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Janeiro/2020 Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá/AC Volume 1 - Diagnóstico

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Janeiro/2020

Plano de Manejo da Reserva

Extrativista do Alto Tarauacá/AC

Volume 1 - Diagnóstico

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

1

AGRADECIMENTOS

Primeiramente aos moradores da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá pela

paciência, dedicação e participação em todas as etapas de elaboração do Plano de

Manejo;

Ao Grupo de Trabalho (GT) do Plano de Manejo composto por Francisco Marciel

Andrade Mendonça, João Arlenildo da Silva Oliveira e Maria Antônia dos Santos pela

participação ativa;

A Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto

Tarauacá (ASAREAT) por todo o apoio prestado;

A Equipe de Planejamento do ICMBio, Desireé Barbosa da Silva - COMAN, Rosenil

Dias de Oliveira - CNPT/Base Acre, Camilla Helena da Silva – DGPEA, Raimundo Maciel

D’Avila e Mariléia de Araújo da Silva gestores da RESEX do Alto Tarauacá, juntos

somaram esforços e participaram intensamente de todas as etapas;

A equipe da SELEÇÃO NATURAL pelo brilhante trabalho, dedicação e

comprometimento em todo o processo de elaboração do Plano de Manejo;

Por fim, a todos os parceiros que disponibilizaram dados e informações para o

enriquecimento do Plano de Manejo da RESEX do Alto Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

1

Presidente da República

Jair Bolsonaro

Ministro do Meio Ambiente

Ricardo Salles

Presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade Homero de Giorge Cerqueira

Diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação

Marcos de Castro Simanovic

Coordenação Geral de Criação, Planejamento e Avaliação de

Unidades de Conservação

Bernardo Ferreira Alves de Brito – Coordenador Geral Substituto

Coordenação de Elaboração e Revisão do Plano de Manejo

Erica de Oliveira Coutinho

Coordenação Regional em Porto Velho – CR 01

Simone Nogueira dos Santos

Chefe da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá Mariléia de Araújo da Silva

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

1

EQUIPE RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PLANO DE MANEJO

EQUIPE DE PLANEJAMENTO DO ICMBIO

Eng. Florestal Msc. Desireé Barbosa da Silva – COMAN/ICMBio

Gestora Ambiental Mariléia de Araújo da Silva– Chefe da RESEX do Alto Tarauacá

Eng. Florestal Raimundo Maciel - Chefe substituto da RESEX do Alto Tarauacá

Bióloga Dra. Rosenil Dias de Oliveira - CNPT/ICMBio/Base Acre

Bióloga Msc. Camilla Helena da Silva- DGPEA/ICMBio

EQUIPE TÉCNICA DA SELEÇÃO NATURAL – INOVAÇÃO EM

PROJETOS AMBIENTAIS

Coordenador I: Biólogo e Msc. Rodrigo de Almeida Nobre

Coordenador II: Biólogo e Msc. Pedro de Araújo Lima Constantino

Assessora Técnica (especialista em Geoprocessamento): Ecóloga e Msc. Camila

Cantagallo Devids

Apoio Técnico I: Ecólogo e Doutorando João Gabriel Ribeiro Giovanelli

Apoio Técnico II: Bióloga e Msc. Andrezza Bellotto Nobre

Créditos das imagens

A fotografia de Boana boans (sapo-canoeiro) apresentada na figura 107 deste documento é de autoria do Prof. Dr. Paulo Bernarde e foi cedida pelo autor.

A fotografia dos filhotes de Podocnemis expansa (tartaruga-da-amazônia) nascidos na comunidade de Jaminawá e apresentada na figura 109 deste documento e a foto de mulheres debulhando bacaba na figura 133 são de acervo da RESEX do Alto Tarauacá.

As fotos das figuras 114, 120 e 133 são do acervo do CNPT/ICMBIO (AC).

As fotos da figura 152 da segunda reunião de planejamento estratégico em Brasília foram cedidas por João Arlenildo da Silva Oliveira (João Bráz).

Todas as outras das imagens que constam neste documento é de acervo próprio da Seleção Natural.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

1

Sumário

Lista de figuras .............................................................................................................................. 4

Lista de tabelas ............................................................................................................................ 12

Lista de siglas ............................................................................................................................... 14

APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................... 16

DIAGNÓSTICO .............................................................................................................................. 19

1. ABORDAGEM METODOLÓGICA DE DIAGNÓSTICO ............................................................. 19

2. RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO ......................................................................................... 22

2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA RESEX DO ALTO TARAUACÁ ........................................................ 22

2.1.1. Localização e acessos ........................................................................................................ 22

2.1.2. Contextualização internacional ........................................................................................ 26

2.1.3. Contextualização nacional e estadual ............................................................................... 31

2.1.4. Contextualização municipal .............................................................................................. 41

2.1.4.1. O município de Jordão .................................................................................................... 42

2.1.4.2. O município de Tarauacá ................................................................................................ 74

2.1.5. Histórico de criação da RESEX ........................................................................................... 86

2.2. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA UC ............................................................................ 91

2.2.1. Início das atividades de gestão ......................................................................................... 91

2.2.2. Equipe gestora .................................................................................................................. 91

2.2.3. Infraestrutura e equipamentos ......................................................................................... 92

2.2.4. Parcerias ............................................................................................................................ 95

2.2.5. Orçamentos e programas institucionais ......................................................................... 101

2.2.5.1. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) ......................... 101

2.2.5.2. Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) ........................................................ 101

2.2.5.3. Outros programas de interesse institucional ............................................................... 102

2.2.6. Atividades desenvolvidas na RESEX ................................................................................ 104

2.2.6.1. Gestão da RESEX ........................................................................................................... 104

2.2.6.2. Instrumentos de gestão do Conselho Deliberativo ...................................................... 115

2.2.6.3. Fiscalização ................................................................................................................... 122

2.2.6.4. Licenciamento .............................................................................................................. 126

2.2.6.5. Pesquisa e Monitoramento .......................................................................................... 127

2.3. CARACTERIZAÇÃO DA RESEX DO ALTO TARAUACÁ E SEU ENTORNO ............................... 141

2.3.1. Limites da RESEX ............................................................................................................. 141

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

2

2.3.2. Atributos físicos da RESEX ............................................................................................... 143

2.3.2.1. Clima ............................................................................................................................. 143

2.3.2.2. Recursos Hídricos ......................................................................................................... 146

2.3.2.3. Geomorfologia .............................................................................................................. 152

2.3.2.4. Geologia ........................................................................................................................ 158

2.3.2.5. Pedologia ...................................................................................................................... 161

2.3.3. Análise da paisagem........................................................................................................ 164

2.3.3.1. Classificação da paisagem ............................................................................................ 164

2.3.3.2. Desmatamento ............................................................................................................. 182

2.3.3.3. Queimadas.................................................................................................................... 189

2.3.4. Biodiversidade................................................................................................................. 195

2.3.4.1. Vegetação ..................................................................................................................... 195

2.3.4.1.1. Descrição das Fitofisionomias ............................................................................... 196

2.3.4.1.2. Caracterização florística ........................................................................................ 202

2.3.4.2. Fauna ............................................................................................................................ 210

2.3.4.3. Invertebrados ............................................................................................................... 210

2.3.4.4. Peixes ............................................................................................................................ 214

2.3.4.5. Herpetofauna ............................................................................................................... 215

2.3.4.6. Aves .............................................................................................................................. 221

2.3.4.7. Mamíferos .................................................................................................................... 227

2.3.5. Comunidades tradicionais e moradores da RESEX ......................................................... 230

2.3.5.1. Processo de ocupação da área da RESEX ..................................................................... 230

2.3.5.2. Perfil da Família Beneficiária ........................................................................................ 236

2.3.5.3. População da RESEX ..................................................................................................... 238

2.3.5.4. Comunidades, seringais, colocações e colônias ........................................................... 245

2.3.5.5. Permanência nos seringais e relação com a cidade do Jordão .................................... 249

2.3.5.6. Moradias, saneamento e infraestrutura ...................................................................... 252

2.3.5.7. Documentação e cidadania .......................................................................................... 253

2.3.5.8. Ocupação, renda e benefícios sociais .......................................................................... 253

2.3.5.9. Educação e saúde ......................................................................................................... 258

2.3.5.10. Religiões na RESEX ................................................................................................. 259

2.3.5.11. Perspectiva da juventude na RESEX ...................................................................... 259

2.3.5.12. A entrada e saída de moradores da RESEX ........................................................... 260

2.3.5.13. Das propriedades na RESEX ................................................................................... 263

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

3

2.3.5.14. Representações e organizações sociais................................................................. 264

2.3.6. Uso do solo, recursos naturais e produção..................................................................... 267

2.3.7. Patrimônio material e imaterial ...................................................................................... 290

2.3.8. Situação fundiária ........................................................................................................... 295

2.3.9. Áreas protegidas do entorno .......................................................................................... 300

2.3.9.1. Reservas Extrativistas ................................................................................................... 301

2.3.9.2. Povos e terras indígenas no Acre ................................................................................. 302

2.3.9.3. Povos e terras indígenas ............................................................................................... 307

2.3.9.3.1. Gestão ambiental e territorial das TIs adjacentes à RESEX do Alto Tarauacá ....... 310

2.3.9.3.2. Os Kaxinawa e as TIs do Jordão ............................................................................. 313

2.3.9.3.3. TI Jaminawá/Arara do rio Bagé ............................................................................. 319

2.3.9.3.4. Os Kampa do igarapé Primavera ........................................................................... 321

2.3.9.3.5. TI Cabeceiras dos rios Muru e Iboiaçu: conflitos sobre o ramal Jordão-Novo Porto

323

2.3.10. Entorno da RESEX fora de áreas protegidas: Ordenamento territorial municipal ....... 323

2.3.10.1. Zona de produção agroflorestal familiar – ZP2 ..................................................... 324

2.3.10.2. Zona de Produção Agroflorestal em Antigos Seringais – ZP3 ............................... 325

2.3.10.3. Zona de produção agropecuária sustentável em antigos seringais – ZP4 ............ 328

2.3.10.4. Área indicativa para criação de unidade de conservação do Muru –_ZPA ........... 330

3. TÓPICOS DE DESTAQUE DO DIAGNÓSTICO ....................................................................... 332

3.1. ATIVIDADES OU SITUAÇÕES CONFLITANTES E AMEAÇAS A RESEX E ENTORNO .............. 332

3.2. LACUNAS DE CONHECIMENTO .......................................................................................... 345

4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................... 346

5. ANEXOS ............................................................................................................................. 362

ANEXO 1 .................................................................................................................................... 363

ANEXO 2 .................................................................................................................................... 366

ANEXO 3 .................................................................................................................................... 372

ANEXO 4 .................................................................................................................................... 374

ANEXO 5 .................................................................................................................................... 393

ANEXO 6 .................................................................................................................................... 418

ANEXO 7 .................................................................................................................................... 423

ANEXO 8 .................................................................................................................................... 428

ANEXO 9 .................................................................................................................................... 432

ANEXO 10 .................................................................................................................................. 441

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

4

Lista de figuras

Figura 1. Localização da RESEX do Alto Tarauacá e acessos. ...................................................... 23

Figura 2. Áreas protegidas no entorno da RESEX do Alto Tarauacá. .......................................... 24

Figura 3. Vista da cidade de Jordão as margens do rio Tarauacá, AC. ........................................ 25

Figura 4. Deslocamento de canoa via fluvial no rio Tarauacá..................................................... 25

Figura 5. Acesso fluvial prejudicado por conta do baixo volume de água no rio Tarauacá em

outubro de 2017. ................................................................................................................ 26

Figura 6. Ecorregiões na porção sudoeste da Amazônia. No contexto da RESEX do Alto Tarauacá

ocorrem as ecorregiões Sudoeste da Amazônia (Southwest Amazon Moist Forest) e Várzea

de Iquitos (Iquitos Varzeá). ................................................................................................ 29

Figura 7. Áreas protegidas no contexto internacional e região da RESEX do Alto Tarauacá. ..... 30

Figura 8. Bioma amazônico e a delimitação da Amazônia Legal. ............................................... 33

Figura 9. Número de Unidades de Conservação por categoria de manejo no bioma amazônico.

A Reserva Extrativista possui o maior número de Unidades neste bioma. ........................ 34

Figura 10. Localização das Reservas Extrativistas na Amazônia e as Áreas prioritárias para

Conservação da Biodiversidade. ......................................................................................... 35

Figura 11. Mapa das áreas protegidas do Acre e um detalhe do entorno da RESEX do Alto

Tarauacá, AC. ...................................................................................................................... 37

Figura 12. Municípios que compõe a Reserva Extrativista do Alto Tarauacá. ............................ 42

Figura 13. Vista aérea da situação atual do Ramal da Integração que liga a cidade de Jordão ao

Novo Porto as margens do rio Muru. ................................................................................. 44

Figura 14. Evolução da população residente do município de Jordão. O trecho em destaque

amarelo corresponde a um dado estimado do ano de 2016 (Fonte: IBGE,2017a). ........... 45

Figura 15. Faixa etária da população residente em Jordão em 2010 (em hab.) (Fonte do dado:

IBGE, 2010). ........................................................................................................................ 47

Figura 16. População em situação de extrema pobreza por faixa etária (unidade: nº de pessoas)

(Fontedo dado: IBGE, 2010). .............................................................................................. 47

Figura 17. Evolução do IDHM (Fonte: PNUD, IPEA, FJP). ............................................................ 48

Figura 18. IDHM do município de Jordão (Fonte: PNUD, IPEA, FJP). .......................................... 49

Figura 19. Matrículas realizadas em Jordão (Fonte do dado: IBGE, 2015). ................................ 49

Figura 20. Taxa de analfabetismo no Jordão por faixa etária (Fonte: Atlas,2017). .................... 50

Figura 21. Evolução da taxa de mortalidade infantil de Jordão (unidade: óbitos por mil nascidos

vivos), comparativamente ao estado do Acre, Brasil e Taxa recomendável pela Organização

Mundial de Saúde – OMS (Fonte: Ministério da Saúde, DATASUS 2008 – 2014; (1) Valor

considerado aceitável pela OMS.). ..................................................................................... 53

Figura 22. Setores de ocupação da população do município do Jordão. (Fonte: ATLAS,2017a).

............................................................................................................................................ 54

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

5

Figura 23. Quantidade de empresas e trabalhadores nas empresas do Jordão. (Fonte: IBGE

2017). .................................................................................................................................. 55

Figura 24. Quantidade de trabalhadores e assalariados nas empresas do Jordão. (Fonte: IBGE

2017). .................................................................................................................................. 55

Figura 25. Variação do salário médio dos empregados nas empresas do Jordão. (Fonte: IBGE

2017). .................................................................................................................................. 56

Figura 26. Renda mensal média e máxima da população do Jordão. Renda máxima ausente nos

quinto e décimo mais ricos. (Fonte: Atlas, 2017a, Dados de 2010). .................................. 56

Figura 27. Evolução da receita e despesa do município de Jordão (Fonte: dados da Secretaria do

Tesouro Nacional e do IBGE). ............................................................................................. 57

Figura 28. Representação esquemática da composição das porcentagens dos valores totais de

Receita e Despesa do município de Jordão para o ano de 2015 (Fonte:

https://meumunicipio.org.br/perfil-municipio/1200328-Jordao-AC?exercicio=2015). .... 59

Figura 29. Distribuição percentual das despesas de Jordão para o ano de 2015 (Fonte: dados da

Secretaria do Tesouro Nacional e do IBGE). ....................................................................... 60

Figura 30. Valores adicionados bruto do PIB de Jordão - 2014 (Fonte: IBGE, 2017a). ............... 61

Figura 31. Evolução do PIB per capita entre os anos de 2010 e 2014 – valores comparativos entre

o município de Jordão, o estado do Acre e o Brasil (Fonte: adaptado de IBGE em parceria

com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e

Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA). ............................................. 61

Figura 32. Principais culturas de rebanho do município de Jordão (indivíduos) – 2015 (IBGE,

2017a). ................................................................................................................................ 62

Figura 33. Produção Agrícola Municipal - Lavoura Permanente 2015 (toneladas) (Fonte:

IBGE,2017a). ....................................................................................................................... 62

Figura 34. Produção Agrícola Municipal - Lavoura Temporária 2015 (toneladas) (Fonte: IBGE,

2017a). ................................................................................................................................ 62

Figura 35. Instalações sanitárias no município de Jordão – 2010. (Fonte: IBGE, 2017a). .......... 64

Figura 36. Destino final do lixo por domicílio no município de Jordão – 2010. (Fonte: IBGE -

Censos Demográficos 2010). .............................................................................................. 65

Figura 37. Frota de veículos no Jordão. (Fonte: IBGE, 2017a). ................................................... 67

Figura 38. Mapa de gestão do Ordenamento Territorial do município do Jordão (Fonte: SEMA,

2010b). ................................................................................................................................ 72

Figura 39. Evolução da população residente do município de Tarauacá. O trecho em destaque

amarelo corresponde a um dado estimado do ano de 2016 (Fonte: IBGE,2017b). ........... 75

Figura 40. Faixa etária da população residente em Tarauacá em 2010 (em hab.) (Fonte: IBGE,

2017b). ................................................................................................................................ 76

Figura 41. IDHM do município de Tarauacá (Fonte: PNUD, IPEA, FJP). ...................................... 76

Figura 42. Evolução do IDHM (Fonte: PNUD, IPEA, FJP). ............................................................ 77

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

6

Figura 43. Matriculas realizadas em Tarauacá (Fonte do dado: IBGE, 2015). ............................ 78

Figura 44. Setores de ocupação da população do município de Tarauacá. Fonte: Atlas (2017b).

............................................................................................................................................ 80

Figura 45. Valores adicionados bruto do PIB de Tarauacá - 2014 (Fonte: IBGE, 2017b). ........... 81

Figura 46. Evolução do PIB per capita entre os anos de 2010 e 2014 – valores comparativos entre

o município de Tarauacá, o estado do Acre e o Brasil (Fonte: adaptado de IBGE em parceria

com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e

Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA). ............................................. 81

Figura 47. Instalações sanitárias no município de Tarauacá – 2010. (Fonte: IBGE, 2017b). ..... 83

Figura 48. Destino final do lixo no município de Tarauacá – 2010. (Fonte: IBGE, 2017b). ......... 84

Figura 49. Linha do tempo dos principais fatos do histórico de criação da Reserva Extrativista do

Alto Tarauacá, AC. .............................................................................................................. 90

Figura 50. Espaços de trabalho da chefe e do chefe substituto na sede administrativa atual da

RESEX do Alto Tarauacá no município de Rio Branco/AC. ................................................. 93

Figura 51. Estrutura atual utilizada como base de apoio à gestão da RESEX do Alto Tarauacá no

município de Jordão. .......................................................................................................... 93

Figura 52. Representação dos parceiros da gestão da RESEX do Alto Tarauacá levantados no

período 2006 – 2016 e lista de parceiros oportunos. A distância definida pelo tamanho da

elipse demonstra subjetivamente a interação com a UC, quanto mais próxima maior. Fora

das elipses do diagrama estão instituições consideradas oportunas para parcerias. Para

siglas das instituições verificar texto deste item. Legenda: RESEX ou RE – Reserva

Extrativista; PN – Parque Nacional; FN – Floresta Nacional. ............................................ 101

Figura 53. Mosaico baseado no SNUC Lei 9.985/00 obtido no documento “Conselhos Gestores

de Unidades de Conservação Federal – um guia para gestores e conselheiros” (ICMBio,

2014). ................................................................................................................................ 107

Figura 54. Registro do planejamento da retomada da construção do Plano de Manejo da RESEX

do Alto Tarauacá feito pelo GT. ........................................................................................ 122

Figura 55. Três exemplos de locais com placas de sinalização na RESEX do Alto Tarauacá e seu

bom estado de conservação. ............................................................................................ 124

Figura 56. Posicionamento das praias monitoradas na atividade de Manejo Participativo de

Tracajás verificadas no relatório de 2014. ....................................................................... 132

Figura 57. Registros de tracajás (Podocnemis unifilis) em diferentes trechos do rio Tarauacá

durante a visita de reconhecimento pela equipe de consolidação do Plano de Manejo. 134

Figura 58. Posicionamento em campo das transecções principais (5 km) das estações de

amostragem implantadas para o componente florestal do monitoramento da

biodiversidade do ICMBio. ............................................................................................... 136

Figura 59. Participação dos moradores de diversas faixas etárias e gêneros nas atividades

coletivas incorporadas de princípios e ações de educação ambiental na RESEX do Alto

Tarauacá. .......................................................................................................................... 138

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

7

Figura 60. Atividade de mapeamento participativo em que os presentes compreendem

detalhadamente a composição de seu território e disponibilizam informações para

planejamento do zoneamento. ........................................................................................ 139

Figura 61. Demonstração da atualização do limite oficial da RESEX do Alto Tarauacá – AC. ... 142

Figura 62. Mapas de precipitação total anual e temperatura média anual compilada da base de

dados CHELSA (KARGER et al., 2016)................................................................................ 145

Figura 63. Precipitação acumulada e temperatura média das mínimas e máximas para a RESEX

do Alto Tarauacá. .............................................................................................................. 146

Figura 64. Mapa das bacias hidrográficas (nível 4) compiladas na base de dados da Agência

Nacional de Águas. ........................................................................................................... 147

Figura 65. Hidrografia detalhada da RESEX do Alto Tarauacá e entorno (escala 1:100.000). .. 149

Figura 66. Imagem exemplificando um típico deslizamento de margem no rio Tarauacá. ...... 150

Figura 67. Imagem exemplificando os tipos de meandro encontrados no rio Tarauacá. ........ 151

Figura 68. Conjunto de imagens mostrando o início do período de menor vazão do rio Tarauacá,

em que já possível visualizar o aparecimento das praias e galhadas, dificultando a

navegação na região. ........................................................................................................ 152

Figura 69. Padrões geomorfológicos do estado do Acre e um detalhamento na região da RESEX

do Alto Tarauacá. .............................................................................................................. 154

Figura 70. Porção elevada e declivosa na confluência do igarapé São Salvador com rio Tarauacá.

Este tipo de paisagem se destaca na paisagem plana da região. ..................................... 155

Figura 71. Mapa de elevação compilado da base de dados “Brasil em Relevo”, Embrapa

Monitoramento por Satélite (Miranda, 2017). ................................................................ 156

Figura 72. Mapa de declividade gerado a partir da base de dados “Brasil em Relevo”, Embrapa

Monitoramento por Satélite (Miranda, 2017). ................................................................ 157

Figura 73. A) Afloramento típico da Formação Solimões. B) Grande lente de arenito acamado

com leitos de material carbonático nas margens do rio Tarauacá. ................................. 159

Figura 74. Mapa de geologia compilado do Geobank da CPRM, Projeto RADAM (1977, 1976) e

ZEE Acre (2010)................................................................................................................. 160

Figura 75. Imagem mostrando os animais domésticos utilizando as praias formadas ao longo rio

Tarauacá. .......................................................................................................................... 162

Figura 76. Mapa de solos compilado Embrapa Solos e Projeto RADAM (1977, 1976). ............ 163

Figura 77. Fases de processamento de dados para gerar mapa de cobertura do solo utilizando a

ferramenta IMPACT. ......................................................................................................... 164

Figura 78. Recortes definidos para a análise de paisagem. ...................................................... 166

Figura 79. Exemplo de locais utilizados para verificação da classificação automática das imagens

e refinamento das legendas: A) vegetação nativa; B) área aberta – vegetação pioneira; C)

área aberta – pastagem; D) solo exposto e E) solo exposto – praia. ............................... 168

Figura 80. Mapa de unidades da paisagem na RESEX do Alto Tarauacá e entorno. ................ 170

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

8

Figura 81. Detalhe na paisagem na área urbana e arredores do município de Jordão. ........... 171

Figura 82. Proporção da área ocupada pelas classes de cobertura do solo no interior da RESEX

do Alto Tarauacá. .............................................................................................................. 172

Figura 83. Proporção das classes de cobertura do solo dos setores de cada comunidade da RESEX

do Alto Tarauacá. Atentar para os valores no eixo y do gráfico iniciando em 92%. ........ 174

Figura 84. Unidades da paisagem no setor da comunidade Tabocal. ...................................... 175

Figura 85. Unidades da paisagem no setor da comunidade Alagoas. ...................................... 176

Figura 86. Unidades da paisagem no setor da comunidade Nazaré. ........................................ 177

Figura 87. Unidades da paisagem no setor da comunidade Jaminawá/Restauração. ............. 178

Figura 88. Unidades da paisagem no setor da comunidade Maranhão/Massapê. .................. 179

Figura 89. Unidades da paisagem no setor da comunidade Duas Nações. .............................. 180

Figura 90. Unidades da paisagem no setor da comunidade Boa Vista/Santa Júlia. ................. 181

Figura 91. Taxa de desmatamento anual no estado do Acre (PRODES, 1988 a 2016). ............ 182

Figura 92. Percentual de área desmatada por regional do estado do Acre (PRODES, 2016). .. 183

Figura 93. Desmatamento na RESEX do Alto Tarauacá e entorno (PRODES, 1977 a 2015). .... 186

Figura 94. Desmatamento acumulado na RESEX do Alto Tarauacá e entorno (PRODES, 2000 a

2015). ................................................................................................................................ 187

Figura 95. Mapeamento do desmatamento na RESEX do Alto Tarauacá e entorno até 2015. 188

Figura 96. Uso do solo em Áreas de preservação permanente na RESEX e seu entorno. ........ 189

Figura 97. Focos de calor na RESEX do Alto Tarauacá e entorno de 2007 a 2017. ................... 192

Figura 98. Densidade de focos de calor na RESEX do Alto Tarauacá e entorno de 2007 a 2017.

.......................................................................................................................................... 193

Figura 99. Risco de fogo na RESEX do Alto Tarauacá e entorno de 2007 a 2017. .................... 194

Figura 100. Mapa das fitofisionomias presentes na RESEX do Alto Tarauacá e entorno. ........ 200

Figura 101. Proporção das tipologias vegetais encontradas na RESEX do Alto Tarauacá. ....... 201

Figura 102. Fotos ilustrativas em vista geral da floresta aberta que acompanha o rio Tarauacá.

A: para mostrar a estrutura da vegetação e seus diferentes estratos, apresentando-se,

neste trecho pouco densa e com poucas palmeiras; B: é possível identificar uma floresta

mais densa, mais estratificada, com maior diversidade e abundância de palmeiras; C:

detalhe dos “tabocais”; D: detalhe da ocupação das bordas das formações florestais por

“cana-brava” (Gynerium sagittatum), que geralmente se instalam nos barrancos do leito

do rio. ............................................................................................................................... 202

Figura 103. Foto ilustrativa dos aglomerados de cana-brava na RESEX do Alto Tarauacá. ...... 206

Figura 104. Fotos ilustrativas de representantes da flora da RESEX do Alto Tarauacá, às margens

do rio. A: pau-mulato-da-várzea (Calycophyllum spruceanum), B: açaí (Euterpe precatoria);

C: buritizal (Mauritia flexuosa), D: cocão (Attalea tessmannii), E: samaúma (Ceiba

pentandra); F: detalhe de um tabocal na margem do rio (Guadea sp.)........................... 207

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 105. As 15 famílias florestais mais representativas quanto ao número total de espécies

para a região da RESEX do Alto Tarauacá ......................................................................... 208

Figura 106. Borboletas da família Nymphalidae fotografadas no interior da RESEX do Alto

Tarauacá durante as oficinas comunitárias do Plano de Manejo. Táxon registrado também

no Alto Juruá (BROWN e FREITAS, 2002). ........................................................................ 211

Figura 107. Imagem do sapo-canoeiro Boana boans na RESEX do Riozinho da Liberdade. Fonte:

Prof. Dr. Paulo Bernarde (imagem cedida gentilmente pelo autor). ............................... 217

Figura 108. Indivíduos de Iguana iguana (iguana) e Podocnemis unifilis (tracajá) fotografado nas

margens do rio Tarauacá. ................................................................................................. 219

Figura 109. Imagens de alguns filhotes de Podocnemis expansa (tartaruga-da-amazônia)

nascidos na comunidade de Jaminawá. Fonte: Acervo da RESEX do Alto Tarauacá. ....... 221

Figura 110. Mapa representando as duas principais bacias que abrigam comunidades

diferenciadas de aves do estado do Acre, sendo a RESEX do Alto Tarauacá posicionada a

oeste na bacia do rio Juruá. .............................................................................................. 222

Figura 111. Evolução das localidades ornitológicas no estado do Acre entre 1950 e 2015,

possibilitando a verificação da inclusão da região da RESEX do Alto Tarauacá a partir de

1999. Fonte: Guillherme (2016). ...................................................................................... 223

Figura 112. Número de espécies de aves registradas para o Acre, com ocorrência potencial na

RESEX e registradas na RESEX do Alto Tarauacá. ............................................................. 224

Figura 113. Imagens capturadas de algumas aves durante a campanha de reconhecimento. A)

Vanellus cayanus (batuíra-de-esporão); B) Cathartes melambrotus (urubu-da-mata), C)

Cathartes aura (urubu-de-cabeça-vermelha) e Daptrius ater (gavião-de-anta), D) Amazilia

fimbriata (beija-flor-de-garganta-verde), E) Tachycineta albiventer (andorinha-do-rio). 226

Figura 114. Puma concolor (onça-vermelha) fotografada por armadilha fotográfica (Fotos Acervo

CNPT/ICMBio – AC). .......................................................................................................... 229

Figura 115. Ocupação histórica da região da RESEX do Alto Tarauacá. .................................... 233

Figura 116. Mapa das casas dos moradores e limites dos setores das comunidades da RESEX Alto

Tarauacá. Fonte: Sisfamília/ICMBio (2014) - localização das moradias, complementado

pontualmente na visita de campo para realização das reuniões comunitárias de elaboração

deste documento. ............................................................................................................ 240

Figura 117. Distribuição etária da população de moradores da RESEX. Fonte: UFV, 2014. ..... 241

Figura 118. Caracterização do local de moradia conforme informação do morador da RESEX.

Fonte: Sisfamília, ICMBio (2017). ..................................................................................... 247

Figura 119. Tempo de moradia da família no mesmo local da RESEX. Fonte: UFV, 2017. ....... 250

Figura 120. Produção de coloral Dona Maria do Seringal Alagoas (Foto acervo CNPT/ICMBio –

AC). ................................................................................................................................... 255

Figura 121. Renda mensal das famílias nas comunidades da RESEX Alto Tarauacá. Fonte:

Sisfamília/ICMBio (2014). ................................................................................................. 257

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 122. Quantidade de moradores que saíram a RESEX desde 2010. Fonte: ASAREAT, 2017.

.......................................................................................................................................... 261

Figura 123. Faixa etária das pessoas que saíram da RESEX desde 2010. Fonte: ASAREAT, 2017.

.......................................................................................................................................... 261

Figura 124. Áreas e pontos de localização de recursos vegetais alvos de extrativismo na RESEX e

no entorno destacados por comunitários no mapeamento participativo nas reuniões

comunitárias de retomada da elaboração do Plano de Manejo. ..................................... 268

Figura 125. Limites a área de uso dos recursos naturais para subsistência das comunidades

beneficiárias da RESEX do Alto Tarauacá, tendo o limite das áreas de caça a ponto como

proxi. ................................................................................................................................. 269

Figura 126. Terreiros das casas delimitado pela floresta e utilizados para o estabelecimento de

roçados, dos pomares e palmeirais, criação de animais e outros usos menos expressivos.

.......................................................................................................................................... 271

Figura 127. Preparação dos roçados nas praias que são utilizadas para os cultivos anuais como:

feijão, abóbora e melancia. .............................................................................................. 271

Figura 128. Implementos utilizados na produção da farinha de mandioca de uma casa de farinha

comunitária. ..................................................................................................................... 276

Figura 129. Infraestrutura e equipamentos para o beneficiamento de produtos na RESEX

mapeados nas reuniões comunitárias de retomada da elaboração do Plano de Manejo.

.......................................................................................................................................... 277

Figura 130. Litro de melado de cana de açúcar encontrado para comercialização na sede da

ASAREAT, em Jordão. ....................................................................................................... 278

Figura 131. Bananas produzidas na RESEX do Alto Tarauacá e comercializadas na sede da

ASAREAT, em Jordão. ....................................................................................................... 279

Figura 132. Açaí e buritis presentes em terreiros, são produtos do extrativismo local. .......... 281

Figura 133. Cocão utilizado como carvão, bem como o “forno”, que é um buraco no solo onde

se prepara o carvão no terreiro e moradoras debulhando bacaba. ................................ 282

Figura 134. Cipó-timbó utilizado localmente para produção de vassouras, paneiros, peneiras e

outras diversas amarrações.............................................................................................. 283

Figura 135. Madeiras utilizadas pelos comunitários para estruturação e construção de casas,

currais e embarcações. ..................................................................................................... 284

Figura 136. Carvão sendo comercializado na sede da ASAREAT, em Jordão. .......................... 285

Figura 137. Exemplos de criações de animais na RESEX (gado, patos e cavalos). .................... 286

Figura 138. Mariscada com tarrafa executada no rio Tarauacá. .............................................. 288

Figura 139. Registros fotográficos de peixes na RESEX do Alto Tarauacá. ............................... 288

Figura 140. Riqueza de peixes praianos mariscados por pescadores em uma tarde na RESEX do

Alto Tarauacá. ................................................................................................................... 290

Figura 141. Atividades festivas de aniversário do Município de Jordão com o pronunciamento

do prefeito (à esquerda) e desfile das escolas (à direita) ................................................ 292

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 142. Mapa dos registros fósseis indicados por moradores locais nas reuniões comunitárias

de elaboração do Plano de Manejo da RESEX do Alto Tarauacá...................................... 294

Figura 143. Situação da malha fundiária no entorno da RESEX do Alto Tarauacá. .................. 298

Figura 144. Propriedades cadastradas no CAR na região da RESEX do Alto Tarauacá. ............ 299

Figura 145. Entorno da RESEX do Alto Tarauacá. ..................................................................... 308

Figura 146. Crescimento populacional nas TIs do entorno da RESEX do Alto Tarauacá. Fonte:

adaptado de ISA (2017) e CPI-AC (2017). ......................................................................... 309

Figura 147. Áreas da Zona de Produção Agroflorestal Familiar no Jordão. Fonte: SEMA 2010.

.......................................................................................................................................... 325

Figura 148. Áreas da Zona de Produção Agroflorestal de Antigos Seringais no Jordão. Fonte:

SEMA 2010. ...................................................................................................................... 327

Figura 149. Áreas da Zona de Produção Agropecuária Sustentável de Antigos Seringais no Jordão.

Fonte: SEMA 2010. ........................................................................................................... 329

Figura 150. Áreas da Zona de Proteção Ambiental no Jordão. Fonte: SEMA 2010. ................. 331

Figura 151. Mapa de conflitos identificados pelos moradores da RESEX. ................................ 344

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Lista de tabelas

Tabela 1. Crescimento populacional e taxa de urbanização no Jordão. ..................................... 46

Tabela 2. Estabelecimentos de saúde no município de Jordão. ................................................. 51

Tabela 3. Quantidade de pessoas empregadas nas secretarias municipais do Jordão em 2010.

............................................................................................................................................ 54

Tabela 4. Tipo de abastecimento de água por domicílios no município de Jordão para o ano de

2010. ................................................................................................................................... 64

Tabela 5. Estabelecimentos de saúde no município de Tarauacá. ............................................. 78

Tabela 6. Tipo de abastecimento de água no município de Tarauacá para o ano de 2010. ...... 82

Tabela 7. Equipamentos mínimos elegíveis para UC Grau 1 e tipo 4. ........................................ 95

Tabela 8. Reuniões do Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá até 2017.

.......................................................................................................................................... 109

Tabela 9. Composição do Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá até

agosto de 2017. ................................................................................................................ 116

Tabela 10. Espécies, números de indivíduos e biomassa caçada em 2012/2013 pelas famílias

avaliadas em áreas com alta intensidade de caça (RAIC) e baixa intensidade de caça (RBIC)

(Fonte: BOTELHO, 2013). .................................................................................................. 128

Tabela 11. Descrição das imagens utilizadas com seus respectivos códigos das cenas, datas de

aquisição e porcentagem de cobertura de nuvens. ......................................................... 165

Tabela 12. Classes de cobertura do solo no interior e no entorno da RESEX do Alto Tarauacá.

.......................................................................................................................................... 172

Tabela 13. Cobertura do solo nos setores aos quais as comunidades da RESEX do Alto Tarauacá

se vinculam. ...................................................................................................................... 173

Tabela 14. Fitofisionomias e suas respectivas áreas (hectares) para os limites da RESEX do Alto

Tarauacá ........................................................................................................................... 201

Tabela 15. Espécies de abelhas levantadas nas Terras Indígenas do Jordão. .......................... 212

Tabela 16. Lista de espécies de artrópodes de ocorrência no interior da RESEX do Alto Tarauacá

resultantes da compilação do speciesLink. ...................................................................... 213

Tabela 17. Lista de espécies de peixes compilada através dos dados das reuniões comunitárias

de elaboração do Plano de Manejo da RESEX do Alto Tarauacá...................................... 215

Tabela 18. Espécies de aves migratórias ou associadas à tabocais com ocorrência confirmada

para a RESEX do Alto Tarauacá e seus respectivos nomes-populares ............................. 225

Tabela 19. Espécies de mamíferos ameaçadas de extinção registradas na RESEX do Alto

Tarauacá, Acre. ................................................................................................................. 229

Tabela 20. Estimativa populacional da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá e entorno. Fonte:

adaptado de Sisfamília/ICMBio (2014), Pesacre (2013a,b,c) e SEMA (2010 d,e)............. 238

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Tabela 21. Aspectos socioeconômicos das comunidades de moradores, beneficiários e vizinhos

da RESEX do Alto Tarauacá. Fonte: SEMA-AC (2010a,b), Pesacre (2013a,b, sem data) e

Sisfamília/ICMBio (2014). ................................................................................................. 242

Tabela 22. Frequência de visitas das famílias à cidade de Jordão por comunidade (% de famílias

por categoria de frequência). Fonte: Sisfamília/ICMBio (2014). ...................................... 251

Tabela 23. Ocupação dos moradores da RESEX. Fonte: UFV 2014. .......................................... 254

Tabela 24. Comunidade de saída dos moradores da RESEX. Fonte: ASAREAT, 2017. .............. 262

Tabela 25. Área de extrativismo delimitada por comunidade no mapeamento participativo nas

reuniões comunitárias de retomada da elaboração do Plano de Manejo da RESEX do Alto

Tarauacá. .......................................................................................................................... 270

Tabela 26. Crescimento populacional nas Terras Indígenas adjacentes à RESEX do Alto Tarauacá.

.......................................................................................................................................... 309

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Lista de siglas

AAFI Agente Agroflorestal Indígena

AC Acre

ACADEBIO Academia Nacional da Biodiversidade

ANP Agência Nacional de Petróleo

ARPA Programa Áreas Protegidas da Amazônia

ASAREAT Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto

Tarauacá

ASKARJ Associação de Seringueiros Kaxinawá do Rio Jordão

ASPARSAM Associacao Dos Pequenos Produtores E Seringueiros Do Alto Rio Muru

BDG Banco de Dados Geográfico

BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social

CAR Cadastro Ambiental Rural

CCDRU Contrato de Concessão de Direito Real de Uso

CGSAM Coordenação-geral de Gestão Socioambiental

CNPT/ICMBio Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade

Associada a Povos e Comunidades Tradicionais

CNPT/IBAMA Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentável das Populações

Tradicionais Centro Nacional de Populações Tradicionais e Desenvolvimento

Sustentado

CNS Conselho Nacional dos Seringueiros

COEDUC Conselho Gestores de Unidades de Conservação Federais

COMOB Coordenação de Monitoramento de Biodiversidade

COMAN Coordenação de Elaboração e Revisão do Plano de Manejo

COP Comunidade Pólo

COPROD Coordenação de Produção e Uso Sustentável

DCOL Departamento de Consolidação de Limites

DERACRE Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Acre

DGPEA Divisão de Gestão Participativa e Educação Ambiental

DISAT Diretoria de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial

DSG Diretoria de Serviço Geográfico do Exército Brasileiro

ENAFRON Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FNDE Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação

FUNAI Fundação Nacional do Índio

GEF Global Environment Facility

GIZ Deutsche Gesellschaft Für Internationale Zusammenarbeit GMBH

GPS Global Position System

GT Grupo de Trabalho

IBAMA Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

IFAC Instituto Federal do Acre

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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IMAC Instituto de Meio Ambiente do Acre

IMC Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais

INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

INPA Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia

INPE Instituto Nacional de Pesquisas Especiais

IPE Instituto de Pesquisas Ecológicas

IPHAN Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional

MMA Ministério do Meio Ambiente

NEA Núcleo de Educação Ambiental

ONG Organização Não Governamental

OTCA Organização do Tratado de Cooperação Amazônica

PAA Programa de Aquisição de Alimentos

PDC Plano de Desenvolvimento Comunitário

PNAE Programa Nacional de Alimentação Escolar

PNGATI Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas

PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

POA Plano Operativo Anual

PPCD Plano Estadual de Prevenção e Controle dos Desmatamentos do Acre

PRODES Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal

PRODEX Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo

PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar

PRONATER Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural

PSA Pagamento por Serviços Ambientais

RAPPAM Avaliação Rápida e Priorização da Gestão de Unidades de Conservação

RESEX Reserva Extrativista

SBPC Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência

SEANP Sistema Estadual de Áreas Naturais Protegidas

SEAPROF Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar

SEMA Secretaria de Estado de Meio Ambiente

SETUL Secretaria de Turismo e Lazer

SISA Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais

SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação

STR Sindicato dos Trabalhadores Rurais

TI Terra Indigena

UC Unidade de Conservação

UFAC Universidade Federal do Acre

UFV Universidade Federal de Viçosa

UICN União Internacional para Conservação da Natureza

WWF World Wide Fund for Nature

WWF-Brasil WWF-Brasil

ZEE Zoneamento Ecológico-Economico

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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APRESENTAÇÃO

O presente documento consiste no volume 1 – etapa de diagnóstico – do Plano de

Manejo da Reserva Extrativista (RESEX) do Alto Tarauacá, cumprindo a oitava etapa da

contratação (Produto 8), conforme descrito no Plano de Trabalho.

A consolidação desse produto foi feita em colaboração entre a equipe da Coordenação

de Elaboração e Revisão de Planos de Manejo, os profissionais da empresa consultora

Seleção Natural, a equipe de Planejamento do Plano de Manejo (formada por gestores

da Unidade de Conservação, integrantes de centro de pesquisa e divisão do ICMBio e

beneficiários da RESEX) em uma construção coletiva contemplando reuniões

comunitárias, oficina de planejamento participativo e reuniões de estruturação do

planejamento.

Esta etapa do Plano de Manejo apresenta um amplo diagnóstico elaborado a partir de

dados secundários, visitas a campo, reuniões comunitárias e mapeamentos

participativos. Os resultados do diagnóstico subsidiaram a construção da etapa de

planejamento da RESEX do Alto Tarauacá (volume 2), que representa a segunda parte

do documento. A consolidação do Plano de Manejo da RESEX do Alto Tarauacá torna-se

um instrumento de planejamento e gestão da UC que busca contribuir com a

conservação da biodiversidade, gestão dos recursos naturais e a garantia do modo de

vida tradicional das famílias beneficiárias.

Ficha Técnica da Reserva Extrativista

Nome da Unidade de Conservacao: Reserva Extrativista do Alto Tarauacá

Coordenacao Regional: CR-1 de Porto Velho/RO

Unidade de Apoio Administrativo e

Financeiro: CR-1 de Porto Velho/RO

Endereco da sede: Rua Henrique Dias, nº 162, Bosque, Rio Branco (AC)

Telefone: (68) 3224 3749

Fax: -

e-mail: [email protected]

Site: -

Bioma: Amazônia

Estados que abrange:

Acre

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Municipios que abrange e percentual

abrangido pela Unidade de Conservacao:

Jordão: 58,2%

Tarauacá: 38,4%

Marechal Thaumaturgo: 3,5%

Superficie da Unidade de Conservacao

(ha):

151.199 ha (decreto de criação)

154.133 ha (NT nº 135/2017 DCOL/CGTER/DISAT/ICMBio)

Perimetro da Unidade de Conservacao

(km): 297,21 km

Superficie da ZA (ha) Não possui ZA

Perimetro da ZA (km): Não possui ZA

Coordenadas geograficas (latitude e

longitude): latitude 8° 53’9" S e longitude 71°55’58"W

Data de criacao e numero do Decreto: Dec s/nº de 8 de novembro de 2000

Marcos geograficos referenciais dos

limites:

Há marcos geográficos, porém sem homologação pelo

ICMBio.

Atividades ocorrentes: Gestão coletiva, educação ambiental, fiscalização e

pesquisa

Educacao ambiental:

A RESEX realiza atividades de educação ambiental com

beneficiários e entorno por meio de processos

formativos em reuniões de conselho e comunitárias e

projetos de pesquisa participativos.

Fiscalizacao:

Fiscalização ocorre periodicamente por meio de

operações específicas de fiscalização ou de acordo com

demandas e denúncias.

Pesquisa:

Projetos de pesquisa coordenados pelo ICMBio: “Manejo

de Tracajás”, “Etnoconhecimento Zooterápico”,

“Diagnóstico de mamífereos e da Caça de Subsistência” e

“Programa Nacional de Monitoramento da Conservação

da Biodiversidade”.

É necessário autorização para realização de pesquisas na

UC

Visitacao: É permitida a visitação, porém não há visitação

atualmente na UC

Principais atividades conflitantes:

Caça e pesca ilegal por não beneficiários da RESEX; uso

de veneno como petrecho de pesca nos rios e igarapés;

pecuária de bovinos; retirada de madeira ilegal.

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DIAGNÓSTICO

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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DIAGNÓSTICO

1. ABORDAGEM METODOLÓGICA DE DIAGNÓSTICO

Para a elaboração do diagnóstico do Plano de Manejo da Reserva Extratativista do Alto

Tarauacá, a abordagem metodológica principal utilizada consistiu no Levantamento de

dados secundários, técnica utilizada para acessar dados já existentes e sistematizados

por meio de documentos, publicações, relatórios, jornais, livros, artigos científicos,

legislação, publicações de órgãos e instituições governamentais, planos de manejo,

planos de ação, entre outros disponíveis que subsidiem o processo. Além dos dados

secundários, foram realizadas reuniões com a equipe gestora atual e de ex-gestores da

RESEX e oficinas nas sete comunidades da unidade indicadas pelos gestores, com

participação da equipe da Seleção Natural, gestores do ICMBio da Resex e colaboradores

do ICMBio para o Plano de Manejo, nas quais foram coletados dados primários sobre

ocupação, área de uso, atividades extrativistas, infraestrutura e conflitos da RESEX. Estas

informações foram mapeadas pelos participantes das oficinas sobre um mapa base

contendo a malha hidrográfica e o limite da RESEX do Alto Tarauacá. Informações

adicionais foram coletadas durante a visita da equipe da Seleção Natural ao município

do Jordão e RESEX para confirmações de campo e complementação de dados dos meios

físico, biodiversidade, usos dos recursos naturais, saneamento e infraestrutura das

comunidades e da cidade de Jordão, estrutura e gestão da RESEX.

O diagnóstico foi elaborado sob a ótica das seguintes temáticas:

a. Contextualização da UC: informações relevantes para contextualização da RESEX

na esfera internacional, nacional, estadual e municipal, bem como o histórico de

criação da UC;

b. Estrutura e funcionamento da UC: equipe, infraestrutura, parcerias, orçamentos

e programas institucionais, atividades desenvolvidas na UC, conselho

deliberativo, instrumentos de gestão e outros;

c. Caracterização e análise da UC e seu entorno: limites da UC, atributos físicos,

análise da paisagem, biodiversidade, aspectos sociais e econômicos,

caracterização das comunidades tradicionais e moradores da RESEX, uso do solo

e produção, patrimônio material e imaterial, áreas protegidas do entorno, povos

e terras indígenas, situação fundiária e ordenamento territorial, conflitos e

ameaças.

Para todas as temáticas foi realizada uma avaliação, compilação e sistematização de

todo o material disponível da UC, considerando os documentos disponibilizados pela

gestão da UC da primeira fase de execução do Plano de Manejo, associados a

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

20

documentos de criação da UC, de criação e funcionamento do conselho gestor e outros

instrumentos de gestão como plano de proteção, de utilização, processo do acordo de

gestão, perfil da família benificiária, etc.

Além disso, estudos publicados na região da UC puderam ser obtidos através de buscas

no sítio do Google Acadêmico na internet, realizando uma ampla coleta de dados

secundários na literatura especializada e consultas a pesquisadores que realizaram seus

trabalhos na localidade ou seu entorno. Também foram consultados os Planos de

Manejo e pesquisas de outras UC de Uso Sustentável, especialmente Reservas

Extrativistas (RESEX), com ênfase naquelas localizadas no estado do Acre, como: Alto

Juruá, Cazumbá-Iracema, Chico Mendes e Riozinho da Liberdade.

Quanto aos documentos consultados para a contextualização da UC a maioria deles

foram relatórios técnicos, planos de gestão, programas institucionais e de governos,

legislações. Mais especificamente à temática de contextualização dos municípios, em

que foi dada ênfase aos aspectos sociais, econômicos, saneamento e serviços e de

ordenamento territorial, pesquisou-se dados de instituições de pesquisa, estatística e

planejamento, dados advindos de secretarias de governo estaduais e municipais, entre

outras fontes de pesquisa eletrônica.

Conteúdos sociais e econômicos foram avaliados utilizando o conjunto de dados

coletados para diagnóstico da RESEX do Alto Tarauacá, na versão parcial do relatório

elaborado pela equipe da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e nos documentos dos

Planos de Desenvolvimento Comunitário (PDCs) existentes para quatro comunidades da

RESEX, dados do SisFamília do ICMBio e informações reunidas em pesquisas e avaliações

feitas nas terras indígenas adjacentes.

Para compilação e sistematização dos aspectos físicos da região da RESEX, além da

consulta à literatura especializada, foram feitas buscas em repositórios

georreferenciados de livre acesso na internet. Esta última etapa foi importante também

para subsidiar a construção da base cartográfica, que compôs o Banco de Dados

Geográfico (BDG) e a confecção de mapas temáticos. No diagnóstico dos aspectos físicos

foram abordados temas relevantes que servirão de base para o manejo e zoneamento

da RESEX, sendo eles: clima; recursos hídricos; geomorfologia; geologia e pedologia.

Quanto à análise da paisagem, foi utilizado a ferramenta IMPACT (IMagery ProCessing

Toolbox) que realizou classificação não supervisionada da RESEX do Alto Tarauacá a

partir de imagens Landsat 8 com resolução espectral de 30 metros. Para a análise de

desmatamento e queimadas foram utilizados dados de séries históricas disponibilizados

pelo INPE através do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal

por Satélite (PRODES) e do Programa de Monitoramento de Queimadas.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

21

Informações sobre ocorrência da biota da RESEX e seu entorno, principalmente aquelas

de relevância para conservação, foram compiladas também no Portal da Biodiversidade

(ICMBIO, 2017) e speciesLink (2017). Estas bases integram as informações sobre a

maioria das coleções biológicas, possuindo um grande acervo de informação de

registros de espécies georreferenciados. Foi realizada uma busca na página eletrônica

do Google Acadêmico, visando encontrar artigos científicos, teses e dissertações. Como

palavras-chaves para as buscas foram utilizados os termos: “Reserva Extrativista do Alto

Tarauacá”, “Jordão”, “Tarauacá” e “Marechal Thaumaturgo”. Essa busca considerou

estudos da vegetação e fauna, subdividida em invertebrados, peixes, herpetofauna

(anfíbios e répteis), aves e mamíferos.

Os trabalhos voltados ao geoprocessamento, que permeiam todas as temáticas

analisadas no diagnóstico, envolveram: a organização da estrutura do banco de dados

georreferenciados (BDG); a padronização de layouts e escalas de projeções; a

organização de datasets e metadados; a compilação e vetorização de mapas secundários

de diversos temas; e a confecção de layouts para composição do diagnóstico do Plano

de Manejo. Os dados foram organizados em arquivos no formato shapefile que consiste

em formato compatível com os softwares ArcGis e QGIS. Foi adotado Sistema de

Coordenadas Geográficas datum Sirgas 2000, conforme orientação da Coordenação de

Elaboração e Revisão do Plano de Manejo (COMAN) em reunião de planejamento inicial.

A base cartográfica também possui dados em formato raster (.tif), como elevação e

declividade (resolução 30 metros), elaborados de modelos digitais de terreno (MNT) a

partir de imagens Shuttle Radar Topography Mission (SRTM), disponíveis no Portal Brasil

em Relevo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) Monitoramento

por Satélite. Os dados de situação fundiária, temperatura, precipitação média anual e as

imagens Landsat também são arquivos rasterizados. Os metadados foram preenchidos

essencialmente para registrar a fonte de aquisição dos dados originais, descrição da

geometria e também uma descrição dos campos da tabela de atributos.

Como proposta adicional, os dados também estão sendo organizados na estrutura

“banco de dados geográfico (BDG)” utilizando o software ArcGis®. No BDG cada tema

ou módulo se constitui em um “Feature Dataset”. Cada mapa temático foi gerado como

um “Feature class”, dentro do “Feature Dataset” correspondente. A vantagem da

organização do banco de dados neste formato é a facilidade de acesso e consulta aos

dados georreferenciados e metadados correspondentes, bem como a padronização do

sistema de projeção dos mapas, mesmo advindo de fontes diferentes. O banco de dados

geográfico pode ser visualizado, manipulado e atualizado em formato digital através da

utilização dos softwares ArcGis ou QGIS, um software de livre utilização. Os layouts dos

mapas foram padronizados em comum acordo com a equipe planejamento do Plano de

Manejo. Os layouts foram exportados em formato “.jpg” (para inserção no diagnóstico)

e “.pdf”.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Detalhe de algumas das metodologias utilizadas, que possibilitassem um melhor

entendimento ou avaliação da temática do diagnóstico se associado ao conteúdo, foram

descritos nos respectivos itens.

2. RESULTADOS DO DIAGNÓSTICO

2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO DA RESEX DO ALTO TARAUACÁ

2.1.1. Localização e acessos

A Reserva Extrativista do Alto Tarauacá situa-se na mesorregião do Vale do Juruá no

estado do Acre. Possui área total de 151.199,64 ha (Decreto de Criação, 2000 Anexo 1)

distribuída em três municípios: Jordão, Tarauacá e Marechal Thaumaturgo (Figura 1),

sendo sua maior porção no município de Jordão (87.952,1 ha - 58,2 %), seguida pelo

município de Tarauacá (57.992,4 - 38,4%) e apenas uma pequena área do município de

Marechal Thaumaturgo (5.246,7 ha - 3,5%). Apesar de incidir em três municípios, a

RESEX possui maior ligação, tanto econômica quanto social com o município de Jordão.

A sede administrativa da RESEX localiza-se atualmente em Rio Branco.

A RESEX do Alto Tarauacá localiza-se, em sua maior parte, na margem esquerda do rio

Tarauacá e abrange alguns de seus mais importantes afluentes na porção “alta” da

bacia: os igarapés São Salvador e seus afluentes, Nazaré, Mato Grosso, Zé de Melo, e

parcialmente os igarapés Primavera, América e São Vicente, além de parte do rio Jordão

em seu baixo curso. Possui seus limites confrontantes com outras áreas protegidas,

sendo ao norte com as terras indígenas rio Gregório e Kampa do igarapé Primavera, a

noroeste com a RESEX Riozinho da Liberdade, a leste com a terra indígena Jaminawá

Arara do rio Bagé, a sudoeste com a RESEX Alto Juruá e ao sul com a terra indígena

Kaxinawá do Baixo rio Jordão (Figura 2). Ainda, a sul também estão localizados imóveis

particulares, o assentamento municipal PCA Casulo São João a área urbana de Jordão e

a leste da RESEX possui limite com terras públicas não destinadas.

A partir da cidade do Jordão o acesso à área da RESEX pode ser feito a pé ou de barco

(Figura 3) e a partir da cidade de Tarauacá, apenas de barco. Jordão é acessível por via

aérea a partir de Rio Branco ou Tarauacá e fluvial de Tarauacá, trajeto que pode durar

mais de sete dias de batelão ou um dia e meio de voadeira em condições de água

favoráveis para navegação. Para chegar até Tarauacá de Rio Branco ou Cruzeiro do Sul

é possível usar a BR 364 ou por via aérea. A partir de Eirunepé (AM), Tarauacá é acessível

via rio Tarauacá.

Moradores das comunidades do entorno da RESEX acessam a área através da navegação

dos Rios Tarauacá e Jordão ou por caminhada (Figura 4). O acesso fluvial é bastante

dependente do regime de chuvas e em épocas de seca (junho a agosto) fica prejudicado

por conta do baixo volume de água nos rios e principais afluentes (Figura 4 e Figura 5).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 1. Localização da RESEX do Alto Tarauacá e acessos.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 2. Áreas protegidas no entorno da RESEX do Alto Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 3. Vista da cidade de Jordão as margens do rio Tarauacá, AC.

Figura 4. Deslocamento de canoa via fluvial no rio Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 5. Acesso fluvial prejudicado por conta do baixo volume de água no rio Tarauacá em

outubro de 2017.

2.1.2. Contextualização internacional

Atualmente existem diversas definições sobre a delimitação da Amazônia no contexto

internacional. No entanto, independente do critério utilizado para definir, a Amazônia

internacional (ou Pan-Amazônia) é a maior floresta latifoliada, representando mais da

metade das florestas tropicais remanescentes e compreende a maior biodiversidade em

uma floresta tropical no planeta. Além disso, esta região também compreende a maior

bacia hidrográfica do mundo com cerca de 6 milhões de km² e 1.100 afluentes que

drenam terrenos dos hemisférios sul e norte (MMA, 2017).

Utilizando somente os critérios florestais, a maior porção da Amazônia Florestal está

contida dentro do Brasil, seguido pelo Peru e com partes menores na Colômbia,

Venezuela, Equador, Bolívia, Suriname, Guiana e Guiana Francesa. Porém, utilizando

critérios hidrográficos, a Amazônia Hidrográfica exclui naturalmente Suriname, Guiana

e Guiana Francesa e, no caso, o Brasil inclui áreas dos Estados de Goiás, Mato Grosso e

Tocantins, cujos tributários meridionais do rio Amazonas nascem em regiões de domínio

do Cerrado (RIBEIRO, 2005).

Diante da dificuldade de se chegar a um acordo quanto às dimensões da Amazônia

Florestal e da Amazônia Hidrográfica, que divergem em números de países abrangidos

e extensão da área florestal, foi celebrado no ano de 1978 o Tratado de Cooperação

Amazônica, no qual foi possível criar uma definição geopolítica para a Pan-Amazônia

(RIBEIRO, 2005). Neste sentido, a Pan-Amazônia é composta pelos seguintes países e

suas respectivas dimensões: Brasil (70,5%), Bolívia (8,2%), Colômbia (5,5%), Peru

(10,3%), Equador (1,7%), Venezuela (0,6%), Guiana (1,8%) e Suriname (1,4%). O objetivo

deste tratado foi promover o desenvolvimento harmônico da região e o bem-estar de

suas populações, além de reforçar a soberania dos países sobre seus territórios

amazônicos.

Atualmente, sob a tutela da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA),

organização internacional dotada de secretaria permanente e orçamento próprio, estão

em execução mais de 20 iniciativas, projetos e programas, em áreas como meio

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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ambiente, assuntos indígenas, ciência e tecnologia, saúde, turismo e inclusão social.

Entre eles, destaca-se o Projeto Monitoramento da Cobertura Florestal na Região

Amazônica, executado desde meados de 2011, em parceria com o Instituto Nacional de

Pesquisas Especiais (INPE) (ITAMARATY, 2017).

O estado do Acre é incluído em qualquer uma das definições acima, já que este território

possui características florísticas e hidrográficas amazônicas. De acordo com o World

Wide Fund for Nature (WWF), que mapeou 867 ecorregiões em todo mundo, essa

porção da Amazônia está inserida nas ecorregiões Sudoeste da Amazônia e Várzea de

Iquitos. A ecorregião Sudoeste da Amazônia ocupa uma área de 1.886.000 km2,

ocorrendo na Bolívia, Brasil e Peru. Possui o maior número de mamíferos e aves

registradas para região biogeográfica da Amazônia com aproximadamente 257 espécies

para mamíferos e 782 espécies de aves (OLSON et al., 2001; WWF, 2017). Já a ecorregião

da Várzea de Iquitos inclui as florestas que são inundadas sazonalmente entre o Brasil e

o Peru, ocupando uma área de aproximadamente 114.995 km2.Essas ecorregiões juntas

são globalmente consideradas prioritárias para conservação, sendo amplamente

conhecidas como uma das áreas mais biologicamente diversas e pristinas que

permanecem no mundo de hoje (WWF, 2017) (Figura 6).

Com relação aos aspectos socioeconômicos, estas ecorregiões, principalmente na divisa

do Brasil e Peru, onde ainda residem alguns povos em isolamento voluntário (SHEPARD,

2017), são uma das porções menos povoadas e inacessíveis da Amazônia. A pressão de

uso dos recursos naturais feitas pelas populações indígenas e tradicionais é pequena,

visto a grande extensão de área naturais conservadas. No entanto, ameaças recentes

como mineração, extração madeireira, construção de rodovias e prospecção de petróleo

podem colocar em risco áreas importantes para conservação da biodiversidade (WWF,

2017). É importante salientar que ano de 2013, a Agência Nacional de Petróleo (ANP)

colocou para concessão novas áreas de exploração de petróleo e gás natural no Acre.

Ainda que não sejam destinadas à exploração de gás de xisto, as regras da licitação

determinam que, caso se encontre, pode-se extraí-lo, o que poderia causar danos

adicionais ao meio ambiente (RAISG, 2015)

O estado do Acre, juntamente com os departamentos de Ucayali e Madre Dios, no Peru,

forma um grande mosaico de áreas protegidas, se destacando neste território uma

grande concentração de Unidades de Conservação brasileiras e Terras Indígenas na

fronteira com o Peru e três grandes áreas protegidas peruanas, Parque Nacional Alto

Purús, Parque Nacional del Manu e Parque Nacional Sierra del Divisor, que juntas

somam mais de 7 milhões de hectares (Figura 7). No lado brasileiro, estas áreas fazem

parte da proposta de "Corredor Ecológico Oeste Amazônico", no âmbito do "Projeto

Corredores Ecológicos" (MMA, 2017). No lado peruano, as áreas são geridas pelo Serviço

Nacional de Áreas Naturais Protegidas (SERNANP), que tem o objetivo de contribuir para

o desenvolvimento sustentável do país por meio da gestão eficiente das áreas que

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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conservam amostras representativas da diversidade biológica, garantindo os serviços

ambientais, sociais e econômicos à sociedade (SERNANP, 2017). É importante salientar

que esta proposta de corredor no lado brasileiro nunca saiu do papel e não provocou

nenhuma modificação na região, principalmente no contexto da RESEX do Alto

Tarauacá. De todos os corredores propostos no âmbito do "Projeto Corredores

Ecológicos" apenas o Corredor Central da Amazônia e o Corredor Central da Mata

Atlântica foram efetivamente implementados pelo Ministério do Meio Ambiente

(MMA).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 6. Ecorregiões na porção sudoeste da Amazônia. No contexto da RESEX do Alto Tarauacá ocorrem as ecorregiões Sudoeste da Amazônia

(Southwest Amazon Moist Forest) e Várzea de Iquitos (Iquitos Varzeá).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 7. Áreas protegidas no contexto internacional e região da RESEX do Alto Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Ainda neste contexto, a localização da RESEX do Alto Tarauacá se situa em faixa de

fronteira, mais especificamente no arco norte da fronteira, sub-região Alto do Juruá, e,

portanto, assim como todas as unidades de conservação localizadas na Faixa de

Fronteira brasileira, também está legalmente subordinada a procedimentos específicos

orientados pela Estratégia Nacional de Segurança Pública nas Fronteiras (ENAFRON),

inserida no Plano Estratégico de Fronteiras instituído pelo Decreto 7.496 de 8 de junho

de 2011. Essa estratégia faz parte de um conjunto de políticas e projetos do Governo

Federal, que tem por finalidade melhorar a percepção de segurança pública junto à

sociedade e garantir a presença permanente das instituições policiais e de fiscalização

na região de fronteira do Brasil, otimizando a prevenção e a repressão aos crimes

transfronteiriços, por meio de ações integradas de diversos órgãos federais, estaduais e

municipais.

Nota-se que mais da metade das UC brasileiras em regiões de fronteira situam-se no

Arco Norte, existindo uma predominância de UC de Uso Sustentável (66,2% das 77

Unidades desse Arco). A relevância desta categoria de manejo é justificada pela elevada

proporção de Reservas Extrativistas na região (NEVES et al., 2016a). As maiores pressões

identificadas nestas RESEX do arco norte foram caça ilegal, extração ilegal de madeira,

pesca ilegal e mineração/garimpo. Certas pressões aparecem com uma incidência

menor do que a imaginada, como a biopirataria, o tráfico de drogas e as estradas

clandestinas, o que se deve provavelmente mais a possíveis falhas no levantamento do

que a verdadeira incidência dessas pressões e ameaças (NEVES et al., 2016a).

Apesar da importância da cooperação entre os órgãos de meio ambiente e os de

segurança pública para fins de combate a ilícitos ambientais, Neves e colaboradores

(2016b), que elaboraram um mapeamento das políticas públicas federais na faixa de

fronteira, ressaltam que os atuais programas existentes no âmbito do Ministério do

Meio Ambiente (MMA) com incidência na Faixa de Fronteira possuem poucas

possibilidades de interação com a segurança pública. No entanto, a criação e

fortalecimento dos conselhos gestores, a elaboração e atualização dos Planos de

Manejo das UC e posteriores ações de fiscalização e monitoramento podem gerar dados

relevantes das pressões, ameaças, infraestrutura e recursos humanos.

2.1.3. Contextualização nacional e estadual

Relevância das Reservas Extrativistas no Bioma Amazônico

A Amazônia é o bioma mais representativo do Brasil, recobrindo um território de

4.196.943 km2 (IBGE, 2004). Nesta região, como já dito anteriormente, se sobressaem e

predominam os ecossistemas de florestas dotadas de alta biodiversidade. No entanto,

existe um número bem maior de padrões ecológicos locais ou sub-regionais, tais como

as florestas de “terra firme”, igapós, enclaves de cerrados, campinaranas e diversos

ecossistemas localizados (e.g. campos de altitude, “pontões” rochosos e altas barrancas

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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do rio Amazonas) (AB’SABER, 2002). Além disso, diversos fatores ligados a ocupação

histórica da região moldaram o uso e ocupação do solo neste bioma, principalmente a

fragmentação florestal na região conhecida popularmente como Arco do

Desmatamento.

O Brasil também utiliza como forma de planejamento o conceito de Amazônia Legal,

inicialmente definida pela Lei nº 1.806, de 06 de janeiro de 1953, que atualmente possui

uma área de 5.217.423 km² (Figura 8). Além de abrigar todo o bioma Amazônia brasileiro,

ainda contém 20% do bioma Cerrado e parte do Pantanal, englobando a totalidade dos

estados do Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins

e parte do estado do Maranhão (MMA, 2017). É importante salientar também que neste

amplo território de florestas vivem ainda em torno de 23 milhões de pessoas, incluindo

populações indígenas de etnias distintas, além de ribeirinhos, extrativistas e

quilombolas (IBGE, 2010).

Neste mosaico de diferentes aspectos ecológicos, sociais e econômicos, as Reservas

Extrativistas se destacam na promoção do desenvolvimento sustentável, sendo uma das

categorias de Unidade de Conservação mais representativa da Amazônia. Esta grande

representatividade é um reflexo positivo da luta que foi iniciada principalmente pelos

seringueiros, que desde a década de 1980 buscam um modelo diferente de ocupação

amazônica, não baseado em projetos agropecuários extensivos, mineração e

extrativismo madeireiro.

A proposta de criação de Reservas Extrativistas na Amazônia surgiu inicialmente no

âmbito do Programa Nacional de Reforma Agrária e recebeu o nome de "Projeto de

Assentamento Extrativista" através da Portaria INCRA/P/Nº 627 de 30 de julho de 1987.

A partir de 1989, as Reservas Extrativistas tornaram-se parte do Programa Nacional de

Meio Ambiente, e foram reguladas pelo Decreto nº 98.897 de 30 de janeiro de 1990

como “espaços territoriais destinados à exploração autossustentável e conservação dos

recursos naturais renováveis por população extrativista” (ALLEGRETTI, 1995).

Em 2000 as Reservas Extrativistas passaram a fazer parte do Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (SNUC) sendo definida como “área utilizada por populações

extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e,

complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno

porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas

populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade”.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 8. Bioma amazônico e a delimitação da Amazônia Legal.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Considerando as esferas federal, estadual e municipal, atualmente existem 330

Unidades de Conservação na Amazônia, totalizando 1.167.297 km2 e representando

27,8% do total de UC do país. Atualmente Reserva Extrativista é a categoria de UC mais

numerosa da Amazônia, existindo atualmente 71 reservas contemplando 137.730 km2

(Figura 9) (CNUC, 2017).

Figura 9. Número de Unidades de Conservação por categoria de manejo no bioma amazônico.

A Reserva Extrativista possui o maior número de Unidades neste bioma.

As áreas das RESEX incidem em diversas das áreas prioritárias para conservação da

biodiversidade brasileira indicadas pelo MMA e nelas também ocorrem um considerável

número de espécies ameaçadas de extinção, contribuindo significativamente para a

conservação das espécies, ecossistemas e diversidade genética, e, consequentemente,

auxiliando em atingir as Metas de Aichi (Figura 10). Segundo o Atlas da Fauna Brasileira

Ameaçada de Extinção nas Unidades de Conservação Federais (NASCIMENTO e

CAMPOS, 2011), 37,3% das RESEX abrigam espécies ameaçadas de extinção dentro de

seus limites.

Além disso, Nepstad e colaboradores (2005), que analisaram o potencial das áreas

protegidas em diminuir os efeitos de desmatamento e do fogo, verificaram que as

Reservas Extrativistas também foram capazes de inibir uma quantidade significativa

destes impactos em seu interior.

71

6055

48

35

21 1914

61

0

10

20

30

40

50

60

70

80

RESEX Floresta RPPN Parque APA RDS ESEC REBIO ARIE RVS

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Categorias de Unidades de Conservação

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 10. Localização das Reservas Extrativistas na Amazônia e as Áreas prioritárias para Conservação da Biodiversidade.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Instrumentos de Planejamento Ambiental Territorial no estado do Acre

O estado do Acre possui atualmente 21 Unidades de Conservação, considerando as

escalas federal, estadual e municipal, que recobrem aproximadamente 35% de seu

território (Figura 11). Se considerarmos as Terras Indígenas nesta análise esta proporção

de áreas protegidas recobrindo o estado do Acre atinge 49%, reforçando a vocação do

Estado para a conservação da biodiversidade, além de salvaguardar os serviços

ambientais e estoque de carbono na região sudoeste da Amazônia.

De acordo com a Avaliação Rápida e Priorização da Gestão de Unidades de Conservação

(RAPPAM), 62% das UC no estado do Acre apresentam alta importância biológica e

socioeconômica. A elevada biodiversidade, a representatividade dentro do Sistema de

Unidades de Conservação, a presença de espécies-chave, a diversidade estrutural, a

manutenção da variação de processos e fenômenos, e de regimes de distúrbios naturais

são os parâmetros que mais influenciam a importância biológica do conjunto de UC.

Com relação a importância socioeconômica destacam-se, com valores altos, a

importância das áreas para a subsistência das comunidades locais, a oportunidade de

desenvolvimento da comunidade com base no uso sustentável dos recursos, a presença

de plantas e animais de importância socioeconômica e cultural, os benefícios e serviços

proporcionados pelo ecossistema à comunidade e o valor educacional e científico das

áreas (WWF-BRASIL, 2009).

Neste contexto merece destaque a mesorregião do Vale do Juruá, um território com

grande concentração de Unidades de Conservação e Terras Indígenas na região oeste

do estado do Acre. O uso e ocupação do solo, majoritariamente florestal deste território,

são explicados pelo seu histórico de ocupação que se iniciou com o estabelecimento dos

grupos indígenas e, posteriormente, no primeiro ciclo da borracha em meados do século

XIX. O início da exploração de borracha na região ocasionou uma ampla ocupação deste

território e diversos conflitos e enfrentamento entre índios e seringueiros. Neste

período várias populações indígenas foram praticamente extintas e as remanescentes

foram deslocadas para porções mais altas dos rios, na divisa entre Brasil e Peru. Com a

crise da borracha a partir de 1912, os seringais diversificaram a produção, gerando bens

e produtos para consumo local e em alguns casos para os centros urbanos. Neste

período por conta de um esvaziamento dos seringais a população indígena passa a ser

sistematicamente incorporada no trabalho nas colocações de seringa. A segunda e

última importante onda de povoamento desta região foi no início da Segunda Guerra

com a produção de borracha para abastecer a indústria bélica dos Estados Unidos, que

estavam impossibilitados de comercializar com os seringais da Malásia. Boa parte da

população de seringueiros e agricultores que hoje moram na região são desta segunda

leva de migração (IGLESIAS, 1998).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

37

Figura 11. Mapa das áreas protegidas do Acre e um detalhe do entorno da RESEX do Alto Tarauacá, AC.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

38

Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os seringais da Malásia voltaram a produzir,

havendo novamente uma queda internacional dos preços. Nas décadas de 60 e 70, a

Amazônia passou por grandes transformações, iniciando uma política de

desenvolvimento da região pelo governo militar. Muitos donos de terra da região

iniciaram a conversão da floresta em pastagens, iniciando o ciclo de desmatamento e

fragmentação da Amazônia. Esse processo de transformação e a falência da economia

da borracha fizeram com que grande parte das famílias abandonassem seus seringais

para viverem nas áreas urbanas da região ou modificaram radicalmente o modo de

produção adotando práticas agrícolas e até pecuária (IGLESIAS, 1998).

Dentro de um contexto nacional, na região do Alto Juruá é possível encontrar a atuação

do Programa Territórios da Cidadania, lançado pelo Governo Federal no ano de 2008.

Este programa tem como objetivos promover o desenvolvimento econômico e

universalizar programas básicos de cidadania por meio de uma estratégia de

desenvolvimento territorial sustentável. O Território Vale Do Juruá - AC abrange uma

área de 29.686,20 Km² e é composto por 5 municípios: Cruzeiro do Sul, Mâncio Lima,

Marechal Thaumaturgo, Porto Walter e Rodrigues Alves. Neste território foram

implantadas diversas ações em apoio às atividades produtivas oriundas da agricultura

familiar, projetos de cidadania e inclusão social e infraestrutura básica (MDA, 2017).

Com relação ao ordenamento territorial estadual, o governo do estado do Acre, através

do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE) e seus diversos mecanismos de

implementação, incluindo as políticas de desenvolvimento sustentável, tem exercido

forte influência no desenvolvimento das comunidades no estado e, consequentemente,

na conservação da biodiversidade inclusive dentro de áreas protegidas geridas pelo

governo federal.

De acordo com o mapa de gestão territorial do Acre, definido pelo ZEE, o território da

RESEX do Alto Tarauacá está dentro da Zona 2 – Uso sustentável dos recursos naturais

e proteção ambiental, que contempla as Unidades de Conservação, Terras Indígenas e

assentamentos diferenciados. De maneira geral as diretrizes de gestão territorial destas

zonas incluem ações necessárias de regularização fundiária, implementação de Planos

de Manejo, ações de demarcações, incremento de fiscalização, gestão de conflitos,

mobilização social e geração de renda e o fortalecimento da segurança alimentar por

meio do uso sustentável da biodiversidade.

No entorno da RESEX é possível encontrar tanto na Zona 2 quanto na Zona 3 (Área

prioritária para o ordenamento territorial), terras indígenas e projetos de assentamento

diferenciados. Inclui ainda as áreas já estabelecidas de produção ribeirinha ao longo dos

rios do território acreano. De maneira geral as diretrizes de gestão territorial destas

zonas incluem criação de Unidades de Conservação, criação de projetos de

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

39

assentamentos, de recuperação de reserva legal e áreas de preservação permanente, e

mediação de conflitos.

De acordo com as zonas prioritárias para implementação do ZEE – Zonas de

Atendimento Prioritário (ZAP) e Zonas Especiais de Desenvolvimento (ZED), as

comunidades da RESEX do Alto Tarauacá estão inseridas nas ZAP rio e ZAP UC. As ZAP

são áreas que têm alta vulnerabilidade ambiental associada ao baixo potencial social,

como as comunidades isoladas com alto índice de analfabetismo, reduzida capacidade

de organização, condições sanitárias e de saúde precárias. Nas ZAPs, o Plano de

Desenvolvimento Comunitário (PDC) é o principal mecanismo de gestão local que deve

ser elaborado pelo governo em conjunto com as Comunidades Polo das ZAP.

São objetivos básicos do PDC: a) proporcionar melhorias na qualidade de vida das

comunidades rurais integrando serviços básicos de educação, saneamento, cidadania,

assistência social e saúde; b) promover o fortalecimento comunitário como estratégia

de desenvolvimento econômico sustentado; c) consolidar estratégias de produção

sustentável com foco na floresta e na recuperação de áreas alteradas, bem como de

integração com as cadeias produtivas da agricultura familiar. Até o momento, pelo

menos três PDCs foram elaborados nas comunidades da RESEX do Alto Tarauacá: COP

Alagoas, COP Massapê e COP Duas Nações, e dois PDCs elaborados no entorno da RESEX:

COP Jaminawá e COP Redenção1.

Com relação aos recursos hídricos, o Plano Estadual dos Recursos Hídricos considera

ações nas unidades regionais de desenvolvimento, incluindo a Tarauacá-Envira onde a

RESEX se insere. Este plano está baseado em um diagnóstico da gestão dos recursos

hídricos do Estado, incluindo análise por unidade político-administrativa, tanto

municipais, incluindo Jordão e Tarauacá, quanto as unidades de gerenciamento de

recursos hídricos, incluindo a Tarauacá, e as regionais de desenvolvimento, incluindo a

regional Tarauacá-Envira.

O Plano Estadual de Prevenção e Controle dos Desmatamentos e o Plano Integrado de

Prevenção, Controle e Combate às Queimadas e aos Incêndios Florestais do estado do

Acre contém a estratégia estadual para lidar com o desmatamento e seu controle na

região, bem como a prevenção e controle de queimadas e incêndios florestais, indicando

informações e táticas para a região da RESEX do Alto Tarauacá. Nestes planos a região

da RESEX é indicada como pertencente à área de influência das Unidades de Gestão

Ambiental Integrada (UGAI) Jurupari, Acuraua e Liberdade.

1 Na gestão do ICMBio, as comunidades dos antigos seringais Jaminawá e Restauração que ficam no entorno imediato da Resex, são reconhecidas como beneficiárias da Unidade, conforme estabelecido no seu instrumento de gestão (Perfil da Família Beneficiária). Para o governo estadual, a comunidade Jaminawa não está incluída na RESEX Alto Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

40

Atuação do terceiro setor e as políticas públicas estaduais no contexto das Unidades de

Conservação

Com auxílios de parcerias e novas políticas públicas, o Acre foi um dos estados pioneiros

em propor e executar uma estratégia de desenvolvimento alternativo para a Amazônia

com base no conceito de desenvolvimento sustentável e na redução do desmatamento.

Estas iniciativas propiciaram uma dinamização das bases produtivas e econômica,

melhorando a infraestrutura urbana e rural e fortalecendo as cadeias produtivas

prioritárias (florestal, agrícola e pecuária) (MAIA et al., 2014).

Um destaque disso é o Sistema de Incentivos a Serviços Ambientais (SISA) que é

resultado de uma política de governo que incentiva a manutenção e a ampliação da

oferta de produtos e serviços ambientais no Acre como estratégia para enfrentar dois

desafios impostos pelas mudanças climáticas ocorridas no planeta: a redução de

impactos provocados pelas alterações no clima, como o aquecimento global; e a

adaptação a essas mudanças. Para isso, o SISA desenvolve sete diferentes programas –

entre eles o ISA Carbono, resposta acreana ao desafio mundial de redução de emissões

de gases de efeito estufa resultantes do desmatamento e da degradação florestal (SISA,

2017).

No contexto das áreas protegidas, a WWF-Brasil e o Governo do Acre assinaram

recentemente “a continuação de uma parceria” referente a um memorando de

entendimento para a realização de ações de conservação da natureza para o Estado.

Segundo o memorando ratificado pelas duas instituições e válido até dezembro de 2020,

as ações e atividades desta parceria vão se concentrar nas regiões do Alto e Baixo Acre,

no Purus e em Tarauacá-Envira – e terão, como função primordial, apoiar o

desenvolvimento de estratégias sustentáveis para floresta, agricultura e pecuária, e

consolidar a governança integrada de paisagens sustentáveis. Ainda, outros temas

constantes no memorando incluem a perspectiva de fortalecer o bom manejo das

florestas acreanas; a revisão do Zoneamento Econômico Ecológico do Estado; o

fortalecimento de mecanismos econômicos e financeiros de valorização do capital

natural; e o desenvolvimento de atividades relacionadas à agropecuária sustentável e

de baixo carbono. Agendas mais antigas – como a melhoria da efetividade de gestão de

Unidades de Conservação e as ações do Programa Áreas Protegidas da

Amazônia (ARPA) no Acre – também estão no pacote; assim como temas relacionados

a mudanças climáticas e o aumento do uso de alternativas energéticas sustentáveis e

descentralizadas.

Outro projeto relevante para região, foi a celebração do Acordo de Cooperação Técnica

(DOU 11/05/2016 pág. 203, Seção 3) entre o Instituto Chico Mendes de Conservação da

Biodiversidade (ICMBio) e o estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Meio

Ambiente (SEMA), do Instituto de Meio Ambiente do Acre (IMAC), do Instituto de

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

41

Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais (IMC), da Secretaria de

Turismo e Lazer (SETUL), da Secretaria de Estado de Extensão Agroflorestal e Produção

Familiar (SEAPROF), do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF), da Polícia

Militar do estado do Acre, da Secretaria de Estado da Educação e Esporte (SEE) e da

Secretaria de Estado da Saúde, com objetivo de realizar cooperação mútua na

implantação de programas e projetos socioambientais e florestais, em especial para a

cooperação na gestão das Unidades de Conservação e a consolidação do Sistema

Estadual de Áreas Naturais Protegidas (SEANP) no estado do Acre nos três níveis de

governo, com vigência de até o dia 31 de dezembro de 2018, prorrogáveis.

No âmbito da política estadual, é importante citar o Programa de Inclusão Social e

Desenvolvimento Econômico e Sustentável do Acre (ProAcre), que é resultado do

compromisso assumido pelo governo acreano no sentido de proporcionar uma maior

inserção das comunidades rurais no desenvolvimento regional, fomentando políticas

estaduais que garantam a melhoria da qualidade de vida, sustentabilidade

socioambiental e econômica dessas comunidades. As linhas de atuação do ProAcre

baseiam-se em um plano de ordenamento territorial que priorize diversas localidades,

em especial as Zonas de Atendimento Prioritário (ZAPs) citadas anteriormente.

2.1.4. Contextualização municipal

A Reserva Extrativista do Alto Tarauacá, como já descrito, incide na área de três

municípios: Jordão, Tarauacá e Marechal Thaumaturgo (Figura 12), ocupando uma área

de 87.952,1 ha do município de Jordão (16,42% do município), 57.992,4 ha do município

de Tarauacá (2,87%) e 5.246,7 ha do município de Marechal Thaumaturgo (0,64%). Os

moradores e a gestão da RESEX mantêm muito mais vínculos com o município do Jordão

do que com Tarauacá, e não mantém relação com o município de Marechal

Thaumaturgo. Por esse motivo a contextualização socioeconômica foi feita dos dois

primeiros municípios, com ênfase em Jordão.

As informações secundárias desse tópico foram recolhidas em base de dados oficiais das

principais instituições de pesquisa de nível nacional e estadual, amplamente utilizadas

como suporte à análise e elaboração de políticas públicas. As bases de dados

consultadas incluem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Atlas do

Desenvolvimento Humano no Brasil (ATLAS), Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Ministério de Educação e Cultura (MEC), Banco de

Dados do Sistema Único de Saúde (Datasus), Secretaria do Tesouro Nacional, Ministério

do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), além de entidades estaduais, em

especial aquelas ligadas ao ordenamento territorial e meio ambiente, como Secretaria

de Estado de Meio Ambiente do Acre (SEMA) e Secretaria de Estado de Planejamento

do Acre (SEPLAN). Combinados com esses dados foram realizadas consultas às

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

42

informações disponibilizadas em sites oficiais das instituições citadas, sites de

universidades, Secretarias Estaduais, sites das Prefeituras dos municípios e demais

instituições locais.

Figura 12. Municípios que compõe a Reserva Extrativista do Alto Tarauacá.

2.1.4.1. O município de Jordão

Histórico e informações gerais

O território que atualmente compõe o município de Jordão fazia parte do município de

Tarauacá, quando era distrito localizado na sede do seringal Itália. Em 1955, passou a

ser chamado de Vila Jordão contando com um subprefeito, Manoel Rodrigues de Farias,

nomeado pelo Prefeito de Tarauacá, Arnaldo Gomes de Farias. A emancipação da Vila

Jordão ocorreu em 1992, quando o município do Jordão passou a ter 5.357,282 Km2

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

43

(IBGE, 2017a), com a sede urbana de mesmo nome no local da antiga Vila Jordão e

Hilário de Holanda Melo como primeiro prefeito (SEMA, 2010). A família Farias e Melo

são, desde então, as mais influentes na região.

O município de Jordão está localizado na regional Tarauacá/Envira mais precisamente a

oeste do estado do Acre, fazendo limites com o município de Tarauacá, o município de

Feijó, o município de Marechal Thaumaturgo e com o Peru, portanto é território de

fronteira internacional. Sua sede se localiza na confluência do rio Tarauacá com o rio

Jordão, cujas nascentes localizam-se em território Peruano (SEMA, 2010a). O território

do município inclui toda a bacia do rio Jordão, todos os afluentes do alto rio Tarauacá, e

os afluentes da margem esquerda do alto rio Muru, afluente do rio Tarauacá.

A lei que define os limites do município do Jordão e de Marechal Thaumaturgo indica

que o limite do Jordão deve seguir os divisores de águas dos rios Juruá, Jordão e

Tarauacá na divisa com Marechal Thaumaturgo cujo limite com Jordão inicia na

nascente do igarapé São Salvador (ACRE, 1992). Um erro cartográfico na base

hidrográfica utilizada deixou uma área da bacia do rio Juruá dentro do município do

Jordão. Em 2004, na oportunidade da ampliação do território do estado do Acre em mais

de 12.200 Km2, por consequência da readequação da linha Cunha Gomes, os limites do

município do Jordão foram revistos e ajustado, assim como de outros do estado (MDA,

2011)2.

Acesso

A cidade de Jordão dista 344 km da capital Rio Branco, AC. Não há acesso rodoviário,

sendo este através do rio Tarauacá, navegando a partir da cidade de Tarauacá. A viagem

em batelões ou cascos, de subida, variam de quatro a oito dias, dependendo da estação

do ano, do nível das águas do rio e do tipo de embarcação. A viagem de baixada varia

entre dois a quatro dias. Há também acesso via linhas de táxi aéreo, com pista de pouso

para aeronaves de pequeno e médio porte.

O acesso de moradores da zona rural até a cidade também é majoritariamente feito de

barco pelos rios Tarauacá e Jordão, podendo levar dias desde as casas mais distantes,

como as famílias residentes dentro do igarapé São Salvador e seringal Tabocal. Algumas

famílias residentes nas comunidades dos seringais mais próximos, como o Duas Nações,

Boa Vista e no Projeto de Assentamento Casulo -PCA São João podem caminhar até a

cidade, porém estas são poucas. Além destes, os moradores da bacia do rio Muru

acessavam a cidade do Jordão a pé por um antigo ramal que ligava a comunidade do

Novo Porto até o Jordão. Recentemente, este ramal foi ampliado e teve as condições

2 Essa área ajustada incide justamente dentro dos limites da RESEX do Alto Tarauacá. No entanto a RESEX não teve seu limite revisto e passou a ter terras da bacia hidrográfica do rio Juruá, no município de Marechal Thaumaturgo. Porém, conforme apresentado no capítulo 2.3.9 este trecho de terra é reivindicado pelos indígenas da TI Jaminawa Arara do Rio Bagé para ampliação de sua terra.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

44

melhoradas para possibilitar o tráfego de veículos, passando a ser nomeado como Ramal

da Integração3 (Figura 13). Estes fatores de isolamento entre as comunidades e a cidade

contribui para agravar as diferenças dos serviços prestados pelo poder público e de

características da população entre a zona rural e urbana do município.

Figura 13. Vista aérea da situação atual do Ramal da Integração que liga a cidade de Jordão ao

Novo Porto as margens do rio Muru.

3 Ver capítulo 2.3.9 para mais detalhes sobre o Ramal da Integração no contexto da RESEX do Alto Tarauacá, do Plano Local de Ordenamento Territorial e de conflitos com indígenas.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

45

Aspectos demográficos e sociais

Jordão tinha uma população de 6.577 habitantes e 1.303 famílias (5 pessoas por família)

em 2010, possuindo a terceira menor população do Estado. Sua densidade demográfica

era de 1,23 habitantes por quilometro quadrado, sendo uma das menores comparadas

com os municípios do Brasil (IBGE, 2017a).

Em 1996, ocasião em que passa pela primeira contagem populacional, havia 3.977

habitantes, em 2010 passou para 6.577 pessoas, ou seja, houve um crescimento

bastante elevado, chegando à 65,38% (Figura 14). Considerando os censos demográficos

de 2000 a 2010, a população do município ampliou, à taxa de 3,96% ao ano, sendo

superior àquela registrada no Estado, que ficou em 2,79% ao ano (MDS, 2017a). Em

2010, a população da área urbana era de aproximadamente 2.272 pessoas, enquanto a

da zona rural era 4.305 pessoas, o que representava 65,45% do total. Entre 2000 e 2010

houve aumento considerável na taxa de urbanização, quando o percentual da população

urbana aumentou de 19,35% para 34,54%. A população estimada para 2016 é de 7.685

habitantes (projeção de crescimento de 16,84%), sendo que 3.381 estariam na cidade e

4.304 na zona rural – considerando a taxa de crescimento médio anual de 1,5 adotada

pela prefeitura de Jordão. Quer dizer, a expectativa da gestão do município é que apenas

a população urbana tenha crescido, enquanto a população rural estacionou entre 2010

e 2016 (Tabela 1). Neste ritmo, a previsão é que em 2.020 50% da população seja urbana

(JORDÃO, 2013).

Figura 14. Evolução da população residente do município de Jordão. O trecho em destaque

amarelo corresponde a um dado estimado do ano de 2016 (Fonte: IBGE,2017a).

0

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

7.000

8.000

9.000

1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Jordão

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

46

Tabela 1. Crescimento populacional e taxa de urbanização no Jordão.

Ano Total Urbana Rural Taxa de urbanização (%)

2000 4454 863 3591 19,35

2010 6577 2272 4305 34,54

2016 7685 3381 4304 43,99 (Fonte: IBGE, 2010; JORDÃO, 2013).

A população da zona rural é praticamente toda moradora das áreas protegidas (RESEX

Alto Tarauacá ou TI Kaxinawa); pelo menos 3.827 dos 5.030 ou seja, 76%. Os 1.350

moradores da RESEX do Alto Tarauacá, por sua vez, representam 18% da população do

município e 27% da população rural. Atualmente, os habitantes da zona rural de Jordão

mantêm residência nas margens dos rios Jordão, Tarauacá e Muru e nos seus principais

afluentes, os igarapés Jaminauá, São Salvador, Mato Grosso e Mercedes (SEMA, 2010a).

A população indígena conhecida de Jordão, é representada pelos povos Huni Kui

(Kaxinawá) com 2.477 habitantes o que representa 32,18% do total da população do

município (considerando o total projetado para 2016) e estão distribuídos em 35 aldeias.

Além destes, há povos isolados habitando as TIs Alto Tarauacá e Cabeceiras dos rios

Muru e Iboiaçu sem estimativa populacional4.

Quanto à estrutura demográfica, percebe-se que a população feminina, no ano de 2010,

é ligeiramente menor (3.165) que a masculina (3.412) e se manteve em proporções

semelhantes desde o ano 2000. A população de Jordão é bastante jovem, 60,54% de

moradores possuem menos de 19 anos (Figura 15), provavelmente fruto do mesmo

processo que faz com que a esperança de vida seja baixa, de apenas 69 anos, sendo

maior apenas do que em 422 municípios do Brasil. Mesmo assim, houve uma melhora

desde 2000 quando a esperança de vida era 5 anos menor do que em 2010. Um índice

preocupante é o de meninas entre 10 e 17 anos que tem filhos, 9,71%, o que quer dizer

que aproximadamente 1 em cada 10 meninas até 17 anos tem filhos, o 22º maior valor

entre todos os 5.566 municípios brasileiros.

4 Maiores informações sobre os indígenas de Jordão, ver capítulo 2.3.9

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

47

Figura 15. Faixa etária da população residente em Jordão em 2010 (em hab.) (Fonte do dado:

IBGE, 2010).

A caracterização demográfica da extrema pobreza do município apresenta que para o

ano de 2010, 49,7% da população municipal vivia em situação de extrema pobreza, ou

seja, com renda domiciliar per capita abaixo de R$ 70,00, o que significa um total de

3.269 pessoas. Desse total, 2.925 (89,5%) viviam no meio rural e 343 (10,5%) no meio

urbano. O gráfico abaixo (Figura 16) apresenta o número de pessoas por faixa etária em

condições de extrema pobreza, indicando que 63,3% dos extremamente pobres do

município têm de zero a 17 anos, sendo que o maior grupo, as crianças de 6 a 14 anos,

representam 30,5% do total (MDS, 2017b).

Figura 16. População em situação de extrema pobreza por faixa etária (unidade: nº de

pessoas) (Fontedo dado: IBGE, 2010).

