warat - territórios desconhecidos

294
·C ) .) ., ,. 1 1 ... .. ____ _ ) e ) y , 1 1 Volume 1 .·. =uNDAÇÃO BOITEUX

Upload: luis-fernando-milla-sass

Post on 11-Dec-2014

160 views

Category:

Documents


25 download

TRANSCRIPT

~C ) .) ., ,. 11 ... ~ - ..____ _ ) e ) y , 11 Volume1 .. =uNDAO BOITEUX TERRITRIOSDESCONHECIDOS: A PROCURA SURREALISTAPELOSLUGARES DO ABANDONO DO SENTIDO E DA RECONSTRUO DA SUBJETIVIDADE Volume I CoordenadoresProf. Orides Mczzaroba Prol.Aires JosRo,cr Prof.Arno DaiRiJnior Profa. Cludia Senithalvlonlciro ColaboradoresAlessandro Tonon Cmara A\'ila Alexandre Andr 0.'odari Andr Bezerra 1\-!eireles Daniela Mcnengoti Gonalves Ribeiro Equipe do UNJlJR CONPEDI c-....... --.. -- ......o._.. __ LarissaMaria Lima Costa Marcelo Markus Teixeira Patrcia de Oli\'eiraAreas Paulo Potiara de Alcntara Veloso Ricardo Sontag FONDAZIONE CAssAMARCA

(..,.. l1OBSERVATRIO 00 ESTADOLuis Alberto Warat TERRITRIOSDESCONHECIDOS: APROCURA SURREAUSTA PELOS LUGARES DO ABANDONO DO SENTIDOE DARECONSTRUO DASUBJETIVIDADE Volume l FUNDAO BOITEUX Florianpolis,2004 --Copyright 200.Jby Fundao jos Artur Boiteux W253aWarat, Luis Alberto Territrios desconhecidos: a procura SLUrcalista pelos lugares do abandono do sentido e da reconstruo da subjetividade/ Luis Alberto Warat; coordenadores: Oridcs Mezzaroba, Amo Dal Ri Jwlior, Aires Jos Rover, Cludia Senilha l\fonteiro. - Florianpolis: Fundao BoiteLLx,200-l. 584p. ISBN: 85-87995-40-5 1.Direito - Filosofia.2.Crrlicas brasileiras.!. Ttulo. Catalogaona fontepor:OnliaSt/1'a Guunaroes CRB-141071 EDITORA FUNDAO BOITEUX Presidente Vice-Presidente Secretrio Tesoureiro Orador Conselho Editorial Capa eprojeto grfico Foto da capa Endereo Prof. Orides Mczzaroba Prof.Mrio Lange de S.Thiago Prof.Aires JosRover Prof. Ubaldo Csar Ballhazar Prof.Luiz Otvio Pimentel Prof.Aires JosRover Prof.Antonio Carlos Wolkmer Prof.Amo DalRiJnior Prof. Jos Rubens Mora toLei te Prof. Mrio Lange de S.Thiago Prof. Orides Mezzaroba Prof.Luis Carlos Canccllier de Oli,o Prof.Luiz Ot,io Pimentel Studio S - Diagramao e Arte Visual [email protected] JairoBisol UFSC-CCJ - 1.0 andar- Sala110 Campus Universitrio - Trindade -CEP 880-10-970 Florianpolis- Santa Catarina - Brasil Telefone/Fax: (48)233-0390 E-mail: [email protected] Site: www.funjab.ufsc.br CDU: 340.12 SUMRIO APRESENTAO .... ..................................... 9 WARA T, ANJO TORTO Alayde Avelar FreireSant'Anna............................................................................................................... 11 CRNICA DA PROMESSA CludiaSeruilhaMonteiro ...... .................................................................................................................. 13 LITERASOF1A Warat- textos ilusoriamente completos para o Lapidarium de meu museu discursi,o.............. 19 DERECHO AL DERECHO ..... 27 ACINCIA JURDICA E SEUS DOIS MARIDOS ................................... 61 MANIFESTOS PARA UMA ECOLOGIA DO DESEJO .................. ..................................... 187 OAMOR TOMADO PELO AMOR Crnica de uma paixo desmedida ......................................................... .. .......................... 289 POR QUEM CANTAM AS SEREIAS Informe sobre Ecocidadania, Gnero e Direito .................................... .. .. ........................... 369 METFORAS PARA ACINCIA, A ARTE E A SUBJETIVIDADE.. ............................ 529 ELCINE Y ELHORROR DEL OLVIDO .......................................................................................... 541 LA CINESOF1A Y SU LADO OSCURO Lainfirli taposibilidad sLUrealista de pensar com lacinesofa .............. .......................... 549 OS QUADRINHOS PUROS DO DIREITO ...................................................................................... 563 APRESENTAO O homem chegou em nossas vidas desafiando as imposturas, represen-touaguinada doimaginrionaPs-graduaoemDireito da Universidade Federal de Santa Catarina, marcou geraes,reverteuainrcia do saber jur-dico dominante, revolucionou a sala de aula, abalou criativamente as estrutu-ras.Depois da ousadia da provocao do preestabelecido, convidou-nos ato-dosacompartilhar do sonhofebrilesurrealistasobre nsmesmosenossos conceitos, fezum conviteparaque acomunidade acadmicareagisse diante da tarefa de construo do espao da autonomia dos indivduos tambm atra-vs dalinguagem jurdica. O grande projeto waratiano de resgate da subjetividade externou-se em umariqussimadiversidadedeaesdidtico-pedaggicas, comoliteratura, cinema, workshops e oficinas, aulas nas tardes sem fimda Ilha de Anhatomirim, histria em quadrinhos e tambm estes textos compilados para serem apresen-tadosagoraaoleitor.Aquiestoverbalizadasastrajetriasdestepensador inquieto, no uma, masmuitas,como foramtantososcaminhostrilhadosna construo de uma histria de vida. Aproposta daColeoWarat aretmiodestasescritasproduzidas ao longo dos anos. Uma grande e entusiasmada equipe foiformada para executar a tarefaderecoU1erostextos,muitosdelesquaseperdidos notempo,localizar ediesesgotadas,realizartradues erevises,semprerespeitando alingua-gempeculiarempregadaemgrandepartedomaterialeque no poderiaser corrompida por umareviso convencional; afinal,afalawaratianatoma parte no prprio recado que d.Na equipe de revisores, para aqueles que viam apenas um autor desconhecido, ele se tomou urna paixo. Como de hbito, Luis Alberto Warat, at no processo de elaborao desta o'Qra,seduziu com seu pensamento aqueles que aindanoo conheciam. Uma pequena seleo de frasesbrilhantes foivoluntariamente armazenada por uma integrante do grupo para, quem sabe, urna publicao futura.Foram colaboradores deste projeto editorial Alessandro TononCmaravila,AlexandreNodari,AndrBezerraMeireles,Daniela Menengoti. GonalvesRibeiro,LarissaMariaLimaCosta,MarceloMarkus Teixeira,PauloPotiaradeAlcntaraVeloso,PatrciaOliveirareas,Ricardo Sontag e toda a equipe do Laboratrio de Informtica Jurdica da Universidade Federal de Santa Catarina. Os coordenadores aquiagradecem aosque diretae indiretamente participaram desta publicao com a inspirao, o apoio e ater-nura no trato das idias que nosso prprio mestre nos ensinou a nutrir. 9 _.,5ALBERTOW/'.RAT Oprimeiro volume, Territriosdesconhecidos:a prornrasurrealistapelos111-gares doab1111do110doscntido e dareconstruodasubjetividade,rene a rebelio do autor contra o saber adormecido no Direito e provoca a retomada dos propsi-tosdasubjetividade.OensinodoDireitoatemticadefundodosegundo volume, Epistemologia e ensino doDireito: o sonho acabou, que agrupa ostextos que vertem discussesinstigantes sobre omodo de produo e de reproduo do conhecimentojurdico.Talvez,nuncatenhasidotooportunacomoagoraa reapresentao ao pblico dessas palavras dadas pelo ensino do Direito no Bra-sil.Umdosprofessoresbandeirantesaabordarumassuntoentodifcilem outras pocas, pode-se colher no material terico deste volume o papel do ensi-no jurdico na reformulao do Direito. Oterceiro volume orientado aotema da mediao, Surfandonapororoca:o ofciodomediador,trazendo acontribuio da Psicanlise e da Semiologia para esboar os rumos da importncia e intensi-dade cidad da mediao e da funo do mediador. O quarto volume, Semitica daalteridadeeDireito,aindanoprelo,fecharacoleotratando80temada (re)construo dossentidos edo princpio da alteridade no Direito.Defomu alguma estacoletneaexaustivadaobrade seu homenageado,masfornece uma amostragem extensa e fielde seu trabalho, reapresentando textos somente publicados em espanhol, outros de pouca circulao nacional, alguns inditos e praticamente todos osrestantes j esgotados. No material que sepermita perder na memria, porque est vivo nas veiasdopensamento jurdicobrasileiro.Todoele,oconjunto de quatrovolu-mes,representamuitomaisdo queumtributo aogrande mestreLusAlberto \,Yarat,ou um simples resgate histrico de seus inquestionveistesouros, um marco de diferena a nos lembrar que as questes ainda urgem, as respostas no foramsuficientemente elaboradas, nossa segurana acadmica ilusria,o sa-ber jurdico est no banco de provas de um mundo em transformao. Enquanto a sada surrealista pelo imaginrio resgata a jurisprudncia do desejo nestes tex-tosrecolhidos, Warat segue camavalizando por a.Cabe,portanto, aoscoorde-nadoresdestesquatrovolumesaresponsabilidade de alertar ao leitor paraos perigos subversivos que se aproximam nas prximas pginas. Ilha se Santa Catarina, primavera de 2004. Os coordenadores do projeto Orides Mezzaroba Aires Jos Rover Arno Dai Ri /Inior CludiaServilha Monteiro 1 o. WARAT, ANJOTORTO Alayde Avelar FreireSmzt'Anna Quando vi Lus Alberto Warat pelaprimeira vez, soube, imediatamen-te,que nunca mais seria a mesma. Estava diante de um anjo, um raro. Dele quase tudo jfoidito. E,aqui, no celebrarei a indiscutvel contri-buio de Warat aos que se dedicam ao estudo do Direito, do poder e da pol-tica,em suas intrincadas relaes.Cantarei, antes, o amor que tenho pelo via-jante que me acolheu e me apresentou outras paisagens, cenrios de possibili-dades emancipatrias onde pude perceber com a vida o espao de encontros e desencontros com o outro. Atravessado por uma dor de mundo que em seu vasto corao se trans-formouem esperana epor uma inteligncia que como um raio o atingiu sem piedade,Warat,comcerteza,ofilsofodoamor.Umprofetadeuma futurologia sociopoltica que nos fazinterrogar sobre o futuro que nos espera. Uma pergunta com a advertncia e a angustia de quem espera respostas, no apenasrevelaodeum problema.Aocontrrio,oque Waratdesejauma busca de solues, dos sinais do futuro. Seu pensar enraizado num humanismo libertrio,amantedaheterodoxia edadiversidade,presenteia-nos comuma concepo da complexidade das relaes humanas que apontam para o senti-do da vida como aposta no amor contra a morte. Suaprtica,reflexode suaalmainquieta,fazdele ummissionrio que alimenta o crescer das pessoas em dignidade, autoconhecimento, autonomia e no reconhecimento e afirmao dos seus direitos diferena. Com Warat aprendi que a experincia de resistncia e de luta contra todas as formas de dogmatismo revela uma cidadania das singularidades, tun exerccio de vida que um labo-ratrio onde, entre acertos e erros, osnovos movimentos sociais de oposio subjetividadedominante configuramuma rede dialticaque anuncia aemer-gncia autnoma e original de novas maneiras de organizao coletiva. 11 1 11 L LUISALBERTOWARAT Aangstiaqueoestimulanabuscadossinaisdofuturoquesurgem emergentes no processo detransformaesprofundas que atravessatodasas instncias da vidarevela um homem em devir constante que questiona todaa realidade construda socialmente pela modernidade. VVarat,pedagogodaesperana,seriluminadoquecontagiaatodos que tm oprivilgio de sua interlocuo, que aposta na pulso da vida na sua guerra contra nossas prprias tendncias destrutivas, o cartgrafo da eman-cipao que nosindica osentido ecolgicodo poltico como predomnio de uma prtica polticade amor sobre todas as prticas de poder derivadas das pulses destrutivas. ParaWarat,apostarnavidaarticulartrsinstnciasdarealidade:a ecologia,acidadania easubjetividade.Uma articulao capaz de compreen: der uma magma de sentidos que compreendem transforn1aes fundamentais que precisam ser operadas para garantir nosso futuro, comprometendo todos ns com apreservao da existncia em todas as suas manifestaes. Como filsofoda crise civilizatria que atravessamos, Warat afirma uma autonomiacentradanaalteridadeatravsdeumprocessode precipitaode revolues moleculares do sistema de valores existenciais que se infiltrariam em rede em todo tecido social. O direito do amanh, em Warat, assim, um trabalho cartogrfico sobre odesejo como ncleo impulsor do devir das autonomias que configura a vontade de viver, de criar, de amar e de inventar uma nova socieda-de.desseanjoquefaloeaquemrecorro,cotidianamente,paracontinuara trilhado amor que aporta sentido vida e luta por um mundo melhor. 