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1 BAIRRO DE BOTAFOGO O tradicional bairro de Botafogo nasceu em meio a uma guerra e, por pouco, quase terminou na mesma ocasião. Com efeito, o Capitão-Mór e Governador Estácio de Sá (1542-67) fundara a 1 o . de março de 1565 a “Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro”, na base do “Morro Cara-de-Cão”, na Urca, onde hoje existe o Centro de Capacitação Física do Exército e Fortaleza de São João. Tal ato teve por fim não só marcar a ocupação lusitana da Baía, descoberta pelos lusos em 1502 e até então presa fácil de aventureiros, como também expulsar a colônia francesa intitulada “França Antártica” que havia se estabelecido em 1555 onde hoje é a Ilha de Villegaignon. No mesmo ano da chegada, em julho, Estácio começa a doar terras em regime de sesmarias a colonos e agricultores para que desenvolvessem a região. Tais doações, além de generosas, estavam livres de impostos e emolumentos, obrigando-se apenas ao beneficiado medir suas terras e delas deixar registro na Câmara de Vereadores, bem como desenvolver alguma cultura nelas. Uma das primeiras doações foi, no entanto, para seu amigo particular, o futuro Vereador, sesmeiro e “Mordomo da Arquiconfraria de São Sebastião”, o vicentino Antônio Francisco Velho. Era uma doação deveras respeitável, pois abrangia toda a enseada das futuras praias de Botafogo, Urca, Morro da Viúva e parte do Flamengo, até a altura da casa “Carioca”, erguida em 1503 como uma malfadada feitoria lusitana num braço do Rio Carioca, mais ou menos onde hoje é a Rua Cruz Lima, no Flamengo. As terras de Francisco Velho abrangiam, portanto, áreas correspondentes hoje aos bairros de Botafogo, Urca, Flamengo (parte), Humaitá e Lagoa (parte). A doação constituía-se basicamente num vale, formado pelos morros que serão batizados no século XVII de São João e Da. Marta, cortado por dois grandes rios: o “Berquó” ou “Brocó”, próximo ao “Morro São João” assim chamado no final do séc. XVII em lembrança de um dos proprietários locais, o Ouvidor Francisco Berquó da Silveira; sendo o outro rio o “Banana Podre”, em grande parte canalizado e acompanhando o trajeto da Rua São Clemente, estando a descoberto ainda em algumas propriedades. Havia também uma Lagoa de restinga, ligada ao mar, onde hoje existe mais ou menos a Rua Dezenove de Fevereiro (e que teima em virar lagoa quando chove muito...), sendo, entretanto, a maior atração da doação a bela enseada de águas plácidas, tão calmas que os franceses de Villegaignon chamavam-na de “Le Lac”(o Lago). Os índios tamoios, primitivos habitantes, não se sensibilizaram com a beleza da enseada, não lhe dando nome em especial. Chamavam Botafogo de “Itaóca”(casa de pedra), em referência a uma furna que ainda existe onde hoje é o Humaitá(fica no final da rua Icatu). A partir de 1565, surge o primeiro nome português do local, a “Enseada de Francisco Velho”. E por esse nome foi conhecida por mais de quarenta anos. Francisco Velho era casado com Da. Ana de Moraes de Antas, de tradicional família vicentina, vinda com Martim Afonso em 1532, e descendente de várias casas reais européias. Em Portugal, a família era possuidora do tradicional “Paço de Antas”, daí o sobrenome. O casal teve ao menos uma filha, Da. Isabel Velho, casada com outro fundador do Rio de Janeiro, Antônio de Mariz Coutinho, futuro Vereador e que entraria na literatura romântica do séc. XIX como o pai de “Ceci”, do romance “O Guarani”, de José de Alencar. Quando houve a expulsão dos franceses em março de 1567 e a transferência da cidade para o Morro do Castelo, a família Velho passou a residir em morada erguida onde hoje existe o imenso edifício neoclássico da “Universidade do Brasil”, na Avenida Pasteur, antiga “Praia da Saudade”. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com

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BAIRRO DE BOTAFOGOO tradicional bairro de Botafogo nasceu em meio a uma guerra e, por pouco, quase

terminou na mesma ocasião. Com efeito, o Capitão-Mór e Governador Estácio de Sá(1542-67) fundara a 1o. de março de 1565 a “Cidade de São Sebastião do Rio deJaneiro”, na base do “Morro Cara-de-Cão”, na Urca, onde hoje existe o Centro deCapacitação Física do Exército e Fortaleza de São João. Tal ato teve por fim não sómarcar a ocupação lusitana da Baía, descoberta pelos lusos em 1502 e até então presafácil de aventureiros, como também expulsar a colônia francesa intitulada “FrançaAntártica” que havia se estabelecido em 1555 onde hoje é a Ilha de Villegaignon.

No mesmo ano da chegada, em julho, Estácio começa a doar terras em regime desesmarias a colonos e agricultores para que desenvolvessem a região. Tais doações,além de generosas, estavam livres de impostos e emolumentos, obrigando-se apenas aobeneficiado medir suas terras e delas deixar registro na Câmara de Vereadores, bemcomo desenvolver alguma cultura nelas.

Uma das primeiras doações foi, no entanto, para seu amigo particular, o futuroVereador, sesmeiro e “Mordomo da Arquiconfraria de São Sebastião”, o vicentino AntônioFrancisco Velho. Era uma doação deveras respeitável, pois abrangia toda a enseada dasfuturas praias de Botafogo, Urca, Morro da Viúva e parte do Flamengo, até a altura dacasa “Carioca”, erguida em 1503 como uma malfadada feitoria lusitana num braço do RioCarioca, mais ou menos onde hoje é a Rua Cruz Lima, no Flamengo. As terras deFrancisco Velho abrangiam, portanto, áreas correspondentes hoje aos bairros deBotafogo, Urca, Flamengo (parte), Humaitá e Lagoa (parte).

A doação constituía-se basicamente num vale, formado pelos morros que serãobatizados no século XVII de São João e Da. Marta, cortado por dois grandes rios: o“Berquó” ou “Brocó”, próximo ao “Morro São João” assim chamado no final do séc. XVIIem lembrança de um dos proprietários locais, o Ouvidor Francisco Berquó da Silveira;sendo o outro rio o “Banana Podre”, em grande parte canalizado e acompanhando otrajeto da Rua São Clemente, estando a descoberto ainda em algumas propriedades.

Havia também uma Lagoa de restinga, ligada ao mar, onde hoje existe mais oumenos a Rua Dezenove de Fevereiro (e que teima em virar lagoa quando chove muito...),sendo, entretanto, a maior atração da doação a bela enseada de águas plácidas, tãocalmas que os franceses de Villegaignon chamavam-na de “Le Lac”(o Lago).

Os índios tamoios, primitivos habitantes, não se sensibilizaram com a beleza daenseada, não lhe dando nome em especial. Chamavam Botafogo de “Itaóca”(casa depedra), em referência a uma furna que ainda existe onde hoje é o Humaitá(fica no final darua Icatu).

A partir de 1565, surge o primeiro nome português do local, a “Enseada deFrancisco Velho”. E por esse nome foi conhecida por mais de quarenta anos.

Francisco Velho era casado com Da. Ana de Moraes de Antas, de tradicionalfamília vicentina, vinda com Martim Afonso em 1532, e descendente de várias casas reaiseuropéias. Em Portugal, a família era possuidora do tradicional “Paço de Antas”, daí osobrenome.

O casal teve ao menos uma filha, Da. Isabel Velho, casada com outro fundador doRio de Janeiro, Antônio de Mariz Coutinho, futuro Vereador e que entraria na literaturaromântica do séc. XIX como o pai de “Ceci”, do romance “O Guarani”, de José de Alencar.

Quando houve a expulsão dos franceses em março de 1567 e a transferência dacidade para o Morro do Castelo, a família Velho passou a residir em morada erguida ondehoje existe o imenso edifício neoclássico da “Universidade do Brasil”, na Avenida Pasteur,antiga “Praia da Saudade”.

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Deve-se em boa hora lembrar que a topografia de então era bem diferente daatual. Não existia a Praia Vermelha, nem o terrapleno onde hoje figura a Praça GeneralTibúrcio. O Morro da Urca, junto com o Pão de Açúcar e o Cara-de-Cão formavam umailha, separada do continente. O Oceano Atlântico comunicava-se diretamente com aspraias da Saudade e Botafogo. Somente em 1697 é que se fez o aterro que ligou a Urcaao continente.

Curiosamente, Francisco Velho veio a ser nosso primeiro “seqüestrado” no Rio deJaneiro, pois foi capturado em janeiro de 1567 pelos índios tamoios quando foi ao matocortar troncos para erguer a capela de São Sebastião. Velho foi rescaldado com vidapelos portugueses, depois de épica batalha travada próximo ao que é hoje o Morro daGlória, a 20 de janeiro de 1567, onde ocorreu espetacular embate entre cinco canoasportuguesas e cento e oitenta tamoias, com vitória lusitana onde, ao que se diz, até opróprio São Sebastião em pessoa apareceu para “dar uma mãozinha”. O embate entroupara a história como a “Batalha das Canoas”.

Já bem idoso, Francisco Velho vendeu suas terras em 1590 ao seu colega deaventuras, o alentejano de Elvas João Pereira de Souza Botafogo (1540?-1605),sertanista famoso, e que deixara Portugal, ao que se diz, por embaraços financeiros. JoãoPereira emprestaria seu nome em definitivo ao bairro, que se chamou Botafogo desdeentão. O curioso é que possivelmente não era nome de nascença, mas sim apelido, muitocomumente dado em Portugal aos arcabuzeiros, homens especialistas em armas de fogomanuais.

Portanto, os dois primeiros moradores do bairro já sofriam de velhos problemascariocas: seqüestro (Antônio Francisco Velho) e inadimplência (João Pereira de SouzaBotafogo).

UNIVERSIDADE SANTA ÚRSULA – RUA FERNANDO FERRARI, 75 – BOTAFOGOA Ordem das Ursulinas foi fundada nos países baixos há quase cinco séculos por

Santa Ângela Merici. Em 1938, um grupo de freiras aportou ao Rio de Janeiro, cedendoaos desejos do Papa Pio XI e do Cardeal D. Sebastião Leme. Vinham fundar uma escolade professoras Católicas do Curso Secundário. Inicialmente se instalaram a 30 denovembro daquele ano num prédio na Praia de Botafogo, 246. Em 1939 a Faculdade deFilosofia, Ciências e Letras do Instituto Santa Úrsula é autorizado a funcionar. PeloDecreto 8.057, de 14 de outubro de 1941, a Faculdade foi reconhecida e pôde realizar emdezembro seguinte a colação de grau da 1a. turma de Bacharéis. Sete anos depois, foiinaugurado o novo edifício, hoje denominado de no. 1; na Rua Fernando Ferrari. Vinteanos depois, o arquiteto Edgar de Oliveira da Fonseca ergueu um novo prédio, hojebatizado de no. 2, para que a instituição passasse a funcionar como Universidade. Hojesão seis prédios, sendo o último inaugurado em 1982.

A Universidade Santa Úrsula começou com os cursos de Filosofia, Ciências,Letras, Geografia e Educação. Hoje, oferece, além destes, outros diversos cursos nasáreas de graduação e pós-graduação, sendo alguns de excelência, como Biologia eArquitetura. Alguns de seus professores estão entre os melhores profissionais em suaespecialidade. Diversos alunos conquistaram reconhecimento nacional em suasatividades. Entretanto, a crise que se abateu sobre o ensino e, em especial, o ensinosuperior na década de 80 não poupou a instituição, que hoje trabalha com uma fração dealunos se comparado com seu período áureo, dos anos 70.

O prédio no. 1 é tombado pela Municipalidade.

MONUMENTO A CHAIM WEIZMANN – RUA FARANI – BOTAFOGO

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Cientista e político. Nasceu em Pinsk, na Rússia Branca, em outubro de 1874.Ainda jovem fugiu da perseguição czarista, indo para a Alemanha, onde se iniciou emseus estudos de química, depois concluídos em Montreux, Suíça.

Em 1904 foi nomeado professor de química biológica na Universidade deManchester, e, mais tarde, em 1916, tornou-se diretor dos laboratórios de química doAlmirantado Britânico. Durante a 1a. Guerra Mundial, descobriu um novo método deproduzir acetona e álcool butílico, uma fórmula contra gases venenosos e o emprego dafermentação de bactérias, para a fabricação de explosivos, inclusive a cordite; tudo issocontribuiu eficazmente para a vitória dos aliados. Durante a 2a. Guerra Mundial foiconselheiro químico honorário do Governo de Sua Majestade e orientou o Governo dosEstados Unidos na produção de borracha sintética. Fundou em 1934 o Instituto dePesquisas Sieff, em Rehovoth e, em 1949, o Instituto de Ciências de Israel.

No entanto, Weizmann foi acima de tudo um líder político. Ao abandonar a pátria,dirigiu-se logo para a Basiléia, onde se realizava o 1o. Congresso Sionista e lá conheceu alendária figura de Theodor Herzl, novo Messias do povo judaico. Ainda como estudantetornou-se o centro de discussões e estudos sobre problemas sionistas. Quando, depoisda 1a. Guerra Mundial, o governo inglês quis recompensá-lo por suas valiosascontribuições à causa britânica, pediu: “Dêem um lar nacional ao meu povo”. Comoresposta, obteve a declaração de Balfour, que dizia: “O Governo de Sua Majestadeencara favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um lar nacional para o povojudaico e envidará todos os esforços para alcançar este fim.”

Em 1918 encabeçava a Comissão Sionista na Palestina, lançando a pedrafundamental da Universidade Israelita em Jerusalém, que inauguraria em 1925.

Em 1922, esteve presente à ratificação do Mandato da Palestina pelo Conselho daLiga das Nações, em Londres.

Em 1948, quando foi proclamado o Estado Judeu da Palestina, não precisou lançarsua candidatura para presidente do novo Estado de Israel. Ela impôs-se por si mesma,como uma conseqüência lógica e natural recompensa àquele que tanto sofreu e lutou atéver concretizado seu ideal: “Um lar para o seu povo”.

Reeleito Presidente em 1951, Weizmann morreu no ano seguinte, a 29 denovembro de 1952, em Rehovoth, centro de um magnífico instituto de pesquisascientíficas que ele mesmo fundara.

Em 29 de novembro de 1962, o Governador Carlos Lacerda inaugurou numa praçada Rua Farani, em Botafogo, o monumento em sua homenagem, herma em bronze doartista Carlos.

RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA E RUA SÃO CLEMENTEEsta rua foi aberta em 1826 por Joaquim Marques Batista de Leão, Marquês dos

Leões, comerciante português monarquista, e que igualmente abriu em suas terras, namesma ocasião, a rua Real Grandeza, Marques e o Largo dos Leões, onde residia. Oprimitivo nome foi rua de São Joaquim da Lagoa, seu santo onomástico. Em sessão,porém, de 13 de maio de 1870 e proposta do Sr. Presidente Barroso Pereira, deu-lhe aIlustríssima Câmara Municipal a denominação de rua dos Voluntários da Pátria, emhomenagem aos brasileiros que se alistaram voluntariamente na guerra de 1864/70contra o governo do Paraguai.

Antigamente, a rua não possuía saída e terminava pouco além da travessa (hojerua) Marques, mas a companhia de bondes Botanical Garden Rail Road, fundada peloengenheiro americano Charles B. Greenough, adquiriu muitos terrenos em 1868 e aprolongou em 1870/71 até o Humaitá.

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A rua São Clemente, aberta no século XVII, era o logradouro da fidalguia, onderesidiam os grandes barões do café. Nela moraram nos anos setenta do século XIX, oBarão de Azevedo, Antônio José de Azevedo Machado (no. 5); o Barão do Rio Bonito,José Pereira Darrigue Faro (no. 135); o Segundo Conde de Itaguaí, Antônio Dias Pavão(no.24); o Primeiro e Segundo Barões da Lagoa(no.98, hoje Casa de Rui Barbosa, atual134); o Segundo Barão de Vargem Alegre, Luiz Octávio de Oliveira Roxo(no. 106); oBarão de Oliveira Castro, José Mendes de Oliveira Castro(no. 146); e outros. Tambémresidiram na São Clemente o Vice Rei Conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha e Brito; oBarão de Vassouras, Francisco José Teixeira Leite; o Barão de Macaúbas, Abílio CésarBorges(ambos onde hoje é a praça Barão de Macaúbas, na subida da favela Santa Marta;o Barão de Werneck(na esquina de Dezenove de Fevereiro) e o Marquês de Tamandaré(onde hoje é a rua Guilherme Guinle); bem como vários fidalgos, comendadores eministros (Rui Barbosa, Lafaiette Rodrigues Pereira, etc.) ou seus parentes próximos.

Na Voluntários, por sua vez, era a rua dos grandes comerciantes e pequenosnobres. Nos últimos anos do Império, no 01 morou o engenheiro e empresário AndréSteel, dono de fábrica de tecidos na Lagoa; no 15, morou o comerciante José JoaquimCosta Pereira Braga, dono de fábrica de chapéus, na Tijuca; no 49, o Visconde deCaravelas, único grande nobre da rua, ex-regente do Império; no 119, o mercador deescravos José Bento Rodrigues Callau; fora eles, muitos comendadores portugueses,comerciantes enriquecidos e empresários em ascensão. Na República, continuar-se-íacom os portugueses enriquecidos, comendadores e donos de estabelecimentoscomerciais.

Ainda no Império, era na Rua Voluntários que se encontrava um incipientecomércio, representado pela padaria do português Antônio Antunes Guimarães, no 121,ao lado da Matriz de São João Batista; uma botica do também português João da SilvaTeixeira, no72, e uma cocheira de burros, da Botanical Garden, no 90, onde hoje é oHortomercado da Cobal. Fora isso, existiam quartos para alugar no 5 (cinco quartos); 2(quatro quartos); 14 (trinta e um quartos); 44 (três quartos) e 74 (idem); todos essesquartos eram negócios de portugueses.

Na República, foi grande proprietário de imóveis na Voluntários o ComendadorPortuguês e comerciante João Manuel Magalhães, que morava em extensa chácara (no127). Um outro português fundaria o mais famoso bar da Voluntários, o “Sereia”, no ladopar, esquina da praia (fechou as portas em 1966, depois de 50 anos lá. Aliás, Botafogoera o bairro dos bares de portugueses, tradição que ainda se mantém e pelo qual éfamoso. Hoje surgiram os restaurantes finos e os de fast-food, que convivemharmoniosamente com seus colegas lusitanos mais antigos.

A mais antiga farmácia homeopática era a Nóbrega, existente desde princípios doséculo XX (recentemente reformada, logo depois do Sereia). As mais tradicionaispadarias da rua eram de um português monarquista: Imperial e Bragança, uma em frenteà outra, na esquina de Voluntários com Real Grandeza. Ambas fundadas em 1922, sósobrevivendo a Imperial. O Mais antigo supermercado foi o Gaio Marti, na esquina deVoluntários com Mariana, lado ímpar. Logo depois era a Casas da Banha. Ambosexistiam desde os anos trinta. O primeiro fechou as portas nos anos setenta. O segundoainda é um supermercado. O primeiro Supermercado moderno, o Disco, foi fundado háquarenta e cinco anos quase em frente. Hoje é um estacionamento e, em breve, umprédio. Em 1962 surgiu depois da Matriz, no lado ímpar, o “Charque”, hoje Sendas.

Da rua Sorocaba até a da Matriz, existem ainda muitas lojinhas que resistemestoicamente ao progresso: armarinhos, papelarias, lojas de modas, farmácias,sapatarias, discos, açougues (lá existe um, pré-histórico, com açougueiro português e

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tudo), brinquedos, plásticos, e outras de miudezas mil, aliás, moda que voltou com força,com as lojinhas de 1,99.

Foram famosos os cinemas da Voluntários. Eram três. Dois sobrevivem, comocinemas de cult-movie (Estação 1 e 2). O terceiro era quase na esquina de RealGrandeza, lado ímpar, e fechou as portas em 1968. Bairro com poucas livrarias nopassado (só papelarias e uma pequena livraria perto da Cobal), hoje tem várias perto doscinemas e quase no Humaitá. Duas bancas de jornais, entretanto, oferecem tanto quantoas melhores livrarias da cidade: a do Metrô, na esquina de Voluntários com NelsonMandela, e a 19, do Wellington, na esquina de Voluntários com 19 de Fevereiro, que alémde ser uma verdadeira livraria, tem de tudo um pouco, de doces à camisinha e é umafortaleza, com telefone, Internet, ar condicionado, sistema de som e circuito interno detelevisão com microcâmeras e o escambau (sorria! Você está sendo filmado...).

Em 1977, o então Prefeito Marcos Tamoyo decretou que Botafogo seria o novoCentro do Rio. Desestimular-se-ía o comércio horizontal, privilegiando o vertical, próximoàs estações do Metrô. Vinte e três anos, sete prefeitos e três shoppings depois, ocomércio horizontal do bairro dá mostras de extrema vitalidade, renovando-seconstantemente, atravessando crises imensas, mas sem dar a entender que vai acabartão cedo.

O PADRE CLEMENTE E A RUA SÃO CLEMENTEEm 17 de janeiro de 1628 era batizado na Igreja Matriz de São Sebastião, no Morro

do Castelo, o inocente Clemente Martins de Matos, segundo filho do Capitão e VereadorÁlvaro de Matos, e de Da. Marta Filgueira. Foram padrinhos os avôs maternos, D. AntônioMartins Palma e Da. Leonor Gonçalves, o casal que em cumprimento de uma promessaedificou a Igreja de Nossa Senhora da Candelária, em 1609.

Como era costume naqueles tempos, o filho mais velho herdava a profissão do pai,ficando Clemente destinado a ser padre, profissão de muito prestígio, haja vista ser aigreja ligada ao estado. Clemente, ainda adolescente, foi matriculado em semináriolisboeta. Lá não completaria seus estudos, sendo expulso, ao que se consta, por ter seenvolvido com mulheres. Com ajuda do avô rico e do pai, Capitão e Vereador, terminouClemente seus estudos num seminário em Roma, voltando ao Rio por volta de 1650 comopadre, mas pobre como um monge.

Por influência familiar, logo Clemente abiscoitou importantes cargos no cabido daSé, sendo nomeado Vigário Geral, Arcediago e Tesoureiro-Mór (naqueles tempos, todocargo importante no Brasil era obtido por “pistolão”), atividades bem remuneradas e degrande projeção pessoal, principalmente depois de 1676, pois nesse ano foi criado obispado do Rio de Janeiro, sendo Clemente a figura logo abaixo do Bispo, substituindo-oem suas ausências.

Como tesoureiro, Padre Clemente foi um desastre, pois durante sua gestão deixouo velho prédio da Sé cair aos pedaços, a ponto de ser interditado e finalmenteabandonado em 1703. Entretanto, Clemente ficou rico o suficiente para adquirir emc.1680 a sesmaria de Botafogo, cujas terras tinham como limite a enseada de Botafogo, a“Lagoa de Sacopenapã” (rebatizada em 1703 para Rodrigo de Freitas, seu dono), bemcomo os morros que depois se chamarão de São João e Santa Marta. Fundou Clementea “Fazenda do Vigário Geral”, ou de “São Clemente”, numa imodesta homenagem ao seusanto onomástico. Não satisfeito, ergueu em suas terras uma capela dedicada à SãoClemente, que existiu até o princípio do século XX no final da Rua Viúva Lacerda. Comose fosse pouco, abriu Clemente um caminho da enseada de Botafogo até sua capela,caminho batizado de ...São Clemente!

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Em homenagem à sua veneranda mãe, que morreu no Rio de Janeiro em 1698 aos92 anos (idade excepcional para a época), Clemente batizou o morro circundante de suasposses como “Morro Dona Marta”. Nome que ficou até época recente. Em 1980, osfavelados da “Favela Dona Marta”, surgida em 1930 e hoje uma das mais conhecidas nacidade, em comum acordo, rebatizaram o morro para “Santa Marta”, o que deve muito teragradado o Padre Clemente, esteja ele onde estiver.

Padre Clemente faleceu a 8 de junho de 1702, aos 74 anos, sendo velado eenterrado na Igreja Matriz que tanto se descuidara enquanto tesoureiro. No ano seguinte,o Bispo Frei Francisco de São Jerônimo transferiria a Sé da arruinada Igreja de SãoSebastião para a Capela da Santa Cruz dos Militares, na “Rua Direita”, atual Primeiro deMarço.

Herdou as terras de Botafogo o irmão de Clemente, Francisco Martins, que vendeuas terras em 1606 ao casal Afonso Fernandes e Domingas Mendes, os quais deviamgostar de praia, pois no mesmo ano adquiriram da Câmara as terras que iam do Leme aoLeblon. Em 1609 Da. Domingas, já viúva, doou todas suas terras à Câmara dosVereadores, tendo esta arrendado tudo ao Governador Geral Martim de Sá, que nãoesquentou com elas. A orla oceânica ele arrendou em 1611 ao dono do “Engenho deNossa Senhora da Conceição da Lagoa”, Sebastião Fagundes Varela, que destinou a orlaao pasto de suas vacas, que ruminavam entre cajueiros, pitangueiras e ananases.

Quanto às terras de Botafogo, foram arrendadas ao casal Pedro Fernandes Bragae Da. Bárbara Corrêa Xavier, que a retalharam toda e venderam os lotes.

Nada de importante se fez nelas até 1808, quando, com a chegada da Côrteportuguesa, Botafogo torna-se bairro da nobreza. Em 1819 as terras correspondentes àmaior parte da Rua São Clemente foram compradas por D. Marcos de Noronha e Brito,Conde dos Arcos, último Vice-Rei do Brasil, que ganhou muito dinheiro com elas,loteando-as e vendendo a outros nobres.

CAPELA DO CALVÁRIO – RUA SÃO CLEMENTE, 23 – BOTAFOGOSobrado eclético constando de térreo e dois pavimentos, erguido em c. 1910. A

originalidade consiste na utilização de elementos decorativos que simulam um castelomedieval, tais como duas torres com ameias, seteiras, acabamento em massa simulandopedra, etc. No segundo pavimento, instalou-se recentemente a igreja evangélica Capelado Calvário.

O sobrado foi tombado pela Municipalidade em 2.001.

RESTAURANTE BISMARQUE – RUA SÃO CLEMENTE, 23-A – BOTAFOGOUm dos mais tradicionais restaurantes de Botafogo, o Bismarque existe desde

1960 no mesmo local, um pequeno e espremido prédio art-déco da década de 40. Suaculinária brasileira é famosa e o restaurante é disputado no horário de almoço.Internamente, nada apresenta de notável, exceto um quadro sobre a parede da copa,retratando o Premier Otto Von Bismarck, aportuguesado para “Bismarque”.

ESTAÇÃO DO METRÔ – RUA NELSON MANDELA – BOTAFOGOInaugurada em 1o. de setembro de 1981, pelo Presidente João Batista de Oliveira

Figueiredo, o Ministro dos Transportes Mário David Andreazza e o Governador Antônio dePádua Chagas Freitas. O projeto da estação, cuja construção se arrastou por dez anos, émuito pobre e ainda hoje incompleta, é do arquiteto Sabino Barroso. Por mais de 15 anosfoi a estação terminal do Metrô Zona Sul, até ser inaugurada a Estação CardealArcoverde, em Copacabana. Ainda em 1981, logo depois de inaugurar a linha 1 do metrô,

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com 56 km de extensão, o então Presidente Figueiredo teve um princípio de enfarto,necessitando ser internado às pressas.

MERCADO POPULAR DE BOTAFOGO – RUA NELSON MANDELA – BOTAFOGOCriado em 1995 pelo Prefeito César Maia, foi a opção encontrada para conter o

surgimento desordenado de camelôs que ocuparam as calçadas desse trecho de rua. Sãomais de sessenta barracas padronizadas em metal e na cor verde. Há desde vendedoresde miudezas, de alimentos, livros novos e usados e até uma banca de salão debarbeiro/cabeleireiro, completa.

IGREJA UNIVERSAL DO REINO DE DEUS – RUA SÃO CLEMENTE, 72 – BOTAFOGOEntre as décadas de 1960 e 80 ali existiu uma famosa loja de móveis, a

Montmartre Jorge. Em fins dos anos 80 foi comprada e demolida, sendo erguida em seulugar a nova Igreja Universal do Reino de Deus. Construída em concreto, granito e vidroespelhado, com 2.000 lugares, é o maior templo não católico de Botafogo.

