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1. Programa da disciplina 1.1 EMENTA Capacitação, educação e desenvolvimento, treinamento TRANSCULTURAL, no Comércio Exterior. Globalização e mundialização da cultura, implicações na postura comercial. Conceitos fundamentais em interculturalidade, cultura, dimensões, práticas, conflitos, stress, similaridade, flexibilidade, diversidade, singularidade, intersubjetividade, Raízes culturais, oriente, ocidente. Comunicação e relacionamento intercultural estratégia comercial global. Transculturalidade e competitividade. Negociação sub e intercultural, ações, reações. Choque cultural e estresse cultural no expatriamento e repatriamento. Diferenças culturais e subculturais e valores. Gestão e auto gestão transcultural, empregabilidade, sucesso executivo, imagem, competitividade. 1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL Seis Encontros. Turno: noturno. 1.3 OBJETIVOS Gerais Desenvolver percepção intercultural, através do entendimento e da sensibilização quanto à diversidade das culturas que instituem o mundo das pessoas e as organizações de trabalho, onde as relações de negócios ocorrem, visando à melhoria nos desempenhos em contatos e transações comerciais nacionais e internacionais de forma produtiva e ética. Específicos Identificar as origens da educação e do treinamento intercultural e reconhecer o atual estágio do conhecimento dessa área, nos países industrializados - literatura, práticas e implicações para os brasileiros no comércio internacional/intercultural. i

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1. Programa da disciplina

1.1 EMENTA

Capacitação, educação e desenvolvimento, treinamento TRANSCULTURAL, no Comércio Exterior. Globalização e mundialização da cultura, implicações na postura comercial. Conceitos fundamentais em interculturalidade, cultura, dimensões, práticas, conflitos, stress, similaridade, flexibilidade, diversidade, singularidade, intersubjetividade, Raízes culturais, oriente, ocidente. Comunicação e relacionamento intercultural estratégia comercial global. Transculturalidade e competitividade. Negociação sub e intercultural, ações, reações. Choque cultural e estresse cultural no expatriamento e repatriamento. Diferenças culturais e subculturais e valores. Gestão e auto gestão transcultural, empregabilidade, sucesso executivo, imagem, competitividade.

1.2 CARGA HORÁRIA TOTAL

Seis Encontros. Turno: noturno.

1.3 OBJETIVOS

GeraisDesenvolver percepção intercultural, através do entendimento e da sensibilização quanto à diversidade das culturas que instituem o mundo das pessoas e as organizações de trabalho, onde as relações de negócios ocorrem, visando à melhoria nos desempenhos em contatos e transações comerciais nacionais e internacionais de forma produtiva e ética.

Específicos Identificar as origens da educação e do treinamento intercultural e reconhecer o

atual estágio do conhecimento dessa área, nos países industrializados - literatura, práticas e implicações para os brasileiros no comércio internacional/intercultural.

Exercitar crítica e autocrítica cultural, nacional e organizacional, a partir de leituras, discussões, experiências, vivências, e casos a fim de atualizar conhecimentos e desenvolver competência intercultural, nas atividades de Comércio Exterior, visando à competitividade mantendo postura ética.

1.4 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

I UNIDADEEducação e Desenvolvimento e treinamento Intercultural origens, estado da arte, literatura, lacunas.Conceitos básicos e postura global: tolerância, troca, compartilhamento, responsabilidade social e ética nos negócios.A questão da Globalização e da Mundialização da Cultura, economia e sociedade, implicações para o Terceiro Mundo. Conflitos mundiais, mídia e verdade.

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II UNIDADEComunicação e Relacionamento Intercultural indissociabilidade, dinâmica, idiomas e linguagens, verbais e não verbais, impactos, possibilidades, resultados e conseqüências na negociação e no trabalho globalizado. Implicações das origens ocidentais, gregas e romanas e das raízes indígenas. Oriente e ocidente, ontem e hoje.

III UNIDADEConceitos de cultura social, antropológico, organizacional, implicações nacionais, internacionais, atitudes diante da diversidade. Valores, crenças, tabus, tradições, discriminação, multiculturalismo.

IV UNIDADEChoque cultural e estresse. Competência intercultural. Conhecimento e auto-conhecimento, percepção e auto percepção, inteligência emocional, posições e posturas, condições para contatos, nacionais e internacionais. Expatriamento, indicadores ou possibilidades de fracassos e sucesso. Adaptabilidade cultural, subculturas. Estilos gerenciais na diversidade das nações.

V UNIDADEAs dimensões de Hofstede e Trompenaars e suas implicações nas negociações para melhores resultados e conseqüências favoráveis à durabilidade das relações negociais. Cultura e mudança: compra, venda e fusões organizacionais implicações nos negócios: imagem, visibilidade e produtividade. Diferentes blocos culturais no mundo, desafios relacionais: religião e ideologia como manifestações culturais fortes nas relações governamentais e de negócios. Conflito e Paz.

1.5 METODOLOGIA

Aulas expositivas, leituras e debates, exercícios de aplicação em todos os encontros a serem realizados, individualmente e/ou em grupo, estudos de caso e vivências para desenvolvimento da auto-percepção cultural e para a apreensão e compreensão de diferenças culturais do outro em contatos e negociação. Encontros temáticos sobre culturas específicas com a participação de palestrantes.

1.6 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO

Presença atuante e contribuição para trabalhos realizados em sala, individualmente e em grupo. Trabalho complementar final a ser acertado com o professor.

1.7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA

1.7.1 – LEITURAS BÁSICAS

Textos para estudo (item 2 deste documento).

1.7.2 – LEITURAS RECOMENDADAS

BOSI, A. (Org.). Cultura brasileira: temas e situações. São Paulo: Ática, 2000.

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CAMARGO, Aspásia. Celso Furtado entrevistado por Aspásia Camargo e Maria Andréa Loyola. Rio de Janeiro, 2002.

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WALKER, Danielle; WALKER, Thomas; SHIMITZ, Joerg. The guide to cross cultural success: Doing Business Internationally. New York: MacGraw-Hill, 2003.

1.7.3 – LEITURAS COMPLEMENTARES

ADAMS, John V. U. S. Expatriate Handbook. West Virginia: College of Business and Economics/West Virginia University, 1998.

ALBERONI, F. Valores: o bem, o mal, a natureza, a vida. Y. A Figueiredo (Trad.). Rio de Janeiro: Rocco, 2000.

BARROS, B. T. Fusões e aquisições no Brasil: entendendo as razões dos sucessos e fracassos. São Paulo: Atlas, 2003.

BOLLINGER, Daniel; HOFSTEDE, Geert. Les differences culturelles dans le management. Paris, Les Editions Dorganization, 1989.

BOSI, Alfredo. “Plural mas não caótico” in Cultura Brasileira. Temas e Situações. Série Fundamentos (7/15), São Paulo: Editora Ática, 1992.

CALDERÓN, Patrícia A. L. Treinamento e Desenvolvimento intercultural: experiências e vivências em organizações brasileiras. Rio de Janeiro, 2001. Dissertação – Curso de Mestrado em Administração Pública, FGV/EBAP, 2001.

CANEN, A. G.; CANEN, A. C. Organizações Multiculturais: Logística na corporação globalizada. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2005.

DALH, Stephan. Communications and Culture Transformation. Cultural Diversity Globalization and Cultural Convergence. Project presented to the European University. Barcelona, June, 1998. Site: http://www.sthepweb.com/capstone/index.htm .

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ELIOT, T. S. Notas para uma definição de Cultura. São Paulo: Perspectiva, 1988.

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VOLTAIRE. (Jean-Marie ARUET). Tratado sobre a tolerância. Paulo Mendes (Trad.). São Paulo: Martins Fontes, 1998.

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ZOUAIN, D. M.; VAQUEZ, G. F.; FRAGA, V. F. El Libertador Simón Bolívar Idealizador de la Unión Latinoamericana. In: ANPAD, Bahia, 2002, p. 323.

CURRICULUM RESUMIDO DO PROFESSOR: VALDEREZ F. FRAGA

• Doutora em Educação UFRJ. Mestre em Educação e Desenvolvimento Humano GWU/USA. Docente na FGV – Mestrado em Administração Pública, Mestrado Executivo, Doutorado em Administração e vários MBA. UFRJ – MBE -Comércio Exterior, IE/ECEX. Consultora em empresas públicas e privadas. Trabalhos realizados para: Banco do Brasil, Banco Central, CDPI, Eletrobrás, Eletronuclear, Embraer, Infraero, ITA, PETROBRAS, PRONEP–RJ, MITSUI, DIPEBOR, UERJ e outros como Diretora da Valore-RH. Membro de comissão revisora de periódico internacional em Gestão Intercultural. Artigos Publicados em jornais, revistas, anais, periódicos nacionais e internacionais. Livro lançado em 2003, 2ªed. São Paulo: Manole, 2009.

Palestrantes convidados em temas específicos

Professores, especialistas empresários: abordando questões interculturais do interesse dos contatos transculturais e atividades comerciais internacionais, em países específicos: Japão, República Tcheca, Índia, Peru e outros países andinos, Alemanha e China .

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SUMÁRIO

PARTE 1 - TEXTOS BÁSICOS..................................................................................10

DESENVOLVIMENTO INTERCULTURAL NO COMÉRCIO EXTERIOR.............................11A ORIGEM DA PALAVRA GLOBALIZAÇÃO.................................................................12...E O QUE É GLOBALIZAÇÃO ? FENÔMENO ECONÔMICO, POLÍTICO, CULTURAL?.....15CULTURA NA CIVILIZAÇÃO GREGA..........................................................................21REFLETINDO SOBRE CULTURA..................................................................................22SISTEMAS PARA ABORDAGEM INTERCULTURAL.......................................................31CHOQUE CULTURAL - O QUE É..................................................................................33FATORES QUE CONTRIBUEM PARA O CHOQUE CULTURAL.......................................33CHOQUE CULTURAL - COMO APRENDIZADO PROFISSIONAL E HUMANO...................4

PARTE 2 - COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL.................................................56

UM MODELO DE COMUNICAÇÃO..............................................................................56COMUNICAÇÃO / VALORES.......................................................................................57“MISLEADINGS” DAS TRADUÇÕES............................................................................58TEORIA DA ATRIBUIÇÃO – COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL...................................60ESTÁGIOS DE NEGOCIAÇÃO: NORTE-AMERICANOS / JAPONESES E BRASILEIROS....63DIFERENÇAS CULTURAIS OBSERVADAS NA COMUNICAÇÃO....................................64LINGUAGEM CORPORAL............................................................................................65SEGUINDO OS EXEMPLOS DA LINGUAGEM CORPORAL.............................................68

PARTE 3 - TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO........................................73

PREPARAÇÃO DE PESSOAL PARA DESEMPENHO PROFISSIONAL EM OUTRA CULTURA..................................................................................................................................74ATUAÇÃO TRANSCULTURAL.....................................................................................75

PARTE 4 - VALORES E REFLEXÕES.....................................................................76

SEM TEMPO E SEM FRONTEIRAS...............................................................................77THANKSGIVING..........................................................................................................78TRADIÇÕES FESTIVAS................................................................................................79JEITÃO DO BRASIL.....................................................................................................80NO COMÉRCIO EXTERIOR É FÁCIL ERRAR, DIFÍCIL É RECUPERAR OS CLIENTES.....81LATIN AMERICA........................................................................................................84CULTURA DA AUTOCRÍTICA - QUADROS...................................................................86

PARTE 5 - LEITURAS ILUSTRATIVAS..................................................................88

O QUE THE ECONOMIST E OS INGLESES PENSAM AO NOSSO RESPEITO.....................89

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CARACTERÍSTICAS CULTURAIS CONSIDERADAS MARCANTES POR TRIPULAÇÕES DE TRANSPORTE AÉREO.................................................................................................91CHOQUE CULTURAL ENTRE EMPRESAS......................................................................93CONTRASTES CULTURAIS EM CONTATOS DE NEGÓCIOS..........................................94CONTRASTES CULTURAIS EM MOTIVAÇÃO...............................................................95CULTURA ORGANIZACIONAL - APPLE COMPUTER – USA........................................96

PARTE 6 - CASES, SIMULAÇÕES E VIVÊNCIAS................................................97

TIPOS DE ADAPTABILIDADE......................................................................................98ENTÃO VOCÊ VAI PARA O EXTERIOR! UMA LISTA DE CHEQUE................................99QUADRO DE VALORES.............................................................................................105ESTILOS GERENCIAIS EM DIVERSOS PAÍSES............................................................106PRIMEIROS PASSOS..................................................................................................108LEARNING TO LIVE OVERSEAS...............................................................................109EXPERIMENTE ESSA SITUAÇÃO: VOCÊ É CHAMADO PARA TRABALHAR NO EXTERIOR................................................................................................................................111VOCÊ VAI VISITAR A FAMÍLIA DE UM POSSÍVEL ÂNCORA - SIMULAÇÃO................112NEGOCIAÇÃO É ENCONTRO E CONVERSA...............................................................113PESQUISA SOBRE A CULTURA NORTE-AMERICANA..................................................115ATITUDES E PRÁTICAS DE GESTÃO DIFERENCIADORAS...........................................119A EXPATRIAÇÃO E A FORMAÇÃO INTERCULTURAL................................................120QUESTIONÁRIO DE SENSIBILIDADE INTERCULTURAL..............................................125PREPARAR, PREPARAR, PREPARAR: SEGREDO DA NEGOCIAÇÃO, SEGUNDO WILLIAN URY.........................................................................................................................126UMA PERGUNTA INCÔMODA A NEGOCIADORES: POR QUE NÃO ESCUTAMOS?........127UM OLHAR ESTRANGEIRO.......................................................................................131VOCÊ VAI NEGOCIAR COM CHILENOS?....................................................................133

PARTE 6 – CULTURA, POLÍTICA E RELIGIÃO................................................137

VOLTAIRE SOBRE INTOLERÂNCIA...........................................................................138GUERRA SANTA?.....................................................................................................141JUST WAR - OR A JUST WAR?................................................................................142ISLAMISMO: UM BREVE ESCLARECIMENTO..............................................................144UM CASO SEM NEGÓCIOS E MUITO O QUE REFLETIR...............................................145

TEXTOS COMPLEMENTARES: TEXTOS AVULSOS PARA TRABALHO EM SALA

CASES E ASSERTIVAS – FREEMANTLE.SINFONIA INACABADA: CULTURA ALEMÃ - MANIFESTAÇÃO DE AUTOCRÍTICA.DEUSES DA MITOLOGIA GREGA E A CULTURA ORGANIZACIONAL

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PARTE 1 - TEXTOS BÁSICOS

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Desenvolvimento Intercultural no Comércio Exterior

É antiga a presença de programas de Treinamento, Desenvolvimento e Educação Intercultural em países cujo Comércio Exterior é intenso.

A área de Educação Internacional encontra-se muito bem posta, há mais de 20 anos, havendo conquistado, nos Estados Unidos, a posição de política governamental.

O acompanhamento a riscos e custos elevados decorrentes da precariedade na formação intercultural para transações internacionais impulsionou pesquisas, publicações, projetos em DRH e programas acadêmicos diversos, visando aprimoramento das pessoas envolvidas com a globalização.

A idéia de que, hoje em dia, em qualquer país do mundo as empresas estão direta ou indiretamente, mas inevitavelmente, envolvidas com negócios internacionais parece indiscutível. Da mesma forma, é rotineira na mídia e entre autores de um crescente número de obras sobre globalização a afirmação de que as empresas que, eventualmente, não estiverem engajadas nesses processos, não sobreviverão.

O número de pessoas diretamente envolvidas em negócios internacionais, nos Estados Unidos e no Canadá, ilustra essas afirmações em relação ao Primeiro Mundo.

Em 1993, mais de 40 mil norte-americanos e canadenses viviam no exterior a serviço; mais de 35 mil estavam empregados, nos Estados Unidos, em empresas de exportação e, mais de 2 milhões trabalhavam para empresas estrangeiras nos Estados Unidos e Canadá. Além disso, pode dizer-se que centenas de milhares de norte-americanos moram no exterior, caso sejam incluídos os familiares dos profissionais a negócios, fora do país. Há ainda outras centenas de milhares que viajam ao exterior a negócios, por curtos períodos de tempo e os estudos estimaram um aumento de 10 a 15% desses números até meados da década de 1990, o que já vem sendo identificado.

Certamente, países como o Brasil, que já apresentam uma demanda significativa de produtos e serviços no exterior, e que, em contrapartida, possuem uma produção com boas perspectivas de exportação, empenham-se por espaço no mundo globalizado dos negócios. Esse é considerado um desafio enorme, para o terceiro mundo, segundo a opinião unânime de economistas, empresários e analistas internacionais.

A experiência vem demonstrando que esse esforço pela competência tecnológica, por produtos, processos, agilidade financeira e conhecimento legal não são mais suficientes. A essas exigências mais tradicionais somam-se novas necessidades como: habilidade e sensibilidade intercultural, para funcionar profissionalmente em um clima de transculturalidade, isto é, competências para transitar em diversas culturas, harmônica e produtivamente.

A natureza dos serviços que é essencialmente humana – comportamento, posturas, ações e reações das pessoas, comunicação e relacionamento, atitudes e valores – transforma esse desafio em ameaça, quando se trata do esforço de um país em desenvolvimento, buscando espaço nos sofisticados serviços globais sem priorizar a educação em seu sentido mais amplo.

Esta disciplina do ECEX procura contribuir para o enfrentamento desse desafio, lembrando que: nos negócios, a finalização é sempre comunicação e relacionamento humano, quando a interculturalidade conta.

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A Origem da Palavra Globalização

José Chacon*

Os termos global e globalização têm ocupado, ultimamente, lugar de destaque em textos

acadêmicos, eventos empresariais, círculos políticos e, especialmente, na mídia. Cada ator

social, em contextos diferentes, pode empregá-los segundo as suas conveniências.

Portanto, eles não são neutros, constata o professor Ariovaldo Umbelino de Oliveira, do

Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo – USP. Segundo ele, os dois

termos invadiram o discurso político e econômico cotidiano e, invariavelmente, estão

sendo utilizados com conteúdos ideológicos que se prestam à manipulação do imaginário

social.

Citando François Chesnais, o professor da USP revela que o adjetivo global surgiu no

começo dos anos 80, nas grandes escolas americanas de administração de empresas, as

célebres business management schools de Harvard, Columbia, Stanford, etc. Foi

popularizado nas obras e artigos dos mais hábeis consultores de estratégia e marketing

formados nessas escolas: o americano M. E. Porter e o japonês K. Ohmae. Fez sua estréia

mundial, segundo Umbelino, pela imprensa econômica e financeira de língua inglesa e,

em pouquíssimo tempo, invadiu o discurso político neoliberal. Em matéria de

administração de empresas, continua ele, o termo era utilizado com a seguinte mensagem

aos grandes grupos econômicos: “em todo lugar onde se possa gerar lucros, os

obstáculos à expansão das atividades de vocês foram levantados graças à liberalização e

à desregulamentação; além disso, a telemática e os satélites de comunicação colocam em

suas mãos formidáveis instrumentos de comunicação e controle; reorganizem-se e

reformulem em conseqüência, suas estratégias internacionais”.

De acordo com o professor, os grandes industriais japoneses, cuja economia continua

sendo uma das mais fechadas, mas cujos grupos estão entre os mais internacionalizados

do mundo, apoderaram-se dessa expressão para definir sua visão do novo mundo triádico

que estaria nascendo. O estímulo à globalização, segundo Umbelino, foi expresso pelos

japoneses na forma de um claro recado aos dirigentes industriais e políticos americanos e

europeus: “vamos parar de brigar por questões menores, como cotas de importação,

vamos tomar consciência dos nossos interesses comuns e cooperar”.

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De fato, revela o professor da USP, as publicações que fazem a mais extremada apologia

da globalização e do tecno-globalismo apresentam o mundo que está nascendo como

“sem fronteiras” e as grandes empresas como “sem nacionalidade”.

Os efeitos sociais da Globalização

O presidente da Fisenge, engenheiro Carlos Aguiar, em entrevista à Revista do

CREA-RJ, falou sobre a exclusão social provocada pelo processo de

“globalização” e a relação entre as novas tecnologias e as taxas crescentes de

desemprego (temas debatidos durante o 4º Consenge). Ele abordou ainda os novos

desafios do movimento sindical e, em particular, as categorias vinculadas às áreas

tecnológicas diante das mudanças na esfera do trabalho e do modelo neoliberal

implantado no país.

Um mundo para poucos

Não é uma tarefa simples mapear os inúmeros fatores que fizeram emergir uma ordem

econômica mundial monolítica e inflexível. Alguns a idealizam como o resultado

inevitável de uma suposta evolução natural da história da humanidade. Há mais cifrões

por trás de tal tese do que supõe a nossa vã ingenuidade. O peixe é vendido embrulhado

em uma palavra sonora: globalização. Tudo se passa como se este admirável mundo novo

estivesse à disposição de todos os habitantes do planeta, bastando um pouco de esforço

para compreendê-lo (não questioná-lo!) e uma boa dose de eficiência produtiva para

torná-lo mais reluzente e lucrativo – para poucos.

Na verdade, a adoção de políticas neoliberais globais vem produzindo efeitos sociais

desastrosos, especialmente, os países que não fazem parte do núcleo duro do capitalismo,

segundo expressão de René Dreifuss. Só para exemplificar, de acordo com o Banco

Mundial, o número de pobres no mundo (vivendo com menos de um dólar diário) é de

quase 2 bilhões, a maioria vivendo em países latino-americanos, africanos e asiáticos. Em

contrapartida, a nova ordem mundial gasta, anualmente, 800 bilhões de dólares em

programas militares, valor equivalente à renda de metade da população do planeta.

Aqui, é inevitável relembrar as políticas emanadas do chamado Consenso de Washington.

Elas limparam o terreno, principalmente no continente latino-americano, para a

globalização de um modelo único de produção e distribuição de bens e serviços. Reunidos

em Washington, em 1989, funcionários do Governo norte-americano e de organismos

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financeiros, como o Banco Mundial e o FMI, trataram de prescrever algumas regras

econômicas que deveriam ser seguidas à risca pelos Governos e elites dos países do Cone

Sul. E foram... Recomendaram a liberalização comercial e financeira, aceita e viabilizada,

no Brasil, com claros prejuízos para o nosso parque industrial e reflexos negativos

inevitáveis nas taxas de desemprego. Recomendaram um arrojado programa de

privatizações, diligentemente providenciado pelo Governo Federal, que culminou com a

entrega da Vale do Rio Doce, uma empresa estratégica, capaz de influir na política para o

setor mineral em plano internacional. Recomendaram uma nova Lei de Propriedade

Industrial, adotada no Brasil, recentemente, sem nenhuma salvaguarda para a indústria

nacional e o nosso incipiente, mas promissor, parque científico-tecnológico.

Recomendaram muitas outras coisas para fortalecer a globalização do modelo neoliberal,

comandada por grupos industriais e financeiros originários dos países ricos, mas com

atividades econômicas transnacionais. Tais grupos foram alçados às condições de atores

principais deste processo, com o apoio dos seus Governos, devido, entre outros fatores, ao

poder tecnológico que acumularam. Tal poder se manifesta em relações internacionais

desiguais entre países: os que controlam as inovações detêm o poder econômico-social.

Porém, a realidade mundial é complexa e o potencial para mudanças é grande. As

categorias das áreas tecnológicas podem influir nelas e já começam a perceber que a

técnica não é neutra. E que a construção de uma ordem econômica mais justa e igualitária

depende, também, de formas mais éticas de produção e uso do conhecimento científico-

tecnológico.

____________________________*Engenheiro José Chacon - Presidente do CREA-RJ.

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...E o que é GLOBALIZAÇÃO? Fenômeno econômico, político, cultural?O resumo a seguir poderá facilitar uma leitura rápida desse fenômeno que envolve a todos.

Primeira fase (1450-1850) • Resultado de uma rota marítima para as Índias, abrindo aos conquistadores europeus as terras

do novo mundo.• Imigrantes iberos, ingleses, holandeses e franceses atravessaram o Atlântico para ocupar a

América e formar colônias de exploração.• Estrutura-se um sólido comércio entre Europa, África e América.• A doutrina mercantilista foi adotada pela maioria das monarquias européias para estimular o

desenvolvimento da economia dos reinos.• Todo o universo econômico destinava-se a um só fim, “entesourar”, acumular riquezas.

Segunda fase (1850-1950) • A partir do século XVIII, a Inglaterra industrializa-se e depois a França, a Bélgica, a

Alemanha e a Itália.• A máquina de vapor é introduzida nos transportes terrestres (estradas-de-ferro) e marítimos

(barcos a vapor).• Essa nova época é regida pelos interesses da indústria e das finanças.• Fatos marcantes: Revolução norte-americana (1976) e Francesa (1789). A escravidão é

abolida, em 1789.• Ocupação territorial de certas partes de África e da Ásia, além de estimular o povoamento

das terras semi-desocupadas da Austrália e da Nova Zelândia.• Acirramento da corrida imperialista e da política belicista que levará os europeus a duas

guerras mundiais (1914-18) e a de 1939-1945.• Das diversas potências que existiam em 1914, restaram depois da 2ª guerra, as

superpotências: os Estados Unidos da América e a, então, União Soviética.• Libertação dos povos coloniais?

A globalização no século XX • Três grandes projetos de liderança global conflitaram-se entre si: O comunismo, o da contra

revolução nazi-fascista e o projeto liberal-capitalista, liderado pelos países anglo-saxões, a Grã-Bretanha e os Estados Unidos.

• Estados Unidos e a URSS disputavam liderança com a chamada Guerra Fria (1947-1989).• Com a política da glasnost, adotada por Mikhail Gorbatchov, na URSS desde 1986, a guerra

fria encerrou-se favorecendo Os EUA O símbolo foi a derrubada do Muro de Berlin (1989).• Em 1991 a URSS dissolve-se.• Desde então, hegemonia, no moderno sistema mundial é do modelo capitalista não havendo

nenhuma barreira de se antepor à globalização.

A globalização, pois, não é um fenômeno recente: suas raízes se remontam ao século 14 e puderam florescer nas ultimas décadas, em função da conjugação de diversos fatores conforme foi apresentado.Contudo, o termo globalização adquire numerosos matizes e sua conotação muda de acordo com a perspectiva interpretativa de cada autor.

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Fonte: PIERRE SIZE, 1997.

Algumas concepções e definições

• “é um processo de integração mundial que está ocorrendo nos setores de comunicações, economia, finanças e nos negócios” Bassi (1998).

• “A globalização define uma nova era na historia da humanidade, em que a interdependência entre os povos será tão completa que as fronteiras nacionais desaparecerão a cada dia as políticas públicas perdem relevância neutralizadas pelas forças incontroláveis do mercado” Carvalho e da Silva (2000).

• “Distribuição e consumo de bens e de serviços, organizados a partir de uma estratégia mundial, e voltada para um mercado mundial” Ortiz (1996).

ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DA GLOBALIZAÇÃO • Maior instabilidade dos mercados, “epidemia” de aquisições, fusões e alianças entre grandes

empresas nacionais e multinacionais.• Criação de um mercado financeiro mundial.• A retirada do estado e a crescente hegemonia das instituições supranacionais.• A transição de “fordismo” para “pós-fordismo”.• Desigualdade e exclusão social, miséria, desemprego, imigração, deslocações massivas,

agressões ao meio ambiente.Há autores extremamente pessimistas sobre os efeitos da globalização, e que não devem ser omitidos, em especial nos países em desenvolvimento com o Brasil, onde, certamente, alguns desses impactos se fazem sentir freqüentemente.

Veja a posição de Size. “Algumas concepções e definições. Crescimento e primazia das exportações de capital, desenvolvimento da divisão internacional do trabalho, dos trustes multinacionais, interconexão das economias dos diversos países, desenvolvimentos dos transportes e comunicação, propagando crises financeiras em segundos, desregulamentação generalizada que acelera a concorrência no plano mundial.”

Fluxos de capitale dolarização

Competência eespecialização

Redes e alianças

Brecha socialInternacionalizaçãodas empresas

Tecnologias de Informação e Comunicação

Logística

Formação de Blocoseconômicos

Conectividade

Expectativas de consumidores

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Pierre Size (1997)

AS TENSÕES DA MODERNIDADE

Fórum Social MundialBiblioteca das Alternativas

Boaventura de Sousa Santos*

Acerca das globalizações

Começarei por especificar o que entendo por globalização. A globalização é muito difícil de definir. Muitas definições centram-se na economia, ou seja, na nova economia mundial que emergiu nas últimas duas décadas como consequência da intensificação vertiginosa da transnacionalização da produção de bens e serviços e dos mercados financeiros — um processo através do qual as empresas multinacionais ascenderam a uma preeminência sem precedentes como atores internacionais. Para os meus objetivos analíticos, privilegio, no entanto, uma definição de globalização mais sensível às dimensões sociais, políticas e culturais. Aquilo que habitualmente designamos por globalização são, de facto, conjuntos diferenciados de relações sociais; diferentes conjuntos de relações sociais dão origem a diferentes fenómenos de globalização. Nestes termos, não existe estritamente uma entidade única chamada globalização; existem, em vez disso, globalizações; em rigor, este termo só deveria ser usado no plural. Qualquer conceito mais abrangente deve ser de tipo processual e não substantivo. Por outro lado, enquanto feixes de relações sociais, as globalizações envolvem conflitos e, por isso, vencedores e vencidos. Frequentemente, o discurso sobre globalização é a história dos vencedores contada pelos próprios. Na verdade, a vitória é aparentemente tão absoluta que os derrotados acabam por desaparecer totalmente de cena.

Proponho, pois, a seguinte definição: a globalização é o processo pelo qual determinada condição ou entidade local estende a sua influência a todo o globo e, ao fazê-lo, desenvolve a capacidade de designar como local outra condição social ou entidade rival.

As implicações mais importantes desta definição são as seguintes. Em primeiro lugar, perante as condições do sistema-mundo ocidental não existe globalização genuína; aquilo a que chamamos globalização é sempre a globalização bem sucedida de determinado localismo. Por outras palavras, não existe condição global para a qual não consigamos encontrar uma raiz local, uma imersão cultural específica. Na realidade, não consigo pensar uma entidade sem tal enraizamento local; o único candidato possível, mas improvável, seria a arquitetura interior dos aeroportos. A segunda implicação é que a globalização pressupõe a localização. De facto, vivemos tanto num mundo de localização como num mundo de globalização. Portanto, em termos analíticos, seria igualmente correto se a presente situação e os nossos tópicos de investigação se definissem em termos de localização, em vez de globalização. O motivo por que é preferido o último termo é, basicamente, o facto de o discurso científico hegemónico tender a privilegiar a história do mundo na versão dos vencedores.

Existem muitos exemplos de como a globalização pressupõe a localização. A língua inglesa enquanto língua franca é um desses exemplos. A sua propagação enquanto língua global implicou a localização de outras línguas potencialmente globais, nomeadamente a língua francesa. Quer isto dizer que, uma vez identificado determinado processo de globalização, o seu sentido e explicação integrais não podem ser obtidos sem se ter em conta os processos adjacentes

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de relocalização com ele ocorrendo em simultâneo ou sequencialmente. A globalização do sistema de estrelato de Hollywood contribuiu para a etnização do sistema de estrelato do cinema hindu. Analogamente, os atores franceses ou italianos dos anos 60 — de Brigitte Bardot a Alain Delon, de Marcello Mastroiani a Sofia Loren — que simbolizavam então o modo universal de representar, parecem hoje, quando revemos os seus filmes, provincianamente europeus, se não mesmo curiosamente étnicos. A diferença do olhar reside em que, de então para cá, o modo de representar holliwoodesco conseguiu globalizar-se. Para dar um exemplo de uma área totalmente diferente, à medida que se globaliza o hambúrguer ou a pizza, localiza-se o bolo de bacalhau português ou a feijoada brasileira, no sentido em que serão cada vez mais vistos como particularismos típicos da sociedade portuguesa ou brasileira.

Uma das transformações mais frequentemente associadas à globalização é a compressão tempo-espaço, ou seja, o processo social pelo qual os fenómenos se aceleram e se difundem pelo globo. Ainda que aparentemente monolítico, este processo combina situações e condições altamente diferenciadas e, por esse motivo, não pode ser analisado independentemente das relações de poder que respondem pelas diferentes formas de mobilidade temporal e espacial. Por um lado, existe a classe capitalista transnacional, aquela que realmente controla a compressão tempo-espaço e que é capaz de transformá-la a seu favor. Existem, por outro lado, as classes e grupos subordinados, como os trabalhadores migrantes e os refugiados, que nas duas últimas décadas têm efetuado bastante movimentação transfronteiriça, mas que não controlam, de modo algum, a compressão tempo-espaço. Entre os executivos das empresas multinacionais e os emigrantes e refugiados, os turistas representam um terceiro modo de produção da compressão tempo-espaço.

Existem ainda os que contribuem fortemente para a globalização mas, não obstante, permanecem prisioneiros do seu tempo-espaço local. Os camponeses da Bolívia, do Perú e da Colômbia, ao cultivarem coca, contribuem decisivamente para uma cultura mundial da droga, mas eles próprios permanecem “localizados” nas suas aldeias e montanhas como desde sempre estiveram. Tal como os moradores das favelas do Rio, que permanecem prisioneiros da vida urbana marginal, enquanto as suas canções e as suas danças, sobretudo o samba, constituem hoje parte de uma cultura musical globalizada.

Finalmente, e ainda noutra perspectiva, a competência global requer, por vezes, o acentuar da especificidade local. Muitos dos lugares turísticos de hoje têm de vincar o seu carácter exótico, vernáculo e tradicional para poderem ser suficientemente atrativos no mercado global de turismo.

Para dar conta destas assimetrias, a globalização, tal como sugeri, deve ser sempre considerada no plural. Por outro lado, há que considerar diferentes modos de produção da globalização. Distingo quatro modos de produção da globalização, os quais, em meu entender, dão origem a quatro formas de globalização.

A primeira forma de globalização é o localismo globalizado. Consiste no processo pelo qual determinado fenómeno local é globalizado com sucesso, seja a atividade mundial das multinacionais, a transformação da língua inglesa em língua franca, a globalização do fast food americano ou da sua música popular, ou a adopção mundial das leis de propriedade intelectual ou de telecomunicações dos EUA.

À segunda forma de globalização chamo globalismo localizado. Consiste no impacto específico de práticas e imperativos transnacionais nas condições locais, as quais são, por essa via, desestruturadas e reestruturadas de modo a responder a esses imperativos transnacionais. Tais

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globalismos localizados incluem: enclaves de comércio livre ou zonas francas; desflorestação e destruição maciça dos recursos naturais para pagamento da dívida externa; uso turístico de tesouros históricos, lugares ou cerimónias religiosos, artesanato e vida selvagem; dumping ecológico (“compra” pelos países do Terceiro Mundo de lixos tóxicos produzidos nos países capitalistas centrais para gerar divisas externas); conversão da agricultura de subsistência em agricultura para exportação como parte do “ajustamento estrutural”; etnização do local de trabalho (desvalorização do salário pelo facto de os trabalhadores serem de um grupo étnico considerado “inferior” ou “menos exigente”).

