wilson neves de almeida, josé do nascimento,

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Ano 2014 110 , Número Salvador-BA, Página 30 sexta-feira, 27 de junho de 2014 Diário da Justiça Eleitoral - Tribunal Regional Eleitoral da Bahia. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001 de 24.8.2001, que institui a Infra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.gov.br DOU FORÇA DE MANDADO DE INTIMAÇÃO A ESTA SENTENÇA Macarani, 25 de junho de 2014. Giselle de Fátima Cunha Guimarães Ribeiro Juíza da 91ª Zona Eleitoral 093ª Zona Eleitoral - CACULÉ Portarias DESIGNAÇÃO OFICIAIS PORTARIA 04/2014 O Juiz Eleitoral da 93ª Zona Eleitoral, o Exmo(a). Sr. Dr. ANTONIO CARLOS DO ESPIRITO SANTO FILHO, no uso de suas atribuições legais, e em conformidade com o disposto no Resolução Administrativa N.º 5/2002 do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, RESOLVE: Designar FRANCISCO ALVES RIOS, CLÁUDIO MÁRCIO RODRIGUES AGUIAR, Oficiais de Justiça do TJ/BA, e TIAGO FREITAS DE BRITO, servidor requisitado do Tribunal de Justiça, para exercer as atividades como Oficial de Justiça Eleitoral de 01/07/2014 a 31/10/2014, a fim de que haja o bom cumprimento das diligências provenientes deste Cartório Eleitoral da 93ª Zona, conforme dispõe o artigo 1º, parágrafo único, da Res. Administrativa 05/2002. Publique-se. Dê-se ciência aos interessados. Comunique-se ao TRE/BA para os devidos fins. Caculé, BA, 16 de junho de 2014. ANTONIO CARLOS DO ESPIRITO SANTO FILHO Juiz Eleitoral 099ª Zona Eleitoral - SANTANA Sentenças PROCESSO N. 198-67.2012.6.05.0099 AIJE REPRESENTANTE: COLIGAÇÃO "SANTANA QUER E PODE MAIS" ADVOGADOS: ELEN RAMALHO DA SILVA (OAB/BA 34482), THIAGO MEDINA ALVES CORREIA (OAB/BA 36528) e AFRÂNIO COTRIM JÚNIOR (OAB/GO 20907 / OAB/DF 28985), JOSÉ NERES DOS SANTOS (OAB/BA 33368) REPRESENTADOS: WILSON NEVES DE ALMEIDA, JOSÉ DO NASCIMENTO e MARCO AURÉLIO SANTOS CARDOSO ADVOGADOS: DJEAN AUGUSTO TONHÁ DE LOPES (OAB/BA 24839), ÉRICA ROCHA (OAB/BA 18750), MIUCHA BORDONI (OAB/BA 25538) SENTENÇA I – RELATÓRIO: Vistos etc. A COLIGAÇÃO "SANTANA QUER E PODE MUITO MAIS", por seu representante e procurador, ajuizou ação de investigação judicial eleitoral, em desfavor de WILSON NEVES DE ALMEIDA, JOSÉ DO NASCIMENTO e MARCO AURÉLIO SANTOS CARDOSO, todos já qualificados nos autos. Aduziu a Coligação representante que, nos dias 19 a 22 de julho de 2012, a Prefeitura Municipal de Santana promoveu a chamada "Expo Santana", no Parque Municipal de Exposição Manoel Cardoso Pereira, oportunidade em que houve – além das exposição de animais, leilões e shows de praxe – um verdadeiro comício em favor dos candidatos à eleição, Wilson Neves e José do Nascimento. Afirmaram, ainda, que, durante todos os shows do evento, organizado com o dinheiro público, as bandas participantes mencionavam o então prefeito "Marcão", afirmando que o mesmo "não era 10, e sim 11", número este que seria usado pelos primeiros representados para concorrer às eleições, fazendo, assim, uso indevido da máquina administrativa, bem como abusando do poder político. Ao final, requereram, em suma, a procedência da representação com a aplicação das penas previstas no art. 22, XIV, da Lei Complementar 64/90. Juntaram a documentação de fls. 18/173. Em sede de despacho inaugural, este juízo determinou a notificação dos representados para, no prazo de 05 (cinco) dias, oferecerem defesa; bem como a requisição ao gestor municipal de cópia dos contratos firmados com as bandas musicais que prestaram serviço ao município durante o ano de 2012. Cópias dos contratos às fls. 183/204. O representado Marco Aurélio Santos Cardoso apresentou defesa, alegando, em suma, que o Município de Santana não contratou bandas para participarem do evento supramencionado, sendo que o que ocorreu, em verdade, foi a contratação de uma empresa prestadora de serviço de organização e coordenação de festejos – vencedora da licitação realizada – a qual seria a verdadeira responsável pela contratação das bandas. Afirmou, ainda, que, em nenhum momento do evento, houve vinculação de seu nome aos candidatos às eleições, não havendo qualquer conotação eleitoral nos agradecimentos das bandas ao mesmo (fls. 206/215). Os representados Wilson Neves de Almeida e José do Nascimento, por sua vez, apresentaram defesa, alegando, além dos fatos narrados pela defesa supracitada, a ausência de potencialidade da conduta para desequilibrar o resultado do pleito eleitoral; bem como de prévio conhecimento e anuência das condutas narradas na inicial (fls. 299/306). Realizada audiência de instrução, oportunidade em que este juízo rejeitou as preliminares ventiladas pelas partes, e realizou a colheita de prova testemunhal, via método audiovisual (339/350 e 362/367). Parecer ministerial às fls. 368/390 pela procedência da demanda e conseqüente condenação dos representados nas penalidades do art. 1º, I, alíneas "d" e "h", e art. 22, caput, e inciso XIV, da Lei Complementar 64/90, com a cassação dos mandatos dos dois primeiros representados e decretação de inelegibilidade. Alegações finais do representante, pugnando pela procedência do pedido, face à comprovação do abuso de poder político e econômico (fls. 391/397) e dos representados, pela improcedência (fls. 398/416). É o relatório. Passo à fundamentação. II – FUNDAMENTAÇÃO: Tendo as preliminares ventiladas sido enfrentadas e rejeitadas por este juízo, passo à análise do mérito. Estabelece o art. 14 da CF: Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:(...) § 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta. Com o fim de tornar tal dispositivo constitucional eficaz, foi promulgada a Lei complementar 64/90, a qual dispôs em seu art. 22: Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou Ministério Público Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamente ao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicando provas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigação judicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do poder econômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida de veículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidato ou de partido político (...) Como se vê, a ação de investigação judicial eleitoral tem por fim combater e punir o abuso de poder praticado com objetivos eleitorais, sendo tal um conceito amplo, de forma a abranger qualquer conduta grave que comprometa a lisura das eleições. Uma vez julgada procedente, haverá a declaração da inelegibilidade dos representados, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para as eleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subseqüentes à eleição em que se verificou, além da cassação do registro ou diploma do candidato diretamente beneficiado pela interferência do poder econômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dos meios de comunicação, devendo, ainda, os autos serem encaminhados ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de

