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1 Pressclipping em 23.maio.2016 "No caráter, na conduta, no estilo, em todas as coisas, a simplicidade é a suprema virtude." (Henry W. Longfellow) Editorial folha Rombo estatal 17/05/2016 02h00 Muito se fala, neste início de governo Michel Temer (PMDB), acerca do deficit primário deixado pela administração da presidente Dilma Rousseff (PT). Consideradas todas as despesas e receitas (sem contar gastos com juros), estima-se um rombo superior a R$ 120 bilhões. Como a equipe petista admitia valor bem menor , R$ 96,7 bilhões, a diferença será usada pela nova gestão para solicitar ao Congresso a revisão da meta orçamentária. Há outro buraco, porém, que deveria merecer iguais doses de atenção. Trata-se do desfalque, cuja real dimensão ainda precisa ser conhecida, nas contas financeiras e patrimoniais do governo, de suas empresas e de seus fundos de pensão. Tome-se a Eletrobras, vítima de uma das mais truculentas e desastradas intervenções setoriais do governo Dilma. A estatal sujeita-se a ter interrompida a negociação de suas ações na Bolsa de Nova York se não esclarecer as ressalvas de auditoria referentes a 2014 e 2015. Haveria risco, nessa hipótese, de vencimento antecipado de dívidas, em montantes que podem ficar entre R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões, segundo o ministro do Planejamento, Romero Jucá. Quanto aos fundos de pensão, o relatório de conclusão da CPI sobre o tema apontou perdas de R$ 113 bilhões nos últimos cinco anos —dos quais R$ 6,6 bilhões decorreriam diretamente de corrupção. IPECONT – Instituto de pesquisas Contábeis e Tributárias – http://www.ipecont.com.br/contato

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Pressclipping em 23.maio.2016

"No caráter, na conduta, no estilo, em todas as coisas, a simplicidade é a suprema virtude."

(Henry W. Longfellow)

Editorial folha

Rombo estatal17/05/2016 02h00

Muito se fala, neste início de governo Michel Temer (PMDB), acerca do deficit primário deixado pela administração da presidente Dilma Rousseff (PT). Consideradas todas as despesas e receitas (sem contar gastos com juros), estima-se um rombo superior a R$ 120 bilhões.

Como a equipe petista admitia valor bem menor, R$ 96,7 bilhões, a diferença será usada pela nova gestão para solicitar ao Congresso a revisão da meta orçamentária. Há outro buraco, porém, que deveria merecer iguais doses de atenção.

Trata-se do desfalque, cuja real dimensão ainda precisa ser conhecida, nas contas financeiras e patrimoniais do governo, de suas empresas e de seus fundos de pensão.

Tome-se a Eletrobras, vítima de uma das mais truculentas e desastradas intervenções setoriais do governo Dilma. A estatal sujeita-se a ter interrompida a negociação de suas ações na Bolsa de Nova York se não esclarecer as ressalvas de auditoria referentes a 2014 e 2015.

Haveria risco, nessa hipótese, de vencimento antecipado de dívidas, em montantes que podem ficar entre R$ 20 bilhões e R$ 40 bilhões, segundo o ministro do Planejamento, Romero Jucá.

Quanto aos fundos de pensão, o relatório de conclusão da CPI sobre o tema apontou perdas de R$ 113 bilhões nos últimos cinco anos —dos quais R$ 6,6 bilhões decorreriam diretamente de corrupção.

A comissão calcula que as empresas e os contribuintes dos planos terão de aportar R$ 58 bilhões, ainda que de modo espaçado no tempo, para cobrir o prejuízo.

Passou da hora, como se vê, de o país adotar mecanismos que evitem o uso político de estatais e seus fundos de pensão —uma necessidade escancarada pelo dirigismo obsceno das administrações petistas.

Felizmente, começam a ser dados alguns passos nesse sentido. Tramitam no Congresso dois projetos com vistas a reforçar a eficiência e afastar conflitos de interesse.

Um deles determina a presença de conselheiros independentes nos fundos de pensão, numa composição paritária com representantes dos contribuintes e das empresas patrocinadoras.

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O outro, a chamada Lei da Responsabilidade das Estatais, entre outras medidas reforça o profissionalismo na contratação de membros do conselho e de direção, proibindo pessoas com cargos em sindicatos, partidos ou governo.

As estatais decerto precisam atender o interesse público que justifica sua existência. Isso não significa, contudo, que se confundam com o governo ou que possam conviver com gestões perdulárias. Ao contrário, devem estar subordinadas às mesmas leis e, sobretudo, seguir os mesmos critérios de eficiência das empresas privadas.

516 anos + oligarquias corruptas = país instável e quebrado (sete etapas) Publicado por Luiz Flávio Gomes - 6 dias atrás

Por causa particularmente da corrupção, que se intensificou enormemente nas últimas três décadas da redemocratização do país iniciada com o governo Sarney, do PMDB, em 1985, o Brasil, ao lado da Guatemala, se converteu em exemplo de país politicamente instável e economicamente arrasado (baixo crescimento econômico, falta de confiança, reduzido investimento, PIB negativo, descontrole da inflação, alto desemprego, tecnologicamente atrasado, ausência de inovação e de produtividade, alto índice de analfabetismo etc. – ver relatório do FMI divulgado em 10/5/16). O mito de que o Brasil é um gigante tão forte que mesmo diante da corrupção nunca quebra se esfarelou.

Como chegamos a isso? Sete etapas:

1ª) Formação colonial-escravagista (séculos XVI a XVIII – o escravagismo se estende, no entanto, até o século XIX): essa formação aconteceu dentro de um contexto mercantilista e evangelizador: o polo dominador explora o polo dominado e faz das pessoas parasitadas mero “carvão humano”, como dizia Darcy Ribeiro[1]; houve avanços na metalurgia e na navegação oceânica; nas fazendas e nos sertões valiam o escravagismo e o catolicismo; no século XIX começa a urbanização desorganizada[2]; a quase totalidade do governo Tomé de Sousa (1548) se envolveu em corrupção, a começar pelo “ouvidor-geral da Justiça”, Pero Borges (já condenado por corrupção em Portugal); a corrupção sistêmica desse período foi denunciada por Padre Antonio Vieira, no Sermão do Bom Ladrão;

2ª) Primeira Revolução Industrial (a partir da segunda metade do século XVIII, inovando na indústria textil, na metalurgia e no setor de transportes): Portugal se torna obsoleto e não se estrutura para a formação capitalista-mercantil; não inova em praticamente mais nada; demora muito para receber os benefícios do progresso e se torna uma das nações mais atrasadas da Europa; a colônia segue a ideologia da metrópole (quem podia estudava em Portugal e pensava como a matriz – ver José Murilo de Carvalho); ganham proeminência Inglaterra, França e Países Baixos; as nações ibéricas se tornam arcaicas e extremamene corruptas, não ascendendo à nova civilização em tempo adequado; se comportam como as colônias, experimentando o progresso de forma reflexa; o conservadorismo de Portugal e Espanha impede que se renove seu sistema produtivo, sua rígida estratificação social e sua despótica estrutura de poder[3]; o Brasil se torna independente de Portugal e cai no neocolonialismo inglês;

3ª) Revolução filosófico-antropológica (Iluminismo do século XVIII): o arcaismo das elites portuguesas assim como das oligarquias nacionais (a partir de 1822) impede o progresso moral e emancipador do humano (Kant); nega sua perfectibilidade contínua, tal como pregava Rousseau, e bloqueia seu acesso à

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educação (ainda hoje ¾ da população brasileira são analfabetos absolutos ou funcionais); perdemos o bonde da civilização secular bem como do liberalismo político; a velha classe dominante (neocolonialista), latifundiária, estruturou uma sociedade de opressão, que explode com frequência em convulções sociais, que são esmagadas pelo poder; além disso, há incontáveis registros de corrupção nas oligarquias e no sistema eleitoral (onde se digladiavam os saquaremos contra os luzias – conservadores e liberais);

4ª) Segunda Revolução Industrial (que vai da metade do século XIX à metade do século XX): o Brasil começa tarde sua industrialização, no primeiro terço do século XX (que foi comandado pela República Velha, dirigida pela oligarquia cafeeira); demorou muito para desfrutar da máquina a vapor, da nova produção têxtil algodoeira, do surgimento de mais profissões e mais mercadorias produzidas, do consumo massificado, do crescimento urbano veloz, mecanização do campo, ferrovias, transporte mais ágil, automóvel, telégrafo, rádio, telefone, televisor, avião etc.; avançou no trabalho assalariado, nas eleições e nas novas ideologias; mas construiu uma democracia apenas formal (procedimental, diria Bobbio), dando ensejo aos populismos ou à banalidade venal;

5ª) Revolução do Estado de Bem-Estar Social (que se intensificou a partir da 2ª Guerra Mundial – 1945 – nos EUA e Europa): nossas oligarquias (políticas e econômicas) nunca deixaram o brasileiro saber o que é isso, impedindo para a maioria absoluta da população o progresso social e educacional que ela representou; as classes médias cresceram e abandonaram os serviços públicos (escola, saúde, transportes, moradia subsidiada etc.), cuja qualidade se definhou brutalmente;

6ª) Terceira Revolução Industrial (a digital, cibernética, na segunda metade do século XX): está fundada na inovação tecnológica, que no Brasil encontrou desenvolvimento muito precário. Nos tornamos dependentes da tecnologia estrangeira e perdemos muito mercado por causa da globalização; quase não exportamos tecnologia, sim, commodities (aquilo que se arranca da terra, porque essa é nossa vocação desde a época da colonização-escravagista); paralelamente à revolução da informação e das comunicações e à globalização (econômica), promulgamos uma Constituição com um mundo de promessas não cumpridas (e irrealizáveis, enquanto perdurar a ignorância da população majoritária). A Constituição gerou um fenômeno paradoxal: ela serve de utopia para novas lutas sociais, mas desencadeou nas oligarquias a nítida consciência de impotência para fazer dela uma realidade (leia-se: elas desistiram da luta transformadora pelo progresso coletivo, deixando-o ao sabor dos segmentos mais ativos da sociedade civil);

7ª) Locupletação voraz do dinheiro público pelas oligarquias políticas e econômicas (as que governam e as que mandam nas que governam) durante nossos 516 anos de existência, com ênfase especial a partir da Nova República, quando nosso orçamento chegou à casa dos “trilhões”. Foi durante a República Velhaca de 1985 a 2016 (Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma) que nossas oligarquias perderam completamente o bonde do progresso digital e da globalização (obsolescência e arcaísmo digital e global); abandonaram também a ideia de progresso da população porque perceberam a impotência delas para o cumprimento das promessas constitucionais irrealizáveis (embora constituam utopias motivadoras de lutas contínuas). Não havia capital humano preparado para a nova era (baixa escolaridade e analfabetismo intenso, em todas as classes sociais; capital humano de baixa qualidade, produtos não competitivos, baixo produtividade); o país se fechou com o protecionismo e no arcaísmo; de 1985 a 2012 o PIB per capita do Brasil cresceu apenas 1,4% ao ano (número ridículo).

Cada setor afetado pelo mundo da globalização do mercado e da revolução digital está reagindo de uma maneira. Todos praticam uma espécie de autodefesa psicológica para sufocar a ansiedade que os invade diante do desmoronamento de toda certeza acerca do futuro[4]. Os taxistas, mais primitivamente, estão partindo para a violência diante do Uber; as oligarquias brasileiras (políticas e econômicas), diante da impossibilidade de exportar algo distinto daquilo que se extrai da terra, buscaram compensação no mundo do crime organizado para a prática da corrupção. A polícia está cuidando dos taxistas; a Lava Jato está

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enquadrando as oligarquias corruptas, mandando-as para a cadeia e empobrecendo-as. É a maior revolução desarmada no Brasil contra os caprichos e desmandos das oligarquias.

[1] Ver RIBEIRO, Darcy. Teoria do Brasil. 2ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975, p. 35.

[2] Ver HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26ª edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 109.

[3] Ver RIBEIRO, Darcy. Teoria do Brasil. 2ª edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975, p. 39-40.

[4] Ver BAUMAN, Zygmunt e BORDONI, Carlo. Estado de crisis. Barcelona: Espasa, 2016, p. 16.

Multa de trânsito subirá mais de 50%; usar celular será infração gravíssima Dirigir usando o celular passará de infração média para gravíssima. Punições irão de R$ 88 (leve) a R$ 293,47 (gravíssima). Publicado por Marcos Roberto de Toledo - 6 dias atrás

Veja os novos valores de multas:

Infração leve - De R$ 53,20 para R$ 88,38 (aumento de 66%)

Infração média - De R$ 85,13 para R$ 130,16 (aumento de 52%)

Infração grave - De R$ 127,69 para R$ 195,23 (aumento de 52%)

Infração gravíssima - De R$ 191,54 para R$ 293,47 (aumento de 53%)

Celular Além disso, a punição para o motorista que for flagrado falando ou "manuseando" o telefone passará de média para gravíssima; Ou seja, a multa que era de R$ 85,13 (média antiga) passará para R$ 293,47 (gravíssima nova).

Quando a mudança entrar em vigor, as multas mais pesadas, dadas a infrações gravíssimas com multiplicador de 10 vezes, passam a ser de R$ 2.934,70. Este é o valor previsto para quem é pego disputando racha ou forçando a ultrapassagem em estradas, por exemplo.

Também poderá pagar o valor máximo quem se recusar a fazer teste de bafômetro, exame clínico ou perícia para verificar presença de álcool ou drogas no corpo.

Neste caso, se ele for reincidente em menos de 12 meses, a multa será dobrada, chegando a R$ 5.869,40.

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O novo artigo tem como objetivo punir protestos com carro de som, que não foram combinados com o órgão de trânsito, por exemplo. Os organizadores do bloqueio imprevisto deverão pagar multa de até R$ 17,6 mil. Diferentemente das demais, esta mudança entra já está em vigor.

Fonte: G1

Combate à homofobia

Advogados transexuais poderão usar nome social no registro da OAB18 de maio de 2016, 14h25

Por   Giselle Souza

Advogados e advogadas travestis e transexuais poderão usar o nome social no registro da Ordem dos Advogados do Brasil e nas carteiras de identidade profissional. Foi o que decidiu o Conselho Pleno da entidade, nessa terça-feira (17/5) — Dia Internacional contra a Homofobia.

O presidente do Conselho Federal da OAB, Claudio Lamachia, explicou que foi intencional o debate da questão justo nesta data. Lamachia comemorou ainda o fato de a aprovação ter sido unânime. Pela proposta aprovada, o período de carência para a adequação do registro é de seis meses. O nome social será incluído ao lado do nome de certidão na carteira profissional e nas identificações online no âmbito dos sistemas da OAB em todo o Brasil.

O conselheiro federal Breno Dias de Paula, de Rondônia, que elaborou a proposta destacou a importância da medida. “Conservar o sexo masculino no assento de advogado de um dos proponentes, doutor Marcos Cesar Fazzini da Rocha, quando o mesmo se apresenta perante seus clientes e tribunais como a advogada Marcia Rocha, que é o seu nome social, em favor da realidade biológica e em detrimento das realidades psicológica e social bem como morfológica, pois a aparência do transexual em tudo se assemelha ao sexo feminino, equivaleria a manter o proponente em estado de anomalia, deixando de reconhecer seu direito de viver dignamente e exercer livremente sua atividade profissional de advocacia”, afirmou em seu voto.

Segundo o conselheiro, com o desenvolvimento científico e tecnológico, surgiram vários outros elementos, razão pela qual a definição do gênero não pode mais ser limitada somente ao sexo aparente. “Todo conjunto de fatores, tanto psicológicos quanto biológicos, culturais e familiares devem ser considerados”, destacou.

Presente à reunião, a advogada travesti Marcia Rocha afirmou ter recebido com emoção a decisão do Conselho Pleno. “É extremamente emocionante para mim. As pessoas me cobram isso, perguntam sobre isso. É um marco histórico. É uma demanda antiga o uso do nome social. Temos conseguido alterações de nome civil através da Justiça, mas muitas pessoas não podem fazer essas alterações e desejam simplesmente o uso do nome social. É muito importante até para o exercício da profissão”, destacou. Com informações da Assessoria de Imprensa da OAB. 

Giselle Souza é correspondente da ConJur no Rio de Janeiro.

Revista Consultor Jurídico, 18 de maio de 2016, 14h25

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Separação de poderes

STF suspende lei que autoriza distribuição de fosfoetanolamina, a "pílula do câncer"19 de maio de 2016, 19h25

O Plenário do Supremo Tribunal Federal decidiu, nesta quinta-feira (19/5), suspender a lei que autoriza a distribuição da fosfoetanolamina, conhecida como “pílula do câncer”. Por seis votos a quatro, os ministros seguiram o voto do relator, ministro Marco Aurélio, para quem é inconstitucional a distribuição do remédio sem estudos que comprovem sua eficácia.

A decisão foi a concessão de uma medida cautelar em ação direta de inconstitucionalidade ajuizada pela Associação dos Médicos do Brasil (AMB). Eles pedem a declaração de inconstitucionalidade da Lei 13.269/2016, que autorizou a distribuição da pílula.

Em seu voto, o ministro Marco Aurélio afirma que a “liberação genérica” da fosfoetanolamina “é temerária e potencialmente danosa porque ainda não existem elementos técnicos assertivos da viabilidade da substância para o bem-estar do organismo humano”.

Para ele, a edição da lei antes da autorização da distribuição da pílula pelo Executivo afronta o princípio constitucional da separação dos poderes, já que o artigo 37, inciso XIX, da Constituição Federal dá à União a responsabilidade de autorizar a distribuição de substâncias químicas.

Marco Aurélio foi acompanhado pelos ministros Luís Roberto Barroso, Teori Zavascki, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Ricardo Lewandowski. Barroso acompanhou na conclusão, mas argumentou diferente: afirmou que seria ilegítimo transferir do Executivo para o Legislativo o poder de liberar uma substância química. No entendimento dele, o princípio da precaução é que deve prevalecer nesses casos.

