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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO
CURSO DE PEDAGOGIA
VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO E A MÁ FORMAÇÃO DO CONDUTOR: UMA
ANÁLISE DO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AUTOESCOLAS DE NATAL/RN
WAGNA ELIZA MACEDO DA SILVA DANTAS
NATAL/RN - 2015
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WAGNA ELIZA MACEDO DA SILVA DANTAS
VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO E A MÁ FORMAÇÃO DO CONDUTOR: UMA
ANÁLISE DO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AUTOESCOLAS DE NATAL/RN
Trabalho de Conclusão de Curso, na modalidade
de artigo, apresentado ao Curso de Pedagogia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no
semestre letivo 2015.2, como requisito parcial para
obtenção do grau de Licenciado em Pedagogia.
ORIENTADOR:
Dr. Alexandre da Silva Aguiar.
NATAL/ RN – 2015
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WAGNA ELIZA MACEDO DA SILVA DANTAS
VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO E A MÁ FORMAÇÃO DO CONDUTOR: UMA
ANÁLISE DO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AUTOESCOLAS DE NATAL/RN
Aprovada em: 16/ 12/ 2015
COMISSÃO EXAMINADORA:
_______________________________________
Orientador: Prof. Dr. Alexandre da Silva Aguiar
_______________________________________
Prof. Dra. Marisa Narcizo Sampaio
__________________________________________
Prof. Dr. Thiago Emmanuel Araújo Severo
4
DEDICATÓRIA
Aos que sempre me apoiaram e me incentivaram, em especial a minha família que tanto
amo.
Valeu à pena!
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VIOLÊNCIA NO TRÂNSITO E A MÁ FORMAÇÃO DO CONDUTOR: UMA
ANÁLISE DO ENSINO-APRENDIZAGEM NAS AUTOESCOLAS DE NATAL/RN
Wagna Eliza Macedo da Silva Dantas*
RESUMO
Este trabalho acadêmico tem como finalidade avaliar o processo de formação do condutor nas
autoescolas de Natal/RN, bem como compreender as possíveis causas do crescimento de
acidentes no trânsito. Para isso, foram realizadas entrevistas junto aos Centros de Formação
de Condutores no intuito de conhecer os processos de ensino-aprendizagem adotados nestas
instituições de ensino. Como também foram solicitadas informações junto ao Departamento
Estadual de Trânsito do RN (DETRAN/RN), referente a dados quantitativos de aprovação e
reprovação de alunos, critérios e ações de fiscalização junto às autoescolas, em especial
aquelas relacionadas às exigências de profissionais de educação. Os resultados mostraram a
deficiência de pedagogos e demais profissionais de educação nas autoescolas, bem como
também no DETRAN/RN. Tais dados evidenciaram a pouca ou quase nenhuma preocupação
destas instituições em métodos e práticas pedagógicas direcionadas a uma formação por
completo dos alunos submetidos aos exames teóricos e práticos, tendo como resultado final
um alto índice de reprovação.
Palavras-Chaves: Educação; Autoescola, Formação; Trânsito
*Graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
ABSTRACT
This work aimed to evaluate the driver training process in Natal driving schools, as well as to
understand the possible causes of the traffic accidents growth. For this, interviews were
performed with the driving schools actors in order to know the teaching and learning
processes adopted in these educational institutions. We also requested information at the State
Traffic Department of RN (DETRAN / RN), related to the quantitative data of students
approval and disapproval, their criteria and supervision measures regarding driving
schools, especially those related to education professionals requirements. The results showed
the deficiency in having educators and other education personnel in driving schools and also
in DETRAN/RN. Such data showed the little or no concern of these institutions in teaching
methods and practices directed to complete training students subjected to the theoretical and
practical examinations, having a high failure rate as results.
Keywords: Education, Driving schools, Formation, Traffic
1.
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1. INTRODUÇÃO
As autoescolas no Brasil são instituições de ensino pouco valorizadas e que não
apresentam uma estrutura curricular visando à formação de condutores conscientes e
críticos. Apesar de terem normas próprias, leis específicas e serem fiscalizadas - o que
poderia caracterizá-las como escola regular - não são obrigadas a terem em seus quadros de
colaboradores, principalmente em sala de aula, profissionais da área de educação, em
especial pedagogos e pedagogas.
Por que nas escolas regulares são exigidos profissionais de nível superior e em
autoescolas basta ter o nível médio para ministrar aulas, sem conhecimento básico de
didáticas, sem planejamento e estratégias de ensino?
Já que se trata de um ambiente de aprendizagem e que os resultados esperados
contemplem a formação de um cidadão consciente para o trânsito, é de extrema importância
ter profissionais qualificados, bem como estratégias de ensino-aprendizagem voltados para
uma formação completa, ampla, não se limitando à memorização de placas de sinalização e
artigos do Código de Trânsitos Brasileiro. Após a obtenção da carteira de habilitação,
mediante várias tentativas para maioria dos alunos, o que se verifica no trânsito são
condutores despreparados, sem segurança ao volante e principalmente sem uma postura
cidadã. Recorrendo alguns a empresas que realizam um trabalho mais direcionado a quem já
é habilitado, porém, tem “medo” de dirigir. Como é possível habilitar alguém que de fato
ainda não está preparado? Como comprovar que a carga horária estabelecida para a
formação dos condutores é suficiente? Os profissionais que estão em sala de aula nas
autoescolas, estão devidamente capacitados para realizar suas intervenções didáticas? Esses
e outros questionamentos trazem a tona uma reflexão a cerca da qualidade da formação
destinada aos futuros condutores.
Fazendo uma analogia, podemos destacar que um dos profissionais mais valorizados
no Brasil é o médico, em virtude de ter como principal finalidade em sua profissão salvar
vidas, no entanto, as autoescolas, que se pretende formar condutores responsáveis, prudentes
e conscientes de suas ações no trânsito, negligenciam no que se refere a uma formação
adequada dos condutores, ao delegar essa formação unicamente a profissionais sem a devida
capacitação, promovendo um aprendizado ineficiente e consequentemente um
comportamento imprudente dos futuros condutores no trânsito.
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Esta situação pode explicar em parte o grande número de acidentes por imprudência
e desobediências às sinalizações e leis de trânsito, com resultados muitas vezes trágicos que
atingem direta e indiretamente milhares de pessoas.
