vigilância dos efeito na saude-poluição atmosférica

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  • 8/8/2019 Vigilncia dos efeito na saude-Poluio atmosfrica

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    VIGILNCIA DOS EFEITOS NA SADE DECORRENTES DA POLUIO ATMOSFRICA:ESTUDO DE FACTIBILIDADE

    Este estudo vem sendo desenvolvido pela Diviso de Meio Ambiente do Centro de VigilnciaEpidemiolgica da Secretaria de Estado da Sade de So Paulo Brasil, em parceria com o Departamento dePatologia da Faculdade de Medicima da Universidade de So Paulo e com a CETESB.

    Clarice Umbelino de FreitasLuiz Alberto Amador Pereira

    Paulo Hilrio do Nascimento Saldiva

    Introduo

    O estabelecimento de relao de causalidade entre danos sade e poluentes atmosfricosdeu-se a partir de episdios dramticos de poluio do ar em centros urbanos da Europa e Estados Unidos. Oprimeiro caso documentado na literatura teve sede no Vale de Meuse, na Blgica, onde ocorreu aumento dedoenas respiratrias, de complicaes cardiovasculares e excesso de 60 mortes (Firket,1931). Nos EstadosUnidos, a cidade de Donora, Pensilvnia, teve 43% da populao afetada, entre os dias 26 a 31 de outubro de

    1948, devido a altos nveis de poluentes atmosfricos (Bascon,1996). A cidade de Londres, na Inglaterraregistrava picos de poluio atmosfrica desde 1873, nos quais se detectava excesso de mortes, mas foi em1952 que se registrou o episdio mais dramtico, chegando a um excesso de 4 000 mortes num perodo de 6dias. Segundo Logan (1953), este fato s foi comparvel epidemia de clera (1854) e de gripe (1818-19).

    A partir destas ocorrncias iniciou-se todo um movimento de regulamentao dos nveispermitidos de poluentes, acoplado a medidas de controle. Estas medidas surtiram efeito e atualmente no seconta com episdios to crticos de poluio nos pases desenvolvidos. Por outro lado, estes tm sidoregistrados nos pases em desenvolvimento, particularmente decorrentes de acidentes ou queimadas.

    Os atos regulamentadores de poluio atmosfrica no Brasil vm sendo institudos a partirde 1976. No nvel nacional a regulamentao feita atravs da Portaria 0231 de 27/04/76 do Ministrio do

    Interior, complementada pela Resoluo CONAMA n. 3 de 1990. No Estado de So Paulo, a partir da Lei997, complementada pelo Decreto 8 468/76. A regulamentao brasileira segue em geral os padresestabelecidos pela EPA, como pode ser visto no Quadro 1 anexo.

    Poluentes e efeitos na sade

    Vrios elementos e compostos qumicos constam da lista de poluentes atmosfricos. AOMS, prope como uma das formas de classificao separ-los em clssicos (Material Particulado-PM10,Monxido de Carbono-CO, Dixido de Nitrognio-NO2, Oznio-O3 e Dixido de Enxofre-SO2) e noclssicos (os demais). Os poluentes no clssicos so originrios, na maioria das vezes, de fontes

    estacionrias e sua presena depende das caractersticas locais. Os poluentes clssicos so provenientes devrias fontes, estacionrias ou no, e esto presentes na maioria dos centros urbanos. Os carros so osmaiores responsveis por emisses de monxido de carbono, xidos de nitrognio e hidrocarbonetos, emboratambm emitam partculas. As fontes estacionrias, como as indstrias, tm uma grande contribuio nasemisses de enxofre e material particulado. O oznio um poluente secundrio produzido na atmosfera porreao fotoqumica na qual esto envolvidos os xidos de nitrognio e os hidrocarbonetos.

    Entre os poluentes clssicos, o material particulado vem sendo associado ao incremento demortes totais em idosos e crianas, internaes e mortes por doenas cardiovasculares e respiratrias(Schwartz,1993; Saldiva et al 1994 e 1995; Anderson et al 1996; Zimouru et al, 1996; Gouveia, 1997;Braga, 1998).

