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IMPERIAL GAZETA Jornal editado pelo Instituto Brasil Imperial Agosto de 2015 Ano XIX Número 235 www.brasilimperial.org.br Impressões de um viajante erudito

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IMPERIAL GAZETA

Jornal editado pelo Instituto Brasil Imperial Agosto de 2015 Ano XIX Número 235 www.brasilimperial.org.br

Impressões de um viajante erudito

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2 Política

"Vamos juntos dar um basta a esta República e declarar que a solução é Real", dizia o convite enviado via redes sociais pela Casa Imperial - que representa a família real brasileira - para os protestos contra o governo federal realizados neste domingo. No dia seguinte, a mesma página mostrava um dos príncipes brasileiros, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, de terno, gravata e broche no peito esquerdo, cercado de simpatizantes de camisa da CBF no asfalto da avenida Paulista. A seu lado, súditos empunhavam bandeiras verde-amarelas diferentes das que estamos acostumados: no centro do tradicional losango amarelo, em vez do círculo azul com o lema positivista "Ordem e Progresso", um brasão imperial. Após a manifestação, também pela rede social, a realeza se disse impressionada com "o grande número de cartilhas distribuídas e de Bandeiras Imperiais avistadas em todo o Brasil". Na avenida Paulista, a BBC Brasil conversou com Hayley Rocco, que distribuía panfletos a favor da volta do regime monárquico.

'República está com dias contados', dizem monarquistas após protestos Ricardo Senra - @ricksenra Da BBC Brasil em São Paulo

Monarquista, Hayley Rocco protestou e distribuiu panfletos em São Paulo afirmando que 'imperadores nunca aumentaram seu salário, ao contrário de políticos'

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"Díreita? Esquerda? Siga o melhor caminho: monarquia", dizia a revistinha de 30 páginas em sua mão, que incluía uma oração a Nossa Senhora Aparecida ("restaurai o Brasil monárquico") e listava "os benefícios trazidos pelo império ao país" (como a Casa da Moeda e o Banco do Brasil). Rocco explicou sua participação no protesto: "A monarquia foi o único período de estabilidade política, institucional e econômica do Brasil", disse, enquanto distribuía os livrinhos. "Nunca um imperador, por exemplo, aumentou seu salário", afirmou. "Já esses políticos..." Em 2013, quando milhares de pessoas foram às ruas com pautas que iam do fim das catracas no transporte público a uma "intervenção militar" contra a corrupção, os monarquistas pediram que seus seguidores ficassem em casa. "A prudência impõe aos monarquistas absterem-se de qualquer participação em tais manifestações", dizia a Casa, na época, em nota. A reportagem procurou a Casa Imperial brasileira para entender sua avaliação sobre a participação nos protestos e questionou sua mudança de posicionamento, mas não obteve resposta até o fechamento desta reportagem. Entusiastas da família real também comemoraram a participação nos protestos. "Ressurge o império no Brasil", celebrou a página "Causa Imperial", que reúne mais de 17 mil seguidores no Facebook. Em publicação desta segunda-feira, a página mostra fotos de bandeiras imperiais na praia de Copacabana acompanhadas de um longo texto, que exalta a presença

de monarquistas nas ruas. "A presença maciça de centenas de monarquistas, espalhados de norte a sul do Brasil, também evidenciou que a própria República está com seus dias contados. Este regime golpista e corrupto, que há quase 126 anos vem corroendo nossa Pátria, logo cairá de podre."

Política

Após rechaçar protestos de 2013, Casa Imperial conclamou seguidores a protestarem no último domingo

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Viagem a Portugal Impressões de um viajante erudito – Tomar

Dando continuidade a minha análise da boa gestão dos bens culturais observada em Portugal, com vistas a sensibilizar os responsáveis brasileiros pelo setor a terem uma atitude mais inteligente no que tange a gestão dos patrimônios histórico e artístico, damos aqui um magnífico exemplo do Portugal Templário. Tomar: Cidade muito antiga, fundada pelo cavaleiro Gualdim Paes, da ordem templária, que fica ao norte de Lisboa, numa viagem de duas horas de trem (comboios como eles dizem), que sai da estação de Santa Apolônia, sendo a estação da cidade, terminal do ramal ferroviário. Chegando-se à cidade tem-se logo a visão do conjunto do Convento da Ordem de Cristo, que domina todo o entorno. Na verdade um conjunto monumental que abriga um castelo e o convento com as várias alas que foram sendo construídas, ao longo dos tempos. Construção que começa no século XII no âmbito da reconquista e se estende por todo o período que a Ordem foi sediada lá.

