vila velha – es · 1 onvento da penha vila velha – es festa da penha2012 c

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onvento da PenhaVila Velha – ES

festa da penha

2012

C

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Sumário |

O tempo Pascal, período em que comemoramos com grande alegria a Ressurreição de Jesus, traz consigo a Festa de Nossa Senhora da Penha. A origem desta festa, que hoje em dia

é a 3ª maior festa religiosa do Brasil, deu-se com a chegada de Frei Pedro Palácios aqui por estas terras, no ano de 1558, que trouxe junto a seus poucos pertences, o painel de Nossa Senhora das Alegrias, ou Nossa Senhora dos Prazeres, como é mais conhecida em Portugal.

A festa de Nossa Senhora da Penha, como dito, originalmente Nossa Senhora das Alegrias, dá-se na semana da oitava da páscoa, porque a ressurreição de Jesus, conforme colhemos da tradição de nossa fé, constitui uma das alegrias de Nossa Senhora. A Festa da Penha, como hoje carinhosamente chamamos, está estritamente ligada à Páscoa: Ressurreição de Jesus.

Louvamos a Mãe de Jesus porque trouxe ao mundo Aquele que por nós morreu e ressuscitou para mostrar qual será nosso “destino”: a ressurreição, a vida, para todos os que viverem o amor e a mensagem profunda de vida que Jesus nos deixou através de sua Palavra e atitudes, conforme nos atestam os santos Evangelhos. Durante os festejos da Penha, o Convento todo como que rejuvenesce. Muitos peregrinos sobem ao Convento com alegria redobrada: é tempo da Festa da Penha. Não dá para olhar para tudo isso, vendo os nove dias que compõem a festa repletos de peregrinos que vêm ao Convento, e não encher o coração de alegria pela fé que tantas e tantas pessoas expressam diante de Nossa Senhora neste belo e singular santuário.

Durante a Festa, o Convento vive sua primavera anual. A identidade deste local é a fé, a religiosidade dos fiéis. A vocação deste santuário é acolher a todos aqueles que precisam de paz, restaurar suas forças, refazer-se espiritualmente, para ao descer a montanha, retomar a vida com todas as exigências que ela carrega consigo. A Revista da Festa de Nossa Senhora da Penha quer registrar mais uma vez esta festa magnânima da fé e da história do povo capixaba. Termina a festa, mas não termina a fé e a busca por Deus.

Frei Valdecir Schwambach

Tempo Pascal e Festa da Penha: o Convento em festa!

Revista da Festa da Penha 2012Convento da Penha

Província Franciscana da Imaculada Conceição do BrasilRua Vasco Coutinho s/n - Vila Velha - ES - CEP 29100-231

Ministro Provincial: Frei Fidêncio Vanboemmelvigário Provincial: Frei Estêvão Ottenbreitsecretário: Frei Walter de Carvalho Júnior

Guardião do Convento da Penha: Frei Valdecir Schwambach edição, textos e fotos: Moacir Beggo

Colaboração: Raoni Freitas (fotos)diagramação: Cynthia Albano

expediente

MENSAGEMFrei Fidêncio Vanboemmel, ministro Provincial......03

ENTREVISTAFrei Valdecir Schwambach....................................04

MISSA DE ENCERRAMENTOmultidão pede paz na terra da Padroeira...............11

ROMARIASA grande demonstração de fé.................................13 mulheres oferecem fé e beleza à mãe da Penha...15 motociclistas, cavaleiros, ciclistas e militares.......16 Sim à vida............................................................17 Não à cultura de morte.........................................18 A igreja missionária.............................................19 CELEBRAÇÕESmaria, modelo dos religiosos.................................20 As pastorais sociais e o exemplo de maria..............21 Voluntários.....................................................22 Dom Sevilha conquista o povo na Festa..................25 A Fraternidade e o Aspirantado.............................27 oitavário, momento devocional franciscano...........28 PERSONAGENSo bandolim de Nossa Senhora................................32 os músicos da Festa..............................................34 o fiel da Penha e as romeiras................................35 o trabalho escondido de Zeza................................36 os tambores tocam para Nossa Senhora................37 Terço gigante, uma tradição de 15 anos..................38

HISTÓRIACronologia....................................................40 A origem da devoção a Nossa Senhora da Penha.......................................42

EDiToriAl |

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Irmãs e irmãos leitores, Paz e Bem!

“Santa Mãe do Redentor, porta dos céus, estre-la do mar, socorre o povo que quer se reerguer”. Com este belíssimo verso a Nossa Senhora, saúdo todos os peregrinos, homens e mulheres de fé, que diariamente escalam a colina do Convento da Pe-nha para prestar o seu louvor a Deus pela media-ção materna de Nossa Senhora. Dirijo-me tam-bém aos outros olhares que há 454 anos se voltam a este singelo Santuário da Mãe de Deus: pessoas que residem em Vila Velha e Vitória, pessoas que transitam pelas avenidas destas cidades, pessoas que cruzam a ponte ou navegam pelas águas do mar. Capixabas ou não, todos devotos da Mãe de Deus e nela buscam o socorro para se reerguerem e continuarem a sua jornada.

A mais viva expressão desta fé é a grandiosa ce-lebração da Festa de Nossa Senhora da Penha que anualmente é comemorada na semana da oitava

da Páscoa, traduzida e estampada nesta Revista: a fé viva de uma Igreja que se irmana em torno da “Virgem feita Igreja”; a fé cantada, rezada e procla-mada pela romaria dos homens e das mulheres e que hoje, com Maria, são os novos “peregrinos de Belém”. Assim, a Mãe do Redentor é porta, é estre-la e é socorro de todas as romarias: dos cavaleiros, dos militares, dos marinheiros, dos motociclistas, dos ciclistas, das pessoas portadoras de deficiên-cia e de todas as pessoas que neste ano transfor-maram a Festa de Nossa Senhora da Penha num único clamor pelo bem da PAZ, da Caridade, do Diálogo e da Justiça.

Minha particular gratidão aos meus confrades que diariamente madrugam e ao longo do dia ze-lam para que o Convento da Penha seja um Santu-ário de Deus e da sua Mãe Santíssima.

Frei Fidêncio Vanboemmel, OFMMinistro Provincial

mENSAGEm |

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ENTrEViSTA |

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O GuardiãO frei ValdecirO guardião Frei valdecir schwambach completou o seu terceiro ano consecutivo à frente da Festa da Penha. Quem o viu na primeira festa, esbanjando tranquilidade e competência como um veterano, mal sabia que o jovem guardião passou noites em claro ante à responsabilidade de assumir e manter um dos mais belos cartões postais do Brasil e do espírito santo: o Convento da Penha.

Por moACir BEGGo

o guardião continua o mesmo. Como disse uma vez o presidente da AACP, Fernandes Pereira, quando ele dá uma bronca, “a gente aceita e ain-da pede a bênção”. Natural de Petrolândia (SC), Frei Valdecir é filho de Ervino e Nadir medeiros Schwambach e tem três irmãs, uma delas tam-bém seguiu as pegadas de São Francisco de Assis, entrando para a Congregação das Franciscanas de São José. muito cedo, como diz, Frei Valdecir decidiu entrar para o seminário quando viu um frade franciscano celebrando uma missa. Vestiu o hábito franciscano pela primeira vez em 2000 e foi ordenado presbítero em 12 de abril de 2008.

Nesta entrevista, Frei Valdecir fala deste sím-bolo do povo capixaba, da devoção mariana e da Festa da Penha, que acontece desde 1571. Ao contrário das grandes festas nacionais religiosas, a Festa da Penha é 100% devocional. Conheça mais!

Normalmente, as festas dos padroeiros são a salvação dos cofres das paróquias. Aqui, no Convento, não se vê essa preocupação com a festa externa. Ela é uma festa mais devocional?

Frei Valdecir – Geralmente, nas paróquias e outras casas e conventos, a festa do santo padroei-

ro é a safra, a colheita do ano. É período que serve para dar um pouco mais de tranquilidade a quem está à frente das contas. A festa de Nossa Senhora da Penha é bem diferente desse tipo de festa, por-que ela é extremamente devocional. Eu diria 100% devocional. Todas as tendas que colocamos, que são mínimas, se formos olhar pelo número de pessoas que vêm, são apenas para dar um fornecimento de água e alguma alimentação aos romeiros que vêm de dioceses mais distantes. É diferente das festas que trabalham com muitos tipos de comidas e bebidas e uma forte atividade cultural, como, por exemplo, no Sul do Brasil, onde se promovem tardes dançantes, bailes e shows. A festa da Penha não trabalha com isso, porque o foco dela é justamente valorizar a pre-sença de Nossa Senhora na Igreja, mas antes ainda disso volta seu olhar para o mistério pascal, uma vez que ela acontece dentro do período forte da Páscoa, ou seja, da Oitava da Páscoa. Por isso que a gente diz, originalmente, que é a Festa de Nossa Senhora das Alegrias e uma dessas alegrias é o Cristo Res-suscitado. Então, estamos dentro do mistério pascal da Ressurreição de Jesus olhando para essa Mãe que trouxe esse Jesus que nos salva. As pessoas vêm para participar, pagando promessas, fazendo novos pedi-dos ou agradecimentos. Tem gente que espera o ano inteiro e até programa suas férias para coincidir com a Festa. Acredito que para muita gente essa época do ano é especial porque tem a possibilidade de ex-pressar sua fé vindo ao Convento. Enfim, não temos a preocupação de arrecadar fundos para reformas, restauração, mas justamente de evidenciarmos o mistério pascal e a presença de Nossa Senhora na vida da Igreja.

Frei Valdecir foi ordenado presbítero no dia 12 de abril de 2008. É um dos mais jovens guardiães da Província.

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E como o Convento tem a sua sustentação?

Frei Valdecir – Nós conseguimos manter o con-vento pela doação dos fiéis, aos quais não cansamos de agradecer. É através dos benfeitores do Convento que fazemos grande parte das nossas reformas e de onde tiramos para pagar os nossos gastos. Diria, as-sim, que toda manutenção física do Convento vem através da Associação Amigos do Convento da Pe-nha (AACP), que tem sua fidelidade na contribuição mensal. Ela é que banca todos os nossos planos, pro-jetos de manutenção e restauração. Também temos apoio do governo estadual para a iluminação exter-na deste patrimônio, que acredito ser do interesse do Estado para que esteja sempre iluminado como um cartão postal do Espírito Santo. A estrada principal

de acesso ao Convento também teve a reforma cus-teada pelo governo estadual. Não se pode esquecer que estamos numa estrutura que atravessou mais de quatro séculos de história e que o desgaste é maior.

