xylem portugal - entrevista duarte ferreira

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8 | Dezembro 2012 Destaque 2 que a Xylem trabalha, tem uma pre- sença de décadas no mercado portu- guês, ao nível de bombas submersí- veis de águas e águas residuais. Mas este lançamento do Flygt Expe- rior acaba por ser apenas a ponta do icebergue de uma estratégia de fundo da empresa, até a nível global. A Xylem internacional está a fazer uma primei- ra abordagem à área de análise analíti- ca da água, depois da aquisição de empresas especializadas neste merca- do. «Estamos a introduzir esses produ- tos no nosso porta-fólio, com alguma brevidade», esclarece Duarte Ferreira, managing director da empresa. Mais difícil é obter uma data concreta para a apresentação desta área de negócios ao mercado nacional. O responsável refere que a Xylem Portugal ainda está «a preparar esses planos, mas isso tem de ser feito com alguma calma, degrau a degrau. No espaço de um ano já contamos abordar o mercado com todo o porta-fólio». Na mesma situa- ção está o segmento de flow control, que visa «sistemas de bombagem para aplicações muito específicas», para a indústria, nomeadamente a indústria naval, alimentar ou farmacêuticas. Reutilizar e alugar Face à incapacidade orçamental para grandes investimentos, por parte do mercado das águas e águas residuais, a Xylem Portugal não hesita em afirmar que, por força das circunstâncias, os serviços de reparações e de aluguer têm visto uma maior procura do que no passado. «Precisamente porque os donos de obra tentam, de alguma maneira, continuar os investimentos já feitos», justifica Duarte Ferreira. Nesse sentido, a empresa tem aposta- do em força na componente de repara- Novos serviços são arma estratégica da Xylem Sabendo que a retracção do mercado nacional não deixa ninguém indiferen- te, a Xylem Portugal tem feito novas apostas em serviços diferenciadores e integrados. A herdeira da ITT Portugal – uma mudança institucional de nome motivada pela estratégia bolsista da empresa-mãe – quer enfrentar a crise com um investimento na reparação de bombas de águas e águas residuais, mas também na promoção de um ser- viço completo e integrado. Em termos práticos, tal implica estender a oferta à componente analítica ou de flow control para bombagem de outros tipos de líquidos industriais, mas também pas- sar a promover conceitos integrados junto do mercado, em vez de apresen- tar equipamentos isolados. As mudan- ças serão visíveis já a partir do próxi- mo ano. Um dos exemplos concretos da nova postura foi assumido pela empresa a 21 de Novembro, com o lançamento do sistema Flygt Experior. «Mais do que um produto, é um conceito no qual, em vez de fornecermos uma bomba, avançamos com uma solução integrada para um maior nível de ren- dimento», começa por avançar Olivier Durão, do departamento comercial da empresa. O sistema integra as ver- tentes de hidráulica, com motores de eficiência e controlos inteligentes. A empresa estima que, com esta integra- ção de equipamentos, se possam alcan- çar até 50 por cento de maior econo- mia energética, comparando com soluções convencionais de bombas de águas residuais. Para o lançamento, foram delineados dois seminários – um em Lisboa, outro no Porto – de apresentação ao merca- do. Para já, a Xylem Portugal não pre- tende traçar objectivos de venda concre- tos. «Não temos uma expectativa de venda imediata, queremos mostrar ao mercado que esta é uma nova fase ao nível da bombagem de águas resi- duais», explica o responsável. Não obstante, a empresa espera, daqui a dois ou três anos, estar perfeitamente enraizada no mercado. Até porque a Flygt, uma das principais marcas com ção, vertente que justificou, também, as instalações recentes da empresa, em Forte da Casa, com amplas oficinas para realizar este serviço. O que resul- ta num fortalecimento da oferta de contratos de manutenção, para alavan- car o volume de facturação, num mer- cado que pode representar um forte potencial. «Sendo uma marca que está no mercado nacional há tantos anos, a Flygt tem uma base de bombas insta- lada muito ampla. Há equipamentos instalados há dez, 20, 40 anos atrás, que precisam agora de reparação. E, como o investimento num equipamen- to novo é avultado, os donos de obra consideram que mais vale fazer uma reparação», adianta o gestor. Até uma bomba de 1971 já foi parar à oficina da Xylem. Para fechar o ciclo de venda e pós- -venda, surge também a vertente do aluguer de equipamentos, mais virada para situações de emergência pontuais de escoamento. Com a vantagem de, perante o mercado, serem o único player a actuar em território nacional, sublinha a Xylem, perante a desistên- cia recente do único concorrente de negócio. Para este ano, a empresa espera man- ter o nível de facturação alcançado em 2011. Algo que, em altura de crise, Duarte Ferreira considera «uma vitó- ria». Numa análise ao mercado nacio- nal, o segmento municipal – ligado à bombagem de estações elevatórias, estações de tratamento de água e esta- ções de tratamento de águas residuais – parece estar em melhor forma do que a área de construção e edifícios, apesar da derrapagem temporal dos projectos. «Continuam a sair projectos [municipais] para o mercado, porque as redes de saneamento ainda preci- sam de muito investimento para a sua modernização. A única barreira é que, desde o memorando de entendimento com a troika [Fundo Monetário Inter- nacional, Banco Central Europeu e União Europeia], os projectos demo- ram, em média, mais seis meses para serem implantados», considera. Para 2013, a estratégia da Xylem conti- nua a assentar no alargamento a novos mercados e nichos, de forma a manter a facturação, acomodando as quebras conjunturais nos mercados tradicio- nais. Além disso, a abordagem do mer- cado está a começar a assentar mais no contacto personalizado com os clientes. Em Fevereiro do ano passado, a ex- -ITT criou uma equipa de apoio especí- fico a projectistas e, entretanto, um gestor técnico para tratamentos avan- çados veio reforçar a equipa. Até porque, além da bombagem, o planea- mento de porta-fólio da Xylem quer abranger, cada vez mais, os tratamen- tos primários, secundários e terciários de águas residuais. No próximo ano prossegue também a comercialização do produto mais recen- te da Xylem em território nacional, cuja apresentação decorreu no segundo semestre de 2012. Trata-se da bomba de circulação doméstica Lowara Ecocirc, com alta eficiência. Segundo a empresa, este equipamento da marca italiana Lowara assegura um período de retorno de dois a três anos, reduzindo os custos de electricidade em 90 por cento. Marisa Figueiredo Pedro M. Nunes Área de actividade bombagem e tratamentos avançados Colaboradores 30 Marcas representadas Flygt, Lowara, Vogel Pumpen, Wedeco, Godwin, Sanitaire, Leopold e AC Fire Pump Volume de negócios 3,8 mil milhões de dólares em 2011 (do grupo internacional) Xylem Water Solutions Portugal Integração de equipamentos permite poupança energética de 50 por cento, salientam Duarte Ferreira e Olivier Durão A apresentação ao mercado de soluções integradas de equipamentos e análise faz parte da estratégia da Xylem, ex-ITT Portugal, para manter a facturação em anos de crise. A empresa, que comercializa bombas para o sector da água e saneamento e tratamentos avan- çados de águas residuais, lançou, em Novembro, um novo conceito. 08 Destaque 2 12/11/27 19:29 Page 8

