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4 Resultados

Nesse captulo sero apresentados os resultados dos estudos de casos, cujos

dados foram coletados por meio de documentos da empresa, entrevistas e

questionrio.

Para facilitar a compreenso e posterior discusso desta pesquisa, este

captulo dividido em tpicos. Para um melhor entendimento do setor de bebidas

feita uma descrio desse setor, abordando ainda os segmentos de refrigerantes e

o de cervejas, mercados em que se situam os produtos dos estudos de casos

estudados.

Em seguida, so descritos os casos abordados nesta pesquisa Guaran

Antarctica, Xingu e Palma Louca com foco nas estratgias de

internacionalizao e de marketing, baseados em documentos das empresas e nos

relatos dos executivos e distribuidores.

De forma a complementar as entrevistas dos casos estudados, faz-se uma

anlise das respostas obtidas pelo questionrio aos estudantes estrangeiros sobre

vrias questes relevantes para a discusso final, ltimo tpico deste captulo.

4.1 O Setor de Bebidas no Brasil

Segundo o relatrio Panorama do Setor de Bebidas no Brasil, feito pelo

BNDES em 2006, a indstria de bebidas tem como caracterstica a produo de

bens relativamente homogneos e destinados, basicamente, ao consumo interno.

Os elementos fundamentais da estratgia empresarial nessa indstria so: emprego

dos canais de distribuio, os gastos com propaganda e a escolha das embalagens.

Nesse estudo avaliou-se que o investimento na formao de uma rede de

distribuio equivalente a trs vezes o valor do investimento fsico na planta

industrial. Os gastos com comunicao tambm tendem a se elevar de forma

diretamente proporcional ao aumento do faturamento. Tambm foi verificado que

o fator preo ainda o principal determinante do consumo nesse mercado. Isto ,

o mercado comprador sensvel a preo. Assim, mesmo que se invista em

qualidade e fixao de marca, a competio baseada no preo do produto final

ao consumidor.

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Ainda segundo esse estudo do BNDES, as maiores empresas do setor

utilizam-se das estratgias de economia de escala e escopo. Economias de escala

esto relacionadas produo em grande volume. No caso das economias de

escopo, os fabricantes de cerveja, por exemplo, produzem outros tipos de bebidas,

como refrigerantes, sucos e guas, para alcanar o sucesso em seus negcios.

O setor de bebidas, de acordo com esse relatrio do BNDES, dividido

pelos seguintes segmentos principais:

1. gua envasada (Potvel, Mineral, Mineralizada)

2. Bebidas tradicionais (Caf, Ch, Chocolate)

3. Bebidas no-alcolicas industrializadas (Refrigerantes, Sucos, Outras)

4. Bebidas alcolicas (Cervejas, Vinhos, Destilados, Outros)

Nesta pesquisa sero estudados os mercados de Refrigerantes e de Cervejas,

pois so os setores respectivos dos estudos de caso Guaran Antarctica e

cervejas Xingu e Palma Louca.

O relatrio do BNDES mostra uma forte tendncia do setor pela

diversificao de sabores e tipos de bebidas. Bebidas base de soja, mistura de

sabores e as linhas diet e light ganham progressivamente participao no mercado.

As embalagens convergem para formatos mais modernos, que chamem ateno e

sejam de fcil manuseio. Com isso, as empresas buscaro diferenciar seus

produtos para assegurar fidelidade s marcas e crescer a participao em nichos de

mercado de maior poder aquisitivo.

O documento conclui que a logstica de distribuio e o design das

embalagens ainda continuaro sendo os fatores estratgicos mais importantes para

manuteno das vantagens competitivas no mercado. Considerando os 180

milhes de brasileiros, existe um potencial grande de crescimento do setor de

bebidas no Brasil. Todavia, como a renda per capita da populao ainda baixa e

muito concentrada, existe um entrave ainda muito forte para esse crescimento.

4.1.1 Mercado de Refrigerantes

Segundo a Associao Brasileira das Indstrias de Refrigerantes e de

Bebidas No Alcolicas (ABIR), o incio da produo de refrigerantes no Brasil

deu-se no incio do sculo XX, com empresas desenvolvendo e produzindo

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refrescos, muitas vezes utilizando-se de suco de fruta misturado com gua. O

desenvolvimento econmico e o crescimento populacional experimentados pelo

Brasil na primeira metade do sculo XX proporcionaram a instalao, nos anos

40, de grandes produtores no pas.

De acordo com a ABIR, o Brasil o terceiro maior mercado de refrigerantes

no mundo, totalizando vendas de aproximadamente 123 milhes de hectolitros em

2004, atrs apenas de Estados Unidos e Mxico. Apesar do grande mercado, o

pas apresenta um consumo per capita baixo, de cerca de 70 litros/ano.

Alm disso, como atesta a ABIR em seu relatrio sobre o Panorama do

Setor em 2006, a concorrncia de outros tipos de bebidas no gaseificadas, como

guas, chs, mates, sucos, isotnicos e bebidas energticas, fez com que o volume

do setor crescesse muito pouco nos ltimos anos.

O market share do mercado de refrigerantes em 2008 no Brasil est dividido

da seguinte forma: 56,2% para Coca-Cola, 17,6% para Ambev, 6,9% para Pepsi-

Cola, 3,3% para Schincariol e 15,9% para Outras (disponvel em:

http://www.abir.org.br/. Acesso em: Setembro 2008).

Os grficos 12 e 13 mostram o perfil do mercado de refrigerantes no Brasil e

o comparativo do pas com outros mercados importantes, segundo um estudo

encomendado pela ABIR Fipe (Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas).

O grfico 12 mostra que o maior percentual no consumo de refrigerantes no

Brasil de sabor cola, com 52% de participao, seguido pelos refrigerantes de

sabor guaran, com 23%.

Por sua vez, o grfico 13 compara o consumo per-capita de refrigerantes

com a renda per capita em dlar de alguns pases. Apesar da renda per-capita

baixa dos brasileiros (US$ 4,8 mil por habitante), o pas o sexto maior

consumidor de refrigerantes per-capita do mundo.

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Grfico 12: Participao % por Sabor de Refrigerantes no Brasil, 2006

Fonte: ABIR. Disponvel em: http://www.abir.org.br/IMG/pdf/doc-165.pdf. Acesso

em: Janeiro 2009.

Grfico 13: Consumo e Renda per capita Refrigerantes Comparativo Pases -

2005

Fonte: ABIR. Disponvel em: http://www.abir.org.br/IMG/pdf/doc-165.pdf. Acesso

em: Janeiro 2009.

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4.1.2 Mercado de Cervejas

Atualmente o Brasil ocupa o quarto lugar no ranking mundial de produo

de cerveja, com 10,34 bilhes de litros por ano, segundo dados do Sindicato

Nacional da Indstria da Cerveja (Sindcerv). O pas perde apenas, em volume,

para a China (35 bilhes de litros por ano), Estados Unidos (23,6 bilhes de litros

por ano) e Alemanha (10,7 bilhes de litros por ano).

Segundo dados do Instituto Nielsen, os brasileiros consumiram 5,454

milhes de litros de cerveja de janeiro a setembro de 2008, o que representa um

acrscimo substancial sobre os 5,145 milhes de litros vendidos em igual perodo

de 2007.

Segundo o Sindcerv, o consumo per capita de cerveja no Brasil apresenta

uma mdia de 47,6 litros/ano por habitante, ficando abaixo do total registrado por

vrios pases, como indicado na tabela 7.

Tabela 7: Consumo per capita de cerveja no mundo

CONSUMO PER CAPITA ( litros/habitante ) Rep. Checa 158 Alemanha 117,7 Reino Unido 101,5 Austrlia 92 Estados Unidos 84 Espanha 78,3 Japo 56 Mxico 50 Brasil 47 Frana 35,5 Argentina 34 China 18

Fonte: Brewers of Europe, Alaface e Sindicerv (2002-2003)

Fonte: Sindcerv. Disponvel em: http://www.sindcerv.com.br. Acesso em: Janeiro

2009.

Segundo o Sindcerv, o setor emprega mais de 150 mil pessoas, entre postos

diretos e indiretos. Nos ltimos cinco anos as indstrias cervejeiras investiram

mais de R$ 3 bilhes, com 10 novas plantas industriais entrando em operao,

alm de ampliaes e modernizaes em fbricas j existentes. As figuras 5 e 6

abaixo mostram respectivamente a evoluo do volume de produo de cerveja

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no Brasil e o consumo per capita, de 1994 a 2004. Em ambos os casos, os dados

apresentam uma constncia, sem grandes mudanas nesse perodo.

Figura 5: Produo de cerveja no Brasil

Fonte: Sindcerv. Disponvel em: http://www.sindcerv.com.br. Acesso em: Janeiro

2009.

Figura 6: Consumo per capita de cerveja no Brasil

Fonte: Sindcerv. Disponvel em: http://www.sindcerv.com.br. Acesso em: Janeiro

2009.

Segundo Pitondo (2008), mesmo em um ano tumultuado para o setor, com a

alta no preo das matrias-primas, a Lei Seca e a crise internacional, os

fabricantes de cerveja conseguiram atingir altas no faturamento e na produo em

2008.

Ainda segundo o autor, o lucro lquido da AmBev cresceu 60,9% no terceiro

trimestre, ante o mesmo perodo de 2007, o que corresponde a R$ 949 milhes.

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Em relao ao segundo trimestre do ano, a alta ainda maior: 136%. No

acumulado de janeiro a setembro de 2008, o lucro da companhia somou R$ 2,095

bilhes, expanso de 24,4% em relao ao mesmo perodo do ano passado. O

volume de vendas tambm aumentou, registrando alta de 6,1% no terceiro

trimestre em relao ao acumulado dos trs meses anteriores, o que representa

34,4 milhes de hectolitros. Em volume, as vendas de cerveja cresceram 3% no

perodo.

A FEMSA Cerveja Brasil, proprietria de marcas como Sol, Kaiser e

Bavria, tambm comemorou os nmeros do terceiro trimestre e o crescimento

consecutivo durante os nove primeiros meses de 2008. De acordo com o balano

divulgado pelo Grupo FEMSA, o volume de vendas no Pas aumentou 8% no

perodo em relao ao mesmo intervalo de 2007, atingindo 2.370 milhes de

hectolitros. De acordo com o Grupo, a boa performance da linha de cervejas no

Brasil reflexo da ampliao do portflio e das constantes aes para fomentar o

consumo no mercado nacional.

