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20 Distribuição VTI MÉXICO Infra-estrutura precária e transportes, processos manuais e uso de tecnologias avançadas na gestão de CDs compõem o cenário logístico mexicano. Empresas como Oxxo, Alsea/DIA e H-E-B se destacam com operações dinâmicas Logística no Deficiências e inovações logísticas coexistem no Mé- xico. Como no Brasil, problemas de infra-estrutura e transportes e processos ineficazes que comprometem a performance das empresas caminham ao lado de tecno- logias avançadas na gestão de centros de distribuição. Comparar os dois países é tarefa difícil em razão das contradições estruturais e regionais e os diferentes ní- veis de desenvolvimento das empresas em vários setores. Há dez anos, segundo Antonio Rivero, diretor de pro- jetos da Kom International no México, o governo inves- te em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. “O gover- no está preocupado em melhorar a infra-estrutura lo- gística, especificamente na região central (Estado do México), que distribui para o resto do país, e ao norte, na fronteira com os Estados Unidos, onde estão concen- tradas as indústrias maquiladoras”, afirma. Denise Turco

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20 Distribuição

VTI MÉXICO

Infra-estrutura precáriae transportes, processosmanuais e uso de tecnologiasavançadas na gestão de CDscompõem o cenário logísticomexicano. Empresas comoOxxo, Alsea/DIA e H-E-Bse destacam comoperações dinâmicas

Logística no

Deficiências e inovações logísticas coexistem no Mé-xico. Como no Brasil, problemas de infra-estrutura etransportes e processos ineficazes que comprometem aperformance das empresas caminham ao lado de tecno-logias avançadas na gestão de centros de distribuição.Comparar os dois países é tarefa difícil em razão dascontradições estruturais e regionais e os diferentes ní-veis de desenvolvimento das empresas em vários setores.

Há dez anos, segundo Antonio Rivero, diretor de pro-jetos da Kom International no México, o governo inves-te em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. “O gover-no está preocupado em melhorar a infra-estrutura lo-gística, especificamente na região central (Estado doMéxico), que distribui para o resto do país, e ao norte,na fronteira com os Estados Unidos, onde estão concen-tradas as indústrias maquiladoras”, afirma.

Denise Turco

21Distribuição

O modal rodoviário é o mais utiliza-do, e as estradas encontram-se em bomestado de conservação nas principaiscidades do país, como pode-se notarna Cidade do México, em razão de apli-cação de recursos de companhias par-ticulares na última década. Porém,mesmo com investimentos recentes ain-da há ineficiências. “Em média o custologístico no México está entre 12% e15% das vendas das empresas, porcen-tual extremamente alto quando se com-para com o dos Estados Unidos, queestá em 7%. A razão é a ineficiêncialogística, principalmente em relação aotransporte”, declara o diretor da Kom.

A instalação de centrais aduanei-ras, locais para armazenagem de pro-dutos importados com isençãode impostos na retirada de merca-dorias, em portos e empresas é cres-cente no México e possibilita a inte-gração dos modais, de acordo com oconsultor. “Apesar de a infra-estru-tura logística não estar avançadacomo em outros países, há uma ten-dência de desenvolvimento do paíspropiciada pelo acordo de livre co-mércio com Estados Unidos eCanadá (Nafta). Isso impulsionao governo a investir em infra-estrutura e as empresas a melhoraros processos”.

Segundo Rivero, as empresas lo-cais utilizam paletes há uma déca-da, enquanto no resto do mundo oequipamento já é usado há 25 anos.Assim, 60% dos carregamentos sãomanuais e levam em média duashoras (com palete seriam 20 minu-tos). No centro de distribuição daNestlé, em Monterrey, por exemplo,os carregamentos são manuais. “Émuito comum as empresas, inclusi-ve multinacionais, carregarem caixapor caixa”, diz. A compensação decarga é outro problema apontadopor Rivero: dos caminhões que saem

carregados, 65% retornam vazios.E a mudança de paradigma é im-pulsionada pelo Wal-Mart. A com-panhia americana utiliza paletes nocarregamento e os caminhões vindosdos Estados Unidos voltam cheios.

Dessa forma, no México há desdearmazéns sem padronização e pale-tização a centros de distribuiçãomultitemperatura totalmente auto-matizados. Oxxo, Alsea/DIA e H-E-B são exemplos de empresas comestoques baixos, processos rápidos eeficientes.Veja a seguir.