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Page 1: Xylem Portugal - Entrevista Duarte Ferreira

8 | Dezembro 2012

DDeessttaaqquuee 22

que a Xylem trabalha, tem uma pre-sença de décadas no mercado portu-guês, ao nível de bombas submersí-veis de águas e águas residuais. Mas este lançamento do Flygt Expe-rior acaba por ser apenas a ponta doicebergue de uma estratégia de fundoda empresa, até a nível global. AXyleminternacional está a fazer uma primei-ra abordagem à área de análise analíti-ca da água, depois da aquisição deempresas especializadas neste merca-do. «Estamos a introduzir esses produ-tos no nosso porta-fólio, com algumabrevidade», esclarece Duarte Ferreira,managing director da empresa. Maisdifícil é obter uma data concreta paraa apresentação desta área de negóciosao mercado nacional. O responsávelrefere que a Xylem Portugal aindaestá «a preparar esses planos, mas issotem de ser feito com alguma calma,degrau a degrau. No espaço de um anojá contamos abordar o mercado comtodo o porta-fólio». Na mesma situa-ção está o segmento de flow control,que visa «sistemas de bombagem paraaplicações muito específicas», para aindústria, nomeadamente a indústrianaval, alimentar ou farmacêuticas.

Reutilizar e alugarFace à incapacidade orçamental paragrandes investimentos, por parte domercado das águas e águas residuais, aXylem Portugal não hesita em afirmarque, por força das circunstâncias, osserviços de reparações e de aluguertêm visto uma maior procura do queno passado. «Precisamente porque osdonos de obra tentam, de algumamaneira, continuar os investimentos jáfeitos», justifica Duarte Ferreira. Nesse sentido, a empresa tem aposta-do em força na componente de repara-

