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1 VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS Editor Gumercindo Souza Lima ISSN 2447-4789 26 a 28 de outubro de 2015. Viçosa MG Brasil

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VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE

ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS

Editor

Gumercindo Souza Lima

ISSN 2447-4789

26 a 28 de outubro de 2015.

Viçosa – MG – Brasil

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© 2015 by Gumercindo Souza Lima

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem a

autorização escrita e prévia dos detentores do Copyright.

Impresso no Brasil

Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e Classificação da

Biblioteca Central da Universidade Federal de Viçosa

S612a

2012

Simpósio de Meio Ambiente

(8: 2015 : Viçosa, MG).

Anais de resumos expandidos [recurso eletrônico] / VIII Simpósio de Meio

Ambiente , 26 a 28 de outubro de 2015, Viçosa, MG;

Editor Gumercindo Souza Lima – Viçosa, MG

: O Editor, 2015.

1 CD-ROM (140p.) : il. ; 4 ¾ pol.

Tema do congresso: Conservação, mapeamento e meio ambiente.

ISSN.: 2447-4789

1. Conservação – Congressos. 2. Ecologia agrícola – Congressos.

3. Solos – Congressos. I. LIMA, Gumercindo Souza, 1962-. II. Título. II.

Título: VIII Simpósio de Meio Ambiente

CDD 22.ed. 630.6

Diagramação e montagem: Geicimara Guimarães

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VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE

ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS

Editor

Gumercindo Souza Lima

ISSN 2447-4789

26 a 28 de outubro de 2015.

Viçosa – MG – Brasil

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Prefácio

O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de

outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de Viçosa, em Minas

Gerais.

É crescente a cada dia, a magnitude dos problemas ambientais causados pela

ocupação das terras e pelo desenvolvimento da humanidade. Mais do que nunca, os efeitos

dessas ações antrópicas estão começando a afetar diretamente a vida de cada um de nós. O

desenvolvimento segue em ritmo acelerado e as questões ambientais são normalmente

relegadas ao segundo plano.

Os constantes e graves problemas ambientais que tem surgido em todo o mundo

denunciam a baixa aplicabilidade dos conhecimentos gerados em nossas instituições de

ensino e pesquisa. Tais problemas têm afetado direta e indiretamente a vida humana, e por

extensão a sociedade como um todo. Nesse contexto, é necessário e urgente a busca e

difusão de conhecimentos que estejam relacionados a novas formas de desenvolvimento da

humanidade sem afetar o meio ambiente. Desta forma, espera-se com o VIII Simpósio

sobre Meio Ambiente, focado em Cenários e Perspectivas, apoiar as comunidades

acadêmicas e cientificas na busca de soluções para esta questão tão importante, que não

pode mais esperar ou ser deixada para a posteridade. A cada dia que passa, torna-se mais

difícil a mitigação dos efeitos causados pelo homem ao meio ambiente, e se não atuarmos

agora, talvez não tenhamos mais tarde essa oportunidade.

Objetivos:

Debates - Proporcionar amplo debate sobre as principais mudanças que afetam o

meio ambiente, a fim de reduzir os impactos ambientais.

Alternativas - Gerar propostas e alternativas viáveis à sustentabilidade do meio em

que vivemos, visando a melhoria da qualidade de vida na sociedade na qual estamos

inseridos.

Visão atual - Proporcionar uma visão atualizada sobre o meio ambiente e as

estratégias utilizadas por empresas para minimizar e, ou mitigar os possíveis impactos.

Integração - Investir na abertura de canais estratégicos de comunicação

institucional entre universidades, órgãos governamentais e setor empresarial.

Discussões - Facilitar e promover a discussão técnica e acadêmica sobre o enfoque

das novas tecnologias e os Aspectos Ambientais.

Os organizadores do evento

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A expansão da malha energética no Brasil: avaliação e indicadores em

Programas de Educação Ambiental no âmbito do licenciamento1

Néri Olabarriaga2, Marinilza Bruno de Carvalho

3

Parte da tese de doutorado do primeiro autor 2 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente-PPGMA, UERJ/RJ e Estudante de

graduação em Pedagogia da UNIRIO/RJ: [email protected] 3 Professora Doutora do Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente-PPGMA, UERJ/RJ

Resumo: O artigo relata discussões abordadas em pesquisa de doutorado, trazendo

resultados obtidos até o momento. A pesquisa investiga e discute a necessidade do

desenvolvimento metodológico de construção de indicadores e procedimentos de avaliação

em Programas e Projetos de Educação Ambiental implementados por empreendimentos de

Linhas de Transmissão de Energia, incluindo apontamentos que possam servir de base para

o Licenciamento Ambiental no Brasil e grupos afetados, considerando lacuna em

fundamentação teórica e metodológica relacionada ao tema em nosso país. O trabalho traz

uma breve revisão teórica na literatura nacional sobre riscos socioambientais da expansão

da malha energética brasileira, e sobre conceitos de justiça ambiental, participação, e

vulnerabilidade. Apresenta que, além da vulnerabilidade a que estão expostos os grupos

afetados, muitas vezes, os residentes destas áreas vivem em situação de injustiça

ambiental, tendo suas problemáticas locais intensificadas, devido ausência de avaliação dos

Programas desenvolvidos.

Palavras–chave: Avaliação, educação ambiental, licenciamento ambiental, justiça

ambiental, vulnerabilidade.

The expansion of the energy network in Brazil: evaluation and indicators in the

Environmental Education Programs under the Licensing 1

Abstract: The article reports on discussions contained in doctoral research, bringing

results obtained so far. The research investigates and discusses the need for methodological

development of construction of indicators and evaluation procedures for programs and

environmental education projects implemented by enterprises of Power Transmission

Lines, including notes that can be the basis for the environmental licensing in Brazil and

affected groups, considering a lack of methodological and theoretical studies about the

theme in our country. The paper presents a brief literature review in the national literature

on social and environmental risks of expansion of the Brazilian power grid, and on

concepts of environmental justice, participation, and vulnerability. It shows that besides the

vulnerability they are exposed to affected groups often residents of these areas live in

environmental injustice situation and intensified their local problems, due to the absence of

evaluation of the developed software.

Keywords: Evaluation, environmental education, environmental licensing, environmental

justice, vulnerability.

Introdução A realidade socioambiental descortina uma infinidade de eventos relacionados às

agressões ambientais. Entre os muitos responsáveis, em ressonância a um movimento

contraditório ao discurso que confere à finitude dos recursos naturais e à seguridade da

manutenção da vida humana, destacam-se as atividades produtivas e exploratórias de larga

escala. Estas se manifestam mais contundentes nos setores de petróleo e gás, no energético,

nas mineradoras, no agropecuário, e em uma extensa lista que se desdobra em igualmente

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extensas problemáticas socioambientais. Não isenta de argumentos que visam suprir as

necessidades de bem estar de uso comum, que contradiz e fere o princípio da

sustentabilidade, e priva o direito público ao ambiente ecologicamente equilibrado para a

vida saudável. E, o jogo de expropriação dos recursos naturais e sociais pode acentuar as

assimetrias entre grupos sociais, em função da apropriação e utilização de um espaço

ambiental em detrimento da sua ocupação e uso por parte de outros segmentos sociais.

No cenário brasileiro, normatizações buscam no Licenciamento Ambiental (LA)

padrões de desenvolvimento para que empreendimentos de risco ambiental sejam

implantados. Afora o âmbito político, emergem na gestão ambiental discussões sobre

controle social, conflitos de uso e distributivos, e participação popular. Este discurso se

fortalece em apropriações e sentidos diversos, para que os atores sociais, referenciados por

seus valores e interesses, legitimem suas práticas e necessidades na sociedade se

fortalecendo, assim, nas disputas com outros atores, que defendem lógicas de valores e

interesses que, por uma relação de poder desigual, se beneficiam nestas disputas.

O diálogo da pesquisadora avança em reflexões sobre a discussão teórica e política

de normatizações do cenário brasileiro que buscam, no cumprimento do processo de LA, a

garantia de padrões de qualidade socioambiental. E, na resolução de problemas entre os

interesses públicos e privados, bem como na mitigação e compensação dos impactos de

empreendimentos de Linhas de Transmissão de Energia.

Uma possível resposta para esta difícil equação seria a inserção da avaliação e de

indicadores mais consistentes nos Programas de Educação Ambiental (PEAs). Segundo

Carvalho (2009), se por um lado o advento das inovações avaliativas em âmbito Nacional

tem ecoado internacionalmente, esta mesma proporção não se fez ressonante em termos de

conhecimento teórico e de amadurecimento em suas práticas, se refletindo, inclusive, em

estratégias e abordagens equivocadas. No âmbito do Licenciamento e das próprias práticas

de Educação Ambiental, avaliação e indicadores ainda se constituem como um campo

frágil.

Esta pesquisa objetiva refletir, de modo simplificado, sobre indicativos que

sustentem a necessidade da construção de indicadores socioambientais e procedimentos de

avaliação mais consistentes para programas e projetos de Educação Ambiental de Linhas

de Transmissão de Energia desenvolvidos em comunidades localizadas em área de

influência desses empreendimentos. Garantindo resultados que objetivam a Educação

Ambiental em uma perspectiva crítica.

Material e Métodos Além da revisão bibliográfica, possui como opção metodológica a pesquisa

qualitativa e participativa, que concedeu suporte à intervenção junto a comunidades

impactadas pela implantação de empreendimentos em transmissão de energia e que foram

beneficiadas por Programas de EA. Busca-se, na interação junto às comunidades

envolvidas e contextos, uma compreensão sobre o desenvolvimento desse processo para

perceber possíveis fragilidades e obter, como resultado, indicativos de procedimentos

metodológicos para a superação.

Resultados e Discussão Observa-se, como discurso público, o setor elétrico e das Linhas de Transmissão

(LTs) de Energia um estímulo calcado por uma vertiginosa necessidade de produção e

reprodução de bens materiais e imateriais que dependem da energia, bem como

visceralmente do provimento dos recursos naturais. Para ilustrar esta dimensão, em 2010

foram energizados 2.561 km e em 2011 adicionados 2.672 km de 14 novas LTs,

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alcançando a extensão total de 104.000 km. Em 2012, três leilões viabilizaram a concessão

de 2.625 km de novas LTs, com investimento de R$ 3,9 bilhões.

Inserido em um contexto de aceleração de crescimento, estes investimentos fazem

parte da estratégia política do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado em

janeiro de 2007, que visa o crescimento “sustentável” da economia brasileira. Contribuindo

para que os investimentos continuem a crescer mais rapidamente, fator julgado

determinante ao desenvolvimento do País. Em continuidade, o PAC2 previa investimento

de R$31 bilhões na Transmissão de Energia até 20141.

Estes investimentos surgem com propósito de inegável contribuição para a sociedade

e merecem o seu reconhecimento. Dentre estes, cita-se o aumento do atendimento de

energia por meio do escoamento das usinas termoelétricas e a redução dos custos com a

geração térmica local; aumento da confiabilidade de suprimento de energia a regiões

diversas; a integração entre os subsistemas do Sistema Interligado Nacional (SIN); além da

promessa da geração de empregos durante sua fase de construção, e após estas

interligações os sistemas isolados representarão, segundo estimativa, 0,9% da energia

consumida no País.

Ocorre que são torres e cabeamentos atravessando vastas regiões com

especificidades territoriais diversas. O alargamento da produção impele uma crescente

lógica distributiva e a malha de expansão, geralmente, não revela em igual amplitude as

reais implicações em termos socioambientais. Reduzida a uma questão de ordem

econômica e sinônima de desenvolvimento associada aos supostos benefícios trazida em

decorrência da disponibilidade de energia, impregna no senso comum uma visão reforçada

pela ótica dos empreendedores e do governo que desconsidera o diálogo desigual travado

no tecido social. Minimizando riscos e danos socioambientais, que penalizam

especialmente grupos sociais de maior vulnerabilidade ambiental afetado pela influência

do empreendimento.

Esta cultura vela as diferentes formas de apropriação dos territórios e opera sobe a

ideia de que os impactos são passíveis de regulação sem prejuízos significativos a ordem

social local. Excluindo a possibilidade da reflexão crítica sobre os conflitos ambientais

inerentes ao licenciamento. Conflitivo por natureza, o Licenciamento Ambiental reflete a

atuação de disputas espaciais complexas constituídas pela interação de diferentes

elementos, fatores, atores e interesses díspares e conflitantes. Configura-se neste cenário

um quadro de injustiça ambiental onde se inscrevem conflitos ambientais latentes

(ACSELRAD, 2009).

O licenciamento se inicia na apresentação de justificativas da viabilidade ambiental.

Apesar de seguir as diretrizes do órgão ambiental, e valendo-se destas, estruturam seus

estudos de modo a concluir pela viabilidade ambiental do projeto. E, incorrendo em

possíveis subtrações de questões prioritárias aos interesses e necessidades de diferentes

camadas sociais, direta ou indiretamente afetadas, sobretudo, dos grupos em situação de

maior vulnerabilidade. Referenciadas pela ótica do empreendedor são reduzidas, muitas

das vezes, a ordem econômica associada aos aspectos naturais e a propostas de

adaptabilidade técnica, velando os conflitos ambientais latentes. Descolam as assimetrias

enraizadas em cada territoriorialidade, a desigualdade social sobre as condições de acesso a

recursos, e a influência que se desdobra sobre a limitação da qualidade de vida da

população da localidade, além da perda do controle social. Neste sentido, o controle social,

os estudos ambientais e os mecanismos de avaliação são de pouca efetividade, pois não são

contemplados em amplitude os riscos ambientais decorrentes da atividade e informados do

1 Fonte http://www.mme.gov.br/see/. Relatórios do Plano de Aceleração do Desenvolvimento. Acesso em 20/07/12

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contexto local, tanto para desvelar os conflitos ambientais inerentes à atividade, quanto

para lidar com as demandas regionais que porventura surjam.

O que os Programas de Educação Ambiental em uma perspectiva crítica e os

indicadores e procedimentos de avaliação podem trazer de inovador neste processo?

Acredita-se que componente da Educação Ambiental em uma perspectiva crítica, junto a

indicadores e procedimentos de avaliação desenvolvidos ao longo da implantação do

empreendimento possa viabilizar a minimização dos conflitos, permitir que os conflitos

ambientais oriundos do processo de implantação e operação do empreendimento sejam

diagnosticados, contemplados e tratados de modo a contribuir para os seus enfrentamentos

e superação. Trata-se de desvelar os conflitos e tornar participativo o processo

investigativo. Trilhando caminhos promissores à justiça ambiental e a definição dos grupos

de maior vulnerabilidade. A justiça ambiental deve primar pela existência social através do

tratamento justo e garantir que nenhum grupo de pessoas suporte parcelas desproporcionais

decorrentes de empreendimentos de risco ambiental.

Conclusões A Educação Ambiental, apesar de reconhecida nos instrumentos legais, acumula

desafios para a prática e a avaliação, que sugere uma intervenção pedagógica ingênua dada

a insipiência em seu rigor teórico e nos processos de avaliação e de indicadores. Embora a

riqueza das propostas de Educação Ambiental desenvolvidas no Licenciamento, pouco se

registra em tratamentos mais consistentes e capazes da validação de seus resultados. Os

instrumentos de avaliação cristalizam-se em concepções tradicionais, enfatizando

mensuração quantitativa. No âmbito do Licenciamento se intensifica devido à

complexidade das realidades em que se executam os projetos e na diversidade dos sujeitos

e fatores que moldam e intervêm nas relações entre a estruturação dos Escopos e em sua

implementação. O desafio se dá em estruturar Programas de EA capazes de operar em

relações contextualizadas, coerentes com os princípios da EA numa perspectiva crítica.

Acredita-se que a avaliação formalizada em um método edifique premissas no

escopo dos projetos passíveis de serem revisitadas e cobradas a partir de indicadores

consistentes, legitimando a Educação Ambiental que se propõe crítica e certificando os

seus proponentes, sobretudo, os grupos de maior vulnerabilidade socioambiental.

Literatura citada ACSELRAD, Henri; MELLO, Cecília C do A. BEZERRA, Gustavo das N. O que é

Justiça Ambiental. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.

CARVALHO, Marinilza Bruno. A3 Metodologia de avaliação e construção de

indicadores. Rio de Janeiro: Editora Ciência Moderna Ltda., 2009.

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A importância da abordagem territorial na definição dos atingidos por mineração

Francisleila Melo Santos Fernandes¹, Renata Bernardes Faria Campos². 1 Mestranda em Gestão Integrada do Território, UNIVALE.

2 Professor PPG em Gestão Integrada do Território, UNIVALE

Resumo: Os impactos decorrentes da mineração são considerados numa abordagem

positivista e capitalista, não abarcando o poder simbólico que emerge na perspectiva

territorial. Além disso, os trabalhos que discorrem sobre atingidos por mineração utilizam

o conceito apresentado para lidar com equacionamento e tratamento de problemas

decorrentes de projetos hidrelétricos. Entretanto, a exploração mineral, abarca uma gama

de atividades tornando a definição dos atingidos mais abrangente e complexa. Nos casos,

em que ocorre a desapropriação dos terrenos localizados na área da mina a ser explorada e

das estruturas adjacentes, e as comunidades refugiadas são territorializadas em outros

terrenos ou recebem indenizações financeiras, o termo “refugiado” equipara-se ao termo

“atingido”. Entretanto, comunidades não consideradas como atingidas, passam a conviver

com o declínio ambiental de tal maneira que sua subsistência entra em perigo o que

implica num aumento significativo do número de atingidos pela mineração.

Palavras–chave: Impacto ambiental, refugiado, território.

Abstract: The impacts of mining are considered on a positivistic and capitalist approach,

not covering the symbolic power that emerges from the territorial perspective. In addition,

studies that discuss affected by mining using the concept presented to deal with problems

caused by hydroelectric projects. However, mineral exploration covers a range of activities

making the definition of affected most comprehensive and complex. In cases where there is

the expropriation of land located in the area of the mine to be explored and adjacent

structures, and refugee communities are territorialized in other land or receive financial

compensation, the term "refugee" are equivalent to the term "affected". However, even

communities not considered affected, begin to live with the environmental decline so that

their livelihood comes into danger implying a significant increase in the number of people

affected by mining.

Keywords: Environmental impact, refugee, territory.

Introdução A legislação que estabelece as diretrizes para elaboração do Estudo de Impacto

Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) - documentos obrigatórios para a

tomada de decisão quanto à viabilidade de implantação de um empreendimento - é a

resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº 01, de 23 de janeiro de

1986, que em seu artigo 1º apresenta a definição de impacto ambiental:

“(...) qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente (...)

que direta ou indiretamente afetam a saúde, segurança, bem estar da população, as atividades

sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a

qualidade dos recursos ambientais” (BRASIL, 2012, p.922).

Neste sentido, o presente trabalho considera aspectos ligados às populações como

passíveis de importantes impactos ocasionados pela mineração. No atual cenário de

crescente expansão deste tipo de atividade, diversos autores abordam em seus estudos

diferentes formas para conceituar os atores que são envolvidos em processos de

implantação de grandes empreendimentos quando estes resultam no deslocamento

populacional gerando impactos nas comunidades, culminado em conflitos que em alguns

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casos se arrastam ao longo de vários anos. Portanto, a proposta deste trabalho é analisar

abordagens sobre o termo “atingido” quando os atores desse processo são comunidades

que sofre com os impactos advindos da atividade de exploração mineral visando identificar

qual das abordagens mais se aproxima da concepção simbólica do território e identificar

quem são os atingidos pela mineração e o que os torna atingidos?

A discussão sobre o conceito de “atingidos por mineração” faz-se necessária quando

consideramos que esta terminologia deve abarcar mais que os aspectos materiais das

populações que habitam o território que será destinado à exploração mineral. É preciso

considerar que as comunidades tradicionais possuem mais que o território material, elas

possuem modo de vida própria que extrapola as delimitações da implantação do

empreendimento. Estas populações possuem vínculo com a terra que vai além do espaço

geográfico, possuem sentimentos, histórias e memórias que vão desde a uma estrada que

liga comunidades, aos vínculos de parentesco e vizinhança que permitem a transmissão de

saberes que influenciam na qualidade de vida dessas comunidades. Leff (2003) traça a

configuração da identidade do atingido, como identidades que “têm se configurado através

de lutas de resistência, afirmação e reconstrução do ser cultural frente às estratégias de

apropriação e transformação da natureza que promove e impõe à globalização econômica”

(p.5, tradução), tal identidade é colocada à prova sempre que os territórios são envolvidos

em disputas onde ocorrem relações dissimétricas de poder.

Material e Métodos A construção destas análises foi realizada por meio de pesquisa bibliográfica teórico-

conceitual.

Resultados e Discussão A resolução CONAMA nº 01 de 1986 dispõe quanto à necessidade de “definir os

limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada por impactos causados por

empreendimentos, considerando, em todos os casos, a bacia hidrográfica na qual se

localiza” (BRASIL, 2012, p.923). De acordo com esta resolução, a área atingida se

restringe somente aos limites da bacia hidrográfica onde está localizado o

empreendimento, assim o que vemos é a delimitação dos atingidos sendo restrita à área de

ocupação da obra, definição que termina por direcionar as tratativas do impacto da obra

somente a estes locais e não do empreendimento como um todo.

A resolução CONAMA Nº 237 de 1997 estabelece que “os estudos necessários ao

processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados,

a expensas do empreendedor” (BRASIL, 2012, p.933), sendo que através do licenciamento

ambiental, os órgãos competentes terão as informações sobre a dimensão do

empreendimento a ser instalado. Entretanto, o fato é que em vários casos o empreendedor

terceiriza a elaboração do referido a empresas de consultoria que em alguns casos tratam os

processos de licenciamento sem o devido rigor, culminando em falhas na definição das

comunidades que serão afetadas pelo empreendimento.

Além disso, considerando-se a territorialidade como apropriação simbólica e material

de um espaço (LASCHEFSKI, 2011), permite concluir que as resoluções acima citadas

contemplam as territorialidades humanas, uma vez que relacionam espaço geográfico e

bem estar da população. Neste sentido, os atingidos são todos aqueles que estão nos

“limites da área geográfica a ser direta ou indiretamente afetada” (BRASIL, 2012, p.923).

Assim, atingidos são aqueles cujo território sofre “alteração das propriedades físicas,

químicas e biológicas” afetando “(...) a saúde, segurança, bem estar da população, as

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atividades sociais e econômicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente e a qualidade dos recursos ambientais” (BRASIL, 2012, p.922).

Trabalhos que discorrem sobre atingidos por mineração se utilizam do conceito

apresentado para “subsidiar a elaboração de políticas voltadas ao equacionamento e

tratamento dos problemas sociais decorrentes da implantação de projetos hidrelétricos”

(VAINER, 2008, p. 39). De acordo com a Deliberação Normativa do Conselho Estadual de

Política Ambiental (COPAM) nº 74, de 2004, empreendimentos como hidrelétricas

possuem apenas uma classificação (E-02-01-1 Barragens de geração de energia –

Hidrelétricas). Por outro lado, quando o objeto em vias de licenciamento são atividades de

exploração mineral, diferentes classificações contemplam obras de infraestrutura, barragem

de contenção de rejeitos, pilhas de rejeitos, estradas para transporte, pátio de produtos e

oficinas, para definição do potencial poluidor e do porte do empreendimento. Todas estas

atividades devem ser correlacionadas à matéria-prima mineral a ser processada e a

capacidade instalada (COPAM, 2004), fato que torna a definição dos atingidos muito mais

abrangente e complexa. Assim,

“... a noção de atingido diz respeito, de fato, ao reconhecimento, leia-se legitimação, de direitos

e de seus detentores. Em outras palavras estabelecer que determinado grupo social, família ou

indivíduo é ou foi, atingido por certo empreendimento significa reconhecer como legítimo – e,

em alguns casos, como legal – seu direito a algum tipo de ressarcimento ou indenização,

reabilitação ou reparação não pecuniária (VAINER, 2008, p. 40, grifo do autor).

Tal abordagem segue “a perspectiva territorial-patrimonialista” onde os atingidos

eram “os proprietários de terras” (VAINER, 2008, p. 41). Neste caso, o objeto em disputa

compreende apenas a venda das terras em uma abordagem positivista e capitalista. Porém,

tal conceito não abarca o poder simbólico que existe nesse mesmo território - “... território,

assim, em qualquer acepção, tem a ver com poder, mas não apenas ao tradicional “poder

político”. Ele diz respeito tanto ao poder no sentido mais concreto, de dominação, quanto

ao poder no sentido mais simbólico, de apropriação” (HAESBAERT, 2005, p. 6774).

Ainda cabe assinalar que há uma discussão sobre a designação de refugiado

ambiental que muito se aproxima da concepção simbólica do território:

“Refugiados ambientais são pessoas que foram obrigadas a abandonar temporária ou

definitivamente a zona tradicional onde vivem, devido ao visível declínio do ambiente (por

razões naturais ou humanas) perturbando a sua existência e/ou a qualidade da mesma de tal

maneira que a subsistência dessas pessoas entra em perigo” (PROGRAMA DAS NAÇÕES

UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE, 1985, Environmental Refugees, tradução).

Nos casos, em que ocorre a desterritorialização, decorrente da desapropriação dos

terrenos localizados na área da mina a ser explorada e das estruturas adjacentes, as

comunidades refugiadas são territorializadas em outros terrenos ou recebem indenizações

financeiras, mas passam a viver em múltiplos territórios, pois sempre haverá os vínculos

territoriais. Neste contexto, atingidos e refugiados são termos que apresentam sentido

semelhante. Entretanto, comunidades nem sempre consideradas como atingidas, porque

não foram desterritorializadas fisicamente, passam a conviver com o declínio do ambiente

e “perturbações à sua existência e/ou a qualidade da mesma de tal maneira que a

subsistência dessas pessoas entra em perigo” (PNUMA, 1985). Estas pessoas, cujo terreno

não foi desapropriado, também perdem a referência com o território simbólico devido a

impactos, tais como a umidade, poeira, ruído, gases de exaustão de máquina e

equipamentos, cavas e pedreiras, contaminação da água da mina, impacto de vilas mal

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projetadas, alteração do lençol freático, degradação da qualidade da água, implica num

aumento significativo do número de atingidos pela mineração.

Conclusões Os atingidos por mineração são a totalidade das comunidades que habitam os

territórios preteridos a implantação do empreendimento, independente de aceitarem ou não

as condições de deslocamento territorial oferecido pelo empreendedor.

Tem-se referido a estas comunidades por meio do termo “atingido” tal qual foi

apresentado para subsidiar políticas voltadas ao equacionamento e tratamento dos

problemas sociais decorrentes da implantação de projetos hidrelétricos.

É importante se reconsiderar tal definição, uma vez que a delimitação e

reconhecimento dos direitos dos atingidos por mineração pode ser muito mais abrangente e

complexa do que no caso das hidrelétricas.

Literatura citada BRASIL, Conselho Nacional de Meio Ambiente. RESOLUÇÕES DO CONAMA.

Resoluções vigentes publicadas entre setembro de 1984 e janeiro de 2012. / Ministério

do Meio Ambiente. Brasília: MMA, 2012. 1126 p.

COPAM. Conselho Estadual de Política Ambiental (Minas Gerais). Deliberação

Normativa Copam nº 74 de 09 de setembro de 2004. Disponível em: <

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Análise da diversidade bacteriana como indicador de qualidade de solos pertencentes

a florestas e pastagem na região da bacia do rio Mutumparaná-RO1

Helena Santiago Lima2, Lívia C. F. Silva

3, Sérgio O. De Paula

4, Adriana Cristina da Silva

Nunes5, Dorisvalder Dias Nunes

5, Cynthia Canêdo da Silva

6

1Parte da iniciação científica do primeiro autor, financiada pelo CNPQ.

2Estudante de graduação em Agronomia - UFV.

3Estudante de doutorado no programa de pós-graduação em Microbiologia agrícola.

4Professor do Departamento de Biologia Geral.

5Professor da Universidade Federal de Rondônia.

6Professora do Departamento de Microbiologia.

Resumo: O solo é um ecossistema com diferentes microambientes. É amplamente

habitado por populações diversas de micro-organismos que auxiliam na manutenção do

bom funcionamento dos agroecossistemas. O que faz do conhecimento da diversidade nele

presente essencial para o desenvolvimento sustentável. Para esse propósito foi realizado a

coleta de amostras de solos pertencentes a florestas e pastagem no estado de Rondônia.

Dessas amostras, foi extraído o DNA total da comunidade microbiana do solo e enviado

para sequenciamento da região do gene RNAr 16S por meio de NGS (Next Generation

Sequencing). De acordo com os índices de diversidade encontrados para as amostras de

floresta observou-se que não houve dominância de determinadas espécies em detrimento a

outras, enquanto para as amostras de pastagem verificou-se a dominância de determinadas

espécies. Pelo valor observado no índice de diversidade Shannon, verificamos que a

amostra de floresta foi mais diversa do que a amostra de pastagem. Através do número de

OTU‟s encontrados, o estimador de riqueza Chao-1 mostrou que houve uma melhor

cobertura dos dados na amostra de floresta do que na amostra de pastagem. Na floresta

amazônica há grande diversidade microbiológica, porém a transformação de áreas de

florestas em áreas de pastagem tem resultado em alterações na diversidade microbiana, que

podem ser um dos primeiros indicadores do impacto provocado pela mudança de manejo

do solo.

Palavras–chave: Diversidade microbiana, Floresta, gene RNAr 16S, pasto, solo

Analysis of bacterial diversity as a quality indicator of soils belonging to forest and

pasture in the river basin area Mutumparaná -RO 1

Abstract: Soil is an ecosystem with different microenvironments and is largely inhabited

by diverse populations of microorganisms that assist in maintaining the proper functioning

of agro-ecosystems, so the knowledge of there this diversity is essential for sustainable

development. For this purpose was held to collect soil samples belonging to forest and

pasture. From these samples it was extracted the total soil DNA and the genome was sent

to sequencing and construction of the library of the 16S rRNA gene by NGS (Next

Generation Sequencing). According to the diversity index found for forest sample shows

that there is no dominance of certain species over the other while in the pasture sample

shows that there is a greater dominance of certain species. The value observed in the

Shannon index, we find that the sample forest is more diverse than the pasture sample.

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Through the OTU's number matches the diversity estimator Chao-1 showed that there was

a better coverage of data in the forest pasture sample than in the sample. In the Amazon

forest's vast microbial diversity, but the transformation of forest areas into pasture has led

to consequences for microbial diversity, generating concern about the impact that can be

caused by changes in soil management in the region of the river basin Mutumparaná-RO.

Keywords: Microbial diversity, Forest, 16S rRNA gene, pasture, soil

Introdução

O solo é um ecossistema complexo, com diferentes microambientes, por isso é

amplamente habitado por populações de diversos micro-organismos que exercem papel

fundamental nos processos biogeoquímicos, tais como no ciclo do nitrogênio, carbono,

enxofre e fósforo e que auxiliam na manutenção do bom funcionamento dos

agroecossistemas (GILLER et al., 1997; Lavelle, 2000).

A qualidade do solo é definida como a capacidade de sustentar a produtividade

biológica dentro do ecossistema mantendo a qualidade ambiental e provendo saúde as

plantas. Sendo assim, é necessário manejar e definir os recursos disponíveis e diminuir

práticas que afetem negativamente a capacidade de funcionamento para poder avaliar a

qualidade do solo (PIERZYNSKI et al., 2000 ; SEYBOLD et al., 1997; LARSON &

PIERCE, 1994).

Utilizamos indicadores para analisar a capacidade de funcionamento do solo ou

limitações do ecossistema, auxiliando assim no monitoramento da sustentabilidade do

ambiente (SILVEIRA, 2007; DORAN & ZEISS, 2000). E os micro-organismos são

selecionados como indicadores de qualidade do solo, pois adequam-se a maioria dos

critérios e tem a capacidade de responder rapidamente a mudanças no ambiente causadas

pelas alterações na forma de manejo (KENNEDY & PAPENDICK, 1995).

Portanto, o objetivo deste trabalho foi a análise da biodiversidade microbiana da

região Amazônica por meio da caracterização das populações bacterianas provenientes de

amostras de solo pertencentes a floresta e pastagem da Bacia do Rio Mutumparaná/RO.

Material e Métodos

Coleta, extração do DNA e sequenciamento do gene RNAr 16S: Foi coletado

amostras compostas e representativas de áreas pertencentes a Florestas Ombrófila Aberta e

amostras de áreas pertencentes a Florestas Ombrófila Aberta que se transformaram em

pastagem na região bacia do rio Mutumparaná, localizada à Noroeste do Estado de

Rondônia (NUNES, 2012).

Então foi realizado a extração de DNA total das amostras de solos utilizando o Kit

comercial PowerSoil® DNA Isolation (Mo-Bio), de acordo com as recomendações do

fabricante. Para a construção das bibliotecas de gene RNAr 16S por meio de Next

Generation Sequencing foram enviadas amostras de DNA total de cada amostra de solo

para a empresa de sequenciamento Macrogen (Seoul Rep. of Korea ).

Análises de diversidades microbianas: As análises de diversidade microbiana foram

realizadas pelo programa on line RDPll (http://rdp.cme.msu.edu/). As OTU's geradas pelo

programa foram anotadas taxonomicamente utilizando o banco de dados RDPll e os

índices de diversidade foram calculados através do programa PAST (HAMMER et al.,

2001).

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Resultados e Discussão

Após a anotações de sequências observou-se que solos pertencentes a floresta foram

classificados em 25 Filos diferentes. O mais representativo foi o filo Acidobacteria

chegando a 68% da OTUs observadas. Pode-se observar também um maior número de

OTU's relacionados a gêneros responsáveis por exercer um papel fundamental nos ciclos

biogeoquímicos, como o gênero Nitrospira e Desulfovirgula. Para as amostras de solos

pertencentes a pastagem foram observados 29 Filos diferentes, sendo o mais representativo

o filo Proteobacteria chegando a 58%, esse filo é amplamente encontrado no solo e

compreende micro-organismos com grande diversidade metabólica (MADIGAN et al.,

2012). Pode-se observar também um menor número de OTU's relacionados a gêneros

responsáveis por exercer um papel fundamental nos ciclos biogeoquímicos, como o gênero

Nitrospira e Desulfovirgula.

O índice de Chao1 determina a riqueza da amostra. Levando em consideração o

número de espécies raras presentes na amostra o índice de Berger-Parker é utilizado para

calcular a dominância de determinadas espécies (Magurran, 2004). O índice de Shannon é

usado para quantificar numericamente a diversidade em uma comunidade levando em

consideração a equitabilidade (distribuição) e riqueza de espécies. Quanto maior o índice

de Shannon, maior é a diversidade da amostra (Silva et. al. 2010).

Tabela 1. Índices de diversidade da amostra de solo de floresta e de solo de pastagem, a 0,03 de distância evolutiva.

Índices Floresta Pastagem

Berger-Parker 0,02141 0,114

Chao-1 5627 4906

Shannon_H 7,714 6,385

Os resultados observados pelos índices calculados mostraram que para as amostras

de floresta não houve dominância de determinadas espécies em detrimento a outras,

enquanto para amostra de pastagem há uma maior dominância de determinadas espécies.

Analisando o índice de Shannon, verificamos que ambas as amostras foram diversas,

porém a amostra de floresta é mais diversa do que a amostra de pastagem. O estimador de

riqueza Chao-1 mostrou, na distância evolutiva de 0,03, que na amostra de pastagem

deveríamos ter observado 4.906 OTUs, entretanto encontramos 2.496 OTUs. Ao passo que

para as amostras de floresta observaram-se quase todas as espécies, pois das 5.627 OTUs

previstas, encontramos 5.616 OTUs. Estes resultados evidenciaram que na amostra de

pasto o número de sequências obtidas pelo sequenciamento não conseguiu cobrir todas as

espécies presentes nas amostras, porém a cobertura dos dados foi mais correlacionado com

a realidade na amostra pertencente a floresta.

Conclusões

Na floresta amazônica há grande diversidade microbiológica que possui um papel

fundamental na ciclagem dos nutrientes, portanto na manutenção de um ecossistema

sustentável, porém a transformação de áreas de florestas em pastagem tem gerado uma

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grande variação na diversidade microbiana, surgindo uma preocupação sobre o impacto

que a mudança de manejo do solo pode causar na região da Bacia do rio Mutumparaná-

RO.

Literatura citada

DORAN, J.W. & ZEISS, M.R. Soil Health and sustainability; managing the biotic

component of soil quality. Applied Soil Ecology, v.15, p.3-11, 2000.

GILLER, K.E.; CADISCH, G.; EHALIOTIS, C.; ADAMS, E.; SAKALA, W. D.;

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Análise das alterações de uso e cobertura das terras no município de Macaé, RJ1

Adriana Fantinati Conceição2, Cristina Aparecida Gonçalves Rodrigues

3, André Luiz dos

Santos Furtado3, Ricardo Guimarães Andrade

3

1Parte do projeto de pesquisa desenvolvido na Embrapa, financiado pelo CNPQ.

2Graduada em Geografia pela PUC-Campinas.

3Pesquisadores da Embrapa Monitoramento por Satélite, Campinas, SP.

Resumo: O objetivo deste trabalho foi analisar as alterações de uso e cobertura das terras

no município de Macaé localizado no norte fluminense. Para tanto, foram usadas imagens

orbitais (Landsat 5 - TM) dos anos de 1995 e 2011. A partir da metodologia aplicada foi

possível a quantificação da diferença, permanência, retração e expansão de cada classe de

uso e cobertura. Entre as principais alterações estavam o aumento das áreas com formações

arbustivo-herbáceas densas e áreas com vegetação campestre. As classes areia, áreas

agrícolas, solo exposto e pastagem obtiveram maiores retrações de suas áreas. Além disso,

ressalta-se que no período de estudo, alterações foram observadas em 45,7% da área do

município de Macaé, RJ.

Palavras–chave: Geoprocessamento, mudanças na paisagem, sensoriamento remoto.

Analysis of the land use and land cover change in the municipality of Macaé, Brazil1

Abstract: The objective of this study was to analyze the land use and land cover change in

the municipality of Macaé, Rio de Janeiro State, Brazil. Satellite images Landsat 5 TM of

1995 and 2011 were used. From the applied methodology was possible to quantify the

difference, permanence, retraction and expansion of each class of land use and land cover.

The main changes were the increase in areas with herbaceous-shrubby dense and grassland

vegetation. Regions classified as sand, agricultural area, bare soil and pasture had higher

reductions of their areas. In addition, it is noteworthy that land use and land cover change

were observed in 45.7% of the municipality of Macaé, Brazil.

Keywords: Geoprocessing, landscape changes, remote sensing.

Introdução

Estudos sobre o processo de mudanças na paisagem, de suas causas e consequências,

podem contribuir para ações atuais e futuras de planejamentos proativos e redução de

impactos ambientais (BAKER, 1989). Nesse sentido, a análise da dinâmica da paisagem no

município de Macaé-RJ tem recebido importância devido à indústria do petróleo de sua

plataforma continental (Bacia de Campos) além de suas belezas naturais como as restingas,

manguezais e florestas naturais de Mata Atlântica (RAMBALDI et. al., 2002). Assim,

dados de sensoriamento remoto orbital são importantes por fornecer informações espaço-

temporal sobre as condições da superfície, possibilitando estudos sobre as alterações do

uso e cobertura das terras. Além disso, pode contribuir com várias informações

complementares fundamentais à tomada de decisões dos gestores tanto de setores públicos

quanto privados (MU et al. 2011; RUDORFF, 2012). Diante do exposto, o presente

trabalho utilizou ferramentas de sensoriamento remoto e geoprocessamento visando

analisar as alterações do uso e cobertura da terra no território do município de Macaé nos

anos de 1995 e 2011.

Material e Métodos A área de estudo é o município de Macaé – RJ, localizado no norte fluminense

compreendendo uma área 1.220,83 km2. O município de Macaé está inserido na bacia

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hidrográfica do rio Macaé (82% de seu território) e na bacia hidrográfica da Lagoa

Imboassica. O clima de Macaé, segundo a classificação climática de Köppen do tipo Aw

(verão quente e úmido e inverno ameno e seco) nas porções dos médios e baixos cursos

dos seus rios, e clima tropical de altitude com verões quentes (Cwa) na porção dos altos

cursos do rio Macaé e de seus afluentes pela margem esquerda (BRASIL, 2012). Foram

usadas imagens Landsat 5 - TM órbita/ponto 216/75 e 216/76 referente aos anos de 1995 e

2011 e que são disponibilizadas gratuitamente pelo Serviço de Levantamento Geológico

Americano (USGS). Esse período foi escolhido com o objetivo de se verificar a dinâmica

da intensificação do uso antrópico no município nas últimas décadas. De posse das

imagens, inicialmente, foi efetuada a correção radiométrica e posteriormente, a correção

atmosférica nas imagens multiespectrais por meio do módulo ATMOSC/Cos(t) do

software IDRISI TAIGA, incorporando todos os elementos da correção pelo pixel escuro

(Dark Object Subtraction - DOS) (CHAVEZ JUNIOR, 1996). Em sequência, no software

ENVI 4.8, iniciou-se a classificação dos diferentes tipos de uso e cobertura por meio do

algoritmo de Máxima Verossimilhança (MAXVER) e obtiveram-se os mapas tanto em

formato raster quanto vetorial. A partir dos dados vetoriais, no ARCGIS 10.2 foi possível

efetuar a intersecção entre os mapas e assim obter as áreas resultantes de cada classe

permitindo quantificar as alterações no uso das terras.

Resultados e Discussão

Nos mapas da Figura 1 notam-se visualmente algumas características da dinâmica do

uso e ocupação das terras como o avanço da área urbana (cor vermelha) em direção às

áreas de restinga onde se localiza parte do parque nacional Restinga de Jurubatiba. Além

disso, no ano de 2011, observa-se menor abrangência da classe solo exposto (cor marrom)

e o aumento das áreas classificadas como vegetação campestre.

Figura 1. Mapas de uso e cobertura das terras dos anos de 1995 (A) e 2011 (B) para a área delimitada pelo

município de Macaé, RJ.

A (Tabela 1), apresenta a quantificação da diferença, permanência, retração e

expansão das 12 classes de uso e cobertura das terras obtidas nos anos analisados. As áreas

de permanência estão quantificadas como áreas que apresentavam a mesma classe de uso e

cobertura em 1995 e 2011; as áreas de retração de determinado uso ou cobertura são

aquelas que deixaram de apresentar esse uso ou cobertura no período anterior à análise; e

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as áreas de expansão são aquelas que passaram a apresentar esse uso no período posterior

ao estudo.

As classes área urbana, corpos d‟água, floresta e mineração apresentaram mais de

83% de área de permanência de uso e cobertura das terras. Mas, as classes área urbana,

corpos d‟água e vegetação em área úmida obtiveram, no cômputo geral, suas áreas totais

aumentadas. Possivelmente, o aumento da área urbana foi consequência das atividades

relacionadas ao setor da cadeia produtiva de petróleo e gás (a partir da década de 1970) que

acelerou o processo de ocupação irregular do município, principalmente de áreas de

proteção permanente como os manguezais (áreas próximas à desembocadura do rio

Macaé), restingas (litoral norte de Macaé) e o entorno da Lagoa Imboassica (TERRA e

RESSIGUIER, 2010).

Tabela 1. Dinâmica de uso e cobertura das terras em Macaé entre os anos de 1995 e

2011.

Uso e cobertura USO 1995 USO 2011 Diferença Permanência Retração Expansão

Época seca (km2) % (km

2) % (km

2) (km

2) % (km

2) % (km

2) %

Corpos d'água 3,8 0,3 7,1 0,6 3,2 3,4 87,7 0,5 12,3 3,7 52,5

Área agrícola 84,6 6,9 48,0 3,9 -36,6 10,1 12,0 74,5 88,0 37,8 78,9

Área urbana 13,1 1,1 23,1 1,9 10,0 12,9 98,0 0,3 2,0 10,2 44,4

Areia 29,4 2,4 3,2 0,3 -26,2 0,4 1,4 29,0 98,6 2,8 87,2

Floresta 413,3 33,9 384,8 31,5 -28,5 346,7 83,9 66,6 16,1 38,2 9,9

Formações

arbustivo-

herbáceas

1,9 0,2 14,1 1,2 12,1 0,5 25,1 1,5 74,9 13,6 96,5

Formações

arbustivo-

herbáceas densas

30,9 2,5 52,2 4,3 21,3 7,3 23,6 23,6 76,4 45,0 86,1

Mineração 0,3 0,0 0,7 0,1 0,4 0,3 100,0 0,0 0,0 0,4 62,8

Pastagem 148,4 12,2 130,8 10,7 -17,6 64,1 43,2 84,3 56,8 66,7 51,0

Solo exposto 241,1 19,7 180,9 14,8 -60,1 78,7 32,7 162,3 67,3 102,2 56,5 Vegetação

campestre 227,0 18,6 332,0 27,2 105,0 125,9 55,5 101,1 44,5 206,1 62,1

Vegetação em

área úmida 27,1 2,2 43,9 3,6 16,9 12,1 44,7 15,0 55,3 31,8 72,5

Total 1220,8 100,0 1220,8 100,0 0,0 662,3 54,3 558,5 45,7 558,5 45,7

A classe “floresta” diminuiu sua área total entre 1995-2011 (redução de 28,5 km2).

No ano de 1995, as formações arbustivo-herbáceas, formações arbustivo-herbáceas densas

e vegetação campestre, ocupavam em relação à área total do município, uma área de

0,20%, 2,5% e 18,6%, respectivamente. Já no ano de 2011, as mesmas classes ocupavam

1,20%, 4,3% e 27,2%, respectivamente. Assim, observa-se que houve aumento de área nas

três classes analisadas. Nesse caso, a expansão de algumas classes se justifica pela

ocupação de áreas antes tomadas por outros usos ambientalmente adaptados à região, com

respeito às declividades e potencial de escoamento das águas pluviais e fluviais. Da mesma

forma como ocorreu com a classe “pastagem”, a classe “áreas agrícolas” também perdeu

espaço territorial, e houve diminuição de 56,7% de área de 1995 (84,6 km2) em relação a

sua área de 2011 (48,0 km2).

Conclusões

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As análises espacialmente explícitas da dinâmica do uso e cobertura das terras entre

os anos de 1995 e 2011 possibilitaram a quantificação da diferença, permanência, retração

e expansão de cada classe de uso e cobertura das terras, mostrando que o aumento das

áreas com formações arbustivo-herbáceas densas e áreas com vegetação campestre estão

entre as principais alterações encontradas. Destacam-se também as áreas classificadas

como areia, áreas agrícolas, solo exposto e pastagem, as quais apresentaram as maiores

retrações. Além disso, de forma geral, no período de estudo, alterações de uso e cobertura

das terras foram observadas em 45,7% da área do município de Macaé, RJ.

Agradecimentos

Os autores agradecem o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico – CNPq, pelo auxílio à pesquisa (processo 403572/2013-4).

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das atividades petrolíferas: o caso de Macaé, RJ. Niterói: UFF, p. 149-169, 2010.

Page 21: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

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Arborização de vias públicas do Bairro de Ramos em Viçosa, MG: Intensidade de

arborização e suas espécies

Lucas de Freitas Fialho 1

, Clarissa Gusmão Figueiró2, Gabriel Barbosa de Barros

3, Felipe

Procópio Assunção4 e Pedro Rodriguez Suarez Gomes

5

1, 2, 3, 4 Estudante de graduação em Engenharia Florestal.

5Estudante de graduação em Agronomia.

Resumo: A presença de árvores no ambiente urbano tende a melhorar o microclima

através da diminuição da amplitude térmica, principalmente por meio da

evapotranspiração, da interferência na velocidade e direção dos ventos, sombreamento,

embelezamento das cidades, diminuição das poluições atmosférica, sonora e visual e

contribuição para a melhoria física e mental do ser humano na cidade. Assim os objetivos

deste trabalho foram avaliar a intensidade de arborização e a frequência absoluta e relativa

das espécies arbóreas encontradas no Bairro Ramos, na cidade de Viçosa, Estado de Minas

Gerais. Através de inventário total, foram encontrados 121 indivíduos pertencentes a 18

espécies no Bairro Ramos. No bairro, cerca de 80% das plantas pertenciam às duas

espécies mais frequentes, sendo Alfeneiro (20%) e Murta (20%). Em relação à origem das

espécies encontradas, 65% são exóticas. Portanto há necessidade de uma maior intensidade

e diversificação da arborização do local, principalmente com o uso de mais espécies

nativas.

Palavras–chave: Bairro de Ramos, florestas urbanas, espécies nativas.

Public roads afforestation Ramos district in Viçosa, MG: afforestation intensity and

their species

Abstract: The presence of trees in the urban environment tends to improve the

microclimate by decreasing the temperature range, mainly through evapotranspiration, the

interference in the speed and direction of winds, shade, beautification of cities, reduction of

atmospheric pollution, noise and visual and contribution for physical and mental

improvement of the human being in the city. Thus the objectives of this study were to

evaluate the intensity of afforestation and the absolute and relative frequency of tree

species found in the neighborhood Ramos in the city of Viçosa, Minas Gerais. Through full

inventory found 121 individuals belonging to 18 species in the neighborhood Ramos. In

the neighborhood, about 80% of plants are among the two most frequent species, Privet

(20%) and Murta (20%). Regarding the origin of the species found, 65% are exotic.

Therefore there is need for a greater intensity and diversification of the local trees,

especially with the use of more native species.

Keywords: Ramos neighborhood, urban forestry, native species.

Introdução Arborização urbana pode ser definida como o conjunto da vegetação arbórea

natural ou cultivada que uma cidade apresenta. Está representada em áreas particulares,

praças, parques, vias públicas e em outros verdes complementares. A árvore é elemento

fundamental no planejamento urbano, na medida em que define e estrutura o espaço. Tem

influência decisiva na qualidade de vida nas cidades e, portanto, na saúde das populações

(SANCHOTENE, 1994).

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No Brasil, a arborização urbana, é considerado um tema recente, de evolução lenta

e do qual as administrações públicas e a comunidade devem se envolver, cumprindo papéis

distintos. Atualmente, em cidades onde ocorre o planejamento das arborizações, a

preocupação é tornar o ambiente urbano diversificado quanto às espécies empregadas, mais

homogêneo e envolvente com a paisagem circundante (MELO & ROMANINI, 2005).

Para se conhecer a arborização urbana, é necessária a sua avaliação, o que depende

da realização de inventário. O inventário da arborização tem como objetivo geral conhecer

o patrimônio arbustivo e arbóreo de uma localidade. Tal levantamento é fundamental para

o planejamento e manejo da arborização, fornecendo informações sobre a necessidade de

poda, tratamentos fitossanitários ou remoção e plantios, bem como para definir prioridades

de intervenções.

Este estudo objetivou avaliar a intensidade de arborização e a frequência absoluta e

relativa das espécies arbóreas encontradas no Bairro Ramos, na cidade de Viçosa, Estado

de Minas Gerais. Fornecendo assim, subsídios para o planejamento e aplicação de medidas

mitigadoras.

Material e Métodos O estudo foi realizado no bairro Ramos na cidade de Viçosa (20º45‟ S e 42º51‟ W),

no estado de Minas Gerais. O clima na região de Viçosa é do tipo Cwb, segundo o sistema

de Köppen, ou seja, mesotérmico com verões quentes e chuvosos e invernos frios e secos.

A temperatura média anual é de 21,8 °C e a precipitação pluviométrica anual de 1.221,4

mm (Brasil, 1992). De acordo com Golfari (1975), pelo balanço hídrico de Thornthwaite e

Mather verifica-se a ocorrência de um período de déficit hídrico e retirada de água do solo

de maio até setembro.

O bairro Ramos caracteriza-se em sua maioria como residencial. É um bairro

relativamente jovem, de classe média alta.

O método de inventário utilizado foi o Censo (100%), no qual a literatura sobre

inventário florestal descreve como sendo apropriado para pequenas áreas florestadas ou

áreas com pequeno número de indivíduos, uma vez que a medição de muitos indivíduos

(árvores) constitui atividade com grande dispêndio de tempo e com custo muito elevado

(SOARES et al., 2007).

Com relação à arborização urbana de pequenas cidades, esse tipo de inventário é

ideal, ao se considerar o pequeno número de árvores, o pequeno espaço territorial e a

necessidade de se obter dados totalmente verdadeiros, com o mínimo de erros. Foram

avaliados todos os indivíduos adultos existentes nas vias públicas e em terrenos de algumas

repartições públicas e privadas, que foram plantados com o objetivo de contribuir

diretamente com a arborização urbana. Árvores originadas naturalmente presentes em

terrenos baldios e quintais de domicílios, não foram amostradas, obedecendo desta forma,

ao critério de inclusão adotado.

Os dados foram coletados, em formulário específico, com informações sobre a data

de coleta, nomes da rua ou logradouro e número da casa. Quanto às informações sobre as

árvores, foram coletados o nome vulgar, fitossanidade, problemas com a raiz, localização

no passeio, presença de fiação, diâmetro do fuste, diâmetro da copa, altura, posição da

bifurcação e idade.

Resultados e Discussão Na tabela 1 são apresentados os dados de intensidade de arborização do Bairro de

Ramos em Viçosa, MG.

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Tabela 1: Intensidade de arborização urbana

Total de indivíduos medidos 121

Total de espécies encontradas 18

Total de famílias encontradas 13

Total de indivíduos mortos 1

Indice de plena ocupação 167 arvores/Km

Km de calçada 6,5 Km

Número de arvores/Km encontrados 18,62 arvores/Km

Indicie de ocupação do bairro 11%

O Bairro de Ramos encontra-se pouco arborizado, apenas 11% de ocupação

apresentando um déficit de aproximadamente 148 arvores/Km. Esse déficit de ocupação

causa no bairro um sério problema de aumento da temperatura dos passeios em dias

ensolarados, o que pode causar desconforto para os habitantes locais e para pessoas que

estão de passagem.

Uma vez que, a redução da incidência direta de luz solar e o aumento da umidade

relativa do ar, proporcionados pela arborização urbana, podem reduzir até 4ºC a

temperatura ambiente (Biondi, 1990; Lombardo, 1990; Milano & Dalcin, 2000).

Na tabela 3 são apresentadas as espécies encontradas com nome comum, nome cientifico,

família frequência absoluta e frequência relativa.

Tabela 3: Relação de espécies encontradas e frequência absoluta e relativa

Nome Comum Nome Científico Família

Fr.

Absol. Fr. Relat.

Alfeneiro Ligustrum lucidum Oleaceae 24 20%

Murta Murraya paniculata Myrtaceae 24 20%

Oiti Licania tomentosa Chrysobalanaceae 14 12%

Quaresmeira Tibouchina granulosa Melastomataceae 13 11%

Sibipiruna Caesalpinia pluviosa

Fabaceae

caesalpinioideae 10 8%

Palmeira Não identificado Arecaceae 8 7%

Jacaranda

Mimoso Jacaranda mimosifolia Bignoniaceae 6 5%

Pata Vaca Bauhinia forficata Clethraceae 6 5%

Espirradeira Nerium oleander Apocynaceae 4 3%

Pinus Pinus Taeda Pinaceae 3 2%

Ipe Amarelo Handroanthus serratifolius Bignoniaceae 2 2%

Angico

Vermelho

Andadenanthera

macrocarpa Fabaceae mimosoideae 1 1%

HIbisco Hibiscus L. Malvaceae 1 1%

Jacaré Piptadenia gonoatha Fabaceae mimosoideae 1 1%

Magnólia Magnolia L. Magnoliaceae 1 1%

Morta - - 1 1%

Pau Brasil Caesalpinia echinata

Fabaceae

caesalpinioideae 1 1%

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Pitanga Eugenia uniflora Myrtaceae 1 1%

Total 121 100%

Segundo MILANO & DALCIN (2000), uma arvore não deve ultrapassar 15% de

frequência relativa para que a arborização não seja considerada como homogenia. No

presente estudo foram encontradas duas espécies com frequência relativa superior a 15%, o

Alfeiro (20%) e Murta (20%).

Das 17 espécies amostradas, seis são classificadas como espécies nativas, onze são

exóticas. Mesmo assim, quando analisado o número de indivíduos, percebe-se que 65%

são de espécies exóticas. Esse dado está de acordo com a afirmação de LORENZI (2002).

Segundo o autor a maioria das plantas arbóreas cultivadas em ruas, avenidas, praças e

jardins do Brasil são exóticos.

A introdução de espécies é a segunda maior ameaça mundial à biodiversidade, ou

seja, perdendo apenas para a destruição de habitat‟s por ações antrópicas diretas (ZILLER,

2001, apud SILVA, 2006). Nem todas as plantas exóticas têm comportamento semelhante

ao da região fitoecológica de origem. Algumas espécies se comportam de maneira

agressiva impedindo o desenvolvimento das espécies nativas (SILVA, 2006).

Conclusões e Recomendações

O Bairro de Ramos possui uma insatisfatória intensidade de arborização; além de

possuir uma inadequada diversidade de espécies.

A maioria das espécies catalogadas nas vias públicas é exótica, portanto é

necessário o incentivo da valorização da flora regional.

Durante a realização do inventário percebeu-se que as árvores estão mal

distribuídas nas ruas, com ruas sem árvores e algumas com poucas árvores. Este cenário

indica que muitas espécies podem ser plantadas nas ruas. Assim, seria interessante a

realização de um projeto de arborização.

Agradecimentos FAPEMIG; CNPQ; Embrapa Florestas; SIF.

Literatura citada BIONDI, D. Paisagismo. Recife: Imprensa Universitária da UFRP. 183 p. 1990.

MELO, E.F.R.Q.; ROMANINI, A. Importância da praça na arborização urbana. In:

CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 9, 2005, Belo Horizonte.

Anais... São Luís: Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, 2005, 12p., CD-ROM. 78

REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ARBORIZAÇÃO URBANA, Volume 2,

Número 1, 2007.

GOLFARI, L. Zoneamento ecológico do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: Centro

de Pesquisa Florestal da Região do Cerrado, 1975. 65 p.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas

do Brasil. 4.ed. Nova Odessa : Instituto Plantarum, 2002. v.1, 384p.

MILANO, M.S.; DALCIN, E.C. Arborização de vias públicas. Rio de Janeiro. Light

Serviço de Eletricidade S.A., 2000. 206 p.

Page 25: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

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SACHOTENE, M. do C. Desenvolvimento e perspectivas da arborização urbana do Brasil.

In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ARBORIZAÇÃO URBANA, 2, ENCONTRO

NACIONAL SOBRE ARBORIZAÇÃO URBANA, 5, São Luiz. Anais. São Luiz: SBAU,

1994. p.15-26.

SILVA, L. M. Exóticas invasoras na arborização urbana. IN: X Congresso Brasileiro de

Arborização Urbana. Maringá. Anais.... Maringá: SBAU, 2006 (CD-ROM).

SOARES, C.P.B.; NETO, F.P.; SOUZA, A.L. Dendrometria e Inventário Florestal.

Viçosa, MG. Ed. UFV, 2007, 276p.

