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DECRETO Nº 33.537, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2012. Dispõe sobre o zoneamento ambiental da Área de Proteção Ambiental – APA do Lago Paranoá. O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso das atribuições que lhe confere o Art. 100, inciso VIII, da Lei Orgânica do Distrito Federal, considerando que a Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, em seu art. 2º, incisos XVI e XVII, caracteriza o “zoneamento” como “definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação com objetivos de manejo e normas específicos, com o propósito de proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz” e define “plano de manejo” como o “documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade”; considerando que a referida Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, define a Área de Proteção Ambiental como “uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais”, o que determina a inserção desta Unidade de Conservação no grupo de uso sustentável; considerando que a APA do Lago Paranoá foi criada pelo Decreto nº 12.055, de 14 de dezembro de 1989, e que as Zonas Ambientais dessa APA, previstas no Decreto citado, necessitam de revisão; considerando que existem outras Unidades de Conservação no interior da APA do Lago Paranoá, além de sobreposição de parte da APA do Planalto Central - UC criada pelo Decreto Federal de 10 de janeiro de 2002 - e que a Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, bem como o Decreto Federal nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, caracterizam tal configuração como um mosaico de Unidades de Conservação; considerando que é necessária a integração da Unidade de Conservação com as demais unidades e espaços territoriais especialmente protegidos e o seu entorno, conforme dispõe o art. 20 do Decreto Federal nº 4.340, de 22 de agosto de 2002; e considerando que, no tocante à fixação ou alteração de índices urbanísticos, para o território abrangido pela APA do Lago Paranoá, a Emenda à Lei Orgânica nº 49, de 2007, estabeleceu no seu art. 56 do Ato das Disposições Transitórias, que “até a aprovação da Lei de Uso e Ocupação do Solo, o Governador do Distrito Federal poderá enviar, precedido de participação popular, projeto de lei complementar específica que estabeleça o uso e a ocupação de solo ainda não fixados para determinada área, com os respectivos índices urbanísticos” e que “a alteração dos índices urbanísticos, bem como a alteração de uso e desafetação de área, até a aprovação da Lei de Uso e Ocupação do Solo, poderão ser efetivadas por leis complementares específicas de iniciativa do Governador, motivadas por situação de relevante interesse público e precedidas da participação popular e de estudos técnicos que avaliem o impacto da alteração, aprovados pelo órgão competente do Distrito Federal”; DECRETA: CAPÍTULO I – DO ZONEAMENTO AMBIENTAL DA APA DO LAGO PARANOÁ

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  • DECRETO N 33.537, DE 14 DE FEVEREIRO DE 2012.

    Dispe sobre o zoneamento ambiental da rea de Proteo Ambiental APA do Lago Parano.

    O GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL, no uso das atribuies que lhe confere o Art. 100, inciso VIII, da Lei Orgnica do Distrito Federal,

    considerando que a Lei Federal n 9.985, de 18 de julho de 2000, em seu art. 2, incisos XVI e XVII, caracteriza o zoneamento como definio de setores ou zonas em uma unidade de conservao com objetivos de manejo e normas especficos, com o propsito de proporcionar os meios e as condies para que todos os objetivos da unidade possam ser alcanados de forma harmnica e eficaz e define plano de manejo como o documento tcnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conservao, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da rea e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantao das estruturas fsicas necessrias gesto da unidade;

    considerando que a referida Lei Federal n 9.985, de 18 de julho de 2000, define a rea de Proteo Ambiental como uma rea em geral extensa, com um certo grau de ocupao humana, dotada de atributos abiticos, biticos, estticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populaes humanas, e tem como objetivos bsicos proteger a diversidade biolgica, disciplinar o processo de ocupao e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais, o que determina a insero desta Unidade de Conservao no grupo de uso sustentvel;

    considerando que a APA do Lago Parano foi criada pelo Decreto n 12.055, de 14 de dezembro de 1989, e que as Zonas Ambientais dessa APA, previstas no Decreto citado, necessitam de reviso;

    considerando que existem outras Unidades de Conservao no interior da APA do Lago Parano, alm de sobreposio de parte da APA do Planalto Central - UC criada pelo Decreto Federal de 10 de janeiro de 2002 - e que a Lei Federal n 9.985, de 18 de julho de 2000, bem como o Decreto Federal n 4.340, de 22 de agosto de 2002, caracterizam tal configurao como um mosaico de Unidades de Conservao;

    considerando que necessria a integrao da Unidade de Conservao com as demais unidades e espaos territoriais especialmente protegidos e o seu entorno, conforme dispe o art. 20 do Decreto Federal n 4.340, de 22 de agosto de 2002; e