Novos serviços são arma estratégica da Xylem

Sabendo que a retracção do mercadonacional não deixa ninguém indiferen-te, a Xylem Portugal tem feito novasapostas em serviços diferenciadores eintegrados. A herdeira da ITT Portugal– uma mudança institucional de nomemotivada pela estratégia bolsista daempresa-mãe – quer enfrentar a crisecom um investimento na reparação debombas de águas e águas residuais,mas também na promoção de um ser-viço completo e integrado. Em termospráticos, tal implica estender a oferta àcomponente analítica ou de flow controlpara bombagem de outros tipos delíquidos industriais, mas também pas-sar a promover conceitos integradosjunto do mercado, em vez de apresen-tar equipamentos isolados. As mudan-ças serão visíveis já a partir do próxi-mo ano.Um dos exemplos concretos da novapostura foi assumido pela empresa a21 de Novembro, com o lançamentodo sistema Flygt Experior. «Mais doque um produto, é um conceito noqual, em vez de fornecermos umabomba, avançamos com uma soluçãointegrada para um maior nível de ren-dimento», começa por avançar OlivierDurão, do departamento comercial daempresa. O sistema integra as ver-tentes de hidráulica, com motores deeficiência e controlos inteligentes. Aempresa estima que, com esta integra-ção de equipamentos, se possam alcan-çar até 50 por cento de maior econo-mia energética, comparando comsoluções convencionais de bombas deáguas residuais. Para o lançamento, foram delineadosdois seminários – um em Lisboa, outrono Porto – de apresentação ao merca-do. Para já, a Xylem Portugal não pre-tende traçar objectivos de venda concre-tos. «Não temos uma expectativa devenda imediata, queremos mostrar aomercado que esta é uma nova fase aonível da bombagem de águas resi-duais», explica o responsável. Nãoobstante, a empresa espera, daqui adois ou três anos, estar perfeitamenteenraizada no mercado. Até porque aFlygt, uma das principais marcas com

ção, vertente que justificou, também,as instalações recentes da empresa, emForte da Casa, com amplas oficinaspara realizar este serviço. O que resul-ta num fortalecimento da oferta decontratos de manutenção, para alavan-car o volume de facturação, num mer-cado que pode representar um fortepotencial. «Sendo uma marca que estáno mercado nacional há tantos anos, aFlygt tem uma base de bombas insta-lada muito ampla. Há equipamentosinstalados há dez, 20, 40 anos atrás,que precisam agora de reparação. E,como o investimento num equipamen-to novo é avultado, os donos de obraconsideram que mais vale fazer umareparação», adianta o gestor. Até umabomba de 1971 já foi parar à oficinada Xylem. Para fechar o ciclo de venda e pós--venda, surge também a vertente doaluguer de equipamentos, mais viradapara situações de emergência pontuaisde escoamento. Com a vantagem de,perante o mercado, serem o únicoplayer a actuar em território nacional,sublinha a Xylem, perante a desistên-cia recente do único concorrente denegócio. Para este ano, a empresa espera man-ter o nível de facturação alcançado em2011. Algo que, em altura de crise,Duarte Ferreira considera «uma vitó-ria». Numa análise ao mercado nacio-nal, o segmento municipal – ligado àbombagem de estações elevatórias,estações de tratamento de água e esta-ções de tratamento de águas residuais– parece estar em melhor forma doque a área de construção e edifícios,apesar da derrapagem temporal dos

projectos. «Continuam a sair projectos[municipais] para o mercado, porqueas redes de saneamento ainda preci-sam de muito investimento para a suamodernização. A única barreira é que,desde o memorando de entendimentocom a troika [Fundo Monetário Inter-nacional, Banco Central Europeu eUnião Europeia], os projectos demo-ram, em média, mais seis meses paraserem implantados», considera. Para 2013, a estratégia da Xylem conti-nua a assentar no alargamento a novosmercados e nichos, de forma a mantera facturação, acomodando as quebrasconjunturais nos mercados tradicio-nais. Além disso, a abordagem do mer-cado está a começar a assentar mais nocontacto personalizado com os clientes.Em Fevereiro do ano passado, a ex--ITT criou uma equipa de apoio especí-fico a projectistas e, entretanto, umgestor técnico para tratamentos avan-çados veio reforçar a equipa. Atéporque, além da bombagem, o planea-mento de porta-fólio da Xylem querabranger, cada vez mais, os tratamen-tos primários, secundários e terciáriosde águas residuais. No próximo ano prossegue também acomercialização do produto mais recen-te da Xylem em território nacional, cujaapresentação decorreu no segundosemestre de 2012. Trata-se da bomba decirculação doméstica Lowara Ecocirc,com alta eficiência. Segundo a empresa,este equipamento da marca italianaLowara assegura um período de retornode dois a três anos, reduzindo os custosde electricidade em 90 por cento.

Marisa Figueiredo

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Xylem Water Solutions Portugal

Integração de equipamentospermite poupança

energética de 50 por cento,salientam Duarte Ferreira

e Olivier Durão

A apresentação ao mercado de soluções integradas de equipamentos e análise faz parte da estratégia da Xylem, ex-ITT Portugal, paramanter a facturação em anos de crise. A empresa, que comercializa bombas para o sector da água e saneamento e tratamentos avan-çados de águas residuais, lançou, em Novembro, um novo conceito.

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