12 CRNICA DA PROMESSA CludiaServiliza Monteiro* Abandoneiasbatascoloridasdealgodo eosbrincosdemiangas.O olhar implacvel de um ambiente julgador intimidou amenina vinda de So Paulo. Eramtempos de vestibular, escolhas. To cedo para saber o que vai nos tornar realizados. Uma profisso? Cedo demais para uma escolha to violenta. E,comomuitosoutros,cometitambmmeusenganos.Ponderei jornalismo, tenteiCincias Sociais, convictade umterritrio adequado ao mundo das mi-nhas incansveis indagaes.Poucos meses foram suficientes para comear a sufocar no peito afrustrao.No, no eraisso. OvaziodolorosodadvidameconduziuassimaoCursodeDireito. Agora jsemaspaixesrevolucionrias daquelestemposem quearedemo-cratizaodopasapresentava-senaangstiadesuaiminncia.Munidade um pouco de esperana e uma pitada de sonhos, fuiaceita nas Arcdias. Salas de aula amplas. Pareciam caber cem alunos ali.Paredes grossas, pilares roma-nos na portentosa entrada. Professores de terno, alunos sbrios.Uma bibliote-cacomcheirodeguardado,publicaesmuitoantigaseoutras diferentese bemmaisnovas,massempretcnicas.Outroslivros,aquelescujoacessote-riamcativadoaalmacuriosapeloaprendizadomaduro,esses,inacessveis, eram reservados somente aos doutos professores. Saber para nefitos. O audi-trio em vermelho nos assentos esuas pesadas cortinas.O madeiramento ve-tusto de uma grande mesa parecia comandar um recinto religioso.Uma coisa de Igreja.Aigrejinha do senso jurdico dogmtico. Testemunhei professores desenvolverem apangios do nobre saber ju-rdico.Sentia-meumafiguranteemumapeaambientadanosanos30.A Esta crnica foi especialmente escrita para o mmcro inaugural da Rcuisla Crtica dosEstud1111/cs deDireito- RECRIE,daUFSC.Aautoraadvogada, professora, mestre cm Direito,alunado ProgramadeDoutorado em Direitodo CPGD/UFSC epesquisadora-bol-;ista daFondazione Cassamarca.Aversoah1alcontm osnomesocultadoseinteiramentededicadaaoseu inspirador: oprofessor doutor Luis AlbertoWarat. 13 LUISALBERTOWARAT veiooDireitoRomano.Meuprimeiroamor. Juro.Meuprimeiro amorfoio DireitoRomano.Amavahistriaeeraanicadisciplinalecionadaporum professor 1 que, ainda quetravestido nos velhos costumes da faculdade,for-necia em seus contedos uma viso crtica da Histria do Direito e conseguia fazerumapontecomasatualidadesdopensamento jurdico.Umdeleite. Guardo at hoje meu caderno de Direito Romano. Quando uma disciplina era especialeu logo tratava de escolher um caderno apropriado. Essetinha gati-nhos por todos os lados e as linhas eram grossas ede um vermelho vivo. Ah! O meu caderno de Direito Romano! Preenchido com esmero. Nenhuma infor-mao faltavaou estava forado lugar. Aos poucos um desconforto na alma foise formando. No, tambm no eraaquilo.DireitoRomanoeramuitopoucoeoresto?Oque seriademim? Afogada na mar da dogmtica eu no teria condies de sobreviver. Sucum-biria em breve. Desistir j no era mais possvel. Odesencanto. Veio outro ano e o Direito Constitucional foinos concedido lindamente por um professor2 de alma literata. Caso raro naquele ambiente acadmico de ento. No resto, o peso do insuportvel avivava cada vez mais aferidaaberta daquela ltima escolha a que havia me permitido. No terceiro ano, a frialdade da cidade e do ambiente da faculdade j me colonizavam de tal forma que aprendi a usar "blazer" e roupas sociais. Muitos garotosegarotas jestavamassumindoareproduodaquelemundo, seus sonhos de elitee suas imposturas.Roupa social,tratamentoformaleeu,que queria era ler a poesia da vida, investigar como o conhecimento jurdico pode-riaser utilizado para transformar arealidade.A alma lrica quase sucumbia. Ento,umjovemprofessor3 recm-chegadode seudoutoramentona Europa comeou a mobilizar alguns poucos alunos interessados em estudar o outro lado do Direito. Arrumamos patrocnios, convnios com aPrefeitura da cidade, fotocopivamos e distribuamos entre nstextos. Textos outros. Saber jurdico clandestino. Ento, havia algo mais a ser conhecido? Olhos atravessa-dos nos corredores, ramos uns marcianos. Mal esse processo havia se iniciado e eu, perplexa, solitria, fiza maior descoberta de todas: havia vida inteligente no planeta do Direito! Como foiisso?Um dia fomos chamados para uma palestra. O auditrio semivazio. Uns poucos alunos marcianos e l estava um senhor de grande com-pleio fsica. Cabelos claros, pele alva. Falava uma lngua estranha, algo como 1.Alusio Surgik. 2.Sanso Jos Loureiro. 3.Clemerson Merlin Cleve. 14. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdoabandonodo sentidoedareconstruodasubjetividade portunhol.E asvestes!Umtemo delinho rosa,ascalasamparadaspor um colorido suspensrio. Meu Deus! De onde teria sado aquela figura? E com que paixo falava.Falou dos sonhos e dos desejos. Falou da autonomia dos indiv-duos.Falava de cinema,deFilosofia,de Amor ede Psicanlise.Falava deli-berdade.E articulavatudo isso em uma intensarelao de pertinncia com o Direito.Escandalizavatodos os padres conceituais da casa, do jeito de vestir edefalar,passando pela postura de serena intimidade comopblico eche-gandoataumcontedosubversivo.Ento,erapossvelviver osonhono Direito?Erapossveltransformararealidade?ODireitopoderiaoperarde outra formaque no adogmtica! Como no poema de Tereza de Manuel Bandeira, "no vi mais nada. Os cus se misturaram com a terra. E o esprito de Deus voltou a se mover sobre a facedasguas".Deondetinhasadoaquelesujeito?Eletinha que ser meu prpfessor4Amelancolia de me sentir meio forado meu lugar foisubstituda imediatamente pela obstinao. Se eu ia mesmo me formar em Direito era para fazerdiferena.Tinhaquehaveralgumcompromisso, algumacontribuio. Perguntei nos corredores, indaguei aosprofessores eveioarevelao.Existe umCursodeDireitoemSantaCatarinaondeessasdiscussesexistem.So mais do que permitidas, so estimuladas. Apesar das inmeras diferenas de abordagens, l lecionam e pesquisam aqueles que no perderam a capacidade desonhar edeacreditar.Lexisteumacoisachamada liberdadeacadmicae maisuma outra denominadarigorterico.Asduas juntas iampoder mover o mundo jurdico ta]qual eu o enxergava. Novovestibular edoisanos preenchendo lacunas curriculares.Agrade cheia, prtica forense,urna disciplina em cada turma, da primeira dcima fase e mais as habilitaes. Valeu a pena. Logo que cheguei, de "blazer" e cala social, o choque. Professores despreocupados com formalismos de vestimentas e atitu-des,alunosde caloechinelo.Um desfilede minissaias edecotes. Seriapela proximidade do mar que uma certa sensualidade ingnua passeava nas salas de aula ou seria produto de um recinto de liberdade? Nunca soube a resposta. Um quartel de novas propostas, diagnsticos crticos e modelos emanci-patrios sendo construdos. Os alunos da graduao reuniam-se no PET, es-tudavam e discutiam grandes temas do pensamento jurdico contemporneo pela mo dos grandes tutores que por ali passavam, deixando, cada um, um quilate a mais. As informaes entre graduao e ps (ps-graduao) circu-lavameerafreqentenossapresenaemseminriosdoprogramade mestrado. Corria a notcia de que iam apresentar um seminrio sobre Frege 4.Luis Alberto Warat. 1 1 i 1 1 1 '1 u LUISALBERTOWARAT nanoite daquele dia, euma pequena legio de alunos da graduao compa-reciaeducadamente naassistncia.Testemunhvamosas defesasde disser-tao etese nas quais grandes aulas surpreendem opblico por sua sofistica-o.Etinha uma certa vibrao no ar. O material humano riqussimo. Da gerao do professor do temo de linho cor-de-rosa, se destacaram outras geraestambm criativas e competentes. Al-g1ms ainda na casa, muitos que seguiram seus caminhos acadmicos por todo o Brasil e tambm aqueles exilados de seu prprio elemento, por forada crise das instituies pblicas de ensino superior. Naquela poca estavam todos aqui. Uma novageraovindadedoutoradoseuropeusmobilizavagruposdealunos, tensores de riqussimas discusses tericas. Outros professores, ainda novos na casa, j se destacavam ou pela atitude ou pela produo contradogmtica. E uma nova leva recm chegava, enriquecendo as salas de aula. Lutas internas? Muitas.Ariqueza da diversidade provoca isso mesmo, e esse sempre foietem sido omaior valor daquele ambiente de liberdade im-pulsionado pela didtica waratiana. Havia um sentido em tudo aquilo. O pas trilhava os primeiros anos da redemocratizao. Muito afazer,a academia se propunha apensar o Direito, discutir as veredas, abrir as janelas para arejar o quarto escuro do ensino jurdico no Brasil. Entendi ento que aquilo que era o diferente na relao professor/ aluno emsalade aulae foradela.No erade formaalgumaum desleixo.Eraalgo perseguido, o prprio ambiente libertrio na academia de Direito era utilizado como ferramenta democratizante. Asala de aula vista em simesma como um espao de resistncia. Fui aluna da graduao, do mestrado e agora do douto-rado. Aos poucos, debandadas de professores e novos ingressos foram modifi-cando e atualizando os quadros. A crise da Universidade pblica se agudizou. Com ela,muito de desestmulo. Mas restaram ali um espao de liberdade aca-dmica eo desejo imenso de preservar as caractersticas desse curso que j era naquele tempo a grande refernciado pensamento jurdico-crtico sofisticado no Brasil. Ainda tateando caminhos, reformulando currculos, revendo concei-tos.Abusca constante pela mudana e pelo desafio do novo permanece latente naatmosferado prdio apesardacrise,das marsdedesnimo edasondas ocasionais de desatino coletivo que tomam as almas. Coisa de oncle existe vida. E todo mundo, cadaum ao seu modo, tentando acertar. Jcomo professora na casa em que ainda sou aluna, continuei persistin-doemdesvendar ossignificados.Ressentia-mequandoosalunosno com-preendiam que o ambiente de relacionamento acessvel de que dispem com osprofessores no eraalgodado,mas duramente conquistado.Geraesde estud_antesdespejadosnomercado.Meureencontrocomomundoda 16. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdoabanaonodo sentidoedareconstruodasubjetividade graduao no Curso de Direito da UFSCtrouxe doces momentos. Turmas de jovens com suas caractersticastpicas para essestempos em que aperda dos sentidos coletivos a regra. Mas, uma turma aps a outra, percebi um acrsci-mo.Maiordesenvolturanaredao,aumentodacapacidadecrticaetudo isso misturado a uma coisa meio "no t nem a". Amarca dessa gerao. Isso acontramodoscursosdeDireitonopas.Porondequerque seandea reclamaodosprofessoresjustamentearespeitodopoucopreparoe desqualificao intelectual crescente dos jovens estudantes. Aqui no.Estava lecionando, mencionei qualquer coisa de Escola de Frankfurt e uma figurinhas no fundo da sala com o semblante tpico do "no to nem a" de sua gerao me pergunta de Walter Benjamin. Ora vi vaiAlgum se interessou por Benjamin! Emumaoutra sala,um garoto6 morava na Filosofia.Percebi alunos com sua capacidade reflexiva intacta. esse o material humano que o curso vai pr no mundo profissional.Senoformoscapazesdeestimularmossuatranscen-dncia, sero s rep'rodutores dos velhos sentidos, dragados por uma estrutu-raperversa quefazda dimenso prtica do Direito um paradoxo conceitua!. Deumlado operadores conscientes de seuscompromissos ede outro apr-priacorporaoaquesefiliamedasquaissoathonrososdiretoreseco-mandantes, isso do Judicirio congregao profissional, repetindo as velhas formas de controle simblico dos sentidos possveis para as coisas do Direito. Aestrutura perversa em si mesma, a despeito do esforo individual de mui-tosde seus emblemticos dirigentes. A Universidade feitamuito mais do que de alunos e professores. feita de idias em um ambiente livre de coero. feita de posturas conscientes dian-te do mundo. No um outro mundo, a prpria sociedade em autoperspectiva. Adisposiode buscadatransformao pessoaledo ambiente em que vivemos sempre esteve nosmeandros de minhas escolhas. Alguns professores buscando a reconstruo de um territrio jurdico ps-positivista. Os alunos bus-cando o suporte de seu futuro, algims, reificando o campo dos sonhos: um espa-o crtico para os alunos. Esta revista, suas promessas. Quem estar contra ns? 5.Alexandre Nodar. 6.Ricardo Sontag. 17. LITERASOFIA Warat - textos ilusoriamente completos para o Lapidarium de meu museu discursivo Apresentao I Todo comeo esconde uma arte. Hoje primeiro de janeiro de 2004, um dia de muitos comeos, um momento inaugural que se bifurca em mil possibi-lidadeseevocaoutroscomeos:osprimeirospassosindecisos,temerosose expectantesemalgumacidadedesconhecida;osprimeirosencontroscomo corpo deurna mulher, o primeiro encontro de dois enamorados; todas as pri-meirasimpresses; aprimeiralinha de qualquertexto,destetexto.Qualquer primeira vez precisa de poesia para sustentar o caminho. Existe e sempre exis-tiu urna grande primeira vez, um comeo que nunca pode deixar de ser vivido corno uma constante e permanente primeira vez: o caminho que todos deve-ramos empreender desde a ignorncia sabedoria. Falo do caminho de meus prprios sentidos de vida. o caminho do eterno comeo. Comear: posso defini-lo, com toda a impreciso de qualquer definio, como a necessidade de manter-se livre, pelo maior tempo possvel, das percep-es automatizadas, do prt--porter de sentidos que logo viro. Comear po-der estar forade uma Matrix.Recomear poder conseguir sair da onda. Co-mearpoderverascoisaspelaprimeiravez,aindaqueseastenhavisto setentamilvezesantes.Estarparasemprevirginalmentediantedomundo (apesar de que os famas nos agridam chamando-nos de imprevisveis, de nun-cacontar com osados de olhar para um fazer esperado ... ).Comear poder conservar oolhar de Ado, logo,imediatamente, no segundo seguinte de ha-ver mordido ama ...Comear perguntar-se como se comea apesar de ha-ver feitouma infinidade de vezesantes esse mesmo trabalho.Isso vale para o 19. LUISALBERTOWARAT amor ouqualquer outraproduo de nutrientes;valetambmparadotarde poesia qualquer rotina, para tudo o que sempre ameaa passar igual no correr dos dias. Perguntar-se como comear de formaconstante apossibilidade de poder sair de qualquer rotina. a arte que esconde todo comeo. oprimeiro segredodaartedeamar.Aprimeiraborbulhadechampagne capazdepoder transportar, em seu interior, algumas de minhas borboletas preferidas. Ohomem unicamente consegue amar, son11ar,desejar, dotar de sentido aomundo easuavidanointeriordeumcomplexoesquemadeiluses.Se prescindirmos, oupermanecermosforadeumarticuladode iluses,tudose toma (a)significativo. Todo individuo uma varivelde uma iluso maior. O malquando asilusessetornamumaMatrix.Aficamosprisioneirosdas determinaes, atrelados pelas sombras do poder. Emvez de sermos movidos por sentimentos, somos movidos pelos influxos do poder, se chame xito, pres-tgio, fascinao ou qualquer outrq coisa do estilo, que perturbe nossa sensibi-lidade at embot-la.Como asilusesvirtuais de um bbado dominado pelo lcool,osqueestopresosnaMatrixprecisamsairdaonda,enquantono conseguem se perdem do amor, de seus sonhos e de simesmos. Os que esto cegos por uma Matrix, por um sistema de iluses pr-fabricadas, esto impos-sibilitados de acessar a poesia que esconde todo e qualquer comeo ...No fun-do, estou definindo o que para mim a sabedoria. Muitos comeos so ilusrios.O ano novo s possvel dentro de uma ilusotemporal. Oshomensprecisamosrecomearnossossonhosepossibilidadesde amores, sair daMatrix pararefundar,naautonomia, nosso prpriatramade iluses.Temos que reconquistar apossibilidade de ser oautor inaugural das iluses que sustentam nossos sentidos e desejos.Aautonomia em ltimains-tncia, em ser maisprofundo, apossibilidade de construir por siasiluses prprias, aquelas que nospermitem atribuir a nossos sonhos, desejosesenti-dos o estatuto de realidade. Foio que sempre Borges nos sussurrou ao ouvido. E Cortzar batizou como a alma dos Cronpios. Oencantador de tudo isso, ainda que soe contraditrio, que ningum podefazertudoissosozin11o,precisadealgumoutro,deumparceiropara dialogar. ..Todo comeo esconde um outro. Todo comeo meu deve ser encon-trado na reserva selvagem de algum outro que funcione como meu inconscien-teamoroso.Aartequeescondetodocomeoareservaselvagemdooutro amoroso.Todo comeo gregrio,nuncasolitrio.Precisosempredooutro que me ajude a aprender a comear. Precisamos sentir que construmos juntos . nossa casa. O outro o calor de nossa casa. Unicamente assim minha casa pode ser ocalordosoutros.Ocalordeminhacasasoasmarcasdoscaloresdos 20. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurreal1s:apeloslugaresdoabandonodosentidoedareconstruodasubjetividade outros que antigamente passaram e se hospedaram na onda. Meus velhos amo-res.Agoraelescirculamemmin11acasacomoumacasamuitoparticularde fantasmas que tm a misso de cuidar de minha ternura. So os cronpios que morreram emmimeque consideram quetodaviano lheschegoua horade partir. Graas a eles estou vivo. Todocomeoumenfrentamento comoinesperado, comomltiplo, com o plural. Todo comeo uma luta desesperada contra min11a necessidade de um costume que me d segurana, a tranqilidade do que j se sabe, sem as angstiasdoinesperado,essedesconhecidoqueme convidaarecomear.O costumeomelhorProsac.Quandotomamosmuitodessetranqilizante, estamosfacilitandootrabalhodosque querem nosatar aumaMatrix.Estou falando da luta travada na cabea de Dona Flor, entre Vadin11o e Teodoro, esse catlogo de memrias e desconfianas. Em todo comeo est inscrito o cdigo gentico. N! primeira frase deste textoestescondidoeinscrito seucdigogentico.Borges sabiaque napri-meirafrase de seus contos tinha que estar encerrado jtodo seu contedo po-tencial, sempre disponvel carnavalizao dos acontecimentos, agregaria eu. Todo comeo contm ocdigo gentico das iluses que sustentam, os sonhos, desejos,esperanasesentidos.Essefazerdecontanegado,rechaado como ficopara poder cham-lo realidade. Na vida e na literatura nos encontramos sempre tentados pelo diabo, que incendia nossavocao de estar sempre tratando de reviver o velho como se o estivssemosestreando, como seestivssemosdiantedeum comeo.Estamos falando de um elemento velho que no se lhe encara como recomeo seno como simulacro de uma estria. Urna maneira de envolver com papo novo um objeto velho, para que o papo lhe d a sensao de coisa recm-comprada. Comear de novo no repetir o velho exatamente igual ao que sempre foi. Todo comeo encerra prpmessas, inclusive as constituies, como reco-meo poltico de um povo, encerram promessas. Elas so quase sempre difceis de cumprir. Unicamente os imortais poderiam prometer. Os mortais deixamos nossaspromessas descumpridas com a potncia das esperanas.Quando um pintor ou um escultor nos promete urnaobra que norealiza, essa promessa torna a obra extremamente aberta, a deixa no encanto das mil e uma possibili-dadesdas coisas imaginrias, sem nenhuma das ataduras do nico. Aspalavras de qualquer linguagem so sempre promessas de um senti-do.So significantes sempre em aberto. Toda palavra est sempre condenada a ser um comeo. Nenhuma palavra pode ser mais que um comeo, um come-o de seus usos. E em cada uso a encontramos como comeo. Quando se fala ou 21 LUISALBERTOWARAT seestescrevendo, se est sempre comeando. Otexto j elaborado um co-meo morto, que revive em cada leitor. Os juristas, em geral, nunca consegui-ramcompreender esta condio das palavras, asvivem sempre cornose no tivessem comeo.As vivem corno palavras mortas, que no podem nunca re-comear. Soaspalavras da lei,dizem.Cada vezqueum juiz interpreta uma lei,arecomea?Tampoucopoderia afirmar isso.Elessoinstitucionalmente prisioneiros de iluses alheias. Aidentidade de cada ser humano se constitui dentro de um conglome-rado de iluses, que ocultam as marcas do impossvel. Sem a impossibilidade easilusesencobridorasnopodehaverpossibilidadedeexistncia.Nossa existncia est constitudapor um corpo com runas que so visitadas fugaz-mente por fragmentos de corpos, que fazem ao nosso um corpo sucessivo. Essa sucessividade corporal, esse corpo mulato, ,em suma, um corpo circundado por dois grandes vazios, um interior e outro constitu\do pelo de fora.Estamos assimimpossibilitadosdeestabelecerumarelaosubstancial,permanente, natural,comavida.Somosumvaziotopolgico,capturadospormetforas que nos ajudam a nos imaginar plenos, sem falhas, que nos ajudam a nos iludir de que podemos colonizar ovazio da existncia.Metforas que se convertem em objetosfetiches,cenasfantasrnticas,lembranasentranhveiseencobri-doras, peas sagradas, sentidos, normas, relquias absurdas, automatismos de pensamento,lugarescomuns,consignaesteleolgico-poltico-norrnartivas. Masnenhumadestascoisasconsegueborrar ovazioda existncia.Somente conseguimos ficarprisioneiros do sexo, da palavra e da morte. Estetextomarca anecessidadedeum comeomuitoparticular.Estou sendo convidado, por uma iniciativade Orides Mezzaroba, a comear a orga-nizar algumas de minhas obras, de meus textos, do passado, para dot-los de umsentidodefuturo.Noumcomeofcil.Ocdigogenticodealguns destestextospode ter vencido sem que eu tenha me dado conta. Minha obra sempre foiminha luta pessoal para no ficar prisioneiro de nenhum sistema de iluses que no fosse produto de minhas prprias necessi-dades interiores, das demandas de meus anjos edemnios interiores. AidiadeMezzaroba,que comparto jubiloso,nosde(re)recopiar textosantigos meus, seno de incorporar alguns mais recentes, inclusive indi-tos ou escritos especialmente para este projeto. Isso por duas razes. A primeira porque a nica forma de d-los continuidade de futuro, ajud-los em seu reco-meo; a segunda pelo fatode que estou retornando, quase definitivamente, esta linhadetrabalho,estetipodeproposta,anarrativapotico-existencial:o surrealismo corno filosofia e estilstica da existncia, enfim como forma de vida. 22. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdoabandonodo sentidoedareconstruodasubjetividade II A idia do Llpidariwn, de que existe um Lapidarium secreto, oculto, qua-se inacessvel em meu discurso, a tornei, claro que com acertos e variaes, do ensasta polaco Rzard Kapuscinski. Esse autor diz que Lapidarium um lugar (pracinha em urna cidade,trio em um castelo, ptio em um museu) onde se depositam pedras encontradas, restos de esttuas e fragmentos de edificaes - aqui um pedao do que havia sido uma mo ou umtorso, a um fragmento de camisa, outro de uma coluna-, em uma palavra, coisas que fazem parte de um todo inexistente (j,todavia, nunca) e que no se sabe o que fazer.Ficaram talvez corno testem1mhas do tempo passado, como rastros de procuras e inten-tos humanos, corno sinais? Ou qui neste mundo nosso, to enorme, to imen-soeavezcadadiamaiscatico edifcildeabarcar,deordenar,tudotenda para urnagrandecolagem,paraumconjuntodesalinhadodefragmentos, dizer, precisamente, para um Llpidarium. No fundo,todatentativa de construir a recompilao de obras comple-tas sempre parcial, fragmentada, no deixa de ser um Lapidarium,o lugar, 0 ptio de minha alma. Um ptio difcil de aceder, proibido para o grande pbli-co(para osprisioneiros da Matrix).Um ptio que s se podeter acesso, frag-mentrio, por aproximaes de sentido, por issoque costumamos chamar de interpretao desde ostempos da Cabala, desde ostempos em que Deus deci-diu que seu rosto seria inacessvel. NoLapidari11111sexistemfragmentos.Arealidadeumimenso Llpidarium, constitudo somente de fragmentos.A literatura, qualquer escrita no transcende as dimenses de um Llpidarium. Toda escritura fragmentria. Euassumo esta afirmao e por isso sempre renditributo literatura de frag-mentos e desprezei as aparncias da literatura monoltica. Sempre me pareceu umesforoque,almdevo,nosdeixavasempreosabordeumamentira. Minha aposta maior sempre passou pela potica do fragmento (se que pode-mos pensar que isso tem uma mnima possibilidade de existncia nominativa). Falodeumaescrituralivre,espontnea,camavalizada, semplanos prvios, deixando sempre a possibilidade de v-lacomo um lugar vazio que pode ser ocupado sucessivamente por infinitos narradores. O fragmento uma escritura livre, que salta como um arlequim eferves-cente de tema em tema, como faz em questo de segundos nosso pensamento. Oslivrosquetratamderecolherobrascompletass conseguemformarum conjunto de retalhos,uma colcha de remendos, que consegue dissimular essa condio sobre o efeito, como sempre ilusrio, da completude, da reflexo que pareceacabada,quandoemrealidadeso,sempreeinexoravelmente,refie- 23. L LUISALBERTOWARAT xes sobre retalhos.Pinceladas de um imenso quadro impressionista que, ape-sar detudo, consegue passar aoleitor um pertinente retratodo que me iludo em ser e viver como realidade. O que poderamos chamar de minha vida (com toda acarga de imprecises que deixa por trs de seu uso). III A modernidade, como paradigma (modo de ver o mundo), props urna formade razo excedida em suas funes.Esse excesso de razo determinou odesprestgioefinalmenteaexclusodasensibilidadecomopartedo paradigma moderno (apotica do signo). Oresultado foiperverso, monstru-oso. Passamos a entender o mundo com uma razo enferma, sem a sade dos atos poticos. Foi perdida a estilstica da existncia (uma esttica que nos ha-bilite a entender o mundo desde um humanismo da alteridade). Falo da est-ticacomo olhar terico,da pintura, da literatura, do cinema, como formasdo fazertericoqueaepistemologianopossaexcluircomosem-sentidospor sua falta de denotao, por sua faltade verdade, por esse vo de sentidos que nospermite escapar dasrefernciasimediataseprevisveisdoobjetivo edo consumo rpido e fugaz(do prt--porter dos sentidos). O sculo XXIdeman-da aperspectiva deumaepistemologia aberta ao sonho e criatividade para sair dos impasses da modernidade. A sabedoria de um saber que nos prope um estilo de existncia apoiado na criatividade e no sonho, que insiste em que ohomemdeveinventar edesejarparacontinuar existindo, parapoder esca-par, sonhando incessantemente, deuma cultura rida,quase desrtica,onde no existe mais apossibilidade de qualquer projeto. Sem astripas como fun-damento, no existe qualquer sentido, qualquer verdade que se possa susten-tar.Sem astripas, sem ocorao, sem odesejo como fundamento, no existe comunicaonemdilogocomooutro.Semastripascomofundamento, estamos na ps-modernidade: uma cultura do vazio, do espetculo desmedi-dodainformaobanalefascinante,queterminouroubandodacondio humana oseu sentido.O corredor sem sada, o abismo. Conceber aesttica como epistemologia(vista como estilsticada exis-tncia)para o sujeito, o reconhecimento de sua feminilidade ao tomar possvelum discurso singular de alteridade (comooutro) sobre o mundo ea perdadefinitivadacrenaemenunciadosuniversais,parapoder descobrir comooutro diferentesmodalidadeserticas,dialgicas,quelhepermitam experincias de criao. Aobra-de-arte visual nosinterpelacomo uma janela entreaberta pelo imaginrio, que nos revela a profundidade e complexidade do sentido, de um 24. TERRITRIOSaprocurasurrealis:aoeloslugaresdoabandonodo sentid:Jedareconstruodasubjetividade ato,de urna emoo, que nos conduz a sentidos inditos, sentidos aindano ditos, e principalmente aos sentidos que no sabemos de nsa nosso inconsciente, sempre revelado pelo outro nas marcas de uma comunicao. O pictricocomo estilsticadaexistnciafazpartedessaredecomunicacional, quenosentreabre acompreensodo sentidoindizvel,inacessvel,vedado, que chamado deinconsciente. funo sagrada do pictrico ajudar-nos na interpretao do inacessvel, que nos permita descobrir por meio de uma tela o mistrio de min11arelao com o outro, que , no fundo,a busca intermin-velpelo sentido davida. Lus AlbertolVarat 1 de janeiro de 2004 25. DERECHO ALDERECHO * Palabras liminares Estelibraintentamostrar elderecho como fuedesde siempre.Por eso arrancadesdeAdnyEva, suprimer captulo,acuya lectura,descontamos, llegar lacondescendencia dei lector. Tradicionalmente los autores de filosofa jurdica para su comunicacin consuslectoresutilizanunlenguajetotalmenteneutroalaemocin.La presentacin metafrica, que acerca por encantamiento a lo que se quiere decir, queda as deliberadamente apartada de sus intentos de mostracin. PoresoestelibratieneIairreverentepretensin,ynopor ellomenos cientfica, de ser diferente. Nuestra intencin originaria fuehacer tma seria especulacin terica, so-bre algtmos temas jurdicos, lo suficientemente trillados como para ser susceptibles de algn intento de clarificacin.En este sentido, este es un libro no nacido. Pero, afortunadamente, no pas demasiadotiempo no siendo.Foco a pocosetransformen otracosa.Estecambio esproductonaturalde haber reemplazadoIaseriedadcientficaporlaexposicinemotivaelenunciado teorticoporlametfora.Diluielconocimientoenlaliteraturadesu mostracin,noestransformadoennegativo,sinodotarlodemediosms efectivos para su transmisin. Plantearlosproblemasnormativosapelandoarecursoscasidiramos poticos, Iejosde constituir un superficialdivertimiento intelectual, esun in-tento de demostrar que por lodirecto y accesible de laexplicacin, se mide la posibilidad de transmitir conocimientos con claridad. Sepuede ser riguroso y profundamente antisolemne.Laverdadjurdica no hayqueconstruiria,hay que desernbarazarla de las oscuridades tericas que lacubren. PublicadoemWARA T,LusAlberto;ENTELMAN,Ricardo.LosTalleres"EIGrfico/ lmpresores", Buenos Aires, 1970. 27. LUISALBERTOWARAT Estelibroesmsquenadaunasacudida.Intentadesprendersedei determinismo inmanente aiderecho, que condena aquienes se vuelcan a !,a una estticainsalvable.Implica cambiar de ritmo. No buscamos hacer unacrticadestructivade lojurdico, empresapor otraparte muy ambiciosa, sinproponer nada en cambio, Todo loqueaqu se dice fue anteriom1ente expuesto, por sus autores, en un leguaje acadmicamente neutro en numerosas charlas, dases y escritos. No es,por lotanto, uns funda-mental creacin epistemolgica. Tan slo Ia construccin dei libra que, creemas, todo aquel que estudi derecho prefri leer.Y por qu no, una posibilidad de acercarlo alhombre de Iacalle, a sbdito eterno, que havivido desde siernpre bajo e!derecho, sin que nadir haya acertado a explicarle con franqueza qu es, cmo funcionaysobre todo para qu sirve. Estaspginasno estn, sin embargo,dedicadasaihombredelacalle. Puede que tambin a ! le sirvan de acceso ingenuo y risueno a Ia simple realidad de un mundo que le estaba vedado como un cofre de misterios. Los verdaderos destinatarios de estas pocas ideas son los juristas y de entre ellos, muy particu-larmentelosjueces,paraquienese!mundodeconceptosentinieblas,por e! que hayan de deslizarse con sigilo,temerosos de iluminarlo, para evitar que su \erdaderaanatomiaseadescubiertadesdeafuera.Puedeaceptarsela convenienciadequee!derechonoseavistoen sudesnudezdeherramienta pore!sbito,quetalvezsesometel,enbuenaparteporquenoaciertaa descubrir que no es sino elmero prod ucto de laimaginacin de sus semejantes. Pero quientieneque utilizar Iaherramientano puede dejar de conocerla,por muchoquesejustifiqueocultariaodisminuirlaasudestinatario.Losreyes magos son un mito til para las fantasias infantiles. Pero si los mayores creyeran en losreyesmagos, los ninas se quedaran sin juguetes. Hayalgoas comounhiloconductoraicualestnprendidostodosy cadaunodeloscaptulosque siguen:nuestroconvencimientodeque,enlo que se refire aciencia jurdica, an se puede cambiar. Sibienestelibropadecedeiirreparabledetectocientficodehaber reemplazado la solernnidad que parece exigir toda ciencia por una actitud ms instintivaydesenfadada,estonoshaservidopara incorporaraltratamiento de! derecho un elemento que precisamente sus ter.icos han debido ser los lti-mos en olvidar. Unaabsoluta libertad. Y,Ialibertad, sentida casi corno necesidad biolgica, es Iabase ineludible detodo cambio. Esposiblequemuchos delosprrafos queintegran este libra resulten ofensivos alos cientficos, losabogados ylosque tienen en sus manos crear y 28. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdoabandonodosentidoedareconstruodasubjetividade aplicar lasnormas jurdicas.Oaimenos - yesto con seguridad - impertinen-tes.Vaya este prlogo como disculpapor ello . .::Esacaso posible evitar ser im-pertinente en cualquier intento de cambio? Pero debe quedar claro que e!cambio en e! derecho no es en s mismo un objetivo. El hombre tiene hoy una meta que adquiere caractersticas de necesidad total:Lapaz. Siendo el derecho una de las ms vastas e importantes herrarnientas para manejar las conductas de los hombres, puede tal vez ser el camino hacia Iapaz. Por eso vale lapena intentar uncambio. Quienes comprendan laimportancia que para ellotiene elderecho, lo promovern. La cudad estable - Unaciudadela Fue construida apenas e!hombre, mordiendo lamanzana, se qued sin refugio/con su huerto a merced de cualquiera /temiendo por igual alpastor yaiguerrero/ Fueconstruidaasumedidaysutemor/sinsorpresasensuscalles aparentemente biancas/familiares/ajedrezadas/sin puertos ninaves que tomar/sinvecindadespeligrosas/todoaquietado/criaturasdeandarre-dondo/conlosojosdelacaraquemiransindevolver/uniformadasu esperanza/con sugente que muerepero que reaparece enotro igualito que por conocido no asusta /infantes grandes que temen lo nuevo y solo lo aceptan cuando esrepetido/ segmentados/ meros usuarios de una vida que ya no Ies perteneceen casinada/golondrinasmuertasqueyano saben juntarse para hacer verano /pero libres de imaginar la libertad /con esa prostituda fantasia de losquetoman a su sombra por autntica compana. As eslaciudadenquereconstruylamanzana/renaciIapaz superndose la sorpresa. Esaciudad sellam derecho efueun paraso/almenos conceptual /un simple espejismo conelpoder Jlenar sin angustiaun ritmo vaco/e! orden jurdico/esatramaparalaorganizacindeotrogranmundo/la vueltaaltero/unaciudadelaenlaquetodospodemosreconocemos/ andar juntos sintemor. .. 