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Volume 177 ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE VI - COMISSÃO DA ORDEM ECONÔMICA VI- c - Subcomissão da Política Agrícola e Fundiária e Da Refonna Agrária RELATÓRIO E ANTEPROJETO valho-me, Srs. ConSTITUin- Tes, da orlenTaçôo admiróvel da Enclcl ica "Laborem Exercens", em que o SanTo Padre 30ôo Paulo II de- fine a posiçôo da Isreja em relaçôo à maTéria: "Em alsuns palses em via de desenvolvi- menTo, mi Ihares de homens se vêem obrlsa- dos a culTivar as Terras de OUTros e são explorados pelos laTifundiórios, sem a esperança de chesar sequer um dia à posse de um pedaço mlnimo de Terra. Por conse- suinTe, em mUITas siTuações, sôo necessórias mudanças,radicals e ursenTes para volTar a dar à asrlculTura e aos ho- mens do campo o jusTo valor, como base de uma sadia economia, no conjunTo do desen- volvimenTo da comunidade social". (Enc Ic I i ca Laborem Exercens) .

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Volume177

ASSEMBLÉIA NACIO~IALCONSTITUINTE

VI - COMISSÃO DA ORDEM ECONÔMICA

VI- c - Subcomissão da PolíticaAgrícola e Fundiária e

Da Refonna Agrária

RELATÓRIO E ANTEPROJETO

Inicialme~Te, valho-me, Srs. ConSTITUin­Tes, da orlenTaçôo admiróvel da Enclcl ica "LaboremExercens", em que o SanTo Padre 30ôo Paulo II de­fine a posiçôo da Isreja em relaçôo à maTéria:

"Em alsuns palses em via de desenvolvi­menTo, mi Ihares de homens se vêem obrlsa­dos a culTivar as Terras de OUTros e sãoexplorados pelos laTifundiórios, sem aesperança de chesar sequer um dia à possede um pedaço mlnimo de Terra. Por conse­suinTe, em mUITas siTuações, sôonecessórias mudanças,radicals e ursenTespara volTar a dar à asrlculTura e aos ho­mens do campo o jusTo valor, como base deuma sadia economia, no conjunTo do desen­volvimenTo da comunidade social".(Enc I c I i ca Laborem Exercens) .

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Tenho Também presenTes os ~firmações his­Tóricas do PresidenTe Tancredo Neves, no seu dis­curso de 12 de agosTo de 1984:

"Isso exige Toda uma nova concepçôo doobjeTivo social da economia. Temos quecomeçar pela base, pela Terra, que é aúnica geradora primária de riquezas. NôoPOSTulo medidas radicais e novas para osoluçôo do problema agrário do Brasi I.Vamos empenhar-nos em execUTar a legislo­9ôO que aí esTá, proclamada e nôocumprida. Para os anos próximos, a apl i­caçôo do ESTaTuTo da Terra, por si só,corresponderá a uma revolu9ôo no campo.

A democraTizaçôo da propriedade ruralfaci I iTará a desconcenTraçôo indusTrial eo fim do êxodo rumo às imensas ~eTr6po­les, que já se Tornam inabiTáveis".

Ao pronunciar o Plano de Reforma Agrária,no seu discurso de maio de 1985 peranTe o IV Con­gresso Nacional de Trabalhadores RuraiS, em Brasí­

ia, declarou Também o PresidenTe Sarne8:

"Assegurar a propriedade da Terra a quemnela queira Trabalhar nôo é apenas um aTode reparaçôo de uma preTêri9ôo hisTóricamulTissecular, mas Também uma decisáo po­i íTica que aTende às carência~ do presen­Te e previne as necessidades do fUTuro.Foi a ousadia e o sacrifício de homens emulheres, baTalhando a Terra, que permi­Tiram aos brasi leiros conquisTar a maiorparTe desTe ConTinenTe.

É deplorável conSTaTar que 11- das pro­priedades rurais represenTa 451- da á~ea

rural inTegrai. IsTo é o chamado laTifún­dio devoranTe. Ninguém deseja violar apropriedade, mas cumprir a ConsTiTuiçôo,que a submeTe ao InTeresse social".

A Subcomlssôo ouviu, nos Termos previSTOSnos arTS. 14 e 16 do RegimenTo InTerno da Assem­bléia Nacional ConsTiTuinTe, às seguinTes enTida­des represenTaTivas de seTores da sociedade rural,dirigenTes da AdminisTração Públ ica e o Senhor Mi­niSTro da Reforma e do DesenvolvimenTo Agrário:Srs. D~. PI ínio Moraes Sampaio, DireTor da Asso­ciaçôo Brasi leira de Reforma Agrária, Dr. AnTonioErneSTO De Salvo, PresidenTe da Federação de Agri-

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culTura do ESTado de Minas Gerais; Dr. Romeu derigueiredo, PresidenTe da Empresa Brasi leira deAssisTência Técnica e EXTensão Rural (EMBRATER);Dr. Ormuz rreiras Rivaldo, PresidenTe da EmpresaBrasi leira de Pesquiso Agropecu6ria (EMBRAPA); Dr.Rubem IlgenfriTz do Si Ivo, PresidenTe do In~TiTuTO

Nacional de Colonização e Reforma Agr6ria (INCRA);Dr. ArlOSTO Riva, DirigenTe da Associação deEmpres6rios do Amazônia; Dr. rl6vio BriTo, . Presi­denTe da Confederação Nacional de AgriculTura; Dr.rl6vio Teles de Menezes, DirIgenTe do SociedadeRural Brasi leira; Dr. ~osé rrancisco da Si Iva,PresidenTe da Confederação dos Trabalhadores naAgriculTura (CONTAG); o Sr. MinisTro da Reforma edo DesenvolvimenTo Agr6rio, Dr. DanTe de OI iveira;Dr. RoberTo Rodrisues, PresidenTe da Organizaçãodas CooperaTivos Brasileiras (OCB) , e os Sra. Pa­dre Ricardo Rezende e Dr. Daniel Rech, dirigenTesda Comissão PasToral do Terra.

