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Secretaria de Comunicação Social – Área Internacional Presidência da República Federativa do Brasil Foto: Ministério da Saúde Vírus Zika no Brasil Janeiro de 2016

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Secretaria de Comunicação Social – Área Internacional

Presidência da República Federativa do Brasil

Foto: Ministério da Saúde

Vírus Zika no Brasil Janeiro de 2016

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ÍNDICE

Introdução .............................................................................................................. 03

A infecção por vírus Zika.......................................................................................... 04

O que é ....................................................................................................... 05 Como surgiu ................................................................................................ 06 Cronologia da doença .................................................................................. 07 Perfil do mosquito Aedes Aegypti ............................................................... 09 A microcefalia ............................................................................................. 11 Recomendações gerais .................................................................................. 13

Brasil: Força-tarefa para prevenção e combate ...................................................... 13

Vigilância e monitoramento ....................................................................... 14 Prevenção e controle ................................................................................. 14 Investimento financeiro ............................................................................. 15 Assistência .................................................................................................. 15 Informação, conscientização e mobilização ................................................. 15 Capacitação ................................................................................................. 15 Pesquisas .................................................................................................... 16

O Brasil já erradicou o Aedes aegypti nos anos 50 .................................................. 18

A Fiocruz ................................................................................................................ 18

Epidemias Globais .................................................................................................. 19

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INTRODUÇÃO

O vírus Zika, uma doença viral aguda ainda pouco conhecida mundialmente, foi identificado pela primeira vez no Brasil em 2015. Este vírus é endêmico no leste e oeste do continente Africano e há registro de circulação esporádica na África, Ásia e Oceania. Nas Américas, o vírus Zika somente foi identificado na Ilha de Páscoa, território do Chile no oceano Pacífico, distante 3.500 km do continente, no início de 2014. Casos importados de vírus Zika foram descritos no Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos e Austrália. A doença causada por este vírus – transmitido pelo mesmo vetor da dengue e da chikungunya, o Aedes aegypti – rapidamente foi caracterizada como epidemia pelas autoridades públicas brasileiras, a partir da ocorrência de um surto por doença exantemática (que apresenta erupções na pele que coçam), especialmente na região Nordeste.

A doença parecia inicialmente apenas uma forma mais branda da dengue, sem maiores consequências nem sequelas, e assintomática em 80% dos casos. Mostrou-se mais preocupante quando, no final de 2015, as autoridades públicas de saúde brasileiras comprovaram, pela primeira vez na história, a possível associação entre o contágio de mulheres pelo vírus Zika durante a gravidez e o nascimento de bebês com microcefalia, uma malformação congênita grave em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. De 22 de outubro de 2015 até 23 de janeiro de 2016, foram registrados em território nacional 4.180 casos suspeitos de bebês microcefálicos, em 830 municípios de 24 unidades da federação. Deste total, 462 casos já foram descartados e 270 casos já tiveram confirmação de microcefalia, sendo que 6 com relação ao vírus Zika. Até 2014, eram registrados no País menos de 200 casos por ano de recém-nascidos com microcefalia. Com um sistema público de saúde universal integrado e de atendimento gratuito, o Brasil tem reagido de forma rápida desde a identificação da epidemia para desvendar o comportamento do vírus, a patogênese da doença (maneira como surge e evolui) e fatores de risco associados. Foi o que tornou possível a rápida associação entre a microcefalia e o vírus Zika. O governo brasileiro montou uma força-tarefa sem precedentes, com recursos financeiros, tecnológicos e científicos para prevenção e combate do mosquito transmissor e da doença no curto, médio e longo prazos. Esta é uma situação completamente nova em termos de saúde pública mundial e para a comunidade científica internacional. Até 2014 só havia registro de circulação esporádica do vírus Zika na África, Ásia e Oceania. Mas, desde o ano passado, além do Brasil, outros 18 países latino-americanos confirmaram a circulação autóctone (contaminação local) do vírus.

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O Brasil está unindo esforços de especialistas de diferentes áreas da Medicina de todo o mundo para conduzir as investigações no País. Há diálogo constante com órgãos internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA. O tema é uma prioridade nacional, com transparência e agilidade.

A INFECÇÃO POR VÍRUS ZIKA

A INFECÇÃO POR VÍRUS ZIKA

Formas de transmissão Através de picada da fêmea do mosquito Aedes aegypti contaminada.

Ainda não há evidências de transmissão do vírus Zika por meio do leite materno, nem por urina, saliva e sêmen.

Principais Sintomas Erupções na pele que provocam coceira.

Febre intermitente.

Hiperemia conjuntivital (olhos vermelhos) sem secreção e prurido.

Dor nas articulações.

Edema periarticular (acúmulo de líquido

em torno das articulações).