CENTRO DE ARQUITETURA E URBANISMO – RUA SÃO CLEMENTE, 117 –BOTAFOGO

É um típico casarão residencial das famílias abastadas do século XIX. Este aqui,no caso, foi erguido em 1879 para residência de Joaquim Fonseca Guimarães, um doscriadores do Bairro de Santa Teresa. Na fachada, bem proporcionada, destacam-se ostrabalhos de cantaria, a escada com duplo acesso em posição incomum, os motivosdecorativos e a serralheria.

Durante décadas a casa abrigou o tradicional Colégio Jacobina, depois, Faculdadede Educação Jacobina. Entrou em decadência em fins da década de 70, sendo fechado etendo a parte dos fundos demolida. Após ter sido tombada em 1987, foi reformada em1997 para receber o Centro de Arquitetura e Urbanismo, da Prefeitura da Cidade do Riode Janeiro.

A casa é tombada pela Municipalidade.

FUNDAÇÃO CASA DE RUI BARBOSA - RUA SÃO CLEMENTE, 134 - BOTAFOGOMajestosa residência neoclássica erguida em 1849-50 pelo nobre português Barão

da Lagoa. Foi depois residência de seu genro, o segundo Barão da Lagoa, passando àsmãos de outro português, o Conselheiro Albino José de Siqueira, que reformou a casasem alterá-la. Depois pertenceu ao negociante inglês John Roscoe Allen e este a vendeuem 1893 ao Conselheiro e advogado Rui Barbosa. Reformada e ampliada de 1893 a 97pelo engenheiro italiano Antônio Januzzi que dotou-a de uma decoração interna em gostoeclético italianizante, foi residência da família até a morte de seu proprietário em fevereirode 1923. Vendida ao Governo Federal em 1927, foi transformada em casa-museu, aprimeira do país, inaugurada pelo Presidente Washington Luís em 1930, destinada apreservar a memória de seu mais ilustre morador. No Museu, existe ainda o rico mobiliárioe peças de arte, espalhadas pelos salões e quartos do térreo e sobrado, bem como abiblioteca particular de Rui, com mais de 36 mil livros. A casa é dotada de amplo jardim,que se converteu numa das áreas de lazer principais do bairro de Botafogo. Em 1966 foiconvertida em Fundação, sendo construído em 1972 o anexo moderno nos fundos doamplo terreno, abrigando ali vasta biblioteca com mais de 100 mil títulos, arquivo,videoteca, salas de conferências, exposições e auditório. Possui lojas para venda depublicações e uma biblioteca infantil.

Quanto ao solar, de linhas neoclássicas, batizado por Rui de “Villa Maria Augusta”,em homenagem à sua esposa, é tombado pelo IPHAN.

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GRANDES AMORES DA ZONA SUL - RUI BARBOSA E MARIA AUGUSTARui Barbosa nasceu em Salvador, Bahia, a 05 de novembro de 1849. Jovem

brilhante, distinguiu-se já em seus estudos para advocacia na Escola do Largo de SãoFrancisco, em São Paulo. Jornalista, abolicionista e defensor dos direitos individuais docidadão, foi prócer da Abolição e figura destacada na República, não só como ministro dafazenda e como autor da Constituição de 1891, assim também, como representante dopaís na Conferência Internacional de Haia, na Holanda em 1908, onde se distinguiu.

Rui casara-se a 23 de novembro de 1876, depois de longo e epistolar noivado, comDa. Maria Augusta Vianna Bandeira, casamento feliz que lhe deu dois filhos, João eAlfredo; e três filhas: Maria Adélia Batista Pereira, Francisca Airosa e Maria Vitória Guerra”Baby”.

Até 1893 Rui, apesar de ministro e homem importante, morava em casa alugada.Neste ano, adquire do cidadão inglês John Roscoe Allen, por grande quantia paga emduas promissórias, a enorme propriedade da rua São Clemente, que fôra erguida para oBarão da Lagoa em 1850, cercada com enorme parque extenso de 10.000 m2.

Contratou o engenheiro arquiteto e amigo Comendador Antônio Januzzi parareformá-la, mas teve de ficar distante haja vista ter se incompatibilizado com o governo doMarechal Floriano Peixoto, quando teve de se exilar na Europa. Tendo retornado em1897, passou a residir na rua São Clemente, cercado pela família e pelos livros (36.000!).Nos jardins, mantinha extenso roseiral.

Cansado das lides políticas e dos falsos amigos, Rui residiu seus últimos dias emPetrópolis, onde faleceu cercado pela esposa que tanto amava e filhos, no dia 01o. demarço de 1923.

Ainda em 1897, batizou sua nobre morada de “Villa Maria Augusta” emhomenagem à esposa, com quem viveu em idílio por mais de 46 anos.

UNIVERSO ATHLETICO – RUA SÃO CLEMENTE, 155 – BOTAFOGOGrande casarão em estilo eclético, erguido em fins do século XIX para fins

residenciais. Por muitos anos sediou a Associação Sholen Aleichen de Cultura eRecreação, com sua famosa biblioteca sobre assuntos hebraicos. Posteriormente veio asediar a Academia de Dança de Jayme Arôxa e a Academia de Ginástica UniversoAthlético. Sua entrada lateral igualmente dá acesso ao curso pré-vestibular A. D. N.

O prédio foi tombado pela Municipalidade em 2.001.

EDIFÍCIO BARÃO DE LUCENA – RUA SÃO CLEMENTE, 158 – ESQUINA DE RUABARÃO DE LUCENA – BOTAFOGO

Em 29 de março de 1930 o Prefeito Antônio Prado Júnior mandou desapropriar ascasas de nos. 148 e 158, na Rua São Clemente, com vistas a abrir uma nova rua deacesso. Como a residência de no. 158 tinha sido até 1913 a moradia do Barão de Lucena,a nova via foi assim batizada. Em 1931 era inaugurado no lote do antigo no. 148 o edifíciode apartamentos Barão de Lucena, em estilo art-déco, com fachada dando para a RuaSão Clemente e garagem, lazer e serviços com acesso pela nova rua.

BARÃO DE LUCENA – DADOS BIOGRÁFICOSHenrique Pereira de Lucena, político, nasceu em 1835 na cidade de Bom Jardim,

Pernambuco. Formou-se em direito no Recife, onde foi delegado de polícia. Foi chefe depolícia e desembargador honorário no Ceará, e Presidente das províncias dePernambuco, Rio Grande do Norte, Bahia e Rio Grande do Sul. Deputado Geral,Presidente da Câmara dos Deputados, Ministro da Agricultura e da Fazenda, estes

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últimos já na República, em 1891, no Governo do Marechal Deodoro da Fonseca. Depoisfoi Ministro do Supremo Tribunal Federal.

Faleceu na sua casa de Botafogo em 1913.

IDORT – RUA SÃO CLEMENTE, 175 – ESQUINA DE RUA DEZENOVE DE FEVEREIRO– BOTAFOGO

O antigo palacete residencial da Família Ozório onde hoje funciona o Instituto deOrganização Racional do Trabalho/IDORT, instituição fundada em 1931; ocupa o centrode um grande terreno.

A ornamentação Luís XVI articula-se com elementos classicizantes nesse projetode 1926, do arquiteto francês Marmorat. No interior há um espaço com pé direito duploiluminado por lanternim de vidro. Os quartos de “criados” são incorporados à edificaçãoprincipal. No térreo, pequeno elevador, interligando as dependências íntimas do nívelsuperior às sociais e de serviço, completa o interesse desta residência.

O palacete IDORT é tombado pela Municipalidade desde 2.001.

VILLA GAUHY – RUA SÃO CLEMENTE, 176 – BOTAFOGOGrande vila de casas de sobrados constando de uma casa dando para a rua, arco

de entrada e avenida de sobrados. Apesar de fundada em 1888, no início do processo deocupação de Botafogo por esse tipo de condomínio habitacional, todas as casas já trazema marca de uma grade reforma na década de 30, que lhes deram um vocabulário art-déco. Em 1953, num prédio em frente à vila, surgiu a Escola de Samba Unidos de SãoClemente.

PALACETE LINNEU DE PAULA MACHADO – RUA SÃO CLEMENTE, 213 – ESQUINADE RUA DONA MARIANA – BOTAFOGO

Magnífica residência senhorial, em estilo renascentista francês, construída em1910 para a família de Linneu de Paula Machado pelo arquiteto Aramando da Silva Telles,o mesmo projetista do Palácio Laranjeiras. Destaca-se pela implantação, ao centro de umamplo terreno gramado e fartamente arborizado, o qual ia originalmente até a RuaVoluntários da Pátria!

É notável a elegante porte-cochère aterraçada, o telhado em mansarda e torreãocentral em ardósia. Uma ala de serviço, do lado direito da casa, foi acrescentadaposteriormente, mas obedecendo ao estilo original e ainda em vida de seu primeiroproprietário. Presentemente, em 2.004, ainda serve de residência ao Sr. FranciscoEduardo de Paula Machado.

O Palacete Linneu de Paula Machado é tombado pela Municipalidade.

COLÉGIO SANTO INÁCIO – RUA SÃO CLEMENTE, 226 – BOTAFOGOO Colégio dos Jesuítas foi fundado por Nóbrega e Anchieta no Morro do Castelo,

em 1567. Durante o período colonial, foi não só a primeira instituição de ensino do Rio deJaneiro, como a que mais se aproximou de uma escola de cursos superiores no Brasil,com aulas de Filosofia e Teologia em cursos abertos a religiosos e leigos. Em dezembrode 1759, o Colégio do Rio, bem como todas as instituições jesuíticas no país, foramfechadas por ordem da Metrópole, insuflada por tenaz perseguição movida pelo Marquêsde Pombal.

O prédio do velho Colégio dos Jesuítas foi convertido em hospital militar e, noséculo XIX, no Hospital São Zacarias, administrado pela Santa Casa de Misericórdia.Entre 1920/22, tanto o prédio e capela como o Morro do Castelo foram arrasados porordem do Prefeito Carlos Sampaio. No terceiro quartel do século XIX, a Companhia de

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Jesus voltou a se estabelecer no Brasil, tendo fundado o Colégio Anchieta, em NovaFriburgo, mas o sonho de tornar a ter um colégio na Capital teve de esperar o século XX.

A 10 de julho de 1903 tinha início na Rua São Clemente, 132 (hoje 226), com novealunos do curso preliminar, e anexo à Residência dos Padres Jesuítas o Externato SantoInácio. A Igreja de Santo Inácio, anexa ao Colégio, foi edificada em duas etapas,respectivamente a partir de 1909 e 1924, sob os planos dos mestres italianos Sartorio,Vidal Gomes e Armollini. A igreja tinha planta primitiva em cruz de braços iguais. Em1934, ao ser ampliada em direção à rua constituiu um corpo alongado de três naves.

Na nova fachada de feição italiana, as colunas coríntias e o frontão conferemmonumentalidade à composição relativamente simples. Com o arrazamento do Morro doCastelo, algumas portas do velho colégio jesuítico colonial foram incorporadas à novafachada. O Colégio ao lado possui um claustro eclético, erguido na década de 20/30, masem 1967 foi adicionada uma nova fachada moderna, que esconde o conjunto.

No hall do novo colégio, subsistem três imagens em tamanho natural de umcalvário barroco em madeira policromada, oriundas da antiga capela do Morro do Castelo.Dentro do colégio funciona outra pequena capela, de uso doméstico.

A Igreja de Santo Inácio é tombada pela Municipalidade.

APARTAMENTOS GEORGE – RUA SÃO CLEMENTE, 241, 243 E 245 – BOTAFOGOApesar do nome, é uma elegante vila de casas com vocabulário da arquitetura

campestre inglesa, projetada e construída em 1930, pelo Engenheiro Haroldo Lisboa daGraça Couto.

Os Apartamentos George são tombados pela Municipalidade desde 1987.

ANTIGA RESIDÊNCIA JOPPERT- RUA SÃO CLEMENTE, 248 – BOTAFOGOEnorme residência em estilo eclético, erguida no início do século XX pelo famoso

engenheiro Maurício Joppert para sua moradia e de seus familiares. Vendida ao ColégioSanto Inácio por módico valor em 1940, foi então adaptada para sediar a PontifíciaUniversidade Católica.

A idéia de uma universidade católica já havia sido levantada em 1866 pelo SenadorCândido Mendes de Almeida, mas foi somente em 1934, durante o 1o. CongressoCatólico Brasileiro de Educação que o Cardeal Leme organizou uma comissão paraestudar a criação da nova instituição. Em 14 de novembro de 1938, o Papa Pio XIIconfiava ao Cardeal a missão de fundar uma universidade cristã no Rio de Janeiro. A 15de março de 1941 o Cardeal Leme entregou aos padres Jesuítas a recém fundada“Sociedade Civil Faculdades Católicas”, com os cursos de Direito e Filosofia, instaladosna antiga residência Joppert. A 1o. de dezembro de 1942 os dois cursos foramreconhecidos pelo Governo. Em 1943 foi fundada a escola Social Masculina. Finalmente,pelo Decreto 21.968 de 21 de outubro de 1946, surgiu oficialmente a UniversidadeCatólica, tornada Pontifícia pela Santa Sé a 20 de janeiro de 1947. A partir de 1949 oscursos foram sendo transferidos para o novo endereço da Gávea, na Rua Marquês deSão Vicente. Hoje no casarão funcionam apenas dependências do Colégio Santo Inácio.

Entretanto, meses antes, a 3 de setembro de 1948, morrera seu fundador, o PadreLeonel Franca.

A residência é tombada pela Municipalidade.

PADRE LEONEL FRANCA – DADOS BIOGRÁFICOSLeonel da Silveira Franca nasceu a 7 de janeiro de 1893 em São Gabriel, Rio

Grande do Sul. Entrou na Companhia de Jesus em 12 de novembro de 1908, e foiordenado sacerdote em Roma a 26 de julho de 1923, onde fizera seus estudos de filosofia

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e teologia. Após a profissão solene em 1926 trabalhou no Rio até a morte, para conseguirimplantar a PUC, o que logrou obter pouco antes de seu prematuro falecimento aos 55anos.

ANTIGA RESIDÊNCIA PORTO D`AVE – RUA SÃO CLEMENTE, 265 – ESQUINA DERUA SOROCABA – BOTAFOGO

Casarão residencial em estilo neocolonial português, construído em c. 1935 numespremido lote de esquina. Projeto e construção do arquiteto português A. Porto D`Ave,famoso nas décadas de 20 e 30, para sua morada pessoal. Hoje ali funciona uma loja deconfecções de uniformes e trajes de trabalho, bem como de roupas comuns.

A casa foi tombada pela Municipalidade em 2.001.

COLÉGIO ISRAELITA BRASILEIRO A. LIESSIN – RUA SÃO CLEMENTE, 275/7 -ESQUINA DE RUA SOROCABA – BOTAFOGO

O Colégio Liessin foi fundado em 1945 e instalado na Rua Barão de Itambi, 14,com a finalidade de difundir a cultura universal, além da religião e da tradição israelitas.Em 1951 mudou-se para a Rua das Laranjeiras e em 1957 transferiu os cursos infantil,pré-primário e primário (até 4a. série) para a Rua Visconde de Ouro Preto, 46, onde, maistarde, passaram a funcionar os demais cursos.

Adquirido em 1965, o prédio sofreu reformas e, em 1975, em virtude dedesapropriação para as obras do Metrô, o colégio transferiu-se para a Rua São Clemente,277, estendendo-se depois para o 275 (antigo Curso Oswaldo Aranha). Com ocrescimento do colégio, foram comprados também os prédios da Rua Sorocaba, 80 e 90.

Os alunos do A. Liessin, em atividades extra-curriculares, tem acesso desde 1986ao uso do computador, então um pioneiro nesse recurso didático.

Além da instalação dos conselhos de classe, o Colégio oferece aos alunos avantagem de horário integral em caráter optativo.

Em 1986, dez anos após a transferência para a nova sede, o A. Liessin teve 1.205alunos matriculados em seus diversos cursos: do jardim ao 2o. grau; Formação deProfessores e Auxiliar de Laboratório de Análises Químicas.

A sede principal do colégio, na Rua Sorocaba, foi tombada em 2.002 pelaMunicipalidade.

PALACETE FOREVER LIVING PRODUCTS – RUA SÃO CLEMENTE, 284 –BOTAFOGO

Antiga residência senhorial do Coronel Severino Pereira da Silva, dono de diversasindústrias, dentre elas a Fábrica Aliança, em Laranjeiras e a Fábrica de Cimentos Mauá,ambas extintas. A casa mal se pode ver da rua. Edificada nos anos 10 originalmente paraservir de residência familiar do Ministro da Viação e Obras Públicas, o baiano MiguelCalmon Du Pin e Almeida, que nela faleceu em 1935. É uma composição de referênciasestilísticas variadas com rica decoração interna implantada num grande terreno comnotável ambientação paisagística.

O palacete e seu parque são tombados pela Municipalidade.

MIGUEL CALMON – DADOS BIOGRÁFICOSMiguel Calmon Du Pin e Almeida, nasceu na Bahia em 1879. Formado em

engenharia, foi Ministro da Viação e Obras Públicas quando foi o Presidente Afonso Pena,no período de 15 de novembro de 1906 a 18 de junho de 1908. Quando Ministro, realizouna Praia Vermelha a famosa Exposição Nacional destinada a comemorar o Centenário daAbertura dos Portos Brasileiros às Nações Amigas (1808-1908). Por sua experiência, foi

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depois chamado por Epitácio Pessoa para chefiar a Comissão da Exposição Internacionaldo Centenário da Independência do Brasil, em 1922.

Faleceu em 1935, na sua casa de Botafogo. Era tio do famoso educador PedroCalmon Muniz de Bittencourt.

PINAKOTHEKE – RUA SÃO CLEMENTE, 300 – BOTAFOGOA residência que hoje abriga a Editora PINAKOTHEKE é um exemplar austero e

tardio de um ecletismo classicizante, em que a decoração das fachadas restringe-se apoucos elementos apostos ao volume quase prismático do edifício. O projeto geral, bemcomo a construção, foram realizados por Eduardo V. Pederneiras e datam de 1929. Oacesso principal lateral é desprovido de ênfase.

A residência PINAKOTHEKE é tombada pela Municipalidade desde 2.001.

PRAÇA BARÃO DE MACAÚBAS – ENTRE AS RUAS BARÃO DE MACAÚBAS,FRANCICO DE MOURA E SÃO CLEMENTE – BOTAFOGO

Local onde existiu, de 1850 a 1884, a residência de Francisco José Teixeira Leite,Barão de Vassouras (1804/84). Posteriormente nela residiu o Dr. Abílio César Borges,Barão de Macaúbas (1824/91). Médico e notável educador, era o fundador do ColégioAbílio, na Praia de Botafogo. O Prefeito Henrique Dodsworth mandou pôr abaixo a velhacasa arruinada ali existente e criou a praça, batizada com esse nome pelo Decreto 6.560,de 28 de outubro de 1939. Tornou-se a principal área de lazer dos moradores da FavelaSanta Marta, cujo acesso se faz pela Rua Francisco de Moura e Travessa Jupira.

FAVELA SANTA MARTA - RUA FRANCISCO DE MOURA - BOTAFOGOA área correspondente à Favela Santa Marta era parte da chácara de Francisco

José Teixeira Leite, Barão de Vassouras (1804-84), um mineiro Sãojoanense que na horacerta trocou o ouro pelo café, granjeando enorme fortuna no Vale do Paraíba. Casou-seduas vezes. Sua segunda esposa, Da. Ana Alexandrina, trinta anos mais jovem que ele,era dada a acessos de loucura. Frequentemente saía à rua sem roupas, o que causavaao Barão grande constrangimento. Sua casa na São Clemente era, por isso, bemafastada da rua, cercada de frondosas árvores e amplo jardim fronteiro, exatamente ondehoje está a Praça Barão de Macaúbas.

Aliás, falando dele, foi o proprietário seguinte da chácara do Barão de Vassouras.Abílio Cesar Borges (1824-91) era médico e educador, tendo fundado em Laranjeiras oColégio Abílio, onde estudou Raul Pompéia (e inspirou seu livro “O Ateneu”). O ImperadorD. Pedro II agraciou-o em 1881 com o título de Barão de Macaúbas. Quando morreu, suaimensa propriedade ficou fechada alguns anos.

Os padres jesuítas fundaram em 1901 o Colégio Santo Inácio, que no primeiro anofuncionou numa casa na rua Senador Vergueiro. Em 1903 alugaram (e depoiscompraram) a casa no. 226 (antigo 132) da rua São Clemente, onde morou o comercianteCarlos Guilherme Gross. Em 1908, com o sucesso do colégio, ampliaram suasinstalações comprando chácaras vizinhas, inclusive a que foi do Barão de Macaúbas.Tomadas por um capinzal, passaram a extraí-lo para venda, com o que ganharam algunsrecursos. Em 1915 a Prefeitura mandou cortar todo o capinzal com receio de incêndios,passando então aquelas terras a serem usadas como local de recreio dos alunos.

Desde 1908 dirigia o colégio Padre José Maria Natuzzi, que sempre preocupou-secom as instalações restritas da velha casa, ampliando-a à partir de 1909. Em 1915 éinaugurada a nova capela e ampliado de muito as velhas instalações. A Primeira GuerraMundial impossibilitou a continuação das obras. Em 1924 as obras foram recomeçadas,sob a direção do engenheiro arquiteto Padre Camilo Armelini.

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Desde 1924 Padre Natuzzi, homem piedoso, permitia que operários pobres e suasfamílias estabelecessem moradia no Morro Dona Marta. Em 1929, com a queda dospreços do café no mercado mundial, muitos agricultores pobres do Vale do Paraíbamigraram para o Rio. Padre Natuzzi acolheu a muitos, destinando-os ao Morro DonaMarta. Na mesma época, recrudesceram as obras do colégio e capela, sendo em 1931inaugurado o novo altar de Santo Inácio e em 1939, a ala esquerda do colégio.

E claro, Padre Natuzzi inaugurou igualmente, sem querer nem saber, a favela doMorro Dona Marta.

Em verdade, a primeira favela de Botafogo não foi ali. Já o recenseamento de 1920registrava a existência de 63 barracos no Morro São João. Treze anos depois, São Joãoestava deserto. Todos migraram para o Dona Marta atraídos pela oferta de trabalho nasobras do colégio e terras no morro oferecidas pela bondade de Padre Natuzzi.

Como as obras duraram por quase trinta anos, emprego houve para essa gente.Durante muitos anos viveu a população favelada em paz, intocada pelos políticos, quenão se interessavam por ela. Com o crescimento da vizinha Copacabana e a orla deBotafogo, surgiram muitos prédios altos e, é claro, trabalho para muitos. Já em 1950, ocenso realizado naquele ano registrava 1632 habitantes no Dona Marta, sendo 787homens e 845 mulheres. 1355 eram maiores de cinco anos. Destes, 627 sabiam ler eescrever e 728 eram analfabetos.

Em 1960, com a criação do Estado da Guanabara, o Governador Carlos Lacerdadesenvolveu enorme campanha de erradicação de favelas. O objetivo era pouco nobre.Não era propriamente dar melhores condições de vida à aquela gente, e sim liberar osvalorizados terrenos de encosta para especulação imobiliária, então em franca ascensãona zona sul.

Em Botafogo, foram removidas as favelas do Pasmado e Macedo Sobrinho, sendoque, o sucessor de Lacerda, Negrão de Lima, eliminaria a da Catacumba, na Lagoa, ondehoje está o Parque Marcos Tamoyo. Dona Marta escapou haja vista sua estabilidade jáconsolidada no bairro e a propriedade dos terrenos, em mãos dos jesuítas e fora doprocesso especulativo. O governo chegou até a construir uma escola, inaugurada emoutubro de 1968 pela Rainha Elizabeth II da Inglaterra, que visitou a favela. Entretanto,essa escola era de tão precária construção que, literalmente, só durou o tempo da visitada rainha. Valeu apenas o episódio para unir os moradores em defesa de suas casas edireitos, mostrando que não eram diferentes dos outros cariocas, atividade queprenunciou as famosas associações de moradores.

Em 1977, após a fusão da Guanabara com o Estado do Rio de Janeiro, o PrefeitoMarcos Tamoyo não falava mais em remoção, mas reurbanização. Entretanto, somenteseu sucessor, o Prefeito Israel Klabin definiu bem o que era isso em 1979. Deixar osmoradores em paz, colocando infraestrutura, esgotos e demais serviços públicos. Em1979, existiam no Morro(ainda) Dona Marta 2421 habitações, com população estimada de12.105 habitantes, que se espalhavam por uma área de 55.540m2. Era a maior das oitofavelas do bairro, acumulando 2/3 da população favelada de Botafogo, com média de1.051 habitantes por hectare.

Em 1980, os moradores da favela Dona Marta se uniram e resolveram rebatizá-lapara Santa Marta. No ano de 1985, o famoso ISER - Instituto Social de Estudos daReligião realizou o famoso longa-metragem “Santa Marta - Duas Semanas no Morro”,com uma hora de duração, filme que causou grande sensação, ainda mais que um dosadolescentes entrevistados seria no futuro o famoso traficante “Marcinho VP”.

O empobrecimento geral do país na década de oitenta e um governo estadualexcessivamente tolerante permitiu que o tráfico de tóxicos estabelecesse no morroimportante quartel general. Apesar da proximidade do 2o. Batalhão da Polícia Militar, nada

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de concreto se pôde fazer para deter a ascensão de meliantes cujos nomes eramsubstituídos por apelidos repetidos em grandes manchete: “Bolado”, “Pedrinho da Prata” eo famigerado “Marcinho VP”, que chegou a ser o primeiro traficante a obter financiamentode um banqueiro para escrever um livro.

Se, por um lado, o Santa Marta possui essa face perigosa, muito mais interessanteé sua importância cultural. Há trinta e cinco anos atrás surgiu em seus barracos a primeiraagremiação de samba da zona sul, o bloco “Unidos da São Clemente”, que ascendeu nadécada de setenta à categoria de escola de samba, atingindo ao primeiro grupo no fim dadécada, onde chegou a ameaçar suas tradicionais coirmãs. Em 1992 surgiria a segundaagremiação do morro, a “Unidos de Santa Marta”. Não é nada não é nada, são poucas ascomunidades que podem orgulhar de possuir duas agremiações de samba!

Em 1995 visitou a favela e gravou um importante vídeo-clip o pop-star MichaelJakson, com direção do não menos famoso cineasta Spike Lee.

As recentes e bombásticas revelações do envolvimento entre um grande banqueiroe o traficante chefe da favela levam a crer que a cidade não está tão partida assim comoos sociólogos acusam.

Enquanto sociólogos, banqueiros, traficantes e policiais brigam entre si, apopulação do Morro Santa Marta deseja apenas participar da palpitante cidade que oscircundam, e da qual já fazem parte indissociável dela.

2O. BATALHÃO DE POLÍCIA MILITAR – RUA SÃO CLEMENTE, 345 – ESQUINA DERUA REAL GRANDEZA - BOTAFOGO

Foi fundado em 14 de janeiro de 1890 pelo Marechal Deodoro da Fonseca, sendosediado numa velha casa da Rua General Caldwell, no Centro. Extinto a 16 de agosto de1892, sendo recriado em janeiro de 1898. Novamente extinto em julho de 1905, foirecriado em definitivo a 4 de outubro de 1911, e sediado na Rua São Clemente. Em 1919passou para a Praça da Harmonia, em Santo Cristo, enquanto se construía o novo quartelde Botafogo. Finalmente, a 17 de janeiro de 1920, voltou para o bairro, de onde não maissaiu. O velho quartel veio a ser demolido em 1975, sendo substituído pelo atual, nomesmo lugar.

O 2o. Batalhão participou da repressão à Revolta do Forte de Copacabana, a 6 dejulho de 1922, quando perdeu dois homens. Esteve com o Exército Legal na RevoluçãoLiberal de outubro de 1930, em Nova Friburgo. Ajudou na repressão à IntentonaComunista na Praia Vermelha, de 27 de novembro de 1935. Sua última atuação notávelfoi a de proteger o Palácio Guanabara, sede do Governo do Estado da Guanabara,durante o golpe militar de 1o. de abril de 1964.

RUA REAL GRANDEZA – BOTAFOGOFoi aberta em terras da Fazenda da Olaria, de propriedade de Joaquim Marques

Batista de Leão, adquirida em 1820. Recebeu o nome de Rua Real Grandeza, numahomenagem a D. João VI, falecido em março de 1826. Do mesmo modo que a Rua Novade São Joaquim, atual Rua Voluntários da Pátria, deve ter sido aberta em 1826.Originalmente nela terminavam as ruas Voluntários da Pátria e General Polidoro. Sofreumelhorias em 1855, com o apoio do morador José Martins Barroso à frente, sendoprolongada até o morro, onde começava uma ladeira íngreme que dava no areal deCopacabana. Na Real Grandeza, funcionaram por alguns anos, o Instituto dos SurdosMudos, depois levado para a Rua das Laranjeiras e a Instituição Promotora da Instruçãoaos Cegos, hoje Instituto Benjamim Constant, na Avenida Pasteur.

