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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 016.457/2010-2 GRUPO I – CLASSE V – Plenário TC 016.457/2010-2. Natureza: Auditoria. Entidade: Município de Itarema/CE. Responsáveis: Marcos Robério Ribeiro Monteiro (377.885.663-49); Francisca Leoneide de Freitas Lima (674.211.803-20); José Edson Rios Filho (425.502.703-04); Simone Martins Brandão (419.356.163-15); Ana Paula Praciano Teixeira (418.982.733-91); Aja Engenharia Ltda. (05.218.697/0001-95); Daruma Construções e Empreendimentos Ltda. (CNPJ 23.568.447/0001-67); EC de Carvalho ME (08.665.901/0001-04); Firme e Venâncio Ltda. (09.353.355/0001-39); Pratika Incorporações Ltda. (02.868.326/0001-60). Advogados constituídos nos autos: Francisco Régis dos Santos Albuquerque (OAB/CE 9.749) e outros. SUMÁRIO: AUDITORIA. MUNICÍPIO DE ITAREMA/CE. VERIFICAÇÃO DA REGULARIDADE NA APLICAÇÃO DE RECURSOS FEDERAIS NO ÂMBITO DE PROGRAMAS SOCIAIS E DE TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS. DIVERSOS INDÍCIOS DE IRREGULARIDADE. AUDIÊNCIA. REJEIÇÃO DE PARTE DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA DE UM RESPONSÁVEL. MULTA. DETERMINAÇÕES. RECOMENDAÇÕES. FORMAÇÃO DE APARTADO. CIÊNCIA. RELATÓRIO Trata-se de auditoria realizada no município de Itarema/CE com o objetivo de verificar a aplicação, no exercício de 2009, de recursos federais repassados por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – PNATE, do Programa Saúde da Família – PSF e do Programa Bolsa Família – PBF, bem como por meio de transferências voluntárias. 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 016.457/2010-2

GRUPO I – CLASSE V – PlenárioTC 016.457/2010-2. Natureza: Auditoria.Entidade: Município de Itarema/CE.Responsáveis: Marcos Robério Ribeiro Monteiro (377.885.663-49); Francisca Leoneide de Freitas Lima (674.211.803-20); José Edson Rios Filho (425.502.703-04); Simone Martins Brandão (419.356.163-15); Ana Paula Praciano Teixeira (418.982.733-91); Aja Engenharia Ltda. (05.218.697/0001-95); Daruma Construções e Empreendimentos Ltda. (CNPJ 23.568.447/0001-67); EC de Carvalho ME (08.665.901/0001-04); Firme e Venâncio Ltda. (09.353.355/0001-39); Pratika Incorporações Ltda. (02.868.326/0001-60).Advogados constituídos nos autos: Francisco Régis dos Santos Albuquerque (OAB/CE 9.749) e outros.

SUMÁRIO: AUDITORIA. MUNICÍPIO DE ITAREMA/CE. VERIFICAÇÃO DA REGULARIDADE NA APLICAÇÃO DE RECURSOS FEDERAIS NO ÂMBITO DE PROGRAMAS SOCIAIS E DE TRANSFERÊNCIAS VOLUNTÁRIAS. DIVERSOS INDÍCIOS DE IRREGULARIDADE. AUDIÊNCIA. REJEIÇÃO DE PARTE DAS RAZÕES DE JUSTIFICATIVA DE UM RESPONSÁVEL. MULTA. DETERMINAÇÕES. RECOMENDAÇÕES. FORMAÇÃO DE APARTADO. CIÊNCIA.

RELATÓRIO

Trata-se de auditoria realizada no município de Itarema/CE com o objetivo de verificar a aplicação, no exercício de 2009, de recursos federais repassados por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – PNATE, do Programa Saúde da Família – PSF e do Programa Bolsa Família – PBF, bem como por meio de transferências voluntárias.2. Esta auditoria decorreu de despacho por mim proferido no âmbito do TC 005.386/2010-1, que tratou de processo administrativo acerca da proposta de fiscalização formulada pela Secex/CE, em consonância com o TMS 6 – Transferências Voluntárias, e que integrou fiscalizações realizadas no âmbito da Região Administrativa n° III do Ceará, englobando os municípios de Acaraú, Bela Cruz, Cruz, Itarema, Marco, Morrinhos e Jijoca de Jericoacoara.3. O Relatório de Auditoria elaborado pela equipe da Secex/CE encontra-se juntado a estes autos às fls. 2/57 da Peça nº 41, podendo nele se destacar o parecer do diretor da unidade técnica (fls. 29/34 da Peça nº 42), que contou com a aprovação do titular da Secex/CE, nos seguintes termos:

“(...) 3. Ressalte-se que, concomitantemente aos trabalhos de auditoria, foram realizadas audiências públicas nos referidos municípios no intuito de fomentar o controle social da comunidade no que concerne aos recursos federais oriundos de Programas de Governo e de transferências voluntárias.

4. Os achados de auditoria apurados nos presentes autos englobam fraudes em licitação, restrição à competitividade, inexecução de objeto pactuado, ausência de treinamento de membros do conselho do Fundeb e CAE, transporte irregular de alunos da rede municipal, contratação ilegal de profissionais para o PSF, recebimento indevido do Programa Bolsa Família, descumprimento de

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carga horária e de número mínimo de profissionais no PSF e contratação irregular de nutricionista para o PNAE (merenda escolar) (itens 2.1 a 3.1 do Relatório de Auditoria).

5. Para melhor visualização, os anexos 1 a 5 dos presentes autos apresentam a seguinte composição, por fonte de recursos: Anexo 1: Fundeb e PNAE; Anexo 2: Programa Nacional de Transporte Escolar – PNATE; Anexo 3: Programa Saúde da Família – PSF; Anexo 4: Bolsa Família e Anexo 5: Convênios e Contratos de Repasse.

6. Os achados de auditoria apurados pela Secex/CE alusivos à montagem do procedimento licitatório (Tomada de Preços nº 8/2008), para a construção de um Centro Cultural no Município de Itarema/CE, devem, preliminarmente, ser objeto de audiência dos responsáveis (item 1 da Proposta de Encaminhamento relativo aos itens 2.1 e 2.3 do Relatório) no âmbito dos presentes autos. A situação do Convênio n° 622425 (Siafi) é de adimplência e a prestação de contas já foi apresentada ao Ministério da Cultura, encontrando-se na situação de ‘a aprovar’.

7. As irregularidades alusivas ao Transporte Escolar devem ser objeto de audiência do responsável, em razão da falta de segurança dos veículos condutores, impondo constantes riscos de vida aos alunos da rede municipal, em desacordo com os normativos pertinentes (item 2.4).

8. Vale ressaltar que não há previsão legal para treinamento de membros do Conselho do Fundeb, cabendo recomendação à Prefeitura Municipal de Itarema/CE quanto ao contido no item 2.5 do Relatório de Auditoria de fls. l/28-v.

9. No que tange à falta de treinamento para os conselheiros do CAE, é cabível a realização de alerta à Prefeitura Municipal de Itarema/CE, quanto ao descumprimento do art. 17 da Lei nº 11.947/2009, que dispõe sobre a realização de capacitação dos recursos humanos envolvidos com o PNAE. Ressalte-se que o FNDE já disponibiliza Programa Nacional de Formação Continuada a Distância, conforme Resolução FNDE nº 12, de 25/4/2008. (item 2.6).

10. Ante o exposto, manifestamos, preliminarmente, concordância parcial com a proposta de fls. 22-v/28-v, dando-se a seguinte redação aos itens I, III, IV, V, VIII e IX da Proposta de Encaminhamento, mantendo-se os demais itens (II, VI e VII), efetivando-se, desde já, os alertas, recomendações, determinações e encaminhamentos que se seguem:

1) audiência prévia dos responsáveis infraelencados, nos termos do art. 43, inciso II, da Lei n° 8.443/1992, para que, no prazo de 15 (quinze) dias contados a partir da ciência, apresentem razões de justificativa acerca das seguintes irregularidades:

Marcos Robério Ribeiro Monteiro, prefeito de 1tarema/CE. a) não realização de supervisão adequada em relação às ações da Comissão de Licitação

e da Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de 1tarema/CE, em face da montagem de processos licitatórios relativos à Tomada de Preços n° 8/2008 (anexo 5, fls. 1/344 e 421/439) e ao Pregão Presencial n° 12/2009 (anexo 5, fls. 345/420), para a construção de Centro de Arte e Cultura, área 741,15 m2, na sede do Município de Itarema/CE, PT 42101.13.392.1142.1611.1070, objeto do Convênio n° 490/2007-MINC/AD (Siafi 622425), e aquisição de equipamentos, em desacordo com o art. 3º, caput, tipificado no art. 90, caput, da Lei n° 8.666/1993, tendo em vista as ocorrências contidas no item 1 (subitens 1 a 13) da proposta de encaminhamento de fls. 22-v a 24-v, apuradas nos itens 2.1 e 2.3 do Relatório de Auditoria do TCU e publicações dos jornais O Estado e Diário do Nordeste (fls. 440/444, anexo 5, vol. 2) sobre fraudes em licitação;

Francisca Leoneide de Freitas Lima, presidente da Comissão de Licitação, (fl. 188, anexo 5), e José Edson Rios Filho, gestor da Secretaria de Cultura (homologação e adjudicação do certame, fl. 180, anexo 5).

b) não adoção de providências saneadoras em relação à montagem de processos licitatórios relativos à Tomada de Preços n° 8/2008 (anexo 5, fls. 1/344 e 421/439)) e ao Pregão Presencial n° 12/2009 (anexo 5, fls. 345/420) para a construção de Centro de Arte e Cultura, área 741,15 m2, na sede do Município de Itarema/CE, PT 42101.J3.392.1142.1611.1070, objeto do Convênio n° 490/2007-MINC/AD (Siafi 622425), e aquisição de equipamentos, em desacordo com o art. 3º, caput, tipificado no art. 90, caput, da Lei n° 8.666/1993 tendo em vista as ocorrências contidas

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no item 1 (subitens 1 a 13) da proposta de encaminhamento de fls. 22-v a 24-v, apuradas nos itens 2.1 e 2.3 do Relatório de Auditoria do TCU e publicações dos jornais O Estado e Diário do Nordeste (fls. 440/444, anexo 5, voI. 2) sobre fraudes em licitação;

Daruma Construções e Empreendimentos Ltda. e Pratika Incorporações Ltda., empresas participantes da Tomada de Preços nº 8/2008; Aja Engenharia Ltda., (quanto aos itens 1 a 10), Firme e Venâncio Ltda.-ME, e EC de Carvalho-ME, empresas vencedoras do Pregão Presencial n° 12/2009 (quanto aos itens 11a 13):

c) montagem de processos licitatórias relativos à Tomada de Preços n° 8/2008 (anexo 5, fls. 1/344 e 421/439)) e ao Pregão Presencial n° 12/2009 (anexo 5, fls. 345/420) para a construção de Centro de Arte e Cultura, área 741,15 m2, na sede do Município de Itarema/CE, PT 42101.13.392.1142.1611.1070, objeto do Convênio n° 490/2007-MINC/AD (Siqfi 622425), e aquisição de equipamentos, em desacordo com o art. 3°, caput, e art. 90, caput, da Lei n° 8.666/1993, tendo em vista as ocorrências contidas no item I (subitens 1 a 13) da proposta de encaminhamento de fls. 22-v a 24-v, apuradas nos itens 2.1 e 2.3 do Relatório de Auditoria do TCU e publicações dos jornais O Estado e Diário do Nordeste (fls. 440/444, anexo 5, vol. 2) sobre fraudes em licitação;

Marcos Robério Ribeiro Monteiro, prefeito de Itarema/CE.d) ausência de fiscalização e acompanhamento da aplicação dos recursos do Programa

Nacional de Transporte Escolar ante a ausência de equipamentos obrigatórios (do tipo cinto de segurança), motoristas sem carteira de habilitação ou em categoria incompatível com o serviço prestado, mau estado de conservação dos veículos (com até 30 anos de fabricação), veículos do tipo pau-de-arara com equipamentos soltos no local onde são transportados os alunos, excesso de lotação, localização irregular do gás de cozinha como combustível, em desacordo com as exigências do Código Nacional de Trânsito, em especial os arts. 105, 107, 108 e 136/139 que tratam da segurança dos veículos e da condução de escolares (item 2.4 do Relatório);