A ação de educar e ensinar, não se restringe tão somente a escola, mas todos os
seguimentos da sociedade tem sua parcela de responsabilidade quanto à formação de um de
um ser pensante, ético e que acima de tudo valorize e respeite a vida. Nessa linha de
pensamento Freire (2005) ressalta que a vida humana só tem sentido a partir da busca
incessante da libertação de tudo aquilo que nos desumaniza e nos proíbe de ser mais
humanos, dignos e livres em nosso ser existencialmente situado.
É necessário que lancemos um novo olhar diante da formação do futuro condutor,
buscando uma concepção baseada em princípios éticos e de cidadania. O respeito à vida
deve ser fator primordial na formação dos condutores, afinal, após o recebimento da carteira
de habilitação, o cidadão terá em mãos um meio que pode destruir famílias, mutilar pessoas,
onerar o estado, além de vários outros fatores negativos oriundos de tal imprudência.
Neste sentido, o presente estudo tem como objetivo avaliar o processo de ensino-
aprendizagem, considerando as metodologias, estratégias, planejamento, a didática praticada
nas autoescolas de Natal/RN, identificando assim prováveis deficiências existentes, o que
provavelmente está relacionado ao grande índice de reprovações nos exames teóricos e
práticos do DETRAN/RN.
Para isso foi aplicado um questionário junto às autoescolas de Natal, para
compreendermos como ocorre o processo de ensino-aprendizagem nesses Centros de
Formação de Condutores, bem como avaliarmos os números de alunos ingressantes,
reprovados dos testes teóricos e práticos, quais os equipamentos e materiais utilizados em
sala de aula para o auxílio no processo educacional no trânsito, se existe nas autoescolas
entrevistas na sala de aula, profissionais específicos na área da educação, se o DETRAN
solicita esse profissional e o que pode ser melhorado na relação DETRAN / AUTOESCOLA
/ ALUNO, na formação de um bom condutor.
Além deste foi aplicado um questionário ao Departamento Estadual de Trânsito do
RN (DETRAN/RN), visando descrever como se dá os procedimentos de implantação de
uma autoescola, exigências, resoluções, enfim, todo o aparato legal para o funcionamento
desses Centros de Formação de Condutores, e também analisar os dados relacionados ao
ingresso de alunos e reprovações a partir do ano de 2013 a 2015. As informações obtidas
serão analisadas e comparadas a fim de mensurarmos o índice de reprovação acima
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mencionados, o qual provavelmente tem relação com a má formação fornecida nas
autoescolas.
Visando confrontar os resultados fez-se uma análise das Leis e Normas de Trânsito
Brasileiro, que regulam e orientam a conduta e prática das autoescolas, e também das
resoluções do DETRAN/RN quanto às orientações e estratégias didático-pedagógica que o
órgão recomenda as autoescolas. Será realizada também uma análise crítica, sobre a ótica
das boas práticas pedagógicas para a educação no trânsito e cidadania.
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2. DESENVOLVIMENTO
Compreendendo que educar é antes de tudo um ato político e emancipatório, é
importante que nas esferas de cunho educacional, inclusive as que dispõem de regras
próprias e leis específicas para o seu funcionamento como o caso das autoescolas, existam
pessoas qualificadas para desenvolver um trabalho de ensino-aprendizagem significativo e
com resultados positivos para o aluno e consequentemente para a sociedade.
Diante desse pressuposto, o presente trabalho baseia-se em pesquisa realizada, tanto
nas autoescolas quanto no DETRAN/RN, onde se buscou informações pertinentes aos
procedimentos utilizados na formação do condutor.
Inicialmente é importante ressaltar quais os critérios para obtenção da habilitação,
tendo em vista que são regras nacionais conforme especifica Art. 140 do Código de Trânsito
Brasileiro. Tais critérios exigidos são:
Ser penalmente imputável - a atual legislação brasileira considera penalmente
imputável a pessoa com 18 anos completos;
Saber ler e escrever;
Possuir os seguintes documentos: Carteira de Identidade ou outro documento de
identificação equivalente; Cadastro de Pessoas Físicas no Ministério da Fazenda
(CPF) ou protocolo de encaminhamento do mesmo;
Original de comprovante de residência no município ou região de abrangência do
órgão de trânsito onde deseja proceder à habilitação;
Ser aprovado no exame de sanidade física e mental;
Ser aprovado no exame Psicotécnico;
Frequentar curso teórico ministrado por Instrutor credenciado pelo Departamento de
Trânsito, com carga horária específica e as seguintes disciplinas: legislação, meio
ambiente e cidadania, primeiros socorros, mecânica básica e direção defensiva;
Mediante aprovação no teste teórico, realizar as aulas práticas com Instrutor
credenciado pelo Departamento de Trânsito com carga horária específica.
Observando essas exigências, confirma-se que ter a carteira de habilitação não se
constitui em algo rápido e fácil. A obrigatoriedade da frequência nas aulas teóricas e
posteriormente práticas, configura-se no conceito de apreender um determinado
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conhecimento, o qual será fornecido num ambiente específico para este fim, nesta situação -
à autoescola. Seguindo esta premissa, estando num ambiente com um determinado grupo de
pessoas que se propõem ao aprendizado de algo, com conteúdos específicos e horários pré-
determinados, tendo no processo final uma avaliação para constatar seu desempenho,
subtende-se a necessidade de um profissional especializado para ministrar, elaborar
estratégias de ensino, planos de aula, metodologias e uma intervenção pedagógica
direcionada, tendo como objetivo promover um aprendizado concreto e significativo.
Destacando-se nesse campo, o Pedagogo, o qual durante sua formação, agrega
conhecimentos e habilidades específicas para promoção do saber, de maneira a contemplar
toda diversidade e pluralidade existente em nossa sociedade, além de compreender que o
conhecimento não se dá tão somente na escola regular, mas sim em vários segmentos da
sociedade.
Compreendendo que a educação formal conforme aponta Gohn (2006) se constitui
em instituições regulamentadas por lei, certificadoras, e organizadas segundo diretrizes
nacionais, podemos incluir também as autoescolas nesse campo, tendo em vista a existência
de um aparato legal para sua abertura e funcionamento. Assim, como na escola regular, o
agente educador é o professor, nas autoescolas deve-se seguir a mesma exigência.
