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R e v i s t a d e E s p i r i t i s m o C r i s t ã oAno 122 / Março, 2004 / No 2.100

Fundada em 21 de janeiro de 1883

Fundador: Augusto Elias da Silva

ISSN 1413-1749Propriedade e orientação daFederação Espírita Brasileira

Direção e RedaçãoAv. L-2 Norte – Q. 603 – Conj. F (SGAN)

70830-030 – Brasília (DF)Tel.: (61) 321-1767; Fax: (61) 322-0523

Home page: http://www.febnet.org.brE-mail: [email protected]

[email protected]

Para o BrasilAssinatura anual R$ 30,00Número avulso R$ 4,00Para o ExteriorAssinatura anualSimples US$ 35,00Aérea US$ 45,00

Diretor – Nestor João Masotti; Diretor-Substituto e Edi-tor – Altivo Ferreira; Redatores – Antonio Cesar Perride Carvalho, Evandro Noleto Bezerra e Lauro de Oli-veira São Thiago; Secretário – Iaponan Albuquerqueda Silva; Gerente – Amaury Alves da Silva; REFOR-MADOR: Registro de Publicação no 121.P.209/73(DCDP do Departamento de Polícia Federal do Mi-nistério da Justiça), CNPJ 33.644.857/0002-84 –

I. E. 81.600.503.

Departamento Editorial e GráficoRua Souza Valente, 17

20941-040 – Rio de Janeiro (RJ) – BrasilTel.: (21) 2589-6020; Fax: (21) 2589-6838

Capa: Alessandro Figueredo

Tema da Capa: LIVRE-ARBÍTRIO é o tema deste mês.Seu exercício torna-nos responsáveis pelo nossosatos, segundo a Lei de Causa e Efeito.

EDITORIAL 4

Lei de Liberdade

PRESENÇA DE CHICO XAVIER 17Alergia e obsessão – Dias da Cruz

ESFLORANDO O EVANGELHO 21

Liberdade – Emmanuel

A FEB E O ESPERANTO 31X Encontro de Espíritas-Esperantistas no Rio e entrevista de Affonso Soares Cursos de Esperanto na Sede Seccional 33La animo – Augusto dos Anjos 33

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE 36Poder da vontade sobre as paixões – Allan Kardec

CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIONAL 384o Congresso Espírita Mundial

SEARA ESPÍRITA 42

Livre-arbítrio – Juvanir Borges de Souza 5Ingenuidade – Richard Simonetti 8A arte de amar – Adilton Pugliese 9Amor – Joanna de Ângelis 10 União e Unificação – Bezerra de Menezes 11Liberdade de consciência religiosa – Dulcídio Dibo 12Liberdade – Cruz e Souza 14O paradigma da tolerância – Carlos Abranches 15Conclusões populares – Casimiro Cunha 16O aspecto consolador da intervenção dos Espíritos em 18

nossas vidas – Jorge Leite de OliveiraEspírito protetor – Allan Kardec 20As mensagens que vieram de Mulhouse – Kleber Halfeld 22Federação Espírita Amazonense comemora seu 1o Centenário 24

e o Bicentenário de Kardec Yvonne do Amaral Pereira – 20 anos da desencarnação – 25

Affonso Soares Dez passos para um bom relacionamento familiar – 26

Umberto FerreiraLamento paterno – José Guedes 27Dimensões espirituais do Centro Espírita – Parte II – 28

Suely Caldas SchubertPrograma transcendente de conquistas imateriais – 34

Rogério CoelhoOs sentimentos – João Fernandes da Silva Júnior 35Retificando... 35Assembléias Gerais 37

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“Onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.”Paulo – (II Co, 3:17.)

Um dos pontos mais marcantes da mensagem cristã que o Espiritismo revive é a aplicação da Leide Liberdade1. Com o conhecimento dessa lei amplia-se de forma ainda mais profunda a com-preensão da grandiosidade de Deus e de sua Justiça.

Jesus, o guia e modelo para todos nós, a exemplificou, além de nos ensinar, tornando nula qual-quer pretensão de tentar vincular a sua Doutrina, repleta de amor e de sabedoria, aos procedimentosde imposição de idéias que, inúmeras vezes, foram adotados em seu nome. Expressões como: “Sealguém quiser vir nas minhas pegadas, renuncie a si mesmo (...)” 2; “Se me amais, guardai os meusmandamentos (...)” 3; “(...) aquele que quiser tornar-se o maior, seja vosso servo (...)” 4, não deixamduvidas quanto ao respeito que Jesus, em nome da Providência Divina, sempre dedicou ao direitoque todo ser humano tem de exercer a sua liberdade, enfrentar os seus desafios e adquirir a experiênciade que necessita para a sua evolução.

Uma realidade que o estudo da Lei de Liberdade nos demonstra é que ela nunca se apresenta so-zinha. A liberdade, que nos permite agir do modo que quisermos, sempre se faz acompanhar da res-ponsabilidade, que é a resposta das Leis Divinas e Naturais à nossa ação. Isto nos ensina a usar a liber-dade de tal modo que a resposta da Natureza atenda aos nossos interesses de progresso e melhoriaespirituais, construindo a paz junto à nossa consciência. Aprendemos, também, que a liberdade cresceno homem à medida que cresce o seu conhecimento dessas leis, como cresce também, na mesma pro-porção, a sua responsabilidade.

Percebe-se, assim, o equilíbrio em tudo o que nos cerca, presidido pela Lei de Amor que emanade Deus, que nos estimula à prática da caridade plena, como o caminho mais adequado à nossaevolução espiritual, edificada através do exercício consciente da liberdade.

1KARDEC, Allan.O Livro dos Espíritos, Parte 3a, cap. X, p. 383.

2______. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIV, item 18, p. 353.

3Idem, ibidem, cap. VI, item 3, p. 128.

4Idem, ibidem, cap. VII, item 4, p. 135.

EditorialLei de Liberdade

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Todos os Espíritos foram cria-dos simples e ignorantes, dota-dos de livre-arbítrio, para vi-

venciarem o bem ou o mal, con-forme o ensino da Doutrina dosEspíritos (O Livro dos Espíritos, q.120 e seguintes, 83. ed., FEB).

Esse princípio da Terceira Re-velação, tão importante para que ohomem possa entender a si mesmo,começou a ser conhecido com Só-crates e Platão, precursores dos en-sinos do Cristo e do Espiritismo.

A partir dos meados do IV sé-culo antes da Era atual, Sócrates,que não deixou escritos e que foi ví-tima do fanatismo dos crentes nasidéias predominantes de seu tempo,tal como ocorreu com o Cristo,pressentiu várias das idéias transmi-tidas mais tarde aos homens, peloCristianismo e pela Doutrina dosEspíritos (v. “Sócrates e Platão, pre-cursores da idéia cristã e do Espiri-tismo” – inciso IV da Introduçãode O Evangelho segundo o Espiri-tismo – 96. ed., FEB). Platão, seudiscípulo, através de obras escritas,foi quem transmitiu à posteridadeos ensinos de seu mestre.

É com as doutrinas estóicasgregas do século III a.C. e princi-palmente com Epicteto, filósofo es-tóico do século I da nossa Era, queo livre-arbítrio se constitue o fun-

damento essencial das idéias filosó-ficas estóicas e de sua consideraçãomoral.

Epicteto, escravo liberto porNero, exemplifica com sua própriavida a importância do livre-arbítriona fixação da vontade individual,dos desejos e das aspirações.

Mesmo como escravo, nuncadeixou de ser livre, interiormente,para conduzir sua vontade, sereni-dade, moralidade e ataraxia.

Não há como negar-se a proxi-midade dessas idéias com os ensi-nos cristãos e espíritas, que baseiama responsabilidade individual na li-berdade de escolha, no livre-arbítriode cada ser humano, encarnado ounão.

O livre-arbítrio é a expressãoda vontade do Espírito no discer-nimento de seus pensamentos eações.

Por isso, o Criador dotou cadaEspírito, desde o início de sua cria-ção, da liberdade de pensar e deagir.

Nenhum ser humano é levadoà prática do mal por fatalidade, oupor determinismo da lei natural.

A fatalidade, como ensinaramos Espíritos Reveladores, correspon-de à escolha, feita pelo próprio Es-pírito, de determinadas provas quedeve sofrer no plano físico, comoresgate ou aperfeiçoamento. Nessecaso, o que aparenta ser uma fatali-dade, uma espécie de destino, nadamais representa senão a prévia esco-lha do próprio Espírito, no uso desua liberdade.

Se a aparente fatalidade ocorreno plano físico das provas, o mes-mo não acontece no que concerneàs provas morais, às fraquezas, àstentações ao mal, nas quais o Espí-rito conserva sempre o livre-ar-bítrio, dependendo de sua vontadeceder ou resistir às influências exte-riores.

...É de extrema importância a

contribuição da Doutrina Espíritapara o esclarecimento do que repre-senta o livre-arbítrio, dentro da leide liberdade, de que goza o ho-mem, como lei natural.

Por falta de entendimento dolivre-arbítrio e de suas conseqüên-cias, a maior parte das grandes reli-giões do passado e do presente inci-dem em erros graves referentes àresponsabilidade individual de cadacriatura humana e à compreensãoda lei natural, ou divina.

Somente com o Espiritismo, oConsolador, foi possível o entendi-mento racional da Justiça Divina,que leva em consideração o pensa-mento de cada ser, sua liberdade deagir, as circunstâncias em que se en-contra, os embaraços que se opõemà liberdade e à responsabilidade fi-nal do Espírito.

Assim, nas primeiras fases daexistência, em que a criança nãotem o livre-arbítrio e a vontade emsua plenitude, sua responsabilidadese ajusta à situação passageira.

Do mesmo modo, aquele quetem suas faculdades de pensar e agir

Livre-arbítrioJuvanir Borges de Souza

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perturbadas, por qualquer causa,como na idiotia e doenças mentaisgraves, sua responsabilidade poratos praticados será proporcional aoconstrangimento que sofre.

Entretanto, se o indivíduo pro-cura cercear, conscientemente, suasfaculdades de discernimento, atra-vés de drogas ou da embriaguez,sua responsabilidade duplica, já queprocurou anestesiar propositalmen-te sua razão.

Quanto maior for a faculdadede discernimento, quanto mais de-senvolvida a inteligência, maior se-rá também a responsabilidade indi-vidual.

Por desconhecerem a importân-cia do livre-arbítrio e da vontade in-dividual na vivência de cada um, asteologias de várias procedências pro-curaram ajustar as crenças, os dog-mas, as práticas e cultos às diversasconcepções religiosas de Deus, atri-buindo-lhe, muitas vezes, injustiçasque nem os homens praticam, comoa “salvação pela fé”, a “salvação pelosangue de Cristo”, o “fora da Igrejanão há salvação”, o “estava escrito” eoutros muitos enganos, em totalcontradição com as leis de Amor eJustiça que promanam do Criador.

Entretanto, Santo Agostinho,que viria a ser um dos integrantesda plêiade de Espíritos Superioressob a égide do Espírito da Verdade,já no IV século d.C., discorrendosobre o livre-arbítrio, considera-va-o como um dom de Deus e queo seu bom ou mau uso levaria o serhumano à felicidade ou à desdita.

Se o livre-arbítrio é um domde Deus a cada Espírito criado, pa-ra que cada qual escolha o caminhoa seguir, em todas as ações de suavida, o ideal a alcançar será a pleni-tude do Bem em cada um de nós.

Em mundos atrasados, como aTerra, estamos longe dessa pleni-tude.

Essa constatação não é paranosso desânimo, mas para cons-cientizar-nos de que temos as con-dições de seguir à frente.

O Cristo de Deus já traçara di-retriz correta para todos os habitan-tes deste orbe para a libertação in-terior: “Conhecereis a verdade e averdade vos libertará.” (João, 8:32.)

Hoje, temos à nossa disposiçãoo conhecimento das leis e dos prin-cípios superiores que nos desven-dam a verdade e que nos vão liber-tando das amarras da ignorância eda maldade.

Quanto mais se adianta o Es-pírito, em conhecimento e em mo-ralidade, mais cresce seu livre-ar-bítrio, sua liberdade de escolha, suaresponsabilidade. Por isso, o ho-mem, mais esclarecido nas socieda-des modernas, também é mais res-ponsável que o ignorante, por suasações.

Detentor do livre-arbítrio, ohomem está sujeito, entretanto, àsinfluenciações do meio em que vi-

ve, dos costumes e dos usos da so-ciedade a que pertence e também àsinfluências dos seres espirituais in-visíveis. Sua maior ou menor sujei-ção a todas essas sugestões dependede sua vontade, de sua maior oumenor firmeza nas convicções paraobrar no bem ou no mal.

A libertação e a redenção decada um apóiam-se na aceitação dasresponsabilidades e no cumprimen-to de todos os deveres, de ordemmoral, espiritual e social prescritosnas leis naturais que regem a vida.

As dificuldades para a aceitaçãoe o cumprimento desses deveres va-riam de conformidade com a cons-ciência, a vontade de cada Espíritoe a capacidade que cada um apre-senta dentro das diversas categoriasem que podem ser classificados:maus, ignorantes, convertidos aoBem, arrependidos, redimidos, bons,superiores.

A liberdade de que gozam oshabitantes terrestres não é, nem po-deria ser, de caráter absoluto, dian-te da condição do nosso mundo deexpiações e provas.

Da liberdade plena só gozam,por conquista, os Espírito puros,aqueles que chegaram ao ápice daescala evolutiva e que se colocam aserviço do Criador, a InteligênciaSuprema. Jesus é o exemplo e omodelo para a Humanidade ter-restre. Por isso, Ele se declarou o Fi-lho de Deus, uno com o Pai, nosentido de cumpridor e executor detodas as suas leis.

Opondo-se ao livre-arbítriocomo integrante da alma humana,desde sua criação, como ensinam osEspíritos Reveladores, correntes fi-losóficas radicalmente contrárias aesse dom natural ainda subsistem,oriundas de pensadores e filosofias

A liberdade

de que gozam

os habitantes

terrestres não é,

nem poderia ser,

de caráter

absoluto

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antiqüíssimos, que até hoje influen-ciam religiões e concepções, tais co-mo o fatalismo, o determinismo e apredestinação.

O fatalismo absoluto procuramostrar que todos os acontecimen-tos, por mínimos que sejam, estãopredeterminados por um poder so-brenatural, cabendo ao homem con-formar-se com seu destino, bom oumau.

Para o determinismo, o ho-mem não é livre para agir, uma vezque está subordinado a muitas con-tingências às quais não pode fugir,tais como a raça a que pertence,com suas inclinações e costumes, osprincípios religiosos que segue, aeducação, a instrução e os hábitosadquiridos, o sexo, a saúde física emental, etc.

Já os que admitem a predesti-nação se baseiam na crença em umpoder divino que distribui sua gra-ça privilegiando determinadas cria-turas, enquanto assinala outras pa-ra uma atuação reprovável. Dessaforma, não cabe ao homem decidiro que quer, mas simplesmente con-formar-se com a vida que recebeu,que o conduzirá, após a morte, aocéu ou ao inferno.

Infelizmente, religiões respeitá-veis que chegaram aos dias atuaisadmitiram em seu seio determina-das correntes de pensadores queaceitam e seguem essas doutrinasdesviadas da realidade.

...“15 – Desconhecemos a ori-

gem e o modo de criação dos Espí-ritos; apenas sabemos que eles sãocriados simples e ignorantes, isto é,sem ciência e sem conhecimento dobem e do mal, porém perfectíveis ecom igual aptidão para tudo adqui-

rirem e conhecerem, com o tempo.A princípio, eles se encontram nu-ma espécie de infância, carentes devontade própria e sem consciênciaperfeita de sua existência.

16 – À medida que o Espíritose distancia do ponto de partida,desenvolvem-se-lhe as idéias, comona criança, e, com as idéias, o livre--arbítrio, isto é, a liberdade de fazerou não fazer, de seguir este ou aque-le caminho para seu adiantamento,o que é um dos atributos essenciaisdo Espírito.” (Obras Póstumas, deAllan Kardec – Primeira parte –Profissão de Fé Espírita Raciocina-da – p. 36, 37 – 24. ed., FEB).

Sem o livre-arbítrio de que foidotado pelo Criador, o homem nãoteria culpa na prática do mal, nemmérito na prática do bem. Sua von-tade está estreitamente ligada à li-berdade de que goza.

Os ensinos e esclarecimentosda Doutrina Espírita, com sua coe-rência diante da realidade da vida,respondem a todas as indagações deordem filosófica, religiosa, ética emoral sobre o livre-arbítrio indivi-dual, conjugado com o determinis-mo de certos acontecimentos, co-mo a fatalidade da morte física, porexemplo.

Mas é sempre necessário lem-brar que há uma sucessão de exis-tências do Espírito, na Terra e emoutros mundos, e não uma únicavida, como equivocadamente in-terpretaram as Igrejas os ensina-mentos oriundos do Cristianismoprimitivo.

A liberdade da alma humana étão preciosa, como parte integrantedo ser, que a Humanidade, na pas-sagem pelas mais diversas formas deorganização social, chegou à con-clusão de que essa liberdade interior

do homem precisava expandir-sepelas instituições humanas.

Assim, após milênios em que aorganização social ficou sujeita aopoder dos potentados, dos reis ab-solutistas, aos abusos dos mais for-tes, à escravidão dos vencidos e àexploração dos mais fracos, o ho-mem começou a perceber que essaliberdade interior de que é dotadodeveria expandir-se para o exterior,como luz a iluminar a convivêncianas sociedades humanas.

Esse culto à liberdade, contratodas as formas de subjugação, ex-pandiu-se com o Iluminismo dosséculos XVII e XVIII, culminandocom a Revolução Francesa de 1789e com a abolição da escravidão emdiversos países do mundo.

A liberdade de cada um podeexpandir-se até à liberdade dos ou-tros indivíduos, formando uma ca-deia solidária.

Somente com a conquista daliberdade, dentro dos limites da res-ponsabilidade dela resultante, foipossível o reconhecimento dos di-reitos das minorias, o reconheci-mento e a expansão de idéias novascontrárias a outras assentes e aceitaspela maioria, a retificação de errosseculares, a reorganização de leishumanas injustas e iníquas.