Marcos Robério Ribeiro Monteiro, prefeito de ltarema/CE, e Ana Paula Praciano, secretária de Ação Social, no período de 2/1/2009 a 16/4/2010;

e) ausência de acompanhamento da atuação do gestor do Programa Bolsa Família que deu margem à inclusão e permanência no referido Programa de 188 servidores (fls. 26/28-v) da prefeitura de ltarema/CE recebendo indevidamente o beneficio do Programa Bolsa Família, tendo em vista que a renda mensal per capta desses servidores é maior que o valor permitido pelo § 3° da Lei n° 10.836/2004, regulamentada pelo Decreto n° 6.824/2009. A referida ocorrência foi verificada através de exames de informações das folhas de pagamento da prefeitura, relativa ao exercício de 2009, oriundas do TCM/CE, juntamente com as informações disponibilizadas pela Caixa Econômica Federal, que compõem o relatório de pagamentos indevidos por servidor (fls. 1/554~v, anexo 4) (item2.10 do Relatório);

Simone Martins Brandão, gestora do Programa Bolsa Família/coordenadora do Cadastro Único.

f) não adoção de providências em relação à atualização dos dados do Programa Bolsa Família ante a existência de 188 servidores (fls. 26/28-v) da Prefeitura de Municipal de ltarema/CE recebendo indevidamente o beneficio do Programa Bolsa Família, tendo em vista que a renda mensal per capta desses servidores é maior que o valor permitido pelo § 3º da Lei n° 10.836/2004, regulamentada pelo Decreto nº 6.824/2009. A referida ocorrência foi verificada através de exames de informações das folhas de pagamento da prefeitura, relativa ao exercício de 2009, oriundas do TCM/CE, juntamente com as informações disponibilizadas pela Caixa Econômica Federal, que compõem o relatório de pagamentos indevidos por servidor (fls. J/554-v, anexo 4) (item 2.10 do Relatório);

II) alertar ao Ministério da Saúde que a possibilidade de as equipes do Programa Saúde da Família – PSF ficarem até 90 dias sem médico (prática conhecida como ‘janela’) impede a garantia de atendimento médico contínuo de todos os usuários do PSF, reconhecido como medicina preventiva, de menor custo e com maior resolutividade a longo prazo, institucionalizado no SUS

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através da atenção básica primária em saúde, e contraria o disposto na Lei Orgânica de Saúde de 1990, que dispõe sobre a promoção, proteção e recuperação de saúde e, ainda, o item I, inciso I, do Capítulo I, da Portaria nº 648 GM/2006, que dispõe sobre o acesso universal e contínuo aos serviços de saúde (item 2.9 do Relatório);

III) alertar ao Município de ltaremalCE que o não cumprimento da carga horária mínima de 40 horas pelas equipes de profissionais do Programa Saúde da Família contraria o inciso IV do item 2.1 do capítulo lI, do anexo da Portaria nº 648, de 28/3/2006, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica (item 2.8);

IV) determinar ao Município de ltarema/CE que, no prazo máximo de 6 (seis) meses, adote providêncías com vistas a realizar concurso público para a contratação dos profissionais das equipes do Programa Saúde da Família, em atendimento aos Acórdãos 1.14612003-P, 1.281/2007-P e 281/2010-P, substituindo, após o término daquele procedimento, todos os que foram contratados anteriormente de forma irregular, observando-se os pré-requisitos previstos na Portaria MS nº 1.886/1997, no Decreto nº 3.189/1999 e na Lei nº 10.507/2002 (item2.7 do Relatório), ante as contratações irregulares apontadas nos itens 1 a 16 de fls. 24-v e 25;

V) recomendar à Prefeitura Municipal de Itarema/CE que avalie a possibilidade de promover treinamento sistemático para os conselheiros do Fundeb (a exemplo do Programa Nacional de Formação Continuada à Distância criado pela Resolução FNDE nº 12/2008) no intuito de otimizar o acompanhamento e o controle social sobre a transferência e aplicação dos recursos do PNATE previstos no art. 50 da Lei nº 10.88012004; (item 2.5 do Relatório);

VI) alertar a Prefeitura Municipal de 1tarema/CE que a ausência de treinamento sistemática para os conselheiros do CAE (Alimentação Escolar) contraria o art. 17 da Lei n° 11.94712009 e prejudica a otimização do acompanhamento e controle social sobre a transferência e aplicação dos recursos do PNAE previstos no art. 19 e incisos da Lei nº 11.94712009 e art. 27 da Resolução 3812009; (item 2.6 do Relatório);

VII) encaminhar cópia do inteiro teor da decisão que for adotada aos Conselhos Municipais de Educação do Município de ltarema/CE; e

VIII) encaminhar cópia do inteiro teor da decisão que for adotada à Procuradoria da República no Estado do Ceará para ajuizamento das ações cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei nº 8.443/1992 c/c o art. 209, § 6°, do Regimento interno do TCU.”

4. Por meio do despacho à fl. 35 da Peça nº 42, autorizei, preliminarmente, a realização das audiências propostas pela unidade instrutora.5. Após o cumprimento dessa decisão preliminar, o auditor federal da Secex/CE lançou instrução à Peça nº 94, nos seguintes termos:

“(...) 4. Foram enviadas as audiências constantes do subitem 3.1 acima. As providências dos subitens 3.2 a 3.8 ainda não foram tomadas. Para tornar mais clara a situação das audiências e de seu atendimento, elaboramos o seguinte quadro:

Responsáveis Audiência AR RespostaMarcos Robério Monteiro

Peça 42/p.36-37 42/49 59/41-51 e 60/1-6

Francisca Leoneide Lima

42/38 42/49 48/28-38

José Edson Rios Filho 42/39 42/50 75/45-50 e 76/1-5Daruma 42/40 42/50 NãoconstaPratika 42/41 42/47e 86/59 86/66AJA 42/42 43/1 43/4-6Firme e Venâncio 42/43 42/47 43/25-26EC de Carvalho 42/44 86/59 NãoconstaAna Paula Praciano 42/45 43/42-44 86/60-65

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Simone Martins Brandão

42/46 42/48 43/2-3 e 43/45-51

5. Procedemos a seguir à síntese e análise das respostas.5.1. Audiência de Marcos Robério Ribeiro Monteiro, ex-prefeito municipal.5.1.1. Itens do ofício de audiência do TCU (peça 42, p. 36-37):5.1.1.1. não supervisão adequada da Tomada de Preços nº 8/2008, para a construção de

um Centro Cultural, e do Pregão Presencial nº 12/2009, para a aquisição de equipamentos para o mesmo Centro, tendo em vista as denúncias de fraudes nas licitações, noticiadas pela imprensa;

5.1.1.2. ausência de fiscalização da aplicação de recursos do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar – Pnate, ante a ausência de equipamentos obrigatórios, veículos em mau estado, excesso de lotação e localização irregular de combustível;

5.1.1.3. ausência de fiscalização do Programa de Bolsa Família, o que ensejou a inclusão irregular de 188 servidores da Prefeitura como beneficiários do Programa;

5.1.1.4. não publicação em um jornal de grande circulação do edital de Tomada de Preços nº 8/2008, para a construção de um Centro Cultural;

5.1.2. Respostas do responsável Marcos Robério Ribeiro Monteiro (peça 59, p. 41-51 e peça 60, p. 1-6):

5.1.2.1. não houve violação ao sigilo das propostas; o conluio entre as empresas participantes do certame, se aconteceu, aconteceu sem o conhecimento do responsável; houve ampla publicidade da Tomada de Preços em tela; o fato de as empresas Firme e Venâncio e EC de Carvalho possuírem o mesmo contador não indica conluio, pois o mesmo contador pode trabalhar em várias empresas; a Prefeitura não teria como saber se os documentos da empresas Daruma e Pratika, supostamente registrados em cartório do Município de Irauçuba/CE, eram falsos, conforme alegou o Ministério Público Estadual, pois tais documentos têm fé pública; chuvas copiosas nos anos de 2008 e 2009 ocasionaram o adiamento por oito vezes do término da obra, a qual se encontra hoje concluída; a empresa Daruma jamais subcontratou a empresa AJA para realizar a obra; apenas contratou os serviços de engenharia do filho do sócio majoritário da AJA, o senhor Antônio Alexandre Frota Amora Filho; a obra estava concluída na época da auditoria do TCU (abril de 2010);

5.1.2.2. o responsável promulgou leis ainda em 2009 para autorizar o município a contrair empréstimo junto ao BNDES para a aquisição de cinco ônibus escolares; como há um programa do Governo do Ceará de doar a mesma quantidade de ônibus que for adquirida pelo município, a expectativa é de que o município tenha em breve dez novos ônibus escolares; com esses novos veículos não será mais necessária a licitação de transporte em veículos inadequados, como foi constatado pela equipe do TCU;

5.1.2.3. servidores públicos municipais, mesmo com renda superior ao determinado em lei como teto máximo para o recebimento dos benefícios do bolsa-família, têm o direito a continuar recebendo o benefício por dois anos além da revisão cadastral na qual se constatou que elas não tinham mais direito ao benefício, apesar do benefício não gerar direito adquirido, de acordo com a Lei nº 10.836/2004, o Decreto nº 5.209/2004, o Decreto nº 6.392/2008 e a Instrução Operacional SENARC/MDS nº 34/2009, portanto até 31/10/2012; 139 servidores públicos municipais continuam recebendo a bolsa-família até hoje;

5.1.2.4. a Tomada de Preços nº 8/2008 teve seu aviso publicado no jornal de ampla circulação O Estado, no Diário Oficial da União e no Diário Oficial do Estado, e foram fornecidas cópias aos interessados por mídia digital.

5.1.3. Análise das respostas do responsável Marcos Robério Ribeiro Monteiro:5.1.3.1. a defesa do responsável no tocante às empresas Daruma e Pratika é que o

responsável não sabia que as mesmas eram empresas de fachada, integrantes de um esquema para fraudar licitações, conforme noticiaram os órgãos responsáveis pela ‘Operação Província’.

5.1.3.1.1. A obra em questão é obra de não grande monta, havendo dezenas, quando não

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centenas de construtoras no Ceará de porte suficiente para realizá-la. Acreditar que duas empresas acusadas de serem integrantes de um esquema de corrupção, e apenas elas, tenham se apresentado ao certame por coincidência é contra a prudência. A Prefeitura optou por publicar o aviso de licitação em um jornal de circulação menor no estado, que é o jornal O Estado. No caso, cabe utilizar a teoria do ‘Domínio do Fato’, recentemente consagrada no Supremo Tribunal Federal, pela qual aquele que tem poder de decisão sobre a realização do fato (no caso, a licitação), também tem responsabilidade sobre ele (Róger Morcelli, Teoria do Domínio do Fato, em http://sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/TeoriaDominio.pdf).

5.1.3.1.2. Mutatis Mutandis, o mesmo pode ser dito no tocante à defesa do responsável quanto às empresas Firme e Venâncio e EC de Carvalho. Acrescente-se que a Prefeitura, ao se aperceber que duas das três competidoras tinham o mesmo contador, deveria ter-se aprofundado nas investigações sobre as duas empresas, com o fito de verificar algum possível conluio. Ao não fazê-lo, a Prefeitura não se ateve ao princípio da prudência.

5.1.3.1.3. O responsável afirma que chuvas copiosas em 2008 e 2009 impeliram a construtora a solicitar o adiamento das obras por oito vezes. Segundo a tabela de precipitação pluviométrica no estado, em 2008 e 2009, inclusa no Anuário Estatístico do Ceará, do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará – IPECE (peça 92), no ano de 2008, as precipitações foram muito próximas à média anual. Apenas em 2009 é que ultrapassaram significativamente a média. E o primeiro aditivo de adiamento data de 26/5/2008 (peça 29, p. 3). Assim, não se sustenta a afirmativa do responsável.

5.1.3.1.4. O responsável afirma que a empresa AJA não foi subcontratada pela Daruma para realizar a obra do Centro Cultural. Apenas contratou os serviços do filho do dono da empresa AJA. A equipe de auditoria deste Tribunal, à qual não se pode negar fé de ofício, afirmou ter ouvido do Sr. Antônio Alexandre Frota Amora Filho que a empresa Daruma subcontratara a empresa AJA para realização da obra, ficando a Daruma com 20% do valor de cada medição (peça 41, p. 11). Observemos que no edital da obra não estava prevista a subcontratação.

5.1.3.1.5. O responsável afirma que a obra estava concluída quando da auditoria do TCU (abril de 2010). A equipe de auditoria deste Tribunal, à qual não se pode negar fé de ofício, afirmou que a obra não estava concluída (peça 41, p. 11).

