você se liga em política? - gestão escolar · pensa da política e dos políticos brasileiros?...
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NRE: Loanda Município LoandaNome do Professor: Jane Cristina Beltramini Berto e-mail: [email protected]: C. E. Pres. Afonso Camargo Fone (44) 3425-1017Disciplina: Língua Portuguesa Série: 1º. E MConteúdo Estruturante: O discurso enquanto prática socialConteúdo Específico: Leitura de chargesTítulo: “Charges: Encontros e Confrontos entre o mundo, a imagem e a palavra”Relação interdisciplinar 1: Filosofia Colaborador 1: Djaci Pereira LealRelação interdisciplinar 2: História Colaborador 2: Maria Dolores J. Gutierrez Cancean
Colaborador da disciplina do autor: Amarildo Pinheiro Magalhães
O que você pensa da política
e dos políticos brasileiros?
Você se liga em política?
De que recursos você dispõe para manifestar a sua opinião a respeito da
política?
Que textos você conhece que tratam
das questões políticas?
E quando os próprios políticos são o assunto do texto? É possível falar tudo o que se quer sem o risco de represálias?
Se a crítica for feita de forma velada? Como compreender o
sentido do texto?
Leia a opinião da jovem Nara Soares de Crateús-CE:
Jovem e Política
A juventude e a políticaEstão bem interligadasPois desejamos um futuro promissorE nossa confiança está nos candidatos.Tanto é que o impeachment do Collor,Ex-presidenteFoi a maior prova de nossa forçaPra ajudar muita gente.O quadro político do nosso paísÉ de extrema decepçãoPois nos coibe de ver o lado positivo,Por mais pura ambição.E é “por essas e outras”Que devemos ser valorizadosPois somos jovens conscientesCom futuros idealizados.
Disponível online em http://www. mundojovem.pucrs.br/poema-juventude-2.php>. Acesso em 11.out. 2007.
Agora, dê uma olhada nessa história:
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(Disponível online em http://www.mundojovem.pucrs.br/poema-juventude-2.php. Acesso em 11.out.2007.)
PARA PENSAR, CONVERSAR E APRENDER...
Quanto ao assunto, o que os dois textos têm em comum?
Qual a posição da autora do primeiro texto a respeito da participação do
jovem na política?
E o segundo texto, como se posiciona a esse respeito?
De que recursos o primeiro texto se utiliza para tratar do tema?
E de quais recursos o segundo texto lança mão? Que recursos desse texto
não estão presentes no primeiro texto?
O primeiro texto faz referência a um fato recente da história política do
Brasil? Que fato é esse? O que você sabe sobre ele?
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Leia mais sobre esse fato em <http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/cenasdoseculo/nacionais/ une.htm>
Imagem extraída de
<http://www.senado.gov.br/sf/senado/portaldoservidor/jornal/ Jornal68/imagens/orientacao.gif>
Para saber um pouco mais...
Podemos dizer que o poder e a autoridade sempre existiram na humanidade,
porém, o que entendemos como política, a forma como a concebemos atualmente
teve origem com os gregos e romanos, o que pode facilmente ser confirmado pela
origem greco-romana das palavras: democracia, oligarquia, monarquia... e além
dessas, você pode ver outras palavras tais como as que designam os regimes
políticos: república, império, ditadura, senado...
Em se tratando especificamente da palavra política, sua origem está
relacionada com a língua grega: ta politika e deriva da palavra polis.
Polis significa cidade e é formada pelos cidadãos politikos, isto quer dizer conforme
Chauí (2000, p.371) que “os homens nascidos no solo dessa cidade, livres e iguais,
portadores de direitos inquestionáveis: isonomia (igualdade perante a Lei) e
isegoria (o direito de expor discutir em público opiniões sobre ações que a Cidade
deve ou não deve realizar)”.
Veja o que a wikipédia, a enciclopédia livre, nos diz a esse respeito:
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Mas o que é essa tal política?
De onde ela vem?
Dá pra viver sem ela?
A política surge na Grécia clássica.n [...]. Vários foram os fatores que deram origem à política. O surgimento da pólis (cidade-estado) é o elemento norteador para que a política fosse criando suas bases no mundo grego, e assim, nas cidades, nascesse a grande preocupação em como administrar bem a pólis.
A obra de Hesíodo "O Trabalho e os dias" - é uma boa leitura que podemos fazer para percebemos que o surgimento da política no mundo grego eclodiu de maneira complexa pelos ideais de homens e sociedades pensadas pelos filósofos.
Atenas e Esparta são exemplos de cidades-estados que tinham administração política divergentes, uma vez que os ideais de homem são diferentes: Esparta dá ênfase à força física, formando bons soldados; Atenas, onde nasceu a democracia, o enfoque é uma admistração que busque contemplar outras dimensões do individuo, como a arte, a música, a literatura dentre outros aspectos. Assim, podemos compreender que a Politica já surge obedecendo aos interesses de umas poucas cabeças.