Além disso, estamos à beira do mar, sofrendo os efeitos da maresia; temos muita poeira de minério, que também gera desgaste em certas obras de arte e ventos muito fortes que também desgastam a nossa estrutura. Enfim, a Associação é um braço forte no sustento do Convento.

Neste ano, o povo poderá ver a parte interna da capela mais bela com a restauração. Com essa idade, 454 anos, o Convento está bem con-servado?

Frei Valdecir – Acredito que o Convento da Penha, apesar de estar muito exposto às intempé-ries do tempo, devido à sua localização geográfica, no cume de uma montanha, está bem conservado.

Terminamos no ano passado de fazer a restauração da capela-mor e todos os dourados estão mais vivos agora. Enfim, se olharmos a estrutura do convento como um todo, ela está bem preservada.

“A FESTA DE NoSSA SENhorA DA PENhA é 100% DEVoCioNAl”

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Quais as preocupações principais para que as futuras gerações tenham acesso ao Convento?

Frei Valdecir - Acredito que existem duas preo-cupações: uma delas é a preocupação material. Isso vai ser sempre feito até porque existe o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, que vai sempre monitorar para que o convento permane-ça. Mas é necessário a gente ter sempre esse diálogo com o poder público e com as empresas amigas do Convento, para que possamos ter esse apoio, tendo em vista que se trata de uma estrutura muito cara, muito onerosa para se manter. A outra forma é manter aquilo que é o próprio do convento: ele foi construído para ser um local de moradia dos frades, local onde o povo vinha para rezar e para fazer o seu encontro com Deus. Então, manter esse próprio do Convento é a vocação original de quem mora aqui, ou seja, ser um local de espiritualidade, acolhimen-to, em que as pessoas possam se sentir bem. Muitas pessoas vêm aqui e sentem paz, tranquilidade e har-monia. Isso deve permanecer para as futuras gera-ções porque é a identidade do Convento. Frei Pedro Palácios não criou o Convento para ser um centro de atrações, ou simplesmente um ponto turístico. O

turista é bem-vindo assim como o peregrino, mas a vocação original do Convento é a religiosa. Os ou-tros valores que foram se agregando com o tempo são valores bem-vindos, mas o Convento não pode desviar do seu caminho.

Num santuário tão tradicional, a liturgia oficial pode caminhar com a piedade popular?

Frei Valdecir – Sim, a piedade popular e a li-turgia oficial não estão em contradição. Diria que uma complementa a outra e uma enriquece a ou-tra. Quem vive e se alimenta da piedade popular, muitas vezes não tem acesso imediato à Igreja e busca suas formas de rezar, de se relacionar com os santos e com Deus. Mas isso não quer dizer que esteja errado. Muitas vezes é fruto de uma fé simples, ingênua, mas de uma teologia muito pro-funda. Às vezes um gesto fala mais do que muitas palavras. Então, não são atitudes contraditórias, mas formas diferentes, muitas vezes, de se relacio-nar com Deus. Há aquilo, sim, que é o instituído, aquilo que é o oficial, mas em volta disso tudo há a forma natural, espontânea de as pessoas se rela-cionarem com Deus. Acredito que aquilo que liga mais as pessoas a Deus, aquilo que torna o coração das pessoas melhor é bem-vindo.

Por que a devoção a Nossa Senhora é mui-to forte aqui?

Frei Valdecir – Essa devoção vem desde o iní-cio da colonização do Estado. O Frei Pedro Palá-cios chegou aqui com o painel de Nossa Senhora das 7 Alegrias poucos anos depois dos primeiros colonizadores. E o Frei Pedro provavelmente não ficava parado ali na Prainha. Segundo relatos his-tóricos, ele andava bastante, era um missionário neste início de colonização e, provavelmente, um divulgador da devoção a Nossa Senhora das Ale-grias. Com o tempo, e à medida que a Festa da Pe-nha foi ganhando corpo – o formato era bem di-ferente do que temos hoje -, isso tudo foi gerando uma idenficação do povo com esta devoção a Nos-sa Senhora até se tornar Nossa Senhora da Penha.

Essa devoção atrai também os jovens?

Frei Valdecir – Se formos olhar quem frequen-ta o Convento durante a semana, a grande maio-ria de pessoas é composta de um público adulto. E também durante o nosso horário de atendimento

“A FESTA DE NoSSA SENhorA DA PENhA é 100% DEVoCioNAl”

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as pessoas estão trabalhando e estudando, o que di-ficulta a vinda. Nos finais de semana, esse quadro muda muito e percebemos a presença muito maior dos jovens. É muito comum ver estudantes chega-rem e pedirem a proteção e a intercessão de Nossa Senhora para os seus estudos e para os desafios que estão assumindo. Então, essa devoção fala alto para os jovens. Até porque os adultos que estão aqui re-zando um dia já foram jovens e, se a gente conversar com eles, vão contar que, quando eram novos, os pais os trouxeram aqui. Depois vieram para abenço-ar as alianças do casamento. Então, as histórias das pessoas que frequentam aqui começam desde cedo. A linguagem de Nossa Senhora da Penha atinge as pessoas independente da idade.

Fale um pouco de sua vocação. Por que es-colheu a vida religiosa franciscana?

Frei Valdecir – Entrei para o seminário cedo, com 14 anos. A vocação, pelo menos posso dizer de minha parte, sempre acontece porque a gente

vê alguém e diz “opa, quero fazer isso também”. No meu caso, vi um frei rezando Missa e depois uma Missa vocacional. Um frei de hábito. Achei aquilo muito bonito. A gente quando é pequeno não faz muitas reflexões e se apega logo pelo estético, pelo belo, pelo não belo. Vi aquele frade rezando Missa e achei muito bonito e disse que também queria ser como ele. Claro, que no início não sabia a diferença entre frei e padre. Depois é que fui aprender. Sobre a espiritualidade franciscana, ela fala alto porque o Deus de São Francisco é muito mais acessível. São Francisco tem um Deus encarnado, muito próximo às pessoas. Um Deus que é misericordioso e se com-padece das pessoas. Um Deus próximo, como Nos-sa Senhora. Eu acredito que isso me chama muita a atenção. Muitas pessoas pregam um Deus como no Antigo Testamento, punitivo, castigador. O Deus da espiritualidade é o Deus de Jesus Cristo, que se despojou do seu poder e veio se fazer um ser hu-mano no meio de nós, como diz São Paulo: ele não se apega ciosamente à sua condição, mas ele se faz um ser humano dentro da nossa existência. Isso me

“A liNGuAGEm DE NoSSA SENhorA DA PENhA ATiNGE AS PESSoAS iNDEPENDENTE DA iDADE”

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chama muito a atenção. Esse Deus que não deixa de ser Deus, mas se encarna na nossa carne humana para dizer que também somos bons na medida que temos Deus dentro de nós. É isso que me faz abraçar a espiritualidade franciscana.

Poucas pessoas sabem que nem bem você se formou e já foi designado para assumir a função de guardião. Isso chegou a assustá-lo?

Frei Valdecir – Sim. Eu morei aqui dois anos antes de assumir como guardião. Eu não contava com isso, porque na verdade tinha outras expecta-tivas. Estava praticamente transferido e depois veio o pedido do Definitório para que eu assumisse o Convento. Assustou porque via sempre os guardiães mais adultos e experientes, com longa caminhada na vida religiosa e experiência administrativa assu-mirem esse tipo de serviço. Isso me deixou muito preocupado no sentido de que aqui estamos numa estrutura antiga, de quatro séculos, e, como tal, exis-te um grande peso. Veja bem, foi uma grande res-ponsabilidade colocada nas minhas mãos tendo em vista que o Convento é uma das principais igrejas do Espírito Santo e um ponto turístico. Como corres-ponder à altura do que era esperado de mim? Não para todas as coisas, porque isso seria impossível,

mas ao menos gerenciar isso aqui de tal forma que caminhasse, como santuário, fraternidade e cami-nhasse a contento das pessoas. No fundo, fui jogado na água para nadar mesmo. Confesso que algumas noites passei sem dormir.

Qual é o papel de um guardião? Por que aqui não se tem o costume de chamar de rei-tor uma vez que o Convento é também um Santuário?

Frei Valdecir – O papel do guardião é ser o ani-mador da vida em fraternidade. Enfim, cuida dos frades e se responsabiliza por eles. Aqui no Espírito Santo, o guardião dos frades é o guardião do Santu-ário. Aqui não se utiliza a expressão reitor. Para as pessoas não quer dizer nada. Já o guardião é mais fá-cil de entender como aquele que guarda, que cuida, que zela. O guardião é o zelador do Santuário. En-tão, as pessoas não se preocupam com a linguagem jurídica correta dos estatutos. No fundo, o próprio reitor também cuida e guarda. Os guardiães antigos também tiveram muita expressão diante da socieda-de e o Espírito Santo nasceu a partir dessa região, tendo o Convento da Penha sempre como destaque. Essa linguagem se tornou conhecida por causa dessa importância.

“FrEi PAláCioS Não Criou o CoNVENTo PArA SEr um CENTro DE ATrAçõES, ou SimPlESmENTE um PoNTo TuríSTiCo”

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um GriTo pela PAZ |

O Arcebispo de Vitória Dom Luiz Mancilha Vilela começou a Festa da Penha, no dia 8 de abril, pedin-do um basta à violência, que faz do Estado do Espírito Santo um dos

líderes no país. Na segunda-feira (16/04), depois de oito dias de muitas demonstrações de fé, ca-rinho, devoção e alegria, o Arcebispo presidiu a Missa de encerramento da Festa da Penha e, para uma multidão na Prainha, pediu um basta à vio-lência e à cultura de morte e conclamou a popula-ção e os fiéis católicos a fazer um esforço pela paz.

No meio da homilia, pediu ao povo para er-guer as mãos e recitar as palavras de ordem: “Bas-ta de violência!, Chega de violência!, Queremos paz!, Queremos paz nas nossas famílias!, Que-remos paz no nosso Estado!, Queremos paz no nosso Brasil!”, gritou com o povo. Segundo Dom Luiz, é preciso fazer um esforço conjunto e dar a contribuição para melhorar as nossas comuni-dades e nossos municípios. “Esperamos de nos-sos políticos, esses que nos dirigem, que tenham vontade política para que nossas famílias sejam protegidas, que nossos irmãos possam andar nas ruas sem perigo”, pediu. Dom Luiz, na verdade, abriu a sua homilia fazendo a reflexão em torno do tema da Festa da Penha deste ano: “Maria, Mãe de Jesus, o Cristo da paz”.

