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Um breve panorama da música de concerto brasileira CARLOS EDUARDO SANTOS A música erudita brasileira nasceu nas igrejas no barroco mineiro e baiano. Ao longo dos séculos, a construção de uma identidade musical genuinamente brasileira ainda é passível de muita discussão, pois a nossa formação musical, sofreu larga influência europeia, fruto da opressão colonizadora que o Brasil viveu desde o seu descobrimento (achamento) até o final do século XIX. Essa vertente da produção musical brasileira por muitos é considerada como o último tesouro ainda por ser descoberto e verdadeiramente explorado da cultura do país. À exceção do célebre Villa-Lobos, e também de Camargo Guarnieri, pouco se conhece a respeito dessa imensa produção musical. Isso se dá tanto nos meios internacionais como, espantosamente, entre os próprios músicos brasileiros, que bastante sabem e executam Mozart, Beethoven e Brahms, mas que pouca informação tem de compositores brasileiros contemporâneos e mesmo de outros períodos. Somente no século XX, que a música nacionalista brasileira introduziu-se e foi consolidada. Nessa época, nomes como Alberto Nepomuceno e Brasílio Itiberê da Cunha eram ignorados pelas ditas excessivas brasilidades de suas composições e admitia-se Carlos Gomes pelo seu grande sucesso na Europa. É a partir de Villa-Lobos que o Brasil e o mundo descobrem a música erudita e o país passa, desde então, a produzir talentos em série: Lorenzo Fernandez, Francisco Mignone, Radamés Gnatalli, Camargo Guarnieri, Guerra-Peixe, Cláudio Santoro, Edino Krieger, Waldemar Henrique e Marlos Nobre são alguns desses expoentes. Esses compositores se debruçaram à pesquisa da música dos índios, das nossas lendas amazônicas e também do ritmo e expressiva música de matriz africana, trazida pelos negros escravizados.

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Um breve panorama da música de concerto brasileira

CARLOS EDUARDO SANTOS

A música erudita brasileira nasceu nas igrejas no barroco mineiro e baiano. Ao longo dos séculos, a

construção de uma identidade musical genuinamente brasileira ainda é passível de muita discussão, pois a

nossa formação musical, sofreu larga influência europeia, fruto da opressão colonizadora que o Brasil viveu

desde o seu descobrimento (achamento) até o final do século XIX.

Essa vertente da produção musical brasileira por muitos é considerada como o último tesouro ainda

por ser descoberto e verdadeiramente explorado da cultura do país. À exceção do célebre Villa-Lobos, e

também de Camargo Guarnieri, pouco se conhece a respeito dessa imensa produção musical. Isso se dá tanto

nos meios internacionais como, espantosamente, entre os próprios músicos brasileiros, que bastante sabem e

executam Mozart, Beethoven e Brahms, mas que pouca informação tem de compositores brasileiros

contemporâneos e mesmo de outros períodos.

Somente no século XX, que a música nacionalista brasileira introduziu-se e foi consolidada. Nessa

época, nomes como Alberto Nepomuceno e Brasílio Itiberê da Cunha eram ignorados pelas ditas excessivas

brasilidades de suas composições e admitia-se Carlos Gomes pelo seu grande sucesso na Europa.

É a partir de Villa-Lobos que o Brasil e o mundo descobrem a música erudita e o país passa, desde

então, a produzir talentos em série: Lorenzo Fernandez, Francisco Mignone, Radamés Gnatalli, Camargo

Guarnieri, Guerra-Peixe, Cláudio Santoro, Edino Krieger, Waldemar Henrique e Marlos Nobre são alguns

desses expoentes. Esses compositores se debruçaram à pesquisa da música dos índios, das nossas lendas

amazônicas e também do ritmo e expressiva música de matriz africana, trazida pelos negros escravizados.

Daí a importância da difusão desse repertório para as grandes massas, pois quando se fala de música

brasileira, a primeira (e muitas vezes, única) referência que se faz é da MPB como publicou certa feita, o

jornalista Irineu Franco Perpétuo: “Para o bem ou para o mal, os intelectuais orgânicos brasileiros, na área

de música, são gente como Chico Buarque, Caetano Veloso e Milton Nascimento e não Almeida Prado,

Edino Krieger ou Gilberto Mendes, por mais que possamos admirar e respeitar o talento desses

compositores”.

A música erudita brasileira é fresca, dotada de elementos únicos, riquíssima e fascinante por ser

cosmopolita. Mas mesmo hoje, o Brasil ainda é um país que não percebeu o devido valor da música clássica,

erudita ou de concerto, apreciadíssima hoje em dia na França, Alemanha e até no Japão, talvez por causa de

nossa história ou de nossa situação político-econômica. Os músicos eruditos e os artistas em geral são como

na opinião do professor Koellreutter, "uma espécie de Quixotes, que lutam contra os moinhos de ventos".

Fontes: Artigo “Música erudita brasileira” Ricardo Bernardes, Funarte 2001; Wikipédia, a Enciclopédia livre.