simples: sem prestação

laboral não há como pagar.

Acompanho o Relator.

DES. ARMANDO FREIRE - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. FERNANDO DE VASCONCELOS LINS (JD CONVOCADO) - De

acordo com o(a) Relator(a).

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Agravo Interno Cv Nº 1.0000.15.091344-0/001

Fl. 27/27

Número Verificador: 1000015091344000120151657191

SÚMULA: "NEGARAM PROVIMENTO AO RECURSO,

POR MAIORIA."

Documento assinado eletronicamente, Medida Provisória nº 2.200-2/2001 de 24/08/2001.

Signatário: Desembargador BELIZARIO ANTONIO DE LACERDA, Certificado: 70786ED3899F4E2BC66898E02CEB410B, Belo Horizonte, 16 de dezembro de 2015 às 16:51:18. Signatário: Desembargadora MARIA DAS GRACAS SILVA ALBERGARIA DOS SANTOS COSTA, Certificado: 523AA6E308AE04C73A23E44B4BB3E24D, Belo Horizonte, 17 de dezembro de 2015 às 09:46:45. Signatário: Desembargador JOSE CARLOS MOREIRA DINIZ, Certificado: 4090B02D155A678A14B90FB2D5034BC1, Belo Horizonte, 17 de dezembro de 2015 às 12:48:13. Signatário: Desembargador JOSE AFRANIO VILELA, Certificado: 45958040929C3285922280B0CD31AB84, Belo Horizonte, 17 de dezembro de 2015 às 13:16:05. Signatário: Desembargadora SANDRA ALVES DE SANTANA, Certificado: 198DB02E81A75AD4C264051514B7BED7, Belo Horizonte, 17 de dezembro de 2015 às 13:57:25. Signatário: Desembargadora TERESA CRISTINA CUNHA PEIXOTO, Certificado: 4B8380082D02F37C8AF01815FD70D4C3, Belo Horizonte, 22 de janeiro de 2016 às 10:29:23. Julgamento concluído em: 16 de dezembro de 2015.

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