Ainda por dei iberação dos seus membros, oSubcomissão visiTOU a 6rea desapropriado do Enge­nho PiTanga, em Igorassu-PE, e real izou reuniãocom a rederação dos Trabalhadores Rurais de Goi6se seus associados na cidade de Araguaína-GO, quan­do pode conSTaTar o cl imo de violências e crimes,causadores de grave Tensão social na RegIão, ondese sucedem morTes e incêndios de habiTaçôes nocampo, sem qualquer providência legal das autori­dades locais.

Sabemos que, no época colonial, o siSTemalaTifundi6rio brasi leiro impregnou-se do feudal is­mo, que j6 morria na Europa, inclusive no Penínsu­la Ibérico, mas praTicamenTe renascido no Brasi I .No Início do século XIX, por exemplo,' o inglêsHenr~ KosTer relaTa, nos suas mem6rias, que, sendosenhor-de-engenho em Pernambuco, ficara alarmadoquando um morador de suas Terras, quase um servodo gleba, comunicara-lhe que a pol ícia havia inva­dido o engenho poro prender um homícida, e exigiaque ele proTesTasse, porque havia ocorrido um des­respeiTo ao seu poder de senhor-ds-engenho. Ele,vindo da InglaTerra, j6 no iníciQ da civi I izaçãoindusTrial, ficou alTamenTe surpreso ao verificarque o feudal ismo ainda exiSTia no Brasi I daquelaépoca. Na verdade, isso decqrria ds um velho TeXTOlegal colonIal, que permiTna aos proprieT6rios darCOUTO ou asi lo a criminosos, com exceção de 3casos: o criminoso de moeda falso, os culpados docrime de lesa-MajeSTade e os criminosos condenadospor adulTério.

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Na apresenTação, à Câmara dos DepuTados,do ProjeTo No, 4,225, de :1.862, regu I ando . a desa­propr i ação por inTeresse soc i a I, TJ ve moT.i vos. parociTar a opinião aUTorizada do i lusTre cienTisTa T,L~nn SmiTh, meSTre de SocIologia Rural do Univer­sidade de Lousiana, nos ESTados Unidos da América,que ensina:

"O an6Tema blbllco, 'amaldlçoado sejam05 que 'junTam casa com casa, campo comcampo, aTé que não haja mais lugar, a fimde f i carem s6s no me i o da Terra", (Iso I asV: 8), fOI uma TenTaTiva de fazer cessara proleTarização do Trabalhador rural quese segue à concenTraçáo da propriedade dosolo,

Procuraremos em vão um caso em que a a­griculTura laTlfundi6ria haja criado nasmassas um Tipo de cidadão próspero, rijo,independenTe e bem-informado. Na verdade,além das desvanTagens ImposTas às classesrurais pela pol ITica eSTadual e federalTais como as causados pelos imposTos elei de Tarifas - um esTudo aprofundadomOSTro que a diSTribuição desigual daTerra esT6 no fundo de quase Todos osproblemaz rurais. ISTO é cerTo quer seTrOTe do problema de mão-de-obra agrlco­lo, da locação do solo, do baixo padrãode vida, do mobil idade TerriTorial exces­siva, da ignorância e analfabeTismo ou dequaisquer OUTros males que aflIgem a po­pulação rural. AconTece que 05 diagnÓSTI­cos feiTOS e as receiTas formuladasdirigem-se geralmenTe aos sinTomas e nãoàs causas," (In "Sociologia da VidaRural", p6g, 3:1.7),

36 à época da Independência, dizia o pa­Triarca 30sé Bonifácio de Andrada e Si Iva na suo"Mem6ria sobre a LiberTação Progressiva daEscravaTura":

"ArT. 10. Todos 05 homens de cor, for­ros, que não Tiverem Oficio, ou modo cer­TO de vida, receberão do ESTado uma pe­quena sesmaria de Terra para culTivarem,e receberão, oUTrossim, 'dele os socorrosnecess6rlos para se esTabelecerem, cUJovalor irão pagando com o andar do Tempo",

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~oaguim 'Nabuco, em memorável discurso noParlamenTo, sobre a Abol íção da EscravaTura, re­clamava, por igual, a reforma agrária:

"O abolicionismo significa a liberdadepessoal, ainda melhor a "igualdade civi Ide Todas as classes sem exceçâo - é assimuma reforma social; significa o Trabalholivre, é assim uma reforma econômica;significa no fUTuro a peguena proprieda­de, é assim uma reforma agrária, e como éuma ex~losão da dignidade humana, do sen­TimenTo da famíl la, do respeITo ao próxi­mo, é uma reforma moral de primeiroordem".

DuranTe o Império, porém, a Lei de Terras(Lei no. 601, de 18.09.1850) , na práTica proibiraaos colonos adguirirem Terras devoluTas, ao eSTa­belecer para sua aguisição o processo de hasTa pú­bl ica e alTos preços, o gue impediu a expansão dapeguena propriedade, como à época sal ienTou Tava­res BasTos.

Com razão, OI ivelra Viana concluiu:

"Todo o longo período colonial é de es­plendor e gl6rla da grande propriedadeTerrriTorial, o que nos_Tornou, desde oberço, um povo de laTifundiários".

EnguanTo esse era o guadro do Brasi I, nosESTados Unidos a "HomesTead Law" I imiTava a unida­de agrícola faml I iar nas Terras da União em 1862,a 65 acres.