Do livre-arbítrio resultam asmais sérias conseqüências para a or-dem social, para a educação, para ajustiça, para a legislação em geral.

A Doutrina Consoladora trazesclarecimentos decisivos sobre overdadeiro sentido do livre-arbítrio,patrimônio de todo ser humano.Está contribuindo decisivamente,com esse conhecimento, para evitara influência perniciosa do materia-lismo multifário sobre a naturezado homem e sobre seu futuro.

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Estava “a perigo”.Precisava, urgentemente, dedinheiro. Após “passar nos cobres” objetos

de uso pessoal e variados pertences,decidiu vender algo menos palpável.

A própria alma!Anunciou num site de leilões

da Internet e, pasme leitor amigo,encontrou comprador!

Vendeu a indigitada por trintae um dólares, entregue ao feliz (?)comprador, acondicionada num vi-dro vazio de doce, devidamentetampado.

Moral da história:Jamais perderemos dinheiro,

apostando na ingenuidade humana. Sempre há alguém disposto a

pagar pelo absurdo.

...Essa curiosa notícia lembra um

dos grandes clássicos da literaturauniversal:

Fausto, de Goethe (1749-1832),em que o personagem-título vendesua alma ao demônio.

O tinhoso dispôs-se a atenderseus desejos na Terra para tiranizá--lo no Além.

Segundo a teologia ortodoxa,demônios foram anjos que pecaramantes da criação de Adão e foramcondenados ao inferno.

Conservando a inteligência e ospoderes angelicais, passaram a em-pregá-los para exercitar o mal, pro-curando induzir à perdição nós ou-tros, pobres mortais, alheios às suasdesavenças com o Todo-Poderoso.

Os anjos rebelados têm produ-zido estragos imensos, sempre dis-postos a “comprar” as almas, explo-rando as fraquezas humanas.

É fácil constatar isso. Basta observar o panorama de-

solador de nosso mundo, onde sesucedem, incessantes, guerras, cri-mes, mentiras, traições, vícios, en-volvendo indivíduos e coletivida-des, perpetuando desajustes e dores.

Tem-se a impressão de que osdemônios são mais poderosos queDeus, pondo em dúvida atributosdivinos como:

Onisciência.Criou anjos sem saber queiriam perder-se, nem que in-duziriam os homens à per-dição.

Onipotência.Não conseguiu evitar que seperdessem.

Amor infinito.Não ofereceu infinitas opor-tunidades de reabilitação.

Justiça.Impôs-lhes eterna danação,sem considerar que a exten-são da pena não pode ultra-passar a natureza do crime.

...

A Doutrina Espírita desfaz mi-lenares enganos a respeito do De-mônio.

Não há seres devotados eterna-mente ao mal. Apenas filhos rebel-des de Deus, submetidos a leis ine-xoráveis de evolução, que mais cedoou mais tarde modificarão suas dis-posições, reconduzindo-os aos ro-teiros do Bem.

Jesus afirmava que Deus nãoquer perder a nenhum de seus fi-lhos, e não perde mesmo, ou nãoseria o Onipotente. Sob a regênciadivina, os demônios de hoje serãoEspíritos perfeitos, amanhã.

Séculos de lutas e sofrimentos,no desdobramento de suas expe-riências evolutivas, porão juízo emsuas mentes conturbadas, desper-tando neles a nostalgia de Deus.

...Em última instância, diabos

somos nós, quando nos comprome-temos com o mal.

“Vendemos” nossa integridadepor ninharias, aos demônios inte-riores da cobiça, da ambição, do ví-cio, dos prazeres sensoriais, e perde-mos o rumo da vida.

Arremedos do gênio da lâm-pada de Aladim, cerceamos volun-tariamente nossas potencialida-des de filhos de Deus, ao nos tor-narmos meras “almas em conser-va”, voluntariamente prisioneirosde reluzentes e comprometedoraspaixões.

IngenuidadeRichard Simonetti

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Oescritor italiano Leo Buscaglia(1924-1998), naturalizadoamericano, escreveu um livro

sobre o que ele chama de a maiorexperiência da vida: o amor. E deuao livro o título Amor. Os dois ca-pítulos iniciais ele dedica a exa-minar duas questões básicas: 1 – oamor é um fenômeno que se apren-de; 2 – o homem precisa amar e seramado. “Psicólogos, psiquiatras, so-ciólogos, antropólogos e educado-res já sugeriram em inúmeros estu-dos e trabalhos que o amor é umaresposta aprendida, uma emoçãoaprendida. O modo como o ho-mem aprenderá a amar parece estardiretamente relacionado com suacapacidade de aprender, com aque-les no seu ambiente que o ensina-rão, assim como com o tipo, a ex-tensão e a sofisticação de sua cul-tura.”1

Há muitos exemplos relativosa essa questão das origens culturaisdo ser, do ambiente em que vive,influenciando decisivamente emsua capacidade de aprender a amar.Se amar se aprende amando, pode-mos dizer, também, que ser amadoé fator fundamental na vida do serhumano. Madre Teresa de Calcutáse referia a essa questão, ao declararque era muito triste constatar aexistência de seres humanos quenão eram amados. Carl Gustav Jung

(1875-1961) no livro O Desenvol-vimento da Personalidade, se refe-re a crianças com transtornos, limi-tadas, declarando que lhes faltava oefeito psíquico alimentador de suasmães, “de que toda a criança preci-sa necessariamente para viver”.2

Amar e ser amado poderiamser uma questão de educação? Deensino-aprendizado? Ao refletir so-bre essa questão lembrei-me que Al-lan Kardec, em O Livro dos Espíri-tos, na questão 685, define a edu-cação como uma arte, a arte de for-mar os caracteres. Porque, afirma, aeducação é o conjunto dos hábitosadquiridos.3

O amor seria, então, uma Ar-te? Quem assim pergunta é outroestudioso do comportamento hu-mano, o psiquiatra alemão, natura-lizado americano Erich Fromm(1900-1980), autor de várias obras.Uma delas ele escreveu sobre essefascinante assunto, a arte de amar,que é o título do livro. É o amoruma arte? Pergunta, então, ErichFromm. Se o é, diz, exige dois pro-cedimentos: conhecimento e esforço.

Fromm declara que muitaspessoas acreditam que o amor éuma sensação agradável, que se ex-perimenta por acaso, algo em quese “cai” quando se tem sorte, nãosendo, assim, uma coisa que neces-site ser aprendida. Ele destaca trêserros que levam à idéia de nada ha-ver para ser aprendido a respeito deamar.4

Primeiro erro: a maioria daspessoas vê o problema do amor, an-

tes de tudo, como o de ser amado,em lugar do de amar, da capacida-de de alguém para amar. Para mui-tas pessoas o problema é como se-rem amadas. Na busca desse alvoseguem diversos caminhos. Um de-les é ter sucesso, ter todo o poder eriqueza que a posição social permi-tir. Outro é tornarem-se atraentes,pelo cuidado com o corpo, o ves-tuário, o desenvolvimento de ma-neiras agradáveis, a etiqueta, a con-versação interessante etc;

Segundo erro (de que nada háa aprender a respeito de amar): é aidéia de que o problema do amor éo problema de um objeto e não ode uma faculdade. Pensa-se queamar é simples, mas que é difícilencontrar o objeto certo a amar –ou pelo qual ser amado;

Terceiro erro: consiste na con-fusão entre a experiência inicial decair enamorado e o estado perma-nente de estar amando, de perma-necer em amor.

Esses três erros, de que nada émais fácil do que amar têm provo-cado muitos fracassos, frustrandomuitas esperanças e expectativas.Como superar esses equívocos?Fromm recomenda uma atitude:tornar-se consciente de que o amoré uma arte, assim como viver é umaarte. Se quisermos aprender como seama, devemos proceder do mesmomodo como agiríamos se quisésse-mos aprender qualquer outra arte,seja a música, a pintura, a medici-na, o que envolve, necessariamente,o domínio da teoria e da prática.

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A arte de amarAdilton Pugliese

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Muitos consideram que o amoré constituído pelo objeto, acredi-tando que a prova da intensidadedo amor está em “não amar nin-guém além da pessoa amada”. Éum equivoco que não permite verque o amor é uma faculdade da al-ma, destaca o autor de A Arte deAmar.

Fromm faz um estudo entrevários tipos de amor: o amor frater-no; o amor materno; o amor eróti-co; o amor-próprio; o amor deDeus (que ele chama a forma reli-giosa de amor). Declara, contudo,que a mais fundamental espécie deamor, que alicerça todos os tipos deamor, é o amor fraterno, elevado àexcelência dos sentimentos por Je-sus quando declarou: ama o teupróximo como a ti mesmo.5

O escritor enfatiza que o amorfraterno é excelente porque é amorpara todos os seres humanos, carac-terizando-se pela falta de exclusivi-dade e que só no amor ao desampa-rado, ao pobre e ao estranho é queo amor começa a desdobrar-se, con-clui.

Allan Kardec, o inesquecívelCodificador da Doutrina Espírita,é um dos grandes exemplos desseamor. Sua capacidade de amar aHumanidade o fez deixar tudo, to-dos os objetos de amor que o inte-ressavam (os livros didáticos, a rea-lização profissional e social comopedagogo e diretor de educandáriosetc.) para dedicar-se à missão deCodificador do Espiritismo, amorque ele confirmou ao concluir OLivro dos Espíritos: “(...) Foi a obrade minha vida. Dei-lhe todo o meutempo, sacrifiquei-lhe o meu repou-so, a minha saúde, porque diantede mim o futuro estava escrito emletras irrecusáveis.”6

O Espírito Joanna de Ângelis,quando de sua reencarnação no sé-culo XVII, no México, na persona-lidade de Sóror Juana Inés de laCruz (1651-1695), destacou-se pe-la sua inteligência e vasta cultura,dominando retórica, latim, ciênciase o idioma português. Dedicava-seà poesia, à música, aos seus escritosem sua imensa biblioteca de maisde quatro mil volumes. Um dia,porém, meditativa, questionou-se edecidiu por movimentar-se. Perce-beu, naquele instante em que os si-nos do Convento tocavam a horado angelus que para estar com Jesusprecisava dar tudo o que tinha esegui-lO. E se desfaz da tranqüili-dade do seu gabinete de estudos, daleitura de uma obra rara, e vai paraa periferia para “lavar as feridas dosirmãos anônimos e sofridos, socor-rendo todas as necessidades”. Redi-reciona, assim, os objetos do seuamor em prol dos mais necessita-dos, norteando os seus passos paraa Caridade, para o amor fraterno.7

Os espíritas, encontraremossempre a ênfase da importância doamor fraterno em Jesus e no Espíri-to de Verdade. O primeiro, quando

sentenciou: “Nisto conhecerão todosque sois meus discípulos, se vosamardes uns aos outros”.8 E o se-gundo por conclamar: “Espíritas!amai-vos, este o primeiro ensinamen-to; instruí-vos, este o segundo.” 9

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1BUSCAGLIA, Leo. Amor. 6. ed., Rio de Ja-neiro:Editora Record., p. 47.

2JUNG, Carl Gustav. O Desenvolvimento daPersonalidade.s/ed.São Paulo: Círculo do Li-vro, p. 104.

3KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 83.ed., Rio de Janeiro: FEB. 2002, Parte 3a,cap. III, Comentário de Kardec, p. 331.

4FROMM, Erich. A Arte de Amar. 3. ed., Be-

lo Horizonte:Ed.Itatiaia,1964. p. 19 e ss. 5Id. ibid, p. 50.

6KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 30. ed.

Rio de Janeiro: FEB, 2002, Constituição do Es-

piritismo, item X, p. 376.

7NORONHA, Altiva Glória F. O Peregrino doSenhor. 1. ed., Salvador: LEAL, p.127 e ss.8João 13:35.

9KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Es-piritismo. 121. ed., Rio de Janeiro:FEB, 2003,

cap. VI, item 5, p.130.

10 Reformador/Março 200488

Um estudo filosófico doamor apresenta-o sob

dois aspectos a considerar:o que procede das tendências eleti-vas e o das inclinações domésticas.No primeiro grupo estão as ex-pressões do ideal ou manifestaçõesplatônicas, o que dimana da razão,o sensual, o fisiológico... E no ou-tro, os da consangüinidade, tais: oamor familial, o conjugal...

O amor por eleição procededas fontes íntimas do sentimento ese expressa na oscilação variável dos

impulsos imediatos, des-de a brutalidade, em quese exterioriza, animaliza-

do, até às excelentes manifestaçõesdo fervor estético e estésico, em quese sublima, nas culminâncias dasantidade.

Joanna de Ângelis

Fonte: FRANCO, Divaldo P. Estudos Es-píritas. 7. ed., Rio de Janeiro: FEB,1999, cap. 21, p. 159. Transcrição par-cial.

Amor

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Reformador/Março 2004 1189

Filhas e filhos da alma,que Jesus nos abençoe!

Aunião dos espíritas é ação que não pode ser pos-tergada e a unificação é o laço de segurança des-sa união.

A união vitaliza os ideais dos trabalha-dores, mas a unificação conduz comequilíbrio pelas trilhas do serviço.

A união demonstra a excelên-cia da qualidade da Doutrina Es-pírita nos corações, mas a unifi-cação preserva essa qualidade,para que passe à posteridadeconforme recebemos do ínclitoCodificador.

Em união somos felizes.Em unificação estamos garan-tindo a preservação do Movi-mento Espírita aos desafios do fu-turo.

Em união teremos resistênciapara enfrentar o mal que existe em nóse aquele que cerca o nosso caminho, ten-tando impossibilitar-nos o avanço. Em unifica-ção estaremos consolidando as atividades que o futu-ro coroará de bênçãos.

Em união marcharemos ajudando-nos reciproca-mente. Em unificação estaremos ampliando os hori-zontes da divulgação doutrinária em bases corretas eequilibradas.

Com união demonstraremos a nós mesmos queé possível amar sem exigir nada. Com unificaçãocolocaremos as idéias pessoais em planos secundários,objetivando a coletividade.

Com união construiremos o bom, o belo e o no-bre. Com unificação traremos de volta o pensamentodo Codificador, preservando a unidade da Doutrinae do Movimento Espírita. Com união entre os com-panheiros encarnados, tornaremos mais fácil o inter-

câmbio entre nós outros, os que os precedemosna viagem de volta, e eles, que rumam pe-

la estrada difícil. Com unificação esta-remos vivenciando o Evangelho de

Jesus quando o Mestre assevera:“Um só rebanho, um só pastor.”

Unindo-nos, como verda-deiros irmãos, estabeleceremoso laço de identificação com ospropósitos dos Mentores daHumanidade, que esperam ainfluência que o Espiritismoprovocará no mundo, à medida

que seja conhecido e adotadonas áreas da ciência, das artes, do

pensamento filosófico e das re-ligiões.

União para unificação, meus filhos,é o desafio do momento.Rogando a Jesus que nos abençoe e nos

dê a sua paz, o servidor humílimo e paternal desempre,

Bezerra

(Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo P. Fran-co, por ocasião do encerramento do 1o Congresso Espírita doEstado Rio de Janeiro, na manhã de 25/1/2004, na sede da Fe-deração Espírita do Rio de Janeiro, em Niterói.)

União e UnificaçãoMensagem do Dr. Bezerra de Menezes no

1o Congresso Espírita do Estado do Rio de Janeiro

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12 Reformador/Março 200490

No estudo interdisciplinar en-tre Doutrina Espírita e a So-ciedade Brasileira, convém re-

visitar temas sempre atuais e opor-tunos como liberdade de consciên-cia, tolerância e fanatismo religioso.A propósito, nas Civilizações Anti-gas, como a Egípcia e a Greco-Ro-mana, surgiram frases memoráveisem defesa do direito de expressão.O filósofo Demóstenes (384-323a.C.), na Civilização Grega, em dis-cursos como “Philippicas”, Olym-phicas declarava que não pode exis-tir maior calamidade ao homemde que “ser privado da liberdade deexpressão”.

Liberdade de Consciência –Neste sentido, na Civilização Oci-dental, dita Cristã, durante o perío-do chamado Iluminismo (séculoXVIII) surgiu a idéia de tolerânciacom base na afirmação de que nãoexiste uma verdade absoluta en-tre os homens, principalmente emquestões religiosas. Este movimen-to renovador consistia em admitiro poder da Razão de reorganizar omundo do homem1. Daí nasceu aliberdade de consciência, e a expres-são de maior impacto foi a do filó-sofo francês Voltaire (1695-1778),ao afirmar: “Discordo do que dizes,

mas defenderei até a morte teu di-reito de dizê-lo.” E, na obra Trata-do sobre a Tolerância conclamava:“Oh, Deus de todos os seres, mun-dos e dos tempos. Fazei com que asdiferenças entre nossos costumes ri-dículos, entre nossas opiniões in-sensatas, tão desproporcionadas aosnossos olhos, e tão iguais diante deVós, não sejam sinais de ódio e per-seguição.”