    considerando que, no tocante fixao ou alterao de ndices urbansticos, para o territrio abrangido pela APA do Lago Parano, a Emenda Lei Orgnica n 49, de 2007, estabeleceu no seu art. 56 do Ato das Disposies Transitrias, que at a aprovao da Lei de Uso e Ocupao do Solo, o Governador do Distrito Federal poder enviar, precedido de participao popular, projeto de lei complementar especfica que estabelea o uso e a ocupao de solo ainda no fixados para determinada rea, com os respectivos ndices urbansticos e que a alterao dos ndices urbansticos, bem como a alterao de uso e desafetao de rea, at a aprovao da Lei de Uso e Ocupao do Solo, podero ser efetivadas por leis complementares especficas de iniciativa do Governador, motivadas por situao de relevante interesse pblico e precedidas da participao popular e de estudos tcnicos que avaliem o impacto da alterao, aprovados pelo rgo competente do Distrito Federal; DECRETA:

    CAPTULO I DO ZONEAMENTO AMBIENTAL DA APA DO LAGO PARANO

  • Art. 1 Fica aprovado o zoneamento ambiental da rea de Proteo Ambiental APA do Lago Parano, criada pelo Decreto n 12.055, de 14 de dezembro de 1989, cuja rea aproximada de 16.000 (dezesseis mil hectares).

    Art. 2 Para os fins deste Decreto fica o territrio da APA do Lago Parano dividido em quatro zonas, subdivididas em nove subzonas, a seguir estabelecidas e caracterizadas como zonas de manejo de acordo com seus objetivos:

    I. Zona de Vida Silvestre, subdividida nas seguintes subzonas:

    a) Subzona de Preservao da Vida Silvestre ZPVS: composta pelas Unidades de Conservao de Proteo Integral - j institudas e criadas pelo presente decreto no interior da APA do Lago Parano -, pelas reas de preservao permanente provenientes de nascentes, de cursos dgua, do Lago Parano e Lagoa do Jaburu, alm da rea de proteo de manancial do Taquari e das reas com restries fsico-ambientais provenientes de declividades acima de 30%, sendo esta Subzona destinada preservao dos recursos ecolgicos, genticos e da integridade dos ecossistemas;

    b) Subzona de Conservao da Vida Silvestre ZCVS: composta por reas que ainda preservam vegetao nativa significativa, pelas reas com declividade entre 10% e 30%, alm das Unidades de Conservao de uso sustentvel, dos parques ecolgicos e de uso mltiplo, sendo esta Subzona destinada conservao dos recursos naturais e integridade dos ecossistemas, permitido o uso sustentvel.

    II. Zona de Ocupao Especial, subdividida nas seguintes subzonas:

    a) Subzona de Ocupao Especial de Interesse Ambiental - ZOEIA: tem o objetivo de disciplinar a ocupao de rea contgua s Subzonas de Conservao e Preservao da Vida Silvestre, a fim de evitar atividades que ameacem ou comprometam efetiva ou potencialmente a preservao dos ecossistemas e seus recursos naturais, sendo esta subzona destinada a uso residencial;

    b) Subzona de Ocupao Especial do Bananal - ZOEB: composta pela poro localizada entre a DF-009 e a DF-007, sendo destinada ao uso institucional ou comercial com baixa densidade;

    c) Subzona de Ocupao Especial do Taquari - ZOET: composta pela regio ao norte da APA do Lago Parano, localizada na regio administrativa do Lago Norte, entre o Trecho 1 do Setor Habitacional Taquari, inclusive, e a rea de Proteo de Manancial do Taquari, exclusive, sendo destinada a ocupaes por meio de uso residencial, uni e multifamiliar, institucional, comercial e industrial no poluente;

    d) Subzona de Ocupao Especial do Parano - ZOEP: rea urbana consolidada do Parano e rea destinada expanso do Parano por meio de usos institucionais, residenciais, comerciais e industriais no poluentes;

    e) Subzona de Ocupao Especial do Varjo ZOEV: rea urbana consolidada do Varjo, onde ser permitido uso institucional, residencial e comercial, vedado qualquer adensamento populacional por fora de licenciamento.

    III. Zona de Ocupao Consolidada, subdividida nas seguintes subzonas:

    a) Subzona de Ocupao Consolidada do Lago ZOCL: composta pelo Lago Sul e Lago Norte;

  • b) Subzona de Ocupao Consolidada de Braslia ZOCB: includa na rea tombada do Conjunto Urbanstico de Braslia, inscrito na Lista do Patrimnio Mundial da Unesco, com ocupao consolidada regularizada ou em via de regularizao com caractersticas eminentemente urbanas.

