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N O 23 PCT DA MOBILIDADE ABR 2013

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Newsletter informativa do PCT da mobilidade

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NO23 PC

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ABR2013

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EDITORIAL

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EM FOCO

IMPORTÂNCIA E POTENCIAL DA UTILIZAÇÃO DAS FIBRAS

NOS TRANSPORTES DO FUTURO

OS DESAFIOS DA MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DE COMPONENTES

EM FIBRA TAP M&E.

UTILIZAÇÃO DE COMPÓSITOS PELO CENTRO DE INVESTIGAÇÃO DA

ACADEMIA DA FORÇA AÉREA

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A REINDUSTRIALIZAÇÃO EM PORTUGAL ACERTA O PASSO COM O CLUSTER DA MOBILIDADE

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PROJECTO SENSE

EVENTO

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NOTÍCIAS

AERO AUTOMÓVEL MOBILIDADE

JECeuropeCOMPOSITES SHOW & CONFERENCES

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EDITORIAL

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EDITORIAL

A REINDUSTRIALIZAÇÃO EM PORTUGAL ACERTA O PASSO COM O CLUSTER DA MOBILIDADE

O cluster da mobilidade incorpora indústrias (automóvel e aeronáutica) que têm no seu ADN materiais e processos produtivos inovadores, com um elevado índice tecnológico.

A procura sistemática de novos materiais e melhoria do desempenho dos pro-dutos e processos é, não só, um imperativo destas indústrias como um desafio dos mercados, cada vez mais exigentes no desenho do triângulo perfeito entre o desempenho, a eficiência e os custos.

Neste desafio inclui-se o desenvolvimento de materiais, ou melhoria dos exis-tentes, a redução de peso, a redução e minimização de perdas, a otimização dos processos de produção, por exemplo. Alguns destes fatores são estruturais e por isso mesmo comuns às indústrias aeronáutica e automóvel. A redução de peso é desde sempre um alvo de aperfeiçoamento constante, considerando que o peso interfere com a performance, com o consumo de energia e com o custo.

Recentemente a Boeing anunciou a criação de uma parceria com o Estado Bra-sileiro de Pernambuco, com vista à transferência de tecnologia e à promoção da formação em soldadura e outras competências criticas em união de materiais, necessárias à indústria local de construção naval e de plataformas de exploração de petróleo. Esta parceria inclui ainda uma empresa do Reino Unido especializa-da em serviços de engenharia associados a tecnologias avançadas, bem como instituições locais de ensino superior como a Universidade Federal de Pernam-buco, o Instituto de Formação Profissional do Brasil e um instituto brasileiro liga-do às tecnologias de união de materiais e aos revestimentos. De forma semelhan-te, no início do mês de Abril teve lugar em Oslo uma reunião entre as empresas de oil & gas norueguesas e empresas de aeronáutica francesas para explorarem sinergias e áreas tecnológicas de interesse comum. No fundo estes dois factos constituem exemplos recentes da exploração de sinergias entre diferentes secto-res das indústrias da mobilidade.

Em Portugal, a inovação e a utilização de tecnologia avançada nas áreas do au-tomóvel e aeronáutica tem sido considerado um elemento fulcral para o arran-que de uma nova era de reindustrialização do País. A definição estratégica deste desígnio deverá ter em conta a dimensão das empresas do setor, as suas poten-cialidades e sobretudo o trabalho conjunto em soluções aplicáveis a múltiplas indústrias. Só desta forma será possível amortizar os investimentos associados ao esforço I&D destas empresas e conquistar volume de mercado que garanta a competitividade. A exploração das sinergias entre indústrias de mobilidade é, claramente, uma vantagem e um fator crítico de sucesso.

O CEIIA te vindo a intensificar o diálogo intersectorial, em parceria com a Uni-versidade do Minho, no sentido promover o conhecimento em áreas transversais como a tecnologia das fibras, através da iniciativa Fibernamics.

A VOZ OFF deste mês dá destaque ao workshop do projeto Fibernamics e á vi-sita do PCT da Mobilidade à JEC em Paris, numa edição com fibra, tecnologia e inovação.

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EM FOCO

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IMPORTÂNCIA E POTENCIAL DA UTILIZAÇÃO DAS FIBRAS NOS TRANSPORTES DO FUTURO

Raul Fangueiro e Sílvia CarvalhoFIBRENAMICS, Universidade do Minho

Os últimos anos têm conhecido desenvolvi-mentos verdadeiramente espetaculares na área das fibras, transformando-as em mate-riais de eleição para muitas soluções em dife-rentes áreas, incluindo a medicina, o despor-to, a construção civil, a arquitetura, a proteção pessoal e os sistemas de transporte. Efetiva-mente, as fibras e as estruturas fibrosas con-tribuem decisivamente para o aumento do desempenho de atletas de alta competição, para a melhoria da qualidade de vida de pes-soas sofrendo de variadas patologias, para a redução da emissão de CO2 de veículos de transporte, para a construção de edifícios mais sustentáveis, para a proteção de pessoas em diferentes áreas de atividade, entre outras.Os sistemas de transportes têm beneficiado largamente do “novo mundo dos materiais à base de fibras”, apresentando aplicações muito importantes, em termos de volume e de valor, em veículos de transporte terrestres, aquáticos e aéreos. Para além das convencio-nais aplicações em revestimentos internos, com o objetivo principal de melhoria do con-forto dos utilizadores, estes materiais têm--se assumido como verdadeiras mais-valias quando a segurança, a redução de peso e a