28

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48

IDHM

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é um índice composto

agregando indicadores de três dimensões do desenvolvimento humano: longevidade (a

oportunidade de viver uma vida longa e saudável), educação (de ter acesso ao

conhecimento) e renda (ter um padrão de vida que garanta as necessidades básicas),

que pode variar de 0 e 1 (ATLAS, 2017a).5

Em 2000, Jordão tinha o 3º menor IDHM entre os municípios do Brasil. Em 2010, O IDHM

passou de 0,222 para 0,469 com uma taxa de crescimento de 111,26%, situando Jordão

na faixa de Desenvolvimento Humano Muito Baixo (IDHM entre 0 a 0,499) e

representando o 7º menor do Brasil (Figura 17). Apesar de ser de entendimento

complexo, o IDHM apresenta rápida e explicitamente a situação socioeconômica do

município.

Figura 17. Evolução do IDHM (Fonte: PNUD, IPEA, FJP).

A dimensão que mais contribui para o IDHM do município é Longevidade, com índice de

0,731, seguida de Renda, com índice de 0,499, e de Educação, com índice de 0,283, que

é o componente do IDHM que puxa o índice do município para baixo (Figura 18).

5 Maiores detalhes sobre o cálculo do IDHM está disponível na seção Metodologia, no Atlas do Desenvolvimento Humano disponível em: http://atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/idhm/

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

49

Figura 18. IDHM do município de Jordão (Fonte: PNUD, IPEA, FJP).

Educação

O município de Jordão oferece, juntamente com o Estado, o ensino pré-escolar, o ensino

básico (fundamental e médio). Dispõe também de ensino em nível superior, oferecido

pelo Governo do Estado em parceria com a Universidade Federal do Acre. Em outubro

de 2010 uma turma concluiu o curso de letras (SEMA, 2010a). No ano de 2015,

computou-se 73 estabelecimentos de ensino, sendo 4 de ensino pré-escolar municipais,

67 de ensino fundamental (sendo 61 de escola municipal e 6 estadual) e 2 de ensino

médio estaduais a maioria em área rural (SEMA, 2010a; IBGE, 2017a).

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) criou em

2007 um índice para medir a qualidade do aprendizado nacional e estabelecer metas

para a melhoria do ensino o IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Esse

índice é de 0 a 10 e foi colocado como meta para 2021 o Brasil atingir uma média de 6,0.

Em 2015, os alunos dos anos iniciais da rede pública da cidade tiveram nota média de

4,8 no IDEB. Para os alunos dos anos finais, essa nota foi de 4 (IBGE, 2017a).

Em 2015, tiveram 2.673 matrículas para ensino fundamental, 477 para ensino médio,

157 para pré-escola (Figura 19). A taxa de escolarização (para pessoas de 6 a 14 anos) foi

de 71,3% em 2010 (ACRE, 2017).

Figura 19. Matrículas realizadas em Jordão (Fonte do dado: IBGE, 2015).

0,731 0,499 0,283

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

50

A taxa de analfabetismo no município diminuiu significativamente entre 2000 e 2010,

em proporções parecidas em todas as faixas etárias, porém ainda é alta principalmente

entre maiores de 25 anos (69%). É preocupante que em 2010 houvesse 18% dos

adolescentes entre 11 e 14 anos analfabetos, mais do que jovens entre 15 e 24 anos

(Figura 20). Outro dado alarmante é que 66% das pessoas vivem em residências onde

ninguém completou o ensino fundamental.

Figura 20. Taxa de analfabetismo no Jordão por faixa etária (Fonte: Atlas,2017).

Fazendo uma análise do analfabetismo sob a ótica da população em extrema pobreza,

de acordo com o censo de 2010, 484 crianças de 0 a 3 anos não frequentavam a creche,

o que representa 90,1% do total de crianças nessa faixa etária. Entre 4 a 5 anos, havia

204 crianças fora da escola (76,5%) e, no grupo de 6 a 14 anos, eram 434 (43,6%). Por

fim, entre os jovens de 15 a 17 anos na extrema pobreza, 76 estavam fora da escola, ou

seja, 28,1% dos jovens extremamente pobres nessa faixa etária (MDS, 2017b).

O município conta com um Plano Municipal de Educação para o Decênio 2015-2025

(JORDÃO, 2015) que tem como metas:

1. Ampliar a oferta de educação infantil;

2. Universalizar o ensino fundamental de 9 anos e garantir que 90% dos alunos

conclua esta etapa;

3. Ampliar o atendimento escolar indígena;

4. Garantir o atendimento educacional especializado em salas de recursos

multifuncionais;

5. Alfabetizar todas as crianças até o 3º ano do ensino fundamental;

6. Oferecer educação em tempo integral em 10% das escolas da rede municipal;

7. Fomentar a qualidade da educação básica do ensino infantil ao fundamental;

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

51

8. Aderir ao programa de educação de jovens e adultos para atender a população

de 15 a 45 anos;

9. Elevar a taxa de alfabetização da população de 15 anos ou mais para 65% e

reduzir a taxa de analfabetismo absoluto para 90% e funcional para 50%;

10. Oferecer 100% de vagas em todas as modalidades do ensino fundamental I e II

nas escolas municipais de ensino básico;

11. Atender as demandas da educação infantil de 3 a 5 anos nas terras indígenas;

12. Elevar a qualidade da educação básica nas terras indígenas;

13. Garantir que todos os professores(as) da educação básica possuam formação

especifica de nível superior;

14. Elevar o número de profissionais efetivos do quadro do magistério da SEME;

15. Garantir piso salarial dos professores municipais igual ao piso nacional dos

professores;

16. Assegurar a existência de planos de carreira para os profissionais da educação

básica e superior pública de todos os sistemas de ensino;

17. Assegurar condições para a efetivação da gestão democrática da educação nas

instituições de ensino que tenham matrículas superiores a 100 alunos;

18. Assegurar a aplicação dos recursos do FNDEB.

Saúde

De acordo com dados do DATASUS (data de referência junho de 2017) (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2017a), os serviços de saúde são ofertados pela Secretaria de Saúde do

município em conjunto com o Estado e a Federação, num total de 6 estabelecimentos

(Tabela 2).

O município está dividido em 16 micro áreas de atendimento de saúde. Pelo governo

Federal o município conta com um Polo de Saúde da Fundação Nacional de Saúde –

FUNASA, responsável pelo atendimento à saúde da população indígena do município

(SEMA, 2010a).

Tabela 2. Estabelecimentos de saúde no município de Jordão.

ESFERAS Nº TIPO DE ESTABELECIMENTO

MUNICIPAL

TOTAL DE 6

4 CENTRO DE SAUDE/UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

1 SECRETARIA DE SAÚDE

1 UNIDADE DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA

MUNICÍPIO + ESTADO 1 UNIDADE MISTA

FEDERAL 1 UNIDADE FUNASA

Fonte: DATASUS (2017) e SEMA (2010a).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

52

A Unidade de Saúde da Família oferece serviços voltados às necessidades básicas em

saúde, consultas ambulatórias, odontológicas e serviço de atendimento domiciliar

através dos Agentes de Saúde. Já a Unidade Mista de Saúde presta atendimento em

atenção básica e integrada, de forma programada ou não nas especialidades básicas

com unidade de internação sob administração única (SEMA, 2010a).

Segundo SEMA (2010a) a FUNASA é o órgão responsável, desde 1999, pela atenção

integral à saúde dos Povos Indígenas e possui 46 servidores para esse fim. Detém uma

estrutura física na cidade onde funciona a parte administrativa e a farmácia, bem como,

o Polo de Atendimento, localizado na Aldeia Boa Vista. Segundo informações da

coordenação local de saúde, as doenças mais comuns estão relacionadas com a

desnutrição, pneumonia, gastroenterite e hipertensão. A FUNASA atua também no

controle da Malária.

Quanto às equipes de saúde, constam um total de 4, sendo 1 equipe de saúde da família,

1 equipe de saúde bucal, 1 equipe multidisciplinar de atendimento básico de saúde

indígena e 1 equipe atendimento aos ribeirinhos com saúde bucal, segundo DATSUS com

referência a junho de 2017. Nessas equipes há um total de 148 profissionais, sendo a

maioria deles alocados nos centros de saúde e unidades básicas (35%) e na unidade

mista (25%).

Segundo os dados do DATASUS, entre os maio de 2016 e maio de 2017, houve 11

internações, sendo a principal causa por gravidez (54,5%) (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2017b). Quanto aos óbitos hospitalares, segundo os dados do DATASUS do ano de 2015,

Jordão apresentou 6 óbitos hospitalares por ocorrência sendo 1 por doenças cardíacas,

1 de doenças crônicas das vias aéreas inferiores, 2 doenças originadas no período

perinatal e 1 por causas externas (lesões e agressões) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017c).

A taxa de mortalidade infantil média no município é de 21,35 para 1.000 nascidos vivos.

Comparados com outros municípios do Acre, é o 7º dentre 22 (IBGE, 2017a). Ao longo

dos anos houve uma queda dessa taxa, que apresentou picos bem elevados nos anos

2009 e 2011 e de lá adiante só baixou para níveis próximos aos do estado do Acre (Figura

21).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

53

Figura 21. Evolução da taxa de mortalidade infantil de Jordão (unidade: óbitos por mil nascidos

vivos), comparativamente ao estado do Acre, Brasil e Taxa recomendável pela Organização

Mundial de Saúde – OMS (Fonte: Ministério da Saúde, DATASUS 2008 – 2014; (1) Valor

considerado aceitável pela OMS.).

Renda, trabalho e pobreza

A população adulta economicamente ativa, com idade acima de 18 anos, para o ano de

2010 foi de 1.742 pessoas, representando 26,48% da população. Desse total, 1.577

estavam ocupadas e apenas 165 desocupadas, sendo que apenas 36% dos trabalhos

eram formalizados (Atlas, 2017a).

As informações sobre os setores que mais empregam no Jordão, de acordo com o Altas

do Desenvolvimento Humano no Brasil (2017a), indica que os setores agropecuário e de

serviços empregam quase 40% dos empregados cada um em 2010 (Figura 22). Já o

diagnóstico realizado pela SEMA-AC para subsidiar o OTL do município indica que

existem 545 pessoas empregadas apenas nas secretarias do poder executivo municipal

(Tabela 3), quer dizer 22% da população adulta economicamente ativa (segundo o IBGE)

e 40% dos empregados em 2010 (ATLAS, 2017a). Entre os ocupados, o rendimento

médio é de R$ 604,57 (ATLAS, 2017a), no entanto, mais de 30% das pessoas com alguma

ocupação não tem rendimento.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

54

Figura 22. Setores de ocupação da população do município do Jordão. (Fonte: ATLAS,2017a).

Tabela 3. Quantidade de pessoas empregadas nas secretarias municipais do Jordão em 2010.

Secretaria Efetivos Comissionados Prestadores

de serviço Total

Administração 97 16 7 120

Finanças 0 1 0 1

Planejamento 0 1 0 1

Cultura, Desporto e Lazer 1 0 0 1

Agricultura e Meio Ambiente 1 1 0 2

Saúde e Saneamento 60 3 1 64

Educação 310 22 0 332

Povos Indígenas 0 5 0 5

Ação Social 13 3 3 19

Total 482 52 11 545

Fonte: SEMA, 2010a

O setor privado apresentou padrão interessante entre 2010 e 2015 no Jordão com a

redução expressiva no número de empresas, compensada pelo aumento no número de

pessoas trabalhando nas mesmas (Figura 23). Assim, o total de pessoas ocupadas e

assalariadas nestas empresas flutuou entre 2012 e 2014, mas se manteve estável a partir

de 2015, retornando aos mesmos patamaras anteriores a 2012, em torno de 500

pessoas (Figura 24).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

55

Figura 23. Quantidade de empresas e trabalhadores nas empresas do Jordão. (Fonte: IBGE

2017).

Figura 24. Quantidade de trabalhadores e assalariados nas empresas do Jordão. (Fonte: IBGE

2017).

O salário médio dos empregados nas empresas variou entre os anos de 2007 a 2015 de

1,3 a 1,9 salários mínimos, apresentando os maiores picos (1,9) nos anos de 2009 e 2013.

O ano de 2015 foi o que apresentou o menor salário médio mensal com de 1,3 salários

mínimos. Considerando o ano de 2010 e fazendo uma comparação com o valor do

salário médio dos empregados, que era de 1,4 salários mínimos e que à época

representava R$ 714,00, com a renda per capita média da mesma época, esse salário

representava um valor 4 vezes maior e ainda um pouco mais elevado do que a renda

per capita média do quinto mais rico do município (R$ 638,10) (Figura 25 e Figura 26).

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

2010 2011 2012 2013 2014 2015

Número de empresasatuantes

Pessoas/empresa

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56

Figura 25. Variação do salário médio dos empregados nas empresas do Jordão. (Fonte: IBGE

2017).

De acordo com o Atlas (2017a), a renda per capita média de Jordão em 2010 foi de R$

178,03, tendo crescido 180,36% nas últimas duas décadas. Isso equivale a uma taxa

média anual de crescimento nesse período de 5,58%. Apenas 28% da renda municipal é

apropriada pelos 80% mais pobres, padrão que se mantém desde 2000. Naquele ano,

mais de 90% da população era pobre e mais 77% era extremamente pobre. Em 2010

houve melhora na situação de pobreza no município, porém 70% ainda era pobre e 49%

era extremamente pobre. No entanto, a renda per capita dos extremamente pobres

diminui de R$ 20 para R$ 19. A média do rendimento do quinto mais pobre da população

era de menos de R$ 2,00, sendo R$ 14,5 a renda máxima deste quinto. Quase 4 mil

pessoas (60% ou 3/5 da população) tinham renda per capita máxima inferior a R$ 100,00

(Figura 26).

Figura 26. Renda mensal média e máxima da população do Jordão. Renda máxima ausente nos

quinto e décimo mais ricos. (Fonte: Atlas, 2017a, Dados de 2010).

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57

Aspectos econômicos

Segundo dados de SEMA (2010a), o município de Jordão é considerado um dos mais

isolados do Acre, pois não possui acesso terrestre para os municípios vizinhos. Nesse

sentido, o município de Tarauacá desempenha um importante papel para a economia

de Jordão em fornecer grande parte da mercadoria para o município. As principais

atividades econômicas desenvolvidas são: a pecuária, a agricultura de subsistência,

onde apenas o excedente é comercializado e o extrativismo vegetal. Assim como em

Tarauacá, Jordão se mantém basicamente de recursos repassados para Prefeitura,

provenientes do repasse constitucional do ICMS e do fundo de participação dos

municípios – FPM, o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de

Valorização dos Profissionais da Educação-FUNDEB, da circulação de dinheiro no

comércio local e na comercialização da produção agrícola.

A receita orçamentária do município passou de R$ 16 milhões em 2010 para R$ 22,2

milhões em 2015, o que retrata uma alta de 38,6% no período. A despesa passou de R$

13,9 milhões em 2010 para R$ 22,5 milhões em 2015, aumentando 61,4 % durante o

período. Durante os dois últimos anos de análise houve um pequeno déficit

orçamentário (http://comparabrasil.com/municipios/paginas/modulo1.aspx) (Figura

27).

Figura 27. Evolução da receita e despesa do município de Jordão (Fonte: dados da Secretaria

do Tesouro Nacional e do IBGE).

A proporção das receitas próprias, ou seja, geradas a partir das atividades econômicas

do município, em relação à receita orçamentária total no ano de 2015 foi de apenas

11,49%. O restante da receita é advindo de transferências intergovernamentais

(88,41%) e outras receitas de transferência (0,09%). Da receita total advinda das

transferências intergovernamentais, a maior porcentagem vem de recurso da FUNDEB

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58

(35,63%), seguido da cota Fundo de Participação dos Municípios- FPM (23,8%). Já o ICMS

representa, 16,2% do total da receita advinda de transferências intergovernamentais e

14,3% do valor total da receita do município de Jordão (Figura 28). Vale lembrar que o

município Jordão deve estar sendo contemplado com repasse do ICMS Verde de forma

gradual deste do exercício fiscal de 2010 6 , considerando como cota ideal para o

município de Jordão segundo proposta da SEMA em 20107 a proporção de 3,9% do valor

de repasse do estado.

6 Decreto nº 4.918 de 29 de dezembro de 2009 -Regulamenta a Lei nº 1.530, de 22 de janeiro de 2004, o qual

destina 5% (cinco por cento) do ICMS arrecadado pelo Estado aos municípios que conservem a biodiversidade e executem projetos de desenvolvimento sustentáveis, saúde e educação. 7 Portaria SEMA nº 91 de 28 de dezembro de 2010 institui a fórmula de cálculo e os índices para aplicação da cota-

ideal do ICMS Verde a ser transferida para cada município do Estado.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

59

Figura 28. Representação esquemática da composição das porcentagens dos valores totais de Receita e Despesa do município de Jordão para o ano de

2015 (Fonte: https://meumunicipio.org.br/perfil-municipio/1200328-Jordao-AC?exercicio=2015).

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60

As despesas com educação, administração, saúde, agricultura e assistência social foram

responsáveis por 93,27% das despesas totais municipais para o ano de 2015 (Figura 29).

Figura 29. Distribuição percentual das despesas de Jordão para o ano de 2015 (Fonte: dados da

Secretaria do Tesouro Nacional e do IBGE).

O Produto Interno Bruto (PIB) é a soma total dos bens e serviços produzidos pelas

unidades produtoras residentes destinados ao consumo final e pode ser demonstrado

por três óticas: produção, despesa e renda. É um dos indicadores mais utilizados na

macroeconomia, e tem o objetivo principal de mensurar a atividade econômica de uma

região.

No ano de 2014, o município de Jordão tinha um PIB de R$ 69,16 milhões, distribuídos

da seguinte forma:

• Valor adicionado bruto da Agropecuária: R$ 9.797,00 (x 1.000) ou 14,16% do PIB

Municipal;

• Valor adicionado bruto da Indústria: R$ 2.503,00 (x1.000) ou 3,6% do PIB

Municipal;

• Valor adicionado bruto dos Serviços: R$ 7.396,00 (x1.000) ou 10,69% do PIB

Municipal;

• Valor adicionado bruto de Administração, saúde e educação públicas e

seguridade social: R$ 48.472,00 (x1.000) ou 70,08% do PIB Municipal;

• Valor adicionado bruto dos Impostos: R$ 998,00 (x1.000) ou 1,44 % do PIB

Municipal.

Desta forma, o município possui um PIB per capita no valor de R$ 9.436,00.

0,21% 0,43% 0,48% 0,52% 1,64% 1,65%

1,81%

3,18%

5,60%

14,21%

21,25%

49,03%

Direitos da Cidadania

Previdência Social

Cultura

Gestão Ambiental

Legislativa

Transporte

Urbanismo

Assistência Social

Agricultura

Saúde

Administração

Educação

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

61

Figura 30. Valores adicionados bruto do PIB de Jordão - 2014 (Fonte: IBGE, 2017a).

O PIB do município de Jordão vem apresentando uma tendência crescente nos últimos

anos, acompanhando o padrão para o estado do Acre, que em 2014 cresceu 4,4%, a

quarta melhor taxa de crescimento dentre as unidades da Federação (IBGE, 2017a;

ACRE, 2017) (Figura 31).

Figura 31. Evolução do PIB per capita entre os anos de 2010 e 2014 – valores comparativos entre

o município de Jordão, o estado do Acre e o Brasil (Fonte: adaptado de IBGE em parceria com

os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona

Franca de Manaus - SUFRAMA).

Produção agroflorestal, agropecuária e extrativista

Analisando os aspectos econômicos do município sob a ótica de sua capacidade de

geração de renda através de atividades nas áreas da pecuária, Jordão, para o ano de

2015, apresenta como as 5 (cinco) principais culturas de rebanho local as indicadas no

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

AGROPECUÁRIA

INDÚSTRIA

SERVIÇOS - EXCLUSIVE ADMINISTRAÇÃO, SAÚDE E EDUCAÇÃO PÚBLICAS E SEGURIDADE SOCIAL

ADMINISTRAÇÃO, SAÚDE E EDUCAÇÃO PÚBLICAS E SEGURIDADE SOCIAL

IMPOSTOS, LÍQUIDOS DE SUBSÍDIOS, SOBRE PRODUTOS, A PREÇOS CORRENTES

-

5.000,00

10.000,00

15.000,00

20.000,00

25.000,00

30.000,00

2010 2011 2012 2013 2014

Jordão Acre Brasil

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

62

gráfico abaixo. Os galináceos (galos, frangas, frangos e pintos) e o gado bovino foram as

principais (Figura 32).

Figura 32. Principais culturas de rebanho do município de Jordão (indivíduos) – 2015 (IBGE,

2017a).

Dados da agricultura local apresentam como as principais culturas permanentes a

produção de banana com 1.017 toneladas e das temporárias dois principais produtos se

destacam: mandioca com 21.199 toneladas e o abacaxi com 22.000 frutos (Figura 33 e

Figura 34).

Figura 33. Produção Agrícola Municipal - Lavoura Permanente 2015 (toneladas) (Fonte:

IBGE,2017a).

Figura 34. Produção Agrícola Municipal - Lavoura Temporária 2015 (toneladas) (Fonte: IBGE,

2017a).

Em relação à produção extrativista o IBGE só reconhece a produção de carvão vegetal, madeira em tora, lenha e açaí, apresentando as seguintes produções para ano 2015, 22 toneladas, 1.521 m3, 19.643 m3 e 25 toneladas, respectivamente (IBGE, 2017a).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

63

Em geral, cada família leva produção para a venda na cidade em pequenos barcos. As

principais dificuldades enfrentadas pelos produtores são a assistência técnica para

produção agroflorestal extremamente limitada, o escoamento da produção, a carência

de mercado, a limitada capacidade de armazenamento dos produtos no município e a

ausência de abatedouro licenciado.

Em relação ao transporte, a prefeitura oferece apoio incipiente somente à região

produtora do Baixo Tarauacá e a ASAREAT as vezes apoia o transporte quando é

solicitada pela comunidade. O armazenamento no município pode ocorrer no balcão da

CONAB/PRONAF, gerenciado pela prefeitura, ou no espaço da ASAREAT, porém estes

têm capacidade limitada e pouco adequadas. Além disso, na zona rural o município

dispõe de armazéns distribuídos em 5 núcleos rurais pertencentes à ASAREAT (SEMA,

2010a).

Saneamento e serviços

Em função da demanda de crescimento da população de Jordão e da dificuldade de seu

isolamento, muitas questões ligadas ao saneamento se agravam muito. Nesse cenário

estão sendo realizados investimento e obras do Programa de Saneamento Ambiental e

Inclusão Socioeconômica do Acre (Proser), desde 2014, conduzido pelo Departamento

Estadual de Pavimentação e Saneamento (Depasa) e Secretaria de Estado de

Planejamento (Seplan). O programa diz investir cerca R$ 100 milhões em obras de

melhoria da distribuição de água, coleta e tratamento de esgoto, pavimentação,

drenagem, coleta e destinação de lixo em quatro municípios de difícil acesso, com

recursos do Banco Mundial e governo do Estado, incluindo Jordão

(http://www.agencia.ac.gov.br/acoes-de-saneamento-melhoram-cenario-urbano-em-

municipios-isolados)

• Água

O sistema de captação, tratamento e distribuição de água é operado pelo Departamento

Estadual de Pavimentação e Saneamento (DEPASA). A Estação de Tratamento de Água

(ETA) do Jordão atualmente possui capacidade de tratamento e distribuição de 30 litros

por segundo de água tratada primeiramente com sulfato, passando por um filtro de

carvão ativado e finalizado com aplicação de cloro

(http://www.agencia.ac.gov.br/acoes-de-saneamento-melhoram-cenario-urbano-em-

municipios-isolados).

Segundo o IBGE o abastecimento de água atendia quase a quantidade total de domicílios

da área urbana (469 de 488) em 2010. Atualmente o DEPASA menciona que toda a

população urbana já é atendida pela rede. No entanto, o governo estadual, validado

pelo governo municipal e população, indicavam que em 2010 apenas 65% das casas

tinha abastecimento de água (SEMA, 2010a). Na zona rural a população recolhe água de

poços, açudes, cacimbas, rios e igarapés para todos os fins (Tabela 4).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

64

Em junho de 2017 foi assinada uma ordem de serviço para a construção de um novo

sistema de captação de água para melhoria da distribuição de água no município de

Jordão com expectativa de término no fim de outubro. A captação passará a ser feita

diretamente do rio Tarauacá e não mais do igarapé São João, afluente do Tarauacá

(http://acreaovivo.com.br/interior/jordao/noticia/jordao-tera-novo-sistema-de-

captacao-de-agua-nos-proximos-meses/21124)

Tabela 4. Tipo de abastecimento de água por domicílios no município de Jordão para o ano de

2010.

Abastecimento de água Urbana Rural Total

Rede geral 469 1 470

Poço ou nascente (na propriedade) 10 123 133

Outra forma 9 691 700

.... Poço ou nascente fora da propriedade 1 6 7

.... Água da chuva armazenada em cisterna 1 - 1

.... Rio, açude, lago ou igarapé 5 685 690

.... Outra 2 - 2

Total 488 815 1303

(Fonte: IBGE, 2010)

• Rede de esgoto

O município possuía em 2010 um sistema parcial e precário de coleta e tratamento de

esgoto, que atendia apenas 1,2% dos domicílios urbanos (6 domicílios de 488). O

restante da área urbana tratava seu esgoto por meio de vala (quase 39% dos domicílios),

seguido por nenhum tipo de tratamento (27,2%), fazendo o lançamento direto dos

esgotos e águas servidas em valetas e pequenos córregos (IBGE, 2017a; SEMA, 2010a)

Figura 35. Instalações sanitárias no município de Jordão – 2010. (Fonte: IBGE, 2017a).

A rede coletora atingia uma extensão de 1.500 metros de tubulação, através de um canal

coletor que leva até a estação de tratamento. Na área urbana da cidade há ainda um

canal de coleta de águas pluviais, que recebe todas as águas drenadas de áreas do

entorno da pista de pouso e da empresa GUASCOR e, têm como destino certo o rio

Tarauacá (SEMA, 2010a).

6 63 292 404 8 277 253

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Rede geral de esgoto ou pluvial Fossa séptica Fossa rudimendar

Vala Rio, lago ou mar Outro escoadouro

Não tem instalação sanitária

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

65

Segundo informações do estado do Acre, através de um contrato celebrado entre o

governo do Acre e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird)

providenciou-se recursos para melhorias na área de saneamento, sendo as obras

iniciadas em junho de 2016, com prazo de execução previsto de 24 meses, em que se

previu 7,03 quilômetros de rede de esgoto, 502 ligações domiciliares de esgoto e 50

módulos sanitários. E ainda 23 unidades de tratamento individual de esgoto, uma

Estação de Tratamento (ETE) e três Estações Elevatórias de Esgoto (EEE)

(http://www.agencia.ac.gov.br/governo-garante-investimentos-de-r-199-milhoes-

para-jordao/)

• Resíduos sólidos

O lixo domiciliar, hospitalar e entulhos urbanos são coletados diariamente pela

Secretaria Municipal de Obras, através do Setor de Limpeza Pública, e dispostos no solo

ou enterrados em valas na área do lixão da cidade próximo ao perímetro urbano,

localizado no Varadouro da Integração em um lote de domínio público com área de

10.000 m2 (SEMA, 2010a,b) De acordo com dados da Secretaria de Obras do município,

a quantidade média de lixo coletado na área urbana no ano de 2010 estava em torno de

2.200 a 2.500 Kg/dia.

Segundo o IBGE (2010), no entanto, apenas 3,6% do total de resíduos era coletado

diretamente por serviço de limpeza. A maior parte (34,69%) era colocado em caçamba

de serviço de limpeza e 30,69% é queimado (Figura 36).

Não há coleta de lixo na zona rural do município (SEMA, 2010 b), onde geralmente a

população queima ou enterra os resíduos sólidos.

Figura 36. Destino final do lixo por domicílio no município de Jordão – 2010. (Fonte: IBGE - Censos Demográficos 2010).

De acordo com as informações de investimento atuais na área de saneamento dos

municípios do Acre, Jordão já possui um Plano de Resíduos Sólidos.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

66

• Energia

O fornecimento de energia elétrica para a zona urbana do município de Jordão é feito

pelas concessionárias ELETROBRÁS Distribuição Acre e empresa GUASCOR.

No ano de 2015 haviam 960 consumidores de energia elétrica em Jordão apresentando

um consumo de 1.630.796 KWh. Ao longo dos anos o consumo aumentou

significativamente. De 2012 a 2015, todos os municípios acreanos apresentaram

crescimento no consumo com destaque para o Jordão com o maior aumento do

consumo de energia elétrica no período, seguido de Marechal Thaumaturgo e Brasiléia.

De forma geral, o estado do Acre, entre 2012 e 2015, teve um crescimento de 16% no

número total de ligações ativas e de 17% no número de economias ativas (ACRE, 2017).

A capacidade instalada no ano de 2015 foi de 877 kW, com capacidade disponível de

720 kW e uma demanda máxima de 492 kWh (ACRE, 2017).

Na zona rural a energia é implantada via Programa Luz para Todos do Governo Federal

e no ano de 2015 apresentou um total de 28,7 km de redes atendendo a 93 famílias de

um total de 815 existentes (ACRE, 2017).

Como a implantação da energia depende da existência de ramais, as comunidades com

menor índice de cobertura acabam sendo as ribeirinhas, assim como aquelas situadas

no interior das UC, como a RESEX do Alto Tarauacá, por exemplo, e também as aldeias

indígenas. Com o atendimento de energia para esses locais prevê-se a ampliação da

produção agrícola e com isso o aumento de renda e a inclusão social da população

beneficiada (SEMA, 2010a).

Transporte

Segundo dados de SEMA (2010a), no município de Jordão como não dispõe de estrutura

rodoviária, o transporte dominante é o fluvial, utilizando embarcações de médio e

pequeno porte (batelões e canoas) que se ajustam às condições anuais de

navegabilidade dos rios Tarauacá, Jordão e Muru. O rio também é utilizado para

escoamento da produção dos ribeirinhos, bem como para chegada de alimentos vindos

do município de Tarauacá, distante de Jordão cerca 330 quilômetros, para

abastecimento do comércio local. A acessibilidade também é sazonal, em função do

nível das águas do rio, o que dificulta bastante toda a logística de escoação e de

transporte me geral. No período do “verão amazônico”, existe uma maior dificuldade de

navegabilidade em embarcações com capacidade superior a 2.500 Kg. Para que se possa

navegar nessas épocas, utiliza-se embarcações de menor porte variando entre 800 kg a

1.500 Kg.

O acesso ao município também se dá por transporte aéreo com pista de pouso

pavimentada, pátio para estacionamento dos aviões e reforma do terminal de

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

67

passageiros. A rotina de vôos ocorre conforme a demanda diária já que os vôos só

acontecem com fretamento de aeronaves, com lotação mínima de 05 passageiros.

O município de Jordão está incluso no programa Rotas Acreanas: Integração dos

Municípios Isolados, descrito nas Leis Estaduais Nº 1.360, de 29 de dezembro de 2000 e

Nº 1.765, de 06 de fevereiro de 2006, onde o governo subsidia 40% do valor das

passagens no trecho Tarauacá-Jordão.

Mesmo não tendo malha rodoviária significativa, na sede municipal algumas ruas são

asfaltadas. O registro de veículos no município aumentou expressivamente nos últimos

6 anos saindo de 16 para 86 veículos, aumento de 540% (Figura 37), sendo que as motos

contribuem com maior contingente. O grande salto da frota foi de 2012 para 2013,

provavelmente consequente do asfaltamento da BR364 possibilitando maior acesso à

cidade de Tarauacá e consequentemente ao Jordão.

Figura 37. Frota de veículos no Jordão. (Fonte: IBGE, 2017a).

Políticas Públicas – Programas Sociais do Governo Federal

O Plano Brasil Sem Miséria coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e

Combate à Fome (MDS) foi lançado com o desafio de superar a extrema pobreza no país.

No acompanhamento do Plano Brasil Sem Miséria, o MDS utiliza as informações do

Cadastro Único, que provê dados individualizados, atualizados no máximo a cada dois

anos, sobre os brasileiros com renda familiar de até meio salário mínimo per capita. É o

principal instrumento para a seleção e a inclusão de famílias de baixa renda em

programas federais (MDS, 2017c).

No município de JORDÃO, o total de famílias inscritas no Cadastro Único em julho de

2017 era de 1.557, o que corresponde a 7.434 pessoas, com renda familiar:

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

68

- até R$85,00 por pessoa: 1.134 famílias;

- entre R$85,01 e R$170,00 por pessoa: 132 famílias;

- entre R$ 170,01 e meio salário mínimo por pessoa: 220 famílias;

- acima de meio salário por pessoa: 71 famílias.

Abaixo é apresentado o número de famílias em Jordão pertencentes aos Grupos

Populacionais Tradicionais e Específicos (GPTEs) inseridas no Cadastro Único em julho

de 2017, que totalizam 564:

• Famílias indígenas: 559;

• Famílias ribeirinhas: 2;

• Famílias assentadas: 1;

• Famílias com pessoa presa no sistema carcerário: 1;

• Famílias de catadores de material reciclável:1

Abaixo seguem diversos Programas Sociais disponíveis para o município de Jordão

descritos em MDS (2017c).

• Programa Bolsa Família (PBF)

O Bolsa Família é um programa que contribui para o combate à pobreza e à desigualdade

no Brasil, onde as famílias atendidas recebem um benefício em dinheiro, transferido

diretamente pelo governo federal. Podem fazer parte do Programa:

- Todas as famílias com renda de até R$ 85 mensais por pessoa;

- Famílias com renda média entre R$ 85,01 e R$ 170 mensais por pessoa, desde que

tenham, em sua composição, crianças ou adolescentes de 0 a 17 anos.

Em julho de 2017, o total de famílias beneficiárias do PBF no município de Jordão era de

1.159, o que corresponde a um valor total repassado naquele mês de R$ 401.071,00. De

junho de 2011 (início do Plano Brasil Sem Miséria) a abril de 2016, houve aumento de

48,83% no total de famílias beneficiárias.

• Brasil Carinhoso - Creches

A Ação Brasil Carinhoso dá estímulos financeiros aos municípios para aumentar o acesso

da população mais pobre aos serviços de educação infantil. Nesse sentido, incentivam o

aumento das vagas para as crianças de 0 a 48 meses beneficiárias do Bolsa Família, nas

creches públicas ou conveniadas com o poder público. Dessa forma, o MDS

complementa os valores do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação

Básica (Fundeb) repassados pelo MEC. Como exemplos no município de Jordão, em

2014, foram identificadas, no Censo da Educação Básica de 2013, 48 crianças do Bolsa

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

69

Família em 2 creches, tendo sido repassados R$ 62.396,05 ao município como

suplementação. Em fevereiro de 2016, o saldo total dos recursos transferidos ao

município foi de R$ 35.889,72.

• Benefício de Prestação Continuada da Assistência Social (BPC)

O BPC é um benefício individual, não vitalício e intransferível, garantindo a transferência

de 1 (um) salário mínimo à pessoa idosa, com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais, e à

pessoa com deficiência de qualquer idade, que comprovem não possuir meios de se

sustentar ou de ser sustentado pela família. Para ter direito ao benefício, o solicitante

precisa comprovar que a renda mensal por pessoa da família é inferior a um quarto do

salário mínimo. No município de Jordão, na data de julho de 2017, 8 idosos e 39 pessoas

com deficiência receberam o benefício (Fonte: Matriz de Informações Sociais/MDS).

• Políticas de incentivo à produção e à comercialização da agricultura familiar

o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA)

O fortalecimento da agricultura familiar é uma das estratégias previstas para a

promoção da alimentação adequada e saudável. Algumas políticas de fortalecimento

desse setor são: crédito, assistência técnica, apoio à comercialização, proteção da

produção e da renda, acesso à água e inclusão produtiva rural. Uma dessas políticas é o

Programa de Aquisição de Alimentos – PAA que compra alimentos produzidos pela

agricultura familiar, com dispensa de licitação. Esses alimentos são distribuídos

gratuitamente a pessoas ou famílias que precisam de suplementação alimentar e

também a entidades de assistência social, restaurantes populares, cozinhas

comunitárias, bancos de alimentos, entre outros. Os alimentos adquiridos pelo PAA

também podem compor estoques públicos estratégicos de alimentos. No município de

Jordão, existem 15 agricultores familiares fornecedores (Fonte: Matriz de Informações

Sociais/MDS, dados de 2015).

o Fomento às Atividades Produtivas Rurais

Nesse programa as famílias agricultoras recebem recursos para financiar a implantação

dos projetos de estruturação produtiva elaborados juntamente com os técnicos de

Assistência Técnica e de Extensão Rural - ATER. O pagamento é feito pelo MDS

diretamente aos agricultores, por meio do cartão do Bolsa Família ou pelo Cartão

Cidadão. Cada família pode receber até R$ 2.400,00, divididos em até três parcelas para

compras de insumos, equipamentos ou na contratação de pequenos serviços

necessários à implantação do projeto. Em Jordão, de janeiro de 2012 a março de 2016,

168 famílias de agricultores familiares receberam esses recursos (Fonte: Matriz

BSM/MDSA).

o Assistência Técnica e de Extensão Rural (ATER)

A ATER é um serviço de educação não formal em que agentes capacitados auxiliam

agricultores familiares, quilombolas, indígenas, extrativistas e pescadores artesanais

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

70

para que melhorem suas atividades produtivas. Para o município de Jordão, de maio de

2011 a abril de 2015, 204 famílias de agricultores familiares do município tiveram o

acesso a serviços de ATER garantido por meio de chamadas públicas para seleção de

instituições especializadas na prestação desses serviços, contratadas com recursos do

Ministério do Desenvolvimento Agrário.

• Bolsa Verde

O Programa de Apoio à Conservação Ambiental Bolsa Verde concede um benefício de

R$ 300 por trimestre para famílias que vivem em áreas consideradas prioritárias para a

conservação do meio ambiente. As famílias beneficiadas se comprometem a manter a

vegetação e a fazer uso sustentável dos recursos naturais dessas áreas. O benefício é

concedido por dois anos, podendo ser renovado. Para Jordão, de outubro de 2011 a

fevereiro de 2016, o Bolsa Verde beneficiou 936 famílias do município.

• Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec Brasil

Sem Miséria)

O Pronatec Brasil Sem Miséria oferece gratuitamente cursos de qualificação profissional

para pessoas com mais de 16 anos de idade, prioritariamente aqueles que estejam

inscritos no Cadastro Único. Para Jordão, de janeiro de 2012 a dezembro de 2014, foram

efetuadas 235 matrículas em cursos ofertados.

• Acessuas Trabalho

O Programa Nacional de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas

Trabalho) transfere recursos do Governo Federal aos municípios que desenvolvam ações

que promovam a inclusão produtiva do público-alvo da assistência social, tais como

mobilização e encaminhamento ao Pronatec e a outras iniciativas de inclusão produtiva,

acompanhamento da permanência dos alunos nos cursos, entre outras atividades. Os

repasses do Acessuas Trabalho em 2014 para Jordão somaram R$ 50.400,00.

• O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)

Programa conhecido como Merenda Escolar, consiste na transferência de recursos

financeiros do Governo Federal, em caráter suplementar, aos estados, Distrito Federal

e municípios, para a aquisição de gêneros alimentícios destinados à merenda escolar.

Para Jordão foram repassados para alunos indígenas no ano de 2015, um total de R$

113.400,00 (Fonte: Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE)

Planejamento municipal

Plano Plurianual do Quadriênio 2014-2017

Entre as metas do PPA 2013-2017 (JORDÃO, 2013) relevantes para a gestão e

beneficiários da RESEX do Alto Tarauacá estão:

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

71

1. O grande interesse do município em criar e promover cooperativas de

produtores para melhorar a comercialização de produtos agropecuários e de

aquicultura;

2. Ampliar até 2017 a inclusão de várias famílias no abastecimento do mercado

local e externo;

3. Implantação de projetos de açudagem;

4. Iniciar uma linha de crédito rural;

5. O incentivo à agricultura familiar e a geração de renda para agricultores para

incentivar a permanência e inclusão social na zona rural através da aquisição de

maquinas e equipamentos agrícolas, capacitação das comunidades para o

acesso ao PAA e inclusão de 60% dos agricultores do município no PAA até

2017;

6. Saneamento e drenagem de 90% da cidade em 2017;

7. Consolidar o processo de modernização do ensino rural com construção de

escolas polos nas comunidades rurais com espaços físicos, equipamentos

adequados, energia solar ou de geradores e transporte de alunos;

• Ordenamento Territorial Local

O município de Jordão conta com um Plano Local de Ordenamento Territorial (PLOT)

desde 2010 no qual definiu zonas e áreas para orientar o uso e ocupação adequada do

território e as atividades produtivas. O PLOT é resultado de análises diagnósticas e

prognósticas feitas no processo de ordenamento territorial local, conduzido pelo

governo do estado com participação pública local e validado pela esfera decisória

municipal como parte da implementação do ZEE do Acre. A partir da definição e

caracterização das Zonas e Áreas do Ordenamento Territorial Local foi criado o mapa de

gestão do Jordão (SEMA, 2010b; Figura 38)8.

8 As descrições e diretrizes de cada Zona e Área relevante à RESEX do Alto Tarauacá podem ser encontradas no item 2.3.10 Ordenamento Territorial Municipal

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

72

Figura 38. Mapa de gestão do Ordenamento Territorial do município do Jordão (Fonte: SEMA,

2010b).

Especificamente sobre a área da RESEX do Alto Tarauacá, o PLOT do Jordão e de

Tarauacá a definiu como Zona de Produção Agroextrativista Familiar (ZP1), Área

Agroextrativista Familiar Alto Tarauacá (AAF1), contendo as seguintes diretrizes gerais:

1. Estudo de potencial econômico dos produtos não-madeireiros;

2. Apoiar as atividades agroextrativistas de ocorrência nessa zona;

3. Consolidação das principais cadeias produtivas extrativistas (látex), além de

outros produtos;

4. Adoção de práticas agroecológicas de produção, para implementação sistemas

sustentáveis de produção;

5. Adesão aos programas da política de valorização do ativo ambiental florestal;

6. Promoção de atividades permanentes de educação agroflorestal e educação

ambiental para a consolidação das atividades agroextrativistas;

7. Apoio a criação de pequenos animais com finalidade comercial;

8. Apoio no acesso as linhas de crédito (individual e coletivo);

9. Apoio ao desenvolvimento social com melhorias nos processos educacionais,

de formação, de capacitação, de organização (cooperativismo e

associativismo), de gestão e mobilização, assim como nas áreas de saúde,

moradia, saneamento básico e transporte.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

73

10. Fomento a elaboração do Plano de Manejo da RESEX do Alto Tarauacá.

E as seguintes diretrizes específicas:

1. Implementação e fortalecimento das atividades referentes ao manejo florestal

comunitário não-madeireiro com vistas à agregação de valor aos produtos

agroextrativista de base familiar;

2. Consolidar as cadeias produtivas já existentes (látex e outras), com apoio do

governo para garantia de preço mínimo e comercialização da produção;

3. Apoiar a inserção de novos produtos de origem florestal, no mercado, tais

como: sementes florestais, fibras, óleos, resinas, mel, plantas medicinais, entre

outros;

4. Implementar políticas públicas de pagamento por serviços ambientais

(manutenção da floresta primária) as populações extrativistas;

5. Desenvolver atividades periódicas de educação agroflorestal e ambiental,

voltadas para o planejamento e execução de atividades produtivas e gestão do

ambiente;

6. Implantação de tecnologias agroflorestais nas áreas produtivas dessa zona, tais

como: coquetel leguminosas para adubação verde, barreira vivas contra fogo,

cercas vivas, manejo da matéria orgânica, além de outras práticas;

7. Apoio a criação de pequenos animais com apoio técnico da instituição

responsável pela fiscalização sanitária;

8. Obtenção de crédito individual e coletivo com desburocratização dos serviços e

prioridade de acesso as linhas de crédito oficial do governo (Proflorestania);

9. Assistência técnica diferenciada, prestada por profissionais com experiência em

trabalhos comunitários e extensão.

o Conservação dos ambientes

As três bacias hidrográficas existentes no município se diferenciam um pouco em

relação ao estado de conservação ambiental. Segundo diagnóstico realizado para o

Ordenamento Territorial do Jordão “as margens do rio Tarauacá apresentam certo grau

de antropização, principalmente na proximidade da sede do município com ocupação

humana em alguns trechos. A supressão da cobertura vegetal nas margens do rio ocorre

ao longo de toda a extensão, com intensificação em alguns pontos isolados, devido à

ampliação de áreas para agricultura e pastagens. As Áreas de Preservação Permanente

- APPs nas microbacias dos igarapés São Sebastião, igarapé Mercedes, igarapé Colombo,

igarapé Jaminawá, igarapé Mato Grosso apresentam excelente grau de conservação. Por

sua vez, o rio Jordão apresenta grandes extensões de suas margens preservadas, com

predominância de comunidades indígenas. As Áreas de Preservação Permanente – APPs

dos principais afluentes (igarapé Limão, igarapé Bonfim, igarapé Água Fria, igarapé

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

74

Jardim, igarapé Fortaleza e Batista) do rio Jordão encontram-se em excelente grau de

conservação. Isso ocorre devido à baixa densidade demográfica no alto Jordão. Já a

margem esquerda do rio Muru, pertencente ao município de Jordão, há desmatamento

somente nas áreas onde há ocupação humana, devido as atividades de agricultura e

pecuária. Os índices de desmatamento são mais significantes no núcleo da Comunidade

Novo Porto e ao longo dos antigos seringais Belém, Ocidente e São Francisco, nos locais

onde funcionavam as sedes (SEMA, 2010a e 2010b).

Analisando o município com relação ao seu território que é composto por áreas

protegidas, Jordão possui um pouco mais da metade de seu território ocupado por

Unidades de Conservação e Terras Indígenas, especificamente 56,76% ou seja, 306.062

ha.

2.1.4.2. O município de Tarauacá

Histórico e informações gerais

O município de Tarauacá teve sua origem a partir do seringal Foz do Muru, que foi criado

no ano de 1889 por um grupo de imigrantes na confluência do rio Muru com o Tarauacá,

transformando-se em povoado em virtude de ser ali o ponto de partida para as

explorações dos altos rios. No dia 1º de outubro de 1907 o povoado foi transformado

em vila e batizado de "Seabra" em homenagem ao então ministro da Justiça, Dr. José

Joaquim Seabra. Somente obteve sua autonomia através do Decreto Federal 9.831, de

23 de outubro de 1912, tornando-se, então, município e mudando o seu nome para

Tarauacá, em homenagem ao rio que banha a cidade. Seu primeiro Prefeito foi o Cel.

Antônio Antunes de Alencar. A região era habitada por índios Kaxinawa e Jaminawá, às

margens dos rios Tarauacá e Muru. O senso comum da região sugere que Tarauacá seja

uma palavra indígena que significa “rios dos paus ou das tronqueiras” (TARAUACÁ,

2017).

O município de Tarauacá tem área de 20.171,074 km² (IBGE, 2017b) limita-se ao norte

com o estado do Amazonas, ao sul com o município de Jordão, a leste com o município

de Feijó, a oeste com os municípios de Cruzeiro do Sul e Porto Walter e a sudoeste com

o município de Marechal Taumaturgo.

Tarauacá se insere na regional de desenvolvimento do Tarauacá-Envira. Sua sede se

localiza às margens do rio Tarauacá e está distante 381 km da capital Rio Branco. O

acesso terrestre à Tarauacá pode ser feito pela BR 364 desde Rio Branco ou Cruzeiro do

Sul. Esta estrada foi completamente asfaltada em 2010 gerando grandes alterações na

dinâmica municipal. Porém, atualmente a falta de manutenção faz com que a estrada

fique intrafegável em épocas chuvosas; situação parecida com aquela de antes do

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

75

asfaltamento. Nesse caso, as outras opções são por transporte aéreo e fluvial desde

Jordão ou Eirunepé (TARAUACÁ, 2017).

Aspectos demográficos e sociais

Tarauacá tinha uma população de 35.590 habitantes no censo de 2010 e em 2016 a

estimativa era de 39.427 habitantes (crescimento projetado de 10,78%; Figura 39). Ela

possui a quarta maior população do Estado e ocupa o terceiro lugar em extensão

territorial. Sua densidade demográfica é de 1,76 habitantes por quilometro quadrado

(IBGE, 2017b).

Entre os anos de 1991 e 2000, a população do município teve um decréscimo de 5,8%.

Nota-se especificamente entre os anos 1991 e 1996 que o município de Tarauacá

registrou uma queda ainda maior de sua população (14,4%). Esse decréscimo pode ser

explicado em parte em função do desmembramento de Tarauacá para criação do

município de Jordão, que ocorreu no ano de 1992 (SEMA, 2010c). Em compensação,

entre os anos 2000 e 2010, a população de Tarauacá cresceu 36,6%.

Em 2010, a população da área urbana era de aproximadamente 19.351 pessoas,

enquanto a da zona rural era de 16.239 pessoas, representado uma taxa de urbanização

de 54,37%.

Figura 39. Evolução da população residente do município de Tarauacá. O trecho em destaque

amarelo corresponde a um dado estimado do ano de 2016 (Fonte: IBGE,2017b).

A população feminina de Tarauacá é ligeiramente menor (17.237) que a masculina

(18.353) e se mantem em proporções semelhantes ao longo das décadas. Quanto à faixa

etária, a população de Tarauacá é bastante jovem, cerca de 90% dos moradores

0

5.000

10.000

15.000

20.000

25.000

30.000

35.000

40.000

45.000

1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Tarauacá

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

76

possuem menos de 50 anos de idade, e praticamente metade da população possui até

19 anos de idade (Figura 40).

Figura 40. Faixa etária da população residente em Tarauacá em 2010 (em hab.) (Fonte: IBGE,

2017b).

A população indígena atual de Tarauacá, de acordo com dados publicados de 2015 é

representada pelos povos Huni Kui (Kaxinawá), Ashaninka, Yawanawá, Katukina com

2.071 habitantes representando 5,2% do total da população do município (considerando

o total projetado para 2016) e estão distribuídos em 25 aldeias (ACRE, 2017).

IDHM

O IDHM do município de Tarauacá no ano de 2010 foi de 0,539, caracterizado como

Desenvolvimento Humano Baixo (IDHM entre 0,500 e 0,599). A dimensão que mais

contribui para o IDHM do município é Longevidade, com índice de 0,720, seguida de

Renda, com índice de 0,554, e de Educação, com índice de 0,392 (Figura 41) (ATLAS,

2017b).

Figura 41. IDHM do município de Tarauacá (Fonte: PNUD, IPEA, FJP).

0,720 0,554 0,392

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

77

Entre 1991 e 2010, o IDHM de Tarauacá cresceu 96,72% (de 0,274 para 0,539) enquanto

a média dos IDH do Acre cresceu 47% (de 0,493 para 0,727). Ainda assim, Tarauacá tem

um IDHM abaixo da média do estado (Figura 42). No município, a dimensão cujo índice

mais cresceu em termos absolutos foi Educação, seguida por Longevidade e por Renda.

Esses índices colocam Tarauacá na 5.332ª posição entre os 5.565 municípios brasileiros

segundo o IDHM.

Figura 42. Evolução do IDHM (Fonte: PNUD, IPEA, FJP).

Educação

O município de Tarauacá oferece, juntamente com o Estado, o ensino básico

(fundamental e médio) incluindo as creches e a educação de jovens e adultos. O ensino

superior no município só iniciou no ano de 2000 através da parceria da Universidade

Federal do Acre - UFAC com o Estado, que teve como propósito oferecer formação aos

professores de Tarauacá (SEMA, 2010c).

Em 2015, os alunos dos anos iniciais da rede pública da cidade de Tarauacá tiveram nota

média de 4,9 no IDEB. Para os alunos dos anos finais, essa nota foi de 4,6 (IBGE, 2017b).

Existem 134 estabelecimentos de ensino no município, sendo 29 de ensino pré-escolar

(27 escolas municipais e 2 estaduais), 91 de ensino fundamental (sendo 44 de escola

municipal e 47 estadual) e 14 de ensino médio (sendo 13 de ensino estadual e 1 federal)

(IBGE, 2015). Em 2015, tiveram 11.095 matrículas para ensino fundamental, 1.806 para

ensino médio, 1.325 para pré-escola e 133 para ensino superior (Figura 43). A taxa de

escolarização (para pessoas de 6 a 14 anos) foi de 85,6% em 2010 (IBGE, 2015). A Taxa

de analfabetismo da população de 15 anos ou mais para o município era de 32,10% para

o ano de 2010 (ACRE, 2017).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

78

Figura 43. Matriculas realizadas em Tarauacá (Fonte do dado: IBGE, 2015).

Saúde

De acordo com dados do DATASUS (ano de referência junho de 2017) (MINISTÉRIO DA

SAÚDE, 2017a), os serviços de saúde são ofertados pela Secretaria de Saúde do

município em conjunto com o Estado e o Governo Federal, num total de 23

estabelecimentos. Pelo governo federal o município conta com um Polo de Saúde da

Fundação Nacional de Saúde – FUNASA, responsável pelo atendimento à saúde da

população indígena do município (SEMA, 2010c; Tabela 5).

Segue abaixo o total de estabelecimentos no município de Tarauacá.

Tabela 5. Estabelecimentos de saúde no município de Tarauacá.

ESFERAS Nº TIPO DE ESTABELECIMENTO

MUNICIPAL

TOTAL DE 18

8 CENTRO DE SAÚDE/UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE

4 CLÍNICA ESPECIALIZADA/AMBULATÓRIO ESPECIALIZADO

1 FARMÁCIA

1 POSTO DE SAÚDE

1 SECRETARIA DE SAÚDE

1 UNIDADE DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA

1 UNIDADE DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

1 UNIDADE MÓVEL FLUVIAL

ESTADUAL

TOTAL DE 4

1 CONSULTÓRIO

2 UNIDADE DE SERVIÇO DE APOIO DE DIAGNOSE E TERAPIA

1 UNIDADE MÓVEL DE NÍVEL PRÉ-HOSP-URGÊNCIA/EMERGÊNCIA

MUNICÍPIO + ESTADO 1 HOSPITAL GERAL

FEDERAL 1 UNIDADE FUNASA Fonte: DATASUS (2017) e SEMA (2010c).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

79

A FUNASA é uma das instituições do Governo Federal responsável em promover a

inclusão social por meio de ações de saneamento para prevenção e controle de doenças

e agravos ocasionados pela falta ou inadequação nas condições de saneamento básico

em áreas de interesse especial, como assentamentos, remanescentes de quilombos e

reservas extrativistas. A FUNASA presta apoio técnico e/ou financeiro no combate,

controle e redução da mortalidade infantil e da incidência de doenças de veiculação

hídrica ou causadas pela falta de saneamento básico e ambiental

(http://www.funasa.gov.br/site/conheca-a-funasa/competencia/).

Constam em Tarauacá 12 equipes de saúde, sendo 2 equipes de saúde da família, 8

equipes de saúde bucal, 1 equipe multidisciplinar de atendimento básico de saúde

indígena, e 1 equipe atenção básica prisional tipo II. Nessas equipes há um total de 314

profissionais, sendo a maioria deles alocados nos centros de saúde e unidades básicas

(47%), no hospital geral (26%) e a unidade de atenção à saúde indígena (9%)

(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017a).

Entre julho de 2016 e junho de 2017 houve 1.827 internações, sendo as principais causas

por gravidez (36,6%) e doenças do aparelho respiratório (18,9%). A categoria outras

doenças infecciosas e parasitárias representaram apenas 7,6% (MINISTÉRIO DA SAÚDE,

2017b). Em 2015, Tarauacá apresentou 112 óbitos hospitalares por ocorrência, dos

quais 63,3% foram do sexo masculino e 36,7% do feminino, relacionados, sobretudo à

algumas doenças do aparelho circulatório, causas externas, doenças do aparelho

respiratório e originadas no período perinatal (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017c).

Para o ano de 2016, as internações devido a diarreias são de 3,4 para cada 1.000

habitantes. Comparado com todos os municípios do Estado, fica na 6º posição, sendo o

1º em sua microrregião (Feijó, Jordão e Tarauacá) (IBGE, 2017b).

A taxa de mortalidade infantil média diminuiu desde 2008 em Tarauacá, sendo de 2,8%

dos nascidos vivos em 2014. Comparados com outros 21 municípios do Acre, é o 8º

maior (IBGE, 2017b).

Renda, trabalho e pobreza

A população economicamente ativa de Tarauacá em 2010 era de 11.961 pessoas, o que

representa 33,6 % da população total. Desse total 11.527 estavam ocupadas e 434

desocupadas. A distribuição das pessoas ocupadas mostra que 23,4% tinha carteira

assinada, 31,8% não tinha carteira assinada, 14,9% atuam por conta própria e 0,9%

empregadores. Servidores públicos representavam 1,1% do total ocupado e

trabalhadores sem rendimentos e na produção para o próprio consumo representavam

27,9% dos ocupados (IBGE, 2017b; MDS, 2017d).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

80

As informações sobre os setores que mais empregavam no Tarauacá, de acordo com o

Altas do Desenvolvimento Humano no Brasil, indicava que os setores agropecuário e de

serviços empregavam quase 38,7% e 38% respectivamente em 2010 (Figura 44). Das

pessoas ocupadas, 28,8% não tinham rendimentos e 72,2% ganhavam pelo menos um

salário mínimo por mês. Entre os ocupados, o rendimento médio era de R$ 727,86 (IBGE,

2017b), considerando os de carteira assinada ou não. Já o salário médio dos

trabalhadores formais chegava a 2 salários mínimos para 2015 (IBGE, 2017b).

Figura 44. Setores de ocupação da população do município de Tarauacá. Fonte: Atlas (2017b).

De acordo com o Atlas (2017b), a renda per capita média de Tarauacá cresceu 91,36%

nas últimas duas décadas, passando de R$ 131,44, em 1991, para R$ 166,60, em 2000,

e para R$ 251,53, em 2010. A proporção de pessoas pobres, ou seja, com renda

domiciliar per capita inferior a R$ 140,00 (a preços de agosto de 2010), passou de

77,69%, em 1991, para 71,28%, em 2000, e para 54,76%, em 2010.

Aspectos econômicos

O município de Tarauacá se mantém de recursos provenientes do repasse constitucional

do ICMS e do fundo de participação dos municípios – FPM, da circulação de dinheiro no

comércio local e na comercialização da produção agrícola (SEMA, 2010c).

Em 2014, o município de Tarauacá tinha um PIB de R$ 388,11 milhões, distribuídos da

seguinte forma (Figura 45; IBGE, 2017b):

• Valor adicionado bruto da Agropecuária: R$ 70.973,00 (x 1.000) ou 18,29% do

PIB Municipal;

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

81

• Valor adicionado bruto da Indústria: R$ 15.029,00 (x 1.000) ou 3,87% do PIB

Municipal;

• Valor adicionado bruto dos Serviços: R$ 79.496,00 (x 1.000) ou 20,48% do PIB

Municipal;

• Valor adicionado bruto Administração, saúde e educação públicas e seguridade

social: R$ 210.670,00 (x 1000) ou 54,28% do PIB Municipal;

• Valor adicionado bruto dos Impostos: R$ 11.941,00 (x 1.000) ou 3,08% do PIB

Municipal.

Desta forma, o município possui um PIB per capita no valor de R$ 10.159,69.

Figura 45. Valores adicionados bruto do PIB de Tarauacá - 2014 (Fonte: IBGE, 2017b).

O PIB do município de Tarauacá vem apresentando uma tendência crescente nos

últimos anos, acompanhando o padrão para o estado do Acre, que em 2014 cresceu

4,4%, a quarta melhor taxa de crescimento dentre as unidades da Federação (Figura 46).

Tarauacá é o 4º município do estado em PIB (IBGE, 2017b; ACRE, 2017).

Figura 46. Evolução do PIB per capita entre os anos de 2010 e 2014 – valores comparativos entre

o município de Tarauacá, o estado do Acre e o Brasil (Fonte: adaptado de IBGE em parceria com

os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona

Franca de Manaus - SUFRAMA).

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

AGROPECUÁRIAINDÚSTRIASERVIÇOS - EXCLUSIVE ADMINISTRAÇÃO, SAÚDE E EDUCAÇÃO PÚBLICAS E SEGURIDADE SOCIALADMINISTRAÇÃO, SAÚDE E EDUCAÇÃO PÚBLICAS E SEGURIDADE SOCIALIMPOSTOS

-

5.000,00

10.000,00

15.000,00

20.000,00

25.000,00

30.000,00

2010 2011 2012 2013 2014

Tarauacá Acre Brasil

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

82

Saneamento e serviços

• Água

O sistema de captação, tratamento e distribuição de água é operado pelo atual

Departamento Estadual de Pavimentação e Saneamento -DEPASA. A Estação de

Tratamento de Água – ETA local realiza a captação de 60 litros por segundo durante 24

horas. Em 2016 foram instaladas mais duas ETAs compactas com o intuito de dobrar a

captação e tratamento para a 120l/s, duplicando a quantidade de água tratada

(http://www.agencia.ac.gov.br/governo-duplica-abastecimento-de-agua-em-

tarauaca/).

A rede de abastecimento de água atende apenas 42% dos domicílios de Tarauacá,

enquanto 30% usa água do rio ou igarapés (Tabela 6).

Tabela 6. Tipo de abastecimento de água no município de Tarauacá para o ano de 2010.

Abastecimento de água Domicílios

Rede geral 3162

Poço ou nascente (na propriedade) 1363

Outra forma 2967

.... Poço ou nascente fora da propriedade 500

.... Carro-pipa 8

.... Água da chuva armazenada em cisterna 2

.... Água da chuva armazenada de outra forma 28

.... Rio, açude, lago ou igarapé 2229

.... Poço ou nascente na aldeia 22

.... Poço ou nascente fora da aldeia 23

.... Outra 155

Total 7492 (Fonte: IBGE - Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010).

• Rede de esgoto

O município possui uma incipiente rede coletora de esgoto domiciliar, que atendia

apenas 1,2 % dos domicílios em 2010, enquanto 27,8% dos domicílios usam fossas

sépticas ou rudimentares. Ainda assim, 23,29% das casas não apresenta qualquer tipo

de instalação sanitária, fazendo o lançamento direto dos esgotos e águas servidas em

valetas e pequenos córregos (Figura 47). De maneira geral, os corpos hídricos são o

destino final dos esgotos, inclusive daqueles domicílios que são atendidos pela rede

existente, uma vez que os efluentes são lançados em pequenos afluentes como, por

exemplo, o igarapé do Buchão afluente do rio Tarauacá (SEMA, 2010c; IBGE, 2017b).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

83

Figura 47. Instalações sanitárias no município de Tarauacá – 2010. (Fonte: IBGE, 2017b).

• Resíduos sólidos

O lixo domiciliar, hospitalar e entulhos urbanos são coletados diariamente pela

Secretaria Municipal de Obras, através do Setor de Limpeza Pública. Este setor é

considerado muito deficiente, não dispondo de veículo nem de equipamentos

apropriados. A coleta de lixo domiciliar é realizada conforme um calendário de

cobertura por bairro, acontecendo atualmente de segunda à sábado distribuídos pelos

bairros. O terreno onde é descartado o lixo localiza-se a 10 quilômetros da área urbana,

a margem direita da BR 364 sentido Cruzeiro do Sul. Segundo o gerente de limpeza

pública local a área não é adequada, tendo em vista o terreno ser bastante declinado e,

portanto, já não apresenta mais capacidade para acomodação dos resíduos,

demandando dessa forma um novo local. Nesse caso específico o Ministério Público-MP

já entrou com uma ação para Planejamento de Adequação do Lixão de Tarauacá. De

acordo com o MP, o município de Tarauacá deve agir para cumprir as 30 metas até o dia

31 de dezembro de 2017, cumprindo os quesitos mínimos da lei 12.305, que institui a

política nacional de resíduos sólidos

(https://www.portaltarauaca.com.br/2017/05/26/tarauaca-prefeitura-discute-plano-

de-adequacao-do-lixao-de-tarauaca/).

Diariamente, são coletadas, aproximadamente, 20 toneladas de lixo, representando

apenas 22,69% do total de resíduos. A maior parte deste lixo (37,48%) é queimado na

própria propriedade (Figura 48).

323 2965 6372 5163 693 10959 8922

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Rede geral de esgoto ou pluvial Fossa séptica

Fossa rudimendar Vala

Rio, lago ou mar Outro escoadouro

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

84

Figura 48. Destino final do lixo no município de Tarauacá – 2010. (Fonte: IBGE, 2017b).

O lixo hospitalar é coletado separadamente e enterrado em pequenas valetas. Os

demais resíduos são depositados diretamente no solo sem nenhuma medida de

proteção que venha atenuar possíveis impactos ao meio ambiente.

• Energia

O fornecimento de energia elétrica para a zona urbana do município de Tarauacá é feito

pelas concessionárias ELETROBRÁS Distribuição Acre e empresa GUASCOR.

No ano de 2015 haviam 8.288 consumidores de energia elétrica em Tarauacá

apresentando um consumo de 20.191.468 KWh. Ao longo dos anos o consumo

aumentou significativamente. De 2012 a 2015, todos os municípios acreanos

apresentaram crescimento no consumo. De forma geral, o estado do Acre, entre 2012 e

2015, teve um crescimento de 16% no número total de ligações ativas e de 17% no

número de economias ativas (ACRE, 2017).

A capacidade instalada no ano de 2015 foi de 7.318 kW, com capacidade disponível de

6.500 kW e uma demanda máxima de 4.705 kWh (ACRE, 2017).

Na zona rural a energia que é implantada via Programa Luz para Todos do Governo

Federal no ano de 2015 apresentou um total de 446,9 km de redes atendendo a 1.342

famílias (ACRE, 2017).

Como a implantação da energia depende da existência de ramais, as comunidades com

menor índice de cobertura acabam sendo as ribeirinhas, assim como aquelas situadas

no interior das UC, como a RESEX do Alto Tarauacá, por exemplo, e também as aldeias

indígenas. Com o atendimento de energia para esses locais espera-se a ampliação da

produção agrícola e com isso o aumento de renda e a inclusão social da população

beneficiada (SEMA, 2010c).

1700 1988 2808 47 854 95

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

Coletado por serviços de limpeza Coletado por caçamba de serviço de limpeza

Queimado (na propriedade) Enterrado (na propriedade)

Jogado Outro destino

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

85

Transporte

Segundo dados de SEMA (2010c), o município apresenta as três modalidades de

transporte: rodoviário, fluvial e aéreo. A ligação via rodoviária de Tarauacá é feita

principalmente com o município de Feijó, por meio da BR 364. No período que a BR 364

se mantém fechada, a ligação com a capital é feita por transporte aéreo, prestado pela

empresa de táxi aéreo Rio Branco. É realizado apenas um vôo diário em aeronave

modelo bandeirante com capacidade para 16 passageiros. Ainda assim, é o terceiro mais

movimentado aeroporto do Acre. O transporte fluvial destaca-se como um dos mais

importantes no município, principalmente no período de chuvas, em função de que

grande parte das mercadorias que o município requer chegam de Manaus e Porto Velho

via balsa.

A produção ribeirinha, bem como, o acesso as escolas rurais também são feitas por

embarcações. O rio Tarauacá é uma das vias de acesso entre as cidades de Tarauacá e

Jordão, sendo que, a distância que separa estes municípios é de aproximadamente 330

quilômetros. A acessibilidade também é sazonal, em função do nível das águas do rio, o

que dificulta bastante toda a logística de escoação e de transporte em geral. No período

de seca, existe uma maior dificuldade de navegabilidade em embarcações com

capacidade superior a 2.500 Kg. Para que se possa navegar nessas épocas, são utilizadas

embarcações de menor porte variando entre 800 kg a 1.500 Kg.

O transporte da produção rural é feito com o apoio da Prefeitura e da Secretaria de

Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (SEAPROF). A secretaria municipal de

agricultura disponibiliza caminhão para atendimento dos produtores ao longo da BR

364, incluindo comunitários dos projetos de assentamento, complexo de florestas e do

Polo Agroflorestal.

A SEAPROF atende especialmente os produtores rurais que participam do programa da

“Compra Antecipada” - Projeto de Aquisição de Alimentos da Produção Familiar da

Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB. Atualmente, os produtores

ribeirinhos do Alto Tarauacá, Muru e Gregório não têm apoio no transporte da

produção, em função da prefeitura ter cancelado o contrato com os barqueiros que

atendiam essas comunidades. Dessa forma, os ribeirinhos são obrigados a pagar para

ter a produção escoada até os mercados da cidade. O município dispõe de um armazém

da CAGEACRE (Companhia de Armazéns Gerais e Entreposto do Acre) com capacidade

para 100 toneladas, bem como, uma peladeira de arroz. Contudo, não há demanda por

armazenamento, tendo em vista a baixa produção no município. No entanto, nas

comunidades rurais organizadas em associações há pequenos galpões para

armazenamento temporário, é o caso, por exemplo, dos galpões da ASAREAT e das

comunidades da RESEX do Alto Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

86

2.1.5. Histórico de criação da RESEX

A história de criação da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá remonta ao final dos anos

80, toda a década de 90 e início dos anos 2000, sendo que os principais fatos específicos

estão situados entre 1988 e 2002 (Figura 49). Esta história está relacionada

principalmente aos processos e conflitos sociais e econômicos pelos quais a região, mais

especificamente o Vale do Juruá, enfrentava à época.

Os movimentos sociais e políticos ocorridos nos anos 90 que resultaram na criação da

Reserva Extrativista do Alto Juruá, a primeira do país, foram a mola propulsora para o

início de toda uma história de reinvindicações dos extrativistas da região em parceria

com diversas entidades como o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS), Sindicato dos

Trabalhadores Rurais de Jordão e Tarauacá (STR), Prefeituras de Tarauacá e Jordão,

Associação dos Seringueiros e do Centro Nacional de Desenvolvimento Sustentável das

Populações Tradicionais (CNPT) no Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis (IBAMA), para a criação da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá. Estes

movimentos se mobilizaram em um contexto de conflitos sociais e econômicos na região

no final dos anos 80, desencadeado pela crise na economia da borracha, quando o corte

e exploração da seringa deixaram de ser a atividade norteadora da população que ali

vivia. O baixo preço da borracha e a desarticulação de sua rede comercial fizeram com

que a população seringueira buscasse outras fontes de renda e atividade, intensificando

então as atividades agrícolas, criação de animais, a pesca e caça e, ainda, a exploração

predatória da madeira. Aliado a este processo, houve um completo abandono das

comunidades, e uma situação de total “desassistência”, visto que a grande distância da

capital do estado do Acre os desfalecia de investimentos públicos e sociais.

Consequentemente, muitas das famílias que viviam nos centros dos seringais mais

afastados migraram para ocupar regiões mais próximas da sede do município de Jordão

ou para a cidade de Tarauacá em busca de condições melhores de vida.

A ideia era de que a criação da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá pudesse criar

condições para que as populações lá residentes pudessem viver da floresta, dando

oportunidade a essas famílias de utilizar formas tradicionais de ocupação do território,

desenvolvendo estratégias econômicas possibilitando a subsistência e alternativas reais

de comércio, conciliando o uso dos recursos naturais com preservação das florestas e

animais. Ainda, priorizando o desenvolvimento local, garantiria a permanência da

população na zona rural, ou seja, sem abandono dos locais de moradia e assegurando-

os o direito de posse e uso dos recursos naturais existentes.

Além dos aspectos de contexto social e econômico que justificaram a sua criação, há um

componente ambiental bastante importante. A relevância ambiental da área é

constatada desde 1911, por meio do Decreto nº 8.843, em que o Governo Federal

reconhece a importância dessa localidade para conservação das florestas, ao instituir a

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

87

Reserva Florestal do Território do Acre, incluindo os principais afluentes da margem

direita do Alto Juruá e da margem esquerda do rio Tarauacá. A criação da RESEX teria o

intuito de impedir o agravamento dos impactos ambientais decorrentes das

consequências da crise da borracha, principalmente quanto a retirada e exploração

ilegal da madeira (em especial o mogno e cedro), a caça e pesca predatória que ali se

acentuava, em função da busca por alternativas econômicas para sustento da

população. Consequentemente a RESEX garantiria também a conservação de áreas

contínuas às Terras Indígenas rio Gregório, Kampa do igarapé Primavera,

Jaminawá/Arara do rio Bagé, Kaxinawá do Baixo rio Jordão e da RESEX do Alto Juruá,

bem como a área indicada para criação da RESEX Riozinho da Liberdade, possibilitando

assim a conservação da biodiversidade nesse contínuo e seu uso sustentável pela

população tradicional que ali vive.

Nesse processo todo, uma das principais entidades que teve papel chave na mobilização

e articulação para criação da Reserva foi o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de

Tarauacá, criado no final de 1976. A sua estruturação aconteceu nesse clima de conflitos

sociais constantes, em que os seringais vinham sendo vendidos aos grupos “paulistas” e

fazendas de gado vinham sendo implantadas no entorno da cidade de Tarauacá. O STR

teve o papel de minimizar esses conflitos através de campanhas contra a exploração

predatória dos recursos naturais, cobrando maior atuação de órgãos estaduais e

federais junto à população que ali vivia da floresta, além de diversas outras

reivindicações, dentre elas, a da criação da RESEX do Alto Tarauacá feita ao

CNPT/IBAMA.

Numa abordagem mais específica dos fatos principais que levaram a sua criação, o

primeiro registro da reivindicação para a criação da Reserva no município de Tarauacá,

que nessa época se referia ao seringal “Alagoas e região”, ocorreu em 1988 no I Encontro

Municipal dos Seringueiros em Tarauacá. Ao longo dos anos subsequentes várias outras

reinvindicações foram sendo feitas pelos seringueiros em outras reuniões e também em

vários outros documentos do STR em que foram registradas essas intenções. Esta

reivindicação estava em consonância com as reivindicações dos representantes dos

seringueiros para criação de reservas extrativistas na Amazônia desde a criação do

Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) em 1985, visto que poderia ser uma forma de

conciliar a preservação ambiental, o aproveitamento econômico dos recursos da

floresta com as formas de vida das populações que ali viviam do extrativismo.

A área indicada para a criação da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá incidia sobre seis

seringais nativos: Boa Vista, Duas Nações, Massapê, Alagoas, Tabocal e Oriente, a posse

Goyaz e parte do seringal Primavera. Contudo, dentre esses seringais, Boa Vista,

Massapê e Duas Nações eram áreas já desapropriadas pelo IBAMA desde janeiro de

1992. Apesar de fazerem parte do conjunto de seringais que incidiam na Reserva

Extrativista do Alto Juruá. Foi constatado posteriormente que esses seringais estavam

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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na Bacia dos rios Jordão e Tarauacá, ou seja, fora dos limites da Reserva Extrativista do

Alto Juruá. A desapropriação destes seringais contribuiu ainda mais para a continuidade

do processo de mobilização social dos extrativistas desta região e da reivindicação de

criação de outra Reserva Extrativista, no caso, a do Alto Tarauacá.

Apesar desse primeiro registro de reinvindicação em 1988, o primeiro pedido formal

feito aconteceu em março de 1996, organizado pelo STR e encaminhado ao

CNPT/IBAMA, juntamente com uma carta de apoio de cinco vereadores do município de

Jordão e um abaixo-assinado. A partir da abertura desse processo formal, foram

realizadas viagens para estudos de verificação da viabilidade da criação da Reserva feitas

pelo CNPT/IBAMA e pelo CNS.

Houve uma primeira viagem de levantamento preliminar, em 1996 (junho a novembro),

que levantou a cadeia dominal dos seringais incidentes na proposta, cadastramento e

levantamento sócio-econômico preliminar dos seringueiros e agricultores e reuniões

com os chefes de família dos seringais visitados.

Em meados de 1997, iniciou-se a viagem dos representantes do CNS à área, a fim de

realizar os levantamentos para o documento de criação da RESEX. Ainda, durante esse

período, estava sendo desenvolvido pela Delegacia Sindical de Tarauacá um trabalho de

conscientização dos moradores, fortalecimento do movimento sindical na região e

mobilização de lideranças e chefes de família. No período entre 23 de setembro a 09 de

outubro de 1997 foram realizadas pelo CNS três reuniões na região, envolvendo os

moradores dos seringais Alagoas, Massapê e Boa Vista, para a discussão dos seguintes

assuntos: criação da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá, criação da Associação do Alto

Tarauacá e PRODEX (Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo). Nessa

reunião, no seringal Alagoas, com a presença de 200 pessoas, foi discutido e aprovado

por unanimidade a composição de uma comissão provisória para a futura Associação do

Alto Tarauacá, primeiro passo para a criação e legalização da Associação dos

Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista de Alto Tarauacá (ASAREAT). Além da

realização destas reuniões, estes temas foram conversados com os moradores das

margens do rio Tarauacá. Este processo culminou com a organização de um abaixo-

assinado encaminhado ao CNPT/IBAMA e MMA reivindicando a criação da Reserva

Extrativista do Alto Tarauacá em caráter de urgência. Durante esse período, desde julho

de 1997, novas negociações foram iniciadas junto ao chefe do CNPT/IBAMA, em Rio

Branco, a fim de viabilizar a complementação dos dados coletados na vistoria preliminar

feita em 1996. E então após todos os trâmites de contratação, iniciou-se a viagem de

complementação de dados (cadastramento e levantamento sócio-econômico

complementares), em dezembro de 1997. Entre dezembro de 1997 e janeiro de 1998

foram realizadas 8 reuniões em diferentes seringais da futura Reserva. A reunião de 19

de janeiro de 1998 coincidiu com a criação do STR do município de Jordão. Ao término

das reuniões foram articuladas listas de abaixo assinado por 364 seringueiros da futura

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Reserva e dos seringais adjacentes, índios Kaxinawá e moradores da sede de Jordão.

Esse trabalho foi intitulado de: “Elaboração do levantamento socioeconômico, laudo

biológico e situação fundiária da área reivindicada para criação da Reserva Extrativista

do Alto Tarauacá – municípios de Jordão e Tarauacá e contou com apoio do PNUD,

através do projeto “Desenvolvimento Sustentável através do Extrativismo”, culminando

no documento feito por Iglesias (1998).

Após a apresentação do estudo no final do ano de 1998, das avaliações e relatórios

técnicos, o processo de criação ainda não estava concluído, quando no mês abril de 2000

é encaminhando ao CNPT/IBAMA, mais uma vez, um abaixo-assinado da ASAREAT

solicitando providências urgentes nos trâmites para criação da RESEX. E por fim, no mês

de novembro de 2000 é decretada a criação da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá,

através do Decreto s/n de 08/11/2000.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 49. Linha do tempo dos principais fatos do histórico de criação da Reserva Extrativista

do Alto Tarauacá, AC.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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2.2. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA UC

2.2.1. Início das atividades de gestão

Os primeiros registros voltados para o processo de gestão (pós-criação) da RESEX do

Alto Tarauacá datam do final do ano de 2005, sob a condução do Centro Nacional de

Desenvolvimento Sustentável das Populações Tradicionais (CNPT), instância vinculada

ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis

(IBAMA/AC), responsável pela gestão das Unidades de Conservação de Uso Sustentável

no Brasil. Em anos anteriores as ações existentes no território da UC, em sua maioria, se

restringiam as operações de fiscalização, licenciamento e autorização de área de

desmate para instalação do roçado por parte dos moradores da RESEX, estando essas

ações subordinadas ao Escritório Regional do IBAMA, no município de Tarauacá. Até o

ano de 2003 a ações foram realizadas pela servidora e chefe do escritório, Maria do

Perpétuo Socorro Sampaio de Araújo e entre 2003 e setembro de 2006, pelo chefe de

escritório Vicente de Paula Simões.

Ainda no ano 2006 o IBAMA passou por uma reestruturação institucional, o que

culminou com o fechamento do escritório no município Tarauacá. Em outubro de 2005

houve o primeiro ingresso oficial de um servidor lotado na RESEX do Alto Tarauacá, a

analista ambiental Rosenil Dias de Oliveira, que entrou em exercício na

superintendência do IBAMA/AC em Rio Branco, onde se deu a instalação do escritório

administrativo da RESEX. Em novembro de 2006 a RESEX do Alto Tarauacá aderiu ao

Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), sendo essa adesão um “marco”

importante de início do processo de gestão da UC, principalmente pelo aporte de

recursos financeiros necessários para a realização das expedições em campo.

Após a criação do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

ocorreu a transfência da sede administrativa da RESEX do Alto Tarauacá, instalada em

Rio Branco, para o município de Cruzeiro do Sul/AC, a fim de se unir as demais UC

existentes no Alto Juruá e assim, compor um Núcleo de Gestão Integrada (NGI). A

proposta de um NGI não se concretizou e após quase sete anos em funcionamento em

Cruzeiro do Sul, o escritório administrativo da RESEX do Alto Tarauacá retornou para a

capital Rio Branco em janeiro de 2017, ocupando imóvel compartilhado com a equipe

de gestão da RESEX Chico Mendes e do CNPT/AC.

2.2.2. Equipe gestora

A equipe da RESEX do Alto Tarauacá é composta, atualmente, por um servidor público

e uma contratada como cargo em comissão do grupo de direção e assessoramento

superior (DAS).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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1. Chefe da RESEX do Alto Tarauacá (DAS): Mariléia de Araújo da Silva: Tecnóloga

em Gestão Ambiental, Pós-graduada em Educação, Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável pela Universidade Norte do Paraná. CNH AB.

2. Chefe substituto da RESEX do Alto Tarauacá (servidor): Raimundo Maciel

D´Avila: Bacharel em Engenharia Florestal pela Universidade Federal do Acre.

CNH AB. Agente de fiscalização com porte de arma.

O ano de 2010, foi o período em que a UC apresentou maior efetivo, contando com uma

chefe e três analistas ambientais durante seis meses. Até hoje foram lotados na UC pelo

ICMBio cinco profissionais, Rosenil Dias de Oliveira, Máira Oliveira Maia, Camilla Helena

da Silva, Raimundo Maciel D’Avila e Mariléia de Araújo da Silva.

Geralmente os gestores da UC mobilizam colaboradores eventuais (estudantes) para

apoio em atividades como: reuniões comunitárias, reuniões do conselho, atividades do

Programa de Monitoramento da Biodiversidade, etc. Exemplo disto foi verificado

durante as atividades consolidação deste plano de manejo, como: visita de

reconhecimento da RESEX, reuniões de retomada da elaboração do Plano de Manejo,

oficina de planejamento participativo (OPP) e reunião de estruturação do planejamento,

em que a estagiária da RESEX Chico Mendes (Ana Kelly) acompanhou e colaborou nas

diversas atividades.

2.2.3. Infraestrutura e equipamentos

A sede administrativa da RESEX atualmente encontra-se em Rio Branco-AC, na Rua

Henrique Dias, nº 162, Bosque. Por ser uma unidade descentralizada do ICMBio está

vinculada a Coordenação Regional 1 (CR-1) de Porto Velho/RO. Toda equipe do ICMBio

que ocupa o imóvel localizado em Rio Branco-AC tem previsão de mudança para uma

sede própria nova, para a qual o projeto arquitetônico já foi elaborado.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 50. Espaços de trabalho da chefe e do chefe substituto na sede administrativa atual da

RESEX do Alto Tarauacá no município de Rio Branco/AC.

A RESEX do Alto Tarauacá não possui nenhuma base operacional própria servindo de

apoio dentro ou no entorno da UC, conforme indicado no Plano de Proteção da RESEX

(BRASIL, 2012). Uma pequena sala cedida pela ASAREAT em sua sede no município de

Jordão serve a esse propósito, sendo utilizada pelos servidores para fazer despachos e

desenvolver outras atividades administrativas pontuais da UC (Figura 51).

Figura 51. Estrutura atual utilizada como base de apoio à gestão da RESEX do Alto Tarauacá no

município de Jordão.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Em uma oficina realizada em Jordão, em dezembro/2009, para tomadas de decisão

sobre o Plano de Manejo, foram listadas pelos membros do Conselho Deliberativo

propostas no sentido de otimizar a gestão da RESEX no que se refere à infraestrutura,

sendo:

• Estruturar uma base de apoio administrativo da RESEX do Alto Tarauacá no

município de Tarauacá. Na época desse apontamento, a base administrativa era em

Cruzeiro do Sul. A comunidade alegou que seria mais acessível se estivesse localizado

no município de Tarauacá ou, então, que se estabelecesse uma agenda do chefe da

Unidade para trabalhar durante uma semana/mês nesta cidade. A posição atual da

administração na cidade de Rio Branco e a sala de apoio em Jordão parecem estar

satisfazendo esta demanda de aproximação com os comunitários. No entanto, uma

sede própria para despachos e armazenamento de equipamentos e insumos em

Jordão é considerado importante para os chefes da UC.

• Criar nas comunidades uma ou mais bases de apoio/centros comunitários/barracões

para dar suporte ao trabalho das equipes técnicas e para uso dos moradores em suas

atividades comunitárias.

Quanto aos equipamentos, atualmente a UC dispõe dos seguintes equipamentos que

são utilizados tanto no escritório como em atividades em campo:

• Veículos: duas caminhonetes L200, sendo uma GL (2009) e outra Triton (2017);

• Barcos/voadeira: uma voadeira de 8 metros com motor polpa 40 HP, uma canoa

de alumínio de 6 metros (Modelo Tucuma Série 2016-2024, ano de fabricação 2017)

com motor de rabeta 13HP gasolina;

• Bicicletas: duas bicicletas Caloi;

• Geradores: dois geradores a gasolina e um gerador a diesel;

• Sistema de radiocomunicação: três rádios (Motorola Talkabout MR 350R);

• Equipamentos para escritório: mesas, armários, cadeiras, computadores, HDs

externo, impressora, notebooks, tabletes, projetores, câmeras fotográficas,

filmadora, um ar condicionado (Split 9000 bt);

• Receptores para orientação espacial: quatro GPSs, sendo três Garmin GPSMAP

64s e um Garmin Oregon 750 com câmera digital;

• Materiais de uso em campo: mochilas, redes selva, lanternas, bússola, saco

estanque, colchonetes, barracas, lonas, cordas, entre outros;

• Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e coletes salva vidas;

• Outros equipamentos de apoio: materiais de cozinha (panelas, freezer, garrafa

térmica e fogão), bebedouros, ferramentas, megafone, entre outros.

Como UC integrante do ARPA, a RESEX categorizada como Grau I deve atender a lista de

equipamentos mínimos, de acordo com o Manual Operacional do ARPA de 2017 (Tabela

7).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Tabela 7. Equipamentos mínimos elegíveis para UC Grau 1 e tipo 4.

Equipamento Quantidades

Aparelho GPS 2 por UC

Maquina fotografica digital com case a prova d'agua

2 por UC

Computador padrao completo ou notebook (Consolidacao I)

1 por tecnico de nivel superior do orgao gestor alocado na UC, ou de parceiro gestor, em número máximo de 2

Impressora multifuncional 1 por UC

Veículo pick-up 4X4 ou utilitário pequeno

1 por UC

Mesa para computador ou escrivaninha com cadeira e arquivo (Consolidacao I)

1 por funcionário

Barco regional 1 por UC fluvial

Voadeira e canoa com motores (Consolidacao I)

1 voadeira e uma canoa, com respectivos motores, carreta e kits de emergência, por UC

Aparelho de ar condicionado 18.000 BT 1 por UC

De acordo com a tabela acima a RESEX contempla os diversos itens exigidos para

consolidação do Grau I, com exceção do ar condicionado 18.000 BT, que atualmente é

suprido plenamente no espaço físico local por um de 9.000 BT.

2.2.4. Parcerias

A organização de informações de instituições parceiras ou com potencial de parcerias é

fundamental em uma Reserva Extrativista, que é gerida por um Conselho Deliberativo

demandando colaboração permanente para composição de sua gestão.

O estabelecimento dessas parcerias é de especial importância em várias frentes de ação

de gestão da UC, particularmente no ICMBio, que tem dificuldade de alocar mais

efetivos de recursos humanos nas Unidades de Conservação da Amazônia, como é caso

da RESEX do Alto Tarauacá. Para a gestão local da RESEX do Alto Tarauacá verificou-se

duas parcerias intra-institucionais, ou seja, dentro do ICMBio, em destaque. A primeira

delas com o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Sociobiodiversidade

Associada a Povos e Comunidades Tradicionais (ICMBio/CNPT/AC) e a outra com a

Divisão de Gestão Participativa e Educação Ambiental (DGPEA) da Coordenação-geral

de Gestão Socioambiental (CGSAM) na Diretoria de Ações Socioambientais e

Consolidação Territorial em UC (ICMBio/DISAT), que compartilham uma série de ações

em auxílio à gestão e pesquisa na RESEX.

Essas parcerias foram fundamentadas na proximidade das relações estabelecidas pelas

servidoras, Rosenil Dias de Oliveira (ICMBio/CNPT/AC) e Camilla Helena da Silva

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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(ICMBio/DISAT/CGSAM), pois foram duas das quatro gestoras (chefe) da RESEX do Alto

Taraucá a partir de 2006. Essas relações se expressam em apoio e pesquisas referentes

a caça de subsistência, manejo de tracajás e ao etnoconecimento zooterápico das

comunidades, além das colaborações na elaboração dos instrumentos de gestão como

Perfil da Família Beneficiária e Acordo de Gestão. As referidas analistas compõem

também o grupo de trabalho (GT) de acompanhamento institucional dessa consultoria

do Plano de Manejo (Portaria nº 773/2017), contribuindo na consolidação desse

instrumento e se fazendo presente nas reuniões comunitárias planejadas.

A parceria da gestão da RESEX do Alto Tarauacá com o ICMBio/CNPT/AC impulsionou e

pode incrementar ações relacionadas ao seu Programa de Pesquisa, especialmente para

pesquisas relacionadas ao manejo e uso sustentável dos recursos naturais, visando a

conservação da biodiversidade e qualidade de vida das comunidades tradicionais

beneficiárias da RESEX, haja visto que o escopo deste Centro de Pesquisa, criado pela

Portaria nº 78 de 03/09/2009 é de “promover pesquisa científica em manejo e

conservação de ambientes e territórios utilizados por povos e comunidades tradicionais,

seus conhecimentos, modos de organização social e, produtiva, e formas de gestão dos

recursos naturais, em apoio ao manejo das Unidades de Conservação federais”.

Nesse sentido, a RESEX pôde ser contemplada por ações integrantes do planejamento

estratégico do ICMBio/CNPT que se propõe a 1) apoiar o intercâmbio entre

conhecimentos científicos e tradicionais advindos de experiências em outras UC,

podendo capacitar e aprimorar as atividades produtivas locais; 2) estimular a criação de

uma "câmara de saberes", para articulação dos conhecimentos locais, tradicionais e

científicos e colocando em prática na localidade outras pesquisas alvo do ICMBio/CNPT,

como: estudo para elaboração de parâmetros para definição do perfil de beneficiários e

usuários; 3) construção de instrumentos para avaliação dos impactos sociais das UC; 4)

potencialidades para implementação de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e

ecoturismo de base comunitária.

Ainda dentro do corpo técnico do ICMBio/CNPT lotado no Acre, a servidora Roberta Graf

pode, em parceria, auxiliar a gestão da RESEX do Alto Tarauacá com orientações de

planejamento, gestão e manejo territorial para o mosaico local, que contempla outras

UC e Terras Indígenas (TI), sendo políticas públicas relacionadas as TI alvos recentes das

pesquisas da servidora.

A parceria da RESEX com a DGPEA/CGSAM/DISAT, na pessoa da Camilla Helena da Silva,

além de aproximar a gestão da UC das atividades da sede do ICMBio em Brasília, tem

grande possibilidade de impulsionar processos de capacitação e aprimoramento do

funcionamento e atuação do Conselho Deliberativo atual e em composições futuras,

incluindo apoio a gestão participativa em mosaicos de áreas protegidas como o

observado na localidade em que a RESEX se insere.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Demandas por capacitações foram evidentes nas falas dos beneficiários da RESEX

durante as reuniões comunitárias para elaboração deste Plano de Manejo e, também,

no plano de ação do Conselho Deliberativo de 2016 – 2017, principalmente o

aprofundamento de tópicos relacionados ao associativismo ou cooperativismo e

técnicas relacionadas às atividades produtivas. A DGPEA pode impulsionar ações locais

relacionadas ao curso de formação em educação ambiental na gestão pública da

biodiversidade, ao ciclo de gestão participativa, a oficina sobre gestão participativa e

capacitação em RESEX da Amazônia e oficina de planejamento para capacitação de

professores no entorno das Unidades de Conservação

(http://www.icmbio.gov.br/educacaoambiental/capacitacao.html), integrantes do

escopo de atuação da divisão e que ainda não contemplaram os conselheiros da RESEX

do Alto Tarauacá.

Ainda na esfera intra-institucional foram verificadas parcerias recentes com gestores da

Floresta Nacional Humaitá (Leila Mattos Araújo Nápoles) e a RESEX Arapixi (Hevelise Dias

e Antônio Carlos) no apoio à moderação na construção do mais novo Plano de Ação do

Conselho Deliberativo. As diferentes formações dos profissionais que integram o corpo

técnico do ICMBio fazem com que essas parcerias sejam fundamentais, visto que

agregam profissionais com experiência em moderação e facilitação de processos de

construção coletiva (Ata da 9ª reunião ordinária do Conselho Deliberativo).

Este processo contou ainda com a parceria de Antônio Carlos, morador e conselheiro da

RESEX Arapixi. Essa troca de experiências entre UC de uso sustentável, com conselheiros

vindo ou indo compartilhar, pode ser uma estratégia importante para o aprimoramento

da gestão da RESEX do Alto Tarauacá.