    IV.Zona do Espelho dgua do Lago - ZEA: corresponde ao espelho dgua do Lago Parano.

    1 As zonas e subzonas de manejo descritas neste artigo esto configuradas no mapa de zoneamento ambiental da APA do Lago Parano, que constitui o Anexo I deste Decreto.

    2 As zonas e subzonas de manejo descritas neste artigo tm a poligonal definida de acordo com as coordenadas UTM, constantes do Anexo VII deste Decreto.

    3 Para a definio das zonas e subzonas de manejo, de que trata este artigo, foram adotados prioritariamente os limites de sensibilidade ambiental e os limites geogrficos ou fsicos, tomando como base os seguintes princpios:

    I. proteger e recuperar as reas de Preservao Permanente APP, com especial ateno para aquelas provenientes de nascentes, cursos dgua, do Lago Parano e da Lagoa do Jaburu;

    II. proteger e recuperar reas com restries fsico-ambientais provenientes de declividades acima de 30%;

    III. respeitar a presena de gleissolos ou solos com potencial erosivo;

    IV. proteger os fragmentos de vegetao significativos remanescentes, as veredas e sua vegetao tpica;

    V. manter a conectividade entre os corredores ecolgicos naturais existentes no interior da APA do Lago Parano e entre a APA do Lago Parano e outras Unidades de Conservao;

    VI. preservar a integridade dos ecossistemas existentes;

    VII. respeitar as encostas com inclinao igual ou superior a dez por cento;

    VIII. respeitar as reas protegidas e Unidades de Conservao j institudas com usos restritivos;

    IX. respeitar as reas de Proteo de Mananciais APM;

    X. incentivar a utilizao do potencial turstico do Lago Parano como patrimnio ambiental, paisagstico e cultural do Distrito Federal;

    XI. promover a dinamizao e popularizao do Lago Parano como espao de lazer;

    XII. promover o resgate e qualificao dos espaos de acesso ao Lago Parano;

  • XIII. manter e melhorar a qualidade ambiental do Lago Parano e respectivas margens, tomando-o como referncia da qualidade e equilbrio ambiental da bacia hidrogrfica;

    XIV. garantir a qualidade da gua, compatvel com os usos mais restritivos do Lago Parano;

    XV. manter os servios ambientais e o estoque de recursos naturais do Lago Parano e respectivas margens;

    XVI. preservar a fauna e flora remanescentes s margens do Lago Parano e dos respectivos tributrios;

    XVII. disponibilizar o Lago Parano ao uso da populao do Distrito Federal, garantindo o acesso pblico e revertendo a tendncia de privatizao do espelho dgua e respectivas margens, atualmente em curso.

    Art. 3 As zonas de manejo, referidas no artigo 2 deste Decreto, tero as seguintes diretrizes gerais:

    I. pesquisas a serem realizadas devero ter a autorizao do Poder Pblico, segundo as determinaes da legislao vigente;

    II. promoo de aes que visem eliminao e controle das espcies invasoras, especialmente no interior das Unidades de Conservao existentes na APA do Lago Parano;

    III. ampliao do conhecimento da biodiversidade local, especialmente das espcies de distribuio restrita e exclusiva do cerrado;

    IV. promoo de aes de educao ambiental com o objetivo de revegetao das reas degradadas, remoo dos resduos slidos e da construo civil, descontaminao dos solos e da gua, controle de eroses, incentivando a participao da comunidade na efetivao da gesto participativa da APA do Lago Parano, prevista em lei;

    V. revegetao de reas degradadas do cerrado para formao de corredores contnuos entre as Unidades de Conservao para viabilizar e/ou potencializar o fluxo gnico e servir de local para abrigo e alimentao da fauna;

    VI. implementao de corredores ecolgicos internos e externos APA do Lago Parano;

    VII. promoo da conservao in situ dos processos ecolgicos, das espcies nativas e do patrimnio gentico existente;

    VIII. integrao das Unidades de Conservao existentes com corredores ecolgicos pr-selecionados, constitudos por grandes manchas de remanescentes de vegetao nativa;

    IX. realizao de diagnstico da situao fundiria das reas protegidas no marco legal existente;

    X. apropriao social das reas protegidas, por meio da regularizao fundiria das Unidades de Conservao e dos Parques Ecolgicos e de Uso Mltiplo;