sustentabilidade são fatores determinantes para o desenvolvimento de soluções inovado-ras com consciência ambiental perfeitamente assumida. Air-bags, cintos de segurança, sis-temas de isolamento, carrocerias, revestimen-tos interiores, cascos de barcos, fuselagens de aviões e pneus são apenas alguns exemplos que ilustram a forma como os materiais à base de fibras invadem este setor dos trans-portes. O potencial de aplicação neste sector parece não ter fim. Efetivamente, verifica-se que cada lançamento de um novo automó-vel, de um novo barco ou de um novo mode-lo de avião envolve sempre a utilização cada vez mais alargada destes materiais. Tome-se como exemplo o avião A380, maior avião al-guma vez construído, em que 55% do interior é material fibroso e 25% da estrutura é cons-tituída por materiais compósitos reforçados por fibras. Aliás, a utilização destes materiais foi decisiva para garantir que um avião de tamanhas dimensões pudesse ser construído com o peso e o consumo de combustível acei-táveis às exigências ambientais dos nossos tempos – 15 toneladas mais leve que os aviões construídos com materiais mais densos como o metal.

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No A380, 55% do interior é material fibroso e 25% da estrutura é constituída por materiais compósitos

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Outro exemplo extremamente interessante é a utilização de estruturas fibrosas no reforço de pneus, normalmente baseadas em tecidos em fibras de poliéster de alta tenacidade ou de aramidas. Nesta aplicação tão particular, as fibras utilizadas como reforço da borracha garantem que o pneu resista às cargas cíclicas aplicadas durante o seu tempo de vida útil em situação de movimentação do automóvel. Des-ta forma, pode afirmar-se que as fibras con-tribuem decisivamente para a segurança dos ocupantes da viatura.

Na Universidade do Minho, o FMRG - Fibrous Materials Research Group, sob a liderança do Prof. Raul Fangueiro, tem centrado, desde sem-pre, a sua atividade de investigação nos ma-teriais à base de fibras desenvolvendo vários projectos sobre a aplicação destes materiais em vários domínios, incluindo os sistemas de transporte do futuro.

O futuro da aplicação das fibras em sistemas de transportes passa obrigatoriamente pela sua capacidade de resposta às exigências deste setor no que respeita ao cumprimento da apertada legislação ambiental imposta e à necessidade de, cada vez mais, responder às exigências de segurança e de conforto dos utilizadores. No primeiro caso, a utilização de fibras naturais combinadas com biorresinas parece ser a resposta adequada à redução de peso dos veículos, com vista à redução do seu consumo e consequente redução de emissões de CO2. Se por um lado se consegue reduzir o impacto direto da circulação quotidiana do automóvel ou avião pela redução do impac-to imediato na atmosfera, por outro, no final do seu ciclo de vida, consegue-se garantir a necessária biodegradabilidade ou reciclabi-lidade dos seus componentes reduzindo-se fortemente o impacto sobre o ambiente. Esta é a temática base do projeto de investigação e desenvolvimento em curso que reúne como parceiros a Universidade do Minho e a empre-sa FIBRAUTO.

No que diz respeito à evolução dos materiais à base de fibras para este setor, para além dos materiais auxéticos, a próxima geração de ma-teriais colocará à disposição dos fabricantes os chamados materiais com capacidade de au-torreparação. Estes materiais têm a possibili-

dade de reparar automaticamente fissuras e amolgadelas provocadas por impacto, por via da sua capacidade de memória de forma ou pela libertação de substâncias reparadoras, normalmente polímeros. Imagine-se o que será, após um pequeno embate, pudermos re-parar o nosso automóvel pela simples aplica-ção de calor com um secador de cabelo. Ou então, após esse mesmo embate, verificarmos que o nosso automóvel tem a capacidade de se autorreparar e cobrir as arranhadelas na pintura de forma automática sem necessitar da intervenção humana. Pois é… não é ficção…será realidade dentro de muito pouco tempo.

O FIBRENAMICS tem como objetivo a criação de uma plataforma de partilha e geração de conhecimento dos materiais à base de fibras, com especial enfoque nas suas aplicações avançadas nas áreas de medicina, construção civil, arquitetura, proteção pessoal, transportes e desporto.

A coordenação geral do projeto está a cargo do Prof. Raul Fangueiro, da Escola de Engenha-ria da Universidade do Minho, sendo financia-do pelo programa Ciência Viva.

fendamicrocápsula

catalisador

agente reparador

agente reparadorpolimerizado

i)

ii)

iii)

Processo de autoreparação em materiais avançados

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OS DESAFIOS DA MANUTENÇÃO E REPARAÇÃO DE COMPONENTES EM FIBRA TAP M&E.

