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0 __________________________________________________________________________________ Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013. XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente a complexidade do mundo atual A N A I S TERESINA PIAUÍ BRASIL 2015 ISBN 978-85-8320-032-1 Teresina (PI), 22 a 25 de outubro de 2013.

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

XIII SIMPÓSIO DE

GEOGRAFIA DA UESPI

Reflexões e desafios do pensar e do

fazer geográfico frente a complexidade

do mundo atual

A

N

A

I

S TERESINA – PIAUÍ – BRASIL

2015

ISBN

978-85-8320-032-1

Teresina (PI), 22 a 25 de outubro de 2013.

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

REALIZAÇÃO E APOIO INSTITUCIONAL

Universidade Estadual do Piauí – UESPI

Pró-reitoria de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários – PREX

Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL

Coordenação do Curso de Licenciatura Plena em Geografia

Núcleo de Estudos sobre a Zona Costeira do Estado do Piauí – NEZCPI

Núcleo de Estudo e Pesquisa Rural e Regional – NUPERRE

Centro Acadêmico de Geografia “Professor João Gabriel Baptista” – CAGEO

COMISSÃO ORGANIZADORA

Coordenação Geral

Profª. Dra. Elisabeth Mary de Carvalho Baptista (UESPI)

Coordenação do Curso

Prof. Dr. Jorge Eduardo de Abreu Paula (UESPI)

Coordenação do II Workshop de Ensino de Geografia

Profª. Dra. Maria Luzineide Gomes Paula (UESPI)

Profª. Dra. Maria Tereza de Alencar (UESPI)

Coordenação do II Workshop de Geografia Física do Piauí

Prof. Dr. Jorge Eduardo de Abreu Paula (UESPI)

Profª. Ma. Liége de Souza Moura (UESPI)

Comissão Científica

Prof. Dr. Jorge Eduardo de Abreu Paula (UESPI)

Profª. Dra. Maria Luzineide Gomes Paula (UESPI)

Profª. Ma. Livânia Norberta de Oliveira (UESPI)

Comissão de Patrocínio e Divulgação

Prof. Esp. José Egnaldo da Silva Belo (UESPI)

Profª. Esp. Katyuscia Albuquerque de Moura Marques (UESPI)

Comissão de Logística

Profª. Ma. Débora Virgínia Ferraz de Oliveira (UESPI)

Comissão de Eventos e Cultura

Prof. Esp. José Egnaldo da Silva Belo (UESPI)

Gerenciamento do Site, E-mail e Redes Sociais

Allan Richardson Maciel dos Santos (UESPI)

Ana Beatriz Ribeiro dos Santos (UESPI)

Hikaro Kayo de Brito Nunes (UESPI)

Tiago Caminha de Lima (UESPI)

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

ORGANIZADORES DO LIVRO

Jorge Eduardo de Abreu Paula

Allan Richardson Maciel dos Santos

Ana Beatriz Ribeiro dos Santos

Hikaro Kayo de Brito Nunes

Gessica Maria Mesquita Monteiro

Ficha elaborada pelo Serviço de Catalogação da Biblioteca Central da UESPI

Grasielly Muniz (Bibliotecária) CRB 3/1067

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

APRESENTAÇÃO

O XIII Simpósio de Geografia da UESPI, foi realizado na cidade de Teresina

(capital do Piauí) em outubro de 2013, com o tema ―Reflexões e desafios do pensar e do

fazer geográfico frente à complexidade do mundo atual‖. Esse tema buscou discutir acerca

das diversas possibilidades de atuação da ciência geográfica considerando uma perspectiva

interdisciplinar, integradora e socioambientalmente responsável. Este evento reuniu

alunos e professores do curso de Geografia da UESPI e de outras IES, além de

profissionais de áreas afins.

O evento ofereceu espaço para discussão da produção científica na área da

Geografia bem como de áreas afins, colaborando para o desenvolvimento científico local e

regional. Em sentido amplo o evento contribuiu para a reflexão sobre as questões atuais e a

relação destas com o geógrafo (licenciado ou bacharel) e a ciência geográfica.

Após suas edições, o XIII Simpósio de Geografia da UESPI foi importante espaço

de dicussão-reflexão em torno da ciência, onde os temas específicos de investigação

científica foi ordenado nos seguintes eixos: espaços urbano e rural, ensino de Geografia,

questões ambientais, cultura e turismo. Áreas estas que foram trabalhadas em diversas

pesquisas apresentadas por alunos, professores e pesquisadores.

O impacto da realização de um evento desse porte é de grande dimensão, dentre

eles permitiu a interação dos atores interessados pelas temáticas com trocas de

experiências, ideais e problemas de pesquisa. Além disso, proporcionou a divulgação dos

resultados das pesquisas/estudos realizadas pelos núcleos de pesquisas e professores no

geral, da UESPI ou de outras IES, contribuindo assim, para a sua formação acadêmica e

intelectual.

Nessa edição do evento foi dada continuidade a realização dos Workshops que

discutem a Geografia Física e o Ensino de Geografia tendo como temas respectivos o

―Ambiente Semiárido: limitações e potencialidades‖ e ―Educação Contextualizada no

Campo‖. Essas temáticas foram elencadas considerando a relevância do semiárido no

contexto social, histórico e geográfico piauiense. O evento como um todo possibilitou

debates, reflexões, aprofundamento de pequisas, aprendizagem e interação entre os

participantes acerca das temáticas propostas.

Por fim, a Coordenação Geral do evento lança estes anais, como resultado tangível

dos trabalhos apresentados durante o XVIII SIMPGEO.

Boa leitura!

Coordenação Geral

XIII Simpósio de Geografia da UESPI

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

SUMÁRIO

EIXO 01: GEOGRAFIA E ENSINO A AULA DE CAMPO: UMA FERRAMENTA PEDAGOGICA DE INCENTIVO À

PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL......................................................................

13

Josenete Assunção CARDOSO

A CONTRIBUIÇÃO DA LITERATURA NA ANÁLISE DO ESPAÇO

GEOGRÁFICO.....................................................................................................................

19

Tiago Caminha de LIMA

Maria Tereza de ALENCAR

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE GEOGRAFIA PELOS PROFESSORES E

PROFESSORAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL....................

24

Raimundo Nunes PIMENTEL NETO

Josélia Saraiva e SILVA

A VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS USADOS NAS AULAS DE

GEOGRAFIA NA UNIDADE INTEGRADA MUNICIPAL MARCIA MARINHO,

NA MODALIDADE DE ENSINO FUNDAMENTAL EM CAXIAS-

MA..........................................................................................................................................

29

Maysa Monyse L. AGUIAR

Paulo Henrique F. SOARES

Maria Tereza de ALENCAR

AS ―GEOGRAFIAS‖: SUAS RELAÇÕES, PRÁTICAS E POSSIBILIDADES........... 33

Patrícia Maria de Deus LEÃO

Lidiane Bezerra OLIVEIRA

Bruna Gabriela de Assis SILVA

DIALOGANDO SOBRE CONHECIMENTO CARTOGRÁFICO COM OS

ALUNOS DO CURSO DE PEDAGOGIA - PARFOR DA MICRORREGIÃO DE

SÃO RAIMUNDO NONATO – PI......................................................................................

38

Fernandes Pereira NUNES

Aldemir Monteiro de ASSIS

Judson Jorge da SILVA

O ENSINO DE GEOGRAFIA DO PIAUÍ E OS LIVROS DIDÁTICOS...................... 43

Rafaela Santos LEAL

Mugiany Oliveira de Brito PORTELA

O ENSINO DE GEOGRAFIA E A METODOLOGIA: DESAFIOS NA

ATUALIDADE.....................................................................................................................

48

Lineu Aparecido Paz e SILVA

O ENSINO DE GEOGRAFIA NA CONTEMPORANEIDADE COM USO DE

TECNOLOGIAS E A FORMAÇÃO DOCENTE............................................................

52

Rosana Soares de LACERDA

Judson Jorge da SILVA

OS CONCEITOS GEOGRÁFICOS E A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM

NECESSIDADES ESPECIAIS NA ESCOLA PÚBLICA DE TERESINA-PI.............

57

Elayne Cristina Rocha DIAS

Cledimar Ferreira BARBOSA

5

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

Mugiany Oliveira Brito PORTELA

OS RECURSOS DIDÁTICOS AUXILIANDO NO ENSINO DA

GEOGRAFIA.......................................................................................................................

61

Ana Carolina Nunes dos SANTOS

Vanda Silva SANTOS

Maria Tereza de ALENCAR

OS RECURSOS LÚDICOS APLICADOS AO ENSINO DE GEOGRAFIA: UM

DIAGNÓSTICO DA ESCOLA MUNICIPAL MÁRIO COVAS....................................

65

Elayne Cristina Rocha DIAS

Cledimar Ferreira BARBOSA

Mugiany Oliveira Brito PORTELA

RECURSOS DIDATICOS E ENSINO DE GEOGRAFIA............................................... 69

Hevelane de Moura ALMEIDA

Raquel dos Santos LIMA

Maria Tereza de ALENCAR

EIXO 02: GEOGRAFIA E QUESTÕES AMBIENTAIS A CONTRIBUIÇÃO DA GEOMORFOLOGIA AMBIENTAL NA ANÁLISE DE

ÁREAS DEGRADADAS NO PERÍMETRO URBANO DE TIMON-MA...............

73

Rafael José MARQUES

Elisângela Guimarães MOURA FÉ

A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM TERESINA– PIAUÍ.......... 78

Sergio Carlos dos Santos VIANA

Bartira Araújo da Silva VIANA

AÇÃO ANTRÓPICA NA BACIA DO RIO POTI NO PERÍMETRO URBANO

DE TERESINA................................................................................................................

83

Adalgiso Barbosa de ARAÚJO NETO

Gracielly Portela da SILVA

Bartira Araújo da Silva VIANA

ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO (DO SOLO) NO ENTORNO DA PLANÍCIE

DE INUNDAÇÃO NO BAIRRO SÃO JOÃO MUNICÍPIO DE TERESINA –

PIAUÍ.................................................................................................................................

88

Aline de Araújo LIMA

ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DO RIO PIAUÍ EM SÃO

RAIMUNDO NONATO-PI.............................................................................................

93

Gláucio Fernando NEGREIROS

Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA

AS REPERCUSSÕES DA SECA DE 2012 NA COMUNIDADE LAGOA DO

CABOCLO, ANÍSIO DE ABREU-PI.............................................................................

97

Luana Ribeiro dos SANTOS

Ícaro Cardoso MAIA

ATIVIDADE PRODUTIVA DE EXTRAÇÃO MINERAL DE AREIA NO LEITO

DO RIO POTI, EM TERESINA – PI............................................................................

101

Allan Richardson Maciel dos SANTOS

Ana Beatriz Ribeiro dos SANTOS

6

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

Hikaro Kayo de Brito NUNES

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA....... 106

Wilson dos Santos PAIVA

Marcelo Pereira da SILVA

Raimundo Nonato da SILVA JUNIOR

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DO LITORAL PIAUIENSE: UMA

SÍNTESE BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL......................................................

110

Edileia Barbosa REIS

Manoel Gustavo Siqueira SOUSA

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS PARQUES URBANOS DE

TERESINA: NOVA POTYCABANA, BEIRA RIO E ENCONTRO DOS

RIOS..................................................................................................................................

116

Solange de Abreu GALVÃO

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

CONCEITO DE MEIO AMBIENTE: AS PROPOSTAS DE ENRIQUE LEFF E

GERALDO MÁRIO ROHDE........................................................................................

121

Denilson da Silva ROCHA

Marcelo Francisco Souza dos SANTOS

Francílio de Amorim dos SANTOS

ESTADO NORMATIVO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE

DA MICROBACIA DO RIACHO DO RONCADOR, TIMON

(MA)...................................................................................................................................

126

Josenete Assunção CARDOSO

Cláudia Maria Sabóia de AQUINO

FORMAS DE DEGRADAÇÃO NO RIO POTI EM TERESINA-PI....................... 131

Adonys Roney Muniz da SILVA

Ana Flávia Moura de SOUSA

Rosélia Teixeira FERNANDES

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

GEOCONSERVAÇÃO E GEODIVERSIDADE NO GEOPARK ARARIPE......... 135

Brenda Rafaele Viana da SILVA

Laryssa Sheydder de Oliveira LOPES

IMPACTOS AMBIENTAIS DA ATIVIDADE EXTRATIVA DE MASSARÁ EM

TERESINA – PIAUÍ........................................................................................................

139

Bartira Araújo da Silva VIANA

Cristiane Valéria de OLIVEIRA

IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE PARQUES DE LAZER PARA O

DESENVOLVIMENTO LOCAL...................................................................................

144

Maria Tércia Oliveira dos SANTOS

Tiago Caminha de LIMA

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

MAPEAMENTO TEMÁTICO DA ERODIBILIDADE DAS ASSOCIAÇÕES DE

7

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

SOLOS, DA PRECIPITAÇÃO MÉDIA ANUAL E DA VEGETAÇÃO DO

ESTADO DO PIAUÍ COM O USO DA CARTOGRAFIA DIGITAL.......................

149

Rafael Magno Batista LIMA

Cláudia Maria Sabóia de AQUINO

O PROCESSO DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DO RIO PARNAÍBA NO

TRECHO URBANO CENTRO ADMINISTRATIVO – IATE CLUBE, EM

TERESINA, PI..................................................................................................................

153

Caroline da Silva MATEUS

Karoline Veloso RIBEIRO

Raimundo Lenilde de ARAÚJO

PARQUE AMBIENTAL FLORESTA FÓSSIL DE TERESINA: AÇÃO

ANTRÓPICA E SUA DESVALORIZAÇÃO................................................................

157

Kamila Keila de Sousa ROSA

Rafaela Santiago de MENEZES

José Egnaldo da Silva BELO

EIXO 03: GEOGRAFIA, ESPAÇOS URBANOS E RURAIS A ATIVIDADE COMERCIAL E A CONSTITUIÇÃO DO MOCAMBINHO

COMO NOVA CENTRALIDADE URBANA EM TERESINA-PI.............................

163

Poliana Santos FERRAZ

CARACTERIZAÇÃO AGRÍCOLA DE JATOBÁ DO PIAUÍ: ABORDAGENS

SOBRE A PRODUÇÃO DE MELANCIA...............................................................

168

Antonio Delfino de OLIVEIRA

Cíntia dos Santos LINS

CIDADES MÉDIAS DO MEIO-NORTE DO NORDESTE: UM ESTUDO DO

CASO DE PARNAÍBA (PI)...................................................................................

172

Elias Paulo da SILVA

Gracielly Portela da SILVA

Antonio Cardoso FAÇANHA

CONTRIBUIÇÃO DO PARQUE FLORESTA FÓSSIL NO MEIO URBANO DE

TERESINA (PI).....................................................................................................

177

Jackson Saraiva de FREITAS

Sheila Pereira PINHO

Livânia Norberta de OLIVEIRA

CRESCIMENTO URBANO DE TERESINA: PROCESSO DE EXPANSÃO DA

ZONA SUL.............................................................................................................

181

Maria Eunice Santos TEIXEIRA

Livânia Norberta de OLIVEIRA

ESTUDO DO PROCESSO DE VERTICALIZAÇÃO DA ZONA LESTE DE

TERESINA............................................................................................................

185

Adjhones de Souza SILVA

Antonio de Assis NETO

Marcos Vinícios de ANDRADE

Livânia Norberta de OLIVEIRA

8

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

LÓGICA DOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO SEMIÁRIDO PIAUIENSE:

ESTUDO DE CASO DO ASSENTAMENTO CANA BRAVA – JUREMA–

PI...........................................................................................................................

189

Aldemir Monteiro de ASSIS

Fernandes Pereira NUNES

Judson Jorge da SILVA

O CRESCIMENTO URBANO DE SÃO RAIMUNDO NONATO E SUAS

IMPLICAÇÕES NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ATUAL..................

194

Anselmo Viana dos SANTOS

Romário Borges da COSTA

Stephanyo dos Reis OLIVEIRA

Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA

O PAPEL DOS CONJUNTOS HABITACIONAIS NA EVOLUÇÃO URBANA

DE TERESINA- UM OLHAR SOBRE O RESIDENCIAL JACINTA

ANDRADE.............................................................................................................

198

Léa Maria da Silva CARDOSO

Bartira Araújo da Silva VIANA

PLANEJAMENTO URBANO EM TERESINA PÓS-REDEMOCRATIZAÇÃO:

O II PLANO ESTRUTURAL DE TERESINA E A AGENDA

2015.......................................................................................................................

203

Rodrigo da Silva RODRIGUES

Francisco de Assis VELOSO FILHO

PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA NA CIDADE DE TERESINA:

POLÍTICA HABITACIONAL, PLANEJAMENTO URBANO E SEGREGAÇÃO

URBANA...............................................................................................................

208

Adalgiso Barbosa de ARAÚJO NETO

Antonio Cardoso FAÇANHA

REGIONALIZAÇÃO DA CIDADE DE TERESINA-PI: DESENVOLVIMENTO,

E ADENSAMENTO POPULACIONAL DA SDU CENTRO-

NORTE.................................................................................................................

213

Marcilene de Oliveira ALVES

Débora Virgínia Ferraz de OLIVEIRA

REGIONALIZAÇÃO DA CIDADE DE TERESINA-PI: O CASO DAS ZONAS

SUDESTE E SUL...................................................................................................

218

Núbia Araújo SENA

José Maurício AMANCIO

Jorge MARTINS FILHO

SEGREGAÇÃO SÓCIOESPACIAL: ESTUDO DO LOTEAMENTO

PLANALTO URUGUAI E VILA SANTA BÁRBARA EM TERESINA-PI.............

223

Gilsione Miranda dos Santos CARVALHO

Raimundo Nonato da Costa SILVA

Rodrigo Daylan Alexandrino SILVA

Livânia Norberta de OLIVEIRA

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O TERRITÓRIO DOS FLANELINHAS NO CENTRO DE TERESINA................. 227

Wilson dos Santos PAIVA

Marcelo Pereira da SILVA

Raimundo Nonato da S. Júnior

Débora Virgínia Ferraz de OLIVEIRA

TRANSFORMAÇÕES NA PAISAGEM URBANA NO TRECHO ENTRE O

PARQUE POTYCABANA A PONTE JOÃO ISIDORO FRANÇA (ESTAIADA)

NA AVENIDA RAUL LOPES ZONA LESTE – TERESINA/PI.............................

232

Edileia Barbosa REIS

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO EM TERESINA – PI: ESTUDO DO

SISTEMA OFERECIDO AO BAIRRO SANTO ANTÔNIO..................................

237

Alex Couto BORGES

José Maurício AMANCIO

Livânia Norberta de OLIVEIRA

EIXO 04: GEOGRAFIA, CULTURA E TURISMO A CAATINGA COMO LEITO: OS CEMITÉRIOS DO SEMIÁRIDO

PIAUIENSE............................................................................................................

243

Alessandra de Araújo BASTOS

Marina Silva CARVALHO

Tainara de Santana CASTRO

Domingos Alves de CARVALHO JÚNIOR

CIDADE DE TERESINA E SUAS POTENCIALIDADES TURÍSTICAS................ 246

Eduarda Ramos OLIVEIRA

Gessica Maria Mesquita MONTEIRO

Lya Raquell Moura FERREIRA

Maria Luzineide GOMES

CURRAL DE SERRAS: O ENCONTRO ENTRE GEOGRAFIA E

LITERATURA NA OBRA DE ALVINA GAMEIRO..............................................

251

Denise Raquel Barbosa SOARES

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

O PERFIL DO VISITANTE DO COMPLEXO TURÍSTICO DA PONTE

ESTAIADA MESTRE ISIDORO FRANÇA............................................................

256

Monnysy Monnyarha Brito dos SANTOS

Elias Paulo da SILVA

Mugiany Oliveira Brito PORTELA

OS DESAFIOS DO TURISMO EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI.................. 261

Josilaine do Carmo RIBEIRO

Rivânia de Santana PEREIRA

Valdiano Santos PEREIRA

Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA

PRESSUPOSTOS BÁSICOS SOBRE A PERSPECTIVA DO TURISMO EM

RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE...................................... ..................................

266

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mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

Regina da Silva SOUZA

Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA

TURISMO E LAZER: SUAS RELAÇÕES E DIFERENÇAS.................................. 271

Valter Rocha BARROS

Iolanda do Nascimento Dias REIS

Aline de Sousa Santos MENDES

Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA

EIXO 05: GEOGRAFIA E MOVIMENTOS SOCIAIS CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO ASSENTAMENTO OLHO D’ÁGUA NO

MUNICÍPIO DE SOCORRO DO PIAUÍ................................................................

277

José Iomar Oliveira de CARVALHO

Zildene Paes SOARES

Judson Jorge da SILVA

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mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

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EIXO 01:

GEOGRAFIA E ENSINO

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

A AULA DE CAMPO: UMA FERRAMENTA PEDAGOGICA DE INCENTIVO À

PRÁTICA DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Josenete Assunção CARDOSO

Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Piauí – UFPI.

[email protected]

RESUMO Diante da conjuntura atual de crise ambiental a sociedade tem solicitado um modelo de cidadão mais

consciente frente aos problemas ambientais através da educação. Neste contexto, a aula de campo se insere

como catalisadora do processo educativo na perspectiva da Educação Ambiental (EA) ao sensibilizar o

educando para problemas e conflitos decorrentes do uso e ocupação equivocados do espaço geográfico.

Assim, o trabalho objetivou sensibilizar o estudante através da aula de campo para a importância dos

princípios de conservação e proteção preconizados Educação Ambiental (EA) através da observação

descritiva, identificação de problemas ambientais e conflitos decorrentes da ocupação e uso da área visitada;

discussão dos problemas ambientais, processos naturais e antrópicos ali existentes. O resultado apontou

vários problemas socioambientais e concluiu que para aprender a conservar/preservar o meio ambiente é

necessário conhecer o seu funcionamento e sua dinâmica próprios.

Palavras-chave: Aula de campo. Educação Ambiental. Problemas ambientais. Teresina (PI).

INTRODUÇÃO

Numa conjuntura de crises, dentre elas a ambiental, a sociedade tem solicitado da educação

um modelo de cidadão cada vez mais consciente e transformador da realidade vigente. São vários os

problemas que a sociedade atual tem experimentado decorrentes da forma equivocada de sua

relação com o meio natural do qual dependemos totalmente.

Durante a prática pedagógica de várias disciplinas (Geografia, História, Biologia etc.), o

trabalho de campo tem-se revelado como uma rica ferramenta de aprendizagem porque através dele

o estudante pode compreender de forma mais clara as relações existentes entre a sociedade e a

natureza, favorecendo o acompanhamento das transformações impostas pelo homem ao espaço

geográfico, e deste sobre a sociedade, segundo informa Citon et. al. (2013).

Assim, a prática da aula de campo justifica-se por apresenta-se como ferramenta mediadora

no processo de sensibilização do educando frente aos problemas ambientais numa perspectiva

conscientizadora e de que é necessário mudar o nosso comportamento. Neste contexto a escolha do

trecho da Av. Boa Esperança, no bairro Olarias, da Rua Des. Flávio Furtado, Alameda João Izidoro

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

França e Rua Mário da Mota, no bairro Poti Velho, zona Norte da capital, decorre da: i) localização

da área no entorno urbano de Teresina; ii) da diversidade de condições naturais que ali ainda se

fazem presentes, contrastando com as formas de ocupação e uso do solo; iii) da importância

histórica deste local: foi o marco da fundação da capital.

O trabalho teve por objetivo sensibilizar o estudante através da aula de campo para a

importância dos princípios de conservação e proteção preconizados Educação Ambiental (EA),

utilizando-se para isso a técnica da observação descritiva da relação sociedade – natureza ali

presente; identificação de problemas ambientais e conflitos decorrentes da ocupação e uso da área

visitada; discussão dos problemas ambientais, processos naturais e antrópicos ali existentes.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Cada vez mais torna-se evidente que o ser humano é parte integrante da natureza. Entretanto,

para admitirmos esta integração é necessária a adoção de novos valores que busquem o equilíbrio

dos aspectos socioeconômicos com o meio ambiente através da educação.

Para Medina e Santos (2000), a educação é um subsistema aberto, complexo e que reflete a

troca de matéria, informações e energia com meio sociocultural e socioambiental, apresentando-se,

portanto, instável e em contínuo processo de interação e aperfeiçoamento. Neste contexto, insere-se

a Educação Ambiental (E.A.) que, através das excursões de campo, revela-se como o elemento

catalisador deste processo, pois, segundo Guimarães (1995, p. 15), esta tem o “importante papel de

fomentar a percepção da necessária integração do ser humano com o meio ambiente”, respeitando-o

e conservando-o, para si e para as futuras gerações. Neste sentido, De Marcos afirma que tal aula é

[...] o momento em que podemos visualizar tudo o que foi discutido em sala de aula, em

que a teoria se torna realidade, se “materializa” diante dos olhos estarrecidos dos

estudantes [...] e possa ser um momento a mais no processo

ensino/aprendizagem/produção do conhecimento. (DE MARCOS, 2006, p. 106).

Diante do contexto de transformações, justifica-se a necessidade da introdução da E.A. no

subsistema educativo. De acordo com Loureiro (2009), a E.A. foi construída durante a Conferência

Intergovernamental sobre Educação Ambiental realizada em Tblisi (Geórgia) em 1977, na qual

foram definidos a natureza da E.A., princípios, objetivos, características, e sua universalização,

recomendando-se “o treinamento de pessoal, desenvolvimento de materiais educativos, pesquisa de

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

novos métodos e disseminação de informações como estratégia basilar de desenvolvimento” (DIAS,

1998, p. 22).

Segundo a Conferência de Tbilisi a E.A. deve ser entendida como um processo de

construção de valores e habilidades que leve ao desenvolvimento de atitudes ambientais. Nasce,

assim, a necessidade de sensibilização do ser humano frente aos problemas ambientais,

demandando novos códigos morais, valores e atitudes considerando a perspectiva ecológica de

mundo, segundo informam Loureiro (2009) e Maroti (2002), onde a experiência com o ambiente

que rodeia o estudante, devidamente orientada, de convergir para este processo.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

A área de estudo concentrou-se na zona Norte de Teresina, nos bairros Olarias e Poti Velho,

apresentando um percurso aproximado de 2,0 km, conforme Figura 1:

Figura 1 - Localização do transecto percorrido

Fonte: Google Earth (2007)

Metodologia

Para realização deste trabalho sugere-se a utilização do levantamento bibliográfico;

localização da área através de mapas e imagens de satélite; levantamento fotográfico; observação

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descritiva da comunidade e da paisagem do percurso; entrevista não estruturada com os moradores;

paradas para discussão dos problemas ambientais observados; organização, análise e discussão dos

dados coletados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Paradas Registro Elementos Discursivos

1ª:

Diq

ue

do p

oti

(ru

a M

ário

da

Mota

,

Po

ti V

elh

o)

Ajardinamento marginal; ruído (bares e propagandas

comerciais); vibrações (pelo fluxo de veículos

automotores); efluentes (resíduos líquidos); remoção da

mata marginal; aguapé, um bioindicador; a ponte (que

liga a o bairro Poti Velho à Santa Maria da Codipe) obra

de planejamento urbano de grande porte; o dique de

contenção: tenta deter o avanço das águas das enchentes;

calçamento/revestimento das ruas e pontos da margem

que deveria estar com sua vegetação preservada; Lixo.

2ª:

Polo

Cer

âmic

o (

rua

des

. F

lávio

Furt

ado,

Poti

Vel

ho)

Barulho: pelo constante trabalho nos fornos e oficinas de

confecção das peças; geração de emprego e renda;

fuligem: que vem junto com a emissão da poluição com a

fumaça; local improvisado para a exposição das peças

calçadas; ateliês: para a venda atendendo a programas

governamentais; facilidade de pagamento: com cartões de

crédito de uso internacional; centro de exposição dos

artesãos; diversidade de produtos cerâmicos.

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3ª:

Ex

traç

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iner

al (

rua

des

. F

láv

io

Fu

rtad

o,

Poti

Vel

ho)

Desmatamento; alteração da topografia; acúmulo de água

parada nas “grotas” abandonadas; lixo; perda da riqueza

faunística; perda do valor cênico/estético da área;

revolvimento dos horizontes do solo; perigo para os

moradores, especialmente crianças ou animais, pois

algumas “grotas” alcançam vários metros de

profundidade.

4ª:

O P

arque

Munic

ipal

Enco

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o d

os

Rio

s e

ento

rno (

Aven

ida

Boa

Esp

eran

ça,

Ola

rias

)

O Parque, com enfoque

turístico/educativo/recreativo/cultural; serviço de

comunicação; desmatamento das margens; barreira

hidráulica: barramento das águas do rio Poty. Suas águas

ficam temporariamente represadas pelas águas do rio

Parnaíba, mais caudaloso e de vazão mais intensa; cultura

de vazante; minifúndios; arborização; temperatura amena;

beleza cênica; comporta para o escoamento das águas;

dique artificial (a avenida que funciona como um dique);

trilhas (com sinalização e informação rarefeitos);

assoreamento.

CONCLUSÃO

Em campo foi possível compreender a dinâmica da relação sociedade-natureza na produção

do espaço, e que esta não é harmônica. A dinâmica natural da área visitada ainda é presente,

consistindo, contudo, num conflito socioambiental. Foram observados vários impactos positivos e

negativos, em termos de planejamento, potencialidades, conservação e preservação. Assim, a E.A.

através da aula de campo possibilita uma reflexão sobre as potencialidades de implementação de

ações didático-pedagógicas voltadas para a consolidação de experiências significativas de

aprendizagem e sensibilização frente a necessidade de conservação do meio ambiente.

Conclui-se com o trabalho de campo que para se poder conservar/preservar é necessário “o

conhecer” para se saber quais posturas devem ser as mais adequadas a serem adotadas frente à

necessidade ocupação e uso dos ambientes naturais visando a sua sustentabilidade e qualidade

ambiental.

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REFERÊNCIAS

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ISSN 2318-0013. P. 120-127. Disponível em <http://www.uel.br/revistas/prodocenciafope>. Acesso

em 02.08.2013.

DE MARCOS, V. Trabalho de campo em geografia: reflexões sobre uma experiência de pesquisa

participante. Boletim Paulista de Geografia. n. 84. São Paulo, jul. 2006, p. 105-136.

DIAS, G. F. Educação Ambiental: Princípios e práticas. 5ª Ed. São Paulo: Gaia. 1998.

GUIMARÃES, M. A dimensão ambiental na educação. Campinas: Papirus, 1995. (Coleção

Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).

LOUREIRO, C. F. B. Trajetória e fundamentos da educação ambiental. 3ª Ed. São Paulo:

Cortez, 2009.

MAROTI, Paulo Sérgio. Educação e interpretação ambiental junto á comunidade do entorno

de uma unidade de conservação. 2002. 146 f. Tese (Doutorado) - Centro de Ciências Biológicas e

de Saúde, Universidade Federal de São Carlos-SP, 2002.

MEDINA, N. M., SANTOS, E. C. Educação Ambiental: uma metodologia participativa de

formação. Petrópolis: Vozes, 2013.

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A CONTRIBUIÇÃO DA LITERATURA NA ANÁLISE DO ESPAÇO GEOGRÁFICO

Tiago Caminha de LIMA

Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Geografia da UESPI.

[email protected]

Maria Tereza de ALENCAR

Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO O ensino de Geografia vem passando por diversas transformações no século XXI, exigindo o uso de

metodologias diferenciadas no ensino. A utilização de métodos de ensino diversificados atualmente é um

diferencial consistente no auxílio da aprendizagem do aluno dentro e fora da sala de aula. A análise de obra

literária é interessante por relacionar os aspectos cotidianos do espaço na disciplina geografia. Nesse sentido,

o presente trabalho busca analisar a Geografia nas obras literárias de diversos autores brasileiros, assim

como, destacar nestas a realidade do espaço brasileiro e identificar a contribuição das obras dos mesmos para

a geografia brasileira no Ensino Médio. Os procedimentos metodológicos foram: levantamento bibliográfico

e pesquisa de gabinete. A integralização dos dados desta pesquisa mostra que os autores, tais como: Aluízio

Azevedo, Graciliano Ramos, Da Costa e Silva tem obras que abordam conceitos geográficos referentes a

lugar, paisagem, região e território, de forma interessante, possibilitando trabalhar os conteúdos geográficos

de forma variada, mais dinâmica e instigante, fazendo com que os alunos percebam a importância e a

contribuição da disciplina geográfica para entender o espaço que vive. Esse estudo visa à oportunidade de

um trabalho transdisciplinar com alunos no Ensino Médio valorizando cada aspecto regional do espaço

brasileiro.

Palavras-chave: Geografia. Literatura. Ensino.

INTRODUÇÃO

A Geografia Escolar desde os anos de 1980, período de difusão da Geografia Crítica e

resgate da Geografia Cultural no Brasil, incide por diversas transformações, principalmente na

abordagem do seu ensino na educação básica. Na busca pela interdisciplinaridade com outros

saberes, deixando de ser uma ciência simplesmente decorativa, tornando-se crítica em que o

alunado percebe-se que o seu eu e o meio no qual vive está intimamente inter-relacionado,

podendo-se assim, realizar discussões e questionamentos com outros saberes, desse modo,

compreendendo melhor o seu espaço.

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Nesse sentido, o presente trabalho busca analisar a Geografia nas obras literárias de diversos

autores brasileiros, assim como, destacarem nestas a realidade do espaço brasileiro e identificar a

contribuição das obras dos mesmos para a geografia brasileira no Ensino Médio. Os procedimentos

metodológicos foram: levantamento bibliográfico, pesquisa de gabinete e registro fotográfico.

O saber local é essencial para a construção e caracterização do espaço geográfico, tendo em

vista que o individuo vive e conhece em detalhes o lugar, detalhes estes que vão desde um aspecto

urbano, como uma casa, uma rua, uma praça e até mesmo aspectos físicos como uma lagoa, um rio,

uma formação de relevo.

INTERDISCIPLINALIDADE ENTRE A GEOGRAFIA E LITERATURA

Destaca Corrêa (1999, p. 51), “que o ressurgimento da geografia cultural se faz num

contexto pós-positivista e vem da consciência de que a cultura reflete e condiciona a diversidade da

organização espacial e sua dinâmica”. Com a presença da Geografia Crítica há um resgate das

discussões a respeito da interdisciplinaridade, ressalta Santos (2008, p. 135), que “a explicação dos

fenômenos geográficos exige, mais que em outra qualquer disciplina, a contribuição de um número

avultado de ciências”.

A busca pela interdisciplinaridade se destaca no cenário escolar, se faz necessário à

ampliação nas discussões, principalmente na Geografia, destaca Giovanni (2007, p. 44), que “a

geografia talvez seja a disciplina que mais trabalha com práticas interdisciplinares, percorrendo um

leque de possibilidades na área da educação. No mundo globalizado, não há como evitar a

recorrência aos conceitos básicos da geografia para entendermos o mundo e as sociedades”. A

disciplina se concretiza em abordar temas relacionados ao cotidiano do alunado, assim, expandindo

sua influência nas interações com áreas do ensino.

Por meio dos estudos realizados em sala e com incremento das aulas práticas o alunado

percebe expressivamente o papel da Geografia, sabendo estabelecer os conceitos básicos

geográficos, desde o seu lugar, o seu espaço, território, região. Dessa forma, percebemos a

relevância deste trabalho. Afirma Kaercher (2002, p. 225/226), que “se ajudarmos nossos alunos a

perceberem que a geografia trabalha com as materializações das práticas sociais, estaremos

colocando-a no seu cotidiano”. Colocando-se em prática uma Geografia que tenha interesse de

ascender à visão de crítica do aluno na sua relação de vida.

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Em busca de novas metodologias, destaca Fernandes (2012), que a Geografia e Literatura

ganha notoriedade, força e profundidade no mundo acadêmico quando da renovação, repaginação

dos fundamentos teórico-metodológicos e da crise paradigmática dos anos de 1970.

Com o estudo da Literatura abre-se um leque de abordagens na ciência em questão, seja

física ou humana, mostrando que essas duas vertentes geográficas estão interligadas. Declaram

Almeida e Olanda (2008, p.9) que:

É possível desvelar a relação do homem com o meio de sua vivência por intermédio da

literatura? Apreender eventos pela subjetividade artística materializada na obra literária,

possibilita conhecer aspectos sócioespaciais de determinada sociedade? As possibilidades

de respostas para tais questões se efetivam por meio da abordagem cultural na Geografia

que se fundamenta na Geografia Humanística.

Esse estudo com a literatura se torna cada vez mais necessário, sabendo que esse saber

possui um ideal subjetivo na caracterização do espaço geográfico, em que o ser humano está

presente naquele meio, o mesmo caracterizado nas obras literárias e a geografia se conceitua na

relação homem e o meio.

Nessa conjuntura Marandola Junior e Oliveira (2009, p.488), afirmar que “a ciência

geográfica centrada no espaço possui conceitos e um método próprio que produz um discurso sobre

o espaço que se abre ao diálogo interdisciplinar”. Por esta via, muito tem se discutido a partir das

noções de território, lugar, paisagem e região, tanto em sentido conceitual quanto metafórico.

Com o estudo de obras literárias visualizamos um leque de informações a respeito do espaço

geográfico, como se destaca no poema Amarante de Da Costa e Silva (1908) “Que encanto natural

o seu aspecto encerra! Junto à paisagem verde a igreja branca, o bando das casas que se vão, pouco

a pouco, apagando com o nevoento perfil nostálgico da serra”.

Foto 1 – Igreja em Amarante – PI Foto 2 – Vista da Chapada de São Francisco - MA

Fonte: LIMA, 2008 Fonte: LIMA, 2008

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Nesse trecho, do poema, observa-se que o poeta descreve características da sua cidade,

abordando seu Lugar e a Paisagem do local, como enfatiza Santos (1994), que a Paisagem não é só

um conjunto de objetos em uma determinada extensão espacial, ela é também impregnada de

movimentos, sons, cheiros, cores.

A paisagem não tem nada de fixo, de imóvel. Cada vez que a sociedade passa por um

processo de mudança, as relações sociais e políticas também mudam, em ritmos e intensidades

variados. A mesma coisa acontece em relação ao espaço e à paisagem que se transforma para se

adaptar às novas necessidades da sociedade. Na obra Vidas Secas, de Graciliano Ramos, retrata a

vida de uma família que convive no ambiente semiárido configurando as dificuldades dessa região.

Assim destaca Ramos (1965, p. 51):

“Alargou-se o passo, desceu a ladeira, pisou a terra de aluvião, aproximou-se do

bebedouro. Havia um bater doido de asas por cima da poça de água preta, a

garrancheira do mulungu estava completamente invisível. Prestes. Quando elas

desciam do sertão, acabava-se tudo. O gado ia finar-se, até os espinhos secariam”.

Nesse trecho da obra pode-se ampliar o estudo dos conteúdos geográficos para diversas

questões, desde a convivência com o semiárido, conhecendo melhor como essas populações

convivem nesse ambiente, sua cultura, o estudo dos solos, fauna e flora, clima. As questões

relacionadas ao clima e a formação de relevo com suas respectivas influências nesse local.

CONCLUSÃO

Este estudo busca um trabalho interdisciplinar com alunos no Ensino Médio valorizando

cada aspecto regional do espaço brasileiro. As práticas do ensino de geografia, estão se renovando,

seja pelo aperfeiçoamento dos docentes na graduação com programas de iniciação a docência, a

exemplo do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência – PIBID e pela formação

continuada dos professores, lei proposta pela Lei de Diretrizes e Bases – LDB-9.294/96.

Com a literatura podemos identificar e analisar melhor o espaço geográfico e suas

categorias: o lugar, a paisagem, o território, o espaço e a região em que o autor aborda, sendo que o

mesmo possui suas raízes nesse lugar. O estudo do espaço urbano retratado nos livros literários, em

seus conteúdos, não traz apenas um perfil de subjetividade. Também retratam um olhar objetivo,

focando-se no espaço urbano, mostrando suas realidades e diferenças sociais, políticas, econômico e

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cultural. Assim, verifica-se a necessidade do espaço geográfico, interligando saberes, criticas e

disciplinas.

REFERÊNCIAS

CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos. Para entender a necessidade de práticas prazerosas no

ensino de geografia na pós-modernidade. In: REGO, Nelson et al. Geografia: práticas

pedagógicas para o ensino médio. Porto Alegre: Artmed, 2007.

CORRÊA, Roberto Lobato; ROSENDAHL, Zeny. Geografia Cultural: Introduzindo a

Temática, os Textos e uma Agenda. In: CORRÊA, R. L.; ROSENDAHL, Zeny (Orgs.).

Introdução à Geografia Cultural. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003. p. 9-18

DA COSTA E SILVA, A. F. Sangue. Recife: Livraria Francesa, 1908.

FERNANDES, Marcos Aurélio. A Relação Cidade - Campo no Romance o Moleque Ricardo de

José Lins do Rego. Tese de Mestrado. UFPB, 2012.

KAERCHER, Nestor. André. Ler e escrever a geografia para dizer a sua palavra e construir o

seu espaço. In: NEVES, Iara Conceição Bitencourt; SOUZA, Jusamara Vieira; SCHAFFER, Neiva

Otero; GUEDES, Paulo Coimbra; KLUSENER, Renita (Orgs). Ler e escrever: compromisso de

todas as áreas. 8°ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007.

MARANDOLA Jr, Eduardo; OLIVEIRA, Lívia de. Geograficidade e espacialidade na literatura.

Geografia, Rio Claro, v.34, n.3, p.487-508, set./dez. 2009.

RAMOS, Graciliano. Vidas Sêcas. p.159. 12. ed. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1965.

SANTOS, M. A. Por uma geografia nova: da crítica da geografia a uma geografia crítica; 6ed.

1° reimpressão. São Paulo: Edusp, 2008.

___________. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional.

São Paulo: Hucitec, 1994.

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A REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE GEOGRAFIA PELOS PROFESSORES E

PROFESSORAS DOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL

Raimundo Nunes PIMENTEL NETO

Mestre em Geografia pela UFPI

[email protected]

Josélia Saraiva e SILVA

Profª Drª da UFPI (Orientadora)

[email protected]

RESUMO

Esta pesquisa traz como tema a Representação Social de Geografia articulada pelas professoras e professores

que atuam nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, nas escolas públicas municipais de Teresina. Tomamos

como fundamento para análise a Teoria das Representações Sociais inaugurada por Serge Moscovici, dando

ênfase à Teoria do Núcleo Central, formulada por Jean-Claude Abric. Utilizamos um questionário cultural e

socioeconômico e outro com a Técnica de Associação Livre de Palavras (TALP). Os dados, analisados com

a utilização do software EVOC, criado por Pierre Vergès e valendo-se da análise categorial de conteúdo

proposto por Bardin (1979), apontaram como resultado que a maioria dos(as) professores(as) enfrentam

grandes dificuldades para lecionar a disciplina Geografia, o que os leva a apoiar as suas práticas no uso do

livro didático e a desenvolver suas aulas tendo como base predominante o método expositivo e a realização

de atividades de caráter estritamente mnemônico. O conteúdo e a estrutura da representação de Geografia

apontaram para a articulação de significados centralmente identificados com os postulados das concepções

tradicionais do pensamento geográfico, girando em torno, principalmente das categorias Terra e espaço.

Palavras-Chave: Ensino de Geografia. Representação Social. Formação de professores. Anos Iniciais.

INTRODUÇÃO

Em conformidade com a Lei 9.394/96, as professoras e os professores que não tiveram

uma formação inicial (Graduação) em Geografia, mas em Pedagogia, têm a licença para lecionar

aquela disciplina nos anos iniciais do Ensino Fundamental – sobretudo do 2º ao 5º anos. Esta é uma

realidade que predomina nas escolas municipais de Teresina-PI, e é um fato que gera conflito,

produtor de representação social.

Os(as) professores(as) executam o seu ofício tendo como subsídio a representação social

de Geografia construída ao longo de sua vivência/experiência educacional com essa disciplina, e

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esta representação tende a não contribuir para o bom desenvolvimento dos conteúdos geográficos

nos anos inicias.

Buscamos, portanto, evidenciar o conteúdo e a estrutura da representação social de

Geografia articulada pelos(as) professores(as) que atuam nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Fundamentamos-nos na Teoria das Representações Sociais inaugurada por Serge Moscovici, dando

ênfase à Teoria do Núcleo Central, sua complementar, formulada por Jean-Claude Abric.

Utilizamos um questionário cultural e socioeconômico e outro em que aplicamos a Técnica de

Associação Livre de Palavras (TALP). Os dados foram analisados com a utilização do software

EVOC, criado por Pierre Vergès e valendo-se da análise categorial de conteúdo proposto por Bardin

(1979).

A TEORIA DAS REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

Em 1961, Moscovici inaugura uma teoria psicossociológica balizada em ideias de

Durkheim, que visa elucidar o sentido de ações cotidianas dos sujeitos relacionadas a determinados

objetos sociais. Segundo Silva (2007, p. 135),

Esse autor realiza em seu livro “A Representação Social da Psicanálise” , publicado no

Brasil em 1978, uma discussão que visa a diferenciar as representações sociais de conceitos

estabelecidos pela sociologia, tais como mito e ideologia, e outros da Psicologia, tais como

opinião, atitude e imagem. Da mesma forma, procura diferenciar o seu constructo dos

processos vinculados à construção das percepções, da formação de conceitos, localizando-o

numa posição „mista‟ que envolve tanto conceitos sociológicos quanto psicológicos.

O ponto de partida desta teoria é o abandono da dicotomia clássica sujeito-objeto e tem por

hipótese fundamental a ideia de que

não existe uma realidade objetiva a priori, mas toda realidade é representada [...]

reapropriada pelo indivíduo ou pelo grupo, reconstruída no seu sistema cognitivo, integrada

no seu sistema de valores, dependente de sua história e do contexto social e ideológico que

o cerca (ABRIC, 2000, p. 27).

O caráter psicossociológico desta teoria, como fora abordado acima, é indicativo, para

Jodelet (2001, p. 26), de que a teoria das representações sociais compõe-se de “uma certa

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complexidade em sua definição e em seu tratamento” e “implica sua relação com processos de

dinâmicas social e psíquica e com a elaboração de um sistema teórico também complexo”.

Apesar desta complexidade da teoria, é esta mesma autora que propõe uma definição de

representação social, enunciando que ela “é uma forma de conhecimento socialmente elaborada e

partilhada, tendo uma orientação prática e concorrendo para a construção de uma realidade comum

a um conjunto social”. (JODELET, 2001, p. 36).

Conforme Moscovici (2003, p. 60), o processo de elaboração da representação está

baseado em dois mecanismos: a ancoragem e a objetivação. “O primeiro mecanismo tenta ancorar

ideias estranhas, reduzi-las a categorias e a imagens comuns, colocá-las em um contexto familiar”.

O segundo mecanismo objetiva

transformar algo abstrato em algo quase concreto, transferir o que está na mente em algo

que exista no mundo físico. As coisas que o olho da mente percebe parecem estar diante de

nossos olhos físicos e um ente imaginário começa a assumir a realidade de algo visto, algo

tangível (2003, p. 61).

A Teoria do Núcleo Central das Representações Sociais

A teoria do Núcleo Central é resultante das pesquisas e das sistematizações de seus

resultados elaboradas por Jean-Claude Abric, que levantou a hipótese de que “a organização de

uma representação social apresenta uma característica específica, a de ser organizada em torno de

um núcleo central, constituindo-se em um ou mais elementos, que dão significado à representação”

(ABRIC, 2000, p. 31). O autor assegura que o núcleo central ou núcleo estruturante da

representação “é determinado [...] pela natureza do objeto representado, [...] pelo tipo de relações

que o grupo mantém com este objeto e [...] pelo sistema de valores e normas sociais que constituem

o meio ambiente ideológico do momento e do grupo.”

Entretanto, a organização interna de uma representação, é constituída também de seus

elementos periféricos, que transitam em torno do núcleo estruturante, significando o essencial do

conteúdo da representação. “São seus componentes mais acessíveis, mais vivos e mais concretos”

(ABRIC, 2000, p.31).

CONTEÚDO E ESTRUTURA DA REPRESENTAÇÃO SOCIAL DE GEOGRAFIA

As informações que nos foram fornecidas pelo software EVOC revelaram que foram

evocadas pelos (as) 51 professores (as) um total de 306 palavras, sendo 69 (22,5%) palavras

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diferentes. As palavras evocadas que assumiram uma maior congruência entre a frequência e a

ordem média de evocações foram conhecimento, Terra, localização e espaço. Elas estão presentes

no quadrante superior esquerdo do quadro de quatro casas, representando, provavelmente, o núcleo

estruturante desta representação social.

Observando as definições que os sujeitos atribuíram a cada uma destas palavras-categorias,

podemos inferir que esta representação apresenta um conteúdo marcado por pensamentos

generalizantes sobre a disciplina Geografia, predominando uma vaguidade e ausência de uma

especificidade científica ou geográfica na elaboração dos significados que estão centralmente

identificados com os postulados das concepções tradicionais do pensamento geográfico, girando em

torno, principalmente, das categorias Terra e espaço que, apesar de se destacarem do ponto de vista

da saliência, apresentaram também uma significativa conexidade entre si e com todas as demais

categorias do núcleo central.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De posse das informações acerca da representação social de Geografia produzida por este

grupo de professores, propõe-se que, no mínimo, haja um amplo, mas objetivo debate, tanto nas

universidades ou outras instituições formadoras de professores(as), como no âmbito escolar, sobre

a maneira mais eficiente de se estabelecer, mesmo que a longo prazo, uma promoção de ações que

possam gerar no meio escolar, não a substituição de uma representação social por outra, mas,

conforme Silva (2007, p. 185) “a construção de representações científicas, ou seja, a incorporação

por esse professorado, do saber geográfico acumulado por essa disciplina bem como, das formas de

ensino atualizadas no país e fora dele”. Este objetivo poderia ser alcançado, por exemplo, através de

uma formação continuada que contemple a temática da ciência Geográfica.

REFERÊNCIAS

ABRIC, J-C. A abordagem estrutural das representações sociais. In: MOREIRA, A. P. S. e

OLIVEIRA, D. C. (org.) Estudos interdisciplinares de representação social. 2. ed. Goiânia: AB

editora, 2000.

BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1986.

JODELET, D. Representações Sociais: um domínio em expansão. In. JODELET, D.Org.)As repres

entações sociais. Rio de Janeiro: EdUERJ. 2001.

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MOSCOVICI, S. A Psicanálise, sua imagem e seu público. Tradução de Sonia Fuhrmann.

Petrópolis: Vozes, 2012.

SILVA, J. S. Habitus docente e representação social do ―ensinar Geografia‖ na Educação

Básica de Teresina-Piauí. 201f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Natal, 2007.

VERGÈS, P. A Evocação do Dinheiro: um método para a definição do núcleo central de uma

representação.In: MOREIRA, A. S. P. (Org.) Perspectivas teórico-metodológicas em

representações sociais.João Pessoa. UFPB: Ed. Universitária, 2005.

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

A VALORIZAÇÃO DOS RECURSOS DIDÁTICOS USADOS NAS AULAS DE

GEOGRAFIA NA UNIDADE INTEGRADA MUNICIPAL MARCIA MARINHO, NA

MODALIDADE DE ENSINO FUNDAMENTAL EM CAXIAS-MA.

Maysa Monyse L. AGUIAR

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UEMA

[email protected]

Paulo Henrique F. SOARES

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UEMA

[email protected]

Maria Tereza de ALENCAR

Professora Orientadora Doutora em Geografia

[email protected]

RESUMO O presente trabalho se propõe a abordar o tema do uso de recursos didáticos no ensino da Geografia. É

possível a utilização de vários materiais que auxiliem a desenvolver o processo de ensino e aprendizagem,

tornando as aulas mais atrativas. A metodologia utilizada no decorrer do trabalho foi à pesquisa bibliográfica

e visita a uma escola pública municipal, com aplicação de questionário com a Diretora e entrevista com os

Professores de Geografia, além de observação de aulas. Podemos constatar que a escola dispõe de vários

recursos didáticos (data show, TV, DVD, laboratório de informática), mas que ainda é necessária a utilização

mais intensa pelos professores de Geografia.

Palavras-chaves: Recursos didáticos. Escola. Geografia.

INTRODUÇÃO

Este trabalho se propõe a trazer á discussão sobre o que são recursos didáticos e seu uso no

ensino escolar. Há possibilidade de uso de diversos materiais concretos em sala de aula, mas, o

professor deve ter cuidado ao utilizar tais recursos. A utilização de recursos didáticos deve

responder as perguntas básicas: O que? Quando? Como? e Porquê? Pois, este educador, deve ter um

propósito claro, domínio do conteúdo e organização para utilização de tais materiais. A fim de

encontrar-se com a realidade vivida dentro das aulas de Geografia na Escola Marcia Marinho,

foram usadas entrevistas com professores de Geografia para saber como eles trabalham utilizando

os recursos didáticos.

O principal objetivo do nosso trabalho foi mostrar como os Professores de Geografia da

Escola Marcia Marinho usam os recursos didáticos disponibilizados pela Escola, uma vez que a

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

mesma dispõe dos principais recursos que um Professor possa tornar sua aula mais e atrativa e

dinâmica. Os recursos didáticos não podem ser utilizados de qualquer forma, é necessário haver um

planejamento por parte do professor, que deverá saber como utilizá-lo para alcançar o objetivo

proposto por sua disciplina. Ao professor é imprescindível uma boa formação e interação com seus

alunos, ter o comprometimento de estimulá-los a pesquisar, buscar saber mais sobre o tema, se

descobrirem como parte deste mundo globalizado, como agentes ativos no processo de ensino,

sabendo a importância de aquisição de determinado conhecimento.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A presente pesquisa foi realizada na Unidade Integrada Municipal Marcia Marinho,

localizada na Rua Nossa Senhora de Fátima, bairro Vila Alecrim.

A pesquisa de campo foi realizada utilizando como técnicas de coleta de dados questionário

realizado com a diretora da escola “Marcia Marinho”, 2 professores de Geografia, além de

observação das aulas com o objetivo de realizar um diagnostico sobre a utilização de recursos

didáticos pelos professores de Geografia. Além de saber como eles utilizam os recursos didáticos

disponibilizados pela escola, e de que forma usam, e como os alunos lidam com esses recursos

didáticos.

Ao perguntarmos ao Diretor da escola quais os recursos que a escola dispõe, foi

apresentado: TV, DVD, Retroprojetor, Computador, Mapas, Datashow e Revistas. A escola dispõe

de uma biblioteca e laboratório de informática.

Ao questionarmos qual disciplina o professor utiliza com mais frequência os recursos

didáticos, obtivemos como resposta que são nas disciplinas de Português e Inglês.

Quanto às dificuldades enfrentadas pela direção da escola quanto ao uso e manutenção dos

recursos didáticos, a maior é conscientizar os professores a utilizar os equipamentos. Pois a Escola

dispõe de equipamentos cabe aos professores usá-los de maneira que supra as necessidades dos

alunos, respondeu a Diretora.

Logo em seguida perguntamos quantos professores de geografia existem na escola, dois,

respondeu a diretora. E qual a formação deles, licenciatura plena em geografia. Sobre o

planejamento da escola, este é realizado bimestralmente. Todos os alunos da escola possuem livro

didático de Geografia? A mesma respondeu que sim.

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Ao indagarmos quais os recursos audiovisuais existentes na escola, obtivemos como

resposta, o professor A disse, internet, micro sistem e DVD. Diferente do professor B que

respondeu TV, DVD, data show e computador.

Ao interrogarmos aos professores se eles confeccionam recursos didáticos para utilizar na

sala de aula, ambos responderam que sim.

Ao indagarmos sobre as dificuldades que os professores encontram ao utilizarem recursos

didáticos, o professor A respondeu que a maior dificuldade é que às vezes a internet sai do sistema.

O professor B respondeu que a dificuldade é que nem todos os alunos possuem habilidades ao

manuseio do computador.

Em seguida ao perguntamos sobre quais recursos didáticos mais utilizados na sala de aula e

porque o utilizam. Obtivemos como resposta, o professor A utiliza mapas e internet porque permite

uma maior aprendizagem. O professor B respondeu que utiliza mapas, imagens de satélite,

documentários, porque causa uma maior interatividade dos alunos.

Por fim perguntamos qual a melhor solução para melhor aproveitamento dos recursos

didáticos nas aulas de geografia. O professor A respondeu que preparar o material com

antecedência. O professor B disse que um bom funcionamento dos equipamentos de informática,

para que os alunos possam ter uma melhor compreensão dos assuntos.

Diante a oportunidade que tivemos de assistir algumas aulas juntamente com os alunos,

tivemos um momento de aproximação com os mesmos, a partir dai pudemos perceber a relação dos

alunos com a Geografia, como eles aprendem e como a geografia pode ajuda-los no dia a dia.

A escola onde foi realizada a pesquisa possui uma boa infraestrutura, porém as salas de

aulas não são propicias para o processo educativo, pois faltam ventiladores, carteiras quebradas,

quadros inacabados, entre outros problemas. Mas isso não impede de um professor ministrar sua

aula de geografia, cabe a ele usar os recursos que a escola dispõe.

O laboratório de informática usado por um dos professores, nas suas aulas, pudemos

observar como ele o utilizou, mostrando aos seus alunos uma ferramenta: Google Earth, onde cada

aluno deveria encontrar a rua onde morava percebemos assim a motivação dos alunos, mas, muitos

deles não sabem manuseá-los e além de não ter o total domínio do computador, e quando eles usam

o equipamento, usam para usufruir das redes sociais. A sua aula tratava de fusos horários e o

professor mostrou documentários aos alunos, para que pudesse ficar mais clara o entendimento por

parte deles.

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CONCLUSÃO

Podemos perceber que o uso dos recursos didáticos é indispensável nas aulas de geografia, é

direito do professor adequar-se da melhor forma possível para ministrar uma boa aula de geografia,

porém nem todas as escolas dispõem de recursos didáticos, cabe ao professor utilizar recursos que

estão ao seu alcance para que suas aulas não se tornem monótona, e que seus alunos sintam-se

motivados a aprender. Os livros didáticos e os professores não são suficientes para o ensino da

geografia, observar e interpretar o espaço são fundamentais para entendermos os fenômenos

geográficos.

Os recursos didáticos, dependendo de como forem utilizados, poderão agir de forma neutra e

incitadora, favorecendo ou dificultando o aprendizado; para que funcione como um mecanismo

ativador de interesses internos e incitador externo se faz necessário que o ambiente seja organizado

com atrações vitais, disponibilizando ações formadoras e construção de significados.

REFERÊNCIAS

CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Orgs.) et al. Geografia em sala de aula. Práticas e

reflexões. Porto Alegre: Editora as UFRGS, 1999;

PILETTI, Claudino. Didática Geral. 23 Ed. São Paulo: Ática, 2006;

SANT‟ANNA, Ilza Martins; SANT‟ANNA, Victor Martins. Recursos educacionais para o

ensino. Quando e porquê? Petrópolis. Vozes, 2004.

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AS ―GEOGRAFIAS‖: SUAS RELAÇÕES, PRÁTICAS E POSSIBILIDADES

Patrícia Maria de Deus LEÃO

Mestranda do curso pós-graduação em geografia da UFPI

[email protected]

Lidiane Bezerra OLIVEIRA

Mestranda do curso pós-graduação em geografia da UFPI

[email protected]

Bruna Gabriela de Assis SILVA

Mestranda do curso pós-graduação em geografia da UFPI

[email protected]

Resumo O presente artigo tem como objetivo analisar se a geografia acadêmica contribui para o desenvolvimento da

prática da geografia escolar. De forma mais específica, busca-se entender a relação existente entre a

geografia acadêmica e a geografia escolar; pretende-se ainda discutir a importância da formação inicial dos

professores de geografia para a sua prática docente; e por fim compreender a geografia escolar em suas

práticas e possibilidades. Este trabalho é importante, pois nos leva a refletir sobre a realidade entre a

formação e a prática do professor, de forma a contribuir com a aproximação entre o que o professor aprende

na universidade e sua prática na escola.

Palavras Chave: Geografia acadêmica. Geografia escolar. Formação inicial. Prática docente.

INTRODUÇÃO

A Geografia é um importante campo de conhecimento para a formação de cidadãos críticos

e participativos na sociedade. Ao estudar Geografia, podemos transitar por diversas áreas, tanto das

Ciências Naturais (climatologia, Geologia, Geomorfologia...), quanto das Ciências Sociais

(Antropologia, Sociologia).

Os saberes produzidos com o ensino de Geografia tornam-se mais acessíveis, pois

participam cotidianamente na vida dos estudantes. Desse modo, o papel deste campo do

conhecimento é associar a teoria compreendida na sala de aula e a aplicação prática na realidade do

aluno.

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No entanto, as bases tradicionais na sistematização do ensino de Geografia, a tornaram,

segundo Vesentini “... descritiva e mnemônica, alicerçada no paradigma „a terra e o homem‟, com

uma sequência predefinida de temas: estrutura geológica e relevo, clima, vegetação, hidrografia,

população, economia.” (2007, p. 222) Desse modo, para os alunos, estudar de forma descritiva,

decorativa não era tão prazeroso, fazendo com que houvesse uma resistência a estudar a disciplina.

Kaercher (2003) nos lembra do quanto estudar geografia era enfadonho e desinteressante, pelo fato

de exigir do aluno a memorização de localizações na maioria das vezes não conhecida.

Ao longo do processo de sistematização, a ciência geográfica tomou um enfoque mais

crítico após a década de 1970, assim, ocorreram algumas alterações também no ensino de

Geografia, onde se praticavam aulas com novas estratégias e novos conteúdos. Desta forma, o

professor desempenhará um papel importante, que de acordo com Cavalcanti (2010) deve despertar

o interesse cognitivo do aluno, atuar na mediação didática de forma a levar a reflexão sobre a

importância da Geografia na vida cotidiana, relacionando-a com a realidade social e natural mais

ampla.

Nesse contexto, o professor ganha uma participação importante no processo, visto que

assume o papel de mediar a produção do conhecimento pelos alunos. Porém, a prática docente do

professor se depara com um problema, advindo ainda do seu processo de formação na universidade,

que é a grande diferença existente entre os conteúdos aprendidos na academia e os conteúdos que

eles devem ministrar na educação básica. Este trabalho objetiva de forma geral, analisar se a

geografia acadêmica contribui para o desenvolvimento da prática da geografia escolar¹.

Especificamente, pretende-se entender a relação existente entre a geografia acadêmica e a geografia

escolar; discutir a importância da formação inicial dos professores de geografia para a sua prática

docente; e compreender a geografia escolar em sua prática e suas possibilidades.

O presente trabalho é importante porque nos leva a refletir sobre a realidade entre a

formação e prática do professor, que poderá fomentar as discussões sobre a aproximação entre

geografia acadêmica e geografia escolar, contribuindo tanto para melhorar o processor de formação

inicial do professor, quanto a sua prática em sala de aula.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Devido às inúmeras transformações ocorridas no âmbito educacional há uma necessidade

cada vez maior de unir teoria e prática, porém está articulação entre o saber acadêmico e a

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Educação Escolar é relevante para a concretização de uma prática docente que leve o aluno a uma

aprendizagem significativa.

Cavalcanti (2005) enfatiza que a formação acadêmica não pode estar desarticulada da

prática, portanto, é esta formação inicial que vai dar subsídios para a prática docente. Corroborando

com está ideia, Pimenta (2004), discute que a formação inicial deve desenvolver no aluno as

habilidades, atitudes e valores que possibilitaram construir seus saberes-fazeres docentes diante dos

desafios que a prática lhe impõe.

Portanto para a concretização da prática, é necessário um embasamento teórico para que esta

possa se efetivar de forma crítica e reflexiva é essencial que ocorra uma integração entre a

universidade e a escola básica, para que o docente faça a relação entre sua formação e sua prática

pautada nos saber científicos. Para Couto e Antunes (1999, p.36), “a melhoria da qualidade da

educação está vinculada, entre outras necessidades, à necessária construção de uma articulação

permanente e profícua entre esses dois níveis de ensino.”

Entretanto Cavalcanti (2002) salienta que é comum a pouca integração entre a universidade

e educação básica, isto ocorre devido a pouca relevância dada as disciplinas pedagógicas no âmbito

universitário e a valorização excessiva as disciplinas específicas, não realizando assim, a adaptação

desse conteúdo específico ao contexto escolar.

Dentro desse contexto Cavalcanti (2012) coloca que ainda está presente no senso comum a

ideia de que a docência se aprende na prática, o que dificulta a construção de práticas inovadoras no

ensino de geografia. Dessa forma é importante ressaltar que a formação inicial levará o docente a

compreender e articular os diferentes saberes e culturas presente no contexto escolar, elementos

essenciais para uma prática pedagógica significativa.

Segundo Cavalcanti, “Geografia escolar é o conhecimento geográfico efetivamente

ensinado, veiculado, trabalhado em sala de aula”. (2011, p. 9). Esta geografia está baseada

principalmente nos conteúdos curriculares, porém estruturada com base no contexto social e

cultural em que está inserida, com o objetivo principal a formação de cidadãos. Neste contexto, o

professor utiliza em sua prática os saberes experienciais, que segundo Tardif (2008) são saberes

desenvolvidos pelos próprios professores em sua prática profissional baseado em suas experiências

cotidianas.

A geografia escolar articula diversos conhecimentos para a formação intelectual e social do

aluno. Por ser considerada como uma disciplina de síntese apresenta conteúdos de base social e

natural de diferentes partes do mundo, de modo articulado de forma que os alunos compreendam os

aspectos pensando de forma geográfica.

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Contudo, o professor tem o papel de articular os conteúdos que aprendeu na universidade de

forma que possa repassar aos alunos de forma que eles possam compreender. Para isto, ele une os

saberes adquiridos na universidade com os saberes adquiridos em sua experiência na busca pelo

sucesso no processo de aprendizagem do aluno.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As discussões geradas nos remetem a observamos que a relação entre prática acadêmica e

prática docente dos professores de geografia necessita de olhar critico, pois a efetiva significação do

processo de ensino e aprendizagem depende dessa articulação, pois todo conhecimento só pode ser

construindo partindo de uma base teórico que tem como objetivo sustentar as suas práticas

cotidianas.

Portanto, podemos dizer que prática acadêmica é parte integrante do desenvolvimento do

processo educativo, pois alicerça esse processo. Porém, o que notamos nas discussões é que essas

práticas estão desarticuladas do currículo ao qual se tem como objetivo a formação docente. Por

isso, é importante uma reflexão quanto ao currículo acadêmico do licenciado de geografia para que

possa os auxiliar na sua docência, onde todo o conhecimento adquirido na sua formação inicial seja

útil na sua vida profissional.

REFERÊNCIAS

CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia e práticas de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.

_______. Geografia escolar: reflexões sobre conhecimentosarticulados na teoria e na prática

docentes. In.ENDIPE - ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICAS DE ENSINO.

16. 2012. UNICAMP – Campinas. Anais. Campinas, 2012.

_______. A geografia e a realidade escolar contemporânea: avanços, caminhos, alternativas. In.

In.ENDIPE - ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICAS DE ENSINO. 2010. Belo

Horizonte. Anais, 2010.

COUTO. M. A. C.; ANTUNES, C. da F. A. A Formação do professor e a relação escola básica-

universidade: um projeto de formação. Terra Livre, São Paulo, v. 14, p.30-40, jan./jul. 1999.

KAERCHER, Nestor André. Desafios e utopias no ensino de Geografia. 3° ed. Santa Cruz do Sul:

EDUNISC, 1999, 2003 (reimpressão), 150 p.

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez,

2004.

TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional.9 ed. Petrópolis- RJ: Vozes, 2008.

VESENTINI, José Willian (Org.) O ensino de geografia no século XXI. Campinas: Papirus, 2007.

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DIALOGANDO SOBRE CONHECIMENTO CARTOGRÁFICO COM OS ALUNOS DO

CURSO DE PEDAGOGIA - PARFOR DA MICRORREGIÃO DE SÃO RAIMUNDO

NONATO – PI.

Fernandes Pereira NUNES

Graduando do curso de licenciatura em geografia da UESPI

[email protected]

Aldemir Monteiro de ASSIS

Graduando do curso de licenciatura em geografia da UESPI

[email protected]

Judson Jorge da SILVA

Prof.Msc./Orientador – Dpto. Geografia – UESPI – Campus São Raimundo Nonato

[email protected]

RESUMO O presente trabalho faz um levantamento sobre o conhecimento cartográfico dos alunos do curso de

pedagogia do PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica) da UESPI de São

Raimundo Nonato-PI e que atuam como professores nos municípios da região. Os resultados apontam que

esses alunos/professores enfrentam dificuldades para trabalhar as noções e percepções espaciais, assim como

a representação de fenômenos presentes no espaço, nas séries iniciais do ensino fundamental. Nesse sentido

torna-se conveniente uma reflexão a respeito da formação e capacitação desses alunos/professores na área de

geografia, sobretudo em cartografia.

Palavras–chave: Cartografia; Representação Espacial; Séries Iniciais; Alfabetização Cartográfica;

Formação de Professores.

INTRODUÇÃO

O delineamento das percepções e o entendimento a respeito da noção espacial de relação e

interação do ser humano com o espaço desenvolvem-se desde os primeiros meses de vida. No

entanto, Almeida (2010) aponta que é no início da fase escolar das crianças que se ensinam as

formas como a sociedade produz, consome e organiza o espaço geográfico com o qual interage.

