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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICORELATÓRIO PARCIAL
PIBIC/FAPESPAPeríodo: Agosto/2014 à Agosto/2015( ) PARCIAL(X) FINAL
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa: Tecnologia supercrítica aplicada: Processos de separação, equilíbrio de fases e simulação.
Nome do orientador: Raul Nunes de Carvalho Júnior
Titulação do orientador: Doutor
Faculdade: Engenharia de Alimentos
Unidade: ITEC/UFPA
Título do plano de trabalho: Extratos de polpa de bacaba (Oenocarpus bacaba) liofilizada, obtidos com CO2 supercrítico: Avaliação da estabilidade térmica e oxidativa.
Nome do bolsista: Nayara Janaina Neves da Silva
Tipo de Bolsa: ( ) PIBIC/CNPq( ) PIBIC/UFPA( ) PIBIC/INTERIOR(X) PIBIC/FAPESPA( ) PRODOUTOR( ) PARD – Renovação( ) PIBIC/PIAD
( ) PIBIC/AF-CNPq ( ) PIBIC/AF-UFPA ( ) PIBITI
( ) PADRC
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INTRODUÇÃO
A região Amazônica encontra-se em uma posição privilegiada, pelo fato de
possuir a maior biodiversidade do planeta. Entre toda essa riqueza, destacam-se as
inúmeras espécies de frutos, os quais têm apresentado grande interesse de pesquisas
científicas nas indústrias de alimentos e fármacos, devido a crescente preocupação do
consumidor com a relação entre dieta e saúde (YAHIA, 2010).
A bacaba (Oenocarpus bacaba), espécie pertencente à família Arecaceae, é uma
palmeira nativa da Amazônia encontrada em matas secundárias de terra firme e em
capoeiras, caracterizando a paisagem da região (LORENZI et al., 2010). O seu período
de safra ocorre nos períodos mais chuvosos, mais precisamente nos meses de janeiro a
abril (CALVACANTE, 2010). Nos estados do Amazonas e Pará a população a polpa e
o palmito são muito consumidos (GUIMARÃES, 2013). A bacaba apresenta um
elevado teor de óleo (CAVALCANTE, 2010), no qual é encontrada uma grande
quantidade de ácidos graxos insaturados.
Os óleos vegetais são importantes fontes energéticas, além da presença de
compostos bioativos expressos nas suas formas insaturadas com destaque para as
frações da série ômega (MASUCHI et al., 2008). Desta forma, a preservação de suas
características nutricionais é um importante foco para a pesquisa científica e para a
indústria. A manutenção das qualidades do óleo e sua estabilidade oxidativa podem
estar relacionadas às formas de extração empregadas na obtenção dos óleos vegetais.
A extração com fluidos supercríticos ou Supercritical fluid extraction (SFE)
trata-se de uma operação unitária na qual é extraído ou separado os componentes de
uma mistura, utilizando solventes acima do seu ponto crítico. Segundo (LANG e WAY,
2001) a extração com fluido supercrítico é uma técnica ambientalmente segura e
eficiente para materiais sólidos. A sua eficiência estar ligada ao fato de poder
determinar as condições ótimas para extrair substâncias específicas (ABBAS et al.,
2008), devido à seletividade que o fluido apresenta de acordo com a variação de
temperatura e pressão.
O dióxido de carbono é o solvente mais utilizado na SFE, principalmente na
indústria de alimentos. Devido a sua tensão superficial ser muito pequena, o que facilita
a penetração destes fluidos em estruturas microporosas, possui uma faixa de trabalho
em temperaturas críticas baixas, além disso, a permite a realização da extração sem os
riscos de deixar resíduos indesejáveis e/ou degradar termicamente os produtos obtidos
(PASSOS, 2007; CONTADO et al., 2010).