ZILLER, S. R. Os processos de degradação ambiental originados por plantas invasoras.

Revista Ciência Hoje. n. 178, dez. 2001.

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Áreas verdes: implicações nos territórios urbanos e a qualidade de vida

Renata Bernardes Farias Campos1, Mayara Ribeiro Jerônimo Fernandes

2, Josiane Márcia

de Castro2, Elaine Anastacia de Sousa

2

1Doutora, docente do mestrado em Gestão Integrada do Território/ Universidade do Vale do Rio Doce/Minas

Gerais 2Discente mestrado em Gestão Integrada do Território/ Univalve.

Resumo: A relação homem, meio ambiente e saúde é ampla e se projeta sobre territórios

urbanos consolidados na perspectiva de uma melhor qualidade de vida. A criação e

manutenção dessas áreas implicam numa estratégia de gestão do território, regulando as

dinâmicas de uso dos recursos e ocupação de espaços urbanos. Nesse contexto, o presente

trabalho trata a conservação de áreas verdes como uma atividade que demanda

essencialmente o diálogo interdisciplinar. O presente estudo contempla uma discussão

conceitual do território sob vários aspectos (biologia, saúde, cultura, economia, direito,

representação, etc), além da possibilidade de se tratar o problema numa perspectiva

contemporânea. Buscou-se identificar possibilidades e conflitos associados à existência de

áreas verdes públicas e sua relação com a qualidade de vida nos centros urbanos. Para tanto

se realizou uma pesquisa bibliográfica acerca da temática, adotando-se como critérios de

inclusão artigos publicados em periódicos científicos e os descritores: “saúde”, “áreas

verdes”, “território”, “urbano” assim como combinações e variações destes descritores.

Notou-se que a percepção das áreas verdes como fonte de serviços ambientais fortalece o

sentimento topofílico e contribui para uma atitude positiva em relação a estes espaços. É

preciso buscar enfatizar condutas que orientem gestores à importância de medidas que

assegurem a conservação desses territórios nas cidades.

Palavras–chave: Áreas verdes, conservação, qualidade de vida, território, urbano.

Green areas: implications for urban areas and the quality of life

Abstract: The relationship between man, the environment and health is wide and projects

on urban territories consolidated in view of a better quality of life. In this context, the

present work deals with the conservation of green areas as an activity that essentially

demand an interdisciplinary dialogue. The conception and maintenance of these areas

imply a land management strategy, regulating the dynamics of resource use and occupation

of urban spaces. The present study includes a conceptual discussion of the territory in

many ways (biology, health, culture, economics, law, representation, etc.) and the

possibility to address the problem in a contemporary perspective. We search for

identification of possibilities and conflicts linked to the existence of public green areas and

its relation to the quality of life in urban centers. To this end we carried out a literature

review, adopting the following inclusion criteria of papers published in scientific journals

and the descriptors, "health", "green areas", "territory", "urban" as well as combinations

and variations of these descriptors. Therefore, the perception of these spaces as a source of

environmental services, strengthens the topophily sentiment, and contributes to a positive

attitude towards the green areas. It is needed to seek conducts that guides managers to the

importance of actions to ensure the conservation of these territories in the cities.

Keywords: Conservation, green areas, life quality, territory, urban.

Introdução

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A denominação área verde é a descrição do espaço, onde há o predomínio de

vegetação arbórea, são consideradas as praças, os jardins públicos e os parques urbanos,

além dos canteiros centrais e trevos de vias públicas, que têm apenas funções estéticas e

ecológicas. A manutenção das áreas verdes urbanas sempre foi justificada pelo seu

potencial em propiciar qualidade ambiental à população. A arborização pode interferi

diretamente na qualidade de vida dos seres por meio das funções sociais, ecológicas,

históricas, estéticas e educativas (LONDE e MENDES, 2014).

A qualidade de vida da população, por sua vez, está diretamente relacionada à forma

como acontece a gestão das cidades, pois se esses territórios onde a sociedade urbana

reside e interage entre si e com o meio estiver degradado, provavelmente haverá

influências adversas à saúde pública (ALMEIDA et al., 2012), e consequentemente com

qualidade de vida. Apesar do reconhecimento acadêmico da importância dessa relação, há

uma tendência de se “economizar espaços verdes”, principalmente nas zonas urbanas mais

pobres e, comprometendo também a qualidade de vida dos habitantes. Nesta ótica, a

manutenção de áreas verdes urbanas pode contribuir de modo significativo para a

qualidade de vida e o equilíbrio ambiental nas cidades.

Por outro lado, é preciso considerar que tais espaços, além de se constituírem em

patrimônio ambiental, representam valores de domínio público, portanto, encontram-se

imersos em um ambiente social, nas suas esferas política, territorial, administrativa e

simbólica. Representam um espaço público de socialização e aprendizado, são portanto,

espaços destinados às atividades de educação e interpretação ambiental (CARDOSO,

2015), além da oferta de serviços ambientais, como a regulação climática.

Este estudo contempla uma discussão conceitual do território sob vários aspectos

(biologia, saúde, cultura, economia, direito, representação, etc), além da possibilidade de se

tratar do problema numa perspectiva contemporânea. Buscou-se identificar possibilidades

e conflitos associados à existência de áreas verdes públicas e sua relação com a qualidade

de vida nos centros urbanos

Material e Métodos Tratou-se de uma pesquisa bibliográfica acerca da temática, adotando-se como

critérios de inclusão artigos publicados em periódicos científicos e os descritores: “saúde”,

“áreas verdes”, “território”, “urbano” assim como combinações e variações destes

descritores.

Resultados e Discussão

É notória a importância das áreas verdes para questões ecológicas globais incluindo a

qualidade de vida humana e o meio ambiente, representando um aspecto relevante na

gestão dos territórios urbanos. Serviços ambientais como a redução de alagamentos,

regulação climática por meio do aumento da umidade e redução da poluição atmosférica

por particulados relacionam-se diretamente com a presença de áreas verdes. Entretanto,

essa situação, às vezes é geradora de conflitos, principalmente econômicos, que envolvem

empreendedores que entendem o espaço como fonte de lucro particular e a comunidade,

que entende este espaço como um bem que todos podem e devem usufruir, mas que fica a

cargo da administração pública.

Nessa abordagem ligada ao uso solo, intervenções em áreas verdes públicas, de

modo geral envolvem em polêmicas ligadas, não somente sua estrutura física, mas,

sobretudo à sua função social, geoambiental e estética. Tais espaços, assediados pelas

condições pós-modernas, já não trazem consigo a significância de um tempo. Tal fato traz

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implicações à gestão pública, que administra situações de déficit habitacional (quantitativo

e qualitativo) simultaneamente à conservação espaços verde em condições de ocupação.

Aliadas a esta dinâmica, soma-se a artificialização e a crescente compactação das

paisagens urbanas. Estes fatos indagam questões sobre a qualidade de vida e a percepção

que os cidadãos urbanitas apresentam sobre a presença da natureza nestes aglomerados,

uma natureza entendida, muitas vezes, como um patrimônio natural de uma cidade (REGO

e FERNANDES, 2012). Estes espaços são, portanto, palcos onde a vida coletiva acontece,

onde somos todos semelhantes e estamos todos “em casa”, favorecem uma relação de

identidade. Os benefícios ecológico-ambientais são dificilmente mensuráveis em termos

econômicos, e não raro são negligenciados pela gestão publica.

Para a construção desta identidade, muitas administrações públicas abrem mão dos

desses patrimônios que são marcos referenciais urbanos. Segundo Lynch (1997), o marcos

referencial se destaca pelo contraste com os outros elementos do conjunto. Uma das

funções dos marcos referenciais urbanos é a relação com a qualidade urbana. “Uma boa

imagem ambiental oferece a seu cidadão um importante sentimento de segurança

emocional.” (1997: p.5).

A sua conservação, seu uso, sua relação com o entorno construído, demonstra que a

topofilia para com as áreas verdes são distintas. Depende fundamentalmente do

ordenamento do seu próprio território e de seu entorno. A topofília, enquanto percepção,

sentimento e atitude dos indivíduos para com o ambiente, constitui um elemento

estruturador desta ligação afetiva. Esta interação não é constante entre os diferentes

indivíduos, que constroem múltiplos significados, portanto múltiplas territorialidades.

Diante disso, o entendimento e a compreensão desse valor afetivo ficam condicionados ao

envolvimento com o ambiente circundante, que depende do complexo conjunto de filtros

que se levantam entre o sujeito e a realidade percebida. A discussão aproxima-se dos

conceitos abordados pela geografia cultural ou pela chamada geografia humanista, vertente

que tem como enfoque fundamental os estudos de percepção ambiental, partindo do

pressuposto de que o significado do comportamento humano, na relação com o meio

ambiente, se baseia em crenças e valores (TUAN, 1980).

Por fim, mas de forma imprescindível, devem-se considerar questões como a

apropriação do espaço vivido e a ideia de pertencimento, onde os atores sociais apresentam

dificuldades de desvincular da imagem da cidade, onde há empoderamento de algo que não

tem valor econômico, mas afetivo (BONNEMAISON, 1980).

O que requer por parte dos profissionais voltados para os aspectos geográficos a não

se restringem em seus estudos apenas com a análise da superfície abstrata do meio

ambiente,ne cessita de uma mudança de paradigma, um olhar que se baseie nas formas em

que os indivíduos se relacionam com o meio. Assim, abre as possibilidades de

intercomunicação e forte referência simbólica. Entre bairro, vilarejo, a pequena região ou a

nação. Surge a natureza e seu potencial que surpreendem as populações e inspiram seus

sonhos (CLAVAL, 2001).

Conclusões Os espaços verdes concorrem com outros espaços na construção das novas sociabilidades.

Para a manutenção de tais áreas, há, portanto, necessidade de uma abordagem

interdisciplinar, que não pode ser alcançada por posições extremas e pelo diálogo rarefeito

do radicalismo. Nota-se que negligenciar esses territórios implica em negligenciar a

qualidade de vida das pessoas, a partir da percepção destes espaços como fonte de serviços

ambientais e, além disso, do entendimento da cidade também como uma “paisagem

terapêutica”. Acredita-se que o fortalecimento do sentimento topofílico, da relação, da

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atitude positiva para com as áreas verdes, ainda demanda mais informação e mais

esclarecimento. Portanto, é preciso sair da zona de conforto onde se atribui

responsabilidade às autoridades e buscar um discurso que orienta gestores para a

importância de medidas que assegurem a presença de áreas verdes nas cidades. Espera-se

que essa pesquisa não se encerre neste estudo, mas que possa subsidiar novas discussões

acerca da questão, onde as políticas ambientais possam auxiliar ao um novo olhar do

planejamento das cidades e qualidade de vidas das pessoas.

Literatura citada ALMEIDA, M. A. B.; GUTIERREZ, G. L.; MARQUES, R. Qualidade de vida definição,

conceitos e interfaces com outras áreas de pesquisa. Escolas de Artes, Ciências e

Humanidades (EACH/USP). São Paulo, 2012.

BONNEMAISON, J. Espace géographique et identité culturelle en Vanuatu (exNouvelles-

Hébrides). Journal de la Société des océanistes, 1980, 36(68), pp. 181-188. (Tradução).

CARDOSO, S. L. C.; VASCONCELLOS SOBRINHO, M.; VASCONCELLOS, A. M. A..

Gestão ambiental de parques urbanos: o caso do Parque Ecológico do Município de Belém

Gunnar Vingren urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban

Management), 2015 jan./abr., 7(1), 74-90.

CLAVAL, P. O Papel da Nova Geografia Cultural na Compreensão da Ação Humana. In:

ROSENDAHL, Z.; CORRÊA, R.L. (org) Matrizes da Geografia Cultural. Rio de Janeiro:

EDUERJ, 2001.

LIMA, V.; AMORIM, M. C. C. T.. A importância das áreas verdes para a qualidade

ambiental das cidades. Formação (Online), v. 1, n. 13, 2011.

LYNCH, K.. A imagem da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

LONDE, P. R.; MENDES, P. C. A influência das áreas verdes na qualidade de vida

urbana. Hygeia 10.18: 264-272, 2014.

REGO, G. S. M. M.; FERNANDES, J. L. J.. A topofilia dos cidadãos para com o

patrimônio natural urbano: O caso da cidade de Coimbra. GeoTextos, vol. 8, n. 1, jul. 2012.

G. Rêgo, J. Fernandes. 11-32

TUAN, Yi-fu. Topofilia: um Estudo da Percepção, Atitudes e Valores do Meio Ambiente.

2ª. edição. Editora Difel. São Paulo, 1980.

Page 30: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

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As funções econômicas do meio ambiente aplicadas à disponibilidade hídrica

Flora Magdaline Benitez Romero1, Laércio Antônio Gonçalves Jacovine², Lyvia Julienne

Sousa Rêgo¹, Vicente Toledo Machado de Morais Júnior³, Crismeire Isbaex¹; Mariana

Futia Taquetti³

¹ Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal [email protected]

² Professor do Departamento de Engenharia Florestal.

³ Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal.

Resumo: Com os novos acordos e avanços mundiais na conservação do meio ambiente,

cria-se a conscientização ambiental. Mas, isto não é suficiente para a conservação dos

recursos, devido à excessiva demanda da sociedade e à redução da capacidade de

resiliência do ambiente. O presente trabalho teve o objetivo descrever e analisar as três

funções econômicas do meio ambiente aplicadas à disponibilidade hídrica no Brasil. O

método utilizado foi a pesquisa bibliográfica, a qual reuniu informações para,

posteriormente, ser possível descrever os estudos atuais das três funções econômicas do

meio ambiente. Verifica-se que a pressão sobre os recursos limitantes aumentou, e que as

três funções do meio ambiente foram afetadas. Também se demonstrou que, com essa

implicação, a oferta do recurso hídrico está sendo insuficiente para atender à demanda de

água potável. Desta forma, é necessário que haja políticas direcionadas à gestão da água,

de forma a garantir que as suas funções econômicas sejam garantidas para o presente e

futura geração.

Palavras-chave: Água potável, bem-estar, descarga de resíduos, economia circular,

sistema econômico.

The economic functions of the environment and Water Resource Available

Abstract: With the new global agreements and advances in environmental conservation, it

creates environmental awareness. But this is not enough for the conservation of resources

due to excessive demand of society and reduction environmental resilience. This study

aimed to analyze the three environmental functions in water availability. The method used

was the bibliographical research, which gathered information to later be possible to

describe the current studies of the three economic functions of the environment. It is noted

that the pressure on the limiting resources increased and that all three of the environment

functions are affected. Also it was shown that, with this implication, the supply of water

resources being insufficient to meet the demand for potable water. Thus, there needs to be

policies aimed at water management in order to ensure that their economic functions are

guaranteed for present and future generation.

Keywords: Economic system, circular economy, discharge of waste, welfare, potable

water.

Introdução

A falta de chuvas tem conduzido o Brasil e, em particular, a região Sudeste, a uma

situação difícil. A crise hídrica e o aumento de preço da conta de energia foi uma medida

adotada para a redução do consumo e consequência escassez do recurso. O consumo

descontrolado dos recursos pelo ser humano e a falta de políticas públicas fez com que a

interligação entre a economia e o meio ambiente ficasse em desequilíbrio.

Em resposta a estas problemáticas, a muitos anos vem se consolidando um novo

modelo como alternativa de inclusão e manejo dos recursos. Este enfoque visa olhar o

mundo com uma abordagem sistemática na observação da natureza.

Este novo modelo é conhecido como economia circular que se caracteriza por

diminuir a pressão sobre os recursos disponíveis, evitando desperdícios e perdas ao longo

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do sistema produtivo, sendo este utilizado e reciclado com a finalidade de produzir o

prazer estético, conforto espiritual para homem (BCSD PORTUGAL, 2014).

Diante do exposto, objetivou-se com o trabalho descrever e analisar as três funções

do meio ambiente aplicado à disponibilidade hídrica no Brasil.

Material e Métodos

Este estudo caracteriza-se como uma pesquisa de natureza exploratória e descritiva.

Primeiramente analisa exemplos que estimulam a compreensão e envolve levantamento

bibliográfico e porque não explica os fenômenos que descreve, apesar de servir para

explicá-lo. Além disso, demonstra as características de determinada população ou

fenômeno, estabelecendo relações entre variáveis (GIL, 1991).

Nesta pesquisa bibliográfica foram utilizados dados a partir de livros, artigos de

periódicos publicados, além de outros materiais disponíveis na internet, conforme é

caracterizado este tipo de pesquisa por Gil (1991).

Resultados e discussões

O meio ambiente possui três funções econômicas: fornecedor de recursos ou entradas

(inputs) para o sistema econômico; assimilador de resíduos; e fornecedor de bem-estar. As

seguir será apresentado como estas funções estão sendo afetadas em relação aos recursos

hídricos.

Função de fornecer entradas (inputs) para o sistema econômico

O sistema econômico, na maioria das vezes, explora os recursos naturais de forma

insustentável. O fato de o ambiente fornecer matéria-prima para o sistema produtivo

descaracteriza o sistema econômico como um sistema linear (recurso, produção e

consumo) indefinido para planeta com recursos limitados, assim, não se pode ignorar o

meio ambiente (PEARCE e TURNER, 1990)

No caso dos sistemas naturais, sem intervenção humana, também são gerados

resíduos, entretanto, tudo é decomposto e reutilizado. É o que acontece, por exemplo, em

uma floresta, em que os resíduos vegetais, são decompostos e servem de nutrientes para as

árvores, tornando-se um sistema circular. Da mesma forma, deveria acontecer nos sistemas

produtivos. CEN (2014) afirma que o ser humano junto com o sistema econômico não está

respeitando os limites dos recursos, causando distúrbios nos ecossistemas e as entradas ou

inputs estão se exaurindo.

Estes conceitos podem ser analisados em relação ao que está acontecendo com a

água no Brasil. A atual escassez dos recursos hídricos é um fato que não ocorria desde os

últimos 84 anos no estado de São Paulo. Para mitigar o problema, o governo do estado

criou um "gatilho" para acionar o racionamento de água (VENCESLAU e MOURA,

2015). Em Viçosa, Minas Gerais, acontece a mesma problemática, por causa dos baixos

níveis de água na barragem que abastece a cidade (G1 ZONA DA MATA, 2015).

Verifica-se que pelo inadequado manejo dos recursos pode provocar o esgotamento

do mesmo. Isto coloca em risco os inputs para o sistema econômico, como para empresas

e, principalmente, para a sociedade humana que demanda de água para sobreviver.

Função de assimilador de resíduos

O meio ambiente desempenha a função de receber resíduos do consumo familiar e da

produção (COSTA, 2005), porém a frequente poluição gerada pelo sistema econômico

torna a capacidade de absorção de forma segura do meio ambiente reduzida, diante das

grandes quantidades de resíduos e rejeitos produzidos (SCHAEFER, 2006).

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O crescente fluxo de poluição ocasiona degradação ambiental (SERRANO et al.,

2014) e, quanto mais a capacidade de assimilação do ambiente é excedida, gradativamente

com tempo, será menos eficiente, gerando perdas imutáveis (ROMERO, 2012) e nem altos

investimentos financeiros serão suficientes para reparar tais danos.

A pressão sobre os recursos hídricos no Brasil, vêm diminuindo sua oferta para quem

os consome, chegando à sua escassez. Em São Paulo, por exemplo, onde há a maior parte

da população brasileira e onde localiza-se o rio Tietê, o mais poluído do país (IBGE, 2010)

é um dos estados que vem sendo penalizado com a drástica redução desse recurso natural,

sendo disputada pela população e pelo sistema econômico, pois o ecossistema não

consegue mais desempenhar seu papel de assimilar ou reciclar a água e fornecê-la

novamente. A grande perda de água no sistema e a falta de racionalização de seu uso

agravam esse problema (ROCHA, 2003). Assim, observa-se que o mundo está saturado de

resíduos dificultando assimilação dos mesmos pelo meio ambiente e, consequentemente,

seu funcionamento.

Função de fornecer utilidade e bem-estar

A terceira função do meio ambiente diz respeito ao bem-estar que o meio ambiente

proporciona aos seres vivos, tanto pelo prazer na forma de uma visão agradável, quanto

pelos sentimentos proporcionados pelo contato com a natureza (CEN, 2014).

No ano de 2015 ficou evidenciado como essa função está sendo comprometida em

algumas partes do país, despertando críticas do ponto de vista ambiental em paisagens,

fragilizando sua utilidade por causa das ações antrópica. Por Exemplo, os altos níveis

pluviométricos na região de Sorocaba, São Paulo, causaram um trasbordamento de água do

rio Tietê, alagando várias regiões da cidade. A textura, o odor muito forte, a cor escura e

espuma da água, chamaram atenção. Nesses pontos alagados a população evitou sair de

casa em razão do mau cheiro e de dúvidas quanto à periculosidade química da manta de

água transbordada (G1- SOROCABA E JUNDIAÍ, 2015).

São necessárias políticas que evitem a poluição tão exacerbada de recursos hídricos,

colaborando para mitigação de impactos na paisagem e à estética local.

Conclusão

Para que o meio ambiente desempenhe suas funções de input, assimilador e bem-

estar é preciso haver investimentos e uma política eficiente, principalmente na gestão das

águas. Entende-se que a participação consciente da humanidade é fundamental. No

entanto, é preciso que os recursos naturais sejam valorizados e manejados adequadamente,

respeitando seus limites.

A água é um recurso essencial para a vida humana e conservá-la é necessário. Por

isso as novas gerações devem ser incentivadas a mudar totalmente as suas ideias sobre o

sistema econômico, estando consciente dos benefícios dos recursos naturais.

A água é um bem que pode se tornar escasso e requer um conjunto de ações

destinadas a regular o uso, o controle e a proteção dos recursos hídricos. No entanto, o

gerenciamento deve ser eficiente para evitar disputas quanto ao seu uso.

Literatura Citada

BCSD PORTUGAL - Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável.

Economia Circular: Estudo de caso. Coleção 2014. In: Http://www.bcsdportugal.org/wp-

content/uploads/2013/10/2014-CS-LIPOR-EconomiaCircular.pdf (acessado em 17

Outubro 2015).

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CEN MEDIO AMBIENTE. El momento de La economia circular. Boletín de la

Confideración de Empresarios de Navarra. N. 21, 2014. In:

Http://www.cen7dias.es/BOLETINES/467/CEN_MA_21.pdf (acessado em 17 Outubro de

2015).

COSTA, S. S. T. Introdução à economia do meio ambiente. Análise Porto Alegre, v. 16 n.

2, p. 301-323, ago./dez. 2005.

GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, p. 42-44, 2002.

G1 SOROCABA E JUNDIAÍ. Espuma do rio Tietê transborda e interdita Avenida em

Salto, 2015. In: Http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/noticia/2015/09/espuma-

do-rio-tiete-transborda-e-interdita-avenida-em-salto.html (acessado 17 Outubro 2015).

G1 ZONA DA MATA. Racionamento de água em Viçosa é ampliado para 24 horas por

semana. 2015. In: Http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2015/08/racionamento-

de-agua-em-vicosa-e-ampliado-para-24-horas-por-semana.html (acessado em 17 Outubro

de 2015).

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Indicadores de desenvolvimento

sustentável. Rio de Janeiro, 443 p., 2010.

PEARCE, D. W.; TURNER, R. K. The circular economy. (Ed.). Economic of natural

resources and environment. Great Britain: British library, Chapter. 2, p. 29-35. 1990.

ROCHA, G. A. A. Disputa pela água em São Paulo. Estudos avançados, n.17, v.47, 2003.

ROMEIRO, A. R. Desenvolvimento sustentável: Uma perspectiva econômico ecológica.

Estudos avançados, n. 26, v. 74, p. 65-92, 2012.

SERRANO, L. M.; GUARNIERI, P.; SOBREIRO, V. A.; PENA, C. R. Sempre no meu

quintal? A proximidade da pobreza e da disposição de resíduos sólidos. Revista de

administração, Contabilidade e Economia da FUNDACE, 16 p. 2014.

SCHAEFER, R. T. Sociologia. 6ª ed., São Paulo: McGrawHill, 518 p. 2006.

VENCESLAU, P. MOURA, F. L. Governo de SP cria 'gatilho' para racionamento de

água. 2015. In: Http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-

estado/2015/02/08/governo-de-sp-cria-gatilho-para-racionamento-de-agua.htm (acessado

em 17 Outubro 2015).

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Cadastro ambiental rural – inscrição, averbação e linha de crédito.

Érica Trinca Caires, João Daniel Luchini, Robson Passos Caires2

Mestrandos em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente no Centro Universitário de Araraquara,

UNIARA. Bacharéis em Direito.

E-mail: [email protected]

Resumo: Neste trabalho, apresenta-se um levantamento da proteção ambiental nas leis e

nas normas que regem o serviço de Registro de Imóveis, até chegar à implantação do CAR

(Cadastro Ambiental Rural), sistema eletrônico disponível pela internet. O objetivo geral

da pesquisa foi analisar a evolução do instituto da Reserva Legal e os benefícios que trouxe

o CAR. Como resultado geral, foi possível constatar a evolução e interligação entre o

Registro de Imóveis e o CAR, os benefícios que esse novo sistema implantado via internet

traz à preservação do meio ambiente, bem como à proteção dos direitos dos cidadãos

através de informações precisas, atuais, além de ser importante instrumento a exigir

regularização das propriedades rurais quando da obtenção de novas linhas de crédito junto

a instituições financeiras.

Palavras–chave: Proteção ambiental, cartório de registro de imóveis, reserva legal, linhas

de crédito, instituições financeiras.

Rural environmental registration - registration, registration and line of credit.

Abstract: In this paperwork, present an environmental protection data based in the laws

and in the standards that rules in the Registry of Real State services (Cartório de Registro

de Imóveis), until achieve the CAR´s implantation ( CAR-Rural Environmental

Registration), electronic system available through the internet. The general purpose of this

research was to analyze the evolution of Legal Reserve Institute and the benefits brought

by the CAR. As a general result, it was possible to verify the evolution and the interrelation

between the Registry of Real State and the CAR. The benefits of this new implemented

system through internet brings to the environment preservation, as well the protection of

citizen´s rights through the accurate information, current, further being an important

instrument by requiring the countryside regularization at the moment of the obtaining the

new credit lines with the financial institutions.

Keywords: Environmental protection, registry of real state services, car, legal reserve,

credit lines , financial institutions,

Introdução O meio ambiente, considerado como um bem público, deve ser protegido e o seu

uso ocorrer de forma sustentável. Essa premissa vem descrita em vários textos legais e

ganha força suprema na Constituição Federal de 1988, no artigo 255 caput.

Na busca da manutenção do meio ambiente sustentável, previu a Constituição

Federal de 1988 que a propriedade deve atender à sua função social, ou mais precisamente,

sua função socioambiental. Quanto à propriedade rural, assunto central do presente,

cumpre ela sua função social quando o proprietário ou possuidor rural consegue explorá-la

racionalmente, proporcionando rendimentos financeiros que suporte os investimentos e

2

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produza lucratividade, mas sem esquecer da preservação ambiental em prol do interesse da

coletividade.

No caminho da exploração da propriedade rural de forma sustentável, o Novo

Código Florestal descreve algumas formas de proteção, exploração e recuperação do meio

ambiente, culminando atualmente esse sistema protetivo com a criação do Cadastro

Ambiental Rural.

Os objetivos do presente são: demonstrar a importância da proteção ao meio

ambiente e a função socioambiental da propriedade rural, em especial por meio da

inscrição de Reserva Legal; dizer da necessidade de interligação entre o CAR e o Registro

de Imóveis; e indicar a possibilidade de obtenção de incentivos financeiros com linhas de

créditos bancários, em razão da instituição da Reserva Legal no imóvel rural, por meio do

sistema eletrônico CAR e a inscrição de seu número na matrícula do imóvel perante o

Registro de Imóveis.

De tudo isso é que se extraí a justificativa da pesquisa que levou à produção deste

artigo, ou seja, a criação/consolidação de instrumentos e sistemas legais protetivos do meio

ambiente, garantidores da função socioambiental da propriedade rural, mas também

preocupados em garantir um uso lucrativo do bem privado pelo produtor.

A questão norteadora foi a evolução do direito ambiental em relação ao instituto da

Reserva Legal, sua inscrição no Registro de Imóveis ou no CAR, além dos benefícios

coletivos e privados de sua regularização. Além dessa questão, foram verificadas as

interfaces entre o Registro de Imóveis e o CAR, bem como os benefícios propiciados junto

às Instituições Financeiras.

Material e Métodos A metodologia utilizada consistiu no método dedutivo-indutivo, com o resgate das

informações gerais para fundamentar a situação particular e, de outro lado, partindo-se do

conteúdo do CAR para adequá-lo às informações do Registro de Imóveis. Foram aplicadas

as seguintes técnicas de pesquisa: 1) documentação indireta: pesquisa documental e

pesquisa bibliográfica; 2) documentação direta: pesquisa de campo e entrevistas não

diretivas.

Resultados e Discussão

Para instituir formalmente o Reserva Legal, primeiro é necessário a sua inscrição

no CAR (Cadastro Ambiental Rural). Dentro do CAR ocorrerá a aprovação pelo órgão

ambiental, quando ocorra exame do mérito, levando em consideração os estudos e critérios

utilizados para localização da Reserva Legal.

O proprietário ou possuidor rural deve protocolar toda a documentação exigida no

órgão competente para regularizar a Reserva Legal de sua propriedade no CAR, sob pena

de incidir em infração administrativa. Atualmente, o prazo dos proprietários/possuidores

rurais foi prorrogado até maio de 2016, para se fazer o protocolo.

Importante destacar que a inscrição junto ao CAR, além de fornecer dados para o

sistema protetivo do meio ambiente, incorpora valorização financeira ao bem, inclusive

perante Instituições Financeiras. Nesse cenário, os cartórios de Registros de Imóveis

podem dar especial contribuição.

A atuação do registrador de imóveis, na esfera de proteção ao meio ambiente, já foi

objeto de estudo do doutrinador JOSÉ RENATO NALINI (2010, 91), que leciona: Por isso é que, ainda que não houvesse dever de ofício algum previsto em lei para a tutela

ambiental a cargo do registrador, ele não estaria liberado de se submeter ao dogma geral que impõe

a cada brasileiro o dever de preservar o meio ambiente. Todavia, o oficial de registro de imóveis

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tem deveres específicos em relação à ecologia. Eles advêm da nova concepção de propriedade,

relativizada em virtude da função social intensificada pelo constituinte de 1988. A interligação entre o CAR e os Registros de Imóveis é mais do que necessário, é

vital para o sucesso das boas intenções que deram origem ao Cadastro Ambiental Rural,

tudo com vistas a garantir maior proteção ao meio ambiente e aos interesses de terceiros,

através de informações rápidas, precisas, seguras e atuais.

Importante precursor dessa nova sistemática é o Registrador de Imóveis Marcelo

Augusto Santana de Melo, estudioso da matéria que realiza na prática a diuturna missão de

defender o meio ambiente na seara dos registros imóveis. Eis seus ensinamentos: O Código Florestal de 2012 (Lei 12.561) criou o Cadastro Ambiental Rural – CAR, no entanto, não

conferiu a publicidade necessária para que a informação ambiental fosse disponibilizada para se

facilitar a fiscalização por qualquer pessoa do povo e autoridade ambiental. O Registro de Imóveis

opera como um espelho jurídico das informações ambientais e urbanística, sendo que pela flagrante

diferença entre cadastro e registro, não deve controlar aspectos inerentes ao cadastro, mas somente

reforçar sua publicidade. Somente a publicidade ambiental potencializada no Registro de Imóveis

garante a publicidade constitucional das informações ambientais, porque somente a estrutura

registral possui os instrumentos necessários para se chegar à informação como índices para as

buscas, facilidade de acesso físico e virtual (MELO, 2015). Assim, através dessa inscrição da Reserva Legal no CAR e a averbação do número

do CAR na matrícula, o proprietário do imóvel consegue contribuir para o cumprimento da

função sócio ambiental do imóvel rural.

Mais ainda, demonstrando por meio do CAR que o imóvel rural atende à legislação

ambiental, pode o produtor conseguir benefícios interessantes, principalmente linhas de

financiamento especiais com obtenção de crédito agrícola, inclusive contratação de seguro

agrícola, como se verá a seguir.

Nesse sentido PACHECO (2012) relata que pelas atribuições da Lei 12.651/2012,

artigo 78-A, as instituições financeiras terão que restringir a concessão de créditos

agrícolas, em qualquer modalidade, a propriedades rurais que estejam inscritas no CAR e

estiverem regularizadas diante das obrigações impostas pelo citado Código Florestal.

Ainda nesse cenário, importante destacar a apresentação do Plano Safra 2015/2016,

com o qual se terá um incremento de 20% de verbas destinadas em relação ao seu anterior,

disponibilizando um total de R$ 180 bilhões de reais para todas as modalidades, o que de

conhecimento notório. Com isso é possível verificar que, no Brasil, a presença do crédito

rural, em especial nas propriedades rurais ativas, é significativa e de vital importância para

o seu desenvolvimento.

Diante dessa importância do crédito rural, é fácil concluir que as exigências do

CAR e das demais restrições legais ambientais serão fortemente ampliadas, fortalecidas e

divulgadas, quando passar a vigorar as exigências de cadastramento da propriedade para

obtenção do crédito.

De todo esse cenário que se desenha, vê-se que, num futuro próximo, para a

obtenção de crédito rural o proprietário deverá manter sua propriedade rural cadastrada

junto ao CAR e buscar o atendimento constante das exigências e restrições impostas pela

legislação protetiva do meio ambiente. Por outro lado, as instituições financeiras deverão

promover responsável análise do cumprimento das exigências da legislação ambiental, sob

pena se assumir para si um enorme passivo ambiental.

Conclusões

A instituição do CAR vem sendo feita de forma gradativa, com muitos problemas a

serem resolvidos, mas verifica-se que os Estados membros, bem como os Registros de

Imóveis, vêm juntando forças para dar efetividade ao CAR.

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De tudo que se sê, percebe-se, paulatinamente, que os proprietários/possuidores

rurais se adequarão aos parâmetros fixados no CAR, pois mediante a imposição da lei não

terão outro caminho a não ser regularizar a propriedade rural, principalmente para aqueles

que querem buscar crédito nas Instituições Financeiras.

Mais ainda, com a interligação entre o CAR e o Registro de Imóveis, não só se

prestigia a proteção ao meio ambiente, mas também se garante segurança jurídica aos

negócios jurídicos particulares, ao passo que gera possibilidade de proteção a eventuais

adquirentes da propriedade, os quais terão à disposição as informações imobiliárias e

ambientais todas reunidas na matrícula do imóvel.

Literatura citada MELO, M. A. S. Meio Ambiente e Registro de Imóveis. Artigo situado em

https://marcelommmelo.wordpress.com/obra-meio-ambiente-e-registro-imoveis/,

disponibilizado em 19 de dezembro de 2014, acessado em 27 de agosto de 2015.

NALINI, José Renato. Ética Ambiental. 3ª edição. Campinas: Millennium, 2010.

PACHECO, Juliana Muniz. O Novo Código Florestal e a Responsabilidade das

Instituições Financeiras. BOLETIM RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL

DO SISTEMA FINANCEIRO. Banco Central do Brasil, n° 60, Ano7, Setembro de 2012.

Disponível em: < https://www.bcb.gov.br/pre/boletimrsa/BOLRSA201209.pdf > Acesso

em: 15 de Julho de 2015.

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Captação e manejo de água da chuva com a utilização de cisternas 1

Patrícia De Sá Pinto1, Jailso Simionato

2, Jaqueline Rodrigues

3, Marcelo Copetti Loro

4,

Camila Alexandra Fitz Sipert5

1Trabalho de campo realizado no ano de 2014.

2 Estudante de graduação em Agronomia – Sociedade Educacional Três de Maio – SETREM – Três de

Maio/RS.

3 Estudante de graduação em Agronomia – Sociedade Educacional Três de Maio – SETREM – Três de

Maio/RS.

4Estudante de graduação em Agronomia – Sociedade Educacional Três de Maio – SETREM – Três de

Maio/RS.

5 Estudante de graduação em Agronomia – Sociedade Educacional Três de Maio – SETREM – Três de

Maio/RS

Resumo: Como forma de amenizar os efeitos prejudiciais da falta de chuvas em épocas

sazonais no meio rural este trabalho tem por objetivo analisar os benefícios e a eficiência

da água coletada da calha de um galpão e armazenada em uma cisterna, com a finalidade

da utilização da água na atividade agrícola. O presente estudo foi realizado em uma

propriedade rural na localidade de Manchinha, interior do município de Três de Maio no

Noroeste do estado do Rio Grande do Sul. Foi utilizada como metodologia a pesquisa

exploratória, de levantamento, e de caráter qualitativa. A técnica utilizada para a coleta de

dados foi a observação direta e entrevista. Para obter respostas sobre o tema tornou-se

necessário desenvolver uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto. A partir da pesquisa foi

possível constatar que a propriedade rural possui uma cisterna de fibra com capacidade de

10.000 L, implantada sobre o solo e ao lado do galpão de 400 m². Quando ocorre uma

precipitação pluviométrica com média de 130 mm em um mês, poderia ser captado até

48.000 L de água, mas sua captação fica restrita no limite máximo de 10.000 L de água. Os

quais são suficientes para a tríplice lavagem de todos as embalagens utilizadas no período

de um ano na propriedade. A cisterna também tem capacidade de fornecer água para

abastecer o tanque do pulverizador em todas as aplicações de agrotóxicos demandadas na

cultura do soja e trigo. Com isso o agricultor reaproveitaria por ano aproximadamente de

120.000 L de água. Visando potencializar essa alternativa sustentável, seria de grande valia

para o produtor a implantação de mais reservatórios em torno do galpão, visando o

aproveitamento das calhas de condução de água já existentes, ou um de maior quantidade

de reservatório, pois ficou visível a partir do estudo, que se perde em torno de 46 % da

água que a calha do galpão conduz para a cisterna, Com isso, o estudo permitiu concluir

que a utilização de reservatórios de água e, principalmente, cisternas para a captação e

reaproveitamento da água das chuvas e, apresenta inúmeras vantagens e é viável para a

realidade das propriedades rurais da região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul,

assim também como será para os demais estados.

Palavras–chave: Captação, cisternas, reservatório.

Capture and rainwater management

Abstract: In order to reduce the damaging effects of lack of rain in seasonal times in rural

areas this work aims to analyze the benefits and water efficiency collected trough a shed

and stored in a cistern, for the purpose of using water in agriculture. This study was

conducted in a farm in the town of speck, inside the municipality of Três de Maio in the

northwest of the state of Rio Grande do Sul. It was used as a methodology to exploratory

research, survey, and qualitative character. The technique used to collect data was direct

observation and interview. For answers on the topic has become necessary to develop a

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literature search on the subject. From the research it was found that the farm has a fiber

tank with 10,000 liter capacity, located on the ground and next to the 400 m² shed. When a

rainfall averaging 130 mm in a month, could be picked up to 48,000 liters of water, but its

uptake is restricted to a maximum of 10,000 L of water. Which are sufficient for triple

washing of all packaging used in the period of one year on the property. The tank also has

the capacity to supply water to the spray tank in all pesticide applications demanded in

soybeans and wheat culture. With this the farmer reaproveitaria per year approximately

120,000 L of water. To potentiate this sustainable alternative, it would be of great value to

the producer the deployment of more reservoirs around the shed, as to tap the existing

water conducting gutters, or a greater amount of container, as was apparent from the study

which lost around 46% of the water to shed trough leads to the cistern, a result, the study

concluded that the use of water reservoirs and mainly tanks for the collection and reuse of

rainwater and , has many advantages and is feasible for the reality of rural properties in the

state's north-west region of Rio Grande do Sul, so as it will be for the other states..

Keywords: Capture, tanks, reservoir.

Introdução

A história da humanidade, a revolução agrícola e a revolução industrial são marcadas

por muitas transformações e revoluções que correspondem na evolução no relacionamento

humano com a terra e a água, tornando-se cada vez mais explorativo. Já no final do século

XX e o início do século XXI estão marcados pelo progresso da informação, da tecnologia e

da ciência, resultando na globalização dos mercados. Atualmente, é visível os reflexos

dessas transformações ocorridas no meio ambiente, refletindo de maneira direta no clima

do planeta, pelo descompasso nas estações do ano, fazendo com que surjam os mais

diversos tipos de intempéries climáticas e como consequência a escassez de chuvas em

certas épocas do ano. Segundo Zanin (2010), a humanidade consome por ano em torno de

3.500 bilhões de quilômetros cúbicos de água, dos quais 8% vão para o consumo

doméstico, 23% são destinados para o consumo industrial e 69% para a agricultura.

O Brasil mesmo sendo um país rico em água já existe localidades que sofrem com

falta de água, tanto para a agricultura como para o consumo humano. Isso acontece devido

à falta de chuvas em épocas sazonais, principalmente no verão, quando o consumo de água

também é maior. A falta de chuva, o consumo indiscriminado e a má preservação das

águas superficiais fazem com que se tornem cada vez mais escassas, fazendo com que as

fontes de água, os rios e riachos reduzam a cada dia a vazão, limitando a quantidade de

água disponível para o consumo nas propriedades rurais.

Como forma de amenizar os efeitos prejudiciais da falta de chuvas em épocas

sazonais no meio rural este trabalho tem por objetivo analisar os benefícios e a eficiência

da água coletada da calha de um galpão e armazenada na cisterna, com a finalidade de ser

utilizada na atividade agrícola. A captação da água da chuva pode ser realizada em

telhados de casas ou demais construções da propriedade, utilizando-se calhas e

encanamentos condutores e, logo após, armazenando essa água em cisternas ou outro tipo

de reservatório. O volume desses reservatórios deve ser calculado em função da demanda

de água na propriedade. As cisternas e reservatórios devem receber os mesmos cuidados

exigidos para as caixas d‟água, no que se refere a materiais apropriados, limpeza, etc. E é

importante que as primeiras águas coletadas da chuva sejam descartadas devido ao fato de

arrastarem as impurezas existentes no local de captação (telhados) e encanamentos e,

portanto, devem ser desviadas dos locais de armazenagem por meio de instalação de

registros específicos.

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Material e Métodos

O presente estudo foi realizado em uma propriedade rural que coleta água da chuva

utilizando de uma cisterna, está água é utilizada na realização de algumas atividades do dia

a dia da propriedade, ela está inserida na localidade de Manchinha, interior do município

de Três de Maio no Noroeste do estado do Rio Grande do Sul - Brasil. Para o presente

estudo, como procedimentos metodológicos utilizados caracterizam a pesquisa como

exploratória quanto aos objetivos e por proporcionar maiores informações sobre o assunto

a ser investigado, e pesquisa de levantamento quanto aos procedimentos e de caráter

qualitativa visando apresentar subjetividade dos resultados da pesquisa.

Foi desenvolvida pesquisa a campo para coletar dados de forma sistemática e

organizada, e também foi realizado um estudo de caso na intenção de obter um

conhecimento da realidade a ser estudada. A técnica utilizada para a coleta de dados foi a

observação direta na propriedade e a entrevista não estruturada com o proprietário da

mesma. Para obter respostas sobre o tema tornou-se necessário desenvolver uma pesquisa

bibliográfica sobre o assunto, para buscar os pressupostos e condicionantes do

armazenamento da água chuva, e principalmente, sobre a utilização de formas corretas da

cisterna.

Resultados e Discussão

A partir da pesquisa foi possível constatar que a propriedade rural possui uma

cisterna de fibra com capacidade de 10.000 L, implantada sobre o solo e ao lado do galpão

de 400 m² que aloja os maquinários, ficando exposta diretamente as intempéries climáticas,

e a luminosidade. Para a condução da água da chuva, a ser captada até a cisterna, se faz uso

e aproveitamento da calha do galpão, onde a única complementação necessária foi a

instalação de um encanamento da saída do mesmo até dentro da cisterna. Neste

encanamento é utilizado apenas um filtro simples, que tem somente a capacidade de filtrar

sujeiras grosseiras, não acarretando de forma significativa na melhoria da água

armazenada, ficando restrita somente para o uso nos procedimentos envolvidos na

agricultura. Outro fato que não potencializa a água captada ser potável, é o fato de ficar

exposta a luz solar, pois com isso, é grande a ocorrência e formação de algas nas suas

paredes. A partir disso, sendo impropria para o consumo, a água captada pela cisterna é

utilizada, restritamente e principalmente, na lavagem de implementos agrícolas, no

processo de pulverização, e na tríplice lavagem de embalagens de agrotóxicos utilizados

dentro da propriedade.

A disponibilidade de água quando ocorre uma precipitação pluviométrica com

média de 130 mm em um mês, o que é realizada na grande maioria dos meses na região

Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, seria possível captar até 48.000 L de água, com

a utilização de mais cisternas, utilizando o caimento do telhado do galpão, pois na

realidade atual pelo caimento do telhado do galpão somente a metade da água se destina a

cisterna, a qual ainda tem como seu limite máximo de captação 10.000 L de água, fazendo

com que se perca 14.000 L de água que poderiam ser captados por outra cisterna. Caso

ocorra essa média de precipitação em todos os meses do ano, seria possível captar água

para sempre manter a cisterna cheia. Por relato do produtor rural e proprietário da

propriedade, para pulverização das culturas empregadas nos cultivos dentro da propriedade

é utilizado um pulverizador com tanque reservatório de 3.000 L de capacidade, e o

consumo de agrotóxicos empregados nas culturas fica em torno de 1.500 L por ano. A

partir desses dados, se verifica que a água coletada pela cisterna seria suficiente para a

tríplice lavagem de todas as embalagens utilizadas no período de um ano na propriedade,

pois estas quando realizado a lavagem corretamente utilizariam no mínimo 1.125 L de

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água em um ano. A cisterna também teria capacidade de fornecer água para abastecer o

tanque do pulverizador em todas as aplicações de agrotóxicos demandadas na cultura do

soja e trigo, totalizando em média 20 tanques de produtos para os 300 hectares de cultivos.

Com isso o agricultor reaproveitaria por ano aproximadamente de 120.000 L de água, o

que acarreta na diminuição de gastos com água potável e contribui para a preservação do

meio ambiente.

Para o bom e correto desenvolvimento dessa alternativa, é de suma importância a

constância das chuvas. Visando potencializar essa alternativa sustentável, seria de grande

valia para o produtor a implantação de mais reservatórios em torno do galpão, visando o

aproveitamento das calhas de condução de água já existentes, ou um de maior quantidade

de reservatório, pois ficou visível a partir do estudo, que se perde em torno de 46 % da

água que a calha do galpão conduz para a cisterna, sem levar em consideração os de mais

24.000 L de água que se destina para as calhas do lado contrário do galpão que não tem

cisterna para captar. Outro ponto que o produtor deveria levar em consideração, seria a

melhoria da qualidade da água quando captada, utilizando filtros mais elaborados com

capacidade de filtrar impurezas da água, como por exemplo, filtros com carvão ativado,

que se torna eficiente e tem preços acessíveis a realidade do produtor, não descartando os

filtros já existentes que filtram as sujeiras e impurezas mais grosseiras que a água encontra

e arrasta pelas calhas. Para a melhoria da qualidade da água já coletada, seria recomendado

que as cisternas ficassem enterradas, para não ocorrer incidência de luz solar e com isso a

proliferação de algas indesejáveis.

Com a melhoria da qualidade da água, o produtor tornaria ela passível de mais uma

utilização, que seria o destino para o consumo dos animais existentes na propriedade.

Conclusões

O estudo permitiu concluir que a utilização de cisternas como reservatório de água a

partir da captação e reaproveitamento da água das chuvas, que em sua grande maioria se

perdem, apresenta inúmeras vantagens e é viável para a realidade das propriedades rurais

da região Noroeste do estado do Rio Grande do Sul, assim também como será para os

demais estados, por proporcionar o acúmulo de água nos períodos de chuva e ser de grande

valia e importância sua utilização nos períodos de estiagem. Vale ainda ressaltar, que é um

método de instalação barata, pelo fato de ter o galpão como coletor e suas calhas como

condutor da água, que ainda acarreta na economia de água potável, pela qual se paga pelo

consumo, com isso, além de contribuir para a preservação do meio ambiente, com a

diminuição do consumo de água potável, o produtor rural terá a economia de 120.000 L de

água na sua conta de água.

Literatura citada

FALKENMARK, M, ROCKSTRÖM, J, & SAVENIJE, H. G., Feeding Eight Billion

People, Time To Getout Of Past Misconcenptions, Siwi, Stockholm, Suécia, 2001

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Paulo: Linea Creativa, 2005. In:

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42

OLIVEIRA, Y. V. de.; 2004. Uso de balanço hídrico seriado para o dimensionamento de

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Caracterização dos parâmetros físicos de um efluente de lava jato por

sistema de tratamento alternativo 1

Weligton Ribeiro Alves2, Sthefany Cristine da Silva Campos

3, Fernanda Costa Ferreira

Fernandes4, Rodrigo Batalha Carvalho

5, Adriano Carlos Soares

6, Leopoldo Concepción

Loreto Charmelo7

1Parte do trabalho de conclusão de curso da graduação do primeiro autor.

2Engenheiro Ambiental e Sanitarista. E-mail: [email protected]

3Engenheira Ambiental e Sanitarista.

4Estudante do Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente do Instituto Federal de Minas Gerais –

Campus São João Evangelista (IFMG/SJE).

5Engenheiro Ambiental e Sanitarista.

6Coordenador do curso de Farmácia e Professor do Centro Universitário de Caratinga (UNEC) – MG.

7Coordenador do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária e Professor do UNEC/MG.

Resumo: Os lava-jatos são microempresas e, como tal, colaboram para o desenvolvimento

das cidades, ao participar da distribuição de renda, empregar pessoas e atender outros

setores da economia, além do público em geral. Mas também precisam se adequar à

sustentabilidade ambiental, não desperdiçando água e nem insumos, tratando seus efluentes

e reutilizando a água residuária. Nesses é gerada uma considerável quantidade de água

residuária contendo detergentes, óleo e outros derivados de petróleo, além de outras

substâncias que são empregadas na limpeza de veículos, e na maioria das vezes, lançados

continuamente nos sistemas de esgotamento sanitário das cidades. O objetivo desse estudo

foi analisar a eficiência de um sistema alternativo de tratamento de efluente, usando como

amostra a ser tratada efluente proveniente de um lava-jato da Cidade de Caratinga/MG,

correlacionando aos padrões de lançamento de efluente em corpos d‟água da legislação

vigente, utilizando como base parâmetros resultantes para os testes de temperatura, pH,

sólidos totais, a fim de propor um tratamento adequado e alternativo desse tipo de efluente,

tentando abrandar o máximo possível de impacto causado por esses efluentes. Conclui-se

que o sistema de tratamento de efluente utilizado foi eficiente quando relacionados aos

parâmetros analisados, mas ainda carece de aprimoramento buscando uma maior

eficiência.

Palavras–chave: Caracterização, efluente, sistema de tratamento alternativo.

Characterization of Physical Parameters of an effluent from car wash for an

Alternative Treatment System1

Abstract: The car washes are micro-enterprises and as it is, collaborate to the development

of the cities, as participate in the distribution of income, employ people and meet other

economic sectors in addition to the general public. But also need to adapt to environmental

sustainability, not wasting water and not inputs, treating their effluents and reusing

wastewater. In such a considerable amount of wastewater containing detergents, oil and

other oil products is generated, as well as other substances that are used in cleaning

vehicles, and most of the time, continuously released in the sewage systems of the cities.

The aim of this study was to analyze the effectiveness of alternative treatment system

effluent, using as a sample to be treated effluent from a car wash from the city of Caratinga

/ MG, correlating the effluent discharge standards into water bodies with current

legislation, using as a base resulting parameters for temperature testing, pH, total solids in

order to propose an appropriate and alternative treatment of this type of effluent, trying to

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slow down the maximum possible impact for these effluents. It follows that the effluent

treatment system was efficiently used when related to the analyzed parameters, but still

requires improvement seeking a greater efficiency.

Keywords: Characterization, wastewater, alternative treatment system.

Introdução

No mundo todo se destaca a busca pela melhoria do desempenho das empresas em

prol da sustentabilidade ambiental, quanto ao uso racional da água, da energia e das

matérias-primas, assim como no tratamento de seu efluente e reutilização da água

residuária.

Nos lava-jatos é gerada uma considerável quantidade de água residuária contendo

detergentes, óleo e outros derivados de petróleo, além de outras substâncias que são

empregadas na limpeza de veículos. Estes poluentes são lançados continuamente nos

sistemas de esgotamento sanitário das cidades.

A maioria dos lava-jatos não fazem nenhum tratamento dos seus efluentes. Alguns

adotam apenas um sistema de separação física do óleo presente na água (caixas de areia,

caixa de separação água/óleo - caixa SAO), que funcionam como um paliativo para

minimizar os impactos causados ao meio ambiente por este tipo de lançamento, uma vez

que a parte solúvel do óleo não fica retida nesse filtro, e a areia impregnada de óleo torna-

se um passivo ambiental. O óleo e outros derivados de petróleo possuem substâncias

recalcitrantes para o meio ambiente, podendo causar vários danos ecológicos e também

afetar a saúde dos seres humanos.

Tendo em vista essa problemática ambiental, o presente trabalho visa analisar a

eficiência de um protótipo de sistema alternativo de tratamento de efluente, usando como

amostra a ser tratada efluente proveniente de um lava-jato da Cidade de Caratinga/MG.

Material e Métodos

Para realização desse experimento, foram coletados 10 litros de efluente em um lava-

jato localizado na cidade de Caratinga/MG, nas proximidades da BR 116, sendo localizado

geograficamente nas coordenadas de 19º47‟05.60” S e 42º08‟05.17” O.

O protótipo da mini estação de tratamento, foi construído a partir dos processos

utilizados em estações de tratamento de água, a fim de ser testada em menor escala sua

eficiência. O protótipo foi construído e colocado em funcionamento no laboratório do

UNEC/MG.

Para a construção da mini estação de tratamento, foram utilizadas 24 garrafas pet de

2 L, mangueira para a passagem do efluente, fita adesiva para a fixação das garrafas e

silicone para a vedação das mesmas com canos de 3 ou 4 mL. Para etapa da filtragem foi

construído um filtro com a utilização de papel filtro, brita, areia e carvão ativado. Para a

retirada do efluente tratado foi utilizada uma torneira de filtro acoplada a garrafa.

Inicialmente, na parte do pré-tratamento, seria necessário instalar um desarenador e

separador de óleo, porém, como o lava-jato já possuía uma caixa separadora água/óleo,

esta etapa foi desnecessária em laboratório.

Todo o processo de tratamento do efluente foi realizado em escala laboratorial,

conforme Figura 1.

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Legenda: 1- Aerador; 2 e 3- Coagulador, 4- Floculador; 5- Suporte; 6-

Decantador; 7- Filtro; 8- Saída do efluente tratado. Figura 1. Protótipo do Sistema de Tratamento de Efluente.

Na etapa denominada Aeração (1) foi adicionado o volume do efluente. O método

utilizado neste experimento foi o de aspersão, por ser um método mais prático e acessível,

sendo utilizado um compressor de ar para a finalidade. Logo após, o efluente passa para

etapa de Coagulação (2 e 3), sendo utilizado o sulfato de alumínio e um compressor de ar

para a agitação das moléculas para uma melhor coagulação. A seguir o efluente foi

transferido para o floculador (4), onde houve a aglutinação de partículas formando os

flocos. Posteriormente o efluente seguiu para o decantador (6), onde as partículas sólidas

se sedimentaram e se acomodaram em uma superfície ou zona de armazenamento. E

finalmente a filtração (7), onde o mesmo passa por um filtro com a finalidade de efetuar a

remoção das impurezas ainda presentes na água bruta. O efluente final foi retirado pela

torneira acoplada ao filtro (8).

Para as análises, foram escolhidos alguns parâmetros físico-químicos, como

temperatura, PH e sólidos totais. Para aferição da temperatura do efluente bruto e do

efluente tratado foi utilizado um termômetro a base de mercúrio. O PH das amostras foi

determinado seguindo os procedimentos descritos Manual Prático de Analise de Água, da

Funasa (2009). A quantidade de sólidos totais presente, foi determinada a partir de método

descrito por Garcez (2004), em seu Manual de Procedimento e Técnicas Laboratoriais,

com algumas adaptações.

Resultados e Discussão

O efluente bruto se caracteriza por apresentar uma cor forte, odor desagradável,

temperatura na faixa de 19,7ºC e pH de 9,88, ou seja, um pH alcalino. A Resolução

Conama n° 430 de 13 de maio de 2011, estabelece que para o lançamento de efluentes em

um corpo receptor, seu PH deve estar na faixa de 5 a 9.

A Tabela 1 contém o resultado das três amostras, com o valor do PH e temperatura

ao fim de cada tratamento.

Tabela 1. Resultados para pH e temperatura do efluente tratado.

Quantidade de Coagulante Temperatura (°C) pH

Amostra 1 21 g de sulfato de alumínio para 500 mL de água 20,9 4,43

Amostra 2 10 g de sulfato de alumínio para 200 mL de água 20,9 8,82

Amostra 3 10 g de sulfato de alumínio para 200 mL de água 20,5 7,00

1

2 3 4 5 6 7

8

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De acordo com a legislação vigente, apenas a primeira amostra, pH de 4,43 (caráter

ácido) não estaria em condições normais de ser descartada, necessitando de correção do

pH, com a adição de cal, para elevar o seu valor.

Analisando a temperatura, constatou-se que não houve alterações significativas

quando comparamos a temperatura do efluente bruto com a temperatura das amostras

tratadas, se mantendo inferior a 40°C conforme estabelece a Resolução 430/11 para

lançamento de efluentes.

Foram também realizadas analises para o parâmetro sólido total e os resultados

podem ser observados na Tabela 2.

Tabela 2. Quantidade de Sólidos Totais presentes nas amostras.

Amostra Sólidos Totais (mg/L)

Efluente Bruto 3500

Aerador 5500

Coagulador 6000

Floculador 4500

Decantador 3000

Efluente Final 3000

Quando levamos em conta o valor de sólidos totais no efluente bruto pra o efluente

final é possível observar que houve uma discreta remoção dos sólidos totais no tratamento.

A Resolução 430/11 não estabelece padrão de lançamento específico para o

parâmetro sólido total, porém a resolução ressalta que material sedimentava, cujo corpo

d‟água onde ocorrerá o lançamento tenha circulação praticamente nula, os materias

sedimentavam deverão estar virtualmente ausentes, sendo assim o sistema de tratamento

não se mostrou eficiente na remoção de sólidos da amostra. Porém, quando levamos em

consideração uma análise visual comparativa do efluente bruto e efluente tratado, podemos

considerar que houve remoção dos sólidos totais, pois o efluente final possui um aspecto

mais límpido, transparente e sem odor, quando comparado ao aspecto de coloração escura

e odor forte do efluente bruto. A remoção dos sólidos totais poderá ser melhorada através

de testes posteriores, como por exemplo, aumento do tempo na etapa de decantação.