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Ano 2014 110, Número Salvador-BA, Página 30sexta-feira, 27 de junho de 2014

Diário da Justiça Eleitoral - Tribunal Regional Eleitoral da Bahia. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001 de 24.8.2001, que institui aInfra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.gov.br

DOU FORÇA DE MANDADO DE INTIMAÇÃO A ESTA SENTENÇAMacarani, 25 de junho de 2014.Giselle de Fátima Cunha Guimarães RibeiroJuíza da 91ª Zona Eleitoral

093ª Zona Eleitoral - CACULÉ

Portarias

DESIGNAÇÃO OFICIAISPORTARIA 04/2014O Juiz Eleitoral da 93ª Zona Eleitoral, o Exmo(a). Sr. Dr. ANTONIOCARLOS DO ESPIRITO SANTO FILHO, no uso de suas atribuiçõeslegais, e em conformidade com o disposto no ResoluçãoAdministrativa N.º 5/2002 do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia,RESOLVE:Designar FRANCISCO ALVES RIOS, CLÁUDIO MÁRCIORODRIGUES AGUIAR, Oficiais de Justiça do TJ/BA, e TIAGOFREITAS DE BRITO, servidor requisitado do Tribunal de Justiça,para exercer as atividades como Oficial de Justiça Eleitoral de01/07/2014 a 31/10/2014, a fim de que haja o bom cumprimento dasdiligências provenientes deste Cartório Eleitoral da 93ª Zona,conforme dispõe o artigo 1º, parágrafo único, da Res. Administrativa05/2002.Publique-se. Dê-se ciência aos interessados. Comunique-se aoTRE/BA para os devidos fins.Caculé, BA, 16 de junho de 2014.ANTONIO CARLOS DO ESPIRITO SANTO FILHOJuiz Eleitoral

099ª Zona Eleitoral - SANTANA

Sentenças

PROCESSO N. 198-67.2012.6.05.0099 AIJEREPRESENTANTE: COLIGAÇÃO "SANTANA QUER E PODEMAIS"ADVOGADOS: ELEN RAMALHO DA SILVA (OAB/BA 34482),THIAGO MEDINA ALVES CORREIA (OAB/BA 36528) e AFRÂNIOCOTRIM JÚNIOR (OAB/GO 20907 / OAB/DF 28985), JOSÉ NERESDOS SANTOS (OAB/BA 33368)REPRESENTADOS: WILSON NEVES DE ALMEIDA, JOSÉ DONASCIMENTO e MARCO AURÉLIO SANTOS CARDOSOADVOGADOS: DJEAN AUGUSTO TONHÁ DE LOPES (OAB/BA24839), ÉRICA ROCHA (OAB/BA 18750), MIUCHA BORDONI(OAB/BA 25538)SENTENÇAI – RELATÓRIO:Vistos etc.A COLIGAÇÃO "SANTANA QUER E PODE MUITO MAIS", por seurepresentante e procurador, ajuizou ação de investigação judicialeleitoral, em desfavor de WILSON NEVES DE ALMEIDA, JOSÉ DONASCIMENTO e MARCO AURÉLIO SANTOS CARDOSO, todos jáqualificados nos autos.Aduziu a Coligação representante que, nos dias 19 a 22 de julho de2012, a Prefeitura Municipal de Santana promoveu a chamada "ExpoSantana", no Parque Municipal de Exposição Manoel CardosoPereira, oportunidade em que houve – além das exposição deanimais, leilões e shows de praxe – um verdadeiro comício em favordos candidatos à eleição, Wilson Neves e José do Nascimento.Afirmaram, ainda, que, durante todos os shows do evento,organizado com o dinheiro público, as bandas participantesmencionavam o então prefeito "Marcão", afirmando que o mesmo"não era 10, e sim 11", número este que seria usado pelos primeirosrepresentados para concorrer às eleições, fazendo, assim, usoindevido da máquina administrativa, bem como abusando do poderpolítico.

