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1 Visões sobre a tecnologia observadas na peça O homem e o cavalo de Oswald de Andrade Views on technology found in the play O homem e o cavalo of Oswald de Andrade Aline Prado Maciel Universidade Federal Tecnológica do Paraná-UTFPR [email protected] Angela Maria Rubel Fanini Universidade Federal Tecnológica do Paraná-UTFPR [email protected] Resumo: Neste artigo, analisamos a peça O Homem e o Cavalo (1933), do escritor brasileiro Oswald de Andrade (1890-1954), investigando como o autor representa discursivamente o universo da tecnologia. Estudamos estas representações no âmbito do discurso, não nos detendo nas questões de encenação. Na peça O Homem e o Cavalo, observamos que a tecnologia é representada a partir de uma visão plural em que impera a ambigüidade, a ambivalência, os aspectos duais e multifacetados. A peça engloba uma temporalidade de longa duração, vindo da Antiguidade clássica até a URSS, no período de trinta do século XX. Há inúmeras personagens mitológicas, históricas, lendárias e ficcionais que vivenciam situações em que o universo da tecnologia se acha presente. Dentro desse amplo painel, a cada quadro, temos uma dada representação discursiva da tecnologia, dada por intermédio e mediação da sátira, da ironia e da carnavalização. Não há uma única representação hegemônica, destacando-se a pluralidade de facetas, relevando-se em seus aspectos múltiplos: determinista, neutra, velha, nova, boa, má, pragmática, progressista, autoritária e risível. O primeiro quadro parte de um céu decadente em que os personagens não hesitam em sair desse ambiente estéril. A condução da viagem à terra se dá através de uma nave espacial, conduzida por um cientista americano que também remete ao Ícaro da Mitologia Grega. Na trajetória, passa-se pela Inglaterra das corridas de cavalo, típicas do século XIX, e a chegada se dá na Rússia transformada pela industrialização, conduzida pelo Socialismo de Estado. O escritor satiriza a sociedade burguesa e socialista, mostrando que a tecnologia utilizada no processo de transformação social é calcada pelos valores burgueses e liberais que permanecem, mas também atendem a outros propósitos de bem-estar coletivos. Vários personagens vindos da história e da mitologia participam da viagem rumo à nova sociedade, criticando tanto o novo Mestre em Tecnologia pela Universidade Federal Tecnológica do Paraná- UTFPR. Pesquisa as representações da tecnologia nos textos teatrais. Professora Doutora dos Cursos de Letras, Comunicação e do Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Tecnologia da Universidade Federal Tecnológica do Paraná- UTFPR. Pesquisa as representações do universo do trabalho e da tecnologia nos discursos literários, jornalísticos e publicitários.

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Visões sobre a tecnologia observadas na peça O homem e o cavalo de Oswald de Andrade

Views on technology found in the play O homem e o cavalo of Oswald de Andrade

Aline Prado Maciel Universidade Federal Tecnológica do Paraná-UTFPR

[email protected]

Angela Maria Rubel Fanini Universidade Federal Tecnológica do Paraná-UTFPR

[email protected]

Resumo: Neste artigo, analisamos a peça O Homem e o Cavalo (1933), do escritor brasileiro Oswald de Andrade (1890-1954), investigando como o autor representa discursivamente o universo da tecnologia. Estudamos estas representações no âmbito do discurso, não nos detendo nas questões de encenação. Na peça O Homem e o Cavalo, observamos que a tecnologia é representada a partir de uma visão plural em que impera a ambigüidade, a ambivalência, os aspectos duais e multifacetados. A peça engloba uma temporalidade de longa duração, vindo da Antiguidade clássica até a URSS, no período de trinta do século XX. Há inúmeras personagens mitológicas, históricas, lendárias e ficcionais que vivenciam situações em que o universo da tecnologia se acha presente. Dentro desse amplo painel, a cada quadro, temos uma dada representação discursiva da tecnologia, dada por intermédio e mediação da sátira, da ironia e da carnavalização. Não há uma única representação hegemônica, destacando-se a pluralidade de facetas, relevando-se em seus aspectos múltiplos: determinista, neutra, velha, nova, boa, má, pragmática, progressista, autoritária e risível. O primeiro quadro parte de um céu decadente em que os personagens não hesitam em sair desse ambiente estéril. A condução da viagem à terra se dá através de uma nave espacial, conduzida por um cientista americano que também remete ao Ícaro da Mitologia Grega. Na trajetória, passa-se pela Inglaterra das corridas de cavalo, típicas do século XIX, e a chegada se dá na Rússia transformada pela industrialização, conduzida pelo Socialismo de Estado. O escritor satiriza a sociedade burguesa e socialista, mostrando que a tecnologia utilizada no processo de transformação social é calcada pelos valores burgueses e liberais que permanecem, mas também atendem a outros propósitos de bem-estar coletivos. Vários personagens vindos da história e da mitologia participam da viagem rumo à nova sociedade, criticando tanto o novo

                                                                                                                         

Mestre em Tecnologia pela Universidade Federal Tecnológica do Paraná- UTFPR. Pesquisa as representações da tecnologia nos textos teatrais.  

