viver melhor não tem idade, enquanto há sonho há perspectiva de vida

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Antônio Paulino da Silva, 66 anos e Francisca Correia Lima da Silva, conhecida como Francisquinha, 60 anos, são casados, tiveram 17 filhos, dois faleceram ainda crianças e 15 estão vivos. O casal e alguns dos filhos residem na comunidade Arisco, distante oito quilômetros da cidade de Barreira, na região maciço de Baturite, Ceará. Dona Francisquinha conta que desde menina trabalha na agricultura, levantava bem cedo e saia com seus pais e os irmãos para o roçado, que lhe oferecia como brinquedo, as ferramentas de trabalho, como enxada e outras. Aos 15 anos casou-se com seu Antônio e juntos passaram a morar em uma pequena casa de taipa na propriedade de seu pai, onde alguns anos mais tarde herdaram oito hectares de terra. Continuaram trabalhando na agricultura com a plantação de feijão, milho, mandioca, caju, entre outros. Criaram os quinze filhos trabalhando muito. “A gente trabalhava dia e noite, tinha dia que eu saia cochilando no meio da casa com uma lamparina na mão para fazer as atividades domésticas, outras vezes ficava até tarde da noite lavando goma, tudo para criar nossos filhos”, afirma dona Francisquinha. Dias de trabalho árduo e noites mal dormidas fizeram com que dona Francisquinha e seu Antônio criassem seus filhos com dignidade. A lida da roça e da casa os acompanha em toda a história, mas isso não os torna subordinados a uma vida entristecida, a alegria de viver e o sonho de continuar vencendo novas batalhas e somando novas vitórias persiste como a vegetação da caatinga que com cada gota de chuva renova suas folhas e mostra sua exuberância. Mesmo depois dos sessenta anos e já se sentindo cansados devido ao intenso trabalho ao longo das mais de seis décadas vividas, dona Francisquinha, seu Antônio e os filhos continuam lutando por vida melhor e acreditando em dias afortunados. Ceará Ano 5 | nº 101 | Setembro | 2011 Barreira - Ceará Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Viver melhor não tem idade, enquanto há sonho há perspectiva de vida 1 Dona Francisquinha, seu Antônio e o filho comemoram os resultados da plantação Quiabo

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Antônio Paulino da Silva, 66 anos e Francisca Correia Lima da Silva, conhecida como Francisquinha, 60 anos, são casados, tiveram 17 filhos, dois faleceram ainda crianças e 15 estão vivos. O casal e alguns dos filhos residem na comunidade Arisco, distante oito quilômetros da cidade de Barreira, na região maciço de Baturite, Ceará.

Dona Francisquinha conta que desde menina trabalha na agricultura, levantava bem cedo e saia com seus pais e os irmãos para o roçado, que lhe oferecia como brinquedo, as ferramentas de trabalho, como enxada e outras.

Aos 15 anos casou-se com seu Antônio e juntos passaram a morar em uma pequena casa de taipa na propriedade de seu pai, onde alguns anos mais tarde herdaram oito hectares de terra. Continuaram trabalhando na agricultura com a plantação de feijão, milho, mandioca, caju, entre outros. Criaram os quinze filhos trabalhando muito. “A gente trabalhava dia e noite, tinha dia que eu saia cochilando no meio da casa com uma lamparina na mão para fazer as atividades domésticas, outras vezes ficava até tarde da noite lavando goma, tudo para criar nossos filhos”, afirma dona Francisquinha.

Dias de trabalho árduo e noites mal dormidas fizeram com que dona Francisquinha e seu Antônio criassem seus filhos com dignidade. A lida da roça e da casa os acompanha em toda a história, mas isso não os torna subordinados a uma vida entristecida, a alegria de viver e o sonho de continuar vencendo novas batalhas e somando novas vitórias persiste como a vegetação da caatinga que com cada gota de chuva renova suas folhas e mostra sua exuberância.

Mesmo depois dos sessenta anos e já se sentindo cansados devido ao intenso trabalho ao longo das mais de se is décadas v iv idas, dona Francisquinha, seu Antônio e os filhos continuam lutando por vida melhor e acreditando em dias afortunados.

Ceará

Ano 5 | nº 101 | Setembro | 2011Barreira - Ceará

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Viver melhor não tem idade, enquanto há sonho há perspectiva de vida

1

Dona Francisquinha, seu Antônio e o filho comemoram os resultados da plantação

Quiabo

Barragem subterrânea e o

sonho de aumentar a

produção No ano de 2009 dona Francisquinha e seu Antônio estavam trabalhando quando souberam que as famílias do município de Barreira seriam beneficiadas com o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA), na ocasião a Organização Barreira Amigos Solidários (Obas), Unidade Gestora Territorial (UGT) do programa na região reuniu as comissões municipais de convivência com o semiárido e as famílias para discutir as e s t r a t é g i a s d e m o b i l i z a ç ã o p a r a o beneficiamento das tecnologias, a família de dona Francisquinha e seu Antônio recebeu a barragem subterrânea. “Tivemos reunião com a comissão e o pessoal da Obas para saber do que se tratava”, conta seu Antônio.

Donos de uma cisterna de placas de 16 mil litros de água para beber e cozinhar, do Programa 1 Milhão de Cisternas (P1MC), também da ASA, não pensaram duas vezes, apostaram na ideia da Segunda água para produzir alimentos, e assim receberam a barragem subterrânea.

A partir da implementação da tecnologia para armazenamento de água no subsolo, seu Antônio e dona Francisquinha começaram a participar de reuniões e capacitações. “Logo no início participei de dois cursos”, disse seu Antônio, se referindo ao curso de Gestão de Água para Produção de Alimentos e do curso Sistema Simplificado de Irrigação para Produção, do Programa P1+2 .

No ano de 2010 seu Antônio participou de um intercâmbio entre agricultores e agricultoras experimentadores, desde então começou a trabalhar com horta, onde cultiva coentro, cebolinha, tomate, pimentão, quiabo, entre outros. Além da horta tem uma plantação de frutíferas: mamão, caju, banana, abacaxi, entre outros.

O caráter produtivo do P1+2 veio como fomento para dona Francisquinha e seu Antônio. O que produzem dá para o consumo familiar e ainda é vendido o excedente, no entanto, sua produção ainda não é a almejada. A família quer ampliar a área de produção, alcançar um mercado maior e aumentar a renda para viver melhor .

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Os frutos da semente cultivada com amor

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www.asabrasil.org.br

Hortaliças e frutíferas