Platão, vendo que a política ideal está defeituosa, tem a preocupação em dizer que quem estava bem preparado para Governar as cidades seriam os filósofos e os reis, visto que ambos usavam a alma racional. Vale salientar aqui que Platão via no homem três almas: A alma racional, típica dos filósofos e reis, pois esta se localizava na cabeça; a alma toráxica, predominante nos Guerreiros e alma visceral, presente nos escravos.
Aristóteles, através de suas obras "Política" e "Ética a Nicômaco" vai esboçar um novo tipo de política, principalmente por suas idéias de participação popular e por defender que toda boa política deve visar sempre ao bem comum. Há de se dizer, também, que Aristóteles questionou as formas de Governo da época, mostrando de maneira contundente suas falhas. Enfim, a política na Grécia antiga nasceu pela necessidade de administrar as cidades. De pólis surgiu a política.Disponível online em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_pol%C3%ADtica.>.Acesso em 11.out.2007.
Platão propõe uma relação entre os sentimentos e os regimes de governo:
Sentimento Regime Político
Gosto pela ordem, pela hierarquia e tradição Monarquia
Tendência de pertencer a um grupo e a ele favorecer Oligarquia
Egoísmo, exclusivismo, gosto pela riqueza Timocracia
Fraternidade, igualdade, solidariedade Democracia
Cólera, raiva, fúria Tirania
Fonte: http://educaterra.terra.com.br/voltaire/politica/politica1.htm. Acesso em 11.out.2007
PENSANDO UM POUCO MAIS
Aristóteles define que a boa política deve visar sempre ao bem comum. Você
consegue perceber esse ideal nos políticos brasileiros?
O Brasil está organizado segundo um regime democrático. É possível
reconhecer na democracia brasileira a presença dos sentimentos atribuídos
por Platão a essa forma de governo?
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Observe o texto a seguir:
www.chargeonline.com.br
1. Você reconhece algum dos personagens acima?
2. O que você sabe sobre ele(s)?3. Que elementos do texto permitem
reconhecê-lo(s)?4. A que fatos faz menção o
personagem da esquerda que fala?5. Estes fatos têm registro na história?
6. O que sabemos sobre esses fatos? O título do texto lhe é familiar?7. O que você sabe ou ouviu falar sobre isso?8. Com qual dos personagens o título estabelece maior relação? Por quê?9. Quem pode ser o personagem da direita? Ele representa uma pessoa ou uma
classe de pessoas? Qual?10.O que o texto sugere a respeito do personagem da direita? Comprove a partir
de elementos do texto.11.Segundo o texto, qual dos personagens estaria em maior vantagem? Por
quê?12. Que motivos teriam reunido os dois personagens em um único texto?
Para saber mais sobre a operação navalha:http://g1.globo.com/Noticias/Politica/0,,MUL38146-5601-8416,00.html
Agora observe este outro texto:
• Você consegue reconhecer os personagens?
• Reconhecendo os personagens, você identificaria a situação a que a charge se refere?
• Considerando o elemento verbal, o que estaria simbolizando o vaso de flores nesse contexto?
http://www.chargeonline.com.br/doano.htm
Os dois últimos textos que você leu são denominados charges. No dizer de
Oliveira (2001, p. 265) “Os textos de charge ganham mais quando a sociedade
enfrenta momentos de crise, pois é a partir de fatos e acontecimentos reais que o
artista tece sua crítica num texto aparentemente despretensioso”.
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Preste atenção nessa imagem:
http://www.sitedoescritor.com.br/caricatura_selecao2002.jpg
Você reconhece os personagens da caricatura acima? Converse com seus
colegas e tente identificá-los individualmente.
Pesquise um pouco mais e tente definir os tipos de materiais em que eles são
veiculados. Traga alguns desses materiais para leitura e discussão com a turma.
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Refletindo...
Você já leu textos semelhantes a esse?
Em que tipo de material eles podem ser
encontrados?Que elementos diferencia esse texto dos outros que você conhece?
Pode-se apontar a caricatura como um dos primeiros recursos utilizados para
a crítica aos poderes constituídos. Você sabia que nas pirâmides egípcias foram
encontradas pinturas de um faraó com orelhas de burro? Essa pode ter sido a
primeira caricatura de que se tem notícia.
Além disso, a caricatura se preocupa “em fazer sobressair traços marcantes
do indivíduo em questão, carrega1 as tintas em pontos estratégicos capazes de dar
ao observador pistas necessárias para o desvelamento da identidade do
caricaturado”. Assim, o chargista, “ao carregar2 na linguagem iconográfica pretende
levar o interlocutor de seu texto à reflexão sobre momentos históricos da
comunidade em que ambos – artista e leitor – estão inseridos”. (OLIVEIRA, 2001, p.