De acordo com Pitondo (2008), a atuao da FEMSA no Brasil bastante

expressiva e cresce de maneira vertiginosa. De 2001 a 2005, o volume de vendas

das marcas que compem seu portflio passou de 8,6 milhes de hectolitros para

14,9 milhes de hectolitros. Uma das marcas que tem contribudo para estes

resultados a Sol, que mesmo sendo lanada em 2006, vendeu em torno de um

milho de hectolitros em 2007. Esses nmeros chamam a ateno da Companhia

para o mercado nacional, garantindo os investimentos nos prximos cinco anos

pelo menos. A empresa divulgou que seus investimentos somaro US$ 1 bilho

em todos os pases em que atua. Em 2007, o Grupo registrou vendas brutas de

US$ 13,516 bilhes e produziu 9,8 milhes de hectolitros no Brasil.

Em 2008, ainda de acordo com Pitondo (2008), um dos destaques do

mercado cervejeiro no Brasil foram as cervejas artesanais e premium. Essas

categorias caram no gosto do consumidor e se revelaram um bom argumento de

marketing no momento da venda. Essa expanso deve-se, em grande parte, s

associaes das microcervejarias com as grandes fabricantes.

Ainda segundo Pitondo (2008), no Brasil as cervejas especiais representam

cerca de 1% a 2% do mercado, enquanto em pases como os Estados Unidos, essa

fatia chega a at 12%. No entanto, segundo dados do Sindicerv, somando o

percentual das cervejas premium a esses nmeros, a participao de mercado da

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categoria cresce para 4,5%. Esses 4,5% movimentam R$ 2 bilhes por ano. Em

2008, o setor espera crescer mais de 1%. Segundo os fabricantes, a associao

com as grandes cervejarias ajuda a difundir o conceito de cervejas diferenciadas e

o consumo dessas bebidas. Alm disso, os grandes produtores oferecem uma

moeda de troca difcil de ser recusada: o poder de investir em marketing. Com as

associaes, da noite para o dia, marcas desconhecidas tornam-se populares.

4.2 Guaran Antarctica

Os dados apresentados nas prximas sees sobre o Guaran Antarctica

derivam de pesquisa documental e telematizada nos sites do Guaran Antarctica e

da Ambev, alm dos sites da ABIR e Nielsen. Alm disso, foram obtidas

informaes a partir de entrevistas ao Gerente de Marketing da Ambev,

responsvel pela internacionalizao do Guaran Antarctica entre os anos de 2004

a 2008 e ao distribuidor responsvel pela comercializao do produto nos EUA

Werner Batista, da empresa Brex America.

4.2.1 O produto

Guaran Antarctica uma marca genuinamente brasileira.

O refrigerante natural produzido com base no fruto de guaran

comercializado no pas desde 1921 pela Antarctica. De l para c, ganhou espao

na vida e nos lares dos brasileiros e conquistou paladares estrangeiros de vrios

pases. Atualmente, ocupa o posto de segunda marca de refrigerante mais vendida

no Brasil, lder absoluto em seu segmento e est entre as 15 marcas mais

vendidas no mundo (disponvel em www.guaranaantarctica.com.br).

Desde a criao do refrigerante, a Antarctica j comprava o fruto do guaran

diretamente de fornecedores da regio de Maus (AM), para produzir o extrato em

sua unidade em So Paulo. Com o sucesso do produto e o aumento do consumo, a

Antarctica detectou, no final da dcada de 1940, a necessidade de estabelecer um

escritrio na regio, uma filial da companhia para facilitar o comrcio do fruto,

realizado diretamente em Maus. O extrato do guaran, porm, continuou sendo

produzido em So Paulo at 1962, quando entrou em atividade uma unidade

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industrial para extrao do fruto na cidade de Maus (disponvel em

www.guaranaantarctica.com.br).

Mas foi no incio da dcada de 1970, com a preocupao de garantir a

qualidade da matria-prima, que a Antarctica passou a produzir parte dos frutos

para produo do Guaran Antarctica. O incio do plantio em 1971, na Fazenda

Santa Helena, permitiu empresa aprofundar os estudos sobre a cultura do

guaran e repassar a tecnologia e os conhecimentos desenvolvidos no local para

os demais fornecedores. Assim, a Antarctica garantiria a melhor qualidade e

preos menores das sementes compradas de terceiros (disponvel em

www.guaranaantarctica.com.br).

Atualmente o Guaran Antarctica faz parte do portflio de bebidas da

Ambev, Companhia de Bebidas das Amricas, criada em 1999, a partir da fuso

da Brahma e da Antarctica.

No Brasil o Guaran Antarctica lder em seu segmento com 33% de

participao de mercado. Est presente em mais de um milho de pontos de venda

e est entre os 15 refrigerantes mais consumidos do mundo, com um volume anual

superior a 800 milhes de litros (disponvel em www.guaranaantarctica.com.br).

4.2.2 Ambev

A AmBev, Companhia de Bebidas das Amricas, a maior empresa de

bebidas da Amrica Latina e a quinta maior empresa de bebidas do mundo. Essa

posio de liderana faz com que o produto brasileiro possa competir com

gigantes do setor.

A AmBev foi criada em 01 de julho de 1999, a partir da fuso da Brahma e

da Antarctica, as duas maiores cervejarias brasileiras. Quando histricos

concorrentes unem-se em uma nica companhia, o objetivo imediato a

consolidao de uma organizao, com a inteno de ultrapassar as fronteiras do

pas para difundir em todo o mundo as marcas brasileiras, segundo avaliao do

EENI The Global Business School.

Com a aliana global firmada com a InBev, em 3 de maro de 2004, a

Companhia passou a ter operaes na Amrica do Norte com a incorporao da

Labatt canandense, tornando-se a Cervejaria das Amricas.

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A Ambev encerrou o terceiro trimestre de 2008 com 67,2% de participao

de mercado no Brasil no mercado de cervejas e 17,6% no mercado de

refrigerantes, representado em sua grande maioria pelo Guaran Antarctica.

Em setembro de 2008 foi realizada uma pesquisa pelo Ibope, com 333

executivos brasileiros, cujo objetivo era descobrir quais eram as empresas e

administradores mais admirados pelos homens e mulheres de negcios brasileiros

(GASPAR, 2008). Nessa pesquisa, a Ambev foi eleita a melhor formadora de

talentos e, em novembro, promoveu presidncia da operao brasileira Joo

Castro Neves, executivo que entrou na empresa com 28 anos. Na figura 7 abaixo

est a relao das empresas que fizeram parte desta pesquisa do Ibope.

Figura 7: As empresas mais admiradas no Brasil

Fonte: Exame, No epicentro da crise, 05 de Novembro de 2008.

A AmBev, segundo informaes da Bloomberg (VALOR ECONMICO,

2009), prev enfrentar um ano "desafiador" em 2009, devido piora no mercado

de trabalho, o que deve reduzir o consumo de cervejas. Em relatrio, o analista do

banco Credit Suisse, Marcel Moraes, escreveu que, na avaliao da fabricante, o

volume consumido de cerveja no dever cair mais de 2%. O reajuste do salrio

mnimo no Brasil, que responde por mais de 60% das vendas da AmBev, e a

queda nos preos dos alimentos devem aliviar o cenrio.

Dando continuidade expanso alm das fronteiras, em novembro de 2008

a cervejaria belgo-brasileira InBev concluiu a negociao pela compra da

americana Anheuser-Busch, fabricante da marca de cerveja mais popular do

mundo, a Budweiser.

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De acordo com Pitondo (2008), depois de meses de especulaes, a compra

totalizou 52 bilhes de dlares e d origem ao maior grupo de cerveja e a uma das

cinco maiores empresas de bens de consumo do mundo.

Carlos Brito, executivo-chefe da InBev, fez a seguinte declarao

(PITONDO, 2008):

A operao uma transao histrica e o sucesso da operao vir da integrao

das marcas e dos mtodos de trabalho das duas companhias. (pg. 20)

Com 26% do mercado global, trs das cinco maiores marcas de cerveja e

uma produo anual de 460 milhes de hectolitros, o grupo Anheuser-Bush Inbev

estar 60% frente do segundo maior grupo cervejeiro do mundo (PITONDO,

2008).

4.2.3 A Internacionalizao do Guaran Antarctica

O Guaran Antarctica pode ser encontrado em mais de 20 pases, mas est

mais fortemente presente nos Estados Unidos, em Portugal e no Japo. Do total de

vendas no exterior, 46% das vendas esto nos Estados Unidos, 27% em Portugal e

10% no Japo.

Hoje, o mercado externo representa 2,4% das vendas totais do refrigerante,

o que significa 120 mil hectolitros, frente ao total de 5 milhes de hectolitros do

mercado interno. Em 2005 esse percentual era de 1%, em 2006 de 1,6% e em

2007 de 2,0%. O crescimento projetado no exterior era de cerca de 30% ao ano.

Os pases que produzem o Guaran Antarctica so Brasil, Portugal e Japo.

A deciso de internacionalizar o Guaran Antarctica est em linha com a

estratgia da empresa de crescimento internacional. A internacionalizao oferece

Ambev a possibilidade de sustentar suas metas de crescimento, uma vez que j

detm grande parte do mercado interno (SULL; ESCOBARI, 2004). Mas o

importante nesse projeto de internacionalizao do Guaran Antarctica era no

perder capital, conforme relata o ex-executivo da empresa. A direo da empresa

indicou que o dinheiro que viesse proveniente da internacionalizao deveria ser

todo reinvestido para aumentar cada vez mais a presena internacional. Segundo o

ex-executivo da empresa responsvel pela internacionalizao do Guaran

Antarctica:

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O projeto era mais um laboratrio para mostrar que d certo e depois

investir se correr tudo bem. um produto de nicho no mercado

internacional. O produto muito bom. O sabor aceito globalmente.

A estrutura na Ambev responsvel diretamente pelo projeto Guaran

Antarctica Internacional era composta de trs pessoas um Diretor Geral, um

Gerente de Marketing e um Analista de Logstica. O Diretor Geral e o Gerente de

Marketing inicialmente ficaram sediados no Brasil, mas a partir de 2004 passaram

a trabalhar em Miami, de forma a dar foco e alavancar o negcio no mercado

norte-americano. J o Analista de Logstica, responsvel pela parte operacional de

exportao, trabalhava no Brasil, em Jundia (SP).