EnTre n6s, o eminenTe DepuTado NesTorDuarTe, pioneiro da discussão da queSTão agráriano Congresso Nacional TraTando da ma~éria em1955, afirmava:

"Reforma Agrária é a revisão, por diver­sos processqs de execução das relaçõesJurídicas e econômicas dos gue deTêm eTrabalham a propriedade rural, com o ob­JeTivo d~ modifl~ar deTerminada siTuaçãoaTuai do domínio e posse da Terra e adiSTribuição da renda agrícola."

E conTinuava:

"Uma reforma das aTuais con~Jções da e­conomia agrícola do Brasi I Terá é que vi-

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sar dois fins: aumenTar a produção nacio­nal de 01 imenTos poro um povo, que Todosos nUTrologisTas afirmam não Ter o quecomer nem saber como deve comer, e asse­gurar Terras, denTro de novos Termos dedivisão do solo e de eSTabi I idade econô­mica para uma sempre maior população cam­pesina, aTé agora sem TeT~, sem Terra esem insTrumenTo de Trabalho próprios, a­pesar de consTITuir uma classe de ml Ihóesde indivíduos e de grupos humanos na maisinjusTa e mais remedióvel das desigualda­des a desigualdade econômica".

Vê o Congresso que o quadro Tão bem dei i­neado pelo TalenTo de NesTor DuarTe, em 1955, con­Tinua, hoje, imperTurbóvel: seTe mi Ihões de Traba­lhadores brasi leiros conTinuam, como sal JenTOVa,"sem TeTo, sem Terra e sem inSTrumenTo de Trabalhopróprios".

Quero ainda sal ienTar, que na Conferênciade PunTa Del EsTe, no Uruguai, em 31 de janeiro de1962 porTanTo, hó 25 anos o MiniSTro ClemenTeMariani, como represenTanTe do Brasi I, e represen­TanTes das demais nações americanas, aprovaram umaresolução recomendando a real Izaç~o imediaTa dareforma agrória na AmérIca LaTIna.

o compromisso inTernacional enTão assumi­do pelo Brasi I, declarou:

"Impulsionar programas de reformoagrór i a i nTegra Iof í rn de SUbST i Tu Lr- oregime de laTifúndios e minifúndios porsiSTema jusTo de propried~de, de maneiraque, conTemplado por crédiTO oporTuno eadequado, assiSTência Técnica, comercia­I ização e.disTrlbuição dos seus prodUTOS,

a Terra se conSTiTua, para o homem que aTrabalha, em base da sua eSTabi J idade e­conômica, fundamenTO do seu crescenTebem-eSTar e garanTia de sua I iberdade edignidade".

Àquela época, o Governo João GouJorT seempenhou em real izar uma reforma conSTiTucionalque permiTisse a desapropriação de imóveis ruraispor inTeresse SOCial medianTe pagamenTO em TíTUlosda dívida públ ica, como forma de viabi I izar a re­forma agrória.

Jó na propOSTa do Plano Trienal de Desen­volvimenTo Econômico e Social elaborado pelo Prof.

Celso FurTado,assim definida;

em

-7-

~962, a esTruTu~a agrária foi

"Todos os eSTudos e invesTigações sobreas causas do aTraso relaTIVO da agricul­Tura brasi leira, da sua ~aixa produTivi­dade e da pobreza das populações ruraisconduzem, unãnime e ineviTavelmenTe, àidenTificação das suas origens na defi­cienTe eSTrUTura agrária do País, a qualse consTiTui no mais sério ObSTáculo à

exploração racional da Terra, em basescapiTal íSTas de permanenTe aprimoramenToTecnol6gico da aTividade agrícola, queviriam a empresTar à produção a flexlbi­I idade reclamada pelo processo de desen­volvimenTo da economia nacional e pelorápido crescimenTO da população."

"O Traço marcanTe dessa eSTrUTuraagrária arcaicó"e obsoleTa, que confl iTaperigosamenTe com as necessidades SOCiaise maTeriais da população brasileiro, eSTána absurda e anTieconômica diSTribUiçãodas Terras já incorporadas-ao mercado,na­cional ainda que s6 de maneira fo~mal".

Na sua mensagem de ~5 de março de ~963 aoCongresso Nacional, afirmou o PresidenTe GoularT;

"A reforma agrária é uma idéia-força ir­resisTível, que já não pode ser proTela­da, pois sua urgência e necessidade esTãona consciência de Todas as camadas dapopulação. Urge efeTivá-Ia, Tornando-afinanceiramenTe possível, sem sobrecarre­gar demasiado o País com o-ônus do inves­TimenTO necessário. Será preciso reduzirao mínimo o CUSTO financeiro da reforma,por meio da legislação que fixe o criTé­rio do valor para a desapropriação com ofim social e eSTabeleça alTernaTIvo paraa prévia indenização em dinheiro".

A maioria do Congresso Nacional, enTãoconSTiTuída de grandes proprieTáriOS rurais, seopôs a qualquer modificação do § ~6 do arT. ~4~ daConSTiTuição de ~946, o quai eSTabelecera a condi­ção impraTicável de "prévia e JUSTa indenização emdinheiro".

~ssa exigência de indenizaçãonão exiSTia na ConSTITuição anTeriorno. ~7, da ConSTiTuição de ~934) .

em dinheiro(arT. ~~3,

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Pelo Dec. no. 53.700, de ~3.03.~964, oGoverno Goular~ declarou de in~eresse social, paraefei~o de desapropriação, nos Termos e para osfins previsTos no arT. 147 do ConsTiTuição Federalos áreas rurais compreendidos em um raio de ~O

(dez) qui 16me~ros dos eixos dos rodovias e ferro­vias federais, e as Terras beneficiados ou r-ecupe­rodas por invesTimenTos exclusivos da União em o­bras de irrigação, drenagem e açudagem.

o Governo do PresidenTe CasTel lo Branco,insTiTuído pelo MovimenTo Mi I iTar de 1964, aTenToà inquieTação dos Trabalhadores rurais, que. se ex­pressaram em grandes movimenTos populares no Go­verno ~oão GoularT, enviou 00 Congresso e fez a­provar o Emenda ConsTiTucional no. 10,' de10.11.64, e o EsTaTuTo da Terra (Lei no. 4.504, de30.11.64), permiTindo a desapropriação por inTe­resse social de imóveis rurais medianTe pagamenToem TíTUlos da dívida púbJ ica com prazo de VinTeanos e exaTO correção moneTário.

