violência simbólica e a dem(agogia)ocracia cultural uma abordagem social nas escolas 15

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A discussão sobre a Violência Simbólica nos centros educacionais precisa ser pensada por todos os profissionais que atuam na educação como uma abordagem que ultrapasse os limites da sala de aula. Com o livro Violência simbólica e a dem(agogia)ocracia cultural: uma abordagem social nas escolas, o autor traz uma propositura para que os professores possam fazer uma reflexão sobre a sua atuação enquanto educador\orientador, junto com sua prática docente

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Violência simbólica e a dem(agogia)ocracia cultural:

uma abordagem social nas escolas

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Benedito Souza dos Santos

Violência simbólica e a dem(agogia)ocracia cultural:

uma abordagem social nas escolas

São Paulo - 2015

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Copyright © 2015 by Editora Baraúna SE Ltda.

Capa Jacilene Moraes

Diagramação Felippe Scagion

Revisão Raquel Sena

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

________________________________________________________________

S233v

Santos, Benedito Souza dos Violência simbólica e a dem(agogia)ocracia cultural: uma aborda-gem social nas escolas / Benedito Souza dos Santos. - 1. ed. - São Paulo: Baraúna, 2015.

ISBN 978-85-437-0451-7

1. Prática de ensino. 2. Violência na escola. 3. Professores e alunos - Brasil. 4. Ambiente de sala de aula. II. Título.

15-25163 CDD: 370.71 CDU: 37.02

________________________________________________________________30/07/2015 30/07/2015

Impresso no BrasilPrinted in Brazil

DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIÇÃO À EDITORA BARAÚNA www.EditoraBarauna.com.br

Rua da Quitanda, 139 – 3º andarCEP 01012-010 – Centro – São Paulo – SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

Todos os direitos reservados.Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorização da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

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resumo

O presente livro propõe discussões sobre a proble-mática da violência simbólica manifestada em salas de aulas nas unidades escolares. Parte-se dos pressupostos da teoria crítica da educação, porém não se limitou a es-tes. Inseriu-se discussões a respeito dos paradigmas que a educação enfrenta no cenário atual. Discutiu-se sobre o papel da Didática como disciplina de formação de educa-dores, a avaliação da aprendizagem que tem sido utilizada de maneira escusa, a ausência de discussões sobre o currí-culo educacional e também o papel da cultura, que, ins-titucionalizada, gera dualidades simbólicas na sociedade. As análises dessas situações revelaram, em grande parte, a atuação de professores\educadores de forma mecânica e mecanizante no agir do dia a dia, sem se permitir refletir sobre o poder que lhes são conferidos. Em outro momen-to, nota-se que a estrutura educativa tem situações-pro-blema como ausência dos pais, da comunidade e do cole-giado\conselhos escolares nas propostas de envolvimento

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e melhorias das instituições. Nas considerações finais, são anunciadas as possibilidades da reprodução das questões culturais externas às Unidades Escolares que têm forte in-fluência no andamento interno das atividades pedagógi-cas, ou seja, há uma transmutação das questões culturais simbólicas que permeiam a sociedade e são reproduzidas nos ambientes educativos, sem as devidas ponderações por parte dos agentes envolvidos no processo de ensino e de avaliação.

Palavras-chave: Reflexão; Simbolismo; Avaliação; Currículo; Reprodução.

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PreFÁcio

O autor deste livro, Benedito Souza, surgiu diante de mim nos corredores do Departamento de Ciências da Edu-cação na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), nos meados de 2008, com uma conversa mansa e educada − específica de baiano − e, pouco depois, eu me enredava em tramas de amizade e de trabalho, que prosseguiram no Curso de Pedagogia (PARFOR), na mesma Instituição de ensino, onde o autor participa como professor de disciplinas que têm afinidades com o tema abordado neste livro.

Benedito Souza é uma pessoa extraordinariamente comum. Ou melhor, é mais uma dessas pessoas repletas de valor que se encontram neste imenso Brasil! E é com sua seriedade e nos limites de sua competência, no tra-to com o seu objeto de trabalho e de estudo que, como outros, no quase anonimato, torna-se grande e assim en-grandece nossa terra.