Partindo do pressuposto de que as representações cartográficas são uma das maneiras de

tornar as relações de organização do espaço algo inteligível, torna-se importante saber como os

professores que trabalham nas séries iniciais da educação básica se apropriam desses saberes e

como tratam as questões que envolvem a representação espacial. Almeida afirma “que o professor

de 1º grau pouco aprende em seu programa de formação que o habilite a desenvolver um programa

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destinado a levar o aluno a dominar conceitos espaciais e sua representação” (2010, p.11). Baseado

nessa informação, buscamos sondar o conhecimento cartográfico e as metodologias de ensino de 29

alunos do curso de Pedagogia do PARFOR (Plano Nacional de Formação de Professores da

Educação Básica) que atuam como professores na educação básica da microrregião de São

Raimundo Nonato – PI.

DESENVOLVIMENTO

Elegemos como sujeitos da pesquisa os alunos do VI semestre do curso de Pedagogia da

UESPI do Campus de São Raimundo Nonato, que cursam graduação em regime especial pelo

PARFOR e que lecionam na educação básica da região. Essa escolha se deu por duas razões: 1. A

maior parte dos sujeitos pesquisados já atua como docente nas séries iniciais da educação básica,

sendo professores “polivalentes”; 2. Os entrevistados são acadêmicos de um curso de graduação

que, entre outros objetivos, visa formar professores para atuar nas séries iniciais da educação básica.

Para a obtenção dos dados que compõem as análises desse trabalho optou-se pela aplicação de um

questionário, de caráter objetivo, no qual se buscou sondar: A) os conhecimentos de Geografia

desses professores, obtidos através de disciplinas específicas desta área, cursadas na graduação da

qual fazem parte; B) A respeito das metodologias de ensino, bem como os recursos didáticos que

utilizam ao ministrarem conteúdos de representação espacial para os alunos das séries iniciais; C)

Se eles, enquanto alunos de graduação consideram-se habilitados para trabalhar com esses

conteúdos. Cada aluno/professor recebeu um questionário que depois de respondido, foi analisado

para cálculo de porcentagens e interpretação dos dados que aqui se apresentam.

Essa pesquisa buscou verificar os conhecimentos cartográfico/espacial/geográfico dos

professores/alunos que atuam, sobretudo nas séries iniciais de primeiro grau no sudeste piauiense.

Os 29 professores participantes da pesquisa residem/trabalham nos municípios de São Raimundo

Nonato, Dom Inocêncio, São Lourenço, Dirceu Arcoverde e Várzea Branca, localizados no sudeste

do Piauí. 93% não possui formação superior, embora trabalhem como professores. Do total, 89,64%

trabalham no ensino infantil e fundamental I, sendo professores polivalentes. Entre estes, 88,5% já

lecionaram todas as disciplinas da matriz curricular desse nível de ensino, o que inclui, portanto, o

ensino de Geografia. Porém, 79% nunca tiveram aulas de Cartografia, nem outra disciplina da área

de Geografia. Atualmente 48,27% dos entrevistados lecionam Geografia. Sobre recursos didáticos

para aulas de Cartografia: 87,5% afirma existir mapas e globos em suas escolas. 31% disseram

existir laboratório de informática que poderia ser utilizado para aulas de Geografia. Inexistem

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outros materiais como bússolas e GPS. Em relação às metodologias de ensino: 65% nunca

trabalharam com “mapeamento do eu”, confecção de maquete, mapeamento da sala de aula ou da

escola; 62% dizem ter ensinado orientação espacial através de aula prática utilizando a posição do

sol. Entre os pesquisados 75,86% afirmam que o professor da educação básica não está preparado

para lecionar Cartografia e 62% disseram ter interesse em cursar capacitações na área de

Cartografia.

As informações obtidas nessa sondagem apontam uma situação preocupante no que diz

respeito à qualificação docente para ministrar alguns conteúdos específicos da ciência geográfica.

Um dado que chamou atenção na pesquisa é que 79% dos professores/alunos pesquisados nunca

tiveram aula de Cartografia. Isso é o resultado de uma formação que pouco trabalha noções

cartográficas inerentes ao conhecimento geográfico.

Pesquisas comprovam que muito dos professores que atuam nas séries iniciais não

foram alfabetizados em geografia. As crianças chegam a quinta série do ensino

fundamental sem a construção das noções e das elaborações conceituais que

compreenderia tal “alfabetização” (CASTROGIOVANNI, 2000, p.11).

Almeida esclarece que “(...) no curso de primeiro grau, além de outras deficiências, o

preparo do aluno quanto ao domínio espacial é muito precário (2008, p.11).” Nesse sentido, merece

atenção à constatação, a partir desse trabalho, de deficiências na prática docente que levam a

precariedade do processo de alfabetização espacial. Segundo essa mesma autora a concepção de

espaço e sua organização são subjacentes à análise geográfica em qualquer nível.

O fato dos professores das séries iniciais do primeiro grau do sudeste piauiense terem

pouca intimidade com a Cartografia compromete o trabalho com metodologias que facilitam a

compreensão das noções espaciais pelos alunos. Nesse sentido foi constatado na pesquisa que 65%

dos alunos do PARFOR nunca trabalharam com “mapeamento do eu, confecção de maquetes e

mapeamento da sala de aula”. No primeiro caso (mapeamento do eu), conforme aponta Almeida

(2008, p.47) é uma ação não muito explorada pelos professores e livros didáticos. No entanto, essa

mesma autora esclarece que é passo importante para aprendizagem das noções espaciais. Quanto ao

uso da maquete, a mesma coloca:

Servirá de base para explorar a projeção dos elementos do espaço vivido (a sala de

aula) para o espaço representado (planta); as relações espaciais topológicas desses

objetos em função de um ponto de referência; desses objetos entre se; e dos

mesmos em relação aos sujeitos (alunos) (ALMEIDA, 2008, p.52).

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Conforme aponta a autora, o espaço vivido e seus elementos devem ser explorados

principalmente com relação as suas projeções de forma a facilitar ao aluno as primeiras percepções

espaciais relacionadas às vivencias do cotidiano escolar.

“O mapeamento de sala de aula” é outra atividade que deve ser desenvolvida pelo

professor para ajudar o aluno a construir noções espaciais em espaços conhecidos (ALMEIDA,

2008). Essa mesma autora justifica a representação da sala de aula e não de outros ambientes como

o quarto em que a criança dorme, esclarecendo o seguinte:

Seria possível trabalhar o quarto da criança, que também é o espaço conhecido dela

e efetivamente significativo, porem deparam-se com dois problemas: nem todas as

crianças dormem em quarto próprio – muitas não possuem sequer cama individual;

a professora não conhece o quarto da criança o que a impede de acompanhar os

deslocamentos pelo espaço com vistas ao mapeamento (ALMEIDA, 2008, p.52)

A alfabetização cartográfica ou espacial está associada à aprendizagem das noções e de

representação de fenômenos espaciais adquiridos pela criança simultaneamente à alfabetização em

letras e números. Alfabetizar espacialmente e cartograficamente é, ao mesmo tempo, o processo de

aquisição tanto das percepções e conceitos espaciais, assim como a representação do espaço.

Durante a alfabetização Cartografia espacial da criança é importante e recomenda-se que o aluno

tome consciência do espaço próximo, não de forma concêntrica, mas numa relação contínua com o

distante. É conveniente e necessário para a leitura de mapas que o aluno aprenda construindo

representações do espaço próximo, ou seja, antes de ser decodificador, terá que codificar.

CONCLUSÃO

Os resultados apontam como são graves as condições de ensino, consequentemente as de

aprendizagem, dos conhecimentos referentes à ciência geográfica nas séries iniciais. Grande parte

dos professores do interior do Estado do Piauí que atuam nessa fase da educação ainda não possui

graduação em licenciatura, justamente por essa razão fazem parte do Plano Nacional de Formação

de Professores da Educação Básica – PARFOR. No entanto, embora estejam cursando o ensino

superior, a literatura especializada nessa questão aponta que os próprios programas curriculares dos

cursos de licenciatura não fornecem o subsídio teórico necessário para os futuros docentes

trabalharem de maneira a levar o aluno a dominar conceitos espaciais e sua representação. No curso

em questão, os alunos tem apenas uma disciplina de 75 h/a voltada para o aprendizado de conteúdos

específicos da Geografia. Essa situação fica explícita nos dados encontrados pela pesquisa, pois

entre 29 pesquisados 75,86% afirma não estar preparado para trabalharem com esse saber. Diante

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

do exposto, fica evidente a necessidade de que as secretarias municipais e estaduais de educação

ofereçam capacitações na área de Cartografia. Os dados mostram também que as Universidades

podem, através de programas de extensão, firmar parcerias com as secretarias e escolas, de modo a

possibilitar essa formação aos professores da rede básica do ensino público.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, R. D.; PASSINI, E. Y. O espaço geográfico: ensino e aprendizagem. 15. Ed. São

Paulo: Contexto, 2008.

CASTROGIOVANNI, A. C. Apreensão e compreensão do espaço geográfico. In: Ensino de

geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto alegre: Mediação, 2000.

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O ENSINO DE GEOGRAFIA DO PIAUÍ E OS LIVROS DIDÁTICOS

Rafaela dos Santos LEAL

Graduada em Licenciatura Plena em Geografia pela UFPI

[email protected]

Mugiany de Oliveira Brito PORTELA

Orientadora professora do Departamento de Geografia e História UFPI

[email protected]

RESUMO A organização da Geografia como disciplina nas escolas no Brasil teve seu inicio ainda no período imperial

com a implantação do Colégio Pedro II, desde então, o professor na sua prática educacional busca na

diversidade de recursos disponíveis, suportes que os auxiliem, e o mais utilizado é o livro didático. Esse é de

fundamental importância no processo de ensino aprendizagem, pois tem sido disponibilizado a todo alunado

e, muitas vezes é o único acessível. É a partir dessa hipótese que objetivou-se analisar quatro livros didáticos

da área de Geografia do Piauí, ou seja, os que estão disponíveis aos alunos do ensino médio da educação

pública. A pesquisa alicerçou-se em levantamentos de informações bibliográficos sobre o tema, como

também da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) da educação federal do Brasil, sobre a temática. Assim, em

consonância com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia e com os princípios estabelecidos pelo

PNDL (Plano Nacional do Livro Didático) organizaram-se alguns parâmetros que indicaram se, pelo menos

alguns conteúdos comuns a todos os livros estudados, seguem as diretrizes necessárias ao livro didático

ideal. Constatou-se que apesar dos esforços na condução e organização do livro didático para o ensino de

Geografia do Piauí, alguns conteúdos deixam a desejar, contudo houve um avanço no que diz respeito à

apresentação e organização das matérias pertinentes a essa temática.

Palavras- chaves: Ensino de Geografia. Lei de diretrizes e bases. Plano do livro didático

INTRODUÇÃO

Este presente trabalho tem como objetivo analisar como os conteúdos de Geografia do Piauí

têm sido abordados pelos livros didáticos adotados nas escolas do presente Estado. O que move a

presente discussão é a necessidade de revisão teórico-metodológica do conteúdo de Geografia do

Piauí, mais precisamente do conteúdo estudos naturais, tendo em vista que é um assunto recorrente

em todos os quatro livros didáticos verificados. A pesquisa alicerçou-se de levantamentos de

informações bibliográficas, textos específicos sobre o tema, tais como manuais, artigos, livros e a

leitura dos Parâmetros Nacionais e das Diretrizes Curriculares do Estado, como também da Lei de

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Diretrizes e Bases (LDB) da educação federal do Brasil. Foram caracterizadas as principais

abordagens da ciência geográfica para melhor entendimento do objeto geográfico. Com objetivo

geral Analisar se os livros didáticos voltados para o ensino médio do estado do Piauí estão

atendendo ao que determinam as Leis de Diretrizes e Bases da educação brasileira. E específico

Discutir os Parâmetros Nacional, Estadual, considerando seus objetivos e conteúdos recomendados

para o ensino de Geografia; Caracterizar os livros didáticos para o ensino de Geografia do Piauí e

verificar a estrutura e conteúdos dos livros didáticos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O processo de consolidação do ensino no Piauí foi lento, uma das justificativas seria a falta

de investimentos nessa área. O começo do avanço do ensino no Piauí registra-se pelo primeiro

vestígio de educação, quando padres jesuítas do ciclo maranhense fundaram o “Externato Hospício

da Companhia de Jesus”, estabelecimento de ensino que não conseguiu êxito, devido a situações

contrárias ao próprio ambiente, tais como pobreza, dispersão demográfica dos núcleos

populacionais e precárias condições de comunicação. (BRITO, 1996).

No Piauí, o Ensino Normal foi estabelecido à formação de professores, na segunda metade

do século XIX, em consequência da Lei Provincial nº 599 de 09 de outubro de 1867, contudo seu

firmamento se deu na primeira metade do século XX. O currículo do curso fornecido pela Escola

Normal compreendia: português, literatura portuguesa, francês, aritmética, geografia e cosmografia,

história universal e do Brasil, noções de física, química e meteorologia, noções de história natural,

agronomia e higiene, pedagogia, metodologia, educação moral e cívica, desenho e caligrafia,

música, trabalhos manuais e cartografia, tendo duração média de três anos (BARBOSA;

OLIVEIRA; EULÁLIO, 2010).

É também na metade do século XX que, maior ímpeto foi dado para a ciência, isso

fortaleceu a ciência geográfica no Piauí, especialmente após a instalação ocorrida em abril de 1958,

da Faculdade Católica de Filosofia do Piauí (FAFI) (SILVA, 2007, p. 60). Essa faculdade tinha

como intenção a formação de profissionais para o magistério, seus primeiros alunos saíram com os

títulos de Bacharéis em Geografia e História ou Licenciatura em Geografia e História, ou com a

licenciatura especifica em umas das ciências.

O fortalecimento desse curso trouxe em seu bojo a necessidade de ampliação da sua atuação,

como tem acontecido com a agregação da disciplina Geografia do Piauí em rede pública e privada

do Estado.

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Contudo, uma das grandes dificuldades de quem é professor dessa área é encontrar material

de apoio didático e pedagógico. Assim, um dos objetivos deste trabalho é observar alguns

conteúdos que são apontados pelas diretrizes curriculares elaboradas pela Secretaria de Educação e

Cultura do Estado do Piauí (SEDUC-PI), a fim de diagnosticar as semelhanças e diferenças contidas

nos livros didáticos mais usados pelos professores da rede pública no estado, sobretudo para o

ensino médio.

O que move a presente pesquisa é se o estudo da Geografia do Piauí, mas precisamente o

estudo do meio natural do estado, se essa temática contempla a realidade do que os PCN‟S sugerem

para a educação de Geografia no ensino médio. (MEC, 1998). O Programa Nacional do Livro

Didático (PNLD) é o mais antigo dos programas para distribuição de obras didáticas aos estudantes

da rede pública da educação básica no Brasil, teve inicio com outra denominação, em 1929. Ao

longo dos 80 anos, o programa foi melhorado e teve diferentes nomes e formas de cumprimento.

Ultimamente, o PNLD é voltado à educação básica, tendo como exceção os alunos da educação

infantil. (MEC/FNDE/SEB, 2010).

Em 1996 é iniciado o processo de avaliação pedagógica dos livros inscritos para o PNLD,

no qual foi publicado o primeiro “Guia de Livros Didáticos” de 1ª a 4ª série. Esse processo vem

sendo aperfeiçoado, aplicado até hoje. Os livros que apresentam erros conceituais, indução a erros,

desatualização, preconceito ou discriminação de qualquer tipo são excluídos do Guia do Livro

Didático (MEC/FNDE/SEB, 2010).

CONCLUSÃO

Ao selecionar o material didático, o professor deve procurar compreender a relação que este

apresenta e fazer questionamentos, buscando compreender se este oferece condições para uma

reflexão sobre a produção do conhecimento da Geografia. No uso do livro didático, o professor

deve entender se este oferece ao aluno uma possibilidade de uma análise para além dos aspectos,

estimulando este a adquirir um pensamento crítico e, ao mesmo tempo, possibilitando a construção

do seu conhecimento sobre determinados conceitos e temas.

No processo de construção de ensino o aluno, ao formular seus conhecimentos, vai agindo

com os conceitos do cotidiano e os conceitos científicos que são abordados nos livros didáticos,

ficando visível a importância do mesmo.

O trabalho em sala de aula, com o auxílio do livro didático se torna em um instrumento

eficaz para a reafirmação ou contraposição dos conceitos trazidos pelos alunos em sua prática

diária, através do ensino em classe. O livro didático não precisa ser a única ferramenta utilizada

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pelo professor em suas aulas, pois o mesmo nem sempre oferece as discussões epistemológicas

necessárias para o crescimento do saber geográfico dos alunos. Contudo, apesar de ainda não ser o

ideal, os livros didáticos são uma ferramenta indispensável para auxiliar o aluno e o professor.

Antes de apresentar as limitações, tem-se que reconhecer o seu papel social de acessibilidade a

informação e político como fomentador da cidadania.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, José Luis Lopes. (Org). Atlas escolar do Piauí: geo-histórico e cultural. João Pessoa, PB:

Ed. Grafset, 2006.

BRASIL. LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: lei nº 9.394, de 20 de dezembro de

1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. – 6. ed. – Brasília: Câmara dos

Deputados, Edições Câmara, 2011.

_______. MEC. Ciências humanas e suas tecnologias / Secretaria de Educação Básica. Brasília:

Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2006. 133 p. (Orientações curriculares para

o ensino médio; volume 3).

_______. MEC. Parâmetros curriculares nacionais. Ensino Médio – Geografia. Brasília – DF. 1999.

_______. Guia de livros didáticos: PNLD 2013: geografia. – Brasília: Ministério da Educação,

Secretaria de Educação Básica, 2012. 216 p. <http://www.fnde.gov.br/programas/livro-

didatico/guia-do-livro/item/3773-guia-pnld- 2013-%E2%80%93-ensino-fundamental.>acesso em

01 dez. 2012

BRITO, Jean Carlos de. COSTA, Alessandro Ramos da. Geografia do Piauí: conhecer para

valorizar. Teresina: EDUFPI, 2012. 249p.

BRITO, Itamar de Sousa. 1923 – História da Educação no Piauí. Teresina: EDUFPI, 1996.

GOVERNO DO ESTADO PIAUÍ. Secretaria de educação e cultura: SEDUC. 2003.

NETO, Adrião. Geografia e História do Piauí para estudantes- da pré-história à atualidade. 4ª ed.

Teresina: Edições Geração 70, 2006. 322p.

PONTUSCHKA, Nídia Nacib. A Geografia: Pesquisa e Ensino. In: CARLOS, A. F. A. (Org.).

Novos Caminhos da Geografia. 111 ed. São Paulo: Contexto, 1999, v. p. 111- 142.

RODRIGUES, Joselina Lima Pereira. Geografia e História do Piauí: Estudos Regionais. Teresina,

Halley S.A. 5ª ed. 2012.

SILVA, Josélia Saraiva e. Habitus docente e representação social do “ensinar Geografia” na

educação básica de Teresina- PI. 2007. 201 f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade

Federal do Rio Grande do Norte. Natal. 2007.

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SILVA, Gil Anderson Ferreira; VELOSO FILHO, Francisco de Assis. A educação brasileira e as

orientações para a Geografia numa perspectiva histórica a partir das Leis. In: VI Encontro de

Pesquisa em Educação da UFPI, 2010, Teresina. Estado e Políticas Educacionais, 2010. p. 1-12.

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O ENSINO DE GEOGRAFIA E A METODOLOGIA: DESAFIOS NA ATUALIDADE

Lineu Aparecido Paz e SILVA

Mestrando em Geografia pela UFPI

[email protected]

RESUMO Existem diferentes formas de trabalhar através da metodologia no processo ensino aprendizagem

relacionadas com á área de geografia, tendo como finalidade a aquisição de conhecimentos geográficos. Na

atualidade muito se discute sobre a utilização dos métodos e as principais ferramentas para o ensino de

geografia, em virtude disso, e levando se em consideração a realidade enfrentada pelos professores da rede

pública de ensino e também da rede privada, existe a indagação sobre a forma em que esta ocorrendo a

utilização dos métodos no ensino de geografia. Para o Professor de geografia é importante analisar as

diferentes formas de utilização dos instrumentos didáticos no ensino de geografia, levando se em

consideração os resultados e as consequências para com a aprendizagem dos alunos e identificar os

principais problemas ao se utilizar os métodos no ensino de geografia. Em virtude disso se questiona qual o

método ao se ministrar uma aula? A rede pública e também a rede privada de ensino, no que tange a

utilização dos métodos de ensino, carecem melhorias, e por isso, aos professores de geografia torna se

necessário refletir sobre as ferramentas de ensino no campo do desempenho escolar assim como o cenário da

educação na formação do aluno como um indivíduo voltado para a cidadania, trata-se de uma necessidade

fundamental para uma prática educativa mais justa e igualitária, levando se em consideração as

características locais e a realidade do aluno. É importante que haja uma exposição dialogada com a

participação interativa dos alunos pois a aquisição efetiva desses conceitos, relacionados com outros, torna

possível a compreensão dos fenômenos que fazem parte da realidade objetiva dos conhecimentos

geográficos. Palavras-chave: ensino, geografia, método.

INTRODUÇÃO

Este trabalho foi realizado, em razão de haver diferentes formas de métodos utilizados

pelos professores no processo ensino aprendizagem relacionados ao ensino de geografia, tendo

como finalidade a aprendizagem dos alunos no que tange aos conhecimentos geográficos. No

Brasil, este fenômeno se observa através da geografia ministrada em sala de aula e das diferentes

realidades sociais e ambientais vivenciadas neste país.

METODOLOGIA

Este trabalho tem o interesse de analisar os aspectos gerais da metodologia em geografia, e

diante disso, surgiu-nos a ideia de desenvolver este trabalho com a finalidade de discutir as

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diferentes situações relativas á didático da geografia que caracteriza a formação de diferentes

formas de se trabalhar os conteúdos de geografia em sala de aula. Este trabalho ocorreu através do

estudo bibliográfico e analises de artigos em periódicos da capes com certificado web qualis,

abordando as ideias dena área de ensino de geografia, que constituiu na base teórica para a

fundamentação deste trabalho, ajudando no enriquecimento desta temática em questão.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para o Professor de geografia é importante analisar as diferentes formas de utilização do

método no ensino de geografia, seja uma aula expositiva e dialogada, leitura e interpretação de

textos, seminários, grupos de discussão, levando se em consideração os resultados e os reflexos para

com a aprendizagem dos alunos e identificar os principais problemas ao se utilizar os métodos no

ensino de geografia sempre investigando se recursos utilizados no ensino de geografia estão sendo

adequados a realidade dos alunos da rede pública de ensino com base na observação da realidade e,

nesse sentido:

Essa observação da realidade não é mera identificação de elementos. A partir do

levantamento de dados e a utilização de recursos didáticos, sua classificação, comparação

com outros dados, etc., e consequentemente representação espacial, que na maior parte dos

casos é feita através do recurso didático, o aluno chega a generalizações – percebe diversas

áreas em que pode ser identificada a mesma situação (Almeida, 2010, p.27).

Assim Compreendendo o significado e a importância da utilização do método em geografia

para a formação de cidadãos críticos e conscientes do mundo em que vivem. Em virtude disso, os

reflexos da utilização do método no ensino de geografia, irá refletir diretamente para o nível de

conhecimento dos alunos frente ás novas realidades vivenciadas na aprendizagem. Dessa forma, os

fatos são revelados a partir da inserção do pesquisador no cotidiano do investigado e é isto que

torna o pesquisador parte fundamental da pesquisa. Desse modo, pretende-se contribuir para o

enriquecimento deste assunto de estudar acerca da temática no ensino de geografia.

O ENSINO DE GEOGRAFIA E O MÉTODO DE ENSINO

O ensino de geografia na atualidade passa por um momento de intensas modificações,

novas tecnologias são lançadas no ambiente escolar, novas metodologias aparecem para melhorar a

qualidade do ensino e, por vez, novas formas de utilização dos instrumentos didáticos surgem para

modificar a sistemática usada antigamente. Em virtude dessas transformações, a utilização do

método na geografia não representa algo além do simples ato de ministrar uma aula. Existe a

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necessidade de mostrar o método de ensino como uma maneira de contribuir para o

desenvolvimento cognitivo do aluno.

Dentro do cenário do ensino de geografia, tem se discutido sobre a utilização do método

nestes últimos anos. O simples ato de trabalhar com um determinado tipo de método deve ser feito

com responsabilidade e muito respeito a quem deve estar sendo ensinado e sempre levando em

consideração um preparo espacial e nesse sentido:

O preparo para esse domínio espacial é, em grande parte, desenvolvido na escola,

assim o domínio da língua escrita, da raciocínio matemático e do pensamento

científico, além do desenvolvimento de habilidades artísticas e da educação corporal

(Almeida, 2010, p.27).

O trabalho com o método de ensino na geografia não pode estar fundamentada em

pressupostos tradicionais e apenas quantitativos, mas sim na qualidade da aula a ser ministradas

pelos professores de geografia, contudo devemos refletir sobre este cenário tendo em vista as novas

demandas sociais. Ainda neste contexto, vale pontuar que o método de ensino não deve ser somente

dar informações aleatórias, mas perceber uma concepção filosófica política que este universo nos

remete.

Quando mencionamos metodologia em geografia que esteja relacionada com a

aprendizagem do aluno, somos remetidos a pensar sobre a eficácia do processo de ensino. Nesse

sentido, os educadores na área de geografia precisam estar atentos para que os conceitos colocados

para os alunos não sejam meras definições ou descrições de fatos, é preciso que os conceitos

ensinados estejam relacionados com o mundo objetivo, com o cotidiano desses alunos.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Ao consideramos os métodos como um processo essencial para o processo de ensino e

aprendizagem, nos propusemos neste estudo a analisar a e verificar se essa prática contribui

realmente para a aprendizagem dos alunos no processo educativo. Com relação à concepção de

metodologia, verificamos que grande parte das professores conceituam o método como processo de

melhoria da aprendizagens mas que ainda não estão interados das novas maneiras de se lidar com as

situações didáticas e com a realidade do aluno.

A partir dessa concepção manifestada, observamos que mesmo tentando renovar o

processo de ensino das escolas, o recurso didático ainda traz resquícios da metodologia tradicional.

Apesar das docentes possuírem uma consciência a respeito da existência dos diversos instrumentos

didáticos, existem ainda professores que adotam o livro como o principal método de recurso a ser

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utilizado e em se tratando de século Século XXI, onde existem inúmeras possibilidades de recursos

é inadmissível a utilização de apenas um tipo de método em sala de aula.

O que nos interessa em ressaltar é que a geografia é produtiva, requerendo assim, a cada

instante, novas descobertas e alternativas para continuar sendo o que é, um instrumento de formação

e capacidade de interagir o meio ao fim. Por isso o ensino de geografia tem que ser mais do que a

ciência do espaço e dos lugares. A aprendizagem depende da vinculação do debate e da discussão

do cotidiano do aluno devendo sair da esfera da excentricidade do ensino continuador da

conservação do que já existe.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

É preciso descobrir novas formas de ver o mundo em que nós seres humanos vivemos, para

descobrir também novas alternativas sobre a utilização do método de ensino, há a necessidade da

relação entre a geografia, as outras ciências e a linguagem cotidiana. É interessante ressaltar que

para que haja mudanças necessárias no ensino da geografia, é preciso mostrar aos alunos o que é

propriamente o uso da geografia e suas inúmeras aplicações. Estudar a geografia é mais que abstrair

dos conteúdos as regras de estruturação deste conhecimento.

E, para finalizar, a utilização da metodologia em geografia não pode ficar preso à

conteúdos específicos e a verbalização apenas de determinados conteúdos, sem que os mesmos

estejam relacionados com outros conceitos e com a realidade do município do aluno. Pois a

aquisição efetiva desses conceitos, relacionados com outros, torna possível a compreensão dos

fenômenos que fazem parte da realidade objetiva. Dessa forma, o aluno estará apto a resolver

problemas não somente no âmbito escolar, mas também fora dele.

REFERÊNCIAS:

ALMEIDA, R. D. PASSINI, E. O espaço geográfico ensino e representação. 15 ed. São Paulo:

Contexto, 2010.

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O ENSINO DE GEOGRAFIA NA CONTEMPORANEIDADE COM USO DE

TECNOLOGIAS E A FORMAÇÃO DOCENTE

Rosana Soares de LACERDA

Professora substituta da UESPI

[email protected]

Judson Jorge da SILVA

Professor Assistente da UESPI

[email protected]

RESUMO Com o advento das tecnologias o ensino de Geografia tornou-se objeto de atualização devido à necessidade

induzida pela técnica da informação que se insere no processo de ensino. Com isso, o professor, profissional

responsável pela mediação entre o aluno e os conteúdos geográficos, tem a missão de buscar o

aperfeiçoamento contínuo de seus conhecimentos no tocante às novas tecnologias e também de seu próprio

conhecimento científico por meio da pesquisa contínua, para não tornar-se obsoleto no mundo docente e

atender as expectativas do ensino que paira na contemporaneidade.

Palavras – chave: Geografia – ensino – pesquisa – contemporaneidade.

INTRODUÇÃO

Diante dos desafios que se apresentam para a sociedade e, mais especificamente, para a

educação brasileira na contemporaneidade, faz-se mister salientar a importância do ensino da

Geografia na contribuição para a formação de cidadãos críticos e conhecedores de sua realidade,

sobretudo com implicações à gênese da ideia de contextualização e de pluralização que permeia

hoje na sociedade, considerando os meios de comunicação que ocupam lugar importante na vida

das pessoas, influenciando diretamente na sua forma de pensar e agir.

Este trabalho pretende abordar sobre a importância do ensino de geografia na atualidade,

explicitando uma concepção de ensino coerente com as demandas sociais contemporâneas, bem

como a respeito da importância da atitude do professor em assumir uma postura de constante

pesquisa ao longo de sua vida profissional, tendo em vista que o contexto atual é marcado por um

momento particular que se caracteriza pela inserção de novas tecnologias junto a novos métodos de

ensino, o que nos leva a crer que os professores tem de estar cada vez mais atentos a esta questão,

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uma vez que precisam manter-se atualizados e bem preparados para lhe dar com essas

peculiaridades dentro do sistema de ensino, incorporando em suas práticas o uso de tecnologias

relevantes para a formação cultural dos alunos.

DESENVOLVIMENTO

“A Geografia é a ciência do presente, ou seja, é inspirada na realidade contemporânea.”

(PCN, 2000, p. 30) e por intermédio de pesquisa bibliográfica constatou-se que esta se encontra

dentro de uma perspectiva evolutiva, mantendo-se moderna como sugere seus pressupostos, de

maneira que contribui para a formação de cidadãos críticos e conhecedores de suas realidades, por

meio do processo de ensino, como disciplina escolar, objetivando prepará-los para um agir em seu

cotidiano de forma consciente.

Diante do binômio ensinar-aprender leva-se em consideração uma série de aspectos, dentre

os quais, psicológicos, lógicos, pedagógicos e sociológicos e logo se deve pensar nos conteúdos a

serem ensinados, como ensiná-los, além de ter a percepção de como motivar o estudante aprender a

aprender. Segundo Cavalcanti (1998) nesse processo não são passivos nem o professor e nem o

aluno. O primeiro é ativo por fazer a mediação entre aluno e os objetos de conhecimento, já o

segundo, por ser o sujeito do processo.

O acesso aos conhecimentos por meio das tecnologias disponíveis como a internet, por

exemplo, contribui para que em muitas vezes o aluno esteja bem mais informado que o professor,

ou seja, já detém um conhecimento prévio em relação ao que se coloca em sala de aula. Dessa

forma, torna-se urgente, a adequação no tocante a formação dos jovens às necessidades da

sociedade refém do mundo globalizado. Nesse caso tende-se a considerar os saberes prévios dos

discentes buscando-se inseri-los em sua realidade próxima e concreta e da realidade da própria

escola, de forma a problematizá-los.

Delizoicov, Angotti e Pernambuco (2009) destacam que:

O universo das contribuições paradigmátias, como livros, revistas, suplementos de jornais

(impressos e digitais), videocassetes, CD-ROMs, TVs educativas e de divulgação científica

(sinal a cabo ou antena parabólica) e rede web precisa estar presente e de modo sistemático

na educação escolar (p. 37).

Tais autores sugerem que o uso desses recursos ocorra de forma racional e crítica e não

devido a interesses comerciais do meio tecnológico.

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Existem outros instrumentais que também podem e devem ser utilizados no ensino da

ciência geográfica, tais como jogos via internet, já que o público estudantil atual é bastante

familiarizado com o mundo informatizado e domina com facilidade as técnicas impostas por esse

meio. Pode ser utilizado o jogo de memória “Descobrindo o Brasil”, em aulas de Geografia do

Brasil. E em aulas sobre, população, meio ambiente, economia, indicadores sociais de qualquer

país, para não falar de outros temas, é pertinente o uso do site IBGE Países@, nele está disponível o

Mapa-múndi Digital do IBGE, contendo informações gerais de todos os países do globo. É

pertinente lembrar que essas ferramentas são utilizadas por intermédio do computador e deve ser

projetado através de Datashow para visualização e aprendizagem coletiva, porém alguns docentes

não os utilizam devido à falta de habilidades no manuseio desses recursos didáticos, o que torna seu

uso restrito, ou até mesmo o não uso. Sob esse enfoque cabe destacar que os profissionais do ensino

devem ser capacitados também nesse setor para conseguirem atuar com eficiência nos moldes atuais

do sistema de ensino.

Além de buscar desenvolver essas habilidades, o verdadeiro docente deve também

permanecer em constante mundo de pesquisa a qual se torna importante no tocante a valorização da

formação e da profissão. Segundo Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009) citando Lüdke (2001),

essa prática “pode ser considerada um processo aglutinador de reflexão e crítica, uma facilitadora

da prática crítico-reflexiva, embora não seja necessariamente um desdobramento natural de

qualquer prática reflexiva” (p. 95). “Essa é a primeira condição para que o professor desempenhe

bem o seu papel” (PONTUSCHKA, In: 2002, p. 131).

É também fator condicionante no processo de ensino, ter domínio dos conteúdos e

desenvolver a capacidade de usá-los de maneira que possa desvendar e compreender a realidade

contemporânea, fazendo emergir sentido e significado na aprendizagem. Na concepção de Filizola

(2009, p. 35) “de nada adianta o professor ter conhecimento sobre determinada metodologia de

ensino se não tiver um conhecimento aprofundado sobre o que ensina”. É necessário que esse

profissional possua tal domínio porque os discentes chegam à escola com saberes e informações

desordenadas, cabendo à escola, com o auxílio do professor, sua ordenação e estruturação por meio

de um processo de decomposição dos conteúdos garantindo a consolidação da aprendizagem, e esta

decomposição está exatamente sob a incumbência do professor como mediador de conhecimentos.

Tendo em vista a magnitude dos fatos, fica evidente que se faz necessário uma formação

mais contundente que permita a esses profissionais uma postura autônoma, onde não temam no

momento de abrir mão de hábitos diários, garantindo que possam trilhar novos caminhos no

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

processo de ensino. E para alguém se tornar um bom profissional de geografia essa formação deve

ser específica e continuada onde o docente consiga conhecimentos significativos que garantam a

compreensão de sua função social. Dentro dessa perspectiva o professor deve ter a preocupação de,

além de buscar sempre a continuação de sua formação, manter-se também atualizado com os

recursos tecnológicos para saber intervir e aproveitar essas nuances e não se prejudicar enquanto

educador.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto, percebe-se que o professor além de precisar passar por uma formação de

qualidade precisa estar preparado para as peculiaridades no processo de ensino no mundo

contemporâneo. E enquanto atuante em sala de aula, deve trazer novas metodologias de ensino,

deixando de trabalhar somente com o livro didático como única fonte. No entanto, as boas

possibilidades de melhorias, tais como as habilidades dos alunos com o mundo tecnológico, ainda

não são aproveitadas de forma efetiva no ensino/aprendizagem, e também professores acomodados

ou desabilitados não utilizam, ao menos, o computador e o Datashow com uso de slides para

facilitar a compreensão do conteúdo por parte dos alunos.

O professor de Geografia que detém habilidades sobre esses recursos deve aproveitar-se da

familiaridade que o público estudantil da atualidade possui para com estes e incorporá-los no

processo de ensino, fazendo uso de jogos que contenham conhecimentos da ciência/disciplina, bem

como navegar pela internet, em sites confiáveis e seguros, utilizando-se destas ferramentas que os

discentes conhecem e incentivá-los a conhecer diversos lugares por meio de dados e imagens

cartográficas e fotográficas disponíveis na web, pois essa é uma boa possibilidade de despertar o

interesse dos alunos pelos conteúdos da disciplina. E aqueles docentes que não possuem tais

habilidades devem buscar adquiri-las o quanto antes, pois a dinamicidade atual do sistema de ensino

requer reciclagem e pesquisa constante do profissional que atua nessa área. E essa realidade só será

mudada através de uma mudança de postura do referido profissional como garantia de melhorias no

processo de ensino/aprendizagem e consequentemente no ensino de Geografia.

REFERÊNCIAS

CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção do conhecimento. Campinas,

SP: Papirus, 1998.

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

DELIZOICOV, Demétrio; ANGOTTI, José André; PERNAMBUCO, Marta Maria. Ensino de

ciências: fundamentos e métodos. – 3ª ed. – São Paulo: Cortez, 2009.

FILIZOLA, Roberto. Didática da Geografia: proposições metodológicas e conteúdos entrelaçados

com a avaliação. Curitiba: Base Editorial, 2009.

LÜDKE, Menga. A pesquisa na formação do professor. In: ENCONTRO NACIONAL DE

DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO, 7., 1994, Goiânia. Anais... Goiânia, 1994. p. 297-303.

Apud, PONTUSCHKA, Nídia Nacib; PAGANELLI, Tomoko Iyda; CACETE, Núria Hanglei. Para

ensinar e aprender geografia. – 3ª ed. – São Paulo: Cortez, 2009.

PONTUSCHKA, Nídia Nacib. A Geografia: pesquisa e ensino. In:_____. CARLOS, Ana Fani

Alessandri. (Org). Novos caminhos da geografia. – São Paulo: Contexto, 2002. p. 111-139.

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OS CONCEITOS GEOGRÁFICOS E A INCLUSÃO DAS PESSOAS COM

NECESSIDADES ESPECIAIS NA ESCOLA PÚBLICA DE TERESINA- PI

Elayne Cristina Rocha DIAS

Graduanda do Curso de Lic. em Geografia pela UFPI- PARFOR

[email protected]

Cledimar Ferreira BARBOSA

Graduanda do Curso de Lic. em Geografia pela UFPI- PARFOR

[email protected]

Mugiany Oliveira Brito PORTELA

Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente DGH- UFPI

[email protected]

RESUMO

O presente estudo tem o objetivo de analisar as práticas pedagógicas utilizadas pelos docentes para o

processo de aprendizagem dos conceitos geográficos pelas crianças especiais nas séries iniciais do ensino

fundamental na escola pública de Teresina- Piauí. No embasamento teórico, foram considerados alguns

autores como: Castrogiovanni (2000); Correa (1982) e Lisboa (2007). Realizou-se uma pesquisa qualitativa,

através da observação direta e descrição das estratégias abordadas pelos professores das séries inicias,

aplicação de questionários do tipo semiestruturados, com amostra de oito (8) docentes que ministram aulas

de geografia nessa instituição. A pesquisa constatou que os professores das séries iniciais do ensino

fundamental da Escola Municipal Mário Covas, reconhecem que necessitam ter uma formação mais voltada

para o ensino de geografia; fazem o uso de poucos recursos didáticos voltados para a compreensão dos

conteúdos.

Palavras-chave: Geografia. Ensino. Inclusão

INTRODUÇÃO

Um dos temas bastante discutidos no meio acadêmico corresponde à inclusão de alunos

especiais em sala de aula regular. Poucos estudos têm investigado a forma de aprendizagem dos

conceitos das diversificadas disciplinas no ensino regular, como também elencar as dificuldades

enfrentadas pelos docentes e alunos para a aquisição do conhecimento e as práticas eficazes para a

aprendizagem de todos. A pesquisa apresentada foi realizada na Escola Municipal Mário Covas,

localizada na zona Sudeste de Teresina.

Assim, o objetivo geral proposto nesta pesquisa é analisar as práticas pedagógicas dos

professores das séries iniciais para o ensino da Geografia para com os alunos com deficiência; os

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específicos consiste em identificar a importância da Geografia, enquanto disciplina escolar, na

formação dos alunos especiais; identificar a disposição e utilização dos recursos didáticos

disponíveis na instituição de ensino e investigar os métodos de ensino utilizados pelos professores

voltados para o processo de aprendizagem desse grupo.

Neste sentido, a escolha deste tema justifica-se pela necessidade de dimensionar as estratégias

pedagógicas e a formação continuada dos professores de Geografia, resultando na maior preparação

das instituições de ensino para compreender esse grupo em suas potencialidades e diferenças diante

do seu cotidiano.

CONCEITOS E METODOLOGIAS APLICADAS NO ENSINO DE GEOGRAFIA

A Geografia é uma das ciências que nos auxilia na compreensão da relação intrínseca entre o

homem e o meio ambiente. Mesmo que seja através do conhecimento do senso comum, o indivíduo

consegue perceber a importância dessa disciplina em sua vida, por exemplo: através da localização

de um determinado local, sem perceber o educando se utiliza desse conhecimento. Dentro dos

conteúdos geográficos a categoria de lugar é um dos fundamentais para a aprendizagem dos

educandos. De acordo com Castrogiovanni (2000, p. 84)

Compreender o lugar em que vive, permite ao sujeito conhecer a sua história e

conseguir entender as coisas que ali acontecem. Nenhum lugar é neutro, pelo

contrário, é repleto de história e com pessoas historicamente situadas em um tempo

e em um espaço, que pode ser o recorte de um espaço maior, mas por hipótese

alguma é isolado, independente.

Assim, o professor ao repassar essa categoria de lugar para as crianças deve levar em

consideração não somente a parte estética do lugar, mas sim realizar juntamente com os alunos uma

reflexão crítica sobre os acontecimentos históricos e suas condições geográficas. Pode está

trabalhando com diversos recursos como: maquetes que auxiliam principalmente aos com

deficiência visual, permitindo a compreensão de aspectos fundamentais da Geografia,

documentários; filmes com uso de legendas irá facilitar a aquisição de conhecimentos por parte dos

deficientes auditivos.

A cartografia tátil como também o uso de computadores com programas específicos ocupam-se

da confecção de mapas e outros produtos cartográficos que podem ser utilizados por pessoas com

qualquer deficiência, mas especificamente para a visual. Sobre o conceito de paisagem Lisboa

(2007;p. 27) “relaciona a tudo que os sentidos humanos podem perceber e apreender da realidade de

determinado espaço geográfico ou parte dele, está diretamente relacionado à sensibilidade humana”.

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O espaço segundo Correa (1982;p.26 ) “o espaço geográfico é a morada do homem e abrange a

superfície da Terra”. Outro aspecto que deve ser considerado, que o espaço é um fator social e

inseparável do tempo. Assim, vale ressaltar que os profissionais de Geografia devem apresentar

atividades diversificadas que concilie os conteúdos com os conhecimentos do cotidiano do aluno

com necessidades especiais.

METODOLOGIA

Realizou-se uma pesquisa qualitativa, com observações participantes das aulas de geografia das

séries iniciais do ensino fundamental 1, analisando as técnicas e recursos adotados pelos professores

para o ensino de Geografia para com os alunos com necessidades especiais e sua compatibilidade

aos conteúdos propostos aos das diretrizes curriculares. Para um melhor embasamento desta

pesquisa utilizou-se questionários do tipo semiestruturados com oito (8) professores que ministram

aulas de geografia na condição de formados em outra especialidade.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A pesquisa demonstrou que na escola Municipal Mário Covas que o tempo de experiência

docente pelos professores nas séries iniciais do ensino fundamental, dos oitos (8) docentes quatro

(4) possui experiência acima de 10 anos, dois (2) com 1 à 5 anos, como também dois(2) professores

tem uma prática entre 6 à 10 anos. O gráfico 1 demonstra claramente o resultado.

Gráfico 1: tempo de experiência docente

Fonte: Pesquisa Direta, 2013

Com relação aos equipamentos e materiais, a instituição possui data show, vídeos, DVD, TV,

mapas, globos, aparelhos de som, quebra- cabeça, material dourado, revistas, livros, jornais,

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dicionários, atlas. Desses recursos, os utilizados em sala de aula com os alunos especiais para

explicação dos conceitos geográficos são: mapas e globos; livro didático e o quadro de acrílico.

Segundo o depoimento dos professores, sobre as metodologias e técnicas desenvolvidas na aula

de Geografia especificamente para com os alunos especiais, os resultados remetem à exposição oral

dos conteúdos com o uso do livro didático. Utilizam de vez em quando o trabalho com mapas e

atividade de campo.

No processo de ensino-aprendizagem os recursos aliado a motivação são estratégias

insubstituíveis para ser usada como estímulo na construção do conhecimento humano e é uma

importante ferramenta de progressão pessoal e de alcance de objetivos institucionais.

CONCLUSÃO

A pesquisa revelou que as dificuldades enfrentadas pela maioria dos professores da escola

Mário Covas está relacionada à falta de formação na área da geografia o que dificulta a explicação

mais aprofundada de questões inerentes da própria disciplina, necessitando ter uma formação

continuada específica o que não é proposto pela secretaria do município de Teresina.

Outro aspecto observado consiste na utilização das metodologias empregadas pelos professores,

sendo está uma prática oralista dos conteúdos e com uso de poucos recursos lúdicos para fixação da

aprendizagem significativa dos alunos especiais, o que leva muitas vezes a desmotivação e o

desinteresse dos mesmos.

REFERÊNCIAS

CASTROGIOVANNI; Antonio Carlos. Ensino de Geografia: práticas e textualizações no

cotidiano. Porto Alegre: Mediação; 2000.

CORREA, Roberto Lobato. Espaço Geográfico: algumas considerações. São Paulo: Hucitec,

1982, p. 25-34.

LISBOA; Severiana Sarah. Revista Ponto de Vista. Universidade Federal de Viçosa; v.4, n. 4;

2007

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OS RECURSOS DIDÁTICOS AUXILIANDO NO ENSINO DA GEOGRAFIA

Ana Carolina Nunes dos SANTOS

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UEMA

[email protected]

Vanda Silva SANTOS

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UEMA

[email protected]

Maria Tereza de ALENCAR

Professora Doutora em Geografia

[email protected]

RESUMO

Este trabalho tem como finalidade identificar o uso dos recursos didáticos no Ensino de Geografia,

procurando identificar as dificuldades encontradas na utilização em sala de aula. A pesquisa foi realizada em

uma escola pública estadual em Caxias - MA, com aplicação de questionário com o professor de Geografia e

com a diretora da escola. Podemos constatar que nas escolas já existem vários recursos disponíveis (Data

Show, TV, DVD), porém o recurso didático mais utilizado em sala de aula é o livro didático.

Palavras chave: Ensino de Geografia, Livro Didático, Recursos Didáticos.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho teve como objetivo verificar o uso dos recursos didáticos pelos professores

de Geografia procurando identificar as dificuldades encontradas no uso dos mesmos e a

contribuição no ensino de Geografia. A produção e utilização de recursos são elementos de grande

importância para o bom andamento do processo ensino-aprendizagem, em especial na atualidade,

com as novas linguagens e tecnologias que fazem parte da vida do aluno fora da sala de aula e que

devem está presente na escola e nas aulas de Geografia.

O trabalho foi desenvolvido a partir da pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo que foi

realizada em uma Escola Pública Estadual de Caxias – MA; com aplicação de questionário com o

Diretor e o professor de Geografia da escola para obter informações sobre os recursos didáticos

utilizados nas aulas de Geografia, além da observação de uma aula ministrada pelo professor de

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Geografia.

A pesquisa foi relevante para a vida dos acadêmicos, pois possibilitou o primeiro contato

direto com a escola e com o Professor de Geografia, observando seu trabalho em sala de aula,

recursos didáticos utilizados e as dificuldades encontradas na sua prática, permitindo maior

interação da universidade com a escola.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os recursos didáticos são as ferramentas utilizadas pelo professor para facilitar o processo de

ensino aprendizagem, eles podem ser os mais simples, como pincel, apagador e os mais

sofisticados, como computador, data show, câmara digital. Estes auxiliam no processo ensino

aprendizagem, seu principal objetivo é facilitar o trabalho de mediação do professor para despertar

o interesse do aluno na aquisição do conhecimento. O processo de aprendizagem é realizado de

acordo com a metodologia de cada docente, alguns trabalham com o modelo tradicional utilizando

apenas livro e lousa para ensinar determinados assuntos, outros procuraram ser mais diferentes, ou

seja, mais modernos e práticos fazendo uso da tecnologia como base de ensino. (SANT‟ANNA;

SANT‟ANNA, 2004 )

Observamos que hoje nas aulas de Geografia os professores já trabalham com filmes, pois

através deles pode-se refletir a cerca das transformações contemporâneas não só no campo

educacional, mas no campo econômico. É importante ressaltar que todas essas técnicas de

conhecimento vêm por intermédio dos Retroprojetores, DVD, entre outros recursos que estimulam

o ensino aprendizagem. A intenção é proporcionar uma maneira mais didática de aprender

Geografia, levando em consideração o conteúdo a serem ministrados, os objetivos a serem atingidos

e o público alvo. Cabe ao professor a função de utilizar estas ferramentas como recurso

complementar ao livro didático de Geografia, com o fim de despertar no aluno uma percepção

crítica da realidade. (CASTROGIOVANNI, 1999)

Segundo Sant‟anna (2004), o professor é o maior componente da aprendizagem. Sua fala

tem não apenas poder de estímulo, mas atua inclusive como força geradora para a manifestação e

desenvolvimento de uma atitude crítica, inquisidora e realizadora por parte do aluno.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presente pesquisa foi realizada na Escola Estadual Centro de Ensino Odolfo Medeiros,

localizado na Rua Clodomiro Cardoso Bairro Cangalheiro, Caxias – MA.

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Ao chegamos á escola procuramos a direção, onde nos apresentamos e perguntamos o nível de

ensino da escola, ela nos respondeu que é de nível fundamental e médio, é pública estadual com

uma grande quantidade de alunos matriculados.

Questionamos a diretora sobre os recursos audiovisuais existentes na escola, obtivemos como

resposta: TV, DVD, Retroprojetor, Computador, mapas, Data show, jornal, na qual os professores

de Português, Geografia, Inglês, Espanhol, fazem constante uso desses recursos.

Perguntamos ainda quais as dificuldades enfrentadas pela direção da escola quanto ao uso e a

manutenção dos recursos didáticos e a mesma ressaltou que grande parte dos professores não tem

habilidades necessárias para utilizar os recursos didáticos especialmente os de nível médio.

Questionamos também quantos professores de geografia existe na escola, a mesma respondeu

três, onde todos têm formação em licenciatura em geografia e que todo o corpo docente e discente

da escola possui o livro didático e, além disso, a escola realiza planejamento mensalmente.

Já terminando nossa entrevista a diretora explica que a escola possui biblioteca, laboratório de

informática e que os alunos frequentam periodicamente os respectivos ambientes com o

acompanhamento devido dos professores..

Na entrevista com o professor, questionarmos qual a sua formação, ano e tempo de experiência,

o mesmo respondeu que é pós-graduado em metodologia para o ensino de geografia, tendo

concluindo sua graduação em 2006, e que já possui 12 anos de experiência no magistério.

Perguntamos qual o livro didático adotado na escola o professor (a) respondeu: Conexões

Estudos de Geografia Geral e do Brasil, autores: Ligia Terra, Regina Araújo, Raul Borges

Guimarães, e que todos os alunos possuem um de uso individual, alegando que o livro é essencial

para uma melhor educação, utilizando assim outras fontes de ensino que facilita o ensino

aprendizagem.

O professor nos comunicou que os recursos didáticos utilizados em suas aulas são o quadro,

data show, livro, explicando que estes deixam as aulas prazerosas, e que os recursos audiovisuais

são de grande importância. O que nos chamou atenção, quando perguntamos se ele confeccionava

recursos didáticos para utilizar nas aulas de Geografia, falou que são criados mapas, globo, jogos

educativos, sendo de grande auxílio ás aulas de Geografia.

Indagamos também quais os critérios que ele elege para escolha do recurso didático que vai ser

utilizado na aula, o mesmo falou que são aqueles com conteúdo onde aparecem gravuras de mapas,

outros com questões baseados no ENEM (exame nacional do ensino médio) e desde que seja

adequada a realidade do educando.

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Partindo desses comentários perguntamos quais as dificuldades que ele encontra na utilização

dos recursos didáticos, obtivemos como resposta à disposição dos horários da escola, pois se tem 2

datas show, mais as vezes seu agendamento não é permitido pois outros professores irão utilizá-lo.

Outro fato importante foi quando perguntamos quais os recursos que tem maior aceitação dos

alunos, e a resposta obtida é que eles preferem filmes e muitas vezes não agradando a todos, pois

preferem um meio diferente.

O professor nos apresenta como sugestão para uma melhor otimização dos recursos didáticos: a

escola disponibilizar mais matérias como globo, mapas, bússola, alegando que a aprendizagem terá

melhor resultados.

Além do questionário, observamos que o professor (a) ministrou suas aulas com o uso de

mapas, globo, fazendo com que os alunos observem as localizações geográficas, pois o tema da aula

era “os mapas e as visões de mundo”, despertando assim a atenção de todos que ali estavam. Para

Castrogeovanni (1999) o uso do mapa como auxílio didático possibilita ao aluno mecanismos de

percepção visual e processos mentais que interacionam o entendimento e a memória em níveis

variáveis de abstração.

CONCLUSÃO

Os recursos didáticos são de fundamental importância à vida escolar, pois a partir do momento

que se discute as formas de ensinar e aprender, podemos observar inúmeras possibilidades de

recursos que estão a disposição dos professores de Geografia na Escola e que podem ser utilizados

de forma diversificada, dinamizando o processo ensino-aprendizagem. O papel da direção da escola

nesta transformação é fundamental, pois a mesma poderá ajudar o professor disponibilizando os

recursos ou ate mesmo solicitando certos recursos como forma de aprimoramento ao ensino.

REFERÊNCIAS

CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos (Orgs.) et al. Geografia em sala de aula. Porto Alegre:

Editora da UFRGS, 1999.

SANT‟ANNA, Ilza Martins; SANT‟ANNA, Victor Martins. Recursos educacionais para o

ensino. Quando e Por quê? Petrópolis. Vozes, 2004.

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OS RECURSOS LÚDICOS APLICADOS AO ENSINO DE GEOGRAFIA: UM

DIAGNÓSTICO DA ESCOLA MUNICIPAL MÁRIO COVAS

Elayne Cristina Rocha DIAS

Graduanda do Curso de Lic. em Geografia pela UFPI- PARFOR

[email protected]

Cledimar Ferreira BARBOSA

Graduanda do Curso de Lic. em Geografia pela UFPI- PARFOR

[email protected]

Mugiany Oliveira Brito PORTELA

Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente DGH- UFPI

[email protected]

RESUMO O presente trabalho tem como objetivos: analisar as estratégias, os métodos e a disposição dos recursos

lúdicos adotados pelos docentes para o ensino de geografia no ensino fundamental 1, na Escola Municipal

Mário Covas. A pesquisa é do tipo qualitativa, com aplicação de questionários do tipo semiestruturados, à

professores do 2º ano do ensino básico e a dois pedagogos desta instituição. Constatou-se a utilização de

poucos recursos lúdicos utilizados pelos educadores, como também a falta de qualificação dos mesmos para

ministrarem a disciplina, apesar de possuírem uma relevante experiência docente.

Palavras-chave: Lúdico. Professor. Geografia. Educando

INTRODUÇÃO

Acredita-se que por meio do lúdico o aluno satisfaz em grande parte seus desejos e

interesses particulares, permitindo a inserção na realidade, expressando sua maneira de refletir, de

ordenar, construir e reconstruir o mundo que o cerca. A pesquisa apresentada foi realizada na

Escola Municipal Mário Covas, localizada na zona Sudeste de Teresina.

O presente trabalho tem como objetivo geral analisar as estratégias adotadas pelos professores

do ensino fundamental 1 durante as aulas de Geografia, os específicos são: identificar a disposição e

os métodos utilizados pelos mesmos; conhecer os conteúdos de Geografia trabalhados no 2° ano da

educação básica da escola pública e sua relação com os recursos lúdicos.

A escolha do tema justifica-se pelo fato da constante desvalorização da geografia no ensino

fundamental menor, como também, por que muitas crianças chegam ao ensino fundamental maior

(6º ao 9ºano), com poucos ou nenhum conhecimento geográfico, acarretando insatisfação dos

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professores graduados nessa disciplina.

OS RECURSOS LÚDICOS COMO INSTRUMENTO FACILITADOR DO PROCESSO DE

ENSINO E APRENDIZAGEM

Acredita-se que brincando e jogando, o educando direciona seus esquemas mentais para a

realidade que o cerca, assimilando-a melhor. Por meio das atividades lúdicas é possível expressar,

assimilar e construir a realidade. Segundo Negrine (2000, p. 38)

A capacidade lúdica está diretamente relacionada à sua pré-história de vida.

Acredita ser, antes de mais nada, um estado de espírito e um saber que

progressivamente vai se instalando na conduta do ser devido ao seu modo de vida.

Nesse sentido, faz-se necessária a utilização de metodologias inovadoras e estimulantes, partindo

sempre do espaço vivido pelo aluno, permitindo a reflexão e identificação de diversificados

aspectos da realidade principalmente da relação entre a sociedade e o meio ambiente. Conforme os

Parâmetros Curriculares Nacionais,

O ensino de Geografia pode levar os alunos a compreenderem de forma mais

ampla a realidade, possibilitando que nela interfiram de maneira mais consciente e

propositiva. Para tanto, porém, é preciso que eles adquiram conhecimentos,

dominem categorias, conceitos e procedimentos básicos [...]. (BRASIL, 1998,

p.108).

Com relação à turma do 2º ano do ensino fundamental 1, o conteúdo geográfico abordado

corresponde a categoria do Lugar, sendo essa relacionada aos espaços afetivos vinculados às

pessoas. Segundo Lisboa (2006, p. 29) lugar é “como parte do espaço geográfico apropriado para a

vida, onde se desenvolvem atividades cotidianas ligadas à sobrevivência e às diversas relações

estabelecidas pelos indivíduos”.

O docente pode adotar ainda outras metodologias pertinentes para o estudo do lugar que

poderão ser de grande utilidade e adequados para a sala de aula, tais como, artigos de revistas,

jornais, fotografias, livro didático etc. Músicas, expressa nas melodias a relação das pessoas com o

seu meio, seus comportamentos e sentimentos diante do lugar. É importante ressaltar que a

atividade lúdica, independente do recurso ou material utilizado, não trará os resultados almejados se

não forem bem direcionadas e planejadas corretamente.

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METODOLOGIA

Realizou-se uma pesquisa qualitativa, com observações participantes das aulas de geografia do

2° ano do ensino fundamental 1, analisando as técnicas e recursos adotados pelos educadores e sua

compatibilidade aos conteúdos propostos aos das diretrizes curriculares. Para um melhor

embasamento desta pesquisa utilizou-se questionários do tipo semiestruturados com três (3)

professores que ministram aulas de geografia na condição de formados em outra especialidade, e

dois (2) pedagogos desta respectiva classe escolar.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

No sentido de identificar as metodologias aplicadas no ensino de Geografia da educação básica

do fundamental 1, foi questionado aos professores desse ano sobre a formação acadêmica, em que

apenas uma professora apresenta curso de especialização na área de alfabetização e duas possuem

apenas a graduação em Pedagogia. Sobre as metodologias e técnicas empregadas na aula de

Geografia, os resultados remetem à exposição oral dos conteúdos com o auxílio do livro didático, a

partir dos conhecimentos prévios dos educandos.

A fotografia 1 a seguir mostra alguns dos recursos lúdicos disponíveis na escola municipal

Mário Covas e alguns são utilizados pelas professoras durante as aulas de Geografia, com o objetivo

de aprofundar os conceitos geográficos no ensino fundamental menor.

Fotografia 1: Recursos cartográficos

Fonte: Barbosa, (2012).

Os recursos principalmente os cartográficos, são importantes instrumentos de auxílio ao

professor no processo de explanação de conteúdos geográficos relacionados à orientação e

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localização no espaço geográfico. Com sua utilização, o aluno pode obter informações relacionadas

não somente à localização, mas sobre o clima, relevo dentre outros aspectos de um determinado

lugar.

CONCLUSÃO

A pesquisa demonstrou que as professoras do ensino fundamental 1 da Escola Municipal Mário

Covas, reconhecem que necessitam ter uma formação mais voltada para o ensino de geografia no

fundamental 1, mas enfatizam que a própria Secretaria de Educação e Cultura de Teresina- SEMEC,

possibilitam aos docentes uma capacitação voltada para as outras áreas de conhecimento.

A partir do exposto pode-se concluir que há uma necessidade de valorização da disciplina de

geografia por parte das professoras de modo geral e também da própria Secretaria de Educação,

pois a mesma contribui para as discussões e aprofundamento de questões relacionadas ao espaço

vivenciado pelos discentes e sua comparação com outros lugares.

De acordo com os dados obtidos faz-se necessária uma mudança metodológica das professoras

no ensino da disciplina de Geografia, devendo enriquecer suas aulas com atividades mais lúdicas e

com uso de vários recursos didáticos que estão disponíveis na escola. Portanto, os educadores do

ensino fundamental 1, deveriam considerar o lúdico amplamente em suas práticas pedagógicas

como um instrumento de auxílio no desenvolvimento e na aprendizagem desses alunos, pois o

“brincar”, não é apenas um mero passatempo, mas sim um meio de construção de novas habilidades

e conhecimentos.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Cledimar Ferreira. 1 fotografia colorida, 2012.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares

Nacionais: Geografia. (3º e 4º ciclos do ensino fundamental). Brasília: MEC, 1998.

LISBOA, Severina Shara. A importância dos conceitos da geografia para a aprendizagem de

conteúdos geográficos escolares. Revista Ponto de Vista, v. 4, 23-35, 2006.

NEGRINE, Airton. Aprendizagem e desenvolvimento infantil. Porto Alegre: Propil, 2000.

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mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

RECURSOS DIDATICOS E ENSINO DE GEOGRAFIA

H. M. ALMEIDA

[email protected]

Raquel dos Santos LIMA

[email protected]

Maria Tereza de ALENCAR

[email protected]

RESUMO

Os recursos didáticos passaram a ocupar um espaço significativo na sociedade a escola não pode ignorar a

realidade dos educandos, e desse modo surge à necessidade do uso de novos procedimentos didáticos que

envolvem práticas tecnológicas de informação. Utilizar os recursos didáticos a fim de facilitar a

aprendizagem é de suma importância em qualquer disciplina, porém a utilização destes recursos nas aulas de

Geografia é mais importante ainda, pois esta permite a compreensão do lugar, da região e do mundo. A

partir de pesquisa realizada em uma Escola Pública Municipal de Caxias- MA, foi constatado que o recurso

didático mais utilizado pelo professor de Geografia, é o livro didático.

Palavras-chave: Recursos didáticos, geografia, ensino, professor, aluno.

INTRODUÇÃO

A utilização dos recursos didáticos tais como: TV, filmes, internet, e demais tecnologias

implica em uma tomada de atitude do professor em buscar conhecê-los e fazer uso corretamente em

sala de aula. O importante é que os professores observem se há aspectos significativos relacionados

com a sua matéria e os recursos audiovisuais, e procurem estabelecer uma estratégia coerente com o

conteúdo e objetivos a serem alcançados na disciplina Geografia.

A pesquisa foi realizada na escola Nossa Senhora dos Remédios em Caxias-MA, com o

objetivo de identificar os recursos didáticos existentes na escola, verificar como eles são usados

pelos professores de geografia na sala de aula. No primeiro momento foi realizada a pesquisa

bibliográfica, seguida de pesquisa na escola com aplicação de questionário ao Diretor da Escola e ao

Professor de Geografia para obtenção dos dados visando atender aos objetivos propostos.

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Foi realizada observação das aulas proporcionando momentos de proximidade dos

acadêmicos de Geografia do CESC/UEAMA com os alunos em sala de aula, percebendo que tipo

de relação eles tem com os conteúdos de Geografia e os recursos didáticos utilizados pelo professor,

o que eles esperam aprender nas aulas e como a Geografia pode ajudá-los em suas vidas.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os recursos didáticos tem a importância de prender a atenção dos educandos deixando a aula

dinâmica e participativa para que eles se interessem pelo assunto. Assim o professor de geografia

tem que buscar recursos que aproximem a realidade do aluno, como a música e a televisão, aliada a

documentários e slides que ajudam a refletir e tirar dúvidas do cotidiano. Esses recursos didáticos

tornam as aulas mais dinâmicas e menos monótonas, sendo mais um suporte para o educador

manter a atenção dos alunos, (MASETTO, 1997).

A adoção do uso de recursos didáticos no ensino da Geografia contribui para uma maior

compreensão da sociedade, do processo de uso e ocupação dos espaços naturais, baseado nas

relações do homem com o ambiente e seus desdobramentos políticos sociais, culturais e

econômicos. O ensino de Geografia deve estimular o aluno a compreender e intervir

significativamente na realidade em construção e os recursos são indispensáveis na mediação desse

processo. (PASSINI, 2011)

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A presente pesquisa foi realizada na escola Nossa Senhora do Remédio localizada no bairro

Castelo Branco, Rua Bela Vista, S/N – Caxias - MA.

Para a pesquisa de campo foi realizada utilizando como técnicas de coletas de dados o

questionário aplicado com a diretora da escola e o professor de geografia, além de observações das

aulas com o objetivo de realizar um diagnóstico sobre a utilização dos recursos didáticos pelos

professores de geografia.

Ao perguntarmos ao Diretor da Escola quais recursos didáticos que a escola dispõe, foi

respondido, televisão, DVD, computador, data show e revistas. Questionamos sobre qual disciplina

o professor utiliza com mais frequência recursos didáticos, foi apresentado às disciplinas de

Geografia, Português, História. Perguntamos sobre quais dificuldades enfrentadas pela direção da

escola quanto o uso da manutenção dos recursos didáticos, foi respondido que a dificuldade esta na

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resistência de alguns professores ao fazerem uso dos recursos em suas aulas. Ao questionamos

sobre a quantidade de professores de Geografia existente na escola, a diretora respondeu que existe

dois professores, com graduação e especialização.

Questionamos ao professor se todos os alunos possuem o livro didático e foi respondido que

sim. Perguntamos qual o recurso didático mais utilizado em suas aulas, e por que, foi apresentado o

data show por ser um recurso que estimula a observação e atenção dos alunos, tornando a aula

dinâmica. Sobre os recursos audiovisuais disponíveis na escola, foi respondido o data show,

televisão e aparelho de som. Quanto aos recursos didáticos utilizados nas aulas de Geografia que

tem maior aceitação pelos alunos e por que, foi respondido que o data show, revistas e músicas, que

são os que mais atraem a atenção dos alunos; as imagens e os sons tornam as aulas mais ilustrativas.

Ao perguntamos sobre a sua formação e o ano de conclusão de curso foi respondido que possui

Licenciatura Plena em Geografia e conclui em 2008. Perguntamos qual o livro didático adotado na

escola, foi apresentado o livro projeto Araribá.

CONCLUSÃO

Devemos perceber que a Geografia está presente no nosso dia-dia e não apenas nas salas de

aula quando estamos estudando. Temos que partir do estudo com o auxilio de elementos visíveis,

que facilitam mais nossa compressão ao se comparar com o uso de conceitos, afinal o livro é apenas

um instrumento que auxilia na didática do ensino. O uso de vários recursos nas aulas torna-as mais

dinâmicas e prazerosas, oferecendo aos alunos diversas fontes para o entendimento de determinado

assunto; os recursos didáticos auxiliam para uma aprendizagem mais significativa.

REFERENCIAS

PASSINI, Elza Yasuko. Prática de Ensino de Geografia e estágio supervisionado. São Paulo:

Contexto, 2011.

MASETTO, Marcos. Didática. A aula como centro. São Paulo: FTD, 1997.

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EIXO 02:

GEOGRAFIA E QUESTÕES

AMBIENTAIS

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A CONTRIBUIÇÃO DA GEOMORFOLOGIA AMBIENTAL NA ANÁLISE DE ÁREAS

DEGRADADAS NO PERÍMETRO URBANO DE TIMON-MA

Rafael José MARQUES

Graduado em Geografia - Universidade Estadual do Piauí - UESPI

Esp. em Geografia e Especializando em Gestão Ambiental - UESPI

[email protected]

Profª. Msc. Elisângela Guimarães MOURA FÉ.

Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente - UFPI

[email protected]

RESUMO

O presente trabalho aborda a importância do conhecimento geomorfológico na análise de áreas degradadas

causada pela atividade de extração de minerais não metálicos, como massará, seixo e outros, considerando

diversas alterações negativas ao meio ambiente como: degradação da paisagem, do solo, do relevo. O

objetivo geral é relacionar os estudos geomorfológicos nas questões ambientais, na degradação do relevo e

solo, analisando os impactos ambientais decorrentes da mineração no perímetro urbano de Timon/MA,

localizando-se nas proximidades do bairro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Os objetivos específicos são:

fazer a revisão do conceito da geomorfologia ambiental; Identificar os fatores de degradação do solo;

Apresentar estudo de caso identificando possíveis meios para a mitigação, recuperação da área degradada. A

metodologia utilizada inicial foi a pesquisa bibliográfica disponível, pesquisa de campo para observação do

local degradado com registro fotográfico e análise de imagens do google earth. Os resultados obtidos foram

identificação in loco dos efeitos negativos da mineração, causando alterações bastante visíveis, nas

proximidades do Conjunto Residencial Padre Delfino I e II, na região oeste da cidade; identificação da

participação do órgão ambiental do município que está presente em algumas fiscalizações e defende como

maior problema a ausência do Plano de Controle Ambiental (PCA), e a inexistência de Plano de Recuperação

de Área Degradada (PRAD) no local de extração mineral.

