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Boletim dos Amigos dos Açores – Associação Ecológica nº 22 2004 V i d á l i a • Alimentos • Alimentos transgénicos – transgénicos – O que são? O que são? • O Cagarro • O Cagarro • Pinhal da Paz • Pinhal da Paz • Percurso Pedestre • Percurso Pedestre “Fajã dos Vimes - Fajã “Fajã dos Vimes - Fajã de São João” de São João” • Homenagem aos Amigos • Homenagem aos Amigos dos Açores dos Açores • XI Simpósio de Vulcanoespeleologia • XI Simpósio de Vulcanoespeleologia

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Boletim dos Amigos dos Açores – Associação Ecológica nº 22 • 2004

V i d á l i a

• Alimentos• Alimentostransgénicos –transgénicos –

O que são?O que são?• O Cagarro• O Cagarro

• Pinhal da Paz• Pinhal da Paz• Percurso Pedestre• Percurso Pedestre

“Fajã dos Vimes - Fajã“Fajã dos Vimes - Fajãde São João”de São João”

• Homenagem aos Amigos• Homenagem aos Amigosdos Açoresdos Açores

• XI Simpósio de Vulcanoespeleologia• XI Simpósio de Vulcanoespeleologia

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Sumário

Vidália

Boletim dos Amigos dos Açores– Associação Ecológica

Distribuição gratuita entre os sócios

Os artigos são da responsabilida-de dos autores e não representamobrigatoriamente a posição ofi-cial da Associação.

É permitida a reprodução etranscrição, desde que citada afonte e o autor

ApoioDirecção Regional do Ambiente

Execução Gráfica e ImpressãoEGA

Empresa Gráfica Açoreana, Lda.

ÓRGÃOS SOCIAISPARA 2003-2004

DIRECCAO

PresidenteTeófilo José Soares de Braga

SecretárioFrancisco Manuel Sousa Botelho

TesoureiroMário José Coelho Furtado

VogaisMaria Manuela Borges LivroMaria Judite Barros da Costa

CardosoSuplentes

Lúcia Maria Oliveira VenturaGilberto Manuel Gaspar Cardoso

CONSELHO FISCAL

PresidentePaula Cristina Medeiros Santos

SecretárioEduardo do Jesus Santos

VogalGeorge Robert Eyre Hayes

SuplentesAntónio Onofre Costa Miranda

Soares Vasco Amândio Botelho

ASSEMBLEIA GERAL

PresidenteJoão Carlos Carreiro Nunes

Vice- PresidenteLuís Fernando Miranda Guimarães

SecretárioLuís Filipe Dias Silva

SuplentesMaria do Carmo Melo Moreira

Rodrigo João Medeiros de Sousa

Sede SocialEstá instalada no edifício da Juntade Freguesia do Pico da Pedra,Avenida da Paz, 14. Ali se encon-tram todas as publicações editadase uma biblioteca especializada natemática ambiental. Os interessa-dos poderão visitá-la todos os diasúteis das 8:30h às 12h e das 13h às16h. Aconselha-se a marcação davisita. Contacto: Carla Oliveira,Tel. 296 498 004

Editorial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

Flora dos AçoresVidália - o fascínio de uma flor . 4

Alimentos Transgénicos– o que são? . . . . . . . . . . . . . . . 5

O Cagarro . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Positivo / NegativoCaldeira Velha . . . . . . . . . . . . . .9Atentado à Saúde Pública . . . . . 9

Pinhal da Paz . . . . . . . . . . . . . . 10

Breves – Apoio à EscolaComemoração do Dia da Terra– Sessão na Escola B1/JI de Santo

António . . . . . . . . . . . . . . . . 12Acção de Sensibilização na Escola

Básica Integrada da Maia . . .12Sessão na Escola Básica 2,3 da

Vila de Capelas . . . . . . . . . . .12

Percurso Pedestre Fajã dos Vimes– Fajã de São João . . . . . . . . 13

Homenagem do Presidente doGov. Reg. à Associação Ecológi-ca Amigos dos Açores . . . . . 15

XI Simpósio de Vulcanoespeleo-logia . . . . . . . . . . . . . . . . . . .16

Publicações e Materiais paraVenda . . . . . . . . . . . . . . . . . .18

Novos Sócios . . . . . . . . . . . . . . 19

Boletim de Inscrição . . . . . . . . 19

Humor Verde . . . . . . . . . . . . . . 20

www.virtualazores.com/amigosdosacorese-mail: [email protected]

Tel. 296 498 004Fax 296 498 006

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3 Vidália 21

Editorial

Os Amigos dos Açores têm, desde a suaexistência, vindo a promover a realização

de percursos pedestres, já que esta actividaderepresenta um eficaz instrumento de educaçãoambiental e de promoção do património naturale cultural açoriano.

Neste número vinte e dois do boletimVidália, voltamos a conferir destaque ao pedes-trianismo. Desta feita, sugerimos um percurso arealizar na ilha de São Jorge (costa S), que ligaa Fajã dos Vimes à Fajã de São João.

Ainda no que às actividades de ar livre serefere, optamos por incluir um artigo sobre aReserva Florestal e de Recreio do Pinhal daPaz. Através de umabreve resenha histó-rica sobre estelocal, os nossos lei-tores terão a oportu-nidade de conhecercom mais pormenorum dos mais belosparques da ilha deSão Miguel.

Nesta Vidália,não pudemos deixarde destacar o XISimpósio Interna-cional de Vulca-n o e s p e l e o l o g i a ,que, pela primeiravez, se realizou nosAçores, lugar ondeos vulcões e cavidades vulcânicas constituemparte integrante do nosso imaginário colectivo.

Continuamos, neste número, a divulgar anossa fauna, através de um artigo sobre ocagarro, a ave marinha mais abundante nosAçores, no qual alertamos para a necessidadeda adopção de procedimentos com vista à suaprotecção.

Merecem, igualmente, atenção as notí-cias que contemplam as acções de sensibiliza-

ção protagonizadas pelos Amigos dos Açoresjunto das Escolas B1/ JI de Santo António,Básica 2,3 da Vila de Capelas e Básica Integra-da da Maia.

Na rubrica que dedicamos ao que de piore melhor por aí se vê, incluímos, como notapositiva, uma pequena notícia sobre os traba-lhos realizados na Caldeira Velha. Merecedorade nota negativa foi, sem dúvida, a notícia deum bovino apenas parcialmente enterrado naestrada que liga a Ribeira Grande à Lagoa doFogo.