Professora Doutora dos Cursos de Letras, Comunicação e do Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Tecnologia da Universidade Federal Tecnológica do Paraná- UTFPR. Pesquisa as representações do universo do trabalho e da tecnologia nos discursos literários, jornalísticos e publicitários.

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quanto velho sistema, satirizando, carnavalizando e apontando as mudanças e permanências da sociedade. O novo não substitui o velho: ambos convivem de maneira imbricada.

Palavras Chave: Tecnologia e Cultura, Literatura Brasileira, Oswald de Andrade.

ABSTRACT In this article, we analyze the plays O Homem e o Cavalo (The Man and The Horse) (1933), from the Brazilian writer Oswald de Andrade (1890-1954), investigating how the author represents discursively the universe of technology. We study these representations in the discourse field, not stopping on staging issues. In the play O Homem e o Cavalo, is noted that technology is represented from a plural vision that thrives in ambiguity, ambivalence and the dual and multifaceted aspects. The play includes a long-term temporality, coming from the classical to the USSR during the thirties of the twentieth century. There are many mythological, historical, legendary and fictional characters which experience situations which the world of technology is present. Within this big picture, in every frame, we have given a discursive representation of technology, given through the mediation of satire, irony and carnivalization. There is no single hegemonic representation, emphasizing the plurality of facets, revealing itself in its multiple aspects: deterministic, neutral, old, new, good, evil, pragmatic, progressive, authoritarian and laughable. The first part shows a fallen sky in which the characters do not hesitate to get out of this sterile environment. The guide of the journey to the land is a spaceship, led by an American scientist who also refers to Icarus of Greek mythology. In the journey, the path passes by the England of horse racing, typical of the nineteenth century and the arrival takes place in Russia transformed by industrialization, led by State Socialism. The writer satirizes the bourgeois and socialist society, showing the technology used in the process of social transformation is modeled by retaining bourgeois and liberal values, but also serve other purposes, like collective welfare. Several characters from history and mythology participate in the journey towards the new society, criticizing both the new and old system, satirizing, carnavalizing and pointing out the changes and continuities in society. The brand new does not replace the old: they both live together intertwined.

Keywords: Technology and Culture, Brazilian Literature, Oswald de Andrade

_________________________

Oswald de Andrade: um intelectual moderno

Oswald de Andrade nasceu em São Paulo, em 1894, e faleceu em 1954, sendo

originário de família abastada. Sua educação escolar deu-se nos padrões dos filhos das

famílias ricas paulistanas, estudando na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. Suas

várias viagens à Europa lhe acrescentaram uma ampla bagagem de conhecimentos, que,

somados à sua erudição, fizeram com que despontasse como intelectual (jornalista, escritor e

professor). Essa amplidão cultural dava-lhe destaque, pois trazia as novidades culturais da

Europa para o Brasil. No início da década de 20 do século XX, juntamente com outros

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escritores, deu início ao Movimento Modernista Brasileiro, evento importante pelo caráter

inovador, cujas matrizes teóricas vinham das vanguardas culturais que ocorriam em solo

europeu. Entretanto, o escritor, embora seduzido pelas inovações formais e ideológicas,

advindas dos movimentos futurista, dadaísta e surrealista, soube ler a realidade nacional a

partir de lentes específicas, desenvolvendo uma perspectiva a que chamou de “Antropofagia”

que consistia em apropriar-se do ideário estrangeiro para entender o local. Essa apropriação

dar-se-ia a partir de um processo contínuo e ininterrupto de dependência e autonomia,

enfatizando-se a interação do Brasil à realidade estrangeira e, simultaneamente, destacando a

sua especificidade. Essa espécie de filtragem garantia tanto a vinculação nacional ao que é

estrangeiro quanto a sua independência, afastando-se de uma perspectiva isolacionista e

xenófoba e também de uma posição de assujeitamento1.