João Silva CarvalhoTAP M&E

A TAP Manutenção e Engenharia é responsá-vel pela manutenção da Frota TAP que é cons-tituída actualmente por 55 aeronaves Airbus entre os quais 39 aviões da família A320, 12 A330 e 4 A340, e presta igualmente serviços a terceiros como é o caso da SATA 4 aviões Air-bus A310 e 4 aviões A320, Força Aérea Fran-cesa 2 aviões Airbus A340, entre outros. Sen-do uma companhia com 68 anos de história, acompanhou a evolução tecnológica dos vá-rios aviões que compuseram a frota, e é hoje uma referência na prestação de serviços de manutenção de aeronaves. Há muito tempo que os compósitos come-çaram a ser utilizados na aviação comercial. Teve o seu início nos anos 60 e 70 com apli-cações em estruturas secundárias como são o caso de carenagens ou armários de interiores de cabina, e aos poucos, com a aquisição de know-how e de experiência do seu comporta-mento em voo no qual são sujeitos a um meio muito exigente, como são as baixas tempera-turas em cruzeiro, a chuva e o granizo, o im-

pacto com objectos e pássaros, e a radiação UV, foram progressivamente aplicados em componentes de controlo de voo como flaps, slats, spoilers, lemes de direcção e de pro-fundidade, ailerons, bem como em estruturas primárias como os estabilizadores vertical e horizontal, e em alguns componentes de mo-tores.

Quando se fala em compósitos na indústria aeronáutica, fala-se necessariamente em fi-bras. Essas fibras são seleccionadas de acordo com as suas características, sendo a fibra de vidro utilizada em aplicações não estruturais, a fibra de Kevlar é utilizada em componentes onde haja necessidade de grande resistência ao impacto como superfícies de bordos de ataque, a fibra de quartzo que é usada onde a rádio-transparência é necessária, como por exemplo em radomes, e finalmente a fibra de carbono que é a fibra com maior resistência mecânica é a aplicada em componentes es-truturais.

Fibra de Vidro Fibra de Kevlar

Fibra de Quartzo Fibra de Carbono

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Contudo, as fibras por si não são capazes de suster carregamentos, necessitam de uma matriz. As matrizes são responsáveis pela transmissão dos esforços, manter a forma e geometria, e podem ser resinas epóxidas ou fenólicas. Um compósito é por definição a conjugação de um ou dois materiais no qual resulta um novo material com melhores carac-terísticas, e é justamente a combinação das fibras com a resina que depois de um proces-so de aplicação de calor sob pressão que se dá a polimerização e que se obtém um mate-rial mais leve e com elevada resistência me-cânica. Existe também uma estrutura denomi-nada por ninho de abelha que consiste num material constituído por fibra e resina e com a forma alveolar que quando ensanduichado por dois revestimentos se obtém um painel muito robusto. Este tipo de painel compõe as denominadas estruturas sandwich, enquanto as estruturas constituídas apenas por tecidos de fibra e resina são chamadas de estruturas monolíticas.

A utilização dos materiais compósitos está nos dias de hoje a atingir um pico, impulsiona-da também pelo elevado preço dos combustí-veis, e há cerca de 2 anos que a mais recente aeronave do fabricante americano Boeing fez o seu primeiro voo. Este avião, B787, materiali-za o que é a total aposta nos compósitos e nas fibras, pois a própria fuselagem é constituída por fibra de carbono reforçada. Também o fabricante Europeu a Airbus está finalizar os testes estáticos, para que no final do ano de 2013 efectue o primeiro voo com o seu avião A350XWB, também ele em fibra de carbono. Percentualmente, mais de metade do peso destes dois aviões são constituídas por ma-teriais compósitos, o que corresponde a uma poupança em peso de cerca de 20% quando comparados com os aviões de design conven-cional em ligas de alumínio. Outras vantagens dos materiais compósitos relativamente às li-gas de alumínio são a sua resistência à fadiga e a sua resistência à corrosão, o que significa que ao longo da vida útil de uma aeronave

Reparação de componentes em materiais compósitos

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existe uma diminuição dos custos associados a este tipo de problemas.

No entanto, a crescente utilização destes materiais acarreta também algumas des-vantagens. Há um custo elevado associado à manutenção, inspecção e reparação de com-ponentes em materiais compósitos de aviões e motores. A complexidade do design de al-guns componentes nomeadamente os estru-turais é bastante elevada, e por conseguinte também as reparações são muitas vezes com-plicadas e os materiais de reparação muito caros. Uma desvantagem prende-se com o processo de reparação de um componen-te em material compósito, e reside no facto em que a única forma de comprovar a inte-gridade da reparação ser intrínseca ao con-trolo do próprio processo, o que significa que a formação e experiência de um técnico de estruturas compósitas são determinantes na qualidade final e tem naturalmente também os seus custos.

Adicionalmente, ao longo dos últimos anos têm sidos iniciados vários programas de ins-pecções NDT (Non-Destructive Testing) es-pecíficas por diversos métodos, requerendo investimentos quer em equipamentos sofisti-cados e dispendiosos, quer também em for-mação de técnicos. A TAP Manutenção & Engenharia trabalha no sentido de continuar a estar na vanguarda, e está actualmente a colaborar com outras organizações internacionais por forma a es-tar envolvida na discussão e resolução dos problemas que advêem da utilização dos materiais compósitos na aviação comercial, procurando a estandardização de materiais, processos, formação, design de reparações, por forma a reduzir custos e aumenta a se-gurança.

