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21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos Técnicos 1

XI-030 – ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS TÉCNICAS DE DETERMINAÇÃODE COLIFORMES FECAIS E ESCHERICHIA COLI EM ÁGUAS NATURAIS E

RESIDUÁRIAS UTLIZANDO OS MÉTODOS DA MEMBRANA FILTRANTE E DOSUBSTRATO CROMOGÊNICO

Anita Maria de Lima(1)

Engenheira Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte.- UFRN. Bolsista deapoio técnico de nível superior pelo CNPq.Cícero Onofre de Andrade NetoEngenheiro Civil. Mestre em Engenharia Civil com concentração em Saneamento. Professorda UFRN, Membro do Grupo Coordenador do PROSAB – Programa de Pesquisa emSaneamento Básico (FINEP/CNPq/CEF).Josette Lourdes de Sousa MeloLicenciatura em Química, UFPB. Engenheira Química, UFPE. Especialização em Segurança do Trabalho,UFPE. Mestre em Química Analítica, UFPE. Doutora em Engenharia Ambiental, INSA, Toulouse/França.Professor Adjunto IV do DEQ e PPGEQ da UFRN. Chefe do Lab. Eng. Amb. do DEQ/UFRN. Tutora doPET/DEQ da UFRN. Pesquisadora do PROSAB/PRONEX/UFRN.Henio Normando de Souza MeloEngenheiro Químico, UFPE. Especialização em Segurança do Trabalho, UFPE. Mestre em Química Ambiental,UFPE. Doutor em Engenharia Ambiental, INSA, Tousouse/França. Professor Adjunto IV do DEQ e PPGEQ daUFRN. Vice-Chefe do Lab. Eng. Amb. do DEQ/UFRN. Coordenador do PROSAB /UFRN. Coordenador doPRONEX/UFRN.

Endereço(1): PROSAB- Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Núcleo Tecnológico, Campus daUFRN. Natal/RN. CEP 59078-900 . Telefax: (84) 211 9243. E-mail: [email protected]

RESUMO

Estudos têm sido realizados nas últimas três décadas demonstrando que o critério da temperatura elevada não ésuficiente para diferençar coliformes fecais (onde predomina Escherichia coli) de não fecais (termosensíveis).Por volta de 1940 passou-se a adotar o critério da temperatura elevada para diferençar os coliformes fecais nogrupo de todos os organismos coliformes, baseado em estudos que indicavam que apenas os coliformes fecaistinham capacidade de fermentar a lactose à temperatura de 44 ± 0,5 ºC. Dentre as metodologias utilizadas paradeterminação desses coliformes termotolerantes destaca-se a técnica da membrana filtrante. Nos meados dadécada de 1980, intensificaram-se estudos na busca da identificação e quantificação específica de E. coli, que éa espécie termotolerante com maior probabilidade de ter origem fecal e portanto é aceita como de origemexclusivamente fecal. Surgiram então as técnicas cromofluorogênicas baseadas na quebra de moléculas de umsubstrato que produz fluorescência azul intensa sob luz ultravioleta de comprimento de onda 366 nm.Este trabalho compara as técnicas da membrana filtrante com meio m-FC AGAR e do substrato cromogênico,que identificam, respectivamente, a presença de coliformes fecais e de E. coli, na detecção de indicadores decontaminação fecal em águas naturais e em esgoto bruto e tratado.O estudo foi desenvolvido com amostras de esgoto bruto oriundo do Campus central da UFRN, efluente defiltros anaeróbios e de água natural proveniente de um manancial superficial de abastecimento da cidade doNatal, denominado Lagoa do Jiqui. O procedimento de amostragem e acondicionamento foi o estabelecido peloStandard Methods for the Examination of Water and Wastewater 19th Edition, 1995.Os resultados de quantificação de indicadores de contaminação fecal nas amostras de esgoto bruto e do efluentedo filtro anaeróbio não apresentaram diferenças estatisticamente significativas quando aplicadas as técnicas damembrana filtrante com meio m–FC Agar ou do substrato cromogênico COLILERT. Para amostras de águanatural, com baixa contaminação fecal, as técnicas comparadas mostraram resultados diferentes, sendo onúmero de coliformes fecais sistematicamente maior que o de E. coli.