ConveniênciaFundada em 1999, a Oxxo é a

maior cadeia de lojas de conveniên-cia com 3400 unidades em 90 cida-des do país. A empresa pertence aFemsa Comercio, divisão da Femsa(Fomento Económico Mexicano),maior companhia de bebidas do país,e com negócios nas áreas de embala-gens, refrigeradores e logística. AOxxo é responsável por 70% do fa-turamento da Femsa Comercio (US$4 bilhões/ano), que opera ainda coma Bara, rede de lojas de conveniênciadirigida às classes C/D, e a Six, ar-mazéns de bebidas.

Em vários formatos, os pontos-de-venda Oxxo estão espalhados pelascidades (em média, a uma distânciade seis quadras cada loja), estradas epostos de gasolina. Com a propostade oferecer serviços 24 horas, varie-dade e atenção no atendimento, aempresa cresceu 30% nos últimoscinco anos, segundo o gerente deoperações, Demian Cota Trujillo. Aslojas têm, em média, área de 170 m2

e trabalham com mix de 1500 itens;cervejas e refrigerantes são os carros-chefes de vendas. Os sete centros dedistribuição da companhia espalha-dos pelo país atendem 60% das ne-cessidades das lojas e parte dos for-

necedores entregam diretamente nospontos-de-venda. O faturamento in-dividual das lojas Oxxo é de cerca deUS$ 60 mil, com 20% de margemde lucro, afirma Trujillo.

A Cidade do México abriga omaior centro de distribuição dacompanhia com uma área total de12 mil m2, 350 funcionários e fa-turamento de US$ 17 milhões/mês. Inaugurado em março de2004, o CD tem estrutura paraatender 1500 unidades – atualmen-te abastece 1046 – na região me-tropolitana do Distrito Federal ecidades vizinhas. Em 2005 a inten-ção é crescer 64% nesta unidade.Segundo Trujillo, o armazém foiconcebido para abrigar diferentestipos de produtos (secos, congela-dos e resfriados), dar maior eficiên-cia no transporte de cargas e aten-der pedidos pequenos. Com as no-vas instalações, a produtividade de2800 caixas/mês subiu para 4000caixas/mês, afirma o executivo.

Ao todo são movimentados12.300 itens com utilização de sis-tema de radiofreqüência. O CDcomporta 13 mil posições-palete em

Rivero, da KOM: transporte é um problema

22 Distribuição

Freqüência de duas visitas a120 cidades

698 pontos-de-venda320 rotas

1517 entregas232.780 caixas entregues141.080 km percorridos

Números semanais da DIAracks de 12 metros de altura e temcâmaras para refrigeração de frutas,verduras, lácteos e para congelados.

Uma esteira agiliza o fracionamentode mercadorias em caixas plásticas, queretornam para o CD após a entrega. Emmédia são movimentadas 700 peças/hora ou 120 caixas/hora. Já o picking deprodutos de alto giro, promoções e be-bidas (licores, tequila etc.), em paletes éfeito no mezanino.

A frota de 30 caminhões com duastemperaturas faz entregas semanais paraas unidades de acordo com suas necessi-dades, mas o plano é aumentar a fre-qüência de entregas e diminuir os esto-ques das lojas, integrando-os ao inven-tário do CD. Cada caminhão é carrega-do em 20 minutos e realiza cerca de 16entregas diárias no Estado do México.

Know-how em food serviceEspecializada no setor de food ser-

vice, a DIA é uma distribuidora fun-dada em 1989 e responsável peloabastecimento das redes de fast foodDomino´s Pizza, Burguer King, Star-bucks Popeye, que oferece especiali-dades em frango, Cinemark, hotéis,bares, restaurantes etc. A empresa é

subsidiária do grupo Alsea, que tem odireito de explorar as marcas citadascomo masterfranquiado no México.Assim, a DIA tem duas operações dis-tintas: distribuição de produtos paravários clientes food service e fornece-dora de produtos para as lojaspróprias e franquias da Alsea em ter-ras mexicanas. “A massa crítica nãoalcança volumes para justificar ope-ração, além disso temos custo altoporque metade dos produtos (quei-jo, batata congelada etc.) é importa-da dos Estados Unidos. Por isso nãoatendemos somente as marcas da Al-sea”, explica Héctor Orrico Ornelas,diretor corporativo de logística e dis-tribuição. No ano passado a DIAfaturou US$ 150 milhões.