No grande altar montado no palco da Prainha, um grupo de marinheiros da Marinha do Brasil carregou o andor de Nossa Senhora da Penha em procissão pelo meio da multidão, calculada em 100 mil pessoas, dando início à celebração eu-carística às 16 horas, com transmissão pela Rede Gazeta e Redevida. Logo atrás, uma grande pro-cissão de seminaristas, diáconos, sacerdotes, qua-tro bispos – Dom Zanoni de Castro (São Mateus), Dom Dario Campos (Cachoeiro de Itapemirim), Dom Rubens Sevilha e Dom Dom Joaquim Wla-dimir Lopes Dias, bispos auxiliares de Vitória e Dom Geraldo Lyrio, arcebispo de Mariana e Dom Luiz. A missa solene contou com a presença de autoridades civis e militares do Estado, como o vice-governador do Estado, Givaldo Vieira; o prefeito de Vila Velha, Neucimar Ferreira Fraga; o prefeito de Vitória, João Coser; e o prefeito de Cariacica, Helder Salomão.

O povo deu um show de alegria, beleza e de-voção. Agitou os lenços brancos e azuis, fazendo uma belíssima coreografia, como se pôde ver an-tes nas Missas de encerramento das Romarias dos Homens e das Mulheres. A celebração foi anima-da pelos frades Frei Florival Toledo e Frei Paulo César Ferreira, e teve o apoio de um coral e de músicos que encantaram a todos e arrancaram elogios do arcebispo.

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D. Luiz lembrou que quando falamos “Maria, Mãe de Je-sus, o Cristo da Paz”, nós desejamos muito que o Cristo da paz pacifique os nossos corações. “E é importante isso. Nós estamos vivendo momentos difíceis, não estamos?”, per-guntou. Segundo ele, há poucos instantes um senhor falou para ele que seu irmão havia sido assassinado. “Que coisa triste! Nós não queremos isso! Nós queremos paz!”. Segun-do o jornal “A Gazeta”, somente no mês de março de 2012, 137 pessoas foram assassinadas no Espírito Santo. Os cri-mes tiveram diversos tipos de motivação e aconteceram em 29 municípios do Estado. O município com a maior quanti-dade de homicídios foi Serra, com 39 mortes.

No final, disse que Nossa Senhora da Penha, a Mãe de Jesus, o Príncipe da Paz, está nos oferecendo Aquele que é capaz de mudar o mundo, Aquele que é capaz de mudar o coração de cada um de nós. “Portanto, abramos o nosso coração. Deixemos que Deus penetre em nós e vamos fazer com que nossa família seja uma bandeira de paz no mun-do perverso e cheio de ódio. Nós queremos a paz, por isso, queremos que Deus presida o nosso coração, o coração de nossa família e de nossas comunidades”, encerrou. Ele ain-da fez uma oração emocionante a Nossa Senhora depois da comunhão.

A festa terminou com o show de encerramento do Pe. Juarez de Castro, logo após a Missa. No domingo (15), o grupo Paralamas do Sucesso, a banda liderada por Herbert Vianna, foi a atração nacional da programação popular da Festa da Penha, em Vila Velha.

MultidãO

pazna Missa dOencerraMentO

pede

Dom Luiz pediu um basta à violência no Estado e no Brasil. Ele abriu e fechou a Festa da Penha.

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romAriAS |

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Desde o primeiro dia da Festa da Penha, foram muitas as manifesta-ções de fé à Virgem da Penha, mas no sábado (14), a já tradicional Romaria dos Homens, que nes-

te ano chegou à 54ª edição, foi responsável pela maior demonstração de fé, que levou o bispo au-xiliar Dom Rubens Sevilha, participando da Ro-maria pela primeira vez, a exclamar: “Parabéns ao povo capixaba por essa grande demonstração de fé”!. Uma multidão, calculada em mais de 200 mil pessoas, caminhou 14 quilômetros entre a Catedral e o Parque da Prainha para prestar uma grande homenagem a Nossa Senhora da Penha. Depois de quatro horas, a imagem da Virgem da Penha chegou à Prainha num dos momentos mais belos da Festa da Penha. O povo se emocio-nou e aplaudiu sem parar quando ela foi tirada do carro – “penha-móvel” – e carregada no an-dor para cruzar o meio da multidão até o altar montado no grande palco.

Essa demonstração de fé começou às 19 ho-ras em frente à Catedral de Vitória, quando as pessoas se aglomeraram com velas acesas e foi

a GrandedeMOnstraçãO de

fédada a bênção do envio. Durante a caminhada, na qual os fiéis passaram pelo Centro de Vitó-ria, Segunda Ponte e avenida Carlos Lindenberg, os romeiros rezaram e cantaram acompanhados por um carro de som. No Parque Moscoso, uma hora depois, um número muito grande de fiéis se juntou aos romeiros para aumentar ainda mais a participação, o que foi ocorrendo durante todo o percurso, como na avenida Jerônimo Montei-ro e rua Antônio Ataíde. De todos os cantos de Vitória e de Vila Velha, as comunidades iam se aglutinando a esta bela comunhão de fé. Ao lon-go da Carlos Lindenberg, podiam-se ver pessoas distribuindo água aos romeiros.

Muita gente, contudo, preferiu participar da celebração e, a partir das 22 horas, era grande o público que esperava a chegada da imagem da Padroeira. Durante todo o tempo, Frei Florival Mariano, Frei Paulo César Ferreira, Frei Valdecir Schwambach e o grupo de músicos do Convento animavam o povo com cantos marianos. A par-tir da 23 horas, a Prainha começou a ser tomada pela multidão, parecendo um rio correndo em direção ao mar. O povo só parou com a chegada

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da imagem às 23h47. Mas nem todos romeiros participaram da Santa Missa. Um grande núme-ro preferiu terminar a caminhada na capela do Convento, a morada de Nossa Senhora da Penha.

A imagem foi recebida pelo arcebispo de Vitó-ria, Dom Luiz Mancilha Vilela, pelos bispos au-xiliares de Vitória, Dom Rubens Sevilha e Dom Joaquim Waldimir Lopes Dias, o bispo de São Mateus, Dom Zanoni Demettino Castro, o bispo de Campos (RJ), Dom Fernando Arêas Rifan, e o guardião do Convento da Penha, Frei Valdecir Schwambach, o franciscano que agora tem a res-ponsabilidade de manter viva essa tradição cria-da por Frei Pedro Palacios há mais de 450 anos.

Sacerdotes, religiosos e seminaristas parti-ciparam da celebração que se iniciou já na ma-drugada do domingo. Presentes também na cele-bração autoridades civis e militares, entre elas, o prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga.

Prevendo o cansaço do povo, D. Luiz prefe-riu fazer uma homilia curta, mas deixou a sua mensagem de fé aos caminhantes. Comentan-do o Evangelho da aparição de Jesus a Tomé, D. Luiz lembrou que a fé move montanhas. “A fé fez vocês caminharem 14 quilômetros para esta-rem aqui aos pés da Mãe do Salvador, aquela que abriu a porta do céu para nós”, disse o arcebispo.

“Que coisa bonita para nós! A fé que modifi-ca a vida e nos leva a amar o próximo, a querer bem, a partilhar, a abrir o nosso coração, como faziam os primeiros cristãos. Este é o Reino de Deus. Nós, nesta caminhada e celebração, preci-samos guardar bem isso: Renovar a nossa fé. Ma-ria, essa imagem que está aqui, nos lembra a Mãe do Salvador. É a Rainha da fé porque é a primeira que acreditou na Palavra de Deus. Ela acreditou e nos trouxe o maior presente que poderíamos ter: Nosso Senhor Jesus Cristo”, acrescentou D. Luiz.

Segundo o arcebispo, a fé nos leva ao amor. Ele pediu a Deus para que nos ajude a crer e ve-nha em socorro de nossa fé para que possamos realmente modificar a nossa sociedade. “Fazer com que nossa sociedade seja mais fraterna, a partir da nossa família”, completou.

Dom Sevilha não poupou elogios a essa mani-festação de fé. “Estou maravilhado com a alegria, o entusiasmo, o fervor deste povo. Que Nossa Senhora abençoe e proteja nosso povo capixa-ba!” Para Dom Wladimir, que pela primeira vez participou da Romaria, assim como D. Rubens, foi marcante a espiritualidade e devoção do povo durante todo o trajeto.

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Se os homens deram uma grande de-monstração de fé, colocando mais de 200 mil pessoas na Romaria dos Ho-mens, as mulheres não ficaram atrás e, bem ao seu estilo, ofereceram para

a Virgem da Penha uma demonstração de fé, onde não faltaram devoção, alegria e beleza.

Com bolas coloridas, as mulheres se con-centraram em frente ao Santuário do Divino Espírito Santo, outra casa franciscana em Vila Velha, e caminharam por cerca de uma hora até o Parque da Prainha, onde aconteceu o úl-timo dia (15/4) do Oitavário e a Santa Missa.

Segundo os organizadores, a Romaria colo-cou mais de 80 mil pessoas nas ruas e lotou o Parque da Prainha, num espetáculo belíssimo no final de tarde de sol e céu azul em Vila Velha.

Antes da celebração eucarística, o guardião e reitor do Convento e Santuário da Penha, Frei Valdecir Schwambach, presidiu o último dia do Oitavário, num dos momentos de de-voção mais belos da Festa. O público, afinado com os cantos e músicos do Oitavário, coman-dados por Frei Florival Mariano Toledo, deu um espetáculo à parte, principalmente nos cantos marianos.

Mulheres oferecem fé e belezaà Mãe da penha

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Além das celebrações, as romarias são um dos momentos mais fortes da Festa da Penha. Por exemplo, a Ro-maria dos Cavaleiros foi a primeira a fazer esta homenagem a Nossa

Senhora. Mais de mil cavaleiros e amazonas se concentraram às 10h30 na Prainha para receber a bênção da Padroeira. O início da Romaria foi em Cobilândia, às 8h30, quando Frei Pedro Engel deu a bênção na partida do cortejo. Mas muitos cavaleiros não saíram só de Cobilândia. Alguns grupos já estavam há dias viajando, como o de Itaguaçu (durante 4 dias), e o de Dores do Rio Preto, que veio de mais longe e já estava na estra-da há nove dias.