Conclusões

O sistema alternativo de tratamento de afluente proposto se mostrou eficiente quando

relacionados aos parâmetros analisados, nos permitindo considerar que o descarte do

efluente tratado por este sistema provocará menores danos ambientais que o descarte do

efluente bruto, mas ainda carece de aprimoramento buscando uma maior eficiência.

Literatura citada

BRASIL. Resolução Conama N° 430, de 13 de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e

padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução n° 357, de 17 de

março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Brasília, 2011.

FUNASA. Manual prático de análise de água. 3ª ed. ver. Brasília: Fundação Nacional de

Sáude, 2009.

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GARCEZ, N. L. Manual de procedimentos e técnicas laboratoriais voltado para análises

de águas e esgotos sanitários e industrial. Escola Politécnica da Universidade de São

Paulo. Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária. 2004.

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Comunicação de riscos à saúde associados ao processo de comercialização ilegal de

“chumbinho” em Salvador (BA)1

Larissa Fernanda dos Santos Lima Macedo2, Amanda dos Santos Vitória

3, Débora de

Lucca Chaves Preza4

1Projeto de Extensão das autoras, financiado pelo UFBA.

2 Estudante de graduação em Odontologia pela UFBA.

3 Estudante de graduação em Medicina Veterinária pela UFBA.

4 Doutora em Saúde Pública, Bióloga, Professora do departamento de Biologia Geral da UFBA.

Resumo: O raticida popularmente conhecido como “chumbinho” no Brasil tem, em sua

fórmula, o agrotóxico aldicarbe, que é proibido no país desde 2012. Ele representa um

sério problema de saúde pública por causa de sua letalidade em suicídios e homicídios e

por sua associação com intoxicações acidentais, principalmente com crianças e animais

domésticos. Bahia foi o estado do nordeste com a maioria dos casos de intoxicações por

agrotóxicos. 90% dos envenenamentos nos hospitais são causados por chumbinho. Além

disso, campanhas educacionais são escassas. A fiscalização punitiva, por si só, não é

suficiente para restringir o uso de aldicarbe. Este estudo objetivou investigar o nível de

conhecimento da população sobre os riscos associados ao uso de “chumbinho”. Um estudo

transversal foi feito usando amostragem por conveniência com os frequentadores das feiras

de Salvador. Questionários semiestruturados foram aplicados sobre as representações

sociais do uso de chumbinho como raticida. Então, uma análise descritiva foi feita,

mostrando que 57,1% dos entrevistados já o usaram e cerca de 60% não conhecia métodos

alternativos. 100% sabia que o produto é nocivo e 23,8% não soube especificar os riscos

envolvidos. Folders educacionais foram distribuídos. Os resultados mostram a necessidade

de investir na comunicação de risco, pois muitos não conheciam métodos alternativos e

mais seguros.

Palavras–chave: Agrotóxico, chumbinho, percepção de risco, salvador.

Health risks communication associated with illegal commercialization process of

"Chumbinho" in Salvador(BA) 1

Abstract: The raticide popularly known as “chumbinho” in Brazil has, in its formula, the

agrotoxic aldicarb, which is forbidden in Brazil since 2012. It represents a serious Public

Health issue because of its lethality in suicides and homicides and for its association with

accidental intoxications, mainly with children and pets. Bahia was the northeast state with

the majority of cases of agrotoxic intoxications. 90% of the poisonings in the hospitals are

caused by “chumbinho” . Furthermore, educational campaigns about the risks are scarce.

The punitive fiscalization by itself is not enough to restrain the use of aldicarb. This study

aimed to investigate the population’s level of knowledge about the risks associated to the

use of “chumbinho”. A cross-sectional study was made using convenience sampling with

the frequenters of the Salvador market-places. Semi-structured questionnaires were applied

about the social representations of “chumbinho” use as raticide. Then, a descriptive

analyses was made, showing that 57,1% of the interviewers already used it and

approximately 60% did not know alternative methods. 100% knew that the product is

harmful and 23,8% could not specify what kinds of risks were involved. Educational

folders were also distributed. The results show the need to invest in the risk

communication, as most of them did not know safer alternative methods.

Keywords: Agrotoxic, chumbinho, intoxication, risk communication.

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Introdução O produto popularmente conhecido como “chumbinho” contém, na sua grande

maioria, o agrotóxico carbamato aldicarbe e está proibido no Brasil desde 2012. Esse

produto tem representado um sério problema de Saúde Pública, por sua alta letalidade

(RAGOUCY- SENGLER, 2000) e pela associação com intoxicações acidentais,

principalmente em crianças, suicídios, homicídios e mortes em animais domésticos

(XAVIER et al., 2007; LANZARIN, 2007). Na Bahia, o Centro de Informações

Antiveneno (CIAVE) registrou, em 2008, 6956 casos de intoxicação por agrotóxicos,

incluindo produtos veterinários e raticidas. Desse total, 84 foram a óbito, resultando numa

taxa de letalidade de 1,21%. Dentre os Estados do Brasil cujos Centros de Informação e

Assistência Toxicológica (CIATs) prestam informação regular ao Sistema Nacional de

Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX), de 1995 a 2008 - a Bahia foi o estado do

Nordeste com maior número de casos de intoxicação por agrotóxicos (FUNDAÇÃO

OSWALDO CRUZ, 2013). Segundo Daniel Rebouças, Diretor do Centro Antiveneno da

Bahia (CIAVE), 90 % dos casos de envenenamento que chegam às emergências são por

uso de chumbinho (Tribuna da Bahia, 2014). Além disso, são escassas as campanhas

educativas sobre os riscos à saúde inerentes a esse produto e a fiscalização da

comercialização não tem conseguido coibir seu uso. A fiscalização punitiva, agindo

isoladamente, não tem conseguido coibir o uso desses agrotóxicos (MORENO;

PERES,2011). Esforços centrados no esclarecimento eficaz da população, através do

processo de comunicação de risco, provavelmente produzirão resultados mais eficazes para

evitar seu uso como raticida. Esse estudo objetivou investigar o nível de conhecimento da

população sobre os riscos à saúde associados à comercialização e ao uso do “chumbinho”

na cidade de Salvador (BA).

Material e Métodos Esta pesquisa foi feita através de um estudo transversal com amostragem por

conveniência, entre os frequentadores de feiras livres de Salvador, Bahia.

Uma primeira visita foi realizada na Feira de São Joaquim para testar e avaliar os

questionários semiestruturados contendo perguntas sobre o perfil socioeconômico do

entrevistado e relacionado às representações sociais do uso de “chumbinho” como raticida

produzido a partir do conhecimento teórico. Posteriormente, após melhoria nos

questionários, os mesmos foram aplicados. Foram confeccionados folders educativos sobre

o tema proposto e distribuídos juntamente com a aplicação dos questionários nos locais

mais conhecidos como ponto de venda clandestina do chumbinho, no período de setembro

a novembro de 2014. Para todos os entrevistados, foi solicitada a assinatura do “Termo de

consentimento livre e esclarecido”, em cumprimento à resolução nº 196/96 do Conselho

Nacional de Saúde.

Resultados e Discussão No total foram entrevistadas 42 pessoas, sendo 18 na feira de São Joaquim, 12 na

feira das Sete portas e 12 numa feira localizada no bairro do Ogunjá.

As análises dos resultados mostram que 57,1% dos entrevistados já haviam usado

chumbinho e aproximadamente 60% desconhecem o uso de métodos alternativos. Em

relação à eficácia do produto para matar ratos, os entrevistados tinham como opção

classificar o produto em excelente, bom, regular e ruim, a Tabela 1 apresenta os resultados

da classificação.

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Tabela 1 - Distribuição dos resultados de acordo com a classificação em relação à eficácia

do produto para matar ratos.

CLASSIFICAÇÃO RESULTADOS

Número de pessoas Porcentagem (%)

EXCELENTE 14 36 BOM 16 38

REGULAR 5 12

RUIM 7 17

Foram feitas duas perguntas relacionadas aos riscos que o produto oferece a saúde,

100% dos entrevistados sabiam que o produto é nocivo, 76,2% sabiam especificar o tipo de

risco o produto oferece e 23,8% não sabiam especificar o tipo de risco. Foi questionado

também se o entrevistado conhecia algum caso de intoxicação pelo produto, seja em

pessoas ou animais, 69% responderam que sim e 31% responderam que não, 50% dos

entrevistados conheciam algum caso de intoxicação apenas em humanos e destes, 16,7%

dos casos vieram à óbito.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, ocorrem, aproximadamente, 3 milhões

de envenenamentos humanos por praguicidas anualmente em todo o mundo,

principalmente nos países em desenvolvimento, constituindo um grande problema de

Saúde Pública. No estudo realizado 69% dos entrevistados relataram conhecer algum caso

de intoxicação, ou por tentativas de suicídio de parentes ou amigos próximos ou pela

ingestão por animais de estimação. De acordo com a literatura, diversas situações que

causam estresse na sociedade atual, como o desemprego, a pobreza, a perda de familiares,

relações afetivas e problemas no trabalho, podem estar entre os riscos relacionados às

tentativas de suicídio.

O “chumbinho” é um produto proibido pelos riscos à saúde, mas pode ser adquirido

no comércio ilegal. Todos os entrevistados nesta pesquisa se mostram cientes de que o

“chumbinho” é um produto perigoso. A maioria dos entrevistados relatou que o produto é

usado em tentativas de homicídio e autoextermínio, e também pode causar envenenamento

acidental em crianças e animais. Mesmo sendo um produto de venda proibida, ainda é

grande o número de pessoas que recorrem ao uso do “chumbinho” para o controle de ratos,

embora alguns dos entrevistados tenham citado o uso de um tipo de armadilha feita com

cola sintética como método alternativo. A maioria das pessoas (38%) entrevistadas

classificou a eficácia do chumbinho como boa, porque obtiveram resultados com este

produto, porém os entrevistados (17%) que classificaram como ruim, não obtiveram

eficácia com o uso do produto.

Conclusões

Os resultados desta pesquisa mostram que é necessário investir na educação em

saúde com campanhas educativas bem como a fiscalização por parte dos órgãos

governamentais visando à melhoria da qualidade de vida da população, principalmente

porque grande parte dos entrevistados demonstra o desconhecimento sobre métodos mais

seguros e alternativos ao uso de “chumbinho” como raticida.

Agradecimentos

Agradeço a Amanda Vitória por iniciar essa pesquisa e à professora Débora Preza

pela confiança e oportunidade.

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Literatura citada ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Agrotóxicos e Toxicologia.

Disponível

em:<http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/Anvisa+Portal/Anvisa/Perguntas+Frequ

entes/Agrotoxico+e+Toxicologia>. Acesso em 10/07/2012.

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ. Sistema Nacional de Informações Tóxico-

Farmacológicas. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/cict/sinitox/>. Acesso em: 7 set.

2013.

LANZARIN,L. D. INTOXICAÇÕES POR AGROTÓXICOS

ANTICOLINESTERÁSICOS – POPULAR “CHUMBINHO” - Estudo dos registros do

CIT/SC. 2007. 42f. Monografia (Conclusão de Curso de Graduação em Medicina) –

Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2007.

MORENO, A. R.; PERES, F. El estado del arte de la comunicación de riesgos en la región

de América latina. Revista de Comunicación y Salud. vol.1, nº 1, pp. 52-68, 2011.

NASCIMENTO, R. Chumbinho intoxica 511 e mata 29 pessoas na Bahia somente em

2013. JORNAL TRIBUNA DA BAHIA. Disponível em:

<http://www.tribunadabahia.com.br/2013/11/21/chumbinhointoxica-511-mata-29-pessoas-

na-bahia-somente-em-2013>. Acesso em: 05 mar.2014.

RAGOUCY- SENGLER, C. et al. Aldicarb poisoning. Human & Experimental

Toxicology, vol.19, p.657-662, 2000.

XAVIER et al. Toxicologia do praguicida aldicarb (“chumbinho”): aspectos gerais,

clínicos e terapêuticos em cães e gatos. Ciência Rural, Santa Maria, vol.37, n.4, p.1206-

1211, 2007.

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Crescimento de cafeeiro conilon em consórcio com espécies arbóreas1

Mariane Canova Moraes2, João Batista Silva Araujo

3, Maurício Lima Dan

4, Gustavo

Soares de Souza4,

Abner Luiz Castelão Campos da Fonseca4

1Financiado com recursos do CBP&DCafé.

2Estudante de graduação em Engenharia florestal na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).Email:

[email protected]

3Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER). Fazenda Experimental

Mendes da Fonseca; Rodovia BR-262, km 94, Aracê, Domingos Martins-ES, 29.268-000. E-mail:

[email protected].

4INCAPER. Fazenda Experimental Bananal do Norte. Rodovia ES-483, km 2,5, Pacotuba, Cachoeiro de

Itapemirim-ES, 29.323-000. E-mail: [email protected]; [email protected];

[email protected]

Resumo: O objetivo do presente trabalho foi avaliar o crescimento do cafeeiro em

diferentes consórcios com espécies arbóreas. O cafeeiro foi cultivado a pleno sol, e nos

consórcios com ingá, bananeira, gliricídia e pupunha. Avaliou-se o crescimento líquido,

por um período de seis meses. Foi medida a altura e o número de nós do ramo ortotrópico e

também o comprimento, o número de folhas e o número de nós no ramo plagiotrópico.

Observou-se efeito dos tratamentos sobre as variáveis exceto sobre o número de nós e

folhas do ramo plagiotrópico. Os piores indicadores de crescimento do cafeeiro foram

observados com a bananeira e os melhores com a pupunha.

Palavras–chave: Coffea canephora, crescimento líquido, sistema agroflorestal.

Conilon coffee growth in consortium with arbóreas1 species Abstract: The objectiveof thisstudy was to evaluate coffee tree growth in different

consortia withtree species. The coffee tree was grownin full sun, and the

consortiawithingá, banana, gliricidiaandpeach palm. We evaluated thenet growthfor a

periodof six months.It was measuredthe height andthe number of nodesof

theorthotropicbranch, andthe length,number of leaves andthenumber of nodes

inreproductive branches. We observed treatment effectsonvariablesexceptthe number of

nodesand leaves ofreproductive branches. The worstcoffeegrowthindicatorswere

observedwithbananaandbetter withthepeach palm.

Keywords: Agroforestry, coffeea canefora, net growth.

Introdução O cafeeiro é uma planta de origem de sub-bosques, apresentando assim uma

tolerância à sombra, em virtude disso desenvolve estratégias de manutenção de

sobrevivência alterando o balanço entre frutificação e crescimento (CARAMORI et al.,

2004). As plantas desenvolvidas sob intensa radiação apresentam um sistema de ramos

vigorosos e uma menor superfície do limbo foliar (LARCHER, 2000).

A arborização pode reduzir a produtividade do cafeeiro, devido à redução das taxas

de assimilação de carbono, além de promover um maior estímulo ao crescimento

vegetativo em detrimento do reprodutivo, causando uma redução na sua produtividade

(DaMATTA, 2004). Mas por outro lado ele reduz a incidência da seca dos ramos e

controla a bienalidade, produzindo assim um café de melhor qualidade.

Visando verificar o comportamento do cafeeiro conilon a pleno sol e consorciado e

tendo em vista que ocorrem respostas diferentes em diferentes consórcios, o objetivo deste

trabalho foi avaliar o crescimento do cafeeiro em consórcio com diferentes espécies

arbóreas.

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Material e Métodos O presente trabalho foi realizado na Fazenda Experimental Bananal do Norte

(Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural), localizada no

município de Cachoeiro de Itapemirim – ES (20º45‟ S, 41º47‟ W e altitude de 146 m). A

implantação foi em 31 de janeiro de 2013 em sistema orgânico de cultivo, sendo plantada a

variedade de café conilon “EMCAPER 8151”.

A área foi dividida em cinco talhões, sendo um talhão com cafeeiro (Coffea

canephora) a pleno sol (PSol) e o restante com quatro diferentes consórcios: com ingá de

metro (ING), com bananeira cv. japira (BAN), com gliricídia (GLI) e com pupunha (PUP),

respectivamente as espécies Inga edulis, Musa spp., Gliricidia sepium e Bactris gassipaes.

O café foi plantado num espaçamento de 3,0 x 1,2 m. As espécies em consórcio foram

instaladas nas linhas de plantio do café no espaçamento de 3,0 m × 7,2 m. A avaliação de

crescimento foi em quatro pontos amostrais por talhão, com 10 cafeeiros por ponto. Em

cada planta foi colocado um anel no 2º entrenó a partir do ápice, em uma haste por planta,

em 24/09/2014. A avaliação foi em 15/04/2015. Mediu-se a altura (ALT), e contou-se o

número de nós do ramo ortotrópico (NNO) e o número de ramos plagiotrópicos (NRP) a

partir do segundo nó acima do anel de marcação. Avaliou-se também o comprimento (CP),

o número de folhas (NFP) e o número de nós no ramo plagiotrópico (NNP) do segundo nó

acima do entrenó marcado. Foi calculado o comprimento dos entrenós dos ramos

ortotrópico (ENOm) e plagiotrópico (ENPm).

A análise estatística realizada foi de um delineamento inteiramente casualizado com

quatro repetições (pseudo-replicates), conforme Maia et al. (2007), por meio da análise de

variância pelo teste F (p>0,05) e, quando significativo, utilizou o teste de Tukey (p>0,05)

na análise qualitativa na comparação dos valores médios.

Resultados e Discussão O cafeeiro apresentou maior altura sob a ingazeira (46,7cm) e menor a pleno sol

(28,7 cm) e sob a bananeira (26,9 cm) (Tabela 1). O maior número de nós e ramos

plagiotrópicos foi no consórcio com pupunha (11,3 nós e 18,9 ramos) e o menor com a

bananeira (7,5 nós e 12,1 ramos).

Menores alturas a pleno sol foram observadas em cafeeiros com 1,04 m a pleno sol e

1,20 m em consórcio com guandu por Morais et al., (2003). Essa tendência foi semelhante

a observada apenas sob gliricídia e ingá neste estudo. Sob as bananeiras houve menor

crescimento em Alt (26,9 cm), NOrto (7,5) e RPlag (12,1), o que pode indicar maior

concorrência dessa planta com o cafeeiro. Efeito negativo semelhante foi observado no

consórcio com guandu, com 18,1 ramos a sombra e 24,8 ramos a pleno sol por Morais et

al. (2003), porém o mesmo não foi observado sob gliricídia, ingá e pupunha, indicando

comportamentos diferenciados nos diversos consórcios.

Ricci et al. (2013) verificaram maior interceptação luminosa sob gliricídia em

relação a eritrina. Observaram sob a eritrina que a altura, o número de ramos

plagiotrópicos e o comprimento dos entrenós foi semelhante ao cafeeiro a pleno sol, e

apenas a área foliar maior sob a sombra. Com a gliricidia encontraram maior altura,

número de ramos plagiotrópicos, comprimento de entrenós e área foliar dos cafeeiros em

relação ao pleno sol, tendência semelhante a ocorrida no presente trabalho nos cafeeiros

sob ingá e gliricidia, evidenciando diferenças entre consórcios.

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Tabela 1. Resultado de crescimento líquido de cafeeiro conilon em altura (alt) e número de

nós (NOrt) ortotrópicos e número de ramos plagiotrópicos (NPlag), e do

comprimento, número de folhas e o número de nós (NPlag) do ramo

plagiotrópico, no período de setembro de 2014 a março de 2015

Talhão Alt NOrt RPlag Compr NPlag Folhas (cm) (cm)

Pleno-sol 28,7 b 10,2 ab 16,9 ab 31,4 b 8,7 16,6 Ingá 46,7 a 9,9 ab 15,6 abc 44,4 a 8,3 16,0

Bananeira 26,9 b 7,5 b 12,1 c 30,4 b 7,3 14,1 Gliricídia 40,6 ab 9,0 ab 14,3 cb 34,5 ab 7,5 14,7 Pupunha 35,1 ab 11,3 a 18,9 a 33,9 ab 9,1 16,2 Média 35,6 9,6 15,5 34,9 8,2 15,5

CV (%) 21,8 14,2 12,9 15,5 12,0 11,8

A maior taxa de crescimento mensal do ramo ortotrópico do cafeeiro foi de 6,87

cm/mês sob a ingazeira e a menor a pleno sol e sob a bananeira com 4,22 e 3,96 cm/mês,

respectivamente (Tabela 2). A mesma tendência ocorreu com o comprimento dos entrenós

com 4,73 cm/entrenó sob a ingazeira e 2,81 cm/entrenó a pleno sol. O desenvolvimento do

ramo ortotrópico do cafeeiro foi menor sob a bananeira com 1,11 nós/mês e maior sob a

pupunha com 1,66 nós/mês. Os valores observados permitem antever um maior potencial

produtivo sob a pupunha commaior número de nós do ramo ortotrópico por mês e maior

número de ramos plagiotrópicos (18,9).

Tabela 2. Taxas de crescimento do cafeeiro conilon em altura (Alt/m), comprimento

médio dos entrenós (ENO) número de nós (NO/m) do ramo ortotrópico; do

comprimento (CP/m), do comprimento de entrenós (CEP) e número de nós

(NP/m) do ramo plagiotrópico, entre setembro de 2014 a março de 2015

Tratamento Alt/m ENO NO/m CP/m CEP NP/m cm/mês (cm/entrenó) nós/mês (cm/mês) (cm/entrenó) nós/mês

Pleno-sol 4,22 b 2,81 c 1,50 ab 4,61 b 3,61 c 1,28 a Ingá 6,87 a 4,73 a 1,46 ab 6,53 a 5,34 a 1,22 a

Bananeira 3,96 b 3,55 abc 1,11 b 4,48 b 4,14 cb 1,08 a Gliricídia 5,96 ab 4,54 ba 1,32 ab 5,08 ab 4,60 bc 1,10 a Pupunha 5,16 ab 3,10 cb 1,66 a 4,99 ab 3,72 c 1,34 a Média 5,23 3,75 1,41 5,14 4,28 1,20

CV (%) 21,1 17,8 14,9 15,5 8,4 12,0

O menor crescimento sob a bananeira pode estar relacionado a uma maior

competição por nutrientes e água. Além disso, a gliricídia e o ingá sofreram duas podas por

ano, as quais provocaram maior entrada de luz e redução da concorrência (redução da

copa). A pupunha por ser manejada com a retirada do palmito por meio do corte das hastes,

periodicamente, assemelha-se a podas frequentes que mantem uma altura que não

ultrapassa três metros e pode induzir a um menor potencial de competição com o cafeeiro.

Tais resultados, com diferentes respostas do cafeeiro aos consórcios estudados, são

discrepantes em relação aos obtidos por Morais et al. (2008) que não encontraram

diferenças entre tratamentos sombreados com tela de sombrite de até 50% de porosidade,

tendo em vista que, no presente trabalho o efeito da sombra não foi único.

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Conclusões O cafeeiro com Ingá apresenta maior altura e comprimento dos ramos.

Os piores indicadores de crescimento do cafeeiro são com a bananeira.

O cafeeiro com pupunha apresenta maior número de nós do ramo ortotrópico e do

número de ramos formados, com maior potencial produtivo.

Literatura citada

CARAMORI, P.H.; KATHOUNIAN, C.A.; MORAIS, H.; LEAL, A.C.; HUGO. R.G.;

ANDROCIOLI FILHO, A. Arborização de cafezais e aspectos climatológicos. In:

MATSUMOTO, S.N. (Ed.) Arborização de cafezais no Brasil,Vitória da Conquista: Uesb,

2004.

DaMATTA, F. M. Ecophysiological constraints on the production of shaded an unshaded

coffee: a review. Field Crops Research, v.86, p.99-114, 2004.

LARCHER, W. Ecofisiologia vegetal. Tradução de C.H.B.A. Prado. São Carlos: Rima,

2000.

MAIA, S.M.F.; XAVIER, F.A.S.; OLIVEIRA, T.S.; MENDONÇA, E.S.; ARAÚJO

FILHO, J.A. Organic carbon pools in a Luvisol under agroforestry and conventional

farming systems in the semi-arid region of Ceará, Brazil. Agroforestry Systems, v.71,

p.127-138, 2007.

MORAIS, H. Características fisiológicas e de crescimento de cafeeiro sombreado com

guandu e cultivado a pleno sol. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v. 38, n. 10, p.

1131-1137, out. 2003

MORAIS, H.; MARUR, C. J.; CARAMORI, P. H.; KOGUISHI, M. S.; GOMES, J. C.;

RIBEIRO, A. M. DE A. Desenvolvimento de gemas florais, florada, fotossíntese e

produtividade de cafeeiros em condições de sombreamento. Pesquisa agropecuária

brasileira, Brasília, v.43, n.4, p.465-472, 2008.

RICCI, M. S. F. et al. Condições microclimáticas, fenologia e morfologia externa de

cafeeiros em sistemas arborizados e a pleno sol. Coffee Science, Lavras, v. 8, n. 3, p. 379-

388, jul./set. 2013.

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Delimitação de app’s no Rio Taquari através de imagem de sensoriamento remoto

Luis Fernando Flenik Costa¹, Tatiana Mora Kuplich², Cassiane Ubessi³

¹Bolsista PCI – DD, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE – CRS

²Tecnologista Sênior, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE – CRS

³Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria - UFSM

Resumo: As APP´s são áreas de mata ciliar, à beira de rios, represas e lagos de grande

importância para preservação dos mesmos. Estas áreas são de difícil monitoramento e não

são observadas constantemente pelas autoridades responsáveis. De encontro a este

problema, o sensoriamento remoto permite utilizar imagens de satélite para o

monitoramento de grandes áreas e também, áreas de difícil acesso. Deste modo, o objetivo

do trabalho foi delimitar as APP‟s ao redor do Rio Taquari através de técnicas de

sensoriamento remoto e posterior verificação dos resultados com a Lei 12.561 do novo

Código Florestal. As APP‟s foram delimitadas apenas no município de Taquari- RS. Foi

obtida uma imagem do sensor Landsat 8 para a classificação da área em torno do rio. Um

mapa de distâncias foi criado para o recorte das APP´s e posteriormente a imagem foi

classificada. Os resultados indicaram que as áreas de APP´s em torno do Rio Taquari, em

sua maioria, não estão em conformidade com a Lei 12.561. As técnicas de sensoriamento

remotas aqui elucidadas contribuem para o monitoramento de APP‟s, principalmente ao

redor dos leitos de rios.

Palavras-chave: Áreas de preservação permanente, Rio Taquari, SIG.

App´s delimitation on Taquari River by remote sensing images

Abstract: APP´s are riparian forest areas next to rivers, reservoir and lakes of great

importance for their preservation. These areas aredifficult to monitor and aren´t constantly

observed by the authorities. Facing this problem remote sensing allows to use images to

monitor large and of difficult access areas. Thus, this work objective was to delimitate

APP´s areas around Taquari River using remote sensing techniques and posterior

verification of the results with the Law 12.561 of the new forest code. The APP´s were

delimitated only at the county of Taquari – RS. Was obtain an image from Landsat 8

sensor for the classification around the river. A distance map was created for the APP´s cut

and after the image was classified. The results indicated that the areas around the Taquari

River APP´s mostly are not in accordance to the law 12.561. The remote sensing

techniques elucidated in this work contribute to APP´s monitoring, mainly around the

riverbed.

Key-Words: Permanent Preservation Areas, Taquari River, GIS.

Introdução As APP´s (Áreas de Preservação Permanente) são compostas por áreas de vegetação

natural que concedem proteção as margens de rios e reservatórios, evitando a erosão e o

assoreamento. Dada a sua importância devem ser monitoradas constantemente pelos

órgãos ambientais. A fiscalização das APP‟s é regida pela lei 12.561 de 25 de maio de

2012, conhecida como “Novo Código Florestal”. Esta lei estabelece como área de

preservação “faixas marginais de qualquer curso d‟água natural perene e intermitente,

excluídos os efêmeros, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de 30 a

mais de 600 metros” (BRASIL, 2012). Devido à grande quantidade de rios e reservatórios

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espalhados pelo país o monitoramento in situ dessas áreas é muito difícil. Nesse sentido o

sensoriamento remoto surge como uma ferramenta de apoio fornecendo subsídio através de

imagens para que a lei possa ser aplicada e as eventuais irregularidades sejam apontadas.

As áreas de preservação apresentam solo fértil devido à proximidade com os rios, e

tal característica estimula o uso dessa área para fins agrícolas. Em rios próximos aos

grandes centros o leito é ocupado pela população de baixa renda de forma desordenada e

sem estruturação adequada para a construção de moradias. Muitas dessas irregularidades

são relatas por profissionais que trabalham na delimitação das áreas de preservação. O

autor Costa (2012) observou irregularidades ao delimitar APP‟s ao redor do lago da Usina

de Itaipu, assim como o Silva (2014) que relatou uma ocupação desordenada dos leitos dos

rios na cidade de Mãe do Rio – PA. No estudo sobre a situação das APP‟s no município de

Viçosa em Minas Gerais, os autores Costas et al. (1996) relataram que 50,54% das áreas de

APP‟s apresentam um uso indevido. Com a falta e a dificuldade de fiscalização por meio

das autoridades competentes este problema só tende ao agravamento, gerando um imenso

impacto ambiental ao ecossistema remanescente.

O Estado do Rio Grande do Sul é banhado por vários rios, tendo como um dos mais

importantes o Rio Taquari. Abrangendo onze cidades do estado, o Rio Taquari além de ser

uma atração turística contribui para a economia do estado. Em virtude da sua importância e

abrangência torna-se difícil o monitoramento das suas APP´s, no entanto, o uso das

geotecnologias vem de encontro a facilitar o monitoramento das áreas de preservação,

principalmente as de difícil acesso, e assim, pode garantir o cumprimento das leis

estabelecidas para a preservação do meio ambiente. Visto isso, o objetivo consistiu na

delimitação de APP´s em torno do Rio Taquari através de técnicas de geoprocessamento e

comparação dos dados obtidos com o novo Código Florestal.

Material e Métodos A área do trabalho se encontra entre as coordenadas de 29º 69‟ de Latitude S e 51º

96‟ de Longitude e 29º 86‟ de Latitude S e 51º 70‟ de Longitude. Tais coordenadas são

referentes ao Rio Taquari no município de Taquari-RS. A área total de APP compreende

2.163,395 hectares e a área do rio em questão corresponde a 1.589,85 hectares. O

comprimento do trecho do rio referente a este trabalho possui cerca de 38,9 km. A largura

do rio varia entre 200 a 260 metros nesse trecho. Neste trabalho foi utilizada uma imagem

do sensor OLI (Operational Land Imager) a bordo do satélite Landsat-8. A imagem é

datada do dia 01 de maio de 2015 a data mais próxima atual sem presença de nuvens no

local. Um banco de dados foi criado no Software SPRING 5.3 (Sistema de Processamento

de Imagens Georreferenciadas). Foram importadas as bandas 4,5,6 e 8 da imagem Landsat.

Todas as bandas passaram pelo método do pixel escuro ou DOS

(DarkObjectSubtraction) de Chavez (1988) para correção atmosférica. Após passarem pela

correção atmosférica as bandas 4,5 e 6 foram transformadas em uma imagem IHS e

posteriormente transformadas novamente em uma imagem RGB, porém trocando a banda

de Intensidade pela banda 8 (Pancromática) e nessa transformação optando pela resolução

de 15 metros (UC, 2015). A imagem foi segmentada e posteriormente classificada. O

classificador usado foi o Battacharya com um limiar de aceitação de 95%. As classes

utilizadas foram Campo/Pastejo, reflorestamento, solo exposto, cidade, rio taquari,

vegetação natural, agricultura e água/barragem (correspondentes aos demais corpos

d´águas). A imagem foi recortada de acordo com a APP referente a largura do Rio Taquari,

segundo a Lei 12. 651 de maio de 2012, do novo Código Florestal. Para isto foi utilizada a

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ferramenta mapa de distâncias, usando uma cota única de 200 metros para o todo o

perímetro.

Resultados e Discussão A imagem classificada pode ser observada na Figura 1, onde são detalhadas as

diferentes classes que ocupam as APP‟s ao redor do Rio Taquari.

Figura 1 ‒ Classificação das APP‟s em torno do Rio Taquari. Santa Maria (RS), 2015.

As áreas de cada classe foram agrupadas na Tabela 1. As áreas de vegetação natural

e campo/pastejo encontradas na classificação são correspondentes a 58,93% da área total

de APP, enquanto que o restante das classes corresponde a um total de 41,07%. A maior

área encontrada na classificação é referente à de campo/pastejo. Segundo a lei 12.561 com

exceção das áreas correspondente as classes cidade e campo/pastejo o restante da área

deveria ser de vegetação natural. Porém, como observado na Tabela 1, isso não ocorre.

Tabela 1. Área em hectares das classes de imagem correspondente ao leito do Rio Taquari.

Santa Maria (RS), 2015. Classes Área (ha)

Campo/Pastejo 787,657 Reflorestamento 155,700

Solo Exposto 242,797 Rio Taquari 1.589,985 Agricultura 470,362

Cidade 16,672 Vegetação Natural

Água/Barragem

487,327

2,880

Fonte: dados coletados.

Conclusões

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Em conformidade com os objetivos, a metodologia aplicada teve resultados

satisfatórios, pois foi possível fazer com precisão o levantamento da área em torno do

segmento do Rio Taquari. No entanto, se observou o não cumprimento da Lei 12.561 em

algumas áreas das APP´s. O uso das imagens do satélite Landsat 8 demonstraram-se de

boa eficácia para o estudo. Sendo assim a utilização do sensoriamento remoto é eficaz para

estudos relativos a manutenção de mata ciliares e monitoramento do cumprimento da lei.

Agradecimentos

Os autores agradecem ao CNPQ pela bolsa PCI - DD processo 301000/2014-0.

Literatura Citada BRASIL. Código Florestal. Lei n. 12.651 de maio de 2012.

CHAVEZ, P. S. An improved dark-object subtraction technique for atmospheric scattering

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Page 60: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

60

Ecossistemas florestais: produtos e serviços

Diogo Sena Baiero 1

, Vinícius Nogueira de Sousa 2, Luiz Fernando Negris Gardioli

3,

Vinicius Giudice Tavares Ayres 4, Frederico Pozenato Moreira de Oliveira

5

1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Florestal - DEF - UFV <[email protected]>

2,3,4,5 Estudante de Graduação em Engenharia Florestal - DEF - UFV

Resumo: Os ecossistemas florestais oferecem à sociedade uma variedade de benefícios

para a manutenção e melhoria da qualidade de vida, de forma tangível por meio dos

produtos e intangível pelos serviços. Dentre os serviços, quatro principais são facilmente

reconhecidos: i) o sequestro de carbono, ii) a proteção dos recursos hídricos, iii) a

conservação da biodiversidade e iv) os serviços culturais. Os produtos são aqueles

materiais como frutos, sementes, fibras, essências ou madeireiros. Seja para fins de

produção e, ou, proteção, os ecossistemas florestais podem prestar benéficos úteis à

sociedade e ao meio. Diversos processos naturais são dependentes de florestas, garantindo

a sobrevivência das espécies no planeta e satisfazendo as necessidades humanas direta ou

indiretamente. Neste contexto a manutenção da dinâmica dos ecossistemas florestais é

fundamental para a existência de um futuro sustentável.

Palavras–chave: Ecossistemas florestais, produtos florestais, serviços ambientais.

Forest ecosystems: products and services Abstract: Forest ecosystems provide to society a variety of benefits to maintaining and

improving the quality of life in a tangible way through offering products and intangible

through the environmental services. Among the services, four main are easily recognized:

i) carbon sequestration, ii) the protection of water resources, iii) biodiversity conservation

and iv) cultural services. The products are those materials such as fruit, seeds, fibers,

essences or timber. Whether for production or protection purposes, forests can provide

useful benefits to society and the environment. Many natural processes are dependent on

forests, ensuring the survival of the species on the planet and meeting human needs

directly or indirectly. In this context, maintaining the dynamics of forest ecosystems is

fundamental to the existence of a sustainable future.

Keywords: Forest ecosystems, forest products, environmental services.

Introdução

Os ecossistemas florestais oferecem à sociedade uma variedade de benefícios ambientais que podem ser divididos em produtos e serviços. Os produtos ambientais, ora também denominados bens tangíveis, são aqueles materiais oferecidos pelos ecossistemas naturais, como frutos, sementes, fibras ou madeira. Esses produtos constituem fonte de renda para a sociedade, facilmente regulados pelas leis de mercado. Já os serviços ambientais (bens intangíveis) são serviços úteis oferecidos pelos ecossistemas para o homem, principalmente. A produção de oxigênio e sequestro de carbono, as belezas cênicas, a conservação da biodiversidade, a proteção de solos e a regulação das funções hídricas são alguns exemplos, digam-se não quantificáveis em termos econômicos (BROCKERHOFF et al., 2012).

Sejam para fins de produção e, ou, proteção, os ecossistemas florestais podem prestar

benéficos úteis à sociedade e ao meio. Esta utilidade é evidente no fornecimento de

alimento e nutrição animal, na utilização de princípios ativos utilizados como

medicamentos, na domesticação de espécies como atividades agrícolas, e na obtenção de

energia calorífica e matéria prima para fins e usos diversos (SCHULZ, 1992). Além disso,

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eles promovem o bem-estar humano, a conservação do meio e também garantem qualidade

de vida para as futuras gerações (BROCKERHOFF et al., 2012).

Os plantios florestais também possuem elevada importância em um futuro

sustentável, aplicando-se as técnicas conservacionistas de solo e de água e respeitando-se a

legislação pertinente. Além de fornecer produtos, as árvores plantadas podem,

majoritariamente, de forma indireta, reduzir o desmatamento, recuperar áreas degradadas e

conservar importantes ecossistemas e espécies ameaçadas de extinção.

O objetivo desse trabalho foi descrever os produtos e serviços oriundos de

ecossistemas florestais naturais e, ou, plantados, obtidas por meio de consultas a literaturas

especializadas e posterior sistematização das informações.

Desenvolvimento Diante de um possível cenário de alteração do clima e recursos de crescimento

limitado, as florestas têm tido um destaque a nível mundial, principalmente devido aos

serviços ambiental por elas prestado, como fixação de CO2 e também regulação do ciclo

hidrológico. Dentre os serviços ambientais que um ecossistema florestal pode propiciar,

quatro principais são facilmente reconhecidos: i) o sequestro de carbono, ii) a proteção dos

recursos hídricos, iii) a conservação da biodiversidade e iv) os serviços culturais, os quais

serão melhor explorados nos parágrafos seguintes.

As áreas florestais têm papel relevante no ciclo global de carbono, em ecossistemas

tropicais (solo e vegetação) representa cerca de 20 a 25 % do referido elemento terrestre

mundial (CERRI et al., 2001). As florestas estocam cerca de dois terços do carbono

terrestre através da fotossíntese e, assim, proporcionam o mais longo ciclo de estocagem

desse elemento na biosfera (CHANG, 2002). No que se refere às árvores plantadas, dados

médios de produção de biomassa do tronco sem casca de eucalipto, com idade entre 7 e 10

anos são de 107,12 t ha-1

. Em contrapartida, o estoque de carbono em plantações de

eucalipto pode variar com as condições edafoclimáticas regionais (GATTO et al., 2010).

Estes mesmos autores, argumentam que as plantações de eucalipto constituem opção

efetiva de captura de carbono e podem imobilizar pelo menos 50 t ha-1

ano-1

de CO2 da

atmosfera.

A água é uma das substâncias mais importantes na composição da paisagem

terrestre, interagindo com a fauna e a flora e com os demais elementos da natureza

(BALBINOT et al., 2008). A cobertura florestal é uma das principais responsáveis pela

variação do ciclo hidrológico nas diferentes regiões do mundo. Sua estreita relação com o

ciclo hidrológico de uma bacia hidrográfica interfere na dinâmica da água nas várias etapas

do sistema, inclusive nas transferências para a atmosfera e para os rios. Os ecossistemas

florestais atuam minimizando os efeitos erosivos, a lixiviação de nutrientes do solo,

assoreamento dos corpos d‟água, além de exercer papel fundamental na manutenção da

quantidade e qualidade da água. Sua supressão, entretanto, normalmente está associada às

inundações, aos deslizamentos e erosão do solo nas estações chuvosas, e às secas severas

durante os períodos de estiagem (TONELLO, 2011).

Ao se pensar em biodiversidade é necessário considerar a variabilidade de genes,

relações entre seres vivos e ecossistemas. Como, por exemplo, o definido no Art. 2 da

Convenção das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (CDB) “a variabilidade entre

os organismos vivos de todas as origens, incluindo, inter alia, os ecossistemas terrestres,

marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos dos quais fazem

parte” (ONU, 1992). A biodiversidade é essencial para a manutenção da integridade e da

dinâmica intrínseca dos ecossistemas naturais, para a regulação do clima, para o

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provimento e regulação da qualidade e quantidade da água, para a produção de alimentos,

medicamentos e cosméticos (BRASIL, 1998).

A perda de biodiversidade afeta negativamente, e de forma imediata, o provimento

destes serviços. Como exemplo clássico, pode-se citar o impacto econômico da queda na

produtividade de setores agrícolas devido à diminuição ou extinção de polinizadores

(GALLAI et al., 2009). Assim, a proteção da biodiversidade depende da conservação de

remanescentes de vegetação nativa, não só através da ampliação e fortalecimento de

unidades de conservação e de outras áreas protegidas (APPs, RLs, etc.), mas também da

promoção de práticas de uso da terra mais sustentáveis e capazes de contribuir para a

conectividade ecológica entre fragmentos de habitats (GUEDES; SEEHUSEN, 2011).

O bem-estar da sociedade depende significantemente dos serviços ambientais

fornecidos pela natureza. Dentre os serviços ambientais indiretos oferecidos pelos

ecossistemas estão os benefícios recreacionais, educacionais, estéticos e espirituais

(GUEDES; SEEHUSEN, 2011). Populações rurais e particularmente as tradicionais têm

sua cultura, crenças e modo de vida associados aos serviços culturais de ecossistemas

nativos. As populações de centros urbanos também apreciam a beleza intacta, a diversidade

de ecossistemas e culturas como atrativos (SEEHUSEN; PREM, 2011), podendo o turismo

ser uma alternativa não só econômica, mas também um nicho interessante e pouco

explorado de mercado.

Considerações Finais Nos ecossistemas florestais ocorrem diversos processos naturais, que garantem a

sobrevivência das espécies no planeta e têm a capacidade de prover bens e serviços que

satisfazem as necessidades humanas direta ou indiretamente. Observa-se, portanto, que a

existência, por si só, dos recursos naturais, é capaz de gerar diversos benefícios sociais e

econômicos para a sociedade.

Agradecimentos Ao Departamento de Engenharia Florestal - DEF da Universidade Federal de Viçosa

e à Sociedade de Investigações Florestais - SIF.

Literatura Citada

BALBINOT, R.; OLIVEIRA, N. K.; VANZETTO, S. C.; PEDROSO, K.; VALÉRIO, A. F. O

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63

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Estudo da emissão de Gases Não condensáveis da madeira de Eucalyptus sp. durante

o processo de carbonização1

Clarissa Gusmão Figueiró2, Lucas de Freitas Fialho

3, Carlos Miguel Simões da Silva

4,

Armando da Silva Neto 5

, Paulo Victor Oliveira de Souza6

1Parte da iniciação científica da primeira autora, financiada pelo Embrapa Florestas.

2 ,3 e 5Estudante de graduação em Engenharia Florestal.

4Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais.

52Estudante de graduação em Engenharia Ambiental.

Resumo: Os poluentes contidos na fumaça da carbonização podem ser classificados em

três categorias: Pós e partículas em suspensão, gases não condensáveis e compostos

orgânicos condensáveis. A fração liberada como gases não condensáveis, é constituída,

prioritariamente, por dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), metano

(CH4), hidrogênio (H2) e hidrocarbonetos (CnHn). Este trabalho teve como objetivo avaliar

a emissão de gases não condensáveis durante a carbonização de madeira de Eucalyptus

sp.em diferentes temperaturas finais de carbonização. Foram conduzidas carbonizações em

forno elétrico tipo mufla para verificar as emissões de gases. Para isso foi necessário

calcular um fator de emissão de cada gás (kg gás/ton madeira) para diferentes temperaturas

finais. Encontrou-se como resultado que as liberações de CO2 e CO tornaram-se

significativas a partir dos 200°C, atingido picos médios de 9,32% e 11,12%,

respectivamente, aos 300°C. Já o CH4 apresentou evolução contínua a partir dos 300°C,

atingindo seu pico aos 600°C, onde foram observados valores médios de 6,4%. Conclui-se

que o aumento gradual da emissão de gases ocorre com o aumento da temperatura final da

carbonização.

Palavras–chave: Dioxido de carbono, final de carbonização, metano, temperatura.

Study the issue of not condensable gases of Eucalyptus sp. during the process of

carbonization 1

Abstract: The pollutants contained in smoke carbonization can be classified into three

categories: Powders and particles in suspension, non-condensable gases and condensable

organic compounds. The fraction released as non-condensable gases, consists primarily of

carbon dioxide (CO2), carbon monoxide (CO), methane (CH4), hydrogen (H 2) and

hydrocarbon (CnHn). This work aimed to evaluate the issue of non-condensable gases in

the wood carbonization of Eucalyptus sp.em different final temperature carbonization.

Carbonization were conducted in an electric furnace muffle type to verify the emissions.

This required calculate an emission factor for each gas (gas kg / ton wood) for different

end temperatures. It was found as a result that releases CO2 and CO become significant

from 200 ° C reached average peaks of 9.32% and 11.12%, respectively, at 300 ° C. Since

CH4 presented continuous evolution from 300 ° C peaking at 600 ° C, where average

values of 6.4% was observed. It follows that the gradual increase of the gas emission

occurs with increasing final temperature of the carbonization.

Keywords: Final temperature carbonization, methane, carbon dioxide.

Introdução O Brasil é o principal produtor e consumidor de carvão vegetal no mundo, tendo ele

um produto principalmente utilizado em larga escala na indústria.

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65

Em vista de sua utilização neste setor, torna-se de grande interesse salientar que o

ferro-gusa produzido com o carvão vegetal é de melhor qualidade e não contribui para a

poluição ambiental, como ocorre com o coque siderúrgico. Essa produção de “gusa verde”

a partir de carvão vegetal de florestas plantadas mostra, mais uma vez, o crescente

comprometimento nacional com a preservação ambiental (ABRAF, 2013).

O resultado global das emissões de gases do efeito estufa (GEE) pelo segmento da

produção de carvão vegetal, calculadas para o ano de 2006, foram de 12 Mt de CO2e, o que

representou 3,61% do total de emissões da matriz energética brasileira no mesmo ano, que

foram de 332,42 Mt de CO2e (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY - IEA, 2010).

Tendo em vista a crescente preocupação do mercado na busca por produtos menos

poluentes, esse trabalho teve como objetivo avaliar a emissão de gases não condensáveis

ao longo da carbonização em diferentes temperaturas finais de carbonização.

Material e Métodos Foram realizadas pirólises com madeira de Eucalyptus spp. em forno elétrico tipo

mufla, analisando-se o conteúdo do gás liberado durante todo o processo até as

temperaturas de 400°C, 550°C e 700°C. Para as três temperaturas finais foram aplicadas

três repetições, totalizando nove carbonizações.

Na saída da mufla foi conectado um sistema de recuperação dos gases

condensáveis, utilizando um condensador tubular resfriado à água acoplado a um

recipiente de coleta (quitasato).

Os gases não condensáveis foram succionados por uma bomba através de uma

mangueira acoplada na saída do quitasato, sendo conduzidos até o sistema de

condicionamento de gases gasboard 9030 Wuhan CUBIC Optoeletronics Co., LTDA.

Previamente à chegada ao equipamento, os gases passaram por um processo de pré-

lavagem, que consistiu em um quitasato com água, dois frascos lavadores do tipo Dreschel

com álcool e algodão, ambos envolvidos com gelo armazenado em isopor. Esse sistema foi

desenvolvido a fim de evitar que possíveis gotículas de alcatrão que porventura não

tivessem condensado no primeiro quitasato, viessem a fazê-lo na tubulação do gasboard,

saturando o aparelho.

Depois do tratamento, uma amostra dos gases não condensáveis foi admitida a cada

50°C, este forneceu leituras da composição percentual base volume de CH4, CO2, CO, H2,

O2 e hidrocarbonetos de cadeia pequena (CnHn), correspondendo a um total de 7, 10 e 13

registros para as temperaturas de 400, 550 e 700°C, respectivamente.

Na avaliação do experimento foi dotado os tratamentos, as temperaturas de 400,

550 e 700°c. Os dados do delineamento inteiramente casualizado foram submetido à

análise de variância (ANOVA) a 5% de significância pelo teste F.

Quando estabelecidas diferenças significativas, aplicou-se o teste Tukey em nível

de 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão

Além de possibilitarem a determinação da composição em massa de cada gás

presente no conteúdo do gás não condensável, por meio da sua média e posterior

transformação para massa, as leituras pontuais no gasboard permitiram a construção de

curvas percentuais de liberação de cada gás ao longo da evolução da temperatura,

caracterizando todo o processo de pirólise em termos de emissão (Figura 1).

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Figura 1. Composição percentual dos gases não condensáveis da carbonização.

Observa-se que a liberação de CO2 e CO tornou-se significativa a partir dos 200°C,

chegando a atingir picos de aproximadamente 11% e 9,55% aos 300°C.

Com o decorrer do processo de carbonização a concentração de CO atingiu um

novo pico de menor magnitude na temperatura de 450°C.

Notadamente os principais produtos gasosos da carbonização são os gases CO2 e

CO. Já os gases H2 e CH4 tem uma menor contribuição percentual na composição dos

gases não condensáveis da carbonização.

O H2 apresenta uma liberação mais significativa a partir dos 500°C, chegando a

alcançar 1,8% aos 700°C, porém na temperatura de 250°C apresenta um pequeno pico.

Já o CH4 mostrou uma evolução contínua a partir dos 300°C, chegando aos 7% na

temperatura de 600°C.

Di Blasi et al. (1999), Klose et al. (2000) e González et al. (2003), registraram

comportamento similar de liberação dos mesmos gases para diferentes tipos de biomassas.

González et al. (2003) descreveram detalhadamente a formação dos produtos da

pirólise, destacando duas zonas bem distintas, também observadas neste estudo: uma de

óxidos de carbono e metano a temperaturas mais baixas (275-425°C), e outra com

liberação de metano, hidrogênio e menores concentrações de óxidos de carbono a

temperaturas mais elevadas (450°C).

No mesmo estudo, os autores observaram também a ocorrência de dois pontos de

máximo na curva de H2, um a 350°C e outro a 750°C; dois picos em temperaturas

coincidentes nas curvas de CO e CH4, por volta dos 330-360°C e depois entre 510-550°C,

e, na do CO2, um bem diferenciado a 330°C e outro menor entre 510-520°C. Essa sucessão

de dois picos é atribuída à decomposição térmica das hemiceluloses (primeiro pico) e

celulose (segundo pico), embora uma menor fração dos gases gerados corresponda à

decomposição térmica da lignina que se inicia a 200°C e se prolonga até 500-600°C.

Becidan et al. (2007) descreveram o mesmo comportamento e atribuem a maior

participação de CO2 e CO na composição dos gases não condensáveis da carbonização e

sua tendência de decréscimo ou estabilização a altas temperaturas, ao fato de serem os

principais produtos da degradação da celulose e das hemiceluloses, principais componentes

da biomassa que se decompõem quase totalmente em temperaturas inferiores a 400°C.

Já o comportamento de crescimento progressivo da concentração de H2 e CH4 entre

400°C e 700°C, se deve ao fato de resultarem de reações secundárias, ou seja, ocorridas

entre os produtos voláteis da pirólise e catalisadas pelo leito do carvão vegetal em

formação, ou ainda da degradação da lignina, componente de maior estabilidade térmica,

que se decompõe a pequenas taxas sob ampla faixa de temperatura. O H2 é formado pelo

craqueamento do alcatrão e o CH4 inicialmente pela quebra dos grupos metoxílicos da

lignina e depois pela ruptura dos seus anéis aromáticos (YANG et al., 2007). A partir dos

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700°C o CH4 também resulta de reações secundárias, notadamente as reações exotérmicas

de metanopiranólise entre os componentes gasosos da carbonização (TIHAY e GILLARD,

2003).

Conclusões Conclui-se que a temperatura final de carbonização influenciou na emissão em

massa dos gases da carbonização. Logo antes de se estabelecer um método de produção de

carvão vegetal faz-se necessário um estudo para a escolha da melhor temperatura final de

carbonização visando maior eficiência no processo de carbonização.

Agradecimentos FAPEMIG; CNPQ; Embrapa Florestas; SIF.

Literatura citada

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Anuário estatístico: ano base 2012. Brasília, 2013. 129p. Disponível em: <

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68

Estudo dos possíveis impactos causados ao meio ambiente e a saúde de pequenos

produtores rurais, pelo uso de agrotóxicos, no município de Parauapebas-Pará1

Maria da Conceição Rodrigues da Silva2, Gilmara Pinto Leite

3, Robson José Nascimento

4

1 Resumo expandido do primeiro autor, extraído do artigo ainda em estudo, sem financiamento de projeto.

2 Estudante de graduação em agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas-Pará.

[email protected] 3 Estudante de graduação em agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas-Pará.

4 Professor orientador da Universidade Federal Rural da Amazônia, Parauapebas – Pará.

Resumo: A degradação do meio ambiente tem consequências em longo prazo e seus

efeitos podem ser irreversíveis. A aplicação de agrotóxicos pode contaminar o solo e os

sistemas hídricos, culminando numa degradação ambiental que teria como consequências:

prejuízos à saúde e alterações significativas nos ecossistemas. O estudo foi desenvolvido

no município de Parauapebas, situado na região sudeste do estado do Pará. Para alcançar os

resultados foi utilizada uma amostra composta por 20 agricultores locais, com aplicação de

vinte questionários. Observou-se que a maioria dos produtores interpreta os agrotóxicos

como uma espécie de veneno, 10% conhecem como veneno que mata, 5% não sabe e 5%

conhece como um produto químico. Percebe-se que as práticas utilizadas pelos pequenos

produtores, no que diz respeito aos destinos das embalagens, há uma possibilidade de

contaminação da atmosfera e do meio ambiente na região sudeste paraense. Deduziu-se

que os produtores não conhecem a legislação dos agrotóxicos no que diz respeito ao

destino das embalagens, assim também como os danos que podem causar a saúde e o meio

ambiente.

Palavras–chave: Agrotóxicos, aplicação, contaminação, ecossistema, produtor rural.

Study of possible impacts caused to natural environment and to small rural

producers by pesticide use in the Parauapebas, Pará

Abstract: Environment degradation causes consequences during the time and its effects

can be irreversible. Pesticide appliance can contaminate the soil and hydric systems

reaching at an environment degradation that would bring meaningful changes and harm to

ecosystem health. The study was developed in Parauapebas city, located in the southeast

region of the Pará state. To reach the results 20 local agriculturists were used as a sample

to answer a questionnaire of 20 questions. It was observed that the most of the producers

understand the pesticides as a poison. 10% know as a killing venom. 5% don‟t know and

5% know as a chemical product. It‟s notable that producers attitudes about package discard

may cause contamination possibility in atmosphere and in the southeastern Pará region

environment. Producers don‟t know about package discard pesticide law and the damages

they can cause to health and environment, as well.

Keywords: Appliance, Contamination, Ecosystem, Pesticide, Rural producers.

Introdução

Nos anos cinquenta com a chamada revolução verde” somado ao discurso da

“modernização da economia rural”, modificou profundamente as práticas desenvolvidas na

agricultura, gerou mudanças tecnológicas nos trabalhos agrícolas, aumentou a

produtividade e, mais recentemente, a agricultura tornou-se uma importante atividade

econômica, potencializando o PIB brasileiro e as exportações. Com isso, o meio ambiente

e a saúde humana encontra-se comprometida principalmente os trabalhadores rurais e o

ecossistema. De acordo com Moreira et al., (2002), em, 1950, período pós-guerra, com

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advento da “Revolução Verde”, observa-se mudanças no processo do manejo tradicional

da agricultura bem como nos impactos causados ao ambiente e a saúde humana. A

degradação do meio ambiente tem consequências em longo prazo e seus efeitos podem ser

irreversíveis. Segundo Veiga et al (2006), a aplicação de agrotóxicos pode contaminar o

solo e os sistemas hídricos, culminando numa degradação ambiental que teria como

consequência prejuízos à saúde e alterações significativas nos ecossistemas. O objetivo

desse trabalho foi Avaliar o conhecimento do pequeno produtor quanto aos riscos que os

agrotóxicos apresentam, para o meio ambiente e a saúde humana, no ato de sua aplicação,

armazenamento e manuseio em geral.

Material e Métodos

O estudo foi desenvolvido no município de Parauapebas, situado na região sudeste

do estado do Pará. Para alcançar os resultados foi utilizada uma amostra composta por 20

agricultores locais. A participação foi voluntária, e os dados foram mantidos confidenciais.

O nível do conhecimento dos participantes sobre a utilização de agrotóxicos foi

determinado por meio de um questionário com questões abordando o nível de

conhecimento e o grau de compreensão a respeito dos seguintes aspectos: significado de

agrotóxicos, leitura do receituário agronômico, biossegurança, aplicação e descarte de

agroquímicos, sintomas após a aplicação, compreensão dos símbolos dos agrotóxicos, anos

de uso, faixa etária e escolaridade.

Resultados e Discussão

A partir do levantamento dos dados, (figura 1), observou-se que a maioria dos

produtores interpreta os agrotóxicos como uma espécie de veneno, 10% conhecem como

veneno que mata, 5% não sabe e 5% conhece como um produto químico. Porém, o termo

agrotóxico ao invés de defensivo agrícola passou a ser utilizado, no Brasil, para denominar

os venenos agrícolas, após grande mobilização da sociedade civil organizada. Mais do que

uma simples mudança da terminologia, esse termo coloca em evidência a toxicidade desses

produtos para o meio ambiente e a saúde humana (OPAS/OMS, 1996). A existência de

orientação sobre o uso dos agrotóxicos e outras técnicas de manejo e controle das pragas

pode reduzir a necessidade de aplicação de agrotóxicos. Mas, no que diz respeito à falta de

orientação, como se percebe na tabela 1, podem levar alguns trabalhadores rurais de

Parauapebas a utilizar agrotóxicos desnecessariamente. Pois, sua toxidade e

comportamento no ambiente variam muito e seus efeitos podem ser crônicos quando

interferem na expectativa de vida, crescimento, fisiologia, comportamento e reprodução

dos organismos (LUNA et al, 2007).

Figura 1. Significado de agrotóxico segundo produtores rurais.