No final da Rua, junto ao morro, onde hoje começa a Rua Vila Rica, morou o Sr.Manuel Luís de Lima e Silva, irmão do Duque de Caxias, e que ficou famoso no século

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XIX por haver comprado um título de nobreza falso, o de Barão de Vila Rica, o que,quando descoberto, lhe valeu uma desmoralização pública e peça de teatro escrita porArthur Azevedo (“O Bilontra”), encenada no Teatro Lucinda, com versos cantadosutilizando a ária “La Donna é Móbile”, de Giuseppe Verdi:

“Barão estou feitoDe Vila RicaEis a rubricaDo Imperador”

“Estou satisfeitoSou mais um furoDaquele obscuroComendador... “

Por muitos anos, de fins do século XIX até a década de 1950, existiu próximo aotúnel a afamada Fábrica de Casimira Aurora, de Frederic D`Olne, existindo ainda hojealgumas das casas então erguidas para os operários.

TÚNEL ALAÔR PRATA – RUA REAL GRANDEZA – BOTAFOGOEm 6 de julho de 1892 o Rio começou a expandir-se para a Zona Sul, com a

abertura do Túnel Alaôr Prata – Túnel Velho, como é chamado – ligando Botafogo aCopacabana pelas ruas Sampaio Correia, Vila Rica e Real Grandeza (em Botafogo) eSiqueira Campos (em Copacabana), sob a garganta entre os morros da Saudade e SãoJoão. Foi aberto originalmente de janeiro a maio de 1892 pela Companhia Ferro Carril doJardim Botânico, quando era seu gerente o Engenheiro José Cupertino de Coelho Cintra.Quando de sua inauguração, apenas os bondes desta Companhia podiam por eletrafegar. Somente em 1900 passou a ter o trânsito liberado. No dia da inauguração, faltouenergia elétrica e o bonde teve as rodas travadas, obrigando os operários a retira-las etransporta-lo, sem rodas e no “muque”, pelos quase duzentos metros do percurso. Aochegar no final, os ingleses que cuidavam do cabo submarino na Praia da Igrejinha (PostoVI), soltaram foguetes de júbilo. Tem 182 metros de comprimento e foi alargado em 1925para 13 metros pelo Prefeito Alaôr Prata Soares, e duplicado para dois níveis em 1967pelo Governador Negrão de Lima.

PALÁCIO DA CIDADE – RUA SÃO CLEMENTE, 360 – BOTAFOGOConcebido em 1947 pelo arquiteto inglês Robert R. Prentice em estilo palladiano

inglês e construído dois anos depois, abrigou originalmente a Embaixada Britânica. Suaimponência e solenidade se adequam aos exuberantes jardins que o emolduram e àpaisagem natural ao fundo. Nos interiores, ricamente decorados, obras de arte emobiliário de época compõem uma ambientação para as funções cerimoniais.

Enquanto Embaixada, hospedou em outubro de 1968 a Rainha Elizabeth II, entãoem visita ao nosso país. Adquirido para sediar a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiroem 1975 pelo Prefeito Marcos Tito Tamoyo da Silva, foi redecorado com obras de arteadquiridas em leilões e compras avulsas.

O Palácio da Cidade é tombado pela Municipalidade.

ANTIGA EMBAIXADA DA CHINA – RUA SÃO CLEMENTE, 379 – BOTAFOGOErguido no início do século XX, esse típico casarão de Botafogo combina

elementos de diferentes referências estilísticas: telhado renascentista francês sobre bay

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window inglesa com arcos classicizantes. O avarandado é italiano e a escada acentua aassimetria incomum.

Por muitos anos a casa sediou a Embaixada da China. Na década de 90, serviucomo sede da primeira exposição de decoração da Casa Cor.

A casa é tombada pela Municipalidade.

PALÁCIO DOS LEILÕES – RUA SÃO CLEMENTE, 385 – BOTAFOGOCom uma fachada bem composta em estilo eclético classicizante francês, esse

casarão de dois pavimentos em centro de terreno foi erguido em 1913 para residênciafamiliar. Destacam-se o pórtico de entrada que é ladeado por duas colunas de capiteljônico, os gradis de muros e guarda-corpos das sacadas. Na década de 1970 o palacetefoi adquirido por uma empresa de leilões de arte e adaptada para a nova função. Aentrada passou a ser frontal e o interior foi totalmente alterado com a demolição dasparedes divisórias internas.

O Palácio dos Leilões é tombado pela Municipalidade.

ESCOLA EXPERIMENTAL CORCOVADO – RUA SÃO CLEMENTE, 388 – BOTAFOGOO palacete situado em centro de terreno densamente arborizado foi construído em

1933, no estilo colonial da época georgiana, para sediar a Embaixada dos Estados Unidose, depois de 1952, Residência do Embaixador. Com a transferência da legação paraBrasília, o casarão passou a sediar desde 1973 a Escola Experimental Corcovado,nascida de iniciativa particular de uma família de alemães em 1963. O palacete foiadquirido pela República Federal da Alemanha para a escola, que passou a receberalunos brasileiros e alemães, com ensino bilíngüe.

O palacete e seu extenso parque são tombados pela Municipalidade.

CONSULADO DE PORTUGAL – RUA SÃO CLEMENTE, 402 – BOTAFOGOPalacete em centro de terreno construído em 1957/60, à semelhança das grandes

quintas portuguesas do Renascimento, para sediar originalmente a Embaixada dePortugal. Com a transferência da capital para Brasília, no ano da inauguração daEmbaixada, passou a sediar o Consulado Português. Edifício de primorosa execução, citaa arquitetura histórica portuguesa. É projeto dos arquitetos portugueses Irmãos Rebello eAndrade.

O Consulado de Portugal é tombado pela Municipalidade.

GURILÂNDIA CLUBE INFANTIL – RUA SÃO CLEMENTE, 408 – BOTAFOGOOriginalmente um pitoresco cottage inglês, projetado por Heitor de Mello em 1910

para a Família Rego Barros, e erguido três anos depois, com alterações, por FranciscoAntônio Tricário. Com embasamento de pedra e alvenaria de tijolos aparentes, estaresidência foi reformada e ampliada três anos após sua construção. Foram acrescentadoselementos neogóticos como os arcos de dois centros no primeiro piso e, provavelmente, ocorpo lateral direito com passagens cobertas para acesso de veículos. A bay windowbalanceada do segundo piso, por exemplo, resultou enterrada no corpo avançado dotérreo que hoje lhe serve de apoio.

Na década de 1960, foi adaptada para clube, perdendo assim os jardins que ocercavam.

O casarão é tombado pela Municipalidade desde 1987.

COLÉGIO NOSSA SENHORA DE LOURDES – RUA SÃO CLEMENTE, 438 –BOTAFOGO

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O Colégio Nossa Senhora de Lourdes está em Botafogo desde 1913, quando foifundado pelas Irmãs da Imaculada Conceição de Nossa Senhora. A primeira sede era naRua São Clemente, 148, onde funcionou inicialmente um pensionato para senhoras euma pequena escola para alunos do curso primário.

Em 1929 as irmãs alugaram um prédio na mesma rua, o 438, para onde semudaram com o pensionato e a pequena escola. Posteriormente a escola foi ampliada e oprédio adquirido. Em 1950 foi extinto o pensionato. Durante muitos anos a instituição foibatizada de Colégio Virgem de Lourdes, para não ser confundido com um colégiohomônimo existente em Vila Isabel desde 1945. Em 1982, com o fechamento dainstituição no subúrbio, voltou ao antigo nome.

O prédio atual foi edificado em 1973, no local em que foi demolida a casa do antigopensionato.

EDUCANDÁRIO DA MISERICÓRDIA – RUA SÃO CLEMENTE, 446 – BOTAFOGOEm 1889, a Irmandade da Misericórdia possuía duas instituições para acolhimento

de menores desvalidos, mas estas já estavam lotadas há tempos. Assim sendo, muitosórfãos de doentes internados na Santa Casa ficavam no Hospital Geral, como um asilo demenores. A 14 de setembro de 1889 o Visconde de Cruzeiro, Provedor Geral daMisericórdia, conseguiu autorização para fundar um novo recolhimento, no que obteveapoio financeiro geral, inclusive de intelectuais, que moveram intensa campanha paraangariar fundos, como também da Princesa Isabel, que fez vultuosa doação. Foi entãoadquirida a imensa mansão na Rua São Clemente, outrora propriedade de Da. Ana Mariade Jesus Braga, pela quantia de oitenta contos de réis, a qual incluía o belo parqueadjacente. A aquisição se deu a 12 de novembro, três dias antes da queda da Monarquia.O então denominado Asilo de Órfãs da Santa Casa foi inaugurado a 27 de julho de 1890pelo Marechal Deodoro da Fonseca, Chefe do Governo Provisório. Um ano depois oprédio estava lotado, o que obrigou a Santa Casa a aquisição de mais dois casarõesvizinhos.

No ano de 1917, o Cardeal D. Joaquim Arcoverde solicitou que na instituição seerguesse uma capela, inicialmente dedicada à Nossa Senhora da Conceição. Em 1927, aIrmã Barroca, Madre Superiora, ensejou esforços para sua ampliação, no que foi obtidono ano seguinte, graças à doações de particulares. Tomou a capela a invocação deNossa Senhora das Graças , que ainda mantém. A inauguração do novo templo, em estilonéo-gótico, se deu a 27 de novembro de 1930. A beleza do lugar motivou sua utilizaçãocomo cenário de novelas da televisão.

O Educandário da Misericórdia e seu parque são tombados pela Municipalidade.

LARGO DOS LEÕES – HUMAITÁAberto em 1826 por Joaquim Marques Batista de Leão, português, miguelista,

depois Marquês dos Leões por Portugal, grande proprietário de terras em Botafogo. Era oantigo jardim de recreio da propriedade, chamada Fazenda da Olaria, cuja casa-grandeainda existia em 1881 onde hoje é a Rua Conde de Irajá. Originalmente não tinha nome.Seus filhos, Joaquim e Maria da Glória, solicitaram ao Ministro Luiz Pedreira do CoutoFerraz, Visconde do Bom Retiro, que lhe fosse dado esse nome, tendo sido obtida aaprovação em 1853, com beneplácito do Imperador D. Pedro II.

Até 1881 somente existiam duas grandes casas no Largo, a da Família Leão e a doComendador Stélio Roxo, irmão do Barão de Guanabara. Aliás, as palmeiras até hojeexistentes no Largo foram plantadas por volta de 1865 pelo dito Comendador. Sua únicarua de acesso, além da de São Clemente, era a Rua Marques, aberta em 1853 na divisa

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das terras do Comendador Souza. No dia 1o. de novembro de 1881 o Largo foi vendidoem lotes no leilão de M. J. Pinto, surgindo então muitas propriedades novas no lugar.

Dentre os moradores surgidos após 1881, ressaltam: o Comendador Manuel Joséde Faria, em cuja casa depois residiu o editor e fotógrafo suíço Georges Leuzinger. Namesma casa, anos depois, sua cunhada, a Viscondessa de Geslin, fundaria uma aulapara as sinhás-moças do bairro, depois transferida para a Rua do Príncipe (hoje SilveiraMartins), no Catete. Outro morador famoso foi o Senador Antônio Azeredo, o primeiro ater luz elétrica domiciliar no bairro, ainda nos primeiros anos do século XX. O Ministro doImpério Alfredo Chaves morava num casarão, onde antes existia a casa do ComendadorRoxo. Em 1922 a casa seria afinal demolida e em seu lugar surgiria uma vila de casas,origem da atual Rua Alfredo Chaves. No atual número 514 da Rua São Clemente existia acasa do Comendador Gonzaga, onde, no dia 12 de agosto de 1904, Flávio Ramos, Otávioe Álvaro Werneck, Jacques Raimundo da Silva e outros desportistas fundaram o BotafogoFutebol Clube, destinado a fundir-se, anos depois ao Botafogo de Regatas.

Em 1871, com a ampliação da Rua Voluntários da Pátria para que atingisse a RuaSão Clemente (hoje Humaitá), foi construída no lado esquerdo do Largo uma grandeestação, garagem e estrebaria de burros da Companhia Ferro Carril do Jardim Botânico.Essa garagem ia até a Rua Voluntários da Pátria. Em 1893, com a eletrificação da linhade bondes, a estrebaria foi fechada. Os bondes, por sua vez, foram afinal extintos em1963, e o edifício foi convertido em garagem de ônibus. Parte dele foi demolida peloGovernador Carlos Lacerda e em seu lugar surgiu uma escola de concreto e tijolos. Afinal,com a demolição da velha estação em 1969, surgiu o novo hortomercado da Cobal, umdos três criados pelo Governador Negrão de Lima para substituir as feiras livres do Rio deJaneiro. Hoje, o antigo hortomercado, povoado de restaurantes e bares, é um dos centrosda vida noturna no bairro do Humaitá.

No dia 30 de março de 1868, depois da passagem dos seis encouraçadosbrasileiros pela poderosa Fortaleza de Humaitá, na Guerra do Paraguai, a IlustríssimaCâmara Municipal denominou de Rua Humaitá o trecho final da Rua São Clemente, emseguimento ao Largo dos Leões, dando origem ao futuro Bairro do Humaitá, afinal criadoem 1988 por Decreto do Prefeito Roberto Saturnino Braga.

SOBRADO ECLÉTICO – LARGO DOS LEÕES, 70 – HUMAITÁGrande casarão em sobrado, da década de 1920, com dois pavimentos, onde se

destacam a entrada lateral à esquerda com boa arborização, os gradis em ferro do balcãoe a decoração em estuque de sua fachada.

O sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990.

SOBRADO ECLÉTICO – LARGO DOS LEÕES, 80 – HUMAITÁSobrado sobre porão, em estilo eclético e com dois pavimentos, erguido na década

de 1920, onde se destacam o balcão em balaustrada de massa com poderosos consoles,cartelas com guirlandas em estuque e a simulação de aplacagem regular no revestimentoem argamassa.

Este sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990.

COLÉGIO PEDRO II – RUA HUMAITÁ, 80 – HUMAITÁA primeira iniciativa para se fundar uma unidade do tradicional Colégio Pedro II na

Zona Sul surgiu em 1937, quando o Ministro da Educação, Cultura e Saúde Pública, Dr.Gustavo Capanema, determinou a instalação de uma nova unidade pedagógica nosterrenos do antigo Hospício de D. Pedro II, hoje UFRJ. O novo colégio seria erguidoexatamente onde hoje está a casa de espetáculos “Canecão”. O Presidente Getúlio

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Vargas chegou a lançar a pedra fundamental da nova sede em dezembro de 1938, mas aeclosão da Segunda Guerra Mundial encareceu a construção civil a tal ponto que a obrafoi de todo abandonada.

Somente em 1951 o assunto voltou à tona, mas o lugar escolhido para o colégiomudou, indo para o bairro do Humaitá. A 2 de dezembro de 1952, Getúlio Vargas, agoraPresidente eleito, inaugurava a nova sede, em arquitetura moderna. Em fins do séculoXX, mais uma unidade foi criada no Humaitá, na Rua João Afonso, 51, denominadaHumaitá 1. A velha sede é o atual Humaitá 2.

VILA RESIDENCIAL - RUA HUMAITÁ, 102 – HUMAITÁVila residencial em estilo art-déco, erguida na década de 30, composta por 15

edificações geminadas de dois pavimentos, revestidas em pó de pedra.A vila é tombada pela Municipalidade desde 1987.

BALLROOM – RUA HUMAITÁ, 110 – HUMAITÁLocal da antiga casa de espetáculos “Oba, oba”, fundada em 1966 por Oswaldo

Sargentelli, um ex-militar que se especializou em shows de mulatas. Sargentelli foi oprimeiro empresário a criar shows musicais especificamente para turistas, comrepresentações cênicas de samba, umbanda, candomblé, música popular brasileira eoutras manifestações religiosas sincréticas e/ou folclóricas, tudo explicado de maneiraque um turista desaculturado pudesse entender e, é claro, sempre intercalado de belosshows de mulatas sambando, geralmente usando luxuosas e minúsculas fantasias.Apesar de Sargentelli ter se inspirado nos shows do Olímpia e no Moulin Rouge, ambosde Paris, o nosso espetáculo era inteiramente original.

Em vinte e cinco anos de funcionamento, a casa promoveu shows pelo Brasil eexterior, granjeando respeito internacional. Sargentelli foi muito criticado pelos intelectuaispor ter resumido a cultura brasileira a pouco mais que samba e mulatas. O termo “Oba,oba” inclusive, passou a significar, como gíria, sinônimo de coisa feita sem muitaprofundidade ou seriedade. Entretanto, o tempo lhe fez justiça, e a casa de shows acaboutransformando inúmeras mulatas em verdadeiros símbolos nacionais.

No início da década de 90, a casa fechou as portas, sendo depois vendida econvertida em 1996 na “Ballroom”, um ambiente destinado a músicas e showsexperimentais de múltiplas tendências, com gosto bastante eclético.

Oswaldo Sargentelli faleceu em 2.002, pouco depois de gravar uma cena de novelatelevisiva junto com uma ex-bailarina da casa.

4O. BATALHÃO DE INCÊNDIO – RUA HUMAITÁ, 126 – HUMAITÁData da sua instalação do dia 15 de novembro de 1896, pelo Presidente Prudente

José de Morais e Barros. O quartel atual foi inaugurado em 1o. de janeiro de 1910, peloPresidente Nilo Peçanha. Foi o projetista o arquiteto e Coronel (depois Marechal)Francisco Marcelino de Souza Aguiar, que havia sido Prefeito do Rio de Janeiro entre1906 e 1909. Sua atual denominação, bem como, sua organização de Batalhão deIncêndio, se deve ao advento do Decreto “N” no. 114, de 12 de dezembro de 1963. Oprédio do quartel que dá vista para a Rua Humaitá é em estilo eclético, mas muito maisinteressantes são as garagens dos carros, com estrutura em treliça de ferro, importada daEuropa, à semelhança que o mesmo arquiteto executou para Niterói.

O quartel do Humaitá é tombado pela Municipalidade desde 1987.

ESPAÇO CULTURAL SÉRGIO PORTO – RUA HUMAITÁ, 163 - HUMAITÁ

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Em 1983 o prédio que era usado como depósito de merenda escolar do municípiose transformou no que viria a ser uma dos mais destacados espaços de artes visuais dacidade. Em grande estilo, a primeira exposição abrigada pelo centro recém-criado foi acoletiva de 3 mil m³, que reuniu obras de nomes notáveis como Waltercio Caldas, JoséResende, Cildo Meireles, Antonio Dias, Artur Barrio, Tunga e Umberto Costa Barros.

A galeria de arte propriamente dita foi construída na primeira reforma realizada noCentro, em 1989. Desde a inauguração, com uma mostra individual de Lygia Pape, oespaço se tornou referência para as mais diversas manifestações culturais, entre artesplásticas, música, teatro, dança, poesia e performances de forma geral.

A opção de não se comprometer com o mercado torna o Sérgio Porto umverdadeiro laboratório para o experimentalismo de artistas contemporâneos, emergentesou consagrados. Através de exposições individuais, o Centro tornou visível a produçãodos anos 90. Muitas vezes acolheu a primeira mostra de artistas que, mais tarde,partiriam para carreira de projeção nacional ou mesmo internacional. Entre alguns dosnomes lançados no Sérgio Porto se destacam Ernesto Neto, Valeska Soares, JoséDamasceno, Fernanda Gomes e Efrain Almeida.

Após uma grande reforma em 1999, o Sérgio Porto reabriu as portas para o públicocom duas galerias e um espaço cênico de 300 m2, equipado com urdimentos móveis earquibancadas modulares para 140 pessoas, camarins com banheiros, foyer e cafeteria.

INSTITUTO SOCIAL – RUA HUMAITÁ, 170 – HUMAITÁFundado em 1o. de julho de 1937 pelo Cardeal D. Sebastião Leme, destina-se a

formar, no nosso meio feminino, personalidades capazes, não só de conhecer osproblemas sociais que se agitam por toda parte, como de colaborar eficazmente na suasolução humana e cristã.

Compõe-se a instituição desde o início de duas escolas distintas:A Escola de Serviço Social que forma Assistentes Sociais.A Escola de Educação Familiar que forma Educadoras para os meios populares.O prédio onde está instalado foi construído e doado à Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro por insigne benfeitora.

UNIVERCIDADE CAMPUS LAGOA – RUA HUMAITÁ, 275 - HUMAITÁCom instalações modernas e arrojadas, a Unidade Lagoa, tem mais de 20.000

metros quadrados, onde se acomodam 90 amplas salas de aula. É a sede dos cursos deDireito, Relações Internacionais, Administração e Marketing, além de também abrigar aCentral de Propaganda, a Unikey - Provedora de Internet, Biblioteca, laboratórios deinformática, teatro, e auditório que compõem a excelente estrutura à disposição dosestudantes, professores e da Reitoria da UniverCidade. Com localização invejável, pertodo Túnel Rebouças e com vista para a Lagoa Rodrigo de Freitas, é de fácil acesso, tantopara o aluno da Zona Sul quanto o da Zona Norte.

COLÉGIO ANDREWS – RUA VISCONDE SILVA, 161 - HUMAITÁO Colégio Andrews foi fundado em 1918 a partir de dois postulados básicos e

indissociáveis: democracia e livre iniciativa. Era uma revolução pedagógica para ospadrões da época: um Colégio leigo e misto, preocupado em garantir aos seus alunos omaior patrimônio que o século XX pôs ao alcance da humanidade: o ingresso nacidadania plena através do acesso ao saber. Para o Andrews, educar não é simplestransmissão de conhecimentos: é formar um cidadão completo,com instrução, conscientede seus direitos e deveres, sendo capaz de participar, com êxito, da vida em sociedade.

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A expansão do conhecimento nas últimas décadas e a velocidade dastransformações em todo o mundo vem impondo à escola o desafio de preparar as novasgerações para atuar numa sociedade globalizada e em constante processo de mudança.O sistema educacional deve adaptar-se a esse futuro. O Andrews tem investido napermanente atualização de seu projeto pedagógico, conciliando o melhor de suaexperiência acumulada com promissoras inovações, da Educação Infantil ao EnsinoMédio.

O objetivo do Andrews é oferecer uma educação de qualidade, através da qualbusca promover uma formação em que se harmonizem êxito nos estudos e realizaçãopessoal. O Colégio proporciona ao aluno sólida formação geral e instrumentos que lheserão efetivamente úteis, mais tarde, no mercado de trabalho. Isso significa incentivar edesenvolver habilidades e competências que o tornarão eficaz e valorizado como membrode equipes e organizações.

O ambiente educacional deve levar o jovem a desenvolver senso crítico,capacidade de avaliar e decidir acerca de que caminhos seguir e que atitudes tomar. Étarefa da escola fazer florescer em cada um o que tem de melhor, ajudando-o a preparar-se para o futuro.

As atuais instalações do Andrews ocupam o lugar de uma antiga residênciaunifamiliar em estilo neocolonial do início do século XX, parcialmente preservada, ondeforam acrescentados, já em fins da década de 1980, modernos pavilhões onde ficam assalas de aulas, laboratórios, quadras, auditório, etc.

CIEP PRESIDENTE AGOSTINHO NETO – RUA VISCONDE SILVA, S/NO. – HUMAITÁConstruído em 1987 exatamente onde existiu antes o Forte da Piaçava, construído

em 1776, sob projeto do engenheiro militar Jacques Funck, para o Vice-Rei Marquês deLavradio. Era uma fortificação quadrangular, com um muro de pedra que descia o morro efechava o caminho do Humaitá, só acessível por dois portões em arco, com portas demadeira e ferro. Sua função era a de impedir um ataque à Cidade do Rio de Janeiro portropas espanholas que porventura desembarcassem em Copacabana ou Ipanema, àquelaépoca ainda áreas desertas.

O forte nunca foi atacado ou funcionou a contento. Um de seus canhões estárecolhido hoje no Museu Histórico Nacional, em exposição no Pátio Epitácio Pessoa.Abandonado em 1791, suas instalações defensivas foram parcialmente demolidas em1850, principalmente o muro com duas portas que fechava a garganta do Humaitá. Noséculo XX, surgiu no final da Rua Macedo Sobrinho uma grande favela, removida em1966 pelo Governador Negrão de Lima. Ao se retirarem os barracos, ficou à mostra pormuitos anos os poderosos alicerces da fortificação, bem como a torre de pedra do fornode cal.

Tudo isso foi demolido em 1987 para a construção do CIEP Presidente AgostinhoNeto, projeto arquitetônico e educativo revolucionário do arquiteto Oscar Niemeyer,desaparecendo assim, sob as estruturas modernas de concreto aparente, o últimoremanescente da primitiva ocupação do bairro. Em 1997, o CIEP sofreu obras demodernização e ampliação. Presentemente, nele são desenvolvidos projetos pedagógicospioneiros, como a horta comunitária e estudos de capoeira.

MUSEU VILLA LOBOS - RUA SOROCABA, 200 - BOTAFOGOAntiga residência senhorial, com ricos detalhes em cantaria lavrada e estuques

finos, erguida por partes aí por volta de 1880, pelo português José Antônio da FonsecaTeixeira. O projeto é do arquiteto e pintor catalão José Maria Villaronga, que executoupainéis murais internos, hoje perdidos. Ainda sobrevivem pequenas decorações em flores

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e pássaros na altura da cimalha dos salões internos. Durante muitos anos a casapertenceu ao IAPAS, que a alugou à família Souza Leão Gracie. Na década de oitenta,passou a sediar o Museu Villa Lobos, abrigando o acervo do maestro, seus objetospessoais, partituras, escritos, etc. Conta o Museu com biblioteca, arquivo, videoteca, salade música, auditório ao ar livre e loja.

O prédio é tombado pelo IPHAN.

MUSEU DO ÍNDIO - RUA DAS PALMEIRAS, 55 - BOTAFOGOAntiga residência senhorial da família Teixeira, tradicional fabricante de pães,

doces e bolos do Rio Antigo. Foi erguida em 1880-84, em estilo neoclássico, por umparente arquiteto, Antônio Teixeira Rodrigues, Conde de Santa Marinha. Adquirida pelogoverno há muitos anos, sediou diversas repartições públicas até que em fins dos anossetenta passou a sediar o Museu do Índio, que até então possuía sede na rua MataMachado, no Maracanã. O museu possui riquíssimo acêrvo em peças recolhidas peloantigo Serviço de Proteção ao Índio, fundado pelo Marechal Cândido Mariano Rondon. Ainstituição foi fundada em 1951 pelo antropólogo Darcy Ribeiro. Dotado de vastabiblioteca, arquivo, videoteca e loja, possui, em seus jardins, malocas de índios montadaspelos próprios.

O prédio é tombado pelo IPHAN.

OS DONOS DE BOTAFOGOQuando, a dezesseis de julho de 1565, pouco mais de quatro meses após a

fundação do Rio de Janeiro, Estácio de Sá finalmente definiu os limites da cidade, estapossuía seu centro no “Morro do Castelo”, terminando pela zona sul pouco antes do“Morro da Viúva”, na casa de pedra erguida em 1503 onde hoje é a rua Cruz Lima, noFlamengo, pois dalí até o “Morro da Babilônia”, e da enseada até a Lagoa, tudo pertenciaa seu dileto amigo Antônio Francisco Velho, “Mordomo da Arquiconfraria de SãoSebastião” e fundador do Rio de Janeiro.

Pelo sistema colonial português, o governador podia conceder terras a seusamigos ao bel prazer, à revelia da “Câmara de Vereadores”, isentas de impostosconquanto fossem as mesmas desenvolvidas e medidas. Eram as famosas “sesmarias”, eBotafogo era um cobiçado presente de luxo aos apaniguados do poder. A “Câmara”sempre protestou contra esses protegidos, conseguindo até o retomo muitas áreasdevolutas ao patrimônio público, mas ela mesma também fazia das suas e só no séculoXVIII tais concessões foram regularizadas e, finalmente, a vereança soube quais eramrealmente as terras públicas.

Não por muito tempo.Na madrugada de 20 de julho de 1790 lavrou furioso incêndio no prédio do

“Senado da Câmara”, que funcionava num casarão ao lado do “Arco do Telles”, no “Largodo Paço”, atual Praça XV. Esse incêndio, de efeito pirotécnico milagroso, atingiuapropriadamente os papéis referentes às propriedades territoriais públicas, escapandoincólumes outros documentos.