5.1.3.2. O responsável na prática não apresentou razões de justificativa. Apenas afirmou que foram tomadas medidas que poderão resultar na vinda de até dez ônibus novos. Reconheceu que o transporte se dá em veículos inadequados. O responsável deveria velar para que o transporte escolar se desse em veículos em bom estado, observando particularmente o art. 136 da Lei 9.503/1997 e a alínea ‘a’ do inciso II do art. 15 da Resolução nº 14/2009 do FNDE;

5.1.3.3. O Bolsa-Família foi criado pela Lei nº 10.836/2004. Sua redação sofreu muitas modificações até hoje. No exercício em tela, o de 2009, estava em vigor a redação dada pela Lei nº 11.692/2008. Referidas leis concediam o benefício a famílias com renda per capita inferior a R$ 120,00 (Lei 10.836/2004, art. 2º, § 3º). Note-se que o salário mínimo na época era de R$ 465,00 por mês. Considere-se que um servidor público não pode ganhar menos que um mínimo. Isso já diminui muito a possibilidade de um servidor público estar incluído na faixa de renda beneficiada pelo Programa, pois seriam necessárias no mínimo quatro pessoas na unidade familiar, três delas sem qualquer renda. Só isso já deveria ter feito a Prefeitura examinar com muita cautela a inclusão de servidores seus entre os beneficiários do Programa.

5.1.3.3.1. De fato, o responsável não contesta que os servidores não teriam direito ao benefício. Alega, no entanto, que o cadastro estava desatualizado, e que elas podem continuar recebendo o benefício até dois anos após a atualização do cadastro.

5.1.3.3.2. O Programa de Bolsa-Família foi regulamentado pelo Decreto n° 5.209/2004, que também sofreu muitas modificações. No seu art. 21, referido decreto estabelece que o benefício tem caráter temporário e não gera direito adquirido, devendo a elegibilidade das famílias, para recebimento de tal benefício, ser revista a cada dois anos. O § 1° do mencionado artigo estabelece

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que a renda familiar mensal per capita poderá sofrer variações sem que o fato implique o imediato desligamento da família beneficiária do Programa. A Instrução Operacional n° 34 SENARC/MDS, de 2009, estabelece no seu item 2.1 que as famílias podem ter aumentos temporários de renda, informá-los ao Cadastro Único e, mesmo que sua renda ultrapasse temporariamente o máximo permitido, continuar recebendo o benefício até a próxima atualização cadastral. O objetivo disso é estimular as famílias a informar aumentos temporários de renda.

5.1.3.3.3. No caso em tela, houve a inclusão no cadastro de beneficiados de pessoas cuja renda não permitiria que tivessem o benefício. Não se trata de desatualização cadastral, fato que geralmente acontece com alterações na estrutura familiar, como o falecimento de membros, ou na renda, como a obtenção de um emprego formal ou informal. Não se trata de aumentos temporários de renda. Trata-se de inclusões que ocorreram de forma irregular.

5.1.3.3.4. Mesmo que os beneficiários ao serem incluídos tivessem direito ao benefício, e só depois fossem contratados pela Prefeitura, isso não justifica sua permanência no Programa, pois o fato de as alterações cadastrais deverem ser feitas apenas de dois em dois anos não significa que nesse ínterim o cadastro seja inalterável. Considerando-se que a própria Prefeitura é a gestora do Programa e a empregadora do beneficiário, poderia logo ao contratá-lo providenciar seu desligamento, já que um emprego na Prefeitura não constitui um aumento temporário de renda e sim um aumento permanente.

5.1.3.3.5. Não se sustentam, portanto, as alegações do responsável quanto à inclusão de 188 servidores da Prefeitura como beneficiários do Programa de Bolsa-Família. Tal conduta é prevista e sancionada nos arts. 14 e 14-A da Lei nº 10.836/2004, os quais tratam de irregularidades no cadastro, obrigando o servidor responsável a ressarcir o dano, sem prejuízo das responsabilidades civil, penal e administrativa.

5.1.3.4. A Prefeitura poderia ter optado por publicar o aviso de licitação nos jornais Diário do Nordeste ou O Povo, os quais tiveram em 2011, segundo a Associação Nacional de Jornais - ANJ, uma circulação de 33.114 e 23.216 exemplares diários respectivamente, colocando-se, ambos, entre os 50 maiores jornais do país (peça 91). O jornal O Estado, por sua vez, sequer entra na lista da ANJ. Não se pode considerar, portanto, que a Prefeitura tenha agido de forma a maximizar a publicidade do certame. A Prefeitura, portanto, contrariou o art. 21, inciso III, da Lei 8.666/1993 e restringiu o caráter competitivo de certame.

5.1.3.5. Sendo assim, entendemos que deva ser aplicada ao responsável a multa prevista no art. 58, II, da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 268, II, do Regimento Interno do TCU, sem prejuízo de se comunicar ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS para tomar as providências de sua alçada no tocante à aplicação ao responsável dos arts. 14 e 14-A da Lei nº 10.836/2004.

5.2. Audiência de Francisca Leoneide de Freitas Lima, presidente da Comissão de Licitação.

5.2.1. Itens do ofício de audiência do TCU (peça 42, p. 38):5.2.1.1. não adoção de providências saneadoras sobre a Tomada de Preços nº 8/2008,

para a construção de um Centro Cultural, e do Pregão Presencial nº 12/2009, para a aquisição de equipamentos para o mesmo Centro, tendo em vista as denúncias de fraudes nas licitações, noticiadas pela imprensa;

5.2.1.2. não publicação em um jornal de grande circulação do edital de Tomada de Preços nº 8/2008, para a construção de um Centro Cultural.

5.2.2. Respostas da responsável Francisca Leoneide de Freitas Lima (peça 48, p. 28-38):5.2.2.1. a resposta da responsável repetiu nos mesmos termos a resposta de Marcos

Robério Ribeiro Monteiro sintetizada no subitem 5.1.2.1, acrescentando apenas que não foi feita pesquisa de preços porque o projeto básico já fornecia todos os elementos para se mensurar um preço provável;

5.2.2.2. a resposta da responsável repetiu, nos mesmos termos a resposta de Marcos

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Robério Ribeiro Monteiro sintetizada no subitem 5.1.2.4.5.2.3. Análise das respostas de Francisca Leoneide de Freitas Lima:5.2.3.1. a responsável afirmou que não realizou pesquisa de preços porque a mesma era

dispensável face à existência do projeto básico, o qual já fornecia os preços. A necessidade da pesquisa de preços decorre de exigência legal, no caso o inciso IV do art. 43 da Lei nº 8.666/1993. Não pode a responsável eximir-se dessa obrigação legal devido à existência de outra obrigação legal, qual seja, a da existência de um projeto básico, quando não consta expressamente na lei que ambas sejam alternativas.

5.2.3.1.1. Os demais itens da resposta da responsável, por serem idênticos aos da resposta de Marcos Robério Ribeiro Monteiro sintetizada no subitem 5.1.2.1, já se encontram analisadas nos subitens 5.1.3.1. a 5.1.3.1.5 desta instrução.

5.2.3.2. A resposta da responsável, por ser idêntica à resposta de Marcos Robério Ribeiro Monteiro sintetizada no subitem 5.1.2.4, já se encontra analisada no subitem 5.1.3.4 desta instrução.

5.2.4. Sendo assim, entendemos que deva ser aplicada à responsável a multa prevista no art. 58, II, da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 268, II, do Regimento Interno do TCU.

5.3. Audiência de José Edson Rios Filho, secretário de Cultura.5.3.1. Item do ofício de audiência do TCU (peça 42, p. 39): não adoção de providências

saneadoras sobre a Tomada de Preços nº 8/2008, para a construção de um Centro Cultural, e do Pregão Presencial nº 12/2009, para a aquisição de equipamentos para o mesmo Centro, tendo em vista as denúncias de fraudes nas licitações noticiadas pela imprensa;

5.3.2. Resposta do responsável José Edson Rios Filho (peça 75, p. 45-50, e peça 76, p. 1-5): a resposta do responsável repetiu, nos mesmos termos, a resposta de Francisca Leoneide de Freitas Lima sintetizada no subitem 5.2.2.1.

5.3.3. Análise da resposta de José Edson Rios Filho: a resposta do responsável, por ser idêntica a um dos itens da resposta de Francisca Leoneide de Freitas Lima, já se encontra analisada nos subitens 5.2.3.1. a 5.2.3.1.1 desta instrução.

5.3.4. Sendo assim, entendemos que deva ser aplicada ao responsável a multa prevista no art. 58, II, da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 268, II, do Regimento Interno do TCU.

5.4. Audiência da empresa Daruma Construções e Empreendimentos Ltda., na pessoa de seu representante legal José Roberto Leandro dos Santos.

5.4.1. Item do ofício de audiência do TCU (peça 42, p. 40): montagem de procedimentos licitatórios quanto à Tomada de Preços nº 8/2008, para a construção de um Centro Cultural, tendo em vista as denúncias de fraudes nas licitações, noticiadas pela imprensa;

5.4.2. Revelia da empresa responsável Daruma: essa empresa recebeu o ofício de audiência, conforme Aviso de Recebimento assinado constante na peça 42, p. 50, endereçado para a Rua Pinto Madeira, 1023, sala 5, o mesmo endereço que consta no cadastro da Receita Federal (peça 90), na pessoa de seu representante legal José Roberto Leandro dos Santos, e não apresentou razões de justificativa quanto às irregularidades verificadas;

5.4.3. Análise quanto à empresa responsável Daruma: transcorrido o prazo regimental fixado, a aludida empresa responsável não apresentou razões de justificativa, razão pela qual deverá ser considerada revel, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.

5.4.3.1. Os ofícios de audiência encaminhados às empresas no presente processo (peça 42, p. 40-44) incluíram a observação de que a rejeição das razões de justificativa pelo Tribunal poderá ensejar a aplicação da multa prevista no art. 58 da Lei 8.443/1992 c/c o art. 268 do Regimento Interno do TCU. O próprio Tribunal, no entanto, já se manifestou que empresa contratada não pratica ato de gestão, portanto não há amparo jurídico para que se aplique a ela a multa prevista no citado artigo (Acórdão 2.258/2008-TCU-Plenário, na Ata n° 42/2008-P). A citada observação, portanto, queda inócua.

5.4.3.2. Poderia ser declarada a inidoneidade da empresa para participar, por até cinco

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anos, de licitação na Administração Pública Federal, de acordo com o art. 46 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU. Em nenhum dos cinco ofícios referidos no parágrafo anterior consta a advertência de que tal sanção poderá ser aplicada às empresas. E existe a prática de somente se propor a sanção quando a mesma vem assinalada expressamente no ofício. No entanto, segundo jurisprudência deste Tribunal (Acórdão 2.405/2012-Plenário, Ata n° 35/12, Sessão de 5/9/2012), não há necessidade de audiência específica se o ofício expressamente mencionar a irregularidade capaz de levar à sanção. Os ofícios em tela evidentemente mencionam de maneira expressa a irregularidade, nomeadamente a montagem de procedimentos licitatórios visando ao favorecimento de empresas. Assim, seguindo a jurisprudência mencionada, não há necessidade de o ofício mencionar expressamente a punição, podendo o processo prosseguir normalmente.

5.4.4. Pelas evidências no processo, entendemos que deva ser declarada a inidoneidade da empresa para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, de acordo com o art. 46 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU.

5.5. Audiência da empresa Pratika Incorporações Ltda., na pessoa de sua representante legal, Anisiane Dantas de Oliveira.

5.5.1. Item do ofício de audiência do TCU (peça 42, p. 41): montagem de procedimentos licitatórios quanto à Tomada de Preços nº 8/2008, para a construção de um Centro Cultural, tendo em vista as denúncias de fraudes nas licitações noticiadas pela imprensa;

5.5.2. Resposta da empresa Pratika (peça 86, p. 66): a representante legal Anisiane Dantas de Oliveira afirmou que, nos exercícios de 2008 e 2009, quando ocorreu o certame licitatório em apreço, ela não era a representante legal da empresa e sim o senhor Francisco Monte Morais; e que, portanto, não pode responder sobre desmandos gerenciais ou montagem de licitação referidos na audiência.

5.5.3. Análise da resposta da empresa Pratika: as empresas estão sujeitas ao princípio da continuidade. A empresa é a mesma durante toda sua existência legal. O ofício de audiência foi encaminhado não a uma pessoa física como responsável, mas a uma pessoa jurídica, a ser respondido pela pessoa física responsável por sua gerência, seja ela qual for. A empresa responsável, portanto, não apresentou razões de justificativa plausíveis quanto ao questionamento desta Corte de Contas.