  • XI. elaborao e implantao de planos integrados de manejo, preservao, conservao e monitoramento das Unidades de Conservao e Parques Ecolgicos e de Uso Mltiplo da APA do Lago Parano;

    XII. promoo da recuperao ambiental das reas de preservao permanente da APA do Lago Parano;

    XIII. recuperao do patrimnio natural ou paisagstico inserido na malha urbana, envolvendo as comunidades residentes no Entorno;

    XIV. estabelecimento de um programa de atividades de mobilizao social visando ao reconhecimento do valor do patrimnio natural;

    XV. criao de espaos de lazer, reas verdes, ciclovias e passeios pblicos que promovam a integrao urbana e incentivem a sociabilidade e o desenvolvimento econmico local;

    XVI. regulamentao, implantao e consolidao de conselhos gestores de Unidades de Conservao e ncleos de voluntariado de Parques Ecolgicos;

    XVII. apoio a iniciativas das organizaes da sociedade civil para o estabelecimento de parcerias para a gesto sustentvel das Unidades de Conservao, Parques, reas de Proteo de Mananciais e demais reas protegidas;

    XVIII. fortalecimento de programas de conservao ex situ de plantas nativas do cerrado, promovendo aes de resgate e reintroduo de espcies;

    XIX. recuperao ambiental de reas degradadas na APA do Lago Parano visando recuperao de mananciais, nascentes, veredas, matas riprias, lagoas e reas de recarga de aquferos;

    XX. elaborao de estudos de ecologia da paisagem para diagnstico da fragmentao da vegetao, objetivando subsidiar a definio dos corredores ecolgicos a serem recuperados;

    XXI. implantao e recuperao de corredores ecolgicos indicados pelos estudos de ecologia da paisagem;

    XXII. controle e eliminao das espcies invasoras ou exticas nas Unidades de Conservao;

    XXIII. identificao e implementao de mecanismos orientados sustentabilidade econmica das reas protegidas;

    XXIV. identificao e fortalecimento de atividades de prestao de servio que gerem renda, tais como produo de mudas e realizao de cursos;

    XXV. implantao de infraestrutura de apoio s atividades comunitrias nos Parques Ecolgicos e de Uso Mltiplo;

    XXVI. submisso prvia ao rgo ambiental competente para licenciamento de todos os novos parcelamentos e fracionamentos a serem instalados dentro da APA do Lago Parano;

  • XXVII. incorporao dos planos de uso e ocupao aos contratos de concesso das reas com caractersticas rurais - caso existam -, os quais devero ser elaborados e aprovados pelo rgo ambiental competente, considerando as diretrizes deste Decreto;

    XXVIII. manuteno das reas verdes consideradas como bem pblico de uso comum do povo;

    XXIX. resgate e manuteno de reas pblicas.

    Art. 4 Na APA do Lago Parano ficam proibidas:

    I. a supresso de espcimes da vegetao nativa, exceto com autorizao do rgo competente;

    II. a caa;

    III. a coleta de espcimes da fauna e da flora, em todas as zonas de manejo da APA do Lago Parano, ressalvadas aquelas com finalidades cientficas;

    IV. a prtica de queimada, exceto para proteo da biota e mediante autorizao do rgo ambiental competente;

    V. a atividade de minerao e retirada de minerais;

    VI. as intervenes de terraplenagem, aterro, dragagem e escavao, exceto com autorizao ou licena concedida pelo rgo ambiental competente;

    VII. a utilizao de agrotxicos e outros biocidas;

    VIII. a deposio de efluentes no tratados, resduos slidos, resduos da construo civil, agrotxicos e fertilizantes em nascentes e cursos dgua;

    IX. a deposio de resduos de construo civil;

    X. a implantao e a operao de indstrias poluentes;

    1 A atividade de pesca ficar condicionada s diretrizes de controle de qualidade da gua emanadas do Poder Pblico e ao consentimento do Conselho de Recursos Hdricos do Distrito Federal.

    2 A instalao ou operao de atividades ou de empreendimentos efetiva ou potencialmente poluidores, capazes de degradar os recursos hdricos da rea de Proteo Ambiental do Lago Parano, demandaro autorizao ou licena do rgo ambiental competente, conforme estatudo pelas Resolues do Conama n 001/1986 e 237/1997 com respectivo anexo I.

    3 O disposto neste artigo aplica-se a todas as zonas e subzonas de manejo descritas nos incisos I a IV do art. 2 deste Decreto.