A luta pela liberdade de cons-ciência e tolerância religiosa prosse-guiu nos séculos seguintes, até, fi-nalmente, ser reconhecida pelaOrganização das Nações Unidas(ONU) em 1948 com a DeclaraçãoUniversal dos Direitos do Homem:“Todo homem tem direito à liber-dade de pensamento, consciência ereligião.” No Brasil está asseguradana Constituição Brasileira, em seuartigo 5o, inciso VI, que garante aliberdade de consciência e decrença2. E ainda mais: conforme oPlano Nacional de Direitos Huma-nos (PNDH), a intolerância e aagressão religiosa devem passar aser consideradas crimes contra osdireitos humanos. Allan Kardec,em O Livro dos Espíritos, conside-ra na questão 835: “A consciência éum pensamento íntimo, que per-tence ao homem (...).”3 E, na ques-tão 837 completa: “(...) A liberda-de de consciência é um dos ca-racteres da verdadeira civilizaçãoe do progresso.”4 De outro lado,

Allan Kardec ainda retrabalha como conceito de consciência, emObras Póstumas, quando declara:“A Doutrina Espírita proclama a li-berdade de consciência, como direi-to natural; reclama-a para si e paratodos; respeita toda convicção sin-cera e pede reciprocidade”.5 E é porisso que em decorrência da liberda-de de consciência pode resultar, emmatéria de fé religiosa, o direito delivre-exame, principalmente, dosEvangelhos, como efetivamenteacontece, na Doutrina Espírita,quando os analisa e interpreta, no-tadamente, na obra O Evangelhosegundo o Espiritismo.6

Fanatismo Religioso – Estasconsiderações nos levam a procurardefinir liberdade como a capacida-de do homem consciente de “auto-determinar-se, ante a multiplicida-de de alternativas de opções quese lhe oferecem, em cada situaçãoconcreta, agindo ou deixando deagir, desta ou daquela maneira”7.Desta forma, a liberdade de cons-ciência está relacionada com a tole-rância religiosa, da mesma manei-ra que a ausência de liberdade deconsciência está em relação diretacom o fanatismo religioso. A pro-pósito, a expressão “fanatismo” pro-vém do latim “fanaticus = de “fa-num” que significa templo ou lugarconsagrado ao culto; daí “fanático”era o indivíduo que acreditava naconsagração de uma divindade pre-

Liberdade de consciência religiosa

Dulcídio Dibo

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sente no culto: era o crente de umadivindade.

Conseqüência do Fanatismo –Contudo, a expressão “fanático”evolui designando “a aceitação in-condicional de um indivíduo a umaidéia e no sentido mais amplo, aaceitação de uma ideologia” (comoa de um partido político entre ou-tras) bem como de uma crença, sei-ta e, notadamente, de uma religião.

Neste contexto, o fanático queacredita que sua verdade é a única,possui características fundamentais,como:

a) o fanatismo reprime no fa-nático o exercício de suas capacida-des críticas, onde sempre observaqualidades ou superestima a sua;ou, no sentido oposto, defeitos edepreciações, combatendo, por is-so, com ódio implacável os que sãocontrários à crença, seita ou religião.É por isso que se afirma que o faná-tico é um verdadeiro fabricante deídolos ou de vítimas;

b) o fanatismo desperta no fa-nático uma disposição de auto-imo-lação, levando-o a dedicar-se ao ob-jeto de seu fanatismo com exclu-sividade, podendo mesmo chegar àsua própria destruição, como, aliás,se observa atualmente nas disputasgeopolíticas no Oriente Médio, in-timamente relacionadas com a re-ligião.8

Egoísmo e Ambição – No sen-tido do fanatismo religioso, o Espí-rito André Luiz, nos ensina que, naatualidade, se acham em perigo to-dos aqueles indivíduos que preten-dem transformar o próximo, procu-rando conquistá-lo de uma horapara outra, aos golpes de pregaçõesverbais. Na verdade, admite-se quea religião deveria ser para todos oshomens a compreensão do senti-

mento divino “(...) que prende ohomem ao Criador”9, contudo, mui-tos deles, há séculos, até presente-mente, estavam mergulhados noegoísmo e na ambição hegemônica,pelo domínio mundial.

Emmanuel, neste sentido, napsicografia de Francisco CândidoXavier, nos auxilia: “Dessa falsa in-terpretação têm nascido no mundoas lutas antifraternais e as dissensõesreligiosas de todos os tempos.”10 Épor isso que se reafirma que a reli-gião precisa constituir-se tal comoum viveiro de idéias espiritualistase não numa prisão do pensamentohumano.

Compromisso Espírita – Nestesentido, emerge a posição do Movi-mento Espírita brasileiro (FEB) e doConselho Espírita Internacional(CEI), ao assinarem o documento doEncontro de Cúpula Mundial dosLíderes Religiosos e Espirituais pelaPaz Mundial, promovido pela Orga-nização das Nações Unidas (ONU)em agosto de 2000.

Diz o documento Compromis-so com a Paz Global, dentre váriasoutras considerações, “(...) que as

religiões têm contribuído para a pazno mundo, mas também têm sidousadas para criar divisão e alimen-tar hostilidades”. Destacamos, dostermos do Compromisso, redigidosem 11 itens, os dois primeiros:

“1. Colaborar com as NaçõesUnidas e com todos os homens emulheres de boa vontade, em âm-bito local, regional e global, nabusca da paz em todas as suas di-mensões;

2. Conduzir a Humanidadeatravés de palavras e obras a umrenovado compromisso com os va-lores éticos e espirituais, que in-cluem um profundo sentido de res-peito por todas as formas de vida epela dignidade inerente a cada pes-soa e o seu direito de viver em ummundo livre da violência.” 11

Parece, contudo, existirem ain-da intolerância, segregação, fanatis-mo, daí a exclusão social, no Brasil,em relação à esfera da cultura negra(considerada periférica) em relaçãoà cultura branca (central e hegemô-nica).

Auto-de-fé – No passado, umexemplo de fanatismo religioso quegerou intolerância se materializoutambém, na Inquisição espanhola eportuguesa, no chamado auto-de-fé.Este constituía em identificar “crimesde tolerância”, quer dizer, crimes nas-cidos na mente de indivíduos cristãose não-cristãos que possuíam idéiasdiferentes ao Poder eclesiástico daépoca.12

No presente, embora não seconstitua mais como um auto-de--fé, no Brasil, a intolerância religio-sa leva à apropriação exclusiva dosEvangelhos por segmentos da reli-giosidade cristã. Neste contexto,não obstante, admitimos que a li-berdade de consciência religiosa le-

91

As religiões têm

contribuído para a

paz no mundo, mas

também têm sido

usadas para criar

divisão e alimentar

hostilidades

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va ao livre-exame dos Evangelhos.E, como sabemos, Jesus de Nazarénão explicitou a existência de her-deiros com poderes hegemônicossobre os Evangelhos, nem afirmouque seria esta ou aquela interpreta-ção bíblica, a verdadeira fé cristã.

Legado Sublime – Nesta con-clusão em que se interrelacionamtemas como liberdade de consciên-cia, tolerância e fanatismo religioso,que levam à exclusão social, con-vém recordar pensamentos oportu-nos de Emmanuel. Este sinaliza quea Doutrina Espírita explicita que areligião irrepreensível do espíritohumano perante Deus repousa aci-ma de tudo no serviço ao próximo,bem como no amor e no trabalhoem ação (caridade), além da tran-qüilidade de consciência. E é por is-to que ao espírito consciente, seaconselha: “(...) Fujamos ao prose-litismo fanatizante (...).

Fé espírita é libertação espiri-tual (...).

(...) Evangelho é alegria. Não ésistema de restringir as idéias ou to-lher as manifestações, é vacinaçãocontra o convencionalismo absor-vente.

Busquemos o povo – a verda-deira paixão de Jesus (...).”13 Eis porque Emmanuel, finalmente, podesinalizar: “A religião viverá entre ascriaturas, instruindo e consolando,como um sublime legado.”14

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1ARANHA, M. K. e MARTINS, M. H. P. Fi-losofando: Introdução à Filosofia, Ed. Moder-

na, São Paulo, p. 428.

2Constituição da República Federativa do Brasil.Título II, Art. 5o inciso VI, julgar Publ. Ltda/

/Uniban. São Paulo, p. 238.

3KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 83 ed.,

Rio de Janeiro: FEB, 2002, Parte 3a, cap. X,

perg. 835.

4Idem, ibidem, perg. 837.

5 ______. Obras Póstumas. 30. ed., Rio de

Janeiro: FEB, 2001.

6 ______. O Evangelho segundo o Espiritismo.

121. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2003, cap. XIX.

7Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo, Ed.

Ministério da Educação e Cultura (MEC), Rio

de Janeiro, p. 307.

8Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo,

idem, p. 221.

9 XAVIER, Francisco C. Emmanuel, pelo Es-

pírito Emmanuel. 22. ed., Rio de Janeiro: FEB,

2003, cap. IV, item Religião e religiões, p. 37.

10______.O Consolador, pelo Espírito

Emmanuel. 23. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2001,

perg. 292.

11Reformador, outubro de 2000, Compromissocom a Paz Global, p. 312-313.12

Dicionário Brasileiro Enciclopédico Globo,

Ed. Globo, Porto Alegre, p. 184.13

XAVIER, Francisco C. e VIEIRA, Waldo. OEspírito da Verdade, por Vários Espíritos (pelo

Espírito Ewerton Quadros). 12. ed., Rio de

Janeiro: FEB, 2000, cap. 38, p. 95-96.14

XAVIER, Francisco C. Emmanuel, pelo Es-

pírito Emmanuel. 22. ed., Rio de Janeiro: FEB,

2003, cap. IV, item O sublime legado, p. 37.

92

LiberdadePara ser livre da mundana escória,E alcançar a amplidão rútila e bela,Vence os rijos furores da procelaQue te freme na carne transitória.

Despe os adornos da ilusão corpóreaE abraça a estranha e rígida tutelaDa aflição que te humilha e te flagela,Por teu caminho de esperança e glória.

Agrilhoado à cruz do próprio sonho,Vara as trevas do báratro medonho,Nos supremos martírios da ansiedade!...

E, ave distante dos terrestres limos,Celebrarás na pompa de Áureos Cimos,A conquista da Eterna Liberdade.

Cruz e Souza

Fonte: XAVIER, Francisco C. Poetas Redivivos. Diversos Espíritos, Rio deJaneiro: FEB, 1994, 3. ed., cap. 23, p. 47.

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Não há tolerância quan-do nada se tem a perder, menosainda quando se tem tudo a ga-nhar em suportar, isto é, em na-da fazer.

André Comte-Sponville

Tolerância é o ato de respeitar asdiferenças.É colocar em prática um dos

pilares da ética universal. É agircom base em valores integrais, quenão dizem respeito a crenças provi-sórias e passageiras, muito emborao ser que tolera se sirva delas parafazer da atitude tolerante uma pos-tura definitiva, que marque o seutempo e a sua vida.

O pensamento que inspira es-ta página é do filósofo francês con-temporâneo André Comte-Spon-ville, mestre de conferências daUniversidade de Paris e autor dolivro Pequeno Tratado das Gran-des Virtudes*, de onde extraí o tre-cho.

O tema é mais do que atual,sobretudo quando a maioria daspessoas revela grande dificuldadeem conviver com opiniões diver-gentes das suas, complicando as re-lações na família, no trabalho e nasociedade.

É a falta de tolerância a causade homens fanatizados se transfor-

marem em bombas vivas, levandoconsigo outras tantas vidas por cau-sa da incapacidade de conviver comvisões de mundo e de Deus diferen-tes das próprias.

Essa tese pode ter seu alcanceestendido para outro ambiente, oda Casa Espírita, onde companhei-ros de convicção partilham ideaissemelhantes, na busca de concre-tizá-los pela prática do bem, e nemsempre se utilizam da tolerância pa-ra superar ruídos da convivência.

A conduta tolerante é tão im-portante para o pensamento doutri-nário que até Allan Kardec a colo-cou em destaque, ao afirmar quetolerância, trabalho e solidariedadesão pilotis fundamentais em qual-quer obra voltada para o bem daHumanidade.

...Será que se deve tolerar tudo?

O bom senso sugere que não.Sponville usa o exemplo da Bíbliapara justificar a resposta. Afirmaque o livro, apesar de ser considera-do sagrado por bilhões de pessoas,não é demonstrável nem refutável:portanto, ou se crê nele, ou se tole-ra que se creia nele.

Eis aí o problema. Se a crençana Bíblia deve ser tolerada (porquehá os que não lhe dão valor algum),por que não tolerar também oMein Kampf, de Hitler? E, se tole-rarmos o Mein Kampf, por que nãoo racismo, a tortura, os campos deconcentração?

Compreende-se que uma tole-rância universal é moralmente con-denável. Resta, portanto, proporuma forma existencialmente prag-mática e eticamente aceitável deconcebê-la como valor real, a sercolocado em prática, tal como Kar-dec sugere aos espíritas.

...Um exemplo ocorrido com

um amigo me chamou a atençãopara o valor da tolerância comoconduta moral. Em determinadodia, estava ele com um grupo decolegas, dentre eles dois homosse-xuais, quando se levantou uma dis-cussão em torno da legitimidade domovimento gay.

Os rapazes apresentaram deforma vigorosa e convicta os argu-mentos utilizados por quem fez es-sa opção sexual, a fim de se prote-gerem dos ataques que de vez emquando alguns ainda fazem contraos homossexuais. Queriam, sobre-tudo, a aprovação de suas idéias porparte do amigo que com eles con-versava.

Perguntado sobre como enten-dia o tema, meu amigo respondeuque não aceitava nenhum tipo depatrulha ideológica sobre sua formade pensar, em virtude da pressãoque se faz atualmente para que to-dos reconheçam, de forma irrestri-ta, os pontos de vista defendidospelos gays.

Ele afirmou, sem fugir ao equi-líbrio, que da mesma forma que as

93

O paradigma da tolerânciaCarlos Abranches

*Ed. Martins Fontes, 1996, capítulo 13, p.176, 3ª edição.

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pessoas tinham o direito de viverconforme desejavam, ele tambémtinha o direito de não concordarcom todas as opções de vida delas.

Atento à dinâmica natural nasrelações humanas, explicou que“tanto quanto você tem o direito deagir como quer, tem igualmente odever de tolerar minha forma dife-rente de conceber sua conduta. As-sim também” – acrescentou –“ocorre comigo, que devo aprendera conviver com a diferença de con-duta que vejo entre nossas opçõesde viver”.

Diante da postura nobre e as-sertiva, ao mesmo tempo respeito-sa e diferente do que se tentava im-por como padrão a ser aceito, oamigo deixou claro, com poucaspalavras:

– Não sou obrigado a aplaudirsua causa, porém, devo aprender aconviver com ela, sem me sentir in-timidado por pensar e agir diferen-te de você.

Adiante, ele completou, comserenidade amadurecida:

– Não devo abrir mão de meusprincípios só para tentar adaptar--me ao que está vigente. Respeitosua opção sexual, e peço-lhe tole-rância para respeitar meu ponto devista. Nesse tempo, vou aproveitarpara questionar sempre meus valo-res e princípios, para também ama-durecê-los em favor de nossa con-vivência.

...Eis o que se pode entender co-

mo tolerância em um fato atual,que mobiliza emoções muitas vezesexacerbadas, colocando em confli-to as relações.

Uma dúvida: E quando o queestá em jogo é um aspecto doutri-

nário, uma maneira de entender es-te ou aquele tema, ou de que formaele vai ser aplicado nas atividades daCasa Espírita? Como fazer quandoopiniões divergentes se chocam enão há a vigilância necessária paraque a postura da tolerância supereas rusgas das divergências?

Não vejo inspiração maior pa-ra deixar-se mergulhar no aroma datolerância senão lembrar-se da figu-ra ímpar do Codificador. Allan Kar-dec superou duras provas de pa-ciência ao ser a primeira grandevítima dos ataques impiedosos daignorância letrada, que o acusava detodo tipo de falcatrua para denegrira nova visão de mundo e de além--mundo que chegava.

Kardec não tolerou aqueles quecaminhavam com ele. Esses, ele osamou. O professor exerceu a tole-rância em mais alto grau para comos que o detratavam, não sem ofe-recer-lhes as explicações seguras eprofundas do que justificava seusargumentos.

Para Sponville, tolerar é respon-sabilizar-se, pois a tolerância que res-ponsabiliza o outro não é tolerância.“Tolerar o sofrimento dos outros”,diz o autor, “tolerar a injustiça deque não somos vítimas, tolerar ohorror que nos poupa não é mais to-lerância: é egoísmo, é indiferença”.

Nesse caso, tolerar Hitler seriatornar-se cúmplice de seus crimes.Seria suportar intelectualmenteuma dor que não vivemos junto da-queles que sofreram as conseqüên-cias atrozes da perseguição aos ju-deus, durante a Segunda GuerraMundial.

A tolerância de Kardec foisempre acompanhada da responsa-bilidade do esclarecimento; logopor ele, o missionário da verdade, a

quem cabia tirar o véu da ignorân-cia e do desconhecimento da reali-dade espiritual.

Tolerar é vestir de nobreza otrabalho solidário. Eis um dos gran-des desafios que a Casa Espírita tema vencer. Ao espírita, cabe abraçar amesma causa, fazendo com que apresença na sociedade espírita sejacada vez mais agradável, porque elesabe que está entre irmãos de ideal,tão precisados quanto ele do saudá-vel remédio da tolerância para se-guir adiante em seu trabalho nobem.

Conclusões populares Faze tu, quanto te caiba, Com teus cuidados cristãos! O olho fiel do dono É mais ágil que cem mãos.

Quem fala pouco na estrada Evita muita contenda. Prende agora a tua língua Se não queres que te prenda.

Perdoa e auxilia sempre...Quem ofensas muito apura, Não tem a calma precisa, Nem tem a vida segura.

Aos homens sem Jesus-CristoNão mostres, perdendo a calma, Nem o fundo de teu bolso, Nem o fundo de tua alma.

Se desejas grandes luzes,Não sejas aflito e louco.Em nenhum lugar da vida,O que é muito custa pouco.

Casimiro Cunha

Fonte: XAVIER, Francisco C. Gotas deLuz, 6. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1994,cap. 14, p. 37-38.

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Quem se consagra aos traba-lhos de socorro espiritual háde convir, por certo, em que

a obsessão é um processo alérgico,interessando o equilíbrio da mente.

Sabemos que a palavra “alergia”foi criada, neste século [séc. XX],pelo médico vienense Von Pirquet,significando a reação modificadanas ocorrências da hipersensibilida-de humana.

Semelhante alteração pode serprovocada no campo orgânico pelosagentes mais diversos, quais sejamos alimentos, a poeira doméstica, ospólens das plantas, os parasitos dapele, do intestino e do ar, tantoquanto as bactérias que se multipli-cam em núcleos infecciosos.

As drogas largamente usadas,quando em associação com fatoresprotéicos, podem suscitar igual-mente a constituição de alérgenosalarmantes.

Como vemos, os elementos des-sa ordem são exógenos ou endóge-nos, isto é, procedem do meio exter-no ou interno, em nos reportando aomundo complexo do organismo.