Oswald de Andrade escreveu a partir de vários gêneros discursivos visto que

formalizou as suas idéias por intermédio da crônica, da crítica teatral, dos manifestos

estéticos, da prosa, das memórias, do texto jornalístico e do teatro. Lendo-se o conjunto de sua

obra, percebe-se a ligação orgânica dessa com o seu tempo e país. As mediações e

aproximações com a realidade são majoritariamente elaboradas partir de uma visão satírica,

irônica e carnavalizada2.

A partir da década de 30, alguns eventos marcaram fortemente a vida de Oswald,

sobretudo sua derrocada financeira, parcialmente resultante da Crise americana de 29, e seu

relacionamento com a militante comunista Patrícia Galvão. O escritor passou a definir-se

claramente como marxista e aderiu ao partido comunista. Todavia, conforme, em carta que                                                                                                                          

1Vale ressaltar que Oswald de Andrade, ao assumir essa postura que comunga liberdade e vinculação em relação ao ideário estrangeiro, diferencia-se de muitos intelectuais latino-americanos que, não raras vezes, importam modas e formas européias, sem, no entanto, perceber que essas se desenvolveram em outra realidade histórica e, por isso, geralmente, adaptam-se mal ao local, revelando-se postiças e artificiais. Essa discussão do trânsito das idéias importadas para o Brasil e de como elas se adaptam ou não à nossa realidade pode ser aprofundada em CANDIDO, Antonio. Literatura e subdesenvolvimento. In: _____. A educação pela noite & outros ensaios. São Paulo: Ática, 1987, p.73-94; SCHWARTZ, Roberto. As idéias fora do lugar. In:_____. Ao vencedor as batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro. 34 ed. São Paulo: Duas cidades, 2000, p.9-27 e BOSI, Alfredo. A escravidão entre dois liberalismos. In: _____.Dialética da colonização. São Paulo: Companhia da Letras, 1992, p.194-245.  

2  Toma-se esse vocábulo do pensador Bakhtin para quem carnavalização é uma postura iconoclasta, satírica e crítica diante dos fatos, situações e pessoas, destacando-se, sobretudo, o caráter instável e dinâmico de todo processo. Tudo pode ser revertido. A ordem vira desordem, o centro passa a periferia, os tempos e espaços têm ordem reversa. O alto vira baixo, ou seja, toda ordem tem sua desordem, em um processo de eterna inversão e reversão. Essa visão carnavalizada evita a apologia de um centro estático de onde emerge o poder, a verdade, a ordem, o progresso, a certeza. BAKHTIN, Mikhail. Cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec / Editora Universidade de Brasilia, 1987.

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escreveu a Luis Carlos Prestes, em 1930, deixou transparecer que sua ideologia era muito

mais marcada pela influência da Antropofagia do que pelo Comunismo3. Essa virada

ideológica pode ser notada pela sua efetiva entrada para a literatura dramática com as peças O

homem e o cavalo de 1933 e O Rei da Vela de 1937. Naquela há explícita e profunda

discussão sobre as articulações entre Socialismo de Estado e industrialização, implantado na

URSS, mormente no período stalinista; enquanto, nesta, ocorre a discussão sobre os atrasos da

industrialização nacional e as filtragens do ideário socialista em cenário brasileiro.

Para este artigo foi escolhido como objetivo principal a análise da representação do

universo da tecnologia em O Homem e o Cavalo4. Muitos trabalhos sobre o teatro

oswaldiano destacaram as inovações técnicas na área da encenação. Há também os que

abordam o texto em relação ao contexto. Entretanto, nada foi encontrado sobre as

representações discursivas da tecnologia na obra dramática oswaldiana. A tecnologia se

encontra em toda a história do homem5 - a descoberta do fogo, da roda, da escrita, da pólvora,

o advento da imprensa, da maquinaria e das tecnologias modernas de comunicação são alguns

exemplos de importantes eventos tecnológicos que revolucionam a vida dos homens. Analisar

como ocorrem as representações simbólicas desses eventos é um passo importante para

entender como o homem os vê e os entende.

O homem e o Cavalo: um resumo interpretativo

O Homem e o Cavalo, peça, escrita em 1933, aborda, entre outros assuntos, a

tecnologia como recurso para a transformação social. Nos nove quadros que compõem o

épico teatral oswaldiano, o tema tecnologia está presente como forma de reforçar a idéia

central proposta pelo autor de uma sociedade transformada e melhorada a partir do Socialismo

                                                                                                                         

3   BOAVENTURA, Maria Eugenia. O salão e a selva: uma biografia ilustrada de Oswald de Andrade. Campinas: Ex Libris,1999, p. 178.