Dessa forma, e por meio deste texto, do interior da Bahia, mais precisamente da cidade de Ilhéus, o profes-

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sor Benedito aborda concretamente questões sobre a pro-blemática da “Violência Simbólica”, tema significativo e que, como o próprio autor enfatiza, nem sempre é de-monstrada de modo imediato, sendo imperceptível aos olhares desatentos ou indiferentes.

O autor lança mão de uma proposta de investigação, considerando este tipo de violência como algo enraizado no âmbito da sociedade em geral, que pode ser transfe-rida para o ambiente educativo. Ao concretizar essa con-dição, o Professor Benedito brada que esse tipo de vio-lência acontece sob a forma de estruturas de simbolismo, tramadas nas diferentes camadas sociais, afirmando que muitos professores, no processo de ensino, têm atuado mecanicamente, sem reflexão/ação sobre o “poder simbó-lico” que exercem em sala de aula.

Nesse sentido, é tratado aqui um dos mais impor-tantes temas discutidos pela comunidade acadêmica: os discursos teóricos progressistas relacionados ao currículo e à avaliação, que têm fomentado fortes discussões.

O autor/pesquisador fundamenta a sua temática analí-tica em diversos autores que abordam os problemas da edu-cação, compreendido pelo autor como exclusão social. Com este trabalho, o autor empreende uma cuidadosa e bem--sucedida busca de observação e compreensão dos conflitos relacionados às questões sociais e educacionais vigentes e as relações de exclusão das classes populares.

O autor também traz à tona, para reflexão, os qua-tro pilares propostos pela UNESCO para a educação: aprender a ser, aprender a fazer, aprender a conhecer e aprender a conviver.

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Por fim, afirmamos que as contribuições deste livro são relevantes para o estudo da arte da formação do pro-fessor − sobretudo entre aqueles alunos/professores que atuam na educação básica − e só têm a somar na cons-trução de uma consistência de pesquisa ainda incipiente, mas, também, premente.

Profa. Dra. Eronilda Maria Góis de Carvalho (UESC)

Ilhéus, fevereiro de 2015

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introdução

A sociedade contemporânea, que alcança o século XXI, passou a ser vista como uma sociedade pós-moderna com base em avanços significativos, obtidos nas últimas décadas em todos os setores da vida dos seres humanos.

Muito se discute em relação ao progresso linear histórico da humanidade em detrimento de civilizações anteriores. Para cada novo século, a sociedade seria mais avançada que a outra, posto que, em cada momento, as descobertas das Ciências permitem maior informação a respeito dos problemas enfrentados nos períodos antece-dentes na história da humanidade.

No entanto, os conhecimentos mais profundos dos dilemas biopsicosociológicos não têm demonstrado que os paradigmas sociais e humanitários estão sendo resolvi-dos; ao contrário, surgem novos dilemas a cada dia.

A medicina tem avançado na busca de soluções no campo da saúde e apresenta cada vez mais profundos saberes sobre as doenças que afetam a humanidade, as

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mesmas que, em determinada época, foram responsáveis por ceifar a vida de milhares de pessoas. No campo da en-genharia e arquitetura, nunca houve tantos meios e pro-cedimentos para a construção de obras faraônicas com uso de tecnologias avançadas, enormes estruturas e belos monumentos arquitetônicos. Entretanto, a natureza, por meio de suas “fúrias”, tem devastado nações inteiras sem que se tenha conhecimento prévio que a impeça.

Assim também ocorre na área das ciências huma-nas. A Sociologia, ciência cujo princípio é desmisti-ficar os problemas existentes na sociedade, de certa forma tem conseguido, por meio de estudos, conhecer a problemática social, mas isso não é suficiente para a resolução dos problemas.

A Arqueologia tem dado contribuições sobre a ori-gem dos seres humanos. Já a Antropologia, no reconheci-mento do outro como seu espelho, junto com a Filosofia, na procura do logos, tem nos dado conhecimentos cada vez mais profundos a respeito de quem é homem, mas, ao se aprofundar nessas descobertas, surgem cada vez mais dúvidas a respeito da verdadeira origem da humanidade.

A Psicologia teria por finalidade conhecer a alma do outro (psyché = alma). Na perspectiva das civilizações antigas, a alma era concebida como parte imaterial do ser humano, cujos sentimentos ali se enraizavam: “amor, ódio, percepção”, como um todo que a integrava e era indissociável do indivíduo.

