xx s eme a seminários em administração issn...
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XX SEMEADSeminários em Administração
novembro de 2017ISSN 2177-3866
O CALDEIRÃO NÃO DURA MAIS QUE DEZ ANOS!
RENAN PEREIRAUNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI (UFCA)[email protected]
ITALO ANDERSON TAUMATURGO DOS SANTOSUNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA (UFPB)[email protected]
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O CALDEIRÃO NÃO DURA MAIS QUE DEZ ANOS!
1. Introdução
O raiar do sol era o despertador dos que ali habitavam naquela cidade do Crato
pertencente a região do Cariri, localizada ao sul do Estado do Ceará. Todos levantavam-se
cedo, por volta das 05:30H, para dar início as suas tarefas diárias. Cada habitante tinha o
conhecimento de qual era o seu dever durante o dia. O beato, este que nasceu na Paraíba, filho
de escravos alforriados, migrou da Paraíba para o estado do Ceará no ano de 1890 para morar
especificamente no vilarejo de Tabuleiro Grande, hoje conhecido como a cidade de Juazeiro
do Norte, a fim de encontrar os seus pais que naquele vilarejo moravam. Naquele lugar
conheceu o Padre Cícero, se tornando um de seus seguidores e posteriormente beato do Padre.
Padre Cícero, também chamado de Padim Ciço, pelos seus fiéis, nasceu na cidade
do Crato. Ele, que muito conversava com seus seguidores, em um dos seus relatos comentou
que em sonho, Deus teria dado a ele uma missão de cuidar dos pobres da terra onde nascera.
O trabalho que o Padim fazia com seus fiéis era de aconselhamento, pregação da palavra de
Deus, confissões e visitas domiciliares e foi assim que ele conseguiu conquistar a confiança
de seus fiéis. Os conselhos do Padre Cícero e um suposto milagre de que uma hóstia sagrada
entregue pelo padre teria se transformado em sangue na boca de uma beata, trouxeram uma
legião de fiéis seguidores, que passaram a enxergar aquela região como um lugar de fé.
O beato, que conquistou a confiança do Padre Cícero, estava à frente da
comunidade do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto1, que tratava-se de um sítio de alguns
hectares de terra doados pelo Padre Cícero para acolher pobres e flagelados que tentavam
sobreviver à grande seca enfrentada pelos nordestinos. A casa do beato era a maior da
localidade, não por uma questão hierárquica de centralização do poder, tampouco para a sua
glória, mas por haver na sua residência um lugar de cultuação religiosa.
A figura do beato era respeitada por todos da comunidade. Todos os dias era de
praxe os comunitários irem até o beato pedir a benção, assim como o beato fazia com o Padim
Ciço, afinal, o beato era quase tão admirado quanto o mesmo.
- Beato: A bença meu Padim?!
- Padim Ciço: Deus te cubra de bênçãos meu filho. Como estão as coisas no
Caldeirão? Está chegando essa semana ainda um pessoal lá do Pernambuco para passar uma
jornada aqui, pois a cidade onde eles moram não tem água nem para beber e quando eles
chegarem irei abençoá-los e mandarei para o Caldeirão.
- Beato: Estamos conseguindo nos reerguer depois que fomos tirados do Baixa
D’anta2, porque chegamos lá apenas com a fé em Deus, o aprendizado e nada mais. Porém,
Deus sempre ajuda à nós, pobres! Pode mandar os que vão chegar, se eles tiverem coragem de
trabalhar e muita fé em Deus, fome e sede eles não passarão mais, se Deus quiser.
- Padim Ciço: Tenha Paciência, o nosso Deus sempre sabe o que está fazendo. Ele
escreve certo por linhas tortas. Essa mudança foi apenas uma das muitas dificuldades que
1 Caldeirão de Santa Cruz do Deserto: Seu nome faz referência à localidade que tinha um buraco e , quando
chovia, armazenava água. Esse buraco tinha formato de um caldeirão.
2 Baixa D’anta: Pedaço de terra arrendada pelo Padre Cícero doado ao Beato para acolher os pobres e
flagelados que estavam vindo para a região.