A medicina moderna, analisan-do a engrenagem do fenômeno, ad-mite que a ação do anticorpo sobreo antígeno, na intimidade da célu-la, liberta uma substância seme-lhante à histamina, vulgarmente

chamada substância “H”, que agin-do sobre os vasos capilares, sobre asfibras e sobre o sangue, atua desas-trosamente, ocasionando variadosdesequilíbrios, a se expressarem, demodo particular, na dermatite atí-pica, na dermatite de contacto, nacoriza espasmódica, na asma, noedema, na urticária, na enxaqueca ena alergia sérica, digestiva, nervosaou cardiovascular.

Evitando, porém, qualquer pre-ciosismo da técnica científica e re-legando à medicina habitual o de-ver de assegurar os processos imu-nológicos da integridade física,recordemos que as radiações men-tais, que podemos classificar poragentes “R”, na maioria das vezes seapresentam, na base de formação dasubstância “H”, desempenhandoimportante papel em quase todasas perturbações neuropsíquicas eusando o cérebro como órgão dechoque.

Todos os nossos pensamentosdefinidos por vibrações, palavrasou atos, arrojam de nós raios es-pecíficos.

Assim sendo, é indispensávelcurar de nossas próprias atitudes, naautodefesa e no amparo aos seme-lhantes, porquanto a cólera e a irri-tação, a leviandade e a maledicên-cia, a crueldade e a calúnia, airreflexão e a brutalidade, a tristezae o desânimo, produzem elevadapercentagem de agentes “R”, de na-tureza destrutiva, em nós e em tor-no de nós, exógenos e endógenos,

suscetíveis de fixar-nos, por tempoindeterminado, em deploráveis la-birintos da desarmonia mental.

Em muitas ocasiões, nossa con-duta pode ser a nossa enfermidade,tanto quanto o nosso comporta-mento pode representar a nossa res-tauração e a nossa cura.

Para sanar a obsessão nos ou-tros ou em nós mesmos, é precisocogitar dos agentes “R” que esta-mos emitindo.

O pensamento é força quedetermina, estabelece, transforma,edifica, destrói e reconstrói.

Nele, ao influxo divino, residea gênese de toda a Criação.

Respeitemos, assim, a dieta doEvangelho, procurando erguer umsantuário de princípios morais res-peitáveis para as nossas manifesta-ções de cada dia.

E, garantindo-nos contra aalergia e a obsessão de qualquerprocedência, atendamos ao sábioconselho de Paulo, o grande con-vertido, quando adverte aos cristãosda Igreja de Filipos:

– “Tudo o que é verdadeiro, tu-do o que é honesto, tudo o que énobre, tudo o que é puro, tudo oque é santo, seja, em cada hora davida, a luz dos vossos pensamentos.”

Dias da Cruz

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido.Instruções Psicofônicas. Diversos Espíri-tos, 7. ed., Rio de Janeiro: FEB, 1995,cap. 19, p. 97-99.

PRESENÇA DE CHICO XAVIER

Alergia e obsessão

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18 Reformador/Março 2004

No primeiro capítulo, item no

1 de O Livro dos Médiuns,Allan Kardec propõe a se-

guinte questão: “Há Espíritos?” Apósalgumas considerações sobre a exis-tência de um corpo intermediárioentre a alma, ou Espírito encarna-do, corpo esse a que chamou peris-pírito, o Codificador da DoutrinaEspírita, no item no 4 desse mesmocapítulo, esclarece ser a existênciada alma e a de Deus conseqüênciauma da outra e “(...) a base de todoo edifício, antes de travarmos qual-quer discussão espírita (...).”

Se alguém não acredita nessabase, duvidando da existência deDeus, ou da alma e da sobrevivên-cia desta após a morte, é inútil iralém, pois, afirma, seria comoquerer “(...) demonstrar as pro-priedades da luz a um cego quenão admitisse a existência da luz(...).”

Mas o Espírito pode comu-nicar-se conosco? A resposta é sim,pois se enquanto vivo o Espírito agesobre a matéria, não há razão paraapós a morte física não o fazer. Osfatos milenares vêm demonstrandoque o fenômeno mediúnico nadatem de contrário às leis naturais. Ahistória e as religiões de todos os

povos têm comprovado as manifes-tações dos Espíritos, que, de cercade dois séculos para cá, assumiramum caráter de verdadeira “invasãoorganizada” pelo Plano Maior daexistência.

Certa noite, há cerca de seteanos, deitamo-nos para o repousonoturno, por volta das 23h, e nos-sos três filhos: duas meninas e ummenino, já haviam dormido. Antesde adormecermos, chamou-nos aatenção a ligação repentina da luzdo corredor, sem que qualquer dosjovens houvesse acordado.

A esposa, um pouco assustada,pediu-nos para verificar o que tinhaocorrido, e constatamos que, embo-ra não houvesse qualquer sinal dedefeito no interruptor, o mesmo es-tava estranhamente ligado sem queninguém no apartamento o houves-se acionado.

Acalmamos a consorte e nospreparamos novamente para dor-mir. De repente, o telefone do nos-so quarto começou a emitir unsruídos, como se alguém estivessetentando entrar em contato conos-co. Minha companheira atendeu e,em seguida, assustada, informou--nos que uma voz estranha de ho-mem sussurrara-lhe brincando: –Te peguei. E desligou. No quartodos nossos filhos não havia apare-lho telefônico.

Novamente procuramos tran-

qüilizá-la, dizendo-lhe que talvezhouvesse ocorrido algum engano.E, finalmente, conseguimos dor-mir.

No dia seguinte, porém, a es-posa informou-nos ter sonhado comum jovem sobrinho seu, simpati-zante do Espiritismo, desencarnadoem acidente alguns anos atrás eque, em vida, tinha por ela umagrande afeição. Ele lhe disse que osfenômenos da noite anterior foramprovocados por ele.

Após pedir-nos desculpas pelossustos provocados com suas brinca-deiras, esclareceu que apenas querianos demonstrar sua presença entrenós. Sentimos, então, ser necessárioorar por ele que, desde então, nun-ca mais se nos manifestou.

Em seu discurso pronunciadojunto ao túmulo de Allan Kardec,o renomado astrônomo CamilleFlammarion afirma que, de acordocom a ciência física, vivemos inseri-dos num mundo invisível para nós.Por isso, não é impossível seres in-visíveis a nós viverem igualmentena Terra sem lhes podermos apre-ciar a presença, “(...) a menos quese nos manifestem por fatos quecaibam na ordem das nossas sen-sações.” (Discurso de C. Flamma-rion. In: KARDEC, Allan. ObrasPóstumas. Ed. FEB) É que a vida sesitua em dois mundos: o físico e oespiritual.

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O aspecto consolador da intervençãodos Espíritos em nossas vidas

Jorge Leite de Oliveira

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Essa possibilidade de, em con-dições especiais, entrarmos em con-tato com os chamados desencarna-dos existe desde o surgimento dohomem na Terra. Nada mais somosdo que Espíritos, ora na veste física,ora fora dela, mas com um corpo es-piritual que conserva, geralmente, aaparência de sua última encarnação.

Nos tempos modernos, as ma-nifestações ostensivas dos Espíritossurgiram após os fenômenos deHydesville, nos Estados Unidos daAmérica, tornados públicos em 31de março de 1848, quando o Espí-rito de um mascate assassinado nacasa da família Fox, naquela aldeia,se comunicou por batidas que indi-cavam letras do alfabeto, transmi-tindo assim informações sobre suamorte, depois confirmadas.

Nos anos seguintes, os fenôme-nos das mesas girantes espalharam--se por todos os continentes, em es-pecial na Europa, chamando a aten-ção de vários sábios. Entre eles,Hippolyte Léon Denizard Rivail,professor, escritor e magnetizadoremérito, que os estudou e codificoua Doutrina Espírita sob o pseudô-nimo de Allan Kardec.

Em suas considerações sobre asmanifestações dos Espíritos (ObrasPóstumas – 23. ed. FEB, 1993, itens1 e 2, p. 41), Kardec afirma que,“(...) nestes últimos tempos, as ma-nifestações dos Espíritos assumiramgrande desenvolvimento e tomaramum caráter mais acentuado de au-tenticidade, porque estava nos desíg-nios da Providência pôr termo à pra-ga da incredulidade e do materialis-mo, por meio de provas evidentes,permitindo que os que deixaram aTerra viessem atestar sua existênciae revelar-nos a situação ditosa ou in-feliz em que se encontravam”.

Em seguida, expõe: “Vivendo omundo visível em meio do mundoinvisível, com o qual se acha em con-tato perpétuo, segue-se que eles rea-gem incessantemente um sobre o ou-tro, reação que constitui a origem deuma imensidade de fenômenos, queforam considerados sobrenaturais,por se não lhes conhecer a causa.”

Essa ação é recíproca entre osEspíritos dos chamados mortos enós, os chamados vivos. Entretan-to, os conceitos de morte e vida sãorelativos. Quando foi perguntadopor um jovem se o mesmo podiasepultar seu pai, antes de atender oconvite para seguir o Cristo, esterespondeu-lhe: “Deixa aos mortoso cuidado de enterrar os seus mor-tos e vai anunciar o reino de Deus.”(Lucas, 9:60.)

Nessa passagem, o objetivo deJesus foi simplesmente nos deixaruma lição sobre o que é a vida enão o de recomendar a um filhoque faltasse com o dever piedosopara com seu pai falecido. Quismostrar-nos ser a vida espiritual avida normal do Espírito, e que a vi-da física é temporária e breve, em-bora muito importante à evoluçãoespiritual.

A vida na Terra, comparadacom a espiritual, não passa de umestágio, em geral doloroso, para oEspírito que se sente feliz em liber-tar-se, como o pássaro contente quese liberta da gaiola e voa livre peloespaço.

O intercâmbio entre nós e omundo espiritual não somente fazparte das leis naturais, como é“(...) uma das forças da Natureza,tão necessária à harmonia univer-sal, quanto a lei de atração (...).”(Kardec, op. cit.)

Conforme nos esclarece o Co-dificador, “a ciência espírita com-preende duas partes: experimentaluma, relativa às manifestações emgeral; filosófica, outra, relativa àsmanifestações inteligentes (...).” (OLivro dos Espíritos, Introdução,item XVII.)

O Espiritismo é uma ciênciaexperimental com meios de obser-vação especiais, em virtude de asações das inteligências manifestan-tes não se subordinarem aos nossoscaprichos. Não é algo que possasatisfazer à simples curiosidade in-conseqüente, por intermédio deatitudes levianas em torno de umamesa, em que as pessoas subme-tam as entidades espirituais a per-guntas frívolas e voltadas à satisfa-ção egoística de seus desejos mun-danos. >

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A vida na Terra,

comparada com a

espiritual, não passa

de um estágio, em

geral doloroso, para

o Espírito que se

sente feliz em

libertar-se, como o

pássaro contente que

se liberta da gaiola

e voa livre pelo

espaço

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20 Reformador/Março 2004

> Os que agem levianamente, oucom interesses materiais, em relaçãoaos fenômenos mediúnicos, estãoassumindo responsabilidades gravesante o Plano Espiritual, pois comonos alertam os Espíritos Superiores,toda mediunidade é instrumentode prova e serviço elevado para omédium e de consolo para os quenos encontramos na carne e foradela.

Além de servir como auxílioaos Espíritos sofredores, muitos dosquais necessitando de nossas precese observando-nos os atos, a mediu-nidade veio cumprir a promessa deJesus: “– Mas quando vier o Con-solador, que eu da parte do Pai voshei de enviar, aquele Espírito deVerdade, que procede do Pai, eletestificará de mim.”(João, 15:26.)

E foi exatamente o Espírito deVerdade quem, diariamente, acom-panhou, instruiu, retificou equívo-

cos de Kardec e, em nome de Jesus,trouxe-nos a certeza sobre a possi-bilidade de nos comunicarmos comos Espíritos sofredores, ainda emmaioria na Terra, para auxiliá-loscom nossas orações, e também comos Espíritos Superiores, que nos in-centivam à prática incessante dobem.

Mas inúmeros outros Espíri-tos elevados colaboraram, também,com a edificação da Doutrina Es-pírita. Um deles, Erasto, além denos recomendar ser preferível “re-pelir dez verdades do que admitiruma única falsidade, uma só teoriaerrônea” (O Livro dos Médiuns,cap. XX, item 230), deixa-nos o se-guinte alerta:

“(...) Se, pois, agora, um mé-dium, qualquer que ele seja, se tor-nar objeto de legítima suspeição,pelo seu proceder, pelos seus costu-mes, pelo seu orgulho, pela sua fal-

ta de amor e de caridade, repeli, re-peli suas comunicações, porquantoaí estará uma serpente oculta entreas ervas. É esta a conclusão a quechego sobre a influência moral dosmédiuns.” (Id. Ibid.)

Como, então, reconhecer obom médium? Pelo seu desinteres-se, pela sua humildade, pela suaabnegação à causa espírita, pelopermanente estudo das obras daCodificação de Allan Kardec, au-xiliado pelas obras complemen-tares ao edifício da Doutrina Es-pírita.

Os bons Espíritos nos reco-mendam ter sempre em mente ospassos básicos para a nossa evoluçãoespiritual: a luta contra tendênciasinferiores, a prática permanente dobem, o estudo, a disciplina, o cum-primento integral das obrigações eo respeito aos seres da Criação Di-vina, em especial ao nosso próximo.Desta forma, estaremos capacitan-do-nos a atrair a companhia e ins-piração dos bons Espíritos e a auxi-liar os sofredores, colocando todasas nossas forças na prática do bem.

Este é o aspecto consolador daintervenção dos Espíritos em nossasvidas: provar-nos que, como Espí-ritos, somos imortais e vivemos, orana vida física, ora na espiritual. Nãoexiste morte, afirmam-nos eles.Amando-nos e instruindo-nos, per-deremos o temor da morte e daschamadas “almas do outro mundo”,que nada mais são do que nossaspróprias almas fora da vestimentafísica e em plano tão natural deexistência como o em que acredita-mos viver.

Deixar para depois a oportuni-dade de crescer em sabedoria e emamor é postergar a própria felici-dade.

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Espírito protetor

OEspírito protetor, anjo de guarda, ou bom gênio é o que tem pormissão acompanhar o homem na vida e ajudá-lo a progredir.É sempre de natureza superior, com relação ao protegido.

Os Espíritos familiares se ligam a certas pessoas por laços mais oumenos duráveis, com o fim de lhes serem úteis, dentro dos limites dopoder, quase sempre muito restrito, de que dispõem. São bons, porémmuitas vezes pouco adiantados e mesmo um tanto levianos. Ocupam--se de boamente com as particularidades da vida íntima e só atuam porordem ou com permissão dos Espíritos protetores.

Os Espíritos simpáticos são os que se sentem atraídos para o nos-so lado por afeições particulares e ainda por uma certa semelhança degostos e de sentimentos, tanto para o bem como para o mal. De or-dinário, a duração de suas relações se acha subordinada às circunstân-cias.

Allan Kardec

Fonte: O Livro dos Espíritos, 83. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, questão 514, Co-mentário do Codificador, p. 263-264.

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Liberdade“Não useis, porém, da liberdade paradar ocasião à carne, mas servi-vos uns

aos outros pela caridade.” – Paulo. (Gálatas, 5:13.)

Em todos os tempos, a liberdade foi utilizada pelos dominadores da Terra. Em va-riados setores da evolução humana, os mordomos do mundo aproveitam-na para oexercício da tirania, usam-na os servos em explosões de revolta e descontentamento.

Quase todos os habitantes do Planeta pretendem a exoneração de toda e qualquerresponsabilidade, para se mergulharem na escravidão aos delitos de toda sorte.

Ninguém, contudo, deveria recorrer ao Evangelho para aviltar o sublime princí-pio.

A palavra do apóstolo aos gentios é bastante expressiva. O maior valor da inde-pendência relativa de que desfrutamos reside na possibilidade de nos servirmos uns aosoutros, glorificando o bem.

O homem gozará sempre da liberdade condicional e, dentro dela, pode alterar ocurso da própria existência, pelo bom ou mau uso de semelhante faculdade nas rela-ções comuns.

É forçoso reconhecer, porém, que são muito raros os que se decidem à aplicaçãodignificante dessa virtude superior .

Em quase todas as ocasiões, o perseguido, com oportunidade de desculpar, men-taliza represálias violentas; o caluniado, com ensejo de perdão divino, recorre à vingan-ça; o incompreendido, no instante azado de revelar fraternidade e benevolência, recla-ma reparações.

Onde se acham aqueles que se valem do sofrimento, para intensificar o aprendi-zado com Jesus-Cristo? onde os que se sentem suficientemente livres para converterespinhos em bênçãos? No entanto, o Pai concede relativa liberdade a todos os filhos,observando-lhes a conduta.

Raríssimas são as criaturas que sabem elevar o sentido da independência a expres-sões de vôo espiritual para o Infinito. A maioria dos homens cai, desastradamente, naprimeira e nova concessão do Céu, transformando, às vezes, elos de veludo em alge-mas de bronze.Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. 17. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2001, cap. 128,p. 269-270.

ESFLORANDO O EVANGELHOEmmanuel

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Principal cidade francesa do departamento deHaut-Rhin e próxima à fronteira suíça, Mulhou-se, hoje com cerca de 200.000 habitantes, é um

centro industrial com importante função no ramo dapesquisa científica.

No passado, mais precisamente nos meses demarço e setembro de 1861, teve Mulhouse inseridoseu nome nas páginas da Revue Spirite, órgão de di-fusão do Espiritismo fundado por Allan Kardec em1858. Era o resultado das mensagens mediúnicas re-metidas à sua redação por um assinante residente namencionada cidade.

Dessas mensagens copiaria o Codificador algu-mas afirmações, as quais seriam mais tarde colocadasem evidência na obra que publicaria em 1864, ou se-ja, O Evangelho segundo o Espiritismo.

Afirmações que passariam os espíritas a repetirconstantemente a todo momento, alto e bom som!

Porque também apoiadas pelos Mentores Espiri-tuais!

...

Tudo começou quando, quatro anos após a pu-blicação de O Livro dos Espíritos, recebeu Kardeccorrespondência de um assinante da Revista Espíritaque residia em Mulhouse.