Inspecção de um leme de profundidade por Termografia

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UTILIZAÇÃO DE COMPÓSITOS PELO CENTRO DE INVESTIGAÇÃO DA ACADEMIA DA FORÇA AÉREATen. Cor. José MorgadoMajor Madruga Matos,Academia da Força Aérea

O Centro de Investigação da academia da força Aérea (CIAFA) é um orgão da Aca-demia da Força Aérea (AFA), vocacionado para levar a cabo atividades de ID&I no

seio da Força Aérea (FAP), em geral, e no da AFA, em particular. Atualmente está vocacio-nado para ser um Centro de Referência, não só a nível Nacional mas também Internacio-nal, na área dos Veículos Aéreos Autónomos Não-Tripulados. Em conformidade, procura-se que o CIAFA, no âmbito daqueles Veículos, se concentre em todas as suas vertentes, nomea-damente, científica, tecnológica, operacional e doutrinária, e tenha em vista a aplicação dual destes novos sistemas. Em conformida-de, são as seguintes as linhas de investigação atualmente em curso no CIAFA: i) projeto ae-ronáutico; ii) construção de plataformas; iii) engenharia de software; iv) sistemas de de-cisão e controlo; v) sistemas de navegação e fusão de dados; vi) comunicações; vii) visão e processamento de imagem; viii) manutenção e fiabilidade; ix) certificação e x) operações.

Os materiais compósitos são utilizados no CIAFA principalmente no âmbito do projeto PITVANT. Este projeto, cuja duração é de sete anos, teve o seu início em janeiro de 2009 estando, em conformidade, o seu terminus previsto para dezembro de 2015. Trata-se de um projecto de grande dimensão, fortemen-te inovador, envolvendo várias instituições nacionais e internacionais. A sua concretiza-ção tem por base a experiência e o know--how da AFA e da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), bem como a experiência e o know-how das Instituições a ele associadas (Universidade de Berkeley, Universidade de Munique, Agência de Defesa Sueca, Honeywel e Embraer). Os objetivos do PITVANT são os seguintes: desenvolver tecno-logia, em diversas áreas, para veículos aéreos autónomos não-tripulados de pequena e mé-dia dimensão, desenvolver novos conceitos de operação para este tipo de veículos, testar a

utilização dos sistemas e tecnologias desen-volvidos num largo espetro de missões, tanto militares como civis (duplo uso) e formar pes-soal com capacidade para definição de requi-sitos, operação e manutenção deste tipo de sistemas.

As aeronaves desenvolvidas no âmbito do PITVANT possuem uma estrutura semi-mono-coque manufacturada em material compósito e, por serem protótipos, são construidas re-correndo a técnicas manuais de fabrico. Um compósito no geral é constituído por dois ou mais materiais que trabalham em conjunto. Cada material contribui com as suas pro-priedades estruturais únicas, e resultam num material com propriedades superiores à dos seus constituintes isolados. A aeronave pode ser dividida em 4 estruturas principais, no que diz respeito à manufactura: fuselagem, asas, cauda e trem.

A sua estrutura recorre à utilização de fibras de fibra de vidro, de carbono e de aramida. A fibra de vidro ocupa uma maior percentagem de utilização, a fibra de carbono é usada em estruturas que requerem uma resistência su-perior, como é o caso das longarinas das asas e trem, e as fibras de aramida são utilizadas em zonas que requerem alguma resistência a impactos, como é o caso da fuselagem.

A produção das diversas estruturas constituin-tes da aeronave recorre à utilização de mol-des, em madeira e/ou silicone, de desenvolvi-mento e fabrico próprio. A técnica utilizada para a manufactura dos compósitos é a wet/hand lay-up, que consiste no revestimento do molde com resina, após a devida preparação da sua superfície, e de seguida colocar uma camada de tecido de fibra. Sobre esta cama-da é acrescentada mais resina, e o processo repete-se até atingir o número de camadas desejado. O processo de cura do componente em compósito é efectuado com recurso a vá-cuo à temperatura ambiente.

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EVENTO

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De 12 a 14 de Março decorreu em Paris a JEC Europa, a maior feira da indústria dos materiais compósitos do mundo, com ligação a mais de 250.000 profissionais de 96 países diferentes. A indústria dos compósitos é uma indústria que emprega 550.000 pessoas em todo o mundo representando uma fracturação de 72.000 mi-lhões de euros anual. Nesta feira é possível perceber os principais de-senvolvimentos tecnológicos, produtos novos e novas aplicações da indústria. Na JEC é possível encontrar produtores de matéria-prima, proces-sadores, distribuidores, produtores de equipa-mentos e software, universidades e instituições de I&D ligadas às mais variadas indústrias, da indústria aeronáutica á indústria automóvel pas-sando pela indústria naval ou da construção civil.

O CEIIA teve também a oportunidade de mos-trar no stand da TELENE dois dos postos de carregamento eléctrico desenvolvidos em par-ceria com a Magnuncap, oportunidade que nos permitiu mais uma vez estar associados a um evento de nível mundial com produtos “design by CEIIA”. Pelo interesse que despertaram e pelo constante pedido de informações pode-se dizer que foram um sucesso.