5.5.3.1. As mesmas observações quanto ao cabimento da declaração de inidoneidade para licitar constantes nos subitens 5.4.3.1 e 5.4.3.2 também são pertinentes aqui, razão pela qual deixamos de repeti-las.

5.5.4. Sendo assim, entendemos que deva ser declarada a inidoneidade da empresa para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, de acordo com o art. 46 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU.

5.6. Audiência da empresa AJA Engenharia Ltda., na pessoa de seu representante legal, Antônio Alexandre Frota Amora.

5.6.1. Item do ofício de audiência do TCU (peça 42, p. 42): montagem de procedimentos licitatórios quanto à Tomada de Preços nº 8/2008, para a construção de um Centro Cultural, tendo em vista as denúncias de fraudes nas licitações, noticiadas pela imprensa;

5.6.2. Resposta da empresa AJA (peça 43, p. 4-7): a empresa AJA não participou do certame licitatório em comento; a empresa Daruma, vencedora daquela licitação, não repassou a construção do Centro Cultural para a empresa AJA, e sim para o engenheiro Antônio Alexandre Frota Amora Filho, sócio e filho do sócio-administrador da AJA. A responsável pela AJA enviou também declaração firmada pelo Sr. Antônio Alexandre Frota Amora Filho, na qual o mesmo afirma que:

5.6.2.1. a empresa Daruma, após vencer a licitação em comento, procurou-o e repassou a ele, informalmente, a construção do Centro Cultural em questão;

5.6.2.2. quando do trabalho dos auditores do TCU objeto deste processo, o Sr. Amora Filho manifestou sua preocupação com o prejuízo financeiro e com as denúncias contra a empresa Daruma;

5.6.2.3. após tomar conhecimento das citadas denúncias, ele se afastou da obra;

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5.6.2.4. soube que a obra foi concluída.5.6.3. Análise da resposta da empresa AJA Engenharia Ltda.: a equipe de auditoria deste

Tribunal, à qual não se pode negar fé de ofício, afirmou ter ouvido do Sr. Antônio Alexandre Frota Amora Filho que a empresa Daruma subcontratara a empresa AJA para realização da obra, ficando a Daruma com 20% do valor de cada medição (peça 41, p. 11). De certa forma, a afirmação da equipe é corroborada pela resposta da AJA e do Sr. Antônio Alexandre Frota Amora Filho, pois, em se tratando de empresas pequenas, quase não há diferença entre contratar o engenheiro e contratar a empresa de propriedade do engenheiro e sua família. Observemos que no edital da obra não estava prevista a subcontratação.

5.6.3.1. As mesmas observações quanto ao cabimento da declaração de inidoneidade para licitar constantes nos subitens 5.4.3.1 e 5.4.3.2 também são pertinentes aqui, razão pela qual deixamos de repeti-las.

5.6.4. Sendo assim, entendemos que deva ser declarada a inidoneidade da empresa para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, de acordo com o art. 46 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU.

5.7. Audiência da empresa Firme e Venâncio Ltda., na pessoa de seu representante legal, Antônio Carlos Venâncio.

5.7.1. Item do ofício de audiência do TCU (peça 42, p. 43): montagem de procedimentos licitatórios quanto ao Pregão Presencial nº 12/2009 para a aquisição de equipamentos para o Centro Cultural, tendo em vista as denúncias de fraudes nas licitações noticiadas pela imprensa;

5.7.2. Resposta da empresa Firme e Venâncio (peça 43, p. 25-26): a empresa afirmou que: desconhece qualquer irregularidade na licitação em comento; o fato de que tenha o mesmo contador (Sr. Valdenor Pereira Gomes) que a empresa EC de Carvalho ME Ltda. é uma coincidência, pois referido contador presta serviços a mais de 200 empresas; que não havia óbice a que empresas constituídas em 2008 participassem do certame; que cumpriu o contrato decorrente da licitação em tela.

5.7.3. Análise das respostas da empresa Firme e Venâncio Ltda.: a compra em questão não é de grande monta, havendo dezenas, quando não centenas de empresas no Ceará de porte suficiente para participar da mesma. Acreditar que apenas três empresas tenham se apresentado ao certame, e que as duas vencedoras por simples coincidência sejam recentes, tenham o mesmo capital social e tenham o mesmo contador é contra a prudência.

5.7.3.1. No caso, cabe utilizar a teoria do ‘Domínio do Fato’, recentemente consagrada no Supremo Tribunal Federal, pela qual aquele que tem poder de decisão sobre a realização do fato (no caso, a licitação), também tem responsabilidade sobre ele. (Róger Morcelli, Teoria do Domínio do Fato, em http://sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/TeoriaDominio.pdf).

5.7.3.2. As mesmas observações quanto ao cabimento da declaração de inidoneidade para licitar constantes nos subitens 5.4.3.1 e 5.4.3.2 também são pertinentes aqui, razão pela qual deixamos de repeti-las.

5.7.4. Sendo assim, entendemos que deva ser declarada a inidoneidade da empresa para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, de acordo com o art. 46 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU.

5.8. Audiência da empresa EC de Carvalho ME Ltda., na pessoa de seu representante legal, Ediberto Costa de Carvalho.

5.8.1. Item do ofício de audiência do TCU (peça 42, p. 44): montagem de procedimentos licitatórios quanto ao Pregão Presencial nº 12/2009 para a aquisição de equipamentos para o Centro Cultural, tendo em vista as denúncias de fraudes nas licitações, noticiadas pela imprensa;

5.8.2. Revelia da empresa responsável EC de Carvalho: essa empresa recebeu o ofício de audiência, conforme Aviso de Recebimento assinado constante na peça 42, p. 50, endereçado para a Rua Moacir, 477, Barra do Ceará, o mesmo endereço que consta no cadastro constante na peça 43, p. 41, na pessoa de seu representante legal Ediberto Costa de Carvalho, e não apresentou razões de

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justificativa quanto às irregularidades verificadas;5.8.3. Análise quanto à empresa responsável EC de Carvalho: transcorrido o prazo

regimental fixado, a aludida empresa responsável não apresentou razões de justificativa, razão pela qual deverá ser considerada revel, dando-se prosseguimento ao processo, de acordo com o art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.

5.8.3.1. As mesmas observações quanto ao cabimento da declaração de inidoneidade para licitar constantes nos subitens 5.4.3.1 e 5.4.3.2 também são pertinentes aqui, razão pela qual deixamos de repeti-las.

5.8.4. Pela gravidade dos questionamentos, entendemos que deva ser declarada a inidoneidade da empresa para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, de acordo com o art. 46 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU.

5.9. Audiência de Ana Paula Praciano Teixeira, secretária de Ação Social.5.9.1. Item do ofício de audiência do TCU (peça 42, p. 45): a ausência de fiscalização do

Programa de Bolsa Família, o que ensejou a inclusão irregular de 188 servidores da Prefeitura como beneficiários do Programa;

5.9.2. Resposta da responsável Ana Paula Praciano Teixeira (peça 86, p. 60-65): a responsável repetiu a resposta de Marcos Robério Ribeiro Monteiro, sintetizada no subitem 5.1.2.3.

5.9.3. Análise da resposta de Ana Paula Praciano Teixeira: a resposta da responsável, por ser idêntica à resposta de Marcos Robério Ribeiro Monteiro, já se encontra analisada nos subitens 5.1.3.3 a 5.1.3.3.5 desta instrução.

5.9.4. Sendo assim, entendemos que deva ser aplicada à responsável a multa prevista no art. 58, II, da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 268, II, do Regimento Interno do TCU, sem prejuízo de se comunicar ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS para tomar as providências de sua alçada no tocante à aplicação à responsável dos arts. 14 e 14-A da Lei nº 10.836/2004.

5.10. Audiência de Simone Martins Brandão, coordenadora do Cadastro Único do Programa de Bolsa Família.

5.10.1. Item do ofício de audiência do TCU (peça 42, p. 46): não atualização de dados do Programa de Bolsa Família, o que ensejou a inclusão irregular de 188 servidores da Prefeitura como beneficiários do Programa.

5.10.2. Resposta da responsável Simone Martins Brandão (peça 43, p. 2-3 e peça 43, p. 45-51): a responsável repetiu a resposta de Marcos Robério Ribeiro Monteiro, sintetizada no subitem 5.1.2.3.

5.10.3. Análise da resposta de Simone Martins Brandão: a resposta da responsável, por ser idêntica à resposta de Marcos Robério Ribeiro Monteiro, já se encontra analisada nos subitens 5.1.3.3 a 5.1.3.3.5 desta instrução.

5.10.4. Sendo assim, entendemos que deva ser aplicada à responsável a multa prevista no art. 58, II, da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 268, II, do Regimento Interno do TCU, sem prejuízo de se comunicar ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS para tomar as providências de sua alçada no tocante à aplicação à responsável dos arts. 14 e 14-A da Lei nº 10.836/2004.

Conclusão.6.1. Considerando-se que:6.1.1. as justificativas apresentadas pelos responsáveis não lograram elidir as

irregularidades apontadas;6.1.2. além das audiências acima analisadas, há sete propostas (peça 42, p. 29-33) com as

quais já foi concorde o Ministro-Relator (peça 42, p. 35), e que se encontram incluídas na proposta de encaminhamento abaixo;

Proposta de encaminhamento.

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7. ante todo o exposto, encaminhamos os autos à consideração superior, propondo:7.1. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. Marcos Robério Ribeiro

Monteiro, ex-prefeito de Itarema/CE, responsável pelas irregularidades do item 5.1 desta instrução, e aplicar-lhe a multa do art. 58, II, da Lei 8.4443/1992 c/c o art. 268, II, do Regimento Interno do TCU;

7.2. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela Sra. Francisca Leoneide de Freitas Lima, ex-presidente da Comissão de Licitação, responsável pelas irregularidades do item 5.2 desta instrução, e aplicar-lhe a multa do art. 58, II, da Lei nº 8.4443/1992 c/c o art. 268, II, do Regimento Interno do TCU;

7.3. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pelo Sr. José Edson Rios Filho, ex-secretário de Cultura, responsável pelas irregularidades do item 5.3 desta instrução, e aplicar-lhe a multa do art. 58, II, da Lei nº 8.4443/1992 c/c o art. 268, II, do Regimento Interno do TCU;

7.4. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela empresa Pratika Incorporações Ltda., na pessoa de sua representante legal, Sra. Anisiane Dantas de Oliveira, pela irregularidade do item 5.5 desta instrução, e declarar a inidoneidade da empresa para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, de acordo com o art. 46 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU;

7.5. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela empresa AJA Engenharia Ltda., na pessoa de seu representante legal, Sr. Antônio Alexandre Frota Amora, pela irregularidade do item 5.6 desta instrução, e declarar a inidoneidade da empresa para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, de acordo com o art. 46 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU;

7.6. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela empresa Firme e Venâncio Ltda., na pessoa de seu representante legal, Antônio Carlos Venâncio, pela irregularidade do item 5.7 desta instrução, e declarar a inidoneidade da empresa para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, de acordo com o art. 46 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU;

7.7. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela Sra. Ana Paula Praciano Teixeira, secretária de Ação Social, responsável pelas irregularidades do item 5.9 desta instrução, e aplicar-lhe a multa do art. 58, II, da Lei 8.4443/1992 c/c o art. 268, II, do Regimento Interno do TCU;

7.8. rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela Sra. Simone Martins Brandão, coordenadora do Cadastro Único do Programa de Bolsa Família, responsável pelas irregularidades do item 5.10 desta instrução, e aplicar-lhe a multa do art. 58, II, da Lei nº 8.4443/1992 c/c o art. 268, II, do Regimento Interno do TCU;

7.9. declarar a revelia da empresa Daruma Construções e Empreendimentos Ltda., responsável pela irregularidade do item 5.4 desta instrução, e declarar a inidoneidade da empresa para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, de acordo com o art. 46 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU;

7.10. declarar a revelia da empresa EC de Carvalho ME Ltda., responsável pela irregularidade do item 5.8 desta instrução, e declarar a inidoneidade da empresa para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, de acordo com o art. 46 da Lei Orgânica do TCU c/c o art. 271 do Regimento Interno do TCU;

7.11. dar ciência ao Ministério da Saúde que a possibilidade de as equipes do Programa Saúde da Família – PSF ficarem até 90 dias sem médico (prática conhecida como ‘janela’) impede a garantia de atendimento médico contínuo de todos os usuários do PSF, reconhecido como medicina preventiva, de menor custo e com maior resolutividade a longo prazo, institucionalizada no SUS através da atenção básica primária em saúde, e contraria o disposto na Lei Orgânica de Saúde de 1990 que dispõe sobre a promoção, proteção e recuperação de saúde e, ainda, o item I, inciso I, do capítulo I, da Portaria n° 648 GM, de 28/3/2006, que dispõe sobre o acesso universal e contínuo aos serviços de saúde;