2
JUSTIFICATIVA
A população tem demostrado um maior interesse pelo uso de fitoterápicos e
alimentos funcionais, causando assim um aumento na demanda de extratos vegetais e
produtos naturais isolados de plantas e fontes de alimentos terapêuticos (ZHAO 2006).
Desta forma, o óleo da bacaba pode representar uma fonte alternativa para a
indústria farmacêutica e alimentícia, devido os seus ácidos graxos predominantes, os
ácidos linoleico e oleico (Ômega 6 e 9), os quais tem entre suas principais funções a
participação no metabolismo orgânico humano, desempenhando um papel fundamental
na síntese de hormônios, fatores anti-inflamatórios de defesa orgânica (ômega 6), sendo
precursores da produção do ácido araquidônico e eicosapentaenoico (EPA) (MENDES
et al., 2012).
As extrações destes compostos com o mínimo de modificação de suas
características físicas e químicas devem ser melhores estudadas. Realizando a
caracterização física e química dos frutos e a quantificação de componentes bioativos,
que são importantes para o conhecimento do valor nutricional e funcional das matérias-
primas. Métodos de extração eficientes e seletivos são necessários para a obtenção
destes a partir dos materiais vegetais (LANG e WAI, 2001).
A tecnologia usando fluido supercrítico tem se destacado nas pesquisas pelas
suas propriedades favoráveis a extração. Quando atingem elevadas densidades os
fluidos supercríticos apresentam propriedades semelhantes à de solventes líquidos,
tendo ainda a vantagem da redução da viscosidade e aumento da difusividade, em
comparação com os líquidos tornando os processos envolvendo o uso de fluidos
supercríticos mais eficazes em relação aos processos envolvendo solventes orgânicos.
(SANTOS, 2012).
Devido às vantagens apresentadas por esta técnica em relação aos outros
métodos de extração por solventes na obtenção de extratos de vegetais e produtos
naturais isolados, inúmeros trabalhos científicos têm sido publicados abordando
aplicações da extração supercrítica (PEREIRA e MEIRELES, 2010).
As técnicas termoanalíticas adquiriram importância nas ultimas décadas, devido
a sua capacidade de fornecer informações quanto ao comportamento térmico dos
materiais de forma precisa e num intervalo de tempo relativamente curto. Estes métodos
são largamente usados no controle de qualidade de óleos vegetais, pois fornecem, com
rapidez, dados sobre a estabilidade do óleo, perante seu comportamento térmico.
3
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL:
Avaliar a estabilidade térmica e oxidativa dos extratos de bacaba, obtido por
extração com CO2 supercrítico em diferentes condições de temperatura e densidade.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Determinar as condições ótimas de extração com dióxido de carbono CO2 com
fluidos em estado supercrítico a partir do rendimento do óleo;
Analisar físico-quimicamente os extratos de bacaba; avaliando a qualidade dos
mesmos.
Acompanhar a estabilidade dos extratos a través da técnica usando Rancimat e
por termogravimetria;
MATERIAIS E MÉTODOS
Obtenção da matéria-prima
Os frutos de bacaba utilizados foram obtidos do município de Abaetetuba, no
Estado do Pará. Posteriormente, os frutos foram despolpados com água. De maneira
subsequente, o suco de bacaba foi congelado à temperatura de -18ºC, o que permitiu a
realização do processo de secagem por liofilização, o qual teve duração de 72 horas,
tempo este necessário para o alcance da temperatura final de secagem (35°C). A polpa
liofilizada foi armazenada em embalagens plásticas, para posteriores análises e extração
do óleo.
Caracterização físico-química da polpa da Bacaba liofilizada
Atividade de água
A atividade de água (Aw) da polpa liofilizada foi realizada em higrômetro
AQUAlab 3TE da Decagon. O resultado obtido da atividade de água foi lido
diretamente no aparelho.
Umidade
A determinação da umidade foi realizada utilizando uma balança de umidade
com precisão de 0,01% (Shimadzu, modelo SHI-MOC-120H, Brasil).