Ao final, requereram, em suma, a procedência da representação coma aplicação das penas previstas no art. 22, XIV, da LeiComplementar 64/90.Juntaram a documentação de fls. 18/173.Em sede de despacho inaugural, este juízo determinou a notificaçãodos representados para, no prazo de 05 (cinco) dias, ofereceremdefesa; bem como a requisição ao gestor municipal de cópia doscontratos firmados com as bandas musicais que prestaram serviçoao município durante o ano de 2012.Cópias dos contratos às fls. 183/204.O representado Marco Aurélio Santos Cardoso apresentou defesa,alegando, em suma, que o Município de Santana não contratoubandas para participarem do evento supramencionado, sendo que oque ocorreu, em verdade, foi a contratação de uma empresaprestadora de serviço de organização e coordenação de festejos –vencedora da licitação realizada – a qual seria a verdadeiraresponsável pela contratação das bandas. Afirmou, ainda, que, emnenhum momento do evento, houve vinculação de seu nome aoscandidatos às eleições, não havendo qualquer conotação eleitoralnos agradecimentos das bandas ao mesmo (fls. 206/215).Os representados Wilson Neves de Almeida e José do Nascimento,por sua vez, apresentaram defesa, alegando, além dos fatosnarrados pela defesa supracitada, a ausência de potencialidade daconduta para desequilibrar o resultado do pleito eleitoral; bem comode prévio conhecimento e anuência das condutas narradas na inicial(fls. 299/306).Realizada audiência de instrução, oportunidade em que este juízorejeitou as preliminares ventiladas pelas partes, e realizou a colheitade prova testemunhal, via método audiovisual (339/350 e 362/367).Parecer ministerial às fls. 368/390 pela procedência da demanda econseqüente condenação dos representados nas penalidades do art.1º, I, alíneas "d" e "h", e art. 22, caput, e inciso XIV, da LeiComplementar 64/90, com a cassação dos mandatos dos doisprimeiros representados e decretação de inelegibilidade.Alegações finais do representante, pugnando pela procedência dopedido, face à comprovação do abuso de poder político e econômico(fls. 391/397) e dos representados, pela improcedência (fls.398/416).É o relatório.Passo à fundamentação.II – FUNDAMENTAÇÃO:Tendo as preliminares ventiladas sido enfrentadas e rejeitadas poreste juízo, passo à análise do mérito.Estabelece o art. 14 da CF:Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal epelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termosda lei, mediante:(...)§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade eos prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidadeadministrativa, a moralidade para exercício de mandato consideradavida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade daseleições contra a influência do poder econômico ou o abuso doexercício de função, cargo ou emprego na administração direta ouindireta.Com o fim de tornar tal dispositivo constitucional eficaz, foipromulgada a Lei complementar 64/90, a qual dispôs em seu art. 22:Art. 22. Qualquer partido político, coligação, candidato ou MinistérioPúblico Eleitoral poderá representar à Justiça Eleitoral, diretamenteao Corregedor-Geral ou Regional, relatando fatos e indicandoprovas, indícios e circunstâncias e pedir abertura de investigaçãojudicial para apurar uso indevido, desvio ou abuso do podereconômico ou do poder de autoridade, ou utilização indevida deveículos ou meios de comunicação social, em benefício de candidatoou de partido político (...)Como se vê, a ação de investigação judicial eleitoral tem por fimcombater e punir o abuso de poder praticado com objetivoseleitorais, sendo tal um conceito amplo, de forma a abrangerqualquer conduta grave que comprometa a lisura das eleições. Umavez julgada procedente, haverá a declaração da inelegibilidade dosrepresentados, cominando-lhes sanção de inelegibilidade para aseleições a se realizarem nos 8 (oito) anos subseqüentes à eleiçãoem que se verificou, além da cassação do registro ou diploma docandidato diretamente beneficiado pela interferência do podereconômico ou pelo desvio ou abuso do poder de autoridade ou dosmeios de comunicação, devendo, ainda, os autos seremencaminhados ao Ministério Público Eleitoral, para instauração de

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Ano 2014 110, Número Salvador-BA, Página 31sexta-feira, 27 de junho de 2014

Diário da Justiça Eleitoral - Tribunal Regional Eleitoral da Bahia. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001 de 24.8.2001, que institui aInfra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.gov.br