A interação da RESEX do Alto Tarauacá com as RESEX adjacentes e/ou acreanas

integrantes da gestão do ICMBio foi verificada em menor escala. Com a RESEX Alto Juruá

a interação aconteceu no final de 2016, o gestor da Resex Alto Juruá compartilhou

experiências sobre produção de óleo de copaíba durante reunião do Conselho

Deliberativo da Resex do Alto Tarauacá. A RESEX do Riozinho da Liberdade teve

participação mais intensa durante as reuniões de formação do Conselho Deliberativo da

RESEX do Alto Tarauacá em 2008 e 2009, pela participação do seu gestor na época Chico

Ginu, e também em 2012 esteve disponível para trocas de experiências relacionadas à

produção de farinha de mandioca. A Flona Macauã esteve mais próxima enquanto o

analista Raimundo, atual integrante da equipe do Alto Tarauacá, foi seu gestor, e ainda

assim participava das reuniões do Conselho Deliberativo da RESEX do Alto Tarauacá. A

RESEX Chico Mendes interagiu com a RESEX do Alto Tarauacá em 2014 em assuntos

relacionados a açudes de peixes. Não foi identificada nenhuma menção de parceria da

RESEX com o Paque Nacional da Serra do Divisor e Floresta Nacional de Santa Rosa do

Purus.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Além das parcerias intra-institucionais a gestão, da RESEX do Alto Tarauacá aprimora

seu potencial de atuação com o estreitamento de relações com organizações da

sociedade civil, governamentais e do terceiro setor que a auxiliaram desde sua criação

e vem ocupando cadeiras na constituição de seu Conselho Deliberativo.

A Associação dos Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá

(ASAREAT) é a instituição da sociedade civil mais próxima da RESEX, com moradores da

reserva sempre integrando sua equipe de gestão, fazendo o acompanhamento de

processos de elaboração dos diversos instrumentos de gestão (ex.: Conselho

Deliberativo, Perfil da Família Beneficiária, Plano de Manejo etc.) e apoiando na

execução de muitas outras atividades (ex.: logística de execução das reuniões

comunitárias, monitoramento de entrada e saída de moradores na RESEX,

comercialização de produtos agroextrativistas dos moradores, entre outras).

ASAREAT é uma das instituições locais com grande potencial para mediar e implementar

ações de melhoria da qualidade de vida das populações locais, motivando ações de

acesso à créditos financeiros e capacitações dos moradores da RESEX, mobilizando junto

às gestões governamentais equipamentos e ferramentas produtivas, aproximando os

produtores de mercados locais e mais distantes. As gestões anteriores da RESEX do Alto

Tarauacá sempre se mantiveram próximas aos dirigentes da ASAREAT, anteriormente

sob a direção de Orlei José de Araújo Souza, Janis Mendonça, Raimundo Cavalcante da

Conceição (DeBrito) e outros. Atualmente na gestão 2015 – 2017, do presidente João

Arlenildo da Silva Oliveira (João Braz) e o vice Manoel Monteiro Aquino (Manoelzinho).

Apoios recentes da RESEX à ASAREAT também ocorreram como a reforma do bote e

motor da associação para uso mútuo e a disponibilização de oportunidades de trocas de

experiências em outras UC, bem como a participação de João Braz e Manoel Monteiro

no Terceiro Chamado da Floresta na RESEX Tapajós-Arapiuns e intercâmbio na Flona

Tapajós em 2016 no Pará, caracterizando uma essa interação recorrente ao longo da

existência da RESEX, que aconteceu anteriormente em participações em “Chamados da

Floresta” anteriores, capacitações socioparticipativas e de educação ambiental

organizados pela ACADEBio/ICMBio, seminários, simpósios e congressos de interesse na

esfera regional e nacional, inclusive com a participação de moradores da UC.

Além da ASAREAT outra associação que interagiu com a RESEX do Alto Tarauacá foi

Associação de Seringueiros Kaxinawá do Rio Jordão (ASKARJ), que tem representação

no Conselho Deliberativo, mas sem presença assídua e com ínfima participação segundo

os registros verificados nas atas de reuniões. A parceria da RESEX com a ASKARJ

aproxima a UC de uma das Terras Indígenas (TI) do seu entorno (TI Kaxinawá do Baixo

Jordão), que pode orientar a comunidade da RESEX impulsionando a produção de

borracha, visto que os índios Kaxinawá integram uma ação com apoio da organização

não governamental (ONG) WWF e de uma empresa carioca “Amazon Life” para

comercialização de couro vegetal (treetap) produzido à base de borracha natural.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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As outras TI adjacentes a RESEX como as TI Jaminawá Arara do Rio Bagé, TI Kampa do

Igarapé Primavera e TI do Rio Gregório tem ainda menor interação. Uma estratégia de

aproximação vem sendo por meio da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) com a

intensificação da ocupação e participação na cadeira no Conselho Deliberativo da UC,

envolvendo outros possíveis Coordenadores Técnicos Locais (CTL) ou Regionais, de

Tarauacá e Juruá.

Ainda no conjunto de parceiros mais próximos à gestão da RESEX do Alto Tarauacá estão

os integrantes do Governo Federal, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA/AC), que nas primeiras atividades de formação

do Conselho Deliberativo da UC em 2008 e 2009, os apoiou tecnicamente, com

integrantes advindos do Núcleo de Educação Ambiental (NEA) Elaine Christina Oliveira

do Carmo, Karine Lopes Narahara e Antônio Marreiro Sobrinho, sendo este último

técnico do Núcleo de Fauna; além de Gerson Meireles e Vicente de Paula, que atuaram

principalmente nas ações de fiscalização; o Instituto Nacional de Colonização e Reforma

Agrária (INCRA), que na formação do conselho apoiava em esclarecimentos feitos pelo

servidor Hélio Villalba e que auxiliou desde então na disponibilização (2006-2010) e

gestão do Crédito Instalação (Crédito Moradia). O apoio do INCRA às comunidades da

UC ainda pode auxiliar bastante na obtenção de créditos que impulsionem suas

atividades agroextrativistas, através do Programa Nacional de Fortalecimento da

Agricultura Familiar (Pronaf), assim como para assistência técnica via Programa Nacional

de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma Agrária

(Pronater). Tanto o IBAMA quanto o INCRA integraram todas as composições do

Conselho Deliberativo até o momento.

As organizações civis do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) e

Conselho Nacional do Seringueiros (CNS) atuaram intensivamente no processo de

criação da RESEX do Alto Tarauacá, e o STTR ainda participa intensamente das atividades

do Conselho Deliberativo, representado em todos os mandatos pelo titular Sr. Francisco

Silva (Chico Véio) que também é morador e beneficiário da RESEX.

Nas escalas estadual e municipal tem sido parceiras estratégicas: 1) a Secretaria Estadual

do Meio Ambiente (SEMA); 2) o Instituto de Meio Ambiente (IMAC); 3) Secretaria de

Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (SEAPROF); 4) Prefeitura Municipal de

Tarauacá; 4) Prefeitura de Municipal de Jordão; 5) Secretaria Municipal de Ação Social -

Jordão, Secretaria Municipal de Educação – Jordão, e 6) Polícia Militar (Batalhão de

Policiamento Ambiental). Essas parcerias têm aprimorado e podem contribuir ainda

mais com a qualidade de vida dos moradores das comunidades da RESEX do Alto

Tarauacá, comunicando oportunidades de ações produtivas e sociais que as mesmas

possam ser contempladas e qualificando os serviços prestados em cada uma delas. A

Prefeitura de Jordão, suas secretarias e a SEAPROF integram frequente e ativamente o

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Conselho Deliberativo da UC nos diversos mandatos, sendo que a representação da

Polícia Militar é debatida desde 2011.

Com relação à capacitação profissionalizante da comunidade e o apoio para construção

de projetos técnicos a RESEX do Alto Tarauacá pode buscar parcerias com o Instituto

Federal do Acre (IFAC) e a Universidade Federal do Acre (UFAC), o que já tem acontecido

pontualmente com a elaboração de projetos de planos de manejo de recursos naturais

(ver síntese das atas na Tabela 8). O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e

Emprego (Pronatec) possibilita a execução de cursos de elevado interesse da

comunidade, como: açaicultor, avicultor, criador de peixes em viveiros escavados,

piscicultor, suinocultor, produtor familiar de cana-de-açúcar, meliponicultor e

aquicultor, assim como pela SEAPROF em cursos de boas práticas de beneficiamento e

melhoramento da borracha.

Quanto ao aprimoramento da geração de conhecimento local por pesquisas, instituições

parceiras estratégicas são: a UFAC, com pesquisas locais em diagnósticos da

comunidade de mamíferos de médio e grande porte e avaliação do impacto de caça e,

mais recentemente, a instituição alemã GIZ e a ONG Instituto de Pesquisas Ecológicas

(IPE) que, em parceria com o ICMBio, vem colaborando tecnicamente e supervisionando

a execução do Programa de Monitoramento da Conservação da Biodiversidade do

ICMBio, com o monitoramento participativo in situ dos protocolos básicos: plantas

lenhosas; mamíferos de médio e grande porte; grupos selecionados de aves e

borboletas frugíveras, que está em implantação numa das áreas mais conservadas da

UC e com logística de acesso viável, no caso, nas áreas das comunidades dos seringais

Restauração e Alagoas.

Na geração de conhecimento o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e

IFAC também podem ser parceiros estratégicos, visto que em parceria com o Governo

do Estado do Acre, colocaram em curso desde 2015 o Mestrado Profissional em Gestão

de Áreas Protegidas da Amazônia, que pode ter a RESEX do Alto Tarauacá como alvo em

estudos de caso, preenchendo lacunas de conhecimento identificadas neste Plano de

Manejo e em outros momentos.

Por fim, lista-se instituições de apoio financeiro e técnico com os quais a RESEX tem, já

teve ou pode estabelecer parcerias para aprimorar a conservação da biodiversidade e a

qualidade de vida das comunidades beneficiárias da RESEX. Instituições de apoio

financeiro: Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA), Banco Nacional do

Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Programa das Nações Unidas para o

Desenvolvimento (PNUD), United States Agency for International Development (USAID),

Banco da Amazônia, Banco do Brasil (INCRA). Organizações sem fins lucrativos: WWF,

WWF - Brasil, Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Centro

de Medicina da Floresta (CMF), Pacto das Águas e Instituto Socioambiental (ISA). A

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 52 apresenta de forma gráfica os parceiros reais e potenciais da gestão da RESEX

levantados para o período de 2006 a 2016.

Figura 52. Representação dos parceiros da gestão da RESEX do Alto Tarauacá levantados no período 2006 – 2016 e lista de parceiros oportunos. A distância definida pelo tamanho da elipse demonstra subjetivamente a interação com a UC, quanto mais próxima maior. Fora das elipses do diagrama estão instituições consideradas oportunas para parcerias. Para siglas das instituições verificar texto deste item. Legenda: RESEX ou RE – Reserva Extrativista; PN – Parque Nacional; FN – Floresta Nacional.

2.2.5. Orçamentos e programas institucionais

2.2.5.1. Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)

O ICMBio como autarquia do Ministério do Meio Ambiente (MMA) responsável pela

gestão das Unidades de Conservação federais responsabiliza-se por garantir o

orçamento para remuneração dos servidores lotados na Unidade, abastecimentos de

viaturas, manutenção de contratos de telefonia, internet, energia elétrica, água,

vigilantes, limpeza, locação da sede administrativa e aquisição de materiais de

expediente da RESEX do Alto Tarauacá.

2.2.5.2. Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA)

O Programa Áreas Protegidas da Amazônia (ARPA) é coordenado pelo Ministério do

Meio Ambiente brasileiro, com suporte financeiro por doações do Banco Mundial –

Global Environment Facility (GEF), Fundo Amazônia (BNDES), Banco de

Desenvolvimento da Alemanha - KfW e Rede WWF, sendo este último agente de

cooperação técnica também. A gestão financeira é de responsabilidade do Fundo

Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e a execução é feita na esfera nacional pelo

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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ICMBio e nos Estados pelas Secretarias de Meio Ambiente do Acre, Amapá, Amazonas,

Mato Grosso, Pará, Rondônia e Tocantins.

O ARPA apoia atualmente 114 Unidades de Conservação sendo estas beneficiadas com

bens, obras e contratação de serviços necessários para a realização de atividades de

integração com as comunidades de entorno, formação de conselhos, planos de manejo,

levantamentos fundiários, fiscalização e outras ações necessárias ao seu bom

funcionamento.

A RESEX do Alto Tarauacá preparou documentos para adesão ao programa ARPA entre

2001 e 2005, consolidando a sua adesão em 2006, no qual, desde então, as atividades

operacionais da UC são realizadas com recursos do programa. Atualmente a RESEX se

enquadra na Fase I do programa e é classificada como Grau 1. Para UC de Grau I na Fase

I (criação e consolidação) o programa ARPA estabeleceu como metas a elaboração de

Planos de Manejos de diversas UC, a formação dos conselhos gestores, o

estabelecimento das sinalizações, a elaboração e execução do plano de proteção,

aquisição de equipamentos básicos, manutenção de infraestruturas, operacionalização

do funcionamento e monitoramento da conservação da biodiversidade (ARPA, 2017).

Destes requisitos de atendimento ao Grau I do programa, a RESEX do Alto Tarauacá se

empenhou para a formação de seu conselho deliberativo entre 2008-2009, com este já

atuando por três mandatos consecutivos (2011 – 2014; 2015 – 2017; 2017 - atual), e

possui sinalização, plano de proteção, infraestruturas e operacionalização adequadas.

Assim, para alcançar os requisitos mínimos para classificação como Grau 2, os focos

atuais estão relacionados à aprovação deste Plano de Manejo e a execução dos

protocolos básicos do componente florestal do Programa de Monitoramento da

Conservação da Biodiversidade do ICMBio, descrito no item 2.2.6.5.

A gestão atual da RESEX tem acesso no sistema (Cérebro) aos orçamentos da execução

dos Planos Operativos (PO) de três biênios 2012/2013 (R$ 178.999,99), 2014/2015 (R$

402.675,60) e 2016/2017 (R$ 967.479,21), sendo que nos dois primeiros biênios os

recursos não foram utilizados até seu limite e no termo vigente (até agosto de 2017)

despendeu-se R$ 575.362,85. Neste PO, além dos recursos operacionais recorrentes,

recursos foram requisitados para consolidação do Plano de Manejo da UC e para

complementação da implantação do monitoramento da biodiversidade na Unidade.

2.2.5.3. Outros programas de interesse institucional

Como um dos alvos principais de gestão de uma UC de uso sustentável é a melhoria da

qualidade de vida dos seus beneficiários, o ICMBio tem feito articulações

interinstitucionais para propiciar a implementação de políticas públicas junto às

comunidades tradicionais por meio de diversos projetos e programas, que vão além

daquelas diretamente relacionadas à conservação da biodiversidade. Assim, a gestão da

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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RESEX do Alto Tarauacá deve atentar-se a manutenção e ao funcionamento dos

programas implementados nos seus limites, além de auxiliar seus beneficiários na

adesão a outros. Abaixo encontram-se alguns exemplos desses programas e projetos:

O Programa Telecentros.Br é um programa federal de inclusão digital, implantado pelo

Governo do Acre com o nome de Floresta Digital. Um dos telecentros funciona no

município de Jordão, no Núcleo Administrativo do Governo, na Avenida Francisco Dias,

s/n, Centro < http://www.florestadigital.ac.gov.br/>. Para funcionamento dos

telecentros monitores são formados para capacitar diversos interessados. Assim,

propiciar o acesso dos beneficiários RESEX a esse telecentro ou levar os

monitores/educadores do programa para escolas das comunidades, pode impulsionar a

inclusão digital local e ser de grande relevância para os beneficiários.

O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação

Escolar (PNAE), conforme já descrito no item de Contextualização Municipal, são

programas que podem aprimorar a renda dos agroextrativistas beneficiários da RESEX

do Alto Tarauacá, bem como melhorar os hábitos alimentares dos estudantes das

comunidades. Na visita de diagnóstico verificou-se que a maioria das escolas presentes

nas comunidades tem parte de sua alimentação advinda da agricultura familiar local,

garantida por um desses programas. No entanto a gestão da UC pode atuar para

ampliação da porcentagem da alimentação escolar suprida pelos agroextrativistas

(atualmente no mínimo 30%) e da gama de produtos adquiridos, valorizando outros

produtos locais, incluindo açúcar/melado, açaí, frutas dos pomares, entre outros.

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) que coordena o PNAE está

reunindo experiências exitosas para divulgação de “Boas Práticas de Agricultura Familiar

para Alimentação Escolar” no âmbito do PNAE. Esses casos podem ser bons modelos

para a gestão visualizar, aprender e compartilhar com e seus beneficiários. Portanto,

vale acompanhar a disponibilização desta publicação.

O projeto “Jovens Protagonistas” vem sendo realizado em UC federais criando espaços

para a participação dos jovens na sua gestão, diagnosticando e fomentando o

surgimento de novas lideranças jovens, por meio de ações de fortalecimento

comunitário e módulos de disponibilização de conhecimentos sobre conservação,

monitoramento de biodiversidade e educação ambiental. A presença de grande número

de jovens nas reuniões de envolvimento para o Plano de Manejo, a verificação da

renovação dos representantes comunitários no Conselho Deliberativo da RESEX

demostra o impacto potencial da implantação de um projeto nestes moldes na UC,

especialmente para desenvolver o senso de pertencimento local desta nova geração,

que minimize a saída dos mesmos para áreas urbanas enfraquecendo a conservação da

biodiversidade nestes territórios.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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O projeto RESEX Produtoras de Energia Limpa, integrante do Programa Qualidade de

Vida do Instituto Mamirauá e parceria com o Programa Clima e Energia do WWF é um

modelo de ação que pode ser interessante para comunidades como as beneficiárias da

RESEX do Alto Tarauacá em função do seu isolamento. O projeto viabiliza instalações

fotovoltaicas para escolas e comunidades isoladas, possibilitando diversos benefícios

para educação local, adicionalmente disponibilizando energia para bombeamento de

água, refrigeração e utilização de equipamentos como despolpadeiras de frutas e

extratores de óleos vegetais. O projeto contempla também a capacitação dos

beneficiados com o curso de Sistemas de Energia Solar Fotovoltaica para Qualidade de

Vida e Produção Sustentável, ministrado pelos técnicos do Instituto Mamirauá de

Tefé/Amazonas.

Por fim, o programa de transferência de renda Bolsa Verde que é gerido pelo Ministério

do Meio Ambiente e contempla famílias residentes em áreas para a conservação

ambiental, como é o caso da RESEX do Alto Tarauacá, respeitando as regras de utilização

dos recursos. Constam atualmente no banco de dados do programa como beneficiadas

48 das 250 famílias integrantes das comunidades da RESEX, sendo que 34 aderiram ao

programa em maio/2013, seis em novembro/2013 e oito em março/2014. Para

verificação do número de pessoas com potencial de ser contemplado por este

programa, observa-se que a RESEX Alto Juruá possui 739 famílias cadastradas como

beneficiárias, evidenciando um potencial grande de adesão de novas famílias do Alto

Tarauacá, especialmente quando observados os valores baixíssimos de IDHM da

população do município de Jordão. Um aporte adicional de R$ 300.000,00 por ano,

reunindo as 250 famílias, teria bons efeitos no mercado local.

2.2.6. Atividades desenvolvidas na RESEX

2.2.6.1. Gestão da RESEX

A gestão da RESEX do Alto Tarauacá tem como objetivo geral atender o descrito no

artigo 18 do SNUC (Lei nº 9.985) “proteger os meios de vida e a cultura de populações

tradicionais e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade”. Essa

mesma lei determina que essa categoria de UC deve ser gerida por um Conselho

Deliberativo, presidido pelo orgao responsável por sua administracao (o ICMBio) e

constituído por representantes de orgaos publicos, de organizacoes da sociedade civil e

das populacoes tradicionais residentes na area, conforme se dispuser em regulamento

interno e no ato de criação da Unidade (BRASIL, 2011) (Figura 53).

Na figura a seguir retirada do documento “Conselhos Gestores de Unidades de

Conservação Federal – um guia para gestores e conselheiros” compara-se os objetivos

gerais das categorias de UC federais, os tipos de domínios de terras e modelo de gestão

pela tipologia dos conselhos, destacando que apenas as RESEX e Reservas de

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Desenvolvimento Sustentável (RDS) são administradas coletivamente por conselhos

deliberativos (ABIRACHED et al., 2014). Diferentemente dos conselhos consultivos, os

conselhos deliberativos decidem, após reflexões e consultas, sobre a gestão da UC e

outras questões locais.

Os gestores do ICMBio têm responsabilidades administrativas e executivas das

atividades realizadas na RESEX, dentre as quais integrar e presidir o Conselho

Deliberativo. São de responsabilidades do Conselho Deliberativo definir a normatização

e funcionamento do seu regimento interno, atuar conforme competências definidas no

SNUC, decidir sobre o conteúdo de seu Plano de Ação, deliberar sobre assuntos

relacionados a gestão da UC e emitir recomendações, moções e resoluções (ABIRACHED

et al., 2014).

O Conselho Deliberativo teve sua mobilização para criação e definição dos primeiros

representantes das comunidades beneficiárias da RESEX entre os anos de 2008 e 2009,

conduzidos pela gestora da RESEX, integrantes do Núcleo de Educação Ambiental do

IBAMA/Acre, INCRA, RESEX do Riozinho da Liberdade e ASAREAT.

O Conselho Deliberativo da RESEX do Alto Tarauacá foi criado em 2010 com a publicação

no Diário Oficial da União da portaria nº 127 de 14 de dezembro de 2010. Nesta ocasião

a composição do Conselho Deliberativo da RESEX contava com o ICMBio, IBAMA, INCRA,

Prefeitura de Jordão, SEAPROF, ASAREAT, STR, ASKARJ e as comunidades do

Tabocal/Goiás, Alagoas/Nazaré, Jaminawá/Massapê, Maranhão/Duas Nações e Boa

Vista/Santa Júlia, totalizando 13 representantes com suplentes, garantindo a paridade

de representação de organizações públicas e civis, com seis do primeiro setor e sete do

segundo. Entretanto, a ata da posse do conselho em sua primeira formação data de 01

de junho de 2011.

Até fevereiro de 2017 o Conselho Deliberativo da RESEX do Alto Tarauacá se reuniu treze

vezes, sendo uma reunião de posse do primeiro mandato, 10 reuniões ordinárias e, duas

reuniões extraordinárias (Tabela 8). Nos quatro primeiros anos a frequência de reuniões

oscilou bastante, com duas acontecendo em 2011, uma em 2012, uma em 2013 e três

em 2014. Nos anos de 2015 e 2016 verificou-se a frequência de duas reuniões, sendo

que em 2017 aconteceu uma em fevereiro e outra está agendada para o segundo

semestre, com opções para os meses de setembro ou dezembro. Até agosto de 2017 o

Conselho teve três composições, sendo que o primeiro mandato foi de junho de 2011 a

novembro de 2014, com 41 meses de duração, tendo sua composição alterada pela

portaria de nº 238 de 16 de outubro de 2013, em atenção ao regime interno que

regulamentou seu funcionamento.

Nessa renovação do conselho foram mantidas todas as instituições integrantes do

mandato anterior, adicionadas a representação da FUNAI (Coordenação Regional do

Juruá - CRJ) e sendo desmembrada a representação das comunidades do

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Alagoas/Nazaré, em representantes do seringal Alagoas e do seringal Nazaré,

totalizando neste período quinze cadeiras na composição do Conselho. Essa segunda

formação do Conselho Deliberativo atuou por 27 meses entre novembro de 2014 e

fevereiro de 2017.

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Figura 53. Mosaico baseado no SNUC Lei 9.985/00 obtido no documento “Conselhos Gestores de Unidades de Conservação Federal – um guia para

gestores e conselheiros” (ICMBio, 2014).

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A gestão do Conselho Deliberativo atual conta com quatorze integrantes titulares, sendo

oito de organizações da sociedade civil (seis comunidades beneficiárias da RESEX, a

ASAREAT e o STTR) e seis organizações governamentais (quatro da esfera federal –

ICMBio, IBAMA, INCRA e FUNAI; uma estadual – SEAPROF e uma municipal – Prefeitura

de Jordão). A ASKARJ não apresentou representação para esse novo mandato. Mesmo

sendo pleiteada frequentemente uma cadeira de representação para comunidade do

Remanso no Conselho, a mesma ainda não foi concedida. Formações anteriores do

Conselho debateram recorrentemente o interesse de convidar a Polícia Militar e o

Exército para integrar o Conselho, sem concretização até o momento.

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Tabela 8. Reuniões do Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá até 2017.

Reunião Data Presidente ou Facilitou Temas Principais Discutidos e Deliberados

Reunião de Posse 01/06/11 Máira Oliveira Maia Posse do primeiro mandato. Foram apresentados aos participantes assuntos referentes ao

histórico de criação da Unidade, gestão participativa, processo de formação, papel e

instituições componentes do Conselho Deliberativo.

1ª Reunião Ordinária 03/06/11 Máira Oliveira Maia Regimento Interno foi elaborado no dia 02/06/11 e aprovado nesta sessão. Apresentação

do Projeto de Monitoramento de Quelônios. Discussão de atuação de fiscalização e o uso

da madeira. Lista de questionamentos: Xapuri como beneficiários; caça com cachorro;

Kaxinawá entrando para caçar e pescar; criação de gado por não beneficiários; reclamações

sobre falta de escolas; fragilidade econômica; falta de alternativa ao fogo para abertura de

áreas. Facilitadora: Silmara de Cássia Luciano.

2ª Reunião Ordinária 02/09/11 Máira Oliveira Maia Levantamento da situação das escolas nas comunidades. Impasse sobre existência de

escola do ensino médio e dificuldades para os alunos de onde dormir, demanda de uma

pousada no Alagoas ou transporte de qualidade. Crédito instalação do INCRA, fechamento

do primeiro lote e os novos 120 contemplados, eliminação por não ser beneficiário, possuir

casas (RESEX e urbana) ou óbito. Solicitação da presença do exército e da policia federal no

Conselho Deliberativo. Interesse de participação no conselho da comunidade Remanso e

aceite. Apresentação de oportunidades do PAA, necessidade de ter a Declaração de

Aptidão ao Pronaf (DAP). Apresentação do Bolsa Verde. Apresentação dos PDC. Seleção de

secretários executivos e vice-presidentes. Cadastramento de armas pela PF. Definição de

procedimento para requisição de licença de desmate e inclusão de pautas. Construção do

Plano de Ações 2012 no dia anterior. Facilitador: Leonardo Lelis.

3ª Reunião Ordinária 14/09/12 Camilla Helena da Silva Comunidade Boa Vista reclama da pesca predatória feita pelos índios com venenos e

apetrechos proibidos por lei federal, da caça e de danos materiais na propriedade dos

comunitários. Melhora de infraestrutura da ASAREAT para receber pagamentos.

Comunidade do Massapê reclama de invasões para retirada madeira. Comunidade do

Jaminawá levanta a necessidade de fundo de suprimentos para emergências. SEAPROF

ressalta a necessidade do uso eficiente dos recursos e projetos que ampliem a diversidade

de atividades econômicas. Oficialização da Camilla com Chefe da RESEX. Prestação de

contas 2011/2012. Crédito moradia (INCRA). Apresentação do CAD Único. Planejamento de

visita técnica na RESEX Cazumbá-Iracema para óleo de copaíba e na RESEX Riozinho da

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Reunião Data Presidente ou Facilitou Temas Principais Discutidos e Deliberados

Liberdade para farinha de mandioca no mês de novembro de 2012. Levantamento nas

comunidades para os cursos de maior interesse. Curso de abelhas melíferas na Comunidade

Duas Nações pelo governo do Acre. Descarte de pilhas e baterias. Dificuldade de

convivência dos professores com moradores da RESEX. Permanece a demandada de

diagnóstico da demanda de escolas. Apresentação do levantamento faunístico. Comunicar

a ASAREAT a saída da RESEX e o máximo de permanência fora de dois anos. Seis anos para

regularização dos criadores de gado a cima do limite. Não transportar carne oriunda da

prática de caça de subsistência quando o morador for para a cidade. Bolsa Verde.

Aprovação do Plano de Utilização da RESEX por unanimidade. Necessidade de comunicar

a ASAREAT sobre vendas de benfeitorias em colocações da RESEX. Requisição de cadeira

no conselho da comunidade do Nazaré. Proposta de convite para a FUNAI participar do

conselho. Avaliação da entrada de uma família da RESEX do Alto Juruá no Massapê.

4ª Reunião Ordinária 05/06/13 Camilla Helena da Silva Dificuldade de atingir o quórum mínimo. Boa Vista reclama dos indígenas darem trabalho,

existirá uma reunião comunitários, FUNAI e ICMBio. Retomada do interesse de participação

no conselho das comunidades do Remanso e Nazaré. Caça com cachorros diminuindo.

Conflitos entre famílias no Alagoas – bebida e caça com cachorros. Reclamações do sistema

de saúde. Apresentação do levantamento pela UFV e seleção de equipe de apoio e

acompanhamento. Demanda de cursos de ARRAIS. Pré-formação do GT do Plano de

Manejo. Demanda de um Plano de Manejo florestal para aproveitamento madeireiro, para

fabricação dos próprios móveis. Aprovação do Acordo de Gestão. Elaboração do Plano de

Ação: caça com cachorro; médico com CRM; telefones públicos; assistência técnica e

curso de corte e costura. Farinha como principal produto. Galinhas com doenças. Apoio do

exército com médicos. Comunicação para retirada dos cachorros. Nazaré com cadeira e

Remanso não.

5ª Reunião Ordinária 12/02/14 Camilla Helena da Silva Prestação de custos de 2013. Sucesso da proibição de caça com cachorro. Conflitos por

infrações relacionadas a retirada de madeira. Apresentação do orçamento ARPA 2014.

Reuniões nas comunidades para renovação do conselho. Planejamento da fiscalização:

caça, pesca e quelônios no início e fim do verão, incluindo fiscalizações surpresa. Plano de

comunicação por quatro estações de rádio, podendo entrar ao vivo as 07:50 da manhã na

rádio FM de Jordão. Extrativismo com enfoque na farinha, Plano de Manejo do Cocão para

óleo e carvão (possível apoio da empresa júnior da engenharia florestal da UFAC), produção

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Reunião Data Presidente ou Facilitou Temas Principais Discutidos e Deliberados

de móveis com madeira e óleo de copaíba no Nazaré. Corte e costura (Sec. Pequenos

Negócios).

1ª Reunião Extraordinária 16/07/14 Camilla Helena da Silva Representação da comunidade na SBPC pelo presidente da ASAREAT. Importância da

utilização do procedimento de entrada e saída de moradores da RESEX. Plano de Ação

2014/2015: instalação de telefones nas escolas. Comunicação por rádio. Foram enviados

projetos sobre cocão e cacau nativo. Dificuldades para trazer o curso de corte e costura

para a UC, informações de que material sobre esse curso chegou a cidade e não as

comunidades. Foi realizado um curso sobre extração de mel em algumas comunidades da

UC. Projeto de açudes da ASAREAT, com trocas de experiências na RESEX Chico Mendes

(apoio da prefeitura de Jordão e da AMAC), recurso obtido e definição de estratégias de

emprego do recurso e para quem oficializar. Planejamento da eleição da ASAREAT em

14/09/14. Planejamento da renovação do conselho. Denuncia no MPF sobre o crédito

INCRA. Impacto do ramal do Muru nas TI, na cidade e na RESEX. Discussão do excesso de

restrição para o aproveitamento da madeira. Pesquisas sem autorização. Bolsa Verde.

6ª Reunião Ordinária 12/11/14 Camilla Helena da Silva Reclamação para punição mais severa de caça com cachorros. Atividade de papel dos

conselheiros e demanda para os conselheiros informarem as comunidades. Demanda de

cadeiras para moradores da Comunidade São João e para a PM. Plano de Ação 2015/2016.

Comemoração dos 15 anos da Unidade em novembro. Capacitação dos conselheiros com

base no SISUC complementado com o conteúdo do Acordo de Gestão em 03/15 com apoio

do WWF e PESACRE. Comunicação com preferencia de telefones públicos ao invés de rádios

amadores, ofício de requisição já pronto. Editais abertos e programas para apoio ao

extrativismo: SEDENS, BB – ECOFORTE. Trabalhos com artesanato, cocão e cacau foram

encaminhados (parceiro UFAC), aguardando aprovação. Projeto pelo ARPA para sede da

ASAREAT. Sugestão de outros cursos profissionalizantes: corte e costura, manicure e

pedicure e mecânico. Cursos não alcançam as mulheres da zona rural. Demanda de maior

envolvimento dos comunitários nas ações da UC e da ASAREAT para o novo presidente e

conselheiros. Retomada da contratação para consolidação do Plano de Manejo.

Sinalização: Santa Júlia, São Vicente, Nazaré e no Lago. Fiscalização de pesca e reunião

explicativa. Discussão do perfil da família beneficiária. Questionários sobre bebidas

alcoólicas, transporte e merenda escolar. Apresentação do Manejo dos Tracajás.

Levantamento de associados da ASAREAT que já receberam benefícios. Multas com caça

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Reunião Data Presidente ou Facilitou Temas Principais Discutidos e Deliberados

com cachorro tiram o Bolsa Verde. A importância dos comunicados de saída da reserva.

Passos de resolução de problemas de vizinhos: conselheiro, PM e ICMBio. Renovação do

porte de arma. Necessidade do Bolsa Verde. Maior número de cadeiras no conselho, maior

o quórum mínimo, atenção para isso. Posse dos novos conselheiros.

7ª Reunião Ordinária 03/07/15 Mariléia de Araújo da Silva Esclarecimentos e discussões sobre o perfil da família beneficiária e o Plano de Manejo.

Definição do Grupo de acompanhamento do perfil e do grupo de trabalho do plano.

Informativos do monitoramento de tracajás. Proposição de vinheta para passar nas rádios,

sobre o manejo. Falaram sobre o crédito moradia do INCRA. Lista de interessados em

criações de pequeno porte (porcos e avicultura). Proposta de construção de hospedaria da

ASAREAT, para receber pessoas no município. Lista de interessados no kit de farinha.

Demanda de informe de entrada e saída da RESEX. Demanda de extração de madeira da

RESEX para construção de casas na cidade. Entrega de cartilha sobre conselho e

conselheiros. Definição da comemoração de 15 anos acontecer no Jordão dia 08/11/15.

Definição da ocupação dos cargos de vice-presidente, secretário executivo e vice-secretário

executivo.

8ª Reunião Ordinária 06/11/15 Mariléia de Araújo da Silva Apresentação de cursos do PRONATEC Bolsa Verde, ênfase aos de açaicultor e avicultor

com vinte vagas cada. Definiram o local do curso de açaicultor, considerando maior espaço,

mais famílias contempladas e mais açaí, optaram pela comunidade Jaminawá, em

detrimento a Mato Grosso e Massapê. O de avicultor iria acontecer em escola desativada

na comunidade Duas Nações, centralizada entre São Vicente, Santa Júlia, Massapê e Boa

Vista. Presença do presidente da ASREAT no Terceiro Chamado da Floresta na RESEX

Tapajós Arapiuns com temas de Educação, Saúde, Produção e Crédito Moradia. Recurso do

Sebrae para limpeza de lagos para pirarucu. ASAREAT, proposta de cadeia de produção:

avicultura, suinocultura, açaicultura, farinha, feijão, milho e ativar os açudes. Abertura do

mercadinho da ASAREAT e reforma do bote com apoio ARPA. Experiência de produção de

óleo de copaíba na RESEX do Alto Juruá e que a SEAPROF de condições de apoiar na RESEX

do Alto Tarauacá. Proposta de Chico Velho para que uma das três reuniões anuais do

conselho acontecesse nas comunidades, sendo concordância unanime. Comunicação da

existência de um Termo de Reciprocidade (ICMBio-estado do Acre) e demanda da

apresentação de Plano de Trabalho para essa parceria.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

113

Reunião Data Presidente ou Facilitou Temas Principais Discutidos e Deliberados

2ª Reunião Extraordinária 01 –

02/04/16

Mariléia de Araújo da Silva Apresentações do processo e de conceitos relacionados ao perfil da família beneficiária,

como da última versão do documento aprovada nesta reunião. Avaliação do Acordo de

Gestão, com decisões sobre o escopo completo, com destaques para entrada e saída de

moradores e proibição comercialização de madeira, até a elaboração de um Plano de

Manejo madeireiro comunitário. Exclusão do conteúdo de criação de gado, com

possibilidade de estabelecer termos de ajustamento de conduta (muita polemica). Retirada

do trecho de caça também bastante polêmica e não definitiva. Continuidade da reunião no

dia seguinte para continuação da avaliação da redação final do Acordo de Gestão, que

demandou diversos ajustes em muitos capítulos. Discutiu-se extrativismos de cocão e

extrativismo e cultivo de mariri e chacrona, com requisição da documentação de manejo

do último. Propostas de Planos de Ação Sustentáveis (PAS). Informação vinda da SEAPROF

sobre recurso do BID para produção rural em Jordão.

9ª Reunião Ordinária 22 –

23/09/16

Mariléia de Araújo da Silva Utilização de um “presenciômetro” para verificação do quórum. Apresentação do

instrumento Plano de Manejo. Relatório Orçamentário 2016/2017 do ARPA, 120 mil para

implantação do Programa de Monitoramento. Apresentação do Programa de

Monitoramento e a definição de onde serão instaladas as Estações Amostrais.

Apresentação do instrumento Plano de Ação do Conselho, sugestão de evitar estabelecer

ações para próximos mandatos. Constou no plano: GT Plano de Manejo e Monitoramento

da Biodiversidade, programa conselheiro nota 10, demandas de capacitações em

associativismo, cooperativismo e seminário de pesca, apoio a produção familiar e

estruturas comunitárias e valorização da cultura regional, definindo: objetivo, atividade,

onde, responsáveis, prazos, recursos e monitoramento. Reuniões nas comunidades Boa

Vista/Santa Júlia e Duas Nações como objeto de finalização do curso de gestão participativa

das gestoras da RESEX Arapixi e Alto Tarauacá.

10ª Reunião Ordinária 19 –

20/02/17

Mariléia de Araújo da Silva Posse do conselho para o mandato 2017/2018, com o Termo de Posse. Apresentação da IN

09/2014 do ICMBio e necessidade de renovação do Regimento Interno do conselho.

Propostas de novas adaptações do Acordo de Gestão vindas da COPROD, especialmente

para entrada e saída de moradores. Discussão e aprovação do Acordo de Gestão.

Explicações sobre Plano de Manejo e definição dos integrantes do GT. Programa de radio

para capacitação jovem chamado “Bom dia, Produtor”. Apresentação do Plano de Ação do

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

114

Reunião Data Presidente ou Facilitou Temas Principais Discutidos e Deliberados

Ano I consolidado, com atividades de capacitação ficando em aguardo e novo grupo de

estruturação dos galpões nas comunidades.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

115

Instituições não representadas até o momento no Conselho que costumam interagir

bastante com UC são as relacionadas à pesquisa e ensino (ex.: UFAC e IFAC) e ao terceiro

setor.

Ao longo dos três mandatos de conselheiros da RESEX do Alto Tarauacá 59 pessoas

diferentes ocuparam as 86 vagas possíveis, mostrando grande mobilidade e

envolvimento para os cargos. Apenas 5 conselheiros ocuparam cargos nos três

mandatos, sendo as cadeiras do IBAMA, INCRA e ASKARJ com representação

permanente pelos mesmos integrantes e um representante titular do STTR de Jordão,

que é também morador da comunidade de Duas Nações. A representação feminina até

o momento no Conselho Deliberativo foi de 21%, ou seja, 12 representantes. Nos

diversos mandatos variou de 19 – 23%, tendo ápice no mandato 2014 – 2017 em que

cinco dos 15 representantes titulares eram mulheres (Tabela 9).

2.2.6.2. Instrumentos de gestão do Conselho Deliberativo

A gestão da RESEX do Alto Tarauacá serve-se de alguns instrumentos de gestão e

documentos para administração, planejamento e execução das atividades sobre sua

responsabilidade. Destacam-se como instrumentos de gestão da UC o Acordo de

Gestão, o Perfil da Família Beneficiária, o Plano de Proteção e depois de concluído o

Plano de Manejo. Complementam essas ferramentas de gestão o Regimento Interno do

Conselho Deliberativo, os Planos de Ação do Conselho, Atas de Reuniões de Conselho,

Termos de Posse de Conselheiros, Pedidos de Entrada e Saída da RESEX e Declaração de

Aptidão ao Pronaf (DAP).

Os três documentos intrinsicamente relacionados ao Conselho Deliberativo (Atas de

Reuniões, Planos de Ação e Regimento Interno) foram descritos a seguir, sendo depois

deles apresentados em separado os quatro principais instrumentos de gestão de UC de

uso sustentável: Planos de Proteção, Plano de Manejo, Acordo de Gestão e Perfil da

Família Beneficiária.

Atas de Reuniões do Conselho Deliberativo

As atas das reuniões possibilitam a descrição das atividades e das discussões realizadas

nas reuniões. As atas acumuladas desde 2011 apresentam conteúdo riquíssimo do

trabalho executado e das demandas importantes em cada época. Na Tabela 8,

apresentada anteriormente, fez-se uma síntese dos assuntos mais importantes que

integraram as pautas de reuniões desde a fundação do Conselho, detalhando também

quem presidiu a seção e data em que a reunião ocorreu.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

116

Tabela 9. Composição do Conselho Deliberativo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá até agosto de 2017.

Instituição/Comunida

de

2011 - 2014 2014 - 2017 2017 - Atual

Titular Suplente Titular Suplente Titular Suplente

1 Seringal Tabocal/Goiás João Batista Andrade

da Silva José Barbosa da Silva

João Batista de Andrade

Silva José Barbosa Silva Antônio Batista da Cruz João Batista de Andrade Silva

2 Seringal Alagoas/Nazaré Antônio de Abreu Valdozir Cavalcante da

Fonseca

Valdozir Cavalcante da

Fonseca Cleilton Maria Antônia dos Santos Mardilson do Espirito Santo

3 Seringal Nazaré - - José Fonseca Pedro dos Santos Maia Antônio José de Lima

Carvalho Pedro dos Santos Maia

4

Seringal

Jaminawá/Massapê/Rest

auração

Antônio Janis

Mendonça Manoel Avelino Matos

Maria Perpétua Avelino

de Matos

Francisco Aurino Ferreira

Nogueira Sebastião Mendonça

Francisco Marciel Andrade

Mendonça

5 Seringal Maranhão/Duas

Nações Francisco Muniz Edson Rodrigues de Olinda

Manoel de Jesus Silva de

Castro Sebastião Garcia Santos

Francisco Henrique

Ferreira

Francisco Mariano da Silva

Batista

6 Seringal Boa Vista/Santa

Júlia Ivo Felipe Oliveira Raimunda do Nascimento Maria Arlene Silva Oliveira Gildo do Nascimento de Souza

Francisco Matos de

Oliveira

Manoel Francisco da Silva

Oliveira

7 ASAREAT Orlei José Araújo de

Souza Pedro Venâncio da Silva

João Arlenildo da S.

Oliveira Orlei José Araújo Souza

João Arlenildo da Silva

Oliveira Maria Arlene da Silva Oliveira

8 STTR de Jordão Francisco Silva de

Araújo Claudiomar da Silva e Silva Francisco Silva de Araújo Jair de Olinda Nobre Francisco Silva de Araújo Roberto Rodrigues da Silva

9 ASKARJ José Osaías Sales Josimar Pinheiro Sales José Osaías Sales Josimar Pinheiro Sales NÃO APRESENTARAM NÃO APRESENTARAM

10 Prefeitura de Jordão Rosenildo de Melo

Silva Marenilda Freitas Rodrigues

Marenilda Freitas

Rodrigues

Sandra Maria Mendonça

Matos Francisca Ramila Maia

Sandra Maria Mendonça

Matos

11 SEAPROF Pedro Nolasco

Santos Freire

Manoel Rodrigues de Farias

Neto

Roberto Rodrigues de

Olinda

Maria Andreza Monteiro

Aragão Jair de Olinda Nobre Hiago Fontineles Viana

12 INCRA Carlos de Alencar

Filho

Francisco Fortunado de

Castro Meireles Carlos de Alencar Filho

Francisco Fortunato de Castro

Meireles Carlos de Alencar Filho

Francisco Fortunato de Castro

Meireles

13 IBAMA Elaine Christina

Oliveira do Carmo Gerson Meireles Filho

Elaine Christina Oliveira

do Carmo Gerson Meireles Filho

Elaine Christina Oliveira

do Carmo Gerson Meireles Filho

14 ICMBio

Máira Oliveira

Maia/Camilla Helena

da Silva

Camilla Helena da Silva Mariléia de Araújo da

Silva Raimundo Maciel D’ Avila

Mariléia de Araújo da

Silva Raimundo Maciel D’Avila

15 FUNAI - - Walderney Silva de Souza Marco Antônio Iusten Silva Walderney Silva de Souza Marco Antônio Iusten Silva

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

117

Plano de Ação do Conselho

Os Planos de Ação incluem as atividades a serem realizadas nos anos seguintes,

organizando-as por prioridade, definindo o objetivo da execução, os responsáveis, prazo

de realização, fonte dos recursos e monitoramento da execução. Foram verificados

planos de ação feitos em 2011, em 2014 e em 2016. Em 2011, na elaboração do Plano

de Ação de 2012/2013, identificou-se como carências dos beneficiários da RESEX a falta

de alternativas de produção, a necessidade de aprimoramento do uso e das regras da

RESEX, a indicação de falta de conscientização, formação e capacitação dos

beneficiários, demanda de melhoria da saúde e educação das comunidades.

No ano de 2014 o Plano de Ação 2014/2015 contemplou atividades relacionadas à um

plano de comunicação com requisição da instalação de telefones nas comunidades e

estratégias de envio de mensagens pontuais por rádio, a busca por editais de apoio ao

extrativismo e produção, incluindo aí capacitações em corte e costura, atividades para

o funcionamento da ASAREAT como a eleição, organização de bens e patrimônios e o

envolvimento de novos sócios; e, por último, mas não menos importante, as atividades

de elaboração do Perfil da Família Beneficiária com definição de um grupo de

acompanhamento (GA) de construção e organização das reuniões comunitárias.

No Plano de Ação elaborado em 2016 para os anos de 2017/2018 propôs-se a formação

do GT do Plano de Manejo e monitoramento da biodiversidade, a realização de oficinas

de capacitação de associativismo e elaboração de projetos, o programa “Conselheiro

Nota 10”, um seminário de pesca, o aprimoramento das estruturas nas comunidades

(galpões comunitários) e a valorização da cultura regional.

Regimento Interno do Conselho

O Regimento Interno do Conselho Deliberativo da RESEX do Alto Tarauacá foi elaborado

em 03 de junho de 2011 e orienta o seu funcionamento. Nele constam os objetivos e

competências do conselho, os tipos de integrantes com suas atribuições, procedimentos

de composição e exclusão, entre outros tópicos. O regimento é bem completo e a UC

tem colocado ele quase que plenamente em prática, exceto pela frequência de reuniões

ordinárias que só atingiu a exigência de três no ano de 2014.

A distância de lotação da gestão e a logística custosa para integrantes do ICMBio, com

transporte aéreo, e dos conselheiros comunitários, transporte fluvial com forte

influência sazonal devido as calhas rasas dos rios e igarapés e a distância, podem

justificar a dificuldade de realização das reuniões ordinárias requisitadas. No entanto,

apesar de “jovem” o Conselho tem se mostrado eficiente, como observa-se pelas

descrições na Atas de Reuniões (Tabela 8).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

118

A gestão da RESEX necessita aprimorar a fase de monitoramento das ações executadas

pelo Conselho previstas em seus planos de ação, facilitando o acompanhamento de

dados, resultados, documentos ou formalizações das atividades realizadas por

conselheiros e comunitários. O acesso dinâmico a dados, informações e documentos

dinamizam a administração e manejo das UC, possibilitando que o mesmo seja

realmente “adaptativo”.

Acordo de Gestão

A elaboração do Acordo de Gestão da RESEX do Alto Tarauacá se inicia no ano de 2008,

momento em que dava início a construção da primeira versão do seu Plano de Manejo.

Nesse momento inicial, o documento era denominado como “Plano de Utilização”, que,

segundo a Instrução Normativa nº 01, de 18 de setembro de 2007, artigo 6º, inciso III,

consiste em:

“Plano de Utilização: consiste nas regras internas construídas, definidas e

compactuadas pela população da Unidade quanto às suas atividades

tradicionalmente praticadas, o manejo dos recursos naturais, o uso e

ocupação da área e a conservação ambiental, considerando-se a legislação

vigente. É o documento base para que seja firmado o Termo de

Compromisso entre a população tradicional beneficiária da Unidade, que

receberá a concessão do direito real de uso, e o Instituto Chico Mendes”

Os Planos de Utilização geralmente eram elaborados e exigidos para formalizar o pedido

de transformação da área numa reserva extrativista e geralmente eram absorvidos pelo

Plano de Manejo (https://uc.socioambiental.org/gest%C3%A3o/instrumentos-de-

gest%C3%A3o ).

O Plano de Utilização da RESEX do Alto Tarauacá objetivava manifestar aos órgãos

governamentais e à sociedade o compromisso dos moradores da Reserva Extrativista

em cumprir a Legislação Ambiental em todas as suas esferas e oferecer um instrumento

de verificação do cumprimento das normas aceitas por todos os membros da RESEX e

de explicitar reações de respeito e sustentabilidade para com a natureza e de justiça e

equidade social entre homens e mulheres (BRASIL, 2012).

Conforme mencionado, quando ele começou a ser construído, em função de alguns

problemas para finalização da primeira versão do Plano de Manejo, a equipe gestora

juntamente com a Coordenação de Produção e Uso Sustentável (COPROD) do ICMBio

resolveram terminar o Plano de Utilização separadamente do Plano de Manejo. Houve

várias idas e vindas do documento, várias revisões e versões da minuta. No ano de 2011

foi solicitada a primeira revisão do Plano de Utilização que estava sob análise do

ICMBio/COPROD, e no parecer foi requisitado que se apresentasse todo o processo

participativo da construção que houve deste Plano com a comunidade da Reserva. Em

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

119

virtude dessa requisição, no ano de 2012 foram feitas várias reuniões com a comunidade

da RESEX e Conselho Deliberativo a fim de discutir, atualizar e aprovar o Plano de

Utilização. A partir de então, foi redigida uma nova minuta do Plano e a mesma foi

novamente apresentada ao ICMBio/COPROD.

Em função da criação de uma nova Instrução Normativa, a IN nº 29, de 5 de setembro

de 2012, que disciplina, no âmbito do ICMBio, as diretrizes, requisitos e procedimentos

administrativos para a elaboração e aprovação de Acordo de Gestão em Unidade de

Conservação de Uso Sustentável federal com populações tradicionais, o documento

apresentado a COPROD denominado de “Plano de Utilização” foi então renomeado

como “Acordo de Gestão da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá”.

Ao longo do processo de construção do Plano de Utilização/Acordo de Gestão algumas

questões geraram a necessidade de grande negociação entre os beneficiários da Resex

e o ICMBio, principalmente pela necessidade de manifestação da Procuradoria Federal

Especializada (PFE) do ICMBio. Dentre estas questões destacam-se a possibilidade da

criação de gado e da caça de subsistência dentro da RESEX por beneficiário da mesma.

Por fim, na 10ª Reunião Ordinária do Conselho Deliberativo do dia 20/02/17 foram

discutidas e aprovadas as últimas adaptações do Acordo de Gestão vindas da COPROD,

especialmente para entrada e saída de moradores, culminando então na publicação do

Acordo de Gestão da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá através da Portaria nº 354

de 23 de maio de 2017 (Anexo 2).

Perfil da Família Beneficiária

A Instrução normativa nº 35, de 27 de dezembro de 2013, veio disciplinar, no âmbito

do ICMBio, as diretrizes e procedimentos administrativos para a elaboração e

homologação do perfil da família beneficiária em Reservas Extrativistas, Reservas de

Desenvolvimento Sustentável e Florestas Nacionais, com populações tradicionais, ou

seja, aquelas famílias que atendam a critérios norteadores como, ancestralidade,

ascendência e histórico de ocupação, dentre outros, reconhecidos pela comunidade e

pelas instâncias de gestão da UC, como detentora do direito ao território compreendido

na Resex e acesso aos seus recursos naturais e às políticas públicas voltadas a esse.

A identificação desse perfil oferece mais informações à gestão da Unidade para o

desenvolvimento sustentável e melhoria da qualidade de vida dos beneficiários, visto

que objetiva, dentre outras questões, prevenir distorções, equívocos e conflitos na

definição da relação das famílias beneficiárias e usuárias de cada UC.

Conhecer as características das famílias beneficiárias locais é fundamental para

qualificar e aprimorar a gestão, garantir a efetividade da UC e o cumprimento de seus

objetivos, já que as famílias beneficiárias são parceiras do ICMBio na conservação da

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

120

biodiversidade e na promoção do uso sustentável dos recursos naturais nessas unidades

(http://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/4615-publicadas-

orientacoes-para-definicao-do-perfil-de-beneficiarios-em-ucs).

Por meio de um convênio entre o ICMBio e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), a

partir de abril de 2014 foram realizados estudos e levantamentos para obtenção de

informações referentes ao processo histórico de ocupação da área da RESEX e sua

configuração populacional atual, as atividades econômicas desenvolvidas e os usos dos

recursos naturais que poderiam contribuir na caracterização do perfil de beneficiários

da UC. Esse estudo culminou no relatório intitulado “Diagnóstico Socioeconômico e

Ambiental da RESEX do Alto Tarauacá / AC”.

Entre 2015 e 2016 desenvolveu-se o processo de elaboração do Perfil da Família

Beneficiária da RESEX do Alto Tarauacá, iniciando com uma solicitação da gestora da

RESEX à Coordenação de Políticas e Comunidades Tradicionais

ICMBio/COPCT/CGPT/DISAT e ao Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da

Sociobiodiversidade Associada a Povos e Comunidades Tradicionais (ICMBio/CNPT),

perpassando por reuniões e oficinas comunitárias planejadas por um Grupo de

Acompanhamento (GA), conforme orientação da IN nº 35 e posterior, envios frequentes

de submissão e análises da CGPT, para sugestões e adequações no conteúdo da

documento, além das avaliações e recomendações jurídicas da PFE do ICMBio. Essa

tramitação toda ocorreu no ano de 2016 e culminou com a aprovação e publicação da

Portaria nº 08, de 3 de janeiro de 2017 sobre o Perfil da Família Beneficiária da Reserva

Extrativista do Alto Tarauacá/AC (Anexo 2).

O perfil da família beneficiária será discutido em mais detalhes no item 2.3.5.2.

Plano de Proteção

Um Plano de Proteção de uma UC deve ser visto também como uma ferramenta

dinâmica e de auxílio nas tomadas de decisões pelo gestor já que tratam de aspectos da

operacionalização das principais ações de fiscalização e combate às ameaças externas e

práticas ilegais ocorrentes na UC.

Em função da grande possibilidade de variações ambientais e das características de

administração e infraestrutura da gestão da UC e do próprio ICMBio, esse documento

deve ser condicionado a situação da UC por um curto prazo após sua elaboração,

demandando revisões e adequações sistemáticas ou associadas à períodos críticos de

ocorrência de ilícitos ambientais.

A proteção de UC amazônicas considera peculiaridades como: a grande razão entre a

extensão de área protegida e o número de servidores, sobreposições fundiárias, acessos

rodoviários restritos ou mesmo inexistentes e uma grande malha fluvial. Deve-se levar

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

121

em conta também a ampla gama de atividades irregulares relacionadas a exploração

florestal, contravenções associadas a grilagem e invasões em terras públicas, tráfico de

drogas, armas, animais e plantas em áreas de fronteira ou não, entre outros.

Em virtude disso, para viabilizar as ações de proteção é importante considerar ações

integradas com o Estado. Nesse sentido, destaca-se a necessidade de fomento à

pesquisa na área, treinamentos e capacitações, formação de agentes de fiscalização e

brigadistas, bem como a busca de parcerias com outros órgãos e entidades locais,

regionais, nacionais e internacionais para auxílio no planejamento na proteção da UC

(GUIMARÃES-NETO, 2012).

A RESEX do Alto Tarauacá, no ano de 2012, elaborou um Plano de Proteção, contendo

uma breve contextualização e um diagnóstico da RESEX indicando alguns aspectos e

pontos frágeis da mesma, as rotinas de monitoramento, controle e fiscalização e por fim

as estratégias de proteção, considerando a fiscalização, áreas e rotas percorridas,

duração e época mais indicada, instituições para parcerias, número de equipes e

participantes e infraestrutura necessárias para sua realização. O documento considera

como conflitos a serem resolvidos: pecuária bovina, desmatamento, caça com cachorro,

pesca, extração de madeira, ocupação irregular de propriedade, compra e venda de

benfeitorias por não beneficiários da RESEX. É importante a sua adequação as condições

atuais, bem como detalhar melhor suas estratégias e procedimentos de ação.

Plano de Manejo

O Plano de Manejo é um instrumento voltado para as UC e previsto na Lei Federal nº

9.985/2000 (que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza –

SNUC - e dá outras providências).

De acordo com o SNUC, o Plano de Manejo é um:

“Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos

gerais de uma unidade de conservação, se estabelece o seu

zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo

dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas

necessárias à gestão da unidade.” (Art. 2º, Inciso XVII).

Nesses termos, o Plano de Manejo constitui o principal instrumento de planejamento e

gestão das UC e tem como objetivo orientar a gestão e promover o manejo dos recursos

naturais. Ele deve ser elaborado a partir de análises e diagnósticos institucionais e

socioambientais, em um processo integrado e participativo. Ressalta-se que quanto

maior o envolvimento e participação dos atores locais no processo de elaboração do

plano, maior a chance de sucesso em sua implantação, com êxito nas estratégias de

conservação das espécies e dos ecossistemas (DIEGUES, 2001; PRIMACK E RODRIGUES,

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

122

2001). Ainda, o planejamento e o processo de elaboração dos Planos de Manejo são

cíclicos, com frequência estabelecida no SNUC de cinco anos, demandando da gestão

continuidade em consultas públicas e tomadas de decisões coletivas.

A RESEX do Alto Tarauacá teve dois momentos de elaboração do Plano de Manejo. A

primeira iniciou-se em junho de 2009, em que foi contratada uma consultoria

especializada para sua elaboração. No mês de agosto de 2009, realizou-se uma primeira

oficina com representantes comunitários para discutir tópicos relevantes ao Plano de

Manejo e, em novembro de 2009, realizaram-se outras 5 oficinas comunitárias com esse

enfoque. Nesse primeiro momento foram construídos os diagnósticos participativos, a

primeira versão do Plano de Utilização, chegando até a proposição de um pré-

zoneamento e as indicações iniciais de programas. Esse documento parcial foi produzido

em abril de 2010, não sendo consolidado e validado. Após essa data o processo foi

interrompido, informações e dados, especialmente geográficos, foram perdidos.

Demandando complementação e atualização para consolidação de um Plano de Manejo

participativo, completo e praticável.

Em setembro de 2015, os gestores fizeram solicitação de recursos financeiros para uma

nova contratação de consultoria, com intuito de atualizar os documentos já existentes

e concluir a elaboração do documento. Porém somente em janeiro de 2017 a nova

contratação foi executada, dando início a retomada da construção do presente

instrumento mediante a formação do Grupo de Trabalho (GT) (Figura 54).

Figura 54. Registro do planejamento da retomada da construção do Plano de Manejo da RESEX

do Alto Tarauacá feito pelo GT.

2.2.6.3. Fiscalização

As ações de fiscalização relacionadas às UC no ICMBio estão sob coordenação da

Coordenação Geral de Proteção Ambiental (CGPRO). A CGPRO atua em três linhas gerais

de proteção: fiscalização ambiental; emergências ambientais e monitoramento

ambiental. Estas estão organizadas nas Coordenações de Fiscalização e de Prevenção e

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

123

Combate a Incêndios, assim como nas Divisões de Operacionalização da Proteção

Ambiental e Monitoramento e Informações Ambientais.

Uma das maiores dificuldades de fiscalização na RESEX do Alto Tarauacá está associada

à presença institucional no territoritório, já que o acesso desde o escritório da equipe

gestora da UC aos limites da UC é demorado, dependente de estação do ano e

dificilmente é possível ser realizado de forma sigilosa. Alguns aspectos podem ser

levados em consideração para aprimorar a fiscalização na UC: 1) o aprimoramento da

participação dos membros do conselho e beneficiários da RESEX na vigilância pode

melhorar a capacidade de fiscalização do ICMBio. A melhoria da capacidade de

comunicação dentro da RESEX (através da instalação de telefones públicos e radiofonia

em locais estratégicos), conforme discutida em Conselho (ver Tabela 8), seria uma das

formas que facilitaria a participação mais efetiva destes atores na vigilância; 2)

sobrevoos e mapeamentos são opções de ações para a fiscalização de UC com acesso e

mobilidade tão restritas; 3) a proximidade do escritório da equipe do ICMBio da RESEX

com equipes gestoras de outras UC da região pode potencializar o trabalho em conjunto

facilitando a operacionalização da fiscalização.

Além disso, no Plano de Proteção da RESEX foi mencionado a instalação de doze placas

em 2011, com previsão de outras três em 2012, contemplando pontos de início e fim

dos limites da UC, além de áreas com intensa circulação de pessoas nas margens do rio

Tarauacá e no igarapé São Salvador. Parte dessas placas foram visualizadas durante a

visita de reconhecimento da área por parte desta consultoria e estão em bom estado de

conservação (Figura 55).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 55. Três exemplos de locais com placas de sinalização na RESEX do Alto Tarauacá e seu bom estado de conservação.

Sobre a sinalização com marcos de delimitação, a RESEX executou seu estudo

topográfico e de demarcação por meio da contratação de uma consultoria por nome

GETEC Topografia Ltda., em outubro de 2002, ainda no âmbito de gestão do IBAMA,

sendo esses marcos fixados em pontos georeferenciados, entretanto, tais instalações

ainda necessitam de validação e consolidação pelo ICMBio, a fim de confirmar os limites

de abrangência da UC9.

Desde 2002 são realizadas atividades de fiscalização na RESEX. No Plano de Proteção da

RESEX do Alto Tarauacá estão previstas ações de fiscalização em campo para o

monitoramento e controle a cada seis meses, com duração aproximada de dez dias.

Entre 2010 e 2015, foram realizadas oito ações de fiscalização totalizando 84 dias de

atividades, sendo que apenas o ano de 2014 não apresentou atividade para esse fim,

9 ver item Situação Fundiária.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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visto que a UC ficou com apenas um funcionário lotado na mesma. No Plano de Proteção

descreveu-se como dificuldades de realização destas ações as limitações de recursos

orçamentários e aprovação das mesmas pela CGPRO, no entanto, percebe-se que o

efetivo disponível também foi limitante em alguns anos. As dificuldades orçamentárias

atualmente devem ter sido dirimidas pelo apoio com recursos para operação do ARPA.

As ações de fiscalização relacionadas às atividades de pecuária e ocupação inadequada

dos limites da UC vêm apresentando sucesso na detecção das infrações, mas não na

redução das infrações até 2013. Antes de 2012 foram autuadas cinco pessoas, sendo

embargados 89 hectares de pastagens, notificados cincos pessoas para retirarem 283

cabeças de gado e cinco notificações para desocupar propriedades dentro da Reserva.

Em 2013, outros 6 autos de infração foram lavrados, a superfície de pastagens

embargadas alcançou 223 hectares e seis novas notificações foram emitidas, com

demanda de retirada de cabeças de gado alcançando 626

(http://www.icmbio.gov.br/portal/ultimas-noticias/20-geral/3713-RESEX-no-acre-

retira-gado-e-construcoes-ilegais), ou seja, acréscimo de 150% em hectares

embargados e 121% em cabeças de gado com demanda de retirada. No ano de 2015

constam dois novos autos de infração verificados em uma ação de fiscalização, mas sem

maiores informações. Os debates relacionados à criação de gado na RESEX como parte

da subsistência familiar dentro da elaboração do Acordo de Gestão auxiliaram no

melhor reconhecimento das regras de uso pelos comunitários, que frequentemente se

queixavam de falta de clareza das mesmas ou desconhecimento.

A UC conta com o número de veículos mínimos (2) e barcos mínimos (2) definidos pelo

Plano de Proteção como apropriados para efetuar ações de fiscalização, mesmo

considerando que apenas os últimos cheguem ao interior da RESEX e que os mesmos

sejam atualmente utilizados em parceria com a ASAREAT.

Algumas fragilidades para a proteção da RESEX e que demandam atenção da fiscalização

são: o aumento da densidade populacional de bairros urbanos limítrofes a UC (ex.: o

Bairro Novo no igarapé São João), aproximando pessoas não beneficiárias da UC dos

recursos naturais protegidos; o aumento da demanda por madeira utilizada na

construção local; a abertura de novas rotas de circulação e de saída para serem

fiscalizadas (ex.: o Ramal da Integração ou do Muru na área do entorno); a dificuldade

de controle de atividades com efeitos negativos na UC, pois está fora dos seus limites

territoriais (ex.: pesca intensa em regiões à montante e jusante da RESEX, como em

trechos do médio e baixo Tarauacá) e os efeitos de estar situada em zona de fronteira,

com circulação de pessoas e mercadorias lícitas e ilícitas, buscando evitar leis e tributos

diferenciados em cada país.

No Plano de Proteção além das descrições de procedimentos relacionadas à fiscalização

em campo, consta também o procedimento de acompanhamento de práticas

potencialmente impactantes. Neste procedimento define-se a necessidade da

requisição e o acompanhamento anual junto ao Instituto de Meio Ambiente do Acre

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(IMAC) de autorizações de desmatamento, aprovações de Plano de Manejo Florestal,

entre outras atividades degradantes, como de poligonais aprovadas que estão

localizadas na zona de amortecimento e/ou dentro da UC.

2.2.6.4. Licenciamento

Parte das atividades sobre responsabilidade da gestão da RESEX do Alto Tarauacá está

relacionada ao acompanhamento de atividades de licenciamento com potencial

impacto em seu território ou na zona de amortecimento (entorno imediato).

Fiscalizações de rotina foram realizadas em 2012 avaliando o funcionamento e

licenciamento de serrarias e marcenarias existentes em Jordão. Foi verificado que as

mesmas estavam funcionando sem licença válida na ocasião. Informações sobre a

condição atual destas atividades não foram obtidas junto a gestão.

Dentro dos procedimentos do Plano de Proteção da RESEX estão previstas consultas

anuais ao IMAC para obtenção de processos de licenciamento, entretanto a equipe de

gestão da UC não conseguiu fornecer quaisquer documentos relacionados a atividades

deste tipo.

Como atividade de rotina da RESEX, a chefe deve emitir um documento de autorização,

regrado e definido como necessário no Acordo de Gestão, para responder aos pedidos

anuais de “Requisição de Licença de Desmate ou Autorização de Abertura de Roçado”.

No entanto, estas autorizações também não foram passadas formalmente pelo ICMBio.

Outra atividade que requer acompanhamento do licenciamento é o Ramal da

Integração, pois como falado anteriormente (item Fiscalização), acrescenta uma via de

circulação estruturada no município, aumentando oportunidades de saída de

mercadorias e pessoas para atividades legais e ilegais, influencia o desenvolvimento da

área urbana e rural do município em porções próximas a RESEX no Igarapé São João,

assim como pode impactar o Igarapé São João, o Igarapé Jaminawá e

consequentemente o rio Tarauacá pelo direcionamento de efluentes antrópicos e

sedimentos advindos de erosões presentes no Ramal (LIMA et al., 2016).

O Ramal da Integração aproveitou o traçado de um antigo varadouro, que segundo

moradores do seringal Novo Porto (Sr. Ataliba Ximenes Aragão) existia desde 1910

estabelecido para comunicação deste seringal com outros nas margens do Tarauacá,

onde se recorria ao apoio de curandeiros

(https://jordaoagora.blogspot.com.br/2014/01/novo-porto-nao-e-dos-indios-

informante.html) (LIMA et al., 2016).

O Ramal foi inaugurado em 2013, teve sua obra realizada durante seis anos em uma

parceria entre a Prefeitura de Jordão e o Departamento de Estradas de Rodagem do

estado do Acre (DERACRE), mas não houve licenciamento até sua conclusão. Sua difícil

e onerosa manutenção e o orçamento local restrito têm feito com que seu

funcionamento seja interrompido ou frequentemente parcial.

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A operação do Ramal reafirmou a utilização da localidade por indígenas caracterizados

como isolados e concomitantemente exigindo a sua aprovação pela FUNAI com base na

avaliação de seus impactos e adequação das propostas de medidas de controle e

mitigação destes impactos, estabelecido em portaria com data posterior a inauguração

do Ramal (Portaria Interministerial nº 060, de 24 de março de 2015) (LIMA et al., 2016).

A avaliação dos impactos do empreendimento em terras indígenas foi realizada

(Associação Andiroba, 2015 apud Lima et al., 2016) e pode ser interessante o

acompanhamento pela gestão da RESEX da realização das atividades previstas na Matriz

de Medidas Mitigadoras (MMM), visto que a UC consta dentro dos limites da área de

influência direta estabelecido pelo estudo de 40 km (LIMA et al., 2016).

Vale ressaltar que o isolamento atual do município do Jordão no estado do Acre, torna

o mesmo alvo de grande interesse de estabelecimento de obras de infraestrutura

relacionada aos transportes. Instituições responsáveis pelos planejamentos,

licenciamentos e execuções destes tipos de obras (DERACRE e Ministério dos

Transportes) merecem consulta rotineira da gestão da RESEX do Alto Tarauacá.

2.2.6.5. Pesquisa e Monitoramento

Pesquisas

Desde da criação da RESEX do Alto Tarauacá foram realizadas pesquisas relacionadas a

três temáticas principais, todas elas com enfoque biótico: caracterização da caça de

subsistência; etnoconhecimento zooterápico; manejo participativo de tracajás

(quelônios). As duas primeiras com caráter de pesquisa, ou seja, duração restrita e a

última um monitoramento que se iniciou em 2011 e continua em atividade.

De forma adicional e em fase ainda de implantação, o componente florestal do

Programa de Monitoramento da Conservação da Biodiversidade está em curso na UC

desde 2016, com enfoque de amostragem para plantas lenhosas, borboletas frugívoras,

alguns grupos de aves e mamíferos de médio e grande porte.

A pesquisa intitulada “Caça de Subsistência e os mamíferos da RESEX do Alto Tarauacá”

foi realizada pelo pesquisador André Luís Botelho de Souza entre 2012 e 2013 para

obtenção do título de mestre em Ecologia na UFAC e teve o objetivo de “quantificar a

pressão de caça exercida pelos moradores da RESEX do Alto Tarauacá e entender como

características socioeconômicas influenciam a biomassa caçada pelas famílias da área;

avaliar o efeito da caça de subsistência sobre essas espécies através do uso de

armadilhas fotográficas e, por fim, fornecer dados demográficos sobre Leopardus

pardalis na Amazônia” (BOTELHO, 2013). Essa pesquisa foi parte integrante do projeto

“Caracterização da caça de subsistência e seus efeitos sobre as populações de

mamíferos de médio e grande porte na Resex do Alto Tarauacá”, sob a coordenação

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técnica e científica do CNPT/ICMBio/AC, com recursos financeiros advindos do Edital

Interno ICMBio/DIBIO-2012, com desenbolso dos Projetos Especias-PNUD BRA/08/023.

Neste projeto obteve-se informações dos hábitos de caça dos moradores das

comunidades do Massapê, Xapuri e Alagoas por meio de um calendário de caça e

entrevistas semi-estruturadas. Além disso, realizou a amostragem dos mamíferos com

59 estações de amostragens com armadilhas fotográficas em áreas consideradas com

alta intensidade de caça (RAIC) e baixa intensidade de caça (RBIC) identificadas

indiretamente com base na densidade populacional humana.

O calendário de caça contemplou 55 famílias, um registro de 2.151 vertebrados abatidos

distribuídos em 35 táxons e totalizando 12.608,01 kg (Tabela 10). Os animais mais

abatidos foram a paca (Cuniculus paca), a cutia (Dasyprocta fuliginosa) e o quatipuru-

vermelho (Urosciurus sp.). O maior rendimento de carne foi obtido com a caça do veado-

vermelho (Mazama americana), paca e porquinho (Pecari tajacu), responsáveis por

quase 60% da biomassa abatida. Foi estimado um consumo de 51,82 kg de carne de caça

por pessoa por ano entre os participantes.

Tabela 10. Espécies, números de indivíduos e biomassa caçada em 2012/2013 pelas famílias avaliadas em áreas com alta intensidade de caça (RAIC) e baixa intensidade de caça (RBIC) (Fonte: BOTELHO, 2013).

Táxon Nome comum RAIC (n=331) RBIC (n=162)

N Biomassa abatida

N Biomassa abatida

Cuniculus paca Paca 252 1890,00 79 592,50

Coendou prehensilis Quandú 4 19,60 4 0,00

Dasyprocta fuliginosa Cutia 200 700,00 81 283,50

Urosciurus sp. Quatipuru 155 95,32 79 48,59

Myoprocta pratti Cutiara 0 0,00 1 0,00

Hydrochoerus hydrochaeris

Capivara 0 0,00 2 126,00

Mazama americana Veado vermelho 70 2023,00 23 664,70

Pecari tajacu Porquinho 65 1261,00 58 1125,20

Tayassu pecari Queixada 9 301,50 3 100,50

Dasypodidae Tatús 209 762,85 62 226,30

Priodontes maximus Tatú-canastra 6 160,80 0 0,00

Tamandua tetradactyla Mambira 1 7,00 0 0,00

Alouatta juara Guariba 28 190,96 22 150,04

Aotus nigriceps Macaco da noite 8 7,60 1 0,95

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Táxon Nome comum RAIC (n=331) RBIC (n=162)

N Biomassa abatida

N Biomassa abatida

Ateles chamek Macaco preto 2 16,00 0 0,00

Cebus unicolor Cairara 2 4,60 2 4,60

Pithecia irrorata Parauacu 0 0,00 1 1,83

Sapajus macrocephalus Macaco prego 3 7,50 6 15,00

Leopardus pardalis Maracajá-açú 1 7,90 3 23,70

Panthera onca Onça pintada 1 90,00 0 0,00

Puma concolor Onça vermelha 3 111,00 0 0,00

Eira barbara Irara 1 7,40 0 0,00

Nasua nasua Quati 13 52,65 3 12,15

Didelphis marsupialis Mucura 1 1,60 0 0,00

Ortalis guttata Aracuã 21 10,50 16 8,00

Penelope jacquacu Jacu 115 138,00 62 74,40

Psophia leucoptera Jacamim 47 50,34 38 40,70

Tinamiformes Nambus 197 177,30 78 70,20

Psithacidae Araras e papagaios

8 8,00 1 1,00

Ramphastidae Tucanos e Araçaris

13 6,50 8 4,00

Falconiformes Gaviões 4 2,40 0 0,00

Raliidae Saracura 2 1,84 0 0

Jabiru micteria Jaburu 1 8 0 0

Paleosuchus sp. Jacaré 33 429,00 28 364,00

Chelonoides sp. Jabutí 11 88,00 4 32,00

Total 1486 8638,16 665 3969,85

As armadilhas fotográficas amostraram por 2.467 armadilhas-noite, registrando 28

táxons. São destaques da pesquisa: o registro do abate de espécimes ameaçados como

a onça-pintada (Panthera onca) e o macaco-preto (Ateles chamek); o levantamento de

30 espécies de mamíferos de médio e grande porte, sendo sete ameaçadas de extinção;

as diferenças de ocorrência de espécies em áreas com maior e menor densidade de

ocupação humana; e comportamentos peculiares das comunidades locais frente a

atividade de caça, como os tabus alimentares (BOTELHO, 2013). Comunitários

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pertencentes à religião “Adventista”, não comem animais que roem e nem que fuçam,

restringindo sua alimentação à apenas aves e o veado-vermelho.

Essa pesquisa foi consolidada em uma dissertação de mestrado disponibilizada em 2013

(BOTELHO, 2013), assim como apresentada em forma de painéis e resumos no

Seminário de Pesquisa e Encontro de Iniciação Científica do ICMBio (BOTELHO et al.,

2013) e no 7º Congresso Brasileiros de Mastozoologia (BOTELHO et al., 2014).

A pesquisa sobre o etnoconhecimento zooterápico ocorrido na Reserva foi outro projeto

coordenado e executado pelo CNPT/ICMBio/AC, no ano de 2011 e 2012, como parte do

projeto intitulado “Etnoconhecimento Zooterápico de Populações Tradicionais em

Unidades da Região do Médio Iaco, AC”, aprovado pelo Edital Interno ICMBio/DIBIO-

2011, também com desembolso financeiro dos Projetos Especias-PNUD BRA/08/023.

Além da Resex do Alto Tarauacá, este projeto realizou estudos em áreas da Reserva

Extrativista do Cazumba-Iracema; Florestas Nacionais do Macauã e São Francisco, além

de áreas do entorno da Reserva Extrativista Chico Mendes. A coordenadora da pesquisa,

Rosenil Dias de Oliveira, contou com a parceria da analista ambiental, Cláudia Conceição

Cunha, também em exercício na base do CNPT/AC na ocasião, e da analista Elaine

Christina do Carmo Oliveira, do Núcleo de Fauna do IBAMA/AC. Este projeto teve como

objetivo descrever as práticas etnomedicinais zooterápicas dos moradores residentes

no interior e no entorno dessas UC acreanas e seu significado para as comunidades

tradicionais. Além de detectar as espécies mais visadas para este fim, contribuir com

informações estratégicas para o uso sustentável dos animais culturalmente utilizados.

Na RESEX do Alto Tarauacá foram feitas 31 entrevistas (16 no Igarapé São Salvador e 15

nas comunidades Alagoas/Xapuri/Massapê/Duas Nações). Foram citados usos de no

máximo 52 tipos de animais, considerando mamíferos, aves, répteis e invertebrados,

como: porcos, veados, tatus, quelônios, peixes, cupins, primatas, jacarés e roedores. As

partes do corpo dos animais utilizadas com fins medicinais foram: presas, dentes,

cabeças, ossos, chifres, penas, fatô (vísceras), espinhaço, rabo, couro, banha, corpo

todo, fel (bile), gogó (faringe) e fígado, além de subprodutos como cascas de ovos, fezes,

casulos e ninhos.

Essa pesquisa teve seus resultados parciais publicados na forma de painel e resumo no

VII Encontro Nordestino de Etnobiologia e Etnoecologia e I Encontro Alagoano de

Etnobiologia e Etnoecologia (OLIVEIRA et al., 2013).

Apesar de verificar que tópicos importantes de conservação da biodiversidade têm sido

levantados e avaliados na RESEX do Alto Tarauacá, percebe-se que o número de

pesquisas é bastante reduzido ao longo destes 17 anos de existência da UC. Além disso,

as pesquisas têm sido articuladas ou propriamente conduzidas unicamente pela

servidora do CNPT/ICMBio/AC, Rosenil Dias de Oliveira.

O fato da RESEX estar localizada em posição isolada no estado do Acre, têm dificultado

atividades de pesquisa no local, mas em contrapartida torna o local uma lacuna de

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conhecimento bastante interessante e inédita para investigação. A gestão da UC pode

motivar pesquisadores de diversas áreas integrantes da UFAC e do IFAC a pesquisar na

localidade, não se restringindo às temáticas biológicas. São ótimas oportunidades de

pesquisa local temáticas paleontológicas, de dinâmica hídrica, condições

socioeconômicas e de uso dos produtos da floresta, na área da saúde, testes de

tecnologia para residentes em áreas isoladas, entre diversos outros. Uma ferramenta

importante para motivar e atrair novas pesquisas na localidade será a disponibilização

das informações da base de dados geográficos da UC, que serão organizadas e entregues

na consolidação deste Plano de Manejo.

Manejo de tracajás

O Manejo Participativo de Tracajás está sendo executado na RESEX do Alto Tarauacá em

sua sétima edição (2017). Foi iniciado em 2011, quando se obteve recursos financeiros

para sua execução (PNUD BRA/08/023) mediante a aprovação no Edital Interno

ICMBio/DIBIO-2011, que perdurou com reapresentação de continuidade no edital até

2014, quando o desembolso para o manejo foi suspenso no ICMBio. Assim a

coordenadora e responsável pela execução do projeto, Rosenil Dias de Oliveira

(ICMBio/CNPT/AC), solicitou com êxito, apoio financeiro dos gestores da Unidade,

através do Programa ARPA, e isso tem perdurado até os dias atuais.

Essa ação com enfoque no manejo da espécie de quelônio (Podocnemis unifilis), ou seja,

o tracajá, tem grande potencial de enquadramento como pesquisa científica de longo

prazo ou monitoramento. Para isso é necessário que a coleta e organização dos dados e

procedimentos de manejo sejam mais controlados (padronizados e sistematizados). A

demanda desta ação surgiu a partir de um morador da comunidade do Jaminawá (Sr.

Manoel do Alípio), que protegeu algumas das poucas posturas de tracajás existentes em

uma praia próxima de sua moradia nos anos de 2007 e 2008, e foi impulsionado pela

articulação e apoio técnico da gestora no período (Rosenil Dias de Oliveira), ainda no

âmbito do IBAMA. Posteriormente (2011), essa iniciativa foi retomada pelo

CNPT/ICMBio/AC e apoiada pelos gestores lotados no âmbito do ICMBio nos anos

seguintes, como relatado acima.

O manejo participativo envolveu 32 famílias realizando o monitoramento de 41 praias

até o ano de 2014 (Figura 56). O manejo envolve procedimentos como: transferência das

covas para praia com montagem de um tabuleiro, transferência de covas na própria

praia de postura ou praias vizinhas, proteção das covas na condição natural, registro de

dados sobre o dia de coleta dos ovos, nome da praia coletada, altura da cova na praia,

número de ovos, número da estaca correspondente no tabuleiro experimental, data de

nascimento dos filhotes, número de filhotes vivos, número de filhotes mortos e ovos

gorados. Por fim são feitas as solturas de filhotes nascidos das posturas transferidas.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 56. Posicionamento das praias monitoradas na atividade de Manejo Participativo de Tracajás verificadas no relatório de 2014.

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Das 41 praias monitoradas, 29 apresentaram ocorrência de postura dos tracajás, sendo

22 delas nos limites da RESEX e 07 praias do entorno (igarapé Jaminawá), abrangendo

aproximadamente 18 km de praia ao longo do rio Tarauacá (Figura 57). Entre 2011 e

2014 foram contabilizados 2.842 ovos manejados e o nascimento e soltura de 2.089

filhotes. Em 2011 a média de ovos por cova era de 23, com percentual de eclosão dos

ovos de 63,12%, o tempo de incubação entre 68 a 75 dias, o peso médio dos filhotes era

de 16,31 g, largura da carapaça de 37,82 cm e comprimento médio de 42,56 cm.

Durante a visita de reconhecimento da RESEX pela equipe de consolidação do Plano de

Manejo foi possível verificar indivíduos de tracajás em diversos pontos do rio Tarauacá

(Figura 57), fato que os moradores relataram ser menos frequente antes do início do

manejo. O registro mais a montante de tracajá realizado na visita de reconhecimento foi

nas imediações da comunidade de Duas Nações (estrela rosa –Figura 56) demonstrando

o potencial de ampliação de envolvimento de outras comunidades da RESEX nesta ação

de manejo e educação ambiental.

Os resultados obtidos com Manejo Participativo de Tracajás foram apresentados em

forma de painéis e resumos no Seminário de Pesquisa e Iniciação Científica do Instituto

Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade nos anos de 2012 e 2015 (OLIVEIRA et

al. 2012; OLIVEIRA et al. 2015).

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Figura 57. Registros de tracajás (Podocnemis unifilis) em diferentes trechos do rio Tarauacá durante a visita de reconhecimento pela equipe de consolidação do Plano de Manejo.

Ainda sobre as pesquisas realizadas na RESEX, cabe ressaltar que foi possível verificar

também que todos os gestores atuantes na RESEX ao longo desses anos, se envolveram

de alguma forma nas pesquisas desenvolvidas na UC, quer com aporte técnico,

científico, financeiro ou logístico. A ASAREAT também esteve sempre presente na

execução desses estudos, com contundente participação de Orlei José de Araújo Souza,

presidente dessa associação na ocasião, principalmente quando da execução da

pesquisa sobre caça de subsistência e zooterapia.

Componente Florestal do Subprograma Terrestre do Programa Nacional de

Monitoramento da Conservação da Biodiversidade do ICMBio

O componente Florestal do subprograma Terrestre do Programa Nacional de

Monitoramento da Conservação da Biodiversidade do ICMBio ao qual a RESEX do Alto

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Tarauacá aderiu no ano de 2016, foi o primeiro a ser desenvolvido dentro do programa,

em uma cooperação técnica entre a Deutsche Gesellschaft Für Internationale

Zusammenarbeit GMBH (GIZ) e a Coordenação de Monitoramento de Biodiversidade

(COMOB) do ICMBio.

Este componente do Programa estabeleceu de forma pioneira um modelo conceitual,

desenho e estratégia amostral que consideraram o baixo custo de funcionamento,

métodos e procedimentos amostrais executáveis por colaboradores locais com níveis de

instrução diversos e aplicabilidade em abrangência geográfica ampla (biomas Cerrado,

Mata Atlântica e Amazônia) (PEREIRA et al., 2013).

Neste componente busca-se que todas as UC que entrem no programa executem

minimamente os protocolos básicos com avaliações dos indicadores mínimos. Os

indicadores mínimos consideram monitoramentos da biomassa de plantas lenhosas, da

proporção de tribos de borboletas frugívoras e da abundância populacional de grupos

de aves e mamíferos selecionados. Os protocolos básicos propõem para o bioma

amazônico a implantação de três estações amostrais que incluem uma área amostral de

1,2 ha para plantas, 12 transecções secundárias com 48 armadilhas de captura de

borboletas frugívoras e 3 transecções principais com tamanho ótimo de 5 km para aves

e mamíferos (NOBRE et al., 2014).

Na RESEX do Alto Tarauacá até este momento (2017), a gestora havia sido capacitada

como ponto focal do monitoramento e 15 integrantes da comunidade capacitados para

o processo de implantação e realização das amostragens. Para a capacitação dos

comunitários a UC contou com o apoio da consultora Ilnaiara Souza do Instituto de

Pesquisas Ecológicas (IPÊ). Até o início da elaboração deste Plano de Manejo haviam sito

executadas parcialmente, a seleção das áreas a serem monitoradas, a implantação e a

amostragem. Ou seja, das três estações amostrais a serem implantadas, existia uma

transecção principal para aves e mamíferos com 5 km de extensão e quatro transecções

secundárias de borboletas frugívoras no setor da comunidade Jaminawá (seringais

Restauração e Alagoas), com amostragens realizadas nestas unidades para os grupos de

mamíferos, aves e borboletas.

Ao longo de 2017, foram estabelecidas as outras duas estações amostrais, com apoio da

consultoria de elaboração do Plano de Manejo na consolidação da seleção dos pontos

de amostragem (Figura 58).

Dentre as Unidades de Conservação sob gestão do ICMBio no estado do Acre, a RESEX

Cazumbá-Iracema é uma opção de busca de parceria para complementação de

aprendizado e obtenção de dicas de execução das atividades do Componente Florestal

do programa, pois ela possui as três estações amostrais implantadas e com amostragens

realizadas também para os quatro grupos biológicos citados.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 58. Posicionamento em campo das transecções principais (5 km) das estações de amostragem implantadas para o componente florestal do

monitoramento da biodiversidade do ICMBio.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

137

Educação Ambiental

Olhando a Educação Ambiental como o conceito apresentado por Quintas (2008) “A

Educação Ambiental deve proporcionar as condições para o desenvolvimento das

capacidades necessárias; para que grupos sociais, em diferentes contextos

socioambientais do país, intervenham, de modo qualificado tanto na gestão do uso dos

recursos ambientais quanto na concepção e aplicação de decisões que afetam a

qualidade do ambiente, seja físico-natural ou construído, ou seja, educação ambiental

como instrumento de participação e controle social na gestão ambiental pública”,

verifica-se que a RESEX do Alto Tarauacá tem aproveitado muito bem os espaços e

momentos de participação coletiva na elaboração dos instrumentos de gestão da RESEX,

para a educação ambiental dos beneficiários, da comunidade do entorno e de parceiros.

Desde o início do processo de gestão da UC, ainda no âmbito do IBAMA/AC foi verificado

que nas atividades de formação do Conselho Deliberativo, depois em suas reuniões

ordinárias e extraordinárias, durante a elaboração do Plano de Manejo Participativo

Fase-1, na elaboração e discussão do Plano de Utilização/Acordo de Gestão, Perfil da

Família Beneficiária e novamente nesta fase de consolidação do Plano de Manejo, a

utilização dos princípios descritos por Quintas nesses diversos momentos, executando

assim processos formativos de Educação Ambiental considerando a compreensão do

histórico de criação da UC, gestão participativa, ciência e monitoramento, uso

sustentável dos recursos naturais, gestão de conflitos, olhar crítico e estabelecimento

de prioridades.

O caráter transformador destas atividades é percebido no conteúdo e nas discussões

das diversas atas de reuniões do Conselho Deliberativo, no envolvimento e

funcionamento da ASAREAT. No entanto, a fragilidade nos processos formativos de

Educação Ambiental na RESEX parece estar relacionada ao alcance disso das

comunidades, ou seja, se os representantes do Conselho têm executado o papel de

multiplicador na comunidade que ele representa. A equipe da UC e o Conselho

Deliberativo tem percebido essa necessidade de ampliar o alcance e garantir maior

participação das comunidades nestes processos formativos, por isso tem planejado,

com concordância unânime dos representantes, que reuniões e oficinas sejam

realizadas também nas comunidades. Na visita de reconhecimento para consolidação

do Plano de Manejo, foram executadas sete reuniões nas comunidades, com grande

participação (204 pessoas) de diversas faixas etárias e gêneros (Figura 59).

Foi possível verificar que além da presença dos comunitários, os mesmos contribuíram

e trocaram bastante experiência e informações nas diversas atividades propostas para

a reunião, apresentaram compreensão sobre a relevância de sua participação na

construção do Plano de Manejo para a gestão da UC, com destaque para o exercício de

delimitação do zoneamento das áreas da UC (Figura 60).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 59. Participação dos moradores de diversas faixas etárias e gêneros nas atividades coletivas incorporadas de princípios e ações de educação ambiental na RESEX do Alto Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

139

Figura 60. Atividade de mapeamento participativo em que os presentes compreendem detalhadamente a composição de seu território e disponibilizam informações para planejamento do zoneamento.

Além da Educação Ambiental descrita anteriormente, a gestão da RESEX tem

proporcionado oportunidades para que representantes e comunitários ocupem

também espaços de troca e participem de cursos técnicos de uso e manejo dos recursos

naturais. Nos conteúdos das atas do Conselho verificou-se a participação de

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

140

conselheiros na reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em

2013, do Terceiro Chamado da Floresta na RESEX Tapajós-Arapiuns em 2015, bem como

oportunidades de trocas de experiências sobre produção de óleo de copaíba com a

RESEX Alto Juruá e produção de farinha de mandioca com a RESEX Riozinho da

Liberdade.

A formação técnica é demanda prioritária nos Planos de Ação do Conselho Deliberativo,

abrangendo tópicos como Manejo de Abelhas Melíferas, Habilitação Naútica (ARRAIS),

Corte e Costura, Manicure/Pedicure, Mecânica, Açaicultor, Avicultor, Associativismo e

Cooperativismo.

Os gestores da RESEX, servidores do ICMBio, também têm buscado outros tópicos de

formação em Educação Ambiental, além das atividades coletivas descritas

anteriormente, que permitam o aprimoramento de suas ações. A atual chefe da RESEX

participou em 2015/2016 do Ciclo de Formação em Gestão Socioambiental na Academia

Nacional da Biodiversidade (ACADEBIO), linha Gestão Participativa. Parte integrante do

ciclo de capacitação, contemplou o desenvolvimento, em colaboração com a gestora da

RESEX Arapixi, de um projeto nas comunidades Duas Nações e Boa Vista/Santa Julia,

com o objetivo de apresentar programas públicos de estímulo a comercialização (ex.:

Programa de Aquisição de Alimentos - PAA) através de reuniões comunitárias e

intercâmbio entre representantes da RESEX do Alto Tarauacá e RESEX Arapixi, no

Amazonas.

Outra ação de Educação Ambiental que contemplou gestores e comunitários da RESEX

do Alto Tarauacá foi a capacitação em Monitoramento da Biodiversidade. Essa formou

pontos focais e monitores locais para planejamento da amostragem, coleta de dados e

organização de dados de indicadores pré-estabelecidos no Programa Nacional de

Monitoramento da Conservação da Biodiversidade do ICMBio – componente florestal.

Essa capacitação envolve a reflexão crítica sobre conceitos de monitoramento e

acompanhamento de dados, bem como aproxima os envolvidos de biodiversidade local

e sua história natural.

Por fim, vale lembrar, que a Coordenação de Educação Coorporativa (COEDUC) e a

Divisão de Gestão Participativa e Educação Ambiental do ICMBio, bem como o

Ministério do Meio Ambiente tem buscado produzir diversos conteúdos (cursos,

publicações e vídeos) que impulsionem ações de Educação Ambiental nas Unidades de

Conservação. Destacam-se os cursos de formação de Instrutores, em Gestão da

Biodiversidade, Gestão Socioambiental os promovidos pela COEDUC, a cartilha

“Conselhos Gestores de Unidades de Conservação Federais”, o canal EducaChico no

youtube que inclui conteúdos em vídeo como: “Quinta da Boa Prosa”, “Seminário Boas

Práticas em UC” e outras experiências de destaque em UC. Por último cinco cadernos

publicados pelo MMA da Série Educação Ambiental e Comunicação em Unidades de

Conservação de 2015, que podem oferecer ótimos subsídios para a continuidade das

atividades na RESEX.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

141

2.3. CARACTERIZAÇÃO DA RESEX DO ALTO TARAUACÁ E SEU ENTORNO

2.3.1. Limites da RESEX

A RESEX do Alto Tarauacá, de acordo com o Decreto de Criação de 8 de novembro de

2000, ocupa uma área de 151.199,64 ha e situa-se, em sua maior parte, na margem

esquerda do rio Tarauacá e abrange seus maiores afluentes: São Salvador, Mato Grosso,

Zé de Melo, Primavera e, também, parte do rio Jordão. Possui seus limites confrontantes

com outras áreas protegidas. Ao norte faz limite com as terras indígenas rio Gregório e

Kampa do igarapé Primavera, a noroeste com a RESEX Riozinho da Liberdade, a leste

com a terra indígena Jaminawá Arara do rio Bagé, a sudoeste com a RESEX Alto Juruá e

ao sul com a terra indígena Kaxinawá.