Palavras-chave: geomorfologia ambiental, degradação, Timon-MA.

INTRODUÇÃO

O conhecimento da ciência do relevo, a Geomorfologia, tem sido cada vez mais relevante no

que diz respeito aos aspectos relacionados nas questões ambientais, particularmente, nos estudos de

áreas degradadas. A Geomorfologia é a ciência que integra aspectos que envolvem conhecimento

das atividades sócias e ambientais, que são fundamentais aos estudos e pesquisas voltados às ações

de caráter aplicativo, ou seja, usar verdadeiramente a teoria em atividades de campo Christofoletti

(1980) e Marques (2007). Ela tem como principal objeto de estudo as formas de relevo,

investigando os processos que deram origem a essas formas e os materiais que foram trabalhados

nesses processos que implicam suas diferentes formas. A Geomorfologia passa a ter um importante

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papel, juntamente com a Pedologia, no diagnóstico de áreas degradadas, porque todas, ou quase

todas, as atividades que os seres humanos desenvolvem na superfície terrestre, estão sobre alguma

forma de relevo e algum tipo de solo.

A ciência geomorfológica procura compreender as formas de relevo em diferentes escalas

espaciais e temporais, explicando sua gênese e evolução, Marques (2007). Para tanto, associa os

conhecimentos em vários campos do saber, como a Pedologia, Climatologia, a Geologia, a

Biogeografia, e a própria Geografia. Isso porque as formas de relevo e os processos associados têm

sua origem na combinação dos eventos que ocorrem no interior do planeta (forças endógenas) e no

exterior (forças exógenas). Este trabalho tem como objetivo geral relacionar os estudos

geomorfológicos nas questões ambientais, na degradação do relevo e solo, analisando os impactos

ambientais decorrentes da mineração no perímetro urbano de Timon/MA, localizando-se nas

proximidades do bairro Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Os objetivos específicos são: fazer a

revisão do conceito da Geomorfologia Ambiental; Identificar os fatores de degradação do solo;

Apresentar estudo de caso identificando possíveis meios para a mitigação, recuperação da área

degradada. A metodologia utilizada inicial foi a pesquisa bibliográfica disponível, pesquisa de

campo para observação do local degradado com registro fotográfico e análise de imagens adaptadas

do google earth. A Geomorfologia é uma ciência que integra atividades sociais e ambientais, por

isso este trabalho justifica-se sendo relevante relacionado está ciência na análise de áreas

degradadas considerando a degradação da paisagem, do solo, do relevo.

DESENVOLVIMENTO

A Geomorfologia Ambiental é o ramo da ciência que dá suporte teórico e conceitual para o

levantamento de questões relacionadas ao uso dos recursos naturais análise das propriedades do

terreno, como também aponta medidas a serem tomadas para amenizar a ação impactante das ações

humanas sobre o ambiente. Guerra e Marçal (2009) define a geomorfologia como estudos das

formas de relevo, lavando-se em conta a sua natureza, origem, desenvolvimento de processos e a

composição dos materiais envolvidos. E ainda diz:

Geomorfologia ambiental tem como tema integrar as questões sociais às análises da

natureza e deve incorporar, em suas observações e análises, as relações políticas e

econômicas e sociais que são fundamentais na determinação dos processos e nas

possíveis mudanças que acontecem e podem acontecer no ambiente. (GUERRA e

MARÇAL, 2009).

A Geomorfologia Ambiental procura abordar as temáticas que se relacionam às questões

ambientais no âmbito urbano e rural e ao planejamento, destacando diversas aplicações do

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conhecimento geomorfológico em várias atividades socioeconômicas, como turismo, recursos

minerais, recursos hídricos, em estudos ambientais, erosão de solos, diagnóstico de áreas

degradadas e sua recuperação e tantos outros. Ressalta-se, segundo Guerra e Marçal (2009) que o

conhecimento no aporte teórico que envolve o conceito de paisagem é fundamental para que

possam ser estabelecidas propostas de trabalhos, no âmbito da Geomorfologia Ambiental. A própria

Geomorfologia, através de seu caráter ambiental, pode ser privilegiada, tendo em vista possuir

metodologias e ferramentas de grande importância para as pesquisas ambientais que podem definir

e espacializar as interações entre os diferentes componentes do meio natural. A discussão sobre a

ação do trabalho da Geomorfologia ambiental na análise de degradação ambiental e ou áreas

degradadas é dita por Guerra e Cunha (2010, p. 337), diz:

O estudo da degradação ambiental não deve ser realizado, para que o problema

possa ser entendido de forma global, integrada, holística, deve-se levar em contar as

relações existentes entre a degradação ambiental e a sociedade causadora dessa

degradação que, ao mesmo tempo, sofre os efeitos e procura resolver, recuperar,

reconstituir as áreas degradadas. CUNHA e GUERRA, (2010).

De acordo com Williams, Bugin e Reis (1990), a degradação de uma área ocorre quando a

vegetação nativa e a fauna forem destruídas, removidas, e a qualidade e regime de vazão do sistema

hídrico forem alterados. A degradação ambiental ocorre quando há perda de adaptação às

características físicas, químicas e biológicas e é inviabilizado o desenvolvimento socioeconômico.

Em Timon-MA contendo uma população estimada de 161.721 mil habitantes. E com uma área da

territorial de 1.743,246 Km² e densidade demográfica de 89,18 hab/Km², segundo o Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2013. Na cidade Possui áreas de extração de minerais

não metálicos, sendo extraídos, com destaque para o Conjunto Residencial Padre Delfino I e II em

Timon, região oeste da cidade, tendo em torno de 600m², são quase que exclusivamente os

materiais para construção civil e que constituem matéria- prima, essenciais para o sistema de

urbanização municipal e desenvolvimento integrado da região, a exemplo da areia, da argila, da

pedra de revestimento e dos calcários. A figura a seguir caracteriza o local que ocorre a degradação.

Figura 01; próprio autor, 2013.

Área degradada nas proximidades do Conjunto Residencial Padre Delfino I

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Os minerais extraídos verificados na pesquisa são: massará, areia, pedras para pavimentação

em paralelepípedo e Argilas. Sobre os processos de extração de materiais e também quanto ao

minerador apresentar o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas - PRAD ou plano de controle

ambiental - PCA, não existe nenhum requerimento neste sentido. No que se refere no perímetro

urbano do município. No que se refere às ações dos gestores públicos em relação à questão, existem

várias no município, através do seu órgão ambiental, a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e

Recursos Naturais (SEMMARN) de Timon-MA. Sendo que os exploradores de tais áreas serão

chamados e obrigados apresentar um PRAD para a área em que atua, deverá ser acompanhado

através da assinatura de termo de compromisso e ajustamento de conduta ou lavratura de Autos de

Infração (AI), o que pode resultar em multas. Logo abaixo está a localização da área, sem o devido

PRAD.

CONCLUSÃO

Práticas de alterações ambientais sem o devido controle, planejamento e uso da legislação

devem ser evitadas, extintas, pois coloca em risco a qualidade do ambiente e da sociedade. Na

extração mineral, devem ser tomadas medidas para controle da erosão, da impermeabilização do

solo, da perda de fertilidade pela remoção contínua de nutrientes, da perda da matéria orgânica,

planejamento para implantação da revegetação da área. E a Geomorfologia Ambiental é de

fundamental importância no auxilia de diagnósticos de espaços degradados e seu prognóstico, para

uma possível recuperação e conservação ambiental. Entende-se assim que a atividade de mineração

tem que ser feita de acordo com a legislação ambiental, como exemplo a Política Nacional do Meio

Ambiente e o código de mineração, de forma a garantir uma exploração sustentável dos recursos

Figura 02; imagem adaptada do google earth, 2013.

Localização da área degradada I

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naturais, com o mínimo de impacto.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Instituto de Geografia e Estatística - IBGE. Disponível em: http://www.ibge.gov.br.

Acesso em: 19 set. de 2013.

CHRISTOFOLETTI, Antônio. Geomorfologia. 2ª ed - São Paulo. Blucher, 1980.

GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Geomorfologia e Meio Ambiente. 8ª. ed. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil, 2010.

______; MARÇAL, Mônica dos Santos. Geomorfologia Ambiental. Rio de Janeiro, Bertrand

Brasil. 2009, 190p.

MARQUES, Jorge Soares. Ciência Geomorfológica. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. Org.

Geomorfologia: uma atualização de bases e conceitos. 7ª Ed. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil,

2007, 23 – 45.

WILLIAMS, D. D.; BUGIN, A; REIS, J. L. B. C. Manual de recuperação de áreas degradadas

pela mineração: técnicas de revegetação. Brasília: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais – IBAMA,1990. 96p.

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A PROBLEMÁTICA DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM TERESINA – PIAUÍ

Sergio Carlos dos Santos VIANA

Graduando do curso de Gestão Ambiental da UNOPAR/TERESINA

[email protected]

Bartira Araújo da Silva VIANA

Orientadora: Professora Doutora de Geografia da UFPI

[email protected]

RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo analisar a problemática do lixo urbano em Teresina-Piauí, enfocando

a importância dos catadores de lixo na segregação informal ou formal do lixo para minimizar a degradação

ambiental. A pesquisa partiu da percepção de que o acúmulo de lixo nas grandes cidades tem aumentado

muito, e com o crescimento populacional, esses centros urbanos têm encontrado dificuldades em conseguir

locais para instalarem depósitos para todo o lixo produzido. A metodologia utilizada no trabalho foi a

pesquisa bibliográfica em textos e artigos científicos, principalmente em sítios da internet, pesquisa de

campo para registro fotográfico e realização de entrevista não-estruturada. Constatou-se na pesquisa que o

trabalho realizado por catadores de lixo e cooperativas em Teresina possui grande importância para região

onde está inserida, pois além de promover empregos diretos e indiretamente atua na remoção de resíduos

sólidos, diminuindo a quantidade de lixo gerado na cidade, proporcionando o estabelecimento de uma

sustentabilidade urbana.

Palavras-Chave: Resíduos Sólidos. Catadores de lixo. Teresina.

INTRODUÇÃO

O acúmulo de lixo nas grandes cidades tem aumentado muito, e com grande crescimento

populacional, esses centros urbanos têm encontrado dificuldades em conseguir locais para instalarem

depósitos para todo esse lixo. Logo, a reciclagem tem sido estimulada como forma de colaborar para sanar

esse problema.

Assim, a participação de catadores na segregação do lixo, seja nas ruas, nos lixões ou nos aterros,

permite compreender a relação da população marginalizada com o lixo, a partir do estabelecimento de

estratégia de sobrevivência com a comercialização desses materiais. O vidro, o plástico, o papel e o metal

entre outros podem ser reciclados e reutilizados, minimizando a poluição da natureza e amenizando os

impactos futuros ao meio ambiente.

Dessa forma, o trabalho justifica-se pela necessidade de sensibilização social quanto às questões

relacionadas ao reaproveitamento dos resíduos sólidos, pois este permitirá um ambiente menos poluído

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proporcionando à sociedade uma melhor qualidade de vida. Nessas condições, constitui-se objetivo deste

trabalho analisar a problemática do lixo urbano em Teresina-Piauí, enfocando a importância dos catadores de

lixo na segregação informal ou formal do lixo para minimizar a degradação ambiental.

DESENVOLVIMENTO

Fundamentação Teórica

Calderoni (2003 citado por RIBEIRO FILHO; SANTOS, 2008) considera que “O conceito de lixo e

de resíduo pode variar conforme a época e o lugar. Depende de fatores jurídicos, econômicos, ambientais,

sociais e tecnológicos”. O fato é que, de uma forma geral, lixo e resíduo denotam termos com significação

muito próximas uma da outra.

Dessa forma, a disposição final dos resíduos sólidos, “[...] é um dos graves problemas

ambientais enfrentados pelos grandes centros urbanos de todo o planeta e tende a agravar-se com o

aumento do consumo de bens descartáveis”. (ENSINAS, 2003 citado por LANDIM; AZEVEDO,

2008, p. 62). De acordo com Barros et al (1995 citado por LANDIM; AZEVEDO, 2008), várias

doenças podem ser transmitidas quando não há coleta e disposição adequada do lixo. Os

mecanismos de transmissão são complexos e ainda não totalmente compreendidos.

A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) conforme previsto na Lei 12.305/2010

(BRASIL, 2010) tem vigência por prazo indeterminado e horizonte de 20 (vinte) anos, com

atualização a cada 04 (quatro) anos e contemplará o conteúdo mínimo conforme segue: I -

diagnóstico da situação atual dos resíduos sólidos; II - proposição de cenários, incluindo tendências

internacionais e macroeconômicas; [...]; V - metas para a eliminação e recuperação de lixões,

associadas à inclusão social e à emancipação econômica de catadores de materiais reutilizáveis e

recicláveis; [...]; X - normas e diretrizes para a disposição final de rejeitos e, quando couber, de

resíduos; [...]. (BRASIL, 2011).

Dessa forma, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída em 2010, contribuirá para

minimização da problemática dos lixões e aterros controlados nas diversas cidades brasileiras, a

exemplo de Teresina.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada no trabalho foi a pesquisa bibliográfica em textos e artigos

científicos, principalmente em sítios da internet, pesquisa de campo para registro fotográfico e

realização de entrevista não-estruturada.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Gestão de resíduos sólidos no município de Teresina

Na cidade de Teresina está presente uma secretaria estadual para tratar das questões

ambientais, recebendo a denominação de Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do

Piauí (SEMAR), que é responsável pela formulação da Política Estadual de Meio Ambiente e de

Recursos Hídricos. Além desta Secretaria existem as Superintendências de Desenvolvimento

Urbano (SDU‟s), distribuídas pelas quatro zonas da cidade.

A Lei federal 12.305/2010 que trata dos Resíduos Sólidos obriga a todo gerador desse

material a fazer não só a gestão completa dos seus resíduos como também a destinação correta.

(BRASIL, 2010). Atualmente os resíduos sólidos de Teresina são dispostos em um aterro

controlado de 50 ha localizado na altura da BR 316 na Zona Sul à 17 km do centro da cidade. O

acesso à área é realizado por via vicinal com pavimentação primária. O depósito de lixo é de

propriedade da Prefeitura Municipal a qual também é responsável por sua operacionalização.

(TERESINA, 2007).

Em Teresina a disposição final de resíduos é realizada de forma precária, não atendendo aos

padrões sanitários de referência pois é utilizado um aterro controlado. Também se verifica a

disposição de lixo a descoberto, provocando a presença de urubus, não atendendo aos padrões,

desprovido de sistema de tratamento de efluentes líquidos, gases e de resíduos diferenciados

(TERESINA, 2007). Vale lembrar que a gestão pública de resíduos no estado ainda é deficiente e se

dá nos moldes tradicionais, tratando os resíduos como lixo, no sentido de algo inservível,

desprezando a potencialidade de gerar renda com materiais descartados, reforçando, por outro lado,

posturas de uma sociedade cada vez mais consumista.

Lixo urbano e os catadores de lixo em Teresina

Foi realizada uma entrevista a presidente da Cooperativa de Catadores de Lixo do Parque

Dagmar Mazza, localizado na zona Sul de Teresina, no dia 02 de junho de 2013 para obter

informações sobre o sistema de Coleta seletiva desenvolvido por Cooperativas em Teresina. De

acordo com as informações obtidas na entrevista com 365 famílias moradores do Parque foram

cadastradas para realizar coleta seletiva de lixo destinada à referida Cooperativa, porém devido à

demora no processo de implantação, somente 22 famílias, numa primeira etapa de implantação da

mesma foram treinadas pelo SEBRAE com cursos de Reciclagem, Administração, Relações

Humanas e Meio Ambiente, entre outros, para permitir um trabalho mais profissional (COSTA,

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2013).

Na entrevista a presidente relatou a importância da implantação efetiva da Cooperativa dos

Catadores de Lixo do Parque Dagmar Mazza prevista para ocorrer no mês julho de 2013. A mesma

relatou que o empreendimento é resultado da união de forças das esferas públicas e Organizações

Não-governamentais (ONG‟s). Percebeu-se durante a entrevista o interesse financeiro no trabalho

realizado, pois é uma importante fonte de renda para diversas famílias da comunidade, assim como

se percebeu a existência de grande concorrência entre os atravessadores, ou seja, pessoas que

compram o lixo dos catadores e revendem para as empresas por valores bem superiores aos

contratos com os trabalhadores.

Vale enfatizar que a reciclagem diminui o volume de lixo, melhorando a questão ambiental

e sanitária do município de Teresina, o volume de lixo que precisa ser aterrado diminui, gera vários

empregos diretos e indiretos gera renda e promove o sentimento de cidadania.

CONCLUSÃO

Constatou-se na pesquisa que a legislação, a exemplo da Lei dos Resíduos Sólidos, está

sendo modificada para criar um novo ambiente para captação, tratamento e destinação do lixo a fim

de garantir um meio ambiente mais limpo e sustentável diante dos avanços sociais e econômicos

alcançados na capital.

Essa nova política propõe uma integração na gestão dos resíduos sólidos a partir da

cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da

sociedade diante da gestão do ciclo de vida dos produtos consumidos.

Vale enfatizar que o trabalho realizado por catadores de lixo e cooperativas em Teresina

possui grande importância para região onde está inserida, pois além de promover empregos diretos

e indiretamente atua na remoção de resíduos sólidos, diminuindo a quantidade de lixo gerado na

cidade, proporcionando o estabelecimento de cidades mais sustentáveis.

Faz-se necessário, portanto, fomentar o planejamento integrado em Teresina, para

equacionar este problema, levando em conta os aspectos ambientais, urbanísticos, tecnológicos,

sociais e econômicos, para que se garanta a eficácia da aplicabilidade de uma política que atenda

aos interesses da sociedade sem degradar o meio ambiente.

REFERENCIAS

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Resíduos Sólidos: Versão Preliminar

para Consulta Pública. Brasília, 2011. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/estruturas/253/_publicacao/253_publicacao02022012041757.pdf. Acesso

81

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

em: 28 abr. 2013.

______. Lei nº 12.305, de 2 de agosto de 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;

Altera a lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998; e dá outras providências. Diário Oficial da União.

Brasília, DF, 03 ago. 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-

2010/2010/Lei/L12305.htm. Acesso em: 28 abr. 2013.

COSTA, M. do A. Feitosa. Entrevista concedida aos autores. Teresina, Parque Dagmar Mazza,

jun. 2013.

LANDIM, Ana Luiza Pinto Ferreira; AZEVEDO, Lizandra Prado de. O aproveitamento

energético do biogás em aterros sanitários: unindo o inútil ao sustentável. BNDES Setorial, Rio

de Janeiro, n. 27, p. 59-100, mar. 2008.

RIBEIRO FILHO, F. G.; SANTOS, L. P. dos. A questão da coleta seletiva de resíduos sólidos para

o município de Teresina-PI. In: SIMPÓSIO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA DO

ESTADO DE SÃO PAULO, 1., Rio Claro, São Paulo, 2008. Anais... Rio Claro, São Paulo, 2008.

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final de resíduos sólidos urbanos: Programa de ação emergencial para a melhoria da coleta e do

destino final de resíduos sólidos urbanos. Teresina: Secretaria Municipal de Planejamento e

Coordenação, 2007.

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AÇÃO ANTRÓPICA NA BACIA DO RIO POTI NO PERÍMETRO URBANO DE

TERESINA

Adalgiso Barbosa de ARAÚJO NETO

Graduando do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI

[email protected]

Gracielly Portela da SILVA

Graduanda do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI

[email protected]

Bartira Araújo da Silva VIANA

Professora Doutora de Geografia da UFPI

[email protected]

RESUMO O presente trabalho tem como objetivo expor a problemática da poluição do rio Poti na zona urbana de

Teresina. A pesquisa partir da percepção da notória quantidade excessiva de dejetos poluentes que são

despejados diariamente nesse rio. A metodologia empregada no trabalho se deu mediante a pesquisa

bibliográfica em livros e artigos, como também em sites. Constatou-se na pesquisa que em decorrência da

poluição do rio Poti ocorre à proliferação rápida do número de aguapés e canaranas, principalmente no

período na qual há pouca vazão desse recurso hídrico. Conclui-se, para que se tenha uma diminuição da

poluição no rio é necessária uma ação conjunta das autoridades competentes e da sociedade de forma geral.

Palavras-Chave: Poluição. Rio Poti. Aguapés. Teresina

INTRODUÇÃO

Está cada vez mais presente o debate sobre a importância da prevenção contra a poluição da

água, em vista que o uso irracional e a poluição dos rios e lagos podem provocar a diminuição das

reservas de fontes de águas doces, caso não há nenhuma tomada de precaução a respeito da

poluição.

O maior causador da poluição das águas é o próprio ser humano, através principalmente do

lixo produzido em suas atividades diárias que são despejados constantemente nos rios, sem

nenhuma ou pouca fiscalização por partes das autoridades, provocando a deteriorização dos rios,

sobretudo aqueles que cortam grandes e médias cidades.

O presente trabalho tem como objetivo expor a problemática da poluição do rio Poti na zona

urbana de Teresina. A pesquisa parte da percepção notória da quantidade de dejetos poluentes que

são despejados diariamente no rio. Sendo possível perceber a poluição do rio Poti através do

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surgimento anual de um exorbitante número de aguapés, principalmente no período na qual há

pouca vazão desse recurso hídrico.

DESENVOLVIMENTO

Fundamentação Teórica

A cidade de Teresina surgiu em 1852, mais especificamente em 21 de julho de 1852 através

da Resolução 315, publicada pela Assembleia Legislativa Provincial, que elevava a Vila Nova do

Poti a categoria de cidade (MELO; BRUNA, 2009), no entanto a data oficial de aniversário de

Teresina é do dia 16 de agosto. Segundo Façanha (2004), durante os primeiros anos de fundação da

cidade de Teresina, tentou-se implantar um modelo de padrão colonial, na qual se caracterizava por

um traçado composto de 18 quadras no sentido Norte-Sul e 12 quadras no sentido Leste-Oeste.

Façanha (2004) destaca também que a década de 1950 é considerada um “divisor de águas”

no que se refere às mudanças na organização interna da cidade de Teresina, onde se pode destacar

desse período a construção da ponte dos Noivos sobre o rio Poti, construção essa que ligou a zona

leste de Teresina a região do centro da cidade e outras áreas da capital. Essa construção facilitou o

povoamento de novos bairros nessa área, tais como o Bairro de Fátima, Jóquei e o Bairro São

Cristóvão e consequentemente contribuiu para a expansão física e populacional da cidade de

Teresina.

Entre os anos de 1950 e 1980 aconteceram mudanças significativas na organização espacial

interna da cidade de Teresina, pois além da construção da ponte dos Noivos houve também a

construção de novas avenidas, como por exemplo, a construção na Zona Sul da Avenida Barão de

Gurguéia e Avenida Miguel Rosa. A partir do surgimento dessas avenidas houve também a

construção de conjuntos habitacionais na Zona Sul, onde se pode destaca a construção do bairro

Parque Piauí, Promorar, Bela Vista e outros.

Desde sua criação, a cidade de Teresina, atrai pessoas e investimentos públicos nas áreas de

habitação e estrutura urbana, o que vem fazendo com que o número de habitantes se eleve e

consequentemente novas áreas são ocupadas. Com essas novas ocupações, as áreas de mata nativa é

reduzida, a demanda por água potável cresce, assim como o lixo gerado na cidade aumenta.

Uma das principais áreas afetadas diretamente com esse processo de expansão urbana da

cidade de Teresina são as regiões próximas aos rios Poti e Parnaíba. Entre essas áreas, o rio Poti

passa a ser degradado, principalmente por causa dos esgotos lançados sem tratamento e a expansão

imobiliária próxima as suas margens, na zona urbana de Teresina.

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No que se refere às características gerais do rio Poti, desde a nascente até sua foz em

Teresina, pode-se destacar que essa Bacia Hidrográfica desse rio abrange os estados do Ceará e do

Piauí possuindo no total uma área de 49.800 Km², na qual segundo a Semar (PIAUÍ, 2010), no

estado do Piauí a Bacia Hidrográfica do rio Poti possui uma extensão total de 39.050 Km².

O rio Poti nasce no estado do Ceará através da junção dos riachos Santa Maria e Algodões

nas proximidades da cidade de Algodões. De acordo com Lima (1982), o alto curso do rio Poti

localiza-se em área de escudo cristalino, já no seu médio e baixo curso as características geológicas

são de áreas de bacia sedimentar com camadas de formações justapostas sucessivamente e

paralelamente, em camadas sub-horizontais.

Ao longo de sua extensão o rio Poti passa a ter um caráter permanente somente a partir da

cidade de Prata do Piauí quando recebe o seu maior tributário, o rio Berlengas que oferece um

processo de alimentação interna, ao fim do período chuvoso, devido à baixa profundidade do seu

lençol freático (LIMA, 1982).

Metodologia

A metodologia empregada no presente trabalho se deu mediante a pesquisa bibliográfica em

livros e artigos, como também em sítios eletrônicos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Em Teresina, devido ao péssimo sistema de esgotos somado com a falta de consciência

ambiental da população, tem-se percebido uma iminente degradação ambiental, que poderá levar o

rio Poti à morte, em razão da exorbitante quantidade de efluentes que são despejados diariamente

nesse recurso hídrico, gerando assim, o aparecimento anual de aguapés e canaranas no período de

uma menor vazão, que corresponde os meses de agosto a setembro (TERESINA, 2013).

Segundo a Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos de Teresina, apenas 17%

da cidade de Teresina tem o sistema de rede de coleta e tratamento de esgotos (TERESINA, 2013).

Dessa forma, em decorrência da pequena cobertura da rede de esgotamento sanitário, somado ao

mau planejamento urbano de Teresina, os esgotos domésticos acabam que sendo despejado

diretamente no rio Poti sem receber o devido tratamento, ocasionando a formação dos aguapés e

canaranas ao longo do leito desse rio, transformando-o em uma grande lagoa de decantação, por

falta de saneamento.

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O aparecimento dos aguapés e canaranas é fruto da grande quantidade de efluentes que são

jogados no rio pelas as galerias de esgotos localizadas a margem do Poti. O secretário estadual de

Meio Ambiente e Recursos Hídricos, professor Dalton Melo Macambira diz que infelizmente o rio

vem sendo tomado em quase toda sua extensão pelos os aguapés e canaranas, principalmente no

período de menor vazão, época em que o rio perde sua maior capacidade de autodepuração (PIAUÍ,

2010).

CONCLUSÕES

O crescimento desordenando dos aglomerados urbanos provoca cada vez mais a destruição

do meio ambiente, devido aos vários fatores que não são encarados com a devida importância,

como por exemplo: o uso e a ocupação desordenada do solo próximo às margens dos rios nas

grandes e médias cidades, a diminuição das áreas verdes e o aumento da pavimentação, são causas

que proporciona um desequilíbrio maior no meio natural.

A ocupação próxima às margens do rio Poti em Teresina é bem perceptível, pois são áreas

que estão localizados inúmeros prédios residenciais e comerciais, sendo que estes estão ligados

diretamente à problemática da poluição do rio, porque são essas construções as maiores lançadoras

de efluentes e resíduos sólidos no Poti.

Para que se tenha uma diminuição da poluição no rio é necessária uma ação conjunta das

autoridades competentes e da sociedade de forma geral, só assim haverá uma diminuição das cargas

poluentes recebidas diariamente pelo rio Poti. Saber preservar a natureza é o meio mais sensato para

a prolongação da vida humana na Terra. Assim, deve-se atuar de forma racional e consciente com

relação aos recursos naturais, visando um desenvolvimento mais sustentável, a partir da

minimização dos impactos ambientais.

REFERÊNCIAS

FAÇANHA, Antonio Cardoso. A evolução urbana de Teresina um olhar panorâmico da cidade. In:

Desmitificando a Geografia: Espaço, Tempo e Imagens. Teresina: EDUFPI, 2004.

LIMA, Iracilde Maria M. F. Caracterização Geomorfológica da Bacia Hidrográfica do Poti.

Tese de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro,

1982.

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

MELO, Constance de Carvalho Correia Jacob; BRUNA, Gilda Collet. Desenvolvimento urbano e

regional de Teresina, Piauí, Brasil e sua importância no atual quadro de influência na Rede Urbana

Regional no Brasil. In: CONGRESSO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL DE CABO

VERDE, 1, CONGRESSO LUSÓFONO DE CIÊNCIA REGIONAL, 2, 2009, Cidade da Praia,

Cabo Verde. Anais... Cidade da Praia: UniPiaget, 2009. Disponível em: <

http://www.apdr.pt/congresso/2009/pdf/Sess%C3%A3o%2037/245A.pdf >. Acesso em: 12 fev.

2013.

PIAUÍ. Secretaria Estadual de Meio Ambiente - SEMAR. Plano Estadual de Recursos Hídricos

do Estado do Piauí. Relatório síntese. Piauí. 2010.

TERESINA, Prefeitura Municipal. Agência Municipal de Regulação de Serviços Públicos de

Teresina - ARSETE. Teresina: 2013.

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ANÁLISE DO USO E OCUPAÇÃO (DO SOLO) NO ENTORNO DA PLANÍCIE DE

INUNDAÇÃO NO BAIRRO SÃO JOÃO MUNICÍPIO DE TERESINA – PIAUÍ

Aline de Araújo LIMA

Pós-graduada em Gestão Ambiental pelo Centro de Ensino Unificado de Teresina e Licenciada em Geografia pela

Universidade Federal do Piauí.

[email protected]

RESUMO

Entender o processo de uso e ocupação de uma determinada porção do espaço requer uma profunda análise

do grau de ocupação que esse solo pode suportar bem como a se há adequação no uso desse lugar.

Atualmente, todo e qualquer porção do solo urbano merece estudo referente ao uso. Dessa forma, este estudo

tem como objetivo fazer uma análise do uso e ocupação do solo em torno da lagoa localizada no bairro São

João, no município de Teresina, capital do Piauí através de pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e

análise mapas e imagens de satélite, para avaliar a atual situação da instalação de pessoas no referido espaço.

A conclusão foi que a ocupação e o uso indevidos deste espaço bem como a instalação de equipamentos

urbanos têm provocado transtornos incalculáveis especialmente para população residente.

Palavras-chave: Planejamento, Ocupação do Solo, Qualidade ambiental, Ecologia da paisagem.

INTRODUÇÃO

O limite do meio ambiente, a capacidade de suporte e a ausência de planejamento no uso e

ocupação do solo, especialmente o urbano, têm gerado transtornos incalculáveis àqueles que

residem nas cidades. Quanto ao uso do solo, os fatores econômicos têm ditado regras na utilização

dessa fração do espaço geográfico. No entanto, há fatores relevantes a serem considerados, pois se

referem ao limite no uso desse solo tais como os fatores ecológicos, biológicos, humanos e físicos.

Entender o quanto o espaço é afetado pelo o uso inadequado e excessivo leva especialistas

a elaborar inúmeros questionamentos que colaboram para entender o quanto o meio ambiente é

relegado nos processos de planejamento e de gestão dos órgãos governamentais. Pois o fenômeno

da urbanização acentuou-se no Brasil a partir da década de 1960 e só tem se acentuado ao longo do

tempo (IBGE, 2010, p. 10-11).

Contudo, é no espaço que se assentam os seres humanos, e isso é inevitável, bem como

suas realizações, e é neste mesmo local que sofrerão as consequências das decisões equivocadas dos

incluindo de gestores locais.

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Este artigo tem como objetivo realizar estudo de caso sobre os impactos ambientais

gerados a partir do uso e ocupação do solo no entorno da lagoa (área de inundação) no Bairro São

João, no município de Teresina – Piauí.

No espaço a ser estudado nesse trabalho procura-se analisar a atual situação do grau de

ocupação que esse lugar pode suportar tendo em vista que essa área consiste em um ecossistema

lacustre, que foi densamente ocupada de forma inadequada provocando inclusive transtornos à

população residente às suas margens, em especial no período chuvoso, já que a planície de

inundação natural, que outrora se caracteriza como uma lagoa, do rio Poti não foi protegida e

respeitada, causando enchentes e alagamentos típicos desse período no município de Teresina.

Dessa forma, o estudo pretendeu preencher essa lacuna no planejamento urbano da capital

piauiense, sendo que este é apenas um dos lugares nessa cidade em que o meio ambiente foi

desconsiderado no processo de assentamento humano, seja institucionalizado ou não.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Considerar os aspectos naturais e físicos no processo de assentamento da população

urbana, a fim de se evitar futuros transtornos não só aos ocupantes daquela área, mas também a

gastos públicos com soluções paliativos ou que poderiam ter sido evitados. Os aspectos econômicos

e sociais são os mais considerados em sanar as necessidades por moradia.

Ao planejar, a incapacidade em integrar os elementos da paisagem, entende-se recursos

naturais e humanos, está presente na obra de Tricart (1977), tratando se suscetibilidade do solo e

certos usos. Para ele a organização ou reorganização do território exige um diagnóstico preliminar

ao estudo do zoneamento, torna-se necessário conhecer as aptidões dos terrenos para construção,

principalmente as limitações por eles impostas. (apud. NUCCI, 2006, p. 6)

Com isso, o homem passa a se apropriar do espaço, independente das condições físicas que

este apresenta, mas para suprir suas necessidades básicas e sociais, cabendo assim ao poder público

instituído zelar pelo bem-estar de seus cidadãos, garantindo e eles condições favoráveis de

sobrevivência, assentando-se em lugares seguros e salubres.

Nos ambientes lacustres, ou em torno destes, no caso do objeto de estudo deste trabalho, as

áreas construídas ficam inundadas com uma chuva forte, pois esse é o comportamento natural da

lagoa, e essas inundações acabam atingindo as regiões adjacentes, trazendo congestionamentos,

estragos as habitações e prejuízos à população residente.

Monteiro coloca que “a inundação não é apenas uma questão ligada às componentes

lineares de um rio, estando mais comprometida com as características areolares do

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escoamento superficial e ao uso do solo urbano” (Monteiro, 1980, p. 71). Ou seja, o

comportamento dos corpos hídricos é natural e a interferência da população é que acaba por

comprometer o aspecto natural de deslocamento de avanço e recuo das águas.

O Novo Código Florestal (lei nº 12.651, de 25.05.12, art. 4º, alínea II) declara, em linhas

gerais, como área de preservação permanente as localizadas ao longo dos rios, ao redor de lagoas,

reservatórios, nas nascentes, no topo de morros, montes, montanhas e serras, nas encostas com

declividade superior a 45°. Na mesma lei a prática do aterramento de lagoas continua a ser realizada

livremente pela população, mesmo sendo tão prejudicial ao município, por todas as razões

apresentadas anteriormente.

Com isso, a área objeto de estudo desse trabalho deveria ser considerada uma região

prioritária no que diz respeito à preservação e planejamento adequado do seu uso e seu aterramento

deveria ter sido impedido tanto no que diz respeito aos aspectos legais quanto por aspectos naturais

impactados.

As planícies de inundação caracterizam-se pela existência de vários habitats aquáticos e

transicionais entre o ambiente aquático e terrestre, que se diferenciam quanto a morfometria, grau

de comunicação com o rio principal e com tributários secundários e quanto a hidrodinâmica. O

estudo da origem de lagos é um dos ramos mais fascinantes da geomorfologia, e tem sido objeto de

estudo de vários ramos da ciência, especialmente a Geologia, a Geografia e a Biologia (JUNK e

FURCH, 1984 apud ESTEVES, 1988, p. 33).

Dessa forma, ao longo do seu curso muitos riachos que formam lagoas que são tributários

do rio Poti, somadas às planícies de inundação que são alimentados especialmente no período

chuvoso formando assim um ecossistema típico principalmente no perímetro urbano de Teresina.

METODOLOGIA

O presente trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica sobre a temática

abordada, bem como em websites de instituições científicas sejam públicas ou privadas, e mais duas

visitas de campo foram realizadas, a primeira com intuito de fazer uma análise prévia, e a segunda

para constatação das conclusões elaboradas após os dados recolhidos e efetuar observações in loco.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Duas representações cartográficas foram resultantes desse trabalho a primeira

representando a extensão e localização da área estudada, adaptada pela autora a partir do trabalho de

VERAS (2010), que desenvolveu seu trabalho utilizando os softwares ArcGIS 9.3 (ESRI), licença

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ArcView; e a segunda um mapa temático de uso e ocupação da área estudada a partir de imagem do

Google Earth, com o SIG Global Mapper, delimitada a partir das coordenadas geográficas com

demarcação das ocupações de maior relevância com as cores lilás e branco, e da área da lagoa em

verde. Identificando dessa forma, a intensidade no grau de ocupação em torno da área.

Dentre as conclusões deste trabalho a mais evidente é a despreocupação do poder público

ou da comunidade com o meio ambiente que o cerca, com a fragilidade e grau de suporte dos

terrenos em que se instala. As consequências são prejuízos tanto localizados quanto regionais,

comprometendo a qualidade de vida da população e gerando impactos ambientais graves.

Foi possível também classificar qual tipo de lagoa a partir de sua gênese, baseados nos

princípios da limnologia, contribuindo para ações de planejamento mais adequadas ao tipo de

ambiente a qual se pretende interferir.

Apesar de um sistema de drenagem existente na área, esta não é adequada ao tipo de

material que acaba sendo carreado, prejudicando o desempenho e comprometendo a manutenção

desse equipamento tão necessário a manutenção do leito do rio.

Dessa forma, apesar dos danos serem irreversíveis e irreparáveis, ainda é possível propor e

interferir nessa realidade, com ações mais adequadas e procurando minimizar o que for possível.

CONCLUSÃO

Pensar o espaço geográfico de forma integrada é um desafio para a ciência, estados,

sociedade em geral. Mas, não pode ser relegado a uma utopia. Faz-se necessário que todos os ramos

da sociedade possam tentar ultrapassar essa barreira.

Essa área estudada é apenas uma que reflete essa lacuna e para a qual todos devem

preencher em prol de uma qualidade de vida para todos, e meio ambiente sustentável e equilibrado.

Integrar os anseios da população e a preservação dos recursos naturais é mais do que um

desafio, é uma necessidade de sobrevivência da humanidade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Novo Código florestal.

ESTEVES, Francisco de Assis. Fundamentos de Limnologia. Editora Interciência. FINEP, 1988.

IBGE. Censo Demográfico 2001 – 2010. Rio de Janeiro: IBGE, 2010.

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

MONTEIRO, Carlos Augusto. A questão ambiental no Brasil (1960-1982). São Paulo: GEOG/USP,

Série Teses e Monografias, 1980.

NUCCI, José. Carlos. Qualidade ambiental e adensamento urbano. Curitiba: Edição do autor,

2006.

TRICART, Jean. Ecodinâmica. Rio de Janeiro: IBGE, 1977.

VERAS. Daniel Silva. Desenvolvimento de aplicativo webmapping para disponibilização na web

de dados da rede hospitalar pública do bairro Centro Teresina – Piauí. Teresina: IFPI, 2010.

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ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS DO RIO PIAUÍ EM SÃO RAIMUNDO

NONATO-PI

Gláucio Fernando NEGREIROS

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA

Professora da Universidade Estadual do Piauí (UESPI)

[email protected].

RESUMO O meio ambiente em especial os recursos naturais como a água, vem sofrendo com a ação imensurável do

homem na natureza A poluição, seja atmosférica, hídrica ou sonora dentre outras, é um dos principais

problemas que a sociedade atual tem que enfrentar e encontrar meios de evitar ou mitigar. Com isso o Rio

Piauí tem sido pauta de vários debates na cidade de São Raimundo Nonato, nesses mesmos debates a

revitalização do Rio apresenta-se sempre entre as três prioridades de planejamento ambiental da cidade. No

entanto, passam-se anos e nada vem acontecendo para mudar a realidade do Rio Piauí. O presente trabalho

tem por finalidade, fazer uma análise dos impactos negativos ocasionados no Rio Piauí através de uma

percepção ambiental dessas causas.

Palavras-chave: Percepção; ambiental, rio Piauí, revitalização, análise.

INTRODUÇÃO

O Rio Piauí é um afluente do Rio Canindé e nasce na Serra das Confusões em Caracol,

passando pelos municípios de Caracol, Jurema, Anísio de Abreu, Várzea Branca, Bonfim do Piauí,

passando pelo município de São Raimundo Nonato, Coronel José dias, Dom Inocêncio, São João,

Canto do Buriti e outros até desaguar no Rio Canindé abaixo da Cidade de Oeiras, mas os impactos

estudados nessa pesquisa serão limitados à cidade de São Raimundo Nonato.

Impacto ambiental é uma alteração no Meio Ambiente ou em um dos seus componentes por

ação de uma determinada atividade. Os resultados dos Impactos Ambientais, ou seja, as alterações

no meio ambiente têm consequências negativas e positivas, em geral, negativas. No entanto, deve-

se buscar de forma rigorosa mitigar os impactos negativos ao meio ambiente e os seus efeitos

nocivos. O trabalho aqui apresentado buscou levantar o seguinte questionamento: como se dão os

impactos ambientais presentes no Rio Piauí? A partir daí objetiva-se executar a elaboração do

estudo ora proposto. Junto a isso, pressupõe-se que à sociedade após conhecer os aspectos

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específicos e locais da poluição do corpo d‟água do Rio Piauí a mesma se preocupará e/ou com a

situação ora vivida, de escassez de água potável.

ESTUDO DOS IMPACTOS

A poluição da água e da atmosfera, o desflorestamento, o uso incorreto da terra, a degradação

dos recursos hídricos entre outros, caracterizam os problemas ambientais mais agravantes no mundo

contemporâneo. Com o crescimento populacional, onde o ser humano tem cada vez mais a

necessidade de consumir, principalmente nas ultimas décadas, com as práticas de descarte dos

resíduos. Vê-se que essa prática hoje generalizada tanto nos grandes centros urbanos, como também

na zona rural e principalmente nas periferias. No entanto, a „culpa‟ não pode ser dada somente a

estas gerações, tendo em vista que se pode observar essa prática desde o princípio das sociedades.

Quanto ao conceito de Impacto Ambiental, vale citar o que consta no Art. 1º da Resolução

CONAMA. (BRASIL, 1986). onde menciona que qualquer alteração das propriedades físicas,

químicas ou biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia

resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetem:

I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população;

II - as atividades sociais e econômicas;

III - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;

IV - a qualidade dos recursos ambientais

Sabe-se que os impactos ambientais prejudicam a vida da população de um modo geral, e para

conservar é preciso conhecer a dinâmica do local. No entanto, a sociedade atual prioriza os recursos

econômicos meta principal, essa busca por lucro no sistema capitalista acarreta na poluição do meio

ambiente, pois, não há preocupação e nem educação ambiental.

Isso se assemelha com a abordagem de (Mendonça 2010, p38) enfatiza que: “ a busca da

produtividade de matérias prima muito se destruiu em termos de sociedade e de ambiente dos países

subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, e a industrialização, que neles deveria promover

desenvolvimento social, agravando as desigualdades sociais. Diante desse contexto, um estudo mais

aprofundado do rio que tem o nome homônimo do estado Piauí é necessário e relevante para

compreensão de fatores que ocasionam sua degradação.

O rio Piauí sofre com constantemente ações antrópicas como: lixo lançados nos terrenos baldios

e principalmente no rio Piauí em grande quantidade, o assoreamento causado pela população, existe

também o lançamento de grande quantidade de esgotos, oriundos de residências, estabelecimentos

comerciais provocando uma grande poluição. Claro, que estudos detalhados em laboratório quanto à

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poluição da água também são necessários, mas o questionamento feito no início dessa pesquisa foi

respondido de forma satisfatória. Uma vez, que percebido os impactos apresentados, deve-se

aprofundar na pesquisa para melhor compreensão e estudo dos fatores e grau de impactos negativos

ocasionados por tais ações.

Quando, ainda, o desconhecimento das consequências dos impactos ambientais fazia as

populações a se despreocupar com certas atitudes ecologicamente corretas. Como lembra (Sadler,

1996) apud et all (Iris 2004, p. 24), “as atividades humanas são impactantes a todos compartimentos

ecológicos da terra como atmosfera, clima, hidrosfera, litosfera, pedosfera, biosfera, população

humana, economia, energia, transporte e fatores sociais”.

Para que os objetivos deste projeto fossem atingidos, o presente trabalho faz referência em sua

pesquisa aos principais problemas do Rio Piauí localizado no trecho urbano do município de São

Raimundo Nonato, que em sua maioria são causados pelos homens, tornando os principais

contribuintes na transformação, e modificação do meio ambiente, e a paisagem tornou-se resultado

da intervenção humana, e a partir dos diversos contatos do homem para com a natureza, e com o

passar dos anos essas relações se tornaram conflitantes a ponto de nos dias atuais percebermos cada

vez mais a necessidade de preservação do meio ambiente. Isso Permite que o estudo fosse realizado

seguindo os métodos quantitativo (guiado por pesquisa de campo e questionários fechados de coleta

de opinião) e qualitativo (sendo desenvolvido a partir de pesquisas bibliográficas em livros, artigos

científicos, monografias, teses, etc).

CONCLUSÃO

Planejar é uma atividade intrínseca do ser humano que deseja obter sucesso em qualquer

atividade, e no contexto da Geografia e do Meio Ambiente não é diferente. O planejamento

transforma em sinônimo de qualidade e de maiores possibilidades de êxito por criar condições para

avaliar os riscos, verificar os passos a serem seguidos, abrandar os erros e assegurar os resultados.

Desta forma, este trabalho buscou enfatizar a importância de um planejamento ambiental para

proteção dos recursos naturais existentes. Através desse estudo sobre a percepção dos impactos

ambientais no Rio Piauí no município de São Raimundo Nonato (PI).

Para tanto a população precisa ser inserida nesses planejamentos uma vez que, os problemas

ocasionados são principalmente por ação do homem. Quanto às propostas de revitalização do Rio

Piauí já foram sugeridos na cidade até na campanha da Fraternidade a fim de chamar atenção da

população, partindo de autoridades municipais e estaduais para contribuir com a revitalização do

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Rio. No entanto, não adianta as ações do Governo, se população não se sensibilizar para que as

transformações e conservação do patrimônio natural aconteçam. Para modificar a situação em que a

população sanraimundense se encontra em relação ao Rio Piauí é preciso mudar o modo de agir,

entretanto, isso só será possível se houver a mudança de pensamento e atitude. O que nos levará a

uma mudança de paradigmas, passando de um paradigma econômico para o paradigma ambiental,

buscando um presente e um futuro mais promissor. E essa construção se dá a partir de novas

relações entre o homem e a natureza dentro do contexto ambiental.

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Resolução CONAMA nº 001 de 1986. Disponível em: BRASIL. Ministério do Meio

Ambiente. Resolução CONAMA nº 001 de 1986. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/res0186.html. Acesso em 26/05/2013.

IRIAS, L. J. M.; GEBLER, L.; PALHARES, J. C. P.; ROSA, M. F.; RODRIGUES, G. S.

Avaliação de impacto ambiental de inovação tecnológica agropecuária. Aplicação do Sistema

Ambitec. Agric. São Paulo, São Paulo, v. 51, n. 1, p. 23-39, jan./jun. 2004.

MEDONÇA, F. A. Geografia e meio ambiente. 8 ed., 3ª reimpressão. São Paulo: Editora,

contexto Atlas, 2011.

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AS REPERCUSSÕES DA SECA DE 2012 NA COMUNIDADE LAGOA DO CABOCLO,

ANÍSIO DE ABREU-PI.

Luana Ribeiro dos SANTOS

Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

. [email protected]

Ícaro Cardoso MAIA

Professor do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO Esta pesquisa tem como objetivo compreender as repercussões da seca na vida do homem do campo na

comunidade Lagoa do Caboclo no ano de 2012, zona rural de Anísio de Abreu. Pois é necessário

compreendermos a dinâmica da região, seja em aspectos culturais, sociais, seja em aspectos climáticos,

buscando assim entender a estiagem e conviver com a mesma. Sabemos que a estiagem é característica da

região semiárida, entretanto, seu prolongamento acarretou na seca do ano de 2012, provocando uma serie de

consequências que, para a maioria, trouxe dificuldades na convivência com a mesma. Já para os donos dos

carros-pipa, ao lado de alguns agentes políticos, a seca se torna um negócio lucrativo. É de grande

relevância para todos da região como também para estudiosos interessados nessa área conhecer e buscar

meios que ajudem a enfrentar possíveis secas que ainda estão por vir, sem afetar tantos os hábitos das

pessoas como a rotina dos animais, que tem sofrido muito com esse fenômeno, chegando a morrer por falta

de água. A vegetação também tem sentido as consequências da seca, podendo ser citado como exemplo o

caso do marmeleiro (Cróton Sonderianus) que em alguns trechos da comunidade não renasceu com as

primeiras chuvas, pois essa planta tem a característica de renascer e florescer com as primeiras chuvas que

caem no bioma caatinga.

Palavras chaves: seca; semiárido; sertanejo; repercussões.

INTRODUÇAO

Cada uma das grandes secas que ocorreram foi desastrosa para a economia, pois

provocaram a morte de vários animais, trazendo um declínio na quantidade de carnes que saiam das

regiões afetadas para abastecer outras regiões, influenciando na produção agrícola, que se torna

mínima nestes períodos, e ate mesmo de pessoas que não tinham o que beber ou comer chegando a

falecer.

Atualmente ocorre ainda uma intensa migração de pessoas da região do semiárido

piauiense para outros locais em busca de emprego, principalmente, para São Paulo, e retornam

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quando começa a chover para cuidarem das roças, principalmente do plantio de feijão e milho,

produtos que são armazenados, pra ser utilizados no período não chuvoso, e quando há excedente

eles vendem, auxiliando na renda. Entretanto, em anos de ocorrência das secas, não conseguem

guardar para o consumo, e não há excedente.

Alencar (2010. P,17) faz alusão ao fato de o abandono das áreas rurais estar ligado às

atividades econômicas nelas desenvolvidas, além da concentração fundiária e a falta de apoio aos

agricultores familiares. Isso faz com que saiam dessas áreas rurais em busca de novas

possibilidades, no entanto, convém destacar que mesmo assim a agropecuária é a principal a

atividade existente no semiárido.

A região semiárida gera incerteza, pois tem anos que chove no período esperado e ate mais

que o previsto, e anos em que chove abaixo da média causando esses dramas aos sertanejos,

levando-os a procurar outros meios de sobrevivência, ou tornando-os dependente da assistência do

governo. Este deveria investir mais na região, que apesar dessas características o semiárido dificulta

mais não impede a convivência, já que a seca não pode ser combatida.

Isso se assemelha ao que Schistek e Araújo (2007) ressaltam sobre o semiárido, ou seja,

que a característica primordial do semiárido não é a falta de chuva, mas sim a irregularidade da

precipitação no tempo, pois não se sabe quanto demorará entre uma chuva e a próxima. E também

no espaço, nesse caso a chuva pode cair longe do local em que a primeira chuva caiu, ou seja, as

chuvas no semiárido são mal distribuídas. Além do caráter torrencial das chuvas do semiárido, cujas

enxurradas na maioria das vezes agridem o solo e as raízes nele contidas.

Ainda de acordo com os autores supracitados, dois fatores climáticos influenciam na

distribuição das chuvas, quais sejam El niño e La niña. Quando o primeiro ocorre, o tempo

meteorológico muda em varias regiões do mundo. No Brasil, enquanto o sul tende ficar mais

chuvoso, o nordeste do Brasil fica mais seco. O segundo fenômeno é contrario ao primeiro: ocorre

um resfriamento das aguas superficiais da parte central do pacifico, trazendo condições mais úmidas

para o sudeste da África e para o norte e o nordeste do Brasil. Isso implica dizer que há previsão de

chuva para o Nordeste, entretanto, pode ser que em algumas regiões nordestinas chova menos ate

mesmo abaixo da media esperada, pois como vimos, as chuvas no semiárido têm uma irregularidade

intrínseca quanto ao índice de precipitação anual.

A movimentação desses fenômenos afeta a conjuntura climática mundial, pois

movimentação das massas de ar é diferente a cada ano, fazendo com que na região semiárida as

chuvas cheguem mais cedo ou com atraso, menos intensas ou não.

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DESENVOLVIMENTO

Este trabalho teve como problemática analisar quais as consequências oriundas da seca no

contexto da comunidade Lagoa do Caboclo em Anísio de Abreu- PI? A metodologia deu-se por

meio de entrevistas a algumas famílias, e de registro fotográfico realizado no ano da referida seca.

A comunidade “Lagoa do Caboclo”, zona rural, localizada aos 9º13‟ 34,3” de latitude sul e

43º1‟53,4” de longitude oeste, é relativamente pequena, possuindo cerca de 40 famílias, segundo a

agente comunitária de saúde da referida comunidade. Lá, todos cultivam plantações mesmo que em

pequena escala, e alguns criam gado, cabras, ovelhas, galinhas, porcos etc. A população local retira

da roça parte de seu sustento nos anos onde o índice pluviométrico é maior, o que não foi o caso do

ano de 2012.

Agora imaginemos a situação de um sertanejo que luta para permanecer na sua terra,

porém a comunidade em que reside está enfrentando dificuldades por causa da seca. Com isso,

todos os reservatórios de agua se esgotam, e eles dependem dos carros pipas para abastecer as

cisternas. Este sertanejo possui dez cabeças de gado, considerando que uma cabeça gado por dia

precisa beber 53 litros de água, e que ele terá de buscar agua na comunidade vizinha. Nesse caso,

teria que buscar o equivalente a 530 litros de agua por dia, para manter o rebanho vivo, pois ate

vender seria difícil, já que o valor dos animais estaria abaixo da media, além do que encontrar quem

quisesse compra-los não seria tarefa fácil. É lamentável, mas a seca causa situações como esta, que

se agravam por falta de assistência aos atingidos.

Nesta comunidade há uma deficiência hídrica presente. Com isso, no ano de 2012, seus

moradores sofreram com a falta de agua, que segundo os mesmos é mais escassa para os animais.

Esse fato fez com que os criadores de animais tivessem que buscar agua cerca de 3 km, com o

auxílio de carro, uns com carros maiores como a caminhonete “D20”, outros com carros menores

que tinham que realizar mais de uma viagem, cerca de três vezes ao dia, gastando nesse caso, cerca

de 60 reais por semana. Essa trajetória era uma necessidade, apesar de na comunidade haverem dois

poços, que se encontram sem alguns equipamentos que permitam o funcionamento dos mesmos.

E quanto à alimentação dos animais tornou-se uma necessidade comprar ração como: casca

de arroz, bagaço de cana, resíduo de algodão e milho, além do extrativismo de mandacaru e

macambira para servir aos animais.

Há o relato da experiência de um pequeno criador, segundo o qual, chegou a possuir cerca

de 50 cabeças de gado, sendo que destas vendeu quinze. Mesmo assim, gastou mais de 15 mil reais

só com alimentação dos animais, além do gasto com combustível para buscar água e outras ações.

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Com isso, sua aposentadoria era gasta em função de conseguir manter seu pequeno rebanho. Além

disso, precisou ainda fazer um empréstimo bancário.

CONCLUSÃO

Por fim, percebemos que mesmo a seca sendo um fenômeno natural, é necessário que

ocorra debate entorno dessa temática, a fim de entender melhor a real situação enfrentada pela

população, mesmo que de uma pequena parcela da população, como da comunidade da zona rural,

que vive migrando para outras regiões em busca de emprego, mantendo a ideia de retorno, outros se

mantem com os auxílios do governo como: bolsa família, auxilio estiagem, seguro safra, e alguns

empréstimos com facilidade para o homem do campo. No entanto, o homem não deve viver apenas

de politicas assistencialistas vindas do governo, precisa de emprego, e de ações efetivas que lhe

permita permanecer na terra.

REFERÊNCIAS

ALENCAR, Maria Tereza de. Caracterização da macrorregião do semiárido piauiense. IN

SILVA, Conceição de Maria de Sousa et al. Semiárido piauiense: educação e contexto. INSA,

campina grande, 2010. (p 15 a 57).

SCHISTEK, Harald; ARAÚJO, Lucineide Martins. A convivência com o semi-árido. 2ª ed. São

Paulo: Petrópolis: Juazeiro- BA: selo editorial RESAB, 2007.

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ATIVIDADE PRODUTIVA DE EXTRAÇÃO MINERAL DE AREIA NO LEITO DO RIO

POTI, EM TERESINA – PI.

Allan Richardson Maciel dos SANTOS

Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Geografia (UESPI)

[email protected]

Ana Beatriz Ribeiro dos SANTOS

Graduanda do Curso de Licenciatura Plena em Geografia (UESPI)

[email protected]

Hikaro Kayo de Brito NUNES

Graduando do Curso de Licenciatura Plena em Geografia (UESPI)

[email protected]

Profª. Dra. Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

Orientadora, Professora da UESPI e Doutora em Geografia (UFSC)

[email protected]

RESUMO

O leito do rio Poti, na cidade de Teresina – PI vem sofrendo intervenções humanas ao longo do tempo e, a

extração mineral de areia através de dragas contribui significativamente para por em risco a biota, o fluxo

hidráulico e a beleza cênica do rio. Esse mineral é caracterizado como sendo grãos essencialmente de quartzo

resultantes da desagregação ou da decomposição das rochas em que entra a sílica, que podem ser

transportados pelos rios ou pelos mares, recebendo assim certo grau de polimento, podendo desgastá-los.

Assim, este estudo teve como objetivo caracterizar os aspectos sociais, econômicos e ambientais em torno da

atividade de extração mineral de areia no leito do referido rio. Para o desenvolvimento desse trabalho fez-se

necessário os seguintes procedimentos metodológicos: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, registro

fotográfico, além da utilização de GPS e recursos do Google Earth. Confrontando os dados obtidos na

pesquisa considerando-se a relação natureza e sociedade, pôde-se observar na área estudada uma intensa

dinâmica sócio-econômica-ambiental geradora de situações que favorecem o surgimento de impactos

positivos e negativos frutos da interferência humana na mesma, notadamente no que se refere à extração de

areia.

Palavras-chave: Rio Poti. Atividade produtiva. Mineração de areia.

INTRODUÇÃO

A extração dos recursos naturais faz parte do desenvolvimento da sociedade. Todavia, tem-

se, uma intensa discussão em conciliar a necessidade da exploração destes recursos e os impactos

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ambientais decorrentes dessa atividade. O uso e ocupação das margens do rio Poti impõe

características próprias ao seu leito na cidade de Teresina – PI, e a economia da extração mineral

(como a extração de seixo, areia e massará) para a construção civil é um ponto que individualiza o

mesmo. É a partir desse ponto, que o presente trabalho teve como foco estudar a atividade produtiva

da extração mineral de areia no leito do rio Poti, na área da Estrada da Alegria, zona rural da cidade,

realizada através de dragas, fazendo as devidas relações socioeconômicas e ambientais.

Para o desenvolvimento deste estudo fez-se necessário a delimitação da área de extração

mineral em estudo, pesquisas in loco, de levantamento bibliográfico e relatórios técnicos sobre o

tema, utilização do Google Earth, além de registro fotográfico e utilização de aparelho de GPS.

DINÂMICA SÓCIO-ECONÔMICA-AMBIENTAL DA EXTRAÇÃO DE AREIA NO RIO

POTI

Os rios sempre foram importantes para a humanidade desde os primórdios, se caracterizando

pelas mais variadas formas de utilização, tanto é que inúmeras civilizações surgiram às margens de

rios, como: o Egito, Israel/Palestina e a Mesopotâmia, além da Índia e da China. A cidade de

Teresina (capital do Piauí) se caracteriza como sendo uma das primeiras capitais brasileiras a ser

planejada. Um dos pontos favoráveis a escolha do local está no fato do mesmo ser cortado por dois

grandes rios: o Parnaíba e o Poti. A sub-bacia do Poti, segundo Lima (1982), compõe a Bacia

Hidrográfica do Parnaíba, representando cerca de 16% desta, sendo este um de seus principais

afluentes. Em Teresina, a bacia do Poti vem sofrendo uma série de intervenções antrópicas que

põem em risco a biota, o fluxo hidráulico e a beleza cênica do rio, e uma dessas ações é a dragagem

para a obtenção de minerais. De acordo com Torres (2000), dragagem é uma operação definida

como a escavação ou remoção de solo ou rochas do fundo de rios, lagos, e outros corpos d‟água,

utilizando equipamentos denominados “dragas”, que são embarcações ou plataformas flutuantes

equipadas com mecanismos necessários para se efetuar a remoção do solo.

Aspectos ambientais da extração de areia no leito do rio Poti

A mineração de areia ocorre em locais onde houve a disposição de material sedimentar

erodido ao longo das eras geológicas. Normalmente esses locais estão próximos a fundo de vales e

aos rios, coincidindo muitas vezes com matas ciliares, consideradas áreas de preservação ambiental,

o que pode acarretar impactos ambientais. A extração por dragas hidráulicas de sucção é feita pela

escavação e a remoção do solo submerso para que depois haja a sucção e o bombeamento da água

para fora do rio Poti. Conforme Viana (2007), impacto ambiental é definido como sendo uma

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mudança sensível, nas condições de saúde e bem estar das pessoas e na estabilidade do ecossistema

do qual depende a sobrevivência humana. Essas mudanças podem resultar de ações acidentais ou

planejadas, provocando alterações direta ou indiretamente.

Os impactos causados pela mineração, associados à competição pelo uso e ocupação do

solo, geram conflitos socioambientais pela falta de metodologias de intervenção, que reconheçam a

pluralidade dos interesses envolvidos. Os conflitos gerados pela mineração, inclusive em várias

regiões metropolitanas no Brasil, devido à expansão desordenada e sem controle dos loteamentos

nas áreas limítrofes, exigem uma constante evolução na condução dessa atividade para evitar

situações de impasse (FARIAS, 2002).

Conforme Dias (2006), a atividade de extração através de dragas é feita em Teresina desde a

década de 1970, e os impactos ambientais desta atividade no rio Poti estão relacionados com a

dragagem, a escavação e tráfego de máquinas pesadas, além da retirada de parte das matas ciliares

provocada pelas dragas. Essa exploração expõe o meio físico a inúmeros riscos de modificações

ambientais, frente à fragilidade do referido meio.

Dentre os impactos ambientais decorrentes dessa atividade estão: geração de áreas

degradadas, a compactação do solo pelos caminhões que transportam o mineral extraído; a poluição

do ar, causada pela poeira das cargas descobertas dos caminhões que transportam esses materiais,

mesmo sendo ilegal essa falta de proteção; a descaracterização da forma do canal fluvial,

acarretando a formação de sulcos profundos (popularmente chamados de buracos) no leito do rio; a

ocupação irregular de espaços para a estocagem do material; a poluição das águas, visto que é

necessária uma grande quantidade deste líquido para a lavagem dos minérios, ação essa que gera

resíduos que normalmente fluem para o rio, causando assoreamento e poluição, ou seja, a extração

desses materiais aluvionares causa desequilíbrios na dinâmica fluvial, podendo ainda ter uma

redução da biodiversidade.

Aspectos socioeconômicos da extração de areia no leito do rio Poti

O crescente consumo de bens naturais é intimamente relacionado com o crescimento da

população de qualquer região. As areias (mineral em questão) se apresentam através da sua grande

utilização e pela sua abundância como matéria-prima. O método utilizado em Teresina para a

extração da areia é por meio de dragas no leito do rio Poti.

A dragagem, como atividade econômica contribui, mesmo que indiretamente, para a

prevenção das inundações, visto que, ela diminui o nível de assoreamento do rio Poti, que é

geralmente causado pela redução da correnteza. Essa atividade traz uma série de benefícios para

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cidade, como incremento da construção civil decorrente do baixo custo do produto (uma vez que

existem várias jazidas próximas ao mercado consumidor), geração de emprego e renda, articulação

da economia regional, e de ser a matéria-prima para o desenvolvimento vertical e horizontal da

cidade. Dentre os empregos gerados pela extração de areia, há empregos diretos e indiretos, sendo

que os últimos se caracterizam pelos caminhoneiros que transportam o produto, e pelos

trabalhadores da construção civil; ao mesmo tempo, essa atividade gera impostos que revertem em

benefícios para a população.

A “dualidade” natureza e sociedade se apresenta de maneira forte na relação extração de

areia e preservação do meio ambiente. Buarque (2002) diz que, as atividades econômicas, a

exemplo da atividade extrativa mineral, para ser consistente e sustentável, deve mobilizar e explorar

as potencialidades locais e contribuir para elevar as oportunidades sociais, a viabilidade e a

competitividade da economia local, ao mesmo tempo, deve assegurar a conservação dos recursos

naturais locais, que são base da sua potencialidade e condição para a qualidade de vida da

população local.

Esta atividade é de grande importância para o desenvolvimento social, mas igualmente

responsável por impactos ambientais negativos, alguns inclusive irreversíveis. Associa-se aos dois

pontos, a geração de empregos, valorização do setor comercial e captação de recursos por parte dos

órgãos públicos; paralelo a isso tem-se alterações na calha do rio, poluição da água e do ar, e riscos

para a biota da área.

CONCLUSÃO

Em virtude dos resultados obtidos, nota-se a importância da extração mineral de areia para o

desenvolvimento econômico de Teresina, e em contrapartida percebe-se os danos ambientais

decorrentes da mesma atividade. O estudo demonstrou a existência de um intenso fluxo oriundo da

dinâmica socioeconômica e ambiental do rio Poti, comprovando assim a relação estritamente

capitalista que a sociedade mantém com a natureza, sendo que esta, no seu processo de evolução

vem desenvolvendo habilidades, que ao utilizá-las em seu benefício acaba por prejudicar o meio em

que está inserida.

REFERÊNCIAS

BUARQUE, S. C. Construindo o desenvolvimento local sustentável: metodologia de

planejamento. Rio de Janeiro: Garamond, 2002.

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DIAS, M. P. S. P. O processo produtivo na mineração de areia no rio Poti em Teresina - Piauí:

um olhar para a saúde, o trabalho e o ambiente. 2006. 105p. Dissertação (Mestrado em Saúde

Pública) – Universidade Federal do Ceará, 2006.

FARIAS, C. E. G. Mineração e meio ambiente no Brasil. Rio de Janeiro: s.e., 2002. (Relatório

preparado para o CGEE).

LIMA, I. M. M. F. Caracterização Geomorfológica da Bacia Hidrográfica do Poti. 1982. 106p.

Dissertação (Mestrado em Geografia) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro,

1982.

TORRES, R. J. Uma análise preliminar dos processos de dragagem do porto de Rio Grande,

RS. 2000. 190p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Oceânica). Fundação Universidade Federal

do Rio Grande, Rio Grande do Sul, 2000.

VIANA, B. A. S. Mineração de materiais para construção civil em áreas urbanas: impactos

socioambientais dessa atividade em Teresina, PI/Brasil. 2007. 246p. Dissertação (Mestrado em

Desenvolvimento e Meio Ambiente) – Universidade Federal do Piauí, 2007.

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CARACTERIZAÇÃO DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA

Wilson dos Santos Paiva;

Marcelo Pereira da Silva;

Raimundo Nonato da Silva Junior

Graduandos em Geografia pela Universidade Estadual do Piauí

[email protected]

Orientadora: DRA. Elisabeth Mary de Carvalho Baptista

Professora de Geografia em Universidade Estadual do Piauí

RESUMO O presente trabalho foi realizado no Parque Nacional da Serra da Capivara, tendo como objetivo, a caracterização geral

da área de estudo e apresentação de seu histórico, justificativa de criação, categoria da unidade, finalidades e objetivos e

atividades desenvolvidas no local. A metodologia utilizada consistiu em registros fotográficos, utilização de mapas,

GPS e anotações feitas, com base nos argumentos da professora orientadora e dos guias turísticos, bem como a

observação realizada no percurso da aula de campo. Onde foi feito a caracterização da área abordando seus aspectos

naturais e culturais mostrando sua infra-estrutura além da sua relação com seu entorno. O Parque Nacional da Serra da

Capivara uma das mais importantes unidades de conservação do Brasil, localizado no estado do Piauí na região nordeste

do Brasil, ocupa áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. O

reconhecimento do Parque como patrimônio nacional com inscrição no Livro de Tombo Arqueológico, Etnográfico e

Paisagístico, em 1993, reforçou sua relevância cultural. Em 1973 iniciaram-se as pesquisas na região por uma

cooperação científica binacional (França Brasil).

Palavras Chaves: Unidades de Conservação, Caracterização, Histórico, Atividades Desenvolvidas.