PALAVRAS-CHAVE: Coliformes fecais, Substrato Cromogênico, Escherichia Coli.

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NÃO

DISPONÍVEL

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ABES – Trabalhos Técnicos2

INTRODUÇÃO

Por volta de 1940 passou-se a adotar o critério da temperatura elevada para diferençar os coliformes fecais nogrupo de todos os organismos coliformes, baseado em estudos que indicavam que apenas os coliformes fecaistinham capacidade de fermentar a lactose à temperatura de 44 ± 0,5 ºC.

Vários estudos e pesquisas realizados nas últimas três décadas têm demonstrado, contudo, que o critério datemperatura elevada não é suficiente para diferençar coliformes fecais (onde predomina Escherichia coli) denão fecais (termosensíveis). Coliformes fecais passaram então a ser denominados termotolerantes. (AndradeNeto, 1999, citando: Cerqueira E Horta, 1999; Ceballos, 1995; Hazen, 1988; Edberg et Alli, 1988; Dufour,1977).

Nos meados da década de 1980, intensificaram-se os estudos na busca da identificação e quantificaçãoespecífica de Escherichia coli, que é a espécie termotolerante com maior probabilidade de ter origem fecal e éaceita como de origem exclusivamente fecal. Surgiram então as técnicas cromofluorogênicas baseadas naquebra de moléculas do substrato 4-metil-umbelliferil-β-D-glucoronida pela enzima β-D-glucoronidase,produzida pela Escherichia coli, liberando 4-metil-umbelliferil, que produz fluorescência azul intensa sob luzultravioleta de comprimento de onda 366 nm.

Com o desenvolvimento dos testes de substrato cromogênico, ficou mais simples detectar e quantificarEscherichia coli do que coliformes termotolerantes. Em 1995 as técnicas cromofluorogênicas e a escolha deEscherichia coli como indicador de contaminação fecal mais adequado estavam suficientemente normatizadas,aceitas e consolidadas. (Publicadas por APHA/AWWA/WEF em 1992 e 1995; indicado pela OMS em 1995).

A “Norma de Qualidade da Água para Consumo Humano”, anexo da portaria do Ministério da Saúde Nº 1469,de dezembro de 2000, define Escherichia coli como “sendo considerada o mais específico indicador decontaminação fecal recente e de eventual presença de organismos patogênicos” e estabelece padrãomicrobiológico com base na detecção de Escherichia coli ou coliformes termotolerantes, mas recomenda aprimeira para ser preferencialmente adotada.

Porém, as concentrações de coliformes termotolerantes estão geralmente diretamente relacionadas com as de E.coli e, por isso, considera-se aceitável sua utilização para avaliar a qualidade bacteriológica das águas, emanálises de rotina, através de técnicas de detecção e contagem consagradas, ainda muito utilizadas devido asimplicidade, exequibilidade e custos.

Ademais, pesquisas e estudos recentes têm demonstrado não haver diferenças significativas quando utilizam-seas técnicas usuais (membrana filtrante com meio FC) para quantificação de coliformes termotolerantes ou atécnica cromogênica para E. coli, em amostras de esgotos sanitários. Cerqueira e outros (1998) aplicando osdois métodos em amostras de afluentes e efluentes de estações de tratamento de esgotos de Belo Horizonte,concluíram que “apesar do teste da membrana filtrante detectar coliformes termotolerantes e o testecromogênico detectar E. coli, os resultados obtidos foram semelhantes, indicando a predominância de E. coli napopulação termotolerante que é característica de amostras de esgotos domésticos”. Chernicharo e outros(2000), em análise comparativa das técnicas de tubos múltiplos e de substrato definido aplicadas à amostras deesgoto bruto e de efluentes anaeróbios, concluíram que as duas técnicas comparadas produziram resultadosestatisticamente equivalentes, tanto para amostras de esgoto bruto como para efluentes anaeróbios.