7.12. dar ciência à Prefeitura Municipal de Itarema/CE que o não cumprimento da carga

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horária mínima de 40 horas pelas equipes de profissionais do Programa Saúde da Família contraria o inciso IV do item 2.1 do capítulo II do anexo da Portaria nº 648 GM/2006, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica;

7.13. determinar à Prefeitura Municipal de Itarema/CE que, no prazo máximo de seis meses, adote providências com vistas a realizar concurso público para a contratação dos profissionais das equipes do Programa Saúde da Família, em atendimento aos Acórdãos 1.146/2003-P, 1.281/2007-P e 281/2012-P, substituindo, após o término daquele procedimento, todos os que foram contratados anteriormente de forma irregular, observando-se os pré-requisitos previstos na Portaria MS n° 1.886/97, no Decreto n° 3.189/99 e na Lei 10.507/2002;

7.14. recomendar à Prefeitura Municipal de Itarema/CE que avalie a possibilidade de promover treinamento sistemático para os conselheiros do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – Fundeb (a exemplo do Programa Nacional de Formação Continuada à Distância criado pela Resolução FNDE n° 12/2008) no intuito de otimizar o acompanhamento e o controle social sobre a transferência e aplicação dos recursos do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar – PNATE previstos no art. 5° da Lei n° 10.880/2004;

7.15. dar ciência à Prefeitura Municipal de Itarema/CE que a ausência de treinamento sistemático para os conselheiros do Conselho de Alimentação Escolar – CAE contraria o art. 17 da Lei n° 11.947/2009 e prejudica a otimização do acompanhamento e controle social dobre a transferência e aplicação dos recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE previstos no art. 19 e incisos da Lei n° 11.947/2009 e art. 27 da Resolução n° 38/2009;

7.16. encaminhar o inteiro teor da decisão que for adotada aos Conselhos Municipais de Educação do Município de Itarema/CE;

7.17. encaminhar o inteiro teor da decisão que for adotada ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS, para que tome as providências de sua alçada no tocante aos responsáveis Marcos Robério Ribeiro Monteiro, Ana Paula Praciano Teixeira e Simone Martins Brandão, principalmente no que refere aos arts. 14 e 14-A da Lei n° 10.836/2004, referente ao Programa de Bolsa-Família;

7.18. encaminhar o inteiro teor da decisão que for adotada à Procuradoria da República no Estado do Ceará para ajuizamento das ações cabíveis, nos termos do art. 16, § 3°, da Lei n° 8.443/92 c/c o art. 206, § 6°, do Regimento Interno do TCU.”

6. Os titulares da unidade técnica aprovaram a proposta de encaminhamento, conforme os pareceres às Peças nos 95 e 96, tendo o titular da Secex/CE acrescentado que: “a publicação do aviso da tomada de preços para a construção do Centro Cultural em jornal de pequena circulação, contrariamente a mandamento legal expresso, denota a intenção de reduzir o universo de possíveis concorrentes”.

É o Relatório.

PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO

Como visto no Relatório, trata-se de auditoria no município de Itarema/CE com o objetivo de verificar a aplicação, no exercício de 2009, de recursos federais repassados por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE, do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – PNATE, do Programa Saúde da Família – PSF e do Programa Bolsa Família – PBF, bem como por meio de transferências voluntárias. 2. A auditoria ora apreciada integrou as fiscalizações que foram realizadas no âmbito da rede de controle, incluindo ações conjuntas entre o TCU e o Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará – TCM/CE, iniciadas no âmbito da Região Administrativa nº III no aludido Estado,

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englobando os municípios de Acaraú, Bela Cruz, Cruz, Itarema, Marco, Morrinhos e Jijoca de Jericoacoara.3. De acordo com o relatório de fiscalização da Secex/CE às fls. 2/57 da Peça no 41, em síntese, foram identificados os seguintes achados de auditoria:3.1 indícios de fraude à licitação, no âmbito da Tomada de Preços nº 8/2008 e do Pregão Presencial nº 12/2009, respectivamente, para a construção de um centro cultural na sede do município e para a aquisição de equipamentos para esse centro (itens 2.1 e 2.2 do relatório de auditoria); 3.2 inexecução do objeto pactuado no Convênio nº 490/2007, celebrado entre o Ministério da Cultura e o município de Itarema/CE, objetivando a construção de um Centro Cultural (item 2.3);3.3 não observância dos requisitos legais em relação a veículos/condutores para transporte escolar (item 2.4 do relatório de auditoria);3.4 falta de treinamento dos membros do conselho e dos representantes de pais de alunos e/ou de professores para atuarem como conselheiros ou para analisarem a prestação de contas (itens 2.5 e 2.6 do relatório de auditoria); 3.5 contratação ilegal de profissionais para comporem as equipes do PSF, ante a ausência de concurso público, contrato de gestão ou termo de parceria (item 2.7 do relatório de auditoria);3.6 descumprimento de carga horária mínima de 40h semanal por médicos do PSF (item 2.8 do relatório de auditoria);3.7 existência de equipe do PSF sem o número mínimo de profissionais exigidos pelos normativos (2.9 do relatório de auditoria); 3.8 pagamento indevido de benefícios do PBF a servidores municipais (item 2.10 do relatório de auditoria);4. A partir desses achados, a Secex/CE realizou as audiências dos responsáveis em relação às questões descritas nos itens 3.1, 3.3 e 3.8 acima.5. Após a análise das razões de justificativa apresentadas pelos responsáveis, a unidade técnica propôs, além de inúmeras determinações, recomendações e alertas aos órgãos e entidades pertinentes, a adoção das seguintes medidas:5.1 rejeitar as razões de justificativa, com a aplicação da multa do art. 58, II, da Lei nº 8.443, de 16 de julho de 1992, dos responsáveis abaixo:5.1.1 Sr. Marcos Robério Ribeiro Monteiro, ex-prefeito de Itarema/CE, acerca das irregularidades relativas a: (i) não supervisão adequada da Tomada de Preços nº 8/2008 e do Pregão Presencial nº 12/2009; (ii) não publicação em jornal de grande circulação do edital de Tomada de Preços nº 8/2008 (subitem 3.1 acima); (iii) ausência de fiscalização sobre a aplicação de recursos do PNATE, ante a ausência de equipamentos obrigatórios, a existência de veículos em mau estado e com excesso de lotação e a localização irregular de combustível (subitem 3.3 acima); e (iv) ausência de fiscalização do Programa Bolsa Família, o que ensejou a inclusão irregular de 188 servidores da prefeitura como beneficiários do Programa (subitem 3.8 acima).5.1.2 Sra. Francisca Leoneide de Freitas Lima, ex-presidente da Comissão de Licitação, acerca das irregularidades vinculadas a: (i) não adoção de providências saneadoras na Tomada de Preços nº 8/2008 e no Pregão Presencial nº 12/2009 e (ii) não publicação em jornal de grande circulação do edital de Tomada de Preços nº 8/2008 (subitem 3.1 acima); 5.1.3 Sr. José Edson Rios Filho, ex-secretário municipal de Cultura, no tocante a não adoção de providências saneadoras na Tomada de Preços nº 8/2008 e no Pregão Presencial nº 12/2009 (subitem 3.1 acima);5.1.4 Sra. Ana Paula Praciano Teixeira, secretária de Ação Social, quanto à ausência de fiscalização do Programa Bolsa Família, o que ensejou a inclusão irregular de 188 servidores da Prefeitura como beneficiários do Programa (subitem 3.8);5.1.5 Sra. Simone Martins Brandão, coordenadora do Cadastro Único do Programa Bolsa Família, relativamente a não atualização de dados do Programa Bolsa Família, o que ensejou a inclusão irregular de 188 servidores da Prefeitura como beneficiários do Programa (subitem 3.8

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acima);5.2 rejeitar as justificativas, com a declaração de inidoneidade para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, das empresas Pratika Incorporações Ltda. e AJA Engenharia Ltda., concernente à fraude com simulação de procedimentos licitatórios quanto à Tomada de Preços nº 8/2008, e Firme e Venâncio Ltda., relativamente à fraude com simulação de procedimentos licitatórios quanto ao Pregão Presencial nº 12/2009, tendo em vista as denúncias noticiadas pela imprensa (subitem 3.1 acima); e5.3 considerar revéis as empresas Daruma Construções e Empreendimentos Ltda. e EC de Carvalho ME Ltda., nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443, de 1992, com a declaração de inidoneidade para participar, por até cinco anos, de licitação na Administração Pública Federal, em virtude da fraude com simulação de procedimentos licitatórios quanto à Tomada de Preços nº 8/2008 e ao Pregão Presencial nº 12/2009, respectivamente (subitem 3.1 acima).6. De início, ressalto que se mostram parcialmente adequadas as propostas apresentadas pela unidade técnica, segundo as razões que passo a expor.

II – Possível fraude à licitação.

7. Quanto ao que foi consignado no subitem 3.1 anterior, acerca da ocorrência de fraude à licitação na Tomada de Contas nº 8/2008 e no Pregão Presencial nº 12/2009, para construção de centro cultural e aquisição de equipamentos, respectivamente, deixo de acompanhar – no presente momento processual – a unidade instrutiva no tocante à irregularidade e também quanto à responsabilização dos Srs. Marcos Robério Ribeiro Monteiro e José Edson Rios Filho, da Sra. Francisca Leoneide de Freitas Lima e das empresas ouvidas em audiência.8. É de se ver, neste caso, que a convicção acerca do conluio para a fraude à licitação precisa de provas mais consistentes do que simples notícias veiculadas na imprensa. 9. Como anotado no relatório de auditoria à Peça nº 41, os jornais cearenses "O Estado" e "Diário do Nordeste" informaram que a Receita Federal, a Policia Federal e o Ministério Público do Ceará deflagraram a “Operação Província”, com o objetivo de desmontar um grupo criminoso suspeito da prática ilegal de sonegação fiscal, de fraude à licitação e de lavagem de dinheiro em diversos municípios cearenses, com a participação de servidores públicos e de comissões de licitação.10. Segundo relatado pela Secex/CE a partir de notícias veiculadas na imprensa, o Ministério Público constatou que as empresas Pratika Incorporações Ltda., Daruma Construções e Empreendimentos Ltda., Êxito Construções e Empreendimentos Ltda., Construtora Leandro dos Santos e Master Assessoria e Engenharia Ltda. foram constituídas para servirem de fachada para a empresa Falcon Construtora e Serviços Ltda. 11. Em pesquisa feita na internet, a minha assessoria localizou relatório do Tribunal de Contas dos Municípios do Ceará – TCM/CE no qual se registrou que as empresas Daruma Construções, Pratika Incorporações e Falcon Construtora foram as únicas participantes dos processos licitatórios em Itarema/CE nos exercício de 2008 a 2010, destacando-se que a Daruma Construções realizou obras em todos esses anos, recebendo do município, no período, o montante de R$ 2.997.582,00.12. Demais disso, a Secex/CE aponta que não fora realizada pesquisa de preços para embasar a suposta licitação em tela e que o simulado certame transcorreu com uma estranha e injustificável agilidade, visto que houve o intervalo de menos de um mês entre a publicação do edital de licitação no DOU (30/1/2008) e a homologação com adjudicação do objeto (28/2/2008), tendo ocorrido também nesta mesma data a assinatura do termo do contrato e a ordem de serviço. 13. De mais a mais, também não se pode atribuir a uma simples coincidência o fato de as empresas Firme e Venâncio Ltda. e EC de Carvalho - ME Ltda. terem sido criadas na mesma data (29/1/2008), que é próxima à abertura do processo licitatório da Tomada de Preços nº 8/2008 (25/1/2008), além de contarem com idêntico capital social (R$ 10.000,00), bem como o fato de ambas