Decorridos vinTe e Três anos em que essediplomas legais Tiveram escasso e rara apl icação,o problema agrário se apresenTa _ agravado pelo"modernização conservadora do campo", adpTada peloregime aUToriTário, que, ao esTimular o modelo e­con6mico dRpandanTa, concedeu à agr~culTura de ex­porTação e à produção de álcool largos subsídios àmecanização agrícola e a uma Tecnologia intensivade capiTal, dependenTe de insumos produzidos porempresas mulTinacionais.

Toda essa pol íTica de crédiTo rural, desubsídio às exporTações e de isenções e incenTivosfiscais da SUDENE, SUDAM, FISET, foi des~inada àgrandes propriedades e provocou o desemprego nocampo, gerando os "bÓias-frias", aTé em regiõesonde anTes exiSTira bem-esTar social, como noParanó, e agravando a migração do campo para a CI­

dade em Todo o País.

pela10mbrasi

Dados estaTísTicos, apurados no Brosi IOrganização InTernacional do Trabalho, reve­que, no período de ~960 o ~980, 30 mi Ihões deleiros migraram do campo paro as cidades.

Esse espantoso deslocamenTO de populaçãoem curTo espaço de Tempo, em um país cuja indús­Tria não Tem condições de absorver, sequer, ocrescimenTO normal do população urbana, esTá Tor­nando inviáveis os condições de vida dos grandescidades brasi leiras, hoje cercados por uma perife-

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ria de fcvelas, mocambos e palafiTas, onde não háemprego nem renda e, consequenTemenTe, falTam ha­biTações, água, esgoTo, TransporT~, escola e saúdee germinam as semenTes da violéncia.

No campo se mUITipl icam, por Todo o País,os sangrenTos confl iTOS pela posse da Terra, quenos úlTimos anos Tém provocado cenTenas de homicí­dios de I íderes sindicais, sacerdOTes, advogados,Trabalhadores e membros das mi J ícias dosproprieTários.

Em 24 de junho de 1963, Tive oporTunidadede afirmar:

"Precisamos eviTar que a falTa de solu­ção consTiTucional, legal e adminiSTraTi­va InSTITucional ize a desordem noscampos. Não devemos permITir que os gra­ves e agudos conf J I TOS agrár i'os, que serepeTem em Todas as regiões do país, des­de as férTeis Terras da Baixada Fluminen­se e do OesTe do Paraná aTé ao liToralnordeSTino, se Tornem numa consTanTe ame­aça às inSTiTuições democráTicas e cris­Tãs do nosso povo."

Todo esse quadro de prOfunda InjUSTiçasocial a confinar seTe milhões de Trabalhadoresrurais e suas famíl ias em siTuação.de eXTrema po­breza, marginal izados do progresso social, Trans­formados num exérciTO de reserva de subempregados,sem direiTo à Previdéncia Social, vivendo de Tra­balho sazonal e desenraizados do seu habiTaT nocampo para morar na periferia das pequenas cidadesdo inTerior do País, Tem levado a cruenTOs choquescomo o de Bebedouro em S. Paulo, O de Araguaína emGoiás e Paragominas, no Pará.

Da í ,DemocráTica:

surgiram os compromissos da AI iança

"Reforma Agrária, que assegure a fIxaçãode preços mínimos real iSTO e a formaçãode eSToques reguladores adequados. Refor­ma agrária medianTe cumprimenTO do ESTa­TUTo da Terra e melhoria das condições devida do homem do campo"; bem como o PlanoNacional de Reforma Agrária do GovernoJosé Sarne~ (DecreTo no. 91.766, de 10 deOUTubro de 1985) ."

-w-No Exposição, que encaminhou 00 Congresso

Nacional o referido Plano, expôs o enTão MinisTrodo Reformo Agrário, Dr. Nélson Ribeiro;

"Arial

concenTração da propriedade TerriTo­se acenTUOU nas úlTimas décadas.

De ~967 a ~S84 as propriedades de maisde ~.OOO hecTares aumenTaram sua área de46,91 para 58,3/., enquanTO as pequenaspropriedades de eXTensáo i~ferior a ~OO

hecTares diminulram sua área de ~8,7t

poro ~41".

Sem dúvida, os incenTivos fiscaiS esTi­mularam a florescenTe agriculTura de ex­porTação, hoje ameaçada pela pol íT;ca desubsídios inTernos do governo norTe­americano e do Mercado Comum Europeu.

Todavia, o produção de 01 imenTos para omercado InTerno no Brasi I decl inou 121- de~977 a ~984.

PorTanTo, a agriculTura não aTende hojea sua função prioriTária de garanTir 01 i-

menTos em quanTidade suficienTe para apopulação brasi leira.

No esTágio aTuai, 701- do nossa populaçãoconsome uma dieTa 01 imenTar inferior aomínimo' indicado pela Organi~ação Mundialde Saúde (segundo pesquisa do Simpósio doPMDB, CuriTiba, novembro de ~9a4).

Por OUTro lado, conTra a Reforma Agráriase eleva o proTesTO do I imiTado grupo de4.550 grandes proprieTários rurais aCimade 10.000 ha, que deTém o domínio de~42.8~9.737 ha, correspondenTes a 241 deToda a área cadaSTrada pelo INCRA, en­quanTO 3.705.261 pequenos proprieTários,com áreas inferiores a 100 ha, são J Imi­Tados a 85.648.523 ha, equivarenTes a~4,4t. do área cadaSTrado (Quadro no. ~).