O ministro Luiz Edson Fachin abriu a divergência. Segundo ele, a Anvisa, autarquia a quem cabe o controle da distribuição e venda de remédios, não tem competência exclusiva para autorizar a distribuição de “qualquer substância”. “O Congresso pode reconhecer o direito de pacientes terminais a agirem ainda que tenham que assumir riscos desconhecidos em prol de um mínimo de qualidade de vida", votou.

Enxurrada de processosA droga era distribuída a algumas pessoas no município de São Carlos (SP), onde um professor aposentado da USP estudava seus efeitos no Instituto de Química. Em 2014, uma portaria do instituto proibiu que pesquisadores distribuíssem quaisquer substâncias sem licenças e registros.

Quando uma liminar do ministro Fachin determinou o fornecimento assim mesmo, uma série de pessoas passou a cobrar medida semelhante. Vários juízes determinaram que a Fazenda de São Paulo e a USP fossem obrigadas a disponibilizar a substância, até que o Órgão Especial do Tribunal de Justiça cassou as decisões.

O Tribunal Regional Federal da 3ª Região tomou medida semelhante. Para a presidente da corte, desembargadora federal Cecília Marcondes, a legislação que liberou o uso e a produção da fosfoetanolamina sintética não obriga que a administração pública forneça a substância. Ela considerou que não há prova científica capaz de atestar a eficácia das cápsulas nem viu sentido em se incluir a União nos processos. ADI 5.501

Revista Consultor Jurídico, 19 de maio de 2016, 19h25IPECONT – Instituto de pesquisas Contábeis e Tributárias – http://www.ipecont.com.br/contato

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Governo Temer prevê deficit de R$ 170,5 bilhões no OrçamentoDE SÃO PAULO

21/05/2016 02h00

O governo Temer vai pedir ao Congresso autorização para fechar o ano com deficit de R$ 170,5 bilhões, diferença entre receitas e despesas. Em vez de cortes, a nova previsão traz um aumento de gastos de pelo menos R$ 66,7 bilhões.

Henrique Meirelles (Fazenda) e Romero Jucá (Planejamento) justificaram a nova meta como realista. "O ponto-chave é que será um Orçamento rigoroso. Não se pretende revisar essa meta até o fim do ano. O pressuposto básico é realista", disse Meirelles.

Ele disse que a decisão é reduzir o tamanho do deficit, caso o governo consiga aprovar medidas no Congresso que não estão computadas nos cálculos ou ainda com uma receita maior com a regularização de dinheiro ilegal de brasileiros lá fora.

Jucá acrescentou que o número do rombo é um teto e que o governo vai trabalhar para cortar despesas. Na próxima semana, serão anunciadas medidas para tentar melhorar as contas públicas.

"A posição deste governo será diferente. A meta fiscal não é novela para ser feita em capítulos. Vamos trabalhar para fazer com que os números ganhem confiança. A visão deste governo é diferente do outro exatamente porque não estamos escamoteando a verdade", disse Jucá.

O projeto enviado pela equipe econômica do governo Dilma Rousseff há dois meses previa um deficit de R$ 96,7 bilhões em 2016.

Segundo o ministro da Fazenda, a proposta feita no governo Dilma previa um crescimento real da receita de 9%. "Hoje verificamos claramente que é incompatível com a queda do PIB estimada para este ano. Isso faz com que a receita esteja claramente superestimada."

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RECÁLCULO

Nas contas da nova equipe, ficaram de fora, por exemplo, a recriação da CPMF. Também não está prevista a possibilidade de socorro à Eletrobras, que enfrenta problemas com seu balanço nos EUA.

O governo estimou mais R$ 30 bilhões em despesas obrigatórias. Houve ainda uma autorização para liberar R$ 21,2 bilhões em gastos do Orçamento bloqueados no início do ano. Outra liberação foi de despesas com PAC, Defesa e Saúde, num total de R$ 15,5 bilhões, que já estavam previstas anteriormente.

Sem detalhar os números, o governo disse ainda que a nova meta embute um alívio para os Estados no pagamento da dívida com a União.

Jucá disse ter mantido contato com a Comissão de Orçamento, o relator, o presidente da comissão e o presidente do Congresso, para poder votar o ajuste da meta no projeto de lei na segunda (23) na comissão e terça no Congresso.

RENAN CALHEIROS

Se a nova meta fiscal não for aprovada pelo Congresso até a próxima semana, o governo federal terá de fazer um bloqueio de R$ 137,9 bilhões nos gastos para cumprir a meta atual ainda em vigor, um superavit de R$ 24 bilhões.

Como as despesas que podem ser cortadas somam só R$ 29 bilhões, seria necessário paralisar algumas atividades, eliminando até despesas consideradas obrigatórias do ponto de vista legal.

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A nova equipe econômica também reviu a projeção de queda no PIB do ano de 3,05% para 3,80% (a projeção da pesquisa Focus mais recente é queda de 3,88%).

Doações ou propinas? Empreiteiras da Lava Jato “ajudaram” 12 ministros de Temer. Investigação imediata (sem obstruções). Publicado por Luiz Flávio Gomes - 6 dias atrás

Postagem oficial do movimento cidadania vigilante. Todos os governantes devem ser vigiados. Os doze ministros beneficiados com dinheiro do esquema descoberto pela Lava Jato (dinheiro surrupiado por várias empreiteiras, algumas inclusive já condenadas) são os seguintes: José Serra (Relações Exteriores), Henrique Eduardo Alves (Turismo), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo), Blairo Maggi (Agricultura), Maurício Quintela (Infraestrutura, Portos e Aviação), Raul Jungmann (Defesa), Mendonça Filho (Educação e Cultura), Leonardo Picciani (Esporte), Osmar Terra (Desenvolvimento Agrário), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Bruno Araújo (Cidades) e Ricardo Barros (Saúde)[1].

Duas questões: Primeira: Levantamento feito pelo Estadão constatou que muitos ministros que constam das famosas “superlistas” da Odebrecht (encontradas em poder de Benedicto Barbosa Silva Júnior ou na própria empresa) receberam doações maiores do que as declaradas para a Justiça Eleitoral. Isso configura caixa 2, que é crime eleitoral (de falsidade documental). Se comprovado o caixa 2, o ministro deve responder por ele no STF (em virtude do foro especial por prerrogativa de função). Não há mais que se falar em perda do cargo para o qual foi eleito, em razão da inexistência de impugnação no prazo devido. O grave problema dos crimes eleitorais é que eles prescrevem com certa rapidez e o STF é extremamente moroso (porque foi programado para ser assim, pelas oligarquias governantes assim como pelas plutocracias econômicas que mandam ou influenciam as oligarquias governantes). Muitos políticos são favorecidos por prescrições no STF. Casos de Sarney, Jader Barbalho, Maluf, Collor, Renan (em alguns crimes) etc.

Segunda questão: Todos os ministros e partidos políticos dizem que as doações feitas pelo esquema das empreiteiras foram “legais”, ou seja, não são “propinas” decorrentes do superfaturamento de obras. A força-tarefa da Lava Jato entende diferente: foram “propinas” combinadas, especialmente com o PT, PMDB e PP. Michel Temer, por exemplo, não negou que recebeu R$ 5 milhões da OAS. Mas disse que foi “doação”, não “propina”. Sérgio Moro já fez pronunciamento sobre isso e afirmou que é preciso separar “o joio do trigo”. O maior enigma agora da Lava Jato é este: as doações das empreiteiras (aos candidatos e aos partidos) foram cristalinamente legais ou pura lavagem de dinheiro sujo, proveniente de “propinas” previamente combinadas? Se se trata de propina temos uma situação (inusitada) de um crime cometido sob a forma de doação “dentro da lei”. Isso se chama Estado Cleptocrata de Direito (Fabiano Ferreira Furlan): usa-se o direito para a prática de crimes. É exótica mas existe a figura: “crime dentro da lei” = propinas convertidas em “doações” eleitorais devidamente registradas junto à Justiça Eleitoral.

Temer e a cassação da chapa no TSE: Para o presidente interino Michel Temer, eventual prova de que as “doações” (para ele e seu partido) eram propinas tem consequências no âmbito eleitoral, posto que tramitam várias ações de impugnação da chapa Dilma-Temer no TSE. Temer quer que suas contas sejam

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separadas das de Dilma: isso contraria a jurisprudência tradicional do TSE (como bem realçou o parecer do procurador Nicolau Dino).

Toneladas de provas estão aparecendo no sentido de que a campanha eleitoral Dilma-Temer foi aberrantemente criminosa. Resta saber quanto tempo tudo isso vai demorar no TSE (as oligarquias políticas e econômicas costumam usando o Judiciário sempre a seu favor, ora acelerando os processos, ora retardando-os). Por exemplo: o pedido de perícias quando as provas já são suficientes é uma forma de manobrar a Justiça para retardar o processo. Como cidadãos, temos que vigiar (e denunciar) eventuais chicanas e artifícios feitos na Justiça para burlar os ideais democrático-republicanos. O Brasil não continuar sendo um Estado Cleptocrata de Direito.

OAB quer saída de novos ministros investigados pela Lava Jato: Para o presidente da OAB (Lamachia) “Os investigados devem poder se defender sem, para isso, comprometer a credibilidade dos ministérios; é preciso que Temer faça de seu governo um exemplo ético para validar a legitimidade; o novo governo, alçado ao poder pela via constitucional e não pela via eleitoral, precisa ser um exemplo ético para poder atender aos anseios da sociedade e validar sua legitimidade; a OAB torce pelo sucesso do Brasil. Por isso, cobrará que, diferentemente do anunciado, o novo ministério não seja composto por pessoas sobre as quais pesem dúvidas; medidas judiciais cabíveis serão usadas quando os ministros se transformarem em réus”[2].

Foyers escatológicos: O ex-diretor da Petrobras e delator Paulo Roberto Costa afirmou que negociou com Jucá apoio para sua permanência no cargo em troca de propinas ao partido (PMDB). Henrique Alves é suspeito de receber propinas disfarçadas de doações eleitorais de Léo Pinheiro, dono da OAS. As investigações devem ser aceleradas. A demora, nesse caso, deslegitima o governo Temer. Os cargos políticos geram várias responsabilidades, destacando-se as penais e as políticas. Uma não pode estar atrelada à outra. As oligarquias governantes são como a lenda da mulher de César: não bastam ser honestas, devem parecer também. A mesma regra da presidência da República (CF, art. 86) deve valer para toda a alta oligarquia: réu em processo criminal não pode exercer as altas funções públicas. É uma questão de credibilidade institucional. Ou se faz isso ou não apagaremos nunca a herança colonialista de que as oligarquias e plutocracias podem tudo.

Movimentos sociais manterão vigilância na era Temer: “Vem Pra Rua”, “MBL”, “Nas Ruas” e tantos outros movimentos sociais, que estimularam milhões de pessoas a irem para as ruas em protesto contra o governo Dilma, dizem que a vigilância cidadã vai continuar, agora em relação ao governo Temer (particularmente no que diz respeito à Operação Lava Jato). O combate à corrupção é inegociável[3].

Foyers escatológicos: “Um dos principais aliados de Temer, Romero Jucá, é mencionado nas delações de executivos da Camargo Correia e da Andrade possecomeçam a ser destrinchados pelas autoridades —o peemedebista, de todo modo, nega as acusações. Além de Jucá, que ocupa a pasta do Planejamento do novo governo, Henrique Eduardo Alves (Turismo) foi citado em mensagens encontradas no celular do ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, como favorecido em repasses ilegais —ainda que, em sua defesa, o ministro tenha afirmado que se tratava de simples doação de campanha. Na ampla delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral (MS), outros membros do governo Temer surgem como importantes na nomeação do próprio Delcídio para uma diretoria da Petrobras, em 1999 —o que em si não chega a ser indício de maior gravidade. Seria catastrófico, para o próprio Michel Temer, se vier a projetar a sombra de qualquer obstáculo sobre as investigações. Nunca, como no atual ambiente social e político, a frase “doa a quem doer” se mostrou tão pertinente”[4].

[1] Ver http://política.estadao.com.br/noticias/geral,empresas-da-lava-jato-doarama12-ministros-de-temer,10000051338, consultado em 15/5/16.

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[2] Ver http://g1.globo.com/política/noticia/2016/05/oab-defende-saida-de-ministros-de-temer-investigados-pela-lava-jato.html, consultado em 16/5/16.

[3] Ver http://www1.folha.uol.com.br/poder/2016/05/1771364-por-lava-jato-grupos-pro-impeachment-vigiarao-temer.shtml, consultado em 16/5/16.

[4] Ver http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/05/1771585-doaaquem-doer.shtml, consultado em 16/5/16.

Governo envia projeto que altera código tributário para dar transparência fiscal

19 de maio de 2016

O governo enviou ao Congresso Nacional projeto de Lei Complementar que altera o Código Tributário Nacional. O objetivo da proposta é permitir que a Fazenda Pública possa informar valores que deixam de ser arrecadados por incentivos ou benefícios tributários. A Fazenda Pública compreende os órgãos da administração pública destinados à arrecadação e à fiscalização de tributos, bem como a guarda dos recursos financeiros e títulos representativos de ativo e de direitos do Estado.

O projeto altera artigo do código que trata do sigilo fiscal e acrescenta a hipótese de exceção à vedação da divulgação de informação do “incentivo ou benefício de natureza tributária cujo beneficiário seja pessoa jurídica.

A proposta atende aos princípios e às normas internacionais de transparência das contas públicas. O objetivo é informar os valores que deixam de ser arrecadados por incentivos ou benefícios tributários, que resultam em renúncia de arrecadação ou em perda de recursos públicos, preservada a intimidade e a privacidade do contribuinte pessoa física.

Fonte: Agência Brasil

Governo estuda aposentadoria aos 65 anos para homem e mulher, diz MeirellesHenrique Meirelles, ministro da Fazenda do governo interino de Michel Temer, disse que a idade mínima de 65 anos para se aposentar 'aparentemente' deve ser a norma adotada no Brasil. E a mesma regra pode valer para homens e mulheres

postado 19/05/2016 09:43:03 - 4.438 acessos

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Henrique Meirelles, ministro da Fazenda do governo interino de Michel Temer, disse que a idade mínima de 65 anos para se aposentar "aparentemente" deve ser a norma adotada no Brasil. E a mesma regra pode valer para homens e mulheres

Historicamente, as mulheres sempre se aposentaram anos mais cedo. O governo estuda uma reforma das regras da Previdência. O ministro também questionou o conceito de direito adquirido e defendeu que a reforma inclua os trabalhadores atuais que ainda não contribuíram por 35 anos.

As declarações foram dadas em entrevista ao SBT. Questionado por um jornalista da emissora se as regras seriam iguais para homens e mulheres, Meirelles disse que o governo estuda a questão e citou exemplos do exterior. "Isso aí nós estamos estudando ainda. A maior parte dos países está caminhando para isso."

Ele disse que não há nada definido e que as discussões apenas começaram. Nesta quarta-feira (18), um grupo de trabalho formado por governo e algumas centrais sindicais fizeram a primeira reunião para discutir o tema. 

Atualmente, o trabalhador que se aposenta na modalidade por idade precisa ter no mínimo 60 anos, se for mulher, ou 65, se for homem. Mas outras modalidades de aposentadoria não estabelecem idade mínima. A fórmula 85/95, por exemplo, soma idade e tempo de contribuição. A reforma proporia criar uma idade mínima também para as outras modalidades. 

O ministro disse que em países com perspectiva de vida mais longa, a idade mínima para aposentadoria chega a ser de 67 anos.  "Mas 65 anos normalmente é a norma para a qual estão caminhando a maioria dos países. Aparentemente é a norma para o Brasil, também". Ele frisou que é o que ele pensa, mas não há definições ainda.

Fonte: Uol

STF autoriza quebra de sigilo bancário e fiscal de ministro Romero JucáPedro Ladeira - 5.abr.16/Folhapress

O Ministério Público Federal conseguiu no STF (Supremo Tribunal Federal) a quebra do sigilo bancário e fiscal do senador Romero Jucá (PMDB-RR), ministro do Planejamento do governo de Michel Temer.

A autorização foi dada pelo ministro Marco Aurélio Mello, em inquérito que investiga Jucá e tramita no Supremo.

O peemedebista está sendo investigado, neste caso, por condutas referentes à liberação de emendas parlamentares para obras que depois teriam sido superfaturadas.

O procedimento nada tem a ver com outras investigações sobre Jucá, que está citado na Operação Lava Jato e em mais quatro inquéritos. Um deles é o da Operação Zelotes, que investiga suspeitas de manipulação de julgamentos no Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais).

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O inquérito que trata de eventuais irregularidades na liberação de emendas é antigo. Ele tramita no STF desde 2004.

A assessoria do peemedebista disse, por meio de nota, que "o ministro do Planejamento, Romero Jucá, já colocou à disposição da Justiça todas as informações pertinentes ao processo".

Questionado sobre a quebra de sigilo em entrevista no início da noite, o ministro afirmou estar "muito tranquilo em relação a qualquer investigação".

"Estamos numa democracia e qualquer servidor pode ser investigado. Não há demérito em ser investigado, há demérito em ser condenado. Não tenho nenhuma relação com as questões que estão colocadas."

Jucá é um dos homens fortes do governo de Temer e político de confiança do presidente interino.

No meio do processo de impeachment, Temer se afastou da presidência do PMDB e foi substituído pelo senador.

Ministros de Temer querem a legalização de jogos de azarBERNARDO MELLO FRANCOCOLUNISTA DA FOLHA

17/05/2016 02h00 - Atualizado às 09h26

Ministros do governo Michel Temer querem propor a legalização dos jogos de azar como medida para aumentar as receitas da União.