O vereador Haddock Lobo apurou que o sinistro foi criminoso. Fôra obra de algunsforeiros, com intuito de destruírem títulos e outros documentos que provavam o senhoriodireto da Câmara sobre as posses que tinham. Apesar de toda a maracutaia que correu,Conseguiu-se recompor os livros e a “Câmara” obteve do rei a Ordem Régia de 8 dejaneiro de 1794 que lhe confirmavam todas as suas sesmarias. Mas mesmo assim muitacoisa se perdeu e inúmeras terras que eram públicas viraram particulares da noite para odia.

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No caso de Botafogo, a “Câmara” possuía os documentos em dia e já em 1681 fôradoado o Morro da Viúva e terras anexas ao Mosteiro de São Bento. A Fazenda SãoClemente, que englobava o “miolo” do bairro, pagava 2$560 réis de foro ao poderlegislativo e de tudo era feito recibo. Conseguiu-se até, em 1794, levar aos tribunais oespertalhão Manoel Francisco de Mendonça, que por meios pouco honestos falsearadocumentos foreiros e apoderara dos terrenos no “Caminho Velho de Botafogo”(atual ruaSenador Vergueiro) e tentava cobrar foro dos moradores.

Mas a euforia dos vereadores pouco durou e em 1808, com a chegada da FamíliaReal, a roubalheira voltou.

O bairro valorizou-se bastante, haja vista que muitos fidalgos alí passaram aresidir, a começar pela própria Rainha Carlota Joaquina, que foi morar na praia, numcasarão erguido na esquina do “Caminho Novo” (atual rua Marquês de Abrantes). Oúltimo Vice-Rei do Brasil, D. Marcos de Noronha e Brito, Conde dos Arcos, conseguiulegislar em causa própria e se auto concedeu a “Fazenda da Olaria”, que englobava nadamais nada menos toda a rua São Clemente e alguns terrenos vizinhos. Terras que seusherdeiros venderam em 1823 a um amigo do Rei D. João VI, o Comendador JoaquimMarques Batista de Leão, que nelas abriu em 1826 as ruas Nova de São Joaquim (atualVoluntários da Pátria), Real Grandeza, Marques e Largo dos Leões. O Conselheiro JoséBernardo de Figueiredo, morador da praia, conseguiu sabe-se lá como uma carta dedoação e tornou-se dono de extensas terras na orla. Afinal, era parente de um poderosoRegente do Império... Outro “barnabé”, José Guedes Pinto, conseguiu de D. João VI nadamais nada menos que o foral de quase todos os terrenos do “Caminho Novo” (atual ruaMarquês de Abrantes), lotes que depois vendeu ao Marquês que batizaria a rua emdefinitivo. Um “sabido”, o bacharel José Antônio de Oliveira e Silva, conseguiu levar boaparte das terras da Lagoa Rodrigo de Freitas, pois provara por “a” mais “b” que a água daLagoa era doce (em verdade, é bem salobra), provando que tais propriedades não eramterrenos de marinha e nada devendo ao patrimônio municipal. Agindo assim, lesou a“Câmara”, que perdeu a arrecadação tributária de toda a região.

Em meados do século XIX, devido aos muitos “espertos”, eram poucos os grandesproprietários botafoguenses que pagavam foro à “Câmara”. Os processos contestatóriosna justiça foram tantos que nunca chegou-se a uma solução de consenso.

A propriedade territorial foreira de Botafogo até hoje é caótica e, pode-se dizer quea cada ano aparece um novo “dono do bairro” exigindo foros atrasados e apresentandocartas de doação, sabe lá obtidas como. Se isso continuar, daqui a pouco serei eu aaparecer com mais uma. Afinal de contas, sou descendente direto do primeiro dono detudo, o português Antônio Francisco Velho, que, no final das contas, imerecidamente,ficou sem nada, nem uma homenagem póstuma numa ruela do bairro.

ESPAÇO UNIBANCO DE CINEMA – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 35 –BOTAFOGO

Antigo Cinema Bruni-Botafogo, edificado nos anos 50 como sala de cinema debairro. Adquirido por uma instituição bancária no final da década de 80, foi integralmentereformado, passando a possuir três salas de projeção, voltadas para filmes culturais.Dentro do espaço do cinema, funciona uma livraria de livros usados (Luzes da Cidade) euma cafeteria.

CINECLUBE ESTAÇÃO UNIBANCO – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 88 –BOTAFOGO

Inaugurado em 1968 como Cine-Capri, um modesto cinema, foi adquirido nadécada de 80 por uma instituição bancária, sendo integralmente reformado, quando

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passou a ter três salas de projeção. A no. 1, tem 280 lugares; a no. 2, 41 lugares e a no.3, 66 lugares. Também dotada de cafeteria, livraria, etc.

FACULDADE DE ENFERMAGEM DA UFRJ – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 107 –BOTAFOGO

Grande sobrado sobre porão habitável, situado em centro de terreno e em estiloeclético, construído em 1897 para residência do colecionador de arte E. E. Bechtinger,que nele residiu até 1930. O prédio possui cercaduras e embasamento em pedra, motivosdecorativos em estuque e gradis em ferro fundido. Outrora existia em frente amplo jardim,hoje convertido em estacionamento. Recentemente passou a sediar órgãos federaisdiversos, bem como a Faculdade de Enfermagem da UFRJ.

O sobrado é tombado pela Municipalidade desde 1990.

COLÉGIO SANTA ROSA DE LIMA – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 110 –BOTAFOGO

Em 1935 a Congregação Dominicana do Santo Rosário, formada por quatro Irmãs,alugou um prédio à Rua D. Mariana, 126, onde logo iniciaram ali um pequeno atelier decostura e bordado para jovens.

No dia 1o. de agosto de 1935, foi aberto o Jardim de Infância Santa Rosa de Lima,com um único aluno. No ano seguinte, o colégio transferiu-se para a Rua Voluntários daPátria, 110, onde até hoje funciona. Inicialmente oferecia apenas o curso primário, passouem 1948 a ginásio, e em 1952 recebeu a denominação de colégio. As atuais instalaçõesdatam dessa época.

Em janeiro de 1969 ficou pronto o último prédio, reservado às Irmãs.

CASA NEOCOLONIAL – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 117 – BOTAFOGOCom dois pavimentos e em estilo neocolonial, esta casa foi edificada nos anos 30

como residência do proprietário de uma vila residencial de pequenas casa alugáveis queexistia ao lado, e que foi demolida em 1983. A casa sobrevivente destaca-se pelorevestimento em reboco crespeiro e o beiral em massa. Ultimamente funciona ali umcurso particular de computação e idiomas.

A casa é tombada pela Municipalidade desde 1990.

FUNDAÇÃO PARA A INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA – RUA VOLUNTÁRIOS DAPÁTRIA, 120 – BOTAFOGO

Sobrado residencial em centro de terreno, com tipologia eclética, erguido nadécada de 20 e convertido nos anos 60 numa sub-sede do S. A. M. – Serviço deAtendimento ao Menor, hoje Fundação para a Infância e Adolescência. Possui vitraistemáticos na escadaria. Nos fundos, foram erguidos pavilhões dormitórios modernos,dentro da escala da casa da frente.

O sobrado da F.I.A. foi tombado pela Municipalidade em 2.001.

EIDFÍCIO JOÃO M. MAGALHÃES – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 127 –BOTAFOGO

Grande edifício residencial de linguajar moderno, com oito pavimentos e 148apartamentos de diversas tipologias. Foi projetado em 1950 pelos Irmãos Roberto(Marcelo, Maurício e Milton), e construído, com alterações, de 1950 a 55 pela ConstrutoraGraça Couto. Os jardins são de Carlos Perry.

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EIDFÍCIO MULTIFAMILIAR – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 139 – BOTAFOGOEdifício de onze pavimentos em estilo art-déco, erguido em fins da década de 30.

Os jardins são das primeiras obras do paisagista Roberto Burle Marx.

CURSO FREITAS RIBEIRO – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 147 – BOTAFOGOPequeno sobrado residencial de frente recuada e laterais na divisa do lote, com

fachada em decoração floral em estuque, de transição entre o art-nouveau e art-déco.Edificado na década de 1920, hoje abriga um curso pré-vestibular. A escadaria internapossui interessante serralheria de design art-déco.

O sobrado foi tombado pela Municipalidade em 2.001.

PRÉDIO RESIDENCIAL/COMERCIAL – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 151 –ESQUINA DE RUA PAULINO FERNANDES – BOTAFOGO

Pequeno prédio de apartamentos com cinco lojas no térreo e dois andares deapartamentos residenciais, com vocabulário art-déco nas duas fachadas. Foi edificado em1929, época em que esse tipo de construção se iniciava no Rio de Janeiro. A entrada sedá pela Rua Paulino Fernandes, no. 1, sob um pórtico de mármore. O edifício pertenceupor muitos anos à Da. Laura Bokel.

O prédio foi tombado pela Municipalidade em 2.001.

VILA NEOCOLONIAL – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 191 – BOTAFOGOVila residencial composta de doze casas de sobrado em avenida e duas dando

fachada para a rua. As casas foram construídas por volta de 1930, com tipologianeocolonial, com reboco crespeiro e beiral de telhas. As duas casas que dão para a ruaabrigam hoje atividades comerciais.

A vila foi tombada em 2.001 pela Municipalidade.

TRÊS SOBRADOS – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 194/6/8 – ESQUINA DE RUADONA MARIANA – BOTAFOGO

Três sobrados de dois pavimentos sobre porão, em estilo eclético, datados de1914, com embasamento em aplacagem irregular em pedra. Destacam-se os vãos emarco abatido, os estuques e os gradis em ferro fundido. É tudo o que resta de uma grandevila residencial, que compreendia seis casas dando para a Rua Voluntários da Pátria, eoutras tantas em avenida. A vila foi parcialmente demolida em 1981. Presentemente, duasdas três casas sediam uma agência do Banco Real. Deve-se ressaltar que as casascontinuam pela Rua Dona Mariana, com que fazem esquina.

Os três sobrados são tombados desde 1990 pela Municipalidade.

AGÊNCIA DO BANCO BRADESCO – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 225 –BOTAFOGO

Projeto minimalista do arquiteto Paulo Hamilton Casé, famoso por grandes obras,como o Hotel Le Meridien, no Leme. A fachada simétrica foi uma tentativa deinterpretação pessoal do pós-modernismo arquitetônico. Construção datada de 1985.

A IGREJA MATRIZ DE SÃO JOÃO BATISTA DA LAGOA - RUA VOLUNTÁRIOS DAPÁTRIA, 287 - BOTAFOGO

Apenas oito meses depois de haver chegado ao Rio de Janeiro, recebeu o PríncipeD. João, em novembro de 1808, uma petição dos moradores da Lagoa e Botafogosolicitando a criação de uma paróquia na Zona Sul da cidade, já que a igreja maispróxima onde podiam celebrar os sacramentos era a de São José, no centro, o que

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demandava quase um dia de viagem. Aprovou D. João a idéia e depois de uma longaburocracia que durou quase seis meses (naqueles tempos a lentidão dos serviçospúblicos era de amargar...), foi expedido o Alvará Régio de 12 de maio de 1809 que crioua nova Freguesia de São João Batista da Lagoa, santo escolhido não por devoção localdos fiéis e sim por ser o onomástico de D. João (os nossos governantes daqueles temposnão primavam pela modéstia...).

A nova freguesia abarcava áreas que iam do bairro da Lapa até a distante Gávea,passando por Lagoa, Ipanema e Copacabana ou seja, toda a atual Zona Sul do Rio deJaneiro. Foi na mesma ocasião nomeado o primeiro vigário, o Reverendo Manuel GomesSouto.

A única capela em condições de abrigar a nova freguesia era a antiga ermida deNossa Senhora da Conceição, erguida antes de 1732 às margens da Lagoa Rodrigo deFreitas, no antigo Engenho de N. Sra. Da Conceição da Lagoa, e que fora desapropriadoem junho de 1808 por D. João para ali se fundar a Real Fábrica de Pólvora da Lagoa e,posteriormente, o Real Horto Botânico, origem do nosso Jardim Botânico. O Engenho deN. Sra. Da Conceição era o segundo em antigüidade no Rio de Janeiro, cujas origensremontavam a 1575, fundado que foi pelo Governador Antônio de Salema, com o nomede “Engenho D`El Rei”.

A capelinha era própria para um engenho, mas desde logo mostrou serinconveniente como sede paroquial. Era afastada dos fiéis, de modestas dimensões,possuía pequeno campanário lateral e alpendre fronteiriço e, pior, colada à uma perigosafábrica de pólvora. Como se fosse pouco, Monsenhor Souto a recebeu caindo aospedaços. Em 1824 tentou-se comprar um terreno em Botafogo para se erguer novamatriz, mas faltou dinheiro. Para piorar, a capela não agüentou e desabou em 1826 apósuma explosão da fábrica vizinha, forçando a transferência provisória da Matriz para aainda menor Capela de São Clemente, que fôra fundada em Botafogo no século XVII peloPadre Clemente Martins de Matos em sua própria homenagem e que ainda há algumasdécadas atrás se via no final da rua Viúva Lacerda. Da velha Capela da Conceição daLagoa não há mais vestígios, haja vista que em seu local ergue-se o prédio daEMBRAPA, na rua Jardim Botânico.

As dificuldades financeiras abateram Padre Souto, que pediu e obteve suaexoneração em 1830. A situação começou a mudar ano seguinte, quando o Comendadorportuguês Joaquim Marques Batista de Leão doou um terreno de vinte braças de frentepor quarenta de fundo na rua Nova de São Joaquim, inaugurada pelo próprio em 1826 ebatizada em auto-homenagem, rua aberta em terras de sua chácara e que em 1871ganharia o bonito nome de Voluntários da Pátria. No termo de doação especificava que alitambém se ergueria o cemitério da Freguesia, coisa que não chegou a acontecer, já queem 1850 foram proibidos enterros nos templos.

Em 24 de junho de 1831 foi lançada a pedra fundamental do novo templo peloBispo do Rio de Janeiro D. José Caetano da Silva Coutinho, tendo ele próprio e depois desua morte seus descendentes feitas grandes doações pecuniárias para o rápidoerguimento da Matriz. O projeto da igreja coube ao Major engenheiro Beaurepaire Rohan,tendo sido inaugurada a Capela Mór em 1836 e no ano seguinte a do Santíssimo, queforam convenientemente paramentadas quando se organizou a primeira procissão em1841. Em 1858 o Major Rohan abriu a fronteira rua da Matriz para lhe dar maior realce àfachada. Por volta de 1860, com o templo ainda em obras, o Vigário José Correia de SáCoelho transferiu a pia batismal para a nova sede, abandonando de vez a Capela de SãoClemente. Em 1862 assume o vicariato Monsenhor Francisco Martins do Monte, padreativo, misto de intelectual e aventureiro (foi um dos fundadores do Instituto Histórico eGeográfico Brasileiro e dos primeiros a escalar a Pedra da Gávea para examinar supostas

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inscrições fenícias.), que terminou as obras da igreja em 1864, depois de 33 anos delabutas.

O belo e artístico Altar Mór neoclássico executado em pinho de Riga deve ter sidoinaugurado na mesma ocasião. O crescimento do rico bairro de Botafogo logo motivouaos fiéis a ampliação do templo, iniciada em 1873, com uma nova fachada monumentalem pedra gnaisse, projetada em estilo neoclássico pelo arquiteto Francisco JoaquimBethencourt da Silva, então um dos mais afamados do Império. Dois anos depois jáestavam prontas a Capela Mór com seus finíssimos estuques, a Capela do Santíssimo(hoje desmontada), as paredes laterais, que foram aumentadas em altura e ornadas combelos altares de mármore (hoje desaparecidos) e a imponente frontaria de gnaisse daPedreira do Morro da Viúva. Finalmente, em 24 de julho de 1875 é elevada com festas acruz sobre o frontispício, Passando-se então aos acabamentos internos, tendo o últimodos seis altares laterais de mármore de Carrara ficado pronto somente neste século.

O templo não tinha torres sendo em 1877 iniciadas as obras da torre sineira dolado do Evangelho, logo depois foi a vez da torre da Epístola. Em 1880 ambas foramredesenhadas pelo arquiteto espanhol Adolfo Morales de Los Rios e completadas entre1895 e 1900. Em 1907 foi colocado um relógio europeu na torre da Epístola, mas os trêssinos da igreja só foram fundidos pelo Arsenal de Marinha e colocados nas sineiras em1947. Em princípios deste século foi instalado na Matriz seu famoso órgão, consideradoainda hoje pelos especialistas como o melhor do Rio de Janeiro. Inicialmente ele foiconfiado ao organista inglês Harcourt de Saville. Depois passou às mãos de D. Nadyr leitee D. Maria Inês Cardoso Pereira, exímias artistas nacionais.

Quase destruíram o templo por uma obra infeliz em 1958, quando do alargamentoda rua, tem sido a bela Igreja Matriz de Botafogo restaurada desde 1967 por MonsenhorArlindo Thiessen, que salvou o que pôde e impediu, com obras emergenciais, que aformosa fachada pétrea desabasse sobre a via pública.

A Matriz foi tombada pelo Município em 09 de setembro de 1987, achando-senovamente em processo de restauração, sendo remontados o antigo batistério e Capelado Santíssimo, tudo isso com amplo apoio da comunidade botafoguense que, assim, zelapela preservação do mais importante e cênicamente expressivo bem cultural de nossobairro.

PADARIA IMPERIAL – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 339 – ESQUINA DE RUAREAL GRANDEZA – BOTAFOGO

Fundada em 1922 por um português monarquista, e que em frente e na mesmaépoca fundou outra padaria, a Bragança. Por muitos anos foi a mais afamada casa dogênero no bairro. Era famosa não só pelos quitutes, como pela acurada decoraçãointerior, em madeira finamente entalhada. Na década de 1970, a Bragança foi fechada e aImperial teve seu interior modernizado, só se preservando o famoso e antigo relógio emmadeira esculturada. O prédio, em verdade três sobrados ecléticos interligados entre si,possui exuberante decoração em estuque.

A Padaria Imperial foi tombada pela Municipalidade em 2.001.

INSTITUTO CULTURAL FLEURY – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 423,BOTAFOGO

Palacete de dois pavimentos sobre porão, em estilo eclético, edificado em c. 1880,que se destaca pela implantação em centro de terreno e pelo decorativismo de suafachada. Foi, por muitos anos, residência do Dr. Marinho, afamado médico. Na época, opovo a denominada de casa do “cuidado cachorro morde!” por causa da placa afixada

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numa das árvores do jardim (nunca ninguém viu o tal cachorro). Restauradarecentemente, passou a abrigar o Instituto Cultural Fleury.

O palacete é tombado pela Municipalidade desde 1990.

VILLA DULCE – RUA VOLUNTÁRIOS DA PÁTRIA, 455/7 – BOTAFOGOSobrado com três pavimentos e em estilo eclético, mas com decoração floreal em

massa lembrando o estilo art-nouveau, onde se destacam o decorativismo em estuque,que conta com guirlandas, colunas com fuste em caneluras, capitéis coríntios e beiralforrado em madeira. Datado de 1922.

A Villa Dulce foi tombada pela Municipalidade em 1990.

CEMITÉRIO DE SÃO JOÃO BATISTA - RUA GENERAL POLIDORO - BOTAFOGOEste campo santo, criado e mantido pela Santa Casa de Misericórdia do Rio de

Janeiro, foi inaugurado a 09 de dezembro de 1852, pela iniciativa do Grande ProvedorJosé Clemente Pereira, para ser o Cemitério Público da Freguesia de São João Batista daLagoa, em substituição ao pequeno cemitério que existia na antiga Praia do Hospício deD. Pedro II. A primeira inumação foi do “anjinho” Rosaura, de quatro anos. Foi o terceirocemitério criado pela Santa Casa no Rio de Janeiro, após a lei de 1850 que proibiaenterros em igrejas, sendo inaugurado logo depois dos do Caju e Catumbi. O projeto geraldo campo santo, bem como o pórtico neoclássico e a capela central são devidos aoarquiteto José Maria Jacinto Rebêlo, muito modificado na execução pelo tambémarquiteto Francisco Joaquim Bethencourt da Silva.

No cemitério de Botafogo repousam quase todos os grandes brasileiros que temfigurado em nossa história, da Independência até a época presente: Evaristo da Veiga,publicista notável e ardoroso patriota, autor da letra do Hino da Independência; José deAlencar, glória da literatura romântica nacional; Joaquim Maria Machado de Assis, nossoescritor maior; Benjamin Constant, o egrégio organizador da Revolução de 15 denovembro de 1889; Floriano Peixoto, soldado e estadista, nosso segundo Presidente daRepública; Marechal Bittencourt, Ministro de Prudente de Morais; Saldanha Marinho,abolicionista e republicano; Barão de Cotegipe, um dos autores da Lei do Ventre Livre ePresidente do Conselho de Ministros do Imperador; Esteves Júnior; Paula Ney; RaulPompéia, escritor, autor de “O Atheneu”; Oswaldo Aranha e Gustavo Capanema,ministros da Fazenda e Educação do governo Getúlio Vargas; Santos Dumont, o “Pai daAviação”; Orville Derby, o “pai” da geologia no Brasil; Miguel Couto, famoso médico;Rodolfo Bernardelli, nosso escultor maior, bem como seu irmão Henrique, grande pintor;Pedro Calmon, famoso professor, historiador e acadêmico; Carmem Miranda, a “PequenaNotável”, cantora e intérprete; Francisco Alves, o “Rei da Voz”; Vicente Celestino, o“ébrio”, cantor de serestas, e sua mulher Gilda de Abreu; Antônio “Ton” Jobim, o maestroda Bossa-Nova; Vinícius de Moraes, o “Poetinha”; Dias Gomes, grande teatrólogo, bemcomo sua mulher, Janete Clair, famosa novelista; Luís Carlos Prestes, o revolucionáriocomunista; Abelardo Barbosa, o “Chacrinha”, notável animador; Clara Nunes, cantorapopular e ícone da Umbanda; Cazuza, poeta, compositor e cantor; Nelson Rodrigues,teatrólogo e escritor “Maldito”; todos os Acadêmicos da ABL; os marinheiros mortos na 1a.Guerra Mundial; os Heróis da Força Expedicionária Brasileira que não morreram embatalha na Segunda Grande Guerra; Odete Vidal, a “Odetinha”, santa popular; emuitíssimos outros mais que, em diversos ramos da atividade humana, trabalharam emprol do engrandecimento moral e intelectual do povo brasileiro.

E, num tempo futuro, espero que ainda bem distante, humildemente me juntarei aeles, esperando a Ressurreição.

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MONUMENTO AO ALMIRANTE TAMANDARÉ - PRAIA DE BOTAFOGOA iniciativa da construção do monumento coube à Marinha, que escolheu o local da

praia de Botafogo onde desde 1916 existia uma herma do Marquês. Foi escolhido oprojeto do escultor Hildegardo Leão Veloso, inaugurando-se o monumento em 28 dedezembro de 1937.

No alto, vemos a figura em bronze de Joaquim Marques Lisboa, Marquês deTamandaré, Patrono da Marinha do Brasil, de pé. A linha do pedestal representa umaquilha de navio, vendo-se nas duas faces laterais de granito, Tamandaré em atitude decombate e figuras que simbolizam a Glória.

ALMIRANTE TAMANDARÉ – DADOS BIOGRÁFICOSJoaquim Marques Lisboa nasceu no Rio Grande do Sul, a 13 de dezembro de

1807. Ingressou na Marinha em 1820. Quando, em 1822, se lutava para expulsar daBahia as tropas portuguesas contrárias à nossa Independência, mereceu de LordCochrane este conceito, expedido a D. Pedro I: “Majestade, aquele senhor será o Nelsonbrasileiro”. Naquela renhida peleja teve Tamandaré seu batismo de fogo, portando-segalhardamente.

Aos 17 anos de idade, inscreveu-se na Academia de Marinha, hoje Escola Naval.Participou das lutas pela pacificação de Pernambuco por ocasião do movimentorevolucionário denominado “Confederação do Equador” (1824). Comportou-se igualmentecom bravura nessa refrega. Tomou parte ainda nas guerras civis como a dos Farrapos, noRio Grande do Sul (1835 a 1845) e na Revolução Praieira de 1848, em Pernambuco,última das guerras civis do Império.

Na luta contra o ditador paraguaio Solano Lopes, em 1864, foi comandante daesquadra em operações de guerra. Sua influência na campanha do Prata foi de tal porteque se lhe não pode deixar de tributar merecidas homenagens de reconhecimento àsraras qualidades de militar e brasileiro de alto sentir cívico.

Foi ainda membro do Conselho Naval e Ministro do Supremo Tribunal Militar. Onome de seu título nobiliárquico adveio da denominação do cemitério Tamandaré, em quefora sepultado seu irmão Manoel Marques Lisboa Pitanga, morto heroicamente, pelacausa da consolidação da Independência.

A vida de Tamandaré foi um exemplo de bravura; por isso foi escolhido para“Patrono da Marinha Brasileira”, sendo a data de seu aniversário natalício, 13 dedezembro, consagrada ao “Dia do Marinheiro”.

Tamandaré morreu no Rio de Janeiro, a 20 de março de 1897.

EIDFÍCIOS PARAOPEBA E SÃO JOÃO MARCOS – PRAIA DE BOTAFOGO, 142 E 148– BOTAFOGO

Projetados por Pedro Latif e Joseph Gire em 1938, e construídos no mesmo ano,os dois edifícios, que nos anos 40 se constituíam num dos endereços mais elegantes dacidade, formam uma entidade arquitetônica unificada pelo estilo Luís XVI. Internamenteseparados para melhor solução de circulação, os prédios têm apartamentos de duas salase quatro quartos.

Vale lembrar que ambos foram edificados onde até 1918 existiu uma antiga casaque foi, sucessivamente, residência da Rainha Carlota Joaquina, do Marquês de Abrantese do Visconde de Silva. Nos anos 60 o prédio serviu de cenário de um filme norte-americano de terror.

Os dois edifícios são tombados pela Municipalidade.

GRANDES AMORES DA ZONA SUL - CARLOTA JOAQUINA

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Carlota Joaquina, Princesa do Brasil, filha do Rei Carlos V de Espanha e de Da.Maria Luísa de Parma, nasceu em 1775, mas casou-se por conveniência política dezanos depois com o Príncipe português D. João.

Não foi feliz no casamento e, apesar de ter-lhe dado dois filhos (Teresa e Pedro,futuro Imperador do Brasil), logo se desentendeu com o marido, chegando em 1796 amorar em palácios separados. Passou desde então a encontrar-se com amantes, comquem teve mais sete filhos.

Vindo para o Brasil em 1808, com a fuga da Família Real, trouxe para cá seucomportamento escandaloso, morando em várias casas, mas nunca com o marido emSão Cristóvão, com quem só se encontrava em poucas cerimônias oficiais.

Das casas, as que mais apreciava eram as da Zona Sul. Possuía palacetesuntuoso na esquina do “Caminho Novo de Botafogo”(rua Marquês de Abrantes) com apraia, bem como outra morada, na rua das Laranjeiras, perto do Largo do Machado. Eraseu vizinho fronteiro em Laranjeiras o português dos Açores José Fernando CarneiroLeão (1782-1832), homem jovem e bonito. Tornaram-se amantes. Leão seria galgado aoposto de Diretor do Banco do Brasil e teria o título de Conde de Vila Nova de São José,por Decreto Imperial de 12 de outubro de 1826.

Era casado com Da. Gertrudes Angélica Pedra Leão, que armou “barraco” certavez quando encontrou Carlota Joaquina na rua. A Princesa jurou vingança. Em 1819,quando Gertrudes saía de uma missa numa capela próximo ao que hoje se chama PraçaJosé de Alencar, foi alvejada por um tiro, disparado pelo bandoleiro “Orelha”. Preso oassassino e descoberto o mandante, D. João pediu o processo e queimou-o, não semantes dizer “mais um crime desta pérfida mulher...”

Carlota voltou para Portugal em 1821, junto com a Côrte. Ficou viúva em março de1826, enlouquecendo depois. Suicidou-se em 1830 tomando veneno. Fernando baixariaao túmulo dois anos depois, mas seria enterrado ao lado de Da. Gertrudes, no Mosteirode São Bento.

EDIFÍCIO-SEDE DA FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - PRAIA DE BOTAFOGO, 190 -BOTAFOGO

A solução inicial previa dois blocos paralelos dispostos transversalmente à praia eligados por um bloco baixo ao nível do 2o. pavimento, sobre pilotis. O projeto de 1955 deOscar Niemeyer permaneceu incompleto e o único bloco construído foi o esquerdo,destinado a abrigar as atividades da Fundação. O bloco oposto seria dividido empequenas salas para comercialização e no corpo de ligação estariam salões destinados aexposições, cinema e auditório. Na ocasião, o arquiteto lançou mão deste projeto a fim deapresentar uma proposta urbanística para a praia de Botafogo, segundo a qual, em toda abeira-mar deveriam ser executados edifícios semelhantes paralelos, eqüidistantes e coma mesma altura, visando a preservação da silhueta dos morros ao fundo e da paisagemnatural circundante.