Artigo

Luís Severiano Soares Rodrigues Economista, pós-graduado em história, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, Conselheiro Consultivo do Instituto Cultural Dona Isabel I – A Redentora e membro do Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueológica do Rio de Janeiro (IPHARJ).

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Um esclarecimento que deve ser feito, é de que a Ordem de Cristo vem a ser a sucessora da Ordem dos Templários em Portugal, que abrigou inclusive os cavaleiros, após processo canônico, em obediência à bula papal que extinguiu aquela ordem militar monástica, que apurou não haver indícios, em Portugal, das acusações a que foram expostos os cavaleiros em França. Essa Ordem, para nós brasileiros, é de suma importância, na medida em que, após a ascensão de Dom João I, cuja tenacidade pessoal e a de seus partidários foi que garantiu a independência portuguesa, este rei põe seu valoroso filho Henrique como Grão Mestre da mesma, e este como brilhante administrador, usará os recursos da mesma para impulsionar a epopeia das navegações cujo maior fruto vem a ser o Brasil. Valendo dizer que o Império do Brasil por acordo com o Reino Português teve o direito de nacionalizar as ordens antigas de forma honorífica, ou seja, tal qual o Rei de Portugal ao Imperador do Brasil era facultado conceder as Imperiais Ordens de Cristo, de São Bento de Aviz e a de São Thiago da Espada, mostrando a importância da nossa dinastia nacional, que inclusive provém do mesmo D. João I. O Convento de Cristo, patrimônio da humanidade pela Unesco, é um conjunto arquitetônico espetacular, não só pelas dimensões, mas também pela qualidade artístico/arquitetônica, onde o visitante se deslumbra com os portais manuelinos, com os painéis da charola, com a famosa janela manuelina, com os quatro claustros, com as muralhas grandiosas, com as artes decorativas espalhadas por todo o complexo, com as soluções arquitetônicas como o aqueduto, além da floresta anexa ao convento. Possui, Tomar, ainda várias igrejas de grande beleza e singela simplicidade, que datam dos primórdios do reino, e outras que datam do barroco lusitano. Vale destacar outras

instituições que também primam pela qualidade do acervo, como o Museu Municipal com excelente acervo de arte contemporânea. Outro elemento arquitetônico que chama atenção vem a ser uma sinagoga, a mais antiga do país, e uma das poucas que sobraram, guardada por uma simpática senhora, que acolhe os visitantes com admirável bonomia, no seu interior com original abóbada e perfeita acústica, também guarda um conjunto arqueológico e ritualístico de cunho hebraico. Continua no próximo número.

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A triste realidade republicana de cada dia

Artigo

Luís Severiano Soares Rodrigues Economista, pós-graduado em história, sócio correspondente do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói, Conselheiro Consultivo do Instituto Cultural Dona Isabel I – A Redentora e membro do Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueológica do Rio de Janeiro (IPHARJ).

