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EM MINAS V Z & Revista V&Z Em Minas - Nº 127 - Out./Nov./Dez. 2015 - Ano XXIV - ISSN: 2179-9482 Página 06: EPAMIG realiza pesquisas que vão da produção animal à olivicultura Página 12: Evaldo Vilela, presidente da FAPEMIG, fala sobre pesquisa, inovação e superação da crise EPAMIG: quatro décadas de pesquisa agropecuária em Minas Gerais Vista aérea do Campo Experimental Mocambinho (MG)

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EM MINASV Z &

Revista V&Z Em Minas - Nº 127 - Out./Nov./Dez. 2015 - Ano XXIV - ISSN: 2179-9482

Página 06:EPAMIG realiza pesquisas que vão da produção animal à olivicultura

Página 12: Evaldo Vilela, presidente da FAPEMIG, fala sobre pesquisa, inovação e superação da crise

EPAMIG: quatro décadas de pesquisa agropecuária em Minas Gerais

Vista aérea do Campo Experimental Mocambinho (MG)

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Revista VeZ em Minas • Nº 127 • Out./Nov./Dez. 2015 • Ano XXIV | 3

ÍNDICE

04 | Normas para Publicação / Expediente

05 | Editorial

06 | Matéria de Capa EPAMIG: quatro décadas de pesquisa agropecuária em Minas Gerais

12 | Entrevista EspecialEvaldo Vilela, presidente da FAPEMIG

21 | Balanço Financeiro

16 | ArtIGo téCNICo 1Estado atual da Inseminação Artificial em bovinos no Brasil 22 | ArtIGo téCNICo 2Considerações sobre o pastejo rotacionado para vacas leiteiras

30 | ArtIGo téCNICo 3Vacas F1 Holandês x Zebu: uma opção para sistema de produção de leite em condições tropicais

38 | ArtIGo téCNICo 4Emissão de metano entérico por bovinos em pastagem

43 | ArtIGo téCNICo 5Situação atual do mormo no Brasil

52 | ArtIGo téCNICo 6ocorrência de fasciolose e hidatidose bovina em frigorífico localizado na Zonada Mata de Minas Gerais, Brasil

56 | Movimentação de Pessoas Físicas

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Revista VeZ em Minas • Nº 127 • Out./Nov./Dez. 2015 • Ano XXIV 4 |

os artigos de revisão, educação continuada, congressos, seminários e palestras de-vem ser estruturados para conter resumo, Abstract, Unitermos, Key Words, referências Bibliográficas. A divisão e subtítulos do texto principal ficarão a cargo do(s) autor(es).

os Artigos Científicos deverão conter dados conclusivos de uma pesquisa e conter resumo, Abstract, Unitermos, Key Words, Introdução, Material e Métodos, resultados, Discussão, Conclusão(ões), referências Bibliográficas, Agradecimen-to(s) (quando houver) e tabela(s) e Figura(s) (quando houver). os itens resultados e Discussão poderão ser apresentados como uma única seção. A(s) conclusão(ões) pode(m) estar inserida(s) na discussão. Quando a pesquisa envolver a utilização de animais, os princípios éticos de experimentação animal preconizados pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CoNCEA), nos termos da Lei nº 11.794, de oito de outubro de 2008 e aqueles contidos no Decreto n° 6.899, de 15 de julho de 2009, que a regulamenta, devem ser observados.

os artigos deverão ser encaminhados ao Editor responsável por correio eletrô-nico ([email protected]). A primeira página conterá o título do trabalho, o nome completo do(s) autor(es), suas respectivas afiliações e o nome e endereço, telefone, fax e endereço eletrônico do autor para correspondência. As diferentes instituições dos autores serão indicadas por número sobrescrito. Uma vez aceita a publicação ela passará a pertencer ao CrMV-MG.

o texto será digitado com o uso do editor de texto Microsoft Word for Windows, versão 6.0 ou superior, em formato A4(21,0 x 29,7 cm), com espaço entre linhas de 1,5, com margens laterais de 3,0 cm e margens superior e inferior de 2,5 cm, fonte times New roman de 16 cpi para o título, 12 cpi para o texto e 9 cpi para rodapé e informações de tabelas e figuras. As páginas e as linhas de cada página devem ser numeradas. o título do artigo, com 25 palavras no máximo, deverá ser escrito em negrito e centralizado na página. Não utilizar abreviaturas. o resumo e a sua tradu-ção para o inglês, o Abstract, não podem ultrapassar 250 palavras, com informações que permitam uma ade-quada caracterização do artigo como um todo. No caso de artigos científicos, o resumo deve informar o objetivo, a metodologia aplicada, os resultados principais e conclusões. Não há número limite de páginas para a apre-sentação do artigo, entretanto, recomenda-se não ultrapassar 15 páginas. Naqueles

casos em que o tamanho do arquivo exceder o limite de 10mb, os mesmos poderão ser enviados eletronicamente compactados usando o programa WinZip (qualquer versão). As citações bibliográficas do texto deverão ser feitas de acordo com a ABNt-NBr-10520 de 2002 (adaptação CrMV-MG), conforme exemplos:

EUCLIDES FILHo, K., EUCLIDES, V.P.B., FIGUErEIDo, G.r.,oLIVEIrA, M.P. Ava-liação de animais nelore e seus mestiçoscom charolês, fleckvieh e chianina, em três dietas l.Ganho de peso e conversão alimentar. rev. Bras. Zoot.,v.26, n. l, p.66-72, 1997.

MACArI, M., FUrLAN, r.L., GoNZALES, E. Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte. Jaboticabal: FUNEP,1994. 296p.

WEEKES, t.E.C. Insulin and growth. In: BUttErY, P.J., LINDSAY,D.B., HAY-NES, N.B. (ed.). Control and manipulation of animal growth. Londres: Butterworths, 1986, p.187-206.

MArtINEZ, F. Ação de desinfetantes sobre Salmonella na presença de ma-téria orgânica. Jaboticabal,1998. 53p. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias. Universidade Estadual Paulista.

rAHAL, S.S., SAAD, W.H., tEIXEIrA, E.M.S. Uso de fluoresceínana identi-fica-ção dos vasos linfáticos superficiaisdas glândulas mamárias em cadelas. In: CoN-GrESSo BrASILEIro DE MEDICINA VEtErINÁrIA, 23, recife, 1994. Anais... recife: SPEMVE, 1994, p.19.

JoHNSoN t., Indigenous people are now more combative, organized. Miami Herald, 1994. Disponível em http://www.submit.fiu.ed/MiamiHerld-Sum-mit-rela-ted.Articles/. Acesso em: 27 abr. 2000.

os artigos sofrerão as seguintes revisões antes da publicação: 1) revisão técnica por consultor ad hoc; 2) revisão de língua portuguesa e inglesa por revisores profissionais; 3) revisão de Normas técnicas por revisor profissional; 4) revisão final pela Comitê Editorial; 5) revisão final pelo(s) autor(es) do texto antes da publicação.

NORMAS PARA PUBLICAçÃO

Conselho Regional de Medicina Veterinária do Estado de Minas GeraisSede: rua Platina, 189 - Prado - Belo Horizonte - MGCEP: 30411-131 - PABX: (31) 3311.4100E-mail: [email protected]

PresidenteProf. Nivaldo da Silva - CrMV-MG Nº 0747Vice-Presidente Dr. Bruno Divino rocha - CrMV-MG Nº 7002Secretária-GeralDra. therezinha Bernardes Porto - CrMV-MG Nº 2902TesoureiroDr. João ricardo Albanez - CrMV-MG Nº 0376/ZConselheiros EfetivosDr. Adauto Ferreira Barcelos – CrMV-MG Nº 0127/ZDr. Affonso Lopes de Aguiar Júnior - CrMV-MG Nº 2652Dr. Manfredo Werkhauser - CrMV-MG Nº 0864Dr. Marden Donizzete de Souza - CrMV-MG Nº 2580Dr. João Carlos Pereira Silva - CrMV-MG Nº 1239Dr. rubens Antônio Carneiro - CrMV-MG Nº 1712Conselheiros SuplentesDra. Aracelle Elisane Alves - CrMV-MG Nº 6874Dr. Domingos Marcelo Cenachi Pesce - CrMV-MG Nº 5095Dr. José Carlos Pontello Neto - CrMV-MG Nº 1558Dra. Patrícia Alves Ferreira- CrMV-MG Nº 8773Dr. renato Linhares Sampaio - CrMV-MG Nº 7676Dr. rodrigo Afonso Leitão - CrMV-MG Nº 0833/ZSuperintendente ExecutivoJoaquim Paranhos Amâncio

Visite nosso site: www.crmvmg.org.br

Unidade Regional do Norte de MinasDelegada: Silene Maria Prates BarretoAv. ovídio de Abreu, 171 - Centro - Montes Claros - MGCEP: 39.400-068 - telefax: (38) 3221.9817E-mail: [email protected] Regional do Sudoeste de MinasDelegado: Edson Figueiredo da CostaAv. Arouca, nº 660, sala 914 - Centro - Passos - MGCEP 37900-152 - telefax: (35) 3522.0969E-mail: [email protected] Regional do Sul de MinasDelegado: Mardem Donizettir. Delfim Moreira, 246, sala 201 / 202Centro - Varginha - MG - CEP: 37.026-340tel.: (35) 3221.5673E-mail: [email protected] Regional do Triângulo MineiroDelegado: Sueli Cristina de Almeidarua Santos Dumont, 562, sala 10 - Uberlândia - MGCEP: 38.400-025 - telefax: (34) 3210.5081E-mail: [email protected] Regional do Vale do AçoDelegado: rômulo Edgard Silveira do NascimentoAv. Carlos Chagas, nº 504, sala 02Bairro Cidade Nobre - Ipatinga - MG. CEP 35162-359telefax: (31) 3617.7617Email: [email protected] Regional do Vale do MucuriDelegado: Leonidas ottoni Portorua Epaminondas otoni, 35, sala 304teófilo otoni (MG) - CEP: 39.800-000telefax: (33) 3522.3922E-mail: [email protected]

Unidade Regional da Zona da MataDelegado: Marion Ferreira GomesAv. Barão do rio Branco, 3500 - Alto dos PassosJuiz de Fora - MGCEP: 36.025-020 - tel.: (32) 3231.3076E-mail: [email protected]

Revista V&Z em MinasEditor ResponsávelNivaldo da SilvaConselho Editorial CientíficoAdauto Ferreira Barcelos (PhD)Antônio Marques de Pinho Júnior (PhD)Christian Hirsch (PhD)Júlio César Cambraia Veado (PhD)Nelson rodrigo S. Martins (PhD)Nivaldo da Silva (PhD)Marcelo resende de Souza (PhD)Assessoria de ComunicaçãoNatália Fernandes Nogueira Lara - Mtb nº 11.949/MGEstagiárioEstevão MendesDiagramação, Editoração e Projeto GráficoGíria Design e Comunicação - [email protected] CrMV-MG e Banco de ImagensTiragem: 10.000 exemplaresos artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não representam necessariamente a opinião do CrMV-MG e do jornalista responsável por este veículo. re-produção permitida mediante citação da fonte e posterior envio do material ao CrMV-MG.ISSN: 2179-9482

EXPEDIENTE

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Revista VeZ em Minas • Nº 127 • Out./Nov./Dez. 2015 • Ano XXIV | 5

Caros Colegas,

todos têm lido nos últimos tempos que 2015 é um ano para ser esquecido, e que 2016 venha logo para apagar as más lembranças do ano anterior.

realmente, fatos desagradáveis e preocupantes ocorreram neste ano que está terminando, entretanto não podemos nos dei-xar levar por esta onda de pessimismo que está tomando conta de todos. Muito menos pela visão de alguns eternos pessimistas que não conseguem enxergar que vivemos num país democrático, e que ao sair das dificuldades ou situações difíceis, podemos construir um novo Brasil.

Diante da “tragédia de Mariana” vemos como o povo brasileiro é solidário, não só em palavras, mas em ações, mesmo que elas possam parecer pequenas diante da grandeza e consequências da tragédia. Exaltamos aqui, o trabalho voluntário de dezenas de médicos (as) ve-terinários (as) no atendimento aos animais vítimas deste desastre. A todos, nossos sinceros agradecimentos pela demonstração de amor aos animais e compromissos assumidos com a profissão.

Marcadas, ainda neste 2015, estão as ações de terrorismo em diversos países que ceifaram tantas vidas. Não há como não repu-diar veemente os acontecimentos e agradecer que em nosso país, atentados ainda não ocorreram. temos outros problemas, é claro, como a violência urbana que também ceifa muitas vidas. Mas esta é uma situação diferente das ações terroristas, o inimigo não é tão desconhecido assim. Nossas leis são rígidas para o combate à vio-lência urbana, ficando a cargo da polícia ou do judiciário seu contro-le. Fora de controle estão os chamados “crimes do colarinho branco”, tramados em ambientes fechados e que estão levando as principais empresas públicas do país ou o sistema público à uma situação de de-sequilíbrio financeiro, vide as operações da Polícia Federal e Ministério Público, cada uma com um nome “bizarro”, mostrando as imundices e podridões de diferentes segmentos da sociedade, envolvidos em tais operações. Neste ponto, por mais otimistas que possamos ser, o sentimento é de frustação. Neste caso, a sociedade somente voltará a ser otimista se os culpados forem devidamente punidos, para servir de exemplo. Chega de impunidades!

2015 marcou, também, o início de uma nova gestão no CrMV-MG. Um grupo renovado em sua maioria assumiu a gestão do Conselho, até maio de 2018. A eleição deste novo grupo mostrou que a maioria dos colegas médicos (as) veterinários (as) e zootecnistas validou o trabalho realizado pela fiscalização do exercício profissional, ra-zão principal da existência do Conselho. Mas sobretudo, aprovou a gestão compartilhada e participativa, na defesa das profissões e lutando, sempre, pela Valorização e respeito profissional.

o balanço de 2015 foi positivo, tanto para a Medicina Veteriná-ria, quanto para a Zootecnia brasileiras. As duas profissões estão cada vez com maior projeção junto à sociedade, reconhecidas pela sua importância e, mais do que isto, pela competência dos profis-sionais que as exercem. Em Minas Gerais ultrapassamos o número

de 16 mil profissionais de Medicina Veterinária e de 2 mil zootecnis-tas. A todos os colegas o nosso reconhecimento e agradecimentos em nome deste Conselho regional.

Apesar da chamada “crise brasileira”, em 2015 intensificamos as ações de Marketing Profissional e do Programa de Educação Continuada, bem como trabalhamos para fortalecimento da Autar-quia junto aos colegas. Milhares de colegas participaram destas ações. Mesmo assim, acreditamos que todos precisam conhecer e participar mais das ações desenvolvidas pelo CrMV-MG, pois o Conselho pertence a todos nós.

o CrMV-MG fez uma aguerrida defesa das profissões, mas necessitamos da participação geral. Se todos participarem nossas profissões sairão mais fortalecidas e em melhores condições de en-frentar os desafios que o mercado de trabalho nos apresenta.

Existem sempre expectativas em relação ao próximo ano. No nosso caso, os desafios são muitos, mas mesmo assim estamos renovando os compromissos assumidos quando fomos eleitos para fazer a gestão deste CrMV-MG. Com o apoio da Diretoria, do corpo de Conselheiros e funcionários deste Conselho seremos capazes de realizar a gestão que todos esperam de nós. Agradecemos o apoio de todos.

Em nome da Diretoria, corpo de Conselheiros e funcionários da CrMV-MG, desejamos para todos os colegas e aos seus familiares um Feliz Natal, e que 2016 seja realmente o ano de um novo come-ço para nosso Brasil.

Felicidades para todos!

Prof. Nivaldo da SilvaCrMV-MG nº 0747Presidente

EDITORIAL

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Revista VeZ em Minas • Nº 127 • Out./Nov./Dez. 2015 • Ano XXIV 6 |

EPAMIG: qUATRO DéCADAS DE PESqUISA AGROPECUÁRIA EM MINAS GERAIS

CAPA

Natália Fernandes Nogueira Lara*

Centro de Capacitação da Fazenda Experimental de Felixlândia

Criada em 1974, hoje abrange pesquisas que vão da produção animal à olivicultura

Há mais de quatro décadas Minas Gerais realiza pesquisas que buscam a adaptação e o desenvolvimento de novas tecnologias para aumentar a produtividade no campo, gerar mais renda e po-tencializar o agronegócio mineiro. o papel é desempenhado pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) que em 2015 completa 41 anos.

A EPAMIG foi criada em 8 de maio de 1974, visando uma refor-mulação institucional da pesquisa agropecuária no Brasil, iniciada anteriormente com o Programa Integrado de Pesquisas Agropecuá-rias do Estado de Minas Gerais (Pipaemg). A partir de 6 de agosto de 1974, por meio do convênio celebrado entre o governo do Estado e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a EPAMIG passou a funcionar efetivamente com a atribuição de executar e coordenar a pesquisa agropecuária em Minas Gerais vinculada às demandas dos produtores rurais.

Atualmente a Empresa está presente em todas as regiões de Minas Gerais, através de cinco Unidades regionais (Sul de Minas,

triângulo, Alto Paranaíba, Centro-oeste, Zona da Mata e Norte de Minas), coordenando 28 fazendas experimentais, três unidades especiais - em implantação (Governador Valadares, teófilo otoni e Unaí), duas estações experimentais (Lavras e Uberaba) e dois nú-cleos de ensino (Instituto de Laticínios Cândido tostes e Instituto técnico de Agropecuária e Cooperativismo).

Com um quadro funcional composto por 176 pesquisadores, desde março à frente da gestão da EPAMIG está o zootecnista rui da Silva Verneque. Pesquisador da Embrapa há mais de 30 anos, Verneque assumiu o posto tendo como prioridade a reestruturação administrativa e das linhas de pesquisa. “revisamos o organogra-ma da Empresa e definimos os programas de pesquisa prioritários. A intenção é focar em trabalhos que atendam as demandas e ne-cessidades do estado de Minas Gerais”, explica o presidente.

As pesquisas com a cachaça e o trigo, por exemplo, terão destaque. “A cultura do trigo no Estado tem crescido bastante e a EPAMIG precisa participar desse momento. Para isso, é importante

Erasmo Reis / Ascom EPAMIG

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Revista VeZ em Minas • Nº 127 • Out./Nov./Dez. 2015 • Ano XXIV | 7

fortalecermos a equipe que conta atualmente com quatro pesquisa-dores. Estamos em contato com a Embrapa trigo, para a realização de trabalho conjunto, no qual a instituição federal destinará pesqui-sadores que serão lotados na EPAMIG e realizarão trabalhos cola-borativos nos campos experimentais de Lambari, três Corações, Pa-tos de Minas e Uberaba”, explica o diretor de operações técnicas da EPAMIG, trazilbo de Paula.

Nesses 41 anos, a EPAMIG tem atuado no desenvolvimento, na adaptação e na transferência de tecnologias para o fortalecimento da agropecuária em Minas Gerais e no Brasil e tornou-se pioneira em diversas frentes de pesquisa. “Nessas quatro décadas, ela tem uma contribuição muito significativa para a história da agricultura de Minas, com suas pesquisas e estudos, e temos a visão de que a Empresa vai contribuir ainda mais”, conta o secretário de Agricultu-ra do Estado, João Cruz reis Filho.

Atualmente, a Empresa desenvolve vários projetos nas áreas de cafeicultura, fruticultura, bovinocultura, aquicultura, olericultura, grãos e pesquisa novas alternativas, como a produção de azeitona e azeite, floricultura e vitivinicultura, bem como demandas emer-gentes relacionadas à preservação de recursos naturais e hídricos.

PIONEIRISMOEm quatro décadas, a EPAMIG se tornou pioneira em diversas

frentes de pesquisa. Em 2008 realizou a primeira extração de azeite virgem extra do país. também inovou com pesquisas voltadas para a produção de vinhos finos de qualidade e espumantes, que se con-centram na região de Caldas, no Sul de Minas.

A empresa também é referência no café. Até hoje já foram de-senvolvidas quatorze cultivares, registradas e disponibilizadas para cafeicultores de diversas regiões de Minas Gerais e do Brasil e ou-tras sete aguardam registro do Governo Federal para chegarem ao

mercado. Essas novas cultivares possuem resistência a pragas e doenças, são mais produtivas, têm maior vigor vegetativo e resul-tam em um café de alta qualidade.

Destacam-se também as pesquisas do sistema de produção de gado de leite a pasto, com vacas mestiças (gado F1), além da tradi-cional produção da raça Gir Leiteiro, no triângulo Mineiro.

“A EPAMIG é primordial para o desenvolvimento e adaptação de tecnologias para a agricultura de nossa região. A Empresa atua em todas as áreas do agronegócio e isso torna a sua importância ainda mais significativa”, comenta o zootecnista e pesquisador da Empresa, Adauto Ferreira Barcelos.

PRODUçÃO ANIMAL Produção Animal é um dos principais programas de pesquisa da

EPAMIG voltado para o desenvolvimento e ampliação do agronegó-cio pecuário de Minas, através da geração e adaptação de tecnolo-gias. Para tanto, conta com várias linhas de pesquisa nas áreas de nutrição, sanidade, qualidade do leite, reprodução e melhoramento genético de bovinos, na suinocultura e na aquicultura. Atualmen-te, o programa conta com a atuação de 27 pesquisadores, na sua maioria médicos veterinários e zootecnistas, lotados em diversas unidades, onde estão em execução projetos e experimentos.

Uma dessas pesquisas começou na década de 1970 e consiste em promover melhorias na produção de leite com gado mestiço. Desde 1998, a EPAMIG desenvolve pesquisas com gado F1, em que a matriz zebuína, cruzada com um touro de raça europeia, produz a bezerra F1, tida como a melhor vaca leiteira para condições tropi-cais. o sistema caracteriza-se pela simplicidade, eficiência e baixo custo. As pesquisas com Gir Leiteiro buscam atender à demanda pela produção econômica de leite e de reprodutores de alto valor genético, compatíveis com as condições de clima tropical e de ma-nejo adotados no país. tais ações contribuíram para a elevação dos índices de produtividade da pecuária nacional.

“Desde que a EPAMIG assumiu as pesquisas aqui na fazenda, tivemos uma enorme evolução. Hoje o trabalho com o Gir Leiteiro, por exemplo, é muito mais produtivo do que era antes”, conta Leo-nardo Fernandes, pesquisador da área de bovinocultura, que lembra ainda da importância da Empresa em relação à seleção de rebanho Gir: “Hoje nós temos uma produção de 3 mil litros de leite por lac-tação, isso é um impacto muito importante”.

Na aquicultura, a EPAMIG executa projetos de implantação e de-senvolvimento da piscicultura nos reservatórios de Furnas, três Marias e Nova Ponte; o centro de referência em piscicultura ornamental de água doce da Zona da Mata em Leopoldina; o centro de pesquisa, demonstração e capacitação em piscicultura com espécies nativas da bacia do rio São Francisco, em Felixlândia, dentro do programa de pre-servação de espécies de peixe nativas da referida bacia e unidades demonstrativas de piscicultura em fluxo contínuo de água.

A Empresa também investe em pesquisas voltadas para a produção de vinhos finos

Erasmo Reis / Ascom EPAMIG

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CAMPOS EXPERIMENTAISDesde 2007 são desenvolvidos pesquisas no Campo Experimen-

tal da EPAMIG em Prudente de Morais, abordando o tema Integra-ção Lavoura-Pecuária e Floresta (ILPF). Na região Central de Minas Gerais, por exemplo, cerca de 400 hectares de pastagens degrada-das foram recuperados utilizando este sistema, em 29 municípios, abrangendo mais de 80 produtores. Em 2013 o Projeto foi reconhe-cido como tecnologia social na 7ª Edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de tecnologia Social.

No município de Maravilhas, produtores rurais obtiveram su-cesso no consórcio de eucalipto, pastagem de capim braquiária e milho para silagem. o produtor Dirceu Gonçalves dos reis, da Fazenda Água Limpa, recuperou seis hectares da sua propriedade familiar com a integração. Ele conta que em 2012 extraiu uma parte do eucalipto para estruturar sua propriedade. “Além de recuperar boa parte do solo da minha fazenda, com a venda de eucalipto comprei um trator e ainda aumentei minha produção leiteira, que passou de 150 litros para 450 litros por dia”.

Já o Campo Experimental Getúlio Vargas, em Uberaba, modelo na criação de Gir Leiteiro no país, participa do processo de sele-ção da raça desde 1948. Um corpo técnico da EPAMIG, formado por seis pesquisadores é responsável pelos trabalhos de pesqui-sa e de melhoramento genético da raça Gir. A pesquisa busca o aprimoramento para a aptidão leiteira em condições de pastagem com a mínima utilização de suplementação concentrada, tornando a atividade leiteira atrativa do ponto de vista econômico e fidedig-na à realidade de campo. o rebanho da EPAMIG também tem sido

selecionado para características como fertilidade, longevidade e produção e qualidade de leite.

outro campo experimental da EPAMIG está localizado em Felixlân-dia, e atualmente é referência na geração de informações e de co-nhecimentos que norteiam as ações dos extensionistas da Emater em suas intervenções técnicas nos sistemas de produção. Entre os temas trabalhados na unidade estão a formação, recuperação e ma-nejo de pastagem; utilização racional de alimentos concentrados e minerais; manejo reprodutivo do rebanho; criação de bezerros; manejo sanitário dos animais; qualidade do leite e gestão da ati-vidade (controle econômico, financeiro e zootécnico). Anualmente, o Campo Experimental de Felixlândia capacita cerca de 100 exte-sionistas da Emater, assim como diversos produtores e técnicos de outras instituições.

São temas também de trabalho na Unidade os resultados de pesquisas em melhoramento genético que envolve seleção de Gir Leiteiro, Holândes, Nelore, Guzerá e seus cruzamentos para produ-ção de bovinos F1, tendo em vista a produção de leite a pasto e seus descendentes para produção de carne e fertilização in vitro, com apoio à ampliação dos rebanhos.

PRODUTOS LÁCTEOSos estudos desenvolvidos pelo Instituto de Laticínios Cândido

tostes (ILCt), em Juiz de Fora, na Zona da Mata, são referência para o setor no Brasil e na América Latina. As tecnologias geradas permitem agregação de valor ao produto e o aumento da competi-tividade.

CAPA

O Programa de Produção Animal conta com a atuação de 27 pesquisadores, na sua maioria médicos veterinários e zootecnistas

Erasmo Reis / Ascom EPAMIG

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Revista VeZ em Minas • Nº 127 • Out./Nov./Dez. 2015 • Ano XXIV | 9

Fundado em 1935, o Instituto atua no desenvolvimento e difu-são de tecnologias, na capacitação de profissionais e na formação de técnicos laticinistas. A instituição, ligada à EPAMIG, promove a integração entre ensino, pesquisa e produção como pilar para o aprendizado e o aprimoramento profissional.

o Instituto concentra as atividades do Programa Estadual de Pesquisa da EPAMIG em Processamento de Leite e Derivados, que tem como finalidade a realização de pesquisas em diversas áreas da cadeia de lácteos. o Núcleo Industrial conta com uma estrutura completa para ensino, pesquisa e produção.

“Atualmente estamos trabalhando com 13 linhas de pesquisas, que envolvem as principais demandas do estado e das indústrias de laticínios, entre elas a qualidade do leite para o processamento, tecnologia de leite de consumo, legislação, tecnologia de queijos industriais e artesanais. Dentro dessas linhas a gente estuda e faz uma melhoria de processo”, explica Júnio César Jacinto de Paula, coordenador do Programa Estadual de Pesquisa da EPAMIG em Pro-cessamento de Leite e Derivados.

A fábrica-escola tem capacidade para processar oito mil litros de leite por dia e encontra-se em fase final de registro junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A linha de produtos é composta por 34 itens, entre queijos frescos, maturados e finos, bebidas fermentadas, doce de leite, manteiga e requeijão.