  • Art. 5 A Subzona de Preservao da Vida Silvestre ZPVS dever assegurar os usos compatveis com a preservao da biodiversidade dos ecossistemas naturais existentes e ter as seguintes diretrizes especficas de uso:

    I. rea prioritria para compensao ambiental, compensao florestal e reflorestamento com espcies nativas;

    II. recuperao incentivada das reas degradadas, por meio de parcerias entre a populao e os rgos ambientais competentes;

    III. recuperao de solos expostos por meio do plantio de espcies nativas.

    1 Nesta subzona ficam proibidos:

    I. qualquer forma de ocupao, salvo nos casos previstos em lei;

    II. atividades que prejudiquem o equilbrio da biota;

    III. atividades antrpicas sem a devida anuncia dos rgos ambientais competentes;

    IV. pesca;

    V. parcelamento do solo, exceto para criao de reas protegidas.

    2 Na subzona de que trata este artigo sero removidas as ocupaes irregulares existentes.

    Art. 6 Na Subzona de Conservao da Vida Silvestre ZCVS, conforme o 2 do art. 4 da Resoluo Conama n10/88, sero admitidos usos moderados e sustentveis da biota, regulados de modo a assegurar a conservao dos ecossistemas naturais, que obedecero s seguintes diretrizes especficas:

    I. condicionamento de quaisquer atividades que modifiquem o meio natural aprovao do plano de manejo da APA do Lago Parano e ao respectivo licenciamento ambiental pelo rgo competente;

    II. incentivo implantao de infraestrutura bsica para o turismo ecolgico, educao ambiental e pesquisa, com a devida anuncia dos rgos ambientais competentes;

    III. implantao, nos Parques de Uso Mltiplo, de infraestrutura para o desenvolvimento de atividades recreativas, culturais, esportivas, educacionais e artsticas;

    IV. recuperao das reas por meio do plantio de espcies nativas;

    V. legislao especfica de controle, licenciamento, restrio e compensao ambiental s ocupaes nesta subzona pelos rgos competentes.

    Pargrafo nico. Nesta subzona ficam proibidos:

  • I. ocupao de novas reas;

    II. fracionamento de lotes;

    III. pesca.

    Art. 7 A Subzona de Ocupao Especial de Interesse Ambiental ZOEIA, que pertence Zona de Ocupao Especial, ter as seguintes diretrizes especficas de uso:

    I. as ocupaes nesta subzona devem seguir legislao especfica de controle, licenciamento, restrio e compensao ambiental pelos rgos competentes;

    II. as normas de uso e gabarito devem conter as restries condizentes subzona;

    III. as atividades e empreendimentos nesta subzona devero favorecer a recarga natural e artificial de aquferos;

    IV. o uso residencial permitido.

    Pargrafo nico. Nesta subzona ficam proibidos:

    I. atividades de alta e mdia incomodidades;

    II. pesca.

    Art. 8 A Subzona de Ocupao Especial do Bananal ZOEB, que faz parte da Zona de Ocupao Especial, ter as seguintes diretrizes especficas de uso:

    I. as ocupaes nesta subzona devem seguir legislao especfica de controle, licenciamento, restrio e compensao ambiental pelos rgos competentes;

    II. as normas de uso e gabarito devem conter as restries condizentes subzona;

    III. as atividades e empreendimentos nesta subzona devero favorecer a recarga natural e artificial de aquferos;

    IV. o uso institucional e comercial de apoio ao uso institucional ser permitido;

    V. a subzona dever ter padro de baixa densidade;

    VI. os estudos para a ocupao da rea devero dar prioridade e diretrizes manuteno dos corredores ecolgicos localizados entre o Parque Nacional de Braslia e a APA do Lago Parano;

    Art. 9 A Subzona de Ocupao Especial do Taquari ZOET, pertencente Zona de Ocupao Especial, ter as seguintes diretrizes especficas de uso:

  • I. as ocupaes nesta subzona devem seguir legislao especfica de controle, licenciamento, restrio e compensao ambiental pelos rgos competentes;

    II. enquadramento ambiental de postos de abastecimento de combustvel e infraestruturas de saneamento;

    III. as normas de uso e gabarito devem conter as restries condizentes subzona;

    IV. as atividades e empreendimentos nesta subzona devero favorecer a recarga natural e artificial de aquferos;

    V. uso residencial, institucional, comercial e industrial no poluente;

    Art. 10. A Subzona de Ocupao Especial do Parano ZOEP, integrante da Zona de Ocupao Especial, ter as seguintes diretrizes especficas de uso:

    I. rea destinada expanso do Parano e cidade do Parano;

    II. uso residencial, institucional, comercial e industrial no poluente;

    III. as ocupaes nesta subzona devem seguir legislao especfica de controle, licenciamento, restrio e compensao ambiental pelos rgos competentes;

    Art. 11. A Subzona de Ocupao Especial do Varjo ZOEV, integrante da Zona de Ocupao Especial, ter as seguintes diretrizes especficas de uso:

    I. uso residencial, institucional e comercial;

    II. as ocupaes nesta subzona devem seguir legislao especfica de controle, licenciamento, restrio e compensao ambiental pelos rgos competentes;

    III. recuperao das reas de Preservao Permanente e demais reas protegidas.

    Pargrafo nico. Nesta subzona fica proibido o adensamento populacional.