No Brasil a autoescola é agente principal na formação de um condutor responsável e
prudente. Para tanto não se deve apenas ensinar ao aluno a parte prática e/ou como
interpretar placas de sinalização. Vai muito mais além, envolve questões de valores
humanos, ambientais, sociais, em suma, ter um aprendizado para a cidadania. Vivemos em
sociedade e, portanto precisamos conhecer, aprender, praticar e cultivar ações que propiciem
uma harmonia entre todos.
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3. METODOLOGIA
Na realização da pesquisa, foram entrevistadas 12 Centros de Formação de
Condutores (CFC), situadas em vários bairros do município de Natal/RN, sendo 06 in loco, e
as demais diretamente com os instrutores nas imediações do próprio DETRAN/RN. No
questionário proposto foram abordados vários questionamentos importantes para conhecer e
compreender como ocorrem as formas de ensino nesses Centros de Formação de Condutos,
e a partir das informações extraídas, fazer uma possível relação com o índice de reprovação
obtido pelos alunos tantos nos testes teóricos quando práticos.
Ao DETRAN/RN foi destinado um questionário com o a finalidade de saber
números necessários a cerca das reprovações nos exames teóricos e práticos, a partir de 2013
a 2015 e fazer um levantamento sobre as regras e normas vigentes quanto à fiscalização das
autoescolas, quais orientações e estratégias fornecidas pelo DETRAN às autoescolas para o
processo de ensino e como se dá o processo de qualificação dos instrutores por parte desse
órgão fiscalizador.
A Tabela 1 informa os questionamentos levantados e as respectivas respostas das
autoescolas entrevistadas. Por questão de ética acadêmica, serão ocultados os nomes das
autoescolas, entrevistados e suas respectivas funções.
Tabela 1 - Resultado geral das entrevistas
CENTRO DE
FORMAÇÃO DE
CONDUTOES
TEMPO DE
FUNCIONAMENTO
ANOS
Nº
INSTRUTORES
MÉDIA
DE
ALUNOS
MENSAL
%
REPROVA
ÇÃO
TESTE
TEÓRICO
%
REPROVA
ÇÃO
TESTE
PRÁTICO
Nº PROFISS.
DA
EDUCAÇÃO
DETRAN –
PROFESSOR
PARA
ORIENTAÇÃO
DOS
INSTRUTORES
CFC 01 5 7 75 20 25 0 0
CFC 02 5 7 75 20 25 0 0
CFC 03 21 6 50 5 10 0 0
CFC 04 10 7 50 15 20 1 0
CFC 05 13 7 50 10 30 1 0
CFC 06 20 8 60 5 10 1 0
CFC 07 19 7 50 30 40 1 1
CFC 08 21 11 70 50 30 0 0
CFC 09 11 8 50 30 30 0 0
CFC 10 23 6 60 93 75 0 0
CFC 11 13 6 25 50 20 1 1
CFC 12 6 12 40 10 40 0 0
Diante dos resultados da pesquisa junto às autoescolas, observa-se inicialmente um
elevado número de reprovações dos alunos nos exames teóricos e práticos, tendo como
justificativa por parte dos entrevistados o desinteresse de boa parte dos alunos em aprender o
conteúdo trabalhado pelos instrutores de ensino, associado a uma avaliação mais criteriosa
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elaborada pelo DETRAN/RN. A primeira justificativa exposta merece aqui um novo olhar a
fim de identificar o que causa o desinteresse dos alunos quanto à aprendizagem dos
conteúdos. Como ocorrem essas aulas? Que tipo de estratégias o instrutor teórico e prático
utiliza para promover o interesse e garantir um aprendizado que dê o suporte necessário para
a aprovação? E sobre tudo, que promova no aluno a compreensão e a conscientização da
grande responsabilidade que caminha em conjunto com o ato de dirigir. Quanto à segunda
justificativa, a criteriosidade das provas teóricas e práticas desenvolvidas pelo
DETRAN/RN, esbarram especificamente no despreparo dos alunos. Não se pode esperar
que o aluno sem o conhecimento teórico a cerca do código brasileiro de trânsito, regras
básicas, entre outros elementos que fazem parte de uma formação cidadã, consiga a
aprovação.
No que se refere à participação de um profissional específico da educação na sala de
aula, a maioria das autoescolas entrevistadas ressaltaram não dispor em seu quadro de
funcionários, ou quando o tem, não estão diretamente na sala de aula, nem tampouco no
acompanhamento das aulas práticas. Recaindo assim, a atribuição da docência ao instrutor
de trânsito.
No entanto, dentre os dados obtidos, uma autoescola se destaca quantos aos números
de reprovações, o qual se mostra bem inferior às demais, bem como foi relatado na
entrevista, à participação de um profissional Pedagogo no quadro de funcionários, atuando
diretamente em sala de aula, com o instrutor. Tal participação comprova um resultado
positivo da autoescola nos exames realizados pelos alunos.
É importante pontuar nesse trabalho, as exigências do DETRAN/RN quanto à equipe
de profissionais a atuarem na autoescola, dentre os quais constam as seguintes funções e
critérios para exercer a atividade, conforme rege a Portaria 2027/10 do DETRAN, cap.VIII
artigo 20:
DOS PROFISSIONAIS DOS CENTROS DE FORMAÇÃO DE CONDUTORES – CFC
I – Diretor Geral, Diretor de Ensino, Coordenador Geral e Coordenador de Ensino:
a) ter no mínimo 21 (vinte e um) anos de idade;
b) ter curso superior completo;
c) ter curso de capacitação específica para a atividade;
d) ter no mínimo 2 (dois) anos de habilitação.
e) apresentar cédula de identidade ou documento equivalente reconhecido por lei;
f) apresentar Carteira Nacional de Habilitação (CNH)
g) apresentar a inscrição no cadastro de pessoas físicas - CPF;
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h) apresentar o Título de Eleitor, com comprovante de votação na última eleição;
i) apresentar declaração de residência autenticada e telefone pessoal para contato;
j) apresentar atestado de antecedentes;
k) apresentar cartão de autógrafo contendo 3 (três) assinaturas e 3 (três rubricas);
l) fotocópia autenticada do registro de empregado, mencionado na Carteira de Trabalho e
Previdência Social- CTPS;
m) declaração de vinculação a um único Centro de Formação de Condutores, quando houver
coincidência do credenciamento com a sua inclusão junto a um CFC;
n) comprovante de pagamento da taxa de registro (anualidade).