4  ANDRADE, Oswald. O Homem e o Cavalo. São Paulo: Globo: Secretária de Estado da Cultura, 1990. (Obras completas de Oswald de Andrade). Todas as alusões se referem a essa edição.

5  Leroi-Gourhan apresenta, em texto que trata da história de longa duração do desenvolvimento do homem, os vários períodos e suas especificidades tecno-econômicas, demonstrado que o desenvolvimento e a inovação tecnológicas sempre foram uma constante na vida do ser humano em embate com o meio natural e com os outros seres. LEROI-GOURHAN, A. O gesto e a palavra. Lisboa Edições 70. 1964, Cap. V, pp. 147-168.

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de Estado conforme o modelo soviético do período6. A sociedade socialista é exaltada em

termos ideológicos e também pelo seu modelo industrial tecnológico. Esse modelo gera bem

estar na peça, porém, é também criticado.

A peça é composta de cinqüenta personagens ao todo. A cada quadro, alguns

personagens vão desaparecendo, pois sua função foi cumprida, uma vez que a idéia central é

de um processo de transformação social que se opera e cada um dos personagens tem por

função trazer um elemento para corroborar com a idéia e o processo de alteração social.

O primeiro quadro se passa no céu onde nove personagens dialogam sobre a

decadência do espaço celeste que se assemelha à configuração da sociedade burguesa. Essa

decadência, além dos valores éticos e morais em declínio, também se expressa pelos artefatos

tecnológicos sem funcionalidade. Há um carrossel quebrado e um elevador inutilizado. O

quadro finaliza com a chegada de uma espécie de nave espacial que acaba por conduzir todos

os personagens de volta à Terra.

O quadro seguinte se passa no interior da nave espacial, tendo todas as personagens

anteriores mais o condutor da nave, o cientista Icar, recém desencarnado. A tecnologia é aqui

representada como única possibilidade dos habitantes do céu deixarem esse espaço “inútil” e

virem para a Terra. Essa nave aponta para Ícaro, da mitologia grega, mas também tem em seu

interior uma figa remetendo ao místico. No interior da nave todos conversam sobre a situação

da sociedade moderna. O poeta-soldado discursa sobre os benefícios da adoção de regimes

totalitários, o anti-semitismo e a guerra química, que é uma das representações da tecnologia.

Esta, porém, é trazida por uma Valquíria montada em um cavalo. O cavalo aparecerá em

quase todos os quadros da peça como uma grande metáfora da tecnologia que vai se

transformando a fim de proporcionar o advento da sociedade socialista industrializada, em

que o antigo e o novo ocorrem em simultaneidade.

O terceiro quadro já se passa na Terra, mais precisamente na Inglaterra durante o

Derby de Epsom. Mais sete personagens são somados aos anteriores, sendo que, dentre eles,

há vários cavalos históricos como o Cavalo de Tróia e o Cavalo Branco de Napoleão. Esses

                                                                                                                         

6 CARR, (1981), em seu clássico livro de 1981 sobre a Revolução Russa de 1917, O Historiador Marxista; escreveu sobre os eventos que culminaram com a transformação da Rússia praticamente feudal na União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS), observando a apropriação do ideal de Karl Marx inicialmente por Lênin e posteriormente por Stalin que, apesar de todas as controvérsias a seu respeito, avançou com um processo de industrialização do país como forma de consolidar o regime comunista. O regime por muitos chamado de stalinista propunha que a qualquer custo a industrialização da nação deveria ser realizada: o avanço tecnológico deveria ser a mola propulsora.

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representam parte da sociedade ocidental e burguesa; o processo de decadência que esta

sociedade vem sofrendo e a necessidade de mudança que se opera pela revolução social.

Nesse quadro também aparecem três personagens que são trabalhadores. Os diálogos entre as

personagens demonstram que as mudanças sociais já estão acontecendo no interior da

sociedade burguesa. A personagem de uma Valquíria7 montada e um cavalo terminam o

quadro como a metáfora da anunciação de uma guerra química. Mais uma vez uma tecnologia

moderna é mediada por uma figura mitológica, unindo o novo ao velho. O real e a fantasia.

Salientamos que os personagens dos cavalos são de suma importância na obra haja

vista que remete ao próprio título da peça, ou seja, O Homem e o Cavalo, em uma articulação

histórica que vem dos antigos gregos até a URSS industrializada. Passa-se por vários cavalos

até chegar ao cavalo mecânico, ou seja, o cavalo a vapor, símbolo da revolução industrial.

Esse é exaltado, mas também carnavalizado na peça.