A divisão internacional da produção da globalização assume o seguinte padrão: os países centrais especializam-se em localismos globalizados, enquanto aos países periféricos cabe tão-só a escolha de globalismos localizados. O sistema-mundo é uma trama de globalismos localizados e localismos globalizados1.

Todavia, a intensificação de interações globais pressupõe outros dois processos, os quais não podem ser corretamente caracterizados, nem como localismos globalizados, nem como globalismos localizados. Designo o primeiro por cosmopolitismo. As formas predominantes de dominação não excluem aos Estados-nação, regiões, classes ou grupos sociais subordinados a oportunidade de se organizarem transnacionalmente na defesa de interesses percebidos como comuns, e de usarem em seu benefício as possibilidades de interação transnacional criadas pelo sistema mundial. As atividades cosmopolitas incluem, entre outras, diálogos e organizações Sul-Sul, organizações mundiais de trabalhadores (a Federação Mundial de Sindicatos e a Confederação Internacional dos Sindicatos Livres), filantropia transnacional Norte-Sul, redes internacionais de assistência jurídica alternativa, organizações transnacionais de direitos humanos, redes mundiais de movimentos feministas, organizações não governamentais (ONG's) transnacionais de militância anticapitalista, redes de movimentos e associações ecológicas e de desenvolvimento alternativo, movimentos literários, artísticos e científicos na periferia do sistema mundial em busca de valores culturais alternativos, não imperialistas, empenhados em estudos sob perspectivas pós-coloniais ou subalternas, etc., etc.

O outro processo que não pode ser adequadamente descrito, seja como localismo globalizado, seja como globalismo localizado, é a emergência de temas que, pela sua natureza, são tão globais como o próprio planeta e aos quais eu chamaria, recorrendo ao direito internacional, o património comum da humanidade. Trata-se de temas que apenas fazem sentido enquanto reportados ao globo na sua totalidade: a sustentabilidade da vida humana na Terra, por exemplo, ou temas ambientais como a proteção da camada de ozono, a preservação da Amazónia, da Antártida, da biodiversidade ou dos fundos marinhos. Incluo ainda nesta categoria a exploração do espaço exterior, da lua e de outros planetas, uma vez que as interações físicas e simbólicas destes com a terra são também património comum da humanidade. Todos estes temas se referem a recursos que, pela sua natureza, têm de ser geridos por fideicomissos da comunidade internacional em nome das gerações presentes e futuras.

A preocupação com o cosmopolitismo e com o património comum da humanidade conheceu grande desenvolvimento nas últimas décadas, mas também fez surgir poderosas resistências. O património comum da humanidade, em especial, tem estado sob constante ataque por parte de países hegemónicos, sobretudo dos Estados Unidos. Os conflitos, as resistências, as lutas e as

1A divisão internacional da produção de globalização articula-se com uma divisão nacional do mesmo tipo: as regiões centrais ou os grupos dominantes de cada país participam na produção e reprodução de localismos globalizados, enquanto às regiões periféricas ou aos grupos dominados cabe produzir e reproduzir os globalismos localizados.

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coligações em torno do cosmopolitismo e do património comum da humanidade demonstram que aquilo a que chamamos globalização é, na verdade, um conjunto de arenas de lutas transfronteiriças.

Neste contexto é útil distinguir entre globalização de-cima-para-baixo e globalização de-baixo-para-cima, ou entre globalização hegemónica e globalização contra hegemônica. O que eu denomino localismo globalizado e globalismo localizado são globalizações de-cima-para-baixo; cosmopolitismo e património comum da humanidade são globalizações de-baixo-para-cima.

Boaventura de Sousa Santos é doutor em sociologia do direito pela Universidade de Yale, professor catedrático da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, Distinguished Legal Scholar da Faculdade Nascimento: 15 de novembro de 1940 (73 anos), Coimbra, Portugal.Site: http://www.boaventuradesousasantos.pt/pages/pt/opiniao.php

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Cultura na Civilização Grega

Cultura é um modo consciente e praticado de princípios formativos do homem, de seu espírito.

Cultura, para os gregos, significava corpo e espírito, e a idéia de educação representava o sentido de todo o esforço humano.

Costuma aparecer como conceito antropológico descritivo.

— A TOTALIDADE DAS MANIFESTAÇÕES E FORMAS DE VIDA DE TODOS OS POVOS DA TERRA, INCLUINDO-SE OS PRIMITIVOS.

Já não significa o elevado conceito de valor, um ideal consciente.

Relendo a Paidéiade Werner Jaeger

CULTURA, NA ATUALIDADE

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Refletindo sobre Cultura: conceitos

Vera Vergara Esteves**

1. Desde o Renascimento a cultura esteve relacionada com o aprendizado. Com as

descobertas os exploradores não acreditavam que os nativos tivessem cultura, mas

tradição.

Depois do século XIX os pesquisadores começaram a elaborar novos conceitos de cultura

como elemento único e específico de cada grupo étnico e a considerar a pluralidade

cultural importante na elaboração de políticas.

A cultura passou a ser considerada como:

a) sistema de significação;

b) expressão política da inserção social dos diversos grupos que compõem a sociedade;

c) sistema de comparação entre cultura e distância social.

2. Tylor em Primitive Culture (1871) conceitua: “cultura como sendo o comportamento

aprendido, tudo aquilo que independe de uma transmissão genética”.

3. Levy Strauss considera que a cultura surgiu quando o homem convencionou a primeira

regra, a primeira norma (proibição do Incesto).

4. “A cultura se desenvolveu simultaneamente com o equipamento fisiológico do homem”.

5. A cultura está estreitamente relacionada com as respostas que importa dar aos grandes

desafios contemporâneos, como a aceleração da construção européia, a mundialização, a

sociedade da informação, o emprego e a coesão social.

O conceito de cultura pode ser examinado por diversas visões teóricas, dentre elas

podemos avaliar os conceitos de cultura como; a) sistema de significação; b) expressão

política da inserção social do diferentes grupos que compõem a sociedade; c) sistema de

comparação entre cultura e distância social.

**Vera Vergara Esteves: Profa. Dra. pela UFRJ. Pesquisadora com inúmeras produções acadêmicas publicadas, consistente experiência em gestão educacional, estudiosa de Cultura, seus conceitos e empregos na prática de pesquisa e trabalho.

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CULTURA Segundo diversos autores

Vera Vergara Esteves

Geertz (1978, p.15) diz: “O homem vê o mundo através de sua cultura e pode levá-lo a

considerar o seu modo de vida como o mais correto e mais natural.”

“É um contexto, algo dentro do qual instituições ou processos podem ser escritos de forma

inteligível, isto é, descritos com densidade” (ibid, p. 24).

“Sistemas de símbolos que atuam para estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras

disposições e motivações dos homens”.

“O conceito de cultura é essencialmente semiótico”. Acreditando como Max Weber, que o

homem é um animal amarrado a teias de significado que ele mesmo teceu, assumo a

cultura como sendo essas teias e sua análise; portanto, não como uma ciência

experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do

significado. A ciência que estuda a estrutura cultural dos significados é a etnografia.

Se você quer compreender o que é ciência, você deve olhar, em primeiro lugar, não para as

suas teorias ou as suas descobertas; você deve ver o que os praticantes da ciência fazem.

O objeto da etnografia é uma hierarquia estratificada de estruturas significantes. O que se

deve indagar é qual a sua importância: o que está sendo transmitido com a sua ocorrência e

através da sua agência, seja ela um ridículo ou um desafio, uma ironia ou uma zanga, um

deboche ou um orgulho.

A cultura é pública porque o significado o é.

Como diz Wittgenstein “quando chegamos a um país estranho, mesmo que se tenha um

domínio total do idioma do país, nós não compreendemos o povo; não por não compreender o

que eles falam entre si. Não nos podemos situar entre eles”.

Compreender a cultura de um povo expõe a sua normalidade sem reduzir sua particularidade.

Somente um nativo faz a interpretação em primeira mão: é a sua cultura.

“Olhar as dimensões simbólicas da ação social é mergulhar no meio delas, não é responder às

nossas questões mais profundas, mas colocar à nossa disposição as respostas que outros

deram”.

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“A universalidade do fenômeno das grandes celebrações, ao lado das festas periódicas, revela

a necessidade inevitável de firmar o presente num passado remoto e original”.

Cultura é culto. Cultuar, de maneira solene, os ideais e as forças primordiais, é determinar o

significado e o alcance de uma cultura” (CRIPPA, p.165).

“Na celebração mítica, pode-se dizer, o mundo é reconduzido à sua origem; o real imerge no

possível, o temporal toca o eterno e o Ser reaparece em seu fascínio constitutivo”. (CRIPPA,

p.159)

“A cultura, inicialmente, é um regime de fascinação, de grandes e poderosos ideais.

Determinando a consciência, cria as formas do vir-a-ser das coisas e constitui aquele princípio

singular da realidade que distingue as diversas tentativas humanas de transformar em obras os

ideais propostos na revelação primordial”. (CRIPPA, p. 203)

“A cerimônia apresenta-se como um estilo de vida. Gestos, palavras, vestes, alimentos, cena,

sacrifício, ofertas, tudo está ritualmente prefixado, num esforço para fazer a comunidade

viver, num lapso solene do tempo, o que devem ser ao longo de todo o tempo”. (GUSDORF,

p. 165)

“O que denominamos cultura é dependente, em sua figura total, de um Mito dominante, que é

inseparável do mito divino. Com a criação desse Mito constitui-se um povo e uma cultura,

que anteriormente careciam de existência”. (OTTO)

“Aos fatores que dependem da sociedade, de seus quadros e de suas estruturas, é preciso

acrescentar aqueles que se prendem mais diretamente à ordem da cultura e se relacionam às

maneiras de viver e de pensar, em outras palavras, aos conteúdos da vida social próprios a

cada população e que representam igualmente objetos de aprendizagem. Quando se fala de

cultura, deve-se pensar pragmaticamente nos seguintes pontos:

suas bases geográficas, ecológicas, econômicas e demográficas;

Sua tecnologia (ferramental, habitação, alimentação, vestimenta, técnicas corporais etc.);

seus sistemas de comunicação: língua, mímicas, gestos, outros sistemas de signos

convencionais, tais como os semáforos e os sinais de trânsito;

as estruturas sociais e os sistemas de qualificação e de atitudes que delas derivam;

seus sistemas de representações;

seus sistemas de valores;

seu ethos, sua sensibilidade, sua maneira particular de sentir as coisas e reagir

afetivamente;

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seu patrimônio, o que ela transmite de geração a geração sob forma de um saber

codificado, de produções artísticas, de construções, de meios de comunicação, de

literatura;

seu estilo de pensamento, de vida, de relação, de expressão;

a dinâmica que a anima”. (ERNY, p. 126)

“A cultura é a soma dos comportamentos, dos saberes, das técnicas, dos conhecimentos e dos

valores acumulados pelos indivíduos durante suas vidas [...] A cultura é a herança transmitida

de uma geração a outra. [...] Não é, portanto um conjunto fechado e imutável de técnicas e

comportamentos”. (CLAVAL, 2001, p. 63)

“(...) a cultura não é uma realidade primeira, mas a construção imaginada para permitir as

pessoas se comunicarem, sentirem-se próximas ou diferentes, e constituírem grupos que se

sentem unidos”. (CLAVAL, 1999, p. 73)

“Cultura, pois, não significa apenas um elemento do progresso material: ela é a finalidade

última do ‘desenvolvimento’ definido como florescimento da existência humana em seu

conjunto em todas as formas”. (CUÉLLAR, 1997, p. 32-33)

Durkheim (1983) - o pensamento de Durkheim era impregnado de uma grande sensibilidade

em relação à relatividade cultural, que provinha de sua concepção geral de sociedade e da

normalidade social.

BALANDIER (1955) – considera que para a análise de um sistema cultural, é necessário

analisar a situação sócio-histórica que o produz.

KARL MARX E MAX WEBER (1964) – concordam quando afirmam que a cultura da classe

dominante é sempre a cultura dominante.

CULTURA

Investigando o campo semântico de “cultura” E. Morin observa que há uma constante

oscilação entre uma “definição totalizadora” e uma “definição residual”. Teríamos cinco

sentidos do termo cultura:

a) sentido antropológico: opondo-se à natureza, a cultura abarca o universo daquilo que

escapa ao comportamento inato e, frente à regressão do capital genético, a cultura marca o

especificamente humano como “ capital simbólico e organizacional” ou seja, tudo aquilo

que se refere à ampliação da “ competência organizacional” (organização, estruturação, e

programação social);

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b) cultura é o universo do sentido, ou seja, a começar pela linguagem, é o universo da

produção do sentido nas atividades humanas, abordadas fundamentalmente de modo

sêmico-intelectivo;

c) sentido etnográfico: o cultural se opõe ao tecnológico como domínio do nomotético

(crenças, ritos, normas, valores, modelos de comportamento,etc.);

d) sentido sociológico: é o residual não-assimilável pelas disciplinas econômicas,

demográficas, sociológicas, etc., ou seja enumerativamente, o domínio do psico-afetivo, a

personalidade, a “a sensibilidade” e suas adesividades sociais, reduzindo-se mesmo à dita

“cultura cultivada”, por onde:

e) concepção valorativa de cultura, centrada nas “humanidades clássicas e no gosto

artístico-literário”, opondo-se, ética e de modo elitário, ao “inculto” e o “popular”.

“(...) o sentido do termo que Morin busca através de uma “culturanálise”, situa-se nessa

oscilação, constitutiva do próprio Sentido (da noção de sentido) entre” formas

estruturantes e organizacionais” e “plasma existencial”. (o “chiasma” em Merleau

Ponty )

Assim, “a cultura deverá ser abordada como um sistema que faz comunicarem –

dialetizando – uma experiência existencial e um saber constituído.” (CARVALHO, p.40-

41)

“A cultura é a maneira estruturada de pensar, sentir e de reagir de um grupo humano,

sobretudo adquirida e transmitida pelos símbolos, e que representa sua identidade específica;

ela inclui os objetos concretos produzidos pelo grupo. O cerne da cultura é constituído de

ideias tradicionais (derivadas e selecionadas pela história) e valores que lhe são agregados”

(KLUCKHOHN, 1987).

CULTURAS BRASILEIRAS

CULTURA é o conjunto das práticas, das técnicas, dos símbolos e dos valores que se devem

transmitir às novas gerações para garantir a reprodução de um estado de coexistência social. A

educação é o momento institucional marcado do processo.

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Cultura supõe uma consciência grupal operosa e operante que desentranha da vida presente os

planos para o futuro. Essa dimensão de projeto, implícita no mito de Prometeu, que arrebatou

o fogo dos céus para mudar o destino material dos homens, tende a crescer em épocas nas

quais há classes ou estratos capazes de esperanças e propostas como na Renascença

florentina, nas Luzes dos Setecentos, ao longo das revoluções científicas e técnicas ou no

ciclo das revoluções socialistas.

Esse vetor da cultura como consciência de um presente minado por graves desequilíbrios é o

momento que preside a criação de alternativas para um futuro de algum modo novo. (...) a

cultura encarnada e socializada tem um papel cada vez mais central a desempenhar na

construção de um futuro para as nações pobres.

RELAÇÕES ENTRE AS CULTURAS BRASILEIRAS

“Se pelo termo cultura entendemos uma herança de valores e objetos compartilhada por um

grupo humano relativamente coeso, poderíamos falar em uma cultura erudita brasileira,

centralizada no sistema educacional (e principalmente nas universidades), e uma cultura

popular, basicamente iletrada, que corresponde aos mores materiais e simbólicos do homem

rústico, sertanejo ou interiorano, e do homem pobre suburbano ainda não de todo assimilado

cultural, principalmente, nas suas faixas de consumo mais exigentes, virou divulgadora,

diluidora ou exploradora do trabalho universitário crítico e criador.” (BOSI, 1992)

A cultura de massa entra na casa do caboclo e do trabalhador da periferia, ocupando-lhe as

horas de lazer em que poderia desenvolver alguma forma criativa de auto-expressão: eis o seu

tento.

A cultura popular pertence, tradicionalmente, aos estratos mais pobres, o que não impede o

fato de seu aproveitamento pela cultura de massa e pela cultura erudita, as quais podem

assumir ares popularescos ou populistas em virtude da sua flexibilidade e da sua carência de

raízes.

As camadas pobres da população brasileira foram colonizados pela cultura rústica ou,

eventualmente urbana dos portugueses e pelo catolicismo ritualizado dos jesuítas; e agora

estão sendo recolonizados pelo Estado, pela Escola Primária, pelo Exército, pela indústria

cultural e por todas as agências de aculturação que saem do centro e atingem a periferia.

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Podemos acrescentar também a cultura criadora individualizada esta vive de modo mais

intenso e mais dramático a relação intelectual-sociedade, com todas as conseqüências do

desenraizamento e do desencantamento próprios dos sistemas de classes e do consumismo

que marcam a vida de relação em nosso país.

O clima natural das letras e das artes é o da liberdade de pesquisa formal e de descoberta de

temas e perspectivas. A arte tem seus modos próprios de realizar os fins mais altos da

socialização humana, como a autoconsciência, a comunhão com o outro, a comunhão com a

natureza, a busca da transcendência no coração de imanência.

CONSCIÊNCIA CULTURAL: Como desenvolver?

É necessário:

a) saber que todo povo exibe comportamentos culturalmente condicionados;

b) entender que idade, sexo, classe social e local de residência influenciam os modos como o

povo fala e se comporta;

c) tornar-se consciente do comportamento convencional em situações comuns na cultura

alvo;

d) aumentar a consciência das conotações culturais das palavras e frases na língua de cada

cultura;

e) desenvolver a habilidade para avaliar e refinar generalizações sobre a cultura em questão,

com vistas a sustentar evidências.

f) desenvolver as habilidades necessárias para localizar e organizar informações sobre cada

cultura;

g) estimular a curiosidade intelectual sobre a cultura alvo e encorajar a empatia em relação

ao povo;

h) reconhecer que nem todo ensino sobre cultura implica mudança de comportamento, mas

consciência e tolerância em relação às influências culturais que afetam nosso próprio

comportamento e o dos outros.

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ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA CULTURA:

produtos comportamentosliteratura costumesfolclore hábitosarte vestimentasmúsica culináriaartesanato métodos de trabalhológica lazermodos e seleção de meios para solução de problemasrituais organizacionais valoressímbolos gestos...

OS EXECUTIVOS NO MUNDO DOS NEGÓCIOS E O PROBLEMA DO

CONHECIMENTO DAS CARACTERÍSTICAS CULTURAIS

Síntese dos aspectos principais das considerações de Akio Morita e David Rockefeller

AKIO MORITA

1. O conceito de “nação” também é muito diferente. Os japoneses nascem japoneses. A América do Norte é constituída de imigrantes que chegaram a este litoral com e intenção de se tornarem americanos.

2. Em todos os encontros internacionais de que participei, sempre saí preocupado com o silêncio e a hesitação dos japoneses nas discussões, pois segundo a tradição japonesa discutir com um amigo é uma falta.

3. Para um japonês, uma reunião significa algo diferente do que é para um americano.

4. Na medida que os japoneses se internacionalizaram, se mostraram mais dispostos a dizer “não”.

5. Os Estados Unidos e o Japão devem aprender a compartilhar a soberania, assim como os europeus estão fazendo no processo de integração.

6. No caso de Hiroshima, em vista do meu conhecimento científico, era óbvio que os

DAVID ROCKEFELLER

1. À medida que o Japão cresce como força econômica, em algumas áreas vocês são mais fortes que a América do Norte. Os EEUU têm que aceitar, minimamente, uma posição de igualdade com o Japão na linha de frente econômica.

2. Já era evidente que nossa visão dos japoneses como excelentes copiadores, que nada criaram de seu, era um mito.

3. Em muitos aspectos, 1962 foi o ano da decolagem do “milagre japonês”.

4. Ainda aplicamos as mesmas leis que existiam quando uma empresa era claramente americana. Hoje são muitas as empresas internacionais.

5. Nos últimos 4 anos, as importações do Japão pelos EEUU quintuplicaram, enquanto as exportações cresceram apenas cerca de 10%.

6. O arroz é protegido no Japão. Mas se os seus pudessem comprar arroz mais barato o

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EEUU tinham saltado vinte anos no futuro.

7. Você deve se lembrar também de que as pessoas no Japão nunca encararam realmente os americanos como inimigos.

8. Muito do que se atribui à tradição japonesa- como o emprego vitalício e a orientação administrativa – resultaram da política americana do Q.G. de MacArthur. Por isso acho irônico, quando o governo americano acusa o japonês de excesso de “orientação administrativa”.

9. As indústrias japonesas são discípulas da “escola de fabricação americana” controle de qualidade, tecnologias de produção, técnicas contábeis e todos os modernos métodos de gerenciamento.

10. Não teríamos sido bons alunos se não ampliássemos o que aprendemos na escola.Com o “Made in Japan” consolidamos as exportações e começou o conflito comercial

11. É muito difícil para os japoneses e outros seguir o ritmo americano de mudança de idéias.

os nossos pudessem comprar açúcar mais barato, estariam melhor servidos, não?

7. Ao contrário do que muitos pensam sobre a compra do Rockefeller Group, foi nossa família, e não a Mitsubishi, que deu início às negociações.

8. Seja por que razões forem, políticas ou outras, o Japão leva um tempo muito longo para chegar a uma conclusão.

9. Apesar de nossos problemas serem sérios, e não devemos cometer o erro de minimizá-los, são administráveis porque temos interesses mútuos suficientes para motivar o esforço necessário.

Fonte: MORITA; ROCKEFELLER (1998). Diferenças Culturais e o Novo Papel Mundial do Japão. In: P. GARDELS, Nathan (Org.). No Final do Século. Rio de Janeiro: Ediouro, 1998.

QUE FAZER?

A INDIFERENÇA COMPLACENTE PARA A CLASSE PERIFÉRICA GLOBAL

(Síntese dos comentários de François Mitterrand à MIDIA)

1. A verdade é que o planeta se tornará inabitável se admitirmos a ilusão de que precisamos

mantê-lo habitável apenas para uns poucos.

2. Apesar da crença de que o mercado global é a panacéia para todos os males, as

desigualdades continuam a crescer.

3. Se não houver desenvolvimento, não poderá haver uma paz duradoura nos países

assolados pela violência.

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4. O Sul por sua vez, deve entender que é impossível ter prosperidade econômica sem

eficiência democrática. Somente na democracia é possível resolver conflitos sem o uso da

força e da violência.

5. Se todos os países industrializados se comprometessem com a meta de reservar 0,7% do

produto bruto interno para o auxílio ao desenvolvimento, haverá uma disponibilidade de

130 bilhões de dólares para investimento na infra-estrutura da saúde e educação nos países

pobres.

6. O Fundo Monetário Internacional (FMI) também deveria instaurar direitos de saque para

os países-membros mais necessitados.

7. Os líderes dos países em desenvolvimento deixaram claro que não querem se

completamente sacrificados ao liberalismo intolerante dos mercados livres globais.

8. Quando os países do Sul se organizam na busca de preços justos para as suas mercadorias

– seja café ou madeira – no mercado internacional, estão no caminho certo.

9. Não podemos mais simplesmente confiar o desenvolvimento mundial tão somente às

regras monetárias. Pelo contrário, a segurança econômica em escala mundial deve ser

parte de um programa de reforma de todas as instituições multilaterais, desde a

Organização Mundial de Comércio até a própria ONU.

Sistemas para Abordagem Intercultural

1. EDUCACIONAL 5. ASSOCIATIVO

2. ECONÔMICO 6. DE SAÚDE

3. POLÍTICO 7. RECREACIONAL

4. RELIGIOSO 9. FAMILIAR

10. COMUNICAÇÃO

MUNDO ÁRABE?

AMÉRICA LATINA?

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“A única característica distinguível em nós, norte-americanos, é que adoramos água com gelo”.

Mark Twain

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Choque Cultural - o que é: resumos de harris e moran

Choque cultural é uma desorientação psicológica causada por mal entendido ou desentendimento causado por diferenças culturais. Ele ocorre devido à falta de conhecimento, experiência e/ou rigidez pessoal.

W.J. Redden

É um desconforto, um mal estar, causados por inúmeras diferenças costumes, sistemas de valores, atitudes e hábitos de trabalho e que tornam difícil o convívio, o desempenho e até o raciocínio em ambientes culturais diferentes.

L. Stessen

Uma doença ocupacional que pode acometer pessoas que vão trabalhar em outras culturas. K. Oberg

A doença da mudança rápida e radical.Toffler

Choque Cultural - Como Aprendizado Profissional e Humano

Fatores que Contribuem para o Choque Cultural

1. Etnocentrismo Ocidental (especialmente Primeiro Mundo)

2. Inexperiência Intercultural

3. Grau de Flexibilidade de Conhecimento

4. Grau de Flexibilidade Comportamental

5. Desconhecimento Cultural Específico

6. Desconhecimento Cultural Geral

7. Comportamento Cultural / Social Geral

8. Sensibilidade / Insensibilidade Interpessoal

Harris / Moran

Sintomas confusão – ansiedade – angústia – hostilidade – medo – reações fisiológicas – agressividade – violência – fuga – raiva – queda na auto-estima – prepotência – autoritarismo – submissão.

Parem o Mundo que Eu Quero Sair

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Valderez F. Fraga

1. Introdução

A literatura em educação internacional, em comunicação intercultural ou em desenvolvimento

e treinamento intercultural trata recorrentemente de choques culturais.

A ênfase a esse problema parece dever-se aos seus efeitos, tidos quase invariavelmente, como

nefastos sobre as pessoas, dificultando o relacionamento humano em geral e minando

possibilidades de realização de acordos e negócios, especialmente internacionais.

Harris e Moran, há quase duas décadas, já dedicavam uma unidade de seu livro em

interculturalidade à questão do choque cultural (1979, p. 55-124), oferecendo interpretações

de vários autores sobre o que seria um choque cultural. Entre esses exemplos, quatro são

apresentados a seguir:

Choque cultural: o que é?

Choque cultural é uma desorientação psicológica causada por mal entendido ou

desentendimento causado por diferenças culturais. Ele ocorre devido à falta de

conhecimento, experiência e/ou rigidez pessoal. (W. J. Redden)

É um desconforto, um mal estar, causados por inúmeras diferenças costumes, sistemas de

valores, atitudes e hábitos de trabalho e que tornam difícil o convívio, o desempenho e até

o raciocínio em ambientes culturais diferentes. (L. Stessen)

Uma doença ocupacional que pode acometer pessoas que vão trabalhar em outras culturas.

(K. Oberg)

A doença da mudança rápida e radical. (Toffler)

O que essas concepções têm em comum é a palavra choque interpretada como algo, se não

maléfico, pelo menos ameaçador.

Na verdade, o choque cultural apresenta-se com intensidades diferentes, movimenta-se em

direções distintas e implica reações muito diversificadas para as pessoas envolvidas.

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Um choque cultural pode, por exemplo, gerar profundo mal estar, paralisando, desorientando

as pessoas. Pode ser um impacto tanto exercido sobre o outro quanto recebido de outro, além

de poder ser observado entre terceiros. Pode, também, gerar reações de agressividade ou

conflito velado e, em contraste, pode até, em alguns casos, implicar sensações de reconhecido

alívio de tensão.

2. Choque à brasileira: exemplos e reflexões

Independentemente de seu impacto ser positivo ou negativo, a significância do choque

cultural continuará a estimular seu estudo, o que a globalização deve intensificar.

A velocidade da geração de informações, o imediatismo dos contatos e a avalanche de novos

produtos e processos tornam o estudo do choque cultural cada vez mais necessário para

humanizar transações em qualquer dimensão, seja interpessoal, seja intergrupal ou, ainda,

internacional.

A alternativa negativa é adequada à expressão brasileira: “valeu a experiência” cujo

significado é aprendizado diante de situações críticas, e até mesmo sofridas, às quais

qualquer pessoa está sujeita.

Partindo do pressuposto da significância do estudo do choque cultural, seguem algumas

narrativas com os objetivos de mostrar aos brasileiros que sua presumida flexibilidade não o

imuniza contra a categoria negativa de choques e de oferecer a estrangeiros uma possibilidade

de compreenderem reações culturais de brasileiros.

A primeira delas veio de uma estudante brasileira, em pós-graduação nos EUA, com seu estilo

amistoso e a clássica interpretação do estilo norte-americano como sendo frio e distante,

zeloso por privacidade, em contraste com a intimidade considerada saudável entre os

brasileiros.

FRIEZA

“Essa é uma coisa que eu até agora não digeri muito bem. Por mais caloroso que seja o seu

‘obrigado’, a maioria dos americanos não responde ‘you are welcome!” ou ‘don’t mention it’,

como eu aprendi no curso de inglês, no Brasil. Em resposta, eles fazem um barulho com a

garganta, algo parecido com ‘hum-hum’.

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A propósito da frieza, vai aqui uma passagem que está fresquinha na minha memória.

Soubemos, por intermédio de um dos professores, que uma de nossas colegas de turma estava

no hospital. Isso era tudo o que ele sabia e discretamente sugeriu que nós procurássemos ter

notícias dela. Uma semana depois, como a colega não havia voltado às aulas, coloquei uma

mensagem no quadro de avisos eletrônico da turma, perguntando se alguém tinha notícias

dela. Três dias depois, recebi uma resposta. Era de uma das alunas do mesmo grupo que a

hospitalizada, dizendo que havia tentado contato telefônico e não tinha conseguido notícias.

Bem, resumindo: ontem, duas semanas depois, a aluna voltou às aulas. Sabe quantas pessoas

se aproximaram dela para dar as boas vindas? Uma. Advinha quem? Eu, a coração-mole de

plantão. Claro que não perguntei o que ela tinha ido fazer no hospital. Falei que era bom tê-

la de volta. E isso, no estilo business daqui, bem rapidinho, só de passagem. Mesmo assim,

ela ficou surpresa” (S. Basílio; Valore-RH, 1998).

Certamente, esse depoimento dá oportunidade a aprendizados mútuos, entre brasileiros e

norte-americanos, através de crítica e autocrítica que programas de desenvolvimento

intercultural podem implementar, visando ao convívio mais receptivo entre as pessoas.

Dois outros depoimentos de brasileiros foram colhidos entre profissionais em comércio

exterior, alunos de pós-graduação, no Brasil, e oferecem uma segunda oportunidade para

reflexão, em busca de compreensão, intercultural.

BEIJAR OU NÃO BEIJAR EIS A QUESTÃO

“Foi muito válida minha experiência nos EUA; contudo, não deixei de passar por algumas

situações embaraçosas. A primeira delas ocorreu logo na minha chegada à casa da família

americana. Quando desci do furgão que me buscou no aeroporto e beijei o rosto de minha mãe

americana, logo percebi que ela não gostou, esboçando um sorriso completamente forçado.

Naquele momento, o que fiz foi simplesmente fingir não haver entendido. Mais tarde, vim a

perceber que um beijo naquele país não era algo tão comum como por aqui” (R. Fumagali;

COMFINT/FGV, 1997).

Nos Estados Unidos, quando morei lá, (...). Vocês imaginam como uma mineira natural do

Estado de Minas Gerais, cuja sociedade costuma ser considerada tradicional como eu teria se

sentido ao chegar em uma reunião, considerada de comunidade, com a presença do pastor,

onde todos, naturalmente, se cumprimentavam beijando-se na boca? Sinceramente, jamais

esquecerei meu mal estar!” (M. F. Almeida; COMFINT/FGV, 1997).

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Essas duas últimas narrativas suscitaram outras reações espontâneas entre os sujeitos, alunos

de um curso de comércio exterior, bem ao estilo brincalhão dos brasileiros, tais como: “afinal

qual é a dos norte-americanos, beijar ou não beijar?” Ao que se seguiram outras reações bem-

humoradas como: “Beijar nos USA sim, mas somente na boca”.

Neste ponto, seria oportuna a citação de Mark Twain escolhida por Harris e Moran (1979)

para ilustrar os desafios das diferenças culturais dentro de um mesmo país, o que leva a

descartar a interpretação simplista de homogeneidade: “A única característica distinguível em

nós, norte-americanos¸ é que adoramos água com gelo”.

O humor de Mark Twain leva ao extremo esse desafio das subculturas, as quais podem

assumir formas difusas em algumas ocasiões, para voltarem a surpreender com suas

especificidades, quando mais se precisar de traços culturais nacionais.

Provavelmente, os embaraços citados acabem ocorrendo entre os próprios norte-americanos.

É possível que beijar ou não beijar seja um dilema para pessoas de diferentes regiões daquele

grande país, da mesma forma que brasileiros, convivem com dúvidas semelhantes no Brasil.

Na verdade, para que a gangorra da unidade cultural e das diferenças subculturais balance,

não é necessária a existência de diferentes dialetos, como ocorre com a Itália, muito menos de

diferentes etnias e linguagens, como é o caso na Costa do Marfim, onde essas fortes

diferenças acabam levando nativos a recorrerem ao idioma do colonizador, o francês, para

estabelecerem uma conversação. Fica claro que, mesmo na homogeneidade idiomática, como

é o caso tanto dos EUA, com o inglês, quanto do Brasil, com o português, as subculturas,

subsistem e podem tanto gerar choques quanto representar dificuldade para delinear

diferenças, conforme nos revela o oportuno humor de Twain. Valeria, aqui, ilustrar essa

questão com a expressão hispânica: “yo no creo en brujas pero que las hai, las hai”, porque,

quando se começa a sentir um certo conforto diante da expectativa de “homogeneidade”,

surge uma diferença inusitada para espantar a congruência cultural nacional. Esse desafio é

tão forte que a literatura sobre choque cultural chega a empregar a expressão “estranhos de

nós mesmos” (York, 1994), para descrever uma vivência de re-entry, quando a dificuldade é

encontrada no retorno a cultura de origem.

Ultimamente, a análise de situações, as sugestões e orientações para superar choques culturais

continuam a manifestar a preocupação dos autores com esse processo que Kohls, em The

survival kit for overseas living, descreve como “pronunciadas reações psicológicas que a

maioria das pessoas experimenta, quando submetida a uma cultura diferente da sua, podendo

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ocorrer hiperirritabilidade, amargor, ressentimento, saudades de casa e depressão” (Kohls,

1996, p. 87).

A descrição de situações adversas, de possibilidades de choque e de sugestões para minimizá-

los cobre um amplo espectro, a exemplo do que apresenta Cathy Tsang-Feign em Living

Abroad (1996), quando trata, com grande sensibilidade, questões, problemas e soluções

relacionados à mudança, ao estresse e, no retorno às origens, busca de apoio psicológico

profissional, problemas que afligem pessoas que vão enfrentar novas culturas e que se

agravam com as pressões do trabalho em circunstâncias pouco familiares.