Certa vez, há poucos anos atrás, viajando pelas Missões no Rio Grande do Sul, um gaúcho me disse que poucos cariocas passavam por lá, e de fato eu não tinha encontrado nenhum por lá, mas continuando a conversa comentei que no Estado do Rio de Janeiro nós tínhamos cidades tranquilas como a que eu estava, no caso Santo Ângelo; eu estava pensando em cidades como Vassouras, mas o meu interlocutor estranhou a minha afirmação, pois as notícias que chegavam do Rio de Janeiro, era só casos de indivíduos matando e roubando. Não posso negar que fiquei sentido com essa imagem que o meu Estado tinha para aquele indivíduo, no entanto, aí esta a realidade republicana que não me deixa desmentir àquele indivíduo. De fato não tem como a imagem do Rio de Janeiro ser melhorada, pois são seguidas as ocorrências de violências brutais a quê o povo do meu Estado está exposto. Já que no Rio de Janeiro especificamente, em 2015, a realidade republicana de cada dia começou o ano com vítimas de balas perdidas para em seguida dar lugar as vítimas de

facadas a torto e a direito de bandidos por todas as regiões do Estado. Se nos fixarmos em apenas dois, dos casos mais recentes, ocorridos em maio, de crimes cometidos com armas brancas (facas) podemos fazer algumas análises curiosas da realidade carioca/fluminense que são válidas para o Brasil como um todo, posto que a realidade republicana brasileira é uma só. No primeiro caso dois menores de idade matam um médico à facadas para roubar uma bicicleta em uma área nobre da cidade. O saldo dessa situação é a perda de um médico experiente que certamente era útil, profissionalmente à sociedade, pagava seus impostos e deixou dois filhos órfãos, em troca ficamos com os menores, com fichas corridas extensas de crimes, que como vemos não são uteis à sociedade e vão ficar internados por no máximo três anos em instituição de “recuperação”. Gerou-se toda uma revolta na sociedade, e com isso andou no Congresso a tramitação da revisão da maioridade penal de 18 para 16 anos, mas já vários setores da sociedade tentaram barrar essa tramitação inclusive o governo federal, além dos demagogos de sempre a começar pelo presidente de um partido que se diz de esquerda em programa

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político gratuito na televisão. Esses governos que não resolvem os problemas sociais tentam assim não permitir a solução possível nessa conjuntura. Alegam, eles, demagogicamente, que o problema é social, só que a sociedade já optou pela solução da redução da maioridade penal, até porque ninguém acredita que alguém que mata um indivíduo para roubá-lo faça-o sem saber a gravidade do ato que está cometendo. O ministro da justiça em entrevista televisiva deu uma alegação bisonha para a posição do governo dizendo que “quando você prende os menores de idade em instituições destinada aos maiores de idade você aumenta a criminalidade”, temos que questionar se alguém capaz de falar tamanha besteira tem condição de ocupar um cargo de tal envergadura, pois ele passa um atestado de incompetência e admite que a sua pasta, em conjunto com as secretarias estaduais de segurança e de administração carcerárias são incapazes de dar ao país um sistema carcerário que recupere os apenados. Em bom tempo o controverso presidente da Câmara dos Deputados conseguiu contornar as manobras dos opositores à redução da maioridade penal e deu sequência ao seu andamento, com proposta inclusive que estabelece que os apenados menores de idade cumpram as suas penas em instituição penal apropriada para a sua faixa etária. No segundo caso o Brasil todo viu as imagens de um indivíduo fugindo em uma estação ferroviária após esfaquear um estudante para roubar um telefone celular. Logo de cara o bandido foi reconhecido, pois já possuía uma folha corrida extensa desde a minoridade, agora já

maior de idade prosseguia sua carreira de criminoso. O detalhe em questão é que recentemente havia estado preso por seis meses, cumpridos esses voltou ao seu “trabalho”. A primeira lição a ser tirada desse episódio é que penas irrisórias são insuficientes para gerar um efeito punitivo, pois um sistema punitivo tem que gerar no indivíduo à ele submetido a capacidade de criar nesse indivíduo a condição de arrependimento, através da perda da liberdade e convívio social por muito tempo, então a prática atual de progressão de pena à partir de um sexto da pena, podemos dizer que é ridículo, devemos lembrar que um sexto é um terço da metade, ou seja, um parcela ínfima, e nas condições atuais em que a única certeza que o sistema penitenciário nos dá é que o mesmo não tem como recuperar os presos, fazer tal progressão é o mesmo que convidar os presos à reincidência, pois repito, sabemos que ele não foi recuperado. Outro elemento da punição que foi sendo relaxado é o regime de visitas, que podemos dizer com certeza, hoje é uma farra, com famílias inteiras visitando os apenados semanalmente, com direito a visitas íntimas, inclusive, ou seja, devemos perguntar: aonde está a punição? Assim não se deviam estranhar as notícias de presos que aproveitam os dias de visitas para fugir, ou então as notícias de rebeliões que aproveitam o tumultuo desses dias para serem começadas com as visitas como reféns. Então as visitas deveriam ser repensadas à no máximo duas por mês e no máximo uma visita por vez, e assim mesmo limitada a uma conversa de no máximo trinta minutos em lugar específico, que separa o preso da visita por uma divisória de vidro, sendo o diálogo por um interfone, ou seja, a ideia é punir o indivíduo, e não minorar a sua punição com