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serem clientes do mesmo contador, havendo indícios robustos, pois, de estreita proximidade tendente a resultar na simulação de competição e na fraude ao certame licitatório.14. As evidências de que houve conluio para a fraude à licitação, no entanto, precisam de um maior aprofundamento material, devendo à unidade técnica não se ater apenas às notícias veiculadas na imprensa, mas buscar as informações constantes do correspondente processo judicial ou do respectivo inquérito policial.15. Logo, tendo em conta que há um processo investigativo por parte da Polícia Federal – PF sobre os fatos com repercussão nestes autos, considero como medida mais adequada a formação de processo apartado para apurar o possível conluio para fraudar a referida licitação, autorizando-se, desde já, que nesse apartado sejam realizadas as audiências da Sra. Francisca Leoneide de Freitas Lima (ex-presidente da Comissão de Licitação), dos Srs. Marcos Robério Ribeiro Monteiro e José Edson Rios Filho (ex-prefeito de Itarema/CE e ex-secretário municipal de Cultura, respectivamente) e das empresas envolvidas, bem como sejam promovidas diligências junto à PF e ao órgão Judiciário competente com vistas a obter cópia dos autos do inquérito policial.16. Por sua vez, quanto à irregularidade indicada no subitem 3.2 acima, atinente à inexecução do objeto pactuado no Convênio nº 490/2007, celebrado entre o Ministério da Cultura e o município de Itarema/CE, deve ser determinado ao órgão ministerial que, se ainda não o fez, providencie a urgente análise da prestação de contas do mencionado acordo, ante a constatação da equipe de fiscalização deste Tribunal no sentido da não construção do centro cultural na sede do município de Itarema/CE.17. No que concerne ao subitem 3.3 anterior, acerca da não observância dos requisitos legais em relação a veículos/condutores para transporte escolar, vejo que a gravidade da irregularidade em tela justifica a apenação do gestor municipal com a aplicação de multa.18. De qualquer modo, penso que, antes de prosseguir sobre este ponto, faz-se necessário tecer algumas considerações adicionais, a fim de estabelecer os devidos contornos dessa questão.19. Primeiramente, deve-se lançar luzes sobre o relatório de auditoria lançado às fls. 2/57 da Peça no 41, o qual, dando conta do estado de precariedade em que o serviço era prestado, aduziu o seguinte:

“Em vistoria realizada nos veículos que prestaram serviços de transporte escolar para os alunos da rede pública municipal de ensino do município de Itarema, no exercício de 2009, constatou-se que os veículos contratados por meio da Concorrência nº 1/2009 e seus respectivos contratos eram inadequados e que comprometeram o atendimento dos requisitos legais para a condução dos alunos, mais especificamente a ausência de equipamentos obrigatórios (por exemplo, cinto de segurança).

Ocorre que, após inspeção física desses veículos e contato com seus respectivos condutores, foram identificadas deficiências na prestação de serviços das rotas, diante da existência de veículos e condutores que não atendem adequadamente aos requisitos legais para condução de escolares, conforme se comprova mediante levantamento fotográfico, em anexo.

Dentre as ocorrências graves destacam-se: mau estado de conservação dos veículos e com até 30 anos de fabricação, ônibus sem poltronas ou com poltronas adaptadas com madeiras ou com janelas sem o vidro, veículos com equipamentos, como chave de roda e macaco, soltos no espaço onde os alunos são transportados, excesso de lotação em alguns veículos, inclusive adolescentes transportados em para-choques, veículo tipo furgão adaptado com tábuas de madeiras usadas como assentos para transporte dos escolares, veículos tipo pau-de-arara, como também veículos utilizando como combustível o gás de cozinha, no local onde os alunos são transportados.

Verificou-se também a não realização de inspeções semestrais dos equipamentos obrigatórios e de segurança e que alguns veículos não tinham a identificação exigida para os veículos destinados ao transporte escolar.

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Foi constatada, ainda, a existência de motoristas com Carteira de Habilitação com categoria distinta da exigida na legislação de trânsito e nos normativos do PNATE.”

20. A situação acima evidencia que os veículos contratados não ofereciam as mínimas condições de segurança para os usuários do serviço, ou seja, para as crianças e adolescentes, e que parte dos condutores não era habilitada para prestar o serviço em questão.21. Não é difícil, pois, relacionar a situação encontrada com a falta de fiscalização por parte dos gestores no ente federado, donde se pode concluir que a falta para com o dever de cuidado por parte dos gestores é evidente, tendo contribuído, inclusive, para uma inadmissível situação de risco a que foi submetida a integridade física de crianças e adolescentes.22. Aliás, no âmbito do Acórdão 2.093/2012, o Plenário do TCU confirmou a tese de que irregularidades como as que ora se examina, que colocam em risco a integridade física de crianças e adolescentes, constituem atos a que se deve atribuir alto grau de reprovação, tendo ficado registrado, na respectiva Proposta de Deliberação, o que se segue:

“24. Não há justificativa plausível para se colocar em risco a integridade física de crianças e adolescentes, mesmo porque a alegação de que a prestação do serviço se deu em viaturas em condições precárias de segurança, dirigidas por condutores sem habilitação ou com habilitação inapropriada, ante a ausência de opções, não pode ser colocada acima do bem maior que é defesa da criança e do adolescente.

(...) 26. De mais a mais, ao se focar a questão pelo prisma de que é em serviços dessa natureza que o poder público materializa os princípios valorados pela CF/88, outra não deve ser a conclusão senão a de que o descaso ora exposto revela total desrespeito e afronta à proteção de toda a coletividade em geral e à dignidade dos usuários em particular.

27. Diante desse quadro, chega-se à conclusão de que a irregularidade ora tratada constitui ato a que se deve atribuir alto grau de reprovação, fato que deve ser considerado na dosimetria da sanção a ser aplicada.” (grifou-se)

23. Como visto, chamado a se manifestar quanto à ausência de fiscalização sobre a aplicação de recursos do PNATE, considerando a ausência de equipamentos obrigatórios, a existência de veículos em mau estado e com excesso de lotação, bem como a existência de veículos utilizando como combustível o gás de cozinha, nos serviços de transporte de alunos, o Sr. Marcos Robério Ribeiro Monteiro (ex-prefeito de Itarema/CE) limitou-se a alegar que estaria sendo adquiridos veículos novos para o transporte escolar.24. Tal alegação não merece acolhida, já que se configura não apenas como reconhecimento da falha, mas também como mera intenção de melhoria nos serviços, não afastando, pois, a irregularidade perpetrada pela administração local, que havia sido confirmada na auditoria da Secex/CE. 25. Assim, considerando que se trata de grave ofensa à legislação orçamentária, financeira e operacional, mostra-se adequada a proposta de aplicação da multa prevista no art. 58, II, da Lei no 8.443, de 1992, ao gestor municipal arrolado nos autos.26. Demais disso, tendo em vista essa precária situação, vejo que o TCU deve também enviar determinação ao município de Itarema/CE no sentido de que adote, no prazo de 90 (noventa) dias, as providências necessárias à regularização de eventuais contratos em vigor para fornecimento de serviços de transporte escolar custeados, ainda que parcialmente, com recursos federais e que não atendam integralmente aos ditames do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997) e da Resolução FNDE nº 12, de 17 de março de 2011, em vigor, quanto à prestação desses serviços.27. Vejo também que o Departamento de Trânsito do Estado do Ceará deve ser comunicado dessa situação para a adoção das medidas julgadas pertinentes, bem assim que deve ser recomendado ao Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb em atuação no município que, ao analisar a prestação de contas relativa ao PNATE, avalie a adequação dos serviços de transporte

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escolar com as exigências contidas no Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503, de 1997), em especial, quanto às condições dos veículos e à regularidade dos condutores contratados.

III – Recebimento irregular de Bolsa Família. 28. Quanto ao que foi consignado no subitem 3.8 acima, referente ao pagamento indevido de benefícios do PBF a servidores municipais, vejo que a proposta de que sejam rejeitadas as razões de justificativa dos responsáveis não encontra correspondência na jurisprudência do TCU, razão pela qual entendo que o melhor encaminhamento seja afastar a responsabilidade dos envolvidos, pelas razões que se seguem.29. Note-se que no Acórdão 8.343/2010-TCU-1ª Câmara foi afastada a responsabilidade dos gestores que promoveram a inclusão no PBF de servidores cujas rendas não se enquadravam nos parâmetros legais, tal qual a situação observada no presente processo.30. Eis que, no voto condutor do referido aresto, o nobre Relator, Ministro Walton Alencar Rodrigues, destacou a modificação na sistemática de concessão e de controle do benefício ao longo dos anos, pontuando que a obrigatoriedade da revisão da situação dos beneficiários adveio com o Decreto nº 6.392, de 12 de março de 2008, que conferiu nova redação ao Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004, que, por sua vez, havia regulamentado a Lei nº 10.836, de 9 de janeiro do mesmo ano, que criara o PBF.31. De mais a mais, na fundamentação em seu voto, o ilustre Relator chamou atenção para o fato de que as alterações legais mencionadas estabeleceram que eventuais variações da renda do beneficiário não resultariam em seu imediato desligamento do programa.32. Nessa linha, ficou registrado nos autos pela defesa que já teria havido a atualização cadastral dos servidores indicados no exercício de 2009 e que, pelas regras do sistema, a revisão não ensejaria o desligamento imediato e automático dos beneficiários que passem a auferir renda superior ao limite fixado no programa.33. Aliás, convém destacar que, após a apreciação de diversas auditorias realizadas nos municípios do Estado do Ceará, o TCU, por intermédio do Acórdão 983/2012-Plenário, expediu determinação à Secretaria Nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – Senarc/MDS, a quem compete apurar as irregularidades relacionadas com as execuções locais do PBF, no sentido de que:

“no exercício da competência que lhe atribui os arts. 33, caput e § 2º, 34 e 35, incisos I a IV, do Decreto nº 5.209, de 2004, proceda à análise da regularidade do cadastramento dos servidores dos municípios do Estado do Ceará beneficiários do Programa Bolsa Família, ante a constatação, por meio de auditorias realizadas por este Tribunal em diversos municípios daquele Estado, a exemplo da presente auditoria realizada no Município de Itapiúna/CE, da existência de servidores municipais recebendo indevidamente benefícios do referido programa”.

34. Dessa forma, mostra-se plausível acolher as razões de justificativa apresentadas por Marcos Robério Ribeiro Monteiro, Ana Paula Praciano Teixeira e Simone Martins Brandão de modo a notificar a Secretaria Nacional de Renda e Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para a adoção das medidas pertinentes, ao tempo em que se mostra pertinente encaminhar à Senarc/MDS as informações colhidas nesta auditoria, para as providências sob sua alçada.

IV – Estratégia de Saúde da Família.

35. Passo a tratar das determinações e recomendações propostas pela unidade técnica em relação às irregularidades descritas nos subitens 3.5, 3.6 e 3.7 desta Proposta de Deliberação, as quais

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envolvem o então denominado Programa Saúde da Família – PSF, atualmente chamado como Estratégia de Saúde da Família.36. Em síntese, vê-se que foram apontadas três irregularidades para esta questão: (i) contratação ilegal de profissionais para comporem equipes de Saúde da família ante a ausência de concurso público, contrato de gestão ou termo de parceria; (ii) descumprimento de carga horária mínima de 40h semanal por médicos do PSF; e (iii) existência de equipe do PSF sem o número mínimo de profissionais exigidos pelos normativos aplicáveis à matéria.37. Em decorrência disso, a unidade técnica propôs, em resumo, a adoção das seguintes medidas:37.1 dar ciência ao Ministério da Saúde que a possibilidade de as equipes do Programa Saúde da Família – PSF ficarem até 90 dias sem médico (prática conhecida como “janela”) impede a garantia de atendimento médico contínuo a todos os usuários do PSF, reconhecido como medicina preventiva para atenção básica primária em Saúde, de menor custo e de maior eficiência no longo prazo, e contraria o disposto na Lei Orgânica de Saúde, de 1990, que dispõe sobre a promoção, proteção e recuperação de Saúde e, ainda, no item I, inciso I, do capítulo I da Portaria n° 648 GM, de 28/3/2006, que dispõe sobre o acesso universal e contínuo aos serviços de Saúde;37.2 dar ciência à Prefeitura Municipal de Itarema/CE que o não cumprimento da carga horária mínima de 40 horas pelas equipes de profissionais do Programa Saúde da Família contraria o inciso IV, do item 2.1, do capítulo II, do anexo da Portaria nº 648 GM/2006, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica;37.3 determinar à Prefeitura Municipal de Itarema/CE que, no prazo máximo de seis meses, adote providências com vistas a realizar concurso público para a contratação dos profissionais das equipes do Programa Saúde da Família, em atendimento aos Acórdãos 1.146/2003, 1.281/2007 e 281/2012, todos do Plenário do TCU, substituindo, após o término do certame, todos os que foram contratados anteriormente de forma irregular, observando-se os pré-requisitos previstos na Portaria MS n° 1.886/1997, no Decreto n° 3.189/1999 e na Lei 10.507/2002.38. Acerca da proposta de ciência ao Ministério da Saúde sobre o fato de as equipes do PSF ficarem até 90 dias sem médico (prática conhecida como “janela”), importa observar que o Plenário deste Tribunal já adotou tal providência, por meio do Acórdão 2.093/2012, prolatado no âmbito do TC 016.460/2010-3, que tratou de auditoria similar realizada no município de Morrinhos/CE, sob minha relatoria, de modo que tal medida mostra-se desnecessária neste momento processual.39. No que se refere à proposta de se determinar ao município a obrigatoriedade de realização do concurso público para a contratação de profissionais para as equipes de Saúde da Família, merece registro posição mais atualizada do TCU, adotada por ocasião da apreciação do TC 009.017/2009-2, que tratou de relatório consolidado de fiscalização de orientação centralizada – FOC, coordenada pela então 4ª Secex e executada sobre vários municípios do Brasil para avaliar a gestão dos recursos federais repassados a esses entes políticos, nas principais estratégias de Atenção Básica (Saúde da Família, Saúde Bucal e Agente Comunitário de Saúde).40. Naquela oportunidade, ao ser prolatado o Acórdão 1.188/2010-Plenário, proposto pelo Ministro José Jorge, o TCU determinou ao Ministério da Saúde que orientasse os Estados, Distrito Federal e Municípios no seguinte sentido:

“acerca dos normativos que regem a contratação direta de pessoal para atuar nas estratégias Saúde da Família, Saúde Bucal e Agentes Comunitários de Saúde, exigindo a devida adequação ao artigo 39 da Constituição Federal de 1988 ou ao que dispõe a Lei nº 11.350, de 2006, guardadas as devidas situações de excepcionalidade abrigadas pela ADIn nº 2.135/DF, regulamentando inclusive sobre a suspensão dos incentivos financeiros na modalidade fundo a fundo aos gestores municipais que não adequarem a contratação da força de trabalho aos regramentos constitucionais e legais”.

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41. Da leitura do lapidar voto que embasou tal deliberação do TCU, percebe-se que ficou excluída a possibilidade de contratação dessas categorias profissionais por meio de ONG e de Oscip, ante a inadequação com o modelo de Saúde da Família implantado no País.42. Não fosse o bastante, em nova oportunidade, ao apreciar o já mencionado TC 016.460/2010-3, este Plenário prolatou o Acórdão 2.093/2012 e nele fixou prazo máximo para a municipalidade realizar concurso público e substituir todos os profissionais contratados de forma irregular.43. De qualquer modo, em nova avaliação da matéria, verifica-se, todavia, no presente caso concreto, que a questão apresenta contornos ainda mais amplos a demandar maior aprofundamento pelo exame de duas situações emblemáticas:43.1 falta contumaz de realização de concurso público por gestores municipais para a contratação dos médicos para as equipes de Saúde, ensejando a admissão sistemática desses profissionais por meio de contratação temporária, por prazo determinado, diante de um suposto enquadramento no art. 37, inciso IX, da Constituição de 1988 e na respectiva lei local; e43.2 realização de concurso público por gestores municipais ao qual não compareceriam interessados para a totalidade das vagas, configurando situação na qual a administração local se veria forçada a recorrer à contratação temporária.44. Na primeira situação, o artifício tende a ofender a CF/1988, uma vez que a prestação de serviço de Saúde configura ação de natureza contínua e permanente, mostrando-se mesmo contraditório se falar em urgência ou em situação excepcional, como forma de tentar legitimar a contratação temporária permitida pela Constituição de 1988, em seu art. 37, inciso IX.45. Por outro lado, no segundo caso, encontram-se os municípios que realizam concurso público, mas que não conseguem obter profissionais interessados, seja durante o certame, seja no momento da admissão no cargo ou emprego.46. Nesta última situação, verifica-se que até poderia ficar caracterizada a “necessidade temporária de excepcional interesse público”, como previsto no art. 37, inciso IX, da CF/1988, mostrando-se legítima a contratação por prazo determinado.47. Aliás, ainda quanto a este último aspecto, os elementos contidos nos autos indicam que um dos grandes problemas sobre o qual se debruçam os gestores da Atenção Básica e da Estratégia de Saúde da Família é a falta de interesse de profissionais médicos para atuarem em certas regiões e municípios do Brasil.48. Destaca-se aí que, segundo estudos realizados, os motivos para esse desinteresse são variados, decorrendo, por exemplo, da distância em relação aos grandes centros urbanos e aos melhores hospitais e universidades do País, do fato de a região ser de difícil acesso e/ou de extrema pobreza, da falta de infraestrutura adequada para o desempenho da profissão e até do elevado percentual da população local em áreas rurais de difícil acesso.49. Tal situação é de tal forma grave que levou o Ministério da Saúde, em conjunto com o Ministério da Educação, a adotar recentes medidas com o objetivo de estimular o engajamento desses profissionais nas correspondentes áreas.50. Foi assim, por exemplo, que se buscou a edição da Lei nº 12.202, de 14 de janeiro de 2010, que alterou dispositivos da Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, que trata do Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior – Fies.51. Eis que, por essa nova lei, restou fixado benefício a ser auferido por médico que integrar equipe de Saúde da família em municípios priorizados segundo os critérios definidos pela Portaria nº 1.377/GM/MS, de 13 de junho de 2011, quando, no art. 6o-B da Lei nº 10.260, de 2001, se passou a determinar que:

“Art. 6o-B.  O Fies poderá abater, na forma do regulamento, mensalmente, 1,00% (um inteiro por cento) do saldo devedor consolidado, incluídos os juros devidos no período e independentemente da data de contratação do financiamento, dos estudantes que exercerem as seguintes profissões: 

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(...) II - médico integrante de equipe de saúde da família oficialmente cadastrada, com atuação em áreas e regiões com carência e dificuldade de retenção desse profissional, definidas como prioritárias pelo Ministério da Saúde, na forma do regulamento.”

52. Nessa esteira, por meio da Portaria Conjunta nº 2, de 25 de agosto de 2011, foram definidos cerca de 2.219 municípios como prioritários, conforme os critérios indicados pela aludida Portaria nº 1.377, de 2011, bem como os indicadores baseados no “percentual da população em extrema pobreza” e no “percentual da população residente na ária rural”.53. Além disso, e também com o objetivo de atrair esses profissionais, foi editada a Portaria Interministerial nº 2.087, de 1º de setembro de 2011, que instituiu o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica – Provab com o objetivo de estimular e valorizar o profissional de Saúde recém-formado a atuar, durante um ou dois anos, no âmbito da Atenção Básica e da Estratégia de Saúde da Família nos municípios relacionados.54. Segundo esse normativo, aos profissionais que participarem do Provab será oferecido curso de especialização em Saúde da Família no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde – UNA-SUS, além de, se pretenderem ingresso em qualquer Programa de Residência Médica, fazerem jus a um bônus como pontuação no referido certame, nos limites de 10%, se o médico trabalhar por um ano, e de 20%, se trabalhar por dois anos no município para o qual for designado.55. Como visto, ao verificarem a dificuldade de se implantar a Estratégia de Saúde da Família em centenas de municípios ante a aludida falta de interesse dos profissionais de Saúde, em especial, dos médicos, os próprios gestores federais do SUS buscam estimular a contratação temporária desses profissionais mediante o oferecimento de benefícios extras, como os acima indicados, além de salários adequados e de moradia.56. Bem se vê então que se busca, ainda que em caráter provisório, a resolução desse inaceitável problema.57. Assim, vejo que o TCU não deve, a priori, considerar ilegal a contratação por tempo determinado de profissionais de Saúde por parte dos municípios, devendo analisar a situação em cada caso concreto que lhe é submetido para julgamento.58. E, nesse ponto, registro que o município de Itarema/CE consta da relação de municípios com carência e dificuldade de retenção de médicos nas equipes de Saúde da família, como indicado na Portaria Conjunta nº 2, de 2011, citada acima.59. Desse modo, não se deve, simplesmente, como propõe a unidade técnica, fixar prazo para a realização de concurso público com a extinção dos contratos por tempo determinado em andamento, ressaltando-se, neste ponto, que os normativos citados como base para tal proposta já foram revogados.60. Para dar uma melhor dimensão do problema, registro que, em 2012, o Ministério da Saúde abriu prazo para os municípios e médicos interessados se inscreverem no Provab, tendo sido quantificado em 2.000 o número de vagas existentes.61. Ocorre que, segundo informações extraídas do sítio do Ministério da Saúde na rede mundial de computadores, os municípios participantes declararam a necessidade de mais de 7.000 médicos, tendo, todavia, o número de médicos interessados sido de apenas 1.458, ou seja, menos que o número de vagas disponíveis e bem menos que a necessidade declarada.62. Por outro lado, não se pode olvidar que a realização de concurso público para a admissão desses profissionais constitui exigência constitucional, de modo que deve ser tratada como regra a ser observada tanto pela União quanto pelos Estados, DF e Municípios, ao passo que a contratação temporária, com albergue no art. 37, inciso IX, da CF88, deve ser tratada como exceção, ficando devidamente justificada pelos gestores por ocasião da contratação e no âmbito do relatório de gestão, a ser apresentado ao final da cada exercício.63. Lembro que o relatório de gestão constitui-se em instrumento de controle e em requisito para o recebimento de recursos públicos, estando previsto na legislação pertinente ao SUS, a exemplo do Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011, que regulamenta a Lei nº 8.080, de 19 de setembro de

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1990, que instituiu o SUS, bem assim da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que dispõe sobre a gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros.64. Desse modo, vejo que o TCU deve determinar ao município de Itarema/CE que somente efetue contratação de profissionais médicos por prazo determinado para integrarem as equipes da Atenção Básica e da Estratégia de Saúde da Família se as vagas existentes não forem preenchidas por meio de concurso público obrigatório realizado periodicamente, uma vez que a contratação por tempo determinado prevista no inciso IX, do art. 37, da CF/1988 deve ser usada apenas para os casos de necessidade temporária de excepcional interesse público.65. E, em acréscimo, observo que o TCU deve determinar ao município que, por ocasião das contratações por tempo determinado, se necessárias, registre as devidas justificativas nos respectivos processos, além de também incluí-las no relatório de gestão elaborado anualmente conforme previsto no art. 4º, inciso IV, da Lei nº 8.142, de 1990, e no Decreto nº 7.508, de 2011.

V – Considerações finais. 66. A propósito de outras deliberações do TCU acerca de auditorias nos programas examinados neste processo em municípios do Estado do Ceará, vale registrar que o encaminhamento ora apresentado é, em grande medida, similar ao acolhido por este Tribunal quando da prolação do Acórdão 2.917/2012-Plenário, no âmbito do TC 016.461/2010-0.67. No que toca às providências relacionadas ao PSF, é importante salientar que a Saúde configura área cuja gestão demanda constante aperfeiçoamento, principalmente nos municípios menores, com a necessária interveniência do controle social exercido pelos conselhos municipais de Saúde.68. Isso, aliás, se configura em realidade que tem sido objeto de várias decisões deste Tribunal, a exemplo dos Acórdãos 1.146/2003, 1.281/2007 e 281/2010, todos do Plenário, citados pela equipe de auditoria, aos quais acrescento os seguintes arestos que foram conduzidos sob a minha relatoria: Acórdãos 862/2009 e 2.917/2012, do Plenário; e Acórdãos 8.654/2011 e 203/2012, da 2ª Câmara.69. Cabe lembrar que já foram prolatadas diversas recomendações ao Ministério da Saúde sobre fragilidades similares verificadas no PSF em auditorias realizadas pelo TCU, consoante se observa no Acórdão 1.188/2010-Plenário, sob a relatoria do Ministro José Jorge, as quais levaram o ministério, posteriormente, a editar as Portarias nos GM 2.488/2011 e SAS 134/2011, com alterações relativas a jornadas de trabalho e sobre registro dos profissionais no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), entre outras providências.70. Portanto, de forma consentânea com a jurisprudência do TCU, entendo que a questão em tela deve ser analisada de forma institucional, levando-se em consideração a importância desse programa, bem assim a abrangência e a repetição da irregularidade, motivo pelo qual pugno – ante as circunstâncias ora verificadas no presente caso concreto – por:70.1 dar ciência ao Ministério da Saúde das ocorrências verificadas nesta auditoria;70.2 determinar à Prefeitura de Itarema/CE que implemente controle administrativo com o intuito de garantir o cumprimento da carga horária exigida no PSF, aplicando, em caso de descumprimento, as sanções previstas na legislação; 70.3 recomendar ao Conselho Municipal de Saúde de Itarema/CE que fiscalize a implementação da medida acima, informando ao Ministério da Saúde e aos órgãos de controle o descumprimento injustificado das regras de funcionamento do PSF; e70.4 dar ciência dos fatos tratados nesta auditoria à Câmara Municipal de Itarema/CE, bem como aos conselhos municipais de Saúde, Alimentação Escolar e do Fundeb, além do Ministério da Saúde, do FNDE, da Senarc/MDS e do TCM/CE.71. Enfim, no que se referem às demais propostas de determinação e de recomendação, vejo que elas se mostram necessárias, com os ajustes de redação pertinentes, à exceção do envio de cópia da

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presente deliberação à Procuradoria da República no Ceará, haja vista que a situação prevista no normativo indicado (art. 16, § 3º, da Lei n 8.443, de 1992) não se amolda ao presente caso.72. De mais a mais, no que se refere à proposta de ciência ao município (a exemplo do reproduzido no subitem 45.2 acima), entendo que a medida deve ser convertida em determinação corretiva e preventiva, com a fixação de prazo para facilitar o monitoramento das medidas alvitradas neste decisum, considerando-se, para tanto, a gravidade dos fatos apontados nos presentes autos e a necessidade de se conferir maior efetividade à decisão deste Tribunal.