No quarto quadro, alguns personagens desaparecem, cedendo lugar a outros de origem

burguesa, e da classe de trabalhadores. O quadro se passa numa barca. A barca também

representa a Igreja como um símbolo da sociedade burguesa moderna e sua decadência

representada pelos personagens de Cleópatra8, Mister Byron e Lord Capone. Dentro da barca,

existe um dancing que é dirigido por Cleópatra que de rainha histórica passou a meretriz.

Lord Capone e Mister Byron invertem suas posições na sociedade em uma mistura de

aristocracia e máfia. Ambos lamentam o destino da barca que é a URSS9. No final do quadro,

                                                                                                                         

7. Na mitologia nórdica, as valquírias eram belas jovens mulheres que, montadas em cavalos alados e armadas com elmos e lanças, sobrevoavam os campos de batalha, escolhendo quais guerreiros, os mais bravos, recém-abatidos, entrariam no Valhala. Elas o faziam por ordem e benefício de Odin, que precisava de muitos guerreiros corajosos para a batalha vindoura do Ragnarok. As valquírias escoltavam esses heróis, que eram conhecidos como Einherjar, para Valhala, o salão de Odin. Lá, os escolhidos lutariam todos os dias e festejariam todas as noites em preparação ao Ragnarok, quando ajudariam a defender Asgard na batalha final, em que os deuses morreriam. Devido a um acordo de Odin com a deusa Freya, que chefiava as valquírias, metade desses guerreiros e todas as mulheres mortas em batalha eram levadas para o palácio da deusa. As valquírias cavalgavam nos céus com armaduras brilhantes e ajudavam a determinar o vitorioso das batalhas e o curso das guerras. Elas também serviam a Odin como mensageiras e quando cavalgavam como tais, suas armaduras faiscavam, causando o estranho fenômeno atmosférico chamado de Aurora Boreal. BULFINCH, (2002), p. 380- 410.

8 A peça não segue uma cronologia linear, ocorrendo a mistura dos tempos e espaços históricos. A personagem que representa a rainha Cleópatra é resgatada em outra temporalidade e se apresenta como uma personagem a um só tempo histórico e ficcional, revivendo em outro tempo, o tempo majoritário da peça, o século XX.

9 OA, ao apresentar os personagens de Mister Byron e Lord Capone, aponta para uma visão histórica panorâmica e carnavalizada em que personagens históricos, ficcionais se misturam e dialogam entre si, apontando para o fato de a sociedade estar caminhando para uma transformação. Ambos os personagens tiveram seus títulos invertidos, numa critica à sociedade burguesa aristocrática e capitalista, onde capitalismo e aristocracia se confundem. O

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personagens ligadas ao trabalho se rebelam contra as personagens burguesas e fica claro que a

barca está sendo conduzida para a Rússia socialista. O quinto quadro é uma extrapolação do

anterior, pois enquanto a barca atraca no cais da terra socialista onde o povo grita palavras de

ordem contra a burguesia e o sistema que a sustenta, dentro da barca as personagens

burguesas dançam continuamente. O sexto quadro substitui alguns personagens presentes no

anterior, pela voz de Stalin, Eisenstein e operários e operárias. O quadro se passa na URSS,

tendo como um dos cenários principais a maior usina do mundo socialista. Os personagens

burgueses, tendo à frente São Pedro, chegam a este lugar e passam a ouvir a voz de Stalin,

destacando os benefícios na nova sociedade, o progresso através da industrialização e o bem-

estar dos operários e operárias. Eisenstein também fala do socialismo e da indústria como um

passo importante para o progresso da sociedade. Os personagens burgueses, principalmente

São Pedro, fazem comentários críticos à substituição do sistema. No sétimo quadro, São

Pedro e a viúva de Ícaro ouvem de crianças e um médico seus apontamentos sobre a nova

sociedade socialista e sua base industrial e os benefícios da transformação para a vida das

pessoas. O oitavo quadro traz doze personagens que participam de um tribunal que faz o

julgamento de Jesus Cristo. A acusação o aponta como instrumento de consolidação da

sociedade burguesa opressora. O último quadro se passa em uma sala de espera que realiza

viagens em naves espaciais. Muitos passageiros chegam e saem ao mesmo tempo. Várias

naves chegam com marcianos que vem para conhecer a terra socialista. Sentados em um

banco, estão São Pedro, Ícaro e a sua viúva. Eles conversam com marcianos que chegam,

pedindo a estes seres esmolas e retratam um pouco do que é a terra socialista. O controle e a

repressão são diagnosticados nesse cenário. Ao final, só restam São Pedro e a viúva de Ícaro

que resolvem permanecer na terra socialista e abrir um pequeno negócio. Pode-se perceber

pela tentativa de síntese dos quadros que OA representa simultaneamente temporalidades

diferentes, unindo personagens de caráter ficcional e histórico em um enredo bastante

complexo, ambíguo e em transformação. Nada permanece estático, parecendo estar em eterna

transformação e mudança. Ora se critica a sociedade burguesa, ora a socialista, ora a

industrialização, sendo todos objetos de carnavalização.10

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

gangster e o lorde-poeta têm suas funções na sociedade igualadas: ambos estão inseridos na mesma sociedade burguesa decadente que caminha para o socialismo.

