vox objetiva 33

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março/12 • Edição 33 • ano IV • Distribuição gratuita “Em algum lugar do paraíso” O bom humor e a herança criativa de Luis Fernando Veríssimo Quem toma conta? Comitê de times que deveria acompanhar obras do Mineirão não existe Sinal de Perigo Radiação de celulares e de antenas é um risco oculto em BH

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Edição 33 da revista Vox Objetiva

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ção

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ano

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“Em algum lugar do paraíso” O bom humor e a herança criativa de Luis Fernando Veríssimo

Quem toma conta? Comitê de times que deveria acompanhar obras do Mineirão não existe

Sinal de Perigo Radiação de celulares e de antenas é um risco oculto em BH

Page 2: Vox Objetiva 33

Descubra lugares. Descubra pessoas. Descubra novas histórias.

Na dúvida entre ótimos atrativos e culinária saborosa,

leve os dois.

Tiradentes

www.minasgerais.com.br

Se você tem instalado em seu celular um aplicativo de leitura de QR Code, aponte a câmera para o código impresso nesta página e comece a viajar agora mesmo por Minas Gerais.

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Descubra lugares. Descubra pessoas. Descubra novas histórias.

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Tiradentes

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Metropolis • chargE

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editorial

As dificuldades enfrentadas pela presidente Dilma Rousseff para aprovar projetos de interesse do Governo revelam o lado mais sombrio e repulsivo da política que há décadas vem sendo praticada no Brasil. Refém de uma base aliada que ajudou na manutenção de mais quatro anos de poder para o Partido dos Trabalhadores, a presidente sofre com a cobrança da liberação dos pedidos e das demandas fisiologistas apresentadas por deputados e senadores do PMDB e de partidos menores.

O cenário revela que qualquer presidente que passe pelo Planalto será continuamente refém de um grupo de chantagistas profissionais que conseguem reunir em torno de si os colegas com menor expressão e pouca experiência.

Some-se a esse cativeiro político da presidente o fato de que o PT vem se mostrando totalmente desunido e tornando a administração Dilma vítima da própria desestrutura partidária.

Por outro lado, a oposição capitaneada pelo PSDB vive os mesmos problemas de não conseguir reunir em torno de um projeto viável de governo os principais nomes do partido.

Diante do quadro de impotência política que estamos vivendo, resta-nos acreditar que o projeto de um Brasil novo possa ser assumido por uma coligação política que permita a colocação em prática de uma reestruturação tão necessária ao país.

Matéria especial desta edição da VOX OBJETIVA revela a possibilidade de que PT e PSDB possam se juntar, num futuro ainda incerto, em busca da aprovação de uma reforma política que liberte nossos futuros presidentes da chantagem política a que estamos assistindo.

Precisamos agir. O tempo passa rápido, e o Brasil não é mais o país do futuro. O presente nos cobra determinação e coragem para fazer o que for necessário para garantirmos um país melhor para as futuras gerações. Caso contrário, podemos perder o trem da história e nos manter no atraso secular que marca a nossa política.

Precisamos de um novo Brasil

a revista Vox é uma publicação mensal da Vox Domini Editora Ltda. rua Tupis, 204, sala 218, Centro Belo Horizonte, mG, CEP: 30.190-060.

“... o povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo.” (Daniel 11:32)

• EDITor E jornaLIsTa rEsPonsáVELCarlos Viana

• EDITora aDjunTasandra Carvalho

• DIaGramação E arTEGraziele martins e Ilder de oliveira

• CaPaIlder de oliveira

• rEPorTaGEmandré martinsHerique andréLuíza Villarroel

• EsTaGIárIos Fernanda CarvalhoBianca nazaré

• CorrEsPonDEnTEsGreice rodrigues -Estados unidosIlana rehavia - reino unido

• DIrETorIa ComErCIaLsolange Viana

• anú[email protected](31) 2514-0990

[email protected](31) 2514-0990www.voxobjetiva.com.br

• rEVIsãoVersão Final

• TIraGEm 30 mil exemplares

os textos publicados em forma de colu-nas, produzidos por colunistas convida-dos, expressam o pensamento individual e são de responsabilidade dos autores. todos os direitos reservados. os textos publicados na revista Vox objetiva só poderão ser reproduzidos com autoriza-ção dos editores.

Carlos VianaEditor-Chefe

[email protected]

expediente

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PN-0006-12B INAUGURACAO AD 20,5x27,5cm.indd 1 15/03/12 16:02

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Capa ................................................................................ SaÚDE• Inimigo oculto Estudos apontam radiação de celulares e de antenas como possível causadora de cânceres

VerBo ............................................................ EntrEvIsta • Luis Fernando VeríssimoMestre do humor privado brasileiro fala sobre sua carreira e influências

Metropolis ............................................. pOLÍtICa • Convergência? Falta de oposição sólida pode fazer do “sonho de FHC” uma realidade

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suMário

artigos.............................................................................pOLÍtICa • Paulo Filho Choro de Dilma é sempre carta na manga.............................14

JUstIÇa • robson sávio A insegurança alimenta a indústria do medo .......................23

IMOBILIÁrIO • Kênio Pereira Taxa de condomínio: o problema da fração ideal ................29

MEtEOrOLOGIa • ruibran dos reis O perigo dos tornados .................................................................32

psICOLOGIa • maria angélica Falci A importância de saber ouvir os outros e a si mesmo ........... 44

stock.xchng

Fernanda Carvalho marck Klein/aBr

CrÔnICa • joanita Gontijo É possível ser feliz consigo mesmo? ................................... 50

salutaris ....................................................................... vInHOs • nova estação Vinho tinto de corpo médio é a bebida ideal para o outono . 42

caVaLOS • apurados A atuação da genética na busca pela melhor raça ...............38

BELEza • Tratamentos Carboxiterapia, lipocavitação e freeze: prós e contras ..........40

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salutaris ................................................. ESPOrTES • Concessões ignoradasClubes mineiros desconhecem direito de fiscalizar estádios

Vanguarda ............................................. VEícuLOS • renovado e mais estiloso Novo Porsche 911 une tecnologia àfidelidade à tradição

kultur ......................................................... CInEMa • a verdadeira marilyn Filme humaniza um dos maiores mitos do cinema

kultur ......................................................... adaptaÇãO • Trilogia millenium Primeiro da série antecipa transforma-ções em uma sociedade “perdida”

Metropolis ............................................. IntErnaCIOnaL • mórmons Tudo sobre a religião de Mitt Romney, o provável oponente de Obama

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Partido republicano/Divulgação

Divulgação

Prosche/Divulgação

sylvio Coutinho/Divulgação Divulgação

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Metropolis • OLHar BH

Praça Sete Imagem da tarde de 14 de março, uma terça-feira, da praça

Sete de Setembro, ou simplesmente praça Sete. Nesse dia, a greve dos rodoviários ameaçava “estourar”. O trânsito, por volta das 16h, estava surpreendentemente tranquilo, mas o fluxo de pessoas, como sempre, era intenso. O espaço foi inaugurado em 1922 para ser o marco zero do centro da cidade. O obelisco representa homenagem aos cem anos da Independência.

Gabriel Nunes e Castro

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notasUm circo

chamado BBB O Tribunal de Justiça do Rio arquivou o

inquérito policial contra o modelo e ex-bbb, Daniel Schaniz, no último dia 20, além de permitir a sua saída do país. Daniel foi acusado de estupro de vulnerável durante o programa BBB 12. Cenas de Daniel e Monique embaixo do edredom, após uma festa na madrugada do dia 15 de janeiro, foram interpretadas como estupro. No dia seguinte, Daniel foi eliminado formalmente do programa por “comportamento inadequado”. O TJ do Rio entendeu que a relação entre os dois foi consensual, mensagem reiterada por Monique, após ser eliminada do programa.

Juros de chequeOs bancos públicos e o Ministério da Fazenda discutem

sobre a redução dos juros de empréstimos. Uma das medidas seria a redução das taxas do cheque especial durante alguns dias, evitando a cobrança elevada de quem solicita o empréstimo por um curto período. Alguns bancos privados estão tomando essas medidas, porém, existe o risco de o mercado reagir mal à ideia. O incentivo pode ser entendido como intervenção do governo no sistema financeiro.

Nivea Viva ElisDepois de 30 anos da morte de uma das mais famo-sas vozes da MPB, projeto revive a trajetória da can-tora. Na turnê que passa por cinco cidades, Maria Rita canta, pela primeira vez, apenas canções imortalizadas pela mãe. Além dos shows, o projeto conta com uma exposição itinerante, a exibição de um documentário e o lançamento de um livro em homenagem a Elis Re-gina. Em Beagá, o evento ocorre no Parque das Manga-beiras, dia 8 de abril, às 16h, com entrada gratuita. Os ingressos devem ser retirados nos pontos de distri-buição, não divulgados até o fechamento desta edição.

Defesa SocialApós a divulgação de números que comprovam

o aumento da criminalidade em Minas, o novo secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Carvalho Ferraz, tomou posse no último dia 19 de março. Ele ocupa o lugar de Lafayette Andrada, que voltou à Assembleia Legislativa como líder do governo. Ferraz se licenciou do cargo de procurador de Justiça. No discurso da posse, ele divulgou a principal incumbência feita pelo governador Antonio Anastasia (PSDB). “A redução da criminalidade será uma das prioridades determinadas pelo governador, assim como o processo de integração das polícias”, afirmou Ferraz.

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Frederico rozário/TV Globo/Divulgação

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Escritor predestinado e humorista por acaso, Luis Fernando Veríssimo lança, em Belo Horizonte, o livro de crônicas “Em algum lugar do paraíso”

Cronista da Vida Privada

VerBo

Tímido, sempre com poucas palavras e um curto sorriso nos lábios, ele brinda o povo brasileiro diariamente com doses de humor em páginas de jornal. Em público, é “curto e grosso”, mas com uma delicadeza particular. Prefere o diálogo. “Não gosto de monólogo”, é o que afirma diante de uma multidão que se reúne somente para escutá-lo. Afinal, é o escritor dos relacionamentos, sejam de qual caráter for. Luis Fernando Veríssimo é o mais famoso cronista de humor do país. O “poeta” das sátiras da vida privada.

A carreira estava predestinada. Ele só não sabia. Filho do escritor Érico Veríssimo, a leitura estava presente desde o berço. Assim como a comida, os livros eram essenciais na “mansão” Veríssimo. Mas foi apenas com aproximadamente 30 anos que ele descobriu a vocação, quando trabalhava no jornal Zero Hora, de Porto Alegre.

Teve mais de 60 livros publicados em cerca de 40 anos de carreira como escritor. Além de crônicas, Veríssimo fez cartuns, traduções, roteiros para televisão, trabalhou como publicitário e revisor em jornal. E é músico: tocou saxofone em alguns grupos de jazz.

Em uma sala da Academia Mineira de Letras repleta de holofotes, Luis Fernando Veríssimo contou à Vox Objetiva um pouco da própria trajetória, como sempre, com pouca

fala e alguns sorrisos que marcam a cortesia singular.

Vox: Você sempre soube que seria escritor? Luis Fernando Veríssimo - Não. Não. Na verdade,

eu até comecei a escrever muito tarde, com mais de 30 anos. Até então, não tinha nenhuma ideia; nenhuma intenção de ser escritor. Quando eu comecei a trabalhar em jornal, eventualmente, eles me deram um espaço para fazer crônicas. Foi assim que mais ou menos eu descobri minha vocação. Antes disso, eu nunca tinha escrito nada, a não ser algumas traduções do inglês. Não tinha nenhuma intenção de escrever.

Eu li que, com menos de 15 anos, você e sua irmã criaram um jornal da família chamado “O Patentino”.

É verdade essa história? Do que se tratava esse jornal? (Risos) Lá no Sul a gente chama o vaso sanitário do banheiro de patente. Então minha irmã e eu tivemos a ideia de fazer um jornal que seria colado na parede, ao lado da privada, para que a pessoa, quando estivesse ocupada ali na privada, lesse o jornal.

Era diário? Não, não. Nem lembro. Acho que era quinzenal ou semanal. Mas era pura brincadeira. Não tinha nenhuma intenção, além, é claro, de gozar com a família toda.

Comecei a escrever com

mais de 30 anos. Não tinha ne-

nhuma intenção de ser escritor.

Texto e fotosFernanda Carvalho

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VerBo

Como filho de Érico Veríssimo, os livros devem ter surgido muito cedo em sua vida. O gosto pela literatura veio do seu pai? Eu acho que sim, né?! Eu me criei numa casa em que, antes de mais nada, havia livros. E livro era uma coisa importante. Eu convivi com escritores. Sempre fui leitor; sempre gostei muito de ler, justamente porque tinha livros em casa. Então, nesse sentido, a influência do meu pai foi indireta, pelo fato de ele ser escritor. Mas eu sempre fui um grande leitor. E quando eu comecei a fazer crônicas e tal, pelo menos eu já sabia como é que se fazia.