Ainda neste número, contemplamos uminteressante artigo sobre alimentos transgéni-

cos, tema tanto mais pertinente quanto actual,na certeza de que os leitores ficarão melhorinformados sobre esta questão.

Por fim, não podemos deixar de destacara homenagem do Presidente do GovernoRegional dos Açores aos Amigos dos Açores –Associação Ecológica, pelo esforço desenvol-vido, ao longo de mais de vinte anos, na defesado Ambiente nos Açores.

Rita Gomes

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Vidália 21 4

Flora dos Açores

Aprimeira vez que ouvi este nome, andava euna escola primária. Naquele dia, a aula

decorria com um jogo muito conhecido que con-siste em adivinhar nomes de flores, frutos, ani-mais, etc., a partir de uma letra do alfabeto esco-lhida aleatoriamente. Depois de ter saído a letra V,lembro-me de alguém ter referido, para a catego-ria flor, a violeta. Para nos fornecer mais umapista, a professora referiu que na escola havia umaaluna que tinha um nome começado por V e queo nome dela era, também, o nome de uma flor.Depois de dizermos todos os nomes femininosque conhecíamos a professora desvendou o mis-tério, referindo o nome da aluna e explicando, deseguida, que era também o nome de uma flormuito rara: a Vidália.

Passaram-se muitos anos, desde esse dia.De vez em quando, eu via a minha colega de esco-la, a Vidália, o que me fazia lembrar a “tal” flor.Mas só no Verão passado é que tive a oportunida-de de ver, ao vivo, a planta que tanta curiosidademe havia despertado. A partir dali, começou omeu fascínio por uma flor de singular beleza esimplicidade que, normalmente, cresce nas falé-sias das zonas costeiras, isolada, ignorada e malapreciada pelos homens, e que, para mim, trouxeum novo sentido à palavra insularidade.

A vegetação indígena dos Açores encontra-se limitada a pequenos redutos conhecidos poralguns, mas desconhecidos para a maior parte doshabitantes nativos destas ilhas. Dos vários ende-mismos que aqui se podem encontrar, e que cons-tituem espécies extremamente raras, a Vidália éaquela que considero a mais bela, não só pela suamorfologia, mas, também, pelas memórias deinfância e pelas histórias ligadas ao seu “desco-brimento”, senão vejamos:

Estava-se no século XIX e Darwin publica-va a sua teoria depois de uma viagem à volta domundo, começada em 1831, a bordo do navio“Beagle”; a teoria evolucionista chocava a moralvitoriana e religiosa do período e o mundo deba-tia-se com uma questão revolucionária: seria oHomo sapiens o produto da selecção natural dasespécies?

Enquanto isso, um outro navio, comandadopor Alexander Thomas Emeric Vidal, oficial da

marinha real britânica, navegava em direcção aosAçores com o objectivo de proceder ao levanta-mento hidrográfico do arquipélago, a cargo doalmirantado britânico. Decorria, então, o ano de1841 e, tal como acontecera com o “Beagle”, oCapitão Vidal levava, a bordo do HMS Styx, umbotânico muito conceituado e respeitado entre osseus pares, Hewett Cottrell Watson.

Embora o levantamento hidrográfico e dedefesa das ilhas dos Açores fosse o objectivo prin-cipal da sua viagem, as expedições do CapitãoVidal permitiram que, simultaneamente, fossemrealizados alguns estudos sobre a fauna e a histó-ria natural do arquipélago, levadas a cabo porHewett Cottrell Watson. Estudos estes que, poste-riormente, deram origem à publicação de váriaslistas de plantas existentes nos Açores e que foramincluídas na obra Natural History of the Azores orWestern Islands, editada em 1870 por Frederickdu Cane Godman.

Nesta expedição, entre as várias plantas queWatson compilou, ele encontra uma, de hastesrugosas que ramificam a partir de um ponto cen-tral. Cada haste apresenta, desde a base, um con-junto de folhas lisas e macias, de um verde bri-lhante, e termina num pináculo em pirâmide combelas flores em forma de campânulas brancas ourosas. A robustez do seu tronco e raízes é imedia-tamente compensada pela fragilidade dos lindos“sininhos”; a agressividade do terreno ondesobrevive é compensada pela graciosidade dassuas hastes ao vento.

Num gesto de cortesia para com o capitãoVidal, Watson propôs para esta nova espécie o

Vidália – o fascínio de uma flor

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nome de Vidália, “Campanulla Vidalii Watson”, aactual Azorina vidalii, (Watson) Feer.

Durante a viagem a bordo do Styx, quecomeçou em Setembro de 1841 e terminou emJaneiro de 1845, muitas foram as plantas classifi-cadas por Watson, e, pelos vistos, a homenagem aVidal produziu efeitos, já que a Azorina vidalii,espécie única do único género endémico de plan-tas dos Açores, é hoje a mais conhecida das endé-micas açorianas.

Durante largos anos, virada de frente para omar, qual habitante das ilhas, a Vidália sobreviveuaos fenómenos naturais, resistiu às intempéries esuportou os desastres ecológicos causados pelainépcia dos homens e, no entanto, vergando-sedocilmente aos ventos marítimos, adaptando-se àsalterações do seu habitat primitivo, a Vidália, tor-nou-se um símbolo da açorianidade e do ser-seinsular dos Açores.

Gilda Pontes – Pico da Pedra, Agosto 2004

Os alimentos transgénicos (ou OGM - orga-nismos geneticamente modificados) são

preparados com plantas manipuladas por enge-nharia genética. No laboratório é possível mis-turar os genes de espécies que nunca se pode-riam cruzar na Natureza: bactérias comhortaliças, vírus com cereais, etc. A olho nu nãoé possível distinguir uns alimentos dos outrosmas, quando uma semente transgénica ésemeada, todo a sua descendência continuará asê-lo, pelo que são necessárias análises espe-cializadas para se poder seguir a sua presença.

7 Boas razões para recusar os alimen-tos transgénicos

Os transgénicos podem ser um perigopara a saúde

Até agora a União Europeia já aprovou omilho e soja transgénicas mas pretende aprovardezenas de novos transgénicos nos próximosum a dois anos. No entanto, apesar de umalegislação muito complexa, não há qualquergarantia de que os transgénicos aprovadossejam seguros para a saúde porque, por umlado, não são exigidas análises aprofundadasnem se aplica qualquer precaução nas aprova-ções e, por outro, os únicos testes disponíveissão os realizados pelas próprias empresas quecomercializam transgénicos.