*É assintomático em 80% dos casos

Diagnóstico Exame de sangue (PCR) durante o período em que o paciente apresenta sintomas.

Teste de biologia molecular 3 em 1 (com previsão de início da produção nacional em fevereiro).

Tratamento Acetaminofeno (paracetamol) ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor.

Anti-histamínicos no caso de erupções pruriginosas.

*É desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e outros drogas anti-inflamatórias. Todo caso suspeito deve

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procurar um serviço de saúde.

Prevenção e controle Tirar toda a água parada de recipientes dentro de casa e escová-los para eliminação dos ovos.

Antes de viajar, verifique cuidadosamente se há algum criadouro do mosquito e elimine-o.

Manter totalmente cobertos reservatórios e qualquer local que possa acumular água.

Aplicar larvicidas em cisternas, caixas d´água, piscinas e outros compartimentos onde seja necessário manter a água.

Aplicação de fumacê no caso de epidemia.

Usar repelentes e reaplicá-los ao longo do dia conforme orientações no rótulo. Os repelentes à base de DEET, icaridin ou picaridin, e IR3535 ou EBAAP são considerados seguros para uso durante a gestação.

Dar preferência ao uso de roupas claras, calças e blusas de mangas compridas.

Coleta seletiva de lixo e descarte adequado.

Usar mosquiteiros para dormir, especialmente pela manhã e no final da tarde.

Colocar tela antimosquito nos apartamentos e dar preferência para hospedagens que tenham tela nas janelas.

Ligar para a prefeitura do município caso tenha suspeita de criadouros do mosquito próximo onde vive.

O que é O vírus Zika é um RNA vírus, do gênero Flavivírus, o mesmo da dengue. Sabe-se que a principal forma de transmissão do vírus Zika no Brasil é pelo mosquito Aedes aegypti, o mesmo vetor que transmite a dengue e a chikungunya. Quem é infectado pelo vírus

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Zika costuma apresentar sintomas mais brandos do que o destas últimas duas doenças, caracterizados por erupções na pele que provocam coceira, além de febre intermitente, hiperemia conjuntival, dores musculares, dor nas articulações, dor de cabeça e edema periarticular. Geralmente não apresenta complicações graves e não há registro de mortes. A taxa de hospitalização é potencialmente baixa e os sintomas costumam desaparecer espontaneamente entre 3 e 7 dias após o contágio. Entretanto, mesmo após este período, o vírus já foi encontrado no líquido amniótico dentro do útero de mulheres que foram infectadas. Além disso, há relatos, ainda não comprovados, de síndromes neurológicas, como a Síndrome de Guillain Barré, possivelmente associadas ao vírus Zika. Estima-se que 80% dos casos são assintomáticos.

O que ainda precisa ser descoberto sobre o vírus Zika

A permanência no organismo após o período sintomático

A probabilidade de uma mulher contagiada antes da gravidez transmitir o vírus para o feto quando engravidar

A probabilidade de uma gestante contagiada durante a gravidez transmitir o vírus para o feto

Sequelas possíveis para crianças e adultos

Outras vias de transmissão que não pelo mosquito Aedes aegypti

Como surgiu O vírus Zika foi isolado pela primeira vez em primatas não humanos em Uganda, na floresta Zika em 1947. Entre 1951 a 2013, evidências sorológicas em humanos foram notificadas em países da África (Uganda, Tanzânia, Egito, República da África Central, Serra Leoa e Gabão), Ásia (Índia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Vietnã e Indonésia) e Oceania (Micronésia e Polinésia Francesa). Nas Américas, o vírus Zika foi identificado pela primeira vez na Ilha de Páscoa, território do Chile no Oceano Pacífico, a 3.500 km do continente, no início de 2014. O vírus Zika é considerado endêmico (doença infecciosa que ocorre habitualmente e com incidência significativa em dada população e/ou região) no Leste e Oeste do continente africano. Evidências sorológicas em humanos sugerem que a partir de 1966 o vírus tenha se disseminado para o continente asiático.