Você consegue perceber algo de Érico Veríssimo em seus textos? Há alguma influência? O pai foi um dos primeiros escritores brasileiros a escrever de maneira mais informal. Era mais influenciado pela literatura americana do que pela europeia. E eu acho que eu também escrevo assim. Não é um texto muito profundo nem muito rebuscado. Tem a preocupação de ser claro sempre e bastante informal. Nesse sentido, eu acho que eu sou parecido com o meu pai.

Você faz todos os tipos de crônica com a mesma vontade, com o mesmo gosto? Existe uma predileção por algum tema? Futebol, por exemplo, é recorrente na sua obra. Eh... eh... futebol é um assunto muito constante. Eu gosto muito de futebol. Também é um assunto mais ou menos pronto, né?! Quando começa a escrever, você já tem opiniões que vêm da sua admiração por jogadores ou por times. Então sempre fica mais fácil fazer uma crônica, quando o tema é tão próximo.

E a crônica se baseia justamente nas histórias do cotidiano... Na crônica cabe tudo. Então pode ser, às vezes, um comentário, uma coisa mais profunda, pode ser uma reminiscência de infância ou o que seja. Nesse sentido, cabe tudo na crônica.

Seu personagem, o detetive Ed Mort, ganhou adaptação para os quadrinhos, para o cinema e para a TV. Como ele foi criado? O Ed Mort nasceu como uma paródia literária; uma paródia da literatura policial americana e do cinema policial. Uma versão brasileira daquele típico detetive particular da literatura americana e do cinema. E, sendo uma versão brasileira, nada dava certo com ele. Não conseguia resolver os casos. Quando resolvia, era pago com cheque sem fundos. Então era uma versão subdesenvolvida de um típico herói americano.

Você viveu parte da infância e da adolescência nos Estados Unidos. Esse tipo de texto era o seu preferido naquela época? De certo modo, sim. Eu sempre gostei muito de livros policiais. Antigamente lia bastante. Sempre gostei muito de quadrinhos também. Então, de vez em quando, depois que eu passei a ter espaço no

jornal, em vez de textos, eu fazia quadrinhos, inventava os personagens, desenhava e tal. Nesse sentido, acho que continua sendo uma coisa da infância.

Na época da ditadura, os quadrinhos eram utilizados para fazer críticas. Você também fazia o mesmo no jornal montado na sua casa, o Pato Macho. Por que você acha que a censura não barrava essas histórias? Pois é... Isso é curioso. O desenho tinha certa liberdade; o texto não. Pelo fato de o desenho ter essa conotação infantil e lúdica,

talvez os censores não prestassem tanta atenção. Não é por nada que a grande revelação do humor daquela época no Brasil foi o Henfil – um cartunista. Foi justamente por isso: ele fazia nos desenhos e nos cartuns as críticas que no texto ninguém poderia fazer.

Quando foi que você começou a inserir humor em seu jornalismo? Olha: quando eu comecei a ter espaço no jornal para fazer crônicas, quer dizer, para ter um espaço

Antigamente eu escrevia mais,

com mais volume. Não sei se fiquei

preguiçoso ou mais conciso.

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VerBo

admiração: fãs lotaram o auditório da academia mineira de Letras para o lançamento do livro de Luis Fernando Veríssimo..............................................................................................................................................................................................................................................................

assinado com as coisas que eu fazia que eram mais sérias, as que iam para o lado do humor eram as que tinham mais repercussão. Então eu fui, mais ou menos, levado para esse lado, apesar de não ser, como eu disse, um humorista natural.

Depois de 43 anos escrevendo, mudou alguma coisa no ato de escrever? Na inspiração? Não. Eu acho que não. O que me surpreende hoje, quando eu leio alguma coisa que eu escrevi há anos, é o tamanho do texto. Antigamente eu escrevia mais, com mais volume. Não sei se eu fiquei mais preguiçoso ou mais conciso. Hoje o meu texto é bem menor.

Eu fiquei curiosa em relação a esses textos que são publicados na internet com o seu nome, sem que sejam seus. Qual a sua reação, quando você encontra esses textos? Olha: a única reação possível é a resignação, porque é uma coisa que, que eu saiba, não pode ser evitada, regulada. Eu não entendo bem o que leva uma pessoa a escrever um texto, às vezes um texto bom, e botar o nome de outro, a assinatura de outro. Mas, tudo bem. Não há o que fazer.

Em relação a seu novo livro, que vem com 41 crônicas publicadas, por que “Em algum lugar do paraíso”? Na verdade, o título quem deu foi a editora. Tem a ver com a primeira crônica do livro que se passa no paraíso, com Adão e Eva. O conto de Adão e Eva, quando tudo começou. Inclusive os problemas matrimoniais começaram no paraíso (Sorriso). E no resto do livro, várias crônicas são sobre o relacionamento homem-mulher, com alguma referência ao primeiro texto. Então é por isso que tem esse título: “Em algum lugar do paraíso”.

Você veio lançar o seu livro em Minas – um Estado que também gerou alguns grandes escritores. Carlos Drummond de Andrade e por aí vai. O que você acha da produção literária mineira? Olha: Minas é um Estado de grandes escritores, a começar pelo Guimarães Rosa, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, o Carlos Drummond, que você falou... Então é admirável. Eu acho que nenhum Estado da federação tem essa quantidade de escritores no seu passado e no seu presente.

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paulo filHo jornalista e consultor de Comunicação social

[email protected]

artigo - pOLÍtICa

Por que Dilma tanto chora?

Mais do que bucólica, a cena é pitoresca: um piquenique na praia, talvez regado a cerveja e, se for imaginar pelo gosto do personagem, uns espetinhos de churrasco. A foto-imagem estampou a capa de todos os grandes jornais do país, esteve em todos os telejornais e portais da internet e, provavelmente, percorreu o mundo. Carregar uma caixa de isopor na cabeça, descalço na areia da praia (ou de havaianas), com a camiseta apertada, deixando parte da barriga proeminente à mostra, foi apenas mais uma das ações do marketing pessoal do ex-presidente Lula. Quer algo mais “povão” do que isso? Naquele momento, muito mais do que a metade dos brasileiros se enxergou e se identificou com a figura. No rol das ações midiáticas, nessa, o ex-presidente se superou.

E Dilma com isso? Nesse ponto, as diferenças entre os dois são latentes. Dentre outras diferenças, ela é uma figura reservada, com ar e fama de durona, não fala “menas”, não torce para o Corinthians nem palpita futebol. Passa longe do “gosto popular”. Desapegada de churrascos com “peladas” nos finais de semana, sem jogo de cintura nem macaquices que rendam fotos e imagens em telejornais, em comparação com o antecessor, a sua identificação com o povão é quase

zero. Isso é uma enorme preocupação para quem cuida do marketing de um governo popular e populista.

Então, o que resta a essa mulher de pedra? Destilar emoções, apresentar-se ao povo como humana,

demasiadamente humana, em todas as oportunidades que surgirem. Quem não se sensibiliza e não acredita em uma mulher que chora, verte lágrimas em público e engasga a voz? Qual de nós há de duvidar de alguém, quando lágrimas rolam por sua face? Mesmo quando isso acontece no ato de demissão, pela segunda vez, de um ministro incompetente que ocupava uma pasta-cabide? Mas, cá para nós: no meio de tantas lágrimas e promessas, é impossível não lembrar a minha avó. Com muita sabedoria, ela dizia: “mulher que chora

e homem que jura, mentira pura!”.

BELo HorIzonTE

O PT está completamente rachado e em um estado de beligerância nunca visto. Nem os adeptos da candidatura própria nem os aliancistas têm a mínima certeza sobre suas possibilidades de disputa. Então eles mentem sobre os números de seus apoiadores.

“Quem não se sensibiliza e não acredita em uma

mulher que chora, verte lágrimas em

público e engasga a voz?

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artigo - pOLÍtICa

Bandalheiras e trapaças, do tipo inscrição de nomes em duplicidade, de ex-filiados e até mesmo de mortos, são manobras que foram denunciadas. Terminada a primeira etapa, a que escolheu os 500 delegados que vão decidir a postura do partido na eleição municipal, o resultado confirmou a fratura na legenda: a tese de coligação com o prefeito Marcio Lacerda e os tucanos na chapa teve 42,4% dos votos. A de candidatura própria teve 39,7%. Por sua vez, o grupo que defende a aliança, mas que é radicalmente contra a participação dos tucanos, teve 17,8% dos votos.

Analisando os números, é fácil constatar que a

Presidente Dilma rousseff se emociona na posse de marcelo Crivela ..............................................................................................................................................................................................................................................................

antônio Cruz/abr

vitória dos aliancistas não se sustenta. Somados os que optaram pela candidatura própria com os que não querem o PSDB na aliança, o resultado chega a 57,5% dos delegados. Enquanto isso, o ex-governador Aécio Neves e os tucanos em geral tripudiam e se divertem com a situação. Belo Horizonte, como cidadela petista, caiu há muito tempo (mais precisamente, desde a eleição de Lacerda). Só que, pelo lado do PT, os que articularam a aliança fingem que essa não é a realidade. Fica bastante claro que a decisão petista está nas mãos (e no interesse) do grupo aecista. Se o PSDB quiser, o PT indica o vice na chapa com Lacerda. Caso contrário, os tucanos induzem o PT a lançar candidatura própria.

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“(...) eu tive um sonho ontem à noite em que Lula e eu estávamos propondo um consenso nacional. É tão óbvio que o Brasil precisa se concentrar em algumas coisas principais. O que fazer com a energia? O que fazer com a educação? Como criar melhores oportunidades para nossa infraestrutura, com o governo e o setor privado trabalhando juntos? Como chegar a um consenso sobre o meio ambiente? É tão óbvio. Essas perguntas não são do partido, mas questões nacionais.”

A resposta acima foi dada no início de janeiro pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) a um repórter da revista britânica “The Economist”, quando foi questionado sobre relações entre ex-presidentes e o papel da oposição no Brasil. À época, a afirmação deixou políticos de direita em polvorosa, mesmo FHC tendo feito duras críticas ao governo petista ao longo da entrevista à revista inglesa.

Analistas políticos explicam que não é preciso

Convergência: realidade ou um sonho de FHC?

Falta de uma oposição atuante coloca em risco a democracia. Por outro lado, união entre direita e esquerda em torno de alguns projetos pode ser positiva

Sandra Carvalho

j. Freitas/aBr

Metropolis • pOLÍtICa

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ser paranormal para interpretar o sonho de FHC. A declaração do ex-presidente à revista britânica mostra claramente a falta de uma oposição sólida e atuante no país. Isso pode resultar em uma convergência política: algo que pode ser benéfico em alguns pontos, mas bastante destrutivo à democracia nacional.

Malco Camargos, doutor em ciências políticas e professor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), explica que para uma democracia ser saudável e um país crescer é preciso existir situação e oposição que realmente cumpram suas funções. “São três os principais papéis da oposição: o primeiro deles é o contraditório, ou seja, mostrar que é possível fazer algo diferente e melhor do que se faz; o segundo é fiscalizar e o terceiro, trabalhar em projetos para construir um futuro diferente”, explica.

Esses três pilares fazem com que o Poder Executivo repense sua atuação sistematicamente. “Se não houver ninguém apontando algo diferente do que o governo faz, a única e verdadeira voz acaba sendo a dele. Então o governo não se preocupa em melhorar seu desempenho”. “Por isso”, diz Camargos, “a oposição sólida, consistente e cumpridora de suas funções é a força motriz para a evolução constante de quem está no poder”.

O problema é quando a oposição não consegue cumprir seus três papéis. É o que vem ocorrendo no cenário nacional e em Minas, mudando-se aqui apenas os lados entre os partidos. “Ser oposição num sistema em que a maior parte do poder fica com o Executivo é tarefa muito difícil. Ao concentrar o poder e a ordenação de despesas nas mãos do Executivo, o sistema político brasileiro faz com que tudo convirja para o apoio ao Executivo na busca de recursos

Enfraquecidos. analistas afirmam que PsDB não apresenta projetos alternativos, por isso não decola como oposição..............................................................................................................................................................................................................................................................

Fábio Pozzebom/aBr

Metropolis• pOLÍtICa

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políticos para o exercício dos mandatos. Então partidos que não estão fazendo parte do governo, aqueles que perderam a eleição, têm dificuldade de atuar, pois são cortados no processo de obtenção de recursos. Isso enfraquece o papel da oposição”, completa o cientista.

Com a dependência de recursos governistas, os partidos de direita ficaram fragmentados. Parte é contra o status quo, mas não propõe mudanças eficazes. “Essa parte prefere fazer críticas rancorosas de quem perdeu o poder e apenas aponta falhas, mas sem criar alternativas eficazes para o que criticam”, frisa Camargos.

Outra parte fica implicitamente a favor do governo para garantir recursos para o mandato. “Assim, fragmentados, os partidos de direita não conseguem transformar seus discursos nem estabelecem o contraditório. Isso é péssimo para a democracia. É o que vejo nas declarações de FHC”, avalia o professor de ciência política do Ibmec e mestre em relações internacionais, Creomar Lima Carvalho de Souza.