INTRODUÇÃO

A importância histórica do Parque Nacional Serra da Capivara, como uma unidade de

conservação ambiental de uso indireto, permite além de sua preservação, que pesquisadores das

mais variadas ciências possam utilizar este ambiente para desenvolver estudos, sejam eles humanos

ou naturais, neste sentido, a geografia pode contribuir buscando compreender a relação dos povos

antigos com a natureza, relação esta que pode ser compreendida através dos vestígios históricos

encontrados no parque. O presente trabalho visa destacar a caracterização geral da área do Parque

Nacional da Serra da Capivara e apresentação de seu histórico, justificativa de criação, categoria da

unidade, finalidades e objetivos e atividades desenvolvidas. O estudo sobre o Parque Nacional da

Serra da Capivara se deu nos dias 22 e 23 de Junho de 2013, tendo como proposta de pesquisa da

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

disciplina de Geografia, Meio Ambiente e Desenvolvimento. Tendo como objetivo geral da

pesquisa de campo, compreender a organização espacial e a dinâmica ambiental do Parque Nacional

da Serra da Capivara e sua contribuição para conservação do meio ambiente brasileiro, a partir de

técnicas e instrumentos específicos da Geografia. O Parque Nacional Serra da Capivara – PI é uma

reserva de preservação patrimonial, localizada no interior do Brasil, de importância local, regional,

nacional e mundial por abrigar a maior concentração de pinturas rupestres e sítios arqueológicos do

continente americano e não dissociado de uma beleza cênica exuberante e peculiar. É o único

parque nacional situado no domínio morfoclimático das caatingas, sendo uma das ultimas áreas do

semi-árido possuidora de importante diversidade biológica. A metodologia empregada constou

de estudo bibliográfico com elaboração de um roteiro e pesquisa de campo com observação das

condições socioambientais do Parque Serra da Capivara com registro fotográfico depois análise e

discussão dos dados coletados para elaboração do relatório para apresentação.

RESULTADOS

O Parque Nacional da Serra da Capivara localizado no estado do Piauí na região nordeste do

Brasil é um dos mais importantes Parques Nacionais a proteger o ecossistema da Caatinga.

Localizado regionalmente no sudeste do Estado do Piauí, ocupando áreas dos municípios de São

Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. Com relação aos aspectos

naturais o parque está localizado dentro de uma região de clima semiárido, com uma presença de

vegetação predominantemente de Caatinga com ilhas de florestas tropicais úmidas que se

conservam em boqueirões estreitos, no período chuvoso entre novembro e maio, a vegetação

apresenta uma surpreendente exuberância de flores e tonalidades de verde e no mês de junho as

folhas da maior parte das espécies caem.

O acesso é feito através da BR-343 até a cidade de Floriano, seguindo pela PI-140 até

chega a São Raimundo Nonato. Outra opção para quem vem do sul do país é vir por Petrolina/PE,

que fica a 300 km de São Raimundo Nonato. O Parque possui como infraestrutura 01 centro de

visitantes (com auditório, loja de souvenir, lanchonete, exposição montada e banheiros); 04

portarias (Baixão das Andorinhas, Pedra Furada, Desfiladeiro da Capivara e Serra Branca); 06

postos de vigilância (Serra Vermelha, Camaçari, Angical, Gongo, Toca do Morcego e Imburana);

100 km de estradas internas meio ambiente; rede elétrica e hidráulica (poço tubular) e por está

situada em uma região com pouca ocorrência de chuvas foram, feitas intervenções no parque com o

objetivo de amenizar a situação de consumo de água dos animais e também para manter os animais

dentro do parque, com a criação de tanques. No ano de 1973 iniciaram-se as pesquisas na região

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por uma cooperação científica binacional (França Brasil). Segundo Guidon (1997) em 1986 foi

criada em São Raimundo Nonato a Fundação do Museu do Homem Americano (FUMDHAM)

uma entidade científica, sem fins lucrativos e responsável pela preservação do patrimônio em

parceria com os ministérios do Meio Ambiente e da Cultura. Segundo Ministério de Minas e

Energia (2011) a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara, segundo decreto nº 83548, de

05 de junho de 1979 teve por finalidade principal fornecer os instrumentos jurídicos de sustentação

para proteção de uma área com uma das maiores concentrações de sítios pré-históricos do país. As

Unidades de Conservação de uso indireto são aquelas onde estão totalmente restringidas à

exploração ou aproveitamento dos recursos naturais, admitindo-se apenas o aproveitamento indireto

dos seus benefícios. Entre as atividades desenvolvidas estão projetos comunitários nos arredores do

Parque, ligados à apicultura, cerâmica artesanal e implantação de quatro escolas no seu entorno, na

zona rural, oferecendo ensino básico, baseado em um programa de educação ambiental no qual os

conteúdos atendem a legislação vigente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática de campo, técnica indispensável para pesquisas geográficas, permitiu aos alunos

um contato direto com a realidade do Parque Nacional Serra da Capivara. Esse contato

proporcionou conhecer uma unidade de conservação. Este Parque se enquadra no grupo nas

Unidades de Proteção Integral com o objetivo preservar toda uma área de importância ambiental e

neste caso cientifica histórica, arqueológica e cultural. As unidades de conservação também devem

desenvolver pesquisas e promover o desenvolvimento de pesquisas científicas, desenvolver

atividades educacionais, turismo ecológico e recreação. No caso do Parque Nacional Serra da

Capivara, constatamos que o envolvimento dos indivíduos e o desenvolvimento sócio econômico da

região ainda é muito tímido. Consideramos, portanto, que por se tratar de uma unidade de

conservação internacionalmente reconhecida, as autoridades nacionais, estaduais e municipais,

deveriam planejar ações que efetivamente explorasse o eco-turismo que o parque proporciona e que

com isso, possa promover um desenvolvimento ambiental e sócio econômico do entorno do parque.

REFERÊNCIAS

ARRUDA, Moacir Bueno. Ecologia e Antropismo na Àrea do Município de São Raimundo

Nonato e Parque Nacional da Serra da Capivara (PI). Dissertação de mestrado em Ecologia.

Departamento de Ecologia, Universidade de Brasília, 1993.

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

BRASIL. Ministério de Minas e Energia. Projeto Geoparques: Geoparque Serra da capivara – PI,

2011.

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da

Natureza. Brasília, 2002.

GUIDON, Niède. Patrimônio e Unidades de Conservação no Brasil = Cultural Assets and

Conservation Units in Brazil. In: Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação (1: 1997:

Curitiba). Anais do Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, 15 a 23 de novembro.

Apresentado: Congresso Brasileiro de Unidades de Conservação, Curitiba, 1997.

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CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-AMBIENTAL DO LITORAL PIAUIENSE: UMA SÍNTESE

BIBLIOGRÁFICA E DOCUMENTAL

Edileia Barbosa REIS

Graduada em Licenciatura em Geografia

[email protected]

Manoel Gustavo Siqueira SOUSA

Graduado em Licenciatura em Geografia

[email protected]

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo estabelecer a caracterização dos condicionantes sócio-ambientais do litoral

piauiense, agrupando as informações mais relevantes sobre o mesmo, visando entender sua dinâmica pelo

reconhecimento das feições naturais presentes e atividades produtivas relacionadas. A metodologia constou

de pesquisa bibliográfica e documental e levantamento fotográfico, em quatro etapas. Na discussão sobre os

aspectos sociais e ambientais relacionados às zonas costeiras e sua importância para a dinâmica espacial das

mesmas, percebe-se que a utilização adequada e sustentável dos espaços litorâneos requer conhecimento

sobre seus diferentes aspectos visando possibilitar a compreensão das limitações e potenciais, através de

pesquisas que utilizem abordagem integrada e interdisciplinar. Os resultados mostraram que o litoral

piauiense é dotado de uma variedade de ecossistemas, distribuídos pelos municípios que o compõem. No

aspecto físico-natural destaca-se, na Geologia, a Formação Barreiras, na Geomorfologia, planícies, praias e

campos de dunas, Clima sub-úmido na maior parte do ano, Hidrografia representada pelas águas oceânicas e

delta do rio Parnaíba, Solo com predominância arenosa, Vegetação com diversidade de espécies e Fauna

terrestre e aquática típica. No aspecto socioeconômico infere-se que a organização espacial se concebeu em

função da utilização dos recursos naturais, com heterogeneidade em relação à estrutura disponível em cada

município. Apresenta distribuição populacional, oferta de serviço e atividades econômicas distintas, com

destaque para o turismo. O litoral piauiense detém, então, recursos naturais que podem ser utilizados de

múltiplas formas, com organização espacial consolidada através da exploração destes, inclusive degradando-

os. É necessário, assim, repensar o planejamento para a região na perspectiva de sua conservação com

participação de todos os setores da sociedade.

Palavras-chave: Zona Costeira Piauí. Pesquisa Bibliográfica. Pesquisa Documental.

INTRODUÇÃO

Considerando o conjunto de atividades que se desenvolvem nas zonas costeiras por diferentes

setores da sociedade humana, a partir do caráter de usos múltiplos que estas áreas apresentam e, em

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função da necessidade de se conservar estas áreas e seus recursos naturais, justifica-se a realização

de estudos sobre essas regiões. Dessa forma, o objetivo desta pesquisa foi caracterizar o litoral

piauiense nos seus aspectos sócio-ambientais através de textos acadêmicos e estudo documental.

Este trabalho foi motivado pela necessidade da conformação do conjunto das características

sócio-ambientais do litoral piauiense no sentido de se reunir as informações básicas para que se

possa compreender de forma suscita e objetiva a dinâmica dos processos naturais, socioeconômicos

e culturais que nele se desenvolvem.

A pesquisa foi realizada em etapas, entre elas levantamento bibliográfico em diversos autores

e respectivas pesquisas, bem como de relatórios técnicos e outros documentos, com construção de

quadros sínteses e painel fotográfico, para a apresentação dos resultados obtidos.

CARACTERIZAÇÃO DO LITORAL PIAUIENSE: CONDICIONANTES NATURAIS E

SÓCIO-ECONÔMICOS

A zona litorânea piauiense fica situada na parte norte do estado e possui pequena extensão com

apenas 66 km, correspondendo a 0,89% do litoral nacional. Detendo uma diversidade de ambientes

com riqueza nos aspectos físicos naturais, também vivencia a transformação antrópica que tem

concebido a mesma como um espaço singular em processo de desenvolvimento que tenta conciliar a

convivência harmônica da sociedade com a natureza. Entre essas características destacam-se os

aspectos naturais, resumidos no quadro 1.

Quadro 1 – Síntese dos condicionantes naturais

Geologia

Pelo embasamento cristalino na era Paleo-Mesozóica (bacia do Parnaíba) com

Formação Barreiras e sedimentos quaternários (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996);

Ocorreu no período holocênico na era Terciaria com Formação Barreiras e

Dunas no quaternário (CAVALCANTI, 1996);

Formação Barreiras para designar os terrenos sedimentares do terciário

ocorrentes na zona costeira e sedimentos quaternários depositados sobre esta

(BAPTISTA, 2010)

Geomorfologia

Processos morfodinâmicos atuantes: marinhos, eólicos, fluviais combinados

com influência paleogeográficas. (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996)

Através de processos físicos, químicos, biológicos, além da formação na

deposição sedimentar (CAVALCANTE, 2000)

Relacionada aos processos que atuam na configuração da linha da costa

continental sendo atribuída a deposição sedimentar (LIMA, 2005);

As características geomorfológicas mais tipicamente litorâneas se esboçam nas

áreas de sedimentos inconsolidados da Formação Barreiras e dos depósitos

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quaternários (LIMA, 2005)

Clima

A ZCTI é o principal regularizador do período chuvoso gerada na faixa de

convergência dos alísios. Clima quente e úmido possui duas estações bem

definidas verão (chuvoso) e inverno seco (FUNDAÇÂO CEPRO, 1996)

Interferência climática referente ao sistema de correntes a oeste traz umidade

gerada na Amazônia (CAVALCANTE, 2000)

Clima quente e úmido do tipo, Aw‟ tropical chuvoso, com chuvas no verão

(LIMA, 2005)

A proximidade com oceano ameniza a influência da latitude e as fontes

ventanias acontecem o ano todo (BAPTISTA, 2010)

Hidrografia

Regime das lagoas possui alimentação pluvial e fluvial superficial pelos campos

de dunas origem freática (FUNDAÇÂO CEPRO, 1996)

Formada pela bacia hidrográfica do rio Parnaíba e bacia litorânea ou dos rios

Portinho Camurupim (BAPTISTA, 2010)

Solo

Predominância de areias quartzosas continentais e marinhas distróficas

quartzosas associadas aos solos podzolicos vermelho amarelos (FUNDAÇÂO

CEPRO, 1996);

Aluvias eutróficos, indiscriminados de mangue, areias quartzosas marinhas e

quartzosas distróficas (CAVALCANTE, 1996)

Vegetação

De praias, dunas, manguezal, tabuleiros litorâneos e ao longo d‟água

(CAVALCANTE, 1996)

Pioneira Psamófila, Perenifólia de Mangue, Subperenifólia de Dunas, de várzea

e estacional de tabuleiro (FUNDAÇÂO CEPRO, 1996)

Rhizophora mangle (mangue-vermelho), Avicennia germinans e A. schaueriana

(mangue siriúba), Laguncularia racemosa (mangue-branco) e Conorcarpus

eretus (mangue-botão ou de bolota) (LIMA, 2005)

Fauna

Peixes dos manguezais de origem marinha: serras, pescadas, baiacus, corós,

camurupins, bagres e outros. As espécies de água doce são oriundas do rio

Parnaíba (CAVALCANTI, 2000)

Composta por aves, peixes, moluscos e crustáceos, representadas por espécies

características do manguezal, apresenta-se totalmente adaptada a esta unidade

ambiental (LIMA, 2005)

Aquática, terrestre e marinhas com diversidade de espécies (BAPTISTA, 2010)

Fonte: Reis, 2012.

Os condicionantes naturais apontados nos mostram as características predominantes descritas

pelos autores citados. Em busca de um desenvolvimento sustentável no litoral piauiense foi criada a

Área de Proteção Ambiental (APA) Delta do Rio Parnaíba e nela têm sido executados projetos

como o RELAX, que trabalha a exploração dos caranguejos regulamentada pelo IBAMA e do

peixe-boi que busca a preservação dessa espécie em Cajueiro da Praia. Além da adoção de política

de utilização de energias sustentáveis como é caso das instalações de usina eólica que trouxe toda

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uma dinâmica de alternativa limpa para moradores do litoral.

A organização espacial no litoral piauiense valoriza as condições ambientais promovendo

uma integração entre as potencialidades locais nos mais diversos setores para desenvolvimento das

atividades econômicas, sociais e culturais, sendo o turismo uma das atividades que mais vem se

desenvolvendo e promovendo uma reorganização do espaço. O quadro 2 resume os aspectos

socioeconômicos.

Quadro 2 – Síntese dos condicionantes socioeconômicos

Economia

Agricultura, comércio, turismo (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996)

Atividades comerciais carcinocultura, agricultura, extrativismo vegetal, pecuária,

apicultura, turismo, artesanato (LUSTOSA, 2005)

Pesca tradicional (LIMA, 2005)

Serviços

Telecomunicação, energia elétrica, abastecimento de água, variados

estabelecimentos (CAVALCANTE, 2000)

Educação, saúde (IBGE, 2010)

Turismo de veraneio (LIMA, 2005)

Educação

Baixo nível de eficiência (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996)

Distribuição do ensino ofertado nas mais variadas modalidades atendendo assim as

localidades (CAVALCANTE, 2000)

Nº de Instituições de Ensino: Parnaíba: 161, Buriti dos Lopes 34, Bom Principio 28,

Cajueiro da Praia 19, Ilha Grande 15 e Luis Correa 83, entre públicas e privadas

(IBGE, 2010)

População

Desigualdade na distribuição da população rural e urbana (FUNDAÇÃO CEPRO,

1996)

Densidade demográfica demonstra um aumento significativo na população nos

municípios (CAVALCANTE, 2000)

População por gênero: Parnaíba 145.705 sendo homens 69.727 e mulheres 75.978,

Buriti dos Lopes 19.074 sendo homens 9.622 e mulheres 9.452, Bom Principio

5.304 sendo homens 2.747 e mulheres 2557, Cajueiro da Praia 7.163 sendo homens

3.742 e mulheres 3.421, Ilha Grande 8.919 sendo homens 4.557 e mulheres 4.357,

Luís Correa 28.406 sendo homens 14.593 e mulheres 13.813 (IBGE, 2010).

Turismo

Lugar amplo em atrativos naturais (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996)

Turismo/veraneio é praticado na localidade com oferta de serviços de hotelaria,

restaurantes e bares, aluguel e vigilância de casas, passeios de barcos, dentre outros

(LIMA, 2005)

Habitação

Parnaíba 50.634 urbanas 47.857 rurais 2.777 morador por domicilio 3,76 / Buriti

dos Lopes 6.540 urbanas 3.521 rural 3.019 por domicilio 3,91 / Bom Principio 1778

urbanos 614 rurais 1.164 por domicilio 3,94 / Cajueiro da Praia 2.643, urbano 996,

rural 1.647 por domicilio 3,92 / Ilha Grande 2.989 urbanos 2.539 rural 450 por

domicilio 4,04 / Luís Correa 5.478 urbano 7.105, rural 5.478 por domicilio 4,01.

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Maioria das habitações com condições inadequadas de saneamento (IBGE , 2010)

Transporte

Estrutura deficitária (FUNDAÇÃO CEPRO, 1996)

Constitui-se na BR 343 Parnaíba, além de estrada de ferro em condições deficitárias

(CAVALCANTE, 2000)

Luís Correia é cortada pela rodovia BR-343, principal via de integração com o

restante do Estado e pelas rodovias PI-116, que liga este município ao povoado

Camurupim e a PI-210, que faz a conexão deste município com o Estado do Ceará

(LIMA, 2005)

Fonte: Reis, 2012.

Infere-se, então, que o litoral piauiense, apresenta uma diversidade de características naturais

e socioeconômicas, sendo sua organização espacial influenciada pelo uso dos usos dos seus

recursos, que se estabelece de forma heterogênea considerando a estrutura disponível em cada

município. A partir do estudo realizado, pode-se indicar ainda a possibilidade de se rever o

planejamento para a região na perspectiva de sua conservação, com a participação de todos os

setores da sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O litoral piauiense detém, então, recursos naturais que podem ser utilizados de múltiplas

formas, com organização espacial consolidada através da exploração destes, inclusive degradando-

os. É necessário, assim, repensar o planejamento urbano das cidades e a utilização da APA para a

região na perspectiva de sua conservação visando à participação de todos os setores da sociedade.

REFERÊNCIAS

CAVALCANTI, A. P. B. Caracterização e análise das unidades geoambientais na planície

deltáica do rio Parnaíba. Rio Claro. 192p. Dissertação de Mestrado em Geografia, Universidade

Estadual Paulista – UNESP, 1996.

______. Impactos e condições ambientais da zona costeira do Estado do Piauí. Rio Claro.

356p. Tese de Doutorado em Geografia, Universidade Estadual Paulista – UNESP, 2000.

BAPTISTA, E. M. C. Estudo morfossedimentar dos recifes de arenito da zona litorânea do

estado do Piauí, Brasil. Florianópolis. 305p. Tese de Doutorado em Geografia, Universidade

Federal de Santa Catarina – UFSC, 2010.

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FUNDAÇÃO CENTRO DE PESQUISAS ECONÔMICAS E SOCIAIS DO PIAUÍ – FUNDAÇÂO

CEPRO. Macrozoneamento Costeiro do Estado do Piauí: Relatório Geoambiental e Sócio-

econômico. Teresina: s.e., 1996. 221p. ilust.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATITICA–IBGE.Censo 2010.Disponivel

em: www. censo2010.ibge.govacessoem 04 agosto 2012.

LIMA,F.C S Condicionates Geoambientais e alternativas de sustentabilidade –Macapá/ Luis

Correa–Piauí.Teresina 155pg Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente –

PRODEMA/TROPEN/UFPI,2005.

LUSTOSA, A. H .M. Práticas produtivas e (In) sustentável: catadores de caranguejo do delta do

parnaiba.teresina.172 p. Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente,

PRODEMA/TROPEN/UFPI,2005.

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CARACTERIZAÇÃO SOCIOAMBIENTAL DOS PARQUES URBANOS DE TERESINA:

NOVA POTYCABANA, BEIRA RIO E ENCONTRO DOS RIOS

Solange de Abreu GALVÃO

Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Elizabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO O presente artigo faz uma análise sobre as unidades de conservação presentes em áreas urbanas com ênfase

nos parques ambientais: Nova Potycabana, Beira Rio e Encontro dos Rios, que delimitam as margens do rio

Poti na cidade de Teresina-Piauí. Teve com objetivo fazer uma caracterização do estado atual, bem como de

sua conservação e uso. Considerando a questão socioambiental, com a importância e utilização dos recursos

disponíveis para a população em cada um dos parques e as transformações que ocorreram ao longo dos anos

nessas unidades e no rio Poti. A metodologia empregada constou de pesquisa bibliográfica, documental e de

campo. Os resultados obtidos apresentam a necessidade de mais proteção nos parques estudados em função

de se localizarem em uma área de proteção permanente e por se encontrarem em proximidades do rio. Os

parques têm uma grande importância como potencialidades do espaço urbano, sendo necessário elaborar

planos e investimentos para suas reais necessidades e utilização.

Palavras-chaves: Unidades de Conservação. Parques Ambientais. Teresina.

INTRODUÇÃO

A preservação de áreas verdes em Teresina é de tamanha importância no município, já sendo

nomeada de cidade verde, por ser considerada uma cidade com um significativo porte arbóreo nas

ruas e no seu centro, embora recentemente a mesma não tenha mantido essa condição. No entanto, a

Prefeitura Municipal, desenvolve uma política de criação de parques ambientais, que se encontram

entre as áreas urbanizadas da cidade.

Conforme destaca Lima (1996, p.5):

[...] a cidade de Teresina conta com várias Unidades de Conservação de Uso Indireto- Os

Parques Ambientais- muitos destes localizados principalmente nas margens dos rios,

consideradas pela legislação ambiental como áreas de preservação permanente.

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O Código Florestal, Lei Federal n. 4771, de 15 de setembro de 1965, já estabelecia que a

criação dos parques deve ter como finalidade resguardar atributos excepcionais da natureza,

conciliando a proteção integral da flora, da fauna e das belezas naturais, com sua utilização para

objetivos educacionais, recreativos e científicos (BRASIL, 1965).

A Lei Federal nº 9.985 de julho de 2000, institui o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação – SNUC estabelecendo os critérios e normas para a criação, implantação e gestão

destas unidades no Brasil. Considerando esta lei os Parques Urbanos poderiam se enquadrar na

categoria dos Parques Nacionais, quando criados pelos estados ou municípios, podendo adaptar os

objetivo básico dos PARNA no que se refere principalmente ao “desenvolvimento de atividades de

educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo

ecológico” (BRASIL, 2000).

A partir do exposto, o presente artigo teve como objetivo analisar os parques urbanos

localizados em pontos diversificados em Teresina, o modo como a população local vem utilizando e

cuidando dos mesmos e como se encontra seu atual estado de conservação, já que são bastante

utilizados para lazer, recreação e inúmeras atividades que são praticadas nos mesmos.

Devido à importância dos parques ambientais na qualidade de vida humana, o seguinte

trabalho buscou fazer um levantamento de três parques ambientais que se encontram as margens do

rio Poti (dois na zona leste e um na zona norte, de Teresina), onde a visitação e observação foram

destinadas a análise dessas áreas verdes de conservação.

Unidades de Conservação: breves considerações.

As Unidades de Conservação (UC‟s) consideradas espaços territoriais e com recursos

ambientais, legalmente instituídas pelo poder público, e que tem como objetivo a conservação do

meio ambiente. Possuem essas áreas a função de proteger a natureza seja através da proibição do

uso direto dos seus recursos naturais, seja através da limitação do uso destes recursos por meio da

imposição dos limites da sustentabilidade nas atividades que utilizam tais recursos. As unidades de

conservação possuem diversos formatos que se enquadram em uma das duas categorias são dividas

em unidades de proteção integral e de uso sustentável (PELICIONI,2005).

Fazendo-se uma breve distinção das UC‟s, onde as de proteção integral permitem apenas o

uso indireto dos recursos naturais englobando, os Parques Nacionais, Estaduais e Municipais,

Estações Ecológicas e as Reservas Biológicas. Em todas essas unidades o acesso humano só pode

ter como objetivo a educação ambiental, a realização de pesquisas e trabalho científicos e em

algumas delas, o turismo ecológico. Já nas UC‟s de uso sustentável, é permitido o uso direto dos

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

recursos naturais, porém, como sugere o nome, estes devem ser utilizados de forma sustentável,

buscando perpetuar a disponibilidade dos mesmos para as futuras gerações (BRASIL, 2000).

Dentro das unidades de conservação de proteção integral temos os nossos Parques, sendo que

estado do Piauí caracteriza-se por possuir tanto Parques Nacionais como outras unidades e alguns

parques ambientais urbanos, como os distribuídos por todas as zonas da cidade de Teresina, dentre

os quais se selecionou os três que se constituem objeto de estudo deste trabalho.

Parques urbanos de Teresina

Para o desenvolvimento da pesquisa fez-se um percurso de visita e registro fotográfico dos

parques selecionados: Nova Potycabana, Beira Rio e Encontro dos Rios, visando a observação da

área, e o levantamento de dados e informações sobre os parques urbanos que se encontram as

margens do Rio Poti, cujos resultados se apresenta a seguir.

Parque Nova Potycabana: Localizado na av. Raul Lopes no bairro dos Noivos, zona leste

de Teresina, ao lado do rio Poti sendo considerado uma espécie de dique que amortece a água do

rio. É um parque bastante amplo, com uma boa visão ambiental e um público muito grande de

visitantes. Devido ter passado recente por uma reforma e ter boa infraestrutura, principalmente com

uma grande área para realização de atividades esportivas e lazer, o parque encontra-se em um bom

estado de conservação, com cestos de lixos espalhados em diversos locais e banheiros públicos.

Parque Ambiental Beira Rio: Localizado na av. Ininga, na zona leste de Teresina, ao lado

da margem do rio Poti, com localização que vai do Shopping da natureza embaixo da ponte, até as

proximidades da Ponte Estaiada, tendo como referência o Shopping Riverside Walk, pois o mesmo

se encontra a frente do Parque Ambiental. Possuindo árvores de grande porte entre elas o caneleiro,

árvore símbolo da cidade e plantas ornamentais, o parque com uma avenida bastante movimentada

tem um grande fluxo de pessoas, tornou-se uma pista de Cooper no fim da tarde e uma área

comercial com a presença de quiosques nas proximidades do rio, onde essa área encontra-se

bastante desmatada por conta desses pontos.

Parque Ambiental Encontro dos Rios: Localizado na av. Boa Esperança, no bairro Poti

Velho, zona norte de Teresina, onde se encontra a confluência entre os rios Parnaíba e Poti, no lado

esquerdo da foz do rio Poti que deságua no rio Parnaíba. É um parque com uma área de preservação

permanente que promove o turismo ecológico, onde observamos nos rios depósitos inconsolidados

de areias, causados pela erosão da margem do rio como consequência da retirada da mata ciliar. É

também um parque de lazer, turismo e cultura.

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Deste modo, percebeu-se que cada parque apresentado possui características, formas de uso,

público e entre outras diferenciações, mas todos tem um objetivo em comum, ser uma unidade de

conservação de uso sustentável, que devem ser utilizada de forma correta para que o meio ambiente

não desenvolva outros problemas principalmente no rio que se encontra ao lado deles. Merece ser

destacada também a importância que esses parques têm na prática de atividades de lazer, visitação,

prática de educação ambiental, ou até mesmo contemplação da natureza, para a população da

cidade.

A partir da análise realizada infere-se que se necessita de mais proteção dos parques

estudados em função de se localizarem em uma área de proteção permanente, no caso a margem do

rio, e ao mesmo tempo evidencia-se a falta de segurança e também a infraestrutura que necessita

melhorias nos dois parques Beira Rio e Encontro dos Rios, que são os mais abertos e com um

grande fluxo de pessoas que o frequentam diariamente. A população necessita desses parques, mas

esquece de que se não conservá-los eles podem acabar ou até mesmos deixados de ser frequentados

devidos ao seu uso inadequado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Cada área verde dos ambientes urbanos retrata uma função relevante na vida populacional. A

presença de parques ambientais na cidade de Teresina tem um papel de desenvolver a melhoria na

qualidade de vida, seja ela ambiental ou cultural. A partir da conservação da natureza, intenciona-se

promover uma gestão racional dos recursos naturais, que requer uma maior conscientização por

parte dos seus usuários, pois todos são beneficiados com a utilização de cada um desses parques e

os seus recursos disponíveis.

Não se pode esquecer a importância do rio Poti, em cujas margens estão localizados esses

parques, e que vem sofrendo com os processos de degradação decorrentes muitas vezes do uso

inadequado por parte de frequentadores.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei n° 4.771, de 15 de setembro de 1965. Que institui o novo código Florestal.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4771.htm. Acesso em 05 ago. 2013.

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Regulamenta o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII

da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá

outras providências. Disponível em: http://www.mma.gov.br/port/sbf/dap/doc/snuc.pdf. Acesso em

05 ago. 2013.

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

LIMA, Iracilde Maria de Moura Fé. Revalorizando o verde em Teresina: o papel das unidades

ambientais. Cadernos de Teresina. Teresina: Fundação Mons. Chaves. Ano X, n°24, dez.1996.

PELICIONI, Maria Cecília Focesi; JR, Arlindo Philippi. Educação Ambiental e sustentabilidade.

Coleção Ambiental. Barueri, SP: Manole, 2005.

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CONCEITO DE MEIO AMBIENTE: AS PROPOSTAS DE ENRIQUE LEFF E GERALDO

MÁRIO ROHDE

Denilson da Silva ROCHA

Especialista em Meio Ambiente pela UESPI

[email protected]

Marcelo Francisco Souza dos SANTOS

Especialista em Meio Ambiente pela UESPI

[email protected]

Francílio de Amorim dos SANTOS

Mestrando em Geografia pela UFPI

[email protected]

RESUMO

O conceito de meio ambiente é proposto de diferentes maneiras entre os diversos autores, a exemplo de Leff

(2007) e Rohde (2005). No entanto, alguns pontos comuns podem ser constatados entre as idéias acerca do

conceito de meio ambiente. Definir a noção do citado conceito é uma tarefa árdua e deve contemplar seus

aspectos inerentes. O objetivo deste estudo consistiu em analisar e correlacionar os conceitos de meio

ambiente propostos por alguns autores, principalmente Leff (2007) e Rohde (2005). Este trabalho

desenvolveu-se com base em uma pesquisa bibliográfica reunindo diferentes abordagens sobre o referido

conceito. Pode-se perceber que o conceito de meio ambiente é tomado de forma simplória por alguns

autores, desconsiderando as argumentações que expressem sua verdadeira complexidade. Porém, verificou-

se que o meio ambiente envolve uma abstração difícil de ser apreendida e sua noção transcende os aspectos

contemplados pelo senso comum. Além disso, o meio ambiente é ao mesmo tempo sujeito e produto da ação

antrópica, servindo como sustentáculo para a sobrevivência das sociedades. Ele é dotado de uma

complexidade na qual devem ser considerados tantos os elementos naturais quanto sociais, que interagem

para a sua construção. Ao relacionar as ideias de Leff (2007) e Rohde (2005) constatou-se que o ambiente

enfoca as noções de processo e produto na relação entre natureza e sociedade.

Palavras-chave: Meio ambiente. Complexidade. Processo e produto.

INTRODUÇÃO

Nos dias atuais e com a problemática ambiental em evidência, definir a noção de meio

ambiente é, no mínimo, uma tarefa árdua. Esta, não deve ignorar os aspectos imprescindíveis que

permearão este conceito, entre eles a sua totalidade.

As abordagens ambientais tomadas pelas várias ciências que se propõem a ocupar esse

campo não deram conta de tal empreendimento, haja vista que aderiram ao paradigma naturalista,

que toma a natureza como algo intocável da qual o homem é um mero observador. Com a

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emergência da problemática ambiental decorrente da evolução tecnológica e do conhecimento

humano, esse paradigma tornou-se incapaz de dar conta da explicação da realidade contemporânea.

O presente estudo buscou analisar como alguns autores enfocam o conceito de meio

ambiente, haja vista as diferentes ciências em que estão inseridos e as peculiares formas de

apreensão do mesmo.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

No campo científico, as várias ciências existentes, bem como as diversas correntes de

pensamentos seguidas pelos pesquisadores, procuram conceituar meio ambiente de formas

heterogêneas, levando em consideração as bases epistemológicas dos diferentes campos de estudo.

Uma idéia bastante usual é de que o meio ambiente é aquele “[...] que cerca ou envolve os

seres vivos e as coisas” (FERREIRA, 2001, p.38). Pode-se perceber neste conceito que o termo

ambiente é tomado de forma simplória, sem contemplar as argumentações que expressem sua

verdadeira complexidade.

Kloetzel (1998, p. 8), por sua vez, argumenta que:

[...] o meio ambiente é uma coisa viva, inconstante, sempre disposta a inovações.

Sua superfície – a própria atmosfera – foi refeita milhares de vezes, por força de

fenômenos vulcânicos, o impacto de algum asteróide ou meteoro, o recuo ou

avanço das geleiras, o vento, a água.

Reconhece-se, então, por meio deste conceito que a constituição do meio ambiente reúne

uma grande diversidade de fenômenos naturais. Diferentemente do conceito abordado por Ferreira

(2001), no qual o meio ambiente é tomado apenas como mero “invólucro”, pode-se notar que na

conceituação de Kloetzel surge o termo inconstante, passando a idéia de uma certa complexidade,

acentuando o estado transitório dos elementos que estão envolvidos.

Outro conceito de meio ambiente seria o “[...] conjunto dos agentes físicos, químicos,

biológicos e dos fatores sociais susceptíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto,

imediato ou a longo prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem” (IBGE, 2004, p.210).

Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) o conceito de meio ambiente é usado para

representar “[...] um “espaço” (com seus componentes bióticos e abióticos e suas interações) em

que um ser vive e se desenvolve, trocando energia e interagindo com ele, sendo transformado e

transformando-o” (BRASIL, 1997, p.233). Nota-se que este conceito apresenta-se de forma mais

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complexa, ao envolver a interação dos aspectos físicos e os seres vivos na natureza, resultando em

transformação mútua.

Passando para um campo estritamente epistemológico, verifica-se que o meio ambiente

envolve uma abstração difícil de ser apreendida. Com base nessa premissa, faz-se necessário

enfatizar o pensamento de Leff (2007, p.160), no qual

[...] o ambiente não é o meio que circunda as espécies e as populações biológicas;

é uma categoria sociológica (e não biológica) relativa a uma racionalidade social,

configurada por comportamentos, valores e saberes, bem como por novos

potenciais produtivos.

Neste sentido, verifica-se que a noção de ambiente transcende os aspectos contemplados

pelo senso comum. Leff (2007) afirma com propriedade que o ambiente a ser considerado em sua

completude apresenta uma grande complexidade de relações importantes aos diversos elementos

que fazem parte dessa totalidade.

Além disso, ele (Op. Cit., 2007) acrescenta que o ambiente não pode ser tomado como um

simples produto da ação antrópica, como sugerem as mais variadas definições empíricas, mas como

um sujeito que estabelece potenciais e limites às formas e ritmos de exploração dos recursos que ele

próprio oferece, condicionando dessa forma os processos de valorização, acumulação e produção do

capital, que são essenciais à estruturação da sobrevivência humana.

Por sua vez, Rohde (2005, p.91) entende ambiente como o “[...] resultado das relações

complexas que se estabelecem entre a natureza e as sociedades”. Neste sentido, depreende-se que a

natureza serve como sustentáculo para “as sociedades”, independentemente da forma e da

intensidade de exploração dos recursos naturais, que servem à sua sobrevivência.

O autor ainda destaca que a noção de ambiente é multicêntrica, visto que ela muda de

conteúdo em decorrência da abordagem disciplinar central em função da qual ela é alternativamente

posta e pensada. Este fato, o aspecto multicêntrico do ambiente, provoca a exigência da relação

entre as disciplinas, a multi, inter ou transdisciplinaridade.

Para Rohde (2005), além de multicêntrica, a noção de meio ambiente é complexa e

multiescalar. Essa complexidade decorre da amplitude do campo de fenômenos a abranger e da

natureza não-linear das interações que fazem do ambiente um sistema. Essa noção exige também

uma multiplicidade de escalas de aproximação, tanto espaciais como temporais, devido a

diversidade de processos que ela recobre.

Leff (2007) e Rohde (2005) defendem a ideia de ambiente enfocando as noções de processo

e produto na relação entre natureza e sociedade. E com base na complexidade que o ambiente

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apresenta, torna-se necessária a convergência de saberes científicos. Sendo assim, o meio ambiente

não é um mero invólucro dos seres vivos, mas uma categoria sociológica dotada de uma grande

complexidade, pois abrange elementos tanto naturais quanto sociais.

METODOLOGIA

O estudo alicerçou-se no método dialético, pois segundo Prodanov; Freitas (2013), buscou

interpretar a realidade partindo da ideia de que todos os fenômenos apresentam características

contraditórias, porém unidos e indissolúveis. Visto que o presente trabalho desenvolveu-se sob a

perspectiva com base em uma pesquisa bibliográfica reunindo alguns conceitos sobre o meio

ambiente, procurando contrapô-los e identificando pontos comuns e divergentes, principalmente

entre Leff (2007) e Rohde (2005).

CONCLUSÕES

Diante das ideias aqui apresentadas, infere-se que os vários conceitos de meio ambiente

abordados apresentam formas divergentes de contemplação, diante dos vários elementos pertinentes

a este conceito. Logo, não deve ser tomado como um termo simplório, como presumiu Ferreira

(2001), pois a complexidade de sua abordagem vai muito além de um ecossistema no qual habitam

os seres vivos e seu enfoque transcende os aspectos meramente contemplativos que fazem parte da

natureza.

Portanto, o meio ambiente é dotado de uma complexidade na qual devem ser considerados

tantos os fenômenos naturais quanto elementos sociais, que, ao interagirem, possibilitarão a sua

(re)construção e as respectivas formas resultantes dessa interação. Em suma, as ideias de Leff

(2007) e Rohde (2005) enfocam o meio ambiente enquanto processo e produto na relação entre

natureza e sociedade. E é a partir dessa premissa que o ambiente deve ser pensado e analisado, isto

é, tomado em sua totalidade.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: meio

ambiente. Brasília, 1997.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. O mini dicionário da Língua Portuguesa. Rio de

Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

IBGE. Vocabulário Básico de Recursos Naturais e Meio Ambiente. 2ª Edição. Rio de Janeiro:

IBGE, 2004.

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KLOETZEL, Kurt. O que é meio ambiente. São Paulo: Brasiliense, 1998.

LEFF, Enrique. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Cortez, 2007.

PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani Cesar. Metodologia do trabalho científico

[recurso eletrônico]: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. – 2. ed. – Novo

Hamburgo: Feevale, 2013.

ROHDE, Geraldo Mário. Epistemologia Ambiental: uma abordagem filosófico-científica sobre a

efetuação humana alopoiética da Terra e de seus arredores planetários. 2ª Edição. Porto Alegre:

EDIPUCRS, 2005.

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ESTADO NORMATIVO DAS ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE DA

MICROBACIA DO RIACHO DO RONCADOR, TIMON (MA)

Josenete Assunção CARDOSO

Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Piauí – UFPI.

[email protected].

Cláudia Maria Sabóia de AQUINO

Profª Drª do Dpto. de História e Geografia da Universidade Federal do Piauí - UFPI. [email protected].

RESUMO

A expansão desordenada das atividades antrópicas tem se tornado cada vez mais preocupante porque tem

avançado sobre áreas reconhecidamente protetoras dos recursos naturais, dentre as quais destacam-se as

Áreas de Preservação Permanente (APP‟s). Assim, o presente trabalho objetivou identificar as APP‟s da

microbacia do riacho do Roncador (MBRR) em Timon (MA) em desacordo com a legislação ambiental. Os

resultados foram obtidos a partir da sobreposição do mapa de uso e cobertura das terras e o mapa das APP‟s

da MBRR, gerando um terceiro mapa: o de conflitos de uso. A pesquisa revelou que 9,2 km2 da área da

MBRR correspondem a APP‟s. Destes, 0,3 km2 correspondem à APP‟s de nascentes; 8,0 km

2, a APP‟s de

margens; 0,6 km2, a APP‟s de reservatórios naturais (lagoas) e 0,3 km

2 correspondem a APP‟s de

reservatórios artificiais. Dos 9,2 km2 de APP‟s da microbacia, 2,5 km

2 estão em desacordo com a legislação

ambiental.

Palavras-chave: Uso e cobertura das terras. Áreas de Preservação Permanente. Conflitos. Timon (MA).

INTRODUÇÃO

Ao longo dos tempos, a expansão das atividades antrópicas provocou uma carga de impactos

negativos decorrentes da exploração insustentável dos recursos naturais, notadamente os recursos

hídricos e suas zonas de recarga localizadas nas pequenas bacias de cabeceiras ou microbacias

hidrográficas (MAGALHÃES e FERREIRA, 2000). Tal problema tem se tornado cada vez mais

preocupante porque tem avançado sobre áreas reconhecidamente protetoras dos recursos naturais,

comprometendo sua função ambiental.

Neste contexto, procurou-se analisar o estado normativo das Áreas de Preservação

Permanente (APP‟s) da Microbacia do Riacho do Roncador (MBRR), em Timon (MA),

objetivando: i) mapear suas Áreas de Preservação Permanente (APP‟s); ii) mapear suas formas de

uso e cobertura das terras; e iii) identificar conflitos de uso baseado nas normas da legislação

ambiental, gerando informações para subsidiar ações futuras de fiscalização, conservação e

monitoramento ambiental das mesmas.

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O fato do município de Timon ter seu abastecimento d‟água através de poços tubulares, do

conhecimento da área da pesquisa e da sua importância histórica para o povoamento do município,

por abrigar número representativo dos balneários mais tradicionais (identidade local) identificados

como potencialidades para o fomento da economia local, pela sua importância econômica para a

piscicultura, exploração mineral, agricultura etc., e por ser alvo dos atuais vetores de crescimento da

cidade são alguns do fatores que permitem uma análise integrada no contexto das relações entre

sociedade-natureza, justificando assim a escolha do tema da pesquisa.

Fundamentação teórica

As APP‟s foram oficialmente criadas pela Lei Nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que

instituiu o Código Florestal Brasileiro. Segundo o Código as APP‟s são

Áreas protegidas, cobertas ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de

preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o

fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações

humanas (Brasil, 2010, p. 24).

O Código foi atualizado pelas Leis nºs 5.870/73 e 7.803/89, pela Medida Provisória nº

2.166-67 de 24/08/2001, Resoluções do CONAMA Nº 302 e 303 de 2002 e Lei nº 12.651/12, sendo

que o mapeamento das APP‟s em uma microbacia hidrográfica e o amparo legal para preservação e

recuperação das mesmas constituem os aspectos mais importantes voltados para a conservação dos

recursos naturais presentes nestas áreas. São assim, Áreas de Preservação Permanente, conforme a

legislação brasileira, as florestas e demais formas de vegetação natural localizadas conforme

critérios descritos no Quadro1.

Quadro 1 - Dimensões mínimas de faixa marginal a serem preservadas

Curso d´água (largura), nascentes,

reservatórios artificiais e lagoas

Faixa a ser Preservada

Até 10 metros 30 m em cada margem

Entre 10 e 50 metros 50 m em cada margem

Entre 50 e 200 metros 100 m em cada margem

Entre 200 e 600 metros 200 m em cada margem

Superior a 600 metros 500 m de cada margem

Nascentes 50 m no entorno da nascente

Reservatório artificial (em zona rural) 15 m no entorno do reservatório

Lagoas 50 m em torno das lagoas ou lagos naturais

Fonte: Resolução CONAMA nº 303 e 302/2002.

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Destaca-se neste processo o uso das geotecnologias que ultimamente têm sido

imprescindíveis no mapeamento dos mais diversos conflitos decorrentes das transformações do

espaço geográfico.

MATERIAL E MÉTODOS

Área de estudo

A MBRR, localiza-se entre as coordenadas 43°01‟18” e 42°50‟27” de longitude oeste e

5°01‟07” e 5°09‟11” de latitude sul, no município de Timon (MA). Esta microbacia encontra-se

inserida na bacia hidrográfica do rio Parnaíba: uma bacia limítrofe com o estado do Piauí e que

possui, em território maranhense, uma área de 69.000,00 km2, correspondendo a aproximadamente

21,15 % da área do Estado (IMESC, 2008).

Metodologia

Para a pesquisa utilizou-se as cartas topográficas da Diretoria de Serviço Geográfico (DSG),

na escala de 1:100.000, Folha SB 23 X-D-II, MI – 886 (Teresina, PI/1984) e a Folha SB 23 X-D-I,

MI – 885 (Buriti Cortado, MA/1974), imagens de alta resolução espacial de 26 de outubro de 2011,

disponíveis gratuitamente no sítio Google Earth, e o software ArcGis 9.3 para o processamento de

dados espaciais.

Para identificação das APP‟s da MBRR considerou-se as Resoluções do CONAMA ns

302/2002, e a Lei Nº 4.771/65, atualizada pela Lei nº 12.651/12. Nesta pesquisa identificou-se as

APP‟s de nascente, margens, reservatórios artificiais e lagoas. Para a identificação das APP‟s em

conflito fez-se a sobreposição do mapa de uso e cobertura das terras com o mapa das APP‟s da

MBRR.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A MBRR possui 200,2 km2. Os mapeamentos identificaram 14 classes de usos e cobertura

das terras, alem de uma área total de 9,2 km2

de APP‟s na microbacia, conforme Tabela 1.

Tabela 1 – Total de APP‟s da MBRR, APP‟s preservadas e APP‟s em desacordo com a Legislação

Ambiental

APP´s Total APP Preservada

APP em

Desacordo

(km2) (%) (km

2) (%) (km

2) (%)

Nascente 0,3 3,3 0,2 2,2 0,1 1,1

Margens 8,0 86,9 5,8 63,0 2,2 23,9

Reservatórios naturais 0,6 6,5 0,5 5,4 0,1 1,1

Reservatórios artificiais 0,3 3,3 0,2 2,2 0,1 1,1

Total 9,2 100 6,7 72,8 2,5 27,2 Fonte: Pesquisa direta, 2012

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Os dados revelam maior conflito sobre as APP‟s de margens (23,9%). Os principais usos em

conflito com a área correspondem à: especulação imobiliária e agricultura de vazante. A análise dos

dados também permitiu identificar o total de áreas preservadas e em desacordo com as normas da

legislação ambiental, correspondendo a 6,7 km2 e 2,5 km

2, respectivamente. O balanço das APP‟s

preservadas e APP‟s em desacordo com a legislação ambiental ser observado no Mapa1.

Mapa 1 - APP’s em conflito com o uso das terras da MBRR

Fonte: DSG, Folhas Buriti Cortado/MA (1974) e Teresina/PI (1984); Imagem do Google

Earth (26.10.2011).

CONCLUSÃO

O baixo valor de APP‟s em desacordo com as normas da legislação ambiental permite

inferir que a MBRR encontra-se em uma situação “confortável” diante dos crescentes índices de

degradação em todo o país; por outro lado, este fato revela-se preocupante à medida que se

considera a função ambiental destas áreas, o fato de o abastecimento do município de Timon

depender da captação de água subterrânea, além do comprometimento da prática do lazer

(identidade local) através dos balneários. A preservação das APP‟s da MBRR é, portanto, condição

primária para a existência e qualidade destes usos.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965. Institui o Código Florestal. Diário Oficial da

União, Brasília, DF, 16 set. 1965. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/L4771.htm>. Acesso em: 19 de jun. 2012.

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à complexidade do

mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

_______. Conselho Nacional do Meio Ambiente Resolução nº 302, de 20 de março de 2002a.

Dispõe sobre os parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente de

reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno. Diário Oficial da União, Brasília, DF,

13mai.2002. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/Conam

a/res /res02/res30202.html>. Acesso em: 15 ago. 2012.

_______. Conselho Nacional do Meio Ambiente Resolução nº 303, de 20 de março de

2002b.Dispõe sobre parâmetros, definições e limites de Áreas de Preservação Permanente. Diário

Oficial da União, Brasília, DF, 13 de mai. 2002. Disponível em:

<http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res02/res30302.html>. Acesso em: 15 ago.20

12.

CÂMARA DOS DEPUTADOS. Legislação Brasileira sobre Meio Ambiente – 3ª. ed. – Brasília :

Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2010.

______. Cartas Topográficas. Folhas: Teresina/PI. SB-23 X-D-II/886 (1984). Brasília:IBGE,

1984. (Escala 1:100.000), disponível em: www.ibge.gov.br, acesso: 18 de abril de 2011.

______. Cartas Topográficas. Folhas: Buriti Cortado/MA SB-23 X-D-I/885 (1974).

Brasília:IBGE, 1984. (Escala 1:100.000), disponível em: www.ibge.gov.br, acesso: 18 de abr. de

2011.

INSTITUTO MARANHENSE DE ESTUDOS SOCIOECONÔMICOS E CARTOGRÁFICOS

(IMESC). Desenvolvimento econômico recente do Maranhão: uma análise do crescimento do

PIB e perspectivas. São Luis (MA), 2008.

MAGALHÃES, C. S; FERREIRA, R. M. A. Áreas de Preservação Permanente em uma microbacia.

Informe Agropecuário, Belo Horizonte (MG). V.21, nº 207, pp. 82-94, Nov./dez. 2000.

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

FORMAS DE DEGRADAÇÃO NO RIO POTI EM TERESINA-PI

Adonys Roney Muniz da SILVA

Graduando do Curso de Geografia da UESPI

[email protected]

Ana Flávia Moura de SOUSA

Graduanda do Curso de Geografia da UESPI

[email protected]

Rosélia Teixeira FERNANDES

Graduanda do Curso de Geografia da UESPI

[email protected]

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO O presente trabalho teve como objetivo estudar os recursos hídricos de Teresina na perspectiva da

compreensão de sua dinâmica natural, focando as degradações do rio Poti observadas nos trechos visitados:

Estrada da Alegria na zona Sul de Teresina e na Avenida Raul Lopes nas proximidades dos Shoppings e da

Ponte Estaiada na zona Leste. Para realização desse trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas e

pesquisa de campo. O crescimento desordenado da cidade de Teresina associado à pavimentação das ruas e a

construção de edifícios de luxos nas margens dos rios, fez com que os esgotos passassem a correr pelos

canais destinados às águas pluviais, poluindo assim os rios, principalmente o Poti. Outro fator que tem

contribuído em larga escala para poluição do Poti é o processo de dragagem, em que os sedimentos são

retirados do fundo do rio contribuindo para a turbidez das águas e o desmatamento ciliar sem a devida

recuperação vegetal das encostas. Para que o Poti continue a contribuir vitalmente para população que

usufrui dos seus benefícios é necessário, portanto, a ação conjunta de governo e sociedade civil organizada

em defesa da qualidade das águas desse importante rio.

Palavras-chaves: Degradação. Rio Poti. Teresina.

INTRODUÇÃO

A cidade de Teresina localiza- se na confluência de dois rios federais, o Parnaíba e o Poti,

sendo este último, o foco do presente trabalho. O crescimento urbano desordenado nas últimas

décadas, somado a uma gestão ineficaz dos seus recursos hídricos tem deixado esses rios

vulneráveis ao aumento da poluição e a diversos impactos que podem trazer malefícios

socioeconômicos e sanitários para a população local.

Devido sua importância econômica, ecológica e social que o rio Poti apresenta para

Teresina, este estudo teve por objetivo analisar a situação de degradação num determinado trecho

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Publicação do livro: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

do rio Poti, sendo este escolhido pelo motivo das diversas utilizações a que ele é submetido pela

sociedade. Deste modo, buscou-se compreender a dinâmica natural do rio tendo como foco a

degradação pela ação de agentes antrópicos. Para realização deste trabalho e alcance dos objetivos

traçados, foram realizadas pesquisas bibliográficas, com consulta de livros e artigos publicados e

pesquisa de campo, através da observação e registro fotográfico.

ASPECTOS GERAIS SOBRE O RIO POTI

A Bacia Hidrográfica do rio Poti abrange os estados do Piauí e Ceará, onde percorre cerca

de 150 km banhando cinco municípios cearenses. Já no Piauí são muitos os municípios na bacia

deste rio, que adentra no estado pela cidade de Castelo do Piauí e chega a Teresina despejando suas

águas no rio Parnaíba (BAPTISTA, 1981).

Sobre o mesmo Lima (1982 apud Teresina, 2012 p. 13) discorre que,

O rio Poti possui sua cabeceira nos contrafortes orientais do Planalto da Ibiapaba no

Estado do Ceará, com altitude de cerca de 600 m. Todo o seu curso tem direção definida

pela estrutura geológica, encaixando-se em fraturas e falhas regionais. O seu alto curso

localiza-se no escudo cristalino, formado predominantemente por granitos, gnaisses e

xistos e, ao adentrar o domínio sedimentar, o rio orienta-se para Oeste, formando um

amplo boqueirão (ou canyon) de cerca 300 m de profundidade. A partir daí encaixa-se

em fraturas de reflexo da falha Pedro II, na direção Nordeste/Sudoeste, estendendo-se até

o município de Prata do Piauí. Nesse ponto sofre uma inflexão de 45°, tomando direção

noroeste e passando a ter um curso perene até desaguar no rio Parnaíba, no bairro Poti

Velho, em Teresina, numa altitude de cerca 55 metros.

Embora o rio Poti seja um rio muito importante não só para Teresina, mas também para

outras cidades que são banhadas por ele, este está passando por um processo de degradação em

nível preocupante, tendo sido possível a observação durante a prática de campo nos trechos

visitados: Estrada da Alegria na zona Sul de Teresina e na Avenida Raul Lopes nas proximidades

dos Shoppings e da Ponte Estaiada na zona Leste.

RESULTADOS E DISCUSÕES

No primeiro trecho visitado, observou-se que o fator socioeconômico que se destaca na área,

constitui- se na exploração de minerais do fundo do rio através do processo de dragagem, sendo

também umas das principais formas de degradação do rio Poti. Essa área também possui ocorrência

de processos erosivos ocasionados pelo impacto da chuva, como pequenos sulcos nas encostas do

rio, devido à ausência de cobertura vegetal.

Segundo Viana (2007) o contínuo crescimento da população e a intensa efetivação da

urbanização de Teresina propiciaram maior demanda por materiais de construção civil como,

massará, seixo e areia. A mineração desenvolvida pela dragagem no rio Poti amplia os problemas

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ambientais provocando o desmatamento de encostas, o aumento da turbidez, o desenvolvimento de

voçorocas e o assoreamento do rio. Além disso, existem os problemas ocasionados pelo abandono

da área degradada sem nenhum tipo de recuperação desta.

Já no trecho que compreende a Avenida Raul Lopes na zona leste de Teresina por ser uma

área de lazer, os fatores antrópicos estão em maior evidência se comparado à Estrada da Alegria na

zona sul, pois ali se concentram os shoppings, pontos comerciais, academias ao ar livre, quiosques,

prédios e a Ponte Estaiada Mestre Isidoro França. Dentre esses fatores antrópicos os que mais

causam degradação ao rio Poti estão os dois shoppings de Teresina e toda área pavimentada em seu

entorno, que no passado era um complexo de lagoas hoje aterradas para a construção destes.

De acordo com Oliveira (2012) devido ao crescimento desordenado da cidade de Teresina

associado à pavimentação das ruas e a construção de edifícios de luxo nas margens dos rios, os

esgotos passaram a correr pelos canais destinados às águas pluviais, poluindo assim os rios,

principalmente o rio Poti.

O lançamento de esgotos nos corpos hídricos naturais é uma questão muito grave, pois

prejudicam esses recursos diminuindo a qualidade da água dos rios, devido à adição não gerenciada

e em grande escala de efluentes. Isto acontece, sobretudo, nas cidades densamente povoadas,

especialmente durante os meses de baixa vazão do rio (BHATTI; LATIF, 2011 apud OLIVEIRA,

2012). Teresina está entre essas cidades e o rio Poti é vítima desses desmandos, tendo sido

observado na área estudada despejos de resíduos sem tratamento.

Sendo assim, cabe aos seguimentos da sociedade civil organizada reivindicar junto ao poder

público (secretarias municipais, estaduais e federais), fiscalizar e cobrar dos órgãos gestores do

meio ambiente, políticas públicas para diminuir o impacto da atuação negativa dos agentes que

poluem o rio Poti.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Deste modo, o presente trabalho buscou compreender a dinâmica natural do rio Poti tendo

como foco a degradação causada por agentes antrópicos. Através da pesquisa de campo, observou-

se que tanto o processo de extração mineral como o lançamento de esgoto, somado a pavimentação

das áreas ao redor do rio, são os agentes que se destacam na área estudada como causadores do

processo de degradação.

Apesar da importância econômica, ecológica e social que o rio representa para a população

teresinense, é preocupante o nível de degradação a que está submetido. Faz- se necessário e urgente,

portanto, aplicação de políticas públicas para diminuir o impacto dos agentes que poluem o rio.

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REFERÊNCIAS

BAPTISTA, João Gabriel. Geografia Física do Piauí. 2 ed. rev. e aum. Teresina: COMEPI, 1981.

LIMA, Dinael David Ferreira; RODRIGUES, Thiciane Maria Barreto. A degradação do rio Poti

observada entre as pontes Presidente Juscelino Kubitschek e Mestre Isidoro França no

município de Teresina-PI. In: Congresso Norte e Nordeste de Pesquisa e Inovação, 7., 2012,

Palmas. Anais do VII CONNEPI. Palmas: IFTO, 2012. p. 1- 5.

OLIVEIRA, Livânia Norberta de. Estudo da variabilidade sazonal da qualidade da água do rio

Poti em Teresina e suas implicações na população local. Teresina: UFPI, 2012. 113 p.

Dissertação (Mestrado) - Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente, Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2012.

TERESINA. Prefeitura Municipal. Secretaria Municipal de Planejamento e Coordenação Geral.

Teresina: Agenda 2015 – Plano de Desenvolvimento Sustentável. Teresina, 2002.

VIANA, Bartira Araújo da Silva. Mineração de materiais para construção civil em áreas

urbanas: impactos socioambientais dessa atividade em Teresina, PI/Brasil. Teresina: UFPI, 2007.

244 p. Dissertação (Mestrado) - Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio

Ambiente, Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2007.

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mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

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GEOCONSERVAÇÃO E GEODIVERSIDADE NO GEOPARK ARARIPE

Brenda Rafaele Viana da SILVA

Graduanda em Licenciatura em Geografia (UESPI)

[email protected]

Orientadora: Laryssa Sheydder de O. LOPES

Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFPI)

[email protected]

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância do patrimônio geológico, geoconservação e

geoturismo presente no Geopark Araripe em meio aos seus geossítios e comunidade. Geoparque é uma área

onde sítios do patrimônio geológico representam parte de um conceito holístico de conservação, educação e

desenvolvimento sustentável. Para a elaboração deste trabalho, foi realizado um levantamento bibliográfico e

uma pesquisa de campo nos principais geossítios, para levantamento de dados e registro fotográfico. O

trabalho feito no Geopark Araripe é importante, para todas as comunidades envolvidas, uma vez que é uma

forma de preservar e descobrir as riquezas territoriais daquela região, assim como para a valorização,

divulgação e conservação dos geossítios.

Palavras-chaves: Geoparque Araripe. Geossítios. Geoconservação.

INTRODUÇÃO

Geoparque é um conceito, atribuído, pela Rede Global de Geoparques (RGG) sob os

auspícios da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) a uma

área onde sítios do patrimônio geológico representam parte de um conceito holístico de proteção,

educação e desenvolvimento sustentável. (CPRM, 2006).

Em 21 de setembro de 2006, após se submeter aos procedimentos padrões de vistoria e

avaliação pela comissão oficial da UNESCO, Divisão de Ciências da Terra o Geopark Araripe foi

aprovado e oficializado na II Conferência Mundial dos Geoparks, realizada na Irlanda do Norte, em

Belfast (CPRM, 2006).

O objetivo do presente trabalho é demonstrar a importância da geodiversidade,

geoconservação e geoturismo presente no Geopark Araripe em meio aos seus geossítios e

comunidade.

A criação de geoparques pode constituir um importante instrumento na concretização do

desenvolvimento sustentável. Um geoparque é uma área em que se conjuga a geoconservação e o

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desenvolvimento econômico sustentável das populações que a habitam. Procura-se estimular a

criação de atividades econômicas suportadas na geodiversidade da região, com o envolvimento

empenhado das comunidades locais (UNESCO, 2013).

DESENVOLVIMENTO

Brilha (2005) faz uma importante consideração quando afirma que a geoconservação não

pretende proteger toda a geodiversidade, mas apenas os elementos com valores científico, cultural e

educativo superlativo, ou seja, o patrimônio geológico. Pereira & Brilha (2010) conceitua

geoconservação no sentido amplo como a conservação de toda a geodiversidade e geoconservação

no sentido restrito como as estratégias adotadas para conservar o patrimônio geológico.

A conservação promove o manejo dinâmico dos geossítios mantendo sua integridade

ambiental enquanto a preservação objetiva a manutenção estática dos geossítios sem permitir

qualquer tipo de alteração (BUREK e PROSSER, 2008).

Sharples (2002, p.79) resume que o conceito de geoconservação “tem como objetivo a

preservação da diversidade natural (ou geodiversidade) de significativos aspectos e processos

geológicos (substrato) geomorfológicos (formas de paisagem) e de solo, mantendo a evolução

natural (velocidade e intensidade) desses aspectos e processos”.

Segundo a UNESCO (2013), um geoparque é uma área com limites bem definidos que

envolvem geossítios com especial relevância científica, estética, raridade e educativos, devendo

possuir territórios grandes o suficiente para o desenvolvimento de atividades econômicas que

promovam o desenvolvimento sustentável das comunidades envolvidas. É uma área em que se

conjuga a geoconservação e o desenvolvimento econômico sustentável das populações que a

habitam, portanto, um importante instrumento para a promoção da geoconservação das áreas de

relevante interesse geológico.

Metodologia

Foi realizado um levantamento bibliográfico e pesquisa de campo nos principais geossítios,

sendo feito registro fotográfico, observação e levantamento cartográfico. Por fim, os dados foram

organizados para a elaboração da redação final.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O Geopark Araripe está localizado no sul do Estado do Ceará, na porção cearense da Bacia

Sedimentar do Araripe e abrange 06 municípios da região do Cariri. Possui uma área de

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aproximadamente 3.520,52 km² e que corresponde ao contexto territorial das cidades de Crato,

Juazeiro do Norte, Barbalha, Missão Velha, Nova Olinda e Santana do Cariri.

Os geossítios do Geoparque Araripe são: Geossítio Colina do Horto, Cachoeira de Missão

Velha, Floresta Petrificada do Cariri, Batateiras, Parque dos Pterossauros, Riacho do Meio, Pedra

Cariri, Ponte de Pedra e Pontal da Santa Cruz. Destes, os três últimos foram visitados em

decorrência da proximidade entre eles, durante uma pesquisa de campo da disciplina de Geologia,

realizada em julho de 2012.

O geossítio Ponte de Pedra, localizado em Nova Olinda, é uma geoforma esculpida no

arenito, resultado da erosão provocada pela água ao longo dos últimos milhões de anos. Próximo à

ponte há vestígios arqueológicos (figuras, material lítico e cerâmico) das populações pré-históricas.

A ponte serviu como trilha para as populações antigas, índios e vaqueiros que colonizaram a região

A geoconservação é totalmente necessária em meio a esse geossítio, de modo a proteger e conservar

as formas geomorfológicas e geológicas da geodiversidade presente neste (Fig. 01).

O geossítio Pedra do Cariri, também localizado em Nova Olinda, é ponto de mineração e

extração da “pedra Cariri”, que servem para a construção civil desde o século XIX. Há casas

construídas com estas pedras na região, mas o uso mais comum é no revestimento de paredes,

calçadas e piso. Além disso, há neste geossítio, um elevado valor científico, devido à concentração

de fósseis de insetos, pterossauros, peixes e vegetais (Fig. 2).

O Pontal da Santa Cruz, em Santana do Cariri, é o geossítio de observação panorâmica, pois

está situado no topo da Chapada do Araripe, com uma altitude de 750m. Há uma capelinha, erguida

em meados do século XX, um restaurante e um parque infantil. Este ponto revela uma bela

paisagem da Chapada do Araripe, o vale do rio Carius e a sede do município de Santana do Cariri,

permitindo uma interpretação geológica e geomorfológica da paisagem (Fig. 03).

Figura 01: Geossítio Ponte de Pedra

Fonte: LOPES (2012)

Figura 02: Geossítio Pedra Cariri

Fonte: Lopes (2012)

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Figura 03: Geossítio Pontal de Santa Cruz

Fonte: LOPES (2012)

Em meio a esses geossítios pode-se observar a importância e necessidade da

valorização e valoração dos atributos geológicos e geomorfológicos que estes

apresentam, inserindo o uso da geoconservação como ferramenta para a proteção e

preservação em geral dos geossítios que o Geopark Araripe apresenta.

CONCLUSÃO

Os trabalhos e pesquisas que são feitos no Geopark Araripe são de fundamental

importância para o desenvolvimento, evolução e aperfeiçoamento deste, levando-se em

conta que é imprescindível que se divulgue ainda mais os valores da geoconservação

presentes nesses geossítios como: valor intrínseco, valor cultural, valor estético, valor

econômico, valor funcional e o valor científico e educativo, sempre prevalecendo o uso

sustentável desses valores, integrado com a importância da geodiversidade que estes

apresentam.

REFERÊNCIAS

BRILHA J.B.R. Patrimônio geológico e geoconservação: a conservação da natureza

na sua vertente geológica. São Paulo: Palimage, 2005.

BUREK, C. V. e PROSSER, C. D. (eds). The History of Geoconservation. The

Geological Society,London, Special Publications, Londres, 2008.

PEREIRA, R.F; BRILHA, J.B.R. Proposta de quantificação do patrimônio geológico da

Chapada Diamantina (Bahia-Brasil). Geosciences on line journal. Portugal, v.18, n.08,

2010.

SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL (CPRM). Projeto Geoparques. 2006.

Disponível em: http://www.unb.br/ig/sigep/destaques/PROJETO_GEOPARQUES.pdf .

Acesso em: 09 mar. 2013.

SHARPLES, C. Concepts and principles of geoconservation. Published electronically

on the Tasmanin Parks & Wildlife Service web site. 3. ed. Set, 2002.

UNESCO – Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura.

Disponível em: www.visites.und.br/ig/sigep. Acesso em: agosto, 2013.

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IMPACTOS AMBIENTAIS DA ATIVIDADE EXTRATIVA DE MASSÁRA EM

TERESINA – PIAUÍ

Bartira Araújo da Silva VIANA

Professora Doutora de Geografia da UFPI

[email protected]

Cristiane Valéria de OLIVIEIRA

Orientadora: Professora da UFMG

[email protected]

RESUMO

O trabalho objetiva caracterizar os impactos ambientais decorrentes da atividade extrativa de

massará desenvolvida em Teresina e adjacências. A expansão urbana dessa capital nas últimas

décadas motivou uma maior exploração de minerais como o massará, ampliando essa atividade

e, também, provocando impactos ambientais. Foram utilizadas, como base da pesquisa,

diferentes fontes bibliográficas sobre a temática. Além disso, foram realizados entrevistas,

aplicados questionários e observações in locu dos diferentes impactos ambientais associados à

essa atividade antrópica. Constatou-se que os impactos ambientais positivos são de natureza

socioeconômica, e estão relacionados à geração de emprego e renda e ao abastecimento da

cidade com materiais essenciais para a construção civil. Os impactos negativos são

representados pelos desmatamentos, processos erosivos, escorregamentos e queda de blocos das

encostas dos morros, assim como o carreamento de material para os rios, córregos e lagoas, e

alteração da drenagem local. Os impactos da mineração em área urbana estão relacionados,

portanto, ao alto grau de ocupação, que são agravados, em razão da proximidade entre as áreas

mineradas e as áreas habitadas. Assim, pelo exposto, percebe-se que a possibilidade de

exploração mineral na capital piauiense está sendo cada vez mais limitada devido a uma

extração predatória desses recursos naturais e, também, em decorrência da expansão horizontal

da cidade, ou seja, pela construção de grandes conjuntos habitacionais pelo poder público.

Palavras-Chave: Massará. Expansão urbana. Impactos ambientais.

INTRODUÇÃO

A configuração espacial urbana de Teresina adquiriu nova expansão a partir da

década de 1970, através dos fluxos migratórios, da intensificação da política

habitacional e da modernização do sistema viário. Essa expansão pode ser expressa pelo

crescimento da população urbana, que triplicou entre as décadas de 1970 e 1990,

passando de um total de 181.062 habitantes para 555.985 e quase quadruplicou entre a

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década de 1970 e o ano 2000, passando a corresponder a 677.470 habitantes

(TERESINA, 2002). No ano de 2010, o município de Teresina contava com 814.439

habitantes, sendo 767.777 pessoas vivendo na zona urbana (IBGE, 2010).

A expansão acelerada da área urbana de Teresina deve-se ao crescimento

natural, associado aos elevados contingentes de imigrantes. Estes são oriundos tanto da

zona rural, quanto de outras cidades piauienses, além de estados como Maranhão, Ceará

e outros, atraídos pelo desenvolvimento e pela adoção de inovações tecnológicas e,

principalmente, pelos serviços de educação e saúde oferecidos na capital piauiense

(FAÇANHA, 1998).

A grande expansão urbana das últimas décadas trouxe, como efeito colateral, o

aumento da utilização do “massará” como matéria-prima em construções. Portanto, o

crescimento populacional e o aumento das taxas de desenvolvimento urbano impõem a

maior necessidade de consumo desses materiais presentes em Teresina e em áreas de

seu entorno gerando impactos ambientais.

DESENVOLVIMENTO

Fundamentação Teórica

Conforme a Norma Brasileira (NBR) ISO 14001 (ABNT, 2004, p. 2), impacto

ambiental “é qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte,

no todo ou em parte, dos aspectos ambientais de uma organização”. Assim, as alterações

no ambiente causadas por atividades antrópicas podem ser negativas, quando

destruidoras ou degradadoras dos recursos naturais, ou positivas, quando regeneradoras

de áreas e/ou funções naturais anteriormente destruídas.