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Lipídios
A análise foi realizada segundo a AOAC (2000). A determinação da quantidade
de óleo na polpa liofilizada foi realizada através de um aparelho Soxhlet utilizando éter
de petróleo como solvente orgânico.
Pesaram-se aproximadamente 5g de amostra em cada cartucho. O embrulho foi
acoplado no equipamento Soxhlet e adicionando quantidade suficiente de éter de
petróleo até completarem três sinfonadas. O tempo de análise foi e duas horas e meia. O
cálculo do óleo presente na amostra foi o da seguinte equação:
Óleo (%) = massa do ó leo(g)
massa da amostra(g) x 100
Resíduo mineral fixo (Cinzas)
O teor de cinzas da polpa liofilizada foi determinado seguindo o método da
AOAC (2000), utilizando um forno mufla (QUIMIS Q-318 M24). O material foi
incinerado a 550°C, após esfriar o material em dessecador, realizou-se a pesagem das
amostras, até a massa se manter constante. Para o cálculo utilizou a seguinte equação:
Cinzas (%) = P2−P1
massa da amostra x 100
Onde:
P2: Peso do cadinho seco (g)
P1: Peso do cadinho e amostra incinerado (g)
Unidade de extração
A unidade de extração com dióxido de carbono (CO2) em condições supercríticas
está localizada na Universidade Federal do Pará, no Laboratório de Extração e
Equilíbrio. Para a separação do óleo, o suco liofilizado foi submetido ao processo de
extração utilizando o Spe-edTM SFE (Allentown, PA, EUA) modelo 7071 da Applied
Separation, acoplado a um compressor Schulz modelo CSA 7,8 volume interno de 19,7
L da Schulz S/A (Joinville, SC, Brasil), cilindro com CO2 com 99.9% de pureza da
Linde Gases (Belém, PA, Brasil), recirculador Polyscience F08400796 (Nilles, Illinois,
EUA) e medidor de vazão de CO2 na saída do sistema Alicat Scientific M 5SLPM
(Tucson, AZ, EUA).
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Seleção dos parâmetros do processo de extração supercrítica
Foram realizados testes para obtenção do extrato da bacaba, a fim de se obter
uma metodologia operacional que proporcionasse um maior rendimento. Por isso, as
extrações ocorrerão nas temperaturas de 40 e 60ºC (Botelho, 2011), com densidade do
CO2 de 0,7 e 0,9 g/cm3 e vazão volumétrica do solvente igual a 3 dm3 / min. O tempo de
extração foi de 30 minutos de período estático e 3 horas de período dinâmico.
Os ensaios experimentais ocorrerão com repetição. O programa TermoDi foi
utilizado para calcular os valores de densidades empregadas no processo (CARVALHO
Jr et al., 2004).
Análises físico-químicas no óleo de Bacaba
Índice de Peróxido
É uma das análises mais utilizadas para medir o estado de oxidação dos óleos e
gorduras. O índice de peróxido foi determinado seguindo a metodologia AOCS Cd 8-53
(2001).
Três amostras, com aproximadamente 3,5g foram pesadas em balança analítica
em um erlenmeyer de 250 mL e em cada amostra fora adicionada 30 mL de ácido
acético – clorofórmico, o qual consiste numa mistura na proporção de 3:2 (v/v); em
seguida foi adicionado 0,5 mL da solução indicadora de iodeto de potássio (KI) saturado
e sob agitação por 1 minuto, então foi adicionado 30 mL de água destilada e 0,5mL de
amido a 1% e titulou-se com tiossulfato de sódio a 0,01N até a coloração azul/roxo
desaparecer. O índice de peróxido foi calculado segundo a seguinte equação:
Índice de peróxido = (Va−Vb ) x N x1000massa da amostra
Onde:
Va: Volume de tiossulfato de sódio gasto na titulação da amostra;
Vb: Volume de tiossulfato de sódio gasto na titulação do branco;
N: Normalidade da solução de tiossulfato de sódio;
Índice de acidez
A análise foi realizada segundo o método da AOCS Cd 3d-63 (AOCS, 2001),
que é aplicável a óleos vegetais e animais (natural ou refinado).