Sobre duas rodas e com muito barulho e bu-zinaço, a Romaria dos Motociclistas levou para a Prainha cerca de 15 mil motociclistas no domingo (15/04). Num dia de sol e céu azul, os motociclis-tas foram recebidos por Frei Alberto Eckel Junior e por Frei Florival Toledo, que pediram proteção da Mãe de Deus para os motociclistas que são ví-

timas de acidentes no trânsito.Já os militares fizeram a sua homenagem no

dia 13 de abril, tomando o Campinho com os uniformes brancos da Marinha.

Já a Romaria dos Ciclistas foi a última da Festa. Sobre duas rodas, saíram de Cobilândia e chega-ram à Prainha, em Vila Velha, às 10 horas do dia 16, para receber a bênção e agradecer as graças alcançadas. De acordo com a Polícia Militar, cerca de dois mil ciclistas percorreram os 10 quilôme-tros debaixo de sol forte.

O grupo saiu da Praça Sebastião Cibien, em Cobilândia, passou pela Rodovia Carlos Linden-berg e atravessou o Centro de Vila Velha, até che-gar ao Parque da Prainha. Os ciclistas tiveram a presença do padre Wederson Beltrame, da Paró-quia Nossa Senhora da Penha de Cobilândia, que pedalou com eles. No Parque da Prainha, os ro-meiros receberam uma bênção do Frei Israel Ro-digheri e do aspirante Raoni Freitas. Uma queima de fogos de artifício marcou o encerramento das romarias na Festa da Penha 2012.

taMbéM fazem a sua hOMenaGeM

MOtOciclistas, cavaleiros, ciclistas e militares

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Enquanto repercutia em todo o Brasil a decisão do Supremo Tribunal Fede-ral de aprovar a legalização de abor-to de anencéfalo, em Vila Velha, a 7ª Romaria das Pessoas com Deficiência

da Festa da Penha fazia mais uma manifestação pela vida. “O passo foi dado agora, infelizmente. Mas cabe à sociedade, cabe a cada um de nós, de forma muito especial vocês que estão aqui, gri-tarem: vale a pena viver!”, disse o Pe. Carlos Bar-bosa, que encerrou a Romaria com a celebração eucarística na Prainha.

Organizada pelo Fórum Estadual de Entida-des de Pessoas com Deficiência, a 7ª Romaria iniciou a concentração na praça Duque de Ca-xias, no Centro de Vila Velha, a partir das 7h30.

Em meio a muitas bexigas brancas e faixas com palavras de ordem, como acessibilidade, inclusão social e igualdade de oportunidades, mais de duas mil pessoas caminharam até a Prainha ao som da Banda de Congo de São Benedito e da Fanfarra da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Cariacica.

Na celebração, a deficiente visual, Daisa de Lacerda Gomes, fez a 1ª leitura em braile. Na sua homilia, Pe. Carlos lamentou muito a decisão do STF. “Daqui a pouco vão aprovar uma lei para quem tem uma doença degenerativa, porque não temos ainda resposta para ela. Para que manter uma pessoa com tratamento que não tem resul-tado?”, criticou.

Comentando a leitura dos Atos dos Apóstolos, quando os discípulos já estavam incomodando o sinédrio com a mensagem de Jesus Cristo, Pe. Carlos pediu: “E aqueles que acham que a morte é a solução mais rápida, que a nossa voz os inco-mode. Que vocês, com suas presenças, incomo-dem essa sociedade, perturbem-na, assim como os discípulos nos Atos dos Apóstolos”, disse acres-centando: “Cada vez que você defende a vida, que você diz que vale a pena viver e do jeito que você é, você incomoda. Os apóstolos defendem a vida e anunciam o Ressuscitado. Eles são pressionados a se calarem. Quantas vezes as nossas entidades são pressionadas para se calarem”. E terminou sua homilia com endereço certo: “Quero fazer um apelo que vale a pena viver! Os inocentes têm o direito à vida!”

siMà Vida

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nãO de MOrteà cultura

A decisão do STF recebeu críticas de todos os bispos e sacerdotes. Dom Wladimir, que presidiu a celebração na quinta-feira (12/04), no quinto dia do Oitavário da Festa da Penha,

reprovou a decisão dos ministros. “Eles dão uma série de justificativas dentro da justiça, mas não é uma justiça que agrada a Deus. Não é uma justiça porque é criminosa. A vida não nos pertence. Ela é um dom de Deus. A vida nos é transmitida e nós não temos o direito nem de discutirmos sobre a vida. Ela é indiscutível. A vida é um dom de Deus que precisa ser respeitado. E que as pessoas não tenham medo se tiverem uma gravidez nesta situ-ação”, criticou.

Falando sobre uma cultura de paz, lembrou que a ONU convocou o mundo para criar uma cultura de paz em 1999, e Paulo VI criou o Dia Mundial da Paz, celebrado a partir de 1968. “Nós, que caminhamos na Igreja, é mais fácil construir-mos a paz porque, estando de acordo com Jesus Cristo, com a sua mensagem, já somos constru-tores da paz. Vamos perdoando nossos inimigos, perdoando-nos mutuamente, superando todas as dificuldades. Vamos sendo construtores da paz”, explicou.

Concretamente, Dom Wladimir conclamou a

população a abraçar a campanha do governo es-tadual que será lançada no final de maio. “Vamos ser promotores da paz através desta campanha; vamos estar em comunhão com os párocos na sua paróquia; vamos caminhar juntos para que realmente a gente possa mudar essa realidade de violência no nosso Estado e construirmos a paz”, pediu. “A vida não pode continuar sendo banali-zada do jeito que ela está sendo”, completou.

Erradicar a violência

Na sexta-feira, dia 13, a celebração eucarística no Campinho foi presidida pelo Pe. Carlos An-tônio Conceição, da Paróquia São Pedro, de Vila Rubim, em Vitória. Ele também falou da violência que coloca o Espírito Santo nas primeiras posições do ranking nacional e lamentou que tantos jovens estejam perdendo a vida por causa do tráfico que cresce na sociedade capixaba.

Pe. Carlos, contudo, lembrou que Maria é o exemplo de quem enfrenta os desafios. “Nós va-mos até Maria, até os seus braços, em busca de respostas para os desafios e em busca de forças para erradicar a violência deste belíssimo estado que leva o nome do Espírito Santo. Nós precisa-mos resgatar a dignidade deste nome”, conclamou.

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de MOrteà cultura

A primeira diocese a chegar em Romaria até o Campinho para a primeira celebração no dia 14 foi a de São Mateus. Logo cedo, às 7 horas, os romeiros começavam

a subir o morro a pé depois de viajarem três horas para chegarem a Vila Velha, já que São Mateus fica no Norte do Estado.

O bispo Dom Zanoni Castro veio acompa-nhando o seu povo, representando 709 comu-nidades em 19 municípios. “Essa Igreja aqui se desloca para celebrar aos pés da Virgem, aquela que acreditou e não se curvou mesmo diante do poder da morte”, disse D. Zanoni.

Falando na Ressurreição de Cristo, D. Zanoni lembrou que a vida continua sendo ameaçada por uma cultura de morte, como a aprovação pelo STF do aborto em caso de anencefalia. “A Igreja acredita: só Deus é o Se-nhor da vida. A vida é dom de Deus. Da con-cepção até o seu fim último”, indignou-se.

Segundo o bispo, as forças da morte devem ser derrubadas. “Não apenas nas grandes cida-des, mas em cada uma das nossas cidades. Lá na nossa Diocese, cada dia vai tombando um jovem, fruto desta realidade de corrupção, de pecado, de drogas”, lamentou.

Colatina

Milhares de fiéis da Diocese de Colatina participaram da Romaria ao Convento da Pe-

a igrejaMissiOnárianha, no dia 15/4, momento previsto dentro da progra-mação da Festa da Penha, padroeira do Espírito Santo.

O calor não desanimou o grupo que subiu a pé o trajeto até o Campinho, que fica aos pés do Convento e onde o bispo diocesano, Dom Décio Sossai Zando-nade, celebrou missa, na companhia de diversos pa-dres da Diocese de Colatina.

A liturgia foi preparada pelas paróquias que com-põem a Área Pastoral Ita (Itarana, Itaguaçu, Laranja da Terra, Santa Teresa, Baixo Guandu e São Roque do Canaã).

D. Dario faz um hino de louvor a Maria

Como era de se esperar, tendo como base os anos anteriores, a Diocese de Cachoeiro de Itapemirim veio em peso para demonstrar a sua devoção à Vir-gem da Penha, lotando o Campinho na celebração eucarística das 15 horas. Foi a primeira celebração do bispo de Cachoeiro de Itapemirim, o franciscano D. Dario Campos, que tomou posse no ano passado na Diocese.

D. Dario, que celebrou pela primeira vez na Fes-ta, fez um hino de louvor à Virgem da Penha na sua homilia. “O meu sonho, enquanto bispo da Diocese de Cachoeiro, é que sejamos uma Igreja missionária, uma Igreja discípula, capaz de escutar a Palavra e levá--la adiante. Capaz de ir ao encontro de todos e todas, daquele e daquela que está sofrendo mais, sem distin-ção. Principalmente dos mais afastados, para que eles possam perceber que na casa da Mãe o seu lugar está vago”, disse.

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Dom Zanoni Castro

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Maria,

A Festa da Penha, que é 100% de-vocional, reservou um espaço na programação para os religiosos e religiosas homenagearam Nossa Senhora da Penha. Às 7 horas, o

Arcebispo de Vitória Dom Luiz Mancilha Vilela acolheu o que chamou de “exército de consagra-dos e consagradas” para a celebração eucarísti-ca. Além dos religiosos (as), sacerdotes, semi-naristas, participou da celebração o prefeito de Vitória, João Coser.

A celebração no Campinho teve a coordena-ção da Conferência dos Religiosos do Brasil e do Seminário Diocesano Nossa Senhora da Pe-nha da Arquidiocese de Vitória. Antes de iniciar a sua homilia, D. Luiz chamou a Ir. Ana Gomes, do Núcleo da CRB no Espírito Santo, para falar da vida consagrada que o religioso professa com os votos de castidade, obediência e pobreza.