EDIFÍCIO CORCOVADO – PRAIA DE BOTAFOGO, 198 – BOTAFOGOEdifício multifamiliar de dez pavimentos e cobertura, projetado em 1935 pelo

arquiteto Enéas Silva e construído em 1935/6 pela Construtora Continental. De estéticaart déco e refinado acabamento, possui vinte grandes apartamentos de quatro quartoscada um, mais uma pequena cobertura de serviço. Foi o segundo prédio alto edificado naorla de Botafogo e o mais antigo sobrevivente.

CENTRO EMPRESARIAL REPÚBLICA ARGENTINA - PRAIA DE BOTAFOGO, 228 -BOTAFOGO

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O empreendimento de 1978 procura atender a empresas de médio porte, compavimentos de 2 mil m2 de área e pilares periféricos, permitindo aproveitamento máximodos espaços internos. A localização em terreno de 8 mil m2, onde se situava o antigopalácio da família Guinle, e em sua fase final a Embaixada Argentina, sugeriu oagenciamento dos volumes ao redor de uma esplanada, para colocar em destaque as 15palmeiras reais existentes. É marcante o desenvolvimento vertical do prédio principal: apartir da “plaza” foram projetados cinco pavimentos de garagem que compõem oembasamento, terminando com um pavimento de convenções que serve de ligação aocorpo do prédio, projetado por Cláudio Fortes e Roberto Victor, com restaurante, auditório,salas de reuniões, bares e áreas de apoio. Acima deste nível existem 17 pavimentos-tipoe o coroamento do prédio, onde se localizam os equipamentos mecânicos. A necessidadede estacionamento foi suprida pelo edifício-garagem em corpo anexo, com tratamentouniforme em “curtain-wall”.

IGREJA DA IMACULADA CONCEIÇÃO - PRAIA DE BOTAFOGO, 266 - BOTAFOGOO Colégio da Imaculada Conceição pertence à Associação de São Vicente de

Paulo, a qual foi fundada pelo Bispo Conde de Irajá em 19 de julho de 1854. O antigoprédio do Colégio, hoje demolido, na Praia de Botafogo, no. 36, foi ocupadoprimitivamente por aquela Associação, e passou a ser sede deste estabelecimento deensino desde 1862. Em 1866, foi construído o anexo, que ainda existe atrás do prédionovo.

A Igreja do Sagrado Coração de Jesus é contemporânea, pois foi projetada, bemcomo o anexo, em 1866, pelo arquiteto Padre Júlio Clemente Clavelin, sacerdoteSalesiano francês, que viera ao Brasil para dirigir o Colégio do Caraça, em Minas Gerais.A igreja só teve iniciada sua construção em 1886 e inaugurada em 1892. É um belotemplo em estilo neogótico, o primeiro assim projetado no Brasil, com fachada de cantariados Morros da Viúva e do Pasmado, ostentando uma grande torre sineira central, que sedestaca no panorama da enseada de Botafogo. Apesar do entorno agressivo, essedestaque fica evidenciado pela altura do campanário e pelos delicados pináculos ao longoda fachada.

A pintura no interior é provavelmente inspirada nas restaurações de monumentosgóticos franceses pelo arquiteto violet-le-duc em meados do século XIX. Margeiam aentrada dois anjos tocheiros do início do século XX em ferro fundido pelo artista Brunet,de Paris.

A igreja é tombada pela Municipalidade.

VIADUTO SAN TIAGO DANTAS – PRAIA DE BOTAFOGO - BOTAFOGOLigando a Rua Pinheiro Machado à Praia de Botafogo, o viaduto em concreto

armado foi projetado pelo arquiteto Affonso Eduardo Reidy, em 1963, e construído pelaSuperintendência de Urbanização e Saneamento em 1964/5. Tomou o nome do famosojurista, amigo e vizinho de Carlos Lacerda, então Governador do Estado da Guanabaraque o inaugurou em 1965.

SAN TIAGO DANTAS – DADOS BIOGRÁFICOSFrancisco Clementino de San Tiago Dantas, escritor, jurista e político. Nasceu no

Rio de Janeiro a 30 de outubro de 1911. Bacharelou-se pela Faculdade Nacional deDireito do Rio de Janeiro. Militou na Ação Integralista Brasileira, com a qual rompeu emmaio de 1938. Foi professor de direito civil na Faculdade Nacional de Direito, de direitoconstitucional na Faculdade Nacional de Ciências Econômicas e de direito romano naPUC do Rio de Janeiro. De 1941 a 1944, foi diretor da Faculdade Nacional de Filosofia.

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No governo Vargas, em 1951, foi assessor do chanceler João Neves da Fontoura. Foidiretor da Revista Forense. Em 1958, comprou o Jornal do Comércio, no qual, durantevários meses, escreveu os artigos de fundo. Nesse mesmo ano, após vender o jornal aAssis Chateaubriand, elegeu-se deputado federal na legenda do PTB de Minas Gerais.No governo Jânio Quadros (1961), renunciou ao mandato chefiando a delegaçãobrasileira junto à ONU. No governo João Goulart, foi Ministro das Relações Exteriores(1961/2), defendendo, na Reunião de Punta Del Este, a autodeterminação dos povos. Em1962, reelegeu-se deputado federal, não logrando a indicação de seu nome para primeiro-ministro, no interregno parlamentarista. Em 1963/4, assumiu o Ministério da Fazenda,tendo sido um dos autores do plano trienal de governo. Representou o Brasil em várioscongressos internacionais.

Era também vice-presidente da Refinaria de Petróleo de Manguinhos S. A.;Membro da Societé de Législation Comparée; do Instituto Brasileiro de RelaçõesInternacionais; da Côrte Permanente de Haia; do Conselho Técnico Consultivo daConfederação Nacional do Comércio.

Obras: O Conflito de Vizinhança e sua Composição (tese de concurso, 1939);Discurso pela Renovação do Direito (1940); Humanismo e Direito (1947); Dom Quixote,um Apólogo da Alma Ocidental (1948); Dois Momentos de Rui Barbosa (1950); Problemasde Direito Positivo (1952); A Educação Jurídica e a Crise Brasileira (1955); PolíticaExterna Independente (1962).

San Tiago Dantas faleceu no Rio de Janeiro em 1964. Morava numa bela mansãona Rua Dona Mariana.

EDIFÍCIO-SEDE DA CAEMI - PRAIA DE BOTAFOGO, 300 - BOTAFOGOEdifício-sede das empresas do Grupo Caemi com 35.300m2 de área construída,

sendo cerca de 2/3 para escritórios e 1/3 para garagens. O projeto, de 1982 executadopelos irmãos arquitetos Edison e Edmundo Musa, caracteriza-se pela concentração detodos os serviços em um núcleo central, que reúne prumadas de instalações, circulaçõesverticais, sanitários e copas, ao redor do qual se desenvolve o salão em espaçosmodulados de 1,50m x 1,50m, com grandes vãos estruturais. Foi adotado um sistema deplatibandas horizontais de 1,50m, dispostas em todo o perímetro do edifício, queprotegem o interior da insolação direta, servindo ainda como proteção corta-fogo eacústica.

ANTIGO COLÉGIO ANDREWS - PRAIA DE BOTAFOGO, 338 - BOTAFOGOAntigo solar neoclássico, erguido por volta de 1860 para residência do Visconde de

Souza Franco, até que em 1874 foi transformado no Club Guanabarense. Nele, em 27 dejunho de 1907, foi fundado o Automóvel Clube do Brasil. Em 1918, Isabel Andrews,famosa educadora, instalou no prédio o tradicional colégio, que ali funcionou até 1999.

O edifício é tombado pela Municipalidade.

EIDFÍCIO DO BANCO DO BRASIL – PRAIA DE BOTAFOGO, 384 – BOTAFOGOProjeto de 1965 de Marcelo Accioli Fragelli, de linguagem modernista, com

requintado acabamento na fachada em mármore branco. Durante muitos anos o arquitetotravou intensa batalha judicial com o Banco do Brasil, para que o edifício fosse construídorespeitando o desenho original, o que foi conseguido a muito custo.

BOTAFOGO PRAIA SHOPPING – PRAIA DE BOTAFOGO, 400 – BOTAFOGOOriginalmente o prédio pertencia à filial da loja americana Sears Roebuck,

inaugurada em 1949, sendo esta a primeira grande loja de departamentos da zona sul.

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Faziam sucesso suas escadas rolantes e o ar condicionado, sempre na temperaturaperfeita. Por quarenta anos prestou bons serviços à população do bairro até fechar, emfins da década de 1980. No final dos anos 90, o prédio foi adquirido pelo megaempresárioDr. Roberto Marinho, que o reformou e reabriu em 2.000, com o novo nome de BotafogoPraia Shopping. No oitavo andar existem seis salas de cinemas, bem como uma praça dealimentação e mirante, os quais se tornaram um dos programas imperdíveis no bairro.

VIADUTO PEDRO ÁLVARES CABRAL – PRAIA DE BOTAFOGO - BOTAFOGOProjetado e construído pela Superintendência de Urbanização e Saneamento

(SURSAN) e inaugurado pelo Governador do Estado da Guanabara, Francisco Negrão deLima, a 22 de abril de 1968. O viaduto começa na pista da Praia de Botafogo, na altura daRua São Clemente; e termina no início da Rua Clotilde Guimarães. Visa melhorar aligação da cidade com os bairros oceânicos, em especial Copacabana, evitando oconturbado entroncamento das ruas São Clemente, Voluntários da Pátria e ProfessorÁlvaro Rodrigues com a Praia de Botafogo. Na década de 70, dois acidentes em épocaspróximas, quando dois ônibus de passageiros despencaram da pista superior, lhe valeu oapelido de “Viaduto da Morte”, pelo qual muitos ainda o chamam.

ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – PRAIA DE BOTAFOGO, 480– BOTAFOGO

Antiga sub-estação transformadora de energia elétrica da Light and Power,inaugurada em 1910. Construção industrial da época, com cunhais em massa imitandopedra e alvenaria de tijolos aparentes. Pela grande porta da direita entravam, até 1963, osbondes da Light. Desativada naquele ano, foi cedida à Companhia de TransportesColetivos do Estado da Guanabara e, na gestão Chagas Freitas (1971/82), ao Metrô-Rio.Em 1996, na gestão Marcelo Alencar, passou a sediar o Arquivo Público do Estado do Riode Janeiro, órgão que preserva e dispõe à consulta documentos que abarcam a históriado Estado do Rio de Janeiro, dos séculos XVII ao XXI. No princípio de 2.004, na gestãoRosângela Matheus, o Arquivo Público estava em vias de ser transferido para o prédio daantiga Polícia Central, na Rua da Relação.

O prédio é tombado pela Municipalidade desde 2.001.

CENTRO EMPRESARIAL MOURISCO – PRAIA DE BOTAFOGO, 501 - BOTAFOGOEdifício Comercial localizado na Praia de Botafogo nº 501, constituído de 7

pavimentos, de aproximadamente 4.000m2 e 580 vagas, perfazendo uma área totalconstruída de 42.749,61 m2 e área total privativa de 25.905,64 m2.

O lançamento do Empreendimento ocorreu em dezembro de 1995.O Empreendimento foi entregue em agosto de 1998.

CONDOMÍNIO RESIDENCIAL CASA ALTA – PRAIA DE BOTAFOGO, 528 –BOTAFOGO

Concebido em 1959 por Sérgio Bernardes como “loteamento vertical”, o projetopara o Condomínio Casa Alta representa proposta arrojada de concepção de espaçosdestinados à moradia, e foi elaborado para permitir total liberdade na organização dosespaços em função das características individuais de cada proprietário. Assim, a criaçãode lajes duplas, como plataformas autônomas, permite que cada unidade habitacionalseja totalmente flexível. O conjunto arquitetônico está implantado sobre o pequeno Morrodo Pasmado e compreende duas torres de base quadrangular com núcleo de circulaçãocentral, cuja acentuada verticalidade encontra contraponto no terceiro bloco, depredominância horizontal, com prumadas de circulação deslocadas para a periferia. O

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esquema de circulação de automóveis foi estudado de forma a interferir o mínimo possívelno deslocamento de pedestres e na dinâmica do conjunto.

RESIDÊNCIA FONSECA COSTA – PRAIA DE BOTAFOGO, 530 – MORRO DOPASMADO – BOTAFOGO

A contenção e simplicidade do estilo Luís XV/XVI contrastam com a exuberância davegetação que cerca esta casa de implantação privilegiada sobre o Morro do Pasmado ediante da Praia de Botafogo. O projeto e a construção, datados de 1913, são assinadospelo proprietário original, engenheiro Oscar de Almeida Gama Pereira. Morou na casa,por muitos anos, Da. Glorinha Paulo de Frontim Muniz Freire, filha do Conde e PrefeitoPaulo de Frontim.

A casa é tombada pela Municipalidade.

TÚNEL DO PASMADO – PRAIA DE BOTAFOGOProjetado em 1938 pela Comissão do Plano da Cidade, chefiada pelo Engenheiro

José de Oliveira Reis, só foi concluído em 1952. Foi o primeiro túnel no Brasil e, dizem, nomundo, projetado por uma mulher, a engenheira Berta Leitchick. Liga a Avenida dasNações Unidas, na Praia de Botafogo, à Avenida Lauro Sodré. Aberto sob o Morro doPasmado, facilita o acesso ao Túnel do Leme e, portanto, a Copacabana. Possui 220metros de extensão e 20 de largura. Possui o nome oficial, que ninguém usa, de TúnelAndré Luís dos Santos Filho, antigo engenheiro da Prefeitura.

EDUCANDÁRIO DE SANTA TERESA - RUA GENERAL SEVERIANO, 159 – ESQUINADE AVENIDA LAURO SODRÉ - BOTAFOGO

Antigo Recolhimento de Santa Teresa, mantido pela Santa Casa de Misericórdia eoriginalmente destinado à educação das órfãs abandonadas. Foi fundado em 14 de marçode 1852 pelo Grande Provedor José Clemente Pereira, que destinou parte da herança deDa. Luiza Avondano Pereira à fundação desta casa pia. Mais tarde, D. Pedro II e Da.Teresa Cristina Maria concorreram com mais donativos para esta instituição destinada àsmeninas desvalidas ou órfãs.

Depois abrigou, também, o antigo Recolhimento das Órfãs, estabelecidoanteriormente na Rua Santa Luzia, dali desalojado para acolher a Faculdade de Medicina.Recentemente, o prédio foi arrendado ao Colégio Anglo-Americano, que o ocupapresentemente.

O edifício, em sóbrio estilo neoclássico, foi obra do arquiteto Francisco JoaquimBethencourt da Silva, sendo inaugurado em 15 de outubro de 1866.

É tombado pela Municipalidade.

SINAGOGA HISPANO-PORTUGUESA UNIÃO ISRAELITA SHEL GUEMILUTHASSADIM – RUA RODRIGO DE BRITO, 37 – BOTAFOGO

Até que se prove o contrário, a primeira sinagoga estabelecida nas Américas o foiem Recife, no ano de 1638, pelos judeus holandeses que para cá vieram junto com oadministrador dos domínios da Companhia das Índias, Conde João Maurício de Nassau.Esse venerando templo ainda existe e é uma das relíquias históricas do Brasil.

O que talvez poucos saibam, é que a segunda sinagoga a surgir em nossas terrasfoi constituída em 1830, no Rio de Janeiro, pelos israelitas vindos do Marrocos. Fundadano Campo de Santana, na esquina de Rua Senhor dos Passos, passou vinte anos depoispara a Rua da Alfândega, no. 358. Em 1890 foi para um salão maior, na Rua São Pedrono. 300 (hoje Av. Presidente Vargas). Todas essas sedes eram apenas casarões

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coloniais alugados e mal adaptados para a função religiosa, pois a comunidade era muitopobre para erguer um templo condigno.

Em 1870, a comunidade cresceu com a vinda de judeus alsacianos, cuja provínciafrancesa natal havia sido invadida e incorporada à Alemanha naquele ano. Entretanto,pouco após a Proclamação da República, houve uma grande epidemia de febre amarelano Rio de Janeiro, cujas principais vítimas foram os judeus recém chegados ao Brasil.Muitos desanimaram e voltaram para o Marrocos, indo outros para a Argentina. Mas osque restaram se reorganizaram definitivamente em 24 de setembro de 1911, sendo seusestatutos aprovados em 11 de março seguinte e publicados no Diário Oficial de 13 demarço de 1912.

Após a Primeira Guerra Mundial, com a vitória dos aliados, os judeus da Alsáciaretornaram à França. Com a diminuição da comunidade, a Shel Guemilut passou em 1921para uma casa menor, na Rua do Lavradio, onde permaneceu 14 anos, sem muitasperspectivas de erguer uma sede nova, por serem muito poucos os freqüentadoresrealmente interessados em arcar com as responsabilidades de um templo próprio.

A mudança ocorreu em 1935. Desde aquele ano a Shel Guemilut passara para umcasarão na Rua Francisco Muratori, no. 33. Nos quinze anos que ali funcionou, aumentouconsideravelmente seu quadro social quando vieram para o Rio de Janeiro muitasfamílias de judeus do norte do Brasil, principalmente do Pará e Amazonas, os quaishaviam enriquecido muito com o comércio da borracha. Na mesma ocasião, vierammuitas famílias ricas do Marrocos espanhol, para cá fugidas da Guerra Civil Espanhola.Todos encontravam na Shel Guemilut o seu templo espiritual.

Com isso foi possível angariar recursos e com ajuda incessante, intelectual efinanceira de Jomtob Azulay, Rafael Serruya e Dr. David Perez, erguer o novo templo àRua Rodrigo de Brito, no. 37, lançando-se a pedra fundamental em 10 de outubro de 1948e sua inauguração em 7 de setembro de 1950 (25 de Elul 5760).

Por iniciativa da Shel Guemilut e o esforço de Isaac Levi, Leon Davi Levy, sob apresidência de Jomtob Azulay, colaborou na construção do Cemitério Comunal Israelita,no Caju, fazendo parte do seu Conselho deliberativo.

Em 1968, a Sinagoga Shel Guemilut Hassadim foi considerada de utilidade públicapela Lei Estadual no. 1741, de 18 de novembro de 1968.

O funcionamento da Sinagoga é diário, de rito sefaradi hispano-português e a suafreqüência é livre. O seu nome União Israelita Shel Guemilut Hassadim em hebraico,traduzido para o português é União Israelita de Ajuda aos Necessitados. Embora pequenoo seu templo, é sempre grande para receber quem mais a freqüente.

De conformidade com o seu nome, a Shel Guemilut tem por finalidades:a)- manter assistência social aos necessitados;b)- manter assistência espiritual aos enfermos e falecidos; ec)- manter instrução religiosa e cultura da língua hebraica.

ASSOCIAÇÃO RELIGIOSA ISRAELITA - RUA. GENERAL SEVERIANO, 170 –BOTAFOGO

A Associação Religiosa Israelita foi fundada na década de trinta, no Rio de Janeiro,por judeus centro-europeus que para cá haviam migrado quando das perseguiçõesengendradas contra sua gente, principalmente na Alemanha (1933). Inicialmente, faziamsuas reuniões em acomodações provisórias, dentre elas, o velho Pavilhão Mourisco, naPraia de Botafogo, um curioso prédio de linhas islâmicas e que inicialmente foi destinadoa ser um restaurante. Com a demolição do edifício em início da década de 50 para aabertura do túnel do Pasmado (1952), os associados se uniram para adquirir um terreno econstruir uma sede definitiva, se possível, próximo da anterior. Com muito custo,

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conseguiram um terreno na rua General Severiano, onde até então existia uma pequenaescola pública.

O conjunto, projetado em 1958 pelo arquiteto Henrique Mindlin, compreendesinagoga, capela, salão para reuniões e festas, salas de aula, serviços administrativos eáreas de apoio. Localiza-se em área pouco adensada, em terreno de aproximadamente1.300m2, com acesso por dois logradouros, havendo entre estes um desnível de cerca de10m. com estas características do terreno e peculiaridades do programa, o arquitetooptou por dividir o corpo principal em dois níveis: no 1o. pavimento se localiza a sinagoga,com capacidade para 600 pessoas, e no nível inferior, salão de festas, para 400 pessoas.Concentram-se os demais serviços em bloco de seis pavimentos ao longo da fachadaposterior, acessível por rampas laterais. Este bloco, em conjunto com a colunata dopórtico, cria os elementos estruturais que sustentam a cobertura em cabos de aço que, nasua curvatura, evoca as tendas das primitivas tribos judaicas.

A construção contou com o apoio da empresária Regine Feigl, dona do entãoedifício Avenida Central, na av. Rio Branco, projetado e construído em 1958/61 pelomesmo arquiteto. Aliás, conta-se que a sinagoga foi erguida com as “sobras” dessa obra.

O mirante do morro do Pasmado, ao fundo da obra, foi recentemente batizado deParque Itzak Rabin, em homenagem ao famoso líder israelita assassinado porextremistas.

SEDE SOCIAL DO BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS – AVENIDA W ENCESLAUBRÁS, 72 – ESQUINA DE RUA GENERAL SEVERIANO – BOTAFOGO

O Botafogo passa por ser o mais antigo clube poliesportivo do Brasil, haja vista quesuas atividades como agremiação de regatas remontam ainda a 1886. Entretanto, apenasno dia 1o. de julho de 1894, o Clube de Regatas Botagogo foi oficialmente criado eregistrado. O departamento terrestre, que correspondia à época apenas ao futebol, foicriado a 12 de agosto de 1904 na casa no. 514 da Rua São Clemente. Seis anos depois otime de futebol conquistava o primeiro título estadual. Apenas no dia 12 de agosto de1941 foi oficializada a fusão do Clube de Regatas com o de Futebol, surgindo daí odefinitivo Botafogo de Futebol e Regatas.

A primitiva Sede Social, originalmente acoplada ao estádio, foi construída noquarteirão entre as ruas General Severiano, Wenceslau Brás e Lauro Sodré, em 1926/28,sob projeto em estilo neocolonial dos arquitetos Archimedes Memória e FrancisqueCouchet. O prédio principal, com fachada para a Avenida Wenceslau Brás, ficou famosopelos bailes ali oferecidos nas décadas de 30 a 60. Quanto ao estádio, ficou incompleto,sendo reconstruído em 1938 sob projeto de Raphael Galvão para ser vilmente vendidoem 1978 pelo seu então Presidente Charles Borer, com completo desamor ao passadoheróico do time, por muitos anos formador da Seleção Brasileira, sendo afinal demolidoem 1988, dando lugar ao Shopping Center Rio Off-Price.

A Sede Social foi tombada pela Municipalidade em 1983.

CASA DE SHOWS CANECÃO – AVENIDA W ENCESLAU BRÁS – BOTAFOGOOnde hoje está o Canecão eram terras que foram doadas por D. Pedro II ao

Hospício de D. Pedro II (hoje UFRJ) em 1841. Na década de 60, ali existia a “PensãoFossa”, um dormitório de estudantes da UFRJ que acabou se transformando num redutoda comunidade hippie. Em fins de 1966, a Pensão foi abaixo e, por alguns meses, alifuncionou um circo. Em 1967, o terreno foi arrendado ao Sr. Mário Priolli, que construiuum galpão metálico para shows e restaurante, o qual foi batizado de Canecão. Foiinaugurado em 22 de junho de 1967, com um show de música de Ye, Ye, Ye, comsucesso imediato.

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Possuindo 4.000 m2 e capacidade para 3.000 espectadores sentados, o Canecãose impôs como a mais importante casa de espetáculos do Brasil, a ponto de quase todosos cantores e compositores importantes da música popular brasileira e mundial ali teremtido seus melhores momentos. Muitos artistas, aliás, foram lançados em seu palco.Independente disso, ficaram tradicionais seus bailes carnavalescos e de reveillon, muitodisputados. De shows clássicos à música experimental, do samba ao jazz, docarnavalesco ao gospell, tudo já desfilou por suas galerias. Muitos shows viraram discosantológicos da música brasileira. Muitas tendências da música moderna tiveram suaprimeira audição sob seus tetos.

Em 1999, depois de longa disputa com a UFRJ, a casa foi tombada comoimportante bem cultural pelo Estado do Rio de Janeiro, depois de emocionado movimentopopular chefiado pelo musicólogo Ricardo Cravo Albim.

RIO SUL SHOPPING CENTER - RUA LAURO MULLER, 116 – ESQUINA DE AVENIDALAURO SODRÉ - BOTAFOGO

Projeto elaborado pelo arquiteto Ulisses Burlamaqui, vencedor de concurso privadorealizado em 1975 para implantação do primeiro “shopping center” urbano da cidade. Opartido consiste em um embasamento, para comércio e estacionamentos, conjugado auma torre de escritórios de planta quadrangular, como os volumes vizinhos. O sistemaestrutural compõe-se de núcleo central (circulação vertical, dutos, lixo, sanitários, etc.) eoito apoios periféricos que abrigam equipamentos de ar condicionado, interligados emandares alternados por treliças em concreto protendido moldadas “in loco”. Aprofundidade dessas treliças, conjugada com as passarelas externas, reduz a cargatérmica nas fachadas e proporciona proteção corta-fogo entre pisos. O sistema viário emtorno do terreno foi estudado, e optou-se por dividir o estacionamento em diferentes níveiscom entradas e saídas próprias e ligações internas. O tratamento externo doembasamento evidencia o apelo visual desejado: as fachadas foram tratadas comoveículo de comunicação, sinalizando os acessos principais e informando sobre os eventosdo shopping.

O estabelecimento foi inaugurado em 1981.

IGREJA DE SANTA TEREZINHA – AVENIDA LAURO SODRÉ - BOTAFOGOErguida por uma promessa de cura do Cardeal D. Sebastião Leme. Em 1921,

quando estava na Suíça para fazer uma cirurgia, Sua Eminência prometeu erguer umaigreja à santa de sua devoção no Rio de Janeiro em caso de cura. Uma vez esta obtida,visitou então o Convento de Lisieux, onde expôs o caso à Madre Superiora Inês suapretensão. O Cardeal entregou um mapa do Rio de Janeiro à Da. Inês e pediu que elaindicasse um local para o novo templo. A Madre apontou, sem conhecer, para a AvenidaLauro Sodré, em Botafogo.

Em 1931 foram iniciadas as obras, sob projeto do arquiteto Archimedes Memória.Estas prosseguiram com vagar. Somente a 14 de junho de 1935 era consagrada a cripta.A Paróquia foi criada pelo Cardeal Leme a 8 de dezembro de 1938. Em 1940 ficou prontaa fachada, com as esculturas gigantes de Santa Terezinha e Apóstolos, feitas por CunhaMello e executadas em concreto por Tito Bernucci. A Igreja foi afinal consagrada a 30 desetembro de 1941. A Igreja de Santa Terezinha do Menino Jesus de Lisieux é um dosmais perfeitos exemplos do estilo art-déco no Rio de Janeiro.

Internamente, a decoração é muito rica. O batistério é obra do escultor Prof. AlbertFreyhöffer. Os altares de Maria e José possuem painéis de Carlos Oswald, inauguradosem 1941. Aliás, todas as pinturas artísticas e vitrais foram desenhados pelo pintor Carlos

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Oswald. Os painéis escultóricos da Via Sacra foram executados pelo escultor Prof. AlbertFreyhöffer, e inaugurados em 1949.

A Igreja foi tombada pela Municipalidade em 2.001.

TÚNEL DUPLO DO LEME – AVENIDA LAURO SODRÉ – BOTAFOGOO túnel duplo do Leme – Túnel Novo, como é conhecido – é a principal via de

acesso a Copacabana. Sua primeira galeria, chamada Coelho Cintra, foi concluída em1904 e alargada em 1941. A segunda, chamada Marques Pôrto, foi concluída em 1946.Ligam as avenidas Lauro Sodré (Botafogo) e Princesa Isabel (Leme), sob o Morro daBabilônia, tendo cada uma 250 metros de extensão e 16 de largura.