Os dois depoimentos seguintes, além de revelarem o choque de descobrir coisas como, por

exemplo, que filas no atendimento ao público não são uma fatalidade, indicam possibilidades

da ocorrência de um processo de re-entry ambíguo, isto é, conturbado por um lado e, feliz

pelo outro. Aliás, essa ambigüidade de sentimentos é muito comum nos processos de retorno

à cultura de origem, o que também ameaça o equilíbrio das pessoas, especialmente nos

primeiros meses de retomada de seus antigos postos de trabalho, após vivências no exterior.

FILAS

“Acho que as filas são como um recibo de incompetência. Em qualquer lugar, no

supermercado, nos bancos etc., quando as filas começam a crescer um pouco mais, logo

surgirá alguém, do nada, para abrir uma nova caixa registradora, para o alívio dos clientes.”

THIS IS NOT MY BUSINESS

“Acho que essa é a frase de pára-choque dos americanos. E eles a usam sem qualquer

inibição. Quer um exemplo? Meu marido estava estudando na biblioteca, em uma grande

mesa. Ele resolveu ir beber um pouco d’água e perguntou a um estudante que estava na

mesma mesa se ele poderia dar uma olhadinha no material. A resposta foi: ‘No. It’s not my

business. This is your responsibility’”.

Aqui ninguém faz nada de graça para ninguém, o que pode ser muito bom ou muito ruim. O

brasileiro que vem para cá achando que vai continuar resolvendo as coisas na base do

‘jeitinho’ leva um grande susto” (S. Basílio; Valore-RH, 1998).

O que isto quer dizer é que, no Brasil, esses pequenos favores são rotina. Dificilmente alguém

cogitaria não atender a pedidos dessa natureza.

Mas, será que a redução do chamado choque cultural a impactos negativos é coerente com a

realidade? Ou será um fenômeno mais complexo, podendo gerar efeitos semelhantes aos das

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estórias românticas segundo as quais uma pancada na cabeça que levou à perda de memória

pode também recuperá-la imediatamente? Será possível que o impacto de um choque cultural

possa tanto causar mal quanto bem às pessoas?

A investigação realizada entre colegas de trabalho e com alunos em comércio exterior, na

maioria profissionais atuantes nesse mercado, leva a duvidar de que choque cultural seja,

necessariamente, um impacto negativo. Parece mais algo que pode tanto surpreender ou

apenas intrigar quanto oferecer razões para respeito por diferenças manifestas e até mesmo

estimular o senso de humor, que ameniza impactos de situações embaraçosas.

Os exemplos a seguir foram selecionados com o objetivo de ilustrar uma possível nova

categoria de choque cultural, baseada em reações de surpresa, ou intrigantes, de perplexa

admiração ou, ainda, de forte estímulo a reações bem-humoradas.

O traço comum entre esses exemplos é a possibilidade de aprendizado sem traumas que eles

apresentam.

BANHO À JAPONESA É PREPARADO!

Chegando ao Japão, após muitas horas de vôo e de aeroportos, somadas ao ritual de encontro

com a família japonesa de seu marido, uma jovem senhora brasileira desejava um banho.

“Não compreendi porque alguém ofereceu-se para preparar o banho. Ao entrar no banheiro

deparei-me com uma banheira vertical (furo-oke). Surpresa, pedi ajuda ao meu marido para

entrar nela. Então veio o susto. Além da sensação de opressão com o mergulho, a elevada

temperatura de água gerou um quase pânico.”

A engenheira brasileira, acostumada a não depender de ninguém para mais de um banho

diário, de chuveiro é claro, levou um susto com a novidade sobre a qual comentou: “Sabe que,

no final, foi relaxante?” (E. Srotome; Valore-RH, 1990).

ACIMA DOS CREDOS

“Realizando meu trabalho no México, convivi com muitas famílias. Um dia um colega me

disse: ‘hoje nós vamos visitar uma família protestante’. Ao chegar à residência, fiquei

surpreso ao encontrar, logo na entrada, uma imagem de Nossa Senhora. Ao sair, após um

produtivo e agradável encontro, indaguei da dona da casa: disseram-me que sua família era

protestante, mas, presumo que foi um engano, pois aí está a Virgem. Ao que ela respondeu

com orgulho de quem dá uma lição: somos protestantes sim, porém, esta é a Virgem de

Guadalupe” (L. G. Cruz; COMFINT/FGV, 1997).

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Realmente intrigante para um brasileiro que não imaginava encontrar em outro país a

tendência brasileira ao sincretismo religioso, ainda mais assumindo manifestações singulares,

como uma Nossa Senhora passar a ser, além de tudo, um símbolo nacional.

MELANCIA UMA QUESTÃO DE JUSTIÇA SOCIAL

“O fato que irei narrar aconteceu em Southampton, Inglaterra. Lá, era relativamente comum

mercados de hortifruti em locais que se assemelham a sítios, que vendiam seus próprios

produtos ou trazidos de outras localidades próximas. Em visita a um desses comércios,

encontrei, à venda, uma melancia. Não era muito grande, e o desejo de comer uma fruta tropical

me veio forte. Como éramos dois que, diga-se de passagem, comiam muito bem, achei melhor

levar a fruta inteira. Ao falar para o vendedor que desejava a melancia toda, ele se recusou a

vendê-la. Sem entender a razão, insisti, mas ele se manteve irredutível. Perguntei, já com certa

irritação, por que não poderia levar a melancia, já que estava disposto a pagar por ela. A

resposta foi surpreendente. Ele explicou-me que aquela era uma fruta difícil de obter e, caso eu

a levasse inteira, outras pessoas não poderiam comer. Fiquei impressionado, ele não estava

preocupado apenas em vender a mercadoria, mas em manter o compromisso social de

disponibilizar um produto para todos, da melhor maneira possível, arriscando-se, até mesmo, a

deixar de vendê-lo” (C. J. de Castro; COMFINT/FGV, 1997).

Esses exemplos dão indício de que, no momento em que o choque cultural não é percebido

apenas como uma ameaça, a ênfase em evitá-lo pode ceder algum espaço ao aprendizado,

transformando ocorrências de choque em vivências, a partir de fatos, ações ou reações

agradáveis ou não, que, devido ao potencial de aprendizado, passem a agregar algum valor.

Os exemplos apresentados revelam a importância da possibilidade de transformação dessas

situações em algo com o qual se possa aprender, sobre si mesmo e/ou sobre o outro, em busca

de compreensão intercultural.

Independentemente do que se conceba ser um choque cultural, vai aqui uma primeira “lição”

vinda de algum lugar via internet: “Lembre-se, você é um hóspede em outra cultura. Evite, a

todo o custo, criticar a cultura anfitriã”.

3. Metodologia do estudo: origem, propósito, objetivos, questões e referências

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O interesse por choque cultural já é antigo e a coleta de depoimentos para este artigo também

o é.

A motivação surgiu no curso de mestrado na The George Washington University (GWU),

com os professores Dorothy Moore e L. Nadler e os doutorandos Reynolds e Al Romailty,

devido a ênfase dada à questão do choque cultural nas disciplinas em educação e treinamento

em comunicação e relacionamento intercultural. As abordagens empregadas à época, tanto as

mais tradicionais quanto as experimentais, enfatizam a significância do choque cultural para o

desenvolvimento de compreensão entre alunos internacionais, aproximando-os apesar de suas

evidentes diferenças culturais.

Essa vivência estimulou a coordenação de um programa no Instituto Tecnológico de

Aeronáutica (ITA), com o objetivo de promover um aprendizado intercultural através de

encontros onde a troca de experiências vividas por professores/ pesquisadores no exterior não

enfocasse apenas aspectos tecnológicos, mas humanos, ao mesmo tempo que culturais e com

objetivos educacionais.

Além disso, a partir de 1994, palestras e disciplinas em cursos de comércio internacional,

tanto na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) quanto na Fundação Getulio Vargas

(FGV), possibilitaram dar continuidade ao levantamento, análise e formulação de

depoimentos enfocando o choque cultural. A partir dessas oportunidades, a investigação tem

sido enriquecida com a disposição dos alunos em geral com vivência intercultural para

relatar e discutir situações vividas, visando aprendizado intercultural mútuo.

Dessa forma, este artigo não trata apenas do resultado de uma pesquisa, mas de um projeto

cujo propósito envolve educação intercultural e pesquisa.

Os objetivos têm sido:

• estimular crítica e a autocrítica;

• desenvolver sensibilidade e técnicas de apreensão de diferenças culturais;

• analisar impactos e implicações de cada caso;

• buscar permanentemente dados e vivências a fim de elaborar conteúdos para discussão em

classe;

• produzir material para palestras e artigos;

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• contribuir para uma multiculturalidade orientada para a preservação de cada cultura como

original e única, simultaneamente à sua articulação ao “mundo da vida”, promovendo a

humanidade nas transações globais.

A proposta de educação intercultural em direção à multiculturalidade exige a clarificação de

dois conceitos envolvidos no processo. São eles: interculturalidade e transculturalidade.

Não se trata, com esses dois termos, do estabelecimento de uma hierarquia segundo a qual a

transculturalidade seria um nível mais elevado. Trata-se de movimentos complementares. A

interculturalidade é o inter-relacionamento de diferentes culturas nas suas diversas dimensões:

indivíduo/indivíduo, indivíduo/grupo, grupo/grupo, grupo/nação etc. Nesse movimento inter-

relacional as vivências podem ocorrer quando o trânsito intercultural é autêntico, isto é,

quando as inter-relações não são conflitantes, quando os envolvidos não provocam mutilações

ou exercem domínio cultural, nem sofrem mutilações ou domínio de detentores de outras

culturas. Movimentos dessa natureza possibilitam aos envolvidos uma melhor compreensão

de suas diferenças, o que não exige aceitação, mas respeito entre os diferentes.

A interculturalidade entre sujeitos permite o livre trânsito intercultural, quando a

subjetividade se manifesta mais como uma intersubjetividade. É nesse ponto que a

transculturalidade aparece como um saber, para compartilhar com os diferentes e suas

diferenças e, ainda, como um poder de possíveis transformações, orientadas para o em

comum.

Antes de esclarecer as questões do estudo é necessário abordar, ainda que brevemente, o

contraste entre globalização e mundialização da cultura

Enquanto a globalização considera os resultados econômicos, as preocupações da

mundialização da cultura extrapolam os resultados, para analisar as conseqüências. O estudo

Ortiz “Mundialização e Cultura” (Ortiz, 1996), realiza e estimula reflexões muito importantes

como, por exemplo: o discurso da globalização é universalista, contrastando com suas práticas

de exclusão, quando os indivíduos ou grupos humanos são classificados pelo consumo de

determinados produtos e serviços, que não os categoriza, mas que os hierarquiza. O discurso

da mundialização da cultura é multicultural e suas ações buscam a preservação da

singularidade em busca do em comum. É a prática do que Merleau-Ponty entende como

“participar do uno sem o dividir”, em Fenomenologia da Percepção.

As questões a serem respondidas no estudo são:

• Há valores envolvidos no choque cultural?

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• Que valores apresentam-se com intensidade nas reações apresentadas?

• Ocorreu choque cultural entre os sujeitos apesar da ausência física de pessoas da outra

cultura?

• O espírito da outra cultura foi percebido e descrito nas falas dos sujeitos?

• O que possíveis manifestações de choque cultural revelarão sobre os sujeitos?

• A experiência planejada foi eficaz em termos de educação intercultural?

• Como esse aprendizado se manifestou?

4. A rede de referências

A literatura em educação internacional é farta e, dentro desse escopo, é pródiga no tratamento

do choque cultural. Este é apresentado como tema, fator ou conceito recorrente explícito ou

subjacente em abordagens tanto de questões filosóficas, especialmente axiológicas, quanto

de problemas mais práticos, relacionadas ao gerenciamento, considerado vital ao mundo dos

negócios globais.

A evolução desses estudos possibilita observar que a ênfase no gerenciamento não obscurece

as questões éticas. É possível perceber essa postura em Harris e Moran (1979), já preocupados

com a transformação global, com valores, preconceitos, novos estilos de liderança. Além

desses autores, muitos outros, como é o caso de Hofstede (1983) estudando a relação entre

cultura e estilos gerenciais, buscam um melhor relacionamento, especialmente respeito mútuo

no mundo dos negócios. Nos últimos anos, a literatura dessa área de conhecimento vem

oferecendo estudos como o de Mendenhall, Punnett e Ricks (1995), que descrevem o novo

panorama mundial, para discutir questões políticas, justificar a significância do estudo da

cultura, revelar as novas faces das relações de trabalho com a globalização, a fim de,

principalmente, enfatizar a importância da ética para a ambiência mundial. Em toda essa

extensa obra, a sombra ou a luz do choque cultural está presente, algumas vezes mais outras

menos aparentemente, como uma ameaça ao convívio entre povos ou pessoas, ao que se

poderia acrescentar: como uma possibilidade de convívio produtivo. Quando esses autores

abordam os possíveis riscos que uma empresa poderá enfrentar no exterior, a compreensão de

diferenças culturais é vista como uma necessidade (Mendenhall, Punnett e Ricks, 1995, cap.

2). Da mesma forma, o sucesso das alianças na globalização aparece muito dependente do

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conhecimento cultural entre as partes, em especial do respeito mútuo. Com e para isso, é

fundamental o aprendizado que o choque cultural pode oferecer.

Diante da avalanche de produtos e serviços com os quais a tecnologia, especialmente da

comunicação, vem inundando a Terra, uma coisa é certa, a mera informação não será

suficiente para aproximar as pessoas. Os choques culturais serão cada vez mais freqüentes, e,

por isso mesmo, precisam ser transformados em fontes de aprendizado, para um convívio

harmonioso, onde diferenças devem enriquecer, não separar nem excluir ninguém.

Nesta era tecnológica, sobre a qual recaíram as expectativas de McLuhan de uma “aldeia

global”, está evidente que, com ou sem fios, a tecnologia vai interligando espaços

geográficos, eliminando distâncias físicas e acelerando vertiginosamente a velocidade dos

negócios, com informações em tempo real. Daí, porém, à semelhança com uma aldeia, há uma

grande jornada a ser empreendida e com enormes desafios. Percebe-se que, enquanto uma

aldeia constitui um mundo cultural singular, cujos valores, crenças e práticas subculturais

aproximam as pessoas, a globalização, com suas tecnologias, dá indícios de acirrar disputas,

de agilizar manifestações etnocêntricas, de contribuir para a exclusão de grupos humanos e de

favorecer tentativas veladas ou explícitas de dominação.

Na verdade, reduzindo-se a concepção de aldeia à facilidade de informação, apesar dos focos

de precariedade existentes, a rota do sucesso estaria bem delineada. Se, porém, a idéia de

aldeia incluir compreensão e respeito mútuo entre as diferentes organizações humanas, então

essa aldeia apresenta-se hoje, no máximo, como aspiração.

Observa-se atualmente a legitimidade das preocupações de Simon (1990, p. 184), quanto

questionou se os avanços tecnológicos não iriam facilitar aos homens o exercício de formas

mais sistemáticas e eficazes de egoísmo do que as já praticadas no passado.

Neste ponto, é oportuno incluir nessa discussão a questão da homogeneidade cultural, um

risco para a multiculturalidade que o poder da informação pode tornar dramático para cada

indivíduo em sua singularidade.

Reconhecidos os indivíduos como únicos e a educação como uma possibilidade de

diferenciação das pessoas, favorecendo o desenvolvimento de cada uma para a solução de

problemas cada vez mais diversificados e complexos deste mundo, certamente a idéia de

homogeneidade estará excluída.

A mundialização da cultura, como proposta de convívio entre os diferentes e suas diferenças,

não somente contribui para enriquecer as possibilidades de administração dos problemas dos

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homens, mas humaniza o processo de globalização, afastando fantasmas, tanto de dominação,

quanto de submissão ou de exclusões no mundo dos negócios.

Essa é uma proposta possível com a transculturalidade: a ação intencional de transitar pela

multiculturalidade global, respeitando diferenças e reconhecendo raízes que elevam a auto-

estima, desde a dimensão interpessoal até a internacional. Esse esforço pela compreensão

mútua pode fortalecer a confiança necessária ao compartilhamento que favorece a

transformação cultural no sentido da relevância do humano e da nutrição do espírito inovador.

Essa retomada ética da globalização poderá abrir possibilidades para o âmbito dos negócios,

que extrapolem a limitação dos resultados, viabilizando a análise crítica e antecipação de

conseqüências, o que legitimaria transações em geral no “mundo da vida”.

Todavia, ignorando-se essa reflexão, restaria apenas lamentar o desperdício da energia, da

inteligência e do conhecimento do homem, pelo fato de a inconseqüência de suas transações

transformar relações humanas em conflito e bens e serviços em instrumentos de discriminação

(Fraga, 1998, p. 17) e de exclusão.

Certamente, há uma longa jornada à frente até a concretização da multiculturalidade orientada

para o “em comum”.

Nesse ponto, vale observar a área da saúde que vem deixando para trás a violência de

determinados tratamentos por choque, sem, contudo, desconhecer a necessidade de empregá-

los em situações de vida ou morte. Além disso, tem especialmente buscado modalidades não-

agressivas de choque, visando à recuperação de movimentos e funções ao alívio de tensões e

dores.

Essas práticas de provocar choques para curar estimulam a investigação do choque cultural

para a solução de antigos e crescentes problemas humanos no âmbito intercultural. Pelo fato

de o choque cultural ocorrer independentemente da intenção dos envolvidos e de prescindir da

parafernália tecnológica para gerá-lo, será oportuno concentrar toda a energia na averiguação

de duas possibilidades como aprendizado em prol do humano do ser.

É nessa última direção que este estudo sugere uma caminhada, para a qual traz uma modesta

parcela de contribuição.

A necessidade de entendimento e de sensibilização para a possibilidade do choque cultural

como aprendizado vai tomando forma cada vez mais consistente, quando se começa a

construir uma ponte entre as preocupações de autores que tratam de ética nos negócios como

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Brown (1994) ou como Casson (1994), que analisa questões éticas na atividade econômica.

Isso porque, tanto os autores citados quanto James Collins (1995), que estuda a longevidade

de grandes empresas da atualidade ou Harman (1995), que aponta dilemas nas mudanças

globais, especialmente de paradigmas, vislumbram uma certa orientação da sociedade pós-

industrial para o holismo e para a espiritualidade, em preocupações com as incertezas futuras,

devido ao comportamento do homem em relação às suas organizações e à natureza. Todos

eles enfatizam o papel do espírito humano para um mundo de paz e prosperidade.

Percebe-se, então, que o vigor do espírito humano passa pela compreensão entre os homens,

para a qual o tratamento adequado tanto à questão teórica quanto à questão prática do choque

cultural passa a ser muito importante.

A próxima seção deste artigo descreve um trabalho realizado com esse objetivo.

5. Pesquisando para aprender/ aprendendo para pesquisar: sujeitos, objetivos,

procedimentos, postura e instrumental

Uma experiência repetida com seis diferentes turmas de alunos do Curso de Comércio

Exterior da Fundação Getúlio Vargas e quatro na Universidade Federal do Rio de Janeiro,

complementada por seis turmas de desenvolvimento gerencial em empresas, sendo quatro de

engenharia, uma de transporte e a última de serviços bancários, todas envolvidas com relações

internacionais, possibilitou reforçar a hipótese de que o choque cultural pode ocorrer

independentemente do contato direto com pessoas de outra cultura.

Durante essa situação pesquisa/aprendizagem, verificou-se que a presença física não é

requisito para a ocorrência de um choque cultural. Basta um fato ou sua narrativa para grupos

ou pessoas cuja cultura seja diferente daquele ao qual o fato ou a narrativa se refiram para que

o choque aconteça.

Esse projeto de pesquisa/aprendizagem foi realizado durante os anos de 1997 e 1998, no Rio

de Janeiro, envolvendo mais de 290 pessoas, alunos e profissionais, dos quais mais de 90%

encontravam-se em atividade no mercado de trabalho. O tempo de experiência dos sujeitos

em atividades internacionais variou entre seis meses e 20 anos, sendo a grande concentração

entre três e oito anos. Dos 290 envolvidos, 11% não tinha experiência na área de trabalho

internacional.

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A delimitação do estudo a sujeitos situados na cultura carioca representa uma limitação para

expectativas orientadas a resultados referentes a sujeitos brasileiros. É possível pressupor,

porém, que no caso da ampliação dos sujeitos ao Brasil, a diferença nos resultados estaria

mais relacionada a estilos de manifestação de choque do que à ausência de choque ou à

intensidade de seu impacto.

A estratégia de pesquisa participante reiniciava-se a cada turma, com a leitura individual de

um texto testado e escolhido, a partir de dois critérios principais:

um forte conteúdo cultural que possibilitou a aplicação da metodologia de

pesquisa/aprendizagem intercultural, pretendida;

o enfoque na realidade portuguesa, visando a alguma contribuição ao fortalecimento da

Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, no sentido da autenticidade do

relacionamento intercultural.

Após a leitura, cada participante era convidado a escrever suas impressões sobre o conteúdo

do texto e a anotar suas primeiras reações ou sentimentos relacionados ao mesmo.

Em uma terceira etapa, a estratégia planejada deixou espaço para a comunicação oral sobre

reações e opiniões diante do texto. Além disso, tanto a comunicação verbal quanto a não-

verbal, intencional ou não-intencional, foram consideradas, visando à apreensão dos sentidos

psicológicos da linguagem oral.

Os convívios interpessoal e intergrupal possibilitaram a etapa final de apreender, na realidade

concreta, o sentido fenomenológico da linguagem dos brasileiros sujeitos da pesquisa.

Um texto (Maia, 1997) foi selecionado e empregado como instrumento da pesquisa e de

educação intercultural, relatando o seguinte: Portugal manteria uma lista de nomes próprios de

pessoas que foram considerados indesejáveis e até proibidos de serem registrados em cartório.

Entre esses, muitos eram nomes de brasileiros conhecidos em Portugal por seus feitos, como é

o caso do campeão de fórmula 1m, Ayrton (Senna), alguns esportistas ou atores, atrizes e até

personagens de telenovelas brasileiras exibidas em Portugal. Além disso, a nota sugere a

existência de legislação sobre nomes próprios com orientações precisas sobre sua grafia. Essa

última informação foi confirmada por uma fonte legal portuguesa, em resposta à solicitação

da pesquisadora.

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6. Resultados da pesquisa/aprendizagem

Uma escala vai desde a crítica subjacente, a desaprovação discreta, a busca de justificativas,

passando da irreverência ao humor mordaz e chegando à indignação pode ser traçada com os

depoimentos colhidos.

A intensidade do choque foi avaliada nem tanto pelo significado das palavras emitidas, mas

pelo sentido psicológico que se pode apreender dessas palavras, em especial as grifadas,

quando à fala escrita foi somada a fala oral que é mais natural, manifestando valores. Esses,

por sua vez, possibilitaram a apreensão da lógica da linguagem que é cultural e cuja

fenomenologia (Kaplan, 1965) compreende, muito além do que Vigotski (1996, p. 123-124)

chama de “palavras dicionarizadas”, isto é, os sentidos psicológicos da fala. Tudo isso,

combinado com a presença dos interlocutores, fez aparecer o sentido fenomenológico, que é a

orientação geral da fala dos sujeitos brasileiros diante do texto, desvelando a sua

espontaneidade, ora com humor, ora com irritação, em postura de crítica/autocrítica.

A linguagem não-verbal, tanto a intencional quanto a não-intencional, foi fundamental para a

apreensão do espírito da fala dos interlocutores, o qual se manifestou tanto na intenção do

sorriso aberto que acompanhou, por exemplo, as palavras brincadeira lusitana, quanto na

comunicação não-verbal não-intencional dos olhares de desaprovação que acompanharam

depoimentos como os que seguem:

“Embora nós, brasileiros, sejamos todos um pouco portugueses, não dá para entender

tamanha preocupação com nomes. Certamente há coisas mais relevantes e urgentes para se

cuidar, até proibir e lutar contra, do que nomes. É preciso, sim, ter cuidado com nomes cujo

significado possa embaraçar as pessoas.”

“(...) por algum motivo que o texto não apresenta, a questão dos nomes em Portugal parece

ser extremamente importante. Para nós brasileiros, fica difícil entender toda essa relevância,

depositada pelo legislador na questão da escolha de nomes próprios das pessoas.”

Durante esta última manifestação, mesmo o sorriso comandado não conseguiu dissimular o

tom de desaprovação do depoente.

As diferenças subculturais dos dois grupos de sujeitos fizeram aparecer diferentes resultados,

porém, apenas quanto ao estilo de manifestação, porque o significado das palavras, seus

sentidos psicológicos e o espírito da cultura permaneceram os mesmos. Enquanto os

profissionais em programas de treinamento/ desenvolvimento gerencial nas empresas

reagiram mais contida e polidamente ao texto, os estudantes, apesar de em sua grande maioria

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atuantes no mercado de trabalho em comércio exterior, reagiram mais livre e informalmente

no ambiente acadêmico.

Os depoimentos a seguir, um resumo das falas escritas dos dois grupos de sujeitos, articuladas

às falas orais, bem como o estilo espontâneo das reações e a recorrência da crítica/autocrítica,

tornaram visível a ocorrência de choque cultural, variando apenas em intensidade, tipo de

impacto ou estilo pessoal de cada sujeito. Esses depoimentos foram extraídos do inventário

das anotações individuais entregues, lidas e discutidas em sala, o que possibilitará ao leitor a

constatação da ocorrência do choque, além da presença da autocrítica subjacente em alguns

depoimentos:

“Eis porque, entre outras razões, nós, brasileiros, somos o que somos.”

“O autoritarismo inibe a evolução, o crescimento e a atuação das pessoas.”

“Esse talvez seja mais um motivo para piadas dos brasileiros.”

“Uma língua, como tudo o que existe no mundo, tem que mudar. O dinamismo é inerente à

vida. Nós também esquecemos isso de vez em quando.”

“Portugal parece procurar manter uma identidade em todo o país, de modo a não existirem

estrangeirismos, agindo como se o controle sobre os nomes pudesse contribuir para isso,

evitando os modismos, como tantos que temos por aqui.”

“Talvez a atitude das autoridades portuguesas se deva à preservação das raízes culturais, mas

a custa da liberdade ?”

“Deve existir uma boa razão para isso.”

“Assim, até os grandes escritores podem escrever livros com títulos coerentes com a realidade

como, por exemplo, Todos os nomes, de José Saramago. Imaginem todos os nomes aqui neste

desvairado Brasil.”

“Engraçado, os portugueses! (burocráticos e convencionais).”

Após o resumo dos depoimentos, segue o rol das “palavras dicionarizadas”, empregadas pelos

sujeitos em reação ao texto. A apreensão dos sentidos psicológicos das mesmas tornou as

mensagens mais consistentes devido ao rico conteúdo cultural, manifestando sentimento de

desaprovação.

Nesse ponto da discussão, é oportuno retornar a Vigotski, porque ele considera o significado

de uma palavra “apenas uma das zonas do sentido, a mais estável” (1996, p. 125). O autor

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enfatiza que o “significado dicionarizado de uma palavra” não passa de uma “potencialidade

que se realiza de formas diversas, na fala” (1996, p. 125). Daí, a significância da metodologia

praticada no estudo que articulou a fala escrita à fala oral, permitindo a manifestação do

potencial das palavras escritas, fazendo aparecer, além da freqüência de choques, as suas

intensidades. A apreensão da intensidade foi favorecida pelo convívio entre sujeitos, incluindo

o pesquisador, que não assumiu uma postura intervencionista, para inserir-se no movimento

próprio dos sujeitos (Fraga, 1994, p. 9, v. 1). A preocupação do pesquisador não se relacionou

com a neutralidade, mas com o rigor que abordagem fenomenológica, por considerar o

estatuto do “corpo-próprio” (Fraga, 1994, p. 9, v.2), exige. Na verdade, o movimento/ação do

pesquisador orientou-se para uma subjetividade mais como uma intersubjetividade (Fraga,

1994, pp. 19, 41, 69, 152, 254, v. 1; 1994, p. 377-378, v. 2). Essa vivência em comum

possibilitou a articulação, não somente da fala escrita à fala oral, mas da comunicação verbal

e a não-verbal, tanto a intencional quanto a não-intencional. Esse compartilhamento

contribuiu sensivelmente para o surgimento de contextos que permitiram a clarificação dos

sentidos psicológicos das falas escritas e orais. O convívio facilitou, ainda, a apreensão do

sentido fenomenológico das reações dos sujeitos diante do texto, apesar das diferenças de seus

estilos e das diferenças dos dois contextos, o acadêmico e o empresarial.

É necessário esclarecer que em nenhum grupo de sujeitos as reações ocorreram na ordem

linear apresentada. As discussões, bastante emocionadas, alternavam críticas contundentes

com interesses em encontrar as causas que teriam levado os portugueses a tomar tais medidas.

Invariavelmente, porém, as discussões foram acirradas e o valor predominante nas

preocupações dos brasileiros foi a liberdade.

As manifestações desse valor apresentaram-se em um amplo espectro, desde o direito

individual de decidir quanto aos nomes de familiares até o questionamento da legitimidade

da ingerência do legislador na vida privada dos cidadãos.

No primeiro caso, foram citados inúmeros exemplos de uma prática cultural brasileira que

consiste em criar novos nomes de pessoas combinando dois ou mais nomes de membros de

uma família, como, por exemplo: Lucimar (Luci e Mario) ou Tanyara (Tania e Yara).

O relato de uma mestranda em administração pública, apresentado a seguir, ilustra essa

prática de criação de nomes no Brasil.

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“A escolha dos nomes de duas filhas foi realizada pelo casal e a idéia da composição do

primeiro deles ocorreu em um momento de grande perda para a mãe das crianças: a morte

de ambos os pais, em acidente de automóvel.

Nome criado para a primeira menina: Pethra. Composição do nome: nome do pai Pedro,

nome da avó materna Thereza, nome da mãe Yara.

Nome da segunda filha: Noha. Origem: a leitura de um livro cujo personagem principal

cativou o casal inspirou a escolha do segundo nome. A inversão do H foi uma tentativa de

favorecer a feminilidade do nome (originariamente masculino) suavizando a sua sonoridade.

Com o passar dos anos, ambas as meninas vêm expressando conforto e satisfação com os

nomes próprios que possuem” (Y. T. Vargas).

Essa segunda lista de manifestações dos sujeitos composta por substantivos adjetivados ou

não, apesar de não revelar o movimento de intensa argumentação e contra-argumentação

praticada pelos sujeitos, indica a orientação dessas discussões iniciais em direção a fortes

reações de desaprovação.

Quadro 1Subindo a ladeira da crítica

Preservação da cultura

Bairrismo

Medo da originalidade

Todo indivíduo é livre para escolher os nomes de seus familiares

Ditadura cultural

Brincadeira lusitana

Rigorismo jurídico

Tradicionalismo exacerbado

Autoritarismo

Preconceito

Constrangimento

Brincadeira de mau gosto

Conservadorismo

Interferência na vida privada

Nacionalismo exacerbado

Discriminação

Repressão

Burocracia

Espírito fechado

Preservação da cultura a qualquer preço

Cultura inflexível

Arbitrariedade

O terceiro inventário apresenta a nova rota das discussões que também não se desenvolveram

de forma linear, como a ordem do inventário poderá sugerir.

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Por outro lado, é importante esclarecer que os argumentos e contra-argumentos espontâneos,

estimulados pela proposta educacional multicultural visando a discussões sobre diferenças

e empenho em compreendê-las, não necessariamente em aceitá-las , encaminharam a

aprendizagem intercultural para apreensão e consideração da singularidade da situação

portuguesa. O debate fez aparecer uma nação com tradições e valores próprios, empenhada

em salvaguardá-los, diante de pressões culturais de vizinhos mais industrializados, somadas a

um certo grau de estranheza, relacionada ao idioma português no continente europeu.

Sob esse aspecto, a ordem do terceiro inventário, embora simplificadamente, indica o rumo

das discussões no sentido da compreensão do outro.

O impacto do choque cultural começou a amenizar-se justamente a partir dessa discussão.

Naquele ponto, as palavras emocionadas de Saramago em Viagem a Portugal desempenharam

um importante papel de permitir a vivência de calçar os chineles do outro, ao fazer aparecer o

elo indissolúvel da língua portuguesa existente entre portugueses e brasileiros.

As discussões acirradas começaram a ceder espaço ao silêncio do “em comum” com a leitura

de Saramago, quando lamenta: em certas ocasiões, em Portugal, o português ser o idioma que

se cala.

Então, a postura inicial de julgamento intempestivo começou a encaminhar-se

para o reconhecimento da singularidade do outro. Essa orientação geral das

discussões aparece no terceiro inventário (quadro 2).

Quadro 2

Descendo a ladeira das reações fortes, no sentido da compreensão

Indignação

Aprisionamento

Liberdade ferida

Usurpação do livre arbítrio

Direito de escolha tomado

Absurdo

Indiferença

Peculiar

Singular

Percepção da pressão do Primeiro Mundo

Perplexidade

Compreensão da insegurança

Hilário

Engraçado

Curioso

Diferente

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7. Algumas considerações possíveis

Os valores apareceram como razões, não como causas de choque cultural. Enquanto as

causas são factuais, os valores são culturais.

Foi elevada a intensidade do valor “liberdade”, encontrado tanto nos depoimentos escritos

quanto nos orais dos sujeitos.

O desconhecimento da realidade do outro reforçou o impacto do choque cultural,

enquanto a discussão daquela realidade estimulou reações de empatia, encaminhando a

subjetividade para uma intersubjetividade.

O texto constituiu uma presença cultural contundente da outra cultura, possibilitando a

apreensão do seu manifesto “espírito tradicional”.

Diferenças culturais apreendidas revelam o estilo informal e espontâneo dos sujeitos em

suas reações e falas, em contraste com o “estilo tradicionalista” da cultura portuguesa.

A experiência planejada para a prática do educar-se/educar, atrelada à pesquisa, revelou-se

eficaz para o aprendizado intercultural, favorecendo vivências e intensificando a

autocrítica em detrimento da crítica contumaz.

O fato de o idioma ser o mesmo nos dois países, contribuiu para a aproximação que

facilitou a compreensão do outro, favorecendo o surgimento de um fator motivacional

comum.

Esse fator motivacional comum, constituído pelo idioma, poderá contribuir para dar

consistência ao esforço pela articulação da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Uma certa intimidade dos brasileiros com os portugueses ficou aparente, não somente nas

brincadeiras sobre a cultura colonizadora, as quais, ao que se observa informalmente, são

recíprocas em relação os colonizados, mas através de uma certa sintonia estabelecida

pelos sujeitos brasileiros entre as duas culturas, a qual se mostra na crítica/autocrítica que

revela pontos comuns (como se vê nos depoimentos da seção 6 deste artigo). A

intensidade aparece no humor dos brasileiros apresentando o anti-herói português, bem

como acontece com os portugueses sobre os brasileiros, segundo relato dos sujeitos.