Desde 1980 o Guaran Antarctica processado, engarrafado e distribudo

no mercado japons pela empresa Arai Shoji, atravs de uma parceria com a

Ambev. O concentrado da bebida vem do Brasil e h uma fbrica no Japo para

fazer o produto final. Atualmente so vendidas 10 mil caixas de guaran por ms,

ou 240 mil latas. O produto distribudo principalmente em lojas brasileiras,

porm o produto ainda no muito conhecido pelo pblico japons.

Em 2002, com a Copa do Mundo de Futebol no Japo e Coria do Sul e,

ainda, aproveitando que o Guaran Antarctica era um dos patrocinadores da

Seleo Brasileira de Futebol, a Ambev, junto com sua parceira no Japo, a Arai

Shoji, aproveitaram para mostrar o produto ao pblico japons e estimular o

consumo atravs de promoes.

A lata do Guaran Antarctica comercializada no Japo, j com a traduo

para a lngua local, aparece na figura 8.

Figura 8: Lata do Guaran Antarctica no Japo

Fonte: Google Images na Internet.

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4.2.3.1 Portugal

A internacionalizao do Guaran Antarctica pela Ambev aconteceu

formalmente no 2 semestre de 2002, com o incio da produo e comercializao

do produto em Portugal. Aps o incio em Portugal, a distribuio tambm foi

estendida Espanha no final de 2002.

Portugal foi escolhido pela proximidade cultural, por ser considerado

como uma extenso do Brasil (lngua portuguesa, conhecimento do Brasil e dos

produtos brasileiros) e onde j existia uma demanda inicial dos prprios

brasileiros que vivem naquele pas. Devido parceria da Ambev no Brasil, para

fabricar e distribuir os refrigerantes da Pepsi, foi decidido que o produto seria

fabricado por aquela empresa em Portugal e aps um ou dois anos de experincia

em Portugal, o Guaran Antarctica seria distribudo de forma estruturada nos

outros pases da Europa. A produo local em Portugal se justificava porque o

volume do Guaran Antarctica para aquele mercado era interessante para o

parceiro, no caso a Pepsi, que j possua uma fbrica l.

No final de 2002, a produo foi estendida Espanha, tambm com

fabricao pela Pepsi. Contudo, no final de 2005 optou-se pela sada da Espanha,

mantendo-se somente dois distribuidores no mercado local, com a fabricao do

produto mantida em Portugal apenas. A razo maior para a sada da Espanha foi a

perda de foco no Guaran Antarctica por parte da Pepsi. Como o produto ainda

estava no comeo do seu ciclo de vida comercial no pas, e no era representativo

no seu portflio, em algumas situaes o produto era deixado de lado em prol

de outros mais representativos.

A inteno da Ambev era utilizar o sistema Pepsi para expandir a produo

e a distribuio no resto do mundo, mas por questes de falta de prioridades e de

relevncia para o parceiro, o projeto ficou restrito a Portugal. Como ressaltou o

ex-executivo da empresa: Tem que ter relevncia dentro do sistema que voc est

inserido para dar certo. As metas foram revistas a partir de 2005 com plano de

crescimento de 30% ao ano, o que vem acontecendo tanto em Portugal quanto nos

Estados Unidos.

O grupo Sumol, que est autorizado a produzir e a distribuir os produtos da

Pepsi em Portugal, recebe o concentrado do Brasil e mantm a produo e

escritrio comercial para a comercializao do Guaran Antarctica no mercado

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portugus, onde o produto j possui 3% de participao no segmento de

refrigerantes.

Nos primeiros dois anos (2003 e 2004), foram feitos investimentos em

mdia, inclusive TV, tanto em Portugal como na Espanha, que tiveram uma

mesma comunicao Ser do Guaran. A propaganda era a principal

ferramenta utilizada dentre os recursos investidos pela Ambev, tanto em TV como

em propaganda de revista. J em 2005, o foco passou para a promoo de vendas.

Em 2007 foi feita uma pesquisa quantitativa em Portugal com o seguinte

objetivo: Quem toma o Guaran Antarctica?. Descobriu-se que mais de 50%

dos consumidores do produto eram portugueses, ou seja, o produto no se

restringia apenas aos brasileiros residentes em Portugal. Tambm se verificou que

geralmente o consumidor de refrigerante tem sua marca preferida, mas, s vezes,

quer mudar. O Guaran Antarctica justamente se encaixa como opo para sair da

rotina. Por isso, ele considerado no mercado externo um produto de nicho e,

portanto, possui um posicionamento premium. Este posicionamento se refletia no

preo praticado, cerca de 10% mais caro que o refrigerante Pepsi-Cola, que j era

vendido no mercado portugus.

Em Portugal, o Guaran Antarctica possui uma boa presena horizontal,

pois comercializado em quase todos os canais de distribuio. Era como se

comparssemos sua participao a do Sprite dentro do portflio da Coca-Cola,

como destacou o ex-executivo da empresa. A Pepsi detinha o conhecimento do

mercado local, possibilitando Ambev fazer testes diversos com o produto.

4.2.3.2 Estados Unidos

A partir de Outubro de 2003 comearam os primeiros testes para a

comercializao do Guaran Antarctica nos Estados Unidos (EUA), tendo como

distribuidor exclusivo do produto naquele pas a Brex America, sediada em

Miami. Os primeiros lotes do produto vieram com um selo auto-colante com

dizeres em ingls sobre a lata brasileira.

J a partir de Julho de 2004, a operao foi formalmente iniciada com a

exportao do Brasil com a lata, idntica brasileira, adaptada para o mercado

norte-americano em ingls e com o cdigo de barras no sistema UPC (12

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dgitos). Este sistema parcialmente diferente do utilizado no Brasil e Europa,

conhecido como EAN e que possui 13 dgitos no cdigo de barras. Nesse

momento, o Diretor Geral e o Gerente de Marketing da Ambev passaram a residir

em Miami, para acompanhar de perto a operao nos Estados Unidos.

Assim como em Portugal, os principais motivos para escolha desse mercado

foram o nmero de brasileiros residentes no pas e o prprio conhecimento do

Brasil e dos produtos brasileiros por parte dos estrangeiros. No caso dos Estados

Unidos, destaca-se tambm o tamanho do mercado, com grande potencial de

crescimento.

Nos EUA foi decidido que a operao seria feita por exportao, a partir

da produo do Guaran Antarctica no Brasil. Algumas razes para justificar essa

operao foram:

1. O volume do Guaran Antarctica era pequeno para justificar uma parceria

com a Pepsi para produo local do refrigerante.

2. O custo de entrada e sada era baixo. Caso o negcio no desse certo, o

risco ou custo de interrupo do negcio no seria to danoso para as

empresas envolvidas. Como o ex-executivo da empresa frizou: Essa

operao nos Estados Unidos servia muito mais como aprendizado.

Como o executivo destacou, no foram feitos grandes investimentos para a

internacionalizao. O negcio era no demandar muito dinheiro e o

lucro/ganho obtido seria reinvestido para a prpria expanso internacional.

3. Era importante garantir ao consumidor final que o produto era original do

Brasil, que eles realmente estavam consumindo o Guaran Antarctica. Pela

produo ser realizada no Brasil e isto constar da embalagem, reforava o

apelo do pas de origem: made in Brazil.

A demanda pelo Guaran Antractica, que se esperava ser natural por parte

dos muitos brasileiros que l residem, ia fazer com que o produto no estgio

inicial gerasse vendas por si s, de modo a ir conquistando o relacionamento com

o canal varejista, depois utilizando o canal para fazer o chamado cross-over, ou

seja, a venda do produto para os prprios americanos.

Para os executivos da Ambev, era vital que fosse escolhido um nico

distribuidor nos EUA, concentrando seus esforos para que a operao tivesse

relevncia para esse parceiro, o que seria melhor do que pulverizar a distribuio.

Esse parceiro tambm deveria ter sinergia com a empresa e com os produtos

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brasileiros, de forma a ajudar o distribuidor na tarefa de aumentar o seu drop-

size1. Em 2008, o Guaran Antarctica j representava entre 35% e 40% do

faturamento do distribuidor nos Estados Unidos. Atualmente so enviados 24

contineres por ms de Guaran Antarctica para os Estados Unidos, o que

equivale a 100.320 caixas por ms do produto.

A Brex America foi fundada h 15 anos nos Estados Unidos pelo

empresrio brasileiro Werner Batista, que iniciou a empresa importando palmito

orgnico do Brasil para Miami, cidade com grande nmero de brasileiros e

hispnicos.

Figura 9: Produtos distribudos pela Brex America

Fonte: Site da Brex America. Disponvel em http://www.brexamerica.com

Como a prpria empresa define em seu site (disponvel em:

http://www.brexamerica.com), a Brex America uma empresa especializada na

importao, distribuio e marketing de produtos brasileiros para o mercado

varejista norte-americano, focando inicialmente na significativa parcela da

populao hispnica e latino americana, inclusive os brasileiros, presentes nos

Estados Unidos.

Alm do Guaran Antarctica, a empresa tambm comercializa os seguintes

produtos e marcas brasileiros: chocolates Garoto, po de queijo Sadia, sucos

Jandaia, po de queijo e farofa Yoki, biscoitos Piraqu, creme de leite e leite

condensado Nestl e, ainda, palmito orgnico.

Inicialmente o conceito inicial era ter a Brex America como um importador,

mas Werner Batista viu que este modelo no ia funcionar. Para aumentar o

1 Drop-size =tamanho do lote

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99

volume comercializado do Guaran Antarctica, era necessrio trabalhar a

marca.

Assim sendo, montou uma estrutura prpria de vendas e distribuio. Como

enumera Werner Batista, so 24 vendedores na rua e 2 atendentes de

telemarketing, que ficam na sede da empresa. Eles recebem um salrio fixo e um

varivel (comisso) pelas vendas. Desses vendedores, 90% so brasileiros e esto

espalhados por diversos estados norte-americanos. O fato dos vendedores serem

brasileiros ajuda na venda do produto, pelo fato de conhecerem e por darem o aval

ao varejista de que o produto original do Brasil, autntico e vem l de longe.

Com isso se espera criar uma maior confiana no consumidor que no conhece o

produto e ajudar a difundi-lo. Como o prprio Werner Batista refora: A

propaganda de boca a boca essencial.