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visitas periódicas dos seus familiares. O que se deve objetivar é recuperar o preso através da sua capacitação para a vida em liberdade, mas ele deve através da punição de reclusão, adquirir o arrependimento pela sua falta que o privou do convívio em sociedade, ao qual ele não desejará voltar. Como está, essa privação é pequena e não é insuportável, assim vale a pena pagar pra ver, pois como dissemos sabemos que o preso não foi recuperado para o convívio em sociedade, através de uma capacitação para o trabalho honesto. A segunda lição, que não chega a ser uma lição, mas uma constatação é a de que de fato as variáveis sociais a serem consideradas são muitas, mas o bode expiatório sempre lembrado é a má distribuição de renda, só que as duas melhores formas de distribuição de renda que os governos poderiam e deveriam privilegiar também ficam apenas na retórica, que são os investimentos em saúde e educação, mas quase sempre são tratados isoladamente e dissociados da ideia de distribuição de renda, quando na verdade são partes integrantes do problema. A educação dá as condições aos indivíduos ascenderem sócio profissionalmente, mas o quê a realidade republicana nos oferece é a de que dos brasileiros alfabetizados só 30% não são analfabetos funcionais, enquanto for assim, com uma massa gigante de mão-de-obra desqualificada sendo ofertada a renda das classes mais baixas dificilmente aumentará . A realidade da saúde pública é na verdade comparável a um filme de terror, só que real. Uma auditoria séria na forma como as prefeituras utilizam as verbas do SUS, já nos mostrariam descaminhos escandalosos. Em vez disso os governos se fixam nas rendas compensatórias que são as

bolsas famílias, mas que são paliativos e a sua lógica deveria ser temporária, mas como a realidade republicana vem demonstrando, essas políticas, como são feitas atualmente, visam apenas servir de muleta eleitoral para os partidos dos governos que os implementam, daí as campanhas eleitorais terroristas afirmando que eventuais sucessores oposicionistas acabariam com os mesmos. Os braços distributivos efetivos que são a educação pública de qualidade efetiva e a saúde pública eficaz são negligenciados (no quesito saúde englobamos o saneamento básico), basta vermos a realidade desses setores, quando os mesmos são destinados aos pobres do país, não precisamos dar mais exemplos para o leitor fazer o seu julgamento. E podemos afirmar que a república no Brasil sepultou a res pública em 15 de novembro de 1889, e o que vivemos hoje é um arremedo de instituições nominalmente democráticas, das quais os políticos se aproveitam para obterem benefícios privados, que o diga a camarilha petista que em termos de distribuição de renda incestuosa conseguiu resultados espetaculares, que o diga o filho do ex-presidente Lula (este um “palestrante” de “sucesso”, o Lulinha (este uma “revelação” de tino “empresarial”), o ex-ministro Palocci (este um “consultor” de “sucesso”), o governador mineiro Fernando Pimentel (outro “consultor” de “sucesso”, o companheiro Zé Dirceu (este o criador das “consultorias de sucesso”), que aprendeu em Cuba técnicas de guerrilha para entre outras coisas, fazer expropriações dos capitalistas via roubos à bancos, conhecimento que ele teve de adaptar para a conjuntura “democrática”, só para falar dos mais conhecidos (como “consultores” de “sucesso”) e os exemplos menores se multiplicam, e aí está a Petrobras

