vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

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Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais Joana Lima-Silva, Pedro Vieira-Baptista, João Cavaco-Gomes, Jorge Beires Serviço de Ginecologia Centro Hospitalar de São João

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Page 1: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos oraisJoana Lima-Silva, Pedro Vieira-Baptista, João Cavaco-Gomes, Jorge Beires

Serviço de GinecologiaCentro Hospitalar de São João

Page 2: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Primeira referência a dor vulvar na literatura remonta ao século XIX

International Society for the Study of Vulvovaginal Diseases (ISSVD) – 2003, Congresso Mundial, Salvador, Brasil

Introdução

(Latim: vulva; Grego: dor)VULVODINIA

Moyal-Barracco M. J Reprod Med. 2004Haefner. J Low Genit Tract Dis. 2007

“Vulvar discomfort, most often described as burning pain, occurring in the absence of relevant visible findings or a specific, clinically identifiable, neurologic disorder.”

Page 3: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

International Society for the Study of Vulvovaginal Diseases (ISSVD) – 2003, Congresso Mundial, Salvador, Brasil

Introdução

Vulvodinia essencial

Vulvodinia disestésica

Síndrome da vestibulite vulvar

Disestesia vulvar (generalizada ou

localizada)

Disestesia vulvar provocada

Disestesia vulvar espontânea

Hiperestesia vulvar

Adenite vestibular

Page 4: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

International Society for the Study of Vulvovaginal Diseases (ISSVD) – 2003, Congresso Mundial, Salvador, Brasil

Introdução

Page 5: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

International Society for the Study of Vulvovaginal Diseases (ISSVD) – 2003, Congresso Mundial, Salvador, Brasil

Introdução

- Eritema bilateral, localizado perto dos orifícios dos ductos das glds de Bartholin e das glds vestibulares menores, é um achado normal, não devendo ser classificado como relevante

- Condilomas, nevos e quistos podem estar presentes na vulva, mas não são considerados relevantes

Page 6: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Comum, embora subdiagnosticado e inadequadamente tratado

Introdução

Harlow BL. J Am Med Womens Assoc. 2003

- 16% das mulheres experienciaram dor vulvar com duração de pelo menos 3 meses, alguma vez na sua vida

- 7% estavam sintomáticas aquando da realização do estudo

Reed BD. . Am J Obstet Gynecol. 2012

- Prevalência 8,3%- Prevalência estável até aos 70 anos, depois diminui- Das mulheres com critérios de vulvodinia, 48,6% procuraram

tratamento – apenas 1,4% foram diagosticadas- Taxa de remissão: 16,9%

MAGNITUDE DO PROBLEMA

Page 7: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Introdução

MAGNITUDE DO PROBLEMA

- Afecta qualquer idade – estudos recentes em adolescentes sugerem que é bastante prevalente nesta faixa etária

Xie Y. Curr Med Res Opin. 2012

Arnold LD. Obstet Gynecol. 2006  Piper CK. J Low Genit Tract Dis. 2012

- Elevado impacto económico: custos directos em saúde, absentismo laboral- 31-72 mil milhões de dólares/ano

- Diminuição na qualidade de vida das mulheres afectadas- Impacto psicológico- Impacto na vida sexual/marital

Harlow BL. J Am Med Womens Assoc. 2003

Landry. J Sex Med. 2009

- Afecta igualmente brancos e negros, sendo mais comum entre os hispânicos

Page 8: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Anomalias do desenvolvimento embrionário Agentes infecciosos Factores genéticos e imunes Alterações inflamatórias Alergéneos Patologia do pavimento pélvico Factores hormonais ...

Introdução

ETIOLOGIA DESCONHECIDA: PROVAVELMENTE MULTIFACTORIAL

Page 9: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Controvérsia relativamente ao papel dos contraceptivos orais

Introdução

FACTORES HORMONAIS

Basin S et al1994

Harlow BL et al2008

Sjöberg I et al1997

Reed B et al2013

Bouchard C et al2002

CO associados a vulvodinia(Uso, duração e idade de

início)

VS. CO sem impacto significativo no risco de

vulvodinia

Page 10: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Vulvodinia generalizada ou localizada Vulvodinia espontânea, provocada ou mista

Introdução

FACTORES HORMONAIS

Sem dados na literatura?

Avaliar o papel dos CO nos diferentes tipos de vulvodinia Generalizada/Localizada Espontânea/Provocada/Mista

Objectivo

Page 11: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Estudo retrospectivo transversal

Revisão dos processos clínicos das mulheres com o diagnóstico de VULVODINIA

Consulta de Patologia Vulvar do CHSJ

Janeiro de 2008 – Dezembro de 2012

Análise dos dados em SPSS® 20.0.

Materiais e métodos

Page 12: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

49 mulheres com o diagnóstico de vulvodinia Idade média no diagnóstico: 43,9±17,16 anos 42,6% nuligestas 66,6% casadas/união de facto

Resultados

75,6% uso actual ou prévio de CO

Tempo médio de utilização 97,3 meses

Page 13: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Resultados

Provocada

Espontânea Mista Total

Generalizada

14 1 11 26 (53.1%)

Localizada 14 - 9 23 (46.9%)

28 (57.1%)

1 (2.0%) 20 (40.8%)

49

49 mulheres com o diagnóstico de vulvodinia

Classificação da vulvodinia (ISSVD, 2003)

Page 14: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Resultados

GENERALIZADA

LOCALIZADA p

Exposição aos CO(alguma vez)

65,2% 86,4% 0,099

Vulvodinia generalizada vs. localizada

Contraceptivos orais

Duração média de exposição aos CO

25,6 meses

97,5 meses

0,008

RR= 2,05(IC 95%, 0,75-

5,63)

Page 15: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Resultados

ESPONTÂNEA

PROVOCADA MISTA p

Exposição aos CO(alguma vez)

100% (n=1)

81,5% 64,7% 0,383

Vulvodinia espontânea vs. provocada vs. mista Contraceptivos orais

Duração média de exposição aos CO

-62,4

meses71,7

meses0,952

Page 16: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Não há consenso acerca da influência dos CO na vulvodinia – factor de risco? Estudos apontam para risco aumentado de

vulvodinia nas mulheres com exposição mais prolongada e em idades mais precoces

Não há publicações acerca do papel dos CO nos diferentes tipos de vulvodinia

Discussão

Page 17: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Os presentes resultados sugerem uma associação entre a exposição aos CO e a vulvodinia localizada Efeito “tudo ou nada” Duração da exposição

Vulvodinia generalizada e localizada Diferentes etiologias Sintomas/entidades diferentes

Discussão

?

?

Page 18: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

Discussão

? Mecanismo de acção Alterações vestibulares que condicionam um

menor limiar à dor

Exposição precoce e prolongada aos esteróides induz alterações morfológicas na mucosa vestibular

Localização mais superficial das terminações nervosas

Aumento da percepção da dor

Diminuição nos androgénios séricos (vestíbulo rico em receptores de androgénios)

Bohm-Starke N. J Reprod Med. 2004

Page 19: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

As mulheres com vulvodinia localizada utilizam mais frequentemente e por períodos mais longos os CO, comparativamente às com vulvodinia generalizada

Possível associação entre CO e vulvodinia localizada

Conclusões

Page 20: Vulvodinia generalizada vs. localizada: relação com os contraceptivos orais

JOEL R. COOPER© 2002

“Today, idiopathic.Tomorrow, understood.”

© P

ED

RO

VIE

IRA

BA

PTIS

TA