BIBLIOGRAFIA01)- Araújo, José de Souza Azevedo Pizarro e; Memórias Históricas do Rio de Janeiro.Rio de Janeiro, Instituto Nacional do Livro, 1945, 10 vols.02)- Azevedo, Manuel Duarte Moreira de; O Rio de Janeiro, sua História, Fatos Notáveis,Usos e Curiosidades. Rio de Janeiro, Livraria Brasiliana Editôra, Coleção Vieira Fazenda,1967, 2 vols., il.03)- Berger, Paulo; Pinturas e Pintores do Rio Antigo. Rio de Janeiro, Livraria KosmosEditôra, 1991, il.04)- Campos, Alexandre; e Silva, Da Costa e; Dicionário de Curiosidades do Rio deJaneiro. São Paulo, Comércio e Importação de Livros, 1965, il.05)- Coaracy, Vivaldo; Memórias da Cidade do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, LivrariaJosé Olympio Editôra, 1965, il.06)- Costa, Luiz Edmundo; A Côrte de D. João no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, EditôraConquista, 1957, 3 vols., il.07)- Costa, Luiz Edmundo; O Rio de Janeiro do Meu Tempo. Rio de Janeiro, EditôraConquista, 1957, 5 vols., il.08)- Costa, Luiz Edmundo; O Rio de Janeiro no Tempo dos Vice Reis. Rio de Janeiro,Editôra Conquista, 3 vols., il.09)- Cruls, Gastão; Aparência do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Livraria José OlympioEditôra, 1965, 2 vols., il.10)- Dunlop, Charles Julius; Rio Antigo. Rio de Janeiro, Editôra Gertun Carneiro, 3 vols.,1956, il.11)- Fazenda, José Vieira; Antiqualhas e Memórias do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro,1919/26, 5vols.12)- Ferrez, Gilberto; A Praça Quinze de Novembro, Antigo Largo do Carmo. Rio deJaneiro, RIOTUR, 1978, il.13)- Ferrez, Gilberto; O Rio de Janeiro do Fotógrafo Marc Ferrez - 1875/1918. Rio deJaneiro, João Fortes Engenharia, 1984, il.14)- Figueiredo, Guilherme; Rio Antigo. Roteiro Turístico e Cultural do Centro da Cidade.Rio de Janeiro, EMBRATUR/AGGS, 1979, il.15)- Gerson, Brasil; História das Ruas do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, LivrariaBrasiliana Editôra, Coleção Vieira Fazenda, 1965, il.16)- Lamego, Alberto Ribeiro; O Homem e a Guanabara. Rio de Janeiro, InstitutoBrasileiro de Geografia e Estatística, 1964, il.17)- Lisboa, Balthazar da Silva; Anais do Rio de Janeiro. R.J.,1967, 8vols., il.18)- Macedo, Joaquim Manuel de; Um Passeio pela Cidade do Rio de Janeiro. Rio deJaneiro, Edições de Ouro, 1965, il.19)- Maurício, Augusto; Templos Históricos do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, BibliotecaMilitar, 1947, il.

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20)- Passos, Alexandre; O Rio no Tempo do Onça. Rio de Janeiro, 1960, il.21)- Santos, Francisco Agenor de Noronha; As Freguesias do Rio Antigo. Rio de Janeiro,Editôra O Cruzeiro, 1965, il.22)- Santos, Francisco Agenor de Noronha; Meios de Transporte do Rio de Janeiro. Riode Janeiro, Typographia do Jornal do Commércio, 1934, 2v., il.23)- Santos, Luiz Gonçalves dos; Memórias para Servir à História do Reino do Brasil. BeloHorizonte/Itatiaia, São Paulo/EDUSP, 1976, 2 vols.24)- Tabet, Sérgio; e Pummar, Sônia; O Rio de Janeiro em Antigos Cartões Postais. Riode Janeiro, Editôra do Autor, 1985, il.

BAIRRO DA URCAEste bucólico bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro foi criado a partir de 1921. Até

então não existiam as Avenidas Portugal e João Luís Alves. O acesso para a Fortaleza deSão João era feito através de embarcação. A idéia de ligar a Praia da Saudade (atualAvenida Pasteur) à Fortaleza partiu do comerciante português e Voluntário da PátriaDomingos Fernandes Pinto, entre 1860/70. ”Olhando para a então pequena praia da Urcaonde havia apenas um coqueiro e uma casa de pescador, planejou transformar o localnum bairro, ou melhor, uma nova cidade, com prédios obedecendo a um novo estilo,elegante e artístico”.

Em março de 1895 Domingos Fernandes assinou contrato com a IntendênciaMunicipal objetivando construir um cais ligando a Praia da Saudade à Fortaleza de SãoJoão. A ponte Domingos Fernandes Pinto (que liga Avenida Marechal Cantuária àAvenida Pasteur é resultado deste primeiro momento de obras). Em agosto de 1901 foicriada a firma Domingos Fernandes Pinto & Cia a fim de continuar as obras de 1895. Osonho de Domingos Fernandes de criação de um bairro foi embargado pelo Exército quetemia que esta obra viesse a tornar a Fortaleza de São João vulnerável.

Mas a criação do cais foi de utilidade para a Fortaleza facilitando a ligação da Praiada Saudade com uma trilha na encosta do morro que acenava à fortaleza. Essa trilha foi oembrião da atual Av. São Sebastião.

Em 1921 o Engenheiro Oscar de Almeida Gama criou a Sociedade AnônimaEmpresa da Urca objetivando a construção de cais ligando a Praia da Saudade àFortaleza. Neste período governava a cidade o prefeito Carlos Sampaio, que incentivou aobra realizada. A Sociedade foi responsável pela construção do ancoradouro de barcosjunto à ponte( o ancoradouro foi criado para servir como piscina para competições,possuindo fundo azulejado e arquibancadas), do cais que corre pela atual Avenida JoãoLuís Alves e Avenida Portugal e do Hotel Balneário (que funcionou como Cassino da Urcade 1934 a 1946 e TV Tupi, de 1951 a 1980 ).

Em setembro de 1922 a Avenida Portugal foi oficialmente inaugurada.

IGREJA DE NOSSA SENHORA DO BRASIL - AVENIDA PORTUGAL - URCAElegante e esguia igreja em estilo neocolonial, projetada em 1925 pelo arquiteto

Frederico Faro Filho, sendo ultimada dez anos depois. O arquiteto, não conhecendo emprofundidade nosso estilo colonial, inspirou-se nas capelas das missões espanholas daFlórida, então muito divulgadas nos filmes de faroeste americanos. Possui concorridamissa, que quase sempre conta com a participação do popular cantor Roberto Carlos, quemora nas proximidades.

ANTIGO CASSINO DA URCA - AV. PORTUGAL - PRAIA DA URCAVolumoso edifício eclético concebido em 1920-22 para funcionar como hotel

balneário, dotado de acomodações para hóspedes, quadra de esportes, vestiários e

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equipamentos náuticos. Foi projetado pelos arquitetos Archimedes Memória e FranciscoCuchet para acomodar turistas que viriam à Exposição Internacional Comemorativa doCentenário da Independência do Brasil, em 1922. Após a exposição, vegetou por algunsanos, até ser adquirido em 1935 pelo empresário dos jogos Joachim Rollas, que oconverteu em cassino. As obras de adaptação foram realizadas pelo engenheiro MárioChagas Dória, ficando a decoração interna a cargo do arquiteto Wladimir Alves de Sousa,que criou os belos salões em estilo art-déco, que ainda subsistem. Seu período áureo foide 1938 a 1946, quando grandes nomes artísticos nacionais e internacionais e umaclientela selecionada contribuíram para que se tornasse uma das mais disputadas casasdas américas. Artistas de um porte de Josephine Baker, Maurice Chevalier, Mistin Guett,Carmem Miranda, Eros Volúsia, Alvarenga e Ranchinho, Oscarito, Grande Otelo e Ankito,realizaram shows memoráveis em seus palcos. Em abril de 1946, com a proibição do jogono Brasil, entrou em rápida decadência. Adquirido em 1950 pelo empresário dascomunicações Assis Chateaubriand, dono dos Diários Associados, foi convertido emestúdio da Tevê-Tupi, a primeira emissora de televisão da América Latina, que mantevecarreira de sucesso até a morte de seu fundador, em fins dos anos sessenta. Depois delonga decadência, fechou as portas em 1980, servindo hoje como espaço de aluguel aescritórios particulares ou leilões de arte.

O prédio foi tombado pela Municipalidade.

GRANDE OTELO - DADOS BIOGRÁFICOSSebastião Prates, seu verdadeiro nome, nasceu em Uberlândia, Minas Gerais, em

1915, tendo começado na vida artística aos oito anos. Trabalhou em teatro na CompanhiaWalter Pinto de 1928 a 1934. De 1934 a 1937 trabalhou na Companhia de Jardel Jércolis.De 1938 a 1946, no Cassino da Urca, onde obteve projeção internacional e iniciou umaparceria com o ator cômico Oscarito, que perduraria até a morte deste em 1970. De 1950a 1963 trabalhou no elenco de Carlos Machado. Ingressou no cinema ainda em 1935. Foido elenco da Atlântida Filmes, de 1942 a 1948; e nas produções de Herbert Richers, de1950 a 1956. Participou de mais de 70 filmes, a maior parte deles comédias, dentre eles:“Rio Zona Norte”; “Paixão na Selva”, “Assalto ao Trem Pagador”, “Crônica da CidadeAmada”, “Its All True”, (incompleto, sob direção de Orson Welles); “Arrastão”(uma co-produção francesa sob a direção de Antoine D`Ormesson), e “Macunaíma”, consideradopor muitos seu melhor desempenho; “Una Rosa Per Tutti”, sob a direção de Franco Rossi;“Também Somos Irmãos” e “Amei um Bicheiro”, tendo nos dois últimos ganho prêmioscomo melhor ator. Dedicou-se muito nos últimos anos à televisão, fazendo geralmentepapéis cômicos, e a minissérie A-E-I-O-Urca, em 1990, onde interpretou a si próprio noprincípio de carreira. Nos últimos anos, casou-se com a atriz e cantora Josephine e tentouum breve retorno ao teatro de revista. Foi um intransigente defensor da causa negra e daigualdade nos direitos para brancos e pretos. Foi, durante quase cinqüenta anos,praticamente único ator negro do país.

Morreu em 1996.

ASSIS CHATEUABRIAND BANDEIRA DE MELO - DADOS BIOGRÁFICOSJornalista e empresário, nasceu em 1891 em Umbuzeiro, Pernambuco. Bacharel

pela Faculdade de Direito do Recife. Redator do Jornal do Recife e do Diário dePernambuco. No Rio de Janeiro, para onde se mudou em 1917, colaborou no Correio daManhã, foi redator-chefe do Jornal do Brasil e diretor de O Jornal. Organizou uma cadeiados Diários Associados, incluindo jornais, estações de rádio e televisão (sendo que eleintroduziu a televisão no Brasil, em 1950, pela extinta TV-Tupi), a revista O Cruzeiro,várias revistas infantis e uma editora. Fundou o Museu de Arte, em São Paulo, em 1947

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(hoje, Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand) , e promoveu a campanhanacional da aviação e da redenção da criança. Em 1955, elegeu-se senador peloMaranhão, renunciando ao mandato para assumir a embaixada do Brasil em Londres. Foium dos mais acérrimos adversários da industrialização do país. Membro da AcademiaBrasileira de Letras (cadeira no. 37). Sua obra consta principalmente de artigos de jornalque não foram reunidos em livros. Entre as obras publicadas, devem-se mencionar: EmDefesa do Sr. Oliveira Lima (1910); Alemanha, Dias Idos e Vividos (1921); TerraDesumana (1926).

Morreu em São Paulo em 1968.

DIRETORIA DE PESQUISA E ESTUDO DE PESSOAL DO EXÉRCITO E FORTALEZADE SÃO JOÃO – AVENIDA JOÃO LUÍS ALVES, S/NO. – FORTALEZA DE SÃO JOÃO -

URCANa manhã de 1o. de março de 1565, o jovem Capitão português Estácio de Sá,

desembarcou com 120 brancos e trinta índios na península do morro Cara-de-Cão, nabase do Pão-de-Açúcar, para uma importante missão: fundar a Cidade de São Sebastiãodo Rio de Janeiro, com o objetivo claro de retomar a Baía de Guanabara, desde 1555 emmãos francesas. O desembarque, procedido às pressas, não obedeceu a nenhumprotocolo que o de realizar no menor prazo possível um cercado para proteção contra umataque inimigo, possibilidade que se concretizou alguns dias depois. Neste cercado, emhabitações que não se diferenciavam muito de seus adversários tamoios, aliados dosfranceses, Estácio resistiu por dois anos, até a reconquista final da Baía, ocorrida após abatalha das canoas, em 20 de janeiro de 1567, vitória que custou a vida de nosso primeirogovernador, falecido em consequência de um ferimento recebido no rosto por uma flecha.

Mem de Sá, tio de Estácio e Governador Geral do Brasil desde 1557, transferiu acidade do estreito morro Cara-de-Cão para o do Castelo, mais bem situado, em posiçãocavaleira no interior da Baía. Das construções deixadas pelos portugueses na então “vilavelha” pouco restou, logo encobertas pelo mato. Entretanto, já em 1601 os portuguesesiniciariam uma nova fortificação no morro Cara-de-Cão, importante demais para continuaresquecido. Michel de Lescolles, engenheiro francês, teria sido seu primeiro fortificador,logo substituído pelo engenheiro lusitano Francisco de Frias da Mesquita, que emprincípios do século XVII estava construindo fortes em toda a costa brasileira, e passoubom tempo no Rio de Janeiro em 1617. Eram esses fortes simples muros de terra, semtrabalhos em pedra. A idéia tinha o seu porquê. Uma muralha de terra absorvia as balasinimigas, enquanto que a muralha de pedra a faria ricochetear ou estilhaçar, virando cadapedaço um novo balim. O único problema é que quando chovia o forte se esfarelava. Em1705, o Governador do Rio de Janeiro Francisco de Castro Morais, colocou uma correnteligando o morro Cara-de-Cão à Fortaleza de Santa Cruz, em Jurujuba, artifício que logomostrou sua inutilidade, pois não conseguiu impedir os ataques franceses ao Rio deJaneiro cinco anos depois.

Após os ataques franceses de Duclerc e Duguay Trouin em 1710-11, foi afortificação reforçada por João Massé, engenheiro francês, passando a ser citada nosdocumentos coevos como Fortaleza de São João. O Padre jesuíta e engenheiroDomingos Capassi fez-lhe um levantamento em 1730. As principais muralhas de pedra jáexistiam, mas ainda faltava muito por fazer. Em 1776, o Vice-Rei Marquês de Lavradioencarregou o engenheiro militar Jean Jacques Funck de refazer as muralhas, tendo sidoerguida na ocasião a atual defensa, com elegante portada barroca e ponte levadiça.Desartilhada pela Regência Trina em 1831, assim permaneceu até 1863, quando quaseentramos em guerra contra o governo de Sua Majestade Britânica devido à prepotênciade seu embaixador no Brasil, o intrigante William Dougal Christie. Reaparelhada às

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pressas pela Comissão de Melhoramentos do Exército, ganhou então os novos fortes deSão José e São Teodósio, executados em cantaria aparelhada e concluídos em 1872.Ironicamente, nesse meio termo, fizemos as pazes com a Inglaterra em 1865, sendo aFortaleza artilhada com canhões ingleses Armstrong Whitworth.

A Fortaleza de São João atuou contra a esquadra revoltada em 1893-94 e contra arevolta da Fortaleza de Santa Cruz, em 1905. Tendo ainda atuado contra o EncouraçadoSão Paulo na rebelião de Hercolino Cascardo em julho de 1924. Na era Vargas, passou asediar a Escola Superior de Guerra, bem como outros estabelecimentos de ensino militare educação física, perdendo aos poucos seu caráter exclusivamente marcial. Atuou navigilância do litoral durante a Segunda Guerra Mundial, tendo dado seu último disparoefetivo contra o Cruzador Tamandaré, em novembro de 1955, quando este fugiu barraafora com o Presidente Carlos Luz à bordo, deposto pelo golpe branco do Marechal Lott.

Durante muitos anos ficou muito conhecido seu curso de educação física, abertoao público, nas férias escolares. Recentemente, foi aberta ao turismo e restaurada, sendodemolidos prédios modernos que “entalavam” as antigas muralhas coloniais. Hojerestaurada, serve a vetusta fortaleza de sede do importante Centro de Capacitação Físicado Exército, sendo suas instalações mantidas com muito zêlo pela classe militar, como asrelíquias mais veneráveis da quadrissecular cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

DIRETORIA DE PESQUISA E ESTUDOS DE PESSOAL E FORTALEZA DE SÃO JOÃOII – AVENIDA JOÃO LUÍS ALVES, S/NO. – FORTALEZA DE SÃO JOÃO – URCA

Foi criada pelo Decreto 4.290, de 27 de junho de 2.002, assinado pelo PresidenteFernando Henrique Cardoso, por transformação do Centro de Capacitação Física doExército e Fortaleza de São João. A portaria no. 310, de 28 de julho de 2.002, organizou aDPEP. Sua missão é:

Coordenar as atividades de ensino, pesquisa e desporto das organizações militaressubordinadas.

Assessorar o escalão superior, quanto à doutrina do TFM e quanto a estudos naárea de pessoal.

Funcionar como pólo de referências em treinamento físico e militar, medicinaesportiva e desportos, e em seleção, avaliação e capacitação profissional.

A DPEP está subordinada ao Departamento de Ensino e Pesquisa do Exército.

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA DO EXÉRCITO – AVENIDA JOÃO LUÍS ALVES,S/NO. – FORTALEZA DE SÃO JOÃO – URCA

A EsEFEx é um estabelecimento de ensino superior e médio de especialização, dalinha ensino militar bélico, diretamente subordinado à Diretoria de Pesquisa e Estudos dePessoal e Fortaleza de São João.

Criada pelo Presidente Getúlio Vargas em 1933, tinha originalmente umaorientação eugênica, bem ao gosto da época, de aprimorar a “raça brasileira”. Em 1940passou a seguir uma linha mais pragmática, voltada para a excelência da vida militar naguerra. Sua colônia de férias, criada na década de 50, com vagas muito disputadas pelasfamílias de militares e civis da zona sul do Rio de Janeiro.

ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA – AVENIDA JOÃO LUÍS ALVES, S/N. –FORTALEZA DE SÃO JOÃO – URCA

A Escola Superior de Guerra, criada pela Lei 785/49, é um instituto de altosestudos de política, estratégia e defesa, integrante da estrutura do Ministério da Defesa, edestina-se a desenvolver e consolidar os conhecimentos necessários ao exercício de

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funções de direção e assessoramento superior para o planejamento da defesa nacional,nela incluídos os aspectos fundamentais da segurança e do desenvolvimento.

A ESG foi criada a 20 de agosto de 1949 pelo Presidente Marechal Eurico GasparDutra. Foi inspirada na National War College dos EUA, visitada em 1948 pelo GeneralSalvador César Obino, então chefe do Estado Maior Geral, antigo EMFA e hoje Ministérioda Defesa. O General Obino ficou profundamente impressionado com a escolaamericana, e iniciou uma campanha para criar uma instituição congênere no Brasil, noque foi bem sucedido.

Seu primeiro comandante foi o General Cordeiro de Farias, substituído em 1952pelo General Juarez Távora, que antes havia sido aluno da dita escola. Desde 1949 estáinstalada na Praia de Dentro da Fortaleza de São João, local histórico da fundação daCidade do Rio de Janeiro, e ministra cursos de excelência para as classes militar e civil.

IATE CLUBE DO RIO DE JANEIRO – AVENIDA PASTEUR – URCADurante os dois primeiros séculos de existência da cidade, todo o trecho marítimo

que ia do Morro do Matias (hoje, do Pasmado), em Botafogo ao Morro da Urca eradenominado de Praia de Martim Afonso ou Praia de Santa Cecília. No século XVIII deram-lhe a crisma de Praia da Saudade. O porquê desse nome nunca se soube.

No século XVIII, o Cônego Dr. Antônio Rodrigues de Miranda, Vigário-Geral doBispado do Rio de Janeiro e proprietário daquelas terras fez doação de toda a orla echãos adjacentes à Santa Casa de Misericórdia. Um século depois, a Santa Casaaproveitou esses terrenos para ali erguer, de 1841 a 52, seu novo nosocômio paraalienados, o qual recebeu o nome de Hospício de D. Pedro II.

Na ocasião, o Provedor José Clemente Pereira mandou cordear um caminho queali existia, a Azinhaga do Pasmado, então rebatizada de Rua do Hospício de D. Pedro II,afinal mudado na República para Rua General Severiano. Aproveitou-se a oportunidadepara igualmente cordear a rua fronteira ao hospício, a qual possuía o nome de Rua daPedreira de Botafogo, e que recebeu então o nome de Praia da Saudade. Em 1908, essapraia ganhou uma muralha de pedra e concreto, por conta da Exposição Nacionalrealizada na Praia Vermelha. A 27 de dezembro de 1922 ganharia o nome definitivo deAvenida Pasteur.

Em 1920, a família Guinle, chefiada pelo empresário Guilherme Guinle, bem comoa família Rocha Miranda, dona da primeira concessão de uma linha de ônibus para aPraia Vermelha, assim como outros amantes do iatismo, resolveram fundar o FluminenseYachting Club, cuja sede inicial foi no estádio do Clube Fluminense, em Laranjeiras, logodepois transferida para a Praia da Saudade. Nesta nova sede, freqüentemente ampliada,havia casas de banho de mar antes de terem tornado mais acessíveis os de Copacabana.Apesar de ali ser um espaço destinado aos amantes de esportes náuticos, por muitotempo, inicialmente, também funcionou um estande de tiro dos sócios do Revólver Club(Afrânio Costa, Guilherme Paraense, etc.), onde faziam exercícios de tiro.

A Praia da Saudade foi definitivamente aterrada em 1934/5, para ali ser construídauma pista de pouso de aviões. Chegou a funcionar por muitos anos naquele lugar umaeroclube, mas uma série de acidentes fez com que a pista de vôo fosse fechada logo noinício da Segunda Guerra Mundial. Um projeto de ampliação do Fluminense YachtingClub foi organizado por Oscar Niemeyer, mas as ampliações acabaram sendo feitas aospoucos, sem um plano específico, até hoje. O estabelecimento, depois rebatizado paraIate Clube do Brasil e, desde os anos 60 de Iate Clube do Rio de Janeiro, ganhou suaforma definitiva depois das obras de 1968. Nesse ano, em outubro, o clube abriu asportas para oferecer um jantar à Rainha Elizabeth II da Inglaterra que então nos visitava e

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vinha assinar o contrato de construção da Ponte Rio-Niterói entre diversas empresascanadenses e o Governo do Brasil.

ANTIGO HOSPÍCIO HOJE UNIVERSIDADE FEDERAL - AV. PASTEUR, 250 - URCADesde 1830 a Santa Casa de Misericórdia lutava para erguer um hospício

destinado a abrigar deficientes mentais, haja vista que o expediente até então era deacolhe-los no antigo Hospital da Santa Casa, na Rua Santa Luzia, construção do séculoXVIII e já completamente obsoleta. Já há alguns anos os loucos mais furiosos eramencarcerados na cadeia pública, processo desumano e incompatível com os progressoscientíficos da época e que já eram conhecidos no Brasil. A Santa Casa, instituição quedatava dos primórdios da cidade, enfrentara um período de decadência no PrimeiroImpério, mas, na Regência, o espectro mudara, principalmente quando foi eleito oProvedor José Clemente Pereira. Prócer da Independência, intelectual, político ehumanista, homem dotado de rara intelectualidade, era a pessoa certa no lugar emomento certos. Com muita perspicácia, obteve permissão Imperial para, com loterias,vendas de títulos e subscrições, obter as verbas necessárias ao erguimento do novohospital. Em ofício de 15 de julho de 1841 ao ministro do Império, informou JoséClemente que já angariara 2:500$ e estava autorizado pelo Imperador a empregar nasobras o produto da grande subscrição, aberta entre os negociantes da praça do Rio deJaneiro, para a “fundação de um estabelecimento de caridade”. Em conseqüência dodocumento acima exarado, três dias depois, D. Pedro II, lavrou o Decreto de 18 de julhode 1841, dia de sua sagração como Imperador na Igreja do Carmo, criando o Hospício deD. Pedro II.

Sua pedra fundamental foi colocada pelo próprio D. Pedro II, em 03 de setembro de1842. No dia 5 o Imperador visitou o local e ouviu de José Clemente a explicação dosplanos. No dia 7 do mesmo mês a obra foi iniciada. A construção até agosto de 1843 foidirigida pelo engenheiro José Domingos Monteiro, português, arquiteto do HospitalCentral da Misericórdia, o qual, usou como modelo de seu projeto, o velho Hospital deCharenton, casa-mãe da psiquiatria francesa. O terreno era na então deserta “Praia daSaudade”, em terras que no século XVIII eram conhecidas como “fazenda do VigárioGeral”.

Depois de agosto de 1843, interveio na construção o arquiteto Major José MariaJacinto Rebêlo, como o anterior, igualmente arquiteto da Santa Casa, o qual acrescentouao palácio a Capela de São Pedro de Alcântara, situada bem ao centro da composição; amaravilhosa escada em vários lances, que nasce no hall e vai até a dita capela, e aclarabóia elíptica que ilumina eficientemente este espaço. Um outro arquiteto, o Sargento-Mór Joaquim Cândido Guilhobel, acrescentou o pórtico neoclássico em granitofluminense, o qual deu grande imponência à fachada.

Construído dentro das regras mais rigorosas do estilo neoclássico, então em voga,Monteiro decorou o térreo com colunas em estilo dórico, inspirado no Teatro de Marcelo,em Roma. O segundo pavimento é todo em estilo jônico, inspirado no utilizado no templode Minerva Poliada. Essa decoração continua no interior, sendo que, nos corredores eenfermarias, utilizou-se em profusão painéis de azulejos portugueses para combater aumidade. Vários trabalhos de escultura em mármore de Carrara branco, inclusive asalegorias da entrada nobre, foram realizados pelo escultor Pettrich. Ocupava o prédiouma área de 140 mil metros quadrados. O preço da construção subiu a 2.672:428$689,tudo obtido com doações conseguidas pelo Provedor.

A 30 de novembro de 1852 realizou-se a cerimônia da bênção do Hospício de D.Pedro II. A abertura solene foi celebrada no domingo, 5 de dezembro. No salão nobre,duas esculturas de Pettrich em tamanho natural homenageavam o Imperador (aos 15

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anos) e o Provedor José Clemente Pereira. Começou a receber doentes mentais em 08de dezembro do mesmo ano. Alguns pequenos detalhes, como a decoração da capela,foram realizados posteriormente. Menos de dois anos depois da inauguração, faleceu demal súbito, a 10 de março de 1854, o Provedor José Clemente Pereira.

Pertenceu à Irmandade da Santa Casa da Misericórdia até 11 de janeiro de 1890,quando então, por desentendimentos políticos com o Provedor Visconde de Cruzeiro,passou o hospital para o Ministério da Justiça e Negócios do Interior. Logo depois,quando se lhe anexou a Colônia de Alienados da Ilha do Governador, passou a receber onome de Hospício Nacional de Alienados. Em 1911, houve uma separação dos sexos,fundando-se uma nova colônia para as mulheres em Engenho de Dentro. Em 1942, asinstalações da Praia Vermelha foram transferidas, aos poucos, para os novos Hospitais-Colônia Juliano Moreira e Gustavo Riedel, em Jacarepaguá. Estes modernos nosocômiosforam inaugurados em 14 de janeiro de 1944, podendo receber a 24 de março do mesmoano os primeiros doentes removidos da Praia Vermelha.

Desocupado o velho prédio, foi então permutado com a Universidade do Brasil, quedele tomou posse em 1947 (por felicidade, tanto o hospício quanto a universidadeestavam subordinados ao mesmo ministério). Sendo reitor da instituição o eruditoprofessor e acadêmico Pedro Calmon Muniz Bittencourt, soube, com rara perícia, obter doMinistério da Educação e Saúde as verbas necessárias à restauração e adaptação dobelo palácio, com o fito de ali sediar a Reitoria e diversas faculdades da área biomédica.As obras foram realizadas com verbas conseguidas no curto período entre fevereiro edezembro de 1949.

O fato de Pedro Calmon ter continuado como Reitor, sendo inclusive agraciado em1948 com o título de “magnífico”, e seu grande prestígio no meio cultural tê-lo elevado aMinistro da Educação no Governo do General Dutra (1950/1), permitiu que as obrasprosseguissem sem perda de continuidade. Desde 1950 o prédio já era ocupado comsuas novas funções, mas a inauguração da nova sede universitária ocorreu oficialmente a5 de dezembro de 1952, no centenário de inauguração do hospício; se bem que as obrasperduraram até maio de 1953. Depois disso, pôde o magnífico reitor acrescentar àUniversidade do Brasil os 11 mil metros quadrados de salas de aulas, laboratórios ecentros de pesquisas ali instalados.