Além disso também se sabe que:- As doenças do foro alimentar nos Esta-

dos Unidos aumentaram 2 a 10 vezes a partir de1994 - precisamente o ano em que começou avenda de alimentos transgénicos naquele país.

- Se as abelhas visitam culturas transgé-nicas, as bactérias do seu intestino tambémficam transgénicas.

- Os transgénicos contêm genes de resis-tência a antibióticos.

- Não é possível afastar a hipótese de queos transgénicos causem cancro e deficiênciasimunitárias.

- No único estudo levado a cabo pelogoverno americano, 7 dos 40 ratos alimentadoscom tomates transgénicos estavam mortos aofim de quinze dias (e os que comeram tomatesnormais estavam bem). Os tomates transgéni-cos foram na mesma aprovados para fins ali-mentares.

- As plantas transgénicas tornam-se tãoinstáveis ao nível celular que os alimentostransgénicos que estão em circulação na UniãoEuropeia apresentam uma composição molecu-lar que já é completamente diferente da inicial.No prática isso significa que são plantas dife-rentes daquelas que foram aprovadas, e deve-riam ser imediatamente retiradas do mercado.

Os transgénicos podem ser um perigopara os agricultores e para a agricultura

A produção de plantas agrí-colas transgénicas torna os agri-

Alimentos Transgénicos – o que são?

Con t i nua

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mental e alimentar de manter os transgénicossob controlo. 0 milho Starlink, por exemplo, foilegalizado nos Estados Unidos apenas para usoem rações animais mas acabou por ser utiliza-do em mais de 300 alimentos humanos até quefoi proibido. Também nos Estados Unidosforam vendidos e consumidos animais transgé-nicos sem que houvesse qualquer autorização.Na União Europeia, todos os anos se desco-brem lotes de sementes que estão contaminadaspor transgénicos ilegais - muitas são destruídas,outras acabam por entrar no circuito alimentar.Em Portugal, crescem os rumores de que, ape-sar da proibição, haverá milho transgénico a sercultivado em diferentes pontos do país.

Os transgénicos podem ser um perigopara as gerações futuras

As empresas que produzem sementestransgénicas estão a comprar avidamente asgrandes marcas internacionais de sementesconvencionais e a reduzir drasticamente asvariedades de plantas agrícolas disponíveispara os agricultores. Com o passar do tempotodos os agricultores serão obrigados a comprarsementes transgénicas simplesmente porquenão têm escolha - e toda a multiplicidade devariedades que os nossos antepassados labo-riosamente criaram terá desaparecido. Esteempobrecimento da biodiversidade da nossacivilização deixará as gerações futuras numbeco sem saída.

Os transgénicos impedem o desenvolvi-mento das verdadeiras alternativas

Os centros de investigação em melhora-mento de plantas por via convencional (semengenharia genética) estão à míngua de fundos,a agricultura biológica, que já demonstroucomo é possível produzir alimentos sem pesti-cidas e melhorando a fertilidade da terra e asaúde do ecossistema, continua a ser relegadapara último plano pelos Ministérios da Agricul-tura, as variedades agrícolas tradicionais conti-nuam a desaparecer por falta de atenção dequem decide...

Margarida Silva, investigadora

A Joaninha N.º 75 - VERÁO 2004Calçada da Tapada, 39, R/C Dtº

1300–545 [email protected]

cultores completamente dependentes do quelhes é fornecido.

Sabe-se além disso que as culturas trans-génicas:

- produzem menos;- alteram negativamente as características

do solo;- conduzem ao aparecimento de pragas

resistentes a grandes quantidades de um ouvários pesticidas ao mesmo tempo (super-pra-gas);

- são mais caras para o agricultor ;- induzem e permitem a utilização de

maiores quantidades de pesticidas no agricultu-ra;

- tornam inúteis pesticidas benignos; - contaminam a agricultura convencional

e biológica, - quando empregues em rações, podem

conduzir a profundas alterações fisiológicasnos animais que as consomem.

Os transgénicos podem ser um perigopara o terceiro mundo

Todas as sementes transgénicas são pro-tegidas por um sistema de patentes que impedeos agricultores de guardar as sementes de unsanos para os outros. Ora, havendo já centenasde milhões de pessoas a passar fome no tercei-ro mundo, forçar todos os agricultores a com-prar sementes novas todos os anos é lançarpopulações inteiras na miséria da fome.

Os transgénicos podem ser um perigopara o ambiente

A indústria dos seguros recusa-se a fazerseguro de risco às empresas que produzem ecomercializam transgénicos: o perigo é de talforma desconhecido que não é possível calculá--lo nem quantificá-lo. Ou seja, se aconteceralgum acidente, não há quem pague. Entretan-to os desastres já começaram: no México, porexemplo, as variedades tradicionais e selvagensde milho estão contaminadas por milho trans-génico americano, o que põe em perigo imedia-to a viabilidade do região mais rica do mundoem termos da diversidade biológica de milho.

Os transgénicos podem ser incontroláveisApesar de haver transgénicos no merca-

do há menos de 10 anos, já existe um longo his-torial de incidentes por todo o mundo quedemonstra a incapacidade do sistema governa-

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coloração da sua plumagem é escura por cima epor baixo é clara, a cauda é preta e a cabeça é cin-zenta-acastanhada, as asas e o dorso são casta-nhos por cima. O bico é amarelo e forte, com aextremidade mais escura, e as patas e pernas sãocurtas e rosadas. Alimentam-se de peixe, lulas ecrustáceos. Podem atingir os 40 anos de idade.