No início das atividades do Plano de Manejo, durante a reunião inicial de planejamento

junto ao ICMBio, levantou-se a necessidade de realizar uma verificação dos limites da

RESEX do Alto Tarauacá. O polígono de limite da RESEX considerado oficial pelo ICMBio

foi construído com base em 15 pontos presentes no decreto de criação (Decreto Federal

de 8 de novembro de 2000) e utilizou as cartas topográficas do DSG escala 1:250.000 e

memoriais descritivos das terras indígenas confrontantes fornecidos pela FUNAI e da

RESEX Alto Juruá. A partir da consulta de bases mais atualizadas e comparações através

de sobreposição de diversos mapas produzidos para o Plano de Manejo observou-se

algumas divergências com relação às bases cartográficas de maior detalhe e mais atuais.

A partir disso, foi realizado um estudo detalhado de verificação dos limites sob

coordenação do Departamento de Consolidação de Limites (DCOL) do ICMBio. Foram

identificados os pontos mais críticos e apresentados a DCOL. Um processo interno foi

aberto no Sistema Eletrônico de Informação (SEI) nº 02070.006472/2017-24 e está em

andamento. O estudo completo pode ser visto no Anexo 4.

Para as análises e mapas apresentados no diagnóstico ambiental em outubro de 2017

foi adotado o limite oficial fornecido pelo ICMBio na época (Figura 61A). Em 13 de

dezembro de 2017, após a finalização do diagnóstico, foi publicada a Nota Técnica nº

135/2017/DCOL/CGTER/DISAT/ICMBio que estabelece um limite atualizado para a

RESEX (Figura 61B), abrangendo neste uma superfície de 154.133 ha. Devido a isto, foi

realizada a atualização dos mapas que constam no capítulo de diagnóstico adotando o

novo polígono de limite da RESEX do Alto Tarauacá. No entanto, análises quantitativas

mais complexas realizadas no período do diagnóstico, e, portanto, anteriores a Nota

Técnica, mantiveram os resultados calculados com base no limite vigente na época do

diagnóstico, como é o caso da classificação da paisagem, vegetação, desmatamento e

queimadas.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 61. Demonstração da atualização do limite oficial da RESEX do Alto Tarauacá – AC.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

143

2.3.2. Atributos físicos da RESEX

2.3.2.1. Clima

De maneira geral, o clima do Acre é do tipo equatorial quente e úmido, caracterizado

por altas temperaturas, elevados índices de precipitação e alta umidade relativa do ar.

Na maior parte do Estado, as precipitações são abundantes, sem uma nítida estação

seca. A principal característica da pluviosidade deste território é a diminuição

progressiva da intensidade do período seco no sentido sudeste-noroeste (Brasiléia a

Cruzeiro do Sul), com três meses secos na região sudeste e menos de um na região

noroeste do Estado (Figura 62) (ACRE, 2010a).

Neste contexto é importante ressaltar o fenômeno da friagem, que pode acontecer mais

de uma vez por ano na Amazônia Ocidental, principalmente de maio a agosto. Este

fenômeno climático é resultado do avanço da Frente Polar que atravessa a Planície do

Chaco e chega à Amazônia impulsionada pela Massa de Ar Polar Atlântica, que provoca

brusca queda de temperatura, para os padrões regionais, chegando a valores próximos

de 10°C (ACRE, 2012).

É importante ressaltar também que nos últimos 10 anos o Acre vem sofrendo uma

grande incidência de eventos climáticos extremos. As secas e inundações fazem parte

da variabilidade climática natural dessa região, ocorreram no passado e continuarão a

ocorrer no futuro. No entanto, nestes últimos 10 anos apresentaram as secas e

inundações mais intensas na história recente, e as perspectivas desta situação

continuem a ocorrer no futuro ainda são altas, mesmo tendo em conta as incertezas dos

modelos climáticos (MARENGO, et al., 2013). Neste período se destacam as secas

severas e incêndios florestais nos anos de 2005 e 2010, as grandes enchentes quase que

anuais e uma onda de calor em 2015 na região de Rio Branco (BROWN, 2015). Estes

eventos extremos afetam a população que vive nas margens dos rios, tanto nas áreas

rurais como urbanas, bem como o transporte comercial e de pequena escala, pequenos

agricultores e pescarias (BORMA et al., 2013).

Para diagnosticar o contexto climático regional, principalmente na região onde se insere

a RESEX do Alto Tarauacá, foi necessário compilar os dados de precipitação e

temperatura do projeto “CHELSA – Climatologies at high resolution for the earth’s land

surface areas” (KARGER et al., 2016). Este projeto fez uma ampla modelagem

matemática de dados climáticos globais disponíveis para o período de 1979 a 2013. A

resolução espacial desta informação rasterizada é de 1 km2. Esta abordagem se deu pelo

fato desta região não possuir uma rede sistemática de estações meteorológicas. Assim,

foram compilados esses dados de precipitação e temperatura em resolução espacial que

são compatíveis com a extensão da reserva.

Neste sentido, na RESEX do Alto Tarauacá os totais pluviométricos anuais estão compreendidos aproximadamente entre 1.430 mm a 2.180 mm (Figura 62), sendo as chuvas distribuídas, principalmente nos meses de outubro a abril. Os meses de menor

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precipitação vão de maio a setembro, porém o acumulado destes meses alcança aproximadamente 300 mm. O mês mais chuvoso é geralmente março, com precipitação total de aproximadamente 250 mm (Figura 63).

A temperatura média anual possui pouca variação, situando-se na faixa de 23 a 25°C. (Figura

62). O período mais quente vai de setembro até fevereiro, com temperaturas médias máximas

em torno de 31°C. Apesar dos eventos de friagem, um período marcadamente frio é ausente,

porém nos meses de maio a agosto a temperatura média fica em torno de 23 e 24°C, sendo que

a média das temperaturas mínimas atingem 18 °C (Figura 63).

O clima nesta região é extremante úmido, a umidade relativa tem como limites as

isohigras de 90 a 95% (INMET, 2017).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 62. Mapas de precipitação total anual e temperatura média anual compilada da base de dados CHELSA (KARGER et al., 2016).

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Figura 63. Precipitação acumulada e temperatura média das mínimas e máximas para a RESEX do Alto Tarauacá.

2.3.2.2. Recursos Hídricos

O estado do Acre apresenta uma extensa rede hidrográfica com os rios correndo no

sentido sudoeste/nordeste, tendo como principais características o paralelismo e as

mudanças de direção dos seus cursos e a rede de drenagem bem distribuída. Além disso,

a maioria dos rios que cortam o Acre possuem caráter internacional e federal, já que os

mesmos possuem suas nascentes localizadas no Peru e sua foz nos rios da bacia

amazônica brasileira (ACRE, 2012).

Na escala estadual, os principais cursos d’água da região da RESEX do Alto Tarauacá

estão inseridos na Bacia Hidrográfica do rio Tarauacá (140.183 ha, 92,7%), abrangendo

também pequenas porções das bacias dos rios Juruá (8.751 ha, 5,8%), Gregório (1.745

ha, 1,2% e Juruá/Liberdade (512 ha, 0,3%) (Figura 64). Para fins de contextualização, esta

porção do território está inserida na Região Hidrográfica do Amazonas, em nível federal

(ottobacia nível 1), na Região Hidrográfica do Solimões, em nível regional (ottobacia

nível 2) e Bacia Hidrográfica do rio Juruá, em nível estadual (ottobacia nível 3).

Os rios que pertencem a Bacia Hidrográfica do Juruá são enquadrados na categoria de

“rios de água branca”, por possuírem uma coloração amarelada (água barrenta),

resultante do transporte elevado de material em suspensão (SIOLI, 1984) (Figura 66). De

acordo com a classificação do padrão de drenagem de redes fluviais, proposta por

Ab’Saber (1985), a Bacia do rio Juruá apresenta um sistema de drenagem dendrítico,

sendo composta por cursos d’águas perenes e intermitentes (ACRE, 2010a).

Tem

per

atu

ra (

°C)

Pre

cip

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ão (

mm

)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 64. Mapa das bacias hidrográficas (nível 4) compiladas na base de dados da Agência Nacional de Águas.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

148

Para o diagnóstico da hidrografia da RESEX do Alto Tarauacá foram compilados dados e

informações da página eletrônica da Agência Nacional de Águas – ANA (ANA, 2012).

Foram adquiridos dois produtos: 1) Ottobacias Níveis 3, 4 e 5; e 2) hidrografia

(1:250.000). Para uma hidrografia mais detalhada foram obtidos arquivos vetoriais da

Diretoria de Serviço Geográfico do Exército Brasileiro (DSG), escala 1:100.000,

disponibilizados pelo Banco de Dados geográfico do Exército (BDGex) (Figura 65). Além

disso, a nomenclatura dos rios foi compatibilizada com as informações adquiridas das

folhas SC.19 e SB/SC.18 do Projeto RADAM (1977, 1976).

Neste sentido, os principais rios da RESEX, principalmente aqueles que são navegáveis

boa parte do ano, são: rio Tarauacá, rio Jordão e os igarapés como: Primavera, São

Salvador, Mato Grosso e Zé de Melo (Figura 65). O rio Tarauacá é o principal afluente do

rio Juruá, sendo navegável desde sua foz até as suas cabeceiras na porção sul município

de Jordão, quase na divisa com o Peru. Este rio percorre uma extensa planície fluvial,

possuindo um padrão sinuoso e meândrico. Em algumas pequenas porções, o rio

Tarauacá apresenta também eventuais retilinizações do curso devido ao controle

estrutural dos terrenos. Devido a nítida ruptura de declive entre a faixa de planície e os

terrenos mais elevados no entorno, ocorrem deslizamento de suas margens, uma

dinâmica fluvial provocada por compensação hidrostática (RADAM, 1976) (Figura 66).

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Figura 65. Hidrografia detalhada da RESEX do Alto Tarauacá e entorno (escala 1:100.000).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 66. Imagem exemplificando um típico deslizamento de margem no rio Tarauacá.

Ao longo do curso do rio Tarauacá é possível encontrar meandros abandonados, que já

não fazem parte do curso principal do rio, sendo classificados em 3 tipos (Figura 67):

▪ Meandros com água, separado do leito do rio por estreita faixa de deposição

recente e precariamente ligado a drenagem;

▪ Meandros em lago, que permanecem com água, mas já sem ligação com a

drenagem principal;

▪ Meandros sem água, com vegetação e geralmente afastados do rio.

Durante as oficinas comunitárias realizadas no âmbito deste Plano de Manejo, foi

possível perceber que os comunitários possuem conhecimento destas feições

geomorfológicas, sendo citado a presença das mesmas em diversos pontos da RESEX.

Foi interessante notar também que frequentemente falavam que os lagos depois de um

tempo eram “cerrados” pelo crescimento da vegetação, o que dificulta o manejo da

pesca nestes lugares. Neste sentido, é importante compreender esta questão para dar

subsídios às futuras ações de manejo da região.

Os demais rios e igarapés relevantes citados anteriormente obedecem ao mesmo

padrão do rio Tarauacá, porém são de menor porte e alguns deles, principalmente os

igarapés, possuem vazão bem reduzida nos períodos de baixa precipitação.

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Figura 67. Imagem exemplificando os tipos de meandro encontrados no rio Tarauacá.

Com relação à hidrologia, foram utilizados os dados adquiridos pelas estações operadas

pela ANA e também foram compilados os dados do Plano Estadual de Recursos Hídricos

(ACRE, 2012). Neste sentido, com relação a quantidade de água, as séries históricas mais

representativas para a região da RESEX se concentram na região da Bacia Hidrográfica

do rio Tarauacá. Esta bacia possui duas estações pluviométricas e uma estação

fluviométrica da rede hidrometeorológica nacional, todas localizadas no rio Tarauacá

(ANA, 2017).

De acordo com estas estações, o regime geral de chuvas na bacia do rio Tarauacá

apresenta média mensal com valores que atingem 300 mm no trimestre mais úmido,

que vai de fevereiro a abril. Já para o trimestre mais seco, de junho a agosto, os valores

mais baixos atingem 50 mm (ACRE, 2012). Analisando-se as vazões nas estações

fluviométricas, percebe-se que nos picos de cheia, os valores médios chegam a

aproximadamente 800 m³/s e no período de seca os valores atingem aproximadamente

8 m³/s. O trimestre mais caudaloso se situa nos meses de fevereiro a abril, sendo março

o mês de pico. Já o trimestre menos caudaloso situa-se entre julho a setembro, com o

mês de agosto aquele onde os rios ficam mais secos e surge o aparecimento das praias,

o que dificulta em muito a navegação do rio, principalmente dos balseiros de cargas que

nesta época precisam fazer pausas na viagem, aguardando pequenos pulsos de cheias

para continuar a navegação (Figura 68). É importante salientar que os períodos de

máxima precipitação e vazão estão praticamente sobrepostos, auxiliando a compressão

dos eventos extremos na região.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 68. Conjunto de imagens mostrando o início do período de menor vazão do rio Tarauacá, em que já possível visualizar o aparecimento das praias e galhadas, dificultando a navegação na região.

Com relação a qualidade das águas, não existe para região uma rede de monitoramento

implantada para esta finalidade. Neste sentido, foram compilados os dados de estudos

técnicos específicos disponíveis no Plano Estadual de Recursos Hídricos (ACRE, 2012).

Assim, para o rio Tarauacá foi possível verificar que em um ponto de coleta no município

de Tarauacá, o Índice de Qualidade de Água atingiu a faixa de boa qualidade na época

das cheias e qualidade regular na época da seca.

Ainda, de acordo com o indicador de retirada de água ou “Water Exploitation Index”,

adotado pelas Nações Unidas, que indica a classe de disponibilidade hídrica para

atendimento das demandas de uso, a Bacia do rio Tarauacá possui menos de 5% de

razão entre a vazão de retirada e a vazão média anual da unidade hidrográfica, sendo

classificada como excelente, isto é, pouca ou nenhuma atividade de gerenciamento é

necessária, sendo a água considerada um bem livre (ACRE, 2012).

2.3.2.3. Geomorfologia

No estado do Acre, assim como em outros locais da Amazônia, a variação altimétrica

não é expressiva. No entanto, analisando os padrões morfogenéticos e texturais do

terreno é possível dividir este território em nove unidades geomorfológicas distintas: a

Planície Amazônica, a Depressão do Endimari-Abunã, a Depressão do Iaco-Acre, a

Depressão de Rio Branco, a Depressão do Juruá-Iaco, a Depressão do Tarauacá-Itaquaí,

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153

a Depressão Marginal à Serra do Divisor, a Superfície Tabular de Cruzeiro do Sul e os

Planaltos Residuais da Serra do Divisor (Figura 8) (ACRE, 2010 a).

Especificamente no contexto da RESEX do Alto do Taraucá são encontrados dois destes

padrões: Planície Amazônica e Depressão do Juruá-Iaco (Figura 69). Cobrindo

aproximadamente 5% da RESEX a unidade geomorfológica Planície Amazônica é

caracterizada por apresentar áreas planas com altitudes que variam de 110 a 270 m e

está situada ao longo das margens dos principais rios. São áreas culturalmente utilizadas

por populações ribeirinhas, bem como áreas de ocupação preferencial, em função do

meio de transporte fluvial ser predominante nas áreas mais isoladas (ACRE, 2010 a).

Já a Depressão do Juruá-Iaco é caracterizada por possuir altitude variável entre 150 e

440 m, apresentando modelados de topos convexos, por vezes aguçados, com declives

que variam de medianos a fortes. Os modelados de forte dissecação aguçada estão

associados a rochas arenosas da Formação Solimões (Superior). Quando há

predominância de material mais argiloso (Inferior), ocorrem formas de dissecação

convexa. Tais dados associados a informações sobre os solos permitem verificar que

nessa região determinados usos da terra são limitados em função de uma maior

vulnerabilidade do meio (ACRE, 2010 a).

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Figura 69. Padrões geomorfológicos do estado do Acre e um detalhamento na região da RESEX do Alto Tarauacá.

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155

Para subsidiar a caracterização da hipsometria da região da RESEX foram compilados

modelos digitais de terreno do projeto “Brasil em Relevo” em 30 metros de resolução

espacial. Este projeto feito pela Embrapa Monitoramento por Satélite teve como

objetivo desenvolver uma metodologia para gerar dados numéricos de relevo e da

topografia do Brasil, através dos dados obtidos pela nave espacial americana durante a

missão conhecida como SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) (Miranda, 2017).

Neste sentido, foi possível verificar que as altitudes na região da RESEX variam desde

160 m até 490 m (Figura 70), sendo as altitudes mais baixas encontradas na calha do rio

Tarauacá. Os dados dos modelos digitais de terreno se mostraram uma boa alternativa

para subsidiar os padrões geomorfológicos da região, principalmente pelo fato desta

informação possuir uma alta resolução espacial que permite gerar subsídios em escala

local.

A partir deste mapa foi possível gerar também o mapa da declividade, no qual

apresentou valores de declividades entre 0 a 57%, com predomínio para a classe entre

6 e 12%, sendo nas porções central e norte a mais declivosa da RESEX (Figura 71 e Figura

72).

Figura 70. Porção elevada e declivosa na confluência do igarapé São Salvador com rio Tarauacá. Este tipo de paisagem se destaca na paisagem plana da região.

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156

Figura 71. Mapa de elevação compilado da base de dados “Brasil em Relevo”, Embrapa Monitoramento por Satélite (Miranda, 2017).

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157

Figura 72. Mapa de declividade gerado a partir da base de dados “Brasil em Relevo”, Embrapa Monitoramento por Satélite (Miranda, 2017).

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158

2.3.2.4. Geologia

No estado do Acre, a principal unidade geotectônica regional é a Bacia do Acre, que se

encontra delimitada pelo Arco de Iquitos (a leste e ao norte) e pela Faixa Andina (a oeste

e a sul). A bacia é formada principalmente por material sedimentar pouco consolidado

de idade cenozóica, que ocupa quase toda a extensão do território acreano.

Predominam rochas maciças do tipo argilitos sílticos e siltitos ou rochas finamente

laminadas com concreções carbonáticas e gipsíticas e arenitos finos, micáceos, e níveis

ou lentes com matéria vegetal carbonizada, em geral fossilíferos (ACRE, 2010 a).

Os dados sobre a geologia foram compilados do GEOBANK (CPRM, 2017), folhas SC.19 e

SB/SC.18 do Projeto RADAM (1977, 1976) em escala de 1:1.000.000 e dados disponíveis

no Zoneamento Ecológico Econômico do Estado (ACRE, 2010a). Estas informações foram

compatibilizadas visando um maior detalhamento de padrões geológicos da região.

Desta maneira, foi possível constatar que entre as bacias hidrográficas do Estado, a que

apresenta a menor diversidade é a do rio Tarauacá. Pela história geológica recente desta

região é compreensível que isso ocorra, já que a parte mais a oeste do Estado está

incluída na faixa de dobramentos da Cordilheira dos Andes. Na região da RESEX

predominam as Unidades Geológicas Formação Solimões e Depósitos Aluvionares

(Figura 73).

Entre as unidades geológicas, a Formação Solimões se destaca ocupando 85% do

território acreano. Essa formação originou-se de sedimentos vindos dos rios do período

Cretáceo que cederam lugar a grandes lagos de água doce e rasa, pouco movimentados,

alimentados por um sistema fluvial meandrante de baixa energia com conexão estreita

com o mar a oeste (para o lado do Oceano Pacífico) e área-fonte vinda de leste (no arco

de Iquitos). Nesse ambiente lacustre, foram depositados sedimentos essencialmente

argilosos da Formação Solimões e, nos meandros abandonados, restos vegetais e

conchas de moluscos.

A Formação Solimões é constituída litologicamente por argilitos cinzas e cinza-

esverdeados, intercalados com bancos de arenito, camadas de linhito e gipsita

(OLIVEIRA e SOUZA-FILHO, 2001). Esta unidade apresenta estratificações plano-

paralelas e cruzadas tabulares e acanaladas de pequena, média e grande amplitude

(CAVALCANTE, 2005). Nas margens do rio Tarauacá ocorrem também a presença dos

lajeiros, constituídos por arenito feldspático de cor cinza médio, granulometria fina a

média, cimentado por material carbonático (Figura 74)

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159

Figura 73. A) Afloramento típico da Formação Solimões. B) Grande lente de arenito acamado com leitos de material carbonático nas margens do rio Tarauacá.

A

B

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

160

Figura 74. Mapa de geologia compilado do Geobank da CPRM, Projeto RADAM (1977, 1976) e ZEE Acre (2010).

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161

2.3.2.5. Pedologia

O solo pode ser considerado um dos mais importantes recursos naturais presentes nos

ecossistemas, já que atua no suporte ao crescimento e fornecimento de água e

nutrientes para as plantas. Os solos do Acre apresentam características próprias

principalmente por serem de uma região de acúmulo de sedimentos oriundos da

Cordilheira dos Andes, por isso a diversidade desses solos e características vérticas e de

eutrofismo pouco comuns para a Amazônia. Os principais solos do Acre, em ordem

decrescente de expressão territorial, são: Argissolos, Cambissolos, Luvissolos,

Gleissolos, Latossolos, Vertissolos, Plintossolos e Neossolos (Figura 76) (ACRE, 2010 a).

De acordo com o Zoneamento Ecológico Econômico do Acre (ACRE, 2010 a), na região

onde se insere a RESEX do Alto Tarauacá existe a ocorrência dos Luvissolos, Cambissolos

e Gleissolos.

▪ Luvissolos - apresentam argila de alta atividade. Estão normalmente associados

a relevo mais movimentado e a solos pouco profundos, conferindo-lhes relativo

grau de suscetibilidade à erosão, o que, aliado ao fato de apresentarem

drenagem deficiente, restringe seu uso agrícola, apesar da elevada fertilidade

natural.

▪ Cambissolos - são ricos quimicamente (eutróficos) e com argila de atividade alta

e muitos com caráter vértico, ou seja, apresentam fendas no período seco e são

solos difíceis de trafegar durante a estação chuvosa. São solos normalmente

rasos ou pouco profundos e apresentam restrição de drenagem, principalmente

em razão da presença de minerais de argila expansíveis.

▪ Gleisolos - são permanentemente ou periodicamente saturados por água.

Caracterizam-se pela forte gleização (cores acinzentadas), em decorrência do

regime de umidade que favorece as condições redutoras do solo. Geralmente

apresentam argilas de alta atividade e elevados teores de alumínio trocável. Não

apresentam grandes problemas de fertilidade.

Grande parte da RESEX é recoberta por Luvissolos Vermelho Amarelo, que são

caracterizados por apresentar um horizonte B textural, apresentando fração de argila

de atividade baixa ou alta. Recobrem o relevo mais movimentado da região e com

índices de aprofundamento da drenagem incipiente e médio (RADAM, 1976).

Já os Cambissolos ocorrem na porção sudoeste da RESEX do Alto do Tarauacá,

principalmente os Cambissolos Eutróficos com profundidade mediana, bem drenados,

ácidos ou moderadamente ácidos. Estes solos, devido a sua alta fertilidade natural,

imprimem à região grande potencialidade agrícola (RADAM, 1976).

Os Gleissolos ocorrem nas calhas dos rios e igarapés da RESEX. Compreendem solos

desenvolvidos sobre sedimentos recentes referentes ao Quaternário, de textura

geralmente argilo-siltosa. Os rios, devido à grande sinuosidade de seus cursos,

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162

formaram áreas relativamente largas nos seus terraços, condicionadas a regime de

inundação mais intenso no período de chuvosos, proporcionando condições favoráveis

ao processo de formação destes solos (RADAM, 1976). Na RESEX estas áreas são

utilizadas para cultivo agrícola e criação de animais (Figura 75).

Figura 75. Imagem mostrando os animais domésticos utilizando as praias formadas ao longo rio

Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 76. Mapa de solos compilado Embrapa Solos e Projeto RADAM (1977, 1976).

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164

2.3.3. Análise da paisagem

2.3.3.1. Classificação da paisagem

Para a análise da paisagem da RESEX do Alto Tarauacá foi utilizada a ferramenta IMPACT

(IMagery ProCessing Toolbox) desenvolvida pelo Joint Research Centre (JRC) da

comissão da União Europeia para ciência

(http://forobs.jrc.ec.europa.eu/products/software/). Essa ferramenta de

geoprocessamento tem sido utilizada para monitorar Unidades de Conservação no

mundo, principalmente no continente africano. O IMPACT consiste em uma das

ferramentas mais atuais, simplificadas e de livre acesso para avaliar e monitorar

vegetação para fins de conservação (SZANTOI et al., 2016). A ferramenta realiza o

processamento das imagens e classificação de forma automatizada e com uma interação

mínima do usuário. Além disso, utiliza como padrão (default) os dados do programa

LANDSAT, que, ao se estenderem até a década de 1980, fornece uma retrospectiva da

cobertura terrestre prontamente acessível.

Com relação especificamente ao pré-processamento, a ferramenta IMPACT converte

automaticamente os números digitais das imagens em reflectância superior da

atmosfera, corrige a interferência da atmosfera e executa a normalização da imagem.

Na etapa de processamento, esta ferramenta faz uma classificação automática não

supervisionada, utilizando uma abordagem empírica baseado em padrões espectrais já

estabelecidos, utilizando principalmente o Índice da Diferença de Vegetação

Normalizada (“Normalized Difference Vegetation Index - NDVI” em inglês) para

particionar a paisagem em três grandes classes: água (NDVI = -1,0), solo (NDVI entre 0 e

0,45) e vegetação (NDVI entre 0,45 e 1). Estas classes são posteriormente validadas pelo

usuário resultando em um mapa de cobertura do solo (Figura 77).

Figura 77. Fases de processamento de dados para gerar mapa de cobertura do solo utilizando

a ferramenta IMPACT.

Para a classificação não supervisionada da cobertura do solo da RESEX do Alto Tarauacá foram utilizadas imagens obtidas através do sensor remoto Landsat 8 com resolução

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165

espectral de 30 metros. Através da página eletrônica do Earth Explorer da Agência Geológica Americana (USGS) (disponível em: https://earthexplorer.usgs.gov/), foi necessário baixar três imagens para abranger toda a RESEX e seu entorno imediato de 15 km a partir de seu perímetro. Escolheu-se trabalhar com este limite de 15 km para avaliação da cobertura no entorno da RESEX, pois esse limite quase triplica a área avaliada no interior da UC, aumentando as chances de ver e medir impactos descrepantes do lado de fora, e ainda englobar quase todos os corpos d’água da margem oposta a UC no rio Tarauacá, que é um bom espaço de comparação.

Devido à grande quantidade de nuvens presentes na região amazônica, as imagens que mostraram melhor performance para a avaliação de interesse, regredindo no tempo a partir da data de avaliação (julho de 2017), foram as imagens datadas do mês de agosto de 2016 (Tabela 11).

Tabela 11. Descrição das imagens utilizadas com seus respectivos códigos das cenas, datas de aquisição e porcentagem de cobertura de nuvens.

Sensor Cenas Datas Cobertura de nuvens

Landsat 8 OLI 05/66 13/08/2016 0,02%

Landsat 8 OLI 04/66 06/08/2016 0,05%

Landsat 8 OLI 04/67 06/08/2016 0,01%

Ainda na fase de processamento, após a solicitação das imagens, elas foram entregues

via FTP (File Transfer Protocol) com todas bandas compactadas em um arquivo único,

no caso, formato zipfiles. Estes mesmos arquivos foram carregados no IMPACT, que

automaticamente converteu os números digitais das imagens em reflectância superior

da atmosfera, corrigiu a interferência das nuvens e executou a normalização cada

imagem. Após isso, fez a fusão das bandas e mosaicagem das imagens também de

maneira automática.

Com as imagens carregadas no IMPACT, realizou-se a última etapa de processamento,

selecionando a função de classificação automática, já citada nos parágrafos acima. No

entanto, foi selecionada também a função “Evergreen Forest Normalization” para

melhorar a classificação das diferentes coberturas florestais da região. Nesta

classificação são usadas as bandas 1 (azul), 2 (verde), 3 (vermelho), 4 (infravermelho

próximo) e 6-7 (infravermelho curto).

Os resultados de cobertura do solo para análise da paisagem da RESEX do Alto Tarauacá

foram representados para três recortes geográficos distintos: o primeiro para o interior

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166

da RESEX; o segundo para o entorno da RESEX e o terceiro para os diferentes setores10

em que as comunidades11 da RESEX se inserem (Figura 78).

Figura 78. Recortes definidos para a análise de paisagem.

10 A divisão em setores baseou-se em definições previamente apresentadas pela gestão da Unidade, na distribuição

das residências dos moradores da RESEX que atendem às reuniões comunitárias e nas áreas de uso de recursos naturais de cada comunidade. Para mais informações sobre os setores e as comunidades da RESEX, ver capítulo 2.3.5.3 “População da RESEX”. 11 As zonas das comunidades aqui propostas foram definidas a partir da divisão em setores previamente apresentada pela gestão da Unidade, da distribuição das residências dos moradores da RESEX que atendem à reuniões nas diferentes comunidades e das áreas de uso de recursos naturais de cada comunidade. Para mais informações sobre as zonas e as comunidades da RESEX, ver capítulo 2.3.5.

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167

O resultado da classificação automática feita com o IMPACT foi validado a partir da

sobreposição das imagens com maior resolução disponíveis na biblioteca de imagens do

Google Earth e também de alguns pontos de controle tirados com sensor GPS durante a

visita de reconhecimento realizada entre os dias 29 de abril a 07 de maio de 2017.

Durante esta etapa de verificação dos resultados foi possível separar a classificação

automática em quatro classes distintas de cobertura do solo e a classe de nuvens. Abaixo

segue o detalhamento de cada uma delas:

▪ Vegetação: esta classe abrangeu os estágios inicial, médio e avançado das oito

fitofisionomias presentes na região, entre elas: Floresta Aberta com Bambu,

Floresta Aberta com Palmeiras, Floresta Densa, Floresta Aberta com Palmeiras

em Área Aluvial e outras variações que podem ser vistas com mais detalhe no

item 2.3.4.1 – vegetação (Figura 79A). Os roçados compostos por espécies não

herbáceas (ex.: frutíferas perenes, bananais e mandiocais madutos),

posicionados em pequenas clareiras ou adjacentes as matas brutas também

foram enquadradas nesta classe. As características espectrais destes alvos se

assemelham com a tipologia da legenda vegetação, explicada anteriormente.

Além disso, a resolução espectral de 30 metros do Landsat não permitiu este

detalhamento (Figura 79B e C).

▪ Área aberta: esta classe abrangeu áreas com vegetação pioneira e atividades

agrícolas compostas por herbáceas e arbustos. Nesta classe estão inclusas

também áreas utilizadas para pastagem de animais.

▪ Solo exposto: são áreas compostas por Neossolo e areias quartzosas. Esta classe

inclui as praias e áreas com intensa perda da camada superficial do solo e

consequente aparecimento de solo exposto (Figura 79D e E). Algumas áreas de

solo exposto podem ser consideradas como temporárias, pois podem estar em

fase de preparo inicial de plantio, com a utilização prévia de fogo.

▪ Água: esta classe representa os corpos d’água (rios e lagos). A descontinuidade

de alguns cursos d’água na classificação se deve ao período de seca registrado

para os meses de junho a setembro na região. Neste sentido, utilizando a

resolução de 30 metros do Landsat em alguns locais aparecem extensas faixas

de solos expostos (praias) ao longo dos rios.

▪ Nuvens: representa a cobertura de nuvens presente na imagem e que foi

identificada na análise.

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168

Figura 79. Exemplo de locais utilizados para verificação da classificação automática das imagens e refinamento das legendas: A) vegetação nativa; B) área aberta – vegetação pioneira; C) área aberta – pastagem; D) solo exposto e E) solo exposto – praia.

No total foram avaliados 552.795,00 ha de área, sendo 151.191,20 ha correspondente

ao interior da RESEX do Alto Tarauacá e 401.603,80 ha correspondente ao seu entorno

em uma distância de 15 km a partir de seus limites (Figura 80).

No primeiro recorte, no interior da RESEX, observa-se a predominância expressiva da

classe “vegetação” que ocupa 148.350,7 ha o que corresponde a 98,1%.

Aproximadamente 2.243,9 ha (1,5%) na RESEX foram classificados como áreas abertas.

A maioria delas se concentra às margens do rio Tarauacá, do rio Jordão, igarapés São

Salvador, igarapé Nazaré e cabeceira do igarapé Primavera (Figura 81). Apenas 0,3% ou

443,6 ha representam áreas de solo exposto (Tabela 12 e Figura 82). Esta tipologia de

paisagem está concentrada ao longo dos rios, especialmente na porção sul da RESEX.

A C

B E

D

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169

Fora dos limites da RESEX foi possível observar uma maior concentração de áreas das

classes área aberta e solo exposto na área urbana e arredores de Jordão e de áreas

abertas principalmente ao longo do rio Tarauacá, quando seu curso ultrapassa a cidade

de Jordão e na porção do Ramal da Integração também nas proximidades do município.

No entorno da RESEX o domínio de cobertura do solo é similar ao encontrado na RESEX,

com 98,2% classificada como vegetação (Tabela 12).

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Figura 80. Mapa de unidades da paisagem na RESEX do Alto Tarauacá e entorno.

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Figura 81. Detalhe na paisagem na área urbana e arredores do município de Jordão.

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172

Tabela 12. Classes de cobertura do solo no interior e no entorno da RESEX do Alto Tarauacá.

Classe de cobertura dos solos Área interior RESEX

(ha) (%)

Área entorno (ha)

(%)

Vegetação 148.350,7 98,1 394.487,10 98,2

Áreas abertas/em regeneração 2.243,9 1,5 5.536,39 1,4

Solo exposto 443,6 0,3 1.147,45 0,3

Água 152,7 0,1 424,87 0,1

Nuvens 0,4 0,0 7,92 0,0

Total 151.191,2 100,0 401.603,72 100,0

Figura 82. Proporção da área ocupada pelas classes de cobertura do solo no interior da RESEX

do Alto Tarauacá.

A porcentagem de cobertura de vegetação varia de 94,68% no setor Duas Nações a

99,33% no setor Nazaré. O setor Duas Nações é o que mais possui áreas abertas (4,37%),

seguido de Boa Vista/Santa Júlia (4,03%). O setor Maranhão/Massapê e Duas Nações

são os que apresentam maior cobertura classificada como solo exposto, 0,68% e 0,66%

respectivamente (Tabela 13 e

Figura 83). Nota-se que quanto mais próximo da área urbana do município de Jordão há

uma tendência de diminuição de cobertura vegetal e aumento de áreas abertas e solo

exposto, no entanto a cobertura de vegetação permanece alta, mínimo de 94,68%

(Tabela 13 e

Figura 83). As Figuras de 84 a 90 mostram as unidades de paisagem com mais detalhe

para as zonas de cada comunidade.

98,1

1,5 0,3 0,1

Área (%)

Vegetação Áreas abertas Solo exposto Água

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173

Tabela 13. Cobertura do solo nos setores aos quais as comunidades da RESEX do Alto Tarauacá se vinculam.

Classes

Tabocal Alagoas Nazaré Jaminawá/

Restauração

Maranhão/Massapê Duas Nações Boa Vista/Santa

Júlia

Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) %

Vegetação 24.580,16 99,29 27.569,19 98,54 38.057,95 99,33 15.839,44 98,64 23.263,05 96,73 12.391,67 94,68 6.649,16 95,69

Áreas abertas 128,94 0,52 337,98 1,21 223,87 0,58 152,84 0,95 547,99 2,28 572,05 4,37 280,19 4,03

Solo exposto 32,71 0,13 62,74 0,22 31,52 0,08 50,10 0,31 163,24 0,68 86,31 0,66 16,99 0,24

Água 13,14 0,05 7,63 0,03 1,50 0,00 15,20 0,09 74,98 0,31 38,13 0,29 2,10 0,03

Nuvens 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,27 0,00 0,09 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Total 24.754,94 100,00 27.977,54 100,00 38.314,84 100,00 16.057,84 100,00 24.049,35 100,00 13.088,15 100,00 6.948,45 100,00

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174

Figura 83. Proporção das classes de cobertura do solo dos setores de cada comunidade da RESEX do Alto Tarauacá. Atentar para os valores no eixo y

do gráfico iniciando em 92%.

99,2998,54

99,3398,64

96,73

94,68

95,69

0,52

1,21

0,58

0,95

2,28

4,37

4,03

0,13 0,22 0,080,31

0,68 0,66

0,24

0,05 0,03 0,000,09

0,31 0,29

0,03

92

93

94

95

96

97

98

99

100

Tabocal Alagoas Nazaré Jaminawá/Restauração

Maranhão/Massapê Duas Nações Boa Vista/Santa Júlia

Área (%)

Vegetação Áreas abertas Solo exposto Água

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175

Figura 84. Unidades da paisagem no setor da comunidade Tabocal.

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176

Figura 85. Unidades da paisagem no setor da comunidade Alagoas.

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177

Figura 86. Unidades da paisagem no setor da comunidade Nazaré.

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Figura 87. Unidades da paisagem no setor da comunidade Jaminawá/Restauração.

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179

Figura 88. Unidades da paisagem no setor da comunidade Maranhão/Massapê.

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180

Figura 89. Unidades da paisagem no setor da comunidade Duas Nações.

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181

Figura 90. Unidades da paisagem no setor da comunidade Boa Vista/Santa Júlia.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

182

2.3.3.2. Desmatamento

Estudos realizados sobre dinâmica de desmatamento no estado do Acre como

IMAZON/SEMA-IMAC (2006), o Plano Estadual de Prevenção e Controle dos

Desmatamentos do Acre, (2010) e o Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre - Fase II

(2010) mencionam que, aproximadamente, 12% das florestas do território foram

convertidas em outros usos da terra até o ano de 2008.

De acordo com dados atuais do PRODES (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na

Amazônia Legal - INPE/MCTIC) houve desmatamento no estado do Acre de

aproximadamente 13.707 km2 de floresta de 1988 até o ano de 2016 (Figura 91). Os dados

fornecidos pelo INPE para o ano de 2016 são estimados e ainda estão sob análise. A

evolução da taxa de desmatamento mostra picos no ano de 1995 e 2003, bem como uma

redução nos últimos dez anos, sendo registrada a menor taxa de desmatamento no ano de

2009.

Figura 91. Taxa de desmatamento anual no estado do Acre (PRODES, 1988 a 2016).

No entanto, comparando-se as taxas do Acre e da Amazônia, percebe-se que as médias

anuais do Acre têm se mantido abaixo das médias para a Amazônia desde 1996, e que a

Amazônia também acompanha o declínio do desmatamento a partir do ano de 2004

(PPCD/AC, 2010 e PRODES atual).

Quanto a concentração das florestas por regional, até o ano de 2008, o Baixo Acre possuía

55% de floresta primária; o Alto Acre, 78%; Purus, 96%; Tarauacá/Envira, 96% e Juruá, 95%.

O município de Tarauacá apresentava aproximadamente 95% de cobertura floresta original

620540550

380400482482

1208

433358

536441

547

419

883

1078

728

592

398

184254

167259280305

221309264

389

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

19

88

19

89

19

90

19

91

19

92

19

93

19

94

19

95

19

96

19

97

19

98

19

99

20

00

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

20

10

20

11

20

12

20

13

20

14

20

15

20

16

km2

Taxa de desmatamento anual no Acre (km2/ano)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

183

e Jordão 98,5%, sendo este último considerado um dos municípios com menor

desmatamento (PPCD /AC, 2010). Segundo dados atuais do PRODES (2016), a regional do

Juruá possui a maior cobertura florestal (90,82%), seguido de Purus com 89,54% e

Tarauacá/Envira, onde localiza-se a RESEX, com 87,57%. A regional do Baixo Acre tem maior

percentual de área desmatada (49,9%) e Juruá possui o menor percentual (9,18%). A

regional de Tarauacá/Envira, onde localiza-se a RESEX, apresenta um percentual de 12,43%

de área desmatada (Figura 92). O município de Tarauacá apresenta em torno de 93,7% de

cobertura floresta original e Jordão 97,3%.

Figura 92. Percentual de área desmatada por regional do estado do Acre (PRODES, 2016).

Os principais fatores que contribuem para o desmatamento no Estado são: subsídios e

incentivos fiscais voltados à atividade agropecuária, especulação imobiliária,

assentamentos humanos realizados sem nenhum planejamento, falta de uma política

agrícola voltada para os pequenos e médios produtores rurais, inexistência de assistência

técnica adequada para atender a demanda da região, implantação e integração de eixos

rodoviários, e rentabilidade de atividades econômicas, como a extração madeireira, a

pecuária e, mais recentemente, a agroindústria (PPCD/AC, 2010).

Para avaliar o desmatamento na região da RESEX do Alto Tarauacá foram adotados dois

recortes geográficos distintos: o primeiro para o entorno da RESEX, delimitado por uma

distância (buffer) de 15 km a partir de seu perímetro e o segundo para o interior da RESEX.

Os dados de desmatamento foram obtidos do PRODES - Projeto de Monitoramento do

Desmatamento na Amazônia Legal (INPE/MCTIC) que produz informações espaciais do

18,03

49,90

9,18 10,46 12,43

81,97

50,10

90,82 89,54 87,57

0

20

40

60

80

100

Alto Acre Baixo Acre Juruá Purus Tarauacá/Envira

(%)

Percentual de área desmatada por regional

Desmatamento Floresta

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

184

desmatamento anual da Amazônia Legal e disponibiliza uma série multitemporal, desde o

ano de 1997, em banco de dados digital.

O projeto PRODES realiza o monitoramento do desmatamento por corte raso 12 na

Amazônia Legal por satélites e produz, desde 1988, as taxas anuais de desmatamento na

região, que são usadas pelo governo brasileiro para o estabelecimento de políticas públicas.

O PRODES utiliza imagens de satélites da classe Landsat (20 a 30 metros de resolução

espacial e taxa de revisita de 16 dias) numa combinação que busca minimizar o problema

da cobertura de nuvens e garantir critérios de interoperabilidade. As imagens TM Landsat-

5 foram, historicamente, as mais utilizadas pelo projeto, mas as imagens CCD do CBERS-2 e

do CBERS-2B, satélites do programa sino-brasileiro de sensoriamento remoto, também

foram bastante usadas. O PRODES também fez uso de imagens LISS-3, do satélite indiano

Resourcesat-1, e de imagens do satélite inglês UK-DMC2.

A área mínima mapeada pelo PRODES é de 6,25 hectares. Para início do mapeamento de

determinado ano, o mapa de desmatamento do PRODES do ano anterior é utilizado como

um marco de referência das áreas já desmatadas. Este mapa contendo o desmatamento

dos anos anteriores, juntamente com as áreas de não-floresta e de hidrografia, geram uma

máscara que contém todas as áreas de corte raso já detectadas no passado. Esta máscara

é usada para eliminar a possibilidade de que desmatamentos antigos sejam identificados,

mapeados e contados novamente. A identificação de desmatamento é feita através da foto-

interpretação da imagem Landsat (ou similar) através da delimitação dos novos polígonos

diretamente na tela do computador, considerando apenas a porção da imagem que

supostamente ainda possui cobertura florestal. A partir disso, são estimadas as taxas anuais

a partir dos incrementos de desmatamento identificados em cada imagem de satélite que

cobre a Amazônia Legal. (INPE, 2013).

Houve queda considerável da taxa de desmatamento entre os anos de 2001 e 2007 no

entorno da RESEX. Porém, em 2008 houve um aumento considerável de aproximadamente

4% e novamente uma diminuição em 2009 (Figura 93 e Figura 95). Essa alternância entre os

anos segue até o final da série temporal. O ano de 2015 foi o que apresentou a menor taxa

de desmatamento da série analisada (0,61% ou 0,54 km2) para o entorno da RESEX (Figura

93).

A área da RESEX também seguiu a mesma tendência do entorno sendo que os anos de 2013

e 2015 tiveram as menores taxas de desmatamento (0,13% e 0,41% respectivamente –

Figura 93 e Figura 95). Os anos de 2005 e 2007 houve maior desmatamento dentro da RESEX

12 O processo de desmatamento por corte raso é aquele que resulta na remoção completa da cobertura florestal a qual é substituída

por outras coberturas e usos (agrícola, pastagem, urbano, etc.).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

185

com relação ao entorno. A partir do ano de criação da RESEX (2000), aproximadamente

23,78 km2 (1,58%) de área de floresta foi desmatada (Figura 95 e Figura 94).

A presença de outras áreas protegidas limítrofes, como outras RESEX e terras indígenas

podem estar contribuindo para as baixas taxas de desmatamento no entorno da RESEX

(Figura 11 item 2.1.4). Nota-se que a maioria das áreas desmatadas localizam-se ao sul da

RESEX ao redor da área urbana de Jordão. O limite da RESEX ao sul parece “segurar” o vetor

de desmatamento nessa região. Dentro da RESEX estas áreas concentram-se ao longo dos

rios Tarauacá, Jordão e igarapé São Salvador, reflexo do histórico de ocupação da região

que depois da queda da comercialização da borracha priorizou as margens dos rios para

implantação de roçados e construção de moradias.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

186

*Não há dados disponíveis para os anos de 1998 e 1999 para o estado do AC.

** o ano de 1997 representa o desmatamento acumulado analisado pelo PRODES até 1997.

Figura 93. Desmatamento na RESEX do Alto Tarauacá e entorno (PRODES, 1977 a 2015).

28,23

24,71

5,73 5,994,27

1,69 0,96 1,640,64

4,79

1,68

4,563,51

4,84

1,78

4,37

0,61

27,64

8,32

10,437,08

4,87

1,502,84 1,04

2,61

7,59

1,14

9,21

5,474,54

0,13

5,18

0,41

0

5

10

15

20

25

30

1997 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Áre

a (%

)

Taxa de desmatamento na RESEX e entorno (%)

Entorno RESEX

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

187

Figura 94. Desmatamento acumulado na RESEX do Alto Tarauacá e entorno (PRODES, 2000 a 2015).

2,74

6,16

8,49

10,09

10,58

11,51

11,86

12,71

15,21

15,58

18,61

20,41

21,90

21,94

23,64

23,7821,89

26,97

32,27

36,06

37,55

38,41

39,86

40,43

44,67

46,17

50,2153,32

57,61

59,18

63,05

63,59

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

60,00

70,00

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Áre

a (k

m2)

Desmatamento acumulado na RESEX

RESEX Entorno

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

188

Figura 95. Mapeamento do desmatamento na RESEX do Alto Tarauacá e entorno até 2015.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

189

Com relação ao desmatamento em Áreas de Preservação Permanente (APP), a RESEX possui

baixo déficit de APP, ou seja, aproximadamente 7,7% da vegetação nativa foi convertida em

área aberta (4,9%) e solo exposto (2,8%), o que corresponde a 1.096 ha (Figura 96). Além

disso, as APPs dentro da RESEX, bem como aquelas situadas no entorno e dentro de áreas

protegidas (outras RESEX e TIs) também possuem baixo déficit quando comparada as que

APPs fora de áreas protegidas (Figura 96).

Figura 96. Uso do solo em Áreas de preservação permanente na RESEX e seu entorno.

2.3.3.3. Queimadas

O estado do Acre sofreu duas secas severas nos anos de 2005 e 2010 que provocaram

extensos incêndios florestais. Os incêndios se concentraram de julho a outubro, penetrando

nas florestas conservadas e degradadas próximas (BROWN et al., 2006). Estes eventos

resultaram na destruição de mais de 250 mil hectares de floresta e mais de 200 mil hectares

de áreas abertas queimadas, representando 8% do território das regionais do Purus, Alto e

Baixo Acre, configurando em um prejuízo ambiental estimado em torno de R$ 250 milhões.

Somente na RESEX Chico Mendes, 38.000 hectares de floresta foram queimados (mais que

4% da RESEX) e mais de 5.000 hectares de áreas abertas (mais que 0,5%) foram afetados

pelas queimadas (PPCD/AC, 2010).

Além dos eventos de seca que potencializam os incêndios, a exploração madeireira,

principalmente de origem ilegal, e o manejo incorreto das pastagens são importantes

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190

vetores de ignição de incêndios. A exploração madeireira facilita alastramento de incêndios

florestais ao diminuir a cobertura do dossel da floresta, permitindo que a radiação solar

seque o solo úmido e a serrapilheira. A exploração também pode causar o aumento na

massa de resíduos lenhosos e finos que podem servir como combustível e potencializar

incêndios. Já nas pastagens e áreas agrícolas, no estado do Acre, como também em diversas

regiões brasileiras, o fogo é utilizado para limpeza e manutenção de roçados, o que

proporciona também fontes de ignição (PPCD/AC, 2010).

Além disso, uma vez queimada a floresta, sua capacidade de resistir a queimadas futuras é

prejudicada. Desta forma, a degradação florestal pode entrar num ciclo de

retroalimentação positiva, no qual uma queimada inicial aumenta a probabilidade de

queimadas adicionais mais intensas. Essa progressão pode ser abreviada quando o fogo

chega a florestas não exploradas, mas que estejam passando por períodos de seca

prolongada com redução da cobertura do dossel, causando grandes impactos, como em

2005 no Acre (PPCD/AC, 2010).

De acordo análise dos dados sobre focos de calor mapeados de 2004 a 2008 (ZEE/AC, 2006),

a região leste do Estado é a mais afetada pelas queimadas todos os anos. As regionais do

Alto e Baixo Acre foram responsáveis por cerca de 70% dos focos de calor mapeados no

período, sendo que a Juruá apresenta 7,16% e a Tarauacá-Envira apresenta 11,6% dos focos

de calor.

O mapeamento das áreas com maior intensidade de focos de calor e também das mais

suscetíveis a queimadas pode servir de subsídios para o enfrentamento da situação e

direcionamento de políticas públicas e projetos específicos nas áreas afetadas, incluindo

UC.

Para avaliar a incidência de queimadas na região da RESEX do Alto Tarauacá foram adotados

dois recortes geográficos distintos: o primeiro para o entorno da RESEX, delimitado por uma

distância (buffer) de 15 km a partir de seu perímetro e o segundo para o interior da RESEX.

Os dados foram obtidos do Banco de Dados de Queimadas do Programa Queimadas do INPE

para uma série temporal referente aos últimos 10 anos (2007 a 2017). O programa realiza

o monitoramento operacional de focos de queimadas e de incêndios florestais detectados

por satélites, e o cálculo e previsão do risco de fogo da vegetação. No portal, os dados para

a América do Sul são atualizados a cada três horas, todos os dias do ano e o acesso às

informações é livre.

Além da representação dos focos de calor para a região da RESEX do Alto Tarauacá, foram

também interpolados os pontos que representam os focos de queimadas. Assim, foi

possível definir as áreas mais críticas e impactadas desde 2007. Nesta mesma linha

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

191

metodológica, foram interpolados também os pontos de previsão de risco de fogo, na qual

foi possível mostrar quais regiões possuem maior potencial de sofrerem um foco de

incêndio.

Assim, foi possível observar que os focos de calor se concentram ao longo dos rios e

igarapés, principalmente nos rios Tarauacá, Jordão e igarapé São Salvador, e também na

área urbana de Jordão (Figura 97), sendo estas as áreas as que apresentam maiores

densidades de foco de calor (Figura 98). Áreas de floresta como estas podem ser

consideradas mais impactadas pelos incêndios nesta última década.

Com relação ao risco de fogo, áreas próximas à Jordão, ao sul da RESEX, apresentam risco

alto e muito alto de incêndio. A norte fora da área da RESEX próximo a terra indígena Kampa

do Igarapé Primavera também há risco alto de incêndio (Figura 99).

Ações de enfrentamento como por exemplo, capacitação de comunitários no manejo do

fogo e florestal, bem como orientações relacionadas a limpeza de pastagens podem ser de

vital importância nas regiões mais susceptíveis aos incêndios florestais.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

192

Figura 97. Focos de calor na RESEX do Alto Tarauacá e entorno de 2007 a 2017.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

193

Figura 98. Densidade de focos de calor na RESEX do Alto Tarauacá e entorno de 2007 a 2017.

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194

Figura 99. Risco de fogo na RESEX do Alto Tarauacá e entorno de 2007 a 2017.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

195

2.3.4. Biodiversidade

2.3.4.1. Vegetação

A Reserva Extrativista do Alto Tarauacá faz parte do Bioma Amazônico (Figura 8 do item

2.1.3) e integra o “Corredor Ecológico do Oeste da Amazônia” ou “Corredor Verde” do

Vale do Juruá Acreano, o que lhe atribui grande importância e prioridade na conservação

da rica e pouco conhecida diversidade biológica.

O bioma amazônico é composto em sua totalidade por 23 ecorregiões. Essas ecorregiões

são bastante utilizadas em programas de conservação propostos pela The Nature

Conservancy (GROVES, 2003) e pelo World Wide Fund for Nature (WWF), no

delineamento das regiões prioritárias para a conservação da biodiversidade e das

grandes áreas naturais com alta biodiversidade, proposto pela Conservation

International (MITTERMEIER et al., 2004). Elas têm também influenciado decisões

governamentais relacionadas ao manejo de recursos naturais. Segundo Ferreira (2001),

os grandes interflúvios são responsáveis por classificar as ecorregiões do bioma

amazônico, sendo os grandes rios amazônicos as principais barreiras biogeográficas.

Estas ecorregiões contêm diferentes fisionomias, estruturas e tipos de vegetação.

De acordo com os mapas das ecorregiões publicados pela WWF, o estado do Acre

apresenta predominantemente duas ecorregiões: Várzeas de Iquitos e Florestas do

Sudoeste Amazônico, que apresentam, respectivamente, 80,4% e 89,9% de área

remanescente (LIFE, 2015). A RESEX do Alto Tarauacá situa-se apenas na ecorregião

Florestas do Sudoeste Amazônico (Figura 6 do item 2.1.3).

O estado do Acre ocupa uma posição de destaque em relação aos demais Estados da

Amazônia, por abrigar uma alta biodiversidade de fauna e flora, e uma cobertura

florestal que se estende por mais de 88% da sua área (ACRE, 2010b). De acordo com as

feições morfoestruturais presentes na Amazônia, bem como as feições climáticas

existentes na região é possível identificar duas grandes regiões fitoecológicas, o Domínio

da Floresta Ombrófila Densa e o Domínio da Floresta Ombrófila Aberta de acordo com

a classificação proposta pelo projeto RADAMBRASIL (BRASIL, 1977). Há também uma

terceira região fitoecológica denominada de Campinaranas, restrita a porção noroeste

do Acre, representando 0,04% da área com cobertura vegetal total do Estado (ACRE,

2000).

Uma vegetação que possui uma cobertura de floresta densa com dossel uniforme ou

emergente e um sub-bosque ralo ou ausente caracteriza-se como domínio da Floresta

Ombrófila Densa. Já quando a cobertura de floresta é aberta, podendo ocorrer grande

concentração de palmeiras, ou bambus e/ou cipós, sejam eles dominantes ou

dominados, denomina-se de domínio de Floresta Ombrófila Aberta (ACRE, 2000).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

196

Entre esses dois principais domínios há uma grande diversidade de formações vegetais,

diferenciadas, principalmente, pela qualidade dos solos. A classificação desses domínios

geralmente é baseada em aspectos fisionômicos e estruturais, mais do que em aspectos

florísticos. Com exceção às Campinaranas, essas formações possuem ampla distribuição

de biomassa e caracterizam-se por uma elevada diversidade arbórea. Já outras

formações florestais de distribuição restrita como os buritizais, tabocais, cipoais e

caranaizais, que se referem a grupamentos quase homogêneos de certos tipos de

palmeiras e cipós também se fazem presentes (ACRE, 2000).

2.3.4.1.1. Descrição das Fitofisionomias

Para a descrição das formações fitofisionômicas e elaboração do mapa de vegetação

para a RESEX do Alto Tarauacá, optou-se por utilizar o mapeamento e as respectivas

descrições das tipologias vegetais elaborado pela SEMA/IMAC para a Fase II do

Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre (ACRE, 2010b). De acordo com esses dados,

na região da RESEX do Alto Tarauacá foram identificadas oito fitofisionomias

considerando as principais e suas variações (bambus, palmeiras e cipós).

Seguem abaixo as descrições das fitofisionomias conforme apresentado no livro

temático “Recursos naturais: biodiversidade e ambientes do Acre” do Zoneamento

Ecológico-Econômico do Acre (ACRE, 2010b)13.

a. Floresta Aberta com Bambu Dominante: essa tipologia é dominada por áreas onde

a concentração de bambus é grande, sendo que muitas vezes essa espécie alcança o

dossel, dominando a vegetação. Podem também ocorrer manchas de Floresta Aberta

com menor concentração de bambus e maior número de indivíduos arbóreos, bem

como pequenas manchas de Floresta Densa. O sub-bosque é denso, com árvores de

pequeno porte, sendo que os indivíduos arbóreos com Diâmetro a Altura do Peito (DAP)

igual a 20 cm são esparsos e pouco frequentes. As palmeiras são pouco frequentes e são

representadas pelas espécies Phytelephas macrocarpa (jarina), Astrocaryum murumuru

(murumuru), Guilielma macrocarpa (pupunha-brava) e Attalea excelsa (urucuri) da

família Arecaceae. Algumas espécies típicas dessa formação: Astronium leicointei

(aroeira), Myroxylon balsamum (bálsamo), Cedrela odorata (cedro-vermelho), Copaifera

multijuga (copaíba), Acacia pollyphylla (espinheiro-preto), Hymenaea courbaryl

(jatobá), Heliocarpus sp. (malva), Ceiba sp. (samaúma-de-taboca), Tabebuia

impetiginosa (pau-d’arco-roxo), Otoba parvifolia (ucuuba-vermelha), entre outras.

b. Floresta Aberta com Bambu mais Floresta Aberta com Palmeiras: essa tipologia

ocorre em quase todo o estado do Acre, sendo bem representada nos interflúvios

tabulares. A região de maior ocorrência de tipologias com dominância de bambu é nas

áreas próximas aos rios Purus, Tarauacá, Muru, Juruá, Liberdade e Antimary. Essa

13 No que diz respeito à estas classificações fitofisionômicas é importante notar que a ordem de nomes utilizada na denominação da tipologia, determina a ordem de predomínio em relação às seguintes.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

197

tipologia apresenta uma mistura de fisionomias entre as quais podem ser encontradas:

i) a floresta aberta com grande concentração de bambu, ii) a floresta aberta com

palmeiras, bem como pequenas manchas de floresta densa. A presença de cipós pode

ser observada nas áreas próximas aos igarapés. As palmeiras ocorrem no sub-bosque,

tendo maior concentração de Astrocaryum murumuru (murumuru) e ocorrem também

Phytelephas macrocarpa (jarina), Oenocarpus distichus (bacaba), Euterpe precatoria

(açaí), Iriartea sp. (paxiubinha), Iriartea exorrhiza (paxiubão), Oenocarpus bataua

(patauá), Attalea excelsa (urucuri), Bactris maior (marajá) e Astrocaryum sp. (tucumã),

entre outras. As principais espécies arbóreas encontradas na visita de reconhecimento,

foram: Aspidosperma vargasii (amarelão), Astronium lecointei (aroeira), Theobroma

cacao (cacau-da-mata), Spondia testudinis (cajarana), Cedrela odorata (cedro-

vermelho), Torresea acreana (cerejeira), Apuleia leiocarpa (cumaru-cetim), Dipteryx

ferrea (cumaru-ferro), Hymenaea courbaryl (jatobá), entre outras.

c. Floresta Aberta com Palmeiras: essa tipologia geralmente é encontrada em áreas

próximas a planícies aluviais de rios com grande vazão na época das cheias. Essa

fisionomia se caracteriza por uma floresta de dossel aberto com presença de palmeiras,

podendo também ser encontradas áreas com cipós. De Acordo com os dados do

levantamento para o zoneamento do estado do Acre (ACRE, 2000), foi observado grande

número de clareiras naturais. As palmeiras com maior ocorrência nessa tipologia são:

Astrocaryum murumuru (murumuru), Astrocaryum sp. (tucumã), Attalea excelsa

(urucuri), Euterpe oleraceae (açaí), Bactris sp. (marajá), Guilielma macrocarpa

(pupunha-brava), Attalea wallissii (jaci), Maximiliana regia (inajá) e Phytelephas

macrocarpa (jarina). Nas áreas de baixio e margens de igarapés pode ser encontrada a

espécie Iriartea sp. (paxiubinha). Algumas espécies presentes nessa tipologia:

Minquartia sp. (acapu); Aspidosperma vargasii (amarelão), Astronium leicointei

(aroeira), Cavanillesia sp. (botijão), Spondias lutea (cajá), Qualea tesmannii (catuaba-

amarela), Castilla ulei (caucho), Cedrela odorata (cedro-vermelho), Coccoloba

paniculata (coaçú), Apuleia leiocarpa (cumaru-cetim), Manilkara huberi (maçaranduba),

Metrodoria flavida (pirara), Couratari macrosperma (tauari).

d. Floresta Aberta com Palmeiras em Área Aluvial: a floresta aberta com palmeiras

em áreas aluviais ocorre ao longo dos principais rios e alguns de seus afluentes estando

distribuída por todo o Estado. Em algumas áreas essa floresta pode ocorrer associada a

manchas de floresta densa com árvores emergentes e em outras áreas associada à

mancha de floresta densa com dossel uniforme. Segundo os dados do inventário

florestal realizado nessa tipologia (ACRE, 2000) essa floresta apresenta dossel aberto

com presença das seguintes palmeiras: Genoma sp. (ubim-galope), Euterpe oleraceae

(açaí), Oenocarpus bataua (patauá), Astrocaryum murumuru (murumuru), Iriartea

exorrhiza (paxiubão), Phytelephas macrocarpa (jarina), Iriartea sp. (paxiubinha),

Oenocarpus distichus (bacaba), Bactris maior (marajá-da-terra-firme). Nessa floresta o

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sub-bosque é bastante denso e apresenta muito cipó. Foi também observado que nessa

tipologia a espécie Hevea brasiliensis (seringueira) apresentou maior concentração de

indivíduos quando comparada com as outras fisionomias amostradas. Ainda podem ser

encontradas as seguintes espécies: Tetragastris altissima (breu vermelho), Cedrela

odorata (cedro-vermelho), Copaifera sp. (copaíba), Macrolobium acaciaefolim (fava-

arapari), Mezilaurus itauba (itaúba), Callycophyllum acreanum (mamalu), Eschweilera

sp. (matá-matá), Aspidosperma macrocarpon (pereiro), Ceiba speciosa (samaúma-

barriguda), Hevea brasiliensis (seringueira), Virola (ucuuba).

e. Floresta Aberta com Palmeiras mais Floresta Aberta com Bambu: esta tipologia é

dominada pela floresta aberta com palmeiras onde podem ser encontradas as seguintes

espécies de palmeiras: Mauritia flexuosa (buriti), Euterpe oleraceae (açaí), Oenocarpus

bataua (patauá), Iriartea exorrhiza (paxiubão), Oenocarpus distichus (bacaba), Attalea

phalerata (uricuri) (ACRE, 2000). Segundo o levantamento de campo feito para o ZEE

(ACRE, 2000), as espécies arbóreas dominantes nessa tipologia são: Tetragastris

altíssima (breu-vermelho), Cedrela odorata (cedro-vermelho), Copaifera sp. (copaíba-

branca), Macrolobium acaciaefolim (fava-arapari), Mezilaurus itauba (itaúba),

Callycophyllum acreanum (mamalu), Eschweilera sp. (matá-matá), Aspidosperma

macrocarpon (pereiro), Ceiba speciosa (samaúma-barriguda), Hevea brasiliensis

(seringueira), Virola sp. (ucuuba).

f. Floresta Aberta com Palmeiras mais Floresta Aberta com Bambu mais Floresta

Densa: essa tipologia é encontrada nos municípios de Feijó, Jordão, Marechal

Thaumaturgo, Rio Branco, Santa Rosa do Purus e Sena Madureira, geralmente em

grandes manchas contíguas. Essa floresta apresenta dominância da floresta aberta com

palmeiras, bem como manchas de floresta aberta com bambu e manchas de floresta

densa. Não foram encontradas muitas informações quanto a levantamentos florestais

nessas áreas.

g. Floresta Aberta com Palmeiras mais Floresta Densa mais Floresta com Bambu: essa

comunidade florestal ocorre nos municípios de Assis Brasil, Marechal Thaumaturgo,

Jordão e Tarauacá. Essa classe foi definida mais pela classificação do IBGE do que pela

resposta espectral.

h. Floresta Densa mais Floresta Aberta com Palmeiras: é uma floresta que apresenta

três estratos definidos: i) o dossel apresentando indivíduos emergentes com altura

aproximada de 35 a 40 metros de altura e aspecto aberto, ii) o estrato médio com

predominância da espécie breu-vermelho apresentando estrutura fechada e iii) o

estrato inferior com aspecto aberto ou limpo. Nas manchas de Floresta Aberta com

Palmeiras foram identificadas várias espécies de palmaceas com pouca densidade,

exceto o tucumã (Astrocarium sp.), que se apresenta em concentração mais expressiva,

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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sendo a palmeira predominante. Apresenta também grande concentração de

marantáceas no sub-bosque, juntamente com ubim e ubim-galope (Geonoma spp.).

Algumas espécies típicas encontradas nessa tipologia: Hymenolobium sp. (angelim),

Tetragastris altissima (breu-vermelho), Torresea acreana (cerejeira), Apuleia leiocarpa

(cumaru-cetim), Cedrela odorata (cedro-vermelho), Tabebuia sp. (ipê), Mezilaurus

itauba (itaúba), Hymenaea parvifolia (jutaí), Ocotea spp. (louros), Manilkara huberi

(maçaranduba), Eschweilera sp. (matá-matá), Ceiba pentandra (samaúma-branca) e

Hevea brasiliensis (seringueira).

As florestas abertas com bambu do gênero Guadua, chamadas de “tabocais” cobrem

extensas áreas do sudoeste da bacia Amazônica. As espécies de Bambusoideae,

geralmente, são adaptadas a invadir áreas perturbadas (BURMAN e FILGUEIRAS, 1993),

alterando a dinâmica das populações e a estrutura da comunidade invadida e a dinâmica

florestal (VEBLEN, 1982, KIYOSHI et al., 1996). Na região do Vale do Juruá ocorrem

algumas espécies de bambus como Guadua superba, que ocorre em áreas inundáveis, e

Guadua sarcocarpa de ocorrência mais ampla, em terra firme. Uma outra espécie

existente na região é a Guadua weberbaueri, uma espécie que causa uma série de

alterações na comunidade da flora local, reduzindo a densidade de árvores e a área basal

da floresta, diminuindo de 30 a 50% o potencial de armazenamento de carbono

(SILVEIRA, 2005). Pode também alterar a composição florística, reduzindo em quase 40%

o número de espécies em amostra de um hectare. É importante se atentar a essas

observações, haja visto que no contexto da exploração madeireira, as quedas das

árvores abatidas abrem clareiras de diferentes tamanhos, que podem favorecer a

expansão do bambu e a alteração no funcionamento da comunidade biológica presente.

Uma peculariedade desses bambus é a mortalidade maciça que ocorre após um evento

de floração e frutificação, tornando o ambiente bastante iluminado, favorecendo a

colonização e recobrimento da área por cipós, arbustos e pequenas árvores (CUNHA e

ALMEIDA, 2002).

Abaixo encontra-se o mapa das fitofisionomias de vegetação presentes na RESEX do Alto

Tarauacá e seu entorno (Figura 100).

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Figura 100. Mapa das fitofisionomias presentes na RESEX do Alto Tarauacá e entorno.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

201

A RESEX do Alto Tarauacá apresenta do total de seu território 97,9% de floresta,

predominando a tipologia “Floresta Aberta com Palmeiras mais Floresta Densa mais

Floresta com Bambu”, ocupando 60% da área da RESEX seguida pela tipologia “Floresta

Aberta com Bambu Dominante”, correspondendo à 15%. Apesar da formação “Floresta

Aberta com Palmeiras em Área Aluvial” corresponder apenas 5% da área, é ela que se

encontra às margens dos rios Tarauacá e Jordão, sendo essa a tipologia que acaba

sofrendo mais interferências das atividades de uso da terra, já que ocupam os trechos

onde as comunidades se instalaram e vivem. (Tabela 14 e Figura 101)

Tabela 14. Fitofisionomias e suas respectivas áreas (hectares) para os limites da RESEX do Alto Tarauacá

Usos do solo e Fitofisionomias Área (ha) %

Áreas Antropizadas 3.125,15 2,07

Floresta Aberta com Bambu Dominante 22.776,99 15,07

Floresta Aberta com Bambu mais Floresta Aberta com Palmeiras 9.978,39 6,60

Floresta Aberta com Palmeiras 3.534,16 2,34

Floresta Aberta com Palmeiras em Área Aluvial 6.922,64 4,58

Floresta Aberta com Palmeiras mais Floresta Aberta com Bambu 8.633,36 5,71

Floresta Aberta com Palmeiras mais Floresta Aberta com Bambu mais Floresta Densa

623,28 0,41

Floresta Aberta com Palmeiras mais Floresta Densa mais Floresta com Bambu

90.765,12 60,03

Floresta Densa mais Floresta Aberta com Palmeiras 4.832,15 3,20

Total Geral 151.191,24 100,00

Figura 101. Proporção das tipologias vegetais encontradas na RESEX do Alto Tarauacá.

2%

15%

7%

2%

5%

6%

0%

60%

3%

Áreas Antropizadas

Floresta Aberta com Bambu Dominante

Floresta Aberta com Bambu mais FlorestaAberta com Palmeiras

Floresta Aberta com Palmeiras

Floresta Aberta com Palmeiras em ÁreaAluvial

Floresta Aberta com Palmeiras mais FlorestaAberta com Bambu

Floresta Aberta com Palmeiras mais FlorestaAberta com Bambu mais Floresta Densa

Floresta Aberta com Palmeiras mais FlorestaDensa mais Floresta com Bambu

Floresta Densa mais Floresta Aberta comPalmeiras

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

202

Figura 102. Fotos ilustrativas em vista geral da floresta aberta que acompanha o rio Tarauacá. A: para mostrar a estrutura da vegetação e seus diferentes estratos, apresentando-se, neste trecho pouco densa e com poucas palmeiras; B: é possível identificar uma floresta mais densa, mais estratificada, com maior diversidade e abundância de palmeiras; C: detalhe dos “tabocais”; D: detalhe da ocupação das bordas das formações florestais por “cana-brava” (Gynerium sagittatum), que geralmente se instalam nos barrancos do leito do rio.

2.3.4.1.2. Caracterização florística

A caracterização florística para a RESEX está baseada exclusivamente em dados

secundários, com enfoque em estudos florísticos e de caracterização da vegetação, bem

como registros de coleta em bases de dados virtuais. Quanto à localidade da busca,

sempre que possível, buscou-se informações para os municípios de Tarauacá e Jordão,

e quando não encontrado o mesmo se estendeu para estudos da flora no estado do

Acre. Não foram encontrados inventários de flora sistemáticos, com informações sobre

florística e fitossociologia para a área específica da RESEX.

A B

C D

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

203

Durante as buscas no Google acadêmico foram encontrados três artigos científicos

sobre a flora do Acre (COSTA, 2013; MEDEIROS et al., 2014; KRAHL et al., 2014). A

publicação de Medeiros e colaboradores (2014) faz uma ampla sistematização do

conhecimento botânico do estado do Acre, falando principalmente das lacunas de

conhecimento encontradas, com apontamentos específicos para o município de Jordão.

Semelhantes a essa abordagem de Medeiros e colaboradores (2014), foram consultados

o capítulo escrito por Calouro e colaboradores “A Biodiversidade no estado do Acre –

Fauna e Flora” do livro temático “Recursos naturais: biodiversidade e ambientes do

Acre” do Zoneamento Ecológico-Econômico do Acre (ACRE, 2010 b), que apresenta

também informações sobre os inventários botânicos feitos em várias regiões do Acre

para as duas fases do ZEE (Fase I em 1999 e Fase II em 2006) e outras duas publicações

que fazem uma caracterização da vegetação da região mais próxima à RESEX, no Alto

Juruá que é o capítulo escrito por Silveira e colaboradores “Vegetação e Diversidade

arbórea da Região do Alto Juruá” e o capítulo “Aspectos florísticos da Bacia do Alto

Juruá: história botânica, peculiaridades, afinidades e importância para a conservação”

escrito por Daly e Silveira do livro Enciclopédia da Floresta: o Alto Juruá-práticas e

conhecimentos das populações (CUNHA e ALMEIDA., 2002). Ainda foi consultado o livro

Primeiro catálogo da Flora do Acre, Brasil (DALY e SILVEIRA, 2008).

Dentre as plataformas virtuais de registros de biodiversidade, foram consultados os

registros de flora do Portal da Biodiversidade (2017) e o speciesLink (2017), restringindo

as buscas para os municípios de Jordão e Tarauacá.

No que diz respeito ao conhecimento da composição florística do estado do Acre, em

função da parceria e convênio firmado há mais de uma década entre a Universidade

Federal do Acre (UFAC) e o New York Botanical Garden (NYBG), muitos registros vêm

sendo resgatados e sistematizado no Banco de Dados da Flora do Acre

(www.nybg.org/bsci/acre). Na época da publicação do primeiro catálogo da flora Acre

em 2008 quando a colaboração científica começou, houve um "resgate" intensivo de

dados botânicos para o Estado, que registrava 2.500 espécies, representadas em cerca

de 8.000 coleções, alcançando, em um curto espaço de tempo, na época de impressão

do catálogo da Flora do Acre, o registro de 4.004 espécies (incluindo as plantas

vasculares e briófitas), representadas em 25.000 coleções, levando a crer que em breve

a flora total do estado alcance estimativas de pelo menos 8.000 espécies (DALY e

SILVEIRA, 2008; MEDEIROS et al., 2014).

Entretanto, segundo Daly e Silveira (2002), o conhecimento da flora do Acre se distribuía

de maneira bastante irregular geograficamente visto que os maiores investimentos se

concentravam na bacia do rio Acre ao leste e na bacia do Alto Juruá no Noroeste, sendo

que esta última concentrava a maioria das coletas botânicas efetuadas no estado. Por

esse motivo, há uma série de regiões que apresentavam grandes lacunas, ou os

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204

chamados “buracos negros” (SILVEIRA et al.,1997), por exemplo a região da bacia do rio

Purus.

De acordo com dados do ZEE (ACRE, 2010b), a região onde se localiza a RESEX do Alto

Tarauacá também é considerada um “buraco negro”, pois apenas recentemente passou

a ser alvo de expedições botânicas. Para se ter uma ideia, em fevereiro de 2009, pela

primeira vez uma equipe de botânicos visitou o município de Jordão, o único que ainda

não tinha registros de coletas botânicas, portanto, uma lacuna para o conhecimento

florístico regional.

Com intuito de cobrir ainda as lacunas existente dos inventários botânicos e diante das

experiências positivas com a mobilização de diversos especialistas, durante o período

de 2006-2011, o grupo UFAC-NYBG realizou a segunda fase do projeto mobilização de

taxonomistas para o Acre. Uma das localidades incluídas nesse levantamento foi o

município de Jordão, nas localidades do rio Jordão e rio Tarauacá, visto que ainda eram

considerados como "buraco negro" e que apresentavam potencialmente elevados níveis

de diversidade e de endemismo, visto a região e condições ambientais que se

encontram. Os resultados mostraram que nesse período, a base de dados do Acre

registrou 2.110 determinações, contendo 347 novos registros para o Acre,

representando um aumento de 8,6% na flora conhecida, que a partir de 2011 alcançou

4.351 espécies. Dos novos registros, 6,6% (23) foram novos registros para o Brasil e

14,4% (50) representaram gêneros novos no Acre. A localidade mais importante desse

levantamento foi o município de Jordão, onde nenhuma planta havia sido coletada e

nessa expedição obteve-se 465 coletas, produzindo na localidade 25 novos registros

(MEDEIROS et al., 2014).

No capítulo escrito por Silveira e colaboradores “Vegetação e Diversidade arbórea da

Região do Alto Juruá” em Cunha e Almeida (2002), pode ser usado como referência para

a caracterização da flora da região da RESEX do Alto Tarauacá, fornecendo uma boa ideia

da diversidade botânica na área. O inventário e caracterização florística foi realizado por

equipes da UFAC e do New York Botanical Gardens (NYBG) em duas localidades da

Reserva Extrativista do Alto Juruá (Restauração e São João), UC que faz divisa com a

RESEX. Em uma área na localidade “Restauração”, em um hectare de floresta, foram

amostrados 513 indivíduos, que se distribuem em 60 famílias e 176 espécies. Uma

amostra da mesma dimensão no igarapé São João resultou em 535 indivíduos,

distribuídos em 53 famílias e 200 espécies. Tanto na Restauração como em São João,

mais de 50% das espécies são representadas por um indivíduo, revelando uma

densidade de espécies raras alta. Nesse levantamento, 44% das espécies são de

pequenas árvores que vivem no sobosque, 48% são de árvores grandes que formam o

dossel e uma pequena parte (3%) é formada por árvores emergentes, tais como as

sumaúmas (Ceiba pentandra) ou as várias espécies de apuí (Ficus spp.). Nesses

inventários foi possível identificar também muitas espécies de palmeiras variando entre

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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7 e 9 espécies, tais como murumuru (Astrocaryum murumuru), açaí (Euterpe precatoria),

patoá (Oenocarpus bataua), bacaba (Oenocarpus bacaba) e paxiubão (Iriartea

deltoidea), todas elas já registradas nos novos inventários para a região da RESEX (Portal

da Biodiversidade, 2017; specieslink, 2017).

Algumas espécies peculiares foram descritas na publicação de Daly e Silveira (2002) para

a região da Bacia do Alto Juruá e estas se confirmam também nas coletas e registros

para regiões próximas à RESEX do Alto Tarauacá (de acordo com a listagem de registros

obtidas pelo specieslink e Portal da Biodiversidade), sendo elas: a) Eugenia acrensis,

uma árvore da mesma família da goiaba, conhecida em virtude de duas coletas: uma

feita no rio Tarauacá e outra no rio Macauã, da bacia do rio Purus; b) A palmeira

chamada “cocão”, Attalea tessmannii, bastante conhecida na região da bacia do Alto

Juruá bem como no Peru contíguo, conhecida por seu fruto grande, comestível, utilizada

para obtenção de óleo e substituto para carvão; c) Guapira uleana, uma árvore do

subosque que é praticamente restrita ao estado do Acre; d) Schoenobiblus peruvianus,

a “envira-seda” uma árvore rara que ocorre em terra firme em Morona-Santiago, no

Equador, Loreto e Junín, no Peru e no Acre; e) Anthurium croatii uma Araceae rara de

subosques do Peru, La Paz na Bolívia e no Acre; f) Encephalosphaera lasiandra, um

arbusto com inflorescências rosadas pouco coletada e bastante restrita à região do Acre

e Peru; g) o catuabão (Zamia poeppigiana), planta arbórea rara; h) O gromixó

(Caryodaphnopsis sp.), uma espécie nova para ciência, muito valorizada pelo seu uso na

construção de embarcações, que parece acontecer apenas no médio e alto Tarauacá.

Quanto as palmeiras, sabe-se que a região do Alto Juruá há uma diversidade

considerável concentrando quase 70% das espécies de palmeiras que ocorrem na

Amazônia Ocidental (DALY e SILVEIRA, 2002). Na região da RESEX foram registradas 28

espécies de palmeiras nativas, sendo várias delas endêmicas do Acre. De acordo Daly e

Silveira (2002) para a região do Alto Juruá, predomina o açaí (Euterpe precatoria), jaci

(Attalea spp.) e ubim (Geonoma spp.) nas áreas mais elevadas, e o patoá (Oenocarpus

bataua), paxiubinha (Socratea exorrhiza) e buriti (Mauritia flexuosa) em áreas mais

baixas. Essas espécies também foram confirmadas para a região da RESEX do Alto

Tarauacá.

A composição florística das margens dos rios é geralmente determinada pela idade do

sedimentos e estabilidade dos solos. Em sedimentos mais jovens e instáveis é possível

encontrar populações densas de ouranas (Salix spp. e Alchornea spp.) bem como das

chamadas canas-bravas (Gynerium sagittatum). Já, nas margens de rios com sedimentos

menos recentes, mais estáveis e pouco altos, encontram-se espécies como a embaúba

(Cecropia sp.), taxi-de-várzea (Triplaris sp.), Margaritaria sp. e ucuuba (Virola sp.). Em

ambientes de baixios é possível registrar espécies de palmeira marajá (Bactris sp.),

bambus (Guadua sp.), bem como em área mais altas outras espécies de ucuuba

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

206

(Iryanthera juruensis), espécies de Jaci (Attalea sp.) e o paxiubão (Iriartea deltoidea)

(DALY e SILVEIRA, 2002).

A cana-brava ocupa grandes trechos das margens do rio Tarauacá. É uma planta que

forma densas touceiras, alcançando até dez metros de altura (Figura 103). No Brasil tem

ocorrência em todo o seu território, exceto no estado do Rio Grande do Sul. É uma

espécie heliófita ocorrendo ao longo dos barrancos úmidos dos rios, protegendo os

barrancos contra erosão, podendo invadir lentamente áreas de pastagem, eliminando as

plantas forrageiras. A planta pode ser utilizada na fabricação de artesanatos e suas as

hastes florais os índios usavam para confeccionar flechas (KALLIOLA et al., 1992).

Figura 103. Foto ilustrativa dos aglomerados de cana-brava na RESEX do Alto Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

207

Figura 104. Fotos ilustrativas de representantes da flora da RESEX do Alto Tarauacá, às margens

do rio. A: pau-mulato-da-várzea (Calycophyllum spruceanum), B: açaí (Euterpe precatoria); C:

buritizal (Mauritia flexuosa), D: cocão (Attalea tessmannii), E: samaúma (Ceiba pentandra); F:

detalhe de um tabocal na margem do rio (Guadea sp.)

Analisando os dados das plataformas virtuais foi possível identificar os esforços de

coleta feitas para a região da RESEX, descritos nos inventários realizados entre 2006-

2011 e publicado por Medeiros e colaboradores (2014). Percebe-se que os registros de

coleta botânica para a região da RESEX do Alto Tarauacá vêm crescendo

substancialmente até o ano de 2017. Foram encontrados 466 registros de coleta de

A B C

D E F

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

208

espécimes no Portal da Biodiversidade (2017), totalizando 236 espécies (incluindo os

morfotipos). Ainda, no speciesLink (2017) foram encontrados 2.485 registros

considerando os municípios de Jordão e de Tarauacá, totalizando 1.148 espécies

distintas (incluindo os morfotipos). Fazendo uma compilação dos registros das duas

plataformas, nesse caso trabalhando com o número mínimo de táxon registrados até o

momento, ou seja, descartando dados em nível de gênero ou família já registrados em

nível específico, obteve-se um total de 1.075 espécies potenciais de ocorrência para a

RESEX, pertencentes à 158 famílias. As famílias de maior riqueza de espécies foram

Rubiaceae, com 68 espécies, seguida de Fabaceae com 55, Piperaceae e

Melastomataceae com 49 cada uma e Sapindaceae com 44 (Lista no Anexo 5 e Figura

105).

Figura 105. As 15 famílias florestais mais representativas quanto ao número total de espécies

para a região da RESEX do Alto Tarauacá

Da lista compilada do potencial de ocorrência de espécies botânicas, destacam-se cinco

delas que apresentam algum grau de ameaça (4 na categoria “vulnerável – VU” e 1 na

categoria “em perigo - EN”) segundo a Portaria nº 443, de 17 de dezembro de 2014 que

apresenta "Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção”, sendo

elas:

- cipó-titica (Heteropsis flexuosa) - VU: o principal fator de ameaça é extrativismo para

confecção de de bolsas, cestos, vassouras e artesanatos. Geralmente são utilizadas as

raízes de indivíduos adultos, que morrem por volta de sete meses após sua extração,

entretanto pelo difício acesso às áreas para coleta, as pessoas acabam utilizando

indivíduos jovens podendo levar a espécie à extinção (CNFLORA, 2017a).

151515

1617

1818

1921

2528

2929

3033

3644

4949

5568

0 10 20 30 40 50 60 70 80

ASTERACEAE

MYRTACEAE

LAURACEAE

MELIACEAE

APOCYNACEAE

SOLANACEAE

EUPHORBIACEAE

ANNONACEAE

SAPINDACEAE

PIPERACEAE

RUBIACEAE

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

209

- jatobá ou jutaí (Hymenaea parvifolia) - VU: utiliza-se a madeira dessa espécie para

construção civil, embarcações, móveis e outros e, por isso, estima-se que pelo menos

30% da população tenha sido extraída da natureza nos últimos 100 anos. Sendo assim,

apesar da ampla distribuição, a espécie deve ser monitorada, e sua extração

devidamente fiscalizada a fim de garantir a diversidade genética de suas populações

(CNFLORA, 2017b).

-itaúba (Mezilaurus itauba) - VU: utiliza-se a madeira dessa espécie para diversas

finalidades por ser uma madeira resistente, sendo uma das espécies mais exploradas na

região norte da Amazônia. Apesar da ampla distribuição o extrativismo, a redução e

destruição do habitat de sua ocorrência são ameaças potenciais para declínio no número

de indivíduos. Considerando que a espécie tenha crescimento lento e um tempo de

geração de 50 anos, em vista às ameaças a qual a espécie é submetida, suspeita-se

que M. itauba tenha sofrido um declínio populacional de pelo menos 30% nos últimos

150 anos (CNFLORA, 2017c).

- mogno ou aguano (Swietenia macrophylla) - VU: essa espécie é atualmente a que

possui a madeira mais valiosa e explorada do Brasil. Ela apresenta baixas densidades

populacionais, e sua distribuição coincide em grande parte com a região em que se

concentram as mais altas taxas de desmatamento da Amazônia brasileira. Portanto,

suspeita-se que ao longo das últimas três gerações a população da espécie tenha

declinado no mínimo em 30% (CNFLORA, 2017d).

- canela-de-velho (Rinorea longistipulata) - EN: é uma árvore restrita do bioma Amazônia

e endêmica do estado do Acre, ocorrendo na região do município de Tarauacá e Sena

Madureira. Os intensos desmatamentos que ocorrem na região são uma das principais

situações de ameaça que incidem sobre a espécie. São necessários investimentos em

pesquisa científica e esforços de coleta a fim de certificar a existência de subpopulações

da espécie, considerando a sua viabilidade populacional (CNFLORA, 2017e).

É perceptível que nos últimos anos houve avanços significativos nos estudos e

inventários de flora no Acre, muito em função das parcerias institucionais, a mobilização

dos especialistas, atenção dada aos dados, distribuindo duplicatas para herbários que

apresentam coleções importantes. Destaca-se que inventários desse tipo e a gestão e

conservação da flora amazônica se viabiliza e se torna mais eficiente se realizada através

de programas sistemáticos, integrativos e participativos. Há uma urgência para se

manter todos os esforços possíveis para garantir a continuidade desses inventários de

forma a prosseguir pelo menos tão rápido quanto o desmatamento e desenvolvimento

(MEDEIROS et al., 2014).

É importante dizer que o potencial de 1.075 espécies foi o obtido a partir das

plataformas virtuais, e, ainda, não representa o potencial total de espécies possíveis

existente na RESEX, haja visto que várias espécies de ocorrência possível na área não

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

210

foram computadas nesses registros, tais como: embaúbas (Cecropia spp.), samaúma

(Ceiba pentandra), a palmeira jariná (Phytelephas macrocarpa), a cerejeira (Torresea

acreana), o cumaru-ferro (Dipteryx ferrea) e o cedro-vermelho (Cedrela odorota) que

encontram-se na categoria de ameaça como Vulnerável, entre outras.

Lembrando que quanto às espécies madeireiras constantes na categoria de vulnerável

(VU), a sua exploração somente é permitida por meio de Plano de Manejo Florestal

Sustentável, atendendo aos critérios estabelecidos pela Instrução Normativa MMA nº 1,

de 12 de fevereiro de 2015. Ainda, os produtos da flora não madeireira podem ser

explorados desde que sejam adotadas técnicas que não coloquem em risco a

sobrevivência do indivíduo e a conservação da espécie.

Para a região da RESEX do Alto Tarauacá, mesmo com todos esses esforços que o estado

do Acre vem fazendo, os estudos e inventários são incipientes e a caracterização da flora

da região permanece como uma grande lacuna de conhecimento, que aos poucos vem

sendo desvendada. Para que isso seja resolvido é necessário investimento maior em

treinamento, empregando e apoiando o trabalho de campo de taxonomistas e

incentivando a realização de pesquisas na região e sempre que possível a realização de

inventários botânicos na RESEX, para aí sim entendermos e conhecermos a realidade

desses números e dessas espécies para a UC.

2.3.4.2. Fauna

2.3.4.3. Invertebrados

O Filo Arthropoda merece atenção especial dentre os invertebrados, pois constitui o

maior agrupamento animal existente em termos de diversidade e biomassa (SOUZA et

al., 2003). São representados pelos insetos, aracnídeos, crustáceos, quilópodes (e.g.

centopeias) e diplópodes (e.g. piolhos-de-cobra). Somente o grupo dos insetos

representa cerca de 60% de todas as espécies que conhecemos, constituindo o mais

diversificado grupo de organismos sobre a terra (RAFAEL et al., 2012). As quatro ordens

de insetos ditas megadiversas, isto é, aquelas que incluem mais de 100.000 espécies

descritas, são: Coleoptera (besouros), Lepidoptera (borboletas e mariposas), Diptera

(moscas e mosquitos) e Hymenoptera (formigas, vespas e abelhas). A ordem

Hymenoptera, possui cerca de 130 mil espécies descritas pela ciência, sendo que

estimativas sugerem entre 600.000 a 1.200.000 espécies (GRIMALDI e ENGEL, 2005).

Neste contexto, é importante destacar também o serviço ecossistêmico da polinização

prestado pelas abelhas. Um processo biológico essencial para os ecossistemas tropicais

e áreas agrícolas, pois as abelhas são polinizadoras de até 80% das espécies vegetais em

florestas tropicais (OLLERTON et al., 2011) e cerca de 75% das espécies agrícolas

cultivadas no mundo (KLEIN et al., 2007).

Devido à importância ecológica do Filo Arthropoda e também pelo maior de volume de

informações sobre estes animais, no presente diagnóstico serão focadas as classes de

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211

animais presente neste táxon. No entanto, apesar desta grande representatividade

ainda existe uma lacuna de conhecimento relacionada a este tema no estado do Acre,

sendo que durante a compilação de informação foram encontrados estudos pontuais

principalmente para o grupo das borboletas, artrópodes de solo (insetos e aracnídeos),

vespas e opiliões.

No geral, não foram encontrados inventários sistemáticos para RESEX do Alto Tarauacá.

No entanto, merece destaque a publicação “Enciclopédia da Floresta: o Alto Juruá -

práticas e conhecimentos das populações” (CUNHA e ALMEIDA, 2002). Estes dados

podem auxiliar a estimar uma potencial ocorrência de espécies para esta região

adjacente do Alto Tarauacá.

Para o grupo das borboletas, foi possível verificar uma expressiva riqueza de 1.620

espécies para a RESEX do Alto Juruá, sendo esperada ainda que esta riqueza alcance até

2.000 espécies, visto que foram registradas listas locais de até 493 espécies em onze

horas de observação, em um único dia (BROWN e FREITAS, 2002) (Figura 106). Além

disso, foram compilados também o trabalho de Mielke et al. (2010), que inventariou

uma riqueza de 482 espécies de borboletas para o Parque Estadual do Chandless

(localizado a uma distância de 195 km da RESEX) e arredores. Apesar do baixo número

de espécies, comparado a realidade amazônica, este estudo inventariou uma região de

difícil acesso e sem infraestrutura para pesquisa científica.

Figura 106. Borboletas da família Nymphalidae fotografadas no interior da RESEX do Alto

Tarauacá durante as oficinas comunitárias do Plano de Manejo. Táxon registrado também no

Alto Juruá (BROWN e FREITAS, 2002).

Com relação às vespas, foi compilado o estudo de Morato et al. (2008) no Parque

Nacional da Serra do Divisor (localizado a uma distância de 156 km da RESEX). Neste

estudo foram coletados 366 indivíduos distribuídos em 40 gêneros e 85 espécies. Os

gêneros Ephuta (Mutillidae), Trypoxylon (Crabronidae) e Conura (Chalcididae) foram os

mais ricos em espécies. Algumas espécies coletadas como Agelaia lobipleura, Polybia

dimorpha, Polybia tinctipennis, Polybia catillifex, Brachygastra albula e Brachygastra

moebiana podem ser consideradas raras.

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212

No caso dos artrópodes de solo, foi compilado o estudo de Oliveira et al. (2016), que

teve como objetivo inventariar a riqueza na Fazenda Experimental Catuaba, município

de Senador Guiomard, AC. Esta compilação resultou uma riqueza de 60 espécies,

distribuídas em 10 ordens: Blattaria (8 espécies), Coleoptera (13 espécies), Araneae (6

espécies), Spirostreptedo (1 espécies), Hymenoptera (1 espécies), Opilliones (8

espécies), Hemeptera (1 espécie), Dermaptera (6 espécies), Orthoptera (13 espécies) e

Lepidoptera (1 espécies).

Já estudo de Sutil et al. (2016) destaca o registro de opiliofauna em um remanescente

florestal, localizado no município de Plácido de Castro, AC (localizado a uma distância de

520 km da RESEX). Foi registrado um total de 18 opiliões pertencentes às famílias

Cosmetidae, Sclerosomatidae e Manaosbiidae. Estudos sobre a fauna de opiliões no

Brasil são escassos, principalmente no que tange aos realizados na região Norte do país.

Para o grupo das abelhas, foram encontrados dois levantamentos em Terras Indígenas

localizadas na porção sul da RESEX do Alto Tarauacá: um deles feito pelo indígena José

Sales Bane Kaxinawa em 1998 na aldeia Independência e o outro feito pelo indígena

Arlindo Maia Tenê Kaxinawa também em 1998 na aldeia Belo Monte (CPI-AC, 1998).

Estes levantamentos resultaram em 22 tipos de abelhas identificadas somente pelo

nome popular (Tabela 15).

Tabela 15. Espécies de abelhas levantadas nas Terras Indígenas do Jordão.

