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ÁFRICA ACIMA

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Do Autor:

O Esplendor do Mundo

Nos Passos de Santo António

Passagem para o Horizonte

Um Lugar Dentro de Nós

Encontros Marcados

O Mundo É Fácil

1 Km de Cada Vez

Tournée

Nos Passos de Magalhães

África Acima

A Lua Pode Esperar

No Princípio Estava o Mar

Planisfério Pessoal

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ÁFRICA ACIMA

Gonçalo Cadilhe

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Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor.Reprodução proibida por todos e quaisquer meios.

Por vontade expressa do autor, a presente edição não segue a grafia do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

© 2007, Gonçalo CadilheDireitos para esta edição:© 2019 Clube do Autor, S. A.Avenida António Augusto de Aguiar, 108 – 6.º1050-019 Lisboa, PortugalTel. 21 414 93 00 / Fax: 21 414 17 [email protected]

Título: África acimaAutor: Gonçalo CadilheFotos: Arquivo pessoal do autor, excepto quando assinaladoInfografia: Ana KaiselerRevisão: Silvina de SousaPaginação: Gráfica 99em caracteres PalatinoImpressão e acabamento: Multitipo – Artes Gráficas, Lda. (Portugal)

ISBN: 978-989-724-472-8Depósito legal: 455 081/191.ª edição: Maio, 200710.ª edição: Maio, 2019

www.clubedoautor.pt

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ÍNDICE

Nota introdutória ..................................................................... 13

MAIO: África do Sul ................................................................ 17

JUNHO: Namíbia, Botsuana ................................................... 39

JULHO: Botsuana, Zimbabué, Zâmbia ................................. 71

AGOSTO: Angola, República do Congo ............................... 95

SETEMBRO: Gabão, Camarões .............................................. 123

OUTUBRO: Nigéria, Níger, Mali ........................................... 147

NOVEMBRO: Mauritânia, Marrocos .................................... 177

Agradecimentos ....................................................................... 195

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NOTA INTRODUTÓRIA

Como era de esperar, as minhas previsões africanas falharam... infalivelmente. De pouco serviram os quinze anos de experiên-cia a viajar pelo resto do mundo. De pouco serviram a América Central, o Afeganistão, o planalto andino, as ilhas mais recôn-ditas da Indonésia. A África não se prevê, vive -se. Vai -se lá.

Quando iniciei esta viagem, sabia qual era o meu ponto de partida e qual o de chegada. Respectivamente: África do Sul e Portugal. Ou, se quisermos momentos geográficos mais carismáticos e definidores: o cabo de Boa Esperança, do lado das partidas; e, do lado das chegadas, o estreito de Gibraltar. A margem norte, mais concretamente.

As minhas previsões, as tais que depois não se concreti-zaram, eram sombrias. A nível de saúde, principalmente, arrancava com uma visão apocalíptica do continente. Tive, de facto, uma diarreia ao longo do percurso. Uma. No Níger. De resto, correu tudo lindamente – também a nível de segu-rança pessoal, a nível de ausência de contratempos, de pro-blemas com as autoridades, de manifestações de agressividade ou racismo, ou mesmo a nível profissional, pois nunca me faltou Internet quando precisei dela, para enviar para o Expresso as

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ÁFRICA ACIMA

crónicas semanais que agora aqui aparecem reunidas e for-mam na íntegra este livro. Enfim, uma travessia terrestre à velocidade de um cruzeiro de mar.

A maior incógnita deste projecto recaía sobre o itinerário a seguir. Nesse aspecto, África é, de facto, o pior continente para viajar de forma individual e independente, sobretudo quando um dos objectivos declarados da viagem é o de não recorrer ao transporte aéreo. Há poucas estradas e muitos países. Ou seja, poucas alternativas e muitas dificuldades de obten-ção de vistos. Na realidade, olhando para um mapa, há ape-nas duas estradas que realmente atravessam o continente de sul para norte: a estrada do Atlântico e a estrada do Índico.

Eu saí de Portugal com a certeza de que não poderia subir pelo lado do Atlântico. Teria que escolher a estrada do Índico, com países mais tranquilos, algum trânsito turístico e as infra -estruturas no sítio. O problema seria apenas um: depois do Quénia, atravessar o Sudão. Mas é possível fazê -lo. É um itinerário percorrido habitualmente por viajantes e mesmo por agências de turismo alternativo, os chamados «Overland Tours» que propõem viajar do Cabo ao Cairo.

Ora, esta possibilidade entusiasmava -me pouco. Por um lado, pela sua facilidade estandardizada. Por outro, porque eu não queria chegar ao Cairo, queria chegar a Lisboa. E entre o Cairo e Lisboa é quase impossível viajar: teria de atravessar a Argélia, país extremamente perigoso para cidadãos ociden-tais, e a Líbia, país que põe muitas dificuldades consulares a viajantes independentes.

A obtenção de vistos era o principal problema da outra alternativa, a estrada do Atlântico. Nomeadamente, dois vis-tos pareciam -me quase impossíveis de obter: o de Angola e o da Nigéria. Se ultrapassasse estes dois problemas, então já

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NOTA INTRODUTóRIA

me parecia mais viável a estrada do Atlântico. E como depois se verá, estes problemas foram ultrapassados.