FORMAçÃO PROFISSIONAL o Curso técnico em Leite e Derivados do ILCt, vigente desde

1935, foi o primeiro profissionalizante do setor na América Latina. Anualmente, são oferecidas 60 vagas, preenchidas por meio de exames de seleção. o curso tem duração de dois anos e foco na qualificação de mão de obra para atuação nos segmentos da ca-deia de lácteos. todos os alunos que concluem o curso têm estágio assegurado e em média 80% são contratados pelas empresas em

que atuaram. o ILCt realiza, ao longo do ano, treinamentos especializados na

área de leite e derivados que atendem a diversos públicos, como produtores de leite, profissionais da indústria e estudantes. A es-trutura do Instituto permite também o desenvolvimento de novos produtos, treinamentos específicos para demandas individualizadas das empresas e execução de projetos que geram e adaptam novas tecnologias para a melhoria da qualidade dos produtos que chegam ao mercado consumidor.

Júnio César Jacinto exalta os projetos desenvolvidos no Institu-to Cândido tostes, alguns até premiados. “No histórico do ILCt ti-vemos diversos projetos com resultados bastante relevantes, e que hoje estão sendo aplicados nas diversas áreas. Já criamos projetos que foram ganhadores de prêmios”, afirma o coordenador.

LINhAS DE PESqUISAAlém de todos os projetos característicos da EPAMIG, a em-

presa ainda atua em setores em forte expansão no estado, como o da Banana, Azeite, Soja e o tradicional Café. “Estamos reforçando os estudos em estratégias para convívio com o déficit hídrico e a seca, entre outros. os desafios e as possibilidades nestas áreas são muitos e já estão colocados para toda a sociedade”, revela o presidente da EPAMIG, rui Verneque.

Para o secretário de Agricultura de Minas, João Cruz reis Filho, as pesquisas realizadas pela EPAMIG contribuem grandemente para o sucesso do setor agropecuário. “é o setor mais competitivo da eco-nomia brasileira, aporta muita tecnologia, e muitas delas produzi-das pela Empresa. A maior equipe do mundo pesquisando café, por exemplo, são os mais de 100 colaboradores da EPAMIG”, comenta.

CAFéAs pesquisas em cafeicultura têm a finalidade de gerar e adap-

tar tecnologias para ampliação e desenvolvimento do agronegócio café. o Programa de Melhoramento Genético do Cafeeiro da EPA-MIG, em parceria com a Embrapa Café e instituições que integram o Consórcio de Pesquisa Café, já desenvolveu e registrou 15 culti-vares, que possuem resistência a pragas e doenças, são mais pro-dutivas, têm maior vigor vegetativo e resultam em uma bebida de alta qualidade.

BANANAEm 1979, a EPAMIG iniciou experimentos com a cultura da ba-

nana no Norte de Minas, que, atualmente, responde por mais da metade da produção da fruta no Estado. A bananicultura é bastante exigente em água e, no Norte de Minas, depende de irrigação. A fruticultura irrigada é a atividade agrícola que mais gera empre-gos na região. No caso da bananicultura, o cultivo e a colheita são 100% manuais. outra característica é o baixo uso de defensivos agrícolas, propiciado pelo clima seco da região que inibe a incidên-cia de doenças.

Entre os produtos criados pela EPAMIG estão algumas variedades de queijo

Erasmo Reis / Ascom EPAMIG

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CAPA

SOjAAs pesquisas relacionadas à soja permitiram a adaptação da

cultura às características do cerrado mineiro e o desenvolvimento de cultivares resistentes a pragas e doenças. Na década de 1970, o Estado produzia 400 kg por hectare em 500 ha plantados. Hoje são mais de 1 milhão ha plantados e a produtividade é de 3.000 kg/ha, o que significa 7,5 vezes mais no mesmo espaço.

OLIVICULTURA A EPAMIG é responsável pela primeira extração de azeite extra-

virgem do país. o produto é resultado de mais de três décadas de pesquisas relativas ao cultivo de oliveiras e à escolha de cultivares adequadas às condições climáticas da região da Serra da Manti-queira, no Sul de Minas.

FLORICULTURAA floricultura desponta como uma prática ideal para a agricul-

tura familiar, porque exige baixo investimento inicial e pequenas áreas para o cultivo. Além de realizar experimentos com as flores de corte, a EPAMIG desenvolve pesquisas para incentivar o cultivo das flores tropicais e ornamentais, que se destacam por suas cores vivas, formas exóticas e texturas originais.

INFORME AGROPECUÁRIONeste ano a EPAMIG celebra também os 40 anos da revista

Informe Agropecuário. A publicação é um importante instrumento de apresentação de tecnologias capazes de promover qualidade e segurança aos produtos agropecuários.

Com uma temática por edição, a revista diferencia-se ao apre-sentar informações completas sobre culturas, atividades ou siste-mas tecnológicos capazes de proporcionar desenvolvimento, por meio da inovação. Em quatro décadas foram produzidas cerca de 2 milhões de revistas e divulgados mais de 3 mil artigos técnico-científicos, escritos por pesquisadores da Empresa e de outras ins-tituições, tanto brasileiras como internacionais, destinados a um público composto por produtores rurais, estudantes e profissionais ligados ao setor agropecuário.

Ao longo de 281 edições retratou a história e os resultados da pesquisa agropecuária e os desafios para tornar o Brasil uma po-tência agrícola mundial, contribuindo para o avanço da ciência, com impactos positivos para o desenvolvimento da agropecuária nacio-nal e benefícios para os produtores rurais e o consumidor final.

Nessas quatro décadas de circulação, a publicação já foi pre-miada em várias oportunidades, como Destaque Comunicação ru-ral, concedido pela Embrater e Melhor Publicação sobre Apicultura, pela Confederação Brasileira de Apicultura, entre outras.

DESAFIOS E PERSPECTIVASA Empresa ocupa um posto de referência em relação às pesqui-

sas agropecuárias, mesmo assim, ainda deve passar por uma rees-

As pesquisas da EPAMIG sobre vitinicultura estão concentradas no campo experimental de Caldas

Erasmo Reis / Ascom EPAMIG

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truturação para poder desempenhar com maior efetividade o seu trabalho, é o que avalia o presidente da instituição, rui Verneque.

“A EPAMIG já é uma empresa de excelência em pesquisas e ino-vações para agricultura e pecuária. Mas os desafios aqui ainda são muitos e diversificados, englobam uma reestruturação do projeto de gestão da Empresa, aumento da captação de recursos para custeio e investimentos e, sobretudo, recuperação e melhoramento constante da infraestrutura para que ela possa cumprir de forma ainda melhor com o seu papel de apoio ao desenvolvimento do estado”.

Devido a diversos fatores, como a crise hídrica e a baixa na eco-nomia, o secretário de Agricultura avalia que foi um ano bastante difícil para o setor agropecuário, fato que pode se repetir nos pró-ximos anos, mas que ainda assim contou com resultados positivos neste ano. “Não podemos negar que foi um ano difícil, em relação a intempéries climáticas, outra longa estiagem, com muita preocupa-ção acerca dos recursos hídricos, mas estamos encarando isso. Não tenho dúvida que o setor vai continuar com um crescimento muito forte, com a ajuda da EPAMIG”.

*Com colaboração de Estevão Mendes

A expectativa é que o agronegócio tenha mais crescimento

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ENTREVISTA ESPECIAL

Evaldo Vilela é formado em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), mestre em Entomologia pela USP e doutor em

Ecologia pela Universidade de Southampton (Inglaterra). Com pós doutorado realizado nos Estados Unidos, Alemanha e Japão, tem

mais de 100 artigos referenciados e cerca de 40 mestres e doutores orientados.

Atual presidente da FAPEMIG, anteriormente era diretor de Ciência, Tecnologia & Inovação da entidade. É membro titular da

Academia Brasileira de Ciências. Atua em Comitês de Assessoramento do CNPq, CAPES e FINEP e é membro do Fundo Setorial do

Agronegócio – CTAgro/MCTI. Membro da SBPC, do Programa de Empreendedorismo SEED, do Governo de Minas e do Conselho

Científico do UNESCO-HIDROEX Centro de Excelência em Águas.

Professor Evaldo foi reitor da UFV, secretário adjunto de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais,

membro-fundador e presidente da Sociedade Entomológica do Brasil. Também foi presidente da Sociedade Brasileira de Defesa

Agropecuária e membro da CTNBio/MCTI. Coordenou o projeto InovaDefesa, financiado pelo CNPq e MCTI, bem como o projeto

InovaMinas financiado pela FINEP. Além disso, dirigiu a Fundação Arthur Bernardes de Apoio.

O entrevistado desta edição da Revista V&Z em Minas é o Dr. Evaldo Vilela, presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do

Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Ele falou à V&Z sobre a pesquisa e o desenvolvimento no Brasil, e como a tecnologia e a

inovação podem colaborar para a superação da crise pela qual estamos passando.

*Natália Fernandes Nogueira Lara

Revista VeZ em Minas • Nº 126 • Jul./Ago./Set. 2015 • Ano XXIV 12 |

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Revista V&Z (V&Z): Na avaliação do senhor, qual o papel da FAPEMIG para a pesquisa, o desenvolvimento e a inova-ção em Minas Gerais?

Evaldo Vilela (EV): A FAPEMIG, especialmente nos últimos dois anos, tem recebido recursos regulares e isso possibilita o apoio e a consolidação do sistema de pesquisa, inovação e desenvolvimento em Minas Gerais. Algumas áreas que têm recebido atenção muito grande são exatamente agricultura e a pecuária. Apoiamos o agronegócio tendo em vista o grande impacto do setor na economia do estado, na empregabili-dade das pessoas, na retenção no campo, além da contribuição real para as exportações de Minas Gerais. Dessa maneira, nós temos incentivado particularmente as universidades de Viçosa, Lavras e a UFMG. E também no campo dos negócios nós temos apoiado start-ups na área de produtos e serviços para o agronegócio.

A gente sente que a nossa comunidade de tecnologia e inovação bem como os homens de negócio estão mais organizados e produtivos. Nós estamos produzindo uma melhor ciência, com mais tecnologia.

V&Z: O senhor percebe essa evolução na ciência e na tecnologia?

EV: Percebo e ela é natural. A partir do momento em que o Governo de Minas tem a atitude de injetar dinheiro na ciência, na tecnologia e na inovação, interligando as ações do Governo, das universidades e das empresas, isso dá frutos. E é esse o caminho que nós temos perseguido, um apoio maior na sequência dessas pesquisas e na ligação das mesmas com o mercado. Isso nos preo-cupa muito hoje devido ao momento de dificuldade que a gente vive, principalmente na esfera federal. Percebemos que ainda faltam me-canismos de transferência de tecnologia e de apoio à abertura de pequenas empresas para que elas se tornem empresas de porte médio. Para essas empresas ainda falta o incentivo do Estado, o capital incentivador, enfim, medidas de Governo. No momento em que a gente passa por essa crise, ficamos com receio de que todo esse potencial e tudo o que já foi feito nos laboratórios de pesquisa e tecnologia e nas empresas de inovação, possa sofrer uma descon-tinuidade e isso é muito preocupante.

tanto na área de Medicina Veterinária quanto na Zootecnia nós temos o surgimento de várias empresas de estudantes empreende-dores e a FAPEMIG dá o apoio. tem muita coisa boa aparecendo, ajudando o agronegócio. Por exemplo, a área de manejo de animais e plantas, de fármacos, entre outras, vinham crescendo e a gente espera que continue porque tanto o agronegócio quanto qualquer outra área necessitam da injeção de novos conhecimentos e inves-timentos constantes. Hoje nós temos uma gama muito grande de modernização no negócio agropecuário que não pode parar.

V&Z: Os números do agronegócio estão resistindo mes-mo em meio à crise econômica pela qual estamos passan-

do, o senhor acredita que a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação contribuem para isso?

EV: Contribuem, mas nós não podemos esquecer do empreen-dedorismo do produtor rural brasileiro. A força de “querer fazer” que o produtor tem, seja o pecuarista, o suinocultor, o avicultor, o que está nas lavouras de soja, todos. o Brasil conseguiu uma coisa muito interessante: a agricultura tropical é fruto da pesquisa que nós desenvolvemos nas universidades e na Embrapa, mas nada disso seria verdadeiro se não fosse a qualidade do produtor rural brasileiro. o processo não acontece com facilidade, é uma soma da qualidade do empreendedorismo do produtor com as tecnologias desenvolvidas.

V&Z: O senhor comentou a questão da postura do produtor rural. Podemos dizer que hoje são homens de negócio, certo?

EV: São todos homens de negócio e isso é a beleza da coisa. o Brasil tem uma postura positiva no apoio ao agronegócio e também à agricultura familiar, provendo alimentos para o mercado interno. o Brasil acertou muito nessa questão da produção de alimentos. Andou errando na política industrial, mas no que se refere ao agro-negócio o Brasil acertou.

Nós temos um futuro grande pela frente porque nós temos uma fortaleza, mas é preciso continuar aportando conhecimento e principal-mente apoiar a juventude. os jovens têm muito o que contribuir, mas infelizmente o país tem prestado pouca atenção e dado raras oportuni-dades de crescimento para eles. o fato é que no mundo de hoje você não faz nada de muito importante se não for pela força dos jovens.

V&Z: Nós temos visto um número crescente de empreendedores e start-ups, já podemos dizer que o Brasil é um país inovador?

EV: Não. o Brasil é um país com jovens empreendedores com vita-lidade e bons programas de apoio para que esses jovens caminhem na evolução de suas ideias para a geração de produtos e serviços, mas na ligação dessas start-ups com o mercado, o país ainda é falho.

Então a gente fica triste ao perceber que muitos jovens deixam Brasil e vão para o exterior, mas isso não é novidade, o Brasil sem-pre perdeu cérebros, só não perde mais porque o brasileiro gosta muito daqui. Além disso, o mundo globalizado fez com que países como os Estados Unidos, já estruturados, fossem para a internet e buscassem seus interesses lá, onde existe a informação de quem está pesquisando o quê e onde. Se o Brasil não oferece a esses jovens uma possibilidade de futuro, o mundo oferece.

V&Z: Na atual conjuntura é difícil falar que já estamos no caminho ou que a solução seja simples?

EV: Não estamos no caminho e não é simples. Precisamos levar em conta a realidade, não é uma crítica, mas uma reflexão. Ela é verdadeira e nós temos que ter o entendimento. A FAPEMIG, por exemplo, tem

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exatamente como missão financiar as boas ideias e fazer com que as mesmas cheguem ao mercado e gerem valor, mas a Fundação sozinha não consegue isso. São necessárias políticas públicas federais, esta-duais e municipais para que se torne uma realidade.

Existem casos bem sucedidos no Brasil, ou seja, nós sabemos fazer, mas não estamos cuidando devidamente para que a trans-formação de ideias em produtos e serviços se torne uma mania, que não mais consigamos contar nos dedos aquilo que está virando realidade. Esse é o ambiente de países como os Estados Unidos e a Coreia onde você tem inúmeros exemplos.

Nesse sentido a crise econômica acaba sendo um pouco deses-peradora, já que muitas das empresas novas no Brasil dependem da importação de insumos. Se antes você importava com o dólar a r$ 2,50, hoje ele está em r$ 4,00 e a empresa não tem como repassar isso para o mercado, que por sua vez está retraído, o resultado é que muitas empresas brasileiras jovens estão com dificuldades e o país fica dependente de empresas mais antigas que nem sempre satisfazem. Isso precisa mudar e a esperança é que essa crise pela qual nós estamos passando seja logo superada para que novos ca-minhos sejam trilhados.

A FAPEMIG, o CrMV-MG, o CrEA, as universidades e muitas outras instituições estão todos de alguma maneira preparados para essa virada. Mas é preciso ter um comando e o Governo existe pra isso, para coor-denar, articular e fazer com que as coisas aconteçam mais rapidamente.

V&Z: O senhor coordenou o Projeto de Inovação Tecno-lógica para Defesa Agropecuária, na avaliação do senhor ficaram bons frutos?

EV: Ficaram muitos bons frutos. Foi um trabalho bem feito, envol-vendo as universidades e a Embrapa, com o objetivo de aproximar a pesquisa e a defesa agropecuária, de modo que tanto a defesa vegetal quanto à sanidade animal não fossem prerrogativa única e exclusiva-mente do Ministério da Agricultura, mas que envolvesse a sociedade e fosse construído um trabalho conjunto. o projeto foi articulado nes-se sentido, mas não se firmou efetivamente, entretanto alguma coisa sempre se aproveita.

Nós criamos a primeira rede do agronegócio brasileiro e chega-

mos a ter 7.000 usuários e ela ainda tem uma força muito grande. Mas o próprio Ministério da Agricultura não trabalha a rede, então ficam trabalhos à moda antiga, sem o envolvimento e o apoio da sociedade organizada das universidades, comunidades científicas e produtores, tornando as soluções mais difíceis. tudo o que você precisa resolver na área de defesa agropecuária fica mais difícil porque cada um continua no seu canto: empresários, universidades e o Ministério da Agricultura.

é lamentável porque nós esperávamos uma colaboração maior, mas infelizmente o Brasil ainda não aprendeu a trabalhar em rede, digo o Brasil como um todo. Existem redes de pesquisa em Minas Gerais fantásticas, funcionam como verdadeiras redes, mas elas ainda não têm o elo da cadeia de negócios. Na medida em que os ministérios não participam fica difícil porque o Governo mantém suas políticas fe-chadas, sem ouvir a sociedade com suas demandas e contribuições. o Brasil tem essa dificuldade de articulação. De repente, a crise e as dificuldades pelas quais nós estamos passando hoje remetam a isso.

V&Z: O senhor nutre boas expectativas com relação ao cenário atual do Brasil?

EV: todas as nações do mundo, de alguma maneira, para evo-luírem passaram por alguma dificuldade e em seguida desabrocha-ram. Veja o exemplo da Coreia que após a guerra se reconstruiu e deu espaço a um país novo. Não necessariamente, mas as crises podem acabar contribuindo, mostrando que estamos no caminho er-rado e a partir daí tomamos consciência de que é preciso trilhar um novo caminho. E nós temos competência para isso, podemos trilhar.

Em Minas Gerais nós temos uma bela comunidade de pesquisa, tec-nologia e inovação, com universidades ótimas e as categorias de Agro-nomia, Medicina Veterinária e Zootecnia bem organizadas. temos tudo para deslanchar, acredito que nós vamos vencer essa crise e dias melho-res, do ponto de vista da estabilidade da sociedade, certamente virão.

* Natália Fernandes Nogueira Lara, jornalista - Mtb nº 11.949/MG, especialista em Gestão Estratégica

da Comunicação (PUC Minas), MBA em Gerenciamento de Projetos (FGV). Assessora de Comunicação do CRMV-MG

ENTREVISTA ESPECIAL

O Brasil é um país com jovens empreendedores com vitalidade e

bons programas de apoio para que esses jovens caminhem na evo-

lução de suas ideias para a geração de produtos e serviços, mas

na ligação dessas start-ups com o mercado, o país ainda é falho.

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ESTADO ATUAL DA INSEMINAçÃO ARTIFICIAL EM BOVINOS NO BRASILCURRENT STATUS OF ARTIFICIAl INSEMINATION IN CATTlE IN BRAZIl

AUTORAAna Carolina Leite1

RESUMOA inseminação artificial (IA) foi a primeira grande biotecnologia aplicada para melhorar a reprodução e genética dos rebanhos bovinos. A introdução da tec-nologia de I.A. em todo o mundo deu o impulso para o desenvolvimento de ou-tras tecnologias, tais como a criopreservação e sexagem de espermatozoides, a manipulação hormonal do ciclo estral, as tecnologias de produção e transfe-rência de embriões, o congelamento e a clonagem. As vantagens da técnica são bem conhecidas mundialmente, porém, enquanto mais de 90% das fêmeas em idade reprodutiva são inseminadas artificialmente nos Estados Unidos, na Holanda e no Japão, apesar do Brasil possuir o segundo maior rebanho do mundo, somente 12% desses animais são submetidos à IA, de acordo com es-timativas da Associação Brasileira de Inseminação Artificial. o desafio atual da I.A. no Brasil é configurar-se como um caminho para o melhoramento genético dos rebanhos de corte e de leite, de baixo custo e que pode estar associada a outras biotecnias. Esse artigo tem como objetivo descrever o panorama geral panorama geral e o estado atual da inseminação artificial em bovinos no Brasil. Palavras-chave: Inseminação artificial, biotecnologia, bovinos, Brasil.

ABSTRACTArtificial insemination (AI) was the first major biotechnology to improve bree-ding and genetic of herds. The introduction of technology A.I. around the world provided the impetus for the development of other technologies such as cryopreservation and sexing sperm, hormone manipulation of the estrous cycle, production technology and embryo transfer, freezing and cloning. The advan-tages of the technique are well known worldwide, however, while more than 90% of females in reproductive age are artificially inseminated in the United States, the Netherlands and the Japan, although Brazil has the second largest herd in the world, only 12% of these animals are subjected to AI, according to estimates by the Brazilian Association of Artificial Insemination. The current challenge of A.I. in Brazil is to set yourself up as a way for the genetic impro-vement of cutting herds and milk, low-cost and can be associated with other biotech. This article aims to describe the big picture overview and the current state of artificial insemination in cattle in Brazil.Key-words: Artificial insemination, biotechnology, cattle, Brazil.

ARTIGO TéCNICO 1

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1. INTRODUçÃO Durante os últimos anos as tecnologias aplicadas à reprodução

animal vêm contribuindo de maneira importante para o melhora-mento genético. A inseminação artificial (IA) se tornou uma das principais biotecnologias reprodutivas de impacto econômico na produção de bovinos pela possibilidade de ser adotada em gran-des rebanhos, além da implementação ter sido associada com programas de seleção genética, que incluem testes de progênie e de avaliação de desempenho, incrementando a produtividade dos rebanhos de corte e leite.

A IA tornou-se a biotecnologia aplicada a reprodução animal mais utilizada no mundo devido principalmente ao aperfeiçoamento das téc-nicas de manejo de touros e dos métodos de coleta sêmen, avaliação e preservação espermáticas e de inseminação. o estudo e a observação da manifestação do estro e a definição do momento ideal para inse-minar o animal e o controle do ciclo estral da fêmea bovina, também contribuíram muito para sucesso e disseminação da técnica.

Desde o ano de 1998, a I.A. tem sido amplamente utilizada para o acasalamento de fêmeas em idade reprodutiva na Europa, Cana-dá, Estados Unidos, Ásia e oceania (tHIBIEr e WAGNEr, 2002), porém, segundo dados da Associação Brasileira de Inseminação Artificial, no Brasil apenas 12% das fêmeas bovinas em reprodução são submetidas à biotecnia (ASBIA, 2014).

No presente artigo, será apresentado o cenário atual da inseminação artificial, procurando esclarecer os principais fatores limitantes para a uti-lização dessa biotecnia nos rebanhos bovinos leiteiros do Brasil.

2. PANORAMA DA PECUÁRIA BRASILEIRA o efetivo bovino comercial brasileiro é o maior do mundo, es-

tima-se o número 211,8 milhões de cabeças, 19,3% do rebanho mundial (IBGE, 2014). No Ano de 2014, o agronegócio contribui com 23% para Produto Interno Bruto (PIB), sendo que a pecuária contri-buiu mais do que a agroindústria para incrementar o PIB em relação ao mesmo período do ano anterior, com destaque para o crescimen-to da bovinocultura de corte (CEPEA, 2015).

Quanto à produção de carne o Brasil configura-se como o se-gundo maior produtor de carne, produzindo 16,3% do total de carne bovina do mundo. o Brasil é também o segundo maior exportador de carne bovina, com 19,1% das exportações. Em 2014, foram aba-tidas 33,907 milhões de cabeças de bovinos no Brasil sob algum tipo de serviço de inspeção sanitária (IBGE, 2014). Do total de car-ne bovina produzida no Brasil, cerca de 80% destina-se a atender as demandas do mercado interno e o restante é exportado (USDA, 2014). o complexo de carnes representa 6,3% das exportações bra-sileiras (IBGE, 2014), fração ainda abaixo das expectativas, devido ao fato de quase 1/3 das exportações serem concentradas num úni-co mercado de destino, a rússia.

o Brasil é também o quinto maior produtor mundial de leite (EMBrAPA CNPGL, 2012), com 34,3 bilhões de litros de leite fluido obtidos no ano de 2013, a partir de um efetivo que ultrapassa 23,0

milhões de vacas (IBGE, 2014). A produtividade brasileira espera-da para 2015 é de 1.608 kg de leite por vaca. Em comparação aos maiores produtores, a produtividade do rebanho leiteiro nacional é considerada baixa. Estados Unidos, União Europeia e China têm produtividades de 10.320, 6.400 e 4.330 litros de leite fluido por vaca, respectivamente (USDA, 2014).

Considerando a importância da pecuária para o PIB nacional e para a produção mundial de alimentos e, tendo em vista que, apesar do tamanho do rebanho brasileiro, a produtividade tanto de produ-tos cárneos quanto de lácteos brasileira ainda é baixa, tornando-se necessário a busca por tecnologias que maximizem a produtividade do rebanho nacional. Entre as biotecnias da reprodução que visam introduzir animais mais produtivos nas propriedades, a Inseminação Artificial é a pioneira e a mais empregada mundialmente em di-versas espécies, sendo considerada uma das maiores descobertas científicas devido às suas inúmeras vantagens.

3. INSEMINAçÃO ARTIFICIALA Inseminação Artificial consiste na deposição mecânica do

sêmen no aparelho reprodutivo da fêmea, possibilitando o encon-tro e a união do espermatozoide com o ovócito. Quando se utiliza instrumentos e métodos adequados de inseminação, a fecundação ocorre naturalmente, sem a interferência do homem (ASBIA, 2014).

A adoção de programas de inseminação artificial nos rebanhos de bovinos apresenta inúmeras vantagens entre elas, acelera o me-lhoramento da genética do rebanho, através da utilização de sêmen de reprodutores comprovadamente superiores para a produção de leite e carne; controle da transmissão de doenças venéreas; possi-bilita o cruzamento entre raças que muitas vezes é dificultado pela monta natural, eliminando a dificuldade de manter touros europeus em sistemas de manejo extensivo, em regiões de clima tropical; previne a ocorrência de acidentes, durante a cobertura de uma vaca por um touro muito pesado ou com funcionários que trabalham com touros de temperamento muito agressivo; pode-se aproveitar da genética de touros de alto mérito que por problemas adquiridos en-contram-se incapacitados para a monta; possibilita a maximização do número de descendentes obtidos de um reprodutor; e permite a padronização do rebanho e homogeneização de lotes (MIES FILHo,

Figura 1. Inseminação Artificial de fêmeas bovinas, com deposição transcervical do sêmen (Fonte: Cedido por MARTINS et al, 2015).

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1982; tHIBIEr, 2005; ASBIA, 2010; SEVEro, 2013).o sucesso da inseminação artificial vai depender de diversos fato-

res como: avaliação da saúde geral e reprodutiva das fêmeas, seleção de touros que serão utilizados na inseminação artificial, treinamento de funcionários, orientação e assistência de um médico veterinário, acom-panhamento e análise dos dados zootécnicos do rebanho, melhorar a estrutura física da propriedade e do manejo nutricional do rebanho, além de controle sanitário de qualidade (MArtINS et al., 2015).

Na sequência desse artigo, tem-se um breve histórico da inse-minação artificial, procurando esclarecer os principais fatores con-tribuíram para a utilização dessa biotecnia nos rebanhos brasileiros.

4. CONTRIBUIçÃO DA INDÚSTRIA DE INSEMINAçÃO AR-

TIFICIAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA PECUÁRIA GLOBALDiversos aspectos contribuíram para a inseminação artificial

ganhar a importância que possui atualmente, porém no presente artigo serão discutidos apenas os eventos que mais contribuíram para o crescimento da indústria de IA, em ordem cronológica.