Na carta, uma explicação:

“Aproveito a ocasião que se me apresenta de vosescrever, para mandar uma comunicação que recebi,como médium, de meu Espírito protetor, e que meparece interessante e instrutiva por todos os títulos. Seassim a julgardes, eu vos autorizo a fazer dela o usoque julgardes mais útil.”

Oportuno esclarecer que o Espírito comunicanteassinava Mardoqueu R... e era parente próximo domédium, cujo nome era Rodolfo.

O texto da mensagem constava de cinco pergun-tas levantadas por este senhor e cada uma delas mere-ceu arrozoada resposta da Entidade comunicante.

Kardec analisou o conteúdo da página mediúni-ca, publicando-a na edição de março de 1861 da Re-vista Espírita, na seção Ensinos e Dissertações Es-píritas. O título era: A Lei de Moisés e a Lei doCristo.

Decorridos alguns meses, ou seja, em setembrodo mesmo ano, publicava Kardec, no referido órgãode imprensa e na correspondente seção uma nota:

“Os leitores se recordam da bela comunicação pu-blicada no número de março último, sobre a lei deMoisés e a lei do Cristo, assinada por Mardoqueu e re-cebida pelo Sr. R..., de Mulhouse. Este senhor rece-beu outras, igualmente notáveis, do mesmo Espírito,e que publicaremos. A que damos a seguir é de umoutro parente morto há alguns meses. Foi ditada emtrês ocasiões diversas.”

(O espaço aqui não nos permite sua transcriçãototal. Limitaremos apenas aos trechos que mais de per-to se relacionam com nosso trabalho.)

1. Iniciando a parte II da mensagem, escreve oEspírito comunicante:

“Meus amigos,Não vos surpreendais ao lerdes esta comunicação.

Ela vem de mim, Edouard Pereyre, vosso parente, vos-so amigo, vosso compatriota. Fui eu mesmo quem di-tou ao meu sobrinho Rodolfo, cuja mão seguro, parafazê-lo escrever com minha letra. Tomo este trabalhopara melhor vos convencer, pois é uma fadiga para omédium e para mim, pois o médium deve seguir ummovimento contrário ao que lhe é habitual.”

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As mensagens que vieram de Mulhouse

Kleber Halfeld

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2. Na parte III destacaremostrês trechos de importância paranossa reflexão, dentro de uma te-se que procuramos expor.

a) “No Monte Sinai deu-seesta primeira revelação, este bri-lhante mistério, que espantou omundo, o subjugou e espalhoupela terra os primeiros benefíciosde uma moral, que libertaria oEspírito das garras da carne e deum despotismo embrutecedor;que colocou o homem acima daesfera dos animais, dele fazendoum ser superior, capaz de elevar--se pelo progresso, à suprema inteligência.”

b) Jesus Cristo foi, pois, a segunda fase, a segun-da revelação, e seus ensinamentos levaram dezoito sé-culos para se espalharem, para se vulgarizarem (...).”

c) “Sim: o Espiritismo é a terceira revelação. Re-vela-se a uma geração de homens mais adiantados, demais nobres aspirações, generosas e humanitárias, quedevem concorrer para a fraternidade universal (...).”(Grifos nossos.)

Do que foi exposto, necessário que consideremosalguns itens, a fim de que possamos retirar uma con-clusão no presente trabalho.

I – Foi Rodolfo, um assinante da Revista Espíri-ta residente em Mulhouse, França, o médium que re-cebeu a primeira mensagem do Espírito Mardoqueu,a qual foi publicada na citada revista, no 3 de março,em 1861.

Sobre este nome, Mardoqueu, não se sabe exata-mente se é o mesmo a quem o escritor John D. Davisfaz referência em seu portentoso trabalho Dicionárioda Bíblia, quando se refere à chamada “festa do Pu-rim”, nome de acordo com a tradição judaica1. Aliás,também no Livro de Ester, o personagem Mardoqueu,que evitou em seu tempo um complô entre os judeus,se nos apresenta como primo e tutor desta. Em algunstrechos ele tem igualmente o nome de Mordecai.2

II – O mesmo médium recebeu outra mensagemdo Espírito Edouard Pereyre, publicada na edição desetembro do citado ano.

III – Nesta mensagem deparamos com o pensa-mento da Entidade Espiritual, referência feita à ques-tão Revelações que o planeta Terra recebeu do Plano

Espiritual, dentro de uma planificação feita com jus-ta antecedência: o Mosaísmo, o Cristianismo e o Es-piritismo.

IV – Como este assunto revelações foi considera-do em 1861 por Edouard Pereyre, e Kardec veio ex-pô-lo em 1864, podemos conclusivamente admitir tersido Pereyre a Entidade Espiritual que primeiramen-te tratou do assunto, criando o conceito que hoje re-petimos a todo momento e com ênfase:

– O Mosaísmo é a primeira revelação de Deusaos homens; o Cristianismo a segunda e o Espiritismoa terceira.

Observação: Malgrado nosso esforço através depesquisas, não conseguimos quaisquer dados sobreEdouard Pereyre, a Entidade Espiritual que, atravésdo senhor Rodolfo, deixou numa mensagem a afirma-tiva que Kardec três anos depois citaria no capítulo Ide O Evangelho segundo o Espiritismo, desenvolven-do-a com seus comentários sempre judiciosos.

Nota final: Submetido o presente trabalho à apre-ciação do estimado confrade Affonso Soares, tive en-sejo de receber dele atenciosa carta, na qual acrescen-tou alguns apontamentos. Por julgá-los valiosos, aquios transcrevo, certo de que muito ilustrarão os queri-dos leitores:

“Rio, 18 de novembro de 2003Caro Irmão, Amigo, Samideano KleberPaz e saúde!

Recebi sua carta de 6 do corrente e com prazercuidei de corresponder à sua expectativa. Tenho a

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Vista geral de Mulhouse

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certeza de que pouco, ou nada, pude ajudar. Apenastrilhei o caminho que você balizou na sua carta e noseu artigo.

Consultei minha coleção da Revista Espírita,consultei o “Repertoire” de Crouzet, mas não saí doslimites – que julgo definitivos – que você estabeleceupara a pesquisa.

Creio, então, que efetivamente coube ao Espíri-to Edouard Pereyre a primazia de caracterizar a lei re-velada a Moisés, a doutrina de Jesus e as revelações doEspiritismo como, respectivamente, a primeira, a se-gunda e a terceira revelações da Lei de Deus.

Reparei também que Allan Kardec deu nova or-dem aos parágrafos da comunicação de Mardoqueu,de 1861, transformando-a no texto que está em OEvangelho segundo o Espiritismo, cap. I, com o títu-

lo “A Nova Era”, ditada por um Espírito israelita, emMulhouse, 1861.

Quanto ao nome Mardoqueu (Mordecai), pare-ce ser, salvo melhor juízo, um nome comum entre osjudeus, como, talvez, o ateste o fato de que este era onome hebreu do pai de Zamenhof – Morde3aj –Marko. ( Marko seria o nome cristão.) Como querque seja, não há fortes evidências de que seja o mes-mo que é mencionado no Livro de Ester.”

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:1DAVIS, John D. Dicionário da Bíblia. 2. ed., Rio de Janeiro. Casa

Publicadora Batista, p. 423.2Livro da Bíblia (Velho Testamento).

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As comemorações do Centenário da FederaçãoEspírita Amazonense foram abertas oficialmente compalestras do confrade José Raul Teixeira, nos dias 9 e10 de janeiro de 2004, abordando no primeiro dia “AImportância do Autoconhecimento” e no segundo, “ABusca da Felicidade”.

A FEA aproveitou a presença do Presidente daFEB, Nestor João Masotti, para homenagear a Casa--Máter do Movimento pelos 120 anos de existência,abrir oficialmente as comemorações do Bicentenáriode Allan Kardec e ainda lembrar os 140 anos dolançamento de O Evangelho segundo o Espiritismo,obra básica escolhida para uma edição especial emcomemoração ao centenário da FEA. As palestrasocorreram no auditório da Reitoria da Universidadedo Estado do Amazonas (UEA), às 20h, para umpúblico de mais de 2.000 pessoas.

Na manhã de sábado, Raul reuniu-se no Institu-to Denizard Rivail com trabalhadores das Casas Es-píritas locais, enfatizando o estudo doutrinário e a coe-rência da vivência espírita-evangélica.

Nestor Masotti participou de um encontro comdirigentes espíritas, na manhã do dia 11, na sede daFEA, onde fez um apanhado histórico das revelações

de Deus, abordando o que é a Doutrina Espírita,ressaltando a importância do conhecimento do livreteOrientação ao Centro Espírita e o comprometimen-to dos dirigentes com o trabalho.

Federação Espírita Amazonense comemora seu1o Centenário e o Bicentenário de Kardec

Palestra de Raul Teixeira; à direita, Nestor Masotti,Presidente da FEB, e Sandra Moraes, Presidente da FEA

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Em 9 de março de 1984, regres-sava ao mundo espiritual umdos mais respeitáveis médiuns

dos círculos espíritas do Brasil, atra-vés de cujos preciosos dons psíqui-cos concretizaram-se na sociedadeterrena não somente obras literáriasditadas por eminentes habitantesdo Além-Túmulo, como Bezerra deMenezes, Charles, Camilo CasteloBranco, Lev [Leão] NikolaievitchTolstoi, mas também obras, nãomenos significativas, de socorro in-dividual a doentes do corpo e da al-ma, a obsidiados e obsessores, a so-fredores de toda natureza, por meio

de preces, passes, receituários e men-sagens de aconselhamento moral.

Sempre será útil aos adeptos dagrande Doutrina debruçar-se sobreo excelente conteúdo de revelaçõesintermediadas por Yvonne A. Perei-ra, a fim de que as práticas espíritasnão se distanciem dos seguros crité-rios do fundamento construído porAllan Kardec, pois, se quisermosdestacar um dos traços mais frisan-tes das atividades da saudosa mé-dium, este será, sem dúvida algu-ma, a sua incondicional, inabalávelfidelidade à Codificação.

A homenagem mais significati-va que a Federação Espírita Brasileirapresta ao nobre Espírito Yvonne doAmaral Pereira, passados 20 anos

da sua desencarnação, é olançamento da COLEÇÃO

YVONNE PEREIRA, da qualjá estão publicadas, em pa-pel pólen, tamanho 14x21cm, as obras: Nas Voragensdo Pecado, O Cavaleiro deNumiers, O Drama daBretanha, Ressurreição eVida, Sublimação e NasTelas do Infinito.

Ao leitor convém sa-ber que no decurso da se-gunda década após a de-sencarnação da médiumvieram a público coletâ-neas de sua produção es-parsa em diversos periódi-cos, bem como obras de

caráter biográfico, todas de superiorqualidade, dignas do exame e apro-veitamento de todos quantos aspi-rem à realização de bons serviços naseara do Consolador Prometido.Referimo-nos, quanto ao primeirobloco, aos livros À Luz do Consola-dor, editado pela FEB, Eu e Rober-to de Canalejas – Um Caso deReencarnação, editado pela Socie-dade Lorenz, e Cânticos do Cora-ção (2 volumes), editados peloCELD – Centro Espírita Léon De-nis, o primeiro e o segundo com ar-tigos publicados em Reformador eo terceiro com textos publicados noextinto periódico Obreiros do Bem.De cunho biográfico, surgiram OVôo de uma Alma, de AugustoMarques de Freitas, edição CELD,e Yvonne: uma Heroína Silenciosa,de Pedro Camilo, edição do Insti-tuto de Divulgação Espírita daBahia.

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Yvonne do Amaral Pereira20 anos da desencarnação

Affonso Soares

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Há muita coisa que pode serfeita para se estabelecer oumanter um bom relaciona-

mento familiar, tanto entre os côn-juges, como entre pais e filhos, ouentre os demais membros da fa-mília.

Para ajudar no esforço dos queprocuram cultivar bom relaciona-mento em família, elaboramos “dezpassos”, que, com um pouco de in-teresse e boa vontade, são perfeita-mente aplicáveis na prática:

Combater o egoísmoDialogar sempreCultivar simpatiaCultivar o sentimentoRespeitar o espaço e a liber-dade Aceitar as diferenças Aceitar os defeitosOlhar e estimular o lado bomCultivar amabilidade nas pa- lavras e gestosPraticar a solidariedade emcasa

Para ajudar no melhor enten-dimento de todos os passos, co-mentaremos cada um deles.

O egoísmo é uma imperfeiçãomoral que muito tem prejudicadoo relacionamento em família, sobre-

tudo o conjugal. Por isso, combatero egoísmo é um passo indispensá-vel. E o lar é, seguramente, a maioroportunidade que o ser humanotem de combater esse vício moral,porque no lar temos de aprender acompartilhar ou dividir não só osbens materiais, como a atenção e oafeto. O ideal é que todos se preo-cupem sempre com o bem-estardos demais familiares. André Luiznos ensina: “Servir além do própriodever não é bajular e sim entesou-rar apoio e experiência, simpatia ecooperação” (Sinal Verde).

O diálogo é imprescindível nobom convívio familiar. Através de-le podemos conhecer melhor as pes-soas, inclusive os familiares. Quan-do os familiares interrompem odiálogo, o entendimento fica mui-to prejudicado, ou mesmo impos-sível. O ideal é que todas as pessoasreservem tempo para dialogar comos familiares. André Luiz nos ensi-na: “Converse com serenidade erespeito, colocando-se no lugar dapessoa que ouve, e educará suas ma-nifestações verbais com mais segu-rança e proveito” (Sinal Verde).

A simpatia atrai e aproxima aspessoas. Para que haja bom relacio-namento em família, é imprescin-dível que os seus membros se esfor-cem por sorrir para os demais ecumprimentá-los todos os dias. An-dré Luiz nos recomenda: “Aprenda

a sorrir para estender a fraternida-de” (Busca e Acharás) e “Enfeite oseu lar com os recursos da genti-leza e do bom humor” (Sinal Ver-de).

O sentimento pode ser cultiva-do. O caminho para se obter suces-so no cultivo do sentimento é o queJesus nos ensinou: “Onde está o seutesouro, aí estará o seu coração”(Mateus, 6:21). Se imaginarmossempre que os membros de nossafamília são nossos tesouros, nossoafeto ficará polarizado neles e oamor por eles ficará sempre vivo.André Luiz nos aconselha: “Semprenecessário compreender que a co-munhão afetiva no lar deve recome-çar, todos os dias, a fim de consoli-dar-se em clima de harmonia esegurança” (Sinal Verde).

Cada membro da família, in-clusive cada cônjuge, tem direito aoseu espaço e a gozar de certa liber-dade. No caso dos cônjuges, respei-tados os deveres impostos pelo con-trato do casamento, a liberdade decada um deve ser a maior possívelpara que nenhum dos dois se sintapreso. No caso dos jovens, a liber-dade deve ser regulada pela respon-sabilidade. É importante que ne-nhum membro da família invada oespaço do outro, nem limite a sualiberdade. André Luiz nos recomen-da: “Dê aos outros a liberdade depensar, tanto quanto você é livre

Dez passos para um bom relacionamento familiar

Umberto Ferreira

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para pensar como deseja” (SinalVerde).

As pessoas não são iguais. Ca-da Espírito está num grau de evo-lução. As diferenças são muitas. Osgostos são diferentes. É utopia que-rer que duas pessoas sejam iguais.Conviver bem em família é convi-ver com as diferenças. É compreen-der, aceitar e respeitar as diferenças.André Luiz afirma: “Lembre-se deque as outras pessoas são diferentese, por isso mesmo, guardam manei-ras próprias de agir” e “É preciso re-conhecer a diversidade dos gostos evocações daquele ou daquela que setoma para compartilhar-nos a vida”(Sinal Verde).

Os Espíritos que evoluem naTerra ainda estão distantes da per-feição. Todos têm muitos defeitos ereencarnam para corrigi-los e de-senvolver as virtudes. É impossívelexigir que as pessoas de nossa famí-lia ou nós mesmos não cometamoserros. Conviver bem em família éaceitar as pessoas com os defeitosque elas ainda não conseguiramvencer. André Luiz nos aconselha:“Não exija dos familiares diferentesde você um comportamento igualao seu, porquanto cada um de nósse caracteriza pelas vantagens ouprejuízos que acumulamos na pró-pria alma” (Sinal Verde).

O homem tem tendência a ob-servar o lado ruim das pessoas, osseus defeitos e, freqüentemente, nãopercebe as qualidades. A conse-qüência disso é um certo pessimis-mo que acaba comprometendo orelacionamento familiar. Uma ma-neira de evitar que isso aconteça éobservar as qualidades, o lado bom.Isso aumenta a simpatia pelas pes-soas. Com relação aos filhos, há ne-cessidade de atentar-se para os de-

feitos e más tendências para podercombatê-los desde a infância. An-dré Luiz pondera: “Antes de obser-var os possíveis erros ou defeitos dooutro, vale mais procurar-lhe asqualidades e dotes superiores paraestimulá-los ao desenvolvimentojusto” (Sinal Verde).

Todas as pessoas gostam deser bem tratadas. Por isso, é im-portante que os membros da famí-lia sejam sempre amáveis uns comos outros, tanto em palavras comonos gestos. Por outro lado, abra-ços, toque de mãos são exemplosde gestos que ajudam, e muito,o bom relacionamento familiar.Paulo nos recomenda “Não saiada vossa boca nenhuma palavratorpe (depreciativa); e sim unica-mente a que for edificante...”(Efésios, 4:29) e André Luiz nosaconselha: “Eleve o seu vocabulá-

rio para o intercâmbio com os ou-tros” (Busca e Acharás). É idealque os membros da família sejamsolidários entre si. Isso é impor-tante sobretudo nas atividades dolar, que acabam sacrificando a do-na de casa. André Luiz nos acon-selha: “Colabore no trabalho ca-seiro, tanto quanto possível. Ospequeninos sacrifícios em famíliaformam a base da felicidade nolar” (Sinal Verde).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:1Novo Testamento, Sociedade Bíblica do Brasil,

Rio de Janeiro (RJ).2Idem, ibidem.