Escherichia coli tem sido o coliforme mais comumente encontrado em águas contaminadas por fezes, eesgotos, enquanto outros gêneros têm sido mais freqüentes quando se encontram coliformes termotolerantesem águas sem evidência de contaminação fecal. (Andrade Neto, 1999)

OBJETIVO

Este trabalho compara as técnicas da membrana filtrante com meio m-FC AGAR e do substrato cromogênico,que identificam, respectivamente, a presença de coliformes fecais e de Escherichia coli, na detecção deindicadores de contaminação fecal em águas naturais e em esgoto bruto e tratado.

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MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo foi desenvolvido com amostras de esgoto bruto, efluente de filtros anaeróbios e de água naturalproveniente de um manancial de abastecimento da cidade do Natal, denominado Lagoa do Jiqui.

O Esgoto Bruto é proveniente das residências universitárias, do restaurante e do pouso universitário, dodepartamento de educação física e do ginásio poliesportivo, nos domínios do Campus Central da UFRN -Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e apresenta características de esgoto doméstico.

O efluente tratado é proveniente de filtros anaeróbios que integram um sistema piloto construído peloPROSAB-RN na Estação de Tratamento de Esgotos do Campus da UFRN. O sistema piloto é composto porum Tanque Séptico seguido de Filtros Anaeróbios.A Lagoa do Jiqui está localizada no município de Parnamirim, a cerca de 13 Km ao sul de Natal. É alimentadaem parte pelas águas do Rio Pitimbu e em parte pelos exutórios naturais do grupo barreiras, provenientes doslençóis subterrâneos da região circundante.

COLETA DE AMOSTRAS

Foram realizadas 4 coletas fortuitas em cada ponto estabelecido (EB, Filtros e Lagoa do Jiqui). As amostrascoletadas foram divididas em 3 provas, totalizando ao final do estudo 12 amostras para cada ponto estudado. Oprocedimento de amostragem e acondicionamento foi o estabelecido pelo Standard Methods for theExamination of Water and Wastewater 19th Edition, 1995.

A amostragem foi realizada nos dias 24/07, 01/08, 04/08 e 11/08 de 2000, nos horários de 9:00 para coletarealizada na Lagoa do Jiqui e 9:40 para a coleta no sistema piloto localizado no ETE-UFRN. Nessasamostragens foram utilizados recipientes de vidro com boca esmerilhada, com capacidade para 1000 ml,devidamente esterilizados.

A amostragem feita na Lagoa do Jiqui foi realizada no ponto de captação, mergulhando o frasco para que fossepreenchido com a amostra. O ponto de Esgoto Bruto foi coletado após o tanque de equalização do sistemapiloto montado pelo PROSAB na ETE-UFRN. Os efluentes dos filtros foram coletados no tanque deacumulação que tem a finalidade de reunir estes efluentes.

PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL

Preparação do material:

− -Os frascos de coleta foram esterilizados a 160o C em estufa durante 2 horas. Antes de esterilizar a tampado frasco foi protegida com papel bodega, ou papel alumínio e amarrada com barbante.

− -As pipetas graduadas de 10 e 5 ml foram esterilizadas a 160o C em estufa de esterilização durante 2horas, previamente enroladas com papel bodega.

− -Esterilizar a 121o C por 15 minutos as placas de petri e os tubos de ensaio utilizando bonecas de algodãocomo tampa na sua extremidade superior, possibilitando condições estéreis do seu interior.

