zeca pagodinho

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DA APLICAÇÃO DA LINGUÍSTICA À LINGUÍSTICA APLICADA INTERDISCIPLINAR”. Moita Lopes In: PEREIRA, Regina e Celi ROCA, Pilar. Linguística Aplicada: um caminho com diferentes acessos. São Paulo: Contexto, 2009

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“DA APLICAÇÃO DA LINGUÍSTICA À LINGUÍSTICA APLICADA

INTERDISCIPLINAR”.

Moita Lopes

In: PEREIRA, Regina e Celi ROCA, Pilar. Linguística Aplicada: um caminho com diferentes acessos. São Paulo: Contexto, 2009

Historicizando a LA 1940 – Materiais de ensino

de línguas durante a Segunda Guerra Mundial.

AILA – 1964 1º Congresso Internacional

de Linguística 1632 – “Janua Linguarum

Reserata” (O portão destrancado das línguas) de Jan Amos Comenius, pai da educação moderna. Primeiro linguista aplicado.

Linguística Aplicada como aplicação de Linguística

Avanços da Linguística Moderna LA começa enfocando a área de

ensino/aprendizagem de línguas Charles Fries e Robert Lado Anos 60 – Questões relativas à

tradução. Duas concepções em LA (ambas

como aplicação da Linguística):a) Descrição de línguasb) Ensino de línguas, principalmente estrangeiras.

Inglaterra - Departamento de Linguística Aplicada de Edinburgh (Pit Corder, Widdowson, Davies).

Livro “Introducin Applied Linguistics” Pit Corder (Apresentação e sumário).

Dependência de LA à aplicação da Linguística. Chomsky e sua crítica ao uso da teoria

gerativo transformacional ao ensino de línguas.

A primeira virada: De Linguística à Linguística Aplidada

Winddowson – 1970. Restrição da LA a ambientes educacionais Independência da linguística. Modelo que capta a perspectiva do

usuário. Mediação entre teoria linguística e ensino

de línguas. Importância de outros campos do

conhecimento. Restrita a ensino/aprendizagem do inglês.

(papel colonialista-o grande negócio)

A segunda virada: LA em contextos institucionais diferentes de escolares

Ensino de inglês e tradução. Ensino e aprendizagem de

língua materna. Letramentos Outros ambientes institucionais:

mídia, empresa, delegacia, clínica médica: a importância da linguagem na construção do conhecimento e da vida social (Vygotsky e Bakhtin).

Discurso/Interação.

Por uma LA indisciplinar

Investigação sobre as práticas sociais em que vivemos

Não se constituir como disciplina: área mestiça e nômade.

Pensar para além de paradigmas. LA transdisciplinar e não solucionista. “espaço aberto com múltiplos centros” Reino da ideologia

Pós modernidade

A pós-Modernidade a que se refere Hall, mencionada por alguns autores por Modernidade Tardia, Alta Modernidade ou Contemporaneidade, corresponde, segundo Anthony Giddens (2002:221), à “presente fase de desenvolvimento das instituições modernas, marcada pela radicalização

A modernidade, para Giddens, introduziu um dinamismo elementar na vida humana, que veio associado a mudanças nos processos de confiança e nos ambientes de risco que geraram, por sua vez, uma época marcada pela alta ansiedade.

“O ‘mundo’ em que agora vivemos, assim, é em certos aspectos profundos muito

diferente daquele habitado pelos homens em períodos anteriores da história. É de

muitas maneiras um mundo único, com um quadro de experiência unitário (por

exemplo, em relação aos eixos básicos de tempo e espaço), mas ao mesmo tempo um

mundo que cria novas formas de fragmentação e dispersão.”

Wilmar do Valle Barbosa sobre os Tempos Pós-Modernos (1985:8 in Lyotard, 2003) considera que “o cenário pós-moderno é essencialmente cibernético-informático e informacional”. O novo cenário é marcado pela heterogeneidade e desfragmentação, em espaços múltiplos, fundidos, disjuntos e combinados, além do enfoque no marginal, cotidiano, desenhado em uma democratização desfragmentada.

O desenho da grande moldura pós-moderna, segundo o autor, é focado na relação

estabelecida entre o homem e as diferenças e/ou variadas comunidades interpretativas, o homem e sua relação com os determinismos

locais (Gomes, 2007).

O problema da identidade como fruto da contemporaneidade, que o coloca atual a partir do momento em que perde as âncoras sociais quea faziam parecer ‘natural’, pré-determinada e inegociável.

Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras. Por exemplo, odeio falar sobre crianças, empregadas e liquidações. Tenho vontade de cometer haraquiri quando me convidam para um chá de fraldas e me sinto esquisita à beça usando um lencinho amarrado no pescoço. Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo. Quem me vê caminhando na rua, de salto alto e delineador, jura que sou tão feminina quanto as outras: ninguém desconfia do meu hermafroditismo cerebral. Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa.

Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos. (...)Sou tantas que mal consigo me distinguir. Sou estrategista, batalhadora, porém traída pela comoção. Num piscar de olhos fico terna, delicada. Acho que sou promíscua, doutor Lopes. São muitas mulheres numa só, e alguns homens também. Prepare-se para uma terapia de grupo.(Divã- Martha Medeiros)

Em nossa época líquido-moderna, o mundo em nossa volta está

repartido em fragmentos mal coordenados, enquanto as nossas

existências individuais são fatiadas numa sucessão de episódios fragilmente conectados.[...]

Conseqüência da instabilidade: todos pertencemos a várias

comunidades e temos, por isso, várias identidades.

As “identidades” flutuam no ar, algumas de nossas próprias escolhas, mas outras infladas e lançadas pelas pessoas em

nossa volta, e é preciso estar em alerta constante para defender as primeiras em relação às últimas.

‘Liquidez’, ‘fragmentação’ e ‘mescla’ são as palavras de ordem que permeiam esse ambiente pós-moderno que, conforme assinala Bauman (2007), é paradoxalmente marcado pela necessidade de individualidade. Tarefa que por sua vez, é autocontraditória e autofrustante, sendo impossível de realizá-la. Viajando pelas redes da cibernética, a identidade aumenta a atração pelo hibridismo, tornando-se heterogênea, efêmera, volátil, incoerente e eminentemente mutável.