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Até 2014 só havia registro de circulação esporádica na África (Nigéria, Tanzânia, Egito, África Central, Serra Leoa, Gabão, Senegal, Costa do Marfim, Camarões, Etiópia, Quénia, Somália e Burkina Faso), Ásia (Malásia, Índia, Paquistão, Filipinas, Tailândia, Vietnã, Camboja, Índia, Indonésia) e Oceania (Micronésia, Polinésia Francesa, Nova Caledônia/França e Ilhas Cook). Casos importados de vírus Zika foram descritos no Canadá, Alemanha, Itália, Japão, Estados Unidos e Austrália. Desde novembro do ano passado, 18 países e territórios confirmaram a circulação autóctone do vírus Zika além do Brasil: Barbados, Bolívia, Colômbia, Equador, El Salvador, Guatemala, Guiana, Guiana Francesa, Haiti, Honduras, Martinica, México, Panamá, Paraguai, Porto Rico, São Martinho, Suriname e Venezuela. A Organização Panamericana de Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS), recomendou que estes países estabeleçam e mantenham a capacidade de detectar e confirmar casos de infecção pela doença; preparem os serviços de saúde para responder a um possível aumento da demanda por serviços de assistência especializada a síndromes neurológicas; e reforcem as atividades de consulta e assistência pré-natal. A organização considera fundamental que os países continuem os esforços para reduzir a presença do mosquito por meio de uma estratégia eficaz de controle do vetor e de comunicação com a população. Cronologia da doença no Brasil Maio/2015 - Pesquisador da Universidade Federal da Bahia realiza o primeiro exame de sangue por PCR para identificar presença do vírus Zika. Julho/2015 – Aumento de casos de manifestações neurológicas principalmente em alguns estados da região Nordeste. Outubro/2015 – Pediatras da rede pública de saúde observam o aumento de casos de nascimento de crianças com microcefalia nos mesmos estados onde havia notificações de vírus Zika.

Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco notifica o Ministério da Saúde sobre aumento de casos de microcefalia no estado.

Ministério da Saúde envia equipe para acompanhar a investigação dos casos no estado de Pernambuco.

A situação é comunicada à OPAS e à OMS. Novembro/2015 - Ativado o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) em Brasília, com equipe preparada para atuar 24h. Especialistas de diversos setores da sociedade (universidades, institutos de pesquisa, agentes públicos) que se reúnem semanalmente para discutir ações a partir das demandas em aberto.

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O Ministério da Saúde decreta Situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional.

Boletim Epidemiológico de Microcefalia passa a ser divulgado semanalmente pelo Ministério da Saúde.

Acionado o Grupo Estratégico Interministerial de Emergência em saúde Pública de Importância Nacional e Internacional, que define ações interministeriais.

Confirmado o primeiro óbito de bebê decorrente do vírus Zika. O Ministério da Saúde brasileiro confirma a relação entre o vírus Zika e

microcefalia no país, resultado do grupo de especialistas de diferentes áreas criado para investigar e estudar o caso.

Dezembro/2015 - Apoio das Forças Armadas ao estado de Pernambuco.

Presidenta Dilma Rousseff lança Plano de Enfrentamento ao Aedes e à Microcefalia, envolvendo 19 ministérios e outros órgãos do governo federal.

Lançamento do Protocolo de Vigilância e Resposta à Microcefalia relacionada ao Zika, com diretrizes e orientações técnicas para profissionais de saúde e vigilância.

Início das atividades da Sala Nacional de Coordenação e Controle, um centro de informação que coordena, consolida e orienta as demandas de estados e municípios.

Lançamento do Protocolo de Atenção à Saúde e Resposta à Ocorrência de Microcefalia, que orienta os profissionais e gestores de saúde em relação à infecção pelo vírus Zika.

Janeiro/2015 - Lançamento das Diretrizes de Estimulação Precoce direcionado a crianças de até 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor decorrente de microcefalia, com orientações aos profissionais das equipes da Atenção Básica e Atenção Especializada para a estimulação precoce. Diagnóstico, prognóstico e tratamento Os sintomas do vírus Zika se manifestam de três a 7 dias do contágio. O diagnóstico pode ser clínico ou laboratorial. Desde que foi detectada a epidemia de Zika no Brasil, em 2015, o SUS passou a realizar exame de sangue PCR, que identifica a presença do material genético do vírus Zika na amostra enquanto o paciente apresenta sintomas. Inicialmente, o exame era realizado gratuitamente por cinco laboratórios públicos de referência. Desde agosto de 2015, a capacidade era de, em média, mil exames PCR por mês para identificação do vírus Zika. O governo brasileiro vai ampliar a oferta deste exame para todos os 27 estados do País, disponibilizando 20 mil reagentes para realização dos exames/mês. Segundo o Ministério da Saúde do Brasil, esta quantidade é suficiente para fazer um monitoramento confiável da doença.