Com o intuito de tentar explicitar a dinâmica espaço-temporal, La Rovere (2001)

enfatiza as classificações de impacto ambiental. Eis as classificações: a) impactos

diretos (ou primários) e indiretos (ou secundários), que consistem na alteração de

determinados aspectos ambientais por ação do homem, sendo de mais fácil

identificação; b) impactos de curto e longo prazo, sendo que impactos ambientais de

curto prazo ocorrem normalmente logo após a realização da ação, podendo até

desaparecer em seguida. c) impactos reversíveis e irreversíveis, em que está em jogo o

caráter reversível ou não das alterações provocadas sobre o meio; d) impactos

cumulativos e sinérgicos, que consideram a acumulação no tempo e no espaço de efeitos

sobre o meio ambiente.

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Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

“O impacto ambiental não é, obviamente, só resultado (de uma determinada

ação realizada sobre o ambiente): é relação (de mudanças sociais e ecológicas em

movimento)”. (COELHO, 2004, p. 25). Dessa forma, tomando como base essas

definições, constata-se, nas áreas de extração mineral de materiais voltados para a

construção civil em Teresina, a exemplo do massará, a ocorrência de impactos

ambientais positivos e negativos de natureza física e socioeconômica.

O massará é um termo regional, conhecido, apenas na região de Teresina, sendo

que esta expressão serve para definir um sedimento conglomerático de cores e coloração

variadas, creme, vinho, rosa, esbranquiçada, amarelada, arroxada e avermelhada, com

matriz areno-argilosa, média a grosseira e, até conglomerático, ligante, de pouca

consistência, facilmente desagregável (friável), contendo seixos brancos de sílica bem

arredondados (CORREIA FILHO; MOITA, 1997).

Metodologia

Foram utilizadas, como base da pesquisa, diferentes fontes bibliográficas sobre a

temática. Além disso, foram realizados entrevistas, aplicados questionários e

observações in locu dos diferentes impactos ambientais associados à essa atividade

antrópica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O estudo se desenvolveu a partir da análise da atividade extrativa mineral

desenvolvida em Teresina e adjacências. Nesta, constatou-se a ocorrência de impactos

ambientais benéficos e adversos, diretos e indiretos, de curto e longo prazo, reversíveis

e irreversíveis, presentes no meio físico, biótico e antrópico da capital. Estes estão bem

visíveis na paisagem urbana, especialmente na direção dos vetores espaciais de

crescimento Norte e Sul da cidade, assim como no vetor Oeste, em Timon (MA), pois o

desenvolvimento de uma cidade impacta o crescimento dos espaços urbanos localizados

no entorno da área metropolitana.

Os aspectos benéficos, geradores de impactos diretos, se relacionam à geração

de empregos, ao aumento da renda municipal e ao índice de desenvolvimento da região,

assim como ao abastecimento da cidade com materiais essenciais a um preço razoável.

O crescimento da cidade sobre as jazidas de massará pode ser considerado, sob outra

perspectiva, como um aspecto positivo, devido à preservação desse material, pois o

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mesmo não poderá mais ser explorado.

Em contrapartida, os impactos negativos, em sua maioria considerados impactos

diretos e de curto prazo, decorrem de diversas alterações ambientais, como a poluição

do ar e das águas; as vibrações e ruídos; impactos visuais e o desconforto ambiental.

Também são gerados conflitos devido ao uso irregular do solo, à depreciação de

imóveis circunvizinhos e aos transtornos causados ao tráfego urbano.

A atividade extrativa mineral de materiais para construção civil também

colabora para a geração de áreas degradadas, em decorrência dos desmatamentos, dos

processos erosivos, dos escorregamentos e queda de blocos das encostas dos morros,

assim como contribui para o carreamento de material para os rios, córregos e lagoas, e

para a alteração da drenagem local, sendo esses considerados impactos diretos e de

longo prazo.

O esgotamento das jazidas de massará impacta negativa e irreversivelmente, pois

a população de baixa renda não terá mais como usar o massará para reduzir os custos de

construção. Importante frisar que os grandes conjuntos habitacionais construídos pelo

poder público também utilizam massará. Dessa forma, o esgotamento das reservas

existentes torna-se um aspecto preocupante, assim como a construção de casas em áreas

sedimentares, com material altamente friável.

Os impactos da mineração em área urbana estão relacionados, portanto, ao alto

grau de ocupação, que são agravados, em razão da proximidade entre as áreas

mineradas e as áreas habitadas. Esse fato decorre também das ações dos agentes

públicos e privados ao realizarem empreendimentos de grande porte, a exemplo dos

Conjuntos habitacionais e dos Condomínios horizontais de alto padrão,

respectivamente, no limite do urbano com o rural, ou seja, na franja urbana,

contribuindo para o espraiamento da malha e para a especulação imobiliária.

CONCLUSÃO

A partir do exposto, conclui-se que a mineração, importante setor da setor da

economia local, propicia muitos benefícios na área de habitação, infraestrutura e

emprego. Mas é preciso, também, que se dê especial atenção aos impactos ambientais,

gerados pela retirada de minerais para a construção civil, pois se percebe que a

possibilidade de exploração mineral na capital piauiense está sendo cada vez mais

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limitada devido a uma extração predatória desses recursos naturais e, também, em

decorrência da expansão horizontal da cidade, ou seja, pela construção de grandes

conjuntos habitacionais pelo poder público.

REFERENCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NRBR ISO

14001. 2004. Disponível em: <http://www. qsp.org.br/pdf./o_que_mudou_iso

14001.pdf.>. Acesso em: 17 dez. 2006.

COELHO, Maria Célia Nunes. Impactos ambientais em áreas urbanas – teorias,

conceitos e métodos de pesquisa. In: GUERRA, Antonio José Teixeira; CUNHA,

Sandra Baptista da (Org.). Impactos ambientais urbanos no Brasil. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil, 2004. p. 19 – 45.

CORREIA FILHO, Francisco Lages; MOITA, José Henrique A. Projeto Avaliação de

Depósitos Minerais para Construção Civil PI/MA. Teresina: CPRM, 1997. 2 v.

FAÇANHA, Antonio Cardoso. A evolução urbana de Teresina: agentes, processos e

formas espaciais. 1998. 233f. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade

Federal de Pernambuco, Recife, 1998.

IBGE. Censo 2010. 2010. Disponível em:

http://www.censo2010.ibge.gov.br/dados_divulgados/index.php?uf=22. Acesso em: 04

abr. 2011.

LA ROVERE, Emilio Lèbre. Instrumentos de planejamento e gestão ambiental para

a Amazônia, cerrado e pantanal: demandas e propostas: metodologia de avaliação de

impacto ambiental. Brasília : Ed. IBAMA, 2001. (Série Meio Ambiente em debate; 37).

TERESINA, Prefeitura Municipal. Teresina Agenda 2015: plano de desenvolvimento

sustentável. Teresina: PMT: Conselho Estratégico de Teresina, 2002.

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IMPORTÂNCIA DA CRIAÇÃO DE PARQUES DE LAZER PARA O

DESENVOLVIMENTO LOCAL

Maria Tércia Oliveira dos SANTOS

Graduanda do Curso de Bacharelado em Turismo da UESPI

[email protected]

Tiago Caminha de LIMA

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO O presente trabalho discute sobre a importância da implantação de parques de lazer de uso

público como alternativa de desenvolvimento local. Destacando como estudo o Parque Lagoas

do Norte, localizado na zona norte de Teresina – Piauí. Inaugurado no ano de 2010, o referido

Parque apresentou uma grande oportunidade para o desenvolvimento da região, pois além de

contribuir para uma melhor qualidade de vida da comunidade do seu entorno, através de obras

de saneamento básico e infraestruturas adequadas, favoreceu também opções para a geração de

renda da comunidade, visto que após a inauguração, recebeu muitos visitantes colocando-o

como o mais novo ponto turístico da cidade. O objetivo deste trabalho foi analisar a importância

da criação de parques de lazer para o desenvolvimento local, com ênfase no Parque Lagoas do

Norte. De caráter exploratório esta investigação empregou como procedimentos metodológicos

a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo. Os resultados encontrados indicaram que o parque

além de proporcionar lazer também é gerador de renda para a comunidade, que nele desenvolve

atividades comerciais. Destaca-se ainda o fato de que, ainda em obra, o parque já está se

tornando esquecido pela população teresinense, o que pode prejudicar os empreendimentos

estabelecidos no seu entorno pela comunidade. Também se evidencia a falta de planejamento

adequado na implementação do parque, bem como a necessidade de conservação e manutenção

de sua boa imagem e o desenvolvimento de políticas de gestão participativa envolvendo a

comunidade local para melhorias e novas oportunidades econômicas.

Palavras Chave: Lagoas do Norte, Desenvolvimento local. Comunidade local.

INTRODUÇÃO

A área escolhida para o estudo foi o Parque Lagoas do Norte, localizado na zona

norte de Teresina, e se trata de uma opção de visitação dos teresinenses como também

uma nova alternativa para os turistas que chegam a Teresina. Muitos comerciantes e

ambulantes que montaram seus negócios com o objetivo de obter renda a partir da

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implantação do parque encontram-se agora desanimados pela falta de atividades que

favoreçam ao aumento dos fluxos de visitantes no local.

Sabe-se que grandes espaços de lazer quando bem estruturados para a atividade

turística, exigem a participação da comunidade bem como da relação entre os órgãos

interinstitucionais nesse processo. Dessa forma eles serão capazes de gerar benefícios

para a comunidade na qual está inserido, benefícios esses econômicos, sociais e

culturais, favorecendo de forma ampla para o desenvolvimento local. Esse artigo tem

por finalidade apresentar os resultados obtidos durante a pesquisa que trata sobre a

importância de parques de uso público através do lazer e aliado a expectativa da

prestação dos serviços turísticos como possibilidade de desenvolvimento local.

Dessa forma, este artigo possui como objetivo a análise da importância da criação

de parques de lazer para o desenvolvimento local, a partir do Parque Lagoas do Norte.

Além de analisar a perspectiva da comunidade em relação à criação do Parque;

identificar as atividades econômicas desenvolvidas a partir da inauguração do mesmo;

levantar os impactos econômicos a partir da visitação de pessoas ao atrativo; e por fim,

sugerir propostas para o incremento da economia local.

Metodologicamente a pesquisa teve caráter exploratório, realizada no parque,

onde foram utilizados métodos quantitativos e qualitativos para identificação dos

impactos econômicos que a estruturação do parque trouxe a comunidade que vive no

seu entorno. No primeiro momento foram feitas pesquisas bibliográficas através de

livros e artigos referentes ao lazer, geografia dos espaços turísticos, economia e turismo.

Fez-se também pesquisa de campo com coleta de dados através da aplicação de

questionários junto aos moradores proprietários de empreendimentos do local,

totalizando cerca de 60, que constituiu a população do estudo. Desta população

selecionou-se uma amostra aleatória de 30 moradores, na qual todos tiveram a

possibilidade de participar da pesquisa, correspondendo aproximadamente a 50 % do

total.

ESPAÇO URBANO: DESENVOLVIMENTO E LAZER

Sabe-se que com as mudanças ocorridas após a revolução industrial no século

XVIII, como a conquista do tempo livre, diminuição das jornadas de trabalho, direito a

férias e outros fatores, contribuíram também para o direito ao lazer.

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Castro (2002, p.101), destaca que “o lazer esta ligado ao contexto social e cultural

de forma intrínseca; o lazer é definido pelo tempo e pelo espaço em que acontece o fato

ou por outros aspectos configuracionais, com destaque para o conteúdo cultural”.

Entende-se por lazer uma atividade não obrigatória voltada para a busca do prazer

onde o indivíduo tem liberdade para fazer e realizar o que gosta. E a principio essa

busca pelo prazer começou através da utilização de espaços. Para Stucchi (2001, p. 105)

os espaços, culturalmente, são dados para que as pessoas possam

exercer seus comportamentos de acordo com os movimentos

produtivos, dependendo das suas condições físicas, mentais e sociais,

para que dessa forma elas possam aprender e racionar o espaço,

relacionar-se e se movimentar, para uma linha de produção dentro de

um sistema.

O autor trata dos espaços de forma em geral, destacando que qualquer tipo de

intervenção das pessoas no espaço seja no espaço de trabalho ou no espaço de lazer

refere-se aos tipos de comportamentos e a forma de viver de cada pessoa. Os espaços de

lazer hoje, principalmente os urbanos estão cada vez mais diversificados.

Na visão do turismo os parques são vistos como um ambiente de consumo onde

envolve diversos fatores sejam eles culturais, sociais e econômicos. E todos esses

fatores quando bem planejados são capazes de contribuir para o desenvolvimento do

local onde está inserido. Dessa forma, pode-se introduzir que desenvolvimento local

que, segundo Coriolano (2012, p.64):

É aquele realizado dentro de pequenos lugares e de forma participativa

onde a comunidade possua autonomia para explorar seus próprios

recursos territoriais e que estes sejam capazes de gerar mudanças

socioestruturais beneficiando a todos os envolvidos.

A autora destaca a comunidade como o principal agente no processo de

desenvolvimento e também prioriza a questão das relações interpessoais e entre

instituições que juntos devem trabalhar como conseguir benefícios com vista na

coletividade.

Logo, os parques se constituem em significativo recurso disponível que pode ser

utilizado para o desenvolvimento através de empreendimentos que visem à geração de

emprego e renda para a comunidade local, destacando a questão do desenvolvimento

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econômico que o parque pode proporcionar a comunidade do entorno do parque lagoas

do norte.

No turismo a demanda turística é a grande propulsora de desenvolvimento

econômico de um atrativo. Pois como os parques constituem um espaço de consumo ou

conduzem ao consumo de outras atividades. O fluxo de turistas a um atrativo permitem

gastos dos mais variados, pois além do próprio consumo de equipamentos de lazer, os

visitantes ainda gastam com outros setores produtivos como transporte, alimentação e

outros.

Muitos turistas que frequentam Teresina, principalmente os que formam o

segmento de turismo de negócios e eventos são os que mais costumam gastar com o

turismo na cidade, pois além desses gastos pré-estabelecidos com o negócio em que ele

veio a realizar na cidade eles ainda buscam consumir equipamentos de lazer, isso

favorece para entrada de divisas no município.

PARQUE LAGOAS DO NORTE: LAZER E DESENVOLVIMENTO LOCAL

Visando a análise da importância do parque em estudo como espaço de lazer em

Teresina, realizaram-se entrevistas junto à comunidade, cujos resultados ora se

apresentam.

Em relação aos benefícios trazidos pelo parque a maioria dos entrevistados

concordou que o parque trouxe benefícios para a comunidade. Porém esses benefícios

referem-se mais a questão de saneamento básico, melhor qualidade de vida, melhor

infraestrutura, acessos, do que para a questão de benefícios econômicos. Quanto a estes

últimos, o parque só trouxe nos primeiros meses de inauguração, pois se tornou

esquecido e, muitos moradores que possuem empreendimentos no local, estão pensando

em fechá-los por falta de visitantes.

Quanto à realização de atividades todos o fazem, sendo possível observar que a

maioria dos empreendimentos turísticos montados no local refere-se ao ramo

alimentício como bares, comércios, sorveterias, lanchonetes e outros.

No que se refere aos problemas que existem na área foi colocado como os

principais a questão dos assaltos e da presença de usuários de drogas no local, que tem

contribuído, segundo os moradores, para o afastamento dos visitantes do parque. Este

aspecto levanta a necessidade de um policiamento que propicie um maior conforto e

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segurança para quem deseja visitar o parque, bem como também para os próprios

moradores da região.

No quesito sobre sugestões pela comunidade que vive no entorno do parque,

foram abordados temas como a necessidade de atrações noturnas, a legalização dos

vendedores ambulantes que favoreça melhores condições para a venda de produtos e

serviços no parque, a existência de cursos de profissionalização dos moradores que

possuem empreendimentos no local. Houve ainda a sugestão de um restaurante

flutuante nas lagoas com o objetivo de gerar mais renda e emprego para a população

local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa realizada indicou que alem de ser utilizado para o lazer, o Parque

Lagoas do Norte constitui-se também como fonte de renda para a população local. No

entanto, ainda encontra-se em fase de obras e já está se tornando esquecido pela

população teresinense colocando em risco os empreendimentos que foram estabelecidos

no seu entorno pela comunidade.

Neste sentido é necessário, destacar a inexistência de um planejamento adequado

em sua implementação e a necessidade de conservação e manutenção da boa imagem do

parque para a expansão dos fluxos turísticos no local. Além disso, indica-se ser

relevante o desenvolvimento de políticas que trabalhe na forma de gestão participativa

com a comunidade local buscando melhorias e novas oportunidades econômicas para a

área.

REFERÊNCIAS

CASTRO, Celso Antonio Pinheiro de. Sociologia aplicada ao turismo. São Paulo:

Atlas, 2002.

CORIOLANO, Luiza Neide. A contribuição do turismo no desenvolvimento local. In:

PORTUGUEZ, Anderson Pereira, SEABRA, Giovanni de Farias; QUEIROZ, Odaléia

Telles M. M. (Orgs.) Turismo, espaço e estratégia de desenvolvimento local. João

Pessoa: EDUFPB, 2012.

STUCCHI, Sérgio. Espaços e equipamentos de recreação e lazer. In: BRUHNS, Heloisa

Turini. Introdução aos estudos do lazer. Campinas: UNICAMP, 2001.

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MAPEAMENTO TEMÁTICO DA ERODIBILIDADE DAS ASSOCIAÇÕES DE

SOLOS, DA PRECIPITAÇÃO MÉDIA ANUAL E DA VEGETAÇÃO DO

ESTADO DO PIAUÍ COM O USO DA CARTOGRAFIA DIGITAL

Rafael Magno Batista LIMA

Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia UFPI [email protected]

Cláudia Maria Sabóia de AQUINO

Prof.ª Drª do Departamento de História e Geografia da UFPI [email protected]

Resumo Esta pesquisa é uma atividade de iniciação científica voluntária – ICV sobre orientação da Profª

Dr. Claudia Maria Saboia de Aquino e apresenta como tema central o mapeamento temático da

erodibilidade das associações de solos, da precipitação média anual e da vegetação do estado do

Piauí com o uso da cartografia digital. O seguinte relatório busca apresentar informações

referentes a pesquisa em questão, buscando-se mostrar os dados que aqui foram levantados e

que levaram ao desenvolvimento da mesma. Inicia-se com um levantamento geral sobre os SIGs

e sua aplicação. Em seguida é feito mapeamentos do Estado do Piauí referente as associações de

solos, precipitação e vegetação, no intuito de determinar o nível de erodibilidade dos solos do

Estado, relacionando tal informações foi possível demonstrar a eficácia dos SIGs como suporte

ao planejamento conservacionista e para o uso sustentável das terras do Estado. Palavras-chaves: SIGs; Potencial de Erodibilidade; Clima; Vegetação; Planejamento.

INTRODUÇÃO

A necessidade de informações relativa a estudos geográficos específicos, à exemplo

do monitoramento dos recursos naturais renováveis ou não, impõem o uso das tecnologias de

forma a responder e atender a tais necessidades, BRITTO (2009). Ainda de acordo com a

autora, o geoprocessamento vem nesse contexto, como um conjunto de tecnologias para

processamento de dados geográficos, que permite uma visão espacial dos fenômenos e do

espaço de forma privilegiada, possibilitando o mapeamento e a observação geográfica,

facilitando e dando apoio a tais exigências. Neste contexto as ferramentas relativas a cartografia

digital e a geoprocessamento constituem importantes instrumentos que permitem a

espacialização e análise de atributos físicos e sociais.

O presente trabalho objetivou a espacialização do fator erodibilidade das associações

de solos presentes no Estado do Piauí. Posterior a esta espacialização foram realizadas análises

dos níveis de erodibilidade com dados relativos à precipitação e a cobertura vegetal, como

forma de auxiliar nas tomada de decisões, relativas ao uso e ocupação das Terras do Estado.

Metodologia

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Fora realizado trabalho de gabinete com o emprego dos softwares CartaLinx e Idrisi

32.2. No CartaLinx foi realizado todo o processo de vetorização partindo de mapas de

associações de solo, mapa de clima e fitogeográfico previamente digitalizados (escaneados).

Depois de vetorizados os dados foram exportados para o programa Idrisi 32.2, onde foram

transformados em matriz raster. Por fim uma analise comparativa entre os valores de

erodibilidade, da distribuição da precipitação e da vegetação no Estado, é realizada a fim de

identificar relações existentes entre os referidos mapas.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Associações de solos

Métodos indiretos a partir do uso de Equações foram utilizados por Sousa (2012) para

determinar o valor K das 162 associações de solos piauienses, mapeadas por Jacomine (1986).

Os 162 valores que expressam as diferentes associações de solos, presente no Estado, foram

substituídos por um conjunto de seis novos valores, variando de 1 a 6 e que são representativos

do grau/nível de erodibilidade (K) das associações de solos do Estado, estes variando entre

muito baixa (< 0,009), baixa (0,0090 a 0,0150), média (0,0150 a 0,300), alta (0,0300 a 0,0450),

muito alta (0,0450 a 0,0600), e extremamente alta (.>0,0600), unidade Ton.ha.h/ ha.MJ.mm..

Onde não foi identificada nenhuma classe “Muito Baixa”. A Área Urbana

representada no mapa é a capital do Estado, a cidade de Teresina corresponde a 0,01% da área

analisada e os espelhos d‟água apresentados correspondem a 0,17%. A classe Baixa ocupa

0,71% do território piauiense. As Classes Média e Alta distribuem-se de forma descontínua em

todo o Estado e ocupam 94,57% da área de estudo. As Classes Muito Alta e Extremamente Alta

fazem um total de 4,54% da área de estudo. O predomínio na área de estudo das Classes Média

e Alta (94,57%) exige que sejam empreendidas medidas de uso racional das terras do Estado.

Precipitação

Utilizando dados disponíveis em SUDENE (1990), foram geradas a partir da

interpolação de dados isolinhas. A média anual de precipitação do Estado é bem variada e meio

que segue uma linha crescente partindo de valores menores que 500 mm/ano situados nas áreas

sudeste do Estado e chegando a valores maiores que 1700 mm/ano na porção noroeste.

Correspondendo estas duas classes a 2,67% e 0,50% do território respectivamente. Valores

variando entre > 500 e 901-1100 correspondem a 67,66 % do território do Estado. Estes valores

ocorrem na região do semiárido piauiense. Há predominância no Estado de valores de

precipitação de 1101-1300 mm/ano. Esta classe ocupa 21,23%. Os valores de precipitação

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superiores têm participações menores, onde, 1301-1500 mm/ano equivale a 6,94%, 1501-1700

mm/ano representa 3,67% e por último os valores acima de 1700 mm/ano ocorrem em apenas

de 0,50% do território.

Nas regiões semiáridas a baixa precipitação, concentrada no tempo e no espaço, é

responsável pela ocorrência de solos rasos, pedregosos e uma vegetação com característica de

caducifólia. Resultando numa fragilidade natural a degradação.

Vegetação

As diferentes condições pedológicas e climáticas na área de estudo resultam em uma

diversidade de fisionomias vegetacionais, a saber: Caatinga Arbustiva (Eu), Caatinga Arbórea

(Ea), Faixa de contato: Cerrado/Caatinga (SEm), Campo Cerrado (Sr), Cerradão (Sc), Parque

Cerrado (Sp), Florestas: Decidual, Secundária e Decidual. Secundária. Latifoliada (Fsl),

Agropecuária (Ap), Floresta: Babaçual (Fsb), Faixa de contato: Caatinga/Cerrado e

Caatinga/Floresta (FSm/SEm), Parque Caatinga (Ep), Florestas: Decidual Secundária e

Decidual Secundária Mista (Fsm), Formação Pioneira: Dunas (Dn), Mangues (Pm,), Restinga

(Pr). Sendo nítida a predominância da formação vegetacional do tipo cerrado. Onde esta ocupa

55,87 % do território, variando em campo cerrado (Sr), ecossistema de maior participação no

território, bem distribuído (áreas secas e úmidas); cerradão (Sc), concentrasse principalmente na

porção nordeste, sendo que os valores de suscetibilidade erosiva variam de média, alta e muito

alta; os cerrados parques (Sp), distribuem-se na parte noroeste e sudoeste do Estado, com

precipitação variando de 1101 e 1700 mm/ano. O potencial de erodibilidade das associações de

solos varia entre médio e alto.

A caatinga ocupa 34,73 % do território piauiense, segmentada em fitos fisionomais, a

saber: i) caatinga arbustiva (Eu), ii) arbórea (Ea) e iii) parques (Ep). A caatinga arbustiva (Eu)

encontrasse distribuída nas porções sul, sudeste e nordeste do Estado em áreas de média

suscetibilidade natural à erosão. Outro ecossistema encontrado, é o das áreas florestais, estes

ocupam 4,29 % do território piauiense, variando entre babaçual (Fsb), floresta decidual,

secundária e decidual secundária latifoliada (Fsl) e mista (Fsm). As áreas ocupadas pelas

formações pioneiras correspondem a 0,82 % variando entre mangues, dunas e restingas,

localizadas exclusivamente na parte norte do território (litoral).

CONCLUSÕES

Para CARVALHO et al. (2010) a ocupação de áreas sem o conhecimento prévio de

suas suscetibilidades e restrições de uso, podem gerar desequilíbrio ao ambiente natural,

acarretando muitas vezes, em prejuízo ambiental e social. Por essa razão esse conhecimento

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prévio serve para auxiliar no ordenamento do uso, ocupação e gestão sustentável dos sistemas

ambientais. Tal afirmativa ressalta a necessidade de levantamentos/diagnósticos preliminares

acerca de características geoambientais dos diferentes ambientes, a exemplo do aqui proposto.

Por fim, a presença de cobertura vegetal de caatinga em significativa parte do Estado,

típica de ambientes frágeis climaticamente a exemplo semiárido piauiense, o desenvolvimento

de atividades agropecuárias, distribuídas por todo o território, mas, concentrando-se, sobretudo

próximo aos cursos dos rios, sendo que estas áreas apresentam um potencial de erodibilidade

principalmente alto. Todos esses fatores aliados a uma predisposição dos solos à erosão e

somado ao uso inadequado da terra, amplia a possibilidade de degradação destes ambientes.

Visto isso, é notória a importância das técnicas de geoprocessamento no sentido de

permitir a espacialização de diferentes temas, a exemplo: da erodibilidade, da distribuição

climática e vegetacional do Estado. A elaboração destes mapas temáticos aliada a análises

integradas dos mesmos constituem-se ferramentas importantes para o planejamento

conservacionista e para o uso sustentável das terras do Estado.

REFERÊNCIAS

BRITTO, D. A.. A contribuição do geoprocessamento para o estudo de bacias hidrográficas:

aplicações no baixo curso do Rio Pojuca - BA. Salvador, 2009. CARVALHO, E. M. de; PINTO S. dos A. F.; SEPE P. M.; ROSSETTI, L. A. F. G. Utili- zação

do geoprocessamento para avaliação de riscos de erosão do solo em uma bacia hidrográfica:

estudo de caso da bacia do Rio Passa Cinco/SP. In: III Simpósio Brasileiro de Ciências

Geodésicas e Tecnologias da Geoinformação. Recife – PE, 2010. JACOMINE, P.K.T. et al.. Levantamento exploratório – reconhecimento de solos do Estado do

Piauí. Rio de Janeiro. EMBRAPA-SNLCS/SUDENE-DRN. 1986. SOUSA, E. C. de. Estimativa da erodibilidade das associações de solos piauienses. Teresina,

2012.

SUDENE. Dados pluviométricos mensais do Nordeste: Piauí. Recife, 1990. 236p.

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O PROCESSO DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL DO RIO PARNAÍBA NO

TRECHO URBANO CENTRO ADMINISTRATIVO – IATE CLUBE, EM

TERESINA, PI

Caroline da Silva MATEUS

Graduanda do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI

[email protected]

Karoline Veloso RIBEIRO

Graduanda do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI.

[email protected]

Raimundo Lenilde de ARAÚJO

Professor doutor do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI.

[email protected]

Universidade Federal do Piauí – UFPI. Campus Petrônio Portela.

RESUMO

Atualmente as preocupações com a degradação tornam urgente a compreensão da temática

ambiental. O índice de consumo e a conseqüente industrialização esgotam ao longo do tempo os

recursos da terra, que levaram milhões de anos para se compor. Muitos desastres naturais são

causados pela ação do homem no meio ambiente. É importante haver um processo participativo

e sustentável, cada um fazendo a sua parte e respeitando o ciclo de cada ser existente no planeta.

(BERRY, 1991). As discussões sobre os problemas ambientais apontam visões diferentes

quanto às suas causas. Na perspectiva do desenvolvimento sustentável, a principal ameaça ao

ambiente não é o crescimento demográfico, mas o alto padrão de consumo das sociedades.

Palavras Chaves: Degradação; Consumo; Sustentabilidade; Desenvolvimento;

OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa foi analisar e apresentar a situação de

degradação ambiental do rio Parnaíba em Teresina-Pi, no trecho urbano compreendido

entre o centro administrativo e Iate Clube da mesma cidade. Como objetivos específicos

foram estabelecidos: a) Conhecer o histórico de degradação da área; b) Analisar a

aplicabilidade das políticas públicas na resolução dos problemas ambientais na pesquisa

detectados; c) Identificar os principais impactos ambientais na localidade.

INTRODUÇÃO

As sociedades humanas se estabeleceram durante um longo tempo de sua

história em margens de rios ou nas proximidades de reservas que lhe proporcionassem

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água para sua sobrevivência, além de servir como via de transporte e de escoamento de

resíduos e fonte de irrigação e energia para o desenvolvimento da atividade industrial.

Atualmente as preocupações com a degradação tornam urgente a compreensão

da temática ambiental. O índice de consumo e a conseqüente industrialização esgotam

ao longo do tempo os recursos da terra, que levaram milhões de anos para se compor.

Muitos desastres naturais são causados pela ação do homem no meio ambiente. É

importante haver um processo participativo e sustentável, cada um fazendo a sua parte e

respeitando o ciclo de cada ser existente no planeta. (BERRY, 1991).

Com o crescimento industrial, o uso intensivo e inadequado dos recursos

naturais resultou no aumento dos impactos em todas as esferas terrestres: hidrosfera,

atmosfera, litosfera e biosfera. À medida que a tecnologia se desenvolvia, também

crescia a capacidade de consumir, desperdiçar e poluir da população.

Para Araújo (2008), grande parte dos danos ambientais que ocorrem na

superfície terrestre está situada nas bacias hidrográficas. Nesse sentido, é preciso

conhecer a sua formação, constituição e dinâmica, para que as obras de recuperação não

sejam temporárias e sem grande eficácia.

Com relação a esse contexto essa pesquisa aborda um estudo sobre o processo de

degradação ambiental do rio Parnaíba, em Teresina-PI, tendo como área de pesquisa o

trecho urbano centro administrativo – Iate Clube da mesma Capital, Teresina.

O estudo foi realizado por meio da observação de um trecho do rio, que passa

por um intenso processo de degradação ambiental, e pela sua grande importância para o

estado do Piauí.

METODOLOGIA

Na elaboração dessa pesquisa empregaram-se procedimentos e abordagens

descritivas e qualitativas como estudos bibliográficos, para uma melhor apresentação e

compreensão da temática, além de um contato direto dos pesquisadores com o ambiente

em questão. Na aquisição das informações cruciais desta análise foram utilizados os

procedimentos de visitas ao local de estudo, na obtenção de fotos e informações e

observação in loco. Para que com isso, fosse possível o desenvolvimento de um

diagnóstico participativo, com as opiniões do grupo de lavadores de carro que trabalham

às margens do rio no trecho pesquisado.

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RESULTADOS OBTIDOS

A ocupação humana crescente e desordenada em torno das bacias hidrográficas

coloca desafios para o profissional da área de degradação ambiental. Conforme a

urbanização acontece, as mudanças na hidrologia natural na área tornam-se inevitáveis

(SCHUELER, 1995, apud ARAÚJO, ALMEIDA e GUERRA, 2005).

O rio Parnaíba, nosso objeto de estudo, desempenha um importante papel na

identidade e na vida do Teresinense. As constantes agressões ao mesmo nos levam a

repensar a ação da sociedade sobre sua utilização como um fator econômico. Ao tempo

em que essas ações geram impactos positivos, como emprego e renda, também geram

impactos socioambientais, a exemplo, o retorno ao rio, das águas - então contaminadas -

utilizadas na lavagem dos carros, às suas margens.

Portanto, cabem aos demais seguimentos da sociedade junto ao poder público

fiscalizar e cobrar dos órgãos gestores do meio ambiente, alternativas para diminuir o

impacto da atuação negativa dos agentes que poluem o rio.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A própria forma de divertimento do homem, ligada à sua insuficiente percepção

ambiental, faz com que os arredores fluviais sejam mais degradados por meio do

descarte de lixo em suas proximidades. Junto a isso, se somam os esgotos sem

tratamento que despejam materiais poluentes nas águas fluviais, o que se podem

estabelecer como causadores de problemas à saúde pública.

O desenvolvimento sustentável exige que as sociedades atendam às necessidades

humanas, tanto aumentando o potencial de produção quanto assegurando a todos as

mesmas oportunidades (BRUNDTLAND, 1991).

Com base nas observações foi possível compreender que as práticas de uma

parte da sociedade teresinense permanecem muito ligadas aos ecossistemas fluviais, e a

conservação destes locais exerce influência no abastecimento de água e na saúde em

geral. Entretanto, se torna necessária a constante utilização de políticas públicas que

tendam ao amparo de medidas de manutenção constante destas áreas. Para que com isso

haja a melhoria da qualidade de vida não só da sociedade que trabalha em suas margens,

mas também, da sociedade como um todo que depende em vários quesitos do mesmo

rio, como exemplo, o fornecimento de água realizado na cidade, que se abastece das

águas de tal localidade.

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REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Gustavo Henrique de Sousa; ALMEIDA, Josimar Ribeiro de; GUERRA,

Antonio José Teixeira.; Gestão Ambiental de áreas degradadas. – 3ª ed. – Rio de

Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

BERRY, Thomas. O Sonho da Terra. Petrópolis: Vozes, 1991.

BRUNDTLAND, Gro Harlem. Nosso futuro comum: Comissão Mundial Sobre Meio

Ambiente e Desenvolvimento. Rio de Janeiro: FGV, 1991. P. 47.

OLIVEIRA, L. N. Estudo da variabilidade sazonal da qualidade da água do Rio

Poti em Teresina e suas implicações na população local. Teresina, 2006. Dissertação

(Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento). Coordenadoria de Pós-Graduação,

Universidade Federal do Piauí.

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PARQUE AMBIENTAL FLORESTA FÓSSIL DE TERESINA: AÇÃO

ANTRÓPICA E SUA DESVALORIZAÇÃO

Kamila Keila de Sousa ROSA

Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UESPI

E-mail: [email protected]

Rafaela Santiago de MENEZES

Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UESPI

E-mail: [email protected]

José Egnaldo da Silva BELO

Especialização em Ciências Ambientais - Núcleo de Referência em Ciências Ambientais do Trópico

Ecotonal do Nordeste - TROPEN (UFPI)

E-mail: [email protected]

RESUMO O Parque Ambiental Floresta Fóssil de Teresina abriga um acervo paleontológico raro

possuindo valor cientifico imensurável e, assim, é visto como um patrimônio a ser preservado

para as futuras gerações. Esse trabalho tem como objetivo abordar as características históricas,

físicas e ambientais do Parque Ambiental Floresta Fóssil de Teresina, apresentando sua

importância como patrimônio ambiental e a necessidade de conservação. Levando em

consideração a ação antrópica, que tem contribuído para a degradação do Parque.

Palavras chave: Floresta Fóssil. Preservação. Conservação. Ações Antrópicas. Teresina.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como objeto de estudo o Parque Ambiental Floresta

Fóssil, que está localizado a margem direita e esquerda do rio Poti, dentro do perímetro

urbano de Teresina capital do estado do Piauí. O trabalho tem por justificativa

identificar os principais impactos ambientais no parque urbano Floresta Fóssil do Poti,

destacando a singularidade da fossilização e as condições físicas e ambientais do

mesmo, considerando a ação antropica e sua desvalorização.

Os procedimentos metodológicos adotados para a realização do trabalho foram:

Pesquisa, levantamento de referenciais bibliográficos. Em campo pode-se observar seus

agrupamentos de rochas fossilizadas, onde são expostas de forma vulnerável. Também

houve registros fotográficos e as anotações de acordo com o que foi visto.

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A área pesquisada está localizada espacialmente na cidade de Teresina no estado

do Piauí à margem direita e esquerda do rio Poti, entre os bairros dos Noivos e Ilhotas,

que abrange uma área de 9.000 m².

A formação deste sítio paleontológico envolveu provavelmente, um

soterramento muito rápido dos troncos, após este soterramento, segundo pesquisas já

realizada, as partes porosas dos troncos foram preenchidas por matéria mineral em

equilíbrio com o meio ambiente da época, tornando-os petrificados.

METODOLOGIA

Os procedimentos metodológicos adotados para a realização do trabalho foram:

Pesquisa, levantamento de referenciais bibliográficos. Em campo pode-se observar seus

agrupamentos de rochas fossilizadas, onde são expostas de forma vulnerável. Também

houve registros fotográficos e as anotações de acordo com o que foi visto.

CONHECENDO O PARQUE AMBIENTAL FLORESTA FOSSIL

O Parque Ambiental Floresta Fóssil é um sítio natural, datado do Paleozoico,

período Permiano, localizado em Teresina capital do Piauí, à margem direita e esquerda

do rio Poti, entre os bairros dos Noivos e Ilhotas. Abrange uma área de 9.000 m², onde

33 troncos fossilizados permanecem em posição de vida (SCABELO; SILVA; ROCHA;

ALENCAR; GOMES, 2010).

Os primeiros estudos sobre a Floresta Fóssil datam de 1909 quando Miguel

Arrojado Lisboa foi contratado, para realizar um levantamento geológico, pelo Instituto

Geológico Brasileiro. Durante este trabalho Lisboa localizou troncos petrificados em

várias áreas da capital, vestígios do que teria sido uma densa floresta. A formação deste

sítio paleontológico envolveu provavelmente, um soterramento muito rápido dos

troncos, após este soterramento, segundo pesquisas já realizada, as partes porosas dos

troncos foram preenchidas por matéria mineral em equilíbrio com o meio ambiente da

época, tornando-os petrificados (SCABELO; SILVA; ROCHA; ALENCAR; GOMES,

2010).

Em 08 de janeiro de 1993 foi criado através do Decreto Municipal 2.195 o

Parque Municipal Floresta Fóssil fruto da luta de estudiosos e ambientalistas. Em 2008

o Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional -

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IPHAN inscreveu a Floresta Fóssil no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e

Paisagístico, idealizando uma ação integrada de tombamento do patrimônio, aprovando

a proteção da Floresta Fóssil do Poti. Deste modo a Floresta Fóssil do Poti ficou

reconhecida pelo seu valor científico e paisagístico notadamente um patrimônio natural

situado dentro do perímetro urbano de Teresina (SCABELO; SILVA; ROCHA;

ALENCAR; GOMES, 2010).

Na esfera estadual a Lei nº 4.515 (09 de novembro de 1992) dispõe sobre a

proteção do Patrimônio Cultural do Estado do Piauí, aqui compreendidos os bens de

qualquer natureza, origem ou procedência, tais como: históricos, arquitetônicos,

ambientais, naturais, paisagísticos, arqueológicos, museológicos, etnográficos,

arquivísticas, bibliográficos, documentais ou quaisquer outros de interesse das

demais artes ou ciências. Os bens tombados, inclusive os do seu entorno e os que ainda

se sujeitam ao processo de tombamento, serão inspecionados, permanentemente, pelo

Departamento do Patrimônio Histórico, Artístico e Natural e pela Fundação Cultural do

Piauí FUNDAC.

O PARQUE FLORESTA FÓSSIL E OS IMPACTOS AMBIENTAIS

O Parque Ambiental Floresta Fóssil é um sítio natural, datado do Paleozoico,

período Permiano, durante esse período o território teresinense era ocupado por uma

densa floresta que passou pelo processo de fossilização.

A formação desse sítio envolveu provavelmente, um soterramento muito rápido

dos troncos. Após este soterramento, segundo pesquisas já realizada, as partes porosas

dos troncos foram preenchidas por matéria mineral em equilíbrio com o meio ambiente

da época, tornando-os petrificados.

A legislação fornece o amparo legal para proteção, preservação e conservação do

Parque Ambiental Floresta Fóssil, contudo o Parque vem sofrendo grande impacto

ambiental por parte do homem. De acordo com a ACIESP (1987) “toda e qualquer

atividade, natural ou antrópica, que produz alterações bruscas em todo meio ambiente

ou apenas em alguns de seus componentes (...)” é caracterizado como sendo impacto

ambiental. Nesse sentido analisamos especificamente as alterações ambientais

encontrados no Parque Ambiental Floresta Fóssil, decorrente das atividades

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socioeconômicas e culturais desenvolvidas nas proximidades do Parque, por estar

desprotegido vem sofrendo impacto direto.

Além dos impactos naturais com as cheias do Rio Poti e o clima quente de

Teresina o Parque também sofre intervenções antrópicas quanto ao seu uso e ocupação

de forma indevida, onde as margens do rio estão cada vez mais degradadas, o lixo é

notório podendo ser encontrado garrafas plásticas, vidros, ferros, resto de comidas

deixadas por pescadores, lavadeiras e banhistas que se utilizam do local para o lazer.

Destacando também as queimadas no período de estiagem, que resultam na destruição

da vegetação da margem do rio e o aquecimento das rochas fossilizadas causando

degradação e possível destruição do patrimônio, podendo causar sua extinção.

A Constituição deixa bem claro que a preservação é um direito de todo cidadão

para com o meio ambiente. Cabe ao poder publico preservar, por intermédio da

aplicação de legislação específica, bens de valor histórico, cultural, arquitetônico,

ambiental e também de valor afetivo para a população, impedindo que venham a ser

destruídos ou descaracterizados.

É importante que a sociedade tenha consciência da importância desse patrimônio

para conservar esse recurso natural, pois atualmente o meio ambiente do Parque da

Floresta Fóssil passa por indiscriminada ação antrópica, o que vem ocasionado

impactos ambientais ao referido recurso natural.

Parece que os moradores de Teresina fecham os olhos aos problemas relacionados

à preservação do Parque. Faltam discussões sobre a gestão e a criação de políticas

públicas voltadas para a valorização e conservação deste sítio paleontológico, assim

como, para outras áreas igualmente importantes existentes na cidade. Como também a

necessidade de campanhas educativas para conscientização da população local.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Parque Ambiental Floresta Fóssil de Teresina possui um grande potencial que

poderia ser explorado por pesquisadores e turistas, mas o parque não oferece uma

estrutura física adequada, com ausência de guias, placas indicadoras e outros fatores que

possibilitam uma melhor preservação da área.

Diante do que foi abordado sobre a Floresta Fóssil de Teresina pode-se constatar

a falta de compromisso do homem com o meio ambiente, apesar da importância

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científica e cultural, alem do descaso por parte das autoridades quanto a sua preservação

e conservação. Muito se tem falado sobre a degradação e ação do homem no Parque

Ambiental Floresta Fóssil, mas nada tem sido feito pra mudar essa situação, o poder

público Estadual diz que o Parque é responsabilidade do poder Municipal e vice versa, o

certo é que nenhum dos poderes se conscientiza de que o Parque Ambiental Floresta

Fóssil deve ser preservado, cuidado e valorizado, pois ele tem valor histórico e

científico.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Art.225 da Constituição da Republica Federativa do Brasil de 05 de

outubro de 1988. Brasília, p.143,2008.

BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA Nº 001, de 23

de janeiro de 1986, que dispõe sobre as definições, as responsabilidades, os critérios

básicos e as diretrizes gerais para o uso e implementação da Avaliação de Impacto

Ambiental. Brasília, DF, 1986. Disponível em:

http://www.mma.gov.br/pot/conama/res/res86/res0186.html. Acesso em: Acesso em 04

dez 2009.

SANTOS FILHO, Francisco Soares dos. A paleoflora de Teresina. Serie Paleontologia.

Teresina, n° 01.2008, jan 2008.

SANTOS FILHO, Francisco Soares dos. Floresta Fóssil de Teresina. Vestibular

Biologia. Teresina, 2001. Disponível em: http://www.algosobre.com.br/biologia/flores-

tafossil-de-teresina-.html. Acesso em 04 dez 2009.

SCABELO, A. L. M; SILVA, Ana Flavia Souza; ROCHA, Eugenio Bezerra;

ALENCAR, Lucídio Lopes de; GOMES, Helena Karoline T. Sitio Paleontológico

Floresta Fóssil do Rio Poti (Teresina-Pi): Vulnerabilidade na Preservação Dos

Fosseis. História e- Histório, v.S.N,p. SN-SN, 2010.

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EIXO 03:

GEOGRAFIA, ESPAÇOS

URBANO E RURAL

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A ATIVIDADE COMERCIAL E A CONSTITUIÇÃO DO MOCAMBINHO

COMO NOVA CENTRALIDADE URBANA EM TERESINA-PI

Poliana Santos FERRAZ

Graduada do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Dinamara de carvalho LOPES

Graduada do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO

Este trabalho tem como objeto de estudo o bairro do Mocambinho, bairro periférico da zona

Norte de Teresina, onde se analisou a atividade comercial e seu papel na constituição do

referido bairro como uma das novas centralidades urbanas de Teresina. Buscou-se entender o

papel das atividades comerciais para a produção de uma nova centralidade urbana, identificando

suas dinâmicas e empreendimentos comerciais e sua contribuição para o processo de

valorização do bairro do bairro Mocambinho. A proposta partiu da análise da concentração de

atividades comerciais em áreas centrais e sua expansão nas últimas décadas para áreas

periféricas. Este trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica, documental e de

campo, com a aplicação de questionários e a realização de entrevistas. O estudo aponta que o

crescimento comercial do bairro atende parcial e, em alguns casos totalmente, às necessidades

comerciais de seus habitantes, evitando-se o deslocamento ao centro de Teresina. Assim,

espera-se contribuir para os estudos urbanos sobre a cidade de Teresina e com o entendimento

das novas dinâmicas da urbanização na capital piauiense.

Palavras-chave: Centralidade urbana. Comércio. Mocambinho.

INTRODUÇÃO

O espaço urbano contemporâneo caracteriza-se essencialmente por uma relação

social capitalista, embora a origem das cidades remeta a um tempo bem anterior à

constituição deste modo de produção. A dinâmica da cidade é movida principalmente

pela circulação de capital que é responsável por grande parte das transformações que

ocorrem no espaço urbano. O entendimento dessa circulação é fundamental, pois a

dinâmica nesse processo concede-nos esclarecer a questão da centralização e

descentralização territorial.

As áreas centrais das cidades passam por uma transformação constante por conta

do crescimento de suas atividades, fato que contribui para o surgimento de novas

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centralidades no entorno destas áreas, criando-se assim uma cidade polinucleada. A

descentralização é um processo de expansão das atividades exercidas no centro das

cidades e cuja aglomeração ocorre em áreas que sejam propícias a novos

empreendimentos, motivo desencadeador de um processo contínuo de valorização

daquele novo espaço de concentração.

Esse processo de centralização e descentralização determina como objeto

principal a atividade comercial, que busca áreas dinâmicas noutros pontos do espaço

citadino, possuidoras de estoques de terrenos a custo mais baratos e situados em áreas

com possibilidades de acesso por meios de transporte variados. Em Teresina a

concentração das atividades comerciais dá-se inicialmente no centro da cidade e exige

da população o deslocamento até essa região central para poder adquirir algumas

mercadorias para consumo direto ou para uso em pequenos comércios situados noutras

áreas da capital.

Assim, ao apropriar-se do potencial de consumo ligado às necessidades da

população que habita regiões afastadas do centro tradicional, essas atividades

começaram a migrar para alguns bairros da própria cidade de Teresina. Hoje se percebe,

a partir da expansão dessas atividades para outras áreas, o crescimento da cidade

impulsionado pela produção de novas centralidades, espaços antes periféricos do ponto

de vista da circulação de capital, agora tornados dinâmicos, espaços luminosos

apresentam-se como novas centralidades urbanas na cidade de Teresina, como é o caso

do bairros Dirceu, Parque Piauí e Mocambinho

O Mocambinho, por exemplo, é visto como uma nova centralidade por se fazer

crescente, em sua região, a dinâmica no seu setor terciário, rico pelas suas distribuições

comerciais, principalmente no setor informal. Atualmente o bairro passa por uma série

de transições e consequências no espaço urbano devido ao crescimento das atividades

comerciais. Isso gera, entretanto, um ponto desencadeador de dinâmicas que merecem

reflexão e questionamentos.Partimos do entendimento da cidade como produto de

relações sociais de produção, espaço que se reestrutura a partir de novas dinâmicas de

circulação de capital e consequentemente, novas relações sociais.

DESENVOLVIMENTO

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Existem inúmeros fatores responsáveis pela produção do espaço urbano, um

deles é a atividade comercial. É através desta que pode-se compreender a forma como o

capital se movimenta visando novas áreas que receberão transformações em virtude

desse processo que ocorrerá de forma distinta apresentando pontos positivos e negativos

no ambiente citadino. Corrêa (2000, p. 9) mostrar que o espaço urbano é tido como

“fragmentado e articulado, reflexo e condicionante social, um conjunto de símbolos e

campo de lutas”.

O processo de produção do espaço e os seus agentes produtores são fatores

fundamentais para compreender os processos espaciais que acontecem no meio urbano.

A centralização e descentralização destacam-se entre os processos citados acima que

modificam o ambiente citadino. Uma vez que o sistema capitalista propicia a expansão

de novas áreas que passam a se transformar em razão da demanda de fluxo de capital

antes localizada somente em uma parte da cidade, agora passam a integrar novos pontos

de concentração comercial. Essa nova realidade se deu a partir do processo de

industrialização que passa a caracterizar o espaço urbano conforme destaca Sposito

(2008, p. 43):

Ainda que a indústria seja a forma através da qual a sociedade apropria-se da

natureza e transforma-a, a industrialização é um processo mais amplo, que

marca a chamada Idade Contemporânea, e que se caracteriza pelo predomínio

da atividade industrial sobre as outras atividades econômicas. Dado o caráter

urbano da produção industrial (produção essa totalmente diferenciada das

atividades das atividades produtivas que se desenvolvem de forma extensiva

no campo, como a agricultura e a pecuária) as cidades se tornaram sua base

territorial, já que nelas se concentram capital e força de trabalho.

Logo, as áreas centrais das cidades passam a se descentralizar em razão do

crescimento de novas áreas como vem ocorrendo em alguns bairros da cidade de

Teresina especialmente no Mocambinho que vem sendo considerado como uma nova

centralidade urbana na capital. Para entender esse processo foi fundamental a aplicação

de questionários entrevistas com algumas lojas de grande porte para saber o que

motivou a instalação dessas no referido bairro.

De forma geral, o comercio desenvolvido no Mocambinho é tido como

propriedade dos moradores que acompanharam o desenvolvimento do mesmo. O

desenvolvimento do comércio permitiu aos moradores um acesso mais flexível e uma

grande variedade de estabelecimentos encontrados no bairro. Com o passar do tempo

passou a receber a instalação de empreendimentos de grande porte como o Armazém

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Paraíba, Comercial Carvalho, entre outros que ajudaram a dinamizar a atividade

comercial naquela área.

Tais dinâmicas comerciais indicam um fortalecimento da economia no

Mocambinho, uma vez que, tanto os fluxos de capital quanto a criação de um mercado

de trabalho local fortalecem as relações econômicas. Assim, percebe-se que esse

crescimento comercial, além de trazer ao bairro Mocambinho mais fluxo de dinheiro e

mercadorias, também traz alguns problemas, à medida que se intensificam as

desigualdades. Entretanto, cabe ressaltar que seus moradores dependem muitas vezes

desse comércio e o vêem como uma única fonte de renda de sua família, sendo esse

crescimento uma esperança para aqueles que vivem diretamente da comercialização dos

mais variados produtos no bairro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo objetivou refletir sobre o espaço urbano de Teresina, voltando o

olhar para o papel da atividade comercial na produção de uma nova centralidade urbana

em um bairro periférico situado na Zona Norte da capital, o bairro Mocambinho.

O fortalecimento apresentado por essas atividades comerciais acaba por

necessitar de novas áreas, motivando o processo de descentralização das áreas centrais.

A compreensão do processo de descentralização das atividades comerciais para

formação de nova centralidade urbana, como é o caso da área de estudo (o bairro

Mocambinho), se dá a partir da saturação e transformação do espaço do centro

tradicional da cidade, fazendo com que as necessidades do comércio busquem

subcentros com mais força. Tal processo se intensifica na cidade de Teresina, pois o que

se percebe na realidade diária da mesma é essa busca e esse crescimento nessas áreas

que julgam ter potencialidade econômica para o comércio.

No Mocambinho foi identificado um número significativo de empreendimentos

comerciais, com produtos e serviços diversificados, como varejo, cosméticos, serviços

de beleza, lazer, dentre outros que passam a atender melhor sua população,

estabelecendo sua concentração maior nas Avenidas Josípio Lustosa e Freitas Neto.

A contribuição do trabalho informal e dos pequenos empreendimentos

comerciais atrai empreendimentos externos, de maior porte, muitos vinculados a grupos

empresariais com grande número de filiais. A instalação dessas unidades empresariais

promove uma valorização do bairro, além de dinamizar sua economia. Percebe-se a

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crescente vinda de empresas de grande porte para o bairro em busca de mais opções de

retorno financeiro e melhor “atender” a comunidade da região, como é o caso hoje da

instalação da loja Armazém Paraíba, do Comercial Carvalho e da Academia Eugênio

Fortes.

Assim, acredita-se que a atividade comercial tem papel preponderante no

estabelecimento de novas centralidades urbanas em Teresina, cidade notadamente

vinculada ao setor terciário e às atividades comerciais. Tal processo dá-se em distintos

pontos da capital, onde o Mocambinho aparece como parte de uma dinâmica maior que

se reproduz em bairros como Parque Piauí e Dirceu e seus arredores.

REFERÊCIA BIBLIOGRAFIA

CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. 4. ed. São Paulo: Ática, 2000.

SPOSITO, Maria Encarnação Beltrão. Capitalismo e Urbanização. São Paulo:

Contexto, 2008.

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CARACTERIZAÇÃO AGRÍCOLA DE JATOBÁ DO PIAUÍ: ABORDAGENS

SOBRE A PRODUÇÃO DE MELANCIA

Antonio Delfino de OLIVEIRA

Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia UESPI

[email protected]

Cíntia dos Santos LINS

Orientadora. Professora do curso de geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO A visão que temos da estrutura fundiária brasileira é reflexo das formas de ocupação espacial do

início da colonização. Nas últimas décadas, por exemplo, o uso de tecnologia no meio rural e

nas práticas agrícolas tem modificado as formas de agricultura empregadas no Brasil e no

mundo. Tais avanços tecnológicos diversificaram a produção e/ou as formas de espacialização

da agricultura. A dinâmica agrícola gira em torno do atrativo mercado consumidor e

comercialização capitalista. A influência capitalista tem se estendido para além dos centros

urbanos. As formas de ocupação da terra têm-se modificado ao longo do tempo. Terras antes

impróprias para o cultivo tornam-se hoje centros de grandes produções, frutos principalmente

do agronegócio. Essa diversificação do setor agrícola impacta significativamente nas pequenas

cidades brasileiras onde inclui-se a visualização desse processo nas pequenas cidades como é o

caso de Jatobá do Piauí. Com economia agrária e a principal fonte de renda da população deriva

de produtos agrícolas, como a melancia.

Palavras-chave: Agronegócio, produção agrícola, Jatobá do Piauí.

INTRODUÇÃO

A mecanização do campo tem alcançado todos os níveis de produção, seja em

grandes, médias ou pequenas propriedades. O uso da agricultura, especialmente a

irrigada em regiões áridas, caso verificado com frequência no Nordeste brasileiro, tem

influenciado diretamente no uso da terra. Os procedimentos tecnológicos têm ocupado

esses espaços, às vezes parcialmente, transformando e tornando-os centros de produção

econômica, frutos da globalização. Esses novos espaços produtivos proporcionam

lucratividade para grandes empreendimentos, em detrimento dos espaços utilizados para

a produção e organização da agricultura familiar.

Diante das variadas formas de produção agrícola e como se desenvolvem as

técnicas de produção familiar, observa-se que os ânimos provocados pela Segunda

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Revolução Agrícola trouxeram impactos positivos e negativos. O cultivo de terras antes

inativas foi um avanço significativo para a agricultura em contraste com os impactos

sofridos diretamente por famílias agrícolas (MAROUELLI, 2003).

Segundo o IBGE, a produção de melancia é realizada em pequenas, médias e

grandes propriedades com formas variadas de produção. A visualização da agricultura

familiar da região de Tamarina no município de Jatobá do Piauí-PI no cenário da

integração agrícola global e a importância da produção de melancia realizada dentro da

área territorial do município justifica a iniciativa deste trabalho.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Para desenvolver o projeto, autores como CARNEIRO, M. J. (1997) que

trabalha a modernização da agricultura por meio dos espaços produtivos como

modificadores da vida e das transformações rurais, e MAROUELLI, R. P.(2003) que

apresenta o cerrado brasileiro como um novo potencial para a produção agrícola

visualizando as consequências das intervenções nesse espaço, tiveram papéis

importantes na dissertação teórica. Além de outras abordagens teóricas para

complementação do debate e análise reflexiva.

Para Carneiro (1997) a modernização da agricultura é adaptada conforme as

necessidades da produção.

A análise da produção agrícola via agricultura familiar considerando nesse

cenário a importância do pequeno agricultor é fator relevante principalmente para as

pequenas cidades. A economia agrária de Jatobá do Piauí é um ponto relevante para o

estudo das disseminações da agricultura modernizante e da introdução dos fatores de

produção capitalista que se incorporam em todos os cenários agrícolas.

Carneiro considera a mecanização do campo como um dos fatores cruciais para

as mudanças da vida no campo. Tais peculiaridades demonstram as variações no

comportamento do pequeno agricultor.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento da pesquisa, a metodologia usada delimita os princípios

fundamentais para a sua execução. A escolha do objeto de estudo foi o primeiro passo.

Assim foi escolhida a região de Tamarina, localidade pertencente à jurisdição de Jatobá

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do Piauí.

Depois seguiu a escolha do termo temporalidade: a importância da agricultura

para as famílias da região, determinação da análise do objeto de pesquisa mediante

consulta de dados que se inserem entre os anos de 2010 e 2013; pesquisa bibliográfica

que fornece sumariamente os processos e bases teóricos.

Outros pontos que são abordados na pesquisa: coleta de dados seja sobre

aspectos estatísticos, locais, culturais, costumes ou econômicos; visita ao local da

pesquisa, a órgãos ligados à agricultura do município, à Secretaria de Planejamento do

município e materiais que documentem informações cruciais sobre as práticas agrícolas

do município; aplicação de questionário qualitativo e quantitativo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os procedimentos tecnológicos fundamentados na busca pela “melhoria

principalmente no desempenho dos índices de produtividade agrícola” (MAROUELLI,

2003) tem sido um sucesso tanto quanto nos anos que se seguem à chamada Revolução

Verde. Isso tem acentuado e condicionado ainda mais a expansão das terras usadas para

a produção agrícola em grandes propriedades.

A distribuição da agricultura irrigada tem funcionado como um mecanismo de

saída para a produção familiar da região de Tamarina, Jatobá do Piauí, em períodos de

estiagem como é possível verificar nas propriedades que se localizam nos entornos PI

322. No entanto, um fator é expressivo, os altos custos da agricultura mecanizada

excluem quase que totalmente os pequenos produtores da participação nos avanços

tecnológicos. Sem poder arcar com os custos, ficam estocados no espaço-tempo. Uma

saída é apresentada, a intervenção do poder público local nesse cenário.

O cultivo de melancia é temporário estabelecendo-se nos períodos chuvosos,

exceto algumas propriedades com cultivo irrigado que perduram durante a época da

estiagem. A área total utilizada para essa agricultura tanto para o plantio quanto para a

colheita no município é de 480 hectares.

De fato, a melancia (Crimson Sweet) cultivada na região, de ótima qualidade e

de caráter lucrativo, é de origem africana propícia para climas tropicais e subtropicais

(ROCHA, 2010, p. 16).

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Dessa forma, se desenvolve uma série de questões que serão analisadas durante

os processos finais da pesquisa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O cultivo de melancia é de fundamental importância tanto para os agricultores

quanto para a economia de Jatobá do Piauí.

Diversas questões são visíveis na região como a prática da agricultura irrigada e

o processo de produção agrícola fundamentado no mercado consumidor que embora

pequeno, vem demonstrando avanços sucessivos nos últimos anos.

A investigação que gira em torno da região de Tamarina apresenta variações

quanto aos níveis produções, além de outras diferenças que se impõem pelo relevante

poder aquisitivo dos produtores, a influência que exercem sobre a produção e economia

municipal e a intervenção do poder público local.

REFERÊNCIAS

CARNEIRO, Maria José. Ruralidades: novas identidades em construção. In: XXXV

Congresso da Sociedade Brasileira de Sociologia e Economia Rural, Natal, Agosto,

1997. Disponível em: <http://r1.ufrrj.br/esa/art/199810-053-075.pdf>. Acesso em: 16 de

Abril de 2013.

MAROUELLI, Rodrigo Pedrosa. O desenvolvimento sustentável da agricultura no

cerrado brasileiro. 2003. 63 f. Monografia (Especialização Latu Sensu) - Gestão

Sustentável da Agricultura Irrigada, com área de concentração em Planejamento

Estratégico. ISEA-FGV/ECOBUSINESS SCHOOL, Brasília, Distrito Federal, 2003.

Disponível em:

<http://ag20.cnptia.embrapa.br/Repositorio/Desenvolvimento_sustentavel_agricultura_c

erradoID-UkZstU83ek.pdf>. Acesso em: 13 de Abril de 2013.

ROCHA, Marta Rodrigues. Sistemas de cultivo para a cultura da melancia. 2010. 76

f. Dissertação (Mestrado em Ciência do Solo) - Programa de Pós-Graduação em Ciência

do Solo – Área de Concentração Biodinâmica e Manejo do Solo, do Centro de Ciências

Rurais da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2010. Disponível em:

<http://w3.ufsm.br/ppgcs/disserta%E7%F5es%20e%20teses/ROCHA,%20Marta%20R..

pdf>. Acesso em: 16 de Abril de 2103.

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CIDADES MÉDIAS DO MEIO-NORTE DO NORDESTE: UM ESTUDO DO

CASO DE PARNAÍBA (PI)

Elias Paulo da SILVA

Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia UFPI

[email protected]

Gracielly Portela da SILVA

Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Geografia UFPI

[email protected]

Antonio Cardoso Façanha

Professor Doutor de Geografia da UFPI

[email protected]

RESUMO Esta pesquisa é uma atividade de iniciação científica- PIBIC sobre orientação do Profº Dr.

Antonio Cardoso Façanha e apresenta como tema central as Cidades Médias do Meio-Norte do

Nordeste: Um Estudo do Caso de Parnaíba (PI). O seguinte trabalho busca apresentar

informações sobre a cidade de Parnaíba, mostrando dados que motivaram o desenvolvimento da

mesma. Inicialmente foi feito um levantamento geral sobre o Estado do Piauí, o seu processo

histórico de formação e o que levou a sua atual situação. Em seguida, faz-se um levantamento

mais detalhado da cidade de Parnaíba (PI), foco de estudo dessa pesquisa, no contexto das

cidades médias do meio-norte do nordeste. Por fim, há uma apresentação de dados gerais sobre

a demografia e os indicadores sociais da cidade de Parnaíba. Além disso, aborda-se ainda o

comércio e a prestação de serviços, a infraestrutura, a habitação e a dimensão socioambiental

desse município.

Palavras-Chave: Cidades Médias. Meio-Norte. Parnaíba.

INTRODUÇÃO

Este trabalho apresenta informações referentes à pesquisa denominada de

“Cidades Médias do Meio-Norte do Nordeste: Um estudo do caso de Parnaíba (PI)”.

Esta é uma pesquisa oriunda da atividade cientifica (PIBIC-Cnpq), e foi elaborada com

o intuito de se fazer um levantamento sobre a cidade de Parnaíba (PI), mostrando os

dados mais relevantes a cerca desse município. Inicia-se com um levantamento geral

sobre o Estado do Piauí, o seu processo histórico de formação e o que levou a atual

situação do mesmo.

Em seguida fez-se uma abordagem mais detalhada da cidade de Parnaíba (PI),

que é o foco de objetivo de estudo dessa pesquisa, no contexto das cidades médias do

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meio-norte do nordeste. A pesquisa apresenta dados gerais sobre a sua demografia,

indicadores sociais, o comércio, a prestação de serviços, a infraestrutura, a habitação e a

dimensão socioambiental desse município.

DESENVOLVIMENTO

Fundamentação Teórica

Conforme Rêgo (2012), o reconhecimento da inserção de uma cidade média no

âmbito de uma rede urbana tornou-se extremamente complexo, pois continua a compor

a estrutura da rede hierárquica na qual seus papéis intermediários se definiram, mas há

um vasto conjunto de possibilidades de estabelecimento de relações com outras cidades

e espaços que não compõem, de fato, a rede a que pertence essa cidade.

Já para Leite (s./d.), as cidades médias deixam de ser pequenas cidades, para se

tornarem grandes polos de trabalho, de desenvolvimento , influenciando as pequenas

cidades e distritos vizinhos, e de certa forma mostrando a fragilidade dos organismos

governamentais em estarem preparados para essas mudanças. Corrêa (2007) afirma que

conceituar cidade média implica em um grande esforço de abstração, de dar uma

unidade aquilo que é pouco conhecido, que é muito diversificado. Tem que se analisar o

tamanho demográfico, a escala espacial e o recorte temporal.

Segundo Lima (2006), o critério de tamanho da população entre 100 mil e 500

mil habitantes pode ser utilizado para definir as cidades de porte médio. Assim, cidade

média é aquela com população urbana de 100 mil a 500 mil habitantes no Censo

Demográfico de 1991. A cidade média ainda tem uma grande importância em relação

direta com a sua área de influência em razão do seu poder de atração efetivado pelo

acesso ao consumo de bens e serviços.

Metodologia

Na presente pesquisa, utilizou-se como base metodológica o levantamento

bibliográfico, a pesquisa em sites da internet relacionados ao tema e a leitura de artigos,

revistas e documentos de dispusessem informações sobre o tema aqui em discussão.

Visitou-se ainda órgãos como o IBGE, CEPRO e SEPLAN, com o intuito de coletar

informações que pudessem contribuir para o desenvolvimento desse trabalho. Autores

com RÊGO (2012), LIMA (2006) e LEITE (s./d.) serviram de base para a definição do

que seria cidade de porte médio.

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Segundo Santana (2008), o processo de colonização do Piauí influenciou muito

na sua formação, não só política e econômica, mas também social. O Estado procurou

se desenvolver, porém tal desenvolvimento não levou o crescimento necessário que

promovesse a melhoria social da população, a renda não se distribuía a ponto de dá uma

boa qualidade de vida a sociedade piauiense, contribuindo para a atual situação que se

encontra o mesmo.

Conforme o IBGE (2010), as cidades do Estado do Piauí que possuem maior

número de habitantes são: Teresina, Parnaíba, Picos e Piripiri. Teresina, por ser a capital

do estado, apresenta o maior número de habitantes, ultrapassando a faixa de 800.000. A

cidade de Parnaíba possui a segunda maior população do estado, conforme dados do

censo demográfico de 2010, uma população de 145.729 habitantes, sendo considerada

uma cidade média, por possuir uma população que ultrapassa 100 mil habitantes.

Constatou-se que Parnaíba é atualmente uma das cidades mais importantes do

Estado do Piauí, sendo uma das que apresenta os melhores indicadores sociais do

Estado. Essa importância se dá através de alguns indicadores, que tentam revelar a

realidade do município. Alguns desses indicadores foram analisados com base em

informações coletadas na Revista Multi Cidades (2012), tais como: agropecuária,

indústria, renda per capita, serviços, PIB, as receitas e despesas, ICMS, IPVA, IPTU,

ISS, ITBI, FPM, e as taxas.

Com base na leitura dos indicadores sociais, conforme a Revista Multi Cidades

(2012), entre as cidades do interior, com relação às despesas com investimentos, o

município piauiense de Parnaíba exibiu a maior taxa de crescimento ao elevar seus

investimentos em mais de três vezes em 2011, apresentando assim a maior taxa de

crescimento do Brasil, que foi de 229,2%. É um município que vem crescendo não só

em número populacional, mas também economicamente, mostrando ser uma área em

desenvolvimento, que ainda tem muito a contribuir para o desenvolvimento social e

econômico do Piauí.

A análise desses indicadores evidenciou que esse município através da sua

receita e também de suas despesas, vem crescendo significativamente e esse

crescimento é impulsionado pelo seu potencial turístico. Os dados mostraram que a

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receita parnaibana vem crescendo constantemente nos últimos anos, e os investimentos

também vem aumentando através das despesas.

Analisou-se ainda a questão do comércio e serviços desse município, e as

principais atividades analisadas foram: supermercados e hipermercados, serviços de

saúde, rede bancária, redes e filiais de venda de eletrodomésticos, construtoras, e ensino

superior. Nessa análise, percebeu-se que esse setor é de suma importância para o

município, pois cada vez mais é um setor crescente, que auxilia no desenvolvimento do

município.