Alm do depsito principal em Miami (estado da Flrida), existem

depsitos tambm em Boston (estado de Massachussetts) e no estado de Nova

Jersey, alm de prepostos nos estados da Califrnia, do Texas e de Utah.

Segundo o empresrio, as marcas brasileiras tm boa aceitao do pblico

internacional, pois o brasileiro tem uma imagem boa e o Brasil muito bem visto.

Ainda segundo Werner, o consumidor americano est disposto a pagar mais caro

pelos produtos brasileiros.

Na opinio de Werner, no existe necessariamente uma preferncia do

consumidor por marcas globais. H mercado para todos os tipos de produto.

Contudo, ele friza que a marca est sempre atrelada ao preo e utiliza o exemplo

do prprio Guaran Antarctica. O consumidor que compra o Guaran sabe que

paga um preo mais caro do que uma Coca-Cola, mas sabe que o produto

autntico, do Brasil e, por isso, se diferencia dos outros refrigerantes. Uma caixa

de Guaran Antarctica (6 pack) custa US$ 7,00 para o consumidor final, enquanto

uma caixa de Coca-Cola custa US$ 3,50.

Todavia, se o consumidor tiver restrio de oramento, ele acaba preferindo

outra marca de refrigerante, como as marcas prprias. Segundo Werner, com a

crise financeira atual, houve um grande aumento na venda de marcas private

label2 e a venda de marcas tradicionais caiu bastante.

2 Private label = marca prpria de um varejista, geralmente mais barata que as tradicionais.

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100

O Guaran Antarctica est presente em 3.500 pontos de venda nos Estados

Unidos, de um total de 5.000 lojas do mercado tnico, ou seja, de imigrantes

latinos (provenientes da Amrica Latina). Mas considerando o total de 800.000

pontos de venda em todos os EUA, como o prprio Werner Batista afirma,

apenas uma gota no oceano.

O trabalho prvio para mapear esses pontos de venda, realizado pela Ambev

junto com o Distribuidor, foi essencial para identificar os pontos de venda iniciais

do produto. Foi utilizado o sistema Spectra da Nielsen e, atravs de um ndice

(o index Brazilian Heritage), foi verificado em que lojas existem mais brasileiros

comprando e foi dado o foco inicial nesses pontos de venda.

A estratgia da empresa se dividia em atender dois pblicos bem distintos: o

chamado segmento Saudade, que representado pelos imigrantes brasileiros

que consomem o produto por saudosismo, que fazem girar o produto no ponto de

venda e que acabam pagando as contas. O outro pblico conhecido por

Gringo, sendo representado pelos prprios americanos. Este pblico estrangeiro

seria influenciado pelos embaixadores da marca, que so os brasileiros que j

consomem o Guaran Antarctica e fazem propaganda boca a boca para os seus

amigos norte-americanos.

Segundo o ex-executivo destaca: Existia uma poltica na empresa de que

tudo o que fizesse para o pblico americano, s no podia atrapalhar o que o

brasileiro achava do Guaran Antarctica l fora, pois ele era o embaixador da

marca.

Nesse sentido, podemos verificar que o Guaran Antarctica se beneficia por

ser uma marca de origem brasileira no exterior, j que o distribuidor est focado

em trabalhar esta marca brasileira, reforando sua identidade de produto autntico

do Brasil, e utiliza o imigrante brasileiro como trampolim. Como o prprio

distribuidor atesta: No incio, o consumidor quer que o produto tenha

autenticidade, no caso de produto de valor agregado. Segundo o distribuidor, os

latinos ainda tm pouco conhecimento sobre o Guaran Antarctica, mas quando

falam para eles que o produto do Brasil, eles se interessam. Segundo ele mesmo

atesta: Guaran mais fcil porque um produto que s tem no Brasil; tpico

do Brasil.

Como o ex-executivo da empresa destaca: nos EUA so poucos os clientes

do produto, mas muito bem executados. No curto prazo, o produto tem que

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provar ao varejista que possui qualidade e possui giro rpido, para depois estender

a venda para outros pontos onde os americanos tambm esto mais presentes. Nos

EUA a distribuio era restrita aos pontos de venda no segmento tnicos. De

qualquer forma, o potencial de vendas para esse grupo muito grande, conforme

enumerou Werner Batista, pois existem cerca de 45 milhes de latinos e cerca

de um milho de brasileiros nos EUA.

Sobre os ajustes do produto para o mercado norte-americano, podemos

destacar alm da adaptao da lngua e dizeres formais na embalagem, a

reformulao do sabor diet. Atualmente, 84% do volume vendido no sabor

regular e 16% no diet. Entre as embalagens, 56% do volume vendido em lata (6

e 12 pack) e o restante em PET (2 litros). A embalagem PET de 2 litros vendida

nos EUA aparece na figura 10.

Figura 10: Embalagem PET (2 litros) do Guaran Antarctica nos EUA

Fonte: Material interno da empresa

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Como forma de conhecimento do mercado, foi feito muito investimento em

pesquisa no incio e foi utilizada a promoo de venda no ponto de venda

integrada com a propaganda, de forma a estimular a experimentao pelos

consumidores.

Segundo o ex-executivo da empresa, a razo pela qual os consumidores

compram o produto (reason why?) o sabor agradvel: O sabor entrega. Sabor

para te tirar da rotina. O cartaz da figura 11 com o slogan Give your everyday

soda a break pretende fazer com que o consumidor saia da rotina,

experimentando algo diferente.

Figura 11: Cartaz do Guaran Antarctica nos EUA

Fonte: Material interno da empresa

Ento, havia muita amostra para experimentao (sampling) onde o produto

estava presente. A figura 12 mostra uma degustao do produto em um

supermercado nos EUA, com vrias aes promocionais integradas. No espao

para degustao com a promotora de vendas, o slogan Give your everyday soda a

break pretende fazer com que o consumidor saia da rotina, experimentando

algo diferente. A imagem bem colorida remete a uma sensao refrescante e

diferente do comum. Alm disso, tambm oferecido um porta-CD/ DVD na

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compra de um pacote com 12 latas, estimulando o consumidor a levar um volume

maior logo aps a experimentao.

Figura 12: Degustao no Supermercado nos EUA

Fonte: Material interno da empresa

A gesto da marca centralizada pela Ambev e, na opinio do ex-executivo

da empresa, para a disseminao da marca no mercado internacional importante:

1. Presena no ponto de venda crucial! como ele mesmo afirma. A

boa execuo no ponto de venda (bem posicionado, bem precificado)

serve para a experimentao.

2. Ter embaixadores da marca, que so os brasileiros no outro pas.

Essa boa execuo no ponto de venda pode ser vista na figura 13, com a

promoo para ganhar um porta-CD/ DVD na compra de 12 latas do Guaran

Antarctica, em um espao destacado para bebidas no Supermercado Publix, rede

de supermercados com forte presena no estado da Flrida, EUA.

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Figura 13: Guaran Antarctica no Supermercado Publix nos EUA

Fonte: Material interno da empresa

As metas acordadas entre a Ambev e o distribuidor so baseadas nas vendas

realizadas no mercado norte-americano e no o quanto foi exportado. Isso muda

bastante a forma como o parceiro passa a atuar, no mais como um importador,

mas como um verdadeiro distribuidor no mercado externo. Como o ex-executivo

da Ambev afirmou: O distribuidor vendia caixas na rua, no vendia contineres.

O acompanhamento era feito por meio de reunies dirias e semanais entre

os executivos da Ambev que estavam em Miami e o distribuidor e havia tambm

um acompanhamento mensal detalhado feito pela Ambev no Brasil.

Este acompanhamento dirio era possvel porque o escritrio da Ambev , na

verdade, estava instalado dentro do espao fsico do distribuidor. O ex-executivo

da empresa entrevistado destaca que o sucesso da operao em grande parte

aconteceu em funo da sinergia e ajuda mtuas entre a empresa e o distribuidor.

O ex-executivo destaca que o sucesso na operao internacional aconteceu porque

os executivos da empresa estavam prximos do negcio, acompanhando o dia-a-

dia. Por ltimo, atesta a relevncia da estratgia de foco, ao dizer:

Menos pases, com menos parceiros e com mais foco para fazer as coisas

acontecerem. Com mais gente e mais mercados, voc no consegue

controlar.

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O empresrio Werner Batista acredita bastante em inovao e fora da

marca para criar demanda por produtos brasileiros de valor agregado. Ele cita o

exemplo da Starbucks, que a partir de uma commodity (o caf), criou demanda e

um negcio promissor com inovao e valor agregado. Tambm lembra que a

Toyota nos EUA era vista como uma marca de carros para pessoas de baixa renda,

mas que mudou sua imagem atravs do reforo da marca e ressalta que hoje quem

compra os carros dessa marca nos EUA so os consumidores mais ricos. De

acordo com Werner, Voc no precisa ser o maior para ter o produto de maior

valor agregado!

Ao mesmo tempo, Werner Batista critica bastante a atuao do governo

brasileiro no mercado externo (via Apex3) e de grande parte dos exportadores

brasileiros, que focam somente em commodity, classe de produto que depende

sempre de preo competitivo no mercado externo e no exige esforo do

exportador, j que o produto no tem valor agregado elevado. Segundo Werner

Batista: O empresrio brasileiro no quer arriscar; investir.

O ex-executivo da empresa tambm faz crticas atuao da Apex,

afirmando que os recursos eram destinados na sua maioria para as commodities e

no para produtos com marca, com diferencial. Na opinio do ex-executivo da

Ambev:

A Apex tinha que saber direcionar melhor os recursos. Apoiar empresas

mais slidas e que tem mais futuro pela frente.

Werner Batista ressalta ainda que o exportador brasileiro imediatista.

Segundo ele, um gerente de continer. A maioria dos exportadores, na opinio

do entrevistado, no est preocupada com o que acontece na ponta, junto ao

consumidor final. Ainda segundo Werner Batista:

Eles abaixam o preo, querem fazer volume e deixam a marca de lado. Com

isso, no longo prazo o exportador fica merc das variveis do macro

ambiente (taxa cambial, crise). Se no trabalha a marca, fica merc da taxa

de cmbio.

Werner destaca que ele mesmo procurou criar demanda ao longo dos anos e

afirma:

Voc tem que saber controlar o seu destino! Quando voc vende somente

commodity, no consegue controlar o seu destino.