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Cada teste de PCR custa aos cofres públicos R$ 2 mil. Para conseguir ampliar a oferta de diagnóstico à população a um custo menor, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – a mais importante instituição de ciência e tecnologia em saúde da América Latina, referência em pesquisas na área da saúde pública – está desenvolvendo um teste de biologia molecular, 3 em 1, capaz de fazer o diagnóstico simultâneo para os casos suspeitos das três doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti (o vírus Zika, a dengue e a chikungunya) durante a manifestação dos sintomas clínicos destas infecções. A um custo de US$ 20 a unidade, o teste, denominado Kit NAT Discriminatório para Dengue, Zika e Chikungunya, começa a ser produzido no país em fevereiro, com capacidade de oferta de 50 mil unidades e expectativa de chegar a 500 mil unidades até o fim do ano. Em caso de suspeita de Zika, o tratamento é baseado nos sintomas, com uso de acetaminofeno (paracetamol) ou dipirona para o controle da febre e manejo da dor. No caso de erupções pruriginosas, os anti-histamínicos podem ser considerados. É desaconselhável o uso ou indicação de ácido acetilsalicílico e outros drogas anti-inflamatórias, pois eles aumentam o risco de complicações hemorrágicas. Perfil do mosquito Aedes aegypti

Ambiente propício As larvas do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão do vírus Zika

se desenvolvem, preferencialmente, em água limpa, parada, geralmente em locais escuros e em diversos tipos de recipientes.

Do ovo à forma adulta, o ciclo de vida do Aedes varia de acordo com a temperatura, disponibilidade de alimentos e quantidade de larvas existentes no mesmo criadouro. Em condições ambientais favoráveis, após a eclosão do ovo, o desenvolvimento do mosquito até a forma adulta pode levar de 7 a 10 dias. Para interromper o ciclo de vida do mosquito, a eliminação de criadouros deve ser prioritária, ação que deve contar com a efetiva participação da população ao longo do tempo e de forma sustentada.

Os ovos podem resistir a até 450 dias em local seco, o que permite que sobrevivam até o próximo período chuvoso e quente, o que propicia a eclosão.

Tempo de vida do mosquito adulto: em média até 50 dias.

Hábitos e local onde vive O Aedes aegypti tem hábitos preferencialmente diurnos, costuma picar

com maior frequência no início da manhã e final da tarde.

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Vive em áreas urbanas, geralmente ao redor de domicílios ou de outros locais frequentados por pessoas, como estabelecimentos comerciais, escolas ou igrejas.

No Brasil, cerca de 80% dos focos de suas larvas estão nas residências, apenas cerca de 20% em locais abertos.

Reprodução Somente a fêmea pica o homem para sugar sangue. Uma fêmea pode dar origem a 1,5 mil mosquitos durante a sua vida. Os ovos são distribuídos por diversos criadouros – estratégia que garante a

dispersão e preservação da espécie. Se a fêmea estiver infectada pelo Zika há a possibilidade de as larvas já nascerem com o vírus, no processo chamado de transmissão vertical.

Período de maior infestação A infestação é mais intensa no verão, em função da elevação da

temperatura e da intensificação de chuvas – fatores que propiciam a eclosão de ovos do mosquito.

O pico de infestação no Brasil ocorre entre fevereiro e maio, observando uma queda significativa entre os meses de julho e setembro, quando o índice pluviométrico é menor e as temperaturas são mais amenas. Este movimento é facilmente detectável pela incidência mensal dos casos de dengue (doença transmitida pelo Aedes).

Segundo o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) de 2015, que é realizado anualmente para mensurar a quantidade de focos de infestação pelo mosquito no País, 199 municípios brasileiros estavam em situação de risco de surto de dengue, chikungunya e Zika em 2015. Isso significa que mais de 4% das casas visitadas nestas cidades continham larvas do mosquito. A microcefalia A microcefalia é uma malformação congênita, em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada. Os bebês nascem com perímetro cefálico igual ou inferior a 32 cm, segundo um padrão de diagnóstico estabelecido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para apontar que esses recém-nascidos têm a medida abaixo da referência para o sexo, a idade ou o tempo de gestão. Casos de microcefalia já existiam no Brasil antes da identificação do vírus Zika, efeito de uma série de fatores de diferentes origens, como substâncias químicas, radiação, bactérias e toxoplasmose, rubéola ou outros agentes infecciosos durante a gravidez. Porém, até 2014, eram registrados no País menos de 200 casos de microcefalia por ano. Em 2015, foram notificados cerca de 3,6 mil casos suspeitos da doença (total de casos notificados menos os casos descartados,

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de acordo com o quadro abaixo). É inédito o aumento do número de casos de microcefalia e as evidências disponíveis até o momento indicam que isso está relacionado ao vírus Zika.