processo disciplinar, se for o caso, e de ação penal, ordenandoquaisquer outras providências que a espécie comportar.In casu, a coligação "Santana Quer e Pode Mais" representou oentão atual prefeito de Santana e os candidatos aos cargos deprefeito e vice-prefeito nas eleições do ano de 2012, relatando aocorrência de condutas vedadas aos agentes públicos, bem como deabuso de poder econômico e político, além da violação aos arts. 11,I, da Lei n.º 8.429/92, indicando, para tanto, provas documentais etestemunhais. Sendo, pois, o que se passa a analisar.II.1 Do ato de improbidade:Aduziram os representantes que os atos praticados pelos réusamoldam-se à conduta improba prevista no art. 11, inciso I, da Lei n.º8.429/92. Ocorre que a presente demanda visa a apuração de umpossível abuso de poder praticado durante o período eleitoral. Por talrazão, não vislumbro como possível a averiguação de improbidadenos presentes autos.É sabido que a inelegibilidade pode configurar como uma dasconseqüências da improbidade, porém a apuração desta última devese dar por meio de ação civil pública de improbidade administrativa,em juízo próprio, e não no juízo eleitoral, não cabendo a este último,pois, ingressar no mérito da atuação administrativa do Governo.Acerca do assunto, convém colacionar a jurisprudência abaixo:Eleições 2002. Investigação Judicial. Art. 22 da Lei Complementar n64/90. Abuso de poder. Utilização indevida dos meios decomunicação social. Jornal. Suplementos. Matérias. PublicidadeInstitucional. Entrevista. Governador. Não cabe à Justiça Eleitoraljulgar eventual prática de ato de improbidade administrativa, o quedeve ser apurado por intermédio de ação própria. Precedente:Acórdão n 612.Tratando-se de fato ocorrido na imprensa escrita,tem-se que seu alcance é inegavelmente menor em relação a umfato sucedido em outros veículos de comunicação social, como orádio e a televisão, em face da própria característica do veículoimpresso de comunicação, cujo acesso à informação tem relaçãodireta ao interesse do eleitor. Na investigação judicial, é fundamentalse perquiri se o fato apurado tem a potencialidade para desequilibrara disputa do pleito, requisito essencial para a configuração dosilícitos a que se refere o art. 22 da Lei de Inelegibilidade. Recursoordinário a que se nega provimento. (RO 725/GO, Rel. Min. LuizCarlos Madeira, Rel. Designado Min. Caputo Bastos, DJ de18.11.2005)Dessa forma, entendo não ser esta a via nem tampouco o juízoadequado para tal discussão, sendo certo que poderá o MinistérioPúblico, caso assim entenda, extrair cópias de peças da ação deinvestigação judicial, a fim de ingressar na Justiça Comum com aação civil pública fundada em improbidade administrativa, se ahipótese puder ser nela enquadrada.II.2 Da violação ao incido I e IV do art. 73 da Lei n.º 9.504/97:O artigo 73 da Lei n.º 9.504/97 estabelece as condutas vedadas aosagentes públicos durante o período das eleições, as quais, porpresunção legal, tendem a afetar a igualdade entre os candidatos.Segundo o doutrinador Zílio,as condutas vedadas – na esteira de entendimento sedimentadopela doutrina e jurisprudência – constituem-se como espécie degênero abuso de poder e surgiram como um antidoto à reeleição, aqual foi instituída através da Emenda Constitucional nº 16/97. Emverdade, pode-se conceituar os atos de conduta vedada comoespécies de abuso do poder político que se manifestam através dodesvirtuamentos dos recursos materiais (incisos I, II, IV e § 10 do art.73 da Lei n.º 9.504/97), humanos (incisos III e V da do art. 73 Lei n.º9.504/97), financeiros (inciso VI, "a", VII e VIII do art. 73 Lei n.º9.504/97) e de comunicação (inciso VI, "b" e "c", do art. 73 Lei n.º9.504/97) da Administração Pública ('lato sensu') (ZÍLIO. RodrigoLópez. Direito Eleitoral. São Paulo: Verbo Jurídico, 2008, pag. 458-459).Com efeito, alega o representante, primeiramente, que osrepresentados infringiram o inciso I do art. 73 Lei n.º 9.504/97, o qualestabelece como conduta vedada ceder ou usar, em benefício decandidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveispertencentes à administração direta ou indireta da União, dosEstados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios,ressalvada a realização de convenção partidária.Narra a coligação representante que o representado Marco Auréliocedeu todos os bens móveis que integravam a estrutura daExpoSantana, tais como palanques, equipamentos de som e opróprio dinheiro público usado na contratação de bandas embenefício dos demais representados.