Além disso, destacou-se ainda a análise da infraestrutura e equipamentos do

município, como: shoppings, aeroporto, rodovias de acesso, hotéis e distrito industrial

(ZPE de Parnaíba). Nessa parte evidenciou-se que o município tá crescendo e se

expandindo, prova disso é a construção de seus dois primeiros shoppings e o

desenvolvimento da ZPE. Mereceu destaque também a questão socioambiental,

centrada no lixão e no saneamento básico e a questão habitacional, calcada

principalmente nos investimentos do Governo, como o Projeto Minha Casa Minha Vida.

A parte habitacional está em ascensão, visto que cresce o número de residenciais nesse

município, e também surge o seu primeiro residencial de luxo, o Conviver Parnaíba

Residence, evidenciando-se que a mesma já possui uma classe capaz de consumir bens

próprios dos grandes centros.

CONCLUSÃO

Nota-se que a situação atual do Estado do Piauí tem raízes no seu processo de

colonização, pelas razões que aqui foram expostas anteriormente. É um Estado que

possui características peculiares, sendo o único do Nordeste a não apresentar uma

capital situada no litoral. Teresina é a cidade que apresenta maior desenvolvimento, por

ser a capital, porém, Parnaíba se mostra uma área promissora, não só como pólo

turístico do Piauí, mas também como uma área que se destaca pela prestação de

serviços.

Com base no levantamento exposto nessa pesquisa, percebe-se que a cidade de

Parnaíba vem adquirindo cada vez mais importância no contexto das cidades do Estado

do Piauí. É um município que vem crescendo não só em número populacional, mas

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também economicamente, mostrando-se ser uma área em desenvolvimento, que ainda

tem muito a contribuir para o desenvolvimento social e econômico do Piauí.

Em vista disso, nota-se que Parnaíba vem adquirindo importância não só no

contexto do Estado do Piauí, mas no Brasil. A sua dinâmica de desenvolvimento é

acentuada pelo comércio e prestação de serviços que aqui foram citados, e pela

infraestrutura que a mesma vem adquirindo nos últimos anos, devido aos grandes

investimentos que vem recebendo nos últimos anos. A instalação da ZPE possibilitará

que esse município se desenvolva ainda mais, com geração de emprego e renda,

alavancando a economia do município.

Mesmo com investimentos em habitação como o Projeto Minha Casa Minha

Vida, o Governo ainda precisa investir muito mais nessa cidade, visto que há áreas

bastante carentes, como o próprio aeroporto que não está em funcionamento, e que caso

tivesse, serviria como ponto de partida para os demais pontos turísticos do Nordeste,

devido a sua proximidade com as demais localidades turísticas.

Enfim, é uma cidade que está em constante ascensão, destacando como uma das

principais cidades do Piauí, e que tem potencial para se tornar uma cidade de

importância nacional. Caberá aos governantes desenvolver esse grande potencial do

município.

REFERÊNCIA

BRASIL. Multi Cidades: Finanças dos Municípios do Brasil. 8. ed. Vitória: Aequus

Consultoria, 2012.

CORRÊA, Roberto L. Construindo o conceito de cidade média. In: SPOSITO, Maria E.

B. Cidades Médias: espaços em transição. 1 ed. São Paulo: Expressão Popular, 2007,

pp. 23-33.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo demográfico 2010.

Disponível em: < http://www.ibge.gov.br/estadosat>. Acesso em: 09 de fev. 2013.

LEITE, Maria de J. de B. A rede brasileira de cidades médias como instrumento de

conhecimento. In: XIV Encontro Nacional da ANPUR, (s./d.).

LIMA, Marcos C. Apontamentos para definições conceituais de cidades médias. In:

www.redbcom.com.br

RÊGO, Lucélia F. do. As Cidades Médias do Meio-Norte do Nordeste: Parnaíba

(PI) e Timon (MA). Teresina: 2013.

SANTANA, Raimundo Nonato Monteiro de. Evolução histórica da economia

piauiense e outros estudos. Teresina: FUNDAPI, 2008.

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CONTRIBUIÇÃO DO PARQUE FLORESTA FÓSSIL NO MEIO URBANO DE

TERESINA (PI)

Jackson Saraiva de FREITAS

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Sheila Pereira PINHO

Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Livânia Norberta de OLIVEIRA

Mestra Docente do quadro provisório da UESPI

[email protected]

RESUMO O presente trabalho tem como objetivo destacar a importância do Parque Floresta Fóssil na

cidade de Teresina-PI, destacando os aspectos que contribuirão para o desenvolvimento e

valorização dessa área de acordo com os processos que ocorrem na área onde se localiza. O

estudo desenvolveu-se a partir de pesquisa bibliografia e documental sobre os parques urbanos

em gerais, assim como visita técnica para identificar os impactos decorrentes, tendo em vista as

ações antrópicas que alteram sua importância paleontológica dotado de valor científico, cultural

e histórico imensurável. Procurou-se durante o artigo abordar os parques urbanos em gerais,

dando ênfase ao Parque Floresta Fóssil Teresina–PI, destacando os impactos decorrentes dos

mesmos estarem localizados no meio urbano, consequentemente, sofrendo transformações que

alteram sua importância paleontológica que o dota de valor científico, cultural e histórico

imensurável, tornando, assim, patrimônio da União.

Palavras-chave: Agentes sociais. Meio urbano. Produção do espaço. Parques Urbanos.

INTRODUÇÃO

O espaço urbano capitalista é um produto social, resultado de ações acumuladas

no decorrer do tempo e engendradas por agentes sociais que produzem e consomem o

espaço. A ação destes agentes se dá de forma complexa, incluindo práticas que levam a

um processo de reorganização espacial pela incorporação de novas áreas, densificação

no uso do solo, deteriorização de certas áreas, renovação urbana, realocação

diferenciada da infra-estrutura e mudança do conteúdo social e econômico de certas

áreas da cidade (CORRÊA, 1995).

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A partir do estudo do processo de produção do espaço e seus impactos

ambientais na região do Parque Ambiental Floresta Fóssil, torna-se essencial e

indispensável para o desenvolvimento do campo que possibilita a observação das

interações do homem e o meio em que ele está inserido, tornando-se elemento

modificador do espaço. Por isso a importância de ressaltar o estudo do Parque

Ambiental Floresta Fóssil no contexto urbano em função dos diferentes processos que

ocorrem na zona em que se encontra o parque.

PARQUES AMBIENTAIS URBANOS

Cavalheiro e Del Picchia (1992), afirmam que os municípios brasileiros

constituem-se de áreas urbanas, caracterizados por espaços com construções

identificados pelas habitações, indústrias, comércio, etc. e também, constituídos de

locais livres de construções como: praças, parques, etc. e por fim áreas de expansão

urbana.

Macedo e Sakata (2002) observam que no final do século XX, um interesse na

esfera política pela introdução e formação de parques públicos para atividade

paisagística, onde, no final desse século, iniciou-se um processo crescente de

implantação desse tipo de espaço nos médios e grandes aglomerados urbanos, sendo de

responsabilidade tanto dos municípios, como dos governos estaduais.

De acordo com Kallas e Machado (2005), o município de Teresina possui 31

parques. Dentre eles: Parque Ambiental Encontro dos Rios, Parque São Pedro; Parque

Mocambinho; Parque Ambiental de Teresina; Parque Floresta Fóssil; Parque

Potycabana; Parque Zoobotânico. O estudo específico da área contemplada para a

realização do referente artigo compreende o Parque Floresta Fóssil, abordando suas

características e sua problemática do local e sua contribuição no âmbito sócio urbano.

METODOLOGIA

Os métodos utilizados para a realização do referente artigo consistem na

delimitação, identificação e caracterização da área de estudo, através de pesquisas de

campo, pesquisas bibliográficas e levantamento fotográfico, bem como a análise dos

impactos ambientais, possibilitando o embasamento no estudo dos parques urbanos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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O Parque Ambiental Floresta Fóssil localiza-se no município de Teresina, na

margem direita do rio Poti, nas proximidades do Parque Potycabana e do Centro de

Educação Ambiental do Piauí (CEAPI). O parque possui 23 hectares (9.000 km²),

criado no dia 08 de janeiro de 1993, através do decreto de número 2.195 (TERESINA,

1993).

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o qual

efetuou em 2008 o tombamento do parque como patrimônio nacional ambiental

destacando a importância do Sítio. São encontrados 33 troncos fossilizados, os quais

estão inseridos no pacote rochoso, denominado “pedra de fogo”, que foi datado do

período Permiano, baseado nos exemplares vegetais do gênero psaranius contidos nela

(SILVA apud, SOUSA, 1994, p.26-28) (Figura 01).

Figura 01: Troncos fossilizados próximos à entrada do parque ambiental.

Fonte: ANDRADE, 2011.

A vegetação atual da área é restrita e bastante influenciada pela antropização,

apresentando poucos exemplares nativos. A maior parte da vegetação encontrada é

resultado do reflorestamento efetuado. São encontrados resquícios de vegetação

composta por cerrado e caatinga, com estratos arbustivos e arbóreos, e pela mata ciliar

(SILVA apud, CALDAS et. al 1987).

Nota-se a falta de interesse por parte dos órgãos responsáveis, principalmente

em relação às visitações ao parque floresta fóssil, pelo fato do mesmo não possuir desde

o ano de 2002 um guarda e/ou fiscalizador na parte da entrada representado pela guarita,

facilitando, assim, a entrada de vândalos, além da segurança. Há também a inexistência

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de equipamentos de comunicação como: folders, placas informativas, por exemplo, que

possam fornecer informações sobre o paleoambiente e as espécies de vegetação ali

presentes, destacando a importância desse lugar, a importância no que diz respeito ao

valor ambiental e cultural, acarretando aos visitantes um sentimento de verdadeiro

abandono e descaso, com o patrimônio.

CONCLUSÃO

Conclui-se através deste estudo, que o Parque Floresta Fóssil em Teresina está

sofrendo interferências negativas tanto por parte do intemperismo (físico e químico),

como por parte dos homens, atuando na retirada de troncos do seu local de origem,

pichações dos mesmos, poluição com resíduos sólidos não há a fiscalização efetiva por

parte de nenhum órgão público, nem mesmo pelo instituto responsável pelo

tombamento do mesmo, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

(IPHAN), favorecendo a pouca visitação ao parque. Além dos órgãos públicos, a

população deveria se mobilizar solicitando mais incentivos políticos, e exigindo a

melhor preservação do Parque Floresta Fóssil.

REFERÊNCIAS

CALDAS. E. B.; MUSSA. D. LIMA FILHO e RÖSLER O. Notas sobre a ocorrência

de uma floresta petrificada da idade permiana em Teresina, Piauí. Contribuição ao

Projeto PICG (IUGS-UNESCO) nº 237: “Floras of Gondwanic Continents” 1987.

CAVALHEIRO, F. & DEL PICCHIA, P.C.D. Áreas Verdes: conceitos, objetivos e

diretrizes para o planejamento. In: Congresso brasileiro sobre arborização urbana, I,

Vitória/ES. Anais I e II. 1992. p. 29-35.

CORRÊA, R. L. O Espaço Urbano. São Paulo, 3ª edição, Editora Ática, 1995.

KALLAS, L. M. E. e MACHADO, R. R. B. Parques Ambientais de Teresina-PI:

diagnóstico e recomendações. In: Cadernos de Teresina. Teresina: Fundação Cultural

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MACEDO, S. S.; SAKATA, F. G. Parques urbanos no Brasil. 2ª ed. São Paulo:

Edusp, 2002. 206p.

SOUSA, C. A. V. de. Parque da Floresta Fóssil do Rio Poty. In: Cadernos de

Teresina. Ano VIII, n. 17, Agosto,1994. p.26-28.

TERESINA. Decreto Municipal n° 2.195 de 08/01/93, que cria a área do Parque

Municipal da Floresta Fóssil do Rio Poti. Disponível em:

<http://crcfundacpiaui.files.wordpress.com/2012/08/departamento-de-patrimc3b4nio-

natural-e-cultural.pdf>. Acesso em 07 de Junho de 2013.

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à

complexidade do mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

CRESCIMENTO URBANO DE TERESINA: PROCESSO DE EXPANSÃO DA

ZONA SUL

Maria Eunice Santos TEIXEIRA

Graduanda do curso Licenciatura Plena em Geografia da UESPI

[email protected]

Livânia Norberta de OLIVEIRA

Geógrafa, Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente- UFPI

[email protected]

RESUMO: Este trabalho faz um estudo do processo de urbanização de Teresina, relatando seu processo de

estruturação e expansão contínua. Optou-se por delimitar como campo de pesquisa o perímetro

entre o bairro Esplanada, zona sul da capital e o Povoado Cebola na zona rural. O objetivo é

analisar esse processo, procurando identificar os fatores responsáveis pela expansão, como esta

ocorrendo e verificar qual o planejamento previsto, além da identificação dos agentes

produtores atuantes no espaço. A metodologia aplicada foi pesquisa bibliográfica e documental,

assim como visitas a área em questão. Constatou-se que o processo de expansão da área

delimitada ocorre primeiramente devido a infra-estrutura prevista para o local, como a

duplicação da BR 316, instalação do anel viário de Teresina (Rodoanel), resultando no aumento

do fluxo e na atração e criação de Empresas, além do surgimento de novos bairros.

PALAVRAS-CHAVE: Urbanização, Processo de Expansão, Infra - Estrutura, Teresina.

INTRODUÇÃO

O Processo de Urbanização de Teresina se acentuou na década de 1950 com

migração campo-cidade, a partir disso tem se percebido uma constante expansão tanto

no sentido vertical como horizontal. Esse processo requer uma organização, onde os

agentes sociais são modeladores do espaço. O desenvolvimento deste trabalho ocorreu

devido a transformação contínua percebida na área delimitada, o qual tem como

objetivo a análise desse processo, bem como a identificação dos fatores responsáveis.

A expansão da zona Sul ocorre influenciada pelo processo de segregação, o qual

estrutura as classes sociais, onde a força da relação de trabalho e o capital é o

modelador. Nesse processo se encontra a realidade, onde a classe dominante separa-se

de outros grupos sociais na medida em que controla o mercado de terras, a incorporação

imobiliária e a construção, direcionando seletivamente a localização dos demais espaços

urbanos.

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Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

Nos últimos anos observa-se na área delimitada um processo de transformação

contínua com a instalação de conjuntos habitacionais, construção de Conjuntos

Residenciais e Empresas. A análise nessa área permite a identificação da atuação dos

agentes produtores do espaço. Outro aspecto a destacar, é que o processo de expansão,

resulta na valorização da Terra, propiciando a especulação.

OS PROCESSOS E OS AGENTES PRODUTORES DO ESPAÇO

De acordo com Corrêa (1993, p.37), “os processos espaciais tem como principio

básico, a acumulação de capital e a reprodução social, dessa maneira o espaço pode se

apresentar de forma centralizada, descentralizada, coesa ou segregada”. Diante disso os

processos atuantes da cidade capitalista se desenvolveram primeiramente em uma área

Central onde se concentram as principais atividades comerciais, de serviços e de gestão

pública e privada, caracterizada pelo alto preço da terra e dos imóveis devido às

vantagens, também com área residencial de status social elevado restringindo aquela

área o acesso de pessoas de alto poder aquisitivo.

Com a concorrência e o alto custo das atividades, foram desenvolvidas outras que

se adaptassem dentro as condições existentes, a partir disso houve a ocupação em torno

dessa área central, como o custo mais acessível. Isso gera novos núcleos, onde há a

concentração de atividades, que apesar de não manterem ligações entre si, possui uma

interligação e formam o processo coeso.

Segundo Corrêa (1993), os agentes produtores do espaço são os proprietários dos

meios de produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários, Estado e os

grupos sociais excluídos. A ação deles é complexa, derivando da dinâmica de

acumulação de capital, das necessidades mutáveis de reprodução das relações de

produção, e dos conflitos de classe que emergem. Essa complexidade da ação dos

agentes sociais inclui praticas que levam a um constante processo de reorganização

espacial que se faz via incorporação de novas áreas ao espaço urbano.

Dessa forma, na área de estudo o processo mais atuante é o de segregação, o onde

o capital modela a área no momento em que controla o mercado de terras, e assim

restringi o acesso à classe dominante observada sobre a forma de construção de

Empresas. Identificou – se ainda a presença dos cinco os agentes sociais, os

proprietários dos meios de produção são representados pelas Empresas instaladas; os

proprietários fundiários pelos donos das terras existentes sem ocupação; os promotores

imobiliários atuantes na instalação das formas e o Estado responsável criação dos

conjuntos habitacionais que proporciona aos grupos sociais excluídos uma melhor

condição de moradia, além de estar presente também propiciar a infra- estrutura

adequada pro local.

CRESCIMENTO URBANO DE TERESINA

Teresina é uma cidade planejada, cujas transformações espaciais foram ocorrendo

no sentido horizontal. As zonas Norte e Sul foram marcadas pelo surgimento de vários

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bairros como Matadouro e Piçarra respectivamente. O crescimento no sentido Leste-

Nordeste foi a partir da década de 1950, após a criação da ponte noivos que

proporcionou o desenvolvimento de novos bairros caracterizados pela presença de

pessoas de alto poder econômico como o bairro São Cristovão (VIANA, 2005).

Conforme a autora a dinâmica de ocupação da zona Sul nessa década foi à topografia

favorável, implementação de serviços e infra-estrutura com as duas avenidas a Barão de

Gurguéia e a Miguel Rosa.

A área em estudo (Figura 1) compreende o bairro Esplanada, com destaque maior

no pólo Empresarial Sul, os bairros Teresina Sul I e II e as margens da BR 316 em

constante transformação.

Figura 1: Localização da área de estudo

Fonte: modificado Google Maps, 2013.

METODOLOGIA

A metodologia utilizada, para desenvolvimento deste trabalho, foi realização de

pesquisa bibliográfica sobre o processo de urbanização de Teresina, em livros e

periódicos, buscando encontrar obras referentes à história de expansão da zona sul de

Teresina.

RESULTADOS E DISCURSÕES

No perímetro entre o bairro Esplanada, zona sul de Teresina e povoado Cebola

zona rural, nos últimos anos observou-se um processo de transformação contínua, com

obras de instalação de conjuntos habitacionais (Teresina I e II), construção de

residenciais (Residencial Eduardo Costa), e de Empresas. Essa expansão ocorre devido

a infra-estrutura prevista, como a duplicação da BR 316 e a instalação do Anel Viário de

Teresina (RODOANEL) resultando no fluxo maior, destacado como ponto positivo para

o desenvolvimento destas Empresas.

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Observou-se que a criação do Pólo Empresarial Sul teve como objetivo organizar

e ampliar a planta industrial de Teresina, promovendo o crescimento urbano de forma

racional e para proporcionar a adequada ocupação do solo urbano. É importante

destacar que as empresas não precisam, necessariamente, se instalarem dentro do Pólo

Empresarial, como a Empresa Relva Refrigerantes.

Constou-se ainda, que os proprietários dos meios de produção são grandes

consumidoras do espaço, comandam a vida econômica e política, além de pressionar o

Estado para instalação de infra-estruturas necessárias para o desenvolvimento de suas

atividades.

Desse modo, na área delimitada os aspectos destacados impressos na instalação de

Empresas, construção do conjunto habitacional, como o Teresina sul I e II (atuação do

Estado) e em terrenos sem ocupação, atraiu a especulação, resultando em intenso

movimento de transformação da área atualmente.

REFERÊNCIAS

CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. Ática. 4ªed. São Paulo. 2005.

VIANA, Bartira Araújo da Silva. O Sentido da Cidade: entre a Evolução Urbana e o

Processo de Verticalização. Fundação Cepro. Teresina. 2005.

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ESTUDO DO PROCESSO DE VERTICALIZAÇÃO DA ZONA LESTE DE

TERESINA-PI

Adjhones de Souza SILVA

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Antonio de Assis NETO

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Marcos vinicios de ANDRADE

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Livânia Norberta de Oliveira

Professora provisória do Curso de Geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO: A verticalização é uma necessidade encontrada nas grandes cidades para solucionar os

problemas de uso e ocupação do solo. O presente trabalho tem como objetivo fazer uma

descrição do processo de verticalização na Zona Leste de Teresina. Para o desenvolvimento da

pesquisa foram realizadas pesquisas bibliográficas, através de consulta em livros, artigos

científicos, referentes a estudos realizados sobre o processo de verticalização, assim como, o

levantamento de dados em órgãos ligados ao setor da construção civil, principalmente a

Prefeitura Municipal, órgão responsável pela aprovação dos projetos para construções de

edifícios residenciais e comerciais na capital. Constatou-se que no final dos anos de 1980,

surgiu de forma acentuada e consolida na Zona Leste o processo de verticalização na cidade,

devido a ação dos agentes produtores imobiliários e fundiários do espaço urbano, os quais

estruturaram uma nova organização espacial na área em questão. Tal processo está relacionado à

valorização dos terrenos, à boa infraestrutura, à segurança e comodidade. Verificou-se também

que a verticalização aconteceu com o processo da evolução urbana, principalmente no Centro e

Zona Leste da capital, estando associada a ações das atividades econômicas e imobiliárias, que

atualmente passa por diversos investimentos do setor privado, ocasionando uma nova

modelagem na infraestrutura urbana na área em questão.

Palavras chave: Espaço urbano, Verticalização, Teresina.

INTRODUÇÃO

A verticalização é uma necessidade encontrada pela grandes cidades para

solucionar os problemas do grande aglomerado de pessoas que nela vive. Alguns

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pesquisadores aponta esse fator como uma verdadeira identidade da urbanização, para

uma modelagem da paisagem e do espaço urbano.

A verticalização tem dado um novo visual à cidade de Teresina, principalmente

na Zona Leste, onde a ação dos agentes modeladores é mais intensa. Entretanto esse

processo ocorreu de certa forma mal planejada, causando vários problemas naquela

região, como os alagamentos devido a impermeabilização do solo de uma área

localizada na margem do rio Poti, dentre outros.

Diante do exposto, objetiva-se discutir o processo de verticalização na Zona

Leste de Teresina, destacando a centralização que ocorreu naquela região, os problemas

socioambientais e o processo de segregação lá existente.

O PROCESSO DE VERTICALIZAÇÃO DE TERESINA-PI

Foi no início da década de 1990, que o processo de verticalização se desenvolveu

principalmente nas Zonas Centro e Leste da capital do Piauí, necessitando, desta forma,

um aprofundamento da análise da produção espacial, “através das ações do capital

financeiro, ou seja, da relação intrínseca entre os capitais imobiliários, financeiros,

fundiários e produtivos realizadores de estratégias mútuas” (FAÇANHA, 1998, p. 211).

O que vigorava nesse contexto, era as construções de edifícios públicos e

comerciais que tinha como fim centralizar a oferta de serviços com salas para escritórios

ou consultórios, na zona central de Teresina sem muitos fins lucrativos.

Embora acontecendo com certo atraso, em relação às outras capitais brasileiras,

as mudanças da paisagem urbana de Teresina, através do fenômeno da verticalização,

são conseqüências da ação de um agente social que começa a se consolidar enquanto

transformador do espaço urbano em Teresina: o promotor imobiliário privado.

A cidade cresce e a população excluída desse processo é jogada para fora da área

central, que se valoriza. “O resultado será, necessariamente, a segregação social gerada

pela disputa pelo acesso aos espaços da cidade [...]” (RIBEIRO, 1996, p.116, apud

DIAS, 2003).

É nesse período que ocorre a consolidação do processo de verticalização de

Teresina, deixando mais evidente a segregação existente na cidade e a atuação dos

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agentes imobiliários, que agem sobre o espaço urbano produzindo e reproduzindo o seu

capital.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento da pesquisa foram realizadas pesquisas bibliográficas,

através de consultas em livros, artigos científicos e fontes pesquisadas em web

sites, referentes a estudos realizados sobre o processo de verticalização na cidade de

Teresina.

Houve pesquisa de campo em setores ligado a construção civil e na Prefeitura

Municipal, órgão responsável pela aprovação dos projetos para construções edifícios

residenciais na nossa capital.

VERTICALIZAÇÃO NA ZONA LESTE DE TERESINA-PI

A ação dos agentes produtores incorporadores do espaço urbano estruturou uma

nova organização espacial na Zona Leste, relacionadas com a valorização dos terrenos,

a localização privilegiada, a proximidade do rio Poti, a vista panorâmica, a boa

infraestrutura, a segurança, o modismo e a comodidade.

Segundo Abreu (1993) a construção da habitação para as populações com mais

alto poder aquisitivo é o objetivo principal do capital imobiliário. As elites tendem por

constituição ideológica a se isolar dos demais grupos sociais que compõem a cidade,

vivendo uma auto-segregação, onde prefere viver em local fechado com maior

segurança, para fugir da violência, que na concepção dessa classe é causada pela parte

mais pobre da cidade.

A ação dos agentes produtores incorporadores do espaço urbano estruturou uma

nova organização espacial na Zona Leste, apresentando atrativos relacionados com a

valorização dos terrenos, a localização privilegiada, a proximidade do rio Poti, a vista

panorâmica, a boa infra-estrutura, a segurança e o status social.( SOUSA, 2010)

Vale lembrar que o processo de verticalização quando mal planejada causa

impactos ambientais, afetando o clima urbano, favorecendo o desenvolvimento de

microclimas. Na Zona Leste existe um grave problema de acúmulo de água nas ruas e

avenidas daquela região, devido à impermeabilização do solo, tendo em vista o

deficiente sistema de galerias para o escoamento das águas pluviais e a inexistência de

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projetos de sustentabilidade que venha minimizar esses problemas, Diminuindo assim,

os impactos para as famílias, que sofrem perdas econômicas e danos morais devido à

infra-estrutura deficiente em muitos prédios presentes na Zona Leste da capital.

CONCLUSÃO

A verticalização na Zona Leste atualmente está em um processo de aceleração,

devido a vários investimentos por parte do setor privado. Essa alta no mercado só

mostra que a capital piauiense passa por uma nova modelagem na infraestrutura e por

uma mudança na produção do espaço urbano, na construção de grandes edifícios.

Um fator para a grande procura de condomínios fechados em Teresina, se dá em

detrimento da violência urbana na cidade, causando a segregação sócio-espacial na

capital. É necessário ressaltar a importância de um planejamento adequado desse

processo de verticalização, como forma de evitar maiores danos à população e ao meio

ambiente.

REFERÊNCIAS

VIANA, B. A. da S. Impactos ambientais da mineração de materiais para

construção civil na Zona Norte de Teresina-PI. 2007. Dissertação (Mestrado) -

Programa Regional de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Universidade Federal do Piauí, 2007.

FAÇANHA, A.C. A Evolução Urbana de Teresina: agentes, processos e formas

espaciais. 1998. Recife. Dissertação (Mestrado em Geografia) - Universidade Federal

de Pernambuco, 1998.

______. A verticalização em Teresina: sonho de muitos e realidade de poucos.

Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização em Ensino de Geografia),

Universidade Federal do Piauí. Teresina, 2003

ABREU, I. G. de. O Crescimento da zona Leste de Teresina — Um caso de

Segregação? Dissertação (Mestrado em Geografia) - Instituto de Geociências,

Programa de Pós-Graduação em Geografia. Universidade federal do Rio de Janeiro,

1993.

DIAS, R. A verticalização em Teresina. Cadernos de Teresina. Ano XV n. 35,

março/2003.

SOUSA, L.O.A. Análise do Processo de Verticalização da Zona Leste da Cidade de

Teresina Piauí de 1980 a 2010. Disponível em: <

http://www.ufpi.br/19sic/Documentos/RESUMOS/Humanas/Lucineide Osterne Alencar

de Sousa.pdf> Acesso em: 12 de maio de 2013.

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LÓGICA DOS ASSENTAMENTOS RURAIS DO SEMIÁRIDO PIAUIENSE:

ESTUDO DE CASO DO ASSENTAMENTO CANA BRAVA – JUREMA –PI

Aldemir Monteiro de ASSIS

Graduando do curso de licenciatura em geografia da UESPI

[email protected]

Fernandes Pereira NUNES

Graduando do curso de licenciatura em geografia da UESPI

[email protected]

Judson Jorge da SILVA

Prof.Msc./Orientador – Dpto. Geografia – UESPI – Campus São Raimundo

Nonato

[email protected]

RESUMO Compreender a lógica em torno da implantação do assentamento rural Cana Brava, criado

através do Programa Banco da Terra, configura o foco principal de análise desse trabalho.

Localizado no município de Jurema, o mesmo se encontra inserido na área semiárida do Piauí.

Por essa razão, buscamos caracterizar as formas de organização, bem como a dinâmica

econômica e produtiva das famílias assentadas. As análises apontam sérios problemas de ordem

social e econômica, agravados pela seca vivenciada no período 2012-2013. É possível perceber

também que, na inexistência das ações de movimentos sociais de luta pela terra nessa área do

Piauí, vem se implementando na região programas da chamada “reforma agrária de mercado”.

Palavras-chave: Assentamento; Banco da Terra; Semiárido; Compra de terra; Governo FHC.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta uma caracterização do Assentamento Cana

Brava, situado no município de Jurema, semiárido Piauiense, no Território de

Desenvolvimento Serra da Capivara. Através do levantamento de dados buscou-se

identificar a forma pela qual se deu a criação do assentamento, a procedência das

famílias, o perfil dos assentados, além a organização política e econômica, bem como os

principais problemas enfrentados pelos camponeses. O desenvolvimento da pesquisa em

áreas de assentamentos rurais no semiárido piauiense faz-se necessário para que se

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forneçam subsídios que permitam transparecer a lógica inerente à construção desses

territórios nesse ambiente.

Nesse sentido, além da pesquisa empírica, dialogamos com autores que

discutem sobre a questão agrária, obtendo elementos teóricos que auxiliam a

compreender os processos de compra e venda de terras intermediadas pelo governo,

modo como foi realizada a aquisição da terra pelos assentados.

DESENVOLVIMENTO

O assentamento possuí uma área total de 1066 hectares (um mil e sessenta e

seis), beneficiando 26 famílias, que possuem um lote de terra com aproximadamente 41

hectares. Sua implantação ocorreu no ano de 2002, sendo financiado pelo Banco da

Terra, programa criado pelo governo Fernando Henrique Cardoso.

Segundo Fernandes, desde a sua primeira gestão, o governo Fernando Henrique

Cardoso criou

diversas políticas com o objetivo de impedir o avanço da luta pela terra. Para

tentar diminuir o crescimento das ocupações de terra foi criado o Banco da

Terra: uma política de compra e venda de terras. Igualmente, por meio de

medidas provisórias, iniciou uma série de políticas, como, por exemplo: não

realizar vistorias em terras ocupadas, não assentar as famílias que

participarem de ocupações, excluir os assentados que apoiarem outros sem-

terra na ocupação de terra, tentando, dessa forma, impedir o processo de

territorialização das lutas pela terra (FERNANDES 2001, p.22).

Nessa perspectiva, verifica-se que o Estado funciona como um agente

intermediador no processo de compra e venda de imóveis rurais, visando barrar as ações

dos movimentos sociais de luta pela terra ao adotar mecanismos de mercado que,

supostamente, permite a pequenos produtores adquirir a terra própria, mas os coloca em

uma situação de grave endividamento.

Para a realização da pesquisa, os dados foram obtidos através da aplicação e

análise de questionários aplicados às famílias assentadas e entrevistas com lideranças da

comunidade.

Constatou-se que 60% das famílias do assentamento são procedentes do

próprio município e 40% são oriundas do município de Anísio de Abreu – PI.

Verificou-se que foram 26 o número de famílias beneficiadas com a compra da terra no

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ano 2002. Porém, atualmente só residem no assentamento 57,7% dos assentados. Os

demais continuam com seus lotes, mas residem em comunidades vizinhas ou em Anísio

de Abreu – PI, que faz divisa com o município de Jurema.

De acordo com informações do senhor Adão Paes Landim Nascimento, 45

anos, morador do Cana Brava, o processo de negociação da compra da terra se deu pelo

fato de que o dono da mesma, na tentativa de vendê-la para particulares e não

conseguindo, propôs aos moradores da região que se organizassem na forma de

associação para que pudesse ser feito a negociação com o governo. Portanto, a proposta

partiu do próprio dono, que organizou também a divisão dos lotes da propriedade. Após

a realização da proposta, dentro de dois meses, com a documentação da associação

pronta e registrada em cartório, foi possível a concretização da compra das terras pelo

programa do governo.

Nessa perspectiva, Fernandes afirma que o programa de reforma agrária criado

durante o governo de FHC,

[...], em parte, abrindo mão de sua competência, criou o Banco da Terra,

beneficiando mais ainda os latifundiários, que passam a receber em dinheiro

e à vista, fortalecendo-os e enfraquecendo os trabalhadores. Nesse sentido, o

governo criou uma enorme desigualdade nas negociações políticas, já que

dessa forma é o mercado que passa a ser a condição de acesso à terra, e não

mais ações dos trabalhadores e a intervenção do Estado (2001, p.40).

Essa condição de compra e venda de terra acaba por beneficiar somente aos

grandes latifundiários, pois na maioria das vezes a negociação estipula valores acima

dos de mercado. Com isso, o grande proprietário acaba territorializando seus capitais na

compra de mais terras em outros locais.

Segundo Monte,

Uma „reforma agrária de mercado‟, proposta pelo Banco Mundial – BIRD,

com a utilização do mecanismo de crédito fundiário, foi imediatamente

incorporada pelo governo, contrapondo-se à proposta de reforma agrária

„imediata, ampla e massiva‟ e com prioridade na utilização do instrumento da

desapropriação por interesse social para fins de reforma agrária defendida

pelos movimentos sociais e que passou então a ser objeto de severas críticas e

objeções, principalmente do MST, CPT, Fórum Nacional pela Reforma

Agrária e Justiça no Campo e pela CONTAG (2006 p.50).

Dessa maneira, os grandes latifúndios passaram a serem atrativos financeiros

para especulação imobiliária, ao mesmo instante em que esse mecanismo freia as ações

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dos movimentos sociais. Agindo dessa maneira, o Estado beneficia duplamente os

grandes produtores em detrimento dos sem terra.

No assentamento, as formas de organização da produção se dão com base nos

núcleos familiares e ocorre a pluriatividade de culturas associada à criação. Inexistem

práticas de trabalho coletivo. Conforme dados obtidos 17,14% dos moradores são

adolescentes, 80% são adultos e 2,85% são idosos ainda em plena atividade na

agricultura. No que diz respeito às atividades produtivas, as famílias produzem

alimentos que estão ligados à base alimentar regional. 93% delas plantam feijão em

áreas que vão de um a cinco hectares; 86,7% cultivam milho em áreas de um a cinco

hectares; 66,7% fazem plantio de mandioca em áreas de um a cinco hectares; Há ainda a

produção de capim por alguns dos assentados que criam animais como o gado vacum

(bovino), sendo que 66% das famílias exercem essa atividades de pecuária. As

atividades agrícolas citadas foram todas prejudicadas pela seca 2012 e 2013 que afetou

a região, sendo o resultado da produção totalmente nulo.

A produção agrícola do Assentamento Cana Brava serve para a alimentação

das famílias assentadas e, quando as condições climáticas permitem que sejam gerados

excedentes, os mesmo são vendidos na região para complementação da renda familiar

composta, principalmente, por benefícios do Governo Federal. Do total das famílias,

80% recebem o Bolsa Família. Já o Garantia Safra é recebido por 60%, pelo fato de não

terem realizado colheita nos anos de 2012 e 2013. Entre os produtores de gado, 66,7%

deles venderam parte completamente o rebanho bovino, pois as pastagens cultivadas

morreram em consequência das secas. A compra de insumos para alimentação do gado,

como milho dentre outros produtos, não seria viável devido aos elevados preços em que

os mesmos se encontram atualmente, tendo esses produtos que virem de fora do

município. Os assentados tiveram que vender o seu rebanho por um preço abaixo do

estimado, solução tomada para evitar a morte e perda completa do gado.

Associado ao problema da estiagem, os moradores apontam o descaso dos

governantes, no quesito assistência técnica. Os assentados carecem dos mesmos

problemas vivenciados por qualquer pequeno produtor da região, sendo atualmente os

efeitos da seca o mais preocupante.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo exposto fica evidente a gravidade da realidade enfrentada pelos assentados.

Isso fica claro quando a pesquisa aponta que parte dos mesmos mantém seus lotes no

Cana Brava, porém não residem na comunidade. Tal situação é condicionada pela

dificuldade de produção, sobretudo no período de estiagem. Isso é reflexo da falta de

assistência técnica, que nunca existiu no assentamento. É importante frisar que cabe ao

Estado à responsabilidade de promover políticas públicas capazes de subsidiar ou

amenizar tais problemas, bem como ser capaz de promover uma mudança radical no

âmbito das questões relacionadas ao desenvolvimento no campo, que atenda aos anseios

dos produtores pobres. Por estar inserido no semiárido piauiense, é preciso o estimulo

de políticas públicas voltadas para a convivência com o ambiente semiárido. Tais

medidas devem vir acompanhadas de assistência aos produtores, visando garantir

condições de vida digna, através do acesso a água e soberania produtiva e alimentar das

famílias assentadas.

Outro fato que merece atenção especial é modelo de “reforma agrária de

mercado” que vem sendo implantado na região. Cabe refletir por qual razão os

movimentos de caráter sócioterritoriais, como o MST, não tem especializado e

territorializado suas ações no sudoeste do Piauí.

REFERENCIAS FERNANDES, Bernardo Mançano. Questão agrária, pesquisa e MST. São Paulo: Cortez, 2001.

MONTE, Francisco Clesson Dias. A política de assentamentos rurais do INCRA no contexto do

semiárido nordestino. 2006. (Dissertação de Mestrado) <http://r1.ufrrj.br/cpda/wp-

content/uploads/2011/09/m_francisco_clesson_dias_monte_2006.pdf > Acesso em 09/09/2013 as 22:13.

NASCIMENTO, Adão Paes Landim. Entrevista [set.2013]. Entrevistador: Aldemir Monteiro de Assis.

Jurema:Assentamento Cana Brava, 2013. 1 arquivo mp3 (60min.).

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Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

O CRESCIMENTO URBANO DE SÃO RAIMUNDO NONATO E SUAS

IMPLICAÇÕES NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO ATUAL

Anselmo Viana dos SANTOS

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Romário Borges da COSTA

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

Stephanyo dos Reis OLIVEIRA

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA

Professora da Universidade Estadual do Piauí (UESPI)

[email protected].

RESUMO O presente trabalho tem por finalidade, mostrar o crescimento urbano bem como a sua

desproporcionalidade da aplicação das políticas públicas na cidade de São Raimundo Nonato,

que tem este nome por homenagem ao seu padroeiro com nome homônimo. Pretende-se através

da pesquisa fazer uma retrospectiva ao início da formação da cidade e fazer uma comparação

com a atual realidade focando a atuação do Estado frente aos problemas que surgem com o

crescimento desordenado. A urbanização é um processo natural, de modo geral se dá quando a

população urbana excede a população da zona rural e em São Raimundo Nonato não é diferente.

No entanto, o ritmo como este processo vem acontecendo é que se torna desigual. É importante

compreender a dinâmica da mesma em todos os aspectos, seja de forma cultural, natural, e seus

problemas urbanos que é marcado pelas desigualdades sociais. Apesar de São Raimundo

Nonato não ser uma cidade de grande porte, percebe-se através da pesquisa esses contrastes

dado por este processo acelerado dificultando um desenvolvimento mais igualitário.

Palavras-chave: Urbanização; processo; desenvolvimento;

INTRODUÇÃO

O objeto de estudo desta pesquisa é o município de São Raimundo Nonato que esta

localizado na mesorregião do sudeste piauiense, possui 32,327 e 2.607km². Foi fundado

no ano de 1912, com densidade demográfica de: 9,97 habitantes por km², área total

(IBGE, 2012). Já em 1912 quando a freguesia foi elevada a categoria de cidade, São

Raimundo Nonato nasce no auge da produção da borracha de maniçoba, o comércio já

demonstrava que teria um futuro próspero (SANTOS,2012). A economia ainda, nos dias

atuais depende da agricultura, mas outras fontes de renda também colaboram para o

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crescimento. A população também cresceu a taxas elevadas nos últimos anos. A

concentração de pessoas em São Raimundo Nonato advindas de vários lugares se

justifica por vários fatores: estudo, trabalho, pesquisas dentre outros. Sua localização e

importância histórica também corroboram para vindas de estudiosos e pesquisadores. O

município está localizado no sudeste do Piauí onde se localiza o Parque Nacional Serra

da Capivara, localizado no semiárido nordestino, fronteira entre duas formações

geológicas, com serras, vales e Planícies, abrigando fauna e flora específica da caatinga.

Com todo esse destaque através do Parque, outras fontes de renda começaram a

ser trabalhadas no município, dentre elas, o turismo. Ainda assim, verificam-se algumas

deficiências para melhor desenvolvimento urbano e econômico da cidade. Este trabalho

visa mostrar o crescimento de São Raimundo Nonato e qual o papel do Estado frente a

esse desenvolvimento. As dificuldades encontradas na economia, mobilidade urbana

dentre outros problemas urbanos decorrentes de um crescimento mal planejado.

Destacando também o processo de urbanização da cidade fazendo o comparativo do seu

avanço.

SÃO RAIMUNDO NONATO: SEU CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO

Durante o processo de urbanização da cidade de São Raimundo Nonato a área

urbana passou a ser um importante ponto de comercio e reprodução do capital mesmo

que em uma escala pequena. Para Magnoli (2011, p.99) o processo de urbanização é um

fato mundial condicionado pela disseminação da economia de mercado e pela divisão

do trabalho cada vez mais intensa que acompanha.

A partir de 1922, com o declínio da maniçoba, o comércio ganhou força

baseado principalmente na diversidade dos produtos agrícolas. Atualmente a atividade

comercial é a fonte de renda de São Raimundo Nonato, lojas de tecidos, ao lado antiga

estação rodoviária funciona como feira de livre de produtos agrícolas, ainda existe o

mercado do produtor, onde nas dependências do prédio encontramos restaurantes, bares,

ponto de moto taxi e ao lado é uma feira livre de confecções, e novamente produtos

agrícolas. Para Carlos 2008, p.65:

Existe nitidamente com o desenvolvimento do comércio, e consequentemente

das cidades e das populações urbanas uma mudança de valores. A terra passa

a dividir com o comércio o papel de fonte de riquezas. O comércio começa a

se impor e a organizar um espaço compatível com seus valores no modo de

vida.

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O comércio tem se destacado na economia sanraimundense criando uma

competição também no setor de empregabilidade. Mesmo em processo de

desenvolvimento, a cidade tem crescido na sua densidade demográfica e muitos são os

que buscam no comércio o seu emprego e renda. Com o crescimento populacional

também cresce a procura por emprego. Isso se assemelha com o pensamento de

(Magnoli 2001 p. 100) onde afirma que: “as desigualdades no ritmo do processo de

urbanização refletem as disparidades econômicas regionais e a própria inserção

diferenciada de cada região na economia nacional”. Cada cidade tem um ritmo

diferenciado de crescimento, tendo anos com poucas mudanças no cenário urbano,

como também, anos com suas grandes transformações.

Percebe-se que a cidade de São Raimundo Nonato vem crescendo mais do que

as políticas públicas podem acompanhar ou não está sendo planejado como deveria. No

trânsito, nos comércios as transformações ocorridas ao longo do tempo são notórias. A

cidade teve um crescimento vertical acelerado, causando o desaparecimento do aspecto

colonial, ou seja, a paisagem urbana da cidade começa a sofrer modificações.

Atualmente possui poucas residências no centro, mas os bairros se expandiram bastante

ao longo dos anos e ainda hoje nota-se o crescimento imobiliário na cidade. O

crescimento da cidade não se dá apenas por influencia de trabalho, mas os estudos

colaboraram para esse crescimento. Isso ocorreu desde a época onde a escola “Madre

Lúcia” sendo a primeira escola normal da região, provocou o deslocamento de jovens

das cidades vizinhas para São Raimundo Nonato proporcionando o crescimento no

índice populacional do município.

Atualmente os estudantes vindos de outras cidades buscam bem mais que o

ensino médio, a cidade conta com uma Universidade Estadual do Piauí – UESPI,

Universidade do Vale do São Francisco UNIVASF, o Instituto Federal de Educação,

Ciências e Tecnologia (IFPI), que oferece cursos técnicos e Ensino Médio, além de

Possuir vários colégios públicos e privados de Ensino Fundamental e Médio

profissionalizante. Além de professores e estudiosos da área de arqueologia.

Os procedimentos metodológicos para esta pesquisa foi de caráter exploratório

de natureza aplicada, pois recupera conhecimentos teóricos isolados para resolução de

problemas específicos. O levantamento bibliográfico de livros, artigos de periódicos

sobre assuntos relacionados ao objetivo deste trabalho, foram amplamente explorados.

Figura 34: Avenida Profº João Menezes

atualmente

Fonte Romário Borges.

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Entrevistas, pesquisa de campo para busca de acervo da cidade além de registros

fotográficos.

Na cidade de São Raimundo Nonato juntamente com seu crescimento

populacional também vem crescendo os problemas urbanos como: trânsito caótico,

esgotos nas ruas, poluição sonora, visual e falta de mobilidade urbana consequência de

uma cidade sem estrutura, e nem saneamento básico para todos. A violência já tem

chegado à cidade, o lixo nas ruas, e não por fim suas desigualdades socioeconômicas já

se tornam cada vez mais fortes.

CONCLUSÃO

As transformações ocorridas na cidade mostram que com o tempo os aspectos

físicos vão sendo construindo de acordo com os valores de cada período. Desta forma a

mudança de período significa também a ruptura de muitos valores. Buscou-se

compreender o processo de urbanização da cidade que é uma realização humana no

produto e obra, e assim modificando a vida do cidadão. O presente trabalho fez

referência em sua pesquisa aos principais problemas advindos do processo acelerado de

urbanização, mas sabe-se que existem outros que não foram citados no texto.

Levando-nos a refletir no processo de urbanização e suas contradições. Que

embora seja um processo importante de desenvolvimento, quando não é acompanhado

por planejamento pode se tornar um “caos”. A cidade de São Raimundo Nonato tem

grandes potencialidades em vários setores da economia, contudo precisam de

investimentos, políticas públicas e um conjunto de ações para se construir uma cidade

planejada de acordo com seu crescimento urbano.

REFERÊNCIAS

CARLOS, Ana Fani Alessandri, A cidade,8 ed. 2ºreimpressão; São Paulo:

contexto,2008.

IBGE Instituto brasileiro de geografia e estatística disponível em

www.ibgecidades.com, acesso em 05-09-2012.

MAGNOLI, Demétrio; ARAUJO, Regina. Geografia geral e brasil: Paisagem e

território, São Paulo. Ed. Moderna, 2001.

SANTOS, Alex de Sousa, Cidade em cores: urbanização e iconografia em São

Raimundo Nonato(1949-2011). 2012

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O PAPEL DA POLÍTICA HABITACIONAL NA EXPANSÃO URBANA DE

TERESINA-PI

Léa Maria da Silva CARDOSO

Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Geografia da UFPI

[email protected]

Bartira Araújo da Silva VIANA

Orientadora: Professora Doutora de Geografia da UFPI

[email protected]

RESUMO

Teresina teve seu crescimento populacional e urbano mais acentuado a partir da década de 1960,

graças ao desenvolvimento de inovações tecnológicas e da ampliação do setor de serviços, além

da crescente imigração e ao desenvolvimento das políticas habitacionais, em especial, a

construção dos conjuntos habitacionais. Este acelerado crescimento da capital contribuiu para

uma maior utilização do solo urbano. O presente trabalho tem como objetivo principal analisar a

expansão urbana da cidade de Teresina, tendo em vista o papel da construção dos conjuntos

habitacionais, com destaque para o Residencial Jacinta Andrade, Zona Norte da cidade,,

enfatizando os impactos ambientais envolvidos neste processo. A metodologia empregada no

trabalho se deu mediante a pesquisa bibliográfica em livros e artigos, em sites da internet, assim

como visitas in locu visando observar e coletas informações sobre o objeto de estudo em

questão. O trabalho, que está em fase de conclusão, justificando-se pela importância de se

conhecer os problemas urbanos de Teresina, uma vez que a acelerada expansão urbana da

cidade nas últimas décadas concorre para a ocupação cada vez maior da franja urbana; lugares,

muitas vezes, com condições ambientais impróprias para a construção dessas ocupações.

Palavras-chave: Teresina. Expansão Urbana. Conjuntos Habitacionais. Impactos.

INTRODUÇÃO

Teresina teve seu crescimento populacional e urbano mais acentuado a partir da

década de 1960, graças ao desenvolvimento de inovações tecnológicas e da ampliação

do setor de serviços, além da crescente imigração e ao desenvolvimento das políticas

habitacionais, em especial, a construção dos conjuntos habitacionais, sendo que este

acelerado crescimento da capital contribuiu para uma maior utilização do solo urbano.

Dessa forma, o presente trabalho tem como objetivo principal analisar a

expansão urbana da cidade de Teresina, tendo em vista o papel dos conjuntos

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habitacionais, com destaque para o Residencial Jacinta Andrade, Zona Norte da cidade,

enfatizando os impactos ambientais envolvidos neste processo.

O trabalho, que está em fase de conclusão, justificando-se pela importância de se

conhecer os problemas urbanos de Teresina, uma vez que a acelerada expansão urbana

da cidade nas últimas décadas concorre para a ocupação cada vez maior da franja

urbana; lugares, muitas vezes, com condições ambientais impróprias para a construção

dessas ocupações.

A metodologia empregada no trabalho se deu mediante a pesquisa bibliográfica

em livros e artigos, em sites da internet, assim como visitas in locu visando observar e

coletas informações sobre o objeto de estudo em questão.

DESENVOLVIMENTO

A expansão urbana e a política habitacional de Teresina

No final da década de 1950 o Piauí ingressou no processo de industrialização do

país. Tal fato concorreu devido ao rápido crescimento da população urbana do Estado,

especialmente em Teresina, onde havia maior concentração do comércio e dos serviços.

Aliam-se também para o crescimento dos centros urbanos no Piauí os problemas de

ordem naturais como as secas; estes obrigavam moradores do campo a buscarem

melhores condições de vida nas cidades (MELO, 2009).

Entre as décadas de 1950 e 1980, Teresina apresentava uma taxa de crescimento

populacional elevada (em torno de 5% ao ano), resultado do crescente êxodo rural. A

construção de rodovias integrando a capital a outros municípios facilitou o fluxo

migratório. Nesse período, Teresina contava com cerca de 40% do contingente urbano

do Estado (TERESINA, 1993 citado por MELO, 2009).

Em 2000, Teresina contava com uma população de 715.360 habitantes, com

613.767 residindo na zona urbana, o equivalente a 94,70%. Já no censo de 2010, a

população teresinense conta com 814.439 habitantes. Deste, 767.777 residem na zona

urbana e 46.662 na zona rural (CEPRO, 2011). Juntamente com o crescimento

populacional, cresceu também o déficit habitacional, pois muitos habitantes da cidade

detinham baixo poder aquisitivo, residindo em moradias insalubres. Na primeira metade

do século XX, diversas cidades sofriam com sérios problemas de infraestrutura

domiciliar (MELO, 2009).

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Foi somente com a Revolução de 1930 que o Governo Brasileiro começou a

pensar numa política para a habitação e os problemas urbanos passaram a ser discutidos.

O governo Estado Novo a partir de 1937 passa a tratar dos assuntos ligados aos

moradores das favelas de uma forma política, o que levou a adoção de uma política de

erradicação da favela. A principal característica da política habitacional populista foi a

criação da Fundação da Casa popular (FCP); criado para prover residências para a

população pobre (MOTTA, 2010?).

Ao longo da segunda metade do século XX, vários programas habitacionais

foram instituídos com o intuito de solucionar problemas relativos ao déficit habitacional

no país. Com a Ditadura Militar, houve a adoção do Banco Nacional de Habitação

(BNH). Posteriormente, houve o Programa de Ação Imediata para a Habitação no

governo Collor. No governo Fernando Henrique Cardoso, os principais programas

foram o Pró-Moradia e Habitar Brasil. E no governo Lula, os principais são o PAC

Habitação e o Programa Minha Casa, Minha Vida (MOTTA, 2010?).

A FCP foi extinta em 1964 com o Golpe Militar. Em seu lugar foi criado o Plano

Nacional de Habitação. Este, além de propor ações relacionadas com a habitação,

buscava a dinamização da economia e desenvolvimento do País. A fim de solucionar o

“caos” urbano e a proliferação das favelas o governo militar estimulou a elaboração de

planos diretores, que, no entanto, ignoravam as necessidades e problemas reais da

cidade. A produção de moradias e obras de infraestrutura não atendia à população de

baixa renda (MARICATO, 1998).

As Companhias Habitacionais (COAHBs) foram criadas entre 1964 e 1965 em

diversas cidades do país, inclusive em Teresina. Empresas públicas ou de capital misto,

tinham como objetivo principal atuar na elaboração e execução de políticas de redução

do déficit habitacional (MOTTA, 2010?).

As políticas habitacionais do Governo Federal chegaram em Teresina em 1965,

com a criação da COAHB-PI com o objetivo de funcionar como agente local promotor

da política habitacional do BNH. Foram construídos alguns conjuntos habitacionais na

cidade durante o governo militar a exemplo do Conjunto do Parque Piauí, concluído em

1968, com 2.294 casas edificadas distante do perímetro urbano da capital, o que deixou

um enorme vazio urbano, favorecendo a especulação (FAÇANHA, 1998).

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Entre 1966 e 1990 foram construídas aproximadamente 34.594 mil unidades

habitacionais distribuídos em 43 conjuntos habitacionais na cidade. Destacam-se nesse

período os conjuntos habitacionais Parque Piauí já citado, em 1968, com 2.294 unidades

habitacionais, Bela Vista I, em 1976, com 912 unidades habitacionais, Saci em 1979,

com 2.034 unidades habitacionais e Itararé, hoje renomeado de Dirceu Arcoverde em

1977, com 3.040 unidades habitacionais em sua primeira fase de implantação.

A referida autora complementa que na década de 2000 vários conjuntos

habitacionais foram construídos. No final dessa década, em 2008, iniciou-se a

construção de uma grande unidade habitacional em Teresina: o residencial Jacinta

Andrade. Localizado no bairro anta Maria da Codipi, Zona Norte da cidade, o

residencial pertence ao Programa Pró-Moradia, do Governo Federal, e é um dos maiores

projetos habitacionais financiados pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Melo (2009) ressalta ainda que ao finalizar do projeto serão 4.300 casas, as quais

atenderão a uma população em torno de 20 mil habitantes; número equivalente à

população de uma pequena cidade. No entanto, apesar de ainda estarem em fase de

conclusão, em 2011 as residências começaram a ser entregues (PORTAL O DIA, 2013).

Quanto aos impactos, oriundos da expansão urbana da capital, a Agenda 2015 da

cidade revelou vários problemas ambientais decorrentes do acelerado crescimento

urbano das últimas décadas. Esse processo é incompatível com o crescimento

populacional e desenvolvimento econômico, considerando a necessidade de proteção ao

ambiente e o estabelecimento de uma qualidade de vida (VIANA, 2007).

Nota-se que para a edificação dessas habitações faz-se necessário o

desmatamento da mata nativa, fator agravante para a perda de espécies vegetais e

animais, bem como a fragilidade do solo. Ressalta-se que as reclamações recentes dos

moradores do residencial alertam para o aparecimento de animais silvestres em suas

residências.

CONCLUSÃO

O crescimento urbano de Teresina acentuou-se mais especificamente na década

de 1960, com a implementação de conjuntos habitacionais destinados à população de

baixa renda. Dentre os grandes conjuntos estão Parque Piauí, Saci, Itararé, Promorar e

mais recentemente o residencial Jacinta Andrade.

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Portanto, a construção dos conjuntos habitacionais contribuiu significativamente

para a expansão urbana de Teresina, uma vez que estes foram edificados em áreas

distante do centro (na franja urbana); concorrendo para a ampliação dos equipamentos

urbanos nessas áreas.

Ressalta-se ainda que todo esse crescimento urbano contribui para uma maior

ocupação e degradação do solo, concorrendo para a perda de áreas verdes e fauna

silvestre. Em muitos casos o terreno onde os conjuntos são construídos é irregular

necessitando-se de prévia aplanação.

REFERÊNCIAS

CEPRO, Fundação. Diagnóstico socioeconômico Teresina. 2011. Disponível em:

http://www.cepro.pi.gov.br/download/201106/CEPRO21_5015e846a9.pdf. Acesso em:

09 ago. 2013.

FAÇANHA, Antônio Cardoso. A Evolução Urbana de Teresina: Agentes, Processos e

Formas Espaciais da Cidade. 1998. 233f. Dissertação (Mestrado em Geografia).

Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 1998.

MARICATO, Emília. Política Urbana e de Habitação Social: Um Assunto Pouco

Importante Para o Governo FHC. Revista Praga. São Paulo: HUCITEC, v. 1, n. 6, p.

67-78, 1998.

MELO, Constance de. C. C. J. Expansão urbana do município de Teresina e as

políticas habitacionais a partir de 1966. Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-

Graduação em Arquitetura e Urbanismo, Mackenzie. São Paulo, 2009.

MOTTA, Luana. D. A questão da habitação no Brasil: políticas públicas, conflitos

urbanos e o direito à cidade. MG, [2010?]. Disponível em: http://www. Conflitos

ambientaismg.lcc.ufmg.br. Acesso em: 30 nov. 2012.

PORTAL O DIA. Minha Casa, Minha Vida: O DIA flagra venda de casas por R$ 20

mil. 2013. Disponível em: http://www.portalodia.com/noticias/piaui/minha-casa-minha-

vida-o-dia-flagra-venda-de-casas-por-r-20-mil-172141.html. Acesso em: 22 ago. 2013.

VIANA, Bartira A. da S. Mineração de materiais para construção civil em áreas

urbanas: impactos socioambientais dessa atividade em Teresina, PI / BRASIL. 2007.

244f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação e Desenvolvimento e Meio

Ambiente. Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2007.

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complexidade do mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

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PLANEJAMENTO URBANO EM TERESINA PÓS-REDEMOCRATIZAÇÃO: O

II PLANO ESTRUTURAL DE TERESINA E A AGENDA 2015

Rodrigo da Silva RODRIGUES

Professor de Geografia da UESPI

[email protected]

Francisco de Assis VELOSO FILHO

Professor de Geografia da UFPI

[email protected]

RESUMO Este trabalho objetiva caracterizar o planejamento urbano de Teresina, especificamente os

planos urbanos elaborados na cidade, no período pós-redemocratização. Assim, fizemos o

levantamento dos dois planos que se situam neste período, a saber: o II Plano Estrutural de

Teresina (II PET), concebido em 1988; e por fim, o Plano Diretor de Teresina (Plano de

Desenvolvimento Sustentável - Teresina Agenda 2015), elaborado em 2001, mas reinstituído de

fato em 2006. Percebemos que estes dois últimos planos, ao passo que diminuíram o volume de

diagnósticos realizados, características dos três primeiros planos, politizaram-se, transformando-

se num conjunto de leis com o objetivo de dar diretrizes para o desenvolvimento socioespacial

da cidade.

Palavras-chave: Planeamento Urbano; Planos Urbanos; Teresina-PI.

INTRODUÇÃO

Este trabalho objetiva caracterizar o planejamento urbano de Teresina, na figura

dos planos urbanos elaborados na cidade, no período pós-redemocratização.

Primeiramente, fizemos uma rápida contextualização dos planos urbanos elaborados pra

cidade anterior a esse período e em seguida, buscamos caracterizar os dois planos

elaborados a partir deste momento destacado, a saber: o II Plano Estrutural de Teresina

(II PET), concebido em 1988; e por fim, o Plano Diretor de Teresina (Plano de

Desenvolvimento Sustentável - Teresina Agenda 2015), elaborado em 2001, mas

reinstituído de fato em 2006. Além da relevância do tema, esse trabalho justifica-se pelo

interesse pessoal dos autores.

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PLANEJAMENTO URBANO EM TERESINA PÓS-REDEMOCRATIZAÇÃO

Os planos urbanos de Teresina anterior à redemocratização

Podemos dizer que o planejamento urbano em Teresina, configurados na

elaboração de planos urbanos pra cidade, teve sua gênese em 1969, com a elaboração do

Plano de Desenvolvimento Local Integrado, o PDLI, contrato celebrado em outubro de

1968, entre Prefeitura de Teresina e a COPLAN, sendo interveniente o Serviço Federal

de Habitação e Urbanismo – SERFHAU, órgão do Ministério do Interior.

O segundo plano urbano da cidade foi o I PET, elaborado em 1977, durante a

gestão do Governador Dirceu Mendes Arcoverde que tinha na época como Secretário de

Planejamento, Felipe Mendes de Oliveira. O Plano foi construído num convênio da

SUDENE, CNPU, PMT com o IPAM (Instituto de Planejamento e Administração

Municipal) constituído por uma equipe de Brasília.

O terceiro plano urbano de Teresina, o Plano Diretor de Desenvolvimento

Urbano de Teresina, o PDDU, teve sua elaboração iniciada no ano de 1983, pela

Fundação Joaquim Nabuco, de Recife, e o Instituto Nacional de Administração para o

Desenvolvimento, no entanto, este plano não foi concluído (CAMPOS, 2011; MELO et

al., 2002). A priori, deveriam ter sido produzidos quatro relatórios, a saber: R1 -

Alternativas de Desenvolvimento, R2 - Formulação de Políticas e Estratégias, R3 -

Consolidação das Políticas e Estratégias e R4 - Consolidação do PDDU.

Os planos urbanos de Teresina pós-redemocratização

O quarto plano urbano de Teresina foi o II PET. Segundo Campos (2011), para

ajudar na elaboração dos planos urbanos da cidade, também foram realizados

seminários preparatórios. Assim, “Em 1987, ocorre o Seminário Planejando Teresina,

que contou com discussões técnicas junto à comunidade, aliadas aos estudos iniciais do

PDDU, para fundamentar o 2º PET, que em 1988 é concebido composto de

recomendações” (MELO et al., 2002, p. 20).

Segundo Villaça (1999), a partir do final dos anos 1980, os Planos Diretores no

Brasil entram numa fase de maior politização, transformando-se em leis, propriamente

ditas, deixando um pouco de lado os extensos diagnósticos que eram feitos em décadas

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anteriores. Assim, o II PET, é composto por um conjunto de 10 leis1 (TERESINA,

1988).

A partir do início do século XXI, entretanto, ocorre um grande movimento de

produção de planos diretores ocorre no país, principalmente, pela publicação, depois de

aproximadamente uma década tramitando nas instâncias legislativas, da lei 10.257, de

10 de julho de 2001, o Estatuto da Cidade, que regulamenta os arts. 182º e 183º da

Constituição Federal e estabelece diretrizes gerais da política urbana, entre elas, a

obrigatoriedade da elaboração de planos diretores pra boa parte das cidades no país2.

Além disso, o estatuto estabelece o prazo, de cinco anos, para que os municípios

elaborem e aprovem seus planos diretores (BRASIL, 2001).

É nesse contexto que Teresina cumprindo uma obrigação legislativa, elabora, em

2001, e posteriormente, aprova seu plano diretor, já seguindo as exigências e

incorporando os instrumentos previstos no Estatuto da Cidade, em 2006, ou seja, 5 anos

após aprovação do Estatuto, o limite do prazo legal estabelecido. Desta forma, este

plano foi elaborado em 2001, mesmo ano da aprovação do Estatuto da Cidade “e já

incluiu os princípios da política urbana federal [...] regulamentada. Em 2006, [...] sofreu

uma revisão e foi reinstituído, ocasião em que os instrumentos definidos no Estatuto [...]

foram incorporados ao seu conteúdo” (PÁDUA, 2011, p. 101). Campos (2011) analisa o

processo de elaboração do Plano de Desenvolvimento Sustentável – Teresina Agenda

2015

Dentro da proposta de metodologia estabelecida para a elaboração da Agenda

2015, foram divididos Grupos Temáticos e Grupos Consultivos. Os Grupos Temáticos

tinham a função de “realizar o diagnóstico, projetar cenários, apresentar propostas e era

1 A saber: a Lei nº 1932, que institui o II Plano Estrutural de Teresina, já mencionada; a Lei nº 1933, que

delimita o perímetro da zona urbana de Teresina e dá outras providências; a Lei nº 1934, que delimita o

perímetro dos bairros de Teresina e dá outras providências; a Lei nº 1935, que delimita o perímetro dos

setores urbanos de Teresina e dá outras providências; a Lei nº 1936, que define diretrizes para ocupação

do solo urbano e dá outras providências; a Lei nº 1937, que define diretrizes para o uso do solo urbano e

dá outras providências; a Lei nº 1938, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano do município de

Teresina e dá outras providências; a Lei nº 1939, que cria zonas de proteção ambiental, institui normas de

proteção dos bens de valor cultural e dá outras providências; a Lei nº 1940, que institui o Código

Municipal de Posturas e dá outras providências; e a Lei nº 1942, que dispõe sobre o tombamento e

preservação do patrimônio cultural, histórico, artístico e paisagístico, localizado no território do

município de Teresina, todas de 16 de agosto de 1988. 2 a saber: em cidades com mais de vinte mil habitantes, integrantes de regiões metropolitanas e

aglomerações urbanas, onde o Poder Público municipal pretenda utilizar os instrumentos previstos no 4º

do art. 182 da Constituição Federal, integrantes de áreas de especial interesse turístico, e ainda, aquelas

inseridas na área de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental de

âmbito regional ou nacional.

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integrado por especialistas com estudos reconhecidos nas suas respectivas áreas de

atuação profissional” (CAMPOS, 2011, p. 54). Já os Grupos Consultivos tinham a

função de coordenar e acompanhar os Grupos Temáticos, e ainda “discutir e aprovar os

documentos produzidos, que seriam levados para validação final pelo Conselho

Estratégico. Desta maneira, assim como II PET, o último plano diretor elaborado para a

cidade até então, mais de uma década antes, a Agenda 2015, é composta de 11 leis3.

CONCLUSÕES

Assim, constatamos a evolução dos planos urbanos produzidos para Teresina

desde o PDLI, exemplar dos chamados “superplanos” seguindo uma orientação do

SERFHAU, com longos diagnósticos realizados e simbolizando a ideologia cientificista

da época, até a Agenda 2015, elaborada já num contexto onde os planos estão mais

politizados e com maior participação popular nos seus processos de elaboração,

seguindo as diretrizes do Estatuto da Cidade.

Observamos também que se os três primeiros planos urbanos da cidade

continham extensos e detalhados estudos e diagnósticos da cidade, os dois últimos

planos, em especial, ao passo que diminuíram esse volume de informações, politizaram-

se, transformando-se num conjunto de leis com o objetivo de dar diretrizes para o

desenvolvimento socioespacial da cidade.

REFERÊNCAS

BRASIL, Senado Federal. Lei n. 10.257, de 10 de julho de 2001, regulamenta o artigos

182 e 183 da Constituição, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras

providências. 2001.

3

A saber: a Lei nº 3.558, que reinstitui o Plano Diretor de Teresina, denominado Plano de Desenvolvimento Sustentável – Teresina Agenda 2015, e dá outras

providências; a Lei nº 3.559, que delimita o perímetro da zona urbana de Teresina e dá outras providências; a Lei Complementar n° 3.560, que define as diretrizes

para o uso do solo urbano do Município e dá outras providências; a Lei Complementar nº 3.561, que dispõe sobre o parcelamento do solo urbano do Município de

Teresina e dá outras providências; a Lei Complementar Nº 3.562, que define as diretrizes para a ocupação do solo urbano e dá outras providências; a Lei

Complementar nº 3.563, que cria zonas de preservação ambiental, institui normas de proteção de bens de valor cultural e dá outras providências; a Lei nº 3.564,

que dispõe sobre o direito de preempção e dá outras providências; a Lei Nº 3.565, que dispõe sobre o Estudo Prévio do Impacto de Vizinhança – EPIV e dá outras

providências (todas essas do dia de 20 de outubro de 2006); a Lei nº 3.600, de 22 de dezembro de 2006, que cria a Agência Municipal de Regulação de Serviços

Públicos de Teresina - ARSETE, dispõe sobre a sua organização e funcionamento, e dá outras providências; a Lei nº 3.602, de 27 de dezembro de 2006, que dispõe

sobre a preservação e o tombamento do Patrimônio Cultural do Município de Teresina e dá outras providências; e por fim, a Lei Complementar nº 3.610 de 11 de

janeiro de 2007, que dá nova redação ao Código Municipal de Posturas e dá outras providências.

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CAMPOS, Letícia Ferro Gomes Madeira. Da unha de gato ao florescer do caneleiro –

análise do processo de elaboração da agenda 21 local: Teresina agenda 2015 – plano de

desenvolvimento sustentável. Dissertação (Mestrado). Teresina: UFPI, 2011.

MELO, A. et al. Teresina Agenda 2015: a cidade que queremos. Diagnósticos e

cenários – Revitalização do Centro. Teresina, 2002.

PÁDUA, Carla Macedo de. Planejamento Urbano em Teresina de 1969 a 2006.

Dissertação (Mestrado). São Paulo: Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2010.

TERESINA. Plano de Desenvolvimento Sustentável - Teresina Agenda 2015. Teresina:

PMT, 2006.