Seria também interessante desenvolver o estudo ampliando a escolha de sujeitos entre

brasileiros em geral, para transformar em hipótese o pressuposto apresentado neste artigo

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(quarto parágrafo da seção 5), porque os sujeitos residentes no Rio de Janeiro, ainda não

enredados na cultura carioca, já apresentaram indícios de que a hipótese se confirmaria,

isto é, o choque ocorreria, apenas as manifestações apresentariam estilos diferentes.

Seria oportuno investigar futuramente reações de sujeitos portugueses residentes no Brasil

e em Portugal, em relação ao texto e ao choque cultural constatado nos brasileiros, para

tentar apreender: que rumo tomariam essas reações e que possibilidades de empatia e

compreensão mútua poderiam promover a educação intercultural entre sujeitos

portugueses e brasileiros, visando a desenvolver propostas de ensino/aprendizagem

intercultural em busca da transculturalidade.

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PARTE 2 - COMUNICAÇÃO INTERCULTURAL

Um Modelo de Comunicação

Os diversos elementos e processos que intervêm na comunicação interpessoal podem resumir-se graficamente no seguinte modelo:

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Comunicação / Valores

• Platão“Retórica é Forma e Conteúdo Espiritual. O conteúdo espiritual dá força ao conhecimento da verdade.”

• Platão sobre Péricles“A grandeza de sua retórica está na profunda Cultura de Espírito. Seus discursos atingiram elaboração jamais alcançada por outro estadista.”

• Influência Grega sobre Cícero / Império Romano“Um político que engane o povo com sua retórica deve ser preso.”

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“Misleadings” das Traduções

Cracking an international market is a goal of most growing corporations. It shouldn’t be

that hard, yet even the big multinationals run into trouble because of language and cultural

differences. For example...

The name Coca-Cola in China was first rendered as Ke-kou-ke-la. Unfortunately, it wasn’t

until thousands of signs had been printed that the Coke company discovered that,

depending on the dialect, the phrase means “bite the wax tadpole” or “female horse stuffed

with wax”. Coke then researched 40,000 Chinese characters and found a close phonetic

equivalent,

“ko-kou-ko-le”, which can be loosely translated as “happiness in the mouth”.

In Taiwan, the translation of the Pepsi slogan “Come alive with the Pepsi Generation”

came out as “Pepsi will bring your ancestors back from the dead”.

Also in Chinese, the Kentucky Fried Chicken slogan “finger-licking good” came out as

“eat your fingers off”.

The American slogan for Salem cigarettes, “Salem Feeling Free”, got translated in the

Japanese market into “When smoking Salem, you feel so refreshed that your mind seems

to be free and empty”.

When General Motors introduced the Chevy Nova in South America, it was apparently

unaware that “no va” means “it won’t go”. After the company figured out why it wasn’t

selling any cars, it renamed the car in its Spanish markets to the Caribe.

Ford had a similar problem in Brazil when the Pinto flopped. The company found out that

Pinto was Brazilian slang for “tiny male genitals”. Ford pried all the nameplates off and

substituted Corcel, which means horse.

In England a US Company tried to market what Americans commonly refer to as “Fanny

Packs”. The work “fanny” is common British slang for a woman’s genitalia.

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When Parker Pen marketed a ballpoint pen in Mexico, its ads were supposed to say “It

won’t leak in your pocket and embarrass you”. However, the company’s mistakenly

thought the Spanish word “embarazar meant embarrass. Instead the ads said that “It won’t

leak in your pocket and make you pregnant”.

An American T-shirt maker in Miami printed shirts for the Spanish market which

promoted the Pope’s visit. Instead of the desired “I Saw the Pope” in Spanish, the shirts

proclaimed “I Saw the Potato”.

Chicken-man Frank Perdue’s slogan, “It takes a tough man to make a tender chicken”, got

terribly mangled in another Spanish translation. A photo of Perdue with one of his birds

appeared on billboards all over Mexico with a caption that explained “It takes a hard man

to make a chicken aroused”.

Hunt-Wesson introduced its Big John products in French Canada as Gros Jos before

finding out that the phrase, in slang, means “big breasts”. In this case, however, the name

problem did not have a noticeable effect on sales.

Colgate introduced a toothpaste in France called Cue, the name of a notorious porno mag.

In Italy, a campaign for Schweppes Tonic Water translated the name into Schweppes

Toilet Water.

Japan’s second-largest tourist agency was mystified when it entered English-speaking

markets and began receiving requests for unusual sex tours. Upon finding our why, the

owners of Kinki Nippon Tourist Company changed its name.

In an effort to boost orange juice sales in predominantly continental breakfast-eating

England, a campaign was devised to extol the drink’s eye-opening, pick-me-up qualities.

Hence, the slogan, “Orange juice. It gets you pecker up”.

Viajando pela INTERNET – 1997.

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Teoria da Atribuição – Comunicação Intercultural

A teoria da atribuição é aplicável na administração de situações, nas quais diferentes

culturas se cruzam, pelas seguintes razões:

1. Todo comportamento é lógico e racional dentro da perspectiva daquele que o possui.

(Em um seminário recente envolvendo empresários americanos e japoneses, um americano

perguntou a um japonês o que era mais difícil para ele nos Estados Unidos. O japonês

respondeu que “a parte mais difícil da minha vida aqui é entender os americanos. Eles são

muito irracionais e sem lógica”. Os americanos presentes ficaram surpresos e acharam

graça.)

2. Pessoas de culturas diferentes percebem e organizam seus meio ambientes de forma

diferente, a fim de que se tornem significativos para elas.

O trabalho efetivo com pessoas de culturas diferentes requer que façamos atribuições

isomórficas da situação. Atribuições isomórficas resultam numa avaliação positiva da outra

pessoa. Isso significa que podemos concluir corretamente o significado do comportamento

da outra pessoa dentro da perspectiva do mesmo.

O exemplo seguinte, citado por Harry C. Triandis, foi retirado dos arquivos de um

psiquiatra grego. Como informação inicial é importante lembrar que os gregos entendem a

função de supervisão de forma mais autoritária que os americanos, que preferem tomar

decisões de forma participativa. Leia primeiro a conversa verbal e depois as atribuições

feitas pelo americano e pelo grego.

Conversa Verbal* Atribuição2

AMERICANO: Quanto tempo levará para você terminar esse relatório?

AMERICANO: Eu solicitei sua participação.GREGO: Essa atitude não faz sentido. Ele é o chefe. Por que ele não me diz?

GREGO: Eu não sei. Quanto tempo devo levar? AMERICANO: Ele recusa ter responsabilidade.GREGO: Eu solicitei uma ordem.

AMERICANO: Você está em melhores condições de analisar sua necessidade de tempo.

AMERICANO: Eu o forcei a ter responsabilidade por suas ações.GREGO: Que absurdo! Eu deveria dar uma boa resposta.

* Este é um diálogo falado entre um americano e um grego. Poderia ser gravado, escrito ou filmado por ser manifesto. Por isso, pôde ser reproduzido.2 As “atribuições” feitas pelo americano e pelo grego, porém, não poderão ser reproduzidas, pelo fato de não haverem sido manifestadas.

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GREGO: 10 dias AMERICANO: Ele não possui habilidade para estimar tempo. Esse tempo estimado é totalmente inadequado.

AMERICANO: Você tem 15 dias. Concorda que você o fará em 15 dias?

AMERICANO: Eu ofereci um contrato.GREGO: Isto foi uma ordem: 15 dias.

De fato, o relatório necessitava de 30 dias de trabalho regular. Então, o grego trabalhou dia

e noite, mas no final do 15º dia, ele ainda precisava de mais um dia de trabalho.

Comportamento Atribuição

AMERICANO: Onde está o relatório? AMERICANO: Estou me certificando de que ele cumpriu o contrato.GREGO: Ele está pedindo o relatório.

GREGO: Estará pronto amanhã. Ambos atribuíram que não está pronto.

AMERICANO: Mas concordamos que ele estaria pronto hoje.

AMERICANO: Preciso ensiná-lo a cumprir um contato.GREGO: Chefe estúpido e incompetente! Além de dar ordens erradas, não aprecia o fato de que fiz em 16 dias um trabalho de 30 dias de duração.

O grego pede demissão. O americano fica surpreso.GREGO: Não consigo trabalhar para um homem como esse.

Considere também a situação a seguir. Leia primeiro a conversa verbal e depois a

atribuição.

Um empresário francês e um empresário americano estão discutindo política. As

afirmações foram ouvidas durante uma conversa real entre um francês e um americano. As

atribuições foram desenvolvidas, discutindo-se a conversa depois com o americano e o

francês.

Conversa Verbal AtribuiçãoAMERICANO: O que você acha sobre o novo movimento Pró-compra de produtos franceses?FRANCÊS: Bem eu geralmente compro produtos franceses por sua qualidade.

AMERICANO: Verei se é verdade que os franceses são chauvinistas.FRANCÊS: Ele não sabe que os melhores produtos são feitos na França? Os americanos sempre tentam livrar-se de seus produtos inferiores na França.

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AMERICANO: Eu li recentemente que Giscard d’Éstaing anunciou que comprar produtos importados é um voto contra o emprego. Você não acha que este momento abalará sua credibilidade com outros países da Comunidade Européia?

AMERICANO: Descobrirei o que ele acha da Comunidade Européia.

FRANCÊS: Por que ele está se intrometendo nos problemas da Comunidade Européia? Os americanos pensam que são donos da Europa.

FRANCÊS: Não se preocupe com a França. Eu presumo, que por volta de 1982, ela ultrapassará os Estados Unidos em PIB.

E por falar nisso, por que os Estados Unidos estão deixando o Concorde fora de Nova York, senão por protecionismo?

AMERICANO: Talvez você esteja certo. Mas a opinião pública é oposta ao Transporte Supersônico.

FRANCÊS: Esses americanos nunca aprendem a “cultivar seu próprio jardim”. Dizem estar protegendo seu meio ambiente... mas se o Concorde fosse desenvolvido por eles, estaria pousando sobre o mundo inteiro.

FRANCÊS: Talvez, mas a opinião pública pode ser comprada nos Estados Unidos.

FRANCÊS: Os americanos são todos iguais, eles pensam somente o que a TV os manda pensar.

Os dois exemplos ilustram que, em quase toda a conversa intercultural, a afirmação de uma

pessoa leva a uma intimação, que não combina com a atribuição da outra. Estas são

atribuições não isomórficas, e estão funcionando em detrimento da relação.

A habilidade intercultural a ser desenvolvida por administradores que trabalham com

pessoas de outra cultura é a habilidade de fazer atribuições isomórficas; é ser capaz de

inferir ou atribuir à conversa verbal, ou ao comportamento, o mesmo significado que a

outra pessoa. Outro exemplo extremo é direcionar a sola dos pés para uma pessoa do

Oriente Médio. Isto não possui nenhum significado nos Estados Unidos, mas no Oriente

Médio é considerado um insulto.

_______________________

* Extraído, traduzido e adaptado por Valderez F. Fraga, de HARRIS, T.; MORAN, R. T. Managing Cultural Differences. Gulf Publishing Company.

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Estágios de Negociação: Norte-Americanos / Japoneses e Brasileiros 34

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Diferenças Culturais Observadas na Comunicação

JAPONESES Brasileiros Norte-AmericanosPeríodos de Silêncio

5,5 0 3,5

Conversas superpostas 12,6 28,6 10,3

Olhar direto ao outro por minuto 1,3 5,2 3,3

Fonte: Graham Journal of International Business Studies.

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Linguagem Corporal

Luise Hiraswa e Linda Markstein

Todos nós nos comunicamos uns com os outros, não verbalmente, bem como com palavras. A maior parte do tempo não estamos conscientes de que estamos fazendo isso; gesticulamos com as sobrancelhas ou com as mãos, encontramos o olhar e desviamos, mudamos de posição numa cadeira...

Essas ações, presumimos serem aleatórias e incidentais; mas os pesquisadores descobriram, recentemente que existe um sistema quase tão consciente e compreensível para eles quanto uma linguagem falada.

Cada cultura tem sua própria linguagem corporal e as crianças absorvem suas nuances junto com a linguagem escrita.

Um francês fala e se mexe em francês. A forma com que um inglês cruza suas pernas, não tem nada a ver com a maneira como um americano faz a mesma coisa. Os americanos, ao falarem, são capazes de terminar uma frase com um abaixar de cabeça ou de mão, ou ainda abaixando as pálpebras. Eles formulam uma pergunta com um levantar de mãos, um abaixar de cabeça ou da face, ou abrindo bem os olhos. Com um verbo no futuro, eles freqüentemente gesticulam com um movimento para a frente.

Existem expressões corporais idiomáticas regionais, também: um expert no assunto pode até identificar um nativo de "Wisconsin" só pelo jeito com que usa as suas sobrancelhas, durante uma conversação. O seu sexo, origem étnica, classe social e estilo pessoal, tudo isso influencia a linguagem corporal, daí a complexidade, pois, há o individual e o cultural juntos.

Não obstante, você se move e gesticula dentro da expressão americana, se você for nativo. A pessoa que é bilíngue de verdade é também bilíngue em linguagem corporal.

O famoso prefeito de Nova York: "FIORELLO LA GUARDIA", gesticula nas línguas Inglesa, Italiana e Yédiche (língua falada por grande parte dos judeus). Quando filmes dos seus discursos são passados sem som, não é muito difícil de identificar, pelos seus gestos, em que língua ele estava falando.Uma das razões das dublagens inglesas de filmes estrangeiros freqüentemente parecerem insípidas é que os gestos não combinam com a linguagem dos textos.

Geralmente, comunicação sem palavras atua enriquecendo as palavras.

O que os elementos não verbais expressam, freqüentemente, é muito eficiente, pois é o lado emocional da mensagem. Quando uma pessoa se sente aceita ou não aceita, em geral, é uma questão não do que foi dito, mas da maneira como foi dito.

O psicólogo ALBERT MEHARABIAN criou esta fórmula: Impacto total de uma mensagem = 7% verbal + 38% vocal (relativo à voz) + 55% facial (movimentos faciais).

A importância da voz pode ser observada quando você considera que, até as palavras, "Eu te odeio", podem soar sexy ou carinhosas.

Entendidos em CINÉTICA o estudo da comunicação através do movimento do corpo revelam não estarem preparados para estabelecer um vocabulário de gestos com precisão, apesar de tanta pesquisa na área.

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Quando um americano esfrega o seu nariz, isto pode significar que está discordando de alguém ou rejeitando alguma coisa; porém, há outras possíveis interpretações.

Um outro exemplo: quando um estudante, em conversação com um professor, sustenta o olhar do seu velho professor por um pouco mais de tempo do que o usual, isto pode ser um sinal de respeito e afeição, pode ser um desafio sutil à autoridade do professor, ou pode, ainda, ser algo completamente diferente dessas duas interpretações.

Os experts procuram padrões no contexto, não apenas gestos isolados.

A CINÉTICA é uma ciência jovem cerca de menos de trinta anos de idade. É uma contribuição das idéias originais de um homem, o antropólogo Dr. RAY L. BIRDWHISTELL. Porém, ela já oferece uma extensa variedade de pequenas observações que, lentamente vão possibilitando uma sistematização do conhecimento. Por exemplo: as sobrancelhas possuem um repertório muito grande, cerca de 23 posições possíveis. Os homens usam suas sobrancelhas mais do que as mulheres.A maioria das pessoas descobre que podem calar e concentrar-se em observar a linguagem corporal do outro, por, somente, 30 segundos de cada vez.

Qualquer um pode experimentar isso, apenas ligando sua TV sem o som.

Um dos elementos mais potentes na linguagem corporal é o movimento dos olhos.Os americanos têm muito cuidado ao encarar o olhar das pessoas. Na conversação normal, cada contato visual dura somente um segundo, antes de que um, ou ambos, desviem o olhar. Quando dois americanos olham inquisidoramente dentro dos olhos do outro, as emoções se elevam e o relacionamento de amizade se torna mais íntimo; por isto, cuidadosamente evitam que isto aconteça rotineiramente, pois é reservado para circunstâncias especiais.

Os americanos, no exterior, algumas vezes acham o olhar das pessoas de outros locais difícil de ser interpretado, até mesmo em seu próprio país, em regiões diferentes. Falando do exterior: TELAVIV era perturbador! reclamou um homem americano. As pessoas me olhavam diretamente na cara; eles me olhavam de cima a baixo. Eu fiquei imaginando qual a razão, se estava despenteado, ou se o fecho da minha calça estava aberto. Mais tarde, um amigo me explicou que os israelitas não pensam em nada quando olham fixamente os outros na rua, é apenas seu jeito de ser.Um comportamento considerado apropriado na rua, nos Estados Unidos, requer um "bom equilíbrio” entre atenção e discrição. Deve-se olhar para um pedestre, só o suficiente para mostrar que você está a par da presença dele.

Se você olhar muito pouco, você aparenta ser soberbo ou discriminador, se olhar demais, você será indiscreto. Geralmente, o que acontece é que as pessoas observam umas as outras até estarem cerca de 2,5 metros distantes, ponto no qual ambos voltam seus olhos para baixo.

O sociólogo "Dr. ERVING GODDMANN" descreve isso como: "Uma espécie de rebaixamento de faróis".

Em partes do extremo oriente, é deseducado olhar para a outra pessoa durante a conversação. Na Inglaterra, o ouvinte educado, olha atentamente para o interlocutor e abre e fecha os olhos, ocasionalmente, como sinal de interesse. Esse piscar de olhos não quer dizer nada para os americanos, que esperam do ouvinte uma inclinação de cabeça, sinal de assentimento ou murmurar algo, tal como: hum, hum. Assim, um homem pode, com êxito controlar seu rosto e parecer calmo, autocontrolado, ou inconscientemente dar sinais de ansiedade, por exemplo: seu pé está golpeando o chão constantemente como se tivesse vida própria. A raiva é outra emoção que os pés das pessoas podem revelar.

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Durante discussões, os pés geralmente ficam tensos e os americanos são atentos a isso.

O medo, às vezes, produz movimentos contínuos, dificilmente perceptíveis um tipo de tremor da perna; ou os movimentos sutis e provocantes que as mulheres usam, consciente e inconscientemente, também.

Estudos recentes sugerem que a postura corporal freqüentemente reflete a atitude da pessoa para com as pessoas que estão com ela.

Uma experiência indica que, quando os homens estão com outros homens de quem eles não gostam, relaxam, ou muito pouco ou demais, dependendo se eles vêem o outro homem como ameaçador ou com desdém.

As mulheres, nesta experiência, sempre demonstraram seu desencanto, com uma postura muito relaxada. As posturas corporais às vezes oferecem um guia para ampliar relacionamento dentro de um grupo.Imaginem que numa festa, os convidados tenham se irritado por causa de uma discussão sobre o radicalismo dos estudantes. Você poderia ser capaz de descobrir com os olhos os dois lados da discussão, pelas posturas corporais adotadas? A maioria dos prós, por exemplo, poderiam se sentar com as pernas cruzadas e, os contra, com as pernas estendidas, esticadas, e os braços cruzados. Os neutros, os de cima do muro, poderiam tentar um pouco de cada, cruzando as pernas e cruzando os braços.

Se um indivíduo, abruptamente, muda a posição do seu corpo na cadeira, isto poderia significar que ele discorda com o interlocutor, ou até que ele está trocando de lado. Mas, nada disso é claro, não representa um guia infalível; porém, é aparentemente bastante significativo para valer a pena observar-se.

Enquanto as crianças aprendem a linguagem falada e a do corpo posturas corporais apropriadas e o movimento dos olhos elas também aprendem uma coisa mais sutil: como reagir ao espaço à volta delas.

As pessoas andam por aí em uma espécie de bolha exclusiva, particular, o que representa a quantia de espaço aéreo que elas sentem que devem ter entre si e os demais. Os astrólogos, trabalhando com câmeras, registraram os terremotos e minúsculos movimentos oculares que traem o momento no qual a "BOLHA" individual é rompida.Como adultos, porém, ocultamos os nossos sentimentos atrás de uma cortina de palavras educadas. O Antropólogo Dr. Edward T. Hall assinala que, "para dois homens adultos, americanos, desconhecidos, a distância confortável para manter uma conversa particular é de um braço de distância a quatro pés (± 1,20m). Os sul-americanos gostam de parar bem mais próximos, o que cria problemas quando os dois encontram-se de frente, pois, à medida que o sul-americano avança, o norte-americano sente que o outro está forçando a barra. Quando o americano retrocede, o sul-americano acha que ele está com o pé atrás.” O americano e o árabe são menos compatíveis em seus hábitos de espaço do que os árabes e os sul-americanos entre si.

Os árabes gostam de contato próximo. Em algumas ocasiões, eles gostam de ficar muito próximos para conversar, fitando intencionalmente uns nos olhos dos outros. Essas são ações que o americano poderia associar como intimidade sexual, e poderia achar incômodo estar sujeito a elas, em um contexto não sexual.

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A quantidade de espaço que um homem precisa é também influenciada pela sua personalidade. Os introvertidos, por exemplo, parecem precisar de mais espaços para os cotovelos que os extrovertidos.

A situação e o "clima" também afetam a questão da distância. Os freqüentadores de cinema esperando na fila para ver um filme "sexy" se alinharão muito mais densamente que outros, esperando para ver um filme familiar, observam os pesquisadores. George Du Maurier certa vez escreveu: "A linguagem é uma coisa pobre". Você enche seus pulmões de vento e vibra uma pequena abertura na sua garganta e faz movimentos com a boca. Isso faz vibrar um par de pequenos tambores na cabeça, e o cérebro capta o significado toscamente. Que caminho tortuoso e que perda de tempo! A comunicação entre os seres humanos, seria muito chata se fosse feita só com palavras. Na realidade, as palavras são, geralmente, a menor parte da mensagem.

A QUESTÃO DO TOQUE, A RECEPTIVIDADE A SER SEGURADO PELO BRAÇO

APOIAR A MÃO NO OMBRO DO OUTRO, DAR UM LEVE PALMADA NAS COSTA,

ABRAÇAR, FALAR MUITO PRÓXIMO AO OUTRO, SÃO CARACTERÍSTICAS

COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL NA CULTURA BRASILEIRA. PODEM APARECER

COM MAIOR OU MENOR EVIDÊNCIA NAS DIVERSAS REGIÕES, MAS SÃO GESTOS

CULTURAIS PRESENTES EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL.

PORÉM, NÃO SÃO COMUNS NA AMÉRICA LATINA EM GERAL. PELO CONTRÁRIO.

Os povos das culturas andinas são avessos ao toque. Isso os incomoda. Os beijinhos nas

bochechas, porém, também aparecem entre nossos vizinhos latinos. Além disso, os brasileiros

habituados aos beijinhos entre mulheres ou entre homens e mulheres, nos cumprimentos

rotineiros mesmo no trabalho, poderão surpreender-se com o beijo entre executivos na

Argentina. As pesquisas revelam que não chega a ser um gesto rotineiro,,mas é muito comum

ocorrer como uma manifestação cultural autêntica.

Seguindo os Exemplos da Linguagem Corporal

C. Barnum e N. Wolniansky*

A globalização tem colocado uma grande quantidade adicional de tensão no já falho sistema de

interação humana, a que chamamos comunicação. Apesar dos prodígios da tecnologia, máquinas de

fax, conexões por satélite e correio eletrônico, nossas mensagens ainda devem passar pelo fator

humano.

E com a comunicação cruzando mais fronteiras, línguas, nacionalidades, culturas e épocas, a

confusão é normalmente inevitável. A comunicação escrita pode ser traduzida para ajudar a superar a

barreira da língua, mas quem vai traduzir a linguagem corporal?

* Traduzido de Global perspective. C Brown é Consultor avançado, na New York Consulting Network International e Wolnlansky é Diretor do programa American Management Association.

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Enfocaremos o impacto das insinuações não verbais em nossa comunicação. Estudos mostram que,

pelo menos 70% do que realmente é comunicado entre as pessoas é feito não verbalmente. (Para

mais informações nesses estudos e outras pesquisas, veja o livro de Aaron Wolfgang, Nonverbal

Behaviour. Perspective. Applications and Intercultural Insights. Hogrete International. 1984). Esse

tipo de comunicação envolve várias dimensões: distância e proximidade, contato visual, gestos com

mãos e braços, postura corporal, expressões faciais, contato físico, aparência, odor e silêncio.

CULTURALIZANDO AS INSINUAÇÕES NÃO VERBAIS

Nós rapidamente respondemos a essas insinuações nos primeiros segundos após encontrarmos

alguém. A partir disso, normalmente fazemos vários julgamentos. “Eles estão nos dizendo a

verdade?” “Nós gostamos deles?” “Eles gostam de nós?” Entretanto, as insinuações não verbais

variam consideravelmente de uma cultura para outra, e estranhos em uma terra estrangeira podem

entendê-las com um significado bem diferente daquele para o qual ela foi criada.

Esse foi o caso, quando Barbara Walters entrevistou o coronel Muamar el-Qaddafi na Líbia, na

primavera passada, para o noticiário de televisão 20/20. Após a entrevista, ela comentou: “Ele não

me olhava nos olhos. Achei desconcertante, ele permanecia olhando ao redor de todo o aposento,

mas raramente para mim.” Ela não estava acostumada com isso. Na América, quando as pessoas não

nos olham nos olhos, achamos que são evasivos, o que é traduzido como descrédito. No entanto, no

contexto árabe, o olhar contrito de Qaddafi foi, na verdade, uma gentileza para Barbara Walters.

Olhar direta e constantemente para uma mulher, seria considerado quase tão grave quanto uma

agressão física, em uma parte do mundo onde as mulheres ainda usam um véu para evitar contato

visual com os homens. Não olhar é o comportamento correto e, na verdade transmite respeito.

O contato visual é uma insinuação não-verbal que os americanos são condicionados a esperar em

graus variados. Nossa leitura dele é quase no nível subconsciente, exceto quando as expectativas não

são alcançadas. Então somos levados à preocupação, assim como Barbara foi.

Nós brasileiros precisamos ter cautela sobre contato visual com os norte-americanos. Na verdade,

eles esperam contato visual em situações e fração de tempo de acordo com seus padrões culturais

próprios e que são diferentes dos nossos. Padrões norte-americanos: momentos de solicitar, de dar

ordens, momento de comprometer-se ou discordar e as frações de tempo são pequenas. Caso

contrário, o contato visual é considerado embaraçoso ou íntimo.

Em muitas culturas orientais, por outro lado, não é apropriado olhar nos olhos de um superior com

freqüência. Um aceno com a cabeça é um sinal de respeito a uma figura de autoridade. Visitantes

pela primeira vez no Japão acham desconcertante, a menos que estejam relacionando-se com

japoneses acostumados a lidar com ocidentais. E na China, antigamente, professores missionários

tinham que se acostumar com alunos que não olhavam para eles, enquanto estavam falando.

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JOGUE COM SUAS CARTAS PRÓXIMAS AO PEITO

Temos sido advertidos que nossos olhos podem nos revelar em uma mesa de negociações, pois

nossas pupilas se contraem e dilatam involuntariamente, não só de acordo com a luz, mas, também,

em resposta as nossas emoções. Se você mostrar duas fotos idênticas da mesma pessoa e pedir para

que alguém escolha a mais atraente das duas, invariavelmente a pessoa selecionará aquela com as

pupilas dilatadas, sem saber realmente o motivo. Um negociador perspicaz sabe dizer se você ainda

está aberto a fazer concessões, ou não, ao observar suas pupilas. Alguns dizem que é por isso que

Yasir Arafat permanece de óculos escuros.

Mas você precisa estar fisicamente perto das pessoas para ver se o ponto negro no centro de seus

olhos está contraindo ou dilatando. Isso nos traz outra questão sobre comunicação não verbal:

distância.

Ouvimos a estória de um técnico de aviões Pratt & Whitney, que estava na Arábia Saudita treinando

sauditas na manutenção dos motores. Um dia, alguns de seus alunos encontraram-se com ele na rua.

Incomodava ao instrutor americano o fato de que os sauditas aglomeravam-se muito perto dele.

Então, ele dava um passo para trás para estabelecer uma zona de conforto entre ele e os alunos. Ele

caminhou para fora da calçada e foi atingido por um carro que passava. Por que ele não contou que

necessitava de espaço? Porque não queria ofendê-los.

Uma americana expatriada para negócios bancários, precisou ir a um consultório médico em Hong

Kong. Como havia chegado cedo e a sala de espera estava vazia, ela sentou-se perto da recepção.

Alguns minutos depois, outra pessoa chegou e sentou-se ao seu lado. Ela achou que foi uma atitude

agressiva, já que havia tantas outras cadeiras vazias na sala. Contudo, a pessoa chinesa presumiu que

os pacientes deveriam sentar-se em ordem de chegada, um tipo de organização popular em muitas

colônias de formação britânica.

ELES REALMENTE QUEREM COLOCAR AS MÃOS EM VOCÊ

Quanto mais ao sul você for na Europa ou na América Latina, mais próximas de você as pessoas se

colocarão e mais contato físico irão querer. Eles irão afagá-lo, segurar sua mão, tocar seu ombro, e

você poderá até mesmo sentir a respiração deles. Para a maioria dos americanos isso é ousado e

pessoal demais, é muita invasão do espaço deles. Jim Bostain, que dá dicas sobre a comunicação não

verbal, no seu vídeo Nonverbal Communication, When we are the foreigners, chama o nosso espaço

pessoal de bolha. Ele nos alerta para não ficarmos chateados quando as pessoas tentam romper

nossas bolhas, chocando-se conosco, esfregando, empurrando ou esbarrando na rua sem pedir

desculpas.

Os norte-americanos acham que é hostilidade, e que os nativos provavelmente estejam escrevendo:

"vá para casa ianque”, nas costas deles. Mas, na verdade, é assim que as pessoas locais se tratam

umas as outras. Esbarrar no outro é só o tráfego, e ninguém acha que é preciso se desculpar por isso.

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Os norte-americanos vivem em uma sociedade de raro contato, onde as pessoas permanecem,

aproximadamente, meio metro longe umas das outras. Tente medir a distância entre você e os outros

na próxima festa em que você estiver. Você provavelmente será capaz de esticar seu braço e alcançar

com seu polegar a orelha da pessoa na sua frente. Somente nas culturas orientais, as pessoas

prefeririam permanecer a essa distância. Isso é verdade no Japão, em particular, já que os japoneses

não querem bater suas cabeças ao inclinarem-se em reverência.

POSTURA TAMBÉM CONTA

A postura americana, por outro lado, geralmente causa mal-estar a muitos estrangeiros. Muitas

pessoas sabem que colocar os pés sobre a escrivaninha na frente de um árabe é considerado um

insulto. Esse tipo de comportamento relaxado seria desaprovado em quase toda cultura. Isso, segundo

culturas tradicionais, faria com que a figura de autoridade perdesse dignidade aos olhos do

subordinado, e os próprios subordinados nunca fariam isso na frente de seus chefes.

Até mesmo cruzar as pernas é menos respeitoso que manter ambos os pés no chão. Sentar de forma

relaxada na cadeira ou não levantar quando pessoas mais velhas ou superiores entram ou deixam o

recinto, também é ruim. Certifique-se de estar atento à arrumação dos assentos quando for escoltado

em uma sala de reuniões ou um restaurante. Você nunca errará se esperar alguém dizer onde você

deve sentar. Outros podem estar mais conscientes das formalidades que você. E, caso você seja o

anfitrião, é de bom tom que você se encarregue dessa arrumação.

Manter seu status pode também impedir você de fazer algumas coisas que fazemos em casa. Muitos

ainda recordam uma foto de jornal, do presidente Carter, caído nos braços de dois homens do Serviço

Secreto, depois de participar de uma corrida de verão. Na época, alguns amigos nossos do Oriente

Médio comentaram: “Como pode o líder do mundo livre estar na primeira página de nossos jornais,

vestindo roupas íntimas?”

Roupas de corrida são, certamente, menores que trajes de três peças. Não é esperado de um homem,

numa posição como a do presidente, permitir-se fotografar em roupas de corrida. Além disso,

mulheres americanas num país estrangeiro devem estar atentas à mensagem que transmitem, ao

correrem pelas ruas usando shorts e camisetas sem mangas. Elas podem ser abordadas ou, no

mínimo, encaradas. Embora os habitantes das grandes cidades estrangeiras não se choquem ao ver

mulheres ocidentais em trajes esportivos, eles podem não gostar de serem forçados a fazê-lo.

A lista de gestos de mãos e braços usados na comunicação não verbal é extensa. Contudo, vale a

pena anotar mais um: o sinal de O.K., convencionado por formar, com o polegar e o dedo indicador,

a letra “O”. É interpretado como um gesto obsceno na América Latina e Oriente Médio. O sinal do

polegar para cima é mais seguro**.

** Mas, não é tão seguro assim; na Austrália, por exemplo, não é bem aceito e nos países árabes em geral, bem como na Turquia, gesticular com as mãos não é recomendável.

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O SILÊNCIO FALA MAIS ALTO QUE AS PALAVRAS

Por fim, mas não menos importante, não se esqueça do impacto do silêncio, que pode significar

muitas coisas. No Oriente pode significar que você está tomando um tempo para refletir suas idéias

antes de dar uma resposta. Enquanto a maioria dos americanos se sentiriam inquietos pela mesma

quantidade de silêncio, japoneses, chineses ou coreanos iriam sentir-se em harmonia. Além disso,

assim como nos EUA, o silêncio pode ser usado efetivamente em outras culturas para demonstrar

desprazer. Ouvimos dizer que os japoneses usam isso ao negociarem com americanos. Já que a

maioria dos americanos sente desconforto durante longos períodos de silêncio, nós normalmente nos

precipitaremos e abaixaremos nosso preço, somente para fazer a conversa continuar.

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PARTE 3 - TREINAMENTO E DESENVOLVIMENTO

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Preparação de Pessoal para Desempenho Profissional em Outra Cultura

Etapas

1. Avaliação das pessoas/profissionais que serão enviadas para trabalhar com pessoas de outras culturas.- Desde: as necessidades técnicas ou científicas da organização,

passando por experiências, vivências e personalidade do candidato, até as características de seus familiares.

2. Orientação/ Treinamento/ Desenvolvimento- Desde: conhecimentos e reflexões sobre o país em que vive e onde

se situa a organização onde trabalha, passando pela história organizacional e pessoal/ profissional do candidato até a cultura do país, região e/ou pessoas que irá encontrar ou conviver.

3. Acompanhamento/ Apoio/ Feedback/ Vínculo- Desde dificuldades e sucessos pessoais / profissionais até re-

orientações especializadas.

4. Retorno a Sede - “Re-entry”Retomada das etapas (1 - 2 - 3) e Avaliação/ Feedback recíproco/ Registros e Sistematização de Experiências e Vivências, para futuros candidatos.

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Atuação Transcultural

Sucesso

- Perspectiva- - Empatia

- Respeito pelo outro- Tolerância à ambigüidade

- Relacionamento + Negócio

- Não julgamento de pontos de vista do Outro

Competências Técnica Administração Humana Competências

- Posturas de Superioridade

- Personalidade forte

- Inabilidade para ajustar-se

- Intolerância

Fracasso

______________________Esquema resumindo os estudos de Brent Ruben – C.S./R.U.

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PARTE 4 - VALORES E REFLEXÕES

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Sem Tempo e Sem Fronteiras

“O Orçamento Nacional deve ser equilibrado.

