vinícius de morais, antologia

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Vinícius de Morais Antologia Poética, 1967 rafabebum.blogspot.co m

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Page 1: Vinícius de morais, antologia

Vinícius de Morais

Antologia Poética, 1967

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Page 2: Vinícius de morais, antologia

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1.ª edição: 1954; 2.ª edição: 1960

144 poemas + apêndice de 3 poemasAdvertência:1.ª fase: 31 poemas2.ª fase: 113 poemas

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1.ª fase (década de 30): religiosidade,

espiritualismo, temor do pecado, figura da mulher associada ao pecado, à

sedução, à tentação

(Desespero da Piedade)

Meu Senhor, tende piedade dos que andam de bondeE sonham no longo percurso com automóveis, apartamentos...Mas tende piedade também dos que andam de automóvelQuando enfrentam a cidade movediça de sonâmbulos, na

direção.

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Tende piedade dos homens públicos e em particular dos políticosPela sua fala fácil, olhar brilhante e segurança dos gestos de mãoMas tende mais piedade ainda dos seus criados, próximos e parentesFazei, Senhor, com que deles não saiam políticos também.

E no longo capítulo das mulheres, Senhor, tenha piedade das mulheresCastigai minha alma, mas tende piedade das mulheresEnlouquecei meu espírito, mas tende piedade das mulheresUlcerai minha carne, mas tende piedade das mulheres!

Tende piedade da moça feia que serve na vidaDe casa, comida e roupa lavada da moça bonitaMas tende mais piedade ainda da moça bonitaQue o homem molesta — que o homem não presta, não presta, meu Deus!

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2.ª fase (década de 40): religiosidade branda; a mulher como o produto mais

bem acabado da criação divina

Meu Deus, eu quero a mulher que passa.Seu dorso frio é um campo de líriosTem sete cores nos seus cabelosSete esperanças na boca fresca!

Oh! Como és linda, mulher que passasQue me sacias e supliciasDentro das noites, dentro dos dias!

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2.ª fase (década de 40): presença da ternura, do cotidiano

Minha mãe, manda comprar um quilo de papel almaço na vendaQuero fazer uma poesia.Diz a Amélia para preparar um refresco bem geladoE me trazer muito devagarinho.Não corram, não falem, fechem todas as portas a chaveQuero fazer uma poesia.

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A um passarinho

Para que viesteNa minha janelaMeter o nariz?Se foi por um versoNão sou mais poetaAndo tão feliz!Se é para uma prosaNão sou AnchietaNem venho de Assis.

Deixa-te de históriasSome-te daqui!

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Imagens constantes na 2.ª fase- A lua- O mar- A devoção à mulher e ao amor

Sonetos CAMONIANOS

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De tudo ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momentoE em seu louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.

Page 10: Vinícius de morais, antologia

Soneto de despedida

Uma lua no céu apareceuCheia e branca; foi quando, emocionadaA mulher a meu lado estremeceuE se entregou sem que eu dissesse nada.

Larguei-as pela jovem madrugadaAmbas cheias e brancas e sem véuPerdida uma, a outra abandonadaUma nua na terra, outra no céu.

Mas não partira delas; a mais loucaApaixonou-me o pensamento; dei-oFeliz – eu de amor pouco e vida pouca

Mas que tinha deixado em meu enleioUm sorriso de carne em sua bocaUma gota de leite no seu seio.

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Essa mulher que se arremessa, friaE lúbrica aos meus braços, e nos seiosMe arrebata e me beija e balbuciaVersos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancoliaQue se ri dos meus pálidos receiosA única entre todas a quem deiOs carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclamaA miséria e a grandeza de quem amaE guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! – uma cadelaTalvez... – mas na moldura de uma camaNunca mulher nenhuma foi tão bela!

Sensualidade, Erotismo

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Poemas de tema social

- Balada dos Mortos dos Campos de Concentração-A Bomba Atômica- A Rosa de Hiroxima- O Operário em Construção

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Era uma casa muito engraçadaNão tinha teto, não tinha nada

Ninguém podia entrar nela, nãoPorque na casa não tinha chão

Ninguém podia dormir na redePorque na casa não tinha parede

Ninguém podia fazer pipiPorque penico não tinha ali

Mas era feita com muito esmeroNa rua dos bobos, número zero

Poemas infantis

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Para consultar todos os poemas:

http://www.comvest.unicamp.br/vest2011/livros.html