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    O Dixido de enxofre encontra-se mais freqentemente associado a mortes totais einternaes por doenas cardiovasculares (Wojtyniak & Piekarski,1996; Spix & Wichmann,1996; Vigoti etal 1996; Gouveia, 1997).

    O monxido de carbono est associado a intoxicaes. Os estudos experimentais acercadeste toxicante tm focalizado seus efeitos principalmente sobre o corao. Na literatura, encontramos o COassociado a admisses hospitalares por parada cardaca (Schwartz & Morris, 1995), mortes totais (Kinney &Ozkaynak,1994; Saldiva et al 1995; Touloumi,1996) e internaes por doenas cardiovasculares

    (Pantazopoulou, 1995; Gouveia,1997). Apesar do escasso substrato fisiopatolgico, diversos autores temencontrado associao entre incremento de doenas do aparelho respiratrio e nveis de CO. Este achadoprovavelmente reflete a alta correlao entre material particulado e monxido de carbono.

    O Oznio conhecido como um potente oxidante e bactericida. Estudos de exposio emhumanos demonstram trs tipos de resposta pulmonar a este poluente: tosse e dor retroesternal inspirao;decrscimo da capacidade ventilatria forada e volume expiratrio forado do primeiro minuto e reaoinflamatria das vias areas (Bascon,1996). Grande parte dos estudos acerca dos efeitos do 03 na sade,referem-se explorao da funo pulmonar.

    Atividade de Vigilncia de efeitos na sade decorrentes da poluio panorama no mundo

    A estruturao de atividades de vigilncia no campo da sade ambiental ainda incipiente.Lana-se mo de diversas estratgias como vigilncia de agravos especficos, como por exemplo asintoxicaes e a asma; a monitorizao de eventos adversos, dentre os quais podem ser citadas asmalformaes congnitas e o cncer e, mais recentemente, do linkage de dados e o estabelecimento de umrisco associado a determinado fator. (MMWR, 1996 e 1997; CDC/NCEH,1994,1996; Qunel, 1998;WHO,1996).

    O linkage de dados permite estudos ecolgicos e vem sendo utilizado para oestabelecimento e acompanhamento do risco de efeitos na sade decorrentes da poluio atmosfrica, nosEstados Unidos, Inglaterra, Frana e Chile. O tipo de abordagem utilizada nestes pases o de estudo

    ecolgico de sries temporais. Neste tipo de abordagem, uma populao comparada com ela mesma duranteum intervalo de tempo. Pode-se supor, neste caso, que os fatores de confuso decorrentes de hbitos, classesocial etc, estejam controlados. Restam para controle os fatores de confuso decorrentes do lugar, como:temperatura, umidade, acesso aos servios, tendncia temporal, etc.

    O Sistema de Vigilncia

    Entendendo que em sua essncia Vigilncia informao para ao, o sistema propostobusca acoplar as informaes produzidas pelos rgos de controle ambiental s informaes de sade eaplicar tcnicas anlise que permitam sumarizar a relao entre poluentes e morbi-mortalidade,

    acompanhando esta relao no tempo, com os seguintes objetivos:

    - Fornecer elementos para orientar as polticas nacionais e locais de proteo da sade dapopulao frente aos riscos decorrentes da poluio atmosfrica, atravs da quantificao de seuimpacto sanitrio.

    -- Contribuir para a otimizao da vigilncia da qualidade do ar a partir da construo de

    indicadores sanitrios de poluio atmosfrica.-- Vigiar a tendncia dos indicadores sanitrios e avaliar as medidas preventivas postas em

    prtica.-

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    O sistema inicialmente estar restrito ao municpio de So Paulo, na medida em que seencontra em fase de estudo de factibilidade, estendendo-se aos demais que contem com rede demonitorizao de poluentes atmosfricos a partir da adeso proposta por parte dos mesmos ou dasDiretorias Regionais de Sade. Inicialmente prevemos a expanso do sistema para os municpios quecompem a Grande So Paulo. O Quadro 2 apresenta o fluxo atual das informaes onde o ncleo de anlisee disseminao da informao se dar no ncleo de vigilncia epidemiolgica correspondente.