Unidades da

Federação

Total de casos

notificados

(2015/2016)

Casos notificados

em investigação

Casos de microcefalia e/ou

malformações, sugestivos de infecção

congênita

Confirmados Descartados

REGIÃO NORDESTE 3.607 2.984 268 355

Alagoas 158 158 0 0

Bahia 533 471 35 27

Ceará 229 218 4 7

Maranhão 134 119 0 15

Paraíba 709 497 31 181

Pernambuco 1.373 1.125 138 110

Piauí 91 91 0 0

Rio Grande do

Norte 208 133 60 15

Sergipe 172 172 0 0

REGIÃO SUDESTE 240 200 1 39

Espírito Santo 52 52 0 0

Minas Gerais 48 8 1 39

Rio de Janeiro 122 122 0 0

São Paulo 18 18 0 0

REGIÃO NORTE 94 82 0 12

Pará 6 6 0 0

Rondônia 1 1 0 0

Roraima 5 5 0 0

Tocantins 82 70 0 12

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REGIÃO CENTRO-

OESTE 227 180 0 47

Distrito Federal 14 5 0 9

Goiás 62 62 0 0

Mato Grosso 147 110 0 37

Mato Grosso do

Sul 4 3 0 1

REGIÃO SUL 12 2 1 9

Paraná 10 2 0 8

Santa Catarina 1 0 0 1

Rio Grande do

Sul 1 0 1 0

Brasil 4.180 3.448 270 462

CASOS DE MICROCEFALIA NOTIFICADOS POR ANO NO BRASIL ANTES DE 2015

2010 2011 2012 2013 2014

Brasil 153 139 175 167 147

BRASIL: FORÇA-TAREFA PARA PREVENÇÃO E COMBATE

Em dezembro de 2015, o governo brasileiro criou o Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e à Microcefalia - PNEM, com ações em diversas frentes com o objetivo de reduzir o índice de infestação por Aedes aegypti para menos de 1% nos municípios brasileiros, e reduzir o número de casos de doenças transmitidas pelo mosquito. As Forças Armadas apoiarão os agentes de saúde e demais entidades envolvidas no combate à epidemia com 220 mil efetivos em ações divididas em quatro fases: mutirão em organizações militares, mobilização da população, atuação direta no combate ao mosquito e trabalho de conscientização em unidades de ensino. Seguem abaixo as principais ações:

Vigilância e monitoramento

Aumento do número de laboratórios para realização do exame PCR – O número de laboratórios que realizam o exame de sangue PCR para detectar a presença do vírus Zika vai mais do que triplicar em fevereiro. O SUS vai ampliar

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a oferta de reagentes para realização do PCR de 1 mil exames para 20 mil exames por mês.

Desenvolvimento de teste rápido 3 em 1 pela Fiocruz – Para conseguir ampliar a oferta de diagnóstico à população a um custo menor, o instituto de pesquisa nacional Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) desenvolveu um teste rápido, 3 em 1, capaz de detectar ao mesmo tempo o vírus Zika, a dengue e a chikungunya, a um custo de US$ 20 a unidade. A previsão é que a produção comece em fevereiro, com cerca de 50 mil unidades, chegando a 500 mil até o fim de 2016.

Instalação da Sala Nacional de Coordenação e Controle – Já em

funcionamento, monitora diariamente as ações desenvolvidas em estados e municípios e registra os novos casos da doença.

Instalação das Salas Estaduais e Municipais – 26 já em funcionamento.

Ações Integradas entre Saúde, Educação, Assistência Social, Defesa Civil, Forças Armadas, outros órgãos convidados e sociedade civil – Já em funcionamento.

Prevenção e controle

Ampliação no número de agentes de saúde – Ampliação de 43,9 mil para 309,9 mil agentes de saúde entrando nos imóveis do País para fazer ronda e identificar possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, aplicar larvicidas em compartimentos como cisternas, piscinas e caixas d´água, e informar os moradores sobre formas de prevenção contra o mosquito. A meta é que 100% dos domicílios e instalações públicas e privadas sejam inspecionados.

Intensificação nas visitas de controle do mosquito com visitas mensais até fevereiro e bimestrais a partir de março.

A primeira fase da mobilização das Forças Armadas é a realização de um mutirão de limpeza nas 1.200 organizações militares espalhadas por todo o Brasil. O objetivo da ação é chamar a atenção para os cuidados necessários contra o mosquito, além de eliminar possíveis focos de proliferação do Aedes nestes locais.

A segunda etapa do plano das Forças Armadas é a mobilização de 220 mil homens e mulheres das Forças Armadas (160 mil do Exército, 30 mil da Marinha e 30 mil da Força Aérea) na conscientização da população. Esse contingente atuará em 356 municípios, incluindo todas as capitais e as 115 cidades consideradas endêmicas pelo Ministério da Saúde.

Na terceira etapa da mobilização das Forças Armadas, 50 mil militares irão a campo para apoiar os agentes envolvidos diretamente no combate ao mosquito.

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Compra de larvicidas – Compra de 100 toneladas de larvicidas para serem usados até junho de 2016. Em todo o ano de 2015, foram distribuídas 114,4 toneladas.