    Art. 12. A Zona de Ocupao Consolidada do Lago ZOCL, referida no inciso III do art. 2 deste Decreto, ter as seguintes diretrizes especficas de uso:

    I. as normas de uso e gabarito devem conter as restries condizentes zona, inclusive no que se refere s taxas de permeabilidade;

    II. as atividades e empreendimentos nessa subzona devero favorecer a recarga natural e artificial de aquferos;

    III. enquadramento ambiental de postos de abastecimento de combustvel e infraestruturas de saneamento;

  • IV. resgate e recuperao ambiental da orla do Lago Parano, quando pblica;

    V. disciplinamento do uso e ocupao privados das reas pblicas;

    VI. desenvolvimento de atividades de lazer e turismo na orla do Lago Parano.

    Pargrafo nico. Os usos e ocupaes nesta zona devem seguir legislao especfica de controle, licenciamento, restrio e compensao ambiental pelos rgos competentes.

    Art. 13. A Subzona de Ocupao Consolidada de Braslia - ZOCB, referida no inciso III do art. 2 deste Decreto, ter as seguintes diretrizes especficas de uso:

    I. submisso s normas prprias da rea tombada do Conjunto Urbanstico de Braslia;

    II. compatibilizao com a ocupao consolidada regularizada ou em via de regularizao;

    III. caracterstica eminentemente urbana.

    Pargrafo nico. As ocupaes nesta subzona devem seguir legislao especfica de controle, licenciamento, restrio e compensao ambiental pelos rgos competentes.

    Art. 14. A Zona do Espelho dgua ZEA, referida no inciso IV do art. 2 deste Decreto, ser regida por legislao especfica e necessitar de estudo detalhado a ser realizado no prazo de at dois anos, a partir da publicao deste Decreto, abrangendo, no mnimo, as conjunturas:

    I. enseadas dos cursos dgua perenes e intermitentes;

    II. reas para a prtica de esportes, de interesse turstico e de lazer;

    III. Estaes de Tratamento de Esgoto (ETEs) e emissrios;

    IV. Linhas subaquticas de recalque de esgoto, e respectivas faixas de segurana;

    V. Estaes de Tratamento de gua (ETAs), pontos de captao de gua e respectivas faixas de segurana;

    VI. rea de preservao permanente do Lago Parano;

    VII. zonas relevantes para ictiofauna;

    VIII. reas destinadas pesca profissional;

    IX. rea de segurana da Presidncia da Repblica;

    X. batimetria do Lago Parano;

  • XI. faixa de servido da barragem do Lago Parano;

    XII. faixa de servido de cabos subaquticos;

    XIII. lanamentos clandestinos de drenagem e esgoto;

    XIV. lanamentos provenientes de galerias de guas pluviais;

    XV. bombeamento de gua do Lago Parano.

    CAPTULO II DAS REAS DE INTERESSE ESPECIAL

    Art. 15. So consideradas reas de Interesse Especial para monitoramento prioritrio dentro da APA do Lago Parano:

    I. Centro de Atividades do Lago Norte CA, que apresenta potencial gerador de impacto ambiental;

    II. ocupaes irregulares, inclusive os denominados condomnios;

    III. reas destinadas a apart-hotis ou hotis.

    Pargrafo nico. As reas indicadas devem ser monitoradas pelos rgos ambientais, objetivando evitar ou mitigar danos ambientais de seu uso e ocupao.

    Art. 16. So consideradas tambm reas de Interesse Especial as reas de Interesse Turstico e Lazer, incluindo as reas no entorno do Lago Parano j utilizadas para tal finalidade ou que possuam relevante potencial turstico, indicadas no Anexo II deste Decreto, alm dos pontos de atrao da Pennsula Norte.

    1 Para efeitos do que estabelece o caput deste artigo, considera-se a orla do Lago Parano tambm como de relevante potencial turstico.