2
vocês ainda irão passar. O sítio do Caldeirão, assim como o Baixa D´anta, também não durará
muito, 10 anos será o máximo.
E assim eram as conversas entre o beato e o Padim Ciço, sempre com a cabeça
pensando no futuro. O padim dava bênçãos e ensinamentos. O beato, como bom ouvinte que
era, internalizava tudo o que era dito pelo padim e comunitários para planejar as ações que
seriam desenvolvidas no sítio.
2. Um lugar de fé e trabalho.
A produção do Caldeirão era diversificada. Até as vestimentas eram feitas através
do algodão retirado na colheita e costurado boa parte à mão, em oficinas de tecelagem que
ficavam instaladas em casas de apoio. Além do vestuário, as ferramentas para o trabalho eram
fabricadas manualmente. O imóvel que hospedava a produção de ferramentas, sabão, panelas,
baldes e outros artefatos não era nada sofisticado. Tudo era feito à base de muito suor. O
beato acompanhava tudo de perto:
- Beato: Boa Tarde seu João?!
- João: Boa Tarde, Beato! A que devo a honra a sua visita aqui na oficina? Algum
problema?
- Beato: Calma, homem! Estou apenas dando uma olhada na produção, estão
precisando de ajuda?
- João: Não senhor! Está tudo certo aqui. Os cabra3 aqui fazem é trabalhar com
gosto.
- Beato: João, vou precisar de uma enxada e um martelo novo para a próxima
semana, tem como?
- João: Tem sim senhor.
- Beato: É que vou mudar um homem de lugar e ele vai precisar dessas
ferramentas.
- João: Tá certo! É só vir buscar que vai tá pronto.
- Beato: Certo, João! Agradeço! Que Deus abençoe o trabalho de vocês.
Eram os fiéis que conheciam todo o processo de produção, que tinha como base as
experiências vividas dos lugares de onde vinham. Por esse motivo, o beato sempre levava em
consideração as falas de seus seguidores na tomada das decisões.
- João: A bença beato?!
- Beato: Deus te abençoe e guie seus caminhos, meu filho.
- João: Amém! Hoje vou para a roça de algodão, que graças a Deus está rendendo
muito e é isso que me faz querer trabalhar ainda mais! Sim, Beato, temos que pensar em um
local novo para guardar a colheita deste mês que Deus abençoou e foi tudo com muita fartura.
- Beato: Fico muito feliz que a roça ta rendendo, e quero que saiba que sua ajuda
contribuiu bastante para isso. Não se preocupe que eu já estou arrumando um lugarzinho
especial para essa colheita.
- João: Desde que vinhemos para esse lugar, não sei mais o que é passar fome,
graças a Deus e ao senhor.
- José: Vamos João, que hoje a trabaiada vai ser grande, e hoje é dia de missa!
Temos que voltar mais cedo. Já ia esquecendo: a bença beato?!
- Beato: Deus te abençoe meu Filho, vão com Deus!
3 Cabra: No nordeste do Brasil, é sinônimo de Homem.
3
O sentimento de igualdade entre os moradores do Caldeirão era internalizado dia-
a-dia, sendo nas ações corriqueiras ou até mesmo na hora da partilha da colheita, das doações,
assim como os frutos dos trabalhos em outros sítios como na lavoura ou em afazeres da casa.
E assim, todos eram iguais aos olhos de Deus e dos próprios moradores da comunidade. O
Caldeirão não era lugar para quem queria ser maior que o outro! O beato sempre dizia:
- Beato: Sejam bem-vindos a essa terra que é sustentada pela fé!
- Francisco: Obrigado beato, já ouvimos falar muito daqui e de como o senhor
comanda esse lugar. Dizem que o senhor é daqueles, que anda junto, que escuta os que o
acompanham e acho que é isso que faz esse lugar prosperar. Ficamos muito feliz por aceitar
eu e minha família aqui! As coisas na Paraíba não estão indo bem e ficarei satisfeito se puder
ajudar em qualquer coisa...