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Fonte: autor (2015)

De acordo com a figura 2, percebe-se que as práticas utilizadas pelos pequenos

produtores, no que diz respeito aos destinos das embalagens, há uma possibilidade de

contaminação da atmosfera e do meio ambiente na região sudeste paraense. Das vinte

pessoas entrevistadas duas delas enterram as embalagens, oito queimam, 3 guardam e seis

jogam no lixo. Os destinos das embalagens vazias são altamente regulamentados por

decreto e por lei federal, 7.802 de 11 de Julho de 1989, que relata que é de

responsabilidade do fabricante recolher, porém, não há interesse ou preocupação do

produtor em procurar o ideal destino para as embalagens. Apesar do destino incorreto das

embalagens refletirem principalmente na contaminação ambiental e consequentemente

comprometer a saúde humana. A contaminação acontece por via aérea (respiração),

digestão (ingestão) ou pela pele (contato direto) (ROCHA, 2004).

Figura 2. Destino das embalagens de agrotóxicos segundo os produtores rurais.

Fonte: autor (2015)

Conclusões

Diante do trabalho realizado foi possível notificar que existe entre os produtores

falta de informações sobre o uso e os perigos dos agrotóxicos.

Deduziu-se que os produtores não conhecem a legislação dos agrotóxicos no que

diz respeito ao destino das embalagens, assim também como os danos que podem causar a

saúde e o meio ambiente.

Para reduzir os ricos de contaminação ambiental e a saúde humana na região

sudeste paraense, seria de fundamental importância a influência da Educação Ambiental

nas áreas de produção rural, assim também a criação de um posto de recebimento de

embalagens vazias de agrotóxicos dentro do polo agrícola de Parauapebas.

Agradecimentos

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A Deus, a minha família, aos produtores rurais, que com toda humildade e

singeleza, nos receberam em suas propriedades, a companheira Gilmara Leite, que não

mediu esforço para a realização desse trabalho assim também ao professor orientador,

Robson Nascimento.

Literatura citada

LUNA, A. J; SALES, L. T; SILVA, R. F. AGROTÓXICOS: Responsabilidade de todos.

Disponível em:< http://www.prt6.mpt.gov.br/forum/downloads/index.htm >. Acesso em:

03 de out. 2007.

MOREIRA, J. C., JACOB, S. C., PERES, F. et al. Avaliação integrada do impacto do uso

de agrotóxicos sobre a saúde humana em uma comunidade agrícola de Nova Frigurgo,

RJ. Ciência e Saúde Coletiva, v. 7, n. 2, 2002.

OPAS/OMS. Manual de vigilância de saúde de populações expostas a agrotóxicos.

Brasília, 1996. Disponível em http://www.opas.org.br/publicmo.cfm?codigo=19. Acessado

em: 04 ago. 2009.

ROCHA, L.F. Pesquisa avalia o risco de contaminação de solos e águas. Revista Minas

Faz Ciência, n.18, 2004. Disponível em: <http://revista.fapemig.br/ materia.php?id=36>.

Acesso em: 12 jan. 2007

VEIGA, M. M.; SILVA, D. M.; VEIGA, L. B. E.; FARIA, M. V. C. Análise da

contaminação dos sistemas hídricos por agrotóxicos numa pequena comunidade rural do

Sudeste do Brasil. Caderno de Saúde Pública.vol.22 n°.11 Rio de Janeiro, p. 2391- 2399,

Nov/2006.

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Gerenciamento de resíduos orgânicos para pequenas propriedades rurais por meio da

compostagem

Pedro Pinto Godoy¹, Matteus Carvalho Ferreira¹²

¹ Estudante de graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Fumec.

² Estudante de graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais.

Resumo: A grande produção agrícola no cenário nacional gera um grande volume de

resíduo orgânico, cujo gerenciamento inadequado pode ocasionar a poluição de solos e

corpos d’água. Torna-se, portanto, necessária a criação de um material com diretrizes

técnicas e científicas para o gerenciamento ambientalmente adequado e de baixo custo dos

resíduos orgânicos visando as pequenas propriedades rurais. A decomposição da matéria

orgânica movimenta os ciclos biogeoquímicos, tornando os elementos novamente

disponíveis para as plantas. A compostagem aeróbia apresenta-se como aceleradora deste

processo, sendo uma forma ambientalmente correta e eficaz de se gerenciar esses resíduos,

além de gerar um produto útil para os pequenos produtores.

Palavras–chave: Agricultura familiar, compostagem, gerenciamento, resíduos orgânicos.

Managing organic residues for small farms by means of composting treatments

Abstract: The great agricultural production in Brazil generates a large amount of organic

residues, whose mismanagement can lead to pollution of soil and water resources.

Therefore it seems necessary to produce a written material with scientific and technical

guidelines for a low cost, environmentally adequate management of the organic residues

for small farms. The decomposition of the organic matter moves biogeochemical cycles,

turning substances available for plants again. Aerobic composting is an accelerator of this

process. It is also an environmentally friendly and effective way to manage the residues,

creating a useful product for small producers.

Keywords: Composting, family agriculture, management, organic residues.

Introdução Segundo o Grupo de Estudo de Tratamento de Resíduos Sólidos da UFRJ, “mais de

80% dos municípios brasileiros lançam seus resíduos em locais a céu aberto, em cursos

d'água ou em áreas ambientalmente protegidas, evidenciando a má gestão dos resíduos

sólidos” (GETRES, 2011). Esses altos valores evidenciam o fato de que grande volume de

matéria orgânica está sendo despejada de forma inadequada, ocasionando a sobrecarga dos

aterros sanitários e gerando prejuízos aos municípios que pagam para destinar seus

resíduos.

Um importante princípio da ecologia é a natureza cíclica dos processos ecológicos.

As teias alimentares apresentam-se como as vias que permitem a contínua reciclagem de

todos os nutrientes. Dessa forma, os organismos de um ecossistema produzem resíduos que

são utilizados como alimentos por outros, de maneira que o ambiente natural como um

todo permanece livre de resíduos (CAPRA, 2004).

Toda matéria orgânica apresenta potencial de ser biodegradada, movimentando os

ciclos biogeoquímicos e retornando à forma inorgânica os nutrientes químicos, de modo a

torná-los disponíveis novamente para as plantas (KIEHL, 1985). A compostagem surge

como uma solução eficaz para a má destinação destes resíduos, acelerando o processo de

decomposição da matéria orgânica, resultando no produto mais estável das transformações

da matéria orgânica (PEREIRA NETO, 2007).

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Material e Métodos A partir da realização de um diagnóstico ambiental sobre o município de Mário

Campos (MG), constatou-se uma grande produção agrícola e consequentemente sua

proporcional geração de resíduos orgânicos. Tal fragilidade apresentou-se com perspectiva

de se tornar potencialidade através da compostagem, ao transformar o resíduo em insumo

agrícola. A explanação deste tema, com foco na orientação para pequenos produtores

rurais, ocorreu através de extensa revisão bibliográfica, em um trabalho que objetiva a

elaboração de um material com diretrizes técnicas e científicas para o gerenciamento

ambientalmente adequado dos resíduos orgânicos.

Resultados e Discussão A compostagem pode ser definida como um processo controlado de decomposição

da matéria orgânica por sucessivos ataques de colônias de bactérias (atividade microbiana),

resultando em adubo ou fertilizante orgânico (PEREIRA NETO, 2007).

Naturalmente, existem dois tipos de decomposição da matéria orgânica: anaeróbica

(processo mais lento) e aeróbica, a qual, associada ao manejo humano, agindo em fatores

que interferem o processo, torna a compostagem mais efetiva (PEREIRA NETO, 2007). O

presente trabalho aborda o sistema aeróbico aberto, por meio de pilhas ou leiras estáticas

de aeração passiva.

Resíduos orgânicos A matéria prima a ser compostada, segundo Pereira Neto (2007), deve estar livre de

materiais tais como metais, pedras e vidro (inertes), ter partículas com cerca de 25 mm de

diâmetro, apresentar satisfatória umidade (cerca de 55%) e relação carbono/nitrogênio

(C/N) próxima a 35:1.

As fontes de carbono podem ser encontradas em materiais de decomposição lenta, os

chamados “resíduos castanhos” (atendendo, portanto, uma relação C/N superior a 30:1).

Alguns exemplos desse tipo de resíduo são: palha, feno, podas de madeira, serragem,

grama e folhas secas, cascas e pequenos ramos de árvore. Para o produtor rural, a fonte de

nitrogênio requerida será justamente os restos e sobras da própria produção (como

hortaliças, leguminosas, frutas e flores, resto e cascas de frutos, borras de café, cascas de

ovos e/ou batatas, folhas e sacos de chá, cereais, restos de comida, aparas de grama fresca).

Além disso, também podem ser utilizados resíduos orgânicos de cozinha (como cascas e

restos de comida). Essa variabilidade orgânica garante o equilíbrio nutricional e

diversificação da flora microbiológica (PEREIRA NETO, 2007).

Portanto, para atingir a concentração média dos elementos de 30:1, a proporção

prática de mistura em peso, exemplificada por Pereira Neto (2007), deve ser de 30% de

materiais verdes (resíduos orgânicos) e 70% de materiais castanhos (palhosos).

Montagem de pilhas e leiras Inácio e Miller (2009) determinam que as leiras devem ter largura de 2,0 metros e a

altura variando de 1,2 a 1,5 metros. Já o comprimento varia em função da quantidade de

resíduos que o produtor tem à disposição. Esse dimensionamento parte do pressuposto que

pilhas muito altas adquirem grande potencial de aquecimento e o oposto para as muito

baixas (PEREIRA NETO, 2007). Há de se perceber que o formato desse sistema afeta

diretamente a ecologia dos microrganismos atuantes, devido a sua influência no fluxo de

ar, água e calor (INÁCIO e MILLER, 2009). Recomenda-se, portanto, uma conformação

triangular das leiras e pilhas em formato cônico, para dispersão de materiais ou de água

que possam cair sobre a composteira (PEREIRA NETO, 2007). Deve-se fazer completa

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mistura dos elementos, seguido de umidificação da massa de resíduos, enquanto ocorre o

erguimento da leira/pilha.

Apesar de se tratar de um sistema aberto, tal sistema não é necessariamente

descoberto. Em casos de períodos chuvosos, é necessário o cobrimento das leiras/pilhas

com armações de lona ou plástico, evitando a interferência da água da chuva. Segundo

Pereira Neto (2007), a armação da cobertura deve ser estruturada de forma a não ocorrer

contato do material de cobertura com a parte externa da composteira, que deverá atingir

elevadas temperaturas.

Fases e fatores operacionais Kiehl (2004) preconiza que, para garantir o suprimento da demanda de oxigênio,

requerida pelas colônias bacteriológicas e funcionar como dissipador de altas temperaturas,

a massa de compostagem deve sofrer reviramentos periódicos. O reviramento deve ocorrer

a cada três dias, possibilitando a degradação e homogeneização da massa, além do

favorecimento da atividade microbiológica (PEREIRA NETO, 2007). “Durante o

reviramento, o calor é liberado para o meio ambiente na forma de vapor de água”

(PEREIRA NETO, 2007), auxiliando no controle de temperatura e umidade.

No caso específico da umidade, deve-se corrigir seu teor com uniforme distribuição

de água sobre a composteira no momento do reviramento, repondo sua perda. Esse teor

deve ser mantido na faixa de 55%, sendo essencial para o desenvolvimento da atividade

microbiana (PEREIRA NETO, 2007).

Teores de umidade abaixo de 40% restringem a atividade de degradação. Já teores

muito elevados podem causar anaerobiose, processo que surge com o acúmulo de água nos

espaços vazios da composteira, provocando a geração de gases fétidos e atraindo vetores,

de forma a comprometer a compostagem sanitária e ambientalmente (PEREIRA NETO,

2007).

Para o controle de umidade basta analisar, tato-visualmente, um punhado de material

retirado do centro da massa de compostagem, se a condição é muito seca (pouca água) ou

escorrendo água (excesso de água).

Segundo Kiehl (2004), a atividade dos decompositores pode ser tão intensa que pode

elevar a temperatura a valores superiores a 65°C. Todavia, temperaturas superiores a esse

valor “devem ser evitadas por causarem a eliminação dos microrganismos mineralizadores,

responsáveis pela degradação dos resíduos orgânicos” (PEREIRA NETO, 2007). Portanto,

o mesmo autor cita que o valor ideal médio de temperaturas seja de 55°C (fase termofílica

ou ativa), capaz de eliminar patógenos, ovos de helmintos, ervas daninhas e atingir elevada

velocidade de degradação. Para se verificar a temperatura manualmente, deve-se tocar na

extremidade de uma haste de metal mantida no interior da leira por alguns segundos. É

necessária sua correção caso a haste estiver fria (assim, a atividade microbiana não está

acontecendo com efetividade, provavelmente, por pouca umidade no sistema ou, até

mesmo, falta de aeração) ou muito quente a ponto de queimar as mãos (aplicando-se à

metodologia de reviramento e umidificação duas vezes na semana) (PEREIRA NETO,

2007).

Nesse processo de baixo custo, a fase de degradação ativa (da matéria orgânica) ou

de temperaturas termofílicas, tem duração de aproximadamente 80 dias. Depois disso,

caracterizado pelo natural resfriamento, inicia-se o retorno à fase mesofílica, de

temperaturas inferiores a 45°C (mesmos valores referentes ao início da montagem das

leiras – temperatura ambiente), até sua estabilização. Inicia-se, assim, a fase de maturação

do composto, etapa de repouso com duração cerca de 30 a 50 dias, não sendo necessária

correção de umidade nem reviramentos (PEREIRA NETO, 2007).

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Aplicabilidade do composto Listam-se as principais vantagens da utilização do composto gerado por esse

processo na atividade agrícola, segundo Pereira Neto (2007):

a) Age como fonte de cátions (cálcio, potássio, magnésio etc.), ânios (fosfatos, sulfatos

etc.) e micronutrientes;

b) Apresenta efeito-tampão no solo, devido à elevada área superficial e capacidade de troca

catiônica (CTC);

c) Age como elemento de fixação (complexação e quelação) de elementos metálicos

(nutrientes e metais pesados) e de formação de complexos húmus – argila – minerais;

d) Favorece as condições físicas dos solos, como aglutinação e estabilidade dos agregados,

reduzindo o surgimento e agravamento dos processos erosivos;

e) Amplia a capacidade de retenção de água e de permeabilidade dos solos;

f) Age como fonte de nutrientes e proteção para os microrganismos do solo;

g) Auxilia no controle de doenças e pragas vegetais.

Conclusões A grande disponibilidade de terras, o grande número de pequenas propriedades rurais

(agricultura familiar) e o baixo custo de implementação desse sistema de compostagem o

tornam altamente recomendado para ser executado em diversas regiões do país. O

aproveitamento dos resíduos orgânicos contribui para a diminuição de possíveis

contaminações do solo e cursos d‟água, além de reduzir a quantidade de resíduo sólido que

chega aos aterros ou até mesmo lixões. Assim, a compostagem contribui na minimização

dos impactos ambientais decorrentes do gerenciamento inadequado dos resíduos orgânicos.

Literatura citada

ANDREOLLI, C.V.; BARRETO, C.L.G.; BONNET, B. R. P. Tratamento e disposição do

lodo de esgoto no Paraná. Curitiba: Sanare, 1994.

CAPRA, F. A Teia da Vida. São Paulo: Pensamento, 2004.

GETRES - GRUPO DE ESTUDO DE TRATAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DA

UFRJ (site). Um dos principais... 2011. In: http://www.getres.ufrj.br/ (acessado em 7 de

Maio de 2015).

INÁCIO, C. T.; MILLER, P. R. M. Compostagem: a ciência e prática aplicadas à gestão

de resíduos. Florianópolis: Embrapa, 2009.

KIEHL, E. J. Fertilizantes orgânicos. São Paulo: Ceres, 1985.

KIEHL, E. J. Manual de compostagem: maturação e qualidade do composto. Piracicaba: E.

J. Kiehl, 2004.

PEREIRA NETO, J.T. Manual de Compostagem: processo de baixo custo. Viçosa: UFV,

2007.

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Gestão de Resíduos Sólidos Constituídos por Pilhas em Seropédica – RJ¹

Carolina Fiorini Ramos Giovanini², José Carlos Azevedo de Souza³, Giulia de Lima

Rasga4, Mariana Gonçalves dos Santos

5 e Ayhessa Cristina Santos de Lima

6

1Projeto de Apoio Técnico do primeiro autor, financiado por MEC/SETEC

2Técnico em Meio Ambiente Integrado com Ensino Médio e bolsista MEC/SETEC

3Professor Orientador no Colégio Técnico da UFRRJ

4Técnico em Meio Ambiente Integrado com Ensino Médio e bolsista MEC/SETEC

5Técnico em Meio Ambiente Integrado com Ensino Médio

6Técnico em Agroecologia

Resumo: Atualmente utilizamos diversos aparelhos eletroeletrônicos movidos por pilhas,

que possuem metais pesados, e caso sejam descartadas incorretamente podem contaminar a

água e o solo e depois o ser humano. Este trabalho foi realizado no município de

Seropédica, no estado do Rio de Janeiro durante o ano de 2014 e teve como objetivo

realizar o recolhimento e descarte correto de pilhas juntamente com esforços para a

conscientização e educação ambiental da população. Durante quatro meses (julho, agosto,

setembro e outubro) foram recolhidos um total de 52,902 kg de pilhas nos 55 pontos de

recolhimento distribuídos no comércio da cidade, na Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro e no Colégio Técnico da UFRRJ. Ações como a de preservação ambiental que foi

feita são importantes já que tanto a região como o município em si ainda possuem

muita área verde e o bioma Mata Atlântica, além de chamar atenção para questões de

saneamento e saúde pública.

Palavras-chave: Gerenciamento, meio ambiente, pilhas, preservação, saneamento.

Solid Waste Management made by batteries in Seropédica – RJ

Abstract: Nowadays we use several kinds of eletronic devices used by battery, wich

contain heavy metals, and if they are disposed incorrectly they can contaminate water, soil

and human beings afterwards. This project was made in Seropédica, in the state of Rio de

Janero during the year of 2014 and it had as an aim collect and dispose correctly the

batteries along with the effort of awareness and enviroment education of the population.

For four months (July, August, September and October) a total of 52,902 kg of batteries

have been collected in 55 places around the stores of town, at the Universidade Federal

Rural do Rio de Janeiro and at Colégio Técnico da UFRRJ. Enviroment preservation deed

that have been done are important since the local area as the town (of Seropédica) still have

green sities and the Mata Atlântica biome, besides to call people‟s attention to sanitation

and public health.

Keywords: Enviroment, management, sanitation, batteries, preservation.

Introdução

O avanço tecnológico na indústria eletroeletrônica tem trazido muitos benefícios,

como o uso de aparelhos portáteis, que se tornam práticos e econômicos por serem

movidos a pilhas. No entanto, este avanço trouxe problemas que estão muitas vezes

relacionados com o descarte errado das pilhas, em sua maioria consideradas perigosas por

conterem metais pesados (Mansor e Camarão, 2000).

Apesar do mercado já oferecer opções menos agressivas, o que falta é a

conscientização da indústria, no sentido de divulgar os riscos e as precauções que devem

ser tomadas, e da população que deve se preocupar com ambiente já que quando as pilhas

o atingem causam danos à cadeia alimentar e em seguida ao organismo.

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As substâncias tóxicas que compõe as pilhas, como chumbo, níquel, zinco e

manganês podem atingir aquíferos freáticos e o ser humano através da ingestão, inalação

ou contato. O chumbo, por exemplo, pode causar intoxicação basicamente através da

absorção pelo sistema gastrointestinal e pelas vias respiratórias e provoca distúrbios

neurológicos. O zinco causa sensações como paladar adocicado e secura na garganta, tosse,

fraqueza, dor generalizada, arrepios, febre, náusea e vômito.

Como já foi dito, as pilhas possuem metais pesados e estes são bioacumulativos, se

depositam em determinados locais do organismo e podem afetar suas funções orgânicas. A

utilização de composto orgânico em plantações também propicia a absorção de metais

pesados (Reidler e Gunther, 2000).

O objetivo do projeto foi fazer o recolhimento das pilhas juntamente com a

população de Seropédica, no estado do Rio de Janeiro e posteriormente o descarte correto.

Realizar um trabalho de conscientização e educação ambiental mostrando que é possível

que a sociedade contribua com a preservação do meio em que vive também foi um

propósito do gerenciamento dos resíduos sólidos.

Material e Métodos

O trabalho foi conduzido no município de Seropédica de abril até dezembro de

2014 e divido em quatro fases.

A primeira fase foi concentrada na produção de um infográfico na forma de folder

de fácil entendimento para a população do município. Foram realizadas pesquisas

envolvendo a busca por artigos e informações recentes sobre quais são os tipos de pilhas

disponíveis no mercado, como são feitas e quais são os componentes dessas, como causam

danos ao ambiente e são absorvidos pelo homem, quando presentes no homem o que

causam e como podem levar à morte e os meios de prevenção por parte da população.

Na segunda fase, (conforme material do Ministério do Meio Ambiente, 1998)

houve a coleta e limpeza de material reciclável, no caso garrafas do tipo „pet‟, as quais

foram utilizadas como embalagens para recolhimento e acondicionamento das pilhas, para

posterior envio às empresas de reciclagem. No dia 28 de junho de 2014, a equipe

integrante do projeto saiu à procura de estabelecimentos comerciais em Seropédica que

estivessem interessados em ser ponto de recolhimento das pilhas.

Na terceira fase foi feito contato com a população de Seropédica através da

distribuição de folders informativos. Houve o recolhimento das pilhas durante os meses de

julho, agosto, setembro e outubro. Em novembro de 2014 as coletas foram encerradas para

o começo da última fase: o contato com as empresas e o recolhimento definitivo das pilhas

acumuladas. Foi feito contato com a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e

Eletrônica – Abinee que possui o programa “Abinee recebe pilhas”, a Associação veio até

a região para realizar a coleta de todas as pilhas recolhidas durante a realização do

trabalho.

Resultados e Discussão

Houve o recolhimento, limpeza e adaptação de aproximadamente 70 garrafas do

tipo „pet‟, que foram distribuídas em 55 pontos comerciais de Seropédica, nos institutos e

alojamentos da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e no Colégio Técnico da

UFRRJ.

A distribuição de informações, infográficos e folhetos para a população foi feita

durante a visita aos estabelecimentos comerciais, na universidade e em escolas, em todos

estes locais a maior parte das pessoas mostraram-se interessadas e dispostas a ajudar.

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No primeiro mês de recolhimento (julho) foram coletados 12,910 kg de pilhas, em

agosto a quantidade caiu para 8,73kg, no mês de setembro recolheu-se 17,105 kg sendo

esta a maior quantidade recolhida, no último mês (outubro) coletou-se 14,157 kg. Durante

os quatro meses foram recolhidos um total de 52,902 kg de pilhas em Seropédica.

É possível observar que o trabalho conseguiu apoio e participação da população,

que agora faz o descarte correto, tem acesso a informações relacionadas à saneamento e

questões sanitárias que envolvam resíduos sólidos e não precisa lidar com problemas

ambientais relacionados com a composição de pilhas.

Conclusão

Esses resultados mostram a participação da população e deixam claro a

conscientização ambiental que a equipe do projeto conseguiu promover no município e

além disso, chamar atenção para a questão de saúde pública que caminha junto com a

gestão de resíduos sólidos.

Com o descarte correto realizado, a chance de pilhas contaminarem a água e o solo

onde a população tem contato frequente diminui. Ações como a de preservação ambiental

que foi feita são importantes já que tanto a região como o município em si ainda possuem

muita área verde, que deve ser cuidada para que tenha uma longa duração.

Seropédica possui 283,762 km² de área, onde registra-se o bioma Mata Atlântica

em 64,98 km². Para preservar existência desta vegetação, a população de 78.166 habitantes

deve colaborar, até em coisas mais simples, como o descarte correto das pilhas.

O êxito obtido neste trabalho fez com que um novo projeto fosse aprovado para dar

continuidade nas ações de coleta, descarte correto, conscientização e educação ambiental

em Seropédica durante o ano de 2015.

Agradecimentos

A equipe do projeto agradece toda população de Seropédica, especialmente aos

estabelecimentos comerciais que aceitaram a proposta de serem pontos de recolhimento,

por todo o apoio e participação durante a realização do trabalho, ao Colégio Técnico da

UFRRJ por ter feito com tudo isso fosse possível em uma cidade pouco desenvolvida,

muito afastada de projetos semelhantes e ao mesmo tempo disposta a contribuir e

participar de ações como essa.

Literatura Citada

ABNT, 1987. Resíduos Sólidos – Classificação. NBR 10004

(www.aslaa.com.br/legislacoes/NBR%20n%2010004-2004.pdf). Acesso: 04/09/15.

MANSOR, M. T. C; CAMARÃO, T. C. R. C. 2000. Cadernos de Educação Ambiental –

Resíduos Sólidos, Governo do Estado de São Paulo, Secretaria do Meio Ambiente,

Coordenadoria de Planejamento Ambiental, São Paulo, 2010.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Coleta seletiva de pilhas e baterias. Centro

Nacional de Referência em Gestão Ambiental Urbana, Ministério do Meio Ambiente.

Brasília, 1998.

REIDLER, N. M. V. L.; GUNTHER, W. M. R. 2000. Gerenciamento de resíduos sólidos

constituídos por pilhas. In: CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA SANITÁRIA

E AMBIENTAL, 27. Anais... Goiania

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Impacto do acondicionamento inadequado de resíduos sólidos domiciliares em Juiz

de Fora, MG

Valquíria Silva Machado1

1Professora do Departamento de Meio Ambiente, Polo de Engenharias, Doctum.

Resumo: A problemática que envolve o homem e o lixo é tão antiga quanto a sua própria

existência e a história dos resíduos sólidos parece se confundir com a história da

civilização e do homem urbano. E continua com os padrões consumistas impostos pelo

modo capitalista de vida. Porém, a capacidade de geração de resíduos daquela época era

limitada se comparada com os dias atuais. Juiz de Fora, utiliza como recipiente para

acondicionamento de resíduos sólidos: as sacolas plásticas de supermercados ou especiais

para lixo por motivos eu incluem características do lixo, geração, frequência da coleta, tipo

de edificação e principalmente pelo preço. Além do poder público fornecer incentivos para

o acondicionamento adequado e sua importância para a saúde pública. É necessário criar

estratégias em programas de educação ambiental onde a participação é essencial para o

sucesso do programa.

Palavras–chave: Acondicionamento, domiciliares, resíduos.

Inadequate preparation of the impact of solid waste in Juiz de Fora, MG Abstract: The problems involving the man and the waste is as old as their very existence

and history of solid waste seems to be confused with the history of civilization and urban

man. It continues with shoppers standards imposed by the capitalist way of life. However,

the capacity to generate waste that time was limited compared to the present day. Juiz de

Fora, used as a container for packaging waste: plastic bags from supermarkets or for

special garbage for reasons I include waste characteristics, generation, frequency of

collection, type of building and especially for the price. Besides the government provide

incentives for proper packaging and its importance to public health. It must create

strategies in environmental education programs where participation is essential to the

success of the program. This text describes the instructions and style to be used in papers

for publication in the Symposium proceedings. The abstract should not have more than

1.500 characters, and must be in the first page of the paper.

Keywords: Ackaging, waste, household.

Introdução Os grupos humanos da Pré-história viviam como nômades e deixavam restos de

alimentos e dejetos humanos acumulando-se em abrigos temporários. Devido ao tamanho

da população, a quantidade de detritos era pequena e insuficiente para provocar alterações

ambientais. No entanto com a revolução Industrial, no século XIX, faz transparecer a

situação do saneamento básico.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) é o equilíbrio dos fatores que

exercem efeitos danosos sobre o bem estar físico, mental e social. Caracterizando-se por

uma parcela de ações econômicas e sociais objetivando a salubridade ambiental. Que se

refere a capacidade de aperfeiçoamento das condições mesológicas (GUIMARÃES,

CARVALHO E SILVA, 2007).

A coleta de resíduos, além de mostrar-se como árdua tarefa esta sujeita a vários

riscos inerente; o que justifica o adicional de grau máximo de insalubridade pago aos

trabalhadores que a realizam. No Brasil, lacerações causadas pelo acondicionamento

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inadequado de resíduos perfuro cortantes, é usual devido ao acondicionamento em sacos

plásticos. Somente no século XIX, com a civilização industrial, os resíduos começaram a

ter contexto ambiental (PHILIPPI JÚNIOR, 2001). E para Sato (1999) a problemática

ambiental com a geração de resíduos sólidos continua com os padrões consumistas

impostos pelo modo capitalista de vida.

No aspecto ambiental, a poluição é um fenômeno recente e global, se

considerarmos a sua idade ( BRAGA, 2002). Na maioria dos municípios brasileiros é a

administração pública que faz a coleta dos resíduos domiciliares e envia para aterros

sanitários. Porém a poluição não esta ligada apenas pelo descarte dos resíduos, ocorre

também pelo consumismo desenfreado de bens não duráveis e descartáveis. Para

Gilnreiner (1994) a conscientização da população em preservar o meio ambiente associada

à minimização da geração na fonte são estratégias de fundamental importância.

A produção de resíduos nas cidades é inevitável e ocorre diariamente em

quantidades e composições que dependem do tamanho da população e do seu grau de

desenvolvimento. Porém, os municípios brasileiros esbarram na limitação financeira com

orçamentos inadequados ou fluxo de caixa inadequado. Assim como a descontinuidade

política e administrativa, falta de capacitação técnica e profissional e de planejamento

urbano de médio e longo prazo. Acondicionar os resíduos implica em prepará-los para a

coleta de foram sanitária adequada, atentando para a quantidade e a classificação de

resíduos gerados.

Portanto a importância do acondicionamento adequado está em evitar acidentes,

proliferação de vetores, minimização do impacto visual e olfativo, reduzirem a

heterogeneidade e facilitar a etapa da coleta. E com isso o estudo e identificação dos

principais impactos causados pelo acondicionamento inadequado de resíduos sólidos de

Juiz de Fora-MG pode subsidiar informações de cunho educacional ambiental.

Material e Métodos Realizou-se uma revisão bibliográfica sobre o acondicionamento inadequado de

resíduos domiciliares na cidade de Juiz de Fora, MG. Tal revisão sistemática permitiu

compilar informações para a realização do trabalho.

Resultados e Discussão Para Philippi Júnior (1979) uma nova situação em relação aos resíduos sólidos

estabeleceu se quando os homens deixaram de ser nômades e começaram a fixar se em

determinados locais; gerando resíduos devido a esta alteração de hábito de vida. As

escrituras sagradas citam que os animais sacrificados em Jerusalém, tinham suas peles,

carnes e excrementos incinerados. E para Rocha (1993) milhões de europeus, na Idade

Média, morreram em consequência da peste bubônica devido a presença de lixo e ratos

espalhados nas ruelas e becos. Segundo Brollo (2001) na história antiga lançava se

resíduos à céus abertos, em cursos d‟água, enterrava e queimava.

Para Soares (2012) o risco potencial direta de doenças infecciosas por resíduos

sólidos dependerá da presença de um agente infeccioso, da capacidade deste sobreviver

nos resíduos e da possibilidade de transmissão para um hospedeiro suscetível. Soares

(2012) aponta que estudos feitos em resíduos sólidos hospitalares apresentam

contaminação entre 10 e 100.000 menor que os resíduos domiciliares.

Para Fonseca (2011) o ideal é que o acondicionamento dos resíduos seja

padronizado nas fontes geradoras, assim como capacidade de carga, presença de alças

laterais e que facilite seu esvaziamento. E ainda, o mesmo autor, define o

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acondicionamento como um sério problema que começa dentro das residências sinalizando

falta de educação ambiental.

Segundo o IBGE, o município de Juiz de Fora passou de 387.523 habitantes em

1991 para 456.796 no ano de 2000. Aproximadamente 99,87% desse total é considerada

população urbana. O total de pobres declinou, no mesmo período, de 21,1% para 14,1%. É

considerada pobre pelo IBGE, a população que percebe renda mensal inferior a 0,25

salário mínimo. A renda percapita média do município cresceu 34,58%, passando de R$

311,64 em 1991 para R$ 419,40 em 2000. E por último, e não menos importante, na óptica

social decorrente da geração dos resíduos sólidos destaca-se a formação da figura do

homem catador de reciclável – representando a exclusão social da sociedade do consumo.

E apara Abreu (2001) é sem dúvida o elo da cadeia econômica entre as fontes geradoras e

as indústrias recicladoras.

Conclusões Assim como na maioria das cidades brasileiras, Juiz de Fora, utiliza como

recipiente para acondicionamento de resíduos sólidos: as sacolas plásticas de

supermercados ou especiais para lixo por motivos eu incluem características do lixo,

geração, frequência da coleta, tipo de edificação e principalmente pelo preço.

No contexto urbano atual da cidade, existe um passar a responsabilidade para o

catador de recicláveis, que acaba atuando na atividade de logística reversa forma ou

informalmente. O que denota um baixo grau de educação ambiental envolvimento com as

políticas públicas em vigência.

Além do poder público fornecer incentivos para o acondicionamento adequado e

sua importância para a saúde pública. É necessário criar estratégias em programas de

educação ambiental onde a participação é essencial para o sucesso do programa

Literatura citada

BRAGA, B.et al. Introdução à engenharia ambiental. São Paulo: Prentice Hall, 2002.

BRASIL. Fundação Nacional de Saúde. Manual de saneamento. 3. ed. rev. Brasília:

FUNASA,2006.Disponívelem:<http://www.funasa.gov.br/internet/arquivos/biblioteca/eng/

eng_saneam.pdf> Acesso em: 12 de 2012.

BRASIL Governo do Distrito Federal. Disponível em: <http://www.gdf.gov.br>. Acesso

em 25 fev. 2013.

BROLLO, M. J.; SILVA, M. M. Política e Gestão Ambiental em resíduos sólidos: revisão

e análise sobre a atual situação no Brasil. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE

ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL, 21., 2001, João Pessoa. Anais... João

Pessoa: ABES, 2001. p. 1-27.

PHILIPPI JR A. Sistema de resíduos sólidos: coleta e transporte no meio urbano. São

Paulo (SP); 1979. [Dissertação de Mestrado – Departamento de Saúde Ambiental da

Faculdade de Saúde Pública da USP].

FONSECA, E. M. Iniciação ao Estudo dos Resíduos Sólidos e da Limpeza Urbana. João

Pessoa: JRC Gráfica e Editora. 2º edição, 2001.

GILNREINER, G. Estratégias de minimização de lixo e reciclagem e suas chances de

sucesso. St.Andrä-Wördern, Áustria. 1994. Curso de Implantação de Programas de Coleta

Seletiva. Maio, 2000. Notas de aula. Mimeografado.

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ROCHA AA, LINDENBERG RC. Impacto dos resíduos sólidos urbanos. In: Companhia de

Tecnologia de Saneamento Ambiental, organizador. Resíduos sólidos e limpeza pública.

São Paulo: Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental; 1990. p. 1-13.

SATO, M. Resíduos sólidos e educação ambiental. In:BIDONE, F. R. A.

(Org.).Metodologias e técnicas de minimização, reciclagem e reutilização de resíduos

sólidos urbanos. Rio de Janeiro: ABES, 1999. p. 58-64.

SOARES, H. Gerenciamento de Resíduos Sólidos. Faculdade de Engenharia. Departamento

de Engenharia Sanitária e Ambiental. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2012. 175 pág.

Disponível: www.ufjf.br/.../files/2012/09/Apostila_GRS_26092012_VFInal3.pdf. Acesso

em 08 abril 2013.

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Levantamento florístico no Parque Municipal Mata do Catingueiro

Willian Geraldo da Silva¹, Wagner Marques Oliveira Júnio¹, Igor Diego Peres¹, Vinícius de

Morais Machado²

1Acadêmico do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário de Patos de Minas -

UNIPAM Rua Major Gote 808 Patos de Minas - MG, CEP 38700-000 [email protected] 2 Professor do Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM, Doutorando em Ciências Florestais - UnB

Resumo: Os estudos detalhados sobre a composição florística e a ecologia das

comunidades vegetais são primordiais para que se tenha um embasamento satisfatório para

elaborar e iniciar quaisquer iniciativas de preservação e conservação de remanescentes

florestais. Os parques ambientais são espaços importantes, pois visam à conservação de

exemplares da flora e fauna brasileira e não raro estão localizados em áreas urbanizadas. O

estudo aborda a caracterização florística do Parque Municipal de Preservação da Mata do

Catingueiro. O levantamento foi realizado pelo método de ponto-quadrante em que 10

pontos foram amostrados aleatoriamente, sendo amostrados quatro espécimes distintos e

distribuídos por ponto, considerando o nível de inclusão de altura a 1,30m e diâmetro

≥ 15,7cm do solo. Verificou-se a predominância de espécies como a Aspidosperma

discolor, Rhamnidium elaeocarpus e a Terminalia brasiliensis, popularmente conhecidas,

respectivamente, como Peroba-de-Gomo, Azeitona e Maria-Preta. De posse a esses

levantamentos prévios, os dados coletados poderão subsidiar outras técnicas e/ou métodos

iniciais para a recuperação e conservação do parque.

Palavras-chave: Conservação, ponto-quadrante, remanescente florestal.

Floristic survey of Municipal Park of Preservation of Mata do Catingueiro

Abstract: Detailed studies on the floristic composition and ecology of plant communities

are essential to prepare and start any conservation initiatives and conservation of forest

remains. Environmental parks are important areas because retain copies of Brazilian plants

and animals and are often located in urban areas. The study promoted the floristic

inventory of the Parque Municipal Mata do Catingueiro. The inventory is performed by

point quadrant method in which 10 points were randomly sampled, and sampled four

separate specimens per point, considering the inclusion level of height 1.30 m diameter and

15.7cm ≥ soil. Predominant species: Aspidosperma discolor (Peroba-de-Gomo),

Rhamnidium elaeocarpus (Azeitona) e a Terminalia brasiliensis (Maria-Preta). The

information collected may subsidize other initial techniques for the recovery and

conservation of the park.

Keywords: Conservation, point-quadrant, remaining forest.

Introdução A rápida expansão urbana, afeta a qualidade de vida de grande parte das populações,

que é cada vez menor, em especial nos países pobres, devido às potenciais intervenções

exigidas, alterando parte considerável de seus componentes bióticos e abióticos. Por meio

destas expansões, são cada vez mais afetadas as áreas de matas nativas, áreas de

preservação permanentes (APP), até algumas áreas de refúgio de vida silvestre encontradas

em meio urbano, transformando os ecossistemas e perturbando o equilíbrio socioambiental

(NUNES, 2012).

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Os levantamentos florísticos são úteis também para diagnosticar tendências ou

processos atuantes na cobertura vegetal, subsidiando, com isso, a intervenção nos

ecossistemas e orientando o monitoramento dos impactos decorrentes da ação antrópica

sobre o meio a partir do conhecimento do mesmo (OLIVEIRA-FILHO et al., 1994).

Nesse sentido, o presente trabalho propõe realizar o levantamento florístico de

remanescentes naturais alocados em parque de preservação em meio urbano a fim de

subsidiar informações para possível formulação de políticas públicas que objetive a

conservação das áreas abordadas, de modo que se permita acompanhar a dinâmica da

sucessão ecológica, obter conhecimento da composição e estrutura das espécies arbustivo-

arbóreas colonizadoras nessas áreas.

Material e Métodos A área da Mata do Catingueiro possui aproximadamente 30 hectares e se localiza na

região norte de Patos de Minas - MG, no Alto Paranaíba, com Latitude Sul de 18º35‟ e

Longitude Oeste de 46°31‟. A área é caracterizada como floresta estacional semidecídua,

com regime climático tropical de altitude com média anual de 21,1oC e índices

pluviométricos em torno de 1414,5mm.

Para a realização do presente estudo, foram selecionados fragmentos da área do

parque aleatoriamente. A mesma será analisada em sua área de borda e interior da mata,

onde foram lançados os pontos-quadrantes experimentais, os quais resultaram em uma

estimativa da densidade, que foi obtida a partir da média das distâncias dos espécimes ao

ponto central que definirá quatro quadrantes e, assim, considera-se que a área média

ocupada por indivíduo é igual ao quadrado dessa distância média (GARCIA, 2007).

Para o levantamento da comunidade arbustivo-arbórea, foram plotados 05 pontos, a

partir de cada ponto, amostrados quatro espécimes totalizando 20 espécimes distintos e

distribuídos em pontos aleatórios na área de estudo. Cada ponto foi escolhido de forma

aleatória, possibilitando amostrar diversos pontos da área estudada.

Com o auxílio de um mapa e GPS para a orientação da localização, cruzetas de

madeira com prego no centro e trenas para medir as distâncias horizontais, foi adotado

como critério de inclusão diâmetro a 1,30m do solo ≥15,7cm e, assim, realizado o

levantamento das espécies existentes no local.

A identificação do material botânico foi realizada em campo pelas equipes de coleta

por meio de consultas ao livro Árvores Brasileiras de autoria de Lorenzi e por comparações

com espécimes existentes no herbário Mandevilla sp do Centro Universitário de Patos de

Minas. O material foi identificado, sempre que possível, até o nível específico.

Resultados e Discussão Foram coletadas, na área do parque, 20 amostras dos exemplares de espécies

arbóreas, sendo que dessas, 16 foram identificadas até o nível taxonômico mais específico

possível, ou seja, até a espécie. As famílias que apresentaram maior representatividade por

possuírem maior riqueza de espécimes foram Rhamnaceae, Apocynaceae e Fabaceae,

todas essas com 3 espécimes, todas identificadas até o nível espécie, exceto a Fabaceae,

que teve um de seus espécimes identificado somente até seu gênero. Os espécimes

encontram-se detalhados abaixo, apresentando sua nomenclatura e medidas mensuradas em

campo (Tabela 1).

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Tabela 1: Levantamento florístico de remanescente florestal alocado no parque de preservação da Mata

do Catingueiro, Patos de Minas - MG.

Espécimes Ponto

Central

Distância

(cm)

Altura

(cm)

CAP

(cm)

Nome

Popular

Nome

Científico

1 1 332 950 49 Azeitona Rhamnidium

elaeocarpus

2 1 187 1200 58 Desconhecida Desconhecida

3 1 308 1200 67 Itapicuru Callistene major

4 1 583 1500 113 Peroba de

Gomo

Aspidosperma

discolor

5 2 246 2000 116 Azeitona Rhamnidium

elaeocarpus

6 2 486 1100 36 Angá Inga sp.

7 2 207 600 17 Desconhecida Desconhecida

8 2 98 1200 37 Maria-Preta Terminalia

brasiliensis

9 3 756 1450 87 Embiruçu Eriotheca

candolleana

10 3 57 700 49 Fruto de

Pombo

Rhamnus

sphaerosperma

11 3 182 950 28 Simira Simira

sampaioana

12 3 783 800 23 Maria-Preta Terminalia

brasiliensis

13 4 243 1200 45 Pau-de-Óleo Copaifera

langdorffii

14 4 1260 1300 162 Paineira Pseudobombax

marginatum

15 4 82 1400 132 Desconhecida Desconhecida

16 4 121 800 35 Guapeba Chrysophilium

imperiale

17 5 142 1200 180 Peroba

Cascuda

Aspidosperma

spreceanum

18 5 1200 1100 152 Pau-Rolha Pithecoloium

incuriale

19 5 650 800 41 Peroba de

Gomo

Aspidosperma

discolor

20 5 220 1000 92 Desconhecida Desconhecida

CAP = Circunferência a altura do peito

Com base na quantidade de espécimes amostrada e na quantidade de espécies

encontradas, pode-se perceber a biodiversidade ali existente, mesmo sendo uma área

fragmentada e, frequentemente, degradada por queimadas, sejam elas naturais ou

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antrópicas. Confirmando o que foi dito anteriormente, pode-se destacar a presença de três

espécies predominando a área amostrada, com dois espécimes cada, foi a Azeitona, a

Peroba-de-Gomo e a Maria-Preta. O restante possuiu apenas um espécime.

A Azeitona ou Saguaraji-Amarelo, muitas vezes confundida com o Pau-Brasil, de

madeira pesada e altamente resistente é recomendada para construções civis e hidráulicas,

como pontes e mourões. Seus frutos são ingeridos por aves e mamíferos, como os tucanos

e macacos-prego, sendo assim, ela se torna uma espécie altamente recomendada para o

reflorestamento de áreas de preservação permanente degradadas. A Peroba-de-Gomo

caracteriza-se por seu tronco retilíneo sulcado verticalmente, propício para o acúmulo de

água e consequente proliferação de insetos, sementes aladas e folhas coriáceas simples. A

Maria-Preta ou conhecida também por Cerne-Amarelo, nativa da Mata Atlântica, na

floresta ombrófila densa e na estacional semidecidual e do cerrado, sementes aladas,

propiciando sua disseminação que ocorre, geralmente, por anemocoria (LORENZI, 1992).

Conclusões O parque estudado corresponde a fragmentos florestais remanescentes que vêm

sofrendo impactos antrópicos, como as queimadas criminosas, que vêm prejudicando

consideravelmente a saúde da área, como a incidência de plantas exóticas invasoras que

intensificam o efeito de borda e sufocam as espécies pioneiras que poderiam se

desenvolver ali, impedindo, assim, uma regeneração natural, o que acaba exigindo mais de

profissionais e de autoridades responsáveis, para que adotem medidas corretivas para

recuperar e conservar o local.

De acordo com essas necessidades e com os resultados obtidos nesse levantamento,

pode-se ter base para a realização de técnicas iniciais para a recuperação e conservação do

parque, pois com o conhecimento das espécies predominantes e das de potencial

colonizador, é possível acelerar o processo de regeneração do local.

De posse a esses levantamentos prévios, os dados coletados poderão subsidiar outras

técnicas e/ou métodos iniciais para a recuperação e conservação do parque.

Literatura citada

GARCIA, P. O. LOBO-FARIA, P. C. Metodologias para levantamentos da biodiversidade

brasileira. 2007. 23 f. Dissertação (Mestrado em Ecologia Aplicada ao Manejo e

Conservação dos Recursos Naturais) – CAPES, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz

de Fora, 2007.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas

nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 352 p.

NUNES, J. Levantamento fitossociológico da vegetação de pequenos fragmentos de

floresta estacional semidecidual no município de Medianeira, PR. 2012. 48 f. Dissertação

(Tecnólogo em Gestão Ambiental) – Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental,

Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2012.

OLIVEIRA-FILHO, A. T.; SCOLFORO, J. R. S.; MELLO, J. M. Composição florística e

estrutura comunitária de um remanescente de floresta semidecídua montana em Lavras,

MG. Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, v. 17, n. 2, p. 167-182, 1994.

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Mapeamento da evolução da cobertura vegetal do Morro do Gragoatá, Niterói/RJ1

Janie Garcia da Silva2, David de Andrade Costa

3

1Parte do projeto do primeiro autor, financiado pelo Ministério do Meio Ambiente.

2Professora do Depto de Biologia Geral, Laboratório Horto-Viveiro (LAHVI)/UFF. [email protected]

3Mestrando do Programa de Pós-graduação em Sensoriamento Remoto/INPE, bolsista CNPQ.

Resumo: Apesar do histórico de degradação, o Morro do Gragoatá é relevante no contexto

urbano onde se insere. É um dos poucos locais passíveis de abrigar uma floresta urbana na

região centro-sul de Niterói. O objetivo deste trabalho é mapear e comparar a cobertura

vegetal nos anos 2000 e 2014. Foram definidas 6 fisionomias baseadas na adaptação da

Resolução CONAMA 06/94 que puderam ser mapeadas por meio de interpretação visual

de imagens, arquivos fotográficos e registros descritivos. Imagens do software Google

Earth Pro de fevereiro de 2000 e dezembro de 2014, foram georreferenciadas e

coregistradas no software Arcgis 10.1. As regiões limítrofes foram identificadas nas

imagens e localizadas em campo com GPS-Garmin MAP 76CSx. Os pontos adquiridos em

campo foram geoprocessados para demarcação poligonal das áreas. Como resultado,

percebemos que há significativos avanços na evolução da vegetação arbórea e restrições no

topo do morro especialmente em função da qualidade do solo. O mapeamento possibilitou

definir locais prioritários para recuperação e enriquecimento da vegetação no Projeto de

Recuperação de Áreas Degradadas e de Preservação Permanente no Morro do Gragoatá,

Niterói/RJ.

Palavras-chave: Morro do Gragoatá, geoprocessamento, cobertura vegetal, recuperação

ambiental, Niterói, Universidade Federal Fluminense.

Mapping the vegetation evolution on Morro do Gragoatá, Niterói / RJ

Abstract: Despite the degradation history, the Gragoatá Morro is relevant in the urban context

where it belongs. It is one of the few places that could host an urban forest in the south central

region of Niterói. The purpose of this study is to map and to compare the vegetation in 2000 and in

2014. Six physiognomies were defined based on the adaptation of CONAMA Resolution 06/94 that

could be mapped by visual interpretation of images, photographic and descriptive records. Images

from Google Earth Pro Software from February 2000 to December 2014 were georeferenced and

coregitered in Arcgis 10.1 software. The border regions were identified in the images and located

in the field through GPS-Garmin MAP 76CSx. The points acquired in the field were geoprocessed

in order to make a polygonal demarcation. As a result, we realize that there are significant advances

in the evolution of trees and restrictions on the hilltop according to the soil quality. The mapping

also defines priority sites for restoration and enhancement of vegetation in the project “Recovery

Degraded Areas of Permanent Preservation on Morro do Gragoatá, Niterói / RJ”.

Keywords: Morro do Gragoatá, GIS, vegetation cover, environmental recovery, Niterói,

Federal Fluminense University.

Introdução A ocupação histórica e a concentração populacional em grandes núcleos urbanos

modificam fortemente os ecossistemas litorâneos. Situada na região metropolitana do Rio

de Janeiro junto à Baía de Guanabara, Niterói sofre com a expansão urbana e a intensa

especulação imobiliária. Nesse contexto, está o Morro do Gragoatá, com cerca de 16 ha,

dos quais 90% estão no Campus da Praia Vermelha/UFF. Por décadas, ele sofreu diversos

impactos antrópicos. No mais grave (anos de 1970), foi cortado um terço da altura e do

diâmetro, expondo parte da matriz rochosa no desmonte parcial para aterro da orla, a

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criação da Avenida Litorânea (ligando o centro de Niterói a Icaraí), dos campi da UFF do

Gragoatá e Praia Vermelha. Apesar desse histórico, o Morro do Gragoatá é um dos poucos

passíveis de abrigar uma floresta urbana na região centro-sul de Niterói. Pode prestar

serviços ambientais e atender à demanda da população por melhoria na qualidade do ar, do

clima e, portanto, da qualidade de vida. Desde 1995, o morro e seu entorno têm sido objeto

de pesquisa (SILVA et al, 1999; 2004) do LAHVI, que visa preservá-lo e oferecer

condições a atividades de ensino, pesquisa e extensão. Este trabalho visa mapear e

comparar a cobertura vegetal nos anos 2000 e 2014, para subsidiar o projeto Recuperação

de Áreas Degradadas e de Preservação Permanente no Morro do Gragoatá - Niterói/RJ

realizado através de Termo de Cooperação entre a UFF e o Ministério do Meio Ambiente

(MMA).

Material e Métodos Imagens gratuitas do software Google Earth Pro de fevereiro/2000 e dezembro/ 2014

foram georreferenciadas e coregistradas no software Arcgis 10.1. Na definição dos estágios

de sucessão, foram usadas 6 classes (Tabela 1) com base na estrutura e diversidade vegetal

e por adaptação da Resolução CONAMA 06/94 (BRASIL, 1994). A interpretação visual

minuciosa das imagens também foi fortemente baseada em registros fotográficos e

descritivos e em experiência de mais de 20 anos da primeira autora no local (SILVA et al,

1999, 2004). Para 2014, as regiões limítrofes foram identificadas e localizadas em campo

com o auxílio do GPS-Garmin MAP 76CSx. Os pontos foram geoprocessados para

demarcação poligonal das áreas. Nesse mapeamento, também foi usada uma imagem do

Google Earth.

Tabela 1 - Descrição das classes de vegetação utilizadas

Fisionomia Características

Capoeira

Arbórea

(CA)

Cobertura fechada, com certo grau de diversidade. Idade acima de 20 anos. Dossel com

porte relativamente uniforme, altura média de 10 m e DAP de 10 - 20 m. Predominam

árvores nativas pioneiras frutíferas (carrapeta, camboatá, capororoca, capororocão, arco

de pipa) com estrato arbustivo, herbáceo, lianas, sem epífitas. Serapilheira modesta. Capoeira

Arbórea

Rala

(CAR)

Cobertura arbórea pouco diversificada. Idade entre 15 - 20 anos. Na encosta média atrás

do LAHVI, a leucena predomina (altura média de 8 m e DAP de 10 cm). Em sub bosque,

há frutíferas nativas (carrapeta, camboatá, capororoca, capororocão, arco de pipa). O

capim colonião persiste em locais pouco adensados. Serrapilheira em desenvolvimento. Capoeira

Arbustiva-

Arbórea (CAA)

Cobertura semifechada. Idade entre 10 e 15 anos. Arbóreas nativas com altura média de 3

m emergem entre arbustos pouco diversificados (quaresmeira, murici, alecrim) no topo.

Embaúba, lianas de borda de mata, umbrófilas e frutiferas mesclam-se com maior

diversidade no terço superior das encostas. Serapilheira reduzida. Capoeira

Arbustiva-

Herbácea

(CAH)

Cobertura aberta, pouco diversificada. Idade entre 5 a 11 anos. Arbustos heliófilos nativos

de crescimento rápido e ciclo biológico curto (alecrim do campo, quaresmeira, cambará)

com altura entre 1,5 e 2 m predominam em parte do topo e terço superior. O solo raso e

pobre dificulta a evolução de estágios posteriores. Serapilheira reduzida ou ausente. Capoeira

Herbácea

(CH)

Cobertura aberta, pouco diversificada. Idade entre 0 a mais de 20 anos. Herbáceas

(especialmente gramíneas, ciperáceas, leguminosas) até 1 m de altura dominam parte do

topo e encostas. O substrato reduzido, pobre em matéria orgânica, por vezes saxícola e

sujeito a perturbações periódicas, reduz o avanço para estágios posteriores. Rupícola (R) Cobertura aberta, rala. Idade entre 0 a mais de 25 anos. Gramíneas, ciperáceas, orquídeas

e cactos com até 1 m predominam em pontos localizados do topo. O substrato rochoso e

pobre em matéria orgânica limita o avanço a estágios posteriores de sucessão.

Resultados e Discussão

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Após o desmonte parcial no fim da década de 1970, a sucessão vegetal foi

retomada, evoluindo diferentemente em cada local em função dos fatores ambientais e da

interferência antrópica posterior a essa época.

Por vários anos, o capim colonião (exótica) ocupou parte do terço médio e inferior

nas áreas afetadas pelo desmonte. A seguir, a leucena (leguminosa pioneira arbórea)

reduziu o crescimento do colonião e auxiliou na formação de substrato orgânico, criando

um sub-bosque com microclima favorável ao estabelecimento de espécies nativas trazidas

por pássaros que passaram a encontrar abrigo no local. Na Capoeira Arbórea Rala (CAR)

atrás do LAHVI, ainda há forte presença de leucena. A Capoeira Arbórea (CA) ocupa as

áreas menos afetadas do terço inferior e médio do morro. As encostas voltadas para a Baía

da Guanabara (entre o LAHVI e o Forte do Gragoatá) tem a biodiversidade vegetal

favorecida pela brisa marinha e por plantios realizados pelo LAHVI. Onde houve maior

impacto pelo desmonte no terço médio e superior de parte das encostas e no topo, a erosão,

lixiviação, acidez, solo pobre e raso dificultam a recuperação natural limitando também a

presença de colonião e leucena. Gamíneas (em especial o capim gordura), ciperáceas, a

samambaia Pteridium aquilinum e leguminosas herbáceas dominam a Capoeira Herbácea

(CH) e surgem na Capoeira Arbustiva-Herbácea (CAH). A quaresmeira, o murici e alecrim

são os arbustos que predominam.

Figura 1 - Evolução da cobertura vegetal do Morro do Gragoatá: a) Ano 2000 e b) Ano 2014.

O mapeamento revela significativos avanços na sucessão vegetal (Figura 1). De 2000

até 2014, a Capoeira Arbórea ampliou-se de 6294 para 8689 m2

(38%). A Capoeira

Arbustiva-Herbácea passou de 22488 para 28134 m2

(25,1%). A Capoeira Arbórea Rala

cresceu de 40445 para 43858 m2 (8,4%). Este aumento está intrinsecamente relacionado ao

processo natural de sucessão vegetal onde uma determinada área antes ocupada por um

tipo de fisionomia evolui para outra em resposta positiva das plantas aos fatores

ambientais. Por sua vez, houve redução da Capoeira Herbácea de 27958 para 17636

(36,9%), da Capoeira Arbustiva-Arbórea de 8800 para 7537 m2

(14,3%) e da vegetação

rupícola de 639 para 498 m2 (22%).

Em 14 anos, foram percebidos e documentados internamente alguns impactos que

interferiram negativamente na paisagem local. Entre eles, destacamos a abertura de uma

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estrada (2001), por pessoas com interesses alheios aos da UFF, com o objetivo de

favorecer o acesso ao topo, que alterou o curso da drenagem de águas pluviais. Um corte

de aproximadamente 100 m² foi feito na encosta atrás da Biblioteca da Engenharia para

expansão de uma rua interna em 2010. Neste mesmo ano, fortes chuvas causaram

deslizamento de algumas encostas (aproximadamente 271 m²), que foram recuperadas

posteriormente pela UFF. Em 2013, a construção de um novo prédio e ampliação de vagas

para estacionamento resultou em redução (450 m²) da Capoeira Arbórea e da Capoeira

Arbórea Rala (300 m²).

Na porção noroeste do topo, nota-se uma forte presença de “trilhas” marcadas pela

fisionomia herbácea repetidamente alterada ou de terra nua, que evidenciam a passagem de

pessoas alheias às atividades da UFF. Em 2014 foi encontrada em campo uma tenda no

topo do morro, indicando uma espécie de acampamento provisório, que foi removido.

Estes fatos apenas reforçam a necessidade de políticas institucionais e governamentais na

região de forma a impedir processos de degradação da qualidade ambiental.

Conclusões O mapeamento permitiu definir locais prioritários para intervir recuperando e

enriquecendo a vegetação. A evolução da cobertura vegetal indica a eficiência do processo

natural de colonização e sucessão graças a espécies capazes de viver em condições

limitantes, com maior restrição para as encostas do terço superior e topo.

A vegetação atual resulta da conjunção de fatores antrópicos (tipo e intensidade da

perturbação sofrida ao longo dos anos), físicos (declividade, relevo, solo) e biológicos

(presença e comportamento dos dispersores), também favorecida pela umidade do mar, do

orvalho e pela proximidade de fragmentos florestais (fonte de propágulos).

A preservação do Morro do Gragoatá é uma alternativa viável para atenuar pressões

urbanas, favorecer a proteção de espécies da fauna e flora nativas. Possibilita à vegetação

cumprir serviços ambientais necessários ao ser humano e à biodiversidade regional. Assim,

destacamos a importância de políticas institucionais e governamentais, como o Termo de

Cooperação entre UFF e MMA (em andamento) para acelerar a recuperação e reforçar a

presença da UFF no local evitando ocupação irregular.