Divulgação de comunicado a hotéis – O Ministério do Turismo brasileiro enviou comunicado a 56 mil hotéis, pousadas e albergues do País com recomendação para que coloquem tela antimosquito nas janelas, cuidem da limpeza de seus terrenos e instalações, além das medidas gerais voltadas para toda a população (ver quadro na pag. 4).

Investimento financeiro

Mais R$ 500 milhões para o combate - O Brasil definiu recurso extra de R$ 500 milhões para reforçar o combate ao Aedes aegypti em 2016, em acréscimo ao R$ 1,87 bilhão destinado à vigilância e promoção de saúde para combate de doenças.

Assistência

Prevista a expansão dos Centros de Reabilitação do SUS.

Oferta de 10 milhões de testes rápidos de gravidez.

Prevista a ampliação da oferta dos exames de tomografia utilizando capacidade instalada na rede pública e privada.

Informação, conscientização e mobilização de toda a sociedade

Site Saúde do Viajante dá orientações gerais sobre como se proteger contra picada de insetos, em inglês, português e espanhol.

Intensificação das campanhas de massa em rádio, televisão, jornais, outdoors e redes sociais, de dezembro de 2015 a junho de 2016.

Realização de campanha focada na gestante e mulheres em idade fértil, veiculada desde dezembro de 2015.

A última etapa de mobilização das Forças Armadas, ainda em fase de discussão com o Ministério da Educação (MEC), prevê a utilização de efetivos militares em visitas a escolas. A meta é reforçar o trabalho de conscientização das crianças e adolescentes sobre como evitar a proliferação do mosquito transmissor.

Disponibilização de homepage específica até fevereiro de 2016 e desenvolvimento de aplicativo (APP) para profissionais de saúde com informações sobre microcefalia e vírus Zika, disponível gratuitamente.

Envio de SMS à população com informações sobre a campanha de prevenção e controle do mosquito. Já foram enviadas 200 mil mensagens na região Nordeste para moradores dos locais com alto índice de infestação. Serão

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enviados até fevereiro áudios e vídeos por WhatsApp para 750 mil moradores das regiões mais afetadas.

Mobilização dos secretários estaduais de Saúde, Educação, Defesa Civil e Assistência Social. Em andamento.

Mobilização junto a movimentos sindicais, patronais, educacionais, religiosos, sociais, indústria, comércio, redes sociais, comunicação. Em andamento.

Três semanas de mobilização nas escolas, a começar na seguinte após o

Carnaval. Haverá atividades para os menores, com folders, filipetas, aulas

sobre a importância de ajudar os pais no combate ao mosquito, etc. Para o

Ensino Médio, os alunos farão visitas nas casas das redondezas das escolas

para incentivar as pessoas a terem cuidado.

Produção de material publicitário, com ações nas redes sociais, incentivando

as pessoas a enviarem fotos ou vídeos com atividades como limpar caixa

d’água e cisternas ou uma simples limpeza na casa para evitar o acúmulo de

água.

Criação de um hotsite para escolas baixarem jogos educativos e informativos

sobre o mosquito e as doenças, principalmente o Zika.

No ensino superior, haverá mobilização de pró-reitores de extensão para ações

nos territórios mais vulneráveis e nos campi.

Capacitação

Lançamento, em janeiro de 2016, das Diretrizes de Estimulação Precoce direcionadas a crianças de até 3 anos com atraso no desenvolvimento neuropsicomotor decorrente de microcefalia, com orientações aos profissionais das equipes da Atenção Básica e Atenção Especializada para a estimulação precoce.

Divulgação, em dezembro de 2015, de protocolo clínico aos profissionais de saúde para estimulação precoce dos bebês com microcefalia.

Capacitação por plataforma digital à distância de profissionais de 737

maternidades para triagem neonatal em relação aos cuidados com os bebês com microcefalia, a partir de março de 2015.

Pesquisas

Vacina contra o vírus Zika

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Diversas vacinas para imunização contra os vírus transmitidos pelo Aedes aegypti estão sendo desenvolvidas e em diferentes fases de produção. Estão à frente destes projetos três institutos nacionais públicos - o Instituto Butantan, de São Paulo, o Instituto Evandro Chagas, no Pará, e o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos), do Rio de Janeiro. Além disso, três laboratórios privados internacionais estão bastante avançados no desenvolvimento da vacina: o francês Sanofi Pasteur, a empresa britânica GlaxoSmithKline (GSK) em parceria com Biomanguinhos e a companhia farmacêutica japonesa Takeda.

A vacina em desenvolvimento pelo laboratório Sanofi está na fase mais avançada: o produto já recebeu o registro da Anvisa e atualmente está em fase de definição sobre o teto do preço para o Brasil, o que deverá ocorrer em até três meses. Consistirá na aplicação de 3 doses em um intervalo de um ano, com uma eficácia de 60%.