    QUADRO 2 - Fontes de dados do Sistema de Vigilncia

    PRO-AIM - Programa de Aprimoramento de Informaes de MortalidadeDATASUS - Sistema de Informaes do SUSCVE - Centro de Vigilncia EpidemiolgicaIAG - Instituto de Astronomia e Geofsica

    Dados de Mortalidade

    O Municpio de So Paulo conta com um excelente sistema de registro de mortes (PRO-AIM) onde so recebidos todos os atestados dos bitos ocorridos na jurisdio. Estes atestados so revistosquanto qualidade do preenchimento de itens estabelecidos. Quando no preenchem os critrios de qualidadebusca-se corrigir as informaes atravs do contato com o mdico responsvel pelo atendimento ou onosocmio de ocorrncia do bito. A partir dos dados produzidos pelo sistema so elaborados e divulgadosboletins peridicos. O PRO-AIM disponibiliza as informaes para as instituies interessadas em analis-las, inclusive para o sistema de vigilncia. A agilidade do sistema permite o conhecimento dos bitos

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    ocorridos na semana anterior. Vrios municpios do estado de So Paulo contam com sistema de informaesde mortes semelhante.

    Dados de Morbidade Hospitalar

    O Sistema de Informaes Hospitalares (SIH) do DATASUS disponibiliza informaes demorbidade para todo o territrio brasileiro. Bancos de dados mensais de AIH (Autorizaes de Internaes

    Hospitalares) podem ser obtidos atravs da BBS com os procedimentos pagos no perodo, onde estdisponvel a data da internao. Apenas os hospitais pertencentes ao Sistema nico de Sade (SUS)registram internaes no SIH. Apesar de todo o sistema ter-se estruturado para fins de pagamento deprocedimentos, as informaes constantes nestes bancos de dados tm sido utilizadas para estudos demorbidade da populao, bem como tem-se recomendado sua apropriao na estruturao de sistemas devigilncia (Teixeira et al, 1998). Em torno de 40% da populao do municpio de So Paulo atendida peloSUS, constituindo-se na sua maioria na faixa mais carente da cidade (SEADE, 1992). A estimativa para oBrasil como um todo de que as AIH sejam responsveis por 80% da assistncia mdico-hospitalar (Lebroet al, 1997). De acordo com o exposto, no municpio de So Paulo, a opo por utilizar dados das AIHimplica em trabalhar apenas com a populao menos favorecida, que por sua vez tem mais chances deadoecimento. Na medida em que so analisadas variaes de ocorrncias na mesma populao, este possvelfator de confuso no deve influir nos resultados.

    Dados de Clima

    O municpio de So Paulo conta com uma estao metereolgica, no Instituto deAstronomia e Geofsica da Universidade de So Paulo (IAG), onde so efetuadas medidas permanentes detemperatura, umidade relativa do ar, velocidade dos ventos, precipitaes etc. Estes dados sodisponibilizados ao pblico atravs da internet. Enquanto um dos provedores de informaes para o sistemade vigilncia, o IAG encaminha ao CVE regularmente, as informaes de temperatura e umidade em meiomagntico.

    Dados de Poluentes Atmosfricos

    A Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental (CETESB) efetua a vigilncia daqualidade do ar atravs de uma rede de monitorizao de poluentes atmosfricos distribudas em stiosestratgicos do Estado. A rede da CETESB conta com 24 estaes fixas, 13 das quais esto sediadas nomunicpio de So Paulo. Nessas estaes so medidas as partculas inalveis (todas as estaes); dixido deenxofre (todas as estaes); xidos de nitrognio (4 estaes); oznio (4 estaes); monxido de carbono (6estaes) e hidrocarbonetos (1 estao). A partir de Resoluo conjunta entre a Secretaria da Sade eSecretaria do Meio Ambiente, os dados de poluentes atmosfricos por estao medidora vm sendofornecidos ao CVE. Os dados fornecidos referem-se s mdias dirias por estao medidora, tendo para cadapoluente o valor considerado pela CETESB como o mais representativo da poluio do dia:

    Material particulado mdia diria de 24 horasMonxido de carbono maior mdia mvel de 8 horasOznio maior mdia horriaDixido de nitrognio mdia diria

    Definio de Caso

    A definio de caso para fins do estabelecimento de vigilncia foi feita a partir delevantamento bibliogrfico dos estudos que relacionam agravos sade e poluentes atmosfricos. Foramselecionadas as ocorrncias mrbidas mais frequentemente associadas a poluio e os grupos etrios demaior risco.