265-266)
Observe na caricatura anterior, o que foi acentuado/carregado em cada
personagem.
Preste atenção nas charges a seguir e procure identificar as questões
políticas a que elas se referem:
1 Grifo nosso2 idem
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Lendo e pensando
www.chargeonline.com.br www.chargeonline.com.br
www.chargeonline.com.br www.chargeonline.com.br
Conforme você tem observado, a charge e a caricatura encontram-se
entrelaçadas ao binômio história-memória. Sendo a charge uma forma de registro
crítico e opinativo da história imediata da nossa sociedade, você, leitor, deve sempre
resgatar a memória social dos fatos retratados pela charge e, assim, construir os
possíveis sentidos do texto chargístico.
Desse modo, a caricatura e os demais elementos verbais e não-verbais da
charge são pontos de partida para que o chargista manifeste a sua opinião a
respeito de fatos da vida real. Por isso, nós leitores devemos estar atentos aos
desenhos, textos e principalmente aos fatos do cotidiano sem os quais não há
sentido possível para a charge.
Você já reparou que quando não temos noção do fato mencionado não
conseguimos entender a charge? Portanto, para rir é preciso primeiro conhecer.
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Você já ouviu falar em Cartum? Existem diferenças entre cartum e charge?
Observe o texto ao lado.
● O texto é portador de uma crítica? Qual?
● Essa crítica refere-se a um evento específico?
● O conhecimento da data ou da época em que o texto foi produzido é determinante para a produção de seus sentidos?
http://img58.exs.cx/img58/8066/mafalda1.jpg
Como você pode perceber, o texto faz uma crítica generalizada a televisão e
ao consumismo por ela pretendido. Porém, essa crítica independe do momento
específico em que foi produzida, já que incentivar o consumismo é pode ser
considerado um aspecto próprio da TV em todos os momentos da história.
Essa característica explica a diferença fundamental entre charge e cartum,
isto é, a charge possui sempre data marcada de modo que a sua leitura torna-se
cada vez mais difícil a medida que o fato a que se refere vai se distanciando no
tempo.
Pesquisando a história...
Trace um paralelo dos fatos retratados pelas charges acima e procure na história a época e as condições em que os fatos mencionados ocorreram...
Discuta com seus colegas e busque maiores explicações com o seu professor.
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Esse fato é inclusive reconhecido pelo chargista Aroeira,
que afirma numa entrevista concedida a André Valente: “O
assunto e a data marcada é que fazem a diferença entre a charge
e o cartum. A charge é datada porque está vinculada ao
acontecimento político, mas algumas vezes as charges
conseguem virar Cartum, pois são tão boas que conseguem
representar uma situação em qualquer contexto político”(VALENTE, 2001, p. 157).
Mãos à obra
Como você deve ter percebido, por meio das charges podemos construir
um panorama bastante amplo dos assuntos que tem afetado a sociedade em que
vivemos, principalmente no campo da política.
Após a leitura desse material, com a ajuda de seu professor e de seus
colegas organize um mural de charges em sua sala de aula. A turma pode
organizar uma escala em que cada dia um ou dois alunos se responsabilizam por
trazer uma charge publicada no jornal do dia anterior. Assim, toda a turma poderá
ler e discutir as posições dos diversos chargistas a respeito de fatos da
contemporaneidade.
Um outro grupo pode também se responsabilizar por coletar nos jornais
diários, notícias, reportagens ou textos de opinião de assuntos que tenham
recebido destaque na mídia. Por meio deles será possível estabelecer um diálogo
com as charges, proporcionando uma leitura mais rica e permitindo a observação
dos diálogos, regularidades e distanciamentos entre os textos verbais e verbo-
visuais.
Nossa conversa vai ficando por aqui, a você, leitor, compete fazer a diferença
e buscar desenvolver a mesma postura crítica que nossos brilhantes chargistas
assumem todos os dias nos diversos jornais desse país, isto é, não ser o cordeirinho
manso que concorda com tudo, mas aquele que desafina o coro dos contentes!
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REFERÊNCIAS
CHARGE ON LINE. Disponível em <http://www.chargeonline.com.br> Acesso em 20 jun.2007.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
MAGALHÃES, Amarildo Pinheiro. Sentido História e Memória em Charges Eletrônicas sobre o Governo Lula: os domínios do interdiscurso. Dissertação de Mestrado em Letras. Universidade Estadual de Maringá. 2006. 327p. Orientação Profª. Drª. Sonia Aparecida Lopes Benites.
OLIVEIRA, M.L.S. Charge: imagem e palavra numa leitura burlesca do mundo. In: AZEREDO, J. C. Letras & Comunicação: uma parceria para o ensino de língua portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2001.
ROMUALDO, Edson Carlos. Charge Jornalística: polifonia e intertextualidade. Maringá: Eduem, 2001.
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