Agradecimentos Ao Ministério do Meio Ambiente pelos recursos oferecidos no projeto em

andamento. A todos que tem colaborado para a preservação da área.

Literatura citada BRASIL. Resolução 06, Conselho Nacional do Meio Ambiente de 4 de maio de 1994. In:

http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res94/res0694.html (acessado em 19 de julho de

2015).

SILVA, J.G.; FIGUEIREDO, B. da C.; EL-KAREH, J. C. Estudos Ambientais para

Recomposição da Flora no Morro do Gragoatá, Niterói-RJ. In: Anais. VIII Encontro

Nacional Sobre Arborização Urbana. Sociedade Brasileira de Arborização Urbana. Ceará.

1999.

SILVA, J. G.; LIMA, S. L. de S.; LEITÃO, P. da S.; OLIVEIRA J. L. F. 2004. Morro do

Gragoatá, Niterói-RJ: Um Modelo Prático para Análise e Percepção Ambiental. In: Anais.

I Congresso Acadêmico sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento do Rio de Janeiro. 2004.

p 152-4.

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Mapeamento do uso e cobertura do solo dos municípios do entorno do Parque

Estadual da Serra do Papagaio, MG, como subsídio para elaboração dos Planos

Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica

Diego Henrique Figueiredo Prates1, Rafael Gomes Siqueira

2, Fernanda Carneiro Rola

Servián¹, Kamila Luiza de Oliveira Cal³ Bismarck Soares Matos Santos1, Gilberto Fialho

Moreira4

1 Estudante de graduação em Engenharia de Agrimensura e Cartográfica-UFV.

2 Estudante de graduação em Geografia-UFV.

3 Estudante de graduação Engenharia Ambiental-UNIVIÇOSA.

4 Centro de Estudos e Desenvolvimento Florestal (CEDEF/IEF).

Resumo: Em 2006 foi aprovada a Lei da Mata Atlântica onde estão previstos os Planos

Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA). Segundo o

Ministério do Meio Ambiente (MMA), as unidades de conservação (UC) são espaços

territoriais, incluindo seus recursos ambientais, com características naturais relevantes, que

têm a função de assegurar a representatividade de amostras significativas e ecologicamente

viáveis das diferentes populações, habitats e ecossistemas do território nacional e das águas

jurisdicionais, preservando o patrimônio biológico existente. Neste sentido o mapeamento

dos remanescentes florestais, bem como o uso e cobertura do solo e outros dados espaciais

apoiam na tomada de decisões de forma eficiente. Sendo assim este trabalho, desenvolvido

no CEDEF/IEF, aborda o mapeamento do uso do solo dos municípios mineiros: Aiuruoca,

Alagoa, Baependi, Itamonte e Pouso Alto, municípios onde está inserido o Parque Estadual

da Serra do Papagaio (PESP). O mapeamento foi realizado a partir da fotointerpretação de

imagens do satélite LANDSAT8 (2014). As classes, identificadas são: área urbana, bambu,

café, campo de altitude, campo rupestre, eucalipto, floresta estacional semidecidual,

floresta ombrófila mista/densa, oliveira, outras culturas, pastagem, recursos e solo exposto.

Sendo assim, as informações geradas a partir do mapeamento subsidiarão a identificação

de áreas adequadas e prioritárias para projetos de recuperação e de conservação da Mata

Atlântica

Palavras–chave: Biodiversidade, classificação, conservação, mata atlântica, recuperação.

Use mapping and land cover of municipalities around the State Park of Serra parrot ,

MG, as input for the preparation of Municipal Plans for Conservation and Recovery

of the Atlantic Forest

Abstract: In 2006, the Atlantic Forest Law, in which is established that the Municipal

Plans for Conservation and Recovery of the Atlantic Forest (PMMA) are required, was

approved. According to the Ministry of Environment (MMA), conservation units (UC) are

territorial spaces, including its environmental resources, with relevant natural

characteristics, which are meant to be representative of significant samples and

ecologically viable of the different populations, habitats and ecosystems of the national

territory and territorial waters, preserving the existing biological heritage. So the mapping

of remaining forests, as well as the use and soil cover and other spatial data support the

efficient decision making. Thus, this work, developed at CEDEF/IEF, addresses the

mapping of use and soil cover of the following municipalities in Minas Gerais: Aiuruoca,

Alagoa, Baependi, Itamonte and Pouso Alto, neighboring municipalities of the State Park

of Serra do Papagaio (PESP). The mapping was carried out from the photo interpretation

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of LANDSAT8 (2014) satellite images. The classes identified are: urban area, bamboo,

coffee, montane fields, rupestrian field vegetation, eucalyptus, semi-deciduous forest,

mixed/dense rain forest, olives, other crops, grazing, resources and bare soil. Thus, the

information generated from the mapping subsidize the identification of appropriate and

priority areas for restoration projects and conservation of the Atlantic Forest.

Keywords: Biodiversity, classification, conservation, rainforest, recovery.

Introdução A vegetação nativa da Mata Atlântica abrangia aproximadamente 1.315.460,00 km²

de extensão e, atualmente, segundo a SOS Mata Atlântica, restam apenas 8,5% dos

remanescentes florestais acima de 100 hectares. Nos últimos anos se desenvolveu uma

crescente preocupação em torno da proteção, conservação e recuperação deste bioma,

devido à sua importância em termos de biodiversidade e também ao seu acentuado grau de

degradação. Em 2006 foi aprovada a Lei da Mata Atlântica onde estão previstos os Planos

Municipais de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica (PMMA), o objetivo é

apontar ações prioritárias e áreas para a conservação e recuperação da vegetação nativa do

bioma. Para que o PMMA obtenha resultados compatíveis com seus objetivos, a

representação cartográfica torna-se essencial para intervir na conservação e na recuperação

de forma eficiente e eficaz.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), as unidades de

conservação (UC) são espaços territoriais, incluindo seus recursos ambientais, com

características naturais relevantes, que têm a função de assegurar a representatividade de

amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, habitats e

ecossistemas do território nacional e das águas jurisdicionais, preservando o patrimônio

biológico existente. Estas áreas estão sujeitas a normas e regras especiais. São legalmente

criadas pelos governos federal, estaduais e municipais, após a realização de estudos

técnicos dos espaços propostos e, quando necessário, consulta à população.

Segundo o Instituto Estadual de Florestas (IEF), O Parque Estadual da Serra do

Papagaio abriga um importante remanescente de Mata Atlântica do Estado. Localizado na

Serra da Mantiqueira, possui formações mistas de campos, matas e áreas de enclave com

matas de araucária. Na unidade de conservação, concentram-se as nascentes dos principais

rios formadores da bacia do Rio Grande, responsável pelo abastecimento de grandes

centros urbanos do sul de Minas. Engloba importantes conjuntos montanhosos das Serras

do Garrafão e do Papagaio, apresentando cerca de 50% da área com declividade acentuada

e altitudes acima de 1.800 m. Situa-se numa área de rochas ígneas ácidas, representadas

por granitos de granulação fina e grosseira. Interliga-se, geograficamente, com a porção

norte do Parque Nacional do Itatiaia, permitindo uma proteção mais efetiva da flora e da

fauna, por compor um conjunto montanhoso contínuo, legalmente preservado.

Assim o mapeamento dos remanescentes, bem como o uso e cobertura do solo e

outros dados espaciais apoiam na realização de um diagnóstico eficiente de um

determinado município. Neste sentido, o mapeamento de uso do solo se vale como

subsídio para a interpretação das condições ambientais, a análise global dos componentes

espaciais e suas interações, além da possibilidade de quantificação das classes presentes

nestes municípios. Desta forma, este trabalho, desenvolvido no CEDEF/IEF, aborda o

mapeamento do uso e cobertura do solo dos municípios mineiros: Aiuruoca, Alagoa,

Baependi, Itamonte e Pouso Alto, englobando o Parque Estadual da Serra do Papagaio

(PESP).

Material e Métodos

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O mapeamento, em escala 1:150.000, foi realizado a partir da fotointerpretação de

imagens do satélite LANDSAT8 (2014), . As classes, identificadas a partir da interpretação

da resposta espectral e de padrões, são: área urbana, bambu, café, campo de altitude,

campo rupestre, eucalipto, floresta estacional semidecidual, floresta ombrófila mista/densa,

oliveira, outras culturas, pastagem, recursos e solo exposto.

Resultados e Discussão Como resultado foi elaborado um mapa de cada um dos municípios, caracterizando

o uso e cobertura do solo, bem como os limites municipais vizinhos e a delimitação do

Parque Estadual Serra do Papagaio, conforme pode ser analisado nas figura 1, 2, 3, 4 e 5.

A área total dos municípios mapeados é de aproximadamente de 225.365 hectares,

sendo 40% pastagem, 20% Floresta Estacional Semidecidual, 18% Floresta Ombrófila

Mista/Densa, 17% Campo de Altitude, e as outras classes somam 5%. A vegetação nativa

predominante é a Floresta Estacional Semidecidual, com 44.198 hectares, distribuída em

toda a área de estudo como fragmentos florestais, enquanto as tipologias, Floresta

Ombrófila e Campo de Atitude, se concentram nas proximidades e interior do PESP.

Figura 1: Mapeamento Uso e Cobertura do Município de

Aiuroca

Figura 2: Mapeamento Uso e Cobertura do

Município de Baependi

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Figura 3: Mapeamento Uso e Cobertura do Município de

Alagoa

Figura 4: Mapeamento Uso e Cobertura do

Município de Itamonte

Conclusões Diante da análise dos dados gerados podemos concluir que as pastagens possuem amplo

domínio territorial nos municípios, com 91.228 hectares, encontrando grande parte em estado de

degradação, somando ainda as áreas de solo exposto que atinge quase 270 hectares. Tal fato

alarmante, principalmente nas condições em que se encontram o meio ambiente quanto aos seus

recursos naturais, haja vista as restrições hídricas que estamos atravessando, implica a

necessidade urgente de projetos com técnicas de conservação de solo e água, principalmente no

que tange a recuperação e a restauração da vegetação nativa. Neste sentido, as informações

geradas a partir do mapeamento subsidiarão a identificação de áreas adequadas e prioritárias

para projetos de recuperação e de conservação da Mata Atlântica nos referidos municípios, na

tentativa de reverter à situação atual e minorar os impactos na área de estudo e,

consequentemente, neste Bioma.

Agradecimentos

Ao Centro de Estudo e Desenvolvimento Florestal, vinculado ao Instituto Estadual de

Florestas em parceria com a Universidade Federal de Viçosa, pela disponibilização de

infraestrutura e condições técnicas para o desenvolvimento deste trabalho.

Literatura citada D‟ALGE, J. L. C., GOODCHILD, M. F. Generalização Cartográfica, Representação do

Conhecimento e SIG. In: VIII Simpósio Nacional de Sensoriamento Remoto, 1996, Salvador. P.

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95

453-457.

FONSECA, L. M. G. Processamento digital de imagens. Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE), 2000.105p.

IBGE. Manual Técnico de Uso da Terra. Manual técnico em geociências número 7. Rio de

Janeiro. Brasil, 2006.

Instituto Estadual de Florestas - IEF. Parque Estadual da Serra do Papagaio. Disponível em

<http://www.ief.mg.gov.br/areas-protegidas/211?task=view>. Acessado em 10/10/2015.

MENESES, P. R., ALMEIDA, T. D. Introdução ao Processamento de Imagens de

Sensoriamento Remoto. Universidade de Brasília, Brasília, 2012, 266 p.

Ministerio do Meio Ambiente – MMA. Programas do MMA. Disponível em

<http://www.mma.gov.br/programas-mma> . Acessado em 08/10/2015.

PATINO, J. E., DUQUE, J. C. A review of regional science applications of satellite remote

sensing in urban settings. Computers, Environment and Urban Systems. v. 37, pag. 1–17,

January, 2013.

Page 96: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

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Mapeamento do uso e cobertura do solo como subsídio para a realização do manejo

da bacia hidrográfica do Córrego Perobas, MG

Rafael Gomes Siqueira¹, Diego Henrique Figueiredo Prates2, Bismarck Soares Matos

Santos3, Nicolas Reis de Souza

4 Gilberto Fialho Moreira

5

1 Estudante de graduação em Geografia-UFV.

2 Estudante de graduação em Engenharia de Agrimensura e Cartográfica-UFV.

3 Estudante de graduação em Engenharia de Agrimensura e Cartográfica-UFV.

4 Estudante de graduação em Engenharia Florestal-UFV.

5 Centro de Estudos e Desenvolvimento Florestal (CEDEF/IEF).

Resumo: O mapeamento de uso e cobertura do solo se vale como subsídio indispensável

para o diagnóstico de bacias hidrográficas e interpretação das condições ambientais. O

objetivo deste trabalho foi aplicar e analisar os resultados da classificação e mapeamento

de uso e cobertura do solo para fins do manejo da bacia hidrográfica do Córrego Perobas,

no alto vale do Rio São Francisco. A técnica abordada foi a interpretação visual ou

fotointerpretação, e foram utilizadas imagens da constelação RapidEye. As classes obtidas

pela análise das imagens utilizadas foram: espelhos d‟água (lagoas e represas), pastagem,

áreas agrícolas, eucalipto, solo exposto, mata ciliar, fragmentos florestais, vegetação em

estágio inicial de regeneração e urbanização. A classe de pastagem foi que mais se

destacou na área de estudo, com um total de 1.169,03 hectares, correspondendo a 62,30%

da bacia, sendo que parte considerável encontra-se em processo de degradação, verificado

com a classe de solo exposto. Constatou-se que o mapeamento de uso e cobertura do solo

se apresenta como indispensável para a implantação de projetos de recuperação ambiental

e conservação dos recursos hídricos, sendo que projetos de revitalização, em execução na

bacia do Córrego Perobas, estão sendo subsidiados pelos dados gerados neste trabalho.

Palavras–chave: Fotointerpretação, recuperação ambiental, recursos hídricos,

representação cartográfica.

Mapping of land use for subsidy to watershed management of Córrego Perobas

Abstract: Mapping soil cover and its use is indispensable to watershed diagnosis and to

the interpretation of environmental conditions. This study aimed to use and to analyze the

classification results and the land cover mapping for the purposes of managing the Córrego

Perobas‟ watershed located at the upper valley of the São Francisco River. The technique

used was visual interpretation or photo-interpretation, and images of the RapidEye

constellation were used. The classes obtained by the analysis of the images were: reflecting

pools (lakes and dams), pasture, agriculture, eucalyptus, bare soil, riparian forest, forest

fragments, vegetation in the early stages of regeneration and urbanization. The pasture

class was the one that stood out in the study area, with a total of 1.169.03 hectares,

accounting for 62.30% of the basin, with considerable portion in degradation process,

which was checked analyzing the bare soil class. It was found that the land use and soil

coverage mapping is presented as essential for the implementation of environmental

restoration projects and for water resources conservation, taking in consideration that

revitalization projects, running in the Córrego Perobas‟ watershed, are subsidized by the

data generated in this work.

Keywords: Cartographic representation, environmental recovery, photointerpretation,

water resources.

Introdução

Page 97: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

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Historicamente, os recursos hídricos do território brasileiro sempre foram afetados

com a intensa exploração da sociedade decorrente dos padrões de consumo e produção

vigentes, seja para o consumo residencial, irrigação nas lavouras, beneficiamento

industrial, entre outras atividades. Com esta situação, leis e projetos vêm sendo criados

para a reversão deste cenário, tais como os que envolvem os planos de manejo de bacias

hidrográficas, que vêm ganhando espaço no meio técnico e cientifico como potencial

proposta de regularização dos cursos d'água, produção econômica e proteção ambiental.

Tonello (2005) consideram a bacia hidrográfica como a mais adequada unidade de

planejamento para uso dos recursos naturais.

A representação cartográfica torna-se essencial na fase de planejamento, sendo que o

mapeamento de uso e cobertura do solo se vale como subsídio para o diagnóstico da bacia

hidrográfica e interpretação das condições ambientais. Pois permite a análise global dos

componentes espaciais da bacia e suas interações, além da possibilidade de quantificação

das classes presentes, fornecendo subsídios para a intervenção com vistas ao manejo e

recuperação da bacia hidrográfica.

O objetivo deste trabalho foi aplicar a classificação e analisar os resultados do

mapeamento de uso e cobertura do solo baseado na fotointerpretação, para fins de manejo

da bacia hidrográfica do Córrego Perobas, município de Doresópolis-MG, situada no alto

vale da bacia do São Francisco. Em vista que a utilização das geotecnologias vem se

tornando uma alternativa viável e confiável nas metodologias de aquisição de dados de

classificação do uso e cobertura do solo, reduzindo consideravelmente as deficiências

relativas ao cumprimento das leis (WEISS et al., 2013 apud NASCIMENTO et al., 2005).

Material e Métodos Para a realização da classificação foi utilizado o Sistema de Informação Geográfica

ArcGIS. Foram empregadas duas imagens de satélite da constelação RapidEye, do ano de

2012, de resolução espacial de 5 metros, com composição colorida natural R(3)G(2)B(1).

A técnica de classificação utilizada foi a interpretação visual, ou fotointerpretação,

considerada mais adequada do que os métodos de classificação automática. A

fotointerpretação envolve a extração de informações de alvos da superfície com base nas

suas respostas espectrais (ERTHAL e BREUNING, 2013), aparelhando se de elementos de

interpretação como cor/tonalidade, textura, padrão, forma, tamanho, contexto, etc.

Resultados e Discussão As classes obtidas no processo do mapeamento do uso e cobertura do solo da bacia

hidrográfica do Córrego Perobas foram: áreas agrícolas, espelhos d‟água (lagoas e

represas), eucalipto, fragmentos florestais, mata ciliar, pastagem, solo exposto, vegetação

em estágio inicial de regeneração e urbanização, conforme pode ser visualizado na Figura

1.

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Figura 1 - Mapa de uso e cobertura do solo da bacia hidrográfica do córrego Perobas, Doresópolis – MG.

A maior representatividade é a da classe de pastagem, com um total de 1.169,03

hectares, correspondendo á 62,30% da área da referida bacia. A pecuária é praticada de

forma extensiva, o que, quando é feito sem o conhecimento prévio para um manejo

adequado, pode acarretar a degradação da pastagem, afetando o solo, a água e,

consequentemente, a produção. Isto pode ser verificado na área de estudo com a presença

da classe de solo exposto decorrente de processos erosivos, muitas vezes distribuída em

pequenos polígonos dentro da classe de pastagem.

Outros usos identificados na bacia foram as atividades agrícolas, plantios de

eucalipto e criação de peixes em lagoas e represas, distribuídos por toda a bacia, que juntos

representam 6,71% da área. Todas estas atividades, quando desenvolvidas de forma

inapropriada, podem acarretar sérios problemas ambientais e, portanto impactar

negativamente os recursos hídricos da bacia do Córrego Perobas. Portanto, o plano de

manejo pode se apresentar como uma excelente alternativa para o direcionamento das

atividades de forma mais sustentável.

No que se refere á vegetação natural, a classe nomeada de estágio inicial de

regeneração, merece destaque. Esta classe representa a vegetação natural que se encontra

no estágio inicial da sucessão ecológica, composta notadamente por espécies arbustivas e

arbóreas de pequeno porte. Com 282,80 hectares e 15,07% da área, ela pode representar a

recuperação ou restauração do ecossistema natural da bacia e, por estar bem distribuída,

poderá funcionar como uma área dispersora das espécies arbóreas naturais daquela região.

Esta cobertura vegetal se encontra principalmente nas áreas côncavas da bacia ao redor da

rede de drenagem, onde a concentração de umidade é maior. Já a vegetação nativa presente

no entorno da hidrografia (cursos d'águas e nascentes), as matas ciliares, totalizaram uma

área de 180,98 hectares (9,64%). No entanto, ela não se apresenta bem distribuída na bacia,

demonstrando a necessidade de recuperação da zona ripária nos fundos de vale, para a

proteção dos recursos hídricos.

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A precariedade da vegetação nativa também é evidenciada pela classe de fragmentos

florestais, que ocupando apenas 47,76 hectares e 2,54% da bacia, distribui-se

irregularmente e dispersamente na bacia, não possibilitando um fluxo gênico apropriado

entre as espécies e aumentando o efeito de borda. É interessante constatar a ausência de

cobertura florestal nos divisores topográficos da bacia, sendo esse um agravante primordial

para uma possível desregularização da vazão, visto que os topos de morros são as

principais áreas de recarga hídrica das bacias hidrográficas, e a cobertura florestal nativa

possibilita uma maior infiltração de água no solo.

A última classe, a de urbanização, é representada pela cidade de Doresópolis,

município ao qual pertence a bacia hidrográfica do Córrego Perobas. Esta também

demonstra a ameaça aos recursos hídricos, principalmente com a cobertura irregular nas

margens do córrego no espaço urbano e possível contaminação a partir daquele ponto, com

o esgoto doméstico, por exemplo.

Conclusões

Diante do exposto acima, pode-se constatar que o mapeamento do uso e cobertura

do solo, a partir da técnica de fotointerpretação, se apresenta como indispensável para a

implantação de projetos de recuperação ambiental e conservação dos recursos hídricos,

identificando áreas prioritárias para o manejo. Utilizando o levantamento cartográfico

supracitado, projetos de revitalização já vêm sendo realizados na bacia hidrográfica do

Córrego Perobas, com a implantação de técnicas mecânicas para a manutenção da água

pluvial na bacia, como caixas de captação e terraceamentos. Objetiva-se também otimizar a

capacidade de produção das pastagens e recompor as matas ciliares. Isto demonstra que o

objetivo deste trabalho está sendo alcançado, através dos subsídios oferecidos para que a

intervenção no espaço, com vistas ao manejo da bacia, seja realizada de forma mais

eficiente. Por fim, é importante registrar que outros levantamentos também podem ser

utilizados com o mesmo fim, sendo aconselhável para que a gestão e as ações possam ser

melhor direcionadas.

Literatura citada ERTHAL, D. A.; BREUNING, F. M. Mapeamento de uso e cobertura do solo da Bacia do

Pardinho com imagens de alta resolução espacial. In: XVI Simpósio Brasileiro de

Sensoriamento Remoto (SBSR), 2013, Foz do Iguaçu. Anais... São José dos Campos:

INPE, 2013. Artigos, p. 8830-8837.CD-ROM, On-line.ISBN 978-85-17-00065-2. 8 p.

NASCIMENTO, P. S. R.; BATISTA G. T.; FILHO, R. A. Efeito de Pré-Processamento

(ajuste) no Desempenho da Segmentação e Classificação de Imagens Landsat-TM. In: IX

Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (SBSR), 1998, Santos. Anais... São José

dos Campos: INPE 1998. Artigos, p. 981-989, CD-ROM, On-line.ISBN 85-17-00015-3. 9

p.

TONELLO, K. C. Análise hidroambiental da bacia hidrográfica da Cachoeira das

Pombas, Guanhães, MG. 2005. 69 p. Dissertação (Mestrado Ciência Florestal) -

Universidade Federal de Viçosa, Viçosa. 2005.

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Matéria seca e nitrogênio remanescentes da matéria orgânica de gliricídia e ingá

consorciados com cafeeiro conilon1

João Batista Silva Araujo2, Mariane Canova Moraes

3, Maurício Lima Dan

4

,Gustavo Soares de Souza4

, Abner Luiz Castelão Campos da Fonseca4

1Financiado com recursos do CBP&DCafé.

2Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (INCAPER). Fazenda Experimental

Mendes da Fonseca; Rodovia BR-262, km 94, Aracê, Domingos Martins-ES, 29.268-000. E-mail:

[email protected]. 3Estudante de graduação em Engenharia Florestal na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). E-mail:

[email protected]. 4INCAPER. Fazenda Experimental Bananal do Norte. Rodovia ES-483, km 2,5, Pacotuba, Cachoeiro de

Itapemirim-ES, 29.323-000. E-mail: [email protected]; [email protected];

[email protected].

.

Resumo: Algumas espécies, em sistemas agroflorestais, são usadas para produzir matéria

orgânica como um adubo verde. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a

decomposição e a liberação de nitrogênio da matéria orgânica de gliricídia e ingá

cultivados em consórcio com o café conilon. Avaliou-se a matéria seca (MS) e o N

remanescentes de amostras colocadas sobre o solo, coletadas aos 0, 7, 15, 25, 40, 60, 90,

120 e 150 dias. A meia vida da MS e do N foram, respectivamente de 115,5 e 69,3 dias

para a gliricídia e de 347 e 347 dias para o ingá. O material orgânico da gliricídia

apresentou decomposição e liberação de nitrogênio mais eficiente e sincronizado com o

período de adubação do cafeeiro.

Palavras–chave: Coffea canephora, sistema agroflorestal, serapilheira, Gliricidia sepium,

Inga Edulis.

Remaining dry matter and nitrogen organic matter gliricidia and ingá consortium

with coffee conilon

Abstract: Some species, in agroforestry systems, are used to produce organic matter as a

green manure.The objective of this study was to evaluate the decomposition and release of

nitrogen from organic matter of gliricidia and ingá grown in consortium with conilon

coffee. It was evaluated the dry matter (DM) and the remaining N of samples placed on the

soil, collected at 0, 7, 15, 25, 40, 60, 90, 120 and 150 days. The half-life of DM and N

were respectively 115.5 and 69.3 days to gliricidia and 347 and 347 days to ingá. The

organic material gliricidia presented decomposition and release nitrogen more efficient and

synchronized with the period of coffee fertilization.

Keywords:Coffea canephora, agroforestry, litter, Gliricidias epium,Inga Edulis.

Introdução A garantia de bons rendimentos na cafeicultura depende de recursos não renováveis

como os adubos minerais.O consórcio agroflorestal é uma alternativa sustentável para esse

problema,porque traz benefícios como a melhoria da ciclagem de nutrientes pela absorção

em camadas profundas e adição de serapilheira no solo (TULLY&LAWRENCE, 2012).

No estado do Espírito Santo, o consórcio de árvores com café vem sendo difundido,

e em levantamento recente com 58 agricultores, identificou-se 22 espécies utilizadas pelos

agricultores para o consórcio com o cafeeiro conilon, com destaque para seringueira,

coqueiro, cacaueiro, gliricídia, bananeira e a teca (SALES et al., 2013).

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Diversos consórcios têm leguminosas arbóreas, com o intuito de produzir matéria

orgânica para adubação verde, conduzidos com podas e liberando nutrientes para o solo

(RICCI et al., 2013; PAULINO et al., 2011; MARIN et al.,2007) e a liberação desses

nutrientes depende da velocidade de decomposição de cada espécies.

Com isso, o presente trabalho teve o objetivo de avaliar a decomposição e a liberação

de nitrogênio da matéria orgânica da gliricídia e ingá, cultivados em consórcio com o café

conilon.

Material e Métodos O presente trabalho foi implantado em 31 de janeiro de 2013 em sistema orgânico de

cultivo, na Fazenda Experimental Bananal do Norte (Instituto Capixaba de Pesquisa,

Assistência Técnica e Extensão Rural, INCAPER), no município de Cachoeiro de

Itapemirim, ES (20º45‟ S, 41º47‟ W e altitude de 146 m). Foi plantada a variedade de café

conilon “EMCAPER 8151”, no espaçamento de 3,0 x 1,2 m consorciado com gliricídia

(Gliricidia sepium) ou ingá (Inga Edulis) no espaçamento de 7,2 x 3 m nas linhas dos

cafeeiros e em dois talhões com 930 m2 cada um.

A gliricídia e o ingá foram podados em 23/09/2014 avaliando-se a produção de

matéria orgânica de quatro plantas por espécie, escolhidas ao acaso. Amostras do material

podado foram pesadas e secas em estufa de circulação de ar a 65°C até a obtenção de

massa constante e analisados os teores de N, de acordo com Miyazawa et al.(2009).

Para avaliação da matéria seca e do N remanescentes, foram coletadas amostras de

200g de material verde de ingá e gliricídia, as quais foram colocadas sobre o solo, embaixo

da copa dos cafeeiros e cobertas com telas de 30 x 30 cm e malha de 4 x 4 mm (litter

cover). As amostras foram coletadas ao 0, 7, 15, 25, 40, 60, 90, 120 e 150 dias com quatro

repetições em cada data para avaliação da perda de massa da matéria secae N. Após a

coleta, as amostras foram lavadas para retirar o solo aderido e colocadas para secar a 65ºC

em estufa de circulação forçada de ar até a obtenção de peso constante. Foram pesadas,

moídas e analisadas quanto ao teor de N pelo método Kjeldahl (MIYAZAWA et al,. 2009).

Para o estudo das taxas de decomposição da matéria orgânica e da mineralização do

nitrogênio do adubo verde, foi utilizado um modelo de regressão não linear, conforme

proposto por Wieder & Lang (1982) citados por Aita & Giacomini (2003). O modelo

assintótico (modelo 1) têm a seguinte equação matemática:

Modelo 1 . MSR ou NR = A e-kt

+ (100-A)

Onde, MSR e NR correspondem à percentagem de matéria seca e nitrogênio

remanescente no tempo t (dias); t é o tempo de amostragem de 0 a 150 dias; k é a taxa

constante de decomposição da matéria seca e de liberação de nitrogênio (A). A MSR em

tempo será calculada a partir da percentagem de matéria seca inicial amostrada no tempo

zero. O NR em cada tempo será calculado a partir da relação entre a quantidade de matéria

seca e o teor de nitrogênio obtido em cada tempo.

A partir dos valores da constante de decomposição da MSR ou do NR, foi calculado

o tempo de meia vida (t1/2), ou seja, o tempo necessário para que 50% da matéria seca ou

do nitrogênio daquele compartimento seja mineralizado para o solo. Segundo Paul & Clark

(1996), o tempo de meia vida t1/2 = ln 0,5/k.

Resultados e Discussão A produção de material orgânico obtido com as podas das espécies arbóreas aos 20

meses após o plantio foi de 1,67 e 2,96 t/ha de matéria seca de ingá e gliricídia,

respectivamente (Tabela 1). A gliricídia apresentou um aporte de nitrogênio de 52,19 kg/ha

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e o ingá de 28,2 kg/ha (Tabela 1), que é devido tanto a maior quantidade de material obtido

na poda quanto aos maiores teores de N da gliricídia em relação ao ingá.

Tabela 1. Massa da matéria verde e seca, teores de nitrogênio e aportes de N por hectare, obtidos após podas

em ingá e gliricídia consorciados com cafeeiro conilon

Espécie Ramos Matéria verde Matéria seca Matéria seca N N

(kg/planta) (kg/planta) (t/ha) (g/kg) (kg/ha)

Ingá (Ø < 1,0 cm) 5,98 2,62 1,21 21,0 25,11

(Ø > 1,0 cm) 2,05 0,98 0,45 7,0 3,10

Soma 8,03 3,60 1,67 28,20

Gliricídia (Ø < 1,0 cm) 5,93 1,85 0,86 27,5 23,27

(Ø > 1,0 cm) 10,00 4,55 2,11 14,0 28,92

Soma 15,93 6,40 2,96 52,19

A gliricídia apresentou maior velocidade de decomposição que o ingá (Figura 1). O

t½ da massa da matéria seca foi de 347 dias para o ingá e 116 dias para a gliricídia. O t½

do N foi de 347 dias (14,1 kg/ha) para o ingá e 69 dias (26,1 kg/ha) para a gliricídia. As

liberações respectivas de N do material orgânico decomposto durante 150 dias foram de

6,95 kg/ha (24,6%) pelo ingá e 45,35 kg/ha (86,9%) pela gliricídia.

Maior velocidade de decomposição de Gliricidia sepium, em relação a Inga

semialata, foi observado por Silva et al. (2008) com t1/2 respectivos de 15 e 225 dias,

correlacionando-se os maiores valores de meia vida com maiores teores de lignina e

polifenóis. Também observaram maiores teores de N e menor relação C:N em gliricídia em

relação ao ingá de forma semelhante aos resultados obtidos (Tabela 1).

Figura 1 – Massa da matéria seca e nitrogênio remanescentes de ramos podados de gliricidea e ingá.

Portanto, considerando o período de adubação dos cafeeiros entre setembro e março

e o período avaliado de 150 dias, entre 23/09/2014 e 20/02/2015, é possível afirmar que a

gliricídia, por apresentar maior velocidade de decomposição, contribuiu com maior aporte

de N liberado para a produção do cafeeiro.

Conclusões A gliricídia apresenta maior velocidade de decomposição que o ingá.

Há maior sincronia na liberação de N da matéria orgânica pela gliricídia que pelo

ingá, em relação ao período de adubação do cafeeiro, subsequente às podas.

Literatura citada AITA C. & GIACOMINI S. J. (2003) Decomposição e mineralização de nitrogênio de

resíduos culturais de plantas de cobertura de solo solteiras e consorciadas. Revista

Brasileira de Ciência do Solo, 27: 601-612.

Page 103: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

103

MIYAZAWA, M.; PAVAN, M. A.; MURAOKA, T. et al. et al. Análise química vegetal.

In.: SILVA, F. C. (Ed.). Manual de analises Químicas de solos, plantas e fertilizantes.

Embrapa, p.191-233, 2009.

PAUL, E. A. & CLARK, F. E. (1996) Dynamics of residue decomposition and soil organic

matter turnover. In: Soil microbiology and biochemistry. 2ª ed. San Diego: Academic, p.

158-179.

PAULINO, G. M.; BARROSO, D. G.; LAMÔNICA, K. R. et al. Desempenho da gliricídia

no cultivo em aleias em pomar orgânico de mangueira e gravioleira. Revista Árvore,

Viçosa-MG, v.35, n.4, p.781-789, 2011.

RICCI, M. S. F.; COCHETO JUNIOR, D.G.; ALMEIDA, F. F. D.Condições

microclimáticas, fenologia e morfologia externa de cafeeiros em sistemas arborizados e a

pleno sol. Coffee Science, Lavras, v. 8, n. 3, p. 379-388, jul./set. 2013.

SALES, E. F.;MÉNDEZ, V. E.; Caporal, F. R. Agroecological Transition of Conilon

Coffee (Coffeacanephora) AgroforestrySystems in the State of Espírito Santo, Brazil,

Agroecology and Sustainable Food Systems, 37:4,405-429, 2013.

SILVA G. T. A.; MATOS, L. V.; NÓBREGA, P. O. et al.. Chemical composition and

decomposition rate of plants used as green manure. Sci. Agric. (Piracicaba, Braz.), v.65,

n.3, p.298-305, May/June 2008.

TULLY,K.L; LAWRENCE, D; SCANLON, T.M. More trees less loss: nitrogen leaching

losses decrease with increasing biomass in coffee agroforests. Agric Ecosyst Environ,

p.137–144, 2012.

Page 104: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

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Modelagem da distribuição diamétrica utilizando redes neurais artificiais e

autômatos celulares após a colheita de madeirais no Leste da Amazônia1

Leonardo Pequeno Reis2, Agostinho Lopes de Souza

3, Pamella Carolline Marques dos Reis

Reis2, Lucas Mazzei de Freitas

4, Liniker Fernandes da Silva

2, Lyvia Julienne Sousa Rêgo

2

1Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pela Capes.

2Doutorando (a) do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal, UFV. [email protected]

3Professor do Departamento de Engenharia Florestal, UFV.

4Pesquisador, Manejo Florestal da Embrapa Amazônia Oriental, CPATU.

Resumo: A análise da distribuição diamétrica é imprescindível no manejo florestal por

subsidiar a avaliação do estoque de colheita de madeira de uma propriedade. Portanto, o

trabalho tem por objetivo projetar a distribuição diamétrica utilizando redes neurais

artificias (RNA) e autômatos celulares (AC) após a colheita de madeiras. A área

experimental localiza-se na Flona Nacional do Tapajós – PA. Em 1979 foi realizada a

colheita seletiva, com intensidade de 72,5 m3 ha

-1 em uma área de 64 ha. Nos anos de 1981

a 2012, foram mesurados, em parcelas permanentes de área amostral total de 9ha, todas as

árvores com DAP≥5cm. Na projeção da distribuição, foram empregadas RNA como regra

de evolução de AC, considerando a probabilidade de árvores na classe alvo da projeção e

suas vizinhas mais próximas. A projeção em todos os períodos analisados não apresentou

diferença estatística a 5% de significância em relação à observada. Demonstrando que a

projeção seguiu a tendência da dinâmica da distribuição após a colheita. As RNA e AC são

eficientes e devem ser utilizadas para projetar a distribuição diamétrica após a colheita ao

longo do ciclo de corte.

Palavras–chave: Floresta Amazônica, Inteligência artificial, Manejo Florestal

Diametric distribution modelling using artificial neural networks and celular

automats after logging on Amazon east

Abstract: The analysis of diametric distribution is indispensable on forest management

cause it support the evaluation of logging stock on a property. Therefore, this work aimed

to project the diametric distribution using artificial neural networks (ANN) and cellular

automata (CA) after logging. The experimental area is on National Flona Tapajós – PA. In

1979 was realized a selective logging, with intensity of 72,5 m³ ha-1, on an area with 64

ha. Between 1981 and 2012, were measured all trees with dbh ≥ 5 cm, in permanent

samples with a total area of 9 ha. To project the distribution, were used ANN with AC

evolution rule, considering the probability of trees on target class of projection and its

closer neighbors’. The projection in all analyzed periods didn’t showed statistically

difference when compared with observed, with 5% of probability. This shows that the

projection follow the tendency of distribution dynamics after logging. The ANN and CA

are efficient and must be used to project the diametric distribution after logging throughout

the cutting cycle.

Keywords: Amazonian Forest, Artificial intelligence, Forest Management

Introdução Para garantir sustentabilidade, o manejador deve utilizar um sistema silvicultural

apropriado aos recursos florestais existentes e que considera as taxas de crescimento,

recrutamento e mortalidade. Portanto, é importante a construção e adoção de sistemas

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silviculturais, baseados na dinâmica florestal para indicar a intensidade de corte (IC) e

ciclo de corte (CC), vinculados ao crescimento das espécies florestais.

Uma alternativa na prognose de florestas é o uso da inteligência artificial como as

Redes Neurais Artificiais (RNA) e autômatos celulares (AC) para projetar a distribuição

diamétrica. As RNA são modelos computacionais inspirados no sistema nervoso dos seres

vivos. Formam um conjunto de unidades de processamento paralelo, caracterizadas por

neurônios artificiais que são interligados por um grande número de interconexões (SILVA

et al., 2010). Isso torna a RNA uma ferramenta adequada para a prognose de florestas

manejadas pelas suas propriedades e capacidades inerentes como: não-linearidade,

capacidade de aprendizagem, habilidades de generalização, adaptabilidade, tolerância a

falhas e organização de dados (HAYKIN, 2001; SILVA et al., 2010).

Já AC são sistemas de interações locais, discretos no tempo e no espaço, compostos

de células, onde o estado de cada célula é resultado de seu estado atual, da sua regra de

transição e da sua interação com células vizinhas (ILACHINSKI, 2001).

O trabalho objetiva empregar autômatos celulares com regra de evolução utilizando

redes neurais artificiais para projetar a distribuição diamétrica em floresta colhida

seletivamente na Amazônia Oriental.

Material e Métodos A área de estudo está localizada na Floresta Nacional do Tapajós, à altura do Km 67

(55° 00‟ W, 2° 45‟ S) da Rodovia BR-163, Cuiabá-Santarém. Insere-se no bioma

Amazônia e a tipologia é Floresta Ombrófila Densa de terra firme. O clima da região é

tropical úmido com temperatura média anual de 25°C, classificado como Ami pelo sistema

de Köppen. A umidade relativa média é de 86% e a precipitação média anual é de 2.100

mm. Apresenta topografia plana a ondulada, com ocorrência de solo tipo Latossolo

Amarelo Distrófico (COSTA FILHO et al., 1980).

Em 64 ha da área de estudo, em 1979, foi realizada uma exploração de 72,5 m3

ha-1

(COSTA FILHO et al., 1980). Em 1981 foram instaladas, aleatoriamente, 36 parcelas

permanentes (50 m x 50 m). Nessas parcelas, todas as árvores com DAP≥5 cm foram

identificadas botanicamente in loco. Realizaram-se remedições nas parcelas permanentes

em 1982, 1983, 1985, 1987, 1992, 1997, 2007, 2010 e 2012.

Para um modelo unidimensional de AC, o valor da iª célula no tempo t, denominado

por ci(t), evolui de acordo com a regra F que é função do ci(t) e das outras células que se

encontram dentro da extensão r (para ambas as direções) de ci(t) (ILACHINSKI, 2001;

BINOTI et al., 2013), isto é:

Os autômatos celulares utilizados foram os unidimensionais, com o raio do AC de 2

(r = 2), com isso cada célula possui 4 vizinhos (dois vizinho à esquerda e dois vizinho à

direita, além da própria célula que será atualizada). A probabilidade de ocorrência de

árvores em cada classe corresponde o estado da célula. Foi utilizado a amplitude de

diâmetro de 5 cm, com o máximo da distribuição diamétrica de 62,5 cm.

Na construção da regra de evolução do AC foram treinadas 300 redes neurais

artificiais, utilizando seis variáveis de entrada: estado atual da célula; estado das células

contidas na extensão da sua vizinhança; e o período de tempo entre as medições, em anos.

A variável de saída foi o estado futuro da célula. Os dados foram separados em

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treinamento e teste, 80% e 20%, respectivamente, perfazendo 29 parcelas para treinamento

e 7 parcelas para o teste. Os dados de teste não fazem parte do treinamento das RNA.

No treinamento foi utilizada a arquitetura feedforward de camadas múltiplas, o

Perceptron multicamadas (MLP). Para o treinamento foi utilizada a ferramenta Intelligent

Problem Solver (IPS) do software Statistica 12 para a escolha das funções de ativação

(Identidade, Logística, Tangente hiperbólica e exponencial) da camada intermediária e de

saída. Nesses treinamentos foi utilizada somente uma camada escondida. Para a escolha e

comparação das RNA a serem usadas na prognose foram avaliadas, no treinamento e

generalização, a estatística de correlação entre os valores estimados e reais ( ) e a raiz

quadrado do erro médio (RMSE).

Depois da escolha da melhor rede foi realizada a projeção da distribuição diamétrica,

utilizando os dados das parcelas de validação do modelo, começando pelo primeiro ano de

medição (1981) até o último ano de mediação (2012). A significância estatística entre as

distribuições diamétrica projetada e observada foi verificada pelo teste de aderência

Kolmogorov-Smirnov (K-S) ao nível de 5% de significância.

Resultados e Discussão No treinamento e teste de 300 RNA, foram escolhidas as cinco melhores, que

apresentaram coeficiente de correlação acima de 99% e o erro abaixo de 17% (Tabela 1).

Isso demonstra que o ajustamento foi realizado com precisão e corrobora com os

resultados obtidos por BINOTI et al. (2013) para florestas equiâneas.

A RNA 1 foi a que apresentou melhor ajuste, por apresentar RMSE mais baixo,

demonstrando maior capacidade de generalização, conforme recomenda Silva et al. (2010).

Essa RNA não apresentou excessiva memorização dos dados (overfitting), e, portanto, foi

escolhida para projetar a distribuição diamétrica no tempo a partir dos dados da primeira

medição.

Tabela 1- Resultados estatísticos do treinamento e teste de Redes Neurais Artificiais

(RNA) utilizadas como regra de evolução em Autômatos Celulares (AC). :

Coeficiente de correlação; RMSE: raiz quadrada do erro médio.

RNA Arquitetura Treinamento Teste

Função de ativação

RMSE

RMSE

1 MLP 6-10-1 0,9963 15,4582 0,9976 12,9526 Logística Exponencial

2 MLP 6-9-1 0,9964 15,3063 0,9975 13,2112 Logística Logística

3 MLP 6-11-1 0,9963 15,4641 0,9975 13,2261 Tangencial Logística

4 MLP 6-9-1 0,9960 16,1205 0,9976 13,0323 Logística Exponencial

5 MLP 6-9-1 0,9963 15,5412 0,9975 13,2189 Tangencial Exponencial

A distribuição diamétrica projetada ao longo do tempo (Tabela 2), utilizando as

parcelas escolhidas aleatoriamente para a validação das RNA, não diferiram

significativamente a 5% de probabilidade da distribuição diamétrica observada ao longo de

30 anos (1982, 1983, 1985, 1987, 1992 1997, 2007 e 2012). Isto demonstra que a projeção

segue a tendência da complexa dinâmica florestal após a colheita seletiva de madeiras

(Tabela 2), visto que após a colheita ocorre a recuperação gradual da densidade nas classes

mais afetadas, com maior intensidade, acima de 60 cm.

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107

Tabela 2 - Projeção da probabilidade de ocorrência de árvores da distribuição diamétrica

usando Redes Neurais Artificiais e Autômatos Celulares (AC).

CC 1982 1983 1985 1987 1992 1997 2007 2012

Obs Est Obs Est Obs Est Obs Est Obs Est Obs Est Obs Est Obs Est

7,5 0,62 0,60 0,62 0,60 0,59 0,57 0,58 0,55 0,54 0,53 0,52 0,51 0,52 0,52 0,53 0,52

12,5 0,16 0,17 0,17 0,18 0,18 0,18 0,18 0,19 0,19 0,19 0,19 0,18 0,19 0,17 0,18 0,16

17,5 0,09 0,10 0,08 0,11 0,09 0,12 0,09 0,13 0,10 0,13 0,10 0,13 0,10 0,12 0,09 0,11

22,5 0,05 0,06 0,05 0,06 0,06 0,06 0,06 0,06 0,07 0,06 0,06 0,07 0,06 0,06 0,06 0,06

27,5 0,03 0,03 0,02 0,03 0,02 0,03 0,03 0,03 0,04 0,04 0,05 0,05 0,04 0,04 0,04 0,05

32,5 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,03 0,03 0,03 0,03

37,5 0,01 0,01 0,02 0,01 0,02 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02

42,5 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,02 0,01

47,5 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

52,5 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,01 0,00 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

57,5 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,01 0,00 0,01 0,00 0,01 0,00 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

≥62,5 0,00 0,01 0,00 0,01 0,00 0,01 0,00 0,01 0,00 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01

Dcal.-

KS 0,019 0,028 0,028 0,025 0,027 0,029 0,020 0,038

Dtab.

KS 0,041 0,039 0,039 0,039 0,041 0,042 0,041 0,040

Como a floresta estudada chegou ao ciclo de corte recomendado de 20 a 40 anos, a

técnica de projeção pode ser usada como um importante instrumento no manejo de

florestas nativas como guia para determinar ciclos de corte e intensidades de corte na

Amazônia em florestas de terra firme.

Conclusões A projeção da distribuição diamétrica após a colheita de madeiras pode ser realizada

utilizando redes neurais artificiais e autômatos celulares, ao longo do ciclo de corte, no

leste da Amazônia.

Literatura citada BINOTI, D. H. B.; BINOTI, M. L. M. S.; LEITE, H. G. et al. Modelagem da distribuição

de diâmetros utilizando autômatos celulares e redes neurais artificiais. Cerne, Lavras,

2013, vol.19, n.4, p. 677-685.

COSTA FILHO, P.P.; COSTA, H.B.; AGUIAR, O.R.; Exploração mecanizada da floresta

tropical, úmida sem babaçu. Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 1980. p. 29.(Embrapa-

CPATU. Circular técnico 9).

HAYKIN, S. Redes neurais: princípios e práticas. Porto Alegre: Bookman, 2001. 900 p.

ILACHINSKI, A. Cellular automata: a discrete universe. River Edge: World Scientific,

2001. 808p.

SILVA, I. N.; SPATTI, D. H.; FLAUZIN, R. A. Redes neurais artificiais: para engenharia

e ciências aplicadas. São Paulo: Artliber, 2010. 396 p.

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Novo Código Florestal: Uma Oportunidade de Desenvolvimento Sustentável

Carolina Coelho Soares1, Diego Correa Ramos

2, Caio Moreira Miquelino Eleto Torres

3,

Carlos Moreira Miquelino Eleto Torres4 Laércio Jacovine

5, Humberto Fauller de Siqueira

6

1 Estudante de graduação em Engenharia Geológica pela UFOP

2Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal pela UFV

3Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal pela UFV

4Professor do Departamento de Engenharia Floresta pela UFV

5Professor do Departamento de Engenharia Floresta pela UFV

6Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal pela UFV

Resumo: O objetivo deste trabalho foi analisar as principais mudanças do “novo” Código

Florestal, Lei 12.651/2012, a partir das alterações das leis que dizem respeito às Áreas de

Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal (RL). O Novo Código estabelece em suas

disposições diferentes argumentações: um posicionamento permanente, o retorno aos

parâmetros da lei revogada, e outra, com grande relevância, de caráter transitório, onde

foram enfatizadas as facetas sociais e econômicas do desenvolvimento sustentável. Como

resultados temos o programa federal de preservação e recuperação do meio ambiente, o

qual prevê a elaboração de programas de apoio e incentivo a conservação do meio

ambiente. O incentivo governamental mesmo não se tratando de uma indenização strito

sensu, oferece de uma contrapartida pecuniária para o proprietário que deixa de utilizar sua

terra em prol da conservação ambiental, uma política de implantação “conservador

recebedor”. É interessante colocar, também, que os incentivos, além do caráter

preservacionista, visam a regularização da propriedade e o uso sustentável da floresta,

aspectos regulamentados por meio da criação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e

Programa de Regularização Ambiental (PRA). Outro ponto de grande relevância é a

possibilidade de integração de programas e mercados de serviços ambientais, ou seja, as

áreas de APP e RL não estão resumidas apenas em incentivos de compensação, mas sim

sobre a possibilidade de um mercado de licenças, (aquisição e venda de reserva legal

através das chamadas “Cota de Reserva Ambiental”). Tal mecanismo pode vir a

representar uma interligação entre meio ambiente e economia, “moeda verde”, que se

baseia na idéia de incentivar a preservação voluntária excedente de florestas, permitindo

que este título possa ser repassado ao terceiro.

Palavras–chave: Código florestal, sustentabilidade, meio ambiente.

New Forest Code: A Sustainable Development Opportunity

Abstract: This work aimed at analyze the main changes of the "new" Forest Code, Law

12,651 / 2012, based on the changes of laws that relate to the Permanent Preservation

Areas (PPA) and Legal Reserve (LR). The New Code provides in its provisions arguments:

a permanent position, return to the parameters of the repealed law, and other with great

relevance of a temporary nature, where we emphasized the social and economic aspects of

sustainable development. As a result we have the federal program about preservation and

restoration of the environment, which provides for the development of support programs

and incentives for conservation of the environment. The government incentive even if it is

not sense strict compensation, provides a consideration to the owner who fails to use his

land for environmental conservation, a deployment policy "conservative receiver". It is

interesting place, too, that the incentives, besides the preservationist character, seek at

regularizing ownership and sustainable forest use, aspects regulated through the creation of

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109

the Rural Environmental Registry and Environmental Adjustment Program. Another very

important point is the possibility of integrating environmental programs and services

markets, so the areas of PPA and LR are not summarized only in incentive compensation,

but about the possibility of a market licenses (acquisition and selling legal reserve through

so-called "Quota Environmental Reserve." Such a mechanism may ultimately represent a

link between environment and economy, "green coin", which is based on the idea of

encouraging voluntary conservation over forests, allowing this title can be transferred to

someone else.

Keywords: Forest code, sustainability, environment.

Introdução O Brasil tem legislações de proteção de recursos naturais desde 1934, decreto nº

23.793, promovido pelo governo Getúlio Vargas. No entanto as suas atribuições não são

respeitadas tanto por incoerências na forma das suas regularizações, quanto à escassez e

não rigidez das fiscalizações dos órgãos públicos competentes. Por esses e outros motivos

de insatisfação, que ocorreu uma grande pressão popular no governo federal para a

mudança das legislações. O resultado foi a Lei 12.651/2012, publicada no Diário oficial da

União em 25.05.2012. (Brasil, 2012).

Entre as principais mudanças estão a criação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e

do Programa de Regularização Ambiental (PRAs), com finalidade a desburocratizar a

legalização dos produtores, com a flexibilização do cumprimento da Lei, e novos critérios

para o cômputo das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e das de Reserva Legal

(RL). Em relação a estes últimos, a discussão alcançou notoriedade maior, devido às áreas

de APPs e RL serem importantes mecanismos de preservação ambiental, mas, ao mesmo

tempo, poderem limitar a expansão da atividade agropecuária.

Nesse contexto, o objetivo principal deste trabalho foi avaliar as principais mudanças

do “novo” Código Florestal, Lei 12.651/2012, em especial assuntos relacionados à

efetivação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reserva Legal (RL), bem como

seus impactos econômicos e sociais.

Material e Métodos Para realizar este estudo, foi realizada uma pesquisa descritiva e exploratória,

procedimento adotado para aprofundar a estrutura teórico-metodológica da pesquisa. Os

dados foram compilados e analisados para um maior entendimento técnico-científico da

temática em questão. As informações utilizadas foram obtidas a partir das legislações

vigentes relativas às Leis Florestais, “Novo” Código Florestal, Normativas, decretos,

artigos e outros.

Resultados e Discussão O Novo Código estabelece em suas disposições diferentes argumentações: um

posicionamento permanente, o retorno aos parâmetros da lei revogada, e outra, com grande

relevância, de caráter transitório, onde foram enfatizadas as facetas sociais e econômicas

do desenvolvimento sustentável. Estas estabelecem regras de cunho menos protetivo, a

facilitar a regularização das propriedades rurais. Isto se deu diante alegações da

necessidade de manter a área produtiva e o pequeno produtor no campo (LUCAS, 2013).

Diante o estabelecido em seu caráter geral, percebe-se que o Novo Código Florestal

não trata somente de proteção das florestas, visa regular o uso da propriedade como um

todo, buscando o uso sustentável da terra e dos recursos naturais em todos seus

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110

aspectos.Protege também os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica,

biodiversidade, e assegurar o bem estar da população.

A fim de conciliar o setor produtivo com a conservação de vegetação natural o novo

código florestal buscou embasamento em 3 diferentes vertentes:

a) Melhorar a eficácia e aplicabilidade da lei, pois até então dos 278 milhões de

hectares ocupados pelo setor agropecuário no Brasil pelo menos 83 milhões estão em

situação de não conformidade com o Código Florestal (DINIZ, 2012).

Segundo Sparovek et al. (2011) a legislação de 1965 direciona seus esforços em

tornar ilegal e reprimir significativamente as atividades agropecuárias que já estão

instaladas no país.

b) Resolver o problema dos passivos ambientais já existentes e com isso viabilizar

sua aplicabilidade. Sparovek et al. (2011) estimam que o custo para recuperar todo o déficit

de APPs e RL, ou restabelecer a vegetação natural a partir do plantio, equivale a duas

vezes o Produto Interno Bruto (PIB) anual de todo o setor agropecuário, sem considerar a

perda da produção nas áreas convertidas para vegetação. A recuperação, além de ser uma

operação cara e de difícil execução, é apenas parcial em termos de valor ecológico.

c) Por último, proteção da vegetação natural remanescente, uma vez que, mesmo

sendo cumprido todas as normas inseridas no Antigo Código Florestal, 104 milhões de

hectares de vegetação nativa não são protegidos no Brasil, possíveis de desmatamento

(SPAROVEK et al., 2011).

Um dos temas mais debatidos e polêmicos entre os stakeholders envolvidos na

aprovação do novo código florestal são as inovações quanto a criação da Área Rural

Consolidada. Estas representam o aumento da área disponível para as atividades

econômicas, ou, sob outra ótica, diminuem às exigências territoriais para regularização

ambiental.

“Área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação

antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações,

benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último

caso, a adoção do regime de pousio;” (BRASIL, 2012).

A Área Rural Consolidada possibilita o proprietário manter o uso de um recurso que

autrora era considerado irregular, regularizando sua propriedade ou posse. A menor

recomposição florestal diante a manutenção do uso consolidado das áreas, em especial para

a agricultura familiar, possibilita diversos ganhos sociais e econômicos, o não

reconhecimento destas áreas levaria á retirada de um grande número de famílias no campo,

bem como impactos significativos na agropecuária brasileira.

O Novo Código Florestal, também, prevê a conversão de multas em serviços de

preservação, referente a autuações vinculadas a desmatamentos em áreas onde não era

vedada sua supressão, que foram promovidos sem autorização ou licença, em data anterior

a 22 de julho de 2008. O proprietário rural deve inscrever o imóvel no Cadastro Ambiental

Rural (CAR), registro público eletrônico com finalidade de integrar as informações

ambientais das propriedades e posses rurais, e aderir aos Planos de Recuperação Ambiental

(PRAs), termo de compromisso para adequação ambiental da propriedade ou posse rural.

As multas impostas poderão ser convertidas em serviços de preservação, melhoria e

recuperação do meio ambiente.

O capítulo X, do Novo Código Florestal, trata sobre o programa federal de

preservação e recuperação do meio ambiente, que prevê algumas importantes ferramentas

associadas a aspectos econômicos e sociais. A elaboração de programas de apoio e

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incentivo a conservação do meio ambiente, sob á ótica “conservador recebedor”. De fato,

considerar as externalidades positivas advindas das florestas naturais e criar mecanismos

de internalização de tais benefícios, a exemplo os “pagamentos ambientais”, é uma forma

de contribuir para preservação das florestas e incentivar o proprietário rural, conservador.

O incentivo governamental mesmo não se tratando de uma indenização strito sensu,

oferece de uma contrapartida pecuniária para o proprietário que deixa de utilizar sua terra

em prol da conservação ambiental (CARVALHO, 2013). É interessante colocar, também,

que os incentivos, alem do caráter preservacionista, visam a regularização da propriedade e

o uso sustentável da floresta.

No art. 41, 5º, o Código Florestal evidencia a integração de programas e mercados de

serviços ambientais, ou seja, as áreas de APP e Reserva legal não estão resumidas apenas

em incentivos de compensação, mas sim sobre a possibilidade de um mercado de licenças,

(aquisição e venda de reserva legal através das chamadas “Cota de Reserva Ambiental”) e,

também, impulsionando programas de redução de emissões dos gases do efeito estufa.

Estes representam a grande esperança de preservação do meio ambiente, pois o dia em que

a floresta valer mais “em pé” do que “deitada” não teremos grandes problemas ambientais.

Conclusões A lei por si só não é capaz de alterar a realidade, deve se considerar fatores sociais e

econômicos (tais como: cultura, qualidade de vida, fiscalização, extensão, etc) os quais

exercem influência sobre sua aplicabilidade.

O formato de regularização do imóvel rural no Novo Código Florestal ficou menos

restritivo, fazendo com que haja mais flexibilidade para sua abordagem e menos burocracia

na sua confecção.

A implementação do CRA e dos mercados de serviços ambientais representa uma

interligação entre meio ambiente e economia, “moeda verde”, caracterizando uma

oportunidade de negócio e geração de renda para aqueles que preservam.

Literatura Citada BRASIL. Código Florestal. Lei n° 12.651 de 25 de maio de 2012.