A ideia é defendida por ao menos dois auxiliares próximos ao presidente interino: os peemedebistas Henrique Eduardo Alves (Turismo) e Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).

Segundo Alves, a proposta de legalização deve incluir bingos, cassinos e o jogo do bicho. "A ideia é legalizar todo tipo de jogo. Hoje o jogo existe de forma clandestina e sem gerar qualquer benefício para o Estado", afirma.

Ele diz que Temer é "simpático" à ideia, mas ainda não tratou dela desde que assumiu como presidente interino, na semana passada.

O ministro sustenta que a liberação do jogo seria um estímulo ao turismo e à retomada da atividade econômica.

Os argumentos são contestados pelo Ministério Público Federal, que se opõe à ideia e vê risco de incentivo à lavagem de dinheiro e à corrupção (leia texto ao lado).

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Geddel, que será responsável pelas relações do Planalto com o Congresso, diz ser favorável à legalização. "Pessoalmente, não vejo por que não tocar adiante. Acho importante para o turismo e para a geração de receita."

O ministro ressalta que esta ainda não é uma "posição de governo" e será discutida pelo Palácio do Planalto.

Congressistas que defendem a legalização do jogo dizem ver Temer como um aliado da causa. O deputado Herculano Passos (PSD-SP) conta ter discutido o assunto com o presidente interino há cerca de um mês, na reta final do processo de impeachment.

Ele diz que o diálogo o deixou otimista e que o afastamento da presidente Dilma Rousseff deve acelerar a liberação de bingos e cassinos.

"O presidente Temer é simpático à causa. Tivemos uma conversa há cerca de 30 dias e ele viu a ideia com bons olhos. Estou otimista, acho que o momento é muito propício à legalização", afirma.

"A maioria dos deputados com quem converso é favorável, mas o apoio do presidente será fundamental", acrescenta Passos, colega de partido do ministro Henrique Meirelles (Fazenda).

Além de Henrique Alves e Geddel, pelo menos outros dois ministros de Temer empunham a bandeira da liberação dos jogos de azar.

Maurício Quintella Lessa (Transportes), deputado licenciado do PR, apresentou um projeto de lei para legalizar os cassinos em 2008.

Blairo Maggi (Agricultura), senador licenciado do PP, foi autor de um relatório que libera cassinos, bingos, caça-níqueis e jogo do bicho. O texto foi aprovado em março por uma comissão especial e ainda será votado em plenário.

NOVA CPMF

Não há consenso sobre o potencial de arrecadação com os jogos de azar. Para o ministro Henrique Alves, a liberação geraria até R$ 20 bilhões por ano à União. "Seria uma nova CPMF", anima-se.

Ele afirma que a atividade seria fiscalizada por uma nova agência reguladora.

O governo Dilma chegou a formar um grupo de trabalho para estudar a possibilidade de legalização do jogo, no fim de 2015, mas não enviou uma proposta ao Congresso.

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Lava jato

Sergio Moro condena José Dirceu a 23 anos de prisão por três crimes18 de maio de 2016, 12h25

Por   Tadeu Rover

O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, condenou o ex-ministro José Dirceu, a 23 anos de prisão por crimes como corrupção passiva, recebimento de vantagem indevida e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção na Petrobras investigado na operação "lava jato".

Para Moro, reformas de imóveis de interesse de Dirceu foram propina.

De acordo com Moro, a prática do crime corrupção envolveu o recebimento de cerca de R$ 15 milhões em propinas, considerando apenas a parte por ele recebida. Conforme a sentença, o custo da propina foi repassado à Petrobras, através da cobrança de preço superior à estimativa. O juiz, entretanto, afastou o argumento do Ministério Público Federal de que José Dirceu exercia liderança no esquema. Para Moro, não está claro de quem era a liderança.

Quanto ao crime de lavagem de dinheiro, Moro considerou que houve no caso "especial sofisticação", com diversas transações fraudulentas, como simulação de prestação de serviços, com diversos contratos e notas fiscais falsas. Segundo o juiz, os valores de propina ainda foram ocultados em reformas de imóveis de interesse de Dirceu, mas que sequer estavam em seu nome.

Na sentença, Moro considerou "perturbador" o ex-ministro ter continuado se envolvendo em esquemas de corrupção mesmo quando estava sendo julgado pelo Supremo Tribunal Federal na Ação Penal 470, o processo do mensalão. Na ocasião Dirceu foi condenado pelo STF por corrupção passiva.

Na mesma decisão desta quarta-feira (18/5), o juiz condenou ainda mais 10 pessoas acusadas de integrar o esquema de corrupção e lavagem de dinheiro (veja tabela ao final). Além disso, Moro absolveu, por falta de provas, quatro acusados pelo Ministério Público Federal: Cristiano Kok, José Antunes Sobrinho, Júlio Gerin de Almeida Camargo e Olavo Hourneaux de Moura Filho. 

Até março, Moro já havia proferido   17 sentenças  nos dois anos da “lava jato”, condenando 67 réus e absolvendo totalmente outros 12.

Clique aqui para ler a sentença.

Veja todos os condenados por Sergio Moro nesta quarta-feira (18/5): 

Gerson de Mello AlmadaPena - 15 anos e 6 meses de reclusãoCrimes - Corrupção ativa e lavagem de dinheiroRenato de Souza DuquePena - 10 anos de reclusãoCrime - Corrupção passivaPedro José Barusco FilhoPena - 9 anos de reclusão.

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Delação - A pena e o processo foram suspensos em relação a ele devido ao acordo de colaboração premiada. Barusco já havia sido condenado na "lava jato" a 18 anos e 4 meses de reclusão. O acordo de colaboração assinado por ele previu que, após o trânsito em julgado das sentenças condenatórias que somem o montante mínimo de quinze anos de reclusão prisão, os demais processos ficariam suspensos.Crime - Corrupção passiva.João Vaccari NetoPena - 9 anos de reclusão.Crime - Corrupção passiva.Milton PascowichtPena - 20 anos e 4 meses de reclusão.Delação - Devido ao acordo de colaboração premiada deverá cumprir no máximo 12 anos de prisão. Conforme o acordo celebrado, as penas unificadas em todos os processos relacionados à "lava jato" não poderão ultrapassar doze anos de reclusão.Crime - Corrupção ativa, lavagem e pertinência à organização criminosa.José Adolfo PascowichtPena - 19 anos de reclusão.Delação - Conforme o acordo de colaboração premiada celebrado, as penas unificadas em todos os processos relacionados à "lava jato" não ultrapassarão o total de oito anos de reclusão.Crime - Corrupção ativa, lavagem e pertinência à organização criminosa.José Dirceu de Oliveira e SilvaPena - 23 anos e 3 meses de reclusão.Crime - Corrupção passiva, lavagem e pertinência à organização criminosa.Fernando Antônio Hourneaux de MouraPena - 16 anos e 2 meses de reclusão.Delação - Sergio Moro negou os benefícios da colaboração premiada por entender não há credibilidade nos depoimentos prestado.Crimes - Corrupção, lavagem e pertinência à organização criminosa.Luiz Eduardo de Oliveira e SilvaPena - 8 anos e 9 meses de reclusão.Crimes - Lavagem e de pertinência à organização criminosa.Júlio Cesar dos SantosPena - 8 anos de reclusão.Crimes - Lavagem e pertinência à organização criminosa.Roberto MarquesPena - 3 anos e 6 meses de reclusão - A pena privativa de liberdade foi substituída por duas penas restritivas de direito, consistentes na prestação de serviço à comunidade e em prestação pecuniária. Crime - Pertinência à organização criminosa.

Ação Penal 5045241-84.2015.4.04.7000/PR

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Entenda como funcionam as regras de Pensão Alimentícia Publicado por Jucineia Prussak

A pensão alimentícia consiste no pagamento mensal de valor suficiente para atender aos gastos com alimentação, escola, roupas, tratamento de saúde, medicamentos, lazer, e a outros que forem necessários. De acordo com o Código Civil, artigo 1.694, ela pode ser devida entre pais e filhos, entre parentes limitados ao segundo grau (irmãos, avós e netos), entre cônjuges, entre conviventes e, recentemente, a Lei n.º 11.804/08 estabelece que também à mulher gestante e ao nascituro (aquele que ainda está em formação no seu ventre).

Quando é preciso pagar Pensão Alimentícia

O artigo 1.695 do Código Civil estabelece que a pensão é devida quando quem a pleiteia não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele de quem se requisita a pensão pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.

Valor

Valor para a pensão, o Poder Judiciário considera as necessidades de quem vai receber e as possibilidades de quem vai pagar para definir o valor. Além disso, a pensão não precisa ser paga necessariamente em dinheiro, ela pode ser paga também em benefícios (como o pagamento de contas, por exemplo). É possível pedir a revisão do valor sempre que a situação de quem paga ou de quem recebe mudar. Também é possível voltar atrás da decisão de recusa a receber pensão em momento inicial, caso a pessoa mude de ideia.

Pensão para ex-cônjuge

Nos casos de pensão de ex-cônjuges, a regra não tem distinção de gênero, tanto homens quanto mulheres podem requerer a pensão, desde que comprovem a necessidade. Casamento em regime de separação de bens não impede o recebimento de pensão para um dos cônjuges.

Em caso de óbito do pagador

Caso o pagador de pensão alimentícia venha a óbito, é possível que os parentes do pagador precisem arcar com a obrigação. Os ascendentes do pagador (pais e avós) são os primeiros a serem requisitados. Na falta dos pais ou avós, ou caso esses comprovem que não tem condições, serão chamados os bisavós. Não sendo encontrado nenhum ascendente, serão buscados os descendentes como filhos, netos, bisnetos. Ainda, caso não exista nenhum parente na linha reta de sucessão, a pensão pode ser requisitada aos irmãos de grau mais próximo, cabendo ao juiz a decisão final.

A obrigação de pagar a pensão também se transmite aos herdeiros do pagador.

Pensão para filhos

A pensão alimentícia paga aos filhos vale até os 18 anos; ou 24, caso o filho esteja na faculdade. É importante ressaltar que caso o filho seja incapaz, não existe prazo para o fim da pensão.

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Filhos também podem ter que pagar pensão aos pais ou aos avós (ou qualquer outro parente ascendente), caso eles comprovem que não possuem outro meio de sobrevivência.

Sanções para o não pagamento da pensão alimentícia

Em casos de não pagamento de pensão alimentícia, o juiz pode decretar sentença de prisão por período de até 90 dias. O cumprimento da pena não exime o devedor da dívida. Funcionários públicos, militares, diretores ou gerentes de empresa terão a pensão alimentícia descontada diretamente em folha de pagamento.

Possibilidade de inscrição do nome do devedor de pensão alimentícia em cadastro de proteção ao crédito. A medida já está prevista no novo Código de Processo Civil, como medida automática (artigo 782, parágrafo 3º)

Fonte "Senado Federal"

Empresas podem acessar online extrato de informações financeiras do BC

17 de maio de 2016

O acesso ao Registrato – Extrato do Registro de Informações no Banco Central, disponibilizado até agora para pessoas físicas, foi ampliado para empresas. O anúncio foi feito hoje (16) pelo diretor de Fiscalização do Banco Central, Anthero de Moraes Meirelles, na abertura da Semana Nacional de Educação Financeira, na sede da instituição, em Brasília.

De acordo com o BC, o sistema agora permite que pessoas jurídicas também extraiam relatórios sobre suas informações financeiras de forma segura e rápida, pela internet, sem precisar se deslocar às representações do banco. As empresas poderão utilizar o Registrato para obter informações sobre  seus relacionamentos com instituições financeiras presentes no Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro (CCS) e sobre suas operações de crédito, por meio do Sistema de Informações de Crédito (SCR).

Lançado em novembro de 2014, o Registrato é um dos principais sistemas de atendimento ao público do BC e permitiu que o volume de relatórios entregues aos cidadãos evoluísse de 30,3 mil em 2013 para 157,7 mil relatórios em 2015 e 63,2 mil este ano, até abril. A nova página do Registrato pode ser acessada no endereço: http://www.bcb.gov.br/?REGISTRATO

A 3ª Semana Nacional de Educação Financeira ocorre de hoje (16) a 22 de maio com centenas de iniciativas de educação financeira gratuitas em todo o país. Com o evento, o BC pretende promover a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF), instituída em 2010 como política de Estado, de caráter permanente, para contribuir para o fortalecimento da cidadania ao fornecer e apoiar ações que ajudem a população a tomar decisões financeiras mais autônomas e consciente.

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Segundo Meirelles, a inclusão financeira adequada da população contribui para a redução da pobreza e para o fortalecimento da atividade econômica.

Fonte: Agência Brasil

Tamanho do SUS precisa ser revisto, diz novo ministro da SaúdeCLAUDIA COLLUCCIDE SÃO PAULO

17/05/2016 02h00 Erramos: esse conteúdo foi alterado

O novo ministro da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), disse nesta segunda (16) que, em algum momento, o país não conseguirá mais sustentar os direitos que a Constituição garante –como o acesso universal à saúde– e que será preciso repensá-los.

"Vamos ter que repactuar, como aconteceu na Grécia, que cortou as aposentadorias, e em outros países que tiveram que repactuar as obrigações do Estado porque ele não tinha mais capacidade de sustentá-las", afirmou em entrevista exclusiva à Folha.

Segundo ele, que foi relator do Orçamento de 2016 na Câmara, não há capacidade financeira suficiente que permita suprir todas as garantias constitucionais. "Temos que chegar ao ponto do equilíbrio entre o que o Estado tem condições de suprir e o que o cidadão tem direito de receber." A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha após evento na Faculdade de Medicina da USP.

*

Folha - A meta de implantar o cartão SUS em todo o país nunca aconteceu. Como o sr. pretende fazer isso agora?Ricardo Barros - O cartão SUS existe, mas há 300 milhões de cartões. Ele está replicado para muita gente, mas tem gente com mais de um cartão, com cartão fraudado. Ainda não estudei isso, mas minha missão é ter gestão do sistema. E só vou ter se tiver informação. Só assim vamos tomar as decisões corretas e disponibilizar os serviços adequados.

A gestão anterior do ministério disse que só há recursos para o Samu e para o programa Farmácia Popular até agosto. Haverá cortes?De fato, temos um orçamento muito restrito, o governo tem repassado R$ 7,2 bilhões mensalmente para o Ministério da Saúde e temos gasto exclusivamente esses recursos. Portanto, há limitação dos procedimentos autorizados. Meu objetivo é conseguir recursos para as obrigações contratadas. Isso pode representar, com o resto a pagar dos anos anteriores, algo na faixa de R$ 14 bilhões.

Mas haverá cortes?Não posso afirmar isso agora. O que existe é a certeza de que faltam recursos, mas onde haverá o impacto

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dessa falta nós vamos decidir depois que a equipe econômica me afirmar que não vai ter capacidade de suprir o que estava previsto no Orçamento.

Há programas que precisam de continuidade para ter sucesso. Hipertensos ou diabéticos, por exemplo, não podem ficar sem medicamentos.Remédios de uso contínuo estão disponíveis na rede do SUS. As prefeituras têm esses medicamentos para disponibilizar. Precisamos avaliar com muito carinho porque já sabemos que temos fraudes na compra de remédio a preço subsidiado, o cidadão pega num posto, pega no outro, tem cartão em duas ou três cidades e depois vai vender o remédio. O programa é meritório e vamos ver quais recursos podemos disponibilizar para ele.

Fraudes parecem atingir várias áreas da saúde. Como o sr. pretende atuar nessa questão?Vamos rever os protocolos das áreas especializadas, vamos constituir grupos de trabalho, rever protocolos, esse é o meu compromisso. Vários especialistas já me reafirmaram que alguns protocolos que estabelecemos para tratar determinadas doenças não são os mais eficazes e nem os mais baratos. Vamos rever isso para que tenha a melhor eficiência e o melhor gasto para o usuário.

Há conflitos de interesses que envolvem a indústria da saúde e as especialidades médicas...Sim. Resistir aos lobbies será uma boa tarefa para implementarmos com a nossa equipe do ministério.

A rede de assistência tem hoje UTIs e unidades de saúde fechadas, aparelhos sem funcionar. Como lidar com isso?Vou criar uma equipe para cuidar de todas as más aplicações de recursos. Temos muito desperdício na gestão, que não é visível para as pessoas, e que vamos cuidar com prioridade. Mas o que é visível para o cidadão, isso nós vamos tratar rapidamente, porque ninguém aceita ter o seu imposto mal gasto. Quando ele passa em frente a uma unidade básica de saúde e ela está fechada, algo falhou no planejamento. Temos mais de 70 UPAs [Unidades de Pronto Atendimento] que estão funcionando sem contrapartida do ministério.

Mais de 1,3 milhão de pessoas deixou de ter planos de saúde no último ano. Isso vai sobrecarregar ainda mais o SUS...A ANS precisa ser mais ágil na regulação. A judicialização na área dos planos tem obrigado que eles façam reajustes muito acima da inflação. Cada vez que uma decisão judicial determina incluir um procedimento na cobertura do plano, aumenta o custo e ele tem que repassar para o consumidor.Isso acaba prejudicando a todos os usuários, encarecendo o sistema e fazendo com que mais pessoas deixem de ter planos. Quanto mais gente puder ter planos, melhor, porque vai ter atendimento patrocinado por eles mesmos, o que alivia o custo do governo em sustentar essa questão.

Não deveria ser o contrário, estímulo para um SUS melhor, já que pagamos impostos e temos direito à saúde?Todos os cidadãos já pagam pela saúde, todos os cidadãos já pagam pela segurança. No entanto, os gastos com segurança privada são muito superiores aos da segurança pública. Infelizmente, a capacidade financeira do governo para suprir todas essas garantias que tem o cidadão não são suficientes.Não estamos em um nível de desenvolvimento econômico que nos permita garantir esses direitos por conta do Estado. Só para lembrar, a Previdência responde por 50% das despesas do Orçamento da União. O Estado acaba sendo um fim em si mesmo, e não um meio. O que adianta o médico sem remédio, o pedreiro sem o tijolo, o motorista sem o combustível. Nada. Não presta serviço para a comunidade.