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    Dentre as mortes foi estabelecido como caso, para fins de vigilncia, aquelas ocorridas emidosos (maiores de 64 anos), excludas as causas externas.

    Dentre as internaes hospitalares foi definido como caso as internaes por doenasrespiratrias em crianas (menores de 15 anos).

    Na medida em que o material particulado foi o mais frequentemente associado efeitos nasade, quando se explora doenas respiratrias na infncia e mortes totais em idosos, escolhemos estepoluente como indicador de exposio.

    Metodologia

    Foram analisados os dados dirios de internaes hospitalares e mortes, de 1993 a 1997, noMunicpio de So Paulo, buscando detectar efeitos de curto prazo na sade.

    O tipo de estudo utilizado foi ecolgico de sries temporais. Na medida em que trabalhamoscom contagens dirias de dados de morbi-mortalidade, julgamos mais adequado analisar os dados comtcnicas que pressupem a distribuio de Poisson a partir de modelos generalizados aditivos e lineares.Foram obtidos praticamente os mesmos resultados a partir das duas abordagens. Apresentamos os resultadosdo modelo linear generalizado, utilizando distribuio de Poisson, assim definida:

    ln t = + i xit

    Onde lnt o logartmo natural da varivel dependente; xitso variveis independentes; e so osparmetrosa serem estimados.

    Os indicadores de sade, assim como os indicadores de poluio atmosfrica, apresentamvariaes temporais que podem ser de curto prazo (dirias), ou de mais longo prazo (sazonais, anuais,plurianuais etc.). Estas variaes podem ser devidas a fatores intrnsecos ou extrnsecos. Uma outracaracterstica observada em dados sanitrios a autorrelao. O nmero de internaes de um dia, porexemplo, dependente do nmero de internaes dos dias anteriores. Estas caractersticas devem ser levadas

    em conta quando da construo de modelos de relao entre morbi-mortalidade e poluio.

    Para a construo do modelo de estudo foram seguidos os seguintes passos antes daintroduo do poluente enquanto varivel explicativa:

    - modelizao das variaes temporais como a tendncia secular, variaes sazonais e dirias- controle das variaes devidas a ocorrncias relacionadas ao prprio sistema de ateno sade, comogreves e dificuldade de acesso.- modelizao da temperatura e umidade enquanto possivelmente relacionadas com as ocorrncias mrbidas.

    Os critrios de ajustamento do modelo foram a anlise dos resduos totais e de temperaturae da Autocorrelao Parcial residual.

    O modelo final cujos resultados so aqui apresentados contou com as seguintes variveis:

    Dependentes:Internaes por doenas respiratrias em crianasMortes em idosos

    Independentes:Material Particulado (medido no dia ou suas mdias mveis at 7 dias)Temperatura mnima do diaUmidade mnima do diaMeses do anoDias da semana

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    Anos de estudoInternaes por doenas no respiratrias (quando se analisou as doenas respiratrias)Quartis de temperatura

    As estimativas de Risco Relativo (RR) e Intervalo de confiana de 95% (IC) foram feitasutilizando-se os melhores coeficientes de regresso do poluente no dia ou suas mdias mveis segundo:

    RR = eexponencial de , calculado para 1g/m3 do poluente

    IC95% = e [[ 1,96 ep ()]]

    Onde ep erro padro de

    Para calcular as estimativa de acrscimo das internaes e mortes utilizamos a seguinteequao:

    RA = e ( poluente x poluente 1) x 100

    Ondepoluente a mdia mensal do poluente

    Na medida em que toda a populao est exposta poluio, o nmero de casos atribuveispara o perodo considerado pode ser calculado a partir de:

    NA = (RR 1)xNRR

    Onde N o nmero mdio de internaes por doenas respiratrias na infncia ou mortes em idosos noperodo.