3 Apex = Agncia Brasileira de Promoo de Exportaes e Investimentos

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De acordo com o ex-executivo da empresa, os maiores aprendizados

adquiridos nessa internacionalizao do Guaran Antarctica dizem respeito a:

1. Embalagem do produto, pois a embalagem tem que dizer mais

sobre o produto, especialmente um produto desconhecido de

grande parte dos consumidores (no caso os americanos)

2. Embaixadores da marca, que so essenciais para a divulgao

espontnea do produto

4.3 Xingu

Os dados apresentados nas prximas sees sobre a Xingu e a Palma Louca

derivam de pesquisa documental e telematizada nos sites da Xingu Beer (Amazon

Beer e Xingu Beer), da Xingu Brasil e da Palma Louca. Alm disso, foram obtidas

informaes detalhadas e opinies a partir de entrevistas ao proprietrio da marca

no exterior e scio-proprietrio da empresa Cervejas Premium do Brasil Cesario

de Mello Franco e ao executivo desta empresa, responsvel pelo Marketing das

cervejas Xingu e Palma Louca Erick Machado. Alm disso, foram obtidos dados

com o importador das cervejas nos EUA, da empresa Eurobrew Dominique

Levesque.

4.3.1 Histrico

A procura pela Xingu Black Beer comeou em 1986 quando foi fundada

em Vermont (EUA) a empresa Amazon, Inc., que tinha o objetivo de resgatar

sabores raros de cerveja ao redor do mundo. Insatisfeito com as cervejas

americanas e com pouca variedade de cervejas importadas de qualidade, o

historiador de cervejas Alan Eames foi contratado para buscar e desenvolver

prottipos de cerveja preta de qualidade ao redor do mundo e essa busca se iniciou

no Brasil.

Anne Latchis, presidente da Amazon, Inc. e Alan Eames vieram ao Brasil

para encomendar a uma microcervejaria brasileira o desenvolvimento de uma

cerveja que deveria ter em sua essncia todo o mistrio e autenticidade da

Amaznia.

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Anne Latchis e Alan Eames conheceram, atravs de um escritrio de

advocacia, o empresrio Cesario de Mello Franco, que aceitou o desafio de

desenvolver essa cerveja tipo exportao para o pblico americano.

Assim, foi criada e desenvolvida a cerveja escura premium Xingu, uma

cerveja genuinamente brasileira. Essa cerveja, do tipo stout, ou seja, preta e

encorpada, pertencia Amazon, Inc. e ao scio brasileiro Cesario de Mello

Franco, no Rio de Janeiro, Brasil. O nome Xingu uma homenagem ao rio Xingu,

que fica na Amaznia e traz consigo muitos significados ligados Floresta

Amaznica.

A partir de janeiro de 1987, quando foi desenvolvido o sabor da cerveja,

foram seis meses de pesquisa para se achar um fabricante no Brasil, e cerca de

seis meses para iniciar a exportao para os Estados Unidos, quando foi enviado

em maro de 1988 o primeiro continer com 1.700 caixas (cada caixa com 12

unidades de 600 ml) da cerveja Xingu para Boston, nos EUA.

A cerveja top premium Xingu foi introduzida inicialmente no mercado

americano em fevereiro de 1988 em um evento no Culinary Institute of America

(Instituto Americano de Culinria). Depois do envio das primeiras caixas para o

mercado de Boston, a distribuio foi estendida para todos os outros estados dos

Estados Unidos.

Naquele momento inicial, a cerveja era fabricada pela Cervejaria Caador,

que ficava em Santa Catarina, estado no sul do Brasil. Aps certo perodo, essa

fbrica em Santa Catarina foi fechada e a produo da Xingu migrou para uma

microcervejaria em Toledo (PR), que tambm tinha suas limitaes de

fornecimento. J em 2001, Cesario se aproximou da Kaiser (hoje FEMSA Cerveja

Brasil) para estudar a viabilidade de produo da Xingu no Brasil.

No incio de 2002, Cesario de Mello Franco, atravs de sua empresa

Cervejas Premium do Brasil, se tornou o nico proprietrio da marca quando

comprou a participao da Amazon, Inc. sobre a marca Xingu.

No mesmo ano, a Cervejarias Kaiser Brasil S.A. obteve a licena para

produzir e distribuir a cerveja Xingu dentro do Brasil e passou a produzir a

cerveja tambm para exportao. Em troca dessa licena, a Kaiser pagava

royalties Cervejas Premium do Brasil.

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Em 2003, Anne Latchis, a ex-proprietria da marca, atravs da empresa

Amazon, passou a fazer parte do time da Eurobrew Inc., o importador exclusivo

nos Estados Unidos da cerveja Xingu.

Finalmente, em 2005, a marca Xingu foi adquirida pela Kaiser para

comercializao no territrio brasileiro. Hoje, a FEMSA vende cerca de 150.000

caixas de Xingu por ms no Brasil, sete vezes mais do que era vendido em 2002.

Fora do Brasil a marca continua pertencendo Cervejas Premium do Brasil, que

pertence a Cesario de Mello Franco.

A empresa Cervejas Premium do Brasil formada basicamente pelo

proprietrio da marca Xingu no exterior, Cesario de Mello Franco, e o jovem

executivo de marketing, Erick Machado, que trabalha na empresa desde 2005.

Ambos residem no Rio de Janeiro e controlam a operao com os representantes,

em grande parte do tempo, pela Internet, por videoconferncia e por e-mail. So

feitas algumas viagens ao exterior para monitorar algum mercado, participar de

algum evento ou mesmo para dar um suporte mais prximo para o representante

ao prospectar novos clientes finais. A tarefa dos dois executivos est diretamente

ligada s funes de marketing, mais especificamente gesto da marca, j que a

parte operacional de exportao do produto fica totalmente sob a responsabilidade

da FEMSA Cerveja Brasil.

Atualmente, a Kaiser produz a cerveja Xingu em sua fbrica em Jacare (SP)

e disponibiliza as caixas j devidamente adequadas para exportao no porto

(FOB4). At 2003, a exportao da Xingu tinha somente um destino, os Estados

Unidos, mas depois passou a ser comercializada tambm na Austrlia e, mais

recentemente, na Europa. Em termos comerciais, a FEMSA vende a cerveja para a

Cervejas Premium do Brasil, que revende para o importador, colocando uma

margem de lucro sobre o custo da cerveja fabricada pela FEMSA.

4 FOB = sigla em ingls para Free On Board.

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Alm da Eurobrew, importador que atende todo o mercado norte-americano,

existe um importador no Reino Unido para atender aquele pas, outro na Blgica,

que fornece a cerveja para outros pases da Europa (Frana, Alemanha, Espanha,

Itlia, Blgica, Holanda, Irlanda, Finlndia, Dinamarca, Sucia e Noruega) e um

quarto na Austrlia. A distribuio da Xingu na Europa somente teve incio em

2008, por meio dos importadores no Reino Unido e na Blgica.

Atualmente os Estados Unidos so responsveis por 90% do volume total de

Xingu vendido no exterior. A Europa representa 7% e a Austrlia cerca de 3%.

Nos ltimos anos houve um crescimento significativo nas vendas da Xingu no

exterior, passando de 25.000 caixas por ano, em 2005, para 40.000 caixas por ano,

em 2008.

A razo principal para a escolha dos mercados acima o alto poder

aquisitivo dos consumidores desses pases. Como a Xingu uma cerveja super

premium, ela se destina a consumidores de alto poder aquisitivo em cada mercado.

A estratgia da empresa obter uma margem maior com um volume mais

reduzido. Alm do poder de compra, Cesario destaca tambm que foram

considerados mercados com consumidores formadores de opinio, como o caso

de Londres, no Reino Unido, e ainda lugares com potencial de interesse pelo

Brasil. Erick Machado complementa que houve tambm uma forte influncia da

rede de relacionamento (networks) nos mercados escolhidos, pois os

representantes vieram de contatos com Cesario.

Erick, quando questionado sobre a razo de comercializar a Xingu somente

no exterior, afirma que o Brasil era um mercado mais atrasado para cerveja escura

quando a Xingu foi lanada, em 1988. Principalmente por ser tambm uma

cerveja premium, com um preo muito caro para a realidade nacional e, portanto,

com certa limitao de mercado. J Cesario afirma que seu objetivo inicial era

deixar a marca conhecida l fora.

4.3.2 O produto

O pblico-alvo da cerveja Xingu so homens de alto poder aquisitivo que

tm entre 25 e 40 anos de idade. A marca no tem como alvo o imigrante

brasileiro que vive no exterior.

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A cerveja Xingu, aproveitando-se do apelo positivo da Amaznia junto aos

consumidores norte-americanos e europeus, que tm uma forte conscincia

ambiental, ajuda financeiramente o instituto Y Ikatu Xingu, criado para

proteo do Rio Xingu, um smbolo da diversidade biolgica e cultural do Brasil,

que est seriamente ameaado pelas queimadas e desmatamento. Uma

porcentagem do lucro sobre as vendas no exterior da cerveja Xingu transferido

para a fundao Y Ikatu Xingu. A figura 14 abaixo mostra o smbolo que

utilizado na caixa da cerveja Xingu no exterior e nos materiais promocionais nos

pontos de venda tambm divulgados l fora. Esse Marketing de Causa ainda no

utilizado pela marca Xingu aqui no Brasil, pertencente FEMSA Cervejas Brasil.

Figura 14: Smbolo de apoio ao Y Ikatu Xingu

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

A cerveja Xingu j foi eleita duas vezes pelo Beverage Testing Institute

como a melhor cerveja escura do mundo, nos anos de 1999 e 2000. Em 2006, a

cerveja Xingu obteve a certificao internacional de qualidade pelo International

Taste & Quality Institute. A figura 15 mostra essa certificao.

Figura 15: Certificao da marca Xingu eleita a melhor cerveja preta do mundo

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

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Conforme explicado por Cesario, os consumidores podem ter a percepo

de que a Xingu seja uma cerveja pesada por ser uma cerveja de cor escura, mas

o sabor da Xingu na verdade muito leve e macio. Assim, os novos materiais

de ponto de venda e embalagens levam o slogan Smooth as Silk, com o objetivo

de aumentar a base de consumidores, sem prejudicar a imagem de ser uma cerveja

especial. A figura 16 mostra um cartaz recente da Xingu para o mercado externo,

onde aparece o slogan citado acima.