Nesse contexto, o dispositivo legal em questão visa coibir a cessãoou uso de bens pertencente à Administração Pública em benefício decandidato, partido político ou coligação, em detrimento de outros, porprovocar um desequilíbrio na disputa eleitoral. Ocorre que, pelo oque se vislumbra nos autos, fora utilizado o dinheiro público, com acontratação de bandas e montagem de uma estrutura, com o fiminicial e aparente de promover a chamada a "Exposantana". Aqui, háde se fazer uma sutil distinção entre o uso ou cessão de bem daAdministração no benefício exclusivo de um candidato e odesvirtuamento de um evento municipal em benefício destecandidato de modo a configurar o abuso de poder político oueconômico. Este último ainda será objeto de análise. Com relação aoprimeiro, entendo não configurado. Isso porque o fim da norma foipunir o total desvirtuamento de recursos materiais, o que carece deprovas nos autos. Os documentos juntados aos autos demonstram arealização de licitação para contratação de uma empresaresponsável pela organização do evento exposto nos autos. Sendoassim, uma coisa é o desvirtuamento do fim do evento, outra é averificação do uso exclusivo dos candidatos dos bens do Municípiono sentido de configurar abuso de cunho material.Em situação semelhante, já decidiu o TSE:AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL ELEITORAL.JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE POSITIVO. MÉRITO.CONHECIMENTO. CESSÃO. USO. BEM PÚBLICO. BENEFÍCIO.CANDIDATURA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. ART. 73, 1, DA LEI9.504197. VIOLAÇÃO. INEXISTÊNCIA. NÃO PROVIMENTO. (...) Odiscurso feito por agente público, durante inauguração de obrapública, no qual ele manifesta sua preferência por determinadacandidatura, não significa que ele usou ou cedeu o imóvel públicoem benefício do candidato, conduta vedada pelo art. 73, 1, da Lei9.504197. Precedente.3. Agravo regimental não provido. (..). (REspe 24963, Rel. Min.Caputo Bastos, DJ de 91912005)Dessa forma, entendo que não houve afronta ao inciso I do art. 73 dalei supracitada.Em outro aspecto, aduz, ainda, o representante que também houveinfringência ao inciso IV, o qual prevê como conduta vedada "fazerou permitir uso promocional em favor de candidato, partido políticoou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de carátersocial custeados ou subvencionados pelo Poder Público", sem fazerreferência, no entanto, à conduta dos representados nele qualificada.Nesta linha, o referido inciso visa coibir que se vincule a distribuiçãogratuita de bens, valores ou benefícios em prol de candidato, partidopolítico ou coligação. Com efeito, nos presentes autos, não vislumbronenhuma conduta dos agentes que aqui se enquadre, sendo que,por inteligência do art. 333 do Código de Processo Civil, a prova dosfatos cabe a quem alega, o que não restou configurado.II.3 Abuso do Poder Econômico e Político:Segundo Zílio (Direito Eleitoral. São Paulo: Verbo Jurídico, 2008, p.382), o abuso de poder econômico caracteriza-se quando "o usoindevido do poder financeiro é utilizado com o intuito de obtervantagem, ainda que indireta e reflexa, na disputa do pleito".O abuso do poder político, por sua vez, configura-se "no usoindevido de cargo ou função pública, com a finalidade de obter votospara determinado candidato" (COSTA, Adriano Soares. Instituiçõesde Direito Eleitoral. 7ª Ed. RT, 2008)Com efeito, o abuso de poder, seja ele econômico ou político,configura-se numa matéria extremamente trabalhosa, posto se tratarde um conceito fluido e indeterminado, daí que, embora suasdiferentes formas de manifestação possuam contornos na lei, étambém deveras casuístico, de modo que somente as peculiaridadesdo caso concreto é que permitirão ao magistrado auferir a existênciaou não do referido abuso.Nos presentes autos, narram os representantes que o representadoMarco Aurélio Santos Cardoso, prefeito à época, utilizou-se doevento denominado "Expo Santana", realizado nos dias 19 a 22 dejulho, portanto, durante a campanha eleitoral, para promover acandidatura dos candidatos a prefeito e vice-prefeito, Wilson Nevesde Almeida e José do Nascimento, respectivamente, tambémrepresentados.O Ministério Público, em seu parecer, pugnou pela procedência daação, afirmando ser evidente o abuso de poder dos candidatos, aose utilizarem do dinheiro público municipal, para promover um eventoincomum e desproporcional para o Município de Santana, mesesantes das eleições, e com o claro propósito de promover ascandidaturas dos dois últimos representados.

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Ano 2014 110, Número Salvador-BA, Página 32sexta-feira, 27 de junho de 2014

Diário da Justiça Eleitoral - Tribunal Regional Eleitoral da Bahia. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001 de 24.8.2001, que institui aInfra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.gov.br

Com efeito, pelo o que se vislumbra dos autos, restou incontroversoque, nos dias 19 a 22 de julho, fora realizado o evento "ExpoSantana" com a realização leilões, exposições de animais eapresentações de bandas de forró, tudo custeado com o dinheiropúblico municipal.Tratou-se um evento de alto porte com a participação de grandeparte da população santanense. Observa-se, pelas fotografiasjuntadas aos autos, as quais foram reconhecidas pelo própriorepresentado como sendo retiradas do evento (fl. 211), que váriaspessoas aparecem com adesivo de número 11 (número da coligaçãodos candidatos representados), bem como realizando gestosconotativos de tal numeração. Observa-se, ainda, pela análise damídia acostada aos autos que, em inúmeros momentos, as bandascontratadas fazem menção ao último representado nominalmente – enão somente à Prefeitura de Santana -, sendo que, em algunsdesses momentos, fazem referência ao número 11, inclusive,associado ao então prefeito Marcão (34m54s e 43m08s). Observa-se, também, que, em algumas fotos, os representados aparecem,juntos, fazendo o gesto do número "11".A testemunha Graziela Lobo Alvim declarou, em seu depoimento,que a ExpoSantana interrompeu por um período, tendo retomandojustamente em 2012. A testemunha Mirella Neves Santana, por suavez, alegou, embora sem prestar compromisso, que ouviu pordiversas vezes a referência ao número 11; que havia pessoas,inclusive funcionários, colando o adesivo de número 11, bem comofazendo gestos em referência ao mesmo número; que haviaabordagem das pessoas para retirar fotos; que a festa existiu háanos atrás, tendo retornado em 2012. O declarante EdilsonCavalcante afirmou que o evento voltou a ser realizado no ano de2012; que, durante o mesmo, os integrantes da banda fizeramreferência ao prefeito Marcão e à coligação 11, havendo, ainda,gestos, tendo sido distribuídos também adesivos.Como se vê, os depoimentos são uniformes no sentido de que oevento ExpoSantana voltou a ser realizado em grande porte no anode 2012, não havendo qualquer contradição, neste sentido, digna denota. Durante tal evento, restou comprovado, pela mídia acostada,que havia clara referência ao então prefeito da época "Marcão", bemcomo que, no mesmo contexto, houve referência à coligação dosdemais representados. Saliente-se que o fato das bandas fazeremalusão ao então prefeito da época não tem, por si só, o condão derepresentar um abuso de poder, posto que comum, em cidades dointerior, o agradecimento de autoridades locais e destaque social.Contudo, este fato aliado às inúmeras vezes em que seu nome foraexaltado pessoalmente, e não a Prefeitura de Santana, somado àmenção da legenda partidária, bem como à distribuição de adesivose realização de gestos da mesma legenda, em época de campanhaeleitoral e em um evento de grande porte, organizado pelaPrefeitura, com a participação da grande parte do eleitorado, conduza inevitavelmente conclusão de houve claro abuso no uso damáquina administrativa pelo prefeito em prol dos candidatosrepresentados.Esclareça-se, por ser extremamente oportuno, que o evento serealizou no mês de julho, durante a campanha eleitoral, sendo,inevitável, diante dos fatos narrados, que o eleitorado vinculasse osnomes dos candidatos à realização do evento. O que se vê é que,em que pese o evento ter sido organizado pela Prefeitura, utilizou-sedo mesmo para a prática de um verdadeiro showmício, comvinculação do atual governo da época aos candidatos às eleições.Ainda que os candidatos não tenham subido no palco, tal não eximeo fato de que os mesmos foram claramente beneficiados com oevento objeto dos autos, sendo que o art. 22 da já citada lei alocacomo legitimados passivos das ações de investigação judicialeleitoral o candidato beneficiado com a conduta questionada,havendo, neste caso, inclusive, litisconsórcio passivo necessárioentre o titular e o seu vice, dada a natureza unitária da chapa. Senãovejamos:"[...] Investigação judicial. Abuso de poder econômico. Atos abusivos.Autores. Beneficiários. Litisconsórcio passivo necessário. Pedido.Limites. 1. A representação pode ser proposta contra os beneficiáriosda conduta abusiva assim como contra seus autores. [...]". (Ac. de4.9.2001 no AgRgAg no 2.987, rel. Min. FernandoNeves.)AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO JUDICIAL ELEITORAL -PRELIMINARES DE ILEGITIMIDADE PASSIVA, DEINADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA E DE INCOMPETÊNCIA DAJUSTIÇA ELEITORAL SUSCITADAS PELOS REQUERIDOS -REJEIÇÃO - PEDIDO DE INTEGRAÇÃO À LIDE DE TERCEIRO