Em 1937, veterinários dinamarqueses estabeleceram o método de fixação do colo do útero via reto-vaginal, para possibilitar depo-sição profunda do sêmen no corpo do útero. Esta técnica proporcio-nou a redução da quantidade de espermatozoides necessários para inseminação de uma vaca com expressivo aumento de fertilidade, desde então a técnica reto-vaginal tornou-se padrão para insemina-ção de bovinos no mundo todo (FootE, 2002; SEVEro, 2013).

o desenvolvimento da tecnologia do sêmen congelado foi res-ponsável pela grande disseminação da técnica de IA. o sêmen ini-cialmente era armazenado em ampolas resfriadas (temperatura de 5ºC), nas quais a viabilidade dos espermatozoides era mantida por apenas 96 horas. Em 1949, cientistas ingleses demonstraram ser possível conservar espermatozoides bovinos por tempo indetermi-nado, após a adição do agente crioprotetor glicerol ao meio diluen-te, envasamento em palhetas plásticas e imersão do sêmen diluído no nitrogênio líquido, possibilitando seu congelamento à tempera-tura de -196ºC. Depois de conhecida a possibilidade de congelar e armazenar o sêmen congelado em nitrogênio líquido foram desen-volvidos diversos containers de armazenamento de sêmen, até que os recipientes tornaram-se mais leves, e menores, caracterizando os atuais botijões criogênicos que são facilmente transportados (SEVEro, 2013).

Em seguida surgiram os programas de seleção genética que incluem os testes de progênie das diversas raças, possibilitando a multiplicação de indivíduos superiores e avaliação de suas progê-nies o que contribuiu intensamente para o aumento da produtivi-dade dos rebanhos de corte e leite (MArtINS et al., 2015; ASBIA, 2014). Atualmente estão sendo desenvolvidas pesquisas para de-finir os marcadores genéticos dos bovinos para características de interesse zootécnico, que são utilizados nas avaliações genômicas dos touros, diminuindo o tempo que os reprodutores permanecem em teste de progênie (ASBIA, 2014).

A técnica permitiu ainda o acesso e a multiplicação de indiví-duos superiores através das tecnologias de múltipla ovulação, cole-ta e transferência de embriões e de produção in vitro de embriões (ASBIA, 2014; FootE, 2002).

5. INSEMINAçÃO ARTIFICIAL E MERCADO DE SÊMEN NO BRASIL

Apesar da importância da indústria da inseminação artificial no Brasil e no mundo e do inquestionável impacto para o melhoramen-to genético do efetivo bovino, ainda existem poucos dados oficiais sobre a utilização desta biotecnia. thibier e Wagner (2002) realiza-ram um estudo com aplicação de questionário enviado a 198 paí-ses, visando levantar informações sobre o impacto da utilização da inseminação artificial no rebanho mundial. o questionário continha perguntas que iam desde a disponibilidade de sêmen, número de fêmeas aptas a reprodução até o número de inseminações realiza-das (tabela 1). Como conclusão do trabalho os autores encontraram que naquela época a indústria da inseminação artificial parece ser muito ativa, devido ao grande número de doses de sêmen proces-sadas (tabela 2) e viram grandes perspectivas de crescimento da indústria da inseminação artificial, já que um quinto do rebanho mundial era constituído de fêmeas reprodutoras.

Assim como em outros países, também no Brasil dados oficiais sobre a taxa de uso da inseminação não têm sido publicados, a maioria das informações oficiais sobre a utilização da inseminação artificial e o mercado de sêmen no Brasil são divulgados pela As-sociação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA). Atualmente, muitos países inseminam artificialmente as fêmeas bovinas em ida-de reprodutiva, porém, somente em torno 12% desses animais são submetidos à técnica no Brasil, de acordo com estimativas da as-sociação (ASBIA, 2014). Como pode ser observado, na tabela 3, no ano de 2013 a porcentagem de animais inseminados foi um pouco maior, de aproximadamente 13% das fêmeas bovinas.

ARTIGO TéCNICO 1

REGIõESNÚMERO DE ANIMAIS (A)

TOTAL DE PRIMEIROS SERVIçOS/

IA (B)

IMPACTO DA IA (B/A)

Europa 61.750.000 37.738.142 61,11%

Canadá e EUA 45.206.000 11.203.880 24,80%

Ásia e oceania 236.850.000 58.181.005 24,56%

oriente Médio 23.433.000 1.068.991 4,55%

África 51.577.000 870.892 1,68%

América Latina 124.460.000 1.366.678 1,09%

totAL 543.276.000 110.429.588 20,32%

Tabela 1. Número de fêmeas em idade reprodutiva (A), número de primei-ros serviços realizados por meio da inseminação artificial (B) e impacto de

acordo com a região geográfica (B/A x 100), em 1998.

Fonte: Adaptado de Thibier e Wagner, 2002.

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o mercado geral de sêmen no Brasil teve crescimento de 4,49% em 2014 ante o ano de 2013. o movimento total foi de 13.609.311 em 2014 diante de pouco mais de 13 milhões em 2013 (tabela 4). o documento aponta que as vendas para o consumidor final, ou seja, vendas diretas para uso foram de 12.035.332 de doses de sêmen.

o sistema de produção de bovinos no Brasil caracteriza-se por inseminar um número maior de fêmeas com sêmen de raças de corte do que com sêmen de raças leiteiras. Este fato difere do que ocorre na grande maioria dos outros países, onde prevalece maior uso da inseminação em gado leiteiro (BArBoSA e MACHADo, 2008). o

mercado brasileiro tem a proporção de 59% para gado de corte e 41% para gado de leite (ASBIA, 2014). o crescimento do mercado de sêmen em gado de corte deve-se principalmente ao aumento da utilização de protocolos de sincronização do estro e inseminação artificial em tempo fixo (IAtF) nestes rebanhos (SILVA et al., 2007).

Nos últimos seis anos, as vendas de doses de sêmen de touros de corte cresceram 58,5%, passaram de 4.488.285 de doses vendi-das em 2009 para 7.113.991 no ano de 2014 (tabela 5). Comparan-do-se as vendas de sêmen entre os grupos raciais de corte, entre 2013 e 2014 as vendas de corte zebuíno caíram 24% e as vendas de

REGIõESCENTROS DE

COLETA DE SÊMENBANCOS

DE SÊMENTOUROS

EM COLETA

Nº DOSES PRODUZIDASRESFRIADO

Nº DOSES PRODUZIDAS CONGELADO

Europa 285 455 20.785 2.694 155.565

Canadá e EUA 69 73 9.627 0 43.270

Ásia e oceania 188 644 9.228 8.875 69.938

oriente Médio 17 124 268 31 2.559

África 18 161 646 55 1.484

América Latina 71 158 550 0 5.917

totAL 648 1.595 41.084 11.656 252.733

Tabela 2. Número de centros de coleta de sêmen, bancos de sêmen, touros em coleta e produção de sêmen de bovinos e bubalinos de acordo com a região geográfica, em 1998.

Fonte: Adaptado de Thibier e Wagner, 2002.

2009 2010 2011 2012 2013 2014

Doses ttL 8.166.212 9.637.337 11.906.763 12.340.321 13.024.033 12.035.332

Animais em reprodução 54.691.920 55.810.800 56.689.920 56.290.320 56.423.520 56.160.000

% Animais inseminados 8,3% 9,6% 11,7% 12,2% 12,8% 11,9%

Tabela 3. Evolução do uso da Inseminação Artificial no Brasil entre 2009 e 2014 - Total de doses vendidas (DOSES TTL), número de fêmeas bovinas em reprodução e porcentagem de animais inseminados.

Fonte: Adaptado de ASBIA, 2014.

Tabela 4. Comercialização de doses de sêmen de touros com aptidão para leite ou para corte no Brasil, entre 2009 e 2014. Fonte: ASBIA, 2014.

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ARTIGO TéCNICO 1

corte taurino subiram 6% (ASBIA, 2014). Esses dados mostram que o cruzamento industrial, através da utilização de raças europeias, principalmente Angus, cresceu nos últimos anos (SEVEro, 2009).

o mercado de sêmen nas raças de leite cresceu 33,8% en-

tre 2009 e 2014, com 3.677.927 doses vendidas em 2009 versus 4.921.341 doses em 2014 (tabela 6). Entre 2013 e 2014 houve que-da nas vendas de sêmen tanto de touros de leite zebuíno quanto taurino, com queda de 28% e 2% respectivamente (ASBIA, 2014).

Tabela 5 - Evolução nas vendas de sêmen de raças de corte no Brasil, entre 2009 e 2014. Fonte: ASBIA, 2014.

Tabela 6. Evolução nas vendas de sêmen de raças de leite no Brasil, entre 2009 e 2014. Fonte: ASBIA, 2014.

A inseminação artificial representa aproximadamente 2% do custo de produção, resultando em uma relação de custo/benefício favorável se a técnica for adequadamente adotada no rebanho. Vale ressaltar que a utilização de boa genética através da insemina-ção artificial é um meio viável de para alcançar um melhoramento animal em grande escala. A maior profissionalização do produtor de corte e de leite, consciente destes valores, tem trazido uma base consistente de crescimento para o setor (ASBIA, 2014).

Entre 2013 e 2014 houve ainda crescimento do segmento de venda de botijões, com aumento de mais de 6,4%, o que indica novos produtores adotaram a técnica (ASBIA, 2014).

A baixa taxa de utilização desta técnica em rebanhos bovinos no Brasil está associada a utilização de mão de obra desqualifica-da e mal remunerada; instalações inadequadas; falhas no manejo nutricional e sanitário, e negligência em relação às anotações e interpretações de dados zootécnicos (MArtINS et al., 2015).

5. PERSPECTIVAS DA INSEMINAçÃO ARTIFICIALA capacidade da inseminação artificial de promover melhorias

nos sistemas de produção de bovinos de leite é amplamente conhe-cida, não somente pela incorporação de material genético de alta qualidade nos rebanhos, mas também pelas exigências requeridas para sua implantação. No Brasil, entretanto, o uso da IA ainda é bem limitado e dependente de importação de sêmen, principalmen-te de raças leiteiras. Maior aceitação desta tecnologia fica condi-cionada a conscientização dos produtores de que a IA representa uma estratégia para melhorar a genética dos rebanhos de corte e de leite, de baixo custo e de simples adoção.

Avanços nas pesquisas, em relação ao aumento da fertilidade

do sêmen sexado e à maior eficiência dos protocolos de insemina-ção artificial em tempo fixo, poderão auxiliar em sua disseminação na bovinocultura leiteira. outras biotecnias da reprodução, como a produção in vitro e a transferência de embriões, possibilitam a rápida multiplicação do material genético, devido ao encurtamento do intervalo de gerações e à intensificação do processo de seleção. Porém, exigem maior investimento para implantação e maior nível de tecnificação das propriedades.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASASBIA, Associação Brasileira de Inseminação Artificial. Índex ASBIA -

Mercado 2014. Disponível em: <http://asbia.org.br/novo/upload/mercado/index2014.pdf>. Acessado em: julho/2015.

ASBIA, Associação Brasileira de Inseminação Artificial. Manual de In-seminação Artificial em Bovinos, Edição 2010.

BArBoSA, r. t., MACHADo, r. Panorama da inseminação artificial em bovinos. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Brasil, Documento 84, 26p., 2008.

CEPEA, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – ESALQ/USP. Perspectivas para o agronegócio em 2015. Disponível em: <http://www.cepea.esalq.usp.br/comunicacao/Cepea_Perspectivas%20Agro-neg2015_relatorio.pdf>. Acessado em: julho/2015.

FootE, r. H. the history of artificial insemination: Selected notes and notables. American Society of Animal Science, v.80, p.1-10, 2002.

FUNK, D. A. Major advances in globalization and consolidation of the arti-ficial insemination industry. Journal of Dairy Science, v.89, p.1362-1368, 2006.

IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2014. Disponível em: <www.ibge.gov.br>. Acessado em: julho/2015.

MArtINS, t. M., MUNIZ, C. S., SoLLECIto, N. V., BorGES, Á. M. Pa-norama da Inseminação Artificial em Bovinos Leiteiros. revista técnica da Bovinocultura Leiteira, Piracicaba, SP, p. 24-30, 2015.

MIES FILHo, A. reprodução dos Animais e Inseminação Artificial. 5ª edição, Editora Salina, Porto Alegre - Brasil, 789p., 1982.

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Revista VeZ em Minas • Nº 127 • Out./Nov./Dez. 2015 • Ano XXIV | 21

SEVEro, N. C. História Ilustrada da Inseminação Artificial. Editora Livre Expressão. 1ª edição, rio de Janeiro - Brasil. 408p., 2013.

SEVEro, N. C. Impacto da Inseminação Artificial na Indústria Bovina no Brasil e no Mundo. revista oficial do Conselho de Medicina Veterinária do Estado de Minas Gerais, v.101, ano 28, p.16-22, 2009.

SILVA, A. S., CoStA E SILVA, E. V., NoGUEIrA, E. et al. Avaliação do custo/benefício da inseminação artificial convencional e em tempo fixo de fêmeas bovinas pluríparas de corte. revista Brasileira de reprodução Ani-mal, v.31, n.4, p.443-455, 2007.

tHIBIEr, M. the zoothecnical applications of biotechnology in animal reproduction: current methods and perspectives. reproduction, Nutricion and Development, v.45, p.235-242, 2005.

tHIBIEr, M., WAGNEr, H. G. World statistics for artificial insemination in cattle. Livestock Production Science, v.74, n.2, p.203-212, 2002.

UNItED StAtES DEPArtMENt oF AGrICULtUrE - ForEIGN AGrI-CULtUrAL SErVICE. Washington, Dairy: World Markets and trade, 2014. Disponível em: <https://apps.fas.usda.gov/psdonline/circulars/dairy.pdf >. Acesso em: julho/2015.

***

AUTORA:1- Ana Carolina Leite: médica veterinária, CrMV-MG nº 12.682, douto-

randa em Ciência Animal, Departamento de Clínica e Cirurgia Veterinárias, Uni-versidade Federal de Minas Gerais (UFMG). E-mail: [email protected]

BALANçO FINANCEIRO

ReceitaReceita Orçamentária Receitas Correntes Receitas de Contribuições Anuidades - Pessoas Físicas Anuidades - Pessoas Jurídicas Receita Tributária Receita Financeira Receita de Serviços Transferências Correntes Outras Receitas Correntes Receitas de Capital Alienação de Bens Equipamentos e Mat. Permanente Saldos de Exercícios outras receitas de Capital

Receita Extra-Orçamentária

Saldo do Exercício AnteriorTotal:

Exercício Atual 7.292.034,837.292.034,835.505.022,463.005.171,902.499.850,56

309.908,031.273.225,40

9.833,650,00

194.045,290,000,000,000,000,00

7.951.912,43

6.289.970,2821.533.917,54

Exercício Anterior6.442.200,236.409.838,375.134.377,002.819.921,042.314.455,96

262.115,75941.630,44

15.479,720,00

178.715,3532.361,8630.500,00

0,001.861,86

0,00

6.559.898,07

4.758.263,6517.760.361,95

∆%¹13,1913,767,226,578,0118,2335,21-37,53-8,58- 100,0-100,0--100,00--21,22

32,1921,25

DespesaDespesa Orçamentária Despesas Correntes Pessoal Encargos e Benefícios Uso de Bens e Serviços Despesas Financeiras transferências Correntes tributárias Contributivas Demais despesas Correntes

Restos a Pagar não Processados Liquidados a Pagar Despesas de Capital Material Permanente

Pagamentos Extra-Orçamentários

Saldos para o Exercício SeguinteTotal:

Exercício Atual 4.753.500,324.535.134,932.323.357,432.040.611,13

691,63125.403,50

7.276,8837.794,36

59.472,700,00

158.892,69158.892,69

7.945.816,17

8.834.601,0521.533.917,54

Exercício Anterior3.911.198,993.703.470,742.068.863,321.601.975,96

0,000,00

4.274,0127.357,45

105.773,980,00

101.954,27101.954,27

6.445.442,12

7.403.720,8417.760.361,95

∆%¹21,5422,4612,3027,38100,00100,0070,2638,15

-43,77

55,8555,85

23,64

14,5720,17

obs.: ¹ Variação percentual do exercício anterior em relação ao exercício atual.

Nivaldo da SilvaPresidente

CrMV-MG nº 0747

João ricardo Albaneztesoureiro

CrMV-MG nº 0376

Luana Graziele MartinsContadora

CrC-MG nº 106.208

Período: janeiro a setembro de 2015

Inseminação artificial: sucesso para a bovinocultura brasileira

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CONSIDERAçõES SOBRE O PASTEjO ROTACIONADO PARA VACAS LEITEIRASTHE USE OF A ROTATIONAl GRAZING SySTEM ON THE DAIRy COw PRODUCTION

AUTORESClenderson Corradi de Mattos Gonçalves1; Adauto Ferreira Barcelos2; regis Pereira Venturin3; Adriano de Souza Guimarães4.

RESUMONeste artigo são abordados fatores importantes para implantação de um sis-tema de piquetes rotacionados tais como: a escolha da área, correção do solo, divisão com cerca eletrificada, adubações de manutenção, manejo dos animais nos piquetes, além de estratégias suplementares para o período seco, com destaque para as tecnologias Nitromineral e Nitroprotéico EPAMIG Cana visan-do correção nutricional da cana-de-açúcar. o animal que se adapta melhor ao sistema de pastejo rotacionado também é discutido neste trabalho.Palavras-chave: Pastejo intensivo, manejo de pastagens, suplementação na seca, pecuária leiteira.

ABSTRACTThis article examines important factors to implement a rotational grazing system on the dairy cow production. Some factors as the choice of the area, soil correction, a combined electric fence, maintenance fertilizers, handling of animals in paddocks, as well as additional strategies for the dry season, highlighting the “Nitromineral” technologies and “Nitroprotéico EPAMIG Cana” aiming nutritional correction of sugarcane are available. The animal that is best suited to rotational grazing system is also discussed.Key-words: Intensive grazing, pasture management, supplementation on dry, dairy farming.

ARTIGO TéCNICO 2

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1. INTRODUçÃO o Brasil possui uma área de pastagem de aproximadamente 180

milhões de hectares, onde grande parte apresenta algum grau de de-gradação. A recuperação de áreas degradadas, por meio de manejo adequado e reposição de nutrientes no solo, proporcionam produção mais sustentável, causando menos danos ao meio ambiente.

outro ponto de destaque é o fato do Brasil ser um país tropi-cal, ou seja, tem a maior parte de sua área territorial situada entre as linhas do Equador e do trópico de Capricórnio, região do globo caracterizada por temperaturas elevadas. Este aspecto é extrema-mente favorável ao cultivo de gramíneas forrageiras tropicais (C4), que possuem altas taxas fotossintéticas e com produtividades mui-to superiores às forrageiras de clima temperado (CorrÊA, 2000).

Uma tecnologia de manejo das pastagens que pode ser des-tacada é o uso de pastejo rotacionado o qual consiste na divisão da pastagem em piquetes, que são ocupados periodicamente pelos animais, recebendo um período de descanso e adubações para re-posição de nutrientes (PAULINo et al., 2012). Com esta prática o pastejo se torna mais homogêneo permitindo melhor recuperação do pasto, com efeito, menos pronunciado do pisoteio, melhor distri-buição de dejetos na área e menor gasto de energia pelos animais em função do menor tamanho dos piquetes aliado, a uma melhor qualidade e quantidade de forragem. Esta técnica prioriza a produ-ção por área, maximizando as altas taxas de lotação.

Desta forma sugere-se a rotação de áreas de pastagens como alternativa tecnológica para o incremento da produção de leite em pequenas propriedades.

2. ÁREA PARA IMPLANTAçÃO DO SISTEMA DE PASTEjO ROTACIONADO

Um fator determinante para sucesso do projeto é a escolha da área para implantação do sistema rotacionado. Deve-se ter atenção para alguns pontos como:

- Localização: áreas próximas à sala de ordenha são ideais, pois diminuem o gasto de energia das vacas durante o deslocamento;

- topografia do terreno: se o produtor tiver opção de escolha, devem-se priorizar áreas mais planas, pois facilitam o manejo, apre-sentam melhor aproveitamento da adubação pelas forrageiras, uma vez que os adubos são menos carreados pela chuva e proporciona melhor divisão das áreas, facilitando o deslocamento dos animais;

- Disponibilidade de água: preferencialmente optar por locais de fácil acesso à água visando o abastecimento dos bebedouros. é reco-mendado o uso de bebedouros nas áreas de descanso e próximas aos corredores, pois, dessa forma, evita-se que os animais circulem em ribeirões, lagoas e outras fontes d’água na propriedade, promovendo preservação ambiental e diminuição de erosões nos cursos d’água;

- Sombreamento: visando o bem estar dos animais e objetivan-do-se reduzir o estresse calórico de animais a pasto, esta medida cautelar torna-se imprescindível. Caso exista área de pastagem com sombreamento natural (árvores) é interessante que esta seja

usada para alocação da área de lazer. Caso contrário, o uso de refú-gios com auxílio de “sombrite” pode ser utilizado.

Destaca-se a importância de uma avaliação criteriosa pela es-colha da área de implantação do projeto. Uma escolha equivocada poderá onerar os custos de implantação ou até mesmo tornar o sis-tema inviável.

3. RECUPERAçÃO DA ÁREA E IMPLANTAçÃO DA FORRA-GEIRA

Depois de escolhida a área que será implantado o sistema de pastejo rotacionado deve-se avaliar as condições da forrageira exis-tente com ênfase em boa cobertura de solo e poucas falhas quanto à infestação de plantas invasoras. Dependendo das condições da área, pode não ser viável a recuperação da pastagem existente, sendo necessária a implantação de uma nova forrageira.

No sistema de pastejo rotacionado, a produtividade animal pode ser elevada pelo grande potencial de produção de matéria seca das forrageiras tropicais no período das águas. Para expres-são desse potencial, contudo, é necessário considerar que estas gramíneas forrageiras são tão ou mais exigentes do que as culturas agrícolas tradicionais (SILVA, 1995).

3.1. CALAGEMA calagem deve ser a primeira prática de correção para inserir

os solos de cerrado no processo produtivo, reduzindo a acidez, for-necendo Ca e Mg, aumentando a eficiência das adubações e a CtC (Capacidade de troca de Cátions) do solo (CorSI & NUSSIo, 1993; VIttI & LUZ, 1997).

Quanto ao critério de calagem, é utilizado o método da satura-ção por bases (CorrÊA, 2000), em que a recomendação de calcário é obtida pela equação:

NC = (V2 – V1) x t / 100x PrNtonde: NC = necessidade de calcário (t/ha) para a profundidade

de 0-20 cm; V1 = saturação de base atual (baseada na análise de solo); V2 = saturação de base desejada; t = CtC a pH 7,0 e PrNt = poder relativo de neutralização total do calcário (%).

Em pastagens manejadas intensivamente é indicado atingir valo-res de saturação por bases em torno de 70% (VIttI & LUZ, 1997) ou superiores, conforme o acompanhamento do histórico de fertilidade da área (CorSI & NUSSIo, 1993), mantendo assim o pH acima de 5,5.

Na formação ou reforma da pastagem, a calagem deve ser rea-lizada como em outras culturas, de 30 a 90 dias antes do plantio, de acordo com o PrNt do calcário e, parceladamente ou não, antes e após a aração, de acordo com a quantidade necessária. é recomen-dado o uso de calcário dolomítico ou magnesiano, por serem fontes de Ca e Mg. Devido principalmente as adubações nitrogenadas, as áreas manejadas intensivamente vão acidificando, tendo necessi-dade de calagens posteriores, de acordo com acompanhamento do sistema. Nesse caso a calagem deve ser feita sem o revolvimento do solo e cálculo específico para a condição de aplicação do corre-tivo (calcário) em cobertura.

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ARTIGO TéCNICO 2

3.2. ADUBAçÃOo tópico abaixo descreve, de maneira prática e sucinta, os princi-

pais nutrientes exigidos por uma pastagem em um sistema intensivo de produção.

3.2.1. FOSFATADAA deficiência de fósforo (P) nos solos brasileiros é acentuada e com-

promete principalmente o sistema radicular das forrageiras, influencian-do o perfilhamento das plantas. Maior resposta de produção a adubação fosfatada foi observada até a faixa de 200 Kg de P2o5 ha (Corrêa et al., 1996; Corrêa et al., 1997). As fontes de P mais eficientes são as solúveis como superfosfato simples (20% P2o5), superfosfato triplo (46% P2o5) e fosfato monoamônio – MAP (50% P2o5).

Como o sistema é intensivo há necessidade de aplicações de P em cobertura, junto com outras adubações, cuja dosagem irá de-pender do nível de exploração. Embora o P tenha baixa mobilidade no solo, as pastagens que recebem altas dosagens de adubações possuem sistema radicular ativo em camadas superficiais do solo, o que permite absorção eficiente de P aplicado na cobertura (CorSI & NUSSIo, 1993).

3.2.2. POTÁSSICAoutro adubo importante no sistema rotacionado é o potássio

(K) que tem ação fundamental na fotossíntese, no processo de transformação de energia luminosa em química. A dose utilizada no plantio da forrageira depende de vários fatores como a fertilidade do solo baseada em análises laboratoriais, tipo de solo e nível tec-nológico utilizado. recomendações de adubação potássica no plan-tio de gramíneas mais exigentes e uso intensivo são de 60 Kg.ha-1 de K2o para solos mais pobres em fertilidade (CANtArUttI et al., 1999; WErNEr et al., 1996). o principal fertilizante utilizado como fonte de K é o cloreto de potássio (60% K2o). A relação N:K2o de 1:1 tem sido indicada inicialmente nas adubações em sistemas intensivos de produção, quando os teores de K no solo são muito baixos (CorrÊA, 2000).

Quanto à adubação potássica de manutenção, doses inferiores a 40 Kg/ha de K2o pode ser aplicado em cobertura e em dose única, pois nestas quantidades não apresentam riscos de lixiviação (FrEI-rE et al., 2012). Como as doses aplicadas em sistemas intensivos são maiores (tabela 1), a adubação potássica deve ser parcelada em pelo menos três aplicações com intervalos de 30 dias, sendo a primeira no início das chuvas (CANtArUttI et al., 1999).

3.2.3. NITROGENADAo nitrogênio (N) é o nutriente mais ausente no solo e o mais

importante em termos de quantidade necessária para maximizar a produção de matéria seca (MS) das gramíneas forrageiras e, como consequência, propiciar maior lotação e maior produção de carne ou leite por ha. Baixas doses de N, 30 a 40 Kg de N/ha/ano, não são suficientes para sustentar elevadas produções, pois as gramíneas forrageiras tropicais têm potencial para responder até 1800 Kg de N/ha/ano, com respostas lineares a até 400 Kg de N/ha/ano (Cor-rÊA, 2000).

Numa tentativa de chegar a doses de N econômicas para o ca-pim braquiária sob pastejo rotacionado, Viana et al. (2011), assu-mindo que as doses de máxima eficiência econômica permitiriam produzir entre 80 a 90% da produção máxima física, encontraram valores que variaram de 133 a 216 Kg ha-1ano-1 de N, conforme o período avaliado.

Para sistemas de auto nível tecnológico, Cantarutti et al. (1999) recomendam a aplicação de 100 a 150 Kg ha-1ano-1 de N, parcela-dos, de modo que não ultrapasse 50 Kg de N ha-1 por aplicação. No entanto, em revisão apresentada por Menezes et al. (2003), citado por Freire et al. (2012), apontam que as forrageiras tropicais apre-sentam boas respostas a doses de 100 Kg de N ha-1 por aplicação em condições de sequeiro. Com base em resultados práticos em propriedades comerciais, esses autores verificaram que as melho-res respostas do ponto de vista econômico foram com doses entre 40 e 80 Kg de N por aplicação, resultando em adubações entre 200 e 400 Kg ha-1ano-1 de N.

As principais fontes de N são a uréia (45% de N), sulfato de amônio (20% de N) e nitrato de amônio (33% de N). A utilização de sulfato de amônio além de sofrer menor perda por volatilização quando comparado com a uréia, é fonte de enxofre (24% de S), mineral este importante em manejos intensivos. Malavolta (1982) afirma que de modo geral a relação N:S na adubação de pastagens é 5:1. outro fertilizante muito utilizado como fonte de S é o gesso agrícola (15 a 16% de S), sendo recomendada uma adubação míni-ma de S de 30 a 40 kg ha-1ano-1, em pastagens bem supridas com N e P (MoNtEIro, 1995).