− -Preparo da solução mãe para o líquido de diluição:− -.Dissolver 3,4 g de fosfato de potássio monobásico em 50 ml de água destilada, verificar o pH que deverá

ser 7.2. Esterilizar num erlenmyer, durante 15 minutos a 121oC em autoclave. Após a esterilização cobrir ofrasco com papel alumínio e guardar em geladeira.

PREPARO DO LÍQUIDO DE DILUIÇÃO:

Para cada litro de água de diluição colocar 1.25ml de solução mãe e 1 litro de água destilada. Esterilizar a121oC em autoclave durante 15 minutos. Guardar em geladeira.

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PREPARO DO MEIO DE CULTURA:

Pesar 5,2 gramas de mF-C Agar e dissolver em 100ml de água destilada, utilizar 1ml de ácido rosólico a 1%,preparado com hidróxido de sódio 0,2N.Aquecer o meio de cultura em banho Maria até consistência gelatinosa.Distribuir em placas de Petri, tomando o cuidado para a não formação de bolhas, esperar esfriar, acondicionarem geladeira .

DETERMINAÇÃO DE COLIFORMES FECAIS PELO MÉTODO DA MEMBRANA FILTRANTE

Material utilizado: Placas de Petri; Frascos de vidro com boca esmerilhada de 1000 ml para coleta; Tubos deensaio; Pipetas graduadas; Sistema de filtração (Milipore); Meio de cultura mF – C AGAR (Difco); Algodão;Água de diluição; Bico de Busen; Membrana de acetato de celulose ø 0,45 µm; Balão volumétrico de 2 litros;Autoclave; Estufa de esterilização; Incubadora de coliformes; Pinças estéreis (Millipore).

O fundamento da técnica da membrana filtrante consiste em filtrar um volume conhecido de amostra ou de suasdiluições através de uma membrana atóxica com porosidade extremamente pequena (0,45µm) a qual retêm asbactérias na sua superfície. As membranas por sua vez são acondicionada sobre um meio de cultura apropriadoe encubadas sob uma temperatura de 44,5 ºC onde ocorrerá o desenvolvimento de colônias azuis passíveis dequantificação.

O meio de cultura utilizado foi o m-FC AGAR, DIFCO cuja composição é:

. Triptose bacteriológica 10g

. Peptone proteose bacteriológica nº3 5g

. Extrato de levedura bacteriológico 3g

. Cloreto de sódio 5g

. Lactose 12,5g

. Bile salgado bacteriológico nº3 1,5g

. Anilina azul 0,5g

. Agar bacteriológico 15g

O meio é preparado utilizando as quantidades indicadas pelo fabricante (5,2g para 100mL de água), acrescenta-se ainda ácido rosólico a 1% diluído em hidróxido de sódio 0,2N (para formação de coloração azul dascolônias), quando preparado apresenta característica sólida.

Com o emprego de uma pinça estéril, a membrana filtrante estéril (com a parte reticulada para cima) é colocadasobre a placa porosa do receptáculo. Em seguida, a parte superior do funil é acoplada e fixada ao receptáculo.Efetua-se uma filtração apenas com água de diluição estéril com a finalidade de lavar o sistema de filtração. Emseguida, nova quantidade de água de diluição estéril é colocada sobre a membrana ainda presa ao sistema defiltração, sobre esta água goteja-se 1 ml da amostra ou diluição previamente preparada e filtra-se, após estaoperação a membrana é retirada imediatamente com pinça estéril e colocada sobre o meio sólido (ágar) contidoem uma placa de Petri, com o cuidado para evitar bolhas de ar aprisionadas. Em seguida a placa é rotulada eencubada a 44 ±0.5 C por 24 horas. A unidade de filtração é descontaminada entre as amostras com água emebulição.