Em Março, depois de passarem algunsmeses nos mares do Sul, regressam aos Açores

para iniciarem um período reprodutor de oitomeses, geralmente no mesmo local do anoanterior. Reproduzem-se em colónias situadasnas falésias costeiras e ilhéus, que chegam areunir centenas de aves. Mas o cagarro é fiel,cada casal mantém-se, geralmente, para toda avida.Faz o ninho em cavidades nas

Ocagarro (Calonectris diomedea) é a avemarinha mais abundante dos Açores, tota-

lizando 97500 casais reprodutores. Juntam-seem colónias situadas nas falésias costeiras eilhéus, que chegam a reunir centenas de aves.Os seus cantos nocturnos são muito peculiares,alguns parecidos com o choro humano. É umadas aves mais antigas que existe à superfície daTerra e pertence à família dos Procellariidae. A

maior concentração mundial de cagarros ocor-re nos Açores, da subespécie C.d. borealis, masdevido a ser muito vulnerável a predadores ter-restres e às actividades do homem, esta espécieestá em regressão a nível mundial, sendo muitoimportante garantir a sua protecção.Os cagarros são aves pelágicas, ou seja, são avesmarinhas adaptadas para a vida no alto mar, a

Fauna

O Cagarro

Con t i nua

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Vidália 21 8

rochas ou em buracos escavados no solo quepodem ter alguns metros de profundidade.

Em meados de Maio, é depositado umúnico ovo branco, característica de todos osProcellariiformes. A tarefa de incubar o ovo édividida pelos dois membros do casal e duracerca de 50 dias. Em finais de Julho, dá-se aeclosão do ovo, nascendo uma cria cinzentacheia de penugem que, devido ao alimento ricoem óleo, fornecido pelos progenitores, crescerapidamente e multiplica, num mês, 10 vezes oseu peso inicial. A cria entretanto nascida per-manecerá em terra até meados de Outubro,momento em que os progenitores deixarão deaportar à ilha para a alimentar. Durante algunsdias os jovens vivem das suas reservas até quesão obrigados a enfrentar o mar. Divagarão pelaimensidão do Atlântico durante pelo menos 7anos, avistando ao longe as costas de Pernan-buco e da Nova-Inglaterra, regressando à ilhanatal quando atingirem a maturidade sexualonde disputarão um local para nidificar de pre-ferência próximo ao sítio onde nasceram. Sesobreviverem a temporais, lutas, armadilhas emterra e no mar, viverão mais de três décadasentre o mar e o céu apenas vindo a terra para sereproduzir.

Os Açores são mundialmente a zonamais importante para o cagarro, que está prote-gido por leis nacionais e internacionais (Con-venção de Berna–Anexo II, Directiva Aves-Anexo I e Decreto-Lei n.º 140/99 de 24 deAbril). É proibido capturar, deter, ou abater ile-galmente estas aves e destruir ou danificar osseus habitats.

O cagarro, além de ter sofrido uma gran-de redução nos últimos séculos, actualmentetem como principais causas da sua vulnerabili-dade a pressão e degradação exercida sobre olitoral, que levam à perda do seu habitat natural.A captura de adultos e juvenis para obtenção deisco, alimentação ou puro vandalismo, os atro-pelamentos devido a encadeamentos por luzes,e o facto destas aves chocarem apenas um ovo ese reproduzirem só um vez por ano fazem com

que o seu número seja cada vez maisreduzido.

Todos nós podemos e devemos proteger estaave! Procedimentos para salvar um cagarro

Em Outubro ou Novembro os jovenscagarros iniciam a sua migração e orientam-seaparentemente pelas estrelas, mas ao iniciaremo seu primeiro voo, principalmente em noitesnubladas, são atraídos e encadeados pelas luzesdas povoações e automóveis sendo muitos mor-tos por colisão e atropelamento. Não é difícilevitar que isso aconteça. Se encontrarem umcagarro ferido ou desorientado façam o seguin-te:

Arranjem uma caixa de papelão, ou porexemplo uma caixa de sapatos e não se esque-çam de lhe fazer alguns furos. Depois:1. Com uma camisola, casaco ou manta cubram

o cagarro;2. Apanhem o cagarro;3. Coloquem o cagarro na caixa de papelão;4. Levem o cagarro para casa e deixem-no den-

tro da caixa num local sem barulhos que opossam incomodar;

5. Não alimentem o cagarro para que ele não sehabitue;

6. Na manhã seguinte, dirijam-se a um localperto do mar;

7. Soltem o cagarro, deixem-no pousado nochão e afastem-se do local;

8. Ao fim de pouco tempo, o cagarro começa-rá a voar e encontrará o seu caminho.

Não capture adultos ou juvenis, não destrua osseus ninhos e comunique às autoridades as prá-ticas ilegais. Deste modo, todos contribuire-mos para a preservação desta maravilhosa ave.Dê a conhecer aos outros o que aprendeu sobreeste simpático visitante das nossas ilhas, que jápor cá andava antes da chegada do Homem.

Maria Teixeira

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Quando for caso para elogiar, temos de elo-giar. E estamos realmente perante uma

dessas situações: os trabalhos efectuados naCaldeira Velha, pela Secretaria Regional doAmbiente.

Em primeiro lugar, e, porque é a pri-meira grande melhoria com que nos deparamosao chegar, o facto de, finalmente, se ter impedi-do a entrada de automóveis. Quantas e quantasvezes se havia defendido, durante os últimosanos, a tomada desta medida... Água mole empedra dura... A provar que não devemos desis-tir. Nunca.

Depois, todos os arranjos interiores.Igualmente notáveis na sua integração com omeio. A utilização da madeira, da pedra, dasplantas endémicas como ornamento das ber-mas. Até nos taludes, houve o cuidado de plan-tar exemplares da nossa flora. Nota muito,muito positiva!

A destoar, apenas o vandalismo que járesultou na destruição de parte da entrada de

pedra. Certamente pela calada da noite e comferramenta adequada ou força descomunal. Oprazer de colocar a nódoa negra no pano branco.

F. B.

Positivo / Negativo

Caldeira Velha

No passado mês de Agosto, fomos alertadospara uma situação verdadeiramente

lamentável. Na estrada que liga a Ribeira Gran-de à Lagoa do Fogo, mais exactamente na curvaque surge imediatamente a seguir a uma antigaplantação e fábrica de chá, relativamente pertoda Caldeira Velha, encontrava-se um bovinoparcialmente enterrado.

No local, o cheiro nauseabundo erainsuportável e perturbava, naturalmente, todosquantos lá passavam. Infelizmente, este não setrata de um caso isolado, visto que, um poucopor toda a parte, especialmente junto à orla cos-teira, já tivemos oportunidade de assistir, pormais do que uma vez, a este triste espectáculo.

Nunca é demais alertar para a necessi-dade de todos mantermos uma atitude de vigi-lância perante estes casos, denunciando-os, porforma a que as autoridades competentes pos-sam actuar adequadamente.