Os pagamentos a Governos Estrangeiros devem ser

reduzidos, se a Nação não quiser ir à Falência.

As Dívidas Públicas devem ser reduzidas.

A Arrogância das Autoridades deve ser moderada e

controlada.

As Pessoas devem novamente aprender a Trabalhar, em

vez de viver por conta Pública.”

Nós trabalhávamos arduamente... mas parecia que cada vez que

estávamos prestes a formar uma EQUIPE, passávamos por

uma reorganização. Só mais tarde em minha vida aprendi que

tendemos a encarar novas situações através de reorganização –

uma esplêndida maneira de criar a ilusão de progresso, mas

que, na verdade, gera ineficiência e desmotivação.”

Fonte: Marcus Tullius – 55 AC / Petronius Arbitror – 201 AC.

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Thanksgiving

Michelle Smyth

Thanksgiving is a national holiday celebrated throughout the United States, and is

also a day of religious observance, set apart to give thanks for the blessings of the

past year. It is also an occasion for family reunions, bountiful dinners and

festivities throughout the home.

Though the origin of the holiday has been attributed to a thanksgiving festival held

by Plymouth Colony, in Dec. 1621, such celebrations date from ancient times.

In the United States and New England it became a particularly popular holiday

when native fruits and vegetables, wild turkey, and pumpkin pies became

traditional foods for the day.

Canada has long celebrated a Thanksgiving Day, the date varying from year to

year, but it was finally placed on the 2nd Monday in October. Pan-American

Thanksgiving Day, observed annually by representatives of Latin American

countries in Washington, D. C. was first celebrated in 1909.

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Tradições Festivas

LABOR DAY

1º Domingo de Setembro, na maioria dos estados norte-americanos

VALENTINE’S

Day

14 de FevereiroDia de São Valentino

THANKSGIVING

DayA quarta quinta-feira de novembro – USA (1621)Thanksgiving dinner

INDEPENDENCE

Day

4 de Julho (1776)Feriado Nacional

CHRISTMAS 25 de Dezembro

CELEBRAÇÃO ANUAL

NEW YEAR’S

DayFERIADO NACIONAL

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HALLOWEENNOITE DE 31 DE OUTUBRO

TODOS OS SANTOS

Fonte: Elaborado pela autora.

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JORNAL DE BRASÍLIA – 22 de Dezembro de 1989 – página 2

Jeitão do Brasil

Valderez Fraga

As pessoas tendem a tirar van-tagens materiais a curto prazo e a achar que todos estão fazendo o mesmo.

Alguém interessado no bem comum seria uma exceção.

Sentimentos de desconfiança recíproca levam à descrença nas instituições de classe.

A falta de identificação com a organização a que pertencem leva as pessoas a não se empenharem em seu trabalho e a formação especializada é vista como um privilégio que prejudica os outros.

O sistema legal não funciona. Há uma tradicional confiança na impunidade.

Gorjetas para favorecimento e suborno ocorrem freqüentemente e, mesmo quando não ocorrem, é suposto que ocorram. Há atração por regimes autoritários embora não exista ideologia.

Os que pregam o interesse público ao invés do individual são vistos com desconfiança. “Onde desejaria chegar?”

Não há conexão entre a teoria e a prática política. Princípios abstratos são uma coisa e comportamento diário é outra.

Há escassez de liderança e desconfiança sobre os líderes que surgem.

Interesse pessoal e imediatismo são tão fortes que os que demonstram interesse público e objetivos a longo prazo não obtém boa margem de votos.

O interesse público das medidas políticas só prevalece quando cada indivíduo em específico pode beneficiar-se imediatamente com elas.

Não há confiança nas promessas políticas. As eleições favorecem os que pagam adiantadamente os favores prometidos.

Há venda de votos e não há estabilidade das instituições políticas.

A tendência de trocar de lado e de partido político é evidente.

Você acha que essas hipóteses se referem aos sentimentos do brasileiro, traçam o perfil da nossa sociedade, têm a cara e o jeitão do Brasil? É claro que sim, e pelo menos mais de cinqüenta e três pessoas de diferentes profissões, experiências e idades também concordam com você.

Quando encontrei as cópias dessas hipóteses em inglês na biblioteca da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro, corri às prateleiras motivada a conhecer tudo sobre essa pesquisa do “Brasil Hoje”.

Imaginem a surpresa, tratava-se de Potenza, sul da Itália, no atraso dos idos anos cinqüenta, através de uma pesquisa sociológica sobre “A Base Moral de uma Sociedade Atrasada”, de Edvard C. Banfield.

Imediatamente lembrei-me de um economista norte-americano no Brasil que, em 1987, após ouvir algumas características culturais do povo norte-americano, segundo a interpretação de um brasileiro, apressou-se por aconselhar:

“Bem, mas o Brasil é um pouco diferente, vai seguir outros caminhos”, e com olhar maroto e expressão desajeitada completou: “O Brasil pode certamente aspirar ser uma Itália no futuro, aliás, percebem-se muitas semelhanças entre os dois países”.

Uma verdadeira profecia. Hoje, diante dos desencantos políticos e sócio-econômicos, nos surpreendemos nas condições de uma das mais atrasadas regiões da Itália, há trinta e tantos anos atrás. Provavelmente, o diagnóstico e o conselho do autor do livro à Potenza dos anos cinqüenta também faça sentido para nós. Com palavras de Tocqueville esse autor já prescreveu: “Nos países democráticos, a ciência da associação é a mãe da ciência; o

progresso de todo o resto depende do progresso que ela fizer”.

A esta altura, apesar de não termos muito a ver com cultura norte-americana, é sempre bom lembrar Thomas Jefferson, afinal, trata-se apenas de uma antiga lição de duzentos e muitos anos.

Naqueles velhos tempos, Jefferson considerou a participação um requisito à democracia e o desenvolvimento de um elevado nível de discriminação do cidadão como condição para participar. Em suma, educação para participação.

Se essa lição ainda não parecer muito convincente é possível optar por uma à italiana. Aquela sociedade, pelo menos a partir dos anos cinqüenta, vem realizando uma profunda autocrítica, especialmente através do teatro e do cinema. Esse processo lento e desconfortável de identificar e revelar as próprias vulnerabilidades deslanchou na determinação que resultou num nível de modernização surpreendente.

A Embraer deu um importante passo para o reconhecimento da nova realidade italiana, optando pelo trabalho conjunto na tecnologia da aeronave AMX. A troca de experiências decorrente dessa iniciativa será fatalmente ampla entre as empresas envolvidas. Seria proveitoso que a sociedade como um todo também participasse dessa interação. Seria mesmo uma boa oportunidade para identificar que tipo de aluna é a sociedade brasileira, qual é o seu jeitão: aquela que só aprende com a sua própria experiência, ou aquela que aprende, mesmo através da experiência do outro, ou ainda aquela que não aprende nunca, nem com a própria experiência, nem com a de ninguém.

Valderez Fraga é consultora de recursos humanos da Embraer.

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No Comércio Exterior é Fácil Errar, Difícil é Recuperar os ClientesValderez F. Fraga

Um projeto de pesquisa operacionalizado em três diferentes etapas de entrevistas e troca de experiências, num total de três anos de duração, sobre o tema Implicações da postura assumida em contatos e negociação com clientes internacionais e que incluiu uma população de nove executivos, em programa de consultoria e 31 alunos de pós-graduação, lato sensu e 14 strictu sensu, todos atuantes nesse mercado de trabalho, revelou o que segue.

Entre seis entrevistados, na consultoria, sobre possíveis erros de postura, na condição de negociadores de empresas prestadoras de serviços e de vendas, em contatos e negócios com clientes internacionais, uma reação foi recorrente:

“Disposição para fazer a pergunta certa, sobre o próprio comportamento, a cada etapa do processo, poderia ter evitado prejuízos.”

Outros três entrevistados, também durante consultoria, atuantes em venda de produtos diversos, optaram por diagnosticar os erros, usando palavras-chave: “imediatismo, transferência da pressão sofrida por parte da empresa, ao cliente, desconhecimento e/ou desconsideração por diferenças culturais do outro.”

A questão recorrente e as palavras-chave foram apresentadas, em uma segunda etapa da pesquisa, a 14 mestrandos, profissionais em contatos e negócios internacionais, gerando questões, cujos focos foram discutidos, na terceira etapa, entre 31 alunos de MBA em Comércio Exterior, em grupos experientes em contatos e negociação internacional. O total de sujeitos participantes foi de 54 alunos e/ou executivos.

Os resultados estão resumidos a seguir e.a conclusão do último grupo, de 31 participantes, inclui a seguinte sugestão: “manter-se alerta para não cair nas mesmas ARMADILHAS” extraídas de todas as etapas da pesquisa e formuladas pelo pesquisador, em 14 itens.

CONFIRA.

SUA EMPRESA AINDA AGE E REAGE ASSIM ?

Quando a negociação dá sinais de bons resultados, o clima passa a ser o de já ganhou?

Armadilha 1. VITÓRIAS POR ANTECIPAÇÃO.

O entusiasmo inicial nas transações vai sendo substituído por soluções rotineiras, tendendo à mediocridade?

Armadilha 2. BANALIZAÇÃO DAS DIFICULDADES DO CLIENTE

Primeiros contatos assumem dimensões de amor à primeira vista que um processo trabalhoso transforma em impertinência do parceiro?

Armadilha 3. IMEDIATISMO INCONSEQÜENTE.

Exigências do cliente, inicialmente recebidas como normais, passam a ser interpretadas e tratadas como entraves?

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Armadilha 4.OPÇÃO POR ZONA DE CONFORTO.

Quando o cliente se moderniza – em métodos de trabalho, equipamentos, sistemas,

e políticas - há insinuações e até cobranças, sobre o porquê de “tanta” atualização ?

Armadilha 5. AVERSÃO À MUDANÇA.

No discurso, o cliente é o rei, mas na prática, a expectativa é que o cliente se mantenha estagnado para não dar trabalho?

Armadilha 6. DISSOCIAÇÃO ENTRE DISCURSO E AÇÃO.

A irritação com a diferença cultural do cliente estará bloqueando a percepção de que o comportamento da própria prestadora de serviços esteja afastando o cliente?

Armadilha 7. INTOLERÂNCIA E RIGIDEZ.

O fator tempo é considerado sob o ponto de vista das diferentes culturas envolvidas na transação, especialmente quanto à pontualidade e a prazos?

Armadilha 8. DESCOMPROMETIMENTO TEMPORAL.

Qual o significado que o cliente dá a um atendimento baseado em aguardar: mais alguns dias, para breve, em seguida, um instante, alguns minutinhos, para mais tarde.?

Armadilha 9. IMPRECISÃO QUE IGNORA A EXPECTATIVAS CLIENTE.

A desejada fidelidade do cliente é conscientemente reconquistada a cada contato?

Armadilha 10. FIDELIZAÇÃO INFIEL.

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Reações defensivas ou justificativas emocionais às reclamações substituem a rapidez na solução dos problemas do cliente?

Armadilha 11. FUGA DA VERDADE.

O afã por novos contatos está substituindo o cultivo dos clientes já conquistados?

Armadilha 12. MODISMO, DESCASO.

A negociação é um evento descontinuado a cada rodada?

Armadilha 13. CONTINUÍSMO DA DESCONTINUIDADE.

A empresa irá suportar o custo de viver reconstruindo clientela, porque, a cada contrato fechado, clientes são abandonados aos concorrentes?

Armadilha 14. DESCONSIDERAÇÃO DA CONCORRÊNCIA.

... a cultura nos aprisiona [...] nos seus imperativos e proibições [...] nas suas limitações e encobrimentos [...] ao mesmo tempo, a cultura nos oferece uma linguagem, um saber, uma comunicação uma possibilidade de trocas. Edgar Morin

Fonte das ilustrações: Ines Yagima Habara, Dra. em Engenharia da Produção.

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Latin America

Diversity in Pan America

This continent of Central and South America is made up of many nations and cultures. The Spanish heritage and language dominates except in Brazil where the Portuguese language and culture reigns supreme. Other European influences (German, Irish, Italian), as well as African influence, are evident across the Americas. Some countries, such as Columbia and Mexico, have strong manifestations of ancient Indian cultures. Now for a few guidelines and cautions. They have been modified from briefing materials prepared by Alison Lanier, president of Overseas Briefing Associates (see Appendix D for description of services).

Social Customs

Shaking Hands. This is the same as in Europe. If there are several people in the room enter with a little bow and then go around to each person and shake their hands. The “hi everybody” is considered rude and brash. “So long, see you tomorrow” is equally poor.

The abraco is the usual greeting but don’t use this unless you know the person and your relationship is ready for the abraco.

Pleasantries. Nobody rushes into business. As a foreign businessman take your time and ask about your colleague’s family’s health, or make a few compliments about the weather. The local sports team is a good beginning point of conversation.

Thank-you notes. Use these often after any courtesy that is shown to you to send promptly. Flowers are often presented as a thank you.

Time. Latin Americans are often late according to North American standards but expect North Americans to be on time. Their offices close about 6 and dinner usually begins after 8. As a guest never arrive exactly on time.

Party Traditions. The old tradition is for women to congregate on one side of the room and for men to be on the other but this is changing.

If you visit a Brazilian’s home, cafezinho (demi trasse) will be served you and you should do the same for guests in your home.

For large formal affairs, invitations are written by hand. Flowers and often sent before a large affair. At a smaller party you should take them to your host or hostess.

Women. South American countries are conservative for the most part. It wasn’t long ago that women did not go out without a chaperone. Visiting females should be careful not to be noisy or conspicuous in any way and drink only light drinks.

As a foreign be prepared for Latin men to flirt with all wives, but men should be careful not to flatter or flirt with a South American wife. Also be aware that a Latin may have a public wife (legal) and a private wife (mistress).

Privacy. There are closed doors, fences and high walls around their home. Wait, knock, and wait to be invited in. Don’t drop in on neighbors. This is not a custom.

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What about Questions? North Americans begin getting to know people by asking a lot of questions. However, it is safer to talk about local things. Questions are often interpreted as prying.

Space. Latin speaking distance is closer than North American speaking distance. They may also break our “bubble” without saying “excuse me”. Instead of handshakes men often embrace.

Class and Status. People may not be served on a first come, first served basis. Their place in society may determine the order of preference.

Doing Business. The place in Latin America is traditionally slow specially when negotiations are under way. Decisions are made at the top. Brazilians, for example, do not like quick, infrequent visits. They like relationships that continue. This implies a long term commitment to Brazil.

Deals are never concluded over the telephone, usually not event by letter, but in person.

Don’t call anyone by his or her first name unless the person has made it clear they are ready for it. When in doubt, be formal.

Dress conservatively and use calling cards of good quality.

While waiting, learn more about the culture.

Themes in Understanding Latin Americans

Themes are basic orientations which are shared by many or most of the people. They are beginning points.

Personalismo. For the most part, a Latin’s concerns are his family, his personal friends, his hobbies, his political party, possibly athletics such as the local bullfight, but transcending all these is his concern for himself. So to reach a Latin, relate everything to him in those terms: himself, his family, his town, his country and above all his personal pride. To be successful, everything should be personalized for the male.

Referência:

Davis, S. e Goodman; Glab E.; Gordon R.; Lanier A.; Mayers M.; Trebergez e Tylor V. Lyn. In: Managing Cultural Differences. Ed. Harriis e Moran. Huston, Gulf Publishing.

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CULTURA DA AUTOCRÍTICA - QUADROS

CONSIDERAÇÕES FINAIS COM HUMOR

... OS CHEFES FORAM RESPEITADOS, OS PARES BOMBARDEADOS, OS SUBORDINADOS

PATERNALISTAMENTE POUPADOS, A SOCIEDADE CRITICADA E CADA SUJEITO TRATADO

INDIVIDUALMENTE, COM TODA A “BENEVOLÊNCIA” POSSÍVEL.

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Fonte: Extraído de Fraga, Valderez. Cultura da Autocrítica. Rev. Adm. Pública, Rio de Janeiro, v. 33, n. 6, Nov/Dez, 143-169, 1999.

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PARTE 5 - LEITURAS ILUSTRATIVAS

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O que The Economist e os Ingleses pensam ao nosso respeito

Brasil, 500 anos de solidão.

Está na hora do gigante da América do Sul se livrar desse complexo de inferioridade.

As demais Américas já celebraram o seu descobrimento em 1992, quando a primeira viagem de Colombo completou 500 anos. Mas, este fato não é um marco importante para a história do Brasil, pois a sua descoberta se deu por acaso, oito anos depois, em 22 de abril de 1500, quando a expedição comandada por Pedro Alvares Cabral destinada às Índias fracassou, vindo parar no Brasil.

O Brasil, esta semana, marca o evento comemorativo deste fato, com inúmeros protestos, buscando refletir sobre os aspectos que o tornam diferente. Em alguns lugares, o aniversário está sendo praticamente ignorado. Ambas as reações já eram previstas.

Língua, geografia e história são elementos que colaboram para o isolamento do Brasil frente aos países de língua espanhola, situados distantes das fronteiras com a Floresta Amazônica ou com a Bacia do Paraná, deixando-o de fora de um mundo mais aberto.

Isolamento cria introversão, o que se deve, em parte, à imensidão do Brasil, sua auto-suficiência e sua história de satisfatória paz. Isso também indica uma certa timidez, derivada sob muitos aspectos da escravidão, a qual perdurou durante longos anos, atingindo um número maior de pessoas no Brasil do que em outros lugares. A esse legado incluímos a terrível violência do dia-a-dia e as extremadas desigualdades sociais. A confiança do Brasil está sendo abalada também em função de sucessivas crises econômicas e pela dificuldade de estabelecer uma democracia consistente.

Mesmo completando 500 anos, o Brasil ainda é um país jovem, com fraco atingimento de objetivos. Somente o Japão obteve um rápido crescimento econômico entre 1900 e 1982 e o Brasil, embora não esteja livre do racismo, tem obtido, surpreendentemente, maior êxito na criação de uma sociedade multi-racial do que os Estados Unidos. Os recentes governos democráticos vêm se esforçando para lidar melhor com os problemas sociais, se preocupando desde com a educação até com a reforma do estado. Superando a hiperinflação e controlando a desvalorização da moeda, obtida no ano passado, a economia tem tudo para retomar o seu crescimento.

Muitas coisas continuam não realizadas. Ainda que os projetos brasileiros pareçam mais ousados atualmente, na realidade não o são, uma vez que na década passada, o país não cogitava a sua abertura para o mundo: tinha estabelecido o corte de tarifas, abolido o monopólio estatal e vendido os bens do Estado para investidores privados, sendo a maioria deles estrangeiros.

Alguns brasileiros acreditam que essa mudança já foi longe o suficiente. Eles são cautelosos em relação a uma mais ampla liberação comercial apesar da livre área de circulação proposta pelas Américas. Fernando Henrique Cardoso, presidente do Brasil desde 1994, ainda tenta

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implementar muitas outras reformas, pois acredita que o Brasil tem mais a ganhar do que perder com a abertura para um novo mercado, desempenhando um papel mais ativo no cenário mundial.

Um pequeno comerciante

Certos argumentos podem parecer estranhos. Apesar de tudo, o nível de introversão da economia é um dado típico dos países continentais, que tem um mercado interno bem desenvolvido como a Índia, a Rússia, a China, e ,ainda, os Estados Unidos. Enquanto a ambição geopolítica da Índia calca-se, meramente, em armas nucleares, a democracia brasileira acabava com o planejamento de armas nucleares feitos durante a ditadura militar e estabelecia uma aguda rivalidade com a Argentina pela co-operação no Mercosul.

Se é que tudo isso os preocupa, os brasileiros ainda tendem a ver o Mercosul como um refúgio perfeito do resto do mundo liberal, onde não precisam demonstrar a ansiedade de tornar-se um genuíno mercado comum, continuando a contemplar as perdas de soberania resultantes desse fato. Nem o Mercosul, nem a reforma econômica transformaram o desempenho da exportação brasileira.. Entre 1989 e 1999, a exportação na Índia aumentou 128%, na China 217% e nos Estados Unidos em torno de 91%, enquanto que o crescimento do Brasil teve o insignificante aumento de 40%. A participação do Brasil no comércio mundial é menor do que nos meados dos anos 70. O Brasil é menos pobre do que a Índia, do que a China e a Rússia, porém, em alguns aspectos é menos aberto, sendo o total das transações comerciais que leva a uma maior participação no GDP, menor do que em qualquer uma desses países.

Reverter esse declínio, seria possível através do afastamento do complexo de inferioridade. Os diplomatas brasileiros tem sido tradicionalmente relutantes em enfrentar a pose do palco do mundo ou, mesmo, das regiões. Eles nem sempre conseguem manter a liderança. Isso faz com que a iniciativa de Fernando Henrique Cardoso de marcar para setembro um encontro com os líderes da América do Sul, para discutir a democracia, pareça muito interessante. Mas isso não é um substitutivo para um forte esforço de competição no mundo desenvolvido.

Com 500 anos, a inexperiência é mera desculpa.

*Traduzido por Valderez F. Fraga. / Publicado em: 22 de abril de 2000.

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Características Culturais consideradas marcantes por tripulações de Transporte Aéreo

Franceses

- ser entendido em seu idioma- serviço elegante- conhecimento do cardápio- apresentação dos alimentos

Norte americanose

EuropeusEURO

- exigência da disponibilidade de produtos e serviços que constem de qualquer “documento” da Empresa. Ex.: carta de vinhos

Norte americanos

- precisão- rapidez- informações corretas- desconforto com: olhar direto x tempo proximidade física toque

Portugueses

- simples- muito mais tradicionais que

os brasileiros- diretos nas solicitações

_______________*Em Cuba, caso se repita o fato em restaurantes, o estabelecimento poderá ser fechado.

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Alemãese

Japoneses

- pontualidade- formalismo

Italianos

- bom humor, sentir-se “à vontade” (o que exige dos Comissários uma boa dose de paciência combinada com firmeza)

Alemãese

Norte-Americanos

- preponderância da ação sobre as palavras

- linguagem direta

Alemães,

Ingleses e

Norte-Americanos

- conhecimento dos direitos e exigência de que sejam observados

*Extraído de: Valore-RH. Pesquisa Intercultural. Rio de Janeiro, VARIG S.A., 1999.

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RIO DE JANEIRO, QUINTA-FEIRA, 10 DE FEVEREIRO DE 2000 – GAZETA MERCANTIL

CURSOS E CARREIRA

Choque cultural entre empresas

Ana Kirschner, doutora em sociologia pela Universidade de Paris, ressalta o papel do sociólogo

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96Juliana Radler

A incorporação da preocupação social dentro das empresas traz à tona a participação de profissionais como sociólogos nas formações da cultura corporativa. Por outro lado, a preservação ou adequação da cultura de uma empresa (que pode ser definida como a soma dos valores dos seus funcionários e da sociedade ao qual está inserida), também requer o trabalho do sociólogo frente a processos cada dia mais comuns, como de joint-ventures, fusões e aquisições.

Para a socióloga Ana Maria Kirschner, uma das maiores estudiosas da denominada “Sociologia das Empresas” no Brasil, as relações específicas existentes dentro das companhias criam, por exemplo, regras e sistemas hierárquicos que em processos de fusão culminam em “choques culturais”.

As empresas criam culturas próprias que durante mudanças podem ser contrariadas por uma outra cultura corporativa. “Dentro da cultura das empresas, além da lógica do lucro, existe uma lógica política e até familiar”, conta Kirschner, que é professora dos cursos de graduação e pós-graduação em sociologia na UFRJ/IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais).

Na mesma linha, a diretora da consultoria Valore-RH, Valderez Fraga, que vem desenvolvendo trabalhos em processos de fusão em organizações, como na Eletronuclear, aponta que empresas envolvidas em transações devem direcionar os esforços para os seus funcionários. “Nosso trabalho ainda é solicitado para amenizar as rodadas de negociação intercultural, promovendo tolerância entre os diferentes, o que afasta o fantasma da submissão, da dominação ou da permissividade, para ceder espaço ao entendimento produtivo nos negócios globais”, declara.

Além dos choques culturais corporativos, existem ainda choques relacionados a nacionalidades, religiões e costumes diferentes. Nestes casos, o processo de globalização acelerou a união de culturas e trouxe, além do idioma, a obrigação de compreender o outro. “Existe uma relação afetiva do empregado junto a empresa e quando a cultura de sua empresa muda, verificamos jogos de poder entre setores como o financeiro versus o produtivo”.

Doutora em sociologia pela Universidade de Paris, Kirschner salienta o papel do sociólogo na conciliação das culturas. “É preciso que o sociólogo mergulhe na empresa, vá além dos sistemas formais e identifique os atores chaves”, explica, acrescentando que ferramentas como a

participação ativa da diretoria na comunicação interna é fundamental. “Atualmente as tecnologias facilitam muito a comunicação que deve ser priorizada em momentos de mudança”.

Já Valderez diz que é fundamental trabalhar a cultura dentro das empresas numa sociedade de serviços. “Serviço é essencialmente gente, com expectativas, sentimentos, necessidades, aspirações, hábitos, atitudes e valores diferentes. O desafio está no desenvolvimento de conhecimento e de compreensão mútuos entre a demanda e a oferta, pois nesses termos, cultura dá lucro e gratifica ambas as partes”, ressalta.

Outro papel do sociólogo e preocupação recorrente entre as grandes corporações é a participação em projetos sociais. “As empresas atualmente estão sendo solicitadas a atuar na sociedade em lacunas deixadas pelo Estado, o que pode ser definido como demanda social”. Desenvolvendo pesquisas sobre as mudanças na mentalidade empresarial nestes últimos tempos, Kirschner observa o aumento de produtividade em empresas cidadãs e na melhoria do ambiente de trabalho.

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Contrastes Culturais em Contatos de Negócios

Norte-americanos Japoneses Árabes

Objetivo cultural

Descobrir quem você é Descobrir sua posição na companhia e a sua missão

Estabelecer uma posição pessoal

Entrar na rede de contatos

Manter harmonia

Conseguir controlar

Cartões de apresentaçãoUma formalidade, um dado para contato

Importante mostrar filiação a uma companhia e nível

Formalidade, nenhum valor intrínseco

Introdução/ primeiros contatos

O que você faz Colocar-se em contexto grupal de: Companhia, Departamento, Individual

Estabelecer status pessoal/familiar/ contextual.

Inicio de conversaIdentificação do trabalho

Auto-imagem Independência Membro do grupo Parte de uma cultura rica

Uso da língua

Primeiro nome Falam pouco Expressões de admiração, lisonja

Informal Amistoso

Cumprimentos formais

Mensagens não verbais Contato visual diretoAperto de mão firme

Flexão do troncoMínima expressão facial

Expressão facial e Linguagem corporal

Orientação espacialEspaço individual preservadoManutenção de distância

Grupos mantêm distância estruturada

Proximidadeinformalidade

Orientação temporal Curto período de introdução

Passam a liderança ao outro

DemoradaTomam a iniciativa

Troca de informaçõesSobre negóciosDe acordo com o grau de responsabilidade

Relacionados à empresa Pessoais

Despedida fechamentoEncerram o negócioTomam a iniciativa

Período de harmonia Recebem bem a iniciativa do outro

Expressão de hospitalidade e amizade pessoal

Valores culturais aplicados

InformalidadeAbertura Fala direta

HarmoniaRespeitosamente, bons ouvintes

Harmonia religiosaHospitalidadeApoio emocional

Orientação para ação Não demonstram as emoções

Status / ritual

* Traduzido e adaptado de Elashmawi e Moran. Multicultural Management, 2000, p.113.

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Contrastes Culturais em Motivação

Norte-americanos Japoneses Árabes

Estilos gerenciaisLiderança Persuasão Orientação PersonalizaçãoAmistosidade Atividades em grupos

funcionaisParentesco

Controle

Independência Harmonia grupal ReligiãoTomada de decisão NacionalismoTempo AdmiraçãoEspaço e dinheiro

ReconhecimentoContribuição individual Identidade grupal

direcionado ao grupoStatus individual Promoção de classes social

Retribuição material

Salário Bônus anual Presentes pessoais e familiares

Comissão Serviço social Eventos com familiaresDistribuição de lucros Benefícios Aumento salarial

Ameaças Perda do emprego Exclusão do grupo Rebaixamento socialReputação

Valores culturais

Competição Harmonia grupal Reputação Segurança familiarReligião

Assumir riscos Atingimento/conquista Status socialPossuir bens materiaisLiberdade

Pertencimento

* Traduzido e adaptado de Elashmawi e Moran. Multicultural Management, 2000, p. 169.

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Cultura Organizacional - Apple Computer – USA

Cultura Corporativa- Empatia por clientes e usuários- Atingimento de Metas/Agressividade- Contribuição Social Positiva- Inovação/Visão- Desempenho individual

- Espírito de Equipe- Qualidade/Excelência- Premiação individual/Reconhecimento- Bom gerenciamento

Cultura dos Empregados- Constituição de grupos- Competição- Assumir Riscos- Tecnologia- Criatividade- Inovação- Flexibilidade- “Empowerment”

- Diversidade- Cuidado- Abertura- Política de Porta Aberta- Reconhecimento- Informalidade- Senso de pertencimento

Cultura dos Engenheiros- Orientação para Resultados- Cooperação/Trabalho em equipe- Inovação - Visão a longo prazo- Comunicação aberta

- Visibilidade- Poder individualizado (distribuído)- Equipes autogerenciadas- Equidade

Apple em duas culturas

Características

Singapura EUA- Trabalho em equipe - Individualismo- Reserva - Abertura- Ganhos a longo prazo - Ganhos a curto prazo- Análise - Zelosos- Premiação do grupo - Premiação individual- Bons ouvintes - Falam abertamente- Raramente questionam - Questionam/praticam “Brainstorming”- Implementadores - Inovadores

Fonte: Extraído, traduzido e adaptado de Elashmawi e Moran. Multicultural Management, 2000, p. 90-3.

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PARTE 6 - CASES, SIMULAÇÕES E VIVÊNCIAS

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101Tipos de Adaptabilidade

2.1 Reconhecimento de fatores de adaptabilidade referentes aos familiares

2. Adaptabilidade dos familiares

1.1 Diferenças de valores, religião, crenças, normas, papéis femininos/ masculinos,...

1. Novidade cultural da sociedade

I – Geral - Fora do trabalhoDEPENDE DA

SOCIEDADE, DO INDIVÍDUO E DA

EMPRESA

DEPENDE DA EMPRESA

IV -ORGANIZACIONAL/CULTURAL

1. Novidade cultural organizacional

1.1 Diferenças culturais entre filiais e sede.

2. Apoio social2.1 Acompanhamento na chegada

e instalação, no trabalho.

3. Apoio logístico3.1 Apoio à moradia, serviço

bancário, de saúde, escolar,...

DEPENDE DO PROFISSIONAL

III – Interativa/Profissional1. Clareza de papéis1.1 Entendimento de novas tarefas,

demandas, necessidades e deveres

2. Novidade de papéis2.1 Discernimento sobre

diferenças entre a empresa no país de origem e na nova cultura

3. Descrições funcionais3.1 Grau de flexibilidade de regras,

expectativas, procedimentos e responsabilidades.

4. Conflito funcional / ambiental

4.1 Conflitos ambientais envolvendo atividades do profissional recém-chegado.

DEPENDE DO INDIVÍDUO

II - Individual1. Auto eficácia1.1 Resistência ao stress cultural,

manutenção da competência técnica, mecanismos de substituição.

2. Relacionamento humano2.1 Habilidade para relacionar-se

com pessoas em qualquer circunstância apesar das diferenças culturais

3. Percepção3.1 Auto-consciência desenvolvida

e percepção aguçada do outro para apreender suas reações, interesses e necessidades.

________________________*Desenvolvido por Patrícia L. Calderón, Instrumento de Pesquisa, a partir de 12.2 Global Management

TIPOS DE ADAPTABILIDADE

I. GeralII. IndividualIII. Interativa/ProfissionalIV. Organizacional/Cultural

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Então você vai para o exterior! Uma lista de cheque

O que vem a seguir, é um rol de perguntas que podem ser usadas para determinar o quanto você está preparado para viver em outro país ou ter uma nova experiência de trabalho ou estudos, ou ambos. Estas perguntas não são feitas para cobrir todas as situações. Muitas mais poderiam ser sugeridas e, por isso, é esperado que as pessoas que levem estas perguntas pensem em muitas perguntas próprias e apropriadas.

Algumas Considerações Gerais

1. Você tem clara idéia dos propósitos da sua viagem e de seu próprio compromisso?a) de uma perspectiva profissional?b) de uma perspectiva pessoal?

2. Você sabe, agora, os nomes e as funções de pessoas ou grupos que irá conhecer? Você conhece as responsabilidades delas?

3. Essas pessoas conseguirão compreender o que você vai fazer lá? Isso está sendo acertado?4. O que você sabe do background de colegas e de seu trabalho?5. Há muitas pessoas contemporâneas e históricas de quem a pátria (que você visitará) tem

orgulho. Você pode dar o nome de duas?a. Contemporânea: em qualquer dessas áreas b. históricaPolítico EmpresárioPoeta ProfessorFilósofo DiplomataMúsico Líder religiosoEscritor PolíticoAtor InventorAtriz ...FotógrafoInventorArtistaFigura desportiva...c. Você pode indicar personalidades polêmicas?

Política6. Você pode indicar algum líder político atual e o que faz?7. Você sabe o nome dos partidos políticos existentes?... e o que os demais representam quanto

a posições ideológicas?8. Você sabe qual é a função da instituição política?9. Como você entende o processo político desse país?10. Você sabe o nome do parlamento ou legislatura?11. Qual é a forma do executivo?

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12. O poder é delegado?13. O que são os grupos de interesse e como expressam seus conhecimentos nesse país?14. Que tipo de cidadão é valorizado?15. Quais são os mitos políticos do país?16. Que penalidades existem para a desobediência à lei?17. A corrupção é parte do governo? Isso afeta os negócios? Se afeta, de que maneiras o faz?18. As mulheres exercem cargos públicos?19. A política é um tópico apropriado para conversação? E o esporte, quais?

O País20. Você pode citar alguns Estados? Quais são os exemplos de diferentes climas?21. Quais são as principais cidades? As maiores indústrias? Os tipos de problemas?22. Você conhece a história básica? A data da independência? O relacionamento desse país com

outros países?

Comunicação Não Verbal23. Eles entenderão sua comunicação não verbal?24. Há algum arquétipo de comportamento não verbal que você usa que possa ser ofensivo?25. E, quanto ao comportamento não verbal deles? Você os entende?26. Quando é apropriado sorrir e chorar? Como se deve expressar outras emoções?27. Qual é a distância apropriada entre duas pessoas que estão se falando, e estão conhecendo-se

em um contexto social? E em um contexto de negócios?