No período pré-capitalista, o momento exigia res-postas rápidas da ciência e soluções práticas no campo da técnica; assim, a psicologia tomou novos rumos e

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lhes foram incorporados conhecimentos neurológicos como parte integrante dos seus estudos e atraiu pes-quisadores com novas perspectivas sobre a psiqué hu-mana e seus padrões de conhecimento diferentes dos propostos no passado.

A partir de então, concebem-se aspectos psicológi-cos mais visíveis aos seres humanos sobre os problemas que dizem respeito exclusivamente à psicologia, dentre outros, situações que sempre fizeram parte da humani-dade, como a violência em todos os sentidos, tanto no campo pessoal como de grupos.

A forma mais perceptível de violência no cotidiano é a ‘violência física’. Uma agressão a outro ou a grupos pode ser vista em vários tipos de estudos: de cunho social, filosófico, antropológico e, principalmente, psicológico.

Na Psicologia, nota-se ainda de forma explícita a utilização da “violência subjetiva ou imaterial”, que é a agressão verbal a outro, cujo intuito é atingir o âmago do indivíduo, provocando-lhe, em alguns casos, traumas quanto à sua autoestima e perda da personalidade.

Na proposta aqui delineada, pretende-se discutir a problemática da “Violência Simbólica”, que, diferente das anteriores, não é demonstrada de modo imediato, sendo imperceptível e dissimulada a olhares desatentos.

Tal tipo de violência acontece sob a forma de estru-turas de simbolismo intrínsecas no seio das sociedades. Como requisito necessário, utiliza-se da cultura como reprodução de padrões estatizados, considerados verda-deiros, necessários e corretos do ponto vista de quem os construiu. O senso comum torna-se o responsável dire-

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to pela perpetuação e transmissão desses “valores”, ditos como ideais para se viver em sociedade.

Ao lançar mão da proposta de investigação aqui concebida como a “Violência Simbólica e a dem(agogia)ocracia cultural: uma abordagem social nas escolas”, pas-sa-se a considerar esse tipo violência como diretamente enraizada no seio da sociedade, podendo ser transferida para o ambiente educativo.

Parte-se desse ponto de vista para se responder ao problema de que os professores e educadores atuam, em sua maioria, mecanicamente no processo de ensino sem reflexão/ação sobre o poder simbólico que exercem em sala de aula, ou seja, em termos de uma perspectiva re-produtora de conhecimento. São abundantes e contun-dentes os discursos teóricos progressistas nas críticas ao currículo e à avaliação. No entanto, a prática tem sido outra, visto que professores e outros atores educacionais desconsideram a origem cultural, religiosa, étnica e social dos alunos, fazendo com que as escolas sejam, apenas, mais um agente de discriminação e exclusão intelectual das classes menos favorecidas, sem qualquer compromis-so com a realidade local.

A inquietação da presente proposta foi concebida com o seguinte questionamento: como o professor/edu-cador, ao perceber que utiliza o processo de violência sim-bólica em sua prática pedagógica, poderia mudar de pos-tura no processo de ensino e de aprendizagem de modo a não discriminar seus educandos?

A temática analítica aqui construída fundamenta-se em autores que refletem sobre os problemas críticos da

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educação, entendida nesta obra como exclusão social, por assim entender que não é o bastante pesquisar e construir teorias para induzir ações transformadoras e análise das ações estratégicas, usadas por professores no seu agir den-tro e fora da sala de aula.

Surge assim, com este estudo, a possibilidade de refletir sobre as fragilidades da educação que não tem conseguido cumprir seu papel de intermediadora do co-nhecimento, a partir da construção de um modelo peda-gógico cultural, voltado a esse tipo específico de realidade que desconsidera as questões sociais.

Assim, pressupõe-se a construção, em base empíri-ca e teórica, de uma proposta inovadora para enfrentar as questões sociais e educacionais vigentes e as relações de exclusão das classes populares, levando-se, ainda, em consideração os quatro pilares propostos pela UNESCO para a educação: o aprender a ser, aprender a fazer, apren-der a conhecer e aprender a conviver.