II – Instrutor de Trânsito:
a) ter no mínimo 21 (vinte e um) anos de idade;
b) ter formação em curso específico;
c) ter curso de ensino médio completo;
d) ter no mínimo1 (um) ano na categoria “D”;
e) não ter sofrido penalidade de cassação de CNH;
f) não ter cometido nenhuma infração de trânsito de natureza gravíssima nos últimos 60
(sessenta) dias;
g) ter curso de capacitação específica para a atividade e curso de direção defensiva e
primeiros socorros.
No entanto, apesar das exigências da Portaria acima mencionada, observa-se que em
nenhum momento se especifica a participação de um profissional especificamente da
educação atuando diretamente na sala de aula, deixando assim uma lacuna nessas
autoescolas quanto a um trabalho pedagógico mais direcionado e eficaz. Até mesmo nas
poucas autoescolas que informaram dispor de um professor formado, sendo um licenciado
em letras, outro em história, praticamente não há uma relação mais produtiva quanto à
construção de uma prática pedagógica direcionada a promover um aprendizado amplo dos
alunos. O que ocorre muitas vezes é o aprendizado mecânico, por mera reprodução e
memorização de conteúdos, materiais pedagógicos antigos e uma postura antididática em
sala de aula. E principalmente, pouco ou quase nada se observa quanto a uma abordagem
mais expressiva dos valores que devemos ter enquanto cidadão, como a ética, o respeito ao
próximo, o cuidado com meio ambiente, a prudência e a responsabilidade no trânsito.
Faz-se necessário também destacar quanto às exigências mínimas de funcionamento
de um Centro de Formação de Condutores, no que se reporta ao material pedagógico, a
Portaria 2027/10 informa:
II - Recursos Pedagógicos: a) quadro para exposição escrita com, no mínimo, 2m x 1,20m;
b) material didático ilustrativo (folderes e cartazes);
c) acervo bibliográfico sobre trânsito, disponível aos candidatos e instrutores, tais como
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Código de Trânsito Brasileiro, Coletânea de Legislação de Trânsito atualizada e publicações
doutrinárias sobre trânsito
d) recursos audiovisuais necessários por sala de aula(1 TV e 1 DVD);
e) 01(um) micro computador para simulação da prova eletrônica;
f) 01(um) retroprojetor;
g) 01(uma) tela para projeção (opcional);
h) manual para aulas teóricas;
i) 01(um) bebedouro(s) e copos descartáveis
Tais recursos podem ser mais explorados mediante a prática de um profissional com
habilidades e estratégias educacionais específicas. Não basta o aluno estar presente na sala
de aula, é preciso estimulá-lo a participar, interagir e principalmente, que ele se perceba
parte desse processo de conhecimento, agregando dessa forma um aprendizado concreto.
Também podem ser acrescidos outros materiais lúdicos, atividades em grupo, diálogos sobre
cidadania e valores humanos, entre outros que o Pedagogo pode aplicar com planejamento e
segurança. Das autoescolas entrevistas, as repostas quanto ao material didático utilizado são
semelhantes e de forma reduzida, englobando apostilas, data show, vídeos, simulados e uso
do guia de trânsito. Confirmando um ensino limitado e tradicional, afastando o aluno da
possibilidade de construir e aprender de maneira prazerosa e, sobretudo promovendo um
novo olhar no que se refere a ser um futuro habilitado ao trânsito com atitude e
comportamento éticos.
Com os recursos didáticos exigidos na Portaria do DETRAN/RN o instrutor,
responsável direto pela formação do aluno, terá por competência segundo o § 8º:
a) transmitir aos alunos os conhecimentos teóricos e práticos necessários e compatíveis com
as exigências dos exames;
b) tratar os alunos com urbanidade e respeito;
c) cumprir as instruções, os horários estabelecidos no quadro de trabalho da instituição, sendo
obrigatória a captura de sua digital e a do candidato, no início e no término das aulas teórica e
de prática de direção veicular, como também o registro de tópico (s) abordado (s);
d) frequentar cursos de aperfeiçoamento ou de atualização determinados pelos órgãos
executivos estadual e federal; e
e) acatar as determinações de ordem administrativa ou de ensino estabelecidas pelos Diretores
Geral e/ou de Ensino.
Mais uma vez, confirma-se a atribuição de uma atividade tão importante para um
profissional que não dispõe de uma formação adequada. Perpetuando dessa forma um ensino
defasado, formando condutores despreparados, contribuindo para um trânsito de acidentes e,
sobretudo colocando em risco a vida das pessoas.
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Outro ponto de destaque na pesquisa realizada junto às autoescolas diz respeito ao que
pode ser melhorado na relação DETRAN / AUTOESCOLA / ALUNO na formação do bom
condutor. Há uma diversidade de apontamentos, os quais são bastante pertinentes e só vem
corroborar com a necessidade de haver um Pedagogo para orientar o projeto didático-
pedagógico nas autoescolas, bem como realizar uma prática construtiva com os futuros
condutores. É importante ressaltar a participação desse profissional na sala de aula, em
conjunto com os instrutores, a fim de conciliar um aprendizado pleno.
Abaixo as sugestões e me atrevo a dizer, desabafos de alguns instrutores entrevistados
a cerca da grande responsabilidade a que são atribuídos para a formação dos condutores.
Reciclagem dos instrutores por parte do DETRAN/RN;
Atualizar materiais explicativos para os alunos;
Planejamento das aulas teóricas;
Trabalhar a educação no trânsito desde a infância;
Ampliação do número de aulas;
Melhorar e aumentar o material didático para auxiliar os alunos;
Intensificar o interesse dos alunos;
Descaso do DETRAN/RN na formação do condutor;
Deixar o simulador em segundo plano e focalizar no aprendizado prático e real;
Haver instrutor para cada disciplina (legislação, direção defensiva, meio ambiente e
cidadania, mecânica básica e primeiros socorros);
Haver maior interação e parceria com o DETRAN/RN;
Na avaliação psicológica já ser confirmado à existência ou não de habilidades;
Ter uma avaliação para o DETRAN/RN.