3.2.4. MICRONUTRIENTESo uso de micronutrientes em pastagens sob sistema intensivo

torna-se importante e pode gerar maiores produções de forragem, devido as altas produções de MS e consequente maior extração pela planta de nutrientes em condições de pH mais elevados.

Segundo Barcelos et al. (2011), “nos últimos anos, vem cres-cendo a preocupação com deficiência de micronutrientes, principal-mente nos solos sob vegetação de Cerrado, e os resultados obtidos com forrageiras pela aplicação destes minerais são ainda escas-sos e, às vezes, conflitantes. A preocupação crescente relacionada com essa deficiência ocorre em função de alguns trabalhos de le-vantamento da composição mineral de amostras de forragem que apresentaram, em certas condições, teores deficientes de alguns

ADUBAçÃO POTÁSSICA

(KG.hA-1)

DISPONIBILIDADE DE K NO SOLO(MG.DM-3)

Baixa (< 40) Média (40 a 70) Alta (> 70)

Estabelecimento 60 30 0

Manutenção 200 100 0

Tabela 1. Recomendação de adubação potássica para estabelecimento e manutenção de pastagens em sistema intensivo de produção,

considerando a disponibilidade de K no solo.

Fonte: Cantarutti et al. (1999).

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micronutrientes importantes para a nutrição animal”. Entretanto, para Werner (1994) a adubação com micronutrientes somente pode revelar resultados positivos no aumento de produção de forragem em pastagens exclusivas de gramíneas, quando estas forem supri-midas com quantidades adequadas de macronutrientes. Por outro lado, este mesmo autor considera que talvez o de Zn deva ser in-cluído na adubação de pastos exclusivos de capim, nos solos de cerrado do Brasil Central.

Monteiro (1995) sugere a aplicação por ha de 3 a 5 Kg de bórax, 4 a 6 Kg de sulfato de cobre, 6 a 15 Kg de sulfato de zinco e 0,2 a 0,3 Kg de molibdato de sódio. Na Embrapa Pecuária Sudeste, em sistema intensivo de pastagens de gramíneas, tem sido utilizado de forma pre-ventiva o FtE Br12 (9% Zn, 1,8% B, 0,8% Cu, 3% Fe, 2% Mn e 0,1% Mo), na dose de 50 Kg/ha, a cada 3 anos (CorrÊA, 2000).

4. DIVISÃO DA ÁREA EM PIqUETESo número de piquetes (N) de cada pastagem será em função do

período de descanso (PD) e do período de ocupação (Po), e pode ser obtido pela equação: N = (PD ÷ Po) + 1.

o período de ocupação deve ser de curta duração, de um a três dias, para garantir melhor rebrota das plantas e facilitar o controle da lotação e do resíduo da pastagem (CorrÊA, 2000). o período de descanso, em dias, varia de acordo com as espécies forrageiras, visando obter melhor equilíbrio entre produção e qualidade da for-ragem (tabela 2).

outra prática importante para um bom funcionamento do sis-tema rotacionado é a avaliação da altura do resíduo de pastejo. Essa altura varia com as espécies forrageiras e de acordo com suas características morfofisiológicas (tabela 3). Esta prática evita que ocorra o superpastejo, prejudicando a rebrota das plantas, e o sub-pastejo, que proporciona perdas de forragens.

4.1. USO DE CERCA ELETRIFICADACom a intensificação das pastagens e a divisão da área em vá-

rios piquetes a extensão da cerca na propriedade aumenta bastan-te. Dessa forma o uso de cerca eletrificada torna-se fundamental, pois apresenta uma redução significativa nos custos, próxima de 20% do custo de uma cerca convencional, dependendo da distân-

cia, topografia e materiais utilizados. o menor custo de uma cerca eletrificada está diretamente relacionado com a quantidade de fios e mourões utilizados quando comparados com uma cerca conven-cional. Pode-se construir uma cerca elétrica eficiente com uso de dois fios e mourões espaçados de 10 a 15 metros, enquanto uma cerca convencional utiliza 4 fios e mourões espaçados de 2 em 2 metros (GoNÇALVES et. al., 2011), por exemplo. Ainda, estes au-tores destacam a importância de uma instalação bem feita, com um aterramento eficiente e sistema de proteção da cerca contra raios proporcionando, dessa forma, um bom funcionamento da cer-ca como barreira aos animais, o que garante segurança para os mesmos e as pessoas que trabalham na área.

5. ESTRATéGIA DE MANEjO NA SECAComparativamente a uma pastagem convencional, em sistemas

intensivos de uso de pastagens pode-se obter maiores produções no período seco, em decorrência principalmente do residual das adubações e períodos de descanso consecutivos, mas a sazonalida-de da produção de forragem devido a fatores climáticos vai conti-nuar ocorrendo, com valores na faixa de 10 a 20% da produção total anual (CorrÊA, 2000).

Desta forma, quando se intensifica o uso da pastagem é neces-sário avaliar a lotação na seca ou dispor de alternativas de conser-vação de volumoso para ser fornecido aos animais nesta época.

A redução da lotação na propriedade é mais fácil em gado de corte, pois pode-se programar a venda de uma parcela de animais para abate no final das águas. Já na atividade leiteira, mesmo com planejamento de venda de animais de descarte nesta época,

GRAMÍNEAPERÍODO DE

DESCANSO (DIAS)

Capim Colonião (Panicum maximum) 35 (30-35)

Capim Braquiarão (Brachiaria brizantha cv. Marandu)

35 (30-35)

Capim Braquiária (Brachiaria decumbens)

30 (25-30)

Capim Coastcross (Cynodon dactylon cv. Coastcross)

25 (20-28)

Tabela 2. Período de descanso para algumas gramíneas forrageiras utilizadas sob pastejo rotacionado.

Fonte: Adaptado de Corrêa (2000).

ESPéCIES OU VARIEDADES

ALTURA (CM)

Inicial* Final

Capim Elefante (Pennisetum purpureum

Schum cv Cameroon) 100 40-50

Capim tanzânia (Panicum maximum cv.

tanzânia)70 30-50

Capim Mombaça (Panicum maximum cv.

Mombaça)90 30-50

Capim Braquiarão (Brachiaria brizantha

cv. Marandu)25 10-15

Capim tifton-85 (Cynodon spp )

25 10-15

Capim Coastcross (Cynodon dactylon cv.

Coastcross)30 10-15

Tabela 3. Altura inicial e final de pastejo de algumas gramíneas forrageiras

Fonte: Adaptado de Da Silva (2015).*Altura de entrada baseada no conceito de interceptação luminosa a 95%

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ARTIGO TéCNICO 2

há uma quantia significativa de animais de diferentes categorias, como as vacas improdutivas (secas) e as fêmeas de recria o ano todo na propriedade, os quais necessitam ser retidas com o intuito de reposição do rebanho. Desta forma, alternativas para conserva-ção de volumoso para ser fornecido no período seco é de fundamen-tal importância para o bom funcionamento do sistema.

Alguns trabalhos técnicos mostraram que durante o período seco, dentre as opções testadas em sistemas de produção de vo-lumosos para alimentação de vacas em lactação no Brasil, o forne-cimento de cana-de-açúcar picada com uréia e enxofre, traz van-tagens econômicas diante de outros volumosos como capineiras, fenos e silagens (NUSSIo Et AL., 2000).

Uma das principais vantagens da cana-de-açúcar é a sua produção por área quando comparada com outras alternativas. Segundo thiago & Vieira (2002), a produção média de cana pode variar entre 80 a 120 toneladas, podendo chegar a 200 toneladas por hectare, por um perío-do até cinco anos, com maior produção no primeiro ano.

No entanto esta forrageira têm limitações como baixos teores de proteínas, fósforo, magnésio, zinco, cobre dentre outros mine-rais. Desta forma, Ferreira et al. (2007) propuseram a inclusão de minerais na mistura cana, uréia e sulfato de amônio proporcionando uma ingestão balanceada de minerais aos bovinos, em quantidade desejada pelo produtor. Essa mistura foi denominada Nitromineral Epamig Cana (tabela 4) e tem como ingredientes: uréia; sulfato de amônio; fosfato bicálcico; sal mineral e sal comum. Essa fórmula é fornecida misturada à cana fresca, na base de 14 g/kg de volumoso. Substituindo parte do nitrogênio da uréia por nitrogênio de fontes de proteína natural, formulou-se o Nitroprotéico Epamig Cana (ta-bela 5), contendo: farelo de soja; uréia; sulfato de amônio; calcário; fosfato bicálcico; sal mineral e sal comum. Esta fórmula é mistura-da à cana fresca na base de 50 g/kg de volumoso.

Em experimento utilizando o Nitroprotéico EPAMIG Cana na proporção de 50 g/Kg de cana picada e, comparando cana irriga-da e de sequeiro para novilhas ¾ Holandês/Zebu, Macedo et al.

(2009), observaram ganhos de peso de 0,78 e 0,97 kg/novilha/dia, com consumo de matéria seca da dieta total de 2,81 e 3,10% para a cana produzida sem e com irrigação, respectivamente. Apesar do resultado com a cana irrigada ter sido superior, os ganhos de peso das novilhas foram altos em todos os tratamentos.

Segundo torres e Costa (2001), produtividade acima de 15.000 Kg de leite/ha/ano foi observada com vacas mestiças Holandês x Zebu pastejando capim-elefante com uma lotação de cinco vacas/ha, durante todo o ano, sendo suplementadas com cana-de-açúcar + uréia (1%) durante o período seco, com uma complementação diá-ria de 2 Kg de concentrado (16% PB), por vaca. o consumo de cana-de-açúcar + uréia foi superior a 23 Kg/vaca/dia fornecido entre as ordenhas da manhã e tarde. Com este manejo, vacas mestiças man-tiveram uma produção média diária de 12 Kg de leite, semelhante as suas produções durante o período chuvoso.

Existem muitas alternativas de conservação de alimentos volu-mosos para a seca, como a produção de silagem de milho ou capim, silagem da sobra de forragem produzida nos piquetes, entre outras. o importante é um correto planejamento para que se consiga man-ter na propriedade elevada carga animal tanto nas águas quanto na seca, porém sempre considerando a relação benefício/custo.

Uma alternativa para tentar minimizar o efeito do período seco é o uso de irrigação nos piquetes. Matos (2002) destacou a irriga-ção de pastagens como promissora devido aos novos recursos tec-nológicos disponíveis. Este mesmo autor exemplificou um trabalho realizado no Município de Montes Claros com adubações de 300 Kg N/ha/ano e irrigação no qual se obteve resposta média de produção de leite de 12,6 Kg/vaca/dia e taxa de lotação de sete vacas por ha, o que proporcionou produção de 88,3 Kg/ha/dia, com retorno líquido mensal de US$ 208,00 por hectare.

Em experimento realizado na Fazenda Experimental da EPAMIG em Felixlândia, Silva et al. (2013) mantiveram 4,78 e 4,76 UA/ha (vacas em lactação) em piquetes irrigados de capim marandú e tif-ton 85, respectivamente. No período de junho a setembro de 2012 foi aplicado 60 Kg de N/ha e os piquetes manejados com três dias

INGREDIENTE qUANTIDADE (Kg)

Uréia 55

Fosfato bicálcico 14

Sal mineral 20

Sal comum (branco) 5

Sulfato de amônia 6

totAL 100

Dosagem adaptação (1ª semana)* 7 g/Kg de cana picada

Dosagem da mistura 14 g/Kg de cana picada

Tabela 4. Fórmula e dosagem da mistura Nitromineral EPAMIG Cana.

Fonte: Adaptado de Ferreira et al. (2007). * Na primeira semana é importante usar a metade da dose

recomendada para adaptação dos animais à uréia.

INGREDIENTES qUANTIDADE (Kg)

Farelo de soja 83,00

Uréia 5,20

Fosfato bicálcico 2,00

Calcário 1,20

Sal mineral 6,40

Sal comum (branco) 1,60

Sulfato de amônia 0,60

total 100

Dosagem da mistura 50 g/Kg de cana

Tabela 5. Formula e dosagem da mistura Nitroprotéico EPAMIG Cana.

Fonte: Adaptado de Ferreira et al. (2007).

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de ocupação e 45 dias de descanso. Em ambas as espécies foi ob-servada uma relativa manutenção na capacidade de disponibilizar massa de forragem que garantiram sua maior persistência produti-va nos períodos avaliados, apesar das características particulares de cada espécie.

6. TIPO DE VACA ADEqUADA AO PASTEjOo melhoramento genético e a seleção de raças bovinas leitei-

ras proporcionaram ganhos genéticos em produção que não foram acompanhados por aumentos na capacidade ingestiva desses ani-mais. Com isso, animais de alto potencial genético precisam rece-ber uma dieta com maior concentração de nutrientes, normalmente conseguido com a inclusão de grãos e subprodutos industriais ricos em energia e proteína, principalmente. Como consequência, a rela-ção concentrado x volumoso tem que ser proporcionalmente maior para animais de maior potencial, para que esses possam mostrar desempenho compatível com seu potencial (MAtoS, 2002).

De acordo com o recomendado por Cowan (1995) (tabela 6), o grande potencial produtivo das forrageiras tropicais deve sinalizar para a utilização de sistemas de pastejo que utilizem animais de médio potencial produtivo, para compatibilizar suas demandas nu-tricionais com o potencial da pastagem, priorizando a otimização da produção de leite por área e não pelo desempenho individual das vacas.

Portanto em pastejo intensivo em condições tropicais, vacas leiteiras mestiças com diferentes graus de sangue, como os grupos genéticos estudados pela EPAMIG no Programa F1 (organização e Gestão da Pecuária Bovina da Epamig) se adaptam perfeitamente ao sistema, nas diferentes regiões do Estado de Minas Gerais.

Em experimento objetivando avaliar o desempenho de vacas mestiças manejadas sob sistema de pastejo rotacionado, com ir-rigação no período seco foi conduzido no Campo Experimental da EPAMIG em Felixlândia-MG. os tratamentos consistiam em duas gramíneas, Brachiaria brizantha cv. Marandu e Cynodon spp cv. tif-ton 85, e dois níveis de suplementação concentrada (ração comer-cial com 22% PB), da seguinte forma: 1Kg de ração para cada 3Kg de leite produzido por vaca à partir de 5 Kg de leite produzido e 1Kg de ração para cada 3Kg de leite produzido por vaca à partir de 0Kg de leite produzido. De acordo com os dados obtidos (tabela 7), Silva

et al. (2013a) observaram que os animais que receberam menores quantidades de concentrado tiveram produção de leite similar aos animais melhor suplementados.

Portanto, quando o produtor optar por utilizar tecnologias en-volvendo a intensificação de pastagens deve-se ter em mente que o sucesso está relacionado ao potencial das vacas em aproveitar a quantidade e qualidade da forragem disponível. Assim, deve-se “fo-car” em produção de leite por área, com maior número de vacas por hectare e não na produção individual dos animais. Logo, prioriza-se utilizar o mínimo necessário de concentrado para atender a exigên-cia dos animais e obter melhor eficiência possível do sistema.

7. CONSIDERAçõES FINAISo uso de piquetes rotacionados para vacas leiteiras é uma tec-

nologia hoje acessível e que pode ajudar os pequenos produtores a viabilizar a atividade leiteira. No entanto, deve-se destacar a im-portância de acompanhamento técnico durante sua implantação e manejo do sistema, pois cada propriedade é “única” e pode reque-rer adaptações durante a aplicação desta tecnologia.

outro ponto de destaque é que em Minas Gerais ocorre um pe-ríodo seco bem definido, com pouca ou nenhuma chuva em deter-minados meses, diminuição da temperatura e período luminoso, o que leva a uma baixa produção de forragem. Assim há necessidade do uso de tecnologias de produção e armazenamento de forragens visando suplementação animal, neste período.

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PRODUçÃO DE LEITE

(KG/VACA/DIA)

TEOR DE ENERGIA METABOLIZÁVEL(MCAL/KG MS)

GRAMÍNEAS TROPICAIS NA

DIETA (%)

15 2,43 80

25 2,64 20

35 2,86 0

Tabela 6. Estimativa em percentuais da forragem proveniente de pasta-gens tropicais na dieta de vacas em vários níveis de produção.

Fonte: Cowan (1995).

TRATAMENTOS

GramíneaFornecimento 1 Kg de ração para cada 3 Kg

de leite à partir de

Produção de Leite(Kg/dia)

Braquiarão 5 Kg leite/vaca 12,44

Braquiarão 0 Kg leite/vaca 12,33

tifton 85 5 Kg leite/vaca 11,86

tifton 85 0 Kg leite/vaca 12,69

Tabela 7. Produção de leite em função de diferentes gramíneas e ofertas de concentrado.

Fonte: Adaptado de Silva et al. (2013).

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ARTIGO TéCNICO 2

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***

AUTORES:1- Clenderson Corradi de Mattos Gonçalves: zootecnista, CrMV-MG

nº 1070/Z, pesquisador da EPAMIG, DSc. Nutrição de ruminantes, [email protected]

2- Adauto Ferreira Barcelos: zootecnista, CrMV MG nº 127/Z, pesqui-sador da EPAMIG, DSc. Nutrição de ruminantes, [email protected]

3- Regis Pereira Venturin: agrônomo, pesquisador da EPAMIG, DSc. Ciências Florestais, [email protected]

4- Adriano de Souza Guimarães: zootecnista, CrMV-MG nº 1258/Z, pesquisador da EPAMIG, MSc. Produção Animal, [email protected]

Pastejo intensivo em condições tropicais

Crédito: Wallisson Lara

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VACAS F1 hOLANDÊS X ZEBU: UMA OPçÃO PARA SISTEMA DE PRODUçÃO DE LEITE EM CONDIçõES TROPICAISF1 HOlSTEIN X ZEBU COwS: AN OPTION FOR MIlk PRODUCTION SySTEM IN TROPICAl CONDITIONS

AUTORESJosé reinaldo Mendes ruas1, Edilane Aparecida da Silva2, Domingos Sávio Queiroz3, Arismar de Castro Menezes4, Alberto Marcatti Neto5

RESUMOMinas Gerais é o Estado com maior produção leiteira do Brasil, com 8.756 bilhões de litros por ano e produtividade por vaca/ano de 1.555 kg de leite. Uma das formas de melhorar a eficiência de vacas leiteiras é conhecer seu comporta-mento produtivo e reprodutivo em diferentes sistemas de produção. A EPAMIG, desde 1998, realiza trabalhos de pesquisa com vacas F1 Holandês x Zebu (F1 HZ), com o objetivo de desenvolver tecnologias para o setor leiteiro. A produ-ção de leite por vaca já ultrapassa os 3 mil quilos por lactação, volume que representa o dobro da produção média mineira. Nesse contexto, o tipo genético F1 HZ, aliado às tecnologias já disponíveis, pode ser considerado como uma importante alternativa para produzir leite de forma competitiva em condições tropicais. também nas áreas de cruzamento, nutrição, manejo, ordenha e repro-dução, novas tecnologias estão propiciando expressivo acréscimo produtivo.Palavras-chave: Vaca mestiça, produção leiteira, manejo animal.

ABSTRACTThe State of Minas Gerais is the main milk producer in Brazil, with 8756 billion liters per year and yield of 1555 kg milk per cow per year. It is very important to know the productive and reproductive behavior of dairy cows in different production systems in order to improve their efficiency. In this way, several research activities have been developed in Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG) since 1998 with cows F1 Holstein x Zebu (F1 HZ) ai-ming to generate technologies for the milk business. Milk production exceeding 3,000 kg per lactation (twice the average of Minas Gerais) has been obtained. Thus, this genotype and other technologies already available should be con-sidered as alternative to produce milk in a sustainable and economical way in tropical conditions. Technologies and information adopted in the areas of crossing, nutrition, management, milking and breeding have also improved the milk production in the State.Key-words: Crossbred cows. Milk production. Animal management.

ARTIGO TéCNICO 3

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1. INTRODUçÃO A produção de leite por vaca apresenta grande variabilidade. No

âmbito mundial, são registradas lactações superiores a 14 mil quilos na Arábia Saudita, e lactações inferiores a mil quilos na Índia.

No Brasil, a produtividade média de leite é de 1.381,6 kg por vaca/lactação, apresentando variações entre regiões. Em Araras, SP, por exemplo, a produtividade é superior a 8 mil quilos por lac-tação e, nas regiões Norte e Nordeste, é, respectivamente, de 686 e 833 kg de leite por lactação (ProDUÇÃo DA PECUÁrIA MUNICI-PAL, 2011). Fatores que contribuem para essa variabilidade são: o sistema de produção utilizado, as raças e cruzamentos, as condi-ções edafoclimáticas, o ambiente, a assistência técnica e a quali-dade da mão de obra.

A maioria das regiões brasileiras apresenta estações climáticas definidas, com verão chuvoso e disponibilidade de alimento, quan-do os animais são mantidos em regime de pastejo. Já na época de inverno, há escassez de alimentos, tornando necessária a suple-mentação alimentar em cocho. Para que esses fatores não afetem a produtividade, há necessidade de investimentos.

tradicionalmente, o produtor de leite, maioria de base familiar, é conservador e descapitalizado, e não promove investimentos, principalmente quando há algum grau de risco.

No Brasil, as políticas públicas endereçadas ao setor leiteiro são acanhadas e, por isso, insuficientes para promover mudanças positivas na eficiência da atividade leiteira.

Em Minas Gerais, por exemplo, Estado com maior produção lei-teira do Brasil, com 8.756 bilhões de litros por ano (ProDUÇÃo DA PECUÁrIA MUNICIPAL, 2011), a produtividade de leite por vaca/ ano é de 1.555 kg, bem abaixo do potencial de produção de uma vaca leiteira especializada. Por outro lado, a alta produtividade não deve ser conquistada a qualquer custo, até porque produção máxi-ma não é igual a lucro máximo.

Ainda assim, é pertinente lembrar que vacas com alta capaci-dade produtiva, mantidas em sistema intensivo de criação, repre-sentam importante alternativa para aumentar o volume de leite produzido. Este modelo é, entretanto, caro e os preços pagos pelo leite não estimulam caminhos nessa direção. outro caminho é a produção em regime de pastejo, com o uso de vacas mestiças, prá-tica que predomina no Brasil. Segundo Vilela (2003), cerca de 74% das vacas utilizadas nesse sistema são mestiças, com produtivida-de média de 1.100 kg de leite por lactação. Nesse caso, o desafio é aumentar a eficiência. Para tal, o animal necessita ser produtivo, mesmo quando mantido em regime de pastejo.

o conhecimento dos fatores, bem como a intensidade com que esses fatores afetam a capacidade produtiva e

reprodutiva de vacas mestiças criadas em cada sistema de pro-dução, é determinante para que medidas possam ser tomadas, para modificar positivamente a eficiência desses animais.

Para dar suporte a sistemas de produção, os quais utilizam animais especializados de alta capacidade produtiva, tecnologias

nas áreas de genética, nutrição, manejo e ambiente de criação fo-ram desenvolvidas e encontram-se disponíveis. Por outro lado, a simples transposição dessas tecnologias não tem conformidade e nem se traduz suficiente para uma produção competitiva com gado mestiço.

Sobre animais mestiços, Madalena, Peixoto e Gibson (2012) de-monstraram que vacas F1 Holandês x Zebu (F1 HZ) são detentoras de características que determinam eficiência:

a) precocidade de atividades reprodutiva e produtiva;b) baixa taxa de descarte;c) reduzida infestação parasitária;d) longevidade e adaptação às condições de criação em regime

de pastejo.Sistemas alternativos de produção de leite, com vacas F1 HZ

mantidas em pastejo, surgem como opção importante na busca da sustentabilidade zootécnica e econômica da atividade, uma vez que, pelas suas próprias características, permitem certa flexibili-dade em termos de produção de leite e de carne. Nesse sentido, a EPAMIG concebeu, em 1998, um modelo de organização da pecuá-ria bovina, com o objetivo de gerar tecnologia para dar sustentação a sistemas competitivos de produção de leite.

2. RESULTADOS DE PESqUISAA EPAMIG trabalha com o sistema de produção de leite com va-

cas mestiças F1 HZ, desde o ano 2000. os resultados obtidos ao longo desses anos advêm das pesquisas realizadas nesse sistema. os pontos considerados são: fase de recria, índices produtivos e reprodutivos, ma-

nejo de ordenha, fatores que interferem na produção de leite, qua-lidade do leite, cruzamentos e avaliação econômica.

PRODUçÃO DE ANIMAIS F1 hOLANDÊS X ZEBUA vaca F1 HZ é o produto do cruzamento de animais da raça Ho-

landesa com raças zebuínas. Nesses cruzamentos, obtêm-se animais com as características de rusticidade oriundas da fração zebuína, e de produção, da fração holandesa, sendo que o maior diferencial desse genótipo é o grau de heterose, que é de 100%. A heterose confere maior eficiência em todas as características produtivas e reprodutivas.

Na escolha da raça para realizar o cruzamento, a preferência é para raças com características leiteiras. Assim, entre os taurinos, a melhor opção é a raça Holandesa. Já entre os zebuínos, a primeira opção é a raça Gir que há muitos anos é submetida a um processo de seleção e melhoramento genético para produção de leite. Entretanto, o número de animais da raça Gir leiteiro é limitado, e outras raças zebuínas com aptidão leiteira, como Guzerá, Sindi, Indu-brasil ou até mesmo compos-to de zebu sem seleção leiteira, são também utilizadas.

A EPAMIG realiza avaliações de animais provenientes do cruza-mento de touros da raça Holandesa com zebuínos de diferentes raças. Dentre os zebuínos, destacam-se os compostos zebu, provenientes do cruzamento de animais fêmeas da raça Nelore com touros das raças Gir ou Guzerá, que produzem matrizes denominadas Nelogir e Guzonel, respectivamente.

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o sistema de reprodução utilizado vai desde a monta natural até a fertilização in vitro, sendo mais recomendado o uso de touros prova-dos, o que não é possível em sistema de monta natural. o destaque no campo da reprodução é a inseminação artificial em tempo fixo (IAtF). Esta técnica possibilita o uso da inseminação artificial com sêmen de touros provados mesmo em propriedades sem tradição no uso dessa tecnologia. outro avanço importante na área da reprodução é a possibi-lidade do uso de sêmen sexado, que proporciona aumento significativo no número de fêmeas produzidas.

RECRIA DE ANIMAIS F1 hOLANDÊS X ZEBUEm sistemas em que se utilizam animais especializados na produ-

ção leiteira, a fase de recria é onerosa e compromete a rentabilidade da atividade. reduzir o custo com a recria é fundamental. trabalhos re- alizados na EPAMIG demonstram que fêmeas F1 HZ recriadas em regime de pasto e com suplementação estratégica obtiveram bom de-senvolvimento da desmama até a idade da cobrição (Quadro 1).

o tipo genético F1 HZ apresenta bom desenvolvimento na época de maior disponibilidade de pastagens, ou seja, durante o verão, quando as fêmeas são mantidas somente em pasto ou quando recebem algu-ma suplementação. Essa condição de ser recriada em pasto com ou sem suplementação de concentrado fornecido estrategicamente, pou-pa o uso de volumoso no cocho e propicia uma recria menos onerosa. Por outro lado, fêmeas de raças mais especializadas para produção de leite não respondem positivamente a essa estratégia de recria.

Dependendo do regime alimentar, a partir dos 18 meses de idade, novilhas F1 HZ atingem a puberdade e ultrapassam 300 kg de peso vivo. Entretanto, tal fato não significa que nessa ocasião esses animais já estejam aptos para iniciar a atividade produtiva. Encontram-se aptos a iniciar apenas a atividade reprodutiva que não pode ser traduzida por uma vida útil longa e eficiente.

Vacas F1 HZ que parirem pela primeira vez com peso bem abaixo do peso adulto têm comprometidas tanto a produção de leite, quan-to a retomada da atividade reprodutiva. Assim, dependendo do peso

adulto da vaca F1 HZ, época do ano da ocorrência do parto e das raças envolvidas no cruzamento, o peso da novilha F1 HZ, ao ser submetida à estação de acasalamento, deve ser diferenciado (Quadro 2).