Trinta anos depois, a Reitoria foi transferida para a Cidade Universitária, na Ilha doFundão, sede da agora rebatizada Universidade Federal do Rio de Janeiro, ficando novelho prédio algumas faculdades da área biomédica e cursos diversos de extensãouniversitária.

O prédio é tombado pelo IPHAN.

PEDRO CALMON MUNIZ DE BITTENCOURT – DADOS BIOGRÁFICOSHistoriador, ensaísta e professor. Pedro Calmon nasceu em Amargosa, na Bahia, a

23 de dezembro de 1902. Filho de Pedro Calmon Freire de Bittencourt e de Dona MariaRomana Muniz de Aragão, estudou, de 1914 a 19, no Ginásio da Bahia. Em 1920,ingressou na Faculdade de Direito de Salvador, onde passou dois anos, transferindo-se,depois, para a Universidade do Rio de Janeiro, onde colou grau em 1924. Foi, no anoseguinte, nomeado conservador do Museu Histórico Nacional. Deputado Estadual pelaBahia, de 1927 a 30 e Deputado Federal de 35 a 37. Em 1929 foi premiado pelaAcademia Brasileira de Letras o seu romance histórico Tesouro de Belchior. Eleito no dia16 de abril de 1936 para a cadeira no. 16 da Academia Brasileira de Letras, e ali recebidoa 10 de outubro do mesmo ano. Sócio, grande benemérito e Presidente do InstitutoHistórico e Geográfico Brasileiro. Professor catedrático e honorário de várias faculdades,foi diretor da Universidade do Brasil de 1938 a 48 e, a partir desta última data, Magnífico

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Reitor. Delegado do Brasil à Conferência Interamericana do México em 1945 e presidenteda Conferência Interamericana para o Acordo Ortográfico em Lisboa. Delegado ao 1o.Colóquio Luso-Brasileiro, em Washington. No mesmo ano, foi Ministro da Educação eSaúde de 1950 a 51, no Governo Dutra. Possui grande número de condecorações.

Obras: Pedras d`Armas, (1923); Direito de Propriedade, (1926); O Tesouro deBelchior, (1928); História da Independência do Brasil, (1928); Anchieta – O Santo doBrasil, (1929); História das Bandeiras Bahianas, (1929); A Reforma Constitucional daBahia, (1929); O Rei Cavaleiro – Vida de D. Pedro I, (1930); Marquês de Abrantes,(1933); Os Malês, (1933); A Federação e o Brasil, (1933); General Gomes Carneiro – OGeneral da República, (1933); O Crime do Padre Vieira, (1933); História da CivilizaçãoBrasileira, (1933); História da Bahia, (1934); Espírito da Sociedade Colonial, (1935);Intervenção Federal, (1936); Vida e Amores de Castro Alves, (1937); O Rei do Brasil –Vida de D. João VI, (1937); História Social do Brasil, 1o. volume, (1937); História Social doBrasil, 2o. volume (1937); Curso de Direito Constitucional Brasileiro, (1937); Curso deDireito Público, (1938); Gregório de Matos, (1938); Por Brasil e Portugal, (1938); Brasil eAmérica, (1938); Pequena História da Civilização Brasileira, (1939); História Social doBrasil, 3o. volume, (1939); O Rei Filósofo – Vida de D. Pedro II, (1938); Figuras deAzulejo, (1939); História da Casa da Torre, (1940); História do Brasil – 1500 a 1600, 1o.volume, (1940); História do Brasil – 1600 a 1700, 2o. volume, (1941); História do Brasil –1700 a 1800, 3o. volume, (1943); História do Brasil – 1800 a 1900, 4o. volume, (1947);Princesa Isabel, a Redentora, (1942); Pequena História Diplomática do Brasil, (1942);História do Brasil na Poesia do Povo, (1943); O Estado e o Direito nos Lusíadas, (1945);História de Castro Alves, (1947); A Bala de Ouro, (1947); Curso de Direito Constitucional,(1947); História da Literatura Bahiana, (1949); História da Fundação da Bahia, (1949); OSegredo das Minas de Prata, (1950); História das Idéias Políticas, (1952); O Palácio daPraia Vermelha, (1952); Teoria Geral do Estado, (1954); Brésil (1956); História do Brasil, 7volumes, (1959).

Pedro Calmon faleceu em 1988.

FUNDAÇÃO JOSÉ BONIFÁCIO – AVENIDA PASTEUR, 280 – URCAGrande sobrado em estilo neoclássico vernacular, com telhas de faiança

portuguesa pintada à mão. Foi erguido no terceiro quartel do século XIX, sendo reformadoem 1900. Fica ao lado do que foi o antigo Hospício de D. Pedro II. Quando da instalaçãoda Universidade do Brasil, na década de 50, ali funcionou sua gráfica.

O casarão foi tombado pelo IPHAN em 1990.

INSTITUTO BENJAMIN CONSTANT – AVENIDA PASTEUR – URCAA um jovem cego brasileiro se deve a idéia da fundação de um estabelecimento

onde fosse convenientemente educada a juventude deficiente visual em nosso país.José Alves de Azevedo, natural da cidade do Rio de Janeiro, cego educado na

Institution Imperiale des Jeunes Aveugles, de Paris, foi quem teve essa idéia, que seoriginou do fato seguinte:

Em 1853, achando-se ele no Rio de Janeiro, de volta de Paris, soube que o Dr.José Francisco Xavier Sigaud, médico do Paço Imperial, tinha uma filha cega, eprontamente ofereceu-se para ministrar-lhe a necessária instrução pelos processosespeciais por que fora educado em Paris.

O oferecimento foi aceito, e o êxito brilhante.Da. Adélia Sigaud, sua discípula, veio a ser, mais tarde, professora do Instituto

criado para a educação dos deficientes visuais no Brasil.

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Era então ministro do Império o Dr. Luiz Pedreira do Couto Ferraz, depois Viscondedo Bom Retiro, que, tendo tido algumas conferências com o jovem cego José Alves deAzevedo, e obtida a aquiescência do Imperador D. Pedro II, criou o Imperial Instituto dosMeninos Cegos.

O respectivo decreto tem a data de 12 de setembro de 1854, e a inauguração doestabelecimento efetuou-se a 17 desse mesmo mês e ano. Foi a primeira instituição dogênero a ser criada na América Latina.

O primeiro diretor nomeado foi o Dr. Sigaud, que procedeu a essa inauguração, e ainstalação do Instituto na chácara no. 3 do Morro da Saúde, que fora residência do Barãodo Rio Bonito, próximo à praia chamada do Lazareto e hoje Gamboa.

Não teve José Alves de Azevedo a dita de assistir a esse acontecimentoauspicioso. A 17 de março de 1854 exalava ele o último suspiro, contando apenas 19anos de idade. Seu retrato, bem como o do Dr. Sigaud, o do Visconde do Bom Retiro eoutros beneméritos, ornam os salões do prédio do Instituto.

Adélia Sigaud e Joaquim José Lodi foram os primeiros professores destainstituição, sendo que o último, professor de música, desconhecendo o sistema Braille,ensinava mediante a apresentação de figuras comuns, de grandes dimensões.

Em junho de 1864 passou o Instituto a funcionar no prédio da Praça da Aclamação,antigo Campo de Santana e hoje Praça da República, no. 17.

Já então era dirigido pelo conselheiro Dr. Cláudio Luiz da Costa, que sucedera aoDr. Sigaud, em 1856.

A 28 de maio de 1869 foi nomeado o coronel (depois general) Dr. BenjaminConstant Botelho de Magalhães para substituir o Dr. Cláudio. O Dr. Benjamin Constant,casado com uma filha do Dr. Cláudio, dedicou ao Instituto uma verdadeira afeição, de quedeu a melhor prova quando ministro do Governo Provisório (1890), enviando à Europauma comissão de professores cegos para completarem seus estudos, e procederem àcompra de máquinas e material necessário para instalação de diversas oficinas.

Em 1872 recebeu o Instituto a importante doação, que lhe fez o então Imperador D.Pedro II, e que consistiu no vasto terreno onde hoje se ostenta o seu edifício, ocupandouma área de cerca de 9.516 metros quadrados.

Em 29 de junho desse mesmo ano fez-se o lançamento solene da primeira pedra, ecomeçou-se a construção do edifício sob a direção do hábil arquiteto brasileiro FranciscoJoaquim Bethencourt da Silva.

Muito lentamente correu essa construção, de modo que em 20 de setembro de1896 só ficou pronta a metade esquerda do edifício planejado; a outra metade ficou pordécadas reduzidas apenas às paredes mestras do pavimento térreo. Nessa ala pronta seinstalaram os refeitórios, dormitório das alunas e alojamentos para 200 alunos.

O Instituto dos Meninos Cegos passou a denominar-se Instituto Benjamin Constantpor determinação da Lei no. 26, datada de 24 de janeiro de 1891, dois dias após a mortede seu mais famoso professor e diretor.

A construção da outra ala do Instituto se arrastou por décadas. Reiniciadas asobras em 1924 quando era seu diretor o Dr. Mello Mattos e já possuindo 130 alunosmatriculados, foram somente concluídas na década seguinte, depois de 1938. Naexecução, foram suprimidas a rotunda e cúpula que no projeto original deveriam encimaro pórtico principal, este mesmo mutilado com a eliminação do frontão reto e de outrosornamentos.

Em compensação, depois de pronto, a capacidade do Instituto subiu para 450internados de ambos os sexos. Foram então convenientemente instalados os cursos de:Jardim de Infância, Primário, Ginasial (equiparado em 1946 ao Colégio Pedro II), eProfissional. Nesses cursos são ministrados: massoterapia, radiotelegrafia, afinação de

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piano, encadernação, trabalhos de madeira, empalhação, vimaria, datilografia, cursosmusicais, economia doméstica, trabalhos manuais, costura, etc. Nas novas dependênciasforam instalados: a Imprensa Braille e a Biblioteca, esta com mais de 10 mil volumes, emseis idiomas, sendo uma das mais completas da América do Sul, destinada aos cegos.Em época posterior também ali se instalou o Banco de Olhos.

No seu primeiro século de existência, abrigou 7.664 alunos, número este queultrapassou os 10 mil quando a instituição completou 110 anos.

O Instituto Benjamin Constant é uma instituição federal subordinada ao Ministérioda Educação.

O prédio do Instituto Benjamin Constant é tombado pelo Município.

CENTRO DE PESQUISAS DE RECURSOS MINERAIS - AV. PASTEUR, 404 - URCAMagnífico palácio em estilo neoclássico tardio, com pórtico monumental peristilado

em gnaiss facoidal e escadaria curvilínea, projetado em 1880 pelo engenheiro Antônio dePaula Freitas, com pedra fundamental lançada a 12 de fevereiro de 1881 pelo próprioImperador D. Pedro II. Estava destinado a sediar a Faculdade de Medicina, mas as obraspararam em 1884. Retomadas em 1889, foi o prédio destinado então à Escola Superiorde Guerra, que nele funcionou por algum tempo, mesmo incompleto. Em 1907-08 foiterminado às pressas pelo engenheiro José Mattoso de Sampaio Corrêa, diretor daInspetoria Geral de Obras Públicas, para sediar a Exposição Nacional comemorativa docentenário da Abertura dos Portos no Brasil. As escadarias de acesso foram entãoredesenhadas pelo arquiteto, pintor e músico Dr. Francisco Isidoro Monteiro, pois noprojeto original a escadaria projetada invadiria o espaço da avenida Pasteur. A decoraçãointerna ficou à cargo dos artistas Frederick Anton Staeckel e Rodolfo Amoedo, que fezbelíssimos painéis artísticos nos salões principais. Posteriormente, o hall da escadariacentral foi decorado com três painéis de Antônio Parreiras simbolizando, respectivamente,a Indústria, Agricultura e o Comércio. Após a exposição, foi o prédio destinado ao ServiçoGeológico e Mineralógico do Brasil, criado em 10 de janeiro de 1907, que nele se instalouem 07 de novembro de 1909. Depois, outras repartições federais nele se instalaram, atéque passou a sediar em 1912 o Ministério da Agricultura, que nele permaneceu por dezanos. De 1922 a 1950, sediou inúmeras repartições deste Ministério, inclusive oDepartamento Nacional da Produção Mineral, órgão que nele permaneceu após o prédioser destinado em 22 de julho de 1960 a sediar o recém criado Ministério das Minas eEnergia. Em 1973, lavrou-se furioso incêndio no edifício, fazendo desaparecer toda a suabiblioteca, que funcionava no lado direito do prédio.

Em 1992, foi o palácio finalmente tombado pela Municipalidade.

ESCOLA MUNICIPAL MINAS GERAIS – AVENIDA PASTEUR, 433 – URCAA Escola Municipal Minas Gerais é tudo o que resta do Pavilhão do Estado de

Minas Gerais, construído em 1907/8 para a grande Exposição Nacional de 1908 na PraiaVermelha. O Pavilhão, bem como outros prédios na dita exposição, era projeto doengenheiro e construtor Raphael Rebecchi, e construção do arquiteto René Barba. Após ocertame, o dito Pavilhão, que era em estrutura pouco resistente, pois foi previsto paraapenas permanecer enquanto durasse o evento, foi parcialmente demolido, sendo opavimento térreo, que era mais bem construído, convertido em 1922 numa escola paracrianças excepcionais. Em 1933 passou a ter o uso atual. Em seu interior, há um painelda década de 50, com 91 azulejos, representando a Pomba da Paz, de autoria de PabloPicasso (1881-1973).

A Escola Minas Gerais é tombada pela Municipalidade desde 1990.

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ESCOLA DE GUERRA NAVAL – AVENIDA PASTEUR, 480 – PRAIA VERMELHAPelo Decreto no. 8.650, de 4 de abril de 1911, o Presidente da República, Marechal

Hermes Rodrigues da Fonseca, criou o Curso Superior de Marinha, o qual funcionava naRua Dom Manuel, 15, na Praça XV de novembro, num belo palacete eclético, onde hojeestá o Museu Naval e Oceanográfico. A Marinha do Brasil então passava por profundamodernização e necessitava de uma formação melhor para os oficiais da Armada.Sentindo a necessidade de ampliar as funções desse curso, o próprio Marechal Hermes oampliou, criando a 11 de junho de 1914 a Escola Naval de Guerra, funcionando ainda nomesmo prédio da Rua Dom Manuel. A 27 de dezembro de 1930, o Presidente GetúlioVargas manda reorganizar o estabelecimento, que passa a se chamar pelo nome atual deEscola de Guerra Naval.

Crescendo com os anos suas atribuições e cursos, tornou-se impossível apermanência nas instalações acanhadas da Praça XV, passando em 1933 para o edifício17 A do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, na Ilha das Cobras. Com a construção donovo edifício Almirante Tamandaré, para ali sediar o Ministério da Marinha, na PraçaBarão de Ladário, a EGN foi para lá, transferida a 11 de junho de 1935. Ali permaneceupor 35 anos. O edifício hoje sedia o 1o. Distrito Naval.

A 30 de abril de 1970 a EGN passou para a sede atual, um moderno conjunto deprédios erguidos de 1967 a 70 na Avenida Pasteur, sendo inaugurada naquela data peloPresidente General Emílio Garrastazu Médici e o Ministro da Marinha. O atualregulamento da EGN data de 1998, e substituiu o anterior, de 1974.

A EGN é uma escola de altos estudos militares e possui o objetivo de capacitaroficiais para o desempenho de comissões operativas e de caráter administrativo; prepará-los para funções de estado maior e aperfeiçoá-los para o exercício de cargos decomando, direção e funções nos altos escalões da Marinha.

PRAIA VERMELHASua denominação é explicada pelo fato de sua areia, em certa profundidade,

atualmente ser de coloração avermelhada.Em 1698 foi projetada a Fortaleza da Praia Vermelha pelo engenheiro Gregório de

Castro Morais, construída no século XVIII. Em 1857 a Escola Militar passou a ser sediadano prédio da fortaleza. Este prédio foi extensamente reformado em 1908 e outros foramerguidos à sua volta, quando da exposição nacional em homenagem ao Centenário daAbertura dos Portos no Brasil. Após a exposição, muitos pavilhões foram demolidos e oantigo quartel da fortaleza foi convertido em sede do Terceiro Regimento de Infantaria,unidade de elite do exército.

Conhecida por ser onde ocorreu a Intentona Comunista, em 1935.Em 1930 assumiu a Presidência da República o Sr. Getúlio Vargas. As condições

de vida da população durante o início de seu governo , entre outros fatores, fizeram comque a ala reformista e esquerdista dos tenentes, camadas liberais, socialistas, comunistase líderes sindicais criassem um grupo denominado Aliança Nacional Libertadora (ANL).

Seu presidente era o capitão Hercolino Cascardo, líder do movimento tenentista deSão Paulo, em 1924.

Seu presidente de honra era Luís Carlos Prestes, que fora líder da Coluna quepercorreu parte de Brasil de abril de 1925 à fevereiro de 1927, incitando as populaçõeslocais a levantar-se contra as oligarquias.

A Aliança Nacional Libertadora defendia a suspensão do pagamento da dívidaexterna, nacionalização de empresas estrangeiras, realização de reforma agrária,formação de um governo popular, entre outras reivindicações. Parte da populaçãoapoiava a ANL. Mas sendo uma clara ameaça ao governo e, ao mesmo tempo,

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representando um movimento que atingiu as forças armadas, a ANL foi fechada pelogoverno Vargas em 11 de junho de 1935, sendo os comunistas postos naclandestinidade.

Diante do seu fechamento, a esquerda presente na ANL preparou uma insurreição,sob o comando de Luís Carlos Prestes. Participaram do movimento Natal (RN), Recife,Olinda (PE). Em 27 de novembro de 1935 o movimento eclodiu no Rio de Janeiro.Funcionava no prédio da antiga Fortaleza da Praia Vermelha o 3º Regimento deInfantaria, cujos soldados apoiaram o movimento, que especificamente naquele quartelforam comandados pelo capitão Agildo Barata Ribeiro, que agiu de improviso.

Aquele prédio foi bombardeado pelas tropas governistas, e a revolta foi sufocadaem poucas horas. O prédio antigo foi colocado abaixo e a fortaleza em parte demolida,sobrevivendo-lhe apenas os bastiões laterais, que abrigam hoje o Círculo Militar e aEscola Gabriela Mistral, e, em lugar do antigo quartel, foi traçada em 1938 a PraçaGeneral Tibúrcio, tendo ao centro o monumento em granito e bronze em homenagem aosheróis de Laguna e Dourados, obra do escultor Antonino Pinto de Mattos. Na mesmaocasião foram construídos ao redor os prédios da Escola Técnica do Exército e doInstituto Militar de Engenharia, bem como o edifício da residência dos oficiais.

Anos depois, em 1964, foi colocado próximo à praia o monumento homenageandoao compositor romântico polonês Frederic Chopin, do escultor Zamoiski, doado pelacolônia polonesa no Brasil em 1939.

GRANDES AMORES DA ZONA SUL - AS LIGAS DE DONA GERTRUDESA 29 de agosto de 1825, D. Pedro I conseguira o que até então alguns achavam

impossível: depois de muitas negociações, Portugal e Inglaterra finalmente reconheciamnossa Independência. Naquele ano, portanto, o desfile cívico do dia 12 de outubro teriaum significado especial (naquela época nossa Independência era comemorada a 12 deoutubro, data da Aclamação do Imperador).

Ora, a tropa que abria o desfile era a dos temidos mercenários alemães,contratados a peso de ouro na Europa e cujo quartel na Praia Vermelha era comandadopelo Major Von Ewald. Alcoólatra e falastrão, Von Ewald pouco antes tomara-se deamores por uma famosa prostituta da época, Dona Gertrudes de tal, que enriquecera como comércio do corpo junto à nobreza e morava por isso em ótima chácara na Praia deBotafogo.

Gertrudes inicialmente o repeliu, mas Ewald, espertamente, organizara desfiles datropa diante de sua casa e, impressionada com o gesto do Major, nossa rameira cedeuaos seus amores (será que vem daí a expressão “topou a parada”?).

No dia do desfile da Independência, especialmente festivo naquele ano, a tropados alemães entrou toda garbosa no Campo de Santana trajando seu melhor uniforme.Porém, logo o povo era tomado de estupefação geral. Na bandeira do Brasil ostentadapelo batalhão, pendia um apetrecho nada cívico: as ligas de Dona Gertrudes; alicolocadas por Von Ewald como prova de amor à sua exigente meretriz. Até para D. PedroI, famoso por seus amores extraconjugais, o caso fôra longe demais. Logo após o desfile,mandou prender Von Ewald, rebaixou-o de pôsto e submeteu-o a severa punição comsurra de vara.

Ewald fugiu mas foi capturado e preso. Entretanto, depois de algum tempo e,talvez, premido pela consciência, D. Pedro I o perdoou e tudo ficou como antes.

Afinal, naquele mesmo ano, nosso Imperador mantinha com os cofres públicosduas amantes não muito melhores que Dona Gertrudes: a Marquesa de Santos e suairmã, a Baronesa de Sorocaba.

Naquela época todos os escândalos da nação terminavam em pizza...

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VÁ FEDER NOUTRO LUGAR!Após nossa Independência, em 1822, o Imperador D. Pedro I mandou contratar na

Europa, a peso de ouro, inúmeros mercenários. D. Pedro precisava de soldados paraconsolidar nossa emancipação política e ainda não tínhamos um exército formado comsoldados brasileiros. Os militares que aqui então viviam eram portugueses e o Imperador,com razão, não podia confiar neles.

Dentre os muitos aventureiros que para cá vieram, o maior número era o desoldados alemães, desempregados após as guerras napoleônicas. Os truculentosalemães foram divididos em dois batalhões. O primeiro sediado no quartel do Campo deSantana, onde hoje existe o Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste;o outro ficou num velho quartel na Praia Vermelha, onde hoje existe a Praça GeneralTibúrcio.

Esses mercenários tedescos só nos deram dor de cabeça e não foram poucos osmotins e insubordinações então ocorridos. O quartel da Praia Vermelha era chefiado peloMajor Von Ewald, um alcoólatra e falastrão. Ewald seria recusado como chefe militar emqualquer país, mas, num Brasil ainda recém-independente, nosso Imperador achava queele ainda poderia nos ser útil em alguma coisa.

Por incrível que pareça, nosso jovem Imperador ficou amigo deste homem, o qualsó aprontou besteiras enquanto esteve entre nós. Em 1825, Von Ewald pendurou as ligasde sua amante na Bandeira do Brasil usada no desfile da Independência, mas até isso D.Pedro o perdoou, não sem antes lhe mandar aplicar uma surra de vara.

Von Ewald dizia e repetia a seus soldados que ele e o Imperador eram tão amigos,que “...quando eu morrer, o Imperrador chorar!”

Em 1828, desafiado por outros oficiais que não o agüentavam mais repetir essaarenga, Ewald fez com eles uma aposta e ordenou que um ajudante de ordens fosse aoPalácio de São Cristóvão e avisasse D. Pedro da morte de seu amigo alemão. Durantetodo o dia, o Major repetiu: “...quando Imperrador saber que Ewald morrer, o Imperradorchorar!”

De noite, o ajudante retornou e foi de imediato ao encontro do petulante Major eseus suboficiais. Ewald logo lhe perguntou: “...e aí? O Imperrador chorar?”

O ajudante respondeu: “Não. Sua majestade apenas disse –pois então que váfeder noutro lugar!”

MONUMENTO AOS HERÓIS DE LAGUNA E DOURADOS – PRAÇA GENERALTIBÚRCIO – PRAIA VERMELHA - URCA

No início da Guerra do Paraguai ocorreram dois episódios dramáticos para nossoexército. Em 28 de dezembro de 1864, um destacamento de 16 homens, chefiados peloTenente Antônio João, resistiu heroicamente a 300 paraguaios que os atacaram nacolônia militar de Dourados, Mato Grosso. Tendo recusado a rendição, morreram lutandoaté o último homem. Meses depois, a 7 de maio de 1865, a coluna do General Camisão,formada por 1680 homens, atacou fortemente o exército paraguaio em Laguna, Paraguai.Apesar dos sucessos iniciais, a falta de provisões fez a tropa brasileira recuar, sendovítima de doenças, fome e ataques de guerrilhas paraguaias. Poucos sobreviveram.

Para lembrar esses dois episódios, em 1918 o Exército do Brasil, na figura doGeneral (então coronel) Pedro Cordolino de Azevedo, mandou realizar um concursopúblico com nossos melhores escultores com o objetivo de elaborar um projeto dummonumento a ser construído na Praia Vermelha.

Realizado o concurso em 1920, venceu a proposta do escultor brasileiro AntoninoPinto de Matos. A contenção de despesas adiou o sonho por quase vinte anos. Em

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novembro de 1935, após a destruição do quartel do 3o. Regimento de Infantaria pelaIntentona Comunista na Praia Vermelha, aproveitou-se o espaço resultante para ali erguero monumento, o qual funcionaria igualmente como mausoléu dos principais líderesbrasileiros dos dois combates.

Situado no centro da Praça General Tibúrcio, o monumento é constituído de ummausoléu, cuja base forma uma circunferência de 53m, em granito branco. No sub-solo,de uma base com esculturas em bronze no tamanho real dos heróis brasileiros, painéis domesmo metal das batalhas travadas, e uma coluna em granito branco, com seis metrosde altura, tendo no topo a figura em bronze da Glória. No mausoléu, nove degraus abaixodo nível do solo, estão sepultadas as cinzas, dentre outros, do Tenente Antônio João,Major Drago, General Carlos de Morais Camisão, Guia Lopes, e outros heróis. Todas aspeças de bronze foram fundidas no Brasil pela Fundição Cavina & Cia.

Inaugurado solenemente a 31 de dezembro de 1938, não pôde estar presente oescultor Pinto de Matos, falecido algumas semanas antes.

GENERAL TIBÚRCIO – DADOS BIOGRÁFICOSAntônio Tibúrcio Ferreira de Souza, nasceu no Ceará, a 11 de agosto de 1837. Foi

um grande general brasileiro. Sentou praça no exército em 1852, no Ceará. Condecoradocom a Ordem do Cruzeiro, medalha de prata, quando da tomada de Corrientes, naArgentina. Distinguiu-se na Guerra do Paraguai, no comando do célebre 16o. Batalhão.Foi construtor da Estrada do Chaco, Paraguai, em apenas 23 dias, o que permitiu aossoldados brasileiros contornarem o Exército Paraguaio. Pelo seu notável feito foipromovido a Coronel. Era erudito conhecedor de história. Pertenceu à arma daEngenharia.

Morreu no Ceará, a 28 de março de 1885.

MONUMENTO A FREDERIC CHOPIN – PRAIA VERMELHA – URCANo dia 1o. de setembro de 1939 as tropas nazistas atacavam a pacífica Polônia. O

ataque foi tão devastador que três semanas depois os soldados alemães colocavam seutacão em Varsóvia. Dentre as muitas barbaridades praticadas pelos invasores, uma dasprimeiras foi a de destruir o monumento ao compositor romântico polonês Frederic Chopinexistente naquela cidade.

Quando a notícia chegou ao Brasil, a comunidade polonesa aqui residente resolveureagir, organizando uma subscrição para angariar fundos com o objetivo de erguer ummonumento a Chopin no Rio de Janeiro. Obtida a verba necessária, encomendaram aestátua ao escultor Augusto Zamoyski. Com 2,5 metros de altura e todo em bronze, omonumento ficou pronto ainda em 1939. Entretanto, a política dúbia do governo brasileiro,oficialmente neutro, mas relativamente simpático aos alemães, adiou sua instalação poralguns anos.

Com o torpedeamento de navios brasileiros e a posterior declaração de guerra doBrasil aos países do Eixo, desengavetou-se a idéia da estátua. Em 1o. de setembro de1944, no quinto ano da invasão da Polônia, foi inaugurado o monumento a Chopin naPraça Floriano, defronte ao Teatro Municipal. Lá ficou em paz por exatos quinze anos.

Em fins de 1959, o barítono Paulo Fortes iniciou uma campanha para erguer naPraça Floriano um monumento ao maestro e compositor Carlos Gomes. Conseguidarapidamente a estátua em bronze do maestro brasileiro, começou então uma campanhapara dali remover a homenagem a Chopin, por considerarem incompatíveis os doismonumentos. Um outro grupo de intelectuais não via problemas na homenagem aos doiscompositores na mesma praça, mas Paulo Fortes não pensava assim e, usando de suainfluência, conseguiu a remoção. Em 15 de janeiro de 1960, o monumento a Chopin foi

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retirado à noite por funcionários da Prefeitura, sendo levado para um depósito. No dia 16,pela manhã, estava em seu lugar o maestro brasileiro.