Espécie Localidade

Abelha-cinzenta Aldeia Independência

Uruçu-jandaira Aldeia Independência

Uruçu-boi Aldeia Independência, Aldeia Belo Monte

Uruçu-preto Aldeia Independência

Arapua Aldeia Independência, Aldeia Belo Monte

Arapua-de-pua-baixo Aldeia Independência

Arapué-do-cumaru Aldeia Independência

Abelha-de-cera Aldeia Independência

Abelha-de-canudo Aldeia Independência

Jandairinho Aldeia Independência

Abelhazinha-da-imbaúba Aldeia Independência, Aldeia Belo Monte

Italiana Aldeia Independência

Arapua Aldeia Independência, Aldeia Belo Monte

Abelha-de-terra Aldeia Independência

Abelha-preta Aldeia Belo Monte

Uruçu-cu-de-vaca Aldeia Belo Monte

Jandaira Aldeia Belo Monte

Uruçu-preto Aldeia Belo Monte

Abelha-vermelha Aldeia Belo Monte

Uruçu-terra Aldeia Belo Monte

Jandaira-roxa Aldeia Belo Monte

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213

Jandaira-preta Aldeia Belo Monte

Todos estes trabalhos mostram o potencial das florestas do Acre em abrigar uma fauna

diversificada de invertebrados. Especificamente para a RESEX do Alto Tarauacá, como já

dito anteriormente, não foram encontrados inventários sistemáticos. No entanto, com

dados compilados nas bases de dados informatizadas, foi possível obter 86 registros

presente no speciesLink, pertencentes à 19 espécies (Tabela 16), provenientes de

amostragens não sistemáticas feitas pela FIOCRUZ, Universidade Federal do Paraná

(UFPR) e Instituto de Pesquisas da Amazônia (INPA).

Nove destas espécies são besouros da Família Erotylidae e outras nove espécies são

mosquitos da família Culicidae. É importante salientar que as espécies Aedes serratus,

Anopheles intermedius, Haemagogus spegazzinii e Psorophora ferox tem demonstrado

envolvimento na veiculação de arboviroses. Além disso, P. ferox tem sido encontrado

naturalmente infectado com arbovírus causadores de encefalites, como Encefalite

Venezuelana, no norte da América do Sul, incluindo a Amazônia brasileira (CONSOLI e

LOURENÇO-DE-OLIVEIRA, 1994). Nesta compilação ainda se destaca o registro de

somente um crustáceo decápode dulcícola pertencente à família Trichodactylidae

chamado Dilocarcinus pagei.

Tabela 16. Lista de espécies de artrópodes de ocorrência no interior da RESEX do Alto Tarauacá resultantes da compilação do speciesLink.

Classe Ordem Família Espécies Instituição

coletora

Insecta Coleoptera Erotylidae Aegithus clavicornis UFPR

Insecta Coleoptera Erotylidae Brachysphaenus amazonus UFPR

Insecta Coleoptera Erotylidae Erotylus sp. UFPR

Insecta Coleoptera Erotylidae Erotylus sexfasciatus UFPR

Insecta Coleoptera Erotylidae Erotylus spectrum UFPR

Insecta Coleoptera Erotylidae Erotylus variomaculatus UFPR

Insecta Coleoptera Erotylidae Erotylus variomaculatus v.

paucipunctatus

UFPR

Insecta Coleoptera Erotylidae Homoeotelus orbignyanus UFPR

Insecta Coleoptera Erotylidae Iphiclus sp. UFPR

Insecta Diptera Culicidae Aedes fulvus FIOCRUZ

Insecta Diptera Culicidae Aedes nubilus FIOCRUZ

Insecta Diptera Culicidae Aedes serratus FIOCRUZ

Insecta Diptera Culicidae Anopheles intermedius FIOCRUZ

Insecta Diptera Culicidae Coquillettidia arribalzagae FIOCRUZ

Insecta Diptera Culicidae Coquillettidia fasciolata FIOCRUZ

Insecta Diptera Culicidae Haemagogus spegazzinii FIOCRUZ

Insecta Diptera Culicidae Mansonia indubitans FIOCRUZ

Insecta Diptera Culicidae Psorophora ferox FIOCRUZ

Malacostraca Decapoda Trichodactylidae Dilocarcinus pagei INPA

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214

Com relação às espécies ameaçadas, é importante salientar a ocorrência da espécie

Paititia neglecta, uma borboleta listada como ameaçada na lista brasileira da fauna

ameaçadas de extinção. Conhecida de poucas colônias no leste do Peru e no Acre (alto

rio Juruá). Esta espécie pode ser observada no vale do alto rio Juruá e do rio Tejo, que

seus igarapés de cabeceira alcançando os limites da RESEX do Alto Tarauacá. A espécie

costuma ficar pousada sobre folhas, sendo sua planta hospedeira desconhecida. Diante

do escasso conhecimento da espécie, as principais estratégias de conservação são a

localização de novas colônias e preservação integral dos hábitats onde ocorre (LUCCI-

FREITAS e MARINI-FILHO, 2011). Atenção aos registros das populações desta espécie (P.

neglecta) deve ser dada nas atividades de monitoramento do componente florestal do

ICMBio.

2.3.4.4. Peixes

A região do estado do Acre é considerada como “Área de muito alta importância” para

a conservação da biota aquática, porém os esforços de inventários de peixe no estado

são pouco expressivos, com amostragens representativas restritas a duas áreas (Alto rio

Juruá e Bacia do rio Acre) (SOUZA et al., 2003). Para a bacia do Alto Juruá se destacam

os estudos de Cunha et al. (2002) e de Begossi et al. (1999), que baseado no

conhecimento de populações tradicionais e em amostragens estimaram uma

quantidade significativa de espécies para esta bacia.

Especificamente para o estudo de Begossi et al. (1999), em que foi possível ter acesso a

listagem detalhada das espécies, verificou-se o registro de 102 espécies na RESEX do

Alto Juruá, sendo essas espécies distribuídas nos gêneros Characiformes (7 famílias; 40

espécies), Siluriformes (9 famílias; 51 espécies), Gymnotiformes (2 famílias; 3 espécies),

Perciformes (2 famílias; 6 espécies) e Pleuronectiformes (1 espécie).

Especificamente para o rio Tarauacá e demais rios presentes nesta bacia foram

encontrados somente registros de inventários não sistemáticos presentes na base de

dados do projeto speciesLink feitos pelo Instituto de Pesquisa Da Amazônia (INPA),

Universidade São Paulo (USP), Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP),

Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e Universidade Estadual de Londrina

(UEL). Nesta base de dados foi possível registrar 86 espécies de peixes para região,

pertencentes às Ordens Batrachoidiformes (1 espécie), Cypriniformes (52 espécies),

Osteoglossiformes (1 espécie), Perciformes (5 espécies) e Siluriformes (24 espécies),

todos da Classe Actinopterygii.

Após a compilação foi possível estimar, até o momento, a ocorrência de 165 espécies de

peixes na RESEX do Alto Tarauacá e entorno, representando 51% das espécies de peixes

ocorrentes no estado do Acre (e.g. ZEE/ACRE, 2010 a) (Anexo 6).

Além dos dados do specieslink, é importante citar também os dados adquiridos através

do conhecimento tradicional dos comunitários da RESEX do Alto Tarauacá. Durante as

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reuniões comunitárias realizadas entre os dias 29 de abril a 07 de maio de 2017, os

ribeirinhos presentes relataram a ocorrência de cinco espécies de peixes importantes

para uso alimentar, todas estas também citadas no trabalho de Cunha et al. (2002)

(Tabela 17). A Figura 139 mostra alguns registros fotográficos de espécies de peixes da

RESEX.

Tabela 17. Lista de espécies de peixes compilada através dos dados das reuniões comunitárias

de elaboração do Plano de Manejo da RESEX do Alto Tarauacá.

Ordem Família Espécies Nome-popular

Siluriformes Pimelodidae Aguarunichthys sp. jaú ou jundiá

Siluriformes Doradidae Pterodoras lentiginosus bacu

Characiformes Characidae Colossoma sp. pirapitinga

Characiformes Characidae Brycon sp. matrinchã ou mamuri

Characiformes Cyndontidae Raphiodon vulpinus cachorrão

2.3.4.5. Herpetofauna

Herpetologia é o ramo da zoologia dedicado ao estudo dos anfíbios e répteis. No

entanto, sabe-se atualmente que a herpetofauna engloba duas classes distintas de

animais. Os anfíbios podem ser classificados em três ordens distintas: (i) Anura (sapos,

rãs e pererecas), (ii) Gymnophiona (cecílias ou cobras-cegas) e (iii) Urodelas

(salamandras) (DUELLMAN; TRUEB, 1994). A maior parte das espécies de anfíbios

apresenta fecundação externa e estágios larvais aquáticos (girinos).

O táxon Reptilia sensu stricto, aplica-se às tartarugas, às formas fósseis e atuais de

lagartos e serpentes (Lepidosauria) e aos dinossauros, aves e crocodilianos (Archosauria)

(KARDONG, 2010). Coloquialmente chamamos de “répteis” os animais pertencentes às

ordens: (i) Squamata, (ii) Testudines e (iii) Crocodylia. A ordem Squamata compreende

os grupos das serpentes, lagartos, anfisbenas (cobra-de-duas-cabeças). A principal

característica deste grupo que o distingue dos demais é a epiderme coberta por escamas

e o processo de troca esporádica desta epiderme, além da fenda cloacal transversa

(POUGH et al., 2008). A ordem Testudines compreende as tartarugas e cágados que se

diferenciam dos restantes dos répteis pelo fato de possuírem um casco, que pode ser

dividido na porção superior (carapaça) e porção inferior (plastrão). A ordem Crocodylia

compreende os jacarés, crocodilos e gaviais. Se diferenciam dos outros répteis pelo

sistema circulatório, possuindo um coração com quatro câmaras, semelhantes aos das

aves (POUGH et al., 2008).

O Brasil apresenta a maior riqueza de anfíbios do planeta e a segunda de répteis, com

respectivamente 1080 e 773 espécies (SBH, 2017). Grande parte dessas espécies ocorre

nos biomas da Mata Atlântica e Amazônia, que possuem também uma elevada riqueza

de espécies endêmicas. No entanto, a real riqueza destes animais possivelmente está

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

216

subestimada já que existem diversas porções dos biomas que não foram amostradas de

maneira sistemática, principalmente na Amazônia Brasileira, em que foram bem

amostradas somente algumas localidades nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia e

Acre (BERNARDE et al., 2011).

Neste contexto o estado do Acre se destaca devido ao grande número de trabalhos

publicados na temática herpetofauna, principalmente aqueles liderados pelos

pesquisadores Adão José Cardoso, Paulo Sérgio Bernarde, Reginaldo Assêncio Machado

e Moisés Batista de Souza, professores da Universidade Federal do Acre (UFAC). Apesar

de algumas regiões do Estado ainda apresentarem lacunas de conhecimento, os estudos

existentes possuem potencial de subsidiar diversas ações de manejo e conservação,

principalmente os Planos de Manejo das UC inseridas na região do Alto Juruá, uma das

porções mais estudadas do território acreano.

Até o momento, não foram realizados inventários sistemáticos no interior da RESEX do

Alto Tarauacá. No entanto, foram encontrados um livro, 17 artigos científicos e uma tese

de doutorado que tratam sobre ecologia, história natural e taxonomia de anfíbios e

répteis de diversas localidades do estado do Acre. Além disso, foram utilizados os

levantamentos feitos pelos Kaxinawa nas Terras Indígenas (TI): TI Seringal

Independência, TI Baixo Rio Jordão, TI Rio Jordão e TI Praia do Carapanã.

Dois trabalhos merecem destaque por terem contribuído mais para a lista potencial da

herpetofauna da RESEX: 1) inventário de herpetofauna na Reserva Extrativista Riozinho

da Liberdade (BERNARDE et al., 2011) e 2) anfíbios registrados na Reserva Extrativista

do Alto Juruá (SOUZA; CARDOSO, 2002). Atualmente estas duas UC são as únicas

localidades próximas à RESEX do Alto Tarauacá que possuem inventários sistemáticos

de longo prazo.

É importante destacar que no trabalho de Bernarde e colaboradores (2011) foram

registradas 80 espécies de anfíbios em uma área de somente 200 hectares próxima ao

igarapé Esperança na RESEX Riozinho da Liberdade, o que mostra o potencial desta

região em abrigar uma grande riqueza de anfíbios.

Com relação aos dados compilados em base de dados de ocorrência e coletas

depositadas em museus e coleções biológicas, foi possível compilar no speciesLink 16

espécies de anfíbios e uma espécie de serpente registrada entre os municípios de Jordão

e Tarauacá. No Portal da Biodiversidade foi possível obter o registro de somente uma

espécie de quelônio para o município de Jordão, o tracajá, Podocnemis unifilis.

Além desta compilação, foram utilizados também os dados oriundos das reuniões

comunitárias descritas no item anterior.

Merece destaque também no contexto da RESEX do Alto Tarauacá o trabalho

desenvolvido pela pesquisadora Rosenil Dias de Oliveira e colaboradores do

ICMBio/CNPT/AC e da gestão da UC com manejo participativo de quelônios. No total

foram encontrados quatro relatórios técnicos e três resumos de participação de eventos

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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científicos (p. 78 dos anais do IV Seminário de Pesquisa do ICMBio, 2012; painel no I

Seminário de Práticas Inovadoras na Gestão de Unidades de Conservação; p. 53 dos

anais do VII Seminário de Pesquisa e VII Encontro de Iniciação Científica do ICMBio,

2015).

Anfíbios

No entorno da RESEX do Alto Tarauacá estimamos a possível ocorrência de 115 espécies

de anfíbios, pertencentes às 12 famílias distintas, Aromabatidae (4), Bufonidae (6),

Caeciliidae (2), Centrolenidae (1), Ceratophryidae (1); Craugastoridae (12);

Dendrobatidae (8), Hemiphractidae (1), Hylidae (49), Leptodactylidae (20), Microhylidae

(6) e Plethodontidae (2) (Anexo 7).

Nenhuma das espécies registradas a partir dos dados secundários constam nas listas de

espécies ameaçadas de extinção atuais (MMA, 2014; IUCN, 2017). Durante a oficina

comunitária no seringal Massapê/Maranhão foi citado o uso do sapo-canoeiro

(possivelmente Boana boans) na alimentação por alguns comunitários. Esta espécie de

anfíbio é bem comum e abundante em todo bioma amazônico (Figura 107).

Figura 107. Imagem do sapo-canoeiro Boana boans na RESEX do Riozinho da Liberdade. Fonte: Prof. Dr. Paulo Bernarde (imagem cedida gentilmente pelo autor).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

218

Répteis

Ocorrem potencialmente 84 espécies de répteis, pertencentes aos grupos Testudines,

Squamata e Crocodylia para região do Alto Juruá, principalmente na região onde se

insere a RESEX do Alto Tarauacá, RESEX do Alto Juruá e RESEX do Riozinho da Liberdade.

Para o grupo Testudines foi possível registrar sete espécies, pertencentes às famílias

Chelidae (três espécies), Podocnemididae (três espécies) e Testudinidae (uma espécie).

O grupo Squamata inclui os lagartos, as serpentes e as anfisbenas (cobra-de-duas-

cabeças). No caso dos lagartos, foi possível registrar 29 espécies, pertencentes às

famílias Iguanidae (uma espécie), Hoplocercidae (duas espécies), Dactyloidae (seis

espécies), Tropiduridae (três espécies), Gekkonidae (uma espécie), Phyllodactylidae

(uma espécie), Sphaerodactylidae (três espécies), Teiidae (cinco espécies),

Gymnophthalmidae (seis espécies) e Mabuyidae (uma espécie). Com relação às

serpentes, foram registradas 44 espécies, pertencentes às famílias Aniliidae (uma

espécie), Boidae (três espécies), Dipsadidae (23 espécies), Colubridae (11 espécies),

Viperidae (duas espécies) e Elapidae (quatro espécies). Somente uma espécie de

anfisbena (família Amphisbaenidae) foi registrada (Anexo 8).

Para os crocodilianos, foram registradas três espécies, pertencente à família

Alligatoridae, sendo elas: Caiman crocodilus (jacaré-tinga), Melanosuchus niger (jacaré-

açu) e Paleosuchus palpebrosus (jacaré-anão ou jacaré-preto).

Diferentemente dos anfíbios, durante a campanha de reconhecimento da RESEX, foi

possível registrar algumas espécies ao longo do rio Tarauacá. Em três dias de navegação

ao longo do rio Tarauacá, principalmente entre o trecho do seringal Duas Nações até o

seringal Tabocal foi possível observar aproximadamente 25 indivíduos de Podocnemis

unifilis (tracajá - Figura 108) assoalhando ao longo dos barrancos e troncos do rio. Neste

mesmo percurso foi possível avistar também aproximadamente 15 indivíduos de Iguana

iguana (iguana) forrageando nos galhos das árvores e nos barrancos dos rios (Figura 108).

Durante as oficinas comunitárias, especialmente durante a atividade na qual foi

perguntado aos participantes sobre a presença e ausência de espécies com ocorrência

duvidosa, sensíveis a impacto antrópico, relevantes para uso local no interior e entorno

da RESEX do Alto Tarauacá, foi possível registrar seis espécies de répteis. Com relação

aos crocodilianos especificamente foram registrados todos os três jacarés de possível

ocorrência para região - Caiman crocodilus (jacaré-tinga), Melanosuchus niger (jacaré-

açu) e Paleosuchus palpebrosus (jacaré-anão ou jacaré-preto). No caso dos quelônios,

foram citadas as espécies Podocnemis unifilis (tracajá), Chelonoidis denticulatus (jabuti-

açu) e Podocnemis expansa (tartaruga-da-amazônia). Esta última espécie registrada por

moradores da comunidade Jaminawá que relataram que uma fêmea fez a postura dos

ovos no dia 15 de novembro de 2016, na Praia do Papagaio, margem direita do rio

Tarauacá, área onde ocorre o projeto de manejo participativo de tracajás, sob a

coordenação do ICMBio/CNPT/AC, já citado anteriormente. Na cova foram

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

219

contabilizados pelos manejadores 85 ovos, mas sobreviveram e foram soltos 19 filhotes

(comunicação pessoal da gestora Mariléia Silva).

Figura 108. Indivíduos de Iguana iguana (iguana) e Podocnemis unifilis (tracajá) fotografado nas margens do rio Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

220

O registro da tartaruga-da-amazônia merece destaque pois não existiam relatos

recentes e também históricos da ocorrência desta espécie para RESEX do Alto Tarauacá,

mesmo antes de sua criação. Segundo Vogt e colaboradores (2015) esta espécie ocorre

na Colômbia, Venezuela, Guianas, Brasil, Peru, Equador e Bolívia. No Brasil, ocorre em

todos estados da Região Norte e nos estados de Goiás e Mato Grosso, na Região Centro-

Oeste. No Acre existem registros recentes para esta espécie no Parque Nacional da Serra

do Divisor (VOGT et al., 2015), no rio Iaco, próximo a Sena Madureira, e no rio Envira,

município de Feijó (ACRE, 2006a). Com relação a sua biologia reprodutiva, as fêmeas

desta espécie depositam uma única ninhada por temporada reprodutiva e o período de

desova varia de acordo com as diferenças regionais. O período de incubação varia entre

45 e 75 dias. O número de ovos e os seus tamanhos variam de acordo com a localidade,

sendo encontrados desde ninhos com 50 até 135 ovos (ICMBIO, 2017).

É importante salientar também que todos os quelônios alvos de uso encontrados na

RESEX do Alto Tarauacá constam em alguma lista de espécies ameaçadas de extinção

vigentes. A espécie Chelonoidis denticulatus (jabuti-açu) consta como vulnerável (VU) na

lista internacional das espécies ameaçadas da União Internacional para Conservação da

Natureza (UICN). As espécies Podocnemis unifilis (tracajá) e Podocnemis sextuberculata

(iaçá) constam como quase ameaçada (NT) na lista brasileira das espécies de fauna

ameaçadas de extinção e como vulnerável (VU) na lista da UICN. Já a espécie

Podocnemis expansa (tartaruga-da-amazônia - Figura 109) consta somente na lista

brasileira como quase ameaçada (NT). A principal justificativa para inclusão destas

espécies nestes critérios é em decorrência da apanha de ovos e de indivíduos,

principalmente de fêmeas reprodutoras (VOGT, 2015).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

221

Figura 109. Imagens de alguns filhotes de Podocnemis expansa (tartaruga-da-amazônia) nascidos na comunidade de Jaminawá. Fonte: Acervo da RESEX do Alto Tarauacá.

2.3.4.6. Aves

O Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos em sua lista mais atualizada aponta a

ocorrência de 1.919 espécies de aves para o Brasil (CBRO, 2015), abrigando mais da

metade das espécies registradas em toda a América do Sul (SICK, 1997; MARINI e

GARCIA, 2005). Neste contexto, se destaca a avifauna da Amazônia ocidental com

muitas espécies raras, endêmicas e com distribuições restritas (CRACRAFT, 1985;

HAFFER, 1978). Tal riqueza é fruto da especiação ocorrida dentro do mosaico de

ambientes criados pelos grandes rios meândricos da região como, por exemplo, os rios

Juruá, Tarauacá e Purus que cortam o estado do Acre e que fazem parte da bacia do

complexo Solimões/Amazonas (GUILHERME, 2016). Ainda para esta região, é

importante citar também os estudos sobre zoogeografia, diversidade e conservação das

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

222

aves do estado do Acre, elaborados pelo pesquisador Edson Guilherme. De forma mais

refinada, estes estudos caracterizam as espécies integrantes das comunidades de aves

distribuídas na região da bacia do Juruá, em detrimento das espécies presentes na bacia

do rio Purus (Figura 110).

Figura 110. Mapa representando as duas principais bacias que abrigam comunidades diferenciadas de aves do estado do Acre, sendo a RESEX do Alto Tarauacá posicionada a oeste na bacia do rio Juruá.

De acordo com Guilherme (2016) a lista de aves compilada do Acre considerou 10.687

registros de 708 espécies distintas de aves. Destes, 5.335 são de espécimes coletados e

depositados em museus. Os demais são registros visuais, fotográficos ou de vocalização.

Este trabalho mostra também que até 1999 os levantamentos na região oeste do Estado

eram feitos exclusivamente na calha do rio Juruá e entre 1999 e 2015 contemplaram

localidades próximas ao rio Tarauacá (Figura 111). Neste sentido, foi utilizado o trabalho

citado acima como fonte de compilação de dados para compor as listas espécies com

potencial ocorrência para RESEX do Alto Tarauacá e, também, aquelas com ocorrências

confirmadas, já que o mesmo trouxe registros de estudos realizados no interior e

entorno da RESEX.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

223

Figura 111. Evolução das localidades ornitológicas no estado do Acre entre 1950 e 2015, possibilitando a verificação da inclusão da região da RESEX do Alto Tarauacá a partir de 1999. Fonte: Guillherme (2016).

Além destas bibliografias citadas acima foram consultadas também os levantamentos

realizados nas florestas públicas do Mogno, Rios Liberdade e Gregório, município de

Tarauacá, a tese de doutorado do mesmo autor e suas publicações (GUILHERME, 2016;

2007; 2009; 2012), complementadas por informações do leste do Acre (DELUCA, 2012;

ALEIXO e GUILHERME, 2010) e especificamente de aves migratórias neárticas do Brasil

(CONSERVAÇÃO INTERNACIONAL, 2011). Foram analisados também informações sobre

aves caçadas nas Terras Indígenas, dados disponíveis no SpeciesLink, Portal da

Biodiversidade e Wikiaves.

Além desta compilação, foram utilizados também os dados oriundos das reuniões

comunitárias realizadas entre os dias 29 de abril a 07 de maio de 2017 em setes

comunidades da RESEX: Duas Nações, Boa Vista/Santa Júlia, Massapê/Maranhão,

Tabocal, Alagoas, Nazaré e Jaminawá.

Reunindo as informações disponíveis nas diversas bibliografias consultadas alcançou-se

o total de 397 espécies de aves com possibilidade de registros ou registradas na RESEX

do Alto Tarauacá, número que representa 56% da riqueza verificada no estado do Acre

(GUILHERME, 2016) (Anexo 9, Figura 112).

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224

Figura 112. Número de espécies de aves registradas para o Acre, com ocorrência potencial na RESEX e registradas na RESEX do Alto Tarauacá.

Com relação às espécies registradas no interior da RESEX do Alto Tarauacá foi possível

compilar a presença de 246 espécies de aves, adicionadas de duas espécies que não

constavam nos dados secundários, Pauxi tuberosa (mutum-cavalo) e Aburria

cumanensis (cujubim), relatadas nas reuniões comunitárias, pertencentes a 51 famílias

(Anexo 9). Estas 248 espécies representam 35% de toda a riqueza do estado

(GUILHERME, 2016) (Figura 3).

Nenhuma espécie fruto da compilação aparece na lista das aves brasileiras ameaçadas

de extinção. Apenas Crypturellus atrocapillus (inhambu-de-coroa-preta) e Pyrrhura

rupicola (tiriba-rupestre) constam como quase ameaçadas (NT) na lista da União

Internacional para Conservação da Natureza (UICN).

Com base na ecologia das espécies, optou-se por destacar dez espécies registradas na

RESEX do Alto Tarauacá, sendo sete migratórias e três associadas a tabocais, pois essas

apresentam conhecido uso limitado do espaço (tabocais) ou do tempo (invernos),

merecendo atenção diferenciada em sua conservação (Tabela 18). Dentre as migratórias

seis executam deslocamento austral, estando no verão no sul da América do Sul e no

inverno na região amazônica e uma intratropical, que é o gavião-tesoura (Elanoides

forficatus).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

225

Tabela 18. Espécies de aves migratórias ou associadas à tabocais com ocorrência confirmada para a RESEX do Alto Tarauacá e seus respectivos nomes-populares

Espécie Nome em português Característica

Lophotriccus eulophotes maria-topetuda Associada ao tabocal

Microrhopias quixensis papa-formiga-de-bando Associada ao tabocal

Ramphotrigon fuscicauda maria-de-cauda-escura Associada ao tabocal

Elaenia spectabilis guaracava-grande Migratória - austral

Elanoides forficatus gavião-tesoura Migratória - intratropical

Lathrotriccus euleri enferrujado Migratória - austral

Myiophobus fasciatus filipe Migratória - austral

Pyrocephalus rubinus príncipe Migratória - austral

Sublegatus modestus guaracava-modesta Migratória - austral

Vireo chivi juruviara Migratória - austral

A Figura 113 mostra algumas imagens capturadas de aves durante a campanha de

reconhecimento da elaboração do Plano de Manejo da RESEX.

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Figura 113. Imagens capturadas de algumas aves durante a campanha de reconhecimento. A)

Vanellus cayanus (batuíra-de-esporão); B) Cathartes melambrotus (urubu-da-mata), C)

Cathartes aura (urubu-de-cabeça-vermelha) e Daptrius ater (gavião-de-anta), D) Amazilia

fimbriata (beija-flor-de-garganta-verde), E) Tachycineta albiventer (andorinha-do-rio).

A

D C

B

E

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

227

2.3.4.7. Mamíferos

No mundo, a lista de mamíferos até o ano de 2011 contava com aproximadamente 5.490

espécies (VIVO et al., 2011). O Brasil, que disputa com a Indonésia o primeiro lugar no

mundo em biodiversidade (MITTERMEIER et al., 2004), apresenta, de acordo com as

publicações mais recentes, a ocorrência de 713 espécies de mamíferos (ICMBIO, 2017).

Este valor representa aproximadamente 13% das espécies da mastofauna global.

Dentre as espécies de mamíferos conhecidas no Brasil, 110 foram caracterizadas como

ameaçadas de extinção, sendo esta a maior proporção de espécies ameaçadas em

relação ao total de espécies de um grupo taxonômico, quando comparada aos outros

táxons que tem espécies ameaçadas avaliadas, contabilizando 15% das espécies do

grupo na lista vermelha (MMA, 2014).

Em 2003, Souza e colaboradores (2003) estimaram a riqueza de mamíferos do Acre em

209 espécies, distribuídas nos seguintes grupos taxonômicos: Artiodactyla (4), Carnivora

(18), Cetacea (2), Chiroptera (103), Lagomorpha (1), Marsupialia (16), Perissodactyla (1),

Primates (20), Rodentia (33), Sirenia (1) e Xenarthra (10). Essa estimativa precisa ser

revista com estudos específicos, já que ela é baseada em citações existentes na

literatura. O estudo de Bernarde e colaboradores (2011), que fez uma compilação

atualizada dos morcegos na Amazônia, mostrou que no estado do Acre possivelmente

ocorrem somente 59 espécies de morcegos.

Dentro dos limites da RESEX do Alto Tarauacá já foram avaliados os mamíferos de médio

e grande porte fazendo uso da metodologia de armadilhas fotográficas, de entrevistas

e do preenchimento de calendários de caça (BOTELHO, 2013). Essa pesquisa que foi

objeto da dissertação de mestrado de André Botelho, resultou em três capítulos da

dissertação associados à caça de subsistência, abundância de mamíferos e populações

de maracajá-açu (Leopardus pardalis).

Os mamíferos voadores (morcegos), os pequenos mamíferos e mamíferos aquáticos não

possuem dados coletados na RESEX e especialmente os pequenos mamíferos e

mamíferos aquáticos são pouco estudados nos limites do Acre e da bacia do Juruá neste

Estado. Neste sentido foram utilizadas as informações provenientes de outros estudos

realizados na porção oeste do Estado e, também, para bacia do alto Juruá. São

bibliografias complementares bastante relevantes para caracterização do grupo na

RESEX os estudos realizados no Parque Nacional da Serra do Divisor (CALOURO, 1999)

em que 47 espécies de mamíferos foram confirmadas, incluindo espécies aquáticas, de

médios e grandes mamíferos e alguns pequenos mamíferos.

Especificamente para o grupo dos morcegos, foram utilizados os levantamentos feitos

por Nogueira e colaboradores (1999) para a porção oeste do Acre. A lista também foi

complementada com as publicações de ocorrências de Chiroderma trinitatum (GARBINO

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

228

et al. 2012) que contemplam o rio Juruá na divisa do AC com AM e a Serra do Divisor e

Lampronycteris brachyotis (MARCIENTE; CALOURO, 2009) na revista Check List.

Além da ampla compilação citada acima, foram utilizados também os dados oriundos

das reuniões comunitárias realizadas entre os dias 29 de abril a 07 de maio de 2017 em

setes comunidades da RESEX: Duas Nações, Boa Vista/Santa Júlia, Massapê/Maranhão,

Tabocal, Alagoas, Nazaré e Jaminawá.

Após a compilação e sistematização das pesquisas realizadas no entorno e interior da

RESEX do Alto Tarauacá foi possível estimar a possível ocorrência de 106 espécies de

mamíferos, pertencentes aos seguintes grupos taxônomicos: Didelphimorphia (2

espécies), Pilosa (3 espécies), Cingulata (2 espécies), Primates (10 espécies),

Lagomorpha (1 espécie), Chiroptera (58 espécies), Carnivora (13 espécies),

Perissodactyla (1 espécie), Artiodactyla (4 espécies), Cetacea (1 espécie) e Rodentia (11

espécies) (Tabela 20).

Foi possível confirmar a ocorrência de 36 espécies de mamíferos para a RESEX do Alto

Tarauacá. Todas as espécies citadas pelos comunitários durantes as oficinas já

constavam nas publicações de Botelho (2013) e Calouro (1999).

É importante destacar o registro de 11 espécies ameaçadas de extinção com ocorrência

confirmada para RESEX do Alto Tarauacá, sendo 10 delas categorizadas como vulnerável

(VU) na lista brasileira da fauna ameaçada de extinção e somente uma espécie, Inia

geoffrensis – boto, citada como Em Perigo (EN) (Figura 114. Puma concolor (onça-vermelha)

fotografada por armadilha fotográfica.

Tabela 19).

É importante destacar que as espécies ameaçadas Priodontes maximus (tatu-canastra),

Ateles chamek (macaco-preto), Panthera onca (onça-pintada), Puma concolor (onça-

vermelha - Figura 114), Tapirus terrestris (anta), Tayassu pecari (queixada) e Inia

geoffrensis (boto) são alvos de caça no interior da RESEX. Futuras ações de manejo de

caça para subsistência deverão considerar estas informações.

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Figura 114. Puma concolor (onça-vermelha) fotografada por armadilha fotográfica.

Tabela 19. Espécies de mamíferos ameaçadas de extinção registradas na RESEX do Alto

Tarauacá, Acre.

Espécies nome-popular MMA (2014) IUCN

Priodontes maximus tatu-canastra VU VU

Ateles chamek macaco-preto VU EN

Panthera onca onça-pintada VU NT

Leopardus wiedii maracajá-peludo VU NT

Puma yagouaroundi gato-preto VU LC

Puma concolor onça-vermelha VU LC

Speothos venaticus cachorro-vinagre VU NT

Atelocynus microtis raposa VU NT

Tapirus terrestris anta VU VU

Tayassu pecari queixada VU NT

Inia geoffrensis boto EN DD

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

230

2.3.5. Comunidades tradicionais e moradores da RESEX

A caracterização das comunidades tradicionais e moradores da RESEX do Alto Tarauacá

foi elaborada a partir da análise de documentos oficiais e não oficiais, publicados e não

publicados, de dados armazenados no Sisfamília do ICMBio e dados coletados durante

as reuniões comunitárias de diagnóstico desta consultoria para a consolidação do Plano

de Manejo.

Neste capítulo, diferenciaremos moradores e beneficiários da RESEX. O Perfil da Família

Beneficiária da RESEX do Alto Tarauacá, inclui aquelas famílias que moram dentro dos

limites da UC e aquelas que moram ao longo do rio Tarauacá, no entorno imediato da

UC, desde que vivam de modo tradicional semelhantes aos moradores. No entanto, o

estudo realizado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) sob coordenação do ICMBio

de “Apoio ao Processo de Identificação das Famílias Beneficiárias e Diagnóstico

Socioeconômico da RESEX do Alto Tarauacá” levantou informações apenas com as

famílias que vivem dentro da UC. Portanto, os resultados deste importante estudo que

deveria dar subsídios para compreender melhor o perfil da família que depende e utiliza

os recursos da UC, se referem apenas às famílias moradoras da RESEX. Ainda assim, nem

todas as famílias residentes da RESEX foram levantadas. A única informação

sistematizada que tivemos acesso sobre os moradores do entorno imediato da RESEX

constam nos PDC e OTL do Jordão. No entanto, estes documentos não indicam quantas

e quais famílias das comunidades do entorno da RESEX são beneficiárias e, portanto, a

caracterização destas famílias será feita de modo genérico. Estudos futuros poderão

aprimorar o olhar sobre esta parcela de beneficiários da UC e fornecer dados para o

cadastramento das famílias beneficiárias da RESEX do Alto Tarauacá – instrumento

fundamental para a gestão da Unidade.

2.3.5.1. Processo de ocupação da área da RESEX

A ocupação da área da atual RESEX do Alto Tarauacá se deu de maneira semelhante às

florestas do atual município do Jordão. O processo de ocupação foi profundamente

estudado e reportado por alguns autores que trabalharam em apoio aos povos

indígenas e tradicionais e nos processos de identificação e demarcação de Terras

Indígenas e criação de Reservas Extrativistas. Os trechos a seguir, retirados de

documentos elaborados por estes pesquisadores retratam o processo de ocupação da

área da atual RESEX e seu entorno, bem como caracterizam as famílias que viviam na

área da RESEX e se tornaram beneficiárias após sua criação.

Os trechos a seguir foram retirados do estudo realizado por Iglesias (1998) por motivo

da criação da RESEX:

“Desde as últimas décadas do século XIX, o problema da escassez de mão de obra para

a ocupação dos seringais foi resolvido através da maciça importação de nordestinos,

oriundos do interior cercado por fazendas de gado e arrasado pelos períodos

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

231

prolongados de seca. Os Governos Imperial e da Província do Amazonas, bem como as

principais casas-aviadoras de Belém e Manaus, direcionaram esse intenso fluxo

migratório, composto quase que exclusivamente por homens e rapazes solteiros, para

os afluentes dos altos rios Juruá, Purus e Acre.

O período inicial de conquista territorial para a abertura e implantação dos seringais foi

marcado por sangrentos enfrentamentos entre índios e seringueiros nordestinos. Várias

populações indígenas foram praticamente extintas ou os exploradores e os primeiros

patrões incorporavam, de maneira forçada, a mão-de-obra indígena às atividades

produtivas nos seringais.

A exploração do rio Tarauacá e de seus principais afluentes, seguida da abertura e da

ocupação dos seringais, desenrolou-se a partir das duas últimas décadas do século

passado. Os primeiros exploradores nordestinos, em sua maioria cearenses, chegaram

ao local de encontro dos rios Juruá e Tarauacá em 1881, dando começo à exploração

deste último no ano seguinte. Nestas empreitadas foram inicialmente aviados pelo

comerciante português José Joaquim Dias, que na foz do Tarauacá com o Juruá montara

casa comercial e de hospedagem. Data de 1883 a subida dos primeiros vapores até a foz

do rio Envira (Figura 115).

Em 1886, os primeiros seringais foram instalados onde o rio Muru deságua suas águas

no rio Tarauacá. Neste momento inicial, este local, que passou a ser conhecido como

Foz do Muru, serviu de base para as explorações que adentravam os altos rios Tarauacá

e Muru para dar início à abertura e à demarcação de seringais. A localização estratégica

da foz do Muru viabilizou sua consolidação como principal entreposto comercial desta

região. A partir desta vila, comerciantes e representantes de casas aviadoras procediam

com a organização e o escoamento da produção de borracha dos seringais estabelecidos

até as cabeceiras do Tarauacá e Muru (Figura 115).

Em 1900, ocorreram as primeiras entradas de seringueiros no rio Jordão, importante

afluente da margem esquerda do Alto Tarauacá. Com o estabelecimento do

Departamento do Alto Tarauacá, em 1913, a foz do Jordão passou a ser Villa Jordão,

onde passaram a funcionar uma escola, posto fiscal e guarnição. Em outubro de 1920, o

Departamento do Alto Tarauacá foi transformado no município de Tarauacá (Figura 115).

Nas florestas do Alto Tarauacá, o sistema de aviamento engendrado por cada “patrão”

- categoria genérica que abrangia proprietários, arrendatários ou seus gerentes –

viabilizou, por quase noventa anos o funcionamento do seringal, permitindo a

perpetuação de um modo particular de dominação sobre os seringueiros, seus

“fregueses”. Os preços extorsivos cobrados no barracão pelas mercadorias e pelos

instrumentos de trabalho, o baixo preço pago pelo quilo da borracha, a obrigatoriedade

do pagamento da renda pelo uso das estradas de seringa, assim como a atualização pelo

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patrão de práticas confiscatórias e artifícios contábeis, permitiam que a grande maioria

dos fregueses permanecesse endividada e, por isso, imobilizada nos limites do seringal.

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Figura 115. Ocupação histórica da região da RESEX do Alto Tarauacá.

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234

A partir de 1912, os preços da borracha começaram a cair acentuadamente no mercado

internacional, em função do grande aumento da produção de seringais de cultivo que

os ingleses introduziram no sudoeste asiático. Aproveitando a conjuntura adversa que

marcava a economia da borracha, patrões capitalizados procuravam ampliar seus

domínios territoriais através da compra de seringais pertencentes a patrões falidos. Na

década de 10, as agências do Banco do Brasil em Manaus e Belém também facilitaram a

aquisição de seringais por novos proprietários, alienando a massa falida de antigos

patrões endividados com o banco.

A partir deste período, ocorre uma reorganização na produção dos seringais, que deixam

de ter a borracha como exclusividade e passam outros produtos agrícolas: milho,

mandioca, arroz, feijão, cana-de-açúcar, tabaco, algodão, café, carne seca, farinha de

mandioca para o consumo local e para a venda para outros seringais e para os centros

urbanos regionais, além de consumir e beneficiar uma considerável variedade de

produtos florestais, tais como, cacau, coco-de-uricuri, óleo de copaíba, óleo de andiroba

e jarina.

Mobilizando empregados e diaristas, patrões de alguns seringais incentivaram a

fabricação de farinha de mandioca, montaram engenhos de cana para a fabricação de

melado, açúcar-mascavo, rapadura e aguardente, e ainda, abriram pastagens e campos

para a criação de gado, ovelhas, porcos, galinhas e patos. Alguns patrões passaram a

comercializar couros de veado e porquinho caititu e peles de onça e de diferentes gatos,

assim como várias espécies de madeira de lei, dentre as quais: cedro, cerejeira e aguano

(mogno), diversificando suas fontes de ingressos.

Ao longo das décadas de 10 e 20, os grupos familiares Kaxinawá, Yawanawá, Katukina e

Kulina foram sistematicamente incorporados em diferentes seringais dos rios Muru,

Acuráua, Tarauacá e Jordão, onde passaram a estar atrelados aos barracões dos patrões

e gerentes, desempenhando o corte da seringa e todas as outras atividades

agroextrativistas.

São frequentes os relatos acerca de trabalhadores que abandonaram os seringais sem

pagar suas contas e se mudaram para outros seringais, para os principais povoados

urbanos da região e mesmo para suas cidades de origem no Nordeste.

Com a acentuada crise na economia da borracha, ao longo dos anos 30, ocorreu a venda

de importantes seringais do rio Tarauacá, desta forma novos atores locais passam a

possuir os seringais e a controlar as redes de comércio. Dentre vários, cabe destacar a

gradual emergência do português Avelino Leal, como importante comerciante e

proprietário dos seringais da região de Tarauacá. Conforme descrito no item VIII –

Situação Fundiária deste relatório, alguns dos principais seringais que incidem sobre a

área da RESEX do Alto Tarauacá eram de propriedade desta família (Tabocal, Oriente,

Alagoas e Massapê).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

235

Neste período, também acentuou-se, na Villa Jordão, a presença de comerciantes e

seringalistas de origem oriental, “os turcos”, como conhecidos localmente.

A partir da Segunda Guerra Mundial, o Governo Federal passou a intervir diretamente

na economia da borracha, beneficiando os setores econômicos e políticos

tradicionalmente ligados ao setor gumífero. Até meados dos anos 80, políticas

governamentais viabilizaram, nos seringais do Alto Tarauacá, a continuidade do

tradicional sistema de aviamento encabeçado por arrendatários, gerentes e

representantes locais de grupos econômicos do centro-sul do país. Estes atores não

tiveram qualquer preocupação com a introdução de inovações tecnológicas que

permitissem o aprimoramento do extrativismo, o aumento da produção ou a melhoria

das condições de vida dos seringueiros.

A partir de 1991, a política econômica adotada pelo Governo Collor teve efeitos

perversos sobre a economia da borracha na Amazônia. Seringueiros e índios começaram

a migrar de colocações mais centrais para colocações nas margens dos rios e

intensificaram seus cultivos agrícolas na terra-firme e criação de animais domésticos

para uma subsistência mais farta e para vender junto aos regatões.

O abandono pelo Governo Federal das políticas de preços e de garantia de mercado para

a borracha do seringal nativo resultou, desde o início dos anos 90, numa forte

desarticulação da atividade gumífera nos altos rios do Acre. Esta crise no extrativismo

incentivou, principalmente a partir de 1993, muitos comerciantes, políticos e

proprietários de seringais a empreender atividades de retirada predatória de madeira-

de-lei, especialmente cedro e mogno, com vistas à sua comercialização no mercado

regional. Por outro lado, intensificaram-se as práticas de caça e pescarias com fins

comerciais, incentivadas por regatões e levadas a cabo por moradores de Tarauacá e do

Jordão, assim como pelos próprios moradores dos seringais, que procuravam novas

formas de inserção na economia local. Ambos estes processos resultaram na invasão de

seringais e terras indígenas, com consequências adversas para as condições de vida das

populações tradicionais, bem como para a biodiversidade da região”.

“Processos semelhantes aos constatados nas terras indígenas Kaxinawá ocorreram na

área da Reserva Extrativista ao longo dos anos 1990, como resultado do abandono pelo

governo federal das políticas de preços e de garantia de mercado para a borracha do

seringal nativo. A forte desarticulação da atividade gumífera no alto Tarauacá teve como

resultado intensas migrações de dezenas de famílias de seringueiros para as sedes dos

municípios de Jordão e Tarauacá e suas proximidades. Os últimos patrões abandonaram

os seringais da reserva, deixando de atualizar as redes de aviamento através dos quais

os seringueiros vendiam sua produção de borracha e compravam as mercadorias

necessárias à vida na floresta. Nesta nova conjuntura, os moradores deixaram de pagar

renda das estradas de seringa e passaram a se sentir donos de suas colocações. Houve

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

236

um aumento significativo da densidade da ocupação na margem do rio Tarauacá e o

progressivo abandono das colocações de centro. O corte da seringa deixou de ser, para

a maioria das famílias, atividade central na combinação de atividades produtivas

implementadas ao longo do ciclo anual, apesar de ser retomada, em pedaços ou mangas

das estradas, quando havia preço e mercado para a borracha. A intensificação das

atividades agrícolas de terra firme e da criação de pequenos animais domésticos foi a

estratégia buscada pela maioria das famílias para tentar garantir sua subsistência e

vender excedentes junto a pequenos comerciantes do Jordão e a marreteiros de

Tarauacá. Grupos familiares com maiores recursos deram início a pequenas criações de

gado, abrindo campos e ampliando as pastagens nos arredores de suas casas” (IGLESIAS,

2003; 13).

2.3.5.2. Perfil da Família Beneficiária

O Perfil da Família Beneficiária da RESEX do Alto Tarauacá foi publicado na portaria de 3

de janeiro de 2017 após ter sido iniciado em maio de 2015 (Anexo 3). A definição do

perfil, aos olhos da gestão da UC, traria elementos para lidar com três problemas

fundamentais que afetam a UC: 1) uso de recursos pelas pessoas que trafegam no rio

Tarauacá, 2) uso de recursos por moradores da cidade do Jordão e 3) ocupação irregular

de moradores alheios à RESEX (ICMBio, 2015).

Segundo a publicação oficial, a família beneficiária da RESEX do Alto Tarauacá são “todas

as famílias residentes desde a criação da RESEX do Alto Tarauacá dentro dos seus limites

ou à beira do rio Tarauacá no entorno imediato da Unidade e que sobrevivam de

atividades relacionadas ao extrativismo, pesca, criação de animais de pequeno porte e

agricultura familiar (roçado).

Inclui-se também as famílias dos prestadores de serviços (professor, agente de saúde,

merendeiro), assim como outros prestadores de serviços considerados essenciais pelas

comunidades, que atuam e moram na RESEX há mais de três anos, desde que se

adaptem ao modo de vida dos moradores. Para serem consideradas beneficiárias, as

famílias que se enquadrarem nas caraterísticas anteriores, devem ser aprovadas pela

comunidade em que pretendem se instalar e pelo Conselho Deliberativo da RESEX”.

A família beneficiária, portanto, é passível de ser identificada pela relação temporal

(desde a criação da RESEX) e geográfica (dentro ou no entorno imediato da RESEX, à

beira do rio Tarauacá) com a RESEX e pelas características socioeconômicas de seu modo

de vida (extrativismo de recursos naturais, criação de animais de pequeno porte e

agricultura familiar). Abre exceção para prestadores de serviços essenciais para a

comunidade e suas famílias (professor, agente de saúde, merendeiros ou outros que

morem ou atuem na RESEX há mais de 3 anos) desde que aprovadas pela comunidade

e Conselho Deliberativo. Apesar desta exceção não ser consenso entre os moradores, a

maioria prevaleceu (ICMBio, 2015). Durante o processo de definição do perfil da família

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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beneficiária os moradores da reserva explicitamente excluíram desta categoria os

moradores da margem do rio Jordão no entorno da RESEX por estes serem moradores

da cidade (ICMBio, 2015).

É importante destacar que os moradores da comunidade Duas Nações se identificam

como produtores rurais (45% das famílias), ribeirinhos (39%) ou colonheiros/colonos

(16%), mas não se identificam como extrativistas (PESACRE, 2013a).

Alguns temas relacionados aos modos de vida das famílias beneficiárias que embasaram

as decisões dos critérios para definição do perfil foram particularmente debatidos entre

os comunitários e o ICMBio até chegarem à versão final publicada. Os principais temas

foram a criação de animais, a pesca e a caça de subsistência. Nesta versão final deste

instrumento, o perfil da família beneficiária não reconhece a criação de gado familiar e

a caça de subsistência como modo de vida tradicional e pretere a pesca de subsistência

à pesca (independente da finalidade e escala). Assim, a maioria das famílias moradoras

da RESEX, que criam gado, caçam e pescam para subsistência, corre o risco de não terem

seu modo de vida de acordo com o perfil da família beneficiária. (ICMBio 2015).

Além dos beneficiários, a Portaria define os usuários da RESEX como:

a) Profissionais que vivem provisoriamente na RESEX durante a vigência dos seus

contratos de prestador de serviço (professor, agente de saúde e merendeiro), e aqueles

que comprovadamente apenas executam serviços na Unidade (médicos, dentistas e

outros);

b) Moradores ou proprietários de áreas na beira dos rios Tarauacá e Jordão que não

sobrevivam de atividades relacionadas ao extrativismo, pesca, criação de animais de

pequeno porte e da agricultura familiar, observados os procedimentos da regularização

fundiária;

c) Viajantes que transitam pelos rios de acesso aos municípios de Tarauacá e Jordão,

bem como no acesso as áreas indígenas.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

238

2.3.5.3. População da RESEX

A população da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá está estimada em torno de 1.350

pessoas de 250 famílias com tamanho médio de 5,4 pessoas por família14 (Tabela 20).

Nos 20 anos desde os levantamentos realizados para a criação da RESEX, quando

existiam 1.080 pessoas em 181 famílias residindo nos seringais que compõem a RESEX,

a população cresceu 25% e o número de famílias aumentou em 38%, com taxa anual de

crescimento de 1,5.

Tabela 20. Estimativa populacional da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá e entorno. Fonte: adaptado de Sisfamília/ICMBio (2014), Pesacre (2013a,b,c) e SEMA (2010 d,e)

Relação com a RESEX

Comunidade/ Seringal

Amostra (Sisfamília - 2014)

Estimativa

Pessoas Famílias Pessoas Famílias Tamanho médio

da família

Beneficiários moradores da RESEX

Boa Vista e Santa Julia*

103 19 153 28 5,4

Duas Nações e Moema*

170 30 252 44 5,7

Massapê, Xapuri e Maranhão*

150 32 222 47 4,7

Alagoas e Nazaré* 304 53 451 79 5,7

Tabocal* 44 7 65 10 6,3

Outro* 9 2 13 3 4,5

Beneficiários moradores fora da RESEX

Jaminawá** - - 176 35 5,0

Jordão* 12 2 18 3 6,0

Total de beneficiários

792 145 1350 250 5,4

Moradores do entorno da RESEX

Redenção (entorno da RESEX)**

- - 154 23 6,7

*Estimativas levantadas no Diagnóstico Socioeconômico das famílias beneficiárias da RESEX do Alto Tarauacá (Sisfamília/ICMBio 2014). **Estimativas levantadas dos PDC destas comunidades (Pesacre, 2013, sem data).

A população se distribui em moradias ao longo do rio Tarauacá e seus principais

afluentes, como o rio Jordão, os igarapés São João, Jaminawá e São Salvador e outros

menores como os igarapés Zé de Melo e Mato Grosso (Figura 116). De toda esta

população, 55% são homens e 45% mulheres, sendo que mais de 50% tem menos de 20

anos e apenas pouco mais de 2% são maiores de 60 anos, representando uma população

14 Reunimos a estimativa populacional resultante do Diagnóstico Socioeconômico da RESEX do Alto Tarauacá (UFV,

2014) armazenada no Sisfamília/ICMBio (2014), que não inclui os moradores da comunidade Jaminawa, e somamos com a estimativa populacional apresentada no PDC da COP Jaminawa (PESACRE, 2013 a). Entretanto, outras fontes de informação sugerem estimativas diferentes das apresentadas. A reunião das estimativas feitas pelo Governo do Estado durante o ProAcre para a elaboração dos PDC aponta para uma população de 1125 pessoas em 203 famílias (5,4 pessoas por família), porém não inclui a população da comunidade Boa Vista. Por sua vez, o cadastro de famílias da UC, repassado pela equipe de gestão do ICMBio indica que viviam 352 famílias na RESEX em 2010. Em 2008, durante a 1ª fase de elaboração do Plano de Manejo da RESEX, o estudo de caracterização da população indicava que o ICMBio e ASAREAT tinha um cadastro preliminar com mais de 400 famílias beneficiárias (SILVA JUNIOR, 2009).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

239

extremamente jovem (Figura 117). A maior parte dos moradores da RESEX nasceu no

município do Jordão (59%) e Tarauacá (35%), enquanto poucos moradores nasceram em

outros municípios como Cruzeiro do Sul, Marechal Thaumaturgo e Envira, no vale do

Juruá, Rio Branco e Xapuri, no vale do Acre, e Mazagão no estado do Amapá (UFV, 2014).

Apesar de terem passado por um processo histórico de ocupação semelhante, as

famílias que hoje vivem na região do alto rio Tarauacá, agrupadas em comunidades,

apresentam aspectos particulares resultados, principalmente, de fatores relacionados

ao desenvolvimento regional e ordenamento territorial. O desenvolvimento recente da

cidade do Jordão e a criação e implementação da RESEX do Alto Tarauacá são dois dos

fatores que evidentemente afetam as famílias e geram padrões nas comunidades.

A comunidade Duas Nações, está localizada no rio Tarauacá e algumas casas no igarapé

São Vicente, é a mais próxima da cidade do Jordão, tem população estimada de 252

moradores divididos em 44 famílias, com média de 5,7 pessoas por família. A outra

comunidade bem próxima da cidade é a Boa Vista/Santa Júlia, que conta com população

de 153 pessoas em 28 famílias, com média de 5,4 pessoas por família. A comunidade

Massapê está localizada na margem esquerda do rio Tarauacá, no meio da RESEX, à

distância intermediária da cidade do Jordão. As 47 famílias do Massapê, com população

estimada de 222 pessoas e média de 4,7 pessoas por família, residem na margem do rio

e nos igarapés Zé de Melo e Mato Grosso. A comunidade Alagoas15 se localiza na divisa

entre os municípios de Jordão e Tarauacá, com a população estimada de 451 pessoas e

79 famílias, 5,7 pessoas por família, na margem esquerda do rio Tarauacá. A comunidade

Tabocal é a mais distante da cidade do Jordão no rio Tarauacá e conta com população

de 79 pessoas e 10 famílias, com média de 6,3 pessoas por família.

A comunidade Jaminawá é composta, principalmente, por moradores que vivem na

boca e no baixo igarapé Jaminawá na margem direita do rio Tarauacá, portanto,

majoritariamente moradores que residem fora dos limites da RESEX do Alto Tarauacá.

O PDC desta comunidade não faz referência à relação que as famílias mantêm com a UC.

Porém, os moradores da RESEX e o ICMBio consideram estas famílias beneficiárias da

Unidade, mesmo que o levantamento socioeconômico realizado pela UFV não tenha

entrevistado famílias residentes fora dos limites da RESEX e, portanto, excluiu a

comunidade Jaminawá do diagnóstico. Nesta comunidade vivem 176 pessoas em 35

famílias, média de 5 pessoas por família (Pesacre, 2013a).

15 Os dados da comunidade Nazaré foram unidos aos da comunidade Alagoas.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 116. Mapa das casas dos moradores e limites dos setores das comunidades da RESEX Alto Tarauacá. Fonte: Sisfamília/ICMBio (2014) - localização

das moradias, complementado pontualmente na visita de campo para realização das reuniões comunitárias de elaboração deste documento.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 117. Distribuição etária da população de moradores da RESEX. Fonte: UFV, 2014.

A partir dos dados sistematizados nos Planos de Desenvolvimento Comunitário (PDC)

das Comunidades Polo (COP) trabalhadas pelo Governo Estadual, analisamos a

comunidade Redenção do entorno imediato da RESEX por motivo de comparação e

entendimento do papel da RESEX na vida dos beneficiários na gestão da RESEX (Tabela

21).

A comunidade Redenção é a única COP do entorno imediato da RESEX que foi

considerada pelo ICMBio e moradores da RESEX como beneficiária da Unidade16. Vivem

nesta comunidade uma população estimada de 154 pessoas em 23 famílias, com

tamanho médio de 6,7 pessoas, residindo ao longo do rio Tarauacá, principalmente na

margem direita, em frente à boca do igarapé Primavera (Pesacre, sem data).

A primeira diferença entre as comunidades beneficiárias da RESEX e a do seu entorno

está na composição etária familiar. Na comunidade Redenção, no entorno da RESEX, se

encontram proporções muito altas de crianças e muito baixa de adultos em comparação

as comunidades beneficiárias. Quer dizer, as comunidades de beneficiários da RESEX

têm menos crianças e mais adultos do que o entorno, porque em média a família da

comunidade Redenção (6,7) é consideravelmente maior do que a família média de todas

as outras comunidades (entre 4,7 e 5,7), portanto, tendo entre um e dois filhos a mais

que as outras famílias, indicando uma taxa de crescimento populacional potencial maior

fora da UC.

16 Durante as oficinas de reconhecimento nas comunidades para o Plano de Manejo, não houve participação de

ninguém que informou morar em um seringal ou comunidade chamado Redenção. Inclusive na oficina realizada na comunidade Tabocal, mais próxima da Redenção, dentro da RESEX.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Tabela 21. Aspectos socioeconômicos das comunidades de moradores, beneficiários e vizinhos da RESEX do Alto Tarauacá. Fonte: SEMA-AC (2010a,b), Pesacre (2013a,b, sem data) e Sisfamília/ICMBio (2014).

Indicador Variável Boa Vista Alagoas Massapê Duas

Nações Jaminawá Redenção

Auto identificação (% pessoas)

produtor rural 45 23

colonheiro 16 0

colono 0 38

ribeirinho 39 38

Faixa etária (% pessoas)

< 14 anos 42 40 36 45,8 53

15-25 anos 16 23 21 16,7 20

25-59 anos 39 36 34 40,8 23

> 60 anos 3 1,5 1,2 2,5 3,6

Documentos (% de famílias)

Certidão de nascimento 88 89 84 84 76

CPF 31 35 44 46 29

RG 30 33 48 42 30

Tempo de moradia (% de famílias)

< 5 anos 21 26 21 7 15 31

6 a 10 anos 0 24 14 16 30 23

10 a 20 anos 32 26 18 14 30 31

> 20 47 22 46 63 26 15

Representações sociais (%familias)

STTR 80 65 30

ASAREAT x x 64 0 0

ASPARSAM 0 0 0 53 0

Associação Deus é Amor do seringal Palestina 0 0 0 0 13

Cooperativa 4 0 0

Acesso à moradia Dificuldade de acesso (% famílias) 47 65 53 13 Moradia secundária Possui moradia secundária (% famílias) 21 18 23 13

Fonte de energia (% casas) Eletricidade pública 32 0 0

Gerador ou placa solar 13 26 31

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Indicador Variável Boa Vista Alagoas Massapê Duas

Nações Jaminawá Redenção

Fonte de água (% casas) igarapé ou rio 64 75 100 64 54

Cacimba 37 25 42 44 46

Necessidades básicas

Mata 68 88 74 63 85

Fossa rustica 32 12 26 33 15

Fossa séptica 0 4 0

Atendimento de saúde (% famílias)

Agente comunitário de saúde 71 59 69

Hospital 26 41 31

Posto de saúde 74 0 8

Unidade móvel 23 30 3

Local de estudo

Comunidade 67 95,5 77

Comunidade vizinha 0 4,5 8

Cidade 33 0 15

Analfabetismo Analfabeto 20 20 16

Extrativismo

madeira m3 12,5 45 3

açaí - lata 0 248 100

bacaba - lata 182 228 64

patoá - lata 66 171 60

buriti - lata 0 5 65

caça - kg 2330 2900 970

pesca - kg 1650 2840 640

Extrativismo (% de famílias)

madeira 58 31 29 15

açaí 58 0 79 77

bacaba 58 54 92 61

patoá 58 31 54 54

buriti 0 0 4 46

caça 92 81 100 85

pesca 88 85 100 77

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Indicador Variável Boa Vista Alagoas Massapê Duas

Nações Jaminawá Redenção

Criação de animais (% famílias)

gado leite 54 23 40 31

gado corte 21 58 44 54

galinha 88 100 100 85

pato 29 40 31

porco 19 40 38

Pecuária gado leite 80 85 40

gado corte 500 100 363 361 136

Composição da renda (% contribuição; % famílias)

bolsa família 59 67 27 32 27

aposentadoria 8 3 25 15 11

assalariado 7 8 8 22 41

pecuaria 25 13 15 10 4

agricultura 34 21 16 16 12

extrativismo 0 0 0 0,1 0

criação pequenos animais 20 29 5 5 4

diarista 12 1,6 0 0

Renda total Renda total da comunidade (R$) 286.731 211.149 130.849

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245

2.3.5.4. Comunidades, seringais, colocações e colônias

A maior parte da população que vive na RESEX se organiza em unidades familiares e estas

famílias não se organizam em comunidade, ou coletivos comunitários, vivendo em casas

distribuídas com distância significativa entre si. Com a intenção de facilitar a gestão da

Unidade17, a equipe do ICMBio da RESEX propôs um agrupamento artificial das famílias em

sete comunidades ou setores: 1) Tabocal, que inclui os atuais moradores do território dos

antigos seringais Tabocal e Goiás (Goyaz ou Oriente)18, 2) Alagoas, que inclui os antigos

seringais Restauração e Alagoas, 3) Nazaré, que inclui os antigos seringais Nazaré, Ouro

Preto (ambos faziam parte do antigo seringal Alagoas), 4) Jaminawá, que inclui o antigo

seringal Jaminawá e Restauração, 5) Massapê que inclui os antigos seringais Maranhão,

Xapuri e Massapê, 6) Duas Nações, que inclui os antigos seringais Duas Nações e Moema e

7) Boa Vista, que inclui os antigos seringais Boa Vista e Santa Júlia.

O Governo do Estado do Acre, no processo de implementação do Zoneamento Ecológico

Econômico através da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, também passou a organizar

as famílias residentes nas áreas de floresta do Estado em comunidades e elegeu algumas,

com características de centralidade geográfica e potenciais aglutinadoras como as

Comunidades Polo (COP). Nestas COP o Governo Estadual promoveu a elaboração dos

Planos de Desenvolvimento Comunitário (PDC) que posteriormente seriam implementados

pelas comunidades com apoio do Estado. O Governo Estadual reconhece três COP dentro

da RESEX do Alto Tarauacá, que coincidem com as comunidades definidas pelo ICMBio,

quais sejam: Alagoas, Massapê e Duas Nações. No entorno da RESEX, são reconhecidas as

COP Redenção, Restauração e Jaminawa. Esta última, considerada pelo Estado apenas

como mais uma comunidade de fora da RESEX, entretanto, está dentro da amplitude de

gestão do ICMBio, conforme mencionado anteriormente. Apesar disso, o Governo Estadual

também reconhece que as comunidades são “agrupamentos artificiais”, particularmente

para este grupo de famílias, e categoriza a distribuição territorial dos moradores como

““concentrada, dispersa”, quer dizer, concentrada ao longo da margem do rio Tarauacá e

17 O ICMBio reconhece estes agrupamentos como comunidades para fins de gestão, como por exemplo, para compor o

Conselho Deliberativo da UC; cada comunidade tem um assento no Conselho. Os processos que exigem discussão do ICMBio com os beneficiários da RESEX são realizados através de reuniões realizadas em cada uma das sete comunidades. A “criação” de uma nova comunidade pode ser demandada pelos beneficiários e por eles, Conselho Deliberativo e ICMBio também deve ser aprovada por estas instâncias, como aconteceu com o recente recorte da comunidade Alagoas, fragmentada para a criação da Comunidade Nazaré. Por sua vez, a divisão para criação da comunidade Maranhão foi indeferida. 18 O Seringal Goyaz, ou Oriente, localizado na margem esquerda do alto igarapé Primavera, somente foi incorporado na

RESEX, pois esta é área ocupada por apenas duas famílias e ficaria ilhada entre 3 áreas protegidas: RESEX do Alto Tarauacá,

TI Kampa do igarapé Primavera e RESEX Riozinho da Liberdade (IGLESIAS, 1997).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

246

dispersa tendo em vista que as casas são distantes uma das outras, não havendo na

comunidade agrupamentos de famílias em um mesmo espaço” (NEGREIROS et al. 2010).

Atualmente existem na RESEX duas categorias de unidade territorial familiar: a colocação e

a colônia. A colocação era a unidade territorial socioecológica, portanto de uso dos recursos

naturais, da família do seringueiro, fundamentalmente atrelada à presença de seringueiras

e ao caminho das estradas de seringa na floresta (ALMEIDA ,2012). Segundo Iglesias (1998):

“A colocação, menor subdivisão de um seringal, é um território que engloba um conjunto

de nichos ecológicos complementares, no qual um ou mais grupos familiares utilizam nichos

e recursos naturais diversificados da floresta e de outros espaços domesticados, a saber, rio

e/ou igarapés para a pesca e obtenção de água potável, o terreiro para as plantações e

criações domésticas, seringueiras para a produção da borracha, terras firmes para os

roçados, praias e barrancos para os cultivos agrícolas de verão, madeiras e palheiras para a

construção, bem como capoeiras e matas brutas onde são coletadas amplo leque de

espécies florestais (frutas nativas, palhas, corantes, coagulantes e plantas medicinais).

Uma colocação é caracterizada espacialmente pela existência de uma clareira aberta na

mata onde foi construído um número variável de casas ocupadas por um ou mais grupos

familiares. Nessa clareira de terra batida, que espalha-se em torno da(s) casa(s), fica

disposto o terreiro, local onde são cultivadas hortas suspensas, plantadas árvores frutíferas

e ervas medicinais e, ainda criados animais domésticos (galinhas, patos, porcos e ovelhas).

Nas redondezas do terreiro, abrangendo trechos de mata bruta e de capoeira, distribuem-

se áreas de roçados novos e antigos, áreas de caça e de coleta, bem como o rio e igarapés.

Cada colocação comporta, portanto, um conjunto de recursos naturais diferenciados.

Alguns destes recursos são apropriados de forma privada por seus ocupantes, enquanto

que outros podem ser também aproveitados por moradores de casas e colocações vizinhas.

O formato e a extensão de cada colocação, apesar de não serem geometricamente

definidos, ganham configuração pela distribuição espacial do conjunto de estradas de

seringa nela existente, tendo tamanho que usualmente varia entre 300 e 600 hectares”.

Apesar da falência do sistema econômico da borracha que determinava a organização

territorial nas florestas do Acre, o sistema territorial implantado no período de extração do

látex da borracha ainda está presente na organização territorial dos moradores da RESEX

do Alto Tarauacá. Mesmo não produzindo borracha e deixando as estradas de seringa

abandonadas, os moradores ainda reconhecem a colocação como unidade territorial e

respeitam seus limites. Atualmente são 62 das 165 famílias (38%) inseridas no Sisfamília do

ICMBio que se identificam morando em colocações (Figura 118).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

247

Figura 118. Caracterização do local de moradia conforme informação do morador da RESEX. Fonte: Sisfamília, ICMBio (2017).

A colônia surge como nova unidade territorial familiar no contexto socioeconômico que não

tem vínculo com a atividade seringueira nem com as unidades territoriais do sistema

seringalista. A colônia está geralmente atrelada a atividades produtivas agropecuárias,

como a agricultura de lavoura branca e a criação de gado ou porco, ou a moradia de famílias

que fazem uso reduzido de recursos naturais, como prestadores de serviço ou diaristas.

Provavelmente a área desta unidade territorial é consideravelmente menor do que a da

colocação. Atualmente são 78 das 165 famílias (47%) que se identificam morando em

colônias (Figura 118), número expressivamente maior que as quatro colônias existentes em

1997 (IGLESIAS, 1998). Apenas 1 das 165 famílias indicou residir em uma colônia que é parte

de uma colocação.

Duas outras categorias de unidades territoriais familiares foram mencionadas durante os

estudos que embasaram a criação, “campos” e “fazendas”, mas não pelos atuais moradores

da RESEX. Provavelmente estas duas categorias estavam mais relacionadas com a atividade

pecuária que é motivo de grande impasse entre moradores e ICMBio, bem como entre

moradores.

Os moradores da RESEX e o ICMBio, ao elaborarem o Acordo de Gestão da RESEX do Alto

Tarauacá, no entanto, utilizam apenas o conceito de colocações para definir a unidade

territorial familiar na RESEX:

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

248

“Capítulo I – Delimitação das colocações

1. Para as colocações já existentes/ocupadas serão respeitados os limites tradicionalmente

reconhecidos pela comunidade. Em caso de conflito entre limites de áreas de uso, cabe ao

Conselho Deliberativo e órgão gestor, analisar e resolver a situação;

2. As novas colocações terão como valor de referência uma área máxima de 75 (setenta e

cinco) hectares e serão instaladas conforme definição do Zoneamento a ser estabelecido

pelo Plano de Manejo (Zona de Expansão de Ocupação e Uso);”

Porém, a área ocupada por famílias de seringueiros em suas colocações variava entre 300

e 600 hectares nos seringais que hoje fazem parte da RESEX (IGLESIAS, 1998) e tinham em

torno de 500 hectares na RESEX Alto Juruá (ALMEIDA et al. 2016). Estes tamanhos são

consideravelmente maiores que os 100 hectares dos “módulos” agrários comumente

usados na Amazônia. A definição de 75 hectares (500 metros de frente x 1.500 metros de

fundo) para novas colocações é justificada na minuta da versão de 2012 do Plano de

Utilização (ICMBio, 2012) como sendo esta a área aproximada de uma colocação.

Entretanto, este tamanho de área não corresponde ao tamanho de uma colocação de um

seringal ativo. A média da área de uma colocação nos seringais que hoje compõem a RESEX

é de aproximadamente 1.136 hectares (IGLESIAS, 1998). A área indicada para novas

colocações é menor do que a média de lotes nos assentamentos (todas as modalidades;

105 hectares), do que os Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS; 150 hectares) e

muito menor do que os Projetos de Assentamento Agroextrativistas (PAE; 205 hectares) do

Território da Cidadania do Vale do Juruá (INCRA, 2017). Portanto, é possível que os 75

hectares se aproximem mais da área ideal de uma colônia – termo atualmente mais

utilizado pelos moradores das comunidades mais próximas da sede do Jordão para designar

seus locais de moradia, ou unidades territoriais familiares na nova conjuntura

socioeconômica.

Estes acordos vêm consolidar um processo de mudança de perfil das famílias moradoras da

RESEX que vem acontecendo deste antes da criação da Unidade, como indica Iglesias

(1998):

“O baixo preço da borracha e a desarticulação das redes comerciais antes atualizadas pelos

patrões motivaram muitas famílias a abandonar colocações nos centros da floresta e a abrir

novos locais de moradia na margem do Tarauacá, aproveitando áreas de mata bruta ou

antigas capoeiras. Os moradores diferenciam as velhas colocações de margem abertas e

habitadas desde a instalação dos seringais desses novos locais de moradia, abertos nos

últimos anos em muitos casos, localizados bem próximos uns dos outros.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

249

Boa parte destes novos locais não possui estradas de seringa. Alguns chefes de família têm

procurado negociar com seus vizinhos pedaços ou mangas de estradas de seringa, de

maneira a manter a produção de borracha como um dos componentes possíveis nas

estratégias econômicas de seus grupos familiares. As criações domésticas são hoje o

principal produto trocados pelos moradores da margem com os regatões, seguidas da

borracha e, em menor montante, de produtos agrícolas.

Dada a proximidade dessas colocações há pouco abertas nas margens do rio Tarauacá, são

comuns os conflitos e questões entre vizinhos causados por invasões de criações

domésticas (porcos e gado) em roçados de terra-firme e de praia. Grupos familiares com

maiores recursos deram início a pequenas criações de gado abrindo campos e ampliando

pastagens nos arredores de suas casas. Na maioria dos casos, contudo, não dispõem de

meios para a compra de arames farpados e o cercamento do campo. Isto tem dificultado

um maior aproveitamento de praias, barrancos e terras-firmes em ambas as margens do rio

Tarauacá. Os grupos familiares que têm optado por permanecer em colocações de centro

reclamam da falta de preço para a borracha, falta de mercado, da carestia de mercadorias

básicas, das dificuldades de transporte até a beira do rio e a sede municipal, e da

inexistência de serviços de educação e saúde caracterizando uma situação de total

desassistência”.

Mesmo vivendo em novo sistema socioeconômico e territorial, tanto os moradores das

colocações quanto das colônias reconhecem o seringal como unidade territorial na qual se

inserem; 136 das 165 famílias (82%) afirmaram viver em um seringal (Figura 118). Porém,

enquanto apenas 2 entre os moradores de colocações (3%) não indicaram morar em um

seringal, 20 moradores de colônias (26%) não indicaram morar em um seringal. Associado

ao aumento de colônias desde o fim dos anos 1990, este padrão reflete o gradual

distanciamento da população atual da RESEX do sistema de organização territorial dos

seringais.

Por fim, alguns dos moradores da RESEX já se identificam como parte da “comunidade”,

unidade territorial de gestão da RESEX criada pelo ICMBio na qual se inserem os seringais

(39 das 165 famílias, 24%; Figura 118), sendo que 24 destas famílias (61%) não informaram

residir em um seringal.

2.3.5.5. Permanência nos seringais e relação com a cidade do Jordão

A grande maioria das famílias vive no mesmo local há menos de 20 anos (Figura 119).

Aparentemente a criação da RESEX há 17 anos deu alguma estabilidade de residência para

os moradores. Por outro lado, 8,4% das famílias se estabeleceram há menos de um ano no

local de moradia atual e quase 30% entre 1 e 5 anos (UFV, 2014). Este padrão de

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

250

assentamento recente deve ter contribuído para a necessidade de criação de regras de

estabelecimento de novas moradias na RESEX, constante no Acordo de Gestão e no Perfil

da Família Beneficiária, e deverá representar um desafio tanto para as famílias,

comunidades, associação e equipe de gestão da UC a partir da publicação destes

instrumentos de gestão em 2017, pois todos estão envolvidos de alguma forma com este

processo. Outro aspecto interessante é que apenas 2,8% da população residem no mesmo

local há mais de 40 anos (UFV, 2014), ou seja, desde o período quando a produção da

borracha era a principal atividade econômica e determinante para a ocupação territorial da

região.

Figura 119. Tempo de moradia da família no mesmo local da RESEX. Fonte: UFV, 2017.

A maior parte das famílias que permanecem na mesma comunidade da RESEX por muito

tempo vivem no Duas Nações, por isso essa comunidade é majoritariamente composta por

famílias que estão ali há mais de 20 anos (Tabela 21). Este padrão pode estar relacionado

com a proximidade da cidade do Jordão e a segurança fundiária permitida pela RESEX que

facilita a residência duradoura nesta comunidade. Por sua vez, o Alagoas é a comunidade

que mais recebe famílias nos últimos tempos (Tabela 21), provavelmente por ser a

comunidade que cobre maior área e está na passagem das famílias da comunidade Nazaré

para chegar ao Jordão. Assim, esta é uma comunidade que ainda tem espaço para novas

ocupações, agricultura e criação de animais e que pode abrigar as famílias que saem do

centro do Nazaré para a margem do Tarauacá.

Uma proporção maior de famílias das comunidades beneficiárias mora no mesmo local há

mais de 10 anos, quando comparada com a comunidade do entorno da RESEX. Por outro

lado, a maior frequência de moradias recentes, com menos de 5 anos, esta na comunidade

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

251

do entorno (Tabela 21). Este padrão pode indicar maior segurança de terra dentro da RESEX,

mas também menor possibilidade de acolher novos moradores – conforme indicado no

Perfil da Família Beneficiária e no Acordo de Gestão da RESEX.

A cidade do Jordão é a mais próxima de praticamente todas as famílias da RESEX (97%),

enquanto Tarauacá é a mais próxima de apenas 2% da população. Porém, apenas 2% acessa

a cidade, do Jordão, a pé. Segundo as informações do Sisfamília, os moradores da RESEX

visitam a cidade do Jordão com muita frequência, sendo que todas as famílias vão para

cidade pelo menos semestralmente (Tabela 22). Porém esta intensidade não é a mesma

entre as comunidades. Boa parte das famílias da comunidade Boa Vista vai ao Jordão diária

ou semanalmente, e outra parte considerável frequenta a cidade mensalmente, somando

quase 75% das famílias desta comunidade. Este é o mesmo padrão das famílias da

comunidade Massapê, das quais 93% visitam o Jordão ao menos uma vez por mês. Por ser

mais distante da cidade, os moradores do Alagoas visitam a cidade com menor frequência,

sendo que 81% vai ao Jordão a cada um ou dois meses. Inesperadamente, os dados indicam

que as famílias da comunidade Duas Nações seguem o mesmo padrão, mesmo sendo

próxima ao Jordão: 86% das famílias visitam a cidade a cada um ou dois meses (Tabela 21).

A maioria das famílias da RESEX visita a cidade de Jordão com a finalidade de recebimento

de auxílios e pensões ou também para atendimento médico e educação escolar dos filhos.

Há também os moradores da RESEX que trabalham na cidade, por isso frequentam-na

diariamente (UFV, 2014).

Tabela 22. Frequência de visitas das famílias à cidade de Jordão por comunidade (% de famílias por categoria de frequência). Fonte: Sisfamília/ICMBio (2014).

Frequência de visita à cidade Massapê Alagoas Duas Nações Boa Vista

Diária 7 6 0 10

Semanal 13 6 0 26

Quinzenal 20 4 3 0

Mensal 53 56 63 37

Bimestral 0 25 23 26

Semestral 7 2 10 0

Anual 0 0 0 0

Mais de 40% dos moradores tem problemas para acessar suas moradias, sendo os meses

de fevereiro a março, período de grandes cheias dos rios, os que apresentam maior

dificuldade. Na seca, poucas famílias têm problemas de acessar suas casas. A maior

quantidade de família que alega ter dificuldade de acesso ao local de sua moradia vive na

comunidade Alagoas, seguida da comunidade Massapê, e a menor quantidade vive na

comunidade Duas Nações (Tabela 21). Quase 20% das famílias que residem na RESEX têm

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

252

mais de uma moradia, a maior parte fora da RESEX (96%), provavelmente na cidade do

Jordão. Os principais motivos para a manutenção destas casas na cidade incluem a moradia

dos filhos, o acolhimento da família quando vai à cidade, a moradia enquanto membros da

família estudam e renda através de aluguel (UFV, 2014). A proporção de famílias com

dificuldades de acesso em uma comunidade está positivamente correlacionada com a

proporção de famílias que mantêm mais de uma casa (r=0.51). Existe a possibilidade do

acesso ser um dos principais motivos para as famílias estabelecerem residências

secundárias.

2.3.5.6. Moradias, saneamento e infraestrutura

As casas atualmente são feitas principalmente com paredes e piso de madeira (90% e 89%)

e cobertura de alumínio (73%), enquanto poucas casas são feitas com paredes e piso de

paxiúba (8% e 10%) e cobertura de folhas de palmeira (22,5%) ou palha (1,4%). Menos de

2% das casas tem paredes de alvenaria e menos de 3% telhas de zinco ou metal (UFV, 2014).

Este padrão se consolidou na RESEX após o apoio do programa de melhoria da qualidade

da moradia executado inicialmente em 2006 no âmbito da gestão do IBAMA, juntamente

com o INCRA (1º lote de 120 famílias) e associação, posteriormente, continuado no âmbito

do ICMBio. O Programa Crédito de Instalação consiste na construção de casas visando

melhorar as condições de moradia para quem vive nas áreas da Reserva Extrativista. De

acordo com o programa, cada propriedade teve direito ao valor de R$ 7.400,00, sendo que

o beneficiado teria que devolver apenas 16% do dispêndio num prazo de 20 anos, pagando

apenas uma parcela ao ano. Caso a parcela seja paga na data do vencimento, o seringueiro

ainda tem um desconto de 50% do valor (SEMA, 2010a). Por isso, mais de 95% das casas

foram construídas há menos de 10 anos (UFV, 2014).

A única comunidade com fonte de energia pública é a Duas Nações, dentro da RESEX,

justamente porque está localizada mais próxima da cidade, porém apenas 32% das famílias

tem acesso. As outras comunidades usam gerador ou placa solar, mas ainda assim apenas

poucas famílias. Na comunidade Boa Vista, os moradores dentro da RESEX ainda não

tiveram um diagnóstico realizado pelo estado, a energia elétrica chega até algumas casas.

Entretanto, a iluminação é o terceiro problema mais relatado pelos moradores da RESEX

(12% de citações).

Como toda a região rural do município do Jordão não é assistida por instalações de

saneamento, a grande maioria das moradias não tem água encanada (85%), sendo que

quase 90% busca água a pé, majoritariamente do rio ou igarapé (60%), mas também de

nascente ou poço (32%) e poucos de cacimbas (9%). Apesar disso, a água é considerada de

boa qualidade por 96% das pessoas, sendo que 83% fazem tratamento da água com cloro

(87,5% destes) ou limão (12,5% destes). Como as moradias se distribuem principalmente ao

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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longo dos corpos d’água, principalmente no rio Tarauacá, a proporção de famílias que usam

água do rio ou igarapé e de cacimbas é muito parecida entre as comunidades, independente

da distância da cidade de Jordão e de estarem dentro ou fora da RESEX (Tabela 21).

Da mesma forma, as casas das comunidades não têm tratamento de esgoto, dentro ou fora

da RESEX. A maioria das famílias de todas as comunidades usa a mata para as necessidades

fisiológicas. Pouquíssimas tem fossas rústicas em banheiros fora das casas. Quase 70% das

moradias não possui instalação sanitária, sendo que apenas 18% é localizada no interior das

casas. O escoamento sanitário é feito através de fossa (50%), vala (45%) ou buraco no chão

(5%). Apenas 2% das casas usa o banheiro dentro, enquanto a maioria usa a mata (94%), o

quintal (2%) ou rio ou igarapé (2%). O lixo, por sua vez, é enterrado (por 58% das famílias)

ou jogado na mata (31%) (UFV, 2014).

2.3.5.7. Documentação e cidadania

Boa parte da população não detém os documentos básicos de identificação do cidadão.

Apesar de quase 98% terem certidão de nascimento, apenas 46% tem identidade e 44%

CPF. Por outro lado, 44% tem carteira de trabalho e título de eleitor (UFV, 2014). A

proporção de pessoas com documentos de identificação é muito baixa em todas as

comunidades, variando entre 30% e 48% para o RG e 29% e 46% para o CPF. Apesar dessa

proporção variar pouco entre as comunidades, a comunidade do entorno da RESEX

apresenta a menor proporção entre as 5 comunidades. Ou seja, fora da RESEX menos

pessoas tem documentos de identificação do que dentro. Geralmente, a obtenção

documentos por populações em áreas remotas acontece nos momentos de campanhas de

cidadania realizadas pelo poder público ou quando visitam as cidades e são orientados para

tirar os documentos. É possível que a equipe de gestão do ICMBio na RESEX tenha papel

fundamental no apoio às famílias beneficiárias da RESEX na obtenção dos documentos.

2.3.5.8. Ocupação, renda e benefícios sociais

A ocupação mais frequente indicada pelos moradores da RESEX é de “dona de casa” (41%),

possivelmente por esta ser uma das poucas ocupações exercidas pelas mulheres,

provavelmente sem gerar renda (Tabela 23). Entre as ocupações que podem gerar renda, a

de extrativista e diarista são as mais comuns (18% e 12%), porém somente a primeira é

exercida dentro da RESEX, mas não necessariamente gera renda, pois pode se tratar de uma

atividade econômica de subsistência, enquanto a segunda pode ou não ser realizada fora

da RESEX, porém sempre remunerada.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

254

Tabela 23. Ocupação dos moradores da RESEX. Fonte: UFV 2014.

Ocupação (%) Ocupação (%)

Dona de casa 41 Vigilante 1,1

Extrativismo Vegetal 18 Funcionário Público Estadual 0,6

Diarista 12 Mecânico 0,6

Aposentado 7,1 Farinhada 0,6

Funcionário público Municipal 3,3 Professor substituto 0,6

Pescador 2,8 Fabrica bucha para motor 0,6

Estudante 2,2 Pastor 0,6

Merendeira 2,2 Piloto de barco 0,6

Transporte escolar 2,2 Funcionário municipal provisório 0,6

Caçador 2,2 Roçador 0,6

Professora 1,1 Carpinteiro 0,6

Os assalariados ativos profissionalmente (professores, merendeiros e motoristas de

transporte escolar, funcionários públicos estaduais e municipais, e vigilantes) representam

as ocupações de quase 12% das pessoas. Além destes, 7% da população é aposentada e

recebe benefício mensalmente. Outras ocupações que seguramente geram renda, mas

possivelmente com montante mensal incerto, como o próprio extrativismo vegetal, diarista,

mecânico, carpinteiro, roçador e piloto de barco, são exercidas por 32% da população. As

ocupações de outros 8% dos moradores, provavelmente, mas sem podermos afirmar com

certeza, são exercidas para a economia de subsistência da família (pescador, caçador,

estudante e pastor).

O padrão observado indica que a maior parte da população exerce ocupações não

remuneradas. Da população que exerce atividades remuneradas, a maioria lida com a

incerteza do montante e da frequência de entrada de recursos, enquanto apenas pequena

parcela da população é assalariada.

Além dos benefícios acessados pelos aposentados, boa parte da população acessa recursos

de programas sociais de transferência de renda para redução da pobreza (64% recebem

Bolsa Família e 16% recebem Bolsa Verde).

O extrativismo, seja vegetal ou animal, é principalmente voltado para a economia de

subsistência das famílias moradoras, beneficiárias e do entorno da RESEX (Figura 120). A

produção comercial acontece nos raros casos de haver excedente. Portanto, a contribuição

da renda a partir destas atividades é praticamente nula no total da renda familiar das

comunidades. No entanto, o extrativismo dos frutos das palmeiras para produção de vinhos

e óleo (açaí, bacaba, patoá e buriti) foi sempre mais frequente nas comunidades de fora da

RESEX do que de dentro, apesar das famílias de dentro da UC coletarem maior quantidade

de produtos. Por outro lado, as comunidades da RESEX extraíram mais madeira do que fora

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

255

da RESEX, tanto em quantidade de famílias realizando a atividade quanto em quantidade

de madeira. Ainda, em todas as comunidades, pelo menos mais de 80% das famílias caçam

para subsistência, e pelo menos mais de 75% pescam para o mesmo fim. Estas atividades

são as principais responsáveis por fornecer carne para as famílias, componente

insubstituível da dieta dos moradores desta região. Mesmo as famílias que criam animais

de pequeno porte, o consumo deles é secundário em relação ao peixe e a carne de caça e

geralmente acontece quando as pescarias ou práticas de caça não foram bem-sucedidas.

Figura 120. Produção de coloral Dona Maria do Seringal Alagoas.

Em relação à produção animal, proporção de famílias criando animais de pequeno porte

não difere muito entre as comunidades, assim como a proporção de famílias que criam

gado, seja para leite ou corte. No entanto, o rebanho bovino é maior nas comunidades de

beneficiários, do que no entorno.

Este padrão extrativista/criador de animais entre as comunidades pode parecer um pouco

contraditório, pois os moradores da RESEX acabaram se distanciando mais das atividades

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

256

extrativistas do que os moradores de fora. Situação esta que remete aos beneficiários se

identificarem como produtores rurais, colonheiros/colonos ou ribeirinho, mas não como

extrativistas. No entanto, a criação de pequenos rebanhos bovinos, animais de pequeno

porte, a dependência da caça e pesca para fonte de proteínas e a baixa intensidade de uso

de espécies de plantas nativas se enquadram na economia de subsistência da população

residente nos seringais da RESEX desde antes de sua criação, após o declínio da economia

da borracha (IGLESIAS, 1998). Mais recentemente, com a construção de casas de madeira

serrada e cobertura de alumínio ou zinco, o extrativismo de diversas espécies de madeira

roliça e palha para construção foi significativamente reduzido.

É importante ressaltar que este modo de produção agroextrativista tradicional das famílias

beneficiárias da RESEX ocorre desde antes da criação da Unidade e as poucas modificações

que sofreu ao longo das duas últimas décadas foram fortemente influenciadas por

programas de políticas públicas para o desenvolvimento rural e cidadania, como o Bolsa

Família e o Bolsa Verde e o as moradias construídas com os créditos do INCRA. No entanto,

algumas das normas do Acordo de Gestão e critérios do Perfil da Família Beneficiária não

correspondem à este modo de vida tradicional das famílias da RESEX.

Mesmo que a contribuição do extrativismo para a renda das famílias seja insignificante em

todas as comunidades, a composição da renda é aparentemente diferente entre a

comunidade dentro da RESEX, a beneficiária no entorno, e a do entorno da RESEX. A renda

total da comunidade de dentro da RESEX é a maior, mais de R$ 100.000 a mais que a menor,

a da comunidade Redenção - fora da RESEX.

Fora da RESEX, os assalariados contribuem com a maior proporção na renda, enquanto esta

categoria assume parcelas menores nas comunidades beneficiárias da RESEX. Por outro

lado, a atividade pecuária contribui consideravelmente mais na renda das famílias das

comunidades de beneficiários do que na comunidade do entorno. Mesmo padrão da

contribuição dos aposentados. A contribuição da agricultura e do benefício do Programa

Bolsa Família é importante em todas as comunidades, enquanto a criação de pequenos

animais contribui pouco. A renda média familiar varia consideravelmente entre as

comunidades de dentro da RESEX: a comunidade Boa Vista tem renda familiar média

R$287,00 (44,55%) maior do que a renda familiar média das outras comunidades (Figura

121). Segundo Iglesias (2003) “nos seringais mais próximos à sede do Jordão, as estratégias

produtivas postas em prática pelos grupos familiares ganharam cada vez maior relação com

as alternativas de comércio e a demanda por serviços na cidade, especialmente no sistema

de diária para a Prefeitura e comerciantes locais”.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

257

Figura 121. Renda mensal das famílias nas comunidades da RESEX Alto Tarauacá. Fonte:

Sisfamília/ICMBio (2014).

Cabe ressaltar que o padrão encontrado na RESEX teve início com a crise na economia da

borracha e consolidação da cidade de Jordão. Já no final dos anos 1990, antes da criação da

RESEX, “nos seringais Boa Vista e Duas Nações as estratégias de subsistência e de

comercialização postas em práticas pelos grupos familiares ganham cada vez maior relação

com as alternativas de comércio e a demanda por serviço na sede no município de Jordão.

Também no Duas Nações, no igarapé São João, afluente da margem direita do rio Tarauacá

foram abertas colônias, nas quais as famílias moram e plantam para a sua subsistência.

Membros dessas famílias trabalham na diária e realizam serviços na sede do Jordão. No

seringal Massapê, os centros são relativamente próximos a margem do rio, viabilizando o

acesso às redes comerciais dos regatões. Nos centros dos seringais Alagoas, Tabocal e

Oriente a borracha ainda constitui o principal produto para venda.

A ocupação das margens do rio para a agricultura e a criação de animais, inclusive o gado,

estratégias que colocam a produção e venda de borracha como de secundária importância,

tem a ver com outras alternativas que se abriram e se impuseram nos últimos anos. Dentre

estas, pode ser citada a total desestruturação da assistência e das redes de comércio

durante décadas atualizadas pelos patrões, com a emergência dos regatões como os

principais canais de venda para os produtos e para o acesso às mercadorias básicas. Por

outro lado, ganha crucial peso neste processo a criação do município de Jordão, que tem

resultado na gradual constituição de mercados, ainda que pequenos, para certos produtos

(agricultura e criação) e para trabalhos remunerados, na forma de empregos e de serviços

temporários na diária. Ambos processos se complementam e afetam de maneira diferente

às famílias do alto Tarauacá, dependendo do trecho do rio onde moram e da combinação

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

258

de atividades produtivas que cada uma tem atualizado nesta conjuntura marcada pela crise

na economia da borracha” (IGLESIAS, 1998).

2.3.5.9. Educação e saúde

Existem quinze escolas públicas nas comunidades da RESEX que atendem tanto moradores

de dentro quanto do entorno da UC. Dentre os chefes de família, quase 40% se identificou

como analfabeto e 18% como semianalfabeto. A taxa de analfabetismo é similar em todas

as comunidades que reportaram a informação, independente da proximidade com a cidade

ou da localização em relação à RESEX (Tabela 21). A maioria das pessoas que frequentaram

escola o fizeram até o 5º ano (24,5%) ou até o 9º ano (11,6%). Da população total que estuda

atualmente, 85% frequentam escola nas próprias comunidades da RESEX, 13% na cidade do

Jordão, sendo que destes 89% precisa de barco para chegar nas escolas, e apenas 2% em

outros locais (UFV, 2014). A comunidade Duas Nações é a com maior proporção de alunos

estudando na cidade, por ser mais próxima do Jordão. As comunidades do entorno da

RESEX, beneficiarias ou não, tem a grande maioria dos alunos estudando na zona rural

(Tabela 21).

Nos 12 meses anteriores ao estudo da UFV, 53% dos moradores da RESEX precisaram de

atendimento de saúde. Destes, 72% recorreram ao atendimento na cidade do Jordão,

principalmente no Posto de Saúde (67%), mas também no hospital público (11%), enquanto

apenas 25% foram atendidos na própria comunidade ou em outra. Apenas 3% precisou

procurar assistência de saúde em outro município. Os agentes comunitários de saúde

atendem 72,5% da população da RESEX, sendo que visitam mensalmente apenas 60%

destes. Apesar disso, 63% da população está insatisfeita com o serviço de saúde prestado,

sendo que 33% alega que este é inexistente.

Apenas 19% das pessoas afirmam existir em sua comunidade conhecedores de medicina

tradicional, que acabam oferecendo remédios à 28% das famílias. Porém, a maioria da

população recorre a tratamentos com remédios que são distribuídos gratuitamente no

posto de saúde da cidade do Jordão (72%).

O principal problema de saúde que afetou a população de moradores da RESEX nos últimos

6 meses foi a diarreia (15%). A alta incidência de diarreia está possivelmente relacionada à

qualidade e tratamento da água que é precário nas moradias da RESEX e a ausência de

saneamento e tratamento de lixo nas comunidades. A malária e picada de cobra, que estão

relacionados à vida na zonal rural/florestal afetaram apenas 2,5% da população.

A saúde e a educação estão entre os temas relacionados aos principais problemas

enfrentados pelos moradores da RESEX. O principal problema indicado é de atendimento

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

259

médico, informado por 22% dos moradores, seguido da educação e escolas, indicado por

14%.