- Beato: Esse sítio quem comanda é Deus! Eu sou apenas um servo dele. Aqui
somos todos iguais, por isso esse não é lugar para quem quer ser grande. Hoje você ajudará na
colheita de arroz, mas conversarei com outros homens para perguntar onde eles estão
precisando de ajuda.
- Francisco: Certo, Beato! Serei feliz onde o senhor me colocar.
Dessa forma, a convivência no Caldeirão baseava-se nos pilares da fé, do trabalho
e da igualdade, proporcionando o bem comum dos que ali habitavam. Os moradores mesmo
com jornadas de trabalhos de 06:00 da manhã as 17:00 da tarde, não sentiam-se explorados,
pois sabiam que tudo o que eles estavam colhendo e plantando, era para o seu benefício e da
comunidade e isso os deixavam satisfeitos ao realizarem seus trabalhos.
3. Um Caldeirão de prosperidade
A notícia da prosperidade no Caldeirão, mesmo com a dificuldade de informação
da época, era muito dizimada. Era uma comunidade que prosperava com muita fartura, e o
número de pobres e flagelados que procuravam abrigo na localidade só aumentava. No ano de
1934, já habitavam cerca de três mil pessoas no Caldeirão.
- Padim Ciço: Diga ao Beato que eu preciso falar com ele.
- Maria de Jesus: Certo padim, já terminei a venda de sabão que tinha sobrado
depois da partilha com todos e graças a Deus ainda conseguimos um bom dinheiro. Hoje
mesmo voltarei ao Caldeirão.
- Padim Ciço: Graças a Deus que as coisas estão indo tão bem lá no Caldeirão,
Maria! Pois dê meu aviso e peça para ele vir o mais rápido possível.
Maria de Jesus era natural do Pernambuco e tinha ido para Tabuleiro Grande só
com a fé e a roupa do corpo. A mesma voltou ao Caldeirão com um sorriso no rosto, devido
às vendas que tinha feito, trazendo um recado do padim Ciço.
- Maria de Jesus: Beato, as vendas foram boas, Graças a Deus! E o Padim Ciço
me pediu pra lhe trazer um recado.
- Beato: Graças a Deus! Agora diga o que o padim Ciço mandou dizer.
- Maria: Ele pediu para o senhor ir la no Tabuleiro o mais rápido possível, que ele
precisa falar com o senhor.
- Beato: Obrigado, Maria! Amanhã mesmo irei para a missa cedinho e depois
conversarei com ele.
Antes mesmo do raiar do sol, o Beato já pegou sua carroça e foi à missa, indo em
seguida ao encontro do padre:
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- Beato: A bença Padim…
- Padim Ciço: Deus te abençoe, meu filho! Espero que sua vinda aqui seja por
causa do meu chamado.
- Beato: Foi isso mesmo, padre! A Maria me passou o recado e hoje cedinho eu
vim.
- Padim Ciço: Bem, a notícia de uma comunidade que está acolhendo os pobres tá
se espalhando muito rápido. Todos os dias vêm fiéis me pedindo ajuda e um lugar para morar.
Até as autoridades já estão querendo saber como vocês conseguem se manter com tão pouco.
Todos estão querendo ir para lá.
- Beato: Não sei se aqueles hectares de terra que o senhor nos doou vai suportar
tanta gente de uma forma que nenhum volte a passar fome! Não sei mais o que fazer, pois
todos que chegam lá, sinto a necessidade de ajudá-los!
- Padim Ciço: Tenha Calma! Deus vai ajudar todo mundo e se for preciso eu lhe
darei mais espaço. Só estou com medo do governo pensar que estamos criando uma
comunidade comunista ou de adoração no Caldeirão! Mas Deus irá clarear o pensamento
desse povo.
- Beato: Amém! Que seja feita a vontade dele. Ele sabe o que é melhor para todos,
e todo mundo que lá chegar, continuarei acolhendo de braços abertos.
- Padim Ciço: Certo! Agora volte ao Caldeirão. Aquele povo precisa de você.
Deus te abençoe!