29 . LUISALBERTOWARAT Hechiceros dehoy 1.DESDE EL GNESIS. Tanto en los siglas viejo como en los nuevos, los hombres han necesitado contar con frmulasmgicas que !etejieran, conven-cionalmente,unasignificacingeneralparasucomportamientoquele permitieran superar sudesazncoexistencial; que!ehiceran olvidar conluz deceremonias,lospeligrosdesularvadabeligerancia,lasganasde deshumanizarse, de dar aitraste con lo construido, de volver a la animalidad, deasumir una alteralidadsinfrenoimala sangre:laexistencia salvaje,lade los impulsos vi tales.Ese incoercible ritmo Auschwitz de la escala zoolgica: su endoderma no civilizado. Desde e!origenun soplo de misterio nos protege de!ms fuerte,com-pensando nuestra debilidad, preservando Ia nostridad - ese invariable nosotros ,aique forzosamente estamos adscriptos - la humana condicin. Un vi vir frente a frente, de persona a persona, siempre a punto de negarse a s mismo a punto de ser ms una atroz agresividad de rebano, que una dulce convivencia. Siempre tan a punto de no poder superar esa aureola de inseguridad, de extrematensin.Esemutuo receioque naceante e!comportamiento incierto dei ser desconocido, abstracto,elcualquiera, e!de losatributos perdidos - e! extranjero deOrtega - potencialmentepeligroso,auquemuy probablemente tan espantados en uno corno e!otro, llenos ambos dei mismo oscuro pnico, de lasmismas ganas de dialogar sin beligerancias con losderns. E!miedocambio.Lanecesidaddetenerunadoradaseguridad,un existenciario mgico cone!que poder precisar esavidafuerade!tiempo que tienen los hombres de nuestro distomo /esas criaturas que todava no hemos podido asirnilar a nuestras dornesticidad, la de los seres tuizados hecho uno, la de los nicos seres que nos pueden convencer de que la mamfera fiereza, no es en ellos ms que una latenciapotencialmente repetible. 2.Lapuesta enmarchade lareciprocidadexige,de estemodo, ciertas reglas objetivas que permitan anticipar elcomportarniento ajeno,acerquen su lejanayevitenuntipoderespuestaqueanulelaposibilidaddeuhafutura existencia compartida. Slo en lainercia cotidiana, en la aceptacin exclusiva de los quehaceres hechos,deprobadayantiguaeficacia,estonosucede.nicamenteallno habr horizontes riesgosos, se contar cone! contexto situacional que permi-teprecisar,llenar elhueco de laindeterminacin;tener una acabadavisin 30. TERRITRICSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdoa b a . ~ d o n o do sentidoedareconstruodasubjetividade delacapacidadparacornunicarse.Podemosas hacerclida,farhiliar,una relacincomun,borrandotodaslastensionesdelosprirnerostratos,brin-dando a travs de una inercia circular, de un comportamiento habitualizado, laanhelada proteccin. Para la relacin con los indeterminados, en cambio, como la habitualidad no existe,senecessitarcontar con un hechizo verbal,una magia secreta que nos permita imaginar en losdems su ausente familiaridad. Nacenentonceslasregiasdecoexistencia,laluzdeorculoquedeja aofomerar en su derredor e! contorno humano, tornando nicamente ntido e! o sistema,diluyendodeliberadamentesusagresivasfuentesdeorigen,suavi-zando e!cornportamiento.Eslasbitarnostracin de otro orden en e!que la belicosidad se neutraliza. Ese! hornbre con carne de normacin. Lapauta que preveelaaccinfutura,quepermitesabersilornoolodelotrodevendr prohibido o permitido. , Las regias, esa encantada mscara, productora de un orden cerrado que apuntalainconscientementeaihombrecornn,respaldasuintercambio, llenandode automatismolaconductadeloshornbres-clase,paraintegrarlos confantasaenelaquietadomarcodelocotidiano,eneseplanetario incorruptibles. La solucin que nace un da y se afirma por siempre jams. 3.Desde e!comienzo,laradicaldebilidad de lavida, necesityexigi (peseaqueNietzchedigalocontrario)un elementalprincipiodetolerancia quecondistintasformassernantuvoalolargodetodanuestracorruptay singular historicidad, garantizando e!entendirniento social, evitando temero-sas dispersiones: Laenernistad mortal. La renuncia ai odio, es as producida por una suerte de complicidad mgi-ca,que apuntala trascendentalmente lacontrapuestarealidad. EsIaentrada dei hombre a la religiosidad, de ese hombre perdido en su inseguridad, que encuentra, a travs de lodivino, dei acto de fe,un aval de paz para todos sus tratos. Corno se dijo alguna vez, Ia di\inidad-de la misma manera que quien presenta a dos personas - sale de garante para el entendirniento social, para Ia afinnacin de la mutua voluntad de renunciar a laley de la selva; la de! rebano amoral. En e!dilogo con sus dios, e!hombre ernpieza a encontrar tan1binuna manera ntima de dialogar en paz con los extraflos. Por encima dei comportarniento incierto se establece as una mstica que nos atrapa, adormeciendo con su luz el sentirniento de hostilidad. La ordenacin se presenta as ante los ojos de los hombres corno una potencia independiente, 31 LUISALBERTOWARAT abstracta. No como e!producto de supropia accinsino como una existencia superior quetodosreverencianyalacual proveen mediantelaconstruccin de formas cada vezms inflexibles. Puede universalmente adrnitirse quetoda religintieneunafaznormati,a que salvalaintervivencia. Sonestasformasqueproducenun espejismotal,que nodejanverlos sen timientosdehostilidad,haciendocreerquelosotrossonseresigualesa nosotros; que vi vimos con ellos dentro de un mundo inalterable, donde e!cam-bio no entra ytodo es eterno, previsible, inmutable. Un mundo donde e!maio siempre ser castigado y nunca podr llegar aser legislador. Cuandoelpoder socialsedesvinculdeiactodefehacindoselaico, estamticapresentacin delasnormasnodesaparece.Elsoplohechicero,el que da seguridad, cambio slo de ropaje.Sereemplaza la creencia en fuerzas sobrenaturales por e!cultoa larazn, a lo sistemtico. Elaglutinatnientomisteriosoyencantadodevienepresentacin lgicamente ordenada. El culto a las formas dei conjuro por las de las prediccin rigurosa. Con loque losobrenatural se convierte en formas. Elpasodelareliginalderecho,laentradadeihombrealojurdico, slo determina un cambio de culto. Larih1alizacin queda. Es e! reemplazo dei sacerdotesporeljuzgador,delaverdadreveladaporlainterpretacin institucionalizada. Dios e legislador son para elmbito normativo, slo dos formasdiferen-tesde cumplir una invariable funcin:Ambos danai hombre lailusinmstica que !e permite continuar adonneciendo su natural instinto de desconfianza.Los dos necesitan de lamisma profesin de fepara que su culto no se deteriore. Ambos prolongan elhechozo hacianuevas exigencias,acomodando e! misterioparaque elhombre novuelve aese nefastorebano sin moral quela religiosidadlepermiti trascender. Juezysacerdote son dos manifestaciones de un mismo fenmeno que slo se ha modificado en eltranscurso dei tiempo. Sin ese acto de fe,divino o humano, losocialno podra existir. La feen Dios, el hechizo divino es un blsamo para lahumanidad. Una gracia de Dios que asegura la eternidad de la convivencia. Eso es justamente lo que vieron lasteoras formalistas. Claro que e!derecho debe moverse son ms cautelas pues su sacerdocio esmucho ms limitado. 32. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdoabandonodosentidoedareconstruodasubjetividade Agosto de2001 Los colonizadores Los hombres de la Tierra llegaron a Marte. Llegaron porque tenan miedo o porquenolotenan,porque eranfeiicesodesdichados,porque sesentan como los Peregrinos, o porque no se sentan como los Peregrinos. Cada uno de ellostenaunarazndiferente.Dejabanmujeresodiosas,trabajosodiososo ciudades odiosas; venan para encontrar algo, dejar algo o conseguir algo; para desenterrar algo, enterrar algo o abandonar algo.Venan con sueiios ridculos, con sueii.osnobles osin sueii.os.E!dedo dei gobiernoindicaba desde carteles de cuatro colores,en innumerables ciudades:HA Y TRABAJOPARAUSTED EN ELCIELO.jVISITEMARTE!Y los hombres se lanzaban al espacio.1 Las crnicas que Bradbury hubiera escrito delzaber sido juristas 1.DNDE COMIENZAN LOSSENTIDOS Tenan en elplanetaMarte una hermosa realidad circundante. Sin em-bargo losmarcianos no podan veria.Tenan sus sentidos dormidos.Eran se-res de pura fantasa que se movan entre sombras y se agrupaban por instinto. Suanhelo erapoder superar su dramtica epog. Un da lleg un hombre de laTierra que pudo, en extraii.a comunicacin telepticaentablareldilogoconellos.Lescontcmoeransusvalles,sus ros,aloshombreslabelleza de susmujeres y alasmujereslamagiade sus hombres. Le creyeron. Tuvieron feen lo que ese hombre les deca. En mil luga-res en lanoche, los amantes durmieron abrazados, imaginando el amor. Por e! primeravez brotaron lgrimas en lamejillas de las mujeres. E!albade Marte,quetenalaextrana particularidadde mostrar enre-sultante el estado de nimo general, reflej una extraii.a emocin. Esa nov haba nacido en elplaneta elconocimiento dogmtico. Pas e!tiempo y otro hombre lleg de la Tierra. Vena de un lugar diferen-te.Traa otra perspectiva de las cosas y una tcnica de reconstruccin totalmente diferente. Les cont como eran sus valles, sus ros, a los hombre labelleza de sus mujeres y alasmujeres lamagia de sus hombres. Y les dijo qu era e!amor. l.Ray fadbury: Crnicas marcianas - Ediciones Minotauro-, pgina 100 . 33. LUISALBERTOVIARAT :tv1uchoslecreyeronyseplegaronainuevosistemademostracin. Comenzaron anoexplicarsecmohabanpodidocreerleaiviejoterrestresi esto se pareca rnucho msa lo que esperaban de su realidad. Desde esa noche nacieron dos bandos inconciliables ytodos se fueron a dormir sobreexcitados. El alba de Marte reflej una extrafia tensin. Esa noche la ideologa haba nacido en e!planeta. Atodo esto, los dosterrqueos no sehaban encontrado nunca. Rodea-dosdefanticos,vivieron en lejanaimprovisando discursos. Tenan, sin em-bargo, obsesiones com unes que los atraas. Mutuamente anhelaban conocerse. Los dos hombres esperaron. Expusieron susteorasytratarondecomprobarlas,deordenarias,de encerrarias dentro de una lengua segura. Trabajaron cuidadosamente todo un daytoda una noche.' E!alba de Marte no pudo reflejar ningn sentimiento, pues haba nacido en e!planeta elconocimiento cientfico. Y esta es la historia que hoy les quiero contar a los marcianos, pues tengo la secreta esperanza de fundar la epistemologa en el planeta, con lo que el alba de Marte podrtener su primer meta-reflejo. Co111c11tnriodomstico para una crnica marciana Esposiblequenuestrohombredelacalleseparezcabastanteaestos marcianos. Frente ai conocimiento cientfico sus sentidos estn tambin dormi-dos.Elnuncaverifica.Sabe porque cree;porque confiaenlaautoridad deIa ciencia, alaque reverencia y provee con su culto. Lalengua dei cientfico lees inaccesible ynecesitar siempre de unatraduccin metafricaquelopersua-da, que !e permitaincorporar asumundo una realidad que nunca podr ver sino atravs de un acto de fe. Todo consiste entonces en esperar, tambin en la tierra, un gran encuentro entre los hombres de sentido despierto, que decidan, como aquellos que fueron a Marte, cual ser lasemntica de esapersuasin. 34. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistape!oslugaresdoabandonodosentidoedareconstruodasubjetividade 2.ELMS VIEJODE LOS EXTRANOS * Enero 3008,Marte Da9-15horas.Finaldelcaos:loscabezasdefamiliahandecidido nombrar un jefe supremo. Vaya asaber cmo hubiramos terminado sin una solucin de este tipo. Claro que todava faltan decidir muchas cosas.Veremos qu va apasar en lareunin de esta noche. 