2XAVIER, Francisco C. Sinal Verde, pelo Es-

pírito André Luiz. Ed. Comunhão EspíritaCristã, Uberaba (MG).3_____. Busca e Acharás, pelo Espírito André

Luiz, IDEAL, São Paulo (SP).

Lamento paternoAh! meu filho, na concha de teu peito,Via-te o coração por céu vindouro,Encerravas contigo, meu tesouro,O futuro risonho, alto e perfeito.

Entretanto, prendi-te a cruzes de ouro,Cujo peso carregas sem proveito,Abatido, cansado, insatisfeito,Arrojado a medonho sorvedouro...

Recolheste, no encanto de meu jugo,O fascínio da posse por verdugoE a preguiça forjando horrendas pragas.

Hoje, chamo-te em vão... Ouves apenasO dinheiro vazio que armazenasNa demência da usura em que te apagas!...

José Guedes

Fonte: XAVIER, Francisco Cândido. Luz no Lar. Diversos Espíritos. 8. ed., Rio deJaneiro: FEB, 1997, cap. 12, p. 39.

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O ambiente espiritual da reuniãomediúnica

Os cuidados dos Espíritos quese dedicam à preservação do am-biente espiritual da sala onde sãorealizados os trabalhos mediúnicossão constantes e intensos, pois na-da pode ser negligenciado, sob pe-na de comprometer-se o êxito dareunião.

O local destinado à sessão me-diúnica tem, por assim dizer, umafiscalização permanente, pois, prin-cipalmente no caso do recinto con-sagrado às sessões de desobsessão,muitos Espíritos necessitados e so-fredores ficam aí alojados, em re-gime de tratamento para seu refazi-mento e reequilíbrio.

No dia da reunião o recintopassa por rigorosa assepsia a fim delivrá-lo e preservá-lo de larvas psí-quicas (que são criadas por mentesviciosas de encarnados ou desen-carnados); de ideoplastias perni-ciosas (formas-pensamento, clichêsmentais); de vibrações deprimentes,constituindo tudo isso os “invasoresmicrobicidas das regiões inferiores”,conforme esclarece João Cleofas.3

Importante ressaltar que tais“invasores microbicidas” contami-nam o homem invigilante queapresente, por sua vez, pensamen-tos doentios, descontrolados, quesão verdadeiras brechas ao assédio

inferior, resultando daí a parasitosemental, ou vampirismo.

João Cleofas elucida que a salamediúnica é o “ambiente cirúrgicopara realizações de longo curso nocerne do perispírito dos encarnados co-mo dos desencarnados”, como tam-bém local onde “se anulam fixaçõesmentais que produzem danos profun-dos nas tecelagens sensíveis do espírito.”

Além disso, há necessidade dese isolar e defender o recinto das in-vestidas de Espíritos inferiores, oque leva os Benfeitores Espirituaisa cercá-lo por meio de faixas fluídi-cas visando impedir a entrada detais entidades. Assim, só entrarãono ambiente aqueles que tiverempermissão dos dirigentes espirituais.

A sala mediúnica, conquantoseja limitada no seu espaço físico,no outro plano apresenta-se adi-mensional, já que se amplia deacordo com a necessidade, per-mitindo abrigar um número muitogrande de desencarnados que sãotrazidos para tratamento, para es-clarecimento, para aprendizagemetc. Tem ainda mobiliário próprioe aparelhagens instaladas pelaequipe espiritual. Esta equipe con-ta com elementos especializadosnesses trabalhos, inclusive aquelesdenominados por Efigênio Vítor de“arquitetos espirituais”4, que têm aseu encargo a tarefa complexa decriar os quadros fluídicos indispen-

sáveis ao tratamento ou esclareci-mento das entidades comunicantes.Esses quadros fluídicos não sãocriados ao sabor do acaso mas obe-decem a uma programação e à pes-quisa sobre o passado dos que pre-cisem desse recurso. Tais painéisfluídicos são tão perfeitos que pos-suem “vida” momentânea, com mo-vimentos, cor, como se fossem umatela cinematográfica na qual as per-sonagens são pessoas ligadas ao ma-nifestante, ou ele mesmo se vê vi-vendo cenas importantes em suaexistência de Espírito imortal.

Tudo isso nos dá uma pálidaidéia do grandioso trabalho domundo espiritual; é “o laboratóriodo mundo invisível”, citado porKardec, que esclarece: “(...) Os ob-jetos que o Espírito forma, têm exis-tência temporária, subordinada àsua vontade, ou a uma necessidadeque ele experimenta. Pode fazê-lose desfazê-los livremente.” 5

E dizer que com a nossa invigi-lância podemos prejudicar num re-lance toda essa estrutura! Isto acon-tece quando comparecemos despre-parados para a reunião, trazendo vi-brações negativas, desequilibrantes;quando trazemos o pensamento vi-ciado e contaminamos o recintocuidadosamente preparado. Nestahora, os tarefeiros da Espiritualidadeusam recursos de emergência, iso-lando o faltoso, para que a maioria

Dimensões espirituaisdo Centro Espírita

Parte II Suely Caldas Schubert

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não seja prejudicada. Em caso maisgrave, porém, poderá ocorrer um de-sequilíbrio nos circuitos vibratóriosque defendem a sessão, o que possi-bilitará a entrada de Espíritos per-turbadores e conseqüente prejuízopara os trabalhos e os participantes.

Como vemos, integrar umaequipe mediúnica é um encargo degrande responsabilidade. Importaconsiderar que somente as reuniõesmediúnicas sérias merecerão dosBenfeitores Espirituais todo essecuidadoso preparo mencionado.

Se os encarnados corresponde-rem, o grupo mediúnico cresceráem produtividade sob a chancela deEspíritos bondosos. Em caso opos-to, a reunião nada produzirá depositivo, tornando-se presa fácil pa-ras Espíritos inferiores.

A opção é nossa, dos encarna-dos. Os Amigos Espirituais estãosempre dispostos a secundar os nos-sos melhores esforços. São eles quetraçam as diretrizes dos trabalhosmediúnicos; que na realidade diri-gem as atividades, mas ficam na de-pendência de nossa cooperação,pois uma sessão para a prática damediunidade somente existe com oconcurso dos dois planos da vida.Se estivermos receptivos às orien-tações e apresentarmos por nossolado um esforço de iniciativas iden-tificadas com os seus propósitos, asduas equipes – a espiritual e a dosencarnados – tornar-se-ão homogê-neas e o grupo vibrando no mesmodiapasão de Amor atenderá comsucesso aos irmãos que ainda jazemna ignorância e no mal.

A sala de passes

O recinto destinado aos passesapresenta características próprias,

em virtude do trabalho ali realiza-do. Sendo local de atendimento aopúblico é natural que este interfirana ambiência. Entretanto, como sepode deduzir, a grande maioria daspessoas que buscam o socorro dopasse o fazem imbuídas dos me-lhores sentimentos, é o que informaÁulus, instrutor espiritual de AndréLuiz. Referindo-se à sala de passes,esclarece estarem ali reunidas “(...)sublimadas emanações mentais damaioria de quantos se valem do so-corro magnético, tomados de amore confiança”. Estas vibrações per-manecem no ambiente e se acumu-lam, a tal ponto que, no dizer deÁulus, criam uma atmosfera espe-cial formada “(...) pelos pensamen-tos, preces e aspirações de quantos nosprocuram trazendo o melhor de simesmos”. Esse conjunto vibratóriosurpreendeu André Luiz, quandoeste observou uma sala de passes,pelo “ambiente balsâmico e lumi-noso” que apresentava.6

Tal como acontece com a salamediúnica, o recinto destinado aessa atividade recebe dos Espíritosespecializados a assepsia e as defesasmagnéticas imprescindíveis à ma-nutenção e preservação do am-biente.

Quanto ao atendimento aosenfermos, o autor espiritual explicaque há um “quadro de auxiliares,de acordo com a organização esta-belecida pelos mentores da EsferaSuperior”, enfatizando que para obom êxito do labor de passes háque se observar: experiência, horá-rio, segurança e responsabilidadedaquele que serve.

No momento dos passes é pos-sível a alguns médiuns videntes di-visarem a intensa movimentaçãodos Benfeitores, que se utilizam de

aparelhagens especiais adequadasaos enfermos presentes.

A organização do Mundo Es-piritual é, pois, exemplar. Nãoobstante, nós, os encarnados, dei-xamos muito a desejar com as nos-sas falhas costumeiras, que vão des-de a invigilância em nosso cotidia-no até a freqüência irregular, o quepor certo prejudica os trabalhos.

É fundamental, portanto, quehaja uma conscientização, de nossaparte, da grandeza e complexidadedos labores espirituais, a fim de par-ticiparmos de modo mais eficientee produtivo. Que isso não seja, po-rém, um fator que leve ao misticis-mo (mas sim à responsabilidade) eque venha a influir ou modificar anossa conduta no instante do passeou no ministério mediúnico. Em-bora o trabalho que se desenvolve“do outro lado” seja complexo, anossa participação deve ser a maissimples possível, permeada, contu-do, do mais acendrado sentimentode amor ao próximo.

Que nos lembremos sempreque para exercermos tais atividadesa nossa preparação é toda, princi-palmente, interior. É no nossomundo íntimo que devemos labo-rar. É a nossa transformação paramelhor a cada momento.

Assim, não é a cor do vestuárionosso ou do paciente, a nossa ges-ticulação ou a sala ser azul ou bran-ca que irão influir na qualidade datransmissão energética no instantedos passes, mas sim, a nossa menteimpulsionando e direcionando es-sas energias fluídicas, o nosso dese-jo de servir, a nossa capacidade deser solidário com aquele que ali es-tá e de amá-lo como a um irmão.Por isso, a simplicidade deve ser atônica no momento do passe, já

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que este é, essencialmente, um atode amor. E o amor é simples, desa-taviado e puro, tal como exemplifi-cou Jesus.

CONCLUINDO, registramos,para nossa reflexão, a palavra deEmmanuel que enaltece a magna fi-nalidade da Doutrina dos Espíritos:

“Ao Espiritismo cristão cabe, at-ualmente, no mundo, grandiosa esublime tarefa.

Não basta definir-lhe as carac-terísticas veneráveis de Consolador daHumanidade, é preciso também re-velar-lhe a feição de movimento li-bertador de consciências e corações.” 7

É fundamental estarmos côns-cios da imensa responsabilidade queassumimos quando da fundaçãode uma instituição espírita; nãopodemos esquecer que responde-remos por tudo o que fizermos pe-rante Jesus e a Espiritualidade Maiore, sobretudo, diante de nossa cons-ciência.

Jesus vem e nos convida, nova-mente. Quais os frutos que pode-mos oferecer? Nossos celeiros aindaestão vazios?

Para encerrar, nada melhor doque o notável texto de Bezerra deMenezes, que reúne todas as dire-trizes e, em simultâneo, também asadvertências, imprescindíveis, a fimde que se preserve e mantenha aambiência espiritual do Centro Es-pírita, fazendo jus, assim, aos cuida-dos e empenho dos Benfeitores Es-pirituais que o edificaram no planoextrafísico, para que ali sejam efe-tuadas as curas das almas, esclare-cendo e confortando os corações e,sobretudo, libertando consciências:

“As vibrações disseminadas pelosambientes de um Centro Espírita, pe-los cuidados dos seus tutelares in-visíveis; os fluidos úteis, necessários aos

variados quão delicados trabalhos queali se devem processar, desde a cura deenfermos até a conversão de entidadesdesencarnadas sofredoras e até mesmoa oratória inspirada pelos instrutoresespirituais, são elementos essenciais,mesmo indispensáveis a certa série deexposições movidas pelos obreiros daImortalidade a serviço da TerceiraRevelação. Essas vibrações, esses flui-dos especializados, muito sutis e sen-síveis, hão de conservar-se imacula-dos, portando, intactas, as virtudesque lhe são naturais e indispensáveisao desenrolar dos trabalhos, porque,assim não sendo, se mesclarão de im-purezas prejudiciais aos mesmos tra-balhos, por anularem as suas profun-das possibilidades. Daí porque aEspiritualidade esclarecida recomen-da, aos adeptos da Grande Doutrina,o máximo respeito nas assembléias es-píritas, onde jamais deverão penetrara frivolidade e a inconseqüência, amaledicência e a intriga, o mercan-tilismo e o mundanismo, o ruído e asatitudes menos graves, visto que estassão manifestações inferiores do carátere da inconseqüência humana, cujomagnetismo, para tais assembléias e,portanto, para a agremiação que taiscoisas permite, atrairá bandos de en-tidades hostis e malfeitoras do in-visível, que virão a influir nos tra-balhos posteriores, a tal ponto quepoderão adulterá-los ou impossibilitá--los, uma vez que tais ambientes setornarão incompatíveis com a Espi-ritualidade iluminada e benfazeja.

Um Centro Espírita onde as vi-brações dos seus freqüentadores, en-carnados ou desencarnados, irradiemde mentes respeitosas, de corações fer-vorosos, de aspirações elevadas; onde apalavra emitida jamais se desloquepara futilidades e depreciações; ondeem vez do gargalhar divertido, se pra-

tique a prece; em vez do estrépito deaclamações e louvores indébitos se emi-tam forças telepáticas à procura de ins-pirações felizes; e ainda onde, em vezde cerimônias ou passatempos mun-danos, cogite o adepto da comunhãomental com os seus mortos amados ouos seus guias espirituais, um Centro as-sim, fiel observador dos dispositivosrecomendados de início pelos organi-zadores da filosofia espírita, será de-tentor da confiança da Espirituali-dade esclarecida, a qual o elevará àdependência de organizações mode-lares do Espaço, realizando-se então,em seus recintos, sublimes empreendi-mentos, que honrarão os seus diri-gentes dos dois planos da Vida. So-mente esses, portanto, serão registradosno Além-Túmulo como casas benefi-centes, ou templos do Amor e daFraternidade, abalizados para asmelindrosas experiências espíritas,porque os demais, ou seja, aqueles quese desviam para normas ou práticasextravagantes ou inapropriadas, serão,no Espaço, considerados meros clubesonde se aglomeram aprendizes doEspiritismo em horas de lazer.” 8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 3FRANCO, Divaldo P. Depoimentos Vivos. Di-versos Autores Espirituais, João Cleofas. 4XAVIER, Francisco C. Instruções Psicofônicas,pelo Espírito Efigênio Vítor. 7. ed., Rio deJaneiro: FEB, 1995, cap. 44.5KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. 70.ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. VIII, item129.6XAVIER, Francisco C. Nos Domínios daMediunidade, pelo Espírito André Luiz. 29. ed.,Rio de Janeiro: FEB, 2002, cap. 17, p. 161-162.7_____. Missionários da Luz, pelo Espírito An-dré Luiz. 36. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2001,“Ante os tempos novos”, p. 8.8PEREIRA, Yvonne A. Dramas da Obsessão,

pelo Espírito Bezerra de Menezes. 9. ed., Riode Janeiro: FEB, 2001, Conclusão, item III,p. 145, 146 e 147.

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A FEB E O ESPERANTO

Das 8 às 17 horas do dia 7 dedezembro de 2003, realizou--se, na sede da Federação Es-

pírita do Estado do Rio de Janeiro(FEERJ), o X Encontro Espírita-Es-perantista do Estado do Rio de Ja-neiro, com o tema Esperanto –Bênção de Jesus para Unificar osCorações.

Cerca de 50 participantes, soba direção do próprio Presidente daInstituição, o samideano Hélio Ri-beiro, e a coordenação de Givanil-do Ramos, da União das Socieda-des Espíritas do Estado do Rio deJaneiro (USEERJ), dedicaram-se àsagradáveis e edificantes atividadesdo programa, dentre as quais avul-tou substanciosa palestra proferidapor Hélio Ribeiro sobre o temaprincipal. Outros itens do progra-ma foram os grupos de estudo emtorno de temas relativos ao Espe-ranto em associação com o Espiri-tismo, um curso de introdução aoEsperanto, encontro infanto-juve-nil, momento de arte e a tocantehomenagem ao vulto de BalbinaMoraes, com a criação de uma se-ção de livros em e sobre o Esperan-to, com o seu nome, na Bibliotecada FEERJ.

Dias antes, em 2 de dezembro,

o confrade Givanildo Ramos, Dire-tor do Departamento de Esperantoda USEERJ, focalizando o significa-do da realização sucessiva e ininter-rupta dos dez Encontros de Espíri-tas-Esperantistas, levou ao ar, noprograma “A Língua da Fraternida-de” da Rádio Rio de Janeiro, umaentrevista concedida por AffonsoSoares, de que abaixo apresentamosalguns trechos.

Entrevista

GR – O que representam parao Movimento Espírita brasileiro 10anos de encontros Espíritas-Espe-rantistas em nosso Estado?

Affonso – Representam a perse-verança dos espíritas-esperantistasfluminenses em sustentar o ideal es-perantista associado aos serviços dedifusão da Doutrina Espírita. Evi-denciam a fidelidade desses valoro-sos companheiros a um programaque, iniciado pela FEB em 1909, ho-je se dissemina com fortes raízes noMovimento Espírita brasileiro e já seirradia para fecundar o MovimentoEspírita internacional, como está de-monstrado pela simpatia com que oEsperanto vem sendo acolhido noseio do Conselho Espírita Interna-cional, vale dizer, no seio da famíliaespírita mundial.

GR – Sabendo que o Prof. Is-

mael Gomes Braga, através da mé-dium Maria Cecília Paiva, informa,na mensagem O Terceiro Milênioe o Esperanto, que “(...) Espiritis-mo, Evangelho e Esperanto for-mam a base única e indivisível domagnífico mundo de amanhã”, etomando por base o que já aconte-ce no Movimento Espírita-Espe-rantista, você poderia tecer algumcomentário sobre essa assertiva?

Affonso – Não há melhor co-mentário do que a inspirada pala-vra do Espírito do poeta Abel Go-mes em mensagem ditada ao ChicoXavier, em 1948. Abel Gomes eraesperantista, espírita e tio do Prof.Ismael Gomes Braga. Ele disse, en-tre outras coisas:

“A nossa senha aos compa-nheiros ainda não sofreu alteração:Evangelho, Esperanto e Espiritismoconstituem para nós outros, agora,uma trilogia bendita de trabalhopara diversas encarnações.”