Vida Diária28. Quais são algumas cortesias que você deve observar?29. Como as pessoas do país se cumprimentam entre si? E aos estrangeiros?30. Como as pessoas se despedem?31. É costume presentear as pessoas? Que tipo de presentes e em que ocasiões?32. As cores têm algum significado especial?... E flores? Algum número possui algum

significado especial?33. A semana de trabalho é de quantos dias? e de quantas horas? Conversas de negócios e

sociais misturam-se normalmente?34. Bebidas alcóolicas são liberadas? Qual é o papel das bebidas não alcóolicas nos negócios, e

socialmente? Você sabe o que é um cafezinho nesse país?35. Como as pessoas utilizam o seu tempo livre? Há diferenças nas classes sociais quanto a esse

aspecto?36. Quais os papéis da TV? O cinema é apreciado? E o Teatro? de que tipos?37. As famílias têm empregados? Qual é o papel e o status social dos mesmos?

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Religião38. Há uma religião oficial? Quais as religiões mais comuns no país? Como elas convivem?39. Como a religião influencia as pessoas?40. Há feriados religiosos?41. Quais são os valores dominantes nas religiões?42. Quais são as diferenças que você pode antecipar entre seus valores religiosos e os que você

irá encontrar nas pessoas?

Estrutura Social43. Quais são as divisões de classes sociais?44. E as divisões étnicas? Elas coincidem? Como? 45. Há discriminações? Quais?46. O modo de vestir reflete classes sociais?47. Como funciona a mobilidade social?48. Experiências colonialistas e dominação externa afetaram a estruturação social? Como? A

relação com estrangeiros foi afetada? Como?49. Há atritos ou conflitos intergrupais?50. Quais as principais ocupações das pessoas?51. Há planejamento familiar?52. Qual é a média do tamanho das famílias?53. Quais as qualidades de um “bom marido”? “Boa esposa”? “Bom filho(a)”? Irmão? Pai,

Mãe? ... E de um “bom profissional”?54. A família é considerada além de seu núcleo? Quais os papéis de seus membros?55. O grupo é mais importante do que alguns de seus membros?56. A quem as pessoas recorrem para um conselho ou orientação?

Educação57. A educação é livre? Compulsória? ... a idade ou grau de escolaridade como se relacionam

com as questões anteriores?58. Que diferenças você vê entre o sistema educacional de seu país de origem e esse? Vantagens

e desvantagens existem? quais?59. Como é a disciplina para as crianças na escola? E no lar? Quem a assume? Quais são as

implicações desses costumes para os adultos?

Papéis Masculinos e Femininos60. Crianças do sexo masculino e feminino são igualmente desejadas?61. Elas compartilham igualmente benefícios e obrigações?62. Há diferenças nos papéis masculinos e femininos no trabalho? As mulheres ocupam

posições em todas as áreas? Como é a posição das mulheres nos postos de trabalho em comparação com os homens?

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Costumes no Trabalho e Costumes na Sociedade63. Quais os valores dominantes no trabalho?64. Há uma orientação rígida de tarefas?65. Quais são os principais elementos para que alguém seja bem sucedido?66. O que determina seu sucesso ou fracasso nessa cultura?67. Você deve convidar seus colegas de trabalho para reuniões em sua casa? Você será,

provavelmente, convidado?68. Você deve ser pontual ou não para uma reunião de negócios? ... E para uma social?69. Como se diz a um (uma) colega ou subordinado que ele(a) cometeu um erro? Em público?

Reservadamente? Direta, indiretamente?70. Como as pessoas são premiadas? Aumentando a remuneração? Com benefícios?... E os

agradecimentos da organização ou do chefe, são bem-vindos? Como?71. Como as pessoas se motivam no trabalho?

Alimentação72. Que tipos de comida são aceitos e oferecidos?73. É esperado que você aceite de tudo?74. É esperado que você beba a bebida local?75. Cozinhar é uma arte? Como são os rituais? Mulheres e homens são bem vistos na cozinha?76. Quais as regras que orientam a alimentação quando fora de casa? Quem paga?

Jornais e “Mídia”77. Você conhece algum jornal do país? Há censura?78. Qualquer matéria está disponível em livros? Em que idiomas?79. Qual é o papel e a atitude do governo em relação à “Mídia”?

Saúde80. Que facilidades médicas estarão disponíveis a você?81. Que ações preventivas as pessoas seguem para manter-se com saúde? O que você irá

observar?

Humor82. Que tipos de humor são aceitos e apreciados? O que é arriscado para os estrangeiros?83. Que elementos, em geral, fazem uma boa estória? O que é proibido?84. O comportamento antigo é considerado interessante? O que é um comportamento antigo?

A atitude das pessoas em relação a você85. Qual é o relacionamento entre seu país de origem e o desse país? atualmente e no passado?

Quais são as projeções possíveis para esse relacionamento?

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86. As pessoas do seu país de origem são bem aceitas pelos nativos, ou não? Há razões culturais e diferenças nas sociedades? Quais?

87. Há uma colônia de conterrâneos seus? É um “ghetto”?88. Que preocupações você tem sobre esses assuntos?89. Que atitudes você espera em relação a você?90. Como você espera lidar com isso?91. Quando você voltar ao seu país, como você será?92. Você conhece os sintomas de um choque cultural?93. O que é “stress cultural”?94. Você pode antecipar alguns mal entendidos?95. Qual é atualmente a sua atitude em relação a essas pessoas desse país? Você se sente

superior? Inferior? Como? Quando?96. Você é persuasivo em seu país? E entre essas pessoas?97. Quando você terá que ser formal ou informal?98. Você espera encontrar os estímulos intelectuais, sociais/recreacionais de que você precisa?

Onde fica seu trabalho nisso tudo?99. O que você mais precisaria aprender para não ser tão estrangeiro lá?100. Você acha que gostaria de voltar lá no futuro? Para que?

Fonte: Extraído, traduzido e adaptado de HARRIS, Philip R. e MORAN, Robert T. Managing Cultural Differences.

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Quadro de Valores: CONTRATES ENTRE

JAPONESES E NORTE-AMERICANOS

Paciência

Homens na natureza __:__:__:__:__ Homens controlando a natureza

AÇÃO

Cautela __:__:__:__:__ Assumindo os riscosMelhorias graduais __:__:__:__:__ Iniciativa prepotenteDeliberação __:__:__:__:__ EspontaneidadeRespeito à forma __:__:__:__:__ ImprovisaçãoSilencioso __:__:__:__:__ FalanteMemorização __:__:__:__:__ Pensamento críticoSensibilidade emocional __:__:__:__:__ Racionalidade lógicaNão diretividade __:__:__:__:__ Clareza e franquezaAproximação __:__:__:__:__ Confronto

Harmonia

Construção de consenso __:__:__:__:__ Ameaça

Performance

Conformidade __:__:__:__:__ DecisãoConvenção grupal __:__:__:__:__ Princípios legaisRelacionamento de confiança __:__:__:__:__ Salvaguardas legaisForça coletiva __:__:__:__:__ Independência individualManutenção grupal __:__:__:__:__ Proteção ao indivíduoResignação e modéstia __:__:__:__:__ Indignação diretaSalvando a imagem __:__:__:__:__ Ser ouvidoUnanimidade opressora __:__:__:__:__ Anarquia caóticaCooperação __:__:__:__:__ Promovendo a si mesmoReconhecimento da sabedoria __:__:__:__:__ Reconhecendo a performance

Hierarquia

Lealdade __:__:__:__:__ Seguindo informações

Equidade

Generalistas __:__:__:__:__ EspecialistasObrigações __:__:__:__:__ OportunidadesEsforço unitário __:__:__:__:__ Esforço conjuntoVergonha __:__:__:__:__ CulpaDependência __:__:__:__:__ AutonomiaRelacionamento como dever/tradição __:__:__:__:__ Relacionamento como negociaçãoGrupos industriais __:__:__:__:__ Competição industrialHierarquia rígida __:__:__:__:__ Hierarquia ambígua/informalDiferenciação racial __:__:__:__:__ Eqüidade racialDiferenciação de sexos __:__:__:__:__ Eqüidade de sexos

* Extraído, traduzido e adaptado de Richard Linowes. The Japanese manager’s traumatic entry into the USA. AME, v. 7, n. 4, p. 21-37, 1993.

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Estilos Gerenciais em diversos países

Resumo de pesquisas realizadas na década de 1990 e que apresentam diferenças culturais quanto à demanda e o desenvolvimento de gerentes.

INGLATERRA

• Valorização de generalistas.

• Ser originário de uma universidade de elite, ser um gentleman, apto a conversar sobre filosofia, literatura clássica e história.

• Capacitação para abordar os negócios com ampla visão.

• Historicamente, não acredita que formação técnica especializada seja fundamental para a gerência, vem preferindo optar por profissionais com educação clássica para, depois, treiná-los em gerenciamento.

• Alguns autores consideram esta década de 1990, como uma transição para uma maior valorização da formação técnica especializada.

• Sistemas de desenvolvimento de carreira convivem com a administração formal de carreira, reforçando o tradicionalismo inglês. Ex.: as medidas de fatores do sistema de avaliação podem indicar alguém para promoção, mas aspectos como um sotaque considerado inadequado, falhas no refinamento de etiqueta à mesa, habilidades para conversar, podem atrasar e até impedir uma promoção.

SUÉCIA

• As companhias suecas não investem muito em desenvolvimento gerencial para apressar o destaque de determinados funcionários. A idéia de democracia é tão forte que retrai o destaque de pessoas, pelo fato de se considerar que seria em detrimento de outras.

• O gerenciamento não é muito atraente; muitas pessoas não optariam por ser gerentes; há poucas vantagens, o poder é frágil, a autoridade é pouco reconhecida, mas, principalmente, é considerada pouco desejável que alguns exerçam maior autoridade do que outros.

SUÍÇA

• Os suíços valorizam crescimento rápido dos gerentes e os acompanham através de um sistema que enfatiza o aspecto técnico.

• Os suíços separam a vida privada da profissional. Simplesmente ignoram a primeira.

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ALEMANHA

• Conhecimento técnico.

• Estrutura organizacional burocrática.

• Inovação não vem de pessoas, mas de grupos, setores.

• Comprovação/reconhecimento de "experts" leva mais tempo do que em outros países.

FRANÇA

• Mantém programas complexos, com auxílio do computador, para acompanhamento e avaliação da carreira dos gerentes.

• Valorizam a formação acadêmica.

• Enfatizam algumas instituições renomadas - Gran Écoles.

• Formação superior de qualidade é considerada importante para iniciar a carreira, mas, depois, precisam comprovar sua competência com desempenho.

• Mais tarde, passam a ser exigidos não somente como especialistas, mas como generalistas.

CULTURA ÁRABE

• Apesar de ser arriscado supor-se um "mundo árabe", uma homogeneidade cultural que identifique os diversos países árabes e suas características culturais no trabalho, é possível destacar alguns aspectos gerais comuns.

• As empresas, em geral, absorveram a idéia de alguns países europeus quanto à centralização, a rigidez de regras, a clara divisão de atribuições, baixo nível de autonomia e a escassa tolerância à ambigüidade.

• As chefias são consideradas eficientes quando administram conflitos, agradando as pessoas, assumindo atitudes paternalistas, de ajuda aos mais fracos, simultaneamente à pratica do autoritarismo.

• A detenção de poder é grande, e na alta administração, quando as disputas de poder se acirram, acontece de empresas se dividirem em duas ou três, de acordo com o número de disputantes.

* Extraído, traduzido e adaptado de Global Management.

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Primeiros Passos

• Algumas experiências em transculturalidade possibilitaram retomar alguns pontos básicos apontados por Mendenhall, Punnet e Ricks sobre seleção de treinamentos. Dessa reflexão surgiram as seguintes sugestões:

• Primeiros passos para solucionar o tipo de treinamento necessário e suficiente para que a pessoa/profissional desempenhe bem suas funções, atribuições e papéis em outra cultura.

ANALISAR E DEFINIR

1. Qual o grau de familiarização da empresa com as normas interativas do grupo cultural parceiro?

2. Qual a freqüência (diária, semanal, mensal, eventual) com que o expatriado irá conviver com as pessoas de outra cultura?

3. Qual o grau de importância do relacionamento intercultural para o sucesso do trabalho, devido à sua natureza e características?

4. Quais os riscos para a continuidade do trabalho no caso de desentendimentos culturais?

5. Quais os custos envolvidos no caso de desarticulação das negociações devido a dificuldades no relacionamento intercultural?

QUESTÃO CHAVE

Qual o grau de auto-conhecimento cultural dos profissionais que irão participar do treinamento?

Fraco Forte

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Learning to Live Overseas

Guidelines:

Each guideline that follows is directly related to the image of America. The bright

side of the image - our reputation for being sincere, friendly and hospitable, good-

natured, generous and informal, for being practical and hardworking people with

genuine desire to treat other fairly - opens the way to chance the dark side of the

image - the impression left by a few careless Americans that we are boastful, rude,

and insensitive, and prone to be loud and ostentatious.

1. Respect for law and authority.

2. Playing the big shot doesn’t win friends.

3. Be fair when you compare.

4. Make a serious effort to learn the local language.

5. First impressions are only the starting point.

6. Don’t let minor annoyances throw you.

7. Griping suggests more than you intend.

8. Slow down.

9. Know local customs about use of alcohol.

10. Entertaining guests - manners are more than knife and fork etiquette.

11. Kidding is risky.

12. Other peoples’ politics are touchy.

13. Think before you photograph.

14. Pat the other fellow’s back rather than your own.

15. Avoid excessive use of the terms “democracy” and “the democratic way of life”.

16. Avoid disparaging labels.

17. The host country is proud of its armed forces.

18. Everyone doesn’t want to become an American.

19. Our foreign aid speaks for itself.

20. Be patient.

21. Listen and think over you hear.

22. Don’t try to refute criticism until you know the facts.

23. Expect criticism.

24. Judge the proper occasion to reply.

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25. Stick to the point.

26. Brief replies beat speeches.

27. Be friendly but not familiar.

28. Take your faith with you.

29. Appreciation for the host country’s way of life can be over-done.

One may summarize by stating that in most areas overseas successful relationships are more dependent on good intentions, sincerity, and respect for other people, and on willingness to learn, than on a precise adherence to local rules of etiquette or even a complete academic understanding of the local area and culture.

Muitas das sugestões dos norte-americanos para os seus expatriados provavelmente sejam úteis a você que vai para o exterior ou que vai receber pessoas de outras culturas.

I. Marque quais são as questões importantes, discuta com seus colegas.

II. Procure checar as opiniões de quem já passou por experiências semelhantes às que você vai enfrentar em breve.

III. Anote novos pontos que surgirem e prepare uma nova lista para você.

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Experimente essa Situação: você é chamado para trabalhar no exterior

BACKGROUND - (IMAGINE-SE)

1. Você é casado(a) com um(uma) analista financeiro(a), que trabalha na mesma cidade que você.

2. Você tem dois filhos menores.

3. Você e sua família estão engajados em trabalhos voluntários (meio ambiente e alimento para carentes).

4. Você e sua(eu) parceira(o) gostam de esportes, praticam-nos regularmente, e também gostam de freqüentar atividades culturais juntos.

5. Você recebe o seguinte aviso em sua Empresa.

CARO SR(A) X

Temos a satisfação de informá-lo(a) de que vai trabalhar na nossa subsidiária no (Kenya - na Arábia Saudita, no México, na Alemanha, nos Estados Unidos, na Argentina), pois foi selecionado(a) e escolhido(a) entre 10 funcionários candidatos.

Por favor, entre em contato com Sr. Y, no setor internacional de RH, o mais brevemente possível, para discutir detalhes dessa oportunidade.

1. Procedimento

Analise a situação a partir do check list abaixo.

Responda a partir daquela situação:

1. O que você Pensa

2. O que você Diz

3. O que você Faz

4. Preocupações

5. Vantagens

6. Prioridades

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Você vai visitar a família de um possível Âncora - Simulação

A) Como você reagiria a:

1. Sentar-se no chão

2. Tirar os sapatos

3. Beber (mais do que você está habituado)

4. Comer com as mãos, retirando alimentos de bandeja comum

5. Música/sons nada familiares para você

6. Temperos com cheiro muito forte e/ou defumadores

7. Proximidade / Distanciamento físico

8. Toque

9. Conversa sobre política local

10. Conversa sobre religião local

B) Procedimentos1. Reflita sobre uma ou duas dessas situações em determinado local.2. Descreva brevemente suas ações e reações.

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Negociação é Encontro e Conversa

Valderez F. Fraga

“Não há lógica em perguntar como os indivíduos tornam-se associados.Eles existem e operam em associação”

John Dewey

Afirmar que negociação exige comunicação é abusar do óbvio. É preciso, porém, que a comunicação torne comum. Mas, tornar comum o quê? Tudo o que se relacione com o negócio em vista: conhecimento especializado em produtos e serviços, informações precisas e das mais diversas naturezas, sobre como e o que se pretende obter ou liberar na negociação.

Nesse conjunto, estão incluídos, em especial, aspectos técnicos, comerciais, legais, temporais, de custos e logísticos. Os últimos, representando um imenso desafio nos países de Terceiro Mundo com a extensão territorial do Brasil.

Será fundamental tornar comum as alternativas que as partes possam propor, buscando entendimento. Saber técnico e competência humana tornam-se indissociáveis na negociação.

Além disso, é necessário tornar comum o que é dito, indo além do domínio e da atualização de informações, de linguagens verbais e gestuais, buscando o não explicitado como: princípios, expectativas, aspirações, valores culturais e, em especial, costumes e tradições universais nos negócios, desde a remota troca de sementes ou das coloridas moedas de vidro dos fenícios.

Na verdade, negociação exige encontro e conversa, isto é, não apenas entendimento para bons negócios, mas interação humana que possibilite compreensão para trocas vantajosas entre todos os envolvidos.

Uma conversa acontece quando há competência dos negociadores devido a conhecimentos consistentes sobre o que é oferecido e o que se pretende obter. Encontro, por sua vez, ocorre quando a compreensão mútua sobre interesses e necessidades diferentes favorece acordos.

Logo, tornar comum é um processo complexo e vital ao sucesso de uma negociação, porque exige competência técnica e humana dos envolvidos na rodada.

Preparar-se para lidar com diferenças culturais e subculturais é vital, tanto faz serem decorrentes das origens dos negociadores, de atividades e formação profissional ou de hierarquia. Neste ponto, o fato de não acreditar em receituários não invalida as sugestões a seguir, porque surgiram de vivências.

Na seleção dos itens pesquisados para registro neste estudo, foram também levadas em consideração insinuações encontradas em pesquisas estrangeiras relatando que os brasileiros gastariam todo o tempo da negociação construindo relações, esquecendo ingenuamente do negócio. E, ainda, outros resultados sobre reações de ocidentais diante de indicadores da cultura japonesa, interpretando como incômodo o fato dos japoneses igualmente considerarem o relacionamento fundamental, em contraste com o açodamento dos norte-americanos, sempre ávidos por irem right to the point.

Após esses breves comentários, as sugestões a seguir poderão trazer algum equilíbrio entre competência técnica e humana para negociadores multiculturais.

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Observe o que tem dado certo1. Estimular diálogo preliminar, para conhecimento mútuo, evitando que o interlocutor entre

intempestivamente no negócio;

2. Observar a pessoa do interlocutor em sua comunicação verbal e não-verbal, para facilitar a conversa e o encontro;

3. Manifestar domínio sobre o objetivo da negociação, apresentando, gradativamente, propostas e contrapropostas claras e criativas;

4. Favorecer um clima amistoso, mas profissional, para que a dimensão humana das partes amenize arestas no processo comercial;

5. Deixar-se perceber como profissional e como pessoa, isto é, competência técnica e sensibilidade humana, em qualquer situação;

6. Procurar hábil e tolerantemente lidar com eventuais hábitos ou tradições com os quais não haja familiaridade, mantendo uma postura profissional e atitude de aprendizagem;

7. Empenhar-se para manifestar respeito à missão, aos valores e aos padrões éticos da organização a que pertence;

8. Oferecer alternativas de abordagem aos objetivos e metas do encontro e procurar compreender as alternativas propostas pelo interlocutor, visando convergências básicas;

9. Esforçar-se por manter cordialidade, sem perder a firmeza, em momentos críticos;

10. Estar atento quanto a embaraços de ambas as partes, decorrentes da confusão entre ser assertivo e ser rude, ou quanto ao risco de deslizar da flexibilidade para a submissão;

11. Praticar coerência entre discurso e ação, durante a negociação e, em especial, no prosseguimento do negócio;

12. Contribuir para o know how da empresa, registrando situações, dados, valores, reações e aprendizados, que facilitem negociações futuras;

13. Estimular a secretária do setor a compilar informações decorrentes do item anterior;

14. Despedir-se polida e profissionalmente, independentemente do clima reinante ou da obtenção de resultados na negociação;

15. Considerar a lealdade aos princípios éticos da organização, durante todas as etapas de qualquer negociação, como requisito para a permanência da empresa no mercado e para a sua própria dignidade pessoal e imagem profissional.

Comércio Exterior Informe BB, n., 40, p.5.

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Pesquisa sobre a cultura norte-americana

O QUE INCOMODA OS AMERICANOS?

Um instituto de comunicação intercultural realizou na Universidade de Standford o

encontro de um grupo de especialistas em questões interculturais.

I Uma primeira pergunta foi apresentada para discussão com os entrevistados e os

especialistas – experientes em expatriamento - concluíram o que se segue:

Barreiras de idiomas

Falta de mobilidade

Falta de divertimento

Formalidades, protocolos e hierarquias

A velocidade lenta da vida

Falta de facilidades

Expectativas sobre costumes sociais.

Problemas com álcool e drogas

Problemas de família

Problemas de saúde

Instabilidade emocional.

Muitos destes problemas são óbvios ou já tinham sido abordados anteriormente e não

precisando de mais comentários. Vários, entretanto, necessitaram de uma ou outra etapa de

perguntas.

II Prosseguindo com a pesquisa nessa direção, obteve-se resultados sobre o que os

americanos precisam, em decorrência das dificuldades apresentadas.

Aqui estão as habilidades que a experiência mostrou serem as mais importantes para

enfrentar os problemas indicados:

Tolerância para com ambigüidade

Metas pequenas / orientações da tarefa

Mente aberta

Não julgamento

Empatia

Comunicabilidade

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Flexibilidade, adaptabilidade

Curiosidade

Senso de humor

Calor humano nos relacionamentos

Motivação

Autoconfiança

Um forte ego.

Tolerância para com as diferenças

Perceptibilidade

Habilidade em aceitar os próprios erros

III Após essa etapa de pesquisa foi solicitado aos participantes, o seguinte: agora marque

as características que você considera as mais importantes. O resultado foi o que se segue.

1. Senso de humor

2. Meta baixa / orientação da tarefa

3. Habilidade para aceitar falhas

IV Em uma quarta etapa, as perguntas foram para os anfitriões sobre expatriados norte-

americanos.

O QUE INCOMODA ANFITRIÕES NACIONAIS sobre os Norte-Americanos?

Aqui está uma lista colhida de uma variedade de fontes através dos anos:

1. Eles esperam realizar mais no ambiente local do que o razoável

2. Eles são desinteressados pelos costumes e normas culturais

3. Eles oferecem resistência ao lidar com os canais administrativos normais

4. Eles freqüentemente querem o crédito individual dos esforços das equipes

5. Eles pensam que têm sempre todas as respostas corretas

6. Eles são muito abruptos e orientados para tarefas;

7. Eles são insensíveis aos sentimentos dos outros.

8. O que eles chamam de decisões rápidas nem sempre são as mais acertadas porque falta

reflexão.

______________________

Fonte: Extraído, traduzido, e adaptado de Kohls, L. R. Survival kit for overseas leaving: for americans to live abroad. Yarmouth: Intercultural Press,1996.

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Por favor: reflita e resolva com seu grupo – há uma questão para cada grupo e a n. 6

é individual, por escrito, em papel separado e com nome.

1. O que é possível aprender sobre os norte-americanos com os resultados dessa pesquisa?

liste e exemplifique.

2. O que se percebe que seria difícil para os brasileiros no convívio com os norte-

americanos no trabalho e negócios a partir dos resultados dessa pesquisa.? liste e

explique.

3. Com que itens você discorda da pesquisa? Justifique suas posição e diga em que

experiências está baseado para assumir essa opinião?

4. Que cuidados você teria em uma negociação com norte-americanos considerando os

dados da pesquisa? Liste e explique.

5. Você concorda com algumas das reações dos nativos aos expatriados norte-

americanos? indique, justifique e, em especial, procure exemplificar.

6. Quis dificuldades dos expatriados norte-americanos seriam similares a de brasileiros

expatriados e quis seriam diferentes? Justifique.

7. ESTE ITEM É GERAL Você acredita que esses itens poderiam representar uma

autocrítica ou apenas uma crítica? Opine individualmente.

OBRIGADA !

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SINTOMAS GERAIS SINTOMAS DE RETIRADA(OU RETRAIMENTO) SINTOMAS AGRESSIVOS

Ansiedade

Desamparo

Tédio

Depressão

Fadiga

Confusão

Dúvida sobre si própria

Sentimentos de insuficiência

Fracos motivos para chorar

Paranóia

Doenças físicas ou psicossomáticas

Recolhimento físico ou psicológico

Gasto de tempo excessivo com leitura

Necessidade de dormir demasiadamente

Ver apenas os americanos ou ocidentais

Evitar anfitriões nacionais

Curta capacidade de concentração

Produtividade diminuída

Perda de habilidade para trabalhar ou estudar efetivamente

Desistir e retornar para seu lar ou país cedo

Comer compulsivamente

Beber compulsivamente

Esmero excessivo

Irritabilidade

Tensões familiares

Estresse conjugal

Chauvinismo

Estereotipação

Hostilidade para com anfitriões nacionais

Agressividade verbal

Decidir ficar, mas permanente odiar o país e sua população.

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Atitudes e práticas de gestão diferenciadoras

CRITÉRIOS CULTURAIS DIFERENCIADORES

POSICIONAMENTO DE ALGUNS PAÍSESFONTES

CRITÉRIOS CULTURAIS

IMPLICADOS

DOMÍNIO DA GESTÃO

Hofstede Distância hierárquica e individualismo

Estilo de Comando e liderança

Gestão por objetivos, gestão por exceção, Delegação GB, Escandinávia, EUA, Alemanha, Canadá, Austrália

AutocraciaFrança, Espanha e Bélgica

Paternalismo. Gestão pela RelaçãoMarrocos, Portugal, Países Latinos, Brasil

Hofstede Masculinidade e controle da incerteza

Formas de motivação

Recompensar a performance, o alcance de objetivos GB, EUA, Canadá, Alemanha, Austrália, Hong Kong

Manter a consideraçãoMarrocos, Grécia, Itália, Argentina, Japão

Segurança, confiança e AparênciaFrança, Espanha, Portugal, Turquia, Taiwan

Hofstede Distância Hierárquica e controle da incerteza

Modelos de Organização das Estruturas

Jogo de MercadoGB, EUA. Escandinávia, Austrália e Canadá

Família AlargadaMalásia, Singapura, Hong Kong

Hierarquia e Burocracia ImpessoalFrança, Portugal, Bélgica, Grécia. Marrocos, México

Hall& Hall Monocronismo e Matriz de comunicação

Instrumentos de Coordenação do Trabalho

Estrutura, Procedimentos, PadronizaçãoAlemanha, Austrália

Supervisão Direta e PadronizaçãoPortugal, Espanha, Grécia

Margem de manobraItália, França

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A Expatriação e a Formação Intercultural

Para a empresa trata-se de um precioso auxiliar de gestão e orientação e carreiras que pode

permitir uma preparação personalizada dos gestores internacionais e fornecer também uma base de

apoio à decisão sobre quem enviar para o estrangeiro que pode evitar falha nas missões abortadas

e erros com conseqüências que podem ser graves e que têm sempre custos diretos e indiretos

(ocultos) para a empresa e para os seus empregados.

O resumo em itens, a seguir, apresenta alguns requisitos que as empresas experientes em

expatriamento consideram fundamentais para um quadro internacional ser bem sucedido, em

missões e em ambientes internacionais e multiculturais O resumo contém capacidades, talentos e

aptidões, conhecimentos e motivações importantes.

PRINCIPAIS CAPACIDADES, MOTIVAÇÕES E TALENTOS DO QUADRO INTERNACIONAL

1. Ser capaz de lidar com situações ambíguas

2. Possuir espírito aberto e capaz de abordar outras culturas sem pré-juízos de valor

3. Ser genuíno, não desejar tornar-se igual aos outros (é contraproducente e impossível)

4. Possuir flexibilidade para ajustar-se a situações criticas

5. Resistência ao stress e a situações de forte tensão ou risco

6. Resistência à frustração

7. Evitar tornar-se defensivo em relação a si ou à sua cultura

8. Conhecimento de línguas estrangeiras

9. Disponibilidade e vontade de viajar

10. Capacidade para aceitar e lidar com as criticas

11. Auto-controle e estabilidade emocional e familiar

12. Capacidade de análise e explicação das diferenças culturais de forma neutra

13. Gosto pela autonomia e pelo desafio

14. Sensibilidade e capacidade de comunicação intercultural

15. Capacidades formativas e pedagógicas:

16. Adaptabilidade e resistência à frustração

17. Resistência à angústia da separação e do isolamento

18. Capacidade de análise de situações complexas

19. Capacidade de gestão de conflitos

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20. Capacidade de negociação intercultural

21. Capacidade de tomada de decisão

22. Capacidade de persuasão e liderança adequada ao contexto e à cultura hospedeira.

23. Capacidade de trabalho em equipa e gestão da diversidade.

24. Auto-conhecimento, fácil relacionamento interpessoal e capacidade oratória ou de manter silêncio com aprendizado.

25. Competência emocional. (Inteligência Emocional)

VIVER E TRABALHAR NOUTRA CULTURA: A DURAÇÃO DA EXPATRIAÇÃO

A vivência noutra cultura coloca diretamente em foco a questão de qual será a duração ótima de

tempo da expatriação. Trata-se de um assunto que continua a ser abordado de muitas formas, por

muitas organizações multinacionais, não se encontrando um consenso ou regra comum. Certas

organizações multinacionais mencionam que o expatriado tem de ficar um certo tempo no país para

se tornar eficaz, estabelecendo um prazo mínimo para ser rentável uma transferências. Para alguns,

esse prazo é de dois anos, de dois a três anos para outros e de seis anos para outros, ainda

(FINURAS, 2000).

Por outro lado, certas organizações e empresas multinacionais pensam que uma expatriação

demasiado longa tornará difícil o regresso e que, para além de um certo tempo no estrangeiro, os

expatriados terão interesse ficar no país. Essa duração crítica é, pois, muito variável segundo o

entendimento das empresas que já tiveram várias experiências e que consideram difícil extrair

conclusões. Só para dar uma idéia da divergência de práticas, o leque de tempo varia de um mínimo

de três anos para umas, cinco a oito chegando dez anos, para outras.

RAZÕES PARA ACEITAR OU RECUSAR A EXPATRIAÇÃO

As dificuldades mais comuns ligadas à expatriação são semelhantes na larga maioria das empresas

multinacionais que têm sido objeto de investigação. Segundo Adler (1999) há razões que são mais

apontadas como recusa de missões internacionais e interculturais e de acordo com a literatura e os

conhecimentos produzidos nessa matéria, podemos destacar:

1. Dificuldades familiares como problemas conjugais, escolaridade dos filhos. Estes casos foram

assinalados por algumas organizações.

2. Problemas de adaptação: nova posição social, língua, dificuldade de adaptação à nova cultura.

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3. A recusa de regresso, devido ao endurecimento da vida no país de expatriação. Acontece,

muitas vezes, um dirigente expatriado, depois de ter tido responsabilidades importantes com um

grande grau de autonomia no estrangeiro, ver-se de novo na sede, numa função muito limitada.

Conhecendo o outro e fazendo autocrítica simultaneamente.

1. Em que país são os títulos sociais (Dr., Eng.º, etc.) mais importantes

FINLÂNDIA

DINAMARCA

ESTADOS UNIDOS

NORUEGA

PORTUGAL

2. Em que país os candidatos a um emprego tendem a gabar-se mais das suas capacidades numa entrevista de seleção?

ESPANHA

ALEMANHA

FRANÇA

HOLANDA

ESTADOS UNIDOS

3. E em que país os candidatos a um em prego rendem a gabar-se menos das suas capacidades numa entrevista de seleção, mantendo uma postura mais humilde?

ESPANHA

ALEMANHA

FRANÇA

HOLANDA

ESTADOS UNIDOS

4. Em que país é a idéia «não é tanto o que tu sabes mas quem tu conheces» mais facilitadora para poder arranjar um emprego?

ÁUSTRIA

PORTUGAL

FRANÇA

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HOLANDA

SUÉCIA

INGLATERRA

5. Em qual dos países é considerado normal a oferta de lembranças ou pequenos presentes sem intenção de suborno e visando estabelecer uma boa relação?

ALEMANHA

ARÁBIA SAUDITA

ESTADOS UNIDOS

HOLANDA

AUSTRÁLIA

FINLÂNDIA

6. Em qual dos países é aconselhável ter um interlocutor antes de iniciar um negócio?

SUÍÇA

ESTADOS UNIDOS

DINAMARCA

AUSTRÁLIA

JAPÃO

7. Em qual dos países é mais adequada a gestão por exceção?

NIGÉRIA

ESTADOS UNIDOS

DINAMARCA

AUSTRÁLIA

ALEMANHA

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8. Em qual dos países as empresas tendem a possuir mais escalões hierárquicos?

HOLANDA

FINLÂNDIA

ESTADOS UNIDOS

PORTUGAL

ALEMANHA

9. Em qual dos países as pessoas cumprimentam-se mais vezes e de forma mais entusiástica e expressiva?

FINLÂNDIA

ESTADOS UNIDOS

DINAMARCA

QUÊNIA

INGLATERRA

10. Em qual dos países as pessoas tendem à dar maior importância à opinião do mais velhos?

SUÉCIA

FINLÂNDIA

ESTADOS UNIDOS

DINAMARCA

ANGOLA

NORUEGA

____________________Key: 1) - Portugal; 2) - Estados Unidos; 3) - Holanda; 4) –Portugal; 5) – Arábia Saudita; 6) – Japão; 7) – Alemanha;

8) – Portugal; 9) – Quênia; 10) – Angola;

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Questionário de Sensibilidade Intercultural

Responda às questões que se seguem, assinalando com uma cruz conforme considera a afirmação

Falsa ou Verdadeira

Verdadeiro Falso

1 Na maioria das culturas Asiáticas o auto-sacrifício é não só importante como expectável?

2 Quando um Chinês lhe pergunta se jantou ou almoçou significa que tenciona convidá-lo

3 As suas credenciais são suficientes quando lida com pessoas dos países Nórdicos

4 As suas credenciais são suficientes quando lida com pessoas dos países Anglo-saxônicos?

5 É importante exibir os sucessos junto dos Nórdicos!