Para ele, esse exército religioso de consagra-dos (as) é o sustentáculo para toda a caminhada da Igreja. “Vocês devem ser para nós modelos orantes, modelos de fé, modelos de amor, mo-delos de esperança. Como arcebispo desta Igre-ja, quero, em nome de todos, agradecer muito a todos os religiosos e religiosas, inclusive aquelas que estão enclausuradas, pelo enorme serviço que prestam à Igreja”.

modelo dosreliGiOsOs

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Depois da celebração dos religio-sos, foi a vez das pastorais sociais homenagearem a Nossa Senhora da Penha no seu dia. Às 10 horas, o Campinho ficou lotado para a

Missa das Pastorais Sociais.Dom Joaquim Wladimir Lopes Dias, bispo

auxiliar de Vitória, presidiu a celebração, tendo como concelebrantes o guardião do Convento, Frei Valdecir Schwambach, e sacerdotes que es-tão envolvidos com o trabalho social.

Comentando o Evangelho, Dom Wladi-mir observou que Maria partiu apressada-mente para visitar a sua prima Isabel, quan-do soube que ela estava grávida. “Ela poderia ter ficado no seu comodismo, mas se pôs a caminho para ajudá-la. Ela vai como uma missionária completa, exemplar”, disse.

Dom Wladimir lembrou que se Maria foi apressadamente visitar sua prima Isabel, parece que o serviço público não tem pres-sa nenhuma para levar ajuda à sociedade. “É preciso darmos passos. Alguns já foram dados, mas faltam passos mais concretos. Quando a gente questiona uma autorida-de política, ela nos diz: ‘Dinheiro tem’. Mas cadê as obras? Dinheiro não é para ficar parado, como reserva. O dinheiro é para ser transformado em atos concretos para a sociedade. Onde está a segurança pública? Onde está o dinheiro público investido na saúde? Não temos atendimento adequado, não temos profissionais adequados. Não te-mos boa formação. Onde está a formação de nossos jovens? Sem educação, o país não tem futuro, progresso e desenvolvimento”, criticou.

Para o bispo, é preciso investir mais e acordar para esta realidade. “E as pasto-rais que aqui estão conhecem bem essa realidade”.

No final, pediu para se construir uma cultura de paz: “Através da mensagem do Evangelho, que essa cultura se estenda sobre a terra, sobre todos os homens e mulheres”.

as pastorais

sOciaise o exemplo de

Maria

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VoluNTárioS |

Chegamos ao final de mais uma festa de Nossa Senhora da Penha. Nosso olhar de agradecimento volta-se para todos aqueles que fizeram parte da construção desta

grande festa. É momento para agradecer a estas pessoas generosas que doaram do seu precioso tempo para se dedicar quase que exclusivamen-te, ao longo dos nove dias de festejos, para que tudo transcorresse muito bem.

Tivemos uma bonita festa de nossa Padro-eira. Temos recebido um retorno por parte dos fiéis muito positivo da festa deste ano. Deus seja louvado! Acredito que a cada ano que pas-sa, os dias do Oitavário de Nossa Senhora bem como o último dia, que é o dia da Padroeira, tem trazido cada vez mais pessoas para o Con-vento com a finalidade de agradecer a Deus

pelos benefícios que recebem através da Mãe de Jesus, Nossa Senhora, que aqui no Espírito Santo chamamos Nossa Senhora da Penha.

A grande festa de Nossa Senhora da Penha é construída sempre por muitas mãos. Um grande número de voluntários e voluntárias se doa incansavelmente para que a festa acon-teça. Doam-se de coração para a festa, para o Convento. Incrível o grande amor que estas bondosas pessoas têm para com a casa da Mãe de Deus! Deus seja louvado pelas suas vidas! Trabalham com afinco tão grande, como se estivessem em suas próprias casas, e no fundo estão! Os voluntários formam diversas equi-

muito ObriGadO!

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pes de trabalhos: equipe de músicos, ministros extraordinários da sagrada comunhão, equipe da capelinha, das tendas de salgados e bebidas, ornamentação dos altares e palcos, transporte da imagem de Nossa Senhora da Penha, equipe das coletas. Não podemos deixar de mencionar também o grande zelo da Associação dos Ami-gos do Convento da Penha e dos colaboradores do Convento e da Associação, que, no período da festa, trabalham redobrado.

Existem muitas pessoas que se dedicam de “corpo e alma”, e que nem sempre aparecem. Contudo, somos profundamente agradecidos por esta inteira dedicação. Fazem um trabalho

discreto, porém, necessário! Deus seja louvado pela vida de todos nossos queridos voluntá-rios e voluntárias, bem como dos benfeitores que de uma forma ou de outra contribuíram com a bela festa de Nossa Senhora da Penha! Em nome da Fraternidade Franciscana Nossa Senhora da Penha e da Província Franciscana, nosso muito obrigado por este amor, por esta dedicação e trabalhos realizados! Que Deus, nosso Pai, através de Nossa Senhora da Penha, cumule a todos com as bênçãos da saúde, do bem e de toda paz!

Frei Valdecir Schwambach

ObriGadO!

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o BiSPo |

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O novo bispo auxiliar da Arquidio-cese de Vitória, Dom Rubens Se-vilha, cuida agora “dos rebanhos” das regiões de Vila Velha, Caria-cica e Viana. Em todos os dias

que a liturgia ficou a cargo destas cidades, Dom Rubens foi presidente da celebração das 15 ho-ras no Campinho. No dia 9 de abril, ele presidiu a celebração reservada a Vila Velha e voltou no dia 10/4 para presidir novamente a celebração porque a outra parte de seu rebanho, Cariacica e Viana, veio festejar Nossa Senhora da Penha.

Dom Joaquim Waldimir Lopes Dias, tam-bém nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de Vitória com D. Rubens, é responsável pelas áreas pastorais de Vitória e Serra e presidiu a Festa nos dias reservados a estas regiões.

Dom Sevilha, ex-provincial dos Carmelitas, foi um pregador à altura da Festa da Penha e não precisou de muito esforço para conquistar as multidões. Foi assim também no encerramento da Romaria das Mulheres. Carismático, simpá-tico, ele soube falar e segurar as multidões.

Com palavras de elogio, ânimo e incentivo, ele ganhou aplausos entusiasmados das mulhe-res. “Quantas mulheres são de fato a coluna da família! A mulher não pode desanimar desta

sua missão de ser a coluna da família na socie-dade. Não desanimar da sua fé. Ele, Jesus Cristo Ressuscitado, está no meio de nós e nos fortale-ce”, acrescentou.

Foi muito aplaudido quando disse que Jesus tinha “um amorzinho especial pelas mulheres”, citando o fato de Maria Madalena ser a primeira pessoa a ver o Ressuscitado. “Queria falar aqui para as mães, sobretudo aquelas que enfrentam dificuldades na família, em relação a seus filhos. Primeira coisa, mãe! Não se culpe pelos erros dos filhos adultos. Não se culpe se seus filhos fazem coisas erradas, aprontam ou se estão to-mando o caminho errado. Você ensinou, fez a sua parte. Você deu o melhor de você e ele se enveredou pelo mau caminho”, animou.

Falou às mulheres que não têm o apoio do marido, muito menos a sua compreensão. “Vo-cês se sentem sozinhas ou, algumas vezes, meio abandonadas. Você sente solidão mesmo es-tando com uma pessoa dentro de casa. Quero dizer: você não está sozinha! Deus está sempre com você. Aliás, ele é o verdadeiro amigo. Deus é o verdadeiro companheiro. Não espere das pessoas uma felicidade que não vai encontrar. Não fique mendigando as migalhas de afeto das pessoas. Vocês são mulheres heroicas, vocês têm o carinho de Deus, o amor de Deus”, con-fortou. Ao falar de solidão, o bispo pediu para não confundir solidão com o vazio da alma: “O problema do ser humano não é a solidão, mas a alma vazia. O problema é o coração vazio, a pessoa vazia por dentro, oca, sem valores, sem

dom seVilhaconquista o povo na

festa da penhaCarismático, simpático, o ex-provincial dos Carmelitas foi um pregador à altura da Festa da Penha e não precisou de muito esforço para conquistar as multidões. Ele e Dom Wladimir tomaram posse recentemente na arquidiocese de vitória como bispos auxiliares.

Dom Sevilha é paulista e foi provincial dos Carmelitas Descalços da Província São José.

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fé, sem entusiasmo”.Dom Sevilha contou que uma vez em Ca-

ratinga, Minas, perguntou a uma senhora se iria à Missa e ouviu que “iria se o marido deixasse”. Ele lamentou que muitas mulhe-res sejam tratadas como empregadas, es-cravas dos maridos e pediu que denunciem qualquer tipo de violência contra a mulher. E foi aplaudido.

Interação

Na terça-feira, dia 10, D. Sevilha abordou o tema do dia “Páscoa, a vida é mais for-te do que a morte” e disse que pessimismo não combina com cristianismo, porque o pessimista, de forma indireta, nega a Deus. D. Sevilha exemplificou: “Alguém aqui é pessimista demais. Sabe aquela pessoa para quem está tudo ruim, tudo está mal, nada está bom! Essa pessoa só reclama da vida. Vocês conhecem alguém assim?”, perguntou e ouviu: “Está cheio!”. Ele respondeu: “Nos-sa, achei que eram dois ou três…! (risos)”.

Segundo o bispo, quem é negativo vive reclamando e falando demais. É nervoso. “Quem aqui é nervoso demais? Não precisa levantar mão. Tem muita gente assim, não é? Os padres, eu sei, nós não somos… (risos). Todo mundo é calminho!”, brincou.

D. Sevilha lembrou São João da Cruz para dizer que ele comparava a vida a uma subi-da. O problema, segundo o bispo, é que no caminho carregamos muitas malas, mochi-las e sacolas. “Apegamo-nos a coisas. Vamos carregando aquilo tudo, querendo carregar o mundo todo”, explicou. “Diz São João da Cruz que, ao longo da vida, é preciso ir lar-gando. São as perdas. Na vida nós vamos perdendo pessoas queridas, coisas preciosas para nós, e tudo com sofrimento. A morte de um filho, por exemplo. As perdas da vida que o Senhor nos tira, mas é preciso ir ca-minhando, não parar, não desanimar. Quais são suas malas, mochilas e sacolas que você está carregando?”, perguntou.

E novamente fez o público rir muito. “Uma vez fiz esta pergunta e depois veio na sacristia uma mulher e falou: ‘Eu já descobri qual é a mala da minha vida! É o meu mari-do!’. Essa mala aí não se pode jogar fora, tem que carregar. Carregar a cruz!”, completou.