DETERMINAÇÃO DE COLIFORMES TOTAIS E ESCHERICHIA COLI UTILIZANDO OSUBSTRATO CROMOGÊNICO

Material utilizado: Erlenmyer de 250ml; Proveta de 250ml; Pipeta graduada de 20 ml; Bico de Busen; QuantiTray Sealer IDEXX; Quanti Tray 2000 (cartelas com 97 concavidades); Água de diluição

Todo o material foi esterilizado seguindo os mesmos procedimentos utilizados para a esterilização do materialutilizado na metodologia de membrana filtrante.

O princípio do método se baseia na utilização, pelos coliformes de um substrato cromogênico (β-D-galactopiranosido) através do emprego da enzima β-D- galactosidase, liberando-se uma substância que muda a

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cor do meio (o cromogeno onitrofenol amarelo forte). Pode-se então dizer que o teste determina a produçãodesta enzima (ONPG) normalmente presente nas estirpes de coliformes e indica em 24 horas coliformes totaispositivos. Por sua vez, E. Coli possui a enzima β-glucoronidase que cliva o β-D-glucoronido-4-metil-umbelliferona liberando (MUG) 4-metil-umbelliferona que é fluorescente sob a luz Ultra Violeta λ=360nm,ou seja após 24 horas é possível também determinar a presença de E.coli. (Ceballos et all, 1999)

Tem sido desenvolvidos vários meios de cultura com MUG, entre eles se destaca o COLILERT onde o meiode cultura em pó estéril é fornecido em sachet plástico e pronto para se adicionar a 100 mL de amostra ou desuas diluições. Para quantificação usa-se a técnica de número mais provável (NMP) desenvolvida em cartelasplásticas estéreis e descartáveis, que substituem os tradicionais tubos de ensaio. A amostra é colocada na cartelaque é selada e em seguida encubada a 35 – 37 C durante 24 horas, após este período promove-se a contagemdas células que desenvolveram coloração amarelo intenso e/ou fluorescência e com o auxílio de uma tabelafornecida pela COLILERT obtém-se o NMP de colônias.

A Quanti – Tray/2000 IDEXX se baseia no mesmo modelo estatístico do que a tradicional diluição serial em 15tubos. No método serial, diferentes quantidades da amostra são distribuídas em tubos. Em seguida, acrescenta-se água para fins de diluição em volume e cobrir os tubos de Durham. Com o sistema Quanti-Tray 2000, aamostra é automaticamente dividida nas porções apropriadas através da Seladora Quanti-Tray, não sendonecessário o uso de tubos de ensaio ou de Durham. Possibilitando a distribuição automática da amostra em 97concavidades de 2 tamanhos diferentes, que proporciona uma faixa de contagem acima de 2000 colônias, comum nível de confiança de 95%.

DILUIÇÕES

As diluições utilizadas nos dois métodos estudados estão apresentadas na tabela abaixo:

Tabela 01 – Diluições utilizados nos pontos estudadosPONTO Substrato cromogênico Membrana filtrante

Esgoto Bruto 10-4 10-5 10-6 10-3 10-4 10-5

Filtros 10-3 10-4 10-5 10-2 10-3 10-4

Agua de superfície 100 10-1 10-2 100 10-1 10-2

A escolha de 3 diluições para cada ponto estudado é justificada pela variedade de concentrações de coliformes,em função das chuvas ocorridas durante o período de acompanhamento.

AVALIAÇÃO ESTATÍSTICA

Para a análise estatística dos dados foi utilizada a distribuição “Student” t, adequada para amostras pequenas(N<30)

Assumindo níveis de significância de 0,01 e 0,05 e grau de liberdade 22 recorremos a dados tabelados eencontramos valores percentis de tp(t0,99) igual a 2,51 e tp(t0,95) igual a 2,07. As equações 01 e 02, utilizadaspara calcular os valores de t para os dados amostrais foram.