Mas a oposição nem sempre foi assim, na opinião de Malco Camargos. Na era de quase dez anos, que inclui Itamar e FHC, a atuação oposicionista do PT

e de seus aliados era mais acirrada. “A oposição sempre foi enfraquecida no Brasil. Isso é histórico. Mas o PT, quando estava do outro lado, não ficava tão ensimesmado em relação ao poder, porque nunca tinha ocupado o poder. Não tinha nada a perder. Então discutiam-se mais caminhos alternativos ao país do que simplesmente ficar apontando falhas da atual administração, como acontece atualmente”, relembra Camargos.

E simplesmente apontar falhas não leva a lugar nenhum, de acordo com o cientista político Moisés Augusto. Ele também acredita que o cenário político brasileiro com a oposição enfraquecida seja desfavorável à democracia. “A declaração de FHC à ‘The Economist’ mostra que a própria oposição fala que o PT é mais competente, tendendo a uma reeleição e à manutenção do status quo. Isso é muito triste. O país fica estagnado”, interpreta.

Para mudar o cenário e progredir democraticamente, a oposição precisa ao menos tentar driblar dificuldades do modelo político e propor alternativas a ele. “É importante que a oposição se reencontre no Brasil para que o Executivo melhore sua atuação e haja alternância do poder em prol de um futuro melhor do país. Quando não tem o contraditório, quem perde é o povo. É como se tudo

manutenção do poder nas mãos de um mesmo partido durante tanto tempo não é saudável para o país..............................................................................................................................................................................................................................................................

roberto stuckert/aBr

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que está sendo feito fosse bom”, completa Creomar Souza.

Por outro lado, em alguns aspectos, a convergência de ideias e ideologias entre oposição e situação pode ser benéfica para o país. “A oposição não tem que criticar a todo momento. Em algumas situações, como a criação e a implementação de boas políticas públicas, é fundamental que situação e oposição enxerguem o que é melhor para o país. Um exemplo disso seria a aprovação da Lei Geral da Copa. Oposição e situação precisam perceber o cenário e as pressões internacionais e trabalharem para o que será melhor para o Brasil”, acrescenta Malco Camargos.

ParTIDos

Os partidos políticos parecem querer se esquivar, quando o assunto é oposição. As executivas do PT, PSDB e DEM foram procuradas pela reportagem ao longo do último mês para falar sobre a questão. Mas, até o fechamento desta edição, ninguém tinha dado retorno. No entanto, alguns políticos mineiros expuseram isoladamente suas opiniões sobre o assunto.

Um deles é o senador Aécio Neves (PSDB). Durante uma coletiva, Aécio foi questionado sobre as declarações de FHC à “The Economist”. O senador não poupou críticas ao atual governo, defendeu a oposição, mas disse que também sonha com um projeto único para o país.

“Alguma diferente vai ter de ocorrer no Brasil. Se as coisas continuarem nessa velocidade e os governos ficarem cada vez mais dependentes de partidos políticos distantes de qualquer projeto ideológico, o custo será muito alto para o país. Gostaria de estar vivo para ver a construção de uma aliança homogênea para um projeto de Brasil. Infelizmente o PT abdicou desse projeto que julgava ter para se dedicar a um projeto de poder”, afirma.

Aécio frisa que não se pode atribuir à oposição omissão. “O governo jamais teve uma maioria tão ampla, mas nada foi enviado ao Congresso. Não se pode cobrar das oposições pela omissão em relação à própria reforma política. Onde está a reforma tributária? E da

previdência e do Estado brasileiro? O governo age reativamente”, critica.

O deputado federal Reginaldo Lopes, presidente do PT em Minas, pensa o contrário. “Há no cenário nacional uma oposição sistemática; não programática. O PSDB tentou vender ao país a imagem de oposição responsável, mas isso não colou, porque o partido não apresenta propostas concretas. Essa postura não é saudável à democracia. Mas é preciso deixar claro que há um grande projeto de Brasil em curso, que é o projeto do PT. Creio que o FHC esteja se referindo a esse projeto em curso com suas declarações”, disse.

Em relação a Minas, Lopes é ferrenho. “O PT é oposição sim. Temos um programa com 18 grandes propostas para mudar Minas e estamos trabalhando com toda a bancada para efetivamente transformar o que existe”. Quanto a BH, o discurso antagônico ao do PSDB muda um pouco. “Apoiamos o projeto do Patrus que o Marcio Lacerda continuou. Não é confortável ter o PSDB nessa aliança. Se o PSDB concorda com o nosso projeto, isso é problema dele”, completa.

reginaldo Lopes garante que oposição local é forte.........................................................................................................................

Câmara dos Deputados/Divulgação

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E ele, pode?Em 2008, os Estados Unidos elegeram o primeiro presidente negro. Está em tempo de

saber se um candidato que se declara mórmon também pode chegar lá

A briga é pelo mais alto cargo da diplomacia americana, e a data para o embate está marcada. No dia 6 de novembro, Barack Obama será testado nas urnas. O provável oponente do atual governante americano é um empreendedor multimilionário, de 65 anos, que não precisa de “cola” para fazer discursos. Mitt Romney, ex-governador de Massachusetts, é casado, pai de cinco filhos e professa uma fé que difere da de 98% dos compatriotas. Ele faz parte da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.

A momentânea predileção por um candidato mórmon em relação ao católico Rick Santorum e, principalmente, ao protestante Ron Paul, naturalmente chama a atenção. Especialmente nos Estados Unidos: uma nação protestante em que a religião sempre foi determinante para a definição do rumo político do país.

“A religião tem um peso muito importante nas eleições norte-americanas. Principalmente quando se pensa nas eleições presidenciais. É a partir do governo central que são pautadas algumas questões que influenciam diretamente a agenda dos Estados”, é o que entende o professor e coordenador do curso de Relações Internacionais do Ibmec, José Luiz Niemeyer.

A escolha por Romney vem dando visibilidade ao mormonismo e, ao mesmo tempo, mexendo em uma ferida de difícil cicatrização: o preconceito da sociedade americana. De acordo com uma pesquisa do Centro Pew de Religião e Política, divulgada em janeiro, os mórmons se sentem muito discriminados, embora percebam uma sociedade mais tolerante.

A religião, que já vem sendo usada como um instrumento de manipulação política ao longo das prévias do Partido Republicano, deverá cumprir a função

André Martins

no Centro de BH: membros da igreja dos mórmons...................................................................................................................................

Fernanda Carvalho

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Visibilidade: escolha de romney vem projetando a religião dos mórmons e derrubando preconceitos..............................................................................................................................................................................................................................................................

até o último dia de campanha. Obama e Romney – caso este seja o escolhido entre os republicanos – certamente não sucumbirão ao discurso religioso. Afinal, eles têm muito a perder, caso tentem convencer o eleitorado baseando-se em questões de fé.

Para Romney, tornar-se o “candidato mórmon” é um risco, assim como foi para Obama, em 2008, ao ser tachado de “o candidato negro”. A probabilidade de o “tiro sair pela culatra” aumenta, quando se tenta tornar o representante das minorias. “O Romney terá o apoio maciço dos mórmons republicanos, mas se ele faz esforços extensivos para tentar puxar o voto dos mórmons democratas, por exemplo, ele perde mais do que ganha”, explica o professor de ciência política da UFMG, Bruno Vanderlei.

A religião pode não ganhar os debates na TV, mas nas casas, reuniões e igrejas, ela, provavelmente, vai ditar o tom da corrida por votos. E aí as discussões dos milhões de microgrupos espalhados pelo território americano podem fazer a diferença na hora da escolha.

De acordo com o presidente de assuntos públicos da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, no Brasil, Nei Garcia, os mórmons não tendem a influenciar as escolhas dos fiéis. “A missão da igreja

Partido republicano

é pregar o evangelho de Jesus Cristo, e não eleger políticos. Ela é neutra em questões político-partidárias. Os membros são incentivados a conhecer os candidatos, mas a escolha é pessoal”, explica. Enquanto isso, outros grupos religiosos não têm pago com a mesma moeda. As notícias que chegam da terra de Tio Sam são que púlpitos têm sido usados não apenas para pregar a palavra do Senhor.

O não engajamento do pastorado mórmon não sinaliza, entretanto, que ter um dos seus na liderança da nação mais poderosa do globo não tenha significância. Caso Mitt Romney mude com sua grande família para a Casa Branca, no início de 2013, ele terá um desafio: será o primeiro presidente mórmon da história dos Estados Unidos. E para a igreja não haveria garoto-propaganda com maior potencial para expandir a fé mórmon.

IDEnTIDaDE

A história da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias remonta à primavera de 1820. Com apenas 14 anos de idade, acredita-se que o fundador, Joseph Smith, teve uma visão no vilarejo de Palmyra – Condado de Wayne, Nova Iorque. Deus aparecera ao profeta, orientando-o a não se vincular a nenhuma das igrejas existentes, por estarem maculadas.

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Metrópole • CIdadEs

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de cor continuam vinculados à religião. Mas de modo equivocado. Atualmente o casamento plural é motivo para excomunhão, e o racismo não condiz com a doutrina mórmon, desde a revelação tida por Spencer W. Kimball – o 12º presidente da Igreja –, em 1978, ano em que negros passaram a ocupar cargos de liderança.

FoCo na EConomIa

Embora a religião desempenhe um papel de relevância, Niemeyer e Vanderlei acreditam que a fé dos candidatos não vá influenciar tanto quanto o que defendem e propõem. Na situação atual dos Estados Unidos, os americanos estariam mais interessados em se agarrar aos destroços de madeira que boiam em um mar revolto, após a economia do país ir a pique.

Confirmado o nome de Romney como o candidato republicano, ele terá desafios. Para o professor Bruno Vanderlei, o ex-governador de Massachusetts só terá chances de derrotar Obama, caso trabalhe em um discurso mais sólido, capaz de desvincular sua figura da de capitalista voraz. Será preciso, ainda, mobilizar o eleitorado e torcer para que o desempenho da economia não seja exitoso neste último ano de governo Obama.

“A variável crucial é a economia. Dentro dela, está a criação ou a destruição de postos de trabalho no ano das eleições. Obama está indo bem. Janeiro foi o mês em que mais se criaram empregos em todo o mandato dele. Se ele conseguir manter isso até novembro, é quase impossível que Romney possa surpreender”, conclui o professor.

O Livro de Mórmon, escritura que, além da Bíblia, norteia os fiéis, é revelado no ano de 1823. Deus teria mostrado a Smith placas de ouro que desvendaram uma civilização originária da Terra Santa que se estabelecera em território americano. Tais inscrições foram traduzidas para o inglês, dando origem ao livro. Sete anos depois, em 1830, a igreja é restaurada em Fayette, Estado de Utah, sendo alvo de intensa perseguição por parte dos cristãos tradicionais.

Atualmente a religião conta com mais de 14 milhões de fiéis. No Brasil totaliza 1,1 milhão de seguidores. É o terceiro país com o maior número de adeptos e, em breve, deve ultrapassar o México. Os maiores representantes do mormismo são os missionários vestidos em traje social que, de sol a sol e porta em porta, entregam os chamados “cartões de amizade” com palavras do evangelho.

Os mórmons são considerados tradicionais em relação a temas sociais. Lutam pela preservação da família e pela valorização da vida. Sexo, só depois do casamento – união que prevalece além da finitude da vida. Somente homens podem exercer o sacerdócio. No seio familiar, elas e eles são igualmente importantes. Cada um desempenha um papel. Os fiéis são conhecidos ainda por investir maciçamente em missões e na educação de crianças. Submetem-se às leis de Deus e às dos homens. Não tomam café, chá e não usam drogas – nem mesmo as lícitas.

Alguns aspectos da religião despertam muita curiosidade e polêmica. A poligamia e o preconceito

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A segurança privada e a indústria do medo

roBson sáVio reis souZa Filósofo especialista em segurança publica

[email protected]

artigo • JUstIÇa

Em três das nove regionais que compõem o município de Belo Horizonte, os moradores escolheram, no Orçamento Digital 2011, os sistemas de videomonitoramento eletrônico. Justificativa: melhoria da segurança pública. É muito estranho o fato de que a depreciação da segurança pública nos últimos anos, no Brasil, tem aumentado os lucros de uma indústria em franca expansão: a indústria da insegurança e do medo.

Infelizmente, a maioria dos cidadãos pensa que equipamentos de segurança, por si só, são capazes de resolver todos os problemas da insegurança. Ledo engano! De nada adiantam bons e modernos equipamentos, se não tivermos funcionários eficientes para operá-los e monitorá-los, respostas rápidas por parte do aparelho estatal, policiais disponíveis em caso de detecção de ilícitos, etc. Significa que equipamentos de segurança podem ter alguma eficiência, quando o sistema público de segurança é eficiente.