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Uma amostra do óleo de bacaba, cerca de 1g foi pesado para determinar o índice
de acidez do óleo neutralizado, em uma balança analítica e colocado num erlenmeyer de
125 mL, adicionou-se 25 mL de álcool etílico e 3 gotas de fenolftaleína. Em seguida e
titulou-se com a solução de Hidróxido de sódio (NaOH) a 0,01N padronizada até que
ocorresse a viragem. O índice de acidez é expresso pela equação:
Índice de acidez = mLde NaOH x N x28,2
massa da amostra
Análises da estabilidade oxidativa Rancimat
A análise da estabilidade oxidativa foi realizada pelo método Rancimat, através
do método Rancimat modelo 743 Metron nos seguintes parâmetros: Temperatura de 100
°C e fluxo de ar em 10L/h, com amostra de 5g que foram pesados nos frascos do
Rancimat. A oxidação foi induzida pela passagem de ar pela amostra, mantida à
temperatura constante. (AOCS, Cd 12b-92, 1997). Somente, as amostras que
apresentaram maior rendimento em óleo que foram analisadas.
Cálculos de rendimento em termo de massa
Para o cálculo do rendimento mássico em base seca, foram levados em
consideração os valores da umidade das amostras.
Rendimento mássico = mE
mamostra x ( 100−U100
)
Onde:
mE: Massa do extrato em gramas;
m amostra: Massa da amostra em gramas;
U: Umidade percentual da amostra.
Determinação do perfil de ácidos graxos por cromatografia gasosa
A determinação da composição de ácidos graxos foi determinada de acordo o
método descrito por Rodrigues et al (2010), sendo realizada em todos os extratos
obtidos da isoterma de rendimento global de 40°C e 60°C.
Utilizou-se cromatógrafo a gás Varian modelo CP3380 acoplado com detector
de ionização em chama (DIC) e coluna capilar CPSil 88 de 60 m de comprimento
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diâmetro interno de 0,25 mm e espessura de filme de 0,25 m da Varian Inc. Foi
injetado 1L, no qual o gás Hélio foi utilizado como fase móvel.
Para a identificação dos picos individuais dos ácidos graxos, usou-se com base
em padrões ( Nu-check-prep Inc, EUA). Oz software Varian star 3.4.1 foi utilizado para
calcular os tempos de retenção e áreas dos picos.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
O número de artigos referentes à composição química dos frutos de Oenocarpus
bacaba (bacaba) é muito pouco. Dessa forma, os resultados desse trabalho foram
comparados com os de espécies pertencentes aos gêneros Oenocapus e Euterpe, por
serem palmeiras cujos frutos são consumidos de maneira semelhante à bacaba.
Caracterização físico-química da polpa da Bacaba liofilizada
Na tabela 1, são representados os valores encontrados nas análises de
caracterização físico-química da polpa da bacaba liofilizada. Pôde-se perceber que a
umidade pós-liofilização reduziu 90%, resultando num produto totalmente seco e com
baixíssimo teor de água, mostrando a eficiência da liofilização e prevenindo a matéria-
prima de possíveis degradações. O teor de água presente na bacana, é próximo ao
encontrado por Menezes et al. (2008) na polpa do açaí (Euterpe Oleracea) liofilizado
que corresponde a 4,92 (g/100g), podendo a diferença está relaciona com a condições de
armazenamento.
Tabela 1: Características físico-químicas da polpa da bacaba liofilizada.