4. Querem o fim do Caldeirão!
Naquele período, o Brasil atravessava uma crise governamental. O país acabara de
vivenciar a chamada Revolução de 30, na qual deixou de ser república velha, que tinha como
principal característica a centralização de poder dos governantes. Além da crise política,
passava também por uma crise financeira. Em meio à essas crises e mudanças, transitava no
país um movimento de instaurar uma revolução comunista para tomada de poder do então
presidente Getúlio Vargas. Esse movimento fez com que o governo buscasse travar toda e
qualquer tentativa de implantação de propostas orientadas pelo ideal comunista.
Embora a comunidade sequer possuísse entendimento do que seria um movimento
comunista, o boato de que no Caldeirão formava-se uma comunidade adepta à esse
movimento, se espalhou rapidamente. Sem conhecimento do que se passava no país durante
aquele período, o Caldeirão continuava firme, prosperando por quase 10 anos sem nenhum
ataque do governo ou da igreja. Uma primeira visita de soldados representando o governo
com intenção de destruir tudo e todos que estavam no Caldeirão, foi planejada! Eles foram
preparados para lutar, mas ao chegar no local, uma surpresa tiveram:
- Beato: Estão saindo boatos de que hoje a nossa comunidade será atacada por
soldados do governo! Oriento a todos que fiquem dentro de suas casas e caso eles ataquem,
não reajam a nada! Deus irá nos ajudar.
- João: Mas Beato, eles vão destruir tudo que a gente construiu com muito
esforço. Nada aqui foi roubado de ninguém! Todas essas casas de taipas foram construídas
por nós! Esse terreno foi doado pelo Padre Ciço! Por que eles querem destruir as nossas
casas?
- Beato: Se Deus permitiu, ele deve ter um propósito meu filho! Não vamos
arriscar nossas vidas para defender nossos bens materiais, assim como Deus deu uma vez, ele
dará novamente. Agora vão para as suas casas e mantenham seus filhos perto.
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Assim aqueles trabalhadores fizeram. Voltaram para as suas humildes casas feitas
de taipa4 e lá aguardaram a chegada dos guardas, sempre com os seus terços nas mãos,
pedindo piedade à Deus. Quando os soldados chegaram com todo o seu poder de destruição,
nada os moradores fizeram para se defender, assim como o beato havia lhes instruído. Todas
as casas foram revistadas e reviradas tendo seus humildes objetos destruídos. No entanto, não
encontraram nenhum sinal de adoração e fanatismo e foram embora.
Entretanto, esse não foi o único ataque sofrido pelo sítio Caldeirão. Houveram
outros ataques, na mesma tentativa de destruir toda a localidade e os moradores. Os residentes
sabiam que se acontecesse a destruição do sítio, eles não teriam para onde ir, pois mesmo com
toda a prosperidade do Caldeirão, ainda não dava para se manter fora daquele espaço, pois
teriam que começar tudo, por uma terceira vez.
- Francisco: Se o Caldeirão acabar, acaba também a minha vida, pois não tenho
para onde ir com minha família e não quero passar fome outra vez.
- José: Eu também não tenho pra onde ir! O Caldeirão salvou a minha vida, os
meus filhos e hoje eles têm o que comer e água limpa para beber.
- Francisco: Precisamos defender o nosso lugar! Não podemos deixar que eles
destruam tudo que a gente construiu.
- José: Eu concordo que a gente tem que se defender! Não estamos fazendo nada
de errado para eles quererem nos matar.
- Francisco: Da próxima vez que eles vierem nos atacar não irei ficar quieto, nem
que eu morra, mas vou defender o meu ganha pão e minha morada.
O sentimento de medo entre os moradores era notório. Em suas conversas e seus
atos, o beato tentando aliviar o medo que assolava eles, trazia explicações por meio do uso da
palavra de Deus. A capelinha situada na parte central do Caldeirão, se tornou um lugar de
penitência diária. Os comunitários pediam que Deus tivesse piedade para que nada de mau
acontecesse com eles.
- Antonia: Hoje vou passar a noite toda de joelhos lá no pé do altar da capela,
pedindo que Jesus Cristo tende piedade de nós.
- Luiza: Eu fiz isso noite passada com Joaninha, a esposa de José! Passamos a
noite em vigília, pedindo que ele tivesse compaixão da gente.