10 Toma-se esse vocábulo, como já informamos, em referência ao pensador Mikhail Baktin (1987), para quem carnavalização é uma postura iconoclasta, satírica e crítica diante dos fatos, situações e pessoas em que nada é estável. Tudo pode ser revertido. A ordem vira desordem, o centro passa a periferia, os tempos e espaços têm

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Observemos as Representações da Tecnologia em O homem e o cavalo

O céu/a nave espacial de Ícaro: as contradições da tecnologia entre o mitológico, a

ciência moderna americana e as superstições.

Cenário composto por um grande carrossel sem nenhuma função, um elevador ao

fundo que não funciona, artefatos tecnológicos sem funcionalidade, a tecnologia aí é um traste

velho. O céu é atrasado e decadente, de forma que seus personagens querem debandar para a

terra e para isso se valem de uma “nova” tecnologia vinda pelas mãos do Ícaro (esse remete

ao ser mitológico grego e é também um cientista americano) desencarnado. Uma espécie de

nave espacial que pela primeira vez menciona a mitologia como elemento agregado à

tecnologia. Finaliza-se com a saída dos personagens do céu por intermédio da nave moderna,

mas que apresenta pendurada em seu interior uma enorme Figa como patuá de sorte.

(Tecnologia em decadência e imbricamento entre tecnologia nova e velha).

O rádio: artefato tecnológico para entretenimento e para vinculação político-

revolucionária.

“O rádio fala.

SÃO PEDRO (alarmado)- Escuta Cala essa boca: mitingueiro! Você não ouve o rádio?...

Parece que qualquer coisa de grave está se passando lá embaixo. Na América do Sul. Eu

distingui. Silêncio.

Todos se tornam atentos.

O RÁDIO – Ooooooooo! O povo invade, não respeita nada!

O POETA-SOLDADO – Mamma mia!

O RÁDIO – O povo protesta... um tiro certeiro! A polícia toma posição no campo para evitar

maiores desordens...

Barulho ininteligível.

SÃO PEDRO – Parece que é uma revolução!

O POETA-SOLDADO – Que droga! Será a revolução social? Volto para o Céu!

SÃO PEDRO – Deve ser! Que barulho!

                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                           

ordem reversa. O alto vira baixo, ou seja, toda ordem tem sua desordem, em um processo de eterna inversão e reversão. Essa visão carnavalizada também se coaduna com a perspectiva anárquica da visão do escritor a que temos aludido, em que se evita a apologia de um centro estático de onde sai o poder, a verdade e a ordem.

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O RÁDIO – Ministrinho passa a bola. Com um tiro certeiro, tiro, Friedenreich marca o

primeiro gol para o São Paulo...

SÃO PEDRO (fechando o rádio) – Ora essa! É uma partida de futebol no Brasil. Podemos

ficar tranqüilos. As massas iludidas ainda se divertem com isso. (OHC, 1990. p. 39)

A tecnologia aparece como autônoma, pois irrompe sem a permissão de ninguém e

nesse fragmento que remete ao Brasil do período descrito pelo autor esta aparece como puro

entretenimento para as massas iludidas. A tecnologia no Brasil serve somente para o

entretenimento, diferentemente do rádio utilizado na URSS que transmite os ideais socialistas

por intermédio da autoridade de Stalin. (em outra passagem da peça)

A barca: a tecnologia entre o velho e o novo. Quando os personagens chegam à Terra via nave

espacial, tomam uma barca para irem à URSS. Essa atraca, no entanto, em um cais moderno

em uma cidade totalmente eletrificada e industrializada na URSS. Um artefato obsoleto se

pensado em termos dos avanços da Revolução Industrial. Uma barca que no seu interior

abriga um bordel liderado por Cleópatra e que mais uma vez reproduz, em parte, a sociedade

burguesa decadente.