Composição Quantidade
Atividade de água (Aw) 0,49 0,01
Umidade (g/100g) 4,20 0,10
Lipídios (g/100g) 61,24 0,27
Cinzas (g/100g) 2,18 0,00
*Dados expressos em base seca (b.s).
Os valores de lipídios encontrados neste trabalho é próximo ao obtido por
Canuto et al.(2010) para a polpa de bacaba (59,68g/100g 14,52). Enquanto para os
valores de lipídios encontrados por Amasifén (2001), são menores (47,97g/100g), e os
resultados de cinzas foram superiores aos encontrados neste trabalho. O resultado de
8
cinzas que apresentou ser mais similar ao da bacaba foi o de Domingues et al. (2014) na
caracterização do bacabi (Oenocarpus mapora H. Karsten) que foi de 2,20(g/100g).
Caracterização físico-química do óleo da Bacaba
A tabela 2 apresenta os resultados obtidos através da caracterização físico-
química do óleo de bacaba extraído por CO2 supercrítico com diferentes condições de
processo.
Tabela 2: Caracterização físico-química do óleo de bacaba.
Analises físico-química Condição 3 Condição 6
Índice de peróxido (meqKg óleo) 18,13±0,25 19,15±0,12
Índice de acidez (mgKOH/g) 2,96±0,13 3,46±0,30
As características físico-químicas dos óleos são de extrema importância quando
se seleciona uma matéria-prima para a produção de alimentos, pois são tidos como
parâmetros de qualidade, necessárias para um bom aproveitamento do produto. A
caracterização físico-química do óleo da bacaba carece de mais pesquisas para serem
feitas comparações com outras literaturas, no entanto, já se tem o conhecimento que o
óleo apresenta características semelhantes ao azeite de oliva virgem. De acordo com os
resultados obtidos pode-se perceber uma diferença conforme a variação das condições
de processo. Para análise de índice de acidez e peróxido (análises de qualidade do óleo),
os valores exigidos pela ANVISA (2005) de 3,3 mgKOH/g óleo e 20 meq/ Kg,
respectivamente.
As amostras apresentaram resultados dentro do intervalo determinado pela
ANVISA (2005) para o índice de peróxido. Para a condição 3 o óleo encontra-se dentro
dos padrões exigidos pela ANVISA referentes a acidez, porém a condição 6 apresentou
um valor superior ao estabelecido. Um elevado índice de acidez indica que o óleo está
sofrendo quebras em sua cadeia de trigliceróis, liberando seus constituintes principais,
que são os ácidos graxos.
Análises da estabilidade oxidativa Rancimat
A estabilidade oxidativa do óleo da bacaba foi avaliada através da determinação
do tempo de indução à oxidação através do método do Rancimat. O índice de
estabilidade oxidativa do óleo mostrou estabilidade média de 18,02 h nas duas
9
condições analisadas. As curvas obtidas mostram que quanto mais o óleo é oxidado,
mais produtos voláteis e derivados de ácidos graxos são liberados, assim, quanto mais
curto for o período de indução menor o índice de estabilidade oxidativa (Santos et al,
2012).
Uma comparação com a estabilidade oxidativa com valores encontrados em
estudos pode ser difícil devido os diferentes parâmetros e as condições de análise
utilizadas, tais como temperatura, fluxo de ar, tamanho da amostra, e equipamento,
entre outros fatores que são peculiares a cada amostra (Porto et al, 2012;. Santos et al.,
2012). Masuchi et al. (2008) avaliaram 10 amostras de óleo de girassol comercial com e
sem a adição de antioxidantes, de acordo com a embalagem do produto, à temperatura
de 110 °C. Os resultados mostram que são bastante inferiores aos observados neste
estudo, podendo ter como justificativa o tempo de armazenamento e a temperatura
utilizada na análise. O alto teor de ácidos graxos presentes no óleo da bacaba (mono e
poliinsaturados) implica certamente na sua fácil oxidação. O congelamento pode
reduzir/retardar os efeitos causados no processo de oxidação.