16,45.Mientras me afeito escucho aRiquel,elcomentarista de moda:tiene miedo de que la solucin propuesta nos devuelva elolvidado sistema terrestre; aunque es innegable que las cosas no pueden seguir as.19,20. En lapantalla de televisin comienzan a aparecer las primeras imgenes oficiales. La asamblea est a punto de comenzar (siento nostalgias de Iatierra). 19,30. Llega Santos que se qued sin televisor. El locutos de lacadena oficial, como nunca, se pierde en detalles sin importancia. 20,10. Comienza eldebate Vertiginosaconvergenciadeheterogneas retricas.De golpe estoy en otra cosa. 20,15. Vuelvo de mi ensimismaminto para escuchar ladesicin final:han nombrado ai ms viejo de la tribu humana jefe supremo. 21,30.Lleganlosprimerostemores.Secree quealosmarcianosnolescaer bien una decisin de este tipo.Contodo se sigue esperando saber quin es el ms viejo. 22.E!locutor de la cadena oficial informa que Cruz Reyes esel ms viejo, siendo desde ese momento Jefe Supremo. 22,10. Salimos con Santos para ver cmo haba cado lanoticia entre los otros hombres. Todos parecan con-formes,Santosinclusive,quecasinuncaestconforme connada ..tv1eestoy convenciendo que e!nico disconforme soy yo.Pero para m hay una equivo-cacin. Si no saqu mal la cuenta e!ms viejo no es Reyes sino Mauricio Aloda, e!pescador. 24.AIvolver para nuestra zona hablo dei asunto con Santos, que seenoja(noIecaenmuybienlospescadores).Empiezoacreerquenadie quierecontar bienlosanos.Enfin,detodosmodosdesdehoy, CruzReyes ser e!ms viejo de la tribu aunque Mauricio Aloda haya nacido antes que !. *** Da10- 10,45horas.AIsalirdeladucha,measaltaunaduda.zQu poderes va atener e!Gran Jefe? Llamo a Santos por telfono y me informa que laasamblealedio slo facultadespara dictar normas y decidir sobre lospro-blemas de lacazayIaspesca. E!resto continuar enmanos de los cabezas de familia.Mequedotranquilo esperandolaprimeraJey.16,20.Medispongoa Este captulo fuedesarrollado apartir deuna idea expuesta por elDr.Ambrosio L. Gioja, en sus dases . 35. LUISALBERTOWARAT escuchar lasprimeras disposiciones.Latelevisin muestra un primer plano de Reyes.Comienzae!discurso(nuevasnostalgiasdelatierra):Unasuertede monlogo anfibolgico, luego, elfroytremendo texto de la ley:"E! que tenga relaciones con su esposa durante e!verano ser ejecutado o devuelto a latierra segn la in tensidad de las mismas". Despus una marcha, la vuelta a la progra-macin habitual.Apago. 16,45.Santos me llama indignado, no lo poda creer. Parece que los cabeza de familiavan apedir explicaciones. 19.Van adifundir un mensajeaclaratorio.Reyesdicequedurantelaprimer parte delinviemo tendremos dificultades con algunos grupos de marcianos no integracionistas y que es preciso juntas, por las dudas, alimentos extras, que e! amor perjudica la actividad de lacaza yde lapesca. Que los hombres tienen que tener sus men-tes puestas en un {mico objetivo: conseguir alimentos. Y olvidarse de sus mujeres. El sacrifcio nos beneficiar. Parece razonable. Clotilde, mi mujer, no lo entiende as.21,15.Cenarnosdentro de unararatensin.Clotilde parece entonada. Se mueve de una rnanera extraf.a,diagramando figurasde entrega (comolas de un tiempo que ya no estava entre nosotros). Siento ganas de violar la prohibicin. Elas unto esriesgoso. Suerte que llega Santos. Trae noticias del pueblo. Todas lasrnujeresestnenloquecidas.Seprogramaunaasambleageneralpara mari.ana.Sin duda habr que encontrar una solucin. *** Da11- 9,15horas.Ante laindiferencia delosviejostodaslas criatu-rasjvenesnosreunimosadeliberar.15,30.Saliunalindasolucin,Por suertenohabamosechadotodavaaiabogadoquellegconlaltima expedicin.lnosmostrcmodebaninterpretarselasnormas.Laley-dijo - proh1belarelacin con nuestras mujeres, pero nada dice de lasrelaci-onesconlasdelosotros.Todo sereduce entoncesacambiardepareja.17. Emprend e!regresoparacasa.Cuandollegu,Clotildeyanoestaba.En ningn momento se me haba ocurrido pensar que ella no estaba excluda de lasolucin. Lacosa ya no me gustabatanto. Da12- 8,10horas.Medespierto sobresaltado. Crno no seme haba ocurrido antes. Silacuenta estaba mal hecha, Cruz Reyes no era el ms viejo. 9. LlegaSantos,sumujertambin se fue.Lecuento de nuevo lode Mauricio el pescador, ya no le molesta laidea de que sea e!ms viejo de latribu. Queda en ir a hablar con Riquel.15.Riquel expone la idea.15,45.Munidos de armas, los cabezas de familia se preparan para cambiar ai Gran hacedor. La tarde se va en preparativos. 21,35.Desde ese momento Maurcio e!pescadores el ms viejo 36. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdoabandonodo sentidoedareconstruodasubjetividade de la tribu, aunque probablemente Cruz Reyes naci antes que l. Segn Riqeul parece que se va acuidar muy bien de rnantener laprohibicin de no amar en verano: alfinde cuentas no era de su competencia. *** Da13 - 16,15 horas. Vuelve Clotilde y se pone a lavar los platos, la casa estaba hecha un revoltijo. No s cundo voy a aprender a quedarme solo. Clo-tilde siem .............. ten .. . OBSESIONESCALIGULEANAS Noche de teatro. Cosas que uno piensa cuando est metido en una butac;a viendoCalgula.Necesidaddecristalizarunaobsesin.Lainstantnea presentacin de otro camino que la fantasa recrea, perfilando una connotacin resultante. Intento de situar aflor de lengua algo que ya entr en m. Calgula fue 1mhombre que tom al pie de la letra lo de lalibertad absoluta. Seolvid que era un mito para preservar alosdbiles;para hacer olvi-daralaspobrescriaturasdenuestrognero, supermanentecrisisvitae.Su totalfaltade intuicintrascedente. Seolvid que el hombre nuncapodr aislarse de lo social, vi vir lejos de lahumana miseria, ejercer sus posibilidades de obrar enforma ilimitada, que frentealascosas yalosdems, cadahombrerecibeelfrenoirremediable de unaexistenciacompartida,deunquehacersiemprecondicionado,siempre normativamente determinado. SeolvidqueniRobinsonCrusoeen suislafueabsolutamentelibre. Condicionado por su sociedad. Llev a su forzado destierro todos los prejuicios de su poca yen su soledad, muy probablemente, quiso tambin volver y no pudo. No fuelibre de saltar e!mar. Se olvid tambin que ni e!tirano ms poderoso podr ejercer su poder de una manera absoluta, sin frenos.Lanormativa espontnea ser siempre su presupuestoincc:iercible.Enelladescansalamsgenuna de lasalternativas. E!tirano, esobvio, querr tener siempre ms poder, pero slo lotendr si los dems se lo consienten. Sicon su actividadno quiebrauna radicalvaloracin comunitario.Laconciencia jurdica colectiva enmarcar siempre conrigidez e! universo detodo gran hacedor. 37 LUISALBERTOWARAT De ah loabsurdo de su isla de pureza; de suintento de fundamentarse a espaldas de los hombre y las cosas; de pretender llenar e] vaco de su existencia conunalibertadllevadahastasusltimasconsecuencias;de ah suempeno porqueloimposible sea:tener la]una,alterar e!orden natural, cortar losvn-culos con su pueblo, convertir atodos en munecos para su libertad. Por eso larebelin del senado, su forzada muerte. Esa muerte con la que elcuerpo socialrecobra elaire detranquilidad ... ... Y Calgula muri envano.Suluchafueunaimpostura.Nadiepodr poseerla!una, hacer queloimposiblesea; comprendi muytardeque nadie constrye su libertaddentro deun salvaje destierro. Tocandoel techo con la mano CUANDOSEAGRANDEVOY A TOCAREL TECHOCONLAM.NO. Voy a hacer esto y aquello. Para Julio Manzini esto no fue slo una fantasa infantil. Cuando lo conoc yaandaba por caso losdos metros ytreinta anos. Esperaba an muchas cosas de lavida. Continu creciendo, haciendo, andando y desandando caminos nuevos. Siempre avanzando unpoco ms. Hasta que un buen da, toc e!techo con lamano. Sinti entonces que ya no iba a crecer ms, que estaba coagulada su esperanza, acabada su ordenacin. Y sesinti viejo de repente.Sinms ganas de andar. Comenz a recordar. Encogindose de a poco. Volviendo a una ninez ya sin futuro. Entoncesmuri triste dentro de esa infa'.1ciavieja. Y se hizo legislados, adquiriendo lafalsaestatura de alglll1os hroes que se autoconvencen que pueden decidir con infalibilidade! destino de sus pueblos. Que han podido tocar a Dios con lamano, recibir e ,lasagrada leyenda de laraza. 38. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurreafis!apeloslugaresdoabandonodoserit1doedareconsiruo dasubjetividade Apzmtes para zmdiccionario fantaseado LOQUE LA COSTUMBRE ACOSTUMBRA Costumbre: ENLOINDIVIDUAL:Inercia existencial. EN LO SC:X:::IAL:Una suerte de acorzada cerhdwnbre /un hipottico mo-mento en e!que lohabitualsemecaniza/confom1e Ortega, lll1aformade vida que e! hombre muy personal siente como arcaica, afleja, superada y ya sin sentido. EN LO JURDICO: Resultante habitualizada y coactiva de una conciencia moral compartida. NOTA:No esurgente hacer ver ahora, cmolacostumbre cumple una antinmica funcin, contrastando las necesidades dei hombre individual y con-creto con las dei ser social. En e!rea de laintimidad individualizada, el acos-tumbramiento representa, como ya lo hemos puntualizado reiteradamente, un riesgo permanente que llevaala deshumanizacin dei hombre; que corta sus posibilidadesdecomunicacin,quelocolocanuevamenteenlamodorra infrahumana -la de lospobres bichos que no pueden volverse hacia s. De ah tambin e!pesar deipoetadelaviglia,que observalaenorme capacidaddesomnolenciaqueadquieree!hombrecivilizado-mejordicho superconfortado- de hoy, y se revela contra lascostumbres, contra esa manera simtrica yreiterada de actuar, de asumir elmundo, que en convivencia pro-curamos darnos. Advierte quee!hombre sediferenciadelasbestiaspor algomucho mstrascendente que elsirnpletemor alamuerte ylaaquietada nostalgia deitiempo que fue. Pero pores contrario, en e!horizonte social, esta angustia se desvanece. Enlaconstitucindeisercolectivolonicoquenospreocupaes"e!poder garantizar, en reciprocidad, e! cornportarniento pacfico de los hornbres, adorme--ciendo su violencia. No espuescuestindehumanismo sinodepreservacin,dehacer lo menos peligroso e incierto posible el aproximarse entre los hombres. Estoesalgo que slopuede darse,enlahabitualidad, en esa recproca aceptacin de pautas supraindividuales que anulan las ilimitadas posibilidades de nuestro obrar. Asegura laconvivencia otorgndole al hombre bases slidas para su quehacer y su huerto. E!destino dei hombre descansa as en esta dualidad costumbrista . 39 \;p ;: ,, LUISALBERTOWARAT No confundamos los planos. Procuremos vivir en una constante rebelin individual sin dejar por eso de aceptar las costumbres que las van atesorando, asegurando para los dems. UN CASTO PANDAN Elcinturndecastidadfueunasagradainstitucinquediopazalos cruzados,permitiendoasusmujeres,sindegradantessospechas,volverlas cosas ai estados de naturaleza, preservando elvalor castidad. Claro que esto fue gracias aque el cruzado dej la Ilave a su mejor amigo. Ene!ordenjurdicoexistenciertoselementosqueoperande lamisma manera: Que dan paz, pemutiendo a los obligados, sin inquietantes incertidumbres, tener sus relaciones con naturalidad, preservando el valor seguridad. ... quedan ai lector de este juego algunos enigmas para resolver: encontrar lanaturaleza dei cinturn. descubrir quin fue e!amigo que tuvo lallave. quin se qued en eterno cruzado ... ... gracias aunallave que nunca se devolvi ... 40. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdo abandonodo sentidoedareconstruoda subjetividade PENA DE MUERTE, CONCEPTOS RIGUROSAMENTE VIGILADOS ('J("J " ... E!ncleo de lamanifestacin haba sido dispersado por e!efecto de losgases lacrimgenos. Lapolica haba cargado varias veces sobre los manifestantes, y s tos se dispersaronendistintasdirecciones.Sloquedanahorapequenosgrupos lateralesalgunosdeloscualestratandereorganizarse,otros,simplemente pretenden huir del radio de accin de lasfuerzas policiales. Jorge Ordnez, 25 afios, estudiante de letras, en su huda se separa de su grupo y corre slo por la angosta calle transversal. En la esquina de Iaavenida se detieneun coche de lapolida; yelresto sucede rpidamente.Dos policas bajan, sacan sus armas automticas, apuntan, y hacen fuego. Jorge Ordones, 25 anos, estudiante de letras, est muerto sobre lacalzada ... " " ... En acho anos de presidio se haba acostumbrado a no tener nombre. EssimplementeM8693,e!delaprimeraceldadelagaleraizquierda.En realidad haba olvidado hacetiempo si se llamaba de alguna otra manera. Y esonoesnada,hay muchascosasalasqueunoseacostumbraen prisin.Yano poda soportarlo.Pero esatarde alassietetodoterminara. M 8693haba planeado Iafuegacon mucho cuidado. E!camin de los suministros entraba diariamente a las siete menos diez, ysaladiez minuto mstarde.Esatarde !saldra dentro del camin. Alas siete, el camin comenz amoverse lentamente haciala puerta. M 8693ibaadentro.jLo haba logrado! M 8693 viva atoda velocidad. Angustia, miedo, felicidad, ganas de gri-tar, de llorar. Todo se suceda a un ritmo enloquecedor. Pero algo raro sucede. E!camin se est deteniendo. S,se detiene en lapuerta.Estono es habitual. Los msculos de todo su cuerpo se tensan como si quisieran romperse. E! camin est completamente parado. Alguien gira Ia manija dei acoplado. Pero !nova a soportar ms tiempo en laprisin. No ms ya.Laportezuela se entreabre. M 8693 desesperado a tropelia ai guardia y sale corriendo hacia Ialibertad. Rpi-do, muy rpido. Elguardia se repone y grita "alto". M 8693 corre ms, y ms, sonriendo. E!guardia dispara dos veces. M 8693 cae, rueda un par de metros y surostro sin vida sigue sonriendo ... " Este captulo fue desarrollado apartir de una idea expuesta por e!Dr.Ambrosio L. Gioja. Estando este libra en prensa se ha dieta do una ley que pane la sancin de pena de rnuerte para ciertasconductas.Creemasqueellonocambialasituacinexplicadaen eltextoparaotros casos. Dr.Arnbrosio L.Gioja en sus dases. 41 LUISALBERTOWARAT " ... Feliciano Gutirrez siempre fueambicioso. Lavida hay que vivirla. Y Feliciano Gutirrez quiere ser un sefior.Tener dinero,mucho dinero.Porque "sefior" es,para !,un ttulo de nobleza que se compra conplata. EIdinero no eslafelicidad,pero calma mucholosnervios.Feliciano Gutirrez pensaba en todo esomientros caminaba por ladesierta avenida hacia la joyera. Eran lastresde lamafiana de un calmoso jueves de febreroy Feliciano Gutirreztenafro.Cuandollegfrentealavidrieranodud - yalohaba hecho bastante en otra poca-, eintrodujo elalambre en lacerradura. Final-mentetendraloquequisiera.Tuaarobartodoloquepudierallevarse.La puerta cedi yFeliciano Gutirrez entr, decidido, en la joyera ... ... Dos calles ms ali, e! coche de la comisara 32 se detuvo en la esquina. Erae!controlnoctumodelosguardias,pero elcabono estavaensulugar. Haba que buscarlo. Entonces se escucharon lasdetonaciones.Elchofer dei auto slotard segundos en reponerse de la sorpresa ytambin segundos en Jlegar a la puerta delajoyera. EIcabosalacaminandolentamente,conelarmareglamentariaenla mano derecho. Se acerc aiauto y se cuadr frente asu superior. - Hay que pedir una ambulancia, elladrn esta muerto ... " Estas son slo tres casos imaginarias. Algo as como tres fragmentos de una novela cualquiera. Agreguemos anuestra novela eldato de que losrganos que handado muerte alos delincuentes actuaban dentro de su funcin. O sea, estaban auto-rizados para hacerlo y por tanto, no cometieron delito algt.mo por estas hechos nifueron,por ende,sancionados.Agreguemostambinqueningt.manorma escrita prevee lapena de muerte. Sitratamosdehacerunadescripcinjurdicadeestascuentitos,no tenemosotra solucinque decir que en lostres casos seha aplicado elorden jurdico.En otras palabras que en lostres se ha ejecutados la pena de muerte. Yasea que pensemos una norma general no legislada que diga algo as como:"Sialguienesdescubiertoalterandoelorden enunamanifestacin,o huyendo de la prisin, o robando una joyera, y no responde favorablemente a lasintimaciones de las autoridades debe ser sancionado con pena de muerte". Oyaseaque pensemos simplemente enunadelegacinhechaalosrganos administrativos, para que, en el caso de encontrar a un individuo en las circuns-tancias descriptas como ejemplo, decidan la sancin que corresponde, pudiendo aplicar lapena de muerte, laconclusin eslamisma: Para todos estas casos el orden jurdico en cuestin prev lapena de muerte . 42. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdoabandonodosentidoedareconstruodasubtetividade Sicontinuamoselanlisisdebemosconcluirtambin,quelapenade muerte estprevista enformaan ms drsticaque elrestodelassanciones penales ya que no se contempla aqu el principio generalmente aceptado de la previadefensa enjuicio. Los condenados no han podido defenderse, contrariamente a lo que ocurre en general conlamayora de las sanciones de un orden jurdico moderno. Pero,afortunadamente,estos son slodivertimentos intelectuales. To-dos sabemos que en muchas partes la pena de muerte ha sido desterrada hace tiempo, as lo ensefian todos lostratadistas del derecho. Acaso s ta, sea slo lainterpretacin jurdica de situaciones imaginarias . PUNTO lvfUERTO;ode cmo una mismatcnicapuede desencadenar diferentes finales. LAHISTORIA E!estadiorepletodemirones.Dossegundosmsyselargalagran maratn. Rpidamente e! centenar de profesionales se lanza hacia la meta, 40 kilmetros ms ali.Lamultitud se enardece, aplaude ai primero de turno y siente ganas de escupir ailtimo. En el kilmetro diez Marcelo Chaves pasa aifrentedeipelotn.Deapocovaadquiriendoe!presentimientodesu consagracin definitiva.Apura la marcha, contralasinstrucciones de sutc-nico.Sedeleita.Llegaaikilmetro 20.Suspiernas seleadormecenrepenti-namente.Sientequenovaapoder seguirms.Novalenloselogiosdela tribuna.Todosucuerposeleafloja,lacabezaapuntodeexplotar.Una esperanza que seleescapa. Pero de pronto descubre que su dolor se hamuerto. Sucuerpo le resulta ajeno.Seestmoviendocomounaautmataperortmicamente, hastacon elegancia.Vaa llegar alameta. Esun triunfados. Tieneunagloria biolgica-menteprestada.Habaalcanzadoelanheladopuntomuerto,esemomento despus dei cual todo se repite por inercia y sin dolor *** 43. LUISALBERTOWARAT LAPRESENTACIN ENCANTADA No tenemos a mano los medios para comprobarlo, pero estamos seguros dequetodosesosseresparaquieneseltiempopasalentamente,queslose limitan a esperar con horror el momento de su muerte, han utilizado esa misma tcnicadeportiva.Sonaquellosparaquienestodosesrutinario,montono, insoportable. Losque sienten fotirnamentenacer lafatigaantes detiempo,por noadvertir que sondosritmosdiferentesyqueparaganar lavidaespreciso !legar doliendo hasta la muerte. La inercia existencial 2 acelera aqu el abandono. Claro que nada pasara con ellos sislo se limitaran aquedarse quie-tosmirandoviviralosdems.Perono,e!puntomuertolesdalartmica movilidaddeMarceloChaves- queentreellosllamansef.oro-.Ganan posiciones,queellosconsideranunameta,alaquecuidanmsqueasu vidaqueyanoes.Y seenojancon losqueno son comoellos,con losque tieneslapeligrosaideadeacomodarlasinstitucionesalostiempos, arran-cndoles lanicapiei que lospuede proteger. No tenemos tampoco a mano los rnedios para comprobarlo, pero estamos seguros de que esa fatiga ha ganado tarnbin adeptos en el divino palacio dorado queproclamamosderecho:Losquecreen queatravsdeunainerciainter-pretativa, deuna mecnica aplicacin dei contenido originario de las normas, podrn arrimarse sin inconvenientes a la perfecta interpretacin; los que cuidan sus posiciones tratando de no ver desde su perspectiva inercial que larealidad tiene fluencia, de suerte que elderecho pasa a ser su rnejor coraza, un inmenso cementerio con leyesmuertas, con protagonistas indiferentes. E!derecho,comoe!hombredeOrtega,estsiempreapuntode "desderechizarse", de dejar de ser orden, de comenzar aser una mera altera-lidad. Laleyde laselva. E!punto muerto indudablemente contribuye en gran medida a que esto suceda.Paraevitaria, e!derecho deber exigir dei juzgador unatensaviglia que vuelque en lasentencia ladoliente ralidad. 2.Ver "La costumbre", pg. 53. 44. [. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdoabandonodosentidoedareconstruodasubjetividade Un,dos,tres LAESTRUCTURA DE CRISTAL TRESOBSERVACIONES PARAUNMONTAJE LIBRE GALILEI(acercndose alatenojo):ComoVuestraAltezabienlosabe, desde hace algn tiempo nosotros, los astrnomos, tenemos grandes dificultades con nuestrosclculos.Paraesosclculosutilizamosun sistema muy antiguo que sibien parece concordar con laflosofano es compatible con loshechos. Segn ese antiguo sistema, el de Ptolomeo, los movimientos de los astros seran complicadsimos. Elplaneta Venus, por ejmplo, realizara un movimiento ms o menos as.(Dibuja sobre una pisarra latrayectoria epicclica de Venus segn lahiptesisptolomeica.)Pero en elcasodequeaceptramoscomociertosa movimientostancomr.licados,nonosserapociblecalculardeantemanola posicin justa de los astros porque no los encontraramos all donde deberan estar.Adems de esto existen otrosmovimientos que elsistema de Ptolomeo ignora.Movimientossemejantesalrededordeiplaneta Jpiter realizan,ami parecer, una pequefi.as estrellas descubiertas hace poco por m. ,:Estn confor-mes los sef.ores en comenzar con un reconocimiento de Jpiter? ANDREA(mostrando e!banquitofrenteaianteojo):Porfavor,tomen asiento aqu. ELFILSOFO:Gracias,pequefio,perometemoqueno seatodotan sencillo.Sefior Galilei,antesdeemplear sufamosoanteojo quisiramostener elplacer de una discusin. Tema:wueden existir talesplanetas? ELMATEMTICO:Unadiscusin de principios. GALILEI:Esque yuo habapensado que para convencerse lesbastara mirar por e!anteojo. ANDREA:Aqu, por favor. ELMATEMTICO: Natural, natural. Pero tal vez sepa usted que segn las hiptesis de los antiguos no existen ni estrellas que giran alrededor de otro centro que no sea laTierra ni astros en e!cielo que no tengan su correspondiente apoyo. GALILEI:S. ELFILSOFO:Y...apartndonosde laposibilidaddelaexistenciade talesestrellasque!ematemtico(seinclicaante ste)parece dudar,quisiera yo,contodahumildadplantearlasiguientepregunta:,:sonnecesariastales estrellas? Aristotelis divini universum ... 