O grupo que visitou a feira teve a possibilidade de conhecer com mais profundidade um conjun-to de tecnologias com desenvolvimento recente como ferramentas e componentes específicos para trim de materiais compósitos ou ninho de abelha, primário para realização de moldes pro-tótipo utilizando substratos de baixo custo ou colas estruturais de secagem rápida entre ou-tros.

A possibilidade de num único espaço poder re-conhecer os principais fornecedores de equipa-mentos, materiais e matérias-primas torna esta feira fundamental no esforço de permanecer actualizado perante o mercado.

Foi possível ver que a utilização de robots se massifica em actividades tão especificas como o trim, a laminação de fibra de carbono, ou a digitalização 3D, foi ainda possivel verificar o esforço de todos os fabricantes de resinas e materiais compósitos em tentar aumentar a ca-pacidade de produção fazendo ajustes às tec-

JECeuropeCOMPOSITES SHOW & CONFERENCES

PARIS

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nologias de processamento ou aos materias. A utilização de tecnologia RTM com tempos de ciclo muito reduzidos ou termoformação de materiais termoplásticos reforçados com fibras, apareciam um pouco por todo o lado, tentando mostrar que este tipo de proces-samento se poderia utilizar em produção de grandes séries. Outra das tecnologias muito presente foi a injecção RIM de baixa pressão, onde se podiam ver peças de grandes di-menções com qualidades superficiais cada vez melhores.

Nota-se uma indústria com grande activi-dade em todas as suas vertentes sempre apoiadas nas universidades e centros de I&D, também muito presentes na feira, a funcio-narem como precursores do desenvolvimen-to industrial.

Em jeito de desafio deixam-se algumas ima-gens do denominado Innovation Corner onde se procura reconhecer, divulgar e premiar, através do Innovation Award, alguns dos pro-jectos mais inovadores nestas áreas de acti-vidade.

Capô do motor de um camião articulado CAT produzido totalmente em DCPD

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PSA PEUGEOT CITROËN ECM VéLV: Veiculo eléctrico urbano ligeiro

KTM X-Bow GT: Carro de Estrada homologado com chassis em carbono

Audi E-Bike Wörthersee – Bicicleta ultraleve de acrobacias

Conceito BMW I3 Life Drive 3D-CORE. Monobob

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NOTÍCIAS

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BNDES APOIA VENDAS INTERNACIONAIS DE SUPER TUCANOS DA EMBRAER ...................................................................................................................Banco ajudou a financiar seis aviões militares vendidos à Guatemala e outros três do mesmo tipo comprados pelo Senegal, disse um executivo nesta quarta-feira, ressaltando um compromisso de projetar a influência militar do Brasil em mercados emergentes.Fonte: www.infomoney.com.br - Ler notícia

AIRBUS CONSTRÓI FÁBRICA NO ALABAMA PARA CONCORRER COM A BOEING ...................................................................................................................O presidente e CEO da Jet Blue Airways, Dave Bargers, discursa durante um evento da Airbus, no Alabama, discursou sobre a primeira fábrica a construir nos EUA para ganhar quota de mercado e concorrer com a norte-americana Boeing, que enfrenta problemas com as baterias do modelo Dreamliner.In OJE- 09-04-2013

NOTÍCIAS AERO

BRAZIL’S EMBRAER LOOKS TO SHOCK LOCKHEED WITH PRICE OF CARGO JET ...................................................................................................................Brazilian planemaker Embraer SA (EMBR3.SA) is looking to shock rivals with the price of its KC-390 military transport plane when it starts booking firm orders within the next 12 months, according to a senior executive.Fonte: www.reuters.com - Ler notícia.

PORTUGAL REFORÇA PARCERIA COM EMBRAER ................................................................................................................... O CEiiA - Centro para a Excelência e Inovação da Mobilidade assina hoje, 10 de abril de 2013, no Rio de Janeiro, mais um acordo com a fabricante brasileira Embraer.Fonte: www.expresso.sapo.pt - Ler notícia.

AIR FORCE GROUNDS COMBAT SQUADRONS DUE TO AUTOMATIC SPENDING CUTS ...................................................................................................................The Air Force is grounding about one-third of its active-duty combat aircraft as a result of automatic spending cuts. The stand down will affect units stationed in the U.S., Europe and the Pacific. Those units include fighter, bomber, aggressor and airborne warning and control squadrons.Fonte: www.washingtonpost.com - Ler notícia.

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A economia brasileira e os acontecimentos planeados para o Brasil (o mundial FIFA em 2014 e os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro em 2016) estão sob os holofotes do mundo. De acordo com o German Trade & Investment, estão previstos cerca de 40.000 milhões de Euros de investimento em 12 cidades brasileiras para criar as infra-estruturas ne-cessárias para aqueles eventos, incluindo infra-estruturas aeroportuárias e segurança (ambas security e safety). Em conjunto com a notória afirmação do Brasil enquanto po-tência regional, aqueles investimentos motivam o interesse e visibilidade da feira LAAD 2013 (Latin American Aerospace and Defence exhibition). Damos aqui realce a alguns dos diversos anúncios feitos nesta feira.