DESEMPENhO PRODUTIVO DE VACAS F1 hOLANDÊS X ZEBUNo Quadro 3, são apresentadas informações sobre o desempenho

produtivo de vacas F1 Holandês x Gir, Holandês x Guzerá, Holandês x Nelore e Holandês x Azebuado, obtidas no período entre 2002 e 2011, criadas na Fazenda Experimental de Felixlândia (FEFX) da EPAMIG Cen-tro-oeste. Esses dados foram obtidos durante o controle leiteiro reali-zado a cada 14 dias, a partir da data da ocorrência do parto até o final da lactação. o sistema de ordenha utilizado foi o mecânico, em que as vacas com produção diária maior que 8 kg de leite eram ordenhadas duas vezes ao dia, às 6 h e às 14 h; e aquelas com produção diária me-nor que 8 kg, apenas uma vez ao dia. o manejo nutricional utilizado teve como base pastagens de Brachiaria decumbens e B. brizantha, durante a época das chuvas. Na época da seca, as vacas receberam suplemen-tação de silagem de milho e cana-de-açúcar. A ração concentrada foi fornecida no momento da ordenha, corrigindo a quantidade a cada 14 dias, em função da produção de leite. Vacas após o parto até o primeiro controle leiteiro receberam 3 kg de ração concentrada independente-mente da produção, depois, e até 30 dias de lactação, receberam 1 kg de ração para cada 3 kg de leite produzidos. Após o 30o dia de lactação subsequente ao 1o controle leiteiro, a suplementação concentrada fi-cou condicionada à época do ano, à disponibilidade de forragem, ao tipo de volumoso ofertado e à quantidade de leite produzido por vaca. Dependendo da situação foi ofertado, a cada vaca, 1 kg de ração para cada 3 kg de leite produzidos, ou 1 kg de ração para cada 3 kg de leite produzidos acima dos primeiros 5 kg de leite ou 1 kg de ração para cada 3 kg de leite produzidos acima dos primeiros 8 kg de leite. Mais informações sobre o fornecimento de concentrado são apre- sentadas nas recomendações de Ferreira et al. (2010).

As bases maternas Gir, utilizadas para produção de animais F1 Holandês x Gir, eram provenientes de rebanhos selecionados para pro-dução de leite, enquanto as bases maternas Guzerá vieram de reba-nhos não selecionados para essa finalidade. os animais F1 Holandês x

TRATAMENTOPESO AOS 547 DIAS

PESO AOS 639 DIAS

PESO AOS 736 DIAS

Sem suplementação durante a recria

255,8 ± 57,1 c 297,5 ± 38,3 c 342,6 ± 36,2 a

Suplementação durante um verão

289,4 ± 74,7 bc 319,5 ± 26,3 bc 370,5 ± 26,4 a

Suplementação durante uma seca

295,3 ± 48,8 b 336,8 ± 42,9 b 369,9 ± 35,2 a

Suplementação durante uma seca e um verão

339,0 ± 24,8 a 364,7 ± 29,6 a 361,8 ± 22,0 a

Quadro 1 - Desempenho de novilhas F1 Holandês x Zebu (F1 HZ) recriadas em regime de pasto e submetidas a diferentes

estratégias de suplementação

NOTA: Médias, na mesma coluna, seguidas de letras diferentes, diferem (p<0,05) pelo teste SNK.

GRUPOGENéTICO/ PESO

ADULTO

(1) PESO AO 1O PARTO

PESO DA NOVILhA à COBRIçÃO

éPoCA DAS ÁGUAS

éPoCA DA SECA

F1 Holandês x Gir / 512 kg

461 421 349

F1 Holandês x Guzerá / 533 kg

480 440 368

F1 Holandês x Nelore / 571 kg

514 474 402

Quadro 2 - Sugestão de peso por ocasião da cobrição de novilhas F1 Holandês x Zebu (F1 HZ)

(1) Valores calculados com base no peso adulto – 90%.

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OP/(N)PTOTAL (kg) PMD (kg) DL (Dias) PICO (kg)

hOLANDÊS X GIR

1 (143) 2426,36±710,45 e 8,14±2,03 g 297,97±49,55 a 13,23±3,13 e

2 (145) 3048,47±833,12 d 10,82±2,39 f 280,96±42,16 b 17,32±8,31 d

3 (139) 3391,39±895,43 c 11,84±2,26 e 285,57±50,39 b 18,06±2,84 d

4 (118) 3646,20±874,48 b 12,92±2,16 d 281,29±43,72 b 19,17±3,25 c

5 (100) 3886,23±899,45 a 14,00±2,61 c 278,00±43,13 b 20,76±6,65 b

6 (93) 4005,36±938,86 a 14,46±2,31 b 276,29±43,97 b 21,28±3,53 b

7 (65) 4033,58±810,55 a 15,20±2,51 a 265,94±34,05 c 22,18±3,21 a

8 (45) 3961,23±644,66 a 15,33±1,97 a 259,24±34,29 c 22,13±2,90 a

9 (19) 3881,94±669,57 a 15,51±2,69 a 251,79±29,67 d 22,23±3,10 a

hOLANDÊS X GUZERÁ

1 (37) 1921,29±700,62 d 6,81±2,30 d 283,35±39,35 a 9,95±2,44 b

2 (44) 2546,56±695,85 c 9,6±2,30 c 264,75±36,08 a 14,86±2,40 b

3 (42) 2961,80±1035,15 b 10,33±2,50 c 284,05±66,54 a 19,08±20,01 a

4 (35) 3166,27±880,21 b 11,71±2,04 b 268,03±41,36 a 17,54±3,08 a

5 (34) 3399,97±793,70 a 13,31±1,98 a 257,91±38,87 a 20,63±8,36 a

6 (34) 3565,52±948,66 a 13,47±3,36 a 265,59 ±40,53 a 24,23±23,97 a

7 (32) 3532,74±743,37 a 13,31±2,37 a 265,06±34,18 a 20,12±2,96 a

8 (26) 3787,68±824,81 a 13,97±2,01 a 270,85 ±47,13 a 19,932,68 a

9 (15) 3515,53±650,03 a 13,84±2,10 a 253,40 ±28,37 a 19,70a±2,69 a

hOLANDÊS X AZEBUADO

1 (32) 2807,64±917,56 c 8,85±2,77 d 320,09±52,45 a 14,01±4,28 d

2 (30) 3095,58±695,24 c 10,66±2,34 c 292,70±39,39 b 15,88±2,80 d

3 (31) 3261,11±952,61 c 11,46±2,67 c 283,32±40,07 b 17,81±3,94 c

4 (26) 3556,29±870,76 b 13,73±2,68 b 258,92±35,10 c 19,64±3,07 b

5 (24) 3806,65±872,59 b 13,00±2,19 b 291,25±35,99 b 19,75±2,93 b

6 (24) 4020,18±903,80 a 14,09±2,40 b 286,04±47,71 b 21,31±3,28 a

7 (21) 4137,90±626,06 a 14,57±2,52 b 287,19±37,26 b 22,60±7,76 a

8 (11) 4215,91±769,69 a 16,01±1,18 a 262,82±40,24 c 22,45±2,34 a

9 ( 3) 3679,30±659,58 b 13,70±0,85 b 268,67±48,58 c 22,06±2,38 a

hOLANDÊS X NELORE

1 (10) 1842,79±460,06 b 7,10±2,18 c 263,10±32,35 a 10,84±2,47 c

2 (15) 1921,57±635,17 b 7,77±2,39 c 245,86±17,25 a 12,53±3,16 c

3 (15) 2330,67±648,68 b 9,17±1,98 c 252,66±38,45 a 13,73±2,03 c

4 (14) 2754,57±619,97 a 11,48±2,57 b 241,00±26,97 a 16,54±3,29 b

5 (14) 2908,36±385,46 a 11,90±1,32 b 244,14±15,77 a 17,86±1,82 b

6 (16) 2911,69±467,67 a 11,74±1,79 b 248,56±23,12 a 18,16±2,45 b

7 (16) 3388,76±586,56 a 13,75±2,11 a 246,94±25,49 a 20,47±2,92 a

8 (13) 3138,39±368,37 a 13,52±1,36 a 232,31±15,95 a 20,19±2,63 a

9 ( 5) 2983,16±742,73 a 12,54±2,54 b 237,60±39,54 a 18,50±2,83 b

Quadro 3 - Desempenho produtivo de vacas F1 Holandês x Zebu (FI HZ) de diferentes origens zebuínas durante cada uma das nove lactações avaliadas em diferentes ordens de partos

FONTE: Dados básicos: Pereira (2012). NOTA: Médias com letras iguais na mesma coluna não diferem estatisticamente (P>0,05) pelo teste Scott-Knott.OP/(N) - Ordem de parto e número de observações associados à média; PTOTAL - Produção total; PMD - Produção média diária; DL - Duração da lacta-

ção; PICO - Produção no pico de lactação.

Page 34: VZ MINAS EM - MG · Vacas F1 Holandês x Zebu: uma opção para sistema de produção de leite em condições tropicais 38 | ArtIGo téCNICo 4 ... (21,0 x 29,7 cm), com espaço entre

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Azebuado eram produtos do cruzamento de touro Holandês com vaca Azebuada sem padrão racial definido, obtidos a partir do cruzamento de animais Indu-brasil ou Gir, com alguma seleção para produção de leite, porém com 100% de carga genética zebuína. os animais F1 Holandês x Nelore eram provenientes do cruzamento do touro Holandês com vaca Nelore, tipicamente selecionada para produção de carne.

As características para produção de leite dos animais F1 HZ foram diretamente influenciadas pela ordem de partos e base materna ze-buína utilizada nos cruzamentos. todos os grupos avaliados mostraram condições para produção de leite, pois atingiram média diária superior a 10 kg, o que representa o dobro da produção nacional.

DESEMPENhO REPRODUTIVO DE VACAS F1 hOLANDÊS X ZEBUEm rebanho leiteiro, a eficiência reprodutiva é determinante para o

sucesso econômico da atividade. Animais com baixa eficiência repro-dutiva representam um ônus difícil de ser sustentado pelas vacas em lactação. Com a intensificação da seleção para produção de leite, vacas especializadas tornaram-se menos eficientes em reproduzir, fato que compromete economicamente sistemas intensivos de produção. No Quadro 4, são apresentados dados do período de serviço de vacas F1 HZ criadas no sistema de produção da FEFX da EPAMIG Centro-oeste.

A eficiência produtiva e reprodutiva por longo tempo (nove par-tos), aliada à baixa taxa de descarte e reduzida mortalidade, é fator que favorece a permanência do animal no rebanho por mais tempo. o resultado disso é menor taxa de substituição e, consequentemente, redução de custo. Longevidade com eficiência é, sob a ótica econômica, fundamental em rebanhos leiteiros.

FATORES qUE INFLUENCIAM A PRODUçÃO LEITEIRA DE VACAS F1 hOLANDÊS X ZEBUos animais meio-sangue, como as vacas F1 HZ, são os beneficiá-

rios máximos da heterose e por isso, apresentam elevada resistência às

adversidades de meio. Essa capacidade pode influenciar nas caracterís-ticas produtivas, uma vez que os animais têm que utilizar mecanismos de compensação, e, dentre estes, podem-se citar: priorização da parti-ção dos nutrientes, redução do metabolismo e aumento no consumo de alimentos, todos a favor do crescimento, mantença e outras funções vitais. Nesse caso, a produção de leite fica comprometida. Assim, é preciso estar atento ao manejo desse genótipo, quando as condições de meio não são favoráveis.

o peso no primeiro parto é fator de interferência nas característi-cas produtivas e reprodutivas. Vacas F1 HZ ao parirem com peso muito abaixo do peso adulto, na tentativa de compensar essa deficiência, reduzem a produção de leite. No Quadro 5, são apresentados dados de produção leiteira de vacas com diferentes pesos ao primeiro parto. observa-se que vacas mais pesadas no parto produziram mais leite.

Com o intuito de minimizar o efeito do peso no parto para produ-ção de leite, recomenda-se que novilhas F1 HZ sejam acasaladas mais pesadas. Vacas F1 HZ com peso bem abaixo do peso adulto, utilizam o alimento para ganhar peso, e, nessa condição, ocorre redução da pro- dução de leite. Por outro lado vacas mais pesadas no primeiro parto não precisam ganhar peso e utilizam o alimento para produzir leite.

outro fator de interferência na produção de leite é o temperamen-to do animal. Animais provenientes de cruzamento podem apresen-tar comportamentos distintos, fato que pode ser atribuído à herança genética dos progenitores e ao efeito do meio em que são criados. Normalmente, vacas F1 HZ são levadas ao curral de ordenha somente na ocasião do parto. Assim, esses animais, já sob estresse, são ainda submetidos a condições pouco apropriadas, como local não conhecido, presença de pessoas estranhas e de animais que não faziam parte do seu convívio. Essa situação não favorece o estabelecimento da lacta-ção e concorre para uma redução na produção de leite.

No Quadro 6, são apresentados resultados de produção de leite de

OPGRUPO GENéTICO

hG n hGU n hA n hN n

1 159,98 a 82 162,78 a 9 238,50 a 10 87,36 a 11

2 105,39 b 129 79,26 cb 42 111,48 b 31 51,47 a 17

3 101,54 b 129 91,98 cb 40 95,47 b 30 56,00 a 15

4 95,27 b 111 76,59 cb 34 71,26 b 27 46,79 a 14

5 96,11 b 95 73,63 cb 35 113,56 b 25 51,43 a 14

6 96,86 b 86 88,41 cb 32 91,83 b 24 51,43 a 14

7 86,76 b 59 90,13 cb 32 89,65 b 20 51,69 a 16

8 71,81 b 37 110,08 b 25 91,70 b 10 42,67 a 12

9 68,53 b 15 50,43 c 7 56,00 b - - -

CV 53,09 19.42 9.63 8,36

Quadro 4 - Dias de período de serviço de vacas F1 Holandês x Zebu (F1 HZ) de diferentes origens zebuínas após cada parto até a nona parição

FONTE: Dados básicos: Pereira (2012). NOTA: Médias seguidas de letras minúsculas distintas na mesma coluna diferem (P< 0,05) pelo teste de Newman-Keuls. HG - Holandês x Gir; HGU - Holandês x Guzerá; HA - Holandês x Azebuado; HN - Ho- landês x Nelore; OP - Ordem de Parto; n - Número de observa-

ções associadas à média; CV - Coeficiente de variação.

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vacas F1 HZ de primeira cria submetidas a diferentes manejos antes do parto.

o fato de amansar os animais antes do parto pode promover au-mento da produção, bem como reduzir o risco de acidente na sala de ordenha. Portanto, recomenda-se que o produtor de leite que utiliza fêmeas F1 HZ promova o amansamento dos animais antes da ocorrên-cia do primeiro parto, bem como o condicionamento ao ambiente de ordenha. As técnicas utilizadas para amansar animais que participam em exposições agropecuárias funcionam eficientemente para animais F1 HZ, independentemente de sua origem. o importante é evitar maus tratos e fazer com que as vacas estejam adaptadas ao ambiente, inte-ragindo com os outros animais do rebanho.

outro fator de interferência na produção de leite é o número de ordenhas diárias realizadas. Como prática comum de manejo, é reco-mendado que as vacas de maior produção sejam submetidas ao maior número de ordenha por dia, e que as de menor produção sejam sub-metidas apenas a uma ordenha diária. Do ponto de vista matemático, essa prática é correta, mas, do ponto de vista fisiológico, resultados de pesquisas, em que vacas foram submetidas a um maior número de or-denhas nos primeiros 21 dias de lactação, apresentaram maior volume de leite produzido no pico de produção e, consequentemente, maior produção total de leite em toda lactação.

Lima et al. (2011) trabalharam com vacas multíparas F1 HZ. obser-varam que as vacas ordenhadas quatro vezes nos primeiros 21 dias, encerraram a lactação com produção total média de 4.489 kg de leite;

as ordenhadas duas vezes, com 3.967 kg de leite. As vacas ordenhadas quatro vezes produziram 13% a mais ou 2,08 kg/dia a mais de leite. Es-ses autores observaram que o pico de produção de leite ocorreu na tercei-ra semana de lactação, independentemente do número de ordenhas. Em média, as vacas ordenhadas duas vezes produziram, no pico da lactação, 19,8 kg de leite, e as vacas ordenhadas quatro vezes, 24,5 kg.

Com mesmo enfoque, ruas et al. (2011) trabalharam com vacas F1 HZ primíparas. também observaram aumento na produção de leite, quando as vacas foram ordenhadas quatro vezes ao dia. Enquanto as vacas ordenhadas duas vezes ao dia produziram 2.974 kg de leite, as ordenhadas quatro vezes produziram 3.488 kg, 17,2% a mais.

Assim, para aumentar a produção de leite de vacas F1, essa estra-tégia de ordenha pode ser adotada na rotina. A realização das quatro ordenhas nos primeiros 21 dias da lactação não precisa ocorrer em in-tervalos regulares, pode-se dar no início e no final da manhã, e no início e final da tarde.

os fatores supracitados interferem de forma expressiva na produ-ção de leite desse tipo genético, fatos esses verificados em um trabalho realizado pela EPAMIG, quando foram avaliados os dados de produção de 34 vacas F1 Holandês x Gir, oriundas de um único rebanho, distribuí-das em três diferentes Fazendas Experimentais.

A produção na Fazenda 1 foi de 1.541 kg na lactação; na Fazenda 2, de 3.133 kg, e, na Fazenda 3, de 1.283 kg, o que corresponde à va-riação de 144% na produção de leite entre vacas do mesmo genótipo e mesma origem. Portanto, é importante observar o manejo praticado em

VARIÁVELVACAS LEVES NO 1O PARTO VACAS PESADAS NO 1O PARTO

n Média Desvio n Média Desvio

Peso no dia do parto (kg) 10 440,8 a ± 33,3 10 515,9 b ± 25,0

Produção total na lactação (kg) 10 2.520,3 a ± 332,8 10 3.240,4 b ± 330,7

Duração da lactação (dias) 10 263,0 a ± 27,9 10 273,7 a ± 33,5

Média diária de produção (kg) 10 9,6 a ± 1,4 10 12,0 b ± 1,6

Pico de produção (kg) 10 14,6 a ± 2,3 10 17,5 b ± 2,8

Dia da ocorrência do pico (dias) 10 33,4 a ± 25,5 10 17,5 b ± 11,4

Quadro 5 - Características produtivas de vacas mestiças F1 Holandês x Zebu (F1 HZ) de diferentes classes de peso no primeiro parto

NOTA: Médias seguidas de letras diferentes diferem (P<0,05) pelo teste F. n - Número de observações associadas à média.

VARIÁVELVACAS MANSAS ANTES DO PARTO VACAS NÃO MANSAS ANTES DO PARTO

n Média Desvio n Média Desvio

Produção total na lactação (kg) 10 3.047,2 a ± 511,5 10 2.713,5 b ± 429,7

Duração da lactação (dias) 10 268,6 a ± 33,8 10 268,1 a ± 28,7

Média diária de produção (kg) 10 11,4 a ± 1,6 10 10,2 a ± 2,0

Pico de produção (kg) 10 17,3 a ± 2,5 10 14,8 b ± 2,8

Dia da ocorrência do pico (dias) 10 34,8 a ± 2,5 10 27,4 a ± 13,6

Quadro 6 - Características produtivas de vacas mestiças F1 Holandês x Zebu (F1 HZ) submetidas ou não ao amansamento no pré-parto

NOTA: Médias seguidas de letras diferentes diferem (P<0,05) pelo teste F. n - Número de observações associadas à média.

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cada propriedade, e não somente atribuir ao animal a causa de variabi-lidade de produção de leite. outra consideração, refere-se à qualifica-ção da mão de obra envolvida no manejo dos animais, uma vez que, em todas as práticas citadas, esse componente é determinante no sucesso do empreendimento.

MANEjO NUTRICIONAL DE VACAS F1 hOLANDÊS X ZEBUA alimentação é o item de maior peso no custo de produção de leite

e, por isso mesmo, é grande o número de pesquisas realizadas com o objetivo de buscar alternativas que minimizem esse custo. é importante avaliar não só os alimentos que compõem a dieta, mas também a efi-ciência do animal na utilização de cada dieta.

Por causa da rusticidade e da capacidade de adaptação a condi-ções adversas, o genótipo F1 HZ tem-se mostrado eficiente em sistema de produção com vacas em regime de pasto. Santos et al. (2012) ava- liaram a produção de leite em vacas F1 HZ de diferentes origens zebuí-nas, mantidas em pastagens de B. decumbens, suplementadas com 1 kg de concentrado para cada 3 kg de leite acima de 8 kg e encontraram picos de produção e produção total de leite, respectivamente, de 19,2 e 3.938; 18,5 e 3.713; 18,3 e 3.335 kg para os genótipos F1 Holandês x Gir; F1 Holandês x Guzerá e F1 Holandês x Nelore.

No inverno, época de baixa disponibilidade de forragens, vacas lei-teiras precisam ser suplementadas com volumosos no cocho. Santos et al. (2011) avaliaram o desempenho de vacas F1 HZ suplementadas com quatro diferentes volumosos: silagem de milho, silagem de sorgo, cana in natura e silagem de cana, suplementadas com 1 kg de concentrado para cada 3 kg de leite acima de 5 kg. A produção diária de leite foi de 13,76; 12,54; 11,13 e 9,96 kg, e o consumo de matéria seca foi de 14,58; 12,73; 10,38 e 7,71 kg para os volumosos avaliados, nessa ordem.

No geral, o que se observa é que vacas F1 HZ adaptam-se aos di-versos alimentos; evidentemente, o nível de produtividade está condi-cionado à qualidade de cada produto. é importante destacar que, em ruminantes, há uma tendência de o animal substituir o volumoso por concentrado, quando este é fornecido acima da necessidade.

LACTAçÃO E A qUALIDADE DO LEITE DE VACAS F1 hOLANDÊS X ZEBUo pico de produção das vacas F1 HZ ocorre, aproximadamente, em

torno de 30 dias de lactação. Após essa data, não ocorre uma fase de estabilização da produção. Assim, após o pico, a produção decresce em alguns animais de forma mais abrupta, e, em outros, de forma mais

lenta. tal característica faz com que estes animais apresentem, apro-ximadamente, 80% da produção total de leite nos primeiros 180 dias de lactação. Para aproveitar melhor concentração de produção na fase inicial da lactação, torna-se necessário que essa vaca receba um bom manejo pré e pós-parto.

o mercado exige leite de qualidade e alguns laticínios já remune-ram o produtor levando-se em conta essa característica. No Quadro 7, são apresentados dados sobre a qualidade do leite de vacas F1 HZ, em sistema de ordenha mecânica com bezerro ao pé.

A qualidade do leite obtida proporcionou o pagamento de 79,93% da bonificação concedida pela empresa compradora do leite, valores que atendem à Instrução Normativa no 62, de 29 de dezembro de 2011 (BrASIL, 2011).

ALTERNATIVAS DE CRUZAMENTOS EM VACAS F1 hOLANDÊS X ZEBUVacas F1 HZ são os genótipos que proporcionam melhores alterna-

tivas de cruzamento, uma vez que se pode optar por fazer cruzamentos com raças especializadas para a produção de leite ou de corte. o impor- tante é produzir uma cria de qualidade para qualquer uma das cadeias, do leite ou da carne. A opção depende do mercado, onde o produtor está inserido. Animais 3⁄4 Holandês são bem valorizados nas bacias leiteiras, e os 3⁄4 Zebu são valorizados no mercado de carne, ou seja, contribuem para o aumento da receita nos sistemas de produção de leite que utilizam vacas F1 HZ.

CUSTO DE PRODUçÃO DE LEITE EM SISTEMA DE PRODUçÃO COM VACAS F1 hOLANDÊS X ZEBUComo as vacas F1 HZ são animais que se adaptam aos sistemas de

pastejo, os custos de produção de leite com esse tipo genético, durante a época do verão, apresentam maiores margens de lucratividade, em comparação à época de inverno. Além disso, o sistema demanda pouco investimento em custo fixo e os gastos com produtos veterinários são reduzidos. Associados a esses fatores, estão os desempenhos reprodu-tivo, produtivo e a qualidade do leite, componentes que credenciam a vaca F1 HZ como animal econômico.

3. CONSIDERAçõES FINAISAs vacas F1 HZ são alternativas para os sistemas de produção de

leite prevalecentes no Brasil.Esse tipo genético é importante para produção de animais, tanto

éPOCA UFC/ML CCS/ML GORDURA (%) PROTEÍNA (%) EST (%)

Seca 21.583 131.306 3,99 3,28 12,86

Águas 22.202 162.292 3,52 3,23 12,35

Média anual 21.893 146.799 3,76 3,25 12,60

Quadro 7 - Qualidade do leite de vacas F1 Holandês x Zebu (F1 HZ) - EPAMIG - Fazenda Experimental de Felixlândia (FEFX), período de 1/1/2006 a 31/8/2011

NOTA: UFC - Unidade formadora de colônia; CCS - Contagem de células somáticas; EST - Extrato seco total.

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para pecuária de leite, como para corte, constituindo, assim, um elo entre as duas cadeias.

é necessário que o mercado se organize e faça uma produção de forma regular com custo acessível de animais F1 HZ, e que haja dispo-nibilidade de informações técnicas para o setor.

os produtores, que utilizam esse genótipo, têm um grande desafio, que é fazer com que essas vacas expressem todo seu potencial de pro-dução de leite nas primeiras lactações, e, para tal, necessitam utilizar as tecnologias disponíveis.

4. AGRADECIMENTOAos pesquisadores que participaram efetivamente na fase inicial

da implantação do Programa de Produção de Leite, com vacas F1 Ho-landês x Zebu (F1 HZ), nossos sinceros agradecimentos. Aos colegas entusiastas do Sistema de Produção de Leite com gado F1 HZ: José Joaquim Ferreira, pelas pesquisas com nutrição de vacas mestiças leiteiras; ao Lázaro Eustáquio Borges, pela dedicação na produção de animais F1, e ao reginaldo Amaral, pelo apoio e consolidação dos re-sultados.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig), pelo financiamento das pesquisas.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBrASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução

Normativa no 62, de 29 de dezembro de 2011. Aprova o regulamento técnico de Produção, Identidade e Qualidade do Leite tipo A, o regulamento técnico de Identidade e Qualidade de Leite Cru refrigerado, o regulamento técnico de Identidade e Qualidade de Leite Pasteurizado e o regulamento técnico da Co-leta de Leite Cru refrigerado e seu transporte a Granel, em conformidade com os Anexos desta Instrução Normativa. Diário oficial [da] república Federativa do Brasil, Brasília, 30 dez. 2011. Seção 1.

FErrEIrA J.J. et al. Alimentação do rebanho F1: fator de menor custo na produção de leite. Informe Agropecuário. Vacas F1 Holandês x Zebu: produção eficiente de leite, Belo Horizonte, v.31, n.258, p.72-80, set./out. 2010.

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Belo Horizonte, v.63, n.5, p.1160-1166, out. 2011.MADALENA, F.E.; PEIXoto, M.G.C.D.; GIBSoN, J. Dairy cattle genetics

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ProDUÇÃo DA PECUÁrIA MUNICIPAL 2011. rio de Janeiro: IBGE, v.39, 2011. 63p. Disponível em: <ftp://ftp.ibge.gov.br/ Producao_Pecuaria/Produ-cao_da_Pecuaria_ Municipal/2011/ppm2011.pdf>. Acesso em: 26 maio 2014.

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SoArES JÚNIor, J.A.G. Caracterização do peso corporal de vacas F1 Ho-landês x Zebu e seu efeito na produção e reprodução. 2012. 50f. Dissertação (Mestrado em Produção Animal) – Universidade Estadual de Montes Claros, Janaúba, 2012.

VILELA, D. Perspectivas para a produção de leite no Brasil. In: SINLEItE, 2003, Lavras. Anais... Lavras: UFLA, 2003. p.225- 248.

***

AUTORES:1- josé Reinaldo Mendes Ruas: médico veterinário, CrMV-MG nº 1356.