__________. II Plano Estrutural de Teresina. PMT, 1988.

__________. Plano de Diretor de Desenvolvimento Urbano. PMT, 1983.

__________. I Plano Estrutural de Teresina. PMT, 1977.

__________. Plano de Desenvolvimento Local Integrado. PMT, 1969.

VILLAÇA, Flávio. Uma contribuição para a história do planejamento urbano no

Brasil. IN: DEÁK, Csaba; SCHIFFER, Sueli Ramos (org.) O processo de urbanização

no Brasil. São Paulo: EdUSP, 1999. p. 169 – 243.

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PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA NA CIDADE DE TERESINA:

POLÍTICA HABITACIONAL, PLANEJAMENTO URBANO E SEGREGAÇÃO

URBANA

Adalgiso Barbosa de ARAUJO NETO

Graduando do curso de Licenciatura em Geografia da UFPI

[email protected]

Antonio Cardoso FAÇANHA

Professor Doutor do Departamento de Geografia e História da UFPI

[email protected]

RESUMO O presente artigo irá caracterizar a atuação do Programa Minha Casa Minha Vida na cidade de

Teresina, através da análise de aspectos históricos da politica habitacional brasileira e

teresinense, além disso, irá destacar a atuação do Programa Minha Casa Minha Vida na zona

norte e na zona sul da cidade de Teresina analisando especialmente o Residencial Jacinta

Andrade, na zona norte, e o Residencial Teresina Sul na zona sul da cidade.

Palavras-chaves: Habitação, residencial, segregação.

INTRODUÇÃO

Atualmente um dos grandes problemas das cidades brasileiras é com relação à

questão da habitação, principalmente para a população de baixa renda. Essa

problemática é provocada principalmente pelos processos migratórios, fazendo com que

novas áreas sejam ocupadas para a habitação. Diante dessa problemática o Governo

Federal criou o Programa Minha Casa Minha Vida com o objetivo de fornecer moradias

de qualidades e regularizadas para a população de baixa renda.

Assim um dos principais objetivos do presente trabalho é analisar o Programa

Minha Casa Minha Vida, sobretudo, a sua atuação na cidade de Teresina através da

caracterização do residencial Jacinta Andrade, na zona norte da cidade, e o residencial

Teresina Sul, na zona sul. Destacando principalmente a localização desses

empreendimentos habitacionais e sua posterior ligação com outras áreas da cidade.

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Essa análise é realizada para mostrar que a maior parte dos empreendimentos

criados pelo Programa Minha Casa Minha Vida na cidade de Teresina localizam-se nos

limites da zona urbana da cidade, tornando essas áreas em verdadeiros pontos de

segregação urbana, pois inicialmente esses residenciais são desprovidos de vários

serviços básicos para a população, localizam-se em áreas extremas da cidade e

consequentemente a sua ligação com outras áreas da cidade seja difícil.

DESENVOLVIMENTO

Fundamentação Teórica

O Programa Minha Casa Minha Vida é um programa habitacional lançado pelo

Governo Federal em março de 2009, através da Medida Provisória 459/2009 sendo

convertida na lei n° 11.977 de 07 de julho de 2009. O PMCMV tem com objetivo,

incentivar a aquisição e produção de novas unidades habitacionais, e até mesmo a

requalificação e reforma de moradias existentes pelas famílias que possuem renda

mensal de até 10 salários mínimos (BRASIL, 2011).

No Piauí o Programa Minha Casa Minha Vida tem como principal órgão

executor a Caixa Econômica Federal, que pode fazer parcerias com as prefeituras

municipais e com o Governo do Estado através da Agência de Desenvolvimento

Habitacional (ADH). Foi através do convênio da Caixa Econômica Federal com o

Governo do Estado do Piauí que está sendo executadas as obras do Residencial Jacinta

Andrade.

O Residencial Jacinta Andrade é um empreendimento habitacional realizado

com recurso do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Caixa Econômica

Federal e com contrapartida do Governo do Estado. Localiza-se na zona norte de

Teresina, no bairro Santa Maria da Codipi, possui uma área total de 884.961,68 m², na

qual estão inseridos cerca de 4000 lotes com uma área média de 200m². Cada lote

residencial medem 10 x 20 m, possui três padrões de casa que variam de acordo com a

quantidade de quartos, áreas de serviço e aquelas destinadas para pessoas com

deficiência física (PIAUÍ, 2012).

Segundo Piauí (2012), o Residencial Jacinta Andrade está sendo realizado com

base em dois projetos distintos, onde o primeiro prevê a construção de 4.300 unidades

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habitacionais, e o segundo assinado 18 meses após a contração das casa, prevê a

construção de equipamentos públicos e infraestrutura básica. Com relação à primeira

etapa, a mesma teve inicio em junho de 2009 e deve ser terminado até março de 2014, já

a segunda etapa, referente à infraestrutura básica deve ser finalizado até dezembro de

2015.

Outro empreendimento habitacional do Programa Minha Casa Minha Vida

analisado é o residencial Teresina Sul, que subdivide-se em Teresina Sul 1 e Teresina

Sul 2 sendo ambos divididos apenas por uma avenida. O residencial Teresina Sul é o

resultado da parceira da Prefeitura Municipal de Teresina com a Caixa Econômica

Federal, realizado com recurso do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR).

Caracteriza-se por ser um empreendimento do tipo loteamento, localiza-se nas

proximidades do posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e com acesso feito através

da BR-316.

Em ambos os residenciais, Teresina Sul 1 e Teresina Sul 2, foram construídos

500 casa, totalizando assim um total de 1000 casas no empreendimento de maneira geral

(TERESINA, 2012). Para todo o residencial possui um grande galpão com vários

cômodos e que poderá ser utilizado pela população para as atividades comunitárias. As

casas são compostas de dois quartos, sala de estar, cozinha, circulação e um banheiro.

Segundo Corrêa (1989), o espaço urbano é um produto social resultado de

várias ações que foram acumuladas ao longo do tempo, e impulsionados por agentes

que produzem e consomem o espaço. Assim o Residencial Jacinta Andrade e Teresina

Sul são o resultado desses agentes, que nesse caso são o governo estadual e o governo

municipal, além disso, ambos induzem os demais agentes de capital privado a

modificarem o espaço urbano em áreas próximas a esses residenciais.

Metodologia

Para a realização do presente trabalho, a metodologia utilizada foi a pesquisa

bibliográfica em livros, artigos científicos e sites de internet. Além disso, foram

realizadas visitas em órgãos do governo estadual e governo municipal, na qual,

destacam-se a visita a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Habitacional

(SEMDUH), Superintendência de Desenvolvimento Urbano Centro-Norte (SDU

Centro-Norte) e a Agência de Desenvolvimento Urbano (ADH).

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RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como principais resultados obtidos, pode-se destacar a localização geográfica da

maioria dos empreendimentos habitacionais do Programa Minha Casa Minha Vida na

cidade de Teresina, pois percebeu-se que os mesmos são construídos em áreas distantes

do centro da cidade, nos limites entre as zonas rural e urbana da cidade. Constatou-se

que o empreendimento está desprovido de estrutura básica para a permanência da

população, tais como segurança, saúde, educação e lazer. Essa ausência de

infraestrutura e a falta de uma gestão do programa faz com que haja algumas casas

desocupadas e o que gera problemas de ocupação das mesmas por pessoas que não

foram contempladas com suas casas.

Através desses resultados chega-se a algumas discussões, tais como o motivo

pelo qual esses residenciais foram construídos em áreas limites da zona urbana da

cidade, além disso, destacam-se os interesses particulares e fundiários, principalmente

nas áreas vazias próximas a esses empreendimentos habitacionais. Outro ponto

importante é com relação à infraestrutura básica da população, pois o que percebe-se é

que os moradores chegam primeiro que os itens básicos de infraestrutura.

CONCLUSÃO

Através do que foi exposto ao longo do trabalho pode-se perceber que as

políticas habitacionais tiveram um papel importante nas ocupações urbanas e

consequentemente mudanças no espaço geográfico das cidades. Além disso, percebeu-

se que as mesmas ao longo do tempo tiveram algumas características em comum, como

por exemplo, a construção de moradias populares nos limites da área urbana da cidade.

Assim, o Programa Minha Casa Minha Vida não difere das políticas

habitacionais anteriores, pois produz residenciais com casas padronizadas, que

produzem impactos ambientais e localizadas nos limites da cidade, fazendo com que no

inicio desses residenciais o acesso a serviços por parte da população seja limitado e

produzindo consequentemente áreas de segregação urbana.

Tais características estão presentes no Programa Minha Casa Minha Vida na

cidade de Teresina, a exemplo dos Residenciais Jacinta Andrade, na zona norte da

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cidade, e o Residencial Teresina Sul, na zona sul da cidade, fazendo com que nos

períodos iniciais de existência dos empreendimentos habitacionais haja falta de estrutura

básica para a população.

Portanto, em síntese, o Programa Minha Casa Minha Vida possui aspectos

positivos, no entanto, na sua execução prática acontecem vários equívocos de gestão

que compromete o programa. Esses erros podem ser evidenciados durante sua execução

na cidade de Teresina, pois a maioria de seus residenciais foram construídos sem haver

antes um planejamento urbano adequado e anterior a ocupação do residencial, fazendo

com que essas áreas se tornem verdadeiros espaços de segregação urbana.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei Nº 12.424, de 16 de junho de 2011. Altera a Lei Nº 11.977, de 7 de

julho de 2009, que dispõe sobre o Programa Minha Casa Minha Vida- PMCMV e

a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas.

Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para assuntos jurídicos. Brasília, DF,

2011. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-

2014/2011/Lei/L12424.htm>. Acesso em: 25 jun. 2013.

CORRÊA, Roberto Lobato. O Espaço Urbano. São Paulo, SP: Ática, 1989.

PIAUÍ. Jacinta Andrade desenvolve e urbaniza zona Norte da capital. Diário Oficial

do Estado do Piauí. Teresina, PI, 2012. Disponível em: <

http://www.diariooficial.pi.gov.br/diario/201212/DIARIO21_8e9406d499.pdf>. Acesso

em: 26 jun. 2013.

TERESINA. Plano de Trabalho do Projeto de Trabalho Técnico Social: Residencial

Teresina Sul I e II. Teresina: Prefeitura Municipal de Teresina, 2012.

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REGIONALIZAÇÃO DA CIDADE DE TERESINA-PI: DESENVOLVIMENTO,

E ADENSAMENTO POPULACIONAL DA SDU CENTRO-NORTE

Marcilene de Oliveira ALVES

Graduanda do curso de Licenciatura em geografia da UESPI

[email protected]

Débora Virgínia Ferraz de OLIVEIRA

Professora do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO O processo de regionalização é a descentralização de um dado espaço visando à organização e

desenvolvimento através da distribuição de órgãos administrativos. Este processo tem por

objetivo viabilizar uma capacidade e utilização planejada dos gastos públicos visando à correção

das desigualdades sociais e territoriais. Visa-se neste artigo, analisar o processo de

regionalização e adensamento populacional da cidade de Teresina, destacando o sentido de

criação das Superintendências de Desenvolvimento Urbano - SDU, em especial a SDU Centro-

Norte. A metodologia adotada foi baseada em estudos bibliográficos e eletrônicos, tendo ainda

como fonte de pesquisa documentos na Secretaria de Planejamento Urbano do município.

Constatou que o processo de regionalização de Teresina tem como objetivo principal a

organização e ordenamento da população, assim como a implementação de políticas públicas

para o desenvolvimento, e bem estar da população. O Processo de adensamento faz com que

algumas áreas se afastem da SDU, e se tornem carente de serviços básicos.

Palavras-chave: Regionalização, Desenvolvimento, Adensamento, Centro-Norte.

INTRODUÇÃO

A regionalização é um processo político que envolve a distribuição de poder e o

estabelecimento de um sistema de inter-relações, entre diferentes atores sociais

(governos, organizações, cidadãos) no espaço geográfico bem como a criação de

instrumentos de planejamento, integração, e coordenação assistencial, regulação e

financiamento de uma rede de ações e serviços de saúde no território (LIMA, 2010).

O adensamento populacional é um dos motivos ao qual acontece a

descentralização, para uma maior organização do espaço, dando assim melhores

condições e acesso a serviços públicos de qualidade à população.

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Este trabalho tem como objetivo, analisar a importância das Superintendências

de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente- SDU‟s, bem como o adensamento

populacional, cabendo nos analisar apenas a região coberta pela SDU Centro-Norte.

CONCEITOS E CONDICIONANTES DE REGIONALIZAÇÃO E

ADENSAMENTO

O termo regionalização deriva de região e é de caráter muito amplo, no que

desrespeito à sua discussão e os seus conceitos, tornando assim bastante polêmico, o

que nos impede de dar uma conceituação mais precisa, nos cabendo apenas salientar sua

importância, para melhor entendimento a despeito de regionalização.

Para Santos (1994, p.45), “as regiões só existem por que há nelas arranjos

organizacionais, criadores de coesão organizacional baseadas em racionalidades de

origens diferentes, mas que são importantes para a definição dos subespaços”.

Para Haesbaert (2005) “Uma regionalização e uma análise regional que se

prezem devem envolver, sem dúvida, pelo menos, três grandes problemáticas: o

aumento das desigualdades (sócio-econômicas) e a precarização da “inclusão” sócio-

territorial, a constante (re) produção e/ou (re) invenção das diferenças culturais (e das

identidades), a crise de gestão (ou de “governança”), principalmente através da

reconfiguração do poder do Estado e dos novos movimentos sociais, e a crescente

importância da chamada questão ambiental”.

Quanto ao processo de adensamento, do ponto de vista da regionalização do

espaço como parâmetro político-administrativo, considera-se o fato do crescimento

populacional como um fator relevante para os critérios de direcionamento das ações de

políticas públicas. Os estudos populacionais comprovam sua autoridade nas análises

históricas e geográficas quando se objetiva acompanhar as necessidades atuais por que a

cidade vem demandando a partir de seus moradores.

Ao analisar a SDU Centro-Norte no que desrespeito ao seu distanciamento de

algumas áreas, de sua responsabilidade organizacional e de desenvolvimento, contatou-

se que essa área contém uma vasta necessidade de melhorias e mais atenção por parte da

SDU responsável, já que o grande adensamento nessas áreas, tomando como exemplo o

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Residencial Jacinta Andrade, há uma precarização de serviços, que venham a atuar na

melhoria de serviços básicos à população.

Com base na analise sobre a configuração e mapeamento atualizados dos

Bairros de Teresina, e as delimitações dos perímetros destes em 1988, através da Lei nº

1.934, observa-se que nos últimos 20 anos houve mudança no espaço teresinense como:

novos bairros e realinhamento no limite das zonas. De acordo com o IBGE, no ultimo

censo, houve crescimento populacional de 34,32%, em Teresina, e em uma década um

aumento de 12,67% em detrimento. A zona norte sofreu um adensamento, em

contrapartida, o perímetro urbano não foi alterado.

Diante da realidade expressa, é preciso que haja, em termos de políticas

publicas, uma melhor descentralização e melhor espacialização das sedes

administrativas das SDU‟s obedecendo aos critérios de localização, especificadas na Lei

nº 1.934 de 1988, art. 5º, diante das novas demandas populacionais em detrimento do

adensamento populacional e extensão das zonas.

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento dessa pesquisa, foram adotados levantamentos teóricos

em livros, artigos, todos com assuntos relacionados à pesquisa em questão. Realizou-se

pesquisas documentais, e entrevista com um representante da coordenação de

articulação e planejamento urbano da prefeitura, no intuito de entender como o poder

público se posiciona em relação ao processo de organização político administrativo da

cidade diante do processo de adensamento e crescimento da cidade e de sua população.

Os dados coletados foram de grande valia para a pesquisa.

REGIONALIZAÇÃO E ADENSAMENTO POPULACIONAL DA CIDADE DE

TERESINA: SDU CENTRO-NORTE.

O processo de ocupação da Zona Norte é de suma importância para a cidade de

Teresina já que foi o primeiro núcleo de povoamento desta cidade.

A SDU Centro-Norte, responsável pela organização e desenvolvimento da Zona

Norte, fica localizada na Rua Clodoaldo Freitas no bairro Centro. Esta assim como as

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demais SDU‟s visa garantir melhor eficiência no atendimento às comunidades,

priorizando o interesse local ao favorecer as ações municipais.

“A contribuição do ordenamento territorial para o desenvolvimento regional

reside na sua qualidade de ser um processo de planificação, no qual há uma indução por

parte do organismo central, em parceria com as comunidade, e conhecedor da realidade

do lugar, que busque implementar cenários locais ideais concatenado com as aspirações

do próprio esquema de desenvolvimento” (RODRIGUES, 2006, p. 26).

A região Norte de Teresina vem crescendo consideravelmente nos últimos dez

anos, com isso, houve um grande crescimento populacional por conta de projetos

habitacionais do Governo Federal, principalmente, além do desenvolvimento comercial,

que contribui para que haja um maior fluxo de pessoas urbanizando cada vez mais esta

zona e aumentando o distanciamento entre população e SDU, contribuindo para que esta

não possa atender a demanda existente na área.

A proximidade das SDU‟s com suas áreas de atuação para o desenvolvimento é

de fundamental importância já que a mesma deve oferecer serviços de qualidade à

população, e isso será realizado com eficiência se estas estiverem verdadeiramente

próximas a essas áreas.

Atualmente existe um afastamento da SDU Centro-Norte com áreas que se

desenvolveram nos últimos 10 anos, e conseqüentemente a não resolução de problemas

cabíveis a essa SDU em suas resoluções, entre eles o residencial Jacinta Andrade, é

citado aqui como exemplo já que com o rápido adensamento vem se distanciando da

SDU Centro-Norte que tem responsabilidades de atender aquela população.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que o processo de regionalização de Teresina, tem o objetivo de

organizar o espaço, de maneira a desenvolver este através de políticas públicas, e

serviços de qualidades para a população, dos Zoneamentos, mas que na Zona norte por

haver um vasto crescimento da população, há consequentemente um afastamento entre a

população e a SDU, tornando assim as regiões distantes menos favorecidas, aos serviços

que deveria ser comumente oferecido a toda região.

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REFERÊNCIAS

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Economia Regional Comparada. Porto Alegre, 4 de outubro de 2005. Disponível em:

<http://www.fee.tche.br/sitefee/download/jornadas/2/e4-11.pdf> Acesso em 10 de

janeiro de 2013.

LIMA, L. D. de. Contexto e Condicionantes dos Processos de Regionalização em Saúde

nos Estados Brasileiros in I Encontro Estadual de Regionalização da Saúde no SUS-

BA. Os Colegiados de Gestão Regional como dispositivos da regionalização do

SUS: cenários e perspectivas. Salvador, 18 de novembro de 2010. Disponível em:

<http://www1.saude.ba.gov.br/dipro/cdgr/download/mostra_01/OficinaSalvador-nov-

2010.pdf> Acesso em 10 de janeiro de 2013.

RODRIGUES, M. M. B. Região, Regionalização e Rede Política: Um Estudo Sobre

a Atuação da Associação dos Municípios do Araguaia-Tocantins (Amat).

Dissertação de Mestrado em Geografia. UFPA, 2006. Disponível em:

<http://www.ufpa.br/ifch/dmdocuments/regiaoregionalizacaoeredepolitica.pdf > Acesso

em 10 de janeiro de 2013.

SANTOS, Milton. Técnica, Espaço e Tempo: Globalização e meio técnico-científico

informacional. São Paulo: Hucitec, 1994.

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à

complexidade do mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

REGIONALIZAÇÃO DA CIDADE DE TERESINA-PI: O CASO DAS ZONAS

SUDESTE E SUL

Núbia Araújo SENA

Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

José Maurício AMANCIO

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Jorge MARTINS FILHO

Professor Assistente do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO A regionalização é um processo eminentemente político, que tem por finalidade descentralizar,

ou seja, distribuir as funções de órgãos administrativos. Objetiva-se neste trabalho, estudar o

processo de regionalização de Teresina com destaque nas zonas Sudeste e Sul através das

Superintendências de Desenvolvimento Urbano – SDU‟s, bem como analisar a importância

desses órgãos administrativos no desenvolvimento e organização do espaço urbano de tais

zonas. Adotou-se uma metodologia com base em levantamentos teóricos em fontes

bibliográficas e eletrônicas além de pesquisa documental na Secretaria de Planejamento do

município. Constatou-se que a expansão da cidade nas zonas Sudeste e Sul foi consequente das

ações dos movimentos sociais por moradia, levando à efetivação do seu crescimento através de

políticas públicas. Devido a expansão urbana da cidade, surgiu a necessidade de descentralizar a

gestão pública, e consequentemente criam-se as SDU‟s. Portanto, a descentralização dos órgãos

administrativos permite uma melhor organização dos recurso públicos e eficiência no

atendimento às reinvidicações populares, porém é importante que as SDU‟s viabilizem a

comunicação com a população das áreas mais distantes do perímetro urbano.

Palavras-chave: Regionalização, Desenvolvimento Urbano, Teresina.

INTRODUÇÃO

Acreditamos que a regionalização é um processo eminentemente político, que

tem por finalidade descentralizar, ou seja, distribuir as funções de órgãos

administrativos visando assim, um melhor desenvolvimento urbano da região, visto que,

é necessário um planejamento territorial para identificar os reais motivos da divisão

administrativa.

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Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

A relevância deste trabalho está no processo de crescimento horizontal e vertical

de Teresina nos últimos quinze anos, através das políticas públicas implementadas

durante as atuações dos governos municipais, fatores que resultaram, tanto na produção

do espaço urbano teresinense, como no seu desenvolvimento e organização, através da

descentralização administrativa.

O presente trabalho tem como objetivos destacar o processo de regionalização de

Teresina a partir das Superintendências de Desenvolvimento Urbano - SDU‟s Sudeste e

Sul e analisar a importância desses órgãos administrativos no desenvolvimento e

organização do espaço urbano de Teresina.

REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO: ASPECTOS TEÓRICOS CONCEITUAIS

A definição científica do termo região na Geografia é marcada por uma trajetória

epistemológica e polêmica. Neste sentido, na análise de sua complexidade,

convencionou-se destacar aqui o significado de região adotado por Gomes (2000, p. 53)

onde região “[...] tem também um sentido bastante conhecido de unidade administrativa

e, neste caso, a divisão é o meio pelo qual se exerce frequentemente a hierarquia e o

controle na administração dos Estados”.

Para Santos (1994), as regiões existem porque sobre elas se impõem arranjos

organizacionais, criadores de coesão organizacional baseada em racionalidades de

origens distantes, mas que se tornam o fundamento da existência e da definição desses

subespaços. Santos ainda afirma que os nexos que definem a organização regional, são

os nexos da informação.

A regionalização é um processo político que envolve a distribuição de poder e o

estabelecimento de um sistema de inter-relações entre diferentes atores sociais

(governos, organizações, cidadãos) no espaço geográfico, bem como a criação de

instrumentos de planejamento integração e coordenação assistencial, regulação e

financiamento de uma rede de ações e serviços de saúde no território. (LIMA, 2010)

Haesbaert (2005) explica que uma regionalização e uma análise regional que se

prezem devem envolver, sem dúvida, pelo menos, três grandes problemáticas: o

aumento das desigualdades (sócio-econômicas) e a precarização da “inclusão” sócio-

territorial, a constante (re) produção e/ou (re) invenção das diferenças culturais (e das

identidades), a crise de gestão (ou de “governança”), principalmente através da

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Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

reconfiguração do poder do Estado e dos novos movimentos sociais, e a crescente

importância da chamada questão ambiental.

Ao analisar-se o processo de crescimento e expansão urbana de Teresina,

verifica-se a precarização da inclusão sócio-territorial, através da apropriação ilegal de

terras por parte das populações, justificado no aumento expressivo do fluxo migratório.

Comumente a essa questão, resulta os problemas ambientais, principalmente por parte

da ocupação em lugares inviáveis para moradia, como em áreas alagadiças. E dessa

forma, surge a necessidade de regionalizar o município de Teresina, de modo a

solucionar de forma rápida e eficaz os problemas locais existentes.

METODOLOGIA

Utilizou-se neste trabalho, levantamentos teóricos em livros, em artigos e

trabalhos publicados em eventos e em revista científica a cerca de temas relacionados à

pesquisa.

Foram realizadas ainda, pesquisas documentais e visita técnica na Secretaria de

Planejamento do município, onde as quais foram de suma importância para atingir os

principais objetivos da pesquisa, através da análise e interpretação das informações

coletadas.

REGIONALIZAÇÃO DA CIDADE DE TERESINA-PI: ZONAS SUDESTE E

SUL

Conforme Rodrigues Neto e Lima (2007) explicam, a ocupação urbana de

Teresina nas zonas Sudeste e Sul apresenta uma trajetória conturbada, marcada de

movimentos sociais por moradia através dos grupos sociais excluídos durante a década

de 1990. Em razão desse ambiente de tensão por parte do aumento dos conflitos

urbanos, surge dessa forma, a necessidade de uma gestão democrática de forma a

amenizar e solucionar tais problemas.

O então prefeito da cidade na época, Firmino Filho, durante os seus dois

mandatos (1997 - 2004) cria estratégias objetivando a solução de questões relacionadas

a moradia, elaborando o Plano Municipal de Habitação e o Projeto Vila-Bairro, tendo o

Conselho como órgão responsável, além da Secretaria Municipal de Habitação e

Urbanismo (SEMHUR), de acordo com Rodrigues Neto e Lima (2007).

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Ao invés do gestor municipal adotar tais políticas públicas através de

assentamentos e conjuntos habitacionais em áreas centrais ou mais urbanizadas da

cidade com infraestrutura digna, privilegiou áreas distantes da região urbana, carentes

de infraestrutura básica, resultando assim, na segregação socioespacial. Dessa forma,

pode-se assim afirmar que a síntese dos resultados das ações dessas políticas públicas

foi a favelização da cidade de Teresina.

Corrêa (2005) diz que é na produção da favela, em terrenos públicos ou privados

invadidos, que os grupos sociais excluídos tornam-se, efetivamente, agentes

modeladores, produzindo seu próprio espaço, na maioria dos casos independentemente e

a despeito dos outros agentes.

O caso específico da oficialização das vilas Alto da Ressurreição na zona

Sudeste e Irmã Dulce na zona Sul, é um exemplo concreto de que os movimentos e

conflitos sociais urbanos tornaram-se definitivamente, agentes modeladores do espaço.

Com a expansão do perímetro urbano de Teresina e o aumento dos problemas

infraestruturais e ambientais, nasce a necessidade de descentralizar a administração da

cidade, com o objetivo de garantir melhor eficiência no atendimento a população,

através de suas reinvidicações. Criam-se então, as Superintendências de

Desenvolvimento Urbano – SDU‟s, extinguindo a SEMHUR, através da Lei nº 2960 de

26 de dezembro de 2000. A SDU Sudeste, antes vinculada com a SDU Leste (Leste-

Sudeste), é desmembrada através da Lei nº 3228, de 22 de setembro de 2003, conforme

é explicitado no documento Teresina em Dados (2009) obtido na SEMPLAN.

Contudo, a implementação de tais órgãos administrativos localizam-se próximos

à região central da cidade, em um mesmo raio de distância, dificultando a aproximação

da população das áreas periféricas (áreas muito distantes da zona urbana) na

comunicação com a SDU responsável por sua região. Sugere-se assim, a subdivisão ou

a duplicação das SDU‟s de forma a atender a população das regiões como um todo e

garantindo dessa forma a satisfação destes.

CONCLUSÃO

O presente trabalho partiu da premissa de que, o crescimento horizontal e

vertical da cidade, levou à necessidade de dividir a gestão da cidade em unidades

administrativas, no intuito de atender as reinvidicações locais e a enquadrar a população

na tomada de decisões, democratizando assim, as ações dos órgãos gestores. A

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expansão do perímetro urbano de Teresina se deu através da criação de assentamentos

urbanos, solução adotada pelo gestor municipal Firmino Filho (1997 – 2004) de forma a

atender os conflitos sociais urbanos por moradia.

A descentralização dos órgãos administrativos permite uma melhor organização,

tanto no controle do orçamento e das finanças públicas como na igualdade da

distribuição da verba pública, possibilitando assim, o desenvolvimento e manutenção do

espaço urbano regional.

REFERÊNCIAS

CORRÊA, R. L. O Espaço Urbano. 4. ed. São Paulo: Ática, 2005.

GOMES, P. C. C. O conceito de região e sua discussão. In: CASTRO, I. E; GOMES, P.

C. C; CORRÊA, R. L. (orgs). Geografia: Conceitos e Temas. 2. ed. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil, 2000.

HAESBAERT, R. Região: trajetos e perspectivas In: Primeira Jornada de Economia

Regional Comparada. Porto Alegre, 4 de outubro de 2005. Disponível em:

<http://www.fee.tche.br/sitefee/download/jornadas/2/e4-11.pdf>. Acesso em: 10 de

janeiro de 2013.

LIMA, L. D. de. Contexto e condicionantes dos processos de regionalização em saúde

nos estados brasileiros. 2010. Trabalho apresentado ao I Encontro Estadual de

Regionalização da Saúde no SUS-BA. Salvador, 2010. Disponível em:

<http://www1.saude.ba.gov.br/dipro/cdgr/download/mostra_01/OficinaSalvador-nov-

2010.pdf>. Acesso em: 10 de janeiro de 2013.

PREFEITURA MUNICIPAL DE TERESINA (PMT). Secretaria Municipal de

Planejamento. Teresina em Dados - Completo. Teresina, 2009. 206 p.

RODRIGUES NETO, E. X; LIMA, A. J. Governo Local e Movimentos Sociais Por

Moradia: dilemas da gestão urbana. Revista Textos & Contextos. Porto Alegre v. 6 n.

1 p. 105-125. jan./jun. 2007. Disponível em: < http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/fass/article/download/1049/3235>

Acesso em: 07 de setembro de 2013.

SANTOS, M. Técnica, Espaço e Tempo: globalização e meio técnico-científico

informacional. São Paulo: Hucitec, 1994.

TERESINA. Lei Municipal nº 2.960 de 26 de Dezembro de 2000. Dispõe sobre criação

das Superintendências de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente Centro-Norte,

Leste-Sudeste e Sul – SDUs e dá outras providências. Disponível em:

<http://www.pc.pi.gov.br/download/201011/PC23_e113182c61.pdf>. Acesso em: 03

de Setembro de 2013.

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SEGREGAÇÃO SOCIOESPACIAL: ESTUDO DO LOTEAMENTO PLANALTO

URUGUAI E VILA SANTA BÁRBARA EM TERESINA-PI

Gilsione Miranda dos Santos CARVALHO

Graduação em geografia-UESPI, campos Pirajá.

[email protected]

Raimundo Nonato da Costa SILVA

Graduação em geografia-UESPI, campos Pirajá.

[email protected]

Rodrigo Daylan Alexandrino da SILVA

Graduação em geografia-UESPI, campos Pirajá.

[email protected]

Livânia Norberta de OLIVEIRA

Geógrafa Professora do quadro provisório da UESPI, campos Pirajá.

[email protected]

RESUMO

O presente trabalho objetiva estudar a segregação socioespacial no loteamento Planalto Uruguai

e Vila Santa Bárbara, ambos localizados na Zona Leste de Teresina. Tendo em vista que os

mesmos surgiram a partir da ação de agentes diferentes. A metodologia aplicada foi pesquisa

bibliográfica e documental, assim como visitas técnicas nos bairros em questão. Constatou-se a

existência de determinadas influencias dos promotores imobiliários e das classes excluídas na

valorização do solo urbano, assim como a importância do Estado em tal fenômeno.

Palavras-chave: Promotores imobiliários, Classes excluídas, Estado.

INTRODUÇÃO

Teresina começa a sua organização ocupacional em 1852, nas margens dos dois

rios que cortam a cidade o Parnaíbae o Poti, caracterizando um crescimento no sentido

norte-sul. A partir de 1957, com a inauguração da ponte de concreto sobre o rio Poti,

começa a ocupação da zona leste, “Este setor de Teresina era, no começo da década de

1960, considerado como área de lazer, em razão do seu melhor microclima, com

habitações esparsas, baixa densidade populacional e quase inexistência de

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infraestrutura”. (ABREU, 1983, p.44 apud LIMA 2001).

Com o surgimento da Zona Leste de Teresina, observa-se que foi uma área

ocupada por pessoas de alto poder aquisitivo, sendo procurada principalmente por quem

desejava sair da área central, em busca de conforto, pois era uma área ainda pouca

habitada, dessa forma, tornando-se um ambiente propício para quem queria se afastar

das áreas mais movimentadas. (FAÇANHA, 1998).

Diante do exposto o presente trabalho tem como objetivo, fazer um estudo sobre

a transformação do espaço produzido através da ação dos promotores imobiliários e das

classes excluídas, buscando identificar a diferença de valorização do solo urbano

influenciado por estes agentes. A pesquisa foi feita através de análise comparativa dos

bairros Vila Santa Bárbara e loteamento planalto Uruguai localizados na zona Leste da

cidade, por observar em ambos as influências da ação destes dois agentes na valorização

do solo urbano.

ESPAÇO URBANO

Para Corrêa (2005, p.12) os agentes que participam do processo de fazer e

refazer a cidade são os proprietários dos meios de produção, sobretudo os grandes

industriais; os proprietários fundiários; os promotores imobiliários; o Estado e os grupos

sociais excluídos.

Por promotores imobiliários, entende-se um conjunto de agentes que realizam,

parcialmente ou totalmente, as seguintes operações: incorporação; financiamento;

estudo técnico; construção ou produção física do imóvel; e comercialização do capital-

mercadoria em capital-dinheiro, agora acrescido de lucro (CORRÊA, 2005, p.20).

Os grupos sociais excluídos são aqueles que não possuem renda para pagar o

aluguel de uma habitação digna e muito menos para comprar um imóvel. Este é um dos

fatores, que ao lado do desemprego, doenças, subnutrição, delineiam a situação social

dos grupos excluídos. A estas pessoas restam como moradia: “cortiços, sistemas de

autoconstrução, conjuntos habitacionais fornecidos pelo agente estatal e as degradantes

favelas”. (CORRÊA, 2005, p.29)

Para Beloto (2004), dentre todos os agentes que produzem a cidade, o Estado é

de especial relevância, pois de suas decisões derivam as ações dos demais agentes que

atuam no espaço urbano, que é regulamentada através por um marco jurídico.

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As características da habitação diversificam no espaço e no tempo ocasionando

uma segregação espacial no seio da cidade, e não apenas nas estruturas das casas e

terrenos. Esta diversidade deve-se a uma produção diferenciada da cidade e refere-se à

capacidade de pagar dos possíveis compradores, tanto pela casa/terreno, quanto pelos

equipamentos e serviços coletivos (RODRIGUES, 1997).

METODOLOGIA

Para obter estas informações recorreu-se a pesquisas de campo, através de

entrevistas, sendo realizadas cinco entrevistas com os moradores que residem no

loteamento Planalto Uruguai e na Vila Santa Bárbara para melhor alcançar os objetivos

propostos, pois, os mesmos participaram da origem de ambos. Foram feitos também

levantamentos bibliográficos e documental respeito do tema proposto em artigos, livros

e periódicos.

RESULTADOS E DISCURSÕES

Em pesquisa constatou-se que o bairro Planalto Uruguai ate 1994 era composto

por grandes lotes de terrenos particulares, que com a valorização da área devido o

crescimento da zona leste de Teresina, favoreceu a venda de lotes menores de terras.

Contudo devida a deficiência em infraestrutura local, moradores relatam que os terrenos

chegavam a custar entre um mil e dois mil reais.

Atualmente este bairro conta com empreendimentos imobiliários e intervenções

de agentes produtores do espaço como comerciantes de médio e grande porte, dentre

outros.

Em 1999 surge a Vila Santa Bárbara, resultado de uma invasão. De acordo com

a pesquisa, constatou-se que grande parte dos invasores morava ou tinha morado no

loteamento Planalto Uruguai, que em virtude da valorização deste optaram por vender

seus terrenos e adquirir outro por meio de invasão.

CONCLUSÃO

Ao pesquisar sobre o surgimento, da Vila Santa Bárbara, e o loteamento Planalto

Uruguai observou-se que os agentes transformadores do espaço, influenciam nas

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práticas e na presença do Estado com seus serviços de infraestrutura e

consequentemente na valorização do solo urbano.

Constatou-se que o bairro Planalto Uruguai que surgiu de forma organizada

recebeu melhores serviços de infraestrutura e moradores de classe média a

alta.Enquanto, navila Santa Bárbara, iniciada pelo processo de invasão, residem pessoas

de baixo poder aquisitivo, há uma infraestrutura deficiente oferecida pelo Estado,

desvalorizando o solo urbano.

REFERÊNCIAS

BELOTO, G. Legislação Urbanística: instrumento de regulação e exclusão

territorial. Considerações sobre a cidade de Maringá. Maringá, UEM – PGE.

Dissertação de Mestrado, 2004.

CORRÊA, R. L.O espaço urbano. São Paulo, 6° edição, Editora Ática, 2005.

LIMA, P.H.G .Promoção Imobiliária em Teresina/PI:Uma análise do

desenvolvimento da produção privada de habitações – 1984/1999. Teresina,2001.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco.

RODRIGUES, Arlete Moysés. Moradia nas cidades brasileiras. 7ª ed. São Paulo:

Contexto, 1997.

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O TERRITÓRIO DOS FLANELINHAS NO CENTRO DE TERESINA.

Wilson dos Santos PAIVA

Marcelo Pereira da SILVA

Raimundo Nonato da S. Júnior

Graduandos em Geografia pela Universidade Estadual do Piauí

Orientadora: Mas. Débora Virgínia Ferraz de OLIVEIRA

Professora de Geografia em Universidade Estadual do Piauí

[email protected]

RESUMO

O território é uma porção do espaço, e pode ser conquistado ou imposto de acordo com a

necessidade de ordem coletiva e/ou individual de quem se apropria dele. É, o território, um

conceitos chave da geografia. O referido artigo debruça-se sobre a apropriação de territórios,

que fazem parte do contexto urbano, especificamente, nas ruas do centro do município de

Teresina, pelos flanelinhas. A produção do território, na definição das diferentes formas de

territorialidade, implica práticas sociais que diferenciam territórios e se diferenciam no

território. No caso dos flanelinhas, a apropriação do território, bem como suas práticas, estão

diretamente relacionados às condições socioeconômicas. Existe ainda uma questão relevante

para a análise territorial, pois não há dúvida de que, tradicionalmente, a concepção de território

sempre esteve mais próxima das idéias de controle, domínio e apropriação (políticos e/ou

simbólicos) do que da idéia de uso ou de função econômica. No Brasil a problemática da

ocupação no espaço urbano (público) pelos setores informais da sociedade tem causados

diversos conflitos principalmente quando falamos em territórialização, cabendo, portanto, às

autoridades e a sociedade civil aprofundar a discussão sobre a temática dos flanelinhas.

Palavras Chaves: Espaço urbano, Território, Flanelinhas e Territórialização.

INTRODUÇÃO

O termo território, até o século XVII, torna-se comum juntamente com a

expansão burguesa, a partir do século XVIII, é essencial compreender bem, que o

espaço é anterior ao território. O território se forma a partir do espaço, ou seja, o espaço

geográfico, que é aquele que já foi modificado pelo homem ao logo da historia. A partir

do espaço surge à noção de território, e a ciência geográfica, desde sua formação, se

propõe a estudar o termo território sendo um de seus conceitos chaves. Quem primeiro

trabalhou com o termo território foi o alemão Ratzel na teoria do “espaço vital” durante

o expansionismo alemão.

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O território nas ultimas décadas tem retornado ao debate acadêmico dotado de

uma polissemia de significados face à apropriação do termo por vários segmentos das

ciências sociais, no entanto, quando se busca verificar os embasamentos teóricos que

fundamenta as diferentes perspectivas, observa-se a carência de uma articulação clara

com algumas perspectivas teóricas que discute o território como conceito, como por

exemplo, é realizado na geografia, já que esse conceito é considerado chave da ciência

geográfica. Para Souza, (2011, p.78) Território, é “fundamentalmente um espaço

definido por e a partir de relações de poder”. Souza também destaca que a noção de

território, não se restringe a uma macro-escala, esta noção pode ser associada tanto para

uma micro-escala (por exemplo, da rua do bairro onde moro) como para uma macro-

escala espacial (uma grande área formada por países membros de um bloco econômico);

e também em diversas escalas temporais: séculos, décadas, anos, meses, dias ou horas.

Contribuindo com a discussão do termo território, Haesbaert afirma:

Podemos, então, sintetizar, afirmando que o território é o produto de uma

relação desigual de forças, envolvendo o domínio ou controle político-

econômico do espaço e sua apropriação simbólica, ora conjugados e

mutuamente reforçados, ora desconectados e contraditoriamente articulados.

Esta relação varia muito, por exemplo, conforme as classes sociais, os grupos

culturais e escalas geográficas que estivermos analisando. Como no mundo

contemporâneo vive-se concomitantemente uma multiplicidade de escalas,

numa simultaneidade atroz de eventos, vivenciam-se também, ao mesmo

tempo, múltiplos territórios. (HAESBAERT, 2012. P 121).

Diante da noção de território que pode ser entendido sob várias escalas

espaços-temporais, concordamos com os autores quando afirmam que o mesmo

território por menor que seja (por exemplo, uma rua) pode ser territorializado por

grupos distintos em escalas temporais também distintas, ou seja, pode variar por horas,

meses, anos etc. Com base nos autores, os diferentes espaços pode ser ocupados por

diferentes segmentos da sociedade tanto formais como informais e se referindo ao

segmento informal um grupo nos chamou atenção nas ruas da cidade de Teresina, os

flanelinhas, vimos portanto a necessidade de conhecer como se dá a relação destes e “

seus” territórios no centro desta cidade.

A APROPRIAÇÃO DO TERRITORIO E AS PRÁTICAS

CRIMINALIZANTES: FLANELINHAS VERSUS ESPAÇO PÚBLICO

Os flanelinhas que compõe a paisagem urbana em especial no centro de

Teresina muitas vezes são visto como problemas, Trabalhadores lutando por um espaço

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trabalham sempre em locais de concentração de veículos e para a execução desse

trabalho. Segundo Millen (2007) organizam o espaço em “pedaços” de modo que um

número maior de veículos fique estacionado, bem como para a identificação daqueles de

suas responsabilidades, esses locais onde são denominados por eles como, “pedaço”

pode ser compreendido dentro dos conceitos de espaço e território, esses pedaços são

demarcações baseadas nos elementos existentes nas suas áreas de atuação, tais

elementos podem ser um poste, uma árvore, placa de sinalização ou uma esquina, etc.

Cada flanelinha elege uma parcela do espaço para trabalhar, estabelecendo um território

particular em cada pedaço, os grupos que atuam nas ruas do centro de Teresina buscam

em suas ações uma base territorial, as fronteiras estabelecidas nas relações produzidas

no espaço, dependem do movimento de veículos e da clientela, até que encontre um

local definitivo para sua dominação territorial. Com a chegada de eventos grandiosos no

Brasil, como a copa do mundo, e as olimpíadas, a temática sobre a atuação dos

flanelinhas, passou a ser discutida de forma mais abrangente pelos mais diversos

segmentos da sociedade buscando-se assim possíveis soluções para os flanelinhas e os

donos de veículos.

Esta discussão torna-se necessária uma vez que, seria difícil é explicar para um

alemão, francês, inglês, japonês, italiano, o que é um flanelinha, qual sua função e

utilidade, se ele tem que pagar toda vez que precisar estacionar seu carro já que está

estacionando em local público, isso vai caber as autoridades a se posicionarem em

relação a essa problemática, ou regulamentando ou criminalizando está função de

flanelinha.

Nós últimos anos tem aumentado de forma significativa os guardadores de

carros conhecido popularmente como flanelinha, no centro de Teresina. Eles estão

praticamente em todos os lugares, estádio de futebol, áreas de lazer, clubes, etc. A

atuação destes ocorre de forma mais intensa no centro da cidade de Teresina como na

Rua Álvaro Mendes entre as Ruas 13 de maio, e a Gabriel Ferreira. Em apenas três

quarteirões incluindo a praça da liberdade, tem aproximadamente 10 flanelinha atuando,

cada um com seu território de atuação definidos, e um flanelinha não entra no território

do outro, isso é regra, esses flanelinha estão atuando na ilegalidade, já que não é uma

profissão regulamentada pelos órgãos públicos responsáveis.

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Com o aumento dos automóveis e poucos locais para estacionar nos horários de

pico no centro de Teresina os motoristas procuram por uma vaga, quando encontram é

um, alivio pensam logo - me livrei do pagamento do estacionamento - que hoje no

centro de Teresina tem preço mínimo de 3,50 a 4,00 reais à hora, quando de repente, os

flanelinhas surgem do “nada” e muitas vezes, com aspecto intimidador, bêbados ou

visivelmente drogados com medo, muitos motoristas pagam para não ter problemas com

esses flanelinhas, alegam que estão todos os dias no centro, e muitos são moradores de

ruas, ou que já tiveram problemas com a justiça. Os flanelinhas inserem-se na paisagem

da cidade, buscam demarcar e consolidar territórios, contrapondo-se às normas

legitimadoras de locais públicos e fazem uso dos mesmos como estacionamentos, para

tanto formam grupos sociais e utilizam-se de algumas estratégias de organização para

manterem o seu território, sendo assim uma conquista diária de novos clientes e a

manutenção dos clientes que já existem. Por outro lado tem muitas pessoas honestas,

muitos flanelinhas são cidadãos de bem, profissionais que por algum motivo estão às

margens de oportunidades de um trabalho digno se tivesse oportunidade de um trabalho

formal não estariam na ilegalidade, mais por necessidades, usam as ruas para conseguir

o sustento da sua família, muitos deles conquistaram clientes e pessoas que confiam

neles deixando até mesmo a chave do carro e pertences de valor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho em nenhum momento tem como objetivo de criminalizar esta

função de flanelinha, pois sabemos que muitos deles são frutos de uma desigualdade

social estabelecida há séculos em nosso país, desigualdade essa que leva muitas pessoas

a atuar no mercado da informalidade, dentre muitos fatores que leva a uma desigualdade

social está na evasão escolar de boa parte da juventude, falta de profissionalização para

os mesmos, reconhecendo que esse tema sobre os flanelinhas é um tema ainda aberto

para o debate, uma das soluções é a regulamentação, estabelecendo direitos e deveres

para as duas partes, flanelinha e usuários, já que a criminalização vai trazer

consequências desastrosas para muitas famílias que dependem dessa função, e que

necessita de uma discussão mais aprofundada, envolvendo o meio acadêmico,

autoridades públicas, sociedade, e ouvir mais os próprios flanelinhas, para que se possa

encontrar uma solução que seja favorável a todas as partes.

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à

complexidade do mundo atual” – Teresina (PI): 22 a 25 de outubro de 2013.

Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

REFERÊNCIAS

CASTRO, Iná Elias de. et al (Org.) Geografia: conceitos e temas. Rio de Janeiro:

Bertrand Brasil, 2000.

HAESBAERT, R. L. Territórios Alternativos. São Paulo: Contexto, 2010

MILLEN, Millene. Flanelinhas no Espaço Urbano: um estudo sobre a inserção de

jovens. Juiz de Fora: UFJF, 2007. 124p. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós

Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Juiz de

Fora, Juiz de Fora, 2007.

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Publicação: 2015 ISBN: 978-85-8320-032-1

TRANSFORMAÇÕES NA PAISAGEM URBANA NO TRECHO ENTRE O

PARQUE POTYCABANA A PONTE JOÃO ISIDORO FRANÇA (ESTAIADA)

NA AVENIDA RAUL LOPES ZONA LESTE – TERESINA/PI

Edileia Barbosa REIS

Graduada em Licenciatura em Geografia

[email protected]

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

Orientadora. Profª. Dra. do Curso de Geografia da UESPI

[email protected]

RESUMO A identificação dos elementos e suas principais características torna a paisagem um ambiente

singular entre os demais, sendo condicionada por seu aspecto natural que vai se modificando de

acordo com a intervenção humana. Teresina foi a primeira capital planejada do país, e no século

XX sua estrutura arquitetônica e viária foram ampliadas com a construção de grandes avenidas

que interligam as zonas da cidade. Esta pesquisa foi realizada na Avenida Raul Lopes, Zona

Leste de Teresina, no trecho entre o Parque Potycabana a Ponte Mestre João Isidoro França

(Estaiada), com objetivo geral de reconhecer os agentes transformadores da paisagem urbana no

referido trecho. A metodologia empregou a pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo, com

aplicação de questionários na área de estudo e visitas aos órgãos competentes relacionados. Os

resultados indicaram que ocorreram inúmeras transformações de ordem natural com

modificação de sua configuração original tendo como consequência problemas ambientais como

desmatamento, poluição e erosão. A intervenção do Governo do Estado e da Prefeitura ocorre

através da urbanização e estruturação (pavimentação, ampliação, organização do trânsito etc.) e

o desenvolvimento do comércio com variados tipos de estabelecimentos (shoppings, prédios

empresariais, restaurantes, centros esportivos, escolas, quiosque e serviços de taxistas e

mototaxistas), sendo estes os principais agentes transformadores do espaço estudado.

Constatou-se o papel relevante exercido pelos serviços e lazer na Avenida Raul Lopes tanto para

a Zona Leste como para Teresina, e considera-se a mesma como ponto de referência devido sua

multifuncionalidade. Sugere-se repensar o gerenciamento de sua organização em função de sua

expansão, devido à crescente demanda do comércio, e a realização de campanhas educativas

para orientação em relação ao destino do lixo, tratamento do esgoto, controle do desmatamento

e erosão, bem como das práticas esportivas que nela se desenvolvem.

Palavras-chave: Avenida Raul Lopes. Paisagem Urbana. Transformações.

INTRODUÇÃO

A paisagem tem um papel de representação visual do espaço num dado

momento, mas a sua interpretação possibilita realizar uma leitura compreensiva sobre a

sua estrutura e os processos que contribuíram e atuam na sua configuração. O universo

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da pesquisa compreendeu o trecho referente ao Parque Potycabana à Ponte Mestre João

Isidoro França (Estaiada), localizado na Avenida Raul Lopes, Zona Leste de Teresina.

Sua configuração apresenta características singulares, pois exerce uma influência

econômica, social e turística valorizando um espaço com múltiplas funções.

Dessa forma, a preocupação da pesquisa foi a identificação dos agentes que

contribuíram e contribuem para as alterações na paisagem no recorte espacial entre a

Potycabana e a Ponte João Isidoro França (Estaiada). O objetivo geral constituiu-se em

reconhecer os agentes transformadores da paisagem urbana ocorridas na área no período

de 22 anos.

A metodologia empregada contou com a Pesquisa Bibliográfica bem como a

Pesquisa de Campo utilizando as técnicas de observação, aplicação de questionários

com trabalhadores do trecho delimitado e visita aos órgãos definidos. Realizou-se

também levantamento fotográfico.

Na pesquisa realizada discutiu-se os aspectos teóricos relacionados ao tema

abordado, apresenta os resultados da pesquisa de campo, as análises e interpretações

decorrentes bem como as recomendações e sugestões que se fizeram necessárias.

AVENIDA RAUL LOPES E AS TRANSFORMAÇÔES NA PAISAGEM

O conceito de paisagem em seu processo de evolução foi associado à ideia de

representação da totalidade espacial, pelo fato de demonstrar características

generalizadas como também especificas do ambiente, através de um recorte espacial.

Bertrand (1972, p. 2) abordava o conceito de paisagem como

A paisagem não é a simples adição de elementos geográficos disparatados. É,

numa determinada porção do espaço, o resultado da combinação dinâmica,

portanto instável, de elementos físicos, biológicos e antrópicos que, reagindo

dialeticamente uns sobre os outros, fazem da paisagem um conjunto

indissociável em perpétua evolução.

Neste sentido a área de estudo demonstra o contraste entre o passado e o presente,

notadamente em relação à expansão dos empreendimentos atuais, e ampliação da

própria avenida, como se apresenta evidente nas fotos 1 e 2.

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Dessa forma, a avenida é composta por uma diversidade de elementos que se

configuram desde sua construção, como também a cada dia são inseridos novos que se

agrupam formando uma estreita relação de dependência entre eles. A organização do

espaço é definida por seus atores sociais, no qual cada um exerce um papel na

configuração da paisagem.

Segundo Carlos (1992, p. 40) “da observação da paisagem urbana depreendem-se

dois elementos fundamentais: o primeiro diz respeito ao “espaço construído”,

imobilizado nas construções; o segundo diz respeito ao movimento da vida”. A

mobilidade dos frequentadores em fluxos contínuos nos permite entender a importância

que esse espaço exerce na vida das pessoas que trabalham, compram, vendem e o

utilizam como um lugar de lazer.

IDENTIFICAÇÃO DOS AGENTES TRANSFORMADORES

Infraestrutura e Serviços

Os resultados mostraram que a parceria entre o Estado e a Prefeitura foram os

elementos essenciais para estruturação da avenida, e a primeira manifestação está

representada pela ponte Juscelino Kubitscheck e posteriormente a construção do Parque

Potycabana. A intervenção do governo na ocupação da área, com a construção de obras

estruturantes, o processo de terraplanagem e o projeto de urbanização, consolidou a

mesma como ambiente diferenciado das demais avenidas, sendo este considerado pelos

resultados da pesquisa como um dos principais agentes produtores.

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Os grandes empreendimentos como os shoppings centers destacam-se, pois deram

vida ao local e dinamizam as atividades da área, e os elementos móveis também são

responsáveis, pois fazem parte do espaço presentes na paisagem. A concentração de

serviços e investimentos da iniciativa privada com a oferta de variados serviços

promoveu a valorização do espaço e a diversificação das atividades, pois atende ao

variado público que a frequenta. Esta contribui para desenvolvimento econômico da

Zona Leste, agregado a cada dia novas funções.

Aspectos naturais

A caracterização dos aspectos naturais da Avenida Raul Lopes demonstra uma

riqueza quanto à presença de elementos naturais dentre eles o rio, como também,

resquícios da mata ciliar e fauna. Contudo a intervenção humana tem sido agente

transformador promovendo assim mudanças significativas. Denota-se uma preocupação

com o estágio avançado de degradação da área em relação à fragilidade do solo

referente ao processo de erosão em função de aterramentos, impermeabilização do solo,

problemas decorrentes de poluição com as mais diversas naturezas e dimensões

(resíduos sólidos, líquidos, sonora) e desmatamento e substituição da área.

Os trabalhadores e a paisagem da Avenida Raul Lopes

A população que frequenta a área é heterogênea por representar várias classes

sociais de diferentes faixas etárias que procuram a região por vários motivos e entre eles

destaca-se a realização de compras, trabalho, lazer, esportes e outros serviços que são

disponibilizados.

Deste modo, as mudanças apontadas nas respostas foram, de forma geral,

direcionadas à infraestrutura oferecida pelo local, à construção de vias de acesso e o

interesse em melhorar as condições da acessibilidade e conforto para os usuários Notou-

se que existe uma evolução da estrutura presente na região e se registra a mesma, a

partir de um aumento considerável no número de construções, bem como também

ocorreu a ampliação da avenida, fazendo com que vivencie um constante processo de

transformação motivada pela expansão comercial com valorização do espaço.

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CONCLUSÃO

A proposta da pesquisa foi enfatizar a importância deste trecho afirmando que a

multifuncionalidade de sua utilização precisa ser repensada para atender uma demanda

crescente visando um desenvolvimento adequado. Considerada como uma área

planejada esta ainda necessita de um direcionamento para sua organização devido ao

movimento de expansão dos estabelecimentos e da própria via que a cada dia agrega

novos elementos e funções.

REFERÊNCIAS

BERTRAND, G. Paisagem e Geografia Física Global – Esboço Metodológico. Trad. de

Olga Cruz. Caderno de Ciências da Terra, n. 13, Instituto de Geografia da

Universidade de São Paulo, p. 01-27, 1972.

CARLOS, A. F. A cidade. São Paulo: Contexto, 1992. (Coleção Repensando a

Geografia)

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TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO EM TERESINA – PI: ESTUDO DO

SISTEMA OFERECIDO AO BAIRRO SANTO ANTÔNIO

Alex Couto BORGES

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

José Mauricio AMANCIO

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Livânia Norberta de OLIVEIRA

Geógrafa Mestra, professora do quadro provisório da UESPI

[email protected]

RESUMO

O objetivo da pesquisa foi identificar as condições do transporte coletivo na cidade de Teresina,

através do sistema oferecido ao bairro Santo Antônio, localizado na zona sul da capital.

Buscando compreender o funcionamento do sistema de transporte coletivo na região, de

maneira a identificar as suas deficiências e relações deste com os usuários deste bairro. Para

tanto utilizou como metodologia o levantamento de dados sobre a infraestrutura das vias, as

condições das paradas de ônibus e das linhas ofertadas. Constatou-se que o transporte coletivo

do bairro Santo Antônio apresenta muitas carências na quantidade de linhas ofertadas e na

qualidade dos transportes oferecidos, proporcionando a superlotação e áreas do bairro que não

recebe linha. Verificando, portanto a falta de interesse por parte dos governantes em melhor

atender quanto a mobilidade urbana a população residente nos bairros mais periféricos como o

Santo Antônio.

Palavras-chaves: Transporte coletivo, infraestrutura, qualidade.

INTRODUÇÃO

O sistema de transporte coletivo nas grandes cidades vem crescendo

exponencialmente, nas áreas urbanas de maneira a influenciar no hábito das pessoas

que precisam utilizar esse meio de transporte para se locomover, principalmente em

virtude dos engarrafamentos e da falta de investimento em infraestrutura das vias

públicas para melhorar a mobilidade.

Para que o trânsito possa realizar sua função eminentemente social, faz-se

necessário o atendimento às demandas dos seus participantes. Dentre essas demandas,

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está a garantia à mobilidade. Esse conceito pode ser interpretado como “a capacidade

dos indivíduos se moverem de um lugar para outro” (Tagore & Skidar, 1995, apud

Cardoso, 2008, p.42).

Em Teresina não poderia ser diferente, o transporte coletivo da cidade é

precário como na maioria das cidades brasileiras. Sendo assim os usuários,

geralmente a população de baixo poder aquisitivo, são os que mais sofrem com o

sistema do transporte público, além de conviver com os constantes atrasos dos ônibus

e a pouca oferta de linhas para as periferias.

SISTEMA DE TRANSPORTE COLETIVO EM TERESINA

Observam-se deficiências no sistema de fiscalização na cidade, podendo a

Superintendência Municipal de Transportes e Trânsito (STRANS), cumprir seu

papel constitucional de fiscalizador do transporte coletivo para melhoria, buscando

evitar um sistema de transportes deficiente e sem nenhum conforto para os usuários.

Deste modo, “serviço público é todo aquele prestado a administração ou por seus

delegados, sob normas e controle estatais para satisfazer necessidades essenciais ou

secundárias da coletividade ou simples conveniência do Estado” (Direito

Administrativo Brasileiro, 2002, p.320).

O bairro Santo Antônio (Figura 01), localizado na zona sul da capital onde

apresenta uma população de 21.879 habitantes (IBGE, 2010). No qual encontra-se

com poucas ofertas de linhas de ônibus para os moradores da localidade com

simplesmente 4 ônibus no horário de pico e 1 somente a noite para atender a

população do bairro, além de paradas sem uma infraestrutura adequada, ou até mesmo

sinalização de paradas de ônibus. Além de haver uma demora considerada da

passagem do ônibus em algumas vilas e bairros da região.

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Figura 01: Localização do bairro Santo Antônio

Fonte: modificado, Google maps, 2013

METODOLOGIA

Para o desenvolvimento da pesquisa foram realizadas pesquisas bibliográficas,

através de consulta em artigos científicos e fontes pesquisadas em web

sites, referentes ao transporte coletivo em Teresina, a Pesquisa de campo e registros

fotográficos. Assim como o levantamento de dados sobre a infraestrutura das vias, as

condições das paradas de ônibus e das linhas ofertadas para o bairro Santo Antônio.

RESULTADO E DISCUSSÕES

Segundo moradores do bairro Santo Antônio o transporte público naquela

região, demonstra varias deficiências em relação à infraestrutura das paradas (figuras

2 e 3), que apresentam-se sem uma estrutura adequada para a população se proteger

do sol e da chuva. Outras dificuldades encontradas foram quanto acessibilidade aos

transportes coletivos para as pessoas que possuem necessidades especiais, em sua

maioria não atendem este público.

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Figura 02: Terminal de ônibus no bairro Betinho

Fonte: Amancio, 2013

Figura 03: Parada de ônibus na Rua Maria Araújo

Fonte: Amancio, 2013

CONCLUSÃO

No presente trabalho procurou-se caracterizar o transporte coletivo no bairro

Santo Antonio de maneira objetiva para que se tivesse uma melhor análise sobre os

serviços prestados na região como paradas, estrutura dos ônibus e a qualidade do

serviço, dos quais identificou deficiências no serviço ofertado pelo poder público, que

acaba por prejudicar o deslocamento e acessibilidade das pessoas que utilizam esse

transporte como meio de se locomoverem.

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Dessa maneira, percebe-se que o transporte coletivo é de fundamental

importância para a população, porém as carências que o sistema se encontra, dificultam

a vida dos cidadãos que necessitam desse meio de transportes para se locomover.

REFERÊNCIAS

CARDOSO, C. E. P. Análise do transporte coletivo urbano Sob a ótica dos riscos e

carências sociais. Tese de Doutorado, Programa de Pós-graduação em Serviço Social,

Pontifícia.

Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2008.

IBGE. Censo Demográfico 2010. Teresina, PI: FIBGE, 2010.

DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO, Ed. Malheiros, 2002, p.320.

Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana.

(2004). Diretrizes para a Política Nacional de Mobilidade Urbana Sustentável.

Brasília, DF: Programa Brasileiro de Acessibilidade Urbana.

NETO, O. L. Um novo quadro institucional para os transportes públicos: condição sine

qua non para a melhoria da mobilidade e acessibilidade metropolitana. In E. Santos & J.

Aragão (Orgs.), Transporte em tempos de reforma: estudos sobre o transporte urbano

Natal: EDUFRN, 2004.p. 193-216.

RIZZARDO, A. Comentários ao código de trânsito brasileiro, 5ª ed. rev. atual. ampl.

São Paulo: Revista dos Tribunais, 2004.

TAGORE, SKIDAR, 1995, apud Cardoso, 2008, p.42.

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EIXO 04:

GEOGRAFIA, CULTURA E

TURISMO

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A CAATINGA COMO LEITO: OS CEMITÉRIOS DO SEMIÁRIDO

PIAUIENSE

Alessandra de Araújo BASTOS

[email protected]

Marina Silva CARVALHO

[email protected]

Tainara de Santana CASTRO

[email protected]

Estudantes do Curso Técnico em Guia de Turismo – IFPI Campus São Raimundo Nonato

Projeto de Iniciação Científica PIBIC Jr FAPEPI/CNPq

Domingos Alves de CARVALHO JÚNIOR

Professor do Eixo de Hospitalidade e Lazer – IFPI – Campus São Raimundo

Nonato/Orientador

[email protected]

RESUMO

O sudeste do Piauí é conhecido nacional e internacionalmente pelo seu acervo de sítios

arqueológicos pré-históricos, levados a cabo pelas pesquisas desenvolvidas durante mais de 30

anos de forma interruptas pela equipe de pesquisadores ligados a Fundação Museu do Homem

Americano – FUMDHAM. Entretanto, no que tange ao patrimônio histórico tem sido silenciado

ou ofuscado pelos achados pré-históricos. Nessa perspectiva, a presente pesquisa voltou-se para

o patrimônio histórico - fúnebre dessa região do Estado. A pesquisa teve como objetivo

investigar e inventariar o acervo cemiterial ligado ao ciclo da borracha de maniçoba, focando

principalmente, o período de 1900 – 1950, entre o apogeu e declínio da maniçoba na região. O

objeto de análise são os cemitérios dos municípios de São Raimundo Nonato e Canto do Buriti,

localizados no semiárido piauiense detentores de um rico acervo patrimonial ligados a diferentes

períodos históricos.

Palavras-chave: patrimônio fúnebre, história, semiárido.

INTRODUÇÃO

De acordo com Queiroz (2006), muitos municípios do sudeste do Piauí

nasceram e ou prosperaram no alvorecer do século XX, motivados pela economia

proporcionada pelo ciclo da borracha de maniçoba, Canto do Buriti e São Raimundo

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Nonato são exemplos. A maniçoba (Manihot glaziowii) foi densamente explorada no

semiárido nordestino entre 1900 – 1920, a economia da borracha no Piauí, teve suas

tendências de produção e exportação determinadas pelo preço internacional do produto,

ou pela demanda externa. A alta dos preços verificada na conjuntura determinou o

plantio efetivado em diversas regiões do estado. Surgindo como resposta a conjuntura

favorável de preços internacionais, sucumbiu com a concorrência asiática e a queda

acentuada dos preços, a partir de 1911. Embora curto o ciclo da maniçoba no Piauí foi

muito significativo e possibilitou o enriquecimento de fazendeiros, arrendatários,

barraquistas, maniçobeiros. Entretanto, os catingueiros da borracha não lograram o

mesmo êxito. Disputa por terras, áreas devolutas geraram ora conflitos. Nesse cenário se

constitui parte significativa da história desse ciclo econômico.

Canto do Buriti, por sua localização geográfica – entreposto – São João do Piauí;

São Raimundo Nonato; Anísio de Abreu; Caracol se constituía em ponto estratégico da

comercialização da borracha. Parte dessa história se encontra gravada nas lápides

sepulcrais nos velhos cemitérios que permitem justamente este reencontro com o

passado. Estacas, pedras, lápides de arenito desgastadas apontando para o cenário de

simplicidades, túmulos suntuosos apontando para fazendeiros tradicionais da borracha.

Esta pesquisa busca incentivar a preservação destes lugares por meio do estudo

inventarial dos locais de sepultamentos encontrados nos municípios associados à

borracha.

Os túmulos constituem-se, em grande parte dos casos, em artefatos datáveis com

precisão, uma vez que nas lápides tumulares encontram-se, frequentemente impressas,

as datas de nascimento e morte daqueles que foram enterrados. Nome do morto,

ascendência e ou descendência familiar, profissão dentre outros, propiciam um universo

fértil para o estudo da hierarquia social e distribuição espacial. No contexto da

investigação, cada cemitério foi entendido como um sítio arqueológico histórico. A

pesquisa partiu de uma pesquisa bibliográfica e depois de campo onde foi elaborado

fichas para documentação de dados por túmulo. Depois foi realizada a confecção de

fichas resumos e para elaboração dos relatórios finais e a sistematização dos dados.

DESENVOLVIMENTO

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Os cemitérios do Carcará e de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro em Canto do

Buriti, o de Nossa Senhora da Piedade em São Raimundo Nonato, tem seus acervos já

em estado bastante precário, situação constada nas pesquisas de campo, mais ainda

guardam um importante acervo a ser estudado. Vale ressaltar que esses sítios são locais

raramente alvos de pesquisas e visitação. Esta pesquisa buscou inventariar os

cemitérios. O inventário de bens são ferramentas que a Constituição de 1988 destacou

como instrumento de promoção e preservação do patrimônio cultural. De acordo com

Castro (2008) o valor de proteção ou preservação está na salvaguarda das informações

contidas.

O patrimônio fúnebre tem sido constantemente despertado o interesse pela

visitação turística, em alguns países como a Argentina, Cemitério da Recoleta além de

declarado patrimônio histórico argentino, constitui-se de importante atrativo da cidade

de Buenos Aires. No Brasil, entretanto, os de São João Batista no Rio de Janeiro e o do

Bonfim em Belo Horizonte tem atraído um público cada vez maior.

CONCLUSÕES

Os resultados ainda que preliminares, apontam para um importante nicho a ser

explorado, do ponto de vista da visitação turística na região, à medida que, a vocação do

sudeste do Piauí e um turismo cultural (arqueológico, histórico) que contempla os sítios

de natureza pré-histórica. Assim a pesquisa apresenta uma possibilidade a mais na

ampliação dos atrativos turísticos para a história do Piauí, ligado diretamente ao ciclo da

borracha de maniçoba.

REFERÊNCIAS

CASTRO, E. T. Entre terras e ossos: o cemitério como fonte para a construção da

História. In: I Encontro de Cemitérios Brasileiros, 2004, São Paulo. Anais..., 2004.

QUEIROZ, T. de J. M. A importância da borracha da maniçoba na economia do

Piauí: 1900-1920. 2. ed. Teresina: FUNDAPI, 2006.

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CIDADE DE TERESINA E SUAS POTENCIALIDADES TURÍSTICAS

Eduarda Ramos OLIVEIRA

Graduanda do Curso de Lic. Plena em Geografia da UESPI

[email protected]

Gessica Maria Mesquita MONTEIRO

Graduanda do Curso de Lic. Plena em Geografia da UESPI

[email protected]

Lya Raquell Moura FERREIRA

Graduanda do Curso de Lic. Plena em Geografia da UESPI

Maria Luzineide GOMES

[email protected]

Professora Adjunta I do Curso de Lic. Plena em Geografia da UESPI

RESUMO A atividade turística é um fator de grande relevância para o desenvolvimento de qualquer

região, este por sua vez articula diversas outras atividades como sistemas de transportes,

imóveis, hotelaria, entretenimento, restaurantes entre outros. Nas cidades brasileiras essa

atividade vem se desenvolvendo bastante e Teresina vem acompanhando esse crescimento da

atividade. Sendo a única capital do nordeste a não ser agraciada com a presença do litoral, se

diferencia entre as demais capitais apresentando outros potenciais turísticos diversificados e

atraentes. Tendo em vista esse aspecto, o presente artigo tem como tema Cidade de Teresina e

suas Potencialidades Turísticas. O objetivo geral do referente trabalho é mostrar as

Potencialidades Turísticas de Teresina, além de destacar as limitações que o turismo na cidade

em questão apresenta, como também de sugerir ideias ou opiniões acerca das limitações que a

mesma pode apresentar. A metodologia aplicada a este trabalho é de caráter qualitativo com

pesquisa bibliográfica e pesquisa de campo.