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A FrATErNiDADE |

Da EsQuErDa Para a DirEita: Frei Alberto Eckel Júnior, Frei Claudius Guski, Frei Pedro Engel, Frei Israel Rodigheri, Frei Ari do Amaral Praxedes, Frei Valdecir Schwambach e Frei Atamil Vicente de Campos.

O Convento da Penha é uma Fraternidade de Acolhimento Vocacional (FAV). Dois jovens, Raoni Freitas da Silva, de Nova Iguaçu (RJ) e Jairo de Macedo, do Rio de Janeiro (RJ), fazem a experiência de meio semestre no Convento. No segundo semestre, eles se unirão aos jovens das demais FAVs para uma experiência unificada no Seminário Santo Antônio de Agudos (SP). (Na foto, Raoni está à direita)

aspirantadO

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o oiTAVário |

Os frades presidiram as

celebrações do Oitavário no

Campinho, sempre com

um bom público.

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o oiTAVário |

A meteorologia acertou. Durante a Festa o sol pre-dominou e as pancadas de chuva ocorreram sem-pre no amanhecer. Com

isso, o que se viu durante o Oitavário, momento devocional que antecede à missa campal das 15 horas, foram as pessoas procurando uma sombra para se esconder do sol.

O Oitavário (oito dias) foi aberto no domingo de Páscoa, dando início à Festa da Penha. Como acontece todos os anos, o primeiro encontro do povo com a histórica imagem de Nossa Se-nhora da Penha no Campinho é aguar-dado com muita expectativa. Às 14h30, a imagem, vestida com seu manto azul e rosa, desceu da capela do Convento para o altar montado no Campinho, enquanto o povo cantava e dava “vivas” a Nossa Senhora. Não há quem não se emocione com este momento devo-cional. Até o encerramento, a imagem

ficou no altar do Campinho, palco de todas as celebrações do Oitavário.

Frei Valdecir Schwambach, guar-dião e reitor do Convento e Santuário da Penha, anunciou a chegada tão es-perada da imagem da Penha. No do-mingo (08), ele foi presidente do Oita-vário, que teve início meia hora antes da celebração eucarística das 15 horas. É tradição a presença dos frades e toda família franciscana nesta preparação devocional de séculos no Santuário de Nossa Senhora da Penha.

O Oitavário é um momento que an-tecede a missa e que convoca os devo-tos à oração e meditação, recordando o sentido de ser neste morro o Santuário da graça e do perdão. Faz-se este mo-mento com cantos a Nossa Senhora; acolhimento do povo de Deus; súplicas pelos mistérios realizados em Maria, Mãe de Jesus, na devoção que Frei Pe-dro Palácios trazia consigo; recordação e consideração do primeiro Francisca-no que chegou aqui (Frei Pedro Palá-cios); a trajetória da vida franciscana na devoção mariana; Ladainha de Nossa Senhora; orações e bênção.

Frei Florival Mariano Toledo, frade do santuário franciscano do Divino Es-pírito Santo, comandou diariamente a animação e cantos do Oitavário com a equipe de músicos do Convento.

A cada dia, um frade do Convento presidiu o Oitavário, com exceção da segunda, dia 7, quando Frei Paulo Pe-reira, do Santuário do Divino Espírito Santo foi o presidente.

Também diariamente, há um subte-ma para a Festa, que é lembrado duran-te o Oitavário e, neste ano, foi lembrada uma aparição de Nossa Senhora, com encenação diária na escada interna do Convento.

Momento devocionalfranciscanO

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o oiTAVário |

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PErSoNAGENS |

Todos os dias, chova ou faça sol, o sr. Theodoro já está não montanha da Penha para participar da primeira Missa, às 6 horas, como Ministro da Eucaristia ou como músico nas

ocasiões solenes. Esse ritual se repete há mais de uma década e, agora também na Festa da Penha, ele ajuda a embelezar o Oitavário com o som do bandolim na Orquestra e Coral do Convento.

Bem próximo de completar 85 anos, Theodo-ro Effgen esquece que suas pernas o incomodam, esquece as dores na coluna e que superou o cân-cer em duas cirurgias, tudo para estar próximo de Nossa Senhora da Penha. “Eu me coloquei nas mãos de Nossa Senhora e ela está me mantendo até hoje”, confessa esse músico, querido por to-dos da equipe, especialmente por Frei Floriano Mariano Toledo, o frade animador do Oitavário.

Natural de Guarapari, Theodoro é de família alemã e se casou com a italiana Belinha, ou Jo-sefina Maria Maiolly, com quem vive há 62 anos e teve o filho João Bosco. “Mas adotei Vila Velha como a minha cidade. Adoro este lugar, onde es-tou há mais de 50 anos. Quer maior privilégio do que se levantar e poder olhar para o alto e admi-rar a morada de Nossa Senhora?”, confessa Theo-doro. Quando era jovem, seus colegas brincavam com ele chamando-o de “hóstia divina”, por cau-sa da música “Eu te adoro hóstia divina….”.

Para estar no convento todo dia cedo, Sr. The-

odoro levanta às 3 horas da manhã: “Já me acos-tumei. Se dormir mais não me sinto bem”, diz. O problema é quando participa dos ensaios e cír-culos bíblicos que passam das 10 horas da noite. “Mentalmente, sinto-me como se tivesse 18 anos. E isso faz com que não entregue os pontos. Fiz uma porção de exames que acusaram tanta “coisa com o nome de ose”, mas não me abato. Desde que fiz uma cirurgia, perdi a sensibilidade nas pernas devido à anestesia. O resto a gente vai le-vando”, conta Theodoro, que participa dos círcu-los bíblicos às segundas, quartas e sextas-feiras e uma vez por semana toca na Missa do meio-dia.

De onde vem essa motivação? Theodoro não pensa duas vezes: de Nossa Senhora da Penha. “A fé é que me mantém de pé. A pessoa que não tem fé é vazia”, ensina. Para ele, sacrifício é uma coisa comum para todo mundo. “O ser humano tem

de nOssasenhora

O bandolim

da penha

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que ter sacrifício. Eu, às vezes, até agradeço pela dor, porque ela faz a gente se aproximar mais de Deus, de Jesus principalmente, que sofreu muito mais do que todos nós”, acrescenta.

A música sempre acompanhou Theodoro des-de os 12 anos, quando aprendeu a tocar bando-lim “de ouvido”. “Mas depois eu estudei música, porque o músico só de ouvido tem limitações”, explica Theodoro, que também toca instrumen-tos de corda como o cavaquinho, banjo, e um

pouco de violão. Segundo Frei Flo-rival, ele interage bem com todos os instrumentos do grupo musical.

Hoje, Theodoro não tem dúvida de que prefere tocar música religio-sa. “Ela não precisa de barulho para que as pessoas apreciem e ouçam. Basta ser harmônica, agradável e falar ao coração”, disse. “Tem que ter equilíbrio”, emenda Frei Florival. Mas como bom músico, na juven-tude, fez muitas serenatas. “Hoje, se pudesse voltar no tempo, não pas-saria mais noitadas tocando, muitas vezes, só por causa da cerveja”, diz. “O corpo cobra a fatura depois… Um dia desses, passando por um bar, convidaram-me: ‘Oh, rapaz, vem cá, senta aqui! A cerveja está garantida’. Eu disse: ‘Olha, já toquei

muito tempo por cerveja, mas hoje não toco mais por cerveja, não!’.”

Apesar da idade, Theodoro não se assusta com o computador e a internet é hoje um dos meios de comunicação usados por ele. “Quem não deve estar gostando disso é governo… Em 2013, vou completar 30 anos de aposentadoria”, diz, rindo.

Além dessa força de vontade, fé e dedicação, ele é paciente e brincalhão. “Eu tinha o desejo de que meu filho me seguisse, mas ele é avesso a tudo o que faço. Nem sabe pegar no bando-lim. Capaz de deixar cair”, conta. Ele ri também quando lembra que um dia voltou do Convento da Penha com metade do seu bandolim, embora na época não tenha gostado nenhum um pouco de ficar sem seu fiel instrumento. “Coloquei na cadeira atrás de mim, e o Sr. José, que é músico também, sentou em cima destruindo-o comple-tamente”. Quando encontrar o sr. Theodoro, per-gunte a ele: “O sr. vai bem?” E vai ouvir: “Não tão bem como desejaria. Melhor do que mereço!”

Theodoro é casado há 62 anos com Belinha., com quem teve um filho.

Washington Negrão e Thedoro

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O segredo da

Como disse o guardião Frei Valdecir, a Festa da Penha é 100% devocional. Para garantir o bom andamento litúr-gico, um dos segredos desta Festa é a música, que anima e embeleza as ce-

lebrações durante nove dias. Neste ano, além dos cantores e músicos, o grupo teve como solistas e animadores Frei Florival Mariano de Toledo e Frei Paulo Ferreira da Silva.

CANTORES1. Julliano Barcellos (Regente); 2. Adermival de Queiros Alvez;

3. Alvo Brioschi; 4. Antonio Rubens Costa; 5. Berlino dos Santos; 6. Carmem Lucia Ribeiro; 7. Dalva Maria Fim; 8. Dilma dos San-tos; 9. Edelita Guisolfi; 10. Emerenciana Fachetti; 11. Francisco Junior Vieira; 12. Frei Pedro Engel; 13. Helena das Graças; 14. Jenilson dos Santos; 15. José Jerônimo da Natividade (Solista); 16. Ledemiriam Arpini; 17. Lorozila Stein; 18. Lucas Moreira; 19. Luiz Carlos Sepulcri; 20. Maria da Gloria Sanson; 21. Maria de Fátima Arrivabene; 22. Marisley Santana; 23. Severino Gomes;

24. Terezinha da Penha Stein; 25. Adriana de Oliveira Carneiro (Solista); 26. Ana Carolina Almeida (Solista); 27. Herica da Vitó-ria Nunes dos Santos (Solista).

MÚSICOS 1. Ana Carolina Scampini Range l(Viola); 2. Antonia La-

rissa Fachetti Oliveira (Piano); 3. Evandro Marendaz (Violino I); 4. Gabriella Santos Batista (Cello); 5. Hariton Nathanailidis (Violino I); 6. Kako Dinelli (Baixo Acústico); 7. Laís Fernandes dos Santos (Flauta Transversal); 8. Pequê Santos (Percussão); 9. Roselene Gonçalves dos Santos (Voz e Violão); 10. Sebastião Oli-veira (Violão); 11. Sergio Elias (Violino II); 12. Theodoro Effgen (Bandolin); 13. Tiago de Castro (Violino II); 14. Tulio Fernandes dos Santos Junior (Acordeon).