Atentado à Saúde PúblicaBovino enterrado com parte do corpo à superfície

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Pinhal da Paz

OPinhal da Paz, situado na freguesia daFajã de Cima, a 6 km da cidade de Ponta

Delgada, possui uma área de 49 ha. Ladeadopor vários picos, mais precisamente, a Estepelo Pico da Cruz, a Norte pelo Pico do Casca-lho e a Sul pelo de Roma, o Pinhal da Paz inte-gra o Complexo Vulcâni-co dos Picos.

O solo da área quedeu origem ao Pinhal daPaz, também conhecidopor Mata das Criações,era bastante pobre. Avegetação era constituídaessencialmente por urzes(Erica azorica) e porqueirós (Calluna vulga-ris). Assim, só o empe-nho e perseverança doseu proprietário – Antó-nio Taveira do CantoBrum – fizeram com queaquele local se transfor-masse num jardim edéni-co, tendo sido necessário, entre outras coisas, aplantação de milhares de árvores e arbustos,essencialmente criptomérias (Cryptomeriajaponica) e pinheiros (Pinus sp.), bem como, aconstrução de muitas alamedas floridas queconstituíam uma das principais atracções doPinhal, preenchidas com magníficas azáleas(Rhododendrom indicum), camélias (Camelliajaponica) e hortênsias (Hydrangea macrophyl-la).

Toda a estrutura do Pinhal foi cuidadosa-mente arquitectada: a casa do feitor, à entrada,as zonas destinadas ao pomar e ao pastoreio, osprincipais caminhos de acesso, as alamedas flo-ridas, e as áreas especialmente destinadas aos

momentos de descontracção, acompanhados deum bom farnel. Também construiu uma mora-dia de veraneio, com um magnífico jardim,com toldos, alpendres e caramanchões. Próxi-mo desta moradia, fez erguer uma pequenaermida em honra de Nossa Senhora da Paz, deonde poderá ter surgido o nome do agoraPinhal da Paz. No entanto, a paz, o sossego e a

tranquilidade que aquele local inspira, pode tersido outra razão para a qual, António do CantoBrum, ter baptizado a sua obra de Pinhal daPaz. Após tanta dedicação, António do CantoBrum decidiu inaugurá-lo no ano de 1958.

A partir desta data, os micaelenses etodos os que visitavam a ilha tinham a oportu-nidade de percorrer, de carro se assim o dese-jassem, os cerca de 15 km de caminhos doPinhal por apenas 10$00, dinheiro este querevertia a favor do Asilo de Mendicidade dePonta Delgada, actual, Lar Luís Soares deSousa.

A face negra da história do Pinhal da Pazinicia-se alguns anos após a morte de António

Pinhal da Paz

Pinhal da Paz

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do Canto Brum (31 de Janeiro de 1963) e daSr.ª Teotónia do Canto Brum, sua esposa, vistoque os herdeiros daquela propriedade não seencontravam na ilha, pelo que a conservação doPinhal deixara de constituir uma prioridade.

Nem o Decreto Lei de 1982, que conferiuao Pinhal o estatuto de “Reserva de Recreio”,nem a sua aquisição pelo Governo Regional,em 1988, impediram que aquela magnífica pro-priedade atingisse um tal estado de abandonoque originou a indignação de todos quantoshaviam dedicado grande parte das suas vidas àconservação do Pinhal e, igualmente, de todosos que o conheceram nosseus tempos áureos.

A 5 de Junho de1992, teve lugar a suaabertura ao público apósobras de recuperação.

Em 1998, já sob aalçada dos Serviços Flo-restais de Ponta Delgada,continuaram os trabalhosde recuperação e de rea-bilitação da propriedadeque modificaram a facedo parque, preservando,por um lado, a sua estru-tura tradicional e inves-tindo, por outro, emimportantes infra-estru-turas de apoio a partir da recuperação das jáexistentes, de modo a não se desvirtuar a confi-guração original do Pinhal da Paz. Neste senti-do, e referindo apenas alguns, o investimentorecaiu na electrificação do local, na limpezados cerca de 15 km de caminhos do Pinhal, naconstrução de uma nova entrada, do parque deestacionamento, de um parque infantil e insta-lações sanitárias com infra-estruturas adaptadasa deficientes. Tiveram, ainda, lugar melhora-mentos na ermida e na casa de veraneio dosantigos proprietários do Pinhal. O miradouro,do qual de obtém uma vista panorâmica dacidade de Ponta Delgada e seus arredores, foi,igualmente, alvo de uma reabilitação. Nãoforam esquecidas as zonas destinadas aos tradi-

cionais piqueniques, equipadas com grelhado-res e mesas, bem como, a construção de umtelheiro. É de referir a construção de um labi-rinto, utilizando-se o buxo (Buxus sempervi-rens) para a elaboração dos corredores domesmo. Próximo deste local, foi erguido umpalco especialmente destinado a actividadeslúdicas e culturais, das quais se destaca o tradi-cional Festival das Azáleas.

Com o Decreto Regional nº15/2000/A de21 de Junho, o Pinhal passou a Reserva Flores-tal de Recreio.

Apesar de recuperado, quem se recorda

do Pinhal da Paz no seus tempos áureos vive naexpectativa de que aquele espaço possa virainda a atingir o antigo esplendor que o carac-terizava, proporcionando aos seus visitantes umespectáculo digno de ser apreciado.

No passado dia 19 de Março, teve lugarno Pinhal da Paz a inauguração do Centro deDivulgação Florestal do Pinhal da Paz, que sesitua na antiga casa do feitor. Para este efeito osAmigos dos Açores foram convidados a fazeruma breve apresentação em Power Point inti-tulada: “O Pinhal da Paz ao longo dos Tem-pos”.

Nuno Avelar

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Acção de Sensibilização na Escola Básica Integrada da Maia

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Breves – Apoio à Escola

Comemoração do Dia da Terra – Sessão na Escola B1/JI de Santo António

No dia 22 de Abril, comemorou-se o DiaMundial da Terra. Este ano foi dedicado

novamente à temática da água, pois esta está nocentro das atenções do mundo, dada a situaçãoalarmante e mesmo dramática em alguns paí-ses. Muitos países, neste dia, desenvolveramdiversas manifestações e actividades, comoseminários, palestras e toda uma programaçãovoltada para consciencializar a população sobrea importância da água para a sobrevivência dahumanidade.