2.3.5.10. Religiões na RESEX

Os moradores da RESEX se dividem entre os cultos às religiões católica (64%), evangélica

(32%), adventista (1%) e união do vegetal (UDV) (3%). Durante o processo de elaboração

das regras do Acordo de Gestão houve um debate sobre o uso da RESEX para o plantio das

espécies utilizadas na fabricação do chá. Os praticantes da UDV que vivem no Jordão

plantam dentro da RESEX, fato que gerou desconforto de alguns moradores. No entanto,

apenas a comunidade de Boa Vista/Santa Julia se opôs ao uso do mariri e chacrona pelos

praticantes da UDV. Esta é justamente uma das comunidades mais próximas da cidade do

Jordão, onde está localizado o centro da UDV. Assim, para buscar normatizar o uso que

estas pessoas fazem dentro da RESEX, plantio e colheita destas duas espécies, os moradores

incluíram um item dentro do Acordo de Gestão da Unidade que previa a discussão pelo

Conselho Deliberativo de uma normatização específica para este tipo de uso, mesmo por

quê essas pessoas sendo “usuários” da RESEX e não beneficiários, não teriam este direito,

de acordo com o definido no Perfil da Família Beneficiária. A orientação da COPROD/ICMBio

com relação ao item incluído na penúltima versão do Acordo de Gestão sobre o uso da área

da RESEX pela UDV foi de retirada do item e que o tema seja trabalhado separadamente do

Acordo de Gestão.

2.3.5.11. Perspectiva da juventude na RESEX

A saída de jovens das comunidades da RESEX é uma situação recorrente em muitas UC da

Amazônia. Na RESEX do Alto Tarauacá, a população indica que os jovens percebem os

seguintes problemas: 1) acesso restrito às tecnologias (19%), 2) falta de lazer (17%), 3)

violência (14%), 4) álcool (12%), 5) ausência de escola (6%) e 6) gravidez precoce (6%). Estes

problemas levam os jovens a terem as seguintes motivações para sair da RESEX: 1)

considerar isolado o local onde vivem na RESEX (37%), 2) buscar oportunidade de estudos

(22%), preferência por estilo de vida urbano (15%), buscar oportunidade profissional na

cidade (5%), falta de perspectiva na atividade extrativista (5%), obtenção de renda limitada

e busca por acesso a tecnologias (2%). Estes motivos estão fundamentalmente relacionados

aos atrativos que os centros urbanos oferecem com maior qualidade (escolas, trabalhos,

estilo de vida e renda).

Por outro lado, existem também as motivações que levam os jovens a permanecer na

RESEX. Para 31% a permanência próxima da família é importante para se manterem na

Unidade, enquanto 26% percebem liberdade e 10% percebem a paz e tranquilidade que

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260

tem na RESEX como fatores importantes. Outros 13% afirmaram não se adaptar ao estilo

de vida da cidade (UFV, 2014).

2.3.5.12. A entrada e saída de moradores da RESEX

A saída de famílias da RESEX para morar na cidade do Jordão é um assunto de extrema

importância para a gestão da Unidade. A maneira que os moradores, a ASAREAT e o ICMBio

encontraram para lidar com a questão foi criando regras e procedimentos que

regulamentam esta dinâmica. A questão foi tratada no Acordo de Gestão da Unidade da

seguinte maneira:

“Capítulo II – Perfil dos moradores e entrada de novos moradores

5. Se um morador da Reserva precisar se ausentar de sua colocação por um período

maior do que 60 (sessenta) dias, deve comunicar à Diretoria da Associação, bem

como justificar por escrito o motivo de sua ausência e/ou a transferência de

responsabilidade de uso e cuidados de sua colocação para outra pessoa. A pessoa

que ficará cuidando da colocação deve possuir perfil das famílias beneficiárias e

atentar para as regras descritas neste Acordo de Gestão, enquanto aguarda o

retorno do morador cadastrado;

6. Uma colocação para não ser considerada “abandonada” a família cadastrada no

ICMBio deve morar e utilizar a terra para produzir o necessário para o seu sustento,

dentro dos costumes extrativistas e da agricultura familiar. Depois de 01 (um) ano

se a diretoria da associação não receber uma justificativa por escrito (por exemplo,

problemas de saúde, estudos e outros) do morador ausente, ela será considerada

abandonada;

7. É justificável se ausentar, pelo tempo dos mandatos ou compromisso, aquele

morador que assume um cargo de representante dos interesses da Reserva

Extrativista, cujo mérito será avaliado pelo Conselho Deliberativo, e por isso tem

necessidade de morar temporariamente fora da reserva;

A ASAREAT solicita aos moradores da RESEX que formalizem a saída da Unidade com a

associação, assim pode haver um controle desta dinâmica. Desde 2011, 60 pessoas

informaram para a ASAREAT sua saída da RESEX. Desde então não há um indicativo claro de

variação na quantidade de saídas por ano (Figura 122). Entre as pessoas que saíram da

RESEX, 45% têm mais de 60 anos (Figura 123). Um dos principais motivadores para a saída é

a idade avançada e o recebimento de aposentadoria, que permite morar na cidade onde o

custo de vida é maior, porém oferece mais facilidades para os idosos – principalmente o

acesso aos serviços de saúde.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

261

Figura 122. Quantidade de moradores que saíram a RESEX desde 2010. Fonte: ASAREAT, 2017.

Figura 123. Faixa etária das pessoas que saíram da RESEX desde 2010. Fonte: ASAREAT, 2017.

Apesar de existirem poucos registros da comunidade de saída dos moradores, os registros

existentes indicam que a maioria dos que saem viviam em comunidades localizadas no meio

da RESEX, de distância intermediária para a cidade do Jordão. As pessoas saíram

principalmente das comunidades Duas Nações e Maranhão/Massapê/Xapuri (Tabela 24).

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262

Tabela 24. Comunidade de saída dos moradores da RESEX. Fonte: ASAREAT, 2017.

Comunidade Qtd de pessoas

Duas Nações 8

Maranhão/Massapê/Xapuri 5

Alagoas 2

Boa Vista/Santa Júlia 1

Restauração/ Jaminawá 1

Tabocal 1

Entre os registros há também moradores que saíram e retornaram para a UC (4 moradores)

e aqueles que mantêm colônia (2 moradores) ou os filhos vivem em sua residência na RESEX

(1 morador). Ainda há o caso das três pessoas que estão morando na cidade, mas afirmam

que não saíram da RESEX. Estes precisarão se enquadrar nas regras apresentadas no Acordo

de Gestão.

O processo de entrada de novas famílias na RESEX é tão importante para a gestão da

Unidade quanto o de saída de moradores. Assim, o Acordo de Gestão celebra as regras

definidas pelos beneficiários e ICMBio para a entrada destes novos moradores, assim como

o Perfil da Família Beneficiária apresenta suas características exigidas.

Do Acordo de Gestão:

“Capítulo II – Perfil dos moradores e entrada de novos moradores

3. A entrada de novas famílias na RESEX será permitida para pessoas que se encaixem

dentro do perfil das famílias beneficiárias da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá;

4. A entrada de possíveis famílias que se enquadrem no perfil de beneficiários deve seguir

os seguintes procedimentos: os interessados devem passar por uma avaliação e aprovação

por parte da comunidade interessada e do Conselho Deliberativo, registrada em ata de

reunião. A partir da entrada as novas famílias estarão submetidas a até 1 (um) ano de

experimentação e avaliação da conduta (crimes ambientais e perturbação da ordem

pública), para posterior aprovação da comunidade e do Conselho Deliberativo e cadastro

pelo ICMBio;

8. Não será permitida a instalação de moradores da zona urbana e de pessoas com

atividades não tradicionais na Reserva Extrativista, com exceção as pessoas que

comprovadamente prestem serviço à comunidade (professores, agentes de saúde, etc.)”.

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263

2.3.5.13. Das propriedades na RESEX

Durante o processo de elaboração do Acordo de Gestão os envolvidos registraram um

esclarecimento fundamental sobre o sistema de propriedade de terras na RESEX que

acabou sendo retirado da Portaria pois o instrumento não tem este fim. Porém, o seguinte

esclarecimento é base para as regras que foram firmadas no Acordo de Gestão e se torna

pertinente para a análise das informações disponíveis: “A Reserva Extrativista é de domínio

público, não há título individual de propriedade, a terra é concedida para uso coletivo deste

grupo, portanto não é permitido o loteamento e a venda das colocações. Seus limites, assim

como tipos e formas de uso, serão respeitados pela ocupação tradicional de usos e

costumes de seus moradores” (ICMBio, 2012).

Ainda assim, os beneficiários da RESEX entendem ser possível comprar, vender ou trocar o

espaço de residência e para isso abordaram a questão pelo viés das benfeitorias das

colocações:

“Capítulo III – Compra e venda de benfeitorias19

9. É permitido ao morador vender somente suas benfeitorias, sendo que depois de vendidas

perdem-se os direitos de uso sobre a colocação;

10. O processo de compra e venda deve ser documentado e comunicado ao Conselho

Deliberativo e ICMBio;

11. A venda de benfeitorias poderá ser feita para quem já é morador da reserva e deseja

uma transferência de colocação ou para pretendentes que atendam as características

descritas nas regras 3, e 4, no capítulo II;

12. Quando um morador solicitar transferência ou troca de sua colocação por outra, a

transação só poderá ser efetuada após a aprovação da comunidade, desde que aquela

colocação esteja bem cuidada e conservada, devendo-se comunicar ao ICMBio e registrar

em ata de reunião do Conselho Deliberativo;

Capítulo VI – Uso de praias

24. As praias são de uso prioritário dos moradores da colocação imediatamente

correspondente para plantio. Caso outro vizinho queira fazer uso deve pedir permissão;

19 Entende-se benfeitorias na região como melhorias feitas na colocação, como o estabelecimento de roçados, construção

de cercas, casas e outras estruturas.

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264

Capítulo X – Outras intervenções

45. Cada família só poderá ter direito a uma colocação dentro da Reserva.”

A regra que define que cada família só poderá ter direito a uma colocação dentro da RESEX

implica que moradores da RESEX comprem as benfeitorias de uma colocação apenas em

três situações 1) quando o comprador abandona sua antiga colocação, 2) quando a família

compradora é jovem, recém-formada por familiares de moradores da RESEX, ou 3) para

famílias que não moram na RESEX mas pretendem ali viver, desde que se enquadrem nas

outras regras.

2.3.5.14. Representações e organizações sociais

Atualmente parece estar havendo um período de transição de lideranças locais na RESEX.

Aquelas lideranças que mobilizaram o povo no período da criação da RESEX estão

envelhecendo e abrindo espaço para novos representantes assumirem este papel. Em

alguns casos, ao atingirem idade para receber aposentadoria essas lideranças antigas

saíram da RESEX para morar na cidade do Jordão em busca de melhores serviços. Esta

mudança, em um primeiro momento, pode desestruturar o agrupamento familiar, porém,

as comunidades têm se mostrado resilientes e por vezes criado novas motivações para

organização e mobilização coletiva sob a liderança dos novos representantes.

As comunidades da RESEX são representadas legalmente pela Associação dos Seringueiros

e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (ASAREAT), fundada em maio de

1997, que tem como objetivo trazer melhores condições de produção, educação, saúde,

lazer, esporte e infraestrutura para os moradores da RESEX. O atual presidente é o João

Arlenildo da Silva Oliveira (João Brás) que sucedeu o mandato do Sr. Orlei José Araújo de

Souza. Segundo o diagnóstico elaborado para o Ordenamento Territorial do Jordão, a

ASAREAT tem 242 associados, pequena parte da população da RESEX. Este padrão se reflete

na comunidade Duas Nações onde apenas 64% das famílias têm membros associados à

ASAREAT (Tabela 21). As famílias da comunidade Jaminawá informaram estarem vinculadas

à ASPARSAM, do rio Muru.

Segundo Iglesias (2003) a ASAREAT teve papel fundamental na organização e mobilização

social para fortalecer o movimento de criação da RESEX e a luta pelos direitos dessa

população. “Com a criação da ASAREAT e sua legalização, entre 1997-98, teve início um

gradual processo de organização das famílias de seringueiros e agricultores que moram nos

seringais incidentes na Reserva, em especial daquelas do seringal Alagoas e arredores. A

partir de 1999, a associação logrou acessar os primeiros recursos de programas

governamentais. Assinou convênio com o governo estadual para fortalecer os sistemas de

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265

transporte e de comunicação, com a aquisição de dois barcos motorizados e dois aparelhos

de radiofonia. Com a intermediação do Conselho Nacional dos Seringueiros, recebeu

recursos do Programa Amazônia Solidária e constituiu um capital de giro inicial, com o qual

manteve abastecidos com mercadorias básicas alguns entrepostos de compra da borracha

produzida pelas famílias da Reserva e de seringais vizinhos. Contou também com recursos

do subsídio estadual, no âmbito do Programa de Subvenção Econômica aos Seringueiros

Produtores de Borracha Natural Bruta, mais conhecida como Lei Chico Mendes. Em 1999,

vendeu cerca de nove toneladas de borracha a duas empresas, tendo comercializado, em

2000, quase vinte. Em janeiro de 2000, no tradicional Novenário de São Sebastião, na sede

do município de Jordão, organizou, junto com o Sindicato dos Trabalhadores Rurais e o

Tribunal de Justiça do Acre, uma edição do Projeto Cidadão, que resultou na documentação

de muitos chefes de família, brancos e Kaxinawá. Em março desse ano, deu início ao

cadastramento de moradores da Reserva para viabilizar a obtenção de recursos do

Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Extrativismo (Prodex), através do Banco da

Amazônia S.A. (BASA), e financiar a produção de borracha de algumas famílias. Em 2001,

aprovou projeto junto à Secretaria de Coordenação da Amazônia/MMA, como parte do

Programa de Apoio ao Agroextrativismo da Amazônia, com o objetivo de fortalecer a

associação, dando condições para seu enraizamento e a construção de maior capacidade

gerencial.

Além da representação política dos moradores e do apoio à produção e comercialização da

borracha, já em curso, importante desafio atual da ASAREAT continua sendo o de capitanear

processos continuados de informação e discussão em todos os seringais do Alto Tarauacá,

de maneira a alargar sua representatividade e se legitimar como instrumento de

organização local, bem como avançar, conforme exige a legislação, na elaboração coletiva

dos Planos de Uso e de Desenvolvimento da reserva, que servirão para a regulamentação

das formas de uso e preservação dos recursos naturais e para definição de programas

voltados ao desenvolvimento à melhoria das condições de educação, saúde, transporte e

comunicação. Por outro lado, a partir de 1998, os diretores dessa instância de

representação dos seringueiros e agricultores da Reserva, às vezes em parceria com o

Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jordão, criado em 1998, têm procurado firmar

estratégias comuns com as lideranças Kaxinawá, representantes da ASKARJ e vereadores

indígenas, com vistas à eleição de representantes dos "povos da floresta" para a Câmara

dos Vereadores local e ao delineamento de projetos que venham a resultar no

reconhecimento de suas respectivas terras e em benefícios concretos para os moradores

da reserva e das terras indígenas” (IGLESIAS, 2003; 15).

“Em função do agravamento da crise da borracha, comerciantes, políticos e proprietários

de seringais empreenderam retiradas ilegais e predatórias de madeira de lei, especialmente

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266

cedro e mogno, inclusive nos seringais da reserva. Ganharam monta também as práticas de

caça e pescarias com fins comerciais, incentivadas por regatões e levadas a cabo por

moradores da cidade de Tarauacá e do Jordão, assim como pelos próprios moradores, que

procuravam novas alternativas de inserção na economia local. Estas atividades predatórias,

comuns até pouco tempo, diminuíram posteriormente, como fruto das mobilizações de

parte dos moradores, da ASAREAT e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais” (IGLESIAS,

2003; 14).

Alguns beneficiários da RESEX também são filiados ao Sindicato dos Trabalhadores e

Trabalhadoras Rurais. O STTR também teve papel fundamental para a criação da RESEX,

como Silva Junior (2009) reportou texto de Iglesias (1998):

“A estruturação do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tarauacá ocorreu em final de

1976, num contexto marcado por graves conflitos sociais em decorrência da venda dos

seringais aos grupos “paulistas” e a implantação de fazendas nos arredores da cidade. A

atuação do STR deu-se principalmente na conquista dos direitos trabalhistas

(aposentadoria, salário maternidade) para seringueiros e trabalhadores da zona rural,

campanhas contra a exploração predatória de recursos naturais (desmatamento, derrubada

de seringueiras, comercio de carne de caça e extração ilegal de madeira de lei), na cobrança

de maior atuação dos órgãos governamentais, incluindo serviços básicos como ações de

saúde, junto às populações da floresta, implementação das ações do Programa Amazônia

Solidária, nas negociações com a Cooperativa de Sena Madureira para a busca de

alternativas para a comercialização da borracha dos seringueiros do município, no apoio

prestado a criação do STR do município de Jordão em 1998, assim como nas mobilizações

juntamente com o CNS para reivindicar ao CNPT-IBAMA a criação da Reserva Extrativista do

Alto Tarauacá.

A primeira reivindicação para a criação de uma reserva extrativista no município, nesta

época incidindo sobre o Alagoas e região, ocorreu em 1988, por ocasião do I Encontro

Municipal dos Seringueiros de Tarauacá, organizado por Chico Mendes. Outras

reivindicações foram feitas posteriormente em outros encontros e em diversos

documentos encaminhados pelo STR.

O pedido formal dos moradores para a criação da RESEX do Alto Tarauacá, organizado pelo

STR, foi encaminhado ao CNPT em abril de 1996. A partir de então foram realizadas viagens

para estudos de verificação da viabilidade da criação da RESEX. As reuniões mencionadas a

seguir fazem parte deste processo, que inclui também o cadastramento e levantamento

sócio-economico dos moradores, contando com apoio do PNUD, através do projeto

“Desenvolvimento Sustentável através do Extrativismo”.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

267

Em 1997, período em que ocorreu o levantamento do CNS para o documento de criação da

RESEX, estava sendo desenvolvido pela Delegacia Sindical de Tarauacá um trabalho de

conscientização e fortalecimento do movimento sindical na região. No período entre 23 de

setembro a 09 de outubro de 1997 foram realizadas pelo CNS (Conselho Nacional dos

Seringueiros) três reuniões na região, envolvendo os moradores dos seringais Alagoas,

Massapê e Boa Vista, para a discussão dos seguintes assuntos: Criação da Reserva

Extrativista do Alto Tarauacá, Criação da Reserva Extrativista do Alto Juruá, Criação da

Associação do Alto Tarauacá e PRODEX (Programa de Apoio ao Desenvolvimento do

Extrativismo)”.

Apenas algumas famílias da comunidade Duas Nações integram uma cooperativa local. As

famílias das comunidades beneficiárias são aparentemente mais engajadas politicamente,

pois uma porcentagem maior delas está vinculada a associações, sindicato ou cooperativa.

2.3.6. Uso do solo, recursos naturais e produção

Os grupos familiares de moradores da RESEX do Alto Tarauacá utilizam o espaço dentro de

suas colocações ou colônias para obtenção de grande parte dos diversos produtos

necessários a sua subsistência. Extrapolam esses limites as áreas utilizadas para caça ou

obtenção de recursos naturais distribuídos de forma pontual na paisagem, como: açaí, o

cipó mariri e o arbusto chacrona (Figura 124).

Assim para delimitação da área de uso dos recursos naturais pelas comunidades

beneficiárias da RESEX do Alto Tarauacá utilizou-se o mapeamento participativo dos limites

utilizados para atividades extrativistas do grupo de comunitários beneficiários da RESEX.

Esse mapeamento foi realizado nas reuniões de retomada da elaboração do Plano de

Manejo da UC e possibilitou confirmar as previsões da equipe técnica responsável pela

reunião, de que os limites de “caçada a ponto” poderiam ser utilizados como abrangência

aproximada (proxi), da área necessária para satisfação das necessidades dos comunitários

para sua subsistência (Figura 125).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

268

Figura 124. Áreas e pontos de localização de recursos vegetais alvos de extrativismo na RESEX e no entorno destacados por comunitários

no mapeamento participativo nas reuniões comunitárias de retomada da elaboração do Plano de Manejo.

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269

Figura 125. Limites a área de uso dos recursos naturais para subsistência das comunidades beneficiárias da RESEX do Alto Tarauacá, tendo

o limite das áreas de caça a ponto como proxi.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

270

A área utilizada pelas comunidades para obtenção e produção dos seus recursos de

subsistência reunidas abrangem 183.376 ha, ou seja, ultrapassam a área delimitada pela

RESEX. Das áreas mapeadas de forma participativa, as comunidades de Nazaré, Duas

Nações, Boa Vista/ Santa Júlia, não obtiveram recursos naturais fora dos limites da UC,

sendo que a área utilizada pelas outras comunidades no entorno da RESEX totaliza

77.253,00 ha, sendo as comunidades do Jaminawá e do Tabocal como maior utilização

externa (Figura 124).

Ainda com relação a obtenção de recursos no entorno da RESEX, comunitários da Jaminawá

integrantes da UDV obtem o cipó mariri e as folhas do arbusto chacrona em áreas no

entorno da UC (Figura 125).

As comunidades de Jaminawá/Restauração abrangem maior área para uso dos recursos

naturais. Sem considerar “caçadas a ponto” são as comunidades Jaminawá/Restauração e

Nazaré (Tabela 25), sendo que a comunidade Boa Vista/Santa Júlia, as mais próximas ao

município de Jordão, com a menor área. Quando restringe-se a verificação do uso dos

recursos naturais exclusivamente aos limites da RESEX, verifica-se que 49.820 ha não são

usados para o extrativismo, pois estão posicionados em áreas distantes das moradias atuais

(Figura 125).

Tabela 25. Área de extrativismo delimitada por comunidade no mapeamento participativo nas

reuniões comunitárias de retomada da elaboração do Plano de Manejo da RESEX do Alto Tarauacá.

Comunidade Área (ha)

Jaminawá/Restauração 45.160

Nazaré 32.963

Maranhão/Massapê 26.751

Alagoas 25.661

Duas Nações 23.557

Tabocal 20.473

Boa Vista/Sta Júlia 6.037

No espaço em que obtém-se os recursos naturais necessários a subsistência, os

comunitários utilizam a mata bruta para obtenção dos itens relacionados a atividade

extrativista: madeira, produtos não-madeireiros, como a borracha em estradas de seringa,

e a caça. A mata bruta suprimida é convertida em áreas abertas, denominadas terreiros

(Figura 126), quando próximos das casas, e colônias, espaços um pouco mais distantes

demandando uns trinta minutos de caminhada (IGLESIAS, 1998).

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271

As áreas abertas são utilizadas para agricultura, cultivos perenes de frutíferas, criação de

animais de pequeno porte, gado e hortaliças. Quando espaços originalmente ocupados por

mata bruta deixam de ser cultivados ou ficam em pousio (geralmente de 2 a 3 anos), a

vegetação se regenera constituindo as chamadas capoeiras. Nas praias e barrancos são

produzidos cultivos agrícolas anuais (Figura 127) e nos igarapés e rios moradores mariscam

(pescam) e obtém água potável (IGLESIAS, 1998).

Figura 126. Terreiros das casas delimitado pela floresta e utilizados para o estabelecimento de roçados, dos pomares e palmeirais, criação de animais e outros usos menos expressivos.

Figura 127. Preparação dos roçados nas praias que são utilizadas para os cultivos anuais como: feijão, abóbora e melancia.

Os moradores da RESEX utilizam, majoritariamente, as colocações de margem, ou seja, têm

os espaços produtivos posicionados às margens dos rios Tarauacá e Jordão, além de

igarapés de grande porte, como é o caso do São Salvador.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

272

A área das colocações e a seu formato eram estabelecidas historicamente pelo conjunto de

estradas de seringa que um grupo familiar fazia uso, com tamanho aproximado variando

entre 300 e 600 hectares (IGLESIAS, 1998). Nos PDC avaliados para as comunidades de

Alagoas, Massapê, Jaminawá, Duas Nações e Redenção foram verificados e descritos nos

textos, tamanhos médios de posses variando entre 70 e 135 ha, não mais relacionados aos

usos extrativistas da borracha ou territórios familiares de caça, que superavam esses

limites. No entanto, quando se verifica os dados apresentados nestes mesmos PDC de área

total ocupada pela comunidade, dividida pelo número de famílias que vivem nelas, obtém-

se áreas médias ainda menores para cada família, variando entre 52 ha na comunidade de

Redenção e 86 ha na Jaminawá.

Os usos dentro das colocações atuais, descrito no PDC para as comunidades de Duas

Nações, Jaminawá e Redenção, se compõem em média por 88,2% de mata bruta, 6,5% de

pastagens, 4,2% de capoeira, 0,9% cultivos anuais e 0,2% de cultivos perenes (PESACRE,

2013b, a, c).

As comunidades diagnosticadas para elaboração dos PDC na região do Alto Tarauacá,

contemplaram quatro das comunidades de beneficiários da RESEX por completo e uma

apenas parcialmente, visto que moradores da comunidade Redenção habitam às margens

do rio Tarauacá nas imediações da comunidade Tabocal, atendendo aos requisitos descritos

no perfil da família beneficiária da RESEX. Essa avaliação possibilitou uma atualização dos

modos produtivos vigentes na UC, em comparação ao levantado por Iglesias (1998), que

era a última informação disponível a respeito.

Os dados apresentados nos PDC foram verificados e complementados, especialmente pela

espacialização de informações das áreas de extrativismo, benfeitorias e instrumentos de

processamento da produção, mapeadas de forma participativa (Figura 124, Figura 125) e

pelas informações observadas na visita de retomada da elaboração do Plano de Manejo

desta consultoria.

O diagnóstico consolidado nos PDC das cinco comunidades, contempla bem o modelo

produtivo local, visto que as comunidades de Massapê, Jaminawá, Duas Nações e Redenção

possuem práticas bastante similares e apenas a comunidade de Alagoas se diferencia um

pouco deste padrão, com maior representatividade produtiva de lavoura branca e da

pecuária.

Na agricultura a ocupação produtiva das famílias é dominada pela lavoura branca (mandioca, arroz, milho e feijão) para subsistência e, em alguns casos para comercialização. De maneira geral os produtores utilizam, em média, 1 ha para o cultivo das espécies agrícolas, de forma consorciada. Destes itens cultivados, a mandioca domina

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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em volume produzido e, também, rendimentos na comercialização, principalmente na forma de farinha (Figura 128

Figura 128). A ênfase no plantio da mandioca se dá pela importância cultural na alimentação

básica dessas populações (Acre, 2010; 2013).

Todos esses itens de lavoura branca são produzidos predominantemente nos roçados de

terra firme e às beiras de igarapés, exceto o feijão, que os produtores locais posicionam na

maioria das vezes nos roçados de praia. Segundo os moradores, a produção de feijão e

milho sofrem perda considerável pela incidência de pragas como gorgulho (Acre, 2010, sem

data e 2013).

A produção é beneficiada na maioria das vezes de forma manual nos moldes tradicionais e

individualizada nos grupos familiares. Exemplo disto verifica-se que quase todas famílias

possuem suas próprias casas de farinha. A única casa de farinha comunitária da RESEX está

posicionada na comunidade Jaminawá/Restauração, mas não é utilizada coletivamente e

também não se encontra em bom estado de conservação (Figura 128 e Figura 129)

Nos últimos anos máquinas de beneficiamento (trilhadeiras de grãos, peladeiras de arroz e

máquinas de açaí) têm sido disponibilizada por programas e projetos públicos (

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 129), entretando, tem parado de funcionar, sem manutenção frequente, ou acabam

sendo utilizadas exclusivamente pelo morador que abriga o maquinário, conforme descrito

por eles mesmos nas reuniões comunitárias.

O sistema de produção agrícola da comunidade é o tradicional e itinerante corte e queima.

As áreas abertas em mata bruta são utilizadas por 02 ou 03 anos, para em seguida deixar

formar naturalmente a capoeira pelo mesmo tempo. As áreas geralmente são brocadas

(derrubada da floresta), queimadas e utilizadas para os cultivos. Plantios sem utilização de

“queimas” e sistemas agroflorestais são bastante raros. O armazenamento da produção

ocorre predominantemente em paióis próprios ou nas residências das famílias (Acre, 2010,

sem data e 2013).

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Figura 128. Implementos utilizados na produção da farinha de mandioca de uma casa de farinha comunitária.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 129. Infraestrutura e equipamentos para o beneficiamento de produtos na RESEX mapeados nas reuniões comunitárias de retomada da

elaboração do Plano de Manejo.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

278

A lavoura branca é complementada ainda pelo cultivo anual de cana-de-açúcar, hortaliças

e tabaco. Da cana-de-açucar o principal subproduto é a rapadura, mas também seus

derivados, o melado (Figura 130), o açúcar-mascavo e, no passado, a aguardente (IGLESIAS,

1998). As hortaliças são cultivadas nos terreiros das casas quase que exclusivamente para a

subsistência e o tabaco, produzido em pequena escala, para subsistência e comercialização

(Acre, 2010, sem data e 2013).

Figura 130. Litro de melado de cana de açúcar encontrado para comercialização na sede da ASAREAT, em Jordão.

Nos terreiros são produzidos também cultivos perenes e semi-perenes de frutíferas. Dentre

as frutas produzidas neste espaço, o domínio massivo é da banana, que predomina na

comercialização e é um dos itens da agricultura mais significativos para composição da

renda das famílias (Acre, 2010, sem data e 2013) (Figura 131).

Dentre as frutas cultivadas encontram-se ainda: a graviola, o caju, o mamão, os citros

(limão, laranja, tangerina e lima), o abacate, o abacaxi, o coco-da-baía, a manga, o cacau e

a melancia. A melancia merece destaque pois para algumas comunidades tem contribuído

de forma importante para composição da renda das famílias (PESACRE, 2013a). A melancia

e a abóbora são cultivadas em roçados de praia plantados nos meses de maio e junho, e

colhidas em agosto e setembro (PESACRE, 2013a, b e c).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 131. Bananas produzidas na RESEX do Alto Tarauacá e comercializadas na sede da ASAREAT, em Jordão.

Além dos cultivares, uma gama ampla de produtos de origem vegetal é obtida por

atividades extrativista nas matas brutas ou em aglomerados de palmeiras posicionados nos

terreiros. Embora os seringais da RESEX tenham sido grandes produtores de borracha, com

destaque para a região do igarapé Ouro Preto no seringal Alagoas (Figura 118), atualmente

esta atividade encontra-se praticamente inativa, devido principalmente a falta de

incentivos.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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O enfoque atual de produção sustentável no bioma Amazônico tem fortalecido algumas

atividades extrativistas, consequentemente é possível verificar a retomada da produção de

borracha. Exemplos desta retomada no estado do Acre, tem sido a produção na Reserva

Extrativista Chico Mendes da borracha em Folha de Defumação Líquida (FDL), utilizada na

fabricação de solas de sapato, que na localidade tem venda direcionada a uma empresa

francesa de sapatos (ex: VERT Shoes – ver site: https://www.vert-

shoes.com.br/content/36-borracha). Assim como a produção do couro vegetal “treetap”,

feito com borracha natural produzidas por comunidades e associações, por exemplo, a

Associação dos Seringueiros Kaxinawá do rio Jordão (ASKARJ) e a Associação dos

Seringueiros e Agricultores da Reserva Extrativista do Alto Juruá, utilizado em bolsas de

bicicletas da empresa Giant, em produtos da empresa francesa Hermés Sellier e de grifes

brasileiras como a Cantão, “Será o Benedito” e Osklen.

Outros produtos não-madeireiros integrantes do extrativismo múltiplo local são majoritariamente advindos de palmeiras como: açaí, buriti (Figura 132), bacaba, patoá, cocão (Figura 133

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Figura 133), bacuri e aricuri. Os mais utilizados na alimentação são os vinhos de açaí, bacaba

e patoá. Os moradores locais descreveram regiões importantes para obteção do açaí nas

comunidades do Jaminawá e Alagoas, próximas às margens do Igarapé São Salvador, onde

há um conglomerado destas palmeiras conhecido como “baixão do açaí”, com área

verificada em campo de aproximadamente 23,6 ha.

O cocão é utilizado como carvão e dele extraído o óleo para o consumo alimentar,

juntamente com o aricuri, tem as palhas preferidas para cobertura de casas, que a cada dia

são menos comuns na RESEX.

Figura 132. Açaí e buritis presentes em terreiros, são produtos do extrativismo local.

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Figura 133. Cocão utilizado como carvão, bem como o “forno”, que é um buraco no solo onde se prepara o carvão no terreiro e moradoras debulhando bacaba.

Além das palmeiras, o cipó-timbó é um produto extrativista não-madeireiro citado no PDC

Duas Nações (PESACRE, 2013b), que é utilizado para confecção de vassouras, paneiros,

peneiras e para outras diversas amarrações (Figura 134).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 134. Cipó-timbó utilizado localmente para produção de vassouras, paneiros, peneiras e outras diversas amarrações.

Com ocorrência na região e frequentemente utilizados em outras UC amazônicas, o óleo de

copaíba e as sementes de jarina não foram citados nos PDC da região da RESEX. Esses

produtos têm boa aceitação no mercado, sendo as sementes utilizadas na produção de

artesanatos e biojóias.

A atividade de retirada de madeira é frequente em todas as comunidades, sendo realizada

essencialmente para uso familiar, na construção e estruturação das casas, currais, cercas e

embarcações (canoas) (Figura 135). As madeiras localmente preferidas são: cedro e aguano

(mogno), complementadas por cumarú-ferro, jatobá, breu, amarelão, sucupira, cumarú-de-

cheiro, bálsamo e mulateiro.

Os comunitários mencionaram nas reuniões que as diversas madeiras de interesse deles, se

distribuem por toda área da RESEX, entretanto, na reunião da comunidade Alagoas, eles

afirmaram que há uma região localizada entre a margem sul do Igarapé São Salvador e a

margem oeste do Igarapé Nazaré, um aglomerado de espécies de madeira boa (madeira

nobre ou de Lei) (Figura 135).

Algumas famílias aproveitam as sobras da madeira e suas aparas para produção de carvão,

em algumas oportunidades também comercializam esse material (Figura 136).

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Figura 135. Madeiras utilizadas pelos comunitários para estruturação e construção de casas, currais e embarcações.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 136. Carvão sendo comercializado na sede da ASAREAT, em Jordão.

A produção de origem animal doméstica tem domínio da bovinocultura de corte e leite,

sendo menos expressivos nas pastagens os rebanhos de ovelhas, cabras e equinos (Figura

137). O gado criado na localidade é de animais mestiços, sem melhoramento genético,

sendo utilizado como reserva financeira, para a comercialização, e de forma menos

expressiva para o consumo da carne para subsistência. O leite também é consumido, com

produções pontuais de seus derivados como o queijo e o doce. Cabras e ovelhas tem uso

direcionado principalmente ao consumo familiar (SEMA, 2010d, e; PESACRE, 2013a, b, c).

Os animais de menor porte criados nas comunidades são as galinhas, porcos, patos (Figura

137) e capotes, com predomínio dos dois primeiros, tanto no consumo familiar, quanto para

geração de renda (SEMA, 2010d, e; PESACRE, 2013a, b, c).

O local destinado para a criação de bovinos, aves e suínos é o terreiro das casas, onde os

animais circulam livremente, sendo estruturas de confinamento como currais utilizados

pontualmente para manejo e embarque dos mesmos. Na produção animal verificou-se nos

PDC a necessidade dos dois principais insumos externos, a vacina e o sal mineral, que

representam em algumas comunidades 90% dos insumos adquiridos.

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Figura 137. Exemplos de criações de animais na RESEX (gado, patos e cavalos).

Parte importante da obtenção de proteína e gordura pelas famílias residentes na RESEX do

Alto Tarauacá e entorno é suprida pela atividade de caça e pesca (BOTELHO, 2013). A caça

é praticada extensivamente na RESEX e seu entorno.

Com relação as espécies caçadas três informações puderam ser consideradas neste

relatório, sendo que as mais antigas foram obtidas nos levantamentos de Iglesias (1998) e

mostram as preferências pelos animais de caça, considerando espécies pouco visualizadas

ou ditas com ausentes atualmente em algumas comunidades. Eram espécies

preferencialmente caçadas em 1998: a anta, o queixada, o porquinho, o veado, a capivara,

o tracajá, o jacaré, o mutum e o cujubim, sendo que estes dois últimos foram descritos

como ausentes na maioria das comunidades em que foram realizadas reuniões de retomada

do Plano de Manejo20.

Registros históricos relatam também que, patrões, em momentos de baixa no mercado da

borracha, passavam a comercializar couros de veado, porquinho, peles de onça e de

diferentes gatos do mato (IGLESIAS, 1998).

20 Ver item de avifauna que considera espécies da atividade de “tem ou não tem” realizada nas reuniões de retomada

do Plano de Manejo.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

287

Nas informações resultantes da elaboração do PDC descreveu-se que as espécies mais

caçadas em 2010 foram o veado, queixada, paca, tatu, macacos, nambus e cutias (SEMA,

2010 e – PDC Massapê), com estimativas de biomassa caçada por ano entre 970 kg na

comunidade Redenção e de 2.900 kg no Jaminawá, esses valores resultam em médias por

família nas comunidades Duas Nações, Jaminawá e Redenção de aproximadamente 43 kg

por ano (PESACRE, 2013a, b e c).

Já o estudo de práticas de caça realizado por Botelho (2013) nas comunidades de

Massapê/Xapuri e Alagoas registraram o abate anual de 2.151 indivíduos, que

correspondeu a aproximadamente 12.608,01 kg de carne de caça, obtidos a partir do

preenchimento pelos moradores de “calendários de caça”. Os animais mais caçados foram:

pacas (331), cutias (281), nambus (275), tatus (271) e quatipurus (234), sendo as maiores

biomassas obtidas para o veado-vermelho, porquinho e paca21. A biomassa caçada por

pessoa foi de 51,82 kg por ano, que alcançaria com base no tamanho médio das famílias

aproximadamente 310 kg por ano, ou seja, bem maior que o estimado nos PDC. Além de

mamíferos e aves, foram caçados também jacarés e jabutis.

Como a caça é uma atividade importante para os moradores da RESEX, duas atividades

relacionadas a ela são causadoras de conflitos locais recorrentes. A invasão dos limites da

RESEX por caçadores não beneficiários, sendo que a área identificada como invadida

abrange em torno de 13.775 ha, segundo depoimentos nas reuniões de 2017. A caça com

cachorro, que é debatida desde as primeiras reuniões do Conselho Deliberativo em 2010,

foi alvo de campanhas intensas da gestão do ICMBio para que as famílias beneficiárias não

possuíssem cachorros e atualmente tem sido relata como quase ausente dentre os

beneficiários da RESEX. A diretriz de que as famílias beneficiárias da RESEX não possuam

cachorros não é unanime entre integrantes do Conselho Deliberativo e moradores da UC.

A pesca ou atividade de mariscar é realizada pelos diversos beneficiários da RESEX nos rios

e igarapés de maior porte (Figura 138 e Figura 139). Os peixes de maior interesse dos

pescadores são curimatã e matrinxã segundo Iglesias (1998) e mocinha, surubim, mandi,

curimatã, bodó e piau (SEMA, 2010 e - PDC Massapê).

21 Ver tabela de resultado da pesquisa no item de pesquisa e monitoramento.

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Figura 138. Mariscada com tarrafa executada no rio Tarauacá.

Figura 139. Registros fotográficos da pesca na RESEX do Alto Tarauacá.

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Além da busca pelos espécimes favoritos, mariscadores locais costumam pescar os

“praianos” (que são peixes de pequeno porte) nos finais dos dias trabalho. Posicionados em

canoas em movimento lançam tarrafas nas cabeceiras das praias, pontos relativamente

rasos, capturando peixes pequenos (Figura 140) utilizados na alimentação familiar do dia-a-

dia.

Com relação aos procedimentos de comercialização nas comunidades da RESEX do Alto

Tarauacá verifica-se que, quando feita, é de forma desordenada, com todas as famílias

fazendo negócios independentemente. A venda é realizada principalmente no município de

Jordão em feiras ou na sede da ASAREAT, sendo menos frequente à venda para

intermediários (marreteiros), os quais pagam um preço abaixo do praticado no mercado

local.

O transporte das mercadorias é realizado individualmente pelos moradores, não havendo

a prática de frete coletivo. A falta de transporte para o escoamento dos produtos, segundo

os moradores é problema relevante.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 140. Riqueza de peixes praianos mariscados por pescadores em uma tarde na RESEX do Alto

Tarauacá.

2.3.7. Patrimônio material e imaterial

Os elementos mais importantes na formação cultural do município de Jordão são: o

nordestino/seringueiro imigrante do primeiro e do segundo ciclo da borracha, quando

tangidos pela seca ou atraídos por campanhas governamentais formaram a mão-de-obra

da empresa seringueira. De maneira geral, este é o patrimônio cultural da população mais

velha residente na RESEX, que ainda se orgulha de ter cortado seringa. A geração mais nova

tem se distanciado mais desse perfil. Além deles, a formação cultural também foi

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

291

influenciada pelos imigrantes vindos do sul do Brasil nas décadas de 70 e 80 do século

passado, junto com o fim do isolamento do Acre, incentivados pela política de colonização

e ocupação da Amazônia. Os “paulistas” eram populações de perfis culturais bastantes

distintos que chegaram ao território (SEMA, 2010).

Fazem parte do patrimônio cultural imaterial do município as seguintes festividades (SEMA,

2010):

a) Novenário de São Sebastião

Entre os dias 11 a 20 de janeiro acontece o Novenário em celebração a São Sebastião, o

padroeiro da cidade de Jordão. Segundo antigos moradores do município, a festa de São

Sebastião é celebrada desde 1952. Antes, em Jordão não se comemorava a festa de São

Sebastião e sim a sua honra.

A festa em honra a São Sebastião era comemorada em um seringal (São Paulo) nas

cabeceiras do rio Tarauacá. Tempos depois a festividade mudou-se para Jordão trazendo

consigo todos os aparatos que se utilizava para o Novenário no seringal São Paulo. Já em

1952 resolveram realizar a festa em honra a São Sebastião em Jordão. O sino que hoje é

usado na igreja da cidade é o mesmo que se utilizava no seringal São Paulo.

Durante os dias de Novenário vários fiéis das comunidades rurais e até de cidades vizinhas

vêm participar das missas de adoração a São Sebastião e outros vêm em virtude do

comércio, que nessa época é bem apreciado pela população.

Embora o aspecto religioso seja o principal objetivo do Novenário, nesse período observa-

se um grande movimento na economia do município, especialmente no setor do comércio

e serviços. Isso acontece por que essa festa religiosa faz parte da tradicional vida do povo

jordanense, sendo um referencial na organização da vida dos produtores rurais, moradores

dos seringais e das aldeias que se programam para estar na cidade nesse período para

participar da procissão que é o maior atrativo da festa, bem como, comercializar os

produtos agrícolas e adquirir objetos junto ao comércio local e de vendedores de outras

regiões atraídos pelo evento.

Nesta data também é realizada a Grande Copa São Sebastião de Futsal, que atrai todos os

jovens esportistas do município. Com o intuito participativo e competitivo, a cada ano a

disputa fica mais emocionante, grandes equipes vêm se revelando, fazendo assim, sua parte

para que o esporte de Jordão tenha mais qualidade e significado.

b) Aniversário do Município

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

292

O aniversário do município de Jordão que acontece dia 28 de abril é um grande evento para

a população local, tendo em vista, representar a independência política administrativa do

município em relação a Tarauacá. Nessa ocasião, a prefeitura local organiza uma grande

festa, aberta com o pronunciamento do prefeito, desfile das escolas, dos povos indígenas,

apresentação de fanfarra, torneio de futebol e baile noturno. Nessa ocasião o município

fica bastante movimento, devido, principalmente, a presença das comunidades rurais que

se dirigem a sede do município para apreciar os festejos (Figura 141).

Figura 141. Atividades festivas de aniversário do Município de Jordão com o pronunciamento do

prefeito (à esquerda) e desfile das escolas (à direita)

c) Arraial Cultural

No município de Jordão, não diferente de outras localidades do Acre, realizam-se os

populares “arraiais culturais”. Esse tipo de festa não é típico da região acreana, mas

influenciada pela cultura nordestina, transferida para a região junto com a população,

principalmente, de cearenses que colonizaram todo o Acre no período áureo da produção

de borracha.

Os arraiais realizados na cidade de Jordão são precedidos pelas novenas em ação de graças

aos três santos católicos: São João, São Pedro e Santo Antônio. A festa que acontece no mês

de junho faz parte do fechamento de cada etapa, sendo marcada pelas fogueiras, que

servem como centro para a famosa dança de quadrilhas.

Além de alegrar a população local, com a apresentação das danças, os arraiais também

representam um importante evento econômico, tendo em vista que são comercializadas

comidas típicas, geralmente feitas com produtos locais, como o milho, a mandioca e os

famosos pratos a base de carne de pato e de galinha caipira.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

293

d) Festival de Verão de Jordão

O Festival de Verão de Jordão acontece no final do mês de julho quando as águas do rio

Tarauacá baixam e então forma um banco de areia a sua margem esquerda em frente à

sede do município.

O evento acontece durante um final de semana e envolve algumas atrações, incluindo show

de bandas locais e do município de Tarauacá, campeonato de vôlei de areia e escolha da

garota verão, que vai representar a beleza do evento.

O festival de praia como é mais conhecido na região atrai crianças, jovens e idosos que vão

durante o dia e também a noite prestigiar todas as atrações. Além de apreciar as comidas

típicas servidas nas barracas e o banho nas águas do rio Tarauacá.

e) Torneio de futebol de campo no interior

A Prefeitura de Jordão através da Coordenação de Esportes e a Secretaria de Educação

promovem anualmente o campeonato de futebol da zona rural. Esse evento já se consagrou

como cultural, tendo em vista ser acirrada a disputa entre os times da zona urbana e da

zona rural, que em geral são de jogadores indígenas.

Sítios arqueológicos

A RESEX do Alto Tarauacá está localizada em uma das regiões de mais alta densidade de

sítios arqueológicos no estado do Acre, na fronteira entre os municípios de Jordão e

Tarauacá (ACRE, 2006b). Porém a lacuna de conhecimento é muito grande. Segundo o

IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), as pesquisas arqueológicas

no estado do Acre só foram realizadas a partir da década de 70 e tem caminhado a passos

curtos e inconstantes. Na área da RESEX, particularmente no seringal Alagoas, moradores

do igarapé São Salvador na comunidade Nazaré, e nos Seringais Boa Vista e Duas Nações

afirmam encontrar corriqueiramente gigantescos de ossos fósseis de animais às margens

do igarapé (Figura 142), inclusive vários deles teriam sido levados para suas residências,

entretanto, ainda não houve nenhum estudo ou pesquisa para averiguação da questão. No

entorno da RESEX também foi identificada uma área de ocorrência de fósseis.

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Figura 142. Mapa dos registros fósseis indicados por moradores locais nas reuniões comunitárias de elaboração do Plano de Manejo da

RESEX do Alto Tarauacá.

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295

2.3.8. Situação fundiária

Para fazer um panorama da questão fundiária da RESEX do Alto Tarauacá e entorno

realizamos: 1) reuniões com a Coordenação de Gestão do Território (CGTER/ICMBio),

equipe de gestão da UC e de acompanhamento do Plano de Manejo, 2) consulta ao processo

de criação da RESEX e ao processo administrativo de desapropriação do Seringal Alagoas

(No 02001.007359.2002.01), 3) consulta as informações dos bancos de dados do CAR,

Imaflora e INCRA e 4) consulta as informações organizadas pela UFV em 2014.

A RESEX do Alto Tarauacá foi criada a partir da reinvindicação de moradores por uma área

contínua entre os municípios de Jordão e Tarauacá composta por seis seringais nativos: Boa

Vista, Duas Nações, Massapê, Alagoas, Tabocal e Oriente, a posse Goyas e pequena parte

do seringal Primavera (IGLESIAS, 1998).

As Reservas Extrativistas são de domínio público, com uso concedido às populações

extrativistas tradicionais conforme o disposto no art. 23 da Lei 9.985 de 18 de julho de 2000

e regulamentada pelo decreto 4.340 de 22 de agosto de 2002, sendo que as áreas

particulares incluídas em seus limites devem ser desapropriadas. A terra é concedida para

uso coletivo das populações tradicionais e não é permitido o loteamento e a venda das

colocações. De acordo com a legislação, a posse e o uso das áreas ocupadas pelas

populações tradicionais dentro da RESEX devem ser reguladas por instrumentos legais de

gestão como o plano de manejo, incluindo o acordo de gestão, e o contrato de concessão

de direito real de uso (CCDRU) da RESEX.

Em relação à situação fundiária da RESEX do Alto Tarauacá, sabe-se que os seringais Boa Vista,

Duas Nações e Massapê foram desapropriados pelo IBAMA para a criação da RESEX Alto

Juruá, mas possivelmente não foram repassadas para o ICMBio. A informação disponível

por enquanto é um processo que foi aberto anos atrás, onde se solicita a indenização pela

área correspondente ao seringal Alagoas. Após diversas tentativas de negociação por parte

do solicitante e órgão gestor (Ibama), não houve entendimento e o último ofício que consta

no processo administrativo indica que a PFE/IBAMA/AC encaminhou o processo para

arquivamento em definitivo em 2011.

Apesar de não haver um título individual válido de propriedade de terra dentro da Unidade,

20,7% dos moradores declararam possuir algum documento de aquisição da área de

moradia, sendo o ITR (Imposto Territorial Rural) o mais citado com 83,3% seguido por

contrato de compra e venda com 10%, declaração do ICMBio com 3,3% e comprovante de

compra de benfeitoria 3,3%. Apenas 15,2% dos moradores afirmaram conhecer o CCDRU

(UFV, 2014). Possivelmente este comprovante de compra de benfeitoria mencionado é o

documento que registra o negócio de compra e venda de benfeitorias associadas às

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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colocações entre beneficiários da RESEX, regrados no Acordo de Gestão da Unidade. Este

instrumento de gestão estabelece que é permitido apenas a venda de benfeitorias22, sendo

que depois de vendidas perdem-se os direitos de uso sobre a colocação. O processo de

compra e venda deve ser documentado e comunicado ao Conselho Deliberativo e ICMBio.

Para complementar a análise da situação fundiária das propriedades da RESEX e dos

vizinhos confrontantes, as informações disponibilizadas pelo Atlas da Agropecuária

Brasileira (IMAFLORA, 2017) nos permite notar que o entorno da RESEX é composto por

áreas protegidas (terras indígenas e outras RESEX), terras não destinadas (terras públicas

ainda não destinadas pelo governo) e algumas propriedades rurais inscritas no Cadastro

Ambiental RURAL (CAR) (Figura 143). Existe um assentamento de reforma agrária de gestão

municipal de Jordão, a sul da RESEX, próximo a comunidade Boa Vista/Santa Júlia

denominado “PCA Casulo São João” que foi criado em 2008 e possui 116 famílias assentadas

(INCRA, 2017).

Aprofundando a análise nos dados do CAR disponíveis no SICAR, é possível observar ao sul

da RESEX, nas proximidades da comunidade Boa Vista/Santa Júlia uma propriedade rural

que se sobrepõe à área da RESEX em, aproximadamente, 257 ha de área. A Reserva Legal

dessa propriedade situa-se dentro dos limites da RESEX e possui 209 ha de área (Figura

144). Observa-se também que algumas áreas dentro da RESEX estão cadastradas no CAR

como “área consolidada” que significa, de acordo com o Código Florestal, Lei nº 12.651/12

“área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com

edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvopastoris, admitida, neste último caso, a

adoção do regime de pousio”.

A área localizada mais a sul da RESEX pode ser considerada a mais sensível com relação a

conflitos e pressões fundiárias, pois, além de interagir diretamente com proprietários rurais

particulares, pode futuramente sofrer pressão de expansão da área urbana de Jordão.

Outra questão importante que merece ser mencionada é que há um processo na FUNAI de

reinvindicação de ampliação da Terra Indígena Jaminawá Arara do rio Bagé. Os indígenas

apontam um possível erro de demarcação na porção que a TI confronta com a RESEX. As

cabeceiras do rio Bajé estão localizadas fora da área da TI e dentro da área da RESEX na

porção oeste. A proposta é incluir todas as nascentes rio Bajé na TI, onde existiram

colocações exploradas pelos indígenas. Essas nascentes fazem divisa com as nascentes do

22 Entende-se benfeitorias na região como melhorias feitas a colocação, como o estabelecimento de roçados,

construção de cercas, casas e outras estruturas (acordo de gestão - portaria n° 354, de 23 de maio de 2017)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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igarapé Nazaré e situam-se em região que não tivemos informação de uso por parte dos

moradores da RESEX na atualidade.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 143. Situação da malha fundiária no entorno da RESEX do Alto Tarauacá.

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Figura 144. Propriedades cadastradas no CAR na região da RESEX do Alto Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

300

2.3.9. Áreas protegidas do entorno

A análise sobre o entorno da RESEX foi concentrada nos elementos territoriais e

populações que se localizam no entorno imediato da UC e apresentam interfaces

relevantes com a Unidade ou com os moradores dela. Neste processo foram analisados

documentos de diagnóstico, ordenamento e planejamento destas áreas e comunidades

e realizamos entrevistas com gestores das Unidades de Conservação para levantar

informações relevantes para a gestão da RESEX ou para seus moradores. A sede urbana

do município do Jordão não será tratada neste capítulo, pois foi detalhada no item 2.1.5.

Em relação aos povos e terras indígenas analisamos o contexto histórico-social dos

povos indígenas que vivem no estado do Acre, destacando aqueles vizinhos à RESEX do

Alto Tarauacá. Analisamos mais detalhadamente os aspectos relacionados à gestão

ambiental e territorial das TIs que tem maior relevância para a RESEX, a relação de seus

beneficiários com os povos que habitam estas TIs e o papel destas TIs na conservação

da biodiversidade da RESEX. Para tanto, analisamos documentos produzidos sobres

estas TIs e seus povos, principalmente os etnomapeamentos, etnozoneamentos e

etnolevantamentos, bem como os Planos de Gestão Territorial e Ambiental e Planos de

Vida. Relatórios internos da Comissão Pro-Índio do Acre e SEMA-AC, artigos publicados

e dados de pesquisa anterior realizada por P.A.L. Constantino também foram analisados.

Além destes, dados demográficos e das TIs foram levantados com organizações

indigenistas como o Instituto Socioambiental, CPI-AC e FUNAI. Levantamos também

oportunidades institucionais para a atenuação de situações de conflitos que possam

existir entre beneficiários da RESEX e indígenas.

Na zona rural do entorno da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá existem duas Reservas

Extrativistas, quatro Terras Indígenas imediatamente vizinhas e outras três bastante

relevantes para a Unidade, um assentamento de reforma agrária municipal, terras

privadas cadastradas no CAR e terras não destinadas (ver Figura 143 e Figura 144 item

2.3.7). O planejamento dessas áreas não destinadas e privadas, cadastradas no CAR,

presente nos ordenamentos territoriais municipais de Jordão e de Tarauacá, juntamente

com o governo estadual do Acre, definem diretrizes de intervenção pública para o

território de ambos os municípios. Em uma das áreas não destinadas o governo do

estado reconhece a Comunidade Polo (COP) Redenção, cujas famílias vivem no entorno

imediato da RESEX (Tabela 21). É justamente por dentro das terras não destinadas que

passa o ramal da integração que liga a comunidade de Novo Porto no rio Muru ao

município de Jordão, sendo também relevante para o contexto do entorno da RESEX.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

301

2.3.9.1. Reservas Extrativistas

Reserva Extrativista do Alto Juruá

A RESEX do Alto Juruá foi criada em 1990, a primeira RESEX criada no Brasil, no município

de Marechal Thaumaturgo para assegurar a conservação da biodiversidade e o modo de

vida dos seringueiros daquela região. Portanto, a população desta UC, de modo geral,

passou pelas mesmas dinâmicas e desafios que incidiram com a expansão territorial

vinculada à economia da borracha, as flutuações de demanda pelo látex até o declínio

desta economia, a chegada dos “paulistas”, a organização e mobilização social e a nova

ordem sem patrões e com a cogestão de uma RESEX. Até hoje, porém, a Unidade não

tem Plano de Manejo.

Durante as décadas de 1990 e 2000 a biodiversidade e a população da RESEX foram

estudadas sob variadas perspectivas. Os estudos de Mauro W.B. Almeida e Manoela C.

da Cunha e seu grupo de colegas pesquisadores foram os principais estudiosos da

Unidade (ALMEIDA et al. 2016), que apoiaram a construção do Plano de Utilização da

RESEX nos anos de 1990. Vários dos conflitos existente naquela época ainda são

debatidos atualmente em outras UC e permanecem não resolvidos dentro do ICMBio,

como a questão da caça de subsistência.

Atualmente existem pelo menos duas reivindicações de Terras Indígenas em terras onde

a RESEX foi criada. Este é um dos conflitos importantes nesta UC. Além disso, a RESEX é

uma das mais desmatada nos últimos anos na Amazônia, 39ª entre 2012 e 2015 com

0,09% de área da UC desmatada (ARAUJO et al. 2017).

A RESEX do Alto Tarauacá faz fronteira com a RESEX do Alto Juruá apenas na porção

sudoeste, na região das cabeceiras dos igarapés Nazaré, Mato Grosso e Zé de Melo,

afluentes do Tarauacá e Manteiga, Riozinho e Camaleão, afluentes do Tejo, portanto em

bacias hidrográficas diferentes. Existe um varadouro que liga as comunidades das duas

RESEX, porém é atualmente pouco utilizada. A região de fronteira, então, é atualmente

pouco utilizada, porém a área das cabeceiras do rio Tejo é ainda referência territorial

para algumas famílias que vivem na RESEX do Alto Tarauacá, principalmente nas

comunidades Boa Vista e Massapê. É pertinente esta relação visto que pelo menos 3%

da população que hoje vive na RESEX do Alto Tarauacá migrou da RESEX do Alto Juruá,

outros 4% informou ter migrado do Juruá e mais 3% informou ter migrado do município

de Marechal Thaumaturgo.

É importante lembrar que no período de desapropriação dos seringais da RESEX do Alto

Juruá, foram desapropriados pelo IBAMA alguns seringais no rio Tarauacá. Por estarem

localizados em águas de outra bacia hidrográfica, estes seringais não foram incluídos na

RESEX do Alto Juruá. Estes seringais foram posteriormente incluídos na proposta da

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RESEX do Alto Tarauacá, representando uma das primeiras motivações para a criação da

RESEX (IGLESIAS, 1998).

Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade

A RESEX Riozinho da Liberdade foi criada em 2005 pela demanda dos extrativistas que

enfrentavam ameaças de perda da terra para grandes empresários madeireiros. O Plano

de Manejo dela está em elaboração.

A RESEX incide nos municípios de Porto Walter, Cruzeiro do Sul, Marechal Thaumaturgo,

Tarauacá, no Acre e Ipixuna, no Amazonas. A região e a população residente da RESEX

passaram pelo mesmo processo que as RESEX do Alto Juruá e do Alto Tarauacá

consequente da exploração da seringa e produção de borracha e, posteriormente ao

declínio desta economia, a chegada dos “paulistas”. O Riozinho da Liberdade foi uma

das principais regiões produtoras de borracha durante o primeiro ciclo da borracha, mas

assim como em todo o estado do Acre foi palco das correrias contra os indígenas.

Atualmente a RESEX está sobreposta a duas terras indígenas demarcadas.

A RESEX faz limite com a RESEX do Alto Tarauacá em um pequeno trecho nas cabeceiras

do Riozinho da Liberdade e dos igarapés Ouro Preto e São Salvador, afluentes do rio

Tarauacá. Esta área de cabeceira é muito pouco utilizada pelos moradores da RESEX

Riozinho da Liberdade, já que está muito distante das áreas de moradia, nas cabeceiras

de pequenos igarapés.

2.3.9.2. Povos e terras indígenas no Acre

A região do oeste Amazônico foi ocupada pelos falantes das Famílias Linguísticas Pano

e Arawak desde antes das primeiras ocupações europeias na América do Sul. Nesta vasta

região, estes dois grandes grupos étnicos expandiram e retraíram seus territórios ao

longo dos séculos, estreitando e estressando relações intra- e inter-étnicas (HORNBORG

e ERIKSON, 2011). As identidades étnicas nesta região são muito mais reflexo das

distinções culturais reproduzidas por mecanismos sociais do que distinções genéticas ou

biológicas (HORNBORG e ERIKSON 2011). Entre os Pano, Melatti (2016) ressalta que “os

grupos panos certamente se fragmentavam e se fundiam, ao sabor de alianças e

conflitos, até que sua dizimação, a intrusão de colonos civilizados entre suas áreas, a

delimitação das mesmas, concorreu para cristalizá-los nos grupos étnicos que

conhecemos atualmente”. Portanto, a configuração sociocultural estática dos povos

Pano no Acre atual é um processo recente, iniciado a partir do contato com os não

indígenas. Os povos que habitam atualmente as TIs do entorno da RESEX do Alto

Tarauacá são ou falantes de língua da Família Arawak (Ashaninka) ou de línguas Pano

(todos os outros povos), exceto os isolados dos quais não se conhece a etnia.

Obviamente estes povos também ocuparam a área que hoje é destinada para a RESEX

do Alto Tarauacá, tendo como registro mais claro, o nome de alguns igarapés

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

303

importantes fazendo referência aos povos indígenas, como é o caso do igarapé

Jaminawá e do igarapé dos Índios.

Os contatos mais intensos entre os povos que habitavam as cabeceiras dos rios Juruá e

Purus e os não indígenas se deram como consequência da expansão territorial da

economia da borracha entre o fim do século XIX e início do século XX. Entretanto, antes

disso, comerciantes já transitavam nos altos rios Juruá e Purus de forma mais esporádica

sem afetar os territórios e a ordem indígenas de maneira considerável. A partir do fim

do século XIX a exploração do caucho (Castilla ulei), peles e madeira de lei, se move a

partir do oeste no Peru seguindo a distribuição desta espécie até a zona de fronteira

com o Acre, até o declínio desta economia em 1912. Com pouca sobreposição espacial

no Acre, a economia de exploração da seringa (Hevea brasiliensis) invade a região do

Acre a partir do leste no Brasil até a fronteira com o Peru (ROSA, 2004; PIMENTA 2017),

chegando na boca do rio Tarauacá em 1881, na foz do rio Muru, já no Acre, em 1885, e

no Jordão em 1900 (Iglesias 1998). Em linhas gerais, a exploração do caucho tinha como

característica a derrubada das árvores para retirada do látex, de qualidade inferior à

seringueira. Consequentemente, os caucheiros esgotavam os recursos de uma área e se

deslocavam em busca de novas árvores (CUNHA, 1909; ROSA, 2004; PIMENTA, 2017).

Não era de interesse deste sistema que houvesse obstáculos que dificultassem o avanço

da frente de expansão e a extração do caucho. Assim, os indígenas que habitavam

territórios por onde a frente passava eram dizimados ou obrigados a se deslocar para

outras áreas. Para tanto, a frente de expansão caucheira trazia consigo um exército

responsável por realizar as correrias contra os indígenas para limpar as matas que

seriam exploradas e proteger os caucheiros (CUNHA, 1909). A frente de expansão

caucheira, então, empurrou os povos sobreviventes em direção leste, cada vez mais

para dentro do Brasil, além de trazer consigo do Peru indígenas integrantes dos exércitos

que participavam das correrias (PIMENTA, 2017). Desde então houve ondas de migração

de famílias indígenas, principalmente Ashaninka, para o Brasil por diversos motivos

como a guerra contra o Sendero Luminoso e o Movimento Revolucionário Tupac Amaru

ou a fuga deles até a busca pela exploração da madeira (PIMENTA, 2017). É importante

notar que no tempo deste grande movimento territorial causado pelas frentes caucheira

e seringalista a fronteira entre Brasil e Peru não era claramente definida e parte do que

hoje é o estado do Acre era ainda território peruano. Portanto, a ocupação do território

por estes povos indígenas não levava em consideração limites políticos nacionais, que,

nesta região, foram impostos sobre os territórios indígenas (PIMENTA, 2002; CORREIA e

PIMENTA, 2012).

Ao contrario da exploração do caucho, o sistema de exploração da seringa era baseado

no estabelecimento de seringais, em um modelo em que o seringueiro fixava residência,

pois o extrativismo deste recurso exigia que as árvores permanecessem em pé e a

retirada do látex fosse realizada diariamente (PIMENTA; 2017). Assim, a expansão desta

frente também dizimou muitos povos indígenas ao longo do caminho, empurrando os

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304

sobreviventes em direção oeste para se refugiarem nas cabeceiras dos rios e seus

principais afluentes, fazendo com que alguns grupos migrassem para terras peruanas,

em movimento oposto ao da frente de expansão caucheira, ou para áreas onde não

havia seringa 23 . Ainda assim muitos povos tentaram resistir às invasões de seus

territórios, como aconteceu justamente em alguns dos seringais atualmente parte da

RESEX do Alto Tarauacá. “Os aborígenes da bacia do Tarauacá foram os que ofereceram

mais viva resistência as pessoas que pretendiam fixar-se na região acreana”, “os ataques

permanentes aos seringais Primavera, Alagoas e Revisão, sendo que, neste último, os

Amauacas moradores no Juruá peruano sempre o invadem, depredando e matando”

(CASTELO BRANCO 1961 apud IGLESIAS, 1998). Porém, uma vez estabelecidos os

seringais e colocações, algumas famílias indígenas sobreviventes que não foram

obrigadas a migrar foram, pouco a pouco, sendo incorporadas no sistema que mantinha

a economia da borracha. Principalmente a partir do segundo boom da seringa, para

alimentar a 2ª Guerra Mundial, até a quebra definitiva da economia da borracha na

Amazônia, os indígenas foram recrutados como mão-de-obra para diversas atividades

nos seringais, desde o corte da seringa até a proteção dos seringais dos índios “brabos”,

passando pelo fornecimento de carne de caça para os seringalistas e pela limpeza dos

campos de gado. Com pouquíssimas exceções os indígenas, assim como os seringueiros

vindos do nordeste e seus descendentes, ficavam presos no sistema imposto pela

economia da borracha pelo sistema de “aviamento”, independente da atividade

realizada por eles. Neste sistema de escravidão, os patrões seringalistas ou seus

gerentes de seringais forneciam produtos necessários para o trabalho e de consumo

para os trabalhadores (indígenas ou não) que seriam pagos com a produção. Porém,

como o único controle era feito pelos seringalistas e a produção era sempre menor do

que o custo dos produtos fornecidos, mantendo os trabalhadores sempre em dívida com

os patrões. Neste sentido, muitos indígenas viveram experiências semelhantes às vividas

por seringueiros de origem nordestina. A imposição sociocultural pelo sistema

econômico, acompanhado de grande contribuição de instituições vinculadas às religiões

cristãs que provocavam ainda mais opressão sociocultural dos diferentes povos, foi tão

forte para a maioria dos povos integrados na economia da borracha que muitos

perderam sua identidade étnica.

Nas décadas que decorreram o declínio da economia da borracha na Amazônia, os

seringalistas do Vale do Tarauacá se viram coagidos a vender os seringais para os

“paulistas” subsidiados pelo governo, com o intuito de instalar fazendas para a pecuária.

No entanto, os bancos de crédito só apoiavam os novos investidores na compra de terras

se estas estivessem desocupadas de posseiros e indígenas. Mais uma vez, os indígenas

23 Vale ressaltar que neste processo chega à região um povo de língua Arawá, os Kulina (Madija), que foram empurrados do médio Juruá para às terras do alto Juruá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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que, por alguma razão, permaneceram vinculados aos seringais foram forçados a sair

dos locais que habitavam.

A partir dos primeiros trabalhos da FUNAI de identificação de indígenas no estado junto

com alguns indigenistas que passaram a se organizar para apoiar os povos, iniciou-se um

processo de luta pelos direitos indígenas. Logo algumas lideranças indígenas

despontaram como agentes fundamentais na luta pela demarcação das TIs. Esse

movimento culminou na reorganização de vários povos, na busca e recriação das

identidades étnicas e do ressurgimento de povos que haviam sido suprimidos por

décadas. Com isso temos, no Acre, uma situação bastante diversa no que diz respeito

ao cenário indígena. Vários povos em uma área relativamente pequena, um mesmo

povo distribuído em várias TIs sendo que em algumas delas as famílias têm identidade

étnica mais consolidada enquanto em outras em forte processo de reconstrução, alguns

povos sendo “descobertos”, entre outros aspectos da diversidade indígena no estado.

A distribuição atual dos povos nas terras indígenas na região reflete a distribuição destes

grupos depois de terem passado pela influência do ciclo da borracha e decorrente

passagem dos paulistas. Neste cenário, os indígenas que se mantiveram em isolamento

foram os grupos que se refugiaram justamente próximo a linha de fronteira tanto no

Brasil quanto no Peru. Entre os povos habitantes das TIs próximas à RESEX do Alto

Tarauacá, os Ashaninka, Kaxinawa e Jaminawá são os mais numerosos atualmente no

Brasil, além de terem população também no Peru, onde está a maioria dos Ashaninka,

a minoria dos Kaxinawa e 25% da população Jaminawá, sendo que outros 25% vivem na

Bolívia. Os Yawanawa também vivem no Peru e Bolívia. No Brasil, os Ashaninka ocupam

6 Terras Indígenas, todas elas no Acre, tendo uma população total de 1.645 pessoas. Os

10.818 Kaxinawa vivem em 12 TIs no Acre, enquanto os Jaminawá ocupam 8 TIs no Acre

com população de 1.454 pessoas. Os Shawãdawa e Katukina vivem em apenas duas TI

no Acre, enquanto os Yawanawá só vivem na TI rio Gregório. Estes povos têm população

total de 677, 1.154 e 831 pessoas no Brasil, respectivamente.

Nas últimas duas décadas, principalmente como consequência dos esforços dos

movimentos sociais organizados e política governamental, o governo estadual passa a

buscar diálogo mais próximo com os povos indígenas e maior intensidade de apoio.

Assim, o governo já contou com uma Secretaria Especial de Povos Indígenas,

reestruturada para uma Assessoria Especial dos Povos Indígenas que promove

articulação com as secretarias de estados para inclusão e aprimoramento das questões

indígenas em seus programas. Atualmente, a Secretaria de Meio Ambiente do Estado

(SEMA) e a Secretaria de Extensão Agroflorestal e Produção Familiar (SEAPROF) tem

atuado de maneira mais direta com os povos indígenas em questões relativas a gestão

ambiental nas TIs e entorno (PROACRE, 2013).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

306

Além dos indígenas residentes nas TIs, a população indígena urbana vem aumentando

nas cidades acreanas. Entre 1990 e 2010, o número de indígenas registrados pelo IBGE

nas áreas urbanas do estado triplicou passando de 839 para 2.595 (IBGE ,2010). O maior

contingente de indígenas urbanos está nas maiores cidades do estado (i.e. Rio Branco,

Cruzeiro do Sul, Tarauacá), mas é nos municípios menos populosos que eles

representam parcela significativa da população tanto rural quanto urbana. Em Santa

Rosa do Purus, os indígenas representam 53,8% da população total e 17% da urbana,

enquanto no Jordão, os indígenas, praticamente todos Kaxinawa, representam 32,4%

da população total e 6,3% da urbana – números que figuram entre os maiores do Brasil

(IBGE, 2012). E ainda, quase 7% da população indígena no município do Jordão,

possivelmente toda ela Kaxinawa, foi indicada como residente na área urbana. A

ocupação urbana indígena é recente nestas cidades do estado, já que no censo de 2000

o IBGE não identificava nenhum indígena residente nos centros urbanos de Jordão e

Santa Rosa do Purus. Em Tarauacá também houve um aumento significativo no mesmo

período, sendo que os indígenas representam hoje 4% da população total e 1,4% da

urbana, totalizando 8% da população indígena vivendo na cidade.

A ocupação indígena nas cidades, principalmente as menores nos municípios de maior

proporção populacional indígena pode se dar de maneira permanente, mas na maioria

das vezes representa uma moradia secundária ou transitória. Geralmente, os indígenas

visitam as cidades para ter acesso aos bens e produtos industrializados comercializados

majoritariamente nas cidades, resgate de salários e benefícios sociais como

aposentadoria e, mais recentemente, a bolsa família, acessar tratamentos de saúde e

por lazer (P.A.L. CONSTANTINO, dados não publicados para os Kaxinawa das TIs Jordão).

A permanência mais duradoura nas cidades tem como principais motivações a

participação mais intensa no universo político e social de fora das TIs, o acesso mais fácil

aos serviços públicos, como os de saúde e mais recentemente à educação escolar, e o

acesso mais frequente aos privados. Além destes, recentemente vem crescendo o

estabelecimento de negócios indígenas particulares nas cidades. A participação indígena

na política formal pode ser traduzida pela eleição de representantes Kaxinawa no

município do Jordão. Pelo menos em 2000, 2012 e 2016 um vereador Kaxinawa foi eleito

no município, e em 2004 um vice-prefeito.

Portanto, paralelamente ao movimento de aprimoramento da gestão de territórios

delimitados, e em contraponto a este, os indígenas vêm aumentando seus vínculos com

as cidades e o acesso aos benefícios e serviços públicos. De acordo com Proacre (2013)

“dados sistematizados pelo Departamento de Proteção Social Especial (DPSE), da

Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social, em junho de 2012, por sua vez, indicam

a dependência dos povos indígenas dos recursos de programas de transferência de

renda do governo federal. Esses dados indicam que 2.176 famílias indígenas estavam

inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais (CADÚnico), totalizando 10.638

indivíduos. Por sua vez, 1.784 famílias eram beneficiárias do Programa Bolsa Família,

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307

totalizando 8.563 indivíduos, ou 53% da população indígena no estado, quando levados

em conta os dados do censo do IBGE. A proporção de beneficiários indígenas em alguns

municípios do estado é representativa: este é o caso de Santa Rosa do Purus, onde 71%

dos beneficiários do Programa Bolsa Família são indígenas, assim como de Jordão, onde

41% são indígenas e em Assis Brasil, onde 37% o são. Esses dados não contemplam, por

sua vez, o expressivo número de aposentados indígenas e do crescente número de

mulheres indígenas que têm acessado os recursos do auxílio-maternidade. Essa

crescente inserção dos indígenas em fluxos financeiros possibilitados pelos programas

sociais tem tido repercussões negativas sobre as práticas de subsistência de muitas

famílias indígenas, especialmente aquelas que vivem em aldeias mais distantes dos

centros urbanos. Estas são obrigadas a empreender longas viagens para receber seus

“benefícios”, com altas despesas de combustível e alimentação durante a permanência

na cidade e a reativação de relações de endividamento com os comerciantes urbanos.

Os longos períodos ausentes das aldeias, por outro lado, têm causado prejuízos

substanciais às práticas agrícolas e à criação de pequenos animais, portanto, alguns dos

alicerces da segurança alimentar das famílias”.

2.3.9.3. Povos e terras indígenas

As Terras Indígenas imediatamente adjacentes à RESEX do Alto Tarauacá são ocupadas

pelos Huni Kuin (ou Kaxinawa) - TI Kaxinawa do Baixo rio Jordão, os Yawanawa e

Katukina - TI rio Gregório, os Jaminawá (ou Yaminawa) e os Shawãdawa (ou Arara) - TI

Jaminawá/Arara do rio Bagé e os Ashaninka (ou Kampa) - TI Kampa do igarapé

Primavera. Outras TIs do entorno não imediato da RESEX do Alto Tarauacá que tem

relevância para a gestão da mesma são as TIs Kaxinawa do rio Jordão e seringal

Independência e as TIs Alto Tarauaca, igarapé Taboca do Alto Tarauacá (em

identificação) e Cabeceiras dos rios Muru e Iboiaçu (em identificação), destinadas para

os indígenas em isolamento (Figura 145).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 145. Entorno da RESEX do Alto Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

309

Estas TIs adjacentes à RESEX representam 23% da área protegida pelas TIs do estado do

Acre – a maioria delas compondo o grande mosaico de TIs e UC nas cabeceiras das bacias

dos rios Purus e Juruá, que também inclui áreas protegidas do Peru. A densidade

populacional indígena nestas TIs é de 0,005 habitantes/ha. Entretanto, entre 2000 e

2015 a população indígena aumentou entre 17% e 200%, crescendo em taxas anuais

médias que variaram de 1,08% a 7,61%, sendo que as TIs Kaxinawa apresentaram os

maiores crescimentos populacionais (Tabela 26, Figura 146). Estes valores não incluem os

indígenas residindo fora das TIs. Para motivo de comparação, entre 2000 e 2010 a

população de Jordão cresceu com taxa anual de 3,97%, a do Acre com taxa anual de

2,77%, a norte do Brasil 2,09%, sendo a maior do país, que teve média de 1,24%.

Portanto, a população indígena destas TIs cresce consideravelmente mais do que a

população não indígena.

Tabela 26. Crescimento populacional nas Terras Indígenas adjacentes à RESEX do Alto Tarauacá.

Terra Indígena População

Crescimento

absoluto (%)

Taxa anual de

crescimento (%)

2000 2005 2010 2015

Jaminawá Arara do rio Bagé 165 169 195 194 17,58 1,09

Kampa do igarapé Primavera 21 21 26 42 100,00 4,73

Kaxinawá do Baixo rio Jordão 203 319 172 513 152,71 6,38

Kaxinawá do rio Jordão 920 1230 1470 1549 68,37 3,53

Kaxinawá seringal

Independência 138 166 209 415 200,72 7,62

rio Gregório 480 494 511 578 20,42 1,25

Fonte: adaptado de ISA (2017) e CPI-AC (2017)

Figura 146. Crescimento populacional nas TIs do entorno da RESEX do Alto Tarauacá. Fonte: adaptado de ISA (2017) e CPI-AC (2017).

0

200

400

600

800

1000

1200

1400

1600

1800

2000 2005 2010 2015

Po

pu

laçã

o

Jaminawa Ararado Rio Bagé

Kampa doIgarapéPrimaveraKaxinawá doBaixo RioJordãoKaxinawá doRio Jordão

KaxinawáSeringalIndependênciaRio Gregório

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

310

Relação entre os beneficiários da RESEX do Alto Tarauacá e os indígenas, e da RESEX e

as TIs

Os moradores da RESEX do Alto Tarauacá mantêm maior interação com os Kaxinawa das

TIs Jordão (Baixo rio Jordão, seringal Independência e rio Jordão), principalmente os

moradores dos seringais/comunidades do alto rio Tarauacá, pela proximidade com as

aldeias e pela expressiva população Kaxinawa presente na sede urbana do município do

Jordão, onde muitos beneficiários da RESEX residem ou frequentam rotineiramente. Os

Ashaninka, por sua vez, têm aldeias dentro do igarapé Primavera, afluente do rio

Tarauacá a jusante da RESEX, e pouco frequentam a cidade do Jordão, tendo alguma

interação com os moradores do seringal/comunidade Tabocal da RESEX. Os Yaminawa,

Shawãdawa, Katukina e Yawanawa vivem em TIs em outras bacias hidrográficas,

fazendo apenas fundos com regiões não habitadas e pouco frequentadas pelos

beneficiários da RESEX, portanto mantendo virtualmente nenhuma relação com eles.

Entretanto, estas TIs são importantes para a gestão da RESEX, pois também são áreas

protegidas e têm sistemas indígenas de gestão que tendem valorizar e promover a

conservação da biodiversidade. Juntamente com outras TIs e RESEX, estas TIs formam

um mosaico que protege área considerável do estado.

2.3.9.3.1. Gestão ambiental e territorial das TIs adjacentes à RESEX do Alto Tarauacá

Nos últimos 30 anos, com mais intensidade a partir de 2000, muitos povos indígenas se

debruçaram em refletir, desenvolver e sistematizar seus sistemas de gestão ambiental

e territorial com a intenção de lidar com os desafios da permanência em territórios

recém demarcados, porém não delimitados. Em paralelo a este movimento interno nas

TIs e baseado nas experiências que eram desenvolvidas por alguns povos, lideranças

indígenas organizadas trabalharam com organizações da sociedade civil e estado para

montar uma política nacional que reconhecesse o papel das TIs na conservação da

biodiversidade, orientasse as diferentes esferas de governo para trabalhar questões

ambientais e territoriais em TIs e criasse um espaço político favorável para os povos

indígenas desenvolverem a gestão ambiental em seus territórios e dialogarem com

outras esferas da sociedade nacional (BAVARESCO e MENEZES, 2014). Em 2012 foi

assinado o Decreto no. 7.747 que institui a Política Nacional de Gestão Territorial e

Ambiental em Terras Indígenas (PNGATI).

A PNGATI estabelece o etnozoneamento e etnomapeamento como as duas ferramentas

principais para a gestão ambiental e territorial nas TIs. Estas ferramentas constituem a

base de diálogo para a construção dos Planos de Gestão e Planos de Vida; documentos

que, ao mesmo tempo, sistematizam as práticas de gestão territorial e ambiental de um

povo e indicam as expectativas e projeções deste povo para o futuro. De acordo com

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

311

Bavaresco e Menezes (2014), “tais planos são instrumentos de diálogo intercultural e de

planejamento para a gestão territorial e ambiental das terras indígenas brasileiras,

elaborados pelos povos indígenas com apoio e em diálogo com outros parceiros e o

governo. Os PGTAs estão embasados nas noções de autonomia, protagonismo e

autodeterminação dos povos, no que se refere à negociação e ao estabelecimento de

acordos que permitam o fortalecimento da proteção e do controle territorial, bem como

à construção coletiva de estratégias, ações e projetos de interesse das comunidades

indígenas. Dessa forma, os PGTAs propiciam o fortalecimento dos sistemas próprios de

tomada de decisão dos povos indígenas, contribuindo para a valorização do

conhecimento dos povos indígenas sobre seus territórios e permitindo a transmissão de

conhecimento entre gerações, entre outros benefícios”.

Os povos indígenas no Acre, juntamente com os do Oiapoque, foram os primeiros a

organizar seus PGTAs no Brasil (MACIEL, 2016). Atualmente 29 das 34 TIs do estado têm

seus PGTAs elaborados (90% das TIs, excluindo as TIs dos isolados), os quais têm servido

para orientar as ações de fomento ao desenvolvimento sustentável do governo estadual

e atuação de ONGs indigenistas nas TIs. Todas as TIs do entorno da RESEX do Alto

Tarauacá têm seus PGTAs elaborados, mas em diferentes fases de implementação, com

exceção à TI Kampa do igarapé Primavera que está desenvolvendo.

O eixo 3 da PNGATI é um dos mais relevantes para a RESEX do Alto Tarauacá, pois trata

das diversas interfaces existentes entre Terras Indígenas e Unidades de Conservação no

Brasil, as quais formam conjuntamente as áreas protegidas previstas no PNAP (BRASIL,

2006). Entre os objetivos deste eixo estão 1) promover a participação indígena nos

conselhos gestores das Unidades de Conservação localizadas em áreas contíguas às

terras indígenas, e 2) assegurar a participação da FUNAI nos conselhos gestores das

Unidades de Conservação contíguas às terras com presença de índios isolados ou de

recente contato (BRASIL, 2012). Alinhado com estes direcionamentos, o ICMBio e a

FUNAI criaram um Grupo de Trabalho Interinstitucional (GTI) para aprimorar o diálogo

entre os órgãos públicos sobre as interfaces entre estas áreas protegidas (BRASIL, 2013).

Este GTI pretende:

1. Identificar e analisar situações de interface entre terras indígenas e Unidades de

Conservação, inclusive reserva extrativistas – RESEX, caracterizando as situações

de conflito e as situações não conflituosas.

2. Identificar os instrumentos já utilizados para resolução de conflitos; e

3. Propor medidas institucionais para implementação das ações de gestão

territorial e ambiental das áreas em interface, conforme diretrizes previstas na

Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas – PNGATI.

Bavaresco e Menezes (2014) destacam que “uma das principais funções deste GTI é

levantar e sistematizar instrumentos de gestão compartilhados usados nas questões de

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

312

proteção dos recursos naturais dos territórios em interfaces entre terras indígenas e

Unidades de Conservação, tais como: i) acordos de convivência; ii) acordos de gestão;

iii) PGTAs; e iv) termos de ajustamento de conduta”.

O eixo 5 Uso sustentável dos recursos naturais e iniciativas produtivas indígenas é outro

de extrema relevância para a RESEX do Alto Tarauacá, já que algumas situações de

conflito apresentadas pelos gestores da UC e pelos beneficiários da RESEX estão

relacionadas ao uso dos recursos naturais por parte dos indígenas. Neste eixo são

apontados os seguintes objetivos relevantes:

• Promover e apoiar a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais

usados na cultura indígena, inclusive no artesanato para fins comerciais;

• Apoiar a substituição de atividades produtivas não sustentáveis em terras

indígenas por atividades sustentáveis;

• Apoiar iniciativas indígenas sustentáveis de etnoturismo e de ecoturismo,

respeitada a decisão da comunidade e a diversidade dos povos indígenas,

promovendo-se, quando couber, estudos prévios, diagnósticos de impactos

socioambientais e a capacitação das comunidades indígenas para a gestão

dessas atividades;

• Promover a sustentabilidade ambiental das iniciativas indígenas de criação de

animais de médio e grande porte;

• Promover assistência técnica de qualidade, continuada e adequada às

especificidades dos povos indígenas e das diferentes regiões e biomas.

Além destes dois eixos, o objetivo de promover ações de educação ambiental e

indigenista no entorno de das terras indígenas (BRASIL, 2012) também é relevante para

a RESEX do Alto Tarauacá.

Uma figura central na gestão ambiental e territorial das TIs no estado e peças chave na

implementação da PNGATI é o Agente Agroflorestal Indígena (AAFI). Em paralelo ao

processo de refletir sobre a gestão das TIs, os indígenas começaram a trabalhar com um

novo ator social que assumisse a responsabilidade de ser o mobilizador de suas

comunidades neste processo. Os primeiros AAFIs começaram a ser formados em 1996

pela CPI-AC, processo assumido pelo estado nos finais dos anos 2000. Atualmente, os

AAFI se organizam em uma associação de categoria (Associação do Movimento dos

Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre – AMMAI-AC) e quando formados passam a

receber bolsa do estado para atuação em suas aldeias. Novamente de maneira pioneira

no Brasil, a formação de atores sociais como os AAFI se disseminou pelas TIs do Brasil,

assumindo nomes como agentes ambientais e agentes de manejo, porém exercendo

funções semelhantes.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

313

2.3.9.3.2. Os Kaxinawa e as TIs do Jordão

Entre os indígenas do entorno da RESEX do Alto Tarauacá, os Kainxawa são os que estão

mais próximo e mantém relações mais frenquentes com seus moradores, por vezes

amistosas, mas também conflituosas, como consequência da fronteira entre a RESEX e

a TI Kaxinawa do Baixo rio Jordão, da proximidade das aldeias desta TI com as

comunidades do alto da RESEX e da grande população Kaxinawa no município do Jordão.

Os Kaxinawá chegaram no rio Jordão acompanhando seu patrão, o seringalista e

amansador de “brabos” Felizardo Cerqueira, quando migraram das cabeceiras do rio

Envira. Desde então trabalharam de maneira relativamente autônoma dos grandes

seringalistas até a morte de Felizardo, quando então assumiram a gerência dos seringais

no alto Jordão. Os descendentes das famílias que chegaram no Jordão vivem nas três TIs

do município: Kaxinawa do rio Jordão, Kaxinawa do Baixo rio Jordão, ambas no rio

Jordão, e Kaxinawa do seringal Independência no alto rio Tarauacá. As TIs do rio Jordão

e Baixo rio Jordão protegem toda a bacia do rio Jordão, importante afluente do rio

Tarauacá. Diferente destas duas TIs, que passaram pelo procedimento comum de

reconhecimento e regularização de TIs, a TI seringal Independência é resultado da

compra dos antigos seringais independência e Altamira pela Associação dos Seringueiros

Kaxinawa do rio Jordão (ASKARJ), posteriormente registrada como TI pelo governo como

terra dominial indígena (IGLESIAS, 2003). Os quase 2.500 Kaxinawa estão organizados

em mais de 35 aldeias nestas 3 TIs, sendo que a maior densidade de aldeias está

localizada próxima à cidade do Jordão.

Os Kaxinawa das TIs do Jordão têm a ASKARJ como organização representativa. No

entanto, há mais de uma década esta associação exerce pouco seu papel de

representação do povo.

Nos trechos a seguir, Iglesias (2003) narra a história de ocupação do rio Jordão pelos

Kaxinawa sua organização e a formação de sua associação:

“Até 1977, ano em que a FUNAI identificou a TI Kaxinawá do rio Jordão, os Kaxinawá

controlavam e concebiam o pequeno seringal Fortaleza como seu território, encravado

no meio de outros dez seringais distribuídos em ambas margens desse rio, à época

movimentados por gerentes e patrões ligados a um mesmo arrendatário. Era na sede

do Fortaleza e em suas cinco colocações, que somavam 27 estradas de seringa, onde

144 Kaxinawá, distribuídos em 19 casas, viviam e trabalhavam sob a chefia de Sueiro

Sales Cerqueira. O restante dos Kaxinawá, 239 pessoas, estava disperso em 38 casas nos

seringais Revisão, Transual, Sorocaba, Bom Jardim e Bonfim (AQUINO, 1977)”.

“Através do barracão do Fortaleza, Sueiro permaneceu, por três décadas, atrelado a

redes de aviamento atualizadas por sucessivos proprietários e arrendatários dos

seringais do rio Jordão, bem como por comerciantes e regatões sediados na Vila Jordão,

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

314

junto aos quais trocava mercadorias por borracha, couros, peles de fantasia, criações

domésticas e gêneros agrícolas produzidos pelos seus parentes e fregueses Kaxinawá. A

posse do Fortaleza, e depois do Sorocaba, foi importante para que as famílias Kaxinawá

que ali moravam lograssem uma coesão que, diferente do que acontecia em outros

seringais controlados por patrões brancos, em muito contribuiu para a manutenção, em

uma situação histórica adversa, de importantes formas de sua organização social e

cultural”.

“Entre 1990-94, os Kaxinawá iniciaram a redefinição dos limites do território que

controlavam efetivamente fazia uma década, circunscrito aos seis seringais da TI

Kaxinawá do rio Jordão, cujo processo de regularização encerrou-se em 1991. Através

de mobilizações locais, bem como da representação política exercida por lideranças e

pela ASKARJ, ocuparam e passaram a controlar mais quatro seringais, 22.450 ha,

limítrofes à terra regularizada. Em 1990, grupos familiares Kaxinawá ocuparam os

seringais Nova Empresa e São Joaquim, no baixo curso do rio Jordão, que fazia anos se

encontravam “sem patrão”. Com recursos do Projeto de Implantação da Reserva

Extrativista do Alto Juruá e Desenvolvimento Comunitário das Áreas Indígenas

Circunvizinhas, financiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES) entre 1990-92, as lideranças Kaxinawá instalaram o "Astro Luminoso", sede

central da cooperativa, no Nova Empresa e estabeleceram acordos comerciais e de uso

das colocações e estradas de seringa com as poucas famílias de seringueiros acreanos

que ali habitavam. Essas iniciativas gradualmente legitimaram no município de Jordão

um consenso entre autoridades, proprietários, comerciantes, patrões e seringueiros a

respeito dos legítimos direitos dos Kaxinawá sobre os dois seringais recém ocupados

(IGLESIAS, 1993, 1996). Em 1993-94, a ASKARJ comprou os seringais Independência e

Altamira, situados no alto rio Tarauacá, a quatro horas de subida de barco da sede do

município de Jordão, que fazem fundos com o Boa Esperança e o São Joaquim, seringais

localizados nas duas terras Kaxinawá na margem direita do baixo curso do rio Jordão”.

Neste período do início dos anos 1990, o movimento de saída das colocações de centro

em direção à margem do rio Jordão já havia iniciado. A partir daí o fluxo de famílias em

direção ao baixo rio Jordão, para a TI recém demarcada aumentou, para facilitar o

acesso à cidade do Jordão fazendo com que haja atualmente uma grande concentração

de aldeias localizadas no baixo rio Jordão. Uma das principais consequências desta

aglomeração de aldeias é a deformação dos territórios de caça das famílias para evitar

que se sobreponham aos de seus vizinhos (CONSTANTINO, 2015). Este padrão, aliado à

redução de habitat e à maior intensidade de caça no baixo rio Jordão, relacionado à alta

densidade populacional e à proximidade com áreas não protegidas e de maior

intensidade de caça ao redor da cidade do Jordão, faz com que as populações de alguns

dos principais animais de caça estejam severamente comprometidas no baixo rio Jordão

(CONSTANTINO, 2016). Por sua vez, o alto rio Jordão é uma região com aldeias que

respeitam as dimensões dos territórios Kaxinawa de caça (CONSTANTINO, 2015) e de

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

315

grande fartura de animais, o que cria um gradiente de escassez de caça em direção à

cidade do Jordão (CONSTANTINO et al. 2008).

Os AAFIs Kaxinawa do Jordão estão entre os primeiros a serem formados no Acre e tem

hoje atuação destacada. Desde o início de suas atividades lideraram importantes ações

de gestão em suas TIs, como a abertura das picadas demarcatórias da TI Baixo rio Jordão

e plantio dos marcos vivos, de mudas de açaí e castanha do Pará, na demarcação da TI

seringal Independência.

Desde o início da década de 2010 os Kaxinawa passaram a se dedicar ao etnoturismo

em suas áreas. O grande atrativo para estas TIs é a cultura Kaxinawa e, principalmente,

os rituais em torno do Huni (ayuascar). Poucos anos antes os Kaxinawa começaram a ser

conhecidos nacional e internacionalmente pelo domínio do feitio e dos rituais com o

chá, despertando interesse de diversas partes do mundo. Atualmente, os Kaxinawa

mantêm um centro de memória Kaxinawa na TI Baixo rio Jordão e realizam pelo menos

dois festivais anuais (Katxa Nawa e Katxa Txirin) que reúnem turmas de turistas,

principalmente, estrangeiros. Ao longo do ano alguns turistas também passam

temporadas nas terras Kaxinawa interessados em sua cultura.