A Embraer publicitou o (bom) progresso do Programa KC-390 e lançou o desafio ao líder Lockheed-Martin, antevendo um preço competitivo face ao C130 da empresa americana. São notícias que procuram demonstrar a robustez e potencial do projecto KC390 e da Embraer. Importa-nos particularmente esta empresa, dado o efeito de alavancagem no crescimento da indústria nacional e, particularmente, no CEIIA que veio apresentar a sua sucursal CEIIA Brasil, com base nas parcerias estabelecidas com a Embraer. Na LAAD es-tiveram ainda presentes outras empresas portuguesas: a EID (telecomunicações e elec-trónica), a LASI (representações comerciais de equipamentos militares e de segurança) e a OGMA (fabrico de componentes e manutenção aeronáutica), procurando captar a atenção do mercado da América do Sul.

O Brasil, tal como outros “países aeronáuticos”, tem uma estratégia de apoio declarado (e instrumental) da indústria aeronáutica. O exemplo apresentado neste número ilustra a venda de aeronaves brasileiras para países africanos com o apoio do financiamento à aquisição realizado pela banca pública brasileira de apoio ao desenvolvimento eco-nómico e social. A solução de financiamento é apresentada como parte do pacote de venda. Há aqui dois aspectos importantes a realçar, enquanto modelo de actuação: por um lado, a necessidade do envolvimento de entidades financeiras com sensibilidade e percepção sobre as características do sector aeronáutico (e.g.: investimentos elevados e períodos de retorno dilatados); por outro lado, o aspecto instrumental da utilização da indústria aeronáutica como instrumento de projecção de influências políticas (militares e económicas), procurando afirmar o Brasil no continente africano e, por consequência, na arena internacional (da segurança). Esta estratégia não será desinteressada quer dos as-pectos económicos associados (com benefícios claros para Embraer), quer da ambição brasileira de participação no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Em contraponto a estas notícias, nos Estados Unidos da América, o “sequestro financei-ro” veio impôr fortes restrições ao orçamento da Defesa americana, fazendo “aterrar” um terço (!) da sua frota de combate. Esta situação tem um impacto significativo em todo o sector da Defesa, uma vez que os Estados Unidos são o maior mercado de equi-pamento militar, responsável por 38% do total do orçamento mundial em Defesa em 2013 (seria 40,2%, caso não tivesse ocorrido esta restrição orçamental), de acordo com a revista Time (ver nota[1]). “

Pedro Carrilho Filipe (INTELI)

1 http://nation.time.com/2012/09/25/comparing-defense-budgets-apples-to-apples/

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BMW E PARCEIRA CHINESA PODEM CRIAR NOVA MARCA DE CARROS PARA MERCADOS EMERGENTES ................................................................................................................... A BMW e a sua parceira chinesa Brilliance estão a ponderar criar uma nova marca de automóveis para construir carros baseados em plataformas existentes na BMW e vendidos noutros mercados emergentes, avança um jornal chinês citado pela imprensa especializada.In Diário Económico- 09-04-2013

UNIDADE DA BMW DE LEIPZIG OPERA COM NOVA PRENSA SERVO-ASSISTIDA DE ALTA VELOCIDADE................................................................................................................... Carrocerias são transportadas ao longo da linha de montagem, acima das cabeças dos funcionários, na unidade da fabricante automóvel alemã Bayerische Motoren Werke (BMW), em Leipzig.In OJE- 05-04-2013

NOTÍCIAS AUTO

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NISSAN PREVÊ RECUPERAR VENDAS NA CHINA EM TRÊS MESES...................................................................................................................A Nissan Motor, a fabricante automóvel japonesa que mais veículos vende no mercado chinês, espera “uma reviravolta” nas vendas realizadas no maior mercado automóvel do mundo, dentro de três meses, fruto da recuperação da procura por veículos de marcas japonesas, dá nota a agência Bloomberg.In OJE- 05-04-2013

GM APOSTA EM PRODUZIR MOTORES MAIS EFICIENTES...................................................................................................................A General Motors (GM) anunciou que vai investir cerca de 332 milhões de dólares (258 milhões de euros) em quatro fábricas nos EUA que produzirão motores com consumo mais eficiente de combustível e sistemas de transmissão.In OJE- 05-04-2013

SCANIA E SIEMENS ASSINAM PARCERIA................................................................................................................... A Siemens e a Scania iniciaram uma parceria que envolve a utilização da tecnologia da Siemens para locomover aos veículos Scania, também acérrima defensora deste tipo de tecnologia em camiões e autocarros. A parceria significa que a Suécia pode tornar-se no primeiro país a nível mundial a utilizar camiões eléctricos e estradas electrificadas para benefícios comerciais.In Veículos Comerciais- 01-03-2013