Os Amigos dos Açores – AssociaçãoEcológica comemoraram também o Dia daTerra através, entre outras coisas, de uma ses-

são destinada aos alunos da Escola B1/JI deSanto António, Capelas. Nesta sessão, os Amigosdos Açores falaram sobre a fauna e flora dos Aço-res, chamaram a atenção para a necessidade de aágua ser usada racionalmente a alertaram ascrianças para alguns problemas ambientais daregião. A Associação distribuiu ainda aos alunosalguns materiais, de entre os quais se destaca umdesdobrável sobre a água intitulado “ A Água –Um Bem a Preservar ”.

É de salientar que os alunos se mostrarammuito interessados, tendo uma intervenção muitoactiva que se manifestou sobretudo na quantida-de de questões pertinentes que colocaram.

Sessão na Escola Básica 2,3 da Vila de Capelas

Os Amigos dos Açores foram convidadospara efectuarem uma sessão na Escola

Básica Integrada das Capelas, no dia 1 deJunho, subordinada ao tema Áreas Protegidasdos Açores. O público alvo desta palestra foramduas turmas do oitavo ano de escolaridade eteve a duração aproximada de 35 minutos.

Nesta sessão, para além do tema princi-pal, tratou-se também da fauna e flora existen-tes nessas áreas, tendo-se dado mais realce à

Vidália (Azorina vidalii), planta que existe emquantidade perto da escola, ao priôlo (Pyrrhulamurina), ao morcego (Nyctaleus azoreum) e àsduas aves de rapina existentes nos Açores: omilhafre (Buteo buteo rothschildi) e o mocho(Asio otus).

A sessão foi seguida com o devido inte-resse, tendo no fim havido algumas questõespor parte dos alunos.

No passado dia 25 de Maio, decorreu, naEscola Básica Integrada da Maia, uma

acção de sensibilização, cujo tema fulcral foi aBiodiversidade existente nas ilhas açorianas,levada a cabo pelos Amigos dos Açores.

Para além de tomarem contacto com ascaracterísticas mais marcantes da fauna e florados Açores, os cerca de 180 alunos que assisti-ram à sessão tiveram a oportunidade de apre-sentar as suas dívidas e observações sobre otema em questão.

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Percurso Pedestre

Percurso Pedestre Fajã dos Vimes – Fajã de São João

Características do PercursoInício do percurso pedestre: na Fajã dos

Vimes, costa S da ilha de São JorgeExtensão: 10 km (aprox)Duração média: 3h e 30 mGrau de dificuldade: elevado (nível III, numa

escala de 1 a 3)Forma: LinearFim do Percurso: Fajã de São JoãoObservações: o percurso encontra-se interrom-

pido entre a Fajã dos Bodes e o Loural, devi-do a uma derrocada.

Este percurso inicia-se na Fajã dos Vimes,na costa Sul de S.

Jorge, lugar pertencenteà freguesia da RibeiraSeca, concelho da Calhe-ta. Trata-se de uma dasmais importantes fajãs dedepósito de vertenteexistentes na costa SWde São Jorge.

A Fajã dos Vimesé conhecida em toda ailha pelas suas culturasde excelente qualidade,de entre as quais mere-cem destaque as culturasda batata, do café, dalaranja, do alho, do inha-me e do milho. A Fajãdos Vimes é, também, sobejamente conhecidapelas suas colchas, tecidas por artesãs locais.Estes trabalhos são realizados em teares depedais e atraem muitos visitantes a esta fajã.

O nosso percurso prossegue por umcaminho terreiro que liga a Fajã dos Vimes àFajã dos Bodes. É, sem dúvida, curiosa a ori-gem do nome desta fajã. Segundo Odília Tei-

xeira, em Ao Encontro das Fajãs, “[ a Fajã dosBodes] deve o seu nome à ribeira que aí corree, em tempos idos, transbordou e arrastou nassuas águas um bode que depositou neste sítio.A partir de então, ficou a ser conhecida porRibeira dos Bodes”.

Actualmente, na Fajã dos Bodes, sub-sistem cerca de vinte casas e poucos são os queescolheram habitar permanentemente estelugar. Os que aqui permanecem dedicam-se,essencialmente, à actividade agrícola. À seme-lhança do que acontece em outras fajãs, as cul-turas da vinha, do milho e da batata, por exem-plo, são as que predominam.

O isolamento característico da maioriadas fajãs de São Jorge levou a que, não rarasvezes, os seus habitantes tivessem de criarestratégias que o pudessem combater. É exem-plo disso a construção de cabos de aço, atravésdos quais se fazia o transporte de lenha e demantimentos para os animais. Estes cabos,conhecidos localmente por “fio”,

Con t i nua

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ainda hoje podem ser encontrados na Fajã dosBodes.

Aqui podemos também observar váriosexemplares de uma árvore que é confundida,por vezes, com a magnólia, mas que se trata, narealidade, da “Karaka” (Corynocarpus laeviga-tus). Originária da Nova Zelândia, esta árvoreornamental, muito conhecida em São Jorge,pode atingir os 15 m de altura. As folhas são lar-gas e apresentam uma tonalidade verde escura.O fruto, que surge entre o meio e o final doVerão, é cor de laranja. Apesar de comestível, assuas sementes são altamente tóxicas, não deven-do, portanto, ser consumidas.

Ao longo do íngreme percurso que ligaa Fajã dos Bodes ao Loural, é nos dada a possi-bilidade de observar algumas espécies da floraprimitiva dos Açores, de entre as quais destaca-mos o folhado (Viburnum tinus), o tamujo (Myr-sine africana), o azevi-nho (Ilex perado), o paubranco (Picconiaazorica), a faia (Myricafaya) e, finalmente, aScabiosa nitens.

Depois da subida,encontramo-nos no Lou-ral. Local sito à freguesiada Ribeira Seca, o Louralassenta num dos pontosmais altos da ilha, onde onevoeiro denso marcapresença durante quasetodo o ano.