Pode-se constatar diante das necessidades apresentadas pelos entrevistados, melhorias
e ampliações no processo de formação do condutor, a fim de possibilitar um melhor
rendimento nas avaliações do DETRAN/RN, bem como consolidar um aprendizado que vá
além do simples fato de possuir a carteira de habilitação.
Formar pessoas habilitadas a dirigir é algo tão importante e sério, que deve ser
reavaliado, bem como os procedimentos utilizados nessa formação, tais como: a qualificação
dos profissionais em sala de aula, os conteúdos a serem trabalhados, a metodologia utilizada e
a discussão produtiva a cerca dos valores humanos, os quais, parecem distorcidos e pouco
abordados num ambiente educativo em que se constitui a autoescola.
Ao DETRAN/RN foi encaminhado um questionário para o setor de Estatística,
conforme orientação ao relatar quais informações seriam necessárias para o estudo. O
questionário foi prontamente respondido. É composto por 15 perguntas relacionadas à
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quantidade de autoescolas existentes no município de Natal/RN, dados referentes aos
candidatos reprovados nos testes teórico e prático de 2013 a 2015, e questionamento a cerca
dos critérios para abertura de uma autoescola: como se dá a fiscalização desses
estabelecimentos pelo DETRAN/RN, quais orientações e estratégias didático-pedagógica que
o DETRAN/RN recomenda as autoescolas, quais avaliações que esse órgão realiza com os
instrutores, entre outros questionamentos importantes para a constatação de possíveis lacunas
na formação de um bom condutor.
No questionário respondido pelo setor de Estatística do DENTRAN/RN constam 44
autoescolas. No entanto, a pesquisa foi realizada em 12 autoescolas, as quais forneceram
subsídios suficientes para o estudo.
Quanto aos dados solicitados dos candidatos reprovados, causou espanto a progressão
das reprovações nos exames teórico e práticos (de 2013 a 2015). Em especial os exames
teóricos, o que reforça a criteriosidade adotada pelo DETRAN/RN na elaboração das provas,
bem como o despreparo dos alunos ao realizá-las. Abaixo as tabelas fornecidas pelo
DETRAN/RN para uma melhor análise dos dados.
Tabela 2 - Quantitativos de Aptos e Inaptos 2013
Apto Inapto Total
Exames práticos Rio Grande do Norte 55.546 26.756 82.302
Natal 18.621 11.941 30.562
Exames teóricos Rio Grande do Norte 38.349 7.673 46.022
Natal 18.141 2.879 21.020
FONTE: DETRAN/RN, 2015.
Tabela 3 - Quantitativos de Aptos e Inaptos 2014
Apto Inapto Total
Exames práticos Rio Grande do Norte 54.784 30.856 85.640
Natal 21.167 20.286 47.453
Exames teóricos Rio Grande do Norte 32.974 37.583 70.557
Natal 18.741 19.235 37.976
FONTE: DETRAN/RN, 2015.
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Tabela 4 - Quantitativos de Aptos e Inaptos 2015
Apto Inapto Total
Exames práticos Rio Grande do Norte 39.586 19.590 59.176
Natal 13.393 10.498 23.891
Exames teóricos Rio Grande do Norte 24.959 36.028 60.987
Natal 8.099 11.080 19.179
FONTE: DETRAN/RN, 2015.
No que se refere às documentações e critérios necessários para abertura de uma
autoescola, o DETRAN/RN informa que segue a resolução 358/10 do Conselho Nacional de
Trânsito – CONTRAN, em que consta em seu Art.5º:
I - requerimento da unidade da instituição dirigido ao órgão ou entidade executivo de
trânsito do Estado ou do Distrito Federal;
II - infraestrutura física e recursos instrucionais necessários para a realização do(s) curso(s)
proposto(s);
III - estrutura administrativa informatizada para interligação com o sistema de informações do
órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal;
IV - relação do corpo docente com a titulação exigida no art.18 desta Resolução;
V - apresentação do plano de curso em conformidade com a estrutura curricular contida
no Anexo desta Resolução;
VI - vistoria para comprovação do cumprimento das exigências pelo órgão ou entidade
executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal;
VII - publicação do ato de credenciamento e registro da unidade no sistema informatizado do
órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal;
VIII - participação dos representantes do corpo funcional, em treinamentos efetivados pelo
órgão ou entidade executivo de trânsito do Estado ou do Distrito Federal, para desenvolver
unidade de procedimentos pedagógicos e para operar os sistemas informatizados, com a
devida liberação de acessos mediante termo de uso e responsabilidades.
Essa mesma resolução em seus anexos, informa os cursos oferecidos para capacitação
dos profissionais que irão atuar na autoescola no processo educacional. Verifica-se uma
quantidade de horas limitada para essa capacitação, bem como a não exigência de um
profissional devidamente preparado e com uma formação específica na área educacional para
atuar na sala de aula dando a devida assistência ao instrutor quanto ao planejamento das aulas
e estratégias de ensino, bem como também nas aulas práticas.
Sabendo que, para ser formar um Pedagogo, o curso superior constitui-se em uma
carga horária total de currículo em 3.220h, como esperar que um instrutor com um curso
básico de capacitação de 180h possa apreender habilidades e estratégias de ensino-
aprendizagem significativas para a formação dos futuros condutores? Aqui se tem um
questionamento extremamente relevante, o qual não se pode ocultar. É preciso lançar mãos de
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novas ações que promovam nas autoescolas a capacidade de formar indivíduos plenamente
capazes de dirigir e principalmente responsáveis no trânsito.
Quanto à estrutura curricular básica para o curso de instrutor de trânsito, conforme a
resolução 358/10 do Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN apresentam-se os seguintes
módulos:
ESTRUTURA CURRICULAR BÁSICA
3.1 - CURSO PARA INSTRUTOR DE TRÂNSITO 180 HORAS-AULA
3.1.1. MÓDULO I – FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO 16 HORAS-AULA
•Fundamentos da Educação - relação educação e sociedade: dimensões filosófica, sociocultural e
pedagógica; teorias educacionais.
•Currículo e construção do conhecimento: processo de ensino-aprendizagem.
•Noções de Psicologia da Educação - Bases psicológicas da aprendizagem: conceitos básicos;
principais teorias e suas contribuições; processo de aprendizagem do jovem e do adulto; relações da
psicologia e a prática pedagógica.