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espoliada que não me deixa mentir e como vimos recentemente a casa caiu para o companheiro Dirceu e esperemos que desse mato saia coelho, mas todos presos após passarem pelo, quer dizer, pela Lava Jato. Devemos pensar como seria hoje o dilema da guerrilheira Dilma, quer dizer Estela, que ficou famosa ao roubar o cofre de Ademar de Barros, na casa da amante dele, certamente sem qualquer remorso por tratar-se de um político reconhecidamente corrupto. Hoje Estela/Dilma teria uma crise, pois os corruptos com cofres para serem roubados são todos seus amigos, um inclusive seu criador, ou seja, como a criatura poderia roubar o seu criador? De fato é um dilema atroz. As possibilidades de se melhorar a representação política

dos cidadãos através de um sistema eleitoral civilizado, qual seja – o distrital misto, já foi jogado pelo ralo abaixo na comissão do Congresso com vistas a reforma política, como eu já previra, os deputados preferem manter o sistema atual, onde eles se elegem. Além de nem pensar em clausulas de barreira, que fariam os partidos e seus militantes passar por aprendizados e evolução ideológica, antes de chegarem as Câmaras superiores, ao invés das legendas de aluguél que são atualmente. Assim vamos continuar com uma única certeza, a de que a próxima legislatura será pior que a anterior. Com relação àquele companheiro lá nas Missões, eu tenho que concordar: Tchê você tem razão, as balas perdidas continuam e as facadas também, com tendência à piorar.

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11 Artigo Aniversários

"O espírito monárquico e a religião têm de ser dados aos filhos a conta gotas, porque

se não ficam ateus e republicanos"

Isabel de Herédia (Isabel Inês de Castro Curvello de Herédia de Bragança) é conservadora e mulher de fé. "Acredito que Nosso Senhor vai-me guiando." Patrocina várias associações de solidariedade social de apoio a crianças e doentes. E preside a Real Ordem de Santa Isabel, de que fazia parte Maria de Jesus Barroso e conta também com Manuela Eanes. "Somos cem senhoras portuguesas. E depois há também extranumerárias, como era a rainha Fabíola. A vocação é rezar pela união das famílias. A família é a coisa mais importante que temos e que hoje é muito atacada por diversas frentes. E um país para ir bem tem de ter famílias de bem. Mas, além disso, todos os anos damos dinheiro. Procuramos pelo país onde é que é mais preciso e cada ano damos a uma instituição diferente. Não temos assim tanto como isso, mas este ano vamos dar à Casa do Gaiato." Atenta à realidade política, não perdoa a ruína a que foram votados os setores produtivos nacionais após a adesão à CEE. "Agora vêm-nos dizer que a agricultura e as pescas são muito importantes, mas naquela altura não queriam saber disso para nada. Uma das coisas que me fazem imensa impressão, e aí também é a diferença que eu aponto entre um rei e um presidente, é que um rei pensa a 100 anos para a frente. E um presidente, pensa em quantos anos? Não quer dizer que não haja bons presidentes, mas quer dizer, pensa muito mais no curto prazo. Agora, independentemente de monarquia ou república, nesta altura temos é de nos unir todos para que o país sobreviva, vá para a frente e tenha pelo menos mais mil anos. Mas devia haver um grupo estratégico que pensasse em 50 ou 100 anos para a frente." É tempo de despedidas. São quase horas de jantar. Já de pé, pergunto se a família é rica. "Para mim ser rico é uma pessoa ter interesses e não se acomodar. No plano económico, temos a sorte de fazer bem as contas. Se nós queremos e temos de representar Portugal, claro que às vezes dava jeito ter um bocadinho mais de dinheiro. Mas não estamos mal. Não somos ricos, mas também não estamos desesperados." Ao longo da conversa repetiu, várias vezes, que "o Duarte era o meu melhor amigo" e que "nem eu sabia que ia casar-me com ele". Não resisti, por isso, a perguntar se tem memória do momento em que se apaixonou: "Foi quando uma prima do meu marido, de quem eu gostava muito e que é muito nossa amiga, se começou a interessar por ele e eu fiquei furiosa. Foi aí que percebi que ali havia mais qualquer coisa e que não era só uma grande amizade." E também nesta história, de rainhas sem coroa que são pessoas como as outras, apesar "dos altos e baixos como em todos os casamentos", são felizes para sempre.