Local isolado, oLoural terá sido povoadoem meados do séculoXVIII. Em 1855, foi construída a ermida emhonra de Nossa Senhora do Livramento, por ini-ciativa do Pe João Silveira de Carvalho. A esterespeito, Avellar (1902) refere o seguinte“Ficando o povo do Loural longe bastante daegreja parochial tornando-se-lhe difficil cumpriros preceitos religiosos, foi o curato creado em1875 cuja ermida já então existia construida poriniciativa do vigario e ouvidor da Calheta padre

João Silveira de Carvalho. E’ da invocação deN. S. do Livramento, tendo o seu cura a congruade 162$972 reis”.

O posto final do nosso percurso localiza-se na Fajã de São João, seguramente uma dasmais bonitas da ilha. Pertencente à freguesia deSanto Antão, concelho da Calheta, a Fajã de SãoJoão tem como cenário altas falésias. Aqui, abeleza paisagística impressiona até mesmo omais desatento dos visitantes.

O micro-clima característico deste localpermitiu que várias culturas aqui se desenvol-vessem com sucesso. O café, por exemplo, ocu-pou um lugar de destaque.

A Ermida de São João constitui um dospontos de maior interesse da Fajã. No seu fron-tispício, encontra-se inscrita a data de 1899, masa data da sua construção não é certa (século XVou XVI).

Muito próximo da ermida, temos aoportunidade de observar um dragoeiro, que sedestaca pelo seu porte. Originária das Canáriase Madeira, esta árvore, cuja altura varia entre os2 e 6 metros, muito dificilmente pode ser encon-trada no estado silvestre, sendo cultivada emparques e jardins, nos países mediterrânicos.

Rita Gomes

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No dia 13 de Abril de 2004, o Presidente doGoverno Regional dos Açores, Carlos

Manuel Martins do Vale César, visitou a sededos Amigos dos Açores – Associação Ecológicae a Ecoteca da Ribeira Grande.

Nesta visita, estavam presentes o Presidentedo Governo Regional e alguns elementos do seugoverno, entre os quais o Secretário Regional doAmbiente e o Director Regional do Ambiente,bem como o Presidente da Câmara Municipal daRibeira Grande e os Presidentes da Assembleia eda Junta de Freguesia do Pico da Pedra.

Tratou-se de uma visita de grande impor-tância para os Amigos dos Açores, bem comopara os seus associados, que também marcarampresença, uma vez que teve como principalobjectivo homenagear os Amigos dos Açores –Associação Ecológica, bem como o esforço etrabalho que esta tem desenvolvido ao longo dosmais de vinte anos da sua existência na defesa eprotecção do ambiente e da natureza nos Açores.

Assim, o Presidente do Governo e respec-tiva comitiva, começaram por visitar a exposição

de pinturas sobre os animais e os seus diversoshabitats, que estava patente nas instalações dasede da Ecoteca e do Museu Local do Pico daPedra, os quais foram pintados por alunos do 1ºciclo de algumas escolas do concelho, numa ini-ciativa da Ecoteca da Ribeira Grande, no âmbitoda comemoração do Dia Mundial da Floresta edo Dia Mundial da Água.

Seguidamente, decorreu o momento altoda visita, tendo o Presidente do Governo Regio-nal descerrado uma placa alusiva à referidahomenagem.

O Presidente dos Amigos dos Açores –Associação Ecológica aproveitou então a opor-tunidade para proferir algumas palavras de agra-decimento à homenagem feita à Associação e,por fim, o Presidente do Governo Regional diri-giu também algumas palavras aos presentes,salientando o contributo e esforço que os Ami-gos dos Açores têm desenvolvido, bem como aimportância desta Associação no desenvolvi-mento da política de ambiente na nossa Região.

Eulália Brum

Homenagem

Homenagem do Presidente do Governo Regional dos Açores àAssociação Ecológica Amigos dos Açores

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OXI Simpósio Internacional de Vulcanoes-peleologia teve lugar no Pico, entre 12 e

17 de Maio, com a presença de reputadosespecialistas de todo o mundo. Os Amigos dosAçores também marcaram presença, atravésde vários associados que apresentaram comu-nicações. Pela importância do simpósio para opatrimónio espeleológico açoriano, abaixotranscrevem-se as conclusões do mesmo.

Conclusões

A.Durante o XI Simpósio Internacional de

Vulcanoespeleologia foram abordados múlti-plos assuntos no âmbito do Estudo, Conserva-ção e Gestão de Cavidades Vulcânicas, desta-

cando-se, pela sua relevância, os seguintespontos:

1. Recomendar a diversas instânciasnacionais e internacionais a urgência de serreconhecida a relevância do património geo-lógico, e em particular as estruturas vulca-noespeleológicas, como critério fundamentalna definição de normas de ordenamento econservação. A Geodiversidade deverá,assim, ser incluída ao mais alto nível daspreocupações ambientais Europeias e Inter-nacionais.

2. Valorizar as estruturas vulcanoespe-leológicas, como parte integrante do Patri-

XI Simpósio de Vulcanoespeleologia

Pico IslandAzores – 2004

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mónio Natural, devendo ser consideradasvector estruturante do desenvolvimento eco-nómico sustentado das regiões vulcânicas.

3. Efectuar novos estudos nas cavida-des vulcânicas, particularmente em áreas deinvestigação menos comuns em vulcanoespe-leologia, como é o caso da mineralogia dosespeleotemas e da microbiologia cavernícola.

4. Elaborar estudos de acompanhamen-to e monitorização de parâmetros ambientais,atendendo à vulnerabilidade de muitas cavi-dades vulcânicas.

5. Constituir uma prioridade das entida-des responsáveis pela gestão do PatrimónioNatural, a implementação de medidas quevisem, por um lado, assegurar a visitaçãosustentável e, por outro, a conservação destepatrimónio.

6. Promover a criação de uma Base deDados Mundial de cavidades vulcânicas.

B.No decorrer do Simpósio, e relativa-

mente aos Açores, são de salientar as seguin-tes conclusões:

1. Descoberta de uma nova espécie deinsecto troglóbio (Trechus n.sp.) durante aExpedição ao Algar do Montoso, na Ilha deS. Jorge, no âmbito deste XI Simpósio deVulcanoespeleologia. Esta nova espécie é asegunda deste grupo encontrada em S. Jorge,pelo que se trata de uma descoberta de parti-cular importância.

2. Reconhecimento da importância àescala global do Património Geológico dosAçores, e em particular das estruturas vul-caoespeleológicas, reforçado pela inclusãodo Algar do Carvão no topo das 10 maisimportantes cavidades vulcânicas do Mundo,sob ponto de vista mineralógico.