Figura 16: Cartaz da Xingu

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

O rtulo da cerveja Xingu (veja na figura 17) em formato de diamante e

foi pintado pelo artista Eric Green justamente retratando os mistrios acerca da

cerveja, com o mapa da regio do rio Xingu, cercado por serpentes, com um ndio

de arco e flecha.

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Figura 17: Rtulo da Xingu Black Beer

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

Aps a aquisio da marca no pas pela Kaiser (hoje FEMSA Cerveja

Brasil) em 2002, o rtulo utilizado no Brasil da cerveja Xingu foi revitalizado,

mas se destaca ainda por seu formato triangular. A figura 18 mostra as

embalagens em lata e garrafa de 355ml comercializadas no Brasil com a marca

Xingu.

Figura 18: Lata e garrafa da cerveja Xingu no Brasil

Fonte: Site Xingu no Brasil. Disponvel em: http://www.cervejaxingu.com.br

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Como pode ser visto na figura 19 abaixo, o posicionamento de imagem da

marca no exterior enfatiza o preto, a selva, o tropical, a aventura. So traos

potencialmente atraentes para aqueles que se interessam por novas experincias.

Pode-se visualizar tambm o smbolo do Y Ikatu Xingu na caixa da cerveja.

Figura 19: Imagens da garrafa, do six-pack e da caixa de Xingu

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

4.4 Palma Louca

A cerveja Palma Louca foi lanada em 2002 por Cesario de Mello Franco,

como uma conseqncia natural do sucesso da Xingu no mercado internacional.

Naquele momento, buscou-se um produto para posicionamento no segmento

premium pilsen, que permitisse uma escala de consumo bem maior do que das

cervejas escuras, como o caso da Xingu.

A Palma Louca uma cerveja premium light focada nos consumidores

jovens (20 a 30 anos) de alto poder aquisitivo e que buscam tendncias. Eles vem

o Brasil como um pas interessante, onde as pessoas so tidas como bonitas,

alegres, de bem com a vida e criativas. Eles bebem enquanto conversam com os

amigos em bares e desejam beber uma cerveja light e refrescante.

Segundo relatos de Erick Machado, a Palma Louca (PL) foi muito bem

recebida em todos os mercados onde foi lanada, com rpido crescimento, em

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especial na Inglaterra. Atualmente, 40% do volume de Palma Louca est no Reino

Unido, seguido pelos EUA, com 30%, Austrlia, com 25% e outros pases da

Europa, com 5% do total de suas vendas.

Segundo Cesario de Mello Franco: No existe um trabalho diferenciado

para a Palma Louca. A PL procura estar sempre junta cerveja Xingu, o que

permite uma troca de benefcios mtuos. Por exemplo, a presena da PL no Reino

Unido desde 2004 permitiu a entrada nesse mercado da cerveja Xingu e, assim

aconteceu na Austrlia, aps os primeiros envios de PL para aquele pas, em 2007.

Assim, pelo fato de pertencerem mesma empresa, h uma integrao e

otimizao da distribuio e promoo, j que so dois itens de uma linha de

produtos com pblicos complementares.

A estratgia de vendas da Palma Louca associar a cerveja com a cultura e

arte brasileira e a empresa acredita que a melhor forma de atingir esse objetivo

por meio de um website (www.palmalouca.com), que funciona como uma revista

de cultura. Essa revista escrita por jovens jornalistas e crticos brasileiros e est

focada em qualidade de texto, humor e originalidade.

Figura 20: Website cultural da Palma Louca

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

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Lanado em novembro de 2005, o site aborda eventos contemporneos,

msica e cinema, tanto em portugus como em ingls, com personalidade e

humor, o que geralmente esquecido pela mdia de massa. Em 2008, o site da

Palma Louca fez uma parceria com o maior portal de Internet do Brasil, o UOL.

Segundo os executivos da empresa, a Palma Louca busca ter uma forte

associao com o Brasil, como pode ser visto na figura 21 abaixo. Esta tem sido a

mensagem principal de toda sua comunicao com os seus parceiros comerciais e

com o consumidor final.

Figura 21: Rtulo da Palma Louca

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

O cartaz da figura 22 abaixo refora a mensagem de que a Palma Louca

uma cerveja brasileira e remete ao seu consumo durante a noite, em festas, onde a

descontrao a mxima. O slogan The beer with a brazilian accnt, ou seja, A

cerveja com um sotaque brasileiro deixa claro o made in Brazil, com destaque

para as expresses beer e brazilian accnt. Pela mensagem Drop your top

and let the party begin., isto , Abra a garrafa e deixe a festa comear., h uma

mensagem de que a cerveja vai proporcionar um clima de alegria ligado a festa.

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Figura 22: Cartaz 1 da Palma Louca

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

As figuras 23 e 24 reforam com maior nfase ainda o fato de ser uma

cerveja made in Brazil, voltada para os consumidores estrangeiros que amam

o Brasil. No cartaz da figura 23 h destaque para a mensagem 100% Brazil e

para a frase que est inserida no nome da cerveja Crazy about Brazil (Louco

pelo Brasil). Nesse cartaz est sendo trabalhado o conceito de ser uma cerveja

refrescante (gelo na imagem).

No folheto de vendas da figura 24 utilizado para divulgar a Palma Louca

para o varejista, h vrias informaes distintas para o varejista que est sendo

apresentado pela primeira vez essa cerveja. O slogan utilizado A cerveja para

aqueles que amam o Brasil (The beer for those who love Brazil),

complementado ainda por imagens tipicamente brasileiras para os estrangeiros

(praia, mulher sambando e natureza). Nesse mesmo folheto divulgada uma

promoo de vendas (compre 4 caixas e ganhe 1 caixa adicional), alm de um site

para que o cliente acesse materiais de comunicao da cerveja. Por fim, tambm

aparece o preo da cerveja para venda ao consumidor final.

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Figura 23: Cartaz 2 da Palma Louca

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

Figura 24: Folheto de vendas da Palma Louca para o varejista

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

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Como pode ser visto na figura 25, o posicionamento de imagem da marca

Palma Louca no exterior enfatiza muito fortemente o made in Brazile mais

especificamente a cidade do Rio de Janeiro. As cores utilizadas remetem ao Brasil

(verde, azul e amarelo), o nome Brasil aparece no rtulo como uma assinatura e

a imagem de cerveja refrescante est associada com o consumo em um local

quente e tropical como o Brasil. No six-pack est bem evidente o slogan 100%

Brazil, alm da descrio como uma cerveja premium para exportao

(Premium Export Lager) e da divulgao do site da cerveja

(www.palmalouca.com) com o chamado Escape to Brazil. Na caixa maior que

vai ao varejista, alm dessas mensagens, temos tambm o destaque para a frase

Carnival Capital of the World, remetendo cidade do Rio de Janeiro, que

conhecida como pela sua festa de Carnaval e, conseqentemente, aos sentimentos

que derivam dessa festa, como alegria, descontrao, festa, praia, sol.

Figura 25: Imagens da garrafa, do six-pack e da caixa da Palma Louca

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

4.5 Xingu e Palma Louca

4.5.1 Desempenho

A meta da empresa Cervejas Premium do Brasil era vender 100.000 caixas

no ano de 2008 das cervejas Xingu e Palma Louca no exterior. Porm, em funo

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da crise internacional no segundo semestre de 2008, este volume foi reduzido para

algo em torno de 80.000 caixas no ano (40.000 caixas para cada cerveja). Os

distribuidores acabaram reduzindo o nvel dos estoques por precauo, mas no

foi sentida uma reduo direta no consumo por parte dos consumidores finais.

De qualquer forma, o desempenho dessas cervejas foi excelente, se

comparado aos anos anteriores, como pode ser observado no grfico 14. Houve

um crescimento de 43% no volume de vendas das duas cervejas em 2008 quando

comparado a 2007.

Analisando cada cerveja separadamente, pode-se notar ainda o notvel

crescimento de 74% da cerveja Palma Louca no ano de 2008, passando de 23.000

caixas em 2007 para 40.000 caixas em 2008. A principal razo deve-se ao grande

foco e boa interao com o importador do Reino Unido, o principal mercado desta

cerveja, como ser mostrado mais adiante. A Xingu apresentou um crescimento de

21% em 2008 contra o ano de 2007, o que reflete seu constante crescimento ao

longo dos ltimos anos.

Grfico 14: Crescimento do Volume de Xingu e PL nos mercados externos

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

Cesrio destaca que existem objetivos de mercados e de volumes. Em geral,

os alvos servem como estmulo, mas nem sempre so atingidos, o que no

significa que h um desempenho ruim. Por exemplo, h 2 anos conseguiram

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diversificar os mercados, para alm dos EUA, e j esto com desempenho similar

ao do mercado americano neste espao de tempo.

O principal objetivo do empresrio manter um crescimento de 25% a 30%

ao ano nos prximos cinco anos, o que permitir triplicar o volume no perodo, e

assim consolidar os mercados dos EUA e Inglaterra, que so formadores de

opinio. Ele destaca que o importante comparar quanto vai gastar pelo quanto

vai ganhar de retorno em um determinado mercado. Segundo ele, a empresa tem

que gerar de 8 a 10 vezes o lucro antes dos impostos para compensar o

investimento.

Na opinio do entrevistado, h recursos necessrios para o crescimento,

pois existe um scio capitalista, h um planejamento de crescimento e tambm

existe uma discusso para crescer. Com opinio contrria, Erick acredita que

faltam recursos financeiros e de pessoal para a expanso. Nesse sentido, observa-

se que h uma diferena de interpretao do que seria a expanso da empresa e o

nvel almejado de crescimento na opinio de cada entrevistado. Em se tratando de

um crescimento para outro patamar como uma grande empresa internacional com

vendas representativas no exterior, a colocao de Erick torna-se mais adequada.

Mas, quando se pensa em uma expanso gradual com nveis de crescimento

adequados operao j constituda, pode se considerar que Cesrio tenha razo.

Cesario e Erick concordam que a disponibilidade no ponto de venda ainda

muito baixa, apesar do crescimento recente e de haver ainda muito potencial para

crescimento. O proprietrio ressalta que muita gente entra em contato pelos sites

da Xingu e da Palma Louca para perguntar onde pode encontrar as cervejas.

4.5.2 Estados Unidos

A Eurobrew uma empresa importadora de cervejas, que compra cervejas

ao redor do mundo e revende essas cervejas para uma rede de 85 distribuidores de

cervejas nos EUA. Esses distribuidores de cervejas, por sua vez, revendem para

varejistas e restaurantes.