A voz de Stalin no rádio e a de Eisenstein no auto-falante

A VOZ DE STALIN – O socialismo é o poder dos sovietes mais a eletrificação. Eis o

testamento de Lênin. Novas cidades saíram dos desertos das estepes, das planícies. Do século

da madeira passamos ao século do motor e ao do aço. A economia agrícola repousa agora

sobre a base técnica da grande produção moderna...

Passar do cavalo camponês ao cavalo da indústria construtora de máquinas, eis o plano central

do poder soviético. Escutai a metáfora Leninista. Passar de uma animália do campo, do

cavalinho que convém a um país arruinado de camponeses ao cavalo que o proletariado

procura e deve procurar o cavalo da indústria, o cavalo-vapor. (OHC, 1990. p. 74-75)

A VOZ DE EISENTEIN – Eu vos apresento os documentos da transformação do mundo. A

vitória encarniçada do proletariado na frente camponesa, na frente industrial. Nem bandeiras

ao vento nem gritos nem canhões! Mas as cargas da cavalaria-vapor, na construção do

socialismo! Interrogai a terra. Concursos de galinhas poedeiras, estábulos cálidos, o trabalho

quotidiano na neve primaveril ou no calor do verão! O esterco fertilizante, os rebanhos, as

máquinas agrícolas, tudo escriturado aumentando as estatísticas. Nem o incêndio da revolta

nem a grande luta revolucionária. Mas depois da luta e da vitória a vida quotidiana dos que

trabalham e constroem um mundo melhor. A contabilidade, as usinas leiteiras, as grandes

criações de aves, as incubadeiras. Nem o amor da pátria nem Deus nem a hipocrisia honesta.

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Mas os rebanhos que se organizam, os mapas da seleção de sementes, os diagramas do

progresso. O trabalho diário e anônimo com o touro reprodutor e com o arado mecânico. É a

frente pacífica que faz esquecer a frente de guerra. A história dos pioneiros da revolução

agrícola. A floresta cai e reascende. Edificamos. Na nossa gota de água reflete o horizonte

infinito da nova era social. Estações experimentais. Fazendas-modelos. Laboratórios, escolas.

O operário-estudante, o camponês-estudante. A reprodução consciente e selecionada das

espécies animais. O fim da magia. O trator. Inaugura-se por toda a terra coletivizada a época

do vapor e da eletricidade. O patético da desnatadeira coletiva. Da desnatadeira ao reprodutor.

Deste ao arado mecânico a 10 a 100, a milhares de arados mecânicos.

Fazemos a industrialização.

Silêncio. (OHC, 1990. p.76-77).

As duas falas se valem da tecnologia (rádio e auto-falante) e apresentam a tecnologia,

agregando a ela um caráter autoritário, determinista, triunfalista, pacificador. Vozes

verticalizadas que vinculam a tecnologia ao desenvolvimento da sociedade industrial. A

tecnologia aí é neutra, pois essa tecnologia é a mesma tecnologia que se observa na

Revolução Industrial e que apenas se realoca agora no plano do Socialismo de Estado. A voz

de Eisenstein apresenta uma sociedade pacificada pela tecnologia a serviço do Estado, uma

sociedade que se fecha e se cala a partir do progresso tecnológico e industrial, mostrado só em

seus benefícios materiais, em seu triunfo. Não existem mais lutas até porque não existem

outras falas que se contraponham a essas duas falas. A fala do cineasta termina com o

vocábulo “Silêncio” que emudece qualquer outra voz em uma referência ao autoritarismo.

Note-se que essas duas personagens não interagem com nenhuma outra na peça. Suas vozes

não são contestadas, provocando um estranhamento na peça uma vez que todos os outros

personagens dialogam entre si e tem uma narrativa. Essa duas personagens são só duas falas

que se emitem de modo verticalizado e autoritário.

As criançinhas e a tecnologia : o discurso didático, doutrinário e fechado sobre a

tecnologia.

1ª CRIANÇA – Foram os homens que se apossaram da terra pela força, pelo ludíbrio ou pela

herança, para fazer os despojados trabalharem para eles.

2ª CRIANÇA – Mas o solo não era de todos?

3ª CRIANÇA – Não era não. Nem as máquinas. E os burgueses lutaram séculos para que esse

regímem continuasse. Quando as crises apertavam, promoviam guerras patrióticas a fim de

massacrar o povo. Os filhos dos ricos não iam para as trincheiras. As famílias dos

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trabalhadores e dos pobres, transformadas em famílias de soldados, perdiam os seus chefes e

filhos. Os resultados das guerras eram distribuídos entre os ricos. Os soldados que voltavam

cegos, mutilados ou sem emprego eram abandonados pelos seus sinistros empresários e

acabavam mendigando nas pontes e nas portas das igrejas...