Artigo

Nuno Saraiva

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bons presidentes, mas quer dizer, pensa muito mais no curto prazo. Agora, independentemente de monarquia ou república, nesta altura temos é de nos unir todos para que o país sobreviva, vá para a frente e tenha pelo menos mais mil anos. Mas devia haver um grupo estratégico que pensasse em 50 ou 100 anos para a frente." É tempo de despedidas. São quase horas de jantar. Já de pé, pergunto se a família é rica. "Para mim ser rico é uma pessoa ter interesses e não se acomodar. No plano económico, temos a sorte de fazer bem as contas. Se nós queremos e temos de representar Portugal, claro que às vezes dava jeito ter um bocadinho mais de dinheiro. Mas não estamos mal.

Não somos ricos, mas também não estamos desesperados." Ao longo da conversa repetiu, várias vezes, que "o Duarte era o meu melhor amigo" e que "nem eu sabia que ia casar-me com ele". Não resisti, por isso, a perguntar se tem memória do momento em que se apaixonou: "Foi quando uma prima do meu marido, de quem eu gostava muito e que é muito nossa amiga, se começou a interessar por ele e eu fiquei furiosa. Foi aí que percebi que ali havia mais qualquer coisa e que não era só uma grande amizade." E também nesta história, de rainhas sem coroa que são pessoas como as outras, apesar "dos altos e baixos como em todos os casamentos", são felizes para sempre.

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Por que as monarquias são ainda relevantes e úteis no século XXI. Acha que monarquias são

ruins? Pense outra vez.

A instituição da monarquia tem sido volta nas notícias ultimamente, com a abdicação do antigo rei espanhol Juan Carlos I e a ascensão de seu filho, Felipe (Philip) VI. Em outros lugares do mundo, monarquias ainda fazem os eventos notícias e forma em lugares tão distantes como a Tailândia, Butão, Bélgica, Marrocos e Arábia Saudita. Para muitos leitores contemporâneos, monarquias parecem ser sem propósito relíquias antiquadas, anacronismos que devem eventualmente dar forma de repúblicas. Pelo contrário, nada pode ser mais distante da verdade. As monarquias têm um papel extremamente valioso para jogar, mesmo no século XXI. Se algo seu número deve ser adicionado ao invés subtraído. Para entender o porquê, é importante considerar os méritos da monarquia objetivamente, sem recorrer a tautologia que países deveriam ser democracias porque eles devem ser democracias. Existem várias vantagens em ter uma monarquia no século XXI. Primeiro, como Serge Schmemann argumenta no The New York Times, os monarcas podem subir acima da política, da forma que um chefe de estado eleito não pode. Os monarcas representam todo o país de uma forma líderes democraticamente eleitos não podem e não. A escolha para o cargo político mais alto em uma monarquia não pode ser influenciada por e de certa forma apegada ao dinheiro, a mídia ou um partido político.