Nos últimos 10 anos os Kaxinawa passaram a frequentar e ocupar cada vez mais a cidade

do Jordão por diversas razões. Elegeram vereadores e vice-prefeito, compraram

terrenos, estabeleceram lojas comerciais, matricularam seus filhos nas escolas,

gerenciaram um mercado e ocuparam um bairro inteiro – o Bairro Kaxinawa, cedido pela

prefeitura para os indígenas. Os Kaxinawa representam mais 32% da população do

município do Jordão, sendo que pouco mais de 6% na cidade. Porém estes números

devem subestimar o trânsito frequente das famílias entre as aldeias e a cidade. Por

estarem localizadas muito próximo da cidade (as primeiras estão há meia hora de barco)

os indígenas frequentam a cidade sem necessidade de morar nela, devido ao crescente

poder aquisitivo que permitiu a compra de motores, barcos e combustível para muitas

famílias.

Objetivando a geração de renda para as famílias Kaxinawá há um pequeno ponto de

comercialização do artesanato na sede no município. Porém, o artesanato Kaxinawá é

bastante conhecido, tendo em vista a participação dos artesãos nas feiras que

acontecem anualmente no Estado, a exemplo, a Pan Amazônica (SEMA, 2010).

No que tange à gestão de suas TIs, por se tratarem de famílias muito próximas do mesmo

povo e perceberem suas TIs como apenas um território, os Kaxinawa optaram por

elaborar apenas um Plano de Gestão Ambiental e Territorial para as três TIs do Jordão.

Este plano foi elaborado para “orientar [os Kaxinawa] no cuidado com o ambiente,

pensar maneiras de resolver o problema do lixo nas comunidades, cuidar das águas,

realizar o manejo e a conservação de todos os recursos naturais para não faltar no

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

316

futuro”. Neste plano os Kaxinawa apontam algumas ações estratégicas que devem

tomar para garantir a gestão ambiental em suas TIs:

1. Promover a educação ambiental com a população do entorno da TI.

2. Não jogar lixo nem animais mortos no rio ou igarapés para manter a água limpa.

3. Criar animais em locais cercados afastados da aldeia para que não invada a aldeia

ou suje os corpos d’água; no caso da pecuária bovina, estabelecem o máximo de

70 cabeças de gado e 3 hectares de campos abertos após o estabelecimento do

acordo por aldeia.

4. Caça com cachorro restrita às áreas próximas às aldeias, ao redor dos roçados,

sendo que cachorros de raça, paulistas ou americanos, são proibidos.

5. Reservar áreas de refúgio de caça nas cabeceiras da TI Kaxinawa do rio Jordão e

outras duas áreas no médio Jordão.

O uso do tingui (nome genérico dos venenos naturais usados para pescar) pelos

Kaxinawa é um dos principais motivos de conflito apresentados pelos moradores da

RESEX. Como os Kaxinawa vivem a montante no rio Jordão, o veneno usado no rio e nos

igarapés dentro da TI afeta as águas e os peixes no rio Jordao dentro da RESEX. Sobre

este tema, os Kaxinawa alegam que sempre usaram a oaca em suas pescas tradicionais.

Entretanto, observaram que os peixes diminuíam em decorrência do uso intensificado

do veneno. Em seu acordo interno, os Kaxinawa das TIs do Jordão limitaram o plantio

de pés de oaca e o uso em eventos festivos culturais, além de proibirem o uso entre

setembro e outubro. O uso dos outros venenos com maior capacidade de pesca (e.g.

siká, coração de nego, barbasco, assacu, asha e nipiri) ficou suspenso por um período

nas TIs. Além disso, os Kaxinawa também indicaram evitar o uso de malhadeiras e

tarrafas de malha miúda e máscara.

Por outro lado, os Kaxinawa apontam que tem sua pesca prejudicada pelos moradores

a jusante por estes utilizarem estratégias que impedem a subida de peixes durante a

piracema. Além do conflito relacionado à pesca, os Kaxinawa também indicavam a

invasão de moradores da RESEX na TI Baixo rio Jordão para a prática de caça,

principalmente na área próxima à fronteira entre as duas áreas protegidas (RAMALHO

e GAVAZZI, 2012; CONSTANTINO, 2015). Segundo a narrativa de Iglesias (2003) os

conflitos entre os Kaxinawa e seus vizinhos, principalmente da RESEX existiam há alguns

anos:

“A criação de gado feita em dois campos não cercados no seringal Boa Vista

impossibilitavam o aproveitamento das poucas praias boas existentes no baixo curso do

rio, e geravam frequentes reclamações das famílias Kaxinawá da aldeia São Joaquim.

Estas queixas se estendiam também às frequentes invasões feitas pelo gado, durante os

meses do verão, em seus roçados de terra firme e de praia. Como resultado destes

conflitos e queixas, o principal criador do Boa Vista, Francisco Alves de Moraes

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

317

(Maranhoto), cercou seu campo com arame, evitando novas invasões nos roçados dos

Kaxinawá” (IGLESIAS, 2003; 18).

“No baixo Jordão, outra “questão” estava relacionada às pescarias. Os ocupantes, bem

como outras famílias do seringal Boa Vista, reclamavam das pescarias coletivas com

tingui feitas pelas famílias Kaxinawá nos poços e tronqueiras ali existentes. Em fins de

1997, se queixaram ao então Vice-Prefeito do Jordão, Turiano Farias, antigo proprietário

do seringal Boa Vista. Este solicitou ao vereador Kaxinawá Noberto Sales Tenê que

aconselhasse seus parentes a interromper essas pescarias. Comunicou-lhe, ainda, que,

caso as denúncias prosseguissem, encaminharia carta à FUNAI e ao IBAMA cobrando

providências, o que não ocorreu. Os Kaxinawá defendiam essas pescarias como parte de

sua tradição, argumentando que eram esporádicas e usavam pouco tingui, sem

comprometer o estoque de peixes no baixo Jordão. Por outro lado, diziam que se viam

obrigados a usar esta alternativa para pescar, visto que os moradores do Boa Vista e da

sede do município invadiam as matas da terra indígena, matando e espantando as caças.

Todos no baixo Jordão, brancos e índios, se queixavam de que as piracemas, bastante

reduzidas, não subiam o rio, porque moradores da sede municipal e do seringal São João

colocavam mangas na foz do rio. Além disso, estes moradores também subiam o rio

Jordão para mariscar de tarrafa e de mergulho nas cachoeiras, poços e tronqueiras. A

maior parte destas pescarias era para subsistência, mas, em muitos casos, parte do peixe

era também vendido, fresco e salgado, na sede municipal” (IGLESIAS, 2003; 18).

“Houve, segundo a coordenadora da comissão, criterioso trabalho junto a cada chefe de

família, com a explicação dos objetivos da viagem, a respectiva indenização e a

assinatura do recibo de quitação, que formalizou o recebimento do dinheiro e a data

acordada para a desocupação do imóvel, prazo após o qual as benfeitorias indenizadas

ficariam para a população Kaxinawá. A costura dos acordos em relação a estes prazos

foi tema de intensas discussões entre os ocupantes, as lideranças Kaxinawá e os

membros da comissão. Discussões mais ásperas aconteceram apenas com o ocupante

Francisco da Silva Silveira (Chagas Brás) a respeito do reduzido valor de sua indenização

e de um motor de farinhada que ganhara da Prefeitura em 2000, portanto, bem depois

do levantamento de 1994, e que a coordenadora acreditava deveria também ficar para

os índios, o que, felizmente, acabou não acontecendo” (Iglesias, 2003; 26).

Mesmo com estes conflitos, alguns Kaxinawa e alguns moradores da RESEX conseguem

manter relações amistosas. Há, atualmente, pelo menos um casamento entre uma

Kaxinawa e um beneficiário da RESEX. Este casal está morando em uma casa recém

construída no bairro Kaxinawa na cidade do Jordão.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

318

Yawanawa e Katukina e a TI rio Gregório

Os povos Yawanawa e Katukina são povos formados por diversos outros povos da família

linguística Pano que se reuniram como consequência da economia da borracha

(JACINTO et al. 2014). Segundo relatos dos indígenas Yawanawa mais antigos, seu povo

habitava as cabeceiras do rio Gregório e mantinha intensas relações, pacíficas e

conflituosas, com povos Pano que habitavam a região do vale do Tarauacá e Juruá. Com

a expansão das frentes caucheira e o estabelecimento dos seringais, os Yawanawá

tiveram sua população extremamente reduzida. Entretanto, povos como os

Shawãnawa, Rununawa, Shanenawa, Iskunawa e Kaxinawa (todos Pano) migraram,

coletivamente ou através de casamento com os Yawanawa, dos rios Bajé, Tejo, Riozinho

da Liberdade, Tarauacá para as aldeias do rio Gregório (VINNYA et al. 2007). Assim, pela

reunião de famílias destes diferentes povos se constitui hoje o povo Yawanawa que

habita a TI rio Gregório com uma população de 533 pessoas.

Os Katukina que ocupam a TI rio Gregório também foram vítimas das correrias dos

seringalistas iniciadas possivelmente no médio Juruá e, depois de habitarem vários rios

da região, se estabeleceram no rio Gregório. O seringal Sete Estrelas foi referência de

subsequentes perambulações no rio Gregório, Tarauacá e Riozinho da Liberdade. Na

década de 1960, uma ruptura entre as famílias Katukina que moravam no Sete Estrelas,

boa parte da população saiu para viver temporariamente na boca do Riozinho da

Liberdade e na década de 1970 se instalaram na margem da recém aberta BR-364 depois

de participar da sua construção – atualmente TI Katukina/Campinas. O deslocamento de

famílias Katukina da TI rio Gregório, atualmente com população de 45 pessoas em

apenas uma aldeia, para a TI Katukina/Campinas é frequente hoje em dia – o que torna

a população extremamente variável.

A TI rio Gregório está completamente inserida na bacia do rio Gregório, e não na bacia

do rio Tarauacá, fazendo fronteira apenas com a parte norte da RESEX do Alto Tarauacá,

na região do igarapé Ouro Preto, afluente do igarapé São Salvador. Nem os Katukina

nem os Yawanawa usam a área próxima ao limite com a RESEX, a aldeia atual mais

próxima dista mais de 15km de distância, na região onde se localizavam as aldeias

antigas dos Yawanawa no igarapé Caxinauá. A atividade que exercem que se aproxima

mais desta região é a pesca nos poços do alto rio Gregório realizada pelos Yawanawa

(JACINTO et al. 2014).

A informação documentada mais recente (datada de 2007) sobre conflitos existentes

com a RESEX do Alto Tarauacá, a partir do ponto de vista dos Yawanawa, é a invasão de

caçadores profissionais na TI rio Gregrório que atravessam a RESEX do Alto Tarauacá

para acessar a região das cabeceiras do rio Gregório, fronteira com o igarapé Ouro Preto

(JACINTO et al. 2014).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

319

No plano de gestão ambiental e territorial da TI rio Gregório, os Yawanawa e Katukina

registram diversos acordos de uso dos recursos naturais e práticas sustentáveis. Os

aspectos mais relevantes deste plano para a RESEX do Alto Tarauacá são 1) a

determinação de uma área de reserva de caça (área de refúgio) a partir do igarapé

Caxinaua, na cabeceira do rio Gregório. Esta região é limítrofe da RESEX, e 2) o

planejamento de instalação de um posto avançado de vigilância na cabeceira do igarapé

Caxinaua, por onde entram caçadores profissionais (JACINTO et al. 2014).

2.3.9.3.3. TI Jaminawá/Arara do rio Bagé

Oficialmente a TI Arara do rio Bagé é ocupada por dois povos, os Shawãdawa (Arara) e

os Yaminawa, com população de 195 pessoas (FUNAI, 2017; ISA, 2017; CPI-AC, 2017).

Entretanto, informações da organização que trabalham mais intensamente nesta TI

indicam ocupação apenas dos Jaminawá (CPI-AC, 2017). A informação constante nos

relatórios do processo de etnozoneamento da TI é de que esta é ocupada pelos

Shawãdawa e Yaminawa, mas também por membros de outros grupos Pano, além de

não indígenas que se casaram com indígenas. Este é mais um exemplo atual da

inexistência de limites biológicos dos grupos Pano. Todos estes povos se organizam em

quatro aldeias, sem discriminação de aldeia por etnia, localizadas à beira do rio Bagé,

próximas à entrada da TI. Consequentemente, a região das cabeceiras deste rio não é

ocupada permanentemente.

Esta TI está completamente inserida na bacia do rio Juruá, e não na bacia do rio

Tarauacá. As cabeceiras do rio Bagé, principal rio da TI, e do igarapé Rio de Janeiro, um

de seus principais afluentes da margem esquerda, estão localizadas dentro da RESEX do

Alto Tarauacá. Estes cursos d’água fazem divisa com as cabeceiras do igarapé São

Salvador e seus afluentes na RESEX. No mapa de ocupação da TI Jaminawá/Arara do rio

Bagé, resultado do processo de etnozoneamento, há a indicação de que esta área dentro

da RESEX esta destinada para a revisão de limites da TI (CPI-AC et al. 2013a). Após

consulta, a Coordenação Geral de Identificação e Demarcação da FUNAI respondeu em

13 de julho de 2017, que existe nesta coordenação uma reivindicação por revisão de

limites desta TI.

Os trechos a seguir apresentam algumas das reflexões sobre os limites de sua TI e da

RESEX do Alto Tarauacá que os indígenas tiveram no momento da elaboração do

etnozoneamento:

“Um erro aqui na demarcação da nossa terra indígena. Começou aqui na boca do

igarapé Braço Esquerdo, e veio até aqui, e daqui, tá errado a nossa terra indígena. A

nossa terra indígena é até a cabeceira do Bagé com a cabeceira do Manteiga que tá aqui

que é entorno da RESEX do Alto Juruá e nesse caso aqui essa demarcação que eu digo,

ter vindo por aqui, do jeito que tá aqui, que é a cabeceira do Manteiga e a cabeceira do

Bagé e daqui que ela deveria ter saído aqui na cabeceira do São Salvador. Nesse caso

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

320

aqui a nossa terra indígena tá cortada aqui do jeito que tô mostrando, você pode

perguntar os mais velhos, que conhecem muito melhor que eu, que a nossa terra

indígena tá errada. Então, esse pedaço aqui que consta como nosso, a gente vai fazer

um documento pra FUNAI fazer um pedido, que o antropólogo que demarcou nossa terra

indígena volte aqui e faça de acordo com o que tá constando no relatório que a gente

tem dentro da terra indígena. Por aqui a nossa terra indígena não é dessa forma aqui.”

José Francisco Siqueira, morador da TI Jaminawá Arara do rio Bagé (CPI-AC, 2013).

“Mapa de ocupação, que é da nossa terra indígena, que no qual foi demarcada, tem os

limites, tem marcos, tem clareira, tem onde a gente habita, tem as capoeiras, as praias,

nossos roçados, e aqui vou falar um pouco da revisão desse pedaço aqui, aqui tá

demarcado e daqui até aqui fizeram uma linha seca, mas esse pedaço aqui não foi

demarcado, quem acompanhou isso aqui foi eu. E daqui até aqui, que é a cabeceira do

igarapé Barro Branco também não tem sequer um mato cortado, não tem se quer um

marco, não tem picada. Eu tenho conhecimento disso aqui, e esse pedaço aqui, que a

gente fez esse risco por onde é a Reserva Extrativista é o limite de nossa terra e aqui é a

cabeceira do Bagé, e aqui é a cabeceira do Manteiga que faz a cabeceira com o nosso

rio, e aqui que é a cabeceira do Nazaré. Então, isso aqui que é o limite de nossa terra e

por aqui que deveria ter sido demarcado pela FUNAI. Não pela FUNAI, mas pelo

engenheiro que veio fazer o trabalho e que foi pago e ganhou pra isso. O que aconteceu,

quando chegou aqui, ele desceu por aqui e daqui fez essa linha seca e cortou a nossa

terra, acho que com certeza no máximo aqui uns 12 km, 10, por aí que ele deixou de fora.

Isso aqui tá constando como se tivesse dentro.

Então o limite de nossa terra é por aqui, na divisão de água, do jeito que começou aqui

do Braço Esquerdo, que veio aqui cortando esses limites aqui do mesmo jeito acontece

até chegar aqui na cabeceira do Barro Branco. Então tá errado, totalmente errado, esse

pedaço aqui é nosso, consideramos como se fosse nosso porque no primeiro laudo da

FUNAI, que fez o levantamento, que o Meirelles que foi o homem da FUNAI que veio

fazer esse levantamento, ele disse que isso aqui era o limite da nossa terra, e nesse caso

foi cortada nossa terra, deixaram um pedaço de fora, não foi feito do jeito que era pra

ter sido. Nesse caso nós queremos que seja demarcada que a FUNAI mande com certeza

e que é um direito, se é nosso eles tem por direito de mandar um engenheiro que foi o

Zé Augusto em 1998, que ele veio e fez esse trabalho e que não ficou de acordo com que

os mais velhos acham que tem que ser. Agora que somos já adultos acha também que

tem que ser demarcada, por que nosso já é e nós não podemos deixar esse pedaço de

terra pra fora, que é nosso.” José Francisco Siqueira, morador da TI Jaminawá Arara do

rio Bagé.

“Não queremos fazer outro mapa de revisão dos limites. Agora vai nesse mesmo

(ocupação), queremos evitar conflitos com os brancos, mas temos que exigir os nossos

direitos. Essa parte aqui que não foi demarcada do jeito que a gente esperava, vamos

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

321

dar um prazo pra entidade que for, seja do governo federal, mas o prazo que a gente vai

dar isso aqui, já foi dito por nós e a gente já solicitou à FUNAI e eles não se

responsabilizaram é até 2015. Se nós tivermos apoio, tivemos, mas se não tivermos

apoio nós vamos fazer. Eu como liderança, vamos reunir os parentes, ou no machado

ou com moto-serra nós vamos fazer essa parte, não vamos deixar desprezada não

porque é um direito. Nós vamos demarcar por nós, que conhecemos essa parte.”

Sebastião Cerqueira, cacique geral da TI Jaminawá Arara do rio Bagé.

Esta região dentro da RESEX era ocupada por indígenas que trabalhavam como

seringueiros durante o ciclo da borracha, especificamente nas colocações Niterói e Boa

Água no rio Bagé e Rio de Janeiro e Pau Vermelho no igarapé Rio de Janeiro (CPI-AC et

al., 2013b). Entretanto, atualmente não há aldeias por ali. Os indígenas identificam a

ocorrência de diversas espécies extraídas para consumo das comunidades até na

fronteira com a RESEX (CPI-AC et al. 2013c). Porém, o mais próximo que os indígenas

chegam caçando do limite com a RESEX é cerca de 4km. A área da TI próxima ao limite

com a RESEX é destinada à preservação das populações de animais de caça através do

estabelecimento de uma área de refúgio definida no plano de gestão desta TI (CPI-AC et

al., 2013d). Da mesma maneira, os indígenas não pescam nos diversos poços

identificados nas cabeceiras do rio Bagé e seus afluentes, sendo que definiram toda a

extensão do igarapé Rio de Janeiro como áreas de preservação (CPI-AC et al., 2013e).

Pelo lado da RESEX, a região das cabeceiras do rio Bagé e igarapé Rio de Janeiro constitui

uma das poucas áreas não utilizadas atualmente pela população beneficiária da RESEX.

A questão da revisão de limites é o aspecto do Plano de Gestão Ambiental e Territorial

da TI Jaminawá Arara do rio Bagé mais relevante para a RESEX do Alto Tarauacá e é

apresentada como diretriz da seguinte maneira: “Queremos que a FUNAI reveja os

limites de nossa terra que foi demarcada fisicamente de forma incorreta, e que seja

incluída toda a cabeceira do rio Bagé, conforme mapa de ocupação elaborado na II

Oficina de Etnomapeamento” (CPI-AC, 2013). Além disso, as definições das áreas de

refúgio de caça e de preservação dos peixes são relevantes para a RESEX por serem

localizadas justamente nas áreas na TI de fronteira com a RESEX.

2.3.9.3.4. Os Kampa do igarapé Primavera

A TI Kampa do igarapé Primavera é imediatamente vizinha à RESEX do Alto Tarauacá e

tem como principal igarapé o Primavera, importante afluente do rio Tarauacá. Esta TI é

importante para a gestão e moradores da RESEX, porque a parte alta do igarapé

Primavera está dentro da RESEX e a parte baixa, dentro da TI. Assim, os beneficiários

que precisam acessar a parte alta deste importante igarapé na RESEX precisam passar

por dentro da TI, navegando pelo igarapé Primavera. Considerando que há famílias

residindo neste igarapé dentro da RESEX, este fluxo é relativamente frequente (CPI-AC

2013b).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

322

A ocupação Ashaninka na região do igarapé Primavera iniciou com três famílias

migrantes do Alto Envira. As famílias Ashaninka que hoje vivem nesta TI frequentemente

viajavam para outras TIs Ashaninka no estado e no Peru. Passaram muitos anos

perambulando e a TI ficou um bom tempo sem habitantes Ashaninka. No fim dos anos

2000 aparentemente houve um movimento de parar na TI. Porém, depois do

falecimento de sua principal liderança, a comunidade lida com dificuldades de

organização principalmente no que se refere às relações com a sociedade não indígena

(CPI-AC, 2013b).

Atualmente, são 42 Ashaninka organizados em apenas uma aldeia na boca do igarapé

Primavera, na margem do rio Tarauacá, mas mantém uma colação subindo o igarapé

Primavera, acima do igarapé Salão. Esta aldeia foi fundada em 2006, quando os 33

Ashaninka estavam distribuídos em outras 3 colocações, pela necessidade dos

Ashaninka terem maior acesso ao rio Tarauacá e, consequentemente, à escola e cidade

(BANT e PESSOA, 2008). A aldeia anterior era localizada no centro, no alto igarapé

Primavera, e não era possível ser acessada por barco no verão pela pouca água no

igarapé (CPI-AC ,2013b).

Estas famílias usam, principalmente, os recursos naturais próximos de sua aldeia. O mais

distante da aldeia Primavera que alcançam é para caçar, no máximo até o igarapé

Paranãzinho, e pescar e coletar sementes no igarapé Primavera até o limite com a RESEX

do Alto Tarauacá e pescar no baixo igarapé Paranãzinho. No verão, os Ashaninka passam

boa parte dos meses acampando em tapirís nas praias dos rios e altos igarapés pescando

e coletando ovos de tracajá (BANT e PESSOA, 2008). A principal atividade que gera renda

para estas famílias é o trabalho por diárias para os vizinhos, geralmente em roçados,

serrar madeira ou campos de gado (BANT e PESSOA, 2008). Até pouco tempo

exploravam carvão de cumaru que, pelo uso excessivo, ficou escasso próximo do rio e

tornou a atividade pouco rentável. Outra atividade produtiva abandonada foi o cultivo

de feijão que passou a ter pouco valor no mercado de Jordão e Tarauacá, onde apenas

o excedente da produção de galinhas e porcos eventualmente é vendido. Houve a

tentativa da criação de gado, mas a falta de assistência técnica impediu o

desenvolvimento da atividade. Apesar dos três aposentados da TI, as outras famílias não

recebem benefícios sociais por falta de informação (CPI-AC 2013b).

Assim como os moradores da RESEX, os Ashaninka indicam locais de vestígios

arqueológicos, mas neste caso são instrumentos de povos indígenas antigos, como a

machadinha de pedra e vasos de cerâmica (CPI-AC 2013b).

Em 2013, os Ashaninka indicavam que os moradores do alto igarapé Primavera na

RESEX, no seringal Goyaz, entravam na TI Kampa do igarapé Primavera para extração de

recursos naturais sem autorização, principalmente para caçar, na margem do rio

Tarauacá e dentro do igarapé Primavera (BANT e PESSOA, 2008, CPI-AC 2013b). Segundo

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

323

os Ashaninka, este uso ilegal da caça resultou em diminuição considerável das

populações animais. Além das invasões, os Ashaninka apontam a entrada de bebidas

alcoólicas e a baderna consequente disso como um conflito com os moradores da RESEX

(CPI-AC 2013b).

O plano de gestão ambiental e territorial desta TI ainda está em fase inicial de

desenvolvimento.

2.3.9.3.5. TI Cabeceiras dos rios Muru e Iboiaçu: conflitos sobre o ramal Jordão-Novo Porto

De especial interesse para a gestão da RESEX do Alto Tarauacá é a TI Cabeceiras dos Rios

Muru e Iboiaçu que está em processo de identificação (Portaria da FUNAI 1.243 –

08/10/2009) por conta da presença de índios isolados nesta região. Em 2013,

entretanto, o governo municipal inaugurou uma estrada ligando o município do Jordão

e o seringal Novo Porto, na cabeceira do rio Muru, conhecido como ramal da integração,

percorrendo um trajeto próximo e paralelo ao de um antigo varadouro. De acordo com

a FUNAI e lideranças indígenas do vale do Tarauacá, esta estrada passaria próxima à

região de perambulação dos indígenas isolados (CPI-AC e FPERE/FUNAI 2014; ver mais

detalhes no item 2.2.6.4. Licenciamento).

Esta TI se torna relevante para a gestão da RESEX, pois dos comerciantes e políticos do

Jordão que criavam gado ilegalmente na RESEX do Alto Tarauacá transferiram seu

rebanho para novas áreas abertas na margem do ramal da integração após os eventos

de fiscalização na RESEX. Ao mesmo tempo, o Plano Local de Ordenamento Territorial

do Jordão propõe a criação de uma Unidade de Conservação na área do ramal.

2.3.10. Entorno da RESEX fora de áreas protegidas: Ordenamento territorial municipal

A área do entorno da RESEX foi dividida em cinco zonas segundo o ordenamento

territorial de Jordão e Tarauacá: “Zona de Produção Agroflorestal Familiar – ZP2”, “Zona

de Produção Agroflorestal em Antigos Seringais – ZP3”, “Zona de Produção Agropecuária

Sustentável em Antigos Seringais – ZP4”, “Zona de Proteção Ambiental – ZPA” e “Zona

Urbana – ZUR” 24 (SEMA, 2010c). Cada uma destas zonas apresenta áreas de subdivisões.

A maior parte das áreas das zonas do entorno da RESEX é composta de terras não

destinadas, porém algumas áreas incidem em propriedades privadas. (Figura 143 e Figura

144 do item 2.3.7).

24 A “Zona Urbana – ZUR” do Jordão será tratada no item 2.1.5 sobre o contexto municipal.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

324

2.3.10.1. Zona de produção agroflorestal familiar – ZP2

Nesta zona se encontra uma propriedade privada cadastrada no CAR localizada na AAF2,

“Área indicativa para a criação de projeto de assentamento diferenciado”, localizada na

boca do rio Jordão, em frente a cidade do Jordão, que se sobrepõem em parte com a

área da comunidade Boa Vista da RESEX.

É nesta zona que está inserido o PCA Casulo São João, na margem esquerda do rio

Jordão, em frente à comunidade Boa Vista (Figura 145), um projeto de assentamento da

reforma agrária criado pelo município do Jordão, mas reconhecido pelo INCRA, com

2.107,9 hectares (INCRA, 2008) com capacidade para 120 famílias, hoje contando com

116 famílias assentadas (INCRA, 2017). Esta modalidade de assentamento tem as

seguintes características:

• Aporte de recursos de Crédito Apoio a Instalação e de Crédito de Produção

(PRONAF A e C) de responsabilidade do Governo Federal;

• Infra-estrutura básica (estradas de acesso, água e energia elétrica) de

responsabilidade do Governo Federal e Municipal;

• Diferencia-se pela proximidade à centros urbanos e pelas atividades agrícolas

geralmente intensivas e tecnificadas;

• Titulação de responsabilidade do município;

Esta área está indicada no Ordenamento Territorial Local (OTL) do Jordão como “Área

indicada para criação de projeto de assentamento diferenciado (AAF2)”, tendo como

diretrizes de desenvolvimento 1) fomento a certificação da mesma para fins de

expansão da área rural do município, junto aos órgãos competentes 2) definição da

modalidade do projeto de assentamento (Figura 147). É interessante notar que o OTL

com as diretrizes foi publicado em 2010, dois anos depois da publicação da portaria de

reconhecimento do PCA Casulo São João pelo órgão competente, INCRA, é de 2008, já

indicando a modalidade de assentamento.

Este PCA está dentro da Zona de Produção Agroflorestal Familiar – ZAP2 do município

do Jordão cujas diretrizes gerais são:

1. Capacitação de produtores rurais em sistemas agroflorestais;

2. Adoção de práticas agroecológicas de manejo e produção em sistemas

agroflorestais dirigidos pela sucessão natural, garantido uma maior segurança

alimentar e geração de renda para os comunitários;

3. Estudos de mercado para a consolidação das principais cadeias produtivas

agroflorestais;

4. Fomento a atividade de piscicultura;

5. Implantação de viveiros comunitários;

6. Recuperação das Áreas de Preservação Permanentes – APP;

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

325

7. Adesão a política de valorização do ativo ambiental florestal;

8. Incentivo a criação de pequenos animais para a complementação da renda

familiar;

9. Acesso ao crédito para fomento da produção agroflorestal, com garantia de

assistência técnica;

10. Fortalecimento da infraestrutura viária e fluvial;

11. Fortalecimento da organização social comunitária;

12. Verticalização da produção agroflorestal com apoio governamental para

garantia de preço mínimo e acesso ao mercado;

13. Apoio ao desenvolvimento social com melhorias na estrutura educacional, nos

serviços de saúde, saneamento básico, moradia e transporte;

14. Fomento a Implementação de Plano de Desenvolvimento Comunitário.

É possível que haja famílias beneficiárias da RESEX vivendo na área do PCA Casulo São

João.

Figura 147. Áreas da Zona de Produção Agroflorestal Familiar no Jordão. Fonte: SEMA 2010.

2.3.10.2. Zona de Produção Agroflorestal em Antigos Seringais – ZP3

Nesta zona se encontram uma propriedade privada cadastrada no CAR na Área

Agroflorestal São José – AGF11, na margem do rio Tarauacá, na parte norte, em frente

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

326

à comunidade Tabocal (Figura 144 do item 2.3.7) e pertence à uma família tradicional da

cidade de Tarauacá, dona dos empreendimentos DISRI. Nas áreas não destinadas duas

AGFs, a Área Agroflorestal Amena - AGF9 e Área Agroflorestal Xapuri - AGF10, ambas

localizadas na fronteira com a RESEX entre os igarapés América e Jaminawá (cujas

diretrizes são as mesmas apresentadas anteriormente para a AGF11 - Figura 148).

Provavelmente os moradores destas duas áreas também são beneficiários da RESEX,

exigindo trabalho da gestão da UC na interlocução com a prefeitura do Jordão e governo

do Acre.

De acordo com o Ordenamento Territorial Local (SEMA, 2010c) as diretrizes gerais da

ZP3 são:

1. Implantação de sistema agrícola familiar em bases sustentáveis;

2. Adoção de práticas agroecológicas de produção e manejo de culturas anuais;

3. Diversificação do sistema produtivo da agricultura familiar;

4. Adesão aos programas da política de valorização do ativo ambiental florestal;

5. Fomento a pecuária bovina leiteira;

6. Adoção de práticas silvipastoris sustentáveis;

7. Recuperação das Áreas de Preservação Permanentes – APP;

8. Incentivo a criação de pequenos animais para a complementação da renda

familiar;

9. Fomento a atividade de piscicultura

10. Acesso ao crédito para fomento da produção agrícola, com garantia de

assistência técnica;

11. Fortalecimento da organização social comunitária;

12. Verticalização da produção agrícola com apoio governamental para garantia de

preço mínimo e acesso ao mercado;

13. Melhorias de transporte para o escoamento da produção;

14. Apoio ao desenvolvimento social com melhorias na estrutura educacional, nos

serviços de saúde, saneamento básico, moradia e transporte

E as diretrizes específicas destas AGFs são:

1. Implementação de sistema produtivo agropecuário sustentável com utilização

de práticas de manejo agroecologicas (manejo ecológico do solo e pastagens);

2. Adoção de sistema produtivo diversificados, na agricultura familiar, com a

adoção de roçados sustentáveis, além de outras práticas produtivas de acordo

com a aptidão agrícola dessa zona;

3. Recuperação de áreas degradadas (pastos, capoeiras e outros) para expansão e

reintegração destas áreas ao sistema produtivo agrícola com adesão ao

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

327

programa de certificação de unidades produtivas sustentáveis, programa de

regularização de passivos ambientais florestais e florestas plantadas;

4. Apoio ao fortalecimento da horticultura e fruticultura;

5. Implementar políticas públicas de pagamento por serviços ambientais

(manutenção da floresta primária) as populações extrativistas;

6. Fortalecer a cadeia produtiva leiteira fomentando a organização comunitária, a

capacitação de produtores para adoção de tecnologias, visando uma maior

produtividade e agregação de valor aos produtos derivados do leite;

7. Intensificação da criação de pequenos animais (galináceos e ovinos) com

finalidade comercial com apoio técnico da instituição responsável pela

fiscalização sanitária;

8. Fortalecimento da organização comunitária, pelo órgão de extensão, visando

facilitar a implementação de políticas públicas voltadas para a produção rural;

9. Apoio na obtenção de crédito individual e coletivo com desburocratização dos

serviços;

10. Fortalecimento e verticalização da produção familiar rural mediante a inserção

dos processos de beneficiamento, aumento da produção e produtividade,

proporcionando melhoria de renda dos agricultores familiares;

11. Apoiar as comunidades com a doação de barcos para escoamento da produção

agrícola e deslocamento dos produtores que residem ao longo dos principais

mananciais desta zona do OTL.

Figura 148. Áreas da Zona de Produção Agroflorestal de Antigos Seringais no Jordão. Fonte:

SEMA 2010.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

328

2.3.10.3. Zona de produção agropecuária sustentável em antigos seringais – ZP4

No entorno imediato da RESEX, a ZP4 é composta unidades territoriais localizadas em

terras não destinadas: a Área agropecuária sustentável Ressalva – AAS1, Jaminawá –

AAS3 e São Luiz – AAS4 (Figura 149). De acordo com o Ordenamento Territorial Local

(SEMA, 2010c) esta ZP tem as seguintes diretrizes gerais:

1. Implantação de sistema agropecuário em bases sustentáveis de pequena escala

(subsistência);

2. Adoção de práticas agroecológicas de produção e manejo de culturas anuais

(lavoura branca);

3. Diversificação do sistema produtivo da agricultura familiar;

4. Adesão aos programas da política de valorização do ativo ambiental florestal;

5. Fomento a pecuária bovina leiteira em pequena escala;

6. Adoção de práticas silvipastoris sustentáveis;

7. Recuperação das Áreas de Preservação Permanentes – APP;

8. Incentivo a criação de pequenos animais;

9. Acesso ao crédito para fomento da produção agropecuária, com garantia de

assistência técnica;

10. Melhorias no transporte fluvial;

11. Fomento a regularização fundiária nas áreas com situação indefinida.

12. Realização de campanhas de educação ambiental voltadas para a produção sem

o uso do fogo;

13. Verticalização da produção agropecuária com apoio governamental para

garantia de preço mínimo e acesso ao mercado;

14. Apoio ao desenvolvimento social com melhorias na estrutura educacional, nos

serviços de saúde, saneamento básico, moradia e transporte.

As diretrizes propostas para esta Zona do OTL são restritas as atividades agropecuárias

em pequena escala, principalmente, para a pecuária de corte e leite, visto que, devido

à localização e a falta de acesso as respectivas áreas, torna-se inviável o fomento de

grande produtividade. Outro fator que justifica a adoção de práticas mais sustentáveis

é a existência de extensas áreas de ativo ambiental florestal.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

329

Figura 149. Áreas da Zona de Produção Agropecuária Sustentável de Antigos Seringais no Jordão.

Fonte: SEMA 2010.

As AAS, por sua vez, têm as seguintes diretrizes específicas (SEMA, 2010c):

1. Consolidação de sistemas de pecuária bovina intensiva ou semi-intensiva com

manejo e rotação de pastos ou sistemas mistos (corte e leite em pequena

escala);

2. Recuperação de áreas degradadas por meio do uso de tecnologias

agroecológicas adaptadas a realidade local, tais como: o plantio de leguminosas

herbáceas, plantio direto e rotação de culturas anuais;

3. Diversificação da produção local com adoção de sistemas integrados de

produção agropecuária;

4. Implementação dos programas de recuperação de áreas alteradas e de

certificação de propriedades rurais da política do ativo ambiental florestal nas

áreas do OTL;

5. Consorciamento de pasto com leguminosas forrageiras, sombreamento de

pastagens com espécies nativas de rápido crescimento e gramíneas que toleram

certa sombra (capim colonião e tanzânia) para obtenção de uma maior

produtividade;

6. Consolidação de práticas silvipastoris (sombreamento e rotação de pastagens)

para aumento da produtividade na pecuária bovina de corte em pequena escala;

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

330

7. Fomentar a criação de pequenos animais com ênfase em galináceos e suínos

para a complementação da renda familiar;

8. Facilitar o acesso a linhas de financiamento para a produção agropecuária, junto

às instituições financeiras do governo estadual e federal;

9. Apoiar as comunidades com a doação de barcos para escoamento da produção

agrícola e deslocamento dos produtores que residem ao longo dos principais

mananciais desta zona do OTL;

10. Priorizar a legalização fundiária das propriedades rurais com situação indefinida,

para facilitar a obtenção de linhas de créditos oficiais do governo, além de outros

benefícios promovidos com a titulação da terra;

11. Conscientização e sensibilização da população local através da realização de

campanhas de educação ambiental destinadas a informar sobre o uso

inadequado do solo e a produção sem o uso do fogo;

12. Criação de áreas de Reservas Particulares do Patrimônio Natural – RPPN,

destinadas à visitação pública e atividades de educação ambiental.

É importante notar que esta AAS3 está na boca do igarapé Jaminawá, justamente na

área da comunidade Jaminawá que é beneficiária da Reserva Extrativista, portanto se

torna fundamental o diálogo da gestão da Unidade (ICMBio e ASAREAT) com a prefeitura

do Jordão e Governo do Estado que venham a promover e fomentar o desenvolvimento

desta área.

Por outro lado, a Comunidade Polo (COP) Redenção, localizada na AA1 – Ressalva da ZP4

na frente da TI Kampa do igarapé Primavera, entre as comunidades São Luiz e Mato

Grosso, é a COP do entorno da RESEX mais próxima de seus limites cujas famílias não

são consideradas pelo ICMBio e moradores da RESEX como beneficiária da Unidade25.

Vivem nesta comunidade uma população estimada de 154 pessoas em 23 famílias, com

tamanho médio de 6,7 pessoas (Tabela 21) (PESACRE, 2013c).

2.3.10.4. Área indicativa para criação de unidade de conservação do Muru –_ZPA

Já a ZPA é caracterizada unicamente pela Área indicativa para criação da Unidade de

Conservação do Muru – APA (Figura 150). Esta Unidade de Conservação está planejada

para se localizar nas cabeceiras do igarapé Jaminawá, América e São João, indo até a

margem do rio Muru e se torna particularmente importante para a gestão da RESEX do

Alto Tarauacá, pois a proposta de UC se sobrepõe à todo o caminho do ramal da

integração (Jordão-Novo Porto).

25 Durante as oficinas de reconhecimento nas comunidades para o Plano de Manejo, não houve participação de

ninguém que informou morar em um seringal ou comunidade chamada Redenção. Inclusive na oficina realizada na comunidade Tabocal, mais próxima da Redenção, dentro da RESEX.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

331

Depois de mais de quatro anos, o governo municipal inaugurou em 2013 uma estrada

ligando o município do Jordão e o seringal Novo Porto, na cabeceira do rio Muru,

conhecido como Ramal da Integração que inicia próximo ao igarapé São João, limite da

RESEX percorrendo um trajeto próximo e paralelo ao de um antigo varadouro. Na

comunidade localizada ao longo do Ramal da Integração, formada por 135 habitantes,

ao longo dos 42 quilômetros de extensão foram registrados os seguintes problemas

socioambientais: poluição das águas, queimadas, desmatamentos ilegais e mortalidade

de peixes (SEMA, 2010a). O rebanho bovino irregular retirado da RESEX foi

majoritariamente deslocado para as novas fazendas abertas ao longo deste ramal.

Figura 150. Áreas da Zona de Proteção Ambiental no Jordão. Fonte: SEMA 2010.

As diretrizes gerais para a ZPA são:

1. Efetivação de ações necessárias de regularização fundiária.

2. Implementação de planos de manejo e outros instrumentos de gestão territorial

da área.

3. Implementação efetiva de ações de demarcação, sinalização e fiscalização,

necessárias para garantir a integridade da área.

4. Execução de ações contínuas de mapeamento, análise e gestão de conflitos

ambientais.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

332

5. Elaboração de estudos mais detalhados para identificação do potencial

ambiental existente na referida zona.

6. Desenvolvimento de ações contínuas de educação ambiental.

7. Fomento a estratégias de gestão participativa de recursos naturais em áreas de

entorno e integração entre áreas protegidas vizinhas.

E as específicas:

1. Elaborar Peça de Criação da Unidade;

2. Criação do Conselho Gestor da Unidade de Conservação;

3. Implementar as demais recomendações e requisitos legais do Sistema Nacional

de Unidade de Conservação e suas regulamentações estaduais e federais;

4. Fomento a elaboração do Plano de Manejo

5. As diretrizes de uso da referida área serão definidas e detalhadas no âmbito do

Plano de Manejo da Unidade de Conservação.

3. TÓPICOS DE DESTAQUE DO DIAGNÓSTICO

Após a elaboração do diagnóstico foi possível identificar as principais atividades e ações

conflitantes, e ameaças que incidem sobre a RESEX, bem como as principais lacunas de

conhecimento.

3.1. ATIVIDADES OU SITUAÇÕES CONFLITANTES E AMEAÇAS A RESEX E ENTORNO

Os quadros abaixo identificam o tema, as partes envolvidas e descrevem a problemática

e a situação de cada conflito ou ameaça. A Figura 151 apresenta os conflitos mapeados

com base nas informações fornecidas pelos moradores da RESEX nas reuniões

comunitárias.

1

Tema Situação fundiária

Conflito Reivindicação de indenização pelo seringal Alagoas

Identificado por Equipe gestora da UC

Partes envolvidas ICMBio e ex-proprietário de terras na RESEX

Descrição Consta em processo do IBAMA a reivindicação de pagamento de

indenização do seringal Alagoas, por um suposto proprietário, antes da

criação da RESEX.

Status atual Apenas parte do território consta como indenizada pelo IBAMA à época

da criação da RESEX do Alto Juruá, porém não foi encontrado nenhum

registro nos arquivos da CGTER/ICMBio sobre a situação fundiária da UC

até o momento. A informação que está disponível foi cedida pela equipe

de gestão da RESEX, oriundo dos arquivos do processo do IBAMA. Há

registros de diversas tentativas de negociação por parte do solicitante

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

333

do seringal Alagoas e órgão gestor (IBAMA), entretanto, último

despacho encontrado no processo administrativo é um ofício da

PFE/IBAMA/AC, que consta o encaminhamento para arquivamento do

processo em definitivo no ano de 2011.

2

Tema Situação fundiária

Conflito Sobreposição de propriedade rural particular sobre a área da RESEX

Identificado por Equipe do Plano de Manejo da RESEX

Partes envolvidas ICMBio e proprietário rural

Descrição Existe ao sul da RESEX, nas proximidades da comunidade Boa

Vista/Santa Júlia, uma propriedade rural que se sobrepõe à área da

RESEX em, aproximadamente, 257 ha de área. A Reserva Legal dessa

propriedade situa-se dentro dos limites da RESEX e possui 209 ha de

área. Essa propriedade está registrada no CAR (SICAR, 2017). São

necessárias ações de desapropriação da área sobreposta, após

investigação da legalidade dos limites dessa propriedade.

Status atual Consta no SICAR (2017), a existência dessa propriedade. Ainda não há

informações do ICMBio sobre essa questão.

3

Tema Situação fundiária

Conflito Venda de benfeitorias para não beneficiários moradores da cidade do

Jordão

Identificado por Equipe gestora da UC

Partes envolvidas ICMBio, beneficiários da RESEX e moradores do Jordão

Descrição Segundo o Acordo de Gestão, é permitida a venda de benfeitorias sendo

que depois de vendidas perdem-se os direitos de uso sobre a colocação.

O processo de compra e venda deve ser documentado e comunicado ao

Conselho Deliberativo e ICMBio. A venda de benfeitorias poderá ser feita

para quem já é morador da reserva e deseja uma transferência de

colocação ou para pretendentes que se encaixem no perfil da família

beneficiária. Quando um morador solicitar transferência ou troca de sua

colocação por outra, a transação só poderá ser efetuada após a

aprovação da comunidade, desde que aquela colocação esteja bem

cuidada e conservada, devendo-se comunicar ao ICMBio e registrar em

ata de reunião do Conselho Deliberativo.

Status atual Os comerciantes de Jordão têm comprado benfeitorias na RESEX,

próximo à cidade de Jordão, para exercer atividade de pecuária. Os

moradores mais idosos da cidade de Jordão e Tarauacá, têm procurado

se instalar na UC para terem direito de acessar os benefícios da

previdência social. De acordo com Plano de Proteção (2012), existia a

compra e venda de benfeitorias dentro da RESEX, no entanto,

informações atuais da gestão do ICMBio descrevem que isso já não vem

acontecendo mais com frequência.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

334

4

Tema Situação fundiária

Conflito Moradias secundárias, principalmente na sede urbana do Jordão

Identificado por Equipe gestora da UC

Partes envolvidas ICMBio e beneficiários da RESEX

Descrição O aumento recente da taxa de urbanização do município do Jordão é um

reflexo da migração de famílias da zona rural deste município para a

cidade principalmente em busca de melhores acessos aos serviços

oferecidos. Porém, com a facilitação do acesso à zona urbana e da

capacidade de compra das famílias da zona rural, as famílias não

abandonam as moradias da zona rural, mas passam a ter múltiplas

residências. As moradias nas zonas rurais florestadas passam a servir de

lugar de produção e extrativismo de subsistência e, comercial em

pequena escala, que são consumidos também nas moradias da zona

urbana (PINEDO-VASQUEZ et al. 2008). Este padrão está associado ao

processo recente de urbanização de muitas pequenas cidades

Amazônicas (PELUSO, 2015). No caso da RESEX do Alto Tarauacá, está

associado com a expansão urbana de Jordão. Alguns beneficiários da UC

não abandonam suas moradias dentro da RESEX para viver

completamente na cidade do Jordão, mas passam a manter duas

residências nas quais alternam em temporadas ou mantém alguns

membros morando todo o tempo.

Status atual O número de famílias com residência secundária na cidade tem

aumentado. No Perfil da Família Beneficiária, os moradores da RESEX

definiram algumas orientações para lidar com a situação, porém ainda

são de difícil monitoramento pelo ICMBio que, atualmente, não tem

dimensão exata da quantidade de famílias nesta situação e nem da

intensidade de uso dos recursos da RESEX para abastecimento das

demandas das famílias na cidade.

5

Tema Caça

Conflito Caça de subsistência por parte dos beneficiários

Identificado por Equipe de gestão da UC/levantamento nos processos do ICMBio

Partes envolvidas Beneficiários da RESEX e ICMBio

Descrição A caça de subsistência é atividade característica do modo de vida das

famílias moradoras da RESEX, portanto deveria ter sido incluída no perfil

da família beneficiária e no Acordo de Gestão. A exclusão dos acordos

de caça realizados previamente com as comunidades causou polêmica

e não foi bem aceita pelos moradores da RESEX, que argumentam

necessitar de carne de caça para o sustento da família. Entretanto, ficou

acertado entre os gestores da Resex e a comunidade que tal temática

será debatida novamente, assim que houver entendimento jurídico no

ICMBio.

Status atual No Acordo de Gestão da RESEX foi inserindo os seguintes acordos no

capítulo X que rege “outras intervenções”:

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

335

42. Não é autorizada a presença de cachorros na RESEX que possam

causar dano à fauna silvestre;

44. Não é permitido aos moradores convidar pessoas que não moram

na Reserva para caçar ou pescar dentro da Unidade e nem presentear

amigos e familiares que moram foram da Reserva com peixes ou animais

silvestres.

6

Tema Caça

Conflito Caça com cachorro por beneficiários dentro dos limites da RESEX

Identificado por Beneficiários da RESEX, Conselho Deliberativo e ICMBIO

Partes envolvidas ICMBio e beneficiários da RESEX

Descrição A caça com cachorros é debatida e considerada irregular dentro dos

limites da RESEX pelo ICMBio, por beneficiários e integrantes do

conselho deliberativo, constando nos relatos de reuniões de formação

do conselho (2008/2009), elaboração da primeira fase do Plano de

Manejo (2009) e nas atas das primeiras reuniões do Conselho

Deliberativo em 2010. Os moradores consideram que a caça com

cachorros aumenta em muito a capacidade de abate dos caçadores e

afugenta as caças das proximidades das residências.

Após anos de campanhas do ICMBio, atualmente essa prática já tem

sido abandonada pela maioria dos moradores e nas reuniões

comunitárias ocorridas foi relatada como quase ausente dentre os

beneficiários da RESEX.

Status atual No Acordo de Gestão da RESEX foi inserindo os seguintes acordos no

capítulo X que rege “outras intervenções”:

42. Não é autorizada a presença de cachorros na RESEX que possam

causar dano à fauna silvestre;

Foram verificados nas atas das reuniões do Conselho Deliberativo relatos

de que a caça com cachorro está quase ausente dentre os beneficiários.

Durante a visita de reconhecimento das comunidades para elaboração

do Plano de Manejo não foram verificados cães de caça nos limites da

RESEX.

7

Tema Caça

Conflito Invasão para caçar dentro dos limites da RESEX

Identificado por Beneficiários da RESEX

Partes envolvidas Beneficiários da RESEX, moradores não indígenas do entorno da UC,

principalmente da cidade de Jordão e caçadores visitantes de outros

municípios do Acre.

Descrição As áreas de invasão para a caça ilegal informadas pelos moradores da

RESEX são nas comunidades de Boa Vista/Santa Júlia e Duas Nações, ao

longo do igarapé Zé de Melo, no igarapé Mato Grosso, comunidade

Maranhão/Massapê, próximo a divisa com a RESEX Alto Juruá e limite

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

336

sudeste da RESEX que abrange os igarapés São João, Caboclinho, São

Vicente, Lameirão até igarapé América.

Status atual De acordo com o Plano de Proteção (ICMBio, 2012), para retirada de

invasores deverão ser realizadas atividades de fiscalização com o apoio

das forças policiais (Polícia Federal e Policia Militar).

8

Tema Caça

Conflito Invasão de indígenas Kaxinawa para caçar dentro dos limites da

RESEX

Identificado por Equipe de gestão da UC

Partes envolvidas Beneficiários da RESEX e indígenas Kaxinawa das TIs do rio Jordão

Descrição Segundo a equipe gestora da RESEX, durante muitos anos os moradores

dos seringais Boa Vista e Duas Nações apresentavam queixas sobre a

invasão de caçadores Kaxinawa nos limites da Unidade. No entanto,

durante as reuniões de reconhecimento das comunidades quando

foram levantados os atuais conflitos, os moradores destes seringais

informaram não haver mais problemas de invasão dos indígenas em

suas terras para caçar. E, segundo os Kaxinawa informavam em meados

dos anos 2000, os moradores da RESEX invadiam as terras da TI Baixo

rio Jordão para caçar com cachorro (Constantino, 2015), fato que não

foi descrito na fala dos moradores nas reuniões de retomada do Plano

de Manejo.

Status atual Segundo os moradores da RESEX, não há mais este problema

atualmente.

9

Tema Pesca

Conflito Uso de veneno como petrecho de pesca em igarapés e nos rios Jordão

e Tarauacá

Identificado por Beneficiários da RESEX e equipe de gestão da UC

Partes envolvidas Beneficiários da RESEX e indígenas Kaxinawa das TIs do rio Jordão

Descrição Os Kaxinawa que vivem no rio Jordão, assim como em todas as outras

terras indígenas que ocupam, usam diferentes plantas como veneno

para pescar – genericamente chamado de tingui. Esta é uma técnica

tradicional deste e outros povos indígenas que, além de garantir o

alimento, é um momento de socialização entre as pessoas que

participam (AMARAL, 2005). Geralmente, é nesta pescaria que há a

grande participação de mulheres e crianças, diferentemente da pesca

com tarrafa, malhadeira, bicheiro e mascara, nas quais o homem é

protagonista. Existem, no entanto, diferentes espécies utilizadas que

afetam os peixes de diferentes maneiras, dependendo do princípio ativo

(ANDRADE et al. 2015). Os Kaxinawa usam pelo menos o tingui, a oaka,

o barbasco e o sika (AMARAL 2005). Além da espécie utilizada, a

quantidade e o local também são importantes para determinar a

quantidade e o tipo de peixe capturado.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

337

Os moradores da comunidade Boa Vista da RESEX, às margens do rio

Jordão, imediatamente abaixo das aldeias Kaxinawa, percebem que a

prática de pesca com o veneno leva a alta mortandade de peixes de

diversos tamanhos e outros animais aquáticos que acabam não sendo

aproveitados, além de provocar diarréia nas pessoas, a jusante da área,

que bebem a água com tingui. Segundo estes moradores, os Kaxinawa

usam em grande quantidade e com alta frequência o tingui no rio Jordão

e em igarapés, próximos às bocas, principalmente no período de seca.

Essa prática os afeta por reduzir as populações dos peixes que estariam

disponíveis para os moradores da RESEX e por causar doenças.

Os Kaxinawa do Jordão, por sua vez, acordaram internamente algumas

medidas que limitam o uso dos venenos de pesca, tanto em qualidade

quanto em quantidade locais de uso. Porém, reconhecem também que

o controle desta atividade é difícil, por ser prática tradicional e uma das

formas mais fáceis de conseguir alimento (CPI-AC e AMAAI-AC 201226).

Portanto, também identificam a necessidade de trabalho com seu povo

para modificar a forma de uso desta prática.

Status atual Segundo os moradores da RESEX, houve algumas tentativas

malsucedidas de conversa com representantes indígenas para que estes

reduzissem o uso do tingui por seu povo. A gestão da RESEX, por sua vez,

afirma que houve época em que o canal de abertura de diálogo com os

Kaxinawa existiu, inclusive os mesmos participavam das reuniões

comunitárias e houve pequeno avanço. Atualmente, os Kaxinawa

também não têm mais participado das reuniões de Conselho

Deliberativo da RESEX (já que tem uma cadeira). Este espaço seria um

dos mais adequados para debater a questão.

10

Tema Pesca

Conflito Pesca profissional de não beneficiários dentro da UC

Identificado por Equipe gestora da UC e beneficiários

Partes envolvidas ICMBio, beneficiários da RESEX e colônia de pescadores

Descrição A RESEX do Alto Tarauacá tem boa parte de seu limite na margem do rio

Tarauacá e, em um trecho importante próximo à cidade do Jordão tem

ambas as margens incluídas em seu território. Como o rio Tarauacá é a

principal via de acesso entre a cidade do Jordão e as outras cidades do

estado, há trânsito constante de embarcações, as quais impactam a

Unidade e seus beneficiários de diversas maneiras. A equipe gestora da

RESEX e os beneficiários identificam que há pescadores praticando a

pesca comercial no rio Tarauacá ao longo de toda extensão que coincide

com a RESEX (SEMA 2010a) e, por vezes, dentro de alguns dos principais

26 Plano de gestão territorial e ambiental das três terras indígneas Kaxinawa do Jordão. Comissão Pró-Indio do Acre, Rio Branco.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

338

igarapés e lagos dentro da UC, sem que haja nenhum diálogo com a

Unidade ou moradores. Esses pescadores em sua maioria, se não na

totalidade não pertencem a nenhuma colônia de pescadores, e não há

essa formalização no município de Jordão, o que dificulta o diálogo. Esta

pesca tem impactos sobre as populações de peixes que são utilizadas

pelos beneficiários.

É importante ressaltar que o Perfil da Família Beneficiária definiu o perfil

e atividades permitidas aos usuários da RESEX, que incluem aqueles que

efetuam pescaria de subsistência durante os dias que trafegam no rio

Tarauacá. Porém o uso dos igarapés e lagos dentro da RESEX não foi

tratado.

Status atual As fiscalizações acontecem anualmente no período da pesca e desova

dos tracajás. Todos os anos são inseridas no Planejamento das Ações

de Fiscalização (PLANAF) do ICMBio. De acordo com o Plano de

Proteção (ICMBio, 2012), para retirada de invasores deverão ser

realizadas atividades de fiscalização com o apoio das forças policiais

(Polícia Federal e Policia Militar).

11

Tema Pecuária

Conflito Pecuária de pequena escala por beneficiários da RESEX dentro dos

limites da UC

Identificado por Equipe de gestão da UC/levantamento nos processos do ICMBio

Partes envolvidas Beneficiários da RESEX e ICMBio

Descrição Alguns critérios acordados com moradores da RESEX no Acordo de

Gestão e no Perfil da Família Beneficiária relacionados a criação de

gado bovino em seu interior acabaram não constando na versão final

publicada destes documentos, por falta de uma posição clara

atualmente do ICMBio. Muitas famílias dentro da UC (68%) criam gado

bovino como reserva financeira e para comercialização pontual em

Jordão (UFV, 2014).

Status atual Há presença de beneficiários que praticam a atividade de criação de

gado bovino na RESEX, porém não está descrita no Acordo de Gestão

e nem no Perfil da Família Beneficiária. O assunto é pauta recorrente

de reuniões do Conselho Deliberativo, portanto, pauta de discussão

ainda aberta.

12

Tema Desmatamento

Conflito Retirada ilegal de madeira destinada ao uso fora da RESEX por

beneficiários

Identificado por Equipe gestora da UC

Partes envolvidas ICMBio e beneficiários da RESEX

Descrição Um dos aspectos relacionados às moradias secundárias na cidade mais

relevantes para a equipe de gestão do ICMBio na RESEX é o impacto

sobre os recursos naturais, sendo a extração de madeira um dos mais

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

339

controversos. Algumas das famílias com múltiplas residências tiram

madeira da RESEX para construir suas casas secundárias na cidade. Há,

no entanto, restrições legais que devem ser levadas em conta pelo

ICMBio. Algumas vezes, o uso ultrapassa aquele destinado para as

famílias beneficiárias, se tornando um problema ainda maior para a

gestão da UC. Como o fluxo de famílias para a cidade vem aumentando,

a demanda por madeira para fora da RESEX também aumenta.

Segundo o diagnóstico realizado para o Ordenamento Territorial do

município de Jordão, “também há registros de conflitos entre alguns

grupos de rurícolas e os proprietários de serrarias e marcenarias no

município, porém muito incipiente. Estes últimos são apontados por

retirar e comprar madeira de forma ilegal, com anuência de possíveis

responsáveis pela madeira, em área de Terra Indígena e na RESEX,

próximas ao perímetro urbano. Vale ressaltar que tanto a marcenaria

como a serraria funcionam ilegalmente, mas os proprietários negociam

a madeira com os próprios comunitários” (SEMA 2010a).

Status atual O ICMBio não autoriza a retirada de madeira para uso na construção

da moradia na área urbana de Jordão, entretanto, o monitoramento

desse uso por parte do morador beneficiário é pontual e complexo.

13

Tema Uso dos recursos naturais

Conflito Cultivo e extrativismo de espécies para feitio da ayauascar por

pessoas vinculadas à União do Vegetal

Identificado por Equipe gestora da UC

Partes envolvidas ICMBio, beneficiários da RESEX e devotos da UDV

Descrição A religião União do Vegetal colhe duas espécies (Banisteriopsis caapi e

Psychotria viridis) de áreas dentro da RESEX para o preparo da

ayauascar. Não há certeza se a colheita é feita de indivíduos plantados

ou extraída de indivíduos nativos. Porém, as pessoas que colhem de

áreas dentro da RESEX não são beneficiárias e nem usuárias, mas sim

moradores da cidade do Jordão. Este conflito de uso do chá não deve

ser confundido com o grupo de beneficiários residentes da comunidade

Jaminawa que coleta as espécies no entorno da RESEX, na parte norte.

Como o fluxo de interessados pelos rituais que usam o chá tem

aumentado na cidade do Jordão, há a preocupação ainda maior por

parte da equipe gestora da Unidade sobre a intensidade de uso e os

impactos consequentes, mas principalmente, pela entrada não

autorizada pelo órgão gestor para este fim.

Status atual O uso das espécies continua a ser realizado, sendo que a maioria das

famílias das comunidades não se opõe, a não ser algumas daquelas que

estão mais próximas do conflito (na comunidade Boa Vista).

Verbalmente, o ICMBio solicitou um documento da UDV indicando a

intensidade de uso e a identificação dos coletores da chacrona e mariri,

plantadas dentro da RESEX (Processo do Acordo de Gestão, página

189), porém até meados de 2017 este não havia sido entregue.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

340

1

Tema Desmatamento

Ameaça Ampliação da Terra Indígena Jaminawá Arara do rio Bagé

Identificado por Equipe do Plano de Manejo da RESEX

Partes envolvidas ICMBio, FUNAI, moradores da RESEX e indígenas da TI Jaminawá Arara do

rio Bagé.

Descrição Há um processo na FUNAI de reinvindicação de ampliação da Terra

Indígena Jaminawá Arara do rio Bagé. Os indígenas apontam um possível

erro de demarcação na porção que a TI confronta com a RESEX. As

cabeceiras do rio Bajé estão localizadas fora da área da TI e dentro da área

da RESEX na porção oeste. A proposta é incluir todas as nascentes do rio

Bajé na TI, onde existiram colocações exploradas pelos indígenas. Essas

nascentes fazem divisa com as nascentes do igarapé Nazaré e situam-se

em região que não foi obtida informação de uso dos moradores da RESEX.

Status atual Processo em andamento na FUNAI.

2

Tema Desmatamento

Ameaça Desmatamento na RESEX

Identificado por Equipe gestora da UC, equipe do Plano de Manejo

Partes envolvidas Equipe gestora da UC e moradores da RESEX

Descrição De acordo com a análise dos dados do PRODES para este diagnóstico, o

desmatamento tem diminuído consideravelmente na RESEX e entorno.

Desde o ano de criação da RESEX (2000), aproximadamente 23,78 km2

(1,58%) de área de floresta foi desmatada. A maioria das áreas desmatadas

localizam-se a sul da RESEX ao redor da área urbana de Jordão. O limite da

RESEX a sul parece “segurar” o vetor de desmatamento nessa região.

Dentro da RESEX estas áreas concentram-se ao longo dos rios Tarauacá,

Jordão e igarapé São Salvador, reflexo do histórico de ocupação da região

que priorizou as margens dos rios para implantação de roçados e

construção de moradias. Essa ocupação das margens gera o

desmatamento de áreas de Áreas de Proteção Permanente (APP) dos rios

e igarapés. Observa-se também áreas recentes de desmatamento dentro

da RESEX na região do igarapé São João (seringal Duas Nações), igarapé

que define o limite da RESEX.

Status atual Segundo o Plano de Proteção da RESEX (ICMBio, 2012) deve ser feito o

monitoramento periódico da área da RESEX e entorno por meio de

sobrevôos ou imagem de satélite para identificação de novas áreas

modificadas pelas ações antrópicas. O ICMBio identifica um crescimento

da ocupação nesta região, porém tem pouquíssimas informações sobre as

famílias que ali residem e o uso que fazem. Raramente estas famílias

participam das atividades de gestão da RESEX.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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3

Tema Desmatamento, caça e expansão agropecuária

Ameaça Abertura do Ramal da Integração

Identificado por Equipe gestora da UC

Partes envolvidas ICMBio e município do Jordão

Descrição A abertura para trânsito de veículos do ramal que liga a comunidade de

Novo Porto no rio Muru à cidade do Jordão promoveu o acesso de

caçadores da cidade à novas áreas antes com baixa pressão de caça e

fartura de animais. Ao adentrarem estas áreas, os caçadores se aproximam

ainda mais das populações de índios isolados. Além disso, a abertura do

ramal gerou nova frente de expansão agropecuária, espaço de inserção do

conflito com a RESEX. O ICMBio fez uma campanha de retirada de 605

cabeças de gado que não pertencia aos moradores da RESEX, mas de

moradores influentes da cidade que arrendavam terras na Unidade para a

criação. O gado retirado da RESEX foi transferido para as novas áreas

abertas adquiridas, consorciadas ou invadidas pelos fazendeiros ao longo

do ramal.

Status atual Seis anos após o início das obras, a prefeitura inaugurou o ramal em 2013,

sendo interrompido pelas chuvas em 2014 e tendo apenas um trecho de

10 km reaberto a partir de Jordão (Lima et al. 2016). Esta região é uma das

que mais teve desmatamento recente no município. Em reunião com o

Ministério Público em 2014, foi criado um GT interinstitucional com a

presença de ICMBio e FUNAI, para definir o plano estratégico de

fiscalização da área do ramal, o processo de consulta da convenção OIT-

169, além de ter sido acordado a necessidade da realização de diagnóstico

e plano de atuação de mitigação e compensação dos impactos causados

pelo ramal. Até 2015 haviam sido realizadas quatro reuniões do GT,

gerando como resultados objetivos, apenas duas visitas do IMAC ao ramal,

o que resultou na identificação de pontos de desmatamento e a lavração

de autos de infração (sendo um deles para um ex-secretario de

agricultura). No entanto, os documentos técnicos consolidados

identificados como necessários pelo GT não foram entregues. Em maio de

2016, o Ministério Público recomendou ao Deracre e ao município do

Jordão que interrompessem “as atividades abertura, conservação ou

beneficiamento do ramal até que seja realizada análise socioambiental

mínima a respeito dos impactos do empreendimento” além de outras

orientações (MPF, 2016). Uma das ações de mitigação propostas para lidar

com possibilidade de impacto aos índios isolados seria a criação da terra

indígena Cabeceiras dos rios Muru e Iboiaçu, já reivindicada na FUNAI.

4

Tema Queimadas

Ameaça Queimadas na RESEX

Identificado por Equipe gestora da UC, equipe do Plano de Manejo

Partes envolvidas Equipe gestora da UC e moradores da RESEX

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Descrição A partir da análise dos dados do Banco de Dados de Queimadas do

Programa Queimadas do INPE para uma série temporal referente aos

últimos 10 anos (2007 a 2017) realizada para este diagnóstico, foi possível

observar que os focos de calor se concentram ao longo dos rios e igarapés,

principalmente nos rios Tarauacá, Jordão e igarapé São Salvador e,

também, na área urbana de Jordão, sendo também as áreas que

apresentam maiores densidades de foco de calor. Essas áreas de floresta

podem ser consideradas mais impactadas pelos incêndios nesta última

década. Com relação ao risco de fogo, áreas próximas à Jordão, ao sul da

RESEX, apresentam risco alto e muito alto de incêndio. A norte fora da área

da RESEX, próximo a terra indígena Kampa do igarapé Primavera também

há risco alto de incêndio.

Status atual Segundo o Plano de Proteção da RESEX (ICMBio, 2012) deve ser feito o

monitoramento periódico da área da RESEX e entorno por meio de

sobrevôos ou imagem de satélite para identificação de novas áreas

modificadas pelas ações antrópicas.

5

Tema Expansão urbana

Ameaça Expansão urbana na margem da RESEX

Identificado por Equipe gestora da UC

Partes envolvidas ICMBio e município do Jordão

Descrição A urbanização de áreas muito próximas ou dentro das UC e o aumento da

relação que as populações beneficiárias têm com as cidades é uma

problemática que cada vez mais recai sobre Unidades de Conservação na

Amazônia, e que o ICMBio e outros órgãos de gestão tem que lidar.

A região sul da RESEX do Alto Tarauacá tem seus limites na área de

expansão da zona urbana do Jordão, principalmente ao longo do igarapé

São João. O uso dos recursos naturais e do solo por estas famílias, bem

como a relação com a RESEX e o acesso à serviços urbanos passa a ser

diferenciado do resto da Unidade. A urbanização da área de entorno

imediato da UC, além de não ser compatível com os objetivos de criação

da Unidade, pode também intensificar a exploração dos recursos e,

também, a geração de resíduos poluentes (resíduo sólido e esgoto)

lançados nos rios e igarapés.

Status atual A gestão municipal do Jordão tem direcionado esforços de urbanização

para a região do bairro novo, que fica próximo ao igarapé São João no

limite da RESEX, como investimento em ocupação ordenada e

infraestrutura de saneamento e energia. A equipe gestora da RESEX

observa que muitas das famílias que tem moradias secundárias na cidade

ou que saem da Unidade têm residência no bairro novo, porém o

conhecimento sobre estas famílias ainda é bastante limitado. Assim como

os impactos que a urbanização tem sobre a RESEX e a biodiversidade nela

conservada.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

343

6

Tema Expansão agropecuária

Ameaça Criação de gado na RESEX e entorno

Identificado por Equipe gestora da UC

Partes envolvidas ICMBio e município do Jordão

Descrição A expansão agropecuáriadas que ocorre nas terras do entorno podem

gerar impactos sobre RESEX, principalmente com relação a não moradores

que possuem gado e utilizam áreas da UC como pastagem.

Dentro da RESEX, de acordo com o Plano de Proteção (ICMBio, 2012), a

criação de gado dentro da RESEX é prática comum entre os moradores e

destaca-se como uma atividade econômica importante, porém, não

existem dados a respeito da quantidade de bovinos dentro da UC. Esta

atividade tem gerado impactos para a RESEX, como por exemplo, o

desmatamento para formação de pastagem, a queima para limpeza de

pasto, a compactação dos solos pelo pisoteio dos animais, contribuindo

para o aceleramento do processo de degradação dos solos da Unidade.

Status atual A retirada de bovinos da RESEX já foi iniciada através de fiscalização e tem

sido dado prioridade a não moradores da UC (moradores da cidade de

Jordão ou Tarauacá). Até 2012 foram autuadas 05 pessoas, sendo

embargados 89 hectares de pastagens, notificados 5 pessoas para

retirarem 283 cabeças de gado, 05 notificações para desocupar 05

propriedades dentro da Reserva (ICMBio, 2012). Aos moradores da RESEX

foi estabelecido acordo conforme o Plano de Utilização, no qual é

permitido no máximo 30 cabeças de gado por colocação, no entanto no

Acordo de Gestão publicado em 2017, página 164, memorando nº

77/2015 – CGPT/DISAT/ICMBio, consta a orientação “Quanto ao tema

gado, sugerimos que a Resex Alto Tarauacá avalie a possibilidade de

elaborar Termo de Ajustamento de Conduta para tratar da questão,

aproveitando toda a discussão e os diagnósticos que já foram realizados

durante a construção do Acordo de Gestão”.

7

Tema Caça

Ameaça Caça de espécies ameaçadas de extinção

Identificado por Equipe gestora da UC, equipe do Plano de Manejo

Partes envolvidas Beneficiários da RESEX e moradores não indígenas e indígenas do entorno

da UC, principalmente da cidade de Jordão.

Descrição Foi identificado durante a compilação dos dados secundários as seguintes

espécies ameaçadas como alvo de caça: Priodontes maximus (tatu-

canastra), Ateles chamek (macaco-preto), Panthera onca (onça-pintada),

Puma concolor (onça-vermelha), Tapirus terrestris (anta) e Tayassu pecari

(queixada).

Status atual Durante a compilação dos dados secundários e oficinas comunitárias foi

possível verificar que estes animais podem ser alvos de caça.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 151. Mapa de conflitos identificados pelos moradores da RESEX.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

345

3.2. LACUNAS DE CONHECIMENTO

Na construção do diagnóstico da RESEX constatou-se algumas lacunas de conhecimento

relevantes que foram abordadas durante a fase de planejamento, ampliando a discussão

sobre estas temáticas e utilizando-as como subsídios para elaboração dos Programas

para a RESEX do Alto Tarauacá.

Segue abaixo o detalhamento das principais lacunas de conhecimento identificadas:

▪ Não há informações das famílias beneficiárias que moram no entorno da área da

RESEX no rio Tarauacá no SisFamília/ICMBio;

▪ As informações do quantitativo da população de beneficiários e moradores da

RESEX ainda estão incompletas e fornecem estimativas conflituosas,

principalmente em relação às famílias da comunidade Jaminawá (entorno

referido acima);

▪ Há poucas informações sobre as famílias residentes no igarapé São João,

imediatamente adjacente à área urbana do município do Jordão.

Aparentemente poucas famílias foram incluídas no levantamento realizado pela

UFV;

▪ Há pouca informação sobre as famílias beneficiárias da RESEX que possuem

residência secundária em Jordão;

▪ Não foi possível obter informações da população das famílias residentes no PCA

Casulo São José, próximo à área urbana do Jordão, em frente à comunidade Boa

Vista;

▪ Não há registros da documentação sobre venda de benfeitorias para não

beneficiários da RESEX;

▪ Ainda não há no ICMBio, na CGTER, informações e documentos sobre as

questões fundiárias da RESEX do Alto Tarauacá. Existem apenas informações

sobre os processos que dizem respeito às indenizações dos seringais Boa Vista,

Duas Nações e Massapê. A equipe de gestão da UC detém cópia do processo

administrativo referente ao processo judicial sobre a questão fundiária do

seringal Alagoas;

▪ Estudos florísticos publicados na RESEX são inexistentes, tendo havido um

pequeno esforço de coleta nos últimos anos na região dos municípios de Jordão

e Tarauacá;

▪ Não existem avaliações da disponibilidade, distribuição, extração e

comercilização dos recursos naturais madeireiros e não-madeireiros para

subsidiar Planos de Manejos;

▪ Somente os grupos faunísticos dos médios e grandes mamíferos e aves já foram

amostrados de maneira sistemática no interior da RESEX. Para outros táxons da

fauna, existem apenas amostragens não sistemáticas esparsas realizadas por

algumas instituições de pesquisas. As maiores lacunas se concentram no grupo

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

346

dos anfíbios, Squamata (lagartos, serpentes e anfisbenas), invertebrados e

peixes;

▪ Há necessidade de estudos e informações relacionadas a atividade pesqueira,

das espécies comercializadas, apetrechos, demanda e abastecimento do

mercado local, bem como de informações bioecológicas e socioambientais que

caracterizem melhor essa atividade conflituosa na região;

▪ Há pouquíssima informação sobre os sítios arqueológicos da fronteira entre os

municípios de Jordão e Tarauacá.

4. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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SELEÇÃO NATURAL/ICMBio. 2017. Diagnóstico Ambiental da RESEX do Alto Tarauacá - Produto

5.

SELEÇÃO NATURAL/ICMBio. 2017. Relatório da Oficina de Planejamento Participativo (OPP)

Junto à Comunidade da RESEX do Alto Tarauacá -Produto 6

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5. ANEXOS

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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ANEXO 1

Decreto de criação da RESEX do Alto Tarauacá

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ANEXO 2

Portaria do ICMBio do Acordo de Gestão da Reserva Extrativista do Alto

Tarauacá

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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ANEXO 3

Portaria do ICMBio do Perfil da Família Beneficiária da Reserva Extrativista

do Alto Tarauacá

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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ANEXO 4

ESTUDO DE VERIFICAÇÃO DOS LIMITES DA RESEX DO ALTO TARAUACÁ

1. REFERÊNCIAS

• Decreto de criação da unidade de conservação federal - "Decreto Federal de 8 de

novembro de 2000, que cria a unidade de conservação Reserva Extrativista do Alto

Tarauacá, nos municípios de Jordão e Tarauacá, no Estado do Acre”.

• Cartas topográficas digitais, disponíveis no Banco de Dados do Exército - BDGEX,

Diretoria de Serviço Geográfico (DSG) – Ministério do Exército: SC-18-X-B-VI - SERINGAL

RIO BRANCO (1:100.000); SC-18-X-D-II - CABECEIRA DO RIO PRETO (1:100.000); SC-19-

V-A-IV - IGARAPÉ PRIMAVERA (1:100.000); SC-19-V-C-I - CÓRREGO DO JORDÃO

(1:100.000); SC-19-V-C-IV - SEM NOME (1:100.000).

• Base de dados da FUNAI, com os limites das terras indígenas (sistema de coordenadas

geográficas, datum SIRGAS 2000).

• Base de dados do ICMBio, com os limites oficiais das unidades de conservação federais,

atualizada em janeiro de 2017 (sistema de coordenadas geográficas, datum SIRGAS

2000).

• Memorial descritivo da RESEX do Alto Tarauacá de 04 de outubro de 2002 (documento

não oficial).

• Termo de cravação dos marcos de outubro de 2002 e arquivos associados em formato

“dwg” fornecidos pelo ICMBio (documento não oficial).

2. ANÁLISE TÉCNICA

O primeiro passo da análise foi comparar os pontos do decreto de criação com o limite oficial da

Reserva Extrativista do Alto Tarauacá, proveniente da base de dados do ICMBio. A análise será

apresentada ponto a ponto e trecho a trecho em ambiente SIG (software ArcGis). O sistema de

projeção foi uniformizado para Sistema de Coordenadas Geográficas, datum SIRGAS 2000 ou

WGS 84. Posteriormente, foi feito uma breve comparação com o memorial descritivo e com a

posição dos marcos físicos da UC.

Trecho 1

De acordo com o decreto de criação o Ponto 1 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 8°41'47,46" S e 71°40'56,93" Wgr, localizado na margem esquerda do rio

Tarauacá, na confrontação da Terra Indígena Campa (Kampa) do igarapé Primavera; segue pela

divisa da Terra Indígena Campa (Kampa) do igarapé Primavera, no sentido NW, por uma

distância aproximada de 37.355,57 m, até o Ponto 2”. O Ponto 1 apresenta um deslocamento

de, aproximadamente, 165 m de distância, sentido S, do limite da terra indígena Kampa do

igarapé Primavera (considerando as bases cartográficas utilizadas). O traçado percorrido até o

Ponto 2 em que a RESEX confronta com a terra indígena Kampa do igarapé Primavera apresenta

sobreposições e vazios indicando a necessidade de acerto dos limites (Figura 1).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 1. Trecho 1 (ponto 1 ao ponto 2) da verificação dos limites da RESEX do Alto Tarauacá.

Trecho 2

De acordo com o decreto de criação o Ponto 2 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 8°36'50,17" S e 71°50'27,20" Wgr, localizado na confrontação da Terra Indígena

Campa (Kampa) do igarapé Primavera com a Terra Indígena rio Gregório; deste, segue pelo

divisor de águas das Bacias dos Rios Gregório e Tarauacá, por uma distância aproximada de

45.708,26 m, até o Ponto 3”. O Ponto 2 localiza-se há aproximadamente 110 m de distância,

sentido E, do limite da confrontação das terras indígenas Kampa do igarapé Primavera e rio

Gregório (considerando as bases cartográficas utilizadas). O traçado percorrido até o Ponto 3

em que a RESEX confronta com a terra indígena rio Gregório e apresenta sobreposições e vazios

indicando a necessidade de acerto dos limites (Figura 2). Além disso, observa-se que o traçado

do divisor de águas precisa ser refinado. No decreto de criação não há menção sobre a RESEX

Riozinho da Liberdade (criada posteriormente em 2005) o que indica a necessidade de correção

no polígono onde confrontam as duas RESEX.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

376

Figura 2. Trecho 2 (ponto 2 ao ponto 3) da verificação dos limites da RESEX do Alto Tarauacá.

Trecho 3

De acordo com o decreto de criação o Ponto 3 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 8°46'45,64" S e 72°07'05,14" Wgr, localizado na confrontação da Terra Indígena

Jaminauá (Jaminawá) Arara do rio Bagé com a Reserva Extrativista do Alto Juruá; daí, segue pela

divisa da Terra Indígena Jaminauá (Jaminawá) Arara do rio Bagé, no sentido SE, por uma

distância aproximada de 9.920,36 m, até o Ponto 4”. O Ponto 3 localiza-se há aproximadamente

45 m de distância, sentido NE, do limite da da terra indígena Jaminawá Arara do rio Bagé

(considerando as bases cartográficas utilizadas). O traçado percorrido até o Ponto 4 em que a

RESEX confronta com a terra indígena Jaminawá Arara do rio Bagé apresenta um pequeno

deslocamento, mas está de acordo com o traçado da RESEX feito pelo ICMBio (Figura 3).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

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Figura 3. Trecho 3 (ponto 3 ao ponto 4) da verificação dos limites da RESEX do Alto Tarauacá.

Trecho 4

De acordo com o decreto de criação o Ponto 4 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 8°50'18,89" S e 72°04'06,48" Wgr, localizado na confrontação da Terra Indígena

Jaminauá (Jaminawá) Arara do rio Bagé com o igarapé São Salvador; daí, segue pela divisa da

Terra Indígena Jaminauá (Jaminawá) Arara do rio Bagé, no sentido SW, por uma distância

aproximada de 17.162,08 m, até o Ponto 5”. O Ponto 4 localiza-se há aproximadamente 235 m

de distância, sentido SW, do ponto de confronto entre a terra indígena Jaminawá Arara do rio

Bagé e o igarapé São Salvador (considerando as bases cartográficas utilizadas). O traçado

percorrido até o Ponto 5 em que a RESEX confronta com a terra indígena Jaminawá Arara do rio

Bagé apresenta um certo deslocamento sendo necessário uma correção (Figuras 4).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

378

Figura 4. Trecho 4 (ponto 4 ao ponto 5) da verificação dos limites da RESEX do Alto Tarauacá.

Trecho 5

De acordo com o decreto de criação o Ponto 5 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 8°55'00,76" S e 72°10'10,37" Wgr, localizado na confrontação da Terra Indígena

Jaminauá (Jaminawá) Arara do rio Bagé com a Reserva Extrativista do Alto Juruá; daí, segue pela

divisa da Reserva Extrativista do Alto Juruá, por uma distância aproximada de 54.589,77 m, até

o Ponto 6”. O Ponto 5 localiza-se há aproximadamente 80 m de distância, sentido SE, do limite

da RESEX (ICMBIO, 2017) e do limite confrontante da terra indígena Jaminawá Arara do rio Bagé

e RESEX Alto Juruá (considerando as bases cartográficas utilizadas). O traçado percorrido até o

Ponto 6 em que a RESEX confronta com a RESEX Alto Juruá está de acordo com o limite da RESEX

feito pelo ICMBio (Figuras 5).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

379

Figura 5. Trecho 5 (ponto 5 ao ponto 6) da verificação dos limites da RESEX do Alto Tarauacá.

Trecho 6

De acordo com o decreto de criação o Ponto 6 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 9°12'58,07" S e 72°02'43,07" Wgr, localizado na confrontação da Reserva

Extrativista do Alto Juruá, com a Terra Indígena Caxinauá (Kaxinawá) do Baixo rio Jordão; daí,

segue pela divisa da Terra Indígena Caxinauá (Kaxinawá) do Baixo rio Jordão, por uma distância

aproximada de 15.605,20 m, até o Ponto 7”. O Ponto 6 localiza-se há aproximadamente 500 m

de distância do limite da terra indígena Kaxinawá (considerando as bases cartográficas

utilizadas). Observa-se uma sobreposição do limite da RESEX Alto Juruá com a terra indígena

Kaxinawá. O traçado percorrido até o Ponto 7 apresenta sobreposições e vazios indicando a

necessidade de correção dos limites da RESEX do Alto Tarauacá (Figura 6).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

380

Figura 6. Trecho 6 (ponto 6 ao ponto 7) da verificação dos limites da RESEX do Alto Tarauacá.

Trecho 7

De acordo com o decreto de criação o Ponto 7 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 9°12'50,02" S e 71°58'48,34" Wgr, localizado na margem esquerda do rio Jordão;

daí, segue pela margem esquerda do rio Jordão, no sentido da jusante, por uma distância

aproximada de 5.231,51 m, até o Ponto 8”. O Ponto 7 localiza-se há aproximadamente 400 m,

sentido SE, de distância do rio Jordão (considerando as bases cartográficas utilizadas). O traçado

percorrido até o Ponto 8 apresenta distorções com relação a hidrografia indicando a

necessidade de refinamento dos limites da RESEX do Alto Tarauacá com o curso d’água do rio

Jordão (Figura 7).

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381

Figura 7. Trecho 7 (ponto 7 ao ponto 8) da verificação dos limites da RESEX do Alto Tarauacá.

Trecho 8

De acordo com o decreto de criação o Ponto 8 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 9°11'31,60" S e 71°57'58,55" Wgr, localizado na margem esquerda do rio Jordão;

daí, segue por uma reta de azimute 359°46'15,61" e por uma distância aproximada de 2.158,02

m, até o Ponto 9”. O Ponto 8 encontra-se deslocado em aproximadamente 260 m, sentido SE,

de distância do rio Jordão (considerando as bases cartográficas utilizadas). A reta de azimute

está correta, porém devido ao deslocamento do Ponto 8, essa reta precisa ser corrigida (Figura

8).

Trecho 9

De acordo com o decreto de criação o Ponto 9 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 9°10'21,41" S e 71°57'58,24" Wgr; daí, segue por uma reta de azimute

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382

89°32'58,85" e por uma distância aproximada de 1.908,53 m, até o Ponto 10”. A reta de azimute

está correta, porém devido ao deslocamento do Ponto 8, o Ponto 9 e a reta precisam ser

corrigidos (Figura 8).

Trecho 10

De acordo com o decreto de criação o Ponto 10 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 9°10'21,45" S e 71°56'55,79" Wgr, localizado na margem esquerda do rio

Tarauacá; daí, segue por uma reta de azimute 90°59'20,89" e por uma distância aproximada de

347,56 m, até o Ponto 11”. O Ponto 10 está deslocado em torno de 200 m em relação ao rio

Tarauacá (considerando as bases cartográficas utilizadas). A reta de azimute está correta, porém

devido ao deslocamento do Ponto 9, o Ponto 10 e a reta precisam ser corrigidos (Figura 8).

Figura 8. Trechos 8, 9 e 10 da verificação dos limites da RESEX do Alto Tarauacá.

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383

Trecho 11

De acordo com o decreto de criação o Ponto 11 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 9°10'21,75" S e 71°56'44,42" Wgr, localizado na margem direita do rio Tarauacá;

daí, segue por um igarapé sem denominação, no sentido do montante, por uma distância

aproximada de 5.187,55 m, até o Ponto 12”. O Ponto 11 está deslocado em torno de 200 m em

relação ao rio Tarauacá (considerando as bases cartográficas utilizadas) e há necessidade de

adequação. O trecho percorrido até o Ponto 12 segue pelo igarapé São João, de acordo com a

base hidrográfica utilizada, portanto o limite da RESEX neste trecho precisa ser corrigido (Figura

9).

Figura 9. Trecho 11 (ponto 11 a ponto 12) da verificação dos limites da RESEX do Alto

Tarauacá.

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384

Trecho 12

De acordo com o decreto de criação o Ponto 12 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 9°11'50,85" S e 71°54' 34,80" Wgr, localizado na confluência com outro igarapé

sem denominação; daí, segue por uma reta de azimute 32°10'37,24", por uma distância

aproximada de 10.916,74 m, até o Ponto 13”. O Ponto 12 está deslocado em torno de 100 m,

sentido SW, em relação ao igarapé sem denominação (considerando as bases cartográficas

utilizadas) e há necessidade de adequação. A reta de azimute está correta, porém precisa ser

corrigida devido ao deslocamento do Ponto 12 (Figura 10).

Figura 10. Trechos 12 (ponto 12 a ponto 13) da verificação dos limites da RESEX do Alto

Tarauacá.

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385

Trecho 13

De acordo com o decreto de criação o Ponto 13 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 9° 06' 51,87" S e 71°51'22,13" Wgr, localizado na cabeceira do igarapé Duas Bocas;

daí, segue pela margem esquerda do igarapé Duas Bocas, no sentido da jusante, por uma

distância aproximada de 19.641,75 m, até o Ponto 14”. Não foi possível identificar corretamente

onde localiza-se o igarapé Duas Bocas mencionado no decreto de criação. Foram consultadas

outras bases hidrográficas e também os moradores das comunidades na primeira oficina

participativa. O igarapé Duas Bocas parece ser o igarapé América que está presente nas bases

hidrográficas. Neste trecho observamos uma divergência: o limite oficial da RESEX parece estar

de acordo com as coordenadas dos pontos 13 e 14 do decreto, porém na descrição do decreto

o limite da RESEX deve seguir pelo igarapé América (Duas Bocas) até sua desembocadura no rio

Tarauacá. O que observamos é que em determinado momento o limite da RESEX se desvia do

curso do igarapé e segue até o Ponto 14, quando na verdade deveria, de acordo com a

interpretação do decreto, seguir até o rio Tarauacá (Figura 11). Essa hipótese pode ser melhor

analisada quando comparada com o memorial descritivo e o termo de cravação dos marcos que

serão apresentados mais a frente.

Trecho 14

De acordo com o decreto de criação o Ponto 14 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 8°57'31,06" S e 71°53'11,86" Wgr, localizado na desembocadura do igarapé Duas

Bocas, margem direita do rio Tarauacá; daí, segue por uma reta de azimute 313°21'43,00", por

uma distância aproximada de 219,92 m, até o Ponto 15”. O limite da RESEX (ICMBIO, 2017) está

coerente com as coordenadas dos pontos do decreto, entretanto como houve uma divergência

no trecho 13, o ponto 14 também precisa ser reposicionado (Figura 11).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

386

Figura 11. Trechos 13 e 14 da verificação dos limites da RESEX do Alto Tarauacá.

Trecho 15

De acordo com o decreto de criação o Ponto 15 localiza-se nas “coordenadas geográficas

aproximadas 8°57'26,13" S e 71°53'17,05" Wgr, localizado na margem esquerda do rio

Tarauacá; daí, segue pela margem esquerda do rio Tarauacá, no sentido da jusante, por uma

distância aproximada de 56.757,06 m, até o Ponto 1”. O Ponto 15 precisa ser reposicionado caso

haja alteração no ponto 14. O trecho percorrido pelo limite da RESEX do Ponto 15 ao Ponto 1

precisa ser refinado e adequado ao curso do rio Tarauacá conforme a base adotada (Figura 12).

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

387

Figura 12. Trechos 15 (ponto 15 ao ponto 1) da verificação dos limites da RESEX do Alto

Tarauacá.

Adicionalmente, foi observado divergências nos limites apresentados no memorial descritivo e

no termo de cravação de marcos físicos. Se comparados os limites da RESEX com os pontos do

memorial descritivo (Figura 13) observamos incoerências nos limites, principalmente no trecho

2 (entre os pontos 2 e 3), trecho 5 (entre os pontos 5 e 6), trecho 12 (entre pontos 12 e 13) e

trecho 13 (entre pontos 13 e 14). O mesmo pode ser observado na Figura 14 quando

comparamos o limite da RESEX com os marcos físicos. No entanto, esses documentos não são

considerados oficiais e precisam ser analisados pelo ICMBio.

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Figura 13. Comparação entre os limites da RESEX do Alto Tarauacá com os pontos do decreto

de criação e pontos do memorial descritivo.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

389

Figura 14. Comparação entre os limites da RESEX do Alto Tarauacá com os pontos do decreto

de criação e pontos dos marcos físicos.

3. RESULTADOS

A partir da análise ponto a ponto e trecho a trecho apresentada e de reunião realizada em 03 de julho de 2017 com membros da Divisão de Consolidação de Limites (DCOL) e Coordenação de Elaboração e Revisão de Plano de Manejo (COMAN) do ICMBio foi acertado que os limites da RESEX seriam atualizados de acordo com as bases cartográficas de maior detalhe. Um processo para verificação de limites da RESEX do Alto Tarauacá foi aberto pelo ICMBIo (SEI nº 02070.006472/2017-24). Foi elaborada uma proposta de limites para a RESEX com base na interpretação do decreto de criação e de acordo com as bases cartográficas citadas anteriormente. Identificamos alguns

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

390

trechos críticos que precisam ser analisados mais profundamente, implicando em tomadas de decisão que devem ser tomadas pelo ICMBio. O primeiro trecho é o que envolve o ponto 3. Conforme orientado no decreto, atualmente a poligonal acompanha o divisor de águas traçado sobre uma base hidrográfica de menor escala (menor riqueza de detalhes) e se une à RESEX Riozinho da Liberdade e à TI Jaminawá Arara do rio Bagé. O novo traçado proposto segue o divisor de águas de uma base de maior detalhe e forma um "vazio" de terra públicas entre a RESEX do Alto Tarauacá, Riozinho da Liberdade e TI arara do rio Bagé e pode ficar vulnerável se não estiver dentro de uma área protegida. Além disso, gera uma sobreposição na RESEX Riozinho da Liberdade. Isso gera uma demanda de ajuste na poligonal da RESEX Riozinho da Liberdade e deve ser avaliado pelo ICMBio. O segundo é o trecho entre os pontos de 8 a 11. O ponto 8 foi ajustado de forma subjetiva e alocado no rio Jordão em ponto próximo as coordenadas do decreto e posteriormente os pontos seguintes foram ajustados de acordo com o ponto 8. No CAR existe uma propriedade particular que sobrepõe esse ponto, portanto é considerado uma área crítica e que deve ser analisada pelo ICMBio. Além disso, existem marcos físicos já implantados nessa área e que precisam ser levados em consideração para evitar conflitos fundiários na região. O terceiro trecho é entre os pontos 13, 14 e 15, pois são motivo de dúvidas na interpretação do decreto e ajuste às bases. Este trecho também merece avaliação cuidadosa pelo ICMBio. Uma questão importante que merece ser mencionada é que há um processo na FUNAI de reinvindicação de ampliação da Terra Indígena Jaminawá Arara do rio Bagé. Os indígenas apontam um possível erro de demarcação na porção que a TI confronta com a RESEX. As cabeceiras do rio Bajé estão localizadas fora da área da TI e dentro da área da RESEX na porção oeste. A proposta é incluir todas as nascentes rio Bajé na TI, onde existiram colocações exploradas pelos indígenas. Essas nascentes fazem divisa com as nascentes do igarapé Nazaré e situam-se em região que não tivemos informação de uso dos moradores da RESEX. A partir do estudo apresentado anteriormente foi proposto um novo polígono para a RESEX do Alto Tarauacá (Figura 15) e que foi submetido para avaliação da DCOL/ICMBio. A área da RESEX que consta no decreto é de 151.199,64 ha. O polígono fornecido pelo ICMBio possui uma área de 151.191,23 ha e o polígono ajustado proposto possui 154.120,7 ha.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

391

Figura 15: Proposta de limite atualizado da RESEX do Alto Tarauacá.