O que fazer? Mudar a Constituição, que determina que a saúde é um direito universal?A Constituição cidadã, quando o Sarney promulgou, o que ele falou? Que o Brasil iria ficar ingovernável. Por quê? Porque só tem direitos lá, não tem deveres. Nós não vamos conseguir sustentar o nível de direitos que a Constituição determina.

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Em um determinado momento, vamos ter que repactuar, como aconteceu na Grécia, que cortou as aposentadorias, e outros países que tiveram que repactuar as obrigações do Estado porque ele não tinha mais capacidade de sustentá-las. Não adianta lutar por direitos que não poderão ser entregues pelo Estado. Temos que chegar ao ponto do equilíbrio entre o que o Estado tem condições de suprir e o que o cidadão tem direito de receber.

Repactuar já é uma proposta?Isso terá que ser resolvido, mas são assuntos da área econômica que não quero interferir.

*

APERFEIÇOAR GESTÃO

Uma das prioridades do ministro da Saúde, Ricardo Barros, é aperfeiçoar os sistemas de informação e de gestão dentro do SUS para que haja mais eficiência e menos desperdício. O objetivo, afirma, é saber "como é gasto cada centavo no SUS". "A gestão da informação vai permitir tratar com clareza e transparência quanto e onde é utilizado na saúde os R$ 110 bilhões do governo federal, R$ 70 bilhões dos Estados e R$ 60 bilhões dos municípios", afirmou.

Em visita à Faculdade de Medicina da USP nesta segunda (16), a convite do cardiologista Roberto Kalil, Barros se reuniu com docentes, alunos e com o secretário de Estado da Saúde, David Uip. Ouviu sugestões e críticas. Uma delas foi sobre o programa Mais Médicos, que permite que os profissionais estrangeiros atuem no país sem revalidação do diploma. Barros prometeu avaliar a questão. Ele diz que a solução é o incentivo de mais médicos brasileiros no programa.

Amigo de verdade! Ao barrar investigação, Gilmar suspende até depoimento de Aécio Entre as diligências canceladas pelo ministro do Supremo também está a coleta de evidências no material apreendido pela Operação Lava Jato que poderia contribuir com o esclarecimento do caso. Publicado por Wagner Francesco ⚖ - 6 dias atrás

Ao suspender as diligências do inquérito contra o senador Aécio Neves (PSDB-MG), o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), cancelou os depoimentos do parlamentar e de testemunhas, inicialmente marcados para cumprimento em 90 dias, e a coleta de evidências na documentação e arquivos apreendidos pela Operação Lava Jato que pudessem contribuir no caso.

Na decisão que barra o avanço do inquérito e manda o pedido de apuração de volta para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para sua reavaliação, o ministro considerou não haver elementos novos

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que justificassem a continuação da investigação. Entre a abertura do inquérito para investigar o senador e o cancelamento das diligências foram cerca de 24 horas.

Uma das bases do pedido de Janot é a delação do senador cassado Delcídio Amaral (ex-PT-MS), em que ele liga Aécio Neves à suposta corrupção na estatal de energia em Furnas. A outra é a Operação Norbert, deflagrada no Rio. Na petição ao Supremo, por meio da qual pede abertura de inquérito contra o senador tucano, Janot afirmou que a investigação sobre a suspeita de corrupção ‘merece reavaliação’.

Em março de 2015, o Supremo arquivou, a pedido do próprio Janot, a investigação sobre o presidente nacional do PSDB. O procurador apontou ‘inexistência de elementos mínimos’. Naquela época, os investigadores tinham em mãos a delação premiada do doleiro Alberto Youssef, personagem central da Operação Lava Jato, citando Aécio.

Delcídio Amaral disse que ‘sem dúvida’ o tucano recebeu propina em um esquema de corrupção em Furnas que, segundo o ex-líder do Governo Dilma Rousseff, era semelhante ao da Petrobrás, envolvendo inclusive as mesmas empreiteiras.

O ex-senador, cassado na semana passada por suspeita de tramar contra a Lava Jato, tem experiência no setor elétrico, conhece o ex-diretor de Engenharia de Furnas Dimas Toledo, apontado como o responsável pelo esquema de corrupção, e disse ter ouvido do próprio ex-presidente Lula, em uma viagem em 2005, que Aécio o teria procurado pedindo que Toledo continuasse na estatal.

Janot afirmou ao Supremo. “Diante do novo depoimento, colhido no bojo da colaboração celebrada por Delcídio do Amaral, no qual trata dos mesmos fatos agora, sob a perspectiva de alguém que ocupava uma posição privilegiada no que diz respeito ao conhecimento dos fatos, o quadro merece reavaliação.”

Segundo o procurador-geral, a versão apresentada por Delcídio, ‘que se agrega ao anterior relato de Alberto Youssef, mostra-se plausível’. Janot sustenta que ‘orbitam em torno de ambos os relatos alguns elementos confirmatórios’.

No documento ao Supremo, Janot cita uma denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-diretor de Furnas Dimas Fabiano Toledo e contra Airton Antonio Daré, em 2012, perante a 2ª Vara Federal do Rio ‘por participação num esquema de arrecadação de vantagens indevidas (propinas) no âmbito de Furnas, custeadas mediante superfaturamento de obras e serviços’.

A denúncia, afirma Janot, posteriormente declinada à Justiça Estadual, ‘narra modus operandi muito semelhante ao noticiado pelos colaboradores Alberto Youssef e Delcídio do Amaral, com o pagamento de vantagens indevidas para servidores públicos e políticos no âmbito da empresa Furnas por empresas interessadas em contratar’.

“Há menção ao ex-diretor de Furnas, Dimas Fabiano Toledo. Este seria o responsável por gerenciar uma espécie de ‘fundo’ de valores ilícitos, que eram recursos disponibilizados a políticos para financiar campanhas”, aponta o procurador-geral da República.

“Ouvido no Inquérito 1835/2005 perante a Polícia Federal do Rio de Janeiro em 10 de fevereiro de 2006, Dimas Fabiano Toledo afirmou que conhece o então governador de Minas Gerais Aécio Neves e que este último ‘costumava procurar o declarante em Furnas para assuntos envolvendo os municípios onde o atual governador tinha base eleitoral’, que ‘mantém com o sr. Aécio Cunha [pai de Aécio Neves], conselheiro de Furnas, relação de amizade, já que o avô do declarante já era companheiro de partido do avô de Aécio Cunha.”

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Ao Supremo, Janot citou ainda a irmã do presidente nacional do PSDB. “A irmã de Aécio Neves, mencionada por Delcídio do Amaral e Alberto Youssef, possui (ou ao menos possuía) diversas empresas em seu nome e, na época dos fatos, mantinha inclusive empresa de factoring, criada em 1993 e que teve atividades ate 2010, conforme pesquisa na Junta Comercial de Minas Gerais.”

O procurador apontou também a Operação Norbert, que tramitou perante a Justiça Federal do Rio. Na ação, foram apreendidos ‘diversos documentos, por ordem judicial, na casa dos doleiros Christiane Puchmann e Norbert Muller’.

“Referidos documentos revelaram que diversas pessoas, valendo-se das atividades dos doleiros, criaram mecanismos de interposição de personalidade jurídica, com o intuito de manter e ocultar valores no exterior, inclusive na Suíça e no Principado de Liechtenstein, na Europa. Como fruto das referidas apurações, o Ministério Público Federal no Rio de Janeiro ofereceu denuncia em face de Christine Puschmann (vúuva de Norbert Miiller) e suas filhas Christine Miiller e Ingrid Maria Miiller Lusguinos”, destacou o procurador.

O inquérito, que fazia referência à Inês Maria Neves Faria, mãe do senador Aécio Neves, foi posteriormente arquivado. De acordo com o Ministério Público Federal no Rio o arquivamento ‘alude ao fato de os valores dos depósitos no exterior serem inferiores àquele fixado pelo Banco Central como de comunicação obrigatória, além da inviabilidade de colaboração internacional [com Liechtenstein] com o fim de dar prosseguimento às investigações’.

Quando o inquérito foi aberto, o senador Aécio Neves se manifestou desta forma:

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), divulgou nota na quinta-feira, 12, e voltou a chamar de falsas as acusações feitas contra ele pelo ex-senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) em delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato.

“Quando uma delação é homologada pelo Supremo Tribunal Federal, como ocorreu com a delação do ex-senador Delcídio Amaral, é natural que seja feita a devida investigação sobre as declarações dadas. Trata-se de temas que já foram analisados e arquivados anteriormente”, diz o comunicado. “O senador Aécio Neves tem convicção de que, como já ocorreu no passado, as investigações irão demonstrar a falsidade das citações feitas.”

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José Dirceu condenado a 23 anos. Corrupção: elo de enriquecimento de alguns e de destruição da sociedade Publicado por Luiz Flávio Gomes - 2 dias atrás

A condenação (não definitiva ainda) do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (no governo Lula) a 23 anos e 3 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa (na operação Lava Jato), sendo ele reincidente porque já condenado antes do escândalo do mensalão, constitui um robusto exemplo para se entender o círculo vicioso que envolve as elites econômicas e financeiras extrativistas (saqueadoras), de um lado, e oligarquias políticas e administrativas (os poucos que governam) do outro, aparecendo a corrupção (dentre outras estratégias) como o ponto de amalgamento das duas partes.

Foyer escatológico: No mensalão José Dirceu foi considerado chefe de esquema de compra de votos de parlamentares para favorecer os primeiros anos do governo Lula. Pela Lava Jato foi preso em agosto/2015, porque estaria envolvido em ilícitos praticados na diretoria de Serviços da Petrobras, abarcando 129 atos de corrupção ativa e 31 atos de corrupção passiva, entre 2004 e 2011. Teria participado da indicação de Renato Duque e Paulo Roberto Costa para diretores da Petrobras. Mesmo durante o julgamento do mensalão ele teria continuado a receber propinas. O valor de corrupção no setor de Serviços foi estimado em R$ 60 milhões, que foram lavados. O processo tem por objeto irregularidades de contratos com empresas terceirizadas (Hope, Personal etc.), contratadas pela diretoria de Serviços, que pagavam uma prestação mensal para Dirceu através de Milton Pascowitch – lobista e um dos delatores da Lava Jato. Para o MPF, o ex-ministro Dirceu se enriqueceu dessa forma. Também se apurou irregularidades praticadas pela empreiteira Engevix (que pagava propina em razão dos seus contratos com a Petrobras por meio de um contrato falso com a empresa Jamp, de Pascowitch). O dinheiro era repassado para Pedro Barusco, Renato Duque, e para o núcleo político que incluía José Dirceu.

A corrupção, quando sistêmica, não é inventada por um único partido ou agente público ou empresário. Pode haver inovações na forma de se praticar a corrupção (o lulopetismo comprovou essa tese), mas não é possível inventá-la, ao menos nos países colonizados extrativamente (como é o caso do Brasil, que se diferencia dos EUA, que fez uma colonização inclusiva), posto que neles foram forjados modelos político-econômicos moldados (e persistentes) de acordo com os interesses saqueadores das elites que comandam o país.

Sabe-se que nenhuma democracia do mundo jamais foi governada pelo povo, sim, pelas oligarquias (por poucos). Estamos aqui diante do que Robert Michels chamou de “lei de ferro das oligarquias”.[1] Não foge da regra a Nova República (1985-2016): cada governo (Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula, Dilma e Temer) foi e é administrado pelas suas específicas oligarquias.

Há mais mudanças nas oligarquias governantes (as que reinam, as que administram o país) e mais estabilidade nas elites que influenciam os governantes (elites econômicas, financeiras e corporativas). As empreiteiras, por exemplo, transitaram por todos os governos da Nova República (que chamamos de República Velhaca, posto que nela sempre predominaram os interesses extrativistas das instituições políticas e econômicas, mesmo quando melhoraram visivelmente as condições socioeconômicas da população, como no período de 2003-2013).

O normal, nos regimes democráticos, é que uma oligarquia (governo de poucos) seja sucedida por outra (não há descontinuidade). Nos momentos excepcionais aparecem as ditaduras, que também são

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governadas por suas oligarquias (por poucos). Quando o extrativismo e a corrupção são sistêmicos, no mínimo persiste o espírito espoliador, saqueador. Daí a continuidade do sistema.

Como se assegura a persistência do sistema? Nas nações extrativistas as instituições políticas impõem, na prática (teoricamente há um milhão de regras limitadoras, órgãos controladores, sanções, prestação de contas etc.), poucas restrições ao exercício do poder, de modo que quase inexistem instituições capazes de cercear o uso e o abuso do poder por parte de quem assume o Estado e seu controle; as instituições econômicas extrativistas sabem que ter o controle do Estado e do poder constitui o caminho da obtenção de grande lucros, riquezas e rendas (lícitas e ilícitas), expropriando-se os ativos alheios assim como impondo grandes monopólios, tarifação protetiva, ajudas financeiras dos governos, empréstimos subsidiados, redução de impostos etc. O mensalão e a Lava Jato, em termos de controle dos abusos das instituições extrativistas, constituem (sem sombra de dúvida) pontos fora da curva.

Um dos caminhos do sucesso do sistema reside no suborno, que constitui (na maioria das vezes) o elo de ligação entre as várias elites extrativistas dominantes, tal como vem revelando a Lava Jato.

Foyer escatológico: No esquema montado na Petrobrás, por exemplo, havia desvios de 1% a 5% dos valores de contratos, mediante acerto entre um cartel das maiores empreiteiras do País com políticos do PT, PMDB e PP. O Procurador-Geral da República afirmou que se estabelecera um “complexo esquema criminoso praticado em variadas etapas e que envolveu diversas estruturas de poder, público e privado”. A indicação de algum diretor da Petrobras era fundamental para a distribuição das propinas. Implantou-se um sistema bastante “profissionalizado”, que abastecia o PT, o PMDB, o PP assim como vários outros partidos, além de políticos e agentes públicos[2].

Veja mais: quais os males gerados pela corrupção sistêmica?

Relatório do FMI (divulgado em 10/5/16) revelou que a corrupção (em virtude dos seus danos sociais, que hoje são estudados dentro da zemiologia, um novo campo de estudo e de atuação da criminologia[3], que é nossa área de pesquisa) é muito mais séria do que se imagina[4], porque

(1) causa desequilíbrios econômicos, (2) com impactos na estabilidade financeira, (3) nos investimentos, (4) na melhoria dos recursos humanos e (5) na produtividade dos países.

Mais: “ela distorce as despesas públicas e o orçamento, enfraquece o controle de gastos, afeta a capacidade de tributar, induz à evasão fiscal e reduz a receita fiscal; a política monetária perde a tração, sobrepujada pela dominância fiscal”[5].

A corrupção não afeta apenas o poder do Estado (onde estão bem posicionadas as oligarquias, ou seja, os poucos que governam assim como os poucos que “co-governam” ou influenciam os anteriores), senão toda confiança nas instituições jurídicas e legais, permitindo a criação de incontáveis conflitos internos (que desaguam no Judiciário, já bastante emperrado com mais de 100 milhões de processos em estoque). No ranking da Transparência Internacional o Brasil ocupa a posição 76ª (dentre 168 países), ou seja, aqui se percebe muita corrupção.

Particularmente a corrupção da Petrobras (com prejuízos de R$ 6 a 40 bilhões, conforme a estimativa), sabe-se que ela provocou (1) a redução da classificação do país pelas agências de rating, o que (2) prejudica o país e suas empresas no mercado internacional, gerando (3) o aumento dos custos do país. O total recuperado até agora pela Lava Jato é de R$ 2 bilhões.

Quem olha para o Brasil (depois do impeachment de Dilma) e para a Guatemala (neste país o presidente foi afastado por corrupção e preso em seguida), nota claramente como o desvio de dinheiro público pode

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(1) desestabilizar o sistema político, (2) aumentar a incerteza para os agentes econômicos e ainda ter impacto negativo (3) no investimento e (4) na decisão de consumo”, diz o estudo do FMI. Tudo em virtude do que Bo Rothstein (sociólogo sueco) chama de “armadilha social da desconfiança”. Dilma não foi acusada diretamente de corrupção, mas conviveu com ela e isso contribuiu para o seu impeachment.

A corrupção sistêmica (1) gera mais inflação e (2) prejudica a infraestrutura. Levantamento de 2013 “apurou que a corrupção aumentou em 13% em média os custos dos projetos públicos em oito países europeus, sem falar no reflexo negativo na qualidade das obras e nos investimentos em saúde e educação”[6].

O papa Francisco chamou a corrupção de “a gangrena do povo”. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, classificou-a como um fator “radicalizador” porque “destrói a fé na autoridade legítima”. E o primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, descreveu-a como “um dos maiores inimigos do progresso em nossa era”[7]. A corrupção é um “câncer”, um inimigo tanto quanto os grupos extremistas (agregaram os dois últimos citados). Sem sombra de dúvida, é uma ameaça ao desenvolvimento local e mundial.

A corrupção está na raiz de outro risco: a adoção ou o favorecimento de políticas radicais de extrema direita ou terroristas. “Em lugares onde as autoridades governamentais gozam de riquezas e de impunidade (e muitas vezes as ostentam), movimentos extremistas – como o Taliban, o Boko Haram e o Estado Islâmico – exploram a indignação dos cidadãos. A única forma de restaurar a integridade pública, asseveram esses grupos, é por meio de um código pessoal de conduta que seja aplicado de maneira rígida. Sem alternativa viável à qual recorrer – e sem caminho para uma abordagem pacífica – esse discurso fica cada vez mais persuasivo”[8].