INTERESSADO - DEFERIMENTO - VERIFICAÇÃO DEELEMENTOS COINCIDENTES NAS PROPAGANDASINSTITUCIONAL E ELEITORAL - INDÍCIOS DE PRÁTICA ABUSIVA- INEXISTÊNCIA DE POTENCIALIDADE DA CONDUTA PARAINFLUIR NO RESULTADO DO PLEITO - NÃO DEMONSTRAÇÃODO ABUSO DE PODER, PARA FINS DE APLICAÇÃO DO ART. 22DA LC 64/90 - REMESSA DOS AUTOS AO MINISTÉRIO PÚBLICOESTADUAL PARA AS PROVIDÊNCIAS QUE ENTENDERCABÍVEIS EM MATÉRIA NÃO ELEITORAL - IMPROCEDÊNCIA DOPEDIDO. Rejeita-se a preliminar de ilegitimidade passiva, suscitadapela requerida, com o fundamento de sua desincompatibilização docargo de Prefeito, tendo em vista que a Ação de InvestigaçãoJudicial Eleitoral pode alcançar qualquer beneficiário de condutavedada, ainda que não se verifique a sua participação direta. (...)(TRE-RN - AIJE: 23 RN , Relator: DÚBEL COSME, Data deJulgamento: 30/08/2005, Data de Publicação: DJ - Diário de Justiçado Estado do RN, Data 17/09/2005, Página 67 LIV - Livro deDecisoes do TRE-RN, Volume 2, Tomo 55, Data 11/05/2007, Página99)Dessa forma, as provas carreadas aos autos revelam, de formaclara, o abuso de poder econômico e político no presente caso.Conforme já mencionado anteriormente, a idéia de abuso de poder éretirada do plano casuístico, diante das peculiaridades do casoconcreto. E, aqui, é justamente no plano concreto, diante dasparticularidades de um município como Santana, como bemponderou o representante do Ministério Público, que se vê com maisafinco, a abusividade do poder.Em outro aspecto, a alegação da defesa de que a conduta não tiverapotencialidade lesiva de influir no pleito eleitoral não mereceprosperar. Isso porque a Lei Complementar n.º 135/2010, a qualincluiu o inciso XVI no art. 22 da Lei complementar 64/90, retirou orequisito da exigência da potencialidade lesiva para configurar oabuso de poder, sendo necessário apenas a presença da gravidadedas circunstâncias do fato, a saber:XVI – para a configuração do ato abusivo, não será considerada apotencialidade de o fato alterar o resultado da eleição, mas apenas agravidade das circunstâncias que o caracterizam.A despeito, aduz Elma Viena Lucena:Essa alteração certamente dará mais eficácia à AIJE, tendo em vistaque, muitas vezes, a prática de atos abusivos graves resta impune,face a dificuldade de se demonstrar que tiveram força para alterar oresultado do pleito. Assim, para a procedência da AIJE é suficientedemonstrar que o ato abusivo seja grave a ponto de abalar aigualdade de condições entre os candidatos, causando desequilíbriona disputa e mácula à legitimidade e normalidade da eleição, aindaque não tenha força suficiente para influenciar no resultado do pleito.Não é outro também o entendimento jurisprudencial:EMENTA: RECURSO ELEITORAL - AÇÃO DE INVESTIGAÇÃOJUDICIAL ELEITORAL - PROVA EMPRESTADA -INTERCEPTAÇÕES TELEFÔNICAS -CONTRADITÓRIO -OBSERVÂNCIA - TRANSPORTE IRREGULAR DE ELEITORES NODIA DO PLEITO - ABUSO DE PODER ECONÔMICO -CONFIGURAÇÃO - OBTENÇÃO DE INDEVIDAS VANTAGENS APARTIR DA CONDUTA ILEGAL - POTENCIALIDADE LESIVA -DEMONSTRAÇÃO - DESNECESSIDADE - CONHECIMENTO EDESPROVIMENTO DO RECURSO. (...) Comprovada a participaçãodo investigado, de sua esposa e de seus filhos em ação destinada aviabilizar o transporte irregular de eleitores no dia do pleito, econsideradas as inegáveis vantagens auferidas pelo então candidatocom o oferecimento da benesse, configura-se o abuso de podereconômico, haja vista a possibilidade de induzir nos eleitores a falsapercepção de o candidato já estar por eles trabalhando antes mesmode ser eleito, além de vincular sua imagem ao poderio econômico,facilitador, em tese, da gestão do Município. Desnecessidade, apartir da vigência da LC n.º 135/2009, da demonstração dapotencialidade lesiva do ilícito eleitoral, sendo suficiente ademonstração da gravidade das circunstâncias que o caracterizam.Conhecimento e desprovimento do recurso (TRE-RN - REL: 159785RN , Relator: VERLANO DE QUEIROZ MEDEIROS, Data deJulgamento: 28/11/2013, Data de Publicação: DJE - Diário de justiçaeletrônico, Data 03/12/2013, Página 02/03)Conforme já exposto, o evento de grande porte promovido pelorepresentado Marco Aurélio dos Santos Cardoso, em nome daprefeitura, repita-se, contou com a participação de diversas bandas ede grande parte da população santanense e, inclusive, de outrascidades da região. Durante tal evento, conforme já explanado, houvediversas condutas (distribuição de adesivos, exaltação do prefeito,

