villa-lobos também se aproveitou do estado-novo (mendes, 2009)

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    15/11/2009 - 08h00

    "Villa-Lobos tambm se aproveitou do Estado Novo", diz Tinhoro EUCLIDES SANTOS MENDES da Folha de S.Paulo

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    De repente, chega o maestro com sua cabeleira, sobe num pdio de madeira armado no meio do campo. A um sinal dele, o estdio inteiro comeou a cantar." Assim o historiador musical Jos Ramos Tinhoro, 81, relembra, em entrevista concedida Folha, a apresentao do coral orfenico regido por Heitor Villa-Lobos em 7 de setembro de 1940, no Rio de Janeiro.

    Tinhoro, que poca era estudante, fez parte do coral, formado por quase 40 mil vozes, que se apresentou no estdio de So Janurio.

    Convidado pelo governo Vargas (1930-45) a colaborar na poltica cultural do Estado, Villa-Lobos incentivou a implementao de aulas de msica nas escolas, na poca.

    Autor de "Histria Social da Msica Popular Brasileira" e "Os Sons dos Negros no Brasil" (ambos publicados pela ed. 34), Tinhoro avalia que a relao do maestro com a ditadura varguista [1937-45] era um "jogo duplo".

    "Villa-Lobos se aproveitou do fato de o governo estar interessado nisso [a msica], e o governo se aproveitou do fato de ele ser o grande nome que poderia ser usado para essa poltica [cultural]", afirma na entrevista abaixo.

    FOLHA - Como foi o seu encontro com Villa-Lobos, nos anos 1940?

    JOS RAMOS TINHORO - No tive propriamente um encontro, estive era perdido numa massa de alunos que formavam um imenso coral regido por ele.

    Eram cerca de 40 mil [pessoas] de todas as escolas com turmas de msica do Rio de Janeiro. Esse episdio de Villa-Lobos reunir o coral no campo do Vasco [da Gama] foi em 7 de setembro de 1940.

    Villa-Lobos s foi no dia da apresentao, com 40 mil pessoas para assistir festa cvica. De repente, chegou o maestro com sua cabeleira, sobiu num pdio de madeira armado no meio do campo.

    A um sinal dele, o estdio inteiro comeou a cantar.

    Eu me lembro de que eram canes que falavam da natureza, do Brasil.

    Era uma demonstrao de massa, um conjunto de coros formando um imenso coral. Fazia parte da poltica cultural do Estado [Novo], pelo qual Villa-Lobos gostosamente se deixou usar, por causa da preocupao que tinha em divulgar a msica.

    Ele queria que todo mundo se interessasse por msica.

    Divulgao

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    FAMILIAHighlight

  • O maestro Heitor Villa-Lobos (1887-1959), o mais importante compositor brasileiro de msica erudita

    FOLHA -Qual, ento, era a relao do compositor com o governo de Getlio Vargas?

    TINHORO - Hoje, tenho a clara convico de que o sistema [o Estado Novo] usou Villa-Lobos. Por que foram cham-lo, e no a outro, para fazer esse papel? Porque viera da Europa e era o maior compositor erudito do Brasil, poca.

    Nesse sentido, usou Villa-Lobos pelo seu nome e pelo fato de ser preocupado com essa histria de canto coral etc.

    Villa-Lobos, por sua vez, como passou a ter poder de deciso [na poltica cultural do Estado], determinou o repertrio que as professoras [de msica] deviam ensinar nas escolas para as apresentaes no estdio. E, com isso, fez uma coisa que, no fundo, queria: difundir o cultivo da msica por meio do canto coral.

    FOLHA - Villa-Lobos teve papel decisivo na educao musical?

    TINHORO -Teve um peso importante. Sobre isso, eu mesmo tenho que me penitenciar por ter escrito assim: "Villa-Lobos, maestro da ditadura [do Estado Novo]".

    Era um jogo duplo: ele se aproveitou do fato de o governo ter interesse nisso [a msica], e o governo se aproveitou do fato de ele ser o grande nome que poderia ser usado para essa poltica [cultural].

    FOLHA - Como os sons e a msica que ecoavam das ruas influenciaram a formao do compositor?

    TINHORO - Basta ouvir "O Trenzinho do Caipira". Villa-Lobos tem uma obra extensssima, com canes e coisas que aproveitou, por exemplo, de msicos de choro. Ele [tambm] tocava choro.

    O tema que ele usa [na sua obra] popular, mas o tratamento erudito, mesmo com as deficincias [tcnicas] de que acusado.

    FOLHA -Como o folclore brasileiro influenciou a msica de Villa-Lobos?

    TINHORO - Ele viajou muito pelo Brasil antes de ir para a Europa [no incio dos anos 1920]. Comeou a percorrer o pas e no enviava notcias para a famlia. Passaram-se anos, a me achou que ele tivesse morrido e chegou a mandar rezar uma missa.

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  • Ele andava por Gois, Minas [Gerais], interior de So Paulo... andou por todo o Brasil, e, em todo lugar a que ia, anotava a msica local e guardava no ouvido a sonoridade. por isso que uma figura importante, porque no foi um msico de gabinete. E quando jovem, como precisava de dinheiro, tocava at em confeitaria no Rio. Quando o pai morreu, ele tinha 12 anos.

    Estudou, alm de piano, violoncelo e violo. Villa-Lobos um pouco autodidata. Chegou a se matricular em um curso no Instituto Nacional de Msica, no Rio de Janeiro, mas no ficou l muito tempo.

    Ele acusado por alguns crticos de no ter uma fatura musical completa pela falta de conhecimento tcnico detalhado. Mas supria isso com a exuberncia de sua musicalidade e de seu talento.

    FOLHA -Qual a relao entre Villa-Lobos e Mrio de Andrade?

    TINHORO - Os dois eram prximos [ambos participaram da Semana de Arte Moderna de So Paulo, em 1922]. Mrio de Andrade partia do princpio de que, na msica erudita, no adianta imitar os grandes autores europeus.

    Portanto, [a composio erudita] tem que procurar temas nacionais e desenvolver um tipo de msica em que se tem a tcnica e a teoria de nvel erudito, mas dentro de uma forma brasileira, que era uma forma nacionalista.

    FOLHA - O sr. acha que o fato de ele ser brasileiro compromete a consolidao da sua obra na histria da msica do sculo 20?

    TINHORO - No. A msica que ele fez, mesmo quando usa um tema popular, tem um nvel de sofisticao de msica erudita.

    Ora, o cdigo da msica erudita vale para qualquer pas. Mas claro que um francs, por exemplo, reconhece que a msica de Villa-Lobos no francesa, no europeia.

    FOLHA - Qual o lugar que cabe a Villa-Lobos na histria da msica 50 anos aps a sua morte?

    TINHORO - Ele fundamental dentro do panorama da msica brasileira e erudita pelo volume da sua produo. Quando se fizer um levantamento sobre o que foi a msica erudita, no sentido do que os grandes mestres fizeram na Europa e do que foi feito no Brasil, a importncia de Villa-Lobos ser [ainda mais] destacada.

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