A concessão do visto para a Nigéria exemplificou bem a atitude da maior parte dos países africanos em relação a viajan-tes independentes. Apesar de ser uma nação sempre na orla da guerra civil, perigosa, precária, violenta, com bem pouco inte-resse para o turismo «normal», a Nigéria dificulta ao máximo a entrada de um turista no território nacional, como se não quisesse mesmo ninguém por lá. Muitos requisitos absurdos e um preço ainda mais absurdo. No fim do processo de con-cessão do visto, quando paguei o preço pedido, o funcionário consular entregou -me o passaporte, encolheu os ombros e concluiu: «Quer mesmo ir à Nigéria? Já que pagou, vá.»

Felizmente a atitude pouco acolhedora, senão mesmo hos-til, do aparelho consular africano nunca teve equivalente no terreno. Eu imaginava que iria inúmeras vezes passar por situações vexatórias e delicadas por causa da cor da minha pele. Preparava -me para sofrer pequenas vinganças retroac-tivas de um continente inteiro sobre um representante inde-feso da antiga raça colonizadora. Uma espécie de racismo quotidiano a acompanhar a minha progressão por África acima.

Enganei -me. As populações africanas dos vários países que atravessei foram sempre generosas, hospitaleiras e fra-ternas comigo. Foi esta a mais importante lição, e hoje recor-dação, da minha viagem. Que surpresa, meu caro viajante tão experiente: encontrar o melhor da humanidade no lugar onde essa mesma humanidade apareceu. Mais uma vez as minhas previsões tinham falhado infalivelmente.

Gonçalo Cadilhe

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MAIO

ÁFRICA DO SUL

A estrada passa pelo padrão de Bartolomeu Dias, depois pelo de Vasco da Gama. Chego a um último cruzamento: à esquerda, uma placa indica Cape Point, «Promontório do Cabo»; à direita, diz «Cape of Good Hope», cabo da Boa Esperança. Viro à direita.

Mais um par de quilómetros. É aqui. Espero que um grupo de turistas reformados da Alemanha tire as suas fotografias, que regresse ao autocarro, que me deixe sozinho. Espero que o silêncio volte ao cabo da Boa Esperança. Está um dia de sol estupendo, uma luminosidade de início de Outono que espalha um tom dourado pelas rochas, húmidas da maresia. Tiro um bloco de notas da mochila, começo a escre-ver. Este livro.

Estou no fim de África, no início dos meus passos por ela acima. Começo hoje uma longa e imprevisível travessia do continente africano, um devaneio orientado por um simples objectivo: regressar a casa. É este o meu projecto: atravessar África. Prosseguir do Sul para o Norte utilizando as estradas do continente, recorrendo aos transportes públicos, aos auto-carros maltratados pelos anos, aos comboios que ainda andam,

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ÁFRICA ACIMA

pedindo boleia, viajando com as pessoas da terra – em terra onde estiver, farei como vir fazer. Excluo o transporte aéreo, voar sobre África não é viajar por África. Aliás, voar não é viajar.

A península do cabo da Boa Esperança, em forma de tenaz de caranguejo, abandona a massa continental e lança -se na direcção da Antárctida. Alugo um pequeno carro na Cidade do Cabo, e passo o dia a conduzir pela sucessão de baías, falésias, vilas piscatórias, faróis corroídos e praias desertas que anunciam o promontório final. Aqui teve origem Portu-gal, penso. Não aquele dos portugueses, mas o país do resto do mundo. Se não fora por este Adamastor por fim domado, o que nos faria aparecer no percurso comum da humani-dade? Que espaço nos seria dedicado na enciclopédia? Quan-tas linhas, que assunto, nos livros de história? Uma nota de pé de página sobre a pesca do bacalhau? Uma referência ao cavaquinho levado para as ilhas havaianas pelos madeiren-ses? A epopeia da borracha nas selvas amazónicas? O vinho do Porto? O fado, Fátima, o futebol?

Sigo para o Cabo, território desbravado pelos portugueses para que mais tarde o resto da Europa semeasse a mais bonita cidade do resto do mundo: a Cidade do Cabo. Esqueço -me por enquanto ao que vim, esqueço a viagem iminente, apro-veito o ambiente cosmopolita, a cozinha internacional, o cock‑tail de raças e credos, a arquitectura com paredes brancas e tectos negros, os vinhos brancos pisados por pés negros. Quem sabe quando voltarei a beber um copo de vinho, depois do vinho a copo do Cabo. Ou um simples copo de água da torneira. Quem sabe? Cólera em Angola, malária no Malawi, febre amarela na Tanzânia, ébola no Uganda, dengue nos

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ÁFRICA DO SUL

mosquitos, raiva nos macacos, poliomielite nas crianças, tétano, meningite, difteria, diarreia em todo o lado.