No total são atendidas no país 488lojas da Domino´s (250 Skus), 202da Burguer King (300 itens), 32 daStarbucks (500 skus), e 2 Popeyes (mixde 120 itens).

Com departamento de comprascentralizado, a DIA abastece 80%das necessidades dos clientes (ali-mentos, embalagens, caixas, excetopão, refrigerante e frango).

Além de distribuidor, a DIA pro-

duz as massas de pizzas para aDomino’s, que responde por 60% dofaturamento. Para isso, conta comaparato industrial e departamento dequalidade nos cinco centros de dis-tribuição espalhados pelo país. Dia-riamente no CD da Cidade do Mé-xico, por exemplo, são produzidos eentregues nove mil caixas de pizza, oequivalente a 40 toneladas.

Com 30.393m2 de terreno, 9.151m2 de armazenagem em três tem-peraturas, o CD da capital federalé o maior da empresa. São nove milposições-palete, 19 docas para car-ga e descarga e 250 funcionários quetrabalham em três turnos todos osdias do ano. A distribuidora tambémaposta em Monterrey, seu segundomaior mercado, e conclui neste mêsa ampliação do CD a fim de dobrara atual capacidade operacional.

A DIA trabalha com solução Ora-cle para integrar os processos e estádefinindo plataforma para fazer con-firmação de entrega em tempo real.A frota de 68 caminhões em trêstemperaturas roda cerca de 20horas com dois motoristas pararealizar as entregas. Cada armazématende cidades num raio de600 quilômetros.Carregamentos manuais, mesmo nas empresas multinacionais, são comuns no México

23Distribuição

Uma construção imponente emuma estrada com paisagem áridaem Escobedo, cidade ao lado deMonterrey, no México, chama aatenção daqueles que por ali passam.Trata-se do mais equipado CD darede de hipermercados americanaH-E-B, sigla de Howard EdwardButt, fundador da empresa. Práticasavançadas na gestão de estoque, ar-mazém multitemperatura, tecnolo-gia, operação de fluxo e cross dockinge centralização de compras compõema estratégia para abastecimento dospontos-de-venda.

Depois de três anos de obras einvestimento de US$ 40 milhões,o CD inaugurado em outubro/2004 tem capacidade para aten-der 40 lojas. A expectativa é ter re-torno do investimento em oitoanos. Conta Gerardo Uribe Gar-cia, diretor de cadeia de abasteci-mento, que os fornecedoresentregavam direto nas lojas emquantidade para uma semana,e isso gerava problemas. “A centra-lização é altamente eficiente e or-ganizada e diminui problemas comprodutos”, afirma.

Com faturamento anual deUS$11 bilhões, a H-E-B está noMéxico desde 1997 e suas vendasatingem US$ 780 milhões/ano pro-venientes das 20 lojas, com área en-

tre 6500 e 10 mil m2, instaladas aonorte do país. Com 4100 funcionários,concentra em Monterrey 15 lojas e pre-vê abrir mais cinco neste ano. O arma-zém distribui 35% das mercadorias ven-didas nas lojas, mas a meta é abastecer70% das necessidades das unidades.

O destaque da operação da H-E-B éo fluxo das mercadorias e estoque bai-xo: tudo o que entra rapidamente é ex-pedido para as lojas. Assim, a opera-ção é 70% de fluxo e cross docking e30% de armazenagem.

Com música ambiente, três tempe-raturas e altura de 20 m, o CD temáreas para não alimentos, perecíveis,carnes, eletroeletrônicos etc. Nas câ-maras frias possui sistema para aque-cimento do piso para impedir resfria-mento. Para o amadurecimento de fru-tas, dispõe de sete câmaras com tem-peratura controlada por computador.

Segundo os controles de produti-vidade, 99,8% da conferência deembarque de cargas estão corretos.Nas entregas ocorre um erro a cadacem operações. O custo logístico daH-E-B representa 1,4% das vendas,diz Garcia. A meta é reduzi-lo paraenfrentar o Wal Mart, seu maior ri-val no México. “O transporte é o prin-cipal custo, mas ainda não dá paraconcorrer com Wal Mart. Tambémprecisamos aprimorar e diminuir oinventário”, afirma Garcia.(D.T.)