CARVALHO, Lucas Azevedo de. O novo código comentado, artigo por artigo, com as

alterações trazidas pela Lei 12.727, de 17.10.2012 e referências ao Decreto 7.830, de

17.10.2012. Curitiba: Juruá, 2013.

DINIZ Thiago Barbosa. Impactos econômicos do Código Florestal Brasileiro: uma

discussão à luz de um modelo computável de equilíbrio geral. 2012 98f. Dissertação de

mestrado. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. Piracicaba SP.

RAMOS, Paula Daniella Prado. Conceitos de Agronegócio e Agricultura Familiar:

Visões, Importância e Funcionamento. 2014 27f. Título de bacharel em Gestão do

Agronegócio, Planaltina DF.

SPAROVEK, Gerd et al . A revisão do Código Florestal brasileiro. Novos estud. -

CEBRAP, São Paulo , n. 89, p. 111-135, Mar. 2011.

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112

Novos registros da incidência de cancro em árvores de mogno africano

Rodolfo Molinário de Souza1, Andressa Ribeiro

2, Antonio Carlos Ferraz Filho

3

1Professor do Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Piauí, Bom Jesus - PI.

[email protected] 2Professora do Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal do Piauí, Bom Jesus - PI.

3Professor do Departamento de Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras, Lavras - MG.

Resumo: Os plantios florestais são claramente uma alternativa para o fornecimento de

madeira para diversos usos. A demanda por madeiras tropicais e o antagonismo na

exploração das mesmas em locais nativos leva a crescentes investimentos em plantios de

espécies florestais, destacando o mogno africano. Neste trabalho, os autores investigam a

incidência de cancro em diferentes plantios de mogno africano (Khaya ivorensis) em dois

estados brasileiros. A presença de cancro em árvores de mogno africano foi constato em

todos os municípios analisados cujos sintomas observados foram caracterizados pelo

surgimento inicial de anomalias no desenvolvimento dos tecidos do caule, semelhantes a

um tumor que, com o passar do tempo trinca e escurece formando pequenos cancros. A

maior incidência de árvores com os sintomas da doença foi em Castanhal no Pará e a

menor incidência em Januária, Minas Gerais. Registrou-se e caracterizou-se pela primeira

vez em Minas Gerais a ocorrência de árvores com cancro em plantios comercias de mogno

africano, além de ampliar a distribuição desse tipo de doença no estado do Pará.

Palavras-chave: Proteção Florestal, plantios florestais comerciais, Khaya ivorensis.

New occurrences of canker in African mahogany trees

Abstract: Forest plantations are clearly an alternative for wood supply. The demand for

tropical wood and the antagonism caused by exploitation of native forests leads to an

increase of investment in forest plantations, especially African mahogany. In this paper, we

research the incidence of canker in different African mahogany plantations (Khaya

ivorensis) in two Brazilian states. The presence of canker in African mahogany trees was

detected in all sampled counties and the observed symptom was an initial anomaly in the

stem tissue, similar to a tumor, which cracks and darkens over time forming small cankers.

The highest incidence of trees with symptoms of the disease occurred in Castanhal, Pará,

and the lowest occurred in Januária, Minas Gerais. This is the first record of trees with

cankers in mahogany plantations in Minas Gerais, and shows a spread of the disease within

Pará where it was already reported.

Keywords: Forest protection, commercial forest plantations, Khaya ivorensis.

Introdução

Em função da crescente sensibilização sobre a importância da preservação

ambiental e da criação de leis e fiscalizações que disciplinem a ação humana sobre o uso

responsável do meio ambiente, aumenta-se gradativamente o interesse em programas que

visem à revegetação de áreas degradadas, conservação da natureza e investimentos em

projetos florestais (CASTRO et al., 2008). No Brasil, as árvores usadas em projetos

florestais podem se tanto de espécies exóticas (como eucaliptos, pinus e teca) quanto de

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113

nativas (como araucária e paricá). Essas árvores são cultivadas atendendo a planos de

manejo sustentável que tem como objetivo reduzir os impactos ambientais e promover o

desenvolvimento econômico e social das comunidades vizinhas (IBÁ, 2015). A Khaya ivorensis A. Chev., juntamente com as espécies K. anthotheca (Welw.),

K. grandifoliola (Welw.) e K. senegalensis (Desr.) A. Juss., são conhecidas pela

denominação de mogno africano (FALESI & BAENA, 1999). Seu cultivo é recente no

Brasil e, portanto, nenhuma rotação final seguida de corte raso de todo um plantio foi

realizado, gerando assim especulações quanto ao preço de venda e quanto ao seu real

potencial de crescimento e produção.

São poucos os registros de problemas fitossanitários associados ao mogno africano

no Brasil, mas em relação à incidência de fitopatógenos há relatos pontuais que descrevem,

por exemplo, a presença de lesões e cancros em galhos e troncos (POLTRONIERI et al.,

2002; RECHE et al., 2009; TREMACOLDI et al. 2013). Neste trabalho os autores

caracterizam a incidência de cancro em diferentes plantios de mogno africano (K.

ivorensis) localizados em dois estados brasileiros.

Material e Métodos

A caracterização da ocorrência de cancro em plantios comerciais de K. ivorensis foi

realizada em sete municípios do estado de Minas Gerais e em um município do estado do

Pará. As características dos plantios são apresentadas na Tabela 1. As condições de

espaçamento foram heterogêneas entre os plantios, variando de 4x5 m a 10x10 m.

Tabela 1 – Características dos plantios de mogno africano (Khaya ivorensis) avaliados

quanto a incidência de cancro.

Estado Município

Data

de

coleta1

Plantas/ha Área total

(ha)

Quantidade

de talhões

avaliados

Idade2

(anos)

MG Iraí de Minas Jul 369 191,3 3 4,6

MG Janaúba Ago 409 241,6 2 5,8

MG Januária Ago 243 135,89 2 3,3

MG Pirapora Ago 294 121,5 6 6,3

MG Piumhi Abr 277 12,8 3 6,3

MG Rio Manso Ago 541 24,93 1 6,4

MG São Roque de Minas Mai 275 56,5 1 5,2

PA Castanhal Jan 139 63,5 11 9,2

1Todos os dados foram coletados no ano de 2015.

2Plantios com mais de um talhão, obteve-se a idade

média.

Em cada localidade a incidência de árvores com a presença de cancro foi

quantificada analisando, visualmente, plantas contidas em unidades amostrais distribuídas

aleatoriamente nas áreas, com dimensões e intensidades variadas conforme a área total de

cada fazenda.

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114

Resultados e Discussões

Em todos os municípios analisados constatou-se a presença de cancro em árvores

de K. ivorensis. Em praticamente todas as situações os sintomas observados foram os

mesmos e caracterizado, inicialmente, pelo desenvolvimento anormal dos tecidos do tronco

(Figura 1A) que, com o passar do tempo, trinca e escurece formando pequenos cancros

(Figura 1B). O aumento na quantidade de cancros ao longo do fuste (Figura 1C e D) parece

estar relacionado com a idade das árvores, ou seja, quanto mais velhas mais cancros são

observados. Sintomas semelhantes a estes foram observados por Reche et al. (2009) em um

plantio experimental de K. ivorensis localizado na cidade de São Sebastião da Posse,

estado da Bahia. Segundo os autores, o cancro observado foi diagnosticado como sendo

causado pelo fungo Botryosphaeria rhodina (Berk. & M.A. Curtis) Arx. Já em um plantio

de mogno africano localizado no município de Dom Eliseu, no estado do Pará, Tremacoldi

et al. (2013), relatam a ocorrência de cancro causado pelo fungo Lasiodiplodia theobromae

(Patouillard) Griffon &. Maublanc, que causava o intumescimento e trinca da casca, por

todo o tronco, com a liberação de grande quantidade de resina e formação de podridão de

tecidos. No presente trabalho, a presença de resina nas árvores em decorrência da anomalia

foi esporadicamente observada, e em nenhuma ocasião observou-se o apodrecimento de

tecidos. Por fim, Poltronieri et al. (2002), relataram a ocorrência, em árvores de K.

ivorensis, de lesões necróticas de coloração rósea, que levaram à formação de depressões e

rachaduras na casca de tronco e galhos culminando com a formação de uma crosta rosada

na superfície dos ramos e troncos infectados. Tais sintomas foram observados em plantios

experimentais de mogno africano, localizados em Belém, Igarapé-Açu e Santa Bárbara, no

Pará e o agente causal foi identificado como sendo o fungo Phamerochaete salmonicolor

(Berk & Broome) Jul., causador da rubelose ou malrosado. Ainda não foram feitos teste de

identificação do agente etiológico da doença registrada neste trabalho, mas é possível que

seja causada pelo fungo B. rhodina, devido à semelhança entre os sintomas observados

aqui e aqueles apresentados por Reche et al. (2009). Entretanto, independente do agente

causal, a presença de cancros em árvores de K. ivorensis são registrados pela primeira vez

no estado de Minas Gerais e no município de Castanhal, no Pará.

Figura 1 - Evolução dos sintomas de cancro observados em árvores de mogno africano, Khaya

ivorensis, em plantios localizados em dois estados brasileiros (MG e PA).

A incidência percentual de árvores K. ivorensis com a presença de cancro, por

município, está representada na Figura 2. O plantio localizado em Castanhal/PA foi o que

apresentou a maior incidência de árvores com a doença (83,8% ± 4,95) e, dentro os

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plantios analisados, foi o que apresentou árvores mais velhas (idade variando de 8 a 10

anos). Em Minas Gerais, a situação mais crítica foi no município de Piumhi (38,7% ± 2,44)

e a menos crítica em Januária. No Pará, Tremacoldi et al. (2013), observaram uma

incidência de cancro em 90% das árvores de mogno africano, em um plantio com 2 anos de

idade.

Figura 2 – Distribuição da incidência de cancro em plantios comerciais de Khaya ivorensis

nos estados de Minas Gerais e Pará.

Conclusões

Registrou-se e caracterizou-se pela primeira vez em Minas Gerais em plantios

comercias de Khaya ivorensis a presença de árvores com cancro. Além disso, ampliou-se a

distribuição desse tipo de doença para o estado do Pará.

Agradecimentos

Os autores agradecem aos proprietários dos plantios de mogno africano utilizados neste

trabalho.

Literatura Citada

CASTRO, A. C.; LOURENÇO JÚNIOR, J. B.; SANTOS, N. F. A.; MONTEIRO, E. M.

M.; AVIZ, M. A. B.; GARCIA, A. R. Sistema silvipastoril na Amazônia: ferramenta para

elevar o desempenho produtivo de búfalos. Ciência Rural 2008; 38(8): 2395-2402.

FALESI, I. C; BAENA, A. R. C. Mogno Africano (Khaya ivorensis A. Chev.) em sistema

silvipastoril com leguminosa e revestimento natural do solo. Belém: Embrapa Amazônia

Oriental, 1999. 52p. (Documentos, 4).

IBÁ. Indústria Brasileira de Árvores. Acesso em: 29 de setembro de 2015. Disponível em:

http://www.iba.org.

POLTRONIERI, L.S.; TRINDADE, D.R.; ALBUQUERQUE, F.C.; DUARTE, M.L.R.

Identificação e controle da Rubelose em mogno-africano no Estado do Pará. EMBRAPA –

Comunicado Técnico 68, 2002.

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RECHE, K.V.G.; SOUZA, G.D.; TRAPP, M.A.; RODRIGUES-FILHO, E.; SILVA, S.C.;

FERNANDES, J.B.; VIEIRA, P.C, MULLER, M.W; SILVA, M.F.G.F. Methyl

angolensate changes in Khaya ivorensis after fungal infection. Phytochemistry, v.70, p.

2027–2033, 2009.

TREMACOLDI, C.R.; LUNZ, A.M.; COELHO, I.L.; BOARI, A.J. Cancro em mogno

africano no estado do Pará. Pesquisa Florestal Brasileira, v.33, n.74, p.221-225, 2013.

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O efeito do processo de assoreamento natural sobre a fauna de formigas na Mata

Atlântica

Antônio Carlos de Oliveira Martins Júnior¹, Rosiane Mercenes Sanches¹, Renata Bernardes

Faria Campos², Cinthia Borges da Costa Milanez³, Sérvio Pontes Ribeiro4

([email protected])

1Estudante de graduação em Engenharia Civil e Ambiental pela Universidade Vale do Rio Doce

(UNIVALE).

2Professora do Núcleo de Gestão Integrada do Território (GIT) da Universidade Vale do Rio Doce

(UNIVALE).

3Pós-doutoranda em Biologia pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

4Professor Associado III da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Resumo: As mudanças nos ecossistemas e na sua biodiversidade estão associadas com os

processos geomorfológicos e de sucessão ambiental. Neste sentido, este estudo objetivou

investigar o efeito do processo natural de assoreamento na comunidade de formigas em

três áreas distintas do Parque Estadual do Rio Doce (PERD), no estado de Minas Gerais,

Brasil. Foram registradas 891 espécimes de formigas, distribuídas em 67 espécies, 23

gêneros e oito subfamílias. A área mais drenada apresentou maior abundância e riqueza de

espécies de formigas. Com destaque para a presença expressiva das espécies Sericomyrmex

mayri e Labidus praedator, que foram comuns em amostras de solo seco, nessa área. Dessa

forma, foi possível perceber que as modificações que ocorrem na paisagem,

especificamente durante o processo de assoreamento, levam a efeitos sobre o ecossistema e

sua biodiversidade, que este estudo mostrou por meio da fauna de formigas.

Palavras–chave: Bioindicadores, comunidade, mirmefocafuna, Parque Estadual do Rio

Doce.

The effect of natural silting process on the ant fauna in Atlantic Forest Abstract: The changes in the ecosystems and on their biodiversity are associated with

geomorphological and environmental succession processes. In this sense, this study aims to

investigate the effect of natural silting process on the ants community in three different

areas within in Rio Doce State Park, in state of Minas Gerais, Brazil. There were registered

891 specimens, distributed in 67 species, 23 genera and eight subfamilies. The most

drained area presented most ant abundance and species richness. Especially about the

expressive presence of the species Sericomyrmex mayri and Labidus praedator, which are

common in samples of dry soil, in this area. Thus, it was possible to perceive that the

modifications which occur on the landscape, specifically during the silting process, lead to

effects on the ecosystem and its biodiversity, here registered by ant fauna.

Keywords: Bioindicators, community, mirmecofauna, Rio Doce State Park.

Introdução Os processos geomorfológicos são fundamentais para a formação da estrutura física

da Terra e, por conseguinte, dos diversos ambientes ao longo da evolução do planeta. No

decorrer do tempo as paisagens têm sofrido alterações significativas principalmente no que

se refere aos ambientes florestais. Mercante, Rodrigues e Ross (2011) afirmam que a

diversidade das paisagens pode ser entendida através da forma como os relevos estão

dispostos espacialmente. E durante o processo de sucessão de determinado ambiente, as

espécies modificam sua comunidade, e após sua morte, admitem a colonização da mesma

por outros organismos (REIS, TRES e SCARIOT, 2007). Sendo assim, pode-se dizer que

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os processos geomorfológicos e de sucessão ambiental estão relacionados com as

mudanças nos ecossistemas e consequentemente na sua biodiversidade. Essa relação pode

ser entendida através da análise das respostas destes animais às interferências no seu

habitat. Assim é possível compreender os impactos das transformações, na sustentabilidade

e no funcionamento dos ecossistemas.

Para este fim, os insetos têm sido utilizados como importantes ferramentas para

descrição e compreensão dos fatores determinantes das modificações ambientais. As

formigas representam papel importante na geração desse tipo de informação, uma vez que

são imprescindíveis no fluxo de energia e biomassa dos ecossistemas terrestres e também

na estrutura das comunidades desses ecossistemas no seu todo (HÖLLDOBLER e

WILSON, 1990). Além de apresentarem ótimas características para bioindicação e

monitoramento de impactos ambientais devido a sua distribuição generalizada, alta

abundância, facilidade de amostragem e ao conhecimento relativamente grande de sua

taxonomia e ecologia (RIBAS, et al., 2011). A organização social, diversidade

relativamente alta e o oportunismo na ocupação de nichos também são características as

quais tornam as formigas bioindicadores atrativos para diversas áreas de pesquisa

(SILVESTRE, 2000). Neste sentido, parâmetros como a riqueza, abundância e composição

de espécies de formigas devem ser considerados em trabalhos de indicação ambiental.

A estrutura da comunidade tem sido bastante afetada pelo estágio sucessional do

ambiente em estudos realizados com grupos específicos de artrópodes (SANTOS,

SANTOS E NECO, 2012). Suguituru et al. (2011), em seus estudos com formigas,

perceberam que a comunidade de formigas respondeu à regeneração de áreas em estado de

sucessão ambiental. Portanto, o presente trabalho propõe investigar os aspectos da

distribuição das comunidades de formigas em habitats florestais ecotonais com ambientes

lênticos e de sucessão lago-brejo. Especificamente, pretende-se compreender o efeito do

assoreamento de lagoas como processo natural, sobre a mirmecofauna, utilizando

diferentes ecótones florestais com lagos e paleolagos do Médio Rio Doce (Parque Estadual

do Rio Doce – PERD).

Material e Métodos As coletas foram realizadas em março de 2015 no Parque Estadual do Rio Doce

(PERD), o maior remanescente de floresta atlântica de Minas Gerais. O PERD abrange

uma área de aproximadamente 36.000 há, declarada como área de preservação desde 1944

e abrange três municípios: Marliéria, Timóteo e Dionísio.

Foram escolhidas três áreas próximas de dois lagos em processo avançado de

assoreamento, as quais denominamos como “Anastácia”, às margens da Lagoa Anastácia, e

as áreas aqui chamadas “Aeroporto” e “Capim”, ambas às margens da Lagoa Dom

Helvécio. As áreas do “Aeroporto” e “Capim” são constituídas por relevo inclinado,

enquanto a “Anastácia” é uma superfície plana.

Para a coleta de formigas, foram demarcados em cada lago dois transectos paralelos

com 10 pontos de amostragem cada. O primeiro transecto foi instalado na borda à 10 m do

brejo e o segundo no interior da floresta, à 50 m a partir do primeiro. Em cada ponto foram

colocados dois pitfalls (10 cm de diâmetro), um no solo e o outro na árvore mais próxima

(a uma distância de 1,5 m do solo) que estivesse conectada com o dossel. Cada pitfall foi

preenchido com uma solução composta por água, detergente e sal. As armadilhas foram

coletadas 48 h após as instalações e levadas para triagem e identificação de espécies no

laboratório.

Resultados e Discussão

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Neste estudo foram registradas 891 espécimes de formigas, distribuídas em 67

espécies, 23 gêneros e oito subfamílias. As espécies que estiveram presentes na maior parte

das amostras foram Ectatomma permagnum encontrada em 22 amostras, totalizando 40

indivíduos, Sericomyrmex mayri encontrada em 19 amostras, totalizando 56 indivíduos,

Solenopsis sp3 encontrada em 18 amostras, totalizando 100 indivíduos, Ectatomma

tuberculatum e Pheidole reflexans ambas encontradas em 17 amostras, totalizando 25 e 33

indivíduos respectivamente. A espécie mais abundante foi a Camponotus sp28 com 206

indivíduos encontrados apenas no solo.

Foi observado que a área mais drenada (“Aeroporto”), e provavelmente a mais

assoreada, apresentou maior abundância de formigas, tanto no solo (Chi(59,5) = 2333; p =

0,003) com 52,29% do total de indivíduos coletados no solo, quanto nas árvores (Chi(59,5) =

41,7; p<0,001) com 47,61% do total de indivíduos coletados nas árvores. O fato de o solo

estar mais seco nessa área pode ser um fator que influenciou nestes valores obtidos, visto

que as formigas são animais terrestres. As demais áreas, “Anastácia” e “Capim”,

apresentaram 150 e 225 indivíduos no solo respectivamente, e 31 e 24 indivíduos nas

árvores respectivamente.

A riqueza de espécies de formigas de solo também foi maior na área do “Aeroporto”

em comparação com as demais áreas (Chi(59,5) = 69,2; p = 0,01), apresentando 28 espécies

das 51 coletadas no solo nas três áreas amostradas. Nesta área também estavam 99,02% do

total de Camponotus sp28 coletadas, sendo encontradas somente no transecto instalado no

interior da floresta. Na área mais drenada a abundância de formigas de árvore foi maior na

borda (28 indivíduos), do que no interior (22 indivíduos).

A composição de espécies de formigas arborícolas não se mostrou distinta entre as

áreas amostradas e nem entre os transectos de cada área. Por outro lado, no solo a

composição de espécies de formigas coletadas diferiu entre as áreas (R = 0,16; p = 0,004),

ainda que a maior parte das espécies encontradas foi comum a todas as áreas. Na área mais

drenada pode-se também perceber a distinção entre a fauna que habita o interior da floresta

e a que habita a borda (R = 0,18; p = 0,03). Espécies oportunistas como a Pheidole

reflexans estão presentes em todas as áreas.

Uma ocorrência que pode indicar o processo de assoreamento é a presença mais

abundante da espécie Sericomyrmex mayri na área do “Aeroporto” (16 indivíduos) em

relação as demais áreas (“Anastácia”: 3 indivíduos; “Capim”: 2 indivíduos). Levando em

consideração que esta é uma espécie cultivadora de fungos e que nidifica apenas no solo e

por isso precisa dele seco para realizar sua função. A espécie Labidus praedator foi

encontrada somente em uma amostra da área do “Aeroporto”, visto que esta é uma espécie

que apresenta um comportamento legionário e para isso requer ambientes com solo seco

para se movimentar. Ainda é possível dedicar maior atenção ao aspecto da distribuição de

espécies de formigas em áreas assoreadas, levando em consideração o relevo da área

analisada, estudando áreas apenas inclinadas ou planas.

Conclusões A distribuição das formigas em todas as áreas amostradas evidencia o efeito da

transição de ambiente alagado para seco, sugerindo impacto das alterações da paisagem na

determinação da diversidade de espécies de formigas na Mata Atlântica.

Sugere-se maior atenção a estudos utilizando estes insetos como indicadores do

processo de assoreamento, tanto em áreas de preservação, quanto em áreas afetadas por

atividade antrópica, considerando tamanha preocupação atual com a preservação e uso

racional dos recursos hídricos.

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Agradecimentos

Instituto Estadual de Florestas do estado de Minas Gerais (IEF-MG), Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à

Pesquisa do estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

Literatura citada HÖLLDOBLER, B.; WILSON, E. O. The ants. Cambridge, Massachussetts, Belknap

Press, 1990, 732p.

MERCANTE, MA.; RODRIGUES, SC.; ROSS, JLS. Geomorphology and habitat

diversity in the Pantanal. Braz. J. Biol., São Carlos, v. 71, n. 1, supl. 1, p. 233-240, Apr.

2011.

REIS, A.; TRES, D. R.; SCARIOT, E. C. Restauração na Floresta Ombrófila Mista através

da sucessão natural. Pesquisa Florestal Brasileira, Colombo, n. 55, p. 67, Jun. 2010. ISSN

1983-2605.

RIBAS, C. R.; CAMPOS, R. B. F.; SCHMIDT, F. A. & SOLAR, R. C. 2012. Ants as

indicators in Brazil: a review with suggestions to improve the use of ants in environmental

monitoring programs. Psyche 2012:1-23.

SANTOS, A. C. A.; SANTOS, L. M. J.; NECO, E. C. Riqueza, abundância e composição

de artrópodes em diferentes estágios de sucessão secundária na Caatinga. BioFar, São

Cristovão, v. 8, n. 2, p. 151-159, Out. 2012.

SILVESTRE, R. Estrutura de comunidades de formigas do cerrado. 2000. Tese

(Doutorado em Entomologia) – Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão

Preto, University of São Paulo, Ribeirão Preto, 2000.

SUGUITURU, S. S. et al. Riqueza e composição das comunidades de formigas em um

gradiente de plantio de Eucalyptus a Mata Atlântica secundária. Biota Neotrop., Campinas,

v. 11, n. 1, p. 369-376, Mar. 2011.

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O Meio Ambiente e o Surdo – A Compreensão de Temas Ambientais Através da

Língua Brasileira de Sinais

Stella Manes da Silva Moreira1*

, Noemi Horowick2, Aline Angel Varges

2, Juliete Viana

3,

Camila Amaral4, Ruth Maria Mariani Braz

5

1Estudante de graduação em Ciências Biológicas na Universidade Federal Fluminense

2Mestrando do programa de Pós-Graduação em Diversidade e Inclusão da Universidade Federal Fluminense

3Estudante de graduação em Licenciatura em Turismo na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro

4Estudante de graduação em Pedagogia Bilíngüe no Instituto Nacional de Educação de Surdos

5Professor do programa de Pós-Graduação em Diversidade e Inclusão da Universidade Federal Fluminense

*E-mail para contato: [email protected]

Resumo: O meio ambiente é um tema de extrema importância na atualidade e deve ser

discutido em todos os âmbitos da sociedade para que possam ser formados cidadãos

conscientes, visando um mundo sustentável. Assim, este trabalho teve como objetivo

avaliar os conhecimentos prévios sobre conceitos ambientais de participantes surdos e

comparar com os conhecimentos adquiridos após uma aula ambiental inclusiva. Os

participantes apresentaram noções prévias corretas sobre alguns dos temas discutidos, que

foram reforçadas através da abordagem inclusiva, mas também apresentaram dificuldade

de assimilação de temas mais abstratos. Cada vez mais se fazem necessárias ações de

conscientização para todos, onde a inclusão é indispensável. A falta de sinais específicos

para estes temas na Língua Brasileira de Sinais e a baixa compreensão do português escrito

pelos surdos são problemas relacionados a esta dificuldade.

Palavras-chave: Conscientização ambiental, sustentabilidade, educação inclusiva.

The Environment and the Deaf – An Inclusive Environmental Approach

Abstract: The environment is an extremely important theme nowadays and has to be

discussed in every facet of society in order to raise awareness and achieve sustainability.

Therefore, this work aimed to evaluate the previous knowledge on environmental concepts

of deaf participants and compare those to the knowledge acquired after an inclusive

environmental lecture. The participants showed previous correct notions on some of the

themes discussed, reinforced through the lecture, but also showed difficult to comprehend

themes that are more abstract. These actions to raise awareness are more and more

necessary, where inclusion is indispensable. The lack of signals to specific terms in

Brazilian Sign Language and the low comprehension of written Portuguese by the deaf are

problems related to this difficulty.

Keywords: Environmental awareness, sustainability, inclusive education.

Introdução

O meio ambiente tem sido um tema de grande preocupação mundial e amplamente

discutido desde a revolução industrial, a partir da segunda metade do século XX. Diversas

nações começaram a perceber os impactos antrópicos causados no meio ambiente com os

efeitos da poluição, crescimento descontrolado e consumo exacerbado que passaram a

ameaçar os recursos naturais. O meio ambiente passou a ser uma preocupação para os

governantes e, desta forma, foram criadas diversas conferências e reuniões globais com o

intuito de discutir os problemas ambientais e propor estratégias de ação para a redução dos

impactos. O primeiro movimento global foi a Conferência das Nações Unidas sobre o

Meio Ambiente Humano, mais conhecida como Conferência de Estocolmo, realizada na

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Suécia em 1972. Esta conferência teve papel fundamental na propagação da ideia de crise

ambiental e proteção do meio ambiente (RAMOS, 1996).

Atualmente, o meio ambiente vem sendo cada vez mais discutido na mídia e em

instituições de ensino. O desenvolvimento da sociedade causa diversos impactos negativos

no meio ambiente, fazendo-se necessário um intenso processo de conscientização

ambiental. Através da educação ambiental, é possível transformar a sociedade atual em

sustentável, com a preservação dos recursos naturais e exercendo a cidadania, para que esta

tenha comportamentos ambientalmente adequados (PELICIONI, 1998).

A sustentabilidade se caracteriza em fatores ambientais e sociais, onde a inclusão

de todos é não só necessária como também indispensável. No Brasil, a comunidade surda

se comunica através da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), que é executada através de

um sistema que difere significativamente da Língua Portuguesa oral e escrita, visto que

tem características espaço-visuais. Estes sinais surgem através da combinação de

configurações de mãos, movimentos e de pontos de articulação, os locais no espaço ou no

próprio corpo onde os sinais são realizados. Sendo assim, para se comunicar na língua de

sinais não basta apenas conhecer os sinais é necessário conhecer a sua gramática específica

e ordenação coordenada para combinar as frases, estabelecendo entendimento (QUADROS

& KARNOPP, 2004).

Segundo Pelicioni (1998), a educação ambiental deve necessariamente se

transformar em ação. Sendo assim, este trabalho teve como objetivo a avaliação dos

conhecimentos prévios de participantes surdos antes e depois de uma aula ministrada

acerca de conhecimentos básicos introdutórios sobre o meio ambiente e seus fenômenos

acompanhada por dois intérpretes de LIBRAS.

Material e Métodos

Foi elaborado um questionário para avaliar os conhecimentos prévios de seis

participantes sobre temas ambientais. Após a execução da aula o mesmo questionário foi

entregue para avaliar a diferença nas respostas. Devido aos diferentes níveis de

comunicação escrita dos surdos, o questionário foi elaborado com apenas quatro perguntas

de forma simples, por meio de imagens e interpretação das perguntas em LIBRAS para

garantir a compreensão. Os participantes da pesquisa foram seis surdos de diferentes

idades, do ensino fundamental e médio de escolas públicas de Niterói, RJ.

A primeira pergunta e respectivas opções de resposta do questionário foram “O que

é meio ambiente? a) Florestas, natureza b) Cidade, poluição c) Os dois, tanto florestas

como cidades”, a segunda foi “Qual é o problema que a poluição causa no planeta? a) O

planeta esquenta, aumenta a temperatura b) O planeta esfria, diminui a temperatura”; a

terceira foi “O que é lixo reciclável? a) Restos de comida b) Embalagens de materiais”; e a

quarta foi “Como as árvores influenciam a temperatura do ambiente? a) Ajudam a

aumentar a temperatura b) Ajudam a diminuir a temperatura c) Não afetam a temperatura

de nenhuma forma”.

Foram abordados na aula temas ambientais gerais como conceito de meio ambiente

e sustentabilidade; aquecimento global; o impacto da poluição no ambiente; o degelo das

calotas polares e aumento do nível oceânico; reciclagem; os diferentes tempos de

biodegradabilidade dos produtos no ambiente; a separação correta do lixo; desmatamento e

reflorestamento; o papel das árvores no meio ambiente com o seqüestro de carbono e a

necessidade de preservação das mesmas seja nas florestas ou no ambiente urbano; e o

dualismo entre a degradação e a conservação.

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Resultados e Discussão

A distribuição de respostas do questionário prévio se encontra na Figura 1, e do

questionário posterior a aula se encontra na Figura 2.

Figura 1 – Distribuição de respostas dos participantes no questionário prévio.

Figura 2 – Distribuição de respostas dos participantes no questionário posterior.

Na primeira pergunta, 100% dos alunos marcaram a opção “a” tanto no pré-teste

quanto no posterior. Percebe-se que os alunos apresentaram um conceito limitado de meio

ambiente, que se manteve mesmo após a aula. Com esta pergunta tentou-se abordar que o

meio ambiente transcende a natureza e inclui o ser humano e o produto de suas ações. O

conceito de que meio ambiente abrange apenas fatores naturais é difícil de ser

desconstruído, e necessita de mais de uma aula para ser apresentado.

Na segunda pergunta, 83,3% dos alunos escolheu a opção “a” e 16,7% a opção “b”,

enquanto que no teste posterior, 100% escolheu corretamente a opção “a”. Da mesma

forma, na terceira pergunta, 33,3% dos alunos escolheu a opção “a” e 66,7% escolheu a

opção “b”, enquanto no teste posterior, 100% escolheu corretamente a opção “b”. Com a

análise destas respostas, percebe-se que os participantes demonstraram conhecimentos

prévios corretos, que foram fortalecidos após a execução da aula. Isto pode se dar pelo fato

destes conceitos fazerem parte do cotidiano dos participantes e de fácil dedução. Além

disso, as imagens foram de crucial ajuda em ambas as perguntas. Na segunda pergunta, o

aquecimento global é um tema recorrente na mídia e de fácil percepção no dia-a-dia, visto

que o calor é intenso. Já na terceira pergunta, o lixo reciclável tem fácil dedução quando

comparado a restos orgânicos.

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A quarta pergunta, que questiona o papel das árvores na temperatura do planeta, se

mostrou mais complexa, onde 50% dos alunos primeiramente escolheram a opção “a”,

16,7% a opção “b” e 33,3% a opção “c”, enquanto que no teste posterior 50% dos alunos

escolheu a opção “a” e 50% escolheu corretamente a opção “b”. Com isso, nota-se que

tanto os participantes não possuíam este conceito consolidado previamente, quanto mesmo

após a aula ele permaneceu confuso. Isto pode se dar pelo fato de ser um conceito muito

abstrato na sua tradução do português falado para a LIBRAS em apenas uma aula,

necessitando de uma maior base de conhecimentos. Outra razão pode ser que como foi um

tema abordado apenas no final da aula, a aprendizagem se mostrou prejudicada por

cansaço dos participantes. Independentemente, todos os participantes demonstraram grande

interesse e participação ativa.

O meio ambiente é um tema muito popular e amplamente divulgado na mídia e

salas de aula, porém ainda se encontra defasado na LIBRAS pela falta de sinais para

termos específicos, dificultando a passagem do conteúdo. Estes participantes estudam em

colégios públicos estaduais, tendo aula com auxílio de intérpretes sem especialização em

ciências, que também desconhecem sinais para conceitos ambientais. Aliado a isto, muitos

deles não conhecem o português escrito ou não possuem a fluência necessária para tal

aprendizado na língua portuguesa. Desta forma, o conhecimento amplamente divulgado

sobre os problemas ambientais para a população ouvinte de todas as idades pode nunca ter

chegado aos surdos independente do seu nível de escolaridade.

Conclusões

O meio ambiente é um tema largamente abordado contexto atual, que deve ser

discutido em todos os âmbitos da sociedade visando a conscientização da população para

que possa ser atingido um mundo mais sustentável. Estas ações de conscientização devem

ser feitas para todos, estimulando a inclusão desde atitudes simples às mais elaboradas.

Neste trabalho, foi tentado diminuir ao máximo as barreiras de comunicação com os

participantes surdos por meio do uso de dois intérpretes. Mesmo assim, diversos termos

apresentados na aula não possuem sinais em LIBRAS ainda, tendo que ser adaptados para

outro com significado parecido. Apesar de muitos dos participantes nunca terem tido

contato com temas ambientais, através da abordagem da aula adaptada e inclusiva, muitos

deles entenderam claramente os conceitos e estão mais conscientes dos problemas

ambientais. Entretanto, é necessária uma abordagem maior e continuada para que os

conceitos mais abstratos sejam mais bem assimilados por todos.

Literatura Citada

PELICIONI, M. C. F. (1998). Educação ambiental, qualidade de vida e sustentabilidade.

Saúde e Sociedade 7 (2), p. 19-31.

RAMOS, E. C. (1996). Educação ambiental: origem e perspectivas. Educar, Curitiba, n.18,

p.201-218. 2001. Editora da UFPR.

QUADROS, R. M. de & L. B. KARNOPP. Língua de Sinais Brasileira: Estudos

Linguísticos. Porto Alegre: Artmed Editora, 2004, p: 53-102.

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125

Parque Estadual do Rio Doce e conflitos socioambientais: uma abordagem territorial

Karla Cristine Coelho Lamounier1, Karina Bicalho Ervilha do Nascimento Campos

1,

Renata Bernardes Faria Campos2

1Mestranda em Gestão Integrada do Territorio, pela Universidade Vale do Rio Doce

2Professora do programa de Mestrado em Gestão Integrada do Territorio, pela Universidade Vale do Rio

Doce

Resumo: O presente artigo tem como objetivo apresentar um discurso conceitual de

território, para propiciar uma visão relacional acerca da importância das Unidades de

Conservação, enquanto espaços de preservação da biodiversidade e prestação de serviços

ambientais, em contraponto às pressões antrópicas sofridas pelas mesmas. Para análise

dessas relações, tomou-se como objeto de estudo o Parque Estadual do Rio Doce, com

intuito de compreender as interações neste espaço e as relações de poder nele operante.

Considera-se nesta discussão o significado impresso nos espaços assim como

características ligadas aos interesses particulares e divergentes que envolvem aspectos

econômicos, políticos, culturais, social e até mesmo do meio natural no uso e apropriação

deste espaço. Dessa forma, ignorar as territorialidades existentes nas Unidades de

Conservação, ocasiona a incompreensão e propagação dos conflitos sociais no território e a

imensa dificuldade em se preservar os ecossistemas que apresentam relevância à população

em escalas regional e global pela prestação de serviços ecológicos. Portanto, superar visões

fragmentadas, possibilita uma análise reflexiva, que considera a complexidade das

questões territoriais na busca de soluções de conflitos como uma tentativa de

compatibilizar o desenvolvimento regional da população do entorno das Unidades de

Conservação, com a necessidade de preservação.

Palavras-chave: Unidade de conservação, serviços ambientais, Parque Estadual do Rio

Doce e Território.

Abstract: This article aims to present a conceptual discourse territory, to provide a

relational view of the importance of protected areas as conservation areas of biodiversity

and environmental services, as opposed to human pressures suffered by them. To analyze

these relations, it became an object of study as the State Park of Rio Doce, aiming to

understand the interactions in this space and power relations it operational. It is considered

in this discussion printed significance in the spaces as well as traits for individuals and

divergent interests involving economic, political, cultural, social and even the natural

environment in the use and ownership of this space. Thus ignoring the existing territoriality

in protected areas, leads to misunderstanding and spread of social conflicts in the territory

and the immense difficulty in preserving ecosystems that are relevant to the population in

regional and global scales by providing ecological services. So overcome fragmented

visions, it enables a reflective analysis that considers the complexity of territorial issues in

the pursuit of conflict resolution as an attempt to reconcile the regional development of the

surrounding Conservation Units population with the need to preserve.

Keywords: Conservation unit, environmental services, State Park of Rio Doce and

Territory.

Introdução

A devastação da natureza é fato conhecido pela sociedade há muitas décadas. Em

contraposição ao urbanismo e à industrialização, criaram-se os Parques Nacionais, como

espaços de proteção integral, com a finalidade de permitir ao homem o contato com a

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natureza e o lazer. À medida que o tempo passou, as preocupações e os estudos ecológicos

cresceram e transformaram o significado de Parques, anteriormente para lazer, em Espaços

Territoriais Especialmente Protegidos, como reza a Constituição Federal, ou em Unidades

de Conservação (UC), como regulamentou a Lei 9.985/2000, em unidades de proteção da

biodiversidade e prestação de serviços ambientais.

Os serviços ambientais e a preservação da biodiversidade constituem as principais

finalidades das UCs. A importância e a valoração dessas finalidades nem sempre é

compreendida e reconhecida socialmente, o que importa na falta de apropriação e cuidado

das comunidades de entorno e da sociedade em geral.

O Parque Estadual do Rio Doce (PERD), apesar de sua relevância enquanto área de

proteção da Mata Atlântica e UC, enfrenta pressões antrópicas relacionadas a fatores de

ordem econômica, cultural e política. São diversas as teias de relações formadas neste

território, cujas repercussões prolongam-se em escalas local e global. A discussão da

importância das UC como forma de preservação da biodiversidade e prestação de serviços

ambientais em contraponto às pressões antrópicas por ela sofridas é o objetivo do trabalho.

Material e Métodos

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica realizada nas plataformas Google

Acadêmico, Scielo, plataformas institucionais e normatizadas, tendo como critério de

inclusão artigos científico publicado entre 2005 a 2014 utilizando os descritores:

“Território”, “Unidade de Conservação” e “Serviços Ambientais”. Realizou-se um recorte

de modo a selecionar artigos de língua portuguesa disponível e acessados na íntegra pelo

meio on line que apresentassem e se baseassem em algum construto teórico sobre a

temática. Após análise dos resumos, foram selecionados artigos que tratavam dos aspectos

biológicos, econômicos, conflitos socioambientais e políticos. Desta forma, construiu-se a

estrutura que delimitou a abordagem e análise do objeto de estudo, composta por

demonstrar a importância dos Serviços Ecológicos prestados pelas UCs e as ações

antrópicas sobre esses Territórios.

Resultados e Discussão

Diante das investigações sobre o PERD, objeto do presente estudo, notou-se que

além de medidas jurídicas que garantem sua institucionalização e de seus atributos

naturais, sua preservação depende da inserção social nas comunidades do entorno e da

repercussão nos níveis municipal, estadual, nacional e global.

A criação e consolidação das UCs é um importante instrumento para conservação

dos ecossistemas. A relevância em preservar esses espaços dá-se pela capacidade de

oferecer benefícios que são essenciais para a manutenção do meio ambiente e da vida, a

biodiversidade e os serviços ecológicos. Contudo, os serviços que prestam não são

contabilizados economicamente, tais como os processos reprodutivos, balanço do ciclo

hidrológico, ciclo de nutrientes, ciclo do carbono, purificação do ar, alteração climáticas

(VALLEJO, 2011). Esta visão de não auferição monetária dos serviços ecológicos já

começou a ser superada. Há estudos e documentos demonstrando seu valor para a

economia nacional (MEDEIROS ET AL, 2011). Além da crescente percepção da

contribuição financeira, deve-se destacar a impossibilidade do homem de reproduzir os

serviços ambientais e o banco de dados guardado nessas reservas de biodiversidade.

Na maioria das áreas protegidas, as estratégias de criação contemplam os limites

territoriais e geralmente, levam em consideração apenas os aspectos biológicos da área,

ignorando a complexidade do fenômeno socioambiental existente. Assim, a opção pelo

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discurso conceitual de território propicia uma visão relacional desse espaço, com suporte

para compreensão das relações de poder nele operantes, como também dos atores que

constituem o espaço social, ou seja, imprime-se nos territórios um significado ligado aos

interesses particulares e, por vezes, divergentes que envolvem aspectos econômicos,

políticos, culturais, sociais e até mesmo naturais, no uso e apropriação deste espaço. Neste

contexto, a criação e implementação das UCs geralmente, é acompanhada de conflitos

territoriais. O conflito ocorre quando há disputas da base material, visada para utilização

do mesmo bem (SILVA, 2012).

Uma importante contribuição do conceito de território é dada por Saquet (2007) ao

fazer uma abordagem simbólica-cultural, histórica e multiescalar na relação economia-

política-cultura-natureza. Sua análise teórica sobre território discute a importância de um

estudo empírico territorial não deixar de lado a dimensão natural no processo de

apropriação do espaço por meio das relações de poder.

A criação do PERD, em 1944, promoveu um processo de territorialização do

espaço, a partir da finalidade imposta pelo Estado, a conservação do ecossistema nele

presente. Paralelamente, a criação promoveu um processo de desterritorialização das

populações tradicionais, de agricultores e posseiros que viviam nesta área.

Os conflitos fundiários marcaram a instituição do PERD, como resultado de um

processo de tomadas de decisões, que historicamente se mostrou arbitrário e que propaga

suas marcas nos processos de regularização fundiária ainda existentes, bem como, na

memória popular da comunidade. Passados mais de 70 anos, desde a instituição do Parque,

a consciência ambiental cresceu muito, dialeticamente, a comunidade do entorno

compreende a importância do meio ambiente, mas debate a territorialidade histórica vivida.

A zona de amortecimento, definida pela lei n° 9.985/2000, como o entorno de uma

UCs, estabelece quais as atividades humanas estão sujeitas a normas específicas, com o

propósito de minimizar os impactos negativos sobre o Parque, trata se de legislação

instituída para evitar os efeitos de borda sobre a unidade e garantir a preservação da

biodiversidade. A zona de amortecimento pode manifestar um fator excludente, ou seja,

implica em restrições às populações do entorno e por vezes, promovem conflitos a partir da

dificuldade de compatibilizar a preservação e as práticas de desenvolvimento econômico

regional.

Os conflitos mencionados demonstram os embates políticos pelo controle do

território natural e delineiam as consequências simbólico culturais da gestão empregada na

implantação do PERD, o que de modo geral, coincide com a gestão de outras UCs do País.

Outro eixo de conflito de grande expressão está na vertente econômica que se

perfaz desde os processos de industrialização e urbanização da região, a partir do processo

de implantação e expansão de empresas da siderurgia e da celulose, que necessitam de

carvão e eucalipto para alimentar sua produção. Para tanto, são tecidas disputas para a

utilização, abertura e pavimentação de estradas nas proximidades do PERD, com a

imposição de riscos pela promoção de devastação florestal, atropelamento de animais e

alterações ecossistêmicas.

O crescimento demográfico dos principais núcleos urbanos do Vale do Aço tem

pressionado o PERD no processo de urbanização, devido a necessidade de maior infra

estrutura em ruas, rodovias, viadutos e saneamento. O avanço das cidades também faz

eclodir a expansão imobiliária, inclusive, com a tendência de construção de

empreendimentos às margens da unidade e a derrubada de mata nativa da zona de

amortecimento. Os discursos de desenvolvimento e geração de empregos são os maiores

argumentos que se contrapõem à proteção do Parque. São incontroversos os benefícios

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desses processos e a carência de educação ambiental efetiva nas relações do homem com

os recursos naturais.

Conclusão

Ignorar as territorialidades existentes nas UCs é fragmentar a natureza e a sociedade,

ocasionando a incompreensão e propagação dos conflitos sociais no território e a imensa

dificuldade em se preservar os ecossistemas biológicos que apresentam importante

relevância por beneficiar toda a população em escalas regional/global com a

biodiversidade e seus serviços ecológicos. Portanto, superar as visões fragmentadas,

possibilita uma análise reflexiva e permite propor uma nova maneira de pensamento que

considere a complexidade das questões territoriais na busca de soluções de conflitos como

uma tentativa de compatibilizar o desenvolvimento regional da população do entorno de

unidades de conservação, como o PERD, com a necessidade de preservar.

Literatura citada

DA SILVA, Maria do Socorro Ferreira et al. Territórios protegidos e arenas de conflito nas

Unidades de Conservação de Uso Sustentável em Sergipe, Brasil. Scripta Nova: revista

electrónica de geografía y ciencias sociales, n. 17, p. 445, 2013.

MEDEIROS, R. et al. Contribuição das unidades de conservação brasileiras para a

economia nacional: Sumário Executivo. Brasília: UNEP-WCC, 2011.

SACK, Robert David. Human territoriality: its theory and history. CUP Archive, 1986.

SAQUET, Marcos Aurélio. Abordagens e Concepções de Território. São Paulo:

Expressão Popular, 2007.

SAQUET, Marcos Aurélio. O território: diferentes interpretações na literatura italiana. In:

RIBAS, A. D.; SPOSITO, E. S.; SAQUET, M. A. Território e Desenvolvimento:

diferentes abordagens. Francisco Beltrão: Unioeste, 2004.

TEIXEIRA, T. R. O conceito de território como categoria de análise. XVI Encontro

Nacional dos Geógrafos, 2010.

VALLEJO, Luiz Renato. Unidade de conservação: uma discussão teórica à luz dos

conceitos de território e políticas públicas. Geographia, v. 4, n. 8, p. 57-78, 2009.

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Projeto Reciclando Ideias, uma abordagem ambiental em Seropédica-RJ1

João Anastácio da Rocha Almeida2, Liliane Garcia Da Silva Morais Rodrigues

3, Flávia

Helen Ferreira Viana4, Maria Carolina De Oliveira Dos Santos

5, Arlon Felipe Mattos

Ferreira6

1Projeto de Apoio Técnico do primeiro autor, financiado por MEC/SETEC

2Técnico em Meio Ambiente Integrado com Ensino Médio

3Professor Orientador no Colégio Técnico da UFRRJ

4Técnico em Meio Ambiente Integrado com Ensino Médio

5 Técnico em Meio Ambiente Integrado com Ensino Médio

6 Técnico em Meio Ambiente Integrado com Ensino Médio

Resumo: Atualmente vivemos em um mundo que gera uma grande quantidade de lixo,

sem se preocupar com os possíveis impactos de seu descarte. E partindo desse panorama,

este projeto foi realizado, no município de Seropédica, no estado do Rio de Janeiro durante

o ano de 2013, com o objetivo conscientizar a população estudantil local quanto ao

descarte de resíduos sólidos e outras áreas da educação ambiental para tentar modificar

esse panorama. Durante cinco meses (maio, junho, julho, agosto e setembro) foram

realizadas palestras e oficinas em comunidades escolares no município de Seropédica.

Atividades, como a de educação ambiental em escolas, são importantes já que os atuais

estudantes que foram contemplados com as atividades do projeto se tornarão em um breve

futuro uma parcela da sociedade que é ambientalmente consciente.

Palavras–chave: Educação ambiental, reciclagem.

Recycling Ideas Project, an environmental approach in Seropédica-RJ1

Abstract: Nowadays we live in a world that generates a lot of garbage, without caring

about the possible impact of its destination. And based on this fact, this project was

realized, at Seropédica County in Rio de Janeiro state during de year of 2013, with the

aim to develop the local student community's awareness of the solid waste discard and

others areas of the environmental education to try to modify the actual panorama.

During five months (May, June, July, august and September) was realized lectures and

workshops at Seropédica's students communities about this theme. Activities, like the

environmental education on schools, are important because the present students that

were contemplated with the project activities will become in a short future a society

parcel that is environmental aware.

Keywords: Environmental education, recycling.

Introdução Na concepção de alguns cientistas a sobrevivência humana está diretamente ligada à

sua relação com a natureza. No mundo capitalista, baseado na produção de bens e no

consumo exacerbado de recursos naturais, esta relação está se tornando irresponsável e

abusiva.

Assim, para haver uma melhoria nas condições de vida no mundo, os desafios devem

ser direcionados para ações concretas e práticas, em especial, estimular a mudança de

atitude no que tange a interação do ser humano com o meio ambiente.

Nesse sentido, a Educação Ambiental deve ser inserida no currículo escolar como

uma questão interdisciplinar no apelo do esforço de formar cidadãos conscientes e

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responsáveis no sentido de cuidar de um bem coletivo, mas que depende das ações

individuais.

A questão ambiental deixou de ser uma preocupação restrita a profissionais

envolvidos com problemas dessa ordem. Vemos atualmente que esse tema envolve todos,

uma vez que cada um está sujeito aos efeitos dos problemas ambientais, tanto no âmbito

regional quanto global.

Sendo assim, o presente projeto (“Reciclando Ideias”) buscou promover a

conscientização da comunidade escolar do CTUR e região do município de Seropédica-RJ

sobre reciclagem e suas utilizações para que haja a diminuição do inadequado descarte dos

resíduos sólidos e um maior aproveitamento de partes reutilizáveis dos mesmos.

Material e Métodos O projeto foi desenvolvido durante os meses de abril a dezembro de 2013, no

Colégio Técnico da Universidade Rural, o qual se encontra na Rodovia BR 465 - km 8 no

município de Seropédica-RJ. Os alunos do curso técnico em Meio Ambiente do CTUR

elaboraram um conjunto de folders para serem utilizados nas mobilizações de

sensibilização, as quais foram executadas nas comunidades escolares do CTUR, no Centro

de Atenção Integral à Criança (CAIC) - Paulo Dacorso Filho (Figura 1) e no Centro

Integrado de Educação Pública (CIEP n.º 155) - Nelson Antelo Romar, sendo realizadas

visitas para execução de oficinas, produção de objetos decorativos e palestras educativas.

Além disso, foi criada uma página (Figura 2), na rede social Facebook, do Projeto

Reciclando Ideias, com o objetivo de divulgar a temática dos resíduos sólidos entre as

comunidades escolares, sendo que nesse canal de comunicação foram disponibilizadas as

fotos da execução do Projeto, materiais didáticos, notícias, entre outras informações.

Resultados e Discussão Marcatto afirma que a educação ambiental deve ser um processo de formação

dinâmico, permanente e participativo, no qual as pessoas envolvidas passem a ser agentes

transformadoras, participando ativamente da busca de alternativas para a redução de

impactos ambientais e para o controle social do uso dos recursos naturais.

Reigota reforça que a educação seja formal, informal ou ambiental só se completa

quando a pessoa pode chegar aos principais momentos de sua vida a pensar por si próprio,

agir conforme os seus princípios, viver segundo seus critérios.

Sendo assim, os métodos de oficinas interativas utilizado nas visitas e o de

competições de grupos realizados ao final das palestras se mostram amplamente eficiente,

e a oferta de brindes aos vencedores mostrou um maior empenho dos „competidores‟,

principalmente os de baixa idade.

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Figura 1 – Pagina no Facebook

Figura 2 – Palestra no CAIC

.

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Figura 3 – Oficina de reciclagem no CIEP

Conclusões A comunidade sensibilizada foi atuante durante a execução do Projeto Reciclando

Ideias, em especial sobre os princípios da redução do material a ser descartados, bem como

sua reciclagem, reutilização e reaproveitamento, além disso, as abordagens promoveram

repensar para mudança de hábitos no público.

.

Agradecimentos Às comunidades escolares do Centro de Atenção Integral à Criança (CAIC)- Paulo

Dacorso Filho e do Centro Integrado de Educação Pública (CIEP n.º 155)- Nelson Antelo

Romar, bem coma à direção do Colégio Técnico da Universidade Federal Rural do Rio de

Janeiro pelo apoio institucional.

Literatura citada CARVALHO, L.M. Educação Ambiental e a formação de professores. Brasília, 2000.

(Texto apresentado à Coordenação Geral de Educação Ambiental, COEA - MEC, durante a

oficina “Panorama da Educação Ambiental no Brasil”).

FACEBOOK. Pagina do Projeto Reciclando Ideias. Disponível em:

https://www.facebook.com/reciclandoideiasctur/info/?tab=page_info

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo:

Paz e Terra, 1996.

MARCATTO, C. Educação ambiental: conceitos e princípios. Belo Horizonte: FEAM,

2002. Disponível em http://www.scribd.com/doc/7028363/Educacao-Ambiental-

ConceitosPrincipios. Acesso em 28 Ago. 2015.

PEREIRA, D.S. Educação ambiental nas escolas públicas: realidade e desafios. 2010.

51f. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso em Sociologia) - Universidade Regional

do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, Ijuí- RS. 2010.

REIGOTA, M. O que é educação ambiental. São Paulo: Brasiliense, 2006.

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Quantificação das populações de Bacteria e Archaea em lodo nitrificante aclimatado

à altas concentrações salinas utilizando a técnica de flow-FISH1

Lívia Carneiro Fidélis Silva2, Helena Santiago Lima

3, Valéria Maia Oliveira

3, Maira

Sousa4, Rodrigo Sousa

4, Ana Paula Torres

4, Vânia Santiago

4, Sérgio Oliveira de Paula

5,

Cynthia Canêdo da Silva6

1Parte dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela CAPES

2Estudante de pós graduação em microbiologia agrícola - UFV

3Estudante de agronomia - UFV

4Pesquisador CENPES/PETROBRÁS

5Professor do departamento de biologia geral – UFV

6Professora do departamento de microbiologia

Resumo: O processo de extração do petróleo consome um alto volume de água e gera

grandes volumes de efluentes salinos contaminados com compostos tóxicos. A amônia é

um desses compostos, que em altas concentrações, pode ser prejudicial para o ambiente e

por isso, antes de ser descartado ou reutilizado, o efluente deve ser tratado. A nitrificação é

um processo biológico onde a amônia é oxidada a nitrito que é oxidado a nitrato. A

primeira etapa é realizada tanto por bactérias quanto por arqueias. O sal é um fator de

instabilidade nas estações de tratamento biológico, porque interfere nos processos de

degradação como a nitrificação. Então, o uso de microrganismos adaptados ao sal nas

estações de tratamento otimizaria o processo. Assim, o objetivo do estudo foi monitorar a

quantidade de bactérias e arqueias no lodo nitrificante durante o processo de aclimatação

ao sal pela técnica de hibridização fluorescente in situ acoplada à citometria de fluxo. O

lodo foi aclimatado ao sal, com adição semanal de 5/l de NaCl, ate a inibição do processo

de nitrificação, com 125 g/l de sal. Uma alíquota de lodo de cada concentração salina foi

preservada. Os pontos com 25, 100 e 125 g/l de sal foram quantificados por Flow-FISH.

Os resultados mostraram um aumento na população de arqueia e uma diminuição na

população de bacteria com o aumento da salinidade. Esse resultado era esperado, uma vez

que arqueias são micro-organismos mais resistentes à condições extremas, como altas

salinidades.

Palavras-chave: Nitrificação, efluente salino, lodos ativados, Flow-FISH.

Quantification of Bacterial and Archaeal populations in nitrifying sludge acclimated

to high salt concentrations using the technique flow-FISH

Abstract: The petroleum extraction process consumes a high volume of water and

generates large volumes of saline effluent contaminated with toxic compounds. Ammonia

is one of these compounds, which at high concentrations can be harmful to the

environment and therefore, before being discarded or reused, the effluent must be treated.

Nitrification is a biological process in which ammonia is oxidized to nitrite that is oxidized

to nitrate. The first stage is performed either by bacteria or by archaea. The salt is a factor

of instability in biological treatment plants, because it interferes with the degradation

processes such as nitrification. Then, the use of microorganisms adapted to salt in water

treatment stations would optimize the process. The objective of this study was to monitor

the amount of bacteria and archaea in nitrifying sludge during the acclimation process to

the salt by fluorescent in situ hybridization technique coupled with flow cytometry. The

sludge was acclimated to the salt with weekly addition of 5/l NaCl, up to the inhibition of

the nitrification process, in 125 g/l of salt. A sample of each salt concentration was

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134

preserved. The points with 25, 100 and 125 g/l of salt were quantified by Flow-FISH. The

results showed an increase in the population of archeas and a decrease in the population of

bacteria with increasing salinity. This result was expected, since archaea are more resistant

microorganisms in extreme conditions such as high salinity.

Keywords: Nitrification, saline wastewater, activated sludge, Flow-FISH.

Introdução

A indústria petroleira, em seus diferentes processos e unidades, é grande

consumidora de água, apresentando elevada relação de volume de água utilizado por

volume de petróleo processado. Junto ao petróleo extraído, existe uma grande quantidade

de água associada, denominada água de produção, que deve ser separada do óleo antes de

sua distribuição para as refinarias. A água de produção consiste em grande parte da água de

formação que está presente naturalmente na formação geológica do reservatório de

petróleo e é transportada para superfície junto com óleo (Santos,1999). Devido à suas

origens, a água de formação possui íons em solução com concentrações variadas, tendo

como mais significativo o cloreto, sódio, cálcio, magnésio, sulfeto e amônia. Despejos de

águas residuais contendo altas concentrações de nitrogênio podem ser tóxicos à vida

aquática, causar depleção de oxigênio e eutrofização no meio ambiente afetando

negativamente a qualidade da água (Ahn, 2006). Dessa forma, de acordo com as exigências

ambientais, o efluente, antes de ser despejado no corpo receptor, ou reutilizado no processo

de extração do petróleo, deve ser tratado. Dentre os diferentes tipos de tratamento, o

biológico por lodos ativados tem sido o mais utilizado devido a sua flexibilidade de

configurações, o que lhe permite uma maior eficiência na remoção de matéria orgânica e

de nutrientes.