    2 Constituem diretrizes especficas de uso para as reas de Interesse Turstico e Lazer:

    I. revitalizao e implantao das reas de grande potencial, inclusive as j utilizadas para essa finalidade;

    II. implantao de infraestruturas de turismo e de lazer;

    III. enquadramento ambiental das infraestruturas de saneamento, tais como galerias de drenagem, interceptores de esgotos, adutoras de gua, e da infraestrutura viria.

    Art. 17. So, ainda, reas de Interesse Especial na APA do Lago Parano:

    I. rea de Segurana da Presidncia da Repblica;

  • II. faixas de domnio das rodovias: cento e trinta metros, divididos simetricamente em relao aos eixos dos canteiros centrais;

    III. faixa de domnio da barragem do Lago Parano: cem metros;

    IV. projeo das pontes do Lago Norte e suas respectivas faixas de domnio.

    CAPTULO III DO MOSAICO DE UNIDADES DE CONSERVAO

    Art. 18. A APA do Lago Parano faz parte de um mosaico de Unidades de Conservao, nos termos definidos pelo art. 26 da Lei Federal n 9.985, de 18 de julho de 2000, e seu regulamento, consubstanciado pelos arts. 8 a 11 do Decreto Federal n 4.340, de 22 de agosto de 2002.

    1 Fazem parte do mosaico referido neste artigo:

    I. a APA do Lago Parano;

    II.a APA do Planalto Central;

    III.as demais Unidades de Conservao existentes no interior da APA do Lago Parano.

    2 O Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hdricos do Distrito Federal Braslia Ambiental Ibram dever, nos termos do que preceitua o art. 8 do Decreto Federal n 4.340, de 22 de agosto de 2002, no prazo de sessenta dias, contados da data de publicao deste Decreto, pleitear o reconhecimento, junto ao Ministrio do Meio Ambiente, do mosaico de Unidades de Conservao de que faz parte a APA do Lago Parano.

    3 O mosaico referido neste artigo dever dispor de um Conselho de Mosaico, com carter consultivo e funo de atuar como instncia de gesto integrada das Unidades de Conservao que dele faam parte, cuja composio ser definida na Portaria que instituir o referido mosaico.

    4 As Unidades de Conservao descritas no art. 18 deste Decreto esto configuradas em seu anexo III.

    CAPTULO IV DA CRIAO DE REAS ESPECIALMENTE PROTEGIDAS

    Art. 19. Por este ato, ficam criadas as seguintes Unidades de Conservao, que devero ter seus limites e objetivos de conservao definidos por atos especficos do Distrito Federal, no prazo de at noventa dias:

    I. rea A na modalidade Parque Ecolgico: rea prxima ao Setor Habitacional Taquari Trecho 3, caracterizada por acentuada beleza cnica, correspondente ao Parque do Mirante;

    II. rea B na modalidade Parque Ecolgico: rea localizada na encosta prxima ao crrego Taquari, caracterizada por relevante declividade, com vegetao nativa parcialmente preservada;

  • III. rea C na modalidade rea de Relevante Interesse Ecolgico (Arie): rea prxima ao Centro Olmpico da Universidade de Braslia, caracterizada como rea de relevo plano com vegetao de cerrado preservada, localizada na margem oeste do Lago Parano;

    IV. rea D na modalidade rea de Relevante Interesse Ecolgico (Arie): rea entre o Parque dos Pinheiros e a DF-005, caracterizada pela relevante declividade e presena de cerrado entre rochas;

    V. rea E na modalidade ARIE: alterao da poligonal da Arie do Parano Sul, caracterizada por significativa declividade e cerrado preservado.

    1 As reas referidas nos incisos I a V deste artigo esto indicadas no anexo IV deste Decreto.

    2 A rea F indicada no anexo IV deste Decreto caracteriza-se como rea de Segurana da Presidncia da Repblica e, caso tenha destinao de uso modificada, se transformar automaticamente em Reserva Biolgica (Rebio).

    3 A vegetao nativa inserida na rea G, indicada no anexo IV deste Decreto, dever ser preservada, sendo necessria, para sua eventual supresso, autorizao ou licena ambiental expedida pelo rgo ambiental competente.

    4 As reas A a F referidas neste artigo tm poligonais definidas no anexo V deste Decreto, podendo ser alteradas pelo poder pblico mediante estudos especficos.

    CAPTULO V DOS CORREDORES ECOLGICOS

    Art. 20. Os corredores ecolgicos indicados neste zoneamento consideram as reas de Preservao Permanente APP, as Unidades de Conservao j implantadas, as Unidades de Conservao criadas por este instrumento, as reas especialmente protegidas e as reas naturais remanescentes existentes na regio.