Isotermas de rendimento mássico global
As densidades calculadas para a determinação das condições do processo foram
determinadas pelo software TermoDi.
Tabela 3: Condições de processo e densidades calculadas pelo software TermoDi.
Condições Temperatura (°C) Pressão (Bar) Densidade (Kg/m3)
1 40 120 700
2 40 170 800
3 40 290 900
4 60 190 700
5 60 270 800
6 60 420 900
A figura 1 representa as isotermas de rendimento global de 40°C e 60°C em
relação às densidades utilizadas. Observa-se que o maior rendimento mássico foi o
desempenhado a 60°C com densidade de 900 Kg/m³. Os resultados mostram que a taxa
de inclinação da reta aumenta com a elevação da densidade, desta forma, podemos
observar que na densidade de 700 Kg/m³ obteve o menor rendimento mássico global.
10
Prevalecendo o efeito da densidade na isoterma de 60°C. Segundo Brunner (1994) o
poder de solvatação do solvente supercrítico aumenta com o aumento da densidade.
600 650 700 750 800 850 900 950 10000
10
20
30
40
50
60
70
40°C 60°C
Densidade (Kg/m³)
Rend
imen
to G
loba
l (%
)
Figura 1: Isoterma de rendimento mássico global versus densidades do SFE´s.
100 150 200 250 300 350 400 4500
10
20
30
40
50
60
70
40°C 60°C
Pressão (bar)
Rend
imen
to G
loba
l (%
)
Figura 2: Isoterma de rendimento mássico global versus pressões do SFE´s.
O rendimento do óleo da bacaba aumenta de acordo com a pressão de operação
para as isotermas estudadas, devido ao aumento da densidade do solvente supercrítico,
deste modo, a isoterma de 60°C obteve maiores rendimentos devido as pressões
utlizadas.
Determinação do perfil de ácidos graxos por cromatografia gasosa
11
A tabela 2 mostra o perfil de ácidos graxos do óleo de bacaba nas condições 3
(40°C; 900 Kg/m3) e 6 (60°C; 900 Kg/m3), que foram escolhida para análise por terem
obtido um maior rendimento em comparação as outras condições.
Os ácidos graxos mais relevantes nos óleos obtidos são os ácidos graxos
poliinsaturados (PUFAs), especialmente o ácido oléico (C18:1) e o ácido linoleico
(C18:2).Estes ácidos correspondem, respectivamente, ao ω-9 e ω-6. Os ácidos graxos
monoinsaturados (MUFAs) que se apresentaram em maiores concentrações nas duas
condições, foram o ácido palmítico (C16:0) e o ácido esteárico (C18:0).
A análise do perfil de ácidos graxos demonstra que possui quantidades
significativas de PUFAs e MUFAs, respectivamente em ambas as condições de
extração. s matérias-primas ricas nestes tipos de ácidos graxos são de grande interesse
para a indústria alimentícia e de bebidas, por permitir a elaboração de produtos mais
saudáveis.
Tabela 2: Caracterização do perfil de ácido graxo na condição 3 e 6.
Nomenclatura Ácidos GraxosConcentração de ácidos graxos (%)
Condição 3 Condição 6
Ácido Caprílico C8:0 0,06 0,01Ácido Cáprico C10:0 0,01 0,02Ácido Láurico C12:0 0,15 0,21
Ácido Tridecanóico C13:0 0,06 0,03Ácido Mirístico C14:0 0,40 0,22
Ácido Pentadecilico C15:0 0,06 0,07Ácido Palmítico C16:0 22,12 22,05
Ácido Palmitoleico C16:1 0,43 0,02Ácido Margárico C17:0 0,09 0,09Ácido Esteárico C18:0 3,39 2,68
Ácido Oleico C18:1 61,16 60,52Ácido Linoleico C18:2 11,48 13,37Ácido Linolênico C18:3 0,11 0,06Ácido Araquídico C20:0 0,48 0,64
Ácido Beênico C22:0 -- --
A composição de ácidos graxos do açaí estudado por Lima e Luz (2011)
apresentou valores aproximados de ácido linoléico (13,97%) para a condição 6 e valores
inferiores na condição 3; e obteve valores aproximados de ácido palmítico (22,09%) nas
duas condições de processo, e obteve menores valores em relação ao ácido oléico
(57,37%) e ácido esteárido (1,96%). Enquanto no estudo realizado por Mambrín e
BarreraArellano (1997) para a bacaba , apresentou menor valor de ácido oléico
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(57,10%) e maiores valores de ácido palmítico (23,40%), ácido oleico (14,00%) e ácido
esteárico (3,20%), quando comparada as duas condições utilizadas no processo.