A remoção biológica de nitrogênio acontece pela conversão do nitrogênio em sua

forma encontrada no efluente para nitrogênio molecular (N2), que posteriormente é

incorporado ao ar atmosférico, por meio da ação de microrganismos (Gao, 2013). O

processo de nitrificação biológica consiste na oxidação da amônia a nitrito, que é

posteriormente oxidado a nitrato. A primeira etapa pode ser realizada por bactérias e

archaeas. Um problema encontrado nas estações de tratamento de efluentes salinos é a alta

salinidade com que eles chegam, uma vez que o sal pode dificultar o transporte de

componentes químicos entre o meio e a célula, alterando seu metabolismo, diminuindo a

taxa de remoção dos componentes, além de causar a desidratação e lise celular (Measures,

1975). Sendo assim, estratégias de adaptação de microrganismos presentes no lodo ativado

se fazem necessárias para o tratamento destes efluentes salinos. Microrganismos adaptados

à altas concentrações salinas e, que consigam remover amônia, dariam ao processo

biológico uma maior eficiência de remoção de nitrogênio. Desta forma,objetivo do

trabalho foi monitorar a quantidade de bactérias e arqueias em lodo nitrificante durante o

processo de aclimatação ao sal pela técnica de hibridização fluorescente in situ acoplada à

citometria de fluxo.

Materiais e Métodos

O processo de aclimatação do lodo ao sal foi feito em batelada, através da adição

semanal de 5 g/L de NaCl, e a remoção de amônia foi monitorada seguindo os

procedimentos padrões do Standard Methods for the Examination of Water and

Wastewater (APHA, 1998).. A aclimatação durou até que o processo de nitrificação foi

completamente inibido pelo sal, na concentração de 125 g/L. Durante todo o processo, uma

alíquota do lodo de cada concentração salina aclimatada foi retirada e preservada para

análises futuras. Os pontos selecionados para a quantificação das populações de Bacteria e

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Arhaea foram o 25 g/l de NaCl, no início do processo de aclimatação com 100 % de

remoção de amônia, 100 g/l de NaCl, concentração salina máxima com 100 % de remoção

de amônia, e 125 g/l de NaCl, concentração salina onde ocorreu a completa inibição da

nitrificação. Para o Flow-FISH, as células dos três pontos selecionados firam fixadas, para

manutenção da estrutura da célula, depois passaram por um processo de permeabilização

seguindo da hibridização com sondas específicas para o RNAr 16S de Bacteria e Archaea

(Tabela 1). As células marcadas foram quantificadas no citometro de fluxo FACS VERSE,

da marca BD Biosciences, que se encontra no Núcleo de microscopia e microanálise da

Universidade Federal de Viçosa. Para análise, a fluorescência das sondas de bactéria e de

archaea foram excitadas por lasers com comprimentos de onda de 488 e 633 nm,

respectivamente. A emissão da fluorescência foi medida usando filtros de 530/30 nm para

sondas de bactéria, e 660/10 nm para sondas de archaea. As amostras sem sonda foram

analisadas como controle, e para calibrar o aparelho em relação à autofluorescência das

amostras. Em todas as corridas, um total de 10.000 eventos foi analisado.

Tabela 1. Sondas utilizadas para a hibridização e seus respectivos fluoróforos

Sonda Sequência (5’ – 3’) Fluoróforo Alvo Referência

EUB388 TGCCTCCCGTAGGAG FITC Maioria das

bactérias Amann et. al., 1990

EUB388II CACCCGTAGGTGT FITC Planctomicetos Amann et. al., 1990

EUB388III CACCCG AGGAGT FITC Verrucomicrobia Amann et. al., 1990

ARCH915 GTGCTCCCCCGCCAATTCCT Cy5 Archaea Stahl e Amann, 1991

CREN499 CCAGRCTTGCCCCCCGCT Cy5 Crenarchaeota Burggraf et al., 1994

EURY498 CTTGCCCRGCCCTT Cy5 Euryarchaeota Burggraf et al., 1994

Resultados e Discussão

Antes das análises serem feitas, foi feito um controle da sonda de Archaea,

colocando-a em contato com uma célula de E. coli permeabilizada, para verificar a

presença ou ausência de hibridização (Figura 1A). A sonda de Bacteria não foi efetiva, e

atribuímos isso à não especificidade da sonda, ou a ineficiência do fluorófuro utilizado.

Portanto, fizemos uma quantificação de procariotos total, e das populações de Archaea, e

através da diferença, a população de bacteria era inferida. A quantificação mostrou que na

concentração de 25 g/L, as populações estavam equilibradas, com 49 % de archaea e 51 %

de bactéria. Na amostra de 100 g/L de sal, a população de archaea aumentou para 55 % e a

de bactéria diminuiu para 45 %. E na concentração salina mais elevada, de 125 g/L, a

população de archaea representou 80 % e de bactéria 20 % (Figura 1B, 1C e 1D). Houve

assim uma diminuição no número de bactérias com o aumento da salinidade, ao passo que

o número de archaeas aumentou.

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Figura 1. Gráfico representando a quantificação por Flow-FISH: A) especificidade da

sonda de Archaea B) com 25 g/L de sal, C) com 100 g/L de sal e D) com 125 g/L de sal. A

região azul representa a autofluorescência da amostra e região rosa a amostra

hibridizada com a sonda.

Conclusão

Os resultados obtidos foram os esperados, de acordo com a literatura. As

populações de bacteria diminuíram ao longo do aumento do sal, e as de Archaea

aumentaram, mostrando que possivelmente, nas concentrações salinas mais altas, archaeas

são mais ativas, e contribuem mais para o processo de nitrificação. Archaeas são

representadas por uma grande quantidade de microrganismos extremófilos, que são

adaptados à condições extremas, como alta salinidade. Esses resultados são promissores

para futuras aplicações em sistemas de tratamento de efluentes, uma vez que se sabe quem

está atuando e em maior quantidade no processo de nitrificação, é possível um

enriquecimento para favorecer esses microrganismos no meio.

Literatura Citada

SANTOS, A. F. Descarte de Água Produzida na Bacia de Campos: Uma Análise

Econômica. Tese de M.Sc., PPE/COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, 1999.

AHN, Y. H. Sustainable nitrogen elimination biotechnologies: A review. Process

Biochemistry, v.41, p.1709-1721, 2006.

GAO, J. F., LUO, X., WU, G. X., LI, T., PENG, Y. Z. Quantitative analyses of the

composition and abundance of ammonia-oxidizing archaea and ammonia-oxidizing

bacteria in eight full-scale biological wastewater treatment plants. College of

Environmental and Energy Engineering, Beijing University of Technology, China, 2013.

MEASURES, J.C. Role of amino acids in osmoregulation of nonhalophilic bacteria,

Nature, v. 257, pp. 398-400, 1975.

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137

Quantificação de gases de efeito estufa emitidos durante o processo de pirólise da

madeira1

Paulo Victor Oliveira de Souza2, Clarissa Gusmão Figueiró

3, Lucas de Freitas Fialho

4,

Carlos Miguel Simões da Silva5, Angélica de Cássia Oliveira Carneiro

6

1Parte da iniciação científica da segunda autora, financiada pelo Embrapa Florestas.

2Estudante de graduação em Engenharia Ambiental.

3 e 4Estudante de graduação em Engenharia Florestal.

5Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais.

6Professor do Departamento de Engenharia Florestal.

Resumo: A emissão de gases do efeito estufa no processo de produção de carvão vegetal é

significativa, havendo, por conseguinte a necessidade de realização de estudos que

embasem a caracterização dos gases emitidos durante o processo, especialmente em

relação à quantidade de metano, por ser este o principal gás de efeito estufa com liberado

na carbonização. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi estudar a temperatura final de

carbonização na emissão dos gases não condensáveis da carbonização, com destaque para

o metano. Estudou-se a influência de três diferentes temperaturas finais de carbonização

em forno elétrico tipo mufla, no fator de emissão de metano (Kg/tonelada de madeira

seca). Os gases não condensáveis foram conduzidos a cada trinta minutos a um sistema de

análise de gases (gasboard 3100). Desse modo, foi possível estimar a massa emitida de

cada gás, utilizando a média aritmética de cada leitura, e o balanço de massa. Aplicou-se o

Teste de Tukey (α = 10%), seguidamente à análise de variância, para verificar o

comportamento da emissão de metano (Kg/tonelada de madeira seca) em relação à

temperatura final de carbonização em mufla. Os resultados obtidos mostraram uma alta

correlação entre as variáveis, permitindo gerar uma equação por meio de análise de

regressão (α =5%), com R² de 0,997.

Palavras–chave: Dióxido de carbono, gases de efeito estufa, metano.

Quantification of greenhouse gases emitted during the wood pyrolysis process of

wooden1

Abstract: The emission of greenhouse gases in the charcoal production process is

significant, and there is therefore the need for studies that could support the

characterization of the gases emitted during the process, especially in relation to the

amount of methane, because this is the main greenhouse gas released into the

carbonization. Thus, the objective of this work was to study the final temperature

carbonization in the issuance of non-condensable gases from the carbonization, especially

methane. He studied the influence of three different endings temperature carbonization in

electric type muffle furnace, the methane emission factor (kg / ton of dry wood). Non-

condensable gases were conducted every thirty minutes-to a gas analysis system (gasboard

3100). Thus, it was possible to estimate the mass of each gas emitted using the arithmetic

average of each reading, the mass balance. We used the Tukey test (α = 10%), then to

analysis of variance, to check the behavior of the methane emissions (kg / ton of dry wood)

from the end of carbonization temperature furnace. The results showed a high correlation

between the variables, allowing to generate an equation using regression analysis (α = 5%),

with R² of 0.997.

Keywords: Carbon dioxide, greenhouse gases, methane.

Introdução

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A produção de carvão vegetal no Brasil é feita nos moldes tradicionais,

caracterizada por baixa eficiência energética e não recuperação dos gases liberados na

carbonização, especialmente a realizada pelos pequenos e médios produtores associados ao

mercado guseiro.

O resultado global das emissões de gases do efeito estufa (GEE) pelo segmento da

produção de carvão vegetal, calculadas para o ano de 2006, foram de 12 Mt de CO2e, o que

representou 3,61% do total de emissões da matriz energética brasileira no mesmo ano, que

foram de 332,42 Mt de CO2e (INTERNATIONAL ENERGY AGENCY - IEA, 2010).

Considera-se que o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4) são os dois gases

mais danosos ao efeito estufa em termos quantitativos. Apesar da atividade de

carbonização contribuir com a emissão de ambos os gases, , contabiliza-se a liberação

apenas de metano, gás com potencial de aquecimento 25 vezes maior que a do CO2, já que

este último é sequestrado no desenvolvimento dos plantios florestais.

Assim, através deste estudo, objetivou-se quantificar, em massa, a fração de cada

gás liberado, bem como o seu fator de emissão (Kg/t madeira) para diferentes temperaturas

finais, utilizando um balanço de massa aplicável aos gases não condensáveis da madeira.

Além de obter uma equação por meio de análise de regressão utilizando as variáveis Fator

de emissão de metano e Temperatura final de carbonização, em escala laboratorial.

Material e Métodos Foram realizadas pirólises com madeira de Eucalyptus spp. em forno elétrico tipo

mufla, analisando-se o conteúdo do gás liberado durante todo o processo até as

temperaturas de 400°C, 550°C e 700°C. Para as três temperaturas finais foram aplicadas

três repetições, totalizando nove carbonizações.

Na saída da mufla foi conectado um sistema de recuperação dos gases condensáveis,

utilizando um condensador tubular resfriado à água acoplado a um recipiente de coleta

(quitasato).

Os gases não condensáveis foram succionados por uma bomba através de uma

mangueira acoplada na saída do quitasato, sendo conduzidos até o sistema de

condicionamento de gases gasboard 9030 Wuhan CUBIC Optoeletronics Co., LTDA.

Com base nos dados obtidos de concentração de cada gás, que corresponde à média

aritmética das leituras pontuais, e o de massa dos gases não condensáveis, foi possível

mensurar a massa total (g) de cada componente do gás não condensável emitida nas três

temperaturas finais, utilizando o balanço de massa descrito na Tabela 1.

Tabela 1. Balanço de massa dos gases não condensáveis

Massa Específica dos GNC (kg gás/m³ gás) ρgas=[(44/0,224)*XCO2(1)]+[(28/0,224)*XCO(1)]+[(2/0,224)*XH2(1)]+[(16/0,224)*XCH

4(1)]

Massa de Cada GNC (g) PCO2 = [(44/0,224)*XCO2/ρgas]*MGNC (2)

PCO = [28/0,224)*XCO/ρgas]*MGNC (2)

PH2 = [(2/0,224)*XH2/ρgas]*MGNC (2)

PCH4 = [(16/0,224)*XCH4/ρgas]*MGNC (2)

(1)XCO2; XCO; XH2; XCH4 - % de cada gás

(2)MGNC - Massa dos gases não condensáveis

Fonte: Taccini (2010) adaptado da metodologia AMSIIIK

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O valor obtido para cada gás foi posteriormente transformado em fator de emissão

(Kg gás/t madeira) com base na massa de madeira seca utilizada em cada carbonização.

Na avaliação do experimento foi dotado os tratamentos, as temperaturas de 400, 550 e

700°c. Os dados do delineamento inteiramente casualizado foram submetido à análise de

variância (ANOVA) a 5% de significância pelo teste F.

Quando estabelecidas diferenças significativas, aplicou-se o teste Tukey em nível

de 5% de probabilidade.

Resultados e Discussão A Tabela 2 demonstra os resultados de emissão em massa (Kg/ tonelada de madeira seca)

dos gases estudados para as três temperaturas finais do processo de carbonização

Tabela 2 - Emissão em massa dos gases estudados para as três temperaturas finais

Temperatura Final (°C) Fator de Emissão (Kg/t madeira seca)

CH4 CO2 CO H2

400 7,28 c 111,55 c 69,68 b 0,32 c

550 18,06 b 131,12 b 82,33 a 0,57 b

700 28,83 a 144,58 a 85,94 a 1,18 a

Médias seguidas de mesmas letras não diferem entre si, a 95% de probabilidade pelo teste

Tukey.

Os gases CO2, H2 e CH4 apresentaram características semelhantes em termos de

emissão, aumentando significativamente de acordo com a elevação da temperatura final de

carbonização.

O comportamento geral de aumento da emissão de praticamente todos os gases em

função do aumento da temperatura é relatado por Tihay e Gillard (2003). Isso se justifica

quando se analisa separadamente as reações envolvidas na produção de cada gás, as quais

são favorecidas pela temperatura.

O H2 é produzido por craqueamento de produtos voláteis, o CH4 é produzido por

craqueamento e reações de despolimerização, e os gases CO e CO2 por descarboxilação e

reações de despolimerização ou reações de oxidação secundárias de carbono (GONZÁLEZ

et al., 2003).

Taccini (2011) obteve valores médios de 102,68; 90,99; 0,09 e 7,84 Kg/tonelada para CO2,

CO, H2 e CH4, respectivamente, para temperatura final de carbonização de 500°C.

Os valores de emissão de metano (Kg/tonelada de madeira) foram correlacionados

com a temperatura final de carbonização, demonstrando uma relação direta significativa,

possibilitando estudo de regressão com esta variável.

A análise de variância da regressão indicou que ela foi significativa a 5% pelo teste

F (P-valor = 5,70x10-10

).

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Figura 1. Ajuste de reta entre emissão de CH4 (Kg/t madeira) e temperatura final de

carbonização.

Observa-se a partir dos resultados obtidos do ajuste e o alto coeficiente de

determinação, que as variáveis estão intimamente relacionadas.

Portanto a equação obtida com o ajuste de reta da regressão (Figura 1) pode ser

utilizada quando se deseja conhecer a liberação de metano de um projeto apenas

conhecendo a temperatura final de carbonização, que é em geral a temperatura máxima

alcançada, sendo este um parâmetro de fácil inferência, mesmo para os pequenos

produtores.

Conclusões Houve um aumento no emissão de CO2, CH4 e H2 com o aumento da temperatura

final de carbonização.

O fator de emissão de metano (KgCH4/t madeira) tem alta correlação com a

temperatura final de carbonização, resultando em equações com bons ajustes de reta.

Agradecimentos FAPEMIG; CNPQ; Embrapa Florestas; SIF.

Literatura citada INTERNATIONAL ENERGY AGENCY. Share of total primary energy supply in 2008:

energy statistics, 2010. Disponível em:

<http://www.iea.org/textbase/stats/pdf_graphs/29TPESPI.pdf>. Acesso em 09 ago. 2015.

GONZÁLEZ, J. F.; ENCINAR, J. M.; CANITO, J. L.; SABIO, E.; CHACÓN, M.

Pyrolysis of cherry stes: energy uses of the different fractions and kinetic study. Journal of

Analytical and Applied Pyrolysis, Amsterdam, v. 67, p. 165-190, 2003.

TIHAY, V.; GILLARD, P. Pyrolysis gases released during the thermal decomposition of

three Mediterranean species. Journal of Analytical and Applied Pyrolysis, Amsterdam, n.

88, p. 168–174, 2003.

TACCINI, M. M. Estudo das metodologias da Convenção-Quadro das Nações Unidas

sobre Mudanças Climáticas, referentes à avaliação de emissões de gases de efeito estufa

na produção de carvão vegetal. 2011. 86 f. Dissertação (Mestrado em Ciência e

Tecnologia de Produtos Florestais) - Universidade de São Paulo, Piracicaba, SP. 2011.

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141

Sustentabilidade Artística – A Arte Como Base Para Reutilização de Materiais e

Preservação Ambiental

Noemi Horowick1, Stella Manes da Silva Moreira

2*, Aline Angel Varges

1, Alex Sandro

Lins3, Sandro Portella

4, Ruth Maria Mariani Braz

5

1Mestrando do programa de Pós-Graduação em Diversidade e Inclusão da Universidade Federal Fluminense

2Estudante de graduação em Ciências Biológicas na Universidade Federal Fluminense

3Estudante de graduação Pedagogia na Universidade Federal Fluminense

4Estudante de Pós-graduação em Pedagogia Bilíngue no Instituto Nacional de Educação de Surdos

5Professor do programa de Pós-Graduação em Diversidade e Inclusão da Universidade Federal Fluminense

*E-mail para contato: [email protected]

Resumo: A educação ambiental é um tema interdisciplinar, que é capaz de ser abordado

em diversos ambientes educativos. As artes visuais propiciam um ambiente lúdico para

atividades interativas, baseadas na criatividade dos participantes. Desta forma, este

trabalho teve como objetivo uma abordagem de educação ambiental, estimulando a

preservação do meio ambiente através da reutilização de materiais para ser usados na

criação de brinquedos para crianças surdas estudantes de um colégio municipal de Niterói,

RJ. Ao final da atividade foi feita uma pergunta para confirmar o aprendizado dos alunos.

Os alunos participaram ativamente das atividades e construíram todos os brinquedos

propostos. Além disso, 100% dos alunos entendeu que a reutilização de materiais ajuda a

deixar o planeta mais limpo, saudável e com natureza mais conservada. A educação

ambiental através das artes visuais permite que sejam criados brinquedos a partir de

materiais recicláveis reutilizados e higienizados. Desta forma, a “sucata” antes considerada

sem utilidade ou apenas lixo, ganha um novo sentido, sendo ele lúdico, decorativo,

acadêmico ou funcional, apenas dependendo de uma intervenção lúdica propulsora.

Palavras-chave: Artes visuais, educação inclusiva, meio ambiente.

Artistic Sustainability – The Art as Base for the Reuse of Materials and

Environmental Preservation

Abstract: The environmental education is an interdisciplinary theme, capable of being

addressed in several educational environments. The visual arts provide a playful

environment for interactive activities, based on the participant‟s creativity. Thus, this work

had as objective an environmental education approach, stimulating the environment

preservation through the reuse of materials in order to create toys by deaf children from a

school in Niterói, RJ. By the end of the activity a question was asked to the students to

confirm their learning. The students actively participated on the activities and built all of

the proposed toys. In addition, 100% of the students understood that the reuse of materials

helps to make the planet cleaner, healthier and with a more conserved nature. The

environmental education through the visual arts allows the creation of toys from recyclable

reused clean materials. In this way, the “waste” previously considered useless or just

garbage, gains a new meaning, be it playful, decorative, academic or functional, only

depending on a playful driving intervention.

Keywords: Environment, inclusive education, visual arts.

Introdução

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É a crescente necessidade de conscientização ambiental para todos, visando a

sustentabilidade. O contato da sociedade com o meio ambiente causa diversos impactos

antrópicos, onde se faz cada vez mais necessária a conscientização da população para

minimizar os efeitos negativos da globalização e até mesmo para garantir sua própria

sobrevivência e manter a qualidade de vida. O contínuo processo de degradação e descaso

com o meio ambiente mostra que ainda é necessário educar e conscientizar em prol da

preservação (SILVA & GRILLO, 2008).

A temática ambiental deve ser abordada de maneiras inovadoras e transformadoras,

sendo inserida em outros conteúdos e disciplinas, para que haja maior conscientização. As

artes visuais proporcionam um ambiente transdisciplinar que estimula diálogos e atividades

inovadoras baseadas na criatividade dos envolvidos potencializando o aprendizado, o

processo de criação artística, a imaginação, a criatividade e o raciocínio (EÇA, 2010). De

acordo com o Roteiro para a Educação Artística (2006), a Arte exalta o potencial criativo

pré-existente em todos os seres humanos, estimulando a inovação e solução de problemas,

fatores estes, que são cruciais na geração e administração de ideias e tomada de decisões,

essenciais na atualidade e para a sociedade do século XXI, necessários para corrigir e

evitar problemas ambientais, uma vez que as atitudes do presente devem ser inovadoras

para que os impactos antrópicos diminuam ou desapareçam.

No Brasil existem 9.700.000 pessoas com deficiência auditiva (IBGE, 2010). A

comunidade surda tem como meio de comunicação oficial a Língua Brasileira de Sinais

(LIBRAS), oficializada em Abril de 2002 (Lei n. 10.436, de 24 de Abril de 2002), baseada

em sinais visuais ao invés da lingua portuguesa oralizada, onde a comunicação se dá por

uma série de diferentes movimentos, posições e direções de mãos para garantir a

compreensão (QUADROS & KARNOPP, 2004). Para que haja inclusão é necessária uma

abordagem diferenciada e adaptada, onde o lúdico é compatível. Desta forma, se fazem

necessárias estratégias, recursos e materiais didáticos específicos e diversificados, recursos

tecnológicos, equipamentos e jogos pedagógicos que contribuem para que situações de

aprendizagens sejam mais eficientes e motivadoras em um ambiente de cooperação e

reconhecimento das diferenças (BRASIL, 2009).

É preciso que cada vez mais as ações de conscientização ambiental possam ser

inseridas no cotidiano da população para que as atitudes sustentáveis se manifestem de

forma inata na vida das pessoas. Para que isso ocorra, a abordagem ambiental deve ser

feita em diversos ambientes sejam eles acadêmicos, culturais e até mesmo dentro de

círculos familiares, de preferência desde idades iniciais. É nesta perspectiva que este

trabalho teve como objetivo a interação com crianças surdas de um colégio municipal de

Niterói (RJ), explicando temas ambientais relacionados ao cotidiano dos alunos e com uma

intervenção artística para que seja exaltada a preservação ambiental através da criação de

brinquedos com material reutilizado.

Material e Métodos Para a realização da atividade proposta foi escolhida a escola municipal Ernani

Moreira Franco, uma escola regular com uma proposta de classe bilíngue para alunos

surdos, localizada em Niterói, RJ. Participaram seis crianças surdas de seis e sete anos de

idade, alunos do 2º e 3º ano do ensino fundamental. Primeiramente foi realizada uma aula

curta introdutória de temas ambientais relacionados ao dia-a-dia dos alunos como poluição

nas ruas, contaminação pelo lixo no meio ambiente, reciclagem e reutilização de materiais,

explicando a importância da preservação do planeta através do reuso de materiais

recicláveis. Em seguida, a abordagem alcançou o cotidiano dos alunos perguntando como

eles fazem o tratamento de lixo dentro de suas casas, enfatizando a diferença entre lixo

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orgânico e lixo reciclável e estimulando a sua separação. Foi pedido previamente que os

alunos trouxessem uma garrafa PET usada e higienizada de suas casas, com o objetivo de

mostrar que os materiais do dia a dia dos próprios alunos podem ser utilizados para

construir novos significados e criar brinquedos.

Para começar a atividade foi exibido um vídeo ensinando a criar um brinquedo

chamado “Bilboquê”, onde há um funil feito de um pedaço de garrafa PET com uma

bolinha pendurada amarrada por um barbante, onde as crianças têm que colocar a bolinha

dentro do funil. O vídeo exibido foi produzido previamente pelos autores no laboratório

Spread the Sign, o maior dicionário online de línguas de sinais/gestuais do mundo, com

sede brasileira na Universidade Federal Fluminense (UFF), com uma legenda em LIBRAS

no canto inferior do vídeo e está disponível no endereço eletrônico

https://www.youtube.com/watch?v=via5TN-G-uY. Em seguida, foi repetido o passo a

passo com os alunos para a construção do próprio brinquedo. Foram construídos também

outros dois brinquedos: um peão feito de um CD velho decorado pelos alunos e uma

bolinha de gude na base para girar; e um brinquedo folclórico chamado “Barangandão”

feito com jornal reaproveitado enrolado amarrado, onde são colocadas várias fitas

coloridas de papel crepom e amarradas em um barbante para que a criança possa girar eles

no ar.

Ao final da atividade foi perguntado aos alunos “Qual é o impacto que a

reutilização de materiais causa no planeta?” dando opções de “Sujo, poluído e com lixo”

ou “Limpo, saudável e com natureza preservada” acompanhado de imagens representando

estas idéias, com o intuito de verificar se houve a compreensão da mensagem desejada de

conscientização, com as respostas abaixo.

Resultados e Discussão

A atividade proporcionou um ambiente onde as crianças se sentiram confortáveis e

interagiram bastante, prestando atenção na explicação dos conceitos ambientais e na

montagem dos brinquedos. Elas não apresentaram dificuldade de realizar as etapas da

construção dos brinquedos e participaram ativamente das atividades, brincando com os

brinquedos reaproveitados e demonstraram ter gostado bastante da interação. Foi possível

observar que alguns dos alunos começaram muito tímidos e não querendo interagir, mas ao

final da atividade estavam incluídos e até ensinando colegas ouvintes a brincar e

explicando a importância de usar materiais reutilizáveis. A abordagem artística se mostrou

eficiente para a realização da conscientização ambiental, uma vez que proporciona um

ambiente em que o aluno participa diretamente de experiências e processos criativos,

aprendendo com a teoria, mas também com a prática.

Ao final da atividade, 100% dos alunos respondeu corretamente que a reutilização

de materiais é uma atitude que transforma o planeta deixando-o mais limpo, mais saudável

e que conserva a natureza. Isto demonstra que mais do que uma atividade lúdica com

materiais recicláveis, os alunos participantes entenderam as repercussões dessas atitudes,

mostrando que de fato houve conscientização ambiental.

As artes visuais se caracterizam como um terreno apropriado para abordagens da

temática ambiental especialmente quando ligados à reutilização e reaproveitamento de

materiais antes considerados lixo que podem ganhar novo significado lúdico, decorativo,

acadêmico e funcional. Deste modo, a educação artística pode contribuir para a formação

ideológica e pensamento individual dos alunos e atores de atitudes mais corretas em

sociedade. A arte auxilia a formação de um futuro mais sustentável pela promoção da

criatividade e pensamento crítico, embasadas na inovação e solução de problemas

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ambientais ou sociais. Os problemas atuais requerem envolvimento ativo da sociedade,

onde é necessária uma mudança no pensamento (EÇA, 2010).

A sociedade atual é baseada no sistema de consumo excessivo e produção quase

que imediata de grandes quantidades de resíduos, especialmente de embalagens

(PELICIONI, 1998). É necessário que a sociedade tenha consciência e tome

responsabilidade do destino deste lixo que é cada vez mais produzido, seja pela reciclagem

ou pela reutilização do material que seria jogado fora. É possível propor novas utilizações

para a popularmente conhecida “sucata”, fazendo-a ganhar novos significados. A

reutilização de materiais é uma atitude sustentável embasada na conscientização que é

possível criar novas funções a partir de restos antes considerados inúteis. A sucata assim

retoma “o sentido ecológico deste material, pois estaremos, a todo o momento, atentos a

um meio ambiente em transformação, rico de possibilidades, direcionando nosso olhar para

objetos e materiais que eram antes insignificantes e inúteis” (MELO et al, 2007).

Conclusões

Abordagens de educação ambiental são necessárias no meio acadêmico difundidas

entre as diferentes disciplinas. Uma boa abordagem pode ser feita de maneira lúdica, onde

o conhecimento possa ser absorvido com facilidade através de brincadeiras. Este trabalho

objetivou o reforço de temas ambientais relacionados com o cotidiano dos alunos, tratando

sobre o lixo produzido nas suas próprias casas e as novas funções que estes podem ganhar.

A atividade foi muito bem recebida pelos alunos que construíram todos os brinquedos

propostos, até mesmo ensinando para amigos que não estavam presentes na atividade e

explicando a importância de reutilizar os materiais.

Literatura Citada

BRASIL, Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Básica. Resolução nº 04,

de 2 de outubro de 2009.

EÇA, T. T. P. (2010) Educação através da arte para um futuro sustentável. Cadernos cedes

30 (80), p. 13-25.

INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Anuário Estatístico a Fundação

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06/02/2013.

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TRADUÇÃO: FRANCISCO AGAREZ, Roteiro para a Educação Artística: Desenvolver

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Portugal, 2006, p. 6.

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145

Uma proposta metodológica para a utilização da música na educação ambiental1

Verônica Rocha Bonfim2, Kallebe de Souza Pessôa3 , Gumercindo Souza Lima4

1 Parte d

o capítulo publicado pelos

dois primeiros autores no livro “Educação Ambiental: premissa inafastável ao desenvolvimento econômico sustentável.”

Ana Alice e Saadia Borba. (Org.)., 2014. 01ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris.v. 01, p. 01-448.

2 Professora Substituta da Universidade Federal de Viçosa. E-mail: [email protected].

3 Engenheiro Ambiental e Sanitário pelo Centro Universitário Serra dos Órgãos – Teresópolis - RJ.

4 Professor Associado – Dept. Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa.

Resumo: A educação ambiental surgiu como uma proposta de repensar o ensino (formal e

não formal), com atenção especial às questões ambientais. A música quando introduzida

nos processos de ensino cumpre um papel importante como uma ferramenta facilitadora

para a comunicação entre educador e educando, independente da faixa etária, gênero, raça

ou etnia. O presente estudo apresenta uma metodologia de ensino à educação ambiental,

tendo como público alvo as crianças, utilizando a música como ferramenta de comunicação

e aprendizagem. A proposta metodológica apresentada é fruto da sistematização de

experiências em arte-educação, vivenciadas pelos autores e, também, de referências sobre

o tema. A partir da aplicação, aperfeiçoamento e difusão dessa metodologia e de processos

de capacitação, os professores poderão explorar e adaptar seus próprios métodos e

ferramentas, tendo a música como aliada.

Palavras-chave: Arte, ensino-aprendizagem, meio ambiente, metodologia.

A methodology for the use of music in environmental education1

Abstract: Environmental education has emerged as a proposal to rethink education

(formal and informal), with special attention to environmental issues. The music when

introduced in the educational process plays an important role as a facilitating tool for

communication between teacher and student, regardless of age, gender, race or ethnicity.

This study presents an environmental education teaching methodology, having as target

children, using music as a communication and learning tool. The methodological proposal

is the result of systematization of experiences in art education, experienced by the authors

and also references on the subject. From the application, development and dissemination of

this methodology and training processes, teachers can explore and adapt their own methods

and tools, with music as an ally.

Keywords: Art, teaching and learning, environment, methodology.

Introdução A preocupação com a problemática ambiental se faz cada dia mais presente em nosso

cotidiano. O desenvolvimento da sociedade contemporânea, historicamente impactada pelo

avanço tecnológico pós-revolução industrial, tem acarretado danos de diferentes

proporções ao meio ambiente, com reflexos no esgotamento dos recursos naturais.

A educação ambiental surgiu como uma proposta de se repensar o ensino (formal e

não formal), com atenção especial às questões ambientais, estabelecendo conceitos e

práticas voltados à mudança de hábitos e comportamento frente a esse desafio e, também,

ao sugerir um desenvolvimento racional e sustentável dos recursos naturais.

A música, quando introduzida nos processos de ensino, cumpre um papel importante

como uma ferramenta facilitadora para a comunicação entre educador e educando,

independente da faixa etária, gênero, raça ou etnia. Pode, ainda, ser uma grande aliada ao

ensino da educação ambiental, proporcionando um ambiente prazeroso e ao mesmo tempo

instigante, especialmente às crianças, foco da práxis pedagógica. Este público específico

por estar em fase de desenvolvimento, tanto comportamental quanto cognitivo e

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146

perceptivo, são mais receptivos ao processo, fazendo com que os esforços voltados a uma

mudança de hábito, em médio e longo prazo, sejam mais efetivos do que processos de

educação com jovens e adultos.

O presente estudo foi motivado por uma demanda acerca de metodologias educativas

com o uso da música, tendo como ponto de partida a experiência dos autores com arte-

educação e como musicistas.

O objetivo do estudo é apresentar uma metodologia de ensino à educação ambiental,

tendo como público-alvo as crianças, utilizando a música como ferramenta de

comunicação e aprendizagem.

Material e Métodos O estudo partiu das percepções, experiências e vivências pessoais dos três autores

como professores e educadores e também a partir da experiência dos dois primeiros autores

como musicistas, ao observar a reação dos alunos quando em contato com a música, em

ambiente de ensino.

Foi adotada a metodologia de observação participante em cinco estabelecimentos de

diferentes áreas de ensino, com aproximadamente 30 crianças na faixa etária de 08 a 11

anos de idade. Os estabelecimentos compreendiam cursos de inglês, aulas particulares e

teoria musical.

Gil (2008) define observação participante ou observação ativa, como sendo uma

técnica pela qual se chega ao conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele

mesmo. A pesquisa é realizada a partir da participação real do conhecimento na vida da

comunidade, do grupo ou de uma situação determinada.

Nesta metodologia proposta o pesquisador analisa a realidade social que o rodeia,

tentando captar os conflitos e tensões existentes e identificar grupos sociais que têm em si

a sensibilidade e motivação para as mudanças necessárias (RICHARDSON, 1999).

Dentro desse universo amostral e utilizando a metodologia descrita foi analisada a

mudança de comportamento e de atenção das crianças, bem como o interesse das mesmas

pelo conteúdo abordado durante as atividades inseridas na práxis pedagógica.

Procedeu-se, ainda, o levantamento de dados secundários e pesquisa bibliográfica

acerca de metodologias voltadas à educação ambiental que utilizassem a música como

ferramenta de ensino e aprendizagem.

Resultados e Discussão

Na literatura é quase inexistente referências a respeito de metodologias específicas

para este tema. Portanto, a metodologia proposta possui uma abordagem inovadora,

embasada nas experiências dos autores em arte-educação e fundamentadas teoricamente

em pesquisas sobre os temas música e educação ambiental, conforme orientações gerais

que se seguem:

O público-alvo é infantil, com a faixa etária entre 08 e 11 anos;

A metodologia poderá ser replicada para outros públicos com faixa etária distinta,

observando-se as adaptações pertinentes e conforme orientações descritas;

A metodologia compreende duas etapas: preparação e execução.

Durante a preparação, a metodologia sugere 05 etapas:

1) Definir a carga horária para as atividades e o número de alunos por turma: o educador

deverá dispor de no mínimo 45 minutos e no máximo 1 hora e 30 minutos, incluindo o

período de preparação e limitar turmas de, no máximo, 20 alunos.

2) Planejar a aula previamente e elaborar uma ementa: a aula deverá ser planejada

previamente, para que todo o tempo seja utilizado para o aprendizado dos alunos.

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3) Organizar e dispor de todo o material de apoio necessário, previamente: outros meios

complementares, que possam facilitar a comunicação entre educador e educando, poderão

ser utilizados, além de instrumentos musicais e material audiovisual.

4) Valorizar instrumentos artesanais, reciclados ou naturais e dar preferência aos

instrumentos de percussão: a utilização de instrumentos naturais, reciclados e artesanais

deve ser valorizada, sempre que possível, como forma de difundi-los, motivar curiosidades

e associações quanto às suas origens e conceitos ecológicos, como recomendam Bonfim

(1997) e Nogueira (2003). Os instrumentos percussivos (função rítmica) são mais

acessíveis e naturalmente atrativos para as crianças por permitirem a extração de sons

livremente, onde não sugere um compromisso de estruturar uma melodia e quando

associados aos instrumentos harmônicos ou melódicos, seus sons são facilmente

assimilados.

5) Valorizar a percepção dos sons a partir de diferentes possibilidades: trabalhar a

percepção das crianças para as diferentes possibilidades de extrair sons, bem como para os

diferentes tipos de sons que são produzidos a partir de objetos, do corpo humano e da

associação destes com instrumentos musicais, é muito enriquecedor e estimulante para

motivar a criatividade e coordenação motora e psíquica.

Para a execução da aula, o educador deve atentar-se para 10 orientações gerais:

1) Usar a criatividade e ter disposição física e mental em função das atividades propostas.

2) Utilizar as palavras com cuidado e afeto, cuidando para que o respeito não se imponha

pelo medo e sim pelo afeto;

3) Manter as crianças sempre atentas evitando a dispersão, mas sem rigor exacerbado,

lembrando que a criança nunca deverá ser obrigada a interagir ou participar;

4) Estimular a interação e a cooperação observando como os alunos se comportam e

estimulá-los a interagir uns com os outros, potencializando a socialização, o espírito de

coletividade e a cooperação, como recomenda Bonfim (1997);

5) Encorajar as crianças à livre expressão, pois conforme Begley (2000) o raciocínio das

crianças poderá ser desenvolvido mais rapidamente através das canções e do manuseio

e/ou confecção dos instrumentos;

6) Despertar nas crianças a curiosidade sobre os sons estimulando-os a reconhecer os

instrumentos fazendo associações entre o que foi escutado com o som emitido por animais,

sons da natureza, tocando o próprio corpo, o corpo do outro ou objetos do cotidiano delas.

Isso desenvolverá uma percepção do ambiente, além da consciência corporal. Associar os

sons às imagens facilita ainda mais a comunicação.

7) Provocar nas crianças um senso crítico sobre o seu papel no mundo, bem como

reflexões sobre como se deve agir em relação ao meio;

8) Valorizar a realidade histórico-social a qual esses alunos estão inseridos;

9) Dinâmicas ao ar livre devem ser valorizadas, pois como afirmam Fontes e Bontempo

(2002), o contato direto com a natureza desperta nas pessoas a consciência para a mesma e

para o fato de que somos parte dela e ainda potencializa a percepção ambiental das

crianças.

10) Prevenir quanto aos cuidados necessários e a responsabilidade sempre que conduzir

processos com os alunos fora do ambiente escolar ou comunidade.

Conclusões A proposta metodológica apresentada é fruto da sistematização de experiências em

arte-educação, vivenciadas pelos autores e, também, de referências sobre o tema.

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A mesma tem se mostrado viável e espera-se que outros estudos possam corroborar

a sua aplicação no ensino da educação ambiental, uma vez que há comprovação científica

que a música ajuda no desenvolvimento da criança, tanto na parte emocional quanto social

e cognitiva.

Uma possível limitação não só para a implementação desta metodologia, diz

respeito à falta de recursos humanos e profissionais habilitados. É necessário o incentivo

de políticas públicas e investimento em processos contínuos de capacitação musical e

ambiental para o corpo docente ou parcerias com escolas de música que possam auxiliar

nesse sentido, aliando forças e saberes em prol da práxis pedagógica com este propósito.

A partir da aplicação, aperfeiçoamento e difusão dessa metodologia e de processos

de capacitação, os professores poderão explorar e adaptar seus próprios métodos e

ferramentas, tendo a música como aliada.

É imprescindível que os educadores, frente aos desafios da sociedade

contemporânea, busquem dialogar com propostas de ensino que sejam viáveis e

exequíveis, sempre da melhor maneira, com comprometimento e dedicação.

Literatura Citada BEGLEY, S. Music on the mind. Revista Newsweek, jul. 2000. In:

http://www.brams.umontreal.ca/plab/research/dossiers_vulgarisation/newsweek_musicmin

d/newsweek_musicmind.html?Story_ID=329414. (Acessado em: 28 jul. 2013).

BONFIM, V. R. Educação Ambiental: A Arte de Educar Com Música, 1997. 24 f.

Monografia (Graduação em Engenharia Florestal) - Universidade Federal de Viçosa,

Minas Gerais, 1997.

1997.

FONTES, L. E. F.; BONTEMPO, G. C. Metodologias Utilizadas em Educação Ambiental.

Revista Ação Ambiental, No. 22, fev/mar 2002.

GIL, A.C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. Ed. São Paulo: Atlas, 1999. 206p.

NOGUEIRA, M. A. A música e o desenvolvimento da criança. Revista da UFG, Vol. 5,

No. 2, dez 2003.

RICHARDSON, R.J. Pesquisa social: métodos e técnicas. São Paulo:Atlas;1999.

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Unidades de conservação de proteção integral: passado e futuro1

Verônica Rocha Bonfim2, Gumercindo Souza Lima3

1 Parte d

a Tese de Doutorado do primeiro autor, aprovada pela Universidade Federal de Viçosa e apoiada pelo

Centro de Tecnologias da Zona da Mata. 2 Professora Substituta da Universidade Federal de Viçosa. E-mail: [email protected].

3 Professor Associado – Dept. Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa.

Resumo: O presente estudo propõe uma análise crítica a respeito, não da importância das

áreas naturais protegidas, especialmente as Unidades de Conservação (UCs), mas,

sobretudo, da forma como estas foram sendo concebidas historicamente no mundo. A

criação de UCs de Proteção Integral têm causado conflitos, especialmente relacionados a

fatores de ordem socioeconômica, para as populações do entorno ou residentes nessas

áreas. Tais conflitos rebatem de modo negativo para a conservação da própria unidade. O

objetivo deste estudo foi resgatar o processo histórico de criação dessas áreas, traçando um

paralelo com o histórico aqui no Brasil, avaliando aspectos negativos, bem como

aprendizados e perspectivas para a gestão sustentável das UCs de Proteção Integral. A

existência e manutenção dessas áreas e a consolidação de instrumentos legais e de gestão

ambiental, especialmente a efetividade do Sistema Nacional de Unidades de Conservação

(SNUC), estão diretamente ligadas a processos de criação, implantação e gestão a partir de

uma lógica participativa e integrada com as dinâmicas socioeconômicas, culturais,

ambientais e políticas existentes na referida área. Este será um caminho promissor para a

conservação ambiental e para o futuro das unidades de conservação.

Palavras-chave: Áreas protegidas, histórico, perspectivas, sustentabilidade.

Past and future: the integral protection of conservation units1

Abstract: This study proposes a critical analysis of it, not the importance of protected

natural areas, especially the Conservation Units (UCs), but especially the way they were

being historically designed in the world. The creation of protected areas have caused

conflicts, especially related to socioeconomic order factors to the surrounding population

or residents in these areas. Such negative way to bounce conflicts for the conservation unit.

The Purpose of this study was to rescue the historical creation process these areas, tracing

hum parallel with the historic in Brazil, assessing negative aspects, as well as learning and

prospects for sustainable management of protected areas. The existence and maintenance

of these areas and the consolidation of legal instruments and environmental management,

especially the effectiveness of the National Protected Areas System (SNUC), are directly

linked to processes of creation, deployment and management from a participatory logic

and integrated with the socioeconomic dynamics, cultural, environmental and existing

policies in that area. This will be a promising avenue for environmental conservation and

the future of protected areas.

Keywords: Protected areas, historical, perspective, sustainability.

Introdução

O histórico das áreas naturais protegidas no mundo tem sua origem na necessidade

da sociedade em estabelecer novos usos e apropriações da natureza ao seu bem estar e

contemplação.

Percebe-se uma visão utilitária e antropocêntrica em relação às mesmas, cujos

objetivos iniciais estavam sempre associados ao bem estar da população e à sua utilização

pela mesma. Esta população, vale mencionar, pertencente à uma elite social americana de

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uma sociedade, cujo período denunciava o caráter consumista e um modo de vida

insustentável ambientalmente, decorrente do capitalismo emergente.

Segundo Diegues & Arruda (2001) áreas de grande beleza cênica foram destinadas,

especialmente ao desfrute da população das cidades norte-americanas que, estressadas pelo

ritmo crescente do capitalismo industrial, tentavam encontrar no mundo selvagem a

„salvação da humanidade‟, conforme a visão romântica e transcendentalista de seus

propositores, entre eles John Muir e Thoreau.

O marco moderno para o estabelecimento de áreas naturais protegidas é a criação do

Yellowstone National Park, em 1872 nos EUA (MILANO, 2002), reconhecida como a

primeira unidade de conservação criada no mundo.

O histórico de criação e implantação dessas áreas aqui no Brasil é negativo, tendo em

vista que foi inspirado no modelo norte-americano e foram desconsideradas as diferentes

realidades históricas, territoriais, fundiárias, socioeconômicas e ambientais. Especialmente

as áreas que possuem restrições quanto ao uso e que dentro do Sistema Nacional de

Unidades de Conservação (SNUC) correspondem à categoria de Proteção Integral, têm

causado, historicamente, consequências socioambientais de interesse à manutenção dessas

áreas e populações humanas que habitam o interior ou seu entorno.

Lima (2003) afirma que ao longo do tempo, entre um período correspondente entre a

criação das primeiras áreas naturais até o momento presente, as preocupações com a

conservação da natureza foram sofrendo mudanças, transcendendo o conceito original de

área silvestre, inclusive no Brasil, com a criação das UCs Reserva de Desenvolvimento

Sustentável (RDS) e Reserva Extrativista (Resex). No final da década de 90 o Brasil

passou a construir um modelo mais próprio e mais adequado à realidade brasileira.

Este autor ressalta que além de preservar belezas cênicas e bucólicos ambientes

históricos para as gerações futuras, as áreas protegidas assumiram objetivos tais como:

proteção de recursos hídricos; manejo dos recursos naturais; desenvolvimento de pesquisas

científicas; manutenção do equilíbrio climático e ecológico e preservação de recursos

genéticos.

O objetivo deste estudo foi resgatar o processo histórico de criação dessas áreas,

traçando um paralelo com o histórico aqui no Brasil, avaliando aspectos negativos, bem

como aprendizados e perspectivas para a gestão sustentável das UCs de Proteção Integral.

Material e Métodos

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica. De acordo com Gil (2008) a pesquisa

bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente

de livros e artigos científicos.

Foi feita uma ampla pesquisa de material secundário sobre o tema e a partir da

técnica de análise de conteúdo, foram elaboradas as discussões acerca dos principais

aspectos determinados no objetivo da pesquisa.

Resultados e Discussão

O modelo norte-americano de criação de unidades de conservação serviu de exemplo

às diversas iniciativas no Brasil, até que este passasse a elaborar o seu próprio modelo,

voltado à sua realidade. O sistema brasileiro de unidades de conservação avançou muito

nesse sentido. Entretanto, segundo Bonfim (2001), o histórico de criação e implantação

dessas áreas, cuja categoria corresponde à proteção integral tem causado, historicamente,

consequências negativas devido a uma série de fatores que foram desconsiderados ao longo

do processo, durante muito tempo. Alguns dos principais fatores são:

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Até 2002 não existia a obrigatoriedade da consulta popular precedendo a criação,

ou seja, o processo surge com algo externo, não partindo de uma reflexão

coletiva interna ao local;

Pouco ou nenhum conhecimento dos órgãos ambientais responsáveis pela

criação, sobre a realidade histórico-social das comunidades localizadas na área

de abrangência da unidade de conservação a ser criada;

Dificuldades relacionadas à regularização fundiária, tais como: possíveis

desapropriações e morosidade nas indenizações e reassentamento de populações

tradicionais;

Perda do vínculo da população com o lugar de origem, quando desapropriada;

Ausência de programas e ações voltados às alternativas para suprir as demandas

das comunidades rurais pelo uso dos recursos naturais;

Dispositivos de restrição e punição quanto ao uso dos recursos naturais, aplicados

de modo mais urgente que as alternativas para o suprimento das demandas das

comunidades locais em relação ao mesmo;

As primeiras UCs criadas não incluíam a população do entorno nos debates e

espaços de decisão, desconsiderando a importância da participação social e a

capacidade de contribuição dessas populações nas estratégias de conservação.

Hoje é obrigatório a gestão participativa, através do conselho de gestão das

unidades, com participação social, o que é um avanço que deve ser considerado.

Devido a esse conjunto de fatores diversos conflitos, de ordem social, surgiram

questionando a forma de criação, implantação e gestão dessas áreas.

Os conflitos ambientais existentes, relacionados às áreas protegidas estão, muitas

vezes, diretamente associados a raízes históricas refletidas nas desigualdades sociais

criadas pela sociedade e pelo sistema econômico vigente, que tende ao consumismo, à

exclusão e marginalização. Na maior parte dos casos só é considerado o impacto das

comunidades do entorno ou residentes nessas áreas sobre a biodiversidade,

desconsiderando que o inverso também ocorre. Há um impacto da criação das unidades de

conservação sobre essas comunidades e suas formas de uso e apropriação dos recursos

naturais ali existentes. Nesse momento os conflitos deixam de ser ambientais para ter uma

conotação socioambiental.

O importante é que para ambas as perspectivas, é preciso buscar o equilíbrio e as

respostas ao desafio de conciliar a conservação ambiental com o desenvolvimento

local/territorial, considerando os diferentes aspectos – social, econômico, cultural e

ambiental – de maneira integrada. Muitas experiências bem sucedidas nesse sentido vêm

sendo implementadas no mundo inteiro e esta concepção pode garantir o futuro das

unidades de conservação.

Conclusões

A criação e implantação efetiva de unidades de conservação se fazem cada vez mais

necessárias diante do cenário ambiental mundial. Entretanto, é preciso repensar as formas

como estas vêm sendo concebidas historicamente pelo mundo e como o Brasil, utilizando

como referência modelos que nem sempre refletem a realidade do seu povo, pode avançar

no sentido de adequá-los e se apropriar dos mesmos, evitando conflitos de diferentes

ordens. É preciso ainda, repensar a própria estrutura social, o modelo econômico que

acentua e agrava desigualdades e a forma de vida da sociedade atual que desconsidera a

escassez dos recursos naturais e privilegia o modo de vida consumista.

A existência e manutenção dessas áreas e a consolidação do SNUC enquanto um

sistema efetivo para a conservação da natureza, estão diretamente ligados a processos de

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criação, implantação e gestão a partir de uma lógica participativa e integrada com as

dinâmicas socioeconômicas, culturais, ambientais e políticas existentes na referida área.

Este constitui-se um caminho promissor para a conservação ambiental e para o futuro das

unidades de conservação.

Literatura Citada

BONFIM, V.R. Diagnóstico do Uso do Fogo no Entorno do Parque Estadual da Serra do

Brigadeiro (PESB), MG. Viçosa: UFV. 2001. 56f. Tese (Mestrado em Ciência Florestal).

Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2001.

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153

A importância do dialogo Interdisciplinar na problemática da Degradação Ambiental

Elaine Anastácia de Sousa1, Francisleila Mello Santos

2, Josiane Marcia de Castro

3, Karina

Bicalho Ervilha do Nascimento Campos4, Renata Bernardes F. Campos

5

1Enfermeira. Mestranda do Programa Gestão Integrada do Território da Universidade Vale do Rio Doce. E-

mail: [email protected].

2Administradora. Mestranda do Programa Gestão Integrada do Território da Universidade Vale do Rio Doce.

E-mail:[email protected].

3Enfermeira. Mestranda do Programa Gestão Integrada do Território da Universidade Vale do Rio Doce. E-

mail: [email protected].

4Bióloga. Mestranda do Programa Gestão Integrada do Território da Universidade Vale do Rio Doce. E-mail:

[email protected].

5 Bióloga. Doutora Professora do Programa Gestão Integrada do Território da Universidade Vale do Rio

Doce. E-mail: [email protected].

Resumo: Estudar as alterações adversas das características do meio ambiente do Leste

mineiro foi o objetivo deste artigo que discute degradação ambiental utilizando como base

as definições da Convenção das Nações e Unidas de Combate à Desertificação e a

Resolução n° 01/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) levando em

consideração as áreas do conhecimento, o ano em que foram publicadas as pesquisas, os

tipos de impactos abordados e as perspectivas apontadas. Foi possível concluir que as

análises tendem a avaliar os impactos ambientais e a degradação do meio ambiente

relacionando causa e efeito de acordo com a área do conhecimento, desconsiderando as

relações sociais por meio de um sujeito social que envolve a concepção do território e,

deixam de pormenorizar a problematização das relações neste território e suas

especificidades. Dessa forma não perpassam linguagens entre as ciências, o diálogo fica

restrito, inibindo assim a possibilidade da abordagem interdisciplinar. Destaca-se então a

importância de debater o tema degradação de forma mais ampliada. Sobretudo um debate

que envolva as diversas áreas do conhecimento no intuito de buscar a compreensão, assim

como possíveis soluções para a degradação, a partir do significado deste termo.

Palavras–chave: Degradação, interdisciplinaridade, meio ambiente, médio Rio Doce.

The importance of interdisciplinary dialogue on the issue of Environmental

Degradation

Abstract: Study the adverse changes in the middle of the Minas Gerais eastern

environment features was the aim of this article that discusses environmental degradation

using as a basis the Convention's definitions of the United Nations and to Combat

Desertification and Resolution. 01/86 of the National Environment Council (CONAMA)

taking into account the areas of knowledge, the year of scientific article were published,

the types of impacts addressed and prospects identified. It was concluded that the analyzes

tend to assess the environmental impacts and environmental degradation relating cause and

effect according to the specific area of knowledge, disregarding the social relations through

a social subject that involved the planning of territory and leave detail of the questioning of

relations in this territory and its specificities. Thus not permeate languages among sciences,

the dialogue is restricted, thereby inhibiting the possibility of an interdisciplinary approach.

It then highlights the importance of discussing the theme degradation in a broader way.

Above all a debate involving the various areas of knowledge in order to seek

understanding, as well as possible solutions to the degradation, from meaning of this term.

Page 154: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

154

Keywords: Degradation, interdisciplinary, environment, middle Rio Doce.

Introdução Estudos relativos à degradação ambiental são cada vez mais frequentes na

atualidade, sendo esta expressão frequentemente citada tanto em publicações de caráter

técnico-científico como em textos de caráter jornalístico. Entretanto, nem sempre há uma

definição clara acerca do que se considera como degradação ambiental. Uma das

consequências desta falta de definição é o fato de as produções científicas elaboradas por

pesquisadores de áreas distintas de o conhecimento abordarem o tema de forma limitada,

sem que isso fique claro. Com frequência destaca-se apenas ou preferencialmente o

ambiente físico, biótico e raramente os aspectos social e econômico enquanto componentes

do ambiente e enquanto fatores passíveis de degradação (PINTO et al, 2014).

Esta prática frequente se dá pela própria limitação da pesquisa científica e da

formação disciplinar da maior parte dos pesquisadores na atualidade. Portanto, é

necessário definir claramente o significado adotado do termo “degradação ambiental”,

para que as informações geradas sejam adequadamente interpretadas por outros

pesquisadores e pelos tomadores de decisão. Tal atenção é imprescindível para que a

adequada aplicação dos resultados, por aqueles que lidam com processos que causam a

degradação, que promovem a recuperação ou fazem a avaliação das chamadas áreas

degradadas, seja potencializada.

Sabe-se que a problemática ambiental é um sistema complexo proveniente das

inter-relações entre sociedade e natureza as quais intervêm em diferentes processos e

escala espaço-temporal. Neste contexto a questão ambiental demanda de uma visão

sistêmica e interdisciplinar que promova a integração das ciências exatas, da natureza, e

sociais, bem como uma mudança profunda na organização do conhecimento (LEFF,

2011).

No Brasil o maior impacto das atividades humanas ocorreu nas áreas de floresta

tropical, provocando a redução drástica da biodiversidade. Entre os ecossistemas

brasileiros, foi este o mais degradado e a maior expressão dessa degradação é, para alguns

autores, a parte mineira da Mata Atlântica situada na região leste do estado. De modo

particular, a paisagem do Médio Rio Doce apresenta-se como degradada, sendo

reconhecida sua devastação ambiental e a diminuição considerável da biodiversidade

registrada (ESPÍNDOLA e WENDLING 2008).

Considerando-se a importância de compreender possibilidades e limitações para a

abordagem interdisciplinar por trabalhos que investigam, direta ou indiretamente,

degradação ambiental, esta pesquisa teve por objetivo analisar a abordagem das

publicações que tratam esta temática em periódicos de diferentes áreas do conhecimento.

Buscou-se apontar caminhos para que se torne possível atingir conclusões mais

abrangentes acerca dos processos de degradação e discutir possíveis implicações para

medidas que visam à recuperação ambiental.

Material e Métodos Trata-se de uma pesquisa bibliográfica realizada nas plataformas Google

Acadêmico e Periódico CAPES, tendo como critério de inclusão artigos científico

publicado entre 1995 a 2014. Realizado um recorte de modo a selecionar textos que

apresentavam dados coletados completa ou parcialmente em algum lugar do leste do estado

de Minas Gerais. Selecionaram-se trinta e um artigos que foram lidos e fichados. Os dados

foram compilados para análise, na qual se considerou a área de conhecimento do artigo de

acordo com a revista em que ele foi publicado, utilizando registro CAPES. A busca

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155

procurou identificar se pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento apontavam o

mesmo cenário para caracterizar a degradação ambiental no leste mineiro.

Resultados e Discussão

Identificamos que, dentre os 31 artigos selecionados, 20 correlacionam degradação

ambiental, com pelo menos um dos critérios definido no artigo 1° da RESOLUÇÃO

CONAMA Nº 01/86. Destes 20 artigos, oito são na área de Ciências Agrárias, onde a

definição de degradação possui uma abordagem tecnicista observando causa e efeitos em

uma determinada biota. Outros cinco artigos, da área de Ciências Humanas, abordam a

degradação relacionand0-a ao sistema econômico de plantio de eucalipto, e apresentam

uma discussão acerca da ocupação social dos ambientes geradores de degradação. Dois

artigos publicados em periódicos das Ciências Sociais abordam o pisoteio animal como a

causa degradação ambiental e questiona a ocupação do homem como causa de degradação.

Três artigos das Ciências Biológicas relatam a degradação dos canais fluviais, do solo

decorrente da predominância da Aroeira, e a erosão hídrica como principal responsável

pela perda da capacidade produtiva dos solos. Uma publicação de caráter Interdisciplinar

aborda a degradação causada por pastagens e uma publicação da área de Ciências Sociais

Aplicadas faz referência ao uso do solo e aponta as características ambientais como fatores

que favorecem a erosão acelerada, levando a degradação.