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C.Por último e relativo ao património vul-

canoespeleológico dos Açores, o simpósiofaz as seguintes recomendações:

1. Necessidade de se fomentarem cam-panhas suplementares nas grutas dos Açores,nas áreas da Briologia, Biospeleologia e Vul-canospeleologia.

2. Importância de implementar medidasde gestão e protecção das cavidades vulcâni-cas dos Açores, através da realização de umPlano Global Sectorial e de planos de gestãoe ordenamento.

3. Recomenda-se ainda a implementa-ção de medidas de gestão e protecção dascavidades abaixo indicadas, e consideradasprioritárias com base nas análises efectuadaspelo GESPEA, a partir de índices sustentadosna informação compilada no IPEA (Inventá-rio do Património Espeleológico dos Açores).

Cavidade Ilha IV-C

Gruta dos Montanheiros Pico 0.63

Gruta de Água de Pau São Miguel 0.62

Gruta das Agulhas Terceira 0.58

Gruta do Chocolate Terceira 0.56

Algar das Bocas do Fogo S. Jorge 0.55

Gruta dos Balcões Terceira 0.53

Furna de Henrique Maciel Pico 0.53

Gruta do Soldão Pico 0.51

Furnas das Cabras II (terra) Pico 0.51

Gruta da Ribeira do Fundo Pico 0.50

Madalena, ilha do Pico. 17 de Maio de 2004

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LIVROS Associados Não Assoc. Nº ValorGrutas, Algares e Vulcões 5,00 7,50Lagoas e Lagoeiros da Ilha de São Miguel 7,50 12,50Paisagens Vulcânicas dos Açores 5,00 8,00Borboletas Nocturnas dos Açores Grátis 2,50Moinhos da Ribeira Grande Grátis 2,50Parque Natural Reg. Plataforma Costeira das Lajes do Pico Grátis 2,50Cavidades Vulcânicas dos Açores Grátis 2,50Orientação Grátis 1,00BROCHURASPercurso Pedestre da Ribeirinha Grátis 1,50Percurso Pedestre do Salto do Cabrito Grátis 1,50Percurso Pedestre da Serra Devassa Grátis 1,50Percurso Pedestre do Pico da Vela Grátis 1,50Percurso Pedestre das Três Lagoas Grátis 1,50Percurso Pedestre Praia – Lagoa do Fogo Grátis 1,50Percurso Pedestre Pinhal da Paz Grátis 1,50Percurso Pedestre do Sanguinho Grátis 1,50Percurso Pedestre das Sete Cidades Grátis 1,50Percurso Pedestre das Quatro Fábricas da Luz Grátis 1,50Percurso Pedestre da Ponta da Madrugada Grátis 1,50Percurso Pedestre da Fajã do Calhau Grátis 1,50Percurso Pedestre das Furnas Grátis 1,50Percurso Pedestre de Santa Bárbara Grátis 1,50OUTROS MATERIAISBonés "Amigos dos Açores" 2,00 3,00T-Shirt "Salvemos o Pombo Torcaz" 3,00 4,00T-Shirt "Golfinhos" 4,00 5,00T-Shirt "Amigos dos Açores" 5,00 6,00Casacos para Protecção da Chuva 10,00 11,00Sweat-Shirt "Amigos dos Açores" 12,50 13,00

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Publicações e Materiais para Venda

Nota: todos os pedidos deverão ser acompanhados do respectivo pagamento em cheque ou vale postal.Para o estrangeiro ao valor total deverá acrescentado 2

AMIGOS DOS AÇORES- Avenida da Paz,14 9600-053 PICO DA PEDRATelefones - 296 498 004 / 296 498 774 Fax - 296 498 006 E-mail - [email protected]

Formulário de Encomenda

Por favor envie as quantidades acima assinaladas para o endereço:

Nome

Rua e nº

Código Postal

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Novos Sócios

BOLETIM DE INSCRIÇÃO

Os AMIGOS DOS AÇORES são uma asso-ciação regional de defesa do ambiente, inde-pendente do poder político-económico e aparti-dária, que vem, desde 1985, trabalhandoininterruptamente a favor da conservação damaior riqueza dos Açores: o seu patrimónionatural.No entanto, uma associação como esta, paradesempenhar ainda melhor o seu papel, tem decontinuar a aumentar a sua principal base deapoio: os seus associados.

Porque é fundamental contribuir para a garantiada existência de uma voz independente e firmena defesa do ambiente nos Açores, vimos con-vidá-lo(a) a aderir aos Amigos dos Açores, paratal basta preencher a ficha que junto enviamose devolvê-la para:

AMIGOS DOS AÇORESAvenida da Paz, 14

9600-053 PICO DA PEDRA

SÓCIO N.º _______Quota anual (mínimo 10 )_________,____ Donativo anual ________,____

NOME _____________________________________________________________________________

MORADA _________________________________________________________________________

LOCALIDADE______________________________CÓDIGO POSTAL ________________________

TELEFONE_____________________ E-MAIL ____________________________________________

PROFISSÃO ____________________________________ DATA DE NASCIMENTO ____/____/____

N.º DO B. IDENTIDADE____________________ N.º DE CONTRIBUINTE ___________________

TIPO DE COLABORAÇÃO____________________________________________________________

PARTICIPAÇÃO NOS PASSEIOS PEDESTRES: SIM________ NÃ0________

DATA____/____/____ ASSINATURA____________________________________________________

AO BANCO _________________________________

Agência de _______________________________

_________________, ___ de ___________ de ______

Exmos.Senhores,

Por débito na minha conta com o NIB _______________________________ nesse Banco,solicito que transfiram para crédito da conta dos AMIGOS DOS AÇORES com o NIB001200009399438830116 (Agência de Ponta Delgada do BANCO COMERCIAL DOSAÇORES), a importância de ___________ , ____ , no primeiro dia útil de _________________de cada ano, até instruções minhas em contrário. Agradeço ainda que, ao efectuarem astransferências, indiquem sempre o nome completo e morada do ordenante. Esta ordem anulatodas as eventuais anteriores.

De V.Exas.Muito Atentamente

_________________________________(nome completo) (assinatura idêntica à existente no Banco)

(quota anual + donativo)

• A associação passará recibo dos donativos, os quais poderão ser deduzidos à colecta do ano para efeitos de IRS ou IRC.

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HUMOR VERDE