Vamos a um exemplo corriqueiro: o cidadão instala o mais moderno circuito de TV em sua residência. No caso de um furto, dirige-se a uma delegacia ou a um batalhão policial e recebe a seguinte resposta: infelizmente, não temos pessoal disponível para investigar ou atuar nessa ocorrência.

Nesse modesto exemplo, verificamos que sem operadores eficientes, os equipamentos tornam-se

obsoletos; sem policiais disponíveis para atender a ocorrências registradas, os equipamentos não têm efetividade preventiva nem punitiva; não havendo respostas rápidas, em caso de práticas de crimes, os equipamentos perdem credibilidade. Portanto, a segurança pública não se limita a equipamentos modernos, a ações individuais ou a respostas privadas. O cidadão pode cooperar, desde que o sistema público funcione.

Pesquisas feitas em várias partes do mundo atestam: mais eficientes que medidas privadas ou alta tecnologia é a participação social no enfrentamento da violência urbana. Conhecer os vizinhos, utilizar os espaços públicos, sempre acionar a polícia, quando se observa qualquer ilícito são excelentes atitudes que podem inibir a ação dos infratores. A coesão social

e a participação comunitária são instrumentos muito efetivos no enfrentamento da violência.

Por fim, cabem, aqui, algumas indagações: será que existe uma relação entre a deterioração da segurança pública e o vertiginoso crescimento da segurança privada? Quem são os que ganham e os que perdem com essa situação? Será que soluções pontuais e privadas resolvem os problemas da violência e da criminalidade urbanas? Mesmo sendo necessários, equipamentos eletrônicos são suficientes para inibir o crime? Fica o convite para o leitor refletir.

Sem operadores eficientes, os equipamentos

tornam-se obsoletos

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No trabalho, em casa, na rua, na academia, no carro. O celular não é mais apenas um dispositivo para fazer ligações urgentes. Não seria exagero dizer que hoje o aparelho é quase um órgão do corpo. No Brasil, o número de celulares ultrapassa o de habitantes. De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), são 245,2 milhões, o que corresponde a cerca de 1,25 aparelho por pessoa.

Para manter esse grande número de celulares, são necessárias diversas Estações Radiobase (ERBs), popularmente conhecidas como antenas, emissoras de radiação. As ERBs estão em todos os lugares. Em Belo Horizonte, 977 delas estão regulares. Mas, de acordo com o Ministério Público Estadual, espalham-se pela cidade cerca de 700 estações clandestinas, fato que aumenta ainda mais as fontes de radiação.

O problema se estende também aos aparelhos celulares, que trazem mais danos ao homem que as próprias antenas, por estarem em contato direto com o corpo. As normas da Comissão Internacional de Proteção contra Radiações Não Ionizantes (ICNIRP) estabelecem limites de emissão de radiação para a certificação de ERBs e celulares. Porém, segundo estudiosos brasileiros de engenharia elétrica, as normas são ultrapassadas e incompletas.

De acordo com o engenheiro e professor de telecomunicações da Universidade Federal do Rio Grande

Conexão de RiscoEstima-se que 1.416 pessoas sejam diagnosticadas com câncer

por dia no Brasil. Pesquisadores podem ter a chave para desvendar parte do enigma que envolveria celulares e antenas como causadores da doença

Metropolis• caPa

do Sul (UFRGS), Alvaro Augusto Salles, existe um problema de base muito sério. “As normas consideram apenas os efeitos de curta duração, chamados térmicos. Os de longa duração, não térmicos, não foram analisados. E é justamente essa exposição, em níveis mais baixos, que pode causar câncer. Mesmo assim, essas normas são adotadas pelo Brasil e internacionalmente”, explica.

Desde maio de 2011, os padrões da ICNIRP passaram a ser questionados, devido a um provável escândalo de conflito de interesses dentro da Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC). O renomado pesquisador Anders Ahlbom, que participou ativamente do estabelecimento dos padrões de segurança definidos pela ICNIRP, foi destituído do painel da IARC. O fato ocorreu após a descoberta da ligação do irmão de Anders, Gunnar Ahlbom,

com uma das maiores empresas de telefonia móvel da Suécia – a Telia. O fato, não se sabe por quê, teria sido abafado pelo pesquisador, o que gerou desconfiança.

O presidente da ICNIRP, Paolo Vecchia, confirma a destituição de Ahlbom do painel da IARC, mas defende o colega. “Eu posso testemunhar a absoluta honestidade, competência e o rigor dele. O conselho científico da ICNIRP reflete o consenso de todos os Membros da Comissão e não pode ser conduzido ou modificado por um indivíduo”.

Em relação a uma possível alteração das normas em vigor, Vecchia pontua que as evidências epidemiológicas e biológicas disponíveis não justificam uma

Consequências do uso do celular podem estar

surgindo agora

André MartinsFernanda Carvalho

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arquivo

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reformulação. “Um estudo muito divergente deve ser avaliado com cautela. É preciso que seja confirmado, antes de a conclusão ser aceita. O resultado do estudo precisa ser reaplicado”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) foi contatada e se mostrou receptiva para responder à Vox Objetiva, porém, quando foi colocada diante dos questionamentos, preferiu não se pronunciar.

a raDIação E o CânCEr

Em maio de 2011, a OMS passou a classificar o celular como um aparelho potencialmente cancerígeno. Um grupo de cientistas de 14 países reavaliou as principais pesquisas existentes sobre o tema e concluiu que o uso desses aparelhos pode aumentar o risco de desenvolvimento de tumores cerebrais.

Dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelam que a incidência e a mortalidade por tumores no Sistema Nervoso Central (SNC) aumentaram nos países desenvolvidos, nas últimas décadas. “A maioria dos tumores do SNC se origina no cérebro, em nervos cranianos e nas meninges. Mesmo não sendo muito frequente, esse câncer contribui significativamente para a morbidade global”, revela o estudo.

Uma pesquisa desenvolvida pelo Departamento de

antenas emitem radiação em área urbana.........................................................................................................................

Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul chegou a um resultado comprovador. Por meio de um modelo de cérebro artificial, foram realizadas simulações para determinar os efeitos da radiação. À medida que o aparelho era aproximado da cabeça, a absorção de energia eletromagnética pelos tecidos aumentava, e as normas estabelecidas pela ICNIRP deixavam de ser respeitadas. “Com menos de dois centímetros da cabeça, o limite foi superado entre quatro e dez vezes. Quando o aparelho foi colocado junto da orelha, as normas eram desrespeitadas em mais de dez vezes”, explica Salles.

De acordo com o pesquisador, haverá grandes prejuízos caso o aparelho seja pressionado contra a cabeça. “Nessa posição, cerca de 80% da energia dissipada pelo aparelho vão para os tecidos do cérebro, sobrando pouca energia para as ERBs. Isso faz com que a ligação fique ruim e o celular faça um ajuste de nível que vai aumentar a potência. Mas o maior problema é a energia absorvida pelos tecidos do cérebro. Com o aumento da radiação, a intensidade passa a ser ainda maior”, afirma.

No Brasil, todos os aparelhos celulares precisam passar por uma certificação realizada por laboratórios credenciados pela Anatel. Os testes são feitos por meio de manequins e líquidos que simulam as características de absorção de energia pelo corpo. Assim, é possível verificar se os celulares estão dentro dos parâmetros técnicos e de segurança. Uma dessas etapas é relacionada com a radiação. “A gente mede a taxa de absorção específica do modelo. Então o resultado é comparado com as normas criadas pela ICNIRP. Se o aparelho não estiver dentro dessas obrigações, ele não pode ir para o mercado”, esclarece o gerente de Inovação e Marketing de Produtos em Laboratórios e Infraestrutura de Redes do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Antonio Marini.

De acordo com o pesquisador de engenharia molecular e celular do Departamento de Bioengenharia da Universidade de Washington, Henry Lai, os estudos evidenciam que o risco de desenvolvimento de algum tipo de tumor cerebral aumenta após dez anos de uso do aparelho celular. “As pesquisas sugerem que a radiação possa quebrar o DNA, provocando uma mutação nas

stock.xchng

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células, que gera o câncer. Outra forte evidência: a radiação pode aumentar os radicais livres, que têm potencial para danificar as células e levar à doença”.

EsTuDo mInEIro

A pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Adilza Condessa Dode também estudou os efeitos da radiação no corpo humano, mas centrando as análises nas ERBs. Adilza identificou, em Belo Horizonte, os locais onde há presença de estações, bem como as áreas onde foram observadas mortes em decorrência de cânceres. Os dados foram coletados ao longo de dez anos – de 1996 a 2006.

Coincidentemente ou não, nas áreas com maior concentração de antenas foi detectado o maior número de óbitos por câncer. Durante o estudo, a pesquisadora constatou que não é o agrupamento populacional que altera o número de óbitos por câncer. O fator responsável, segundo ela, é a quantidade de ERBs. Como exemplo, ela cita a região Centro-Sul de Belo Horizonte. “Essa área não é a mais povoada da cidade. Entretanto, é a que possui maior incidência de mortos e concentração de ERBs”, afirma. Já a região Noroeste tem a maior concentração demográfica, e perde para a Centro-Sul, quando o assunto são óbitos por câncer. “Na revisão de literatura que fiz, estudei os possíveis efeitos químicos, físicos e biológicos da radiofrequência. Não tenho dúvidas de que o uso prolongado de celular e a proximidade de ERBs geram câncer”, afirma Adilza, sempre muito categórica.

Opinião divergente tem a gerente de Licenciamento Ambiental de Empreendimentos de Impacto da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Eliana Rocha Furtado. De acordo com ela, Belo Horizonte apresenta índices de radiação de 800 a mil vezes inferiores ao estabelecido pelos órgãos de saúde. Ressalta ainda que a maior parte das antenas da cidade está instalada em pontos altos, o que reduz significativamente a radiação absorvida pelo corpo humano.

Alvaro Augusto Salles defende, entretanto, que, ainda que em baixa frequência, as emissões radioativas de antenas podem significar um mal irreparável após longos anos de exposição. “Está comprovado que esse contato contínuo causa males à saúde. São efeitos não térmicos, crônicos. O ideal é que essas estações estivessem a, pelo menos, 500 metros distantes de locais com maior densidade populacional”, analisa.

anTEnas IrrEGuLarEs

Além da radiação das ERBs licenciadas, há o problema das antenas em situação irregular. De acordo com a promotora de Justiça de Defesa da Saúde, Josely Ramos, o quadro tem fugido do controle do poder público. “Nossa lei é muito ultrapassada. Foi elaborada há mais de dez anos. Essa defasagem fez com que essas mais de 700 estações fossem instaladas ao arrepio da legislação que permite o que não deveria. Eu acho bem pouco provável que, diante do poderio das empresas de telefonia móvel, nós tenhamos uma discussão no Legislativo brasileiro”, opina.

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Estudo de adilza Dode relacionou número de mortes por câncer à proximidade de antenas ErBs

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às consequências da radiofrequência, porque o crânio é menor, ao passo que a densidade de potência absorvida é maior.

“Os tecidos dos cérebros das crianças têm características dielétricas diferentes. As crianças têm maior quantidade de um tipo de líquido salino que torna a constante dielétrica e a condutividade maiores. Essas características aumentam a energia concentrada e a dissipada. O alarmante é que atualmente vemos muitos pequenos utilizando celulares, sem ter consciência dos riscos”, alerta.

A presidente do Centro de Estudos e Pesquisas Oncológicas de Minas Gerais (CEOMG), Ana Alice Vieira Barbosa, ressalta que é preciso prudência ao se tratar da questão para não gerar um alarde social. “Os celulares não têm tanto tempo de uso na sociedade. Foi na década de 1990 que passamos a fazer uso deles. Então, se você for parar para pensar, é possível que os reflexos disso possam estar surgindo agora. Antes ninguém pensava em nada. Hoje a OMS já faz um alerta. A gente tem que aguardar estudos completos que possam nos dar certezas”, avalia.

O pesquisador da Universidade de Washington, Henry Lai, acrescenta, porém, que as evidências só aparecerão a partir do surgimento dos casos. “O debate social da questão pode ainda demorar algum tempo porque levam-se décadas até que as células afetadas no cérebro se manifestem como câncer e os casos sejam diagnosticados”.

O princípio da precaução afirma que, se algo continua em aberto, o risco deve ser antecipado e medidas preventivas, tomadas. Para Henry Lai, o ideal seria se as pessoas diminuíssem o uso do celular. Mas existem meios mais simples. Salles e Adilza aconselham o uso de viva-voz ou fones de ouvido com microfone embutido, à altura da boca.

Além de celulares e ERBs, os pesquisadores afirmam que diversos outros tipos de radiação estão presentes no mundo. São as transmitidas por TVs, WiFis, rádios, computadores, micro-ondas. Para a promotora Josely Ramos, a sociedade precisa ter acesso à informação. Com isso, todos serão capazes de fazer as próprias escolhas. Tudo fica mais difícil, quando os manuais de uso, que deveriam informar, nunca trazem um alerta de forma pontual e suficientemente visível.