21

21

N

1

N

1

XXt

−=

equação (1)

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221

222

211

−++

= NN

SNSN

σ

equação(2)

onde:

nX&& = média das amostras

s = desvio padrão das amostrasN = número de amostrasσσ = desvio padrão da população

Tabela 2 – Valores de t de student nos pontos estudadosPONTO t t0,99 t0,95

Esgoto bruto 1,894 2,51 2,07Efluente dos filtros 1,099 2,51 2,07Lagoa do Jiqui 5,98 2,51 2,07

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos de Escherichia coli pelo método cromogênico e de coliformes fecais através dametodologia de membrana filtrante incubada em m-FC AGAR, podem ser observados nas figuras 1, 2 e 3 e naTabela 3.

Figura 1 – Concentrações na Lagoa do Jiqui (água natural)

Figura 2 – Concentrações nos Filtros (efluente tratado)

1,00E+04

1,00E+05

1,00E+06

1,00E+07

1,00E+08

1,00E+09

0 2 4 6 8 10 12 14

Amostras dos Filtros

NM

P/1

00m

L

EscherichiaColiColifomesfecais

1,00E+00

1,00E+01

1,00E+02

1,00E+03

1,00E+04

1,00E+05

1,00E+06

0 2 4 6 8 10 12 14

Amostras da Lagoa do Jiqui

NM

P/1

00m

L

EscherichiacoliColiformesfecais

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Figura 3 – Concentrações no Esgoto Bruto

Tabela 3 – Resultados obtidos nos pontos estudadosAmostra ESGOTO BRUTO FILTROS JIQUI

E. coli Coli. fecais E. Coli Coli. fecais E. coli Coli. fecais1 5,50E+05 5,00E+06 1,33E+06 1,80E+05 3,24E+01 6,00E+02

2 2,47E+06 4,47E+06 1,39E+06 2,00E+05 4,78E+01 7,00E+02

3 5,65E+06 2,00E+06 1,41E+06 2,10E+05 5,31E+01 5,00E+02

4 5,16E+05 2,45E+06 4,48E+05 1,30E+06 1,17E+02 7,00E+02

5 4,20E+04 2,74E+06 9,36E+05 5,66E+06 9,71E+01 1,40E+03

6 2,00E+04 1,00E+05 4,53E+06 3,74E+06 7,28E+01 1,00E+03

7 4,45E+05 8,37E+05 6,17E+06 6,40E+05 2,44E+02 1,70E+03

8 1,26E+06 3,55E+06 1,16E+06 1,64E+06 1,72E+02 1,80E+03

9 5,98E+05 1,34E+06 2,06E+06 3,58E+05 2,50E+02 2,00E+03

10 6,98E+05 2,24E+06 1,41E+06 2,49E+05 2,18E+02 1,80E+03

11 5,39E+05 2,32E+06 1,96E+06 3,30E+05 3,87E+02 1,70E+03

12 3,76E+06 4,58E+06 1,56E+06 3,98E+05 2,81E+02 2,80E+03

média 1,38E+06 2,64E+06 2,03E+06 1,24E+06 1,64E+02 1,39E+03mínimo 2,00E+04 1,00E+05 4,48E+05 1,80E+05 3,24E+01 5,00E+02máximo 5,65E+06 5,00E+06 6,17E+06 5,66E+06 3,87E+02 2,80E+03amplitude 5,63E+06 4,90E+06 5,72E+06 5,48E+06 3,54E+02 2,30E+03desv.pad 1,65E+06 1,46E+06 1,64E+06 1,73E+06 1,07E+02 6,71E+02int.confi 9,36E+05 8,27E+05 9,31E+05 9,78E+05 6,07E+01 3,80E+02

A análise dos dados concernentes as amostras provenientes da Lagoa do Jiqui mostra que os valores referentes acoliformes fecais obtidos através da técnica da membrana filtrante mostraram-se sistematicamente superioresaos obtidos pelo método do substrato cromogênico. Não obstante esta constatação foi possível observar poucavariação nas concentrações como pode ser comprovado pelos valores de amplitude de 2,30 x 103 e 3,54x102

para os métodos supracitados respectivamente.