    1 As Unidades de Conservao j implantadas, as Unidades de Conservao criadas por este instrumento, as reas especialmente protegidas e as reas com vegetao natural significativa tero a funo de ilhas para a fauna e flora e devero ser protegidas devido sua relevncia para conectividade dos corredores ecolgicos.

    2 Ficam proibidas as construes ou atividades que degradem as margens do Lago Parano, em especial os nichos ecolgicos da ictiofauna que ocorram em guas rasas.

    Art. 21. So delimitados cinco eixos principais de ligao para formao de corredores ecolgicos constitudos principalmente pelos ecossistemas de matas riprias e fragmentos de vegetao relevantes, alm da APP do Lago Parano:

    1 - entrada pelo ribeiro do Torto;

    2 - entrada pelo ribeiro Bananal;

    3 entrada pelo ribeiro Gama Cabea de Veado;

  • 4 - entrada pelo crrego Canjerana;

    5 entrada pelo ribeiro Riacho Fundo;

    6 entrada pelo crrego das Antas; e

    7 entrada pelo crrego Manoel Francisco.

    Pargrafo nico. As reas referidas neste artigo esto indicadas no anexo VI deste Decreto.

    CAPTULO VI DAS DISPOSIES TRANSITRIAS E FINAIS

    Art. 22. So consideradas reas prioritrias para a recuperao ambiental na APA do Lago Parano:

    I. todas as reas de Preservao Permanente APP;

    II. as enseadas dos tributrios no Lago Parano;

    III. as Unidades de Conservao e as reas protegidas;

    IV. as reas de solo exposto existentes na APA do Lago Parano.

    Art. 23. O Plano Diretor de Drenagem Urbana do Distrito Federal dever conter, entre outras disposies, a forma de controle do escoamento superficial da rea abrangida pela APA do Lago Parano.

    Art. 24. A orla do Lago Parano dever ser objeto de projeto especfico que identifique as reas passveis de ocupao pblica, com diretrizes que abranjam os interesses da populao em geral.

    Art. 25. Para as ocupaes urbanas dentro da bacia do Lago Parano, devero ser realizados estudos que, preferencialmente, indiquem solues para o envio do esgoto para fora dos limites da APA do Lago Parano.

    Art. 26. A implantao de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras que tiverem impacto sobre a APA do Lago Parano condicionada a estudos especficos, licenciamento ambiental e implantao de medidas de controle da drenagem superficial e das guas pluviais e esgoto evitando contribuio e carreamento de sedimentos e poluentes para o Lago Parano.

    Art. 27. Sero realizados estudos especficos, sob o ponto de vista ambiental, para as reas previstas para a construo das novas pontes do Lago Norte.

    Art. 28. As ocupaes irregulares j consolidadas no interior da APA do Lago Parano devero ser objeto de estudos ambientais com vista sua regularizao, por meio da efetiva fixao ou remoo.

  • Art. 29. As aes que contrariarem o disposto nas proibies do presente Decreto estaro sujeitas s penalidades previstas na legislao em vigor, principalmente na Lei Federal n 9.605/98, que trata dos crimes ambientais, na Lei n 41/89, que trata da poltica ambiental do Distrito Federal e o seu Decreto n 12.960/90, que a regulamenta, bem como na Lei Federal n 6.766/79, que trata dos parcelamentos do solo urbano.

    Art. 30. O Zoneamento Ambiental da APA do Lago Parano, de que trata este Decreto, estabelecido em decorrncia do Decreto n 12.055, de 14 de Dezembro de 1989, que cria a Unidade de Conservao.

    1 Caber ao Conselho Gestor da rea de Proteo Ambiental do Lago Parano o acompanhamento da implementao do Zoneamento Ambiental ora aprovado.

    2 Caber ao rgo ambiental competente o licenciamento, o monitoramento e a fiscalizao das diretrizes estabelecidas neste Zoneamento Ambiental.

    Art. 31. As Unidades de Conservao e as reas protegidas inseridas na rea de Proteo Ambiental do Lago Parano sero recategorizadas pelo rgo ambiental, quando pertinente.

    Art. 32. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicao.

    Art. 33. Revogam-se as disposies em contrrio, em especial os dispositivos do Decreto n 12.055, de 14 de dezembro de 1989, e do Decreto n 23.156, de 12 de agosto de 2002, que estejam em desacordo com o presente Decreto.

    Braslia, 14 de fevereiro de 2012. 124 da Repblica e 52 de Braslia AGNELO QUEIROZ