Recaem também sobre a lei as queixas da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. De acordo com a gerente Eliana Rocha, a secretaria dispõe de aparelhos de alta qualidade e profissionais capacitados para a fiscalização. O fluxo de dados é contínuo. Semestralmente são enviados relatórios à Anatel. Quando se verifica a existência de antenas sem licenciamento, o poder municipal nada pode fazer, a não ser solicitar por escrito às empresas responsáveis a retirada dos equipamentos. Mas a própria Eliana revela que essa medida não tem surtido efeito.

A VOX OBJETIVA entrou em contato com as quatro empresas de telefonia móvel que dominam o mercado brasileiro: Claro, Tim, Oi e Vivo. Todas alegaram ser compromissadas com os usuários, mas não se posicionaram sobre o processo movido contra elas em setembro de 2011 pelo Ministério Público Estadual em relação às antenas clandestinas espalhadas pela cidade.

aLErTa

Além dos danos ao cérebro – uma das estruturas mais frágeis do organismo – a pesquisadora Adilza Condessa Dode detalha que a radiação é atraída por partes de estrutura menos consistentes, como mamas, próstata, fígado e rins. Em crianças, a absorção é ainda mais forte. Segundo Salles, está provado que elas são mais suscetíveis

Fernanda Carvalho

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Falta de lógica na taxa de condomínio

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kÊnio de souZa pereiraPresidente da Comissão de Direito

Imobiliário da [email protected]

Muitos defendem a aplicação da fração ideal como critério de divisão do rateio de despesas do condomínio que tem apartamentos tipo e de cobertura ou de lojas e salas. Mas a maioria não conhece a origem desse critério, como a fração ideal é calculada e para que serve. No Livro “Condomínio e incorporações”, escrito pelo jurista Caio Mário da Silva Pereira, são explicados os desafios para definir o que seria “fração ideal”. Caio Mário Pereira é o autor da Lei nº 4.591/64.

Chega a ser cômico o relato do civilista Caio Mário, na página 99. O autor cita que os juristas europeus, há séculos, defendiam os seguintes critérios para aplicar a fração ideal: seria maior para as unidades que tivessem mais janelas e que fossem mais altas, ao passo que as unidades menos ensolaradas, sem reformas ou de fundos teriam fração ideal menor.

Caio Mário criou a regra da fração ideal para dividir as despesas da construção nas incorporações. Nesses casos, logicamente a unidade maior paga mais que a menor. Mas, quando se trata de rateio de despesas da taxa de condomínio relacionada com as áreas comuns (portaria, áreas de lazer, garagem, corredores, telhado, faxina, zelador), essa regra não tem nenhuma ligação. Afinal, as áreas comuns são utilizadas igualmente por todos os condôminos.

saBEr ouVIr

Mudar conceitos não é fácil, pois exige mente

aberta, vontade de aprender e boa vontade para trocar ideias sem preconceitos. A cobertura custa mais que o apartamento tipo. Então, paga a mais o IPTU. Da mesma forma, um Gol custa metade do valor de um Chevrolet Cruze. O valor do IPVA corresponde a 4% do preço do carro. Entretanto, ao abastecer, cada proprietário paga o mesmo valor pela gasolina.

Ao utilizar um estacionamento por hora, os veículos pagam o mesmo preço; ao trafegar na estrada (semelhante à portaria, corredores do prédio), pagam o mesmo valor pelo pedágio, pois são automóveis, apesar de padrões diferentes; se têm a mesma destinação, ocorre do mesmo jeito que com os apartamentos – que, mesmo sendo diferentes, têm a mesma finalidade residencial.

O defensor da fração ideal utiliza o argumento de que a cobertura deve pagar mais pelo uso do elevador, ignorando

que a lei obriga a instalação desse equipamento que valoriza todo o prédio. Logicamente a maioria dos prédios não possui cobertura, mas ninguém comete a loucura de aumentar o valor da taxa de condomínio, conforme o andar do apartamento. Essa postura prova que o rateio igualitário é o correto.

Causam surpresa os proprietários/legisladores que criam leis e argumentos que afrontam a matemática para continuar a lesar os proprietários de unidades maiores.

Mudar conceitos não é

fácil, pois exige mente

aberta, vontade de aprender e

boa vontade para trocar ideias sem

preconceito

artigo • IMOBILIÁrIO

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Vanguarda • VEícuLOS

Porshe 911 Carrera volta mais moderno e econômico

Bianca Nazaré

Clássico sonho de luxo

O Porsche se transformou num mito para os admiradores da tradição, da velocidade e do perigo. A marca ficou na história por continuar fabricando carros fiéis ao modelo esportivo que ficou consagrado – o 911 – lançado em 1964 e que até hoje se mantém como um dos sonhos de luxo de muitos jovens, mesmo após quase 50 anos rodados.

O primeiro modelo Porsche 911 surgiu no salão de Frankfurt, em 1963, e se tornou o que a fabricante alemã chama de “identidade Porsche”. É o caso do novo Porsche 911 Carrera, apresentado no Salão de Frankfurt, em setembro de 2011, e que chega em abril ao Brasil, ainda sem preço definido.

O novo Porsche continua fazendo jus à reputação de ser um dos melhores carros esportivos fabricados, reputação que o 911 carrega há 48 anos. Mas quem não é piloto profissional e sempre sonhou em ter um verdadeiro Porsche na garagem pode brincar de ser piloto com os 350 cv do Carrera ou os 400 cv do Carrera S – brincar com moderação, é claro!

Mesmo mantendo as origens, o novo 911 é inconfundivelmente mais fácil de pilotar do que os

outros. Alguns dispositivos, como o Porsche Stability Management (PSM), fazem com que esse Porsche seja muito mais estável. O PSM aplica frenagens individuais nas rodas automaticamente, caso haja desestabilização da condução, ou controla a tração das rodas e o torque do motor, quando está em condições de baixa aderência do piso.

Como nos carros de corrida, o câmbio é acessado mais facilmente, graças ao console central elevado. E, para dar mais esportividade ao 911, o câmbio de sete marchas é manual. O motor boxer de 3,4 litros (3,8 litros no Carreira S) e de seis cilindros foi mantido na parte traseira.

Primeiro modelo 911 surgiu em 1963, no salão de Frankfurt.........................................................................................................................

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Vanguarda • VEícuLOS

A economia de combustível é 16% maior do que a da última versão. O motivo é o sistema automático Start/Stop, que vem como item de série. Com esse equipamento, ao parar diante de um semáforo, o motor é desligado automaticamente, sendo reiniciado após o motorista operar a embreagem novamente.

Outro sistema responsável pelo baixo nível de consumo é a injeção direta de combustível, ou o Direct Fuel Injection (DFI), que otimiza o consumo e consequentemente contribui para a redução no nível de emissão de poluentes. Os quase 50 kg a menos do novo 911 é outro fator importante para o baixo consumo, melhor desempenho e a estabilidade na estrada.

O conforto do motorista e do passageiro é maior nesse veículo do que nas outras versões. Com espaço entre-eixos estendido, há um ganho de 2,5 cm para as pernas. Os bancos esportivos com ajuste elétrico e dois climatizadores na frente (um para o motorista e outro para o passageiro) são o que faz do Porsche 911 Carrera uma mistura de esporte, conforto e tecnologia.

E por falar em inovações, a tecnologia está presente dentro e fora do carro. Os faróis bi-xênon em formato oval lembram os clássicos 911, porém, o farol muda para a luz média automaticamente, quando anoitece. O mesmo acontece quando o motorista passa a dirigir em neblina. Os indicadores de direção são de luzes LED, o que melhora a visualização em trocas de direção. Esses itens também dão mais estilo ao carro, devido às linhas finas das luzes na parte traseira.

Por dentro, o 911 é conforto e entretenimento. O couro utilizado no revestimento do volante, nos assentos esportivos e nas maçanetas deixam os objetos agradáveis ao toque. O modelo vem com o Porsche Communication Management (PCM) – sistema de comunicação de sete polegadas, no qual o motorista controla áudio, comunicação e navegação. E tudo isso pode ser operado por voz. A orientação de rotas é exibida em 2D ou 3D. O sistema também permite a realização de chamadas (controladas por telefone ou voz), inserindo um cartão SIM no comunicador.

Painel esportivo para os amantes da velocidade.........................................................................................................................

FICHA TÉCNICA

peso: Carrera 1.380 kg / Carrera s 1.395 kg

Comprimento: 4,5 m

entre-eixos: 2,4 m

Motor: Carrera Boxer 3,4 L e seis cilindros, com injeção direta de combustível e Variocam PlusCarrera s Boxer 3,8 L e seis cilindros com injeção direta de combustível e Variocam Plus

potência: Carrera 350cv a 7.400 rpm/ Carrera s 400cv a 7.400 rpm

Velocidade máxima: Carrera 289 km/h / Carrera s 304 km/h

aceleração de 0 a 100 km/h: Carrera 4,8 segundos / Carrera s 4,5 segundos

transmissão: manual, com 7 marchas

Bagageiro: 205 litros

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Fotos Porshe/Divulgação

motor continua na parte traseira; LEDs dão toque de luxo.........................................................................................................................

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Os tornados se formam com maior frequência na região central dos Estados Unidos. A área é o ponto de encontro do ar quente, proveniente da superfície do Golfo do México, com o ar frio que vem da região polar. Os tornados são os fenômenos mais severos da natureza. Os ventos podem atingir uma velocidade de 500 km/h.

Nos últimos anos, tem-se observado a ocorrência de tornados nos meses de inverno, nos Estados Unidos. O fenômeno não era comum no passado. Os tornados têm sido severos e causado dezenas de mortes.

Com o início da primavera no hemisfério norte, a quantidade de radiação solar será maior. Consequentemente, o fluxo de calor do Golfo do México torna-se mais frequente. É assim que começa a temporada de tornados nos Estados Unidos.

No ano passado, os tornados causaram centenas de mortes. E vale lembrar que os Estados Unidos têm uma das maiores redes de radares meteorológicos do mundo e os famosos caçadores de tornados.

Antigamente não se ouvia falar em tornados no Brasil. Mas, nos últimos vinte anos, o fenômeno tem ocorrido com muita frequência e em todas as

regiões. O Brasil não está preparado para elaborar alertas desse tipo de desastre. Faltam técnicos especializados e, principalmente, tecnologia, como equipamentos de monitoramento em tempo real.

Vamos passar mais uma vez observando os tornados acontecerem nos Estados Unidos. E infelizmente será necessário que um tornado cause grandes prejuízos ao Brasil – inclusive com perda de vidas – para que nossos governantes tomem a decisão de criar um centro de alerta. Que Deus nos proteja!

ruiBran dos reisDiretor regional do Climatempo

Professor da PuC [email protected]

Começa temporada de tornados nos EUA

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artigo • MEtEOrOLOGIa

O Brasil não está preparado para elaborar alertas

desse tipo de desastre. Faltam

técnicos especializados e, principalmente,

tecnologia. morguefile/Divulgação

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Substituto do satélite

Cientistas da Universidade de Rochester e da Universidade da Carolina do Norte descobriram que os neutrinos podem transmitir informações, atravessando qualquer material sólido. O neutrino é uma partícula subatômica sem carga elétrica que utiliza a gravidade para interagir com outras partículas. O neutrino é centenas de vezes mais leve que o elétron. A partícula é mais eficaz que o rádio e o satélite na transmissão de informações. Futuramente será possível usar os neutrinos para comunicações com naves espaciais, submarinos e celulares.

Microsoft não vai lançar novo XBOXO público que esperava uma nova edição do XBOX,

em 2012, ficou decepcionado com a notícia da Microsoft. A empresa nega que vai apresentar uma nova versão do XBOX no maior evento da indústria de videogames: a E3, que acontece em junho. Enquanto isso, a Nintendo promete apresentar um novo sucessor do Wii.

Terceira geração do Ipad

A terceira geração do Ipad foi lançada em 16 de março, nos Estados Unidos e em outros países. O aparelho pode se conectar a redes 4G, fazendo com que o acesso à internet seja em alta velocidade. Ele também se conecta à 3G e à Wi-Fi. A câmera frontal é como na última versão, porém, a novidade é a câmera traseira de 5Mp. A filmagem em HD é de melhor definição. Outra novidade é a tela de Retina A5X quad-core e a resolução duas vezes melhor do que no Ipad 2 (o novo Ipad tem resolução de 2.048 X 1.536 pixels). O aparelho é um pouco mais espesso, devido ao tamanho da bateria. Até agora, as únicas reclamações são do aquecimento das laterais, onde ficam as baterias, e da demora na entrega. Em alguns casos, o aparelho desliga sozinho, devido ao aquecimento.

Em breve será lançado um aplicativo para celular que vai possibilitar que pessoas postem vídeos e fotos em paredes virtuais de locais públicos do mundo todo. Com o aplicativo de realidade aumentada, chamado Wallit, os usuários podem ver mensagens deixadas por outras pessoas nessas paredes e postar suas mensagens. O Wallit será lançado para o sistema Androide e estará disponível para iOS.