TÉCNICOS 1. Tulio Fernandes dos Santos; e 2. Washington Negrão.

ANIMADORES E SOLISTASFrei Florival Mariano de Toledo e Frei Paulo Ferreira da Silva

festa da penha

FREI PAULO

FREI FLORIVAL

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Para Dona Helena do Nascimento Ferrei-ra, com 78 anos, mãe de 11 filhos, viajar de São Mateus para visitar o Santuário de Nossa Senhora da Penha não é um desafio. “Se viajo para Rondônia de ôni-

bus, por que seria um sacrifício uma viagem de três horas?”, diz. “Isso é pouco. Se pudesse viria mais vezes para buscar essa tranquilidade neste morro de paz”, diz.

Ela estava acompanhada da filha, Dejanira Fer-reira Silvares, de 60 anos. “Venho todo ano pedir e agradecer a Nossa Senhora da Penha”, conta a mi-nistra da Eucaristia. “No momento estou afastada porque há um revezamento de ministros, mas não deixo de acompanhá-los quando vão entregar a co-munhão”, diz. Já Arideia Zuliani também veio com a missão de representar o seu marido, um devoto que não pode viajar devido a um derrame. “Mas ele está bem e andando em casa. Sempre veio aqui

e eu estou rezando por ele também. Uma vez ele teve de fazer uma cirurgia, mas pediu a intercessão de Nossa Senhora da Penha e não precisou fazê-la mais. Hoje, está com 86 anos, reza o terço todo dia e não deixa a imagem de Nossa Senhora que tem”, conta Dona Arideia, que tem 7 filhos. “Mas o que importa para mim é que são bons filhos. Amam e cuidam do meu marido”, completou.

a sem distância

venison Bruno (no centro com a cruz) participou todos os dias da Festa. “Foi maravilhosa esta Festa. Participei dos nove dias e cada dia era diferente. Eu me surpreendia a cada dia com a liturgia, com o povo e com as demonstrações de fé. Meu objetivo, ao participar da Festa da Penha deste ano, foi agradecer a Mãezinha Maria por sempre estar intercedendo por mim nos momentos de alegria e tristeza. E ela, como nossa Mãe, sempre está pronta para interceder por nós”.

Dona Helena (sentada) e a filha Dejanira (no meio) e Arideia (à esquerda)

O fiel dapenha

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Transformar um palco num grande altar não é para qualquer um. Mas a voluntária Maria José Arrivabeni, com sua

equipe, conseguiu fazer com que as três grandes celebrações da Festa da Penha unissem beleza e religiosida-de. O “grande presbitério” no palco da Prainha esteve perfeito.

Zeza, como é conhecida, não poupa esforços quando se trata de “trabalhar para Deus”. Como diz o guardião Frei Valdecir, é uma voluntária que se entrega de corpo e alma naquilo que faz. Esse trabalho, contudo, não é recente, começou há 32 anos, quando nasceu a sua filha. “Foi no Santuário do Divino Espírito Santo que eu tive a minha primeira participação numa reunião com o Frei Aurélio para realizar o primeiro encontro de casais com Cristo. Com o tempo, envolvi-me tanto que cheguei a fazer parte de seis conselhos ao mesmo tempo e atuei por 12 anos na Pastoral do Menor. Desde então, nunca parei. Já enfrentei muitos problemas, mas não paro”, conta Zeza.

Quando se mudou para a Praia da Costa, e participava da Comunidade de Santo Antônio, resolveu dar “uma de Santo Antônio”, trabalhan-do mais escondida. “Comecei na arrumação da igreja. Nunca tinha feito e acabei pegando o jeito da coisa”, confessa. O Convento da Penha tam-bém tem lugar especial na sua agenda todo ano na Festa da Penha. Nesta Festa, o guardião Frei Valdecir a colocou como coordenadora da equi-pe do palco da Prainha. “Embora sejam três dias apenas, é muita responsabilidade, já que tudo tem de estar perfeito para as três maiores cele-brações. E o desafio é tornar um palco num am-biente sacro”, explicou.

Mas não pense que Zeza só trabalha para a Igreja. Ela é proprietária de duas lojas de decora-ção. E o tempo para fazer tudo isso? “Tenho fun-

cionários de confiança, por isso passo de manhã nas lojas para dar os encaminhamentos e depois posso fazer o que gosto”.

Zeza é assim, trabalhadora, alegre e participa-tiva. Mas por trás desta mulher há uma história de sofrimento e superação. “Tive dois cânceres e precisei retirar um seio. Foi um trauma e uma di-ficuldade muito grande aceitar isso. Para você ter uma ideia, foram 8 quimioterapias e 55 radiote-rapias. A quimioterapia eu não desejo nem para um cachorro. Eram muitos os efeitos colaterais, como o sangramento pelos dentes. Mas aguentei. Faz quatro anos que estou curada com a graça de Deus”, diz emocionada.

“Por isso, esse trabalho é pouco perto desta graça que alcancei. Eu tenho mais é que agrade-cer a Deus por Ele me dar a vida. Ele me ama mais do que eu. Tenho que estar feliz e alegre”, diz Maria José, sem esquecer também de agradecer a Nossa Senhora da Penha. Maria José é casada com Darci, com quem tem duas filhas. “Ele me apoia em tudo. Participa da Pastoral do Dízimo e é muito atuante”. Zeza diz que não liga quando dizem que ela é “carola”. “Faço de coração”. Ela só não gosta quando Frei Valdecir tem que pagar para deixar a Festa de Nossa Senhora mais bela. “Fico injuriada. Para tudo a gente dá um jeito”, ensina. Foi ideia dela colocar um grande painel de Nossa Senhora das Alegrias no palco. “Corri atrás de patrocínio e valeu a pena, porque o am-biente ficou mais bonito e sacro”.

O trabalhO

de zezaescondido

Zeza (à direita) ao lado de Simone

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“Iaiá, você vai à Penha? “Iaiá, você vai à Penha? Me leva ô, me leva…”. O conhecido canto no ritmo do congo subiu a ladeira do Morro da Penha logo cedo avisando que era dia de festa. E foi com devoção, alegria e muito ritmo que as bandas de congo do Espírito Santo homenagearam na se-gunda-feira (16/4) a Padroeira do Espírito Santo. Foram rece-bidas com carinho pelo guar-dião do Convento, Frei Val-decir Schwambach, que deu a bênção e pediu que cantassem “Maria de Nazaré” no ritmo do congo.

Frei Valdecir agradeceu a presença das bandas e pediu que continuem usando os instrumentos com alegria e como promoção da paz. “Levem a beleza do canto e promo-vam sempre a paz, a comunhão e a felicidade entre as pessoas”, disse Frei Valdecir.

A banda de mestre Alberto Pego, a Tam-

Os taMbOres tOcaM para

nOssa senhOrabor de Jacaranema, também marcou presença. “Há 21 anos venho para a Festa da Penha”, lembra o professor de Filosofia e um apaixonado pelo congo capixaba.

Atualmente, no Espírito Santo exis-tem 60 bandas. É o único estado bra-sileiro com esta tradição musical. “Pa-rentesco com o congo há em Minas e no Maranhão, embora a tradição das congadas de Minas não é de tambor, mas de viola. O congo é rítmico. Nosso parentesco maior é com o Maranhão, a cultura de boi de marica, boi de ma-rimba. Tem muita semelhança com a nossa batida”, explica o Mestre Alberto.

Já a banda de Congo Mestre Honó-rio, da Barra do Jucu, subiu a ladeira da

Penha um pouco antes, no sábado de Aleluia. O grupo subiu o morro cantando, mas quando chegou no portão da ladeira, parou os instrumentos para visitar em silêncio a imagem da Padroeira. Todo ano a banda de congo Mestre Honório sobe as ladeiras do Convento, marcando também o período de je-jum da Quaresma, já que durante 40 dias a banda ficar sem tocar e sem cantar como forma de penitência.

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Terço GiGANTE |

Omar, Célia e os filhos Artur e Stefany na montagem do terço. À esq., o bombeiro Alcemir.

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O Convento da Penha pode ser visto de vários ângulos no alto da mon-tanha. Em cada um deles brinda o visitante com um cartão postal. Mas o lado mais fotografado de to-

dos é o que se consegue do Campinho, com as duas palmeiras em primeiro plano. Na véspera da Festa da Penha (07/4), o cartão postal ganhou mais beleza e devoção com a instalação do terço gigante. Pela 15ª vez, o médico Osmar Sales doou seu tempo, para elaborar esta peça de arte em homenagem a Nossa Senhora. Neste ano, a de-coração das contas do Rosário foi feita com bolas ou coroas de cipó, trazidas da Bahia por sugestão de Célia, sua esposa. Pesando cerca de 50 quilos, com as bolas espalhadas em 20 metros, o rosário consumiu 60 lâmpadas, suficientes para iluminá--lo à noite e ser visto da Terceira Ponte.

“Resolvi empregar o cipó este ano para re-meter à imagem de Maria, pois o cipó lembra a simplicidade e a resistência da Mãe de Jesus diante das dificuldades enfrentadas na sua vida”, explicou o médico, que procura sempre utilizar materiais recicláveis, como latinhas de alumínio e canos de PVC que usou na decoração deste ano.

O terço foi confeccionado na cor branca para realçar o tema do Oitavário: “Maria, a Mãe de Jesus, o Cristo da Paz”. Mas o tema do Rosário, escolhido por Osmar, foi “Maria, Mãe do Reden-tor”, por isso a cruz do terço teve a imagem do Cristo Redentor. Além da imagem da Virgem da Penha, Osmar esculpiu um anjo de madeira

para colocar no centro do rosário, com os dizeres “Maria, Rainha da Paz”. Esse anjo, contudo, pas-sou por maus bocados. No alto do morro o vento é mais forte e fez com que o fio se soltasse da pal-meira e deixasse o anjo dependurado, causando preocupação durante a Missa das 15 horas do dia 12. Osmar não esperou terminar a celebração e, com a ajuda do experiente bombeiro e sargento da reserva Alcemir, que montou o terço nos 14 anos, o problema foi resolvido.

Além de Célia, seus filhos Artur e Stefany acompanharam a montagem. “Eles não perdem este momento, pois desde crianças acompanha-ram ano a ano a montagem de cada terço”, disse Célia.