Ante todo o exposto, proponho que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões, em 3 de abril de 2013.

ANDRÉ LUÍS DE CARVALHORelator

ACÓRDÃO Nº 771/2013 – TCU – Plenário

1. Processo nº TC 016.457/2010-2. 2. Grupo I – Classe de Assunto: V – Auditoria.3. Responsáveis: Marcos Robério Ribeiro Monteiro (377.885.663-49); Francisca Leoneide de Freitas Lima (674.211.803-20); José Edson Rios Filho (425.502.703-04); Simone Martins Brandão (419.356.163-15); Ana Paula Praciano Teixeira (418.982.733-91); Aja Engenharia Ltda. (05.218.697/0001-95); Daruma Construções e Empreendimentos Ltda. (CNPJ 23.568.447/0001-67); EC de Carvalho - ME (08.665.901/0001-04); Firme e Venâncio Ltda. (09.353.355/0001-39); Pratika Incorporações Ltda. (02.868.326/0001-60).4. Entidade: Município de Itarema/CE.5. Relator: Ministro-Substituto André Luís de Carvalho.6. Representante do Ministério Público: não atuou.7. Unidade Técnica: Secex/CE.8. Advogados constituídos nos autos: Francisco Régis dos Santos Albuquerque (OAB/CE 9.749) e outros.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos que tratam de auditoria realizada no município de

Itarema/CE com o objetivo de verificar a aplicação, no exercício de 2009, de recursos federais repassados por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar – Pnae, do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – Pnate, do Programa de Saúde da Família – PSF e do Programa Bolsa Família – PBF, bem como por meio de transferências voluntárias.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão do Plenário, ante as razões expostas pelo Relator, em:

9.1. rejeitar as razões de justificativa apresentadas pelo Sr. Marcos Robério Ribeiro Monteiro, em relação à irregularidade tratada no item 2.4 do relatório de auditoria;

9.2. aplicar a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei no 8.443, de 1992, ao Sr. Marcos Robério Ribeiro Monteiro, no valor de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), fixando-lhe o prazo de 15 (quinze) dias,

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a contar da notificação, para que comprove, perante o Tribunal, o recolhimento da referida quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente, na forma da legislação em vigor:

9.3. autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida a que se refere o item 9.2 deste Acórdão, caso não atendida a notificação, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei nº 8.443, de 1992;

9.4. autorizar, caso requerido, nos termos do art. 26 da Lei nº 8.443, de 1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno do Tribunal, o parcelamento da dívida constante do item 9.2 deste Acórdão em até 36 (trinta e seis) parcelas, atualizada monetariamente até a data do pagamento, esclarecendo ao responsável que a falta de pagamento de qualquer parcela importará no vencimento antecipado do saldo devedor (§ 2º do art. 217 do Regimento Interno do Tribunal), sem prejuízo das demais medidas legais;

9.5. determinar à Secex/CE, com fulcro no art. 37 da Resolução TCU nº 191, de 21 de junho de 2006, que promova a formação de apartado, por cópia integral dos presentes autos, com o intuito de:

9.5.1. promover o saneamento dos autos por meio de diligências junto à Polícia Federal e ao órgão judicial competente com vistas a obter cópia dos autos do inquérito sobre as fraudes em licitações de prefeituras cearenses (denominado como “Operação Província”);

9.5.2. realizar a audiência da Sra. Francisca Leoneide de Freitas Lima (ex-presidente da Comissão de Licitação), dos Srs. Marcos Robério Ribeiro Monteiro e José Edson Rios Filho (ex-prefeito de Itarema/CE e ex-secretário municipal de Cultura, respectivamente) e das empresas Aja Engenharia Ltda., Daruma Construções e Empreendimentos Ltda., EC de Carvalho - ME, Firme e Venâncio Ltda. e Pratika Incorporações Ltda., para que, querendo, apresentem justificativas para a fraude perpetrada sobre as licitações indicadas nos itens 2.1 e 2.2 do relatório de auditoria, lembrando à unidade técnica que ela deve assegurar aos responsáveis o exercício da ampla defesa específica sobre as provas emprestadas que forem colhidas junto à Polícia Federal e ao órgão judicial, conforme determinado no item 9.5.1 deste Acórdão;

9.6. determinar ao Ministério da Cultura – MinC que, com urgência, adote providências no sentido de examinar, se ainda não o fez, a prestação de contas do Convênio nº 490/2007, celebrado com o município de Itarema/CE, cujo objeto consiste na construção de um centro cultural no município, ante a constatação da equipe de fiscalização da Secex/CE no sentido de que o objeto pactuado não foi concluído, instaurando, se for o caso, a competente tomada de contas especial, que deve ser remetida ao TCU, no prazo de 120 (cento e vinte) dias, por intermédio da Secretaria Federal de Controle Interno, além de informar, no mesmo prazo, a este Tribunal, as providências adotadas;

9.7. determinar ao município de Itarema/CE que:9.7.1. somente efetue contratação por prazo determinado de profissionais médicos ou dentistas

para integrarem as equipes da Atenção Básica e da Estratégia de Saúde da Família se as vagas existentes não forem preenchidas por meio de concurso público obrigatório, realizado periodicamente, uma vez que a contratação por tempo determinado prevista no inciso II, do art. 37, da CF88 deve ser usada apenas para os casos de necessidade temporária de excepcional interesse público;

9.7.2. registre, por ocasião das contratações por tempo determinado descritas no item 9.7.1 supra, as devidas justificativas nos respectivos processos, além de também incluir essas justificativas no relatório de gestão elaborado anualmente, conforme previsto no art. 4º, inciso IV, da Lei nº 8.142, de 28 de dezembro de 1990, e no Decreto nº 7.508, de 28 de junho de 2011;

9.7.3. observe o cumprimento do horário integral – jornada de 40 horas semanais – de todos os profissionais nas equipes de Saúde da família, de Saúde bucal e de agentes comunitários de Saúde, com exceção daqueles que devem dedicar ao menos 32 horas de sua carga horária para atividades na equipe do PSF e até 8 horas do total de sua carga horária para atividades de residência multiprofissional e/ou de medicina de família e de comunidade ou trabalho em hospitais de pequeno porte, conforme regulamentação específica constantes da Política Nacional dos Hospitais de Pequeno Porte, nos termos da Portaria MS nº 2.488, de 2011, que aprova a Política Nacional de Atenção Básica;

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9.7.4. implemente controle administrativo com o intuito de garantir o cumprimento da carga horária mencionada no subitem anterior, aplicando, em caso de descumprimento, as sanções previstas na legislação;

9.7.5. adote, no prazo de 90 (noventa) dias, as providências necessárias para regularização de eventuais contratos em vigor para fornecimento de serviços de transporte escolar custeados, ainda que parcialmente, com recursos federais e que não atendam integralmente aos ditames do Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997) e da Resolução FNDE nº 12, de 17 de março de 2011, quanto à prestação desses serviços, encaminhando a este Tribunal, ao término do prazo concedido, informações acerca das providências adotadas;

9.7.6. exija dos contratados para fornecimento de serviços de transporte escolar custeados, ainda que parcialmente, com recursos federais o fiel cumprimento dos ditames contidos na Lei nº 9.503, de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), em especial dos arts. 105, 107, 108 e 136 ao 139, que tratam da segurança dos veículos e da condução de escolares, e dos normativos para o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar expedidos pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE quanto à prestação desses serviços;

9.7.7. atente para o disposto no inciso II, do art. 136, do Código de Trânsito Brasileiro, que dispõe sobre a necessidade de inspeções semestrais para verificação dos equipamentos obrigatórios e de segurança para os veículos destinados à condução coletiva de escolares;

9.8. recomendar ao município de Itarema/CE que:9.8.1. preveja a oferta de treinamento sistemático para os membros do Conselho de Alimentação

Escolar (CAE), em atenção ao art. 17 da Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, uma vez que a ausência dessa medida prejudica o acompanhamento e controle social sobre a transferência e aplicação dos recursos do Pnae, previstos no art. 19, e incisos, da Lei nº 11.947, de 2009, e no art.  27 da Resolução FNDE nº 38, de 2009;

9.8.2. promova treinamento sistemático para os conselheiros do Fundeb (a exemplo do Programa Nacional de Formação Continuada à Distância criado pela Resolução FNDE nº 12, de 2008) com o intuito de aperfeiçoar o acompanhamento e o controle social sobre a transferência e aplicação dos recursos do Pnate, previstos no art. 5º da Lei nº 10.880, de 9 de junho de 2004;

9.9. recomendar ao Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb no município de Itarema/CE que, ao analisar a prestação de contas do Pnate, avalie a adequação dos serviços de transporte escolar, em especial, quanto às condições dos veículos e dos condutores contratados com as exigências contidas no Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503, de 1997);

9.10. recomendar ao Conselho Municipal de Saúde de Itarema/CE que fiscalize a implementação da medida indicada no item 9.7.3 deste Acórdão, informando ao Ministério da Saúde e aos órgãos de controle o descumprimento injustificado das regras de funcionamento do programa;

9.11. dar ciência ao Departamento de Trânsito do Estado do Ceará no sentido de que na presente auditoria foram identificados veículos e motoristas atuando no serviço de transporte escolar do município de Itarema/CE sem atenderem às disposições da Lei nº 9.503, de 1997 (Código de Trânsito Brasileiro), quanto à prestação desses serviços;

9.12. encaminhar à Secretaria Nacional de Renda e Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – Senarc/MDS a documentação referente às irregularidades envolvendo o recebimento indevido de benefícios do Programa Bolsa Família – PBF (item 2.10 do relatório de auditoria), para que, no exercício da competência que lhe atribuem os arts. 33, caput e § 2º, 34 e 35, incisos I a IV, do Decreto nº 5.209, de 17 de setembro de 2004, proceda à análise da regularidade do cadastramento dos beneficiários do Programa Bolsa Família no município de Itarema/CE;

9.13. encaminhar cópia deste Acórdão, bem como do Relatório e da Proposta de Deliberação que o fundamenta:

9.13.1. ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE para subsidiar a análise da prestação de contas do exercício de 2009, relativas aos repasses automáticos do Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar – Pnate, transferidos à Prefeitura Municipal de Itarema/CE;

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9.13.2. à Câmara Municipal de Itarema/CE, ao Conselho Municipal de Saúde, ao Conselho Municipal de Alimentação Escolar e ao Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb, bem como ao Ministério da Saúde, ao Ministério da Cultura, à Secretaria Nacional de Renda e Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – Senarc/MDS e ao Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará; e

9.14. determinar à Secex/CE que monitore o cumprimento de todas as determinações contidas neste Acórdão.

10. Ata n° 11/2013 – Plenário.11. Data da Sessão: 3/4/2013 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-0771-11/13-P.

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13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Augusto Nardes (Presidente), Valmir Campelo, Walton Alencar Rodrigues, Benjamin Zymler, Aroldo Cedraz, José Jorge, José Múcio Monteiro e Ana Arraes.13.2. Ministro-Substituto convocado: Augusto Sherman Cavalcanti.13.3. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa, André Luís de Carvalho (Relator) e Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)AUGUSTO NARDES

(Assinado Eletronicamente)ANDRÉ LUÍS DE CARVALHO

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)LUCAS ROCHA FURTADO

Procurador-Geral

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