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Ano 2014 110, Número Salvador-BA, Página 33sexta-feira, 27 de junho de 2014

Diário da Justiça Eleitoral - Tribunal Regional Eleitoral da Bahia. Documento assinado digitalmente conforme MP n. 2.200-2/2001 de 24.8.2001, que institui aInfra-estrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil, podendo ser acessado no endereço eletrônico http://www.tse.gov.br

vinculação do nome deste último à legenda partidária dos candidatosrepresentados) capazes de conduzir o eleitorado à vinculação doevento aos então candidatos ao cargo de prefeito e vice-prefeito,gerando um verdadeiro cenário de propaganda eleitoral.Sendo assim, resta claro que o então prefeito extrapolou, e muito, oslimites da razoabilidade, e utilizou a máquina administrativa em proldos candidatos por ele apoiados, acarretando evidente desequilíbrioe desigualdade entre os concorrentes, o que ocasionou vantagemaos representados e feriu os princípios da isonomia e normalidadedas eleições, estando, assim, demonstrada a gravidade dascircunstancias. Ainda que não se faça necessário o requisito dapotencialidade, convém deixar registrado que a diferença de votosentre o primeiro e o segundo candidatos, segundo informaçõesretiradas diretamente do site deste Tribunal Regional Eleitoral, foi deaproximadamente 399 (trezentos e noventa e nove) votos, o quedemonstra que, em um Município como Santana, qualquer ato capazde causar desequilíbrio na disputa eleitoral deve ser consideradodotado de gravidade.Neste contexto, salutares são as palavras de EDSON DE RESENDECASTRO ao explanar sobre o assunto:A verdade é que esses agentes públicos, em período eleitoral,acabam se utilizando da sua posição de destaque para beneficiarcandidaturas. Sempre foi prática corriqueira o uso da "máquinaadministrativa" em prol de candidatos que têm a simpatia doAdministrador. Quando o Prefeito, o Governador ou o Presidentequerem se reeleger ou fazer o seu sucessor, toda a Administraçãose empenha em mostrar-se eficiente aos olhos dos eleitores, paraconvencer da necessidade da continuidade daquele governo. Paraisso, as obras públicas se avolumam, não param as inaugurações eas campanhas publicitárias são intensificadas, sempre associando-se os benefícios levados ao povo com o Administrador de então.Esses atos de governo/administração, em outras ocasiões atéentendidos lícitos, podem caracterizar abuso do poder político,porque assumem finalidade eleitoreira.Com efeito, o destino de altos recursos financeiros em disputaseleitorais tem sido uma constância na democracia brasileira, postoque se revela um meio extremamente eficaz para angariar votos. Emmunicípios pequenos e de baixa renda e escolaridade, o efeito de talato torna-se mais evidente e devastador. Trata-se, em verdade, deuma tática populista e demagoga exercitada principalmente junto àscamadas menos favorecidas e fragilizadas pela pobreza. E éexatamente neste "ambiente" que se insere a conduta dosrepresentados.Dessa forma, não reconhecer o abuso de poder, seja ele político oueconômico, no presente caso, significa ser condizente com ummodelo eleitoral de campanha que atualmente assola o cenáriopolítico brasileiro, marcado por uma irracionalidade política e, porquenão dizer, uma ditadura competitiva disfarçada. Segundo o nobredoutrinador José Jairo Gomes,(...) em um Estado historicamente patrimonialista como o brasileiro,onde o fisiologismo é prática corriqueira e a máquina estatal é postaabertamente a serviço de candidaturas, em que a elite e o podereconômico sempre dependeram da pessoa do político e dosrecursos do erário, não se pode ignorar o consórcio de abusos emapreço.Ante o exposto, entendo configurado o abuso de poder nospresentes autos, em que o evento organizado pelo então Prefeito deSantana, detentor do monopólio político e econômico do município,em verdade, trazia consigo também um verdadeiro cenário político-eleitoral destinado a angariar votos dos eleitores para os candidatosà prefeitura de Santana.Convém pontuar, por fim, que o termo "abuso" é utilizado, na searado Direito, para designar o excesso de poder ou o mau uso de umdireito que, embora licito em sua origem – haja vista que seucomportamento é previsto legalmente – torna-se ilícito em seuresultado, pois contraria os comandos éticos e finalísticos da norma.Na seara eleitoral, particularmente, ao coibir o abuso de poderpolítico, econômico ou de autoridade, o legislador quis, em verdade,impedir quaisquer condutas e situações realizadas por agentespúblicos que visassem a exploração da máquina administrativa ouaproveitamento de recursos em prol de determinada candidatura,ainda que revestidas de aparente benefício ao povo.Como bem ensina Meirelles (1990), o abuso de poder ora seapresenta ostensivo como a truculência, às vezes dissimulado comoo estelionato, e não raro encoberto na aparência ilusória dos atoslegais. Em qualquer desses aspectos – flagrante ou disfarçado – o