Números do baixo crescimento

Não há brasileiro (incluindo até mesmo as elites cleptocratas, paradoxalmente) que não esteja sentindo os efeitos nefastos da corrupção praticada por elas mesmas, ou seja, pelas oligarquias governantes e as dominantes – políticos e poderosos econômicos e financeiros). Nações fracassadas são as que contam com baixo ou negativo crescimento econômico – PIB per capita médio de 1,4% de 1985 a 2012, no caso do Brasil[9]; esse número é menor ainda se considerarmos os índices de 2013 (+ 2,09%), 2014 (-0,76%) e 2015 (-4,64%). De 1985 a 2015 (30 anos de República Velhaca) a média de crescimento do PIB per capita foi de 1,2%. Ou seja: a corrupção ajuda a destroçar não apenas a economia e a política, senão também a inclusão social.

Custo da corrupção

O custo anual da corrupção, segundo o FMI, é equivalente a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial, ou algo entre US$ 1,5 trilhão a US$ 2 trilhões, valor semelhante a toda riqueza produzida pelo Brasil em um ano. Se a corrupção no Brasil gira em torno de 2% a 4% (há um estudo da Fiesp nesse sentido), estamos falando (conservadoramente) de R$ 100 a R$ 200 bilhões por ano (ou seja: de R$ 8 a 16 bilhões por mês, que equivale a uns R$ 300 a R$ 500 milhões por dia). É dinheiro dos brasileiros que vai para o enriquecimento dos corruptos, destacando-se o mundo político, partidário, administrativo, empresarial e financeiro (que formam as elites cleptocratas das nações). Para se ter uma ideia, todo programa Bolsa Família custa anualmente menos de R$ 30 bilhões. A corrupção afeta todos os países e em todas as épocas. É preciso enfrentá-la sempre; porém, quando o crescimento global é limitado, como agora, o custo da corrupção requer mais atenção ainda (diz o FMI).

Propostas de solução

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É preciso que (1) os países melhorem suas instituições (políticas, econômicas, jurídicas e sociais) e (2) adotem medidas anticorrupção (que vão além da repressão), inclusive com melhora (3) do sistema de tributos, facilitando a cobrança e evitando desvios (tais como, por exemplo, os recentemente noticiados e relacionados com os paraísos fiscais – caso HSBC e Panama Papers); ainda é imprescindível (4) a redução do excesso de normas (casos do Brasil, Grécia e Hungria) e a (5) transparência, que são vistos como o reforço do crescimento econômico[10].

Mais: na cúpula contra a corrupção em Londres (maio/16), vários países sugeriram (6) a criação de um registro público com os nomes dos verdadeiros donos de imóveis adquiridos por meio de empresas offshores registradas em paraísos fiscais assim como (7) a implementação do Fórum Global para Recuperação de Ativos (que ajudaria os países nessa tarefa). Não se pode ignorar, ademais, que a corrupção, sobretudo das oligarquias governantes e dominantes, se estrutura de forma organizada (e isso tem que ser levado em conta no momento da sua prevenção e repressão).

[1] Ver NEGRO PAVON, Dalmacio. La ley de hierro de la oligarquia. Madrid: Encuentro, 2015. Ver ainda ACEMOGLU, Daron e ROBINSON, James. Por que as nações fracassam. Tradução Cristiane Serra. Rio de Janeiro: Elsevierm, 2012, 278 e ss.

[2] Ver http://política.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/moro-condena-dirceua23-anos-de-prisão-na-lava-jato/, consultado em 18/5/16.

[3] Ver BERNAL SARMIENTO, Camilo et alii, Delitos de los Estados, de los Mercados y daño social, coordenação Iñaki Rivera. Barcelona: Anthropos, 2014, p. 63 e ss.

[4] Ver http://oglobo.globo.com/economia/fmi-aponta-brasil-como-exemplo-dos-custos-da-corrupcao-19279337#ixzz48OWAQiuS, consultado em 14/5/16.

[5] Ver http://www.valor.com.br/opiniao/4566121/governos-apertam-cerco-global-contra-corrupcao, consultado em 17/5/16.

[6] Ver http://www.valor.com.br/opiniao/4566121/governos-apertam-cerco-global-contra-corrupcao, consultado em 17/5/16.

[7] Ver Burns e Mullen, em http://www.valor.com.br/opiniao/4558959/por-que-corrupcao-importa, consultado em 12/5/16.

[8] Ver Burns e Mullen, em http://www.valor.com.br/opiniao/4558959/por-que-corrupcao-importa, consultado em 12/5/16.

[9] Ver MENDES, Marcos. Por que o Brasil cresce pouco? Rio de Janeiro: Elsevier, 2014, p. 25 e ss.

[10] Ver http://oglobo.globo.com/economia/fmi-aponta-brasil-como-exemplo-dos-custos-da-corrupcao-19279337#ixzz48OWAQiuS, consultado em 18/5/16.

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O sistema de saúde brasileiro está na UTI, e querem desligar os aparelhos Para o Ministro interventor da Saúde, Ricardo Barros (PP-PR), o Sistema Único de Saúde é um peso para o Estado. A saída, para ele, é ampliar o setor de saúde suplementar, leia-se, privatizar a saúde e incentivar os planos de saúde privados.

Em entrevista à "Folha", no dia 17/05, afirmou ser necessário uma repactuação do Estado, pois não seria possível "sustentar o nível de direitos que a constituição determina".

Embora tenha recuado e afirmado no mesmo dia que o SUS "está estabelecido", deixou claro em entrevista para o "Estado de São Paulo" hoje, que "quanto mais planos melhor". A lógica, segundo ele, é que quanto mais pessoas contratarem um Plano de Saúde, mais dinheiro sobra pra custear o SUS.

Todavia, conforme afirmou a professora Lígia Bahia (UFRJ) na mesma reportagem, a contratação de um plano não elimina ou reduz a necessidade do SUS. Isto porque, os Planos tem cobertura limitada e aqueles que o contratam continuarão a procurar o SUS em situações de alto custo.

O que não está dito em nenhuma das reportagens, porém, é que em ambos os casos, quem ganhará com essa política serão os donos das administradoras de planos de saúde.

Particularmente, e talvez não por coincidência, entre os beneficiários dessa nova política está o Sr. Elon Gomes de Almeida, sócio do Grupo Aliança, que administra planos de saúde, e que foi o maior doador individual da campanha do então deputado Ricardo Barros em 2014, no importe de R$ 100.000,00 (cem mil reais).

Os lucros deverão ser ainda maiores do que o esperado, já que o próprio ministro interventor afirmou que não controlará a qualidade dos serviços ofertados aos usuários. Conforme afirmou para o "Estado": "Ninguém é obrigado a contratar um plano. Não cabe ao ministério controlar isso".

Quem não está entre os beneficiários, porém, é todo o resto da população que, ao que parece, continuará a ter que enfrentar um sistema de saúde precário, seja proveniente do SUS, seja dos planos de saúde.

A lógica de tirar dos pobres para manter os ricos – que é o que se faz quando se pretende mexer em direitos sociais, mas não nos juros da dívida pública pagos à especuladores, nos lucros das empresas ou nas grandes fortunas – é a lógica do novo ministro interventor já há algum tempo. Ano passado, enquanto relator da comissão do orçamento de 2016, o então Deputado Ricardo Barros propôs corte de R$ 10 bilhões no programa Bolsa Família.

Alguns afirmam que a crise econômica é resultado da corrupção e que essas seriam medidas necessárias para reativar a economia.

Em primeiro lugar, cortar programas e direitos sociais não é uma necessidade, mas uma escolha política. Em segundo, se a crise fosse resultado da corrupção, esse governo não estaria acabando com os mecanismos institucionais criados exatamente para fiscalizar a corrupção.

Ou seja, a controladoria geral da união não teria sido extinta, o procurador geral da república e o ministério público não teriam sido ameaçados em sua independência por Alexandre de Moraes, que afirmou não pretender seguir a regra de nomeação do mais votado em lista tríplice, conforme prática

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implementada pelo governo petista, e a Saúde não seria entregue ao setor privado, e sem qualquer controle.

Como se vê, o golpe nunca foi contra a corrupção. O golpe é contra os mais pobres. A elite brasileira simplesmente não aceita pagar pela crise e, por isso, não poupará esforços para descarrega-la ainda mais nas costas dos trabalhadores e da maioria da população, ainda que para isso seja necessário acabar com o sistema único de saúde.

É urgente que se restabeleça a democracia no Brasil, antes que desliguem os aparelhos.

PF encaminha à Justiça relatório final da 6ª fase da Operação Zelotes

Postado por José Adriano em 19 maio 2016 às 11:30 Exibir blog

Menos de 3 meses depois da deflagração da 6ª fase da Operação Zelotes, a Polícia Federal encaminhou, na tarde da última sexta-feira (13/5), o relatório final do inquérito que investiga um grupo empresarial do ramo de siderurgia suspeito de tentar sonegar R$ 1,5 bilhão. No total, foram indiciadas 19 pessoas, entre conselheiros e ex-conselheiros do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), advogados e membros da diretoria responsável da empresa investigada por sonegação.

Ao longo da investigação, além do apoio de centenas de policiais no cumprimento de mandados judiciais nas diversas fases da Operação Zelotes, um total de 7 policiais federais estiveram à disposição da investigação na Superintendência Polícia Federal no DF. Ao longo de 176 páginas, o relatório lista uma série de provas obtidas pelos policiais e indicia os investigados por corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro, tráfico de influência entre outros crimes.

Fartamente documentados, apenas os autos da 6ª fase da Operação Zelotes já possuem 3 volumes, além de 1 apenso. O indiciamento ágil por parte da Polícia Federal tem o objetivo de evitar a prescrição dos crimes e, assim, a impunidade.

Para realizar este trabalho, desde o início, a Polícia Federal contou com o apoio da Receita Federal, que, no âmbito de suas atribuições, participou da investigação.

Mesmo com envio do relatório à 10ª Vara da Justiça Federal no DF, segue a análise da vasta mídia apreendida durante as buscas, o que pode resultar em novos indiciamentos e dar início a outras investigações.

Entenda a 6ª fase da Operação Zelotes

No dia 25 de fevereiro de 2015, policiais federais cumpriram, em 5 unidades da federação, medidas judiciais contra um dos grupos empresariais investigados pela Operação Zelotes. Durante os trabalhos de investigação conduzidos pela Polícia Federal, foi constatada a existência de associação criminosa voltada a manipular e influenciar decisões do Conselho de Recursos Administrativos (CARF), por meio de

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corrupção de Conselheiros, em prol de empresas desfavorecidas em decisões administrativas condenatórias de instâncias inferiores.

O alvo desta fase de ações da PF, empresa siderúrgica brasileira que possui operações industriais em 14 países, celebrou contratos com escritórios de advocacia e de consultoria, os quais, por meio de seus sócios, agiram de maneira ilícita, manipulando o andamento, a distribuição e decisões do Conselho de Recursos Fiscais – CARF, visando obter provimento de seus recursos e cancelamento da cobrança de tributos em seus processos.

Mesmo após a deflagração da Operação Zelotes, em 26 de março de 2015, informações produzidas pela Polícia Federal apontaram evidências da continuidade da prática dos crimes de advocacia administrativa fazendária, tráfico de influência, corrupção ativa e passiva, associação criminosa e lavagem de dinheiro por parte de uma estrutura criminosa complexa e composta por conselheiros e ex-conselheiros do CARF, advogados e a empresa siderúrgica alvo da ação.

Nesta fase foram cumpridos 18 mandados de buscas e apreensões, 22 mandados de conduções coercitivas, em Brasília/DF, Porto Alegre/RS, São Paulo/SP, Rio de Janeiro/RJ e Recife/PE e 2 oitivas autorizadas judicialmente, realizadas no Complexo da Papuda, em Brasília/DF. Todas as medidas judiciais foram determinadas pela 10ª Vara da Justiça Federal no DF.

 Fonte: Agência de Notícias – Polícia Federal

Novo CPC contribui para encurtamento do processo judicial tributário

17 de maio de 2016

Por Rodrigo Martone e Flávio Amorim

Em vigor desde o dia 18 de março de 2016, a Lei 13.105/2015 instituiu o novo Código de Processo Civil brasileiro. Democrático, o projeto de lei que deu origem ao novo CPC foi intensamente debatido pela sociedade brasileira: foram mais de cinco anos de discussões, inúmeras audiências públicas, foram recebidas e acolhidas sugestões de professores, juristas, entidades de classe e associações, visando a alcançar um modelo normativo processual que considerasse as diretrizes da Constituição Federal de 1988 e possibilitasse uma prestação jurisdicional mais célere, efetiva, eficiente, respeitando a proteção à segurança jurídica, unidade da interpretação das leis e a razoável duração do processo.

Com o desafio de tornar o processo mais eficiente e efetivo, buscou-se atender o princípio constitucional da razoável duração do processo. Afinal, a eficiência da tutela jurisdicional ocorre quando sua entrega se dá em momento hábil, de modo que a lide seja resolvida a tempo. Morosa, a justiça pode tornar-se ineficaz. Assim, para ser eficaz, o processo judicial deve ser célere, coibindo-se os expedientes protelatórios da parte adversa para obstar o resultado final, sem sacrificar a qualidade da decisão judicial, o contraditório e a ampla defesa e ferir a segurança jurídica.

Essa busca pela celeridade no processo judicial não é recente e há alguns anos chegou a ser alçada à categoria de princípio de constitucional por intermédio da Emenda Constitucional 45/2004, que

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incorporou o inciso LXXVIII ao artigo 5º da Constituição Federal, para assegurar a todos, no âmbito judicial e administrativo, a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação.

Sob essa ideologia norteadora de conferir maior celeridade à prestação da justiça e buscar instrumentos capazes de reduzir o número de demandas e recursos que tramitam no Poder Judiciário, que foi inclusive positivada no texto normativo em seus artigos 4º, 6º e 139, inciso II, o novo CPC instituiu uma série de inovações ao sistema processual brasileiro: simplificação e limitação de recursos, majoração dos honorários sucumbenciais, instituição de sucumbência recursal, otimização dos mecanismos de uniformização jurisprudencial, previsões mais específicas para multas por recursos protelatórios, dentre outras.

Dentre as inúmeras inovações, acreditamos que o novo regramento do agora denominado Agravo Interno, o antigo Agravo Legal, será uma das que, na prática, mais contribuirá para o encurtamento do trâmite processual. Previsto pelo artigo 1.021 do novo CPC, o Agravo Interno é o recurso cabível contra decisão monocrática proferida pelo relator visando a levar a discussão de determinado tema ao órgão colegiado do tribunal.

Sob a vigência do CPC de 1973, esses recursos tornaram-se “automáticos”, por assim dizer, na prática judicial tributária. Isso porque diante da negativa de seguimento ao recurso “manifestadamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior” (artigo 557, caput, do CPC/1973), a parte inconformada poderia interpor agravo ao órgão competente para o julgamento.

Embora já houvesse a previsão de multa entre 1% e 10% do valor corrigido da causa para agravos julgados manifestadamente inadmissíveis ou infundados no CPC/1973 (artigo 557, § 2º), nem sempre esses recursos eram, na prática, julgados inadmissíveis. Neste aspecto, o novo CPC inovou ao estabelecer a multa também para agravos internos julgados improcedentes em votação unanime, em decisão fundamentada.

Apesar de a inovação parecer sutil em uma primeira análise, na vigência do novo CPC, os litigantes deverão atentar-se ao majorado risco da aplicação de multa, já que muitas vezes — senão na maioria — os agravos legais eram julgados por decisão unânime do colegiado, que, via de regra, seguia o mesmo entendimento do relator. Vale ainda ressaltar que para que a parte recorra dessa decisão, será necessário o depósito prévio do valor da multa, sob pena de os recursos aos tribunais superiores terem sua marcha contida. Em discussões tributárias, que com frequência envolvem elevados valores, as multas nestas hipóteses sempre serão aplicadas em altos patamares.

Agora, certamente a interposição do agravo interno não será “automática”, mas limitada tão-somente para casos em que há um inconformismo razoável e justificado com a decisão monocrática, o que acarretará numa redução dos casos levados à discussão nas instâncias superiores e, consequentemente, no encurtamento do processo judicial tributário.

Além disso, considerando que o novo CPC estabelece mecanismos de estabilização da jurisprudência e valorização dos procedentes, o esperado é que, cada vez mais, os recursos fundados em matérias já analisadas pelos tribunais superiores sejam decididos por decisões monocráticas em segunda instância. Da mesma forma, o relator no STJ ou STF poderá julgar monocraticamente e não precisará levar casos que discutem matéria já consolidada pela Corte ao colegiado.

No que diz respeito aos mecanismos de estabilização jurisprudencial, o novo CPC estabelece em seu artigo 926 que os tribunais deverão uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente, de modo que não haja dissídio jurisprudencial interno sobre questões idênticas. Na mesma linha, o artigo

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927 valoriza os precedentes dos tribunais superiores ao determinar que estes deverão ser observados pelos juízes e desembargadores.

Dentre as novidades, também destacam-se os Incidentes de Assunção de Competência e o Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas. Esta tem o objetivo de proteger a isonomia e a segurança jurídica ao julgar em “blocos” processos repetidos que tratem da mesma matéria. Aquela, por sua vez, prevê a possibilidade de o relator, no julgamento de relevante questão de direito, com grande repercussão social e sem múltipla repetição, propor a assunção de competência para julgá-lo por órgão colegiado.

Com o sucesso dessas ferramentas de estabilização e uniformização de jurisprudência no ordenamento jurídico brasileiro, uma grande quantidade de processos será julgada ao mesmo tempo, de modo que o Poder Judiciário poderá acelerar os julgamentos dos processos em curso e descongestionar seus estoques de processos. Ferramentas que indubitavelmente trarão celeridade ao processo judicial.