6 A maioria das vezes que um Latino diz <<sim>> significa que está de acordo!

7 A maioria dos Norte-americanos é educada apenas para fazerem o melhor que podem!

8 Na cultura da Malásia o sucesso do grupo não é tão importante como o sucesso individual!

9

Para se ter sucesso na Alemanha é importante demonstrar as capacidades de improvisação mais do que demonstrar que se conhece e se seguem os procedimentos!

10

Se perguntar a um candidato Anglo-saxônico, a um emprego, porque deve admiti-lo na empresa, é bastante provável que ele responda com naturalidade que <<é o melhor!>>

11 A maioria dos Suecos valoriza mais a competição do que a cooperação!

12 Os cumprimentos e a relação não são apreciados na América Latina

_______________Fonte: Adaptado de FINURAS. P. Gestão intercultural. Lisboa: Edições Silabo, 2002. 

Answers Key: 1) F; 2) F; 3) V; 4) F; 5) F; 6) V; 7) F; 8) F; 9) F;10) V; 11) V; 12) F.

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Preparar, preparar, preparar: segredo da negociação, segundo Willian Ury

Uma vez eu perguntei à Lord Caradon, um diplomata britânico, qual era a lição mais valiosa que ele tinha aprendido durante seu longo e distinto serviço ao governo. “A mais valiosa lição”, ele respondeu: “Eu aprendi bem no início da minha carreira quando eu fui nomeado para Meio Leste como um assistente de administrador local”. Meu superior visitaria um povoado cada dia tratando de disputas e outros assuntos urgentes. Quando ele chegava, uma barulhenta confusão começava com as pessoas em volta dele com pedidos e ofertas de café. Não terminava até que ele saísse no pôr-do-sol. Ele poderia ter esquecido seus objetivos facilmente, a não ser por um simples hábito.

“Logo antes de entrar no povoado de manhã, ele jogava o jipe no acostamento da estrada e perguntava: 'o que é que nós queremos ter conseguido quando deixarmos este povoado esta noite?' ” Ele e eu respondíamos à questão para, então, entrarmos no povoado. Quando nós saímos de noite, ele, de novo, jogava o jipe no acostamento da estrada e perguntava: “então, nós conseguimos”? Nós alcançamos o que nós estabelecemos fazer?

Aquela simples prática mental foi a lição mais valiosa que Caradon aprendeu. Antes de toda reunião, prepare. Depois de toda reunião, avalie seu progresso, adapte sua estratégia, e prepare de novo. O segredo de negociação efetiva é o simples: preparar, preparar, preparar.

A maioria das negociações é ganha ou perdida mesmo antes do começo das conversações, dependendo da qualidade da preparação. As pessoas que pensam que podem “voar” sem preparação, com freqüência se encontram tristemente erradas. Mesmo que eles alcancem acordo, eles podem perder oportunidades para vantagens conjuntas que poderiam ter sido visualizadas na preparação.

Não existe nenhum substituto para uma efetiva preparação. Quanto mais difícil a negociação, mais intensa deve ser a sua preparação.

__________Fonte: Extraído, traduzido e adaptado de: URY, W. Getting past to NO. New York: Bantam Books, 2000.

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Uma pergunta incômoda a Negociadores: Por que não escutamos?

Chester Karrass

Das oito razões abaixo, somente a primeira é de responsabilidade de quem fala, o resto são

impedimentos para um bom ouvinte, isto é, para que alguém consiga ouvir exatamente o que está

sendo dito.

1. A maioria das pessoas fala antes de pensar. Falam de uma maneira desorganizada e difícil

de ser escutada.

2. Em geral, temos muita coisa em nossa mente que não podemos passar imediatamente e, às

vezes, não nos damos conta disso.

3. Nós tendemos a falar demais e, também, a interromper demais.

4. Freqüentemente somos muito ansiosos e refutamos o que as outras pessoas trazem como

argumentos e desfazendo muito do que escutamos, achando que não é relevante ou que é

pouco interessante.

5. Tendemos a evitar escutar, quando o assunto é pesado ou quando a sua base é muito

técnica ou muito detalhada. Nos permitimos distrações e, por isso, não nos concentramos

no que pode ser essencial.

6. As distrações são mais agradáveis para nós do que, em geral, aquele tópico que está sendo

discutido na negociação.. Por isso, pulamos para conclusões antes de evidências que poderiam

ter sido encontradas.

7. Por vezes nos esforçamos por lembrar de tudo em relação ao que desejamos falar e, com isso,

acabamos perdendo o foco. Nós nos dispersamos.

8. Outras vezes, cometemos discriminação, não prestamos atenção ao que dizem as pessoas

que nós não consideramos importantes, ou não nos concentramos no que desconhecemos.

9. Temos uma tendência a descartar informações que não apreciamos.

UMA PRIMEIRA CONCLUSÃO a que se pode chegar.

Uma escuta construtiva começa com o reconhecimento de que, quem fala, está apresentando algo

para nossa aprovação.

Na negociação, essa pessoa ou equipe que está buscando aprovação, quer que você acredite na sua

apresentação de motivos ou pré-proposta ou contraproposta. Como um ator que está no palco, há

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um forte desejo de representar o melhor possível, para que você perceba todo o significado do que

realmente está sendo dito.

Nossa sugestão é que, ao ler essas reflexões, você comece a levar a sério as seguintes questões para

contatos e negociações bem sucedidas.

1. Como é que você que escuta?

2. Como é que, você que fala?

Sobre as possibilidades de fala produtiva, na negociação, as sugestões são:

a) podemos perguntar à outra parte se ela pode fazer um sumário dos seus pontos-chave e das

razões pelas quais ela está fazendo a sua apresentação daquela maneira,

b) ou podemos fazer um sumário daquilo que ela está apresentando, invertendo a situação e

perguntando se o resumo que fizemos está correto, em vez de solicitar que a outra pessoa o faça.

São duas boas maneiras de dar e receber o Feedback, checando o que cada parte realmente

deseja. Tudo vai depender da habilidade de esclarecer o que se ouve, em comparação ao que é

falado.

Não há nada de errado em perguntar, quando você achar que não entendeu muito bem o ponto

apresentado, ao contrário, isso poderá ajudar ambas as partes. A outra parte fica certa de que você

está dando atenção ao que ela expôs e, isso, fortalece a empatia. Mas, essa discussão também nos

oferece um alerta sobre diferenças culturais na negociação internacional. Por exemplo:

a) os norte-americanos freqüentemente pedem: “você poderia ser mais direto”

b) ou então “o que você está tentando dizer é que...”.

Os brasileiros costumam fazer solicitações mais brandas, como:

c) “- você poderia explicar melhor esse ponto que eu tive dificuldade de entender?”

Os brasileiros costumam dizer que:

d) “- não estou muito certo de que tenha compreendido as relações entre os pontos que estão

sendo colocados por você” Agindo dessa forma, estão passando a responsabilidade para

quem ouve, sendo gentil com quem fala. Essa é uma boa maneira de não deixar um parceiro

embaraçado e avançar na negociação.

Esse cuidado é importante para ambas as partes, a pessoa que escuta, quer entendê-lo e quer que

você a entenda e ela pretende que as ideias dela sejam bem vindas, por isso, é importante que você

dê abertura para que a outra parte deixe os seus pontos muito claros, porque, fazendo isso, você está

favorecendo toda a negociação.

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Nesse sentido, sugestões proveitosas, segundo negociadores internacionais renomados, são:

I) ouça ativamente, isto é, ao mesmo tempo em que você escuta, procure reforçar o outro em

relação ao que você está ouvindo.

II) Se você tiver o hábito de repetir, para checar, o que tem sido dito nos contatos,

provavelmente você consiga que o outro diga melhor o que você quer entender.

III) Uma outra boa idéia é indicar uma pessoa da sua equipe como responsável pela escuta:

a) tomando notas,

b) observando o que é dito, como é dito,

c) em que ordem as idéias e propostas aparecem com mais clareza,

d) o que aparece apenas em meias palavras,

e) o que parecer estar subjacente,

f) e o que não é dito, de acordo com as expectativas de quem ouve e que seria fundamental

para os objetivos da rodada.

Algumas empresas costumam selecionar psicólogos, para essas tarefas, porque eles já são treinados

para escutar e, nas negociações, costumam desempenhar esse papel muito bem, mantendo um estilo

discreto, com bastante perspicácia e, também, com anotações mais sistemáticas.

Você poderá ficar surpreso sobre quanta informação importante pode acontecer se uma pessoa

indicada para escuta tiver uma boa percepção do ambiente aonde ela se encontra, em especial, se

tiver sua atenção concentrada em quem fala de uma maneira inesperada, intempestiva, provocativa,

rude ou até muito sutilmente.

Essas formas contrastantes de expressar as idéias podem conter uma CHAVE para o bom

andamento da rodada de negociação ou para o fechamento de um contrato.

Por exemplo: a outra parte pode sutilmente dizer:

a) “a nossa secretária sempre espera sua equipe chegar para, depois, arrumar a sala e colocar

cafezinho novo, assim, todos tomaremos café bem quente. “- em lugar de dizer: sua equipe não é

pontual.

b) “por favor, envie e-mail resumindo o que sua empresa considera prioritário no contrato, assim,

iremos nos preparando para atendê-los melhor e mais rapidamente” – em lugar de dizer que há um

desperdício de tempo nas rodadas devido à falta de preparação, de uma pauta porque não é somente

para norte-americanos que “time is money”.

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NÃO ACREDITE EM RECEITUÁRIOS, MAS HÁ SUGESTÕES SEMPRE OPORTUNAS

PARA AS NEGOCIAÇÕES. Veja a seguir

1. Dedique inteira atenção a aquilo que está ouvindo em uma negociação. Você não tem como

ouvir nada, se você fizer as perguntas ao mesmo tempo. Na cultura brasileira, esse mau

hábito tende a ser uma rotina perigosa.

2. Procure não interromper, o que parece comum entre os brasileiros, segundo estrangeiros, devido

ao costume de falar ao mesmo tempo.

3. Cortar a fala do outro em alguns pontos que, a princípio, não chamaram a sua atenção, pode ser

uma tática arriscada.

4. Não superestime a sua experiência, você poderá perder vantagens a curto e longo prazo.

Cuidado com: Eu já vi este filme! Essa situação é banal! Eles são principiantes!

5. Não corte aquilo que você está ouvindo, quando as coisas não são muito agradáveis de serem

escutadas. Controle suas emoções ou a outra parte será beneficiada em detrimento de suas

possibilidades.

6. Pratique a escuta de idéias sobre aquilo que você não gosta. Descobrir porque você não gosta e

saber lidar com isso será uma nova habilidade que você poderá desenvolver para crescer como

negociador.

7. Procure repetir aquilo que o incomoda, para você ouvir da outra parte com outras palavras e

checar as implicações.

8. Deixe a outra pessoa dizer a última palavra, isso não diminui a sua posição como negociador, ao

contrário, escutar é uma das concessões que você pode dar e, isso, é uma garantia de que você

vai obter, talvez, mais até do que você consiga dar.

__________________________________Fonte: Texto extraído, traduzido e adaptado de Karrass C. Give and Take. New York: Thomas Y. Cronwell, 1997. Uso exclusivo em sala de aula.

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Um olhar estrangeiro

Estudo da FGV revela como os expatriados vêem os profissionais brasileiros Por Daniela Diniz

Durante cinco anos, a professora Valderez Fraga, da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (Ebape) da Fundação Getulio Vargas (FGV-RJ), estudou o olhar estrangeiro sobre o profissional brasileiro. Foram longas entrevistas com 38 executivos expatriados que trabalharam no Brasil entre seis meses e dois anos. "Muitos usaram adjetivos bem brasileiros -- como espaçoso -- para descrever nosso perfil", conta Valderez. "Outro dado que chamou atenção foi a impaciência deles em relação à falta de pontualidade brasileira." Confira, a seguir, as características que mais impressionaram os gringos no convívio com os colegas brazucas.  

POSSO AJUDAR?Segundo os expatriados, os brasileiros não sentem dificuldades em compartilhar e emprestar o que possuem, atendem às solicitações e sempre estão prontos a prestar apoio e informações, até para desconhecidos nas ruas.

ÍNTIMO & PESSOAL (DEMAIS)

Informais, brincalhões, descontraídos e curiosos. O estudo

mostra os brasileiros como profissionais avessos a rituais e

formalismos, que gostam de fazer brincadeiras -- às vezes

consideradas inconvenientes. Os estrangeiros também se impressionaram com a facilidade com que nossos profissionais falam de sua vida pessoal ("encomendamos um bebê" ou "o teste de gravidez deu

positivo") e, da mesma forma, perguntam sobre a intimidade dos expatriados.

VAI UM ABRAÇO AÍ? Amistosos, alegres, generosos e prestativos. Os cumprimentos de brasileiros dificilmente ficam no

aperto de mão -- e isso se destacou na pesquisa. Sempre vêm junto um

toque no ombro, abraços ou beijinhos.

O, GENTE ATRASADA! Quase todos os entrevistados

reclamaram dos atrasos brasileiros -- em compromissos. Também

afirmaram que falta precisão nas reuniões e projetos.

BLABLABLÁ Falantes, barulhentos, irrequietos,

ansiosos, impacientes e espaçosos. Para os estrangeiros, os brasileiros preferem falar a

ouvir, gostam de se movimentar e não seguem uma hierarquia no discurso. Quando alguém tem

uma idéia, às vezes interrompe o próprio chefe.

MAGOOU! Os expatriados dizem que a turma verde-e-amarela costuma levar as críticas para o lado pessoal. Nas reuniões de feedback, segundo eles, os homens recebem um retorno negativo sobre o trabalho com um "sorriso amarelo", enquanto as mulheres se esforçam

para conter as lágrimas.

A GENTE É FLEXIVEL Os estrangeiros elogiam a dedicação dos brasileiros ao trabalho e a capacidade de adaptação a novas idéias, cenários e métodos de trabalho. Eles também observaram a preocupação com a formação, incluindo cursos de

especialização, MBA etc.

Fonte: Revista VOCÊ SA, Maio/2006..

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Opinião estrangeiraO estudo da FGV revela o olhar estrangeiro sobre o profissional brasileiroPor Daniela Diniz

Veja outras características consideradas brasileiríssimas apontadas no estudo pelos expatriados:

GENEROSOS - compartilham facilidades e emprestam facilmente o que possuem.

REBELDES - relutam em submeter-se a normas e a seguir procedimentos rígidos.

HIGIENE - altos padrões de higiene pessoal nas organizações e residências contrastam com a falta de limpeza nas ruas, especialmente nas grandes cidades.

INFORMAIS - brasileiros são avessos a rituais e rebeldes em relação a formalismos.

FAMÍLIA - A família aparece freqüentemente em primeiro lugar e o equilíbrio na vida pessoal motiva o engajamento no trabalho.

ÚLTIMA HORA - O hábito de deixar tudo para a última hora foi considerado uma displicência para os padrões estrangeiros.

PACÍFICOS - Para os expatriados, os brasileiros costumam evitar o confronto, concordam temporariamente e revertem a situação no final com o jeitinho brasileiro.

COMUNICATIVOS - Falam facilmente sobre suas dificuldades e conversam bastante, sem embaraços.

INDIGNADOS - Apresentam discursos fortes ou humor ácido sobre questões políticas, socioeconômicas do país, como violência, corrupção, impunidade, pobreza e sistema público de saúde.

CRÍTICOS DOS NORTE-AMERICANOS - Mostram-se, segundo os expatriados, críticos sobre a inabilidade na política internacional, considerada exacerbada e acham os norte-americanos poluidores do planeta. Ao mesmo tempo, porém, revelam-se admiradores do padrão de vida norte-americano, apontando o conforto do cidadão comum, estabilidade econômica e emprego. Elogiam também o profissionalismo do país, a desburocratização, senso prático e produtividade.

"DEVOTOS DO FUTEBOL" - Em qualquer lugar e a qualquer momento, os brasileiros puxam assunto sobre futebol, porém, é um hábito, segundo os estrangeiros, tipicamente do sexo masculino.

FESTIVOS E MODISTAS - Qualquer data especial ou conquistas no trabalho são motivos para celebração. Os brasileiros foram vistos também como interessados em grifes, eletroeletrônicos e celulares da moda.

Outras características curiosas da pesquisa. Os expatriados observaram os TRAJES FEMININOS, avaliando-os como provocantes para os padrões europeus e norte-americanos. Eles se surpreenderam, porém, ao perceber que os trajes "avançados" não significam um convite à intimidade. Outra observação foi em relação ao TRÂNSITO, considerado rápido, indisciplinado, com infrações freqüentes, pedestres também indisciplinados e motoqueiros "que só faltam voar." Por fim, os estrangeiros constataram também que os brasileiros adoram MÚSICA para ouvir, cantarolar ou dançar. 

Fonte: Extraído de FRAGA, V. F. Um olhar estrangeiro. In: DINIZ, Daniela (Org.) Você bem informado. Revista Você S/A, Rio de Janeiro: Editora Abril, Edição 95, p. 62, Mai/2006. Site: www.vocesa.com.br.

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Você vai negociar com Chilenos?

Valderez F. Fraga

Instantâneo do Chile no diálogo com chilenos

Na última década, o Chile apresentou os melhores índices de Desenvolvimento Humano da

América do Sul. É uma economia em modernização, com produtos presentes em vários mercados

industrializados. O modelo chileno inspira outros países da região sobre reformas do Estado, da

economia, da previdência e da saúde.

Os governantes atuais (de centro esquerda) discretamente procuram encontrar uma saída justa para

curar "uma velha ferida política que teima em não cicatrizar". A delicada missão que mediou a

libertação do general Pinochet, quando preso em Londres, dá indícios de reconciliação. Em

contraste com um grande grupo de pessoas decididas a esclarecer fatos políticos passados,

envolvendo familiares - uma situação que a solidariedade chilena não negaria - está surgindo uma

nova geração, partidária do estado mínimo, da economia de livre mercado, avessa a radicalismo e a

revanches políticas. Mas não parece fácil.

O orgulho pela resistência indígena à colonização, somado ao expansionismo colonizador, segundo

a história, aparece na singularidade cultural que combina a herança européia com as raízes mapuche

e aymará. Deles, os chilenos guardam a coragem e a persistência, das quais poderão valer-se para

avanços sociais contínuos e união. Segundo chilenos entrevistados, "o desafio está na capacidade de

perdoar os erros do passado e de fazer o Chile avançar, como país latino-americano, na direção dos

padrões ostentados pelo Primeiro Mundo". A atual situação de estabilidade da economia chilena

favorece uma reflexão nacional, para substituir extremos ideológicos, por um futuro próspero e

justo para os cidadãos.

Relações de trabalho

De acordo com recente pesquisa, os chilenos consideraram suas leis trabalhistas imbuídas de um

espírito mercantilista, predominando o princípio de oferta e procura. A hierarquia é vista como bem

definida, porém, a distância entre chefe e subordinado está mais relacionada ao respeito chileno por

suas instituições e cargos. O respeito ao chefe se estende aos funcionários. É habitual entre colegas

o tratamento pelo sobrenome, como na cultura norte-americana, aparentando uma relação

exclusivamente profissional. Porém, as relações são amistosas, gerando situações curiosas, devido à

mescla entre o formalismo chileno e a afetividade latina. O valor companheirismo reforça a

agregação das equipes organizacionais. Contudo, ainda há organizações paternalistas em alguns

ramos da atividade econômica.

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Mesmo assim, a solidariedade é um fundamento cultural do povo chileno e sua falta é condenada

socialmente. A geografia rica em recursos e beleza é, também, fonte de desastres naturais como

sismos e enchentes - o que deve ter contribuído para fortalecer o espírito de solidariedade. Nessas

catástrofes, a população organizada, rapidamente presta socorro às vitimas, freqüentemente

antecipando-se ao governo.

Os executivos chilenos têm experimentado um considerável avanço de internacionalização,

assimilando comportamentos transculturais que contribuem para mudanças de estilo relacional no

interior das organizações, abrindo possibilidades de negócios globais.

Executivos e negociação

A formalidade entre colegas se fortalece em situações de negociação intercultural. Há empenho pela

pontualidade britânica, cumprimentos firmes e discretos, de mão estendida, para homens e

mulheres. Trajes tradicionais são fundamentais nessas ocasiões. Dependendo da situação, o

cumprimento pode envolver um beijo no rosto, mas é prudente não tomar a iniciativa. Se os

brasileiros reagirem bem ao formalismo dos chilenos e se estes tolerarem a informalidade brasileira

- esse forte traço cultural que teima em se manifestar, apesar do empenho dos brasileiros em não

deslizar para a informalidade - as negociações têm chances de sucesso.

Entre os rituais de contato pode ser servido o cafezinho. Na intimidade, o chá. Para jantares com

clientes, há restaurantes com ambiente típico e requintado, cozinha internacional e shows

folclóricos, em geral de muito bom gosto. A aceitação de vinhos chilenos é recebida como

deferência e o internacional uísque pode abrir a conversa. Bebidas regionais, como pisco,

eventualmente entram em cena, mas a popular chicha é tradição exclusiva dos festejos da

Independência (18 de setembro), as consideradas festas da pátria.

Selecionar as pessoas por classes sociais, no Chile, com base no uso de terno, não é critério válido.

Brasileiros e chilenos concordaram que o terno masculino é uma manifestação cultural forte até nas

escolas daquele país, "quase um uniforme na sociedade". Não os desagrada o estilo moderno de

vestir das profissionais brasileiras, em especial das cariocas. Não o consideram vulgar, apenas

sensual, contudo convém um traje austero nos contatos de negócio.

Percebe-se certo desconforto dos chilenos ao negociar em português. Por outro lado, brasileiros

entrevistados consideram mais complicado negociar em português em Portugal do que enfrentar o

espanhol chileno. Neste ponto, a citação do Barão de Rio Branco, por um dos entrevistados

chilenos, parece oportuna: "entre o Brasil e o Chile, há uma amizade sem fronteiras" que a

estranheza de sons dos dois idiomas não conseguirá abalar.

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Percepções sobre o Brasil e os brasileiros

A reação recorrente na pesquisa com chilenos trabalhando ou estudando no Brasil foi que "o Brasil

é um país encantador", progressista, com bons e diversificados produtos e que pode e deve assumir

forte liderança, mas o interesse prioritário foi "passar férias no Brasil". Negócios vieram em

segundo lugar. Logo, avanços nessas relações passam por informações atualizadas, precisas e com

perspectivas duradouras. A aversão a hesitações, cronogramas indefinidos e descontinuidade não

combinam com a tradicional busca por relações estáveis, levando-os a parcerias com países

industrializados e tradicionais como o Japão.

Admiram o contraste entre o colorido das novelas e a disposição dos brasileiros à autocrítica

contundente, o que interpretam como "indevido menosprezo", não concordando com um editorial

do The Economist que julga essa postura como "complexo de inferioridade". O desconforto sobre o

Brasil repousa nas agudas desigualdades sociais e na violência nas grandes cidades. Além do

futebol, os fascina "o eterno bom humor brasileiro", que parece "um povo feliz, sempre de bem com

a vida, apesar das dificuldades que o desafiam".

Por que cultura importa nas relações comerciais internacionais?

Entrevistados chilenos e brasileiros concordaram que cultura é a base dos princípios morais e

valores que se manifestam nas relações em geral, orientando reflexões e estratégias na solução de

problemas, diante de situações inerentes a o que e como fazer, em contatos e serviços globais, tais

como:

URGÊNCIA

rapidez ou pressa?

OPORTUNIDADE

risco ou aventura?

AGILIDADE

iniciativa ou invasão?

HARMONIA

tolerância ou permissividade?

INSPIRAÇÃO

sonho ou ilusão?

CRIATIVIDADE

inovação ou fantasia?

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Nos negócios, conhecer contrastes pode aproximar

Chilenos Brasileiros

reservados falantes

nacionalistas desenraizados

tradicionais desapegados

formais informais

discretos brincalhões

austeros despreocupados

contidos à vontade

silenciosos ruidosos

audaciosos espontâneos

crítica direta crítica bem humorada

autocrítica polida autocrítica escrachada

heroísmo ponderação

confronto jeitinho brasileiro

Similaridades

Maioria católica e presença protestante. SOLIDARIEDADE.

O que é prudente observar.

• Prepare-se para conviver com profissionalismo internacional.

• Comporte-se com discrição e respeito à hierarquia.

• Traje-se tradicionalmente.

• As festividades da Independência chilena são reveladoras da cultura, comparáveis ao carnaval brasileiro. Aproveite para divertir-se e para aprender.

• Não invada a privacidade ideológica, pois há "ferimentos políticos" em cicatrização.

• Não deixe o bom humor esquecido no Brasil, mas contenha a espontaneidade nos negócios com chilenos;

• Não incorra no "sacrilégio" da falta de pontualidade.

Assim, suas chances de ser bem-sucedido na cultura comercial chilena serão mais elevadas.

____________________Fonte: Revista Comércio Exterior – Informe BB – Edição 56 – Mercado Chile.

SUGESTÃO: VEJA OS DEMAIS NÚMEROS DESSA REVISTA NO SITE do Banco do Brasil>>> janela superior >>>O que você precisa >>> procure Comércio Exterior. Vai abrir outra página e, à sua esquerda há um diretório no qual, ao final, você encontra a revista Comércio Exterior Informe BB, é só colocar o mouse e escolher o número referente à cultura que você deseja conhecer.

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PARTE 6 – CULTURA, POLÍTICA E RELIGIÃO

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Voltaire sobre Intolerância

SE A INTOLERÂNCIA É DE DIREITO NATURAL E DE DIREITO HUMANO - p.37

O direito natural é aquele que a natureza indica a todos os homens. Educastes vosso filho, ele vos deve respeito como a seu pai, reconhecimento como a seu benfeitor. Tendes direito aos frutos da terra que cultivastes com vossas mãos. Fizestes e recebestes uma promessa, ela deve ser cumprida.

Em todos os casos, o direito humano só pode se fundar nesse direito de natureza; e o grande princípio, o princípio universal de ambos, e, em toda a terra: “Não faz o que não gostarias que te fizessem”. Ora, não se percebe como, de acordo com esse princípio, um homem poderia dizer a outro: “Acredita no que acredito e no que não podes acreditar, ou morrerás.” É o que dizem em Portugal, na Espanha, em Goa. Atualmente limitam-se a dizer, em alguns países: “Crê, ou te abomino; crê, ou te farei todo o mal que puder; monstro, não tens minha religião, logo não tens religião alguma: cumpre que sejas odiado por teus vizinhos, tua cidade, tua província”.

Se fosse de direito humano conduzir-se dessa forma, caberia então que o japonês detestasse o chinês, o qual execraria o siamês; este perseguiria os gancares, que cairiam sobre os habitantes do Indo; o niongol arrancaria o coração do primeiro malabar que encontrasse; o malabar poderia degolar o persa, que poderia massacrar o turco - e todos juntos se lançariam sobre os cristãos, que por muito tempo devorariam-se uns aos outros.

O direito da intolerância é, pois, absurdo e bárbaro; é o direito dos tigres, e bem mais horrível, pois os tigres só atacam para comer, enquanto nós exterminamo-nos por parágrafos.

Fonte: Extraído de VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância, Tradução Paulo Mendes. São Paulo: Martins Fontes,1998. (p. 37-38).

RELATO DE UMA DISPUTA DE CONTROVÉRSIA NA CHINA - p.113

Nos primeiros anos do reinado do grande imperador Kang-hi, um mandarim da cidade de Cantão ouviu de sua casa uma grande gritaria vinda da casa vizinha. Mandou averiguar se matavam alguém; disseram-lhe que era o capelão da companhia dinamarquesa, um capelão da Batávia e um jesuíta que discutiam; o mandarim chamou os três à sua presença, mandou servir-lhes chá e doces, e perguntou-lhes qual o motivo da discussão.

O jesuíta respondeu-lhe que era muito doloroso para ele, que sempre tinha razão, ter de lidar com gente que sempre estava errada, que a principio havia argumentado com a maior calma, mas que no final perdera a paciência.

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O mandarim fez-lhes ver, com toda a discrição possível, o quanto a polidez é necessária na disputa, disse-lhes que, na China, jamais se irritavam e perguntou-lhes do que se tratava.

Respondeu-lhe o jesuíta: “Excelência, faço-vos juiz da questão; estes dois senhores recusam-se a submeter-se às decisões do concílio de Trento”.

- Isso me espanta - fez o mandarim. E voltando-se para os dois refratários: “Parece-me que deveríeis respeitar as opiniões de uma grande assembléia. Não sei o que vem a ser o concílio de Trento; mas várias pessoas são sempre mais instruídas do que uma só. Ninguém deve acreditar que sabe mais do que os outros e que a razão só habita em sua cabeça. É assim que ensina nosso grande Confúcio. E se acreditais em mim, fareis muito bem em confiar na autoridade do concílio de Trento.”

O dinamarquês tomou então a palavra e disse: “Vossa Excelência fala com a maior sabedoria. Respeitamos as grandes assembléias como é nosso dever; assim, estamos inteiramente de acordo com várias assembléias realizadas antes da de Trento”.

- Oh! se é assim - tornou o mandarim – peço-vos perdão, poderíeis ter razão. Sois, portanto, da mesma opinião, vós e vosso colega holandês, contra esse pobre jesuíta?

- Em absoluto - respondeu o holandês. - Este homem tem opiniões quase tão extravagantes quanto as desse jesuíta, que procura aqui ser gentil convosco. Não há como concordar com eles.

- Não vos entendo - disse o mandarim. - Não sois todos os três cristãos? Não viestes todos os três ensinar o cristianismo em nosso império? E não deveis por conseguinte ter os mesmos dogmas?

- Vede, Excelência - falou o jesuíta. - Esses dois aí são inimigos mortais, e ambos disputam contra mim; é evidente que ambos estão errados, e que a razão está apenas do meu lado.

- Isso não é tão evidente - asseverou o mandarim. - Poderia perfeitamente ocorrer que estivésseis todos os três errados; eu teria curiosidade de vos ouvir um após o outro.

O jesuíta fez então um longo discurso, durante o qual o dinamarquês e o holandês davam de ombros; o mandarim não compreendeu nada. Foi a vez de o dinamarquês falar; seus adversários olharam-no com piedade, e o mandarim continuou sem compreender. O holandês teve a mesma sorte. Enfim falaram os três juntos, disseram-se grosseiras injúrias. O honesto mandarim com muita dificuldade conseguiu apaziguá-los e disse-lhes: “Se quereis que tolerem aqui vossa doutrina, começai por não serem intolerantes nem intoleráveis.”

Ao sair da audiência, o jesuíta encontrou um missionário dominicano; disse-lhe que havia ganho sua causa, assegurando que a verdade triunfava sempre. O dominicano respondeu: “Se eu estivesse lá, não a teríeis ganho; eu vos teria persuadido de mentira e idolatria”. A querela esquentou; o dominicano e o jesuíta agarraram-se pelos cabelos. O mandarim, informado do

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escândalo, mandou os dois para a prisão. Um de seus ministros perguntou-lhe: “Quanto tempo Vossa Excelência quer que eles fiquem detidos? - Até que estejam de acordo, respondeu o mandarim. – Ah!, fez o ministro, então ficarão na prisão pelo resto da vida. - Pois bem, replicou o mandarim, até que se perdoem. - Eles jamais se perdoarão, disse o outro; eu os conheço. - Pois então, concluiu o mandarim, até que finjam perdoar-se”.p.115

Fonte: Extraído de VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância, Tradução Paulo Mendes. São Paulo: Martins Fontes,1998. (p. 113-115).

ORAÇÃO A DEUS - p.131

Não é mais aos homens que me dirijo, é a ti, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos. Se é permitido a frágeis criaturas perdidas na imensidão e imperceptíveis ao resto do universo, ousar te pedir alguma coisa, a ti que tudo criaste, a ti cujos decretos são imutáveis e eternos, digna-te olhar com piedade os erros decorrentes de nossa natureza. Que esses erros não venham a ser nossas calamidades. Não nos deste um coração para nos odiarmos e mãos para nos matarmos. Faz com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida difícil e passageira; que as pequenas diferenças entre as roupas que cobrem nossos corpos diminutos, entre nossas linguagens insuficientes, entre nossos costumes ridículos, entre nossas leis imperfeitas, entre nossas opiniões insensatas, entre nossas condições tão desproporcionadas a nossos olhos e tão iguais diante de ti; que todas essas pequenas nuances que distinguem os átomos chamados homens não sejam sinais de ódio e perseguição; que os que acendem velas em pleno meio-dia para te celebrar suportem os que se contentam com linho branco para dizer que devemos te amar não detestem os que dizem a mesma coisa sob um manto de lã negra; que seja igual te adorar num jargão formado de uma antiga língua, ou num jargão mais novo; que aqueles cuja roupa é tingida de vermelho ou de violeta, que dominam sobre uma pequena porção de um montículo da lama deste mundo e que possuem alguns fragmentos arredondados de certo metal usufruam sem orgulho o que chamam de grandeza e riqueza, e que os outros não os invejem, pois sabes que não há nessas vaidades nem o que invejar, nem do que se orgulhar.

Possam todos os homens lembrar-se de que são irmãos! Que abominem a tirania exercida sobre as almas, assim como execram o banditismo que toma pela força o fruto do trabalho e da indústria pacífica!

Se os flagelos da guerra são inevitáveis, não nos odiemos, não nos dilaceremos uns aos outros em tempos de paz e empreguemos o instante de nossa existência para abençoar igualmente em mil línguas diversas, do Sião à Califórnia, tua bondade que nos deu esse instante. p.132.Fonte: Extraído de VOLTAIRE. Tratado sobre a tolerância, Tradução Paulo Mendes. São Paulo: Martins Fontes, 1998. (p. 37-38; 113-115; 131-132).

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Guerra Santa?

Editorial do Jornal Zero Hora - RS – 11/02/2006

O ataque terrorista às torres gêmeas de Nova York, um espetáculo dantesco que ceifou milhares de vidas e provocou uma reação legítima, mas recheada de irracionalidade dos Estados Unidos foi um sinal de que é possível uma guerra santa de muçulmanos contra cristãos e judeus. É evidente que não são só as divergências religiosas que motivariam essa temida guerra. Também interesses territoriais e econômicos que existem há muito, mas que ganham conteúdo explosivo quando o país mais poderoso do Ocidente é governado por um George Bush, líder a quem se pode atribuir qualidades, menos a do bom senso.

Desde que aconteceu o 11 de setembro, o presidente norte-americano já provocou duas guerras absurdas, a do Afeganistão e a do Iraque, ambas sob o pretexto de que lá estaria o terrorismo e se escondiam os terroristas. Acrescentou, para ser mais convincente, o desejo de que naqueles países fosse implantada a democracia que, sem dúvida, eles não conhecem.