2ª CRIANÇA – Mas o povo se revoltou...

1ª CRIANÇA – Ora, decerto! A teoria de Marx penetrou nas massas e se tornou força social.

Os ricos e politiqueiros, que ficaram vivos e não quiseram trabalhar conosco, envelhecem

hoje honradamente esmolando nas portas das usinas socialistas. (OHC, 1990. p. 81-86)

As crianças são porta-vozes da nova sociedade tecnológica e pacificada em que toda a

sociedade burguesa foi superada. Não existem mais as antigas contradições sociais; o

desenvolvimento tecnológico fechou a sociedade.

A tecnologia e os Cavalos. A grande metáfora utilizada para representar a tecnologia já nos

remete diretamente ao titulo da peça O cavalo. Os cavalos surgem a todo o momento na peça

como símbolos da sociedade que se transforma. Os cavalos mitológicos, a tecnologia antiga,

mas que não se perde e faz parte em todos os momentos do processo de transformação social.

Os cavalos burgueses como por exemplo o Cavalo de Napoleão, o Burrico de Jesus Cristo e

os cavalos que correm no Derby de Epson apresentando a decadência da sociedade, uma

tecnologia a ser superada, e finalmente os Cavalos Mecânicos e a Vapor que formalizam a

transformação da Sociedade para o inevitável Socialismo de Estado. (Novo e Velho

dialogando a todo momento). A tecnologia industrial desenvolvida pela Revolução Industrial

na Inglaterra a serviço da criação e fortalecimento da URSS. A tecnologia aí é neutra,

benéfica, mas autoritária e silencia as vozes. Além disso não se desfaz do velho, então não há

progresso linear e superação absoluta.

Considerações finais

A tecnologia em O homem e o cavalo se apresentou em suas múltiplas facetas, em que

a tecnologia aparece como um híbrido entre o real e o mito a partir do olhar carnavalizador de

Oswald de Andrade. Não é possível fechar um caminho sobre a tecnologia observada em

OHC, pois o autor trabalha com muitas possibilidade, todas de maneira bastante crítica. Ao

mesmo tempo em que defende, aponta defeitos, mistura idéias, resgata a história, trabalhando

com o novo e o velho ao mesmo tempo e mostrando ser bastante frutífero esse processo

carnavalizador para se compreender a sociedade moderna que se transforma tão rapidamente,

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mas em que há permanências. O socialismo e a indústria em OHC estão imbricados e mantém

laços com o liberalismo burguês.

Referências

ANDRADE, Oswald. O homem e o cavalo. São Paulo: Globo: Secretária de Estado da Cultura, 1990. (Obras completas de Oswald de Andrade). BAKHTIN, M. Cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Trad. Yara Frateschi Vieira. São Paulo: Hucitec / Editora Universidade de Brasilia, 1987. BOAVENTURA, Maria Eugenia. O salão e a selva. uma biografia ilustrada de Oswald de Andrade.Campinas: Ex Libris,1995. BULFINCH, Thomas.O livro de ouro da mitologia.26ªed. história de deuses e heróis; trad. David Jardim Júnior. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. In: Crítica e sociologia (tentativa de esclarecimento) 6 ed. Belo horizonte: Ed. Itatiaia , 1981. CARR, E.R. A Revolução Russa de Lenin a Stalin. (1917-1929).Trad. Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: Ed. Zahar, 1981. CHARTIER, Roger. A história cultural: entre prática e representações. Lisboa: Difel, 1990. DEAN, Warren. A industrialização de São Paulo. São Paulo: Difel, 1971 FABRIS, Anna Teresa. O Futurismo Paulista: Hipóteses para o Estudo da Chegada da Vanguarda ao Brasil. São Paulo, Perspectiva/Edusp, 1994. FANINI, A M R. Os romances-folhetins de Aluizio de Azevedo: aventuras periféricas – Florianopolis: UFSC, 2003_ _________. Representações da tecnologia em alguns poemas da literatura brasileira. Anuário de Literatura. Florianopolis, v.15, n.1, p. 96-109, 2010. FAUSTO, Boris. A revolução de 30. historiografia e história. São Paulo: Companhia das letras, 1997. __________. Getulio Vargas: o poder do sorriso. - São Paulo: Companhia das letras, 2006. SCHWARTZ, Roberto. As idéias fora do lugar. In: ao vencedor as batatas: forma literária e processo social nos inícios do romance brasileiro. 34ª ed. São Paulo: Duas cidades, 2000.