Na vigência do novo CPC, como há uma crescente ampliação do procedimento eletrônico, um dos fatores que contribui para a lentidão da marcha processual acabam sendo eliminados. As etapas processuais a que Humberto Theodoro Junior denomina “mortas” consistem em momentos em que o processo é atravancado pela não tomada de decisões ou pela omissão de despachos, ou quando os processos ficam parados nos escaninhos das serventias dos juízos ou nos gabinetes dos magistrados. Como no processo eletrônico muitos desses atos passaram a ser automatizados, como a juntada de petições, autuação, vista dos autos, remessa dos recursos, citações e intimações, a ausência de infraestrutura física e de recursos humanos nas serventias acaba sendo mitigada, o que também contribui para o encurtamento do processo judicial.

No que se refere aos recursos, a simplificação recursal trazida pelo novo CPC, principalmente no que diz respeito às agora taxativas hipóteses de interposição de Agravo de Instrumento, também poderá agilizar a prestação jurisdicional. Se no CPC/1973 as partes podiam interpor esse recurso contra toda e qualquer decisão interlocutória em primeira instância, no novo CPC, o Agravo de Instrumento apenas pode ser interposto nas hipóteses do rol estabelecido pelo artigo 1.015.

E o novo CPC conseguirá, finalmente, tornar o processo judicial brasileiro célere, combatendo todas as causas de morosidade? Embora não se possa deixar de dar o devido mérito à inovação legislativa, é certo que a morosidade do processo decorre de inúmeros fatores além da norma procedimental em si, como a ainda tímida utilização de mecanismos alternativos de solução de controvérsias — que provavelmente passarão a ser mais utilizados —, a falta de servidores e recursos materiais suficiente, o excesso de processos para os juízes julgarem, dentre outros fatores que não dependem da promulgação de uma nova lei processual.

Nesse contexto de trânsito processual mais célere, é salutar que os contribuintes estejam preparados, uma vez que o encurtamento do processo judicial tributário certamente impactará as contingências tributárias, notadamente a revisão precoce das provisões contábeis e a execução mais rápida das garantias do valor do crédito tributário que são ofertadas pelas companhias em juízo.

Fonte: ConJur

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Além de advogados

PF indicia presidente da Gerdau e membros do Carf na operação zelotes16 de maio de 2016, 17h37

A Polícia Federal indiciou 19 pessoas na 6ª fase da operação zelotes, que investiga manipulação de julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais e venda de medidas provisórias que beneficiaram o setor automobilístico. 

Entre os indiciados estão conselheiros e ex-conselheiros do Carf, advogados e diretores do Grupo Gerdau, incluindo o presidente do conglomerado, André Gerdau, conforme informou o site G1. Oficialmente, contudo, a PF não divulgou os nomes deles. Os investigados foram indiciados, entre outros crimes, por corrupção ativa, passiva, lavagem de dinheiro e tráfico de influência.

Segundo a PF, mesmo com o envio do relatório de 176 páginas à 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal, ainda estão sendo analisados materiais apreendidos durante as buscas. O exame pode resultar em outras investigações e até mesmo em novos indiciamentos.

A 6ª fase da zelotes foi deflagrada em fevereiro deste ano. Um dos alvos dessa etapa foi o grupo Gerdau. A suspeita é que o grupo tenha atuado no Carf para evitar o pagamento de multas que chegam a R$ 1,5 bilhão. Nessa etapa, a PF efetuou ações no Rio de Janeiro, no Rio Grande do Sul, em Pernambuco, em São Paulo e no Distrito Federal.

A Assessoria de Imprensa do Grupo Gerdau informou que até o momento não “recebeu informações oficiais sobre o tema” e que vai se pronunciar somente depois que for notificada. Com informações da Agência Brasil.

Revista Consultor Jurídico, 16 de maio de 2016, 17h37

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Propina em Angra 3

Sentença sobre corrupção na Eletronuclear sairá até julho, diz juiz federal19 de maio de 2016, 12h52

Por   Sérgio Rodas

O juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro Marcelo da Costa Bretas afirmou na manhã desta quinta-feira (19/5) que até o fim de junho proferirá sentença no processo que apura denúncias de corrupção na Eletronuclear, uma subsidiária da Eletrobras.

O caso, que foi desmembrado da operação “lava jato” na 13ª Vara Federal Criminal de Curitiba, investiga o pagamento de propinas na construção da usina nuclear Angra 3. Entre os 14 réus estão o presidente licenciado da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, a filha dele, Ana Cristina da Silva Toniolo, o presidente do Conselho de Administração da Engevix, Cristiano Kok, o presidente afastado da Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, e o ex-presidente global da Andrade Gutierrez Flávio David Barra.

Segundo Bretas, a demora no julgamento se deve ao fato de que a 7ª Vara Federal Criminal do Rio não possuía processo eletrônico, diferentemente da vara do juiz federal Sergio Moro. Após a ação da estatal de energia ser atribuída a ele, o juiz visitou a instância curitibana para garantir que sua equipe aplicasse os mesmos métodos que vêm sendo empregados desde o começo da “lava jato”. Dessa forma, o magistrado providenciou a instalação de um sistema informatizado em sua vara, o que agilizou – e muito – a análise das 150 mil páginas dos autos.

Mas as apurações da Eletrobras não param por aí. O juiz federal disse que há uma investigação interna na estatal que pode cair nas suas mãos. Além disso, ele também pode ficar com as denúncias de corrupção da Usina de Belo Monte, que fica perto de Altamira (PA).

Competência corretaQuestionado pela ConJur se concordava com as críticas de advogados de que Sergio Moro estaria instituindo um “juízo universal” para casos de corrupção no Brasil, Marcelo Bretas refutou esse argumento. Como exemplo da fragilidade dessa tese, ele disse, inclusive, que declinou da competência para conduzir o inquérito que apurava superfaturamento na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, pela Petrobras.

Contudo, o juiz destacou que, se recebesse essa investigação hoje, agiria de forma diferente. Isso porque recebeu do Supremo Tribunal Federal trechos da delação premiada do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró nos quais ele relata irregularidades em negócios da estatal, o que originou outra investigação sobre a empresa.

Combate à corrupçãoEm sua palestra no 4º Congresso Internacional de Compliance & Regulatory Summit, em São Paulo, Marcelo Bretas afirmou que dois fatores têm tornado o combate à corrupção mais célere e eficaz. Um

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deles é a implementação do processo judicial eletrônico nos tribunais do país, que permite que os documentos sejam enviados e recebidos quase instantaneamente, e que sejam acessados de qualquer lugar.

O outro é a recente decisão do STF de permitir o cumprimento da pena após decisão em segunda grau. A seu ver, isso valoriza as instâncias inferiores, que são as que efetivamente mergulham nas questões factuais do processo. E essa mudança também traz um maior sentimento de satisfação à sociedade, avaliou.

Sérgio Rodas é repórter da revista Consultor Jurídico.

Revista Consultor Jurídico, 19 de maio de 2016, 12h52

Animus narrandi

Paulo Henrique Amorim perde mais uma ação contra jornalistas19 de maio de 2016, 19h14

Não configura ofensa afirmar que o blogueiro Paulo Henrique Amorim mistura jornalismo e negócios e induz leitores a crer que ele publica notícias quando, na realidade, sua atividade consiste em desmoralizar pessoas por encomenda de clientes.

Essa foi a conclusão da juíza Camila Rodrigues Borges de Azevedo, da 16ª Vara Cível de São Paulo, ao rejeitar pedido de indenização de Amorim contra os jornalistas Márcio Chaer e Claudio Julio Tognolli, que, em ação penal que envolvia o banqueiro Daniel Dantas, traçaram o perfil do blogueiro.

Diretor da revista eletrônica Consultor Jurídico, Chaer foi representado no caso pelo advogado Alexandre Fidalgo; e Tognolli, ex-repórter da ConJur, contou com a defesa de Guilherme Batochio.

Tognolli afirmara que o blog Conversa Afiada “é mantido economicamente por parceiros comerciais que usam o espaço para destruir os seus desafetos”. Chaer, por seu turno, atribuiu ao blogueiro o papel de “linchar pessoas por encomenda dos adversários, inimigos ou desafetos das vítimas”.

O caso concreto citado para ilustrar essas práticas foi a disputa pelas teles, após a privatização, quando Amorim conduziu uma forte e bem-sucedida campanha de desmoralização de Daniel Dantas em favor da Telecom Itália, inicialmente, e depois do governo federal, que passou a sustentar o blog em troca de notícias favoráveis ao PT e ataques à oposição.

Invocando a doutrina e grandes nomes do Direito, a titular da 16ª Vara Cível afirmou que o dano moral se configura quando há intenção de ofender ou difamar. No caso em questão, explicou, as descrições dadas sobre a atividade de Paulo Henrique Amorim constituíram-se tão somente narrativa de fatos.

O blogueiro foi condenado a arcar com as custas judiciais, despesas processuais e honorários advocatícios que a juíza fixou em 10% sobre o valor atualizado da causa, para os advogados de Tognolli e Chaer.

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Processo 1086544-43.2015.8.26.0100

Revista Consultor Jurídico, 19 de maio de 2016, 19h14

Atuação correta

Corregedora nacional de Justiça arquiva representações contra Sergio Moro17 de maio de 2016, 12h47

A corregedora nacional de Justiça, Nancy Andrighi, arquivou nessa segunda-feira (16/5) três representações contra o juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da operação “lava jato” em Curitiba.

Uma das representações arquivadas foi protocolada em 30 de março por deputados do PT e do PCdoB. Eles alegaram que Moro usurpou a competência do Supremo Tribunal Federal ao divulgar conversas interceptadas entre a presidente afastada Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, uma vez que juiz de primeira instância não pode investigar autoridade com foro privilegiado. Além disso, os deputados apontaram que o juiz federal violou prerrogativas constitucionais dos advogados de Lula ao grampeá-los.

Outra representação arquivada foi protocolada por senadores do PT, do PCdoB e do PSB e questionava a validade de provas obtidas na interceptação telefônica entre Dilma e Lula. Também foi encerrada manifestação de um advogado de Santa Catarina que também sustentava ilegalidade na divulgação do conteúdo de interceptações, usurpação de competência do STF e parcialidade do juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba.

Em seu despacho, a corregedora nacional de Justiça argumentou, em relação aos questionamentos sobre a legalidade dos grampos telefônicos, que o CNJ não “detém funções jurisdicionais que lhe autorizem invalidade a atos processuais”. Sobre a divulgação do conteúdo das interceptações, Nancy Andrighi disse que a Corregedoria local já abriu processo pela mesma razão e, por isso, no momento, não cabe ao órgão nacional analisar o mesmo fato.

Sobre a usurpação de competência do STF, a Corregedoria sustentou que já existe reclamação sobre esse fato no próprio STF. Pela lei, segundo ela, o CNJ não pode atuar sobre matéria que está sob apreciação judicial. Em relação a suposta parcialidade de Moro, a alegou que essa análise cabe à própria Justiça, pois a Corregedoria analisa atos administrativos.

Desde a condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em março, e a divulgação do conteúdo de interceptação telefônica de diálogo entre a presidente afastada da República, Dilma Rousseff, e Lula, 14 representação contra Moro chegaram à Corregedoria Nacional de Justiça, órgão do Conselho Nacional de Justiça. Somadas aos arquivamentos dessa segunda, oito representações foram arquivadas pela ministra Nancy Andrighi. Com informações da Agência Brasil.

Revista Consultor Jurídico, 17 de maio de 2016, 12h47

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Festa perigosa

Suboficial da Marinha é condenado por incêndio em base brasileira da Antártida13 de maio de 2016, 19h06

O Superior Tribunal Militar condenou um suboficial da Marinha a 2 anos de prisão — em regime aberto — pelo incêndio ocorrido numa base brasileira na Antártida em 2012, que matou dois militares, deixou 70% das instalações destruídas e causou prejuízo de R$ 24 milhões. Por maioria de votos, a corte reformou decisão de primeiro grau e concluiu que o militar foi responsável pelo transbordamento de tanques de combustível. Ainda assim, a pena acabou suspensa pelo período de dois anos, com o benefício do sursis.

Luciano Gomes Medeiros era responsável por acompanhar a transferência de óleo diesel que passaria de um tanque externo para outros dois localizados no setor de máquinas, abastecendo os geradores de energia elétrica. Segundo o Ministério Público Militar, Medeiros deixou o posto para participar da festa de despedida de uma pesquisadora, enquanto a transferência ainda estava em andamento.

Incêndio em 2012 deixou dois mortos e destruiu 70% das instalações da base.Reprodução

De acordo com a promotoria, o procedimento teve início às 23h30 e deveria durar cerca de meia hora. O militar ficou na confraternização até 0h40, quando uma variação de energia fez o acusado voltar ao setor de máquinas e se deparar com o fogo. Ele foi denunciado por “causar incêndio em lugar sujeito à administração militar, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem”, conforme o artigo 268, parágrafo 2º (incêndio culposo), do Código Penal Militar.

A defesa considerou a ação penal improcedente, pois não haveria como comprovar que a conduta do militar fosse a causadora do incêndio. Para a Justiça Militar de Brasília, o laudo da Polícia Federal não era conclusivo. A decisão de primeiro grau considerou que o descuido do militar e o consequente transbordamento do tanque é apenas uma entre outras hipóteses para o acidente. O entendimento foi seguido por três dos outros quatro juízes militares do Conselho Permanente de Justiça.

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O caso chegou ao STM e foi julgado nessa quinta-feira (12/5). O relator do caso, ministro Luis Carlos Gomes Mattos, manteve a absolvição do acusado. Em voto divergente, no entanto, o ministro revisor, José Coêlho Ferreira, votou pela condenação do suboficial da Marinha. De acordo com o ministro, minutos antes do início do incêndio, foi o réu responsável pela transferência de combustível dos tanques de armazenamento para os tanques de serviço.

Ele afirmou que, conforme o laudo pericial, o início do incêndio ocorreu entre 0h18 e 0h49, segundo fotos capturadas do módulo “meteoro”, cuja função era registrar dados meteorológicos. Assim, a causa provável foi o transbordamento de combustível ocorrido nos tanques de serviços, que se incendiou ao encostar na rede de descarga de gases, que trabalha com temperaturas próximas a 500ºC e está localizada abaixo do piso principal da praça de máquinas, local do início do incêndio.

Segundo Ferreira, o suboficial descumpriu norma técnica sobre controle e armazenamento de combustíveis. Ele apontou que, como não havia travamento automático no momento em que o tanque estivesse cheio, cabia ao responsável verificar visualmente o nível de combustível. Os demais ministros da corte concordaram com o voto do revisor. Com informações da assessoria de comunicação social do STM.

Revista Consultor Jurídico, 13 de maio de 2016, 19h06

Ordem pública

1ª Turma do STF mantém prisão preventiva de acusado de corrupção17 de maio de 2016, 21h40

Por entender ser necessário manter a ordem pública e não ver ilegalidade no ato judicial impugnado, a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal, por maioria, determinou que um dos investigados por má administração de recursos públicos no sistema educacional do Paraná fique preso preventivamente. A sessão ocorreu nesta terça-feira (17/5).

Em março de 2016, o relator do HC no Supremo, ministro Edson Fachin, deferiu medida liminar determinando a soltura do acusado. No julgamento desta terça-feira, o ministro reafirmou sua posição e foi acompanhado pelo ministro Marco Aurélio. Segundo Fachin, o decreto prisional não foi fundamentado corretamente, pois não indica a gravidade concreta do delito como embasamento válido da prisão processual.

“Não se verifica o apontamento de indícios suficientes de que, por suas próprias forças, o paciente poderá praticar fraudes em novos processos licitatórios, extrapolando as ações que lhe são imputadas na denúncia”, explicou Fachin.

O pedido questionava decisão monocrática de ministro do Superior Tribunal de Justiça que indeferiu pedido de liminar em HC. A defesa alegava não haver requisitos para a manter a prisão preventiva. Também sustentou que o ato do STJ não foi devidamente fundamentado.

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Os advogados argumentam ainda que seu cliente, que não é empresário, mas estudante universitário, aparece apenas formalmente como sócio da empresa PB Construtora e que o pai dele teria usado seu nome para fraudar licitações públicas.

Porém, a ministra Rosa Weber divergiu desse argumento e não conheceu do HC, seguindo a orientação da Turma, que entendeu ser aplicável a Súmula 691 ao caso. A norma do Supremo delimita que a corte não deve conhecer HC “impetrado contra decisão do relator que, em Habeas Corpus requerido a tribunal superior, indefere a liminar”.

“Esse verbete traduz o princípio do juiz natural e, para superá-lo, entendo ser necessária uma situação de ilegalidade manifesta”, ressaltou Weber. A ministra também destacou que as prisões preventivas devem ser mantidas porque, apesar de presos, G.B.S. e seu pai continuam atuando no ramo da construção civil.

“A liberdade dos investigados significa prejuízo à sociedade de um modo geral, uma vez que presentes provas materiais e fortes indicativos de autoria do cometimento dos crimes apurados”, disse a ministra com base no decreto. Segundo ela, a não manutenção da prisão dos investigados representaria eminente risco à ordem pública “ante a possibilidade de nova configuração do modus operandi, face a existência da empresa PB Construtora.”

De acordo com a ministra, assim como entendeu o Tribunal de Justiça do Paraná, o decreto de prisão está adequadamente fundamentado em dados concretos extraídos dos autos “que bem denotam a necessidade de se garantir a ordem pública e econômica”.

Rosa Weber também citou que o relator da matéria no STJ disse não ter condições de deferir a liminar nesse primeiro exame, tendo em vista que “a concessão de liminar em HC constitui medida excepcional e somente pode ser deferida quando demonstrada de modo claro e indiscutível ilegalidade no ato judicial impugnado”. Com informações da Assessoria de Imprensa do STF.