O medo do desconhecido consumia os moradores e fazia com que eles tomassem
decisões precipitadas, como pensar em fugir, mesmo sem ter para onde ir ou até mesmo tentar
suicídio por medo de ser levado para outros lugares em que seriam escravizados e mortos.
5. E agora, Beato?
As notícias de que estavam chegando tropas militares de Fortaleza e outras
regiões para destruir o local, eram corriqueiras e todos que ali passavam, questionavam a
mesma coisa:
- Chico: O que vocês ainda fazem aqui? As tropas estão vindo!
- Beato: Esses pobres coitados não tem para onde ir e se daqui saírem vão só
passar fome por essas estradas.
- Chico: Mas beato, ouvi dizer que estão vindo muitos homens! Eles vão matar
todos vocês.
4 Taipa: Parede de construções rústicas, feita de barro (a que se misturam às vezes areia e cal) comprimido numa
estrutura entretecida de varas ou taquaras;
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- Beato: Não temos o que fazer! Os abrigos que consegui, nenhum tem suporte
para todos. Estamos sem saída!
- Chico: Pois eu passei só para avisar! Quero estar bem longe daqui quando eles
vierem!
- Beato: Vamos nos preparar com muita oração, pois esta é nossa arma mais forte!
Vá com Deus!
O segundo ataque estava planejado para 09 de setembro de 1936, com o intuito de
destruir a comunidade. Dessa vez, a destruição já era certa, mesmo sem motivos aparentes
para os moradores. Os guardas salientavam em usar armamentos pesados e bombas. A ideia
era manter os moradores em estábulos, nos quais os cavalos ficavam, um ambiente com chão
de areia, coberto com estrume e o com teto de palha e, nesse local, mantê-los até a morte. Os
moradores que reclamassem ou apresentassem sinais de revolta, seriam mortos ou expostos à
punições severas.
Depois de maltratarem ao máximo possível os moradores, aviões do exército
brasileiro vindo de Brasília, iriam trazer em seu carregamento, bombas para serem atiradas em
todo o sítio do Caldeirão, destruindo totalmente a plantação, as casas, as oficinas e tudo o que
tinha sido construído a base de muito suor e fé. O Caldeirão deixaria de existir, e sua história
deveria ser apagada.
Era um momento difícil para o beato. De um lado tinha a ciência de que a
comunidade que ajudou a construir estava prestes a ser bombardeada. De outro, via seus
comunitários preenchidos pelo medo e pela incerteza do que estava por acontecer. O beato,
que tinha o Padre Cícero como seu guia, lembrou, neste momento,de uma fala dita pelo padre:
“O Caldeirão não dura mais de 10 anos”...
Referências
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artigo “O Beato José Lourenço e sua ação no Cariri”, de José Alves de Figueiredo. Cordis:
Revista Eletrônica de História Social da Cidade, n. 3-4, 2009.
CORDEIRO, Domingos Sávio de Almeida. Caldeirão de Santa Cruz: memórias de uma
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FERNANDES, Cícera Amanda Guilherme. A negação dos direitos fundamentais pelo estado
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Dialogicidade, v. 5, n. 1, p. 12-23, 2014.
7
GODOI, Christiane Kleinübing. Passado, presente e futuro das teorias motivacionais. Rev.
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RAMOS, Francisco Regis Lopes. A Santa Cruz do Deserto: memórias do Caldeirão. Projeto
História. Revista do Programa de Estudos Pós-Graduados de História. ISSN 2176-2767,
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ROBBINS, Stephen; JUDGE, Tim; SOBRAL, Filipe. Comportamento organizacional:
teoria e prática no contexto brasileiro. Pearson Prentice Hall, 2010.
RUFFATTO, Juliane; PAULI, Jandir; FERRÃO, Augusto Rafael. Influência do estilo de
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VERGARA, Sylvia Constant. A liderança aprendida. GV-executivo, v. 6, n. 1, p. 61-65,
2007.
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Anexos
Figura 1. Capela localizada no Sítio
Caldeirão da Santa Cruz
Fonte: Autoria Própria.