Figura 3 - Áreas de conhecimento CAPES identificadas nas 31 publicações coletadas X

critério utilizado para definir degradação conforme artigo 1° da RESOLUÇÃO CONAMA

Nº 001, de 23 de janeiro de 1986 publicado no D.O.U. de 17/02/1986

Destaca-se a importância de debater o tema degradação com as diversas áreas do

conhecimento com intuito de discutir de forma ampliada o termo degradação como

conceito e não definição. A relação entre as atividades econômicas e sociais com a

degradação da biota da região parece evidente ao analisar o conjunto de publicações

selecionadas, sendo que onze artigos consideram que as atividades sociais e econômicas

foram preponderantes para a degradação. Os nove artigos restantes avaliam prejuízos à

biota da região de modo isolado. Observa-se que os autores selecionados tratam a temática

degradação no Leste Mineiro e correlacionam degradação aos impactos causados ao meio

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ambiente como consequência de atividades econômicas que por sua vez relacionam-se com

a exploração agropecuária e erosão hídrica. Aspectos populacionais e fatores biológicos

também são apontados como causas da degradação.

Conclusões A abordagem do conceito de degradação ambiental por autores de distintas áreas de

conhecimento relaciona causas e efeitos de modo restrito, desconsiderando interações

relacionadas à concepção do território e suas especificidades.

Os esquemas interpretativos tornam-se o senso comum como verbetes

institucionalizados e não um conceito com amplo significado, portanto o conceito requer

mudança de significado em virtude pautada no diálogo interdisciplinar.

Em virtude de seus aspectos dinâmicos, é importante a mudança de significado do

termo degradação, em vez de seu enquadramento por autores que disputam a legitimidade

de acioná-lo.

Literatura citada ALMEIDA, A. W. B.. Antropologia dos archivos da Amazônia. Rio de Janeiro: casa, v. 8,

p. 93-4, 2008.

ESPINDOLA, H. S.; WENDLING, I. J.. Elementos biológicos na configuração do

território do rio Doce. Varia História, v. 24, n. 39, p. 177-197, 2008.

LEFF, E. Complexidade, interdisciplinaridade e saber ambiental. EM CIÊNCIAS

AMBIENTAIS, p. 19, 2011.

PINTO, N.G. M.; CORONEL, D. A.; CONTE B. P.. Mapping of Environmental

Degradation in Regions and States of Brazil, WSEAS Transactions on Business and

Economics, vol 11: 442-453, 2014

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Atividade insetistática do óleo essencial de espécies de Artemisia spp sobre

Rhyzopertha dominica (Fabricius) (Coleoptera: Bostrichidae) 1

Paula Tatiana Lopes Seixas2, Antônio Jacinto Demuner

3, Luiz Claudio Almeida Barbosa

3,

Marcelo Coutinho Picanço4, Elizeu de Sá Farias

5

1Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pela Capes.

2Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Agroquímica.

3Professor do Departamento de Química.

4Professor do Departamento de Entomologia.

5Mestrando do Programa de Pós-graduação em Entomologia.

2email: [email protected]

Resumo: O uso de óleos essenciais na agricultura orgânica é uma alternativa na prevenção

dos danos causados ao Meio Ambiente devido o uso excessivo de agrotóxicos. O inseto

Rhyzopertha dominica é responsável por perdas na pós-colheita em regiões tropicais, sendo

possível encontrar casos em que as perdas variam de 0 a 100%, e o seu controle é de suma

importância. E as espécies do gênero Artemisia foram testadas no controle da mortalidade

do inseto-praga, para verificar o efeito inseticida do óleo essencial. O efeito sinergístico do

óleo essencial de Artemisia camphorata, A. dracunculus e A. vulgaris demostrou potencial

no controle desses insetos.

Palavras–chave: Agricultura, óleo essencial, toxicidade.

Insectistatic activity of the essential oil of Artemisia spp species on Rhyzopertha

dominica (Fabricius) (Coleoptera: Bostrichidae)1

Abstract: The use of essential oils in organic agriculture is an alternative in the prevention

of damage to the environment due to overuse of pesticides. The insect Rhyzopertha

dominica is responsible for post-harvest losses in tropical regions, it is possible to find

cases where losses range from 0 to 100%, and its control is of paramount importance. And

the species of Artemisia genus were tested in controlling insect pest mortality, to check the

insecticide effect of essential oil. The synergistic effect of the essential oil of Artemisia

camphorata, A. dracunculus and A. vulgaris has shown potential in the control of these

insects.

Keywords: Agriculture, essential oil, toxicity.

Introdução Estima-se que as perdas provocadas por pragas e doenças na agricultura mundial

atinjam 37% da produção, dos quais cerca de 13% devido a insetos. Atualmente os

métodos de controle concentram-se basicamente na utilização de agroquímicos dentro de

um manejo integrado de pragas. Entretanto, há uma grande demanda por parte da

sociedade pelo desenvolvimento de uma agricultura limpa, que diminua o uso de produtos

químicos, que não deixe resíduos indesejáveis no meio ambiente e nos alimentos, além de

reduzir as contaminações aos agricultores. As perdas de pós-colheita em regiões tropicais

são altamente variáveis, sendo possível encontrar casos em que as perdas variam de 0 a

100%. Pelo menos 10% das perdas durante o armazenamento são causadas diretamente

pelo ataque de insetos.

Esses insetos não apenas consomem grande quantidade de grãos como, também,

reduzem sua qualidade, por que danificam e alteram o ambiente da massa, favorecendo

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outros fatores de deterioração, como os fungos e a respiração dos grãos. Neste contexto é

importante a descoberta de novas moléculas já que devido à seleção de populações de

insetos resistentes aos inseticidas os produtos existentes no mercado tornam-se ineficientes

no controle das pragas (Whalon et al. 2008). Então, o objetivo da pesquisa foi à

identificação de uma espécie de Artemisia eficaz na proteção das plantas contra essas

pragas, testando o óleo essencial.

Material e Métodos Foram utilizados quatro óleos essenciais de espécies de Artemisia annua, A.

dracunculus, A. camphorata e A. vulgaris cultivadas em casa de vegetação com doses de

adubação mineral. Nos bioensaios foram usados adultos de Rhyzopertha dominica. Esses

insetos utilizados foram provenientes de criação mantida no Laboratório de Manejo

Integrado de Pragas da Universidade Federal de Viçosa.

A dose utilizada foi 30 mg de substância por grama de massa corporal do inseto.

Neste bioensaio foram usadas seis repetições de cada tratamento. A primeira avaliação de

mortalidade foi realizada 24 horas após a aplicação dos tratamentos. Foram considerados

mortos os insetos que perderam a coordenação motora. Os dados de mortalidade de R.

dominica foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos

comparadas pelo teste Tukey a p<0,05.

O bioensaio foi realizado em sala climatizada à temperatura de 27 ± 2°C, umidade

relativa de 75 ± 5% e fotofase de 12 horas, o delineamento foi inteiramente casualizado.

Cada parcela experimental foi constituída por placa de Petri (9 cm diâmetro por 2 cm de

altura) contendo besouros R. dominica. No fundo de cada placa de Petri foi colocado um

grão de trigo para alimentação dos besouros. As substâncias foram diluídas em acetona

(Vetec P.A. 99,5%). Cada inseto foi tratado topicamente com as soluções dos óleos

essenciais diluídos em acetona usando-se microseringa de 10 µL (Hamilton modelo 701N).

Foram aplicados 0,5 µL de solução em cada inseto. No controle os insetos foram tratados

topicamente com igual volume de acetona. As doses das substâncias foram calculadas em

mg por grama de massa corporal do inseto.

Resultados e Discussão Houve diferença significativa na mortalidade dos insetos de R. dominica em função

dos tratamentos. De acordo com a mortalidade causada aos insetos de R. dominica (dose de

30 mg de substância por g de inseto) o óleo essencial da espécie de Artemisia vulgaris

causou a maior mortalidade (33%) em relação aos demais tratamentos com 24h de

avaliação. O óleo essencial das espécies A. dracunculus, A. vulgaris e A. camphorata

causaram mortalidade em torno de 46 a 50% ao final da ultima avaliação com 120h. E a

espécie A. annua e o controle não tiveram diferença estatística (Figura 1).

O óleo essencial de A. dracunculus apresentou composto majoritário metileugenol

(>60%) e β-pineno (>20%) na constituição do óleo. Na espécie de A. camphorata, o

composto Germacreno-4-ol (25%), ascaridole (13%), 1,8 cineol (8%) foram os

constituintes majoritários, e na espécie A. vulgaris, o trans-tujona (20%), sabineno (5%). E

na A. annua, canfora (32%), como composto majoritário (Figura 2).

.

Page 159: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

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Figura 1 - Mortalidade (média ± erro padrão) de insetos de Rhyzopertha dominica (Fabricius) (Coleoptera:

Bostrichidae) em 5 intervalos de horas após a aplicação de 4 óleos essenciais e do controle (dose

= 30 mg por g de inseto).

39%

18%10%

8%

7%

6%4% 4% 3% 1%

Homem

Poluição

Falta de Educação Ambiental

Desmatamento/Degradação

Resíduos

Não Aplicação das Leis e Falta de

FiscalizaçãoMá Gestão dos Recursos Naturais

Não Souberam Responder

Escassez dos Recursos Hídricos

Uso Inconsciente da Água

Figura 2 - Estrutura química dos principais constituintes presentes em óleos essenciais de espécies de

Artemisia spp.

O efeito da toxicidade dos óleos essenciais nos insetos se dá pela inalação, ingestão

ou pela absorção do tegumento, podendo ser promissor para o controle por contato ou

fumigação.

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160

A ação dos monoterpenóides dos óleos essenciais exibem propriedades tóxicas,

repelentes, estimulantes e fagoinibidoras sobre insetos, o que causa a hiperatividade,

seguida de hiperextensão das pernas e abdômen, um breve espasmo e uma rápida

imobilização seguida de morte. Os óleos essenciais possuem ação neurotóxica e o sítio de

ligação nos insetos é o octopaminérgico, logo, a ação é sobre a octopamina, que aumenta o

estado de excitação do inseto, podendo provocar uma ação disruptiva do neurônio

despareado. Além do efeito inseticida, os óleos essenciais podem afetar negativamente o

crescimento, desenvolvimento e reprodução de vários insetos de produtos armazenados

(PAULIQUEVIS et al., 2013).

Conclusões O óleo essencial A. dracunculus, A. camphorata e A. vulgaris apresentaram

resultados promissores no controle do inseto-praga R. dominica. Estes óleos causaram a

paralisação dos movimentos da praga em curto intervalo de tempo (<48h), demostrando ter

compostos orgânicos responsáveis pela ação neurotóxica, mas requer estudos

comportamentais para comprovar este efeito. Portanto, o uso de inseticidas de origem

vegetal apresentam resultados satisfatórios, além de serem de fácil utilização, obtenção e

de baixo custo, pode constituir um importante método de controle principalmente para

pequenos agricultores.

Literatura citada GRADISH A.E.; SCOTT-DUPREE C.D.; SHIPP L.; et al. Effect of reduced risk pesticides

on greenhouse vegetable arthropod biological control agents. Pest Management Science,

v.67, p.82-86, 2011.

WHALON M.E.; MOTA-SANCHEZ D.; HOLLINGWORTH R.M. Global pesticide

resistance in arthropods. Oxfordshire: CABI, 2008. 175p.

PAULIQUEVIS, C. F., CONTE, C. O., FAVERO, S. Atividade insetistática do óleo

essencial de Pothomorphe umbellata (L.) Miq. sobre Rhyzopertha dominica (Fabricius,

1792) (Coleoptera: Bostrichidae). Revista Brasileira de Agroecologia, v.8, p.39-45, 2013.

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Avaliação do resgate de plantas nativas em um remanescente florestal degradado

Wagner Marques Oliveira Júnio1, Willian Geraldo da Silva

1, Simão Pedro Pereira

Nascimento1, Vinícius de Morais Machado

2

1Acadêmico do curso de Engenharia Ambiental e Sanitária do Centro Universitário de Patos de Minas -

UNIPAM Rua Major Gote808 Patos de Minas - MG, CEP 38700-000 [email protected] 2Professor do Centro Universitário de Patos de Minas - UNIPAM, Doutorando em Ciências Florestais - UnB

Resumo:Os remanescentes florestais vêm sofrendo constantes modificações realizadas por

atividades antrópicas. Como formas de acelerar o processo de recuperação têm-se utilizado

o resgate de indivíduos da flora, que consiste na coleta de plântulas provenientes da

regeneração natural, levando-as para adaptação e desenvolvimento em viveiro ou

diretamente para o campo. O presente trabalho foi desenvolvido no Parque Municipal Mata

do Catingueiro, onde foi avaliada a técnica de resgate de plântulas nativas em um

remanescente florestal, bem como os parâmetros de sua adaptação, em viveiro, após a

coleta. Foram demarcados aleatoriamente pontos amostrais, dentro da mata. Com uma pá

de jardinagem, coletaram-se plantas, independente da espécie, que apresentaram altura

abaixo de 100 cm. O material experimental foi transportado para o viveiro do (IEF - Patos

de Minas), onde se instalou o experimento. As avaliações ocorreram durantes 67 dias após

a instalação do experimento. Foram avaliadas as variáveis de sobrevivência (%),

crescimento, incremento e decremento em altura (cm) e diâmetro do coleto (mm). No total

dos 124 indivíduos coletados, a média em altura foi de 27,58cm e 0,30mm de diâmetro de

coleto. Após o fim da análise, a média total em altura para os indivíduos foi de 10,43cm de

altura e de 0,10mm de diâmetro. Do total de indivíduos resgatados, 88 foiperdido, o que

correspondem a uma taxa de mortalidade de aproximadamente de 70%.

Palavras–chave:Coleta de plântulas, Mata do Catingueiro,remanescentes florestais.

Recovery evaluation of native plants in a degraded forest fragment

Abstract:The forest fragments have been changed made by human activities. As ways to

speed up the recovery process have been used to rescue young plants leading them to adapt

and develop in nurseries or directly in the field. This study was conducted in a municipal

park, called Parque Municipal Mata do Catingueiro in the city of Patos de Minas - MG,

where the rescue of young native plants in a forest fragment was assessed as well as the

parameters of adaptation in nursery, after collection. Random points were chosen in the

forest, collected up plants, regardless of the species, which had height below 100cm. The

experimental material was transported to the nursery (IEF - Patos de Minas), which

installed the experiment. The evaluations were performed for 67 days after installation of

the experiment. Were evaluated: survival (%), growth, increment and decrement in height

(cm) and stem diameter (mm). A total of 124 individuals collected, the average height of

27,58cm and was 0,30mm in diameter collect. Already after analysis of 67 days, the

average total height for individuals was 10,43 cm and 0,10mm in diameter. The total of

rescued individuals, 88 dead collected, which corresponds to a mortality rate of

approximately 70%.

Keywords:Collection of seedlings, forest remnants, Mata doCatingueiro.

Introdução

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Os remanescentes florestais vêm ao longo de décadas sofrendo constantes

modificações realizadas por atividades antrópicas, a maior parte destes são encontrados na

forma de fragmentos florestais (Viana e Pinheiro, 1998). Bem como os efeitos da

degradação do solo, poluição dos mananciais hídricos e demais danos ambientais. Como

formas de acelerar o processo de recuperação têm-se utilizado como método alternativo, o

resgate de indivíduos da flora, no qual, consiste na coleta de plântulas provenientes da

regeneração natural antes da intervenção antrópica no ambiente, levando-as para adaptação

e desenvolvimento em viveiro ou diretamente para o campo.

Os estudos sobre resgate de plântulas são escassos, não sendo ainda padronizadas

quais as melhores épocas de coleta, tamanho das plantas resgatadas, realização ou não do

corte das folhas para redução de evapotranspiração, entre outros. Muitos ajustes nas

técnicas de resgate ainda precisam ser estudados visando maximizar a sobrevivência de

mudas para obtenção de elevada diversidade de espécies Calegariet al,.( 2011), além de um

monitoramento contínuo da população translocada.

O presente trabalho foi desenvolvido na cidade de Patos de Minas, em um parque nos

perímetros urbanos da cidade, denominado Parque Municipal da Mata do Catingueiro,

onde foi avaliada a técnica de resgate de plântulas nativas em um remanescente florestal,

bem como os parâmetros de sua adaptação, em viveiro, após a coleta.

Material e Métodos

O presente trabalho desenvolveu-se no Parque Municipal Mata do Catingueiro na

cidade de Patos de Minas, com coordenadas geográficas 18º35‟38,87”S e 46º29‟2,34”W, a

área contém aproximadamente trinta hectares, sendo considerada floresta estacional semi-

decídua.

Foram demarcados aleatoriamente pontos amostrais, dentro da mata, nos quais se

realizou o resgate dos indivíduos. Com o auxílio de uma pá de jardinagem, de forma

cautelosa para não danificar muito as raízes, coletou-se plantas, independente da espécie,

que apresentaram altura abaixo de 100 cm.

O material experimental foi destorroado manualmente, imediatamente após a coleta e

acondicionado em uma recipiente (balde) com água, sendo posteriormente transportado

para o viveiro do Instituto Estadual de Floresta (IEF - Patos de Minas), onde se instalou o

experimento.

Cada indivíduo resgatado foi transferido para sacos individuais de polietileno

(30x20cm) contendo substrato composto por: 0,16m³ de terra de barranco, 0,08m³ de

esterco curtido e 1 kg de NPK 08-28-16, logo em seguida estes foram transferidos para a

casa de sobra(área coberta com sombriteà 50% de redução de luminosidade). Os

indivíduos coletados foram separados em duas classes de tamanho (Classe I: 0-24cm de

altura e Classe II: >24 cm de altura). A divisão do tamanho das classes foi baseada no valor

da mediana da altura dos dados.

As avaliações ocorreram durantes 67 dias após a instalação do experimento, sendo

realizadas duas leituras, a primeira, momentos após instalação do experimento e a segunda

ao final do experimento. Foram avaliadas as variáveis de sobrevivência (%), crescimento,

incremento e decremento em altura (cm) e diâmetro do coleto (mm). As comparações das

variáveis foram entre as duas classes de coleta, Classe I e Classe II.

A identificação dos indivíduos (Tabela 1) ocorreu por meio de consultas a

especialistas, bibliografia especializada e ao herbário do Centro Universitário de Patos de

Minas-UNIPAM. Adotou-se o sistema de classificação APG II (ANGIOSPERM

PHYLOGENY GROUP II, 2003).

Page 163: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

163

Resultados e Discussão Para o presente trabalho foram coletados 124 indivíduos no total, sendo 66

indivíduos para Classe I (0-24 cm altura) e 58 indivíduos para a Classe II (>24 cm altura).

Os indivíduos coletados foram identificados (Tabela 1) conforme sua espécie e família

botânica.

Tabela 1 - Listagem das espécies e respectivas famílias botânicas coletadas durante o

processo

de resgate. Família Espécie Nome popular

Anacardiaceae

Tapiriraguianensis Tapirirá, tapiriri

Araceae Philodendronbipinnatifidum Banana de macaco

Bignoniaceae

Zeyheriadigitalis Bolsa de pastor

Tabebuiaroseoalba Ipê branco

Tabebuia chrysotricha Ipê tabaco

Euphorbiaceae Pera glabrata Seca ligeiro

Malvaceae Guazumaulmifolia

Lueheadivaricata

Mutamba

Açoita-cavalo-miúdo

Melastomataceae Miconiapepericarpa Miconia

Meliaceae

Qualeagrandiflora

Qualea multiflora

Pau-terra, pau-terra da folha-grande

Pau-terra-multiflora, pau-terra-liso

Salicaceae Casearia arborea Cafezinho

Após 67 dias de análise verificou-se uma perda total de 88 indivíduos que representa

aproximadamente 70% dos indivíduos resgatados. Desse total, para a Classe I, observou

uma perda de 51 indivíduos (77%) e para Classe II, de 37 indivíduos (63%) como

demonstra o Gráfico 1.

51

1537

210

20

40

60

Perdas Sobrevivência

mer

o d

e p

lan

tas

Classe I

Classe II

Gráfico 1 - Número de perdas e sobrevivência para as duas classes de coleta. Classe I: 0-24cm e

Classe II: >24 cm.

Não houve a redução foliar no estudo, visto que não havia um critério estabelecido

de espécies coletadas. Tal fato pode ter acarretado em maior porcentagem de perdas.

Quando foram retiradas do solo da floresta, certamente partes consideráveis das raízes

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164

secundárias e terciárias das plântulas, principais responsáveis pela absorção de água, foram

danificadas ou eliminadas, dificultando a absorção de água na fase posterior ao transplante

e, consequentemente, comprometendo a sobrevivência.

Analisando descritivamente os dados da altura das plantas para a primeira coleta,

nota-se que no total dos indivíduos coletados, a média em altura foi de 27,58cm e 0,30mm

de diâmetro de coleto. Após o fim da análise, a média total em altura para os indivíduos foi

de 10,43cm de altura e de 0,10mm de diâmetro. O decréscimo tanto em altura quanto em

diâmetro pode ser explicado pela elevada taxa de mortalidade entre as duas leituras.

Examinando o incremento em altura entre as Classes I e II percebe-se que o maior

incremento ocorreu na Classe I, sendo este de 8,13cm e na Classe II de 4,55cm de altura.

Mudas com baixo diâmetro do coleto apresentam dificuldades em se manterem eretas

após o plantio. O tombamento decorrente dessa característica pode resultar em morte ou

deformações que comprometem o valor silvicultural dos indivíduos (REIS et al., 2008).

Plantas que apresentam diâmetro do coleto pequeno e alturas elevadas, como as do

presente estudo, são consideradas de qualidade inferior, comparada às menores e com

maior diâmetro do coleto.

Conclusões

Conclui-se que, dos 124 indivíduos resgatados 88 foram perdidos, o que

correspondem a uma taxa de mortalidade de aproximadamente de 70%. O alto índice de

mortalidade pode ser explicado por não ter sido realizado a redução foliar.

O resgate de plantas em locais naturais propicia uma melhor utilização destas em

áreas em processo de recuperação, visto que, provavelmente, em áreas naturais muitas

plantas não atingem o ciclo de desenvolvimento completo devido à competição/seleção

natural. Assim, desenvolver técnicas eficientes de resgate torna-se necessário, pois,

auxiliam no sucesso dos processos de recuperação de áreas semelhantes às das áreas

resgatadas, bem como, minimizam os custos dispensados aos viveiros e/ou processos

silviculturais.

Literatura citada

APG II. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and

families of flowering plants.Botanical Journal of the Linnean Society, 2003.v.141, p.399–

436.

CALEGARI, L. MARTINS, S. V. BUSATO, L. C et al..Produção de mudas de espécies

arbóreas nativas em viveiro via resgate de plantas jovens.RevistaÁrvore, vol.35, p.41-50,

2011.

REIS, E. R.LÚCIO, A. C. FORTES, F. O. et al.. Período de permanência de mudas de

Eucalyptusgrandisem viveiro baseado em parâmetros morfológicos. Revista Árvore, vol.32

no.5. Viçosa.

VIANA, V M. PINHEIRO, L. A. F. V. Conservação da biodiversidade em fragmentos

florestais.Série técnica - IPEF. Vol. 12, n. 32, p. 25-42. 1998.

Page 165: VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE ANAIS DE RESUMOS …O VIII SIMPÓSIO DE MEIO AMBIENTE realizado nos dias 26 a 28 de outubro de 2015, na Universidade Federal de Viçosa, na cidade de

165

Padrões de ocorrência de incêndios no Parque Nacional da Serra dos Órgãos

João Flávio Costa dos Santos1, Sidiney Geraldo Silveira Velloso

1, José Marinaldo

Gleriani2

1Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais -UFV.

2Professor do Departamento de Engenharia Florestal - UFV.

Resumo: Os incêndios florestais são uma grande ameaça à conservação da biodiversidade

em Unidades de Conservação. Neste trabalho, avaliamos a ocorrência de incêndios

florestais entre 2006 e 2014 no Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Foram levantados

dados junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e os registros de ocorrência de

incêndios do parque. A partir do modelo digital de elevação ASTER (Advanced Space

borne Ther mal Emission and Reflection Radiometer) foram derivadas informações de face

de orientação e declividade. Alguns padrões de ocorrência foram observados: os incêndios

concentram-se entre os meses de junho e outubro, período que coincide com os menores

índices pluviométricos. As vertentes voltadas para norte e os relevos mais movimentados

são mais afetados pelos incêndios florestais. Verificou-se, ainda, que os focos ocorrem

principalmente na área ao entorno do parque.

Palavras-chave: Monitoramento de queimadas, face de orientação, declividade.

Standard of occurrence of fires on the Parque Nacional da Serra dos órgãos.

Abstract: Forest fires are a major threat to biodiversity conservation in protected areas. In

this work, we evaluated the occurrence of forest fires between 2006 and 2014 in the

ParqueNacional da Serra dos Órgãos. Data were collected by the Brazilian Space Research

Institute and the park's fire records. From the ASTER (Advanced Spaceborne Thermal

Emission and Reflection Radiometer) digital elevation model was derived aspect and slope

information. Some occurrence patterns were observed: forest fires are concentrated

between the months of June and October, when they are also registered the smallest

rainfall. The slopes facing north and the busiest reliefs are more affected by forest fires.

And the fires occur mainly in the area around to the park.

Key-words: Fire monitoring,aspect, slope.

Introdução

Uma das grandes ameaças à conservação da biodiversidade nos dias atuais é a

crescente ocorrência de incêndios florestais em Unidades de Conservação (UC) (IBAMA,

2006). Na Mata Atlântica, um hotspot mundial, a ocorrência de incêndios florestais põe em

risco a proteção de várias espécies endêmicas e/ou ameaçadas de extinção (MEYERS et

al., 2000).

Os incêndios podem ter origens naturais ou antrópicas. Na Mata Atlântica

predomina o ultimo caso, com focos concentrados nos meses mais secos do ano. O uso do

fogo para manejo de pastagens em áreas de amortecimento é umas das principais fontes de

ignição de incêndios florestais em UCs deste bioma (AXIMOFF e RODRIGUES, 2011).

Os fatores abióticos que influenciam nos risco dos incêndios florestais envolvem

aspectos: topográficos, como a face de orientação, declividade e altitude; climatológicos,

como índices pluviométricos; temperatura; umidade e ventos. Já o tipo de vegetação

também influencia se há mais ou menos material combustível (RIBEIRO et al, 2008).

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) protege, desde 1939, um

importante remanescente de floresta ombrófila densa (20.030 ha) no estado do Rio de

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Janeiro. O parque abriga 120 espécies de animais ameaçados de extinção. Apesar da

importância, os incêndios florestais tem sido recorrentes nesta UC.

O objetivo deste trabalho foi avaliar a distribuição espacial de focos de incêndios e

verificar padrões de ocorrência no Parque Nacional da Serra dos Órgãos.

Material e métodos

O Parque Nacional da Serra dos Órgãos (PARNASO) esta localizado na região

serrana do Rio de Janeiro e ocupa porções territoriais dos municípios de Petrópolis

Teresópolis e Guapimirim.

Foram analisados focos de incêndio dentro do limite do PARNASO e na área ao

redor (entorno, zona de amortecimento) no período de 2006 a 2014. Os dados foram

levantados de duas fontes: na administração do parque e no Portal do Monitoramento de

Queimadas e Incêndios (INPE, 2015). Este portal fornece dados diários de queimadas em

unidades de conservação e áreas ao entorno. Foram utilizados dados de todos os satélites

disponíveis com processamento posterior para eliminar redundância de informações. Os

dados adquiridos foram salvos em formato shapefile e transformados do datum SAD69

para o datum/projeção SIRGAS 200 UTM fuso 23S.

Dados pluviométricos da estação meteorológica de Teresópolis também foram

analisados para o período de 2007-2014.

A partir do modelo digital de elevação ASTER (Advanced Spaceborne Thermal

Emission and Reflection Radiometer) (1 arco de segundo) e com o software ArcGIS 10.3

foram gerados planos de informação de declividade e face de orientação. Aos registros de

focos de incêndio fornecidos pelo parque foram adicionados os valores correspondentes

contidos nos planos de informação de declividade e face de orientação. Nesta etapa os

dados do INPE não foram utilizados, uma vez que a resolução espacial das bandas termais

dos sensores (1 x 1 km para MODIS,1,1 x 1,1 km para AVHRR e 4 x 4 km para sensores

dos satélites Geoestacionários GOES e MSG) dificultam a localização acurada dos pontos

de ocorrência do incêndio.

Resultados e Discussão

Analisando os dados do Portal de Monitoramento de Queimadas foram registrados

430 focos de calor no período de 2006 a 2014. No entanto, a relação foco de calor e

incêndios não é direta. Muitos destes registros são repetições, isto é, o mesmo incêndio foi

detectado por diferentes sensores. Cada registro indica a detecção de foco de calor dentro

de um pixel. Neste sentido, ainda que haja mais de uma frente de fogo, um único foco será

indicado dentro do pixel. Se a frente de fogo é muito pequena pode não caracterizar a

resposta espectral de queimadas e o foco não será indicado. Se uma queimada for muito

extensa, ela será detectada em alguns pixels vizinhos, ou seja, vários focos estarão

associados a uma única grande queimada. Uma única frente de fogo que perdure alguns

dias também terá detecções sucessivas nas passagens periódicas do sensor. Em função

destas observações os dados adquiridos no portal queimadas foram processados para

eliminar a redundância. Desta forma, estes 430 registros corresponderam a 94 incêndios

florestais. Segundo esta base de dados o ano com maior número de incêndios (28) foi

2014.

De acordo com dados do parque foram contabilizadas 172 ocorrências de incêndios

neste mesmo período. Deste quantitativo, 72% dos focos foram registrados na zona de

amortecimento e entorno da UC. Este resultado indica a necessidade de trabalhar a

conscientização da comunidade ao entorno do parque. O ano com maior número de

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registros (48) foi 2010. Embora 2014 não tenha apresentado maior número de ocorrências

como nos dados do INPE, foi o ano com incêndios de maiores proporções, totalizando

1.927,5 ha afetados. Destaca-se que, no período avaliado, este foi o ano com menor

quantitativo de pluviosidade anual (2.447mm).

A similaridade das duas bases de dado foi de apenas 16,5 %. Em função da baixa

resolução espacial dos sensores utilizados no monitoramento das queimadas, muitos focos

com pequenas áreas atingidas não foram detectados. Apesar disso os dados do INPE

mostraram-se eficientes para detecção do período mais critico na UC.

Tanto os dados do INPE quando os fornecidos pelo parque apontam os meses de

julho, agosto, setembro e outubro com os mais críticos. Estes são os meses mais secos do

ano. Verifica-se, desta forma, uma relação direta entre o período de estiagem e risco de

incêndios florestais (Figura 1). Os dados do período analisado também apontam para um

crescimento tanto em número de registros quanto em área afetada.

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

Prec

ipta

ção

(m

m)

Focos INPE

Focos PARNASO

Preciptação

Figura 1. Relação entre número de ocorrências mensais de incêndios florestais no PARNASO no período de

2006 a 2014 segundo INPE e a administração do Parque e as médias mensais de precipitação

(2007-2014).

Quanto aos padrões de ocorrência na paisagem, 66 registros de incêndios foram

analisados (estes registros continham informações de coordenadas geográficas). Os focos

analisados estão predominantemente em áreas de declividades mais acentuadas (Figura 2.I)

e nas vertentes com orientação norte (Figura 2.II) . No hemisfério Sul, devido a inclinação

do eixo terrestre, as áreas com vertentes orientadas para norte recebem maior quantidade

de radiação solar direta. Justamente na época mais seca do ano este efeito é mais intenso

em função do solstício de inverno (22 de junho) quando a inclinação é máxima (+23,27º).

Quanto mais inclinada for a vertente voltada para o Sol, maior a quantidade de radiação

solar direta será recebida e a vertente oposta tende a ficar mais úmida. Oliveira et al (1995)

verificaram que a no maciço da tijuca (RJ) a serapilheira das encostas voltadas para Sul

retêm maior umidade (5% a mais que as faces norte) e por isso são menos suscetíveis à

incêndios florestais. Além do fator radiação solar, nas vertentes voltadas para sul, sudoeste

e sudeste da região, há um ganho de umidade por interceptação horizontal das massas de ar

úmidas oriundas do oceano. Desta forma o risco de incêndios florestais aumenta nas

encostas voltadas para norte e nas áreas mais declivosas (RIBEIRO et al., 2008).

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(I) (II)

0 20 40 60

Suave Ondulado

Ondulado

Fortemente Ondulado

Montanhoso

Escarpado

% 0 10 20 30 40

Leste

Nordeste

Noroeste

Norte

Oeste

Sudeste

sudoeste

%

Figura 2. Distribuição dos focos de incêndio no PARNASO período de 2006 a 2014 de acordo com

declividade (I) e face de orientação (II).

Os resultados levantados neste trabalho servem de subsidio para elaboração de um

mapa de áreas criticas e o gerenciamento de questões relacionadas à ocorrência de

incêndios florestais no PARNASO.

Conclusões

No Parque Nacional da Serra dos Órgãos os incêndios florestais ocorrem

principalmente nos meses de junho a outubro. Os registros de incêndio indicam que as

vertentes voltadas para norte e as maiores declividades são mais propícias a ocorrência dos

incêndios. Maiores partes dos incêndios ocorrem fora da UC nas áreas ao entorno e zona

de amortecimento.

Agradecimentos

Os autores agradecem à administração do Parque Nacional da Serra dos órgãos

Literatura citada

IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renovaveis. Relatório de

Ocorrência de Incêndios Florestais. Documento Técnico. PREVFOGO. 2006.

AXIMOFF, I.; CARVALHO R., R. Histórico dos incêndios florestais no Parque Nacional

do Itatiaia. Ciência Florestal, v. 21, n. 1, p. 83-92, 2011.

RIBEIRO, L.; KOPROSKI L.P.; STOLLE L.et al. Zoneamento de riscos de incêndios

florestais para a fazenda experimental do Canguiri, Pinhais (PR). Floresta, v. 38, n. 3,

2008.

OLIVEIRA, R. R.; ZAU, A. F.; LIMA, D. F. et al. Significado ecológico da orientação de

encostas no maciço da Tijuca, Rio de Janeiro. Oecologia brasiliensis, v. 1, n. 1, p. 523-

541, 1995.

MYERS, N.; MITTERMEIER, R. A;. MITTERMEIER, C.G., et al. Biodiversity hotspots

for conservation priorities. Nature, v. 403, n. 6772, p. 853-858, 2000.

INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, 2015. Portal do Monitoramento de

Queimadas e Incêndios. Disponívelemhttp://www.inpe.br/queimadas.Acessoem:

19/09/2015

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Caracterização Morfométrica da Microbacia do Córrego dos Vieira, Caratinga-MG

Ronaldo Kennedy Firmino Júnior3, Athos Alves Vieira

4, Kleber Ramon Rodrigues

3,

Leopoldo Concepción Loreto Charmelo4, Alessandro Saraiva Loreto

5, João Luiz Lani

6

1 Engenheiro Ambiental e Sanitária pelo Centro Universitário de Caratinga (UNEC) – MG; Contato:

[email protected] 2 Acadêmico do 10º período de Eng. Ambiental e Sanitária do (UNEC), Caratinga – MG; Contato:

[email protected] 3Geógrafo, D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) - MG e Prof.

do Centro Universitário de Caratinga (UNEC), Caratinga – MG; Contato: [email protected] 4 Engenheiro Agronômo, D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) –

MG e Prof. do Centro Universitário de Caratinga (UNEC), Caratinga – MG; Contato: [email protected]

5 Engenheiro Civil, Mestrado em Engenharia Civil pela Universidade Federal de Viçosa (UFV) – MG e Prof.

do Centro Universitário de Caratinga (UNEC), Caratinga – MG; Contato: [email protected] 6 Professor do Departamento de Solos, Universidade Federal de Viçosa (UFV), Viçosa, MG.

Resumo: O comportamento hidrológico de uma bacia hidrográfica é função de suas

características fisiográficas (solo, geologia, geomorfologia, cobertura vegetal, dentre

outras) e morfometrias (fator de forma, densidade de drenagem etc). Os estudos

morfométricos devem ser aplicados em todos os trabalhos no que tange ao planejamento de

uma bacia hidrográfica. Deve ser um dos primeiros métodos a serem executados em

estudos hidrológicos. O presente trabalho teve como objetivo fazer a caracterização

morfométrica da microbacia do Córrego dos Vieiras localizada no município de Caratinga-

MG. As informações necessárias para a realização do trabalho foram obtidas por dados

disponíveis em trabalhos acadêmicos (Fernandes, 2014) referentes a bacia e no Plano

Integrado de Recursos Hídricos da bacia do rio Caratinga (PIRH, Bacia do Rio Caratinga,

2010), além da utilização de mapas e cartas topográficas (IBGE, Caratinga, ed. 1980)

como subsídio para os cálculos.

Palavras-Chave: Carta topográfica, ciclo hidrológico, risco de inundações.

Abstract: The hydrological behavior of a watershed is a function of its physiographic

characteristics (soil, geology, geomorphology, vegetation cover, among others) and

morphometric (form factor, drainage density etc). The morphometric studies should be

applied to all jobs when it comes to planning a watershed. It should be one of the first

methods to be performed in hydrological studies. This study aimed to make the

morphometric characterization of the watershed stream of scallops in the municipality of

Caratinga, Minas Gerais. The information needed to carry out the work were obtained by

data available in academic papers (Fernandes, 2014) relating to bowl and Integrated Water

Resources Plan of the river basin Caratinga (Pyr H, River Basin Caratinga, 2010), as well

as use maps and topographic maps (IBGE, Caratinga, ed. 1980) as input to the calculations.

Keywords: Hydrological cycle, Risk of flooding, Runoff and infiltration

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Introdução

A bacia hidrográfica pode ser considerada um sistema físico onde a entrada é o

volume de água precipitado e a saída é o volume de água escoado pelo exutório,

considerando-se como perdas intermediárias os volumes evaporados, transpirados e os

infiltrados profundamente (Tucci, 2000). Segundo Tonello (2005), a área da bacia

influência na quantidade de água produzida como deflúvio enquanto a forma e o relevo, no

entanto, atuam sobre a taxa ou o regime dessa produção de água.

A análise de bacias hidrográficas começou a apresentar caráter mais objetivo a

partir de 1945, com a publicação do notável trabalho do engenheiro hidráulico Robert E.

Horton, que procurou estabelecer as leis do desenvolvimento dos rios e de suas bacias.

Neste trabalho foi realizado a caracterização morfométrica com o objetivo de

quantificar a área da Bacia do Córrego Vieira situada em Caratinga-MG. Avaliando os

seguintes atributos: Coeficiente de compacidade (Kc), Fator de forma (Kf), Índice de

circularidade (Ic), Densidade de drenagem (Dd) e Declividade da bacia (D).

Material e Métodos

Os cálculos foram feitos usando os dados obtidos pelo mapa da microbacia (Figura 1) abaixo:

Figura 1: Microbacia do Córrego dos Vieiras – Caratinga/MG

O ordenamento dos cursos d‟água e os cálculos dos paramentos morfométricos da

microbacia, foram obtidos segundo as metodologias apresentadas na Tabela 1 logo abaixo.

Tabela 1 – Cálculo dos Parâmetros morfométricos da microbacia do córrego dos Vieiras, em Caratinga, MG

Parâmetro

morfométrico

Fórmula Referência

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Padrão de drenagem Refere-se ao arranjamento espacial dos cursos fluviais, que podem

ser influenciados em sua atividade morfogenéticos pela natureza e

disposição das camadas rochosas, pela resistência litológica

variável, pelas diferenças de declividade e pela evolução

geomorfológica da região

Christofoletti

(1974)

Ordem do curso

d‟água

Cursos de água sem tributários são considerados como de 1ª ordem,

a confluência de dois canais de 1ª ordem gera um canal de 2ª

ordem, e assim sucessivamente.

Strahler

(1952)

Relação de

Bifurcação

Rb = Nu/Nu+1

Onde, Nu = Número de segmentos de determinada ordem

Nu+1 = Número de segmentos de ordem imediatamente superior

R.E. Horton

(1945)

Coeficiente de

Compacidade (Kc) Kc = 0,28*P/

Onde, P = Perímetro da bacia

A = área da bacia

0,28 = Constante

Villela &

Mattos

(1975)

Fator de Forma (Kf) Kf = A/Lx²

Onde, A = Área da bacia

Lx= Comprimento axial da bacia

Villela &

Mattos

(1975)

Índice de

Circularidade (Ic)

Ic = A/Ac

Onde, A = Área da bacia

Ac = Área do circulo de perímetro igual ao da bacia

Miller

(1953)

Densidade de

Drenagem (Dd)

Dd = Lt/A

Onde, Lt = Comprimento total dos canais

A = Área da bacia

Villela &

Mattos

(1975)

Declividade da Bacia

(D)

D = dh/dH

Onde, dh = Diferença de altura

dH = Distância horizontal

Villela &

Mattos

(1975)

Resultados e Discussões

A microbacia hidrográfica oferece, portanto, a vantagem de um gerenciamento

simultâneo, interdependente e cumulativo de seus aspectos econômicos, sociais e

ambientais, através da possibilidade de realizar um planejamento e administração integrada

dos recursos naturais, solo e água, ampliando assim, notavelmente, a sinergia e a

potencialidade dos processos operados, além de oferecer condições geográficas e sociais

favoráveis à organização comunitária (RYFF, 1995 apud SABANÉS, 2002).

Os resultados obtidos a partir dos cálculos abaixo foram agrupados na Tabela 2 a

fim de facilitar a analise das informações obtidas.

Coeficiente de Compacidade (Kc)

Fator de forma (Kf)

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172

Índice de circularidade (Ic)

Densidade de drenagem (Dd)

Relação de Bifurcação (Rb)

Declividade da bacia (D)

Tabela 2: Parâmetros Morfométricos da microbacia do córrego dos Vieiras, em Caratinga,

MG

A área estudada foi caracterizada como de Segunda Ordem e possui padrão de

drenagem Paralelo, área pequena e o comprimento total dos canais não possui grande

extensão, sendo assim, considerada uma microbacia.

A partir dos resultados do Fator de Forma e Índice de Circularidade onde quanto

mais próximo de 1, a forma da bacia é mais compacta, ou seja, possui uma forma circular.

Com os valores dos cálculos sendo 0,24 e 0,51, respectivamente, indica que a microbacia

tem um formato alongado.

O Coeficiente de Compacidade indica se a área mais baixa da bacia é mais

propensa a inundações, valores próximos de 1, são mais compactas e tendem a concentrar

o escoamento. O resultado indica que o local possui uma área compacta.

Por possuir somente dois cursos d‟água, a bacia não possuiria um escoamento

pluvial eficiente, sendo propensa a inundações, porém, devido ao seu formato alongado,

não há tempo para que a água se acumule, reduzindo os riscos de inundações.

A densidade de drenagem indica se a bacia possui uma boa drenagem baseada na

razão entre comprimento total dos canais e a área da bacia. De acordo com o resultado, a

microbacia possui uma drenada eficiente.

Parâmetros Valor

Área da Bacia (km²): 0,43

Perímetro da Bacia (km): 3,26

Comprimento axial da bacia (km) 1,35

Ordem 2º

Número total de cursos de água 2

Comprimento do curso de água principal (km) 1,41

Comprimento total dos canais (km) 1,71

Relação de Bifurcação 2

Área do círculo de perímetro igual ao da bacia (km²) 0,85

Coeficiente de Compacidade 1,39

Fator de Forma 0,24

Índice de Circularidade 0,51

Densidade de Drenagem 3,98

Declividade da Bacia (%) 12

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173

A declividade é usada para indicar a velocidade de escoamento, o tempo de

concentração das bacias e o pico das enchentes, devido à declividade relativamente baixa

do local, a velocidade de escoamento é baixa, favorecendo uma melhor infiltração da água

e danos causados pelas erosões fluviais reduzidos.

Conclusão

A partir da caracterização morfométrica foi possível analisar o risco de inundação

e capacidade de escoamento das águas, e classificar a bacia hidrográfica, porém para uma

análise mais detalhada é necessário conhecer outros fatores como o regime das chuvas, a

geomorfologia e o uso e ocupação da bacia para poder obter um conhecimento melhor

sobre o regime fluvial do local.

Agradecimentos

Agradeço ao Centro Universitário de Caratinga pelo apoio no desenvolvimento do

trabalho, aos demais autores pela disponibilidade e contribuição para elaboração do mesmo

e o convite para envio do artigo ao VIII Simpósio de Meio Ambiente.

Literatura citada CHRISTOFOLETTI, A. A Análise de Bacias Hidrográficas. Geomorfologia. São Paulo:

Edgard Blucher/usp, 1974.

Fernandes, F. C., Ferreira. Topossequência de solos na microbacia do córrego dos Vieiras

– Caratinga/MG, 2014.68pag. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em

Engenharia Ambiental e Sanitária) – Centro Universitário de Caratinga, UNEC, Caratinga,

MG.

HORTON, R. E. Erosinal development of streams their drainage basins: hidrophysical

approach to quantitative morphology. Colorado: Bulletin of the Geological Society of

America, 1945

Plano Integrado de Recursos Hídricos do município de Caratinga - PIRH Disponível em:

<. http://www.cbhdoce.org.br/wp-content/uploads/2015/01/PIRH_Caratinga.pdf.>. Acesso

em: 02 ago. 2015.

SABANÉS, L. Manejo sócio-ambiental de recursos naturais e políticas públicas: um

estudo comparativo dos projetos “Paraná Rural e Microbacias”. 2002. Dissertação

(Mestrado em Desenvolvimento Rural) – Faculdade de Ciências Econômicas, UFRGS,

Porto Alegre, 2002

STRAHLER, A.N. Hypsometric (area-altitude) analysis and erosional topography,[S.I].

Geological Society of America Bulletin, 1953.

TONELLO, K. C. et al. Morfometria da Bacia Hidrográfica da Cachoeira das Pombas,

Guanhães. Minas Gerais: Revista Árvore, 2005.

TUCCI, C.E. M. Hidrologia: Ciência e Aplicação. Porto Alegre: Univ. Federal do Rio

Grande do Sul, 2000.

VILLELA, S. M.; MATTOS, A. Hidrologia Aplicada. São Paulo: Mc Graw Hill, 1975

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE. Disponível em: <.

http://portaldemapas.ibge.gov.br/portal.php#mapa16500.>. Acesso em: 02 ago.

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174

Educação ambiental: Uma visão do cenário atual

Juliana Horta Hilário1, Lorena Manoela Silva Oliveira

2, Valquíria Silva Machado

3

1 Estudante de graduação em Engenharia Ambiental, pela Faculdade Doctum de Juiz de Fora.

2 Estudante de graduação em Engenharia Ambiental, pela Faculdade Doctum de Juiz de Fora.

3 Professora do curso de Engenharia Ambiental, pela Faculdade Doctum de Juiz de Fora.

Resumo: Formal ou não, a educação ambiental deve ser formulada de forma crítica e

inovadora. E como importante ferramenta provocar reflexões sobre as práticas sociais em

uma conjuntura marcada pela degradação contínua do meio ambiente. O trabalho objetiva

fazer um levantamento relacionado aos conhecimentos de educação ambiental na

Faculdade Doctum – Centro de Engenharias de Juiz de Fora. Foram coletadas informações

através de questionários no dia 29 de setembro de 2015, com 96 alunos do curso de

Engenharia Ambiental do 2º ao 8º períodos, com faixa etária entre 18 e 44 anos de idade.

No curso mencionado estão matriculados 151 alunos e para essa pesquisa obteve-se uma

amostragem de 63,58% desse total. Obteve-se com essa pesquisa que 53% dos alunos

entrevistados, não souberam diferenciar as principais definições ao serem questionados

sobre o que é educação ambiental, esse resultado mostra que eles não tiveram ou não se

interessaram em um maior aprendizado sobre o assunto. A educação ambiental é o

principal instrumento de transformação, sendo fundamental para o desenvolvimento de

uma consciência crítica em relação ao meio ambiente. Com isso gerando

comprometimento e responsabilidade de todos os atores envolvidos para uma relação e

ação holística.

Palavras–chave: Alunos, educação ambiental, faculdade, meio ambiente, pesquisa.

Environmental education: A view of the current situation

Abstract: Formal or not, environmental education must be formulated in a critical and

innovative way. And as an important tool provoke reflections about the social practices in

a conjuncture marked by the continuous degradation of the environment. The work aims to

make a survey related to knowledge of environmental education at the Doctum Faculty -

Engineering Center of Juiz de Fora. Data were collected through questionnaires on the day

September 29th

, 2015, with 96 students of the Environmental Engineering course from 2nd

to 8th

periods, with age group between 18 and 44 years old. In the course mentioned are

matriculated 151 students and for this research was obtained a sampling of 63,58% of this

total. It was obtained with this research that 53% of interviewed students didn't know to

differentiate the main definitions when questioned about what is environmental education,

this result shows that they didn't have or weren't interested in greater learning about this

topic. The environmental education is the main instrument of transformation, being

fundamental for the development of a critical awareness in relation to the environment.

With this, generating commitment and responsibility of all involved actors to a relation and

holistic action.

Keywords: college, environmental, environmental education, research, students

Introdução

De acordo com Dias (1991), os problemas ambientais iniciaram-se com o declínio da

qualidade de vida na década de 60. Devido à acelerada degradação do ambiente provocada pelo

rápido crescimento econômico e pela expansão do setor industrial, além do aumento da devastação

das florestas e das contaminações químicas e orgânicas do ar, do solo e das águas. Após alguns

anos, esses problemas chegaram ao conhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU)

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através de uma delegação da Suécia que chamou a atenção internacional para a crescente crise do

ambiente humano. Em 1972, foi realizada a Conferência de Estocolmo, na Suécia, onde ocorreram

as seguintes ações: gerou-se a "Declaração sobre o Ambiente Humano"; ficou estabelecido o Plano

de Ação Mundial e, em particular, recomendou que deveria ser desenvolvido um programa

internacional de Educação Ambiental, com propósito de educar o cidadão para compreender os

mecanismos de sustentação da vida na terra.

A educação ambiental tem como propósito formar uma população consciente e preocupada

com o meio ambiente e os problemas a ele associados. Através dela, busca-se desenvolver técnicas

que facilitem o processo de conscientização quanto à seriedade dos problemas ambientais e a

urgência em solucioná-los. Segundo a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) – Lei nº

9795/99, Art. 1º: "Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o

indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos,

habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio

ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua

sustentabilidade." A educação ambiental tornou seu conhecimento aberto quando promulgada a lei supracitada,

em 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental e institui a PNEA. Fica claro que a

partir desta data entra em vigor a obrigatoriedade da educação ambiental em todos os níveis de

ensino, inclusive na educação superior, em caráter formal ou não-formal.

Material e Métodos

A fim de aprimorar e enriquecer a pesquisa, esta foi baseada em dois métodos: o primeiro foi

o de utilizar artigos sobre educação ambiental, seus caminhos, definições e breve histórico, além de

recorremos a referências como o site do ministério do meio ambiente. Os artigos fundamentaram a

compreensão do quão amplo e importante é para a sociedade ter acesso à educação ambiental e

também ter ações voltadas em benefício do meio ambiente. Ações essas que associadas à outras

ações podem contribuir para alcançar a sustentabilidade, da qual muita fala-se, porém pouco se

conhece. Já que para que algo seja sustentável, deverá atender a três critérios: ser ecologicamente

correto, socialmente justo e economicamente viável.

O segundo método foi elaborar um questionário contendo seis perguntas sobre os seguintes

temas: biodiversidade, ecossistema, sustentabilidade e educação ambiental. Após elaborado, este

questionário foi aplicado aos alunos do 2º ao 8º períodos de Engenharia Ambiental da Faculdade

Doctum- Centro de Engenharias de Juiz de Fora, com o intuito de avaliar os seus conhecimentos. O

referido questionário possuía quatro perguntas objetivas (com as opções sim ou não), sendo essas:

1) Você sabe o que é biodiversidade?, 2) Você sabe o que é ecossistema?, 3) Você sabe diferenciar

ambos? e 4) Você sabe o que é sustentabilidade?. Além das perguntas objetivas continha também

duas perguntas dissertativas, sendo: 5) Para você qual é o maior problema encontrado no meio

ambiente? e 6) O que é educação ambiental?.

A partir dos dados obtidos na pesquisa, foi possível verificar que apesar dos entrevistados

serem da área ambiental, alguns deles ficaram confusos e fizeram definições distantes ou

responderam incorretamente à pergunta sobre o que é educação ambiental.

Resultados e Discussão

Observa-se que a educação ambiental é um tema muito comentado atualmente, porém pouco

abordado profundamente o que causa desconhecimento e confusões na sociedade quanto ao que

realmente é a educação ambiental e seus objetivos. Os dados obtidos nessa pesquisa, quanto à

conscientização e o conhecimento dos entrevistados, eram até certo ponto previstos. Porém o que

mais chamou a atenção foi de que todos os entrevistados são alunos graduandos do curso de

engenharia ambiental, o qual esta temática faz parte da grade curricular.

A base desta pesquisa foi um questionário com perguntas simples para averiguar onde estaria

a falha no conhecimento, observamos um alto índice de alunos que na pergunta objetiva (O que é

Educação Ambiental?) encontraram dificuldades para respondê-la.

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Marczwski (2006) obteve um resultado simular quando 259 alunos de 5º a 8º serie,

responderam à essa pesquisa que era mais ampla (com 26 perguntas, sendo: 19 objetivas e 7

dissertativas), os resultados obtidos foram semelhantes dessa pesquisa.

O gráfico 1 mostra as diversas opiniões para a pergunta dissertativa, quanto ao maior

problema encontrado no meio ambiente, em que a maioria dos alunos citaram que o problema é o

homem. Já a tabela 1 mostra a porcentagem da auto avaliação dos alunos quanto aos seus

conhecimentos para as perguntas objetivas (sim ou não) apresentadas no questionário. Também

apresenta a porcentagem de respostas corretas e incorretas quanto à pergunta dissertativa sobre o

que é educação ambiental, a qual houve um grande número de respostas totalmente incoerentes,

devido a fatos já apresentados (a falta de interesse ou falta de incentivo ao conhecimento).

Gráfico 1: Relação de respostas apresentadas pelos graduandos em Engenharia Ambiental da

Faculdade Doctum quanto ao maior problema encontrado no Meio Ambiente

39%

18%10%

8%

7%

6%4% 4% 3% 1%

Homem

Poluição

Falta de Educação Ambiental

Desmatamento/Degradação

Resíduos

Não Aplicação das Leis e Falta de

FiscalizaçãoMá Gestão dos Recursos Naturais

Não Souberam Responder

Escassez dos Recursos Hídricos

Uso Inconsciente da Água

Fonte: Dados da pesquisa realizada em 29/09/2015 na Faculdade Doctum - Centro de Engenharias de Juiz de Fora

Tabela 1: Questionário respondido pelos graduandos em Engenharia Ambiental

Perguntas Respostas Frequência Porcentagem

Você sabe o que é

biodiversidade?

Sim 94 98% Não 1 1%

Não respondeu 1 1%

Você sabe o que é

ecossistema?

Sim 94 98% Não 1 1%

Não respondeu 1 1%

Você sabe diferenciar ambos?

Sim 77 80% Não 15 16%

Não respondeu 3 3% Talvez 1 1%

Você sabe o que é

sustentabilidade?

Sim 93 97% Não 2 2%

Não respondeu 1 1% Responda o que é educação

ambiental

Correta 45 47% Incorreta 51 53%

Fonte: Dados da pesquisa realizada em 29/09/2015 na Faculdade Doctum - Centro de Engenharias de Juiz de Fora

Conclusões

Concluí-se com base nos dados coletados que grande parte dos alunos entrevistados têm

muitas dificuldades em discernir as principais definições quanto à educação ambiental, pois não

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tiveram ou não se interessaram em um maior aprendizado sobre o assunto. Visto que foram

abordados alunos da área ambiental, este fato chama a atenção. A partir dessa conclusão, é possível

propor como alternativa para solucionar o problema identificado, um curso para amplificação de

conhecimentos e maior gestão desse tema no meio em que atuam.

Além das medidas citadas acima vale ressaltar a importância de uma mudança

comportamental, juntamente com a maior promoção de conhecimento. Não adianta apenas estudar

e vislumbrar um futuro melhor, é imprescindível estimular na sociedade em geral atitudes e

responsabilidades em benefício do meio ambiente, para que dessa forma as ideias e objetivos saiam

do papel e sejam concretizados, explorando ao máximo a aprendizagem e as informações obtidas

com a educação ambiental.

Agradecimentos

Gostaríamos de agradecer primeiramente à Deus, por nossa vida e saúde. Aos nossos pais e

familiares pelo apoio e compreensão em todos os momentos. À nossa professora Valquíria Silva

Machado pelo apoio, orientação, oportunidade e confiança para realizar esse trabalho, sem eles

nada disso seria possível. E também aos alunos, professores e coordenadores da Faculdade Doctum

– Centro de Engenharias de Juiz de Fora pelo acolhimento e a disponibilização de seu tempo para

responder nossa pesquisa.

Literatura citada

ANGOTTI, J. A. P.; AUTH, M. A. Ciência e tecnologia: implicações sociais e o papel da

educação. Ciência & Educação, v.7, n.1, p.15-27, 2001. In:

http://www.scielo.br/pdf/ciedu/v7n1/02.pdf (acessado em 28 de Setembro de 2015)

CUBA, A. S. Educação ambiental nas escolas. ECCOM, v. 1, n. 2, p. 23-31, jul./dez., 2010. In:

http://www.fatea.br/seer/index.php/eccom/article/viewFile/403/259 (acessado em 21 de Setembro

de 2015).

DIAS, G. F. Os quinze anos da educação ambiental no Brasil: um depoimento. 1991. In:

http://emaberto.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/viewFile/755/676 (acessado em 28 de

Setembro de 2015)

FREITAS, C. M. Problemas ambientais, saúde coletiva e ciências sociais. 2003. In:

http://www.scielo.br/pdf/%0D/csc/v8n1/a11v08n1.pdf (acessado em 22 de Setembro de 2015)

LEI Nº 9795. Política Nacional de Educação Ambiental. De 27 de Abril de 1999. In:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9795.htm (acessado em 24 de Setembro de 2015)

MARCZWSKI, M. Avaliação da percepção ambiental em uma população de estudantes do ensino

fundamental de uma escola municipal rural: um estudo de caso. 2006. Dissertação de Mestrado -

Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006. In:

www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/8617/000582728.pdf?sequence=1 (acessado em 01 de

Outubro de 2015)

PRONEA. Programa Nacional de Educação Ambiental - ProNEA. 2005. Brasília, 2005, 3ª edição.

In: http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/educacaoambiental/pronea3.pdf (acessado em 04 de

Outubro de 2015)