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Vanguarda - tECnOLOGIa

Realidade aumentada

Divulgação

Wallit/Divulgação

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Enquanto a bola não rola...

Você conhece o Comitê de Esporte, Cultura e Lazer (CECL)? Se não, pode ficar sossegado. Afinal, até os seus principais membros o desconhecem. O CECL foi criado para os clubes mineiros, principais atores do comitê, acompanharem de perto as atividades da Minas Arena – concessionária responsável pelas obras do Mineirão e pela exploração do estádio depois de pronto. Cruzeiro, Atlético e América aparecem como uma espécie de fiscais na governança do estádio.

O contrato foi assinado pelo Governo de Minas e pela concessionária Minas Arena – constituída pelas empresas Construcap S.A. Indústria e Comércio, Egesa Engenharia S.A. e Hap Engenharia Ltda. Uma das cláusulas prevê que o CECL deve ser formado por representantes dos times, da Federação Mineira de Futebol (FMF), da sociedade civil, da Minas Arena e do governo. O problema é que os principais

membros – Raposa, Galo, Coelho e FMF – não se mobilizaram. Os clubes e a FMF têm direito de atuar como integrantes do comitê e já poderiam exercer esse papel, pelo menos em nome dos torcedores.

Os times poderiam, por exemplo, acompanhar de perto as obras e emitir seus pareceres em conjunto. É uma forma de demonstrar uma força maior para que nada dê errado. O contrato também prevê que, depois de o estádio pronto, os clubes podem acompanhar a exploração das atividades relacionadas com a operação, a manutenção do complexo do Mineirão e os produtos e serviços oferecidos. Além disso, a versão final do calendário esportivo e de eventos no local não pode ser definida sem a aprovação do comitê.

Contudo, até hoje, a pouco mais de oito meses para o término das obras e início da exploração

Times desconhecem direitos no contrato de obra e exploração do mineirão. Coelho e raposa levantam polêmicas sobre o Independência

Henrique André

salutaris • ESPOrTE

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Clubes já poderiam acompanhar as obras do mineirão e emitir pareceres por meio do comitê..............................................................................................................................................................................................................................................................

sylvio Coutinho/Divulgação

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do estádio, o tal comitê não existe. A Secretaria de Estado Extraordinária da Copa do Mundo (Secopa) informa, por meio de sua assessoria de imprensa, que são os clubes de futebol os maiores interessados na formação do comitê e que a criação do CECL deve partir deles. A concessionária Minas Arena assina embaixo na declaração da Secopa.

Por outro lado, os times se defendem. Alexandre Kalil, presidente do Atlético, afirma que desconhece o CECL. “Nunca assinei nenhum documento em nome do comitê e jamais participei de alguma reunião sobre a criação do mesmo”. Já o presidente cruzeirense, Gilvan de Pinho Tavares, admitiu que ouviu falar do comitê. Mas não soube explicar por que, até hoje, os integrantes não se reuniram. “O projeto (do Mineirão) está sendo feito com a melhor qualidade possível. Eu faço visitas ao estádio, representando o Cruzeiro, não o comitê. Tenho certeza de que o Mineirão está em ótimas mãos”.

Marcus Salum, integrante do conselho de administração do América, também afirma não saber nada sobre o CECL. “Vou pesquisar mais antes de opinar a respeito. Além disso, tem muita coisa que consta no papel, mas não funciona na prática. Pode ser até um poder irreal”.

O presidente da Federação Mineira de Futebol, Paulo Schettino, também desconhece o assunto. “O governo me falou sobre o comitê, mas, sinceramente, não sei qual a sua funcionalidade e a sua materialidade. Participei de uma reunião da Secopa, ouvi falar do assunto, mas não recebi nenhum documento mostrando o que realmente é o comitê”, disse.

Quanto à participação da sociedade civil, a situação é pior ainda. Os representantes devem ser escolhidos pelas partes do comitê, mas, como o CECL não existe, não há nem sinal da representação.

Diante do cenário, a concessionária Minas Arena trabalha tranquila, sem o olhar crítico e atento de quem mais vai usufruir da sua obra: os clubes, a sociedade e a Federação Mineira de Futebol. Apesar do desconhecimento, todos os times informaram à reportagem da Vox Objetiva que vão pesquisar mais sobre o assunto, ou melhor, sobre seus direitos.

noVo InDEPEnDênCIa

O que inicialmente era um projeto modesto (aproximadamente R$ 50 milhões) já chegou à casa dos R$130 milhões. Previsto para ser entregue ainda no primeiro semestre deste ano, o Independência também se tornou alvo de

salutaris • ESPOrTE

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Independência: reforma do estádio foi orçada inicialmente em r$ 50 milhões, mas custou r$ 130 milhões..............................................................................................................................................................................................................................................................

Gil Leonard/Divulgação

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salutaris • ESPOrTE

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polêmicas. A principal delas é a parceria comercial feita entre o Atlético e a BWA – empresa que vai administrar o estádio nos próximos anos.

Nesse acordo, o Atlético, sócio da empresa, conquistou o direito de explorar comercialmente a Arena Independência. O clube vai receber 45% da renda líquida. Além disso, por ser um investidor, vai dividir tudo com a BWA: gastos e lucros. Um exemplo: se a BWA decidir ampliar o estádio e tudo for aprovado pelo Grupo Consultivo da Arena Independência, o Atlético vai dividir com a empresa o custo da construção e os lucros da ação.

De acordo com a Secopa, o América, que administrava o estádio desde a década de 80, passou a ter um patrimônio moderno e valorizado. Além disso, não terá de arcar com despesas e novos investimentos. O clube vai participar somente da receita bruta do negócio.

Em nome do América, Marcus Salum disse não ser contra a parceria entre Atlético e BWA, mas enfatizou: “o que não admitimos é o Atlético fazer a gestão do Independência”. Sobre o dinheiro que o Coelho vai receber, Salum acrescentou: “toda receita que entra no clube é para equilibrar as despesas. O América não tem luxo de ter lucro. O dinheiro continuará sendo empregado com esse propósito”.

Exploração do Mineirão a concessionária minas arena investiu r$ 654,5 milhões no mineirão e terá direito de operar o estádio por 25 anos. De acordo com a seco-pa, a empresa terá um retorno assegurado ao longo desse período em parcelas fixas e vari-áveis, conforme sua performance financeira e os indicadores de qualidade pré-estabelecidos.

Em um cenário mais pessimista, na hipóte-se de o negócio não render lucro e a empresa ter prejuízo, o governo repassaria ao consórcio um valor de até r$ 3,7 milhões por mês. mas no cenário otimista, em vez de pagar, o esta-do poderia até receber recursos do consórcio.

Para definir o valor do repasse do governo, o contrato estabelece uma faixa de corte. se o negócio rende até r$ 2,59 milhões por mês, o governo completa a diferença entre r$ 3,7 mi-lhões e r$ 2,59 milhões. se o negócio superar a margem mensal de r$ 2,59 milhões, todos os valores acima dessa margem serão dividi-dos igualmente entre o governo e a concessio-nária. Por exemplo, se o lucro mensal foi de r$ 4,81 milhões, o governo não pagará nada.

Trabalhando com um cenário realista, a expec-tativa é de que o negócio renda em torno de r$ 2,8 milhões por mês. nesse cenário, o governo desembolsaria r$ 1,57 milhão por mês, em va-lor presente, usando como referência a taxa se-lic de 9,5% ao ano, baseada em agosto de 2010 – mês do recebimento da proposta comercial entregue pelo Consórcio vencedor da licitação.

nos dez primeiros anos, serão pagas parcelas com valores pré-determinados que diminuirão ao longo do tempo. Em 2013, o valor será de r$ 7,5 milhões, reduzindo até r$ 4,2 milhões em 2023. Esses va-lores serão corrigidos pelo Índice de Preços ao Consumidor amplo (IPCa). Com esse desembolso fixo, o governo vai pagar outra parcela que varia de acordo com dois fatores: o desempenho finan-ceiro do estádio e a qualidade do serviço prestado.

Kalil afirma que nunca ouviu falar do comitê.........................................................................................................................

www.vinniciussilva.com.br/Divulgação

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salutaris • ESPOrTE

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O América vai dividir com o governo estadual os 10,58% da renda bruta do Independência que a BWA e o Atlético terão que repassar por contrato. Há um valor mínimo a ser pago, que é de R$ 2,4 milhões por ano.

O presidente do Cruzeiro afirmou que o clube não teve o mínimo interesse de fazer uma parceria nos mesmos moldes que a do Galo com a BWA. Gilvan destacou a sua única preocupação: “o que eu não permitiria era alguém vir cobrar mais caro do Cruzeiro. O que o Cruzeiro quer

Gilvan de Pinho Tavares não soube explicar falta de reuniões.........................................................................................................................marcos salum, do américa, vai pesquisar sobre o assunto

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do Independência é realizar os jogos como mandante e ter direito à bilheteria. Isso, é claro, enquanto o Mineirão não estiver pronto.”

Sobre as considerações feitas pelos representantes do Coelho e da Raposa, o Atlético e a BWA afirmam que tudo que estiver estabelecido no contrato será obedecido. A BWA garante que o Atlético, como sócio, vai apenas explorar comercialmente o estádio, de modo que América e Cruzeiro não sejam prejudicados.

www.vinniciussilva.com.br/Divulgaçãoamérica Futebol Clube/Divulgação

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Conseguir um cavalo perfeito para as mais variadas provas de equitação ou trabalho. Chegar a um exemplar que seja bom de corrida e de marcha, que apresente ótimo rendimento no salto e ao executar reprises em provas de adestramento. Se pudesse existir, esse animal seria o símbolo máximo de versatilidade e responsável por grandes conquistas. E poderia gerar outros potenciais campeões com o auxílio de uma matriz de características também nobres. Além de orgulho, o animal daria dinheiro.

Ter um equino multitarefa talvez seja o maior sonho de quem trabalha com animais voltados para a prática esportiva. Mas basta ter um conhecimento razoável de melhoramento genético para saber que “criar” um cavalo com tal perfil é uma missão impossível.

“Quando eu seleciono uma característica X, estou deixando de selecionar uma Y. Por exemplo:

quanto mais força eu ‘coloco’ no cavalo, menos técnica o animal terá. Isso está provado. É similar com o que acontece no futebol. Quantos jogadores são produzidos para sair um Messi ou um Neymar?”, compara o zootecnista e inspetor técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Cavalo Brasileiro de Hipismo, Marcelo Navajas. Ser contemplado com um cavalo especial requer uma dose extra de sorte.

A doutora em zootecnia pela UFMG, Fernanda Godoi, corrobora o que defende Navajas. Ela explica que, além de a correlação genética entre características almejadas para os cavalos de esporte ser muito baixa, há a herdabilidade de desempenho atlético. No caso dos equinos, essa herança também é reduzida, pois existem muitos outros efeitos que são ambientais e não genéticos.

De acordo com a literatura científica, a capacidade de um cavalo reproduzir o desempenho dos pais

A genética dos campeõesEntenda os meios mais comuns para a seleção de

equinos voltados para o esporte

André Martins

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salutaris • caVaLOS

Isabella Queiróz

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varia de característica para característica. Por exemplo: em um universo de 100 potros, apenas 13 a 29 deles herdam a capacidade de saltar dos genitores. A aptidão para o adestramento pode ser ainda menor, variando de 3% a 27%.

Se, por um lado, o repasse de características de desempenho é limitado, por outro, a herdabilidade morfológica (estrutura do corpo) é maior. A altura é uma característica repassada em 63% dos casos. Morfologia e desempenho têm relação estreita entre si. A estrutura corporal quase sempre é um fator que favorece a performance. (Veja box).

As características dos animais estão codificadas em genes. Elas podem se relacionar com uma herança simples – quando poucos pares comandam e definem uma característica – ou com uma herança poligênica – quando vários genes determinam. Aí reside a dificuldade dos geneticistas de chegar a um arranjo que combine determinados atributos.

Mas a genética não é tudo. “A gente sabe que na formação de um cavalo não são só a herdabilidade e as características genéticas que formam um grande animal. Todos os fatores ambientais aos quais ele está submetido acabam influenciando. O animal também precisa de uma boa nutrição, uma boa criação, um bom ferrador, um bom veterinário, um bom treinador e um bom domador”, entende Navajas.

Na mesma lógica, não se pode afirmar que um animal originário de pais de linhagem necessariamente seja um cavalo de alto potencial atlético. Existem variáveis genéticas. Enquanto um filhote pode herdar características que saltam aos olhos e ser tão bom ou melhor que os genitores, outro pode não se apresentar tão adequado.

aPuranDo

Mangalarga Marchador, Campolina e Brasileiro de Hipismo são raças “desenvolvidas” a partir de um ideal morfológico e performático. Em todos os casos, visava-se, além da morfologia e força,

a aptidão para executar as funções desejadas. No caso dos marchadores – Mangalarga e Campolina –, a marcha e para os Brasileiro de Hipismo, principalmente o salto.