HC 133.375

Revista Consultor Jurídico, 17 de maio de 2016, 21h40

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MP no Debate

Há gente sincera acreditando que entramos numa era de limpeza política17 de maio de 2016, 11h49

Por   Plínio Gentil

O céu está tão nublado... Há tempos que não fica assim... Infelizmente, não são apenas Águas Passadas, a bela canção de Guilherme Arantes. O céu brasileiro turvou-se há tempos, tamanha é a riqueza da mãe-pátria e tão grandes são os olhos de quem a quer explorar predatoriamente. Assim fizeram nossos colonizadores, desde 1500, como fazem os atuais, que de colonizadores nunca tiveram nada.

O lance mais recente neste céu cinzento — se nenhum cometa passar até a publicação deste texto — terá sido o afastamento — na prática, a deposição — da presidente da República pelo Senado no procedimento de impeachment. O que tem isso a ver com predação? Para os teóricos da conspiração, trata-se de uma nova modalidade de intervenção nos destinos do Brasil, dirigida pelo capital internacional em conluio com uma burguesia doméstica atrasada e pedante, ilhada no Sudeste, temperada por uma santa aliança com os três poderes e algumas instituições nacionais, visando dar um verniz jurídico ao que é, na verdade, um golpe. Não de tanques, mas de canetas. Na mira estaria a exploração do que resta de público, a começar de bancos, universidades e previdência (piedade, Senhor, o Ministério da Previdência foi anexado ao da Fazenda), culminando com o petróleo do pré-sal, terceira reserva mundial do óleo, capaz de nos tirar da miséria, para cuja exploração a Petrobras tem recursos — ah, tem, sim — e tecnologia.

A ser assim, onde estariam nossos juristas? Ora, se a lei não está sendo cumprida, e o impeachment é uma farsa, a eles cabe denunciar a malandragem aparentemente legal. Onde os herdeiros morais de Sobral Pinto, que, com seus 90 e tantos anos, recitava, no comício das Diretas, aquele artigo da Constituição dizendo que “todo poder emana do povo e em seu nome será exercido”? Ah, os juristas... O direito — falou-se num congresso de mestres — não é uma ciência, porque não procura explicar o mundo, mas uma técnica, porque apenas quer intervir nele.

Então está entendido. Não cabe a eles compreender o mundo em volta, mas interpretar a lei. Se ela atribui ao Senado — que não é um tribunal — analisar um crime de responsabilidade, e este diz que tal crime ocorreu, então é porque ocorreu, e não há nada para questionar. Importa lá qual o sentido dessa linguagem cifrada, que fala em “pedaladas”, que soa como coisa diariamente praticada, sem causar espécie, por prefeitos, governadores e presidentes? Não. Importa que o único pedido de impeachment que o impoluto Eduardo Cunha fez andar tenha sido justamente o que preservava o mandato do vice-presidente, ao contrário de outros, que, por questionarem problemas da campanha eleitoral, fulminariam a chapa completa? Também não. Importa, por fim, que investigações relacionadas ao governo deposto viessem revestidas de atos mirabolantes, de ética e juridicidade duvidosas, e que sua fúria se voltasse preferencialmente a determinado lado do rol de investigados, ou que suas ações fossem frequentemente divulgadas em momentos críticos, nos quais teriam maior poder impactante? Mas é claro que não.

E tome, para inviabilizar qualquer objeção, um espírito de corpo tribal, que se apossou de parte das instituições envolvidas, cheias de juristas silentes, a pleitear censura a toda crítica, acoplado a um claro desejo de podar o que seja de manifestações públicas ou atos legítimos de contestação. Aí está, para ilustrar, a onda das selfies com policiais, tornados ícones da moral e da ordem, no imaginário de uma população adestrada no autoritarismo mais raso.

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Pois bem. Se considerar tais circunstâncias não é problema dos entendidos do Direito, certamente não podem estes se negarem a examinar, fria e desapaixonadamente, o texto da lei. E qual a lei do impeachment? A 1.079, do ano de 1950. Os artigos definidores dos crimes de responsabilidade, agora em questão, falam em “guarda e legal emprego dos dinheiros públicos”. Seguem-se descrições vagas, facilmente ajustáveis a numerosas situações do cotidiano de qualquer governo que caia em desgraça com o parlamento. Aqui um aspecto a que poucos prestam atenção: a lei do impeachment foi promulgada dois meses depois de um Carnaval em que o personagem mais cantado era ninguém menos que Getúlio Vargas, letra de marchinha, e seis meses antes da eleição do mesmo Getúlio para presidente da República, coisa que já era mais do que certa em abril de 1950, data da promulgação da lei. Não passa pela cabeça de ninguém que o texto legal tenha sido elaborado na exata medida para submeter Getúlio, o pai dos pobres? O qual, cheio de querer enquadrar o capital internacional e legalizar direitos trabalhistas, seria efetivamente alvo de um pedido de impeachment, na época malsucedido porque o presidente ainda contava com apoio no Congresso? Ah, mas atrasar repasses a bancos públicos equivale a tomar empréstimo deles, ah, mas abrir créditos suplementares por decreto, mesmo respeitado o teto de gastos, significa “pedalar”, ah, mas a má gestão dos dinheiros públicos, não aumentar o preço da gasolina e a crise econômica inviabilizaram o governo da Dilma, vejam a inflação e a alta do dólar — dirão. Ah, tá... Mas durante o governo do general Figueiredo — lembram-se? —, o último da ditadura militar, houve inflação de 200% ao ano e quem foi que teve peito de pedir o impeachment dele?

Céu nublado mesmo. Nem chuva nem sol. Há tempos não ficava assim. Coisa turva, a visão fica embaralhada. Péssimas essas teorias da conspiração, há gente sincera acreditando que entramos numa era de limpeza política e que caminhamos para relações mais transparentes entre os governos e a população. Que o governo deposto tem suas culpas não se pode duvidar. Fosse mais habilidoso, competente, ou lá o que seja, teria se livrado de parte dos problemas que o derrubaram. Tivesse admitido as responsabilidades por malfeitos de alguns aloprados, ganharia credibilidade. Lula não foi preservado lá atrás, no tempo do mensalão, quando o país crescia e os bancos ganhavam (bom, e quando foi que não ganharam?)? Seria simplificar muito atribuir tudo só ao capital predador, nacional e internacional. Errará menos quem admitir que ainda está na penumbra e então vamos conceder que a coisa tem de tudo um pouco. Nuvens, muitas e cinzentas. Quem viu o Estado de Direito construir-se a partir de uma reunificação nacional, que rejeitava a lei do mais forte, achava que o tempo não voltaria a ficar assim. Hora de vigiar. E refletir.

Plínio Gentil é procurador de Justiça no estado de São Paulo, doutor em Direito (PUC-SP) e em Educação (UFSCar) e professor de Direitos Humanos (PUC-SP) e Direito Penal (Unip). Integrante do Movimento do Ministério Público Democrático, é coautor do livro "Crimes Contra a Dignidade Sexual".

Revista Consultor Jurídico, 17 de maio de 2016, 11h49

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Acusado de extorsão

STJ mantém investigação de financista ligado a Eduardo Cunha17 de maio de 2016, 20h27

Por   Pedro Canário

Segue aberto o inquérito que investiga o financista Lúcio Bolonha Funaro por extorsão à empreiteira Schahin. A decisão é desta terça-feira (17/5), quando a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça negou pedido da defesa para trancar as investigações, seguindo o voto do relator, ministro Reynaldo Fonseca. O ministro Jorge Mussi, último a votar, ficou vencido.

Para 5ª Turma, há indícios de autoria e prova da materialidade contra Funaro.Reprodução

Segundo o relator, o trancamento de inquérito pelo Judiciário é uma medida excepcional que só deve ser tomada se houver prova de extinção da punibilidade, conforme manda a jurisprudência do STJ. “No caso, há indícios de autoria e prova da materialidade. Assim, não há como trancar o inquérito em sede de Habeas Corpus”, afirmou Reynaldo.

O inquérito apura denúncia feita pelos diretores da Schahin de que Funaro cobrou milhões de reais em troca da não divulgação de documentos sigilosos da empresa que estavam em poder dele. Ele foi indiciado em 2010, e diz-se que a cobrança seria de algo em torno de R$ 400 milhões. A defesa de Funaro afirma que na verdade ele cobra uma dívida de R$ 98 milhões.

A investigação corre em conjunto a outra, de furto de documentos sigilosos da empresa. No julgamento desta terça, o advogado João Francisco Neto, em sustentação oral, afirmou que os documentos já tinham sido publicados numa CPI da Câmara dos Deputados e em diversos processos trabalhistas, e por isso tanto o crime do furto dos documentos quanto o da chantagem para não publicá-los não poderiam ter acontecido.

O ministro Reynaldo, no entanto, quando checou as informações prestadas pela defesa, concluiu que as datas as desmentiam. Em depoimento à Polícia Civil de São Paulo, Funaro disse que recebeu os documentos da Schahin em sua caixa de correio em fevereiro de 2009, e que eles estavam dentro de envelopes sem identificação de remetente.

Mas, segundo o ministro Reynaldo apurou com a Justiça paulista, a CPI à qual a defesa se referiu só foi instaurada em maio de 2009. E os documentos só foram levados à Câmara em setembro daquele ano. “Isso

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está sendo apurado no inquérito. As informações prestadas pelo indiciado [Funaro] não são suficientes para o trancamento das investigações, que ao final podem provar sua inocência”, afirmou.

Excesso de prazoUma das alegações da defesa era de que houve excesso de prazo para a conclusão das investigações. O inquérito foi aberto em 2011, e Funaro foi indiciado um ano antes. E até hoje o Ministério Público não conseguiu fazer a denúncia — embora o Tribunal de Justiça de SP também tenha afirmado que não há justa causa para o trancamento do inquérito, seguindo o que disse a primeira instância.

“Quero chamar atenção para a absurdez desse inquérito, parado há cinco anos com os autos adormecidos, apodrecendo”, disse o advogado João Francisco Neto, em sustentação oral nesta terça. O ministro Jorge Mussi concordou: “Vou votar pelo não conhecimento do HC, mas pela concessão da ordem de ofício porque o inquérito ultrapassou todos os limites de prazos. Não é admissível alguém ser investigado por sete anos sem ser denúnciado”.

O minstro Reynaldo, no entanto, lembrou que o caso foi pautado e retirado de pauta três vezes, sempre a pedido da defesa. O ministro Ribeiro Dantas completou: “As afirmações do ministro Mussi são importantes, mas vou acompanhar o relator por causa das particularidades do caso. Não se pode imputar ao Judiciário a extensão do inquérito no tempo”.

ApertadinhoFunaro sempre foi conhecido por suas ligações com o preisdente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Em uma das denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República  contra o deputado, Funaro tem posição de destaque.

De acordo com a PGR, Cunha usava de seu cargo e de seu mandato para achacar empresas e desafetos. Em uma das narrações da denúncia, a PGR afirma que Cunha usou a então deputada Solange Almeida (PMDB-RJ) para pressionar a Schahin a obedecer às pressões de Funaro.

No documento, a Procuradoria-Geral afirma que, em 2009 Cunha usou Solange Almeida para fazer diversos requerimentos de convocação de executivos da Schahin para depor na Câmara sobre a empresa. Um deles, feito na Comissão de Seguridade Social e Família, pedia que Milton Schahin desse “esclarecimentos sobre os prejuízos causados pela interrupção do empreendimento da Barragem da PCH Apertadinho”.

Os “prejuízos causados” são o pano de fundo da briga entre o financista e a Schahin, que envolve o rompimento da Pequena Central Hidrelétrica Apertadinho, em Rondônia. Funaro representa a Companhia Elétrica Belém (Cebel), que disputa com a construtora para saber de quem é a culpa pelo rompimento da barragem da hidrelétrica, em 2008.

Lúcio Funaro alega que “a acusação [de extorsão] é absurda” porque ela foi feita logo depois da instauração de um tribunal de arbitragem para discutir as responsabilidades pelo rompimento. E o inquérito, diz ele, só andou porque a sentença arbitral decidiu que a Schahin deveria arcar com os custos e com a multa pelo acidente, que hoje chegam a R$ 1 bilhão.

O próprio parecer do Ministério Público contestou as informações. Disse que o inquérito foi instaurado em 2011, e a decisão do TJ-SP é de 2013. Já a sentença arbitral foi proferida em 2014. Mas ele pediu que o HC de Funaro não fosse conhecido porque a decisão envolveria o reexame de provas, o que é vedado ao STJ. O ministro Reynaldo concordou com a cronologia.RHC 39.140

Pedro Canário é editor da revista Consultor Jurídico em Brasília.

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Revista Consultor Jurídico, 17 de maio de 2016, 20h27

Opinião

Convênio ICMS 31/2016, que vincula destinação de tributo, é inconstitucional17 de maio de 2016, 8h52

Por   Eduardo Suessmann

Conforme tem sido amplamente divulgado pela imprensa, os Estados e o Distrito Federal estão enfrentando uma grave crise financeira decorrente da deterioração das contas públicas, tendo em vista a queda na arrecadação de tributos e o aumento das despesas correntes.

Nesse contexto, no último dia 13 de abril de 2016, foi publicado o Convênio ICMS 31/2006, do Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), que busca vincular a destinação de parte dos incentivos fiscais recebidos pelas empresas para fundos de desenvolvimento e de equilíbrio fiscal estadual e distrital, visando o desenvolvimento e a manutenção do equilíbrio das finanças públicas estaduais e distrital.

Nesse sentido, confere autorização para os Estados e o Distrito Federal condicionarem a fruição de incentivos e benefícios fiscais, financeiro-fiscais, financeiros e dos regimes especiais de apuração que resultem em redução do valor ICMS, ao depósito, pelas empresas beneficiárias, de valor equivalente a, no mínimo, 10% do respectivo incentivo ou benefício nos referidos fundos. Tal valor seria calculado mensalmente e a exigência aplicável tanto para os incentivos e benefícios fiscais já concedidos, quanto para aqueles que vierem a ser concedidos. Ainda prevê que, na hipótese de descumprimento do referido depósito por três meses, a benesse concedida pelos Estados será definitivamente cancelada.

Embora a medida ainda não tenha sido implementada na prática, já foi noticiado pela imprensa[1] que, ao menos os estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Alagoas e Santa Catarina pretendem adotá-la. Nesse contexto, tendo em vista o nítido caráter arrecadatório da aludida medida, é oportuno analisar sua compatibilidade com a legislação tributária.

Em primeiro lugar, faz-se necessário ressaltar que tal exigência não pode ser considerada uma mera condição para a outorga de isenção, pois seria incongruente sob o ponto de vista lógico. Não faz sentido que o Estado imponha como condição para conferir ao contribuinte um benefício fiscal que este retorne, indiretamente, parte deste mesmo benefício fiscal. O resultado seria a anulação parcial do incentivo.

Diante disso, resta indagar qual seria a natureza jurídica do pagamento a ser efetivado pelos contribuintes. Por se tratar de uma prestação pecuniária compulsória, em moeda, que não decorre de sanção por ato lícito, que deverá ser exigida através de lei e cobrada de forma vinculada pelos Estados e o Distrito Federal, conclui-se que todos os requisitos previstos no artigo 3º do Código Tributário Nacional[2] estão atendidos e, portanto, trata-se de um tributo.

Caracterizada a natureza jurídica de tributo, é necessário verificar se este está em linha com as disposições constitucionais e legais aplicáveis. Diante das características de tal tributo, nos parece que duas interpretações seriam possíveis: (i) trata-se de exigência de ICMS com a vinculação da arrecadação para

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um fundo específico ou (ii) trata-se de uma nova espécie de contribuição, calculada com base nos incentivos fiscais concedidos, com a arrecadação destinada para o fundo mencionado acima.

A segunda interpretação nos parece a mais correta. Primeiro porque o tributo em questão não tem por fundamento a atividade de circulação jurídica de mercadoria, hipótese de incidência do ICMS, mas sim o fato de o contribuinte receber um incentivo fiscal, situação que em nada se compara com o ICMS, evidentemente. Segundo porque o montante arrecadado terá destinação vinculada a um fundo específico.

No entanto, independentemente da interpretação que se considere correta, entendemos que ambas as hipóteses são inconstitucionais e não poderiam ser exigidas. Isso porque, se considerado tal tributo como um imposto com destinação específica, a inconstitucionalidade há de ser reconhecida por flagrante desrespeito ao inciso IV do artigo 167 da Constituição Federal[3], uma vez que, salvo hipóteses bem delimitadas na Constituição, a destinação da arrecadação dos impostos não pode ser vinculada.

Nesse sentido, inclusive, já decidiu o Supremo Tribunal Federal, no contexto da Ação Direta de Inconstitucionalidade 2.529/PR[4]; declarou-se a inconstitucionalidade da Lei 13.133/2001, do Estado do Paraná, que instituiu o Programa de Incentivo à Cultura, vinculando parte da receita do ICMS ao Fundo Estadual de Cultura.

Por outro lado, se considerado tal tributo uma nova hipótese de contribuição, a inconstitucionalidade estará igualmente presente, pois exceção feita à contribuição para custeio do regime previdenciário dos servidores públicos estaduais[5], não há, na Constituição Federal, qualquer dispositivo que permita a instituição de contribuição por parte dos Estados e do Distrito Federal.

Resta claro, portanto, que embora tenha características de tributo, a cobrança prevista no Convênio em questão está em conflito direto com a Constituição Federal e não pode ser exigida.

Como um último argumento, os Estados e o Distrito Federal poderiam alegar que se trata de medida compensatória, em observância ao artigo 14, inciso II[6] da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar n. 101/00). Contudo, não parece ser este o caso, pois, além de não ter sido demonstrado que o desequilíbrio das contas públicas é decorrente de benefício fiscais concedidos ou que serão concedidos pelos Estados e o Distrito Federal, a medida prevista para supostamente compensar a renúncia tributária é inconstitucional, conforme demonstrado acima.