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

392

4. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

• Todos os pontos do decreto apresentam um leve deslocamento com relação ao limite

da RESEX (ICMBio, 2017);

• O limite oficial da RESEX proveniente da base do ICMBio, no geral, apresenta coerência

com os pontos do decreto. Os limites da RESEX que confrontam com a RESEX Alto Juruá

e a terra indígena Jaminawá Arara do rio Bagé também estão coerentes, porém há a

necessidade de ajustes. Lembrando que há um processo da FUNAI de ampliação da TI

Jaminawá Arara do rio Bagé que reivindica as áreas de cabeceira do rio Bagé;

• Há a necessidade de correção dos limites confrontantes entre a RESEX do Alto Tarauacá

e RESEX do Riozinho da Liberdade e terras indígenas rio Gregório, Kampa do igarapé

Primavera e Kaxinawá do Baixo Jordão, pois existem sobreposições e vazios entre essas

áreas protegidas e há a necessidade de refinar o traçado do divisor de águas;

• Quando os limites da RESEX são estabelecidos por rios e igarapés é preciso fazer uma

atualização dos limites da UC de acordo com a base de hidrografia;

• O trecho que envolve o ponto 3 atualmente acompanha o divisor de águas traçado sobre

uma base hidrográfica de menor escala (menor riqueza de detalhes) e se une à RESEX

Riozinho da Liberdade e à TI Jaminawá Arara do rio Bagé. O traçado proposto segue o

divisor de águas de uma base de maior detalhe e forma um "vazio" de terra públicas

entre a RESEX Tarauacá, Riozinho da Liberdade e TI arara do rio Bagé e pode ficar

vulnerável se não estiver dentro de uma área protegida. Além disso, gera uma

sobreposição na RESEX Riozinho da Liberdade. Isso gera uma demanda de ajuste na

poligonal da RESEX Riozinho da Liberdade e deve ser avaliado pelo ICMBio;

• O ponto 8 foi ajustado de forma subjetiva e alocado no rio Jordão em ponto próximo as

coordenadas do decreto e posteriormente os pontos seguintes (9,10 e 11) foram

ajustados de acordo com o ponto 8. No CAR existe uma propriedade particular que

sobrepõe esse ponto, portanto é considerado uma área crítica e que deve ser analisada

pelo ICMBio. Além disso, existem marcos físicos já implantados nessa área e que

precisam ser levados em consideração para evitar conflitos fundiários na região;

• O trecho entre os pontos 13, 14 e 15 são motivo de dúvidas na interpretação do decreto

e ajuste às bases. Este trecho também merece avaliação cuidadosa pelo ICMBio;

• A área da RESEX no decreto é 151.199,64 ha. O limite oficial em formato shapefile da

base de dados do ICMBio possui 151.191 há e o polígono ajustado proposto possui

154.120,7 ha.

Após este estudo, em 13 de dezembro de 2017, após a finalização do diagnóstico, foi publicada

a Nota Técnca nº 135/2017 /DCOL/CGTER/DISAT/ICMBio que estabelece um limite atualizado

para a RESEX.

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393

ANEXO 5 Anexo 5. Lista das espécies da flora de potencial ocorrência para Reserva Extrativista do Alto

Tarauacá com base nos registros do Portal da Biodiversidade (2017) e Specieslink (2017).

Família Espécie/morfoespécie

Acanthaceae

Aphelandra acrensis

Aphelandra aurantiaca

Aphelandra straminea

Encephalosphaera lasiandra

Herpetacanthus rotundatus

Justicia comata

Justicia glabribracteata

Justicia poeppigiana

Justicia rusbyi matthewsii

Mendoncia hoffmannseggiana

Pranceacanthus coccineus

Pulchranthus adenostachyus

Ruellia inflata

Ruellia menthoides

Ruellia yurimaguensis

Sanchezia decora

Sanchezia ferreyrae

Stenostephanus longistaminus

Achariaceae

Carpotroche longifolia

Mayna grandifolia

Mayna odorata

Mayna parvifolia

Agaricaceae Agaricaceae 1

Alismataceae

Echinodorus grandiflorus

Echinodorus horizontalis

Echinodorus interruptus

Alstromeriaceae Bomarea sp

Amaranthaceae

Amaranthus spinosus

Chamissoa altissima

Pedersenia argentata

Pfaffia paniculata

Amaryllidaceae Crinum sp

Eucharis ulei

Anacardiaceae

Spondias mombin

Tapirira guianensis

Tapirira myriantha

Aneuraceae Riccardia sp

Annonaceae Anaxagorea dolichocarpa

Annona haematantha

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394

Família Espécie/morfoespécie

Annona hypoglauca

Annona montana

Cremastosperma monospermum

Duguetia hadrantha

Duguetia quitarensis

Ephedranthus sp

Guatteria boliviana

Guatteria megalophylla

Guatteria olivacea

Guatteria pteropus

Guatteria punctata

Klarobelia pumila

Mosannona raimondii

Onychopetalum periquino

Oxandra euneura

Oxandra mediocris

Oxandra polyantha

Oxandra riedeliana

Oxandra xylopioides

Porcelia ponderosa

Pseudomalmea diclina

Rollinia calcarata

Rollinia centrantha

Rollinia pittieri

Rollinia williamsii

Ruizodendron ovale

Unonopsis floribunda

Unonopsis guatterioides

Unonopsis stipitata

Unonopsis veneficiorum

Xylopia cuspidata

Apocynaceae

Asclepias curassavica

Aspidosperma desmanthum

Aspidosperma myristicifolium

Aspidosperma spruceanum

Aspidosperma williamii

Geissospermum sericeum

Lacmellea lactescens

Malouetia amplexicaulis

Malouetia flavescens

Odontadenia stemmadeniifolia

Odontadenia verrucosa

Prestonia trifida

Rauvolfia andina

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395

Família Espécie/morfoespécie

Rauvolfia praecox

Rhigospira quadrangularis

Tabernaemontana lagenaria

Tabernaemontana macrocalyx

Tabernaemontana markgrafiana

Tabernaemontana sananho

Tabernaemontana siphilitica

Zschokkea lactescens

Araceae

Anthurium atropurpureum

Anthurium clavigerum

Anthurium croatii

Anthurium eminens

Anthurium ernestii

Anthurium galactospadix

Anthurium krukovii

Anthurium kunthii

Anthurium oxycarpum

Anthurium vittariifolium

Dieffenbachia costata

Heteropsis flexuosa

Heteropsis robusta

Homalomena picturata

Homalomena wendlandii crinipes

Monstera adansonii klotzschiana

Monstera dubia

Monstera obliqua

Monstera spruceana

Philodendron burle-marxii

Philodendron cataniapoense

Philodendron panduriforme panduriforme

Philodendron parvilobum

Rhodospatha latifolia

Rhodospatha moritziana

Rhodospatha rubropunctata

Syngonium podophyllum

Urospatha sagittifolia

Xanthosoma mexicanum

Xanthosoma viviparum

Araliaceae Dendropanax sp

Arecaceae

Aiphanes ulei

Astrocaryum murumuru

Astrocaryum ulei

Attalea cephalotus

Attalea phalerata

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396

Família Espécie/morfoespécie

Attalea tessmannii

Bactris chaveziae

Bactris concinna

Bactris maraja trichospatha

Chamaedorea angustisecta

Chamaedorea pauciflora

Chamaedorea pinnatifrons

Desmoncus mitis ecirratus

Desmoncus polyacanthos

Euterpe precatoria precatoria

Geonoma brongniartii

Geonoma camana

Geonoma macrostachys

Geonoma stricta arundinacea

Hyospathe elegans

Iriartea deltoidea

Mauritia flexuosa

Oenocarpus balickii

Oenocarpus bataua

Oenocarpus mapora

Phytelephas macrocarpa

Prestoea schultzeana

Socratea exorrhiza

Wendlandiella gracilis gracilis

Asclepiadaceae Stenomeria decalepis

Aspleniaceae

Asplenium auriculatum

Asplenium auritum

Asplenium brasiliense

Asplenium pearcei

Asteraceae

Acmella ciliata

Adenostemma fosbergii

Ageratum conyzoides

Clibadium sylvestre

Egletes viscosa

Liabum acuminatum

Liabum eriocaulon

Melampodium divaricatum

Mikania guaco

Vernonanthura paludosa

Vernonia albiflora

Vernonia argyrotrichia

Vernonia megaphylla

Vernonia scabra

Wulffia baccata

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

397

Família Espécie/morfoespécie

Athyriaceae Diplazium praestans

Auriculariaceae Auricularia delicata

Begoniaceae Begonia humilis

Begonia maynensis

Bignoniaceae

Arrabidaea sp

Bignonia aequinoctialis

Bignonia hyacynthina

Bignonia nocturna

Bignonia noterophila

Cydista aequinoctialis

Fridericia chica

Handroanthus

Lundia spruceana

Memora pseudopatula

Paragonia pyramidata

Sparattosperma leucanthum

Bixaceae Cochlospermum orinocense

Boraginaceae

Cordia corymbosa

Cordia exaltata

Cordia guazumifolia

Cordia nodosa

Cordia polycephala

Cordia sellowiana

Cordia silvestris

Cordia tetrandra

Cordia toqueve

Cordia ucayaliensis

Heliotropium indicum

Tournefortia cuspidata

Tournefortia syringifolia

Bromeliaceae

Aechmea longifolia

Aechmea mertensii

Pitcairnia pulverulenta

Bryaceae Bryum apiculatum

Burmanniaceae Thismia sp

Burseraceae

Crepidospermum goudotianum

Protium glabrescens

Protium puncticulatum

Protium robustum

Protium unifoliolatum

Tetragastris panamensis

Cactaceae Disocactus ramulosus

Pseudorhipsalis ramulosa

Calymperaceae Calymperes lonchophyllum

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

398

Família Espécie/morfoespécie

Syrrhopodon incompletus

Capparaceae

Capparidastrum solum

Crateva tapia

Morisonia oblongifolia

Caricaceae

Carica microcarpa heterophylla

Jacaratia digitata

Jacaratia spinosa

Vasconcellea microcarpa

Caryocaraceae Caryocar pallidum

Celastraceae

Cheiloclinium cognatum

Gymnosporia urbaniana

Haydenoxylon urbanianum

Salacia cordata

Salacia gigantea

Tontelea attenuata

Chenopodiaceae Chenopodium ambrosioides

Chrysobalanaceae

Couepia macrophylla

Hirtella burchellii

Hirtella racemosa

Hirtella triandra

Licania apetala

Licania brittoniana

Licania harlingii

Licania heteromorpha glabra

Licania heteromorpha heteromorpha

Licania minutiflora

Licania octandra pallida

Cleomaceae

Cleome aculeata

Cleome parviflora psoraleaeifolia

Cleome virens

Clusiaceae

Chrysochlamys

Clusia nemorosa

Garcinia macrophylla

Rheedia sp

Tovomita stigmatosa

Combretaceae

Buchenavia amazonica

Combretum laxum

Combretum rotundifolium

Terminalia oblonga

Commelinaceae

Dichorisandra hexandra

Floscopa elegans

Floscopa peruviana

Floscopa robusta

Geogenanthus poeppigii

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

399

Família Espécie/morfoespécie

Tradescantia zanonia

Connaraceae

Connarus fasciculatus pachyneurus

Connarus ruber sprucei

Rourea amazonica

Rourea cuspidata pedicellata

Costaceae

Chamaecostus acaulis

Chamaecostus lanceolatus

Chamaecostus subsessilis

Costus erythrothyrsus

Costus guanaiensis guanaiensis

Costus lanceolatus lanceolatus

Costus productus productus

Costus scaber

Costus subsessilis

Costus varzearum

Dimerocostus strobilaceus gutierrezii

Cucurbitaceae

Cayaponia sp

Fevillea cordifolia

Fevillea pedatifolia

Gurania eriantha

Gurania lobata

Gurania sinuata

Gurania spinulosa

Melothria dulcis

Sicydium diffusum

Siolmatra brasiliensis

Cyatheaceae

Alsophila cuspidata

Cyathea pungens

Nephelea cuspidata

Cyclanthaceae

Asplundia schizotepala

Carludovica palmata

Cyclanthus bipartitus

Evodianthus funifer

Thoracocarpus sp

Cyperaceae

Calyptrocarya glomerulata

Cyperus ferax

Cyperus odoratus

Eleocharis interstincta

Fimbristylis dichotoma

Rhynchospora kuntzei

Rhynchospora umbraticola

Scleria melaleuca

Scleria pterota

Torulinium odoratum

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400

Família Espécie/morfoespécie

Daltoniaceae Crossomitrium patrisiae

Lepidopilum surinamense

Dichapetalaceae

Dichapetalum pedunculatum

Dichapetalum rugosum

Tapura juruana

Dicranaceae Octoblepharum albidum

Octoblepharum cocuiense

Dilleniaceae

Davilla kunthii

Doliocarpus magnificus

Doliocarpus major

Dioscoreaceae Dioscoreaceae 1

Dryopteridaceae

Bolbitis bernoullii

Tectaria incisa

Tectaria martinicenisis

Dumortieraceae Dumortiera hirsuta

Elaeocarpaceae

Sloanea eichleri

Sloanea fragrans

Sloanea grandis

Sloanea guianensis

Sloanea schomburgkii

Erythroxylaceae

Erythroxylum anguifugum

Erythroxylum gracilipes

Erythroxylum macrophyllum

Erythroxylum mamacoca

Euphorbiaceae

Acalypha cuneata

Acalypha diversifolia

Acalypha stenoloba

Acidoton nicaraguensis

Actinostemon concolor

Alchornea discolor

Caryodendron amazonicum

Cleidion amazonicum

Conceveiba guianensis

Croton billbergianus

Croton matourensis

Croton spiraeifolius

Croton spruceanus

Croton trinitatis

Croton trombetensis

Euphorbia hirta

Hevea brasiliensis

Hieronyma alchorneoides

Hura crepitans

Mabea anadena

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401

Família Espécie/morfoespécie

Mabea klugii

Mabea paniculata

Margaritaria nobilis

Nealchornea yapurensis

Omphalea sp

Pausandra trianae

Ricinus communis

Sapium glandulosum

Senefeldera triandra

Fabaceae

Abarema acreana

Abarema longipedunculata

Andira inermis

Apuleia leiocarpa molaris

Bauhinia glabra

Bauhinia tarapotensis

Bauhinia uleana

Browneopsis peruviana

Calliandra trinervia

Cassia leiandra

Clitoria rubiginosa

Desmodium adscendens

Desmodium axillare

Desmodium wydlerianum

Dipteryx odorata

Dussia tessmannii

Hymenaea oblongifolia

Hymenaea parvifolia

Inga barbata

Inga capitata

Inga cayennensis

Inga gracilifolia

Inga gracilior

Inga grandiflora

Inga laurina

Inga marginata

Inga nobilis

Inga punctata

Inga stenoptera

Inga striata

Inga tomentosa

Inga umbellifera

Inga yacoana

Machaerium campylothyrsum

Macrolobium gracile

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402

Família Espécie/morfoespécie

Macrolobium limbatum

Mimosa sp

Myroxylon balsamum

Parkia pendula

Platymiscium stipulare

Pterocarpus amazonum

Pterocarpus rohrii

Senegalia loretensis

Senna multijuga

Senna obtusifolia

Senna occidentalis

Senna silvestris

Swartzia calophylla

Swartzia calva

Tachigali fusca

Zapoteca amazonica

Zygia cauliflora

Zygia inaequalis

Zygia juruana

Zygia latifolia

Fissidentaceae Fissidens guianensis

Fissidens prionodes

Ganodermataceae

Amauroderma sp

Ganoderma applanatum

Ganoderma australe

Gentianaceae Potalia resinifera

Gesneriaceae

Besleria agregata

Besleria trichiata

Codonanthe sp

Drymonia candida

Drymonia coccinea

Drymonia semicordata

Nautilocalyx pallidus

Haemodoraceae Xiphidium caeruleum

Heliconiaceae

Heliconia metallica

Heliconia psittacorum

Heliconia rostrata

Heliconia schumanniana

Heliconia stricta

Hernandiaceae Sparattanthelium amazonum

Hippocrateaceae Hippocrateaceae 1

Hymenophyllaceae Trichomanes pinnatum

Hypericaceae Vismia sp

Hypnaceae Chryso-hypnum diminutivum

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403

Família Espécie/morfoespécie

Isopterygium tenerum

Vesicularia vesicularis

Hypodematiaceae Didymochlaena truncatula

Icacinaceae Citronella melliodora

Iridaceae Neomarica sp

Lamiaceae

Aegiphila cuneata

Aegiphila filipes

Clerodendrum tessmannii

Lauraceae

Aniba sp

Caryodaphnopsis sp

Endlicheria acuminata

Endlicheria bracteata

Endlicheria directonervia

Endlicheria dysodantha

Mezilaurus itauba

Nectandra cuneatocordata

Nectandra maynensis

Nectandra purpurea

Ocotea alata

Ocotea brachybotrya

Ocotea camphoromoea

Ocotea cernua

Ocotea tenella

Pleurothyrium prancei

Rhodostemonodaphne napoensis

Lecythidaceae

Couroupita guianensis

Eschweilera andina

Eschweilera juruensis

Eschweilera ovalifolia

Eschweilera rufifolia

Gustavia hexapetala

Lecytis sp

Lejeuneaceae

Acrolejeunea torulosa

Archilejeunea sp

Cephalantholejeunea temnanthoides

Ceratolejeunea sp

Cheilolejeunea sp

Lejeunea flava

Odontolejeunea lunulata

Stictolejeunea squamata

Symbiezidium barbiflorum

Thysananthus sp

Liliaceae Liliaceae 1

Linderniaceae Lindernia crustacea

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404

Família Espécie/morfoespécie

Loganiaceae Strychnos panurensis

Lomariopsidaceae Cyclopeltis semicordata

Loranthaceae

Oryctanthus alveolatus

Oryctanthus spicatus

Phthirusa pyrifolia

Lygodiaceae Lygodium venustum

Lythraceae Adenaria floribunda

Lafoensia vandelliana

Malpighiaceae

Banisteriopsis caapi

Banisteriopsis muricata

Bunchosia sp

Byrsonima sp

Callaeum antifebrile

Heteropterys aureosericea

Hiraea sp

Stigmaphyllon cardiophyllum

Stigmaphyllon maynense

Tetrapterys sp

Malvaceae

Matisia sp

Apeiba membranacea

Apeiba tibourbou

Bitnnetia sp

Eriotheca surinamensis

Guazuma crinita

Guazuma ulmifolia

Herrania mariae

Herrania nitida

Luehea cymulosa

Malvaviscus concinnus

Pachira aquatica

Pachira insignis

Pachira nitida

Pachira paraensis

Pavonia castaneifolia

Pleuranthodendron lindenii

Prockia crucis

Quararibea amazonica

Sterculia apeibophylla

Sterculia chicomendesii

Sterculia parviflora

Sterculia tessmannii

Theobroma cacao

Theobroma subincanum

Marantaceae Calathea altissima

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405

Família Espécie/morfoespécie

Calathea lanata

Calathea marantina

Calathea standleyi

Calathea variegata

Ctenanthe amphiandina

Ctenanthe ericae

Geoppertia sp

Hylaeanthe hexantha

Ischnosiphon hirsutus

Ischnosiphon puberulus

Monotagma laxum

Monotagma plurispicatum

Saranthe sp

Stromanthe stromanthoides

Marcgraviaceae Marcgravia crenata

Melastomataceae

Aciotis acuminifolia

Aciotis caulialata

Bellucia pentamera

Clidemia capitellata

Clidemia dentata

Clidemia dimorphica

Clidemia hirta

Clidemia juruana

Clidemia septuplinervia

Clidemia sprucei

Henriettea sp

Leandra dichotoma

Leandra longicoma

Leandra nianga

Miconia abbreviata

Miconia acreana

Miconia aff. ceramicarpa

Miconia aff. juruensis

Miconia aff. punctata

Miconia affinis

Miconia argyrophylla gracilis

Miconia aulocalyx

Miconia aurea

Miconia aureoides

Miconia barbinervis

Miconia bubalina

Miconia calvescens

Miconia chrysophylla

Miconia dichrophylla

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406

Família Espécie/morfoespécie

Miconia eriocalyx

Miconia erioclada

Miconia eugenioides

Miconia glandulifera

Miconia impetiolaris

Miconia juruensis

Miconia lamprophylla

Miconia longifolia

Miconia matthaei

Miconia nervosa

Miconia procumbens

Miconia serrulata

Miconia subspicata

Miconia tomentosa

Miconia triplinervis

Mouriri floribunda

Ossaea capillaris

Tococa capitata

Tococa guianensis

Triolena amazonica

Meliaceae

Guarea guidonia

Guarea kunthiana

Guarea macrophylla

Guarea pterorhachis

Guarea rosea

Swietenia krukovii

Trichilia adolfi

Trichilia brachystachya

Trichilia cipo

Trichilia maynasiana

Trichilia minima

Trichilia pallida

Trichilia pleeana

Trichilia poeppigii

Trichilia rubra

Trichilia septentrionalis

Trichilia solitudinis

Trichilia tuberculata

Menispermaceae

Abuta grandifolia

Borismene japurensis

Curarea tecunarum

Disciphania cubijensis

Disciphania ernstii uncinulata

Odontocarya rusbyi

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407

Família Espécie/morfoespécie

Metaxyaceae Metaxya rostrata

Meteoriaceae Zelometeorium patulum

Molluginaceae Glinus radiatus

Monimiaceae Siparuna decipiens

Siparuna thecaphora

Monocleaceae Monoclea forsteri

Monoclea gottschei

Moraceae

Batocarpus amazonicus

Batocarpus costaricensis

Brosimum alicastrum bolivarense

Brosimum lactescens

Castilla ulei

Clarisia biflora

Clarisia racemosa

Dorstenia peruviana

Ficus adhatodifolia

Ficus caballina

Ficus coerulescens

Ficus insipida

Ficus longifolia

Ficus maroma

Ficus maxima

Ficus nymphaeifolia

Ficus pallida

Ficus polita

Ficus popenoei popenoei

Ficus trigona

Helicostylis tomentosa

Maclura tinctoria

Naucleopsis glabra

Naucleopsis krukovii

Naucleopsis pseudonaga

Naucleopsis ulei

Perebea mollis mollis

Perebea xanthochyma

Pseudolmedia laevis

Sorocea briquetii

Sorocea guilleminiana

Sorocea hirtella

Sorocea muriculata

Sorocea pubivena

Sorocea steinbachii

Trophis caucana

Muntingiaceae Muntingia calabura

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408

Família Espécie/morfoespécie

Myristicaceae

Iryanthera juruensis

Osteophloeum platyspermum

Otoba glycycarpa

Otoba parvifolia

Virola albidiflora

Virola calophylla

Virola flexuosa

Virola multinervia

Virola pavonis

Virola peruviana

Virola sebifera

Virola theiodora

Myrtaceae

Calyptranthes densiflora

Calyptranthes macrophylla

Eugenia acrensis

Eugenia biflora

Eugenia egensis

Eugenia feijoi

Eugenia florida

Eugenia omissa

Eugenia patens

Eugenia stipitata

Myrcia bracteata

Myrcia dispar

Myrcia guianensis

Myrcia splendens

Psidium acutangulum

Neckeraceae Neckeropsis disticha

Neckeropsis undulata

Nephrolepidaceae Nephrolepis pendula

Nyctaginaceae

Guapira uleana

Neea hirsuta

Neea spruceana

Nymphaeaceae Nymphaea glandulifera

Ochnaceae Ouratea sp

Olacaceae Aptandra tubicina

Heisteria ovata

Oleaceae Jasminum gracile

Oleandraceae Nephrolepis cordifolia

Onagraceae Ludwigia latifolia

Opiliaceae Agonandra peruviana

Orchidaceae

Beloglottis sp

Camaridium sp

Campylocentrum micranthum

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409

Família Espécie/morfoespécie

Cyclopogon bicolor

Encyclia aemula

Epidendrum anceps

Epidendrum strobiliferum

Erycina pusilla

Maxillaria sp

Oncidium pusillum

Palmorchis pubescentis

Pelexia sp

Pleurothallis lanceana

Polystachya altilamellata

Polystachya stenophylla

Prosthechea fragrans

Psygomorchis pussila

Rodriguezia sp

Trichosalpinx egleri

Orthotrichaceae Macromitrium sp

Oxalidaceae

Biophytum columbianum

Biophytum peruvianum

Oxalis juruensis

Pallaviciniaceae Pallavicinia lyellii

Symphyogyna sp

Passifloraceae Passiflora foetida

Passiflora spinosa

Petiveriaceae Gallesia integrifolia

Phyllanthaceae Phyllanthus brasiliensis

Phytolaccaceae Trichostigma octandrum

Picramniaceae

Nothotalisia peruviana

Picramnia caracasana

Picramnia latifolia

Picramnia sellowii spruceana

Pilotrichaceae Callicostella depressa

Piperaceae

Lepianthes peltata

Peperomia alata

Peperomia elongata

Peperomia macrostachya

Peperomia piresii

Peperomia pseudopereskiifolia

Peperomia quaesita

Peperomia ripicola

Peperomia rotundifolia

Peperomia scutifolia

Peperomia serpens

Piper acutilimbum

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410

Família Espécie/morfoespécie

Piper aduncum

Piper aleyreanum

Piper amapense

Piper angustum

Piper arboreum

Piper augustum

Piper casapiense

Piper chavicoide

Piper consanguineum

Piper coruscans

Piper costatum

Piper crassinervium

Piper cumanense

Piper dichotomum

Piper dumosum

Piper enckea

Piper glabratum

Piper glandulosissimum

Piper grande

Piper heterophyllum

Piper hispidum

Piper humillimum

Piper indecorum

Piper laevigatum

Piper macrotrichum

Piper madeiranum

Piper nudilimbum

Piper obliquum

Piper pellitum

Piper peltatum

Piper poiteanum

Piper reticulatum

Piper retropilosum

Piper silvigaudens

Piper tuberculatum

Piper uleanum

Pothomorphe umbellata

Plagiochilaceae Plagiochila sp

Plantaginaceae Basistemon peruvianus

Mecardonia procumbens

Poaceae

Arundinella berteroniana

Coix lacryma-jobi

Eleusine indica

Elytrostachys sp

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411

Família Espécie/morfoespécie

Eragrostis hypnoides

Guadua superba

Guadua weberbaueri

Merostachys sp

Olyra juruana

Orthoclada laxa

Panicum polygonatum

Panicum trichoides

Pariana sp

Rugoloa polygonata

Sorghum bicolor arundinaceum

Sporobolus pyramidalis

Polygalaceae Securidaca amazonica

Securidaca volubilis

Polygonaceae

Coccoloba acuminata

Coccoloba densifrons

Coccoloba mollis

Polygonum acuminatum

Triplaris americana

Polypodiaceae

Campyloneurum angustifolium

Campyloneurum aphanophlebium

Campyloneurum approximatum

Campyloneurum fuscosquamatum

Campyloneurum phyllitidis

Microgramma dictyophylla

Microgramma percussa

Microgramma reptans

Pecluma plumula

Phlebodium decumanum

Pleopeltis percussa

Polypodium plumula

Primulaceae

Ardisia guianensis

Ardisia weberbaueri

Clavija procera

Clavija tarapotana

Clavija weberbaueri

Cybianthus cyclopetalus

Cybianthus glomerulatus

Cybianthus resinosus

Stylogyne brasiliensis

Stylogyne cauliflora

Stylogyne orinocensis

Pteridaceae Adiantum latifolium

Adiantum pulverulentum

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412

Família Espécie/morfoespécie

Adiantum scalare

Adiantum terminatum

Adiantum tomentosum

Ananthacorus angustifolius

Anetium citrifolium

Pityrogramma calomelanos

Pityrogramma trifoliata

Polytaenium cajenense

Polytaenium guayanense

Pteris altissima

Pterobryaceae Pireella pohli

Putranjivaceae Drypetes variabilis

Quinaceae Quiina sp

Radulaceae Radula sp

Rhamnaceae Gouania lupuloides

Rhizophoraceae Cassipourea peruviana

Rubiaceae

Agouticarpa curviflora

Alibertia curviflora

Alseis labatioides

Bertiera guianensis

Calycophyllum spruceanum

Carapichea affinis

Chimarrhis glabriflora

Chiococca alba

Chomelia polyantha

Cordiera hadrantha

Coussarea brevicaulis

Coussarea longiflora

Duroia hirsuta

Faramea anisocalyx

Faramea multiflora

Faramea occidentalis

Faramea rectinervia

Faramea tamberlikiana

Faramea verticillata

Gonzalagunia dicocca

Hamelia axillaris

Hamelia patens

Isertia hypoleuca

Ixora killipii

Ixora peruviana

Macrocnemum roseum

Margaritopsis cephalantha

Oldenlandia lancifolia

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413

Família Espécie/morfoespécie

Palicourea anisoloba

Palicourea candelabrum

Palicourea conferta

Palicourea crocea

Palicourea guianensis

Palicourea lasiantha

Palicourea plowmanii

Palicourea subspicata

Pentagonia amazonica

Pentagonia parvifolia

Pentagonia spathicalyx

Psychotria alba

Psychotria borjensis

Psychotria carthagenensis

Psychotria cornigera

Psychotria hoffmannseggiana

Psychotria ostreophora

Psychotria racemosa

Psychotria stenostachya

Psychotria subfusca

Psychotria tessmannii

Psychotria trivialis

Psychotria viridis

Randia amazonasensis

Randia killipii

Randia nitida

Ronabea emetica

Rosenbergiodendron

Rudgea cornifolia

Rudgea japurensis

Rudgea mazanensis

Rudgea sessiliflora

Rudgea viburnoides

Sabicea villosa adpressa

Salix martiana

Simira rubescens

Spermacoce ocymifolia

Uncaria guianensis

Uncaria tomentosa

Warszewiczia coccinea

Rutaceae

Ertela trifolia

Esenbeckia scrotiformis

Neoraputia paraensis

Zanthoxylum ekmanii

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414

Família Espécie/morfoespécie

Zanthoxylum sprucei

Salicaceae

Banara axilliflora

Banara guianensis

Casearia decandra

Casearia mariquitensis

Casearia pitumba

Casearia sylvestris

Hasseltia floribunda

Homalium sp

Lunania parviflora

Santalaceae

Acanthosyris annonagustata

Phoradendron berteroanum

Phoradendron piperoides

Sapindaceae

Allophylus amazonicus

Allophylus divaricatus

Allophylus dodsonii

Allophylus excelsus

Allophylus floribundus

Allophylus leiophloeus

Allophylus pilosus

Allophylus strictus

Averrhoidium dalyi

Cupania cinerea

Cupania scrobiculata

Matayba sp

Paullinia acutangula

Paullinia alata

Paullinia bilobulata

Paullinia bracteosa

Paullinia caloptera

Paullinia clathrata

Paullinia clavigera

Paullinia dasystachya

Paullinia echinata

Paullinia elegans

Paullinia exalata

Paullinia fimbriata

Paullinia grandifolia

Paullinia imberbis

Paullinia ingifolia

Paullinia largifolia

Paullinia nobilis

Paullinia pachycarpa

Paullinia paullinioides

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

415

Família Espécie/morfoespécie

Paullinia selenoptera

Paullinia tenuifolia

Pseudima frutescens

Serjania altissima

Serjania cf. pyramidata

Serjania deltoidea

Serjania erecta

Serjania paniculata

Serjania rubicaulis

Talisia hexaphylla

Talisia retusa

Toulicia reticulata

Urvillea ulmacea

Sapotaceae

Chrysophyllum cainito

Ecclinusa ramiflora

Manilkara bidentata surinamensis

Manilkara inundata

Pouteria bangii

Pouteria caimito

Pouteria macrophylla

Pouteria reticulata

Pouteria torta glabra

Pouteria trilocularis

Sarcaulus brasiliensis

Selaginellaceae

Selaginella anceps

Selaginella exaltata

Selaginella haematodes

Sematophyllaceae

Sematophyllum subpinnatum

Sematophyllum subsimplex

Taxithelium planum

Trichosteleum papillosum

Simaroubaceae

Picramnia spruceana

Simaba guianensis

Simarouba amara

Siparunaceae

Siparuna bifida

Siparuna cervicornis

Siparuna cristata

Solanaceae

Acnistus sp

Brunfelsia chiricaspi

Brunfelsia mire

Capsicum coccineum

Cestrum loretense

Cestrum schlechtendalii

Juanulloa ochracea

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

416

Família Espécie/morfoespécie

Juanulloa parasitica

Lycianthes coffeifolia

Markea coccinea

Physalis angulata

Physalis subtriflora

Solanum anceps

Solanum barbeyanum

Solanum cacosmum

Solanum glaucescens

Solanum glaucophyllum

Solanum lepidotum

Solanum leucocarpon

Solanum nemorense

Solanum nudum

Solanum oppositifolium

Solanum pedemontanum

Solanum pendulum

Solanum proteanthum

Solanum robustifrons

Solanum sessile

Solanum thelopodium

Staphyleaceae Turpinia occidentalis breviflora

Thelephoraceae Thelephoraceae 1

Thelypteridaceae Thelypteris angustifolia

Thuidiaceae

Cyrto-hypnum

Pelekium involvens

Pelekium scabrosulum

Thuidium sp

Thymelaeaceae Schoenobiblus peruvianus

Trichomanaceae Trichomanes punctatum labiatum

Trigoniaceae Trigonia laevis microcarpa

Ulmaceae

Ampelocera ruizii

Celtis iguanaea

Celtis schippii

Urticaceae

Coussapoa martiana

Coussapoa ovalifolia

Coussapoa villosa

Myriocarpa sp

Pilea sp

Pourouma bicolor bicolor

Pourouma cecropiifolia

Pourouma guianensis guianensis

Pourouma mollis triloba

Urera baccifera

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

417

Família Espécie/morfoespécie

Urera caracasana

Verbenaceae

Bouchea fluminensis

Lantana cujabensis

Phyla betulifolia

Stachytarpheta cayennensis

Vitex sp

Violaceae

Gloeospermum sp

Leonia crassa

Leonia glycycarpa racemosa

Noisettia orchidiflora

Rinorea longistipulata

Rinorea pubiflora

Rinoreocarpus ulei

Vitaceae

Cissus microcarpa

Cissus peruviana

Cissus pseudoverticillata

Cissus verticillata

Vittariaceae Antrophyum cajenense

Vittaria costata

Zamiaceae Zamia poeppigiana

Zamia ulei

Zingiberaceae

Renealmia breviscapa

Renealmia thyrsoidea

Renealmia urbaniana

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418

ANEXO 6 Anexo 6. Lista de espécies de peixes para a RESEX do Alto Tarauacá e entorno resultantes de compilação de dados secundários.

Ordem Família Espécies Referências

Batrachoidiformes Batrachoidida

e

Thalassophryne amazonica SpeciesLink

Characiformes Anostomidae Schizodon fasciatus Begossi et al. (1999)

Characiformes Anostomidae Abramites hypselonotus Begossi et al. (1999)

Characiformes Anostomidae Leporinus sp. SpeciesLink; Begossi et al.

(1999)

Characiformes Characidae Acestrorhynchus falcatus SpeciesLink

Characiformes Characidae Aphyocharax alburnus SpeciesLink

Characiformes Characidae Aphyocharax pusillus SpeciesLink

Characiformes Characidae Aphyocharax sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Astyanax sp. SpeciesLink; Begossi et al.

(1999)

Characiformes Characidae Astyanax bimaculatus Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Brachychalcinus copei Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Characidium sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Charax michaeli SpeciesLink

Characiformes Characidae Cheirodon sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Clupeacharax anchoveoides SpeciesLink

Characiformes Characidae Creagrutus barrigai SpeciesLink

Characiformes Characidae Cynopotamus amazonus Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Ctenobrycon sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Ctenobrycon hauxwellianus Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Cynopotamus sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Engraulisoma sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Galeocharax sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Galeocharax gulo Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Gymnocorymbus sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Hemibrycon sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Hemigrammus cf. ocellifer SpeciesLink

Characiformes Characidae Hemigrammus sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Hydrolycus scomberoides Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Hyphessobrycon bellotti SpeciesLink

Characiformes Characidae Hyphessobrycon sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Knodus sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Mylossoma duriventris Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Moenkhausia dichroura SpeciesLink

Characiformes Characidae Moenkhausia oligolepis SpeciesLink

Characiformes Characidae Moenkhausia (group)

lepidura

Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Moenkhausia sp. SpeciesLink

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

419

Ordem Família Espécies Referências

Characiformes Characidae Odontostilbe fugitiva SpeciesLink

Characiformes Characidae Odontostilbe sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Paragoniates sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Phenacogaster sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Prionobrama sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Prionobrama filigera Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Pygocentrus nattereri SpeciesLink, Begossi et al.

(1999)

Characiformes Characidae Rhaphiodon vulpinus Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Roeboides affinis SpeciesLink; Begossi et al.

(1999)

Characiformes Characidae Roeboides dispar SpeciesLink

Characiformes Characidae Roeboides meyersii Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Roeboides sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Roeboides tarauaca SpeciesLink

Characiformes Characidae Salminus hilarii Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Serrasalmus sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Serrasalmus marginatus Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Serrasalmus rhombeus Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Stethaprion sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Tetragonopterus sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Tetragonopterus argenteus Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Triportheus sp. SpeciesLink

Characiformes Characidae Triportheus albus Begossi et al. (1999)

Characiformes Characidae Triportheus rotundatus Begossi et al. (1999)

Characiformes Curimatidae Curimata bimaculata SpeciesLink

Characiformes Curimatidae Curimatella immaculata Begossi et al. (1999)

Characiformes Curimatidae Curimata vittata SpeciesLink

Characiformes Curimatidae Psectrogaster amazonica SpeciesLink; Begossi et al.

(1999)

Characiformes Curimatidae Psectrogaster rutiloides Begossi et al. (1999)

Characiformes Curimatidae Potamorhina altamazonica Begossi et al. (1999)

Characiformes Curimatidae Steindachnerina bimaculata Begossi et al. (1999)

Characiformes Curimatidae Steindachnerina guntheri Begossi et al. (1999)

Characiformes Curimatidae Steindachnerina leucisca Begossi et al. (1999)

Characiformes Curimatidae Steindachnerina planiventris Begossi et al. (1999)

Characiformes Curimatidae Steindachnerina spp. (2

species)

Begossi et al. (1999)

Characiformes Erythrinidae Erythrinus erythrinus SpeciesLink

Characiformes Erythrinidae Hoplerythrinus unitaeniatus SpeciesLink

Characiformes Erythrinidae Hoplias sp. SpeciesLink

Characiformes Erythrinidae Hoplias aff. malabaricus Begossi et al. (1999)

Characiformes Gasteropeleci

dae

Thoracocharax stellatus SpeciesLink; Begossi et al.

(1999)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

420

Ordem Família Espécies Referências

Characiformes Gasteropeleci

dae

Gasteropelecus sp. Begossi et al. (1999)

Characiformes Hemiodontid

ae

Parodon sp. SpeciesLink

Characiformes Hemiodontid

ae

Anodus elongatus Begossi et al. (1999)

Characiformes Prochilodonti

dae

Prochilodus nigricans SpeciesLink; Begossi et al.

(1999)

Characiformes Prochilodonti

dae

Prochilodus sp. Begossi et al. (1999)

Gymnotiformes Gymnotidae Eigenmannia sp. SpeciesLink

Gymnotiformes Gymnotidae Gymnotus sp. SpeciesLink

Gymnotiformes Gymnotidae Sternopygus sp. SpeciesLink

Gymnotiformes Apteronotida

e

Apteronotus bonapartii Begossi et al. (1999)

Gymnotiformes Sternopygida

e

Eigenmannia macrops Begossi et al. (1999)

Gymnotiformes Sternopygida

e

Sternopygus macrurus Begossi et al. (1999)

Osteoglossiformes Osteoglossid

ae

Osteoglossum bicirrhosum SpeciesLink

Perciformes Cichlidae Aequidens sp. SpeciesLink; Begossi et al.

(1999)

Perciformes Cichlidae Cichlasoma amazonarum SpeciesLink

Perciformes Cichlidae Crenicichla lepidota SpeciesLink

Perciformes Cichlidae Hypselacara temporalis Begossi et al. (1999)

Perciformes Cichlidae Satanoperca jurupari SpeciesLink

Perciformes Sciaenidae Plagioscion sp. SpeciesLink

Perciformes Sciaenidae Pachyurus cf. schomburgkii Begossi et al. (1999)

Perciformes Sciaenidae Pachyurus sp. Begossi et al. (1999)

Perciformes Sciaenidae Plagioscion auratus Begossi et al. (1999)

Perciformes Sciaenidae Plagioscion squamosissimus Begossi et al. (1999)

Pleuronectiformes Achiridae Hypoclinemus sp. Begossi et al. (1999)

Siluriformes Ageneiosidae Ageneiosus sp. Begossi et al. (1999)

Siluriformes Aspredinidae Bunocephalus sp. SpeciesLink

Siluriformes Auchenipteri

dae

Auchenipterus nuchalis Begossi et al. (1999)

Siluriformes Auchenipteri

dae

Centromochlus heckelli Begossi et al. (1999)

Siluriformes Auchenipteri

dae

Centromochlus sp. Begossi et al. (1999)

Siluriformes Auchenipteri

dae

Parauchenipterus sp. SpeciesLink

Siluriformes Auchenipteri

dae

Tatia perugiae SpeciesLink

Siluriformes Aspredinidae Agmus sp. SpeciesLink

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

421

Ordem Família Espécies Referências

Siluriformes Cetopsidae Hemicetopsis candiru Begossi et al. (1999)

Siluriformes Callichthydae Hoplosternum litoralle Begossi et al. (1999)

Siluriformes Callichthyida

e

Brochis sp. SpeciesLink

Siluriformes Callichthyida

e

Corydoras sp. SpeciesLink

Siluriformes Callichthyida

e

Corydoras trilineatus SpeciesLink

Siluriformes Callichthyida

e

Dianema sp. SpeciesLink

Siluriformes Callichthyida

e

Megalechis personata SpeciesLink

Siluriformes Doradidae Acanthodoras spinosissimus SpeciesLink

Siluriformes Doradidae Trachydoras trachyparia Begossi et al. (1999)

Siluriformes Doradidae Leptodoras juruensis Begossi et al. (1999)

Siluriformes Doradidae Nemadoras humeralis Begossi et al. (1999)

Siluriformes Doradidae Oxydoras niger Begossi et al. (1999)

Siluriformes Doradidae Pterodoras lentiginosus Begossi et al. (1999)

Siluriformes Doradidae Pseudodoras sp. SpeciesLink

Siluriformes Loricariidae Ancistrus sp. SpeciesLink; Begossi et al.

(1999)

Siluriformes Loricariidae Aphanotorulus unicolor SpeciesLink

Siluriformes Loricariidae Apistoloricaria spp. (2

species)

Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Glyptoperichthys sp. SpeciesLink

Siluriformes Loricariidae Glyptoperichthys punctatus Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Glyptoperichthys gibbiceps Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Liposarcus pardalis Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Hypostomus sp. SpeciesLink

Siluriformes Loricariidae Hypostomus emarginatus Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Hypostomus (group)

plecostomus

Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Lamontichthys filamentosus Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Loricaria cf. similima Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Loricaria cataphracta Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Spatuloricaria evansii Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Loricariichthys maculatus Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Planiloricaria cryptodon Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Limatulichthys punctatus Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Pseudoloricaria puctata SpeciesLink

Siluriformes Loricariidae Rineloricaria sp. SpeciesLink

Siluriformes Loricariidae Peckoltia brevis Begossi et al. (1999)

Siluriformes Loricariidae Peckoltia bachi Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Brachyrhamdia marthae SpeciesLink

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

422

Ordem Família Espécies Referências

Siluriformes Pimelodidae Cheirocerus eques SpeciesLink; Begossi et al.

(1999)

Siluriformes Pimelodidae Cheirocerus goeldii Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Calophysus macropterus Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Luciopimelodus sp. Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Pimelodella sp. SpeciesLink

Siluriformes Pimelodidae Pimelodella gracilis Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Pimelodina flavipinnis Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Pimelodus aff. altissimus Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Pimelodus blochii Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Pimelodus spp. (3 species) Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Pinirampus pirinampu Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Paulicea lutkeni Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Brachyplatystoma juruense Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Brachyplatystoma vaillanti Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Hemisorubim platyrhynchus Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Sorubim lima Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Platysilurus barbatus Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Pseudoplatystoma fasciatum Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Platysilurus mucosus SpeciesLink

Siluriformes Pimelodidae Rhamdia sp. SpeciesLink

Siluriformes Trichomycteri

dae

Pseudostegophilus nemurus SpeciesLink; Begossi et al.

(1999)

Siluriformes Trichomycteri

dae

Plectrochilus sanguineus Begossi et al. (1999)

Siluriformes Pimelodidae Aguarunichthys

tocantinenses

Begossi et al. (1999)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

423

ANEXO 7 Anexo 7. Espécies de anfíbios de provável ocorrência na região da RESEX do Alto Tarauacá.

Ordem Família Espécies Referências

Anura Aromabatidae Allobates femoralis (Boulenger, 1884) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Aromabatidae Allobates marchesianus (Melin, 1941) Souza & Cardoso (2002)

Anura Aromabatidae Allobates sp.1 Bernarde et al. (2011)

Anura Aromabatidae Allobates sp.2 Bernarde et al. (2011)

Anura Bufonidae Dendrophryniscus minutus (Peters, 1872) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Bufonidae Rhaebo guttatus (Schneider, 1799) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Bufonidae Rhinella castaneotica (Caldwell, 1991) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Bufonidae Rhinella margaritifera (Laurenti, 1768) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Bufonidae Rhinella marina (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Bufonidae Rhinella sp. Bernarde et al. (2011)

Anura Centrolenidae Hyalinobatrachium munozorum (Lynch & Duellman, 1973) Bernarde et al. (2011)

Anura Ceratophryidae Ceratophrys cornuta (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Craugastoridae Oreobates quixensis Jiménez de la Espada, 1872 Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Craugastoridae Pristimantis academicus Lehr, Moravec & Urrutia, 2010 Bernarde et al. (2011)

Anura Craugastoridae Pristimantis acuminatus (Shreve, 1935) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Craugastoridae Pristimantis altamazonicus (Barbour & Dunn, 1921) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Craugastoridae Pristimantis aureolineatus Guayasamin, Ron, Cisneros-Heredia, Lamar & McCracken, 2006 Bernarde et al. (2011)

Anura Craugastoridae Pristimantis buccinator (Rodriguez, 1994) Souza & Cardoso (2002)

Anura Craugastoridae Pristimantis conspicillatus (Günther, 1858) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Craugastoridae Pristimantis diadematus (Jiménez de la Espada, 1875) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Craugastoridae Pristimantis fenestratus (Steindachner, 1864) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Craugastoridae Pristimantis ockendeni (Boulenger, 1912) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

424

Ordem Família Espécies Referências

Anura Craugastoridae Pristimantis peruvianus (Melin, 1941) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Craugastoridae Pristimantis reichlei Padial & De la Riva, 2009 Bernarde et al. (2011)

Anura Dendrobatidae Adelphobates quinquevittatus (Steindachner, 1864) Bernarde et al. (2011)

Anura Dendrobatidae Adelphobates sp.n. Bernarde et al. (2011)

Anura Dendrobatidae Ameerega hahneli (Boulenger, 1884) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Dendrobatidae Ameerega macero (Rodriguéz & Myers, 1993) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Dendrobatidae Ameerega petersi (Silverstone, 1976) Souza & Cardoso (2002)

Anura Dendrobatidae Ameerega trivittata (Spix, 1824) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Dendrobatidae Ranitomeya ventrimaculata (Shreve, 1935) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Dendrobatidae Ranitomeya vanzolinii (Myers, 1982) Souza & Cardoso (2002)

Anura Hemiphractidae Hemiphractus scutatus (Spix, 1824) Bernarde et al. (2011)

Anura Hylidae Dendropsophus acreanus (Bokermann, 1964) Bernarde et al. (2011); FNJV; ZUEC; Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus bifurcus (Andersson, 1945) Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus bokermanni (Goin, 1960) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus brevifrons (Duellman & Crump, 1974) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus koechlini (Duellman and Trueb, 1989) Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus leali (Bokermann, 1964) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus leucophyllatus (Beireis, 1783) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus minutus (Peters, 1872) Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus nanus (Boulenger, 1889) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus parviceps (Boulenger, 1882) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus riveroi (Cochran and Goin, 1970) ZUEC; Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus rhodopeplus (Günther, 1859) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus sarayacuensis (Shreve, 1935) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus schubarti (Bokermann, 1963) ZUEC; Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus timbeba (Martins and Cardoso, 1987) Souza & Cardoso (2002)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

425

Ordem Família Espécies Referências

Anura Hylidae Dendropsophus triangulum (Günther, 1869) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Dendropsophus xapuriensis (Martins and Cardoso, 1987) Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Boana boans (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Boana calcarata (Troschel, 1848) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Boana cinerascens (Spix, 1824) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Boana fasciata (Günther, 1858) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Boana geographica (Spix, 1824) Bernarde et al. (2011); FNJV; ZUEC; Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Boana lanciformis (Cope, 1871) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Boana microderma (Pyburn, 1977) Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Boana punctata (Schneider, 1799) Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Boana raniceps (Cope, 1862) Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Osteocephalus buckleyi (Boulenger, 1882) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Osteocephalus leprieuri (Duméril & Bibron, 1841) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Osteocephalus subtilis Martins and Cardoso, 1987 Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Osteocephalus taurinus Steindachner, 1862 Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Osteocephalus sp. Bernarde et al. (2011)

Anura Hylidae Phyllomedusa atelopoides Duellman, Cadle & Cannatella, 1988) Bernarde et al. (2011)

Anura Hylidae Phyllomedusa bicolor (Boddaert, 1772) Bernarde et al. (2011); ZUEC; Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Phyllomedusa tarsius (Cope, 1868) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Phyllomedusa tomopterna (Cope, 1868) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Phyllomedusa vaillantii Boulenger, 1882 Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Scarthyla goinorum (Bokermann, 1962) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Scinax boesemani (Goin, 1966) Bernarde et al. (2011)

Anura Hylidae Scinax cruentomma (Duellman, 1972) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Scinax funereus (Cope, 1874) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Scinax garbei (Miranda-Ribeiro, 1926) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

426

Ordem Família Espécies Referências

Anura Hylidae Scinax iquitorum Moravec, Arista, Pérez & Lehr, 2009 Melo-Sampaio & Souza (2015)

Anura Hylidae Scinax ruber (Laurenti, 1768) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Sphaenorhynchus carneus (Cope, 1868) ZUEC; Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Sphaenorhynchus dorisae (Goin, 1957) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Sphaenorhynchus lacteus (Daudin, 1801) Bernarde et al. (2011); ZUEC; Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Trachycephalus coriaceus (Peters, 1867) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Trachycephalus resinifictrix (Goeldi, 1907) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Hylidae Trachycephalus typhonius (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011), ZUEC; Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Edalorhina perezi Jiménez de la Espada, 1871 Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Engystomops freibergi (Donoso-Barros, 1969) Bernarde et al. (2011)

Anura Leptodactylidae Engystomops petersi Jiménez de la Espada, 1872 Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Adenomera andreae (Müller, 1923) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Hydrolaetare dantasi (Bokermann, 1959) Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Adenomera hylaedactyla (Cope, 1868) Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus bolivianus Boulenger, 1898 Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus discodactylus Boulenger, 1884 Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus knudseni Heyer, 1972 Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus leptodactyloides (Andersson, 1945) Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus lineatus (Schneider, 1799) Bernarde et al. (2011)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus mystaceus (Spix, 1824) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus pentadactylus (Laurenti, 1768) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus petersii (Steindachner, 1864) Bernarde et al. (2011); ZUEC; Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus podicipinus (Cope, 1862) Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus rhodomystax Boulenger, 1884 Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus rhodonotus (Günther, 1869) Bernarde et al. (2011)

Anura Leptodactylidae Leptodactylus stenodema Jiménez de la Espada, 1875 Souza & Cardoso (2002)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

427

Ordem Família Espécies Referências

Anura Leptodactylidae Leptodactylus wagneri (Peters, 1862) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Leptodactylidae Lithodytes lineatus (Schneider, 1799) Souza & Cardoso (2002)

Anura Microhylidae Chiasmocleis bassleri Dunn, 1949 Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Microhylidae Chiasmocleis shudikarensis Dunn, 1949 Souza & Cardoso (2002)

Anura Microhylidae Chiasmocleis ventrimaculata (Andersson, 1945) Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Microhylidae Ctenophryne geayi Mocquard, 1904 Bernarde et al. (2011); Souza & Cardoso (2002)

Anura Microhylidae Hamptophryne boliviana (Parker, 1927) Bernarde et al. (2011)

Anura Microhylidae Syncope antenori Walker, 1973 Bernarde et al. (2011)

Anura Pipidae Pipa arrabali Izecksohn, 1976 Souza & Cardoso (2002)

Anura Pipidae Pipa pipa (Linnaeus, 1758) Souza & Cardoso (2002)

Anura Ranidae Rana palmipes Spix, 1824 Souza & Cardoso (2002)

Gymnophiona Caeciliidae Caecilia marcusi Wake, 1985 Bernarde et al. (2011)

Gymnophiona Caeciliidae Caecilia tentaculata Linnaeus, 1758 Bernarde et al. (2011)

Urodela Plethodontidae Bolitoglossa sp. Bernarde et al. (2011)

Urodela Plethodontidae Bolitoglossa altamazonica (Cope, 1874) Souza & Cardoso (2002)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

428

ANEXO 8 Anexo 8. Espécies de répteis de provável ocorrência na região da RESEX do Alto Tarauacá.

Ordem Família Espécies Referências

Testudines Chelidae Mesoclemmys gibba (Schweigger, 1812) Bernarde et al. (2011), indígenas

Testudines Chelidae Platemys platycephala (Schneider, 1792) Bernarde et al. (2011)

Testudines Chelidae Chelus fimbriata (Schneider, 1783) indígenas

Testudines Podocnemididae Podocnemis expansa (Schweigger, 1812) Presente estudo; oficinas; indígenas

Testudines Podocnemididae Podocnemis unifilis Troschel, 1848 Bernarde et al. (2011); Projeto Tracajá; presente estudo; oficinas; indígenas

Testudines Podocnemididae Podocnemis sextuberculata Cornalia, 1849 indígenas

Testudines Testudinidae Chelonoidis denticulata (Linnaeus, 1766) Bernarde et al. (2011); oficinas; indígenas

Crocodylia Alligatoridae Caiman crocodilus (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011); oficinas

Crocodylia Alligatoridae Melanosuchus niger (Spix, 1825) Bernarde et al. (2011); oficinas

Crocodylia Alligatoridae Paleosuchus palpebrosus (Cuvier, 1807) Bernarde et al. (2011); oficinas

Squamata Amphisbaenidae Amphisbaena fuliginosa Linnaeus, 1758 Bernarde et al. (2011)

Squamata Iguanidae Iguana iguana (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011); presente estudo

Squamata Hoplocercidae Enyalioides laticeps (Guichenot, 1855) Bernarde et al. (2011)

Squamata Hoplocercidae Enyalioides palpebralis (Boulenger, 1883) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dactyloidae Norops fuscoauratus D’Orbigny, 1837 Bernarde et al. (2011)

Squamata Dactyloidae Norops nitens (Wagler, 1830) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dactyloidae Norops ortonii Cope, 1868 Bernarde et al. (2011)

Squamata Dactyloidae Norops punctatus Daudin, 1802 Bernarde et al. (2011)

Squamata Dactyloidae Norops trachyderma Cope, 1876 Bernarde et al. (2011)

Squamata Dactyloidae Dactyloa transversalis Duméril, 1851 Bernarde et al. (2011)

Squamata Tropiduridae Plica plica (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Tropiduridae Plica umbra (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

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429

Ordem Família Espécies Referências

Squamata Tropiduridae Stenocercus fimbriatus Avila-Pires, 1995 Bernarde et al. (2011)

Squamata Gekkonidae Hemidactylus mabouia (Moreau de Jonnès, 1818) Bernarde et al. (2011)

Squamata Phyllodactylidae Thecadactylus solimoensis Bergmann & Russell, 2007 Bernarde et al. (2011)

Squamata Sphaerodactylidae Gonatodes hasemani (Griffin, 1917) Bernarde et al. (2011)

Squamata Sphaerodactylidae Gonatodes humeralis (Guichenot, 1855) Bernarde et al. (2011)

Squamata Sphaerodactylidae Pseudogonatodes guianensis Parker, 1935 Bernarde et al. (2011)

Squamata Teiidae Ameiva ameiva (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Teiidae Dracaena guianensis Daundin, 1802 Bernarde et al. (2011)

Squamata Teiidae Kentropyx altamazonica Cope, 1876 Bernarde et al. (2011)

Squamata Teiidae Kentropyx pelviceps Cope, 1868 Bernarde et al. (2011)

Squamata Teiidae Tupinambis teguixin (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Gymnophthalmidae Alopoglossus buckleyi (O’Shaughnessy, 1881) Bernarde et al. (2011)

Squamata Gymnophthalmidae Bachia peruana (Werner, 1901) Bernarde et al. (2011)

Squamata Gymnophthalmidae Cercosaura argulus Peters, 1863 Bernarde et al. (2011)

Squamata Gymnophthalmidae Cercosaura ocellata Wagler, 1830 Bernarde et al. (2011)

Squamata Gymnophthalmidae Iphisa elegans Gray 1851 Bernarde et al. (2011)

Squamata Gymnophthalmidae Ptychoglossus brevifrontalis Boulenger, 1912 Bernarde et al. (2011)

Squamata Mabuyidae Copeoglossum nigropunctatum (Spix, 1825) Bernarde et al. (2011)

Squamata Aniliidae Anilius scytale (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Boidae Boa constrictor Linnaeus, 1758 Bernarde et al. (2011)

Squamata Boidae Corallus hortulanus (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Boidae Eunectes murinus (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011); Silva et al. (2010)

Squamata Colubridae Chironius carinatus (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Colubridae Chironius fuscus (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Colubridae Chironius scurrulus (Wagler, 1824) Bernarde et al. (2011)

Squamata Colubridae Drymarchon corais (Boie, 1827) Bernarde et al. (2011)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

430

Ordem Família Espécies Referências

Squamata Colubridae Drymobius rhombifer (Günther, 1860) Bernarde et al. (2011)

Squamata Colubridae Drymoluber dichrous (Peters, 1863) Bernarde et al. (2011)

Squamata Colubridae Leptophis ahaetulla (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Colubridae Oxybelis fulgidus (Daudin, 1803) Bernarde et al. (2011)

Squamata Colubridae Pseustes poecilonotus (Günther, 1858) Bernarde et al. (2011); Silva et al. (2010)

Squamata Colubridae Spilotes pullatus (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Colubridae Tantilla melanocephala (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Atractus latifrons (Günther, 1868) Silva et al. (2010)

Squamata Dipsadidae Atractus major Boulenger, 1894 Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Atractus schach (Boie, 1827) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Clelia clelia (Daudin, 1803) Bernarde et al. (2011); Silva et al. (2010)

Squamata Dipsadidae Dipsas catesbyi Schlegel, 1837 Bernarde et al. (2011); Silva et al. (2010)

Squamata Dipsadidae Dipsas indica Laurenti, 1768 Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Drepanoides anomalus (Jan, 1863) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Helicops angulatus (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011); Silva et al. (2010)

Squamata Dipsadidae Imantodes cenchoa (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Leptodeira annulata (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Liophis dorsocorallinus Esqueda, Natera, La Marca & Ilija-Fistar, 2005 Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Liophis reginae (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Liophis taeniogaster Jan, 1863 Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Liophis typhlus (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Oxyrhopus melanogenys (Tschudi, 1845) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Oxyrhopus occipitalis Wagler, 1824 Bernarde et al. (2011); Silva et al. (2010)

Squamata Dipsadidae Oxyrhophus petola (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Philodryas argentea (Daudin, 1803) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Siphlophis compressus (Daudin, 1803) Bernarde et al. (2011)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

431

Ordem Família Espécies Referências

Squamata Dipsadidae Taeniophallus brevirostris (Peters, 1863) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Umbrivaga pygmaea (Cope, 1868) Bernarde et al. (2011)

Squamata Dipsadidae Xenodon severus (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011); Silva et al. (2010)

Squamata Dipsadidae Xenopholis scalaris (Wücherer, 1861) Bernarde et al. (2011)

Squamata Elapidae Micrurus hemprichii (Jan, 1858) Bernarde et al. (2011)

Squamata Elapidae Micrurus lemniscatus (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011)

Squamata Elapidae Micrurus remotus Roze, 1987 Bernarde et al. (2011)

Squamata Elapidae Micrurus spixii Wagler, 1824 Silva et al. (2010)

Squamata Viperidae Bothrops atrox (Linnaeus, 1758) Bernarde et al. (2011); Silva et al. (2010)

Squamata Viperidae Lachesis muta (Linnaeus, 1766) Bernarde et al. (2011)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

432

ANEXO 9 Anexo 9. Espécies de aves com potencial ocorrência e registradas (X) na RESEX do Alto Tarauacá

e seus respectivos nomes-populares.

Família Espécies nome-popular RESEX

Accipitridae Parabuteo leucorrhous gavião-de-sobre-branco

Accipitridae Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza x

Accipitridae Elanoides forficatus gavião-tesoura x

Accipitridae Harpagus bidentatus gavião-ripina x

Accipitridae Accipiter bicolor gavião-bombachinha-grande x

Accipitridae Ictinia plumbea sovi x

Accipitridae Urubitinga urubitinga gavião-preto x

Accipitridae Rupornis magnirostris gavião-carijó x

Accipitridae Leucopternis kuhli gavião-vaqueiro x

Accipitridae Spizaetus tyrannus gavião-pega-macaco x

Accipitridae Spizaetus ornatus gavião-de-penacho x

Accipitridae Buteo platypterus gavião-de-asa-larga

Accipitridae Buteo swainsoni gavião-papa-gafanhoto

Alcedinidae Chloroceryle amazona martim-pescador-verde x

Anatidae Anas discors marreca-de-asa-azul

Apodidae Chaetura spinicaudus andorinhão-de-sobre-branco x

Apodidae Chaetura brachyura andorinhão-de-rabo-curto x

Apodidae Chaetura meridionalis andorinhão-do-temporal

Ardeidae Tigrisoma lineatum socó-boi x

Ardeidae Ardea alba garça-branca-grande x

Ardeidae Bubulcus íbis garça-vaqueira

Bucconidae Notharchus hyperrhynchus macuru-de-testa-branca x

Bucconidae Nystalus obamai rapazinho-estriado-do-oeste x

Bucconidae Monasa nigrifrons chora-chuva-preto x

Bucconidae Monasa morphoeus chora-chuva-de-cara-branca x

Bucconidae Chelidoptera tenebrosa urubuzinho x

Bucconidae Malacoptila semicincta barbudo-de-coleira

Bucconidae Nonnula rubecula macuru

Bucconidae Nonnula ruficapilla freirinha-de-coroa-castanha

Bucconidae Nonnula sclateri freirinha-amarelada

Capitonidade Capito auratus capitão-de-fronte-dourada x

Capitonidade Eubucco richardsoni capitão-de-bigode-limão x

Capitonidae Capito auratus orosae capitão-de-fronte-dourada

Capitonidae Capito aurovirens capitão-de-coroa

Capitonidae Eubucco tucinkae capitão-de-colar-amarelo

Caprimulgidae Chordeiles nacunda corucão

Caprimulgidae Hydropsalis parvula bacurau-chintã

Caprimulgidae Hydropsalis torquata bacurau-tesoura

Caprimulgidae Hydropsalis albicollis bacurau x

Cardinalidae Piranga olivacea sanhaçu-escarlate

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

433

Cardinalidae Piranga rubra sanhaçu-vermelho

Cathartidae Cathartes melambrotus urubu-da-mata x

Cathartidae Coragyps atratus urubu-de-cabeça-preta x

Cathartidae Sarcoramphus papa urubu-rei x

Charadriidae Vanellus chilensis quero-quero

Charadriidae Vanellus cayanus batuíra-de-esporão x

Charadriidae Charadrius collaris batuíra-de-coleira x

Charadriidae Pluvialis dominica batuiruçu

Ciconiidae Jabiru mycteria tuiuiú

Ciconiidae Mycteria americana cabeça-seca

Columbidae Columbina talpacoti rolinha-roxa x

Columbidae Patagioenas plumbea pomba-amargosa x

Columbidae Patagioenas subvinacea pomba-botafogo x

Columbidae Leptotila verreauxi juriti-pupu x

Columbidae Columbina picui rolinha-picui

Conopophagidae Conopophaga aurita chupa-dente-de-cinta

Corvidae Cyanocorax violaceus pinhé x

Cotingidae Lipaugus vociferans capitão da mata x

Cotingidae Conioptilon mcilhennyi anambé-de-cara-preta x

Cotingidae Cotinga cayana anambé-azul x

Cotingidae Querula purpurata anambé-uma x

Cotingidae Conioptilon mcilhennyi anambé-de-cara-preta

Cracidae Aburria cumanensis* cujubim x

Cracidae Pauxi tuberosa* mutum-cavalo x

Cracidae Penelope jacquacu jacu-de-spix x

Cuculidae Coccyzus americanus papa-lagarta-de-asa-vermelha

Cuculidae Coccyzus erythropthalmus papa-lagarta-de-bico-preto

Cuculidae Micrococcyx cinereus papa-lagarta-cinzento

Cuculidae Piaya cayana alma-de-gato x

Cuculidae Piaya melanogaster chincoã-de-bico-vermelho x

Cuculidae Coccyzus melacoryphus papa-lagarta-acanelado x

Cuculidae Crotophaga ani anu-preto x

Cuculidae Neomorphus geoffroyi jacu-estalo x

Cuculidae Dromococcyx pavoninus peixe-frito-pavonino

Dendrocolaptidae Glyphorynchus spirurus albigularis arapaçu-bico-de-cunha

Dendrocolaptidae Xiphorhynchus chunchotambo arapaçu-de-tschudi

Dendrocolaptidae Deconychura longicauda arapaçu-rabudo x

Dendrocolaptidae Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde x

Dendrocolaptidae Glyphorynchus spirurus arapaçu-bico-de-cunha x

Dendrocolaptidae Xiphorhynchus elegans arapaçu-elegante x

Dendrocolaptidae Xiphorhynchus guttatus arapaçu-de-garganta-amarela x

Dendrocolaptidae Dendroplex picus arapaçu-de-bico-branco x

Dendrocolaptidae Lepidocolaptes fatimalimae arapaçu-do-inambari x

Dendrocolaptidae Nasica longirostris arapaçu-de-bico-comprido x

Dendrocolaptidae Dendrexetastes rufigula arapaçu-galinha x

Dendrocolaptidae Dendrocolaptes juruanus arapaçu-barrado-do-juruá x

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

434

Dendrocolaptidae Xiphocolaptes promeropirhynchus arapaçu-vermelho x

Dendrocolaptidae Campylorhamphus trochilirostris arapaçu-beija-flor

Dendrocolaptidae Dendrocincla fuliginosa neglecta arapaçu-pardo

Falconidae Daptrius ater gavião-de-anta x

Falconidae Ibycter americanus gralhão x

Falconidae Herpetotheres cachinnans acauã x

Falconidae Micrastur ruficollis falcão-caburé x

Falconidae Micrastur gilvicollis falcão-mateiro x

Falconidae Micrastur mirandollei tanatau x

Falconidae Falco rufigularis cauré x

Formicariidae Formicarius colma galinha-do-mato x

Formicariidae Formicarius analis pinto-do-mato-de-cara-preta x

Formicariidae Formicarius rufifrons pinto-do-mato-de-fronte-ruiva

Fringillidae Euphonia chrysopasta gaturamo-verde x

Fringillidae Euphonia xanthogaster fim-fim-grande x

Fringillidae Euphonia rufiventris gaturamo-do-norte x

Furnariidae Clibanornis watkinsi barranqueiro-ferrugem-do-acre

Furnariidae Furnarius leucopus joão-de-barro x

Furnariidae Automolus rufipileatus barranqueiro-de-coroa-castanha x

Furnariidae Automolus ochrolaemus barranqueiro-camurça x

Furnariidae Philydor erythropterum limpa-folha-de-asa-castanha x

Furnariidae Cranioleuca gutturata joão-pintado x

Furnariidae Anabazenops dorsalis barranqueiro-de-topete

Furnariidae Automolus melanopezus barranqueiro-escuro

Furnariidae Synallaxis cherriei puruchém

Furnariidae Syndactyla ucayalae limpa-folha-de-bico-virado

Galbulidae Galbula cyanescens ariramba-da-capoeira x

Galbulidae Galbula dea ariramba-do-paraíso x

Galbulidae Jacamerops aureus jacamaraçu x

Galbulidae Brachygalba albogularis agulha-de-garganta-branca

Grallariidae Grallaria eludens tovacuçu-xodó

Hirundinidae Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora x

Hirundinidae Hirundo rustica andorinha-de-bando

Hirundinidae Progne elegans andorinha-do-sul

Hirundinidae Progne subis andorinha-azul

Hirundinidae Pseudocolopteryx acutipennis tricolino-oliváceo

Hirundinidae Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa

Hirundinidae Riparia riparia andorinha-barranco

Icteridae Sturnella militaris polícia-inglesa-do-norte

Icteridae Psarocolius angustifrons japu-pardo x

Icteridae Psarocolius viridis japu-verde x

Icteridae Psarocolius bifasciatus japuaçu x

Icteridae Cacicus latirostris japu-de-rabo-verde x

Icteridae Cacicus cela xexéu x

Icteridae Icterus cayanensis inhapim x

Icteridae Molothrus oryzivorus iraúna-grande x

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

435

Icteridae Cacicus latirostris japu-de-rabo-verde

Icteridae Psarocolius viridis japu-verde

Laridae Leucophaeus atricilla gaivota-alegre

Mitrospingidae Lamprospiza melanoleuca pipira-de-bico-vermelho x

Momotidae Electron platyrhynchum udu-de-bico-largo x

Momotidae Momotus momota udu-de-coroa-azul x

Nyctibiidae Nyctibius grandis mãe-da-lua-gigante x

Nyctibiidae Nyctibius aethereus mãe-da-lua-parda x

Nyctibiidae Nyctibius griseus mãe-da-lua x

Nyctibiidae Nyctiphrynus ocellatus bacurau-ocelado x

Odontophoridae Odontophorus stellatus uru-de-topete x

Onychorhynchidae Terenotriccus erythrurus papa-moscas-uirapuru x

Onychorhynchidae Myiobius barbatus assanhadinho x

Onychorhynchidae Myiobius atricaudus assanhadinho-de-cauda-preta

Onychorhynchidae Myiobius barbatus assanhadinho

Pandionidae Pandion haliaetus águia-pescadora

Parulidae Geothlypis agilis mariquita-de-connecticut

Parulidae Myiothlypis fulvicauda pula-pula-de-cauda-avermelhada x

Passerellidae Ammodramus aurifrons cigarrinha-do-campo x

Phoenicopteridae Phoenicoparrus jamesi flamingo-da-puna

Picidae Celeus spectabilis pica-pau-lindo

Picidae Melanerpes cruentatus benedito-de-testa-vermelha x

Picidae Piculus flavigula pica-pau-bufador x

Picidae Piculus chrysochloros pica-pau-dourado-escuro x

Picidae Celeus grammicus picapauzinho-chocolate x

Picidae Celeus torquatus pica-pau-de-coleira x

Picidae Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca x

Picidae Campephilus rubricollis pica-pau-de-barriga-vermelha x

Picidae Campephilus melanoleucos pica-pau-de-topete-vermelho x

Picidae Picumnus rufiventris pica-pau-anão-vermelho

Picidae Picumnus subtilis pica-pau-anão-de-barras-sutis

Pipridae Xenopipo atronitens pretinho

Pipridae Neopelma sulphureiventer fruxu-de-barriga-amarela x

Pipridae Ceratopipra chloromeros dançador-de-cauda-graduada x

Pipridae Lepidothrix coronata uirapuru-de-chapéu-azul x

Pipridae Dixiphia pipra cabeça-branca x

Pipridae Ceratopipra chloromeros dançador-de-cauda-graduada

Pipridae Dixiphia pipra cabeça-branca

Pipridae Lepidothrix coronata coronata uirapuru-de-chapéu-azul

Pipridae Pipra filicauda rabo-de-arame

Pipritidae Piprites chloris papinho-amarelo x

Platyrinchidae Platyrinchus platyrhynchos patinho-de-coroa-branca x

Polioptilidae Ramphocaenus melanurus bico-assovelado x

Psittacidae Touit purpuratus apuim-de-costas-azuis

Psittacidae Ara macao araracanga x

Psittacidae Ara severus maracanã-guaçu x

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436

Psittacidae Orthopsittaca manilatus maracanã-do-buriti x

Psittacidae Psittacara leucophthalmus periquitão-maracanã x

Psittacidae Aratinga weddellii periquito-de-cabeça-suja x

Psittacidae Pyrrhura roseifrons tiriba-de-cabeça-vermelha x

Psittacidae Brotogeris cyanoptera periquito-de-asa-azul x

Psittacidae Touit huetii apuim-de-asa-vermelha x

Psittacidae Pionites leucogaster marianinha-de-cabeça-amarela x

Psittacidae Pionus menstruus maitaca-de-cabeça-azul x

Psittacidae Amazona farinosa papagaio-moleiro x

Psittacidae Amazona ochrocephala papagaio-campeiro x

Psittacidae Nannopsittaca dachilleae periquito-da-amazônia

Psittacidae Primolius couloni maracanã-de-cabeça-azul

Psittacidae Pyrrhura rupicola tiriba-rupestre

Psophiidae Psophia leucoptera jacamim-de-costas-brancas x

Rallidae Aramides cajaneus saracura-três-potes x

Rallidae Laterallus melanophaius sanã-parda x

Rallidae Gallinula galeata frango-d’água-comum x

Ramphastidae Ramphastos tucanus tucano-grande-de-papo-branco x

Ramphastidae Ramphastos vitellinus tucano-de-bico-preto x

Ramphastidae Selenidera reinwardtii saripoca-de-coleira x

Ramphastidae Pteroglossus castanotis araçari-castanho x

Ramphastidae Pteroglossus beauharnaesii araçari-mulato x

Recurvirostridae Himantopus mexicanus pernilongo-de-costas-negras

Rhynchocyclidae Lophotriccus vitiosus maria-fiteira

Rhynchocyclidae Cnipodectes subbrunneus flautim-pardo x

Rhynchocyclidae Leptopogon amaurocephalus cabeçudo x

Rhynchocyclidae Tolmomyias assimilis bico-chato-da-copa x

Rhynchocyclidae Tolmomyias poliocephalus bico-chato-de-cabeça-cinza x

Rhynchocyclidae Tolmomyias flaviventris bico-chato-amarelo x

Rhynchocyclidae Todirostrum chrysocrotaphum ferreirinho-de-sobrancelha x

Rhynchocyclidae Myiornis ecaudatus caçula x

Rhynchocyclidae Hemitriccus griseipectus maria-de-barriga-branca x

Rhynchocyclidae Lophotriccus eulophotes maria-topetuda x

Rhynchocyclidae Zimmerius gracilipes poiaeiro-de-pata-fina x

Rhynchocyclidae Cnipodectes superrufus flautim-rufo

Rhynchocyclidae Hemitriccus aff. minor maria-sebinha

Rhynchocyclidae Hemitriccus cohnhafti maria-sebinha-do-acre

Rhynchocyclidae Hemitriccus flammulatus maria-de-peito-machetado

Rhynchocyclidae Mionectes amazonus abre-asa-do-acre

Rhynchocyclidae Poecilotriccus albifacies ferreirinho-de-cara-branca

Scleruridae Sclerurus macconnelli vira-folha-de-peito-vermelho x

Scleruridae Dendrocincla fuliginosa arapaçu-pardo x

Scolopacidae Gallinago paraguaiae narceja

Scolopacidae Phalaropus tricolor pisa-n’água

Scolopacidae Actitis macularius maçarico-pintado

Scolopacidae Calidris bairdii maçarico-de-bico-fino

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437

Scolopacidae Calidris fuscicollis maçarico-de-sobre-branco

Scolopacidae Calidris himantopus maçarico-pernilongo

Scolopacidae Calidris melanotos maçarico-de-colete

Scolopacidae Calidris minutilla maçariquinho

Scolopacidae Calidris subruficollis maçarico-acanelado

Scolopacidae Tringa flavipes maçarico-de-perna-amarela

Scolopacidae Tringa melanoleuca maçarico-grande-de-perna-

amarela

Scolopacidae Tringa solitaria maçarico-solitário

Strigidae Megascops choliba corujinha-do-mato x

Strigidae Megascops usta corujinha-relógio x

Strigidae Lophostrix cristata coruja-de-crista x

Strigidae Pulsatrix perspicillata murucututu x

Strigidae Strix virgata coruja-do-mato x

Strigidae Strix huhula coruja-preta x

Strigidae Glaucidium hardyi caburé-da-amazônia x

Strigidae Glaucidium brasilianum caburé x

Thamnophilidae Cercomacra manu chororó-de-manu

Thamnophilidae Myrmoborus lophotes formigueiro-do-bambu

Thamnophilidae Myrmotherula heteroptera choquinha-do-purus

Thamnophilidae Myrmotherula heteroptera choquinha-do-purus

Thamnophilidae Myrmotherula ignota choquinha-de-bico-curto

Thamnophilidae Myrmotherula oreni choquinha-do-bambu

Thamnophilidae Phlegopsis erythroptera mãe-de-taoca-avermelhada

Thamnophilidae Thamnomanes saturninus uirapuru-selado

Thamnophilidae Thamnophilus divisorius choca-do-acre

Thamnophilidae Thamnophilus divisorius choca-do-acre

Thamnophilidae Euchrepomis humeralis zidedê-de-encontro x

Thamnophilidae Microrhopias quixensis papa-formiga-de-bando x

Thamnophilidae Myrmophylax atrothorax formigueiro-de-peito-preto x

Thamnophilidae Myrmotherula sclateri choquinha-de-garganta-amarela x

Thamnophilidae Myrmotherula menetriesii choquinha-de-garganta-cinza x

Thamnophilidae Thamnomanes saturninus uirapuru-selado x

Thamnophilidae Thamnomanes schistogynus uirapuru-azul x

Thamnophilidae Dichrozona cincta tovaquinha x

Thamnophilidae Herpsilochmus rufimarginatus chorozinho-de-asa-vermelha x

Thamnophilidae Thamnophilus doliatus choca-barrada x

Thamnophilidae Thamnophilus schistaceus choca-de-olho-vermelho x

Thamnophilidae Thamnophilus aethiops choca-lisa x

Thamnophilidae Cymbilaimus lineatus papa-formiga-barrado x

Thamnophilidae Hylophylax naevius guarda-floresta x

Thamnophilidae Myrmelastes hyperythrus formigueiro-chumbo x

Thamnophilidae Myrmoborus myotherinus formigueiro-de-cara-preta x

Thamnophilidae Hafferia fortis formigueiro-da-taoca x

Thamnophilidae Sciaphylax hemimelaena formigueiro-de-cauda-castanha x

Thamnophilidae Cercomacra cinerascens chororó-pocuá x

Thamnophilidae Cercomacra serva chororó-preto x

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438

Thamnophilidae Hypocnemis hypoxantha cantador-amarelo x

Thamnophilidae Akletos goeldii formigueiro-de-goeldi

Thamnophilidae Akletos melanoceps formigueiro-grande

Thamnophilidae Cymbilaimus sanctaemariae choca-do-bambu

Thamnophilidae Drymophila devillei trovoada-listrada

Thamnophilidae Epinecrophylla haematonota choquinha-de-garganta-carijó

Thamnophilidae Epinecrophylla ornata choquinha-ornada

Thamnophilidae Formicivora grisea papa-formiga-pardo

Thamnophilidae Oneillornis salvini mãe-de-taoca-de-cauda-barrada

Thamnophilidae Hypocnemis hypoxantha cantador-amarelo

Thamnophilidae Hypocnemis subflava cantador-galego

Thraupidae Coereba flaveola cambacica x

Thraupidae Saltator maximus trinca-ferro x

Thraupidae Saltator azarae sabiá-gongá-da-amazônia x

Thraupidae Ramphocelus nigrogularis pipira-do-flamengo x

Thraupidae Ramphocelus carbo pipira-vermelha x

Thraupidae Lanio rufiventer tem-tem-de-crista-amarela x

Thraupidae Lanio versicolor pipira-de-asa-branca x

Thraupidae Tangara schrankii saíra-ouro x

Thraupidae Tangara mexicana saíra-de-bando x

Thraupidae Tangara chilenses sete-cores-da-amazônia x

Thraupidae Tangara velia saíra-diamante x

Thraupidae Tangara callophrys saíra-opala x

Thraupidae Tangara xanthogastra saíra-de-barriga-amarela x

Thraupidae Tangara episcopus sanhaçu-da-amazônia x

Thraupidae Tangara palmarum sanhaçu-do-coqueiro x

Thraupidae Tangara nigrocincta saíra-mascarada x

Thraupidae Cissopis leverianus tietinga x

Thraupidae Dacnis lineata saí-de-máscara-preta x

Thraupidae Dacnis flaviventer saí-amarela x

Thraupidae Dacnis cayana saí-azul x

Thraupidae Chlorophanes spiza saí-verde x

Thraupidae Volatinia jacarina tiziu x

Thraupidae Sporophila castaneiventris caboclinho-de-peito-castanho x

Thraupidae Cyanoloxia rothschildii azulão-da-amazônia x

Thraupidae Conothraupis speculigera tiê-preto-e-branco

Thraupidae Sporophila bouvronides estrela-do-norte

Thraupidae Sporophila caerulescens coleirinho

Thraupidae Sporophila lineola bigodinho

Thraupidae Sporophila luctuosa papa-capim-preto-e-branco

Thraupidae Sporophila murallae papa-capim-de-caquetá

Thraupidae Sporophila nigricollis baiano

Thraupidae Sporophila schistacea cigarrinha-do-norte

Thraupidae Tachyphonus phoenicius tem-tem-de-dragona-vermelha

Threskiornithidae Platalea ajaja colhereiro

Tinamidae Crypturellus cinereus inhambu preto x

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439

Tinamidae Crypturellus soui tururim x

Tinamidae Crypturellus atrocapillus inhambu-de-coroa-preta x

Tinamidae Crypturellus variegatus inhambu-anhangá x

Tinamidae Crypturellus bartletti inhambu-anhangaí x

Tinamidae Crypturellus undulatus yapura macucau

Tityridae Laniocera hypopyrra chorona-cinza x

Tityridae Tityra semifasciata anambé-branco-de-máscara-negra x

Tityridae Pachyramphus polychopterus caneleiro-preto x

Tityridae Pachyramphus marginatus caneleiro-bordado x

Tityridae Pachyramphus minor caneleiro-pequeno x

Trochilidae Heliomaster furcifer bico-reto-azul

Trochilidae Phaethornis hispidus rabo-branco-cinza x

Trochilidae Anthracothorax nigricollis beija-flor-de-veste-preta x

Trochilidae Thalurania furcata beija-flor-tesoura-verde x

Trochilidae Amazilia fimbriata beija-flor-de-garganta-verde

Trochilidae Amazilia lactea bartletti beija-flor-de-peito-azul

Trochilidae Chrysolampis mosquitus beija-flor-vermelho

Troglodytidae Microcerculus marginatus uirapuru-veado x

Troglodytidae Troglodytes musculus curruíra x

Troglodytidae Campylorhynchus turdinus catatau x

Troglodytidae Cantorchilus leucotis garrinchão-de-barriga-vermelha x

Trogonidae Trogon ramonianus surucuá-pequeno x

Trogonidae Trogon curucui surucuá-de-barriga-vermelha x

Trogonidae Trogon rufus surucuá-de-barriga-amarela x

Trogonidae Trogon collaris surucuá-de-coleira x

Turdidae Turdus amaurochalinus sabiá-poca

Turdidae Turdus ignobilis caraxué-de-bico-preto x

Turdidae Turdus albicollis sabiá-coleira x

Turdidae Catharus minimus sabiá-de-cara-cinza

Turdidae Catharus swainsoni sabiá-de-óculos

Tyrannidae Ramphotrigon megacephalum maria-cabeçuda

Tyrannidae Ornithion inerme poiaeiro-de-sobrancelha x

Tyrannidae Elaenia spectabilis guaracava-grande x

Tyrannidae Myiopagis gaimardii maria-pechim x

Tyrannidae Myiopagis caniceps guaracava-cinzenta x

Tyrannidae Tyrannulus elatus maria-te-viu x

Tyrannidae Attila bolivianus bate-pára x

Tyrannidae Attila spadiceus capitão-de-saíra-amarelo x

Tyrannidae Legatus leucophaius bem-te-vi-pirata x

Tyrannidae Ramphotrigon ruficauda bico-chato-de-rabo-vermelho x

Tyrannidae Ramphotrigon fuscicauda maria-de-cauda-escura x

Tyrannidae Myiarchus tuberculifer maria-cavaleira-pequena x

Tyrannidae Myiarchus ferox maria-cavaleira x

Tyrannidae Sirystes sibilator gritador x

Tyrannidae Rhytipterna simplex vissiá x

Tyrannidae Pitangus sulphuratus bem-te-vi x

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440

Tyrannidae Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado x

Tyrannidae Megarynchus pitangua neinei x

Tyrannidae Myiozetetes similis bentevizinho-de-penacho-

vermelho

x

Tyrannidae Tyrannus melancholicus suiriri x

Tyrannidae Myiophobus fasciatus filipe x

Tyrannidae Sublegatus modestus guaracava-modesta x

Tyrannidae Pyrocephalus rubinus príncipe x

Tyrannidae Lathrotriccus euleri enferrujado x

Tyrannidae Attila cinnamomeus tinguaçu-ferrugem

Tyrannidae Attila citriniventris tinguaçu-de-barriga-amarela

Tyrannidae Casiornis rufus maria-ferrugem

Tyrannidae Contopus cinereus papa-moscas-cinzento

Tyrannidae Contopus cooperi piui-boreal

Tyrannidae Contopus virens piui-verdadeiro

Tyrannidae Elaenia chilensis guaracava-de-crista-branca

Tyrannidae Elaenia parvirostris guaracava-de-bico-curto

Tyrannidae Empidonax alnorum papa-moscas-de-alder

Tyrannidae Empidonomus varius peitica

Tyrannidae Fluvicola albiventer lavadeira-de-cara-branca

Tyrannidae Griseotyrannus aurantioatrocristatus peitica-de-chapéu-preto

Tyrannidae Inezia inornata alegrinho-do-chaco

Tyrannidae Myiarchus swainsoni irré

Tyrannidae Myiarchus tyrannulus maria-cavaleira-de-rabo-

enferrujado

Tyrannidae Myiodynastes luteiventris bem-te-vi-de-barriga-sulfúrea

Tyrannidae Myiopagis viridicata guaracava-de-crista-alaranjada

Tyrannidae Tyrannus albogularis suiriri-de-garganta-branca

Tyrannidae Tyrannus savana tesourinha

Tyrannidae Tyrannus tyrannus suiriri-valente

Vireonidae Hylophilus semicinereus verdinho-da-várzea

Vireonidae Vireo flavoviridis juruviara-verde-amarelada

Vireonidae Cyclarhis gujanensis pitiguari x

Vireonidae Vireolanius leucotis assobiador-do-castanhal x

Vireonidae Vireo chivi juruviara x

Vireonidae Hylophilus hypoxanthus vite-vite-de-barriga-amarela x

Vireonidae Hylophilus ochraceiceps vite-vite-uirapuru x

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441

ANEXO 10 Anexo 10. Espécies de mamíferos com potencial ocorrência e com ocorrência confirmada (X)

para a RESEX do Alto do Tarauacá, Acre.

Ordem Família Espécies Nome-popular Referências RESEX

Didelphimorphia

Didelphidae Didelphis marsupialis mucura Botelho (2013) X

Didelphimorphia

Didelphidae Marmosa murina cuíca Calouro (1999)

Pilosa Bradypodidae Bradypus variegatus preguiça-garganta-marrom

Calouro (1999)

Pilosa Myrmecophagidae

Tamandua tetradactyla mambira Botelho (2013) X

Pilosa Megalonychidae Choloepus spp. preguiça-real Calouro (1999)

Cingulata Dasypodidae Priodontes maximus tatu-canastra Botelho (2013) X

Cingulata Dasypodidae Dasypus spp. tatu Botelho (2013) X

Primates Callitrichidae Callimico goeldii mico-preto Calouro (1999)

Primates Callitrichidae Saguinus imperator subgrisescens

bigodeiro Calouro (1999), oficinas

X

Primates Cebidae Saimiri macrodon macaco-de-cheiro Calouro (1999)

Primates Cebidae Cebus unicolor cairara Botelho (2013), oficinas

X

Primates Cebidae Sapajus macrocephalus macaco-prego Botelho (2013), oficinas

X

Primates Atelidae Alouatta juara guariba Botelho (2013), oficinas

X

Primates Aotidae Aotus nigriceps macaco-da-noite Botelho (2013), oficinas

X

Primates Atelidae Ateles chamek macaco-preto Botelho (2013), oficinas

X

Primates Pitheciidae Callicebus cupreus zogue-zogue Calouro (1999), oficinas

X

Primates Pitheciidae Pithecia vanzolinii parauacu Botelho (2013), oficinas

X

Lagomorpha

Leporidae Sylvilagus brasiliensis coelho Botelho (2013) X

Chiroptera Emballonuridae Rhynchonycteris naso morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Emballonuridae Saccopteryx bilineata morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Emballonuridae Saccopteryx leptura morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Noctilionidae Noctilio albiventris morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Noctilionidae Noctilio lepotinus morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Chrotopterus auritus morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Lonchorhina sp. morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Macrophyllum macrophyllum

morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Micronycteris hirsuta morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Micronycteris megalotis morcego Nogueira & Peracchi (1999)

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Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

442

Chiroptera Phyllostomidae Micronycteris nicefori morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Phyllostomus discolor morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Phyllostomus elongatus morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Phylostomus hastatus morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Tonatia saurophila morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Tonatia silvicola morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Trachops cirrhosus morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Lampronycteris brachyotis morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Chiroderma trinitatum morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Vampyrum spectrum morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Lonchophylla thomasi morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Anoura caudifer morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Choeroniscus intermedius morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Glossophaga soricina morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Carollia brevicauda morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Carollia castanea morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Carollia perspicillata morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Rhinophylla fischerae morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Rhinophylla pumilio morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Artibeus anderseni morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Artibeus cinereus morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Artibeus lituratus morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Artibeus obscurus morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Artibeus planirostris morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Chirodenna trinitatum morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Chirodkna villosum morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Mesophylla macconnelli morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Platyrrhinus brachycephalus

morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Platyrrhinus helleri morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Plathyrrhinus infiscus morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Stumira lilium morcego Nogueira & Peracchi (1999)

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443

Chiroptera Phyllostomidae Stumira magna morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Stumira tildae morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Uroderma bilobatum morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Uroderma magnirostrum morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Vampyressa bidens morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Vampyessa pusilla morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Vampyodes caraccioli morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Desmodus rotundus morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Diaemus youngi morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Phyllostomidae Diphylla ecaudata morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Thryropteridae Thyroptera tricolor morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Vespertilionidae Lasiurus ega morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Vespertilionidae Myotis albescens morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Vespertilionidae Myotis riparia morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Molossidae Eumops auripendulus morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Molossidae Molossus molossu morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Chiroptera Molossidae Promops centralis morcego Nogueira & Peracchi (1999)

Carnivora Felidae Leopardus pardalis maracajá-açú Botelho (2013) X

Carnivora Felidae Panthera onca onça-pintada Botelho (2013), oficinas

X

Carnivora Felidae Leopardus wiedii maracajá-peludo Botelho (2013) X

Carnivora Felidae Puma yagouaroundi gato-preto Botelho (2013) X

Carnivora Felidae Puma concolor onça-vermelha Botelho (2013) X

Carnivora Canidae Speothos venaticus cachorro-vinagre Botelho (2013) X

Carnivora Canidae Atelocynus microtis raposa Botelho (2013) X

Carnivora Mustelidae Lontra longicaudis lontra Calouro (1999)

Carnivora Mustelidae Eira barbara irara Botelho (2013) X

Carnivora Procyonidae Nasua nasua quati Botelho (2013) X

Carnivora Procyonidae Procyon cancrivorus mão-pelada Botelho (2013) X

Carnivora Procyonidae Bassaricyon alleni jupará Calouro (1999)

Carnivora Procyonidae Potos flavus jupará-verdadeiro Calouro (1999)

Perissodactyla

Tapiridae Tapirus terrestris anta Botelho (2013), oficinas

X

Artiodactyla

Tayassuidae Pecari tajacu porquinho Botelho (2013), oficinas

X

Artiodactyla

Tayassuidae Tayassu pecari queixada Botelho (2013), oficinas

X

Artiodactyla

Cervidae Mazama nemorivaga veado-roxo Calouro (1999), oficinas

X

Page 448: Volume 1 - Diagnóstico€¦ · Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1) 1 Presidente da República Jair Bolsonaro Ministro do Meio Ambiente

Plano de Manejo da Reserva Extrativista do Alto Tarauacá (Diagnóstico - volume 1)

444

Artiodactyla

Cervidae Mazama americana veado-vermelho Botelho (2013) X

Cetacea Iniidae Inia geoffrensis boto Calouro (1999), oficinas

X

Rodentia Caviidae Hydrochoerus hydrochaeris

capivara Botelho (2013), oficinas

X

Rodentia Cuniculidae Cuniculus paca paca Botelho (2013) X

Rodentia Dasyproctidae Dasyprocta fuliginosa cutia Botelho (2013) X

Rodentia Dasyproctidae Myoprocta pratti cutiara Botelho (2013) X

Rodentia Erethizontidae Coendou prehensilis quandú Botelho (2013) X

Rodentia Sciuridae Urosciurus sp. quatipuru Botelho (2013) X

Rodentia Sciuridae Microsciurus flaviventer quatipuruzinho-bigodeiro

Calouro (1999)

Rodentia Sciuridae Sciurillus pusilus esquilo Calouro (1999)

Rodentia Sciuridae Sciurus ignitus esquilo Calouro (1999)

Rodentia Dinomyidae Dinomys branickii paca-de-rabo Botelho (2013), oficinas

X

Rodentia Echimyidae Dactylomys dactylinus toró Calouro (1999)