A definição do padrão racial acontece quando, após o cruzamento de diversos animais com características que se deseja consolidar, chega-se a um perfil ideal de equino. Com esses cavalos são feitos cruzamentos lineares. A raça só será reconhecida, caso os exemplares originários desses cruzamentos tenham a capacidade de repassar características a seus descendentes. “Caso isso não aconteça, a raça é descaracterizada. É para fiscalizar justamente isso que existem as diversas associações”, explica Fernanda.

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salutaris • caVaLOS

Exercício de observaçãoEm 2011, Fernanda Godoi estudou as variáveis físicas e comportamentais de potros não treinados, antes e no decorrer dos saltos. a intenção foi identificar as características que mais contribuíam para os animais transporem obstáculos sem grandes dificuldades. assim eram selecionados os mais aptos para o salto.

“utilizamos uma câmera de alta velocidade e fixamos marcadores em pontos anatômicos do corpo dos animais. Por meio das filmagens, e auxiliados por um programa de computador, analisamos ângulos, distâncias e velocidades. Então foi uma avaliação quantitativa”, explica.

De acordo com a pesquisadora, as características morfológicas (estruturais) sobressaíram. além da boa flexibilidade dos membros anteriores, a altura foi importante no desempenho dos animais. Em linhas gerais, quanto mais alto, mais apto o cavalo estava para a atividade. a amplitude do lance antes do salto e a distância da batida (ou decolagem para o salto) também foram determinantes para o bom desempenho.

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salutaris • BELEza

Firme e linda

O Brasil tem o terceiro maior mercado mundial, quando o assunto é beleza. Segundo os últimos dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), o setor apresentou um faturamento de R$ 27,3 bilhões em 2010 – um aumento de aproximadamente 12% em relação ao ano anterior.

Pensando nesse mercado que só cresce, as clínicas de estética estão investindo muito em tecnologia e novidades em tratamentos corporais e faciais. Segundo o sócio da Fina Forma, Fábio Brettas, as principais queixas das mulheres são gordura localizada, celulite, sinais da idade e estrias. Para esses fins, os tratamentos mais procurados têm sido a Carboxiterapia, o Velashape plus e o Freeze.

A carboxiterapia consiste na aplicação de pequenas quantidades de dióxido de carbono (CO2) com microinjeções na pele. A aplicação melhora a circulação e a oxigenação dos tecidos. Essa técnica é indicada para combater a celulite, flacidez, gordura localizada, estrias e cicatrização de tecidos.

A proprietária da clínica Ben Vivere, Fernanda Zanini, explica como o CO2 age no organismo: “a celulite é uma região onde não existe mais vascularização. Por ser o mais potente vasodilatador que existe, o CO2 medicinal faz aumentar a circulação no local, provocando uma recuperação do tecido”.

Outra opção para reduzir celulite, camada de gordura e a circunferência é o Velashape plus. O método combina manipulação mecânica, suave pressão negativa, infravermelho e radiofrequência bipolar. Esta combinação estimula a circulação e auxilia

Carboxiterapia, velashape plus, lipocavitação e freeze são opções para melhorar a estética da pele. mas a sociedade de Dermatologia alerta para riscos

na eliminação de edemas, melhora a eliminação de resíduos, estimula o metabolismo e os fibroblastos –célula que produz o tecido conjuntivo. Com isso, a produção do colágeno e da elastina aumenta, proporcionando a firmeza desejada na pele.

Mas mesmo com essas alternativas, a estudante de direito Nathália Badra, de 24 anos, optou pela lipocavitação, conhecida como lipo sem cortes. Em quatro sessões, ela conta que perdeu cerca de 3 centímetros na região abdominal. A lipocavitação utiliza ultrassons. Ao ser emitido, o raio atinge as células de gordura através da pele e as rompe. Com essa espécie de implosão, as células se tornam líquidas e são liberadas pelo organismo.

Carboxiterapia melhora a circulação e oxigenação dos tecidos...................................................................................................................................

Texto e fotosLuíza Villarroel

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salutaris • BELEza

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Para o rejuvenescimento, uma das opções é o recente Freeze: uma tecnologia exclusiva que pode inverter os efeitos do envelhecimento da pele. “O Freeze é uma radiofrequência que provoca o aumento da síntese de colágeno e elastina. Esse tipo de aplicação existe no mercado. Só que o Freeze combina o uso da radiofrequência com pulsos eletromagnéticos, provocando o aumento da produção de FGF-2 – hormônio responsável pelo crescimento dos vasos sanguíneos e pela proliferação dos fibroblastos”, explica Fernanda.

Para os tratamentos faciais, a novidade é o Laser CO2 fracionado. Os raios provocam microlesões na pele, estimulando a produção de colágeno e elastina. “Os furos provocam na pele uma necessidade de recuperação do tecido, promovendo uma espécie de troca de pele. Isso gera uma aparência mais jovem, pois trata manchas e ameniza linhas de expressão”, explica Fábio Brettas. O laser possui algumas vantagens sobre a cirurgia. A maior segurança no

Lipocavitação: tratamento de beleza utiliza ultrassom para romper células de gordura ..............................................................................................................................................................................................................................................................

tratamento e o menor tempo de recuperação estão entre elas.

Diante de tantas opções de tratamentos de estética, a Sociedade Brasileira de Dermatologia em Minas Gerais faz um alerta: “não recomendamos a utilização de alguns tratamentos estéticos como método terapêutico. Este é o caso da carboxiterapia. Os estudos existentes são insuficientes para comprovar a eficácia e a segurança do método”, afirma o conselheiro do departamento de dermatologia, Geraldo Magela Magalhães. Segundo ele, é preciso entender que milagre não existe. Então, antes de iniciar qualquer procedimento, é fundamental que o interessado procure a opinião médica.

A maioria das clínicas oferece atendimento médico e nutricional, antes de iniciar o tratamento. O processo demanda um envolvimento da paciente. Portanto, é preciso associar exercícios físicos e alimentação balanceada para obter um resultado melhor.

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salutaris • vInHOs

Outono: uma estação especialO outono chegou. Com a nova estação vem uma

grande movimentação dos amantes dos vinhos. Isso se deve ao início de uma estação que tem um charme especial. É o início de um clima mais ameno. A vegetação revela um ar bucólico, com as folhas das árvores caindo como que em uma coreografia aos nossos olhos.

Somos capazes de passar horas contemplando o cair das folhas, em movimentos suaves e encantadores. Esses momentos nos levam a buscar mais aconchego. Talvez uma introspecção, tão importante na nossa vida, ou companhias especiais. Então, que tal ter um vinho do lado, nessas horas?

Nessa estação apaixonante, reaparecem os vinhos tintos. Vale a pena priorizar os tintos leves e de corpo médio. Suas características são ideais para essa época, já que o clima esfria, mas nem tanto quanto no inverno. É uma época em que apreciamos um vinho mais encorpado e bem-estruturado.

Os vinhos brancos também têm o seu lugar, no outono. Priorize também os encorpados com mais estrutura. O vinho licoroso, usado como aperitivo e nas sobremesas, também começa a se destacar.

Por sua vez, os espumantes normalmente são associados às festas de final de ano. Mas isso está mudando. Atualmente os espumantes estão conquistando uma nova posição em nossas vidas: em qualquer estação, dia, hora ou momento, são muito bem-vindos. Como sugestão, um espumante rosé vai ajudar a elevar seu estado de espírito.

Portanto, abra sua adega, deguste os vinhos, comece a pesquisar os novos vinhos e chame os amigos para desfrutar de momentos de puro prazer. Afinal, quem consegue resistir a tantos atrativos que nos envolvem?

Um brinde ao outono!

• Vinho Tinto Casa Valduga Naturelle (Pinot Noir e Cabernet Franc);• Vinho Tinto Casa Valduga Arte Elegance (Cabernet Sauvignon);• Vinho Tinto Casa Valduga Arte Trivarietal (Cabernet Sauvignon, Merlot e Cabernet Franc);• Vinho Tinto Casa Valduga Duetto Pinot Noir/Shiraz;• Vinho Branco Casa Valduga Gran Reserva Chardonnay;• Vinho Licoroso Casa Valduga 1875;• Espumante Casa Valduga Reserva Blush – Pinot Noir/Chardonnay (rosé);• Espumante Casa Valduga Amante– Malbec (rosé)

Sugestões de rótulos

Danilo Schirmermorguefile/Divulgação

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InGrEDIEnTEs

Pimentão vermelho a gosto Pimentão amarelo a gosto Cebola roxa a gosto Azeitonas pretas sem caroço a gosto Tomates-cereja a gosto Filamento de abobrinha a gosto Manjericão a gosto Salsinha a gosto Molho Pomodoro

salutaris • rECEIta

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300 g de lascas de bacalhau 200 g de fettuccine Azeite de baixa acidez Alho e sal a gosto

moDo DE PrEParo

Sotear todos os ingredientes no alho e azeite. Em segui-da, acrescentar o bacalhau dessalgado. No final, colocar manjericão, salsinha e o molho pomodoro. Sal a gosto. Colocar massa cozida al dente. Rende uma porção.

Bacalhau do porto

rede Gourmet/Divulgação

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Maria angéliCa falCiPsicóloga clinica e especialista

em saúde [email protected]

artigo • psICOLOGIa

A nossa comunicação necessita ser clara e transparente para prevenir conflitos no entendimento das pessoas. Essa é uma situação que acontece e muito. Assim como a fala, saber ouvir é de extrema importância. Sabemos que a raiz de excelência na audição está no âmbito familiar. Quando os filhos têm uma escuta familiar adequada, eles recebem atenção concentrada, com aproximação e entendimento. E com certeza essa pessoa leva esse reflexo para sua vida adulta e age naturalmente com interesse e a devida atenção.

Ouvir se relaciona com estar profundamente “com o outro”, centrado em sua fala, em sua necessidade de expressar, naquilo que está vivenciando e sentindo em determinada situação. Podemos dizer que o ouvir difere em qualidade do escutar. Vivemos num tempo muito corrido, acelerado, ansioso, no qual pessoas estão escutando muitas coisas ao mesmo tempo, mas não dão a devida atenção ao outro.

Muitas vezes, podemos ver que essas pessoas conversam com alguém, mas não estão realmente ali. Sempre me passa à mente perguntar: tem alguém aí? É muito complicado, quando as pessoas ficam ansiosas, agitadas para que a outra termine logo e elas possam falar de si. Muitas pessoas ignoram totalmente o ouvir e ficam apenas na expectativa de falar dos próprios

problemas, etc. Quando ouvem, essas pessoas tratam o assunto alheio de forma superficial, flutuante, diferente de quando as estamos ouvindo com profundidade e realmente em apoio à situação expressa.

Acredito que um dos maiores patrimônios pessoais e fruto da maturidade seja o saber ouvir. Como significativa consequência, aprender a ouvir a si é um treinamento que exige várias qualificações. É uma situação que às vezes incomoda. Muitas pessoas preferem não entrar nessa área. Elas ignoram e levam a vida sem ter tempo para bater um papo e ouvir a si.

Não estou falando sobre algo patológico não. Mas é muito importante ter esse relacionamento consigo. Essa é a fonte de um profundo autodesenvolvimento. A partir desse mergulhar no nosso interior, podemos definir melhor o foco, as prioridades, as possibilidades e saber discernir realidade de fantasia. Assim conseguimos viver com ótima qualidade de relacionamentos

em todas as áreas.

Saber falar e ouvir é sim algo em que devemos prestar atenção. Não se trata de uma questão tão singela e natural quanto parece. Portanto, esteja aberto para ouvir. É muito desconfortável, quando percebemos que estamos falando com a parede.

Tem alguém aí?

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Vivemos em um tempo muito

corrido, acelerado, ansioso, em que as pessoas estão escutando muitas coisas ao mesmo tempo, mas não

dão a devida atenção ao outro.

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kultur • LItErÁrIa

Autor: Amaury Ribeiro Jr.Editora: Geração EditorialPáginas: 344Preço médio: R$ 34,90

A Privataria Tucana é o resultado de investigações realizadas pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. so-bre a tentativa de o PSDB man-char a imagem do ex-governador e atual senador, Aécio Neves. São 344 páginas de revelações sobre a “Era FHC” e as privati-zações realizadas pelo governo do PSDB. O livro vem causando grande constrangimento para o PSDB e, principalmente, para per-sonagens moralmente blindados, como o ex-governador de São Paulo, José Serra. As acusações no livro resultaram no pedido de criação da “CPI da Privataria”.

Autor: Eike BatistaEditora: Primeira PessoaPáginas:160Preço médio: R$ 29,90

De vendedor de seguros de porta em porta para bancar a faculda-de, na Alemanha, a oitavo homem mais rico do mundo, conforme lista publicada na revista ameri-cana Forbes. Eike Batista também é o homem mais rico do Brasil e da América Latina. Sua história pessoal e empresarial é contada no livro O X da Questão, biogra-fia que leva o X que representa a multiplicação de riqueza e que está presente no nome de todas as em-presas de Eike. O livro foi escrito com a colaboração do jornalista Roberto D’Ávila e pode ser consi-derado um manual do empresário.