Ainda que tais inconstitucionalidades pudessem ser desconsideradas e que se assuma que o referido tributo é legítimo, é evidente que o recolhimento de tal montante representa um aumento indireto do ICMS, tendo em vista que acaba por reduzir o benefício anteriormente concedido e, portanto, implica aumento da carga tributária do contribuinte. Nesse contexto, somente poderia ser exigido através de lei e, considerando o entendimento do Supremo Tribunal Federal no Recurso Extraordinário 564.225/RS[7], com observância ao princípio da anterioridade.

Oportuno ressaltar, também, a impossibilidade de cobrança nas hipóteses de incentivo fiscal concedido por prazo certo e em função de determinadas condições, pois é vedada a sua modificação, tendo em vista a ressalva expressamente contida no artigo 178 do Código Tributário Nacional[8].

Há, ainda, outras questões que precisariam ser endereçadas como, por exemplo, se tal tributo seria aplicável para as situações em que o benefício fiscal foi concedido sem a aprovação unânime do Confaz e que, a princípio, seria inconstitucional. Ao lado disso, o tema repercute na guerra fiscal entre os Estados, na medida em que é possível que certos entes optem por não exigir aludido tributo dos contribuintes. Nessa situação, é evidente que as empresas tendem a optar por realizar os seus investimentos nos Estados em que a exigência será dispensada, agravando ainda mais a disputa entre os Estados.

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Diante das considerações trazidas acima, embora seja compreensível a intenção dos Estados e do Distrito Federal de buscar novas formas de arrecadação para equilibrar as contas públicas, vê-se que há questões jurídicas e econômicas que devem ser consideradas antes que a exigência prevista pelo Confaz no Convênio ICMS 31/2016 seja efetivamente imposta, sob pena de se criar uma nova disputa judicial entre o Fisco e os contribuintes que certamente será prejudicial para ambos os lados.

[1] Valor Econômico, “Convênio do Confaz levará Estados a reter parte dos benefícios fiscais”, publicado em 20/04/2016.

[2] “Art. 3º Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.”

[3] “Art. 167 - São vedados:

(...)

IV - a vinculação de receita de impostos a órgão, fundo ou despesa, ressalvada a repartição do produto da arrecadação dos impostos a que se referem os arts. 158 e 159, a destinação de recursos para as ações e serviços públicos de saúde, para manutenção e desenvolvimento do ensino e para realização de atividades da administração tributária, como determinado, respectivamente, pelos arts. 198, § 2º, 212 e 37, XXII, e a prestação de garantias às operações de crédito por antecipação de receita, previstas no art. 165, § 8º, bem como o disposto no § 4º deste artigo;”

[4] Julgado em 14.06.2007.

[5] Artigo 149, §1º da Constituição Federal.

[6] Art. 14. A concessão ou ampliação de incentivo ou benefício de natureza tributária da qual decorra renúncia de receita deverá estar acompanhada de estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias e a pelo menos uma das seguintes condições:

(...)

II - estar acompanhada de medidas de compensação, no período mencionado no caput, por meio do aumento de receita, proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

[7] Publicado no DJE em 18.11.2014

[8] “Art. 178 - A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do art. 104.”

Eduardo Suessmann é advogado de Trench, Rossi e Watanabe Advogados, aluno do mestrado profissional da FGV Direito SP e membro do Núcleo de Direito Tributário Aplicado da mesma instituição.

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Patrocínio infiel

Advogado é condenado por contrariar interesses de cliente em processo17 de maio de 2016, 7h33

Por   Jomar Martins

Procurador que trai o dever profissional, prejudicando o seu cliente, comete o crime de patrocínio infiel, capitulado no artigo 355 do Código Penal. Por violar esse dispositivo, um advogado da Comarca de Ronda Alta, no norte do Rio Grande do Sul, foi condenado pela 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça estadual à pena de quatro meses de detenção e ao pagamento de 10 dias-multa, substituída por prestação de serviços à comunidade.

Segundo a denúncia, feita pelo Ministério Público, em 16 de julho de 2012, o advogado tentou prejudicar o interesse de sua própria cliente, que o contratara para representá-la numa ação de Direito de Família. É que ele protocolou memoriais pleiteando que a juíza local acatasse o direito da parte adversa — ou seja, concedesse a guarda do filho ao ex-marido. O delito só não se consumou porque a julgadora não considerou a referida petição nos fundamentos que usou para motivar o indeferimento do pedido da cliente.

Em sentença proferida no dia 8 de setembro de 2015, a Vara Judicial da Comarca absolveu o réu por absoluta falta de provas da materialidade do crime apontado na denúncia. Para a juíza Caroline Subtil Elias, a única prova que veio aos autos é o interrogatório do réu, que negou a prática da conduta delituosa e garantiu não ter qualquer desavença com a vítima.

‘‘E, em que pese o Ministério Público sustente que, na resposta à acusação, o acusado confessou a prática delitiva, isso se mostra insuficiente a ensejar um édito condenatório, pois se trata de mera manifestação defensiva, além do que a confissão, consoante dita o artigo 197 do Código de Processo Penal, deve ser confrontada com os demais elementos probatórios, não servindo como prova única para a condenação, segundo já decidiu o Superior Tribunal de Justiça (HC 50.304/RJ)’’, justificou, aplicando o princípio in dubio pro reo.

Dolo manifestoAo dar provimento à apelação do MP, o desembargador relator Aristides Pedroso de Albuquerque Neto explicou que o elemento subjetivo do tipo penal, previsto no artigo 355 do Código Penal, é o dolo, vontade livre e consciente de trair o dever profissional, prejudicando o interesse confiado ao agente. Assim, para a configuração do delito, é necessário que o sujeito saiba que está prejudicando o cliente.

Pedroso verificou que o réu apresentou memoriais manifestando-se no sentido de que a guarda do menor tinha de permanecer com o pai, em razão do total desinteresse da autora no andamento da ação. No entanto, tal postura não atendeu interesse legítimo que lhe foi confiado por sua cliente. ‘‘Embora a sentença prolatada tenha sido amparada em provas colhidas durante a instrução do feito e não com base nos memoriais apresentados pelo réu, restou evidente que o réu traiu o dever profissional, ao referir que o menor deveria ficar com o genitor, contrariando o fim para o qual foi contratado’’, complementou. O acórdão foi lavrado na sessão de 10 de março.

Clique aqui para ler a sentença modificada.Clique aqui para ler o acórdão modificado.

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Jomar Martins é correspondente da revista Consultor Jurídico no Rio Grande do Sul.

Revista Consultor Jurídico, 17 de maio de 2016, 7h33

Habilitação devolvida

Recusa a teste do bafômetro não se equipara a prova de embriaguez, diz TRF-418 de maio de 2016, 9h35

A negativa de um motorista para fazer teste do bafômetro não pode ser considerada prova de embriaguez. Com este entendimento, a 3ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, sediado em Porto Alegre, determinou que departamento de trânsito do Rio Grande do Sul (Detran) devolva a carteira de habilitação de um motorista de Santana do Livramento (RS).

O autor da ação foi autuado pela Polícia Rodoviária Federal acusado de dirigir embriagado. Ele narrou que se recusou a submeter aos testes de alcoolemia e que, mesmo assim, foi lavrado o auto-de-infração. De acordo com o condutor, em nenhum momento o policial informou que ele poderia ter suspenso o direito de dirigir e que apenas foi informado de que sua habilitação ficaria retida.

O pedido de devolução da carteira de habilitação foi aceito em primeira instância. O Detran-RS recorreu ao TRF-4, sem sucesso. O desembargador federal Ricardo Teixeira do Valle Pereira, relator do processo, apontou que “a verificação do estado de embriaguez, ao menos para cominação de penalidade administrativa, pode ser feita por outros meios de prova que não o teste do etilômetro”.

O relator acrescentou que a jurisprudência exige que a embriaguez seja demonstrada por outros meios de prova. “No auto-de-infração lavrado pela autoridade de trânsito, não há nenhuma descrição de eventuais sinais de que o condutor estivesse conduzindo sob a influência de álcool ou qualquer outra substância entorpecente”, registrou na decisão. Com informações da Assessoria de Imprensa do TRF-4.

Apelação Cível 5001367-22.2015.4.04.7106/RS

Revista Consultor Jurídico, 18 de maio de 2016, 9h35

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Reclame Aqui: o canal entre empresas e consumidores que foi parar no Judiciário Empresas contestam o conteúdo das reclamações na Justiça, mas as decisões têm sido favoráveis ao site. Publicado por ⚖ Estevão Ferreira ⚖ - 3 dias atrás

Um overbooking, a perda de um negócio, e a falta de um canal efetivo de comunicação entre empresa e cliente. Estes foram os principais fatores que levaram o empresário Maurício Vargas a dar o pontapé inicial e criar o Reclame Aqui, uma das mais importantes fontes de informações sobre consumo do país.

O Reclame Aqui se define como não apenas um site de reclamações, mas um site de pesquisa. Diariamente, mais de 600 mil pessoas utilizam a plataforma para se informar a respeito da reputação das empresas antes de realizar uma compra ou contratar um serviço.

Recentemente, o site promoveu uma campanha em comemoração de seu aniversário chamada "O Jantar da Vingança". O objetivo era fazer com que representantes das empresas campeãs de reclamações saboreassem do mesmo "veneno" oferecido aos consumidores.

Assista ao vídeo:

A ampliação do alcance do site e a exposição abriu os olhos de fornecedores para a importância da opinião do consumidor, mas também despertou a fúria de algumas empresas, descontentes com a questão da "reputação" e o teor de certas publicações. E é aí que entra em cena o Judiciário.

Litigância

Com 15 anos de existência, o Reclame Aqui já foi, e é, alvo de inúmeras ações no Judiciário. As autoras alegam, na maior parte dos processos, que os usuários teriam divulgado fatos inverídicos ou que excederam os limites do direito de informação e de liberdade de expressão, afetando a reputação da empresa.

Sustentam ainda que não prevalece a ilegitimidade passiva da Óbvio Brasil, a holding que é dona do Reclame Aqui, e também que a empresa tem dever de vigilância sobre o que é publicado em sua plataforma.

Entretanto, o diretor de operações do Reclame Aqui, Diego Campos, argumenta – com base na CF, no CDC e, principalmente, no marco civil da internet – que o site não é responsável pelo conteúdo publicado por terceiros.

"Hoje com o marco civil internet ficou muito mais simples determinar quais são as reais responsabilidades do Reclame Aqui na condição de provedor de conteúdo. Ele define que o Reclame Aqui não é responsável pelo conteúdo redigido por terceiros. Obviamente que isso não significa que o Reclame Aqui não tenha que tomar providencias em situações que exijam essas providências."

Por outro lado, Campos explica que a dinâmica de funcionamento do Reclame Aqui está baseada no art. 5º da CF, do qual destaca cinco pontos: "a liberdade de expressão vedando o anonimato, a ausência de

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censura, o direito ao contraditório e o direito à informação". Assim, o site não se isenta da responsabilidade de tomar providências em situações que as exijam.

"O Reclame Aqui tem uma equipe preparada e dimensionada para atender e analisar essas solicitações [de remoção de conteúdo] todos os dias. São centenas de reclamações editadas ou desativadas diariamente, justamente porque houve violação dos termos de uso do site ou porque em algum momento o consumidor acabou extrapolando seus direitos (uso de palavras inadequadas, por exemplo)."

Este entendimento tem sido adotado por alguns dos principais Tribunais de Justiça do país. Segundo o diretor, a grande maioria das ações ajuizadas contra o site tiveram decisão favorável a ele. Afirma que, na maioria das vezes, entende-se que "a atividade desenvolvida pelo Reclame Aqui é legítima, respeita a legislação vigente do Brasil, e que os direitos fundamentais dos cidadãos precisam ser garantidos acima de qualquer coisa".

Além disso, Campos considera pequena a quantidade de processos abertos contra o site, tendo em vista a quantidade de empresas reclamadas e de reclamações registradas. De acordo com ele, em 2015, foram pouco mais de 64 processos distribuídos, número pequeno diante do número de reclamações que o site registrou.

Pesquisa realizada no site do TJ/SP com relação à Obvio Brasil Holding Ltda. Revela que há, atualmente, disponíveis para consulta, 28 processos em 1º grau, e 17 em grau recursal. Pela mesma razão social, se encontra no TJ/RJ quatro ações em tramitação, no TJ/MG, 1 processo; no TJ/SC, 3 processos; no TJ/PE, 2 processos e do TJ/DF, nenhum processo.

Alvo: Judiciário

Apesar de não caracterizar relação de consumo, o "serviço" do Judiciário também é alvo de avaliação no site. Uma seção, que contempla o TJ/SP, conta com 26 reclamações, das quais, conforme balanço divulgado pelo Reclame Aqui, apenas uma foi atendida.

Entre as queixas mais recentes estão "Juiz equivocado em julgar minha causa", "Depósito judicial falso", "Demora para atos surtirem efeitos práticos", "Tribunal improdutivo", "Atraso no processo", "Má qualidade do sistema digital do TJ/SP", "Justiça que sempre falha", "Prerrogativas sumariamente incongruentes", entre outras.

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Vídeos publicado no YouTube com reclamações dos serviços prestados pelo site também já fez com que o Reclame Aqui passasse do polo passivo para o ativo da demanda. A empresa buscou o Judiciário alegando que as postagens teriam caráter ofensivo à reputação da empresa requerente e atingem a pessoa dos sócios.

O juiz de Direito Flávio Saad Peron, da 16ª Vara Cível de Campo Grande/MS, negou pedido de antecipação de tutela para que os vídeos fossem excluídos. De acordo com o magistrado, não foram verificados comportamentos que denigram ou ofendam a reputação, a imagem e a honra dos requerentes, afastando, assim, o perigo de demora no provimento jurisdicional.

"Ainda que se possa afirmar que um dos vídeos seja mais incisivo que o outro, inexiste, ao menos por ora, qualquer conteúdo ofensivo, calunioso ou difamatório que possa importar nos danos morais alegados."

Decisões

Recentemente, a 2ª câmara de Direito Privado do TJ/SP negou pedido de indenização formulado por uma médica oftalmologista devido à publicação de comentários de um paciente no site Reclame Aqui. O tribunal, entretanto, manteve a deliberação de 1º grau para determinar a exclusão do site da reclamação indicada na inicial.

Apesar de a profissional alegar que o comentário seria ofensivo e teria causado lesão à sua honra e imagem, o colegiado concluiu que o site funciona como mera plataforma por meio da qual se estabelece um diálogo entre consumidores e prestadores de serviço, não podendo ser responsabilizada.

Ainda em abril deste ano, a Justiça Federal de SP isentou o Reclame Aqui de retirar publicações feitas por clientes contra advogados e sociedades de advogados do site. Segundo a juíza Federal Renata Coelho Padilha, da 12ª vara Cível em SP, a escolha de utilizar esse canal de reclamações é do próprio cliente, sobre quem recai a responsabilidade por eventuais danos causados a terceiros.

"O que não se admite, contudo, é que o Judiciário interfira na livre iniciativa da requerida de forma indevida, sem uma justificação fundada na legislação constitucional ou infraconstitucional", afirmou na decisão.

Em outra oportunidade, em dezembro do ano passado, o juiz de Direito Alexandre Batista Alves, da 14ª vara Cível de SP, concedeu antecipação de tutela para obrigar o Reclame Aqui a remover todas as reclamações com conteúdo ofensivo ao MercadoLivre.

De acordo com o magistrado, é certo que a manifestação do pensamento é livre e assegurada em nível constitucional, contudo, os abusos praticados no exercício desse direito são passíveis de exame e apreciação pelo Poder Judiciário.

Em sua decisão, o juiz pontuou não ser ilegal ou ilegítima a atividade do Reclame Aqui, consistente em disponibilizar um espaço virtual entre consumidores e fornecedores, a fim de que reclamações sejam

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veiculadas e até mesmo sanadas. "Ao revés, fortalece o exercício da cidadania, dando ênfase à liberdade de expressão."

Contudo, ressaltou que mesmo o site não sendo responsável pelo conteúdo do material, têm o dever de exclui-lo da internet quando instado a fazê-lo, como provedor e hospedeiro.

Termos de uso

Para usufruir dos serviços prestados pelo site, o Reclame Aqui impõe como condição a observância de alguns fatores, constantes dos "Termos e Condições de Uso". No item 5, denominado "Da Propriedade Intelectual e da Responsabilidade pelas Informações", cinco subitens destacam-se, em letras vermelhas.

De acordo com o site, o usuário tem a ciência de que, após postar um comentário, a publicação não poderá ser retirada de maneira alguma (5.6); e não poderá incluir comentários ilícitos no site, atribuindo a alguém a prática de crime, ou fato ofensivo à sua reputação (5.7), devendo pautar suas opiniões em conformidade com a lei e a moral (5.8).

Ainda conforme esclarece o site, o Reclame Aqui não endossa as opiniões e comentários ofensivos e duvidosos de usuários, sendo que estes sempre que detectados serão retirados a qualquer momento (5.9).

Segundo Diego Campos, para evitar abusos nos comentários, o site exige que todos os usuários sejam identificados com nome e sobrenome, CPF, e-mail, telefone e cidade/Estado onde reside. Além disso, existem mecanismos que identificam palavras de baixo calão no conteúdo de reclamações, fazendo a edição automática. Depois que a reclamação é registrada, a empresa citada é notificada para verificar e, caso existir alguma irregularidade, abrir um chamado de moderação de conteúdo. Se a ofensa for constatada, é feita uma edição do conteúdo, ou até mesmo uma remoção.

"É importante destacar que o Reclame Aqui não faz análise de mérito, ou seja, se o reclamante tiver alguma relação de consumo ou comercial com a empresa reclamada, e a reclamação abordar essa relação, não cabe ao Reclame Aqui analisar se o mesmo tem razão ou não em seu pleito."

Fonte: migalhas

Créditos de Imagem: catracalivre

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