D.Sc., pesq. EPAMIG Norte de Minas/bolsista CNPq/membro INCt-CA, Nova Porteirinha-MG, e-mail: [email protected]

2- Edilane Aparecida da Silva: zootecnista, CrMV-MG nº 962/Z. D.Sc., pesq. EPAMIG triângulo e Alto Paranaíba/bolsista FAPEMIG/membro INCt-CA, Uberaba-MG, e-mail: [email protected]

3- Domingos Sávio queiroz: zootecnista, CrMV-MG nº 383/Z. D.Sc., pesq. EPAMIG Zona da Mata/bolsista FAPEMIG/membro INCt-CA, Viçosa-MG, e-mail: [email protected]

4- Arismar de Castro Menezes: engo. agro, pesq. EPAMIG Centro oeste - FEFX, Felixlândia-MG, e-mail: [email protected]

5- Alberto Marcatti Neto: médico veterinário, CrMV-MG nº 1364. M.S., pesq. EPAMIG-DPPE, Belo Horizonte-MG, e-mail: [email protected]

Vacas F1 Holandês x Zebu: uma opção para sistema de produção de leite em condições tropicais

Crédito: Wallisson Lara

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EMISSÃO DE METANO ENTéRICO POR BOVINOS EM PASTAGEMEMISSÃO DE METANO ENTÉRICO POR BOVINOS EM PASTAGEM

AUTORESNeyton Carlos Da Silva1; Claudinei Alves dos Santos2; Ângela Maria Quintão Lana3; rosimeira Angélica de Souza4; Vanessa Kelly Ferreira do rosário Santos5

RESUMOA emissão de gases do feito estufa (GEE) e seus potenciais têm causado alte-rações no meio ambiente, como o aquecimento global que diretamente afeta a economia. A agropecuária que está presente no primeiro setor tem contribuído para as emissões antrópicas, onde os bovinos emitem metano (CH4) durante o processo de fermentação entérica e na degradação dos dejetos chamado metanogênese. o Brasil apresenta um dos maiores rebanhos do mundo, sua atividade tipicamente extensiva, com base alimentar em pastagens em estágio de degradação e baixa produtividade, consequentemente aumenta a liberação de metano, que assume grande importância por capta 23 vezes mais calor com-parado ao dióxido de carbono (Co2). No Brasil, esse contribui com 25% do total das emissões desses gases, dos quais podem ser aumentado decorrente de fatores nutricionais, ambientais e ligado ao animal. Para solucionar a redução de metano tem criados técnicas na bovinocultura, dentre elas, a intensificação dos sistemas de produção, melhorias das dietas, da qualidade das pastagens e seleção de técnicas que possibilitam maior sustentabilidade da bovinocultura. Portanto, objetivou-se descrever o papel da bovinocultura na emissão de meta-no e sumarizar técnicas para reduzir a produção do mesmo.Palavras-chave: Gases do efeito estufa (GEE), metanogênese, metano, enté-rica, bovinocultura, técnicas.

ABSTRACTThe issue of gas made greenhouse (GHG) and its powers has caused changes in the environment, such as global warming that directly affects the economy. Farming present in the first sector has contributed to the anthropogenic emis-sions where cattle emit methane (CH4) during the enteric fermentation process and the degradation of waste called methanogenesis. Brazil has one of the largest herds in the world, their typically extensive activity based food in pas-tures in stage of degradation and low productivity consequently increases the release of methane, which is extremely important for captures 23 times more heat compared to carbon dioxide (CO2). In Brazil, this accounts for 25% of total greenhouse gas emissions, which can be increased due to nutritional factors, environmental and attached to the animal. To solve the reduction of methane has created techniques in cattle, among them the intensification of production systems, improvement of diets, the quality of pastures and selection techni-ques that enable more sustainable cattle. Therefore, this study aimed to descri-be the role of cattle in the emission of methane and summarize techniques to reduce the production of it.Key-words: Greenhouse gas (GHG) metanogênse, methane, enteric, cattle, techniques.

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1. INTRODUçÃO A emissão de gases do efeito estufa (GEE) e o potencial desses

ao promoverem alterações no ambiente estão entre os temas mais abordados nas últimas décadas (rotZ et al., 2010). o aquecimen-to global, decorrente do aumento da concentração atmosférica de GEE, promove alterações climáticas com forte impacto em todos os setores da economia.

A agropecuária contribui para as emissões antrópicas de meta-no (CH4), dióxido de carbono (Co2) e óxido nitroso (N2o) à atmosfera. Conforme Gerber et al., (2013) os bovinos emitem metano (CH4) duran-te o processo de fermentação entérica e na degradação dos dejetos.

A demanda global por carne e leite cresce rapidamente, impul-sionada pelo aumento da renda, crescimento populacional e urba-nização (Patraeyu 2013). Desse modo, na pecuária, tem se aplicado técnicas visando aumento de produtividade, especialmente nos trópicos onde as criações ainda são em grande parte mantidas em sistemas extensivos.

o Brasil apresenta o segundo maior rebanho bovino comercial do mundo, composto por aproximadamente 212 milhões de cabeças (IBGE, 2013). A atividade é tipicamente extensiva, com base alimen-tar em pastagens e boa parte, em algum estágio de degradação e consequentemente baixa produtividade.

é indiscutível o papel que a pecuária apresenta nos cenários econômico, social e ambiental. Nesse contexto, tem se buscado alternativas para mitigação de metano em ruminantes, especial-mente em bovinos. Portanto, objetivou-se descrever o papel da bo-vinocultura na emissão de metano e sumarizar técnicas para reduzir a produção do mesmo.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA2.1. GASES DO EFEITO ESTUFAos chamados gases do efeito estufa, naturais e antropogênicos

são constituintes responsáveis pela retenção de parte da radiação solar na atmosfera terrestre. Esse processo natural garante a manu-tenção da temperatura média global dentro dos limites favoráveis à vida no planeta (BorrEGo et al., 2010). A utilização de combus-tíveis fosseis, mudanças no uso da terra, derrubada de florestas e atividades relacionadas à agropecuária tem incrementado a con-centração de GEE no compartimento da atmosfera e, consequente-mente, intensificado o efeito estufa (IPCC, 2006).

Fontes primárias de GEE incluem metano, dióxido de carbono (Co2) e oxido nitroso (N2o) (KNAPP et al., 2014). Juntos, esses representam aproximadamente 99% das emissões de origem antropogênicas (IPCC, 2007). Entre os quais, CH4 assume grande importância para o efeito estufa, pois capta 23 vezes mais calor comparado ao Co2 (EEA, 2011). é considerado o segundo maior contribuinte para o aquecimento global, ficando atrás apenas do Co2 (IPCC, 2001).

o potencial de aquecimento dos GEE é expresso em Co2 equi-valente (Co2 eq) (LASSEYEt al., 2011). CH4 e N2o apresentam, res-pectivamente, 23 Co2eq, e, 296 Co2 eq. o metano apresenta menor

potencial, porém assume maior importância em termos quantita-tivos. Essa concentração na atmosfera é da ordem de 1.728 par-tes por bilhão (ppb) ao passo que as de óxido nitroso é de 318ppb (NoAA, 2006).

2.2 PRODUçÃO E EMISSÃO DE METANO POR BOVINOSConforme EPA (2008) a agropecuária nos Estados Unidos é res-

ponsável por aproximadamente 6% do total de emissão GEE no País e metade dessas emissões tem como origem a pecuária. No Brasil, essa contribui com 25% do total das emissões desses gases (BrASIL, 2004).

Globalmente, a pecuária responde por 37% da produção de me-tano induzida pelo homem e 65% de todo N2o (StEINFELD et al., 2006). Além disso, atribui-se à atividade emissão GEE decorrentes da mudança de uso da terra, em função da substituição de áreas de vegetação nativa por pastagens.

No Brasil, a emissão de metano de origem entérica somou, em 1994, 9,4 milhões de toneladas, o equivalente a 93% das emissões agrícolas e 72% das emissões totais do país (BrASIL, 2002). Ainda de acordo com o levantamento, a bovinocultura de corte foi respon-sável por mais de 80% desse total.

Em relatório mais recente, publicado pelo Ministério da Ciência e tecnologia, as emissões de metano oriundo da pecuária brasileira totalizaram, em 2005, aproximadamente 12.210 Gigagramas (Gg) (BrASIL, 2010). Ainda de acordo com esses dados, a fermentação entérica gerou 11.487 Gg e 91,1% da emissão total desse gás foi proveniente de bovinos.

A produção do metano ocorre no rúmen (87%) e no intestino grosso (13%), durante a fermentação carboidratos são degradados a ácidos graxos de cadeia curta (AGV), hidrogênio (H2) eCo2 (HASS et al., 2011). Bactérias metanogênicas reduzem Co2 para obtenção de energia, e consequentemente, produzem CH4. Parte do gás é absorvido pela mucosa ruminal, que liberado na corrente sanguínea é eliminado via respiração. Entretanto, maior parte é expelida jun-tamente com Co2 por eructação (KoZLoZKI, 2011). Como resultado, os ruminantes perdem entre 4% e 12% da energia bruta do alimen-to ingerido sob a forma de CH4 (IPCC, 2006).

Apesar de relacionada à ineficiência energética, a ação das bactérias metanogênicas permite manutenção de baixas con-centrações de hidrogênio no rúmen. Metano é um subproduto da fermentação ruminal, e serve como principal dreno de hidrogênio (JoHNSoN e JoHNSoN, 1995). Com isso mantém-se pH ruminal em faixa adequada para estabelecimento de espécies que exercem importante função na fermentação entérica (KoZLoZKI, 2011).

Estudos realizados por Holter e Young (1992) constataram que bovinos produzem diariamente de 150 a 420 litros de CH4, o equi-valente a 39,1 kg a 109,5 kg anual. Em vacas leiteiras em pastejo e com peso médio de 550 e 600 kg, foram descritos valores anuais médios de 100 e 118 kg de metano animal-1, respectivamente (IPCC, 2001). Entretanto médias superiores foram obtidas por Haas et al., (2011), os quais relataram produção de 146 kg ano-1.

Pedreira et al., (2009) avaliaram emissão de metano em bovi-

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nos leiteiros da raça Holandesa em sistema de pastejo por meio da técnica do gás traçador hexafluoreto de enxofre (SF6). os autores obtiveram médias de produção de 353,8; 268,8 e 222,6 g CH4 dia-1 em vacas lactantes, vacas secas e novilhas respectivamente. Valo-res superiores aos descritos por IPCC (2006) em condições similares na América Latina (173g dia-1). A emissão de metano entérico para bovinos de corte no Brasil foi estimada em 58; 57 e 53kg ano-1para as categorias fêmeas e machos adultos e animais jovens, respecti-vamente (BrASIL, 2002).

2.3. FATORES qUE INTERFEREM NA TAXA DE PRODUçÃO DE METANO ENTéRICO

As principais causas de variações na taxa de metanogênese são decorrentes de fatores nutricionais, ambientais e ligados ao animal (LASSEY et al., 2011). Aspectos relacionados a produção de metano como a dieta são influenciados pela composição bro-matológica do alimento ingerido. Conforme Pedreira et al., (2009) a relação conteúdo celular x parede celular da forrageira constitui o principal fator relacionado ao substrato fermentável e à taxa de metanogênese ruminal.

Em clima tropical e sistemas de pastejo a morfologia e compo-sição química das forrageiras interferem diretamente na eficiência energética e consequentemente, na produção de CH4. Segundo Pri-mavesi et al., (2004) forrageiras de clima tropical (C4) apresentam qualidade nutricional inferior às de clima temperado (C3) e refletem em maiores taxas de produção do gás. Presume-se que tal compor-tamento decorre dos altos teores de fibra e lignina e baixos teores de carboidratos não fibrosos (Van SoESt, 1994).

Gramíneas C4 apresentam maior teor de carboidratos ligados à parede celular e consequentemente favorecem a fermentação acé-tica e a produção de metano (PEDrEIrA et al., 2009). outra carac-terística das C4 é a menor digestibilidade da fração fibrosa em rela-ção às forrageiras de clima temperado que resulta em fermentação mais lenta e menor disponibilidade de substrato para as bactérias metanogênicas. Esse cenário conduz a diferentes interpretações quanto a potencial de geração de substrato para produção de CH4 em dietas a base de gramíneas C4.

Brask et al., (2013) relataram que forragens de maior digestibili-dade conduzem à fermentação mais intensiva no rúmen, aumentan-do consequentemente a produção diária de CH4. Porém os mesmos autores destacam que o aumento da digestibilidade é acompanha-do de maior consumo da forragem em comparação com outra de menor digestibilidade. Desse modo ocorre redução na relação me-tano por unidade de forragem ingerida.

Dentre as variáveis ambientais a temperatura possui importan-te papel na metanogênese ruminal. As ações dessa ocorre direta-mente, por meio de alterações no comportamento ingestivo em pas-tejo e consumo, e indiretamente, via interferência na composição química e bromatológica da forrageira (HooK et al., 2010).

Com relação aos fatores intrínsecos ao animal, Lassey et al., (2001) destacaram volume ruminal, capacidade de seleção do ali-

mento e tempo de retenção no rúmen como importantes modula-dores da produção de CH4. De acordo com os autores diferentes combinações podem promover aumento ou redução na capacidade de digestão, essencialmente da fração fibrosa.

Existem, ainda, efeitos associados à composição fenotípica do animal conforme demonstrado em trabalho conduzido por Pedreira et al., (2009). Nesse estudo foi observado maior produção de me-tano entérico em vacas Holandesas (299,3g dia-1) em comparação à mestiças Holandês-Gír (1/2HG) (264,2gdia-1). os autores verifica-ram, porém, menor relação metano/kg de matéria seca, respecti-vamente para o primeiro grupo (19,1gkg-1) em relação ao segundo (22,0gdia-1).

2.4. TéCNICAS PARA MITIGAçÃO DE METANO NA BOVI-NOCULTURA

A redução da emissão de metano entérico condiciona-se a ga-nhos na eficiência produtiva. Por meio dessa, a produção de CH4 é diluída por unidade de produto (carne ou leite) (BrASK et al., 2013). outro importante aspecto é a redução do ciclo produtivo e inten-sificação dos sistemas de produção, o que reduz a quantidade de metano emitida por animal.

Melhorias da dieta, da qualidade das pastagens e seleção genética são técnicas que possibilitam maior sustentabilidade da bovinocultura (CottLE et al., 2011). A manipulação ruminal via uso de ionóforos, glicerol, taninos, gorduras e saponinas também re-latadas em pesquisas como auxiliar à redução da metanogênese ruminal (MoHAMMED et al., 2004; GUAN et al., 2006).

Ganhos na eficiência energética são obtidos em dietas à base de forrageiras de baixa qualidade mediante a inclusão de ingredientes de maior digestibilidade. A inclusão de grãos na dieta deprime a produção de metano e incrementa a de propionato (CotLLE et al., 2011).

Kurihara et al., (1999) analisaram a produção de metano fren-te o consumo de matéria orgânica digestível por bovinos de corte da raça Brahman alimentados com dietas a base de feno de baixa qualidade, feno de alta qualidade e de grãos. os autores obtiveram 75,4; 64,6 e 32,1 g kg-1 de matéria orgânica digestível para o feno de baixa qualidade, de alta qualidade e dieta a base de grãos res-pectivamente. Já Brasket al., (2013) relataram redução na emissão metano também em relação ao consumo de energia digestível e ganho de peso com o aumento da digestibilidade da dieta.

Gramíneas jovens apresentam maiores teores de carboidratos solúveis (PrIMAVESI et al., 2004). Ao avançar da idade há redução no conteúdo celular e aumento na proporção de parede celular com consequente redução da digestibilidade (Van SoESt, 1994). robert-son e Waghorn (2002) em estudo com vacas leiteiras em pastejo observaram aumento na produção de metano com a maturidade da forrageira. os autores atribuíram os resultados aos maiores teores de carboidratos solúveis e de ácido linoleico na forragem jovem.

Forragens com baixos à moderados teores de taninos conden-sados são relatados como capazes de reduzir a produção de metano entérico. Keyserlinket al. (1996) verificaram redução da ordem de

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57% na produção de CH4 por unidade de matéria seca ingerida, utilizando leguminosas com 17% e 0,5% de tanino condensado. A ação desses, assim como, a de lipídios ocorre de forma direta, por efeito inibitório da população metanogênica, e indireta, via redução da produção de H2 (KoZLoSKI, 2011).

Efeitos dos aditivos sobre a produção de metano ruminal apre-senta resultados contraditórios na literatura. rivera et al., (2010) verificaram o efeito in vitro da utilização de complexo de leveduras, ácidos graxos poli-insaturados e aminoácidos e monensina sobre a produção de metano entérico em bovinos alimentados com feno de capim-tifton 85. Esses autores não observaram redução da pro-dução do gás em nenhum dos tratamentos, porém houve redução na relação acetato: propionato com o fornecimento de monensina.

Já em estudo conduzido por Guan et al., (2006) observou-se re-dução de 30% na metanogênese com o fornecimento de monensina (33mgkg-1 de peso vivo). Contudo, os níveis de produção desse gás foram restaurados após período de dois meses. Segundo Johnson e Johnson (1995) a inibição da metanogênese pelos ionóforos não se sustenta por longos períodos, provavelmente, em função da habili-dade de adaptação da microbiota ruminal. Van Soest (1994) relata que os ionóforos não são inibidores diretos das bactérias metano-gênicas e que esses agem restringindo a produção de H2 e conse-quentemente a formação de CH4.

o aumento da eficiência produtiva é descrito como uma das técnicas mais eficientes na redução da emissão de CH4. o efeito decorre da redução do ciclo produtivo ou do aumento da produtivi-dade, fato que promove diluição do CH4 produzido na cadeia pro-dutiva. o’Hara (2003) relatou que quanto maior a ingestão acima da manutenção ou maior o nível de produção, menor será o CH4 emitido por unidade de produto. o mesmo autor, em estudo com va-cas leiterias com peso médio de 450 kg, verificou produção de 205 e 306g de metano dia-1 em animais com produção de 12 kg e 24 kg de leite dia-1, respectivamente. No entanto, quando se considerou a produção do gás em relação à de leite, houve redução de 17,2 para 12,7 g de CH4 kg-1.

Por fim Berchielli et al., (2012) destacaram a importância da adoção de práticas de manejo que restabelecem a matéria orgâ-nica aos solos de pastagens. Se bem manejados solo e forrageira constituem importante dreno de carbono. Macedo (2009) aborda importante função que as gramíneas tropicais, principalmente bra-quiárias, desempenham na cobertura e estruturação do solo e na retenção do carbono, onde em muitos casos, o estoque de carbono supera o da vegetação nativa tomada por referência.

3. CONSIDERAçõES FINAISAs utilizações de técnicas que possibilitem ganhos na eficiên-

cia produtiva e redução do ciclo de produção estão entre as mais indicadas para redução da emissão de metano por bovinos. Entre essas alternativas destaca-se a melhoria da qualidade das dietas oferecidas, principalmente em relação à forrageira. Em relação aos

aditivos a literatura apresenta resultados contraditórios quanto a eficiência na redução da metanogênese.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICASBErCHIELLI, t.t.; MESSANA, J.D.; CANESIN, r.C. Produção de metano

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***

AUTORES:1- Neyton Carlos Da Silva: zootecnista, CrMV-MG nº 1558/Z, e-mail:

[email protected] Claudinei Alves dos Santos: doutorando em Zootecnia, Escola de

Veterinária; e-mail: [email protected] Ângela Maria quintão Lana: engenheira agronôma, prof. associado,

Departamento de Zootecnia - Escola de Veterinária da UFMG4- Rosimeira Angélica de Souza: nutricionista, CrN-MG nº910407,

[email protected] Vanessa Kelly Ferreira do Rosário Santos: nutricionista, CrN-MG

nº10230, mestranda em Produção Animal – ICA / UFMG – Campus Montes Claros – MG, e-mail: [email protected]

Animais em pastejo: emissão de metano

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SITUAçÃO ATUAL DO MORMO NO BRASILCURRENT SITUATION OF GlANDERS IN BRAZIl

AUTORESrenison teles Vargas1; Carlos Augusto de oliveira Júnior 2; Nivaldo da Silva3

RESUMOo mormo é uma doença infectocontagiosa que acomete os equídeos, assim como outras espécies animais, incluindo o homem. é uma das mais antigas zoonoses descritas segundo dados da organização de Saúde Animal ()IE). Nes-te artigo os autores fazem uma descrição da doença e de seus aspectos epide-miológicos, incluindo a situação atual da doença em nosso país.Palavras-chave: Mormo, epidemiologia, diagnóstico, distribuição, Brasil.

ABSTRACTThe Glanders is a contagious infectious disease that affects horses, as well as other animal species, including man. It is one of the oldest zoonoses des-cribed according to data from Animal Health Organization (OIE). In this article the authors describe the disease and its epidemiology, diagnostic methodology, legislation, including the current disease situation in our country.Key-words: Glanders, epidemiology, diagnosis, distribution, Brazil.

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1. INTRODUçÃO Glanders na língua inglesa ou Mormo em português é uma

doença infecciosa causada pela bactéria Burkholderia mallei que afeta principalmente cavalos, assim como burros e mulas e pode ser naturalmente encontrado em outros mamíferos, como cabras, cães e gatos (CDC, 2011). é uma das mais antigas zoonoses descri-tas em animais e nos homens, listada pela organização Mundial de Saúde Animal (oIE).

Descrita há vários séculos foi considerada extinta do Brasil em 1988. Sua diminuição foi associada com a progressiva substituição da tração animal pela motorizada. Entretanto, inquéritos sorológi-cos conduzidos em 1999 e 2000 detectaram a presença da doença em alguns estados do nordeste brasileiro, especialmente Pernam-buco, Alagoas, Ceará e Sergipe. Suspeita-se que a doença nunca tenha sido extinta do Brasil e que essas descrições sejam apenas a identificação de casos que vinham ocorrendo normalmente nos últimos anos. No exterior, o mormo foi erradicado dos EUA e da Europa, mas ainda ocorre com certa frequência na África e na Ásia. Está incluída entre as doenças passíveis de aplicação das medidas previstas no regulamento de Defesa Sanitária Animal (Art. 61 e 63 do Decreto n° 24.548 de 03/07/1934), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) (IFoPE, 2015).

Devido a sua natureza contagiosa e fatal a doença em seres hu-manos é considerada como um potencial agente de bioterrorismo. Consequentemente a B. mallei é listada como categoria B pelo Cen-tro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), de Atlanta, Geórgia, EUA (rotZ et al., 2002). o organismo também tem uma longa histó-ria como um agente de guerra biológica e foi usado por Alemanha e Japão durante a Primeira e Segunda Guerra Mundial (DArLING e WooDS, 2004). Mais recentemente, o exército soviético foi acu-sado de ter usado B. mallei na Guerra do Afeganistão para infectar Mujahidin e matar seus cavalos (ALIBECK, 1999). No advento do sé-culo XX, muitos países, incluindo os EUA, Canadá e reino Unido im-plantaram programas de controle com base em novas descobertas científicas em bacteriologia, patologia e clínica patologica que leva à erradicação da doença em seus países (SrINIVASAN et al., 2001).

o Mormo é uma das doenças animais transcontinentais de de-claração obrigatória para a organização Mundial de Saúde Animal (oIE), em termos de seu impacto econômico sobre o comércio inter-nacional de animais e seus subprodutos. Importação e exportação de animais pré-sintomático ou de equídeos entre diferentes países é um dos fatores predisponentes para endemicidade e epidemias (KHAN et al., 2013).

2. hISTÓRICOMormo é uma das doenças mais antigas de equídeos já descri-

ta, mencionada por Aristóteles e Hipócrates nos séculos II e IV a.C. Desde então presente em diversos países do mundo, suspeita-se de seu uso nas grandes guerras mundiais como agente de bioter-rorismo devido a sua alta letalidade para o ser humano. Durante

a primeira e segunda guerra mundial ocorreram vários casos em humanos, principalmente em soldados russos. A doença foi erradi-cada nos Estados Unidos, na Inglaterra e na Austrália (HENNING, 1956, citado por LEoPoLDINo, 2009) hoje está presente na Ásia, no oriente Médio e na América do Sul. De acordo com dados de Lange-negger et al. (1960), no Brasil a doença foi descrita pela primeira vez em 1811, introduzida provavelmente por animais infectados importados da Europa, desencadeando-se verdadeiras epizootias em vários pontos do território nacional, vitimando muares, cavalos e humanos que adoece-ram com sintomatologia de “catarro” e cancro nasal.

De 1870 a 1890 há vários relatos descrevendo infecções em equídeos e no homem no rio de Janeiro, Campos e Salvador. Em 1896 um grande surto ocorre na Cia. Paulista de Viação (bondes) e o Dr. Adolpho Lutz é chamado na ocasião quando a bactéria é isolada pela primeira vez no Brasil. Uma grande epidemia ocorre no exército em 1908-1909 com grande número de mortes humanas e animais. Nesta época, o Mormo era um dos principais problemas de saúde pública e justamente devido a esta epidemia, em 1910, foi fundada a primeira Escola de Veterinária do Brasil (a Escola de Veterinária do Exército). Sabe-se que na década de 30, casos de Mormo se tornaram menos frequentes no Brasil, o que é natural, pois progressivamente a tração animal deixa de ter importância e é substituída pela tração mecânica (PADDoCK, 2015).

No final dos anos 50, é relatado um surto de Mormo na região de Campos, Estado do rio de Janeiro. Nessa mesma década ano-tam-se mais dois surtos, um no Instituto Vital Brasil, no rio de Ja-neiro, em 1967 e, finalmente, em Pernambuco, em 1968. Estes são os últimos casos notificados oficialmente na “época moderna” e, durante 30 anos não se faz nenhuma outra notificação de tal forma que isto leva o Ministério da Agricultura a declarar que o Mormo estava extinto no Brasil. Em 1999, pesquisadores da UFrPE conse-guiram o isolamento da bactéria e a confirmação clínica e laborato-rial através do teste de fixação de complemento (PADDoCK, 2015).

Após vários relatos da ocorrência da enfermidade em equídeos e humanos houve um período de “silêncio epidemiológico” e a doença parecia ter sido erradicada no Brasil, a última referência a um foco de mormo fora relatada no município de Campos no estado do rio de Janeiro na década de 60. Após esse período de silêncio epidemiológico a doença foi diagnosticada novamente no ano de 1999 nos estados de Alagoas e Pernambuco, em 2004 foram noti-ficados focos nos estados do Paraná e Santa Catarina, em 2008 no estado de São Paulo, em 2009 no Distrito federal, no ano de 2012 foram notificados focos nos estados do rio de Janeiro e Minas Ge-rais. Dados que demonstram que a doença vem se difundindo por todo o território nacional, atualmente os estados onde se confirmou a presença de Mormo são: Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Es-pírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, rio de Janeiro, rio Grande do Norte, rondônia, São Paulo e Sergipe (DIEHL, 2013). Mais recentemente o mormo foi também identificado em equinos no rio Grande do Sul.

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3. ETIOLOGIAA Burkholderia mallei é um bastonete Gram-negativo, sem cáp-

sula, imóvel e com 0,5 mm de espessura e sua morfologia depende das condições de cultivo. Cresce bem em meios que contenham gli-cerol ou sangue, não produz hemólise no ágar sangue e as colônias apresentam aspecto mucoide e brilhante. o bacilo do mormo é ae-róbio, oxidase, catalase positiva e redutor de nitrato (HIrSH e ZEE, 2003). A B. mallei é um parasita obrigatório, bem adaptado ao seu hospedeiro, mas não persiste no ambiente (SANForD et al., 1995).

São sensíveis à ação da luz solar, calor e desinfetantes comuns e dificilmente sobrevive em ambientes contaminados por mais de seis semanas (rADoStItS et al., 2002). Existe outra espécie de Burkholderia, chamada B. pseudomallei (ZYSK et al., 2000). As duas espécies são de interesse mundial devido aos riscos de serem utili-zadas como arma biológica (MotA, 2006).