Por oUTro lado,I imiTado grupoproprieTários, sede seTe mí Ihões dera, vivendo emabsolUTO.

conTra esse proTesTo dode 4.550 grandesergue a reivindicação

Trabalhadores sem Ter­condições de pobreza

-11-

É evidenTe que essa gravíssimadade econámica ameaça a própriacla do regime democróTico.

des;gual­exisTén-

A proposTa do Governo (PNRA) admiTe que3.500.000 Trabalhadores rurais serão re­Tidos em seus empregos pela aTividade em­presarial agrícola, sabendo-se que, a­TualmenTe, só eXISTem 3.042.000 assala­riados permanenTes na aTividade rural.

Propõe, porTanTo, que 7.~OO.OOO Traba­lhadores rurais devem ser osbeneflclórios pOTenCiais do referidO pia­no (PNRA) para adquirirem loTes sob aforma de propriedade faml I lar ou proprie­dade cooperaTiva.

É evidenTe que as Terras desapropriadasdeverão ser vendidas nos Termos da lei(arT. 25, do EsTaTuTo), adOTada a normaInTerna do INCRA de venda no prazo de 5anos com 2 anos de caréncia.

Uma JUSTa Tradição do direiTo conSTiTu­cional brasi leiro fora sempre a de conce­der preferência aos nacionais na fixaçãodo homem ao campo (arT. ~25 da ConSTiTui­ção de 1934 e arT. 156 da ConSTiTuição de1946) .

Esse princípio, supresso pela ConSTiTui­ção de 1967, que, em geral, fez gravesconcessões ao capiTal esTrangeiro ao re­gular a propriedade das minas e do pOTen­Cial de energia eléTrica (arT~ 161, §

10.), deve ser renovado segundo nosso pa­recer (arT. 60. do AnTeprojeTo).

Não é JUSTO que mi Ihões de Trabalhadoresbrasi leiros conTinuem em condições de po­breza absolUTa, ~nquanTo corporações es­Trangeiras, vindas ao Brasi I para real i­zar InveSTimenTos indUSTriais, deTenhamhoje a propriedade de cenTenas de mi Iha­res de hecTares, em grande parTeimprodUTIVOS.

Ao conTrórlo do que áfirmam osadversórios da rediSTribuição fundlória, o Tamanhomédio da propriedade rural nos E.U.A. só alcança160 ha, em 1978.

(ScherT, L~le p. "AnOTher RevoluTion In

US Farming ? ")

Ed. US D.A - 1979.

-u-o AnTeprojeTo que apresenTo à considera­

ção dos nobres ConsTiTuInTes Membros desTa Subco­missão apresenTa as I inhas fundamenTais seguinTes:

a) COnceiTuação do direiTo de propriedadecomo corr;spondenTe a uma obrigação social (arT.

~o.), nos Termos da ProposTa da AS$ociação Brasi­leira de Reforma Agrária e da Confederação Nacio­nal dos Trabalhadores na AgriculTura, fundada emsugesTão do Prof. Dalmo Dallari e do Dr. Luiz Ed­son Fachin.

Cumpre, 01 iás, regisTrar que a ~onsTiTui­

ção da Repúbl ica Federal da Alemanha, de ~S4S,

dispõe na maTéria:

"DIREITOS FUNDAMENTAIS

ArT. ~40. - Propriedade, direiTo de su­cessão e expropriação.

"~. A propriedade e o dIreiTo de su-cessão herediTária são garanTidos. A suanaTureza, e os seus I imiTes são reguladospor lei

2.deve aogeral."

a propriedade obriga.mesmo Tempo servir o

O seu usobem-eSTar

b) InSTITuição da imissão de posse comoconsequência imediaTa da decreTação da desapro­priação por inTeresse social (arT. 20., § 20.), aexemplo do que prescreve o DecreTo-Lei no. 3.365,de 2~.OS.~S4~, quanTO à desapropriação por uri I i­dade públ ica;

c) Criação do Fundo Nacional de ReformaAgrária (arT. 200.) para assegurar recursos à exe­cução da Reforma;

d) ESTabelecimenTO da cláusula de inaJ ie­nabl I idade Temporária sobre os lOTes disTribu"faosaos beneficiários -da Reforma Agrária (arT. 130.);

e) Exclusão d~s Planos de Reforma Agráriados imóveis menores de 3 módulos explorados peloproprieTário (arT. 50.);

f) Nova disclpl ina das Te~ras púbJ icas,deSTinadas à rediSTribuição fundiária (arT. 60.);

-13-

9) LimiTação da propriedade ruralpessoas físloas ou jurídioas eSTrangeiras a 3

dulos rurais (arT. 70.) ;

dasmó-

h) Benefíoio de impenhorabi I Idade aos pe­quenos Imóveis culTivados pelos seus proprieTários(arT. 80., § .1.0.) ;

i) Vinculação de 3D1 das verbas de habi­Tação para ap I i cação no me i o rura I (arT. 220.) ;

ruralj)

(arT.LimiTe

40.) ;

de cem módulos à propriedade

I) Normas plurianuais de pol íTlca agríco­la (arT . .1.60.) ;

m) Apoio, incenTivo e isenção ao coopera­Tivismo (arT . .1.60.)

É evidenTe que a inserção de Todas essasnormas sobre a Reforma Agrária na ConsTITuição pa­recerão excessivas aos defensores de um modeloclássico de Lei Maior a exemplo da sucinTa CarTanorTe-americana.

Esquecem, porém, esses arauTos do"Laissez faire laissez passer", o choque das con­Tradições de classe do mundo moderno, de que é mo­delo a Nova ConsTITuição porTuguesa, e que.o exem­plar PaCTO de Fi ladélfla escondia a e~cravld&o dospreTOS.