MITSUBISHI QUER ROLAR DO TRAMAGAL PARA ÁFRICA E MÉDIO ORIENTE PARA DUPLICAR A PRODUÇÃO ................................................................................................................... A fábrica nacional da nipónica Mitsubishi saberá até ao fim deste ano se poderá ver a sua produção aumentar de 30 carros por dia para o dobro. Segundo o CEO, Jorge Rosa, em declarações ao Negócios, esse crescimento está dependente da decisão da casa-mãe em tornar a unidade portuguesa responsável pelo abastecimento de mercados no Norte de África e no Médio Oriente onde a construtora já está presente, transferindo alguma da produção do modelo Canter do Japão para Portugal.Esta possibilidade obrigará a fazer um investimento de 17 milhões de euros, no Tramagal, e que pertence ao pacote de 37 milhões de euros que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, anunciou como novidade na visita que fez na semana passada ao Japão.In Jornal de Negócios- 01-04-2013

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GESTAMP CERVEIRA PREPARA-SE PARA EQUIPAR NOVOS VEÍCULOS...................................................................................................................As vendas do Peugeot 301 e do Citroën Elysée – fabricados em Vigo pela PSA, a maior cliente da Gestamp Cerveira – estão a correr melhor do que o esperado. Por isso, o gerente da unidade do Alto Minho, acredita que 2013 irá “cumprir ou melhorar as projeções” iniciais. A isso somam-se novos veículos, já na calha mas ainda não tornados públicos. A fábrica da Peugeot Citroën, a PSA, é o maior empregador de Vigo e, de certa forma, também do Alto Minho. É quem subcontrata a produção de peças a um grande número de unidades fabris situadas do lado de cá da fronteira. Só a Gestamp de Cerveira, que lhe vende 60% da produção, tem cerca de 300 trabalhadores.In Jornal de Notícias- 24-03-2013

NA CALHA O LANÇAMENTO DE MAIS CARROS A GPL ...................................................................................................................Muitas marcas estão já a apostar no lançamento de modelos com motor a funcionar a Gás de Petróleo Liquefeito (GPL), antecipando a maior procura que a nova lei vai trazer a este tipo de carros. Depois da publicação em “Diário da República”, no passado dia 31 de Janeiro, da nova lei sobre a utilização do GPL como combustível, a regulamentação definitiva está prevista para 1 de Maio (90 dias de prazo previsto), mas a expectativa generalizada é de que serão efectivamente anulados alguns dos entraves que, alegadamente, limitavam a compra deste tipo de carros.In Jornal de Notícias- 11-03-2013

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As restrições ao estacionamento em espaços fechados e abaixo do nível do solo sempre foram identificadas como o maior obstáculo ao GPL em Portugal. Não só devido ao facto de poder limitar a mobilidade do proprietário mas por criar, junto do mesmo, a ideia que a tecnologia GPL desvalorizava o veículo. Com a nova legislação e ultrapassado o obstá-culo que representavam as limitações ao estacionamento, restará apenas a questão mais subjectiva da imagem associada aos carros a GPL e à obrigatoridade de o veículo exibir a chamada placa GPL. A nova lei faz referência a uma “vinheta identificadora de modelo a estabelecer por portaria”, obrigatória para todos os veículos excepto das categorias M2, M3, N2 e N3. Continuará assim a ser necessária a referida vinheta para os veículos M1 e N1 (ligeiros de passageiros e de carga). Resta saber qual o formato da vinheta e a sua localização na viatura.

De qualquer forma, parecem estar criadas as condições para que exista um aumento sig-nificativo da oferta de modelos a GPL ou bi-fuel e o correspondente aumento de vendas. A partir do momento em que seja publicada a regulamentação, o crescimento do GPL fica menos dependente de restrições legislativas e mais das leis da oferta e da procura e por conseguinte das mais-valias da tecnologia comparativamente às alternativas a gaso-lina e gasóleo. Contudo, para que se opere uma verdadeira revolução no GPL (ou bi-fuel) em Portugal seria fundamental que as marcas mais conceituadas no mercado lançassem modelos GPL. Este pequeno passo poderia transformar em definitivo a imagem do GPL em Portugal.

No que diz respeito à infra-estrutura de abastecimento, o crescimento do parque au-tomóvel com GPL deverá conduzir ao aumento do número de estações de serviço com oferta deste combustível. Este será mais um contributo para que a tecnologia GPL passe a constituir uma verdadeira alternativa.

Aos benefícios financeiros para o utilizador resultantes do menor custo do GPL, somar--se-á o benefício para o país decorrente da menor importação de produtos petrolíferos (embora o GPL também seja proveniente do petróleo) e da redução de emissões de gases de efeito de estufa. Trata-se assim de uma alteração bastante positiva. Os únicos eventuais prejudicados serão as marcas que não apostem no GPL e que poderão perder mercado para a concorrência.