“(...) Com o Evangelho, acen-deremos nova luz na consciênciacoletiva, cooperando na missão re-dentora de que o Brasil se acha in-vestido na revivescência do Cristia-nismo restaurado; com o Esperan-to, abrimos novo caminho de fra-ternidade real entre almas e povos,para que o pensamento cristão con-solide as suas diretrizes salvadorasnos mais variados setores do mun-

X Encontro de Espíritas-Esperantistas noRio e entrevista de Affonso Soares

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do, preparando o futuro milênioem bases mais justas de compreen-são e solidariedade efetivas; e com oEspiritismo descerraremos novoshorizontes à visão geral, para queentendimento sadio prevaleça namentalidade terrestre, em todas asfases evolutivas, inclinando as cria-turas à dignidade humana e ao co-nhecimento substancial da justiçaque determina seja concedido a ca-da um de acordo com as suas obras.

“Segundo observamos, o pro-grama é vastíssimo e requisita nãosomente entusiasmos do neófito,mas a coragem e a abnegação doapóstolo.”

GR – Com base no tema cen-tral do X ENESEERJ, Esperanto:bênção de Jesus para unificar os co-rações, você acredita que também oEsperanto tem caráter unificador?

Affonso – O Esperanto, sejapor sua destinação essencial comoinstrumento lingüístico para a in-tercompreensão de indivíduos e po-vos que falam línguas diferentes, se-ja por sua ideologia sintetizada nadivisa justiça e fraternidade entretodos os povos, é eminentementeunificador.

No Movimento Espírita, a uni-ficação é sustentada por duas sólidascolunas: a unidade doutrinária, istoé, a fidelidade a um fundamentoque, para nós, são as revelações ex-postas nas obras básicas de AllanKardec, e a união fraterna dos adep-tos, nascida da vivência dos princí-pios morais do Evangelho, isto é, afraternidade, a tolerância, a solida-riedade, entre tantas virtudes abra-çadas pelo amor.

Ora, o Esperanto é poderoso au-xiliar para o fortalecimento da união

fraterna, porque esse é o seu objetivoprimordial: unir acima de quaisquerdiferenças, aproximar, à semelhançade uma ponte, as diversas expressõesde crença, língua, raça, cultura, pelaprática de uma língua neutra e deuma ideologia nitidamente em har-monia com o Evangelho.

Por isso, o tema do XENESEERJ é de grande inspiração,porque o Esperanto é efetivamenteuma bênção de Jesus para unificarcorações.

GR – Pela dinâmica estabeleci-da pelos espíritas-esperantistas doRio e do Estado do Rio, onde já te-mos semanas, círculos de palestras,encontros, que visam ao fortaleci-mento do tríplice ideal EEE, vocêacredita que essa iniciativa venha aefetivar-se em outros Estados noseio do Movimento Espírita comoum todo, como se pode presumir apartir de algumas iniciativas já emcurso no Estado de Minas Gerais?

Affonso – Sem qualquer som-bra de dúvida. O bom exemplo con-tagia. E se esse bom exemplo vemacompanhado de desdobramentosem realizações fecundas e duradou-ras, não tardará para que o trabalhodos espíritas em torno do Esperantoe seus ideais ganhe dimensões maisamplas e contornos bem mais de-finidos. Já sabemos de trabalhadoresde outros Estados envolvidos seria-mente nesse esforço. E os co-idealis-tas de Minas Gerais têm participaçãobastante positiva nesse campo.

GR – Todos sabemos que Is-mael Gomes Braga foi o grande in-centivador e abnegado construtordesse campo de atividades do Mo-vimento Espírita brasileiro, que é a

interligação do Evangelho, do Espi-ritismo e do Esperanto, e que, atra-vés de você, que é o dirigente doDepartamento de Esperanto daFEB, essas bases se solidificaram.Analisando mais profundamentetão importante concretização, queplanejamento tem a FEB para o fu-turo, com relação ao tema?

Affonso – Ismael Gomes Bra-ga é para todos nós um mentor, foium inimitável pioneiro e deixou ba-ses sólidas para que todos prossiga-mos na construção desse Ideal quetem suas raízes no Espaço.

A FEB mantém-se nas diretri-zes esboçadas em 1909, consolida-das em 1937 com o trabalho maisostensivo de Ismael Gomes Bragae com a famosa mensagem A Mis-são do Esperanto, de Emmanuel, re-forçadas com a outra grande men-sagem O Esperanto como Revela-ção, ditada ao Chico Xavier porFrancisco Valdomiro Lorenz e ofi-cialmente explicitadas no docu-mento Orientação ao Centro Es-pírita, emitido pelo Conselho Fe-derativo Nacional e publicado emforma de um opúsculo pela Casade Ismael.

O planejamento é continuar oque vem sendo feito para divulgaro Esperanto entre os espíritas doBrasil e do mundo e divulgar o Es-piritismo no seio da família espe-rantista. O programa editorial queatende a esses objetivos é alvo da ca-rinhosa atenção de seu Presidente,como o foi por todos os que o an-tecederam. Já vamos ter todas asobras de Allan Kardec, em Esperan-to, disponíveis nas home pages daFEB e do Conselho Espírita Inter-nacional, e existe um valoroso vo-luntariado trabalhando em nossopaís e no Exterior para a consecu-

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ção desses objetivos. Enfim, prepa-ramos o futuro com perseverantesesforços no presente.

GR – Em 2004, na cidade deParis, todo o Movimento Espíritamundial comemorará os 200 anosda reencarnação de Allan Kardec.O que acontecerá nesse evento liga-do ao tríplice ideal Evangelho-Es-piritismo-Esperanto?

Affonso – Ainda não dispomosde informações detalhadas, porquea organização do evento é de res-ponsabilidade do Movimento Espí-rita francês e do Conselho EspíritaInternacional. Mas já estamos cer-tos de uma promissora participaçãode nosso co-idealista polonês Prze-mek Grzybowski, bastante conhe-cido dos espíritas brasileiros, que fa-rá exposições sobre a língua inter-nacional, sobre a literatura espíritaem Esperanto, sobre a necessidadede que os membros da família espí-rita mundial adotem o Esperantocomo língua comum para as suasrelações internacionais.

Nos movimentos espíritas doExterior tudo ainda está no começono que diz respeito ao Esperanto,sendo, portanto, indispensável acontribuição dos espíritas brasileirospara a formação de sólidas bases.

GR – Por ocasião do XENESEERJ haverá um momento dereflexão sobre o Esperanto na Evan-gelização Infantil. Fale-nos sobre es-se tema.

Affonso – A Evangelização daInfância e da Juventude poderia in-cluir em seu programa, nas diferen-tes faixas etárias, atividades que des-pertem a atenção do aluno para oentrave que a multiplicidade de lín-

guas representa na construção dafraternidade, da união, apresentan-do-lhe, ao mesmo tempo, o Espe-ranto como a solução justa, apoia-da pelos Espíritos Superiores.

Mas não creio oportuno insti-tuir cursos da língua nas tarefas dosevangelizadores. Se os evangelizan-dos se interessarem – e o interessedependerá do próprio empenho eentusiasmo dos evangelizadores –,deverão, os evangelizandos, livre-mente buscar o aprendizado emcursos de Esperanto mantidos pelopróprio Centro Espírita, em Cen-tros Espíritas que os mantenham,ou nas instituições do movimentoesperantista neutro.

111

Terão início, a partir destemês, os seguintes cursos gratuitosda Língua Internacional neutra:

Elementar – 4as feiras –15h45 às 17h.

Aperfeiçoamento – 5as feirase 6as feiras – 16h30 às18h30.

Estudos Doutrinários em Es-peranto – 2as feiras – 15h às16h30.

La animoEn karamboloj ciklopaj, titanajmi sur la ter’ ser/adis kun pasiol’ animojn, pere de psikologio,kaj inter la esta5oj senorganaj.

En larmoj, timo, en ridoj spontanaj,en la perturboj de hipo3ondrio,en difektoj de fizionomio,en la instinktoj vulgaraj, tiranaj:

trovadis mi nur korpojn en ekzistokaj sangon en sen/esa bol-persisto,kun impulsoj teruraj, neetikaj.

Mi tiam, blindfreneza, vidis fumojnkaj ne de l’ astroj 1is l’ ameb’ la lumojnde la anim’ en sekretoj tragikaj.

Augusto dos Anjos

Fonte: Do livro Vo//oj de Poetoj el la Spirita Mondo, 2. ed. FEB, p. 131, versão emEsperanto feita por Francisco Valdomiro Lorenz, do poema Alma, publicada emParnaso de Além-Túmulo. 16. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, p. 128. EdiçãoComemorativa – 70 Anos.

Cursos de Esperantona Sede Seccional

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“Não ajunteis tesouros na Terra,onde a traça e a ferrugem tudoconsomem, e onde os ladrões mi-nam e roubam; mas ajuntai tesou-ros no Céu onde nem a traça nema ferrugem consomem e os la-drões não minam nem roubam.”

– Jesus. (Mateus, 6:19 e 20.)

Existe o homem fisiológico e ohomem espiritual. Este, nãoobstante estar ainda arrastando

os pés no chão do mundo, logravislumbrar os Painéis do Infinito,com os olhos postos nas Estrelas.Aquele, de horizontes limitados emente obnubilada por soez igno-rância, mantém-se voltado para osinteresses subalternos, vislumbran-do tão-somente na horizontal chã.

Allan Kardec desenha os perfisdesses caracteres antípodas no co-mentário que faz após a respostados Espíritos à questão 94l de OLivro dos Espíritos (Ed. FEB):

“O homem carnal, mais presoà vida corpórea do que à vida es-piritual, tem, na Terra, penas e go-zos materiais. Sua felicidade con-siste na satisfação fugaz de todos osseus desejos. Sua alma, constante-mente preocupada e angustiadapelas vicissitudes da vida, se con-serva numa ansiedade e numa tor-

tura perpétuas. A morte o assusta,porque ele duvida do futuro e por-que tem de deixar no mundo todasas suas afeições e esperanças.

O homem moral, que se colo-cou acima das necessidades factíciascriadas pelas paixões, já neste mun-do experimenta gozos que o homemmaterial desconhece. A moderaçãode seus desejos lhe dá ao Espírito cal-ma e serenidade. Ditoso pelo bemque faz, não há para ele decepções eas contrariedades lhe deslizam porsobre a alma, sem nenhuma im-pressão dolorosa deixarem.”

Em O Evangelho segundo oEspiritismo (Ed. FEB), Kardec nosoferece, ao raciocínio, algumas ila-ções sobre o ponto de vista peloqual o homem carnal e o homemespiritual encaram a Vida. Não ficadifícil concluir a supremacia destesobre aquele, quando entra em ce-na a variávelVida Futura:

“A idéia clara e precisa que sefaça da vida futura proporciona ina-balável fé no porvir, fé que acarretaenormes conseqüências sobre a mo-ralização dos homens, porque mu-da completamente o ponto de vistasob o qual encaram eles a vida ter-rena. Para quem se coloca, pelopensamento, na vida espiritual, queé indefinida, a vida corpórea se tor-na simples passagem, breve estadanum país ingrato. As vicissitudes etribulações dessa vida não passamde incidentes que ele suporta compaciência, por sabê-las de curta du-ração, devendo seguir-se-lhes umestado mais ditoso. À morte nadamais restará de aterrador; deixa deser a porta que se abre para o nadae torna-se a que dá para a liber-tação, pela qual entra o exilado nu-ma mansão de bem-aventurançae de paz. Sabendo temporária e nãodefinitiva a sua estada no lugaronde se encontra, menos atençãopresta às preocupações da vida, re-sultando-lhe daí uma calma de

112

Programa transcendente deconquistas imateriais

Rogério Coelho

“À morte nada

mais restará de

aterrador; deixa

de ser a porta

que se

abre para o

nada e torna-se

a que dá para

a libertação”

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espírito que tira àquela muito doseu amargor. (...)

É o que sucede ao que encaraa vida terrestre do ponto de vistada vida futura (...) lamenta que es-sas criaturas efêmeras a tantascanseiras se entreguem para con-quistar um lugar que tão pouco aselevará e que por tão pouco tempoconservarão. Daí se segue que aimportância dada aos bens terre-nos está sempre em razão inversada fé na vida futura.” (ESE, cap.II, item 5.) Conscientes de tais rea-lidades insofismáveis, a alternati-va que nos resta mais consentâneacom o bom senso é elaborarmos,desde já, um programa transcen-dente de conquistas imateriais, quepermanecerão inalienáveis pelaEternidade.Tal projeto deverá servazado no “espírito” da oportuna egrandiloqüente conclamação doAmigo Divino: “(...) ajuntai tesou-ros no Céu (...).”

Em um trecho da carta íntimaque Meimei (já desencarnada) en-via para seu amado Arnaldo Rochaem 6/9/52, pelo correio psicográfi-co seguro de Chico Xavier, existeuma síntese que enquadra, comclareza, o “espírito” dessas nossasilações, mostrando-nos o que real-mente conta para a Eternidade (Te-souros do Céu):

“(...) Posso dizer a você quea maior felicidade que amealhamosno mundo é a das bênçãos que es-palhamos com os outros. Reconfor-to corpóreo, bens efêmeros, autori-dade, recursos ilusórios, tudo, é al-guma coisa que um dia se confun-dirá com as cinzas, mas o AmorDivino, em forma de serviço aosnossos semelhantes, é claridade quenão se extingue jamais.” (Destaquesnossos.)

Analisando-nos friamente, qualserá o sentimento ou desejoque move diariamente as nos-

sas ações?Possuímos domínio completo

sobre as nossas emoções?Será que no íntimo consegui-

mos perdoar na mesma proporçãoem que dizemos ter perdoado?

Devemos aprender a educar osnossos sentimentos, de forma queos bons sejam intensificados e osnegativos sejam transmutados emvalores equilibrantes.

A vida social exige de nós cer-to grau de equilíbrio emocional,porque nem sempre as notícias quechegam até nós são agradáveis.

O sentimento de amor frater-no não deve ser impedido de aflo-rar em nosso coração.

O controle das emoções facili-ta a nossa convivência em família eem sociedade, pois o espírita é – oudeveria ser – uma criatura que sabeque deve esforçar-se diariamentepara obter equilíbrio em todas assituações.

Jesus demonstrou todo o seuamor por nós em sua descida à Ter-ra. Ele curou, ensinou e exemplifi-cou, dando o constante testemunhode toda a força que o amor incon-dicional possui. E da mesma forma,o amor de Deus por nós é ainda al-go não compreendido com clareza.Todos os dias surge à nossa frentealgo que é positivo à nossa evolu-ção, e nem sempre percebemosisso.

A humanidade terrena aindanão compreendeu que o sentimen-to a ser direcionado ao próximo de-ve ser o amor fraterno incondicio-nal.

Os animais inferiores já de-monstram traços de sentimentosque se irão aflorar em plenitude nosseres humanos. Os sentimentos –muito mais do que a vontade e ascapacidades –, são exteriorizações doque se passa no íntimo de cada ser.A educação que devemos exercersobre a manifestação desses senti-mentos é que nos coloca em posi-ção de ascensão espiritual, pois an-jo não é uma criatura de senti-mentos descontrolados. E assim,em paralelo à nossa busca de capa-citação em nosso ramo profissional– em um mundo cada vez maiscompetitivo e exigente – devemostambém nos capacitar a poder nofuturo retornar à Terra ou a irmospara mundos mais evoluídos.

A palavra-chave para a nossaauto-realização é Disciplina.

113

Os sentimentosJoão Fernandes da Silva Júnior

Retificando...No artigo “O fenômeno do

século XX – Francisco CândidoXavier” (Reformador de novem-bro/2003), onde se lê, na p. 15(413), “Pedimos vênia ao emi-nente articulista que abre aspáginas de Reformador” (...),leia-se: “que abre as páginas deFalando à Terra”, como constado original.

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Um rapaz de vinte e três anos,o Sr. A..., de Paris, que se ini-ciou no Espiritismo há ape-

nas dois meses, captou o seu alcan-ce com tal rapidez que, sem nadater visto, o aceitou em todas as suasconseqüências morais. Dirão que is-to não é de admirar da parte de umjovem, e não prova senão uma coi-sa: a leviandade e um entusiasmoirrefletido. Seja. Mas prossigamos.Esse moço irrefletido, como elepróprio reconhece, tinha um gran-de número de defeitos, dos quais omais saliente era uma irresistívelpredisposição para a cólera, desde ainfância. Pela menor contrariedade,pelas causas mais fúteis, quandoentrava em casa e não encontravaimediatamente o que queria; seuma coisa não estivesse no seu lu-gar habitual; se o que tivesse pedi-do não estivesse pronto em um mi-nuto, enfurecia-se e tudo quebrava.Era a tal ponto que um dia, numparoxismo de cólera, explodindocontra a mãe, disse-lhe: “Vai-te em-bora, ou eu te mato!” Depois, esgo-tado pela superexcitação, caía semconsciência. Acrescente-se que nemos conselhos dos pais, nem as exor-tações da religião tinham podidovencer esse caráter indomável, com-pensado, aliás, por uma grande in-teligência, uma instrução cuidado-sa e os mais nobres sentimentos.

Dir-se-á que é o efeito de umtemperamento bilioso-sanguíneo--nervoso; resultado do organismo e,por conseguinte, arrastamento irre-sistível. Resulta desse sistema quese, em seus desvarios, tivesse come-tido um assassinato, seria perfeita-mente desculpável, porque teria re-sultado de um excesso de bile. Re-sulta ainda que, a menos que modi-ficasse o temperamento, que mu-dasse o estado normal do fígado edos nervos, esse rapaz estaria pre-destinado a todas as funestas conse-qüências da cólera.