Artigo

Victor Maciel Queiroz

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Em segundo lugar e estreitamente relacionadas com o ponto anterior é factício países como a Tailândia, a existência de um monarca é muitas vezes a única coisa que mantém o país volta da borda da guerra civil. Monarcas são especialmente importantes em multiétnicas países como a Bélgica, pois a instituição da monarquia une de etnias diversas e muitas vezes hostis sob compartilhada lealdade ao monarca em vez da um grupo étnico ou tribal. A dinastia de Habsburgo, realizada em conjunto um país grande e próspero que rapidamente balcanizados em quase uma dúzia de Estados de não poder sem ele. Se a restauração do antigo rei do Afeganistão, Zahir Shah, amplamente respeitado por todos os afegãos, passou após a derrubada do Talibã em 2001, talvez Afeganistão teria mais rapidamente subiram acima o partidarismo e a rivalidade entre vários caudilhos. Em terceiro lugar, as monarquias evitar o aparecimento de formas extremas de governo em seus países, fixando a forma de governo. Todos os líderes políticos devem servir como primeiros-ministros e ministros do governante. Mesmo que o poder real encontra-se com estes indivíduos, a existência de um monarca dificulta a radicalmente ou alterar totalmente a política de um país. A presença dos reis, no Camboja, Jordan e Marrocos retém as piores e mais extremas tendências de líderes políticos ou facções em seus países. Monarquia também estabiliza países por encorajar mudança lenta, incremental, em vez de oscilações extremas na natureza dos regimes. As monarquias dos Estados árabes estabeleceram sociedades muito mais estáveis do que os Estados árabes não-monárquico, muitos dos quais passaram por essas mudanças sísmicas ao longo da primavera árabe.

Em quarto lugar, as monarquias têm a gravitas e prestígio para fazer o último recurso, difícil e decisões necessárias — decisões que ninguém mais pode fazer. Por exemplo, Juan Carlos de Espanha pessoalmente garantiu a transição do seu país para uma monarquia constitucional com instituições parlamentares e ficou embaixo de uma tentativa de golpe militar. No final da segunda guerra mundial, o imperador japonês Hirohito desafiou o desejo do seu exército para lutar e salvou inúmeras de suas vidas por advogar para a rendição do Japão. Em quinto lugar, as monarquias são repositórios de tradição e continuidade em tempos de mudança já. Eles lembram o que representa um país e de onde veio, fatos que podem muitas vezes ser esquecidos nas correntes de rápida mudanças de política. Finalmente, um pouco de manchas, monarquias podem servir um chefe de estado de uma forma mais democrática e mais diversificada do que a real política democrática. Uma vez que qualquer pessoa, independentemente de sua personalidade ou interesses, pode por acidente de nascimento tornar-se um monarca, todos os tipos de pessoas podem se tornar governantes em tal sistema. O chefe de estado pode assim promover causas ou interesse em questões e temas que não seriam significativos, como exibições de Príncipe Charles na arquitetura provar se agita. Os políticos, por outro lado, tendem a ter uma certa personalidade — eles são em geral extrovertidos, pode fazer ou levantar dinheiro e têm uma tendência a agradar ou segurar pelo menos publicamente para vistas principais pre-definidas. A presença de um chefe de estado, com um perfil

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psicológico diferente de um político pode ser refrescante. A maioria das críticas de monarquia não é mais válida hoje, se eles eram sempre válidos. Estas críticas são geralmente alguma variação de duas idéias. Em primeiro lugar, o monarca pode exercer o poder absoluto arbitrariamente, sem qualquer tipo de verificação, assim governando como um tirano. No entanto, na era atual, a maioria das monarquias governam dentro de algum tipo de quadro constitucional ou tradicional, que restringe e institutionalizes seus poderes. Mesmo antes disso, os monarcas enfrentaram restrições significativas de vários grupos, incluindo as instituições religiosas, aristocracias, aos plebeus ricos e mesmo. Costumes, que sempre forma de interações sociais, também serviram para conter. Mesmo as monarquias que eram absolutas na teoria foram quase sempre restrito na prática.

Uma segunda crítica é que nem uma bom monarca pode ter um sucessor indigno. No entanto, herdeiros de hoje são educados desde o nascimento para seu futuro papel e vivem no brilho total dos meios de comunicação de toda a sua vida. Isso restringe o mau comportamento. Mais importante, porque eles literalmente tem nascidos para governar, eles têm formação constante, hands-on sobre como interagir com as pessoas, os políticos e os meios de comunicação. À luz de todas as vantagens da monarquia, é claro por isso que muitos cidadãos das democracias têm hoje uma nostalgia compreensível pela monarquia. Como em séculos anteriores, a monarquia vai continuar a mostrar-se ser uma instituição política importante e benéfica para onde ainda sobrevive.