abuso de poder é sempre uma ilegalidade invalidadora do ato que ocontém.Sendo assim, permitir a existência de abusos disfarçados sobre omanto de uma aparente legalidade é permitir que ocorra umverdadeiro estelionato diante dos próprios olhos do Judiciário.III – DISPOSITIVO:Por todo o exposto, comprovado o abuso do poder político eeconômico, praticado pelo primeiro representado Marco AurélioSantos Cardoso, em benefício da candidatura de Wilson Neves deAlmeida e José do Nascimento, julgo PROCEDENTE o pedido, para,com fundamento no art. 14 e parágrafos, da Constituição Federal, eart. 22, XIV, da LC 64/90:a) aplicar ao representado Marco Aurélio Santos Cardoso a pena deinelegibilidade para as eleições a se realizarem nos oito anossubseqüentes à eleição em que se verificou os presentes fatos.b) cassar os mandatos dos representados Wilson Neves de Almeidae José do Nascimento, determinando, ainda, a sua inelegibilidadepara a eleição na qual foram diplomados, bem como para aquelas aserem realizadas nos oito anos subseqüentes.c) declarar a nulidade dos votos atribuídos aos candidatos acima, emconsonância com o entendimento do TSE e STF.Deixo registrado, por fim, que, em se tratando de eleiçõesmunicipais, os efeitos da condenação não são imediatos, sendonecessário que a presente sentença transite em julgado ou sejaconfirmada pelo Tribunal Regional Eleitoral.Cópia dos autos deverá ser encaminhada ao Representante doMinistério Público, com atuação nesta Comarca, para adoção dasmedidas que entender cabíveis..Publique-se. Registre-se. Intimem-se.Com o trânsito em julgado, certificado nos autos, arquive-se, com asdevidas baixas e cautelas legais.Santana, 13 de junho de 2014TATHIANA FREITAS DE PAIVA MACEDOJUÍZA DA 99ª ZONA ELEITORAL

113ª Zona Eleitoral - RIACHO DE SANTANA

Sentenças

PUBLICAÇÃO DE INTEIRO TEOR DE SENTENÇA DEPRESTAÇÃO DE CONTAS - ELEIÇÕES 2004AUTOS N.º: 2-65.2006.6.05.0113ASSUNTO: PRESTAÇÃO DE CONTAS DE CAMPANHA -ELEIÇÕES 2004CANDIDATO: MARCONDES FERREIRA SILVACARGO: VEREADORMUNICÍPIO: IGAPORÃ/BAS E N T E N Ç AVistos etc.MARCONDES FERREIRA SILVA, candidato(a) ao cargo devereador(a) PMDB do município de IGAPORÃ/BA, qualificado à fl.03, apresentou intempestivamente sua prestação de contasreferentes às Eleições Municipais de 2004.O relatório de exame da prestação de contas acostado aos autos(fls. 23), apresentou parecer pela aprovação com ressalvas.O Ministério Público Eleitoral emitiu parecer pela aprovação comressalvas das contas apresentadas (fls. 24).Diante do acima exposto, com base na documentação apresentadapelo(a) candidato(a) e em consonância com o quanto disposto naResolução TSE n.º 21.609/2004 e na legislação Eleitoral pertinente,com espeque no inciso II do artigo 53 da Resolução TSE n.º21.609/2004, julgo APROVADAS COM RESSALVAS as contasprestadas, vez que foram identificadas falhas que não comprometema regularidade das contas.Publique-se. Registre-se. Intime-se.Ciência ao Ministério Público Eleitoral.Após o trânsito em julgado, arquive-se observadas as cautelas depraxe.Riacho de Santana, 07 de abril de 2014.RICARDO GUIMARÃES MARTINSJuiz(íza) Eleitoral