Considero que eSTa Subcomissão deverá su­gerir à Subcomissão do Poder 3udlci~rlo a necessi­dade de aprovação de Emenda para criação da 3USTi­ça Agrária, com a compeTência de Julgar os lITí­gios sobre a propriedade, a posse, os I imiTes e osdireiTOS de vizinhança das Terras públ icas ou pri­vadas, conforme sugesTão anexa.

3ulgo, ainda, de máxima imporTância paraa real ização da reforma fundiária nas Terras pú­bl icas, que eSTa Subcomissão sugira ao Exmo. Sr.PresidenTe da Repúbl ica a revogação do DecreTO no .

.1. • .1.64 de .1.97.1. sobre Terras devolUTas à margem dasrodovias na Amazônia, que excluiu.da ação do INCRAdezenas de mi Ihões de heCTares de Terras devolUTase do DecreTO no. 74.965 de .1.974, que concedeu pri­vllégio aTenTório à soberania nacional a

eSTrangeiros.

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Para elaboração do AnTeproJeTo, aprovei,parcialmenTe, proposToS oferecidos pelos SenhoresConsTiTuinTes VicenTe Bago (PMDB-RS), Eucl idesScalco (PMDB-SC), SanTinho rurTado (PMDB-PR), SenoMouro Borges (PDC-GO), Né Ison Agu i ar (PMDB-ES),Ivo Vonderl inde (PMD8-SC), AnTonio BriTo (PMDB­RS); Sen. Ed i son Lobão (PFL-MÃ), Amaur~ Mu I ler(PDT-RS), Ivo Mo I nard i (PMD8-RS) e os ProposToS do

ABRA, do EMBRATER e do MinisTério do Reformo e doDesenvolvimenTo Agrórlo.

Devo agradecer 9 colaboração da ABRA; doINCRA; da Força Aérea Brasi leira - que permitiu odeslocamenTo da Subcomissão; dos Assessores eSecreTórios do Senado Federal, Drs. Mauro MórcloOI ivelra, Heloísa Helena TarTaroTTi Camargo, Mariado Socorro Souza de OlIveira e Srs. Mauro Lopes deSó e Mórclo . AnTônio Vieira; bem como dosfuncionórios Srs. ArisTeu Plócido 3únior, Imacula­da Maria Cardoso Lemos, Kleber Carlos da Si Ivo,30sé do PaTrocínio Fi lho, Ano MarIa Tremendoza,BenediTO do Si Ivo Gomes ri lho, 30sé Teixeira So­brinho, Euzébio Gonçalves da Rocha, Elder de POlVOBorges e Edi Iene Andrade Pires, sem cujo dedicadoopoio nôo me seria possível elaborar esTe RelaTÓ­rio e AnTeprojeTo no breve prazo de cinco (05)dias.

Com esTas considerações, que se eSTende­ram em virTude da ImporTância, compleXidade e docaráTer conTroverTido que o queSTão agrária assu­miu neSTa Subcomissão, e sal ienTando o exemplodemocráTico do conTrovérsia, apresenTO aos Senho­res ConsTiTuinTes o AnTeprojeTo e o quadroseguinTe;

QUADRO No. ~ - ESTrUTura Agrária Brasi leira

IMÓVEIS ÁREACLASSE DE ÁREA DEIMÓVEIS RURAIS (ha) No. Y. No. /

AbaiXO de ~OO 3.705.26:1. 83,6 85.648.522,9 ~4,4

enTre :1.00 e ~O.OOO 723.403 :1.6,3 366.903.:1.39,2 6:1.,6acima de :1.0.000 4.550 0,:1. . ~42 . 8~9 .737,2 24,0

T O T A L 4.433.2~4 ~OO,D 595.37:1..399,3 :1.00,0

FONTE; INCRA/EsTaTísTicas CadaSTrais Anuais'- ~985 (Ano base ~984)

-~-

ANTEPROJETO

imóvelArT. ~o. Ao direiTo de propriedade da

corresponde uma obrigação social.

§ 10. - O imóvel rural que não correspon­der à obrigação social poderá ser arrecbdado me­dianTe a apl i cação do insTiTuTO da desapropriaçãopor inTeresse social, para fins de ReformaAgrária, medianTe indenização paga em TíTUlos.

§ 20. A propriedade de imóvel ruralcor responde a obrigação social quando simulTa­neamenTe:

a)b)

c)

é racionalmenTe aproveiTado;conserva os recursos naTuraiS renováveis epreservo o meio ambienTe;observa as disposições legais que regulamo: relações de Trabalho e de produção;nao excede a área máxima previsTa como I I­

miTe regional.

ArT. 20. - A indenizaçõo referida no arT.lo., § lo., significa Tornar sem dano a aquiSiçãoe os invesTimenTos real izados pelo proprieTário,seja a Terra nua, seja de benfeiTorias, com a de­dução dos valores correspondenTes à conTribuiçãode melhoria e débiTOS com pessoas jurídicas de di­reiTO públ ico.

§ 10. Os TíTUlos da dívida agrária pre-ViSTOS no ArT. lo., § 10. Terão cláusula de corre­ção moneTária, serão resgaTáveis no prazo de 20anos em parcelas anuais sucessivas, assegurada osuo aceiTação o qualquer Tempo como meio de paga­menTo de 50/ (cinque~Ta por cenTo) do imposTo Ter­riTorial rural, do preço de Terras públ IC?S e dosdébiTOS de crédiTo rural oficial do expropriado.

§ 20. DecreTada a desapropriação porInTeresse social, o União poderá se~ ImiTida JU­dicialmenTe no posse do imóvel, medianTe o depó­SiTO do valor declarado poro pagamenTO do impoSTOTerriTorial rural., em TíTUlos do dívida agrária,I imiTada a conTeSTação a diSCUTir o valor deposi­Tado pelo exproprianTe.