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    Resultados

    O material particulado mostrou-se um indicador bastante sensvel na deteco de efeitos decurto prazo na sade, estabelecendo como caso as internaes por doenas respiratrias na infncia e mortesem idosos. As Fraes Atribuveis do Risco estimadas revelam que em torno de 10% das internaes pordoenas respiratrias na infncia e 9% das mortes em idosos esto relacionadas s concentraesatmosfricas deste poluente. O risco calculado considerando-se doses crescentes de material particuladoguarda uma ntida relao dose-resposta, como pode ser visto nos grficos abaixo.

    Vale salientar que os estudos acerca de morbi-mortalidade e poluentes atmosfricos no temencontrado nveis de material particulado seguros para a sade. Teoricamente, a ausncia de poluio seria orecomendvel, objetivo este impraticvel tecnicamente levando-se em considerao os conhecimentosacumulados mundialmente.

    Para fins ilustrativos, foram calculados os nmeros atribuveis de internaes e mortes,considerando o padro recomendado para o PM10 no Estado de So Paulo de 50g/m

    3 como mdia anual.Foram calculados tambm os nmeros atribuveis destas ocorrncias mrbidas considerando os nveis dopoluente apresentados no perodo. Os grficos abaixo demonstram o quanto poderia ser evitado caso fossepelo menos observado o padro mdio anual de 50g/m3.

    RISCO RELATIVO E INTERVALO DE CONFIANA DE 95% PARA INTERNAESPOR DOENAS RESPIRATRIAS EM MENORES DE 15 ANOS E CONCENTRAES

    CRESCENTES DE MATERIAL PARTICULADO - 1993 A 1997

    0,9

    0,95

    1

    1,05

    1,1

    1,15

    27,34 a 49,07 49,08 a 59,66 59,67 a 78,17 78,18 a 198,88

    PM10:ug/m3

    LS

    RR

    LI

    RISCO RELATIVO E INTERVALO DE CONFIANA DE 95% PARA MORTESEM MAIORES DE 64 ANOS E CONCENTRAES CRESCENTES DE

    MATERIAL PARTICULADO 1993 A 1997

    0,95

    0,96

    0,97

    0,98

    0,99

    1

    1,01

    1,02

    1,03

    1,04

    1,05

    16 a 45 46 a 58 59 a 80 81 a 220

    PM10:ug/m3

    LS

    RR

    LI

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    Entendendo vigilncia como informao para ao, os dados obtidos foram apresentadosaos gestores de Sade e Ambiente dos diversos nveis (estadual e municipal) e atualmente vem sendo

    discutida proposta de seminrio envolvendo toda a regio metropolitana da cidade de So Paulo paradiscusso de medidas de melhoria da qualidade do ar e acompanhamento dos indicadores de sade.

    Concluses

    Segundo a Organizao Mundial de Sade (OMS), um Indicador de Sade Ambiental deveexpressar o conhecimento cientfico acerca da relao entre sade e ambiente, bem como ser capaz de avaliaro impacto de medidas de controle, de forma a orientar os responsveis pela tomada de deciso em escolhasmais fundamentadas e portanto mais responsveis (WHO,1996).

    Apesar de linkage de dados ter sido apontado como caminho para a construo deIndicadores de Sade Ambiental pela OMS, pouco se produziu em termos de modelo quando se estuda avigilncia de efeitos na sade decorrentes da poluio atmosfrica. O sistema de Vigilncia francs utiliza osresultados obtidos nos estudos ecolgicos de sries temporais para discutir e subsidiar a implementao demedidas de controle (Qunel et al, 1999). Mais recentemente estes estudos vm avanando, no sentido daconstruo de uma memria de dados que permita no s recolocar a importncia dos riscos sanitriosdecorrentes da o poluio atmosfrica, como tambm construir modelos de dose- resposta para subsidiaraes frente a ocorrncia de picos de poluentes (RNSP,1999). Apesar destes avanos, e do uso de tcnicasbastante sofisticadas, no se logrou ainda a construo de indicadores capazes de avaliar o impacto demedidas de controle da poluio na morbi-mortalidade.