A GSK realizou encontros técnicos com a Anvisa mas ainda não pediu autorização formal para a pesquisa. O laboratório Takeda está na última fase da pesquisa que está realizando, a Fase 3, que consiste em aplicar a vacina em um número significativo de voluntários para comprovar a segurança e eficácia do produto. As fases anteriores foram realizadas fora do país.

O Instituto Butantan já recebeu autorização da Anvisa para dar início à Fase 3 da sua pesquisa, e está fechando os resultados da Fase 2, que avalia a resposta da vacina aplicada em voluntários. No total, 17 mil voluntários de 13 cidades nas cinco regiões do Brasil participarão dos estudos clínicos que estão prestes a começar e devem durar um ano. Os resultados da pesquisa dependem de como será a circulação do vírus, mas o Butantan estima ter a vacina contra a dengue disponível em 2018. A vacina do Butantan tem potencial para proteger contra os quatro vírus da dengue com uma única dose, e é produzida com os vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos. O Ministério da Saúde brasileiro está discutindo com o Butantan parcerias internacionais para a produção da vacina. O instituto é referência nacional na produção de vacinas e soros.

O Instituto Evandro Chagas e Bio-Manguinhos estão em busca de parcerias com instituições científicas para a futura produção de outras vacinas no país.

Introdução de bactéria no Aedes aegypti que impede o desenvolvimento de larvas

Este estudo propõe o uso de uma bactéria naturalmente encontrada no meio ambiente, a Wolbachia, que, quando presente no Aedes, é capaz de impedir a transmissão da doença pelo mosquito, sendo que essa característica é repassada às larvas. Esta é a primeira vez em que um país nas Américas recebe o projeto, já realizado com sucesso na Austrália, Vietnã e Indonésia. No Brasil, está sendo liderado pela Fiocruz, com a participação do Instituto Oswaldo Cruz, Centro de Pesquisas René Rachou (Fiocruz/Minas) e o Programa de Computação Científica.

O primeiro local a participar é o bairro de Tubiacanga, na Ilha do Governador, na cidade do Rio de Janeiro, estudado pela equipe do projeto desde 2012. Cerca de 10 mil mosquitos Aedes aegypti com Wolbachia serão liberados semanalmente pelos pesquisadores por cerca de quatro meses.

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Inicialmente, os pesquisadores vão avaliar a capacidade dos mosquitos com Wolbachia de se estabelecerem no meio ambiente e se reproduzirem com os mosquitos que já existem no local.

Estudos de larga escala previstos para 2016 em outras localidades do Rio de Janeiro poderão avaliar o efeito dessa estratégia.

Produção de mosquito transgênico

A Moscamed, biofábrica, criada em 2005 e subsidiada pelo Ministério da Agricultura e pelo governo do estado da Bahia, especializada na produção de insetos transgênicos para controle biológico de pragas, produz em larga escala o macho do Aedes Aegypti geneticamente modificado. A tecnologia é inovadora e foi criada nacionalmente como opção de controle do mosquito. Os mosquitos são liberados no ambiente em quantidade duas vezes maior do que os mosquitos não modificados, atraem as fêmeas para cópula, mas sua prole não é capaz de atingir a fase adulta, o que deve reduzir a população de Aedes. Já há resultado bem-sucedido de projeto piloto em dois bairros de Juazeiro, na Bahia – Mandacaru e Itaberaba –, ambos com cerca de 3 mil habitantes, e alto índice de proliferação do mosquito. Com o emprego desta técnica, houve redução de 95% da população do mosquito em seis meses nestes distritos. A supressão chegou a níveis satisfatórios que, de acordo com modelos matemáticos, não seria possível a transmissão epidêmica da dengue. A partir dos resultados, o governo poderá expandir a estratégia para todo o país e, dentro de alguns anos, incorporá-la ao SUS como um dos mecanismos de combate à doença. Os estudos para mensurar o impacto em termos de redução da dengue levam

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pelo menos 5 anos, de acordo com o National Institute of Health (órgão equivalente ao Ministério da Saúde americano). Para que a tecnologia seja incorporada ao SUS e reproduzida comercialmente por empresas privadas, deve ter a aprovação da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), do Ministério da Saúde, da Anvisa, do Ibama e do Ministério da Agricultura.