Figura 2. Buraco localizado no sítio
que deu origem ao nome Caldeirão.
Fonte: Autoria Própria.
Figura 3. Fotografia do Beato líder da
comunidade do Caldeirão
Fonte:http://jornalggn.com.br/blog/luisnassi
f/o-massacre-do-canudos-cearense
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Notas de Ensino
1. Objetivos de Ensino
- Discutir os aspectos de liderança voltados para um modelo organizacional comunitário;
- Analisar como os fatores situacionais afetam na tomada de decisões dos líderes;
- Discutir sobre aspectos inerentes à gestão de pessoas com foco na motivação dos membros
da organização;
- Avaliar as ações/decisões tomadas pelos líderes identificados no caso, sugerindo alternativas
para melhor estruturação das decisões adotadas.
- Trazer a reflexão do papel do líder em situações incomuns ocorridas no ambiente interno e
externo à organização.
2. Fonte e Métodos de Coleta
Para a construção deste caso para ensino utilizaram-se dados coletados de fonte primária, bem
como dados secundários. As informações primárias foram coletadas através de uma visita
feita no mês de maio de 2016 no Sítio Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, na cidade do
Crato, Ceará. A visita foi parte do projeto chamado Andanças Culturais, realizado pelo
Programa de Educação Tutorial do Curso de Administração da Universidade Federal do Cariri
(PETADM-UFCA), que visa a interação dos estudantes da graduação com o meio cultural e
organizacional para melhor entendimento do processo de gestão de organizações locais. Na
visita foi conhecida a história do Caldeirão e o que sobrou depois dos ataques ocorridos na
localidade. Foi realizada uma conversa com o caseiro do sitio, que se mostrou uma fonte rica
de conhecimento. Na oportunidade, também foi adquirida informações sobre como está sendo
a gestão desse patrimônio. Como fonte secundária, foram feitas pesquisas em periódicos
acadêmicos sobre o Caldeirão, a fim de obter conhecimento histórico e científico dos
acontecimentos que se passaram na localidade e de fazer uma análise para entender melhor as
características do lugar e como foi todo o processo de construção a destruição dessa
comunidade.
3. Relações com os objetivos de um curso ou disciplina
O caso contextualiza e ilustra os conceitos, além de desenvolver competências, na área de
liderança e motivação nas organizações. Apresentando como ponto central a forma como a
comunidade gerava resultados positivos mesmo em condições desfavoráveis e o papel de
liderança exercido pelo beato, o caso consegue dialogar com as principais teorias de liderança
e motivação explanadas no curso de administração. Além do curso de administração, o caso
para ensino pode ser aplicado em áreas afins, mais precisamente em disciplinas que trabalhem
esse tipo de conteúdo. O caso poderá ser usado também em cursos de especialização que
apresente disciplinas que se relacionem com a temática de liderança e motivação, como por
exemplo, os cursos de especialização em Liderança e Gestão de Pessoas.
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4. Disciplinas sugeridas para uso do caso
Gestão de Pessoas, Comportamento Organizacional, Cultura e Mudança Organizacional,
Estratégia, Processo Administrativo, Processo Decisório e Liderança.
5. Possível organização da aula para uso do caso
Como forma de utilização deste caso para ensino recomenda-se o uso da discussão. Para
tanto, sugere-se que sejam seguidos os seguintes passos:
5.1. Preparação
Nesse primeiro momento são apresentados aos alunos, literaturas básicas para o assimilação
do caso. Com isto, o professor precisará fazer indicações de teorias que serviram como base
teórica para compreensão e suporte para as respostas das questões sugeridas no caso.
Aconselha-se que estas indicações sejam realizadas com no mínimo duas semanas de
antecedência da discussão. As sugestões bibliográficas para esta etapa, são indicadas no item
5.6.
5.2. Disponibilização O Caso deverá ser disponibilizado para os alunos que serão submetidos à metodologia do caso
para ensino. Recomenda-se que essa disponibilização ocorra com no mínimo uma semana de
antecedência para que os alunos façam uma leitura prévia.