A Eurobrew foi fundada em setembro de 2002, por Pascal Benichou e

Dominique Levesque, com o objetivo de trazer para os consumidores norte-

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americanos cervejas de alta qualidade. A sede da Eurobrew fica em Ashland,

estado de Massachussets, no subrbio oeste da cidade de Boston.

A Eurobrew iniciou a importao das cervejas Xingu e Palma Louca em

2003 e revende as cervejas para seus distribuidores em 45 estados norte-

americanos.

Dominique Levesque, um dos scios da Eurobrew, confirma que a Xingu e

a Palma Louca atendem a um nicho especfico, que so os apreciadores de

cervejas (beer connaisseurs). Esse pblico geralmente tem alto poder aquisitivo,

com uma renda de alta a mdia e se concentram nos estados do Nordeste dos

EUA, na Califrnia e no Colorado.

Na figura 26 apresentada uma das propagandas das cervejas Xingu e

Palma Louca que constam do site da Eurobrew.

Figura 26: Propaganda Xingu e Palma Louca no site da Eurobrew

Fonte: Site da Eurobrew. Disponvel em: http://www.eurobrews.com

Na opinio de Dominique, no existe necessariamente uma preferncia dos

consumidores por marcas globais, mas sim um mix, dependendo do perfil do

consumidor. A grande massa geralmente prefere marcas globais, j que so muito

influenciados pela mdia de massa, mas existe tambm um pblico que tende a dar

mais valor aos produtos de nicho, que atendem exatamente suas necessidades.

Podemos entender essa questo quando comparamos o preo da Xingu e da PL

para o cliente final, a US$ 8,99, o six-pack (embalagem com 6 garrafas), contra o

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preo de US$ 9,99, o twelve-pack (embalagem com 12 garrafas) da Budweiser,

cerveja tradicional e popular nos EUA.

Segundo Dominique, as cervejas brasileiras Xingu e Palma Louca tm uma

boa aceitao por parte do pblico norte-americano, que pode encontr-las

principalmente nos canais on-premise, ou seja, para consumo no prprio local

(bares, restaurantes, night club). Apesar dos consumidores serem americanos, os

principais locais de venda das cervejas so os restaurantes brasileiros nos EUA,

como as churrascarias (ex: Fogo de Cho e Texas de Brazil).

Dominique confirma que o pblico associa claramente as cervejas Xingu e

Palma Louca ao Brasil, seja pelo nome ou pelo material promocional do ponto de

venda, que deixa claro a origem das cervejas. Assim, ele concorda que essas

cervejas so beneficiadas pelo fato de serem made in Brazil.

Quando questionado sobre o conhecimento dessas marcas no mercado

americano, ele afirma que est limitado ao pblico que geralmente consome

cervejas especiais (specialty brands), que so os beer connaisseurs.

No grfico 15 observa-se o crescimento do volume de vendas das cervejas

nos EUA desde 2002. Em 2008 houve um crescimento de 30% no volume das

cervejas Xingu e PL, as marcas que mais cresceram entre as cervejas importadas,

com destaque para o grande crescimento da PL nos EUA.

Grfico 15: Crescimento do Volume de Xingu e PL nos EUA

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

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Mesmo com esse crescimento dos ltimos anos, existe ainda um grande

potencial de crescimento. Em funo da falta da embalagem padro americana de

cerveja (cesta com 6 garrafas e caixa externa), as cervejas no esto presentes nas

redes americanas. Apesar da demanda, o custo inviabiliza a implantao.

Nos EUA, geralmente 20% do mercado para cerveja so canais on-

premise (consumo no local, ou seja, bares, restaurantes, night clubs) e 80% so

off-premise (supermercado, deli, licor store). Todavia, Xingu e PL tm uma

participao contrria tendncia de diviso de volume entre esses canais, com

30% no on-premise 70% no off-premise. Logo, se essa questo da embalagem

fosse solucionada, existiria uma oportunidade de acrscimo de 60.000 a 210.000

caixas por ano das duas cervejas, aumentando tambm a visibilidade das marcas.

Erick Machado tambm acredita que existe ainda um potencial de aumento

das vendas muito maior, mas que no tem sido bem explorado. Na sua opinio, os

distribuidores nos EUA no so to focados na venda das cervejas brasileiras, pois

do ateno somente aos consumidores fiis da Xingu e no buscam abrir novos

clientes.

Assim, para que as vendas possam crescer mais, necessria uma maior

ateno para administrar a marca nos Estados Unidos. Em funo disso, um dos

executivos da empresa deve passar um perodo maior naquele pas para

acompanhar e assessorar mais de perto a operao, j a partir de 2009. Ele

tambm justifica essa falta de foco, argumentando que um distribuidor em Nova

York, por exemplo, administra 300 marcas de cerveja no total, enquanto no Brasil,

um distribuidor gerencia de 5 a 10 marcas premium.

No ranking da figura 27, podem-se ver as cervejas importadas mais

vendidas nos EUA em 2007, com destaque para a Corona Extra, cerveja mexicana

que serve de benchmarking para a Cervejas Premium do Brasil, pelo seu sucesso

(um tero da Corona para exportao) e investimento, muito mais no ponto de

venda, mas sem altos investimentos em mdia de massa. Alguns distribuidores da

costa leste americana j relataram que alguns consumidores esto substituindo a

Corona pela Palma Louca. Todavia, Xingu e Palma Louca sequer aparecem nesse

ranking, demonstrando a baixa penetrao dessas cervejas no mercado norte-

americano, que atualmente o mercado mais importante em termos de volume.

Pode-se observar a cerveja de origem brasileira Brahma nessa relao, onde ocupa

a posio 55, com um volume em 2006 de 215 mil caixas ao ano.

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Figura 27: Ranking das cervejas importadas mais vendidas nos EUA

Fonte: Material interno da empresa Cervejas Premium do Brasil

4.5.3 Reino Unido

Em funo do pblico formador de opinio, o mercado ingls foi o foco

inicial no estgio de desenvolvimento de novos mercados, principalmente com a

cerveja Palma Louca. Atualmente, 40% do volume de Palma Louca est na

Inglaterra.

A Palma Louca tem sido vendida por um grande importador de vinho e

cerveja do Reino Unido, Speedspar Ltd., localizado em East Bempton, Yorkshire.

Esse importador fornece para as redes de supermercado Sainsbury`s,

Morrisons Supermarkets (quarta maior rede de supermercados, com 400 lojas) e

Makro. Outras redes e varejistas esto sendo desenvolvidos tambm, mas a Palma

Louca enfrenta a concorrncia de grandes cervejarias, que pagam para estarem

presentes nas principais redes.

Atualmente o importador tem feito um trabalho de vendas nos restaurantes

e pubs de Londres para introduzir a PL e a Xingu. No bar temtico brasileiro,

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Guanabara, a PL a segunda cerveja mais vendida, com 300 caixas por ms, atrs

apenas da Brahma.

Ao contrrio dos EUA, o volume maior de vendas da PL e da Xingu no

Reino Unido est concentrado no off-trade (similar ao off-premise dos EUA)

e depois vem o on-trade.

De acordo com Erick Machado, na Inglaterra o importador/ distribuidor

bastante focado na Palma Louca, dando abertura inclusive para Cesario de Mello

Franco falar diretamente com os potenciais clientes. Isso tem feito a diferena

para o crescimento expressivo da cerveja nesse mercado.

4.5.4 Gesto das Marcas

Em 2002, quando Cesario de Mello Franco comprou os direitos da marca

Xingu para si, afirma que deixou de ser uma empresa de exportao e tornou-se

uma empresa de marketing. Hoje, o empresrio diz que faz somente a superviso

da gesto da marca e destaca o design como um dos pontos fortes nesse processo.

Cesario destaca o livro Creating Powerful Brands como uma importante

referncia na gesto da marca.

Segundo ele, a gesto da marca centralizada por ele e Erick, no que diz

respeito forma de aplicao das marcas. J a execuo fica sob a

responsabilidade dos representantes em cada pas.

Na criao das marcas foi sempre utilizado o servio de designers

independentes, pela criatividade, atendimento prximo e personalizado e tambm

pelo custo mais baixo. A Cervejas Premium do Brasil no trabalha com agncias

de publicidade.

A propaganda no ponto de venda para o consumidor final e o incentivo de

vendas para o canal so as formas mais utilizadas de comunicao da empresa e,

segundo Erick, a frmula que d certo, pois tem retorno mais rpido. No h

recursos, nem distribuio, que justifiquem uma mdia de massa. As cervejas

Xingu e PL tambm participam de alguns eventos .

Na opinio de Cesario, os principais fatores para a disseminao das marcas

nos mercados internacionais foram: a originalidade, a boa aparncia do produto e

o fato de serem marcas brasileiras. Erick afirma que, no caso da Xingu, os

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motivos foram: a associao com a Amaznia, os prmios conquistados e o fato

de ser uma bebida inusitada. J a PL est associada cultura brasileira, com o

website para a marca com bom resultado.

Quando questionados sobre o conhecimento dessas marcas no exterior

(brand awareness), Cesario afirma:

No universo como um todo o conhecimento baixo, mas no universo dos

produtos brasileiros, tm destaque.

Segundo ele, nos EUA a Xingu uma marca conhecida. Cesario

complementa: L nos EUA, tm pessoas que amam a Xingu. Em relao

Palma Louca, destaca que na Inglaterra a PL a cerveja nmero 1 do Brasil.

Erick tambm tem a mesma opinio, ao afirmar que a Xingu tem um forte

conhecimento nos EUA dentro do seu nicho especfico, de consumidores de

cervejas mais elaboradas.

Cesario no acredita que exista necessariamente uma preferncia por parte

dos consumidores em consumir marcas globais. Isso relativo, j que h um forte

movimento de consumir cervejas premium e artesanais. Porm, confirma que

marcas brasileiras que obtm sucesso no exterior geralmente tendem a ter uma

maior preferncia do pblico interno tambm. Como ele mesmo diz:

O brasileiro tem um certo preconceito com o que dele. Quando tem o

aval do exterior, est mais propenso a consumir.