§ 30. A desapropriaçãoeSTe arTigo se apl icará TonTO à Terraàs benfeiTorias indenizáveis.

de que TraTanua quanTO

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ArT. 30. O imóvel rur~1 depapropriadopor inTeresse social, para fins de Reforma Agráriaserá indenizado por valor que Tenha como paramé­Troa os TribuTOS honrados pelo proprieTário.

Parágrafo Único A desapropriação deTraTa esTe arTigo é de compeTéncia exclusivaUniôo, e poderá ser delegada pelo PresidenTeRepúb I i ca.

quedada

ArT. 40. - Ninguém poderá ser proprieTá­rio ou possuidor direTa ou indIreTamenTe, de imó­vel rural de área conTínua ou desconTínua superiora cem (~OO) módulos ruraiS, ficando o excedenTeSUJeiTO à desapropriação por inTeresse SOCialparo f I na de Reforma Agrár i a. (ver Quadro no. 2) .

Parágrafo Único - A área referida neSTearTigo será considerada pelo conjunTo de imóveisrurais de um mesmo proprieTário no País.

ArT. 50. ESTão excluídos de desapro-priação por inTeresse social, para fins de ReformaAgrórla, os Imóveis pessoalmenTe explorados peloproprieTário com aimensao que não ulTrapasse aTrés (03) módulos rurais.

§ ~o. É dever do Poder Públ ico promovere criar as condições de acesso do Trabalhador e damulher à propriedade da Terra, de preferéncia naregião em que habiTam.

§ 20. - O Poder PúbJ 'co reconhece o di­reiTO à propriedade da Terra agrícola na forma co­operaTiva, condominial comuniTária, associaTiva,individual ou miSTa.

ArT. 60; As Terras públ icas da União,ESTados, DiSTriTO Federal, TerriTórios e Municí­pioS somenTe serão TranSferidas a pessoas físicasbrasi leiras que se qualifiquem para o Trabalho ru­ral medianTe concessáo de direiTO real de uso dasuperf í c i e, I i m i Tada a eXTensão a Tr i nTa (30) mó­dulos rurais, exceTuados os caS09 de cooperaTIVasde produção originárias do processo de ReformaAgrária.

ArT. 70. - Pessoas físicas eSTrangeirasnão poderão possuir Terras no País cujo somaTóriO,ainda que por inTerpOSTa pessoa, seja superior aTrés (03) módulos rurais.

ParágrafO Único ESTapeSSoas jurídicas cujo capiTalriTariamenTe a bras! le/ros.

norma apl ica-se àsnão perTença majo-

-D-

ArT. 80. Aos proprieTários de Imóveisrurais de área não excedenTe a Três (03) módulos

rurais que os culTivem, neles resi~am e não pos­suam ouTros imóveis rUrais, e aos beneficiários daReforma Agrária, serão assegurados preferencial­menTe, crédiTo e assIsTência Técnica.

Parágrafo Único - É insusceTível de pe­nhora a propriedade rural aTé o I imiTe de Três(03) módulos rurais, explorada direTamenTe peloproprieTário que nela reSida e não possua oUTroimável rural. Nesss' caso, a garanTia pelas obriga­ções I imiTar-se-á à safra, aos animais e àsmáquinas.

ArT. So. - A desaproprIação por uTi I idadepúbl ica dos imóveis rurais mencionados no arTigo80. poderá ser feiTa, de preferência, medianTepermuTa por área equivalenTe siTuada na região daobra mOTivadora da ação.

ArT. ~o - A conTribuição de melhoria serácobrada dos proprieTários de imóveis valorizadospor obras públ icas e Terá por I imiTe global o cus­TO das obras, sendo exigida de cada conTribuinTe aesTImaTiva legal do valor acrescido ao imóvel.

§ ~o. - A conTribuição de melhoria serálançada e cobrada nos dois anos subsequenTes à.conclusão da obra, sob pena de responsabi I idade daaUToridade exeCUTora.

§ 20. - O produTo da arrecaddção da con­Tribuição de melhoria das obras real izadas pelaUnião nas áreas de Reforma Agrária des~i~ar-se-á

ao Fundo Nacional de Reforma Agrária.

ArT. ~~ - O Poder Público poderá reconhe­cer a posse pacífica em imóveis rurais públ icos,sob condições imposTas ao beneficiário e em áreaque não exceda a Três (03) módulos rurais.

ArT. ~2 Todo aquele que, não sendoproprieTário rural possuir como sua, por cinco(05) anos ininTerrupTos, sem jusTo TíTUlo e comboa fé, área rural públ ica, parTicular ou devolu­Ta, conTínua, não excedenTe a Três (03) módulos

rurais e a houver Tornado produT~va com seu Tra­balho e nela Tiver sua morada permanenTe,adquirir-Jhe-á o domínio medianTe senTença decla­raTória, que servirá de TíTUlo para o regisTroimobil iário.

Parágrafosendo proprieTário,Terras públ icas eTrabalho e o de suamínio nas condições

-~-

único - O brasi lelro qu~, nãoocupar por cinco (5) anosas Tornar produTivas com o seufamíl ia, adquirir-lhe-á o do­do arTigo anTe~ior.

A pol íTica agrícola da Uniãoem Plano Ouinquenal de Oesenvol­ap~ovado pelo LegislaTivo, e

ArT. 13 - Aos beneficiários da diSTribuI­ção de lOTes pela Reforma Agrária·serão conferi­dos TíTUlos de domínio, gravados com ônus de Ina­'ienabi I idade pelo prazo de VInTe anos, sendo nu­los os documenTos de Transferência do domínio an­Tes desse prazo.