Palavras-chave: Potencial. Limitação. Turismo.

INTRODUÇÃO

O Turismo é uma atividade dinâmica que tendo aspectos modernos sempre em

busca do novo, do que atrai. Diante da crescente atividade turística e da sua importância

econômica a Geografia tem se preocupado nos últimos anos em estudar as diversas

facetas dessa atividade já que a mesma segundo Cruz (2003) tem como objeto de

consumo o espaço geográfico. No caso específico da cidade de Teresina, verifica-se que

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apesar dela apresentar algumas deficiências relacionadas à prática do turismo e do lazer,

ela possui potencialidades que podem ser exploradas para estes fins, mesmo não sendo

uma cidade com grande atividade turística como acontece com as cidades litorâneas.

Desse modo, o objetivo geral deste trabalho é apresentar e discutir sobre algumas das

potencialidades turísticas de Teresina, além de destacar as deficiências que o turismo na

cidade de Teresina apresenta.

O interesse da Geografia no estudo do turismo esta voltado para relevância

social, política, cultural e econômica que esta atividade ganhou nos últimos tempos.

Além de que o mesmo é um elemento que contribui para desenvolvimento econômico

de diversas regiões, sendo este um tema pertinente nos estudos geográficos.

Segundo Coriolano (2007) essas reestruturações dos espaços mostra o poder que

lógica capitalista impõe sobre os locais que possuem eventual potencial turístico. Por

sua vez a prática turística constitui- se numa pratica social que apropria- se de espaços

naturais ou humanizados. O autor Ripoll, 2003 aponta ainda que o homem atual

necessita de divertir- se, ou seja, de lazer durante seu tempo livre através da influencia

de fatores sociais, econômicos, culturais, ambientais e psicológicos, sendo que para a

concretização do lazer faz- se necessário transformar o espaço.

METODOLOGIA

A pesquisa em questão apresenta um caráter fundamentalmente qualitativo,

tendo partido inicialmente da pesquisa bibliografia realizada a partir dos registros

disponíveis como documentos, livros, teses, etc. O outro recurso foi a Pesquisa de

Campo voltada para observação e coleta de dados acerca dos pontos de atrativo

turístico, onde foram escolhidos quatro pontos turísticos a serem visitados. Depois disso

foram analisados os dados coletados e os registros da atividade de campo, permitindo

trazer inferências sobre as potencialidades e limitação da atividade na cidade.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Teresina e suas potencialidades

Teresina é uma cidade ainda em fase de conhecimento do próprio potencial

turístico. A mesma foi fundada por Conselheiro Saraiva em 1852, passou a ser a Capital

do Piauí com nome em homenagem à Imperatriz Teresa Cristina. Esta cidade localiza-se

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no Meio-Norte brasileiro, sendo a única capital da Região Nordeste que não se localiza

no litoral. Teresina é ainda conhecida como “Mesopotâmia Piauiense” por estar situada

entre dois rios, o Parnaíba e o Poti.

O potencial turístico desta capital é bastante diversificado e atraente, apesar de

estar, no ponto de vista de muitos, em desvantagem pelo fato de ser a única capital

nordestina não ter litoral. Isso porque as capitais nordestinas litorâneas geralmente tem

sua economia incrementada pela prática da atividade turística. Mas no caso de Teresina,

o que mais se denota é o fato de não ser bem trabalhado o turismo na cidade. Em

contraponto, existem ainda outras cidades do Estado que mesmo não sendo localizadas

no litoral tem o turismo como atividade de destaque, como é o de Pedro II e Oeiras. Mas

essa escassez de roteiros turísticos muitas vezes está relacionada ao fato de que a cidade

de Teresina é muito mais vista como um espaço onde se ofertam muitos serviços (com

destaque para a saúde) bem como para produção e comercio de bens.

Iniciando a discussão sobre suas potencialidades destaca-se como principais

atrações turísticas, dentre muitas, a igreja São Benedito esta foi construída entre 1874 e

1886 pelo missionário capuchinho italiano Frei Serafim de Catânia, na elevação

conhecida como Alto da Jurubeba, limite oriental da cidade, hoje o início da Avenida

Frei Serafim. É uma imponente edificação, com torres que se elevam a mais de quarenta

metros de altura. A mesma tem uma importância histórica e sentimental muito grande

para capital.

Outro ponto expressivo na cidade é o Parque Ambiental Encontro dos Rios,

criado em 1993, que tem ainda o lúdico como fator favorável à prática do turismo, onde

conta-se na área a lenda do cabeça-de-cuia. O encontro dos rios é um dos pontos

turísticos mais visitados de Teresina, onde têm pequenas exposições, quiosques com

produtos artesanais, e trilhas ecológicas.

O Pólo Cerâmico do Poti Velho, localizado próximo ao parque supracitado,conta

com uma estrutura construída no espaço onde havia uma vila de pescadores que

produziam tijolos e potes. Hoje, tal estrutura conta com 23 boxes onde são

comercializadas as peças de cerâmica da região. As peças são expostas nas lojas e são

comercializadas em toda a cidade, sendo ainda exportadas para todo o Brasil, bem como

para outros países.

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Por fim, foi elencado o Museu de Teresina, que está instalado no antigo casarão

do comendador Jacob Manoel Almendra, construído em 1859. Entretanto, a instalação

do museu só aconteceu em 1934. O museu está localizado no Centro da Capital,

possuindo um acervo de peças pré-históricas, obras de arte contemporânea de artistas

piauienses, artesanato, roupas, mobiliários representando a historia do Piauí.

A escolha destes pontos turísticos e sua caracterização apresentam apenas alguns

exemplos dos atrativos da cidade, citados aqui com a finalidade de mostrar o quão rica é

Teresina, não só em termos de serviços, mas também de potenciais turísticos, cheia de

atrativos relacionados a aspectos históricos e culturais. Diante do exposto é possível

inferir que Teresina pode sim ser considerada como uma cidade dotada de espaços

turísticos, pois apresenta lugares com a funcionalidade de atração de turistas, sendo este

o elemento principal da atividade turística. Mas o que se verifica na cidade é que impera

a ausência de projetos que visem utilizar a cidade de maneira mais proveitosa e de

forma planejada para que o turismo traga consigo a face do desenvolvimento, ou seja,

melhoria e valorização do espaço. Isso agregaria valores aos atrativos e

consequentemente à comunidade ao seu entorno. Fato este já citado por Cruz (2003),

onde afirma que nenhum lugar turístico tem sentido se os contextos cultural e histórico

não estiverem inseridos no espaço que desenvolve a atividade turística, onde promove a

valorização dos mesmos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Teresina é, portanto, uma cidade de grande potencial turístico onde apresenta

uma infraestrutura pronta para receber o turista, como as vias de acesso, aeroporto,

hotéis, restaurantes, etc. Contudo existe uma deficiência da forma de utilização dos

espaços que poderiam ser melhor utilizados pelo turismo. Há ainda a falta de

profissionais qualificados na cidade, além de balcão de informações ao turista em

muitos pontos turísticos. Parques ambientais de grande valor natural, social e

econômico como O Parque Floresta Fóssil, o Jardim Botânico de Teresina, o Parque da

Cidade poderiam ser muito mais bem utilizados do que se vê hoje. A culinária local e

regional também é outro atrativo pouco explorado. O turismo com base na arquitetura e

suas influências coloniais também não é muito considerado. Assim, verifica-se que não

estão sendo feito trabalhos voltados para uma maior promoção da cidade, revitalização

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dos patrimônios históricos, inventários de novos roteiros etc. Percebe se a

desvalorização da influência histórica presente na arquitetura, prédios, museus, no

centro histórico da cidade de Teresina, pois estes são pouco utilizados nos roteiros

turísticos da cidade e pelos os residentes, esse fator pode ser percebido não só na parte

histórica como em outros pontos visitados onde pouco se viu a visitação de residentes,

sendo que a preferência é por shoppings, dentre outras atividades de lazer. Teresina

apresenta muitos potenciais turísticos que são subutilizados e pouco valorizados,

havendo necessidade de ser melhorada a infraestrutura de hotéis, restaurantes, bem

como a construção de um roteiro turístico para Teresina e mais quiosques de informação

ao turista pela cidade. Seria interessante a implementação de uma Secretaria voltada só

para o turismo, como também o uso da mídia para atrair tanto os residentes quanto os

visitantes, para que passem mais dias na cidade, conhecendo-a, desfrutando-a e

consumindo produtos locais e regionais, que acabam por sua vez deixando divisas para

a cidade resultante dessa atividade que se mostra bastante promissora para as cidades

que aprendem a aproveitá-la corretamente.

REFERÊNCIAS

CORIOLANO, L. N. M. T.; VASCONCELOS, F. P. (Orgs.). O turismo e a relação

sociedade- natureza: realidades, conflitos e resistências. Fortaleza. .Ed. UECE, 2007.

440p.

CRUZ, R. C. A. Introdução à geografia do turismo. 2. ed. São Paulo: Roca, 2003.

125p.

PEARCE, D. G. Geografia do Turismo: fluxos e regiões no mercado de viagens. São

Paulo: Aleph, 2003. 388p.

RIPOLL, G. Turismo Popular: investimentos rentáveis. São Paulo: Roca, 2003. 222p.

RODRIGUES, A. B. Turismo e Espaço: rumo ao conhecimento transdisciplinar. São

Paulo: HUCITEC, 1999.

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CURRAL DE SERRAS: O ENCONTRO ENTRE GEOGRAFIA E

LITERATURA NA OBRA DE ALVINA GAMEIRO

Denise Raquel Barbosa SOARES

Especialista em Ensino e Geografia da UESPI

[email protected]

Elisabeth Mary de Carvalho BAPTISTA

Professora Adjunta da UESPI. Doutora em Geografia pela UFSC (2010).

[email protected]

RESUMO

Este estudo analisa os elementos geográficos presentes no romance Curral de Serras, de Alvina

Gameiro, numa pesquisa interdisciplinar entre Geografia e Literatura. A análise parte da

discussão da abordagem cultural na Geografia, das possibilidades de uma leitura geográfica do

espaço a partir de obras literárias, da importância desse tipo de estudo para alargar a pesquisa

em Geografia além do entendimento que obras literárias podem ser fontes materiais e

documentais para os geógrafos, como destacou Claval (1999). A partir deste embasamento

teórico e metodológico, é discutida a contribuição dos conteúdos geográficos para o

entendimento do romance. Para analisar a obra, foi construído um guia-síntese e de conteúdo,

do qual extraíram-se as informações necessárias para o estudo. De posse destas informações,

seguiram-se os resultados encontrados como resposta à problemática. Deste estudo pode-se

considerar que na obra são localizados os conteúdos geográficos clima, relevo, vegetação e

hidrografia, que permitem a compreensão dos fenômenos geográficos presentes na obra, pela

visão regional e ampla do Nordeste que apresenta.

Palavras-chave: Geografia, literatura, curral de serras, espaço geográfico.

INTRODUÇÃO

Este trabalho procura evidenciar as possibilidades de realização de uma leitura

geográfica do espaço, sob uma diferente perspectiva, partindo da aceitação da Geografia

enquanto ciência social, através da leitura de Curral de Serras, de Alvina Gameiro,

publicado em 1980, a partir do desenvolvimento da abordagem conhecida como nova

geografia cultural. Deste modo, objetiva analisar os elementos geográficos presentes no

livro através do contexto histórico, cultural e geográfico do enredo, e discutir a

contribuição dos conteúdos geográficos para seu entendimento.

A pesquisa foi dividida em três partes para uma melhor compreensão do que foi

proposto. A princípio, a discussão sobre a abordagem cultural na Geografia, que

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entende a cultura como via para a compreensão deste tipo de estudo. Em seguida uma

breve análise acerca do caráter interdisciplinar da Geografia e Literatura, e das

possibilidades desta relação. Na sequencia a apresentação do romance Curral de Serras,

suas principais características e a identificação dos conteúdos que formam o espaço

geográfico na obra. Por fim, realiza-se discussão da contribuição destes conteúdos

geográficos para o entendimento da mesma.

Para esta análise entre Geografia e Literatura inclui-se a identificação dos

conteúdos geográficos, que são as características do espaço geográfico com as quais o

leitor identifica a obra como um espaço conhecido ou algo novo que virá a conhecer

através do livro, que pode ser um porta voz fiel ao espaço geográfico ao qual se refere.

Estes conteúdos podem ser características do relevo, clima, vegetação, etc., e perfazem

o conjunto de saberes que formam a ciência geográfica, que a constroem e que, juntos,

dão uma visão geral do espaço geográfico.

A pesquisa é composta de revisão teórica acerca do tema proposto, com

abordagem qualitativa, usando como procedimentos metodológicos a pesquisa

bibliográfica, tendo o livro como objeto da análise. Foi criado para esse propósito um

guia de análise tendo como fim a síntese de dados, mostrando a importância dos

fenômenos geográficos para a trama desenvolvida na obra.

DESENVOLVIMENTO

A Geografia Cultural nos ajuda a desvendar os sentidos construídos na relação

homem-natureza, como este se apropria, e dá significado ao espaço em que vive e suas

experiências, não só de forma material como imaterial. A sociedade se apropria da

natureza não só tecnicamente, mas de forma simbólica criando significados, construindo

sentidos para com o espaço geográfico. Desta forma, Claval (2002, p. 20) define:

O objetivo da abordagem cultural é entender a experiência dos homens no

meio ambiente e social, compreender a significação que estes impõem ao

meio ambiente e o sentido dado às suas vidas. A abordagem cultural integra

as representações mentais e as reações subjetivas no campo da pesquisa

geográfica.

Ainda segundo Claval (2002), a perspectiva cultural não está vinculada só a

Geografia, mais a uma revolução que alcança outras áreas da ciência humana (2002, p.

20):

A abordagem cultural impõe a necessidade de repensar a Geografia Humana.

Deste repensar nasce uma primeira ideia, aquela de que a Geografia Humana

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não pode ser totalmente desvinculada da cultura onde se desenvolveu, dado

também válido para as demais Ciências Sociais, a Economia, as Ciências

Políticas, a Sociologia, a Etnologia.

Monteiro (2002, p. 14), em seu trabalho O Mapa e a Trama – Ensaios de

conteúdos geográficos em criações romanescas destaca o ponto de encontro entre a

Literatura, que chama “criação artística” e a Geografia “construção científica”, que se

dá na localização espacial do “lugar”, como elemento essencial para a construção de

sentido do texto:

A construção do “lugar” ou do conjunto de lugares que um romance contém

levaria à consideração de que o “espaço” é, ao mesmo tempo, “meio do

sentido e também seu „objeto‟”. A concretude do lugar, em tanto que

qualificado concretamente por um espaço exterior, geográfico, seria uma

necessidade corpórea, que se realiza num continuum local mais ou menos

definido e que a percepção do leitor tende a identificar uma realidade

concreta, geográfica.

Ainda segundo Monteiro (2002), o trabalho do geógrafo com a literatura não

deve ser confundido, mediante os interesses divergentes e limites que separam as

disciplinas. Monteiro, em seus ensaios sobre o uso da literatura e a geografia, deixa

clara a distinção que o pesquisador deve ter em mente ao adotar a literatura como objeto

de pesquisa.

A partir desses estudos e pesquisas tanto no âmbito nacional e internacional, a

Geografia Cultural e os estudos literários vem tomando corpo e possibilitando estudos

como o deste trabalho, que busca retratar no romance Curral de Serras, de Alvina

Gameiro, um pouco do espaço vivido do sertanejo e destacar o espaço geográfico

retratado pela autora.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

O romance se desenrola numa fala cronológica, apresentada pelo seu

personagem principal Valente, que revela vinte e cinco anos de sua história,

desbravando o sertão do Nordeste à procura do irmão gêmeo desaparecido, chamado

Lino.

O espaço geográfico da obra privilegiado é a fazenda Curral de Serras, que fica

no estado de Pernambuco. Mas antes do personagem principal, Valente, chegar à

fazenda onde se desenrola a trama, ele perpassa por diversos estados nordestinos como

uma espécie de 'boticário itinerante', e por meio dessas "andanças" pode-se conhecer um

pouco mais do sertão nordestino e as regiões fronteiriças dos estados do Nordeste. Para

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a construção deste trabalho, foi necessário o uso de um guia síntese, com os seguintes

elementos analisados: os fenômenos geográficos encontrados na obra, sua localização

no texto, sua influencia na trama e a sua utilização na compreensão dos fenômenos

geográficos presentes.

O primeiro fenômeno geográfico encontrado foi a questão do clima. A passagem

do tempo é percebida na obra não através do calendário, que traz dias, meses e anos, ou

do relógio, que indica as horas, mas através das mudanças do clima e das

transformações que ocorrem na natureza como a passagem das estações, além da

orientação pelo sol ou pela lua, que serve como medida de passagem do tempo.

A construção do espaço da obra também se dá pelo próprio relevo característico

do lugar, descrição que o personagem principal faz no caminho que leva à fazenda e ao

avistá-la por cima das serras que a cercavam. A vegetação é descrita de forma menos

densa que as demais características, mas esclarece diretamente o espaço entre cerrado e

caatinga, com vegetação que vai de buritis a mandacarus. Relevo e hidrografia são

apresentados como pontos convergentes, pois tem a mesma ação que é fazer referência

aos caminhos percorridos por Valente, que se apropria da natureza de forma simbólica,

retratando nela a sua própria forma de ver o mundo, tomando os fenômenos naturais

como os próprios sentimentos humanos.

A partir da identificação dos conteúdos geográficos da obra literária em questão,

vimos que estes são essenciais na construção do enredo, fazem parte da própria

construção textual e auxiliam o leitor na identificação dos espaços em que a obra se

desenrola. Permitem, também, que os espaços geográficos sejam melhor analisados por

serem descritos de forma a envolver e prender a atenção do leitor, pelos recursos

próprios dos textos literários, diferentes da linguagem técnica utilizada pelo geógrafo,

além de destacar espaços e peculiaridades que poderiam não ser percebidas. Daí a

importância desse tipo de estudo interdisciplinar para o entendimento do espaço

geográfico.

CONCLUSÃO

Muitas obras de Geografia não conseguem transmitir, valorizar e recuperar os

fenômenos geográficos tão bem como certas obras literárias. Enquanto alguns textos se

mostram cansativos, desestimulantes e até de difícil compreensão, reside nos contos,

romances e poesias, dentre outros gêneros literários, um entendimento mais próximo da

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realidade. Dessa forma, as obras literárias podem ser utilizadas, juntamente a mapas e

ilustrações, como recursos educativos e ilustrativos, capazes de ampliar a compreensão

de espaços, lugares e paisagens, e são excelentes ferramentas didáticas. Este romance de

Alvina Gameiro pode ser um recurso no ensino de Geografia do Piauí, destacando a

questão da geografia regional.

Nesse cenário de ficção e realidade do romance é evidente que os espaços

retratados são, em sua maioria, reais. Ou seja, embora a maioria das obras sejam

histórias fictícias, muitos de seus elementos são tomados do real. Assim, conclui-se que

os elementos geográficos representados nos romances não se limitam às descrições, mas

também a sentimentos. O espaço é categoria essencial na literatura porque toda trama

literária precisa de um espaço para ser ambientada. No livro em questão, o espaço onde

é construído ou desenvolvido o enredo é o espaço rural, sem nenhuma referência ao

urbano ou a transformações sociais e históricas, como a Primeira Guerra Mundial e a

Era Vargas, ou tecnológicas, como cinema, automóveis ou a eletricidade.

Este estudo demonstra que o espaço geográfico é dinâmico, não apenas como

plano de fundo, mais determinante para as ações que se desenvolvem na obra. Localiza

e integra o leitor na atmosfera da fazenda a compreender a linguagem como

característica desse meio, do sertanejo -- como coloca Alvina -- que só conhece seu

"sistema". Também é possível fazer uma ligação direta entre memória e a paisagem

construída pelo personagem principal.

Esta pesquisa objetivou perceber de forma especifica o espaço geográfico no

livro "Curral de Serras", mas pela riqueza da obra são possíveis outras análises, como

estudos sobre memória e identidade, território, estudos da linguagem, aspectos culturais

do nordeste como religião, sincretismo religioso, música, etc.

REFERÊNCIAS

CLAVAL, Paul. "A volta da Cultura" na geografia. Mercator -- Revista de Geografia

da UFC, ano 01, n. 1, p. 19-28, 2002.

CORREA, Roberto Lobato; ROSENDAHL. Zeny. Introdução a Geografia Cultural.

Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2003.

GAMEIRO, Alvina. Curral de Serras. Rio de Janeiro: Nórdica. 1980. 228 p.

LIMA, S. T. Geografia e literatura: alguns pontos sobre a percepção de paisagem.

Geosul, Florianópolis, v.15, n. 30, p. 7-33, jul./dez. 2000.

MONTEIRO, Carlos Augusto Figueiredo. O mapa e a trama - ensaios sobre o

conteúdo geográfico em criações romanescas. Florianópolis: Editora da UFSC, 2002.

242 p.

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O PERFIL DO VISITANTE DO COMPLEXO TURÍSTICO DA PONTE

ESTAIADA MESTRE ISIDORO FRANÇA

Monnysy Monnyarha Brito dos SANTOS

Graduanda do curso de Licenciatura Plena em Geografia UFPI

[email protected]

Elias Paulo da SILVA

Graduando do curso de Licenciatura Plena em Geografia UFPI

[email protected]

Mugiany Oliveira Brito Portela

Professora Mestra do curso de Geografia – UFPI

RESUMO

O turismo é atualmente uma das principais atividades econômicas do mundo globalizado, sendo

uma importante ferramenta geradora de emprego e renda para os países que nele investem. O

objetivo dessa pesquisa é especificar as potencialidades turísticas do município de Teresina-

Piauí, com foco no Complexo Turístico Ponte Estaiada Mestre Isidoro França. Para isso,

utilizou-se como metodologia a aplicação de um questionário a uma amostra de cem pessoas

que visitavam o complexo, além do levantamento bibliográfico. A partir dos dados coletados na

data de realização do questionário, foi constatado, com relação ao local de residência dos

entrevistados e seu meio de transporte utilizado para chegar ao local, que a maioria reside na

zona leste (33%) de Teresina-Piauí e utiliza de meio de transporte próprio (75%). Com relação à

periodicidade de visitação ao complexo, a maioria conhecera o ponto naquele dia de aplicação

do questionário (59%) e os restantes eram reincidentes (41%). A motivação predominante era

que as pessoas estavam motivadas a conhecer o ponto turístico (27%), outros estavam ali a

passeio familiar (22%), para apreciação do espaço de lazer de Teresina (21%), por indicação de

terceiros (4%) e a trabalho e apresentação cultural (26%). Em relação aos aspectos que podem

incrementar a visitação do complexo turístico, destacou-se a realização de mais eventos

culturais (45%), restauração dos locais destinados à prática de esporte em toda a extensão do

complexo (22%), incrementação de bares e restaurantes no local (20%), realização de outras

práticas esportivas (11%) e a instalação de lojas de produtos artesanais e vestuário (2%).

Concluiu-se que por ser uma nova área de atração turística, a Ponte Estaiada vem recebendo

inúmeros visitantes, sendo que a maioria deles moram nas proximidades da área, porém, ainda

falta investimentos, principalmente, com relação ao acesso à esse ponto.

Palavras-chave: Turismo; Teresina; Complexo Turístico Ponte Estaiada Mestre Isidoro França.

INTRODUÇÃO

O turismo é uma das práticas mais comuns na sociedade de hoje devido ao

avanço dos meios de comunicação, transportes e facilidades financeiras. Sendo

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caracterizado como uma atividade de lazer que vai desde o “mochilão”, típico para

jovens que querem explorar ao máximo os lugares com aventura, ao passeio em família.

Geralmente, são atividades planejadas, visando uma análise de todo o custo de modo

que se tenha um ótimo custo-benefício.

Desse modo, este estudo procurou fazer uma análise qualitativa do serviço

oferecido na Ponte Mestre Isidoro França, assim como, conhecer melhor a concepção da

população acerca desse ponto turístico de modo a procurar desenvolver melhorias. Além

disso, procurou ser feito um reconhecimento do local, de modo, a identificar os atrativos

que o espaço oferece e projetar o que poderia ser implantado.

Segundo CUENTA (2001, p. 14, 39, citado por IBGE, 2010):

A Organização Mundial de Turismo – OMT define o turismo

como o conjunto de atividades que as pessoas realizam durante suas

viagens e estadias em lugares distintos a seu entorno habitual por um

período de tempo inferior a um ano, com fins de lazer, negócios e

outros motivos não relacionados com o exercício de uma atividade

remunerada no lugar visitado.

TURISMO NO PIAUÍ

Fundamentação Teórica

Quando se faz referência ao turismo do estado do Piauí, muitas pessoas pensam

que o estado é pobre nessa área, pensamento esse errado, pois nesse setor o território

piauiense é rico de áreas turísticas. Sendo que o turismo piauiense está estruturado

principalmente no ecoturismo, através das belezas naturais, como exemplo é possível

destacar o Delta do Parnaíba, Cachoeira do Urubu, Parque nacional Sete cidades e

outros.

Dentro da área turística do Piauí pode-se destacar a capital do estado, Teresina,

que até pouco tempo atrás não era vista como polo turístico. Mas atualmente isso

mudou, pois a capital piauiense, assim como outras áreas do Piauí, tem muito a oferecer

turisticamente. Como exemplo dessa oferta pode-se destacar a própria localização da

cidade entre os rios Poti e Parnaíba que resultou na criação do Parque Encontro dos

Rios no trecho da cidade onde esses rios se encontram, a presença de prédios luxuosos,

Palácio de Karnak, Museu do Piauí, Teatro 4 de Setembro, Igreja São Benedito,

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Avenida Frei Serafim e recentemente a Ponte Metre Isidoro França popularmente

conhecida como Ponte Estaiada que oferece um mirante no qual é possível observar a

cidade de ângulos diferentes.

Metodologia

Na presente pesquisa, utilizou-se como base metodológica o levantamento

bibliográfico, a pesquisa em sites da internet relacionados ao tema e a leitura de artigos,

revistas e documentos de dispusessem informações sobre o tema aqui em discussão e a

aplicação de questionário. Visitou-se ainda órgãos como o IBGE, com o intuito de

coletar informações que pudessem contribuir para o desenvolvimento desse trabalho. Na

aplicação do questionário, todo o registro foi feito sem manipulação, considerando

somente a opinião do entrevistado, sem influenciar na sua decisão.

A amostra utilizada para realização da pesquisa foi composta por 100 pessoas

que se encontravam visitando a Ponte Mestre Isidoro França. O grupo é constituído por

pessoas com idade variada, contudo a presença de idoso é insignificante, fazendo-se

mais presente casais que estavam a passear em família e grupos de amigos. As questões

continham alternativas simples e objetivas de modo a orientar as respostas para facilitar

a análise de campo. Foram abordadas questões como região onde mora, número de

visitas, a motivação da visita, que outros atrativos poderiam ser oferecidos, meio de

transporte utilizado para se chegar à ponte e a qualidade do serviço.

RESULTADOS OBTIDOS

A partir dos dados coletados através de pesquisa de campo com o grupo em

questão, foi possível obter informações sobre a visitação do complexo, o grau de

satisfação dos visitantes e as possíveis melhorias para incrementá-lo e torná-lo mais

atrativo para futuros visitantes.

A análise dos dados obtidos com relação à periodicidade de visitação ao

complexo turístico evidenciou que o público em questão, na maioria com 59%,

conhecera o ponto naquele dia de aplicação do questionário e que os 41% restantes já

eram reincidentes ao complexo turístico.

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Com relação ao local de residência dos visitantes é possível inferir que em

ligeira maioria, há a predominância do público residente naquela zona do local de

pesquisa, zona leste, sendo cerca de 33% dos entrevistados, contra 26% dos

entrevistados residentes na zona sul, 24% da zona norte, 10% da zona sudeste e 7%

compreendendo visitantes de outras cidades, dentre elas: Floriano-PI, Fortaleza-CE,

João Pessoa-PB, Natal-RN, São Luís- MA, Belém-PA e Rio de Janeiro-RJ.

Com relação à motivação predominante à visitação do complexo turístico, pode-

se concluir que a amostra mais significante revela que as pessoas que visitaram a ponte

estavam motivadas a conhecer o ponto turístico, 27% do total, contra 22% que estava

em passeio familiar, 21% em apreciação do espaço que Teresina oferece como forma de

lazer, 4% por indicação de terceiros e 26% motivados por trabalho e apresentação

cultural.

Em relação a aspectos que podem ser incrementados a visitação do complexo

turístico em questão, foi obtido no questionário aplicado a necessidade de realizar-se

mais eventos culturais, dentre eles apresentações musicais, de dança e teatro,

correspondendo a 45% do anseio dos visitantes, contra 22% que optaram pela

restauração dos locais destinados à prática de esporte em toda a extensão do complexo,

como exemplo os campos de futebol, 20% pela incrementação de bares e restaurantes

no local e em seu derredor, 11% pela realização de outras práticas esportivas fora o

rapel já realizado no local e 2% por instalação de lojas de produtos artesanais e

vestuário.

CONCLUSÃO

A Ponte Mestre Isidoro França por se constituir como o mais novo ponto

turístico da cidade de Teresina, se torna alvo de pesquisa visando à criação de políticas

públicas responsáveis pela conservação e valorização de projetos da mesma magnitude.

Vale ressaltar que essas políticas conservacionistas somente terão efeitos se junto a elas

estiverem atrelado à conscientização da população sobre a importância desses pontos

turísticos para a sociedade como um todo.

Apesar de não se obter dados sobre a quantidade absoluta de visitantes à Ponte

Estaiada, foi possível observar com a pesquisa realizada que esse ponto turístico deve

ser mais explorado socioeconomicamente e culturalmente, com a implementação de

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XIII SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA DA UESPI – “Reflexões e desafios do pensar e do fazer geográfico frente à

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atrativos como: rede de bares e restaurantes, eventos culturais e maior investimento nas

vias de acesso. Proporcionando-se assim, a geração de empregos e consequentemente

um aumento na renda da população beneficiada.

REFERÊNCIAS

BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Economia do Turismo: uma

perspectiva macroeconômica 2003-2007. Rio de Janeiro, 2010.

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OS DESAFIOS DO TURISMO EM SÃO RAIMUNDO NONATO – PI

Josilaine do Carmo RIBEIRO

Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Rivania de Santana PEREIRA

Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Valdiano Santos PEREIRA

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA

Professora da Universidade Estadual do Piauí (UESPI)

[email protected]

RESUMO O presente artigo trata principalmente dos desafios encontrados na cidade de São Raimundo

Nonato – PI para a atividade turística. Onde, mesmo apresentando alguns atrativos turísticos que

chamam a atenção dos visitantes, a cidade ainda necessita de investimentos infraestruturais, para

que se possam receber bem os turistas, dando-os maior apoio e qualidade na recepção dos

mesmos. Além disso, esse artigo traz um breve relato sobre a cidade em questão, mostrando sua

história e como a mesma foi se evoluindo ao longo dos tempos. O mesmo mostra também os

principais atrativos turísticos da cidade, além do Parque Nacional Serra da Capivara, que é o

principal cartão postal da região. Enfatizado que, mesmo com os desafios encontrados na

infraestrutura da cidade, a mesma é rica em atrativos. Ressaltando que a atividade turística em

São Raimundo Nonato é de fundamental importância e envolve as economias de todos os

municípios inseridos na mesorregião.

Palavras – chave: São Raimundo Nonato, turismo, desafios, atrativos.

INTRODUÇÃO

O Turismo surge em São Raimundo Nonato-PI como uma proposta de

contemplação e conservação da natureza, junto à necessidade de conservação do meio

ambiente. A atividade turística também é um meio de aproveitamento para vivenciar e

usufruir das paisagens naturais, valorizar espaços e consequentemente gerar renda,

movimentando assim a economia local. O turismo é um fenômeno crescente que gera

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emprego e renda diretos e indiretos, alimenta o comércio regional, contribui para a

sustentabilidade das regiões visitadas e movimenta a produção, distribuição e consumo

de bens e arte local.

A partir da criação do Parque Nacional Serra da Capivara, a cidade tornou-se um

pólo turístico conhecida por turistas do Brasil e do mundo, atraídos pela grande beleza

natural e considerável acervo com registros de vestígios arqueológicos, que comprovam

a remota ocupação da América.

Observa-se que há certas inquietações no que diz respeito ao planejamento e

desenvolvimento estrutural da cidade em relação à atividade turística. O

desenvolvimento de infraestrutura básica que devem contemplar principalmente as

comunidades receptoras, de modo a torná-las protagonistas do processo de

desenvolvimento da região percorre de forma morosa.

Considerando a temática abordada, o presente artigo parte da necessidade de

verificar os desafios do turismo em São Raimundo Nonato, que se desponta como uma

lacuna instigante em analisar se a mesma está preparada para incorporar a questão do

turismo em seu desenvolvimento. O tratamento desse tema é relevante devido à carência

de pesquisas dedicadas a promover discussão sobre o assunto. Debater a questão do

turismo em São Raimundo Nonato refere-se a aspectos de interesse das políticas

públicas e desenvolvimento econômico da cidade abordada. O que ressalva ainda mais a

importância de trabalhar esse tema, no sentido de despertar melhorias neste segmento.

A metodologia aplicada para esta pesquisa foi de caráter exploratório em

acervos bibliográficos, entrevistas com profissionais do turismo, órgãos municipais e

comunidade.

A falta de investimentos na área de capacitação profissional, infraestrutura de

apoio e de acesso, melhorias dos atrativos e plano de ação para o crescimento da

atividade turística, são alguns dos fatores encontrados na pesquisa que dificultam o

crescimento do turismo em São Raimundo Nonato.

SÃO RAIMUNDO NONATO: UM POTENCIAL TURÍSTICO

O turismo é antes de tudo uma prática social, que vem mudando ao longo da

história por seu dinamismo e complexidade. Vários autores discutem suas

conceituações, mas, todavia surge uma definição nova para o turismo. O conceito mais

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utilizado é da Organização Mundial de Turismo que inclui em seu discurso a seguinte

definição:

Uma modalidade de deslocamento espacial, que envolve a utilização de

algum meio de transporte e ao menos um pernoite no destino; esse

deslocamento pode ser motivado pelas mais diversas razões, como lazer,

negócios, congressos, saúde e outros motivos, desde que não correspondam a

formas de remuneração direta. (OMT , 2009. p.65)

Com base nesse conceito, verificamos que várias são as motivações que levam

os visitantes a conhecer uma cidade. Sendo assim, a cidade de São Raimundo Nonato

apresenta potencial para expansão da economia do turismo em várias vertentes, dentre

eles os atrativos pré-históricos do Parque Nacional Serra da Capivara, Museu do

Homem Americano com seu considerável acervo, além do potencial histórico-cultural,

eventos religiosos dentre outros. Seu povo, sua cultura se tornam um bem imaterial

extremamente apreciado pelo turismo e valorizado pela comunidade.

No entanto, mesmo com todas essas características potenciais há de superar

alguns desafios estruturais, como: melhoramento das vias de acesso, pavimentação das

ruas da cidade, deficiências da infraestrutura urbana, sinalização turística, limpeza

urbana, saneamento básico, organização de setores e órgão voltados exclusivamente a

atender necessidade básica ao desenvolvimento do turismo.

Os órgãos públicos e privados juntamente com profissionais auxiliam no

planejamento estratégico do turismo na cidade. Não adianta ter potenciais e não saber

utiliza-los. O centro de São Raimundo Nonato é um exemplo da falta de incentivo e

planejamento, pois parte da oferta de turismo cultural composta pelo seu patrimônio

arquitetônico, incluindo os casarões antigos datados do século XIX e XX

(RODRIGUES, 2004), está localizada no centro da cidade. Os artesanatos, as

manifestações populares e sua história concentrada naquele espaço apresentam elevado

potencial para desenvolvimento do turismo, porém muitas vezes é ignorado pelas as

agências receptivas.

Deste modo, a maioria dos turistas que se dirigem para a cidade não visitam os

atrativos localizados na área urbana, pois o principal atrativo visitado é o Parque

Nacional Serra da Capivara, por sua grande diversidade de sítios arqueológicos onde

são encontradas pinturas rupestres pré-históricas e sua beleza natural que se tornou

patrimônio da humanidade.

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Ainda existem outros fatores que corroboram para os desafios do turismo

sanraimundense: as dificuldades de vias de acesso para a cidade, estratégias de

marketing, promoção da cidade, implementação de planos de ações de desenvolvimento

do turismo e melhoria nos equipamentos de apoio e entretenimento.

Todos esses problemas são consequências da falta de iniciativa e participação do

poder público em investir nesse setor, pois na cidade há também carência de uma

secretaria de turismo mais preparada a suprir os desafios que São Raimundo Nonato

aponta. Todavia, dificulta a articulação da atividade turística, uma vez que, o turismo

necessita de planejamento órgãos responsáveis para atender as suas necessidades.

Segundo Cruz:

[...] Na verdade, os grandes pólos urbanos emissores de turistas tem

se destacado, também, nas estatísticas de turismo, como importantes pólos

receptores de fluxos. Isto se deve a dois fatores, basicamente. Um deles é o fato

de a cidade concentrar, espacialmente, os equipamentos necessários ao

desenvolvimento do chamado turismo de massa, ou seja, infra-estruturas de

acesso, de hospedagem, de apoio a atividade (atendimento médico, sistema

bancário e etc.) e de lazer. (CRUZ, 2003, p. 15).

Há que se investir no turismo para se conseguir retorno. É imprescindível

planejamento estratégico integrado ao desenvolvimento sustentável para se obter êxito,

como muitas cidades que se destacam e recorrem ao turismo como formas de dinamizar

a economia e ao mesmo tempo valorizar e conservar os recursos naturais e culturais

existentes.

Todo este potencial turístico atesta a vocação que a cidade possui para o turismo

cultural e outras modalidades de turismo, sendo este o maior anseio da comunidade

local. Um turismo que realmente seja visto de fato, na economia da cidade. Ainda que

exista, caminha em passos lentos por não ser prioridade nas ações do governo e

investimentos de empresas privadas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

São Raimundo Nonato é uma cidade que apresenta grandes recursos naturais e

culturais, que compõe o grupo dos atrativos turísticos da região. Porém é uma cidade

que carece muito de maiores investimentos no que concerne a estrutura física da mesma,

portanto vêm enfrentado grandes desafios para o desenvolvimento real do turismo.

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Sabe-se que uma cidade turística tem a necessidade de estar preparada e em boas

condições para receber visitantes de todos os lugares do mundo, e assim se desenvolver e

se destacar. Investimentos na área de capacitação profissional, infraestrutura de apoio e

de acesso, melhorias dos atrativos locais e plano de ação para o crescimento da

atividade turística na cidade são alguns fatores encontrados na pesquisa que dificultam o

crescimento do turismo em São Raimundo Nonato. Mesmo possuindo atrativos que

poderiam ser melhor explorados no turismo a cidade nãos os utiliza como sendo um

fator que geração de renda, de valorização do local colaborando dessa forma para o seu

desenvolvimento.

A cidade de São Raimundo Nonato presenta grandes desafios enfrente ao

enorme potencial tanto arqueológico como: histórico, arquitetônico e cultural, que

necessita ser aprimorado e, sobretudo valorizado. Contudo, ante a importância do

incremento do turismo em São Raimundo Nonato, ressalva-se a necessidade imediata de

investimentos nesta área, para que assim amplie sua competitividade turística no

mercado e de fato seja portador de desenvolvimento regional por meio do turismo na

cidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRUZ, Rita de Cássia Ariza de. Introdução a Geografia do turismo. 2ª Ed. São

Paulo: Roca, 2003.

DIAS, Claudete Maria Miranda. Balaios e Bem-te-vis: a guerrilha sertaneja.

Teresina; Fundação Monsenhor Chaves, 2007.

RODRIGUES, Joselina Lima Pereira. Geografia e História do Piauí. 3ª Ed. Teresina:

Halley S/A, 2004.

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PRESSUPOSTOS BÁSICOS SOBRE A PERSPECTIVA DO TURISMO EM

RELAÇÃO AO MEIO AMBIENTE

Regina da Silva SOUZA.

Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI.

[email protected]

Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA.

Professora da Universidade Estadual do Piauí (UESPI). Especialista em Turismo e Meio

Ambiente (UECE). Bacharel em Turismo (FACE).

[email protected].

RESUMO O presente trabalho apresenta de forma abrangente as principais noções básicas à cerca do

embate empírico entre o turismo e o meio ambiente, partindo das perspectivas dos reais fatores

que impulsionam a demanda crescente por atividades que visem aperfeiçoar a sensibilidade da

população para que a mesma atente para as problemáticas existentes. É perceptível o

desencadear das situações que se configuram de forma que as análises vigentes sejam pautadas à

cerca da necessidade de se compreender o espaço geográfico como sendo o cenário

organizacional das paisagens, dos conceitos, dicotomias e ações antrópicas que tendem a

modificar o meio em que estão inseridos. Este trabalho propõe analisar esses espaços utilizados

pelo turismo e ações nele empregadas. É ainda possível verificar o teor dos impactos vigentes,

isto é, trabalha-se então a sua fragilidade, a qual depende também dos integrantes

contemporâneos, que vão se perpetuar ao longo do tempo.

Palavras-chave: Turismo; espaço geográfico; impactos.

INTRODUÇÃO

Ao longo do tempo podemos diagnosticar perfeitamente a ação antrópica no

meio físico, tendo em suas mãos o poder de escolha, se conserva ou se degrada tudo o

que lhes fora proporcionado a adquirir, ao mesmo tempo em que notamos o crescimento

da preocupação em torno dos sistemas social e ambiental, demonstrando se há ou não

fragilidades nas suas características.

Quando são citados os usos em relação à atividade turística nota-se que a mesma

compreende uma realidade de dicotomias, onde por muitas das vezes acabam por

descaracterizar o espaço habitado ou não. É preciso rever os principais conceitos de

degradação ambiental nessa vertente, pois, dependendo da atividade desenvolvida os

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impactos podem ser irreversíveis. Quando se faz referência da relação existente entre o

turismo e o meio ambiente, nota-se que há algo muito peculiar a ser estudado, trazendo

consigo alguns critérios que desde sempre são expostos e criticados. A problemática que

abarca o diagnóstico ambiental precisa e deve ser analisada criteriosamente, para evitar

então que tal se perpetue, podendo até fazer menção das distintas possibilidades

existentes para sanar ou mesmo erradicar os entraves preexistentes, dentre eles são

passíveis de citar a sustentabilidade em todas as atividades proporcionadas.

O MEIO AMBIENTE E A ATIVIDADE TURÍSTICA: práticas de

desenvolvimento sustentável.

Nos dias que se dizem contemporâneos há ainda muitos desafios à serem

superados, pois se fazem extremante importante trabalhar as diferenças em prol de

todos, sejam eles atores modificados ou modificadores socialmente.

O turismo como um todo, ainda em nossos dias por muitas das vezes é tido

como uma atividade analisadora do/no meio, é algo ainda complexo que embora não

seja novo, ainda julga-se recente. Segundo Coriolano e Silva (2005, p. 42) “o turismo é

uma fenômeno dos tempos modernos, portanto, relativamente recente”. É considerado

por muitos como um meio propício de ascensão econômica, sendo que seu principal

objeto atrativo é o meio ambiente, onde se usufruem do lugar, da paisagem e da cultura

da população local.

É perceptível que todas as manifestações turísticas são pautadas mais

especificamente no diálogo propício ao seu interesse. Várias são as vertentes que nos

guiam ao trabalhar da visão turística, sendo que é algo não deve até certo ponto ser tido

como tão somente avassalador, pois também faz parte da amplitude social, convergindo

então às realidades.

Realidade esta, tida como imediatista nesses novos tempos, a qualidade dos

objetos, dos espaços são praticamente descartáveis. Barreto (2003, p. 109) afirma que

“esta sociedade ocidental pós moderna é a sociedade da diferença, do individualismo,

do cetismo”.

Mesmo com todas as transformações ocorridas o turista passa a adquirir o papel

que é exigido pelo modelo, o de consumista, individualista, tornando o turismo uma

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atividade que necessita consumir os recursos naturais disponíveis, sem o menor

cuidado, não percebendo que muitos destes recursos não são renováveis. Para Faria e

Carneiro (2001, p. 70) “A relação do turismo com o meio ambiente dá-se

principalmente por meio da paisagem, transformada em produto a ser consumido”.

É nessas discussões que aos poucos vão emergindo a tensão sobre o meio

ambiente, os quais segundo Cruz (2003, p. 26), estes acabam por materializar-se no

espaço, se expandindo ou não, vai depender muito da pressão que as próprias relações

sociais vão exercer, seja para conservar, seja para devastar, ambos fazem parte de uma

mesma dicotomia, a qual permeia as formas de influência da atividade em questão. O

turismo por sua vez, entendido como uma atividade capitalista utiliza-se do espaço de

forma imediata. Embora, esta realidade esteja sendo discutida e sofrendo modificações.

Nos últimos anos, ocorreram algumas medidas que buscaram fomentar de forma

organizada a ação do turismo nas Unidades de Conservação. O Turismo atualmente é

uma das atividades que contribui para a sustentabilidade, mesmo entendendo que não há

como se trabalhar o turismo sem gerar impactos. Mas há maneiras de minimizar as

ações impactantes.

Nessa dinâmica contextual dos princípios e focos do turismo, mesmo que

contraditoriamente precisam ser articuladas as ações que visem o melhoramento da

qualidade dos serviços prestados, assim como o estreitamento das (co) relações onde

sejam buscados mecanismos para que os recursos sejam conservados, fazendo jus à sua

crescente demanda e a necessidades de as mesmas serem implementadas. A lógica do

desenvolvimento sustentável precisa ser abraçada tanto pelas lideranças, como também

pela própria comunidade de um modo geral, ampliando assim as visões de mundo até

então conhecidas e discutidas.

O conhecimento da problemática ambiental é a peça fundamental para se atingir

o nível da sustentabilidade necessária, experiências estas que devem ser colocadas em

prática o mais rápido possível, onde precisa contar com a participação de todos os atores

sociais, os quais devem compartilhar os saberes adquiridos com suas experiências. São

muitas as variáveis do conceito de turismo sustentável, uma vez que representa uma

magnitude excepcional e atua como agente modificador das relações interpessoais.

A sustentabilidade dos recursos turísticos depende do planejamento

ambiental dos recursos naturais que são componentes de ecossistemas e

sistemas ambientais. O meio ambiente é o sistema ambiental ou geossistema,

resultado da combinação do potencial ecológico (geomorfologia, clima,

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hidrologia, exploração biológica, vegetação, solo, fauna) e da ação humana.

(CHRISTOFOLETTI, 1999.).

Quando são feitas menções ao discurso sustentável, ou mesmo procura-se

elencar as suas possibilidades tratando-se de uma tentativa de reverter os desastres no

ambiente, onde para que isso aconteça todos tem que trabalhar em equipe, pois é claro

que os interesses vão se divergir, mas pode haver a união em prol de uma só causa, o

tão sonhado desenvolvimento sustentável, o qual talvez nem esteja muito distante como

muitos de nós pensamos.

Este trabalho teve como base a problemática da relação das atividades turísticas

com o meio ambiente e seu paradoxo quanto à utilização e conservação. A metodologia

aplicada a este trabalho foi qualitativa de caráter exploratório com entrevistas, pesquisas

em diferentes acervos bibliográficos com intuito de investigar os conceitos da ligação

do turismo e o espaço, o turismo e o meio ambiente.

CONCLUSÃO

Os pressupostos aqui elencados mostra-nos mais especificamente as dicotomias

dos conceitos de turismo e meio ambiente, onde quando aos seus entraves fica claro que

precisam ser desenvolvidos mecanismos para amenizar os impactos da atividade.

Embora a atividade turística, desde os primórdios até os dias que se dizem ser atuais

uma vez que muito se tem discutido e pouco se tem feito a esse respeito. Começa a

iniciar em etapas com planos de sustentabilidade, eventos para discutir um turismo mais

sustentável, o ecoturismo como uma idéia de conservação e principalmente uma

educação ambiental que é primordial para se consiga relacionar o turismo e o meio

ambiente de forma positiva.

A forma como serão colocadas em prática as discussões é outra etapa

importante, pois aqui está se tratando da sensibilização da população para que assim

possa compreender o espaço geográfico e as correlações possíveis de serem

desenvolvidas. O que esta faltando realmente é um choque de realidade tanto em

gestores, profissionais e população de forma em geral, configurando a racionalidade de

um discurso não só ideológico, mas também possível e necessário.

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REFERÊNCIAS

BARRETO, Margarita. Manual de iniciação ao estudo do turismo. 13ª ed. rev. e

atual. – Campinas: SP, 2003. (Coleção Turismo).

CARNEIRO, Kátia Saraiva; FARIA, Dóris Santos. Sustentabilidade ecológica no

turismo. Brasília: ed. UnB, 2001.

CHRISTOFOLETTI, Antônio. Modelagem de Sistemas Ambientais. São Paulo: Edgar

Blücher, 1999.

CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira; SILVA, Sylvio C. Bandeira de Mello e.

Turismo e Geografia: Abordagens Críticas. – Fortaleza: Ed. UECE, 2005.

CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. Introdução à Geografia do Turismo. – 2ª ed. São

Paulo: Roca, 2003.

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TURISMO E LAZER: SUAS RELAÇÕES E DIFERENÇAS

Valter Rocha BARROS

Graduando do curso de licenciatura plena em Geografia da UESPI

[email protected]

Iolanda do Nascimento Dias REIS

Graduanda do curso de licenciatura plena em Geografia da UESPI

[email protected]

Aline de Sousa Santos MENDES

Graduanda do curso de licenciatura plena em Geografia da UESPI

[email protected]

Elizabeth Abreu de Sousa SANTANA

[email protected]

RESUMO

Este trabalho trata das diferenciações entre o turismo e o lazer, que embora sejam bem

parecidos, tem significados diferentes, no entanto seguem a mesma linha, assim serão retratadas

as diferenciações entre os termos em discussão e destacar a presença do trabalho no turismo

onde surge a necessidade de descanso. Nesse ínterim pretende discorrer e compreender o uso

adequado do termo lazer e do termo turismo, onde com suas relações existentes e também suas

diferenças. Estudar estas temáticas está intimamente relacionado com a necessidade de melhor

compreensão acerca do turismo como um fenômeno social e como manifestação do lazer

contemporâneo.

Palavras-chave: Lazer; turismo, trabalho, relação

INTRODUÇÃO

O capitalismo, como modelo econômico vigente em grande parte do planeta visa

à obtenção do lucro, no qual reflete diretamente no consumo, que consequentemente

prega a venda da mão de obra. Ocasionando assim, um esgotamento físico, psíquico e

emocional na população. O ambiente de trabalho, o horário a ser cumprido, e as horas

extras impõem uma grande carga ao trabalhador, este regramento submete os

trabalhadores a um grande desgaste físico e emocional que desfavorece o seu

rendimento ante as atividades que deva desenvolver. Devido a esses fatores existentes

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na sociedade pós-moderna que estudos minuciosos do turismo vêm surgindo para

compreender a importância do lazer e turismo na qualidade de vida das pessoas.

O turismo e o descanso podem melhorar e recuperar a energia e vitalidade

através do tempo não trabalhado. Embora seja uma discussão nova no meio acadêmico é

de fundamental importância estes estudos, pois apresentam outros aspectos do turismo

que se desponta através do seu lado econômico e lucrativo em pesquisas relacionadas

acerca do tema. Mas, pouco é mostrado pelo lado de quem usufrui. Fazendo-se

necessária uma reflexão acerca do processo do fenômeno do turismo e da importância

do lazer na sociedade e na classe trabalhadora que esta pesquisa foi realizada.

TURISMO E SUAS RELAÇÕES

Inicialmente para que se possa compreender o uso adequado do termo lazer e do

termo turismo, é necessário fazer suas conceituações, ou seja, conhecer primeiramente

os fatores que os compõem. Coriolano e Silva (2005, p.04) afirma que “é comum

confundir o conceito de tais termos”. Para que possamos entender o fato em questão

procura-se a diferença entre tempo livre e ociosidade, sendo que na realidade o que

acontece é que esses termos são tão comuns que chegam a nos confundir no processo de

diferenciação, assim estudar o turismo é compreender que existe uma real ligação

trabalho, turismo (motivação) e lazer.

Segundo Barretto (2008) o turismo é um fenômeno complexo e diversificado

onde apresenta diversos tipos de turismo, afirma ainda que o mesmo pode ser de

natureza emissiva e receptiva, ou seja, tanto emite como recebem turistas. O conceito de

turismo aceito pela (OMT) Organização Mundial de Turismo apresenta o turismo como

à soma de relações e de serviços resultantes de uma mudança de residência, temporária

e voluntaria motivada por várias razões. Sendo assim no turismo existem várias

tipologias dentre elas: O turismo de negócio, o turismo de evento, de aventura,

ecoturismo, científico, de saúde, de lazer dentre outros.

Já o de lazer segundo Barretto (2008) nos trás uma conceituação do século XIX

onde era considerado como uma forma de recuperar suas forças de trabalho e como uma

forma de consumo que era realizado pelas pessoas. Desta forma, o lazer hoje também

atua como um descanso das rotinas de trabalhos que tem sido cada vez mais estressante.

Diferente do termo ócio, como afirma Dumazedier (1999) “o lazer não é a ociosidade,

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não supre o trabalho; o pressupõe. Corresponde a uma liberação periódica do trabalho

no fim do dia, da semana, do ano ou da vida de trabalho”.

O lazer insere-se, portanto, como opção para utilização de tempo livre. Acontece

que cada vez mais esse tempo livre torna-se raro na sociedade mesmo sendo importante

para qualidade de vida. As pessoas buscam utiliza-lo para se dedicar a outras funções

também ligadas ao trabalho, buscando preparação para o mercado, almejando progredir

em suas carreiras e deixando de passar mais tempo com suas famílias e repor suas

energias.

O cidadão assalariado e que não dispõe de condições financeiras suficientes para

fazer uma viagem turística, precisa ter o seu momento de lazer, que embora seja

parecido é bem distinto. O Turismo é considerado uma atividade de lazer, mas com

alguns critérios que prevalecem as atividades turísticas e deve haver deslocamento, ou

seja, viagem. Já o lazer é quando você escolhe uma atividade naquele momento do não

trabalho, ou seja, poderá realizar em qualquer lugar.

Há diferença em fazer uma viagem turística e desfrutar de um momento de

lazer, pois o turismo é algo implantado no meio econômico, que gera emprego e renda e

que depende do ato de consumo. Coriolano e Silva (2005, p.44) afirma que “Quem não

faz turismo, por não poder viajar precisa satisfazer essa necessidade no lazer local, que é

uma necessidade por indução do modelo econômico”. A atividade turística ainda que

esteja ativa em várias classes econômicas da sociedade, ainda é uma atividade

dispendiosa que seleciona seu público maior. Por esse motivo, é importante o

investimento das cidades em questão de infraestrutura não só para receber bem os

turistas, mas além de acomodar os seus visitantes, deve atender principalmente seus

moradores surgindo assim inúmeras opções de lazer e utilização do espaço local pelo

residente.

Assim percebemos novamente o quanto áreas de lazer e a presença do turismo

são de suma importância para uma localidade. De certa maneira, o turismo influencia os

residentes locais a conhecer o seu próprio lugar. Uma vez que investindo no turismo

desde a infraestrutura da cidade até a divulgação dos seus pontos turísticos, provoca-se

uma curiosidade nos residentes a frequentar tais lugares. Onde sem a presença ativa

dessa atividade econômica o lazer acaba que sendo esquecido em alguns espaços da

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cidade. Coriolano e Silva (2005, p.64) afirma que o “lazer não tinha valores em si era

apenas um meio de recuperação da força de trabalho”.

Com a influência do turismo acaba que as atividades turísticas sendo

vivenciadas para além de uma recuperação para retorno ao trabalho, mas para uma

construção de benefícios intangíveis de conhecimento, descanso, satisfação que são

imensuráveis na vida das pessoas. Como afirma (KRIPPENDORF, 2000, p. 14) “Nos

nossos dias, a necessidade de viajar é, sobretudo criada pela sociedade e marcada pelo

cotidiano. As pessoas viajam porque já não se sentem à vontade onde se encontram, seja

nos locais de trabalho, seja onde moram”.

Há uma necessidade de desvincular mesmo que momentaneamente das práticas

cotidianas e ampliar suas perspectivas através dos conhecimentos obtidos em cada

viagem. A indústria do turismo é transformadora e estar sempre à disposição de acordo

com o interesse de cada um, seja ela, de lazer ou qualquer outra motivação.

CONCLUSÃO

Portanto conclui-se que o turismo exerce uma forte ligação entre lazer e trabalho

apresentando-se de forma significativa na sociedade. A sua influência na utilização do

tempo livre, na empregabilidade do lazer dentro da motivação turística em meio ao um

sistema onde “trabalhar é a essência da vida e o lazer é considerado supérfluo”. Nos

desperta atenção pelo fato de que as pessoas vivem em uma sociedade do trabalho, mas

que hoje não obstar-se do seu momento de contentamento seja ele através do turismo,

lazer ou na junção dos dois.

O lazer é uma necessidade humana assim, como o trabalho. A grande questão

gira em torno de como distinguimos estes dois “tempos”. Pode-se concluir ainda que o

turismo estabelece uma diferença do lazer, uma vez que o turismo é a forma de lazer

com deslocamento espacial e motivação. Já o lazer é uma atividade de satisfação que

não implica critérios e nem lugar para acontecer. Portanto, o tempo “não-trabalhado” se

difere em várias relações na sociedade pós-modernidade.

REFERÊNCIAS

BARRETTO, Margarida. Manual de Iniciação ao Estudo do Turismo. Campinas. SP

13ªed.2008.

BELTRÃO, Otto di. Turismo A Indústria do Século XXI. Osasco, 2001.

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CORIOLANO, Luzia Neide Menezes Teixeira & SILVA, Sylvio C. bandeira de Melo e.

Turismo e Geografia: Abordagens críticas. Fortaleza. Ed. UECE, 2005.

DUMAZEDIER, J. Sociologia Empírica do Lazer. 2. ed. São Paulo: SESC,

Perspectiva, 1999.

KRIPPENDORF, J. Sociologia do Turismo: Para Uma Nova Compreensão do Lazer

e das Viagens. São Paulo: Aleph, 2000.

.

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EIXO 05:

GEOGRAFIA E

MOVIMENTOS SOCIAIS

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CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO ASSENTAMENTO OLHO D’ÁGUA NO

MUNICÍPIO DE SOCORRO DO PIAUÍ.

José Iomar Oliveira de CARVALHO

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Zildene Paes SOARES

Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia da UESPI

[email protected]

Judson Jorge da SILVA

Prof. Msc./ Orientador. Dpto. Geografia- UESPI- São Raimundo Nonato

[email protected]

RESUMO

Buscou-se nesse trabalho compreender o processo de surgimento do Assentamento Olho

D‟agua, situado na cidade de Socorro do Piauí, localizada no sudeste do Estado. Bem como

entender como tem se dado a ação dos pequenos produtores sem terra nos territórios onde os

movimentos de caráter sócioterritorial como o MST não atuam. Outro fator evidenciado na

pesquisa refere- se à produção, que em decorrência de resultados nulos em virtude da seca e da

baixa qualidade do solo, ocasiona a existência de assentados trabalhando como arrendatários nas

áreas de vazante das terras mais próximas.

Palavras-chave: Agricultura; Camponês; Latifúndio; Movimentos.

INTRODUÇÃO

Nos últimos anos tem-se colocado entre as principais pautas no cenário

reflexivo a respeito da questão agrária brasileira a eficiência/ou não, dos assentamentos

rurais como unidades produtivas viáveis do ponto de vista econômico, social e

ambiental. Por essas razões, torna-se importante fortalecer o debate em escala local em

torno da reforma agrária e das características envoltas na política de criação de

assentamentos rurais.

No que diz respeito às ações do Estado voltadas para o campo, é possível

observar que suas intervenções se apresentam com instrumento desigual da produção

espacial rural. Pois, de um modo geral, beneficia médio e grandes produtores em

detrimento dos pequenos e pobres, seja nas políticas de crédito, financiamento,

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assistência técnica, entre outros. Um exemplo disso pode ser observado na política de

criação de assentamentos rurais, quando os mesmos não são resultantes da conquista de

porções do território a partir da pressão desempenhada pelos movimentos sociais

demandantes de terras. São comuns casos de assentamento criados em razão da

desterritorialização de camponeses em virtude da execução de empreendimentos, seja

pela criação de barragens, obras estruturantes, etc. Obras essas voltadas, na maioria das

vezes, para atender a estruturação de atividades ligadas ao grande capital. Já outros

assentamentos rurais são resultados da intervenção do estado no processo de negociação

entre grandes proprietários e pequenos produtores sem terra, fato que torna o Estado um

agente imobiliário ao invés de promotor da justiça social.

Fernandes (2001) aponta que dentro da lógica neoliberal propostas pelo Banco

Mundial para o campo dos países em desenvolvimento, que no Brasil ganhou espaço de

implantação durante o governo do Presidente FHC, propõem-se como modelo de

“reforma agrária” os processos de compra e venda de terras intermediadas pelo Estado.

Tais ações descaracterizam largamente os ideais de reforma agrária defendido pelos

movimentos sociais, pois as estratégias políticas tomadas para a execução desses atos

acabam deixando de lado a identidade camponesa de luta contra a estrutura agrária

vigente.

Visando entender como esse processo se desenvolve no sertão piauiense,

utiliza-se como lócus de estudo o assentamento Olho d‟Água, no Município de Socorro

do Piauí, localizado na microrregião do Alto Médio Canindé, região sudeste do estado,

que é fruto dos processos de compra e venda de Terras intermediadas pelo Governo

Federal.

DESENVOLVIMENTO

Na concepção de Fernandes (Id. Ibid) o debate sobre a questão agrária no

século XXI, traz como principais objetivos o entendimento da luta pela terra no cenário

rural brasileiro, no qual procura analisar as modificações que vem ocorrendo nesse

espaço, ocasionadas em sua maioria pela lógica do desenvolvimento do modo

capitalista de produção no campo e pela resistência do campesinato. O autor busca ainda

enfatizar a importância dos movimentos sociais de combate à territorialização do capital

no ambiente camponês. Sabendo que esses movimentos configuram-se como formas

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planejadas de ações contra esse tipo de produção, Fernandes atribui ao MST e a CPT,

principais agentes no contexto de mobilização camponesa, a categoria de movimentos

socioespaciais. Entretanto, embora a atuação desses movimentos tenham se

espacializado por praticamente todo o território brasileiro, ele não se territorializou em

todos os lugares em que existem problemas referentes à questão agrária.

Nesse sentido, é importante ressaltar a heterogeneidade do espaço brasileiro no

que se refere à existência de territórios, territorialidades e comportamento de grupos

sociais relacionados à sua situação fundiária. Assim, o diálogo almejado nas ideias aqui

versadas busca compreender as ações camponesas nos territórios onde os movimentos

sociais de luta pela terra não se territorializaram. Para tanto, colocamos como foco

principal da pesquisa o Assentamento Olho D‟água.

A escolha desse assentamento como foco de análise se deu pelo modo como os

assentados conseguiram realizar a aquisição de suas terras, baseada nos sistema de

compra e venda da chamada “reforma agrária de mercado”, sem que fosse efetuado

qualquer processo de articulação e organização das famílias camponesas através dos

movimentos sociais, haja vista o mesmo situar-se em área fora do campo de atuação de

movimentos sociais de luta pela terra no Piauí, pois não há presença de movimentos de

caráter sócioterritoriais como o MST no município de Socorro do Piauí.

Para a realização desse trabalho, além das leituras bibliográficas que nos

permitiram a definição dos quadros conceituais, foram realizados dois trabalhos de

campos. No primeiro os dados levantados pela pesquisa foram obtidos através de

questionários aplicados às famílias assentadas. Das 30 famílias residentes, foi possível

entrevistar representantes de 27 delas. No segundo trabalho de campo foram realizadas

entrevistas com lideranças da comunidade. Os questionários buscaram sondar sobre a

procedência das famílias assentadas, modo de organização, bem como identificar o tipo

e as práticas produtivas realizadas pelos assentados. Já as entrevistas versaram a

respeito do processo de criação do assentamento.

Segundo informações constantes na escritura de compra e venda de terras, o

Assentamento Olho D‟agua possui área de 878 ha. Sua aquisição pelos assentados

ocorreu no ano de 2005, financiado com recursos obtidos através do Fundo de Terras e

da Reforma Agrária, no âmbito do projeto de crédito fundiário e combate a pobreza

rural obtido junto ao Banco do Nordeste (BNB) através de autorização concedida pelo

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Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). A ideia de criação do assentamento,

segundo o atual presidente da associação Paulo Afonso de Oliveira, surge a partir da

iniciativa do então proprietário Sr. Casimiro Mariano dos Santos.

Rapaz esse assentamento surgiu porque o Cassimiro tinha umas terra aí pra

vender e tal. E ouviu falar desse negócio do Banco da Terra. Tava comprando

terra, né? Pra fazer assentar. Aí, saiu caçando as pessoas. O dono da terra era

quem saía caçando as pessoa. Aí nós cumeçemos pelo o Banco da Terra.

(PAULO AFONSO DE OLIVEIRA, entrevistado em setembro de 2013).

Duas análises se fazem pertinentes nesse caso. A primeira dela é a

descaracterização dos princípios pertinentes à reforma agrária, ao se proporcionar uma

solução mais eficaz ao dono do latifúndio, em detrimento do camponês, que se endivida

junto ao banco para obter a terra passível de reforma agrária por descumprir sua função

social de produção. O segundo ponto que merece ser destacado é o fato dessa prática ser

comum nas áreas de sertão, o que merece ser melhor estudado.

Inicialmente o assentamento contava com 30 (trinta) famílias, porém destas

permaneceram 11 (onze). Entretanto, as vagas surgidas foram preenchidas

posteriormente. A maior parte das famílias entrevistadas é oriunda das cidades de

Socorro e Flores do Piauí, ambas com 66,6% e 18,5% de naturalidade respectivamente.

A maior parte dessas famílias trabalhava na agricultura de subsistência no sistema de

renda ou meação. O trabalho no assentamento caracteriza-se por ser particularizado a

seus núcleos familiares, inexistindo práticas de trabalho coletivo.

Dos 27 entrevistados, 26 trabalham com agricultura e uma das entrevistadas é

professora em uma escola da cidade, sendo que nenhum membro da família exerce

atividade agrícola. Quanto à produção agrícola do assentamento, as três culturas mais

apontadas pelos 26 entrevistados que praticam agricultura foram: feijão, plantado por

92,3%, mandioca por 88,4% e milho, cultivado por 76,1% das famílias. Esse plantio é

efetivado de modo tradicional, sem o uso de instrumentos sofisticados, pois das

ferramentas usadas para o cultivo destaca-se a enxada e o facão, ambas apontadas por

100% dos entrevistados e a foice com 96,1% de utilização entre os agricultores.

No entanto, nos últimos anos, a produção agrícola obteve resultados nulos,

decorrentes da seca e da baixa qualidade do solo, vindo, desse modo, a ocasionar a

existência de assentados trabalhando como arrendatários nas terras mais próximas que

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possuem área de vazante. Outros moradores migraram em busca de trabalho assalariado

na área da construção civil.

Tal situação mostra que o modelo imposto por esse tipo de reforma está mais

atrelado aos interesses especulativos ex-proprietário vendedor das terras, do que a

realmente proporcionar condições de estrutura e avanço social para aqueles que

trabalham com a agricultura ou pequena criação no sertão, de modo que consigam se

reproduzir social e materialmente, de forma digna.

Colocando em análise o papel do estado nessa situação, percebe-se uma

política de incentivo à comercialização de terras, em que o mesmo age mais como

agente intermediador de negociações do que como órgão responsável por criar

condições motivadas a proporcionar a igualdade de direitos. Outro fator relevante e

intrigante é a inexistência dos movimentos sociais de luta pela terra nessa região, uma

vez que os latifúndios se fazem presentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentro das análises, percebe-se que a lógica de formulação do assentamento é

efetivada de um modo particular, pois os interesses iniciais de surgimento do mesmo é

fruto de anseios do próprio latifundiário, que arregimentou compradores para suas

terras. Outro fator importante é inexistência dos movimentos sociais como o MST,

despertando ideias e interesses característicos da ideologia camponesa, o que ocasiona

no cenário rural da região a existência de camponeses passivos e incapazes de refletir

sobre a sua realidade e os seus direitos. Por fim, do ponto de vista da organização

produtiva, a população assentada se insere na mesma realidade dos demais agricultores

da região, pois a seca e a falta de assistência técnica acabam ditando a capacidade ou

incapacidade produtiva do assentamento. Partindo desses pontos, pode-se inferir que o

modelo de reforma agrária adotado no local pesquisado, não possibilita condições para

o desenvolvimento social das famílias assentadas.

REFERÊNCIAS

FERNANDES, Bernardo Mançano. Questão agrária, pesquisa e MST. São Paulo:

Cortez, 2001.

OLIVEIRA, Paulo Afondo de. Entrevista [set.2013]. Entrevistador: J. I.O.de Carvalho.

Socorro do Piauí: Assentamento Olho D‟água, 2013. 1 arquivo mp3 (40min.)