O BRASIL JÁ ERRADICOU O AEDES AEGYPTI NOS ANOS 50

No início do Século XX, a identificação do Aedes aegypti como transmissor da febre amarela urbana impulsionou a execução de rígidas medidas de controle que levaram, em 1955, à erradicação do mosquito no país. Em 1958, o país foi considerado livre do vetor pela Organização Pan-americana da Saúde – OPAS/OMS. No entanto, a erradicação não atingiu a totalidade do continente americano e o vetor permaneceu em países como Venezuela, áreas do sul dos Estados Unidos, Guianas e Suriname, além de toda a extensão insular que engloba Caribe e Cuba. A hipótese mais provável para explicar a reintrodução do mosquito no Brasil na década de 1960 é a chamada dispersão passiva dos vetores, através de deslocamentos humanos marítimos ou terrestres – dinâmica facilitada pela grande resistência do ovo do vetor ao ressecamento.

A FIOCRUZ

O Brasil, por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), é reconhecido pela sociedade brasileira e de outros países por sua capacidade de colocar a ciência, tecnologia, a inovação, a educação e a produção tecnológica de serviços e insumos estratégicos a serviço da promoção da saúde da população, da redução das desigualdades e iniquidades sociais, da consolidação e o fortalecimento do SUS, da elaboração e o aperfeiçoamento de políticas públicas de saúde. A Fiocruz é a instituição pública e estratégica de saúde mais destacada da América do Sul. Fundada em 1900 pelo médico Oswaldo Cruz, é responsável por inúmeros avanços de saúde pública no Brasil. O SUS foi desenvolvido a partir de projetos da Fiocruz.

Atualmente, a Fiocruz é responsável por 80% da produção mundial da vacina contra a febre amarela. Foi a primeira instituição a empregar a vacina da doença no Brasil por meio de uma parceria com a Fundação Rockefeller, em 1937.

Em 1987, foi a primeira instituição na América Latina a isolar o vírus HIV e, em 2011, desenvolveu o teste que confirma o diagnóstico do vírus em apenas 20 minutos.

Vinculada ao Ministério da Saúde, possui 26 programas de pós-graduação stricto sensu e executa mais de 1700 projetos de pesquisa e inovação.

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A Fundação está instalada em 11 estados brasileiros (com unidades e escritórios) e conta com um escritório em Moçambique, na África. Dentre os institutos está o laboratório de Bio-Manguinhos, que é o maior centro produtor de vacinas, kits e reagentes para diagnóstico de doenças infecto-parasitárias da América Latina.

Em sua atuação no exterior, a Fiocruz possui parcerias formalizadas com instituições de 20 países e com 6 organizações internacionais. No campo do ensino, atua por meio do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris), recebendo alunos e professores de outros países e oferecendo cursos internacionais, mediante convênios com instituições locais. Atualmente, são realizados mestrados em Moçambique e na Argentina.

Alinhada à política de cooperação internacional do governo federal e cumprindo sua tradição, a Fiocruz mantém parcerias com universidades e centros de pesquisa da África (especialmente com países de língua portuguesa – Palops), da América Latina e, também, da Europa e dos Estados Unidos. Da mesma forma, a Fundação recebe, no Brasil, alunos de diversos países para formação e aprimoramento acadêmico e profissional.

Em 2006, a Fundação recebeu o Prêmio Mundial de Excelência em Saúde Pública, concedido pela Federação Mundial de Associações de Saúde Pública e, em 2014, foi designada Centro Colaborador para a Saúde Mundial e Cooperação Sul-Sul pela Organização Mundial de Saúde.

EPIDEMIAS GLOBAIS

Desde o início deste século, a OMS tem verificado um número historicamente sem precedentes de surtos de doenças. Durante os primeiros três meses de 2015, a OMS detectou e investigou 75 surtos, dos quais 62 foram verificados como sendo de preocupação internacional. A incidência de dengue cresceu significativamente em todo o mundo nas últimas décadas. O número real de casos de dengue é difícil de estimar porque nem todos os países notificam seus casos de forma adequada. Uma estimativa recente indica 390 milhões de infecções por dengue por ano. Outro estudo, da prevalência da dengue, estima que 3,9 bilhões de pessoas, em 128 países, estão em risco de infecção pelo vírus da dengue.

Antes de 1970, apenas nove países tinham experimentado epidemias graves de dengue. A doença é agora endêmica em mais de 100 países na África, Américas, Mediterrâneo Oriental, Sudeste Asiático e do Pacífico Ocidental. As regiões da América, Sudeste da Ásia e do Pacífico Ocidental são as mais gravemente afetadas.

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O aumento de epidemias globais é atribuído à maior facilidade de mobilidade de pessoas e mercadorias, aliada à globalização da economia, que promoveu grande circulação de pessoas e produtos pelo mundo. Além disso, a maior proliferação de mosquitos transmissores é comumente associada ao aquecimento global.

Adiciona-se ainda uma maior capacidade de notificação e troca de informações em nível mundial, promovido pela tecnologia de comunicação disponível, o que leva a um maior conhecimento sobre o surto de doenças, tanto por parte dos profissionais de saúde quanto da população em geral.