4. EPIDEMIOLOGIAA doença apresentava maior prevalência quando grandes con-

centrações de equinos eram utilizadas nas cidades pelo exército. Atualmente, o Mormo apresenta ocorrência esporádica mesmo em áreas endêmicas. os equinos, muares e asininos são as espécies nor-malmente afetadas. os carnívoros também podem se infectar ao ingerir carne contaminada. No homem, a doença é fatal. os ovinos e caprinos também podem apresentar a infecção (ALIBASoGLU et al., 1986).

Animais infectados e portadores assintomáticos são importan-tes fontes de infecção. A principal via de infecção é a digestiva, podendo ocorrer também pelas vias respiratórias, genital e cutânea (roDoStItS et al., 2002). A disseminação do micro-organismo no ambiente ocorre pelos alimentos, água e fômites, principalmente cochos e bebedouros. raramente, a forma cutânea da infecção de-corre do contato direto com ferimentos ou por utensílios usados na monta dos animais. A infecção natural pela inalação é rara (HIr-SH e ZEE, 2003). Lesões pulmonares crônicas, que se rompem nos brônquios e infectam as vias aéreas superiores e secreções orais e nasais, representam a mais importante via de excreção da B. mallei (rADoStItS et al., 2002).

Langenegger et al. (1960) observaram que a epidemiologia do Mormo, relaciona-se entre outros fatores diretamente ao manejo, incriminando os estábulos coletivos como potenciais focos de dis-seminação da infecção.

Porém, no Brasil a suspeita era de uma ocorrência maior em animais mantidos em condições inadequadas de manejo nos ca-naviais da Zona da Mata Nordestina. o relatório de “Estratégia de combate ao Mormo” da DAS/ MAPA descreve que os casos de Mormo em Pernambuco e Alagoas não eram ocorrências isoladas nas usinas afetadas e, desde algum tempo, que os veterinários da região suspeitavam da doença, com base em manifestações clíni-cas, principalmente em muares de trabalho. A demora em obter um diagnóstico conclusivo deveu-se ao fato de ser difícil a caracteri-zação do agente em questão e, também, por a doença ser julgada

como erradicada. As evidências clínicas não sugeriam que a doença tivesse origem fora da região, uma vez que os sinais clínicos apa-reciam apenas algum tempo após o ingresso dos animais na região da zona da mata dos dois estados. Estes muares eram utilizados na produção de cana-de-açúcar em plantios de encosta. As condições ecológicas (alta umidade), de criação e exploração destes animais, eram favoráveis à manutenção do agente infeccioso, uma vez que os muares são mantidos em trabalho intensivo por aproximadamen-te 10 anos, durante os quais eram mantidos em grupos de equídeos com contato permanente entre si (BrASIL, 2000).

Após a Segunda Guerra Mundial, a importância do equino como transporte animal diminuiu rapidamente e cessaram as pesquisas veterinárias sobre B. mallei. Poucos esforços foram realizados para me-lhorar a qualidade do diagnóstico do mormo e a B. mallei e, junto com outros agentes re-emergentes, perdeu sua importância (NEUBAUEr et al., 2005). De acordo com Khan et al. (2013), vários casos de Mormo foram descritos na literatura em várias partes do mundo.

Segundo Neubauer et al. (2005), na década de 1990, a ausência de um teste específico para diagnóstico do Mormo se tornou evi-dente, visto que muitos animais apresentavam reação falso-positi-va ao teste de fixação de complemento. Isto se reflete no aumento do número de suspeitas de surtos de Mormo na Ásia e América do Sul. Este é um sinal de alarme e é preciso reconsiderar a pre-paração dos países em monitorar estes eventos e avaliar as medi-das apropriadas. Somente recentemente novos estudos sobre esta doença estão sendo realizados por causa do potencial do uso da B. mallei em práticas de bioterrorismo.

De acordo com rowland et al. (2010), as pesquisas realizadas para estudar a infecção por B. mallei, são limitadas, possivelmente devido aos poucos casos de infecção natural observados no ociden-te. Segundo Naureen et al. (2007) diferentes grupos de pesquisado-res ainda estão investigando a patogênese e novos procedimentos para diagnósticos, tratamentos e o desenvolvimento de vacinas eficazes contra o Mormo.

4.1 - SITUAçÃO ATUAL DO MORMO BRASILNo Brasil, em julho de 2004, a doença foi introduzida em Santa

Catarina com cavalos importados da Paraíba (SANtoS et al., 2007), o foco foi encerrado e o estado retomou o status de livre da doença. Em setembro de 2008, ocorreu um foco no estado de São Paulo no qual o animal apresentou sinais clínicos da doença, resultado positivo na FC e foi eutanasiado, foram realizados 26.400 exames no estado, dois equinos foram submetidos ao teste da maleína após resultado positivo na FC e não apresentaram reação; em janeiro de 2009 o caso foi encerrado (WAHID, 2008). Elschner et al. (2009) relataram um caso de Mormo em equino exportado do Brasil para a Alemanha em 2006, o animal apresentou sinais clínicos de doença respiratória, febre, secreção nasal purulenta, crostas na mucosa na-sal e lesões purulentas nos membros e foi positivo nos testes de FC, maleína e PCr, também foram observadas lesões macroscópicas nos pulmões, fígado e baço. Em abril de 2010, no Distrito Fede-

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ral, uma égua com sinais clínicos sugestivos de Mormo apresentou resultado positivo na FC, no teste da maleína e no isolamento. o animal foi eutanasiado. Foram realizados 8900 exames de fixação de complemento e, como nenhum novo caso foi identificado, o foco foi encerrado no mês de abril de 2011 (WAHID, 2010).

De acordo com dados do MAPA, o Brasil registrou até o mês de agosto de 2015, mais de 266 casos de Mormo em 16 estados. Em 2014 foram registrados 202 casos (CANAL rUrAL, 2015).

5. SINAIS CLÍNICOSo período de incubação depende da virulência da bactéria, do

tipo, da intensidade da infecção e da resistência do animal afetado e pode variar entre poucos dias ou vários meses (BEEr, 1999).

o Mormo agudo é mais frequentemente observado em burros e mulas (MotA et al., 2010), e é fatal em poucos dias ou semanas (MINEtt, 1959). o quadro crônico geralmente se desenvolve em ca-valos (DUNGWortH, 1993) e o animal pode permanecer insidiosamen-te infectado por meses ou anos, e o aparecimento dos sintomas pode ter lugar em qualquer tempo (HUNGErForD, 1990). o Mormo crônico é geralmente fatal embora, alguns casos, haver recuperação clínica e o animal permanecer portador por toda a vida. A infecção não é in-fluenciada pela idade, raça ou sexo. No entanto, a doença é mais provável ocorrer com o avanço da idade (MotA, 2006).

os sinais clínicos mais frequentes incluem febre, tosse e corrimento nasal. Na forma aguda da doença a morte por septice-mia ocorre em poucos dias. A fase crônica da doença é caracteriza-

da por três formas de manifestação clínica: a nasal, a pulmonar e a cutânea, porém estas não são distintas, podendo o mesmo animal apresentar todas as formas simultaneamente (MotA, 2006).

A eliminação da bactéria ocorre pelas secreções da descarga nasal e pela supuração dos abcessos. Urina e fezes também podem estar contaminadas (PADDoCK, 2015).

No Mormo nasal, os animais podem apresentar, no início, uma descarga nasal serosa que pode ser unilateral e evoluir para um aspecto purulento ou purulento-hemorrágico. A presença de úlceras na cavidade nasal é um achado patognomônico. As úlceras podem evoluir de pequenos nódulos amarelados, múltiplos ou solitários para ulcerações, solitárias ou confluentes, extensas áreas de in-flamação, necrose e hemorragia na mucosa do septo nasal. Após processo cicatricial formam-se as cicatrizes “estrelares” na mucosa nasal ou nasofaringe (PADDoCK, 2015). Estas lesões nodulares na pele ocorrem a distâncias aproximadamente iguais, resultando em arranjos em forma de colar de pérolas ou rosário (MotA, 2006).

A forma pulmonar, por sua vez, se caracteriza por uma pneu-monia lobular, ocorrendo algumas vezes formação de abcessos. Pode evoluir para pleurisia e formação de aderências em grande quantidade (PADDoCK, 2015). Em alguns casos, o edema da glote pode desenvolver (rADoStItS et al., 2000) e a morte ocorre dentro alguns dias a semanas por causa de insuficiência respiratória (bron-copneumonia) e septicemia (rADoStItS et al., 2007).

o Mormo cutâneo é caracterizado pela formação de abcessos subcutâneos, aumento de volume dos linfonodos e dos vasos lin-

Figura 1. (MAPA, 2015)

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fáticos que os interligam, dando um aspecto de rosário conhecido como vergões ou lamparões. observamos ainda edema e ulcera-ções, principalmente nos membros posteriores. outros animais, na fase inicial da doença, podem não apresentar quaisquer dessas sintomatologias, exceto uma claudicação. A doença pode se mani-festar na forma superaguda evoluindo para o óbito em 24-48 horas, mas observamos, também, a manifestação crônica, principalmente no cavalo que pode ser um portador inaparente. o período de incu-bação também é variado. Além destes sinais, observamos queda de rendimento no trabalho, tosse, alopecia, febre, apatia e emagreci-mento (PADDoCK, 2015).

os animais emagrecem rapidamente e morrem, quase sempre, na 2º ou 3º semana da doença (BEEr, 1999).

5.1. DOENçA NO hOMEMé uma zoonose grave, cujo curso quase sempre é fatal. Sabe-se

que na tropa do exército brasileiro, no início do século XX, ocorriam diversos casos e embora atualmente não se encontrem registros oficiais de Mormo humano, é preciso que os serviços de saúde es-pecialmente nas áreas afetadas estejam atentos à possibilidade de estarem subestimando o diagnóstico do Mormo ao confundi-lo com outras pneumonias ou mesmo tuberculose (PADDoCK, 2015).

De acordo com o CDC (2011), os sintomas do Mormo geralmen-te incluem:

- Febre com calafrios e sudorese- Dores musculares- Dor no peito- rigidez muscular- Dor de cabeça- Corrimento nasal- Sensibilidade à luz (por vezes com lacrimejamento excessivo

dos olhos)os sintomas, no entanto, variam dependendo do tipo de infec-

ção. os quatro tipos de infecções, junto com os sintomas associa-dos com cada um deles, estão listados abaixo (CDC, 2011):

5.1.1 - INFECçÃO LOCALIZADAUma infecção localizada com ulceração pode desenvolver-se

dentro de 1 a 5 dias, no local onde as bactérias entraram no corpo. Pode haver nódulos linfáticos inchados.

Infecções envolvendo as membranas mucosas dos olhos, nariz e aparelho respiratório irão causar aumento da produção de muco dos locais afetados. A disseminação para outros locais do corpo pode ocorrer de 1 a 4 semanas após a infecção.

5.1.2 - INFECçÃO PULMONARo Mormo muitas vezes se manifesta como infecção pulmonar.

Em infecções pulmonares, pneumonia, abcessos pulmonares e der-rame pleural podem ocorrer. A radiografia de tórax mostrará infec-ção localizada nos lobos dos pulmões.

5.1.3 - INFECçÃO DA CORRENTE SANGUÍNEASem tratamento, o Mormo leva a infecções sanguíneas que ge-

ralmente são fatais dentro de 7 a 10 dias.5.1.4 - A INFECçÃO CRôNICAA forma crônica de mormo envolve múltiplos abscessos dentro

dos músculos e pele dos braços e das pernas ou nos pulmões, baço ou fígado.

6. DIAGNÓSTICOA identificação do agente é muito importante para não haver

dúvida em relação ao diagnóstico de outras doenças com sintomas parecidos. Entre estes estão a Adenite aguda ou garrotilho (Strep-tococcus equi), linfagite ulcerativa, linfangite epizoótica (Coryne-bacterium pseudotuberculosis), pseudotuberculosis (Yersinia eu-dotuberculosis) e esporotricose (Sporotrichium spp.). Mormo deve ser inequivocamente excluído dos casos suspeitos de linfangite epizoótica (Histoplasma farciminosum), com o qual tem muitas se-melhanças clínicas (oIE, 2013).

o diagnóstico do mormo consiste na associação dos aspectos clínico-epidemiológicos, anatomo-histopatológicos, isolamento bacteriano, inoculação em animais de laboratório, reação imu-noalérgica (maleinização) e testes sorológicos (MotA, 2006).

o diagnóstico clínico e bacteriológico é difícil nos estágios ini-ciais da doença e nos casos subclínicos. Aproximadamente 90% das infecções ocorrem de forma assintomática ou latente. Geral-mente, a maleína e os outros 12 testes sorológicos, incluindo fixa-ção de complemento (FC), teste da hemaglutinação indireta (IHAt), imunoeletroforese (CIEt), teste indireto do anticorpo fluorescente (IFAt) e ELISA, são utilizados no diagnóstico do Mormo. Entretanto, alguns testes sorológicos são complexos, são dependentes de uma reação biológica, enquanto outros dependem de pessoal treinado e equipamentos caros, o que torna inviável sua aplicação a campo (NAUrEEN et al., 2007). todos os testes sorológicos podem apre-sentar resultados imprecisos por até seis semanas após a realiza-ção do teste da maleína (MotA, 2006).

Segundo Bridget et al. (2007), todos os testes sorológicos para Mormo em equídeos apresentam reação cruzada com B. pseudomallei.

Figura 2. Teste de maleinização (aplicação intradérmica palpebral de maleína). Fonte: MAPA

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Portanto, onde a melioidose é endêmica, os testes sorológicos po-dem resultar em falso-positivo.

oficialmente, para fins de diagnóstico e de controle do mormo no Brasil, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento recomenda somente a realização dos testes de fixação de comple-mento (FC) e maleína (BrASIL, 2004).

De acordo com o MAPA (2004), os animais devem ser submeti-dos ao teste de FC de acordo com as restrições de trânsito, sendo a coleta do sangue e a requisição do exame realizada por médico veterinário cadastrado. Animais reagentes ao teste que apresen-tem sinais clínicos da doença devem ser considerados positivos; animais reagentes à FC sem sinais clínicos devem ser submetidos ao teste da maleína para conclusão do diagnóstico, sendo neces-sários dois testes com intervalo de 45-60 dias para considerar o animal negativo. Equídeos não reagentes à FC e que apresentem si-nais clínicos da doença podem ser submetidos ao teste da maleína. Animais de propriedade reincidente serão considerados positivos apenas com o teste de FC.

Perante os métodos utilizados pela oIE (2013), existe um padrão a ser utilizado no mundo todo, de acordo com o Quadro 1.

Segundo Elschner et al (2011) o teste de Western blot para diagnóstico de mormo apresenta apresenta 100% de sensibilidade e especificidade.

o diagnóstico clínico deve identificar as lesões já descritas. As úlceras nasais são características e as suspeitas devem ser notifi-cadas aos serviços de Defesa. o diagnóstico laboratorial é funda-mental para confirmar os achados da clínica (PADDoCK, 2015).

A coleta de material deve ser realizada exclusivamente por veterinário credenciado, rt de laboratórios de AIE ou pelo serviço

oficial e esta deve ser encaminhada ao laboratório acompanhada da requisição específica, completamente preenchida, assinada e ca-rimbada nas três vias. A FC é um teste de excelente especificidade (99%) e extremamente precoce (PADDoCK, 2015).

A confirmação, a critério das autoridades sanitárias, pode ser feita pelo teste de maleína caso o animal não apresente sintomas clínicos e a propriedade não seja reincidente (neste caso a FC é conclusiva). Por sua vez, o teste da maleína, tem também boa espe-cificidade e baixíssima sensibilidade. A maleína nada mais é do que o extrato de colônias da bactéria a ser utilizado para inoculação via intradermo palpebral de uso exclusivo do serviço oficial. Após 48 horas da injeção, a inspeção indicará a ocorrência de edema, con-juntivite purulenta e fotossensibilidade. Animais que não apresen-tarem reação à maleína deverão, obrigatoriamente, ser retestados em 45 a 60 dias.

Caso permaneçam sem reação à maleinização, terão resulta-do diagnóstico negativo definitivo emitido pelo serviço oficial com validade de 120 dias. A propriedade que apresente animal positivo conclusivo é considerada foco e imediatamente interditada e submeti-da a regime de saneamento. os positivos são sacrificados pelo serviço oficial e o plantel é submetido ao teste da fixação do complemento e retestado em um prazo de 45 a 60 dias. A interdição será suspensa mediante resultados negativos nestes dois levantamentos (PADDoCK, 2015). A Instrução Normativa SDA/MAPA nº 14 de 26/04/2013, excluiu a necessidade da realização do 2º teste de maleinização.

Mais recentemente o MAPA passou a definir animais com Mor-mo como aqueles animais reagentes no teste de Fixação de Com-plemento, com ou sem sinais clínicos e com resultado positivo no teste complementar (Maleína ou Western Blotting).

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MéTODO

PROPÓSITO

População livre de infecção

Animal livre de infecção

Eficiência das políticas de erradicação

Confirmação de casos clínicos

Prevalência da in-fecção - vigilância

Fixação do complemento + + +++ + +++

Western blotting + + ++ + ++

ELISA + + ++ + ++

Maleinização + + + + +

PCr – – – + –

Inoculação Animal – – – + –

Cultura – – – + –

Quadro 1. Os métodos de ensaio disponíveis para o diagnóstico de mormo e sua finalidade

Chave: +++ = método recomendado; ++ = método adequado + = pode ser usado em algumas situações, mas o custo, confiabilidade, ou outros fatores limita severamente sua aplicação; – = não adequado para o propósito. Embora nem todos os testes listados como categoria +++ ou ++ tenham sido

submetidos a normalização formal e validação, a sua natureza de rotina e o fato de que eles têm sido usados amplamente sem resultados duvidosos, torna aceitável. Fonte: Adaptado de OIE (2013).

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7. TRATAMENTOo tratamento não é indicado, não só por apresentar resultados

duvidosos, mas também porque o animal tratado pode melhorar sua condição clínica e se tornar um portador inaparente e fonte de infecção para outros animais (PADDoCK, 2015). Esta condição é incompatível com o objetivo de erradicação do Mormo e por isto, proibido pela legislação brasileira (MotA, 2006; LEoPoLDINo, 2009; PADDoCK, 2015).

Porém, Saqib et al. (2012), afirmam que o Mormo é uma doen-ça zoonótica contagiosa e fatal de solípedes. Embora as Legislações vigentes exijam o abate de animais doentes, certas situações como, por exemplo, a conservação da vida selvagem ou um plantel altamente valioso, poderia beneficiar de regimes de tratamento eficazes.

os mesmos autores utilizaram vinte e três cavalos positivos e trataram utilizando um protocolo de tratamento de 12 semanas de duração, baseado na administração parenteral de enrofloxacina e sulfa + trimetoprim, seguindo-se a administração oral de doxici-clina. A indução de imunossupressão em seis cavalos escolhidos aleatoriamente após a conclusão do tratamento não levou a um agravamento de doença.

8. CONTROLEo Programa Nacional de Sanidade Equídea (PNSE) do MAPA

estabelecido pela IN nº 17 de 08/05/2008 é o Marco Legal para o controle de doenças em equídeos. Nele estão contidas instruções relacionadas aos programas de Educação sanitária, estudos epi-demiológicos, controle de trânsito, cadastramento, fiscalização e certificação sanitária e normas para intervenção na ocorrência de focos de doenças de interesse. o PNSE estabelece as estratégias para vigilância epidemiológica e zoossanitária de doenças, visando profilaxia, controle ou erradicação nas Unidades Federativas e es-tabelece, também, quais as estratégias especificas para o controle de diversas doenças, dentre elas, o mormo.

A legislação federal relativa à defesa sanitária animal é regula-

Figura 3. Reações positivas para prova de maleinização: conjuntivite purulenta. Fonte: MAPA

Figura 4. Caso clínico de Mormo. Fonte: Fernando Leandro dos Santos (UFRPE)

Figura 5. Lesões no septo nasal. Fonte: Fernando Leandro dos Santos (UFRPE)

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mentada pelo Decreto 25548 de 1934, prevendo casos de Mormo nos Artigos 61 e 63. A identificação de focos é passiva das ações de defesa sanitária e o sacrifício é obrigatório. A notificação às autoridades deve ser imediata. Já a IN 24 (SDA/MAPA 24/2004), aprova as normas para controle, trânsito e erradicação do Mormo, assim descritas:

1- Caso confirmado:• Eutanásia.• Enterro do cadáver;.• Desinfecção de instalações e fômites.2- Saneamento• Dois resultados negativos consecutivos em todos os animais,

após destruição do último caso confirmado (FC).• Necropsia e colheita de material (isolamento, tipificação e

sequenciamento).8.1. REGULAMENTOS SANITÁRIOS INTERNACIONAISNo âmbito internacional, o Código Zoossanitário Internacional

prevê restrição ao movimento de equídeos com origem em áreas onde foram notificados casos de Mormo (PADDoCK, 2015). Surtos de mormo devem ser imediatamente notificados à oIE, e os animais positivos devem ser eliminados para parar o estabelecimento de B. mallei no ambiente e evitar que animais contaminem os humanos (SPrAGUE e NEUBAUEr, 2004).

regulamentos veterinários, incluindo o teste sorológico dos animais antes do transporte podem reduzir o risco de importação de Mormo em áreas livres. Por conseguinte, o Código Sanitário para Animais terrestres da oIE (2003), dá instruções para a importação de equídeos de países com a doença e livres devem de ser seguidas (oIE, 2003).

9. CONCLUSÃOAtualmente, não há vacina disponível para o Mormo. Nos

países em que o Mormo é endêmico em animais, a prevenção da doença em seres humanos envolve a identificação e eliminação da infecção na população animal (CDC, 2011).

A grande importância do Mormo como zoonose e como doença de grande impacto econômico, nos faz refletir sobre a importância das barreiras sanitárias e da constante vigilância epidemiológica dos órgãos oficiais de defesa animal. o governo e os veterinários de campo devem se unir e trabalhar juntos para parar o grande cresci-mento que a doença tem atingido no Brasil.

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***

AUTORES:1- Renison Teles Vargas: médico veterinário, CrMV-MG Nº 6310, douto-

rando em Ciência Animal, Escola de Veterinária da UFMG.2- Carlos Augusto de Oliveira júnior: médico veterinário, CrMV-MG

Nº 11103, doutorando em Ciência Animal, Escola de Veterinária da UFMG.3- Nivaldo da Silva: médico veterinário, CrMV-MG nº 0747, professor De-

partamento de Medicina Veterinária Preventiva, Escola de Veterinária da UFMG.

Mormo: uma das mais antigas doenças descritas em equinos.

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OCORRÊNCIA DE FASCIOLOSE E hIDATIDOSE BOVINA EM FRIGORÍFICO LOCALIZADO NA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS, BRASILTHE OCCURRENCE OF BOVINE FASCIOlOSIS AND HyDATIDOSIS

IN COMMERCIAl ABATTOIR lOCATED IN THE ZONA DA MATA

OF MINAS GERAIS STATE, BRAZIl

AUTORESCarla Porto de Souza Paixão¹; Samylla texeira Gomes2; Guilherme Costa Fausto3; Keila de Paula Costa4; Fabrício Luciani Valente5; Lorendane Millena de Carvalho6; Mariana Costa Fausto7

RESUMOA obtenção higiênica de carnes depende de procedimentos que implicam na sanidade dos animais e do ambiente que os cercam até a obtenção do produto processado final. A inspeção post mortem, realizada a partir do exame macroscópico, de bovinos destinados ao abate para o consumo huma-no, auxilia no diagnóstico de patologias que impliquem na condenação, total ou parcial das carca-ças. A fasciolose e hidatidose apresentam-se como doenças importantes, causadas pela ingestão acidental de larvas de parasitas platelmintos, não apenas pelo impacto negativo na produção animal, mas também pelo fato das mesmas serem zoonóticas. Diante disso, este estudo teve como objetivo determinar a prevalência de Fasciola hepatica e cistos hidáticos no fígado de bovinos abatidos em um frigorífico comercial localizado no município de Muriaé, região da Zona da Mata do estado de Minas Gerais e associar essas lesões com a época do ano. Foram avaliados dados do Serviço de Inspeção Federal (SIF) referente ao abate de 65.791 bovinos abatidos durante o período de janeiro de 2012 a junho de 2014. Do total de animais analisados, 1.980 (3,00%) apresentaram lesão indicativa de Fasciola hepática e 45 (0,06%) lesões indicativas de cisto hidático. Portanto, o monitoramento sanitário ao abate mostra-se como uma ferramenta importante para verificar a eficácia dos protocolos de vermifugação utilizados, e também a necessidade de se desenvolver e/ou rever estratégias de controle desses parasitos nos rebanhos de bovino.Palavras-chave: condenação, parasito, zoonose.

ABSTRACTThe meat hygiene obtaining depends on procedures that involve the health of animals and the environment around them to obtain the final processed product. The post mortem inspection, car-ried out from the macroscopic examination of cattle for slaughter for human consumption, helps in diagnosing pathologies involving the condemnation of all or part of the carcasses. Thus, the ins-pection performed by the veterinarian is very important because it allows selecting carcasses with disorders that may affect human health after consumption. In this sanitary inspection process, the frequent condemnation of organs and carcasses can result in large economic losses for the meat industry. The fasciolosis and hydatid disease are presented as major diseases caused by accidental ingestion of larvae of parasitic flatworms, not only by the negative impact on animal production but also because the same are zoonotic. Therefore, this study aimed to determine the prevalence of Fasciola hepatica and hydatid cysts in bovine livers slaughtered in a commercial abattoir in the municipality of Muriaé region of Zona da Mata of Minas Gerais and to associate these lesions with the time of year. An evaluation was made totaling 65,791 animals, based on data extracted from the Federal Inspection Service slaughtered during the period January 2012 to June 2014. Out of the total number of slaughtered animals, 1,980 (3.00%) tested had hepatic Fasciola indicative injury and 45 (0.06%) indicative injury hydatid cyst. Therefore, producers should be warned about the inefficiency of the deworming protocols that are used, and the need to develop and/or review control strategies for this parasite in production systems.Key-words: Greenhouse gas (GHG) metanogênse, methane, enteric, cattle, techniques.

ARTIGO TéCNICO 6

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1. INTRODUçÃO A Fasciola hepatica é um digenea da família Fasciolidae que

apresenta distribuição cosmopolita e parasita os ductos hepáticos de diferentes espécies de hospedeiros vertebrados. No Brasil, a ocorrência deste parasita foi relatada nas regiões Centro-oeste, Nordeste, Sudeste e Sul, parasitando bovinos, ovinos, bubalinos e animais selvagens (CArNEIro et al., 2010; BENNEMA et al., 2014). A fasciolose é considerada uma zoonose por ocasionalmente, co-meter o ser humano. Casos humanos têm sido relatados nas regiões Sul, Centro-oeste, Sudeste, Nordeste e Norte, com o maior número de casos nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, respectivamente (PILE et al., 2000; oLIVEIrA et al., 2007).

No ciclo da Fasciola hepatica a transmissão está diretamente relacionada à ecologia de caramujos pertencentes ao gênero Lym-naea (hospedeiros intermediários) e à ingestão de água e verduras contaminadas com formas larvais do parasita, denominadas meta-cercárias (NEVES, 2003).

rebanhos parasitados geram grandes perdas econômicas, por causa da redução da produtividade tanto do leite quanto da carne, retardo de crescimento dos animais jovens, rejeição do fígado nos abatedouros, abortos, mortalidade e despesas sobre o controle da parasitose (LIMA et al., 2009).

Assim como a fasciolose, a hidatidose, doença causada pela ingestão acidental de larvas dos parasitas platelmintos do gênero Echinococcus, também apresenta grande importância, não apenas pelo impacto negativo na produção animal, mas também pelo fato de ser uma zoonose.