António Monteiro (INTELI)

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DAIMLER MOBILITY SERVICES QUER TORNAR-SE UM PLAYER GLOBAL DOS NOVOS SERVIÇOS DE MOBILIDADE...................................................................................................................O Grupo Daimler acaba de criar uma nova subsidiária denominada Daimler Mobility Services. Terá por base os novos serviços de mobilidade com que o grupo se pretende tornar um dos principais players do sector. As iniciativas incluem o Car2Go, modelo de carsharing criado em 2011 e os projectos Moovel e GottaPark.In http://www.sustainable-mobility.org 09-04-2013

KICKSTARTING AN EV PROJECT ................................................................................................................... Estarão os mecanismos de crowd-funding a impulsionar novos projectos de veículos eléctricos?In http://evworld.com/ 11-04-2013

DISPOSITIVOS LIGAM VEÍCULOS EM REDE...................................................................................................................Tecnologia desenvolvida por jovem da Universidade de Aveiro começa este ano a ser comercializada. Desde que tem memória que Susana Sargento queria trabalhar em algo relacionado com a matemática ou a física e foi essa vontade que a levou a seguir um curso de Engenharia electrónica e telecomunicações.In Correio da Manhã Online- 05-04-2013

200 000 ELÉCTRICOS PLUG-IN COM SISTEMAS “VEHICLE-TO-BUILDING” PODERÃO ENTRAR NO MERCADO ATÉ 2020................................................................................................................... Estudo da Navigant Research estima que a tecnologia, desenvolvida como sistema backup, tem potencial de ganhar mercado nos próximos anos. In http://www.hybridcars.com/ 08-04-2013

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Tal como se tem vindo a defender, a perspectiva sobre o veículo tenderá, por evolução cultural ou por pura necessidade, a evoluir de uma lógica “produto” para uma lógica “serviço”, em especial nas deslocações do dia-a-dia. Se, naturalmente, se reunirem as condições certas, a começar pela correspondência com as necessidades dos utilizadores.

Um sinal interessante desta evolução, muita vez interpretada como “wishfull thinking”, é o interesse dos construtores em ocupar um espaço no que poderão vir a ser os futuros serviços de mobilidade. Referiu-se já aqui o exemplo da Ford, com o Ford2Go, como exemplo seguidor da Daimler com o Car2Go, mas a estratégia da Daimler ganha agora novo relevo com a criação de empresa completamente focada nestes novos serviços. Para além da Car2Go, a DMS tem ainda como projectos o Moovel – serviço de routing combinado e dinâmico, que inclui a utilização de carsharing ou a compra do bilhete do comboio – e o GottaPark, em teste nos EUA, orientado para a pesquisa e reserva de estacionamento. Também a BMW se tem vindo a destacar com uma proposta de valor orientada para a mobilidade, com o DriveNow, ParkNow, ParkatmyHouse, Embark e as apps MyCityWay – serviços que, em conjunto, proporcionam o acesso a veículo partilhado, carregamento, reserva e estacionamento e exploram o efeito de “redes sociais de mobilidade” – e a aposta na introdução dos novos veículos eléctricos das gamas BMW i através de um serviço integrado desginado de BMW i 360º Electric.

Os construtores automóveis começam assim a testar um novo posicionamento que permita estudar novos modelos de disponibilização de veículos, mais integrados com a cidade e os sistemas de transporte e energia, e novos serviços associados à racionalidade e comodidade de utilização. E é curiosa a especial atenção dos principais construtores premium, testando também a atracção e fidelização de novos clientes, já não só na lógica do “produto” mas também de um “serviço” de mobilidade integrado e customizado.

Em paralelo às estratégias dos construtores, parece naturalmente amplo o espaço de oportunidade para novas iniciativas, e que rompam com a hegemonia dos grandes construtores. De forma emblemática, a Tesla afigura-se como um caso sério de um novo tipo de construtor, de nicho, mas com posicionamento premium, como uma oferta muito direccionada e parcerias certas – a mais recente com o US Bank e a Wells Fargo nas propostas de financiamento. No entanto, a inovação nos conceitos de mobilidade tem e terá sempre forte expressão em novos e pequenos projectos mais customizados às cidades, capazes de mobilizar uma pequena cadeia de valor. O financiamento deste tipo de projectos é, no entanto, crítico, e é uma área onde se terá, igualmente, que inovar. O artigo da EV World explora até que ponto mecanismos como o crowd-funding poderão dar um impulso a estas novas ideias.

Sendo o financiamento um aspecto crítico, a perspectiva do “carro como um serviço” no contexto das cidades contribuirá decididamente para a viabilidade destes projectos, seja explorando ideias sobre o veículo como “hub” ou “sondas” de informação e comunicação, seja explorando as motorizações eléctricas e baterias como elementos de gestão descentralizada e personalizada de energia em casa ou na empresa, através do que a Navigan Research “vehicle-to-building” (antecipando alguma da complexidade das tecnologias “vehicle-to-grid”), ou outras.

Luís Carlos Reis (INTELI)

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Ficha técnica Edição: PCT da Mobilidade (CEiiA e INTELI) Data: Abril 2013Equipa VOZ OFF: Bernardo Sousa Ribeiro (CEiiA), Diana Reis (INTELI), Gualter Crisóstomo (CEiiA), Helena Silva (CEiiA), Maria João Rocha (INTELI), Sónia Pereira (CEiiA) e Tiago Barquinha (CEiiA).Colaboraram nesta edição: Alexandre Silva Teixeira (CEiiA), António Monteiro (INTELI), João Silva Carvalho (TAP M&E), José Morgado (AFA), Luís Reis (INTELI), Madruga Matos (AFA), Manuel Oliveira (CEiiA), Pedro Carrilho Filipe (INTELI), Raul Fangueiro (UMinho) e Silvia Carvalho (UMinho),Design: Mónica Sousa (CEiiA)Coordenação: CEiiA/INTELI