45 LUISALBERTOWARAT CALILEJ:(NOpodramos continuar en e!hablacorrientedado que mi colega, e!sefior Federzoni, no comprende latn? ELFILSOFO:(Tiene importancia acaso que nos entienda? CAULE!:S. ELFILSOFO:Disculpe usted, yopens que era su pulidor de lentes. ANDREA:E!sefior Federzoni es un pulidor de lentes yun erudito. ELFILSOFO:Cracias, pequefio. Sie!sefior Federzoni insite ... CALILEJ:E!que insiste soy yo. EL FILSOFO:Mis argumentos perdern brillantez, pero estamos en su casa.E!universo deldivino Aristteles, con sus esferas de msticos sonidos y sus cristalinas bvedas y los signos circulares de sus cuerpos celestes y e!ngulo inclinado de la trayectoria solar y los misterios de lastablas de los satlites y la exuberanciadeicatlogodeestrellasdelhemisferioaustralylainspirada construccin dei globlo celestial, es un edifcio de tal orden ybelleza que bien deberamos recapacitar antes de destruir esa armona. CAULEI: (Por qu? l Y si Vuestra Alteza verificara por medi o dei anteojo laexistencia de esasestrellasimposibles eintiles? ELMATEMTICO:Sepodra alegar como respuesta que su anteojo, ai mostrar algo que no existe, no esuninstrumento muy exacto, l Verdad? CALILEI:(_Ququiere decir con eso? ELMATErv1TICO:Seramucho ms provechoso, sefior Calilei, siusted nos pudiera nombrar lascausas quelomovieron a suponer Iaexistencia de as-tros que cuelgan libremente en las esferas superiores dei inmutable firn1amento. ELFILSOFO:jRazones, sefior Calilei,razones1 CAULE!: (_Lasrazones? (_Cuandode una mirada alosmismos astros y conmisapuntesquedademostradoe!fenmeno?jPerosefiores,ladisputa resultara absurda! ELMATEMTICO: Sicontramos con la seguridad de que usted no se irritaratodavams,podramosagregarqueloquedicesuanteojoyloque dice e!cielo bien pueden ser dos cosas distintas. ELFILSOFO:Mscortes, imposible. FEDERZONI: Piensan que hemos pintado las estreUas de Mdici en ellente. CAULE!: (Me acusausted de estafa? ELFILSOFO:Pero ...(Cmopodramos ...en presencia de Su Alteza? ELMATEMTICO: Suinstrumento, as sea su hijo legtimo o adoptivo, esthecho contoda habilida_d,sinlugar adudas. 46. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdoabandonodo sentidoedareconstruodasubje1ividade ELFILSOFO:Y nosotros estamos completamente convencidos, sei.or Calilei, que niusted ni nadie osara engalanar estrellas cone! augusto nombre delaestirpedinsticasin anteshaberalejadotodaduda sobre suexistencia. (Todoshacenprolimdas reverencias ante e!CranDuque.) COSME: (_Ocurrealgo anormal con mis estrellas UNA VIEJADAMA DEHONOR (alCran Duque): Todo est en orden con las estrellas de Vuestra Alteza. Lossefiores slo se preguntan sirealmente existen(pausa). UNA JOVENDAMADEHONOR:Sedicequecone!instrumentose puede ver hasta Iacolade laOsa Mayor. CALILEI: S, y todo lo que Dios le dioal Tauro. (_Van a mirar los sefioresono? ELFILSOFO:Claro, por supuesto. ELMATEMTICO:jPorsupuesto!(Pausa.Deimproviso,Andrease . vuelve y comienza a atravesar rgido e! saln. Sumadre lo alcanza.) SRA. SARTI:(.Qutepasa? ANDREA: Son tontos.(Sedesprende y huye delahabitacin.) ELFILSOFO:Una lamentablerapaz. EL MA YORDOMO: Vuestra Alteza, (.debotalvez recordarle que elbai-leoficialcomienza entres cuartos de hora? ELMATEMTICO:l Yparaqueme ternosenestebaile?Tardeo temprano e!sefior Calilei tendr que reconocer lasrealidades. Sus planetas de Jpiter perforaran las esfera de cristal.Esmuy sencillo. FEDERZONI: Ustedes se van a asombrar: no hay talesfera de cristal. EL FILSOFO: Cualquier libra escolar ledir de su existencia, buen hombre. FEDERZONI:Pues entonces, {.qu esperan para hacer nuevos libras es-colares? ELFILSOFO:VuestraAlteza,mi respetado colega y yo nos respalda-mos nada menos que en laautoridad dei divino Aristteles. CALILEI(casi servil): Sefioresmos,lafeen laautoridadde Aristteles es una cosa; hechos que se tocan con lamanos, son otra. Ustedes sostienen que, segn Aristteles, existen en loalto esfera! de cristal, de modo que determina-dosmovimientosnopodranocurrirporquesinolosastrosperforaranlas esferas.(_Perosiustedes pudieran comprobar esaclasedemovimientos? Tal vez entonces llegaran alaconclusin de que tales esferas no existen. Sefores mos, les ruego con toda humildad, confen en sus ojos. 47 LUISALBERTOWARAT EL MATEMTICO: Mi estimado Galilei, yo acostumbro leer a Aristteles detantoentanto -aunque austedleparezcaanticuado- ypuede asegurarse que ah s confo en mis ojos. GALILEI:Esque estoy acostumbrado aver cmolossefioresdetodas lasfacultadescierran sus ojosfrenteahechospalpables yproceden de modo comosinohubierapasadonada.Lesmuestromisapuntesysesonten,les pongomianteojoasudisposicinparaqueseconvenzanysalencitandoa Aristteles.jSiel hombre no tena ningn anteojo! ELMA TEMTICO:Por supuesto, por supuesto. ELFILSOFO (importante): Siaqu se procura enlodar laautoridad de Aristteles,reconocidanosloportodaslascienciasdelaantigedadsino tambin por los Santos Padres de laIglesia, debo entonces advertir que consi-dero intiltodacontinuacindeladisputa.Rechazotodadiscusinimperti-nente.jNiuna palabra ms! GALILEI:E!padre de laverdades e!tiempo y nolaautoridad.jNuestra ignoranciaesinfinita,disminuyamos de ellatansiquieratm milmetro cbico! (_Porser que ahoraeseafnde aparecer sabioscuando podramos ser un poco menos tontos? He tenido lainconcebible felicidad de recibir un instrumento con e!cual se puede observar una puntia dei universo, algo, no mucho.jUtilcenlo! ELFILSOFO:Vuestra Alteza, damas y caballeros, yome pregunto; (_a dnde nos !levatodo esto? GALILEI:Yodiramejor:loscientficos no debemostemer hasta dnde nos pueda !levar laverdad. ELFILSOFO (fuera de s):jSefior Galilei,laverdad nos puede !levar a cualquier parte!3 loque queda para descifrar. .. 3.Bertolt Brccht: "Galilco Galilei", Ediciones Nucva Visin, pginas 128 y sigs. 48. TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurreal1s:apeloslugaresdoabandonodosentidoedareconstruodasubjetividade UNO Cambiandolospersonajeslahistoriaesbastantecircular.Desdela alborada racional, siempre que los eruditos tuvieron que organizar sus suefios enprocuradelarealidadpaslodeGalileo:Necesidaddecontarindefecti-blemente conuna adecuada cristalizacin ntica,que permitiera organizar el saber (El mito de la causalidad, como bien podra decir Cortazar), esa ordenacin simplificada que da alos eruditos,latranquilidad de espritu necesaria como parapoderescribirconesplendorosailusinlasmemoriasdeuntiempo inaccesible; de untiempo astutamente propenso a seguir bebiendo mazagrn y cana quemada a expensas de laesperanza. E!cultosalvador.Unaconstruccinartificialquecreeobjetivizarlas huidizas condiciones de ese algo que se proclama realidad exterior. Claro que lailusin es tan grande que autoconvence. en muchos casos. Hace olvidar que slo setrabajaconmodelos,conespejismos delarealidad; que labase emprica es siempre dudosa, que los modelos no se pueden conge-lar y suma teriadebe ser siempre plstica. Cuando seolvidanestascosasrevivenlostelogosde Florencia.Son losque se niegan a ver los hechos de su planetario. Tratan de no mirar por el telescopia,temiendo que se les perforen sus construcciones, "las deiladrillo de cristal";losqueabriendolosojossloantesufe,cultivanlaautoridad, propagandoconritossecularesquelonicoadmisibleessufantaseada ontologa. Sonlosque levantaron elfalazculto a laciencia, elmito dei rigor, e!delassignificacionessedimentadas; esenuevoparasodondedesgracia-damente e!hombre de hoy comienza a encontrar lamanera de reemplazar su muchas vecesperdida religiosidad DOS EltextodeBrecht dejaentrevertambinotro interesante conflicto.Un extrano contrasentido. Se levanta una gran fantasa para reconstruir la realidad, pero se niegatalcondicin en laexteriorizacin, vistindola con ropaje de ri-gor,escapndose deilenguajedomstico,hablando enlatn para no comuni-carse, desdenando laemotividad a laque veladamente se recurre como punto de arranque. Ser probablemente unamanera de preservar elculto. No s.Lo nicoqueseveesquenosesupodistinguirlasinvestigacionesfalaces-e! pensamiento con ideologa- de la mostracin emotiva, laque acerca ai hombre de lacalle alasdetermi.naciones de lanaturaleza, alasemntica de laciencia, ai tiempo de la epistemologa, un tiempo que no puede directamente ac.cederse . 49. j 1 i' 1:LUISALBERTOWARAT Esto permite en todos los rdenes, articular esa polar oposicin emprico-trascendental, que enresultante, constituye aihombre. La verdadera impugnacin debe pues dirigirse ai primero, la mostracin emotiva no es negariva. Permite ai hombre comn adquirir un esfumado nivel trascendentalyaicientficoellugar donde encontrar laconcienciaepistemo-lgica dei ser humano como tal, lapuesta en comunicacin entre e!mundo y su fundamentacin. No existe pues inconveniente alguno para traducir ai lenguaje ordinario los resultados de la ciencia, ello permite introducir e! conocimiento en el hombre comn.EInopuedeentenderconaxiomaslasteorasdeloscietficosnisu propia angustia existencia, pues no tiene capacidad para ser, de un solo golpe, observador observado.Y estoesalgoque se debetenermuypresente sobre todoene!mundodehoy,dondelasposibilidadesdeisaber,lasoberana cognocitiva,labsqueda deiequilibrio naturaleza-fundamento, noese!pro-blema de unospocos, sino que vadaadagananciolacalle(talvez gracias a esa cosi ta deita mano de una na ranja que se puso en rbita un da). La angustia existencia esahora un problema de masas. En e!fondotodo no son msque ambiguas maneraspara reconocerai hombre, avudarlo a encontrar dentro de la epistemologa, 1ma dimensin propia yo aimenos, esto es loque hoy aparentemente sepretende. TRES Posiblementehastalascienciasnaturalesllegaronsuficientesgalileos como para que eruditos vayan quedando pocos.Pero en lo que ms nos preo-cupa, elasunto es distinto. Enelderecho todava existen muchos eruditos que creen que su objeto es incorrnptible, que la organizacin no tiene grietas, que si algo no encja se lo debe desechar sin cuestionar el sistema, sin ver dnde est lafalia.Y sesiguecomoenFlorenciasinverlarealidad(normativaeneste caso);sinintentarestablecerunplanodecomunicacinentreelpodery el diariovivir.Hechoqueesmuypeligroso,puescuandoesatendenciase acrecienta cuando los juristas adoptan ellatnpara cerrar eldilogo, eldivor-cio estotaly e!clima se quiebra definitivamente.EIderecho positivo setrans-formaen un triste cimenterio: e!de lasleyesmuertas. As:lapuestaenmarchadelacomunicacinsocialexigedetodoslos protagonistas de este juego, llamado derecho, una permanente tensin cazadora que permita adaptar elorden oficialalanormatividad espontnea. 50. 1 1 TERRITRIOSDESCONHECIDOS: aprocurasurrealistapeloslugaresdoabandonodo sentidoedareconsiruodasubjetividade Sin esa recreacin, sin ese querer mirar los hechos sociales, las necesidades comunitarias,latramaviva,elderechooficialsersiempre unapermanente cuna de comociones. HIPCRITA CAP ARAZN Los hombres viven diez, veite, treinta anos, importndoles todo, llegando alarealidaddesutiempo,metindoseenella,y buscandomsalidetoda realidadhabitualizadauna justificacin para su existencia -aunque estano sea ms que su grito de dolor frente a los dems- y /o la Uegada dei grito de los otros. Luegocomienzan acreerquesuprismaestcompleto -la ordenacin revelada-, petrifican su esperanza, cristalizan sus valores, se encierran dentro de una hipcrita caparazn y se sientan sobre sus tumbas a esperar lamuerte. Averpasarlarealidad,sinfuerzasparaparticiparenella,desdenndola'. Asumiendo lacontrafigura de loque ellos,una vez, proclamaron Vida. Losabogadosviven cinco anos antesde recibirse, y cinco despus, con la secreta esperanza de poder volcar en e! Derecho toda la realidad de su tiempo. Luegosuclimatambinsequiebra/laluzdecerernoniaslosinvade/ acorazndolos/encerrndolos en fom1as/impregnndoles 1m evangelio secular. Y entonces empienzan a hablar a extramuros de lagente. Ahacer sus alega tosaicorrer de lapluma. Defendiendoendiezminutoselprincipiodelainviolabilidaddela defensa en juicio. Metindose dentro de una normativa caparazn. Ladeimolde aceptado. Adquiriendo lapeligrosaracionalidadde los_desvinculados. ... siendouno msentretodaslaslegionesde romanos que nos siguen invadieindo desde lahistoria ... QUE LOSGATOS AMAN Y NO V ALEELDESMENTIDO Siaalguienlepreguntaran abocade jarro sielgato de