•Relação instrutor/candidato - atribuições do instrutor: instrutor como educador; princípios éticos da
relação instrutor/candidato ou condutor; direitos, deveres e responsabilidade civil durante as aulas de
direção veicular; interdependência entre ação profissional e princípios éticos.
•Relacionamentos no Trânsito.
3.1.2. MODULO II – DIDÁTICA 20 HORAS-AULA
•Processo de planejamento: concepção, importância, dimensões e níveis; planejamento de ensino em
seus elementos constitutivos: objetivo s e conteúdos de ensino; métodos e técnicas; multimídia
educativa e avaliação educacional; processo de planejamento e a elaboração de planos de ensino:
objetivos, conteúdos métodos e técnicas de ensino, recursos didáticos e avaliação.
•Orientações pedagógicas para o processo de formação de condutores: especificidade da atuação do
instrutor nos cursos teórico e de prática de direção veicular em veículos de duas e de quatro ou mais
rodas.
•Acompanhamento e avaliação no processo de ensino e aprendizagem: importância, procedimentos e
habilidades necessárias.
3.1.3. MODULO III - LÍNGUA PORTUGUESA 8 HORAS-AULA
•Habilidades de comunicação e expressão oral e escrita.
•Importância da comunicação no processo de aprendizagem e na direção de um veículo.
•Interpretação de textos.
3.1.4. MODULO IV – CONTEÚDOS A SEREM DESENVOLVIDOS NOS CURSOS TEÓRICOS -
92 HORAS-AULA
●Legislação de Trânsito –32 horas-aula
Código de Trânsito Brasileiro: Sistema Nacional de Trânsito – SNT; Órgãos executivos, normativos e
consultivos; vias públicas; habilitação de condutores; normas de circulação e conduta; infrações e
penalidades; medidas administrativas; processo administrativo; crimes de trânsito; sinalização.
Resoluções do CONTRAN: resoluções aplicáveis ao processo de habilitação, sinalização viária,
documentação obrigatória e educação para o trânsito.
●Direção defensiva –20 horas-aula
Definição e elementos da direção defensiva; física aplicada – conceitos de física aplicados ao trânsito;
condições adversas do meio ambiente e da via; normas para ultrapassagem; acidentes de trânsito –
situações de risco e como evitá-los; condução econômica; manutenção preventiva do veículo; condutor
defensivo - procedimentos defensivos; a responsabilidade do condutor de veiculo de maior porte em
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relação aos de menor porte; pilotagem de motocicleta - equipamentos obrigatórios; postura do
motociclista; aspectos físico, emocional e social do condutor e interferência na segurança do trânsito.
●Noções de primeiros socorros e Medicina de Tráfego–12 horas-aula
A legislação de trânsito e os socorros de urgência; verificação das condições gerais da vítima;
cuidados com a vítima – o que não fazer; ações básicas no local do acidente - sinalização do local,
acionamento de recursos, telefones de emergência;
•Noções de proteção e respeito ao meio ambiente e de convívio social no trânsito 12 horas-aula
Poluição ambiental causada por veículos automotores – emissão sonora, de gases e de partículas -
manutenção preventiva do veículo; meio ambiente - contexto atual e regulamentação do CONAMA
sobre poluição causada por veículos; relações interpessoais – diferenças individuais, o indivíduo como
cidadão.
•Psicologia Aplicada à Segurança no Trânsito – 8 horas-aula
Relações interpessoais; a obediência às leis e à sinalização; o controle das emoções; a atenção e
cuidados indispensáveis a segurança do trânsito.
●Noções sobre funcionamento do veículo de 2 e 4 rodas / Mecânica Básica - 8 horas- aula.
Equipamentos de uso obrigatório do veículo e sua utilização; extintor de incêndio – manuseio e uso;
responsabilidade do condutor com a manutenção do veículo; alternativas de solução para reparos, em
eventos de emergência mais comuns, no veículo.
3.1.5 – MÓDULO V – PRÁTICA DE DIREÇÃO VEICULAR EM VEÍCULO DE
DUAS E QUATRO RODAS – 24 HORAS-AULA
•Postura do instrutor na condução das orientações com o veículo em movimento e procedimentos nas
solicitações de manobra.
•O veículo de duas ou três rodas: funcionamento, equipamentos obrigatórios e sistemas.
•O veículo de quatro rodas: funcionamento, equipamentos obrigatórios e sistemas.
•Os pedestres, os ciclistas e demais atores do processo de circulação.
•Prática de direção veicular na via pública: direção defensiva, normas de circulação e conduta, parada
e estacionamento, observância da sinalização e comunicação; cuidados e atenção especiais com a
circulação com veículos de duas ou três rodas.
3.1.6 – MODULO VI - PRÁTICA DE ENSINO SUPERVISIONADO 20 HORAS-AULA
•Planejamento da prática de ensino – 5 horas-aula. Elaborar instrumentos de observação de aulas, de
planos de aula e de relatórios, sob supervisão do professor da Instituição de Ensino em que realizou o
curso;
•Observação de aulas – 10 horas-aula, sendo:
5 horas de observação de aula teórica; 3 horas de observação de aula prática de direção veicular em
veículo de quatro rodas nas diferentes categorias de sua habilitação; 2 horas de observação de aula
prática de direção veicular em veículo de duas rodas; Apresentar relatório, ao final das observações
feitas em CFC credenciado pelo DETRAN.
•Prática de ensino – 5 horas-aula.
Cada aluno deverá ministrar aula teórica, sob supervisão do professor da Instituição de Ensino em que
realizou o curso.
Diante do exposto a cerca do curso de formação para o instrutor, fica evidente que o
mesmo terá enorme responsabilidades e exigências quanto a sua atuação na sala de aula, no
entanto, a formação não abrange o período necessário para apreensão de embasamento
teórico, realização de atividades que possam relacionar com a prática, habilidades específicas
e um aprofundamento da didática. De fato, se constitui em um curso superficial relacionado à
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docência. Profissão essa que exige bastante esforço e dedicação por parte do aprendiz
professor. O conhecimento não se transmite, ele se constrói coletivamente, levando-se em
consideração vários elementos importantes no processo de ensino-aprendizagem. Revela-se,
portanto nesse contexto um descaso por parte do Código de Trânsito Brasileiro e dos seus
órgãos fiscalizadores quanto à necessidade e importância de um Pedagogo nas autoescolas.