5.3. Aplicação Posterior a finalização das etapas anteriores, pode-se então seguir para a aplicação do
caso, sendo demarcado os seguintes pontos:
Tema: Liderança e motivação nas organizações
Objetivo: Discutir sobre o papel do líder dentro da organização e sua influência na
motivação dos membros e nas decisões tomadas na organização, ampliando e
refletindo sobre os conceitos da administração relacionadas a esta temática.
Duração: 120 minutos.
Forma: a discussão da história do Caldeirão de Santa Cruz deverá ser feita com a
mediação do professor, seguindo o delineamento de algumas questões, apresentadas a
seguir:
a) Qual o principal líder encontrado no caso apresentado? Caracterize o estilo de
liderança adotado por este líder.
b) Você acredita que o estilo de liderança adotado pelo líder da comunidade era o
mais adequado? Justifique.
c) Na sua opinião, que aspectos contribuíram na motivação dos comunitários que
faziam parte do Caldeirão? Que outros fatores poderiam ser implementados na
gestão da comunidade para potencializar a motivação de seus membros?
d) Descreva as principais decisões tomadas pelo líder da comunidade no decorrer do
caso apresentado. Procure destacar como as contingências situacionais afetaram tais
decisões.
e) No desfecho da história relatada, o líder da comunidade estava vivenciando uma
situação extremamente peculiar e difícil: via a mobilização do governo que estava
prestes à bombardear a comunidade que o mesmo ajudou a construir, assim como via
os seus seguidores aflitos e temerosos à respeito do que estava por acontecer.Que
atitude você tomaria estando no lugar do líder ?
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Para um melhor aproveitamento das aulas é proposto que as questões sejam
disponibilizadas no momento que foi repassado o caso. Para a resolução das questões, é
sugerido que formem equipes de no mínimo 03 e no máximo 05 pessoas, e, havendo a
discussão entre os grupos sobre as perguntas mencionada acima. Além da discussão, é
solicitado a entrega de uma versão escrita das respostas da equipe e isso poderá ser usado
como forma de avaliação da disciplina. As questões dispostas pelo caso poderão ser
modificadas a depender da estratégia escolhida pelo professor.
6. Sugestões Bibliográficas
DA SILVA, Judson Jorge; DE ALENCAR, Francisco Amaro Gomes. Do sonho à devastação,
onde tudo se (re) constrói: Experiências e Memórias nas Lutas por Terra da Região do Cariri-
CE. Revista Nera, n. 14, p. 125-141, 2012.
DE MENEZES, BEZERRA; DIATAHY, Eduardo. Roger Bastide e a história dos
movimentos populares no Brasil- o caso do Caldeirão. 1985.
DE OLIVEIRA BATISTA, Nivea Patricia; KILIMNIK, Zélia Miranda; NETO, Mário
Teixeira Reis. Influência dos estilos de liderança na satisfação no trabalho: um estudo em uma
entidade de fins não econômicos. Navus-Revista de Gestão e Tecnologia, v. 6, n. 3, p. 24-
39, 2016.
FERNANDES, Cícera Amanda Guilherme. A negação dos direitos fundamentais pelo estado
na destruição da comunidade do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto. Revista Direito &
Dialogicidade, v. 5, n. 1, p. 12-23, 2014.
GODOI, Christiane Kleinübing. Passado, presente e futuro das teorias motivacionais. Rev.
adm. empres., São Paulo , v. 49, n. 2, p. 240-241, 2009 .
ROBBINS, Stephen; JUDGE, Tim; SOBRAL, Filipe. Comportamento organizacional:
teoria e prática no contexto brasileiro. Pearson Prentice Hall, 2010.
RUFFATTO, Juliane; PAULI, Jandir; FERRÃO, Augusto Rafael. Influência do estilo de
liderança na motivação e conflitos interpessoais em empresas familiares. Revista de
Administração FACES Journal, v. 16, n. 1, p. 30-44, 2017.
SOBRAL, Filipe; PECI, Alketa. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro.
Pearson Prentice Hall, 2013.
VERGARA, Sylvia Constant. A liderança aprendida. GV-executivo, v. 6, n. 1, p. 61-65,
2007.