Levo uma bomba química de vacinas, vagueio pela cidade mais bonita do novo mundo atordoado, frágil, meio adoen-tado. Entretanto, espero pelos vistos no passaporte. Cada visto demora cinco, sete, dez dias. Às vezes não são concedi-dos. Sabe -se lá porquê. Não pela profissão, porque não sou jornalista. Sou «chefe de manutenção de máquinas» da clí-nica de uns amigos meus – jornalista, nunca, que raras vezes são bem -vindos. Não há vistos fáceis. E  são caríssimos. Noventa e três euros para os Camarões, cento e quinze euros para Moçambique, noventa euros para o Congo, oitenta euros para a Zâmbia. E por aí fora. Que preços são estes? Que género de turista é este que aceita pagar noventa euros por um visto de turismo para visitar o Congo? Resposta simples: não são vistos de turismo. Não há turistas no Congo.

Combinei com o Expresso o acordo do costume: viajo e escrevo. Enviarei por e ‑mail, uma vez por semana, sempre que possível, as crónicas da progressão dos dias. O desenro-lar da viagem em linha directa. Daqui, sairá este livro. Tal como fui fazendo durante a volta ao mundo por terra e mar. Quando iniciei esse projecto, o acordo com o Expresso era semelhante. Parti apreensivo, pois não sabia com que fre-quência iria encontrar um cibercafé, um ponto de Internet ao  longo da viagem. Imaginava que em alguns países da América Latina, em alguns lugares da Ásia, seria complicado encontrar Internet. Não foi, nunca foi.

Agora, África. Dizem -me: «Não sei se encontras Internet, a Ásia não é como a África.» Nada é como a África. Sobretudo para um viajante independente, solitário, por conta própria.

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ÁFRICA ACIMA

Eu mesmo não me sinto como nada que jamais tenha sido ou sentido, no momento de partir para o meu regresso. Não sei o que me faz fazer isto. Talvez tenha uma dívida para pagar a África.

Durante a volta ao mundo, viajei por quatro continentes. África ficou de fora. Ficou dentro da minha garganta, atraves-sada. Na altura, decidi não incluir o continente negro por excesso de emoções, por falta de estímulos. Estava a viajar há dezassete meses quando cheguei ao cruzamento da Anatólia. Para a esquerda, a viagem prosseguia para África através do Médio Oriente. Para a direita, seguia a direito para a Europa. Senti -me cansado e emocionalmente esgotado com a pleni-tude, com a felicidade do último ano e meio. Eram quilóme-tros a mais. Virei à direita, para a Europa. Agora, África.*

Olho para o mapa do continente e pergunto -me por onde ir. Não sei. Uma faixa de guerra, caos, doença, fome e aban-dono atravessa África do Atlântico ao Índico, corta o conti-nente em dois. Uma cadeia infernal, um colar de espinhos que chega ao Ocidente sob a forma de colares de diamantes, barris de petróleo, barras de ouro, madeiras exóticas: o Congo, a República Democrática do Congo, o Burundi, o Ruanda, a República Centro -Africana, o Sudão. Uma barreira sem passagens evidentes. Uma porta fechada.

Se seguir pelo lado do Atlântico e atravessar a Namíbia, encontro depois Angola, e os dois Congos. Este itinerário parece -me o mais complicado. Se seguir pelo centro do con-tinente, depois das nações democráticas do Botsuana e da Zâmbia, encontro as nações problemáticas da República Centro -Africana, do Burundi, do Ruanda. Se seguir pelo lado

* Referência à obra Planisfério Pessoal. (N. do E.)

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ÁFRICA DO SUL

do Índico, avanço sem problemas de maior até à Etiópia, mas depois chego ao Sudão. Parte dele, a região do Darfur, encontra -se em guerra. Parece que o Norte está transitável. Talvez seja esse o buraco da fechadura, tentarei esgueirar -me por aí.

A situação social em muitos destes países é deprimente. Sigo no entanto optimista. Os países são feitos de pessoas, e eu acredito que a maioria das pessoas é feita bem. É feita de valores universais, que permitem a qualquer viajante sentir -se em casa quando se vê rodeado desses valores. O sorriso, a solidariedade, o bom -senso, a alegria, a música e a amizade valem mais que a corrupção, a desonestidade, o ódio, os pre-conceitos raciais, os estereótipos sociais. Viajarei com o pri-meiro grupo de valores na bagagem, para os trocar por outros iguais ao longo da viagem. E como não os quero só para mim, depois de os trocar, irei partilhar tudo. Aqui, nestas páginas.

* * *

Chove no cabo Agulhas. Não é uma chuva qualquer, não é anónima pluviosidade sobre as vinhas e as savanas, as sel-vas suaves e as cordilheiras dentadas da nação sul -africana. Esta chuva encerra todo um continente. Como, aliás, tudo o que aconteça, exista ou termine de existir aqui. Porque aqui termina África.

«Bem -vindo ao cabo Agulhas, o ponto mais a sul do con-tinente africano.» Há um orgulho infantil neste limite geo-gráfico, recordado em todos os cartazes afixados nas paredes dos estabelecimentos comerciais: tomo café no bar mais a sul, durmo na pensão mais a sul, compro um postal na mercearia mais a sul, visito o farol mais a sul de África.