Outro ponto que chama atenção diz respeito aos procedimentos de fiscalização
realizadas nas autoescolas por parte do DETRAN. O Órgão ressalta que se constitui apenas
em visita técnica, e que dispõe de 05 servidores para fiscalizar. O que provavelmente limita-se
mais a uma parte burocrática e estrutural. É necessário que haja também uma fiscalização
direcionada ao fazer pedagógico, ao que está sendo ministrado na sala de aula e de que forma.
É preciso relacionar o número de reprovação nos exames com a didática desenvolvida ou a
falta dela, na sala de aula, compreender que a autoescola se configura em um ambiente repleto
de conhecimento e para tanto necessita de um profissional devidamente preparado para
construir com o aluno uma formação plena, não apenas direcionada a informações técnicas do
trânsito, mas, que percebam que suas ações refletirão positiva ou negativamente na sociedade.
Como orientações e estratégias didático-pedagógicas recomendadas pelo
DETRAN/RN às autoescolas, o órgão especifica a reflexão e contextualização do Trânsito.
Contudo, é importante saber e promover muito mais do que reflexão e contextualização, é
preciso compreender como essas ações se configuram na prática, na abordagem do
responsável pela formação dos futuros condutores. De que maneira o instrutor promove esse
direcionamento na sala de aula? Será que atendem as necessidades reais de um aprendizado
significativo e amplo? Ocorre alguma avaliação da prática pedagógica adotada por ele em sala
de aula? Configura-se de fato o ato de planejar a aula? Há uma unicidade dos conteúdos? O
que se tem certeza diante de tais questionamentos é a existência de uma grande lacuna no que
se refere a uma educação de qualidade nas autoescolas. Ressalto que uma educação de
qualidade não se configura tão somente no contexto de uma escola regular, mas sim, em todo
e em qualquer segmento que vise uma postura ética e humana.
Como forma de conceber a importância de um pedagogo no contexto de uma educação
para o trânsito, o DETRAN/RN ressalta que dispõe de um (01) pedagogo em seu corpo
técnico para orientar as autoescolas quanto à prática pedagógica utilizada. Utilizando-se de
palestras e seminários. No entanto, não supre as necessidades reais dos alunos no decorrer do
processo formativo, tendo em vista os números de reprovações crescentes nos exames teórico
e prático.
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Diante das imprudências e acidentes no trânsito, em sua maioria ocasionado como
consequência de uma formação inadequada, o DETRAN/RN disponibiliza campanhas de
educação para o trânsito a cada 6 meses. Tais campanhas têm sua importância, mas, se
caracterizam em suprir uma falta durante o período formativo do condutor. Pois, se durante a
formação fosse construído com o aluno valores essenciais para a convivência em sociedade, a
cultura do respeito ao outro, a prudência, o cuidado com o meio ambiente, a importância do
diálogo, enfim, as boas ações e comportamentos, teríamos um trânsito menos violento,
imprudente e cruel.
Para compreendermos a concepção que o DETRAN/RN tem a respeito das
contribuições que um Pedagogo na formação do condutor, foi ressaltado que o profissional do
DETRAN/RN contribui para melhorar as metodologias nas aulas teóricas e práticas. Então, se
ele – o Pedagogo – contribui significamente, porque não lançar um novo olhar quanto à
formação dos futuros condutores, e ter nos Centros de Formação de Condutores um Pedagogo
para orientar constantemente o processo educacional dos alunos? Acredito que é uma opção
acertada, tendo em vista um investimento social extremamente importante.
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4. CONCLUSÃO
Os resultados obtidos na realização desse estudo corroboram com a assertiva de que o
processo de ensino-aprendizagem desenvolvido nas autoescolas, bem como a participação do
órgão fiscalizador nas atribuições que a ele competem quanto à fiscalização e orientação das
práticas pedagógicas desenvolvidas, não atende de forma eficiente para uma boa formação do
futuro condutor.
Assim, diante das informações levantadas na pesquisa, pode-se afirmar que o grande
número de reprovação nos exames teóricos e práticos do DETRAN/RN, está diretamente
relacionado com a falta de profissionais preparados para realizar um processo de ensino-
aprendizagem eficiente e que contemplem uma formação plena dos candidatos que buscam
adquirir sua habilitação.
Os insucessos dos alunos ao realizar os exames de aptidão para obtenção da carteira de
habilitação, assim como a má conduta de outros motoristas já habilitados revelam a
necessidade de haver um Pedagogo nas salas de aulas das autoescolas, tendo como finalidade
desenvolver um projeto de ensino inovador, de qualidade e que sobre tudo enalteça a
valorização da vida humana em primeiro plano.
A política Nacional de Trânsito além de eleger a preservação da vida, da saúde e do
meio ambiente, e a educação contínua para o trânsito como os objetivos prioritários das
políticas públicas sobre trânsito, definiu metas a serem alcançadas até 2006, 2010 e 2014,
vinculadas aos seguintes objetivos: aumentar a segurança de trânsito; promover a educação
para o trânsito; garantir a mobilidade e acessibilidade com segurança e qualidade ambiental a
toda a população; promover o exercício da cidadania, a participação e a comunicação com a
sociedade, e fortalecer o Sistema Nacional de Trânsito.
Contudo, como alcançar esses objetivos da melhoria do trânsito, respeito, consciência
cidadã, se nas autoescolas o processo de ensino-aprendizagem não tem um planejamento mais
direcionado, tendo como finalidade esclarecer, incentivar, divulgar e conscientizar?
É preciso desconstruir a metodologia desenvolvida nas autoescolas, e diante disso,
dispor em seu quadro de funcionários um Pedagogo, o qual através de suas práticas educativas
complementará o processo educativo promovido nos Centro de Formação de Condutores.
Tendo em vista que, a educação não se restringe apenas aos muros da escola regular, a
participação do Pedagogo nas autoescolas é de fundamental importância, assim como nas
outras áreas de contexto não escolar, esse profissional tem muito a contribuir para uma
formação mais plena e significativa. Segundo Ortega Y Gasset (1990, p.51) a pedagogia é a
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ciência que transforma as sociedades, pela moralidade, em uma reunião com pessoas com
ideias. Nesse sentido, o pedagogo possui habilidades que o permite trabalhar em diversos
contextos educacionais, os quais necessitam de uma intervenção pedagógica específica e que
contemple as necessidades reais do público o qual atende e consequentemente da própria
sociedade.