ENTRE AS PALMEIRAS DE ANTôNIO ZAMPIERE

Entre as pessoas da equipe de Osmar, cerca de 20, estava Conceição Zampiere (foto abaixo), que não perde a Festa da Penha e ajudou a er-guer o terço até ganhar a altura necessária para ficar pendurado entre as palmeiras. Conceição admirava com orgulho as palmeiras, enquanto os bombeiros as escalavam. “Foi meu pai que as plantou há mais de 60 anos”, contava. “Meu pai plantou três palmeiras em forma de cruz, mas es-sas duas cresceram na mesma proporção”, disse Conceição, que é filha de Antônio e Catharina Zampiere, o casal que se casou no dia 6 de maio de 1943 e, anos depois, em julho de 1947, mu-dou-se para o Convento da Penha. Durante 40 anos, Antônio criou a família – oito filhos – em meio a muito trabalho e histórias de fé.

Como não lembrava a data em que seu pai, já falecido, plantou as palmeiras, Conceição ligou para sua mãe e ela recordou que logo que veio morar plantou as palmeiras, ou seja, no ano de 1947. Para ela, como as palmeiras vivem cem anos, “já está na hora de começar a plantar outras duas no lugar”.

tradiçãOuma

de 15anos

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1558 – Chega à Capitania do Espírito Santo o irmão leigo franciscano, Frei Pedro Palácios, fundador do Santuário de Nossa Senhora da Penha.1562 – Construção da Capela dedicada a São Francisco por Frei Pedro Palácios.1566 – Início da construção da ermida de Nossa Senhora da Penha do Espírito Santo por Frei Pedro Palácios.1569 - Chega de Lisboa a imagem de Nossa Senhora da Penha encomendada por Frei Pedro Palácios.1570 – Conclusão da construção da ermida de Nossa Senhora.1570 – Falece Frei Pedro Palácios, no dia seguinte aos festejos da Penha. Seu corpo foi sepultado na ermida de Nossa Senhora da Penha.1573 – Notícia da primeira romaria ao alto do Morro da Penha realizada pelos jesuítas Luís de Grã e Inácio de Tolosa, em agradecimento por terem sobrevivido a um naufrágio.1589 – O primeiro Custódio franciscano, Frei Melchior de Santa Catarina, a pedido dos governantes espírito-santenses, determina a vinda de dois religiosos de Olinda, Frei Antônio dos Mártires e Frei Antônio das Chagas, para fundarem o Convento de Vitória.1590 – Entrega da administração da capela de Nossa Senhora da Penha aos religiosos franciscanos.1591 – Chegam a Vitória os religiosos franciscanos para fundarem o Convento de Vitória. Quando receberam por carta de doação de 5 de dezembro, o terreno em que o construíram.1591 – Dona Luiza Grimaldi, Governadora do Espírito Santo, faz aos franciscanos a escritura de doação do Morro da Penha (6/12).1592 – Os franciscanos de Vitória assumem a assistência espiritual aos romeiros da Penha e o culto divino dominical.1592 – Tentativa de tomada de assalto da Vila de Vitória pelo pirata inglês Thomas Cavendish.1595 – Colocação da pedra fundamental da Igreja de São Francisco por Frei Antônio das Chagas, então superior da comunidade no Espírito Santo (21/3).1609 – Translado dos restos mortais de Pedro Palácios para o Convento de São Francisco de Vitória, por determinação de Frei Lourenço de Jesus (18/2).1616 – Início do processo regular para canonização de Frei Pedro Palácios, instaurando-se em Vitória o processo de beatificação pelo Custódio Frei Vicente do Salvador (27/7).1652 – Lançamento da pedra fundamental da Construção do Convento da Penha.1652 – Doação do Governador do Rio de Janeiro, Salvador de Sá e Benevides, para a construção do Convento da Penha (escritura pública passada aos 17 de junho de 1652).1653 – Saque dos holandeses ao Convento, às vésperas do término do domínio holandês no Brasil.1660 – Terminam as obras de construção do Convento da Penha.1675 – Criada a Província Franciscana da Imaculada Conceição, com sede no Rio de Janeiro, a que fica subordinado o Convento da Penha.1750 – O Provincial Frei Agostinho de São José manda ampliar o prédio do Convento da Penha.1765 – O Convento aumentado conta com 23 franciscanos (12 sacerdotes, 6 coristas e 5 irmãos).1769 – Durante grande seca, a imagem de Nossa Senhora da Penha segue em procissão marítima para Vitória, dando ensejo ao “Milagre da Chuva”.

há 454 anOs cheGaVafrei pedrO paláciOs...

Frei Pedro Palácios

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1802 – Tem início no Convento da Penha um curso de língua indígena para os missionários franciscanos do Espírito Santo e de São Paulo.1818 – Viagem de Saint Hilaire ao Espírito Santo e ao Convento da Penha.1824 – D. Pedro I determina a manutenção em vigor da doação anual de 30 novilhos feita à Penha pelo governador Sá e Benevides.1842 – Presença de Padre Feijó na Penha.1844 - Oficialização da Festa da Penha pelo Governo Provincial. Lei nº 7 declara, pela Assembleia Provincial, a data do evento como feriado para todas as repartições públicas.1853 – Frei João Nepomuceno Valadares levanta 8 casas de romeiros e restaura parte da Penha.1860 – Viagem do Imperador D. Pedro II ao Espírito Santo e visita ao Convento da Penha, sendo guardião Frei João Valadares, nomeado pregador imperial (28/1).1867 – Frei Teotônio de Santa Humiliana, último guardião canonicamente eleito, entrega o cargo, tendo colocado em 1864 a lousa comemorativa na Gruta de Frei Pedro Palácios.1874 – O administrador da Penha, Frei João do Amor Divino, contrata o escultor José Fernandes Pereira para as obras da escultura do zimbório, retábulos, cornijas, capitéis e arcadas, enquanto o pintor Vitor Meireles é incumbido das pinturas dos retábulos.1879 – D. Pedro Maria Lacerda, bispo do Rio de Janeiro, decreta a celebração de festas de Nossa Senhora da Penha fora do Santuário (14/4).1881 – O papa Leão XIII concede indulgências aos romeiros da Penha.1895 – Criação da Diocese do Espírito Santo.1898 – O Convento da Penha e o de São Francisco passam a ser confiados à Mitra. Diocesana de Vitória na pessoa do 1º bispo, D. João Batista Correia Néri.1902 – O segundo bispo, D. Fernando de Souza Monteiro, incentiva as romarias e reforma o interior do Santuário.1912 – A Santa Sé declara Nossa Senhora da Penha Padroeira da diocese do Espírito Santo.1917 – Inauguração da luz elétrica no Santuário Nossa Senhora da Penha.1918 – O terceiro bispo, D. Benedito Alves de Souza, adapta o Convento da Penha para retiros. 1927 – Inauguração das 4 valiosas telas de Benedito Calixto que evocam a história da Penha.1942 – Início do processo de devolução do Santuário de Nossa Senhora da Penha aos franciscanos, sendo o primeiro superior Frei Luis de Wand, cuja posse como superior do Convento foi em 1/2/1942.1943 – Iphan tomba o Convento da Penha.1945 – Restauração do Convento por André Carloni.1952 – Construção do portão da entrada principal e pavimento da estrada até o Campinho.1955 – Entrega definitiva do Santuário e do Convento de Nossa Senhora da Penha aos franciscanos.1958 – Comemora-se o IV Centenário da chegada de Frei Pedro Palácios.1966 – Restauração da imagem de Nossa Senhora da Penha pelos franciscanos.1968 – Roubo da imagem de Nossa Senhora Menina do altar de Sant’Ana.1970 – Comemoração do IV Centenário da morte de Frei Pedro Palácios.1970 – Início da Romaria das Mulheres.1984 – Reforma do assoalho do Santuário.1999 – Inauguração do Museu reformado e da Sala dos Milagres.2000 – Restauração da imagem de Nossa Senhora da Penha pelo artista plástico Attilio Colnago.2000 – Etapa final de recuperação e conservação da mata do Convento pela CVRD e CST.2008 – Jubileu dos 450 anos da devoção a Nossa Senhora da Penha e presença franciscana.

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O franciscano Frei Pedro Palácios nasceu em Medina do Rio Seco, perto da Província de Salaman-ca, na Espanha. É exatamente nesta província que surge a de-

voção a Nossa Senhora da Penha, quando em 19 de maio de 1434, o monge francês Simon Vela e um grupo de pastores encontraram no cume da montanha a imagem da Virgem.

Era uma época de guerra entre os franceses e muçulmanos e os católicos tinham o costu-me de enterrar suas imagens sacras para não serem destruídas.

Simão sonhou com esta imagem e, depois de cinco anos de procura, chegou ao monte em que hoje está construído o santuário da Pe-nha de França, a 1.800 metros do nível do mar.

Depois de caminhar por três dias nesta montanha, parou para descansar e viu sentada perto dele uma formosa senhora com o filho no colo, que lhe indicou o lugar onde encon-traria a imagem.

Em pouco tempo construiu-se no local uma capela que hoje ocupa o presbitério da igreja. Em seguida, construíram mais três capelas no local dedicadas a Santiago, Santo André e San-to Cristo.

Com o grande número de milagres alcan-çados por intermédio de Nossa Senhora hou-ve um aumento do número de peregrinos, e, em 1445, a igreja foi ampliada. Num espaço de 26,66 por 18 metros se construíram as três na-ves góticas da atual igreja. Em 1450 foi total-mente concluída e ficou sob a administração dos dominicanos.

Em Portugal, a devoção chegou depois da famosa batalha de Alcácer-Quibir, quando uma peste assolou o país. Como a Espanha se

a OriGeM

nOssa senhOra

livrara do flagelo graças à intervenção de Nos-sa Senhora da Penha de França, o Senado da Câmara de Lisboa prometeu à Mãe de Deus construir um grandioso templo se ela livrasse a cidade da moléstia.

Extinta a epidemia quase que subitamente, a Câmara mandou edificar magnífico santuá-rio naquele local.

No Brasil, a primeira ermida em sua honra foi erguida no morro de Vila Velha, na anti-ga Capitania do Espírito Santo, entre 1558 e 1570, por Frei Pedro Palácios. Em 1569, che-gou de Lisboa a imagem de Nossa Senhora da Penha encomendada pelo franciscano, dando início a uma grande devoção.

da devoção a

da penhahiS

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Romaria dos Homens