– Conheceis um remédio paratal estado patológico? – Não, ne-nhum, a não ser que, com o tempo,a idade possa atenuar a abundânciade secreções mórbidas. – Pois bem!o que não pode a ciência, o Espiri-tismo o faz, não pela ação do tem-po e em conseqüência de um esfor-ço contínuo, mas instantaneamen-te. Bastaram alguns dias para fazerdesse jovem um ser meigo e pa-ciente. A certeza adquirida da vidafutura, o conhecimento do objeti-vo da vida terrestre, o sentimentoda dignidade do homem, reveladapelo livre-arbítrio, que o coloca aci-ma do animal, a responsabilidadedaí decorrente, o pensamento deque a maior parte dos males terre-nos são a conseqüência de nossosatos, todas essas idéias, hauridasnum estudo sério do Espiritismo,produziram em seu cérebro umasúbita revolução; pareceu-lhe queum véu foi retirado de seus olhos; a

vida se lhe apresentou sob outraface. Então, certo de que tinha emsi um ser inteligente, independenteda matéria, disse de si para si: “Es-te ser deve ter uma vontade, ao pas-so que a matéria não a tem; portan-to, ele pode dominar a matéria.”Daí este outro raciocínio: “O resul-tado de minha cólera foi tornar-medoente e infeliz, e ela não me dá oque me falta; logo é inútil, já quenão estou mais adiantado. Ela meproduz mal e nenhum bem me dáem compensação; mais ainda: po-deria impelir-me a atos repreensí-veis, criminosos talvez.” – Ele quisvencer, e venceu. Desde então, milocasiões se apresentaram que, antes,o teriam enfurecido e ante as quaisele ficou impassível e indiferente,para grande estupefação de suamãe. Sentia o sangue ferver e subirà cabeça, mas, por sua vontade, ofazia refluir, forçando-o a descer.

Um milagre não teria feitomelhor. Mas o Espiritismo fezmuitos outros, que nossa revistanão bastaria para registrar, se qui-séssemos relatar todos os que sãodo nosso conhecimento pessoal,atinentes a reformas morais dosmais inveterados hábitos. Citamoseste como um exemplo notável dopoder da vontade e, também, por-que levanta um importante proble-ma, que só o Espiritismo pode re-solver.

O Sr. A... nos perguntava a res-peito se seu Espírito era responsávelpor sua violência, ou se apenas so-

PÁGINAS DA REVUE SPIRITE

Poder da vontade sobre as paixões

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fria a influência da matéria. Eis anossa resposta:

Vosso Espírito é de tal modoresponsável que, quando o quises-tes seriamente, controlastes o movi-mento sanguíneo. Assim, se o tivés-seis querido antes, os acessos teriamcessado mais cedo e não teríeisameaçado vossa mãe. Além disso,quem é que se encoleriza? O corpoou o Espírito? Se os acessos viessemsem motivo, poder-se-ia crer queeram provocados pelo afluxo san-guíneo; mas, fútil ou não, tinhampor causa uma contrariedade. Ora,evidentemente não era o corpo queestava contrariado, mas o Espírito,muito susceptível. Contrariado, oEspírito reagia sobre um sistema or-gânico irritável, que não teria sidoprovocado se tivesse ficado em re-pouso. Façamos uma comparação.Tendes um cavalo fogoso; se sou-berdes governá-lo, ele se submete;se o maltratardes, ele se enfurece evos derruba. De quem a falta: vos-sa ou do cavalo?

Para mim, é evidente que vos-so Espírito é naturalmente irascível;mas como cada um traz consigo oseu pecado original, isto é, um res-to das antigas inclinações, não émenos evidente que, em vossa pre-cedente existência, tivésseis sido umhomem de extrema violência, e queprovavelmente tereis pago muitocaro, talvez com a própria vida. Naerraticidade, vossas outras boas qua-lidades vos ajudaram a compreen-der vossos erros; tomastes a resolu-ção de vos vencer e, para isto, lutarem uma nova existência. Mas se ti-vésseis escolhido um corpo débil elinfático, vosso Espírito, não encon-trando nenhuma dificuldade, nadateria ganhado, o que para vós signi-ficaria ter de recomeçar. Eis por que

escolhestes um corpo bilioso, a fimde ter o mérito da luta. Agora a vi-tória está alcançada. Vencestes o ini-migo do vosso repouso e nada po-de entravar o livre exercício devossas boas qualidades. Quanto àfacilidade com a qual aceitastes ecompreendestes o Espiritismo, elase explica pela mesma causa: éreisespírita há muito tempo; esta cren-ça era inata em vós e o materialis-mo foi apenas o resultado da falsadireção dada às vossas idéias. Aba-fada inicialmente, a idéia espíritapermaneceu em estado latente ebastou uma centelha para a desper-tar. Bendizei, pois, a Providênciaque permitiu que esta centelha che-gasse em boa hora para deter umainclinação que talvez vos tivesse

causado amargos desgostos, en-quanto vos resta uma longa carrei-ra a percorrer na estrada do bem.

Todas as filosofias se chocaramcontra esses mistérios da vida hu-mana, que pareciam insondáveis atéque o Espiritismo lhes trouxe o seufacho. Em presença de tais fatos,ainda se pode perguntar para queserve ele? Estamos no direito debem augurar o futuro moral da hu-manidade quando ele for com-preendido e praticado por todo omundo.

Allan Kardec

Fonte: Revue Spirite (Revista Espírita)– julho de 1863. Tradução de EvandroNoleto Bezerra.

Assembléia Geral ExtraordináriaAviso

Em face das alterações do novo Código Civil Brasileiro, ocorridascom a publicação em 23/12/2003 da Lei no 10.825, de 22/12/2003,que acrescentou ao art. 44 daquele diploma legal nova categoria de pes-soa jurídica de direito privado – as organizações religiosas –, classifica-ção mais condizente com os objetivos e fins da FEB, o Presidente daFederação Espírita Brasileira, nos termos do inciso IV do art. 15, com-binado com o inciso II do art. 35 do Estatuto, convoca os AssociadosEfetivos para a Assembléia Geral Extraordinária que ocorrerá em suaSede Central, à Av. L-2 Norte, Quadra 603, Conj. F, em Brasília (DF),no dia 13 de março de 2004, às 14h em primeira convocação e, se nãohouver o quorum regulamentar, às 14h30 em segunda convocação,para deliberar sobre proposta do Conselho Diretor no sentido de tor-nar sem efeito a alteração estatutária aprovada na Assembléia Geral Ex-traordinária de 25 de outubro de 2003, restabelecendo, em seu intei-ro teor, o Estatuto da FEB então vigente, aprovado em 23 de marçode 1991, com as alterações nele introduzidas nas Assembléias GeraisExtraordinárias de 12 de novembro de 1994 e de 3 de julho de 1999,todos registrados no Cartório competente.

O Conselho Diretor

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CONSELHO ESPÍRITA INTERNACIONAL

PPrroommooççããoo:: Conselho Espírita Internacional

RReeaalliizzaaççããoo:: União Espírita Francesa e Francofônica

EExxeeccuuççããoo:: Associação Kardec

TTEEMMAA CCEENNTTRRAALL«Allan Kardec – O Edificador de uma Nova Era para a Regeneração

da Humanidade»

LLOOCCAALLMaison de la MutualitéRua Saint-Victor, 24 – Metrô Maubert-Mutualité – Paris

PPRROOGGRRAAMMAAÇÇÃÃOO

Dia 2 de outubro - sábado14-18h – Recepção e credenciamento dos congressistas19h – Solenidade de abertura – Palestra: «ALLAN KARDEC – O EDUCADOR E O CODIFICADOR DA DOUTRINA ESPÍRITA»

Dia 3 de outubro - domingo9h00-12h40 – Painel:«O LIVRO DOS ESPÍRITOS – PRINCÍPIOS FILOSÓFICO-ESPÍRITAS PARA UMA NOVA SOCIEDADE»Objetivo: Destacar as bases doutrinárias da Doutrina Espírita e as conseqüências

da aceitação da realidade do ser espiritual e imortal.

9h00 – Abertura9h10 – Fundamentos Filosóficos da Doutrina Espírita9h50 – O Homem e sua Evolução Espiritual

10h30 – Influência do Espiritismo na Marcha do Progresso11h10 – Intervalo11h30 – A Ética Espírita12h10 – Debate (perguntas e respostas)

12h40-14h30 – Horário de almoço

CCOONNGGRREESSSSOO EESSPPÍÍRR IITTAA MMUUNNDDIIAALL40 Paris – 2 a 5 deoutubro de 2004

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Reformador/Março 2004 39117

14h30-18h10 – Painel:«O LIVRO DOS MÉDIUNS – INTERCÂMBIO MEDIÚNICO COM BASE NA DOUTRINA ESPÍRITA»

Objetivo: Destacar a finalidade das manifestações espirituais e as orientações para sua prática com base na orientação espírita, realçando o papel desse intercâmbio na vida das pessoas e das famílias, comoconseqüência natural do conhecimento espírita.

14h30 – Abertura14h40 – Influência dos Espíritos na História da Humanidade15h20 – Critérios para análise das Manifestações Mediúnicas16h00 – Influência mediúnica e a Identidade dos Espíritos Comunicantes16h40 – Intervalo17h00 – Prática da Mediunidade com base na Ética Espírita17h40 – Debate (perguntas e respostas)

18h10 – Apresentação musical, visita a exposições e sessões de autógrafos

Dia 4 de outubro - 2a feira9h00-12h40 – Painel:«O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – FUNDAMENTOS ÉTICO-MORAIS DA DOUTRINA ESPÍRITA»Objetivo: Destacar a importância da vivência moral e cristã nas relações

interpessoais e sociais.9h00 – Abertura9h10 – Proposta da Doutrina Espírita para a educação do Homem9h50 – Caridade na visão Espírita

10h30 – Laços de família – Base da Sociedade11h10 – Intervalo11h30 – A Promoção do Bem na construção da Paz12h10-12h40 – Debate (perguntas e respostas)12h40-14h30 – Horário de almoço

14h30-16h30 – Painel:«O CÉU E O INFERNO – IMORTALIDADE DA ALMA: CONSEQÜÊNCIAS NA EDUCAÇÃO, NA CULTURA E NA SOCIEDADE»Objetivo: Destacar as conseqüências psicológicas e sociais, com base no

conhecimento dos estados de alma no mundo espiritual.

14h30 – Abertura14h40 – A morte e a vida espiritual na visão da Doutrina Espírita

CCOONNGGRREESSSSOO EESSPPÍÍRR IITTAA MMUUNNDDIIAALL40 Paris – 2 a 5 deoutubro de 2004

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40 Reformador/Março 2004118

15h00 – Estados de alma dos Espíritos Comunicantes15h20 – Repercussão das mensagens de Espíritos Familiares15h40 – Justiça e harmonia das Leis Naturais16h00 – Debate (perguntas e respostas)16h30 – Intervalo

17h00-19h00 – Painel:«A GÊNESE – INTERAÇÃO ENTRE A DOUTRINA ESPÍRITA E A CIÊNCIA»Objetivo: Focalizar as evidências científicas que demonstram a veracidade do

intercâmbio espiritual e da reencarnação17h00 – Abertura17h10 – Caráter da Revelação Espírita – Relações entre Espiritismo e Ciência17h30 – Papel do perispírito na reencarnação e nas manifestações espirituais17h50 – A saúde, a bioética e a ecologia na visão da Doutrina Espírita18h10 – O Espiritismo diante das pesquisas sobre o genoma humano18h30 – Debate (perguntas e respostas)

19h00 – Apresentação musical, visita a exposições e sessões de autógrafos

Dia 5 de outubro - 3a feira9h00-11h00 – Painel:«EVOLUÇÃO DO MOVIMENTO ESPÍRITA»Objetivo: Oferecer uma visão panorâmica sobre o desenvolvimento do Movimento

Espírita Internacional.9h00 – Abertura9h10 – Movimento Espírita no Século XIX9h30 – Movimento Espírita na 1a Metade do Século XX9h50 – Movimento Espírita na 2a Metade do Século XX

10h10 – Movimento Espírita – Fase Atual – Internacionalização10h30 – Debate (perguntas e respostas) 11h00 – Intervalo12h10 – Palestra: La Revue Spirite – histórico e objetivos

12h40-14h30 – Horário de almoço14h30-16h40 – Painel:«DIFUSÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA»Objetivo: Oferecer uma visão panorâmica sobre as experiências de estudo

sistematizado e de divulgação da Doutrina Espírita.

CCOONNGGRREESSSSOO EESSPPÍÍRR IITTAA MMUUNNDDIIAALL40 Paris – 2 a 5 deoutubro de 2004

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14h30 – Abertura14h40 – Cursos Sistematizados de Doutrina Espírita 15h00 – Os Livros Espíritas15h20 – Campanha de Divulgação do Espiritismo15h40 – Divulgação no rádio, na TV e na Internet16h00 – Debate (perguntas e respostas) 16h40 – Intervalo 17h00-19h00 – Solenidade de encerramento – Palestra: «DIFUSÃO DA DOUTRINA ESPÍRITA E SEU PAPEL NA NOVA ERA»

ESCLARECIMENTOS1- O programa será apresentado na forma de Painéis (Módulos),

sem atividades simultâneas. Não haverá espaço para temas livres.

2- Haverá tradução simultânea para as palestras em francês, português, espanhol, inglês e esperanto, dependendo do número de inscritos que se comuniquem, exclusivamente, nesses idiomas.

EEXXPPOOSSIIÇÇÕÕEESS

Exposição de postersSerá montada uma exposição do CEI, quando cada país-membro terá um espaço para expor um pôster (banner).

Exposição sobre a Vida e Obra de Allan KardecSerá montada uma exposição sobre a vida e a obra de Allan Kardec.

AATTIIVVIIDDAADDEESS PPÓÓSS-CCOONNGGRREESSSSOO

Dias 6 e 7 de outubro – quarta-feira e quinta-feira:10a Reunião do Conselho Espírita Internacional. Durante a Reuniãoserá inaugurada placa alusiva ao Bicentenário de Allan Kardec, emseu túmulo, no Cemitério do Père-Lachaise, com a presença dosintegrantes do CEI.

CCOONNGGRREESSSSOO EESSPPÍÍRR IITTAA MMUUNNDDIIAALL40 Paris – 2 a 5 deoutubro de 2004

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Paraná: VI Conferência EspíritaA Federação Espírita do Paraná realizará nos dias 21,22 e 23 de abril, em Curitiba, a VI Conferência Esta-dual Espírita, evocando os 140 anos de O Evangelhosegundo o Espiritismo. O tema central – A Saga doAmor na Terra – será desenvolvido pelos conferencis-tas Divaldo Pereira Franco, J. Raul Teixeira e SandraBorba Pereira.

Pernambuco: Encontro de Juventudes EspíritasA Federação Espírita Pernambucana promoverá emRecife, de 9 a 11 de abril, o Encontro de JuventudesEspíritas, com o tema A Família. O evento enseja aoportunidade de estudos, integração e confraterniza-ção dos jovens em torno da Doutrina Espírita. As ins-crições podem ser feitas até o dia 23 de março cor-rente. Para outras informações: site www.fespirita--pe.org.br – e-mail: [email protected] – telefo-ne (81) 9138-6051, com Ana Paula.

Noruega: Grupo Espírita Léon DenisMais uma instituição espírita está funcionando naNoruega. É o Grupo de Estudos Espíritas Léon De-nis que, dentre outras atividades, promove reuniõespúblicas às quartas-feiras, das 18h30 às 20 horas. OGruppen for Spiritistiske Studier Leon Denis é diri-gido por Maria Cristina Latini e Sania Haugen e oseu endereço é: Mollergt, 23 – sala 214 – Centro –Oslo – Noruega. Contatos pelo correio eletrônico:[email protected] (SEI.)

A Cruzada na InternetA Cruzada dos Militares Espíritas, membro do Con-selho Federativo Nacional da FEB, tem, agora, suapágina na Internet, com informações sobre suas ativi-dades, endereços dos núcleos, esclarecimentos sobre aSemana Maurícia e seu patrono – o Legionário Mau-rício. O endereço é: www.cme.org.br

R. G. do Sul: Encontro de EvangelizadoresA Federação Espírita do Estado do Rio Grande do Sulpromoverá, através do seu Departamento de Infânciae Juventude, o Encontro Estadual de Evangelizadores,nos dias 3 e 4 de abril, com o tema A Evangelização

Espírita como chave para o progresso educacional daHumanidade, que será desenvolvido pelas professorasSandra Borba Pereira, Presidente da Federação Espí-rita do Rio Grande do Norte, e Gladis Pedersen, pri-meira Vice-Presidente da FERGS, e pelo médico Sér-gio Lopes, de Pelotas. Informações pelo telefone (51)3224-1493 ou no site www.fergs.com.br

Bahia: Calendário Federativo 2004A Área de Comunicação Social da Federação Espíritado Estado da Bahia informa a seguinte programaçãode eventos: a Caravana da Fraternidade está marcadapara 26 a 28 de março em Salvador e várias cidades dointerior. A segunda edição do Fórum Allan Kardec,de 16 a 18 de abril, e o seminário do Projeto ManoelPhilomeno de Miranda, em 23 de maio. Os Encon-tros Macrorregionais estão previstos para o período demaio a julho, e o Encontro Estadual de Espiritismo2004, realizado sempre num fim de semana, será nofinal de outubro ou início de novembro.

Canadá: Movimento Espírita em MontrealO Mouvement Spiritiste Québécois conta com umasede bem montada e com excelente localização. O lo-cal tem o nome fantasia “Espace Espírita”. Isto mes-mo, o “Espírita” é grafado em português e não emfrancês, que é a língua predominante na Província deQuebec.Também a recém-fundada editora tem a mes-ma grafia “Edicion Espírita”. O “Espace Espírita” con-ta com livraria e biblioteca, sendo utilizado por trêsgrupos, dentre eles o Centro Espírita Allan Kardec,que mantém várias atividades semanais. (RIE.)

Sergipe: Ciclo de PalestrasA Federação Espírita do Estado de Sergipe, em parce-ria com todas as Instituições Espíritas do Estado, rea-lizará durante todo o mês de abril o seu VIII Ciclo dePalestras, que tem por objetivo, além das comemora-ções dos 147 anos de O Livro dos Espíritos e do Bi-centenário de Nascimento de Allan Kardec, fortaleceros laços de união e de amizade entre as Casas Espíri-tas do Estado e entre os espíritas de modo geral. Osexpositores deverão abordar o tema Espíritas, amai--vos. Espíritas, instruí-vos.

SEARA ESPÍRITA

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