A organização Mundial da Saúde (oMS) reconhece quatro es-pécies do gênero Echinococcus: Echinococcus granulosus (BAtSCH, 1786); Echinococcus multilocularis (LEUCKArt, 1863); Echinococcus oligarthrus (DIESING, 1863); e Echinococcus vogeli (rAUSCH & BErNStEIN., 1972). recentemente, uma nova espécie – Echinococ-cus shiquicus (XIAo et al., 2005) – foi descrita na China em raposas tibetanas. os casos de hidatidose humana por E. granulosus são mais comuns do que pelas outras espécies e vêm sendo descritos em países como Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Peru, Uruguai, Venezuela e no Brasil (BrASIL, 2011). No ciclo biológico do E. granulosus, o hospedeiro definitivo é são os cães e os ovinos, sendo caprinos e bovinos classificados como intermediários. Em cães a ingestão normalmente ocorre por se alimentarem de vísce-ras dos bovinos ou pacas (Cuniculus paca) contendo cistos hidáticos (BrASIL, 2011).

Uma vez que a fasciolose e a hidatidose são enfermidades de grande importância para medicina veterinária e humana, este es-tudo teve como objetivo determinar a prevalência de fasciolose e hidatidose em bovinos abatidos em um frigorífico comercial locali-zado na região da Zona da Mata Mineira.

2. MATERIAL E MéTODOSo estudo foi conduzido baseado na coleta de dados do Serviço

de Inspeção Federal (SIF), totalizando 65.791 bovinos abatidos du-rante o período de janeiro de 2012 a junho de 2014, em abatedouro comercial localizado no município de Muriaé (21º 07’ 50” S latitude e 42º 21’ 59” W longitude), região da Zona da Mata do estado de Minas Gerais. Durante o abate, os fígados dos animais foram inspe-cionados segundo as normas descritas no rIISPoA – regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de origem Animal (BrASIL, 2001).

os dados foram analisados pelo teste de Mann-Whitney para avaliar a taxa de condenação no primeiro e no segundo semestres dos anos. os dados foram analisados utilizando o software Sigma-Plot (versão 11.0) ao nível de significância de 5%.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃODentre os 65.791 animais analisados, 1.980 (3,00%) tiveram le-

sões hepáticas indicativas de contaminação por Fasciola hepática e 45 (0,06%) lesões indicativas de hidatidose. rebanhos parasitados ocasionam grandes perdas econômicas, pois além da rejeição do fígado nos abatedouros, o parasito promove redução da produtivi-dade tanto do leite quanto de carne, retardo no crescimento do ani-mal e despesas sobre o controle da parasitose (LIMA et al., 2009). Dessa forma, o monitoramento durante o abate permite a avaliação rápida e barata de saúde do rebanho, além de permitir estimar per-das econômicas com base no número de animais contaminados e órgãos descartados (ČErNEK et al., 2012).

Avaliando a ocorrência anual de Fasciola hepática, foi encon-trada diferença entre os dois semestres de estudo, onde a taxa de condenação de fígado no primeiro semestre (janeiro a junho de cada ano analisado) (3,685% ± 1,195) foi maior que no segundo (julho a dezembro), (2,761% ± 0,770) (p=0,029) (Figura 1). Em valo-res absolutos, no primeiro semestre, dos 39.138 animais avaliados, 1.257 (3,21%) apresentaram lesões características de contamina-ção pelo parasito. Já no segundo semestre dos 26.653 avaliados, 723 (2,71%) apresentaram tais lesões (Figura 2).

Figura 1. Condenação hepática de fígados acometidos por Fasciola hepáti-ca em abatedouro comercial, no período de 2012-14, Zona da Mata-MG.

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ARTIGO TéCNICO 6

Por outro lado, a taxa de condenação pela presença de cis-tos hidáticos não apresentou diferença entre os dois semestres (p=0,846). Embora o segundo semestre tenha apresentado maior média, também apresentou a maior variação mensal, ainda assim com taxas bem próximas a zero (Figura 3). Em valores absolutos, no primeiro semestre, apenas 12 (0,03%) dos animais apresentaram lesões características de cisto hidático. Já no segundo semestre, foram 33 (0,12%) animais (Figura 4

A Fasciola hepática é um parasita de distribuição mundial, prin-cipalmente em regiões tropicais, onde as condições climáticas ade-quadas, como alta umidade, temperatura e precipitação, favorece a ocorrência do Lymnaea, molusco hospedeiro intermediário do ciclo biológico do parasito (MArtINS et al., 2012). Assim, uma maior ocorrência no primeiro semestre pode ser justificada pelo aumen-to da população o caramujo, favorecendo a dispersão da doença.

Figura 2. (A e B) Presença de Fasciola hepatica encontrada no fígado. Fonte: Arquivo pessoal

Figura 3. Condenação hepática de fígados acometidos por cisto hidático em abatedouro comercial, no período de 2012-14, Zona da Mata- MG.

Figura 4. (A e B). Cisto hidático no fígado de bovino. Fonte: Arquivo pessoal

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Além disso, segundo Alves et al (2011), o aumento da dispersão geográfica da Fasciola hepatica no Brasil se deve ao comércio e transferência de animais parasitados de áreas onde a doença é en-zoótica para áreas não afetadas, mas que apresentam condições epidemiológicas favoráveis.

Apesar da hidatidose também ser encontrada em pastagens e regiões alagadiças, uma menor ocorrência de lesões por cisto hi-dático pode ser justificada pelo ciclo biológico do parasita, visto que o bovino apresenta-se como hospedeiro intermediário (DALL AStA., 2011). Segundo Brasil et al. (2011), torna se necessário ob-ter uma avaliação criteriosa do sistema de registro dessas parasi-toses, avaliando sua importância econômica e seus fatores de ris-cos, diminuindo assim a incidência destas verminoses. Além disso, ambas são consideradas patologias importantes, por se tratarem de zoonoses e fazerem parte de programas chaves da organização Mundial da Saúde, em áreas de distúrbios zoonóticos (HAZrAtI tA-PPE., 2011).

4. CONCLUSõESA Fasciola hepatica e hidatidose são um problema persistente

em bovinos localizados na microrregião de Muriaé, localizada na Zona da Mata do Estado de Minas Gerais. Dessa forma, existe a necessidade de se obter um melhor entendimento sobre a origem dos animais e a prevalência desses parasitos, não apenas na região deste estudo, mas também em outras regiões da produção pecuária no país. Dessa forma, é possível reavaliar do fatores de risco asso-ciados a tais verminoses e protocolos de vermifugação que estão sendo utilizados, contribuindo para a saúde dos rebanhos bovinos brasileiros.

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AUTORES:1- Carla Porto de Souza Paixão: graduanda em Medicina Veterinária –

FACISA/UNIVIÇoSA. e-mail: [email protected] Samylla Texeira Gomes: graduanda em Medicina Veterinária – FACI-

SA/UNIVIÇoSA. e-mail: [email protected] Guilherme Costa Fausto: professor do curso de Medicina Veterinária,

CrMV-MG nº 12040. FACISA/UNIVIÇoSA. e-mail: [email protected] Keila de Paula Costa: médica veterinária, CrMV-MG nº12253.

e-mail: [email protected] Fabrício Luciani Valente: médico veterinário, CrMV-MG nº8090.

e-mail: [email protected] Lorendane Millena de Carvalho: doutoranda em Medicina Veteriná-

ria, CrMV-MG nº15959, Universidade Federal de Viçosa, e-mail: [email protected]

7- Mariana Costa Fausto: professora do curso de Medicina Veterinária, CrMV-MG nº 9675, FACISA/UNIVIÇoSA, e-mail: [email protected]

Carcaças inspecionadas

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Movimentação de Pessoas FísicasPeríodo de 23 de julho a 27 de outubro de 2015.

Inscrições PrimáriasMédicos(as) Veterinários(as):15753 Joao Pedro Martins Souto15762 Bruno de Paula Souza15763 Marcella rafael de Andrade15767 Nathalia Vieira rodarte15782 Leonardo tadeu Silva Vinhais15785 Larissa Mirelle Costa Lima15787 Cristóvão Costa Gondim15798 Amanda ribas Vianna15811 Fredy Esteban osorio Carmona15815 Catherine Coelho de Souza15818 raissa Filgueiras Salazar15831 Cristiano Cecílio troncoso Junior15832 Dayanne Cristina Ferreira da Silva15833 Alessandra Borges da Silva15837 Luciana terra telles15838 Willian de Paula Silva15840 Carolina Pires de oliveira Dias15843 André Massahiro teramoto Krieck15848 Lucas Januzzi Lara15859 Juliana Mergh Leão15863 Breno Correa E Castro15870 Uanderson Nunes Carneiro15871 Guilherme Mendes Macedo Mendonca15872 Emilio Adolfo Almeida Hein15873 Aurélio Flavio Cuin15875 renato oliveira dos Santos15876 tiago Goncalves Silveira Alves15884 Aline Navarro de Aguiar15889 Aline rodrigues Pinheiro15891 Vinicius Junqueira Lopes Horta15892 Simone Freitas Bacurau15893 Vinicius Paolinelli de Carvalho15895 Melissa Lobato Defensor15896 Wellington Douglas Sousa Silva15902 Jose Paulo de oliveira Filho15903 Marcelo Menezes Alves15907 Marcus Lacerda de rezende15918 Nathalia Bella Prado de Souza15922 renato Guerra de Castro Junqueira15924 Paulo Henrique Von rondon Martins15926 Marcos Pereira Bueno15932 rodolfo Nogueira 15938 Mayara Lima Cardoso15940 Mayara Mafra Soares15941 Kênia renata Silva Borges15943 rafael Moura Barcelos15944 Bruno Afonso Aguiar15948 renata Silva Fernandes15950 Mireille Mourão Sabbagh15951 Mayara Fabrini Miranda15956 Leticia Goncalves Panício15959 Lorendane Millena de Carvalho15961 Gabriela Canabrava Gouveia15963 Caio Cesar rodrigues da Costa15966 Clarisse Vieira Botelho15969 Daniel Henrique Cardoso Brancaleoni15970 Denille Marques do Lago15973 Priscila de oliveira Araújo Dias15974 Marcel ribeiro Colombo15976 Luísa Almeida Cardoso15979 Juliano Lemos Maia15981 Ana Paula oliveira Santos15982 Leandro Caetano dos Santos 15988 Matheus Anderson Penques dos reis15989 Victor Couto de Albuquerque Baeta15990 Cristiano Werneck rocha Gondim15991 Edneia rodrigues de oliveira15995 Ludmila Barbi trindade15996 Milena Carolina Duarte16005 Caroline Barbian

16007 Joao Fernando de Lima rocha16008 Anderson Vinhais Alves Filho16012 tatiana Carmen rosa Correa de Souza16013 Ana Maria Grigoletto16015 rosana Candido Moreira16017 Jaime Freire Lemos16018 Lara Monti Leite16019 Paula Silverio oliveira16020 Laís da Silva Santos16021 Paula Miranda de Carvalho16025 Karla Gabrielle oliveira Martins Moessa16026 Pedro Lucas rodrigues Barbosa rosa16027 Adriano Diogo Lins16028 rodrigo Pricoli Miranda16029 Mauricio Maia rodrigues16032 Savio Augusto toledo Moreira16034 Paulo Antônio Miranda Barros Junior16035 Luiz Augusto Capellari Leite da Silva16037 thuanny Natanny Ferreira Vasconcelos

Zootecnistas CRMV-MG n°:2073/Z Jose Vieira da Silva Sobrinho2074/Z rafael Mendonca de Carvalho2075/Z Matheus Jose Stussi Dias Fortes2077/Z Marcelo de Andrade Pereira2078/Z Bruno Bastos teixeira2079/Z Leandro Sergio Moreira Martins2081/Z Carlos Cesar rodrigues dos Santos2082/Z Laura Basso de Carvalho2083/Z Guilherme Cleto de Carvalho2085/Z rayanne Lage Cordeiro2086/Z Jessica Alves de Souza Miranda2088/Z Nelson de Araújo Ulian2089/Z Paulo Cesar Santos oliveira2090/Z renata Veroneze

Transferências Recebidas15754 Maria Eugenia Moraes Araújo15756 Lorena Gabriela rocha ribeiro15759 Cristiane Pagliuso Cicuti15761 Emanuel Mourão Doroteu15769 Marcia Pimenta Alvares15770 Bianca Moreira de Souza15817 Flavio rocha Alves15855 Mei Camargo de Paula15857 Bruna Cabral Carneiro Batista15912 Dayana Alersa Conceição Ferreira15949 Cahue Francisco rosa Paz15975 Cibele Damiao Andreasi de Lima15987 thiago Silva rodrigues15999 Leonardo Goncalves Serafim16004 Valdeane Dias Cerqueira16023 André Cayeiro Cruz16039 Stella Laurelli Gasulla

Zootecnista CRMV-MG n°:2080/Z Jorge Szechy Guimaraes

Inscrições SecundáriasMédicos(as) Veterinários(as) CRMV-MG n°:15758/S Paulo Cesar Vieira Perassolo15771/S Marcello Pinto ribeiro15772/S Desiree Barros Ferreira15854/S rodolfo Saraiva ruiz romero 15856/S Ana Cecilia Libório Pereira Leite15865/S Ângela Akamatsu15888/S rodrigo Dias de oliveira15911/S Vanessa Lessa Leite15914/S renata oreiro Leandro15915/S Fabricio Borges Ferro15916/S Camila de oliveira Gibaile 15984/S thiago Karl Schirm16022/S Fernanda Goncalves Pinheiro16033/S Luiz Garcia Duarte Filho16036/S Eduardo Baraldi Nicolau16038/S Gabriela Garcia rosa Leira

Reinscrições Médicos(as) Veterinários(as) CRMV-MG n°:452 Jose Aloisio Maringues Aquino3369 Lucia Helena ribeiro de Vasconcellos4269 Glause Lemos de Carvalho4274 Mauricio Campanha rodrigues6443 Janildo Ludolf reis Junior7650 Silvio Leite Monteiro da Silva7771 Leandra Queiroz de Melo9759 Germano Knychala Faria10208 Nayara Liberato Milhoci Lacerda14056 Samuel Douglas Pereira de oliveira14993 Joao Lucas Calice Moreira

Inscrições Provisórias: Médicos(as) Veterinários(as) CRMV-MG n°:15751 Caio Guimaraes ribeiro15752 Murilo Soares de Sa15755 Mariane de Souza Nascimento15757 Marcelo Santesso takakura15760 Pedro Henrique de Sousa Vargas15764 taciana Dala rosa Bezerra Cavalcanti15765 Jessica Passos Faria15766 Filipe Braga Campos15768 Sergio Neves Eulálio de Souza15773 Felipe Brandao Costa15774 Washington Caldeira Brant Pinto Perpetuo15775 rayanne Soalheiro de Souza 15776 Luana de oliveira Branco15777 Kéllen Cristina Moutinho Santos15778 Diogo Neves Ferreira15779 Leandro Nunes de Souza15780 Ana Alice da Mota15781 Diego Souza Ferreira de Almeida 15783 Isabela da Costa Silveira15784 Gabriela Caldas Santos15786 Ingrid Caputo Nunes15788 Stefany Magalhaes Silva15789 Leonam Pedro Dias15790 Larissa Mota Pimentel Fonseca15791 Jessica Silva da Cruz Pires15792 Gabriel Mendes Santos15793 Lucas Barra Bisinotto15794 Evane radicchi de Almeida15795 Laura Neves Bittencourt Moreira15796 Jânio Pereira Pinto15797 Janaina Magalhaes Caires15799 Manoel Alves da Conceição Neto15800 Aline de oliveira Vilela15801 Patrícia Carla de Lima15802 oscar Leitão Pinto15803 Bruno Nascimento Araújo15804 Karen Caetany Moreira15805 Bruna Carolina Lima Almeida ribeiro15806 Marilia Guadalupe Victal15807 rayssa ribeiro15808 Bruno Vinicius Pereira15809 Aline Costa da Silva15810 Mairon de Freitas Paschoal15812 Jeniffer Godinho Ferreira Pimenta15813 Leticia Nunes Costa15814 Kamila oliveira Pires15816 Danyane Silva Franco Zacarias 15819 Nathalia Caroline Soares15820 Laura Danielle Goncalves Maldonado15821 Carlos Eduardo Carreli15822 Larissa Kelly Braganca Marques15823 rodrigo Cesar de oliveira15824 Isabela da Silva rocha15825 rafael rodrigues Carvalho Araújo15826 Fillipe Augusto Dias Martins15827 Jessica resende Souza15828 tanísia Lisandro Martins15829 Maria Luzia da Silva15830 Ayranna Julia Vilarinho teixeira

MOVIMENTAçÃO DE PESSOAS FÍSICAS

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15834 Feliphe Cardoso Costa15835 Antônio Augusto ribeiro Leonel15836 Jander Alves dos Anjos15839 raphael Carvalho Mendonca15841 Natalia Camila Alves Melo15842 raphael Lourenzo de Brito ramanery15844 Patrícia Maralyne Lopes Lisboa Fagundes15845 tadeu richardson oliveira da Silva15846 André Pires de Lima Miranda15847 Diogo Barquette oliveira15849 Vanessa Borges Evangelista15850 William de Souza Silva15851 Vanessa Ferreira rodrigues15852 Aldeci rafael Lopes Xavier15853 Lilian ribas de Souza15858 Hudson Ademir da Silva15860 Daniel ribeiro Linhares15861 Ayara Jessica Ferraz de Souza Araújo15862 thalita Victor Lopes Venuto15864 Maiara Fragoso dos Santos15866 Carlos Augusto Stacanelli de Avelar15867 roberta Jamel Edim de oliveira15868 Ana Virginia Lacerda Cabral Silva15869 rodrigo Palma Martins15874 Marceli Maiara Afonso Penha ribeiro da Cruz15877 Paulo Sergio da Silva Lopes15878 Melina Palmieri Costa de Miranda Menezes15879 André Dias Candido15880 tuanny rufato raia15881 Eliane Alves Soares Cupertino da Silva 15882 Evandro Vianna Wan de Pol15883 rodrigo Moraes Fagundes15885 Aline Malveira de toledo15886 Adriano Silvio Neto15887 tamara Arantes Maciel15890 Saulo Vital Neves da Paz15898 Alline Elaine de Paula Gomes Dias15899 Luis Eduardo Alves Fraga15900 Amilcar Machado Pereira Junior15901 Jordao Goncalves reis15904 Ângela Guimaraes Zitz15905 Joao Carlos de oliveira Lima15906 thaíza Aparecida Gomes Martins15908 Luciana Lices dos Santos15909 Guilherme Henrique Altino Campos15910 Flavia Araújo de Paula15913 Isabela Fernandes Martins15917 Henrique Ângelo Vieira15919 rafaela Belchior Aredes15920 Mauricio Gomes de Sousa 15921 Nathalia Laportti Conrado E Silva15923 Cristiane Martins rosa15925 Andrea Cardoso de rezende15927 Iury Kao Moretti Itoyama15928 Aline Xavier Potengy de Mello15929 Gesiel Vitor Silva15930 Bruna Pereira Graciano15931 Belisa resende Belut15933 thais rezende Leite15934 Luiz Gustavo Azambuja rodrigues Dias15935 tassyane Ferreira Silva 15936 Ana Luiza Soares Mota Franco Marra15937 Amanda Alves Madureira tomaz15939 Eduarda Nogueira da Silva15942 Juliana Costa Carvalho15945 Fabio oliveira da Silva15946 Laís Sousa Costa15947 Gustavo Graciano Mundim15952 Leonardo resende Lisboa 15953 rafael Augusto Dayrell Valadares 15954 raissa de oliveira Catheringer15955 Luiza Cioglia Dias Lima15957 Bruno Pimenta Petruceli

15958 Marianna rosa resende15960 Samantha Barbosa de Sousa15962 Sarah Antonieta de oliveira Verissimo15964 Lorena Morena Castro Silva15965 Pedro Henrique Saback Moreira15967 rogerio rodrigues Arantes Faria 15968 Jose Cicero Morais Gandara15971 Loana rangel Bertolino15972 Saulo Baracat Villela15977 rafael Araújo Amaral dos Anjos15978 Juliana de Carvalho Martins15980 thais Coimbra Silva Barbosa 15983 Ana Luísa Lima Guimaraes15985 Carlos Alexandre Morais Silva15986 Getúlio Marcos Silva dos Santos 15992 rita de Cassia Lima Morais15993 Danilo rodrigues Melo15994 Claudia teixeira Bonisson15997 Jessica Marilia rodrigues Pinto15998 Itibere Itaborahy dos Santos16000 oglenia Pereira ramos16001 Lucas Lima Leal16002 Deyverson thiago Prates Pereira 16003 Larissa Barbosa Moura16006 Luciana ribeiro Abreu Muchinelli16009 Leticia Batista Costa16010 Nathan Fellypp Moreira resende 16011 Debora Goncalves da Silva16014 Hegliton Alves Asevedo16016 Marianna ribeiro de Souza Guerra16024 rodrigo Maia Mendes16030 Henrique Fagundes Bortot16031 Mattheus Vittor Vieira Santos Zootecnistas CRMV-MG n°:2072/Z tiago Guimaraes Soares2076/Z Lucas Henrique Barbosa2084/Z Simara Larissa Fanalli

Transferências ConcedidasMédicos(as) Veterinários(as) CRMV-MG n°:401 reinaldo Antônio Furtado3887 Luiz Mauro Sena teixeira Santos6526 Ana Flavia ribeiro Machado Michel8087 Gustavo Xavier rocha de oliveira9131 Denise Gomes de Melo9335 Gelber Mariano Mendes Dias9670 Filipe Penha tinoco9716 Karen Medina teixeira10118 Hallison Luiz de Freitas10507 rogerio Alberto Farkuh10690 Daniel Carlos rocha de Mello12026 Ana Leticia Daher Aprígio da Silva12388 Lailson Alves Monteiro12754 Alcione Maria de Andrade12793 Bruna Aguiar Lemos12847 Verena Ayres Silva Ferrari12952 Liziane Anselmo rodrigues Barcelos12968 Bianca Geisa da Silva Lopes Dahlmeier13150 Lourival Pereira Carrijo Netto13323 Jose Cabral Gomes Barbosa13606 thiago Augusto de Souza Silva13656 Lucas reis Vieira13850 Laura ribeiro Vargas13876 Patrícia Karen da Silva Cunha14002 Fernanda Baldy dos reis rossetto14535 Daniel Antunes Pousa Faria14538 Cintia Paula Vieira Carrero14736 Baltazar ruas de oliveira Junior14839 Elisa radael Mattos14898 Elisangela Altafim Pereira14907 Vitor Ayub Assaf Andrade 15097 tony Jordão Prado

Suspensão por aposentadoriaMédica Veterinária CRMV-MG n°:1533 Cleonice Gomes Barbosa

Isentos:Médicos(as) Veterinários(as) CRMV-MG n°:160 Jose oswaldo Costa331 Nelson Carneiro Baião463 Antônio Gomes Silva549 Álvaro Campanha Botelho651 roberto Azevedo Santos679 Eduardo Henrique Coelho Correa Pinto847 Jessênio Maia dos Santos869 Gilberto Alves da Conceição902 Julião Feller Stoianof oliveira Souza965 orlando Marcelo Vendramini1011 Manoel Lemos Brandao1039 Sandra regina Árabe1346 Jose Lucio de Vasconcelos Caetano1408 Afonso Antônio da Silva1564 Lucia de Carvalho Queiroz1624 Cesar Goncalves Vargas5219 Lucia Marly Almeida Moreira

Falecimentos:Médicos Veterinários CRMV-MG n°:33 Marco Antônio Velloso Araújo3146 ricardo Pereira robert13936 renan Sobreiro Goncalves

Cancelamentos:Inscrições PrimáriasMédicos(as) Veterinários(as) CRMV-MG n°:477 Luiz Fernando Alves Ferreira1701 Waldir Paiva2313 ricardo Duque Campos2734 roberto Negreiros2892 tulio Fernandes de Lima6640 Laís de Matos Malavasi7694 renata Kelly de Almeida8175 Guilherme Lanna reis8867 Erica Batista Fontes9314 ricardo Garbato Frota9618 Jose Augusto da Silva resende9891 Aline Andrade10079 Luciana de Alvarenga Lima11079 Daniela Viana de Matos Salomão13361 Ana Carolina Martins roseno13585 Viviane Fagundes de oliveira14013 Bruno oliveira Campos14172 talita Pilar resende

Cancelamentos Inscrições Secundárias Médico Veterinário CRMV-MG n°:9198 Eduardo Loewen

Cancelamentos Ex-Offício (falta de apresentação de Diploma) Inscrições Primárias 14900 renato Lopes rodrigues14959 Breno Santos Carneiro14982 thiago Alves de Souza

Cancelamentos Inscrições Primárias Zootecnistas CRMV-MG n°:652/Z Dieter Suida410/Z Wander Dias Baracho1184/Z Giovani Bordinhão Gomis1087/Z Francisco Glycério de Freitas1044/Z Maria do Livramento Alves de Almeida1274/Z Kelly Carolina de Novaes1504/Z Susi Cristina dos S. Guimaraes Martins1666/Z “S” Edwiney Sebastiao Cupertino1702/Z Alcapone Caetano de Freitas1806/Z Lucas de oliveira Leite1891/Z Claudia Milene Nascente Das Neves

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VOCÊ SABIA?

Você sabia que nos últimos cinco anos, o CrMV-MG capacitou milhares de médi-cos veterinários e zootecnistas por meio do apoio à realização de mais de 200 eventos técnicos e científicos?

Você sabia que o CrMV-MG instaura e julga Processos éticos com o intuito de verificar e alinhar a conduta dos profis-sionais da Medicina Veterinária e da Zootecnia?

Você sabia que através de sua Sede e suas sete Unidades regionais o CrMV-MG tem atuação em todos os municípios de Minas?

Você sabia que o CrMV-MG dispõe de sete canais de comunicação para manter você atualizado? São eles: revista V&Z, Bo-letins de Pessoa Física e Jurídica, News-letter, Facebook, twitter e Site.

Você sabia que o CrMV-MG emprega cerca de 50 pessoas, entre funcionários e estagiários? Eles atuam nas áreas de recursos Humanos, Procuradoria Jurídi-ca, Comunicação, Fiscalização, Adminis-tração, registro de Pessoas, tecnologia da Informação, entre outros.

Você sabia que a anuidade paga pelos pro-fissionais e empresas inscritos não é esta-belecida pelo CrMV-MG? Por tratar-se de um tributo federal, o valor é determinado pelo CFMV com base na Lei 12.514.

Você sabia que a inscrição no Conselho é obrigatória para que pessoas inabilitadas não exerçam a Medicina Veterinária e a Zootecnia?

Você sabia que cursos e eventos de inte-resse da Medicina Veterinária e da Zoo-tecnia acontecem em vários municípios mineiros com o apoio do CrMV-MG? Através de seu programa de Educação Continuada o CrMV-MG patrocina even-tos técnicos e publicações científicas, por meio de aportes financeiros.

Você sabia que o Conselho dispõe de Co-missões que abrangem assuntos estraté-gicos para tomada de decisões?

Você sabia que suas opiniões e sugestões são de interesse do CrMV-MG? Por isso, ele dispõe da ouvidoria, uma ferramenta para aproximar o Conselho de você!

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O CRMV-MG INVESTE CONSTANTEMENTE NA GERAçÃO E CIRCULAçÃO DE INFORMAçÃO E EDUCAçÃO PARA PRO- FISSIONAIS DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA.

POR ISSO, POR MEIO DO PROGRAMA DE EDUCAçÃO CON- TINUADA, LANçA NOVOS PRODUTOS COMUNICACIO-NAIS: UM PERFIL NO TwITTER, UMA NEwSLETTER, O FA- CEBOOK E UM PORTAL.

PARA SEGUIR-NOS NO MICROBLOG E NO FACEBOOK A-CESSE O ENDEREçO www.CRMVMG.ORG.BR E CLIqUE NOS ÍCONES CORRESPONDENTES.

A NEwSLETTER é ENVIADA qUINZENALMENTE PARA O SEU E-MAIL CADASTRADO NO SISTEMA DO CRMV-MG.

NÃO DEIXE DE VISITAR NOSSO PORTAL. ELE CONTéM IN- FORMAçõES ÚTEIS PARA O SEU DESENVOLVIMENTO PRO- FISSIONAL.

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O aprendizado do passado e do presente nos torna mais fortes e preparados para construir o futuro.

Feliz Natal e Próspero 2016!

GíriaD

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