Depois de algum tempo esquecido num depósito, o monumento foi colocado naPraia Vermelha em 1964. Chopin foi retratado em posição de quem medita e escuta. Nofinal das contas, a romântica Praia Vermelha acabou se tornando a moldura perfeita parao mestre do romantismo. A estátua tem 2,5m e está sobre um pedestal de granito com ummetro de altura.

INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA – PRAÇA GENERAL TIBÚRCIO, 80 – PRAIAVERMELHA - URCA

O Rei de Portugal D. Pedro II mandou criar no Rio de Janeiro, por Decreto de 15 dejaneiro de 1699, um Curso de Formação de Soldados Técnicos. Funcionava na Fortalezada Praia Vermelha, e teve como seu primeiro professor o engenheiro militar GregórioGomes Henriques. Em meados do século XVIII, era lente deste curso o engenheiro militare brigadeiro José Fernandes Pinto Alpoim, que o dirigiu de 1738 até sua morte, em 1763.Na ocasião, Alpoim aproveitou a efervescência cultural à época do governo do Conde deBobadela e mandou editar no Rio de Janeiro os dois primeiros livros didáticos impressosno Brasil: Exame de Bombeiros e Exame de Artilheiros.

Havendo necessidade de ampliar os estudos militares no Brasil, a Rainha D. MariaI criou em 1792 a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, instalada noedifício da Casa do Trem, onde hoje funciona o Museu Histórico Nacional.

Finalmente, a 23 de abril de 1811, o Príncipe D. João criou por decreto a RealAcademia Militar, instalada inicialmente na Casa do Trem, mas removida no ano seguintepara o edifício da Sé inacabada, no Largo de São Francisco, onde ficou até 1856. Nesteúltimo ano passou novamente para a Fortaleza da Praia Vermelha, permanecendo ali até1908.

Depois de perambular por vários prédios da cidade, foi decidido pelo Exército, em1939, a construção de um grande edifício próprio para sediar a então denominada EscolaTécnica do Exército. Com a remodelação da Praia Vermelha e a demolição do quartel doantigo 3o. Regimento de Infantaria, obteve-se o espaço necessário para ali surgir a PraçaGeneral Tibúrcio, sendo destinado o lado costeiro ao Morro da Babilônia para o novoprédio. Executaram o projeto, em estilo art-déco, os arquitetos Paulo Pires e PauloSantos. Inaugurado em 1942 pelo Presidente Getúlio Vargas, foi então transferida aescola da antiga sede, na Rua Moncorvo Filho.

Em 1959 Surge o IME – Instituto Militar de Engenharia, fruto da fusão da EscolaTécnica do Exército e o Instituto Militar de Tecnologia. Desde 1958 a escola ministrava oCurso de Pós-Graduação em Engenharia Nuclear, o 1o. da América Latina. A partir de1997 a escola passou a aceitar mulheres, assim quebrando um velho tabu, o que deve teranimado um pouco mais as salas de aulas. Presentemente, são ministrados nove cursosde graduação em engenharia para militares e sete cursos de pós-graduação ao nível demestrado e doutorado para civis e militares.

O oficial de engenharia pode ascender no Exército até ao posto de General-de-Divisão.

ESCOLA DE COMANDO E ESTADO MAIOR DO EXÉRCITO – PRAÇA GENERALTIBÚRCIO, 125 – PRAIA VERMELHA - URCA

Em 1808, o Príncipe D. João mandou instalar seu estado maior no Quartel Generalda Côrte, no Campo de Santana. Concluído o edifício dois anos depois, o órgão passou aorientar as forças de terra do Brasil. O prédio manteve suas funções por todo o séculoXIX, e nele se deu a Proclamação da República, a 15 de novembro de 1889. Por Decreto

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de 2 de outubro de 1905, o Presidente Rodrigues Alves criou a Escola de Estado Maior,com a missão de preparar oficiais superiores para o exercício de estado maior, comando,chefia e assessoramento junto aos mais elevados escalões das forças terrestres. OMarechal Hermes da Fonseca, procurou dar uma orientação mais germânica ao órgãodepois que assumiu a Presidência da República, em 1911/14, mas a derrota do exércitoalemão na 1a. Grande Guerra levou o Governo a contratar na França uma Missão Militarde Aperfeiçoamento, cujas atividades se prolongaram de 1918 a 1940. Neste último ano,a escola passou a ter uma orientação mais parecida com o modelo norte-americano.

Com a demolição do antigo quartel do Campo de Santana em 1937 para ali sererguido o Palácio Duque de Caxias, atual sede do Comando Militar do Leste, o Exércitoresolveu levantar edifício próprio para a Escola de Estado Maior, instalando-a na PraiaVermelha, na nova Praça General Tibúrcio, num grande prédio projetado pelos arquitetosPaulo Pires e Paulo Santos. Em 1955, a instituição foi reorganizada pelo Presidente CaféFilho para ser a Escola de Comando e Estado Maior do Exército – ECEME. Foi seuprimeiro comandante nesta nova fase o General (depois Marechal) Humberto de AlencarCastelo Branco, o qual a modernizou bastante, transformando-a numa instituição deexcelência do Exército. Presentemente, ali são ministrados oito cursos aos oficiais dasforças terrestres.

EDIFÍCIO PRAIA VERMELHA – PRAÇA GENERAL TIBÚRCIO, 83 – PRAIAVERMELHA

Grande edifício residencial com lojas no térreo, sobreloja e treze andaresresidenciais, destinados a famílias de militares. Projetado em 1943 pelos arquitetos PauloPires e Paulo Santos, e construído em 1946 pela empresa Cavalcanti & Junqueira. É empesado estilo art-déco.

OS TESOUROS DA GUANABARAEm 1990, o arqueólogo Manuel Guerra comprou de um livreiro carioca um antigo

mapa, manuscrito inédito e anônimo da entrada da Baía de Guanabara, redigido emfrancês arcaico, e datado de aproximadamente 1560, quando Villegaignon ocupava-a etencionava aqui implantar a “França Antártica”. Mostra, em linhas gerais, o Pão deAçúcar, então chamado de “Pot-de-Sucre”, os morros da Urca e “Cara-de-Cão”(ambossem nome), sendo que o último aparece separado do continente, formando com os outrosdois uma ilha, no mapa batizada de “Yle Trinité”(Ilha Trindade, pois era formada pelo“Cara-de-Cão”, “Pão-de-Açúcar” e Urca), não existindo o que hoje chamamos de PraiaVermelha, pois esta só se formou no século XVII. A Baía de Botafogo aparece citadacomo “Lac D`Eau Douce”(Lago de Água Doce), onde hoje está a Avenida Pasteuraparece a legenda ”Praya”, estando o Morro da Viúva com as enigmáticas iniciais “P.M.”.

O mais curioso, é que o mapa demarca as posições de nada menos que trêstesouros enterrados na Baía de Guanabara!

O primeiro deles, grafado como “Tresor”(tesouro), na base do Pão-de-Açúcar, ondehoje situa-se o Centro de Capacitação Física do Exército, dentro da Fortaleza de SãoJoão.

O segundo, indicado como “Or”(ouro) no meio do Morro da Urca, mais ou menosonde hoje é a residência do musicólogo Ricardo Cravo Albim, na Avenida São Sebastião.

O terceiro e último aparece desenhado no meio da Baía de Botafogo.O mapa nunca foi publicado e, ao que se sabe, ninguém se aventurou a cavoucar

tais tesouros. Caso algum colega resolva se aventurar a encontrá-los, irá esbarrar emmuitas dificuldades, pois dois deles estão em território da união, guardados pelo Exércitoe Marinha, ficando o terceiro em área particular, mas protegida pelo “IBAMA”.

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DADOS POUCO CONHECIDOS SOBRE O PÃO DE AÇÚCAROs antigos moradores do Rio de Janeiro julgavam impossível o acesso ao pico do

Pão de Açúcar. Foi, pois, um grande acontecimento a escalada feita em 1817 por umasenhora inglesa, Lady América Vespucia, que no alto do penhasco colocou um poste coma bandeira da Grã Bretanha.

Depois dessa ousada expedição, a 31 de outubro de 1851 o norte americanoBurdell e dez companheiros, inclusive duas senhoras e um menino (Luiz Burdell), todosestrangeiros, escalaram a famosa escarpa, regressando após trinta horas depermanência naquelas alturas.

Com a criação da Escola de Aplicação Militar e seu aquartelamento na PraiaVermelha, tornaram-se frequentes as excursões ao Pão de Açúcar, sendo das maisnotáveis as que empreenderam os alunos da Escola Militar, em princípios de 1889, nachegada de D. Pedro II de sua viagem à Europa, colocando ali uma bandeira com alegenda “Salve”, tendo cada letra sete metros. No mesmo ano, em 13 de outubro, porocasião da visita, ao Rio de Janeiro, do navio chileno Almirante Cochrane, repetiu-se adifícil escalada.

Anos antes, em 1883, o engenheiro americano Morris N. Kohn, propôs o plano deum elevador mecânico ou ponte de “inclined suspension bridge”, para transportarpassageiros até o alto do Pão de Açúcar.

A portaria do Ministro da Agricultura, Conselheiro Henrique d`Avila, de 31 dejaneiro de 1883, dirigida à Ilustríssima Câmara Municipal da Côrte, submeteu o projeto àconsideração do corpo da Câmara, merecendo parecer favorável dos vereadores PintoGuedes, Emílio da Fonseca e Oliveira Brito, a 21 de março do mesmo ano. A concessãocaducou sem nada ter sido feito.

Em princípio de 1889, o Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas,Rodrigo Augusto da Silva, submeteu à mesma Ilustríssima Câmara Municipal o projeto deum grupo de empresários ingleses propondo a concessão para desmontar o Pão deAçúcar e utilizar a pedra resultante em aterro a ser feito no bairro da Glória até o Centro.O parecer não chegou a ser emitido pelos vereadores haja vista a Proclamação daRepública, a 15 de novembro seguinte.

Em 1890, o Ministro da Argentina no Brasil, Dr. Henrique Moreno, sugeriu a ereçãode uma estátua em homenagem à Cristóvão Colombo no cimo do Pão de Açúcar, sendodefendida essa idéia no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro pelo escritor JoãoSeveriano da Fonseca, irmão de Manuel Deodoro da Fonseca, Presidente do Brasil.

De acordo com o decreto no. 1.260, de 29 de maio de 1909, foi o Prefeitoautorizado pelo Conselho Municipal a conceder, ao engenheiro civil Augusto FerreiraRamos e outros, o direito exclusivo, pelo prazo de trinta anos, para construção eexploração de um caminho aéreo entre a antiga Escola Militar e o alto do morro da Urca,com ramais para o pico do Pão de Açúcar e para a chapada do morro da Babilônia.

A 30 de julho de 1909, assinou-se, na Prefeitura, sob a administração SerzedeloCorrêa, o respectivo contrato com o engenheiro Augusto Ferreira Ramos e ManoelAntônio Galvão, industrial, ambos domiciliados nesta cidade, e segundo o planoidealizado pelo engenheiro Fredolino Cardozo.

A cada ano, o Pão de Açúcar perde 60 toneladas de rocha em média devido àerosão provocada pelas chuvas e vento.

O ELEVADOR DO PÃO DE AÇÚCARNa sessão de 21 de março de 1883, foi tratado pela Câmara Municipal do Rio de

Janeiro, o “requerimento mandado por Sua Majestade o Imperador, por intermédio do

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Ministério da Agricultura, em que Morris N. Kohn pede concessão para si ou para umaempresa a organizar, construir, usar e gozar um elevador mecânico ou uma pontedenominada por sua natureza Inclined Suspension Bridge, para o alto do Pão de Açúcar.”

Esse Morris N. Kohn era um inventor judeu norte-americano e que já tentara umsem número de patentes no Rio de Janeiro, algumas bem interessantes, como a de 1873,junto com Joseph Spyer, de fabricação de camas de tecido de arame e palhinha metálica.Outra iniciativa progressista foi a que propôs ao Imperador a 21 de abril de 1884, deinstalar luz elétrica no Palácio Imperial da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão.

A portaria do Ministro da Agricultura , Conselheiro Henrique d`Avila, de 31 dejaneiro de 1883, dirigida à Ilustríssima Câmara Municipal da Côrte, submeteu o projeto doelevador do Pão de Açúcar à consideração do corpo da Câmara, merecendo parecerfavorável na citada data de março seguinte dos vereadores Pinto Guedes, Emílio daFonseca e Oliveira Brito.

O elevador mecânico subiria pelo costão marítimo do Pão de Açúcar, e seria muitosemelhante ao que seis anos depois o engenheiro francês Gustave Eiffel inauguraria nasua torre, em Paris.

Mesmo com os pareceres favoráveis, nada foi feito. Com a Proclamação daRepública, em 1889, a concessão caducou e, depois de uma série de decepções com onovo governo, Kohn retornou em 1892 aos Estados Unidos. Somente trinta anos depois, oengenheiro Augusto Ferreira Ramos realizaria o sonho de Kohn, com o atual teleférico.

AUGUSTO FERREIRA RAMOS - DADOS BIOGRÁFICOSO Pão de Açúcar é para o Rio de Janeiro o que a Tôrre Eiffel é para Paris, a

Estátua da Liberdade para New York e o Vesúvio para Nápoles.Esse majestoso bloco pétreo em gnaiss facoidal, o mais espetacular morro do Rio

de Janeiro, foi escalado pela primeira vez, por incrível que pareça, por uma inglesa, MissAmérica Vespúcia, em 1817; em 1851 por um marinheiro português, depois por um norte-americano e, em 1877, por três ingleses que lá em cima hastearam a bandeira brasileira.Em princípios de 1889, alunos da Escola Militar o escalaram e lá puseram a legenda“Salve”, em homenagem à chegada de D. Pedro II, que retornava da Europa, onde viajarapor motivos médicos.

Em 1908, o engenheiro Augusto Ferreira Ramos, nascido no Estado do Rio a 22 deagosto de 1860, tivera a idéia de um teleférico ligando os morros da Babilônia, Urca e Pãode Açúcar, quando da realização da Exposição Comemorativa do Centenário da Aberturados Portos Brasileiros às Nações Amigas, efetivada na Praia Vermelha em 1908. Anoseguinte, idealizou o ousado caminho aéreo funicular do Pão de Açúcar. Unindo-se aAntônio Galvão e ao Comendador Fredolino Cardoso, obteve do Prefeito SerzedeloCorreia em julho de 1909 o direito exclusivo de construir e explorar a linha aérea por trintaanos. Do morro da Babilônia ao da Urca há 600 metros de distância e 224m de altura; daípara o Pão de Açúcar há 800 metros de distância e 395 acima do nível do mar.

Augusto Ramos, autor de tão notável empreendimento, era lente da EscolaPolitécnica de São Paulo. A ele se deve o plano de valorização do café que tantosbenefícios trouxe à indústria cafeeira do país, sobretudo de São Paulo. Também daindústria açucareira se ocupou largamente, tendo representado seu estado natal emdiversas conferências e congressos industriais. Foi ele também que, estudando asfinanças nacionais, propôs a criação da Caixa de Conversão, de tão bons resultados parao país. Ainda em diversos estados da União deixou marcas de sua técnica, realizandoobras de saneamento no Paraná, na Bahia e no Espírito Santo, instalando neste últimopoderosa usina hidroelétrica e fábricas de cimento, papel e açúcar.

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Sua memória há de perdurar no reconhecimento dos brasileiros, como a de umfilho que soube viver o sonho de grandeza de sua terra e de sua gente.

A nós, cariocas, ligou-se desde outubro de 1912, vencendo a incredulidade geral,com o caminho aéreo do Pão de Açúcar, ampliado em janeiro seguinte, quando se atingiuo famoso pico. Esse passeio é um dos mais encantadores do Rio, quer pela sensação daviagem, quer pela surpreendente perspectiva panorâmica da cidade e seus arredores.Não há quem possa ficar indiferente a tanta magnitude. A viagem noturna é ainda maisdeslumbrante pela originalidade do quadro que apresenta com a “feérie” de luzes nasmais caprichosas formas geométricas.

Augusto Ferreira Ramos morreu no Rio de Janeiro, a 28 de julho de 1939,deixando desde 1936 a direção de sua vitoriosa empresa a Carlos Pinto Monteiro, que arenovou depois daquela data, dotando-a de maquinismos modernos.

A CAVERNA DO PÃO DE AÇÚCARTodo o Guia de Turismo conhece esse morro, o mais característico da cidade,

cantado e decantado mundialmente, com 395 metros de altura, galgados com facilidadepelo bondinho que vai ao seu topo desde 1913, e cujo nome é devido ao fato de osportugueses acharem-no parecido com as formas de barro onde se colhia o caldo de canapurificado nos engenhos coloniais.

O que poucos talvez saibam é que o Pão de Açúcar também possui uma enormecaverna, aberta por uma falha na rocha gnaissica há, pelo menos, um bilhão de anos, nocostão batido pelo oceano Atlântico, fora da barra. Ela é acessível por terra, por umcaminho na rocha, depois da pista Cláudio Coutinho, como pelo mar, de caiaque.

Menos gente ainda sabe que até a relativo pouco tempo ermitões nela residiam.Desde os anos trinta, nela morou o português Eduardo de Almeida, que contava 58

anos em 1965, vivia da caça e pesca, inteiramente alheio à cidade e sua gente, as quaisdesconhecia por completo! Em princípios dos anos sessenta dividiu sua caverna com ocasal Francisco de Brito e Isídia Maria da Conceição, mais sociáveis, pois vendiammamão, laranja e banana que plantavam na encosta do morro aos freqüentadores daPraia Vermelha.

Todos foram desalojados pelos militares da Fortaleza de São João em 1968 edesde então só os morcegos a tem habitado.

OS BONDES FIZERAM COPACABANACom efeito, desde 12 de março de1856, quando, pelo decreto no. 1733 se conferiu

a primeira linha de carris urbanos puxados à burros ao Conselheiro Cândido Baptista(1801-1865) e seu filho Luiz Plínio; e a segunda, de uma linha para a Tijuca, dada diasdepois pelo decreto no. 1742, de 29 de março, ao médico homeopata escocês ThomásCochrane (1805-1872), sogro de José de Alencar (1829-1877), ninguém podia imaginar arevolução que tais veículos acarretariam à cidade.

A linha de Cochrane, partindo do centro para a Tijuca, começou a funcionar em1859, mudando para tração à vapor em 1862. Não deu certo por causa da máconservação e faliu em 1865, dando prejuízo de 700 contos a seus diretores. Já CândidoBaptista desinteressou-se de sua concessão, haja vista que em 11 de outubro de 1859 foiindicado “Presidente do Banco do Brasil”. Repassou então sua concessão por quarentacontos de réis pelo decreto no. 2927, de 21 de maio de 1862 ao amigo, o banqueiroIreneu Evangelista de Souza, Barão e Visconde de Mauá (1813-1889). Mauá, receosocom o investimento, haja vista o que acontecera à linha da Tijuca, cedeu a concessão porcem contos de réis, formalizada pelo decreto no. 3738, de 21 de novembro de 1866 aoengenheiro americano Charles B. Greenough (1825-1880). Partiu Greenough para os

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Estados Unidos, onde conseguiu verbas para sua linha que percorreria a Zona Sul daCidade, organizando uma companhia dois anos depois. Logo eram assentados os trilhosdo Centro ao Catete.

Em 09 de outubro de 1868, começou a funcionar a “Botanical Garden Rail RoadCompany”, com sua primeira linha, da rua Gonçalves Dias até o Largo do Machado. Oimpacto sobre a cidade logo se fez sentir. Regiões que ficavam desertas, por falta deacesso logo se valorizaram e foram ocupadas. Bairros dominados por extensas chácaras,como Botafogo, logo foram repovoados. Em breve, não se vendia mais terreno algum nacidade sem antes o comprador fazer a pergunta: “...o bonde passa lá?”

Já em 1o. de janeiro de 1871 chegava o bonde ao Jardim Botânico e Gávea,tornando tais arrabaldes muito populares desde então. Em 1o. de abril de 1873, o bondejá atingia a “Olaria”, hoje “Campus da PUC”, na Rua Marquês de São Vicente, e outroramal, saindo do Largo do Machado atingia a “Bica da Rainha”, no Cosme Velho. Logo sevislumbrou na mente de homens progressistas que o bonde era a maneira mais eficientede se chegar à Copacabana, Ipanema e Leblon.

Entretanto, o primeiro transporte coletivo que chegou às praias da zona sul nãoforam os bondes, e sim as diligências do Dr. Francisco Bento Alexandre de Figueiredo deMagalhães, Conde de Figueiredo Magalhães (181?-1898), médico cirurgião formado emLisboa, cujos serviços foram iniciados a 1o. de dezembro de 1878. Partiam as diligênciasda Praia de Botafogo, canto da rua São Clemente, chegando à Praia de Copacabana pelaLadeira do Leme. O Dr. Magalhães montara em Copacabana uma casa de saúde paraconvalescentes, com cômodos para banhistas e um hotel anexo. As diligênciastrafegavam de hora em hora, das 07:00h às 10:00h da manhã, e das 17:00h às 20:00h.

A primeira tentativa para se levar uma linha de bondes até a Praia de Copacabanadata de 1874, quando a 4 de novembro, foi concedido ao Sr. Alexandre Vieira deCarvalho, Conde de Lages, Mordomo dos Príncipes Conde e Condessa D`Eu, e ao seusócio, Dr. Francisco Teixeira de Magalhães, a necessária autorização para suaconstrução, uso e gozo, durante cinqüenta anos, de uma linha de carris paraCopacabana. Chegou a ser fundada a “Empresa Ferro Carril Copacabana”, cujo principaldono era o empresário alemão Alexandre Wagner, que adquirira a concessão dosherdeiros do Conde de Lages e estava comprando todos os terrenos disponíveis emCopacabana, do Leme até a “Pedra do Inhangá”. A obra foi até iniciada, mas muitocombatida na justiça pela “Botanical Garden”, que alegava ter privilégio concedidocontratualmente para exploração de linhas de carris na Zona Sul da cidade. A batalhajudicial terminou em vitória para a “Botanical Garden”, caducando a concessão rival a 21de fevereiro de 1880.

Ano seguinte, a 13 de julho de 1881, o Ministro da Agricultura, Comércio e ObrasPúblicas colocou em concorrência pública a abertura de uma linha de carris urbanos paraCopacabana. A “Jardim Botânico” protestou, alegando privilégio de área, sugerindo emvez rediscutir seu contrato original e realizar a linha, mas o Govêrno fez “ouvidos demercador” e a concorrência foi realizada. A coisa não foi adiante, tendo todas asconcessões caducado.

Em 05 de outubro de 1882, um grupo de vereadores apresentou à Ilma. CâmaraMunicipal um projeto de extensão das linhas de bondes da “Companhia Ferro CarrilJardim Botânico” (nome que tomou a “Botanical Garden”, após sua nacionalização em1883), de Botafogo, para os bairros de Copacabana, Vila Ipanema e Leblon. A coisa nãosaiu de imediato.

Outros planos e concessões vieram e caducaram.

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Um deles, apresentado ao Govêrno Imperial em 1883, era o de Duvivier & Cia.Seus autores eram Theodoro Duvivier (1848-1924) e Otto Simon, genros de AlexandreWagner. Igualmente caducou.

Um dos planos mais interessantes foi o que propôs a 10 de fevereiro de 1886 oengenheiro João Dantas ao Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, de umaferrovia à vapor que, partindo de Botafogo, da estação da Companhia Jardim Botânico, noLargo dos Leões, chegaria por um túnel à Copacabana, Ipanema, Leblon, Barra da Tijuca,Mangaratiba, Sepetiba indo até Angra dos Reis, numa extensão de 193km. Foi constituídaem 1890 a “Companhia Estrada de Ferro Sapucaí”, que pretendia, dentre outras obras,fazer um prado de corridas de cavalos no Leblon, nas terras da chácara do portuguêsJosé de Guimarães Seixas, colado ao “Morro dos Dois Irmãos” (é onde hoje existe o“Clube Municipal”). O decreto no. 587, de 10 de outubro de 1891, emitido pelo GovernoFederal, autorizou a mesma empresa a estender os trilhos até Guaratiba. Em 1891 essaconcessão caducou, quando já se havia escavado uma estrada de quase um quilômetropela encosta do “Morro Dois Irmãos”, estrada esta que, depois de muito ampliada emoutubro de 1916 seria inaugurada como av. Niemeyer.

No mesmo mês de fevereiro de 1886, a “Companhia Jardim Botânico” fez umacontraproposta ao “Plano Dantas”, sugerindo uma linha ferroviária à vapor cortandoCopacabana, Ipanema e Leblon, saindo da estação do Largo dos Leões, em Botafogo eindo até “Pena”, em Jacarepaguá. Propunha também um prado de corridas no “MorroDois Irmãos” . Em vez de um prado de corridas no Leblon, o engenheiro André Rebouçassugeriu um cemitério naquelas plagas, idéia logo enterrada. Igualmente não foi adiante.Ainda em 1886, por sua vez, a “Companhia” propôs ao Ministro da Agricultura, Comércioe Obras Públicas uma linha de bondes para Copacabana, o que se comprometeu porcontrato assinado já na República, a 30 de agôsto de 1890 com o dito ministério.

Somente dois anos depois, em maio de 1892, é que pôde ser escavado um túnel e,finalmente, a 06 de julho de 1892, depois de oito meses de obras, sendo dois deescavações na rocha, o Gerente da “Jardim Botânico”, o engenheiro pernambucano JoséCupertino Coelho Cintra (1843-1939) inaugurou o “Túnel Velho” (hoje Alaôr Prata),ligando a rua Vila Rica, em Botafogo, ao areal de Copacabana. Na ocasião, o Barão deIpanema arrendou terras para construção de uma estação onde hoje é a av. N. Sra. deCopacabana.

JOSÉ DE CUPERTINO COELHO CINTRA - DADOS BIOGRÁFICOSEngenheiro inovador, nasceu em Pernambuco a 18 de setembro de 1843.

Bacharelou-se em matemáticas e ciências físicas e naturais, em 1865, pela EscolaCentral, hoje Faculdade Nacional de Engenharia. Seu primeiro cargo foi o de Ajudante daFiscalização da Companhia City Improvements. Exerceu vários cargos pertinentes àprofissão, quase todos no estado do Espírito Santo. Como ajudante da Inspetoria deImigração, apaziguou diversas rebeliões de imigrantes naquele estado e no Rio Grandedo Sul. Fundou diversos núcleos coloniais nos referidos estados e em São Paulo.

Sua lisura, capacidade e inteligente ação valeram-lhe as distinções recebidas:sócio Benfeitor da Sociedade Propagadora das Belas Artes; da Caixa de Socorros D.Pedro V; membro da Sociedade de Geografia desta Capital; sócio honorário daSociedade de Artes Mecânicas e Liberais de Pernambuco; sócio dos Centros Carioca ePernambucano e do Instituto Arqueológico e Geográfico de Pernambuco.

Em 1889, passou a dirigir, como gerente, a Companhia Ferro Carril do JardimBotânico. Projetou e executou, em apenas seis dias, a duplicação da linha de bondes deBotafogo à Escola Militar da Praia Vermelha. Estendeu as linhas de bonde atéCopacabana, o que foi possível com a abertura do 1o. túnel para aquele bairro, a 06 de

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julho de 1892, ligando a rua Real Grandeza, em Botafogo, à rua Barroso, atual SiqueiraCampos (Túnel Velho, ou Túnel Alaôr Prata). Esta linha ia até a Praça Malvino Reis, atualSerzedêlo Correia, e é considerada a certidão de batismo do futuroso bairro deCopacabana. Prosseguindo, atingiu a Lagoa Rodrigo de Freitas até a praça Piassava,onde hoje se ergue a estátua de Quintino Bocaiúva. Instalou a primeira corrente elétricacontínua na América do Sul, com tração elétrica dos bondes, nesta Capital. Apesar daforte oposição por parte dos rotineiros, pôde realizar tão ousado cometimento, inauguradoem 1892, pelo Presidente da República, Marechal Floriano Peixoto.

Coelho Cintra foi ainda deputado por Pernambuco, prefeito da cidade do Recife,oficial de gabinete do Ministro Francisco Sá e autor de cartas corográficas e geográficasdo Espírito Santo. Aposentou-se aos 78 anos de idade, pobre, mas digno do acatamentode seus concidadãos.

O engenheiro Coelho Cintra é hoje credor de nossa gratidão; sendo perpetuado emestátua de bronze em Copacabana, onde, como bandeirante que foi, recebeu asmerecidas homenagens de sua população.

Faleceu Coelho Cintra no Rio de Janeiro, a 12 de agosto de 1939.

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