Centro de distribuição da H-E-B no México operacom estoque baixo e grande fluxo de produtos

Controle exemplar

VTI MÉXICO

Produtos Área/m² SKUs Embarques/semanaNão perecíveis 15 000 8 000 118 mil caixasPerecíveis 15 000 4 300 96 mil caixasFrutas e verduras 1 600 4 550 84 mil caixasCarnes 350 150 12 mil caixas

Centro de distribuição da H-E-B no México

24 Distribuição

Uma construção imponente emuma estrada com paisagem árida emEscobedo, cidade ao lado de Mon-terrey, no México, chama a atençãodaqueles que por ali passam. Trata-se do novo e mais equipado centrode distribuição da rede de hipermer-cados americana H-E-B, sigla deHoward Edward Butt, nome do fun-dador da empresa. Práticas avança-das na gestão de estoque em arma-zém multitemperatura, tecnologia,operação de fluxo e cross docking ecentralização de compras compõema estratégia para abastecimento dospontos-de-venda.

Depois de três anos de construçãoe investimento de US$ 40 milhões,o CD inaugurado em outubro/2004tem capacidade para atender 40 lo-jas. A expectativa do varejista é ter re-torno do investimento em oito anos.Segundo Gerardo Uribe Garcia, di-retor de cadeia de abastecimento, osfornecedores entregavam direto naslojas em quantidade suficiente parauma semana, e isso gerava problemas.“A centralização é altamente eficien-te e organizada e diminui problemascom produtos”, afirma.

Com faturamento anual de US$11bilhões, a companhia norte-americase instalou no México em 1997 esuas vendas atingem US$ 780 mi-lhões/ano provenientes das 20 lojas,com área entre 6500 m2 e 10 milm2, instaladas ao norte do país. Com

4100 funcionários, concentra emMonterrey 15 pontos-de-venda eprevê abrir cinco unidades em terri-tório mexicano neste ano. O novoarmazém distribui 35% das merca-dorias vendidas nas lojas. Em 2005pretende abastecer 70% das necessi-dades das unidades.

O destaque da operação da H-E-B é o fluxo das mercadorias e esto-que baixo: tudo o que entra rapida-mente é expedido para as lojas. Des-sa forma, a operação é 70% de fluxoe cross docking e 30% de armaze-nagem. “O CD foi desenhado paranão armazenar e ter um fluxo rápi-do”, afirma Garcia.

Com ar condicionado, músicaambiente, três temperaturas e altu-ra de 20 metros, o CD tem áreasespecíficas para não alimentos, pro-dutos perecíveis, frutas, verduras,

carnes, móveis, eletroeletrônicos etc.Nas câmaras frias possui sistemapara aquecimento do piso para im-pedir resfriamento devido às baixastemperaturas. Para o amadurecimen-to de frutas, dispõe de sete câmarascom temperatura controlada porcomputador.

Nos controles de produtividade, aempresa é exemplar: 99,8% da con-ferência de embarque de cargas es-tão corretos, o erro é de apenas0,2%. Nas entregas ocorre um erroa cada cem operações. O custo lo-gístico da H-E-B representa 1,4%das vendas, de acordo com o diretorda empresa. Porém, o desafio é redu-zir o custo para enfrentar o Wal Mart,seu maior rival no México. SegundoGarcia, o concorrente possui receitaporque tem custos logísticos muitobaixos. “A H-E-B vai buscar umamaneira de atacar os custos com fer-ramentas. O transporte é o principalcusto de distribuição, mas ainda nãodá para concorrer com Wal Mart.Também precisamos aprimorar e di-minuir o inventário”, afirma.(D.T.)

Produtos Área/m² SKUs Embarques/semanaNão perecíveis 15 000 8 000 118 mil caixasPerecíveis 15 000 4 300 96 mil caixasFrutas e verduras 1 600 4 550 84 mil caixasCarnes 350 150 12 mil caixas

Centro de distribuição da H-E-B no México

Um dos mais modernos do México, novo CD darede supermercadista H-E-B apresenta grandefluxo de mercadorias e estoque baixo

Fluxo a favor dos lucrosVTI MÉXICO