Conclusão
A extração utilizando dióxido de carbono como fluido no estado supercrítico,
mostra-se como um processo eficaz para a obtenção do óleo de bacaba, principalmente
em termos mássicos para a condição operacional de 60°C a 420 bar. O óleo apresentou
características físico-químicas dentro dos padrões estabelecidos para o azeite de oliva
virgem e uma boa estabilidade oxidativa. O estudo sobre as características do óleo de
bacaba ainda é muito pobre, o que torna esse trabalho muito importante quando se trata
da produção de um banco de dados sobre o referido óleo na literatura. O óleo apresenta
uma quantidade considerável de ácidos graxos poliinsaturados, com destaque para o
ácido oleico (C18:1) e linoleico (C18:2) o que torna o óleo desejado nas industrias
alimentícias e bebidas, pois, irá fornecer ao produto um apelo funcional que vem se
tornando crescente no mercado.
Dificuldades: O estudo termoanalítico através da análise de termogravimetria não foi
realizado, pois, o equipamento pertencia a outro laboratório e encontrava-se em
manutenção.
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16
PARECER DO ORIENTADOR
A aluna desenvolveu seu trabalho de iniciação cientifica dentro do cronograma
proposto, apresentou potencial cientifico, desenvolvendo seu trabalho com
responsabilidade demonstrando grande capacidade intelectual e trabalho em equipe.
Todas as atividades propostas foram desenvolvidas exceto análise de termogravimetria
mas, por problemas técnicos que ocorreu com equipamento. Portando, considero
positivo o desempenho da aluna de iniciação cientifica.
DATA: 10/ 08 / 2015
______________________________________
ORIENTADOR
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_______________________________________
ALUNA
FICHA DE AVALIAÇÃO DE RELATÓRIO DE BOLSA DE INICIAÇÃO
CIENTÍFICA
O AVALIADOR DEVE COMENTAR, DE FORMA RESUMIDA, OS
SEGUINTES ASPECTOS DO RELATÓRIO:
1. O projeto vem se desenvolvendo segundo a proposta aprovada? Se ocorreram
mudanças significativas, elas foram justificadas?
2. A metodologia está de acordo com o Plano de Trabalho?
3. Os resultados obtidos até o presente são relevantes e estão de acordo com os
objetivos propostos?
4. O plano de atividades originou publicações com a participação do bolsista?
Comentar sobre a qualidade e a quantidade da publicação. Caso não tenha sido
gerada nenhuma, os resultados obtidos são recomendados para publicação? Em que
tipo de veículo?
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5. Comente outros aspectos que considera relevantes no relatório
6. Parecer Final:
Aprovado ( )
Aprovado com restrições ( ) (especificar se são mandatórias ou recomendações)
Reprovado ( )
7. Qualidade do relatório apresentado: (nota 0 a 5) _____________
Atribuir conceito ao relatório do bolsista considerando a proposta de plano, o
desenvolvimento das atividades, os resultados obtidos e a apresentação do relatório.
Data: _____/____/_____.
________________________________________________
Assinatura do(a) Avaliador(a)
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