Autor: Allan Percy e Rodrigo PeixotoEditora: SextantePáginas: 112Preço médio: R$ 19,90

Allan Percy e Rodrigo Peixoto organizaram um livro para aju-dar as pessoas a resolverem seus problemas por meio da reflexão. Foram selecionadas 99 máximas do filósofo alemão Friedrich Wi-lhelm Nietzsche para facilitar a busca de soluções para os vários problemas do dia a dia. O livro é dividido em capítulos, que ini-ciam com um aforismo do filóso-fo e interpretado por Allan e Ro-drigo para as situações atuais. O livro é um manual filosófico de sobrevivência para a atualidade.

A Privataria Tucana O X da questão Nietzsche para Estressados

Geração Editorial/ Divulgação sextante/ Divulgação sextante/ Divulgação Fonte: Travessa.com

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Ela foi a mulher mais desejada de todo o século XX. Loira, bela, extrovertida e dona de curvas sinuosas demais para uma jovem americana, Marilyn Monroe mexeu com o imaginário masculino da década de 50. O brilho e o poder de sedução da atriz eram tamanhos que até o presidente americano John Kennedy caiu de amores por ela, aventurando-se em uma relação extraconjugal e colocando em risco o casamento e o cargo que ocupava.

Meio século após o ofuscar da maior estrela que Hollywood já teve, Monroe ainda consegue despertar sentimentos que vão do encantamento ao desejo.

O maior símbolo sexual da cultura americana teve um pequeno frame da vida reconstituído em “Sete Dias com Marilyn” – filme que acaba de estrear nos cinemas brasileiros. Mas na obra dirigida pelo londrino Simon Curtis, a atriz bem-humorada e sedutora das grandes comédias revela os próprios dramas, deixando transparecer a fragilidade sempre maquiada pelos sorrisos aparentemente incontidos. Ao modo da Mrs. Dolloway, da escritora inglesa Virgínia Woolf, Marilyn dava festas para esconder o silêncio.

Norma Jeane Mortensen não conheceu o pai – fato que ela nunca conseguiu superar. A mãe foi internada em uma casa de doentes mentais, quando Marilyn era ainda pequena. Isso forçou a menina a se abrigar, por muitos anos, em orfanatos e casas de parentes. Cresceu sozinha, torturada pelo abandono e o medo de ter o trágico destino da mãe. A então futura estrela do cinema americano só adquiriria independência, após começar a trabalhar como operária em uma fábrica da Califórnia. Pouco tempo depois era descoberta por um fotógrafo que se impressionara com a beleza e a desinibição

André Martins

Por trás do mitoFilme humaniza uma das maiores estrelas do cinema americano,

revelando a verdadeira Marilyn quando os holofotes e as câmeras eram desligados

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Obviamente teve que usar enchimentos. Mas a atriz compensa a falta de atributos físicos com uma atuação magnífica e um ótimo trabalho de voz. É ela quem canta as canções da fita. Por si só, esse desempenho é impressionante. Atualmente com 31 anos, a menina tímida, que começou a se tornar conhecida pela série de sucesso teen Dawson’s Creek, é um turbilhão de sensualidade, tal qual a própria Marilyn Monroe.

Também indicado ao Oscar, Kenneth Branagh interpreta o diretor e ator Laurence Olivier. O talentoso inglês, que pela quinta vez é nomeado à maior premiação do cinema, entrega um trabalho digno de nota. Com maestria, Branagh dá vida a um Olivier perdido entre a atração e a irritação com os constantes atrasos e a insegurança da atriz.

“Sete Dias com Marilyn” é baseado no livro “O Príncipe, a corista e eu”, escrito pelo próprio Colin Clark. É, sem dúvida, um filme que se eleva pelas ótimas atuações e, principalmente, por lançar um olhar humanizador sobre a atriz, tentando entender a mulher Norma Jeane Mortensen e não a Marilyn que se tem em mente.

da moça, durante uma sessão de fotos. É dessa forma que se iniciaria a bem-sucedida, mas incrivelmente curta carreira de um verdadeiro ícone da cultura pop.

“Sete Dias com Marilyn” relembra a visita da atriz a Londres por ocasião das filmagens de “O Príncipe Encantado” – comédia protagonizada por ela e Laurence Olivier. Na rápida passagem da atriz pela capital inglesa, Marilyn, na época com 30 anos, teve um relacionamento meteórico com Colin Clark, um jovem assistente de direção. O affair, as separações, os escândalos e os bastidores das filmagens são descortinados para o espectador.

Quem dá vida à Marilyn Monroe é a americana Michelle Williams. Pelo papel, a atriz recebeu diversos prêmios da crítica americana, incluindo o Globo de Ouro. O desempenho rendeu a ela também a terceira indicação ao Oscar, um ano depois de ter sido nomeada pelo drama “Namorados para Sempre”.

Michelle não tem os 94 de busto, 61 de cintura e 89 de quadril necessários para convencer como Marilyn.

Michelle Williams no papel de Marilyn Monroe

Fotos Divulgação

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a heroína hacker de rooney mara e o jornalista injustiçado de Daniel Crag na versão cinematográfica americana do livro de stieg Larsson..............................................................................................................................................................................................................................................................

Os homens que não amam as mulheres

Trilogia de Stieg Larsson reflete transformações de uma sociedade desnorteada

Ela é frígida, mal-educada, punk gótica, “esquelética”, viciada em cigarro e fast food, bissexual, hacker e cheia de piercings e tatuagens. Porém, tem um senso de justiça e lealdade fora dos padrões. É o modelo de heroína do novo século. Lisbeth Salander, uma das protagonistas da série Millenium, apesar de não pertencer a essa década, é a primeira dessas novas mulheres a estar inserida nas mudanças sociais da modernidade.

Stieg Larsson, autor nórdico da trilogia, talvez não tenha se dado conta da obra que estava sendo criada pelas próprias mãos. Afinal, não chegou a ver nem sombra do sucesso que a série atingiu nem a força da personagem que criava. Ao contar a história de uma heroína hacker e um jornalista investigativo injustiçado que buscam a solução de um suposto assassinato, apresenta uma

Suécia além do que é revelado pela mídia internacional. Um país repleto de homens que não amam as mulheres, de violências e rituais nazistas: onde elas são as maiores vítimas.

O autor não desviou de si mesmo para escrever a trilogia. Criou quase uma autobiografia disfarçada, em romance. Nascido em agosto de 1954, Larsson foi um dos mais importantes jornalistas, escritores e ativistas políticos da Suécia. Fumava muito, lia romances policiais e chegava a ser compulsivo com o trabalho. Conscientemente ou não, ele criou um personagem “à sua imagem e semelhança” e o nomeou Mikael Blomkvist.

Nas longas duas horas e 38 minutos de duração do filme remake, do primeiro livro da série, o foco, porém,

Fernanda Carvalho

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se deu na imagem de Lisbeth. Personagem forte, interior e exteriormente, com uma personalidade definida e não influenciável: uma mulher que talvez todas da modernidade quisessem ser. E provavelmente esse seja justamente o motivo pelo qual ela passou a ser amada pela população mundial, mesmo sendo completamente alternativa aos padrões.

Ao estilo característico de David Fincher, a versão norte-americana, na qual a personagem ganha enorme destaque, tem um tom mais sombrio que a sueca de 2008; evidencia a maldade humana incrustada na obra de Larsson e ganha pontos com imagem, som e edição. Não foi à toa que a produção ganhou o Oscar de melhor montagem e foi indicada aos prêmios de melhor mixagem e edição de som e melhor fotografia.

Não foi por acaso, também, que o filme não entrou para a disputa de melhor roteiro. Assim como ocorreu com a versão sueca, o filme americano perde no quesito adaptação. Deixa de lado fatos e personagens essenciais da trama literária e peca em modificações superficiais e desnecessárias. Talvez Larsson tenha escrito uma história para ser imaginada e não vista.

A descrição no livro, no entanto, foi tão bem feita que os filmes trazem cenas extremamente semelhantes ao imaginado. A interpretação da indicada ao Oscar, a atriz Rooney Mara, como Lisbeth do novo filme, é completamente adequada à personagem. Uma atuação de tirar o fôlego que engrandece a hacker, contrariamente ao que fez a sueca Noomi Rapace. Rooney é tão brilhante que quase é deixada de lado a firme e precisa atuação de Daniel Crag, que vive o segundo protagonista Mikael Blomkvist, e a incômoda presença de Stellan Skarsgård, como herdeiro da família Venger.

Ao contrário do que ocorre no remake, na versão Sueca, as atuações empobrecem os personagens. O firme e quase sem expressão Mikael ganha uma performance mais branda e delicada. O “vilão” aparece como alguém tranquilo e sem ação, fazendo com que cenas inquietantes e quase sufocantes se tornassem meros momentos no longa-metragem.

Parece ser uma missão quase impossível fazer uma reprodução cinematográfica que não esteja muito aquém do livro. Das produções mais recentes, “O caçador de

pipas”, as primeiras produções de “Harry Potter”, “Marley e Eu” e “O código DaVinci” são algumas das milhões existentes que arrasaram com a história presente nos respectivos livros. Raras exceções, como a trilogia “O Senhor dos Anéis”, conseguem fazer o grande feito de estar à altura das obras da literatura.

Muito mais do que nos filmes, a tríade de Larsson captura o olhar do leitor desde o início e o deixa como que enjaulado à trama até o fim. Provoca e cativa ao mesmo tempo. Deixa quem está com o livro nas mãos ansioso por muito mais do que descobrir um possível assassino: desvendar os mistérios que envolvem cada personalidade.

Em um primeiro momento, é plausível pensar que o nome da trilogia tenha vindo da revista homônima do personagem Mikael. Entretanto, com o olhar mais aguçado nos personagens e em seus conflitos, tanto de relacionamentos quanto interior, o significado parece mais abrangente.

A história ganha um papel muito mais importante do que um mero entretenimento policial. É uma prova da modificação estrutural do mundo, no qual as pessoas não sabem ao certo qual o próprio papel e o que estão buscando. Talvez Stieg tenha desenhado nas palavras um mapa da sociedade do novo Millenium.

noomi rapace dá vida à Lisbeth salander sueca...........................................................................................................................

Fotos Divulgação

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Joanita gontiJojornalista e autora do blog tresoumais.blogspot.com

[email protected]

CrÔniCa

Feliz para sempre!Você anda com a sensação de que quase todo mundo

está infeliz? Insatisfeito consigo, com o outro, com o que a vida tem dado de presente? Nada está do tamanho certo, ninguém age da forma esperada, o dinheiro é sempre curto para sonhos cada vez maiores e... por que logo a minha unha foi quebrar no dia da festa?

Confesso que sou autora da última reclamação e, como vítima dessa tragédia que afetou meu dedo indicador, corri ao salão de beleza sem marcar hora com a manicure. Enquanto esperava, preferi disfarçar minha impaciência lendo revistas femininas. Uma matéria na seção de moda chamou minha atenção. Ensinava como disfarçar os defeitos do seu corpo. Se o problema é que você cresceu menos do que gostaria, use calças de cintura alta para alongar a silhueta. Parece uma girafa? Melhor doar as roupas de uma cor só. Seios grandes demais? Decotes em formato de “V” resolvem o problema! Para o quadril largo, evite roupas justas! Para os estreitos, abuse das pantalonas!

Depois de anotar mentalmente o que vestir para parecer alta e magra, como desejam dez a cada dez mulheres, meu senso crítico acionou o alarme. Se há solução para todo biotipo, quer dizer que nenhum deles está bom o

suficiente? O ideal, o que nos deixa satisfeitos, o que nos garante sucesso e felicidade, nunca habita nossa vida real?

A busca pela fantasiosa perfeição vai muito além da estética. Passa por relacionamentos, trabalho, amizades. Temos o tempo todo à nossa frente um espelho mágico como o da história de Branca de Neve. Há sempre alguém melhor do que nós. Mas, para quem não sabe os detalhes menos divulgados desse conto de fadas, vai aí uma fofoca de bastidores dos Irmãos Grimm: a madrasta insatisfeita era uma mulher belíssima. Em vez de reconhecer suas qualidades, preferiu passar a vida perseguindo a princesa “perfeita”. Numa dessas empreitadas, despencou de um precipício.

Fechei a revista e desisti de esperar pela manicure. A unha quebrada não me tornaria uma bruxa e, de agora em diante, não pretendia me esforçar tanto para ficar igual a brancas, belas e cinderelas. Elas comem maçãs envenenadas no lugar de saborosos pratos de lasanha; usam sapato de cristal, mas por não serem donas do próprio nariz; têm que deixar o baile antes da meia-noite; vivem presas no castelo esperando que uma “fera” vire um bom companheiro; dormem muito e só acordam com o beijo de um príncipe enfadonho;...

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