Para verificar se a diferença entre as concentrações médias obtidas por ambos os métodos era significativa, foiaplicado o método da distribuição “t” de ‘Student”, cujos resultados podem ser visualizados na tabela 02.

No caso da água natural da Lagoa do Jiqui, o procedimento da análise de variância mostra que o valor de (5,98)t é muito maior que os valores de t0,95 (2,07) e t0,99 (2,51). Isso indica que a hipótese nula deve ser rejeitadapois a diferença entre as médias das concentrações é significativa.

Contudo, algumas considerações podem ser levantadas como embasamento de uma hipótese explicativa: asamostras foram coletadas nas imediações do ponto de captação para o abastecimento da cidade, com a umaexpectativa de que as concentrações de coliformes fecais sejam realmente pequenas. Assim sendo, a teoria das

1,00E+03

1,00E+04

1,00E+05

1,00E+06

1,00E+07

1,00E+08

1,00E+09

1,00E+10

0 2 4 6 8 10 12 14

Amostras do Esgoto Bruto

NM

P/1

00m

LEscherichiacoliColiformesfecais

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pequenas amostras N<30 talvez não seja a mais indicada, devendo-se realizar um aprofundamento do trabalhocom uma população amostral superior a 30 amostras, para que as conclusões sejam mais precisas.

As amostras de esgoto bruto e tratado apresentaram grandes variações em ambos os métodos utilizados. Osefluentes dos filtros anaeróbios descendentes tiveram amplitudes de variação de 5,72x106 e 5,48x106 para osmétodos de E. coli e coliformes fecais respectivamente, enquanto que as amplitudes para o esgoto bruto foramde 5,63x106 e 4,9x106. A comparação estatística efetuada através da análise de variância mostrou que emambos os casos as diferenças das médias não foram significativas. Os resultados no esgoto bruto apresentout=1,894, sendo portanto menor que os valores de t0,95=2,07 e t0,99=2,51. Isso posto pode-se concluir que estáconfirmada a hipótese nula, indicando que as diferenças médias de concentração de coliformes nesses casos nãosão representativas.

Observa-se que, sobretudo na água natural da lagoa do Jiqui, os valores das concentrações de coliformes fecais,obtidos pelo método da membrana filtrante, são maiores quando comparados com as concentrações deEscherichia coli, obtidos a partir do substrato cromogênico. Este fato indica que a determinação de coliformestermotolerantes é mais abrangente, e a quantificação de Escherichia coli como indicador de contaminação émais seletiva, justificando as diferenças apresentadas.

CONCLUSÕES

Os resultados de quantificação de indicadores de contaminação fecal nas amostras de esgoto bruto e do efluentedo filtro anaeróbio não apresentaram diferenças estatisticamente significativas quando aplicadas as técnicas damembrana filtrante com meio m–FC Agar ou do substrato cromogênico COLILERT.

A utilização da técnica do substrato cromogênico para detecção de indicadores de contaminação fecal em águasfortemente contaminadas mostrou-se bastante confiável, podendo ser utilizado como alternativa ao método damembrana filtrante que determina a concentração de coliformes fecais.

Para amostras de água natural, com baixa contaminação fecal, as técnicas comparadas mostraram resultadosdiferentes, sendo o número de coliformes fecais sistematicamente maior que o de E. coli. Contudo, em face dareduzida representatividade dos indicadores, recomenda-se estudos mais profundos e com maior número deamostras, antes de formular conclusões definitivas em relação as águas naturais.

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Page 9: XI-030 – ESTUDO COMPARATIVO ENTRE AS TÉCNICAS DE ... · Este estudo foi desenvolvido com amostras de esgoto bruto, efluente de filtros anaeróbios e de água natural proveniente

21º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

ABES – Trabalhos Técnicos 9

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