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5. REFERÊNCIAS
BRASIL. Constituição (1997). Lei Nº 9.503: Código de Trânsito Brasileiro. Brasília.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm
BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN. RESOLUÇÃO Nº 358. DE 13 DE AGOSTO
DE 2010. Regulamenta o credenciamento de instituições ou entidades públicas ou privadas para o
processo de capacitação, qualificação e atualização de profissionais, e de formação, qualificação,
atualização e reciclagem de candidatos e condutores e dá outras providências.
http://www.denatran.gov.br/download/resolucoes/resolucao_contran_358_10_ret.pdf
BRASIL. Conselho Nacional de Trânsito – CONTRAN. RESOLUÇÃO Nº168 DE 14 DE
DEZEMBRO DE 2004. Estabelece normas e procedimentos para a formação de condutores de
veículos automotores e elétricos, a realização dos exames, a expedição de documentos de habilitação,
os cursos de formação, especializados, de reciclagem e dá outras providências.
http://www.denatran.gov.br/download/resolucoes/resolucao_contran_168.pdf
Código de Trânsito Brasileiro: instituído pela Lei nº 9.503, de 23-9-97 - 1ª edição - Brasília:
DENATRAN, 2008, 708 p.
COUTINHO, Leonardo. Morre-se mais em acidentes de trânsito do que por câncer. [mensagem
pessoal] Mensagem recebida por: <[email protected]>. em: 21 dez. 2013.
GOHN, Maria da Glória. Educação não-formal, participação da sociedade civil e estruturas
colegiadas nas escolas. Ensaio, Rio de Janeiro, v. 14, n. 50, p.27-38, jan. 2006.
RIO GRANDE DO NORTE. Portaria n.2.027/2010-GADIR, 08 de novembro de 2010. Regulamenta
o credenciamento de instituições ou entidades públicas ou privadas para o processo de capacitação,
qualificação e atualização de profissionais, e de formação, qualificação, atualização e reciclagem de
candidatos e condutores e, estabelece os procedimentos necessários para o processo de habilitação,
normas relativas à aprendizagem e exames de habilitação do Departamento Estadual de Trânsito do
Rio Grande do Norte - DETRAN/RN.:
http://www.detran.rn.gov.br/Conteudo.asp?TRAN=ITEM&TARG=72301&ACT=null&PAGE=0&PA
RM=null&LBL=null#sthash.YUnhKidm.dpuf
SILVA, Roberto da; SOUZA NETO, João Clemente de; MOURA, Rogério. ÁREAS PRIORITÁRIAS
PARA ATUAÇÃO DA PEDAGOGIA SOCIAL NO BRASIL. In: SILVA, Roberto da; SOUZA
25
NETO, João Clemente de; MOURA, Rogério Adolfo de. Pedagogia Social. São Paulo: Expressão e
Arte Editora, 2009. P. 324
ZITKOSKI, Jaime Jose. O DIALÓGO EM FREIRE: Caminho para a humanização. Revista
Eletrônica "Fórum Paulo Freire", Rs, v. 01, n. 01, p.01-07, jun. 2005.
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APÊNDICES
QUESTIONÁRIOS UTILIZADOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE- UFRN
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO
CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
PROFESSOR ORIENTADOR: ALEXANDRE DA SILVA AGUIAR
DISCENTE: WAGNA ELIZA MACEDO DA SILVA DANTAS
QUESTIONÁRIO PARA AS AUTOESCOLAS – PROPRIETÁRIO OU ADMINISTRADOR
1- Nome____________________________funcão_________________
2- Quanto tempo à autoescola está em funcionamento?
3- Quantos instrutores a autoescola possui?
4- Qual a média de alunos mensal?
5- Qual a porcentagem de alunos que são reprovados no teste teórico do DETRAN?
6- Qual a porcentagem de alunos que são reprovados no teste prático do DETRAN?
7- A autoescola possui um profissional da educação? Caso sim, passar para os itens 7.1 e 7.2; caso
não, item 8.
7.1- Qual á formação?
7.2- Falar com o profissional da educação e realizar um breve relatório.
8- Em algum momento o DETRAN solicitou um profissional da educação para orientar os
instrutores?
9- Quais os principais equipamentos e materiais que a autoescola utiliza no processo de ensino-
aprendizagem dos alunos?
10- Pela sua experiência, o que pode ser melhorado na relação DETRAN / autoescola / aluno, na
formação de um bom condutor?
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE- UFRN
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE PRÁTICAS EDUCACIONAIS E CURRÍCULO
CURSO: PEDAGOGIA
DISCIPLINA: TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
PROFESSOR ORIENTADOR: ALEXANDRE DA SILVA AGUIAR
QUESTIONÁRIO – DETRAN/RN
1- Quantas autoescolas estão cadastradas em natal?
2- Qual o número de alunos nas autoescolas nos anos de 2013/2014 e 2015.
3- Qual o número de reprovação nos testes teóricos e prático nos respectivos anos?
4- Quais as documentações e critérios necessários para abertura de uma autoescola?
5- Quais formas de fiscalização nas autoescolas que o DETRAN realiza?
6- Qual o número de fiscais para realizar a verificação do cumprimento das normas de
funcionamento de uma autoescola?
7- Quais critérios utilizados pelo DETRAN para avaliar as condições dos veículos utilizados nos
testes práticos?
8- Quais as orientações/estratégias didático-pedagógico que o DETRAN recomenda ás
autoescolas?
9- Quais avaliações o DETRAN realiza com os instrutores?
10- Qual a periodicidade que o DETRAN realiza cursos de aperfeiçoamento com os instrutores
das autoescolas?
11- Qual o quantitativo de profissionais da educação do corpo técnico do DETRAN para
fiscalizar/orientar às autoescolas quanto a prática pedagógica utilizada?
12- Quais às formas e periodicidade das campanhas de educação no trânsito desenvolvidas pelo
DETRAN?
13- Quais às formas de encontro, palestras, seminários, conferências que o DETRAN realiza com
as autoescolas?
14- Em sua opinião quais as contribuições do Pedagogo na formação de um condutor?
15- Espaço reservado para informações extras que queira compartilhar.