ArT. 14 - A União e os ESTados recon~ecem

a imporTância do crédiTo ru~al, da pesquisa, daassisTência Técnica agropecuária e do seguro agrí­cola, como formas de assegurar o bem eSTar da po­pulação e o desenvolvimenTo social e econámico doPaís. Os ó~gãos da'União dirigenTes da sua execu­çâo se~ão inTegrados por um (01) represenTanTe daConfederação Nacional dos T~abalhadores na Agri­culTura e um (01) represenTanTe dos empresáriosagrícolas.

ArT. ~5

será eSTabelecidavimenTo Agrário,compreender6:

a) preços mínimos jusTos e garanTia pré­via de comercial ização dos produTos agropecuários;

b) crédiTO rural, aTravésbancária Oficial e de cooperaTivas para °e InvesTimenTO, devendo ser inTegrai aosproduTores rurais;

da redecusTeio

pequenos

c) seguro agrícola para a coberTura dosprejuízos advindos de ocorrências que compromeTam,

no Todo ou em parTe, o desenvolvime~To das aTivi­dades agrícolas e pecuárias;

d) assiSTência Técnica, eXTensão rural ecrédiTo orienTados de preferência no senTido damelhoria de renda e bem esTar dos pequenos agri­culTores, para diverSificação de aTividades produ­Toras e melhoria Tecnológica;

e) fiscal ização e conTrole da qual idade edos preços dos Insumos agropecuá~ios;

f)agropecuários;

armazenamenTO para os prodUTos

-~-

g) o incenTivo, o apoIo e a isençãoTribuTária às aTividades cooperaTivisTas, f~ndadas

na gesTão democráTica e na ausência de fins lucra­Tivos, na forma da lei.

ArT. ~6 Toda imporTação de prodUTOSagropecuários in-naTura, exigirá prévia aUToriza­ção do LegislaTivo.

DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS

ArT. ~7 - ATé que lei especial deTerminea forma de cálculo do Módulo Rural Q defina a áreageográfica das respeCTivas regiôes,'será uTi I izadoo cálculo descriTo poro o módulo fiscal no arT.50, Lei 4.504, de 30 de novembro de ~964, com aredação da Lei No. 6.746, de ~O de dezembro de~97S, e do DecreTO No. 84.685, de 6 de maIo de~S8D.

ArT. ~8 A receiTa da TribUTaçãofundiária rural deverá aTender exclusivamenTe aosprogramas governamenTais de desenvolvimenTo rurale aos processos de Reforma Agrária.

Art. ~9 - Será conSTiTuído o Fundo Nacio­nal da Reforma Agrária, com dotação mínima de 51­

da receiTa previSTa no Orçamento da União.

ArT. 20 - Os proprieTários de ,área supe­rior a cem (~OO) módulos ruraIs só poderão obTercrédiTO rural se promoverem a produção de 01 imen­Tos bóslcos para o mercado inTerno, no Mínimo, emdez por cento (101) da área de sua propriedade.

ArT. 2~ A União destinarácenTO (301-) dos recursos alocados parade habiTações ao meio rural.

TrinTa porconsTrução

Art. 22 - As residências dos Trabalhado­res nos assenTamenTos, promovidos pela U~rão oupelos ESTados, serão conSTruídas em núcleoscomuniTários.

ArT. 23 - FIca criado o DeparTamenTo Na­cional de Defesa do Solo e dos Recursos NaTuraIScom a dOTação de cinco por cenTo (51) do orçamenTOdo MiniSTério da ~grjcuITura.

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ArT. 24 - O MinisTério Públ ico da Uniãopromoverá ação Judicial de recuperação para apurara legal idade das concessões de Terras Públ icas deáreas super i ores a dez m i I hecTares (.10.000 ha).Declarada a nul idade do aTo da concessgo, as áreasrecuperadas pela União passarão a' disposição doMinisTério da Reforma e do DesenvolvimenToAgrário.

Brasí I la, 8 de maio de .1987

ConsTiTuinTS OSWALDO LIMA FILHO

RELATOR

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QUADRO No. 2 - MÓDULOS MÁXIMO E MíNIMO DOS MÓDULOSFISCAIS, POR UNIDADE FEDERATIVA

Unidade FederaTiva/Região

NORTERondôniaAcreAmazonasRoraimaParáAmapá

NORDESTEMaranhãoPiauíCeal"'áRio Gl"'ande do NorTeParaíbaPel"'nambucoAlagoasSergipeBahia

SUDESTEMinas Gel"'alsEspíriTo SanToRio de .JaneiroSão-Paulo

SULParanáSanTa CaTarinaRio Grande do Sul

CENTRO OE:STE:MaTo GI"'OSSOMaTo Grosso do SulGoiásDls1"I"'ITO Federal

FONTE:: INCRA/MIRAO

Módulos (ha)Mínimo Único Móximo

5 ~DD

6070 ~DD

~O 10080 100

5 7550 70

5 9015 75.15 75

5 907 707 605 707 70:5 70:5 70

5 705 707 605 355 40

5 405 307 247 40

5 11030 10015 1.10

7 805

SugesTão à SUBCOMISSÃO DO PODER .JUDICIÁRIO

Fica insTiTuída a ,jusTiça Agrária com acompeTência de julgar os liTígios sobl"'e a proprie-

dade, osprivadas,

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I imiTes e a posse das Terras públ icas ouinclusive ~s direiTos de vizinhança.

DISPOSIÇÕES TRASITÓRIAS

,ArT. Fica aUTorizado o Poder ExecuTivo acriar o número de Varas da JusTiça Agrária corres­pondenTe a úma Vara por ~OO.OOO (cem mi I) habiTan­Tes das óreas rurais com as aTribuições previsTasno arTigo Os juizes seráo nomeados po~ concur­so de provas e TíTUlos e Terõo as garanTias, prer­rogaTivas, venCimenTOS e impedimenTos dos juízesfederais.

Brasíl ia, 8 de maio de ~987.

ConSTiTuinTe OSWALDO LIMA FILHO

Centro Gráfico do Senado Federal- Brasília - DF