    Os estudos ecolgicos de sries temporais fornecem uma relao geral entre os nveis de

    poluentes e riscos sanitrios, o que em si j se constitui em grande subsdio para a tomada de deciso.Tomando como exemplo o municpio de So Paulo, observamos que a mdia anual de 50g/m3 foiultrapassada em todos os anos estudados. Considerando apenas as doenas respiratrias na infncia, ocorreuno perodo um acmulo de 12.400 internaes tendo-se como base apenas aquelas registradas no Sistemanico de Sade. No mesmo perodo contamos com 2.925 hospitalizaes devidas a meningite e 7.562 atuberculose, o que evidncia a importncia da questo da poluio atmosfrica e seus efeitos na comunidadecomo um problema de Sade Pblica.

    NMEROSMDIOSMENSAISDEINTERNAESPORDOENASRESPIRATRIASEMMENORESDE15ANOSATRIBUVEISSCONCENTRAESDE MATERIAL

    PARTICULADO: PM10 DE 50ug/m3 E PM10 OBSERVADO - 1993 A 1997

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    350

    JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

    PM10-50ug

    PM10-OBS

    NMEROS MDIOS MENSAIS DE MORTES EM MAIORES DE 64ANOS ATRIBUVEIS S CONCENTRAES DE MATERIALPARTICULADO: PM10 DE 50 ug/m3 E PM10 OBSERVADO -

    MUNICPIO DE SO PAULO, 1993 a 1997

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    JAN

    FEV

    MAR AB

    RMAI

    JUN

    JUL

    AGO

    SET

    OUT

    NOV

    DEZ

    50UG/M3

    OBS

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    Em resumo, o estudo de factibilidade do estabelecimento de vigilncia dos efeitos de curtoprazo na sade decorrentes da poluio atmosfrica nos indica que:

    - A partir da articulao interinstitucional possvel se pensar o desenvolvimento de atividades devigilncia voltadas para a questo da poluio atmosfrica.

    -- Esta articulao permite o estabelecimento de sistemas com baixo custo, pois se utiliza de

    informaes j existentes.

    -- O material particulado mostrou-se um bom indicador para o estabelecimento e acompanhamento

    da relao entre efeitos na sade e poluio.-- A metodologia de anlise de relao entre efeitos de curto prazo na sade e poluentes

    desenvolvida at o momento e utilizada neste estudo, no responde a um dos pressupostos dasatividades de vigilncia que a avaliao do impacto de medidas de controle. Faz-se necessrioo aprofundamento de estudos visando este objetivo.

    -

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    QUADRO 1 - PADRES DE QUALIDADE DO AR ADOTADOS NO BRASIL ENOS EUA

    POLUENTE TEMPO DE PADRO PADRO MTODO DE

    AMOSTRAGEM BRASIL EPA MEDIO

    (g/m3) (g/m3)

    Amostrador de

    partculas totais 24 horas (1) 240 grandes volumesem supenso MGA (2) 80

    24 horas (1) 365 365dixido de enxofre MAA(3) 80 80 Pararosanilina

    40.000 40.0001 hora (1) 35 ppm 35 ppm Infravermelho

    monxido de carbono 8 horas (1) 10.000 10.000 no dispersivo9 ppm 9 ppm

    1 hora (1) 160 235

    0,12 ppmoznio Quimiluminescncia8 horas (1) 157

    0,08 ppm

    fumaa 24 horas (1) 150 Refletncia

    MAA(3) 60

    partculas inalveis 24 horas (1) 150 150 Separao(MP10) MAA(3) 50 50 Inercial/Filtro

    Gravimtrico

    partculas inalveis 24 horas (1) 65 Separao(MP2,5) MAA 15 Inercial/Filtro

    dixido de 1 hora 320 Quimiluminescncianitrognio MAA 100 100

    Cromatografia

    hidrocarbonetos 3 horas 160 gasosa/ionizao de

    (menos metano) (6h s 9h) 0,24 ppmC chama

    chumbo MAT (4) 1,5 Absoro Atmica

    FONTE: Resol. CONAMA n 3 de28/06/90 e EPA

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