Cesario e Erick concordam que no existem marcas brasileiras fortes no

exterior, pois as marcas brasileiras so pouco trabalhadas l fora. Segundo

Cesario, existe uma boa aceitao de marcas brasileiras: O Brasil legal. Est na

moda. Erick confirma que os estrangeiros tm uma imagem positiva do Brasil e

tem melhor aceitao como um todo, mas quando se trata de cervejas, os

consumidores ficam surpresos ao saberem que esto consumindo uma cerveja

brasileira e, na maioria dos casos, so indiferentes em relao origem da cerveja.

Quando questionados se a cerveja Xingu e PL se beneficiam por serem

marcas de origem brasileira no exterior, Cesario categrico ao afirmar:

Com certeza. O Brasil est super na moda. Quanto mais sofisticado o

pblico, mais interesse h pelo Brasil.

Erick tambm confirma que as cervejas so beneficiadas por sua origem

brasileira, j que ambas tm uma forte associao com o Brasil: a Xingu com a

Amaznia e a PL com a cultura e arte brasileiras. Essa afirmao parece ser

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contraditria em relao opinio anterior do executivo sobre a aceitao de

cervejas brasileiras, onde ele afirma haver uma indiferena em relao origem

da cerveja. A interpretao da questo pode ter sido influenciada por outros

fatores, mas essa ltima opinio de Erick demonstra o esforo da empresa em

associar as marcas com o Brasil.

Cesario deixa a seguinte mensagem final para ter sucesso na gesto de

marcas no cenrio internacional:

Voc deve buscar ser realista, diferente, ter entusiasmo e, acima de tudo, ter

perseverana. A realidade quem cria voc.

E, por ltimo, cita uma frase de um escritor que diz:

O homem comum tenta ser igual aos outros. O homem criativo no quer

isso.

Segundo ele: Importante inovar!

4.6 Anlise das Respostas do Questionrio

O questionrio serviu como levantamento complementar aos estudos de

caso, de forma a avaliar a percepo de estrangeiros em relao a marcas

brasileiras, a verificar a importncia da marca na internacionalizao de empresas

e tambm a percepo deste pblico para com as marcas estudadas nesta pesquisa,

o Guaran Antarctica, a cerveja Xingu e a cerveja Palma Louca.

A partir do questionrio respondido pelos alunos estrangeiros da PUC-Rio,

ser possvel tambm responder a alguns dos objetivos secundrios definidos

nesta pesquisa, que, por sua vez, fornecem importantes subsdios para o correto

entendimento e anlise do objetivo principal:

1. Marcas brasileiras tm tido boa aceitao do pblico internacional?

2. Existe uma preferncia por parte dos consumidores em consumir produtos

ou servios de uma marca global?

3. Qual foi o impacto do efeito pas de origem nos trs produtos analisados?

Vale lembrar que esta pesquisa no tem o objetivo de fazer inferncias

estatsticas, uma vez que somente 50 pessoas responderam ao questionrio, o que

corresponde a uma amostra muito pequena. Cabe ressaltar ainda que somente 31

estudantes responderam o questionrio por completo, inclusive as questes com

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escala Likert. De qualquer forma, o resultado obtido no se torna menos

interessante por abranger um pequeno grupo.

A anlise do questionrio foi feita primeiramente por partes, seguindo a

ordem das perguntas. Posteriormente, na discusso final, ser feita a anlise mais

ampla de todo este estudo, comparando os resultados do levantamento de

percepes, a partir das entrevistas guiadas para executivos e para distribuidores/

importadores com as respostas obtidas com o questionrio aplicado e a

bibliografia estudada.

1. Perfil do Respondente

A partir das respostas sobre o perfil dos respondentes, pode-se concluir que

a amostra composta, em sua grande parte, de alunos de graduao, homens e

mulheres, na faixa entre 18 e 23 anos, provenientes dos Estados Unidos,

residentes no Brasil h no mximo sete meses.

Nos grficos abaixo possvel verificar cada item do perfil dos

respondentes.

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2. Conhecimento sobre Marcas

Dentre as marcas brasileiras citadas pelos estrangeiros h um destaque para

as Havaianas, que foi lembrada espontaneamente por 72% dos respondentes. Vale

mencionar que o Guaran foi citado por 18% dos estrangeiros, seguido pela

Brahma, com 15% e pela Salinas, com 12%.

Os sentimentos, imagens ou percepes ligados a produtos made in Brazil

citados de forma espontnea foram muito variados. 30% dos respondentes

associaram produtos brasileiros a praia, sol, vero, 15% a alegria, felicidade,

9% citaram verde e 9% citaram extico.

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J nos setores que mais representam produtos tipicamente brasileiros,

destaque para os setores de Moda Praia, com 83% das citaes e de Produtos

Agrcolas, com 67%. Churrascaria foi lembrado por 47% dos estrangeiros e

Energia por 36%. Os setores Refrigerantes e Cerveja obtiveram o percentual de

28% cada um, o que demonstra que no h uma associao to direta desses

produtos ao made in Brazil.

Em relao pergunta sobre as marcas com as quais j teve contato no

exterior, mais uma vez h uma predominncia da marca Havaianas, citada por

86% dos respondentes. Em seguida, vem o Guaran Antarctica, citado por 43%

dos estrangeiros. No houve nenhuma meno marca Xingu.

3. Opinio sobre Marcas

Com base em escala Likert com cinco opes (Concordo Totalmente,

Concordo em Parte, Nem Discordo Nem Concordo, Discordo em Parte e Discordo

Totalmente), as respostas foram tabuladas e analisadas considerando a pontuao

de 5, 4, 3, 2 e 1, respectivamente. A partir das questes abaixo foram obtidos os

seguintes resultados:

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- A marca exerce muita influncia no meu processo de compra de um

produto ou servio.

A marca exerce muita influncia no processo de compra dos respondentes

(65% de concordncia). A mdia obtida foi de 3,6 e desvio padro de 1,1,

confirmando que h uma maior concordncia dos respondentes nessa questo.

- Prefiro consumir produtos ou servios de marcas conhecidas

internacionalmente.

No h uma preferncia explcita em consumir produtos de marcas

conhecidas internacionalmente (42% de concordncia, 36% de discordncia e

23% de opinio neutra). A mdia foi exatamente de 3,0, demonstrando que os

respondentes no concordam, nem discordam e tambm tivemos um desvio

padro mais alto de 1,3, o que comprova a maior disperso das respostas para essa

afirmativa.

- Prefiro consumir produtos que apiam uma causa social ou ambiental.

H uma forte preferncia em consumir produtos que apiam uma causa

social ou ambiental (84% de concordncia). Essa foi a questo com a maior mdia

(4,2) e com menor desvio padro (0,8), o que confirma essa preferncia.

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- Marcas brasileiras esto fortemente presentes no cenrio

internacional.

Os respondentes consideram que marcas brasileiras no esto fortemente

presentes no cenrio internacional (61% de discordncia). A mdia foi de 2,3, o

que mostra que h maior discordncia em relao a essa afirmativa, e desvio

padro de 1,1.

- Marcas brasileiras so bem recebidas pelo pblico internacional e Produtos com nome e imagem tipicamente brasileiros tm boa aceitao no exterior.

Marcas brasileiras geralmente so bem recebidas pelo pblico internacional

(52% de concordncia). A mdia foi de 3,4, com desvio padro de 1,1. Quando se

trata de produtos com nome e imagem tipicamente brasileiros, 68% concordam

que esses produtos tm boa aceitao no exterior. Mdia de 3,8, confirmando a

boa aceitao do Brasil no exterior, com desvio padro de 1,0.

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- Marcas brasileiras tm sido bem promovidas/ divulgadas no exterior. No h uma opinio majoritria sobre a promoo/ divulgao de marcas

brasileiras no exterior, mas h uma tendncia para discordncia (45% dos

respondentes). A mdia foi de 2,8 com desvio padro de 1,1.

- Marcas brasileiras so facilmente encontradas no exterior.

Marcas brasileiras no so facilmente encontradas no exterior (74% de

discordncia). Nessa questo foi obtida a menor mdia (2,1), com desvio padro

de 1,1.

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- Marcas brasileiras no exterior tm preos baixos.

No h nenhuma evidncia de que marcas brasileiras pratiquem preo baixo

no exterior (45% de discordncia), somada grande parte dos respondentes que

parece no saber opinar (45% de neutralidade). Pela mdia de 2,5 das respostas e

desvio padro de 0,8, pode-se considerar que marcas brasileiras no exterior no

tm preos baixos.

- Marcas brasileiras no exterior tm qualidade superior. Os respondentes no associam marcas brasileiras no exterior com qualidade

superior (55% de neutralidade e 32% de discordncia). A mdia de 2,7 e desvio

padro de 0,9 confirmam que marcas do Brasil no so vistas como marcas de

qualidade superior.

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4. Opinio sobre Guaran Antarctica

De forma geral, a grande maioria dos respondentes (91%) conhece o

Guaran Antarctica.

Dentre os alunos estrangeiros, metade teve contato com o refrigerante no exterior.

Quando questionados sobre o pas onde teve contato, 31% afirma ter tido contato

nos EUA e outros 31% em Portugal.

Uma maioria afirma ainda que o nome Guaran Antarctica remete ao

Brasil (66%). Alguns respondentes justificaram a resposta e, na maioria dos casos,

afirmam que Guaran um produto que s existe no Brasil. Um depoimento

merece destaque: Como a relao de Coca-Cola ou Dr. Pepper para os EUA,

Guaran o refrigerante do Brasil.

Metade dos respondentes indiferente ao nome do refrigerante. Por ltimo,

h uma percepo positiva em relao a um refrigerante de origem brasileira, com

56% de avaliao positiva.

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5. Opinio sobre a cerveja Xingu

Ao contrrio do GA, a grande maioria dos respondentes (87%) no conhece

a cerveja Xingu e, mais ainda, a totalidade dos respondentes nunca teve contato

com essa cerveja no exterior.

Uma maioria afirma ainda que o nome Xingu no remete ao Brasil (81%).

Para aqueles que justificaram a resposta, trs pessoas responderam que o nome

bem brasileiro e outro remeteu origem indgena, enquanto trs outras pessoas

afirmaram que no remetem a nada e houve ainda duas opinies afirmando que

parece um nome chins.

Dentre os respondentes, 71% so indiferentes em relao ao nome dessa

cerveja. H tambm uma percepo neutra em relao a uma cerveja de origem

brasileira, com 59% dos respondentes sendo indiferentes.

6. Opinio sobre a cerveja Palma Louca