O que não se imaginava era que a ousadia e temeridade de alguns chargistas da imprensa e editores de jornais do Ocidente poriam na fogueira lenha suficiente para que a guerra santa acabe sendo definitivamente declarada. Tudo começou na desenvolvida, pacífica e democrática Dinamarca, onde um órgão de imprensa publicou charges apresentando Maomé como um terrorista. Outros jornais de países europeus repetiram a dose, tudo em nome da liberdade de imprensa e sem que avaliassem o fato de que os países muçulmanos não são democracias e nem têm, em sua maioria, a divisão que conhecemos entre a igreja e o estado.

Para os muçulmanos, o que um jornal publica é responsabilidade do respectivo governo. Em seus países, em grande parte fundamentalistas, o governo e o clero se confundem. O islã é ao mesmo tempo estado e religião. Jamais entenderiam que o primeiro-ministro Anders Fogh Rasmussen, da Noruega, não é responsável pelo desrespeito à figura intocável do profeta Maomé. E imaginam que os chargistas e os jornais agiram com a permissão e até a mando dos governos dos países que ousaram as jocosas críticas que feriram a segunda figura mais sagrada dos muçulmanos, abaixo apenas de Alá.

Os ataques às embaixadas e consulados dinamarqueses e de outros países europeus, violentos e destruidores, tenta-se acabar com diplomacia. Mas que diplomacia pode ser usada quando o embate é entre duas correntes religiosas, dois mundos distintos e persistem interesses de outra ordem ainda não resolvidos?

Temos de esperar o inesperável, que é bom senso e sabedoria, principalmente do presidente George Bush, que comanda o país líder do Ocidente. Bom senso dos demais dirigentes dos países envolvidos e o uso extensivo da diplomacia para que os tumultos não se transformem na insana guerra santa. E ter consciência de que as reações espontâneas dos muçulmanos, certamente insufladas por interessados na violência e no terrorismo, tendem a traduzir violência muito maior que as cruzadas que os cristãos empreenderam, no passado, contra o islã. E rezar, em línguas ocidentais, árabe, turco, farsi e hebraico para que isso tudo que está acontecendo não seja a primeira batalha da absurda, mas possível guerra santa.

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Just War - or A Just War?

March 9, 2003 By JIMMY CARTER*

ATLANTA - Profound changes have been taking place in American foreign policy, reversing

consistent bipartisan commitments that for more than two centuries have earned our nation

greatness. These commitments have been predicated on basic religious principles, respect for

international law, and alliances that resulted in wise decisions and mutual restraint. Our apparent

determination to launch a war against Iraq, without international support, is a violation of these

premises.

As a Christian and as a president who was severely provoked by international crises, I became

thoroughly familiar with the principles of a just war, and it is clear that a substantially unilateral

attack on Iraq does not meet these standards. This is an almost universal conviction of religious

leaders, with the most notable exception of a few spokesmen of the Southern Baptist Convention

who are greatly influenced by their commitment to Israel based on eschatological, or final days,

theology.

For a war to be just, it must meet several clearly defined criteria. The war can be waged only as

a last resort, with all nonviolent options exhausted. In the case of Iraq, it is obvious that clear

alternatives to war exist. These options - previously proposed by our own leaders and approved

by the United Nations - were outlined again by the Security Council on Friday. But now, with

our own national security not directly threatened and despite the overwhelming opposition of

most people and governments in the world, the United States seems determined to carry out

military and diplomatic action that is almost unprecedented in the history of civilized nations.

The first stage of our widely publicized war plan is to launch 3,000 bombs and missiles on a

relatively defenseless Iraqi population within the first few hours of an invasion, with the purpose

of so damaging and demoralizing the people that they will change their obnoxious leader, who

will most likely be hidden and safe during the bombardment.

The war's weapons must discriminate between combatants and noncombatants. Extensive aerial

bombardment, even with precise accuracy, inevitably results in "collateral damage." Gen.

Tommy R. Franks, commander of American forces in the Persian Gulf, has expressed concern

about many of the military targets being near hospitals, schools, mosques and private homes.

Its violence must be proportional to the injury we have suffered. Despite Saddam Hussein's other

serious crimes, American efforts to tie Iraq to the 9/11 terrorist attacks have been unconvincing.

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The attackers must have legitimate authority sanctioned by the society they profess to represent.

The unanimous vote of approval in the Security Council to eliminate Iraq's weapons of mass

destruction can still be honored, but our announced goals are now to achieve regime change and

to establish a Pax Americana in the region, perhaps occupying the ethnically divided country for

as long as a decade. For these objectives, we do not have international authority.

Other members of the Security Council have so far resisted the enormous economic and political

influence that is being exerted from Washington, and we are faced with the possibility of either a

failure to get the necessary votes or else a veto from Russia, France and China. Although Turkey

may still be enticed into helping us by enormous financial rewards and partial future control of

the Kurds and oil in northern Iraq, its democratic Parliament has at least added its voice to the

worldwide expressions of concern.

The peace it establishes must be a clear improvement over what exists. Although there are

visions of peace and democracy in Iraq, it is quite possible that the aftermath of a military

invasion will destabilize the region and prompt terrorists to further jeopardize our security at

home. Also, by defying overwhelming world opposition, the United States will undermine the

United Nations as a viable institution for world peace.

What about America's world standing if we don't go to war after such a great deployment of

military forces in the region? The heartfelt sympathy and friendship offered to America after the

9/11 attacks, even from formerly antagonistic regimes, has been largely dissipated; increasingly

unilateral and domineering policies have brought international trust in our country to its lowest

level in memory. American stature will surely decline further if we launch a war in clear

defiance of the United Nations. But to use the presence and threat of our military power to force

Iraq's compliance with all United Nations resolutions - with war as a final option - will enhance

our status as a champion of peace and justice.

*Jimmy Carter, the 39th president of the United States, is chairman of the Carter Center in Atlanta and winner of

the2002 Nobel Peace Prize.

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Islamismo: um breve esclarecimento

O islão, islã, islame ou islamismo (do árabe: اإلسالم al- islām) é uma religião monoteísta que

surgiu na Península Arábica no século VII, baseada nos ensinamentos religiosos do profeta

Muhammad (Maomé) e numa escritura sagrada, o Alcorão.

Cerca de duzentos anos após o seu nascimento, na Arábia, o islão já se tinha difundido em todo o

Médio Oriente, no Norte de África e na Península Ibérica, bem como na direção da antiga Pérsia

e Índia. Mais tarde, o islão atingiu a Anatólia (na Assíria, fazendo uma ponte entre o Mar Negro

e a Europa), os Balcãs e a África sub-saariana.

Recentes movimentos migratórios de populações muçulmanas no sentido da Europa e do

continente americano levaram ao aparecimento de comunidades muçulmanas nestes territórios.

A mensagem do islão caracteriza-se pela sua simplicidade de práticas para atingir a salvação:

basta acreditar num único Deus, rezar cinco vezes por dia, submeter-se ao jejum anual, no mês

do Ramadão, pagar dádivas rituais e efetuar, se possível, uma peregrinação à cidade de Meca.

O islão é visto pelos seus adeptos como um modo de vida que inclui instruções que se

relacionam com todos os aspectos da atividade humana, sejam eles políticos, sociais, financeiros,

legais, militares ou interpessoais. A distinção ocidental entre o espiritual e temporal é, em teoria,

alheia ao islão.

Percebe-se que a lógica da cultura árabe e da cultura do extremo oriente, (China), em que pesem

algumas reconhecidas e até gritantes diferenças, são semelhantes no aspecto dessa

inseparabilidade entre religião e vida diária. Assemelha-se à concepção ocidental de um estilo de

vida.

É um erro considerar-se que o islamismo seja uma posição necessariamente fundamentalista. A

tendência humana à estranhesa diante das diferenças, somadas à presença do radicalismo de

alguns grupos islâmicos, especialmente na atualidade, tem levado a essa confusão.

Por um lado, as diferenças que chamariam a atenção dos ocidentais e que não seriam

consideradas religiosas, mas culturais - como alimentação, vestuário, rituais sociais e

constituição familiar - já seriam suficientemente fortes para gerar estranhezas mútuas. Diante

dessa questão, a religião viria apenas somar diferenças. Isso porém, do ponto de vista ocidental

já que para os árabes a religião muçulmana permeia todos os âmbitos da vida humana.

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_____________________________Fonte: Extraído, resumido, adaptado e ampliado de BRENNAN, LYNNE e BLOCK, David. Etiqueta no mundo dos negócios. Raul de Sá Barbosa (Trad.) São Paulo: Futura, 2001, p. 194-219.

Um caso sem negócios e muito o que refletir

Bill Miller é um vendedor americano de primeira linha e trabalha para uma grande

empresa de tecnologia de informação. Ele está na Cidade do México, sentado em seu

quarto de hotel, de cabeça baixa, passando as mãos nos cabelos, frustrado. Será que

seus anfitriões ainda pretendem falar de negócios algum dia? Será que não sabem

que lhe resta pouco tempo na cidade? Há um acordo a ser fechado. As negociações

preliminares, conduzidas a distancia, correram bem. Mas agora, passados dois dias

de sua chegada e com apenas vinte e quatro horas restantes, ele sente que não

avançou nem um passo desde que chegou.

Não é que seus anfitriões mexicanos sejam hostis. Ao contrário, eles são

extraordinariamente simpáticos.

Expressam sorrisos amplos, demonstram interesse pessoal por ele e certamente se

preocupam com todas as suas necessidades. O hotel, por exemplo, é excelente. O fato

é que os mexicanos simplesmente demonstram pouco interesse em falar de negócios.

O gerente encarregado de cuidar de Bill é um bom anfitrião, mas não está envolvido

no acordo em questão. No caminho do aeroporto, quando Bill tocou no assunto da

apresentação que havia cuidadosamente preparado nos Estados Unidos, antes da

viagem - O homem pareceu surpreso que ele quisesse falar a respeito.

Haverá tempo de sobra para isso - advertiu ele -, agora você deve estar cansado do

voo. Que tal relaxar um ou dois dias, e fazer um passeio primeiro? Eu posso cuidar

de você. E então, Bill passou o primeiro dia conhecendo a Cidade do México,

esforçando-se para disfarçar sua impaciência. Mas, no segundo dia, seu anfitrião o

apresentou aos gerentes seniores, interessados na compra, e sugeriu que ele fizesse

sua apresentação na terceira manha. Mais uma vez todos foram muito sociáveis, mas

pareceram surpresos com sua impaciência. Relutantes, eles acabaram concordando

com uma conversa após o expediente, às 17:00h.

Bill se preparou cuidadosamente e chegou no horário marcado à sala de reunião,

munido de sua apresentação em PowerPoint. Não havia ninguém, apenas um móvel

preparado com bebidas e salgadinhos. Mas, aos poucos, os executivos foram

chegando. Começaram a conversar em inglês com Bill, fazendo perguntas. Só que as

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perguntas não eram sobre o equipamento que Bill viera vender, e sim sobre a

empresa - sua história, seu planejamento, e sua futura expansão na América Latina.

Depois quiseram saber sobre o próprio Bill, sua história na companhia, seus pontos

de vista sobre a indústria de T.I., sobre a indústria deles, seu acesso a políticas

econômicas futuras, até sua esposa e seu hobby predileto. Bill continuava

impaciente. Ele queria adiantar sua apresentação, mas sem ofender seus anfitriões,

então, respondeu as perguntas e esperou por um momento de pausa na conversa.

Finalmente, durante uma pausa, ele disse:

- Obrigado. Fico muito grato por sua hospitalidade. Agora podemos sentar e eu vou

fazer minha apresentação. Acho que em um ótimo negócio aqui para a sua empresa.

Houve um silencio constrangedor. Em seguida o diretor executivo disse calmamente:

- Infelizmente, creio que o Sr. Alvarez já foi para casa.

E claro, ele havia desaparecido. Alvarez era o diretor-presidente e sem o seu aval não

havia negócio. - Talvez... - disse o outro diretor - talvez amanhã? Enquanto isso, por

que não saímos para jantar, para que possamos nos conhecer melhor?

Desta vez Bill alegou cansaço. Como, nesse mundo, pensou, essa gente já conseguiu

vender alguma coisa entre si, ou mesmo comprar algo uns dos outros, que dirá dele?

***

Em sua casa, Juan Alvarez acendeu um cigarro, pensativo.

O americano parecia tão contrariado, tão apressado, que Juan simplesmente não teve

vontade de ficar por perto, ele havia tentado construir um relacionamento

profissional, estabelecendo a base que valeria por muitos anos de negócio, não

apenas um. Miller havia jogado ESSA tentativa para o alto. Alvarez já havia visto

isso antes, com americanos, mas, parece que não aprendeu muito.

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MercadoChina deve se tornar o maior importador de petróleo

13/09/2013 | 09h32O mercado mundial de petróleo alcançará um marco no mês que vem, quando a China ultrapassar os Estados Unidos e se tornar o maior importador mundial líquido de petróleo, se as projeções da Divisão de Informações sobre Energia, do Departamento de Energia dos Estados Unidos, estiverem corretas.

A mudança chama a atenção para a mudança das relações internacionais impulsionada pelo persistente crescimento das importações de petróleo da China e pela queda vertical das compras externas do produto pelos EUA. A Agência Internacional de Energia (AIE), o órgão de monitoramento do mercado que assessora os países ricos, projeta que as importações americanas de petróleo do Oriente Médio vão cair de 1,9 milhão de barris/dia em 2011 para apenas 100 mil b/d em 2035.

No mesmo período, as importações chinesas do petróleo da região deverão aumentar de 2,9 milhões de b/d para 6,7 milhões de b/d, segundo as projeções.

Com um ritmo de desenvolvimento inferior às esperanças anteriores em torno do petróleo de xisto, a autossuficiência da China energética ainda está muito distante. Alguns anos atrás, as discussões sobre o crescimento acelerado da demanda da China por produtos energéticos sempre foram pautadas pela crescente competição - ou mesmo pelo potencial conflito - com os EUA para garantir acesso aos escassos volumes do produto.

Mas Carlos Pascual, o representante especial do Departamento de Estado dos EUA para questões energéticas internacionais, argumenta que é do interesse americano que a China consiga suprir suas necessidades por energia e deixe de causar a disparada dos preços do petróleo. "A capacidade da China de atender à sua própria demanda será um importante fator controlador dos preços mundiais", diz ele.

Erica Downs, do Brookings Institution de Washington, argumenta que a demanda chinesa por energia pode também trazer vantagens. A China pode estar preparada para desempenhar um papel maior na salvaguarda dos fluxos mundiais de petróleo, diz ela.

Preocupações com segurança energética "podem obrigar Pequim a desempenhar um papel mais relevante na neutralização de uma ameaça ao livre fluxo de petróleo procedente do golfo Pérsico: o fechamento do estreito de Ormuz pelo Irã".

No entanto, a possibilidade de os Estados Unidos e outros países ficarem satisfeitos com uma frota naval chinesa estacionada no golfo são outros quinhentos, diz Michael Levi, do Conselho sobre Relações Exteriores. "Na prática, duvido que muitos formuladores americanos de políticas públicas gostarão da ideia de a China policiar as rotas marítimas regulares do Oriente Médio à Ásia", diz ele. "E tenho certeza de que o Japão não gostará."

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Fonte: Valor EconômicoHOME

Parauapebas-PA é município que mais exportou em 2013

17/01/2014

Brasília (17 de janeiro) -  De janeiro a dezembro de 2013, o município de Parauapebas-PA foi o que mais exportou, com US$ 10,079 bilhões de embarques ao exterior.  Em segundo lugar está São Paulo-SP, que atingiu US$ 8,603 bilhões em exportações, seguido por Rio Grande-RS (US$ 7,435 bilhões), Rio de Janeiro-RJ (US$ 6,116 bilhões) e Santos-SP (US$ 5,845 bilhões). Entre os que mais importaram, destacam-se Manaus-AM (US$ 14,081 bilhões), São Paulo-SP (US$ 13,473 bilhões), São Sebastião-SP (US$ 13,424 bilhões), Rio de Janeiro-RJ (US$ 9,283 bilhões) e Itajaí-SC (US$ 6,220 bilhões). Os maiores superávits comerciais foram registrados em Parauapebas-PA (US$ 9,890 bilhões), Rio Grande-RS (US$ 4,931 bilhões), Santos-SP (US$ 4,627 bilhões) e Nova Lima-SP (US$ 3,725 bilhões).(sugestão para localizar: o mapa do Pará lembra uma blusa e o município fica abaixo da manga esquerda, olhando para o mapa)

Assessoria de Comunicação Social do MDIC(61) 2027-7190 e 2027-7198 [email protected]

 Região Sul tem maior aumento de exportações em 2013

17/01/2014

Brasília (17 de janeiro) –  A Região Sul teve o maior crescimento das vendas externas entre as regiões brasileiras em 2013. De janeiro a dezembro do ano passado, os estados do Sul venderam 18,19% mais que em 2012. O total de exportações da região passou de US$ 44,015 bilhões, em 2012,  para US$ 52,021 bilhões, em 2013, o que representou um crescimento da participação regional nas exportações totais do Brasil de 18,15% para  21,48%.

A segunda maior elevação das vendas externas (10,76%) foi do Centro-Oeste brasileiro (de US$ 25,621 bilhões para US$ 28,377 bilhões; de 10,56 % para 11,72% do total Brasil); seguido pela Região Norte, com 7,89% de aumento (de US$ 17,692 bilhões para US$ 19,088 bilhões; 7,29 % para 7,88%). O Nordeste registrou queda de 8,01% nas vendas externas (de US$18,773 bilhões para US$ 17,270 bilhões; 7,74 % para  7,13%) e o Sudeste também teve redução 8,68% das

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exportações em 2013 (US$ 133,520 bilhões para US$ 121,936 bilhões; 55,04% para  50,35%).Em valores absolutos, os maiores exportadores foram: Sudeste (US$ 121,936 bilhões); Sul (US$ 52,021 bilhões); Centro-Oeste (US$ 28,377 bilhões); Norte (US$ 19,088 bilhões) e Nordeste  (US$ 17,270 bilhões).

Estados Entre os estados, o que teve maior crescimento das vendas externas, em relação ao ano anterior, foi o Rio Grande do Sul, que aumentou em 44,34% as exportações. Os embarques do estado passaram de US$ 17,385 bilhões para US$ 25,093 bilhões, elevando de 7,17% para 10,36% a participação nas vendas externas brasileiras.  Em valores absolutos, os maiores exportadores foram São Paulo (US$ 56,317 bilhões; queda de 5,11% em relação a 2012 e participação de  23,25 % no total Brasil); Minas Gerais (US$ 33,436 bilhões; aumento de 0,57%; participação de 13,81% ); Rio Grande do Sul (US$ 25,093 bilhões; 44,34% de elevação; 10,36%); Rio de Janeiro (US$ 21,273 bilhões; queda de 26,04%; participação de  8,78%); e Paraná (US$ 18,239 bilhões; aumento de 2,99%;participação de 7,53%).

Assessoria de Comunicação Social do MDIC(61) 2027-7190 e 2027-7198 [email protected]

http://www.mdic.gov.br//sitio/interna/noticia.php?area=5&noticia=12956

Exportações somam US$ 5,069 bilhões em janeiro

13/01/2014

Brasília (13 de janeiro) – Com sete dias úteis, as duas primeiras semanas de janeiro (1° a 12) tiveram exportações de US$ 5,069 bilhões  (média diária de US$ 724,1 milhões) e importações de US$ 5,643 bilhões (média de US$ 806,1 milhões) resultando num saldo comercial negativo de US$ 574 milhões. Na primeira semana (1 a 5), que teve dois dias úteis, os embarques brasileiros ao exterior somaram US$ 1,525 bilhão (média de US$ 762,5 milhões) e as compras externas chegaram a US$ 1,415 bilhão (média de US$ 707,5 milhões), com superávit de US$ 110 milhões. Já a segunda semana (6 a 12), com cinco dias úteis, teve exportações de US$ 3,544 bilhões (média de US$ 708,8 milhões) e importações de US$ 4,228 bilhões (média de US$ 845,6 milhões), o que levou a um saldo negativo de US$ 684 milhões.

Mês

Em relação à média de exportações registrada em janeiro de 2013 (US$ 725,8 milhões), as vendas externas até a segunda semana deste mês tiveram  redução de 0,2%. Contribuiu para este resultado a queda de 7,2% das exportações de manufaturados, principalmente de etanol, tubos flexíveis de ferro ou aço, açúcar refinado, autopeças, medicamentos, máquinas e aparelhos agrícolas, pneumáticos e automóveis de passageiros.  Ainda em comparação com o mesmo período de 2013, houve aumento de 4,9% na venda de semimanufaturados (óleo de soja em bruto, celulose, sucos e extratos vegetais, óleo de dendê em bruto, madeira laminada e em estilhas, borracha sintética e artificial e ferro-ligas) e de 3,3% na exportação de produtos básicos (de soja em grão, minério de alumínio, petróleo em bruto, farelo de soja, arroz em grãos, minério de manganês e carne bovina).

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Na comparação com dezembro de 2013 (média de US$ 992,7 milhões), as exportações brasileiras têm retração de 27,1%, por conta, principalmente da queda nas vendas das três categorias de produtos (manufaturados: -37,7%; básicos: -26,6%; e semimanufaturados: -2,5%).

As importações em janeiro de 2014, pela média diária, apresentam redução de 11,4% em relação à média de janeiro do ano passado (US$ 909,4 milhões) puxada por combustíveis e lubrificantes (-71,7%), leite e derivados (-38,0%), aeronaves e peças (-23,9%), e bebidas e álcool (-21,4%). No comparativo com dezembro último, houve queda de 6,9%. Houve diminuição dos gastos com combustíveis e lubrificantes (-65,6%), aeronaves e peças (-36,1%), adubos e fertilizantes (-21,7%), e produtos farmacêuticos (-19,7%).

Assessoria de Comunicação Social do MDIC(61) 2027-7190 e 2027-7198

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Brasil, o eterno emergente 1 Viagens são, para mim, momentos de renovação e observação de outras realidades e costumes que nos permitem ver as coisas de fora para dentro, com maior precisão e espírito crítico. Vou, em geral, a convite, participar de reuniões internacionais cheias de grandes ensinamentos. É o que aconteceu agora, em Kuala Lumpur, na Malásia, em pleno Sudeste Asiático, do outro lado do mundo. Foram 24 horas de viagem e um tremendo jet-leg. Mas, em compensação, quanto prazer, quanta sabedoria!

2 Visto de fora para dentro, somos um eterno país emergente que não consegue emergir. Comparando--o com a própria Malásia - um país modesto, o Brasil perdeu posições importante nas últimas décadas. Um tanto autocentrados e autoconfiantes, às vezes ciclotímicos, outras soberbos, somos demasiado orgulhosos do pouco que fizemos. Se fizemos alguma coisa, os

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outros fizeram muito mais! Aprendi, por exemplo, que nas últimas duas décadas, Nova Delhi diminuiu o número de pobres de 52% da população para 7%. Sem Lula!

3 Vejam só, a Malásia se emancipou da Inglaterra em 1957 e era um país pobre e vendedor de matérias primas. Hoje, nosso saldo comercial é negativo e totalmente desequilibrado: o Brasil exporta minério de ferro, açúcar, milho, soja. Puras matérias primas. E a Malásia nos devolve com circuitos integrados, cartuchos de tinta, microprocessadores e luvas de borracha cirúrgicas. Para quem se lembra, a Malásia nos roubou a borracha amazônica e se transformou, há quase cem anos, no grande exportador do produto. Nós nos desindustrializamos e a Malásia mudou de patamar.

4 Hoje, o desenvolvimento é baseado em educação, ciência, tecnologia e conhecimento. O crescimento da Ásia vai nessa direção, e mais ainda o da China, o gigante asiático , que, ao anunciar recentemente o seu novo ciclo de reforma econômica, declarou que está encerrando sua 1ª etapa de crescimento industrial e iniciando um novo ciclo, ligado aos serviços. Pretende ser o novo centro financeiro da Ásia. E já é a maior potência comercial do mundo, movimentando em torno de 4,1 trilhão de dólares por ano. De 1979 para cá, a China deixou de ser um dos países mais pobres e, estrategicamente, atraiu capitais de fora, montou um sistema industrial sem perder o protagonismo político.

5 Enquanto isso, o Brasil entorpecido se viu às voltas com uma crise econômica cujas debilidades não conseguiu superar e consolidou-se comercialmente como exportador de commodities: carne, soja, minério, frango. Todos com enorme impacto negativo sobre o meio ambiente e de baixo valor agregado. A produtividade do país é baixa, os impostos elevadíssimos, a infraestrutura precária e os produtos industriais caros e pouco competitivos. O tamanho do comércio exterior não chegou a 450 bilhões de dólares, isto é, 10% da movimentação chinesa.

O poder moderador e o Pós-Regionalismo: uma globalização sem hegemonias? 6 Mas, de um mal maior não padecemos: o das diferenças e conflitos de línguas, étnicos, religiosos e civilizatórios - que atingem os demais membros do BRICS (Rússia, Índia, China). E também a Malásia. A Conferência da Latinidade foi criada por Cândido Mendes - um dos pais do desenvolvimentismo brasileiro - exatamente para aparar os graves conflitos entre o mundo islâmico e o Ocidente superdesenvolvido, depois dos graves acontecimentos do 11 de setembro. E promover a pacificação.

7 A ideia de que os latinos poderiam ser mediadores desse conflito foi uma estratégia brilhante de um grupo de intelectuais que vem contribuindo para germinar ideias como a da globalização sem hegemonias, que faz derreter o domínio americano, a essa altura com a ajuda de Barack Obama, mas também contornar uma eventual hegemonia do Império do Meio (chinês), cuja tradição histórica é de contenção e de isolamento. Além disso, os BRICS também comparecem desunidos no cenário internacional, livres para construir alianças menos impositivas, mais voluntaristas e flexíveis.

8 Outra ideia, a do pós- regionalismo, parte da reformatação dos espaços regionais a partir de novos protagonismos e da nova globalização. Essa visão exalta o poder moderador da Malásia, ao apaziguar conflitos étnicos internos (30% de chineses e 10% de indianos) mas, também diante de uma Ásia dividida entre o crescente poder econômico da

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China, a força do Japão e da Índia emergente. Como pano de fundo, está o poder islâmico presente na Malásia e na Indonésia.

Insisti, como conferencista, que a moderação e o diálogo são características universais da política em seu sentido grego do entendimento entre as diferenças, e que o multiculturalismo seria apenas uma variante dessa moderação que, segundo a filósofa Hannah Arendt, é a essência da política, que foi e continua sendo a de apaziguar e resolver conflitos. As metrópoles como hubs da globalização: Entre o Céu e o Inferno 9 Chamei a atenção, em minha intervenção, para o papel sedutor e atraente das grandes metrópoles - atores emergentes do pós-regionalismo, escapando ao controle dos Estados Nacionais e de suas estruturas federativas. Esses grandes centros comportam-se como entes autônomos, complexos e culturalmente diversificados que sempre foram. A sedução das cidades globalizadas remonta aos Impérios antigos, sobretudo a Roma. Elas se destacam como focos de atração, inovação e criatividade, de oportunidades de trabalho e de mobilidade social. Em suma, a metrópole espalhada pelo mundo atual é o perfeito hub da nova globalização, dentro dos requisitos da cidade global, agora em plena sociedade do conhecimento.

10 Esse lugar metropolitano configura, ao mesmo tempo, o Céu e o Inferno. Com cidades de até 36 milhões de pessoas nos diferentes subcontinentes, em geral, carentes de governança e de planejamento, o espaço urbano desorganizado, muitas vezes, se confunde com o caos e a desordem, a degradação das condições de vida em sua periferia, a proliferação da marginalidade social, das carências, do abandono e do isolamento. As desigualdades vêm crescendo em todos os continentes e tornando as cidades os outdoors da miséria.

11 O milagre da romã - Americanos, franceses, jordanianos, chineses, malaios, mexicanos e brasileiros faziam parte desta Caravana da Paz que discutiu inúmeros exemplos de encontros civilizatórios e de convergências políticas, religiosas e culturais que estimulam o bom entendimento. O símbolo da conferência, introduzido de forma sensível pela embaixadora do Brasil na Malásia, foi uma fruta que conhecemos bem: a romã, difundida em todas as culturas, conhecida como símbolo de paz, de boa sorte e de bom entendimento.

12 Aliás, no final do ano, quem não compartilhou uma romã em terras brasileiras?

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SUGESTÃO FINAL

Aos alunos que tiverem interesse em interculturalidade, para tema de Monografia,

sugiro conhecerem as monografias, arroladas a seguir.

ALESSANDRA DA MOTA. NEGOCIAÇÃO INTERNACIONAL: RECONHECENDO AS POSSIBILIDADES DA INTERCULTURALIDADE. 2002. Monografia (Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Referências adicionais: Brasil/Português.

WASHINGTON DE SOUZA MONTEIRO. ASPECTOS SOCIAIS, CULTURAIS E ÉTICOS COMO ELEMENTOS GERADORES DE VANTAGEM COMPETITIVA EM COMÉRCIO. 2002. Monografia (Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de JaneiroReferências adicionais: Brasil/Português.

ALBERTO CASTILHO DE HOUND. CHINA E COMÉRCIO INTERNACIONAL: UM SONHO POSSÍVEL. 2003. Monografia (MBA Comércio E Finanças Internacionais) - Fundação Getúlio Vargas – RJ. Referências adicionais: Brasil/Português.

ROGÉRIO SOARES LEITE. O CHOQUE CULTURAL NA ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS MULTINACIONAIS: UM ESTUDO DE CASO. 2003. Monografia (MBA Comércio e Finanças Internacionais) - Fundação Getulio Vargas - RJReferências adicionais: Brasil/Português.

STELLA MARIA NUNES. CONFLITOS TRANSCULTURAIS ORGANIZACIONAIS> CASO DA MITSUBISHI CORPORATION DO BRASIL S/A. 2004. Monografia (Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de JaneiroReferências adicionais: Brasil/Português.

FABIANO DE SOUZA. ÉTICA ORGANIZACIONAL EM CONTATOS E NEGÓCIOS. 2005. Monografia (Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de JaneiroReferências adicionais: Brasil/Português.

MARCOS GOULART. CULTURA E RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL CHINA; PRIMEIRAS REFLEXÕES. 2005. Monografia (Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro Referências adicionais: Brasil/Português.

VALÉRIA AGUIAR. TRANSFORMAÇÕES NA ÍNDIA: POSSIBILIDADES DE TROCAS COMERCIAIS E DE EXPERIENCIAS COM O BRASIL. 2005. Monografia (Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de JaneiroReferências adicionais: Brasil/Português.

JOSIE SILOS PEREIRA DA CRUZ. A HISTÓRIA DA MOEDA. 2008. Monografia (MBE em Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ/ Ecex. Referências adicionais: Brasil/Português.

PAULA SIXEL. AS RELAÇÕES COMERCIAIS BRASIL-ALEMANHA: alguns fatores favoráveis e restritivos considerados significativos. 2009. Monografia (MBE em Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ EcexReferências adicionais: Brasil/Português.

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KARINA GONÇALVES DO SANTOS DIAS. CHINA: CULTURA X ECONOMIA. QUAIS OS FATORES DE CONECÇÃO ENTRE AMBOS? 2011. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em MBE em Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Ecex. Orientador: Valderez Ferreira Fraga.

MARCELO PEREIRA. BUROCRACIA E COMÉRCIO EXTERIOR NO BRASIL: REFLEXÕES SOBRE DIFICULDADES. 2011. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em MBE em Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Ecex. Orientador: Valderez Ferreira Fraga.

RENATA GOMES DOS SANTOS. COMUNICAÇÃO E RELACIONAMENTO: CONTRIBUIÇÃO DA SECRETÁRIA EXECUTIVA PARA O DESEMPENHO ORGANIZACIONAL EM CONTATOS E NEGÓCIOS INTERCULTURAIS. 2011. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em MBE em Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Ecex. Orientador: Valderez Ferreira Fraga.

CHEN LI WEN. IMPLICAÇÕES JURÍDICAS EM NEGOCIAÇÃO DE CONTRATOS INTERNACIONAIS: O PRINCÍPIO DA BOA-FÉ OBJETIVA E A CLÁUSULA COMPROMISSÓRIA. 2012. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em GESTÃO EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS) - UFRJ-IE-ECEX - UNIVERSIDADE PETROBRAS. Orientador: Valderez Ferreira Fraga.

PAOLO SILVA GONÇALVES. COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS À ADAPTAÇÃO DO EXECUTIVO À INTERNACIONALIZAÇÃO DO SÉCULO XXI. 2012. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em GESTÃO EM NEGÓCIOS INTERNACIONAIS) - UFRJ-IE-ECEX - UNIVERSIDADE PETROBRAS. Orientador: Valderez Ferreira Fraga

DINALVA COSTA. DIVERSIDADE CULTURAL VIVENCIADA NA NORUEGA: APRENDIZADO PARA O COMÉRCIO EXTERIOR. 2013. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em MBE em Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Ecex. Orientador: Valderez Ferreira Fraga.

RAFAEL MELLO MOHREZ. ESTRATÉGIAS DE INTEGRAÇÃO ECONÔMICA E OPORTUNIDADES DE NEGÓCIOS ENTRE BRASIL E CHILE. 2013. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em MBE GESTÃO DE NEGÓCIOS INTERNACIONAIS) - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Ecex. Orientador: Valderez Ferreira Fraga.

VIVIANE CASTELAR. A HISTÓRIA DO PETRÓLEO RELAÇÕES E IMPLICAÇÕES NO COMÉRCIO EXTERIOR DO BRASIL. 2013. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em MBE em Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Ecex. Orientador: Valderez Ferreira Fraga.

ALINE DE ALMEIDA DE MORAES. MULTICULTURALIDADES NO COMÉRCIO EXTERIOR: EM UMA EMPRESA COM DUAS UNIDADES. 2014. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em MBE em Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro. Orientador: Valderez Ferreira Fraga.

ANA LUCIA SAINT CLAIRE LEE. IMPLICAÇÕES CULTURAIS NO COMÉRCIO EXTERIOR BRASIL/ CANADÁ: REALIDADES E POSSIBILIDADES. 2014. Monografia.

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(Aperfeiçoamento/Especialização em MBE em Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Ecex. Orientador: Valderez Ferreira Fraga.

LUIZ EDUARDO BARBOSA DA SILVA. A IMPORTÂNCIA DOS FATORES CULTURAIS NAS NEGOCIAÇÕES COMERCIAIS BRASIL-CHINA NA ÁREA DE AVIAÇÃO: O CASO EMBRAER. 2014. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em MBE em Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Ecex. Orientador: Valderez Ferreira Fraga.

HENRIQUE SENGES COUTINHO MARQUES. A INFLUÊNCIA DO ESTUDO DA TRANSCULTURALIDADE NAS DECISÕES DE MARKETING INTERNACIONAL. 2014. Monografia. (Aperfeiçoamento/Especialização em MBE em Comércio Exterior) - Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ Ecex. Orientador: Valderez Ferreira Fraga.

Rio de Janeiro, março, 2015.

Espero que aproveitem as leituras e contribuam para o compartilhamento das atividades interculturais em sala.

Antecipadamente agradeço pela participação de todos, pois o sucesso do aprendizado depende de todos nós.

Valderez